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Exemplos de lesões não
cirúrgicas são: o hemangioma hepático, os cistos,
hepáticas focais a hiperplasia nodular focal, a esteatose focal e os
Jorge Elias Jr abscessos. Com relação às lesões cirúrgicas temos:
o carcinoma hepatocelular (CHC), o adenoma, as
metástases e, ocupando espaço nas duas
categorias, os abscessos. Cabe salientar que, de
1. Introdução – aspectos clínicos modo geral, os métodos de imagem apresentam
2. Métodos de imagem na avaliação hepática hoje altos valores de sensibilidade e especificidade
3. Bases da interpretação clínico‐radiológica para o diagnóstico dessas lesões, principalmente a
4. Aspectos clínico‐radiológicos das lesões TC e a RM.
hepáticas mais freqüentes, por grupo
a) Achado incidental de lesão hepática 2. Métodos de imagem na avaliação
b) Hepatopatia crônica que necessita de hepática
rastreamento para neoplasia hepática
c) Hepatomegalia/massa hepática palpável A radiografia simples tem papel restrito na
e/ou outros sinais e sintomas avaliação das lesões hepáticas focais, que se
relacionadoss resume na identificação de lesões abscedidas
d) Neoplasia conhecida que necessita de contendo gás e com formação de níveis líquidos,
estadiamento abdominal/hepático além da identificação de calcificações
5. Lesões hepáticas focais menos freqüentes eventualmente presentes nessas lesões. É
6. Lesões focais hepáticas nas crianças importante lembrar que a incidência de lesões
7. Considerações finais e conclusões hepáticas com calcificações é pequena e que
muitas vezes tais calcificações são muito
Atualmente, os métodos de imagem têm papel pequenas, finas e em pequena quantidade para
fundamental na avaliação das lesões hepáticas serem detectadas na radiografia simples do
focais. A prevalência de alterações focais abdômen.
hepáticas se mostrou muito maior após o advento
desses métodos. Os principais métodos utilizados A angiografia hepática é um método invasivo
na rotina clínica para a detecção e a utilizado para o estudo vascular arterial, portal ou
caracterização dessas lesões são a venoso hepático, necessitando de punção e
ultrassonografia (US), a tomografia injeção de contraste, geralmente via cateter. Trás
computadorizada (TC) e a ressonância magnética riscos relacionados ao local da punção, à
(RM). Variações desses métodos com técnicas manipulação do cateter e à injeção de contraste
avançadas, como por exemplo, a ultrassonografia iodado, além de utilizar radiação ionizante. Antes
com contraste a base de microbolhas, a do advento dos modernos métodos seccionais de
portografia com TC e a utilização de contrastes imagem (US, TC, RM) teve papel no auxílio
hepato‐específicos e outros, foram descritos diagnóstico dessas lesões, no entanto, atualmente
(alguns, inclusive já abandonados) ou estão em é utilizada quase que exclusivamente como
desenvolvimento. Outros métodos, como por ferramenta terapêutica nos procedimentos de
exemplo, a cintilografia hepática, o PET‐CT e a embolização intra‐arterial, com ou sem associação
angiografia, têm papel mais restrito por motivos de injeção de quimioterápicos localmente.
diversos e serão citados no decorrer desse texto.
A US é um método não‐invasivo, inócuo,
1. Introdução – aspectos clínico‐cirúrgicos rápido, portátil (podendo ser realizado à beira do
Uma classificação geral das lesões hepáticas leito ou em qualquer outro ambiente – centro
focais, proposta por Taylor e Ross, em 1998, faz a cirúrgico, etc...) e relativamente barato. Está
divisão dessas lesões em não‐cirúrgicas ou disponível desde o final da década de 80, no
insignificantes e cirúrgicas ou significantes. Ainda entanto, apresentou desenvolvimento contínuo
que não perfeita, essa classificação tenta mostrar de novas tecnologias o que contribuiu para uma
didaticamente quais as lesões de maior maior disseminação do método a partir da década
importância e impacto clínico para o manejo dos de 90. Tem como desvantagens ser altamente
dependente do examinador e sofrer para cobrir endovenoso, assim como quem é o examinador,
completamente o fígado em situações de enquanto para a TC é importante verificar a
interposição de alças intestinais ou pela presença técnica utilizada (espessura e velocidade de
de curativos oclusivos locais (pela necessidade de obtenção dos cortes – pitch, quantidade de fases
acoplamento da sonda sem interposição de ar pós‐contraste incluindo ou não fase pré‐contraste,
entre o transdutor e o local a ser estudado). Além e outros parâmetros).
disso, depende do biotipo do paciente,
apresentando dificuldades em pacientes obesos, A RM é um método fisicamente inócuo, que
considerando a relação inversa que apresenta não deve ser considerada um exame, mas sim um
entre a resolução e a profundidade de alcance, conjunto de técnicas. O exame é composto por
assim como aspectos próprios à atenuação do US. várias seqüências específicas que formam um
A US permite a avaliação da vascularização das protocolo, sendo que cada seqüência trás um
lesões e dos vasos hepáticos através do Doppler número de imagens com os mesmos parâmetros
colorido e espectral. Melhoramentos da US de aquisição. Esses parâmetros determinam as
incluem a miniaturização de componentes com características normais e patológicas das
aparelhos cada vez menores, além de aspectos no estruturas e órgãos internos, baseados na
desenvolvimento de transdutores, da imagem distribuição do átomo de hidrogênio, que é o
harmônica e da tecnologia tridimensional. Existem átomo escolhido para estudo na RM, pela sua
pesquisas em desenvolvimento com contraste abundância no corpo humano. De modo geral,
endovenosos baseados em microbolhas e com obtêm‐se múltiplas seqüências de imagens
elastografia em tempo real. pesadas em T1, com e sem a injeção de contraste
EV paramagnético e seqüências pesadas em T2
A TC é um método baseado em raios‐X que utilizando‐se diferentes técnicas em um mesmo
deve ser considerado minimamente invasivo, exame (baseadas principalmente no gradiente eco
considerando a necessidade da injeção de e no turbo spin eco). Além disso, essas seqüências
contraste iodado endovenoso para caracterização têm variações no que diz respeito a técnicas de
vascular de órgãos e lesões, além do fato de supressão de gordura. Tais imagens permitem a
utilizar radiação ionizante. Permite a cobertura caracterização de fluidos e tecidos, cujos
completa de praticamente qualquer segmento do principais exemplos são: a água apresenta
corpo humano, sofrendo apenas com artefatos hipointensidade de sinal em T1 e alto sinal em T2,
determinados por estruturas com alta densidade a gordura tem alto sinal T1 e sinal intermediário
radiológica (osso e metal, além de contraste em T2, a fibrose apresenta hipointensidade de
baritado em alta concentração). Disponível desde sinal em T1 e T2, o ferro apresenta
a década de 70, a TC sofreu várias “revoluções” hipointensidade de sinal acentuada em todas as
tecnológicas, que culminaram com os seqüências. A RM tem desvantagens técnicas
equipamentos multidectores helicoidais, cujas relacionadas à alta sensibilidade ao movimento,
vantagens são: cortes muito finos (0,5mm) com com artefatos gerados pelos movimentos
voxels isotrópicos permitindo reconstruções respiratórios, cardíacos e do paciente, além da
multiplanares de alta qualidade, velocidade muito pulsação vascular. Além disso, tem contra‐
rápida da aquisição dos cortes com a mesa do indicações absolutas (marcapasso, implantes
paciente em movimento, permitindo a obtenção metálicos móveis, etc...) e relativas (claustrofobia,
de múltiplas fases após a injeção endovenosa do etc...). A RM está disponível desde a década de 70,
contraste. Para essa técnica há necessidade de no entanto, somente em meados da década de 90
injeção rápida do (com volume que varia é que aperfeiçoamentos da técnica (imagens
aproximadamente de 80 a 150 ml), utilizando‐se rápidas, bobinas de superfície e outras)
bomba injetora (com velocidade de injeção de 3‐5 permitiram utilização maior e mais efetiva para
ml/s). De modo geral, pode‐se considerar a TC estudos do abdômen. Comparativamente à US e à
como um método de maior acurácia que a US para TC, a RM tem maior acurácia na detecção e
avaliação das lesões focais hepáticas, no entanto, caracterização das lesões focais hepáticas.
essa comparação deve ser feita de maneira
criteriosa. Ou seja, deve‐se considerar para a US, Tanto a TC quando a RM devem ter
se o exame é com a utilização ou não de contraste incorporados nos seus protocolos a obtenção de
várias fases após a injeção endovenosa de 4. Aspectos clínico‐radiológicos das lesões
contraste, estratégia conhecida como estudo hepáticas mais freqüentes, por grupo
dinâmico pós‐contraste. Nessa técnica são
adquiridas: fase pré‐contraste, arterial hepática, 4.a. LESÕES FOCAIS FREQUENTEMENTE
portal e tardia ou intersticial. Assim é possível VISTAS COMO ACHADO INCIDENTAL
caracterizar lesões conforme sua vascularização
As lesões hepáticas benignas têm maior
nutridora preferencial, se arterial ou portal, além
prevalência na população geral quando
de caracterizar o tipo de drenagem venosa (rápida
comparadas com as lesões malignas, sendo 10 a
devido à shunts, lenta por ausência de drenagem
100 vezes mais freqüentes baseando‐se em dados
específica, e semelhante à drenagem do
atuariais. As lesões mais comuns nesse grupo são:
parênquima hepático normal).
os cistos simples, os hemangiomas, a hiperplasia
Outros métodos: cintilografia com tecnécio?, nodular focal e a esteatose focal (pseudolesão).
PET‐CT, SPECT‐CT, outros
Nesse grupo de pacientes é importante
3. Bases da interpretação clínico‐radiológica considerar algumas questões e fatos para
direcionar o diagnóstico diferencial.
A avaliação das lesões hepáticas focais Primeiramente, no exame em questão, US, TC ou
necessita correlação estreita entre os dados RM, é possível determinar se o fígado é normal?
clínicos e as características de imagem. Ou seja, caso o fígado se apresente com sinais que
representam hepatopatia crônica ou cirrose
Quanto aos dados clínicos, é possível (principalmente, irregularidade da superfície
classificar a grande maioria dos pacientes em uma hepática, nodularidade, redistribuição volumétrica
das situações clínicas abaixo: com aumento dos lobos caudado e(ou) esquerdo
e redução do lobo direito) será preciso considerar
‐ Achado incidental de lesão hepática
a possibilidade de CHC a depender dos aspectos
‐ Portador de neoplasia hepática que de imagem da lesão. O CHC é incomum na
necessita de estadiamento abdominal/hepático ausência de hepatopatia crônica (prevalência
<1/100). Por outro lado, independente dos
‐ Portador de hepatopatia crônica que achados de imagem, clinicamente é preciso
necessita de rastreamento para neoplasia verificar se existe a possibilidade do paciente ter
hepática hepatopatia crônica através de sinais, sintomas e
exames laboratoriais disponíveis. Outra questão é
‐ Com queixa específica de abaulamento ou se existe a possibilidade do paciente ter uma
massa em região de hipocôndrio direito com ou neoplasia maligna não suspeitada, o que
sem outros sinais de sintomas relacionados novamente deve ser levantado pelos dados
clínico‐laboratoriais. Apesar de também se tratar
Com relação às características de imagem das
de situação incomum (<1/200) a característica de
lesões hepáticas, deve‐se considerar o número, a
múltiplas lesões sólidas arredondadas, de
morfologia, a composição tecidual e o tipo de
tamanhos variados, com aspectos específicos (em
vascularização. A concordância de achados entre
alvo, heterogêneas, etc...) ajuda na consideração
dois métodos é uma estratégia que pode ser útil
do diagnóstico diferencial.
para melhorar a acurácia diagnóstica.
Cisto hepático simples
Antes de considerar as lesões mais freqüentes
em cada grupo e seus respectivos achados aos Os cistos são comumente encontrados em
exames de imagem, cabe aqui a apresentação de adultos. A etiologia é obscura, mas pode resultar
classificação de lesões focais hepáticas, ainda que de diferentes mecanismos, incluindo as causas
tais classificações sejam propensas a imperfeições. adquiridas e de desenvolviment. Dependendo da
etiologia os cistos apresentam revestimento de
camada única de células epiteliais colunares ou
cuboidais. Podem ser classificados como: simples ‐
não parasitários, parasitários (equinococose),
hemorrágicos (espontâneos e pós‐traumáticos) e alto sinal em T2, mas na maioria das vezes
relacionados a doenças policísticas (doença renal mostram realce anelar periférico, com realce
policística autossômica dominante e doença de central progressivo nas fases tardias); carcinoma
Von Hippel‐Lindau). cístico mucinoso (tem alto sinal em T2, mas
mostra reforço perilesional com reforço central
Os cistos simples a US são anecóicos, variável nas fases tardias).
arredondados, homogêneos, com paredes lisas e
finas, apresentando reforço acústico posterior. Na Hemangioma
TC apresentam coeficiente de atenuação próximo
ao da água, com as mesmas características O hemangioma é o tumor hepático benigno
morfológicas e não apresentam reforço pós‐ mais comum, com incidência, em estudos de
contraste. As características de RM dos cistos autópsias, de 0,4% a 20%, representando achado
incluem: baixo sinal T1, alto sinal T2, semelhante incidental muito freqüente em exames de
ao líquido cefalorraquidiano em torno da medula imagem, particularmente na US. Na maioria dos
espinhal (que permite a resolução de até um casos são pequenos (até 3,0 cm) e podem ser
milímetro devido ao alto contraste), sem reforço múltiplos em até 50% a 70% dos pacientes.
pós‐contraste; forma arredondada, contorno liso Microscopicamente, consistem de espaços
(as vezes discretamente lobulado), homogêneo. vasculares de tamanhos variados, revestidos por
Eventualmente podem aparecer com finas uma única camada de células endoteliais e
septações ou discretas lobulações, bem como alto separados por septos de tecido conjuntivo, sendo
sinal T1 secundariamente a alto conteúdo que podem apresentar trombose ou fibrose. O
protéico. Os cistos de duplicação que podem aspecto de nódulo hiperecogênico, homogêneo e
ocorrer no fígado apresentam as mesmas bem delimitado na US é altamente indicativo de
características exceto pela presença de realce pós‐ hemangioma. Os achados na TC incluem a
contraste de sua parede. presença de lesão hipoatenuante na fase não–
contrastada. Após a administração intravenosa de
Lesões que imitam a aparência de cistos são: meio de contraste iodado, o padrão característico
neoplasias císticas (metástases de tumores de realce inclui impregnação globular periférica
mucinosos ou serosos) e nas fases arterial e portal, preenchimento
cistoadenomas/cistoadenocarcinomas, que muitas centrípeto progressivo e persistência do realce na
vezes tem realce pós‐gadolínio, geralmente fase de equilíbrio. A não–opacificação total da
perilesional e nos septos. lesão não impede o diagnóstico de hemangioma.
Freqüentemente, lesões volumosas persistem
Pequenos cistos, menores que 1 cm, únicos ou com áreas centrais que não se opacificam e
múltiplos, são freqüentemente hamartomas podem representar regiões de fibrose, hemorragia
biliares. antiga e alterações císticas.
Hamartomas biliares Hemangiomas pequenos (de até 1,5 cm)
freqüentemente apresentam realce precoce e
Hamartomas biliares são lesões císticas
completo pelo meio de contraste. Este padrão de
benignas e relativamente comuns, ocorrendo em
realce é decorrente do pequeno tamanho dos
3% da população. Patologicamente são
espaços vasculares, aumentando assim a
constituídos por pequenas ramos irregulares de
velocidade do fluxo sanguíneo (e do meio de
ductos biliares que podem estar dilatados
contraste) no seu interior. A persistência de
podendo ter um estroma fibroso. As principais
impregnação na fase de equilíbrio ajuda a
características de imagem dos hamartomas
diferenciar o hemangioma de outras lesões
biliares incluem: maioria é são periféricos,
hipervasculares, como a hiperplasia nodular focal
menores que <1 cm; apresentam alto sinal T2 e
e alguns tipos de metástases que apresentam
baixo sinal T1, indistinguíveis dos cistos simples e
clareamento mais rápido.
no pós‐gadolínio mostram um fino reforço
periférico, sem reforço interno progressivo do Na RM os hemangiomas são caracterizados
estroma. Lesões que imitam a aparência de por lesões bem delimitadas com acentuado
hamartomas biliares incluem: metástase (pode ter hipersinal em T2, persistente, com tempos de eco
altos (ao redor de 180 ms). O padrão de A HNF pode ser dividida em clássica (80%) e
impregnação pelo gadolínio é semelhante à não–clássica (20%), segundo seus aspectos
impregnação pelo meio de contraste iodado da histológicos. A clássica apresenta três
TC. Utilizando seqüências ponderadas em T2 e o componentes: arquitetura nodular anormal, vasos
estudo dinâmico com meio de contraste malformados e proliferação de ductos biliares. A
paramagnético intravascular, a sensibilidade e a não–clássica contém dois dos três componentes,
especificidade da RM no diagnóstico de incluindo a proliferação ductal.
hemangioma atingem 98%.
A patogênese da HNF não é totalmente
A cintilografia com hemácias marcadas, conhecida. Malformação vascular e/ou injúria
embora apresente alta especificidade para o vascular são sugeridas como possíveis
diagnóstico de hemangioma, não é utilizada de mecanismos para seu desenvolvimento(12).
maneira rotineira pela baixa acurácia no Apesar da associação com esteróides ser
diagnóstico de lesões pequenas e/ou múltiplas. controversa, atualmente existem mais evidências
de que provavelmente não existe relação direta
Os hemangiomas podem apresentar padrões entre HNF e o uso de esteróides . O tumor é
ultra–sonográficos atípicos, porém ainda bastante geralmente assintomático e, nestes casos, não
sugestivos. Por exemplo, podem apresentar halo requer tratamento.
ecogênico e centro hipoecogênico. Hemangiomas
gigantes (geralmente acima de 6 cm, 10 ou 12 cm) É comumente um achado incidental em
freqüentemente exibem ecotextura heterogênea, exames de imagem, especialmente após a
com áreas hiper e hipoecogênicas internas. Ainda, incorporação e aprimoramento dos estudos
no fígado esteatótico, o hemangioma dinâmicos com meios de contrastes intravenosos
freqüentemente se apresenta como nódulo na TC e RM(14,15). Na US tem padrão inespecífico
hipoecogênico em função da elevada e é mal visualizada. Geralmente se apresenta
ecogenicidade do parênquima hepático. A maioria como nódulo ligeiramente hipoecogênico ou
dos hemangiomas com padrões atípicos na US hiperecogênico e sua caracterização definitiva
apresenta padrões de impregnação típicos pelos com este método não é possível.
meios de contraste intravenosos na TC e RM.
A HNF clássica geralmente é caracterizada
Outros aspectos menos comuns de com grande eficácia pela TC e RM. Atualmente, a
hemangiomas incluem lesões calcificadas, TC helicoidal e especialmente a TC com múltiplas
hialinizadas e císticas/multiloculares. Os fileiras de detectores (multislice) permitem estudo
hemangiomas também podem ser exofíticos ou hepático multifásico (contrastação hepática
pedunculados e não–infreqüentemente arterial, portal e de equilíbrio), indispensável para
apresentam pequenas anastomoses arterioportais a avaliação da vascularização do tumor e sua
adjacentes que determinam distúrbios correta caracterização. Os aspectos típicos da HNF
perfusionais transitórios no parênquima hepático na TC incluem lesão lobulada e bem delimitada,
vicinal observados nos estudos por TC e RM. iso ou levemente hipoatenuante na fase pré–
contraste, e com importante realce homogêneo
Hiperplasia nodular focal na fase arterial do contraste, com clareamento
(wash–out) rápido nas fases portal e de equilíbrio.
Hiperplasia nodular focal (HNF) é definida
Comumente é vista pequena área central
como nódulo composto por hepatócitos de
estrelada que tende a se impregnar nas fases
aparência normal e que ocorre em fígado com
tardias (cicatriz central), composta por vasos mal
aspecto histológico normal. É o segundo tumor
formados.
hepático benigno mais freqüente, com incidência
descrita de 0,9%. Ocorre predominantemente no Na RM, a HNF clássica apresenta–se como
sexo feminino (8:1) e em pacientes jovens. Cerca lesão ligeiramente hipointensa em T1 e com
de 20% dos pacientes têm lesões múltiplas e discreta hiperintensidade em T2. Em 85% das
existe associação da ocorrência destes tumores lesões é possível a identificação da cicatriz central,
com hemangiomas hepáticos. que se apresenta com maior sinal do que o
restante da lesão nas imagens ponderadas em T2.
O padrão de realce pelo meio de contraste para a área esteatótica comparativamente à área
intravenoso da HNF é semelhante ao descrito na de preservação focal ou de parênquima normal.
TC. Quando estas características são presentes, a
especificidade diagnóstica atinge 98%. O principal diagnóstico diferencial para
esteatose focal são as lesões que podem conter
É importante salientar que outras lesões gordura como o CHC e o adenoma, enquanto a
podem ter cicatriz central: CHC fibrolamelar, área de preservação focal pode representar
hemangioma gigante, colangiocarcinoma, qualquer outra lesão focal, principalmente a HNF.
metástase hepática e CHC. Muito raramente, Lembrando que o hemangioma pode ser mais
apesar de já descrito, o linfoma focal hepático difícil de identificar no fígado esteatótico à US,
pode também apresentar cicatriz central. mas não à TC e RM.
HNFs atípicas podem se apresentar como 4.b. HEPATOPATIA CRÔNICA QUE NECESSITA DE
lesões grandes, heterogêneas e com múltiplas RASTREAMENTO PARA NEOPLASIA HEPÁTICA
localizações. O tumor pode apresentar menor
grau de realce pelo meio de contraste, ausência Várias lesões focais podem ocorrem na
de realce da cicatriz central e realce de presença de hepatopatia crônica. Lesões que vão
pseudocápsula nas fases tardias. Calcificações de nódulos de regeneração a CHC são
puntiformes centrais podem ser relativamente específicas na doença hepática
excepcionalmente observadas. Nestas situações, a crônica, mas outras lesões focais que são vistas no
diferenciação da HNF com outras lesões benignas fígado normal também podem ocorrer.
(adenomas) e malignas (hepatocarcinoma,
O carcinoma hepatocelular (CHC) é o tumor
carcinoma fibrolamelar e metástases
sólido primário mais freqüente no fígado. Seu alto
hipervascularizadas) pode ser extremamente
poder de agressão e disseminação leva a mau
dificultada, sendo necessário estudo histológico.
prognóstico dos pacientes. Estima‐se que o CHC
Esteatose focal e área de preservação focal seja responsável por 5% de todas as neoplasias
em fígado esteatótico malignas (Bosch et al., 1999). A sua prevalência é
considerada alta (> 20 casos/100.000
Trata‐se de pseudolesões hepáticas que habitantes/ano) no Extremo Oriente e África,
podem ser confundidas com lesões expansivas. média (5 a 20 casos/100.000 habitantes/ano) na
Como a doença gordurosa hepática tem alta Europa e baixa (< 5 casos/100.000
prevalência na população geral, é freqüente o habitantes/ano) na América do Sul. No Brasil, sua
encontro de fígado hiperecóico à US. Nesses prevalência é considerada baixa, apesar das
casos, a presença de imagem hipoecóica junto à variações geográficas (Goncalves et al., 1997;
bifurcação da veia porta ou ao leito vesicular deve Bruix et al., 2004; Franca et al., 2004). A cirrose
ser analisada detalhadamente, principalmente hepática, independente da etiologia, é
quanto à forma e limites. A área de preservação considerada o principal fator de risco para o
focal, geralmente, tem contornos anfractuosos, aparecimento do CHC. Na África e na região sul da
seguindo os limites capsulares na periferia e junto Ásia, a hepatite B é a principal causa da doença
às fissuras hepáticas, tomando forma angulada ou hepática. Nestas regiões pode‐se observar
triangular. A esteatose focal quando ocorre tem a desenvolvimento de CHC em pacientes jovens,
tendência de ser múltipla, deixando o fígado com mesmo não portadores de CH. Isso se deve ao fato
aspecto heterogêneo à US. É preciso experiência da infecção pelo vírus da hepatite B ocorrer
para identificação dessas áreas na TC, fazendo‐se durante o parto ou logo após o nascimento, sendo
correlação com a US. A RM apresenta maior o tempo de infecção prolongado o principal
sensibilidade e especificidade para determinação determinante para o aparecimento do CHC nestes
diagnóstica dessas alterações, sendo importante pacientes. No ocidente e no Japão, o vírus da
algumas vezes associar técnica de subtração das hepatite C é o principal fator relacionado com a
imagens pós‐contraste da fase pré‐contraste, para presença de CH nos pacientes com CHC.
se ter certeza de que não há contraste
diferenciado da lesão com o parênquima hepático. A cirrose está presente em 60 a 100% dos
Isso porque a variação pré e pós‐contraste é igual pacientes com CHC (Bruix e al., 2004),
dependendo de variações regionais. Dos pacientes crescimento e, então, passar a apresentar
com CHC atendidos no HCRP USP, 90% são neovascularização interna com recrutamento de
portadores de cirrose hepática (Lescano et al., vascularização via arterial hepática. Nessa
2002; Franca e al., 2004). condição passa a ser chamado de CHC inicial.