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neoliberal.
Autores: Pierre Dardot e Christian Laval
Michelle Maria Costa Machado
O autor trata da tese central de sua obra: “[...] o neoliberalismo, antes de ser uma
ideologia ou uma política econômica, é em primeiro lugar e fundamentalmente uma
racionalidade e, como tal, tende a estruturar e organizar não apenas a ação dos
governantes, mas até a própria conduta dos governados. A racionalidade neoliberal tem
como característica principal a generalização da concorrência como norma de conduta e
da empresa como modelo de subjetivação. O termo racionalidade não é empregado aqui
como um eufemismo que nos permite evitar a palavra „capitalismo‟. O neoliberalismo é
a razão do capitalismo contemporâneo, de um capitalismo desimpedido de suas
referências arcaizantes e plenamente assumido como construção histórica e norma geral
de vida. O neoliberalismo pode ser definido como o conjunto de discursos. Práticas e
dispositivos que determinam um novo modo de governo dos homens segundo o
princípio universal da concorrência.” (p. 17)
O autor argumenta que o neoliberalismo passa por uma crise global, isto é, o seu
modo de governar as sociedades: “A crise mundial é uma crise geral da
„governamentalidade neoliberal‟, isto é de um modo de governo das economiase das
sociedades baseado na generalização do mercado e da concorrência. A crise financeira
está profundamente ligada às medidas que, desde o fim dos anos 1970, introduziram na
esfera das finanças norte-americanas e mundiais novas regras baseada na generalização
da concorrência entre as instituições bancárias e os fundos de investimentos, o que os
levou a aumentar os níveis de risco e espalhá-los pelo resto da economia para embolsar
lucros especulativos colossais.” (p. 27)
Sobre o Estado: “ [...] a crise mostrou também que o Estado, pela defesa
incondicional que fazia do sistema financeiro, era parte interessada nas novas formas de
sujeição do assalariado ao endividamento de massa que caracteriza o funcionamento do
capitalismo contemporâneo. O Estado neoliberal não é, portanto, um „instrumento‟ que
se possa utilizar indiferentemente para finalidades contrárias. Enquanto „Estado
estrategista‟, codecididor dos investimentos e das normas, ele é uma peça da máquina
que se deve combater”. (p. 31)
O autor argumenta que os neoliberais abominam a intervenção do Estado, pois ela
pode destruir a economia de mercado e arruinar a prosperidade: “Os preços orientam
temporalmente os projetos individuais e permitem coordenar suas ações. A manipulação
dos preços ou da moeda pertuba o conhecimento dos desejos dos consumidores e
impede que as empresas deem uma resposta conveniente e a tempo. Esses efeitos
negativos, resultado dos entraves à adaptação, desencadeiam um processo cada vez mais
nefasto. Quanto mais o Estado intervém, mais provoca perturbações e mais intervém
para eliminá-las, e assim sucessivamente até se instaurar um socialismo totalitário. Essa
cadeia de reações é facilitada pela ideologia da democracia ilimitada, baseada no mito
da soberania do povo e da justiça social.” (p. 137)
Por fim o autor conclui: “[...] a principal limitação dessa corrente parece residir
numa fobia do Estado que muito frequentemente a conduz a resumir a atividade de
governar à imposição de uma vontade pela coerção. Essa atitude impede que se
compreenda que o governo do Estado poderia articular-se positivamente com o governo
de si do sujeito individual, em vez de contrariá-lo ou de algum modo criar-lhe
obstáculos.” (p. 155)