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RE no REsp 445881
Relator(a) Ministro EDSON VIDIGAL Data da Publicação 16/05/2003 Decisão
RE no RECURSO ESPECIAL Nº 445.881 - BA (2002/0077962-8)
RECORRENTE : CLÓVIS DOS SANTOS
ADVOGADO : DJALMA EUTIMIO DE CARVALHO
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA
DECISÃO
Fazendo-se passar por “pai de santo”, “curandeiro” e “vidente”, Clóvis dos Santos
teria constrangido diversas mulheres, em sua maioria adolescentes, a com ele
manterem conjunção carnal - tudo, mediante grave ameaça física e moral, a última
consubstanciada na alegação de que, caso resistissem, as vítimas e seus familiares
correriam risco de vida, este decorrente dos poderes da “entidade espiritual”
contrariada.
Denunciado, por infração ao CP, arts. 284, I e II, 213, c/c 71, parágrafo único (por
quatro vezes), 213, c/c 14, II e 329, e à Lei 8069/90, art. 241 (porque surpreendido
na posse de fotos de uma de
suas vítimas, menor, que tirara durante o evento criminoso, para posterior
revenda), Clóvis teve desclassificados os crimes de estupro para posse sexual
mediante fraude (CP, art. 215, “caput”),
pelo qual foi condenado à pena de sete anos e seis meses de reclusão, mais três
meses de detenção pela resistência, e absolvido quanto aos demais.
Foi então interposto um apelo, ao qual o TJ/BA deu parcial provimento para,
acolhendo a tese defensiva relativa à continuidade delitiva, diminuir a reprimenda
imposta para dois anos de reclusão, fixado o regime semi-aberto para o
cumprimento respectivo.
Opostos Embargos Declaratórios, foram eles parcialmente acolhidos para declarar
extinta a punibilidade do réu, pela prescrição, quanto ao crime de resistência.
Veio então o Recurso Especial, assim decidido pela Quinta Turma:
É dessa decisão que a defesa reclama, agora, via Recurso Extraordinário. Sustenta
ofendidos o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, na medida em
que, desclassificados os crimes de estupro para posse sexual mediante fraude,
quanto a este não foi dado ao acusado defender-se.
Pede seja anulado todo o processado, a partir da sentença, “devendo ser propiciado
prazo ao recorrente para apresentar sua defesa sobre a nova imputação e
apresentar provas, cf. autoriza o art. 384, caput, do CPP” (fl. 473).
Contra-razões às fls. 476/481.
O Recurso não merece trânsito.
Infere-se dos autos que dos dispositivos tidos como ofendidos não cuidou a decisão
recorrida, nem foram opostos Embargos Declaratórios a sanar qualquer omissão. A
pretensão esbarra, portanto, nos óbices previstos nos verbetes 282 e 356/STF.
Ainda que assim não fosse, a demanda remete à correta aplicação do texto de lei
federal – CPP, art. 384, fundamento exclusivo do Acórdão atacado. É contra tal fato
que se insurge o Extraordinário, valendo transcrever, daquele arrazoado:
“Vê-se, pois, que a r. decisão, ora hostilizada, deve ser reformada, porquanto a
denúncia, inequivocamente, somente demonstrou delitos de estupro e não posse
sexual mediante fraude, o que demonstra a patente violação do art. 384, caput, do
CPP. E, por conseguinte, os princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido
processo legal, haja vista que o recorrente não teve o direito de se defender, em
juízo, da imputação de posse sexual mediante fraude” (fl. 472, grifei).
Sob tal aspecto, não há como visualizar a existência de ofensa direta e frontal à
Constituição, diante da prévia e necessária exegese de normas de feição
estritamente infraconstitucional. Possível transgressão ao texto constitucional seria,
quando muito, de ordem reflexa ou indireta, o que, efetivamente, impede a
abertura da via extraordinária. Segundo orienta o Supremo Tribunal, "O recurso
extraordinário não é admissível quando a constatação de ofensa ao texto
constitucional reclama, para que se configure, a formulação de juízo prévio de
legalidade fundado na vulneração e infringência de dispositivos de ordem
meramente legal" (AGRAG 155.188, rel. Min. Celso de Mello).
Assim, à míngua de questão apta a ser revista pelo Supremo Tribunal Federal, não
admito o Recurso Extraordinário.
Publique-se.
Informativo nº 0409
Período: 28 de setembro a 2 de outubro de 2009.
Quinta Turma – STJ
ESTUPRO. RETROATIVIDADE. LEI.
Este Superior Tribunal firmou a orientação de que a majorante inserta no art. 9º da
Lei n. 8.072/1990, nos casos de presunção de violência, consistiria em afronta ao
princípio ne bis in idem. Entretanto, tratando-se de hipótese de violência real ou
grave ameaça perpetrada contra criança, seria aplicável a referida causa de
aumento. Com a superveniência da Lei n. 12.015/2009, foi revogada a majorante
prevista no art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos, não sendo mais admissível sua
aplicação para fatos posteriores à sua edição. Não obstante, remanesce a maior
reprovabilidade da conduta, pois a matéria passou a ser regulada no art. 217-A do
CP, que trata do estupro de vulnerável, no qual a reprimenda prevista revela-se
mais rigorosa do que a do crime de estupro (art. 213 do CP). Tratando-se de fato
anterior, cometido contra menor de 14 anos e com emprego de violência ou grave
ameaça, deve retroagir o novo comando normativo (art. 217-A) por se mostrar mais
benéfico ao acusado, ex vi do art. 2º, parágrafo único, do CP. REsp 1.102.005-SC,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 29/9/2009.
Informativo nº 0397
Período: 1º a 5 de junho de 2009.
Quinta Turma – STJ
MENOR. CONJUNÇÃO CARNAL. CORRUPÇÃO.
A conduta do recorrido que praticou ato libidinoso consistente em conjunção carnal
com vítima de 14 anos não se adequa ao delito tipificado no art. 213 do CP, pois
houve consentimento daquela. Do mesmo modo não se amolda ao delito previsto no
art. 218 do CP (corrupção de menor); pois, conforme o acórdão recorrido, soberano
na análise do confronto fático-probatório, a vítima já teria, anteriormente, mantido
relações sexuais com outras pessoas. Assim, conforme precedente da Turma, a
anterior inocência moral do menor se presume iuris tantum como pressuposto fático
do tipo. Quem já foi corrompido não pode ser vítima do delito sob exame.
Precedente citado: REsp 822.977-RJ, DJ 12/11/2007. REsp 1.107.009-PR, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 4/6/2009.
» Avaliação Diagnóstica
Direito Penal
Profª: Lidiany Mendes Campos
Alunas: Millena Luana Souza Santos
RA: 224675-9
Turma: DR8A42
Data: 09/04/2010
Goiânia
2010