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05/12/2019
Número: 1030054-82.2019.4.01.3400
Classe: AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Órgão julgador: 10ª Vara Federal Criminal da SJDF
Última distribuição : 04/10/2019
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0035352-77.2016.4.01.3400
Assuntos: Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Ministério Público Federal (Procuradoria) (AUTORIDADE)
GUILHERME NARCISO DE LACERDA (RÉU)
LUIZ PHILIPPE PERES TORELLY (RÉU) MARCELLO ALENCAR DE ARAUJO (ADVOGADO)
CARLOS ALBERTO CASER (RÉU) MARTHIUS SAVIO CAVALCANTE LOBATO (ADVOGADO)
MARIANA MEI DE SOUZA (ADVOGADO)
CARLOS AUGUSTO BORGES (RÉU) MARTHIUS SAVIO CAVALCANTE LOBATO (ADVOGADO)
MARIANA MEI DE SOUZA (ADVOGADO)
JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS (RÉU)
HUMBERTO PIRES GRAULT VIANNA DE LIMA (RÉU) RENATO RIBEIRO DE MORAES (ADVOGADO)
PEDRO PAULO XAVIER RIBEIRO DE OLIVEIRA
(ADVOGADO)
DIEGO DE MAGALHÃES OZORIO (RÉU)
CARLOS ALBERTO ROSA (RÉU)
RONALDO MARCELIO BOLOGNESI (RÉU)
PAULO CESAR RUTZEN (RÉU)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10246 22/10/2019 19:26 Decisão Decisão
1873
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Distrito Federal
10ª Vara Federal Criminal da SJDF
PROCESSO: 1030054-82.2019.4.01.3400
CLASSE: PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL (PIC-MP) (1733)
AUTORIDADE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCURADORIA)
RÉUS:
DECISÃO
Relata, em suma, que, entre agosto e novembro de 2009, nesta capital federal, os acusados
GUILHERME NARCISO DE LACERDA (na condição de Diretor-Presidente da FUNCEF), LUIZ PHILIPPE
PERES TORELLY (na condição de Diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da FUNCEF), CARLOS
ALBERTO CASER (na condição de Diretor de Benefícios da FUNCEF) e CARLOS ALBERTO ROSA (Gerente
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da Gerência de Participações Mobiliárias – GEPAR/FUNCEF), com a participação do empresário JOSÉ
AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS (sócio/controlador da Multiner S/A à época dos fatos), HUMBERTO
PIRES GRAULT VIANNA DE LIMA (ex Presidente e Diretor da Vitória Asset, gestora do FIP Multiner em 2009)
e DIEGO DE MAGALHÃES OZORIO (sócio da CG Quatro Consultoria e responsável pela valuation da Multiner
S.A.), geriram de forma fraudulenta a Fundação dos Economiários Federais (FUNCEF) – Fundo de Pensão dos
funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) – para permitir a aprovação do primeiro aporte de capital da
FUNCEF, bem como realizar efetivamente tal aporte, no montante de R$ 102.300.000,00 (centro e dois
milhões, e trezentos mil reais), em favor da MULTINER S/A, por meio do Fundo de Investimentos em
Participações Multiner (FIP Multiner), sem a observância dos deveres de diligência e por meio da utilização de
documentos fraudulentos elaborados pela CG4 Consultoria Empresarial Ltda. (ou “CG QUATRO”), com
subsídio dos executivos da Multiner S/A, que avaliaram, de forma superestimada, no valor de R$ 2,196 bilhões,
os ativos da companhia (beneficiando os sócios/controladores da MULTINER S/A), em flagrante prejuízo para a
FUNCEF, que acabou por despender recursos incompatíveis com o valor econômico dos ativos cuja
participação acionária adquiriu.
Descreve que, ainda na primeira fase de aportes de capital no FIP MULTINER, GUILHERME
NARCISO DE LACERDA (na condição de Diretor-Presidente da FUNCEF), LUIZ PHILIPPE PERES TORELLY
(na condição de Diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da FUNCEF), CARLOS ALBERTO CASER
(na condição de Diretor de Benefícios da FUNCEF) e CARLOS ALBERTO ROSA (Gerente da Gerência de
Participações Mobiliárias – GEPAR/FUNCEF), com a participação de HUMBERTO PIRES GRAULT VIANNA
DE LIMA (ex-Presidente e Diretor da Vitória Asset, gestora do FIP Multiner em 2009), DIEGO DE MAGALHÃES
OZORIO (sócio da CG Quatro Consultoria e responsável pela valuation da Multiner S.A.), JOSÉ AUGUSTO
FERREIRA DOS SANTOS (sócio/controlador da Multiner S/A) desviaram, em proveito deste, os valores que
foram indevidamente investidos no Fundo de Investimentos em Participações Multiner (FIP MULTINER) pela
FUNCEF, em flagrante benefício aos referidos sócios da empresa Multiner S/A.
Assevera que, a respeito dos crimes acima mencionados, cometidos na primeira fase de aportes
de capital da FUNCEF no FIP Multiner, a consumação ocorreu com os efetivos aportes pelos quais a referida
EFPC integralizou suas cotas no fundo, ocorridos nas seguintes datas: (i) 20 de outubro de 2009, no montante
de R$ 18,2 milhões; e (ii) 19 de novembro de 2009, no montante de R$ 84,1 milhões. Com as duas aplicações,
coube à FUNCEF a participação no FIP Multiner de 20,30%.
A exordial relata, também, que, em março de 2012, já cientes da crítica situação da Multiner
S.A. e dos prejuízos advindos do investimento no FIP Multiner, CARLOS AUGUSTO BORGES (Diretor de
Participações Societárias e Imobiliárias da FUNCEF), CARLOS ALBERTO CASER (Diretor de Benefícios à
época dos primeiros aportes realizados em 2009, e Diretor-Presidente em 2012) e HUMBERTO PIRES
GRAULT VIANNA DE LIMA (agora como Gerente da Gerência de Participações Mobiliárias –
GEPAR/FUNCEF), com a participação de JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS (Controlador da
Multiner S.A.), RONALDO MARCELIO BOLOGNESI (controlador do Grupo Bolognesi) e PAULO CESAR
RUTZEN (Diretor do grupo Bolognesi – Bolognesi Energia S.A.), aprovaram, de forma fraudulenta, a
participação da FUNCEF no processo de reorganização societária e reestruturação financeira da Multiner S.A.,
com mais outro aporte no fundo, agora de R$ 84.630.552,07.
Acresce, ainda, que, nessa etapa, os aportes da FUNCEF no FIP Multiner ocorreram nas
seguintes datas e com os seguintes valores (que totalizaram R$ 84.630.552,07): (i) 11 de abril de 2012: aporte
de R$ 21,609 milhões; (ii) 25 de maio de 2012: aporte de R$ 18,906 milhões; (iii) 18 de julho de 2012: aporte de
R$ 22,630 milhões; e (iv) 20 de agosto de 2012: aporte de R$ 21,484 milhões; e que, RONALDO MARCELIO
BOLOGNESI e PAULO CESAR RUTZEN, representantes do Grupo Bolognesi, a pretexto de cumprir a
obrigação contida no aditivo ao contrato de reorganização, fizeram aporte bumerangue no dia 14/07/2014,
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retirando nessa mesma data o valor de R$ 55.000.000,00 depositado em favor da Multiner S.A, em manifesto
prejuízo ao FIP, desviando, em proveito próprio e alheio, os valores aportados.
Por fim, RONALDO MARCELIO BOLOGNESI e PAULO CESAR RUTZEN, em razão do desvio
cometido quando do aditivo ao contrato de reestruturação, praticaram o crime previsto no art. 171 do Código
Penal.
DECIDO.
A denúncia atende aos requisitos contidos no artigo 41 do Código de Processo Penal, descreve
de modo claro e objetivo os fatos imputados aos denunciados, não se tratando de hipótese de indeferimento
liminar da peça acusatória.
Está demonstrada até agora a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em face da
circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as descrições das condutas em correspondência
aos elementos que instruem a denúncia, em especial os oriundos do Procedimento Investigatório Criminal nº
1.16.000.000999/2016-47 e do IPL 0916/2016-SR/DPF/DF (autos JF-DF0012729-82.2017.4.01.3400),
havendo, assim, prova da materialidade e indícios da autoria delitiva.
Ademais, nesse juízo preliminar, não vislumbro qualquer elemento probatório cabal capaz de
infirmar a acusação, sem prejuízo da análise particularizada com a eventual contraprova, nos termos do art.
397 do CPP.
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O(s) Citando(s) deverá(ao) ser intimado(s) de que, não sendo apresentada resposta no prazo ou
não tendo condições econômicas para constituir advogado, fica desde já nomeada por este Juízo a Defensoria
Pública da União para atuar na defesa do(s) denunciado(s) durante o curso o processo.
Para promover celeridade a esta ação, determino, ainda, seja a Autoridade Policial intimada a
apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, relatório pormenorizado sobre os bens (e respectivas destinações)
apreendidos no interesse deste processo. Oficie-se.
Juiz Federal
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