Sei sulla pagina 1di 56

GfíjimAc ir^;*

DIREITO
INTERNACIONAL
Mánoel Ilson Cordeiro PÚBUCO
Rocha é doutorando em
Ciências Jurídico-
Políticas pela Faculdade RESUMroO
de Direito da
Urüversidade de Lisboa;
Mestre e graduado em
Direito pela UNESP-
Franca; Professor da
Faculdade de Direito de
Passos/UEMG; Professor
do Curso de Direito da
UNIARA/Araraquara;
Professor do Curso de
Direito da FAFRAM/
Ituverava.
MANOEL ILSON CORDEIRO ROCHA

DIREITO
INTERNACIONAL
PÚBLICO
RESUMIDO

FRANCA-SP
2012
pados Internacionais de Catalogação na Publicação

Rocha, Manoel Ilson Cordeiro


Direito Internacional Público - resumido / Manoel llson
Cordeiro Rocha. - Franca (SP): Ribeirão Gráfica e Editora,
2012.
112 p.

ISBN 978-85-7681-186-2

t." Direito internacional públiccf


CDD 341

© 2012 by MANOEL ILSON CORDEIRO ROCHA


Todos os direitos reservados.

Contatos com o autor,


manocliison@uol.com.br Dedico ao Pedro,

Ribeirão Gráfica e Editora


Rua Eslevam Marcolino, 561 que, mesmo pequeno,
H405-333-Franca-SP jâ ê apaixonado pelas
Pabx (16) 3722-8237 questões do Estado no
rge@fraacanet.com.br
mundo.
/<:a SUMARIO

Apresentação 13
Siglas e abreviações .15

TÍTULO I - FUNDAMENTOS DO DIREITO


INTERNACIONAL PÚBLICO

Capítulo I - Noção de Direito Internacional Público 17

Capítulo II- A jurisdição internacional 19


A Corte Internacional de Justiça 20
O Tribunal Penal Internacional...- - 20
A Corte Permanente de Arbitragem 21
As cortes especializadas 21
As cortes especializadas em direitos humanos 22
As cortes regionais 22

Capítulo ni - O direito diplomático 23


A representação diplomática - -24
A representação consular ..26
O Estado estrangeiro e a jurisdição local 27
A diplomacia na chancelaria brasileira 28

TÍTULO II - AS PESSOAS NA COMUNIDADE INTERNACIONAL

Capítulo IV - A personalidade internacional e a ordem jurídica


internacional 29
Os Estados 29
As organizações internacionais 30
Os indivíduos 31
As pessoas jurídicas privadas 32
Capítulo V-Os Estados 33 Capítulo IX - As fontes de Direito Internacional: tratados
O Estado moderno 33 (à luz do direito brasileiro) 54
Os elementos do Estado 33 Osfatus do tratado no ordenamento 54
O Estado na comunidade internacional 34 O procedimento de aprovação 55
Os Microestados - 34 Os acordos executivos 55
As autonomias políticas 35 Promulgação e publicidade interna no Brasil 56

Capítulo - O reconhecimento de Estados e de governos 36 Capítulo X- As fontes de Direito Internacional: costumes e princípios
A soberania e o reconhecimento de Estados e de governos 36 gerais do direito 57
O reconhecimento de Estados : - 36 Os costumes 57
O reconhecimento de governos 37 Os princípios gerais do direito - 58

Capítulo VII - As organizações internacionais 39


Noção ^ - - - 39 TÍTULO IV - O INDIVÍDUO NA COMUNIDADE
A estrutura das organizações - -.-40 INTERNACIONAL
O funcionamento das organizações - 41
A composição das organizações 42 Capítulo XI - A nacionalidade .59
Exemplos de organizações e organismos - - - 43 Noção .59
O direito à nacionalidade. .60
A aquisição da nacionalidade. .. .60
TÍTULO ni-AS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO A perda da nacionalidade ... .61
A apatridia e a plurinacionalidade .62
Capítulo VIII - As fontes de Direito Internacional: tratados (teoria A nacionalidade de coisas e de pessoas jurídicas .63
geral) 44
. Conceito - 45 Capítulo XII- A nacionalidade segundo o direito brasileiro... .65
Caracterís ticas - 45 Os brasileiros na tos ^ .65
Roteiro de negociação (fase de formatação) - 46 Os brasileiros naturalizados .66
Roteiro de negociação (fase de compromisso) - 48 A perda da nacionalidade .67
Reservas 49 O estatuto da igualdade .67
•Assinatura - 49
Ratificação.- - - 50 Capítulo XIII- O estrangeiro : .69
Depósito 51 Noção .69
Publicidade - 51 O ingresso do estrangeiro em territórios nacionais .70
Formatação do tratado 51 O ingresso do estrangeiro no Brasil .71
Estrutura do tratado 52 A saída forçada do estrangeiro .72
Representação internacional 52 A deportação à luz do direito brasileiro ,72
Denúncia - , 53 A expulsão à luz do direito brasileiro .73
Efeitos sobre terceiros - 53 A extradição à luz do direito brasileiro .'74
Aentrega decriminoso internacional à luz dodireito brasileiro 76
O espaço sideral
O caso Ronald Biggs 93
O espaço virtual da internct 94
Capítulo XIV - Aproteção do estrangeiro perseguido: oasilo 78
Conceito
Características TÍTULO VI - AREGULAÇÃO DA PAZ NA COMUNIDADE
O asilodiplomático INTERNACIONAL
A anistia internacional gQ
Capítulo XVIII - Asolução pacífica de conflitos ihternacióhãis .J. 95
O
( 1 confli
ri 1 to internacional
f ^ T
Capítulo XV - Direitos fundamentais no Direito Internacional 81 Asolução por meio diplomático
- 95
^oçáo A soluçãopor meio político
95
Documentos internacionais g2 Asolução por meio jurídico
97
Efeitos da regulação dos direitos fundamentais no Brasil 82 - 98
Asociedade civil organizada g3
Capítulo XIX - Asolução bélica db conflito internacional^.. -100
A naturezada guerra para o direito
-.100
rÍTULO V- ADEFINIÇÃO DO ESPAÇO NA Os costumes eos tratados intemacionais de regulação da guerra... 101
A neutralidade
COMUNIDADE INTERNACIONAL 103

.apítulo>. I-A delimitação dos espaços nacionais


perante a . imunidade internacional
TÍTULO VH- NOVAS FORMAS JURÍDICAS NA COMUNIDADE
....84
Noção INTERNACIONAL
,...84
As fronteiras dos Estados
As águas externas
...84 Capítulo XX - Odireito comunitário eodireito supranacional"' 104
A plataforma continental
...86 Noção dedireito comunitário - Z _ io4
As embarcações estrangeiras nas águas externas ...87 Asmodalidades de comunidades econômicas „ 104
Os mares interiores
...88 Principais blocos comunitários econômicos _ 107
Os rios internacionais
...89 Direitosupranacional • _;
...89
O espaço aéreo nacional
...90 Bibliografia
Capítulo XVn - O'domínio público internacional/.
...91
As águas internacionais "
...91
As embarcações nas águas internacionais
...91
A pirataria
-91
Os estreitos...
,92
Os canais
.92
A Antártida
-92
O espaço aéreo internacional
.93
APRESENTAÇÃO

Este livro é fruto da experiência no magistérioda disciplina


Direito Internacional Público em cursos de Direito e visa
proporcionar um primeiro contato facilitado com o seu
conteúdo. Tambémé um instrumento para o estudo rápido e de
revisão em preparações para concursos públicos. Não substitui
a leitura das obras completas que se apresentam como cursos
de Direito Internacional Público, pois se trata apenas de um
instrumento didático de apoio secundário.
O livro contempla os principais temas atuais de Direito
Internacional Público além de noções de Direito Comunitário.
Segue as posiçõesdoutrinárias de importantes autores do Direito
Internacional Brasileiro.

13
SIGLAS E ABREVIAÇÕES

BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução eo Desenvolvimento.


CF - Constituição Federal do Brasil.
CIDH - Corte Interamericana de Direitos Humanos.
CIJ - Corte Internacional de Justiça.
CP A - Corte Permanente de Arbitragem.
EC - Emenda constitucional.
EUA - Estados Unidos da América.
FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação.
FMI - Fundo Monetário Internacional.
MERCOSUL - Mercado Comum do Sul.
OACI - Organização da Aviação Civil Internacional.
OCDE -OrganizaçãoparaCooperação eDesenvolvimento Humano.
OEA - Organização dos Estados Americanos.
OIT- Organização Internacional do Trabalho.
OMC-Organização Mundial do Comércio.
OMS - Organização Mundial de Saúde.
ONG - Organização não governamental.
ONU - Organização das Nações Unidas.
OPEP - Organização dos Países Produtores eExportadores dePetróleo.
OTAN - Organização do Tratadodo Atlântico Norte.
PIB - Produto Interno Bruto.
STF- Supremo Tribunal Federal.
TEC - Tarifa externa comum.
TPI - Tribunal Penal Internacional.
.-•s:
UE-União Européia.
UNESCO - Organização das Nações Unidas para aEducação, aCiência
e a Cultura.
UNICEF - Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidaspara
a Infância.

15
TITULO I - FUNDAMENTOS DO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
CAPÍTULO I
NOÇÃO DE DIREITO
INTERNACIONAL PÚBLICO

O DireitoInternacionalPúblico é o ramo do Direitoque trata


das relações entre os Estados na comunidade internacional. Seu
objeto é o Direito que se forma na ordem jurídica intemacional a
partir de tratados, costumes e princípios gerais do Direito. Maisdo
que um ramo do Direito, é um ramo que cuida de toda uma ordem
jurídica, que é a regulação da comunidade intemacional. Esse ramo
estuda comociência o conjunto de direitos que seintegramnuma
ordem e sobre um conjunto específico de pessoas. Esse direito não
se confunde com qualquer relação jurídica que se forma fora das
fronteiras dosEstados, massomentecomaquelasqueenvolvem os
sujeitos de direito nesta comunidade, como entes personalizados
reconhecidos- Porém, seus diversos institutos refletem em interesses
locais dos nacionais e possuem, em determinadas situações,
regulação diversa conforme cada ordem jurídica.
Também é chamado de Direito das gentes ou Direito dos
povos. Tem a sua origem na formação da comunidade
internacional moderna; uma comunidade originariamente entre
Estados que, atualmente, reconhece personalidade também a
determinadas organizações internacionais. Esses Estados se
distinguem pelo status moderno de ente soberano. Essas
organizações são pessoas jurídicas derivadas, criadas por
tratados que as reconhecem como tal.
O fundamento do Direito Internacional Público, que
17
legitima .a sua existência, é causa de grande divergência CAPÍTULO II
doutrinária. Resumidamente, dois grupos de teorias são AJURISDIÇÃO INTERNACIONAL
apontados: as teorias da doutrina voluntarista, em que esse
Direito é fruto da manifestação voluntária das pessoas da
Cl M-aunidade internacional, em especialo Estado - a "vontade"
c n seu elemento básico e de cunho subjetivo; as teorias da Um questionamento primário que o leigocomumente faz
doutrina objetivista, cujo Direito Internacional se funda em ao Direito Internacional é quanto à sua executoriedade. A
princípios que antecedem a manifestação de vontade - prevalência do modo estatal de fazer valer o direito ofusca outras
princípios do Direito Internacional praticadosna comunidade formas de se obter a eficácia jurídica. Isso porque,
e presentes principalmente em costumes. equivocadamente, credita-se à perspectiva de uso da força a
Outro grande debate que envolveo Direito Internacional é última instância para se garantir o direito, o que é reduzido na
quanto àsua relação com o direito intemo/tlá adivisão entre a ordem jurídicainternacional. Ocorre que o grau de civilidade
teoria dualista e a teoria monista. Para os dualistas, a ordem jurídica alcançada na ordem internacional atual proporciona níveis de
externa se distingue da ordem jmídicainterna dos Estados, correm eficácia que não deixam a desejarfrente aos Estados de direito.
paralelas. O direito que se forma em uma ordem depende de Primeiramente, porque é do interesse de um Estado cumprir
introdução voluntária para fazerparte da outra. Pela teoriamonista seus compromissos internacionais para se preservar na ordem
o Direito Internacional forma, com o Direito de cada ordem jurídica como um sujeitofiável. Segundo, porque o conjunto de normas
estatal, um ijnico conjunto normativo, separados apenas por regras e as cortes internacionais estão significativamente desenvolvidos
decompetência^#^ teoria monista sesubdivide emdt:as, omonismo para dar respostas satisfatórias e justificar a ordem internacional.
com preponderância da ordem internacional e o monismo com A jurisdição internacional é definida conforme os
preponderância da ordem nacional e soberana. compromissos tópicos que cada pessoa da comunidade assume
Por fim, a comi,midade internacional se distingue, como na forma de tratados. Assim, as cortes internacionais decidem
ordem jurídica, pela inexistência de uma autoridade coatora considerando.os direitos constituídos após a manifestação de
m-iíssonaformalmente reconhecida e que imponha o direito como vontade das pessoas. A princípio, um Estado não seobriga pelo
última instância de decisão. Há tribunais internacionais, como que não se comprometeu.
a Corte Internacional de Justiça e o Tribimal Penal Internacional, Para o exercício jurisdicional na comunidade, foram
mas não há uma instância com características de poder soberano. constituídas várias cortes a partir de tratados, que também
A eficácia e efetividade das decisões diante de conflitos na ordem definem as suas competências. Os Estados só serão submetidos
internacional ocorrem graças ao amplo conjunto de interesses a alguma dessas cortes se forem signatários de seus tratados
que cada Estado possui na comunidade. O descumprimento de constitutivos ou se consentiram em se submeter a algum
decisões internacionais implica prejuízos maiores a um julgamentotópico. Essas cortes funcionam, na maioria dasvezes,
determinado membro, especialmente a perda de credibilidade com função consultiva e contenciosa.
para a formação de novos compromissos.
19
18
A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA - Sediada em Esse tribunal se distingue dos temporários, pois sua
Haia, é o maisimportante tribunal internacional. Foiconsti tuída competência é subsidiária das jurisdições nacionais. Não
em 1920,irücialn-\ente sobo títulode Corte Permanente de Justiça interfere nosjulgamentos emcada ordem jurídica nacional, salvo
Internacional e depois foi incorporada à ONU^ em 1946, com a se essas ordens não se mostrarem efetivas no julgamento e
atual denominação, tornando-se seu principal órgão judiciário. condenação de criminosos dessa natureza.
Écomposta porquinze juizes dediferentes nacionalidades eleitos Mesmojulgandoindivíduos, esses só serão submetidos ao
pela ASsembleia Geral da ONU, para mandatos de nove anos. tribunal nas seguintes hipóteses: se os Estados de sua
Osjuizes sãoescolhidos conforme a suanotória especialização nacionalidade forem signatários do tratado constitutivo do
em Direito internacional. Tem a competência para apreciar tribunal; se o Estado onde ocorreu o crime ou o Estado de
conflitos envolvendo tratados, costumes e princípios gerais do nacionalidade do acusado der consentimento para o julgamento.
direito entre as pessoas da comunidade internacional. O Brasil já ratificou o seu tratado.
Apenas Estados e organizaçõesinternacionais são partes
legítimas; indivíduos, pessoas jurídicas de direito público interno A CORTE PERMANENTE DE ARBITRAGEM - A
e pessoas jurídicas de direito privado não são capazes para arbitragem no Direito Internacional é a forma de solução de
acionar a Corte. O Brasil é signatário do seu tratado. conflitos com fundamento no direito e de natureza obrigatória,
sua natureza será tratada adiante com mais detalhes. Quanto à
O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL - Com a criação
Corte, trata-se de uma lista de árbitros especializados em Direito
da ONU, o seu estatuto previu a criação de tribunais penais
Internacional coordenada pôr uma secretaria com
internacionaispara julgarcrimes de guerra com violaçõesgraves
funcionamento em Haia. A secretaria inclui árbitros na lista e
contra a humanidade; assimocorreu nos conflitos da ex-Iugoslávia
os indica em conflitos internacionais.
e de Ruanda, mas foram tribunais temporários e específicos para
tais conflitos. Ainda no âmbito da ONU, destacam-se os Tribunais ' Convém destacar que, atualmente, os juizes da Corte
de Nuremberg e de Tóquio, considerados, também, tribunaisde Internacional de Justiça são indicados a partir da lista da Corte
exceção, pois cuidaramdefatos ocorridos fora de sua jurisdição, "Permanente de Arbitragem.
jáque a Alemanha e oJapão não eram signatários de i.im tribunal
internacional durante a segunda gi*ande guerra.Porém, por razões AS CORTES ESPECIALIZADAS - Hoje, a comtmidade
de ordem moral e humanitárias, esses tribunais são considerados internacional dispõe de diversos tribunais, a maioria deles é
legítimos, ainda que forçados pela regradovencedor. especializado em questões recorrentes da comunidade
A partir do Tratado de Romade 1998, instalou-se em 2003 internacional. São tribunais temáticos, criados junto a
em Haia, o Tribunal Penal Internacional permanente, com o orgamzações internacionais que se ocupam do respectivo tema.
objetivo de julgar indivíduos pelos crimes tipificados em seu Um exemplo é o Tribunal Internacional do Direito do Mar,
estatuto e caracterizados como internacionais: genocídio, crimes resultante da Convenção de Montego Bay, de 1982. Outros
de guerra, crimes contra a humanidade e crimes de agressão. exemplos são as cortes constituídas no âmbito de organizações
Segundo esse tratado, tais crimes são imprescritíveis. internacionais, como a OMC, a OEA e a OIT.

20 21
AS. CORTES ESPECTALIADAS EM DIREITOS
CAPITULO III
HUMANOS - Essas merecem destaque entre as especializadas,
pela importância do tema e das respectivas cortes. São os casos O DIREITO DIPLOMÁTICO
da Corte Interamericana de Direitos Humanos, e da Corte
Européia de Direitos Humanos.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, que vincula
países signatários do Tratado de São José da Costa Rica,
Para firmaras relações internacionais, osEstados possuem
interessa-nos, especialmente, pelo fato do Brasilser signatário e quadros de servidorescomqualificação técnica emdiplomacia.
por possuir relativa jurisprudência no âmbito dos interesses do A diplomacia é a arte do diálogo entre os Estados, a qual
Brasil. Éuma corte que aceita denúncias individuais, grupo de viabiliza a negociação e a convivência. Trata-se de uma ciência
pessoas ou ONGs, contra violações de direitos humanos catisadas
milenar que hoje se encontra em crescente destaque com a
ou toleradas por Estados-membros. Mas os direitosem questão elevação da internacionalização da sociedade. Tambémé usual
não são considerados de interesse específico do denunciante, atribuir a diplomacia à habilidade de manifestar-se com
são direitos subjetivos da coletividade. Portanto, o indivíduo é ponderação e cálculo prévio de seus resultados, o que produz
um terceiro sentido de diplomacia: a comunicação gentil e
apenas o denunciante originário, não se torna pessoa da
astuta. Esses sentidos são imbricados, mas em torno da
comunidade.
Essa corte tem seus juizes eleitos na Assembleia Geral da diplomaciana comunidade internacional, há um direito que a
OEA,mas nem todos os membros da OEA estão sujeitos à sua regula, para facilitar as negociações e conferir segurança aos
negociadores.
jurisdição porque não ratificaram o tratado da corte, é o caso
dos EUA.
O direito diplomático trata, principalmente, dos protocolos
A Corte Européia de Direitos Humanos é um tribunal em de comunicação representativa e do conjunto de imunidades à
matériade direitos humanos no âmbitode 46 países da Europa, jurisdição estatal. Os procedimentosprotocolares servem para
não se confunde com a União Européia. estabelecer a representação e para promover as negociações.
As imunidades são privilégios e garantias recíprocas para os
representantes de um Estado junto a outro e a inviolabilidade
AS CORTES REGIONAIS - Blocos regionais de países
dos espaços de representação (as missões diplomáticas e as
constituem cortes para fins de sua integração regional. Isso
ocorre com a Corte de Justiça das Comunidades Européias, por residências dos diplomatas).
A imunidade é a exclusão da aplicação da lei local e da
exemplo. Esse tribunal atua em nível de direito comunitário.
Indivíduos e pessoas jurídicas privadas podem acionar e serem competência jurisdicional a atos praticados pelos servidores
acionados nela, porém, desde que vinculados a um dos Estados diplomáticos e a impossibilidade de ingresso dasforças públicas
locais nos locais imunes.
membros. O Mercosul também instalou um tribunal dessa
A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de
natureza, o Tribunal Permanente de.Revisão do Mercosul.
1961 e a Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963
tra tam do tema regulando as imunidades rruiiimas, asexigências
22
23
aos Estados para facilitar a administração das representações economistas, contabilistas, advogados, etc. e com um conjunto
estrangeiras e osprotocolos que as missões devem adotar quando de pessoal de serviços. A representação também poderá contar
atuam. Por exemplo, os chefes das missões diplomáticas devem com adidos, que são auxiliares do corpo diplomático em funções
informar.ao governo local as listas e nomeações de servidores específicas,como osadidos militares e os adidos culturais, que
para representação e obtenção de imunidade. não demandam um conhecimento técnico-profissional
Hoje, a representação que implicaserviço diplomático não específico^ mas executamuma função específica.
se limita à representação dos Estados, também as organizações Quanto às imunidades, é preciso uma exposição mais
internacionais possuem servidores para interlocução com os detalhada. Aimunidade diplomática aos representantes significa
Estados e que dependem e gozam de imunidades. a não aplicação da jurisdição local, o que não quer dizer
O serviço de representação estatal se diferencia em impunidade, mas a aplicação da jurisdição de origem dos
representação diplomática para interesses de Estado, e representados. Elaspodem ser civis, penais e tributárias.
representação consular para interesses privados da comunidade É possível que ocorra um tratado entre os Estados
e do Estado representado. representados que amplie essa lista, mas segundo as convenções
supracitadas, é garantido as seguintes imunidades:
AREPRESENTAÇÃO DIPLOMÁTICA - A representação A imunidade civil (para os atos praticados pelos
de um Estado na comimidade internacional é feita por seu corpo representantes em matéria de direito civil) não é irrestrita, é
diplomático epode ocorrer tanto perante outros Estados como excepcionada pelos atos de sucessão; de direitos reais sobre bens
perante organizações internacionais e negociações imóveis de propriedade particular dos representantes; de
internacionais. Em qualquer dessas hipóteses, essa representação atividades profissionais liberaisou comerciais que essesvenham
demanda protocolos próprios e proteções diplomáticas. a exercer no local de representação e na hipótese do agente
Esses protocolos e proteções são regulados nas convenções representante responder a uma ação civil com uma reconvenção
citadas acima. Os protocolos dizem respeito principalmente a (não se limitar a uma alegação de imunidade). A imunidade
medidas de comunicação entre as partes, e as proteções dizem tributárianão alcança tributos indiretos/tarifas eimpostossobre"
respeito a imunidades que os representantes gozam. bens não oficiais. Aimunidade penal é irrestrita.Elasse estendem
A primeira providência de uma representação diplomática aos membros dasfamílias dos representantes, desdequesob suas
é a sua identificação como tal no ambiente de representação. É dependências e creditados perante a chancelaria local. Também
apresentada uma lista à autoridade local, que comporá o quadro o pessoal subalterno, que executa serviços domésticos, de
diplomático. A composição desse quadro pode variar conforme segurança e de transporte, mesmo que recrutados no local,
a importância do lugar ou do evento. Uma representação gozam de imunidades quando incluídos na lista (porém, apenas
diplomática pode ter um corpo diplomático completo, do para atos funcionais). Por fim, as repartições e residências dos
embaixador ao terceiro secretário, ou pode ter apenas um diplomatas também gozamde uma imunidade, enquanto local
terceiro secretário. Além desses diplomatas, a representação fisicamente inviolável.
pode contar com um quadro técnico diverso, desde tradutores, Porém, é possível haver renúncia à imunidade por uma
24 25
decisão da chancelaria do país de origem. Trata-se de uma interessada eque possui uma maior facilidade para transitar
decisão de conveniência política enão uma escolha pessoal do ocalrnente, mas nao há distinção quanto às imunidades, para
sujeito envolvido.
Aimunidade penal écondicionada ajulgamento no país nao afetar a qualidade da representação.
deorigem enão impede ainvestigação pela polícia local. Mas a As imunidades dos cônsules são mais restritas, não se
polícia IcKal terá restrições no acesso aos locais, salvo sefacilitado estendem aos familiares esão apenas funcionais. Restóngem-se
pelo chefe da missão diplomática. prmapalmente a fatos civis etipos penais conseqüentes de
Por outro lado, a representação diplomática não significa
aindependência absoluta em território estrangeiro. Dependendo ^'lÍi^e^ntoseconômica eatos de ofício, comoexpedição
da gravidade do comportamento nocivo de um representante, Os locais de funcionamento do consulado gozam de
oEstado local pode pedir asua retirada eaté cercar arepartição imunidade física e tributária, mas ela não se estende às
residencias dos cônsules.
parapressionar a suasaída. Pode até expulsá-lo, apresentando
motivos demedida tão drástica, ainda que não possa invadir o
local imune. OESTADO ESTRANGEIRO EAJURISDIÇÃO LOCAL -
OEstado estrangeiro, como pessoa jurídica de direito público
AREPRESENTAÇÃO CONSULAR- Arepresentação de externo, também goza de imunidades para relações privadas.
interesses privados estrangeiros, sob acondução do Estado, é Mas essa euma regra costumeira cada vez mais desgastada. No
atribiução dos consulados. Muitas vezes um Estado instala mais rasil, o entendimento jurisprudencial é no sentido da
de uma representação consular em um mesmo Estado creditado, competencia da justiça local para contratos de trabalho, exceto
em função da extensão territorial e da distribuição de sua para aqueles que exercem funções diplomáticas. Também aqui
ha decisões judiciais cobrando dívidas de obrasealuguéis com
comunidade e de seus interesses ao longo desse território. O
consulado, muitas vezes, funciona como um ir\termediário para execução sobre bens locais.
investimentos privados, para contatos entre meios empresariais Porém, aimunidade por inviolabilidade dos espaços de
epara dinamizar asrelações privadasem geral. Atende também representaçac^como os locais da missão diplomática, éofertada
a demandas públicas dos cidadãos locais e cidadãos do seu aos Estados. Os Estados são os titulares da imunidade, oque '
Estado de origem, como regularização de documentos e nao imphca aideia, equivocada, de que ali há uma extensão
concessão de vistos.
terntond do Estado de origem, trata-se apenas de uma faculdade
Há uma distinção entre os cônsules de carreira e os concedidapor um compromisso internacional.
cônsules honorários, aqueles são provenientes do Estado Também há imunidade territorial nas embarcações oficiais
representado e estessão recrutados no local, entre membros da
amarmita de guerra). Por se tratar de meio de transporte de
comurúdade migrante que alivivem. Orecrutamento de cônsul
orças armadas eaparato bélico de um Estado, em ambiente de
paz essas embarcações são protegidas pelo direito internacional.
honorário reduz custos e possibilita uma representação por
pessoa que possui um conhecimento melhor da comunidade
26

27
A DIPLOMACIA NA CHANCELARIA BRASILEIRA - TITULO 11 - AS PESSOAS NA
O Brasil é signatário das convenções supracitadas de COMUNIDADE INTERNACIONAL
representação. O chanceler brasileiro é o ministro das relações
exteriores^ que comanda o Itamaratye o Instituto Rio Branco. O
Palácio do Itamaraty é o prédio onde funciona esse ministério,
tanto em Brasília como no Rio de Janeiro, e simboliza também o
CAPÍTULO IV
respectivo ministério. O Instituto Rio Branco é o órgão que A PERSONALIDADE INTERNACIONAL E A
prepara os servidores para a representação externa brasileira e ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL
para a atuação no Ministério das Relações Exteriores como
diplomatas.
No Brasil, as carreiras de diplomata e de cônsul são
unificadas e controladas pelo Ministério das Relações Exteriores. Para ser pessoa na comunidade internacional, é preciso ser
Na carreira diplomática brasileira, há os seguintes cargos, em um ente jurídico reconhecido como tal que goze de direitos e de
ordem de ascendência: terceiro, segundo e primeiro secretário, deveres,bemcomo seja capaz deexercê-los. Há divergência quanto
conselheirò, ministro de segunda classe e ministro de primeira ao rol dessas pessoas; seguemabaixoashipóteses em discussão.
classe (embaixador).
A Presidência da República dispõe de algumas vagas de OS ESTADOS - Os Estados são as pessoas a título
diplomata de sua livre nomeação sem a necessidade de originário da comunidade internacional. Durante a era moderr\a,
formação pelo Instituto Rio Branco. essa comunidade se formou e evoluiu a partir de negociações e
costumes entre Estados que sedimentaram direitos e
estruturaram um sistema jurídico externo aos Estados. Mas a
própria concepção do Estado Moderno se confunde com a
formação da comunidade internacional. A partir da defirüção
das fronteiras dos Estadospor tratados que reconhecem o direito
de um Estado de exercer soberanamente o governo sobre um
determinado território, tanto diferencia este Estado como
moderno esoberano, como estabelece uma fontenormativa para
relações entre estes Estados.
Os elementos do Estado Moderno ~ povo, poder soberano
e território - estão intimamente ligados aos interesses da
comvxnidade internacional. A circulação das pessoas pelas
fronteiras é objetode interesse político e econômico dos Estados,
que a controla muitas vezes severamente. No Direito

28 29
Internacional, essa circulação é regulada para atender a criadas por tratados que lhes reconliecem ostatus de pessoa na
interesses conflitantes entre Estados. Da mesma forma, é o comunidade internacional. Surgem, no século XX, como uma
elemento território que dimensiona o poder do Estado pela sua nova categoria de pessoasque lhes são pertencer\tes.
extensãç e riqueza. Na comunidade internacional, a definição Não se há de confundir essas organizações com as que
das froriteiras é um dos principais objetos de controvérsia. O nãoreceberam omesmo status emseus documentos constihitivos.
•lemento soberania é o próprio fenômeno jurídico-político que Uma organização internacional propriamente dita se distingue
caracteriza o Estado como moderno e proporciona a existência pela capacidade de assinar tratados e, consequentemente,
da rí>munidade internacional. constituir direitos na ordem internacional. Adoutrinadenomina
A soberania do Estado é um fenômeno histórico o que nao é organização internacional por essa diferenciação
-acterizado pela supremacia do Estado sobre os súditos e pelo pelo título de "organismo internacional"'. Assim abrange uma
. conhecimento dessa condição pelos demais Estados. A gama variada de situações, como ONGs, organismos
>berania possui duas faces: interna e externa. O poder supremo internacionais com alguma autonomia, empresas públicas
icontrastável sobre os súditos é a condição para que os demais internacionalizadas, como Raipu, etc..
-stados, na comunidade internacional, reconheçam ali um
iistado soberano. Porém, a recepção de um Estado, nessa OS INDIVÍDUOS —
Adoutrina atual édivergente quanto
comunidade, não ocorre e não ocorreu somente por um tipo de à condição das pessoas físicas diante da ordem jurídica
ato próprio de reconhecimento, mas pelo simples estabeleciniento internacional. Há quem reconheça e quem não reconheça
de tratados, pois os tratados são atos próprios das pessoas da personalidade na comunidade. Éfato que se trata de titulares
comunidade. Quando um Estado estabelece um tratado com de direitos nessa ordem, especialmente em matéria de
outro, simultaneamente o reconhece como Estado. Isso ocorre responsabilidade penal internacional. Porém, o argumento
especialmente pelos tratados de definição de fronteiras, em que contráriose funda nofato dessaspessoas estarem vinculadas a
os territórios dos Estados são delimitados, bem como o limite algum Estado eesses éque emprestamosuporte jurídico para a
entre a soberania interna e a soberania externa. O território é o atuação nas instâncias da comunidade dos Estados. Não há
limite de validade absoluta de uma ordem jurídica. qualificação jurídica que expresse a condição de pessoa ao
A soberania externa, consequentemente, implica o mdivíduo humano na comunidade internacional.
reconhecimento recíproco, entre os Estados, de suas soberanias Um bom número de tratados envolve a proteção de
internas. Não se trata de um poder de um Estado além de seu mdivíduos e lhes confere direitos perante a comunidade
território, mas do seu relacionamento na ordem internacional internacional. Mas tambémoutros entes são protegidos na ordem
conforme os limites de respeito mútuo. mternacional e nas ordens internas, como osanimais, e não são
reconhecidos como pessoas. Também hoje indivíduos podem
AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS - As
organizações internacionais são pessoas jurídicas de direito
'"'^0 elementar. São Paulo:
internacional público externo por derivação. São as organizações
30
31
acionar determinadas cortes inteniacionais. Mas essa prerrogativa CAPITULO V
não é ampla e é condicionada ao vínculo de nacionalidade do OS ESTADOS
indivíduo com um Estado participante destas cortes.
A^possibilidade de assinar tratados e assim constituir
direitos perante a comunidade é o principal elemento
caracterizador da personalidade internacional, o que não ocorre ^ O ESTADO MODERNO - Os Estados são sociedades
com os indivíduos. políticas organizadas dotadas de um poder sobre um povo em
um determinado território, com finalidade social determinada
AS PESSOAS JURÍDICAS PRIVADAS - Assim como os em sua Constituição material. Mas os Estados modernos se
indivíduos, as pessoas jurídicas privadas são objeto de distinguem porque o seu poder é soberano, não admite contrate
controvérsia no Direito Internacional. Especialmente as grandes no seu âmbito de validade.
corporaçõesque se denominam multinacionais de fato. Muitas Também o Estado moderno busca constantemente uma
dessas empresas são mais influentes que Estados e atuam de identidade nacional para o seu povo e o seu território é
fato na comunidade internacional. identificado rigorosamente em fronteiras. Isso não quer dizer
Porém, ainda que sofram conseqüências do Direito que Escados anteriores não possuíam características semelhantes,
Internacional, gozando de benefícios e sendo obrigadas a mas neles a combinação dessas características não ocorreu de
encargos, não titularizam a personalidade. Respondem forma tão íntima e necessária. O poder soberano só foi possível
internacionalmente em decorrência do vínculo jurídico com o conceito político-jurtdico de território e com a construção
constitutivo que possuem com os Estados. da identidade nacional.
Também não se há de co;ifundir a comunidade dos Os elementos do Estado moderno se confundem com a
Estados, do qual se ocupa o objeto dò Direito Internacional, com formação da comunidade internacional e também a definem.
os atos privados de alcance internacional, como contratos de Com a fixação de fronteiras em tratados, estabelecendo limites
empresas e manifestações de ONGs, mesmo os contratos entre à jurisdição estatal e à soberania interna, bem como
essas pessoas e os Estados. Claro que esses atos podem estar identificando juridicamente o povo, como sujeito passivo da
relacionados aos direitos constituídos na ordem internacional, relação de poder político interno, submetido soberanamente,
mas essa imbricação e confluência de interesses não impedem a surge também parte considerável dos problemas de Direito
distinção entre as pessoas próprias da comunidade e terceiros Internacional.
que participam representados por estas. Portanto, pessoas de
direito privado e pessoas de direito público interno não são OS ELEMENTOS DO ESTADO - São elementos do Estado
pessoas da comunidade internacional, porque o seu status moderno: (que é o conjunto de súditos, juridicamente
jurídico deriva de algum Estado. Só praticam atos jurídicos identificados na comunidade internacional como nacionais);
legítimos porque são endossados por Estados. território (que é objeto da comunidade internacional pelos
trã tados de fixação de fronteiras); poder soberano (que define o
32 33
limite de atuação da comunidade internacional, hoje cada vez possibilidade de assinar tratados e de acionar outra pessoa
mais relativizado pelo reconhecimento de direitos ftmdamentais internacional na Corte Internacional de Justiça.
em tratados, pela criação de tribunais de alcance internacional Muitos desses Estados, que são pequenas ilhas de PIB
e pela cijiação de organizações internacionais com atuação também pequeno, possuem dificuldades até para custear a
política bélica); e finalidade social (que a comunidade representação internacional. Às vezes, compartilham repartições
internacionalnão intèTfet-edireíamíêníe, mas que é de interesse de outros Estados mais potentes como nações amigas. Essas
dos fóruns internacionais, por temas como democracia, direitos limitaçõesreduzem tambémo seustatus de fato na comunidade.
fundamentais, comércio internacional, etc.)-
AS AUTONOMIAS POLÍTICAS - Normalmente, os
O ESTADO NA COMUNIDADE INTERNACIONAL - O Estados de maior extensão territorial ou quese constituíram a
Estado é pessoa jurídica de direito público externo e é a pessoa partir da união de outros Estados mantém divisões internas com
originária da comunidade internacional autonomia política. Éócaso, por exemplo, das federações. Essas
O princípio que informa a sua atuação na comunidade é autonomias, como as unidades federativas, não possuem
o princípio da soberania externa, que lhe confere igualdade entre personalidade intemacional. Muitas vezes, manifestam-se, como
as demais pessoas da comurüdade. Para garantir a soberania o pessoa jurídica, eminstâncias além de suas fronteiras nacionais,
Estado goza da liberdade de defiitir os compromissos que assLune mas condicionadas a autorização de seus Estados de origem.
perante os demais membros comunitários. No Brasil, porexemplo, osEstados da federação podem tomar
O reconhecimento da condição de Estado ocorre, como empréstimos internacionais mediante autorização do senado,
abordaremos adiante, pela presença dos elementos que é a casa de representação da federação.
caracterizadores de um Estado e pela aceitação gradativa entre Também não há que se falar em soberania para essas
as demais pessoas. autonomias políticas, mesmo quando há significativa
mdependência interna. Éocaso, por exemplo, da Palestina ou
OS MICROESTADOS - Formalmente os Microestados são da autonomia que a Espanha concede à Catalunha ou ao país
soberanos, desde que constituam governos que estabeleçam em Basco. Há situações onde hámoeda própria, sistema depolícia
última instância o conjunto de normas aplicáveis sobre o seu próprio, língua própria e forte identidade, mas não há um
território eseupovo. Éasoberarúa jurídica. Mas possivelmente, Estado.
não são soberanos de fato, sofrem elevada influência de Estados
maiores, regionais ou potências globais. Não há, nesse caso, a
soberania política.
No plano internacional, das relações que se formam na
comunidade dos Estados, é muito importante que o Microestado
tenha acento nas organizações internacionais, especialmente na
ONU. Isso será suficiente para reconhecer direitos como a

34
35
CAPITULO VI modernamente que o reconhecimento como ato constitutivo de
O RECONHECIMENTO DE novo Estado é uma visãocolonialista, ao conferir a prerrogativa
ESTADOS E GOVERNOS
a Estados preexistentes, monopolizadores do cenário
internacional. Trata-se, portanto, de uma manifestação
declaratória de condição existente de fato.
Há duas possibilidades de ocorrer o reconhecimento: a) o
A SOBERANIA E O RECONHECIMENTO DE ESTADOS reconhecimento expresso, mediante um "tratado" de
E DEGOVERNCS - Cada Estado é independente para reconhecer reconhecimento assinado com o novo Estado ou o
ou não outro Estado, a comimidade internacional, ou mesmo a reconhecimento por um "comimicado" (manifestação pública
ONU, não pode forçar um Estado a reconhecer outro. Trata-se externa declaratória e que vincula o Estado reconhecedor);b) o
de prerrogativa de sua condição soberana na comunidade. reconhecimento tácito, ao praticar atos internacionais que
Por outro lado, para um novo Estado, esse reconhecimento incluem o novo Estado, como assinatura de tratados de matéria
se soma na sua inclusãona comunidade internacional. É o que diversa ou o estabelecimento de relações diplomáticas.
vai caracterizar a sua própria soberania externa. É claro que Mas o reconhecimento pode ocorrer também por
um Estado não depende de outro para ter soberania na organiza*ções internacionais que possuam esta competência. O
comunidade internacional, hoje, inclusive, a principal reconhecimento por uma organização possibilita assinar tratados
manifestação internacional de reconhecimento é a obtenção de coletivos gerenciados por ela. Estes tratados são atualmente os
um acento na ONU, mas tradicionalmente os reconhecimentos mais importantes na comurüdade internacional.
fazem a comimidade valer para aqueles Estados (reconhecido e A iinportância de o Estado ser reconhecido é a possibilidade
reconhecedor). O reconhecimento de um novo Estado, na de participar de fóruns internacionais negociadores de tratados.
verdade, é apenas a constatação de uma realidade política pela O reconhecimento de um Estado gera a este a possibilidade de
existência de uma soberania interna sobre um território e um assinar tratados.

povo definidos. Trata-se de um ato declaratório, não é um


elemento constitutivo do novo Estado. O RECONHECIMENTO DEGOVERNOS - A composição
Quanto ao reconhecimento de governos, há uma dos governos é uma rotina de cada soberania interna e, a
divergência internacional quanto à sua possibilidade. A grande princípio, não há que depender demarüfestação internacional.
questão é saber se a comunidade internacional pode interferir Mas o debate ideológico que marcou o século XX em torno da
em questões políticas internas. construção da democracia desencadeou uma doutrina
internacional de defesa da ordem democrática diante de uma
O RECONHECIMENTO DE ESTADOS - O ruptura institucional autoritária. Trata-se da doutrina Tobar,
reconhecimento de novos Estados por outros já recorü\ecidos é segundo a qual os Estados não devem reconhecer novos
ato unilateral e de sua decisão soberana. Mas considera-se governos formados por golpes de Estado. Tobar era um
embaixador equatoriano e se manifestou nesse sentido em 1907.
36 37
Em 1930, iixn embaixador mexicano desenvolveu uma doutrina
CAPITULO VII
oposta, que considerava uma afronta os Estados intervirem nesse
nível em questões de soberania interna: trata-se de Genaro AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Estrada, feia doutrina Estrada, não há que se falar em
reconhecimento externo dos governos. Há quese destacarque
ram doutrinas formadas na regiãolatino-americana, em que
governos autoritários e democracias se revezaram ao longo do NOÇÃO - No século XX, a comunidade internacional
século XX e onde o Direito Internacional foi vigoroso neste evoluiu nosentido desuperar oparadigma estatal como sujeito
período, certamente por influência dessa peculiaridade nos exclusivo com personalidade. Aprincipal novidade foi acriação
governos.
das organizações internacionais,que foram reconhecidas como
Nenhuma dessas doutrinas é aceita integralmente.na pessoas jurídicas de direito público externo.
comunidade internacional. A questão é resolvida por um Mas a comunidade possui uma diversidade de
caminho intermediário: quanto à questão de fundo, do organizações,com formas e finalidades também diversas, que
dificultam a sua tipificação. Bemlúcida é a doutrina de Francisco
reconhecimento em si, diante de novos governos autoritários
que desconstituem democracias, o reconhecimento pela Rezek, que limita a distinção entre organizações internacionais
comunidade internacional é condicionado à existência de uma
e organismos internacionais, sendo as primeiras pessoas da
estabiUdade governativa, mesmo que não se reinstale a comunidade e os últimos todo tipo de agremiação comatuação
den- Por outro lado, quanto à questão da forma do para além das fronteiras dos Estados e que não possuem o
reco.- 'ioc.imento, não há um documento expresso de não reconhecimento da personalidade na ordem internacional.
Então o estudo das organizações internacionais se refere, no
reconhecimento, osEstadossemanifestam pelaretiradade suas
missões diplomáticas, o que é interpretado como um não Direito Internacional, àquelas que possuemo status de pessoa
na comunidade, caracterizado no seu estatuto e que lhe confere
reconhecimento.
direitos e deveres para atuar entre os Estados, negociando e
produzindo direitos em nome próprio, especialmente pela
possibilidade de assinar tratados.
Não há limitações expressas, no direito internacional,
quanto ao objeto de uma organização internacional. É claro,
porém, que não poderão constituir-se com fins que contrariam
os princípios gerais do direito e que atentem conti'a a própria
comvmidade internacional.

^REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. São Paulo: Saraiva,
2010, p. 257.

38
39
A ESTRUTURA DAS ORGANIZAÇÕES-Como pessoa, atuam em conjunto e são formalmente associadas (é o caso da
uma organização é composta de órgãos. Existe um padrão não OIT). Por fim, há organismos que também são associados; neste
obrigatório que apresenta o seguinte conjunto de órgãos: a) caso, atuam sem o reconhecimento de uma personalidade
assemblei^geral- compostapor todosos Estados-membros, com internacional, eforam vinculados àpessoa da ONU. Oconjunto
direito avfez evoto ecomo órgão máximo. Os estatutos definirão deles formam oSistema dasNações Urúdas e são denominados
quoruns mínimos de aprovação de decisões, bem como agências e fundos da ONU, é o caso da OMS, da OMC, da
periodicidade das reuniões ordinárias, geralmente anuais; b) UNESCO, da FAO, do Banco Mundial, do FMI, da OIT da
secretaria - é o órgão de administração, executivo, destinado UNICEF,etc..
para a organização burocrática. Na secretaria encontram-se
servidores que estão permanentemente a serviço. Por conta dos O FUNCIONAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES - De
interesses contraditórios que, muitas vezes, cercam uma regra, umEstado, membro ou não, sóse obriga pérante a uma
organização, o padrão é a exigência que esses servidores organização naquilo que ele consentiu formalmente por
possuam nacionalidade diversa e rigorosa qualificação técnica, negociação. Porém, o artigo 2°, parágrafo 6" da Carta da ONU
para ocuparem mandatos rotativos em funções com a máxima define que "A organização fará com que os Estados que não
neutralidade; c) conselhos - são órgãos técnicos ou políticos são membros das Nações Unidas procedam déconformidade
especializados, compostos, em seus comandos, por com esses princípios na medida necessária à manutenção da
representantes diplomáticos dos Estados-membros e servidores paz e da segurança internacional". O texto se refere aos
técnicos comfunções especializadas. Há exemplos de conselhos princípios que fundamentam essa organização e significa
com função judiciária, econômica, social, etc.. verdadeira "carta branca" para a intervenção em Estados,
A mais notória organização internacional, a ONU,possui mesmo sem qualquer fundamento jurídicointernacional. É uma
vários conselhos, mas um deles é sui generis: o Conselho prerrogativa política que contraria o modo legítimo de
Permanente deSegurança. Esse conselho, composto de quinze funcionamento da ordem internacional, ainda que com
membros,dez temporários e cinco permanentes (EUA, Rússia, fundamento na paz e na segurança internacional. ' ~"
China, França e Inglaterra), confere poder de vetoaosmembros Mas, de regra, e conforme os seus estatutos, as
permanentespara as decisões desegurançae paz, o que o destaca organizações podem deliberar semo consentimento de todosos
sobre aAssembleia Geral eoque desequilibra opoderdentro da membros para pautas de conteúdo instrumental, como eleição
organização. de titulares de cargos, pautas de debates e deliberações e
AONU possuicomo principais órgãos (algur\s deles são calendários de trabalhos.
conselhos): o Conselho de Segurança; o Conselho de Tutela; o Para o financiamento das organizações os Estados-
Conselho Econômico eSocial; aAssembleia Geral; oSecretariado; membros contribuem com cotas regulares, proporcionais ao peso
e a Corte Internacional de Justiça. Também há organizações econômico epolítico dos Estados. Na ONU, esta cota hoje varia
internacionais que são associadas à ONU, mesmo possuindo de 22 /o como máximo e 0,01% como mínimo. Tambémmuitas
personalidadejiirídicae, inclusive, sendo anteriores à ONU, mas organizações eorganismos recebem doações decampanhas.áe
40
arrecadação, especialmerite aquelas com atividade humanitária tratado constitutivo. Mas antes, é preciso a aceitação pela
e cultural (isto ocorre com a Unicef^ que é um fundo vinculado organização, conforme as regras de seu estatuto e os seus limites
áONU). de abertura. Para a saída, a pedido do Estado, ele deve estar
As |)rganizações possuem sedes em territórios dos Estados- quite com suas obrigações perante a organização, como, por
membros, o que é definido no seu tratado ou num tratado exemplo, as obrigações financeiras. Também há organizações
específico. O Estado-sede se compromete a garantir a segurança que pedem um prazo de acomodação prévia antes da saída.
dos representantes dos Estados e dos servidores da organização Nos tratados das organizações, geralmente, consta a
que, geralmente, gozam de prerrogativas e imunidades possibilidade de expulsão de um Estado, em situações limites.
equivalentes às do direito diplomático. É possível uma
organização possuir, além da sede, escritórios em vários países EXEMPLOS DE ORGANIZAÇÕES E ORGANISMOS- A
(como é o caso da ONU). ONU é um exemplo de organização política e universal; são
exemplos de organizações políticas e regionais a OTAN e a OEA;
A COMPOSIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES - As são exemplos de organizações especializadas e uiüversais a OIT,
organiz- ções admitem o ingresso de Estados conforme a a UNESCO, o FMI, a OMC e o BIRD; são exemplos de
afinidac com os seus propósitos. Muitas vezes, esse propósito organizações especializadas e regionais a OPEP e o Mercosul.
não é que aparenta ser, como a OTAN (Organização do São exemplos de organismos tanto os entes privados
Tratadc? do Atlântico Norte), que inclui como "parceiros" a (ONGs) como os públicos (criados por Estados ou por
Austrália e o Japão e que continua atuando mesmo com a queda organizações). O greepeace, por exemplo, é um ente privado; é
do muro de Berlim e do socialismo soviético. um organismo e não uma organização internacional. Há
A doutrina^ distingue as organizações classificando-as diversas ONGs que atuam na comurüdade internaciorial e que
conforme o seu alcance e a sua vocação. Quanto ao alcance são, portanto, organismos internacionais. Um exemplo de
ípodem ser universais (com o maior número possível de Estados) orgarüsmo criado por Estados é a binacional Itaipu (umaempresa
ou regionais (com restrições de ingresso —geográficas, criada por tratado e de alcance internacional, mas sem o
econômicas, ideológicas, etc.). Quanto à vocação podem ser reconhecimento de personalidade).
políticas (destinadas à paz e à segurança internacional, portanto
atuam com o uso de recursos bélicos) ou especializadas (aquelas
que se ocupam de um fim específico e que não são políticas,
como as econômicas, as culturais, as humanitárias, etc.).
Para o ingresso em uma organização, um Estado á
obrigado à sua adesão integral, sem possibilidade de reserva ao

^ ACCIOLY/ Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento; CASELLA, Paulo Borba.


Manual de Direito Internacior\al Público. 17" Ed. São Paulo: Saraiva, 2009; REZEK,
Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. Sâo Paulo: Saraiva, 2010.

42 43
mostrou-se infrutífera, pois a prática dos Estados não respeita
TÍTULO III - AS FONTES DO essas doutrinações. Assim, entende-se que o importante é
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO identificar os elementos caracterizadores do instrumento
constitutivo de direito internacional, seja qual for a nomenclatura
I atribuída.
CAPÍTULO VIII
CONCEITO - Tratado é um acordo entre sujeitos de direito
AS FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL:
internacional público, nos termos do direito internacional e
TRATADOS (TEORIA GERAL) destinado a produzir efeitos jurídicos na comunidade
internacional. Desenvolvendo esse conceito, pode-se afirmar que
não existe tratado sem a manifestação livre de vontade dos
sujeitos titulares; Tratado é sempre um acordo propriamente
Os tratados são a principal fonte atual de direitos na dito. Pode-se afirmar também que somente pessoas da
comunidade internacional. Gradativamente, eles vêm
comunidade internacional formam tratados. Essa manifestação
substituindo os costumes. Os tratados ganharam um maior
depende do preenchimentodos requisitos formais estabelecidos
destaque a partir do século XX com a criação de uma corte pela ordem internacional; esses requisitos, apontados adiante,
internacional ampla para litígios entre Estados envolvendo estão definidos nas convenções de Viena de 1969 e 1986. Por
direitos da comunidade (aCorteInternacional de Justiça).
fim, tratados destinam-se precipuamente a produzir efeitos nas
Segundo Rezek^ oséculo XX se distingue também no direito relações entre as pessoas da comunidade internacional.
tratadista pela criação de organizações internacionais, Naturalmente que eles refletem e produzem direitos nas ordens
dinamizadoras e fomentadoras de tratados; pela criação de uma
internas, mas somente após a absorção segundo os critérios
faseinterna aos Estados na formação dos tratados, que reduzem jurídicos da respectiva ordem. São relações jurídicas distintas.
a discricionariedade e o centralismo na pessoa do chefe de Um Estado não pode fazer valer um direito de um tratado,
Estado; e pela codificação do direito dos tratados (com as dando-lhe execução jurisdicional no âmbito de competência
convenções deViena de 1969 e1986 - a primeira para tratados jurisdicional nacional do outro Estado. Poderá até reclamar,
entre Estados e a segunda para tratados que contemplem como litigante, na ordem interna, por conta da recepção interna
organizações internacionais - definindo como e o que forma do direito. Mas é na ordem externa que a relação entre Estados
um tratado).
se formará com equivalência entre os sujeitos.
Encontram-se, no Direito Internacional, várias expressões
sinônimas do tratado: acordo, convenção, carta, protocolo,
CARACTERÍSTICAS - O tratado, conforme disciplinado
pacto, etc.. A doutrina tentou distinguir os significados, mas pelas Convenções de Viena, é um instrumento formal, não se
concretiza sem as exigências procedimentais definidas nas
*REZEK, Francisco. Direito Internacional Público; cursoelementar. São Paulo: Saraiva, convenções.
2010, p. 11/13.

45
44
Entre as exigências, somente pessoas da comunidade redação do texto e a cerimônia deassinatura. Aqui cabe ressaltar
internacional são capazes de formalizar tratados, são elas os que, de regra, a assinatura não gera o compromisso, é apenas
Estados e as organizações internacionais. Exige-se que seja um uma declaração da intenção de compromissar-se definitivamente
documento escrito, as manifestações verbais de chefes de Estado com a ratificação.
e dos representantes das organizações internacionais não Acomplexidadedessa negociação jáse inicia com as idéias
•Todi-izern os efeitos jurídicos dos tratados. Esse doci.miento deve eosprojetos básicos que os órgãos diplomáticos devem preparar
.•:-;gotar as etapas do procedimento tratadista, pois a simples para iniciar osencontros. Como são eventosdegrande tensão e
negociação e a indicação da vontade de formar o tratado não custo, o entendimento diplomático prévio, preparatório, por
são suficientes. O tratado é compromisso concluído. troca de notas, já é também uma etapa importante. É preciso
Os pactos pessoais entre estadistas, fundados na honra e definir, nessa etapa, além do objeto de negociação, também as
na permanência no poder já tiveram, no passado, o status de datas, o local, o idioma do texto final, o custeio,etc..
tratado; hoje eles não se enquadram no formalismo exigido e A troca de notas é o meio de comunicação da rotina
não são considerados como tal. Da mesma forma, as declarações diplomática que servetantopara a comunicação ordináriaentre
ou comunicados comuns, resultados de simples encontros entre osEstados (impHca formaÜsmos deboa vizinhança), quanto serve
estadistas, que trazem conteúdo abstrato sobre questões também parapreparar os tratados. As repartições diplomáticas
genéricas que não produzem obrigações efetivas, còmo enviam correspondências e fazem reuniões com estes fins.
"promover a paz", "combater o preconceito de gênero ou de A negociação do tratado depende do número de Estados
raça", não são considerados tratados. envolvidos e da importância do tratado, Há uma distinção entre
Os tratados só podem versar sobre objeto lícito e possível. tratados bilaterais e tratados multilaterais, queinterfere no modo
A impossibilidade da ilicitude é uma decorrência do Direito de negociação.
Internacional corresponder a uma ordem jurídica e, portanto, Um tratado bilateral, de regra, é no território de uma das
existir coesão e sistemática entre as suas normas. Não pode haver partes. Caso sejam países com relações estremecidas, ocorrerá
contradição insanável entre elas. A impossibilidade de tratados em um terceiro paísneutro. Nos tratados multilaterais, os países
com objeto materialmente impossível é ainda mais latente^ por seoferecem para sediar as negociações, pois aescolha sigmfica
ferir o bom senso e a razoabilidade. algum status. É uma escolha consensual e implicará
responsabilidades para o Estado receptor, como segurança,
ROTEIRO DE NEGOCIAÇÃO (FASE DE facilitações no deslocamento em território local, imuiúdades
FORMATAÇÃO) - De regra, a negociação do tratado possui diplomáticas, etc.. Nos tratados com organizaçõesinternacionais,
duas fases: a fase de formatação, que se conclui com o texto também os Estados podem seofere<:er parasediar as negociações,
üfinitivo do tratado, e a fase de compromisso, que se esgota mas é comurn a negociação ocorrer na sede da organização.
com a ratificação. Segundo a Convenção de Viena sobre tratados, a
Na fase de fonnatação, incluem-se os preparativos para aprovação do texto de um tratado depende das seguintes
os encontros de negociação, as reuniões para a definição e hipóteses de quorum a ser defirüdo previamente entre os
46
47
participantes: dois terçosdos participantes, maioria absoluta ou Porém, essa manifestação não produz necessariamente o
unanimidade. Há que se alertar aqui que esse quorum não compromisso intemacional, pois é preciso a reciprocidade de
significa o comprometimento do Estado com o conteúdo do ratificação, jáquei.imEstado nãoassume sozinhoumcompromisso
tratado^ jnasapenas a aprovação deum texto definitivo após a que ternnatureza contratual. Em um tratado bilateral, é preciso a
negociação. O compromisso dos Estadossurgirá em ato posterior ratificação dos doise em um tratado multilateral a sua negociação
de assinatura ou ratificação. defirüráa necessidade de um quorum mínimo de ratificações ou a
ratificaçãode todososnegociadores, para que o tratado produza
ROTEIRO DE NEGOCIAÇÃO (FASE DE efeitosjurídicos. Pondere-se que em um tratado multilateralcom
COMPROMISSO) - A fase interna da negociação dos tratados quorum mínimo, após o tratado atingir esse quorum ele ganha
é posterior à definição de seu texto, quando cada Estado eficácia somente entre aqueles que já ratificaram> os terceiros que
interessado o levapara aprovação na sua própria ordem jurídica. ainda não ratificaram não obtêm direitos subjetivos diante das
Abordaremos aqui como ocorre essaaprovação à luz do direito primeiras assinaturas.
brasileii^o, mas esse é um padrão comum para os Estados de
Direito, com aprovação respeitando a separação de poderes e RESERVAS - As reservas ocorrem quando um Estado
os processos legislativos, quando as casas legislativas são exclui do seu compromisso parte do tratado. Issodepende de
consultadas antes dos chefes de Estado praticarem o ato previsão na negociação do tratado e há tratados que não
definitivo de ratificação. admitem reservas. Há tratados também que não admitem
No Brasil, o executivo federal encaminha o tratado ao reservas em determinadas cláusulas, permitindo noutras.
Congresso Naciònalpara aprovação pelorito de lei ordinária e em Com a reserva, os demais Estados possuem a preiTogativa
matéria de direitos humanos para aprovação pelo rito de emenda de fazer ''objeções". A objeção é a discordância dos demais
constitucional. Não cabem emendasao texto do tratado, os Estados Estados.quanto à reserva. Com a objeção,o Estadoque reservou
não podem modificar a redação negociada internacionalmente. é excluído do compromisso com o Estado da objeção, ou pelo
Porém, há tratados que admitem a sua assinatura parcial, ou seja, menos é excluído naquelas cláusulas reservadas.
partes dos tratados podem sofrerreservas, que é ato de exclusão Reservas e objeções são manifestações internacionais
daquela parte no compromisso internacional. produzidas perante o órgão depositário competente.
Um tratado só pode sofrer emendas no âmbito de
negociação internacional, com os Estados se reunindo ASSINATURA - No jargão popular, a assinatura do
novamente para redefinir o seu texto. tratado, por conta da tradição, é o momento do
Após a aprovação na casa legislativa, o tratado volta para comprometimento do Estado, o que não corresponde à regra da
o executivo e cabe a este, discricionariamente, encaminhá-lo ou realidade atual OsEstados assinam apenas como ato protocolar,
não para o depósito, ato que gera a ratificação, como pois o compromisso só surgirá com a ratificação, são os tratados
manifestação de conclusão e comprometimento internacional ad referendmn, a exceção são qs tratados de assinatura direta.
do tratado. Na maioria dos tratados, a assinatura é apenas um ato de

48 49
desfecho da formatação textual e um ato de boa vizinhança DEPÓSITO - O depósito é a entrega do termo do tratado
entre os Estados negociantes, quando eles demonstram que no "órgão" depositário. Esse ato gera a ratificação, que é a
possuem a intenção de assumir o tratadoposteriormente. Mas marúfestação formal da pessoa internacional se comprometendo
com um tratado.
há tratadps, previamente definidos e cor\forme asregrasinternas
de cada" país, que não dependem de ratificação e basta a Para tanto é necessário constituir um depositário durante
assinatura. No caso brasileiro, essas hipóteses excepcionais serão a negociação, que pode ser um Estado incumbido previamente
abordadas adiante. de receber os atos intemacionais relacionados a um determinado
tratado, ou pode ser uma organização internacional, que
RATIFICAÇÃO - A ratificação é a manifestação do Estado também foi incumbida para esse -fim. Porém, muitas
perante o depositário (uma organização internacional ou um organizações internacionais já possuem em suas finalidades a
Estado) produzindo o compromisso internacional, após a função de depositária de tratados.
consulta eaprovação na sua ordem interna. Éoato que gera o Ao depositário também cabe outras atribuições, como dar
tratado. Ainda que o tratado dependa de uma vacância ou de notícia aos demais signatários do comprometimento de um novo
um quorum mínimo de assinaturas, a ratificação será a Estado e receber instrumentos de adesão, de denúncia e de
rnanifestação suficiente para a norma internacional completar objeções a reservas.
o seu percurso de formação. Apenas a vigência estará
condicionada a um prazo ou a uma determinada quantidade PUBLICIDADE - A publicidade do tratado, para a ordem
de ratificações para completar o mírümo necessário. intemacionais ocorre com o seu depósito. Para as ordens internas
Esse prazx) {vacatio legis) é necessário para a acomodação cada qual estabelece o seu critério que define a validade e a
ou adequaçãodas partes ao novo direito. O quorum mínimo é vigência do tratado diante de sua ordem.
uma medida de segurança jurídica e de busca da efetividade dos
tratados. Os tratados devem alcançar efeito real e significativo. FORMATAÇÃO DOTRATADO - O tratado, que é sempre
Um Estado pode também aderir a um ti'atado se houver escrito, será reduzido a termo com duas ou mais peças, a serem
compatibilidade jurídica. A adesão é equivalente à ratificação, destinadas aos países que serão signatários. Os órgãos
pois depende, da mesma forma, de uma aprovação interna. diplomáticos encamiriham a sua cópia aos meios de aprovação
Diferencia-se pelo fato do Estado em questão não ter participado interna. Depois de realizarem as suas próprias formalidades
das negociações originais do texto. Em outras palavras, a legais, a peça é devolvida à ordem externa, com a manifestação
ratificação é ato praticável por Estados que assinaramo tratado, expressa da representação da chefia de Estado no documento.
quando um terceiroEstado deseja entrar num tratado sem tê-lo Isso ocorre com o depósito, que é o ato formal gerador da
assinado ocorre uma adesão. ratificação. Esse procedimento no Brasil terá suas especificidades
abordadas adiante.
Quando o tratado é bilateral, a prática recorrente para a
ratificação é a "troca de ratificações", ou seja, a ratificação e o O tratado poderá ser escrito em um idioma comum aos
depósito seconcretizamsimultaneamente entreos doisEstados. signatários quando houver. Na inexistência de um idioma
51
• 50
como substitutos com representação derivada. Os
comum, é usual redigir em uma línguamais comum e aceita na
comunidade, até o século XIX era usual o francês, depois ele foi
plenipotenciários são ochanceler, ochefe de missão diplomática
substituído pelo inglês, ou também é possível adotar mais de no âmbitode sua representação ou qualquer servidor com carta
uma versão autêntica. Aversão autêntica éaquela redigida e de plenos poderes. Ochanceler destaca-se aocomandar oserviço
assinada na negociação, que será utilizada para hipótese de diplomático. No caso brasileiro, é o ministro das relações
interpretação do texto em caso deconflito. exteriores. O chefe de missão diplomática também tem ampla
Além da versão autêntica, há também as versões oficiais, representação, masno âmbito de sua missão. Porfim, existem
que são aquelas adotadas pelo país signatário, em sua língua os servidorescomcartasde plenospoderes, que são aqueles que
pátria, para incorporação em seu ordenamento jurídico. recebem um documento expresso com poderes para negociar
um determinado tratado. É usual conferir carta de plenos
ESTRUTURA DO JRATADO - O tratado, de regra, possui poderesa servidores quetenham conhecimento técnico sobre a
matéria em negociação.
três partes: o preâmbulo, os dispositivos e os anexos. O
preâmbulo é o texto de apresentação, que informa ascondições
DENÚNCIA - É o ato de saída do tratado. Quando um
gerais do tratado, sem efeito compromissivo. Ali, geralmente se
encontram osprincípios emotivos dotratado, além daspossíveis Estado não deseja mais continuar em um tratado ele deve
partes negociantes, e de outras informações introdutórias do formalizar junto ao depositário a manifestaçãode saída. Porém,
tratado. Osdispositivos sãoos conteúdoscompromissivos em ele deve responder pelos compromissos assumidos até então,
linguagem jurídica. Osanexos são os conteúdos compromissivos quitando-os; essa é uma exigência daConvenção deViena sobre
Tratados.
que não podem ser reduzidos a linguagem jurídica, como
gráficos,, desenhos, fórmulas, etc..
EFEITOS SOBRE TERCEIROS - Um tratado, a princípio,
REPRESENTAÇÃO INTERNACIONAL - Em nome dos é uma norma entre as partes contratantes. Mas issonãoimpede
Estados' e das organizações internacionais, há servidores que produza efeitos sobre terceiros.- Primeiro, ele pode produzir •
próprios que podem participar das negociações e firmar os efeitos difusos, que se estendem a todos em geral, como a
compromissos na comunidade internacional. mudança de fronteiras, que afeta a configuração geopolítica
Quanto aos Estados, figura no topo da lista o chefe de global. Segundo, eíe pode produzir efeitos diretos sobre uma
Estado cuja manifestação se sobrepõe a qualquer outra na terceira pessoada comunidade internacional.
representação estatal. Mas há ordens jurídicas que também No caso de efeitos diretos sobre terceiros esses podem ser
possibilitam a representação pelo chefe de governo. Esses são nocivos, o que gera o direito de protestar na comunidade
titulares originários da representação. internacional; ou podem ser favoráveis,o que não gera o direito
de reivindicar o benefício internacionalmente, assim como as
Como a demanda internacional é volumosa para que os
titulares originários acompanheme participem de todos osatos; partes contratantes poden) modificar o tratado e retirar os
benefícios.
o Direito Internacional adnúte a figura dos plenipotenciários,
53
52
CAPÍTULO IX o PROCEDIMENTO DE APROVAÇÃO - Nos termos do
AS FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL: art. 49,1, da CF, écompetência exclusiva do Congresso Nacional
TRATADOS (À LUZ DO DIREITO BRASILEIRO) resolver sobre tratados que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimôrúo nacional. Mas oart. 84, VUI, da CF, diz
quecompete privaüvamente ao Presidente daRepública celebrar
Para recepcionar um tratado na ordem jurídica brasileira tratados, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. Temos
há um conjunto de dispositivos constitucionais que disciplinam uma exigência constitucional de colaboração entre os poderes.
indicarOlegislador constituinte usa vários termos sinônimos para
os órgãos e definem o procedimento normativo.
que não importa anomenclatura dada na comunidade
. O STATUS DO TRATADO NO ORDENAMENTO - No internacional, qualquer ato internacional que acarrete encargo
Brasil, os tratados são recepcionados na Constituição Federal oucompromisso gravoso ao patrimônio nacional depende desse
nos seguintes dispositivos: art. 5°, par. 2® e 3°;art, 49,1; e art. 84, trânsito legislativo.
Vin. Por ordem didá tica^ comecemos pela regra geral: os tratados Ochefe
de Estado, do poder executivo
éoprotagonista da fasefederal, na mas
interna, qualidade de chefe
está sujeito ao
têm status de lei ordinária. Sua aprovação ocorre por maioria
dos presentes na sessão, desde que composta por maioria controle político do Congresso Nacional. Somente opresidente
absoluta dos membros da casa,issonas duas casasdo Congresso. pode submeteriim tratado àaprovaçãopelo Congresso. Depois
Porém, há uma exceção importante: os tratados em matéria de aprovado no Congresso, somente o presidente poderá
de direitos humanos. Eles possuem o status de norma encaminhar a depósito internacional. O tratado depende
constitucional, desde que aprovados pelo quorum qualificado discricionariamente, de seu ato de depósito. No Congresso
de emenda constitucional: três quintos dos membros nas duas Nacional otratado éaprovado como decreto legislativo,portanto
casas e em dois turnos, assim dispõem o art. 5°,par. 3°. Mas esse nao depende de sanção ou veto do presidente, mas depende de
dispositivo é fruto da Emenda Constitucional n. 45, de 2003, sua decisão para o depósito.
que passa a exigir esse quorum e conferir esse status. Portanto, Quanto às reservas, quando poss.íveis, podem ocorrer por
não contempla os tratados sobre direitos humanos anteriores à iniciativa do Presidente da República ou do Congresso Nacional.
emenda. O status desses tratados anteriores não é o mesmo de Também quanto àdenúncia tanto oPresidente da Repúbhca ou
uma lei ordinária, pois o art. 5°, par. 2°, da CFnos indica que a oCongresso, por norma equivalente, podem iniciar, seguindo o
listade direitos fundamentais elencadosnaquele artigo não exclui rito legislativo correspondente. Porém, quando se tratar de
outros; entre eles, os que forem incorporados ao.sistema por tratados de direitos humanos, pela sistemáHca atual, omelhor
meio de tratados. O melhor entendimento doutrinário é o de entendimento éque somente oCongresso Nacional pode definir
que essa categoria de tratados tem o status de norma supralegaF. sobre a denúncia.

'Este o é entendimenlo de Flávia Piovesan (Direitos humanos e o direito constitucional OS ACORDOS EXECUTIVOS - Nem todos os tratados
internacional. 8^ ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 68). no Brasil dependem de aprovação pelo Congresso Nacional. Há
54
55
exceções em decorrência da interpretação do art. 49,1, quando
o legislador exigiu a aprovação da casa mediante "encargos CAPÍTULO X
gravosos ao patrimônio nacional". fontes de direito internacional-
As hipóteses nesse sentido são denominadas "acordos COSTUMES EPRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
executivos" epodem ser identificadas nas seguintes situações:
a) tratados que decorrem de outros tratados, quandoo primeiro
já subéntende o segundo; b) tratados que preparam outros
tratados, quando um tratado não gera um compromisso, é Considerando as fontes de Direito Internacional como "os
apenas uma negociação prévia; c) tratados que interpretam meios para a determinação das regras de direito"^ tanto os
outros tratados, quando a dúvida obriga os Estados a elaborar _tados eos costumes quanto os princípios gerais do direito
um novo texto que dê melhor interpretação de um tratado já ao fontes do Direito Internacionaí PúbiL. Os pr meiros são
ratificado; d) tratados que não mudam o statiis quo, quando o Wes formais eos princípios gerais do direita So fontes
conteúdo do tratado não é compromissivo e apenas reforça
princípios de direito internacional ou relações amistosas entre
Estados;.e) tratados de natureza admirústratiya, para atos de
administração que produzam efeitos na comunidade
internacional e que também não acarretem encargos gravosos
ao patrimônio nacional.
»=orf,ecidas como
Nessas hipóteses, os tratados podem inclusive,
dependendo do procedimento internacional, serem assinados
sem ratificação. Antes do século XX, os costumes eram aprincipal fonfP
norn^atiya do Direito Internacional. Gradativamente eles são
PROMULGAÇÃO E PUBLICIDADE INTERNA NO substitmdos por tratados. Mas hoje airida há muitas normas
BRASIL - A promulgação de tratados no Brasil ocorre por COSturne.ras aplicáveis eelas também ocupam um espaço
decreto presidencial após a ratificação. É o ato que confere
publicidadeinterna brasileira com a publicação no diário oficial. rl ^negociação tratadista nL
Este decreto presidencial não se confunde com o decreto Tam^^^i
Também ho,e' nao se cobra^o^^unidade
do costume internacional.
uma antigüidade
legislativo de aprovação. maior ou uma origem que se perca no passado. Odin!Lsmo
social internacional atual dá conta de tornar
reiteradas generdizadas eaceitas com relativa brevidade
or fim, oDireito Internacional está longe de ser todo
^ ACCIOLY, Hildebrando; SILVA G F rfri m
Manuai de Direiío 'mern;cional Publico 17"
i/ tri. bao Paulo: Saraiva, 2009, p. 121.
56
57
codificado e muitos costumes gozam de tamanlia legitimidade
em seus campos de aplicação que os atores envolvidos
TÍTULO IV - O INDIVÍDUO NA
dispensam uma codificação. COMUNIDADE INTERNACIONAL
OS Princípios gerais do direito - Há divergência
quanto à natureza dos princípios gerais do direito na CAPÍTULO XI
comunidade internacional. Há doutrinadores que defendem o A NACIONALIDADE
seu status de fonte e há quem defenda que se trata de critério
supletivo na interpretação do direito internacional ou de ideais
vagos de difícil caracterização. O certo é que as cortes
internacionais os reconhecem e os utilizam em suas decisões, NOÇÃO - Ovínculo mais importante do indivíduo com o
claro que emconsonância comostratados e costumes.Além do Estado para acomunidade internacional éode nacionalidade,
mais, o caráter lacunoso de uma norma deixa ao intérprete uma que ocaracteriza como parte de um povo. No Estado moderno!
função integradora do direito, muitas vezes, eivada de força o povo é o seu elemento pessoal, que politicamente e
normativa, pois os princípios servem para disciplir\ar essa juridicamente possibüita a soberarúainterna.
integração edirecionara decisão paraumsentido maispróximo Anacionalidade éum vmculo jurídico eformal, definido
do que é realmente devido. por lei e denatureza objetiva. Éusual denominar nacionalidade
Porém,há o problema de definir queprincípios sãoválidos também pelaexpressão "cidadania". Mas a cidadania Lnduz à
diante da diversidade cultural global,que proporciona diferenças idéia de um vínculo em que o indivíduo, além de súdito, é
reais e fortes entre as ordens jurídicas. Não é possível cidadão, goza de direitos políticos perante oEstado. Oemprego
simplesmente transportar os princípios internos de cadaordem da expressão cidadania para os membros de um povo reforça o
para a comunidade internacional.Mas entre eles, há princípios ideal de democracia de um determinado Estado. Muitas
que são universais, esses podem compor a ordern internacional. democracias distinguem a cidadarüa apartir do gozo efetivo
Hoje, os princípios possuem grande força normativa nas dos direitos políticos. Mas, na prática do Direito Internacional,
ordens internas dos Estados de Direito. Não podemos dizer que nacionalidade ecidadania muitas vezes são indicados com uirí
o mesmo se aplica à comimidade internacional, mas podemos sentido equivalente.
dizer que eles possuem uma função suplementar na solução de Nacionalidade não se confunde com nação, ainda que os
conflitos internacionais. termos tenham a mesma origem. Nação é um vínculo de
identidade forte de um indivíduo cçm um grupo por laços
culturais, religiosos, étnicos, etc., de natureza subjetiva e
variável, enem sempre uma nação coincide com opovo de um
Estado. Há Estados com mais de um agrupamento social interno
que apresentam características nacionais opostas esedistinguem.
58
59
associando-os às políticas de imigração, para povoamento de
Assim como há nações que se estendem, em função da regiões, atração de indivíduos profissionalmente qualificados,
identidade, pormais de um Estado. , .
limitações ao ingresso desordenado de estrangeiros, etc. Os
Nação também não se confunde com Estado Naçao, que e critérios mais comuns são; prazo mínimo depermanência local,
um fenômeno político e histórico em que os Estados origem de Estados de mesma língua ou mesma comurüdade
reivindicaram asua identificação com uma nação. Nem todos lingüística; casamentos com nacionais; paternidade e
consegi-üramefetivamente
emapresentar uma identidadeessanacional
façanha,própria
mas, emetomam
geral, msistem
muitas maternidade de nacionais; aquisição de patrimônio local,
prestação de serviços relevantes ao Estado concedente; anexação
decisões para fortalecer os laços nacionais, pois eles facilitam o de territórios.
controle interno sobre os súditos. Com a globalizaçao, a Ocorre uma questão importante quando oindivíduo nasce
identidade nacional é gradativamente erodida. em espaços territoriais denominados internacionais, como as
águas internacionais eaAntártida. Nesses casos, avinculação
ODIREITO ÀNACIONALIDADE - Hoje, acomunidade da embarcação a algum Estado pela sua matrícula servirá como
internacionalatua no sentido de coibir as hipóteses de indivíduos um critério para definir a nacionalidade do indivíduo, nocaso
sem nacionalidade (apatridia), bem como também as hipóteses de aplicação do ius soli. Por outro lado, se um indivíduo nasce
de indivíduos com mais de uma nacionalidade em embarcação estrangeira em águas nacionais poderá se
(plurinacionalidade). Um exemplo éoartigo 15 da Declaraçao beneficiar dos critérios locais de aquisição de nacionalidade,
Universaldos Direitos do Homem, ao estabelecer que os Estados desde que não seja embarcação oficial ouque os pais não estejam
não podem privar arbitrariamente o indivíduo de sua a serviço doEstado de origem. Éo caso de um filho de turista
nacionalidade. Mas esse documento não tem natureza de tratado estrangeiro nascido em águas brasileiras abordo de umnavio
e é muito difícilo controle dessas situações. decruzeiro, poderá se beneficiar do critério doius soli adotado
no Brasil.
AAQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE - Aaquisição de
nacionalidade pode ser originária ou derivada. Aorigma-ria ea A PERDA DA NACIONALIDADE - Mas também é
primeira nacionalidade de um indivíduo eocorre, gera men e, possível que um indivíduo perca a sua nacionalidade. Para o
pelos critérios do ius soli, ius sanguinis ou por variações desses. Estadonãoéinteressante a plurinacionalidade, pois dificulta o
Oius soli éoemprego do local de nascimento do indivíduo eo controle público, a tributação, a emissão de documentos, etc..
ius sanguinis é o vínculo formado em função dos laços Porém, não é fácil controlar e,por vezes, o próprio Estado de
consanguíneos, ou seja, a herança da nacionalidade pela direito protege oindivíduo, em hipóteses deaquisição alheias à
descendência.
sua manifestação de vontade.
Aaquisição derivada, ou nacionalidade por nati.iralizaçao, A perda pode ocorrer por renúncia, que é uma
ocorre quando oindivíduo adquire nova nacionalidade. Ha manifestação expressa e voluntária do indivíduo (o que nem
diversos critérios adotados pelos Estados, conforme a sempre éadmitido por uma oMem jurídica). Ou poder ocorrer
conveniência política. Os Estados definem os critérios
61
60
por imposição, seja por uma condenação expressa (pena de ^ A NACIONALIDADE DE COISAS E DE PESSOAS
banimento) ou por uma perda tácita, diante de condições legais JURÍDICAS - Conceitualmente, não há nacionalidade de coisas
que implicam na perda. Entre as hipóteses de perda imposta e de pessoas jurídicas, pois se trata do vínculo do Estado com o
pode-se exemplificar o exercício de funções públicas seu povo, muitas vezes, caracterizador dedireitos políticos. Mas
:^trangeil:as; a condenação penal; a eleição de uma nova as ordens jurídicas precisam definir a vinculação de
oionalidade; a anexação territorial do local de sua residência. deterimnados bens móveis edas pessoas jurídicas auma ordem
-:>l! j hipóteses que não necessariamente ocorrerão, depende de específica para produzir efeitos jurídicos de suas relações, por
le;;i'-í '.çãoespecífica de cada Estado ou de episódios específicos isso é possível critérios legais indicarem avinculação desses a
qv . .mplicam esta medida, considerada drástica nas relações uma ordem estatal e ocorrer ainterpretação de que se trata de
ác- ^-tado com os seus súditos. um vínculo de nacionalidade.
Éocaso das embarcações mercantis edas aeronaves civis.
A APATRIDIA E A PLURINACIONALIDADE - Hoje, os São bens móveis que possuem vinculação em função do seulocal
F- .idos de direito e a comunidade internacional regulam a de matrícula. Por tradição, oriunda da navegação colonial, as
;teção de todos os indivíduos em vários direitos fundamentais, embarcações são identificadas por sua bandeira; mas esta éuma
forma que poucos direitos escapam e se tomam exclusivos tradição que hoje só serve para se referir à nacionalidade de
.^0 nacionais. Mas os apátridas, mesmo podendo tirar determinado navio e para a primeira identificação em
passaportes nessa condição, sofrem discriminações e abordagens das forças públicas de controle. Olocal dematirícula
dificuldades em seus deslocamentos pelo mundo. Também não e o local de registro público perante repartições de um
gozam dos direitos políticos, exclusivos dos nacionais. No Brasil, determinado Estado.
é possível a emissão de passaporte para- o apátrida, ato de Quanto às pessoas jurídicas, os critérios legais variam.
competência da polícia federal, conforme condições que a lei Predominam os seguintes critérios: nacionalidade dos sócios;
.'Stabelece. local de constituição da pessoa; esede social, etc. Éimportante
Quanto aos que possuem mais de uma nacionalidade, destacar qiie a figura da multinacional não é juridicamente
poderão gozar de direitos políticos em mais de um Estado. Mas reconhecida, pois não há uma instância internacional que
é possível que as ordens jurídicas exijam cadastramentos em reconheça personalidade a tal fenômeno. O que ocorre são
suas listas de eleitores. ligações econômicas de controle de fato de empresas espalhadas
A título de exemplo de indivíduos que se tornam em ordens jurídicas distintas. Nesse sentido, o direito não
originariamente apátridas ou binacionais, imaginemos dois conseguiu avançar e acompanhar a evolução das sociedades
Estados onde um, o Estado A, adota o ius sangtiinis e o outro, o mercantis.
Estado B, adota o iiis soli. Um casal de nacionais do Estado A Outra questão éaproteção de direitos privados em função
que vá residir no Estado B e lá tenha filhos, os seus filhos serão de um vínculo de nacionalidade, tema objeto do Direito
binacionais; e um casal do Estado B que vá residir no Estado A Internacional Privado. Éocaso de um indivíduo que sofre um
e lá tenlia filhos, os seus filhos serão apátridas. dano e quegera uma responsabilidade aterceiro, mas oindivíduo
62
63
vitimado.muda de nacionalidade. Quando a nacionalidade for
importante para definir a lei aplicável na solução desse caso CAPÍTULO XII
será observada a nacionalidade ao tempo do dano. Nesse caso, A NACIONAUDADE SEGUNDO
a nacionalidade do indivíduo é usada comocritério (elemento O DIREITO BRASILEITO
deconexfão) para identificar alei aplicável.

No Brasil, anacionalidade está regulada no artigo 12 da


Constituição Federal ena lei6.815/80 (Estatuto do estrangeiro).
Contempla tanto a originária (brasileiros natos) quanto a
derivada (brasileiros naturalizados).

OS BRASILEIROS NATOS - AConstituição define a


aquisição originaria segundo um conjunto de critérios, são os
brasileiros natos. Oprimeiro critério éoius soli, serão brasüeiros
natos os nascidos em solo brasileiro. Osegundo critério éoius
sanguinis opcional, quando o indivíduo é filho de brasileiro
nascido no estrangeiro e opta pela nacionalidade brasüeira
registrando-se na repartiçãobrasüeiracompetenteno estrangeiro
ou vindo ater domicilio no Brasil eoptando ele mesmo após a
maioridade. Oterceiro critério éoius sanguinis funcional, que
ocorre quando brasÜeiro aserviço do Estado brasileiro tem filho
em terntorio estrangeiro, sendo ofilho um brasileiro epodendo
registra-lo em repartições brasüeiras no estrangeiro ou território
brasileiro independentemente da maioridade.
OIUS sanguinis funcional éuma prática comumdos Estados
em função de suas relações intemacionais. Assim, oseu reverso
tamben. ecomum, inclusive no Brasil: ofilho de estrangeiros a
serviço do seupais, nascidos no território brasileiro, não poderão
obter anacionalidade brasileira em função do critério do ius
AConstituição distingue os brasileiros natos conferindo-
64
."1
lhes a prerrogativa de ocupar determinadas funções públicas: por conta de crime anterior à naturalização ou por crime de
Presidente e Vice-Presidenteda República; Presidente da Câmara tráfico dedrogas epornão poderem ocupar os cargos privativos
de Deputados e do Senado; ministros do STF; membros da dos brasileiros natos.
carreira jüplomática; oficiais das forças armadas; ministro de
Estado da Defesa. Também somente brasileiros natos poderão A PERDA DA NACIONALIDADE - No Brasil, também é
se indicados como cidadÉios para o Conselho da República (art. possível a perda da nacionalidade, pela regra da eleição de nova
89 - CF)'. nacionalidade. Mas hipótese não se aplica se a nova
nacionalidade decorrer naturalmente da lei estrangeira, como
OS BRASILEIROS NATURALIZADOS - Trata-se de nacionalidade originária, de forma que a manifestação do
aquisição de nacionalidade derivada, que é regulada na brasileiro para adquirir anacionalidade seja apenas uma opção
Constituição e na lei 6.815/80. Essa modalidade de para ogozo de umdireito preexistente. Éo queocorre em muitos
nacionalidade se distingue em naturalização extraordinária e casos dedescendentes deimigrantes. Asegunda exceção àperda
naturalização comum. A extraordinária é regulada no artigo por eleição é a hipótese de aquisição de outra nacionalidade
12 da Constituição, possível após quinze anos de permanência como condição para garantir a sua permanência em terra
no Brasil, mais opção do estrangeiro pela naturalização e estrangeira ou para o exercício de direitos civis, em decorrência
inexistência de condenação penal no Brasil nesse período. A de imposição de normaestrangeira.
naturalização comum é regulada na lei6.815/80, após quatro Também há perda de nacionalidade brasileira quandoo
anos de permanênciano Brasil (ou prazo mais reduzido para brasileiro naturalizado pratica atividade nociva ao interesse
as hipóteses de ter filho ou cônjuge brasileiro; ser filho de nacional, após condenação judicial. Atividade nociva e interesse
brasileiro; prestar serviços relevantes ao Brasil; representar nacional são conceitos jurídicos indeterminados, de elevada
recomendada capacidade profissional, científicaou artística; ser subjetividade e o constituinte delegou ao judiciário o
proprietário de imóvel no Brasil noslimites da lei), dependendo preenchimento dessa lacuna.
também de opção e de preenchimento deoutros requisitos da
lei(artigos 112 e 113)^. Porém, dentro da naturalização comum, O ESTATUTO DA IGUALDADE - O Brasil e Portugal
pordisposição constitucional, para estrangeiros originários de assinaram um tratado denominado "Tratado da Amizade", em
países de língua portuguesa o prazo de residência no Brasil é conseqüência deseus laços históricos e das afinidades por conta
reduzido para um ano e é exigida apenas a idoneidade moral e da língua comum edos movimentos imigratórios. Ali se regula
a opção. ainda mais a aproximação entre as duas nações. Uma das
Osbrasileiros naturalizados também sedistinguem porque disposições nesse sentidoé o "Estatuto da Igualdade".
podemser extraditados (diferentemente dosbrasileiros natos). Éodispositivo que confere apossibilidade do português
no Brasil e do brasileiro em Portugal terem tratamento
^O fundamento constitucional destes artigos 112 e 113 é o art. 12, II, a, quando ele equivalente ao nacional naturalizado sem perder a
estabelece que serão naturalizados "os que, na forma da lei".
nacionalidade de origem e sem requerer a nacionalidade local.
66
67
Isso eqüivale dizer que o português no Brasil poderá, por CAPITULO XIII
exemplo, votar, prestar a maioria dos concursos públicos e se O ESTRANGEIRO
candidatar para a maioria dos cargos públicos eletivos, sem se
tornar brasileiro naturalizado e sem deixar de ser português.
O tratado dispõe que, após um ano de permanência no
outro país e após suspensão de direitos políticos no país de NOÇÃO - Historicamente, osestrangeirossão marcados
origem, e possível o requerimento do Estatuto da igualdade. No por preconceito e discriminação local, mas isso não impediu os
Brasil,esse requerimento ocorre perante o Mirústério da Justiça. movimentos imigratórios, para a felicidade da evolução humana.
Porém, esse instituto na Constituição Brasileira é As razões da imigração sempre foram mais fortes e isto tornou
condicionado à exigência de reciprocidade, tais direitos só serão o imigrante mais capaz de transformar e de contribuir para o
conferidos aos portugueses com a equivalência aos brasileiros crescimento das sociedades,
em Portugal, o que foi alcançado com o Tratado da Amizade. Mas o espírito humanitário que acompanha a evolução
do Estado em prol da defesa de direitos do indivíduo e da
pro teção da igualdade e da liberdade levou ao reconhecimento
gradativo de direitos ao indivíduo fora do seu Estado de
nacionalidade.
A formação primária do Estado Moderno, com a
identificação de ordens compostas por soberanos em territórios
demarcados e súditos identificados por critérios legais e, em imi
segundo momento da história, por laços de identidade nacional,
não contempla, em tese, a proteção do estrangeiro. Mas a
comunidade internacional evoluiu junto com o Estado Moderno
e exigiu a proteção e o seu reconhecimento jurídico. Isso ocorre
especialmente a partir do Estado de Direito, que inclui na
proteção do indivíduo a proteção na sua condição de estrangeiro.
À luz do direito internacional, o estrangeiro é protegido
em muitos de seus direitos fundamentais, como o direito à vida,
à integridade física, de petição e de isonomia entre iguais. Mas
sofre restrições em direitos civis, como o exercício de trabalho
remunerado, geralmente permitido apenas para o estrangeiro
imigrante ou com vínculo estabelecido antes do ingresso no
território. Também é comum restrições para aquisição de
patrimônio, como a propriedade de imóveis rurais em áreas de
68 69
fronteira, a propriedade de recursos ea atuação em atividades cada vencimento. O visto temporário se aplica a diversas
estratégicas, como fontes energéticas, meios de comunicação hipóteses de permanência rápida, como trânsito, turismo,
social eatividades de segurança nacional. Por exemplo, oartigo negócios, missões religiosas, estudos, atividades desportistas e
106 dop!statuto do Estrangeiro discrimina para oBrasil uma culturais, etc.. O visto diplomático é conseqüente da
série de vedações.
representação internacional dos Estados.
Um indivíduo, dentro de um Estado na condição de O documento para a identificação individual reconhecido
L.;>.i;angeiro, submete-se às leislocais, com exceção relativanos na comimidade internacional é o passaporte. Nele se anota os
ca^os de imunidades por representação do Estado estrangeiro, vistos e os ingressosnos postosde controle de fronteira. Mas é
def tírminadas conforme asnormas dadiplomacia. possível, por tratado e excepcionalmente, a dispensa do
passaporte e o uso de documentos de identificação nacionais.
O INGRESSO DO ESTRANGEIRO EM TERRITÓRIOS A dispensa do passaporte sem o visto, mediante tratado
NACIONAIS - Nerihum Estado éobrigado aadmi tir oingresso ou tratamento recíproco formado por relações amistosas entre
de estrangeiros. A decisão é política e interna a cada Estado, determinados Estados, ocorre para estrangeiros em passagem
mesmo nas democracias os governos gozam de ampla temporária. Para o imigrante há a exigência do visto. Mas a
discricionariedade. Politicamente, a recepção é variável entre dispensa do visto não implica necessariamente a dispensa de
os Estados, em função das demandas por imigrantes e' das restrições ao ingresso, é possível outras exigências, como
políticaspara atração do turismoe do investimento econômico. identificação do local de hospedagem, passagens de retomo,
Atualmente, há mais restrições nos países ricos epara indivíduos demonstração de recursos financeiros para o período de
sem qualificação técnica. OBrasil éconsiderado receptivo, mas permanência, etc..
há dúvidas seessa postura sesustentará diante do crescimento
econômico do país e docrescimento do fluxo imigratório. OINGRESSO DOESTRANGEIRO NO BRASIL- Aregra
Para o ingresso em determinado Estado, o estrangeiro para o ingresso de estrangeiro no Brasil é definida no Estatuto
depende das normas locais que, geralmente, estabelecem a do Estrangeiro (lei 6815/80) econstitui-se doseguinte conjunto
exigência de títulos de ingresso denominado "vistos". Nias os de modalidades de vistos: trânsito; turista; tempòrário;
vis tos podem ser dispensados conforme tratados que atribuam permanente; cortesia; oficial; diplomático. O visto de trânsito
outros critérios recíprocos, a princípio mais flexíveis, para os ocorre quando o estrangeiro tem outro destino, mas passa pelo
Estados contratantes. Brasil a caminho, chegando a desembarcar. O visto de turista é
Doutrinariamente,é possívelreduzir as modalidades de aquele de caráter recreativo ou de visita, sem a pretensão de
vr-jto ao permanente, ao temporário e ao diplomata. O imigrar ou exercer atividade remunerada. O visto temporário,
permanente se destina ao estrangeiro imigrante, que possui conforme classificação prescrita na lei, destina-se a atividades
ârümo de fixação epermanência longa. São vistos para prazos estudantis, culturais, negociais, artísticas, desportistas, de
maiores, mas ainda que sejam denominados "permanentes", contrato com o governo brasileiro, jornalísticas e religiosas. O
eles são por prazos determinados e precisam de renovação a visto permanente sedestinaao estrangeiro que pretende sefixar
70
71
definiUvamente no Brasil. Os vistos de cortesia, oficial e apresentam documentação de entrada ou de permanência
diplomático destinam-se a indivíduos em atividades irregular. A irregularidade pode ocorrer com uma entrada
diplomáticas, representando Estados e organizações; são clandestina oucom apermanência após o prazo permitido.
concedidos e se diferenciam conforme deliberação do Ministério Geralmente nãose tratade crime, masapenas de medida
das RÍações Exteriores. de polícia administrativa, por isso éato do poder executivo, que
O Brasil é signatário de tratados que dispensam^ goza de uma margem dediscricionariedadepara promover ou
reciprocamente, a exigência de vistos para o ingresso não a deportação. No caso brasileiro ogoverno não pode atuar
temporário. Isso ocorre,por exemplo, com a maioria dos países além da lei na deportação, mas a própria lei confere
da Europa e da América do Sul. discricionariedade ao Ministério da Justiça em etapas do
O Ministério da Justiça, por via da polícia federal, é procedimento.
responsável pelo serviço de emissão de documentos e controle NoBrasil ovicio ésanável, não impede oretomo logo após_.
de estrangeiros em território brasileiro. Fora do território a regularização dos documentos ecabe àpolicia federal realizar
brasileiro, cabeàs repartições consulares atenderos estrangeiros o controle.
que pretendam se dirigir ao Brasil.
A EXPULSÃO À LUZ DO DIREITO BRASILEIRO - A
ASAÍDA FORÇADA DO ESTRANGEIRO - Agarantia expulsão, no direito brasileiro, éasaída forçada de estrangeiro
de direitos aos estrangeiros não evita a sua saída forçada, mas o em razão de condenação penal no país ou de prática de
Direito Internacional procura regular as hipóteses,ainda que se procedimento nocivo àsegurança nacional, àordem pública ou
trate de uma decisão interna dos Estados, muitas vezes, à converüência e aos interesses nacionais.
discricior\ária dos governos. No Brasil, também é ato do poder executivo federal,
As hipóteses reguladas pelo Direito Internacional são de mediante inquérito apurado pelo Ministério da Justiça com
deportação; expulsão, extradição e entrega.Porém, muitas vezes, posterior decreto do Presidente da República. OMinistérioda
o estrangeiro nem chega a entrar, em tese, no território nacional Justiça goza de discricionariedade para instaurar ou não o
e éimpedidonos espaços neutros dos aeroportos,sendo enviados inquérito. Assim, ele pode deixar de fazer, mas dentro de
devolta imediatamente. Oimpedimento deentradagerasituação hipóteses legais. Fará sem a participação do judiciário, mas é
equivalente à deportação, ocorre por falta de documentação e possível o estrangeiro questionar judicialmente o abuso de
decondições de entrada percebidas já nabarreira aeroportuária. autoridade diante de umaexpulsão infundada.
Distingue-se pela não entrada, em tese, em território nacional. Nos termos do Estatuto do Estrangeiro, ocorrendo a
O estrangeiro é mandado de volta à custa da empresa expulsão, não é possível o retorno, enquanto o Presidente da
transportadora. República não expedir um novo decreto revogando-a. Etambém
de acordo com oestatuto, não épossível aexpulsão de estrangeiro
A DEPORTAÇÃO À LUZ DO DIREITO BRASILEIRO - casadocombrasileiro a mais de cinco anosou com fillio brasileiro
A deportação é a saída compulsória de estrangeiros que sob a sua guarda ou dependência.
72
73
A EXTRADIÇÃO À LUZ DO DIREITO BRASILEIRO - A
extradição é o ato de entrega de um indivíduo a pedido de político. Essa exigência é uma medida protetora do
Estado estrangeiro pormotivo decondenação penal ouprocesso Estado de direito, para evitar tribunais de exceção que
penal.
são instalados para perseguição de adversários
NÍ extradição, ointeresse édo Estado estrangeiro, inverte- políticos, em prejuízo da liberdade política. Mas,
se o protagonismo e resta ao Estado local a decisão de conceder muitas vezes, essas perseguições são sutis, por isso, o
ounão. Por conta dessa condição osEstados de Direito são, por rigor damedida não ésomente diante de tipos penais
vezes, constrangidos diante de pedidos que podem representar caracterizados como políticos, mas também na
abusode poder pelo Estado estrangeiro, por issoa extradição é inobservância do devido processo legal, quando não
condicionada a regras locais e, no caso brasileiro, o conjunto segarante aampla defesa, ocontraditório eoprincípio
dessas regras é amplo e severo. da anterioridade legal da norma penal;
O ponto de partida para a extradição é a existência de um b) Exige-se que o crime ainda não esteja extinto na sua
tratado entre os Estados interessados, possibilitando eregulando punibilidade, conforme as regras brasileiras e
a extradição. Há também a hipótese de extradição mediante conforme as regras do Estado requerente. Valem,
compromisso de reciprocidade, sem tratado. O Brasil admite portanto, também e cumulativamente, os prazos de
extraditar ocorrendo o compromisso do outro Estado de dar prescrição do direito brasileiro;
tratamento igual ao Brasil quando este desejar uma extradição c) Também seexige que o fato seja tipificado no direito
daquele Estado. Otratado vincula oEstado naobrigatoriedade penal brasileiro, oque não sigiüfica ter a mesma pena
de extraditar (nos limites do tratado em consonância com a e a mesma denominação, mas que seja fato típico de
legislação local), já ocompromisso dereciprocidade éumgesto mesma natureza;
de boa vizinhança e é discricionário da chefia de Estado.
Mas a cautela do legislador brasileiro, diante de um d) Também ofato que motiva opedido de extradição deve
passado marcado porgovernos autoritários ediante de relações ser tipo penal no Estadorequerente;
internacionais com governos autoritários, resultou naexigência e) Ofato que motiva aextradição não pode ser objeto de
da extradição ocorrer mediante processo judicial perante o competência penal da ordem jurídicabrasileira, caso
Supremo Tribimal Federal. Cabe à Presidência daRepública a que levará à punição local;
última palavra autorizando aextradição, mas antes épreciso a O fato típico nãodeve sercrime deconteúdo de menor
í)
apreciação judicial para averiguar a pertinência legal. significância, ou seja, de menor potencial ofer\sivo.
A lei brasileiras estabelece várias exigências para a Segundo a lei brasileira, não haverá extradição para
extradição:
hipóteses de pena iguais ou inferiores a um ano
a) Ocrime que motiva deve ser comum. Não é possível segundo a tipificação brasileira;
extradição, no Brasil, por dívida civil ou por crime O Brasil exige a comutação da pena, ou seja, a
g)
conversão da pena aplicada na ordem estrangeira
74
75
para pena equivalente no Brasil; de forma que não que foram pegosemseu território, por prática decrimesocorridos
será possível que o extraditado cumpra pena de morte ali ou ocorridos em outros Estados,
ou prisão perpétua, nem mesmo que cumpra pena O Brasil é signatário do tratado do TPIe há disposição
Isuperior atrinta anos; expressa no artigo 5°, parágrafo 4°, da Constihiição Federal,
h) Também se exigea detração da pena, ou seja, que seja reportando-se à sujeição brasileira ao tribunal.
abatido o tempo de pena já cumprido no Brasil;
O CASO RONALD BIGGS - Trata-se de uma
i) Por fim, o Brasilnão permite a extradição dissimulada, jurisprudência conliecida doDireito Internacional e quesintetiza
que é forma de extradição revestida por outra medida os institutos acima. Ronald Biggs foi um dos "assaltantes do
de envio forçado do estrangeiro. Caso o estrangeiro trem postal" no Reino Unido. Após um período de fugas e
seja submetido a uma deportação ou a uma expulsão prisões, ele veio para o Brasil. Após a suaprisão aqui, o Reino
quando não é possível uma extradição, essas medidas Unido pediu a sua extradição, quefoi negada por falta de um
são ilegais e podem ser fulminadas judicialmente. tratado e porque oReino Urüdo não secomprometeua corxferir
ao Brasil um tratamento de reciprocidade. Anos após, foi
Além dessas exigências, o Brasil não admite extradição de firmado um tratado e um novo pedido de extradição, que
brasileiros natos e os naturalizados só serão extraditados nas
também foi negado porquejáhaviaextinguido a punibilidade
hipóteses de crime anterior à naturalização ou por trafico de conforme o direito brasileiro. Nesse período, osgovernos dos
entorpecentes (aplicando-se as limitações acima). dois países tentaram o envio por outros meios, como a
deportação e a expulsão, jáque ele era estrangeiro ilegal e um
A ENTREGA DE CRIMINOSO INTERNACIONAL À criminoso comum,masnão foi possível por se caracterizar uma
LUZ DO DIREITO BRASILEIRO - Com a criação da Corte Penal
extradição dissimulada. Tambémo Biggs constituiufamília no
-Internacional, os Estados signatários se comprometeram a Brasil, comfilho brasileiro, oqueimpedia a expulsão. Por fim,
entregar os denunciados por crime internacional. Trata-se de jádeidade avançada ebastante doente, Biggs retornou aoReino
nova modalidade internacional de saída forçada. É uma situação Unido voluntariamente.
muito próxima da extradição, mas se distingue, pois pode ocorrer
sobre os nacionais natos e os naturalizados, a pedido de uma
organização internacional para crimes tipificados por tratados,
como genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade
e crime de agressão (hipóteses genéricas melhor discriminadas
no tratado do TPI).
O TPI atuará quando os tribunais nacionais não puderem
ou não quiserem processar os envolvidos. Um Estado poderá
enviar indivíduos que sejam os seus nacionais ou estrangeiros

76
77
CAPÍTULO XIV julgamento penai por tipificação em crimes de segurança
A PROTEÇÃO DO ESTRANGEIRO nacional, mas também há perseguição por atos públicos
PERSEGUIDO: O ASILO restringindo a liberdade de opinião,de dissidênciapolítica, de
opção religiosa, a diferença étnica oudiferenças protegidas por
direitos fundamentais. Também a prova de ausência de devido
CONCEITO - O asilo é um instituto do direito internacional processo legal em processos de crimecomum para indivíduos
para o acolhimento de indivíduo perseguido, por seu Estado de com trajetória política ou laços religiosos, étnicos e culturais
origem ou qualquer outro, por motivo político. diversosdo governo éindício suficiente para a perseguição.
Trata-se de uma proteção que a comunidade internacional O asilo também impossibilita a extradição pela própria
oferece para resguardar o indivíduo dos excessos de poder por natureza oposta que esses institutospossuem. Considerandoque
Estados, segue a tendência das modernas sociedades que é uma medida contra abusos de Estados, não há necessidade de
recorúiecem os direitos fundamentais e o Estado de direito. Mas tratado e nem de tratamento recíproco. Estadosdemocráticos e
há registros de asilos desde a antigüidade. Estados que se opõem politicamente a determinado Estado
A porseguição política aqui tem sentido amplo e perseguidor normalmente oferecem a medida. Foi muito comum
contempla, por exemplo, perseguições por diferenças religiosas no período da guerra fria, diante da oposição entre Estados
ou étnicas que redtmdam em discriihinações políticas. socialistas e Estados capitalistas.
O asilo não se confunde com o exílio. Aquele é medida poKtica No Brasil,o instituto também é regulado pela lei 6815/80,
do Estado de recepção e proteção do estrangeiro e este é o estado de que discrimina ospressupostos e a competência do Ministério
quem se encontra distante da fcerranatal, muitas vezes impossibilitado da Justiça. Após aconcessão, apolícia federal emitirá passaporte
de retomar, seja por motivo poKtico ou de outra natureza. especial para os asilados.
Muitas vezes, é denominado asilo territorial para dis tinguir
da subespécie asilo diplomático, definida abaixo. O ASILO DIPLOMÁTICO - Trata-se de forma derivada
dp instituto do asilo, com a proteção a estrangeiro concedida
CARACTERÍSTICAS - Implica a recepção de um em repartições diplomáticase embarcações oficiais, que gozam
estrangeiro em território do Estado, muitas vezes, com suporte de imunidades por inviolabilidade doespaço.
econômico. A medida, quando necessário, se estende aos Também é denominado "asilo provisório", porque
familiares, dependendo da gravidade e do grau de dependência pressupõe uma proteção prévia para um possível "asilo
familiar. Ocorre mediante decisão discricionária do Estado definitivo", que é o asilo propriamente dito ou asilo territorial.
receptor, mas o Brasil condiciona o ato administrativo a parecer Como o asilo diplomático é concedido, muitas vezes, em
técnico de órgão consultivo do Ministério da Justiça, onde se missões diplomáticas e embarcações da marinha oficial,
avalia os pressupostos do asilo. presentes no próprio território do Estadoperseguidor, surge a
A motivação política para a perseguição pode ser o dúvida sobre a necessidade de um tratado possibilitando a
medida. Mas não é necessário, pelo rnesmo princípioapontado
78
79
para o asilo territorial. Assim, o Estado receptor garante a
proteção aoestrangeiro fundadonaimunidadeque asrepartições CAPÍTULO XV
e embarcações gozam. DIREITOS FUNDAMENTAIS NO
Ocorre também dosEstados envolvidos negociarem asaída DIREITO INTERNACIONAL
do asilado sem a suaprisão para que possa receber a proteção
territorial (asilo definitivo). O instrumento para essa saída é o
"salvo-conduto", quando a chancelaria do Estado concedente
do asilo providenciará o transporte, geralmente uma ação NOÇÃO - A evolução dos direitos fundamentais no
urgente e tensa.
Direito Internacional é paralela à sua evolução nas ordens
Oasilo diplomático sedesenvolveuespecialmente naAmérica jurídicas dos Estados democráticos. Osprimeiros documentos
Latina, com regulação e tratado a respeito (Convenção deCaracas que acompanharam as revoluções liberais de Estados centrais
sobre Asilo Diplomático, de 1954). Pode-se afirmar que o direito serviram de inspiração para os demais. No século XX, foram
internacional latino americano é especialmente desenvolvido por documentos internacionais que serviram de inspiração para
conta deseuspaíses viverem uma intercalaçãode regimes autoritários constituições democráticas.
e democracias. Nos períodos de democracia, as chancelarias A divisão tradicional dos direitos fundamentais em
procuraramavançar emmedidas deproteçãodiante dá expectativa gerações nos permite identiJficar também como ocorreu a
de novos regimes autoritários. Da mesma forma, os regimes evolução nacomunidade internacional, Aprimeira geração, de
autoritários estimularamdoutrinas que osprotegem nacomunidade direitos individuais, com um rol de direitos civis e políticos,
internacional, pois seusregimes também não são duradouros. ocorreu por diversas declarações próprias de Estados nacionais!
Há Estados que não reconhecem o instituto do asilo, em especial na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Ao
especialmente o diplomático. Mas a medida ganha caráter longo do século XIX e até no século XX, esses direitos foram
"político,quando não é recepcionado. incorporados com novas revoluções democráticas eliberais pelo
mundo, inspiradas no movimento inicial (ia Europa e EUA.
A ANISTIA INTERNACIONAL—A Anistia Internacional Pode-se dizer que essas revoluções ocorreram em "ondas" de
éum organismo internacional (organização não governamental) contaminação internacional. Não é propriamente um direito
que cuida da proteção e encaminhamento de perseguidos internacional, mas é um fenômeno de alcance internacional. A
políticos ao asilo. AAnistia fiscaliza situações deprisão, tortura segimdageração, dedireitos sociais ecoletivos, também refletiu,
e execução por motivos de consciência (que inclui diferenças em parte, documentos que alcançaram além das fronteiras
políticas, religiosas, étnicas e lingüísticas), mas também faz nacionais, como asEncíclicas Papais deLeão XIII, especialmente
campanha contra a pena de morte. a reriim novarum. O mesmo pode-se dizer da segunda geração
Mas a Anistia não faz parte da Comunidade Internacional de direitos quanto aos seus efeitos de contaminação
do Estados, ela atua como ente privado que faz denúncias eque internacional, são fenômenos de natureza política e econômica
mobiliza a opiniãopública na defesa de direitos humanos. que não foram contidos nas fronteiras dos Estados. A terceira

80
81
geração, de direitos difusos, já pode ser identificada como um e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos), ficou sujeito
fenômeno produto especialmente da comuiüdade internacional. à sua jurisdição. São órgãos criados para fiscalizar a proteção
Os documentos mais importantes na sua defesa foram de direitos sempre que a ordem jurídica local falhar na
produzidos por organizações internacionais, especialmente a ocorrência de danos de origem pública ou privada.
Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. Os
direitos de quarta e quinta geração, apontados por parte da A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA - Há diversas
doutrina constitucionalista, também podem ser identificados em ONGs de atuação internacional na defesa dos direitos
vários tratados. fundamentais. Como já apontado, é o caso da Anistia
Internacional, mas o debate atual é mais amplo, a comportar
DOCUMENTOS INTERNACIONAIS - As declarações de direitos mais do que humanos, direitos da humanidade. Assim,
direitos produzidas na revolução francesa, na evolução do por exemplo, há organismos internacionais compromissados
liberalismo inglês e na independência das colônias britânicas com a proteção do meio ambiente, com a paz, etc., que são
na América não podem ser consideradas documentos da incluídos na atuação internacional da sociedade civil organizada
comunidade internacional. O mesmo se diz das encíclicas papais. em defesa dos direitos fundamentais.
Já a Declaração Universal dos Direitos do Homem, da ONU,
mésmo não .r^endo um tratado e não possuindo um conteúdo
compromis,si vo na comunidade internacional, é um documento
ir\ternacional atípico de valor moral, produzido por iniciativa
dos Estados para efeitos políticos sobre essa comurúdade.
Há diversos tratados em matéria de direitos fundamentais,
mas destaca-se para o Brasil, entre os que ele ratificou, o Pacto
de São José da Costa Rica, de 1969 (Convenção Americana de
Direitos Humanos). A ONU é responsável por uma ativa
formulação de tratados de diversos temas relacionados.

EFEITOS DA REGULAÇÃO DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS NO BRASIL - Como já abordado, hoje o
tratado ratificado no Brasil em matéria de direitos humanos e
que cumpra internamente a aprovação por quorum qualificado
temi o status de emenda constitucional.
Como o Brasil é signatário do Pacto de São José, que
constituiu dois órgãos de proteção aos direitos humanos,
vinculados à OEA (Corte Interamericana de Direitos Humanos

82 83
TITULO V - A DEFINIÇÃO DO definida, temos uma fronteira morta. Quando ainda há disputa,
ESPAÇO NA COMUNIDADE temos uma fronteira viva. Quando as condições de definição
são difíceis, por conta de ambientes inóspitos (desertos, cadeias
INTERNACIONAL de montanhas), temos fronteiras esboçadas. A tecnologia atual
não permite mais se cogitar a existência de fronteiras esboçadas,
pois já são possíveis as localizações sem maiores dificuldades.
CAPÍTULO XVI Há critérios reconhecidos na comunidade internacional
A DELIMITAÇÃO DOS ESPAÇOS NACIONAIS para os Estados fixarem as fronteiras, mas essa decisão ocorre
PERANTE A COMUNIDADE INTERNACIONAL na negociação tópica, às vezes com participação de um mediador
ou até de um árbitro. Entreessescritérios, é possível distinguir
os naturais e os artificiais.
Nos critérios naturais, são usados recursos da natureza,
NOÇÃO - O espaço de um Estado é a sua delimitação como rios e cadeias de montanhas. Nos rios,porexemplo, pode-
territorial juridicamente definida, para o alcance de suas normas se traçar uma linha divisória equidistante, repartindo o curso
e de sua soberania, mesmo que corresponda a ficções. A das águas exatamente no meio, e é possível uma linha divisória
ocupação dosterritórios pelos Estados foi umprocesso gradativo sobre o caudal, ou seja,sobreo curso navegável e de passagem
em que prevaleceram, entre outros critérios, a "descoberta" e a da correnteza, de forma que se divida o rio no queele possui de
ocupação efetiva. O período colonialfoi decisivo nesse sentido, maior interesse para os Estados. Nas cadeiasdemontanhas, por
pois muitos povos nativos foram sufocados pela ação das exemplo, a linha de fronteira pode ser a sua linha da base, onde
potências europeias. Mas hoje, ocolonialismo é repudiado pela a montanha pertencerá a apenas um dos Estados fronteiriços, o
comunidade e os Estados passaram a disputar novos espaços que não é interessante, pois ali se encontram nascentes de rios,
que não correspondem exatamente à extensão física em solo. jazidas de minérios e localizações estratégicas para a defesa dos
Ainda há disputas internacionaispor faixas de terra, mas o foco Estados. O comum é dividir as montanhas, seja por uma linha
internacional mudou para as águas e para o espaço aéreo e imaginária que liga os cumes das montanhas (linha das
siderale hoje jáse discuteinclusive que a disputa do futuro será cumeeiras), seja por uma linha imaginária a partir dos cursos
siberespaço. d'água, onde se atribui o território na montarüia ao Estado para
onde as águas correm. Assirn, teremos, em tese, um lado da
AS FRONTEIRAS DOS ESTADOS - A definição das montanha para cada Estado. Nos cruzamentos de mais de duas
fronteiras nos Estados modernos, por meio de tratados, foi o fronteiras, a solução é o uso de critérios artificiais.
ponto de partida paraomoderno Direito Internacional, doqual Nos critérios artificiais, há duas possibilidades: ou são
é simbólico o tratado da Paz de Westfalia. traçadas liiil-ias a partir de pontos de referência formando-se
Quando a fronteira entre dois Estados já se encontra retas (as fronteiras geométricas) ou se utiliza linhas imaginárias
do planeta, como os trópicos e os meridianos (as fronteiras
84
85
geodésicas). em contrário), etc..
Os Estados delimitam faixas paralelas às fronteiras onde O Brasil já ratificou a convenção, obteve o reconhecimento
aplicam normas especiais para maior controle, como forma de de 200 milhas para as suas águas externas e reivindica
defesa nacional Éafaixa defronteira, que no Brasil possui uma atualmente a extensão para 350milhas, pois a convençãofaculta
extensão^de duzentos quilômetros da linhade fronteira para o essa possibilidade para Estados com plataformas continentais
interior. maiores, ainda que até então nenhum Estado tenha ainda
Mas os Estados podem também divisar com espaços conquistado esse direito. A contagem das milhas é feita a partir
intemacionais,como as águas oceânicas. Neste caso, eles sempre da linha de base da maré baixa.
definiramnasuaordema extensão de água ao qual reivindicou Mas as águas externas se subdividem em três faixas: o mar
como águas territoriais e informou à comunidade internacional^ territorial, de extensão máxima de 12 milhas (onde há soberania
com base em costumes que variaram de três a doze milhas do Estado e é considerada como extensão plena do território); a
marítimas. Porém, hoje a ONU assumiu o papel de regulação zona contígua, após o mar territorial em até 12 nrülhas (uma
das águas internacionais e negocia comos Estados os limites de faixa intermediária de controle relativo, para fiscalização
suas águas externas ou territoriais. adtianeira, migratória e sanitária); a zona econômica exclusiva,
contada a partir da linlia de base (linha média da maré baixa)
AS ÁGUAS EXTERNAS - O Direito Internacional se em a té 200 milhas (uma faixa em que o Estado tem um domínio
interessa pelo conjunto de águas sob uma soberania, ou de outra econômico). Excluindo o mar territorial, o Brasilhoje possui 188
forma, as águas territoriais de um Estado, sempre queelas levem milhas de zona econômica exclusiva, pois a zona contígua é
ao contato com outras soberanias ou com o domínio público contada dentro dessa zona.
internacional. Isso ocorre pelas águas externas de um Estado
na forma de mares e de rios. A PLATAFORMA CONTINENTAL - É a faixa do leito e
Os Estados reivindicavam diversamente a soberania sobre do subsolo dos mares. O prolongamento da praia pelo mar, na
as águas do mar, com diferenças na sua extensão sob o domínio superfície do solo, atinge gradativamente uma profundidade
nacional. Mas a comunidade internacional, por iniciativa da média de 200 metros e se estende por algumas centenas de milhas
ONU, reuniu os costumes vigentes em um tratado que hoje até que chegue a águas profundas e fossos geológicos
possui ampla aplicação: a "Convenção das Nações Unidas sobre submarinos, é a plataforma continental. Mas essa característica
osDireitos doMar" de 1982 (Convenção de Montego Bay). não ocorre em todos os litorais, há aqueles em que as águas
A Convenção estabelece limites para as águas externas e profundas estão mais próximas.
critérios para a sua reivindicação; por exemplo: um Estado só A plataforma continental é uma característica geológica
pode reivindicar até 200 milhas marítimas de águas; já a que foi incorporada juridicamente à delimitação territorial dos
plataforma continental pode estender-seem até 350milhas;um Estados. Quando ela se es tende longamente antes de se chegar
Estado deve dividir aságuas em igual distância quando o mar às águas profundas, a Convenção de Montego Bay a limitaao
servir de fronteira comoutro Estado (salvo disposição tradicional máximo de 350 milhas para a reivindicação por um Estado. Mas
86
87
quando.as águas profundas estão próximas da costa, a OS MARES INTERIORES - Os mares interiores são águas
Convenção limita a 200 milhas a reivindicação da plataforma, dos mares que adentram os territórios dos Estados em sua
mesmo que ocorra sobre águas profimdas.
delimitação de terra, formando baías. Como a defirução das
Cqmo o Brasil tem uma plataforma continental de fato águas externas, ocorre a partir da linha da maré baixa, nas
longa, efe reivindica asua extensão para 350 milhas. Hoje, ela reentranças territoriais (onde a água forma uma entrada
está recpnliecida em 200 milhas. O interesse brasileiro ocorre
côncava no território) a linha é traçada emuma reta, a excluir a
principalmente por conta do petróleo que há nosubsolo de sua baía da faixa de mar territorial e a formar um pequeno mar na
plataformacontinental. Asatuais reservas encontradas, mesmo parte interior da linha de base, são os mares interiores.
asreservas dopré-sal, estão dentro das 200 milhas járeconliecidas.
Essas águas são consideradas desoberania plena doEstado
e não há nem mesmo o direito de passagem inocente para as
AS EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS NAS ÁGUAS
embarcações estrangeiras. Os mares interiores são incluídos entre
EXTERNAS - No mar territorial (até 12 milhas), o Estado tem as águas interiores, como os rios elagos que não formam fronteiras.
soberania plena sobre qualquer embarcação, isso implica a
extensão da ordem jurídica local ecoma aplicação da jurisdição OS RIOS INTERNACIONAIS —Os rios internacionais, na
local. Mas a regra é excepcionada para os navios de guerra verdade, são rios que pertencem a alguma soberania estatal,
estrangeiros, pois possuem imunidade, e para a marinha não são de domírúo público internacional. São denominados
mercante estrangeira no uso do direito de passagem inocente. "rios internacionais" porque oseucurso d'água banha mais de
Quanto aos navios de guerra (marinha oficial de um um território estatal, seja porque serve de fronteira ou porque
Estado), oingresso nessas águas é condicionado à autorização nasce num Estado e corre para outro. É o caso do rio Paraná no
local, mas ingressando legitimamente gozará da imunidade Brasil, que éfronteira com oParaguai, edo rio Amazonas, que
equivalente aos espaços de representação diplomática. nasce no Peru e deságua no Brasil.
O direito de passagem inocente da marinha mercante é a Mas como envolvem interesses de Estados distintos,
possibilidade da embarcação estrangeira percorrer contínua/ possuem regimes jurídicos deDireito Internacional. Porém, não
pacífica e ininterruptamente pelo mar territorial em tempo de há uma norma internacional aplicável aos rios internacionais
paz. Mas não impede a abordagem para exercício de poder de em geral, como seu regime jurídico, porque eles envolvem
polícia local.
mteresses muito diferentes, implicam condições geopolíticas
Na zona contígua, o controle de polícia do Estado local diferentes e já possuem tratados e costumes muito antigos e
também é permitido, assimcomo,naturalmente, há o direito de
passagem inocente. Mas essa faixa já não é extensão territorial
consolidados. Cada rio internacional possuioseu próprio regime
jurídico, de regra.
dasoberania, éparte da zona econômica exclusiva, queconfere Os rios internacionais interessam aos Estados por causa
ao Estado a propriedade das riquezas dali, sem extensão da da navegabilidade, da exploração pesqueira emineral, para o
jurisdição.
fornecimento de água para consumo humano eagrícola, para
controle de poluição e, principalmente, para controle fronteiriço.
88
89
É inegável a sua condição estratégica.
CAPÍTULO XVII
O ESPAÇO AÉREO NACIONAL - Por conta da evolução o DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL
da aviação, especialmente com finalidade militar, o espaço aéreo
é uma ária sensível do domínio dos Estados e de interesse da
comunidade internacional. O espaço aéreo na extensão
equivalente da superfície territorial do Estado, seja em solo ou
AS ÁGUAS INTERNACIONAIS - As águas dos mares e
em água/ seguindo até o alcance das últimas camadas
oceanos que não pertencem aum Estado são consideradas águas
atmosféricas, são considerados espaços aéreos territoriais, de
internacionais. Estão sujeitas àproteção internacional conforme
:^oberania nacional, ou seja, extensão territorial do Estado. Ali
aConvenção de Montego Bay, que proíbe ouso para despejo de
aplica a soberania plena do Estado.
lixo epara testes militares, mas não impede alivre navegação, a
A circulação de aeronaves nos espaços aéreos nacionais
pesca, osobrevoo, a pesquisa científica, ainstalação de cabos e
está condicionada à autorização do respectivo Estado e ocorrerá
dutos submarinos eaconstrução de ilhas artificiais. Enfim, as
mediante tratado entre aquele Estado e o Estado de
águas internacionais podem ser usadas por todos para fins
pacíficos.
"nacionalidade" da aeronave (definido pelo local de sua
matrícula). A Convenção de Chicago, de 1944, criou a OACI
(Organização da Aviação Civil Internacional), que regula o
AS EMBARCAÇÕES NAS ÁGUAS INTERNACIONAIS
tráfego civil internacional e dispõe sobre o regime das ''cinco
- Amarinha mercante em águas internacionais éequivalente a
uma extensão territorial de seuEstado deorigem, assim como a
liberdades", que é uma referência para os Estados adotarem
nos tratados de uso de setis espaços aéreos.
marinha de guerra. Ali se aplica a jurisdição civil, penal ou
qualquer lei do Estado de sua matrícula.
Para a aviação civil, portanto, geralmente os Estados
adotam uma das cinco liberdades, mediante um tratado com o Porém, asdeembarcaçõesprivadas
a hscalízação qualquer Estado no nessas águas
combate estão sujeitas
àpirataria eao
Estado de origem da aeronave; primeira liberdade, ou liberdade
tráfico de drogas e de seres humanos.-
de sobrevoo limitado; segunda liberdade ou liberdade de
sobrevoo e pouso para abastecimento e escala técnica; terceira
APIRATARIA - A pirataria éa prática ilícita deviolência
liberdade òu liberdade de sobrevooe pouso para desembarque;
quarta liberdade ou liberdade de sobrevoo e pouso para
em aguas por embarcações privadas (ou embarcações públicas
desembarque e embarque para.local previamente definido;
controladas por amotinados). Na história, a pirataria está
quinta liberdade ou liberdade de sobrevoo e pouso para
associada também à inexistência de matrícula, ou de uma
desembarque e embarque para qualquer destino. Para a aviação
bandeira, para uma embarcação, o que a desvincula de uma
militar, os Estados adotam tratados específicos e controle rígido nacionalidade. Mas oDireito Internacional atualestá preocupado
mediante comunicação das aeronaves com as bases locais,
com apilhagem eos sequestros de navios edefine como piratas
inclusive com aplicação do direito de abate.
as embarcações criminosas, segundo aConvenção de Montego
Bay. Assim, anacionalidade não écondição para apirataria.
90
91
Qualquer Estado pode apreender embarcações piratas em menos, quatro teorias de reivindicação; a) teoria dos setores,
águas internacionais. que divide o continente em fatias triangulares a partir de duas
linhas que saem do centro do continente e chegam aos pontos
OS.ESTREITOS - Os estreitos são passagens em águas extremos dos litorais dos Estados. Assim, algumas dezenas de
marítimas entre terras de um Estado ou passagens onde as águas Estados se beneficiariam por terem apenas águas dos mares entre
territoriais de Estados diferentes se encontram. Essas passagens eles e o continente gelado, b) Teoria da descoberta, defendida
devem levar a qualquer outro domínio internacional ou ao peló Reino Unido e pela Noruega, que foram os primeiros a
território de algum Estado, ou seja, será uma rota de navegação pisarem no continente e a reivindicarem publicamente a sua
internacional. posse, c) Teoria do controle, defendida pelos EUA, por conta da
As embarcações estrangeiras possuem o direito de sua presença militar mais efetiva ali, com as suas bases militares,
passagem em trânsito pelos estreitos, que significa a passagem d) Teoria da continuidade da massa geológica, defendida pela
contínua, pacífica, ininterrupta e rápida. O direito de passagem Argentina ao apontar que o continente não se rompe do sul da
em trânsito, aplicável a estreitos, se estende também para o uso América.

do espaço aéreo, tanto para aeronaves civis quanto militares. Mas o regime jurídico prevalente hojepara a Antártida é
Os estreitos são muito importantes para a navegação, estão um tratado de 1959 (Tratado da Antártida), que permite os
nas principais rotas internacionais. Destaca-se, poi' exemplo, o Estados instalarem ali as suas bases militares para fins de laso
Estreito de Gibraltar, de Bering, de Magalhães, do Bósforo, etc.. pacífico,como a pesquisa e a preservaçãobiológica. Tambémé
proibido o despejo de resíduos e o teste de armas.
OS CANAIS - Os canais são passagens artificiais
construídas para a navegação. São os casos do canal de Suez e OESPAÇO AÉREO INTERNACIONAL - Oespaço aéreo
do canal do Panamá. É lícita a cobrança pela passagem, pois se sobre as águas internacionais também é internacional e de livre
trata de um investimento com finalidade econômica. Não há tráfego. É por onde passa a maioria das rotas de voo. Mas
que se falar, neste caso, em direito de passagem inocente. também está su/eito à Organização da Aviação Civil
Internacional (OACI), ligada à ONU, quanto a procedimentos
A ANTÁRTIDA - Apesar de ser um continente gelado e de voo, especialmente regras de segurança.
de condições inóspitas para a habitação, a Antártida desperta
interesses dos Estados para fins militares, estudos científicos e O ESPAÇO SIDERAL —A comunidade internacional
possíveis riquezas n-ünerais. definiu, pelo Tratado do Espaço (Tratado sobre Princípios
O continente antártico já foi reivindicado como extensão Reguladores das Atividades dos Estadosna Exploração e Uso
territorial por vários Estados. Segundo o prof. Rezek®, há, pelo doEspaço Cósmico, Inclusive a LuaeosDemais Corpos Celestes),
de 1967, que o espaço acima da camada atmosférica (espaço
®REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: ctirso clemeiitar. São Paulo: Saraiva,
sideral ou espaço cósmico) não pode ser reivindicado por
2010, p. 314. nei-Jium Estado como sua extensão territorial, pois pertence à
92 93
humanidade. Esse tratado regula o seu uso para fins pacíficos e TITULO VI - A REGULAÇÃO DA PAZ
proíbe a instalação de artefatos nucleares no espaço.
NA COMUNIDADE INTERNACIONAL

0|ESPAÇ0 VIRTUAL DA INTERNET - Hoje este espaço


é considerado a nova fronteira do Direito Internacional. Não
CAPITULO XVIII
i- .í um tratada definindo o domínio público sobre este espaço,
se é de domínio nacional ou internacional. A tendência é neste
A SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS
último sentido. INTERNACIONAIS
Medidas estatais de controle de navegabilidade em função
do local onde se situa determinado site, para combate à pirataria,
a ação de hackers ou para medidas de espionagem e de contra
espionagem desencadearam dúvidas sobre o assunto. A OCONFLITO INTERNACIONAL—É adivergência entre
princípio esta é a fronteira: o local onde se situa o site é o critério Estados ou organizações quanto a fatos ou direitos próprios da
para estabelecer um vínculo de nacionalidade. comunidade internacional. Os sujeitos do conflito são sempre
as pessoas da comunidade e o objetQ é o mesmo do Direito
Internacional: a regulação da comunidade internacional.
Mas o conflito pode esgotar-se em uma solução pacífica
ou pode desencadear um conflito armado. De regra o conflito
armado gera ilícitos internacionais, com conseqüênciasjurídicas
no plano da responsabilidade internacional. As hipóteses
possíveis de intervenção militar legítima são limitadas em
diversosaspectospelo Direito Internacional.Mas, nestecapítulo,
trataremos das possibilidades de solução pacífica dos coi^litos,
as quais podem ocorrer por entendimento diplomático; por
interferência política das organizações de paz e guerra ou por
formação de um litígio, com um encanünhamento jurídico.

A SOLUÇÃO POR MEIO DIPLOMÁTICO - Os meios


regalares de comunicação entre os Estados e organizações,que
é a comunicação diplomática, também são utilizados para a
solução de conflitos e, geralmente, é o primeiro encaminhamento
para a solução. A diplomacia é a arte do diálogo entre os Estados,
pois, neste ambiente, vale mais um entendimento com uma

94 95
ponderação entre os interesses em conflito do que a busca cega enquanto não ocorrer uma manifestação voluntária
e intransigente de pretensões tidas como legítimas à luz de cada de concordância.
ordem estatal. A mediação depende da confiança e consentimento
A ^solução diplomática, em sua essência, também é uma dos conflitantes com o mediador e a iniciativa pela
solução política, porém sem a institucionalização do instalação de uma mediação pode ocorrer por parte
procedimento. Não há a condução da solução por uma do mediador ou dos conflitantes.
organização que avoque competência para tal propósito. A
distinção aqui entre os meios diplomáticos e os meios políticos d) Solução por conciliação- é uma variaçãoda mediação,
se encontra nos tipos de atores envolvidos, quando há a em que o conciliador é uma comissão composta por
percepção da existência de uma maior gravidade no conflito, vários Estados.

que inclusive ameace a paz internacional, as organizações e) Solução por sistema consultivo - é o modo de solução
internacionais de fins políticos intercedem com os seus meios. para Estados que possuem relações intensas e,
As chancelarias dos Estados estão a serviço da solução de naturalmente, sujeitas a constantes conflitos. É também
seus conflitos e de conflitos alheios para evitar contaminações uma modalidade que depende de uma relação amistosa
dos problemas e para produzir uma atuação influente na entre esses Estados, pois funciona com à instalação de
comunidade. uma instância bilateral de encontros periódicos para
Mas a intervenção diplomática ocorre por caminhos já negociação dos conflitos. Nesses encontros, os Estados
disciplinados por costumes e podem ser reduzidos às seguintes apresentam as reclamações da convivência bilateral e
modalidades: encaminham as soluções pelo diálogo.
a) A solução por entendimento direto - é o diálogo entre
os próprios Estados interessados, por meio de seus ASOLUÇÃO POR MEIO POLÍTICO - As organizações
diplornatas. internacionais destinadas à promoção da segurança e da paz
internacional atuam na solução de conflitos que possuem urn
b) A solução por bons ofícios - os bons ofícios requerem potencial mais grave de tensão e de risco bélico. Elas podem
a participação de um terceiro Estado que procura fazer uso de recursos militares ou de ameaça ao uso. Em tese,o
aproximar os conflitantes e proporcionar um caminho bélicoé sempre o último,por issoa negociação, muitas
entendimento direto. Este terceiro não propõe soluções, vezes sob a perspectiva de uso da força, é o instrumento de
apenas encaminha o diálogo, o que já é uma tarefa organizações internacionais políhcas.
difícil nesses momentos.
A atuação dessas organizações pode ser,inclusive,à revelia
c) A sokição por mediação - ocorre com a intermediação das partes e pode ocorrer para intervenção interna em Estados,
de um terceiro Estado que apresentará uma solução em casos de guerra civil com prática de crimes de gtierra e
para o conflito, mas essa proposição não será genocídio.
obrigatória, não gerará compromissos entre as partes O exemplo mais contundente é o Conselho de Segurança
96 97
da ONU,quedecide mesmo semoconsentimento da Assembleia
Geral. O artígo 2°, parágrafo 7°, da Carta da ONU fala em não parte do seu tratado constitutivo. Mas qualquer Estado en-
intervenção em assuntos de jurisdição interna, mas a conflito pode fazer uso da lista, escolhendo algum de seus árbitros
interpretação desse dispositivo, combinada com outros da em comum acordo com oseu adversário. Porém, oque distingue
mesma^ carta, é que não há direito à intervenção, exceto em uma arbitragem de uma mediação éque asolução na arbitragen
situaçõps graves de ameaça à paz internacional. édeclaratória dedireitos daspartes.
Há outras organizações internacionais com funções A arbitragem pode ser resultado também de um
anáJc.^as às do Conselho de Segurança da ONU, como as compromisso arbitrai (tratado que define ouso de arbitragem
organizaçÕ^regionaisOEA, OTAN e Liga dos Países Árabes. para possíveis conflitos) ou de uma cláusula arbitrai (cláusula
constante previamente em algum documento internacional
, A SOLUÇÃO POR MEIO JURÍDICO - É a solução estabelecendo ouso da arbitragem).
fundada noDireito Internacional, que se vale doconhecimento
técnico jurídico para produzir soluções obrigatórias. Faz uso de
cortes e de árbitros na apreciação do direito.
Esse éopapeldaCorte Internacional deJustiça (Corte de
Haia), que éluntribunal permanente para asolução de cor\flitos
entre pessoasda comunidade internacional,eétambém opapel
do Tribunal de Justiça da União Européia, para Estados
pertencentes a esta comunidade.
A atuação desses tribunais ocorre ou por jurisdição
voluntária, quando oEstado não ésignatário dacorte, masaceita
ser demandado; ou ocorre por jurisdição obrigatória quando os
Estados são signatários do tratado que os fiUa àcorte; ou quando
âjurisdiçãoobrigatória decoíre dé um tratado em demanda que
estabelece uma cláusula indicando ajurisdição da corte.
^Quantoà solução arbitrai, as partes em conflito escolhem
um árbitro para produzir uma decisão técnica. Esse árbitro pode
ser um chefe de Estado ou um técnico emDireito Internacional.
Paraencontrar umárbitro, os Estados podem recorrer à Corte
Permanente de Arbitragem, que é uma lista de árbitros
internacionais.
Naverdade, aCorte Permanente de Arbitragem nãoéuma
corte. Éuma lista de árbitros indicada por Estados que fazem
98

99
CAPITULO xrx internacional nos atos de beligerância alcança diretamente os
A SOLUÇÃO BÉUÇA DO CONFLITO indivíduos, independentemente de falarem em nome de seus
INTERNACIONAL
Estados, o que muda o cenário da regulação da guerra,
especialmente por não restringir a questão às relações entre os
í
Estados.
O direitp à guerra pressupõe a existência de uma guerra
A NATUREZA DA GUERRA PARA O DIREITO - No
justa. Hoje a guerra é tolerada como reflexo da legítima defesa
contra agressão real e de natureza bélica (armada). Outra
Direito Internacional, há que se distinguir o "direito da guerra"
(jus in belló) do "direito à guerra" {jusad bellitm). Enquanto que hipótese é a luta contra a dominação colonial, aplicando-se o
o direito da guerra regula a atuação dos Estados em beligerância, princípio da autodeterminação dos povos. .Também as ações
estabelecendo limites e modos de atuação, o direito à guerra é a militares da ONU são consideradas legítimas à luz do Direito
Internacional.
possibilidade de um Estado declarar guerra. A primeira hipótese
avança no Direito Internacional com medidas cada vez mais
O artigo 2°, parágrafo 4®, da Carta da ONU condena a
restritivas. Atualmente, a regra é que a guerra é um ilícito guerra dando-lhe o status de ilicitude. Da mesma forma, não é
internacional. Quanto ao direito à guerra^ trata-se de uma lícita a represália (atitudes armadas, penhora de bens no
hipótese cada vez mais rediizida. estrangeiro, etc.). O Estado é livre apenas para praticar a retorsão
Porém, há que se considerar que a guerra é uma atitude (atos sem natureza de beligerância, como tributação elevada dos
de negação do direito; é uma demonstração de perda de produtos do adversário, retirada da missão diplomática, etc.).
capacidade da humanidade em estabelecer o consenso. As
OS COSTUMES E OS TRATADOS INTERNACIONAIS
iniciativas de criar limites durante a guerra são plenamente
louváveis, mas esboçam uma contradição. Por outro lado, há
DE REGULAÇÃO DA GUERRA - São regras de declaraçãode
que se destacar o papel humanitário das normas de regulação guerra, de manifestação na guerra e de proteção às vítimas. Hoje
da guerra, quando estabelecem limites e ilicitudes, o que seria há. tratados a respeito, mas boa parte destes dispositivos ainda é
costumeiro.
mais correto falar em "direito contra a guerra".
A doutrina que a comunidade internacional regula é a Já se encontra em desuso na doutrina do Direito
guerra como uma manifestação entre pessoas da comunidade internacional a reprodução detalhada dos rituais militares de
internacional, o que dificulta a aplicação de seus institutos às guerra, que servem apenas para estudos mais específicos (atos
manifestações de guerrilha, terrorismo e guerra civil. Mas o de declaração de guerra, de rendição, de troca de prisioneiros,
envolvimento do Estado em apenas um dos lados da beligerância etc.), da mesma forma os "cartéis e capitulações" (acordos entre
já é o suficiente para a aplicação de muitos dos limites de os chefesmilitares opostos, de validade no âmbitodò conflito).
intervenção militar. Por outro lado, a comunidade internacional hoje protege
Com o Tribunal Penal Internacional, a atuação as seguintes situações, dentre outras, por questão humanitária:

100 101
a) Proteção deferidose enfermos, quedevem ser tratados que defineoscrimes sob sua jurisdição.
com dignidade, devem ser devolvidos assim que
possível e não devem ficar retidos como prisioneiros
, de guerra;
ANEUTRALIDADE - Éacondição dos Estados que não
se envolvem com uma guerra e reivindicam o direito de
b) Proteção dos médicos, enfermeiros ereligiosos, que não mviolabilidade territorial (terra, água ear), odireito de proibir
.• devemseraprisionados e possuem o direi to de sairda a passagem inocente e o direito de comércio com os Estados
zona de conflito; beligerantes.
c) Proteção dos hospitais, que não devem ser alvejados Para oreconhecimento da neutralidade, épreciso que o
quando devidamente identificados; Estado se abstenha nas questões internacionais relacionadas ao
conflito e que seja imparcial sempre que se manifestar. Mas a
d) I^rp.teção dos prisioneiros de guerra, que possuem neutralidade não exige o controle sobre as manifestações
direito à vida e devem ser trocados pelos prisioneiros privadas deseus súditos, pois seria impraticável.
do Inimigo;
Hoje aSuíça eaÁustria possuem ostatus de neutralidade
e) Proteção da população civil, que não deve ser alvejada permanente.
enquan to permanecer pacífica;
f) Proibição do "corso", que éapráHca depilhagemdos
navios de guerra pelas embarcaçõescorsárias irúmigas;
g) Respeito aosímbolo da cruz vermelhasobre o fundo
branco;
h) Proibição dousode armasque produzamsofrimento
desnecessário;
i) Proibição de armas químicas, bacteriológicas,
incendiárias, sem alvo determinado (minas);
j) Proteção dos bens culturais (especialmente aqueles
declarados pela UNESCO como patrimônio da
humanidade);
1) Proibição da proliferação de armas nucleares.

Além dessas regulações para os atos de guerra, também


há que se destacar a regulação do Tribunal Penal Internacional

102

103
TITULO VII - NOVAS FORMAS um conjunto de mimicípios vizinhos pertencentes a
JURÍDICAS NA COMUNIDADE Estados diferentes. Oobjetivo é facilitar as relações
que naturalmente se formam entre as comunidades
INTERNACIONAL
municipais vizinhas, geralmente de natureza
comercial, além do trânsito depessoas, que contribui
para a formação de famílias, para o uso de serviços
CAPITULO XX públicos, para aparticipaçãoem eventos públicos, etc..
O DIREITO COMUNITÁRIO E Zona de união alfandegária - Éazona comunitária entre
b)
O DIREITO SUPRANACIONAL Estados que reduzemas barreiras comerciaisburocráticas
recíprocas. Muitas vezes, o comércio internacional é
inviabilizado pela dificuldade dos mercados atenderem
às exigências dos compradores. Parte destas exigências
NOÇÃO DE DIREITO COMUNITÁRIO - Comunidade é temopropósitode reduzirapressão comerdaleproteger
o agrupamento por laços de identidade e por interesses comuris. oprodutolocal, mas essasexigênciasacabamporatingir
Há comunidades de várias dimensões, das locais às
produtos que a demanda local necessita. A união
internacionais. As internacionais possuem normas que são alfandegária reduz as formalidades técnicas de
contempladas dentro do Direito Intemacioruil Público. Mashoje documentação exigidas, por exemplo, em matéria
se formou como um verdadeiro ramo desse direito: o Direito
samtária, ambiental, depesos emedidas, etc..
Comunitário Internacional, que trata das normas internacionais
aplicadas às relações de integração entre os Estados. Também c) Zona de livre comércio- Éacomunidadeentre Estados
algumas dessas comunidades possuem organizações que libera o comércio recíproco das tarifas de
internacionais destinadas à sua condução. importação eexportação. Facüita também asbarreiras
burocráticas para a circulação de mercadorias. É a
AS MODALIDADES DE COMUNIDADES modalidade maisfreqüente.
ECONÔMICAS - Atualmente, as comunidades internacionais d) Zona de preferências aduaneiras - Éa zona de livre
que se destacam são as econômicas. Há um conjunto de comércio acrescida de uma Tarifa Externa Comum
modalidades de comunidades econômicas apontado pela (TEC). ATarifa Externa Comum impõe aos membros
doutrina, mas nada impede que os Estados formulem variações. da comunidade uni padrão único de tarifas para as
A seqüência abaixo, por mais que represente mna seqüência importações e exportações com países de fora da
evolutiva, também não obriga os Estados a segui-la; comumdade. A intenção é evitar que os produtos
a) Zona deintegração fronteiriça - Éa comunidade que estrangeiros de Estados sem acordo de livre comércio
se forma em uma micro regiãofronteiriça, envolvendo entrem pelas fronteiras dovizinho comunitário. ATEC
é fundamental para o funcionamento do livre
104
105
cottcio, mas éde difícil implantação porque aanálise
daoirifas impostas aos Estados não membros é PR^CffAIS BLCXZOSCOMUNITÁRIOS ECONÔMICOS
reftada produto por produto comercializado, Em ordem de importância, de maturidade ede proximidade I
I co*iane as condições de demanda e produção de
caiigstado comunitário.
M^cosT^^'^'''^' brasileiros: aUnião Européia, oNafta eo
e) M^do comum-É acomunidade internacional que OMercosul passa pela consolidação de sua TEC, saindo
de uma zona de livre comércio para uma zona de preferências
airpa a livre circulação de mercadorias para a livre duaneiras. Mas oatual comércio comunitário está limitado a
cir^ção de pessoas, capitais eserviços. Aintegração, cotas de mportação, para garantir oequilíbrio das balanças
nestenodalidade, é mais efetiva, pois envolve as
poi«ções, mas omercado comum exige ainstalação m °
deaícanismos comuns de controle fronteiriço para
oS||e não são partes da comunidade, pois agora há DIREITOSUPRANACIONAL- ODireito Supranacional
ms interesses envolvidos, como as políticas euma novidade no Direito Internacional, fruto da experiência
ii%atórias e as políticas fiscais sobre o fluxo de européia com asua união. Pode-se dizer, inclusive, que ele se
capis. distmgue, pois rompe com alógica do direito formado apartír
f) UrÍB econômica - É a evolução natural de um da manifestação li^^re eespontânea dos Estados em fur^ção de
mefedo comum, pois acirculação de riquezas num sua condição soberana. No Direito Supranacional, há a
âitito de um verdadeiro mercado implica no comhtmçao de umórgão legislativo comunitário,compostopor
su^ento de uma moeda única, um banco central
uiTfc, um órgão de regulação permanente da necé! Hr ? membros que decidem sem a
coarudade (um parlamento), um judiciário para ratihcaçao das
mtiftcacão H normas eestas não são equivalentes atratados
^«da Estado. Não há
qiWões da comunidade e uma política de redução Éuma rup tura da idéia de soberania. nrataaos.
dalfesigualdade regional com a distribuição de
recKos públicos de fundos criados na comunidade. corte comunitana própria, uma moeda própriapróprio,
parlamento e um'banco
uma
Entive não somente direito comurütário, mas Direito
Cotercial, Direito Constitucional, Direito Smbém3°; integração
ambem reflete nos interesses daseconômica
pessoas, éelevado, mas
que circulam
Adihistrativo, etc.. Éo que ocorreu com a União livremente para fins de trabalho eserviços.
íJ%eia. Dessa evolução é que surgiu o Direito Como a União atinge um continente, há políticas
Si^Kiacional. comunitanas de redução das desigualdades, com acLção Je
imdos pubhcos destinados ainvestimentos em infraestruhira,
Há qu»defenda que aunião econômica se aproxima de programas sociais e políticas financeiras anticrises.
umaconfed^ão e até mesmo de um novo Estado.
106

107
BIBLIOGRAFIA

ACCIOLY, HÜdebrando; SILVA, G. E. do Nascimento; CASELLA, Paulo


Borba. Manual de Direito Internacional Público. 17' Ed. São Paulo;
Saraiva, 2009.

AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Introdução ao Direito Internacional


Público. São Paulo: Atlas, 2008.
BERNARDES, Wilba Lúcia Maia. Da nacionalidade: brasileiros natos e
naturalizados. Belo Horizonte: Dei Rey, 1995.
COSTA, Pietro. Soberania, representação, democracia: ensaios de
história do pensamento. Curitiba: Juruá, 2010.
LEGISLAÇÃO DE DIREITO INTERNACIONAL. Obra coletiva da
EdUora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto,
Márcia Cristina Vaz dos Santos Wind teLivia Céspedes. 2" ed. São Paulo-
Saraiva, 2009 (Coleção Saraiva de Legislação).
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional
Público. 12" ed. Riode Janeiro:Renovar, 2000.
. Tratados e Convenções. Rio de Janeiro: Renovar, 1997.
PEREIRA, Bruno Yepes. Curso de Direito Internacional Público. São
Paulo: Saraiva, 2006.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o dsreito constitucional
internacional. S'' ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
RANGEL, Vicente Marota. Direito e relações internacionais. 7^* ed São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. São
Paulo: Saraiva, 2010,
ROCHA, Manoel Ilson Cordeiro. Curso deciência política e teoria ceral
do Estado. Franca-SP: Ribeirão, 2011.
. Reflexão sobre o conceito de soberania frente à
desterritoríalização provocada pela globalização econômica (dissertação
de mestrado). Franca-SP: FHDSS/UNESP, 2000

109
RODAS, JoãoGrandmo. Tratados internacionais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1991,

•A publicidade dos tratados internacionais. São Paulo: Revista


dos Tribunais, 1980.
- tiITEN^US, Ricardo; VENTURA, Deisy. Introdução ao Direito
Internacional Público. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
S1I.\ . RbbertoLuiz. Direito comunitário e de integração. Porto Alegre:
Sínt.- •-.999.

SUNDFELD, Carlos Ari; VIEIRA, Oscar Vilhena (coord.). Direito Global.


São Paulo: Max Limonad, 1999.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Direito das organizações
internacionais. 2^* ed. Belo Horizonte: Dei Rey, 2002.

110

Potrebbero piacerti anche