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Pelotas, 2018
Mariana Alvariz Lopes
Pelotas, 2018
Mariana Alvariz Lopes
Banca examinadora:
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Prof. Dr. Márcio Xavier Bonorino Figueiredo (Orientador), Doutor em Educação e
Filosofia pela Universidade de São Paulo.
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Prof. Dr......................... Doutora em ...................pela Universidade ................
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Prof. Dr......................... Doutora em ...................pela Universidade ................
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Prof. Dr......................... Doutor em ...................pela Universidade ................
“O corpo é o inconsciente visível.” (Alexander Lowen)
Agradecimentos
The presente work arises from sensible reflections and perceptions about body
language. It broaches the possibility of seeing and understanding the individual as a
whole, connecting the physical, the mental and the emotional spheres. The research
is based on the work of the psychoanalyst and psychiatrist Wilhelm Reich, presenting
the meaning of the term holisticand what it turns out to be, in practical terms, when
used to analyze the development and the life story of each person. It is a deeper dive
and a wider look the body as a pulsant bioenergetics field. In a somatic perspective,
venturing in the complex universe of the body as a reflex of an indivisible whole, this
study aims to enlarge the perception of bodily practices – their definitions and
influences – as mobilizers of vital energy (bioenergy) and as bridges to deep psycho-
emotional material. Accordingly, the bodily practices are here presented as tools of
high transforming potential.
1. Introdução .............................................................................................. 09
2. Revisão Bibliográfica............................................................................ 12
2.1 Uma história escrita no corpo ............................................................ 12
2.2 A energia vital .................................................................................... 14
2.3 O corpo vivo...................................................................................... 20
2.4 A respiração como ponte .................................................................. 27
2.5 As Psicoterapias Corporais e suas práticas ..................................... 30
3. Considerações Finais............................................................................ 36
Referências……………………………………………………………………...... 39
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1. Introdução
2. Revisão Bibliográfica
De acordo com Volpi & Volpi (2003), somos educados por uma
sociedade encouraçada, por isso a educação encouraça; adapta as crianças à
igreja, à cultura, ao Estado e, acima de tudo, evita o contato com o terror que a
expressão da vitalidade infantil provoca nos adultos, os quais perderam o
contato com sua própria vitalidade e que, de alguma forma, são
constantemente lembrados disso ao lidarem com os pequenos.
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Segundo os hindus, Prana seria a Energia Vital que dá vida ao nosso corpo (MAHFUZ, 2015).
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Segundo LOWEN (2017), a economia de energia de um indivíduo refere-se ao equilíbrio mantido entre
a carga e a descarga de energia ou entre a excitação sexual e sua respectiva liberação. Lowen defende
ainda que o fator econômico é uma chave importante para a compreensão da personalidade, por ter
relação com a forma de o indivíduo conduzir sua energia.
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Scarpato (2006) comenta que, pela visão somática, não pode haver
separação entre as esferas cognitiva, afetiva e motora, pois estão intimamente
ligadas. Sendo assim, quando movimentamos o corpo, movemos não só uma
estrutura física formada por partes isoladas, mas um complexo sistema
construído ao longo do tempo e que se encontra em constante modificação.
“Ter forma é estar vivo. Mas permanecer fixado numa forma é estagnar. Nosso
destino é continuar a formar” (Keleman, 1995, p.31). Por fim, a couraça
muscular do caráter é um conjunto de mecanismos corporais alterados que
mantêm as emoções e os impulsos reprimidos e, segundo Júnior (1999), o
significado psíquico desses mecanismos permanece vinculado a essas
alterações corporais.
lenta e suavemente; quando tomado por uma forte emoção, a respiração torna-
se forte e intensa; momentos de tensão tornam a respiração superficial.
Quando o sujeito sente medo, costuma inspirar e prender a respiração. O
bloqueio da respiração é a forma mais eficiente que possuímos de reprimir
sensações e emoções.
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Considera-se o movimento pulsional do orgasmo, ou seja, caracteriza-se pela contração e expansão
involuntária do organismo que se manifesta e constitui o processo sexual pleno vivenciado em dada
relação afetiva-sexual. (REICH, 1942-1983, 254-303).
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É o fluxo interno, diferente do movimento, que se expressa externamente; “é a vitalidade do padrão
pulsátil, a força e a intensidade das pulsações dos órgãos que dão energia e identidade pessoal”
(KELEMAN, 1985/1992, p. 42).
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“Caracterizam-se por uma experiência que pode definir-se como “aquela em que o senso de identidade
ou do eu ultrapassa (trans+passar= ir além) o individual e o pessoal a fim de abarcar aspectos da
humanidade, da vida, da psique e do cosmo” (WALSH; VAUGHAN, 1997, p. 17).
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“Ground em inglês significa chão, base. Grounding, ter base. Grounded, a pessoa que tem base”
(LOWEN & LOWEN, 1985, p. 8).
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perceber que as pressões psicológicas são equivalentes aos pesos físicos para
o corpo. Da mesma forma, se tentamos suportar tais pressões com os joelhos
trancados sobrecarregamos a região lombar.
Qualquer movimento que flui livremente da parte inferior do corpo tem
qualidades mais instintivas e menos submetidas ao controle consciente. Essa
região é de natureza muito mais animal em suas funções (locomoção,
defecação e sexualidade) – e é nela que residem as qualidades de ritmo e
graça naturais; diferentemente da parte superior (pensamento, intelecto, fala e
manipulação do ambiente), atualmente supervalorizada pelo homem,
diminuindo sua acuidade sensorial e controle de poder (LOWEN & LOWEN,
1985).
O grounding implica que a pessoa “deixe acontecer”, fazendo o seu
centro de gravidade recair mais embaixo, levando a uma sensação de estar
mais perto da terra. Gera um senso de segurança, A direção descendente é o
caminho para a descarga, liberação e prazer. Uma pessoa que tem medo
desse “deixar acontecer” é bloqueada em sua habilidade de entrega total à
descarga sexual (energética) e, sendo assim, não consegue experimentar a
satisfação orgástica total – potente ferramenta de auto-regulação (LOWEN &
LOWEN, 1985). “Temos medo de cair, medo de falhar e, portanto, medo de
deixar acontecer e de nos entregarmos a nossos sentimentos” (LOWEN &
LOWEN, 1985, p.8).
De acordo com Lowen & Lowen (1985), grounding em bioenergética
significa a sensação de contato entre os pés e o chão. Estar grounded é como
dizer que a pessoa está com seus pés no chão, sabe onde está e, portanto,
sabe quem é. “O grounding representa o contato de um indivíduo com as
realidades básicas de sua existência. A pessoa está firmemente plantada na
terra, identificada com seu corpo, ciente de sua sexualidade e orientada para o
prazer” (LOWEN & LOWEN, 1985, p.8). Estas qualidades faltam à pessoa que
está “suspensa no ar” ou na sua cabeça, “desenraizada”; não se encontra, de
fato, em cima dos próprios pés. O mesmo autor defende que na maior parte do
tempo estamos andando com nossas pernas, porém, sem estarmos de fato
“dentro delas”; estamos com os pés no chão de forma automática, sem
estarmos ancorados, enraizados dentro de nós; quando a sensação de
grounding é experienciada, de fato, é algo bem diferente e transformador.
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3. Considerações Finais
de) determinados quadros ou sintomas? O que pode estar por trás de um corpo
cansado/desvitalizado, além de uma possível recuperação incompleta de um
treino anterior? Como posso ampliar os benefícios das práticas que ofereço?
Que estruturas patológicas posso estar reforçando ou intensificando ao repetir
sistematicamente determinados movimentos e padrões motores? O que me diz
o contexto geral, o humano por detrás daquela estrutura corporal? O corpo fala.
Será que estamos abertos para ouvir?
Lidamos com um campo energético, uma ponte interconectiva entre
gerações, uma biografia em movimento - rede imensa de informações
corporificadas, um fantástico mistério que ultrapassa qualquer tentativa de
compreensão meramente teórica ou mecanicista. Acredito na possibilidade de
um aprofundamento e sensibilização na forma de explorar e estudar o corpo.
Abre-se, à partir daí, uma reflexão sobre a importância e possível
potencial terapêutico das mais variadas dinâmicas e práticas corporais que
envolvem movimentos e gestos fluidos, espontâneos, rítmicos, conscientes,
expansivos e expressivos, de maneira geral, como por exemplo, a dança, a
capoeira, a ginástica rítmica, o yoga, entre tantas outras.
Afinal, o que assimilamos e entendemos por “educação do corpo físico”
ao concluirmos uma formação acadêmica nessa área? E o que de fato
aprendemos e, mais que isso, percebemos e sentimos sobre o corpo ao longo
dessa graduação? E, por fim, questiono-me: como tornar-se um profissional de
educação do corpo sem conhecer e investigar o seu contexto por um viés
holístico, sem perceber e considerar o mesmo como arte viva? Parece-me um
pouco como a conclusão reflexiva na música Malandragem, sucesso na voz de
Cássia Eller, que diz: “Eu sou poeta e não aprendi a amar.”.
Enquanto seres humanos, somos holísticos, integrados. Penso que é
importante que nós, profissionais de educação física saibamos que não
estamos somente envolvidos num mudar e moldar corpos, mas pessoas –
construídas por histórias, sensações, percepções e ideais. Assim como pode
ser enriquecedor na formação do psicólogo a aproximação do conhecimento do
corpo e sua relação com a psique, o mesmo vale para a nossa profissão. A
divisão corpo-mente faz parte da visão fragmentada que se instituiu na área da
saúde em geral, cada vez mais especializada, porém, limitada no sentido de
compreensão da íntima relação entre as partes do nosso complexo sistema
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humano. Estar em contato com o nosso próprio corpo é fundamental para que
possamos de fato viver o aqui e agora, conscientes do nosso fluxo e ritmo
internos, nossas emoções e nosso pulsar diante dos movimentos ondulatórios
da vida. Integrar-se para, então, tornarmo-nos corpos a caminhar com
espontaneidade em direção aos anseios da alma.
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REFERÊNCIAS