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Grécia. De 2009 a 2017, ele foi professor de música da Universidade de Cambridge onde é
membro do Darwin College. Anteriormente, foi professor de pesquisa professoral da Royal
Universidade de Londres, onde dirigiu o Centro de Pesquisa do Conselho de Pesquisa em
Artes e Humanidades para História e Análise de Música Gravada (CHARM). Foi professor
também Universidade de Hong Kong, na Universidade de Sydney. É membro da British
Academy desde 2001.
A principal mensagem do livro é que nós herdamos do passado uma maneira de pensar
sobre música que já não faz jus a diversidade de práticas e experiências que a pequena
palavra música significa no mundo atual.
Como a música e suas associações variam substancialmente de lugar para lugar, ela
funciona como um símbolo de identidade nacional ou regional. A sociedade urbana,
ocidental ou ocidentalizada de hoje fragmentou-se em qualquer número de micro culturas
distintas, cada uma com uma identidade musical própria.
O modo que herdamos de pensar e falar de música, é uma abordagem que não reflete a
realidade, apenas faz a manutenção de um discurso construído; discute a ideia de
autenticidade em música, a ideia de que algumas músicas são naturais enquanto algumas
músicas são artificiais;
E é claro que o modo como pensamos música influencia no modo como fazemos música.
O termo música há 100 anos tinha uma estabilidade que hoje não apresenta mais, o
próprio termo obras sugere a economia industrial clássica, baseada na produção de bens
que são distribuídos e finalmente consumidos por um público passivo.
O termo música para nós significa: que a inovação é central para a cultura musical, que a
chave pessoal está com o compositor, que intérpretes são nada mais que mediadores,
aparte por aqueles que são geniais, excepcionais têm seu status comparado ao do
compositor; que ouvintes são consumidores que tem um papel passivo no processo
cultural da música.
Muitas das ideias profundamente arraigadas em nosso pensamento sobre música hoje
podem ser rastreadas no pensamento em torno da recepção das músicas de Beethoven.
A ideia do museu musical (Lydia Goher) que são as músicas escolhidas pelo ocidente como
cânones, trata-se de um capital estético, que pode ser guardado para o futuro, como um
vinho. Um museu imaginário das obras musicais, o repertório de cânones musicais, a
música que foi selecionada para figurar como a grande produção humana no âmbito da
música. É a partir de Beethoven que a música é feita para durar.
Ela passa a ser a régua que mesura a produção de todos os tempos e lugares. Segundo
Schenker a obra de compositores consagrados dura independente do tempo e espaço
onde são produzidas, elas habitam o imutável, imaterial, o domínio delas mesmas.
A ideia mística que a força superior da verdade, da natureza trabalha misteriosamente por
trás das consciências dos compositores. A sala de concerto como se fosse uma catedral, a
ideia de tocar de cor, como uma inspiração dos céus. A dicotomia entre música
programática e música pura
E ele diz que é um erro o nome de Back to Beethoven, afinal nunca nos afastamos dele.
Talvez ela não esteja envelhecendo bem, talvez ela traga com ela os valores não mais
usuais de uma sociedade caduca. Para muita gente a extravagância das casas de ópera
ofensiva.
Hábitos ocidentais: pensar música como objeto imaginário e pensar música como se ela
representasse algum tipo de realidade externa. No entanto, não há razões para pensar
que a música clássica como um todo esteja em crise, ela é uma tradição que se tornou
estática.
Notação conserva a música, mas esconde mais do que revela e desempenha um papel
central na manutenção e até definição da cultura da música.
Cook menciona também a ideia de que a notação transmite toda uma maneira de pensar
sobre música e a ideia de que a notação é algo muito mais profundamente ligada ao ato
de compor que relatos de processos composicionais podem nos levar a crer. Processos
míticos descrevem Beethoven e Mozart compondo de uma só vez, como se a música
estivesse em sua mente e o papel fosse somente o veículo, quando os autógrafos provam
o contrário. As correspondências dos compositores vêm à tona e revelam um intenso
trabalho das ideias sobre o papel. É um processo físico de engajamento do papel e caneta
sobre o ato criativo que é inseparável da notação na música ocidental. Música é algo que
se faz e não algo que acontece.
Dois tipos diferentes de notação também são descritos: notação da equipe ocidental, que
funciona representando os sons; e notação de tablatura, que descreve o que você precisa
fazer para criar o som.
O paradoxo da música
A notação transforma uma experiência temporal em um objeto imaginário.
Experienciamos a música no tempo, mas para manipularmos e entendermos música,
precisamos de certa maneira transmuta-la, retiramos a música da linha do tempo e
transformamos uma experiência temporal em objeto imaginário.
Quinto Capitulo Uma Questão de Representação, Cook expõe a ideia de que ao invés da
reprodução de uma realidade pré-existente externa, o papel da arte é tornar disponível
novas formas de construir nosso senso de realidade. Quando falamos de música não
estamos representando algo que experienciamos ou experienciaremos, e sim estamos
mudando o próprio ‘algo’. Cook sugere também uma ‘abordagem inclusiva’ da música. Tal
conceito se funda na ideia de que a estética clássica é embasada em obras primas de
grandes compositores e em interpretes especialistas, deixando de fora da “cadeia
produtiva” da música todas as outras pessoas, que na verdade é a grande maioria. Aí se
pode enxergar uma ligação ao ‘objeto de museu’, valorado universalmente e
absolutamente, abordado no segundo capítulo pelo autor. De outra forma, uma
abordagem baseada na atividade da música abarcaria todos que interagem com ela para
se falar e se pensar música. Esta seria a ideia de uma ‘abordagem inclusiva da música’,
como o autor coloca.
Estudo das fontes e suas problemáticas e ele conclui que não é que o estudo das fontes e
edições não valha a pena, ele é absolutamente necessário, mas é um trabalho que nunca
termina. Neste sentido que Kerman critica os musicólogos que simplesmente passam do
estudo de uma música para outra (parecem pianistas que estudam escalas e nunca tocam
peças).
No desapropriamos da música uma vez que ela é transformada de algo que você faz para
algo que você sabe. Existe uma espécie de doutrinação auditiva que dificulta conceber
músicas que funcionam de outras maneiras e ouvir músicas pensadas por outros vieses. O
autor utiliza argumentos apontando pra ideia de que a música age como um agente de
transformação pessoal e social. Diferentes interpretações e formas de pensar sobre
música acionam a habilidade que ela tem de funcionar como uma arena para negociação
de valores pessoais e interpessoais.
A conclusão argumenta que tanto a música como a musicologia são caminhos de criação
de significados mais do que somente representação de algo. Se a música pode comunicar
além das fronteiras da diferença de gênero, ela pode ultrapassar outras barreiras
também. Há os exemplos das musicoterapias, onde a música comunica além das
fronteiras das doenças mentais. Utilizamos a música como ferramenta para entrar em
outras culturas, podemos igualmente pensá-la como uma maneira de negociar identidade
cultural. Assim, a música não é somente um modo de compreender a cultura do outro,
mas pode mudar nossa própria posição, construindo e reconstruindo nossa própria
identidade no processo.