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LICENCIATURA EM

PEDAGOGIA
Governo Federal

República Federativa do Brasil


Ministério da Educação

República de Moçambique
Ministério de Educação

TÉCNICAS DE EXPRESSÃO
EM LÍNGUA PORTUGUESA

República de Moçambique
Ministério de Educação
UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA SUPERVISÃO DE DESENVOLVIMENTO
INSTRUCIONAL
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Paulo Vasques de Miranda
Ernesto Luís Guimino Júnior
Jerónimo Simão
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL
Nobre Roque dos Santos
Orlando Bahule Paulo Cesar Alves

DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL REVISÃO LINGUÍSTICA


Teresa Miguel Enós Jamal-Dine Paulo Cesar Alves

REVISÃO LINGUÍSTICA COORDENAÇÃO EDITORIAL


Paula Cruz Fábio Rapello Alencar

EDIÇÃO
Anilda Ibrahimo Khan PROGRA MAÇÃO VISUAL
André Guimarães de Souza
PROGRA MAÇÃO VISUAL
Eugénio David Langa ILUSTRAÇÃO
Equipe CECIERJ

FUNDAÇÃO CECIERJ/CONSÓRCIO
CEDERJ UNIVERSIDADE FEDERA L
DE GOIÁS
COORDENAÇÃO DE
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL DESIGN GRÁFICO − PROJETO
Cristine Costa Barreto EDITORIAL
Cleomar de Souza Rocha
Yannick Aimé Ferreira Taillebois

Copyright © 2011, Fundação CECIERJ / Universidade Pedagógica


Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio
eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização.

G963t

Guimino Júnior, Ernesto Luís.


Técnicas de expressão em Língua Portuguesa / Ernesto Luís Guimino Júnior,
Jerónimo Simão, Nobre Roque dos Santos, Orlando Bahule. - Brasília: Ministério
da Educação; Moçambique: Ministério da Educação: Universidade Pedagógica;
Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.

158p.; 18 x 24,5 cm.


ISBN: 978-85-7648-714-2
1. Língua Portuguesa. 2. Língua Portuguesa - Estudo e ensino. I.
Simão, Jerónimo. I. Santos, Nobre Roque. III. Bahule, Orlando. IV. Título.

CDD: 469

Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT.


DIREITOS DO AUTOR

Este módulo de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa não pode ser


reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução, deve ser mantida a
referência à Universidade Pedagógica e aos autores deste módulo.

APRESENTAÇÃO

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do


Template usado na produção dos Módulos.
Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e
apoio prestados.
Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento da
Universidade Pedagógica, pelo apoio prestado em todo o processo.
ÍNDICE

VISÃO GERAL .................................................................................................... 9

Bem-Vindo às Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa .......................... 9


Objectivos da cadeira ................................................................................................ 9
Como está estruturado este Módulo? ................................................................... 10
Acerca dos ícones ....................................................................................................... 11
Habilidades de estudo .............................................................................................. 12
Precisa de apoio? ........................................................................................................ 12
Tarefas (avaliação e autoavaliação) ......................................................................... 13
Avaliação ...................................................................................................................... 14

UNIDADE I – TOMADA DE NOTAS .................................................... 15

Lição 1 - Registros de Informações Importantes ................................................ 17

UNIDADE II – RESUMO ............................................................................... 33

Lição 1 .......................................................................................................................... 35

Lição 2 .......................................................................................................................... 43

UNIDADE III – AS FICHAS DE TRABALHO .................................. 55

Lição 1 – A Ficha Bibliográfica ............................................................................... 57

Lição 2 – Ficha de Leitura ........................................................................................ 65

UNIDADE IV – TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO ............ 75

Lição 1 .......................................................................................................................... 77

Lição 2 .......................................................................................................................... 85

Lição 3 .......................................................................................................................... 101


UNIDADE V – TEXTOS DIDÁCTICO-PROFISSIONAIS ........ 109

Lição 1 – Circular e convocatória ........................................................................... 111

Lição 2 – Acta ............................................................................................................. 119

Lição 3 – O Regulamento ........................................................................................ 125

Lição 4 – O Relatório ................................................................................................ 137

Lição 5 – O Sumário ................................................................................................. 151

Referências Bibliográficas ........................................................................................ 157


VISÃO GERAL

BEM-VINDO ÀS TÉCNICAS DE EXPRESSÃO EM


LÍNGUA PORTUGUESA

Pretende-se com esta cadeira exercitar a compreensão e expressão


oral e escrita, em diferentes situações de comunicação, e fornecer instru-
mentos que permitam a manipulação de diferentes tipos de textos, tendo
em conta o público a que se destinam.

Considerando que a Língua Portuguesa organiza os saberes curricu-


lares das outras disciplinas, o presente Módulo de Técnicas de Expressão
em Língua Portuguesa privilegia, por uma lado, a aquisição de determina-
das técnicas de expressão e, por outro, o desenvolvimento de capacidades
e aptidões que permitam ao sujeito de aprendizagem uma compreensão
crítica das outras matérias de estudo dos diferentes cursos leccionados na
Universidade Pedagógica.

Objectivos da cadeira

Ao concluir esta cadeira, esperamos que você seja capaz de:


• desenvolver a compreensão oral e escrita em diferentes situações de
comunicação;
• desenvolver a competência comunicativa em Língua Portuguesa, na
oralidade e na escrita, de forma apropriada a diferentes situações de
comunicação;
• fornecer instrumentos que permitam a manipulação de diferentes tipos
de textos, tendo em conta o público a que se destinam;
• adquirir orientações lógicas, metodológicas e técnicas com vista à
formação de hábitos de estudo, de leitura, de uso de instrumentos de
trabalho académico, de produção e sistematização do conhecimento;

Visão Geral 9
• refletir sobre a gramática da língua, tendo em conta a textualidade;
• produzir textos de natureza diversa em função do objectivo/intenção
de comunicação.

COMO ESTÁ ESTRUTURADO ESTE MÓDULO?

Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagó-


gica encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo

Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os aspectos-chave


de que você precisa para completar o estudo. Recomendamos vivamente
que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do Módulo

O Módulo está estruturada em unidades. Cada unidade incluirá


uma introdução, objectivos e conteúdo da unidade, incluindo actividades
de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para
autoavaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma


lista de recursos adicionais para explorar. Estes recursos podem incluir li-
vros, artigos ou sites na Internet.

Tarefas de avaliação, autoavaliação e actividades.

As tarefas de avaliação para esta cadeira encontram-se no final de


cada unidade e serão desenvolvidas na própria lição.

10 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo deste módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar a apresentação dos conteúdos.

ACERCA DOS ÍCONES

Ao longo deste Módulo, você irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica do texto,
uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Os ícones usados neste Módulo são símbolos africanos, conhecidos


por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ociden-
tal, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Você pode ver o conjunto completo de ícones a seguir, cada um com


uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretamos esse
significado para representar as várias actividades ao longo deste Módulo.

Objectivos Actividade Autoavaliação Avaliação/teste

“Eu mudo ou transformo Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do trabalho”


a minha vida” perseverança perseverança (excelência/autenticidade)

Tome Nota! Exemplo/ Reflexão Debate


Estudo de caso

“Aprender através “Pronto a enfrentar as


Vigilância/preocupação da experiência” vicissitudes da vida” Paz/harmonia

Visão Geral 11
Terminologia Dica Leitura Actividade
de grupo

[Ajuda-me] deixa-me Unidade/relações


“Nó da sabedoria” Apoio/encorajamento ajudar-te humanas

HABILIDADES DE ESTUDO

Caro estudante!

Para frequentar com sucesso este Módulo, terá de buscar, através de


uma leitura cuidadosa, das fontes de consulta a maior parte da informação
ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade apresenta-
se uma sugestão de livros para leitura complementar.

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, você deve certificar-


se de ter compreendido a questão colocada.

É importante questionar se as informações colhidas na literatura são


relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas.

Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias apre-
sentadas no texto.

Desejamos-lhe muitos sucessos!

PRECISA DE APOIO?

Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em


caso de dúvida numa matéria, tente consultar os manuais sugeridos no fim
da lição e disponíveis nos Centros de Ensino à Distância (CEAD) mais pró-
ximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure estudar
os exemplos semelhantes apresentados neste Módulo. Se a dúvida persistir,
consulte a orientação que aperece no fim dos exercícios e/ou veja a resolu-
ção do exercício.

12 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua
disposição no centro mais próximo.

Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham


feito a cadeira de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa, vizinhos e
até estudantes de universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam
a fazer cadeiras relacionadas com Técnicas de Expressão.

TAREFAS (AVALIAÇÃO E AUTOAVALIAÇÃO)

Ao longo deste Módulo, você irá encontrar várias tarefas que acom-
panham o seu estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para
confrontar o seu método e a solução apresentada. Você deve promover o há-
bito de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de informação, tanto
na Internet como em livros. Consulte manuais disponíveis e referenciados
no fim de cada lição para obter mais informações acerca do conteúdo que
esteja a estudar. Se usar livros de outros autores ou parte deles na elaboração
de algum trabalho, deverá citá-los e indicar esses livros na bibliografia. Não
se esqueça que usar um conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho,
sem referenciá-lo é plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e re-
ferências são uma forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de
outros. Estamos cientes de que você não gostaria de ver uma ideia sua a ser
usada sem que fosse referenciado, não é?

Na medida do possível, procure alargar competências relacionadas


com o conhecimento científico, as quais exigem um desenvolvimento de
competências, como autocontrole da sua aprendizagem.

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de autoavaliação


deverão ser realizadas no corpo das lições.

Você deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas em su-


porte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e enviá-los ao
respectivo Departamento quer através da Internet, quer dos serviços de
Correios de Moçambique.

Visão Geral 13
AVALIAÇÃO

O Módulo de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa terá dois


testes e um exame final que deverá ser feito no Centro de Recursos mais
próximo, ou em local a ser indicado pela administração do curso. O calen-
dário das avaliações será também apresentado oportunamente.

A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas li-


ções, mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir em frente.

Durante o estudo deste módulo, você será avaliado com base na rea-
lização de actividades e tarefas de autoavaliação previstas em cada Unidade,
dois testes escritos e um exame.

14 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


1
TOMADA DE NOTAS
Ernesto Luís Guimino Júnior
Jerónimo Simão
Nobre Roque dos Santos
Orlando Bahule

Objectivos da unidade

Ao terminar esta unidade, esperamos que você seja capaz de:


1. identificar a motivação/importância da tomada de notas;
2. apontar os procedimentos para tomada de notas numa exposição oral/
escrita;
3. tomar notas, a partir da leitura do texto “Memória e Aprendizagem”;
4. elaborar pequenos resumos/levantar palavras-chave;
5. detectar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades/
parágrafos;
6. organizar as informações, a partir das relações sintácticas e lógico -
semânticas entre as unidades;
7. reconstituir textos orais ou escritos.
Introdução da unidade

No nosso dia a dia, somos sempre levados, por força da acção profis-
sional a tomar notas, ou seja, fazer apontamentos de forma reduzida.

Como nas atividades a nível superior recorremos a ditados e resu-


mos, constantemente, a prática de tomada de notas no ensino à distância,
é de extrema importância não só por permitir corrigir falhas de memória,
como também por constituir a base para a redacção de resumos, notas de
síntese, relatórios de apreciação de uma leitura, etc.

Estrutura

Esta unidade é composta por duas aulas correspondentes a 120 mi-


nutos.

As lições desta unidade abordam os seguinetes tópicos da Tomada


de Notas:

• Tomada de Notas, a partir de um texto oral;

• Tomada de Notas no próprio texto;

• Levantamento de palavras-chave/unidades de significação;

• Reconstituição de textos, a partir das notas tomadas.


LIÇÃO 1 – REGISTROS DE INFORMAÇÕES
IMPORTANTES

Objectivos

Ao terminar esta unidade, esperamos que você seja capaz de:


1. identificar a motivação/importância da tomada de notas;
2. apontar os procedimentos para tomada de notas numa exposição oral/
escrita;
3. tomar notas, a partir da leitura do texto “Memória e Aprendizagem”;
4. elaborar pequenos resumos/ levantar palavras-chave;
5. detectar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades/
parágrafos;
6. organizar as informações, a partir das relações sintácticas e lógico -
semânticas entre as unidades;
7. reconstituir textos orais ou escritos.

1. Introdução

No exercício da nossa actividade profissional, como docentes/estu-


dantes, somos confrontados com a necessidade de tomar notas. Não sendo
um privilégio exclusivo do professor/estudantes, este exercício também
pode ser realizado por um quadro de qualquer área, um asssalariado, uma
secetária, um jornalista, etc.

As situações em que se tomam notas, como veremos no decurso


desta unidade/lição, são variadas e surgem nos mais diversos momentos da
vida quotidiana, profissional ou pessoal.

De um modo particular, as aulas a nível superior não se socorrem


de ditados, resumos, etc., por isso, a exercitação da tomada de notas, quer
nos casos de ensino presencial, quer nos de ensino à distância, é de extrema

Tomada de Notas 17
importância não só por permitir corrigir falhas de memória, como também
por constituir a base para a redacção de resumos, notas de síntese, relatórios
de apreciação de uma leitura, etc.

Porém, a tomada de notas não deve ser encarada como a transcrição


de palavra por palavra de uma mensagem. Aliás, a rapidez com que o enun-
ciador apresenta os assuntos não permite essa prática. Deste modo, as notas
servem muitas vezes como ponto de partida para redigir escritos, cuja carac-
terística comum é a de serem uma redução de textos muito mais longos. É o
que procuraremos praticar nesta unidade.

2. O QUE É A PRÁTICA DE TOMADA DE NOTAS?

Consiste na redução do texto, seleccionando, portanto, de forma sinté-


tica determinadas informações de um texto básico (veiculado quer na forma
oral quer na forma escrita), mantendo o seu sentido inicial, aliás, esta técnica
tem por objectivo retransmitir um conjunto de informações, preservando o
sentido da mensagem numa reformulação mais precisa e económica.

Figura 1.1: Registros no bloco de notas.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/25415 – Gokhan
Okur

18 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


2.1 Motivação para a tomada de notas

Na vida diária, profissional ou estudantil, temos a necessidade de fi-


xar o pensamento do outro. Acontece que às vezes prestamos atenção em
aspectos de menor importância. Imaginemos então que estamos numa
aula/palestra, o professor/orador limitar-se a expor, fazendo alguns gestos,
elevando a voz de vez em quando, repetindo o que achar pertinente, às vezes
fazendo registos no quadro, e chamando a atenção dos participantes para
determinadas passagens da sua exposição.

Então, que devemos fazer para racionalizarmos o tempo, de modo a


não perdermos as informações consideradas importantes? A não perdermos
tempo na tentativa de registarmos tudo o que orador disse? (registe a sua
resposta num papel à parte, sem pressa, reflicta nos mais variados procedi-
mentos necessários).

Muito bem! É isso mesmo, devemos prestar a atenção nos seguin-


tes aspectos:

• tom de voz do orador;

• palavras/frases que chamam a atenção;

• repetição de ideias;

• tempo dedicado a cada assunto;

• registos feitos no quadro (se for o caso);

• indicações expressas pelo orador;

• entoação de voz - voz pausada ou alta;

• uso de abreviaturas/símbolos;

• registos no bloco de notas/caderno das anotações feitas no quadro


ou no caderno.

Óptimo! Se não apontou todos esses aspectos poderá acrescentar o


que estiver em falta e reflicta na sua pertinência na realização desse exercício.

Tomada de Notas 19
2.2 Abreviaturas e Símbolos

Na resposta à questão colocada em (1), afirmàmos que uma das téc-


nicas de economia de texto é o recurso a abreviaturas e símbolos. Então,
lembre-se de alguns desses símbolos, pode até recorrer aos sinais usados
na Matemática para expressar relações de implicação, supressão/conjunto
vazio, ideias mais importantes, menos importantes, etc. Faça a sua proposta
num papel à parte.

Agora, sim! Lembre-se de que a tomada de notas é uma actividade pes-


soal, como tal as abreviaturas e símbolos que podem ser usados podem variar
de indivíduo para indivíduo, mas por ser uma técnica de economia de texto
muito usada no dia a dia generalizou-se o uso de alguns símbolos e abreviatu-
ras. Confronte a sua proposta com a que lhe apresentamos a seguir.

______ Ideias principais; + mais


………. Ideias secundárias - menos
X Não concordo = igual
Def. Definição Ñ negação/não/nunca
⇒ Implicação/causalidade % por cento
§ Parágrafo * agramatilidade/desvio
Ø Supressão ≠ diferente

Se dentre outros símbolos e abreviaturas abarcou todos, isto significa


que está no bom caminho. Mas, se não focou nenhum, não desanime, releia
esta lição e tente sozinho lembrar-se de outras abreviaturas. Deve assistir a au-
las dos colegas e participar mais nos debates, conferências, palestras, a fim de
exercitar esta habilidade tão importante para a vida de estudos superiores. Mas
note que também tomam-se notas noutros contextos. Vamos reflectir juntos:

2.3 Tomada de notas no próprio texto

A nossa vida profissional exige muito de nós e, muitas vezes, somos


obrigados a participar em eventos que dependem de informações a que só
podemos ter acesso por via da leitura. De que maneira preparamos nossas
intervenções/participação? De que materiais nos socorremos nesses casos?
De facto, podemos recorrer a uma grande diversidade de meios. Dê exem-

20 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


plos de fontes usadas nesses casos. E quais são os procedimentos que adop-
tamos nessas circunstâncias? (Tem pelo menos cinco minutos para pensar e
tentar esboçar uma resposta!).

Óptimo! A partir da leitura de um jornal, de uma revista, de um livro,


etc. tomam-se notas quer para organizar fichas, quer para preparar uma in-
tervenção num debate, conferência, estudo, etc.

2.4 Reconhecimento de ideias e sua redução

“É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria iden-


tidade. Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que
ocorreu no passado. A simples conservação do passado não é ainda memó-
ria, esta tem também uma função psicológica de integração pela qual o que
aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes de mais o
reconhecimento das experiências passadas como elemento, como parte da
vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e viver como mi-
nhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo o que já vivi, a
ideia de mim mesmo seria extraordinariamente pobre e fragmentária. Que
seria de cada um de nós se fosse amputado de toda a experiência passada,
do já sido, já vivido?”

Memória= função Integração/reconhecimento/recuperação expe-


riência passada.

Actividade I

Passos de uma estratégia para a tomada de notas no próprio texto.

Leia o texto abaixo, pelo menos duas vezes, de modo a compreender o seu
conteúdo.

Tomada de Notas 21
Aprendizagem e Memória

Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em qualquer fe-
nómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da aprendizagem como uma
modificação sistemática da conduta, isto é, uma mudança que se traduz num hábito,
numa reacção habitual, pressupõe já necessariamente a memória como condição de
conservação da resposta aprendida.

A memória é uma função biológica e psicológica absolutamente indispensável.


Todo o ser vivo, em maior ou menor escala, faz uma experiência, que é o per-
curso de toda uma vida. O que é ter experiência senão estar apetrechado com
aquisições anteriormente feitas, não estar em branco em face das situações que
se deparam, ser capaz de tirar proveito do já feito, do já vivido?

É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria identidade. Com


o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que ocorreu no passa-
do. A simples conservação do passado não é ainda memória, esta tem também
uma função psicológica de integração pela qual o que aconteceu no passado
é referido ao sujeito: a memória é antes de mais o reconhecimento das ex-
periências passadas como elemento, como parte da vida do sujeito. Se eu não
tivesse a capacidade de sentir e viver como minhas, como fazendo parte do meu
património pessoal tudo o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordina-
riamente pobre e fragmentária. Quer seria cada um de nós se fosse amputado
de toda a experiência passada, do já sido, já vivido?

É por isso que a memória é uma função essencial para a continuidade da vida
individual ou colectiva. E isso implica que o hábito enquanto conduta aprendida
e que se realiza sem esforço e quase sem darmos por isso não tenha o simples
sentido negativo de rotina, de algo caduco ou de um automatismo psíquico, mas
que ele tenha também um sentido positivo de potencial, de riqueza do passado
cujo efeito se mantém no presente.

O importante não é lutar contra os hábitos, mas impedir a sua cristalização,


utilizá-los para aquilo que mais podem contribuir: libertar energias que podem
ser utilizadas criadoramente.

Assistimos na actualidade a uma desclassificação da memória. Esta é entendi-


da como o contrário da inovação, da criatividade, da imaginação criadora. Esta
reacção contra a memória é, em grande medida, justa, pois visa ultrapassar a

22 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


identidade memorizar-aprender. Aprendizagem pressupõe a memória, mas é mais
que isso: produção do novo, construção de algo nunca visto ou feito antes.

Aprender não é simplesmente memorizar. Mas isso não significa que a memória
se oponha à inovação, à criação nos seus diferentes domínios e aspectos. Muito
pelo contrário, a memória é um instrumento muito importante do progresso.
Também aqui é válido o provérbio de que o saber não ocupa lugar, isto é, de que
o saber anterior não dificulta a aquisição de novos saberes.

Quantas vezes não sentimos a falta de bases de noções ou de experiências


prévias que facilitariam a aprendizagem presente? Quantas vezes o fracasso, o
insucesso escolar e na vida não é o resultado de falhas na aprendizagem e na
experiência em certas fases da vida!

Cardoso, A., Fróis, A.: Fachada A – Rumos da Psicologia (10°/11°- 2v.), Lisboa, 1989
(adaptado)

1. Agora, usando algarismos árabes (1,2,3,4), numere os parágrafos do texto,


que acabou de ler.

2. Faça uma nova leitura silenciosa do texto, e procure, a lápis, dividi-lo em


partes de acordo com o sentido dos diferentes parágrafos. Tenha sempre em
atenção as relações lógico-semânticas e sintácticas entre as partes (palavras
de ligação entre os parágrafos, sentido de cada parte, etc.).

3. Passe as notas tomadas (palavras-chave, expressões, pequenos resumos, citações, es-


tabelecendo relações entre notas tomadas).Tenha sempre presente a hierarquização
das informações no texto, em estudo.

Resposta Comentada

1. Então, quantos parágrafos(§) encontrou? Oito (8). É claro!


2. Optimo! Você deve ter identificado três partes.
3. Destaque, sublinhando/marcando a cores, fazendo anotações nas margens/no
próprio texto, as ideias principais e/ou as palavras-chave de cada parte/parágrafo.
Veja como proceder? Siga o exemplo.

Tomada de Notas 23
Aprendizagem e Memória
aprendizagem = modificação sistemática conduta
= formação hábitos novos => memória condição conservação aprendido
memória = função biológica+psicológica (2°,3°,4°§)
Integração = reconhecimento/recuperação experiência passada,
Por isso, memória função essencial continuidade vida individual/colectiva
Hábitos encarado sentido positivo, riqueza passada c/ efeito presente.
memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§)
Importante não combater hábitos;
Usar hábito p/ libertar energias = ultrapassar identidade aprender, memorizar
Sucesso escolar => conhecimentos prévios; logo, memória importante na aprendizagem.
Muito bem, notou de facto que as notas são pessoais! Mas para o sucesso desta ope-
ração precisámos de cultivar a economia de texto (de palavras). Este aspecto é obtido
por diferentes processos. Vamos então resumir o que fizemos:
Supressão de certos elementos: certos determinantes, o verbo “ser” exprimindo uma
função.
Ex:“…a memória é uma função essencial para continuidade da vida individual ou colectiva.”
memória Ø função essencial Ø continuidade Ø vida.
Supressão de palavras por nominalizações.
Ex: “ Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em qualquer
fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da aprendizagem como uma
modificação sistemática da conduta, (…)”.
Aprendizagem = modificação conduta

2.5 A interpretação

memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§)

Importante não combater hábitos; Usar hábito libertar energias = ultra-


passar identidade: aprender, memorizar.

Sucesso escolar => conhecimentos prévios; logo, memória impor-


tante aprendizagem.

24 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


2.6 Tomada de notas a partir de texto oral

Como você sabe, durante um exposição (palestra, conferência, expli-


cação do professor) é muito útil tirar notas do que se diz. Umas notas bem
tomadas servem depois para recordar a explicação/exposição completa.

Propomo-lhe um exercício de tomada de notas, a partir de textos


orais, mas antes, vamos recordar determinados passos importantes:

(i) anote as ideias mais importantes sobre o tema, deixando de lado


as secundárias;

(ii) resuma de forma pessoal essas ideias, só escreva textualmente in-


formações como notas bibliográficas, fórmulas, esquemas, etc.

(iii) se se perder, deixe um espaço em branco e continue. No fim da


exposição, poderá completar os seus apontamentos com os que
tomaram os seus colegas.

(iv) ordene com clareza as diferentes partes da exposição, atribuin-


do números ou letras;

(v) utilize abreviaturas ou símbolos para as palavras ou expressões


mais frequentes, com o fim de poupar espaço e tempo;

(vi) após a exposição aperfeiçoe as notas tomadas, passando os


apontamentos a limpo.

Figura 1.2: Exposição oral de um facto, propiciando


a Tomada de Notas.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1031856 – Sachin
Ghodke

Tomada de Notas 25
Actividade 2

Escolhendo uma disciplina do seu currículo.

Opte por uma determinada disciplina do seu currículo e aplique as regras relati-
vas à tomada de notas com base num assunto exposto por seu colega ou amigo,
num intervalo de cinco minutos.

Depois, aperfeiçoe e complete o texto:

a) passando as abreviaturas a palavras;

b) construindo frases;

c) articulando as frases em períodos;

d) ordenando a sequência, segundo a lógica das ideias expostas.

No fim, apresente o trabalho, junto com as folhas onde inicialmente tomou as


notas, ao seu colega.

_________________________________________________________
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_________________________________________________________
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_________________________________________________________

Resposta Comentada

Se o resultado for satisfatório, prepare outra actividade de exercitação. Se teve muitas


dificuldades, tais como omissões, deturpações, etc. deve rever a técnica de tomada

26 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


de notas, a fim de identificar as causas das falhas. Exercite-se mais! Vá assistir agora
a uma aula de uma disciplina que não seja a que lecciona. O tema, a linguagem, se
calhar parecer-lhe-ão estranhos. Não se importe, preste a atenção à aula e procure
compreender o teor da aula e registe as ideias principais, as palavras chave, notas
que o professor for registando no quadro,etc.Então, no fim da aula, com mais vagar
procure (re)organizar as notas tomadas.
Fazem sentido? Estão compreensíveis? Agora lembra-se da exposição do professor?
Claro que sim! Parabéns, conseguiu!

SUMÁRIO

Tomada de notas:

• Procedimentos numa exposição oral/aula;

• Técnicas de economia de texto (palavras-chave; abreviaturas; pe-


quenos resumos/interpretação; nominalizações);

• Organização das notas tomadas a partir do texto “Memória e


aprendizagem”.

Actividade 3

Tomada de Notas – Nominalização

Ao longo da aula, você se deparou com a nominalização como uma das formas de
economia de textos/palavras, agora vamos exercitar esta habilidade, com frases
relacionadas com o texto “Aprendizagem e memória”.

Siga exemplo:

• “Falha de memória” – Esquecimento frase/expressão nome

Tomada de Notas 27
1. Conduta aprendida que realiza sem esforço.

____________________________________________________

2. Algo que se realiza com rotina.

____________________________________________________

3. Construção de algo nunca visto ou feito antes.

____________________________________________________

4. Conservação de algo que ocorreu no passado.

____________________________________________________

5. Aquele que frequenta um estabelecimento de ensino.

____________________________________________________

6. Qualquer acto de espírito ou operação da inteligência.

____________________________________________________

7. Estado de actividade de animais e plantas.

____________________________________________________

8. Órgãos que nos permitem apreender as formas e as cores.

____________________________________________________

Confronte as suas respostas com a chave que lhe aprestamos.

Resposta
1. hábito
2. rotineiro
3. aprendizagem

28 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


4.memorização
5.estudante
6. pensamento
7. vida
8. olhos

Óptimo! Viu que é fácil reduzir expressões a nomes? Se teve dificuldades, não desista,
recorra ao dicionário e resolva os exercícios que se seguem, e, se não as teve, resolva-os
sem recurso ao dicionário. Bom trabalho!

Actividade 4

Nesta lição, você deparou-se com a prática da nominalização como uma das
formas de economia de textos. Agora faça a nominalização dos verbos abaixo.

verbo nome

rever ___________________________________

ouvir ___________________________________

cantar ___________________________________

escrever ___________________________________

nadar ___________________________________

oferecer ___________________________________

aceitar ___________________________________

conectar ___________________________________

reagir ___________________________________

Tomada de Notas 29
Resposta
verbo nome
rever revisão
ouvir audição
cantar canto/canção
escrever escrita
nadar natação/nado
oferecer oferecimento
aceitar aceitação/aceitabilidade
conectar conecção
reagir reacção

Actividade 5

Cultura Geral

Vamos dar-lhe mais uma actividade de Cultural Geral.

1. Aparelho que aumenta o tom de voz.

____________________________________________________

2. Canal subterrâneo por onde circulam águas de chuvas e de despejos.

____________________________________________________

3. Aquele que escreve peças de teatro.

____________________________________________________

4. Aquele que faz escrituras.

____________________________________________________

30 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


5. Ele cria abelhas.

____________________________________________________

6. Colecciona notas e moedas antigas.

____________________________________________________

7. Colecciona selos de correio.

____________________________________________________

8. Medicina das crianças.

____________________________________________________

9. Medicina da velhice.

____________________________________________________

10. Aquele que escreve ensaios.

____________________________________________________

Óptimo, agora, compare as suas respostas com as soluções abaixo.

Resposta
1. microfone
2. esgoto
3. dramaturgo
4. escriturário
5. apicultor
6. numismata
7. filatelista
8. pediatria
9. geriatria
10. ensaista

Tomada de Notas 31
2
RESUMO
Ernesto Luís Guimino Júnior
Jerónimo Simão
Nobre Roque dos Santos
Orlando Bahule

Objectivo da unidade

Ao completar esta unidade, esperamos que você seja capaz de resumir


textos orais ou escritos, usando as técnicas de Tomada de Notas.

Introdução da unidade

Para darmos seguimento à abordagem do conteúdo desta unidade


temática, desejamos, antes, chamar à sua atenção para o facto de haver rela-
ção entre a unidade temática 1 “A tomada de notas” e esta. Na verdade, você
já sabe que ao tomarmos notas pretendemos reter as ideias principais de um
texto. Ora, o resumo vai usar algumas técnicas da tomada de notas, que você
vai descobrir, nesta unidade temática.

Antes apresentamos-lhe os conteúdos que vamos tratar nesta unidade:


• conceito de resumo;

• fases de preparação do resumo;

• cuidados a ter na produção de um resumo;

• produção do resumo.

É o que veremos nas lições seguintes.


LIÇÃO 1

Objectivos

Ao término desta lição, você deverá sere capaz de:


• identificar as palvras-chave, ideias nucleares, conectores lógico-semânti-
cos, no texto lido.
• destacar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades
textuais;
• analisar o texto “ A Linguagem dos animais”, destacando as palavras-
chave, as relações sintácticas e lógico-semânticas entre os parágrafos;
• resumir o texto lido

1. DO CONCEITO DE RESUMO

Neste momento, queremos solicitá-lo a reflectir sobre o conceito de


resumo. Para tal, formulamos a pergunta seguinte: O que é resumir? Ou o
que é o resumo? Para darmos resposta a estas questões, vamos fornecer-lhe
algumas definições, todas elas válidas, que reflectem vários estudos já reali-
zados sobre esta temática.

(i) O resumo é um texto que apresenta as ideias ou factos essenciais


de um outro texto, de um modo abreviado.

(ii) “Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando


o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação, isto é, os tempos e
as pessoas, com a ajuda do vocabulário do aluno. É, assim, reter
as linhas de um raciocínio, o essencial dos dados de um proble-
ma, as características de uma situação, as conclusões de uma
análise, sem o mais pequeno comentário.” REI (1986).

(iii) Resumir significa criar um novo texto mais condensado, que


utiliza as informações mais importantes do texto-base. Quer
dizer que o resumo é um texto que reelabora o escrito de base,

Resumo 35
reduzindo-lhe o comprimento, mantendo-se o autor em segun-
do plano, esforçando-se por ser objectivo, na tentativa de criar
uma síntese coerente e compreensível do texto de partida. – SE-
RAFINI (1986).

(iv) Resumir, em poucas palavras, é pegar num texto pelos seus


pontos principais, pelos seus dados de conjunto e transmiti-lo,
através de um outro, que é a redução do original. – BASTOS
(1989).

Vistas as definições de resumo/acto de resumir, vamos a seguir ver as


fases a percorrer para produção do resumo:

1.1. Fases de preparação do resumo

Estimado estudante, como já se apercebeu, para resumir um texto é


necessário ler muito bem o texto. Por isto, esta actividade deve ser dividida
em duas fases principais:

• leitura e compreensão do texto original;

• produção do novo texto (o resumo).

Passamos, de seguida, a descrever as actividades que você deverá re-


alizar em cada uma das fases:

1ª fase – Leitura e compreensão do texto original:

• fazer a leitura atenta do texto (em causa está saber de que fala o tex-
to, qual o seu sentido geral. Recomenda-se que a leitura seja feita
tantas vezes quantas necessárias);

• dividir o texto em partes;

• dar um título - resumo a cada parte;

• “desmontar” o texto em palavras–chave e articuladores do discurso;

36 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


• fazer a síntese / organização das ideias.

2ª fase – Produção do novo texto (o resumo):

• Selecção: destacar todas as principais unidades de significação


(ideias);

• Supressão: omitir as unidades de significação (ideias) que se refe-


rem a pormenores, a informações secundárias;

• Generalização: substituir duas ou mais unidades de significação


(ideias) por uma unidade geral.

• Construção: organizar um novo texto em função da selecção, da


supressão e da generalização.

Nesta segunda fase, há cuidados que você deverá ter na elaboração


do novo texto (o resumo). De seguida, apresentamos-lhe um quadro que
melhor poderá facilitar a sua aprendizagem:

Tabela 1.1 - Cuidados a ter na produção do resumo.


Você deve: Não deve:
Seguir a ordem do texto original / manter o
Inverter a estrutura do texto original;
fio condutor do texto original;
Referir apenas as ideias ou os factos princi-
Usar as mesmas palavras do texto;
pais do texto original;
Usar frases curtas e directas, sempre com o
propósito de ser conciso e claro; portanto, Copiar nem reproduzir;
compreensível;
Utilizar expressões como: o autor disse, o
Dar preferência a construções impessoais; autor falou, segundo o autor, este livro/o
artigo ou documento;
Considerar as palavras sublinhadas e as
anotações à margem do documento;
Reduzir o texto original a um 1/3 da sua Exceder o número de linhas proposto ou
extensão; entre um 1/4 e 1/5 do texto original.
Fazer a transcrição do documento, quando
absolutamente necessária, com aspas e
referência completa à fonte;
Fazer a referenciação completa do docu-
mento de base antes ou depois do resumo.

Resumo 37
Depois da leitura atenta do texto sobre o resumo (conceito, as fases
de elaboração, os cuidados a ter e a produção), vamos avaliar o seu nível de
assimilação destas matérias. Para isto, realize a seguinte actividade.

Actividade 1

1. Leia o texto “A linguagem dos animais” .

1.1 Faça o levantamento das palavras-chave.

1.2 Elabore o resumo do texto” A linguagem dos animais”

A Linguagem dos animais...

“A utilização dos códigos não é só própria do homem (nem das máquinas que
ele constrói): fala-se muitas vezes da linguagem dos animais. Sabe-se que uma
abelha, de regresso à colmeia, pode indicar às outras com muita precisão o local
onde se encontra uma fonte de alimento e a sua natureza e quantidade. A na-
tureza é transmitida pelo odor de que a abelha se impregna; a quantidade, pela
frequência dos sons que emite ao dançar, e a localização, por uma dança. A dança
é circular, para uma distância superior: a abelha percorre um círculo que atraves-
sa, em diâmetro, em diâmetro, e cuja orientação, em relação à vertical, marca a
direcção do alimento em relação ao Sol. Enquanto percorre este diâmetro, agita
o abdómen: a duração do bater de asas (o ritmo da dança) exprime a distância.
Actualmente, há também um grande interesse pela linguagem dos golfinhos: os
golfinhos emitem sons para comunicarem uns aos outros a destreza, o pedido
de ajuda, a alegria, etc. O diálogo com os golfinhos, que se orientam perfei-
tamente na obscuridade total e circulam facilmente a profundidades variadas,
poderia fornecer-nos informações de uma utilidade prática evidente. Procura-se
também fazer “falar” os chimpanzés, mandar-lhes construir “frases”, etc.

Em suma, os sistemas de comunicação utilizados pelos animais e os sistemas não


verbais utilizados pelo homem, podem ser muito elaborados e é, finalmente uma
pura questão terminológica ou de definição, saber se se trata de “linguagens”.”

Texto traduzido e adaptado de F. Dubois-Charlier “Comment s’initier à la lin-


guistique”, livret 1, Larousse, pp 9 e 10.

38 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


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_________________________________________________________
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Confronte as suas respostas com as que a seguir lhe propomos.

Resposta

1. Palavras-chave: homens, animais, linguagem, comunicação.


2. Resumo do texto “A linguagem dos animais”

Os Homens utilizam o código verbal e o não verbal para se comunicarem entre si. Os
animais usam outros códigos: as abelhas usam a dança para transmitirem às outras a
localização de uma fonte de alimentos. Os golfinhos comunicam-se através de sons.

Há tentativas de fazer “falar” os chimpanzés e de levar a construírem frases.

Actividade 2

1) Com base no que você estudou, faça o que se pede:

a) O que é linguagem?

_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

Resumo 39
b) Quais são as duas modalidades básicas de linguagem? Caracterize-as.

_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

c) Dê dois exemplos para cada uma delas.

_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

d) Existe a possibilidade de num mesmo processo de comunicação haver a


associação destas duas modalidades de linguagem? Exemplifique.

_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

Resposta Comentada
1.a) É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas.
Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas
também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escri-
ta, não é verdade?
Então, a linguagem pode ser verbalizada e daí vem a analogia ao verbo. Assim, a lin-
guagem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve.
1.b) Linguagem verbal – aquela que utiliza todas as virtualidades da palavra e seus
significados. Já a linguagem não verbal, ao contrário da verbal, não utiliza o vocábulo. O
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está
pensando, mas de utilizar outros meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos,
objetos, cores, ou seja, os signos visuais.
1.c) Linguagem verbal – um texto escrito ou falado, uma carta, o diálogo, uma entre-
vista, uma reportagem no jornal ou na televião, um bilhete, etc.
Linguagem não verbal - o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão
vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o
bocejo, a identificação de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta da casa
de banho, as placas de trânsito.
1.d) A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como nos casos
de cartoons e anúncios publicitários.

40 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Actividade 3

2) Interprete as imagens:

a)

____________________________________________________

b)

Charge do autor Tacho

____________________________________________________

c)

____________________________________________________

d)

____________________________________________________

Resumo 41
e)

____________________________________________________

f)

____________________________________________________

Fotos de Sabrina Vilarinho


Graduada em Letras, Equipe Brasil Escola

Resposta Comentada
2.
a) Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
b) Exemplo de linguagem verbal (óxente – expressão popular brasileira) e não verbal
(sol, cactus, pinguim).
c) Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”, atrás “quebra-molas”.
d) Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário masculino”.
e) Imagem indicativa de “silêncio”.
f) Semáforo com sinal amarelo, advertindo “atenção”.

SUMÁRIO

• Conceito de resumo;
• Fases de elaboração de resumo;
• Exercícios de autoavaliação.

42 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


LIÇÃO 2

Objectivos

Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de resumir o texto
“Uso de portanto”.

1. A CONJUNÇÃO PORTANTO

Leia com atenção o texto.

O uso de portanto

Hoje toda a gente diz portanto. Toda a gente é talvez um exagero, uma
falta de rigor, mas toda a gente já reparou que muita gente diz portanto, a
torto e a direito. Sobretudo gente culta, ou tida como culta, vá-se lá saber
em muitos casos, por que bulas, mais nas cidades do que no campo polí-
ticos, militares, advogados, médicos, engenheiros, professores, estudantes,
jornalistas, escritores, todos dizem portanto, dando a ideia de que se trata de
palavra indispensável, ou pelo menos útil á comunicação.

Uma qualquer gramática da língua portuguesa ensina que portanto


é uma conjunção coordenativa conclusiva e acrescenta a lista que, noutros
tempos era debitada de cor e salteado ao menor aceno do professor: logo,
pois, portanto, por conseguinte, por consequência. Simples, portanto. As coisas
só se complicam (complicam é um modo de dizer…) com a crescente fre-
quência da palavra utilizada a propósito e a despropósito, mais a despropó-
sito, acrescente-se já a bem da verdade, inevitável como um tique, irritante
como uma espera na paragem de autocarro.

Afonso Praça, in Um Monumento de Ternura e Nada Mais, Lisboa, Editorial Notícias, 1995.

Resumo 43
Actividade 1

Agora que compreendeu o texto, resuma-o para, mais ou menos, 1/4 de dimen-
são do texto-fonte, tenha em conta as instruções transmitidas no início desta
unidade e observe os itens abaixo.

Na aula passada, vimos a técnica de resumo. Você tem agora uma oprtunidade
de treinar o que aprendeu. Tenha sempre presente os aspectos seguintes:

• conservar a ordem sequencial das ideias do texto original;

• salvaguardar o sistema de enunciação;

• reformular o discurso sem tomar posição, nem acrescentar algo;

• não copiar frases integrais do texto.

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_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
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_________________________________________________________
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44 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Muito bem! Confronte o seu trabalho com a proposta que lhe apresentamos
abaixo.

Resposta Comentada

A primeira etapa de um trabalho de resumo, como sabe, é a leitura do texto-fonte.


Causa perplexidade o actual uso despropriado que pessoas consideradas cultas, em
meios citadinos, fazem do portanto. Esta palavra parece ser indispensável, quando,
a maior parte das vezes, é inútil. É fácil compreender que se trata de uma conjunção
conclusiva e que só com esta função deve ser usada: no entanto, o erro tornou-se
compulsivo e incontrolado.

• Se chegou a um texto parecido, está no bom caminho. Mas se teve um texto muito
diferente, não desanime! Reveja os seguintes aspectos:

- Retire a maioria dos pormenores, exemplos poucos significativos, que servem para
explicar ou ilustrar os dados e as opiniões;
- Suprima as repetições e tudo que se insere no estilo pessoal do autor do texto;
- Mantenha apenas as conexões que exprimem a linha de raciocínio mais impor-
tante;
- Não empregue expressões como “ o autor pensa que…” ; o texto quer dizer
que…”; “ o autor mostra que…”; “ …diz que..”, etc.

Muito bem! Sublinhe os aspectos que não fazem parte do resumo e, em seguida , (re)
escreva o texto-resumo.

Resumo 45
Reflexão

Sistema de enunciação corresponde aos mecanismos de construção tex-


tual que definem a tipologia textual.

Ex. argumentação, exposição, narração, exposição-explicação..

2. CONECTORES

Os conectores, que muitas vezes são facilmente visíveis, no início


dos parágrafos, permitem captar o encadeamento lógico ou cronológico das
ideias do texto. Para trabalhar com os conectores na compreensão de um
texto, você deve conhecê-los bem. Então vai aí uma ajuda:

Assim como estas uniões na ewstrutura, há na Língua Portuguesa pa-


lavras que fazem a mesma função: conectar.

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/611874 - Julian Thomas

Os conectores podem ser:

• Conjunções coordenativas: pois, e, mas, ou, contudo…

• Conjunções subordinativas: como, quando, que(integrante), porque…

46 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


• Advérbios/Locuções adverbiais : seguidamente, em vão, de facto…

• Locuções conjuncionais: enquanto que, dado que, não obstante…

• Preposições: a, depois, antes, com, até, desde, excepto, salvo…

• Locuções prepositivas: pelo contrário, em favor de, perto de, a res-


peito de…

De certo, você notou que estas palavras, muito numerosas, têm sen-
tidos muito diferentes, entre os quais destacaremos: temporal, consecutivo,
concessivo, causal, copulativo. Vamos em conjunto rever esses aspectos:

(a) Temporal (o tempo)

• ao mesmo tempo; no momento em que; no momento de; depois;


em primeiro lugar; em segundo lugar; daí; enfim; em seguida; logo
que; quando…

Ex: Em primeiro lugar, ela aprendeu Inglês e, em seguida, conseguiu


arranjar um emprego em Londres.

(b) Consecutivo (consequência)

• De modo…que; de tal sorte…que; tanto…que; de maneira…que;


tão…que; eis a razão por que…; por consequência…

Ex: o resumo é um exercício difícil; eis por que é necessário treiná-lo.

(c) Concessivo (oposição/restrição)

• Pelo contrário, se bem que; no entanto; não obstante; apesar de; a menos que;
embora; ainda que; por mais que; ao passo que; posto que…

Ex: Por mais que se façam Leis para proteger as florestas, estas não
são respeitadas.

(d) Causal (causa)

Resumo 47
• Porque; por causa de; com efeito; dado que; visto que; já que; por esta ra-
zão: pois que; visto isso; por conseguinte; como; porquanto; por isso que…

Ex: Dado que o seu estado de saúde se agravou, ele não pôde fazer
viagem longa, pois que o médico lhe tinha proibido qualquer deslocação.

(e) Copulativo (adição de elementos)

• E, além disso; de mais; sobretudo; também…

Ex: Eles têm grandes despesas a fazer, sobretudo com a mudança de


casa no próximo mês.

Actividade 2

1) Identifique o valor dos conectores, utilizados nos períodos abaixo:

a) Tristeza e alegria não moram juntas.

_________________________________________________________

b) Os livros ensinam e divertem.

_________________________________________________________

c) Saímos de casa, quando amanhecia.

_________________________________________________________

d) O agricultor colheu o trigo e o vendeu.

_________________________________________________________

48 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


e) Não aprovo, nem permitirei essas coisas.

_________________________________________________________

f) Os livros não só instruem, mas também divertem.

_________________________________________________________

g) As abelhas não apenas produzem mel e cera, mas ainda polinizam as flores.

_________________________________________________________

h) Querem ter dinheiro, mas não trabalham.

_________________________________________________________

i) Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia.

_________________________________________________________

j) Não vemos a planta crescer, no entanto ela cresce.

_________________________________________________________

k) O exército do rei parecia invencível, não obstante foi derrotado.

_________________________________________________________

l) Os seqüestradores deviam render-se ou seriam mortos.

_________________________________________________________

m) As árvores balançam, logo está ventando.

_________________________________________________________

n) Você é o proprietário do carro, por conseguinte é o responsável.

_________________________________________________________

Resumo 49
o) Não solte balões, pois podem causar incêndios.

_________________________________________________________

p) Sofrem duras privações e não se queixam.

_________________________________________________________

q) “Quis dizer mais alguma coisa e não pôde.” (Jorge Amado)

_________________________________________________________

Resposta
1)
a) copulativo/aditivo;
b) copulativo/aditivo;
c) temporal;
d) copulativo/aditivo;
e) copulativo/aditivo;
f) copulativo/aditivo;
g) copulativo/aditivo;
h) adversativo;
i) adversativo;
j) adversativo
k) adversativo;
l) alternativo;
m) conclusivo;
n) conclusivo;
o) explicativo;
p) adversativo;
q) adversativo

2) Agora continue treinando o uso dos conectores e crie pequenos exemplos diversificados.

50 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


SUMÁRIO

• Resumo do texto: “O uso do portanto” ;

• Uso de conectores discursivos;

• Resoluçao de exercícios.

Autoavaliação

Agora que recapitulou o sentido dos conectores, vai, nas frases abaixo, identifi-
car o conector, estabelecer o sentido que tem em cada frase (tempo, causa,etc.)
usando palavras equivalentes. Reescreva cada uma das frases ( se necessário
altere a sua construção, mas mantenha o sentido).

Olhe, siga o modelo:

Modelo: Não fiquei a conhecer a cidade da Maxixe, se bem que lá tenha estado,
porque a minha estada foi muita curta.
• Se bem que = oposição/restrição;
• Porque=causa
• Não fiquei a conhecer bem Maxixe, apesar de lá ter estado, visto que a minha
estada foi muito curta.

1.
(a) Os rapazes chegaram ao estádio uma hora antes do jogo começar, porque
estavam demasiadamente ansiosos de ver jogar a selecção.
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

(b) Recordava alguns momentos da sua infância, enquanto ia vendo o filme


cujas personagens eram crianças.

________________________________________________________

Resumo 51
_________________________________________________________
________________________________________________________

(c) Ganhava bom dinheiro, além de se sentir feliz, com o trabalho que fazia.

________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

(d) Cumprida a pena, enfim seria livre.

________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

(e) Logo que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha volta era
totalmente desconhecido.

________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

(f) Era muito perspicaz: eis a razão por que dominava a situação.

________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

Resposta

Muito bem .Vamos rever as soluções. Se não chegou a estas resposta, não se aflija,
releia a lição e tente de novo.

1. (a) porque = causal


• Os rapazes chegaram uma hora antes do jogo começar, dado que estavam dema-
siadamente ansiosos por ver a selecção jogar.

(b) enquanto = temporal


• Recordava alguns momentos da sua infância, no momento em que ia vendo o
filme cujas personagens eram crianças.

52 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


(c) além de = copulativa (também conhecida como aditiva)
Ganhava bom dinheiro, e sentia-se feliz, com o trabalho que fazia.

(d) enquanto = temporal


cada vez que = temporal
Cumprida a pena, enfim seria livre.
• Após ter cumprido a pena, seria livre.
• Enquanto leio poesia, recupero o equilíbrio emocional.
Cada vez que eu penso, te sinto, te vejo...

(e) logo que = temporal


• Assim que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha volta era totalmente
desconhecido.

(f) eis a razão por que = consecutiva


• Era tão perspicaz, que dominou a situação.

Resumo 53
3
AS FICHAS DE TRABALHO
Ernesto Luís Guimino Júnior
Jerónimo Simão
Nobre Roque dos Santos
Orlando Bahule

Objectivo da unidade

Ao completar esta unidade, esperamos que você seja capaz de:


1. elaborar a Ficha Bibliográfica e Ficha de Leitura.

Introdução da unidade

Na Unidade 1, vimos que a Tomada de Notas tem por objectivo re-


transmitir um conjunto de informações, preservando integralmente o senti-
do da mensagem numa reformulação mais precisa e económica.

Na Unidade 2, aprendemos a técnica de resumo, que consiste em criar


um novo texto mais condensado, que utiliza as informações mais importantes
do texto de base, quer dizer, o resumo é uma técnica que reelabora o escrito
de base, reduzindo-lhe o cumprimento, mas esforçando-se por ser mais objec-
tivo, ou seja, consiste em pegar num texto pelos seus pontos principais, pelos
seus dados de conjunto e transmiti-lo, através de um outro, que é a redução
do original.
Assim, depreende-se que na nossa vida estudantil ou profissional te-
mos a necessidade de elaborar trabalhos ou documentos que até certo ponto
dependem de fontes já existentes: é necessário, pois, recolhê-las, seleccioná-
las e sistematizá-las.

Estrutura

Nas quatro aulas que compõem esta unidade, você terá a oportunida-
de de aprender a Ficha Bibliográfica e de Leitura, etc.
LIÇÃO 1 – A FICHA BIBLIOGRÁFICA

Objectivos

Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de:


• identificar os elementos de uma publicação/da ficha bibliográfica;
• elaborar ficha bibliográfica de livros, de artigos de livros e de revistas, etc.

1. A FICHA BIBLIOGRÁFICA É UM INSTRUMENTO


UTILIZADO NA REDAÇÃO DE TESES E OUTROS
TRABALHOS, E CONTÉM INFORMAÇÕES DE CADA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CONSULTADA

Seu objetivo é facilitar a localização de informações sobre cada refe-


rência que será utilizada na redação do trabalho. Através dos dados coleta-
dos, pode-se, por exemplo, comparar a casuística, os resultados e as conclu-
sões de diversos autores sem a necessidade de manipular um grande volume
de revistas, livros ou cópias.

As fichas bibliográficas devem ser confeccionadas à medida que os


textos são lidos, evitando acumulá-los e facilitando as inevitáveis compara-
ções entre os resultados e conclusões de cada trabalho lido, que sejam rele-
vantes para a pesquisa.

Actualmente o computador pode facilitar bastante esta fase do traba-


lho, por permitir a criação de fichas da mesma forma que com papel e cuja
consulta é extremamente rápida.

Para começarmos esta lição, tentemos responder à questão a seguir:

As fichas de trabalho 57
2. QUE ELEMENTOS PERMITEM IDENTIFICAR UM
LIVRO OU UMA PUBLICAÇÃO?

• Veja a capa, a folha de rosto, leia as “orelhas”, vá à ficha técnica do


livro e procure nesses espaços os elementos que lhe permitem
identificar o livro.

• Anote-os numa folha à parte.

• Muito bem! De certo que chegou aos seguites elementos:

Elementos da ficha bibliográfica de um livro:

• Título - subtítulo da obra;

• n° de edição;

• nome e apelido do autor;

• data de edição (ano);

• local de edição (cidade);

• editor;

• volume;

• colecção.

Se não conseguiu chegar a estes elementos, não desanime, pois a se-


guir terá um exemplo na actividade um.

Reflexão

Ficha Técnica vem a ser os elementos constantes no verso da página do


rosto da obra, contendo informações diversas, tais como: o número de
exemplares, a oficina gráfica, o autor, a editora, o número de edição, ano
da publicação, cidade etc..

58 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Actividade 1

Imaginemos que os dados abaixo sejam referentes à obra A Escrita infinita:

• título da obra: A Escrita Infinita;

• n° edição – 1ª;

• nome e apelido do autor – Francisco Noa;

• ano de edição – 1998 ;

• local de edição – Maputo;

• editor – Imprensa Universitária da UEM;

Agora sequencialize-os em forma de Ficha Bibliográfica.

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_________________________________________________________

Resposta Comentada

Lembre-se das normas, de certo que sabe que se começa com APELIDO, Nome(s)... É
isso mesmo, continue.
Terminou? Agora confronte com a Ficha Bibliográfica abaixo.
NOA, Francisco. Escrita infinita. Maputo. Imprensa Universitária da UEM, 1998.

Actividade 2

Que regras se podem deduzir da ficha do livro que acabámos de escrever, no


concernente à ordenação desses itens e aos sinais de pontuação empregues?

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As fichas de trabalho 59
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Resposta Comentada

Apresentação de referências de livros, folhetos, relatórios, etc. considerados no todo


(obras de um só autor):
(i) APELIDO (maiúsculas), Nome.
(ii) Título: subtítulo (se houver) com caracteres destacados (itálico).
(iii) Número da edição (a partir da segunda edição, indicado em algarismos arábicos,
seguido de ponto e abreviatura da palavra edição).
(iv) Cidade de publicação (se não consta: SL).
(v) Editora (sem a indicação ou abreviatura da palavra edição),
(vi) Número do volume.
(vii) Ano da edição.
(viii) Número de páginas(facultativo).

60 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Reflexão

No caso de serem até três autores, o formato é: lista dos apelidos dos
autores, confrome a sequência apresentada na publicação, seguidos pelos
respectivos nomes ou abreviaturas destes, se na publicação aparecerem
abreviados. O resto é semelhante ao formato de um só autor.

Ex: CARLTON,J.T., SMITH, R. e WILSON, R.B.. Light’s Manual: intertidal


Invertebrates of the Central California Coast. 3ed. California, University of
Calfornia Press.1975.

1. no caso de serem mais de três, o formato é: Apelido do primeiro


autor seguido pela respectiva abreviatura e acrescenta-se et. al. o
resto é também semelhante aos casos anteriores.

Exemplo: PIRES, C., et al.. Pit-building and food ressources of antlions


(Myrmeleontidae). Zoology 101. Rostock University Press, Suppl. I, 1998.

3. PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS CONSIDERADAS


COMO UM TODO

• NOME da REVISTA ou JORNAL (em maiúsculas). Editor da re-


vista. Número do volume. Local de publicação (cidade). Ano de
publicação. periodicidade.

Ex: CONTACTO. Revista Especializada em Assuntos Educacionais.


MINED (Ed.). Vol. II. Maputo. 1998 (Revista Semestral).

Vezes há em que não lemos o livro/revista todo (a,) mas apenas artigos
ou capítulos do mesmo autor responsável pelo livro/revista, ou doutro autor,
inserido na publicação. Preste atenção ao que lhe apresentamos a seguir.

1. Ficha de artigos/capítulos de livros, no caso de o autor do artigo


ser diferente do responsável pelo livro, o formato é:

• APELIDO, Nome (nome(s) do autor do artigo), “Título do arti-


go/capítulo” (entre aspas). in: Apelido, (do responsável pelo livro e
seguido de nome). Título do livro. Subtítulo do livro (se for o caso).
Edição. Local de publicação (cidade). Editora. número do volume.
ano de publicação. página inicial e final do artigo/capítulo.

As fichas de trabalho 61
Ex: BUENDIA, Miguel. “Democracia, Cidadania e Educação”. In:
Mazula, Brazão (ED): Eleições, Democracia e Desenvolvimento. 2ed. Maputo.
Livraria Universitária-UEM.1995. pp343-374.

2. Artigos de revistas/publicações periódicas:

• APELIDO, Nome (abreviatura do nome do autor do artigo). “Título


do artigo” (entre aspas ), in: NOME da REVISTA ou JORNAL (em
maiúsculas). Editor da revista. Número do volume. Local de publica-
ção (cidade). Ano de publicação. periodicidade, número das páginas
em se insere o artigo, eventual número da série.

Ex: SIMÕES, Oliveira. “As casas para operários. In: A VOZ DO


OPERÁRIO. Lisboa 1913. semanário, p.1.

O que é, então, uma ficha bibliográfica?

• Baseando-nos nas actividades realizadas nesta aula, podemos de-


duzir que:

3.1 Ficha Bibliográfica

É o conjunto de elementos devidamente ordenados, que permitem a


identificação da publicação no todo ou em parte.

3.2 Referências bibliográfica

São citadas em lista própria, incluindo nelas fontes efectivamente


utilizadas na elaboração do trabalho.

3.3 Bibliografia

É uma lista de documentos que, embora não citados ao longo do tex-


to, foram consultados e dão uma informação suplementar sobre o tema.

62 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Autoavaliação

Você tem agora uma oportunidade de verificar até que ponto compreendeu e
fixou o que acabámos de discutir. Para isto, resolva o que lhe propomos.

Atividade de aplicação

1. Escreva a ficha bibliográfica dos documentos abaixo, utilizados na produção


de um relatório por um estudante da Universidade Pedagógica.

(i) Emília Amor; Lisboa; 1999; texto Editora; Didáctica do Português, Funda-
mentos e Metodologias; 5ª edição.

(ii) Maputo; Português no Ensino Básico; INDE; Estratégias e exercícios; Per-


pétua Gonçalves e Maria João Carrilho; 1ªedição; 2004.

• Organização: Inês Duarte e Isabel Leiria “A importância dos materiais curricula-


res em contextos de ensino-aprendizagem do Português”; por Fátima Sequeira;
pp-59-76; Congresso internacional sobre o Português. Actas; Lisboa, Volume II;
1996, Edição- APL e Edições Colibri.

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As fichas de trabalho 63
Resposta

Muito bem! Vai conferir, no quadro abaixo, as suas respostas. Note que no primeiro
caso tratava-se de um livro de uma só autora; no segundo um livro de dois autores; e
no último caso um artigo de livro de duas organizadoras/coordenadoras.

1) AMOR, Emília. Didáctica do Português, Fundamentos e Metodologias. 5ª ed.. Lisboa.


Texto Editora.1999.
2) GONÇALVES, Perpétua & DINIZ, Maria João. Português no Ensino Básico: Estraté-
gias e exercícios. Maputo. INDE. 2004.
3) SEQUEIRA, Fátima. “ A importância dos materiais curriculares em contextos de
ensino-aprendizagem do Português”. In: DUARTE, Inês. & LEIRIA, Isabel. Congresso
internacional sobre o Português. Actas. Lisboa. APL e Colibri.V.II, 1996,pp59-76.

Óptimo! caso tenha ainda algumas dúvidas releia a lição acabada de estudar e prati-
que com os seus colegas.

SUMÁRIO

Estudo da Ficha Bibliográfica de livros e de artigos de livros e revistas.

64 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


LIÇÃO 2 – FICHA DE LEITURA

Objectivos

Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de:


• identificar a motivação e os elementos da Ficha de Leitura;
• elaborar Ficha de Leitura de acordo com as normas estabelecidas.

Introdução

Ao dar início a sua vida universitária, certamente que você já se aper-


cebeu de que o seu sucesso depende do domínio de um conjunto de técni-
cas de estudo e de exigências específicas. Novas posturas diante de novas
tarefas serão solicitadas a você. Daí a necessidade de assumir prontamente
essa situação e de tomar medidas adequadas para enfrentá-las.

É óbvio que o conjunto das suas posturas de estudo devem mudar


radicalmente, embora explorando tudo o que de correcto aprendeu nas clas-
ses anteriores. Assim, refere-se, geralmente, a seis problemas na iniciação ao
Ensino Superior, na óptica do estudante, a saber:

i) como organizar o tempo;

ii) a leitura;

iii) como sublinhar e tirar apontamentos;

iv) esquematizar e memorizar;

v) fazer pesquisa;

vi) as apresentações públicas.

As fichas de trabalho 65
Como se pode ver, o saber ler e fazer notas/apontamentos (sobre-
tudo no caso de ensino à distância) constitui a base de sucesso dos estudos
universitários. Uma das técnicas que permite facilitar a busca/recuperação
do material lido, do conteúdo seleccionado como fundamental, é a elabora-
ção da chamada ficha de leitura ou a de documentação. Todavia, como vere-
mos no desenvolvimento desta lição, a elaboração deste tipo de fichas exige
o domínio da técnica de tomada de notas (vista na unidade 1), a técnica de
resumo (unidade 2) e ainda a correcta referenciação bibliográfica (unidade
3). Por isto, antes de entrarmos para esta lição releia, de forma rápida, o que
aprendemos nessas unidades.

1. FICHAMENTO

É o registo (feito em fichas ou caderno) que indica todas as referên-


cias sobre a obra, como o nome do(s) autor(es), título e subtítulo, edição,
editora, ano de publicação e outros dados, e também anotações de interesse
para o trabalho, como resumos, sínteses das ideias e citações literárias rele-
vantes. É um instrumento importante, pois é resultado da leitura realizada,
do entendimento da obra (ou parte dela) e é o registo do que vai ser utiliza-
do na redacção final do trabalho.

Muito bem! Viu que na lição anterior nos referimos, dentre outros
aspectos, à importância da produção de fichas. Na altura, sublinhámos que
estas permitiam salvaguardar as fontes consultadas, reler, aprofundar de-
terminados assuntos e, ainda, permitiam a busca da obra, etc. Nesta lição,
vamo-nos debruçar sobre o estudo da ficha de leitura.

2. QUE ELEMENTOS FAZEM PARTE DA FICHA DE


LEITURA? COMO OS DISPOR?

• Vamos, em primeiro lugar, analisar um exemplar de Ficha de Leitura:

66 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Referências
a)
Tema:

Pg. Notas/Resumo Observações

2.1 Classificação da obra (conto, romance, ensaio,


etc.)

• Muito bem! Da observação do esquema, certamente que você foi


capaz de identificar os seguintes elementos:

- Referência bibliográfica;

- Classificação da obra (científico, romance, ensaio, etc.);

- Tema/unidade/ capítulo;

- pg/pp consultada(s)

- notas/resumo/palavras-chave

- observações.

• Óptimo! Você está no bom caminho.

Reflexão

Na Ficha de Leitura, também designada de Ficha de Conteúdo, devem


reproduzir-se as notas tomadas, seguindo a sequência do texto original, se
for um livro/texto científico..

As fichas de trabalho 67
3. DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Num artigo de divulgação científica, que apresenta aspectos secun-


dários, deve-se tirar as ideias principais, agrupando as ideias que normal-
mente não estão ordenadas e não seguem a sequência do texto.

Leia o texto abaixo:

A Documentação como Método de Estudo Pessoal

O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são


plenamente eficazes somente quando criam condições para uma contínua
e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A assimilação,
por vezes, precisa ser qualitativa e inteligentemente selectiva, dada a com-
plexidade e a enorme diversidade das várias áreas do saber atual.

Daí a grande dificuldade encontrada pelos estudantes, cada dia


mais confrontados com uma cultura que não cessa de complexificar-se
e se utilizar de acanhados métodos de estudo que não acompanham, no
mesmo ritmo, a evolução global da cultuara e da ciência. Alguns acreditam
que é possível encontrar na própria tecnologia os recursos que possibili-
tam superar tais dificuldades da aprendizagem. Os recursos milagrosos da
tecnologia, no entanto, estão ainda para ser criados e testados; os métodos
académicos tradicionais, baseados na assimilação passiva, já não fornecem
nenhum resultado eficaz.

O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma


tarefa eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que
encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir
do qual constitui toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que lhe pro-
porciona instrumentos de trabalho criativo em sua área. É inútil retorquir
que isto já é óbvio para qualquer estudante. De fato, nunca se agregou tanto
como hoje a importância da criatividade nos vários momentos da vida esco-
lar. Mas o facto é que os hábitos correspondentes não foram instaurados e,
na prática de ensino, os resultados continuam insatisfatórios.

Fonte: SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. rev. ampl.
S.Paulo. Cortez. 2002.pp35-36

68 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Actividade 2

Após a leitura do texto anterior, vamos produzir a respectiva Ficha de Leitura.

Para o efeito, podemos tomar notas/apontamentos no próprio texto, subli-


nhando as palavras-chave, as ideias mais importantes, escrevendo nas margens
títulos-resumos/pequenas sínteses.

Exemplifiquemos com o próprio texto (1° parágrafo).

O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamen-


te eficazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva
assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A assimilação, por vezes, precisa
ser qualitativa e inteligentemente selectiva, dada a complexidade e a enorme
diversidade das várias áreas do saber actual.

Óptimo! Continue até ao fim do texto. Agora, confronte com a proposta abaixo:

Daí a grande dificuldade encontrada pelos estudantes, cada dia mais confron-
tados com uma cultura que não cessa de complexificar-se e se utilizar de aca-
nhados métodos de estudo que não acompanham, no mesmo ritmo, a evolução
global da cultuara e da ciência. Alguns acreditam que é possível encontrar na
própria tecnologia os recursos que possibilitam superar tais dificuldades da
aprendizagem. Os recursos milagrosos da tecnologia, no entanto, estão ainda
para ser criados e testados; os métodos académicos tradicionais, baseados na
assimilação passiva, já não fornecem nenhum resultado eficaz.

O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa emi-


nentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que encontra no en-
sino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir do qual constitui
toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que lhe proporciona instrumentos
de trabalho criativo em sua área. É inútil retorquir que isto já é óbvio para qual-
quer estudante. De fato, nunca se agregou tanto como hoje a importância da
criatividade nos vários momentos da vida escolar. Mas o facto é que os hábitos
correspondentes não foram instaurados e, na prática de ensino, os resultados
continuam insatisfatórios.

As fichas de trabalho 69
Muito bem. Se não chegou a estas conclusões, não desanime, já que as notas são
pessoais. Reveja as palavras/ideias-chave seleccionadas.

Em conjunto, vamos produzir a respectiva Ficha de Leitura do texto.

“A Documentação como Método de Estudo Pessoal”

De certeza que reparou que podíamos reduzir ainda mais o nosso texto.

Ref. SEVERINO, António .Joaquim. Metodologia do trabalho


científico. 22ª ed. rev. ampl.. S.Paulo. Cortez. 2002. a) Livro técnico
científico
Tema: Métodos de Estudo

Pg.§ Palavras chave / Notas Obs.


35, Estudo+aprendizagem eficazes quando permitem con-
1°§ tínua + progressiva assimilação conteúdos estudados.
Assimilação tem ser qualitativa + selectiva, _ comple-
2°§ xidade diversidade saber atual.
36 Dificuldade estudantes métodos estudo não acompa-
3°§ nham evolução cultuara + ciência.
Aprendizagem tarefa pessoal; transformar ensino
escolar limiar estudo + pesquisa, importância criativi-
dade vida escolar.

Todavia, é importante que as notas tomadas sejam perceptíveis.

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70 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


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Resposta

Verifique agora se você seguiu os seguintes passos:


• escreveu correctamente a ficha bibliográfica;
• identificou o tema do texto e a respectiva classificação;
• indicou os parágrafos na margem esquerda e as respectivas notas/resumos pla-
vras-chave.

Finalmente, se teve de fazer quaisquer observações (opcional).

Se não tiver seguido estes passos ou chegado a estas notas, então releia uma vez mais
a lição toda e preste particular atenção ao exemplo da ficha de leitura proposta no
início da lição.

Autoavaliação

Produza a Ficha de Leitura do texto que se segue:

Seminário

É uma forma de apresentação oral de trabalhos académicos, individuais ou gru-


pais, que pode contar com o auxílio de recursos audiovisuais para ilustrar a
exposição (slides, transparências, etc.)

As fichas de trabalho 71
O objectivo de se promover esta forma de apresentação é levar o aluno a
defender determinadas ideias e construir argumentos próprios, durante os
debates e discussões, que são os eventos principais que caracterizam um ver-
dadeiro seminário.

Figura 1.5: Assistindo a um Seminário.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/525915 – Griszka Niewiadomski

Esta forma de apresentação é comumente solicitada nos cursos de graduação,


mas, na maioria das vezes, estes seminários são montados e apresentados er-
roneamente. Fazer um seminário não é transferir ao aluno a incumbência de
transmitir conteúdos que deviam ser trabalhados pelo professor. Numa palavra:
o aluno não pode dar aula no lugar do professor!

Seminário também não é a apresentação passiva, às vezes decorada ou lida, em


que o aluno apenas reproduz ideias de um texto ou autor.

Então, como se estrutura um seminário? Em primeiro lugar, os componentes de-


vem ser todos igualmente, conhecer e estudar o material que trata do assunto
a ser abordado - nada de dividir o texto em partes e atribuí-las aos membros
do grupo, para acabar transformando a apresentação num “jogral” enfadonho e
sem sentido.

Em segundo lugar, as reuniões do grupo devem objectivar o entendimento do


conteúdo do trabalho e sua discussão. Isto deve ser registrado, por escrito ou
gravado, pois refere ao aspecto mais importante do seminário. Um seminário

72 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


exige debate, interlocução, envolvimento, intervenção, por isto, as reuniões são
fundamentais, pois é nelas que emergem as discussões que devem ser expostas
e exploradas na apresentação.

Por último, ressaltamos que, não necessariamente, todos os membros do grupo


devem expor o trabalho, já que se pressupõe que a exposição é apenas a forma
de apresentação de algo produzido nas reuniões do grupo. Muitas vezes, apenas
um ou alguns integrantes da equipe, com mais desenvoltura para falar publica-
mente, garantem a boa apresentação do seminário. Afinal, devemos lembrar que
há ouvintes, mesmo que poucos, que não podem ser submetidos a ficar assistin-
do a uma exposição passiva e fragmentada de um conteúdo. Ao contrário, estes
devem ser envolvidos na discussão do trabalho.

CARVALHO, Ruy et.al. Aprendendo Metodologia científica: uma orientação para os


alunos de graduação. S. Paulo. Nome Rosa. 2000. pp.89-91
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As fichas de trabalho 73
Resposta Comentada

Mais uma vez, verifique se você seguiu os seguintes passos:


• escreveu correctamente a ficha bibliográfica;
• identificou o tema do texto e a respectiva classificação;
• indicou os parágrafos na margem esquerda e as respectivas notas/resumos plavras-chave.

Finalmente, se teve de fazer quaisquer observações (opcional).

Se não tiver seguido estes passos ou chegado a estas notas, então releia uma vez mais
a lição toda e preste particular atenção ao exemplo da ficha de leitura proposta no
início da lição.Volte a praticar.

SUMÁRIO

• Estudo da Ficha de leitura.

• Exercícios de aplicação.

74 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


4
TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO
Ernesto Luís Guimino Júnior
Jerónimo Simão
Nobre Roque dos Santos
Orlando Bahule

Objectivos da unidade

Ao terminar esta unidade, esperamos que você seja capaz de:


1. analisar textos expositivos-explicativos, nos níveis iconico, discursivo
e linguístico.

Introdução da unidade

A compreensão é uma das condições básicas para a fixação, ordena-


ção, categorização, domínio e uso funcional do conhecimento interiorizado.
Vem esta máxima, diga-se necessária, a propósito do “novo” tema que lhe
propomos estudar: o texto “Expositivo-Explicativo”.

Estrutura

Nas aulas desta unidade, você terá a oportunidade de analisar textos


expositivo-explicativos nos níveis icónico, discursivo e linguístico.
LIÇÃO 1

Objectivos

Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de:


1. identificar as caracteríticas específicas do texto expositivo-explicativo;
2. analisar o texto expositivo-explicativo, tendo em conta o nível
icónico, discursivo e linguístico.
3. produzir textos desta natureza sobre temas da sua especialidade.

1. CARACTERÍSTICAS DO TEXTO EXPOSITIVO-


EXPLICATIVO

Na designação tipológica do texto, foram justapostos dois vocábulos


adjectivados: “expositivo”, derivado de “exposição” e “explicativo”, que ad-
vém de “explicação”. É, pois, a partir destes dois fragmentos que julgamos
ser necessário dar início à explicação e compreensão do termo “Expositivo-
Explicativo”, enquanto tipologia textual, sua natureza, características, fun-
cionamento e finalidade.

Antes, atentemos para os dois termos de per se: expositivo/exposição


– é a apresentação da totalidade do que se refere a uma questão ou proble-
ma, de forma a que os ouvintes ou leitores a quem se dirige, adquiram um
conhecimento global. Explicativo/explicação – parece-nos tão evidente e
para si também que explicar é um acto comum e, por isso, corriqueiro, pois
no dia a dia, na escola, no local de trabalho, etc., seja qual for o significado
que lhe queiramos conferir, conforme os campos do saber, que se centra
num objectivo final, o “fazer compreender”.

Assim, existe determinado tipo de textos, principalmente os que se


destinam a divulgar conhecimentos científicos, que parecem, à primeira vis-
ta, extremamente obscuros e de difícil compreensão. Este factor deve-se à
utilização de terminologias científicas, instrumento criado não para preju-

Texto expositivo-explicativo 77
dicar a compreensão, mas para exprimir, com maior precisão, os fenómenos
estudados. A exposição do saber e a explicação do saber transmitido consti-
tuem objectivos desta tipologia textual.

2. QUAL É A NATUREZA DO TEXTO EXPOSITIVO-


EXPLICATIVO?

Pretendemos que compreenda que o que determina a configuração


deste tipo de texto é a relação que se estabelece entre o Sujeito/Emissor e
o Receptor. Por isto, a função comunicativa do texto expositivo-explicativo
é a de transmitir conhecimentos (informar) e a de clarificar e explicar “pro-
blemas” com a finalidade de tornar explícitos processos, relações, etc. É nes-
ta base que se afirma que os textos teóricos, nomeadamente os pedagógicos,
didáctico-científicos são expositivo-explicativos.

Convidamos você, desde agora, a prestar particular atenção aos vá-


rios aspectos que caracterizam o texto expositivo-explicativo:

3. CARACTERÍSTICAS SITUACIONAIS

Que situações originam a produção de um texto expositivo-explicativo?

Não nos deteremos na apresentação e explicação exaustiva de todas


as possíveis situações concorrentes à produção desta tipologia textual, mas
exemplificaremos com uma única e suposta situação:

Imaginemos que Haja um problema da ordem do saber.

Perante esta situação, alguém ou um grupo de indivíduos investiga


ou resolve o problema e decide comunicar aos outros a solução encontrada,
com o objectivo de modificar (aumentando... corrigindo... clarificando...) a
percepção que os outros têm do real. Portanto, este sujeito ou indivíduos
“farão saber” e “farão compreender” algo antes mal entendido ou não sufi-
cientemente comprendido.

Por essa razão, afirma-se que o texto expositivo-explicativo questio-


na o mundo sob duas perspectivas:

78 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Primeira, a investigação de uma evidência.

Ex. “A escrita evoluiu ao longo dos tempos”.

Trata-se de uma evidência que pode ser problematizada pela nobre


vontade de se procurar saber sobre o “COMO” e o “PORQUÊ” da evolução.

Então, construir-se-á um texto com a intenção de procurar saber/


conhecer os vários tipos de escrita havidos e procurar compreender as motiva-
ções do seu surgimento e as modificações operadas ao longo do tempo.

Segunda, a existência de um paradoxo.


Ex. “A lua, com luz própria, ilumina as noites de verão”.

Figura 1.6: A Lua iluminando o Planeta Terra.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1077599 –
Michael Lorenzo

Supomos que estudou o sistema solar e, por isso, facilmente dedu-


zirá a contradição patente na premissa acima. Ora, perante esta situação
e como resultado da experiência, estamos realmente perante um facto
incompatível com o sistema estabelecido de explicação do sistema solar,
foco principal do paradoxo.

Assim sendo, construir-se-á um texto expositivo-explicativo sobre o “Sis-


tema solar – planetas e astros”, o qual fará saber a tipologia dos planetas e fará
compreender que certos astros possuem luz própria enquanto que outros não.

Texto expositivo-explicativo 79
Em suma, o texto expositivo-explicativo é aquele cuja intenção e ob-
jectivo de comunicação é fazer saber e fazer compreender, isto é, o que forne-
ce informações a um receptor que se supõe não as possuir, embora se possa
considerar que um conjunto de informações de base são já conhecidas.

4. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

Para facilitar a sua compreensão, o texto expositivo-explicativo apre-


senta, geralmente, a seguinte organização retórica (a retórica é a arte de bem
falar e bem escrever, um conjunto de regras relativas à eloquência):

4.1 Momento de questionar (introdução)

Corresponde, geralmente, à delimitação do tema, onde se faz refe-


rência aos antecedentes e apresenta-se o estado da questão. Este objectivo
concretiza-se através da designação, denominação, definição ou composi-
ção dos termos ou elementos.

4.2 Momento de resolução (desenvolvimento)

Compreende o corpo do texto. Nele se apresentam os dados de forma


sistemática, interligando-os. O articulado é caracterizado por raciocínio lógico,
ou seja, a demonstração com enunciados que encerram os resultados, a sua des-
crição e caracterização, as transformações e o(s) processo(s) verificado(s).

4.3 Momento de conclusão

Não necessariamente presente em todos os textos, mas havendo, ele


deverá decorrer do questionamento inicial e será apresentado sob a forma
de apelo, persuasão ou recomendação a ser observada pelos interessados,
modificando a sua atitude inicial.

Mas atenção! Esta ordem de discursivização nem sempre se apre-


senta de forma linear, isto é, o texto poderá ir da questão à resolução ou
apresentar a conclusão logo no início e encadearem-se, de seguida, os enun-
ciados que concorrem para a prova dessa conclusão.

80 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


5. ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA

Retornando ao que dissemos no início deste texto (justaposição dos


termos expositivo-explicativo), pode-se deduzir que no plano discursivo,
este tipo de textos constituir-se-á de segmentos expositivos que alternam dis-
cursivamente com segmentos explicativos.

Mantendo a mesma linha de pensamento, compreenderá também que


os segmentos de exposição ou, se quiser, expositivos correspondem à sucessão de
informações que têm por finalidade “fazer saber” e “fazer conhecer”; enquanto
que os segmentos de explicação ou simplesmente explicativos, visam “fazer com-
preender” o “porquê?” e o “como” de um processo ou de uma relação.

Mas há mais, é que, devido ao seu carácter didáctico-informativo, o


texto expositivo-explicativo é também suportado por segmentos metadiscur-
sivos. Estes segmentos são assim designados pelo facto de o sujeito enuncia-
dor servir-se deles para marcar explicitamente uma articulação no discurso,
sempre que pretender, dentre outras intenções:

• Anunciar o que vai ser dito (em seguida, iremos analisar…);


• Resumir o que se disse (como acabámos de referir…);
• Antecipar o que vai ser dito (aparelhagem de títulos, subtítulos, nu-
meração, etc.)
• Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, ne-
grito, etc.).

6. CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS

Lembrando-se do que também já dissemos anteriormente, a finalidade


deste tipo de texto é “fazer compreender”. E como não deixaria de ser, qualquer
tipologia textual reger-se-á por princípios linguísticos que a caracteriza e distingue
das demais tipologias. No caso vertente, o texto expositivo-explicativo apresenta
geralmente uma linguagem objectiva, clara e simples.

Por outro lado, articula os factos constitutivos do acontecimento ou


do problema, ligando-os a outros factores de causa, finalidade, consequên-
cia; introduz nexos lógicos entre factos e elementos justapostos; mostra re-
lações entre factos, acções, intenções; numa abordagem lógica, cronológica,
sequencial, funcional... aspectos, partes, elementos de um todo.

Texto expositivo-explicativo 81
É tendo em vista a harmonização destes aspectos todos que o texto
se compõe essencialmente de três categorias de enunciados:

Enunciados expositivos – que se caracterizam pela ausência de marcas


gramaticais da primeira e segunda pessoas, cuja intenção é não fazer trans-
parecer a presença do sujeito enunciador; pelo uso do presente e do pretéri-
to perfeito do indicativo e pelo recurso à forma passiva.

Queremos apenas lembrar que, às vezes, também ocorrem enun-


ciados descritivos que, por se situarem numa perspectiva históri-
ca, se apresentam no pretérito perfeito simples ou composto, ou
no pretérito imperfeito do indicativo.

Enunciados explicativos – os que são caracterizados pela recorrência a


construções de detalhe, visando facilitar a compreensão do fenómeno ou do
estado de coisas recorrendo, por isso, a comparações e reformulações parafrás-
ticas como (à semelhança de...; tal como...; isto é…; quer dizer…; ou seja…).
São igualmente caracterizados pelo uso de asserções afirmativas ou negativas.

Quando o enunciador antecipa as hipóteses que poderiam


ser formuladas pelo enunciatário, ou quando relembra cer-
tas explicações anteriores, mas segundo ele inaceitáveis, é
frequente a ocorrência do condicional.

Enunciados “balizas” – permitem que o enunciador comente o desen-


rolar dos acontecimentos. São caracterizados pelo uso dos pronomes (nós…
se…); por fórmulas de imperativo (observemos…!; analisemos…!); por
verbos no futuro (começaremos por…); pelo uso de deíticos temporais
(primeiro…, segundo…, agora…, finalmente…). Também é frequente, na
passagem de uma etapa para outra, assinalar-se de forma redundante: por
um recordar do que foi dito (depois de termos…); ou por um anunciar do
que vai ser desenvolvido (propomo-nos agora…).

Saiba que um dos objectivos da redacção, isto é, da produção escrita


é alcançar a coesão e a coerência textual, através da harmonização de di-
versos planos, operações e recursos na construção e funcionamento de um
texto. Deste modo, por forma a manter a coerência e progressão textuais, o
texto expositivo-explicativo socorre-se de:

a) Substituições nominais – consistem na escolha ou eleição de um vo-

82 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


cábulo mais adequado às características do objecto referenciado.
Por exemplo, entre casa, palhota, aposentos, residência, lar, aparta-
mento e mansão, o emissor escolherá o vocábulo que melhor se
adequar ao estado de coisas descrito, já que não é indiferente dizer
palhota no lugar de mansão.

b) Nominalizações – (derivação/transposição de uma palavra ou


classe de palavra para a classe dos nomes) permitem condensar,
em certos casos, o que foi dito, compactando um conjunto de
informações que em seguida se tornam no tema central do dis-
curso. Elas asseguram uma determinada orientação da reflexão.
São geralmente os nomes, os adjectivos e ainda uma subclasse de
advérbios que admitem a integração de formas derivadas, dando
origem a nominalizações.

Real (adjectivo) Realidade (nome)

Legal (adjectivo) Legalização (nome)

Fingir (verbo) Fingimento (nome)

Definir (verbo) Definição (nome)

Veja-se um exemplo: “diariamente são lançados aos mares detritos


de vários tipos quer através de redes de esgotos, quer directamente (...)”,
podendo levar à morte (...). Toda esta informação entre aspas poderia ser
compactada pela nominalização da forma verbal destacada em itálico, as-
sim: Estes lançamentos podem levar à morte todos os seres que se desenvol-
vem nesses ambientes.

c) Orações relativas – do ponto de vista sintáctico, funcionam como


um meio de expansão do nome, restringindo o campo das repre-
sentações. As orações relativas servem, algumas vezes, para foca-
lizar a atenção sobre um determinado traço, outras vezes, como
meio de apresentação de informações novas e necessárias para
uma visão mais completa da representação do real.

Tal como no caso anterior, convidamo-lo a prestar atenção ao extrac-

Texto expositivo-explicativo 83
to seguinte: “O tempo quente, que se tem feito sentir nos últimos tempos, con-
corre para a escassez de água na cidade de Maputo e arredores”. Certamente
que é capaz de entender, olhando para a frase destacada, que a falta de água,
no período em referência se deve à estiagem e não a quaisquer outros fac-
tores. É pois a oração relativa que por um lado expande o antecente “tempo
quente”, por outro, restringe o campo das representações.

d) Reformulações parafrásticas – desempenham um papel importante


nos textos expositivos-explicativos, pois são um meio de aclarar o
que é dito e orientar a compreensão do destinatário.

Para uma melhor compreensão, vejamos uma vez mais, um exemplo:


“As depressões tropicais que geralmente assolam o litoral de Moçambique, dei-
xam quase sempre centenas de famílias sem abrigo, (ou seja, ou melhor, isto é,
por outras palavras…) telhados e casas de construção precária e não só vão pe-
los ares”. Portanto, qualquer uma das expressões entre parênteses visa aclarar
o que se disse anteriormente.

e) Conectores – estabelecem as conexões existentes entre as diver-


sas partes do texto numa sucessão lógica do discurso. Por isto, a
necessidade de dissociação dos objectos do discurso obriga ao
enunciador a marcar as relações existentes entre as diversas par-
tes do discurso. Por exemplo (primeiro…, em seguida…) entre
outros, são meios que indicam a unidade da cadeia textual.

Assim sendo, o raciocínio manifestado pelo texto estabelece-se gra-


ças ao recurso a conectores lógicos que podem estabelecer:

• Laços de adição (também…, igualmente…);

• Laços de oposição (mas…, ao contrário…);

• Laços de consecução ou de causalidade (porque…, visto que…,


dado que…)

Concluindo, o texto expositivo-explicativo caracteriza-se também pela


presença de títulos e subtítulos, variações tipográficas, quadros, gráficos, desenhos,
etc. Esta apresentação visa não só a fácil compreensão e interpretação da men-
sagem, como também permite entender a cronologia do processo.

84 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


LIÇÃO 2

Objectivos

Ao terminar esta lição, esperamos que você seja capaz de:


• analisar o texto “Bebidas Fermentadas” nos niveis icónico, discursivo e
linguístico.

1. Introdução

Você tem agora uma oportunidade de verifcar como os conteúdos


apresentados ao nível teórico são trabalhados na prática, tomando um tex-
to concreto “Bebidas Fermentadas”, que lhe será apresentado a seguir. Siga
com atenção as análises feitas:

Figura 1.7: Vinho: Uma bebida fermentada.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/155295 – Renea Leathers

Texto expositivo-explicativo 85
Supunha-se que a cultura da vinha tivesse tido a sua origem na Ásia me-
redional, mas, seja como for, o vinho é uma bebida antiquíssima. Da Antiguidade
Clássica ainda nos chegava a fama de alguns vinhos célebres, como os de Chipre,
de Sorrento, o falerno, alguns dos quais eram adicionados de mel e resinas aro-
máticas. Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos
Romanos, nos terrenos das vizinhanças da foz do Tejo. Também pouco se conhe-
ce de concreto quanto à origem do vinho do Porto, embora tudo leve a crer que
já no século XVII se exportasse. O Tratado de Methwen (1703) favoreceu niti-
damente essa exportação, embora os seus resultados práticos não tivessem tido
alcance imediato. O Marquês de Pombal criou, em 1756, a Companhia Geral da
Agricultura das Vinhas do Alto Douro que, apesar de todos os seus defeitos, de-
sempenhou papel de relevo no fomento do comércio de vinho do Porto até 1834,
ano em que lhe foram retirados todos os poderes concedidos pelo Marquês.

2. FABRICO E CONSERVAÇÃO

A obtenção do vinho integra duas fases: a viticultura, ou trabalho da


vinha, e a vinicultura, que corresponde ao fabrico do vinho a partir das uvas
colhidas durante a vindima. É esta última que nos interessa estudar.

Comecemos por examinar a estrutura e constituição de um bago de


uva maduro; este compreende:

a. O pedúnculo, ou engaço, que contém ácidos e taninos;

b. As grainhas, ligadas ao pedúnculo, com taninos e resinas;

c. A polpa, com 75% de água; o restante é, essencialmente, glicose e


frutose e, ainda, pequenas quantidades de ácidos orgânicos, como o
tartárico, COOH (CHOH)2 COOH, sais orgânicos e inorgânicos,
como tartarato, cloreto, sulfato e fosfato de potássio, vitaminas, como
a C, algumas do grupo B, e a P, e ainda substâncias corantes existen-
tes na região subpelicular, fortemente retidas pelas células da pelícu-
la. Estas matérias corantes são geralmente insolúveis em água, mas
solúveis nas misturas hidroalcólicas; exceptuam-se as uvas da casta
tintureira, cuja polpa é colorida por conter corantes higrossolúveis;

d. A película, que contém água, substâncias ácidas e taninos.

86 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Como acabámos de analisar, à medida que o Verão progride, a cons-
tituição da uva modifica-se: o amadurecimento corresponde a um aumento
do teor em glícidos, enquanto a acidez diminui progressivamente.

2.1 Vindima

Como a riqueza alcoólica do vinho depende da concentração glicí-


dica, só convém fazer a vindima quando esta concentração tiver atingido o
seu máximo valor, o que pode determinar-se com o mostímetro, glucómetro,
ou pesa-mostos. Este é um areómetro de peso constante que fornece, simul-
taneamente, a densidade do mosto, em graus Baumé, a sua concentração
glicídica, em g%, e o álcool provável do vinho: por exemplo, um mosto com
16º Bé (30 g%) dará provavelmente um vinho com 18º. Para tal, colhem-se
cachos em vários pontos da vinha. No mosto, obtido por esmagamento das
uvas, introduz-se o mostímetro. A maturação das uvas está completa, quan-
do se obtiver dois valores consecutivos iguais.

2.2 Escolha, desengace e pisa da uva

A escolha das uvas é indispensável, designadamente no fabrico de


vinhos de categoria: as uvas verdes tornam o vinho ácido, áspero e teninoso;
as uvas demasiado maduras dão-lhe, pelo menos mau gosto.

Como acabámos de referir, está demonstrado que os taninos do en-


gaço diferem dos da película e das grainhas, sendo muito amargos. A prática
do desengace, ou remoção do engaço, operada por via mecânica, tende, por
isso, a generalizar-se.

A pisa da uva ainda se efectua a pé descalço nos lagares. Tal prática tende
a ser substituída pelo esmagamento mecânico. Este deve efectuar-se sem que
haja esmagamento das grainhas, ou do engaço, se este não foi removido.

2.3 Fermentação do mosto

A fermentação corresponde, fundamentalmente, à transformação


dos glícidos do mostro em álcool etílico, C6H12O6 → 2 C2H5OH + 2CO2,
sob a acção de fermentos existentes na parte exterior da película da uva, e

Texto expositivo-explicativo 87
corresponde a dois períodos: um rápido e outro lento. A fermentação rá-
pida dá-se, de preferência, a temperaturas da ordem dos 20 a 25 ºC , em
recintos arejados, durante três a quatro dias, caracterizando-se por intenso
desprendimento de dióxido de carbono. Esta arrasta consigo as películas e
os engaços, que formam uma camada superficial, conhecida pelo nome de
chapéu, cuja submersão se força.

Essencialmente, os fenómenos que acompanham a fermentação rá-


pida são os seguintes:

a. formação de álcool e de dióxido de carbono;

b. coração do mostro, devido à solução das substâncias corantes;

c. elevação de temperatura;

d. diminuição da densidade.

Durante a fermentação rápida, procede-se à sulfitação que elimina os


maus fermentos e as bactérias portadoras de doenças do vinho.

Terminada a fermentação rápida, o que se reconhece com auxílio do


mostímetro, abre-se o lagar, passando o vinho para dornas e tonéis, onde se
realiza a fermentação lenta. Esta dá-se até se completar a transformação dos
glícidos em álcool. Simultaneamente, efectua-se a deposição das substâncias
insolúveis (taninos, que arrastam consigo os prótidos, corantes e tartarato
de potássio) que formam as borras.

A fermentação deixa como subproduto um bagaço. Este pode ser


tratado com água, para se obter a água-pé, ou prensado, para se recuperar o
vinho que ainda contém.

Por destilação dos bagaços prensados, obtém-se a aguardente baga-


ceira; o resíduo da destilação ainda pode ser usado como adubo azotado. As
borras servem para produção de compostos tratáricos.

88 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


2.4 Tratamentos

Fundamentalmente, os tratamentos do vinho consistem, além da sul-


fitação, já mencionada, na colagem, que o torna límpido e elimina a possibili-
dade de reaparecimento de turvação, na pasteurização, que impede o apare-
cimento de perturbações microbiológicas, e na lotação, com que se procura
melhor as qualidades do vinho.

A colagem consiste em adicionar ao vinho uma substância insípida e


inerte, cuja insolubilização arrasta a deposição das substâncias em suspen-
são. Empregam-se a gelatina e a clara de ovo, ou a albumina, para os vinhos
tintos, e a cola de peixe e a caseína, para os vinhos brancos. Logo que se der
a deposição, é de regra filtrar e trasfegar o vinho.

A pasteurização leva o vinho a temperaturas da ordem dos 80º C,


durante 10 minutos, com arrefecimento subsequente a temperaturas fra-
camente negativas, durante alguns dias. A pasteurização pode provocar
ainda a precipitação de algumas substâncias, convindo então filtrar o vi-
nho e trasfegá-lo.

A lotação não foi prática lançada pelos produtores de vinho, mas


pelos negociantes que se dedicavam ao comércio de exportação, no século
XVII, e consiste na misturação de vinhos. A lotação é necessária quando se
pretende manter a constância do sabor e aroma de determinada marca ou
tipo de vinho e não só; ela é igualmente necessária para melhorar a riqueza
alcoólica de um vinho.

2.5 Envelhecimento

Como todos sabemos, a idade do vinho determina a sua riqueza e


qualidade alcoólica. Depois de tratados, os vinhos engarrafam-se e deixam-
se envelhecer em caves frescas, até atingirem o melhor índice de qualidade
que as suas características específicas permitirem – o que pode levar dois ou
três anos ou dezenas de anos.

Durante o envelhecimento, dão-se fenómenos de oxidação, esterifica-


ção, descoração e formação de compostos voláteis, responsáveis pelo aroma.

SILVA, Ac. Freitas: Mercadorias. 7º ano, Porto, Porto Editora, s/d.

Texto expositivo-explicativo 89
Depois de nos ter debruçado sobre o texto expositivo-explicativo,
achamos conveniente passarmos agora para a demonstração, pois como
afirma Comênio (1592-1670), “o que se viu, provou, fixa-se solidamente na
memória e não pode sair” e nós dizemos: o que se teorizou precisa de ser de-
monstrado para que não se esqueça, cumprindo assim um dos preceitos da
educação pela acção ou o primado da relação teoria-prática, eixo articulador
de todo o processo educativo.

3. DEMONSTRAÇÃO

3.1 Ao nível retórico

O texto apresenta discursivizados linearmente os três momentos a


que nos referimos quando da definição e caracterização do texto expositivo-
explicativo, nomeadamente:

3.1.1 Momento de questionar

Neste texto, compreende o primeiro parágrafo, pois, é nele que se faz um


breve historial sobre a origem do vinho e, particularmente, o vinho do Porto.

3.1.2 Momento de resolução

Vai desde o processo de fabrico, segundo parágrafo, até aos processos


de tratamento. Neste espaço, é descrito o processo de fabrico e conservação
do vinho, bem assim, a colheita, a escolha, a pisa e todos os outros processos
que antecedem ao armazenamento final do vinho.

3.1.3 Momento de conclusão

Entende-se como sendo os dois últimos parágrafos em que não só se des-


creve o processo final de tratamento e armazenamento do vinho, como também
se dão algumas recomendações e os cuidados a ter em conta nesta fase final.

90 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Vamo-nos atentar para o nível discursivo:

3.2 Ao nível discursivo

Agora, repare que, neste texto, podem ser identificados enunciados


de exposição que alternam com os de explicação, tais são os exemplos:

3.2.1 Enunciados de exposição

“Supõe-se que a cultura da vinha tenha tido a sua origem na Ásia meri-
dional...”, “Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos
Romanos, nos terrenos das vizinhanças da foz do Tejo”;

3.2.2 Enunciados de explicação

“A obtenção do vinho integra duas fases: A viticultura, ou trabalho


da vinha e a vinicultura, que corresponde ao fabrico do vinho a partir das uvas
colhidas durante a vindima”.

3.2.3 Enunciados metadiscursivos

Ao detalhar o processo de fabricação do vinho, o autor recorre tam-


bém a elementos linguísticos e paralinguísticos, isto é, um tipo de enuncia-
do de que o sujeito enunciador se serve para marcar explicitadamente uma
articulação no discurso com a finalidade de:

• Resumir o que se disse (como acabámos de referir…);

• Antecipar o que vai ser dito (aparelhagem de títulos, subtítulos,


numeração, etc.)

• Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, negri-


to, etc.)

Agora concentremo-nos no nível linguístico e supralinguístico:

Texto expositivo-explicativo 91
4. CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS

4.1 Tipo de linguagem

Predomina uma linguagem objectiva, com vocabulário e termos pró-


prios duma área específica: a do processo de fabricação do vinho, tais como
(engaço, pesa-mostos, sulfitação, etc.);

4.2 Tempos verbais

Neste texto, embora ocorram vários modos e tempos verbais, predo-


mina sobretudo o presente do indicativo.

5. OS TEMPOS VERBAIS

Como sabe, o tempo presente – enquanto tempo de base do discurso


é definido como o que coincide com o momento de enunciação, isto é, o
momento em que se fala coincide com o da realização da acção.

Apesar disso, queremos chamar-lhe atenção para o facto de, no pre-


sente caso, tratar-se do presente genérico – uma forma temporal zero, cujos
enunciados têm valor genérico, ou seja, um valor atemporal.

Veja-se: “A obtenção do vinho integra duas fases ...”; “A riqueza do


vinho depende...”; “A escolha do vinho é indispensável...”

O estado de coisas (o processo geral de fabricação do vinho) descrito


nestes enunciados e em todo o texto onde ocorre o tempo presente não se
materializa justamente no momento de enunciação: este é o processo gené-
rico de fabricação do vinho no passado, hoje e sê-lo-á no futuro.

Note que na produção de um texto, para além do presente genérico, pode


ocorrer também o presente histórico – este ocorre geralmente em textos narrati-
vos em substituição do pretérito perfeito, mas veiculando factos passados.

Deve ter observado que na introdução ocorre o pretérito perfeito e


o imperfeito ambos do indicativo e outros tempos verbais do passado. Não

92 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


é de estranhar, na medida em que é onde se faz uma abordagem histórica
sobre a origem da vinha, pois estes tempos são normalmente usados na nar-
rativa; os factos reportados situam-se numa perspectiva histórica..

Ex. “Supunha-se que...”; “... ainda nos chegava...”; “... favoreceu nitida-
mente ...” ; “O marquês de Pombal criou...”; “...tivesse tido a sua origem..

6. AS PESSOAS GRAMATICAIS

“Como todos sabemos, a idade do vinho determina a sua riqueza e


qualidade alcoólica”. Facilmente nos apercebemos de que na forma verbal
destacada, está implícito um “Nós”, marca gramatical da primeira pessoa do
plural, o que parece objectar a explicação anterior.

Trata-se de um “Nós” de autor e ocorre frequentemente nos discur-


sos científicos e, particularmente, nos Manuais Escolares/Didácticos. Per-
mite que o “Eu”, embora assuma o seu discurso, não se coloque como indi-
víduo falando em seu nome próprio, mas por detrás de um conjunto de uma
comunidade de sábios onde se observa uma unanimidade.

7. A PASSIVA

Então, repare que o “se” destacado, na frase a baixo, não é pronome


reflexo, como nos casos (ele lava-se sem sabão e ela feriu-se gravemente),
cuja acção recai sobre os próprios sujeitos. Nesses exemplos o “se” é partícu-
la apassivante. Como verificar isso?

Vejamos: em “introduz-se o mostímetro”, percebe-se que o mos-


tímetro não se introduz ele próprio, mas alguém o faz penetrar em algo.
Portanto, poderíamos dizer: o mostímetro é introduzido por (alguém),
forma clássica da passiva.

(O João) introduz o mostímetro no barril (Voz activa) → O mostí-


metro é introduzido (pelo João) no barril (Voz passiva); logo, introduz-se o
mostímetro no barril. Exemplos:

“Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos


Romanos...”; “A prática do desengace tende a generalizar-se”

Texto expositivo-explicativo 93
Tome Nota!

Nestes casos, a passiva de “SE” é uma estratégia para ocultação ou des-


qualificação do sujeito (não se afirma explicitamente quem é o sujeito da
acção).Vejamos exemplos de passiva de “SER”.

Ex: “... alguns dos quais eram adicionados de mel e resinas aromáticas.”

Trata-se de uma estratégia discursiva que visa legitimar ou autenticar a


informação dada como certa e necessária.

8. OS ARTICULADORES DISCURSIVOS

Anunciar o que vai ser dito – “Como acabámos de referir, está de-
monstrado que os taninos do engaço...”(7º parágrafo);

Antecipar o que vai ser dito – o texto apresenta título, subtítulos e


numerações;

Focalizar o que é dito – o texto apresenta ainda mudanças tipográ-


ficas (itálico e negrito)

Continuemos a análise do texto, identificando os mecanismos usados que


asseguram a coerência e a progressão textual:

9. COERÊNCIA E PROGRESSÃO TEXTUAL

Se observar com atenção, concluirá que neste texto ocorrem, efecti-


vamente:

9.1 Substituições nominais

Permitem ao enunciador suprimir o inútil, pela escolha de um termo


com traços que facilitam a explicação no lugar de outros possíveis.

94 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Ex. Descrição do “bago” nos seus elementos – engaço, grainhas, pol-
pa, película; ou

Mostímetro, glucómetro, pesa-mostos em vez de “areómetro”.

9.2 Nominalizações

Trata-se também duma estratégia de discursivização que visa com-


pactar um conjunto de informações anteriormente enunciadas para torná-
las no tema central do discurso subsequente:

Ex. “Como acabámos de ver, à medida que o Verão progride, a cons-


tituição da uva modifica-se: o amadurecimento corresponde a um aumento
do teor em glícidos...”

“...colhem-se cachos em vários pontos da vinha. No mosto, obtido


por esmagamento das uvas, introduz-se a mostímetro. A maturação das uvas
está completa quando se obtiverem dois valores consecutivos iguais”.

Observou, sem dúvida, que em ambos os casos o destacado são no-


mes que resultam da compactação de informações anteriores e que são
novamente retomadas, como forma de assegurar uma determinada orien-
tação do discurso.

Reflexão

As nominalizações são feitas através do processo de criação de palavras,


denominado derivação, ou seja, a criação de um novo vocábulo, partindo
de um mesmo núcleo (radical). Assim temos:
Derivação sufixal – Vem a ser o acréscimo de um sufixo, após o radical.
Vejamos: nadar – nad (radical) + a (vogal temática) + -r (desinência de
forma nominal de infinitivo)
natação – nat (radical) + a (vogal temática) + -ção (sufixo)
Derivação regressiva – Vem a ser a criação de um vocábulo com diminui-
ção de elementos mórficos.
Vejamos: nadar > nado (substantivo)

Texto expositivo-explicativo 95
Dica

Para você recordar sobre Processos de Formação de Palavras, consulte


um dos sites abaixo:

http://www.algosobre.com.br/gramatica/processo-de-formacao-das-
palavras.html

http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/processos-de-forma-
cao-de-palavras

http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/formacaopala-
vras001.asp

9.3 Oração relativa

Dissemos que se tratava de uma estratégia discursiva que tem em vis-


ta a expansão do nome. Ora veja:

Ex. 1. “Este é um areómetro de peso que fornece, simultaneamente, a densi-


dade do mostro, a sua concentração em g % e o álcool provável do vinho.”

Ex. 2. “Este arrasta consigo as partículas e os engaços, que formam


uma camada superficial, conhecida pelo nome de chapéu, cuja submersão
se força.”

Nos dois casos a oração relativa (iniciada pelo “que” e destaca em


itálico) funciona como um meio de restrição do campo das representações,
não permitindo várias interpretações. Qualquer um dos “que” reporta-se ao
seu antecedente nominal e não a outros elementos.

9.4 Reformulações parafrásticas

Gozam de um papel importante, ao permitirem clarificar certas co-


municações e orientar a compreensão do destinatário/leitor:

96 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Ex. “A lotação, isto é, misturação de vinhos é necessária quando se
pretende (...)”

Portanto, para quem não saiba o que significa lotação, fica imediatamen-
te elucidado pela expressão “isto é” que aparece como meio de explicitação, tal
como poderia ser substituída por “ou seja, por outras palavras, quer dizer...”.

10. CARACTERÍSTICAS SUPRALINGUÍSTICAS

Para finalizarmos, é importante olharmos para a mancha gráfica do


texto, pois para além dos aspectos de natureza estrutural, discursiva e lin-
guística de que nos debruçámos, mais ou menos, de forma exaustiva, o texto
exibe uma abundância de variações tipográficas; apresenta título e subtítu-
los, desenhos e numerações.

Trata-se, pois, de um exemplo típico de Texto Expositivo-Explica-


tivo, cuja intenção de comunicação é, essencialmente, fazer saber; e fazer
compreender um processo (a fabricação do vinho).

Nota-se nele uma coerência icónico-temática, quer dizer, o assunto


focalizado – a produção do vinho – é evocado pela mancha gráfica (vários
desenhos que ilustram as várias etapas por onde passa o processo da vinha)
para além de palavras e expressões em itálico que pretendem chamar a aten-
ção do destinatário para ter em conta tais vocábulos e numerações que dão
conta do processo cronológico da produção do vinho.

Autoavaliação

A análise do texto expositivo-explicativo, que acabámos de fazer, mostra a exis-


tência de uma diversidade de modos de comunicação: o emprego da passiva,
as nominalizações, o “apagamento” do sujeito de enunciação, o uso dos arti-
culadores discursivos [conectores (lógico-semânticos, conjunções, preposições,
locuções prepositivas, etc.).

Texto expositivo-explicativo 97
• A - A nominalização é um processo, como, aliás, afirmámos em aulas anterio-
res, que consiste na transformação de verbo ou de um adjectivo ou de uma
expressão em nome, em certos casos, esta operação permite condensar o
que foi dito e assegurar uma maior economia de texto.

1. Nominalize os verbos abaixo:

a) Libertar ___________; e) Advertir _____________;

b) Aderir _____________; f) Intrometer ___________;

c) Discordar __________; g) Herdar ______________;

d) Sugerir ____________; h) Crer _______________;

2 - Nas fraeses que se seguem coloque o conector (conjunção, locução) de


modo a marcar laços de:

2.a) adição: As lições de técnicas de expressão são agradáveis ____________


úteis para todos nós porque ____________ fornecem-nos conhecimentos es-
pecíficos da disciplina de Português ____________ permitem aos estudantes a
aquisição de técnicas de estudo para todas as cadeias do curso.

2.b) oposição: ____________ os estudos estejam a correr bem, sente-se a ne-


cessidade de muita exercitação.Veja só o que aconteceu no teste de métodos de
estudo, li muito ____________ tive uma nota pouco agradável. ____________
estar nas últimas cadeiras do salão, ouvia perfeitamente os discursos dos inter-
venientes do debate!

2.c) causalidade: Há línguas conhecidas como “isoladas” ____________ não


apresentam parentesco com nenhuma outra língua viva. Rosseau, Seneca,
Durkheim,entre outros, foram alguns dos grandes pedagogo ____________
traçaram as linhas mestras do que hoje se entende por Pedagogia Educacional.

2.d) consecução: – A exposição foi __________ bem feita ___________ o


Reitor se prontificou a apoiar iniciativas do género.

98 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Resposta

1. a) libertação; b) aderência; c) discordância; d) sugestão; e) advertência; f) intromissão;

2.a) As lições de técnicas de expressão são agradáveis e úteis para todos nós porque
não só nos fornecem conhecimentos específicos da disciplina de Português
como também permitem aos estudantes a aquisição de técnicas de estudo para
todas as cadeias do curso.

b) Embora os estudos estejam a correr bem, sente-se a necessidade de muita


exercitação.Veja só o que aconteceu no teste de métodos de estudo, li muito mas
tive uma nota pouco agradável. Apesar de estar nas últimas cadeiras do salão,
ouvia perfeitamente os discursos dos intervenientes do debate!

c) Há línguas conhecidas como “isoladas” porque não apresentam parentesco


com nenhuma outra língua viva. Rosseau, Seneca, Durkheim, entre outros, foram
alguns dos grandes pedagogos uma vez que traçaram as linhas mestras do
que hoje se entende por Pedagogia Educacional.

d) A exposição foi tão bem feita que o Reitor se prontificou a apoiar iniciativas
do género.

SUMÁRIO

Texto expositivo-explicativo:

• Organização icónica, discursiva e linguística.

Texto expositivo-explicativo 99
LIÇÃO 3

Objectivos

Ao completer esta lição, esperamos que você seja capaz de:


• analisar o texto “Poluição das Águas”, tendo em conta os aspectos
icónico, retórico, discursivo e linguístico.
• produzir um texto expositivo-explicativo, de acordo com os parâmetros
fornecidos.

1. Introdução

Nesta lição, é nossa intenção que você consolide as matérias vistas


nas outras lições desta unidade. Para isso, tem a seguir um texto para explo-
rar, em forma de questionário. Aconselhamos-lhe a não consultar a chave de
correção que lhe propomos, antes de resolver as questões.

Leia com muita atenção o texto abaixo:

1. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

Figura 3.1: Águas Límpas Figura 3.2: Águas poluídas


http://www.sxc.hu/photo/1317287 – Fred Fokkelman http://www.sxc.hu/photo/1296195 – Autor desconhecido

Texto expositivo-explicativo 101


A água é um receptor de detritos: seja através de redes de esgotos,
seja por lançamentos directos, os rios e os mares recebem continuamente
fezes, urina, resíduos industriais, detergentes. Quando esses materiais atin-
gem determinada concentração, poluem a água e prejudicam os seres que
nela vivem ou que dela fazem uso. Podem, por exemplo, levar à morte todos
os peixes, moluscos, crustáceos e outros animais, bem como as plantas que
se desenvolvem nesses ambientes.

Primeiro, os materiais orgânicos levados pelos esgotos a um rio ou


a um lago contribuem para a “morte” desses ambientes aquáticos, porque
constituem alimento para os microorganismos que aí vivem. Quando o lan-
çamento de excrementos se faz em larga escala, há muito alimento para os
microorganismos e o número destes aumenta rapidamente. Como muitos
tipos de microorganismos consomem oxigénio na respiração, a quantidade
desse gás, na água, diminui e pode tornar-se insuficiente para a respiração
dos outros seres vivos do ambiente, provocando a sua morte.

Segundo, além dos produtos de excreção, chegam aos rios e mares


resíduos industriais que podem também levá-los à morte, quer a indústria
esteja próxima ou afastada. Peixes que passem pelos locais de descarga das
indústrias podem morrer imediatamente, dependendo do tipo de resíduo
lançado, como ácidos e substâncias cáusticas, por exemplo.

Analisemos agora numa outra perspectiva: muitas vezes o efeito de


um poluente é cumulativo. Assim, compostos de mercúrio, por exemplo, uti-
lizados na fabricação de plásticos, podem contaminar os peixes que vivem no
local do seu lançamento. Com a dispersão do poluente, peixes de outras re-
giões também se contaminam. Peixes maiores, ao ingerirem peixes menores
contaminados, acumulam ainda mais mercúrio nos seus organismos. O efeito
cumulativo do mercúrio acentua-se nas pessoas que se alimentam de peixes
contaminados e, dependendo da concentração desse poluente no organismo,
elas podem sofrer distúrbios da fala e da visão, paralisia e até morte.

Como acabámos de referir, todos os materiais lançados aos rios, cedo


ou tarde acabam chegando ao mar. Como o lançamento de poluentes é con-
tínuo, muitas regiões litorâneas estão sujeitas à poluição.

Observemos um outro fenómeno: um dos maiores problemas da po-


luição marítima é o petróleo que é vazado no mar. Os vazamentos de petróleo
em plataformas de perfuração são frequentes, isto é, navios petroleiros lançam

102 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


constantemente ao mar a água de lavagem dos seus tanques, que leva consigo
uma quantidade considerável de óleo e não só, aviões, em certas situações,
descarregam sobre o mar parte do seu combustível, antes de aterrarem.

Em seguida, iremos lembrar um outro aspecto não menos importan-


te que é o espalhamento: um poluente lançado numa região, atinge conse-
quentemente outras regiões.

Finalmente, é igualmente importante recordar que existe uma rela-


ção contínua entre a água, o solo e o ar. Assim, por exemplo, poluentes lan-
çados ao ar são levados pela chuva aos rios e ao solo, mas também poluentes
lançados nas águas podem ser levados ao ar, pela evaporação e ao solo, pela
irrigação. Mais ainda, poluentes lançados ao solo podem chegar aos rios e
destes ao mar. Por outras palavras, o processo de poluição é cíclico. Assim
sendo, não adianta controlar apenas a poluição do ar ou do solo e da água. O
controle deve ser global e é fundamental agirmos antes que a dispersão dos
poluentes se torne incontrolável.

É praticamente impossível retirar os poluentes das águas. Portanto,


a melhor maneira de evitar a grande contaminação é controlar a fonte de
lançamento, onde os poluentes devem ficar retidos

Revista de Ensino de Ciências n.º 23,Novembro, 1999.

Autoavaliação

Óptmo! Mostre agora que percebeu o que estudámos!

1. O texto lido é expositivo-explicativo.

a. Justifique esta afirmação, tendo em conta a intenção de comunicação e as mar-


cas linguísticas que presidem à produção deste tipo de textos.

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Texto expositivo-explicativo 103


b. Apresente a organização textual do texto em estudo ao nível retórico, justi-
ficando a delimitação proposta.

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c. Identifique a função discursiva das seguintes transcrições textuais no contex-


to da coerência e progressão textual.

“... isto é, navios...” (6.º parágrafo)

“Por outras palavras, ...” (8.º parágrafo)

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d. O enunciador pode, ao longo do texto, comentar o desenrolar do estado de


coisas. Que função desempenham no texto os seguintes enunciados?

“ Analisemos agora...” (4.º parágrafo)

“...iremos lembrar...” (7.º parágrafo)

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2. Características linguísticas.

a. Que tempo(s) verbal (is) predomina(m) no texto? Justifique a sua ocorrência.

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104 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


b. Justifique o uso da 1.ª pessoa do plural.

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c. “Peixes que passem pelos locais de descarga das indústrias podem morrer ime-
diatamente, dependendo do tipo de resíduo lançado (…)”

Classifique a oração destacada em itálico, indicando a sua função no âmbito da


progressão e coerência do texto Expositivo-Explicativo.

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3. Produza um texto “Expositico-explicativo” de extensão máxima de 20 linhas,


com o tema “ O Meio Ambiente”, não se esquecendo das características espe-
cíficas deste tipo de texto.

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Texto expositivo-explicativo 105


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Resposta

Agora, verifique, comparando a sua análise e as propostas de resposta que lhe apre-
sentamos.

1. a) É expositivo-explicativo porque tem a intenção de fazer saber/dar a conhecer os


vários tipos/formas de poluição das águas pelos agentes poluentes, e fazer com-
preender as implicações e os riscos que tal fenómeno acarreta ao mesmo tempo,
assume uma perspectiva didáctica, uma vez que para além de mostrar/ensinar
como se processa a poluição, tenta persuadir os leitores a mudarem de atitude.

b) Organização retórica do texto em estudo: Estão discursivisados os três momen-


tos, nomeadamente o de questionar, compreendendo o primeiro parágrafo, onde
se problematiza a questão da poluição das águas. O de resolução ou desenvolvi-
mento, que vai do segundo até ao penúltimo parágrafo. Aqui, faz-se a explicação
do como e do porquê, apresentando vários exemplos de factores que concorrem
para a poluição e como se manifestam.Finalmente, a conclusão, que está contida
no último parágrafo. Trata-se de um enunciado manipulatório, pois não só mani-
festa uma opinião abalizada sobre o problema da poluição, como também incute
o leitor a agir: todos devemos controlar as fontes de lançamento de detritos.

c) “(...) isto é, navios (...) e “Por outras palavras, (...)” são reformulações parafrásticas
e visam tornar mais clara a comunicação do sujeito enunciador e orientar a
compreensão do leitor.

d) São enunciados de “baliza”, pois, como vimos, permitem ao sujeito enunciador


comentar o desenrolar do estado de coisas.

2. Características linguísticas:

a) Predominam formas verbais no presente do indicativo, 3ª pessoa do singular


e do plural, o que evidencia a intenção de não envolvimento do sujeito enuncia-
dor no discurso. Este presente – tempo de base do discurso não coincide com o
momento de enunciação. Trata-se, portanto, do presente genérico – uma forma

106 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


temporal zero, um enunciado com valor genérico que não se contrapõe ao um
passado, nem a um futuro. É por isso que se diz que o presente genérico afirma
verdades universais atemporais e inquestionáveis, uma vez que a poluição foi, é e
será sempre um facto real.

Ex. “(...) a quantidade desse gás diminui e pode torna-se insuficiente (...)”

“(...) os mares recebem constantemente fezes (...)”

“Quando esses materiais atingem uma determinada concentração (...)”

“A água é um receptor de detritos”.

b) Com efeito, ocorrem marcas da primeira pessoa do plural Nós”. É o “Nós” dito de
autor e ocorre frequentemente nos discursos científicos e didácticos. Permite que
o “Eu”, embora assuma o seu discurso, não se coloque como indivíduo falando
em seu nome próprio, mas por detrás de um conjunto de uma comunidade de
sábios onde se observa uma unanimidade e convidando o leitor a tomar parte
desse conhecimento.

c) A oração sublinhada é relativa. Sintacticamente, esta oração funciona como uma


estratégia de expansão do nome, cujo propósito é restringir-lhe o campo de sig-
nificação/representações.

3. O texto expositivo-explicativo sobre o Meio Ambiente deve respeitar as caracterís-


ticas estudadas.

SUMÁRIO

• Análise do texto “ Poluição das águas”: aspectos icónico, retórico, discur-


sivo, e linguístico;

• Produção escrita.

Texto expositivo-explicativo 107


5
TEXTOS DIDÁCTICO-PROFISSIONAIS
Ernesto Luís Guimino Júnior
Jerónimo Simão
Nobre Roque dos Santos
Orlando Bahule

Objectivos da unidade

Ao completer esta unidade, esperamos que você seja capaz de:


1. analisar enunciados de sumário, convocatória, circular, relatório, regula-
mento e acta, nos níveis icónico, discursivo e linguístico.

Introdução da unidade

Para responder a eventuais situações da vida quotidiana ou profissio-


nal, propomo-lhe um conjunto de textos diversificados de natureza técnica,
também chamados de textos normativos.

Queremos também que entenda que estão abrangidos nos textos


didácticos funcionais todos os textos orais ou escritos destinados a serem
apresentados publicamente e dirigidos a um destinatário geralmente abs-
tracto, ou a uma categoria de pessoas a quem se transmite uma informação,
propõe-se uma orientação ou se dá um conselho.

Estrutura

Nesta Unidade V, você vai estudar textos como: sumário, convocatória,


circular, regulamento e relatório.
LIÇÃO Nº 1 – CIRCULAR E CONVOCATÓRIA

Objectivos

Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de:


• identificar as situações em que se produz circular e convocatória;
• analisar a circular e convocatória nos aspectos icónico, discursivo e
linguístico.
• produzir circular e convocatória.

1. Introdução

Tem a seguir o enunciado de Circular e Convocatória, duas subcate-


gorias textuais, com a intenção de revermos conceitos já do nosso domínio.

1. Circular é uma mensagem endereçada simultaneamente a diver-


sos destinatários para transmitir avisos, ordens de serviço ou ins-
truções. Geralmente, a circular é dirigida às chefias subordinadas
(circulação interna/externa).

Consideremos o texto a seguir:

Texto “A” - CIRCULAR

CIRCULAR N.º 25/03

O Director Nacional de Finanças, no uso da atribuição que lhe confere


o Artigo do decreto-lei…e tendo em vista que foram atendidas às exigências
legais da Lei sobre Minas, faz publicar para conhecimento das repartições su-
bordinadas, a pauta das substâncias minerais para o corrente exercício, para
efeito de incidência do imposto de…%, instituído pela citada Lei.

Maputo, 30 de Outubro de 2003

O Director

Textos didáctico-profissionais 111


2. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

2.1 Ponto de Vista Icónico

• Texto curto;

• organizado graficamente em três partes, nomeadamente o cabeça-


lho, Corpo do texto, data e assinatura.

2.2 Estrutura

• A maior parte das instituições possui um formulário para uso in-


terno. Apesar da flexibilidade de cada empresa ou instituição, a
circular é sempre numerada, com uma numeração específica que
corresponde à ordem sequencial das circulares produzidas no
mesmo ano;

• A circular é datada e faz a indicação “assunto”/objectivo essencial


da mesma.

3. ORGANIZAÇÃO LINGUÍSTICA

• Por não apresentar uma situação de comunicação directa, exige na


sua elaboração: legibilidade, objectividade, destaque da informa-
ção relevante.

3.1 Marcas de pessoa

3ª. Pessoa do singular

3.2 Marcas de tempo e espaço

É obrigatória a indicação do local e a data:

Maputo, 30 de Outubro de 2003.

112 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


2.3 Tempos verbais

Predomina o Presente do indicativo, mas pode ocorrer também o


Imperativo sempre que a intenção de comunicação for persuasiva (levar o
destinatário a agir).

Tome Nota!

No concernente à organização do texto, requerem-se particulares cui-


dados, devido à variedade e ao afastamento dos destinários, o que im-
pede o esclarecimento de dúvidas. Ainda, por preocupação de clareza e
de aplicação de princípios de legibilidade, o texto deve ser subdivido em
partes de acordo com o número de ideias que transmite. Deste modo,
cada uma das partes terminará por uma frase resumo e todo o texto,
pela reunião destas frases resumo das diversas partes.

Actividade I

Imagine-se responsável por um edifício público e redija uma Circular, participando


aos usuários que, conforme a lei, é proibido fumar nas dependências do prédio.

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Textos didáctico-profissionais 113


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Resposta

Você deve ter produzido um texto persuasivo, expondo os malefícios do uso do cigarro
para o usuário e para os que convivem em torno. Deve também ter apresentado
aspectos de circulação de ar em ambientes fechados.

4. CONVOCATÓRIA

É um texto lesgislativo, à semelhança do aviso e da circular, no qual


o presidente da massa associativa, investido de uma autoridade de poder
(adquirido na sua eleição pelos membros e subordinados), convida e/ou or-
dena aos seus subordinados (membros de uma determinada associação ou
outra instituição) a comparecerm na efectuação de uma actividade futura-
reunião, debate, assembleia,etc.

Consideremos o texto abaixo:

Texto “B” - Convocatória

EMAUT EMPRESA MOÇAMBICANA DE AUTOMÓVEIS, SARL

Av. 25 de Setembro 1162. Telef(258) 427253/42787


Fax: 426045 Cx.P. 1806
MAPUTO, MOÇAMBIQUE

114 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Convocatória

Assembleia Geral Ordinária

Nos termos do artigo 13 dos estatutos da sociedade, convoco a Ses-


são da Assembleia Geral Ordinária a realizar-se no próximo dia 30 de Março
pelas pelas 10.30 horas na sede da sociedade, com a seguinte de trabalhos:

1. Análise, discussão e votação do relatório, balança e contas respei-


tantes ao exercício de 1994;

2. Eleição dos órgãos sociais para triénio 1995-97;

3. Proposta de honorários para os órgãos sociais.

Maputo, 18 de Maio de 1995

INTERFRANCA
Carlos Eduardo de Nazaré Ribeiro

5. CONCEITO

É um texto de chamada de atenção, dirigido geralmente a várias pes-


soas, produzido por um Emissor ou Entidade, investidos de competência
e poder, que convida ou manda comparecer para algo. Na Convocatória,
indica-se o dia, a hora e o local, sendo por isso de carácter mais obrigatório,
distinguindo-se do Aviso, por este ser de cumprimento mais voluntário.

Tem como objectivo(s) levar os receptores a realizarem uma acção


futura verbal ou não verbal.

6. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

6.1 Ponto de vista icónico:

• Texto curto;

Textos didáctico-profissionais 115


• Organizado graficamente em três partes, nomeadamente o cabe-
çalho, o corpo do texto, data e assinatura.

Exemplifiquemos com o texto em estudo:

• O cabeçalho – corresponde ao endereço ou instituição emissora da


convocatória, bem como ao indicativo da mesma.

• O corpo – compreende a duas subpartes:

a) nome da instituição/entidade que convoca; data; hora e lo-


cal de realização da sessão convocada, o segmento linguístico
“convocar” que explicita a autoridade de poder do delegado da
colectividade que anuncia a agenda da sessão convocada.

b) Corresponde à sequência de parágrafos, correspondente à


sequência cronológica das actividades a serem praticadas no
decorrer da sessão.

A assinatura – corresponde à assinatura da entidade legislada como


competente para a criação da realidade “Sessão Ordinária”. Esta assinatura é
precedidada pela data e local de emissão e pelo cargo que lhe confere auto-
ridade e poder para convocar a sessão.

6.2 Estrutura

1. Quem?

2. O quê?

3. Quando?

4. Onde?

5. Para quê?

6. Local data e assinatura.

116 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


7. ORGANIZAÇÃO LINGUÍSTICA

Numa convocatória, a sequência dos parágrafos corresponde à sequ-


ência cronológica das actividades a serem desenvolvidas. A linguagem deve
ser simples, clara, objectiva.

7.1 Marcas de pessoa

Usa-se a 1ª. Pessoa do singular representativa de uma entidade inves-


tida de poder (Presidente da Assembleia Geral) que determina a realização
futura de uma sessão; Usa-se também a 2ª. Pessoa do plural (implícita).

7.2 Marcas de tempo e espaço

Presidem à produção deste tipo de texto duas marcas: a do local e a


do momento de enunciação (do Emissor) – Maputo, 18 de maio de 1995;
do local e do momento da acção – sede da sociedade, 30 de Maio de 1995.

7.3 Tempos verbais

O verbo convocar identifica o texto como prescritivo, pois coloca o


receptor no cumprimento do “dever-fazer” e pode apresentar-se sob três
formas: convoco, convocam-se ou são convocados.

Numa Convocatória, estão sempre implícitos três momentos:

7.3.1 Passado – para se convocar, tem de ter havido um motivo/


circunstância precedente;

7.3.2 Presente – respondendo a essa circunstância, faz-se a Con-


vocatória;

7.3.3 Futuro – a Convocatória tem em vista a abordagem, apresen-


tação ou discussão de um assunto num momento
posterior ao da produção da Convocatória.

Textos didáctico-profissionais 117


Actividade 2

Você agora é o Diretor de um Estabelecimento de Ensino e vai produzir uma


Convocatória para os professores e corpo técnico administrativo a uma reunião
de apresentação de contas e balalanço anual.
Não se esqueça de seguir todos os passos apresentados nesta lição.

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Resposta

O seu texto deve ter seguido as caracaterísticas específicas deste tipo de texto.

SUMÁRIO

• Estudo da Circular e Convocatória nos aspectos: icónico, discursivo e


linguístico.

118 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


LIÇÃO 2 – ACTA

Objectivos

Ao término desta lição, esperamos que você seja capaz de:


• descrever a mancha gráfica do enunciado da acta;
• identificar a organização discursiva deste tipo de texto;
• analisar as características linguísticas da acta;
• produzir uma acta de reunião.

1. Introdução

Doravante, vamos continuar a rever os textos didáctico-profissionais.

Acta é um texto relativamente longo, elaborado como consequência


de uma sessão/reunião, que procura fixar com toda a fidelidade os aspectos
essenciais dos factos ocorridos na sessão.

Texto em que se faz um relato fiel e fidedigno, do que se passou numa


reunião destinada a discutir um ou vários assuntos e a tomar decisões sobre
o que se discutiu. Em suma, acta é uma narração sintética ou circunstancia-
da do que ocorreu numa sessão ou cerimória, ou resumo dos actos delibera-
tivos dum corpo colectivo.

Vamos agora ler com muita atenção o texto que se segue:

Acta de reunião

Aos vinte dias do mês de outubro de dois mil e seis, pelas nove horas e
trinta minutos, realizou-se na Sala de Conferências da Escola Secundária Josi-
na Machel, em Maputo, uma reunião convocada pelo Presidente da Mesa da
Assembleia Geral de Pais e Encarregados de Educação dos alunos da Escola
supramencionada, a qual obedeceu à Ordem de trabalhos constante da res-
pectiva covocatória e que contou com a participação dos associados.

Textos didáctico-profissionais 119


Aberta a sessão, o Presidente apresentou oficialamente as listas con-
correntes às eleições dos Órgãos Sociais da Associação para o corrente ano
lectivo, das quais os presentes já tinham conhecimento prévio. Candida-
taram-se duas listas – lista A e lista B –, sendo a primeira encabeçada por
Manuel João da Silva e a segunda por António Plácio da Costa Pequito, os
quais apresentaram os respectivos programas (documentos cujos textos já
tinham sido distribuidos aos presentes parar posterior análise e debate). Em
seguida, passou-se ao segundo ponto da Ordem de Trabalhos. Após a apre-
sentação das várias alternativas sobre a data do acto eleitoral, chegou-se a
consenso, tendo sido fixado dia vinte e dois de Novembro de dois mil e seis
para esse acto. A assembleia de votos funcionará das dezoito às vinte e três
horas, na sala doze desta escola.

Na parte final da reunião, os participantes discutiram o último ponto


da agenda. Alguns associados salientaram a importância da ligação Escola/
Encarregados da Educação com os estudantes, como forma de escola, digo,
como forma de abertura da Escola à comunidade e, ainda, como forma de
desenvolver um intercâmbio que facilite um melhor conheciemnto dos seus
educandos. Abordaram-se depois, de uma forma genérica, os problemas da
adolescência, tendo-se reiterado que da cooperação de todos resultará um
apoio mais eficiente aos jovens estudantes.

Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão, da qual se lavrou a


presente acta que depois de lida e aprovada, vai ser assinada nos termos da lei.

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O Presidente O Secretário

• Muito bem, o texto que acabou de ler não lhe é completamente


estranho, aliás, vamos juntos analisá-lo:

2. MANCHA GRÁFICA/NÍVEL ICÓNICO:

O texto é longo? Curto? (tenha como referência os textos já estuda-


dos). Em quantos conjuntos se apresenta? Como está estruturada cada uma
dessas partes? Qual é a mais extensa? De certo que com muitas ou poucas
dificuldades, verificou que:

120 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


Acta é um texto relativamente longo, apresentado graficamente em
três conjuntos/blocos, sendo:

• Cabeçalho: contém o título acta de reunião, seguido de número


de ordem;

• Corpo/desenvolvimento: parte mais longa e detalhada, na qual


se resumem todos os factos ocorridos numa reunião;

• Fecho: parte que contém as assinaturas do Presidente e do Secre-


tário e, possívelmente, se previamente acordado pelos intervenien-
tes, outras individualidades presentes na sessão assinam a acta.

Óptimo! vamos de seguida a analisar o discurso da acta. Para isso,


preste particular atenção ao desenvolvimento da acta, divida essa parte em
subpartes, e aponte o conteúdo de cada uma delas.

Então, compare a sua resposta com a que a seguir lhe fornecemos.

3. ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA

O Corpo da acta divide-se em três partes, das quais destacam-se:

3.1 Introdução

• A data, a hora, local da reunião;

• a(s) entidades responsável(is) pela sessão, os participantes convoca-


dos, a indicação das ausências e os motivos dessas mesmas faltas;

• o resumo da agenda da sessão a que se refere a acta..

Ex: o primeiro parágrafo do texto em estudo.

Textos didáctico-profissionais 121


3.2 Desenvovimento

Nesta parte, faz-se o relato fiel dos conteúdos fundamentais abor-


dados no encontro, empregando-se o discurso indirecto e o texto assume,
assim, uma estrutura narrativa.

Ex: o segundo e terceiro parágrafos do texto em análise.

3.3 Conclusão

Nesta parte, haverá sempre uma fórmula fixa que antecede as assina-
turas, podendo, eventualmente, indicar-se a hora em se encerrou a sessão.

Ex: o último parágrafo do texto.

Actividade I

Vimos nesta lição como deve ser criada uma Acta, que vem a ser um relato fide-
digno de fatos ocorridos, que possam servir de sustentação para providências
a serem tomadas por quem de direito. Em suma, acta é uma narração sintética
ou circunstanciada do que ocorreu numa sessão ou cerimória, ou resumo dos
actos deliberativos dum corpo colectivo.

Tendo você o papel de secretário de uma Associação Desportiva, mais propria-


mente vinculada ao Futebol, redija uma Acta de uma suposta reunião em que se
apresenta aos associados o plano de actividades para os próximos três anos. Não
se esqueça de apresentar os aspectos discutidos na referida assembleia.

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122 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


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Resposta

A Acta, criada por você, deve ter sido dividida em três partes: cabeçalho, desenvolvi-
mento e fecho.
No cabeçalho, você deve ter mencionado o título do documento, o número de ordem
e outros aspectos significativos;
No desenvolvimento, você deve ter criado uma introdução, uma parte expositiva, em
que explicita as actividades e prazos contidos no referido plano, assim como as princi-
pais intervenções dos participantes e decisões tomadas.
No fecho poderá ter indicado a hora do término do encontro bem como o uso da
fórmula fixa característica da cionclusão da acta.
Não se esqueça de deixar reservados os espaços para assinaturas.

Textos didáctico-profissionais 123


SUMÁRIO

• Análise do enunciado da Acta nos aspectos icónico, discursivo e linguístico.

124 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


LIÇÃO 3 – O REGULAMENTO

Objectivo

Ao completer esta lição, você será capaz de analisar o enunciado do Regula-


mento do ponto de vista icónico, discursivo e linguístico.

1. Introdução

Continuando, chamamos a sua atenção, aliás acreditamos que você


está sempre atento, para este novo subtipo textual, “Regulamento” que, pela
sua natureza, é regido por princípios normativos.

2. O REGULAMENTO É UM TEXTO NORMATIVO QUE


INTEGRA UM CONJUNTODE REGRAS, NORMAS E
PRECEITOS.

Normalmente, é uma comunicação escrita, redigida numa linguagem


sóbria e objectiva, por forma a evitar qualquer tipo de ambiguidade .

Destina-se a reger o funcionamento de um grupo ou de uma deter-


minada actividade.

2. TIPOS DE REGULAMENTO:

3.1 Geral – rege a vida e actividade associativa ou de instituições.

Um regulamento geral deverá ser constituído por um preâmbulo,


normas gerais, competências, direitos, sanções e disposições finais.

(exemplo: Regulamento Interno da Escola);

Textos didáctico-profissionais 125


3.2 Parcial – regula sectores particulares.

Um regulamento parcial é normalmente constituído apenas por uma


série de normas a cumprir.

4. ESTRUTURA

A sua elaboração depende do tipo de regulamento e dos objectivos


que presidem à sua execução.

5. DISCURSO A UTILIZAR:

5.1 Adopta-se o registo de língua corrente, para que possa ser enten-
dido por todos e não dê lugar a ambiguidades ou dúvidas;

5.2 Predomina a utilização de verbos no indicativo, nos tempos pre-


sente e futuro, e forma nominal de infinitivo;

5.3 Usa a terceira pessoa;

5.4 Usa frases de tipo declarativo;

5.5 Recorre a substantivos abstractos para referir atitudes e compor-


tamentos;

5.6 Utiliza títulos e subtítulos, principalmente no caso dos regula-


mentos gerais;

5.7 Emprega numerais ordinais e cardinais.

6. CUIDADOS A TER NA ELABORAÇÃO DE UM


REGULAMENTO EFICAZ:

6.1 Discussão e aprovação das normas por todos os membros do


grupo, de modo a facilitar a sua aplicação;

126 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


6.2 Enunciação dos direitos e deveres dos vários elementos do grupo;

6.3 Objectividade e clareza na redacção das regras, para que não se


dê azo a interpretações dúbias;

6.4 Redacção de um parágrafo correspondente a cada regra, distin-


guindo assim as ideias;

6.5 Enunciação das regras partindo do geral para o particular;

6.6 Cuidado na apresentação;

6.7 Numeração dos parágrafos.

Terminologia

Na constituição morfológica do vocábulo:

regular = regul (radical) + a (vogal temática) + r (desinência de forma


nominal de infinitivo)

regula – é o tema do verbo “regular” (radical + vogal temática), que sig-


nifica “ estabelecer regras” + mento – sufixo que indica o resultado ou/e
efeito da acção. É geralmente um texto escrito, redigido numa linguagem
sóbria e objectiva, por forma a evitar qualquer tipo de ambiguidade e
que reúne um conjunto de princípios, regras ou normas que regem algo,
conforme já mencionamos anteriormente.

Textos didáctico-profissionais 127


Consideremos o texto abaixo.

Fonte: http://www.dinamo-festival.com/organizacao_en.html

BOLSAS DE ESTUDO PARA CURSOS SECUNDÁRIOS


E SUPERIORES

Regulamento

I Disposições gerais

Art.º 1.º

1. A Fundação Calouste Gulbenkian concede bolsas de estudo a alunos


do Ensino Secundário e Superior.

2. Para esse efeito, será aberto um concurso por meio de anúncios publica-
dos na imprensa. Os anúncios especificarão os cursos a que as bolsas se
destinam e as condições a satisfazer pelos interessados.

3. A Fundação não se compromete a abrir todos os anos este concurso,


nem a conceder bolsas para todos os graus de ensino mencionados no
número 1.

Art.º 2.º

1. As bolsas a que se refere este regulamento têm a natureza de uma compar-


ticipação nos encargos normais dos estudos e o seu quantitativo é variável.

128 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


2. De entre as circunstâncias que influem no quantitativo das bolsas des-
tacam-se as seguintes: viverem ou não os bolseiros durante o ano com
os respectivos agregados familiares; o grau e a natureza do curso.

Art.º 3.º

Os bolseiros não podem acumular qualquer bolsa de estudo com a da


Fundação, sem prévio consentimento do Serviço de Educação de Bolsas.

II Do concurso II Do concurso Art.º 4.º

São condições de admissão ao concurso, além das que forem indica-


das no respectivo edital, as seguintes:

a) Falta de recursos económicos dos concorrentes para a continua-


ção dos estudos;

b) Não possuírem os concorrentes habilitação de qualquer outro curso


dentro do grau de ensino para cuja frequência requerem a bolsa.

Art.º 5.º

1. A bolsa é requerida mediante o preenchimento de um boletim,


que será fornecido ao interessado pelo Serviço de Educação e Bol-
sas da Fundação Calouste Gulbenkian.

2. O boletim será devolvido ao referido Serviço da Fundação, junta-


mente com os outros documentos necessários, no prazo indicado
no edital do concurso.

Art.º 6.º

Serão excluídos do concurso os candidatos que deixem de informar


a Fundação dos resultados escolares obtidos no final do ano e bem assim
aqueles que não alcancem resultados reputados satisfatórios.

Textos didáctico-profissionais 129


III Da atribuição das bolsas

Art.º 7.º

O simples facto de o requerente ser admitido ao concurso não lhe


confere o direito a uma bolsa. As bolsas serão atribuídas aos concorrentes
que a Fundação seleccionar, de entre os admitidos ao concurso.

Para os efeitos da selecção a que se refere o número anterior,


atender-se-á, não só ao aproveitamento escolar, situação
económica e idade dos concorrentes, mas também à impor-
tância relativa dos cursos que pretendem frequentar.

Art.º 8.º

A duração das bolsas é de dez meses, com início a 1 de Outubro.

VI Dos deveres do bolseiro

Art.º 14.º

Constitui obrigação de todo o bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian:

a) Informar a Fundação da interrupção dos seus estudos;

b) No final do ano lectivo, apresentar um certificado comprovativo


dos resultados obtidos;

c) Não mudar de curso nem de estabelecimento de ensino sem pré-


vio conhecimento da Fundação;

d) Participar à Fundação todas aquelas circunstâncias, ocorridas pos-


teriormente ao concurso, que tenham trazido melhoria apreciável
à sua situação económica, bem como as mudanças de residência.

Art.º 15.º

O não cumprimento pelo bolseiro de alguma das obrigações estabe-


lecidas nos artigos anteriores determinará, consoante os casos, a suspensão
ou cessação da bolsa.

130 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


VII Disposições finais

Art.º 16.º

1. As normas regulamentares do concurso (que são genéricas e sem


prazo de validade) serão fixadas em edital próprio;

2. O presente Regulamento entra em vigor à data da sua publicação.

Lisboa, Maio de 05

(Excerto adaptado do Regulamento publicado na página da Internet da Fundação


Calouste Gulbenkian)

7. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

7.1 Ponto de vista Icónico:

• geralmente longo, dependendo do contexto de surgimento;

• organizado graficamente em várias subpartes devidamente iden-


tificadas por um número romano e intertítulo (destacado em ne-
grito). As subpartes integram um conjunto de disposições legais
devidamente numeradas.

• Cada capítulo ou subcapítulo engloba um conjunto de disposi-


ções gerais ou específicas devidamente explicitadas. Os artigos
surgem numerados, abrangendo várias alíneas ou itens seriados
por numeração árabe.

7.2 Estrutura:

O Regulamento, tal como outro tipo de documento nomeadamen-


te o Edital, ou o Anúncio Público, embora dirigido a um público
heterogéneo, tem uma estrutura fixa, pois apresenta-se estruturado
de acordo com as leis vigentes no código civil e, por isso, elaborado
por especialistas na área do Direito.

Textos didáctico-profissionais 131


No Regulamento estão sempre explícitos: o proponente, o assun-
to, o destinatário, as disposições gerais, o articulado que compõe as várias
subpartes, data e assinatura.

8. ORGANIZAÇÃO LINGUÍSTICA

Por não apresentar uma situação de comunicação directa, exige na sua


elaboração: legibilidade, objectividade, destaque da informação relevante. O
seu léxico e a estrutura frásica denotam sempre um pendor jurídico-legal.

8.1 Marcas de pessoa/tempos verbais: 3ª pessoa singular/plural.


Predominam o Presente e o Futuro do indicativo, podendo
ocorrer o conjuntivo, infinitivo pessoal/impessoal.

8.2 Marcas de tempo e espaço: indica-se o local e data de aplicação.

Autoavaliação

Coloque-se no lugar do Chefe da Biblioteca da sua escola, então, redija um


pequeno regulamento que assegure o correcto funcionamento deste espaço
vital numa instituição de ensino, independente do nível de escolaridade e, em
particular, para uma instituição do Ensino Superior. Preste atenção à organiza-
ção textual e linguística deste tipo de textos.

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132 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


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Textos didáctico-profissionais 133


Resposta

Regulamento da Biblioteca “Nobre”, da Escola Modelo Nikki

Introdução

A Biblioteca “Nobre” é um instrumento indispensável do desenvolvimento curricular


desta escola do ensino básico. As suas actividades devem estar integradas no projecto
educativo escolar como centro de recurso pedagógico, fornecendo informação útil com
vista a alcançar os seguintes objectivos:
• Apoiar a concretização dos projectos da escola;
• Desenvolver os hábitos e o gosto pela leitura;
• Realizar actividades de apoio pedagógico;
• Promover investigação.

A Biblioteca “Nobre” é dirigida por um coordenador, que é o responsável pela gestão,


planeamento e organização da Biblioteca. As principais funções do coordenador são:

• Articular as suas actividades com os órgãos de direcção da escola;


• Elaborar o plano de actividades da Biblioteca;
• Propor a aquisição de materiais de consulta e outros, assim como a sua execução;
• Elaborar o relatório de actividades por semestre.
• Divulgar toda a informação inerente às actividades da Biblioteca.

Normas gerais de funcionamento

1- A Biblioteca “Nobre” encontra-se aberta das 09h00 -17h00 (2ª feira à 6ª feira) e
das 09h00-12h00 (sábado);
2- Todas as publicações podem ser consultadas na Biblioteca em sistema de livre acesso;
3- Os leitores terão de deixar os sacos ou mochilas nos cacifos existentes à entrada
da Biblioteca;
4- Todas as publicações, excepto dicionários, enciclopédias, revistas e jornais, podem
ser requisitadas para leitura domiciliária/sala de aula;
5- O empréstimo domiciliário ou para as salas de aula de livros e de outros materiais
é feito mediante requisição em livro próprio disponível na Biblioteca;
6- Cada aluno só pode requisitar para leitura domiciliária um (1) livro de cada vez,
por um período que não deve ultrapassar uma semana;
7- Os alunos podem renovar a requisição do livro findo o prazo de leitura;
8- A não devolução do livro, expirado o prazo, poderá implicar a perda de direito de
requisição e procedimentos disciplinares;

134 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


9- A perda ou dano de livros e outros materiais obriga ao pagamento ou à sua
reposição.
10- As situações não previstas neste regulamento serão resolvidas ao abrigo do Re-
gulamento interno da escola;
11- Este documento será aprovado pela Direcção da Escola.

O coordenador A Directora da Escola


________________________ ________________________

SUMÁRIO

• Análise do enunciado do Regulamento nos níveis icónico, discursivo e


linguístico.

Textos didáctico-profissionais 135


LIÇÃO 4 – O RELATÓRIO

Objectivos

Ao completer esta lição, esperamos que você seja capaz de:


• identificar as situações, pressupostos, estrutura, estilo e tipo de lingua-
gem de um relatório (simples);
• apontar a estrutura de um relatório de pesquisa/científico;
• analisar um relatório;

1. Introdução

Como os outros documentos apresentados nesta aula, o Relatório


é um tipo de comunicação verbal que apresenta, como os outros, as suas
especificidades.

Relatório é comunicação verbal, oral ou escrita, organizada, funda-


mentada, comentada por quem viu, ouviu, estudou um facto, assunto ou situ-
ação. Funciona como elemento de informação, consulta, prova de ocorrência,
análise e discussão de situações concretas. Baseia-se em realidades concretas.

Tem por norma ser constituído de um texto fundamentado, poden-


do documentar algo que foi presenciado. Funciona como uma linguagem de
caráter informativo, análise e discussão de situações concretas.

Consideremos o texto:

Troncos & CA LDA.

FÁBRICA DE LANIFÍCIOS

RELATÓRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Senhores Accionistas:

Textos didáctico-profissionais 137


Em cumprimento da Lei e dos Estatutos, submetemos à vossa apre-
ciação o Balanço e Conta de Resulatados referentes ao exercício de 19…

Comparando os elementos contabilísticos com os do exercício de


19… verificámos que a expansão da empresa é constante. Conseguimos um
aumento do volume de vendas de cerca de 20% em relação ao exercício an-
terior, que nos permitiu também um aumento de lucro. Este, no exercício
de 19.., ascendeu a Escudos 1 088 125$65, cuja distribuição fica ao vosso
esclarecido critério.

Esperamos que o próximo exercício seja ainda melhor, porque me-


lhorar significa progredir e o progresso é motivo de orgulho e satisfação.

É com prazer que nos cumpre agradecer ao Conselho Fiscal a ines-


timável e muito competente colaboração dispensada e a boa e frutífera co-
laboração que vós, na qualidade dupla de accionistas e colaboradores, pres-
tastes durante mais um ano.

Porto, 17 de Fevereiro de 19...

Rua da anha, 199 – telex 54367 Trolani – telef. 23985 – 4900 Vina do Castelo

2. SITUAÇÕES

O relatório ocorre geralmente nas seguintes situações:

• prestação de contas;

• acidentes de trabalho/de viação;

• balanço;

• avaliação/estudo de conflitos/possibilidades ou vias alternativas


de solução, etc.

3. PRESSUPOSTOS

• Não obriga à observação directa dos factos;

138 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


• Pressupõe a ocorrência de factos;

• Descrição objectiva;

• Análise sucinta dos factos descritos;

• Exactidão;

• Conclusões;

• Sugestões/propostas.

4. ESTRUTURA

Relatório – modelo corrente (simples)

4.1 Apresentação

• Cabeçalho – data, origem, natureza, destinatário

• Assunto – resumo de(os) facto(s)

4.2 Texto

• Corpo – desenvolvimento do assunto (descrição dos factos)

• Considerações (análise dos factos)

• Conclusões – sugestões.

Observe que:

• A apresentação pode ocupar a primeira página, devendo surgir


bem destacada do texto;

Textos didáctico-profissionais 139


• cada um dos elementos do cabeçalho deve ser reconhecido com
relativa facilidade;

• assunto: deverá fixar em breves palavras o(s) facto(s) em causa;


indicar apenas o essencial; mencionar unicamente as razões que
determinaram a elaboração do realtório, sem nada antecipar sobre
as conclusões, nem sobre a opnião pessoal do relator;

• desenvolvimento exige:

• honestidade e imparcialidade;

• fidelidade (o relato não deve omitir nada que seja importante para
o esclarecimanto do acontecido);

• utilidade (diga-se apenas o necessário);

• precisão (escolha-se apenas os aspectos dominates);

• método (deve-se esquematizar um plano, a fim de arrumar as


ideias numa sequência lógica)

• clareza.

• As considerações assumem a forma de uma apreciação do(s)


facto(s) e constituem o núcleo do realtório. É nesta parte que o
relator deve referir tudo o que ele próprio tiver averiguado e que
possa conduzir a uma melhor compreensão das causas e dos efei-
tos do(s) facto(s) analisados; nada deve ser baseado em ideias
preconcebidas, tudo deve ser apoiado em factos exactos que se
possam criticar e explicar.

• A conclusão deve deduzir-se logicamente da argumentação que a


preceda, nada contendo que não seja justificado

• Baseado nas conclusões, pode-se apresentar as sugestões, clara e or-


denadamente dispostas, por forma a serem concretas e objectivas.

140 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


5. RELATÓRIO DE PESQUISA.

5.1. Estrutura

5.1.1 Capa

Contém apenas três elementos: no alto da página, o nome do autor


na ordem normal; no centro da página, o título do trabalho e o grau acadé-
mico que se pretende obter, mais abaixo, Universidade Pedagógica, cidade
e o ano civil.

5.1.2 Título ou subtítulo

O título deve abarcar o seu conteúdo de forma sumária e concisa,


deve ser escrito na mesma língua do texto. As regras para o título são:

a) ser resumo do trabalho;

b) se ultrapassar (10) palavras, caso seja necessário, crie-se um subtítulo;

c) não incluir no tìtulo tabreviaturas não oficiais, símbolos particu-


lares e fórmulas.

5.1.3 Página de Rosto

Tem ao alto, o nome completo do autor, no meio, o título completo


do trabalho; mais abaixo, à direita, o Departamento, Faculdade/Delegação,
natureza do trabalho, seu objectivo académico, seguidamente o(s) nome(s)
e a Universidade Pedagógica, local e ano civil.

5.1.4 Sumário

O sumário vem logo depois da folha de rosto e esquematiza as princi-


pais divisões do trabalho: partes, secções, capítulos, etc., exactamente como
aparecem no corpo do trabalho, indicando ainda a página em que cada divi-
são inicia, as listas, tabelas e bibliografia.

Textos didáctico-profissionais 141


Deve ser elaborado por forma a permitir a leitura e compreensão da
matéria de investigação, das questões científicas, dos materiais e métodos,
dos resultados, da discussão e das principais conclusões, sem que para tal o
leitor tenha de recorrer ao trabalho.

5.1.5 Local e data

Fonte: http://www.uminho.pt/montra.aspx?mdl=~/
Modules/GCII/LojaModules/CategoriaView.ascx&lang
=pt-PT&pageid=172&tabid=12&ItemId=3

Folha de rosto (página de rosto).

Sumário (discriminação das divisões e subdivisões do trabalho)

Resumo analítico

5.1.6 Objecto

• Problema

• Hipóteses

• Variáveis e suas relações

• Quadro Teórico

142 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


5.1.7 Introdução

• Tema

• Delimitação

• Objectivo Geral

• Objectivo Específico

• Justificativa

5.1.8 Cap. I

Fundamento(s) Teóricos da Pesquisa/revisão da bibliografia

• Teoria básica

• Definição dos termos

• Definição de indicadores

• Desenvolvimento teórico do tema

5.1.9 Cap. II

Metodologia de pesquisa

• Método de Abordagem

• Método de Procedimento

• Técnicas e meios utilizados

• Delimitação do “universo”

• Tipo de amostragem (dividida em subcapítulos/secções)

Textos didáctico-profissionais 143


5.1.10 Conclusões

Recomendações e/ou sugestões

Apêndice(s)

Anexo(s)

5.1.11 Bibliografia

• Antes de procermos à descrição da organização discursiva do rela-


tório (veja as DICAS), vamos, por razões metodológicas, descre-
ver a organização icónica e linguística deste tipo de textos.

• Material Icónico

• relatório apresenta: Cabeçalho; Corpo; fecho (anexos, apêndices,


bibliografia)

• Organização Linguística

• Há ocorrência de nominalizações; verbos no imperfeito (quando


faz a descrição de factos), pretérito perfeito (quando se faz a nar-
ração de factos passados).

• Nas propostas/recomendações ocorrem (preferenciamente) ver-


bos do conjuntivo e outras expressões modais;

• Uso de numerais quer no sumário quer no corpo do texto (nume-


ração de capítulos/subcapítulos, quadros e figuras, indicação de
valores volumétricos, etc.

• Ocorrência de marcas espácio-temporais; uso de adjectivos na


aprecição da situção/dos factos/dos resulatdos da investigação;

Dependendo do paradigma teórico adoptado, no realtório podem


ocorrer marcas da 1ª pessoa (EU/NÓS) ou da 3ª pessoa.

144 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


6. ALGUNS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

6.1 Lista de tabelas e figuras

São elaboradas listas com o respectivo número, título e paginação,


logo a seguir ao sumário.

6.2 Lista de abreviaturas e símbolos

Relação das abreviaturas e símbolos constantes no texto, acompa-


nhados do seu respectivo significado. Seguem a ordem alfabética.

7. ELEMENTOS TEXTUAIS

7.1 Introdução

Levanta o estado da questão (se for o caso), mostrando o que foi


escrito do tema e assinalando a relevância e o interesse do trabalho; Apon-
ta os objectivos, enuncia o tema, o problema, sua tese (hipótese) e os pro-
cedimentos que serão adoptados para o desenvolvimento do raciocínio
(metodologias do trabalho) “…é a última parte do trabalho a ser escrita.”
SEVERINO(2002)

7.2 Desenvolvimento

Corpo do trabalho. Estruturado conforme as necessidades do plano


definitivo da obra (Capítulo; Subcapítulo; Secções, etc.). Tudo deve favo-
recer a clareza e a logicidade. Não basta enumerar simetricamente os vários
itens: é preciso que haja subtítulos portadores de sentido. Em trabalhos
científicos, todos os títulos de Cap. devem ser temáticos e expressivos.
Devem dar ideia exacta do conteúdo do sector que titulam. A fundamenta-
ção lógica do tema deve ser exposta e provada, a reconstrução racional tem
por objectivo explicar, discutir e demonstrar: explicar – tornar evidente o
que estava implícito, obscuro ou complexo; descrever, classificar e definir;

Textos didáctico-profissionais 145


discutir – comprovar as várias posições que se entrechocam dialecticamen-
te; demonstrar – aplicar a argumentação apropriada, isto é, partir de verda-
des garantidas para novas verdades.

7.3 Conclusão

• (i) sintética – síntese para a qual caminha o trabalho. visa apresen-


tar apenas os resultados da pesquisa;

• (ii) analítica – Visa recapitular sinteticamente os resultados da


pesquisa elaborada até então, passando por um breve inventário
do percurso = balanço do empreendimento.

O Autor manifestará seu ponto de vista sobre os resultados obtidos


e seu alcance.

8. A REDACÇÃO DO TEXTO

Expressão literária do raciocínio desenvolvido no trabalho. Impõe-se


um estilo sóbrio e preciso, importando mais a clareza do que qualquer ou-
tra característica estilística. A terminologia técnica só é usada quando neces-
sária; evitem-se a pomposidade pretensiosa, o verbalismo vazio, as fórmulas
feitas e a linguagem sentimental.

9. ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS.

9.1 Apêndice e anexos

Acrescentam-se quando exigidos pela natureza do trabalho. Os apên-


dices são geralmente desenvolvimentos autónomos, elaborados pelo pró-
prio autor, para complementar o próprio raciocínio. Por sua vez, os Anexos
são documentos nem sempre do mesmo autor que servem de complemento
ao trabalho e fundamentam a pesquisa.

146 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


9.2 Bibliografia final

É apresentada segundo ordem alfabética dos autores e deve conter os


seguintes elementos:

• Autor;

• Título do documento;

• Edição;

• Local de publicação;

• Editora;

• Data;

• Número de páginas.

9.3 Apresentação gráfica do trabalho

• Todos os textos devem ser dactilografados a 1,5 espaço e escritos


num só lado de folhas A4;

• São usadas as seguintes margens:

• Margem superior: 3cm

• Margem inferior: 2cm

• Margem esquerda: 3cm;

• Margem direita: 2cm;

• A numeração começa a partir da página de rosto. O número é co-


locado no alto da página, à direita;

Textos didáctico-profissionais 147


Os capítulos devem ser iniciados numa nova página, mesmo que so-
bre espaço suficiente na página que termina o capítulo anterior;

Autoavaliação

Analise o relatório do conselho de administração da empresa Troncos Ltda. abai-


xo sob o ponto de vista do material icónico, discursivo e linguístico.

Nível Icónico
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Nível Discursivo
______________________________________________________

Material linguístico
_______________________________________________________

Resposta Comentada
Nível Icónico
Texto médio, composto por 4 parágrafos:
1º parágrafo – apresentação;
2º parágrafo – desenvolvimento;
3º parágrafo – expectativa;
4º parágrafo – agradecimento e reconhecimento.

Nível Discursivo
Explanação dos motivos/justificativas do texto;
Cotejo dos exercícios, justificando a expansão da empresa, com o aumento das vendas,
e sua continuidade.

Material linguístico
Comunicação directa entre a empresa e os accionistas, com legibilidade, objectividade
e destaque das informações mais relevantes, a saber:

148 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


• obrigatoriedade de prestação de contas;
• comparação entre os resultados dos exercícios;
• expectativa futura;
• Marca de pessoa – 1ª pessoa do plural;
• Marca de tempo e espaço – Cidade do Porto, 17 de fevereiro de 19..;
• Tempos verbais – predomínio do presente do indicativo

SUMÁRIO

• Relatório: modelo de estrutura do relátorio simples e o de pesquisa;


• Organização textual: icónica, discursiva e linguística.

Textos didáctico-profissionais 149


LIÇAO Nº 5 – O SUMÁRIO

Objectivo

Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de analisar o enunciado
do Sumário de uma aula do ponto de vista icónico, discursivo e linguístico.

1. Introdução

Para fechar o módulo, decidimos, apresentar o enunciado “Sumário”


que, em sentido lato significa: resumido, breve, simples ou ainda a listagem
de assuntos duma matéria. É, sem dúvida o que você, como professor costu-
ma fazer no final de cada actividade lectiva com os seus alunos.

Sumário é a discursivização das actividades, estratégias, e conteú-


dos tratados numa aula por interacção entre professor e alunos no espaço
de uma lição/aula.

Por vezes chamado sinopse, no caso de sumário de uma obra/cop-


municação é reescrita de um texto, de forma encurtada. O principal pro-
pósito da tal redução é entender os principais pontos do texto original, que
usualmente é extenso e, portanto, através de um sumário pode-se chegar à
essência da fonte num período muito menor de tempo.

Preteste atenção ao texto que se segue:

Lição nº 25 Maputo, 04.04.2010

Sumário

Análise do enunciado do Sumário de uma aula:

• Nível icónico;
• Discursivo;
• Linguístico.
Exercícios de aplicação (trabalho de grupo).

Textos didáctico-profissionais 151


Analisemos o enunciado do sumário apresentado:

2. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL

2.1 Ponto de vista icónico

• Texto curto;

• Organizado graficamente em dois conjuntos:

2.1.1 Cabeçalho

• Identificação do texto;

• Localização temporal;

• Localização co-textual

2.1.2 Corpo

• Marcado pela divisão em parágrafos.

2.2 Ponto de vista discursivo

• Informação sobre:

3. ACTIVIDADES; CONTEÚDOS; ESTRATÉGIAS;

• Diferenciação das unidades textuais pela disjunção de activi-


dades/estratégias-conteúdos e/ou aspectos diversos do mes-
mo conteúdo;

• Unidades textuais delimitadas graficamente pelos parágrafos;

152 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


• Sequência de parágrafos equivalente à sequência cronológica
das actividades enumeradas

• Super estrutura descritiva

4. ORGANIZAÇÃO LINGUÍSTICA

• Discurso objectivante;

• Economia própria de um texto de síntese;

• Relacionação interfrásica - ausência de articuladores ou articu-


ladores enumerativos (tipo numérico)

• Frases nominais;

• Nível morfológico:

• Nomes abstractos;

• Ausência de marcas de pessoa;

• Ausência de verbos conjugados;

• Identificação do tempo (por vezes do espaço) da interacção


social;

• Localização co-textual: conector enumera tipo (tipo numérico);

• Nível lexica:

• Nominalizações de verbais

Textos didáctico-profissionais 153


Autoavaliação

A) Considere que os textos abaixo transcritos enunciam actividades realizadas


durante uma aula. Reescreva -as, nominalizando as expressões destacadas e
integre-as num hipotético sumário da referida aula:

1. Os grupos 1,2, 3 consultaram com ajuda do professor uma gramática de Lín-


gua Portuguesa e os grupos 4,5,6, elaboraram um texto sobre a pontuação.
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2. Os alunos leram e discutiram o texto sobre a pontuação


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3. Três alunos apresentaram oralmente a síntese das conclusões dos grupos.


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4. O professor explicou o significado de alguns sinais de pontuação.


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5. Os alunos exercitaram-se na utilização de alguns sinais de pontuação;


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6. O professor sintetizou a matéria tratada na aula.


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154 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa


B) Defina o sumário de uma aula, não se esquecendo de referir a sua estrutura.
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7. Os grupos 1,2, 3 consultaram com ajuda do professor uma gramática de Lín-


gua Portuguesa e os grupos 4,5,6, elaboraram um texto sobre a pontuação.
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8. Os alunos leram e discutiram o texto sobre a pontuação


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9. Três alunos apresentaram oralmente a síntese das conclusões dos grupos.


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10. O professor explicou o significado de alguns sinais de pontuação.


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11. Os alunos exercitaram-se na utilização de alguns sinais de pontuação;


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12. O professor sintetizou a matéria tratada na aula.


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Textos didáctico-profissionais 155


Resposta

Os grupos 1,2, 3 fizeram a consulta, com ajuda do professor, em uma gramática de Língua
Portuguesa e os grupos 4,5,6, procederam a elaboração de um texto sobre a pontuação.
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Os alunos fizeram a leitura e criaram uma discussão em cima do texto sobre a pontuação.
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Três alunos construíram a apresentação oral, com base na síntese das conclusões
dos grupos.
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O professor elaborou a explicação do significado de alguns sinais de pontuação.


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Os alunos praticaram o exercício da utilização de alguns sinais de pontuação;


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O professor fez a síntese da matéria tratada na aula.


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Resposta Comentada

Verifique se nas respostas dadas observou as características deste tipo de texto trata-
das nesta aula, sendo de destacar: as nominalizações e, connsequentemente, a ausên-
cia de verbos conjugados e de conectores enumenartivos.

SUMÁRIO

Estudo do enunciado do sumário de uma aula:

• Níveis icónico, discursivo e linguístico.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Paulo, Cotez Editora, 2008

AMARAL, Wanda do. Guia para Apresentação de Teses Dissertações Trabalhos de Gradu-
ação. 2ª ed. Maputo, Livraria Universitária, 1999.

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BASTOS, C.E. Fidalgo, M. Saber Redigir. Imprensa Literária Fluminense, 1989.

BRANDÃO, Helena H. N. & MICHELETTI, Guaraciaba. In CHIAPPINI, Lígia (coord.).


“Aprender e Ensinar - Contextos Didácticos e Paradigmáticos”, 2ª ed. , S. Paulo, Cortez
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BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um intervencio-


nismo sócio-discursivo. São Paulo, EDUC, 1999.

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CARVALHO, Ruy et.al. Aprendendo Metodologia científica: uma orientação para os


alunos de graduação. S. Paulo. Nome Rosa, 2000. pp.89-91.

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MAVALE, Cecília. Tomada de Notas. (texto de apoio não publicado), UP, 2007.

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SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. rev. ampl.
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Referêcias Bibliográficas 157


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SIMONETI, Jean e SIMONETI Rence. Como Tirar Notas de Maneira Prática. Lisboa, Ed.
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158 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa

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