Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Auffinger
Fábio Júlio da Silva Valentim
INTRODUÇÃO À
GEOMETRIA PROJETIVA
30 de setembro de 2003
∗
Alunos do Curso de Graduação em Matemática da UFES
Teorema de Brianchon
Prefácio
V i t ó r ia – E S
Dezembro, 2003
Agradecimentos
Bolsistas:
Antonio Carlos Theodoro de C. Auffinger
Fábio Júlio da Silva Valentim
Conteúdo
Prefácio iii
Agradecimentos iv
1 Introdução 1
1.1 Aspectos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Primeiras noções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Notações e definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Projetividades e perspectividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2 Fundamentos 10
2.1 Axiomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 O Teorema de Desargues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3 O Princı́pio da dualidade 19
3.1 O Princı́pio da dualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Conjuntos quadrangulares e harmônicos . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3 O Teorema Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.4 O Teorema de Pappus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4 Projetividades 28
4.1 Pontos invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2 Projetividades parabólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3 Involuções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.4 Projetividades bi-dimensionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.5 Colineações perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.6 Polaridades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
v
vi CONTEÚDO
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5 Cônicas 40
5.1 Aspectos históricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.2 A definição de von Staudt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.3 A definição de Steiner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.4 Os teoremas de Brianchon e Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.5 A involução de Desargues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Referências 51
Índice alfabético 52
Lista de Figuras 54
Capı́tulo 1
Introdução
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Essencialmente, uma e apenas uma das três condições acimas ocorre. Repare
que as diversas possibilidade de que os lados opostos do hexágono no Teorema
de Pascal sejam paralelos aumenta, de fato, o números de casos a analisarmos.
O próprio Pascal contornou este obstáculo enunciando-o engenhosamente em
seu trabalho Essay pour les coniques (1640) conforme abaixo:
Teorema 1.2.2. Se no plano M SQ, são traçadas duas retas M K e M V a
partir de M , duas retas SK e SV a partir de S e se um cı́rculo por K e V
intersecta as quatro retas M V , M K, SV , SK em pontos distintos O, P , Q e
N , respectivamente, então as três retas M S, N O e P Q são concorrentes.
Através desses e de outros indı́cios, surge a idéia de realizarmos uma nova
geometria. Uma geometria sem retas paralelas, onde poderı́amos encontrar uma
melhor acomodação para resultados como o Teorema de Pascal. Mas como
desenvolvê-la? Uma primeira tentativa seria a de estendermos o plano euclidiano
da seguinte forma:
Considere a relação ∼ entre as retas de um plano euclidiano α tal que, se l
e r são retas do plano α, l ∼ r ⇔ l é paralela a r. Claramente, ∼ é uma relação
de equivalência, ou seja, ∼ é reflexiva, simétrica e transitiva. Portanto, podemos
considerar o conjunto quociente α / ∼ das classes de equivalência [x], onde x é
uma reta de α. Assim, [l], por exemplo, representa o conjunto de todas as retas
do plano α que são paralelas à reta l, chamado um feixe de paralelas de α.
Assim, a partir desta relação, podemos associar a cada classe [x] um ponto
X chamado ponto ideal , tal que, se r, s pertencem a [x] então r · s = X.
Com certeza, neste momento, duas retas quaisquer no nosso plano sempre se
intersectam (em um ponto ideal, ou em um ponto ordinário). Porém, dados
dois pontos ideais seria conveniente ter um reta incidente a ambos. Para isto,
consideramos uma nova reta em nosso plano, a reta no infinito, aquela que
contém todos os pontos ideais. Veremos no próximo capı́tulo, que este nosso
plano, assim obtido, satisfaz a todos axiomas da geometria projetiva plana e
portanto é um modelo de plano projetivo
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Cabe ressaltar, neste momento, que a geometria a ser desenvolvida pelo con-
junto de axiomas propostos no capı́tulo 2 não é categórica, ou seja, existem
modelos não isomorfos onde todos os axiomas (e portanto todas as proposições)
são válidos. Na verdade, verificaremos que existem modelos finitos para a geo-
metria projetiva, modelos onde cada reta possui um número finito n de pontos
e por cada ponto passam exatamente n retas. Outra observação interessante a
ser feita para o leitor é que não se deve tratar com diferença os pontos ideais e
ordinários (além da nomenclatura), nem a reta do infinito e as outras retas do
plano afim. No final do capı́tulo seguinte, teremos uma visão mais clara dessa
última afirmação.
α = lm = ml = lP = P l
ABC . . . Z abc . . . ,
X Z x Z X1 Z x1 Z X2 Z . . . Z Xn Z xn
ou simplesmente,
X Z xn
6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
ou
x Z xn , x Z Xn , X Z Xn
Um tipo de projetividade será tratado de uma maneira mais cuidadosa, por ser
de extrema importância.
O produto de duas correspondências elementares é chamado de perspectivi-
dade e é indicado pelo sı́mbolo [. Portanto, uma perspectividade relaciona duas
fileiras de pontos ou dois feixes de retas. Assim, dizemos:
Duas fileiras de pontos estão re- Dois feixes de retas estão relaci-
lacionadas por uma perspectividade onados por uma perspectividade de
de centro O se são secções do feixe de eixo o se eles projetam o feixe de
retas por O (todas as retas inciden- pontos em o (todos os pontos inci-
tes a O) por duas retas distintas o e dentes a o) por dois pontos distintos
o1 , isto é, se as retas XX1 de pontos O e O1 . Isto é, se as intersecções x·x1
correspondentes passam todas pelo de retas correspondentes estão sobre
ponto O. Em sı́mbolos: a reta o. Em sı́mbolos:
O o
X [ X1 ou X [ X1 x [ x1 ou x [ x1
Agora, vamos proceder uma construção que será muito útil nos próximos
capı́tulos. Dados três pontos distintos A, B e C em uma reta e três pontos
distintos A00 , B 00 , C 00 em outra reta, podemos estabelecer duas perspectividades
cujo produto satisfaz:
ABC Z A00 B 00 C 00
1.4. PROJETIVIDADES E PERSPECTIVIDADES 7
Figura 1.4: Perspectividades
Figura 1.5: ABC Z A00 B 00 C 0
A00 A
ABC [ A0 B 0 C 0 [ A00 B 00 C 00
Figura 1.6
Exercı́cios
1. Se α = P l e Q, m pertencem a α com Q não incidente a m, então α = Qm.
p
8. Considere uma perspectividade abc [ a0 b0 c0 , onde a, b, c e a0 , b0 , c0 são
retas distintas de feixes distintos. Sobre p considere o ponto S, distinto de
A = p · a, B = p · b, C = p · c e a reta s, distinta de p e não pertencente a
nenhum dos feixes acima. Considere os pontos A0 = s·a, B 0 = s·b, C 0 = s·c,
A00 = s · a0 , B 00 = s · b0 e C 00 = s · c0 . Mostre que A0 B 0 C 0 Z A00 B 00 C 00 .
Capı́tulo 2
Fundamentos
2.1 Axiomas
De acordo com o primeiro capı́tulo, os termos indefinidos que utilizaremos
serão: ponto, reta e a relação de incidência. Vimos também como o plano e a
relação de projetividade podem ser definidos a partir destes conceitos primitivos.
Na realidade, as primeiras fundamentações para a geometria projetiva foram
dadas por dois italianos, Gino Fano (1892) e Mario Pieri (1899). Os seguintes
oito axiomas são os sugeridos no livro [1].
É aconselhável ao leitor abster-se de qualquer tipo de ‘visualização’ e, ao
tentar provar uma proposição enunciada, utilizar-se apenas dos axiomas e das
afirmações já verificadas. Comecemos:
Axioma 2.1. Existem uma reta e um ponto que não são incidentes.
Axioma 2.2. Toda reta é incidente com pelo menos três pontos distintos.
Axioma 2.3. Dois pontos distintos são incidentes com exatamente uma reta.
Estes três primeiros axiomas são facilmente aceitáveis para a grande maioria
dos leitores. Sua simplicidade, porém, já resulta em pequenas conseqüências.
10
2.1. AXIOMAS 11
Proposição 2.1.4. Dado um ponto P , existem ao menos três retas que passam
por P .
Demonstração. Com efeito, pela proposição anterior existe uma reta não inci-
dente a P . Logo, utilizando o Axioma 2.2 podemos construir três retas distintas
passando por P .
Figura 2.1
Proposição 2.1.5. Existem quatro pontos coplanares tais que três quaisquer
deles não são colineares.
está em AE e C em EC
12 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTOS
Axioma 2.6. Quaisquer dois planos distintos têm ao menos dois pontos em
comum.
Conforme citado no primeiro capı́tulo, uma das virtudes trazidas pela geo-
metria projetiva é a simetria imposta no espaço. Essa simetria ficará mais visı́vel
quando apresentarmos o princı́pio da dualidade, no próximo capı́tulo. Porém,
neste momento, daremos apenas alguns exemplos para ilustrar esta caracterı́s-
tica da geometria projetiva.
A Proposição 2.1.3 pode ser derivada a partir da Proposição 2.1.2 pela per-
muta dos termos ponto e reta. Da mesma forma, o enunciado da Proposição 2.1.4
pode ser obtido do Axioma 2.2. Quando acontece esta troca dos termos ponto
por reta, reta por ponto e conseqüentemente de seus adjetivos relacionados, por
exemplo, concorrente por colinear, e vice-versa, dizemos que a proposição re-
sultante é a proposição dual do resultado original. Veremos logo mais que ao
provarmos um teorema, ganhamos como bônus outro teorema já provado, seu
dual. Podemos também dualizar figuras. Na geometria projetiva é conveniente
definir uma figura como um conjunto formado por retas e pontos. Um triângulo,
por exemplo, é a figura formada por três retas não concorrentes e suas intersec-
ções, três pontos não colineares. Um triângulo é uma figura auto-dual, ou seja,
seu dual é ele próprio. Para ressaltar este princı́pio vamos introduzir dois entes
duais e essenciais da geometria projetiva. A apresentação em colunas, idéia de
Poncelet, realça a propriedade citada:
E sua recı́proca,
Teorema 2.2.3. Se dois triângulos são perspectivos por uma reta, então eles
são perspectivos por um ponto.
2.3 Modelos
Nesta seção vamos construir um modelo finito para o plano projetivo e veri-
ficar os axiomas para o modelo proposto no primeiro capı́tulo.
Considere a Figura 2.6 abaixo:
De acordo com o que foi comentado anteriormente, o primeiro passo para
podermos estabelecer um modelo é apontar quem são os conceitos primitivos, ou
seja, dizer quem são os pontos, as retas e qual é a relação de incidência. Dessa
forma, nossas retas serão os segmentos traçados na Figura 2.6 e nossos pontos
serão as bolinhas pintadas na mesma figura. Além disso, dizer que um ponto
é incidente a uma reta é simplesmente representar a bolinha pintada sobre o
segmento.
Assim, cada reta será incidente somente a quatro pontos e cada ponto será
incidente somente a quatro retas. Opa! O leitor pode perceber que, provavel-
mente, a Figura 2.6 está incompleta3 , pois cada uma das retas M N , IJ, M H
3 Desenhar a figura completa complicaria muito a visualização. Uma solução seria colorir,
como no jardim da infância, os pontos e as retas incidentes que faltam. Por exemplo, o ponto
Q e a reta M H de verde, . . .
2.3. MODELOS
17
Figura 2.6: Modelo finito
e N I só é incidente a três pontos, da mesma forma que cada um dos pontos P ,
Q, R e S é incidente a apenas três retas. Todavia, somos livres para contornar
este pequeno problema: basta considerar os pontos P , Q, R e S incidentes a
N I, M H, IJ e M N respectivamente.
Vamos então verificar, neste modelo finito, nossos axiomas. Ora, neste mo-
delo os 3 primeiros axiomas são imediatos (Faça uma simples conferência!). O
Axioma 2.4 é substituı́do pela Proposição 2.21, visto que a geometria é bi-
dimensional. Além disso, como uma projetividade é uma bijeção, se três pontos
colineares são fixados, por falta de opção o quarto ponto (e portanto todos os
pontos da reta) é fixado. Logo o Axioma 2.8 é válido. Resta-nos mostrar o Axi-
oma 2.7. Uma maneira geralmente utilizada pelos vascaı́nos é de examinar um a
um os 234 quadrângulos possı́veis dessa geometria. Outra forma, um pouco mais
sutil, é a de perceber que este modelo pode ser construı́do a partir do quadrân-
gulo P QRS, sendo isomorfo4 ao modelo gerado pela mesma construção sobre
um quadrângulo qualquer P 0 Q0 R0 S 0 . Portanto, como os três pontos diagonais
de P QRS formam o triângulo ABC, segue que o Axioma 2.7 está verificado.
Temos assim o menor modelo de plano projetivo, um modelo peculiar com
13 pontos e 13 retas, que, no mı́nimo, serve para uma rápida visualização de
proposições e teoremas.
Exercı́cios
1. Prove a Proposição 2.11.
Axioma 3.1. Quaisquer duas retas são incidentes com pelo menos um ponto.
Axioma 3.2. Existem quatro pontos tais que três quaisquer deles são não co-
lineares.
19
20 CAPÍTULO 3. O PRINCÍPIO DA DUALIDADE
sugeridos pelas proposições 2.1.5 e 2.2.1. Assim, devemos tomar como Axiomas
3.1, 3.2, 2.3, 2.7, 2.8 e o Teorema 2.2.2.
Quando dualizamos cada axioma, isto é, quando em cada axioma trocamos
os termos ponto por reta, reta por ponto e seus derivados (concorrentes por
colineares, vértice por lado,...) percebemos que cada uma das proposições assim
obtidas são verdadeiras. De fato, o Axioma 2.1 é auto-dual. O dual dos Axiomas
2.2 e 2.3 são as proposições 2.1.3 e 2.2.1 respectivamente. Já o dual do Axioma
2.4 segue direto do Axioma 2.3, enquanto o dual de 2.7 é o exercı́cio 3 do capı́tulo
anterior. A prova do dual do Axioma 2.8 é também de grande simplicidade e é
deixada como exercı́cio.
Agora, uma vez verificada a veracidade dos axiomas duais, temos estabele-
cido o Princı́pio da Dualidade Bi-Dimensional que traz para a geometria uma
riqueza muito maior de simetria e uma ferramenta para a obtenção de novos re-
sultados, pois uma vez que descoberto um teorema ganhamos automaticamente
o seu dual, cuja demonstração se resume a repetir a prova original dualizando-a
passo a passo.
Embora tenhamos estabelecido apenas o princı́pio da dualidade no plano
projetivo, também existe a dualidade tri-dimensional, onde pontos, retas e pla-
nos quando dualizados tornam-se planos, retas e pontos, respectivamente. No
entanto, não abordaremos tal tipo de dualidade. Ainda assim, podemos facil-
mente observar que na geometria Euclidiana não temos o princı́pio da dualidade.
Com efeito, existem retas paralelas.
(AD)(BE)(CF )
Dualizando,
Agora, vamos verificar que este ponto X1 é único, ou seja, X1 não depende
do tipo de construção feita. Bom, se X1 não fosse único existiriam um ponto
X3 6= X1 e duas cadeias de perspectividades tais que:
ABCX Z A1 B1 C1 X1 e ABCX Z A1 B1 C1 X3
H(AB, CF ) H(A0 B 0 , C 0 F 0 ).
Figura 3.5
Figura 3.6: Teorema de Pappus
Exercı́cios
1. Enuncie e prove o dual do Axioma 2.8.
2. Sejam
A = P S · QR, B = QS · RP, C = RS · P Q
os pontos diagonais do quadrângulo P QRS. Definindo os pontos:
A1 = BC · QR, B1 = CA · RP , C1 = AB · P Q,
A2 = BC · P S, B2 = CA · QS, C2 = AB · RS,
C = AB1 · BA1 e C1 = AB · A1 B1
12. Dado um triângulo AA0 A00 e dois pontos B, B 0 , construa o ponto B 00 tal
que as três retas AB, A0 B 00 , A00 B 0 sejam concorrentes assim como as três
retas AB 00 , A0 B 0 , A00 B. Conclua que as retas AB 0 , A0 B, A00 B 00 também
são concorrentes. Em outras palavras, se dois triângulos são duplamente
perspectivos então eles são triplamente perspectivos.
13. Enuncie a proposição dual do exercı́cio anterior. Faça uma construção exem-
plificando este resultado.
14. Ainda no exercı́cio 12, o que podemos dizer sobre as três diagonais do
hexágono AB 00 A0 B 0 A00 B?
16. A solução do exercı́cio 9 pode ser apresentada como uma prova do Teorema
de Pappus?
Capı́tulo 4
Projetividades
28
4.2. PROJETIVIDADES PARABÓLICAS 29
ACF Z BCF.
30 CAPÍTULO 4. PROJETIVIDADES
4.3 Involuções
Agora, veremos um tipo de projetividade extremamente importante para a
seqüencia deste estudo. Chamamos de involução a projetividade que satisfaz
XX 0 Z X 0 X para toda posição do ponto X, ou seja, a projetividade de perı́odo
igual a 2.
O teorema acima afirma que a troca de um par de pontos por uma projeti-
vidade garante que esta é de perı́odo 2.
4.4. PROJETIVIDADES BI-DIMENSIONAIS 31
Corolário 4.3.2. Toda involução é determinada por dois pares de pontos cor-
respondentes.
Utilizaremos a notação (AB)(CD) para a involução ABC Z BAD. Pelo Teo-
rema 4.1.1, temos a equivalência entre o conjunto quadrangular (AD)(BE)(CF )
e a projetividade AECF Z BDCF . Logo, combinando esta projetividade com
a involução (BD)(CF ) temos
Figura 4.6: Homologia harmônica
4.6 Polaridades
Um tipo de correlação projetiva merece atenção especial neste final de capı́-
tulo devido a sua importância para a nossa futura definição de cônica. Estamos
falando das correlações de perı́odo 2 que ganharão o nome de polaridades. Isto é,
enquanto uma correlação qualquer transforma um ponto A numa reta a e a num
ponto A0 , uma polaridade garante que a imagem de a0 sempre coincidirá com A.
Assim, se reduzirmos a notação, temos em uma polaridade: A → a → A. Nesta
situação, dizemos que a é o polar do ponto A enquanto A é o pólo da reta a.
As polaridades não só preservam, mas também dualizam, a relação de inci-
dência. De fato, se o polar de A passa pelo ponto B então o polar de B passa
36 CAPÍTULO 4. PROJETIVIDADES
por A. Além disso, se três pólos são colineares então os respectivos polares são
concorrentes.
Quando um ponto C está sobre seu polar c diremos que C é um ponto auto-
conjugado e c uma reta auto-conjugada. Quando uma reta a é auto-conjugada,
qualquer ponto B incidente a a e distinto do próprio pólo não é auto-conjugado.
Com efeito, se tivéssemos o contrário, o polar de B passaria por A e conseqüente-
mente coincidiria com a reta a. Todavia, uma correlação é uma correspondência
biunı́voca! Logo temos o:
Teorema 4.6.1. A reta por dois pontos auto-conjugados não é uma reta auto-
conjugada.
Além disso,
Teorema 4.6.2. Uma reta tem no máximo dois pontos auto-conjugados.
Demonstração. De fato, os pontos auto-conjugados em uma reta s são invari-
antes pela projetividade X Z x · s induzida em s pela polaridade. Ou seja, pelo
Axioma 2.7, s só possui mais de dois pontos auto-conjugados se, e somente se,
todos os seus pontos são auto-conjugados. Mas isto não pode ocorrer. Com
efeito, sejam A e B pontos auto-conjugados em s e seja P um ponto sobre a,
polar de A, tal que P 6= A e P 6= S (Figura 4.7). Se o polar p intersecta b, polar
de B, em um ponto Q, então Q = b·p é o pólo de q = BP . Se R = p·q segue que
R é o pólo de P Q = r que intersecta s em um ponto C. Finalmente, C = s · r é
o pólo de c = RS que intersecta s no ponto F , conjugado harmônico de C com
respeito a A e B. Como C 6= A e C 6= B, C não é um ponto auto-conjugado de
s.
Quando os polares dos vértices de um triângulo são seus lados opostos, di-
zemos que este triângulo é auto-polar . Os triângulos auto-polares são carac-
terı́sticos das polaridades e, além disso, são uma mão na roda para tentarmos
expressá-las de uma maneira mais simples. Vejamos:
Figura 4.8: Polaridade
O teorema anterior nos diz que, dado um triângulo ABC, qualquer ponto P
fora dos lados e qualquer reta p não incidente a nenhum dos vértices determinam
uma única polaridade. Dessa forma, o polar de um ponto X pode ser obtido
38 CAPÍTULO 4. PROJETIVIDADES
(ABC)(P p)
Exercı́cios
1. Deduza a equivalência do Teorema 4.1.1 quando B e C são pontos diagonais.
12. Uma homologia cujo centro e eixo são, respectivamente, o ponto O e a reta
o, é dita homologia harmônica quando para todo par A, A0 de pontos cor-
respondentes, tem-se H(O0 C, AA0 ), onde C = OA · o. Ou seja, o conjugado
harmônico do centro O, com respeito ao par AA0 , repousa sobre o eixo
o. Mostre que uma homologia harmônica é determinada quando o eixo e
o centro são dados. Conclua que toda homologia harmônica é de perı́odo
dois.
14. Toda elação de centro o pode ser escrita como o produto de duas homologias
harmônicas de centro o.
40
5.2. A DEFINIÇÃO DE VON STAUDT 41
nição simples e simétrica de cônica dada por von Staudt, que mostra a cônica
como uma figura auto-dual.
No modelo finito apresentado na seção 2.3, toda cônica é formada por ape-
nas quatro pontos, sendo seis dos pontos restantes exteriores e três interiores
à cônica. Neste mesmo exemplo, podemos mostrar que toda polaridade é hi-
perbólica, ou seja, os conceitos de cônica e polaridade se fundem. Mas isto
não ocorre sempre, isto é, existem geometrias onde as polaridades podem ser
elı́pticas. Todavia, a partir de agora, estaremos só interessados nas polaridades
hiperbólicas e tomaremos a liberdade de substituir expressões do tipo ‘pontos
conjugados com respeito à polaridade’ por ‘pontos conjugados com respeito à
cônica’. Com isso, vamos enunciar nossos primeiros resultados.
Figura 5.2
(QS · RP )(RS · P Q)
Dualizando,
Corolário 5.2.7. Para construir o pólo de uma reta a não tangente à cônica,
trace dois pontos exteriores quaisquer (q · r) e (p · s) em a. O pólo de a será o
ponto
((q · s)(r · p)).((r · s)(p · q))
5.3. A DEFINIÇÃO DE STEINER 43
Definição 5.3.2 (Steiner). Uma cônica é o lugar geométrico dos pontos co-
muns a retas correspondentes de dois feixes projetivos, mas não perspectivos.
xZB ZAZY
Teorema 5.3.4. Uma cônica é determinada quando três pontos e duas tangen-
tes em dois destes pontos são dadas.
Figura 5.5
Dualizando encontramos,
Teorema 5.4.4 (Pascal). Os lados opostos de um hexágono inscrito em uma
cônica são colineares.
(a)
(b)
Exercı́cios
1. Todo ponto em uma tangente é conjugado ao ponto de contato.
7. Dado quatro pontos e uma reta, só existe uma única cônica incidente a três
deles de tal forma que o ponto restante é o pólo da reta dada.
10. Dado um quadrângulo P QRD, construa outro ponto sobre a cônica inci-
dente a R e que é tangente a P D em P e tangente a QD em Q.
11. Dadas três tangentes a uma cônica e os pontos de contato de duas delas,
construa a tangente restante.
12. Duas cônicas estão relacionadas por uma correlação projetiva e por uma
colineação projetiva.
13. Sejam P e Q dois pontos sobre uma tangente de uma cônica. Fazendo variar
uma reta x sobre P e sendo X o pólo de x, qual o lugar geométrico formado
pelos pontos x · QX?
N = P Q0 · P 0 Q, M = RP 0 · x, L = Q0 R.M N, R0 = QL · x
15. Dados cinco pontos e uma cônica incidente a eles, construa a tangente a
cada um desses pontos.
17. Dados 6 pontos em uma cônica, de quantas maneiras eles podem ser vistos
como vértices de um hexágono de Pascal?
18. Dados 5 pontos, três quaisquer não colineares, e uma reta incidente a um
deles, construa o segundo ponto de intersecção dessa reta com a cônica
determinada pelos cinco pontos.
19. Uma reta dada é tangente no máximo a duas cônicas que circunscrevem um
certo quadrângulo.
22. Se dois triângulos possuem 6 distintos vértices sobre uma cônica, os seis
lados tangenciam outra cônica.
23. Se existem duas cônicas tais que uma circunscreve e a outra está inscrita
a um dado triângulo, então toda secante da primeira que é tangente da
segunda pode ser usada para construir outro triângulo inscrito-circunscrito.
24. Sejam P , Q, R, S, T cinco pontos tais que três quaisquer deles são não-
colineares. Então os seis pontos
A = QR · P S, B = RP · QS, C = P Q · RS,
D = QR · P T , E = RP · QT , F = P Q · RT ,
51
Índice alfabético
52
ÍNDICE ALFABÉTICO 53
elı́ptica, 28, 29
hiperbólica, 28, 29
parabólica, 28, 30
quadrângulo completo, 12
quadrilátero completo, 12, 18
reta
auto-conjugada, 36
não tangente, 41
secante, 41
tangente, 41
retas
feixe de, 5
Staudt, von, 1
Steiner, J., 1
Teorema
da involução de Desargues, 46
de Seydewitz, 49
de Brianchon, 46
de Desargues, 26
de Pappus, 19, 25, 27
de Steiner, 49
triângulo
auto-polar, 37, 42
diagonal, 14, 42
polar, 38
triângulos
propriamente distintos, 38
vascaı́nos, 17
Veblen, O., 11
Lista de Figuras
54
LISTA DE FIGURAS 55