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B4 CORREIO POPULAR BRASIL

Campinas, domingo, 22 de abril de 2012

REPORTAGEM
ESPECIAL Nazismo Nacionalismo, acusado
de machismo e racismo
A Ação Integralista Brasileira (AIB)
cionalismo. Tinha princípios rígidos
de autoridade e hierarquia. Os mem-
bros se apresentavam com uniformes
e marchavam em cerimônias oficiais.
nha a oposição de lideranças que o
consideravam machista e racista. As
revistas e jornais do partido insinua-
vam (em textos, charges e anedotas),

tupiniquim
foi fundada pelo jornalista Plínio Sal- A bandeira, de fundo azul, era decora- que o negro tinha papel inferior na so-
gado em 1932. O grupo, inspirado da com a sigma, letra grega que ex- ciedade, e que a nobreza feminina es-
no fascismo europeu, valorizava o na- pressa a soma de valores. O grupo ti- tava nas funções domésticas.

Imóveis REMANESCENTES de uma fazenda na região de AVARÉ, erguidos com tijolos gravados
com a SUÁSTICA, correm o risco de ser demolidos, o que vai significar um PREJUÍZO
enorme na luta pela preservação da HISTÓRIA de uma época obscura, marcada até por...

Escravidão
infantil na roça
ROGÉRIO
VERSIGNASSE
Thomaz Milz/Der Spiegel

‘Roubaram
rogerio@rac.com.br a minha
infância’,

C
onstruções
remanescentes de
uma suposta colônia
diz Aloysio
nazista, que existiu
no Interior paulista Aloysio Silva (foto abaixo),
na década de 1930, que hoje beira os 90 anos,
correm o risco de foi o único cidadão vivo
desaparecer. Os prédios, encontrado pelo
localizados em uma fazenda pesquisador Aguilar Filho
do município de nas suas andanças por
Paranapanema, na região de Paranapanema e
Avaré, são do começo do Campina do Monte
século passado. Na Alegre, municípios
propriedade rural, cerca de 50 vizinhos por onde se
garotos (com idades entre 9 e espalhavam terras dos
11 anos), foram submetidos a Rocha Miranda. Os
trabalho escravo. O tema garotos eram submetidos
virou tese de doutorado na a castigos severos.
Universidade Estadual de Ajoelhavam no milho,
Campinas (Unicamp). levavam golpes de
O historiador campineiro palmatória, apanhavam
Sidney Aguilar Filho, durante com vara de marmelo.
quase uma década, vasculhou Quando era menino,
documentos, colheu Aloysio era apenas o
depoimentos, e apurou o “número 23”.
detalhes de uma época Ele disse, triste, que lhe
obscura, em que a exploração tinham “roubado a
da mão de obra infantil no A sede da Fazenda Cruzeiro do Sul e o tijolo gravado com a suástica: material descoberto por acaso pelo administrador atual da gleba infância”. Depois,
campo contava com a Acervo pessoal/Divulgação Aloysio se casou e teve
conivência do Estado. sete filhos. Mas cada um
A antiga Fazenda Cruzeiro daqueles garotos, depois
do Sul foi comprada pelos
Rocha Miranda, família
Trabalhar era obrigatório; da liberdade, viveu uma
saga diferente.
tradicional do Rio. Gente do
clã fazia parte da Ação brincar era proibido Segundo apurou
Aguilar Filho, teve quem
Integralista Brasileira (AIB), deixou a fazenda em 1937
agremiação partidária “Educação, autoritarismo e pessoal no site, informando e saiu andando pela
inspirada no nazifascismo. eugenia: exploração do trabalho e-mail e criando uma senha ferrovia, sonhando voltar
Em São Paulo, a família e violência à infância secreta, para ler o material para o Rio. Uns viraram
instalava um projeto desamparada no Brasil quando bem entender. mendigos.
agropecuário gigantesco. A (1930-1945)”, a tese de A tese do professor é um Outros morreram
gleba era dotada de uma doutorado do professor Sidney detalhamento cuidadoso de solteiros, sozinhos.
infraestrutura invejável: Aguilar Filho, defendida em uma política ultrapassada. Houve casos curiosos
geradores de energia, pista de 2011 na Unicamp, está “Educar a menoridade”, na como o de
pouso, estação de trens, disponível, na íntegra, na época, era um termo ligado a José Rodrigues, que virou
maquinário importado. internet. Basta que os verbos como dirigir, controlar, militar, lutou na Itália, e
Acontece que o projeto não interessados acessem o disciplinar, treinar, testar, “morreu louco”.
progrediu. Em 1937, o Estado endereço virtual higienizar, militarizar, trabalhar, O interessante é, que
Novo determinou o fim da http://www.bibliotecadigital.uni- castigar. A criança, ao analisar cada ficha,
AIB. Nas décadas seguintes, as camp.br/document/?co- vista como “inconsciente e o professor viu que, entre
terras foram mudando de de=000807532&opt=1 inconsequente” só podia todos os meninos,
dono. Foi o administrador O interessado, no caso, só trabalhar. Não tinha só dois eram brancos: os
José Ricardo Maciel Rosa precisa fazer um cadastro direito a brincar. (RV/AAN) irmãos Sílvio e Afonso
quem descobriu (e divulgou, Crianças na escola da fazenda: uniforme, obediência, silêncio Custódio. (RV/AAN)
no final da década de 1990) Acervo pessoal/Divulgação César Rodrigues/AAN
que as paredes dos imóveis
foram erguidas com tijolos
gravados com a imagem da
suástica. A propriedade virou
a meca de pesquisadores.
De acordo com Aguilar
Filho, os meninos foram
trazidos do Educandário
Romão de Mattos Duarte, da
Irmandade de Misericórdia do
Rio de Janeiro, em 1933.
Alojados na Fazenda Santa
Albertina (pertencente ao
mesmo grupo, na mesma
região), os meninos eram
levados até a Cruzeiro do Sul,
onde trabalhavam.
Os garotos, quase todos
negros, tiveram os nomes
trocados por números. Eram
submetidos a longas jornadas
de trabalho agrícola, sem
remuneração alguma. Sofriam O cumprimento integralista, nos moldes da saudação a Hitler O professor Aguilar Filho: publicações de época sustentaram a tese
castigos físicos e
constrangimento moral. toda é toda tomada por que aconteceu na Cruzeiro do Aguilar Filho, que não possuem qualquer plano
As atenções se voltam hoje canaviais, o comprador quer o Sul, afirma, precisa ser atualmente trabalha como para impedir a demolição dos
à fazenda porque as terras terreno desimpedido, livre dos estudado, difundido para a professor de história, afirma imóveis. O Estado, destaca, vai
estão sendo vendidas. E o prédios antigos. atual e para as próximas que devem partir da Prefeitura perder o registro de uma
comprador se certificou, antes gerações. Para o professor, é e do Estado iniciativas que época importante, marcada
de assinar o contrato, de que Golpe na história nítido que existiu uma célula preservem e possam dar pelo desrespeito aos direitos
os bens imóveis não são A história sai perdendo. Para de inspiração nazista no finalidade educativa ao humanos mais básicos. Gente
tombados como patrimônio Aguilar Filho, a fazenda se Interior, e diversos garotos patrimônio. Mas a missão, poderosa, no passado,
histórico. O nome do futuro tornou patrimônio de foram explorados, admite, é das mais difíceis. explorava criaturas inocentes,
proprietário é mantido em interesse público, seja ou não abandonados à própria sorte Tratam-se de terras e separava pessoas de acordo
sigilo. Como aquela região reconhecido pelo Estado. O quando acabou a guerra. particulares. E os governantes com a cor da pele.

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