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Correio da Manhã 4.*.

CADERNO RIO DE JANEIRO, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 1968

RESENHA

cos em Moscou, de 23 a 26 de agosto, segundo a nialistas russos da década de 1920, em plena moda Crítica e Poética reúne cinco ensaios: O Conceito;
Tcheco-Eslováquia: Agência Tass, e o emocionado (e emocionante)
discurso pronunciado por Alexandre Dubcék ao
nos dias atuais. ''À crítica literária — insiste Afrà-
nio Coutinho — compete antes dirigir a mirada para
aristotélico da Literatura e da Crítica; A Poética:;
Conceito e Evolução; A.Critica; Evolução da Crítica]
a obra em si e analisá-la em seus elementos intrín- Shakespeariana, e A Crítica Literária no Brasil, prej
regressar de Moscou. secos, precisamente os que lhe comunicam especifi- duzidos no período de 1949 a 1964, em que se alinham
cidade artística" (p. 140),. isto é, a análise da es- conceitos e ensinamentos importantes, que podem evfy
Para encerrar, a. RCB publica o pronuncia- pecificidade da literatura, da Uteraridade de que fa- tar aos nossos jovens a corrida aos nomes em1 moda'
a crise mento de Roger Garaudy (o bem conhecido autor
de Perspectivas do Homem, Marxismo do Século
XX, Do Anátama ao Diálogo, O Problema Chinês,
lava Roman Jakobson no ensaio sobre a poesia russa
moderna (1921): "O objeto da ciência literária não
é a literatura, mas a Uteraridade (literaturnost'),
na França, que oferecem, em boa parte, material
considerado aqui superado já nos idos de 50. ;

Karl Marx, etc), o manifesto firmado por Sartre isto é, o que faz de determinada obra uma obra li-
terária" (apud Boris Eikhenbaum, "La Théorie de
e outros intelectuais franceses, e um manifesto Ia Méthode Formelle", in T. Todorov, Théorie de Ia * Crítica e Poética. Afrânio Coutinho. Livraria
de intelectuais brasileiros, todos condenando a Littérature, Paris, 1965, p. 37). Acadêmica, Rio de Janeiro, 1968, 157 p.
de agosto invasão da Tcheco-Eslováquia. Neste último ma-
nifesto — lançado logo após o evento — um gru-
po de intelectuais brasileiros, no próprio mo-
mento em que exprime sua indignação e sofri-
mehto ante a invasão, reafirma sua convicção de
que o socialismo é um regime intrlnsecamente
Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder humanista e democrático, o caminho oue deve-
mos'seguir para alcançarmos uma existência so-
ciai digna de verdadeiros seres humanos. Aclian-
do-se, naquela ocasião, ausentes do país, os sig-
natários da presente resenha não firmaram o alu-
dido manifesto. Se, no entanto, estivessem aqui,
Ao longo de quase quatrocentas páginas, tê-lo-iam assinado.
este número especial da RCB põe ao alcance
do público brasileiro rica documentação, de
consulta indispensável àqueles que desejam de-
senvolver uma compreensão efetiva do que se ^m^mm H.^fl Bà. Bl
passou e passa na Tcheco-Eslováquia. Tcheco-Eslováquia. Análise dos Aspectos
Políticos, Econômicos e Culturais da Crise
A direção da revista não é neutra em face de Agosto. Revista Civilização Brasileira, A^Êu ^^^ABJ |H x^t^ I A^^^Ètv vaYJ BBRra-iw.^>lÍ>Bkl Bflk ^Bfll
dos eventos tchecos. Logo no editorial, ela nos Caderno Especial n.° 3, 1968-
adverte que sua posição é de censura à invasão,
insistindo na idéia de que os métodos postos em fl i^fiÉiTi Hffififi¦¦'¦¦¦ y U .flfl*** flfl fl BJ
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prática pela União Soviética ao enfrentar o
so" tcheco manifestam a disparidade existente
entre o desenvolvimento econômico e o relativo ^fl^^MraNg^MRii^H Hbll^ ''^¦¦¦'¦ZMmm BflW'. a ^mÀT ~ Amu flflT/ 1^"^iiiIsÉÍIM BB
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atraso político dos paises socialistas. X „*§,.
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Condenando a invasão da Tcheco-Eslová-


quia, entretanto, a RCB nem por isso se deixa
Consciência
alinhar entre os críticos anti-soviéticos de posi-
ção reacionária ou filiação burguesa: sua pers-
pectiva é sempre uma perspectiva de esquerda >lr-. AWJ ^H mm flfl *«*»**».*.*'.*'•.'.'*' ^C^A'-'.<?^i:'v.V* A^B^^^^C^4^^fmmw á^i'Jmmmmmmm '¦ '': ^WflflV mmW
(as matérias contrárias a invasão por ela repro- Mmmm fl i^^w. fi^*SÍ?wS3^f*fi^»'^fMS^^^S''^^»w fíllfl A-*,** BkV H
duzidas são todas de autoria de autênticos re-
volucionários, na maior parte dos casos comu-
nistas) e sua preocupação é sempre a da objeti-
critica*¦'-•
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vidade (entre os documentos por ela divulgados ifSylfc*1 KyZym
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estão "As Razões da URSS" — texto fornecido • JE.'* "^*m'g
serviço de imprensa da Embaixada da ^^^ívftí^í^^Éí^^^^ltí^^íiS^J^*^ ^n a ZAfl fl *• IP^^ftíaH BÜÍ')' I
foião Soviética no Brasil — e a Carta dos Cin-
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eo Partidos, isto é, a carta em quedos PCs da Íl ';¦*
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URSS, da Bulgária, da República .Democrática lf> '.:'¦ a^B ma^&xÊÊKiiiàm mMÊMMÊÍMÈÉ&M MJÊê9ím\mM m.&í fl
, • Alemã, da Polônia e da Hungria advertiam o"
Braulio do Nascimento ^^^^^^^^^tf&áÈ^ir^ «^^H^^l^^^ 9.a ¦ mmW%>&W$m «Bí>>^W fl
PG tcheco). \ r ¦¦ \^\ Mg>w * 1 - i* lÉíwa' - mlM mW<mmÊmm m)." . H

Entre os documentos historicamente mais


expressivos do período que precedeu a invasão,
os leitores encontrarão no número especial da A década de 1950, na litreatura brasileira, pode
RCB o controvertido Manifesto das Duas Mil ser considerada como a da critica, literária — diz
Palavras, assinado por cerca de setenta perso- Afrânio Coutinho, num dos ensaios reunidos em Crí-
nalidades da vida tcheca, protestando contra as tica c Poética. Efetivamente, estão a exigir um le-
violações da legalidade socialista, e mais o in- vantamento amplo e objetivo as idéias sobre critica \êM . '''fi^^^B - \A|I m\ m\it%.. i \¦'<*
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forme apresentado por Alexandre Dubcek em literária que circularam e principalmente se entrecho- li* V- I |\gj/ I Be?IML Imwfmy \^fcjjfl mW^Êt H
29-5-68 ao Comitê Central do PC tcheco, bem earam nas revistas e suplementos literários daquela
como a resolução política elaborada em segui- época, entre nós. À doutrinação do neto criticism feita it -': ''""';,! ^BrX B::: . W^^l^U
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intensamente por Afrânio Coutinho vinham juntar-se ¦^^':^:- ¦'¦¦¦ zyy^0i^^^M k^H \\\w\ Bfll
da ao referido informe. a corrente hispânica o alemã. Dentro desses campos ' Àf
Também consta do número especial da RCB
de teorias, que eram aceitas com deslumbramento, ^w.
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nem como dogma, mas com um espirito intransigen-
o texto dá carta com que o PC tcheco respon- temente desperto para o trabalho de seleção, aciap-
deu à Carta dos Cinco Partidos. Para uma re- tação e sobretudo de reformulação, havia um deno-
constituição mais completa do quadro que pre- ininador comum que era a recusa do impressionismo

que ama os Beatles


cedeu a invasão, a RCB reproduz igualmente a francês profundamente enraizado, e uma posição ra-
• Declaração de Bratislava, o texto de uma dicalmente contrária aos seus representantes brasilei-
pales- ros. Dai a defesa entusiástica das teorias que esta-
tra pronunciada pelo então ministro Ota Sik vam "do outro lado" o o apoio integral aos que as
através da televisão tcheca, mais três informes professavam. "Afrânio Coutinho não foi nosso men-
econômicos (por Josef Stepan, Lubomir Strou-
gale Frantisek Hamouz) e o último artigo do
filósofo italiano Galvano Delia Voloe, sobre a
Tcheco-Eslováquia, escrito poucos dias antes do
;t falecimento do escritor, ocorrido em 13 de ju-
tor literário'— afirmou Fausto Cunha, em 1958, em
nome dos críticos jovens daquela década. O essen-
ciai é que êle estava do nosso lado e suas leituras
coincidiam com as nossas" (A Luta Literária^Jtií)
1964, pág. 51). Mas estávamos do ladojJclerHTíTbri-
sadbe tudo sobre
/ lho do corrente ano.
Pertencem, ainda, ao âmbito daqueles dias
gando por êle, como em dada ocasiãÕ"TÍ951), que vale
a pena lembrar, segundo o resumo de Fausto Cunha
(op. cit. pág. 52)í "Houve um acontecimento que JohtiaPaul. / |
/ George eRingo
em nosso entusiasmo — falo em vários elementos do
o cordial debate travado por Luigi Longo, após grupo de Reuista Branca — reputávamos uma espécie
uma visita à Tcheco-Eslováquia, com intefec- de Citizen Kane na história da crítica literária brasilei-
tuais do Partido Comunista Italiano, entre os ra: a defesa de tese de Afrânio Coutinho no Colégio Pe-
quais o professor Lúcio Lombardo Radice, que dro II. A participação de Álvaro Lins era de significa-
os leitores brasileiros conhecem através da in- ção secundária, porquanto seu triunfo não podia deixar 'jlmmmWk.
tervenção no Diálogo Posto à Prova e através de ser certo. Para nós, a questão vital era a vitória de iy^k Mesmo que você seja careca, é impossível
das páginas de Educação e Revolução, dois Ian- Afrânio Coutinho, isto é, a vitória de um novo conceito de adorar a vida dos 4 cabeludos geniais.
de critica e de uma nova atitude perante o fato li- im ^k\ deixar [A |\
çamentos da Editora Paz e Terra. De antes da terário." . ii^^^Hf P°r 'ss0 woc* "áo pode deixar de ler ifl fll
invasão, igualmente, é uma reportagem do ita-
- liano Bruno Schacherl sobre "O Papel da Cultu-
Ifl Br a vida dos Beat,es>de Hunter Davies. 11 1/
Quando fôr traçado o panorama de nossa critica
ra na Reviravolta Tcheco-Eslovaca", que merece na década de 1950, muita gente vai admirar-se com \^ HL ilustrada, sensacional como os' próprios reis do ié-i*.ievP5^
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I avidadosbeatles
ser lida. E são, também, as matérias assinadas a contemporaneidade dos trabalhos e pesquisas aqui
alemão Robert Haveman e pelos tchecos realizados com o que faziam na Europa os nomes
íri Hermach, Frantisek e Samálik e Karel Ko-
Íelo que estão sendo hoje descobertos, e o conhecimento
sik. Karel Kosik é o autor de um livro interes- em profundidade do que faziam. Exemplos? Pierre
Giraud, Albert Henry, Wilhelm Fuchs, Helimit Hatz-
santíssimo — A Dialética do Concreto — que íeld, Leo Spitzer (considerado agora um dos pais do
brevemente estará sendo lançado entre nós. Seu
artigo publicado na RCB chama a atenção dos
leitores para um traço comum do capitalismo e
estruturalismo na crítica). O ensaio de AfrAnio Cou-
tinho, de onde tiramos a citação inicial deste artigo,
"A Crítica Literária no Brasil",
publicado na Revista
De Hunter Davies
do socialismo burocrático stalinista, que é o fato Interamericaná de Bibliografia, Washington, .abril-
de ambos conceberem os seres humanos, as junho de 1964, é uma tentativa importante no sentido
de uma história de nossa crítica, particularmente na- é|l EDITORA EXPRESSÃO E CULTURA ,
idéias, os sentimentos, a realidade do passado e quela década: "É o momento — afirma êle — em \
do presente, como objeto de uma ilimitada ma- que se adquire a consciência exata do papel relevante | ^Blr Rua Pre>* Carloa da Campot, 332 l
nipulação, de caráter intrlnsecamente oportunis- Em iodas as livrarias ou pelo Reembolso Postal.
ta e degradante. Por vezes, a analogia observada
da críüca em meio à criação literária e aos gêneros
de literatura imaginativa, função de disciplina do cs- ^^^ f \
por Kosik exige desenvolvimentos e clarifica- pírito literário. Semn ser um gênero literário, mas ^^ ^^» I ^mé^^m^^^m^^^^^ àf 1
uma espécie de atividade reflexiva de análise e jul-
ções. Mesmo assim entretanto, trata-se de um gamento da literatura, a crítica se aparenta com a .bb^J -^^ I ^M i
artigo que deve ser lido e difundido, como anti- BBBbI ^m^^ I ^mW 1
doto contra certas versões "tecnicistas" do mar-
filosofia e a ciência, embora não seja qualquer delas. J/m Bfll Bfll .^r I MmmW
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É uma atividade autônoma, obediente a normas e
xismo. critérios próprios de funcionamento, e detentora de
uma posição especifica no quadro da literatura. O
O número especial da RCB divulga, além reconhecimento de tudo isso pode-se afirmar que se
disso, boa documentação relativa ao período que fixou naquela década, sob forma tão aguda e pro-
se seguiu à invasão: os textos em que o PC ita- funda, que justifica para ela, a denominação de a
liano, o PC francês e a Liga dos Comunistas década da crítica, pela descoberta da sua autonomia
e cunho técnico" (p. 117).
Iugoslavos exprimiram sua posição de discor-
dáncia em face da medida tomada pelas cinco Afrânio Coutinho expõe, nesse ensaio, dentro
nações do Pacto de Varsóvia, referências de im- dos limites disponíveis, as várias fasej- do pensamen-
prensa às posições igualmente discordantes (por to crítico brasileiro, desde 1870. É um trabalho que
motivos nem sempre idênticos) do PC espanhol, merece ser lido com atenção porque relaciona nomes,
do PC inglês, do PC chinês e de outros. esforços e obras, sem omissões subjetivai, objetiva-
mente informativo, representando um roteiro se*
Está igualmente transcrito na RCB o pro- guro para o conhecimento dos caminhos da crítica
literária brasileira; para o conhecimento também das
nunciamento do PC brasileiro, favorável à inva- coordenadas do pensamento crítico de Afrânio Cou- /' i
são. A revista contém, ainda, o resumo das con- tinho, em que vamos encontrar uma abordagem dos
versações realizadas entre os soviéticos e os tche- problemas em muitos aspectos idêntica a dos íor-

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