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MANUAL TEÓRICO-
TEÓRICO-PRÁTICO DE PROCEDIMENTOS
BÁSICOS EM MICROBIOLOGIA MÉDICA
2ª EDIÇÃO
REALIZAÇÃO
REALIZAÇÃO
Professora:
Professora: Drª Cristina Leise Bastos Monteiro (Coordenadora)
Professora:
Professora: Drª Laura Lúcia Cogo
Professora:
Professora: Drª Izabel Galarda
Acadêmico:
Acadêmico: Fernando Carlos Bortolozzi Filho
CURITIBA
2009
SUMÁRIO
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A SEGURANÇA DOS ALUNOS NAS AULAS PRÁTICAS DE
BACTERIOLOGIA E MICOLOGIA
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10. Jamais colocar a pipeta usada sobre a bancada ou mesa de trabalho. Ela deve ser
colocada em recipientes que contêm desinfetantes (Lisoform, hipoclorito de sódio a
2%, etc.), bem como algodão para vidro (para não quebrar a ponta da pipeta)
disponível em cada mesa.
11. Evitar a formação de aerossóis, que são micropartículas que contém uma quantidade
extremamente pequena de líquido (água, saliva, etc.) e algumas partículas infectantes
(vírus, esporos bacterianos, etc.). Estes aerossóis podem cair sobre a mesa
contaminando-a, ou ainda ficarem suspensos no ar e serem inalados, promovendo um
possível ciclo de infecção. Tais partículas podem se formar em procedimentos como
flambagem da alça metálica, flambagem de pinças, abertura brusca de tubos ou
frascos com tampa de pressão, agitação de tubos com as mãos, centrifugação de
tubos abertos, manipulação incorreta de seringas, homogeneizadores, etc.
12. Ao término do trabalho:
a) Desinfetar a bancada com um desinfetante disponível (hipoclorito, álcool 70%,
clorexedine, álcool iodado, etc.).
b) Lavar as mãos e antebraços com água e sabonete líquido. Em seguida utilizar, de
preferência, solução degermante à base de polivinilpirrolidona-iodo (PVPI) a 10%.
Enxugar com toalha descartável. Em seguida aplicar álcool 70% nas mãos para dar
continuidade à desinfecção.
Observação: em caso de acidente, como de pipetas contaminadas, placas e frascos com
material patológico ou cultura de microrganismos é obrigatório:
a) Derramar sobre o material quebrado um desinfetante (por exemplo álcool 70% ou
clorexedine).
b) Cobrir com toalha de papel.
c) Deixar em contato, no mínimo, por uma hora antes de remover o vidro com uma pinça
e com a mão enluvada absorver o líquido com papel toalha, acondicionar em sacos
apropriados e a seguir autoclavar.
4
INTRODUÇÃO
Micróbio: termo usado em 1878 por Charles Emmanocl Sedillot (cirurgião francês).
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Áreas de aplicação da microbiologia
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Posição entre os seres vivos
Após a descoberta dos microrganismos, ficou claro que eles mostravam todas as
combinações possíveis das propriedades dos vegetais e animais, os dois reinos de seres
vivos admitidos na época, aparecendo vários absurdos como por exemplo, os fungos foram
classificados como vegetais porque eram imóveis, quase não apresentando outras
propriedades dos mesmos sendo também que nenhum fungo possui clorofila.
Para evitar a distribuição arbitrária dos grupos intermediários (entre plantas e
animais), o cientista alemão Ernest Haeckel, discípulo de Charles Darwin em 1866, propôs o
estabelecimento de um terceiro reino, para eliminar a confusão existente em relação à
posição dos microrganismos e para lhes proporcionar uma posição no mundo vivente. Este
terceiro reino foi chamado Protista (da palavra grega que significa primitivo ou primeiro).
O Reino Protista compreendeu as algas, protozoários, fungos e bactérias. .Algumas
vezes os seres classificados em protistas eram denominados Protistas superiores e
Protistas inferiores fundamentando-se em sua estrutura celular. Os superiores possuem
célula eucariótica, como os protozoários, fungos e algas, com exceção das algas azul-
esverdeadas. Os protistas inferiores são procarióticos: 'bactérias e algas azul-esverdeadas.
Desde o conceito original deste terceiro reino de seres vivos têm sido desenvolvidos
numerosos critérios para determinar mais adequadamente onde classificar estas microvidas.
Uma abordagem a respeito da classificação microbiana foi oferecida por Stanier e
Van Niel em 1941. Eles propuseram outra designação para outro reino chamado Monera,
que deveria conter algas azul-esverdeadas e as bactérias. As outras algas e protozoários
deveriam permanecer como pertencentes ao reino Protista. Os vírus, no entanto, ainda
permaneciam como um enigma.
Em 1969 foi proposto por Whittaker um outro sistema classificatório de seres vivos,
compatível com os recentes estudos ultraestruturais, bioquímicos, genéticos e os principais
modos de nutrição: fotossíntese, absorção e ingestão. Os cinco reinos de Whittaker são:
Plantae, Fungi, Animmalia, Protista e Monera. Os microrganismos são encontrados em três
dos reinos:
• Monera (bactérias e algas azuis esverdeadas);
• Protistas (outras algas e protozoários);
• Fungi (fungos: leveduras e bolores).
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Classificação dos microrganismos
A classificação dos seres vivos serve a vários propósitos, entre eles a de estabelecer
critérios necessários para a identificação e acima de tudo, eliminar confusões. A
classificação dos microrganismos apresenta problemas peculiares podendo se basear em
muitas características. De uma maneira geral as classificações podem ser: Naturais ou
Filogenéticas e Artificiais ou Chaves.
Nas Chaves as características descritivas são organizadas de tal forma que um
organismo em estudo será prontamente identificado. Os organismos agrupados numa chave
não precisam necessariamente apresentar relação filogenética; eles são listados juntos
porque apresentam algumas características em comum, facilmente identificáveis. Será
perfeitamente razoável, por exemplo, colocar numa chave um grupo de bactérias
formadoras de pigmento vermelho, tais como Serraria marcescens e as Sulfobactérias
púrpuras. Todavia, este agrupamento será de muita utilidade, pois um pesquisador com a
responsabilidade de identificar uma cultura com pigmento vermelho, imediatamente terá seu
trabalho reduzido a poucos tipos bacterianos.
Na classificação filogenética, agrupa-se tipos aparentados, isto é, aqueles que tem
um ancestral em comum.
Durante os 100 anos da microbiologia como ciência, têm surgido muitas
classificações. Infelizmente não existe um sistema classificatório inteiramente aceitável para
todos os microrganismos, principalmente para as bactérias. Dependendo da autoridade
consultada, são observadas várias inconsistências. De tempos em tempos são propostos
novos sistemas não aceitos em sua totalidade internacionalmente.
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a) Algas
b) Protozoários
c) Fungos
2. NATUREZA E
ESTRUTURA Procarióticos Eucarióticos
CITOPLASMÁTICA
Correntes
Ausentes Presentes
citoplasmáticas
Pinocitose Ausente Presentes
Mesossomos Presentes Ausentes
Dispostos em membranas,
Ribossomos Dispersos no citoplasma retículos endoplasmáticos
e cloroplastos
Mitocôndrias Ausentes Presentes
Cloroplastos Ausentes Podem estar presentes
Complexo de Golgi Ausentes Presentes
Vacúolos limitados por
Ausentes Presentes
membranas
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3. ESTRUTURAS
Procarióticos Eucarióticos
CELULARES EXTERNAS
Possui parte da Não desenvolve atividade
Membrana plasmática maquinaria respiratória e respiratória ou
fotossíntese fotossíntese.
Parede celular de
Presente * Ausente
Peptídeoglicano
Multifibrilas com
Organelas locomotoras Fibrilas simples
microtúbulos
Pseudópodos Ausentes Presente em alguns
* ausente em Mycoplasma sp.
4. RELAÇÃO GUANINA +
Procarióticos Eucarióticos
CITOSINA
Mols de Guanina e
28 a 73 Cerca de 40
Citosina
Bactérias
O termo bactéria, derivado do grego "gotinhas" foi introduzido em 1828 pelo alemão C. G.
Ehrenberg como nome genérico de alguns tipos bacterianos característicos.
Bactérias são organismos microscópicos, unicelulares e procarióticos.
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Bergey' s Manual of Detenninative Bacteriology ao longo de muitas edições. A 9.& edição do
manual de Bergey tem como título: "Bergey' s Manual of Systematic Bacteriology".
O manual de Bergey representa mais de 70 anos de evolução, sendo mais aceito
que qualquer outro sistema. Devido às incertas relações filogenéticas das bactérias, o
manual admite que sua principal aplicação é determinativa, isto é, permitir aos
pesquisadores determinar se ce11o microrganismo corresponde a uma espécie descrita. A
1ª edição data de 1923, já tendo alcançado a 9ª edição. Em cada edição subseqüente, têm
sido feito vários avanços significativos, inclusive o acréscimo de novas espécies e excluindo
outras.
Atualmente um dos esquemas da classificação semi-oficial disponível é o que foi
publicado na 9ª edição do Bergey's manual de 1984. É amplamente utilizada como padrão
de referência na taxonomia bacteriana. Ele reconhece o reino Monera de Whittaker,
chamando-o, no entanto, de Procaryotae, em virtude da natureza procariótica de suas
células.
Novos conhecimentos causarão uma grande diferença nas futuras publicações a
respeito da classificação microbiana. Nos últimos anos o sistema genético das bactérias foi
estudado ao nível molecular a fim de determinar a homologia entre o DNA das células. O
parâmetro empregado com mais freqüência é a porcentagem de moléculas de guanina mais
citosina no conteúdo total de DNA. A composição das bases do DNA é uma característica
constante de uma determinada espécie e é expressa em porcentagem de guanina mais
citosina sobre o total da mols das bases. Se dois organismos têm proporções muito
diferentes de bases, obviamente não são muito relacionados. Centenas de espécies têm
sido caracterizadas desta maneira modernamente.
Em 1980 o Comitê Internacional sobre Sistemática Bacteriológica, publicou uma lista
de aproximadamente 2500 espécies, substituindo uma lista anterior de 30000. Desde 1º de
janeiro de 1980 apenas a nova lista de nomes é considerada válida. A substituição das
denominações abandonadas, o acréscimo de novas ou quaisquer outras alterações, exigem
publicações no International Journal of Systematic Bacteriology.
Bactérias:
Uma chave classificatória para bactérias estabelece 4 grupos bacterianos, em função do
metabolismo de movimentação e das características da parede celular.
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Vírus: Complexo molecular vivo, possuindo DNA ou RNA.
12
CAPÍTULO 1:
1: CONTROLE DOS MICRORGANISMOS
13
Sanitização: usada em restaurantes e indústrias de alimentos, refere-se à
eliminação dos microrganismos em utensílios e equipamentos para impedir a deterioração
ou transmissão de infecções pelos produtos alimentares.
ESTERILIZAÇÃO
Calor
- Calor Seco
• Flambagem
• Forno de Pasteur (estufa)
• Incineração
- Calor Úmido
• Pasteurização
• Tyndallização ou Tindalização
• Água Fervente
• Autoclavação
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Filtração
- Velas
• Chamberland – porcelana porosa
• Berkefeld – infusórios
- Discos
• Vidro
• Amianto – Seitz
- Membranas
• Acetato de celulose: Millipore e HEPA
• Nitrato de celulose
Radiações
- Ultravioleta (UV) – NÃO IONIZANTES
- Gama (γ) - IONIZANTES
Agentes Químicos:
- Líquidos – álcoois, detergentes, álcalis, glutaraldeído.
- Gasosos – brometo de metila, óxido de etileno, formaldeído.
- Sólidos – pastilhas de formalina.
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CALOR SECO
a) Flambagem
É a exposição do objeto à chama de bico de Bunsen ou lamparina. Na técnica
bacteriológica utiliza-se a flambagem para esterilizar a alça de platina pelo
aquecimento até o rubro. As pinças, as pipetas, as bocas dos tubos e balões em que
se faz a semeadura são aquecidos na chama (chamuscadas) sem, no entanto, levá-
las ao rubro.
c) Incineração
O método de incineração, do ponto de vista microbiológico, consiste em destruir os
microrganismos junto com os materiais orgânicos onde eles se localizam. São
materiais removidos dos curativos, peças anatômicas, animais de experiência
infectados e mortos, etc., (há os incineradores usados na queima de lixo não
hospitalar). Os incineradores que possuem uma só câmara de combustão são
ineficazes e inadequados. Isto porque os materiais não são destruídos por completo,
contaminando a atmosfera por microrganismos e substâncias tóxicas. O incinerador
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deve ter, além da câmara de combustão principal, uma câmara de combustão
secundária. Ideal é quando a 1a câmara está a 800oC e a segunda aquecida no
mínimo a 1000oC.
A incineração tem-se tornado um problema social e político em muitas comunidades,
principalmente européias. Isto porque, a queima em altas temperaturas de matéria
orgânica e plástico, gera substâncias altamente tóxicas, tais como as dioxinas.
“Incineradores, na verdade, são indústrias de “ultragifte” – ultravenenos – expressão
cunhada pela comunidade científica para designar dioxinas e furanos.”
Observação: o criminoso Agente Laranja usado na Guerra do Vietnã era rico em
dioxinas (Fonte: Proteção no 11 – vol. 03).
CALOR ÚMIDO
a) Pasteurização
Ato de pasteurizar. Processo pelo qual um determinado material (o leite, por
exemplo), é aquecido a uma temperatura não elevada (62,8oC por 30 minutos ou
71,7oC por 15 minutos) e a seguir submetido a resfriamento brusco (em torno de
4oC), obtendo-se assim a morte dos germes patogênicos, no caso do leite:
Salmonella, brucelas, estreptococos, bacilos da tuberculose, mas não a eliminação
total dos germes contaminantes (bactérias esporuladas). É um processo de
desinfecção.
b) Tyndallização ou Tindalização
É uma esterilização fracionada.
Tyndall, o idealizador do processo, verificou que o aquecimento descontínuo, ou
seja, aquecimento a 100oC, durante 1 hora, em 3 dias consecutivos, intercalados por
períodos de incubação em temperatura ambiente, conseguia esterilizar a solução em
estudo.
Os esporos resistentes germinam durante o tempo de incubação e são destruídos
nas subseqüentes exposições ao calor.
A temperatura de tindalização varia de acordo com o material a esterilizar. Alguns
meios de cultura bacteriológicos, soluções de carboidratos, soluções de vitaminas ou
enzimas, etc., serão aquecidas à temperatura que não altere as suas propriedades.
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c) Água em Ebulição
Os materiais ou objetos contaminados não podem ser esterilizados com segurança
pela simples exposição à água em ebulição. Embora as células vegetativas das
bactérias possam ser destruídas em poucos minutos, alguns esporos resistirão
durante muitas horas. A imersão em água fervente quando usada para esterilização
de instrumentos cirúrgicos, seringas de injeção, etc., oferece o risco de
contaminação por esporulados. Só deve ser usada em circunstâncias emergenciais.
Pela fervura do material mergulhado em água ou exposto ao vapor em autoclave
com válvula aberta (vapor fluente) só se consegue uma desinfecção e não
esterilização.
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torneira. Com a continuação do aquecimento, haverá aumento de pressão acusado
pelo manômetro. Ao ser atingida a temperatura desejada, 120oC por exemplo,
marca-se o tempo. Após esse período desliga-se a corrente elétrica. Para abrir a
autoclave, espera-se até que o manômetro abaixe para zero. Só então se abre a
torneira. O material sai da autoclave impregnado de umidade. Deve-se colocá-lo na
estufa ± 60oC para a secagem. Há autoclaves mais modernas em que o material já
sai seco, como a que existe no departamento de Bioquímica da UFPR.
Observação: a autoclave e seu funcionamento serão mostrados em seminários,
acompanhando os processos de preparação de material para a esterilização.
Vantagens:
1. Aquecimento rápido.
2. Grande poder de penetração em material denso.
3. Maior condutibilidade.
4. Não deixa resíduos tóxicos.
5. Mais econômico.
6. Termocoagulação das proteínas, catalisada pela água. O calor úmido desnatura
proteínas, quebrando ligações químicas envolvidas na manutenção da
conformação espacial das proteínas, causando sua coagulação.
50 56
25 80
18 90
06 145
00 170
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Eficiência Comparativa do Calor Seco e do Calor Úmido como Esterilizantes
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Embora a temperatura e a pressão sejam indicadas pelo termo-manômetro, todos os
laboratórios microbiológicos fazem testes confirmatórios de esterilidade do material
processado.
Para tanto se pode recorrer a métodos físicos e biológicos.
Nos métodos físicos usa-se:
1. Indicadores que têm por base a reação de um composto químico quando
expostos a um parâmetro necessário à esterilização. Geralmente vêm em forma
de fitas ou selos que mudam de cor na temperatura estabelecida.
2. Substâncias químicas em pó (acondicionadas em ampolas de vidro) cujo ponto
de fusão é conhecido. Após a autoclavação, observar a substância que deve
aparecer fundida.
Observação: para cada método de esterilização existem indicadores químicos
específicos.
No método biológico usam-se esporos bacterianos altamente resistentes como os do
Bacillus stearothermophillus. Os esporos podem vir acondicionados em frascos com meio de
cultura ou impregnados em tiras de papel de filtro seco, numa concentração de 106 esporos
em ambos os casos. Os esporos do Bacillus stearothermophillus morrem quando
submetidos a 121oC por 15 minutos.
Colocar os esporos na autoclave em pontos críticos, centro e fundo da cesta, pontos
em que a temperatura desejada é obtida com maior dificuldade.
Após a autoclavação, incubar a 55 a 57oC os esporos em caldo (ou no caso de usar
as tiras, transferi-las para um caldo) durante 24 a 48 horas. Caso haja turvação, indica que o
bacilo proliferou e que a autoclavação foi insatisfatória.
Os bioindicadores existem no comércio sob o nome de Esporofars®, Steritest® e
outros.
FILTRAÇÃO
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As técnicas de filtração são também usadas para recuperar pequenas quantidades
de bactérias presentes em grandes volumes de líquido, como, por exemplo, água. Nestes
casos, após a filtração, a membrana é colocada em meio de cultura adequado, as bactérias
vão proliferar dando colônias que podem ser quantificadas, estudadas e identificadas.
A filtração pode ser aplicada na descontaminação de gases como o ar. O exemplo
disto é dado pelo uso de tampões de algodão que obturam a boca de tubos, balões vazios
ou contendo meio de cultura. O algodão é suficientemente poroso para permitir a entrada de
ar e impedir a entrada de germes. Outro exemplo é a filtração do ar nas câmaras assépticas,
salas de cirurgia, etc.
Numerosos são os dispositivos e materiais usados na técnica da filtração, como por
exemplo:
Ultrafiltração
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Filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) de Acetato de Celulose
As radiações na forma de luz ultravioleta têm sua atividade melhor na faixa de 250-
260 ηm, comprimento de onda de absorção máxima pelas bases púricas e pirimídicas do
DNA, formando dímeros, inibindo a replicação do DNA.
É comum seu emprego para esterilização do ar em hospitais e também em
laboratórios de microbiologia, nas câmaras assépticas, onde as condições de assepsia
devem se manter rigorosamente controladas. Emprega-se esse tipo de radiação para
reduzir a população microbiana da superfície dos equipamentos ou do ar.
O seu poder de penetração é mínimo. Uma camada fina de vidro ou água pode
impedir a ação da luz U.V. O uso de raios U.V., em medicina, é limitado por danificar a
córnea e a pele.
Os raios gama são atualmente muito usados para esterilizar grandes quantidades de
itens de pequeno porte tais como agulhas, seringas, equipamentos endovenosos, cateteres
e luvas.
O material é esterilizado já acondicionado na sua embalagem final. O processo é
100% eficiente e ininterrupto. Não é uma técnica aplicável para uso descontínuo, pois não é
possível ligar ou desligar.
Os raios gama e os raios X criam radicais livres ativos (OH- e H+) pela hidrólise da
água. Estes radicais altamente reativos quebram as ligações covalentes do DNA, alterando
as estruturas do DNA e das proteínas.
Vantagens - esterilização fria (indústria alimentícia e farmacêutica);
- alto poder de penetração.
Desvantagens - alto custo;
- operadores altamente especializados;
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- acarreta sérios danos à saúde, tais como:
a) alterações celulares (neoplasias malignas, como a
leucemia);
b) lesões de gônadas (alterações cromossômicas).
A esterilização por produtos químicos é indicada apenas para os materiais que não
podem ser submetidos ao calor.
A escolha de um agente químico dependerá da finalidade do uso. Não existe uma
substância ideal capaz de agir em todos os casos. Alguns são muito ativos, mas tóxicos
para os tecidos vivos, portanto usados apenas em objetos inanimados. Outros apresentam
instabilidade quando em solução. Alguns são rapidamente inativados em contato com
matéria orgânica.
A maioria dos agentes químicos age como desinfetante ou anti-séptico, somente
alguns são capazes de esterilizar, embora se saiba que os produtos químicos podem agir
como bacteriostáticos ou esterilizantes dependendo da concentração e do tempo de ação.
Ácido fênico em solução de 0,2% age como bacteriostático e a 5% é esterilizante.
Alguns produtos químicos são mais utilizados que outros devido a vários fatores:
facilidade de obtenção, menor custo, maior estabilidade quando em solução e seu poder
germicida.
Assim temos:
Produto Químico
• Deve ter
- Atividade antimicrobiana de largo espectro.
- Estabilidade e homogeneidade quando em solução.
- Inocuidade para o homem.
- Boa solubilidade.
• Deve não ser
- Corrosivo.
- Irritante.
• Deve
- Não deixar resíduos.
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- Não alterar materiais como borracha, plástico, etc.
AGENTES QUÍMICOS
Óxido de Etileno
É um gás incolor, não corrosivo e que se liquefaz a 10,9oC, sendo o líquido bastante
solúvel em gás e solventes orgânicos.
Concentrações acima de 100 mg/litro são tóxicas ao ser humano, causando
irritações dos olhos e pulmões, náuseas, edema pulmonar e danos à pele.
O gás é altamente inflamável e explosivo, não se podendo trabalhar em
temperaturas elevadas, no máximo 60oC.
Aplicações industriais são baseadas no uso de misturas contendo 10% de óxido de
etileno e 90% de CO2 ou 50% de óxido de etileno e 50% de formato de metila.
O gás tem elevado poder de penetração em material orgânico, incluindo plásticos,
borrachas, madeira, papel, tecidos (lã), couro, produtos desidratados, equipamentos de
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anestesia e seringas sem danificá-los, o que recomenda muito o seu emprego. Pode ainda
ser utilizado em metais, vidros e materiais elétricos.
O uso de óxido de etileno requer equipamentos adequados de alto custo. O aparelho
esterilizador a ETO é formado de um conjunto de três unidades:
- Uma autoclave (câmara grande) tendo o gás ETO e vapor d’água.
- Um painel de controle onde está conectado o cilindro de mistura de gases.
- Uma câmara secadora onde o material, após a esterilização, é obrigatoriamente
submetido à aeração, que consiste na circulação de ar filtrado. O ar passando
pelos materiais faz a remoção dos resíduos de gás retido nos mesmo.
Tendo condições adequadas de temperatura, pressão de vapor d’água, tempo e
concentração do gás, o ETO é muito eficiente.
Condições:
• Temperatura entre 49 e 60oC;
• Tempo de exposição de 2 a 12 horas;
• Concentração do gás 450 mg/L;
• Umidade de 20 a 40%.
Óxido de Etileno
Vantagens Desvantagens
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Formaldeído
Glutaraldeído
Age de modo semelhante ao formaldeído, mas é menos tóxico e dez vezes mais
eficiente. Age lenta mas efetivamente. Usado na desinfecção de endoscópios e
equipamentos de terapia respiratória.
Álcoois: os mais usados são o álcool etílico e o isopropílico. O álcool etílico é muito
usado na degermação da pele e desinfecção de superfícies, algumas vezes em combinação
com iodo. Requer presença de água (álcool a 70%) para sua atividade máxima. O álcool
desestrutura os lipídios da membrana celular e desnatura as proteínas bacterianas.
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dissociação, da concentração de íons hidroxila e do íon metálico do álcali. O hidróxido de
cálcio é um deles. É de alto poder desinfetante, usado em quartos de doentes, excretas,
vagões, etc.
Metais Pesados: os mais usados são mercúrio e prata. Ambos possuem boa atividade
antimicrobiana. O mercúrio quando combinado a outras substâncias, apresenta-se menos
tóxico ao organismo humano que o próprio metal. Por exemplo: mercúrio cromo, Mertiolato.
A prata combinada com proteínas é antisséptico de mucosas do nariz e garganta: Argirol,
Protargol. Estes metais agem inativando as enzimas bacterianas através do grupo sulfidrila.
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CAPÍTULO 2:
2: TIPOS MORFOLÓGICOS DE BACTÉRIAS E
GRUPAMENTOS BACTERIANOS
Objetivos
Tipos Morfológicos
COCOS
Coco-oval (alongado)
Exemplo: Streptococcus pyogenes.
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Pneumococo (em forma de gota, chama de
vela)
Exemplo: Streptococcus pneumoniae.
Fonte: Gonococo e Meningococo: Forma
Fernando Bortolozzi
riniforme (em forma de feijão ou rim)
Exemplos: Neisseria gonorrhoeae (G)
Neisseria meningitidis (M).
BACILOS
VARIAÇÕES BACILARES:
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Exemplo: Fusobacterium nucleatum.
FORMAS ONDULADAS
Exemplo: Spirillum
b) Espiroqueta: corpo flexível e móvel com o auxílio de filamentos axiais presentes sob a
camada externa.
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c) Vibrião: em forma de vírgula, apenas um seguimento de espiral.
Treponema pallidum
Leptospira interrogans
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GRUPAMENTOS BACTERIANOS
NOMENCLATURA DO
FORMATO EXEMPLOS
GRUPAMENTO
Diplococos (dois a dois) 1. Neisseria gonorrhoeae
Neisseria meningitis
1 (GONOCOCO e MENINGOCOCO)
2. Streptococcus pneumoniae
2 (PNEUMOCOCO)
Estreptococos (cadeias)
Streptococcus pyogenes
Estafilococos (irregular ou
cacho de uva)
Staphylococcus aureus
Tétrades (cocos de 4 em 4
elementos, simetricamente) Micrococcus
Sarcina (8 elementos,
formando cubos
simetricamente) Sarcina (não visível no plano do MO)
(Geralmente esporulam)
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3. Alguns bacilos podem agrupar-se em paliçada, quando o movimento pós-
divisional é de deslizamento:
Mycobacterium tuberculosis (PALIÇADA)
Corynebacterium diphteriae
Pleomórficas: são bactérias sem parede e justamente por isso não têm forma definida
ORIGINALMENTE (não se enquadram em cocos, bacilos, espirilos etc., uma vez que nunca
tiveram forma definida). Independe das condições do meio. Exemplos: Haemophilus,
Mycoplasma, Proteus, Chlamydia e o bacilo diftérico.
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CAPÍTULO 3:
3: MORFOLOGIA COLONIAL
Objetivos
Introdução
Definição
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• Bordas:
Lisa Denteadas
Lobadas Onduladas
• Elevação:
Acuminada Espraiada
Centro-saliente Umbilicada
Centro-deprimida Papiliforme
• Superfície:
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CAPÍTULO 4:
4: VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE
BACTÉRIAS NO AR E SUA CONTAGEM ATRAVÉS DE
CULTIVO
Observação
Objetivos
Contagem
Técnica
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a. Área da placa de 10 cm de diâmetro = 0,007854 m2.
b. Tempo de exposição: 30 minutos.
Exemplo: 10 UFC → 0,007854 m2
x→ 1 m2
x = 1.273 UFC/m2
em uma hora: 1.273 → 0,5 hora
x→ 1 hora
x = 2.546 UFC/m2/h
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CAPÍTULO 5:
5: PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS
Objetivos
Introdução
Preparações a Fresco
• Campo Claro
- Entre lâmina e lamínula.
- Gota pendente.
• Campo Escuro
- Entre lâmina e lamínula.
Servem para observar a mobilidade e/ou presença de bactérias.
Preparações Coradas
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Preparações a Fresco
Nas preparações a fresco os materiais líquidos como urina, exsudatos, LCR, meios
de cultivo líquidos, podem ser examinados tais como se apresentam ou centrifugados e
examinando-se o sedimento.
Quando se tem material espesso (patológico ou de cultivo), deve-se diluí-lo em soro
fisiológico estéril.
Pode-se examinar as bactérias ao natural, com pouca luminosidade, mas como as
suas células têm um índice de refração próximo ao da água, algumas vezes torna-se difícil
observá-las. Nesses casos recorre-se aos corantes vitais, atóxicos (para não prejudicar a
mobilidade). Os mais usados são: azul de metileno, vermelho neutro, azul de Nilo, entre
outros, em solução aquosa a 1%.
40
VISTA DE CIMA CORTE TRANSVERSAL
(APÓS A MONTAGEM)
Gota Pendente
escavação (concavidade)
41
1. Esfregaço: consiste em depositar o material a examinar no centro de uma lâmina
e espalhá-lo numa espessura apropriada. Deixar secar espontaneamente ou
numa estufa a 37oC. Se o material a examinar pela bacterioscopia for muito
espesso (patológico ou cultivo), deve ser diluído em salina ou água estéril. Se for
material líquido e pobre em microrganismos, deve ser centrifugado (urina, por
exemplo); derrama-se o sobrenadante e examina-se o sedimento.
2. Fixação: tem por objetivo fixar o material à lâmina para que não se desprenda
durante os procedimentos ulteriores. A fixação pode ser feita a quente ou a frio.
Em ambos os casos há coagulação de célula bacteriana que a faz aderir à
lâmina.
A Quente
• Pode ser feita “serrando” com a lâmina a chama da lâmpada
ou bico de Bunsen, duas a três vezes, com a face que contém
o material voltada para cima, para não ter contato direto com a
chama.
• Derrama-se álcool sobre a preparação e inflama-se.
Observação: a exposição excessiva ao calor deforma a morfologia da bactéria e
com aquecimento insuficiente haverá desprendimento do material.
A Frio
• Para não alterar muito a morfologia bacteriana ou quando há
interesse de observar o aspecto citológico do material, como
exsudatos, sangue, líquor, etc., usa-se fixação a frio, cobrindo
o esfregaço com substâncias químicas:
- Mistura de álcool e acetona.
- Formol.
- Solução de cloreto de mercúrio, etc.
42
Coloração Simples
Técnica
43
COLORAÇÃO DE GRAM
Técnica
44
GRAM – GRAM +
Microscopia: Rosa Microscopia: Roxo
Possui uma parede celular mais diversificada, Possui filamentos de teicoato, ligados à
sem lipoteicoato muranato
± 1-2 camadas de peptídeoglicano (5-10%) 15 a 20 camadas de peptideoglicano (90%)
(+ FINAS) (+ ESPESSAS)
Mais lipídeo (20%) e muitos aa Tem pouco lipídeo (2%) e poucos aa
Possui uma 2ª membrana ancorada às Tem adjacente à membrana plasmática uma
camadas de peptideoglicano (chamada parede celular
membrana externa) externa à parede celular
Formam ESFEROPLASTOS: quando a Formam PROTOPLASTOS: é a membrana de
bactéria perde a parece celular. Quando restam uma bactéria gram +. Se perdê-la, não
partes da PC, em local e condições adequadas, consegue refazê-la. Porém sobrevive só com o
essa PC pode ser refazer. protoplasto.
Mais polissacarídeos e presença de lipídeo A Menos polissacarídeos
formando os lipopolissacarídeos (LPS***)
*** LPS: são pirogênios exógenos (geram calor) – No organismo humano, podem ser um
dos produtores de febre. Quando os macrófagos fagocitam os produtos bacterianos,
estimulam leucócitos. Esses leucócitos estimulados liberam os pirogênios endógenos
Interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF). Esses mediadores estimulam a
ativação das integrinas dos neutrófilos no endotélio para que eles migrem, via rolamento,
para o tecido conjuntivo em combate às bactérias patogênicas. Além disso, a Il-1 e o TNF
estimulam a produção de PGE-2 (prostaglandina E2) no hipotálamo, que controla a
temperatura corporal via AMPc. Uma vez que o TNF e a IL-1 estão elevados, o sono
aumenta e o apetite diminui, como acontece na gripe por exemplo. Por fim o hipotálamo
aumenta a temperatura corporal, ativando proteínas do choque térmico. Tais proteínas
proteínas aumentam a atividade os linfocitária. Ou seja, a elevação da temperatura do corpo
está relacionada a melhorar a resposta imune do indivíduo em resposta a bactérias
patogênicas. Detalhes serão vistos na disciplina de Patologia Médica Molecular (BP334).
• Fucsina fenicada
Fucsina básica 0,3 g
o
Álcool 95 10 mL
Fenol fundido 5 mL
Água destilada 95 mL
Observação: em outras colorações usa-se o fenol aproximadamente em
quantidade 5 vezes maior.
• Diferenciador
Álcool etílico 95o 99 mL
Ácido clorídrico 1 mL
• Corante de fundo
Solução de azul de metileno.
47
Técnica
COLORAÇÕES DE ESPIROQUETAS
48
Coloração Negativa (Método de Burri)
Mordente Tanino – 5g
Água fenicada a 1% – 100 mL
49
Processo
50
Técnica
51
CAPÍTULO 6:
6: MEIOS DE CULTURA
QUANTO À PROCEDÊNCIA
QUANTO À CONSISTÊNCIA
Sólidos
Semi-sólidos
Xaroposos
Líquidos
52
1. Não é metabolizado pelas bactérias de interesse médico (apenas algumas
espécies marinhas o digerem).
2. Uma vez na consistência de gel, só se liquefaz à temperatura de 100oC (próprio
até para o cultivo de termófilas = 65oC a 70oC).
3. uma vez liquefeito, vai solidificar apenas ao redor de 45oC, fato que se aproveita
para cultivar bactérias incorporadas ao meio de cultura a esta temperatura. Em
seguida deixa-se solidificar (semeadura de Pour-Plate).
Outras substâncias usadas para solidificar os meios de cultura são:
a) Gelatina.
b) Sílica-gel.
a) A gelatina é obtida a partir de osseína, uma proteína rica em aminoácidos.
Apresenta a desvantagem de ser hidrolisada por algumas bactérias, com o
que perde sua qualidade de gel. Também porque à temperatura de 36oC
(temperatura própria para o cultivo da maioria das bactérias de interesse
médico) ela apresenta-se líquida.
b) A sílica-gel é obtida pela ação de HCl sobre silicato de sódio, formando ácido
silícico. Tem a vantagem de apresentar composição química definida, não
possuir nenhum elemento nutritivo, ideal para solidificar os meios sintéticos.
QUANTO À COMPOSIÇÃO
53
QUANTO À FINALIDADE
Diferenciais São aqueles que permitem a diferenciação dos germes que neles
crescem, pela mudança da cor das colônias ou do meio de cultura,
pela reação com produtos do metabolismo.
54
CAPÍTULO 7:
7: ISOLAMENTO DE MICRORGANISMOS
Objetivos
Introdução
Em microbiologia nada pode ser feito antes de isolar a bactéria em cultura pura, ou
seja, a cultura deve ser de uma única espécie. Só então é que se pode caracterizá-la.
O cultivo de bactérias requer técnicas assépticas adequadas, para evitar
contaminações. Para isso devem ser observados os seguintes cuidados:
• Os tubos e placas estéreis ou com material em estudo somente devem ser
abertos próximos a uma chama onde se forma uma área estéril (ou se usar
câmara asséptica).
• Os procedimentos devem ser feitos de preferência por trás da chama.
• As alças ou agulhas devem ser flambadas imediatamente antes e após o uso
(após o uso, evitar o aquecimento brusco para evitar os aerossóis). As alças
devem ser levadas ao rubro em posição vertical em relação à chama de gás ou
lâmpada de álcool.
• As bocas de tubos, frascos, pipetas, etc., são flambadas ligeiramente antes e
após a transferência de material.
• Nunca abrir os tubos ou frascos na posição vertical. Para semeadura em meios
líquidos, inclinar o tubo em um ângulo de aproximadamente 40o. O tubo com
meio sólido, deixar na horizontal.
55
Isolamento em Placas
O isolamento em placas é o mais usado para obter cultura pura de amostras que
contenham população mista. Com semeadura por esgotamento (para descarregar a alça),
faz-se estrias superficiais de lado a lado da placa.
Quando se tem material muito rico em bactérias (verificar pela bacterioscopia), pode-
se fazer estrias em quadrantes, flambando a alça na última estria do quadrante
anteriormente semeado.
Esgotamento
Ponto de recarregamento
56
próximas umas das outras e de tamanho pequeno. Só no final haverá espaçamento maior
entre as colônias e estas terão o tamanho característico da espécie.
Inicialmente o crescimento é exponencial em relação ao tempo. Logo após,
entretanto, a ordem de crescimento se torna muito complexa, devido à proximidade das
células acumuladas. Esta proximidade cria uma situação que pode ser chamada
“aglomeração fisiológica” na qual as células competem entre si pelos nutrientes disponíveis
e afetam-se mutuamente pelo acúmulo de produtos residuais.
O crescimento em colônias é afetado não só pelas interações celulares dentro de
cada colônia, mas também por interações entre colônias vizinhas, conforme explicado
anteriormente.
Para a próxima etapa de identificação, vai se preferir as colônias bem separadas,
presumindo-se que são formadas por descendentes de uma única célula, portanto
constituindo cultura pura.
Existem diversas maneiras de fazer estrias, dependendo da preferência ou
habilidade do laboratorista. O importante é que no final se consiga colônias isoladas.
Observação: cultura pura é a condição indispensável para caracterização e
identificação de bactérias.
Identificação de Bactérias
Objetivos
57
CAPÍTULO 8:
8: PROVAS BIOQUÍMICAS DIFERENCIAIS
Provas de Fermentação
Fermentação da Glucose
Fermentação da Lactose
Fermentação da Sacarose
Fermentação do Manitol
58
Caldo simples 1000 mL
Solução de carboidrato a 10% 100 mL
Vermelho de fenol (indicador de pH) 2 mg
Dentro do tubo com meio de cultura há um tubo pequeno, de boca para baixo
(tubinho de Durham) que vai servir para captar os gases que se formam na decomposição
do carboidrato, em casos que a bactéria elaborar a enzima formiase e que vai desdobrar o
ácido fórmico (metanóico) em H2 e CO2.
O FORMIASE
H–C H2 + CO2
OH
Meio de cultivo:
• Água peptonada de fórmula:
Peptona (triptofano) 10g
Água 1000 mL
O triptofano quando metabolizado por desamimação pela enzima triptofanase, libera
indol livre (benzil pirrol), ácido pirúvico e NH3.
Uma das técnicas de verificar a presença do indol é extraí-lo da fase aquosa por
meio de éter e evidenciá-lo por meio do reativo de Ehrlich.
TRIPTOFANASE
TRIPTOFANO INDOL + NH4+ +
59
Técnica
Resultado
Resultado
60
PROVA DO GÁS SULFÍDRICO – H2S
O meio de cultivo para esta prova contém composto sulfurado (cisteína, metionina ou
tiossulfato) e um indicador de reação (sal de metal pesado: ferro, chumbo, etc.).
O substrato sulfurado vai ser hidrolisado pela enzima dessulfidrilase, liberando S na
forma de H2S. A seqüência de etapas que conduzem à produção e detecção do H2S é a
seguinte:
1. Liberação do S a partir do composto sulfurado;
2. Acoplamento do S (S-2) com o íon H (H+) para formar H2S;
3. Detecção do H2S pelos sais de metais pesados é na forma de sulfeto do metal
pesado que é preto.
Prova positiva = meio de cultivo enegrecido.
PROVA DA UREASE
Uréia
61
PROVA DE VM (VERMELHO DE METILA) E VP (VOGES-PROSKAUER)
Lactato acetil-metil-carbinol
Técnica de VM
62
Técnica de VP
PROVA DA GELATINASE
63
Na maioria das espécies essa redução não prossegue além do estágio de nitritos:
Técnica
Resultados
RESUMO
64
2a etapa (após o Zn) Cor vermelha Prova negativa
PROVA DA MOBILIDADE
Na página 66, consta uma tabela parcial, simplificada, com algumas provas
bioquímicas e respectivos resultados para bacilos Gram negativos.
65
66
Estas são algumas das provas feitas com o substrato colocado separadamente em
tubos de cultivo individuais. Existem, no entanto, meios que são compostos por diversos
substratos num único tubo:
1) Ágar – ferro Kligler (KIA) = glicose, lactose, H2S.
2) Ágar – tríplice açúcar (TSI) = glucose, sacarose, lactose e H2S.
3) Baracchini = glucose, lactose, sacarose, uréia e H2S.
4) Rugai modificado (IAL) = indol, sacarose, fenilalanina, glucose, H2S, uréia, lisina,
motilidade.
Detalhes de composição e interpretação dos resultados do meio Baracchini serão
dados no diagnóstico das infecções intestinais.
Além das provas bioquímicas, descritas acima, existem inúmeras outras e a escolha
vai depender do microrganismo a identificar e da disponibilidade de meios de cultura no
laboratório. Também serão levados em consideração os seus custos e a complexidade dos
testes.
Observação: existem disponíveis no comércio os chamados Sistemas Compactos de
identificação de bactérias. As vantagens destes sistemas são:
1. Longo prazo de validez dos meios de cultura, até um ano, o que não ocorre com
os meios convencionais.
2. Precisam de pouco espaço para armazenamento e incubação.
3. Características de crescimento facilmente observáveis.
4. Com o registro dos resultados e programas de computação, a identificação torna-
se fácil e precisa.
Entre as desvantagens podem-se citar os custos elevados quando forem
necessárias dez ou mais provas diferenciais.
Além disso, alguns microbiologistas empregam um número mínimo de provas na
identificação de certas bactérias que apresentam aspectos coloniais e bacterioscópicos
altamente característicos, já no isolamento primário. Por exemplo: alguns bacilos Gram
negativos fermentadores de lactose podem ser identificados com poucas provas
bioquímicas, como a Escherichia coli.
Ademais, uma identificação correta não depende, algumas vezes, apenas das provas
bioquímicas diferenciais (como nos Sistemas Compactos). Estas devem somar-se às
características das colônias, quanto ao tamanho, cor, textura, formato, reação hemolítica,
etc., à propriedade tintorial pelo Gram, morfologia da célula bacteriana e grupamento e às
reações sorológicas, para a identificação final confiável, como por exemplo, na identificação
da Salmonella.
67
Aparelhos automatizados. Os laboratórios de grande porte onde, por exemplo, são
feitos, em média, 150 culturas de urina por dia, têm o seu trabalho facilitado pelos aparelhos
automatizados. Estes podem revelar, em algumas horas (6 a 12h), o biotipo da bactéria
isolada e o antibiograma, saindo o resultado no impresso computadorizado.
Longe de desaprovar os progressos da tecnologia moderna, que é prática e
indispensável atualmente, e não fazendo apologia das técnicas convencionais, precisamos
admitir que os futuros bacteriologistas não terão a satisfação de conhecer o âmago da
bactéria, as características de seus componentes celulares, variando com as condições que
se lhe oferece. As suas mutações, as surpresas com o surgimento de resistência a um
antibiótico. Conhecerão apenas os biotipos das bactérias, fornecidas pelos cálculos
eletrônicos e impressos computadorizados.
Fleming, ao observar a ação inibidora de um fungo contaminante sobre os
estafilococos em isolamento numa singela placa de Petri, descobriu a penicilina que
revolucionou a medicina. Não a teria descoberto, talvez, se estivesse usando os métodos
sofisticados e apenas apertando os botões de um computador.
68
CAPÍTULO 9:
9: MICROBIOTA NORMAL DO ORGANISMO
HUMANO
Objetivos
Introdução
O termo “microbiota normal” refere-se aos microrganismos presentes regularmente
em determinados locais do corpo. Se removidos, prontamente se recompõe. É a também
chamada microbiota residente. De 10 a 20% das pessoas normais da comunidade extra
hospitalar, são portadoras de Staphylococcus aureus, em concentração elevada, na
nasofaringe. Esse estado de portador assintomático – que pode ser persistente, intermitente
ou transitório, pode alcançar 60 a 90% das pessoas em atividades hospitalares. Os surtos
ocasionais devidos ao Staphylococcus aureus, principalmente em enfermarias re recém
natos, podem ser rastreados e relacionados com a pele e fossas nasais das pessoas que
trabalham nestes locais.
Há também a microbiota transitória, que pode ser constituída por microrganismos
não patogênicos (de baixo potencial patogênico) ou alto potencial patogênico e que habitam
a pele e mucosas por horas, dias ou semanas.
A microbiota residente é benéfica quando evita a colonização pelas patogênicas, por
diversos mecanismos: competição por substâncias nutritivas, inibição por produtos
metabólicos tóxicos, competição por receptores das células do hospedeiro, etc.
A microbiota normal também pode provocar doenças nos seguintes casos:
1. Quando deslocada do seu ambiente para outros órgãos ou tecidos. Exemplo:
Streptococcus do grupo viridans inócuo na orofaringe, causa endocardite quando
se instala no coração.
2. Provocando enfermidades em pessoas debilitadas ou imunodeprimidas.
69
A PELE
A pele possui uma microbiota residente bem definida. Porém, pela sua exposição ao
meio ambiente, tem facilidade de apresentar a microbiota transitória. O microrganismo
predominante é o Staphylococcus epidermidis, com cerca de 103 a 104/cm2 de pele. A
maioria está localizada no extrato córneo, outros habitam folículos pilosos e atuam como
reservatório para restabelecimento após a lavagem.
Staphylococcus epidermidis
Corynebacterium sp.
Pseudomonas aeruginosa
Micrococcus
Streptococcus do grupo viridans
Enterococcus
Staphylococcus aureus
Mycobacterium “não patogênico" (em regiões ricas
em secreções sebáceas)
TRATO RESPIRATÓRIO
OROFARINGE
70
“A cavidade bucal apresenta uma das mais concentradas e variadas populações
microbianas (29 espécies) e cuja localização principal está no dorso da língua, sulco
gengival e placa dentária. A contagem bacteriana em material da língua apresenta números
que variam de 43 milhões a 5,5 bilhões por ml de saliva. Do sulco gengival e da placa a
quantidade é pelo menos 100 vezes maior, aproximadamente 200 bilhões por grama. Os
estreptococos constituem o grupo mais numeroso, a metade das viáveis.” (Microbiologia
Oral, Burnet, Sherp, Schuster – 4a edição).
MUCOSA NASAL
Staphylococcus epidermidis
Staphylococcus aureus
Streptococcus pneumoniae
Streptococcus do grupo viridans
Neisseria sp.
Haemophilus sp.
71
TRATO GÊNITO-URINÁRIO (TGU)
PRÁTICA
1o dia
Para coletar o material da pele do queixo, testa, aba do nariz e fossa nasal, usar
swab ou zaragatoa, atritando a área em estudo (individualmente em cada área). Em seguida
deslizar o swab em estrias na superfície do meio de cultura, ocupando toda a área da placa.
Mãos
Com um pincel, dividir o fundo da placa em 4 partes. Marcar as partes com letras
para identificar a área semeada:
S = sujo.
L = lavado.
E = escovado.
D = com degermante.
72
1. Com o dedo indicador (sem lavar) fazer estrias diretamente sobre o meio na parte
S.
2. Em seguida, lavar as mãos com sabão normalmente. Não enxugar. Com o
mesmo dedo fazer estrias na parte L.
3. Ensaboar as mãos e escovar os dedos. Enxaguar. Não enxugar e passar na
parte E.
4. A seguir passar um anti-séptico disponível. Enxaguar. Fazer estrias sobre a parte
D.
Colocar as placas semeadas na estufa a 37oC.
Escovação Recolonização
Degermante e água
2o dia
73
5. Se houver crescimento de colônias com características de estafilococos, ou seja:
de 1 a 3 mm de diâmetro, brancas ou amarelas, opacas, brilhantes, convexas
altas, circulares, bordas lisas e superfície lisa, prosseguir com a caracterização
utilizando as provas de Identificação Presuntiva dos estafilococos de interesse
clínico.
3o dia:
dia: Identificação Presuntiva de Estafilococos da Pele e Mucosa Nasal
Sabemos que à microscopia simples, não conseguimos na maioria das vezes fazer o
diagnóstico da espécie da bactéria. No máximo descobrimos o gênero e muitas vezes só o tipo
bacteriano (ex: BGN).
No caso dos estafilococos, à microscopia, nós damos o diagnóstico de Staphylococcus sp.
Teremos que partir para as provas bioquímicas para diferenciar a espécie. Para ter certeza de
que estamos trabalhando com uma colônia de estafilococos da placa de ágar (sem fazer microscopia)
faremos a prova da catalase.
1ª PROVA: CATALASE
Fonte: Google
74
Esta prova diferencia os estafilococos de outros cocos Gram positivos, como os
estreptococos.
CATALASE + ESTAFILO
CATALASE - ESTREPTO ou outro tipo de coco.
2ª PROVA: PLASMOCOAGULASE
Procedimentos
Resultados
3ª PROVA: NOVOBIOCINA
É um antibiótico. Ele vai testar a sensibilidade dos ENPC para fazer a diferenciação
via halo de inibição. Semeia-se a colônia de ENPC em uma nova placa de ágar sangue e
coloca-se um disco de novobiocina no centro. Incuba-se. Se houver um halo de inibição (>
que 14mm), dizemos que a bactéria é sensível à novobiocina. Se não houver, ela é
resistente. Atualmente são conhecidas outras espécies de ENPC que também são
resistentes à novobiocina, mas não de interesse médico tão importante.
Resultados
76
Fonte: Google
RESUMO:
Catalase + estafilo Plasmocoagulase + Staphylococcus aureus
Plasmocoagulase - ENPC Novobiocina S S. epidermidis
R S. saprophyticus
Catalase - estrepto ou outro coco
77
Para diferenciar as três principais espécies, pode se utilizar o seguinte esquema:
ÁGAR SANGUE
Meio diferencial e não selietivo (muito enriquecido, uma vez que possui proteínas e
outros substratos provenientes do sangue). A bactéria que crescer pode apresentar
hemólise do sangue ou não. No caso de hemólise total, vai haver destruição dos glóbulos
vermelhos aparecendo um halo claro ao redor das colônias.
Composição do ASA: gelose simples acrescida de 5 a 10% de sangue desfibrinado
de carneiro.
Extrato de carne 1g
Peptona 10 g
NaCl 75 g
Manitol 10 g
Ágar 15 g
Vermelho de fenol 0,025 g
Água 1000 mL
78
CAPÍTULO 10:
10: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ATRAVÉS
DO ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS AGENTES
ETIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES
Objetivos
79
Introdução
80
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
Exsudato: cor opaca, muitas proteínas, muitos leucócitos, muita desidrogenase lática (LDH,
uma enzima que converte o lactato em piruvato e vice versa, além de ser uma enzima
gluconeogênica). Uma característica muito importante é a presença de POUCA GLUCOSE.
Uma vez que há presença de bactérias, a glucose estará diminuída. Ela é o principal
carboidrato utilizado no metabolismo bacteriano, e uma das enzimas que participa desse
processo é a LDH. Os leucócitos presentes estão promovendo uma resposta imunológica
imediata frente aos microrganismos. O principal deles nesse caso é o neutrófilo, que é a
primeira linha de defesa do organismo e vem da fase de rolamento sobre o endotélio capilar,
como será detalhado na disciplina de Patologia Médica Molecular (BP334).
Para caracterizar um exsudato tem que haver mais de 3g/dL de proteína, mais de 103
leucócitos/µL, mais de 200UI de LDH e menos de 45mg/dL de glucose.
Quando há um líquido suspeito, vindo de uma cirurgia, de uma punção pleural, de cavidades
diversas, para caracterizar se o líquido é um exsudato ou um transudato o exame que é feito
no Brasil é a CULTURA (nos mais diferentes meios sólidos e líquidos), para pesquisar se há
presença de microrganismos. Os exames bioquímicos como glucose e LDH são utilizados
em secreções mais “nobres”, como o líquor (para caracterizar uma meningite, por exemplo).
Além da microbiologia, os líquidos de cavidades devem ser encaminhados à Anatomia
Patológica para averiguar a presença de células neoplásicas por exame de citologia
oncótica (o líquido pode ter se acumulado devido a uma metástase).
Coleta do material
81
Em localização profunda estão a osteomielite, meningite, sinusite, promiosite,
infecções nas articulações e outras coleções fechadas de pus.
Nestes recorre-se à punção aspirativa do exsudato purulento com seringa e agulha
estéreis. O local da punção deve ser rigorosamente descontaminado com sabão cirúrgico ou
outro anti-séptico adequado.
Nas endocardites e septicemia coleta-se o sangue para hemocultura.
Lesões superficiais
Nas formas superficiais, tais como furúnculo (ou outras piodermites: impetigo, ectima,
etc.) segue-se o seguinte esquema, observando rigorosa assepsia:
1) Descontaminar a superfície do abscesso com o auxílio de uma gaze estéril,
embebida em anti-séptico ou salina estéril.
2) Secar com gaze estéril.
3) Com um objeto perfurocortante (agulha, lanceta, etc., estéreis) levantar a afastar
a película ou crosta superficial.
82
4) Coletar o material purulento da profundidade da lesão com swab (ou aspirar com
seringa) tendo o cuidado de não tocar as bordas da pele adjacente.
Observação: em caso de lesões abertas, remover a secreção superficial com gaze
estéril com salina, para eliminar os contaminantes.
Exame laboratorial
Bacterioscopia
Cultivo
Na nossa aula prática o cultivo é feito em dois meios e visando apenas as bactérias
aeróbias e anaeróbias facultativas.
1) Ágar-sangue.
2) Teague (EMB) ou MacConkey.
Onde vamos cercar as possibilidades de isolar estafilococo, estreptococo e qualquer
bacilo Gram negativo pouco exigente (Pseudomonas, enterobactérias) ou exigente como o
Haemophilus.
No Ágar-sangue: Vão crescer estafilococos, estreptococos e bacilos (exigentes e
não exigentes).
No Teague/MacConkey: Vão crescer bacilos Gram negativos (BGN) pouco
exigentes.
83
Procedimentos
Dia Meios de cultivo
1. Fazer Gram.
2. Fazer catalase.
1. Fazer Gram a) Se a catalase por positiva, repicar para
2. Repicar para gelose inclinada, tubo contendo plasma de coelho. Incubar
2o dia
em tubos separados as L+ e L- a 35oC ± 1oC.
3. Incubar a 35oC ± 1oC. b) Se a catalase for negativa, proceder a
identificação para estreptococos, segundo
o tipo de hemólise observada.
84
A Pseudomonas aeruginosa é ubiquitária: cresce em solo, água, vegetais e,
obviamente, em tecidos orgânicos. O homem alberga na pele, garganta (5% de pessoas
normais) e fezes. Ela é tão pouco exigente que cresce até em água mineral.
É uma bactéria oportunista, podendo causar várias doenças. São freqüentes as
infecções em queimaduras e feridas cirúrgicas. Faz uma lesão em pele chamada de ectima
gangrenosa (de odor muito fétido). Após procedimentos com cateteres urinários, punções
lombares, cirurgias oculares, cardíacas, etc. Pode causar infecções graves, especialmente e
em pessoas hospitalizadas, onde a mortalidade pode chegar a 50%. Imunocomprometidos
também são alvos preferenciais.
Entre os fatores de virulência destaca-se a toxina A, que bloqueia a síntese protéica
das células do hospedeiro (à semelhança da exotoxina do bacilo diftérico).
Nas infecções por Pseudomonas, o clínico sempre pede antibiograma, visto que ela
apresenta resistência a muitos antibióticos, tais como: vários betalactâmicos, cloranfenicol e
tetraciclinas.
É sensível apenas à polimixina, gentamicina, amicacina e algumas penicilinas semi-
sintéticas (carbenicilina). Com exceção da polimixina, a bactéria pode adquirir resistência
aos antimicrobianos citados por mutação ou aquisição de plasmídios de resistência.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
85
Pacientes imunodeprimidos são muito suscetíveis à infecção por este grupo de
bactérias. O isolamento de bacilo não fermentador de sítios anatômicos originalmente
estéreis é forte indicador de ser este o responsável pela infecção.
Nos casos de locais não estéreis, como secreção de ferida cirúrgica, pode ser
apenas contaminante e não o causador da infecção.
Os BÑF podem ser isolados de infecções urinárias, secreções de ferimentos e
hemoculturas.
Entre as bactérias não fermentadoras mais freqüentemente isoladas das infecções
estão:
• Pseudomonas aeruginosa 70-75%
• Acinetobacter baumanii 25%
• Outras Pseudomonas 5%
As Pseudomonas utilizam os carboidratos por via oxidativa. Para verificar este tipo
de metabolismo usa-se meios de cultura especiais. Hugh e Leifson foram os primeiros a
idealizar um meio de cultivo que chamaram de Oxidação-Fermentação (O-F).
O meio de O-F de Hugh e Leifson contém 0,2% de peptona para 1% do carboidrato
testado, diferente da relação 2:1 dos meios usuais para fermentação.
A acidez produzida pelas bactérias oxidativas é muito pequena e não deve ser
neutralizada pelos produtos de decomposição da peptona, razão da proporção 0,2% da
peptona para 1% do carboidrato.
A prova é realizada em dois tubos para cada açúcar: um com óleo mineral e outro
sem óleo na superfície.
Os bacilos oxidativos produzem ácido somente no meio exposto ao ar.
Os bacilos fermentadores produzem ácido em ambos os tubos.
Os bacilos não sacarolíticos não produzem alteração em nenhum dos tubos.
Para maiores detalhes da identificação dos bacilos oxidativos consultar: Diagnóstico Microbiológico, de Konemann
e colaboradores.
Composição:
Ágar simples 100 mL
Lactose 10 mL
Solução de eosina 2% 2 mL
Solução de azul de metileno 0,5% 2 mL
Seletivo: pelos corantes que inibem o crescimento da maior parte das bactérias
Gram positivas.
Diferencial: pela decomposição ou não da lactose evidenciada pela cor das colônias
(os corantes funcionam como identificadores de pH).
Os fermentadores de Lactose.
Colônias:
1) Cor vermelha opaca;
2) Cor vermelha com ponto central preto;
3) Secas com brilho metálico.
Observação: podem crescer colônias intermediárias destes tipos.
OROFARINGE
Estreptococos, Haemophilus, Moraxella e Corynebacterium
Faringite Estreptocóccica
Quase 70% das dores de garganta agudas são causadas por vírus. A dor é devido à
infecção demasiada da mucosa ou da própria resposta inflamatória do organismo. Os
principais vírus que podem causar faringites são os adenovírus (tipos 3, 4, 7, 14 e 21),
rinovírus, coronavírus, influenza, parainfluenza, citomagalovírus (CMV), Esptain-Barr (EBV),
Herpes vírus tipo 1 e coxsackie A.
As infecções virais serão vistas mais adiante. Neste capítulo, abordaremos as
faringoamigdalites (faringites e tonsilites são os termos mais apropriados pela nômina
anatômica atual) bacterianas.
A infecção mais freqüente do trato respiratório superior manifesta-se sob a forma de
faringite e tonsilite (amigdalite) causada por Streptococcus pyogenes (ESTREPTOCOCO
BETA HEMOLÍTICO DO GRUPO A DE LANCEFIELD) = angina estreptocócica (90%). É
uma infecção que requer atenção especial, visto que, além de disseminar-se a outros locais
causando sinusite, otite, mastoidite e vias aéreas inferiores provocando broncopneumonias,
88
pneumonias e empiema (pus no espaço pleural), ainda pode provocar seqüelas graves pós-
estreptocócicas como Febre Reumática e Glomerulonefrite Aguda (GNA).
As características clínicas são semelhantes ao Haemophilus e à Moraxella. Nas
tonsilas palatinas existem as criptas amigdalianas, que são invaginações da mucosa,
aumentando a superfície da tonsila, promovendo uma maior exposição de epítopos aos
nódulos linfáticos confuentes que existem subjacentes à mucosa. Nessas criptas não há
drenagem de ductos das glândulas salivares menores, portanto ali o acúmulo de material é
facilitado. Durante uma tonsilite, além da presença de febre na maioria dos casos, acumula-
se exsudato purulento nessas regiões, dando o aspecto de placas amarelo-esbranquiçadas
sobre as tonsilas. Essas placas são facilmente removidas com swab e esse é o material que
se utiliza para fazer semeadura em ágar sangue.
89
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
Streptococcus pyogenes, “um mal que deve ser cortado pela raiz”
90
metabolismo desorganizado, e quando esse material atinge o sangue pode gerar estragos
bem maiores.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
91
Outros tipos de Faringites
Difteria Faríngea
92
Identificação Presuntiva dos Estreptococos
Classificação
Ao isolar cocos Gram positivos da lesão, deve-se fazer a prova da catalase (que
deve ser negativa) para o início da caracterização do estreptococo.
93
Prova de Optoquina
Prova de Bacitracina
94
Prova de Camp-Test (C-T)
Semear a bactéria em caldo MTS (NaCl 6,5%). Incubar 24h a 35oC. a turvação do
meio e/ou a viragem do indicador de pH para amarelo indica positividade à prova (tolerância
do microrganismo à alta concentração de NaCl 6,5%).
95
Bile esculina + Estreptococos do grupo D
Bile esculina - Estreptococos do grupo Viridans
Pesquisa do estreptococo
Cuidados na Coleta
1. Cuidar para que as paredes laterais da boca, língua e gengivas não sejam
tocadas, com isto evitando a contaminação pela microbiota normal. Por exemplo,
pelos estreptococos enverdescentes e ENPC. Em culturas da orofaringe o
resultado positivo para estas bactérias não deve ser valorizado. Neste sentido, foi
dada ênfase especial no capítulo que trata da microbiota normal do corpo
humano, para não haver dificuldade na interpretação do exame bacteriológico
enviado pelo laboratório.
2. Coletar as amostras antes da antibioticoterapia, evitando os resultados falso-
negativos.
3. Caso haja demora entre a coleta do material e o seu processamento no
laboratório, é indicada a utilização de um meio de cultura de transporte, como por
exemplo, o meio de Stuart.
4. Para facilitar o isolamento de Streptococcus pyogenes, usar meio de
enriquecimento, como por exemplo, o meio de Hitchens-Pike.
(A descrição destes dois meios encontra-se no final deste capítulo).
96
Coleta do material da garganta
Orientar o paciente a abrir a boca e falar um “aaaa” demorado que abre a garganta e
ergue a úvula. Pressionar para imobilizar a língua com um abaixador de língua e com auxílio
de um swab (zaragatoa), deslizar em movimentos suaves na faringe posterior, tonsilas ou
fossa tonsilar, tocando os pontos de pus ou placas (alguns recomendam removê-las e
coletar material que estava por baixo delas).
Na falta destas lesões, passar o swab nas partes hiperemiadas.
Exames
Bacterioscopia
Cultivo
1o dia
Stabs
97
Ainda com a alça, fazer cortes curtos e profundos, os “stabs”, num ângulo
aproximado de 40o para introduzir os estreptococos abaixo da superfície do meio de cultura
e evidenciar a hemólise pela estreptolisina O que é oxigênio instável. Nos cortes cria-se
atmosfera de relativa anaerobiose.
2o dia
98
3o dia
Microbiologia Trabulsi – 2a edição. Pág. 115. Dr. Luiz Rachid Trabulsi, Prof. Titular
de Microbiologia da Escola Paulista de Medicina – São Paulo.
“É de importância fundamental que tanto o bacteriologista como o clínico
compreenda o pouco valor da identificação dos estreptococos, somente pela atividade
hemolítica. Está bem demonstrado que os estreptococos beta-hemolíticos (além do Grupo
A) podem ser isolados, com freqüência, da garganta, particularmente os dos grupos C, B e
G. Conforme é sabido, as infecções por estes estreptococos não são seguidas de febre
reumática e glomerulonefrite, não requerendo assim os cuidados terapêuticos exigidos pelas
infecções provocadas pelo Streptococcus pyogenes”.
“Outro aspecto importante do diagnóstico, refere-se ao fato de que 10 a 20% dos
indivíduos normais podem albergar Streptococcus pyogenes na garganta. Por esta razão, o
isolamento de uma amostra de Streptococcus pyogenes de um paciente com faringite, poder
ser mera coincidência. A responsabilidade do germe pelo processo infeccioso terá que ser
determinada tendo-se em conta as manifestações clínicas do paciente e de maneira mais
segura, pela pesquisa de anticorpos séricos 2 a 3 semanas após o início da doença.”
Observação: outros patógenos serão pesquisados, quando requisitado por médico,
por exemplo: Neisseria gonorrhoeae, em faringites em pacientes que praticam sexo oral
sem preservativo, Haemophilus influenzae em laringites, etc.
Angina de Plaut-Vincent
Esta angina pode ser diagnosticada com segurança pelo exame bacterioscópico.
O exame bacterioscópico é feito pelo método de Gram ou Giemsa, revelando a
presença de bacilos fusiformes e espiroquetas (associação fusoespirilar) que são o
Fusobacterium nucleatum (fusiformes) e o Treponema vincentii, ambos Gram negativos.
Fusiforme: 4 a 8 µm de comprimento.
Treponema: 10 a 20 µm de comprimento.
O cultivo, se necessário, é feito em anaerobiose.
99
Difteria
Coleta do material
Bacterioscopia
100
O tratamento com antitoxina (soro antidiftérico) deve ser uma decisão clínica, tão
logo se suspeite de difteria com base nos sintomas apresentados.
O diagnóstico laboratorial completo terá valor retrospectivo na confirmação do
diagnóstico clínico e como ponto de partida às medidas profiláticas, a fim de evitar a
propagação da difteria aos familiares e à comunidade (escola).
Cultivo
In vitro
Teste in vitro pode ser feito por imunodifusão radial = IDR (como recomendado pelo
prof. Dr. Luiz Carlos Duarte Formiga – Divisão Nacional de Laboratórios de Saúde Pública e
utilizado no Lacen).
101
Técnica
Técnica
Numa placa com meio transparente colocar uma tira de papel de filtro impregnada
com soro antidiftérico. Semear o bacilo suspeito perpendicularmente ao papel. Se houver
produção de toxina, após 48h desenvolve-se uma linha branca de precipitação na bissetriz
do ângulo entre a tira e semeadura.
In vivo
Meio de Stuart
É utilizado para transportar amostras para culturas de cocos Gram positivos e bacilos
Gram negativos, mantendo as bactérias viáveis por 24h (tempo de segurança) ou 48h, até
que sejam semeadas em meios específicos para crescimento.
O meio de Stuart pode ser líquido ou semi-sólido.
Fórmula do meio de Stuart (semi-sólido)
• Cloreto de sódio 3g
• Cloreto de potássio 0,2 g
• Fosfato dissódico 1,15 g
• Fosfato monossódico 0,2 g
• Tioglicolato de sódio 1g
• Cloreto de cálcio 1% aquoso 10 g
• Cloreto de magnésio 10% aquoso 10 g
• Ágar 4g
• Água destilada 1L
É uma solução tampão, não contendo carboidratos, peptonas ou outras substâncias
nutritivas de crescimento. O meio apenas preserva a viabilidade das bactérias durante o
transporte, sem multiplicação significativa dos microrganismos. O tioglicolato de sódio
funciona como agente redutor, para melhorar o isolamento dos anaeróbios e a pequena
quantidade de ágar fornece consistência semi-sólida, evitando oxigenação e o
extravasamento durante o transporte.
Meio de Hitchens-Pike
105
TRATO GÊNITO URINÁRIO (TGU)
Coleta de urina
106
UROCULTURA
Diagnóstico bacteriológico
1o dia
Mergulhar uma alça de platina na urina e semear por estriais superficiais em placa de
Teague e ágar sangue.
Incubar a 37oC.
107
Contagem bacteriana (contagem de colônias) – UFC
1. Esgotamento
2. Estriamento
(Inoculação primária)
2o dia
108
I M V C
Escherichia coli + + - -
Enterobacter - - + + móvel
Citrobacter + + - +
3o dia
109
110
Interpretação dos resultados das análises de urina relacionados com sintomatologia
clínica
111
Legenda: Sintomatologia P = presença de disúria e/ou freqüência urinária
A = ausência de disúria e/ou freqüência urinária
Leucócitos A = < 10/campo
P = ≥ 10/campo
MO = microrganismo
* = se houver crescimento de mais de uma espécie de MO, considerar a
predominante.
112
INTESTINAIS
Diversos são os agentes que podem causar doenças diarréicas e entre eles as
bactérias.
As fezes devem ser coletadas no início da diarréia, para a pesquisa do patógeno.
As diarréias agudas podem ser divididas em dois grupos:
1) Sanguinolenta.
2) Diarréia não sanguinolenta.
A diarréia sanguinolenta é causada por bactérias invasivas e produtoras de
citotoxinas que invadem ou destroem as células epiteliais do intestino. As evacuações são
sanguinolentas e pouco volumosas. Ao exame microscópico observa-se a presença de
muitos leucócitos.
A diarréia não sanguinolenta é causada por bactérias produtoras de enterotoxinas.
Estas bactérias aderem à mucosa intestinal sem interferir na integridade das células
epiteliais. As fezes ficam liquefeitas, de volume grande e evacuações freqüentes. Há
ausência de leucócitos no exame microscópico das fezes.
As bactérias enteropatogênicas pesquisadas de rotina em coprocultura são:
Salmonella, Shigella e Escherichia coli invasora e Escherichia coli enteropatogênica
clássica. Outras bactéria como a Yersinia enterocolitica, vibriões (Vibrio cholerae, Vibrio
parahemolyticus e Campylobacter jejuni), Clostridium (Clostridium difficile e Clostridium
perfringens) e Staphylococcus aureus são pesquisados somente em situações especiais e
quando solicitado pelo médico.
Cultura de Fezes
1o dia
1) Semear uma alçada de fezes ou swab anal, por estrias superficiais, em meio de
Teague ou SS.
2) Semear 3 a 4 alçadas das fezes em um caldo de enriquecimento (caldo GN,
tetrationato ou selenito)
3) Incubar o Teague e SS (ágar Salmonella-Shigella) a 35oC ± 1oC por 24 horas e
caldo de enriquecimento a 35oC ± 1oC, sendo que o período de incubação varia
de acordo com o caldo utilizado, sendo respectivamente:
113
GN – 4 a 6 horas
Selenito – 8 a 12 horas
Tetrationato – 12 a 24 horas
O enriquecimento é necessário para recuperação e isolamento da Shigella e
Salmonella, pois quando estas bactérias estão presentes em pequena
quantidade podem ser prejudicadas pela competição com a microbiota intestinal.
4) Repicar do caldo de enriquecimento para uma placa de SS ou XLD (Xilose,
Lisina, Desoxicolato).
2o dia
EPM EPM
114
3o dia
115
Enteropatógenos
Técnica
1. Sobre uma lâmina colocar uma gota de soro polivalente O e 1 gota de suspensão
bacteriana a identificar.
2. Misturar com alça até ficar com aparência homogênea.
3. Com movimentos basculantes contínuos, promover maior contato entre o soro e
as bactérias. Caso haja especificidade, ocorre reação Ag-Ac que se manifesta
pelo fenômeno da aglutinação.
Em seguida repetir a mesma técnica usando o soro polivalente H.
116
Observação: a identificação sorológica de todas as salmonelas (mais de 2200
sorotipos) só pode ser feita em Laboratórios de Referência. Os laboratórios clínicos dispõem
apenas dos soros das salmonelas mais freqüentemente isoladas.
Grupo Sorotipo Antígeno O Fase 1 Fase 2
A S. paratyphi – A 1, 2, 12 a -
B S. paratyphi – B 1, 4, 5, 12 b 1, 2
S. schwarzerngrund 1, 4, 12, 27 d 1, 7
S. salinatis 4, 12 d, e, h d, e, n, z15
S. saint-paul 1, 4, 5, 12 e, h 1, 2
S. reading 1, 4, 5, 12 e, h 1, 5
S. kaapstad 4, 12 e, h 1, 7
S. chester 1, 4, 5, 12 e, h e, n, x
S. derby 1, 4, 5, 12 f, g 1, 2
S. agona 1, 4, 12 f, g, s -
S. california 4, 12 g, m, t -
S. typhimurium 1, 4, 5, 12 i 1, 2
S. agama 4, 12 i 1, 6
S. bredeney 1, 4, 12, 27 l, v 1, 7
C1 S. oslo 6, 7 a 1, 5
S. paratyphi – C 6, 7 (Vi) c 1, 5
S. cholerae-suis 6, 7 c 1, 5
S. birkenhead 6, 7 c 1, 6
S. livingstone 6, 7 d 1, w
S. norvich 6, 7 e, h 1, 6
S. montevideo 6, 7 g, m, p, s -
S. oranienburg 6, 7 m, t -
S. thompson 6, 7 k 1, 5
S. infantis 6, 7 r 1, 5
S. inganda 6, 7 z10 1, 5
S. tennessee 6, 7 z29 1, 5
S. decatur 6, 7 c 1, 5
C2 S. belem 6, 8 c e, n, x
S. muechen 6, 8 d 1, 2
S. newport 6, 8 e, h 1, 2
S. tokodari 6, 8 i 1, 5
S. bonariensis 6, 8 i e, n, x
S. lichtfield 6, 8 l, v 1, 2
C3 S. haardt 8 k 1, 5
S. kentucky 8, 20 l z6
C4 S. eimsbuettel 6, 7, 14 d 1, w
D S. sendai 1, 9, 12 a 1, 5
S. typhi 9, 12 (Vi) d -
S. enteritidis 1, 9, 12 g, m 1, 7
S. dublin 1, 9, 12 (Vi) g, p -
S. panama 1, 9, 12 l, v 1, 5
S. gallinarum 1, 9, 12 - -
E S. butantan 3, 10 b 1, 5
S. anatum 3, 10 e, h 1, 6
S. maleagridis 3, 10 e, h 1, w
S. nchanga 3, 10 l, w 1, 2
117
Shigella
Técnica
Escherichia coli
EPEC não produz nenhuma toxina, mas destrói microvilosidades (adesão-aplainamento) por
fímbrias formadoras de feixes, intimina e seu receptor, uma proteína translocase.
118
EHEC - Hemorrágica. Produz uma toxina verotoxina (que é idêntica à toxina Shigalike da
Shigella). Ela se fixa na mucosa do intestino grosso pelo processo de adesão aplainamento,
igual à EPEC. A verotoxina atinge as células epiteliais e causa diarréia. Duas conseqüências
são: a colite hemorrágica e a síndrome hemolítica urêmica.
EAEC – liga-se às células na cultura de tecido. Faz que nem tijolo empilhado. Atuam no
intestino delgado e fazem diarréia persistente, principalmente em crianças. Tem muitas
fímbrias que foram transcritas a partir de genes plasmidianos. Produz toxinas termolábeis.
119
Urinária 1, 2, 4, 6, 7, 8, 9,
11, 22, 25, 62, 75 Membros da microbiota
Bacteremia 1, 2, 4, 6, 7, 8, 9,
11, 18, 22, 25, 76
Meio SS
120
Cloreto férrico;
Ágar simples.
PROCEDIMENTO
MEIO DE ASPECTO DAS COLÔNIAS
FINALIDADE DO MEIO DE
CULTURA SUSPEITAS
IDENTIFICAÇÃO
Isolamento de entero- Lactose negativa (transparente ou
bactérias. sem cor): suspeita de Salmonella
Inibe CGPs. spp., Shigella spp. e algumas E. coli Rugai e
MC
invasoras. sorotipagem
Crescem BGNs Lactose positiva (co de rosa):
somente suspeita de E. coli
Isolamento de entero- Transparentes ou roxo claro: suspeita
EBM bactérias. de Salmonella spp.
Rugai e
TEA Inibe CGPs. Roxo escuro com brilho metálico:
sorotipagem
HHT Crescem BGNs suspeita de E. coli
somente
Seletivo para Azul ou verde azulado: suspeita de
Salmonella e Shigella. Salmonella spp. (com ou sem centro
Rugai e
HE Contém indicador da negro), Shigella spp.
sorotipagem
produção de H2S (ácido Amarela: suspeita de E. coli
sulfídrico)
Seletivo para Incolor (com ou sem centro negro):
Salmonella spp. Pode suspeita de Salmonella spp.
inibir Shigella spp. Incolor: suspeita de Shigella spp.
Rugai e
SS Contém indicador da Colônias negras: suspeita de
sorotipagem
produção de H2S Salmonella spp.
Colônias cor de rosa: suspeita de E.
coli
Seletivo para Vermelha, rosa forte ou translúcida
Salmonella spp. circundadas de vermelho: suspeita de Rugai e
VB
Salmonella spp. sorotipagem
Amarela: suspeita de Klebsiella spp.
Fonte: Opustil et al, 2002
121
EPM (Escola Paulista de Medicina)
Este meio trata-se de uma modificação do meio de Rugai e Araújo pela retirada da
sacarose e da prova do indol.
Neste tubo pode ser lido:
Desaminação do L–triptofano.
Fermentação da glucose.
Produção de gás pela fermentação da glucose.
Produção de H2S.
Hidrólise da uréia pela enzima urease.
Triptose 20g
Dextrose 1g
D-manitol 2g
Citrato de sódio 5g
Desoxicolato de Na 0,5g
Fosfato de potássio 4g
Fosfato monopotássico 1,5g
NaCl 5g
P/ 1000mL de H2O.
122
123
MEIO BARACCHINI
ASPECTO DIAGNÓSTICO
1. Base amarela, sem gás, com
Salmonella typhi
enegrecimento e com o ápice vermelho.
2. Base amarela, com gás, com Salmonella arizona, Salmonella sp.
enegrecimento e com o ápice vermelho. Citrobacter sp.
3. Base amarela, sem gás e ápice vermelho. Shigella sp.
4. Base violeta, com ou sem enegrecimento
Proteus sp.
e com o ápice violeta.
5. Base amarela, com gás, com ou sem Escherichia sp., Klebsiella sp.,
enegrecimento e com o ápice amarelo. Enterobacter sp.
6. Base e ápice vermelhos. Pseudomonas aeruginosa
7. Base amarela, sem gás, ápice amarelo ou
Bactérias Gram Positivas
amarelo avermelhado.
124
Resultados
125
FEBRE TIFÓIDE E PARATIFÓIDE
Agente etiológico:
Febre Tifóide Salmonella typhi
Febre Paratifóide Salmonella paratyphi A, Salmonella schottmuelleri (antiga
Salmonella paratyphi B) e Salmonella hirschfeldii.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
Como quase sempre o paciente chega ao serviço de saúde logo na primeira semana, quase
sempre o exame a ser feito é a hemocultura. No entanto, pode haver casos isolados e será
a anamnese que nos guiará a qual exame deverá ser feito. “Há quanto tempo o(a) senhor(a)
está com essa febre?”
126
Incubação
Invasão
ativa e
Bacteremia
ACME
Observação: como nem sempre o paciente sabe especificar o início da doença, alguns
clínicos recomendam realizar ambas as provas simultaneamente, independente do período
da infecção, para obter maior probabilidade diagnóstica.
127
Quarta semana (fase de convalescença) = realiza-se a Coprocultura-Teste de
libertação. A coprocultura não tem por objetivo o diagnóstico da doença e sim para confirmar
o estado de portador, em virtude da infecção crônica da vesícula biliar em alguns pacientes.
O portador elimina a Salmonella através das fezes podendo propagar a doença. Para
comprovar que o paciente não alberga a Salmonella é preciso fazer três coproculturas de
três evacuações consecutivas. As três devem ser negativas.
Muitos livros de microbiologia citam o caso de uma cozinheira americana que
trabalhou para oito famílias durante oito anos e foi a fonte de contaminação de sete
epidemias de Febre Tifóide com mais de duzentos casos. Foi por isso chamada de Mary
Typhoid.
Hemocultura
Período da coleta
128
não pode ser previsto, é aconselhada a coleta de duas amostras com uma hora de
diferença.
Normalmente recomenda-se colher 2 amostras em crianças, 3 em adultos que não
estejam em tratamento e 4 a 6 amostras, na vigência do tratamento com antibióticos.
Nos casos de estado febril agudo em que haja a necessidade de terapia imediata,
realizam-se duas coletas, uma em cada braço.
Uso de antibióticos
Cultivo
Os frascos com o sangue devem ser incubados a 37oC e observados durante vários
dias (para Listeria, até 30 dias). Devido ao pequeno número de microrganismos, o
129
crescimento é lento. O crescimento é percebido pela turvação do meio. Nesta ocasião, tirar
uma pequena porção da cultura e fazer:
• Bacterioscopia pelo Gram.
• Isolamento em placas para caracterização.
O resultado de Gram é enviado ao clínico para orientação preliminar. Por exemplo:
Hemocultura positiva para bacilos Gram negativos após cinco dias de incubação.
Caracterização bioquímica em andamento.
Um vez identificada a bactéria, manda-se o resultado definitivo ao médico.
Reação de Widal
130
TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIBIÓTICOS (TSA)
Diluição
30 mcg/mL 15 mcg/mL 7,5 mcg/mL 3,75 mcg/mL 1,88 mcg/mL 0,94 mcg/mL
131
a uma terapêutica aparentemente adequada ou então que apresentam recidivas no curso do
tratamento.
Difusão
132
Cuidados com os discos de papel de filtro
1o dia
Semeadura em placa
Ligações inertes
Discos impregnados
133
Há economia de tempo e trabalho visto que se coloca o polidisco de uma só vez.
No exemplo acima o polidisco tem 13 antibióticos.
No caso dos discos individuais deve se respeitar o espaçamento entre eles de 3
cm e 2 cm entre o disco e a borda da placa. No centro da placa colocar os
antibióticos com menor poder de difusão: polimixina, bacitracina e vancomicina.
Usar um antibiótico de cada grupo. São recomendados meios de cultura
especiais para antibióticos pouco solúveis em água.
2) Após colocar o disco, fazer uma pressão leve com a pinça para deixá-lo aderido à
superfície do meio.
3) Inverter a placa e incubar a 37oC.
2o dia
134
Interpretação do Diâmetro dos Halos de Inibição
Antimicrobiano Potência do Diâmetro do halo de inibição (mm)
disco Resistente Intermediário Sensível
Amicacina 30 mcg ≤ 14 15 – 16 ≥ 17
Ampicilina
(...) Gram-negativos entéricos 10 mcg ≤ 11 12 – 13 ≥ 14
(...) Estafilococos 10 mcg ≤ 28 - ≥ 29
(...) Haemophilus sp. 10 mcg ≤ 19 - ≥ 30
(...) Enterococo 10 mcg ≤ 16 - ≥ 19
(...) Estreptococo (S. bovis) 10 mcg ≤ 21 22 – 29 ≥ 30
(...) Listeria monocytogenes 10 mcg ≤ 19 - ≥ 20
Carbecilina 100 mcg
(...) Pseudomonas ≤ 13 14 – 16 ≥ 17
(...) Gram-negativos entéricos ≤ 17 18 – 22 ≥ 23
Cefotaxima 30 mcg ≤ 14 15 – 22 ≥ 23
Cefoxitina 30 mcg ≤ 14 15 – 17 ≥ 18
Ceftazidima 30 mcg ≤ 14 15 – 17 ≥ 18
Ceftriaxona 30 mcg ≤ 13 14 – 20 ≥ 21
Cefalotina 30 mcg ≤ 14 15 – 17 ≥ 18
Cloranfenicol 30 mcg ≤ 12 13 – 17 ≥ 18
Clindamicina ou Lincomicina 2 mcg ≤ 14 15 – 20 ≥ 21
Eritromicina 15 mcg ≤ 13 14 – 22 ≥ 23
Fosfomicina 50 mcg ≤ 13 14 – 22 ≥ 17
Gentamicina 10 mcg ≤ 12 13 – 14 ≥ 15
Imipenem 10 mcg ≤ 13 14 – 15 ≥ 16
Metilmicina 30 mcg ≤ 12 13 – 14 ≥ 15
Oxacilina
(...) Estafilococos 1 mcg ≤ 10 11 – 12 ≥ 13
(...) Pneumococos quando 1 mcg ≤ 19 - ≥ 20
sensíveis à penicilina G
Penicilina G
(...) Estafilococos 10 unidades ≤ 28 - ≥ 29
(...) N. gonorrhoae 10 unidades ≤ 19 - ≥ 20
(...) Enterococos (E. faecalis) 10 unidades ≤ 14 - ≥ 15
(...) L. monocytogenes 10 unidades ≤ 19 - ≥ 20
(...) S. bovis 10 unidades ≤ 19 20 – 27 ≥ 28
Rifampicina 30 mcg ≤ 16 17 – 19 ≥ 20
Tetraciclina 30 mcg ≤ 14 15 – 18 ≥ 19
Tobramicina 10 mcg ≤ 12 13 – 14 ≥ 15
Trimetoprim / sulfametoxazol 1,25/23,75 mcg ≤ 10 11 – 15 ≥ 20
Vancomicina 30 mcg ≤ 9 10 – 11 ≥ 28
Antimicrobianos específicos
para infecções urinárias
Ácido pipemídico 20 mcg ≤ 13 14 – 18 ≥ 19
Ácido nalidixo 30 mcg ≤ 13 14 – 18 ≥ 19
Nitrofurantoína 300 mcg ≤ 14 15 – 16 ≥ 17
Norfloxacina 10 mcg ≤ 12 13 – 16 ≥ 17
Sulmamídicos 250 a 300 mcg ≤ 12 13 – 16 ≥ 17
Drogas para Germes Urinários
135
CAPÍTULO 11:
11: DOENÇAS SEXUALMENTE TRASMISSÍVEIS
136
Calymmatobacterium Granuloma inguinal ou donovanose
granulomatis
Campylobacter sp. Enterite e enterocolite
Chlamydia trachomatis Uretrite, epidimite, proctite e
linfogranuloma venéreo (no sexo
masculino). Cervicite, endometrite,
salpingite, bartolinite, síndrome uretral,
proctite, peri-hepatite e linfogranuloma
venéreo (no sexo feminino)
Bactérias Gardnerella vaginalis Vaginite
Hemophilus ducreyi Cancro mole ou cancróide
Mycoplasma hominis Salpingite, febre pós-abortamento,
febre puerperal e pielonefrite
Neisseria gonorrhoeae Gonorréia (uretrite e outras síndromes)
Salmonella sp. Salmonelose
Shigella sp. Shigelose
Treponema pallidum Sífilis
Ureaplasma urealyticum Uretrite, uretroprostatite e
corioamnionite
Fungo Candida albicans Vulvovaginite e balanopostite
Entamoeba histolytica Amebíase intestinal
Protozoários Giardia lamblia Giardíase
Trichomonas vaginalis Vulvovaginite e uretrite
Helmintos Enterobius vermicularis Enterobíase
Phthirus pubis Ptiríase ou pediculose pubiana
Artrópodes
Sarcoptes scabiei Escabiose
SÍFILIS
137
1. Sífilis Primária
2. Sífilis Secundária
138
ganglionar. Além destas lesões, pode haver envolvimento de órgãos internos (nefrite,
hepatite, meningite, etc.).
Em pacientes não tratados, as lesões e os sintomas desaparecem após 1 a 3 meses.
3. Sífilis Latente
4. Sífilis Terciária
5. Sífilis congênita
139
Tríade de Hutchinson
- queratite parenquimatosa com conseqüente cegueira
- hipocusia (surdez) vestibular (labiríntica)
- dentes ebtalhados semi lunarmente (o destista pode fazer o diagnóstico)
Resumo:
Diagnóstico Laboratorial
140
Coleta do material para bacterioscopia
1. Limpar a superfície da lesão com gaze embebida em solução salina estéril, para
remover os contaminantes.
2. Secar com gaze estéril.
3. Fazer pressão leve na base endurecida e coletar a serosidade que poreja da
lesão, utilizando alça metálica, tubo capilar ou fazendo um “imprint” com a própria
lâmina.
A bacterioscopia pode ser feita por diversos métodos:
Campo escuro
Técnica
141
Técnica de Fontana-Tribondeau
Imunofluorescência Direta
Reações Sorológicas
142
FTA: Fluorescent Treponema Antibody.
FTA-ABS: Fluorescent Treponema Antibody Absorved Test
143
Técnica
Treponema pallidum
GONORRÉIA
144
Transmissão a) Oftalmia neonatal
Não-sexual b) Vulvovaginite em
crianças
a) Cistite
b) Pielite
Gonococo Homens (uretrite) c) Proctite
mucosas d) Orquite
e) Epididimite
Quadro clínico
145
Diagnóstico laboratorial: Bacterioscopia e Cultura
Coleta do material
Em homens:
O melhor material é a secreção uretral.
A coleta deve ser feita pela manhã, antes da primeira micção:
1. Limpar a secreção externa com gaze estéril embebida em salina.
2. Enxugar.
3. Introduzir um swab fino, 2 cm no canal uretral após a fossa navicular e absorver a
secreção.
Observação: pode-se coletar outros materiais como: urina (1o jato miccional),
esperma e líquido prostático.
Em mulheres:
Dar preferência à secreção do canal endocervical.
1. Após introduzir o especulo, limpar com gaze estéril a secreção da vagina e do
colo do útero.
2. Introduzir o swab no canal endocervical e absorver a secreção.
3. Retirar o swab com cuidado para não contaminar com bactérias da vagina.
146
Cultivo
Liberação de Laudo
147
URETRITES NÃO GONOCÓCICAS
Lembrando que clamídias são intracelulares obrigatórias, portanto, temos que coletar
a célula, não só a secreção. Tanto que se acreditava que as clamídias eram, na verdade,
vírus. Para cultivá-las precisamos utilizar meios de cultura que tenham células eucarióticas.
As lesões iniciais são mais freqüentes em sulco bálano prepucial e face interna dos
pequenos lábios. Faz adenopatia inguinal unilateral. Abscessos (pontos de flutuação)
fistulizam e disseminam para o resto do organismo via linfática. Há material purulento
espesso.
148
Fonte: Netter, 2006 Fonte: Mims, 2005
Há 3 fases:
VAGINOSE BACTERIANA
Esta doença, também conhecida como vaginite anaeróbia, ainda não foi claramente
definida. A sintomatologia típica é queixa de mau odor, muitas vezes associado ao aumento
do fluido vaginal, freqüentemente mais notado após a menstruação ou coito.
Às vezes a paciente pode se queixar de prurido vulvar ou erupção perivulvar. O pH
vaginal geralmente é maior que 4,5. O principal agente etiológico envolvido é a Gardnerella
vaginalis. Uma das características marcantes da secreção de vaginose bacteriana à
microscopia óptica é a presença de clue cells (células epiteliais da vagina cobertas de
bactérias).
150
Exame laboratorial
Patogenicidade
CANDIDÍASE
A infecção por Candida albicans é a infecção fúngica mais comum na prática genito-
urinária.
A candidíase pode ser transmitida ou exacerbada pela relação sexual, mas a maioria
das infecções (particularmente em mulheres) resultam de auto-inoculação do reto.
Os sintomas podem ser causados por hipersensibilidade ou infecção. No primeiro
caso as manifestações microbiológicas são negativas.
Na prática médica a doença pode se manifestar com sintomas em apenas um dos
parceiros, mas é essencial examinar e tratar o parceiro assintomático para reduzir a chance
de reinfecção.
Mais detalhes: ver páginas 189 a 192.
Exame laboratorial
151
CAPÍTULO 12:
12: MICOBACTERIOSES
Micobactérias são assim classificadas por terem sua parede celular diferente das
demais bactérias. São bacilos retos ou um pouco curvados, imóveis e dispostos na forma de
paliçada ou de globias. Sua classificação é de bacilo pela forma e micobactéria pela
bioquímica da parede. O micolato é o principal componente da parede celular, a qual é
denominada de "cerosa" pelo Robbins. Esse ânion é quem dá a esses microrganismos a
característica de Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR). Ou seja, não se coram
facilmente pelo Gram, uma vez que eles retêm os corantes quando tratados com álcool e
ácido, tornandos-os fracamente positivos neste método.
TUBERCULOSE (TB)
152
saúde pública, visto que cada tuberculoso pode disseminar o bacilo no convívio familiar e
social.
Apesar de se conhecer o agente causador, a maneira de transmissão e o tratamento
adequado, a tuberculose é um problema preocupante.
A tuberculose humana é causada também pelo Mycobacterium bovis e outras
espécies (ver tabela).
Transmissão: doença inflamatória infecciosa, de caráter contagioso, que evolui por surtos,
sendo o acometimento pulmonar a maior causa de morbidade e mortalidade .
Contágio: aquisição de bacilos através do contato direto com os portadores da doença
(perdigotos), através do uso de utensílios contaminados (fômites), também através de
permanência contínua e prolongada em meio ambiente contaminado. Aerossóis
respiratórios são a principal forma de disseminação, pois ela é uma bactéria aeróbia e tem
tropismo por alvéolos. Desta forma, as pessoas cujo escarro possui BAARs visíveis à
microscopia são consideradas portadoras da micobactéria.
Fatores predisponentes: doenças ou condições debilitantes. Essas pessoas são
enquadradas dentro de grupos de risco: marginalizados, tóxico-dependentes, idosos, HIV+,
transplantados, portadores de IRC, câncer, etilistas, diabéticos, portadores de neoplasias,
grupos socialmente desfavorecidos, desnutridos e emigrantes. Há a TB gastrointestinal
(Mycobacterium bovis), a aquisição do bacilo se faz pela ingestão de leite não-pasteurizado.
153
Fisiopatologia:
Macrófago alveolar
Dentro dos macrófagos, os BAAR têm dois destinos:
1) Serem mortos e eliminados.
2) Continuarem resistentes e fazerem lise dos macrófagos. Os macrófagos liberam
quimiocinas e fazem quimiotaxia de neutrófilos e monócitos circulantes (circulo vicioso).
154
Há Reação de Hipersensibilidade tipo IV (Tardia) macrófagos cercam o bacilo e
formam o ganuloma (um tipo de inflamação crônica). A Imunologia Médica (BP333)
explicará os mecanismos imunológicos da hipersensibilidade e a Patologia Médica
Molecular (BP334) mostra os mecanismos deste tipo de inflamação crônica.
155
O Granuloma
Uma área central de necrose caseosa (núcleo semi-sólido macio), circundada por
uma outra área cheia de macrófagos, células epitelióides e células gigantes. Adjacente a
essa coroa existe uma bainha de linfócitos T e mais externamente uma deposição fibrosa,
com fibroblastos e formação de colágeno tipo I (está começando a ser formada a tríplice
hélice do pró-colágeno. Uma vez empacotado pelo complexo de Golgi, esse colágeno fica
mais denso e delimita os granulomas). Se a pessoa infectada for incapaz de produzir uma
resposta imunológica adequada, o granuloma é bem menos organizado e pode consistir
apenas em um agregado de macrófagos, sem arquitetura clássica das células gigantes. Ou
seja, a anatomia patológica pode sugerir por si só um quadro de imunocomprometimento
(suspeitar de HIV e correlacionar sempre com a história clínica do paciente).
Histologia do granuloma
156
Necrose caseosa: a área central necrosada adquire um aspecto de queijo branco (do latim
caseum).
Necrose é a morte celular forçada, quando a célula atinge o ponto de não-retorno. Quando
uma célula não tem mais suprimento de O2, alimento, eletrólitos, substratos, etc. Isso ocorre
nas isquemias prolongas, por exemplo. Isquemia é o bloqueio na condução do sangue para
uma certa região do corpo. Como não tem sangue, também não terá mais oxigênio nem
suprimento para as células.
Granulomas à microscopia óptica (isso será visto com detalhes na Anatomia Patológica)
Fonte: Bogliolo, 2006 Fonte: Rubin, 2006
Complexo de Ghon
157
As células T sensibilizadas liberam linfocinas (linfocina é uma citocina que recebe
esse nome porque veio do linfócito). Na verdade o próprio granuloma explica isso, uma vez
que o organismo não consegue dar conta de matar o BAAR.
Resumo:
Complexo de Ghon = granulomas no pulmão + linfonodos hilares e mediastínicos
comprometidos.
Complexo de Ghon
Formas clínicas:
Tuberculose Secundária:
Esse estágio é quando há reativação da TB pulmonar primária ou uma nova infecção
em hospedeiro previamente sensibilizado por TB primária. Ocorre uma resposta imune
celular após um intervalo latente e essa resposta provoca a formação de muitos granulomas
e necrose tissular extensa. Os segmentos apical e posterior dos lobos superiores são mais
comumente acometidos. Desenvolve-se uma lesão mal definida, fibrótica e difusa, que exibe
áreas focais de necrose caseosa. É a TB cavitária. A parede da cavidade é feita de uma
membrana interna delgada, cinza, que compreende núcleos necróticos moles, uma zona
média de tecido de granulação e uma borda colagenosa. A luz é preenchida de material
caseoso contendo BAAR. A cavidade tuberculosa em geral comunica-se livremente com um
brônquio, e a liberação do material infeccioso para as vias aéreas serve para disseminar a
infecção no pulmão. É a reativação da região de granulomas.
Disseminação bronquial
Tuberculose Miliar:
A infecção localiza-se em disseminadas regiões produzindo lesões nodulares
amarelas (granulomas tuberculosos), pequenas e múltiplas em vários órgãos. O termo miliar
é usado porque tem aparência amarela (como milho). Pulmões, linfonodos, rins, supra-
renais, fígado, baço e medula óssea são locais comuns de lesões miliares. Resulta da
disseminação hematogênica dos BAAR, em geral de TB pulmonar secundária, mas muitas
vezes de TB pulmonar primária ou de outros locais. A lesão progressiva pode atingir as
meninges e provocar meningite tuberculosa.
159
Disseminação hematogênica e TB miliar
160
Revisando:
- Sibilos e Roncos
- Diminui murmúrio vesicular
- Broncofonia (pelo derrame pleural)
- Sopro anafórico
- Hepatoesplenomegalia
Diagnóstico Laboratorial
161
3 – Lavado gástrico.
4 – Lavado brônquico.
Renal: Urina.
Meningite: Líquido cefalorraquiano.
Óssea / ganglionar: Punção.
Observação:
Descontaminar: escarro, urina, pus de abscessos fistulizados.
Não precisa descontaminar: líquor, derrame peritoneal, derrame articular, líquido
pleural (colheita asséptica, frasco estéril).
Diagnóstico Laboratorial
Coleta do material
Técnica
162
2. Secar.
3. Fixar na chama.
4. Corar pelo método de Ziehl-Neelsen. Em caso positivo, aparecerão os BAAR em
vermelho em maior ou menor quantidade.
BACILOSCOPIA DO ESCARRO
Resultado Quantitativo
163
- Nenhum BAAR em 100 campos examinados.
+ Menos de 1 BAAR por campo, em 100 campos examinados.
++ De 1 a 10 BAAR por campo, em 50 campos examinados.
+++ Mais de 10 BAAR por campo, em 20 campos examinados.
Cultivo
164
O meio Bactec consegue promover crescimento do bacilo da tuberculose dentro de
15 dias e pode ser uma revolução no cultivo desta espécie para diagnóstico. Isso será
discutido na disciplina clínica de Pneumologia.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
165
HANSENÍASE (Mal de Hansen)
166
e tem maior predisposição a outras infecções bacterianas. Há intensa resposta da
imunidade celular. Há formação de granulomas na derme, por isso, tuberculóide.
Hanseníase lepromatosa (LL): Tem envolvimente extenso da pele. Há perda parcial das
sobrancelhas (um sinal clínico importantíssimo e PATOGNOMÔNICO da hanseníase,
chama-se MADAROSE), espessamento e dilatação das narinas, orelhas e bochechas,
resultando na aparência típica leonina. Há destruição do septo nasal e a parede nasal fica
rica em bactérias. Nessa fase, a resposta imune celular é fraca. No exame, os BAAR
tornam-se extracelulares e agrupam-se em globias.
Com o tempo, pode haver destruição intensa das estruturas faciais, nervos
periféricos, o que, pela conseqüente falta de sensibilidade, leva a traumatismos repetitivos
em mãos e pés, com conseqüente infecção bacteriana secundária. SECREÇÕES
(PRINCIPALMENTE NASAIS) DE PACIECTES COM HANSENÍASE LEPROMATOSA SÃO
INFECTANTES (HÁ GLOBIAS).
167
Diagnóstico Laboratorial
Local da coleta:
a) 2 lóbulos da orelha;
b) 2 cotovelos.
1. Fazer assepsia do local com álcool iodado. Fazer isquemia com auxílio de pinça
ou dedos para evitar o fluxo de sangue.
2. Com o bisturi, fazer cortes na pele, de aproximadamente de 5 mm de
comprimento e 2 mm de profundidade e recolher a serosidade (linfa) sobre uma
lâmina nova. A linfa será coletada dos quatro locais uma ao lado da outra sobre a
mesma lâmina.
3. Identificar os esfregaços e a lâmina.
4. Secar os esfregaços ao ar.
5. Fixar na chama.
LD LE CD CE
Fernando Bortolozzi
169
CAPÍTULO 13: LEPTOSPIROSE
AGENTES ETIOLÓGICOS
170
Classificação Molecular:
18 espécies genômicas
10 com sorovares patogênicos
06 com sorovares saprófitas
02 com patogênicos e saprófitas
Classificação Sorológica:
24 sorogrupos patogênicos
03 sorogrupos saprófitas
(+ de 260 sorovares)
171
Estas bactérias necessitam de condições e meios especiais (meio Fletcher) para que
haja crescimento, podendo ser necessárias várias semanas para que a cultura se torne
positiva (o período de multiplicação é de aproximadamente 12 horas).
As espiroquetas morrem com exposição ao ressecamento, ao calor ou a detergentes
e desinfetantes, mas permanecem viáveis por várias semanas na água alcalina e no solo
úmido. Os meios de cultura utilizados são os meios de Fletcher.
EPIDEMIOLOGIA
172
A Leptospira é um ser euribionte, encontrado em todos os estados do Brasil, assim
como na Ásia, América Central, no restante da América do Sul e nos EUA.
Em 2006 no Brasil houve 4308 casos reportados (272 no Paraná), dos quais 401
foram a óbito (taxa de mortalidade de 0,093).
TRANSMISSÃO
É importante lembrar que cada sorovar tem ser mamífero hospedeiro próprio, ou
seja, o homem é um hospedeiro acidental. Exemplos são os sorovares
icterohaemorrhagiae/copenhageni de ratos, grippotyphosa de ratazanas, hardjo de bovinos,
canicola de cães, pomona de porcos, etc.
Os humanos são infectados pela ingestão ou exposição à água ou alimentos
contaminados. As bactérias, auxiliadas por sua motilidade, penetram através de abrasões
da pele ou mucosas íntegras, de modo que a infecção pode ser adquirida quando o
indivíduo nada, trabalha ou brinca em água contaminada. Portanto, mineradores,
fazendeiros, etc., apresentam risco elevado de contaminação (isso também explica o porquê
da maior prevalência do sexo masculino, 87% do total de casos). Ou seja, ela pode,
inclusive, ser considerada uma doença ocupacional, uma vez que a contaminação está
ligada ao trabalho do paciente. Certos grupos ocupacionais correm risco particularmente
elevado; nesses grupos estão incluídos veterinários, agricultores, trabalhadores com água
de esgoto, empregados de abatedouros e trabalhadores da indústria pesqueira. Esses
indivíduos podem adquirir leptospirose por exposição direta ou contato com água e solo
contaminados.
A contaminação pode suceder o contato direto com urina, sangue ou tecidos de um
animal infectado, ou após a exposição a um ambiente contaminado. A Leptospira é
excretada na urina humana, mas a transmissão interpessoal é rara. No entanto, a bactéria
sobrevive por meses em água doce, sendo esta um importante veículo de transmissão.
As epidemias de leptospirose podem resultar da exposição prolongada a águas de
enchentes contaminadas pela urina de animais, principalmente em grandes centros urbanos
onde há esgoto a céu aberto, grande número de bueiros e outros habitats de roedores.
No globo, a região em que mais ocorre leptospirose é entre os trópicos, próximo ao
Equador. O clima e as precárias condições de higiene favorecem a sobrevida do patógeno.
Em muitos países em desenvolvimento, a leptospirose ainda representa um problema
173
subestimado. Dados confiáveis da morbidade e da mortalidade da leptospirose começaram
gradualmente a aparecer.
A leptospirose também foi reconhecida em cidades do interior semi-abandonadas,
onde a população de ratos está se expandindo.
Além disso, pessoas que praticam natação em rios, canoagem, windsurf, esqui
aquático, etc. Microgotículas de água que contenham a bactéria podem ser ingeridas ou a
bactéria entrar por escoriações da pele.
A leptospirose também pode ser enquadrada entre as "doenças do viajante",
principalmente quando o destino são os países tropicais. A maioria dos casos ocorre
durante o verão e outono nos países ocidentais e durante a estação chuvosa nos trópicos.
Em resumo, a leptospirose é uma patologia intimamente associada a condições
sócio-econômicas, de imensa importância em saúde pública, pois está associada com
higiene, maus hábitos de vida, etc.
FATORES DE PATOGENICIDADE
174
FISIOPATOLOGIA
O mecanismo ainda não está totalmente elucidado. A bactéria pode penetrar por
pele, mucosas, penetração em boca, faringe e esôfago durante a ingestão de água, etc.
É importante salientar que quem causa o efeito patológico são os anticorpos e a
reação inflamatória, e não o microrganismo em si. Isso pode explicar porque algumas cepas
não são patogênicas. O sorovar patogênico libera o antígeno de membrana na circulação
desencadeando a reação inflamatória. As cepas saprófitas permanecem com os antígenos
ligados à parede celular bacteriana.
As lesões causadas pela Leptospira são causadas em virtude de seus efeitos diretos,
como motilidade, quimiotaxia e patogenicidade, mas principalmente da resposta imune do
hospedeiro. Cepas virulentas exibem quimiotaxia, o que facilita a mobilidade e produz várias
enzimas citotóxicas.
A lipoproteína LipL32, por exemplo, causa hemólise, aumenta a expressão de
quimiocinas e do fator NFkB. A proteína de membrana OmpL1 e a esfingomielinase H são
citotóxicas, produzindo poros nas membranas celulares. Glicoproteínas, a proteína LigA
(immunoglobulin-like) e as proteínas fibronectiba-ligantes auxiliam a invasão dos tecidos
175
pela bactéria, por facilitarem sua adesão com a pele e mucosas, ou dos neutrófilos com o
endotélio.
O papel da resposta imune do hospedeiro durante a infecção ainda é obscuro. Além
de ser responsável pela imunidade, essa resposta está envolvida na formação da uveíte e
talvez das lesões pulmonares. A resposta humoral é, sem dúvidas, uma grande vilã nesse
quadro patológico. No entanto, grandes bacteremias podem ocorrem mesmo quando haja
um grande título de anticorpos circulantes.
A reação imunológica acaba por ocasionar uma reação de hipersensibilidade tipo III,
gerando complexos imunes. Esses complexos são responsáveis pela lesão endotelial e
consequentemente pela hemorragia. A vasculite é responsável pelas manifestações mais
importantes da doença. Os órgãos alvos preferenciais da leptospirose são os rins, o fígado e
os pulmões.
SINTOMATOLOGIA
176
meningite asséptica nessa fase, principalmente em crianças. Embora não mais que 15% dos
pacientes exibam sinais e sintomas de meningite, muitos exibem pleocitose no LCR, o qual
desaparece após duas semanas. Irite, iridociclite e coriorretinite são complicações tardias
que podem ocorrer e persistir por vários anos. Em alguns casos, podem ser perceptíveis já
na terceira semana da doença.
A Síndrome de Weil é a forma mais grave da leptospirose, sendo caracterizada por
icterícia, disfunção renal, diátese hemorrágica e taxa de letalidade de 5 a 15%. O início da
doença é semelhante ao da leptospirose de grau leve, no entanto, após 4 a 9 dias, a
icterícia surge junto à vasculite a disfunção renal. A pele fica com uma tonalidade laranja e
nesse estágio geralmente ocorre necrose hepática com hepatomegalia perceptível à
palpação profunda do hipocôndrio esquerdo. No rim, a hipovolemia e a diminuição da
perfusão renal contribuem para o desenvolvimento de necrose tubular aguda, com oligúria
ou anúria. Às vezes a diálise se faz necessária.
Com freqüência ocorre comprometimento pulmonar, com achados clínicos já
relatados anteriormente. Observam-se manifestações hemorrágicas na síndrome de Weil:
epistaxe, petéquias, púrpuras e equimoses.
Durante a leptospirose grave, descreveram-se rabdomiólise, hemólise (pela
lipoproteína LipL32), miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca congestiva, choque
cardiogênico, síndrome da agústia respiratória do adulto, pancreatite necrosante e falência
de múltiplos órgãos.
TRATAMENTO
177
CAPÍTULO 14:
14: OS FUNGOS E AS MICOSES
CARACTERÍSTICAS GERAIS
MODOS DE VIDA
Sapróbios: obtem seus alimentos decompondo organismos mortos. Vivem sobre a matéria
orgânica.
Mutualistas: sem grande importância médica. São os liquens (cianobactéria + fungo) e
micorrizas (fungo + raiz de fanerógama).
Predadores: capturam pequenos animais.
Parasitas: obtém alimentos de organismos vivos.
Ex: Candida albicans, Trycophyton sp.
1. BOLORES
- Macroscopicamente aspecto pulvurulento, cotonoso (de “cotton”, algodão em inglês),
plumoso. ASPECTO SECO
Exemplos: Penicillium sp., Aspergillus sp.
178
Fonte: Koneman, 2001
179
Fonte: Mims, 2005
180
Há dois tipos de micélio: o vegetativo (hifas que adentram nos tecidos ou substrato
em busca de alimento) e o reprodutivo, em que as hifas têm a função de propagação e dão
origem aos esporos. O reprodutivo chama-se de corpo de frutificação e geralmente são os
que ficam pra fora da pele nas lesões cutâneas.
A reprodução pode ser assexuada, por brotamento, como nas formas unicelulares
(Candida albicans e Paracocciodioides brasiliensis quando se apresenta como levedura) ou
por fragmentação do micélio nas pluricelulares (Aspergillus sp.). A reprodução sexuada
envolve a união de hifas gaméticas com a formação do zigoto.
O principal meio de reprodução é a formação de ESPOROS. Podem ser móveis
(zoósporos) ou imóveis (aplanósporos) que são transportados pelo vento (fungos do ar). As
estruturas que produzem os esporos são denominadas esporângios.
O Claviceps purpurea infecta plantações de cereais e pode ser responsável por casos
ocasionais de envenenamento em seres humanos que consumiram aquele cereal. Essa
espécie também produz outros alcalóides como a ergometrina, que é utilizada para
evitar hemorragia pós-parto; a metisergida, que trata a síndrome carcinóide; e a
bromocriptina, que é utilizada no Parkinson e em distúrbios endócrinos.
FUNGOS E MEDICINA
Os fungos patogênicos podem ser classificados com base nas suas formas de
crescimento ou no tipo de infecção que causam.
184
reações de hipersensibilidade tipo I (anafilaxia), vistas na disciplina Imunologia Médica
(BP333).
Exemplos de anafilaxia por fungos: renite alérgica, asma brônquica, alveolite, etc.
Tipos de Micoses
185
Dermatófitos: Pertencem principalmente a três gêneros.
GÊNEROS ESPÉCIES
T. rubrum
Trichophyton
T. mentagrophytes
M. canis
Microsporum
M. gypseum
Epidermophyton E. floccosum
Candida em pele
186
As lesões mais freqüentes são em unhas e espaços interdigitais das mãos. A lesão
que se encontra ao redor do leito ungueal (paroniquia) também é comum. A paroníquia é
uma tumefação anormal ao redor das unhas que pode ser causada por diversos agentes,
como o Staphylococcus aureus. Isso será visto na disciplina de Propedêutica Médica II.
187
b) Cromoblastomicose (cromomicose): Crescimento de nódulos verrucosos que
aparecem nos locais de inoculação. Com o tempo assume o aspecto de couve flor. Os
pontos enegrecidos são os locais certos para a coleta do material para exame.
O agente etiológico predominante no Brasil é a Fonsecaea pedrosoi. Mas há outras
espécies que podem provocar a cromoblastomicose: Phialophora verrucosa, Rhinocladiella
aquaspersa, Fonsecaea compacta e Cladosporidium carrionii. Esses microrganismos
habitam o solo e coletivamente são denomindos fungos dematiáceos, com parede celular
melaninizada.
É uma doença comum em trabalhadores rurais, principalmente nas áreas
descobertas do corpo.
O tratamento consiste na cauterização e na remoção cirúrgica das lesões inicias. Já
na doença avançada, torna-se necessário o uso de quimioterápicos.
Existem outras micoses subcutâneas, porém de incidência muito baixa, entre elas a
Feo-Hifomicose, o Micetoma Eumicótico, a Zigomicose, a Lobomicose e a Rinosporidiose.
Aspectos Clínicos:
Aspecto radiográfico do pulmão em asa de borboleta
Presença de vesículas no sulco gengival (muitas vezes o diagnóstico é feito pelo
cirurgião-dentista e o paciente chega ao médico por encaminhamento)
O 1º órgão de acometimento é o pulmão; o 2º órgão é a mucosa bucal. Muitas vezes
lesões na boca aparecem antes (até dois anos) das manifestações pulmonares.
É a única micose pulmonar que atinge o imunocompetente
Na prática clínica a paracoccidioidomicose é chamada de PCM
188
Além do pulmão, pode fazer lesão osteolítica, disseminar-se para o SNC, órgãos genitais,
TGI. Às vezes o cirurgião encontra ao fazer uma laparotomia.
A infecção pode resultar tanto da inoculação de estruturas do fungo consideradas
infectantes, como a reativação de algum foco pré-existente.
O número de homens afetados é desproporcional ao número de mulheres (9:1). Esta
diferença foi atribuída a fatores de alto risco, doença subjacente, desnutrição e diferenças
hormonais.
Pneumonia por Paracoccidioides brasiliensis é muito difícil de tratar. O tratamento
consiste no uso prolongado de Itraconazol, algumas vezes associado a Sulfametoxazol e
Trimetropim (Bactrim®).
Candida sp.
189
A candidose pode ser encontrada em uma variedade de pacientes
imunocomprometidos, pessoas com uso de próteses odontológicas mal adaptadas,
portadores de diabetes mellitus, em tratamento com antibióticos de largo espectro, usuários
crônicos de glicocorticóides, xerostomia (hipoprodução de saliva) entre outros. A
manifestação mais freqüente se dá por meio de placas esbranquiçadas (forma
pseudomembranosa) de fácil destaque com o auxílio de um algodão, principalmente em
dorso de língua e palato duro. Há também a forma eritematosa, que se manifesta por meio
de lesões hiperemiadas. O tratamento pode ser feito com o uso tópico de nistatina,
anfotericina e derivados imidazólicos. Se o paciente for imunocomprometido e/ou a infecção
já tiver adquirido caráter mais invasivo, deve se apelar para o uso de antifúngicos
sistêmicos.
* Causas comuns xerostomia: pacientes que fazem quimioterapia (que destrói grândulas
salivares colateralmente) e usuários de antidepressivos como inibidores da recaptação de
serotonina (5-HT). Esses pacientes são fortes candidatos a possuiem candidose.
A candidíase vaginal é uma das doenças que mais comumente acometem mulheres
jovens, principalmente em países de clima tropical como o Brasil. Esta patologia pode,
inclusive, ser enquadrada dentro do grupo das DSTs, uma vez que o contato sexual é uma
das formas mais comuns de contágio. O homem tem a Candida albicans na microbiota
normal peniana, portanto uma atividade sexual sem preservativo faria com que a mulher
190
entrasse em contato direto com a levedura. Se ela estiver em uma queda imunológica pode
desenvolver a doença, bem como cultivá-la, fazendo sexo repetidamente com o mesmo
parceiro (portador). Salienta-se também que as pessoas que fazem sexo oral sem proteção
estão sujeitas a contraírem candidose por entrarem em contato com a microbiota normal do
pênis. É imprescindível que o tratamento seja feito com o casal, ambos devem prosseguir
com a terapia até a erradicação das leveduras.
Outra fonte de contágio são os fômites contaminados (toalhas, roupas íntimas,
acessórios diversos, etc.). O compartilhamento deste tipo de material pode acarretar um
intercâmbio de espécies de Candida sp., ou mesmo de diferentes cepas de Candida
albicans, geralndo infecções com mecanismos mais resistentes.
191
A candidíase disseminada é provavelmente adiquirida via TGI, mas também pode se
originar de infecções relacionadas a cateteres intravasculares. Pacientes com linfomas e
leucemia correm maior risco. A disseminação hematológica alcança quase todos os órgãos.
Infecções nos olhos (endoftalmia) e da pele (lesões mucocutâneas nodulares) são
importantes porque fornecem evidências para o diagnóstico, sem as quais os sintomas
inespecíficos de febre e choque séptico dificultam o diagnóstico precoce. Pacientes
imunocomprometidos, por vezes, recebem terapia antifúngica empírica se apresentam febre
e falham em responder aos agentes antibacterianos de largo espectro.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
193
Fonte: Mims, 2005
c) Aspergilose
O Aspergillus sp. é ubiquitário no meio ambiente e faz parte da microbiota normal do
organismo humano. Seus esporos são regularmente inalados sem conseqüências danosas.
É um gênero que contém várias espécies, das quais a que merece maior destaque é o
Aspergillus fumigatus, que pode provocar diversas manifestações patológicas, tais como:
- Aspergilose broncopulmonar alérgica, que, como seu nome sugere, é uma resposta
alérgica à presença do antígeno. Aspergillus nos pulmões podem desencadear um processo
de hipersensibilidade tipo I e culminar em asma brônquica. O mecanismo da asma será
abordado em seminários da disciplina de Imunologia Médica (BP333).
- Aspergiloma em pacientes com cavidades pulmonares preexistentes (ex: seqüela de TB)
ou distúrbios pulmonares crônicos. O fungo coloniza a cavidade e cresce para produzir uma
massa de hifas em forma esférica, a qual é denominada aspergiloma. Esses fungos não
invadem os tecidos pulmonares, porém o tamanho do aspergiloma pode desencadear
dificuldade respiratória.
- Doença disseminada no paciente imunocomprometido quando o fungo invade a partir dos
pulmões.
A aspergilose invasiva geralmente é fatal no imunocomprometido, pois os pacientes
são neutropênicos (com poucos neutrófilos circulantes). As hifas deste fungo, quando
crescem, destroem alvéolos e septos alveolares. O crescimento das hifas é em ângulo de
45º, o que acaba por destruir a arquitetura pulmonar.
195
d) Pneumocistose
O Pneumocystis jiroveci (antigamente chamado de Pneumocystis carinii) é um fungo
atípico, comumente encontrado em seres humanos normais e roedores. A infecção é
transmitida por meio de gotículas respiratórias (aerossóis). A doença ocorre em indivíduos
debilitados e imunodeficientes. Antes do advento da terapia antiretroviral altamente ativa, a
terapia HAART (que será discutida nos seminários de Imunologia Médica), uma alta
proporção dos pacientes com AIDS desenvolvia pneumonia por pneumocistos, podendo ser
fatal. Apenas causa doença sintomática em pessoas com a imunidade celular deficiente.
O Pneumocystis sp. ocorre em uma forma trófica, com até 5 µm de diâmetro, na
forma de esporocistos e reservatórios de esporos. Os esporos são liberados quando estes
reservatórios se rompem. A doença está associada a uma pneumonite instesticial, com
infiltração de plasmócitos. Já foram relatadas infecções em locais diferentes que não o
pulmão.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
Para pensar: O tratamento das hepatites virais, como a hepatite B é feito com altas doses
de IFN (interferon). Na sua prática clínica, chega a você, médico, um paciente portador de
HBV com um quadro de esteatose avançada. Porém, ele é portador de artrite reumatóide
(uma das doenças auto-imunes que é tratada com glicocorticóides). Com base no
mecanismo de ação descrito acima e aprofundado nas aulas de Imunologia Médica, você
prescreveria o uso prolongado de IFN para este paciente? Por quê?
Drogas Antifúngicas
2) Nistatina
Mecanismo de ação: impede a ligação ao ergosterol da MP fúngica.
197
3) Flucitosina
Mecanismo de ação: inibição da síntese de ácidos nucléicos, porém sua toxicidade é
seletiva. Pode ser utilizada no tratamento da candidíase sistêmica.
Efeitos colaterais: depressão da medula óssea, anemias e discrasias sangüíneas.
5) Novas drogas triazólicas: voriconazol e posaconazol (um dos antifúngicos mais fortes
que existem). São muito caros. Terapia para 5 dias: R$3.000,00 (em 2007).
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
Efeito colateral dos antifúngicos: quase todos eles deixam resíduos metabólicos na
cavidade bucal, fazendo com que o paciente sinta um gosto amargo de metal durante o
tratamento (o que às vezes dificulta a adesão ao mesmo).
São medicamentos que em geral têm melhor absorção em pH ácido. Portanto é bom
recomentar o paciente tomar o medicamento junto às refeições, ou com refrigerante do tipo
cola.
O que é o trocisco?
198
CAPÍTULO 15: HERPES-VÍRUS
O CMV também pode ser transmitido pelo sangue, urina, sêmen e secreções cervicais. É o
maior herpes vírus humano e só tem um sorotipo. O nome refere-se a inclusões
intranucleares que são respostas características desse patógeno.
ANTICORPOS HETEROFÍLOS
200
Linfócitos atípicos do EBV Fonte: Robbins, 2005 Fonte: Mims, 2005
Os anticorpos heterofilos são detectados pela Reação de Paul Bunnel (>40 é positivo;
<40 é negativo)
Esses anticorpos podem aparecer na mononucleose infecciosa (+++), na doença do soro
(+++) e mesmo em indivíduos normais (+).
O médico deverá pedir IgM contra o capsídeo viral para o diagnóstico, bem como o IgG.
Hemograma é útil por causa da formação dos linfócitos atípicos.
Outros achados clínicos incluem a esplenomegalia, hepatomegalia e linfadenopatia.
Não há antiviral eficaz contra o EBV, o que faz com que a doença siga seu curso
autolimitado em pacientes sadios e não-imunocomprometidos. Autolimitada é uma doença
que se cura sem intervenção medicamentos. Ex: gripe, varicela.
Linfoma de Burkitt: só o EBV não consegue fazer o linfoma. Ele se associa com
algumas espécies de Plasmodium sp. como o Plasmodium falciparum ou o Plasmodium
infantum, enfraquecendo o controle das células T e talvez causando ativação policlonal das
células B, tornando-as suceptíveis a maior formação neoplásica. O DNA e o RNA transcritos
são encontrados nas células tumorais, que também mostram uma translocação dos
oncogenes myc no cromossomo 8 para o locus da cadeia pesada da imunoglobulina
localizada no cromossomo 14.
201
Fonte: Robbins, 2005 Fonte: Robbins, 2005
Resultado =
Fonte: Bogliolo, 2006 Fonte: Mims, 2005
202
Carcinoma Naso-Faringeal: O DNA do EBV é detectável nas células tumorais, e um co-
carcinógeno, possivelmente de nitrosaminas ingeridas com peixes em conserva. Fatores
genéticos do hospedeiro que controlam o HLA (“human leucocyte antigen”) e a resposta
imune podem ser fatores de suceptibilidade.
HHV-2 faz carcinoma genital e HHV-8 faz Sarcoma de Kaposi.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS:
À esquerda, a MEMBRANA nas tonsilas palatinas ocasionada pelo EBV; à direita, as placas
proporcionadas pelo já conhecido de vocês, Streptococcus pyogenes (Estreptococo beta
hemolítico do grupo A de Lancefield), entre outros agentes. Vão prescrever antibióticos para
qual dos dois quadros mesmo?
203
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA ATUALIZAÇÃO
DO MATERIAL EM 2008
204
6 LARPENT, J.P.; LARPENT G. 1975. Microbiologia Plástica, Edgar Blucher.
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12 Revista Proteção, no 11, volume 3.
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Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS. 1997. Brasília.
17 MINISTÉRIO DA SAÚDE: Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia
Clínica para Controle de Infecção Hospitalar, Secretaria de Assistência à Saúde,
Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS. 1997. Brasília.
18 MINISTÉRIO DA SAÚDE: Técnica de Coloração de Gram, Secretaria de Assistência à
Saúde, Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS. 1997.
Brasília.
19 FORBES, B.A.; SAHMM, D.F.; WEISSFELD, A.F.; BAILAY & SCOTT. Diagnostic
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20 KONEMAN, ELMER, W. et. al. Color Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology,
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22 OPLUSTIL, CARMEN PAZ e col. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica,
São Paulo, Sarvier. 2000.
205