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Sexta-feira, 21 de junho de 2019 II Série-A — Número 115

XIII LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2018-2019)

SUMÁRIO
Resolução: (a) da Convenção Europeia para a proteção dos animais de
Institui o dia 22 de junho como Dia Nacional da Liberdade companhia):
Religiosa e do Diálogo Inter-Religioso — Parecer da Comissão de Agricultura e Mar e nota técnica
elaborada pelos serviços de apoio.
Projetos de Lei (n.os 438 e 451/XIII/2.ª): N.º 206/XIII/4.ª (GOV) — Autoriza o Governo a alterar os
N.º 438/XIII/2.ª (Determina a sujeição dos litígios de consumo requisitos de acesso e de exercício da atividade de perito
de reduzido valor económico à arbitragem necessária, qualificado para a certificação energética e de técnico de
quando tal seja optado pelo consumidor, e determina a instalação e manutenção de edifícios e sistemas.
obrigatoriedade de constituição de advogado nas ações de N.º 207/XIII/4.ª (GOV) — Inclui novas substâncias psicoativas
consumo): na definição de droga, transpondo a Diretiva Delegada (UE)
— Relatório da nova apreciação e votação indiciária na 2019/369 da Comissão.
generalidade e especialidade, tendo como anexo propostas
de alteração do PSD e do PS, e texto de substituição da Projetos de Resolução (n.os 717, 718 e 727/XIII/2.ª, 1651,
Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas. 1652 e 1681/XIII/3.ª e 2003, 2086, 2194 e 2214 a
N.º 451/XIII/2.ª (Reforça os direitos dos consumidores no que 2222/XIII/4.ª):
diz respeito ao consumo de bens alimentares): N.º 717/XIII/2.ª (Recomenda ao Governo a adoção de
— Relatório da nova apreciação e votação indiciária na medidas que promovam os meios alternativos de resolução
generalidade da Comissão de Economia, Inovação e Obras de litígios de consumo):
Públicas. — Relatório da nova apreciação e votação indiciária da
Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
Propostas de Lei (n.os 179, 183, 206 e 207/XIII/4.ª): N.º 718/XIII/2.ª (Recomenda ao Governo a assunção de
N.º 179/XIII/4.ª (Altera a Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, que medidas de formação, informação e fiscalização de defesa
estabelece as bases da política de ordenamento e de gestão dos direitos dos consumidores):
do Espaço Marítimo Nacional): — Relatório da nova apreciação e votação indiciária e texto
— Parecer da Comissão de Agricultura e Mar e nota técnica de substituição da Comissão de Economia, Inovação e Obras
elaborada pelos serviços de apoio. Públicas.
N.º 183/XIII/4.ª (Oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 276/2001, N.º 727/XIII/2.ª (Recomenda ao Governo que promova uma
de 17 de outubro, que estabelece as medidas das disposições cultura de informação ao consumidor mais eficaz):
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 2

— Relatório da nova apreciação e votação indiciária e texto N.º 2214/XIII/4.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo que
de substituição da Comissão de Economia, Inovação e Obras reative o Observatório dos Mercados Agrícolas e das
Públicas. Importações Agroalimentares.
N.º 1651/XIII/3.ª (Propõe medidas para o pleno N.º 2215/XIII/4.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo a
aproveitamento do investimento na construção da ligação implementação de medidas de apoio ao setor leiteiro.
ferroviária Sines/Elvas (Caia) no âmbito do transporte de N.º 2216/XIII/4.ª (PSD) — Recomenda ao Governo a
mercadorias): elaboração e execução de um plano de gestão de espécies e
— Relatório da discussão e votação na especialidade e texto habitats no Parque Natural da Ria Formosa.
final da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
N.º 2217/XIII/4.ª (PS) — Recomenda ao Governo que de
N.º 1652/XIII/3.ª (Propõe medidas para o pleno forma célere proceda à decisão de classificação do edifício da
aproveitamento do investimento na construção da ligação antiga Fábrica de Saboaria e Perfumaria Confiança.
ferroviária Sines/Elvas (Caia) no âmbito do transporte de
N.º 2218/XIII/4.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo a
passageiros): melhoria das ligações rodoviárias ao Eco Parque do Relvão.
— Vide projeto de resolução n.º 1651/XIII/3.ª.
N.º 2219/XIII/4.ª (BE) — Recomenda ao Governo a adoção
N.º 1681/XIII/3.ª (Recomenda ao Governo que adote medidas de medidas para defender e promover o montado como
que assegurem a paragem de comboios de mercadorias no
sistema de grande valor ecológico e económico.
Alentejo, nomeadamente em Évora, Vendas Novas e zona
dos mármores (Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal), N.º 2220/XIII/4.ª (PSD) — Recomenda ao Governo que
mas também, a utilização de toda a linha no âmbito do indemnize a família de Avelino Mateus Ferreira, nos mesmos
transporte de passageiros): termos que as vítimas dos incêndios dos dias 15 e 16 de
— Vide projeto de resolução n.º 1651/XIII/3.ª. outubro de 2017.
N.º 2003/XIII/4.ª (Clarificação dos critérios de progressão N.º 2221/XIII/4.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo a
remuneratória dos docentes do ensino superior público): adoção de medidas legislativas e regulamentares destinadas
— Informação da Comissão de Educação e Ciência relativa à aos idosos portugueses residentes no estrangeiro e aos
discussão do diploma ao abrigo do artigo 128.º do Regimento emigrantes que se encontrem em situação de absoluta
da Assembleia da República. carência de meios de subsistência ou que evidenciam enorme
fragilidade.
N.º 2086/XIII/4.ª (Universalidade da escola pública no
concelho de Santa Maria da Feira): N.º 2222/XIII/4.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo que
— Informação da Comissão de Educação e Ciência relativa à proceda à reintegração dos oficiais das especialidades de
discussão do diploma ao abrigo do artigo 128.º do Regimento pilotos aviadores e pilotos que, no período de 1988 a 1992,
da Assembleia da República. foram abatidos ao quadro permanente da Força Aérea, a seu
pedido, por não lhes ter sido concedida passagem à situação
N.º 2194/XIII/4.ª (Recomenda ao Governo a atribuição de de reserva ou licença ilimitada.
apoios para a recuperação do concelho de Monchique):
— Alteração do texto inicial do projeto de resolução.
(a) Publicado em Suplemento.
21 DE JUNHO DE 2019 3

PROJETO DE LEI N.º 438/XIII/2.ª


(DETERMINA A SUJEIÇÃO DOS LITÍGIOS DE CONSUMO DE REDUZIDO VALOR ECONÓMICO À
ARBITRAGEM NECESSÁRIA, QUANDO TAL SEJA OPTADO PELO CONSUMIDOR, E DETERMINA A
OBRIGATORIEDADE DE CONSTITUIÇÃO DE ADVOGADO NAS AÇÕES DE CONSUMO)

Relatório da nova apreciação e votação indiciária na generalidade e especialidade, tendo como


anexo propostas de alteração do PSD e do PS, e texto de substituição da Comissão de Economia,
Inovação e Obras Públicas

Relatório da nova apreciação e votação indiciária na generalidade e especialidade

1. O Projeto de Lei n.º 438/XIII/2.ª, do PSD, deu entrada na Assembleia da República em 9 de março de
2017, tendo sido discutido na generalidade em 15 de março de 2017 e, por determinação de S. Ex.ª o Presidente
da Assembleia da República, baixado no dia 17 de março de 2017 sem votação, para nova apreciação, à
Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
2. A Comissão cometeu ao Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor fazer as audições e conceder as
audiências que viessem a ser solicitadas sobre a matéria bem como proceder à apreciação e votação indiciária
deste diploma bem como das propostas de alteração que viessem a dar entrada no decurso deste processo
legislativo. Foram apresentadas propostas de alteração ao Projeto de Lei n.º 438/XIII/2.ª pelo PSD e pelo PS.
3. O Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor procedeu à apreciação e votação indiciária na
especialidade destas iniciativas na sua reunião de 11 de junho.
4. A votação indiciária decorreu nos seguintes termos:

 A Proposta de alteração, apresentada pelo PS, do artigo 2.º, do n.º 3 do artigo 14.º da Lei n.º 24/96, de
31 de julho, foi aprovada indiciariamente, com os votos a favor do PS, do BE e do CDS-PP, votos contra do PCP
e a abstenção do PSD;
 A Proposta de eliminação, apresentada pelo PS, do n.º 4 do artigo 14.º da Lei n.º 24/96, de 31 de julho,
foi rejeitada indiciariamente, com os votos contra do PSD, do BE, do PCP e do CDS-PP e votos a favor do PS;
 A Proposta de alteração, apresentada pelo PSD, do n.º 3 do artigo 14.º da Lei n.º 24/96, de 31 de julho,
foi aprovada indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do BE e do CDS-PP e a abstenção do PS e do PCP;
 A restante proposta de alteração apresentada pelo PSD do Projeto de Lei n.º 438/XIII/2.ª foi aprovada
indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do PS, do BE e do CDS-PP e votos contra do PCP.

5. Na sua reunião de 19 de junho de 2019, com a presença dos Grupos Parlamentares do PSD, do PS, do
BE, do PCP e do CDS-PP, a Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas ratificou as votações realizadas
em sede de Grupo de Trabalho.
6. O GP PSD declarou ter retirado o seu Projeto de Lei n.º 438/XIII/2.ª a favor do texto de substituição.
7. Segue em anexo o texto de substituição resultante destas votações.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.

O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.


II SÉRIE-A — NÚMERO 115 4

Propostas de alteração apresentadas pelo PSD e pelo PS

Proposta de substituição apresentada pelo PSD

TÍTULO: Determina a sujeição dos conflitos de consumo de reduzido valor económico à arbitragem
necessária, quando seja essa a opção do consumidor, e determina o dever de informação ao consumidor quanto
ao direito de constituição de advogado ou solicitador nas ações de consumo

Artigo 1.º
Objeto

A presente lei procede à quinta alteração à Lei n.º 24/96, de 31 de julho, alterada pela Lei n.º 85/98, de 16
de dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 67/2003, de 8 de abril, pela Lei n.º 10/2013, de 28 de janeiro, e pela Lei n.º
47/2014, de 28 de julho, que estabelece o regime legal aplicável à defesa dos consumidores, determinando a
sujeição dos conflitos de consumo de reduzido valor económico à arbitragem necessária ou mediação, quando
seja essa a opção do consumidor, bem como introduz o dever de informação do direito a constituir advogado ou
solicitador.

Artigo 2.º
Alteração à Lei n.º 24/96, de 31 de julho

O artigo 14.º da Lei n.º 24/96, de 31 de julho, alterada pela Lei n.º 85/98, de 16 de dezembro, pelo Decreto-
Lei n.º 67/2003, de 8 de abril, pela Lei n.º 10/2013, de 28 de janeiro, e pela Lei n.º 47/2014, de 28 de julho, passa
a ter a seguinte redação:

«Artigo 14.º
[…]

1 – ....................................................................................................................................................................
2 – Os conflitos de consumo de reduzido valor económico estão sujeitos a arbitragem necessária ou
mediação quando, por opção expressa dos consumidores, sejam submetidos à apreciação de tribunal arbitral
adstrito aos centros de arbitragem de conflitos de consumo legalmente autorizados.
3 – Consideram-se conflitos de consumo de reduzido valor económico aqueles cujo valor não exceda metade
da alçada dos tribunais de 1.ª instância.
4 – Nos conflitos de consumo a que se referem os n.os 2 e 3 deve o consumidor ser notificado no início do
processo de que pode fazer-se representar por advogado ou solicitador, sendo que, caso não tenha meios
económicos para tal, pode solicitar apoio judiciário, nos termos da lei que regula o acesso ao direito e aos
tribunais.
5 – Nos conflitos de consumo a que se referem os n.os 2 e 3 o consumidor fica dispensado do pagamento
prévio de taxa de justiça, que será apurada a final.»

Artigo 4.º
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.

Assembleia da República, 29 de maio de 2019.


Os Deputados do PSD.
21 DE JUNHO DE 2019 5

Proposta de alteração apresentada pelo PS

«Artigo 14.º
[…]

1 – ....................................................................................................................................................................
2 – ....................................................................................................................................................................
3 – Consideram-se conflitos de consumo de reduzido valor económico aqueles cujo valor não exceda a
alçada dos tribunais de 1.ª instância.
4 – (Eliminar).
5 – ....................................................................................................................................................................»

Palácio de S. Bento, 11 de junho de 2019.

Os Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.

Texto de Substituição
Determina a sujeição dos conflitos de consumo de reduzido valor económico à arbitragem
necessária, quando seja essa a opção do consumidor, e determina o dever de informação ao
consumidor quanto ao direito de constituição de advogado ou solicitador nas ações de consumo

Artigo 1.º
Objeto

A presente lei procede à quinta alteração à Lei n.º 24/96, de 31 de julho, alterada pela Lei n.º 85/98, de 16
de dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 67/2003, de 8 de abril, pela Lei n.º 10/2013, de 28 de janeiro, e pela Lei n.º
47/2014, de 28 de julho, que estabelece o regime legal aplicável à defesa dos consumidores, determinando a
sujeição dos conflitos de consumo de reduzido valor económico à arbitragem necessária ou mediação, quando
seja essa a opção do consumidor, bem como introduz o dever de informação do direito a constituir advogado ou
solicitador.

Artigo 2.º
Alteração à Lei n.º 24/96, de 31 de julho

O artigo 14.º da Lei n.º 24/96, de 31 de julho, alterada pela Lei n.º 85/98, de 16 de dezembro, pelo Decreto-
Lei n.º 67/2003, de 8 de abril, pela Lei n.º 10/2013, de 28 de janeiro, e pela Lei n.º 47/2014, de 28 de julho, passa
a ter a seguinte redação:

«Artigo 14.º
[…]

1 – ....................................................................................................................................................................
2 – Os conflitos de consumo de reduzido valor económico estão sujeitos a arbitragem necessária ou
mediação quando, por opção expressa dos consumidores, sejam submetidos à apreciação de tribunal arbitral
adstrito aos centros de arbitragem de conflitos de consumo legalmente autorizados.
3 – Consideram-se conflitos de consumo de reduzido valor económico aqueles cujo valor não exceda a
alçada dos tribunais de 1.ª instância.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 6

4 – Nos conflitos de consumo a que se referem os n.os 2 e 3 deve o consumidor ser notificado no início do
processo de que pode fazer-se representar por advogado ou solicitador, sendo que, caso não tenha meios
económicos para tal, pode solicitar apoio judiciário, nos termos da lei que regula o acesso ao direito e aos
tribunais.
5 – Nos conflitos de consumo a que se referem os n.os 2 e 3 o consumidor fica dispensado do pagamento
prévio de taxa de justiça, que será apurada a final.»

Artigo 3.º
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.

O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

————

PROJETO DE LEI N.º 451/XIII/2.ª


(REFORÇA OS DIREITOS DOS CONSUMIDORES NO QUE DIZ RESPEITO AO CONSUMO DE BENS
ALIMENTARES)

Relatório da nova apreciação e votação indiciária na generalidade da Comissão de Economia,


Inovação e Obras Públicas

1. O Projeto de Lei n.º 451/XIII/2.ª, do Deputado único do PAN, deu entrada na Assembleia da República,
em 13 de março de 2017, tendo sido discutido na generalidade em 15 de março de 2017 e, por determinação
de S. Ex.ª o Presidente da Assembleia da República, baixado no dia 17 de março de 2017 sem votação, para
nova apreciação, à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
2. A Comissão cometeu ao Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor fazer as audições e conceder as
audiências que viessem a ser solicitadas sobre a matéria bem como proceder à apreciação e votação indiciária
deste diploma bem como das propostas de alteração que viessem a dar entrada no decurso deste processo
legislativo.
3. O Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor procedeu à apreciação e votação indiciária desta
iniciativa, na sua reunião de 11 de junho de 2019, que foi rejeitada indiciariamente com os votos contra do PSD,
do PS e do PCP e a abstenção do BE e do CDS-PP.
4. Na sua reunião de 19 de junho de 2019, com a presença dos Grupos Parlamentares do PSD, do PS, do
BE, do PCP e do CDS-PP, a Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas ratificou as votações realizadas
em sede de Grupo de Trabalho.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.

O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

————
21 DE JUNHO DE 2019 7

PROPOSTA DE LEI N.º 179/XIII/4.ª


(ALTERA A LEI N.º 17/2014, DE 10 DE ABRIL, QUE ESTABELECE AS BASES DA POLÍTICA DE
ORDENAMENTO E DE GESTÃO DO ESPAÇO MARÍTIMO NACIONAL)

Parecer da Comissão de Agricultura e Mar e nota técnica elaborada pelos serviços de apoio

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS
PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO RELATÓRIO
PARTE III – ANEXOS

PARTE I – CONSIDERANDOS

1) Nota Preliminar

A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) apresentou à Assembleia da República
a Proposta de Lei n.º 179/XIII – «Altera a Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, que estabelece as bases da política de
ordenamento e de gestão do espaço marítimo nacional.»
A presente iniciativa deu entrada no dia 24 de janeiro de 2019, tendo sido admitida após cinco dias e baixado
à Comissão de Agricultura e Mar (CAM), comissão competente, para emissão de parecer, em conexão com a
11.ª Comissão (Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação).
Foi disponibilizada nota técnica elaborada ao abrigo do disposto no artigo 131.º do Regimento da Assembleia
da República, que consta da parte IV deste parecer.

2) Do objeto, conteúdo e motivação da iniciativa

A proposta de lei em análise visa alterar a Lei de Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço
Marítimo Nacional, no sentido de garantir à Região Autónoma dos Açores capacidade de decisão sobre o recurso
marítimo.
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores considera que a solução de distribuição de
competências entre a República e a Região vertida na Lei n.º 17/2017, de 10/04, «não corresponde, nem
satisfaz» às necessidades dos Açorianos e como tal apresentam alterações no sentido de favorecer a autonomia
dos Açores.
Essas alterações têm como pressuposto que «nas regiões autónomas o plano de ordenamento do espaço
marítimo seja definido mediante decreto legislativo regional próprio que regulará a elaboração, aprovação,
articulação e compatibilização, cooperação e coordenação, alteração, revisão e suspensão dos instrumentos de
ordenamento do espaço marítimo, bem como o respetivo regime económico e financeiro».
Na exposição de motivos é referido que se pretende que «os Açores, no âmbito da entrada em funcionamento
do próximo quadro de fundos europeus, estejam já de pleno direito, e em toda a sua extensão, a exercer as
respetivas competências sobre o nosso Mar, em favor dos Açorianos, isto é, em favor da sua qualificação, da
sua empregabilidade e do seu empreendedorismo.»
Neste sentido, a proposta de lei em análise introduz alterações de modo a que o ordenamento e a gestão
das áreas do espaço marítimo nacional, sob soberania ou jurisdição nacional adjacentes aos arquipélagos dos
Açores e da Madeira, comportem os seguintes pressupostos:
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 8

«a) A transferência para as regiões autónomas de competências da administração central quanto ao


espaço marítimo sob soberania ou jurisdição nacional adjacente aos respetivos arquipélagos, salvo quando
esteja em causa a integridade e soberania do Estado;
b) A participação dos serviços da administração central competente no procedimento prévio dirigido à
aprovação dos planos de ordenamento e gestão do espaço marítimo, através da emissão de parecer;
c) A constituição de procedimentos de codecisão, no âmbito da gestão conjunta ou partilhada, entre a
administração central e regional autónoma, quando esteja em causa o regime económico e financeiro associado
à utilização privativa dos fundos marinhos;
d) A competência exclusiva das regiões autónomas para licenciar, no âmbito da utilização privativa de bens
do domínio público marítimo do Estado, designadamente, atividades de extração de inertes, da pesca e de
produção de energias renováveis.»
Em consequência são apresentadas alterações aos artigos 1.º, 3.º, 5.º, 8.º e 12.º da Lei n.º 17/2014, de 10
de abril e é aditado um novo artigo (artigo 31.º-A – Região Autónomas).
O artigo novo (artigo 31.º-A – Regiões autónomas) estabelece que as matérias referentes aos artigos 8.º a
11.º, 13.º a 25.º, 27.º a 29.º e 31.º são desenvolvidas, nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, mediante
decreto legislativo regional, sempre que em causa estejam áreas do espaço marítimo nacional sob soberania
ou jurisdição nacional adjacentes aos respetivos arquipélagos.

3) Conformidade dos requisitos formais, constitucionais e regimentais e cumprimentos da lei


formulário

A presente iniciativa legislativa é apresentada pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores
(ALRAA) no âmbito do poder de iniciativa da lei, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 167.º e da
alínea d) do n.º 1 do artigo 197.º da Constituição da República Portuguesa e no artigo 118.º do Regimento da
Assembleia da República (RAR).
Respeita os requisitos formais relativos às iniciativas em geral e às propostas de lei, em particular, previstos
no n.º 1 do artigo 119.º e artigo 124.º do Regimento. Relativamente ao disposto no n.º 3 do artigo 124.º, o
Governo regional enviou estudos, documentos e parecer e foram, ainda, entregues pareceres da RAM, ALRAM
e ALRAA.
A iniciativa cumpre a Lei Formulário, contudo em caso de aprovação e de acordo com a Nota Técnica o título
pode ser aperfeiçoado em sede de especialidade.
No mesmo sentido, caso se considere que a iniciativa altera as receitas previstas na lei do Orçamento do
Estado, deve ser salvaguardado a entrada em vigor devido à lei-travão.

4) Enquadramento legal e antecedentes

Este capítulo remete na totalidade para a nota técnica que é parte integrante do presente parecer (parte IV).

PARTE II – OPINIÃO DO RELATOR

O signatário do presente parecer entende, nesta sede, manifestar a sua opinião política sobre a Proposta de
Lei n.º 179/XIII, a qual é, de resto, de «elaboração facultativa» nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do novo
Regimento (Regimento da Assembleia da República n.º 1/2007, de 20 de agosto).
Apesar da opinião expressa do relator no presente capítulo, o grupo parlamentar do PSD reserva a sua
posição para o debate em Plenário.
Neste sentido o relator pretende reforçar que o mar assume um elemento de identidade da Região Autónoma
dos Açores.
O mar é e sempre foi um elemento de identidade dos Açores, onde a açorianidade e autonomia estão
suportadas.
21 DE JUNHO DE 2019 9

O Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma dos Açores, estabelece no n.º 3 do artigo 8.º que «os
demais poderes reconhecidos ao Estado Português sobre as zonas marítimas sob soberania ou jurisdição
nacional adjacentes ao arquipélago dos Açores, nos termos da lei e do direito internacional, são exercidos no
quadro de uma gestão partilhada com a Região, salvo quando esteja em causa a integridade e soberania do
Estado».
A Lei vigente não respeita nem leva em consideração a «gestão partilhada» à revelia do Estatuto da Região
Autónoma dos Açores.
O efetivo reconhecimento de uma «gestão partilhada», não se deve cingir a simples auscultações, mas
verdadeiramente a uma autonomia política que está alicerçada num conhecimento e experiência de
proximidade.
Soma-se a esta proximidade a investigação científica que se desenvolve na Região, privilegiando uma
atuação política consciente e sustentada para o mar.
Pode-se até admitir que existam dúvidas sobre como se operacionaliza essa «gestão partilhada», mas o que
não se pode aceitar é que se legisle ignorando por completo este direito da Região.
A repartição do poder legislativo, não põe em causa a unidade do Estado, pelo contrário atribui competências
que tornam o mar num melhor espaço de oportunidades sociais, económicas e ambientais.
Muito do que é regulado pela lei de bases tem objetivos ambientais, e no caso dos Açores as matérias em
causa são competência própria da Região, o que igualmente não foi respeitado, pelo que a lei não corresponde
nem satisfaz ao poder legislativo adquirido.
Subjacente a esta legislação está ainda uma visão altamente redutora do papel que os Açores podem ter na
gestão do mar.
A Região, pela sua localização geoestratégica, pela sua extensa Zona Económica Exclusiva, pela sua
experiência e tradição marítimas, pelo seu conhecimento científico e também pelos direitos que estão
consagrados na lei pode e, sobretudo, quer ter um papel relevante e mais ativo na gestão e na utilização
sustentável dos mares que a rodeiam.
Assim, devia ser do interesse nacional assegurar um envolvimento mais efetivo dos Açores nesta tarefa, pois
tal resultará, estamos certos, em vantagens para o País.
A presente iniciativa permite, acima de tudo, valorizar o relacionamento entre o Estado e a Região Autónoma
dos Açores e reconhecer a Autonomia como meio de projetar e afirmar Portugal no mundo.
O relator gostaria, ainda, de expressar que a Assembleia Legislativa da Madeira emitiu parecer favorável à
Proposta de Lei em análise a 20 de fevereiro de 2019, «condicionado à previsão de uma norma que acautele
transitoriamente todo o trabalho já desenvolvido pelo Governo Regional da Madeira».
A Região Autónoma da Madeira aguarda aprovação do seu Plano de Situação do Ordenamento do Espaço
Marítimo (PSOEM), e, entende que a eventual não aprovação teria repercussões económicas e ambientais para
a Região e consequentemente para o Estado Português, atrasando o elevado potencial do Mar na criação de
riqueza. É neste pressuposto que a Região Autónoma da Madeira defende uma norma que acautele a
continuação do seu processo de aprovação do Plano de Situação do Ordenamento do Espaço Marítimo
(PSOEM) consequência de um «trabalho pioneiro e de excelência na defesa do mar da Madeira».

PARTE III – CONCLUSÕES

1- A Comissão de Agricultura e Mar é de parecer que a Proposta de Lei n.º 179/XIII que «Altera a Lei n.º
17/2014, de 10 de abril, que estabelece as bases da política de ordenamento e de gestão do espaço marítimo
nacional» reúne os requisitos constitucionais e regimentais para ser discutida e votada em plenário, reservando
os grupos parlamentares o seu sentido de voto para o debate.
2- Tendo em conta a nota técnica, que é parte integrante deste parecer, a iniciativa em análise cumpre os
requisitos formais, constitucionais e regimentais, bem com a lei do formulário, devendo em caso de aprovação
ser ajustada em sede de especialidade.

Palácio de São Bento, 7 de junho de 2019.


O Deputado relator, António Ventura — O Presidente da Comissão, Joaquim Barreto.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 10

Nota: O parecer foi aprovado, com os votos a favor do PSD, do PS, do BE, do CDS-PP e do PCP, tendo-se
verificado a ausência de Os Verdes e do PAN, na reunião da Comissão de 18 de junho de 2019.

PARTE IV – ANEXOS

Constitui anexo do presente parecer a nota técnica elaborada ao abrigo do disposto no artigo 131.º do
Regimento da Assembleia da República.

Nota Técnica

Proposta de Lei n.º 179/XIII/4.ª (ALRAA)


Altera a Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, que estabelece as bases da política de ordenamento e de gestão
do Espaço Marítimo Nacional.
Data de admissão: 29 de janeiro de 2019.
Comissão de Agricultura e Mar (7.ª).

Índice

I. Análise da iniciativa
II. Enquadramento parlamentar
III. Apreciação dos requisitos formais
IV. Análise de direito comparado
V. Consultas e contributos
VI. Avaliação prévia de impacto
VII. Enquadramento bibliográfico

Elaborada por: Rafael Silva (DAPLEN),Cristina Ferreira e Leonor Borges (DILP), Filipe Xavier (CAE) e
Joaquim Ruas (DAC)

Data: 7 de março de 2019.

I. Análise da iniciativa

 A iniciativa

Releva-se na exposição de motivos da iniciativa em apreço, apresentada pela Assembleia Legislativa da


Região Autónoma dos Açores, a importância que o Mar dos Açores tem, quer na criação de novas áreas de
emprego, quer na criação de riqueza, assumindo-se que o aproveitamento de todo este potencial, consubstancia
um grande desafio para a região.
Feita esta constatação, assume-se com naturalidade a não concordância com a solução de distribuição de
competências entre a República e a Região que consta na Lei de Bases de Bases do Ordenamento e Gestão
do Espaço Marítimo – Lei n.º 17/2014, de 10 de abril.
Os subscritores, escudados num parecer do anterior Provedor de Justiça e em pareceres de diversos
académicos, pretendem alterar esta situação propondo, para isso, uma alteração à Lei de Bases.
Essa alteração tem como pressuposto que «nas regiões autónomas o plano de ordenamento do espaço
marítimo seja definido mediante decreto legislativo regional próprio que regulará a elaboração, aprovação,
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articulação e compatibilização, cooperação e coordenação, alteração, revisão e suspensão dos instrumentos de


ordenamento do espaço marítimo, bem como o respetivo regime económico e financeiro».
Neste sentido o ordenamento e a gestão das áreas do espaço marítimo nacional, adjacentes aos
arquipélagos dos Açores e da Madeira devem, de acordo com o proponente, ser balizados pelos seguintes
pressupostos:
a) A transferência para as regiões autónomas de competências da administração central quanto ao espaço
marítimo sob soberania ou jurisdição nacional adjacente aos respetivos arquipélagos, salvo quando esteja em
causa a integridade e soberania do Estado;
b) A participação dos serviços da administração central competente no procedimento prévio dirigido à
aprovação dos planos de ordenamento e gestão do espaço marítimo, através da emissão de parecer;
c) A constituição de procedimentos de codecisão, no âmbito da gestão conjunta ou partilhada, entre a
administração central e regional autónoma, quando esteja em causa o regime económico e financeiro associado
à utilização privativa dos fundos marinhos;
d) A competência exclusiva das regiões autónomas para licenciar, no âmbito da utilização privativa de bens
do domínio público marítimo do Estado, designadamente, atividades de extração de inertes, da pesca e de
produção de energias renováveis.
Para a prossecução destes objetivos propõe-se a alteração dos artigos 1.º, 3.º, 5.º, 8.º e 12.º da Lei n.º
17/2014, de 10 de abril.

 Enquadramento jurídico nacional

Ao abrigo dos artigos 227.º [n.º 1, alínea f)] e 232.º (n.º 1) da Constituição da República Portuguesa (CRP) e
do artigo 36.º [n.º 1, alínea b)] do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores 1 (doravante
Estatuto Político-Administrativo), compete à Assembleia Legislativa Regional no exercício de funções
legislativas, exercer iniciativa legislativa mediante a apresentação de propostas de lei ou de alteração à
Assembleia da República.
A CRP determina que a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos
de Portugal aos fundos marinhos contíguos é definida por lei (artigo 5.º), constituindo esta uma competência
exclusiva da Assembleia da República [artigo 164.º, alínea g)].
Segundo o artigo 227.º, n.º 1, alínea s) da CRP as Regiões Autónomas podem participar na definição das
políticas respeitantes às águas territoriais, à zona económica exclusiva e aos fundos marinhos contíguos. Nos
termos do artigo 8.º do Estatuto Político-Administrativo, a Região tem o direito de exercer conjuntamente com o
Estado os poderes de gestão sobre as águas interiores e o mar territorial que pertençam ao território regional,
devendo aos poderes reconhecidos ao Estado português sobre zonas marítimas adjacentes, nos termos da lei
e do direito internacional, serem exercidos no quadro de uma gestão partilhada.
O ordenamento do mar português está enquadrado por um conjunto de diplomas, do qual faz parte a lei que
é objeto da presente iniciativa e que a ALRAA vem agora propor alterar. Trata-se da Lei de Bases da Política de
Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional (LBPOGEMN) que foi aprovada pela Lei n.º 17/2014,
de 10 de abril. A LBPOGEMN estabelece o regime jurídico do ordenamento e gestão do espaço marítimo
nacional desde as linhas de base até ao limite exterior da plataforma continental para além das 200 milhas
marítimas. A política de ordenamento e de gestão do espaço marítimo nacional define e integra as ações
promovidas pelo Estado português, visando assegurar uma adequada organização e utilização do espaço
marítimo nacional, na perspetiva da sua valorização e salvaguarda, tendo como finalidade contribuir para o
desenvolvimento sustentável do país.
Saliente-se que um dos instrumentos do ordenamento do espaço marítimo identificado pela LBOGEM é o
Plano de Situação do Ordenamento do Espaço Marítimo Nacional (PSOEM) cuja 2.ª versão do projeto esteve
em discussão pública até dia 31 de janeiro e corresponde à subdivisão do Continente e à subdivisão da
Plataforma Continental Estendida.

1
Aprovado pela Lei n.º 39/80, de 5 de agosto, e alterado pelas Leis n.º 9/87, de 26 de março, n.º 61/98, de 27 de agosto e n.º 2/2009, de 12
de janeiro, que o reviu, renumerou e republicou em anexo.
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O Decreto-Lei n.º 38/20152, de 12 de março, (versão consolidada) desenvolve a LBPOGEMN e também


transpõe a Diretiva 2014/89/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de julho de 2014, que estabelece
um quadro para o ordenamento do espaço marítimo. Este diploma consagra o regime jurídico aplicável ao
ordenamento do espaço marítimo nacional designadamente os termos para a elaboração e aplicabilidade dos
instrumentos de ordenamento do espaço marítimo. O ordenamento do espaço marítimo tem por objetivo integrar
a dimensão marítima de algumas utilizações ou atividades costeiras e os seus impactos e permitir, em última
instância, uma visão integrada e estratégica. Deve, também, cobrir o ciclo completo de identificação de
problemas e de oportunidades, recolha de informações, planeamento, tomada de decisões, execução, revisão
ou atualização e o acompanhamento da execução, e deve levar em conta o melhor conhecimento disponível. O
Decreto-Lei n.º 38/2015, de 12 de março prevê uma gestão partilhada do espaço marítimo nacional entre o
Estado e as regiões autónomas, distinguindo o espaço marítimo nacional do espaço para utilização privativa.
Compete ao Estado coordenar as ações necessárias à organização do espaço marítimo nacional e às regiões
autónomas a gestão da utilização privativa sempre que o uso ou atividade se situe nas zonas marítimas
adjacentes aos arquipélagos até às 200 milhas náuticas e, ainda, exercer poderes e responsabilidades de
fiscalização, aplicação de sanções e cobrança de taxas pela utilização privativa desse espaço marítimo.
O Governo Regional dos Açores suscitou a fiscalização da legalidade e constitucionalidade deste Decreto-
Lei junto do Tribunal Constitucional, invocando que este viola as regras de atribuição de competências previstas
no Estatuto Político-Administrativo e na CRP [respetivamente artigo 8.º e artigos 227.º, n.º 1, alínea a) e 228.º].
Designadamente, levantou a questão da articulação e da compatibilização dos meios de gestão do espaço
marítimo nacional com os Programas e Planos Territoriais, a competência para elaboração e aprovação dos
Planos de Situação e a elaboração, aprovação e articulação dos Planos de Afetação com os Programas
Territoriais (artigos 5.º, n.º 3, 12.º, 18.º, 22.º, 24.º, n.º 5 e 26.º do Decreto-Lei 38/2015, de 12 de março). Em
resultado dessa fiscalização, o Tribunal Constitucional proferiu o Acórdão n.º 136/20163, de 29 de fevereiro, cujo
resultado lhe foi desfavorável. O Tribunal entendeu, designadamente, que «a competência legislativa para
densificar o modelo de gestão contido nos n.os 1 e 3 do artigo 8.º do Estatuto Político-Administrativo pertence
aos órgãos de soberania e não à Região Autónoma dos Açores, ainda que o n.º 1 do artigo 53.º do Estatuto
Político-Administrativo disponha que ‘compete à Assembleia Legislativa legislar em matéria de pescas, mar e
recursos marinhos’, especificando a alínea a), do n.º 2, que nessa matéria estão incluídas as ‘condições de
acesso às águas interiores e mar territorial pertencentes ao território da Região’, e que, por sua vez, o artigo
57.º disponha que ‘compete à Assembleia Legislativa legislar em matérias de ambiente e ordenamento do
território’».
A titularidade dos recursos hídricos vem definida na Lei n.º 54/2005, de 15 de novembro (texto consolidado),
que determina que o domínio público marítimo pertence ao Estado.
Lê-se no citado Acórdão n.º 136/2016 que «pelo que respeita ao domínio público marítimo, pertencendo ele
necessariamente ao Estado, (…), não poderão ser transmitidos a outras entidades os poderes que efetivamente
a justificam. Atribuir em exclusivo ao Estado a titularidade dos bens em causa, por poderosas razões que se
prendem com a soberania, identidade e unidade do Estado, e depois admitir a possibilidade de tal atribuição,
através da transmissão a outras entidades, ou de partilha com outras entidades, dos poderes essenciais
associados ao domínio, seria uma opção constitucional destituída de sentido, pois esvaziaria de conteúdo essa
posição dominial. Aceites as premissas, esta conclusão é inelutável, constituindo, portanto, jurisprudência
uniforme e constante deste Tribunal (Acórdãos n.os 330/99, 131/2003, 402/2008 e 315/2014).» E ainda que «a
propósito dos poderes das regiões autónomas sobre os bens do domínio público marítimo situados no seu
território, a jurisprudência constitucional e a doutrina, além de fazerem a separação entre titularidade e exercício
de competências sobre o domínio público, efetuam uma distinção entre poderes primários, que são insuscetíveis
de transferência, e poderes secundários, que podem ser objeto de transferência para outras entidades. É a
própria natureza do bem dominial e a função por ele prosseguida que permite fazer a destrinça entre estes dois
tipos de poderes de domínio.» Ora, no âmbito dos poderes primários «cabem os poderes de manutenção,
delimitação e defesa do domínio, sem se excluir que outros possam estar em causa. Já os poderes de
exploração ou gestão do domínio público marítimo podem competir a entidades diferentes do Estado. E no
âmbito desses poderes cabem não apenas a atribuição de direitos de uso privativo, como parece resultar do

2
Alterado pelo Decreto-Lei n.º 139/2015, de 30 de julho.
3
Publicado no Diário da República n.º 62, II Série, de 30 de março de 2016.
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Acórdão n.º 131/2003, mas também a concessão de exploração de parcelas do domínio público ou a adjudicação
à satisfação de interesses próprios de outras pessoas coletivas públicas territoriais.»
A LBPOGEMN identifica como sendo um dos instrumentos estratégicos da política de ordenamento e de
gestão do espaço marítimo nacional a Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 (ENM 2013-2020), que foi
aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 12/2014, de 12 de fevereiro. A ENM 2013-2020 assenta
em quatro pilares estratégicos os quais consistem no território de referência, na dimensão, na geografia e na
identidade nacional, e tem como princípios orientadores a gestão integrada do espaço marítimo, a precaução
na exploração de recursos e a participação efetiva de todos. São cinco, os grandes objetivos da ENM 2013-
2020: 1) recuperar a identidade marítima nacional num quadro moderno, pró-ativo e empreendedor; 2)
concretizar o potencial económico, geoestratégico e geopolítico mediante a criação de condições para atrair
investimento, nacional e internacional, e a promoção do crescimento, do emprego, da coesão social e da
integridade territorial; 3) aumentar, até 2020, a contribuição direta do setor mar para o Produto Interno Bruto
nacional em 50%; 4) reforçar a capacidade científica e tecnológica nacional, estimulando o desenvolvimento de
novas áreas de ação; 5) consagrar Portugal, a nível global, como nação marítima e parte incontornável da
Política Marítima Integrada e da Estratégia Marítima da União Europeia para a Área do Atlântico.
Pertinente, também, para a matéria em apreço é a Lei n.º 34/2006, de 28 de junho que determina a extensão
das zonas marítimas sob a soberania ou jurisdição nacional e os poderes que o Estado português nelas exerce,
bem como os poderes exercidos no alto mar.

II. Enquadramento parlamentar


Antecedentes parlamentares (iniciativas legislativas e petições)

– Proposta de Lei n.º 133/XII/2.ª – «Estabelece as bases do ordenamento e da gestão do espaço marítimo
nacional» – Lei n.º 17/2014, de 10 de abril.

III. Apreciação dos requisitos formais

 Conformidade com os requisitos constitucionais, regimentais e formais

A Proposta de Lei n.º 179/XIII/4.ª foi apresentada pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos
Açores (ALRAA), no âmbito do seu poder de iniciativa, plasmado no n.º 1 do artigo 167.º da Constituição, e do
artigo 118.º do Regimento da Assembleia da República (doravante referido como RAR).
Esta iniciativa reveste a forma de proposta de lei, nos termos do n.º 1 do artigo 119.º do RAR, e é assinada
pela Presidente da ALRAA, conforme disposto no n.º 3 do artigo 123.º do RAR.
A presente iniciativa legislativa cumpre os requisitos formais elencados no n.º 1 do artigo 124.º do RAR, uma
vez que está redigida sob a forma de artigos, tem uma designação que traduz sinteticamente o seu objeto
principal e é precedida de uma exposição de motivos, cujos elementos são enumerados no n.º 2 da mesma
disposição regimental.
A presente iniciativa legislativa não infringe a Constituição ou os princípios nela consignados e define
concretamente o sentido das modificações a introduzir na ordem jurídica, respeitando assim os limites
estabelecidos no n.º 1 do artigo 120.º do RAR. Caso se considere que a iniciativa pode aumentar despesas ou
diminuir receitas previstas na lei do Orçamento do Estado [nomeadamente por força do artigo 2.º, na parte em
que adita o artigo 31.º-A à Lei n.º 17/2014, de 10 de abril – cfr. alíneas c) e d) do n.º 3], deve ser salvaguardado
o limite imposto pelo n.º 2 do artigo 167.º da Constituição e n.º 2 do artigo 120.º do RAR, conhecido como lei-
travão, por exemplo através da alteração da norma de entrada em vigor, por forma a fazer coincidir esta com a
entrada em vigor do Orçamento do Estado subsequente à sua publicação.
A proposta de lei em apreciação deu entrada a 24 de janeiro de 2019. Foi admitida e baixou na generalidade
à Comissão de Agricultura e Mar (7.ª), em conexão com a Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território,
Descentralização, Poder Local e Habitação (11.ª) a 29 de janeiro, por despacho de S. Ex.ª o Presidente da
Assembleia da República. No dia seguinte, foi anunciada em sessão plenária.
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 Verificação do cumprimento da lei formulário

O título da presente iniciativa legislativa – «Altera a Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, que estabelece as bases
da política de ordenamento e de gestão do Espaço Marítimo Nacional» – traduz sinteticamente o seu objeto,
mostrando-se conforme ao disposto no n.º 2 do artigo 7.º da Lei n.º 74/98, de 11 de novembro, conhecida como
Lei Formulário4, embora em caso de aprovação possa ser objeto de aperfeiçoamento, em sede de apreciação
na especialidade ou em redação final.
Segundo as regras de legística formal, «o título de um ato de alteração deve referir o título do ato alterado,
bem como o número de ordem de alteração» 5. Consultando o Diário da República Eletrónico, verifica-se que a
Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, até à data ainda não sofreu qualquer alteração, pelo que se sugere a seguinte
redação: «Primeira alteração à Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, que estabelece as Bases da Política de
Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional».
Os autores não promoveram a republicação da Lei n.º 17/2014, de 10 de abril, nem se verificam quaisquer
dos requisitos de republicação de diplomas alterados, previstos no artigo 6.º da lei formulário.
Em caso de aprovação esta iniciativa revestirá a forma de lei, nos termos do n.º 3 do artigo 166.º da
Constituição, pelo que deve ser objeto de publicação na 1.ª série do Diário da República, em conformidade com
o disposto na alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º da Lei n.º 74/98, de 11 de novembro.
No que respeita ao início de vigência, o artigo 4.º desta proposta de lei estabelece que a sua entrada em
vigor ocorrerá no dia seguinte ao da sua publicação, mostrando-se assim conforme com o previsto no n.º 1 do
artigo 2.º da Lei n.º 74/98, de 11 de novembro, segundo o qual os atos legislativos «entram em vigor no dia neles
fixado, não podendo, em caso algum, o início de vigência verificar-se no próprio dia da publicação».
Nesta fase do processo legislativo, a iniciativa em apreço não nos suscita outras questões em face da lei
formulário.

 Regulamentação ou outras obrigações legais

Segundo o artigo 3.º da proposta de lei, o Decreto-Lei n.º 38/2015, de 12 de março, deve ser alterado em
conformidade com o disposto na presente proposta lei, no prazo de sessenta dias a contar da sua entrada em
vigor.

IV. Análise de direito comparado

Enquadramento no plano da União Europeia

A Política Marítima Integrada (PMI) é uma abordagem holística de todas as políticas da União Europeia (UE)
relacionadas com o mar, que visa garantir uma abordagem mais coerente dos assuntos marítimos, reforçando
a coordenação entre os diferentes domínios políticos. Assim, abrange especificamente as seguintes políticas
transversais:

 «Crescimento azul»
 Conhecimento e dados sobre o meio marinho
 Ordenamento do espaço marítimo
 Vigilância marítima integrada
 Estratégias para as bacias marítimas

Em 1998, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar6 definiu, entre outros:

4
Lei n.º 74/98, de 11 de novembro, que estabelece um conjunto de normas sobre a publicação, a identificação e o formulário dos diplomas,
alterada e republicada pelas Leis n.os 2/2005, de 24 de janeiro, 26/2006, de 30 de junho, 42/2007, de 24 de agosto, e 43/2014, de 11 de
julho.
5
Duarte, D., Sousa Pinheiro, A. et al (2002), Legística. Coimbra, Editora Almedina, pág. 201.
6
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e do Acordo relativo à aplicação da parte XI da convenção — Convenção das
Nações Unidas sobre o Direito do Mar (JO L 179, 23.6.1998, p. 3-134).
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 O mar territorial;
 A zona contígua;
 A zona económica exclusiva;
 A plataforma continental;
 O alto-mar; e
 Os fundos marinhos internacionais (a «Área») além dos limites de jurisdição nacional;

Em 2007, a CE apresentou o Livro Azul – COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU,


AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES Uma política
marítima integrada para a União Europeia e o plano de ação, tendo o Conselho Europeu acolhido favoravelmente
esta PMI, convidando a CE a elaborar um relatório sobre os progressos alcançados até ao final de 2009.
Em 2010, a CE apresentou uma proposta de regulamento estabelecendo um programa de apoio financeiro
continuado à PMI para o período de 2011-2013.
Em 2010, o Regulamento (UE) n.º 1255/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho estabeleceu a aplicação
do ordenamento do espaço marítimo e da gestão costeira integrada.
Em 2011, o Parlamento e o Conselho Europeu adotaram o Regulamento (UE) n.º 1255/2011, que
estabeleceu um programa de apoio ao aprofundamento da política marítima integrada.
Em 2012 foi adotada uma Agenda Marinha e Marítima para o Crescimento e o Emprego pela CE e pelos
ministros europeus responsáveis por este pelouro.
Em 2014, a Diretiva 2014/89/UE definiu um quadro comum para o ordenamento do espaço marítimo na
Europa, promovendo:

 O crescimento sustentável das economias marítimas, também designado economia azul da UE;
 O desenvolvimento sustentável das zonas marinhas; e
 A utilização sustentável dos recursos marinhos.

 Enquadramento internacional

Países europeus

A legislação comparada é apresentada para o seguinte Estado-Membro da União Europeia: Espanha.

ESPANHA

Em Espanha, a formalização da nova territorialidade marítima coincidiu com outra grande transformação do
Estado no âmbito do desenvolvimento da organização político-territorial baseada nas Comunidades Autónomas.
O desenvolvimento da autonomia das Comunidades Autónomas levou, assim, a um sistema de repartição
das competências em relação ao Mar entre a Administração Geral do Estado e as Comunidades Autónomas,
que teve como ponto de partida um modelo territorial em que o espaço marítimo era considerado de domínio
quase exclusivo do governo central e que, na prática, resultou numa estrutura de competências em que as
Comunidades Autónomas ribeirinhas assumem um papel central na gestão do setor marítimo.
Nos termos do artigo 137 da Constituição de 1978, o Estado espanhol é dividido em municípios, províncias
e regiões autónomas e que «todas estas entidades gozam de autonomia para a gestão dos respetivos
interesses».
O primeiro elemento a destacar no modelo espanhol territorial marítimo é, portanto, o geográfico, uma vez
que se tratar de uma composição de Península-arquipélagos («archipenínsula») constituída por duas massas
de terra principais (Península, Baleares e as suas águas territoriais) e três áreas marítimas (ZEE, PC, ZPP e
além 200 milhões). Os enclaves espanhóis em África e na colónia de Gibraltar completam uma estrutura
jurisdicional que destaca o fator de «descontinuidade marítima».

Decisão do Conselho 98/392/CE de 23 de março de 1998 relativa à celebração pela Comunidade Europeia da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar de 10 de dezembro de 1982 e do Acordo de 28 de julho de 1994 relativo à aplicação da parte XI da convenção
(JO L 179, 23.6.1998, p. 1-2).
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 16

A organização territorial atual do Estado espanhol constitui, como vimos, um sistema composto de
organização territorial e de articulação entre os poderes central (artigo 149.1) e regional (artigo 148): em
Espanha existem dez Comunidades Autónomas costeiras (que, por sua vez, contêm 25 488 municípios
costeiros): oito na península (País Basco, Cantábria, Astúrias, Galiza, Andaluzia, Múrcia, Valência e Catalunha)
e duas que compõem as Baleares e as Canárias (Ilhas Baleares e Canárias), juntamente com as cidades de
Ceuta e Melila.
De acordo com o Real Decreto 638/2007, de 18 de mayo, por el que se regulan las Capitanías Marítimas y
los Distritos Marítimos, a regionalização divide o ambiente costeiro e marinho em trinta capitanias do mar e 108
distritos.
Existe, assim, uma dualidade de gestão territorial, uma vez que o território terrestre é organizado,
hierarquizado e estruturado politicamente (Comunidades Autónomas, províncias e municípios), enquanto o
território marítimo é uma área essencialmente atribuída à Administração Geral do Estado, não organizada
politicamente e estruturada de acordo com critérios legais.
A transferência de competências do Estado para as Comunidades Autónomas, consubstanciada pela Ley
Orgánica 9/1992, de 23 de diciembre, de transferencia de competencias a Comunidades Autónomas que
accedieron a la autonomía por la vía del artículo 143 de la Constitución, incluiu matérias como a pesca em águas
interiores (competência exercida de forma exclusiva pelos governos regionais), o que tem constituído uma fonte
constante de conflito entre o Governo Central e as Comunidades Autónomas e sobre o que o próprio Tribunal
Constitucional já se pronunciou em diversas ocasiões. Outras competências de iniciativa e de execução
legislativa do Estado também incluem o mar territorial, nomeadamente em áreas como os resíduos industriais,
poluentes e meio ambiente (áreas protegidas).
Há, portanto, um critério territorial que delimita o âmbito de exercício de competência por parte do Governo
Nacional e das Comunidades Autónomas: as linhas de base retas que são as que delimitam as águas interiores.
No que se refere aos municípios, esse limite estaria na linha que define o zero hidrográfico, ou seja, o limite
exterior da zona marítima terrestre. Os elementos marítimos do território espanhol encontram-se definidos na
Ley 22/1988 de 28 de julio de costas (Lei da Orla Costeira) e nas normas que estabelecem as linhas de base
reta, o mar territorial e a zona económica exclusiva.
A Lei da Orla Costeira não define o que é a costa, mas o que constitui o domínio público marítimo, integrado
na «orla do mar» (por sua vez composta pela zona marítima terrestre e pelas praias), o mar territorial, as águas
interiores e os recursos naturais da zona económica exclusiva e a plataforma continental. A zona marítima
terrestre (orla) é essencialmente um conceito jurídico e inclui as margens dos rios, pântanos, lagoas, estuários
e, em geral, as planícies que são inundadas devido ao fluxo e refluxo das marés, ondas ou filtração da água do
mar.
A questão é saber se o território dos municípios e dos governos regionais da orla costeira inclui os elementos
marítimos que são adjacentes à sua costa. A questão fundamental que se coloca em relação ao território dos
municípios, o espaço marítimo e as competências locais (municipais) e regionais (das comunidades autónomas),
consiste na contradição existente entre o reconhecimento de que todo o território nacional está dividido em
municípios para que não possam existir espaços excluídos e o facto de se ter posteriormente entendido pela
jurisprudência como território municipal o limita às praias e à zona marítimo-terrestre, excluindo-se o mar
territorial.
A delimitação dos territórios das Comunidades Autónomas realizada pelos diferentes Estatutos de Autonomia
refere-se exclusivamente ao território terrestre, não havendo nenhuma referência explícita ao facto de o território
marinho ser (ou não) parte do território da Comunidade Autónoma. Assim, juridicamente, os espaços marítimos
adjacentes às orlas costeiras das Comunidades Autónomas e dos seus municípios não constituem parte do seu
território, pelo que, na prática, existem várias administrações a ter algumas competências sobre estas águas.
Refira-se também que, em Espanha, o Ordenamento do Território é uma tarefa confiada às Comunidades
Autónomas, conforme previsto no artigo 148.1.3º da Constituição, que a exercem através do uso do seu poder
legislativo, regulamentar e executivo. Existem, porém, como já mencionado, competências concorrentes entre
as Comunidades Autónomas e do Estado sobre o território, que condicionam o exercício das mesmas. Como se
observou, a definição do território regional, na medida em que foi formulada por referência aos limites da
província ou do município, exclui os espaços marítimos. No entanto, o ordenamento do território das
21 DE JUNHO DE 2019 17

Comunidades Autónomas afeta o litoral e em alguns casos o planeamento territorial aborda o ordenamento das
áreas marítimas próximas à costa.

Organizações internacionais

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, assinada em 1982 em Montego Bay, foi aprovada
para ratificação, conjuntamente com o Acordo Relativo à Aplicação da Parte XI, pela Resolução da Assembleia
da República n.º 60-B/97, de 14 de outubro.

V. Consultas e contributos

 Pareceres/contributos enviados pela ALRAA

O n.º 3 do artigo 124.º do RAR dispõe que as «propostas de lei devem ser acompanhadas dos estudos,
documentos e pareceres que as tenham fundamentado». Nesse sentido, a ALRAA remeteu pareceres
elaborados pela Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho e pelos seguintes docentes de
Direito:

– Doutor Rui Medeiros e Mestre Armando Rocha;


– Doutora Marta Chantal Ribeiro;
– Doutora Ana Raquel Gonçalves Moniz, e
– Doutor Jorge Bacelar Gouveia.

 Consultas obrigatórias

Regiões Autónomas

O Presidente da Assembleia da República promoveu, a 29 de janeiro de 2019, a audição dos restantes


órgãos de governo próprios das regiões autónomas, através de emissão de parecer no prazo de 20 dias, nos
termos do artigo 142.º do Regimento da Assembleia da República, e para os efeitos do n.º 2 do artigo 229.º da
Constituição.
Foi recebido, até à data, parecer do Governo Regional dos Açores, que pode ser consultado, juntamente com
outros que ainda possam ser enviados, na página eletrónica da Assembleia da República, mais especificamente
na página da presente iniciativa.

VI. Avaliação prévia de impacto

 Avaliação sobre impacto de género

O proponente preencheu e juntou à sua iniciativa a ficha de avaliação prévia de impacto do género (AIG) da
presente iniciativa, em cumprimento do disposto na Lei n.º 4/2018, de 9 de fevereiro.

Linguagem não discriminatória

Na elaboração dos atos normativos a especificação de género deve ser minimizada recorrendo-se, sempre
que possível, a uma linguagem neutra ou inclusiva, mas sem colocar em causa a clareza do discurso.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 18

Sem prejuízo de uma análise mais detalhada, na apreciação na especialidade ou na redação final, nesta fase
do processo legislativo a proposta de lei não nos suscita qualquer questão relacionada com a redação não
discriminatória em relação ao género.

VII. Enquadramento bibliográfico

Quadro comparativo

Lei n.º 17/2014, 10 de abril Proposta de Lei n.º 179/XIII/4.ª (ALRAA)

Artigo 1.º «Artigo 1.º


Objeto e âmbito […]

1 – A presente lei estabelece as bases da política de 1. […].


ordenamento e de gestão do espaço marítimo nacional
identificado no artigo seguinte.
2 – A política de ordenamento e de gestão do espaço 2. A política de ordenamento e de gestão do espaço
marítimo nacional define e integra as ações promovidas pelo marítimo nacional define e integra as ações promovidas pelo
Estado português, visando assegurar uma adequada Estado português e pelas Regiões Autónomas, visando
organização e utilização do espaço marítimo nacional, na assegurar uma adequada organização, gestão e utilização do
perspetiva da sua valorização e salvaguarda, tendo como espaço marítimo nacional, na perspetiva da sua valorização
finalidade contribuir para o desenvolvimento sustentável do e salvaguarda, tendo como finalidade contribuir para o
País. desenvolvimento sustentável do País.
3 – Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a presente 3. […]
lei não se aplica a atividades que, pela sua natureza e
atendendo ao seu objeto, visem exclusivamente a defesa
nacional ou a segurança interna do Estado português.
4 – No exercício das atividades referidas no número anterior, […]
o Governo atua em conformidade com os princípios e os
objetivos do ordenamento e da gestão do espaço marítimo
nacional previstos na presente lei e respetiva legislação
complementar.

Artigo 3.º Artigo 3.º


Princípios […]

Para além dos princípios consagrados na Lei de Bases do […]


Ambiente, o ordenamento e a gestão do espaço marítimo
nacional devem observar os seguintes princípios:
a) Abordagem ecossistémica, que tenha em consideração a a) […];
natureza complexa e dinâmica dos ecossistemas, incluindo a
preservação do bom estado ambiental do meio marinho e das
zonas costeiras;
b) Gestão adaptativa, que tenha em consideração a dinâmica b) […];
dos ecossistemas e a evolução do conhecimento e das
atividades; c) Gestão conjunta entre as Administrações Central e
Regional dos poderes de gestão sobre as águas interiores e
o mar territorial que pertençam ao território regional e que
sejam compatíveis com a integração dos bens em causa no
domínio público marítimo do Estado;
d) Gestão partilhada, com as regiões autónomas, do espaço
marítimo sob soberania ou jurisdição nacional adjacente aos
arquipélagos dos Açores e Madeira, exercida entre os órgãos
das Administrações Central e Regional competentes em
razão da matéria, salvo quando esteja em causa a
integridade e soberania do Estado;
c) Gestão integrada, multidisciplinar e transversal, e) [Anterior alínea c)];
assegurando:
i) A coordenação e a compatibilização do ordenamento e da
gestão do espaço marítimo nacional com as políticas de
desenvolvimento económico, social, de ambiente e de
ordenamento do território;
ii) A coordenação e a compatibilização do ordenamento e da
gestão do espaço marítimo nacional com as políticas
21 DE JUNHO DE 2019 19

Lei n.º 17/2014, 10 de abril Proposta de Lei n.º 179/XIII/4.ª (ALRAA)

sectoriais com incidência neste, garantindo a adequada


ponderação dos interesses públicos e privados em causa;
iii) A coerência entre o ordenamento do espaço marítimo
nacional e o ordenamento do espaço terrestre, em especial
das zonas costeiras;
d) Valorização e fomento das atividades económicas numa f) [Anterior alínea d)];
perspetiva de longo prazo e que garanta a utilização efetiva
das faculdades atribuídas pelos títulos de utilização privativa,
nas condições aí estabelecidas;
e) Cooperação e coordenação regional e transfronteiriça, g) [Anterior alínea e)].
assegurando a cooperação e coordenação dos diversos usos
e atividades, em curso ou a desenvolver, no espaço marítimo
nacional, atendendo aos efeitos potencialmente decorrentes
da sua utilização para espaços marítimos limítrofes
internacionais ou de outros Estados.

Artigo 5.º Artigo 5.º


Competência […]

1 – Compete ao Governo promover políticas ativas de 1. Compete ao Governo promover políticas ativas de
ordenamento e de gestão do espaço marítimo nacional e ordenamento e de gestão do espaço marítimo nacional e
prosseguir as atividades necessárias à aplicação da presente prosseguir as atividades necessárias à aplicação da presente
lei e respetiva legislação complementar. lei e respetiva legislação complementar, sem prejuízo das
competências dos governos regionais das regiões
autónomas no quadro de uma gestão conjunta ou partilhada.
2 – Compete ao membro do Governo responsável pela área 2. Compete ao membro do Governo responsável pela área
do mar desenvolver e coordenar as ações necessárias ao do mar desenvolver e coordenar as ações necessárias ao
ordenamento e à gestão do espaço marítimo nacional, sem ordenamento e à gestão do espaço marítimo nacional sem
prejuízo dos poderes exercidos no quadro de uma gestão prejuízo dos poderes exercidos no quadro de uma gestão
partilhada com as regiões autónomas, e, sempre que conjunta ou partilhada com as regiões autónomas, e, sempre
necessário, assegurar a devida articulação e que necessário, assegurar a devida articulação e
compatibilização com o ordenamento e a gestão do espaço compatibilização com o ordenamento e a gestão do espaço
terrestre. terrestre.

Artigo 8.º Artigo 8.º


Elaboração e aprovação dos instrumentos de […]
ordenamento

1 – Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo 1. Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo


nacional que respeitem à zona entre a linha de base e o limite nacional são elaborados e aprovados pelo Governo, sem
exterior do mar territorial, à zona económica exclusiva, e à prejuízo das competências dos órgãos de governo próprio
plataforma continental até às 200 milhas marítimas são das regiões autónomas.
elaborados pelo Governo, com consulta prévia dos órgãos de
governo próprio das regiões autónomas.
2 – Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo 2. [Revogado].
nacional que respeitem às zonas marítimas identificadas no
número anterior, que sejam adjacentes ao arquipélago dos
Açores ou ao arquipélago da Madeira, podem também ser
elaborados pelos órgãos de governo próprio das regiões
autónomas, com consulta prévia do Governo.
3 – Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo 3. [Revogado].
nacional que respeitem à plataforma continental para além
das 200 milhas marítimas são elaborados pelo Governo,
ouvidas as regiões autónomas.
4 – Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo 4. [Revogado].
nacional referidos nos números anteriores são aprovados
pelo Governo.
5 – Os interessados podem apresentar à entidade referida no 5. […].
n.º 2 do artigo 5.º, propostas para a elaboração de planos de
afetação referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 7.º.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 20

Lei n.º 17/2014, 10 de abril Proposta de Lei n.º 179/XIII/4.ª (ALRAA)

Artigo 12.º Artigo 12.º


Direitos de informação e participação […]

1 – Todos os interessados têm direito a ser informados e a 1. […].


participar nos procedimentos de elaboração, alteração,
revisão e suspensão dos instrumentos de ordenamento do
espaço marítimo nacional, designadamente com recurso a
meios eletrónicos.
2 – Na elaboração, alteração, revisão e suspensão dos 2. […]:
instrumentos de ordenamento do espaço marítimo nacional é
garantida:
a) A intervenção dos vários ministérios que tutelam os a) […];
sectores de atividades desenvolvidas no espaço marítimo
nacional e dos organismos públicos a que esteja afeta a
administração das áreas ou volumes que sejam objeto do
plano de situação ou do plano de afetação;
b) A participação das autoridades das Regiões Autónomas
dos Açores e da Madeira, na área das suas competências; b) [Revogado];
c) A participação dos municípios diretamente interessados;
d) A participação das associações científicas, profissionais, c) […];
sindicais e empresariais, direta ou indiretamente associadas d) […];
às atividades marítimas;
e) A participação dos interessados através do processo de
discussão pública; e) […];
f) A publicação prévia dos projetos de instrumentos de
ordenamento do espaço marítimo nacional e de todas as f) […].
propostas e pareceres recebidos no âmbito do processo de
discussão pública.
3 – Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo
nacional são publicados em Diário da República. 3. Os instrumentos de ordenamento do espaço marítimo
nacional são publicados em Diário da República e, no caso
das regiões autónomas, no Jornal Oficial da respetiva
região.»

————

PROPOSTA DE LEI N.º 183/XIII/4.ª


(OITAVA ALTERAÇÃO AO DECRETO-LEI N.º 276/2001, DE 17 DE OUTUBRO, QUE ESTABELECE AS
MEDIDAS DAS DISPOSIÇÕES DA CONVENÇÃO EUROPEIA PARA A PROTEÇÃO DOS ANIMAIS DE
COMPANHIA)

Parecer da Comissão de Agricultura e Mar e nota técnica elaborada pelos serviços de apoio

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS
PARTE II – OPINIÃO DA DEPUTADA AUTORA DO RELATÓRIO
PARTE III – ANEXOS
21 DE JUNHO DE 2019 21

PARTE I – CONSIDERANDOS

1) Nota Preliminar

A Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM) apresentou à Assembleia da República


a Proposta de Lei n.º 183/XIII – «Oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro, que estabelece
as medidas das disposições da Convenção Europeia para a proteção dos animais de companhia.»
A presente iniciativa deu entrada no dia 7 de fevereiro de 2019, tendo sido admitida a 12 de fevereiro e
baixado à Comissão de Agricultura e Mar (CAM), comissão competente, para emissão de parecer, em conexão
com a 1.ª Comissão (Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias).
Foi disponibilizada nota técnica elaborada ao abrigo do disposto no artigo 131.º do Regimento da Assembleia
da República, que consta da parte IV deste parecer.

2) Do objeto, conteúdo e motivação da iniciativa

A proposta de lei em análise visa alterar o Decreto-Lei n.º 276/2011, de 17/10 na sua versão final que
estabelece as medidas das disposições da convenção europeia para a proteção dos animais de companhia.
Os subscritores da iniciativa entendem que a legislação em vigor carece de alterações no sentido de prevenir
e evitar situações de acorrentamento de animais de companhia.
Consideram que o «acorrentamento de animais, no caso particular dos cães, não está diretamente previsto
na nossa legislação de proteção e defesa do bem-estar animal». No entanto reconhecem a situação de
acorrentamento incorre no não cumprimento das disposições dos artigos 8.º e 9.º do Decreto-Lei n.º 276/2001,
de 17 de outubro, na sua redação atual, pelo que devem e apresentam uma alteração do conteúdo «por forma
a obter uma redação mais clara nesse sentido».
Justificam a motivação da iniciativa em apreço com o facto de existirem «milhares os animais condenados a
um acorrentamento perpétuo, muitos em condições deploráveis de higiene, sem abrigo de condições
climatéricas extremas», que conduzem a danos físicos e psíquicos nestes animais, tornando-os mais agressivos
e perigosos para os seres humanos.
É referido na exposição de motivos que os animais «devem viver livres de stress, dor, fome, sede ou de
doenças, mas também podendo expressar livremente o comportamento natural da sua espécie», o que o
acorrentamento não permite.
Neste sentido, é proposta uma alteração ao artigo 8.º (Condições dos alojamentos) ao diploma consolidado
que «Estabelece as normas legais tendentes a pôr em aplicação em Portugal a Convenção Europeia para a
Proteção dos Animais de Companhia e um regime especial para a detenção de animais potencialmente
perigosos». São introduzidos os seguintes critérios no âmbito do espaço dos animais:

«c) Nenhum animal deve ser permanentemente acorrentado por forma a garantir plenamente os requisitos
das alíneas anteriores do presente artigo, e do artigo 7.º;
d) Em caso de necessidade de acorrentamento, por razões de segurança de pessoas, do próprio animal ou
de outros animais, e não havendo alternativa, o acorrentamento deve ser temporário, e limitado a um período
de tempo o mais curto possível e estritamente necessário, salvaguardando na maior parte desse tempo a
possibilidade de exercício e lazer do animal;
e) As vedações com ampla área, e o interior das casas são sempre preferíveis em situações em que se
verifique necessário o confinamento temporário dos animais;
f) O não cumprimento das alíneas anteriores configura mau trato ao animal, criminalizado de acordo com o
inscrito no Código Penal para os maus tratos físicos a animais de companhia.»
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 22

3) Conformidade dos requisitos formais, constitucionais e regimentais e cumprimentos da lei


formulário

A presente iniciativa legislativa é apresentada pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Madeira
(ALRAM) no âmbito do poder de iniciativa da lei, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 167.º e da
alínea f) do n.º 1 do artigo 227.º da Constituição da República Portuguesa e do artigo 118.º do Regimento da
Assembleia da República (RAR).
Respeita os requisitos formais relativos às iniciativas em geral e às propostas de lei, em particular, previstos
no n.º 1 do artigo 119.º e n.º 3 do artigo 123.º do Regimento.
Em caso de aprovação e de acordo com a nota técnica, que é parte integrante do presente parecer, «será
de ponderar o aditamento de novos números ao artigo 8.º do diploma a alterar, de modo a contemplar as normas
que se pretende acrescentar ou, preferencialmente, o aditamento de um novo artigo, relativamente ao
acorrentamento de animais».
De facto, o aditamento de alíneas propostas na iniciativa em análise «não estão relacionadas com o conteúdo
do proémio respetivo, nem com ele fazem ligação em termos meramente gramaticais. Acresce que, salvo melhor
opinião, cada uma dessas alíneas corresponde a uma norma, com conteúdo completo e próprio, sendo por isso,
questionável, em termos de técnica legislativa, a opção pelo aditamento de alíneas. De facto, em termos de
legística formal, o recurso à criação de alíneas é ‘A melhor forma de decompor normas que tenham vários
pressupostos ou que impliquem múltiplas referências designativas (…)’, o que não parece ser a situação em
apreço».
Relativamente ao cumprimento da Lei Formulário, em caso de aprovação, a nota técnica sugere que o título
seja aperfeiçoado em sede de especialidade, bem como a redação da data de entrada em vigor do diploma.

4) Enquadramento legal e antecedentes

Este capítulo remete na totalidade para a nota técnica que é parte integrante do presente parecer (parte IV).

PARTE II – OPINIÃO DA RELATORA

A signatária do presente parecer exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião política sobre o Proposta
de Lei n.º 183XII, a qual é, de resto, de «elaboração facultativa» nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do novo
Regimento (Regimento da Assembleia da República n.º 1/2007, de 20 de agosto), reservando o seu grupo
parlamentar a sua posição para o debate em Plenário.

PARTE III – CONCLUSÕES

1- A Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM) apresentou à Assembleia da


República a Proposta de Lei n.º 183/XIII, que «Oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro,
que estabelece as medidas das disposições da Convenção Europeia para a proteção dos animais de
companhia», nos termos n.º 1 do artigo 167.º da Constituição da República Portuguesa.
2- Para os proponentes da iniciativa é necessário alterar o artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de
outubro, que estabelece as medidas das disposições da Convenção Europeia para a proteção dos animais de
companhia, no sentido de limitar o uso de acorrentamentos dos animais.
3- Tendo em conta a nota técnica, que é parte integrante deste parecer, caso a Proposta de Lei n.º 183/XIII
seja aprovada deve ser melhorado o título da iniciativa.
4- Face ao exposto, a Comissão da Agricultura e Mar é de parecer que a Proposta de Lei n.º 183/XIII, reúne
os requisitos constitucionais e regimentais para ser discutido e votado em Plenário.
21 DE JUNHO DE 2019 23

Palácio de São Bento, 22 de maio de 2019.


A Deputada relatora, Rubina Berardo — O Presidente da Comissão, Joaquim Barreto.

Nota: O parecer foi aprovado, com os votos a favor do PSD, do PS, do BE, do CDS-PP e do PCP, tendo-se
verificado a ausência de Os Verdes e do PAN, na reunião da Comissão de 18 de junho de 2019.

PARTE IV – ANEXOS

Constitui anexo do presente parecer a nota técnica elaborada ao abrigo do disposto no artigo 131.º do
Regimento da Assembleia da República.

Nota Técnica

Proposta de Lei n.º 183/XIII/4.ª (ALRAM)


Oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro, que estabelece as medidas das
disposições da Convenção Europeia para a proteção dos animais de companhia.

Data de admissão: 12 de fevereiro de 2019.


Comissão de Agricultura e Mar (7.ª).

Índice

I. Análise da iniciativa
II. Enquadramento parlamentar
III. Apreciação dos requisitos formais
IV. Análise de direito comparado
V. Consultas e contributos
VI. Avaliação prévia de impacto
VII. Enquadramento bibliográfico

Elaborada por: Sónia Milhano (DAPLEN), Leonor Borges (DILP), Filipe Xavier (CAE) e Joaquim Ruas (DAC).

Data: 11 de março de 2019.

I. Análise da iniciativa

 A iniciativa

Afirmam os subscritores da iniciativa em apreço (Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira –


ALRAM) que «Numa sociedade que se pretende progressista e solidária parece óbvio que a menorização de
todo e qualquer sofrimento dos animais, é no mínimo, um exercício de cidadania, mas sobretudo um princípio
de ética e solidariedade interespécies».
Acrescentam, ainda, que a situação de animais permanentemente acorrentados pode (diversos estudos
científicos comprovam) causar danos na saúde, físicos e comportamentais permanentes nos animais afetados.
Afirma-se também que os animais permanentemente acorrentados vivem em condições deploráveis de higiene,
expostos a condições climáticas extremas, sem água fresca e alimento à disposição e privados de passeios
regulares.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 24

Como consequência destas condições, sofrem frequentemente lesões e infeções de pele, havendo também
registo de animais que morrem por asfixia ou estrangulamento.
Referem os subscritores ser necessário desenvolver campanhas de sensibilização da comunidade, dado que
este fenómeno ocorre por ignorância dos tutores da capacidade de senciência dos seus animais, ou por costume
e tradição e não propriamente por crueldade.
Sublinha-se que a legislação vigente já proíbe e pune os maus tratos a animais, considerando-se que manter
animais permanentemente acorrentados não se pode deixar de considerar maus tratos.
No entanto, e para evitar situações dúbias, os subscritores consideram que é necessário alterar o artigo 8.º
do Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro, na sua atual redação, apresentando para o efeito a iniciativa em
apreço.
Como conclusão, afirma-se ser imperioso acabar com esta forma ambivalente com que são tratados os
animais domésticos, em particular os cães que, por um lado são estimados e considerados, por outro, sofrem
maus tratos, desde o abandono à tortura, passando pelo seu aprisionamento com correntes curtas durante todo
o dia.

 Enquadramento jurídico nacional

A proteção dos animais de companhia encontra-se no Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro


(consolidado), que estabelece as normas legais tendentes a pôr em aplicação em Portugal a Convenção
Europeia para a Proteção dos Animais de Companhia e um regime especial para a detenção de animais
potencialmente perigosos.
O diploma, no seu Capítulo II, Normas gerais de detenção, alojamento, maneio, intervenções cirúrgicas,
captura e abate, discrimina os princípios básicos do bem-estar dos animais (artigo 7.º), que refere, no seu n.º 1:
«As condições de detenção e de alojamento para reprodução, criação, manutenção e acomodação dos animais
de companhia devem salvaguardar os seus parâmetros de bem-estar animal», devendo as condições de
alojamento (artigo 8.º) prever:
«1 – Os animais devem dispor do espaço adequado às suas necessidades fisiológicas e etológicas, devendo
o mesmo permitir:
a) A prática de exercício físico adequado;
b) A fuga e refúgio de animais sujeitos a agressão por parte de outros;
2 – Os animais devem poder dispor de esconderijos para salvaguarda das suas necessidades de proteção,
sempre que o desejarem.
3 – As fêmeas em período de incubação, de gestação ou com crias devem ser alojadas de forma a
assegurarem a sua função reprodutiva natural em situação de bem-estar.
4 – As estruturas físicas das instalações, todo o equipamento nelas introduzido e a vegetação não podem
representar nenhum tipo de ameaça ao bem-estar dos animais, designadamente não podem possuir objetos ou
equipamentos perigosos para os animais.
5 – As instalações devem ser equipadas de acordo com as necessidades específicas dos animais que
albergam, com materiais e equipamento que estimulem a expressão do repertório de comportamentos naturais,
nomeadamente material para substrato, cama ou ninhos, ramos, buracos, locais para banhos e outros quaisquer
adequados ao fim em vista».
Com a Lei n.º 8/2017, de 3 de março, os animais passaram a ser definidos como «seres vivos dotados de
sensibilidade». Como corolário da redefinição jurídica dos animais, também o Código Civil, o Código de Processo
Civil e o Código Penal sofreram alterações conformes com o novo estatuto.
Relativamente ao Código Civil (consolidado), importa mencionar, em particular, os seus artigos 201.º-B,
201.º-C, 201.º-D e 1305.º-A, o primeiro dos quais tem a seguinte redação: «Os animais são seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de proteção jurídica em virtude da sua natureza». No artigo 201.º-C contém-se uma
cláusula geral de proteção jurídica dos animais, a operar por via das disposições do Código Civil e da restante
legislação extravagante especial. Porque os animais são agora considerados seres sensíveis, o artigo 201.º-D
21 DE JUNHO DE 2019 25

esclarece que as disposições respeitantes às coisas só se lhes aplicam a título subsidiário. O artigo 1305.º-A,
inovatório na ordem jurídica, vem impor aos proprietários de animais obrigações estritas no plano da garantia
do seu bem-estar.
A modificação do Código de Processo Civil (consolidado), é meramente pontual, tendo-se limitado a
acrescentar os animais de companhia à lista de bens absolutamente impenhoráveis constante do artigo 736.º.
Quanto ao Código Penal (consolidado), é de destacar os crimes previstos nos artigos 387.º («Maus tratos a
animais de companhia») e 388.º («Abandono de animais de companhia»). São circunscritos, porém, aos animais
de companhia, na asserção que consta do artigo 389.º.
Em geral, a proteção dos animais é garantida pela Lei n.º 92/95, de 12 de setembro, alterada pelas Leis n.os
19/2002, de 31 de julho, e 69/2014, de 29 de agosto.

II. Enquadramento parlamentar

 Iniciativas pendentes (iniciativas legislativas e petições)

Petição n.º 290/XIII/2.ª – «Solicitam alterações legislativas, nomeadamente à Lei n.º 69/2014, de 29 de
agosto, que criminalizou os maus tratos a animais de companhia.»

Petição n.º 454/XIII/3.ª – «Solicitam alteração legislativa relacionada com a criminalização dos maus tratos
a animais de companhia».

III. Apreciação dos requisitos formais

 Conformidade com os requisitos constitucionais, regimentais e formais

A iniciativa em apreço é apresentada pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, no


âmbito do seu poder de iniciativa, nos termos e ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 167.º e na alínea f) do
n.º 1 do artigo 227.º da Constituição, bem como na alínea b) do n.º 1 do artigo 37.º do Estatuto Político-
Administrativo da Região Autónoma da Madeira e no artigo 118.º do Regimento da Assembleia da República
(RAR).
Toma a forma de proposta de lei, em conformidade com o previsto no n.º 1 do artigo 119.º do RAR, e é
assinada pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, em observância do n.º 3
do artigo 123.º do mesmo diploma.
A iniciativa em análise mostra-se redigida sob a forma de artigos, tem uma designação que traduz
sinteticamente o seu objeto principal e é precedida de uma breve exposição de motivos, observando de igual
modo os requisitos formais consagrados nos n.os 1 e 2 do artigo 124.º do RAR. No entanto, não é acompanhada
de quaisquer documentos ou contributos que a tenham fundamentado, conforme prevê o n.º 3 do mesmo artigo.
Respeitando os limites à admissão da iniciativa estabelecidos no n.º 1 do artigo 120.º do RAR, a proposta de
lei não parece infringir a Constituição ou os princípios nela consignados e define concretamente o sentido das
modificações a introduzir na ordem jurídica.
Refira-se, por fim, que, nos termos do disposto no artigo 170.º do RAR, nas reuniões da comissão
parlamentar em que sejam discutidas propostas legislativas das regiões autónomas podem participar
representantes da Assembleia Legislativa da região autónoma proponente.
A proposta de lei deu entrada a 7 de fevereiro de 2019, foi admitida a 12 de fevereiro, data em que, por
despacho de S. Ex.ª o Presidente da Assembleia da República, baixou, na generalidade, à Comissão de
Agricultura e Mar (7.ª), em conexão com a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e
Garantias (1.ª), tendo sido anunciada na reunião plenária de 13 de fevereiro.
Em caso de aprovação da presente iniciativa, para efeitos de apreciação pela Comissão em sede de
especialidade, assinala-se que a iniciativa adita ao n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de
outubro, alíneas que não estão relacionadas com o conteúdo do proémio respetivo, nem com ele fazem ligação
em termos meramente gramaticais. Acresce que, salvo melhor opinião, cada uma dessas alíneas corresponde
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 26

a uma norma, com conteúdo completo e próprio, sendo por isso, questionável, em termos de técnica legislativa,
a opção pelo aditamento de alíneas. De facto, em termos de legística formal, o recurso à criação de alíneas é
«A melhor forma de decompor normas que tenham vários pressupostos ou que impliquem múltiplas referências
designativas (…)1», o que não parece ser a situação em apreço.
Assim, em caso de aprovação da presente iniciativa, em sede de discussão na especialidade, será de
ponderar o aditamento de novos números ao artigo 8.º do diploma referido para contemplar as normas que se
pretende acrescentar ou, preferencialmente, o aditamento de um novo artigo, relativo ao acorrentamento de
animais.

 Verificação do cumprimento da lei formulário

A Lei n.º 74/98, de 11 de novembro, alterada e republicada pela Lei n.º 43/2014, de 11 de julho, de ora em
diante designada como lei formulário, contém um conjunto de normas sobre a publicação, identificação e
formulário dos diplomas que são relevantes em caso de aprovação da presente iniciativa. As disposições deste
diploma deverão, por isso, ser tidas em conta no decurso do processo da especialidade na Comissão, em
particular aquando da redação final.
Refira-se, antes de mais, que a presente iniciativa observa o disposto no n.º 2 do artigo 7.º da lei mencionada,
uma vez que tem um título que traduz sinteticamente o seu objeto, embora possa ser objeto de aperfeiçoamento
em sede de apreciação na especialidade.
A proposta de lei sub judice indica que procede à oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de
outubro, que estabelece as medidas das disposições da Convenção Europeia para a proteção dos animais de
companhia, e elenca, no seu artigo 1.º, os diplomas que o alteraram anteriormente. Desta forma, dá cumprimento
ao n.º 1 do artigo 6.º da lei formulário, segundo o qual «Os diplomas que alterem outros devem indicar o número
de ordem da alteração introduzida e, caso tenha havido alterações anteriores, identificar aqueles diplomas que
procederam a essas alterações, ainda que incidam sobre outras normas».
Após consulta da base Digesto (Diário da República Eletrónico) verificou-se que este diploma, até à data de
elaboração desta nota técnica, já foi objeto de sete alterações, promovidas quer sob a forma de lei quer sob a
forma de decreto-lei. Numa breve análise desses diplomas de alteração, foi possível constatar que o número de
ordem de alteração não é indicada em todos eles, nomeadamente no último, o Decreto-Lei n.º 20/2019, de 30
de janeiro, e ainda que houve um lapso no número de ordem de alteração indicada na Lei n.º 49/2007, de 31 de
agosto (embora as alterações posteriores tenham tido em conta esse lapso, resultante, possivelmente, de terem
decorrido dois processos legislativos quase em simultâneo que alteraram o decreto-lei em causa, um no âmbito
parlamentar e outro no Governo).
Em face do exposto, somos de opinião que, relativamente a diplomas que já sofreram um elevado número
de alterações e quando se verifique, no respetivo histórico de alterações, que nem sempre tem vindo a ser feita
essa menção, é desaconselhável a indicação do número de ordem de alteração, por razões de certeza e
segurança jurídica. Essa indicação pode, inclusivamente, suscitar erros, não se vislumbrando, por isso, que a
mesma tenha utilidade para o cidadão.
Atualmente, a possibilidade de acesso generalizado aos conteúdos do Diário da República parece tornar
desnecessária a indicação do número de ordem da alteração, como até de todas as alterações sofridas por um
diploma (e mesmo desaconselhável, pela razão já referida).
Em caso de aprovação da presente iniciativa, no sentido de melhor traduzir o sentido da alteração introduzida
ao Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro, sugere-se o seguinte título:
«Define as condições para o acorrentamento temporário de animais, alterando o Decreto-Lei n.º 276/2001,
de 17 de outubro, que estabelece as normas legais tendentes a pôr em aplicação em Portugal a Convenção
Europeia para a Proteção dos Animais de Companhia e um regime especial para a detenção de animais
potencialmente perigosos2».

1
Duarte, David et al (2002), Legística. Coimbra, Almedina, pág. 236.
2
Alterou-se o título do Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro, conformando-o com o Diário da República Eletrónico.
21 DE JUNHO DE 2019 27

Em caso de aprovação, esta iniciativa revestirá a forma de lei, nos termos do n.º 3 do artigo 166.º da
Constituição, pelo que deve ser objeto de publicação na 1.ª série do Diário da República, em conformidade com
o disposto na alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º da Lei n.º 74/98, de 11 de novembro.
No que respeita ao início de vigência, o artigo 2.º desta proposta de lei estabelece que a sua entrada em
vigor ocorrerá «logo após a sua publicação», mostrando-se conforme com o disposto no n.º 1 do artigo 2.º da
lei formulário. Todavia, em caso de aprovação, no sentido de tornar a norma mais clara e rigorosa, sugere-se a
seguinte redação para o artigo 2.º da iniciativa: «A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua
publicação.»
Nesta fase do processo legislativo, a iniciativa em apreço não nos parece suscitar outras questões em face
da Lei n.º 74/98, de 11 de novembro.

IV. Análise de direito comparado

 Enquadramento no plano da União Europeia

Em 1992, no Tratado de Maastricht, o Conselho Europeu incentivou os Estados-Membros a terem em conta


o respeito do bem-estar dos animais na formulação e aplicação de legislação comunitária.
Embora sem poder vinculativo, este princípio apenas passou a ter força jurídica no Protocolo relativo à
proteção e ao bem-estar dos animais3 que figura no Tratado de Amsterdão (1997). No entanto, esta disposição
continua a aplicar-se unicamente aos domínios da agricultura, transportes, mercado interno e investigação,
domínios em que a UE dispõe de competências exclusivas ou partilhadas. A partir da entrada em vigor deste
tratado, a proteção do bem-estar dos animais passou a ser dotada da relevância jurídica certa e precisa,
condicionando efetivamente a ação futura das Instituições e dos Estados-Membros.
Em 2007, o Tratado de Lisboa4 foi o primeiro a consagrar, a nível Europeu, o estatuto dos animais enquanto
«seres sensíveis», reforçando assim as disposições previstas em Amsterdão, mas cingindo-se sempre às suas
áreas de competência, e nunca referindo animais de companhia.
Em 2012, a Resolução do Parlamento Europeu, de 4 de julho de 2012, sobre a Estratégia da União Europeia
para a proteção e o bem-estar dos animais 2012-20155:

 Reconheceu que apesar do elevado número de animais de companhia (sobretudo cães e gatos) na UE,
não existia nenhuma legislação da União relativa ao bem-estar destes;
 Solicitou que a esta estratégia seja adicionado um relatório sobre animais abandonados com proposição
de «soluções concretas, éticas e responsáveis»;
 Requisitou aos Estados Membros a transposição da Convenção Europeia sobre a proteção dos animais
de companhia para os seus sistemas jurídicos nacionais;
 Apelou à promoção de comportamentos responsáveis por parte dos donos de animais de companhia
através de leis anti crueldade e apoio a procedimentos veterinários (a serem aplicados pelos Estados-Membros)
por falta de competência legislativa da UE;
Em 2015 o Parlamento Europeu publicou uma nova Resolução6, instando a Comissão a «avaliar a atual
(2012-2015) estratégia e conceber uma nova estratégia ambiciosa para a proteção e o bem-estar dos animais
relativa ao período 2016-2020», com o objetivo de assegurar a aplicação do artigo 13.º TFUE, não mencionando,
no entanto, animais de companhia.
Em 2017, a Plataforma Europeia para o Bem-Estar Animal, teve como principal prioridade a promoção de um
diálogo extenso sobre questões de bem-estar animal relevantes para a UE entre as várias partes interessadas.

3 Protocolo n.º 31.


4 No seu artigo 13º.
5 Relativa à proposta da Comissão para a elaboração de uma nova Estratégia da União Europeia para a proteção e o bem-estar dos animais
2012-2015 (sendo que já existia uma para o período 2006-2010).
6 Resolução do Parlamento Europeu, de 26 de novembro de 2015, sobre uma nova estratégia para o bem-estar dos animais para o período
de 2016-2020 [2015/2957(RSP)].
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 28

Em complemento a esta iniciativa foi ainda criado o Centro de Referência da UE para o Bem-Estar Animal78 e a
Estratégia de Saúde Animal 2007-2013).

 Enquadramento internacional

Países europeus

A legislação comparada é apresentada para os seguintes Estados-Membros da União Europeia: França e


Reino Unido.

FRANÇA

O ordenamento jurídico francês, no quadro da proteção dos animais, reconhece que os animais são seres
sensíveis que têm direito a viver em condições compatíveis com os imperativos biológicos da sua espécie (artigo
L214-1 do Code rural et de la pêche maritime), daí decorrendo a obrigação de detenção dos animais em
condições de segurança e higiene pública (artigo L214-2), a proibição de infligir maus tratos aos animais
domésticos e animais selvagens em cativeiro (artigo L214-3) e a interdição da atribuição de animais vivos como
prémios, com exceção de animais de criação no quadro de festas, feiras, concursos e manifestações de carácter
agrícola (artigo L214-4).
De acordo com o Arrêté du 25 octobre 1982 relatif à l'élevage, à la garde et à la détention des animaux, na
sua versão consolidada de 26 de fevereiro de 2019, nomeadamente o seu Anexo 1, cap II relativo a Animaux
de compagnie et assimiles, de entre outras disposições, refira-se que o acorrentamento é proibido em animais
não adultos. No caso dos animais adultos, a corrente tem de ter um mínimo de 2,50m.
A ficha L'animal de compagnie et sa protection sintetiza as principais obrigações a este respeito.

REINO UNIDO

Os maus tratos a animais são proibidos, devendo as pessoas, em geral, abster-se da prática de atos que
possam implicar sofrimento desnecessário a um animal (secção 4 do Animal Welfare Act 2006).
O Governo disponibiliza guias e códigos de conduta para detentores destes animais, nomeadamente:

 Buying a cat or dog;


 Protecting the welfare of pet dogs and cats during journeys – advice for owners on how to identify and
avoid overheating in animals;
 Protecting the welfare of pet animals (cats and dogs) during journeys: advice for carriers;
 Fireworks and animals – How to keep your pets safe;
 Welfare of dogs;
 Welfare of cats.

V. Consultas e contributos

 Pareceres/contributos enviados pelo Governo ou solicitados ao mesmo

Regiões Autónomas

O Presidente da Assembleia da República promoveu, a 12 de fevereiro de 2019, a audição dos órgãos de


governo próprio da Região Autónoma dos Açores e do Governo Regional da Madeira, através de emissão de

7 Eventos como a European Pet Night 2013, organizado pela IFAH-Europa (Federação Internacional para a Saúde dos Animais) com o
apoio da Comissão Europeia, promovem a posse responsável e o cuidado dos animais de companhia, mostrando a preocupação de várias
entidades da União para esta matéria.
8 A única regulação que existe em matéria extraeconómica é o Regulamento (UE) 576/2013.
21 DE JUNHO DE 2019 29

parecer no prazo de 20 dias, nos termos do artigo 142.º do Regimento da Assembleia da República, e para os
efeitos do n.º 2 do artigo 229.º da Constituição.

Consultas facultativas

Dado o teor da iniciativa podem ser ouvidas associações de defesa dos animais.

VI. Avaliação prévia de impacto

 Avaliação sobre impacto de género

O proponente juntou à proposta de lei a respetiva avaliação de impacto de género (AIG), considerando que
tem uma valoração neutra nesta questão.

Linguagem não discriminatória

Na elaboração dos atos normativos a especificação de género deve ser minimizada recorrendo-se, sempre
que possível, a uma linguagem neutra ou inclusiva, mas sem colocar em causa a clareza do discurso.
A presente iniciativa não nos suscita questões relacionadas com a utilização de linguagem não
discriminatória.

VII. Enquadramento bibliográfico – BIB

Quadro comparativo

Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro Proposta de Lei n.º 183/XIII/4 (ALRAM)

Artigo 8.º Artigo 8.º


Condições dos alojamentos Condições dos alojamentos e acorrentamento

1 – Os animais devem dispor do espaço adequado às suas 1 – […].


necessidades fisiológicas e etológicas, devendo o mesmo
permitir:
a) A prática de exercício físico adequado; a) […];
b) A fuga e refúgio de animais sujeitos a agressão por parte b) […];
de outros; c) Nenhum animal deve ser permanentemente acorrentado
por forma a garantir plenamente os requisitos das alíneas
anteriores do presente artigo, e do artigo 7.º;
d) Em caso de necessidade de acorrentamento, por razões
de segurança de pessoas, do próprio animal ou de outros
animais, e não havendo alternativa, o acorrentamento deve
ser temporário, e limitado a um período de tempo o mais curto
possível e estritamente necessário, salvaguardando na maior
parte desse tempo a possibilidade de exercício e lazer do
animal;
e) As vedações com ampla área, e o interior das casas são
sempre preferíveis em situações em que se verifique
necessário o confinamento temporário dos animais;
f) O não cumprimento das alíneas anteriores configura mau
trato ao animal, criminalizado de acordo com o inscrito no
Código Penal para os maus tratos físicos a animais de
companhia.
2 – Os animais devem poder dispor de esconderijos para 2 – […].
salvaguarda das suas necessidades de proteção, sempre
que o desejarem.
3 – As fêmeas em período de incubação, de gestação ou com 3 – […].
crias devem ser alojadas de forma a assegurarem a sua
função reprodutiva natural em situação de bem-estar.
4 – As estruturas físicas das instalações, todo o equipamento 4 – […].
nelas introduzido e a vegetação não podem representar
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 30

Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro Proposta de Lei n.º 183/XIII/4 (ALRAM)

nenhum tipo de ameaça ao bem-estar dos animais,


designadamente não podem possuir objetos ou
equipamentos perigosos para os animais.
5 – As instalações devem ser equipadas de acordo com as 5 – […].»
necessidades específicas dos animais que albergam, com
materiais e equipamento que estimulem a expressão do
repertório de comportamentos naturais, nomeadamente
material para substrato, cama ou ninhos, ramos, buracos,
locais para banhos e outros quaisquer adequados ao fim em
vista.

————

PROPOSTA DE LEI N.º 206/XIII/4.ª


AUTORIZA O GOVERNO A ALTERAR OS REQUISITOS DE ACESSO E DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE
DE PERITO QUALIFICADO PARA A CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA E DE TÉCNICO DE INSTALAÇÃO E
MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS E SISTEMAS

Exposição de motivos

A Lei n.º 58/2013, de 20 de agosto, aprovou os requisitos de acesso e de exercício da atividade de perito
qualificado para a certificação energética e de técnico de instalação e manutenção de edifícios e sistemas,
conformando-o com a disciplina da Lei n.º 9/2009, de 4 de março, na sua redação atual, que transpôs a Diretiva
2005/36/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de setembro de 2005, relativa ao reconhecimento das
qualificações profissionais.
No seu artigo 3.º estabelece-se um regime de acesso à profissão de técnico de instalação e manutenção de
edifícios e sistemas (TIM), nas categorias de TIM-II e TIM-III, consoante a respetiva capacidade para atuar em
edifícios com sistemas técnicos instalados ou a instalar limitados ou não a 100 kW de potência térmica nominal,
respetivamente, assente na titularidade de determinadas qualificações, em concreto, de nível 2 do Quadro
Nacional de Qualificações (QNQ) em eletromecânico de refrigeração e climatização do Catálogo Nacional de
Qualificações (CNQ) para a categoria de TIM-II, e de nível 4 do QNQ em técnico de refrigeração e climatização
do CNQ para a categoria de TIM-III, obtidas na sequência de formação ministrada por entidade formadora
certificada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Já o n.º 2 do seu artigo 13.º, a título de norma transitória, contemplava um mecanismo alternativo para
atribuição do título profissional de TIM, nas categorias de TIM-II e TIM-III, desde que preenchidos os requisitos
ali previstos e por um período de cinco anos.
Com o término do período de vigência da referida norma transitória, verificou-se a existência de um número
considerável de candidatos que, tendo iniciado o respetivo procedimento de acesso à profissão de TIM ainda
durante a vigência dessa norma, não conseguiram concluir os exames nas suas duas componentes, teórica e
prática, situação que, em face da liberdade fundamental de escolha de profissão consagrada no n.º 1 do artigo
47.º da Constituição, importa salvaguardar.
Adicionalmente, e à luz da referida norma constitucional, importa aplicar o regime de certificação de entidades
formadoras pela DGEG, previsto no artigo 3.º, a situações em que as formações tenham ocorrido previamente
a essa certificação, desde que as entidades que as realizaram já detivessem certificação pela Direção-Geral do
Emprego e das Relações de Trabalho.
Assim:
Nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 197.º da Constituição, o Governo apresenta à Assembleia da
República a seguinte proposta de lei:
21 DE JUNHO DE 2019 31

Artigo 1.º
Objeto

A presente lei concede autorização ao Governo para alterar os requisitos de acesso e de exercício da
atividade de perito qualificado para a certificação energética e de técnico de instalação e manutenção de edifícios
e sistemas (TIM), constantes da Lei n.º 58/2013, de 20 de agosto.

Artigo 2.º
Sentido e extensão

No uso da autorização legislativa referida no artigo anterior, pode o Governo:


a) Prorrogar o mecanismo alternativo para atribuição do título profissional de TIM, nas categorias de TIM-II
e TIM-III, constante no n.º 2 do artigo 13.º da Lei n.º 58/2013, de 20 de agosto;
b) Adotar um regime de certificação de entidades formadoras pela Direção-Geral de Energia e Geologia para
situações em que as formações tenham ocorrido previamente a essa certificação, desde que as entidades que
as realizaram já detivessem certificação pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho.

Artigo 3.º
Duração

A presente autorização legislativa tem a duração de 180 dias.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 13 de junho de 2019.


O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa — Pel´O Ministro do Ambiente e da Transição Energética,
João Saldanha de Azevedo Galamba — O Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, José
Duarte Piteira Rica Silvestre Cordeiro.

[…]
Assim:
No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º [] e nos termos das alíneas a) e b) do n.º 1 do
artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º
Objeto

O presente decreto-lei procede à primeira alteração à Lei n.º 58/2013, de 20 de agosto.

Artigo 2.º
Prorrogação de efeitos

É prorrogado, por um ano desde a entrada em vigor do presente decreto-lei, o prazo fixado no n.º 2 do artigo
13.º da Lei n.º 58/2013, de 20 de agosto, para o acesso ao título profissional de técnico de instalação e
manutenção de edifícios e sistemas (TIM), nas categorias de TIM-II e TIM-III, desde que o candidato tenha
realizado, com ou sem aprovação, uma das componentes (teórica ou prática) do exame previsto no artigo 3.º da
Portaria n.º 66/2014, de 12 de março, ou, estando devidamente inscrito para o efeito na plataforma prevista no
n.º 1 do artigo 4.º da referida portaria até 30 de novembro de 2018, a não tenha realizado por motivos não
imputáveis ao candidato.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 32

Artigo 3.º
Regime transitório de certificação de entidades formadoras

1 – Durante o período de um ano contado da entrada em vigor do presente decreto-lei, a Direção-Geral de


Energia e Geologia procede à certificação das entidades formadoras titulares de certificação da Direção-Geral
do Emprego e das Relações de Trabalho, a partir do momento em que realizaram formações destinadas à
obtenção pelos formandos das seguintes qualificações:
a) Nível 2 do Quadro Nacional de Qualificações em eletromecânico de refrigeração e climatização do
Catálogo Nacional de Qualificações para acesso à profissão de TIM, na categoria de TIM-II;
b) Nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações em técnico de refrigeração e climatização do Catálogo
Nacional de Qualificações para acesso à profissão de TIM, na categoria TIM-III.
2 – À certificação prevista no número anterior aplica-se o disposto nos n.os 3 a 6 do artigo 3.º da Lei n.º
58/2013, de 20 de agosto, sendo aplicável ao acesso à profissão de TIM por esta via o disposto no n.º 4 do
artigo 4.º da mesma lei relativamente à emissão do título profissional pela ADENE – Agência para a Energia.

Artigo 4.º
Referências legais

As referências feitas à entidade fiscalizadora do SCE e à entidade gestora do SCE na Lei n.º 58/2013, de 20
de agosto, consideram-se feitas, respetivamente, à Direção-Geral de Energia e Geologia e à ADENE – Agência
para a Energia.

Artigo 5.º
Entrada em vigor

O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de …


O Primeiro-Ministro, … — O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, …

————

PROPOSTA DE LEI N.º 207/XIII/4.ª


INCLUI NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA DEFINIÇÃO DE DROGA, TRANSPONDO A
DIRETIVA DELEGADA (UE) 2019/369 DA COMISSÃO

Exposição de motivos

As tabelas anexas ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, enumeram as plantas, substâncias e


preparações cuja produção, tráfico e consumo, em cumprimento das obrigações decorrentes das Convenções
das Nações Unidas sobre os Estupefacientes, de 1961, sobre as Substâncias Psicotrópicas, de 1971, e sobre o
Tráfico Ilícito de Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988, estão sujeitas a medidas de controlo e
à aplicação de sanções. Estas tabelas, organizadas em função da tipologia das plantas, substâncias e
preparações consideradas, têm sido objeto de sucessivas alterações, a última das quais através da Lei n.º
8/2019, de 1 de fevereiro, que procedeu à transposição da Diretiva (UE) 2017/2103, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 15 de novembro de 2017. As alterações que têm vindo a ser efetuadas visam especificamente
21 DE JUNHO DE 2019 33

a introdução de novas substâncias, uma vez que estas surgem com frequência e propagam-se rapidamente,
comportando necessariamente riscos sociais e para a saúde pública.
A Diretiva Delegada (UE) 2019/369, da Comissão, de 13 de dezembro de 2018, que altera o anexo da
Decisão-Quadro 2004/757/ JAI, do Conselho, no que respeita à inclusão de novas substâncias psicoativas na
definição de droga, introduz cinco novas substâncias na referida definição. Destas, apenas duas não se
encontram já elencadas nos anexos ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro. São elas o ciclopropilfentanilo e
o metoxiacetilfentanilo, tal como referidas na Decisão de Execução (UE) 2018/1463, do Conselho. Trata-se de
substâncias psicoativas que comportam graves riscos para a saúde pública e de natureza social, pelo que se
evidencia fundamental, em transposição da Diretiva em referência, o seu aditamento às tabelas anexas ao
Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro.
Assim:
Nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 197.º da Constituição, o Governo apresenta à Assembleia da
República, com pedido de prioridade e urgência, a seguinte proposta de lei:

Artigo 1.º
Objeto

1 – A presente lei procede à vigésima quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, na sua
redação atual, que aprova o regime jurídico aplicável ao tráfico e consumo de estupefacientes e substâncias
psicotrópicas, aditando-lhe novas substâncias.
2 – A presente lei procede à transposição Diretiva Delegada (UE) 2019/369 da Comissão, de 13 de dezembro
de 2018, que altera o anexo da Decisão-Quadro 2004/757/JAI, do Conselho, a fim de incluir novas substâncias
psicoativas na definição de droga.

Artigo 2.º
Aditamento à tabela I-A anexa ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro

São aditadas à tabela I-A anexa ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, na sua redação atual, as
substâncias N-fenil-N-[1-(2-feniletil) piperidin-4-il]ciclopropanocarboxamida (ciclopropilfentanilo) e 2-metoxi-N-
fenil-N- [1-(2-feniletil) piperidin-4-il]acetamida (metoxiacetilfentanilo).

Artigo 3.º
Republicação

É republicada em anexo à presente lei, da qual faz parte integrante, a tabela I-A anexa ao Decreto-Lei n.º
15/93, de 22 de janeiro, com a redação introduzida pela presente lei.

Artigo 4.º
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 13 de junho de 2019.


O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa — Pel´A Ministra da Justiça, Anabela Damásio Caetano
Pedroso — O Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, José Duarte Piteira Rica Silvestre
Cordeiro.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 34

ANEXO
(a que se refere o artigo 3.º)
Republicação da tabela I-A anexa ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro

«Tabela I-A
Acetil-alfa-metilfentanil – N-[1-(alfa) metilfenetil-4-piperidil] acetanilida.
Acetildiidrocodeína – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-acetoxi-17-metilmorfinano.
Acetilfentanilo – (N-fenil-N-[1-(2-feniletil)piperidina-4-il]acetamida).
Acetilmetadol – 3-acetoxi-6-dimetilamino-4,4-difenil-heptano.
Acetorfina – 3-0-acetiltetra-hidro-7(alfa)-(1-hidro-1-metilbutil)-6,14-endoetano-oripavina.
Acrilofentanilo – N-(1-fenetilpiperidina-4-il)-N-fenilacrilamida.
Alfacetilmetadol – alfa-3-acetoxi-6-dimetilamino-4,4-difenil-heptano.
Alfameprodina – alfa-3-etil-1-metil-4-fenil-4-propionoxipiperidina.
Alfametadol – alfa-6-dimetilamino-4,4-difenil-3-heptanol.
Alfa-metilfentanil – N-{1-[(alfa) metilfenetil]-4-piperidil} propionanilida.
Alfa-metiltiofentanil – N-[1-metil-2-(2-tienil) etil]-4-piperidil propionanilida.
Alfentanil – monocloridrato de N-{1[2-(4-etil-4,5-di-hidro-5-oxo-1H-tetrazol-1 il) etil]-4-(metoximetil)-4-
piperidinil}-N-fenilpropanamida.
Alfaprodina – alfa-1,3-dimetil-4-fenil-4-propionoxipiperidina.
Alilprodina – 3-alil-1-metil-4-fenil-4-propionoxipiperidina.
Anileridina – éster etílico do ácido 1-para-aminofene-til-4-fenilpiperidino-4-carboxílico.
ANPP (4-anilino-N-fenetilpiperidina).
Benzilmorfina – 3-benziloxi-4,5-epoxi-N-metil-7-morfineno-6-ol; 3-benzilmorfina.
Benzetidina – éster etílico do ácido 1-(2-benziloxietil)- – 4-fenilpepiridino-4-carboxílico.
Betacetilmetadol – beta-3-acetoxi-6-dimetilamino-4,4-difenil-heptano.
Beta-hidroxifentanil – N-{1-[(beta)-hidroxifenetil]-4-piperidil} propionanilida.
Beta-hidroxi-3-metilfentanil – N-{1-[(beta)-hidroxifenetil]-3-metil-4-piperidil} propionanilida.
Betameprodina – beta-3-etil-1-metil-4-fenil-4-propionoxipiperidina.
Betametadol – beta-6-dimetilamino-4,4-difenil-3-heptanol.
Betaprodina – beta-1,3-dimetil-4-fenil-4-propionoxipiperidina.
Bezitramida – 1-(3-ciano-3,3-difenilpropil)-4-(2-oxo-3-propionil-1-benzimidazolinil)-piperid ina.
Butirato de dioxafetilo – etil-4-morfolino-2,2-difenilbutirato.
Butirfentanilo – (N-fenil-N-[1-(2-feniletil)-4-iperidinil]butanamida).
Carfentanilo – (1-(2-feniletil)-4-[fenil(propanoil)amino]piperidina-4-carboxilato de metilo).
Cetobemidona – 4-meta-hidroxifenil-1-metil-4-propionilpiperidina.
Clonitazeno – 2-para-clorobenzil-1-dietilaminoetil-5-nitrobenzimidazol.
Codeína – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-hidroxi-17-metil-7-morfineno; 3-metil-morfina.
Codeína N-óxido – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-hidroxi-17-metil-7-morfineno-17-oxi-ol.
Codoxina – di-hidrocodeinona-6-carboximetiloxina.
Concentrado de palha de papoila – matéria obtida por tratamento da palha de papoila em ordem a obter a
concentração dos seus alcaloides, logo que esta matéria é colocada no comércio.
Desomorfina – 3-hidroxi-4,5-epoxi-17-metilmorfinano; di-hidrodoximorfina.
Dextromoramida – (+)-4-[2-metil-4-oxo-3,3-difenil-4 (1-pirrolidinil)-butil]-morfolina.
Dextropropoxifeno – (+)-4-dimetilamino-3-metil-1,2-difenil-2-butanol propionato.
Diampromida – N-[(2-metilfenetilamino)-propil]-propionanilida.
Dietiltiambuteno – 3 dietilamino-1,1-di-’2'-tienil)-1-buteno.
Difenoxilato – éster etílico do ácido 1-(3-ciano-3,3-difenilpropil)-4-fenilpiperidino-4-carboxílico.
Difenoxina – ácido-1-(3-ciano-3,3-difenilpropil)-4-fenilisonipecótico.
Diidrocodeína – 6-hidroxi-3-metoxi-17-metil-4,5-epoximorfinano.
Diidroetorfina – 7,8-diidro-7-(alfa)-[1-(R)-hidroxi-1-metilbutil]-6,14-enab-etanotetraidrooripa vina.
21 DE JUNHO DE 2019 35

Di-hidromorfina – 3,6-di-hidroxi-4,5-epoxi-17-metilmorfinano.
Dimefeptano – 6-dimetilamino-4,4-difenil-3-heptanol.
Dimenoxadol – 2-dimetilaminoetilo-1-etoxi-1,1-difenilacetato.
Dimetiltiambuteno – 3-dimetilamino-1,1-di-’2'-tienil)-1-buteno.
Dipipanona – 4,4-difenil-6-piperidina-3-heptanona.
Drotebanol – 3,4-dimetoxi-17-metilmorfinano-6-beta, 14-diol.
Etilmetiltiambuteno – 3-etilmetilamino-1,1-di-’2'-tienil)-1-buteno.
Etilmorfina – 3-etoxi-4,5-epoxi-6-hidroxi-17-metil-7-morfineno; 3-etilmorfina.
Etonitazeno – 1-dietilaminoetil-2-para-etoxibenzil-5-nitrobenzimidazol.
Etorfina – tetra-hidro-7-(1-hidroxi-1-metilbutil)-6,14-endoetenooripavina.
Etoxeridina – éster etílico do ácido-1-[2-(2-hidroxietoxi)-etil]-4-fenilpiperidino-4-carboxílico.
Fenadoxona – 6-morfolino-4,4-difenil-3-heptanona.
Fenanpromida – N-(1-metil-2-piperidinoetil)-propionalida.
Fenazocina -’2'-hidroxi-5,9-dimetil-2-fenetil-6,7-benzomorfano.
Fenomorfano – 3-hidroxi-N-fenetilmorfinano.
Fenopiridina – éster etílico de ácido 1-(3-hidroxi-3- -fenilpropil)-fenil-piperidino-4-carboxílico.
Fentanil – 1-fenetil-4-N-propionilanilinopiperidina.
4-fluoroisobutirilfentanilo (4F-iBF, 4-FIBF, pFIBF, N-(4-fluorofenil)-N-(1-fenetilpiperidin-4-il)isobutiramida).
Folcodina – 3-(2-morfolino-etoxi)-6-hidroxi-4,5-epoxi-17-metil-7-morfineno; morfoliniletilmorfina.
Furanilfentanilo – (Fu-F; N-fenil-N-[1-(2-feniletil) piperidin-4-il)]furano-2-carboxamida).
Furetidina – éster etílico do ácido 1-(2-tetra-hidrofur-furiloxietil)-4-fenilpiperidino-4-carboxílico.
Heroína – 3,6-diacetoxi-4,5-epoxi-17-metil-7-morfineno; diacetilmorfina.
Hidrocodona – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-oxo-17 metilmorfina; di-hidrocodeina.
Hidromorfinol – 3,6,14-triidroxi-4,5-epoxi-17-metilmorfinano; 14-hidroxidiidromorfina.
Hidromorfona – 3-hidroxi-4,5-epoxi-6-oxo-17-metilmorfinano; diidromorfinona.
Hidroxipetidin – éster etílico do ácido 4-meta-hidro-xifenil-1-metilpiperidino-4-carboxílico.
Isometadona – 6-dimetilamino-5-metil-4,4-difenil-3-hexanona.
Levofenacilmorfano – (-)-3-hidroxi-N-fenacilmorfinano.
Levometorfano – (-)-3-metoxi-N-metilmorfinano [v. nota (*)].
Levomoramide – (-)-4-[2-metil-4-oxo-3,3-difenil-4-(1-pirrolidinil)-butil] morfina.
Levorfanol – (-)-3-hidroxi-N-metilmorfinano [v. nota (*)].
Metadona – 6-dimetilamino-4,4-difenil-3-heptanona.
Metadona, intermediário de – 4-ciano-2-dimetilamino-4,4-difenilbutano.
Metazocina -’2'-hidroxi-2,5,9-trimetil-6,7-benzomorfano.
Metildesorfina – 6-metil-delta-6-desoximorfina; 3-hidroxi-4,5-epoxi-6,17-dimetil-6-morfineno.
Metildiidromorfina – 6-metil-diidromorfina; 3,6-diidroxi-4,5-epoxi-6,17-dimetilmorfinano.
3-metilfentanil – N-(3-metil-1-fenetil-4-piperidil) propionanilida (e os seus dois isómeros cis e trans).
2-metoxi-N-fenil-N- [1-(2-feniletil)piperidin-4-il]acetamida (metoxiacetilfentanilo).
Metopão – 5-metil di-hidromorfinona; 3-hidroxi-4,5-epoxi-6-oxo-5,17 dimetilmorfinona.
Mirofina – miristilbenzilmorfina; tetradecanoato de 3-benziloxi-4,5-epoxi-17-metil-7-morfineno-6-ilo.
Morferidina – éster etílico do ácido 1-(2-morfolinoetil)-4-fenilpiperidino-4-carboxílico.
Moramida, intermediário de – ácido 2-metil-3-morfo-lino-1,1-difenilpropano carboxílico.
Morfina – 3,6-diidroxi-4,5-epoxi-17-metil-7-morfineno.
Morfina, bromometilato e outros derivados da morfina com nitrogénio pentavalente.
Morfina-N-óxido – 3,6-diidroxi-4,5-epoxi-17-metil-7-morfineno-N-óxido.
MPPP – propionato de 1-metil-4-fenil-4-piperidinol.
Nicocodina – éster codeínico do ácido 3-piridinocarboxílico; 6-nicotinilcodeína.
Nicodicodina – éster diidrocodeínico do ácido 3-piridinocarboxílico; 6-nicotinildiidrocodeína.
Nicomorfina – 3,6-dinicotilmorfina.
N-fenil-N-[1-(2-feniletil)piperidin-4-il]ciclopropanocarboxamida (ciclopropilfentanilo).
NPP (N-fenetil-4-piperidona).
Noracimetadol – (mais ou menos)-alfa-3-acetoxi-6-metilamino-4,4-difenil-heptano.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 36

Norcodeína – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-hidroxi-7-morfineno; N-desmetilcodeína.


Norlevorfanol – (-)-3-hidroximorfinano.
Normetadona – 6-dimetilamino-4,4-difenil-3-hexanona.
Normorfina – 3,6-di-hidroxi-4,5-epoxi-7-morfineno; desmetilmorfina.
Norpipanona – 4,4-difenil-6-peperidino-3-hexanona.
Ocfentanilo (N-(2-fluorofenil) -2-metoxi-N-[1-(2-fenetil)piperidin-4-il]acetamida).
Ópio – o suco coagulado espontaneamente obtido da cápsula da Papaver som niferum L. e que não tenha
sofrido mais do que as manipulações necessárias para o seu empacotamento e transporte, qualquer que seja o
seu teor em morfina.
Ópio – mistura de alcaloides sob a forma de cloridratos e brometos.
Oripavina [3-O-desmetiltebaína, o 6,7,8,14-tetradeshi-dro-4,5-(alfa)-epoxi-6-metoxi-17-metilmorfinan-3-ol].
Oxicodona – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-oxo-14-hidroxi-17-metilmorfinano; 14-hidroxidiidrocodeínona.
Oximorfona – 3,14-diidroxi-4,5-epoxi-6-oxo-17-metilmorfinano; 14-hidroxidiidromorfinona.
Para-fluorofentanil-[’4'-fluoro-N-(1-fenetil-4-piperidil)] propionanilida.
PEPAP – acetato de 1-fenetil-4-fenil-4-piperidinol.
Petidina – éster etílico do ácido 1-metil-4-fenilpiperi-dino-4-carboxílico.
Petidina, intermediário A da – 4-ciano-1-metil-4-fenil-piperidina.
Petidina, intermediário B da – éster etílico do ácido-4-fenilpiperidino-4-carboxílico.
Petidina, intermediário C da – ácido 1-metil-4-fenilpi-peridino-4-carboxílico.
Piminodina – éster etílico do ácido 4-fenil-1-[3-(feni-lamino)-propilpiperidino]-4-carboxílico.
Piritramida – amida do ácido 1-(3-ciano-3,3-difenil-propil)-4-(1-piperidino)-piperidino-4-carboxílico.
Pro-heptazina – 1,3-dimetil-4-fenil-4-propionoxiazaciclo-heptano.
Properidina–- éster isopropílico do ácido 1-metil-4-fe-nilpiperi-dino-4-carboxílico.
Propirano – N-(1-metil-2-piperidinoetil)-N-2-piridilpropionamida.
Racemétorfano – (mais ou menos)-3-metoxi-N-metilmorfinano.
Racemoramida – (mais ou menos)-4-[2-metil-4-oxo-3,3-difenil-4-(1-pirrolidinil)-butil]-morfolina.
Racemorfano – (mais ou menos)-3-hidroxi-N-metilmorfinano.
Remifentanilo – 1-(2-metoxicarboniletil)-4-(fenilpropionilamino) piperidina-4-carboxilato de metilo.
Sufentanil – N-{4-metoximetil-1-[2-(2-tienil)-etil]-4-piperidil}-propionanilida.
Tabecão – 3-metoxi-4,5-epoxi-6-acetoxi-17-metilmorfinano; acetidil-hidrocodeínona.
Tapentadol – {3-[(1R,2R)-3-(dimetilamino)-1-etil-2-metilpropil]fenol}.
Tebaíns – (3,6-dimetoxi-4,5-epoxi-17-metil-6,8-morfinadieno).
Tetra-hidrofuranilfentanilo (THF-F; N-fenil-N-[1-(2-feniletil)piperidin-4-il] tetra-hidrofurano-2-carboxamida).
Tilidina – (mais ou menos)-etil-trans-2-(dimetilamino)-1-fenil-3-ciclo-hexeno-1-carboxilato.
Tiofentanil – N-{1-[2-(2-tienil) etil]-4-piperidil} propionanilida.
Trimeperidina – 1,2,5-trimetil-4-fenil-4-propionoxipiperidina.
U47700 (3,4-dicloro-N-(2-dimetilaminociclo-hexil)-N-metilbenzamida).
Os isómeros das substâncias inscritas nesta tabela em todos os casos em que estes isómeros possam existir
com designação química específica, salvo se forem expressamente excluídos.
Os ésteres e os éteres das substâncias inscritas na presente tabela em todas as formas em que estes ésteres
e éteres possam existir, salvo se figurarem noutra tabela.
Os sais das substâncias inscritas na presente tabela, incluindo os sais dos ésteres e éteres e isómeros
mencionados anteriormente sempre que as formas desses sais sejam possíveis.
(*) O dextrometorfano (+)-3-metoxi-N-metilmorfinano e o dextrorfano (+)-3-hidroxi-N-metilmorfineno estão
especificamente excluídos desta tabela.»

————
21 DE JUNHO DE 2019 37

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 717/XIII/2.ª


(RECOMENDA AO GOVERNO A ADOÇÃO DE MEDIDAS QUE PROMOVAM OS MEIOS
ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS DE CONSUMO)

Relatório da nova apreciação e votação indiciária da Comissão de Economia, Inovação e Obras


Públicas

1. O Projeto de Resolução n.º 717/XIII/2.ª, do PSD, deu entrada na Assembleia da República, em 9 de março
de 2017, tendo sido discutido na generalidade em 15 de março de 2017 e, por determinação de S. Ex.ª o
Presidente da Assembleia da República, baixado no dia 17 de março de 2017 sem votação, para nova
apreciação, à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
2. A Comissão cometeu ao Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor fazer as audições e conceder as
audiências que viessem a ser solicitadas sobre a matéria bem como proceder à apreciação e votação indiciária
deste diploma bem como das propostas de alteração que viessem a dar entrada no decurso deste processo
legislativo.
3. O Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor procedeu à apreciação e votação indiciária desta
iniciativa, na sua reunião de 11 de junho de 2019, que foi rejeitada indiciariamente com os votos contra do PS,
do BE e do PCP e votos a favor do PSD e do CDS-PP.
4. Na sua reunião de 19 de junho de 2019, com a presença dos Grupos Parlamentares do PSD, do PS, do
BE, do PCP e do CDS-PP, a Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas ratificou as votações realizadas
em sede de Grupo de Trabalho.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.

O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

————

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 718/XIII/2.ª


(RECOMENDA AO GOVERNO A ASSUNÇÃO DE MEDIDAS DE FORMAÇÃO, INFORMAÇÃO E
FISCALIZAÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DOS CONSUMIDORES)

Relatório da nova apreciação e votação indiciária e texto de substituição da Comissão de Economia,


Inovação e Obras Públicas

Relatório da nova apreciação e votação indiciária

1. O Projeto de Resolução n.º 718/XIII/2.ª, do PSD, deu entrada na Assembleia da República, em 9 de março
de 2017, tendo sido discutido na generalidade em 15 de março de 2017 e, por determinação de S. Ex.ª o
Presidente da Assembleia da República, baixado no dia 17 de março de 2017 sem votação, para nova
apreciação, à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
2. A Comissão cometeu ao Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor fazer as audições e conceder as
audiências que viessem a ser solicitadas sobre a matéria bem como proceder à apreciação e votação indiciária
deste diploma bem como das propostas de alteração que viessem a dar entrada no decurso deste processo
legislativo.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 38

3. O Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor procedeu à apreciação e votação indiciária desta
iniciativa, na sua reunião de 11 de junho de 2019, que foi aprovada indiciariamente com os votos a favor do
PSD, do PS, do CDS-PP e do PCP e a abstenção do BE.
4. Na sua reunião de 19 de junho de 2019, com a presença dos Grupos Parlamentares do PSD, do PS, do
BE, do PCP e do CDS-PP, a Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas ratificou as votações realizadas
em sede de Grupo de Trabalho.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.

O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

Texto de substituição

A Assembleia da República resolve, nos termos do disposto do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da
República Portuguesa, recomendar ao Governo que:

1 – Desenvolva campanhas institucionais de promoção dos interesses e direitos do consumidor.


2 – Promova a clarificação, junto dos cidadãos, das competências das várias Entidades Reguladoras, da
ASAE e da Direção-Geral do Consumidor, de forma simples e didática, sendo esta informação necessária face
à complexidade existente na perceção das competências das várias entidades.
3 – Apoie as Associações de Defesa dos Consumidores na divulgação e na formação dos consumidores.
4 – Desenvolva ações junto do serviço público de rádio e de televisão para que sejam significativamente
reforçados os espaços reservados para divulgação de campanhas de informação aos consumidores.
5 – Promova campanhas institucionais de informação sempre que novos diplomas legais respeitantes aos
consumidores sejam publicados.
6 – Elabore manuais explicativos dos direitos dos consumidores tendo como objetivo a sua divulgação pelas
escolas e pela comunidade em geral, em linguagem acessível.
7 – Promova uma política nacional de formação de formadores e de técnicos especializados na área do
consumo.
8 – Promova uma política educativa para os consumidores através da inserção nos programas e atividades
escolares, bem como nas ações de educação permanente, matérias relacionadas com o consumo e os direitos
dos consumidores.
9 – Com o apoio da Direção-Geral do Consumidor, desenvolva ações de capacitação e de informação junto
das instituições da economia social, solicitando o apoio destas instituições na divulgação de informação aos
consumidores.
10 – Envolva os vários ministérios, com particular relevância para os Ministérios da Economia, Administração
Interna, Justiça, Educação e Segurança Social, na divulgação de campanhas institucionais de defesa do
consumidor.
11 – Reforce as ações de fiscalização e de monitorização.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.

O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

————
21 DE JUNHO DE 2019 39

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 727/XIII/2.ª


(RECOMENDA AO GOVERNO QUE PROMOVA UMA CULTURA DE INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR
MAIS EFICAZ)

Relatório da nova apreciação e votação indiciária e texto de substituição da Comissão de Economia,


Inovação e Obras Públicas

Relatório da nova apreciação e votação indiciária

1. O Projeto de Resolução n.º 727/XIII/2.ª, do CDS-PP, deu entrada na Assembleia da República, em 13 de


março de 2017, tendo sido discutido na generalidade em 15 de março de 2017 e, por determinação de S. Ex.ª
o Presidente da Assembleia da República, baixado no dia 17 de março de 2017 sem votação, para nova
apreciação, à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
2. A Comissão cometeu ao Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor fazer as audições e conceder as
audiências que viessem a ser solicitadas sobre a matéria bem como proceder à apreciação e votação indiciária
deste diploma bem como das propostas de alteração que viessem a dar entrada no decurso deste processo
legislativo.
3. O Grupo de Trabalho PJL Defesa do Consumidor procedeu à apreciação e votação indiciária desta
iniciativa, na sua reunião de 11 de junho de 2019, nos seguintes termos:
a. O ponto n.º 1 foi aprovado indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do PS, do BE e do CDS-PP e a
abstenção do PCP;
b. O ponto n.º 2 foi aprovado indiciariamente, com os votos a favor do PSD e do CDS-PP, com votos contra
do PS e do PCP, e a abstenção do BE;
c. O ponto n.º 3 foi aprovado indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do BE, do CDS-PP e do PCP e
com votos contra do PS;
d. O ponto n.º 4 foi aprovado indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do CDS-PP e do PCP, com
votos contra do PS e a abstenção do BE;
e. O ponto n.º 5 foi aprovado indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do PS e do CDS-PP e a
abstenção do BE e do PCP;
f. O ponto n.º 6 foi aprovado indiciariamente, com os votos a favor do PSD, do PS e do CDS-PP e a
abstenção do BE e do PCP.
4. Na sua reunião de 19 de junho de 2019, com a presença dos Grupos Parlamentares do PSD, do PS, do
BE, do PCP e do CDS-PP, a Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas ratificou as votações realizadas
em sede de Grupo de Trabalho.
5. Segue em anexo o texto de substituição resultante destas votações.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.


O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

Texto de substituição

1. Que acompanhe com regularidade a matéria da contratação à distância, promovendo a aplicação da Lei
n.º 47/2014, de 28 de julho.
2. Que inicie um estudo que permita, a médio prazo, distinguir entre a energia que é consumida para
aquecimento e arrefecimento da restante. Este caminho permitirá que no futuro estes consumos específicos e
a fiscalidade a eles associada possa ser diferenciada.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 40

3. Que promova medidas que, no prazo de um ano, aproximem o preço do gás de botija do preço do gás
natural.
4. Que acabe com a fiscalidade extraordinária nos combustíveis.
5. Que promova novas regras que permitam ao consumidor identificar exatamente o que está a pagar em
cada fatura.
6. Que estude a realidade dos contratos múltiplos, identificando as dificuldades que podem advir dos
mesmos para o consumidor e para as entidades de fiscalização.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.


O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

————

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1651/XIII/3.ª


(PROPÕE MEDIDAS PARA O PLENO APROVEITAMENTO DO INVESTIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA
LIGAÇÃO FERROVIÁRIA SINES/ELVAS (CAIA) NO ÂMBITO DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS)

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1652/XIII/3.ª


(PROPÕE MEDIDAS PARA O PLENO APROVEITAMENTO DO INVESTIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA
LIGAÇÃO FERROVIÁRIA SINES/ELVAS (CAIA) NO ÂMBITO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS)

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1681/XIII/3.ª


(RECOMENDA AO GOVERNO QUE ADOTE MEDIDAS QUE ASSEGUREM A PARAGEM DE
COMBOIOS DE MERCADORIAS NO ALENTEJO, NOMEADAMENTE EM ÉVORA, VENDAS NOVAS E
ZONA DOS MÁRMORES (ESTREMOZ, BORBA, VILA VIÇOSA E ALANDROAL), MAS TAMBÉM, A
UTILIZAÇÃO DE TODA A LINHA NO ÂMBITO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS)

Relatório da discussão e votação na especialidade e texto final da Comissão de Economia, Inovação


e Obras Públicas

Relatório da discussão e votação na especialidade

1. Os Projetos de Resolução n.os 1651/XIII/3.ª, do PCP, e 1652/XIII/3.ª, do PCP, deram entrada na


Assembleia da República em 23 de maio de 2018 e o Projeto de Resolução n.º 1681/XIII/3.ª, do PSD, deu
entrada na Assembleia da República em 5 de junho de 2018, respetivamente, tendo sido discutidos na Comissão
em 3 de outubro de 2018 e votados na generalidade em Plenário em 12 de outubro de 2018, data em que, por
determinação de S. Ex.ª o Presidente da Assembleia da República, baixaram, para apreciação na especialidade,
à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
2. No âmbito da apreciação na especialidade foi apresentado pelos autores dos projetos de resolução um
texto de substituição do teor das iniciativas.
3. Na sua reunião de 19 de junho de 2019, na qual se encontravam presentes todos os Grupos
Parlamentares, com exceção de Os Verdes e do PAN, a Comissão procedeu à apreciação na especialidade
destas iniciativas e do texto de substituição apresentado.
4. O texto de substituição foi aprovado por unanimidade, registando-se a ausência de Os Verdes e do PAN.
5. Segue em anexo o texto final resultante desta votação.
21 DE JUNHO DE 2019 41

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.


O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

Texto Final
Título: Propõe medidas necessárias ao pleno aproveitamento no distrito de Évora do investimento
na construção da ligação ferroviária Sines/Elvas (Caia) no âmbito do transporte de mercadorias e
passageiros

A Assembleia da República resolve, nos termos n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da República,
recomendar ao Governo que adote as medidas necessárias ao pleno aproveitamento no distrito de Évora do
investimento na construção da ligação ferroviária Sines-Elvas (Caia) no âmbito do transporte de mercadorias e
passageiros, designadamente considerando:
1 – A concretização do projeto de forma que permita o imediato aproveitamento da infraestrutura para o
transporte de passageiros, designadamente considerando a possibilidade de instalação da componente de
estação de passageiros numa ou mais das três estações técnicas previstas na linha.
2 – A definição de um plano para o desenvolvimento do transporte ferroviário de passageiros de âmbito
regional de forma a proporcionar e promover o transporte ferroviário na mobilidade das populações e
considerando medidas de reativação, recuperação e ampliação da rede ferroviária existente.
3 – A concretização do projeto de forma que permita o aproveitamento futuro da infraestrutura ferroviária para
o desenvolvimento das atividades produtivas, garantindo a todos os potenciais beneficiários, designadamente
às empresas, o uso pleno desta importante infraestrutura.
4 – A concretização da solução técnica adequada à possibilidade de carga e descarga de mercadorias em
Vendas Novas, Évora e na designada Zona dos Mármores, abrangendo os concelhos de Alandroal, Borba,
Estremoz e Vila Viçosa, nomeadamente aproveitando o troço que atravessa o concelho de Alandroal.
5 – A definição da solução técnica adequada à possibilidade de carga e descarga de mercadorias em cada
um desses pontos tendo em consideração as exigências específicas dos sectores produtivos já instalados e a
potenciar.
6 – A definição de um plano para o desenvolvimento do transporte ferroviário de mercadorias de âmbito
regional que considere medidas de reativação, recuperação e ampliação da rede ferroviária existente
7 – A definição de condições que permitam o aproveitamento das potencialidades existentes na região para
a construção da infraestrutura ferroviária, nomeadamente quanto à matéria-prima existente na região como a
resultante de escombreiras das pedreiras.

Palácio de São Bento, em 19 de junho de 2019.


O Presidente da Comissão, Hélder Amaral.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2003/XIII/4.ª


(CLARIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE PROGRESSÃO REMUNERATÓRIA DOS DOCENTES DO
ENSINO SUPERIOR PÚBLICO)

Informação da Comissão de Educação e Ciência relativa à discussão do diploma ao abrigo do artigo


128.º do Regimento da Assembleia da República

1. Ao abrigo do disposto na alínea b) do artigo 156.º (Poderes dos Deputados) da Constituição da República
Portuguesa e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º (Poderes dos Deputados) do Regimento da Assembleia da
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 42

República (RAR), os Deputados do PSD apresentaram a seguinte iniciativa:

 Projeto de Resolução n.º 2003/XIII (PSD) – Clarificação dos critérios de progressão remuneratória dos
docentes do ensino superior público.
2. A discussão desta iniciativa ocorreu na reunião da Comissão de 11 de junho de 2019.
3. O Deputado Álvaro Batista (PSD) fez a apresentação do Projeto de Resolução n.º 2003/XIII, realçando os
seguintes aspetos:

 Devido a divergências de orientação (ou falta de orientação do Governo), as Instituições de Ensino


Superior (IES) têm pendente um vasto conjunto de progressões de docentes.
 Em concreto, e a título de exemplo, refere alguns números de docentes cuja progressão se encontra
pendente: na Universidade Aberta, na Universidade dos Açores e na Universidade do Algarve.
 Refere que várias organizações representativas do setor – como o Conselho de Reitores das
Universidades Públicas, Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e Sindicatos – têm vindo
sucessivamente a pedir a clarificação destes critérios. Apesar do apelo do setor e do Parlamento, a questão tem
sido sistematicamente ignorada pelo Governo.
 Grande parte das dificuldades decorrem da circunstância de o Governo não estar a cumprir as suas
obrigações do ponto de vista de fornecer às instituições as verbas a que se comprometeu nos contratos de
legislaturas, no sentido de que todos os aumentos remuneratórios que fossem devidos a iniciativas do Governo
teriam de ser compensadas por parte do Governo.
 Na ausência de orientações – e das verbas necessárias –, as instituições de ensino superior públicas
deparam-se com uma situação confusa e veem-se obrigadas a assumir custos não cobertos pelas transferências
do Estado, limitando assim a capacidade de investimento das instituições e o devido cumprimento da sua
missão.
I. Nestes termos, o Grupo Parlamentar do PSD propõe que: i) O Governo num prazo de 30 dias clarifique
de forma inequívoca às instituições quais os critérios que devem adotar para a progressão, terminando
com as injustiças relativas entre docentes e instituições; ii) O Governo garanta às instituições as verbas
necessárias para o pagamento das progressões salariais dos docentes do ensino superior público.
4. A Deputada Ângela Moreira (PCP) interveio no sentido de dizer que o PCP defende há muito a correção
destas desigualdades, já tendo este grupo parlamentar apresentado diversas iniciativas sobre a matéria.
Acrescentou que compete ao Governo emitir orientação clara às instituições com vista à correta aplicação desta
norma.
5. A Deputada Ana Rita Bessa (CDS-PP) manifestou acompanhar este projeto do PSD, reconhecendo haver
uma inconsistência entre o que está disposto no Orçamento do Estado de 2018 (que remete para a Lei Geral
do Trabalho em Funções Públicas) e o que está previsto nos estatutos das carreiras docentes e respetivos
regulamentos. Este problema foi criado pelo Governo, cabendo-lhe a sua clarificação. Considerou que não se
trata tanto de um problema de montante mas de princípio. Assim, referiu ser importante que fique definido qual
o critério a adotar.
6. O Deputado Porfírio Silva (PS) sublinhou que o PSD parece ignorar que os docentes do Ensino Superior
estão sujeitos a um regime específico de avaliação de desempenho, que não se confunde com as regras em
vigor no âmbito do regime dos trabalhadores em funções públicas. Por outro lado, realçou que a avaliação de
desempenho no Ensino Superior decorre da autonomia destas instituições, conforme definido na lei. Sobre o
Orçamento do Estado para 2018, esclareceu que este prevê um escape para as situações em que as Instituições
de Ensino Superior não tivessem feito avaliação de desempenho a tempo. Sobre as verbas necessárias para o
pagamento das progressões salariais dos docentes do ensino superior público, apontou que o Orçamento do
Estado tem estado municiado para fazer face a estas situações, referindo os valores em causa. Sublinhou, por
fim, que a posição do PSD nesta matéria mudou radicalmente.
7. O Deputado Álvaro Batista (PSD) contestou a leitura feita pelo PS do projeto de resolução, lembrando a
parte resolutiva do mesmo. Assim, referiu que existem instituições do Ensino Superior que aplicaram o critério
dos seis anos de classificação de serviço excelente e quatro instituições que aplicaram o critério dos 10 pontos.
Assim, considerou que o que está em causa é se o Governo aceita que a autonomia implica que cada IES siga
21 DE JUNHO DE 2019 43

o critério que entende ou se o Governo deve servir de árbitro e dizer qual deve ser esse critério. O PSD acha
que deve ser esta última.
8. Realizada a discussão, cuja gravação áudio se encontrará disponível no projeto de resolução em análise,
remete-se esta Informação a Sua Excelência o Presidente da Assembleia da República, para agendamento da
votação da iniciativa na sessão plenária, nos termos do n.º 1 do artigo 128.º do Regimento da Assembleia da
República.

Assembleia da República, em 11 de junho de 2019.


O Presidente da Comissão, Alexandre Quintanilha.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2086/XIII/4.ª


(UNIVERSALIDADE DA ESCOLA PÚBLICA NO CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRA)

Informação da Comissão de Educação e Ciência relativa à discussão do diploma ao abrigo do artigo


128.º do Regimento da Assembleia da República

1. Ao abrigo do disposto na alínea b) do artigo 156.º (Poderes dos Deputados) da Constituição da República
Portuguesa e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º (Poderes dos Deputados) do Regimento da Assembleia da
República (RAR), os Deputados do PSD apresentaram a seguinte iniciativa:

 Projeto de Resolução n.º 2086/XIII (BE) – Universalidade da escola pública no concelho de Santa Maria
da Feira.
2. A discussão desta iniciativa ocorreu na reunião da Comissão de 11 de junho de 2019.
3. A Deputada Joana Mortágua (BE) fez a apresentação do Projeto de Resolução n.º 2086/XIII, realçando
os seguintes aspetos:

 O Concelho de Santa Maria da Feira tem uma grande dimensão e uma população de aproximadamente
140 mil habitantes.
 Não existe uma escola pública que dê resposta a todas as crianças em idade de escolaridade obrigatória.
 Uma das escolas básicas que tem condições para ser ampliada, de forma a receber o Ensino Secundário,
é a Escola Básica de Paços de Brandão.
 Assim, o Grupo Parlamentar do BE propõe que se recomende ao Governo que: i) Assegure a
universalidade da Escola Pública garantindo que a médio prazo a Escola Básica de Paços de Brandão assegure
o ensino do 5.º ao 12.º ano; ii) Proceda às obras necessárias na referida escola, para que nela possa ser
assegurado o Ensino Secundário.
4. A Deputada Ângela Moreira (PCP) interveio no sentido de dizer que o PCP também considera que Santa
Maria da Feira carece de escola pública e que esta escola (de Paços de Brandão) constitui uma boa aposta para
ser requalificada.
5. O Deputado Amadeu Albergaria (PSD) criticou o facto de o BE dizer neste projeto que não existe escola
pública em Santa Maria da feira, quando dizia recentemente o contrário. E, dizendo que o PSD concorda que é
preciso mais ensino secundário em Santa Maria da Feira, deixou algumas perguntas sobre este projeto:
I. Quais as escolas do concelho que têm contrato de associação?
II. Quais as que têm cariz religioso?
III. Por que razão se apresenta este projeto agora, no preciso momento em que a nova Carta Educativa de
Santa Maria da Feira se encontra em discussão?
IV. Concordam com a Escola de Paços Brandão. No entanto, por que razão é esta escola e não outra?
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 44

V. Por fim, questiona se, com esta requalificação, isso seria suficiente ou seriam necessárias mais escolas
de ensino secundário?
6. A Deputada Maria Augusta Santos (PS) começou por referir que o Governo garante, através da rede do
sistema público de ensino, o acesso universal e gratuito, bem como o respeito pela equidade territorial integrada,
na gestão da oferta. Quanto à rede, Santa Maria da Feira assegura oferta pública de ensino desde o pré-escolar
até ao ensino secundário. Referiu, ainda, que anualmente, face aos critérios referidos e no respeito pela
continuidade pedagógica, o Governo avalia a necessidade de se alterar a oferta em cada uma das unidades
orgânicas. Quanto às obras, referiu que o Governo, no âmbito da planificação do investimento em infraestruturas
escolares, se encontra a desenvolver esforços que permitam modernizar as instalações das escolas, referindo
a intervenção a decorrer na Escola Básica e Secundária Coelho e Castro. Lembrou, ainda, as obras concluídas
na presente legislatura, nas Escolas Básica 2,3 Professor Doutor Carlos Alberto F. Almeida e António Alves
Amorim, localizadas neste concelho. Por fim, manifestou certeza de que o Governo se encontra a desenvolver
todos os esforços para priorizar as obras na EB de Paços Brandão. Face ao exposto, considerou que não se
deve condicionar a rede escolar à situação de um único equipamento educativo, razão pela qual o GPPS não
acompanha este projeto de resolução.
7. A Deputada Ana Rita Bessa (CDS-PP) começou por referir o estudo da rede apresentado pelo Ministério
da Educação aquando da discussão sobre os contratos de associação, que identifica escolas públicas com
capacidade de receber alunos – uma das quais a constante deste projeto de resolução, a escola Paços Brandão,
indicando-se um nível baixo de ocupação e como tendo sido requalificada. Segundo o Ministério da Educação,
não parece haver necessidade de mais capacidade neste concelho. O CDS tem, portanto, muitas dúvidas quanto
às afirmações feitas na parte preambular bem como quanto à resolução em si mesma.
8. A Deputada Joana Mortágua (BE) defendeu que da discussão resultou que o projeto de resolução em
causa responde a uma necessidade deste concelho, alargando a oferta de ensino secundário. Acrescentou que
algumas questões colocadas devem ser colocadas no âmbito próprio, do poder local, nomeadamente da
Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira.
9. O Deputado Amadeu Albergaria (PSD) contestou esta última afirmação da Deputada Joana Mortágua,
fazendo notar que as questões colocadas não estavam relacionadas com a Assembleia Municipal de Santa
Maria da Feira mas com perguntas muito objetivas dirigidas aos autores desta iniciativa.
10. Realizada a discussão, cuja gravação áudio se encontrará disponível no projeto de resolução em
análise, remete-se esta Informação a Sua Excelência o Presidente da Assembleia da República, para
agendamento da votação da iniciativa na sessão plenária, nos termos do n.º 1 do artigo 128.º do Regimento da
Assembleia da República.

Assembleia da República, em 11 de junho de 2019.


O Presidente da Comissão, Alexandre Quintanilha.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2194/XIII/4.ª (*)


(RECOMENDA AO GOVERNO A ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PARA A RECUPERAÇÃO DO CONCELHO
DE MONCHIQUE)

O incêndio ocorrido na Serra de Monchique, entre os dias 4 e 9 de agosto 2018, deixou atrás de si um rasto
de destruição e uma paisagem profundamente alterada que demorará largos anos a ser recuperada.
Os prejuízos foram de ordem muito diversa, entre habitações, infraestruturas viárias e municipais, floresta,
culturas agrícolas e instalações e maquinaria de apoio à agricultura.
A dimensão da tragédia atingiu profundamente a economia rural, muito assente em pequenas propriedades
florestadas e numa agricultura de subsistência praticada por pessoas idosas e de escassos recursos financeiros.
21 DE JUNHO DE 2019 45

Durante os dias em que lavrou o incêndio foram consumidos 27 mil hectares: 10 mil hectares de matos, 16
mil hectares de povoamentos florestais e cerca de mil hectares de área agrícola.
Em audiência na Assembleia da República (em 23 de abril p.p.) o Sr. Presidente da Câmara de Monchique,
deu conta da abertura de 286 processos visando o apoio a quem teve prejuízos nas suas pequenas explorações
agrícolas. Destes, à data já teriam ocorrido 25 desistências, de pessoas a quem faltou ânimo para enfrentar a
barreira burocrática que se lhes deparou.
Todavia, esta aparente escassa taxa de desistências, esconde a realidade de quem nem chegou a apresentar
candidatura, apesar de também ter sofrido prejuízos. Segundo a Junta de Freguesia de Alferce, uma das
Freguesias mais flageladas pelo incêndio, inicialmente ter-se-ão registado como atingidos pelo fogo nas suas
propriedades mais de 600 pessoas que, na sua maioria, desistiu de pedir apoio.
A esta luz, o número de 20 processos validados à data de 23 de abril de 2019 afigura-se manifestamente
escasso e muito longe do apoio que quase 1 ano depois esperaria e mereceria a população que viu bens
destruídos pelo incêndio.
De resto, a dimensão da tragédia impõe a elaboração e progressiva concretização de um plano global de
recuperação da economia local e de ordenamento do espaço rural, profundamente afetados, apoiando-se nas
potencialidades do território e na participação das populações.
Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que:
1. Os serviços do Ministério da Agricultura, em coordenação com as autarquias locais, contactem todas as
pessoas que inicialmente declaram prejuízos, mas que, posteriormente, as não traduziram em candidaturas a
apoios, identificando e ajudando a ultrapassar bloqueios;
2. Abra um novo período extraordinário para apresentação de candidaturas a apoios destinados à reposição
do potencial produtivo ligado à agricultura, perdido no incêndio do verão de 2018, em Monchique, em condições
idênticas aos concedidos aos lesados pelos grandes incêndios rurais de junho e outubro de 2017;
3. Em parceria com as associações locais e as autarquias, apoie a elaboração com a máxima urgência de
um projeto para a recuperação e desenvolvimento de todo o concelho, desenhado de forma participativa, e
providenciando o necessário financiamento para o concretizar.

Assembleia da República, 7 de junho de 2019.


As Deputadas e os Deputados do BE: João Vasconcelos — Carlos Matias — Pedro Soares — Pedro Filipe
Soares — Jorge Costa — Mariana Mortágua — Isabel Pires — José Moura Soeiro — Heitor de Sousa — Sandra
Cunha — Maria Manuel Rola — Fernando Manuel Barbosa — Jorge Falcato Simões — Joana Mortágua — José
Manuel Pureza — Luís Monteiro — Moisés Ferreira — Ernesto Ferraz — Catarina Martins.

(*) Texto inicial substituído a pedido do autor da iniciativa a 20 de junho de 2019 [Vide DAR II Série-A n.º 109
(2019.06.07)].

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2214/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO QUE REATIVE O OBSERVATÓRIO DOS MERCADOS AGRÍCOLAS E
DAS IMPORTAÇÕES AGROALIMENTARES

As pessoas estão hoje cada vez mais atentas e exigentes quanto aos produtos agroalimentares que adquirem
e consomem, procurando obter o máximo de informação possível sobre os produtos, nomeadamente no que se
refere aos preços.
No entanto, verifica-se ainda, ao nível da cadeia de valor agroalimentar, uma deficiência de informação que
coloca o setor primário em desvantagem com outros setores do mercado.
Atenta a este problema, e às exigências dos consumidores, a Comissão Europeia apresentou a 22 de maio
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 46

uma proposta que visa uma maior transparência na forma como os preços dos produtos agroalimentares são
determinados ao longo da cadeia de abastecimento alimentar.
As medidas propostas pela CE, que estão em consulta pública, abrangem os setores da carne, ovos,
produtos lácteos, frutos e hortícolas, culturas arvenses, açúcar e azeite.
De acordo com o divulgado, «a proposta visa a disponibilização de informações cruciais sobre a forma como
os preços são determinados à medida que os produtos agroalimentares transitam ao longo da cadeia de
abastecimento alimentar, permitindo apoiar a decisão empresarial e reforçando o nível de confiança numa
relação justa entre as diversas fases da cadeia de abastecimento alimentar. O acesso equitativo a informações
atempadas e facilmente acessíveis sobre a evolução do mercado é também fundamental para a concorrência
eficaz nos mercados mundiais e para a definição de políticas baseadas em evidências e informação concreta».
Refere-se ainda que, «baseando-se nos sistemas e procedimentos existentes de recolha de dados, utilizados
pelos operadores e pelos Estados-membros para comunicar informações de mercado à Comissão, cada Estado-
Membro será responsável pela recolha dos dados relativos aos preços e ao mercado. A Comissão, por sua vez,
irá disponibilizar a monitorização no seu portal de dados agroalimentares e nos observatórios do mercado da
União», observatórios estes que recolhem dados dos mercados do leite, da carne, do açúcar e das culturas.
Em linha com esta orientação, e sentindo a necessidade de maior transparência no processo de formação
de preços ao longo da cadeia agroalimentar de forma a reforçar a posição dos agricultores nessa cadeia, em
fevereiro de 2016 o CDS-PP apresentou o Projeto de Resolução n.º 158/XIII que, entre outros, recomendava ao
Governo a criação de um observatório de preços da carne de suíno, sector que estava a atravessar uma grave
crise com impacto no rendimento dos agricultores. Esse projeto foi aprovado com os votos contra do PS e do
PAN, e deu depois origem à Resolução da AR n.º 87/2016.
Em Portugal existe ainda o Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agroalimentares, criado
pela Lei n.º 11/97, de 21 de maio, que não tem funcionado, mas que até 2018 disponibilizou estudos e relatórios
sobre a situação dos mercados agrícolas e importações agroalimentares, apesar de não incidirem sobre a
formação de preço nas várias fases da cadeia alimentar.
O CDS-PP entende que este Observatório pode e deve ser reativado, com as necessárias alterações de
orgânica, de forma a recolher informação de preços ao longo da cadeia alimentar dos diversos produtos,
contribuindo dessa forma para um maior conhecimento sobre a formação de preços.
Nestes termos, o Grupo Parlamentar do CDS-PP, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais
aplicáveis, propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que, em sintonia com a proposta da
Comissão Europeia, reative o Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agroalimentares com o
objetivo de criar um sistema de recolha de dados atualizados, nomeadamente relativos a preços de mercado ao
longo da cadeia de abastecimento alimentar.

Palácio de S. Bento, 21 de junho de 2019.


Os Deputados do CDS-PP: Patrícia Fonseca — Ilda Araújo Novo — Hélder Amaral — Nuno Magalhães —
Telmo Correia — Cecília Meireles — Álvaro Castello-Branco — Ana Rita Bessa — António Carlos Monteiro —
Assunção Cristas — Filipe Anacoreta Correia — Isabel Galriça Neto — João Gonçalves Pereira — João Pinho
de Almeida — João Rebelo — Pedro Mota Soares — Teresa Caeiro — Vânia Dias da Silva.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2215/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO A IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE APOIO AO SETOR LEITEIRO

Fundamentando-se em informações recolhidas nas audições e corroboradas pelos dados do INE, o Relatório
do Grupo de Trabalho do Setor Leiteiro (GTSL) – criado no âmbito da Comissão de Agricultura e Mar a 26 de
abril de 2017 – salienta as modificações estruturais profundas operadas nas explorações nas últimas décadas,
com o objetivo de adaptação do setor à evolução e exigências do mercado.
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O consumo humano de leite e de produtos lácteos tem decrescido em Portugal de forma contínua desde
2010.
A esta alteração de hábitos de consumo para produtos não lácteos, acrescem fatores de conjuntura externa,
nomeadamente, e tal como refere o Relatório, o fim do sistema de quotas de produção leiteira, o embargo russo
e a redução do consumo na China, Índia e Indonésia, e a política comercial desenvolvida pelas cadeias de
distribuição.
No entanto, o leite é um produto com características nutricionais únicas, fornecedor de cálcio e de proteínas
para crianças e adultos, não sendo conhecido qualquer outro produto que o possa substituir, e também os seus
derivados têm um alto valor nutritivo.
Estas qualidades nutritivas, a par dos preços praticados ao consumidor, e das várias opções que atualmente
existem no mercado, tornam o leite um bem acessível a todos os estratos sociais.
É, no entanto, evidente a necessidade da implementação de medidas que estimulem o consumo interno de
leite e derivados, tal como, aliás, se propõe no Relatório do GTSL, entre várias outras:
– «Promover e coordenar campanhas de informação que alertem para os benefícios do consumo de leite e
seus derivados, incentivando o consumo destes produtos, destacando a qualidade da produção nacional»;
E também:
– «Criação de mecanismos que valorizem a marca do fabricante e/ou produtor».
Já anteriormente a Resolução do Conselho de Ministros n.º 76-A/2015, que aprovou o «plano de ação para
o setor leiteiro, visando estimular o consumo interno, incentivar as exportações, estabilizar os rendimentos dos
produtores e promover a inovação e valorização dos produtos lácteos», determinava várias medidas destinadas
a minimizar a situação, à época, «de perturbação de mercado no setor da produção de leite de vaca».
Entre as ações de caráter nacional que propunha, destacam-se a implementação de «medidas para estimular
o consumo interno» e «promover a inovação e valorização dos produtos lácteos», nomeadamente:
– «Estimular o consumo interno através de campanha promocional de consumo de laticínios recorrendo a
medidas da União Europeia de apoio à promoção, em articulação com organizações interprofissionais que
devem assumir a liderança»;
– «Aumentar a exigência ao nível da rotulagem para identificação da origem do produto»;
– «Definir uma agenda de investigação e inovação com vista a valorizar os laticínios portugueses com base
em propostas do setor»;
Medidas que, até à data, não foram eficazmente implementadas.
Nestes termos, o Grupo Parlamentar do CDS-PP, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais
aplicáveis, propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que implemente as seguintes
medidas relativas ao setor leiteiro:
1- Defina critérios de especificação para o leite e derivados de origem portuguesa e, de acordo com eles,
crie um selo de origem «100% português» que identifique o produto ao consumidor final, respeitando as normas
de concorrência europeias.
2- Promova campanhas que estimulem o consumo interno de leite e seus derivados.
3- Defina uma agenda de investigação e inovação com vista a valorizar os laticínios portugueses com base
em propostas do setor.

Palácio de S. Bento, 21 de junho de 2019.


Os Deputados do CDS-PP: Patrícia Fonseca — Ilda Araújo Novo — Hélder Amaral — Nuno Magalhães —
Telmo Correia — Cecília Meireles — Álvaro Castello-Branco — Ana Rita Bessa — António Carlos Monteiro —
Assunção Cristas — Filipe Anacoreta Correia — Isabel Galriça Neto — João Gonçalves Pereira — João Pinho
de Almeida — João Rebelo — Pedro Mota Soares — Teresa Caeiro — Vânia Dias da Silva.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 115 48

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2216/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO A ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO DE
ESPÉCIES E HABITATS NO PARQUE NATURAL DA RIA FORMOSA

Num impulso pioneiro na política de conservação da natureza no nosso País, o sistema lagunar da Ria
Formosa foi classificado como reserva natural em 1978, visando, face à elevada pressão urbanística e turística
que então se sentia, a prossecução de uma política que defendesse os solos de utilizações que se afastassem
da sua vocação agrícola.
Cedo se confirmaria, no entanto, a necessidade de um estatuto mais adequado à realidade do território,
caracterizada por uma intensa utilização humana. Assim, quase uma década depois, nos termos do Decreto-Lei
n.º 373/87, de 9 de dezembro, a reserva natural passaria a parque natural, visando a compatibilização do
desenvolvimento de atividades económicas com os objetivos, que continuavam a ser prioritários, de proteção e
conservação dos recursos e valores naturais em presença.
Em 1991 seria aprovado o Plano de Ordenamento da área protegida, com os anos seguintes a
caracterizarem-se por uma significativa evolução em matéria de defesa do ambiente e da conservação da
natureza, evidenciando a necessidade de proceder à sua revisão, tendo em atenção, desde logo, o conjunto
alargado de novas orientações e obrigações neste domínio que decorriam da abundante legislação comunitária
que ia sendo promulgada.
Esta revisão seria aprovada em 2009, 18 anos decorridos desde a publicação do Plano de Ordenamento de
1991.
Tendo sempre presente os objetivos que levaram à criação do parque natural, com esta revisão do Plano de
Ordenamento continuavam a prosseguir-se princípios, devidamente expressos no regime de gestão proposto,
que assegurassem a compatibilização do desenvolvimento das atividades humanas com o imperativo de
conservação dos habitats naturais, da fauna e da flora.
E isso, na perspetiva legal e regulamentar, foi conseguido satisfatoriamente.
De resto, e além do Plano de Ordenamento, o Parque Natural da Ria Formosa dispõe de um conjunto
alargado de mecanismos e instrumentos que asseguram estes objetivos prioritários de proteção e conservação
dos seus recursos e valores naturais, de que são exemplos a Zona Especial de Proteção para Aves Selvagens
e o Sítio de Importância Comunitária, ambos classificados no âmbito da Rede Natura 2000, ou a sua inclusão
na Lista de Sítios da Convenção de Ramsar – zonas húmidas de importância internacional.
Não obstante tudo isto, as espécies, os habitats, o património geológico e a Paisagem do Parque Natural da
Ria Formosa continuam a sofrer ameaças, com realce para as causas de origem antrópica.
O caso do acentuado decréscimo das populações de cavalo-marinho (Hippocampus guttulatus e
Hippocampus hippocampus), que recentemente tem sido notícia e preocupação, é apenas um exemplo – ainda
que grave e paradigmático – destas ameaças.
De facto, a pesca ilegal – e nomeadamente a pesca lúdica –, a circulação e fundeamento ilegal de
embarcações de recreio, a perturbação, fragmentação ou destruição de habitats, a descarga de águas residuais
sem tratamento (que continua a verificar-se) ou a recolha ou apanha de espécies protegidas da flora e da fauna,
são, entre outros, exemplos de ações ou atividades que têm posto em causa os imperativos de preservação e
conservação do sistema lagunar que a lei consagra.
Por outro lado, há um conjunto de causas de ordem natural (a par da ação antrópica) que contribuem para
este agravamento das condições ambientais ou de funcionamento do ecossistema, como sejam os galgamentos
oceânicos ou o assoreamento de barras ou canais, com efeitos negativos sobre os cordões dunares e as taxas
de renovação de água ou de circulação hídrica na laguna.
A mitigação ou resolução destes problemas não depende – ao contrário do que é frequente ver-se
recomendar – da adoção de novas medidas legislativas e ou regulamentares mais restritivas ou proibitivas. Com
efeito, o cumprimento dos instrumentos de ordenamento e da legislação em vigor asseguram as condições para
esse desejável e imprescindível equilíbrio entre conservação de recursos e valores naturais e desenvolvimento
de atividades económicas na Ria Formosa.
É neste enquadramento que devem ser ponderadas as ações que assegurem o imperativo de conservação
de espécies e habitats, nomeadamente das populações de cavalo-marinho, as quais têm vindo a registar um
21 DE JUNHO DE 2019 49

dramático decréscimo, não obstante a sua apanha e comercialização serem proibidas nos termos da legislação
em vigor.
Mais: as normas legais aplicáveis proíbem, acrescidamente, a destruição (e a própria perturbação) dos seus
habitats.
Não se trata, portanto, de um problema de legislação, mas de uma incapacidade do Estado em assegurar,
como lhe compete, os imperativos de conservação determinados por lei.
O que se exige, pois, é assegurar as condições de fiscalização que não têm existido, executar um plano de
gestão de espécies e habitats (obrigatoriedade da Rede Natura que continua por cumprir) e resolver os
problemas associados aos focos de poluição ainda existentes, com realce para a descarga no meio de águas
residuais não tratadas.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido
Social Democrata propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo:
1 – Que proceda à elaboração e execução de um plano de gestão de espécies e habitats no Parque Natural
da Ria Formosa, dotando os serviços do ICNF dos meios financeiros, técnicos e humanos indispensáveis a esse
processo de estudo, monitorização, fiscalização e desenvolvimento de ações ativas de proteção e conservação
de espécies e habitats.
2 – Que, no âmbito desse plano de gestão, sejam desenvolvidas medidas prioritárias de proteção para
espécies em risco, incluindo as populações das espécies de Hippocampus guttulatus e Hippocampus
hippocampus e respetivos habitats.
3 – Que, no âmbito deste plano de gestão de espécies e habitats, se incluam as ações necessárias ao
controlo dos focos de poluição do sistema lagunar ainda existentes e um programa plurianual de gestão
sedimentar, com desassoreamento de barras e canais, transposição de sedimentos, enchimento artificial de
praias e reforço de cordões dunares.

Assembleia da República, 21 de junho de 2019.


Os Deputados do PSD: José Carlos Barros — Cristóvão Norte — Rubina Berardo — António Lima Costa —
António Ventura — Ulisses Pereira — Álvaro Batista — Luís Pedro Pimentel — Maurício Marques — Nuno Serra
— Pedro do Ó Ramos — Bruno Vitorino — Carla Barros — Cristóvão Crespo — Emília Cerqueira — Joel Sá —
Jorge Paulo Oliveira — Maria Manuela Tender.

————

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2217/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO QUE DE FORMA CÉLERE PROCEDA À DECISÃO DE CLASSIFICAÇÃO
DO EDIFÍCIO DA ANTIGA FÁBRICA DE SABOARIA E PERFUMARIA CONFIANÇA

O edifício da fábrica Confiança, desenhado pelo arquiteto José da Costa Vilaça, é hoje considerado o último
edifício existente na cidade de Braga com características representativas da arquitetura industrial dos finais do
século XIX e XX.
Inaugurada em 1921, a fábrica de saboaria e perfumaria confiança, instalada na rua Nova de Santa Cruz,
transportou nos seus produtos e marcas promocionais o nome da cidade de Braga, tornando-se marca identitária
da comunidade, da sua história industrial e dos seus trabalhadores.
Hoje, o edifício, que se encontra devoluto desde 2002, continua a impor-se como espaço patrimonial material
e imaterial, que faz sentido salvaguardar na esfera pública, como local de encontro entre o passado e o futuro
da cidade.
Foi essa base alargada de consenso, alcançada entre as diversas forças políticas no município de Braga e
a sociedade civil, que levou a que, em 2011/2012, a fábrica Confiança fosse adquirida pelo município por
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 50

processo de expropriação por utilidade pública, com o propósito expresso de ser reabilitada para instalação de
valências culturais e museológicas, projetos de empreendedorismo e polo de indústrias criativas.
Alienando o acordo obtido, em setembro de 2017, um novo executivo camarário propõe vender o edifício,
sem que sejam conhecidas razões de fundo para esta mudança substancial de atitude, uma vez que o edifício
industrial se encontra integralmente pago, não constituindo qualquer encargo para o Município bracarense.
Num ato de grande mobilização da sociedade civil, várias instituições culturais da cidade organizaram-se e
promoveram petições em defesa do edifício na esfera pública, apresentando propostas em defesa da sua
recuperação e reconversão para fins culturais e sociais que sirvam a comunidade, sabendo que a sua alienação
a privados constitui uma perda irreversível para a comunidade.
Nos últimos três anos, a fábrica Confiança foi já alvo de duas propostas de venda em hasta pública que foram
sucessivamente impugnadas por providências cautelares interpostas por movimentos da sociedade civil. Em
dezembro de 2018, o ministério da Cultura assume a abertura do procedimento de classificação patrimonial do
edifício.
É difícil encontrar em sociedades tão atomizadas, um consenso tão alargado como o que foi alcançado em
Braga aquando da compra da fábrica Confiança pelo município.
Cidadãos, associações civis, partidos políticos, todos encontraram razões suficientes para perceber que a
reabilitação e preservação daquele património industrial na esfera pública era fundamental para contar de forma
distinta, uma parcela importante da história de todos, garantindo-se a salvaguarda do espírito do lugar e ao
mesmo tempo possibilitando a criação de novas narrativas urbanas, reforçando a sustentabilidade futura da
freguesia e da cidade em que se encontra.
Assim, a Assembleia da República resolve, nos termos da alínea b) do artigo 156.º e do n.º 5 do artigo 166.º
da Constituição da República Portuguesa, recomendar ao Governo:
1. Que sejam desencadeadas negociações com a Câmara Municipal de Braga, para que se analise a
possibilidade de obtenção de fundos europeus para a reabilitação do edifício da fábrica Confiança e a instalação
de projetos culturais, museológicos e de indústrias criativas que sustentem e garantam a sua preservação na
esfera pública.
2. Que a Direção-Geral do Património Cultural realize as diligências necessárias para que seja garantida
uma eficaz e célere decisão de classificação patrimonial do edifício da antiga Fábrica de Saboaria e Perfumaria
Confiança.

Palácio de São Bento, 21 de junho de 2019.


As Deputadas e os Deputados do PS: Carla Sousa — Edite Estrela — Joaquim Barreto — Hugo Pires —
José Magalhães — Palmira Maciel — Maria Augusta Santos — António Cardoso — Maria Conceição Loureiro
— Cristina Jesus — Luís Soares — Nuno Sá — Pedro Delgado Alves — Francisco Rocha — Odete João —
Ivan Gonçalves.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2218/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO A MELHORIA DAS LIGAÇÕES RODOVIÁRIAS AO ECO PARQUE DO
RELVÃO

Ao longo das últimas décadas, após um período em que no nosso País se tratava os lixos com alguma
leviandade, iniciou-se um processo de transformação da consciência pública, também ao nível da gestão pública
regional, que permitiu que se desenvolvessem uma série de centros de tratamento de resíduos, colocando-se
assim fim às lixeiras a céu aberto.
Os investimentos foram grandes, mudando a consciência ambiental dos portugueses de forma a que se
sintam motivados para a reciclagem e para a preservação da qualidade de vida no nosso território.
21 DE JUNHO DE 2019 51

A estratégia construída em torno do ambiente e desta nova consciência, levou a que fosse necessário edificar
uma série de infraestruturas que dessem forma ao modelo de tratamento dos lixos em Portugal.
Integrado neste plano estratégico, foi criado o Eco Parque do Relvão (EPR) localizado na Carregueira,
Chamusca – zona industrial com 250 hectares, a cerca de 100 km de Lisboa –, que acolhe mais de uma dezena
de empresas instaladas que recebem material de todo o País, e Europa, com destaque para as específicas e
únicas no setor dos resíduos.
Trata-se de um cluster nacional para o ambiente (resíduos) e energia, com dois CIRVER (Centro Integrado
de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos), três Centros Integrados de Tratamento e
Valorização de Resíduos Hospitalares e Industriais (CIVTRHI), um Centro de Gestão e Tratamento dos
Resíduos Urbanos e um Aterro de Resíduos Industriais Não Perigosos.
Falamos assim de um cluster ambiental estratégico para o País, reunindo um conjunto de empresas de
tratamento de resíduos, de diferentes naturezas, e de um projeto de sucesso que permite desenvolver uma zona
do interior, oferecendo oportunidades de emprego e apostando na inovação por intermédio de cooperação
institucional, nomeadamente entre os associados e empresas do EPR e várias instituições de Ensino Superior.
Todavia, e não obstante o crescimento significativo deste parque industrial, o maior constrangimento ao seu
desenvolvimento são as reduzidas acessibilidades rodoviárias, cuja resolução está planeada desde a primeira
hora.
Com efeito, o fecho do IC3, ligando a A23 à A13, entre Vila Nova da Barquinha e Almeirim, com uma nova
travessia do rio Tejo, tem sido identificado em vários documentos como uma prioridade ao nível dos
investimentos infraestruturais a realizar no País (desde o RN2020 ao PETI3 e ao PROTOVT).
A construção deste troço permitiria retirar o tráfego de muitos camiões pesados sobre vias nacionais e
caminhos municipais que atravessam localidades e não estão preparados para o peso e dimensão destas
viaturas, nem tão pouco para acidentes com cargas de matérias perigosas.
Há desta forma óbvios danos para a qualidade de vida das populações, em particular as que são
atravessadas pela EN118, bem como um claro prejuízo para a competitividade das empresas da região.
O «Estudo de Tráfego – Chamusca e acessibilidades ao Eco Parque do Relvão», apresentado em maio de
2018, permite concluir, entre outros, os elevados volumes de tráfego na EN118 que atravessa as localidades da
Chamusca, Almeirim e Alpiarça, e os elevados volumes de tráfego na Ponte da Chamusca que é diariamente
atravessada por 7.300 viaturas (entre as quais 1.000 pesados de mercadorias).
Identificaram-se como zonas de conflito confirmadas a Ponte da Chamusca, a EN118 (43 km entre nó da
A13 e o acesso norte do EPR, via partilhada com viaturas motorizadas e agrícolas de marcha lenta entre outras
limitações) e a EM1375.
O Estudo propõe, assim:

– O reforço e abertura da Ponte de Constância ao tráfego de pesados, definida como uma das prioridades
estratégicas no âmbito do PETI3+, e que desbloquearia o tráfego proveniente de fora da região, via A23 –
Constância;
– A conclusão do IC3 (troço Vila Nova da Barquinha – Almeirim), que permitiria o acesso direto às sedes de
concelho da Chamusca, Alpiarça, Almeirim e Golegã a partir de vários eixos fundamentais, como IP6/A23,
IP7/A6 e IP1/A1, e criaria uma variante à atual EN118 que atravessa centros urbanos;
– Um projeto de ligação do Eco Parque do Relvão ao IC3.

A concretização destas propostas teria vantagens a vários níveis, nomeadamente: 1) ambientais, com a
mitigação de riscos associados à circulação de mercadorias perigosas junto das comunidades, a minimização
da poluição sonora e atmosférica e a redução de sinistralidade nas vias municipais, com influência na saúde
pública; 2) económicas, com o desbloqueio de constrangimentos com escoamento de produtos e matérias-
primas de indústrias, captação de investimento com aumento da atratividade e redução da necessidade de
manutenção de infraestruturas já sobrecarregadas ou obsoletas; e 3) sociais, com o eventual reforço na criação
de emprego e uma maior aproximação dos habitantes a serviços sociais.
A par disto, o Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo, da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, enumera vários benefícios sobre a
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 52

importância da construção do IC3, salientando, entre outros, que aliviará a EN118 atualmente estrangulada por
excesso de tráfego.
E também a primeira recomendação do Observatório Nacional dos CIRVER incide sobre a «Rede de
Acessibilidades ao Eco Parque do Relvão», solicitando a conclusão do troço do IC3.
Apesar de todas estas evidências, o Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030) não tem qualquer
referência a um investimento inclusivo ou sequer convergente à problemática das acessibilidades ao EPR.
Nestes termos, o Grupo Parlamentar do CDS-PP, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais
aplicáveis, propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que face à importância do Eco
Parque do Relvão enquanto cluster ambiental estratégico para o país, promova o fecho do IC3, ligando a A23 à
A13, acabando também, deste modo, com os constrangimentos a que diariamente estão expostas as
populações de Chamusca, Almeirim e Alpiarça.

Palácio de S. Bento, 21 de junho de 2019.

Os Deputados do CDS-PP: Patrícia Fonseca — Hélder Amaral.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2219/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO A ADOÇÃO DE MEDIDAS PARA DEFENDER E PROMOVER O
MONTADO COMO SISTEMA DE GRANDE VALOR ECOLÓGICO E ECONÓMICO

O montado, floresta do sul do País com azinheiras e sobreiros ou só uma dessas espécies, é um sistema
agrossilvo pastoril único e multifuncional, um sistema de Elevado Valor Natural (EVN).
A agricultura de EVN existe em áreas onde a atividade agrícola está associada a elevados níveis de
biodiversidade e são cultural e economicamente importantes para os territórios em que se inserem. São um
componente importante da agricultura europeia e são reconhecidas pelo seu património cultural e ambiental,
pelos seus produtos de qualidade e pelo seu contributo para a sustentabilidade social da agricultura e para o
desenvolvimento rural.
No entanto, entre 1990 e 2006 perderam-se, no território nacional, cerca de 90 000 hectares de montado, o
que corresponde a uma impressionante redução média de 5625 hectares de montado por ano.
Na origem da perda deste valioso património estão diversos fatores.
Em primeiro lugar, a partir da década de 1960, as lavouras passaram a ser feitas com tratores a que são
atreladas as máquinas de lavoura ou gradagem. Em consequência disso, passou a rarear o renovo do montado.
Por outro lado, o pastoreio no sob coberto do montado tem passado a ser feito, na maior parte da área de
montado, por bovinos que tendem a destruir as árvores jovens que escapam às lavouras mecanizadas. Dessa
forma, os montados estão a envelhecer, sem que surja arvoredo jovem (chaparros) para substituir o que vai
morrendo.
Mais recentemente, à falta de renovo acresce a destruição de árvores de sobreiro e azinheira para plantação
de culturas intensivas, nomeadamente de olival.
As notícias sobre prospeção mineira em áreas de montado, como é o caso mais recente do pedido de
licenciamento para um quadrilátero com 364 km2 que abrange os municípios de Évora, Montemor-o-Novo e
Vendas Novas, agravam estas preocupações.
Finalmente, as sensíveis alterações climáticas e a seca recorrente estão a provocar a morte de muitas
árvores.
21 DE JUNHO DE 2019 53

Cortiça, uma riqueza

No entanto, subsistem fortes razões ambientais, paisagísticas, sociais e culturais para que se procure travar
a enorme redução das áreas de montado bem como da sua densidade.
Em termos económicos, pela produção de cortiça, um mercado muito antigo que teve início nas boias para
as redes de pesca. Como a generalidade dos países não tem clima favorável à produção de cortiça, era
exportada do espaço geográfico correspondente ao de Portugal, sobretudo para os países do centro e norte da
Europa já, certamente, desde tempos anteriores aos da independência de Portugal.
Com o desenvolvimento das transações comerciais na Europa, alargou-se muito o comércio de vinho de
qualidade em garrafas de vidro vedadas com rolhas de cortiça. Nasceu então um novo mercado, a acrescer à
ancestral utilização da cortiça em boias.
Pelos fins do século 19, a cortiça começou a ser usada no isolamento térmico de instalações frigoríficas para
armazenamento e transporte de mercadorias perecíveis.
Assim, a procura de cortiça foi crescendo, com benefício para a economia do montado e do país.
Todavia, com o desenvolvimento da química, a cortiça passou a ser substituída progressivamente por
plásticos. No caso das rolhas, o plástico veio resolver o velho problema do TCA no vinho (sabor a rolha).
No entanto, a investigação aplicada, ao eliminar o TCA no vinho com rolhas de cortiça, a par da crescente
revalorização do uso de produtos naturais, permitiu reganhar e alargar mercados, recuperando a economia do
setor. Atualmente a cortiça de qualidade média tem sido vendida a cerca de 25 € por arroba (15 kg) e a de
melhor qualidade (a dos vales do Tejo e do Sado) a cerca de 40 € por arroba.

Montado, um sistema ecológico multifuncional

As azinheiras e os sobreiros produzem bolota utilizada no pastoreio da produção suinícola extensiva.


O rendimento gerado pela criação de ruminantes em pastoreio no sob coberto do arvoredo compensa as
despesas com a eliminação dos matos.
Porém, como o gado ruminante e as lavouras do solo do montado tendem a impedir o normal renovo do
arvoredo, há que tomar medidas para assegurar a existência permanente de árvores jovens no montado, para
assegurar a reposição suficiente das que morrem por envelhecimento ou doença.
De facto, o montado proporciona um ambiente favorável à biodiversidade, ao desenvolvimento de diversas
espécies de cogumelos e de plantas aromáticas e medicinais que constituem também uma enorme riqueza,
para além de favorecer a infiltração das águas pluviais e a preservação dos solos contra a erosão.
Impõe-se, por fim, assinalar a valia do montado como singular paisagem natural a atrair cada vez mais
atividades, nomeadamente turísticas, associadas ao ambiente, às vivências tradicionais e genuínas, bem como
a uma gastronomia de forte identidade.

Recuperar o montado

O empenhamento político na florestação do País vem desde o século 19, com fundamento na necessidade
de fixação das dunas de origem marinha, para prevenir a erosão dos solos de montanha e desenvolver a
produção de madeira para construção. Na segunda metade do século 19, com a construção da rede de
caminhos-de-ferro, a madeira teve maior procura para as travessas (sulipas) de fixação dos carris. Aumentou
também a procura de rolaria para exportação com destino à entivação das minas (armação para segurança),
sobretudo minas de carvão, então a maior fonte de energia industrial.
Porque o pinheiro-bravo é espécie de crescimento bastante mais rápido que as espécies folhosas
endógenas, o poder público promoveu a florestação com essa espécie, o que foi intensificado com a entrega da
posse e administração aos Serviços Florestais da maior parte dos baldios do País entre as décadas de 1940 e
1960.
Posteriormente, com o fim generalizado da pequena agricultura de subsistência no centro e norte do País
decorrente sobretudo da emigração para os centros urbanos, incluindo de outros países, para o que contribuiu
a entrega dos baldios aos Serviços Florestais, os fogos queimaram extensas zonas de floresta de pinheiro-bravo
e de eucalipto. Há poucas dezenas de anos, chegou o nemátodo do pinheiro, que os começou a matar.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 54

Não há razões para insistir na reflorestação de vastas áreas ardidas, com eucalipto ou pinheiro-bravo. Estas
espécies devem ser substituídas principalmente por folhosas, com destaque para os sobreiros nas regiões onde
se desenvolvam bem. Se essa reflorestação permitir pastoreio no sob coberto, dela pode resultar melhor
produtividade do que a obtida com eucaliptos, com grande vantagem para a floresta, para o ambiente e para o
desenvolvimento da biodiversidade.
Como é sabido, o rendimento das culturas florestais é obtido em prazos em geral largos. Porque os donos
dos terrenos a destinar a floresta preferem obter rendimentos em prazos curtos, tem sido privilegiada a
florestação e reflorestação com eucaliptos para pasta de papel, que podem ser cortados em prazos de cerca de
10 anos, com consequências negativas conhecidas para a biodiversidade e para a resiliência da floresta aos
incêndios rurais.
Mas a primeira cortiça só pode ser tirada ao fim de 30 a 35 anos de vida da árvore. Nalgumas circunstâncias,
esse prazo poderá ser encurtado em 5 a 10 anos.
Depois da plantação ou da sementeira de sobreiros para montado o solo não pode ser pastoreado para não
prejudicar o desenvolvimento das plantas jovens: Mas o mato que se desenvolve entre elas tem que ser
eliminado periodicamente para que se não corra risco de incêndio que venha a destruir ou prejudicar a plantação.
Assim a plantação de montado de sobro tem o custo da plantação e das podas de formação até cerca de 30
a 35 anos. Esses custos são elevados e durante esse tempo não há possibilidade de se obter rendimento
compensador.
Daí justificar-se a atribuição de apoios específicos e suficientes à plantação de montados de sobro. Não
apenas no Alentejo e Ribatejo, mas também nas áreas a floresta ou mato na serra do Algarve e no centro e
norte do País onde prevalece o minifúndio, onde as condições de clima e solo forem adequadas.
Dado o interesse ambiental e económico no alargamento da área de montado de sobro, admite-se que, após
o montado entrar em produção, o valor da produção de cortiça em cada ano deduzido do custo da extração
determinado em base objetiva, possa vir a ser tributado para integrar fundo de financiamento de ações de
instalação de montado de sobro e de investigação da cultura do montado de sobro.
Se se apoiar a florestação com sobreiros nas regiões e nos territórios com condições para que se
desenvolvam bem, contribuir-se-á significativamente para a fixação da população rural pelo aumento da
sustentabilidade desses territórios e dos rendimentos gerados.
Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que:

1 – Na transposição da PAC pós 2020 para o nosso país, sejam desenhadas medidas que promovam o
montado, a sua multifuncionalidade e a sua gestão, com base na preservação do ambiente e da biodiversidade.
2 – Aumente o controlo sobre o abate de árvores, nomeadamente dos sobreiros.
3 – Crie um sistema de apoio técnico aos produtores.
4 – Incentive a florestação com sobreiros no centro e norte do país, nomeadamente nas áreas que arderam
nos anos anteriores.
5 – Promova o uso na cortiça, nomeadamente na substituição do plástico nos artefactos utilizados na pesca.

Assembleia da República, 21 de junho de 2019.

As Deputadas e os Deputados do BE: Carlos Matias — Pedro Soares — Pedro Filipe Soares — Jorge Costa
— Mariana Mortágua — Isabel Pires — José Moura Soeiro — Heitor de Sousa — Sandra Cunha — João
Vasconcelos — Maria Manuel Rola — Fernando Manuel Barbosa — Jorge Falcato Simões — Joana Mortágua
— José Manuel Pureza — Luís Monteiro — Moisés Ferreira — Ernesto Ferraz — Catarina Martins.

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21 DE JUNHO DE 2019 55

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2220/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO QUE INDEMNIZE A FAMÍLIA DE AVELINO MATEUS FERREIRA, NOS
MESMOS TERMOS QUE AS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS DOS DIAS 15 E 16 DE OUTUBRO DE 2017

Avelino Mateus Ferreira morreu no dia 7 de outubro de 2017, quando, a pedido dos serviços de proteção
civil, abria um aceiro com uma máquina de rasto, com vista à contenção da progressão das chamas de um
grande incêndio florestal que deflagrou naquele dia no concelho de Oleiros, distrito de Castelo Branco, com o
risco eminente de atingir várias aldeias, consumido vários hectares de floresta e envolveu um conjunto
significativo de meios de combate.
O falecido era trabalhador da Câmara Municipal de Oleiros e o único sustento da família, composta pela
mulher e dois filhos menores, que passaram a auferir uma parca pensão de sobrevivência no valor mensal global
de € 305,35.
Esta morte ocorreu oito dias antes do período temporal previsto na Resolução do Conselho de Ministros n.°
157-C/2017, de 27 de outubro, no contexto de um incêndio florestal de relevante dimensão.
Acresce referir que a Autoridade para as Condições do Trabalho, no inquérito que conduziu com o objetivo
de apurar as causas da morte de Avelino Mateus Ferreira, concluiu no sentido da comprovação da estreita
conexão da morte com:

1) A aproximarão do incêndio florestal que lavrava nas imediações.


2) A necessária e rápida intervenção para limpeza do terreno evitando a maior propagação do incêndio, o
que levou o trabalhador sinistrado a fazer uma manobra de marcha atrás, tendo o equipamento subido urna
rocha que estaria coberta por resíduos florestais, originando o desequilíbrio da máquina com o consequente
capotamento e encarceramento da vítima.

Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-C/2017, de 27 de outubro, foi assumida pelo atual
governo, com caráter prioritário, a responsabilidade pelo pagamento das indemnizações decorrentes das mortes
das vítimas dos incêndios florestais ocorridos em Portugal naquele ano, mas só os dos dias 17 a 24 de junho,
15 e 16 de outubro.
Precisamente devido à circunstância desta medida ter um objeto temporal muito limitado, a situação exposta
não foi enquadrada pelo governo no seu âmbito, o que os deputados do PSD subscritores consideram tratar-se
de uma flagrante injustiça, pois esta é a única situação conhecida de uma vítima dos fogos florestais de 2017, a
não ter sido indemnizada em termos similares aos dos restantes.
Tendo a morte de Avelino Mateus Ferreira ocorrido na sequência da colaboração abnegada da vítima em
missão pública de combate a um incêndio florestal de grande dimensão no mês de outubro de 2017, é da mais
elementar justiça que a vítima e a sua família sejam indemnizados em termos iguais aos de todas as restantes
situações previstas na Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-C/2017, de 27 de outubro.
Nestes termos a Assembleia da República resolve, nos termos do disposto do n.º 5 do artigo 166.º da
Constituição da República Portuguesa, recomendar ao governo que indemnize a morte de Avelino Mateus
Ferreira nos exatos termos previstos na Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-C/2017, de 27 de outubro.

Assembleia da República, 21 de junho de 2019.

Os Deputados do PSD: Fernando Negrão — Manuel Frexes — Álvaro Batista — Carlos Peixoto.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 115 56

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2221/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO A ADOÇÃO DE MEDIDAS LEGISLATIVAS E REGULAMENTARES
DESTINADAS AOS IDOSOS PORTUGUESES RESIDENTES NO ESTRANGEIRO E AOS EMIGRANTES
QUE SE ENCONTREM EM SITUAÇÃO DE ABSOLUTA CARÊNCIA DE MEIOS DE SUBSISTÊNCIA OU
QUE EVIDENCIAM ENORME FRAGILIDADE

A Venezuela atravessa uma crise política, social e económica sem precedentes na sua história recente. É,
pois, uma questão que, para além de refletir novas necessidades humanitárias, se reveste de uma importância
política de primeira ordem para o Estado português, dado que residem naquele País mais de 300 mil
portugueses e lusodescendentes.
O CDS-PP tem procurado dar voz, quer na Assembleia da República quer na Assembleia Regional da Região
Autónoma da Madeira, a muitos dos portugueses e lusodescendentes que vivem situações dramáticas e de
enorme vulnerabilidade, do ponto de vista humanitário, designadamente os mais carenciados, que procuram a
proteção e as condições de vida mais elementares e que não as conseguem ter hoje na Venezuela.
Perante este quadro, o papel do Estado português no apoio a estes cidadãos nacionais e lusodescendentes
é insubstituível, cabendo-lhe o dever de intervir, diretamente, em domínios tão relevantes como a sua garantia
de acesso à saúde. Trata-se de uma responsabilidade que se traduz na adaptação de medidas, tendo por base
os instrumentos já existentes, nomeadamente o ASIC-CP e o ASEC-CP – aos novos desafios que se colocam.
Para que tal aconteça, é urgente que o Governo flexibilize o quadro-regulamentar de apoio social do Estado
português vigente, destinada aos idosos portugueses e emigrantes residentes no estrangeiro, que se encontram
em situação de absoluta carência de meios de subsistência (não superável pelos mecanismos existentes nos
países de acolhimento), permitindo que a candidatura a estes apoios possa ser apresentada por familiar ou
instituição de solidariedade social que acompanhe o emigrante ou idoso carenciado, no âmbito do ASEC-CP e
ASIC-CP, e definindo um prazo perentório de 60 dias para resposta da Comissão de Análise, Avaliação e
Acompanhamento.
Assim, em conformidade com os princípios elencados e ao abrigo das disposições legais e regimentais
aplicáveis, a Assembleia da República resolve recomendar ao Governo:

A adoção das medidas legislativas e regulamentares de apoio social necessárias para assegurar, no âmbito
do ASEC-CP e do ASIC-CP, que a candidatura a estes apoios possa ser apresentada por familiar ou instituição
de solidariedade social que acompanhe o emigrante ou idoso carenciado respetivamente, e estabelecer um
prazo perentório de 60 dias para resposta da Comissão de Análise, Avaliação e Acompanhamento.

Palácio de S. Bento, 18 de junho de 2019.

Os Deputados do CDS-PP: Nuno Magalhães — Telmo Correia — Cecília Meireles — Hélder Amaral — João
Pinho de Almeida — Assunção Cristas — Álvaro Castello-Branco — Ana Rita Bessa — António Carlos Monteiro
— Filipe Anacoreta Correia — Ilda Araújo Novo — Isabel Galriça Neto — João Gonçalves Pereira — João Rebelo
— Patrícia Fonseca — Pedro Mota Soares — Teresa Caeiro — Vânia Dias da Silva.

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21 DE JUNHO DE 2019 57

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2222/XIII/4.ª


RECOMENDA AO GOVERNO QUE PROCEDA À REINTEGRAÇÃO DOS OFICIAIS DAS
ESPECIALIDADES DE PILOTOS AVIADORES E PILOTOS QUE, NO PERÍODO DE 1988 A 1992, FORAM
ABATIDOS AO QUADRO PERMANENTE DA FORÇA AÉREA, A SEU PEDIDO, POR NÃO LHES TER SIDO
CONCEDIDA PASSAGEM À SITUAÇÃO DE RESERVA OU LICENÇA ILIMITADA

No período de 1988 a 1992, um conjunto de oficiais pilotos da Força Aérea Portuguesa (FAP), pertencentes
aos quadros permanentes, foi abatido a estes quadros, a seu pedido, por efeito de lhes ter sido recusada licença
ilimitada ou passagem à reserva, a que legalmente teriam direito, nomeadamente para efeitos de candidatura a
eleições para órgãos de autarquias locais.
Em 1988 e 1989, estes pilotos que pertenciam aos quadros permanentes da FAP, decidiram abandonar a
efetividade de serviço, solicitando para isso, de acordo com o Estatuto dos Oficiais das Forças Armadas, a
passagem à situação de reserva, ou licença ilimitada (que lhes permitiria manter o vínculo à FAP sem, no
entanto, receberem qualquer vencimento) sendo-lhes negadas ambas as situações.
O argumento utilizado para negar a passagem à reserva, foi respetivamente «a falta de verbas para pagar
vencimentos de reserva» e «fazerem falta ao serviço».
Contudo, na mesma altura, outros militares nas mesmas ou em piores situações estatutárias viram as suas
pretensões satisfeitas pelo Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), com passagem à reserva, numa
manifesta injustiça e deturpação da aplicação do poder discricionário, como mais tarde se veio a provar.
Convictos de que as mesmas regras criadas por despacho do CEMFA (n.º 57/88) se manteriam para o futuro,
solicitaram a saída para o quadro de Complemento e o consequente abate aos quadros.
Todavia, no ano de 1990, o mesmo CEMFA passa à reserva dois Oficiais do quadro permanente que tinham
sido autorizados a passar à Licença Ilimitada em 1989, ao abrigo do mesmo despacho, acima referido. Esta
decisão baseou-se no pressuposto de que os pilotos na situação de Licença Ilimitada, manteriam a contagem
de tempo de serviço e assim mais cedo ou mais tarde atingiriam os 36 anos de serviço.
Decidiu assim o CEMFA passar os referidos dois pilotos à reserva, numa clara violação da lei e colocando
todos os outros numa evidente situação de injustiça. Ora o CEMFA não atentou de que na licença ilimitada não
há contagem de tempo e assim os militares em causa manteriam os 30 anos de serviço para sempre não
podendo assim passar à reserva.
Na mesma altura, alguns pilotos resolveram solicitar a passagem à reserva de acordo com a Lei de Defesa
Nacional (então em vigor), a fim de concorrerem a cargos políticos. O CEMFA não deu despacho em tempo útil
e os referidos oficiais, de acordo com a mesma lei, retiram as candidaturas e solicitam a passagem ao quadro
Complemento ficando assim na mesma situação dos demais.
Durante estes anos estes pilotos da FAP têm feito tudo para sensibilizar os Órgãos Legislativos,
nomeadamente Ministro da Defesa e Assembleia da República para a resolução da sua situação, contudo, até
ao momento, nada foi feito para, efetivamente e na prática, dirimir este problema, sendo praticamente unânime
o entendimento de que tais pilotos devem ser reintegrados.
Pelo exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados do CDS-
PP abaixo assinados apresentam o seguinte projeto de resolução:
Nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento, a
Assembleia da República recomenda ao Governo que:
1. Proceda à reintegração dos oficiais das especialidades de pilotos aviadores e pilotos que, no período de
1988 a 1992, foram abatidos ao quadro permanente da Força Aérea, a seu pedido, por não lhes ter sido
concedida passagem à situação de reserva ou licença ilimitada, desde que à data do abate detivessem, nos
termos da legislação vigente na mesma data, o tempo mínimo de serviço militar exigido para passagem à
situação de reserva.
2. A reintegração referida no número anterior não confira qualquer direito a eventual alteração ou
reconstituição da carreira militar.
II SÉRIE-A — NÚMERO 115 58

3. A presente reintegração não conferira aos oficiais, para qualquer efeito, contagem do tempo de abate ao
quadro permanente da Força Aérea, nem quaisquer remunerações correspondentes àquele mesmo período.

Palácio de São Bento, 20 de junho de 2019.


Os Deputados do CDS-PP: João Rebelo — Nuno Magalhães — Telmo Correia — Cecília Meireles — Hélder
Amaral — António Carlos Monteiro — João Pinho de Almeida — Assunção Cristas — Álvaro Castello-Branco —
Ana Rita Bessa — Filipe Anacoreta Correia — Ilda Araújo Novo — Isabel Galriça Neto — João Gonçalves Pereira
— Patrícia Fonseca — Pedro Mota Soares — Teresa Caeiro — Vânia Dias da Silva.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.

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