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GRUPO I – CLASSE V – Plenário TC-

004.527/2005-0 (c/ 3 volumes). Natureza:


Relatório de Levantamento de Auditoria.
Entidade: Departamento Nacional de Infra-
Estrutura de Transportes – Dnit. Interessado:
Congresso Nacional. Advogado constituído nos
autos: não atuou.
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE
LEVANTAMENTO DE AUDITORIA.
FISCOBRAS 2005. ALTERAÇÃO DE
CONTRATOS DE OBRAS RODOVIÁRIAS.
ALTERAÇÃO PARA CORREÇÃO DE ERROS
NO PROJETO. INEXISTÊNCIA DE GANHO
QUALITATIVO OU QUANTITATIVO PARA A
SOCIEDADE. ACOLHIMENTO DAS RAZÕES
DE JUSTIFICATIVA. ARQUIVAMENTO. É
indevida a alteração de contratos de obras
públicas com a finalidade exclusiva de corrigir
erros no projeto que serviu de base à licitação e
que se revelou incompleto, defeituoso ou
obsoleto, devendo o fato acarretar, nos termos do
art. 7º, § 6º, da Lei 8.666/1993, a nulidade do
contrato e conseqüente realização de nova
licitação, após refeitura do projeto, e a
responsabilização do gestor que realizou a
licitação original com projeto inepto.
RELATÓRIO
Trata-se de relatório de levantamento de auditoria realizado em obras de
Recuperação de Trechos Rodoviários na BR-153/PR, trecho Divisa SP/PR-
Entroncamento com a BR-272, no Estado do Paraná, objeto do Programa de Trabalho
26.782.0220.3E14.0002. A fiscalização foi realizada no âmbito do Fiscobras 2005.
2. A equipe responsável pelo levantamento anota em seu relatório a seguinte
irregularidade, detectada no Contrato DNIT/TT 107/2004-00, para execução da obra em
comento: “Licitação e contratação de obra rodoviária pelo regime de preço global sem
que os projetos, que serviram de base para a licitação, tivessem os elementos
necessários e suficientes à execução completa da obra, contrariando o contido no
subitem ‘a’ do item VIII, c/c o item X do artigo 6º da Lei 8.666/93”.
3. A equipe de auditoria sustentou, com o apoio dos demais pareceres da Unidade, que,
em tese, para as obras em geral, a licitação só pode ser realizada sob o regime
mencionado quando o projeto executivo, na definição dada pelo art. 6º, inciso X, da Lei
8.666/1993, já foi elaborado. Por outro lado, a unidade técnica defende que a obra
rodoviária, pela sua complexidade e por estar sujeita a todo tipo de alteração em seu
projeto, não deve ser executada sob regime de preço global.
4. Em coerência com esse último entendimento, e considerando ademais que é praxe no
Dnit a alteração dos projetos de obras rodoviárias, a unidade propõe determinação
genérica à Autarquia no sentido de que toda licitação para obra rodoviária por ela
promovida seja realizada pelo regime de preços unitários.
5. No caso concreto, tendo em vista que o regime de preço global sob o qual deveria ser
executado o único contrato vinculado à obra em exame foi desnaturado após a
celebração do 1º termo aditivo, que alterou o valor contratual para atender a
modificações havidas no projeto, a unidade técnica preconizou a alteração do contrato
para a conversão do regime de execução, de empreitada por preço global para o de
empreitada por preços unitários, procedendo-se à compatibilização entre medições e
serviços executados.
6. No entanto, verificando que a alteração produzida no contrato mencionado fora
motivada pela inépcia do projeto básico e tampouco trazia qualquer ganho qualitativo
ou quantitativo para o usuário final da rodovia, determinei pelo Despacho de fls.
192/193, v. 1, a audiência preliminar dos membros da Diretoria Executiva do Dnit que
aprovaram o aditivo ao contrato, a despeito das deficiências citadas.
7. Após realizada a oitiva dos responsáveis e efetuada a inspeção saneadora que
autorizei pelo Despacho de fl. 670, o Analista encarregado do exame do feito na
Secex/PR lançou a instrução de fls. 702/709, contendo a análise das alegações e a
proposta de mérito para a matéria, e que contou com a concordância do Diretor e do
Secretário da Unidade, a qual transcrevo a seguir, em parte: “Análise das razões de
justificativa para o Primeiro Termo Aditivo: 7. As razões de justificativa do Sr.
Hideraldo Luiz Caron, Diretor de Infra-estrutura Terrestre, encontram-se às fls. 224/230.
Fez um breve histórico do processo e fundamentou sua defesa no trabalho técnico
desenvolvido pela 9ª UNIT/PR no qual constam os estudos que justificariam as
alterações.
8. O Sr. Carlos Alberto Cotta, ex-Diretor de Administração e Finanças, manifestou-se
apresentando a documentação constante às fls. 371/378. Informou que não possui
formação acadêmica de engenharia e por isso aceitou como verdadeiros e exatos os
argumentos do Diretor de Infra-estrutura Terrestre no Relato 1452/2004.
9. Por último, o Sr. Alexandre Silveira de Oliveira, ex-Diretor Geral, manifestou-se
apresentando um arrazoado sobre as competências do Diretor-Geral do DNIT dando a
entender que que teria um papel estritamente homologatório a partir dos pareceres
técnico e jurídico emitidos anteriormente e em face da enorme quantidade de pareceres
a serem aprovados na 57ª Reunião da Diretoria Executiva do DNIT, cuja ata possui 68
(sessenta e oito) páginas.
10. A observação do ex-Diretor Geral não pode prosperar. A Ata da 57ª Reunião da
Diretoria Executiva do DNIT deixa claro que a partir da homologação foram aprovadas
alterações em contratos, algumas delas gerando novas despesas, a exemplo do próprio
Relato 1452/2004 (fls. 395 e 451).
11. Tem-se, portanto, o trabalho técnico desenvolvido pela 9ª UNIT/PR (fls. 286/363)
como peça fundamental para avaliar a necessidade e oportunidade das alterações
promovidas pelo Primeiro Termo Aditivo.
12. Um resumo das informações técnicas para as alterações propostas e respectivas
justificativas encontram-se às fls. 365/366 em análise da Assessoria Técnica da
Coordenação-Geral de Manutenção e Restauração Rodoviária do DNIT:
a) necessidade de se executar uma quantidade maior de reparos localizados
(remendos), uma vez que as obras em questão estavam previstas para ser iniciadas em
2002;
b) redimensionamento da espessura da camada de base reciclada com espuma de
asfalto e capa de rolamento utilizando-se os seguintes procedimentos:
- atualização dos estudos de tráfego com a realização de novas contagens,
volumétrica e classificatória, para verificação da situação atual do carregamento no
segmento a ser restaurado;
- cálculo do Número ‘N’ (número de operações do eixo padrão de 8,2 tf), cujo
novo valor é de N = 2,96 x 10exp7, muito superior ao de projeto (N = 1,62 x 10exp7);
- cálculo das novas espessuras da base reciclada de espuma-asfalto e da camada
betuminosa de rolamento, definidas através da adoção de modelos de fadiga e de
deformação permanente;
c) no que se refere aos estudos realizados para as alterações promovidas no
projeto de drenagem da rodovia, constatou-se a necessidade de se ampliar os
dispositivos de drenagem sub-superficial no sentido transversal, como também no
sentido longitudinal, com o aumento dos quantitativos das bocas de saída para dreno
sub-superficial do tipo BSD-03 e execução de drenos profundos longitudinais do tipo
DPS-06.
13. A questão do aumento do quantitativo de reparos localizados foi justificada pela
própria demora no processo de contratação (fls.286/288). No relato técnico apresentado
é informado que os levantamentos para os trabalhos de restauração foram realizados em
meados de 2000 e havia a expectativa de início dos trabalhos em 2002. Com o atraso no
processo de contratação e o início dos trabalhos em setembro de 2004, foi feito novo
inventário minucioso que indicou a necessidade de uma quantidade maior de reparos
localizados e recomposições do pavimento para dar melhores condições de
trafegabilidade.
14. O aumento do quantitativo deveu-se aos baixos investimentos em serviços de
correção corretiva rotineira desde 1998, quando o pavimento já tinha atingido seu final
de vida útil. Foram trabalhos emergenciais e praticamente inócuos porque o estado de
fadiga do pavimento já indicava a necessidade de restauração. Além disso, a partir de
uma avaliação dos últimos contratos de conservação percebe-se o baixo investimento no
trecho: em média cerca de R$ 130.000,00 por ano desde 2001.
15. O agravamento do estado do trecho também teve como fator adicional que
contribuiu foi o mau estado da rodovia estadual PR-092, paralela o trecho. Parte do
tráfego pesado deslocou-se para a rodovia federal naquela época.
16. A explanação é concluída com a observação de que dos serviços executados nada é
perdido. A recicladora incorpora a nova mistura betuminosa dos remendos, que é parte
integrante da nova camada reciclada juntamente com o antigo revestimento e parte da
brita graduada simples.
17. Outro ponto determinante para o aditivo contratual foi o redimensionamento da
camada de base reciclada, justificado às fls. 523/582. Foi realizado um estudo de tráfego
para verificar e atualizar os parâmetros de carregamento necessários para dimensionar o
reforço do pavimento.
18. A nova contagem volumétrica/classificatória realizada em julho de 2004 indicou
uma mudança significativa do perfil de carregamento desde o levantamento inicial em
2001, o que justificaria uma revisão do dimensionamento do reforço para a vida útil do
projeto, do ano de 2006 ao final de 2015. Como agravante deve ser mencionado o fato
de não ter sido cumprido o projeto no que se refere ao início da contagem de vida útil de
2003 a 2012, portanto uma defasagem de três anos.
19. Após explanação sobre os parâmetros e o modelo de dimensionamento a ser adotado
na revisão (fls. 530/571), foram apresentadas as justificativas das soluções adotadas e o
respectivo detalhamento do reflexo físico/financeiro (fls. 572/582). Foi relembrado que
em 2001, entre três possíveis soluções para o projeto de restauração, optou-se por uma
reciclagem com espuma-asfalto e cimento com espessura de 12,0 cm.
20. Em 2002 o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná – DER/PR realizou
serviços idênticos em trecho da PR-092, numa extensão de 14,0 km, próxima à rodovia
federal em comento. O trecho apresentou problemas do surgimento precoce dos dois
fenômenos que atingem os pavimentos: a fadiga (trincamento) e a deformação
permanente (afundamento das trilhas de rodas), praticamente em toda a extensão
executada. Relatórios posteriores apontaram uma série de erros executivos:
confinamento d'água nas camadas inferiores, deficiências granulométricas, geométricas
e de compactação da estrutura reciclada, deficiências também nas camadas de reforço
com misturas betuminosas, consideradas inadequadas.
21. Considerados esses fatos e o novo estudo de tráfego realizado, que indicou um
aumento significativo do tráfego pesado na rodovia federal e novos parâmetros para
dimensionamento, procurou-se obter um ganho estrutural compatível aumentando a
espessura da espuma-asfalto na reciclagem em média para 17,5 cm. A nova condição
estrutural obtida permitiu também uma redução na espessura de concreto betuminoso de
7,5 para 5,0 cm.
22. Por último, foi também apresentado um incremento na drenagem tendo em vista o
insucesso da reciclagem com espuma de asfalto na PR-092. concluiu-se que a própria
água utilizada no processo de compactação ficou confinada em muitos pontos devido à
falta de drenagem subsuperficial adequada. No novo projeto os dispositivos de
drenagem foram aumentados para a segurança no aspecto da execução da reciclagem
com o intuito de evitar ou até mesmo eliminar pontos de confinamento da água
mecânica necessária para compactação da nova mistura reciclada. A relação e
localização dos drenos encontram-se detalhados às fls. 584/586.
23. Em resumo, as alterações de projeto trouxeram um incremento financeiro de 9,90%.
As justificativas apresentadas para sua aprovação nortearam-se nos estudos técnicos
promovidos pela 9ª UNIT/DNIT, atual Superintendência Regional do DNIT no Estado
do Paraná. Foi fundamentado na experiência negativa na rodovia estadual PR-092,
próxima ao trecho, e em novo estudo de tráfego da rodovia federal, realizado em virtude
do tempo transcorrido entre o estudo anterior e o final do processo licitatório, o que
demandou novos parâmetros para cálculo do reforço no pavimento. Critério de medição
global:
24. A equipe de auditoria apontou no relatório inicial que foi firmada um contrato para
obra rodoviária pelo regime de preço global sem que os projetos, que serviram de base
para a licitação, tivessem os elementos necessários e suficientes à execução completa da
obra.
25. Na Lei 8.666/93 o regime de empreitada por preço global é caracterizado ‘quando se
contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo ou total’. A princípio, trataria-
se de contrato firmado na modalidade ‘turn key’ - por meio da qual, uma vez
estabelecido o preço global da obra, a empresa contratada assume os riscos advindos de
eventuais modificações necessárias à consecução do objeto contratado.
26. A explanação da equipe às fls. 25/30 teve por objetivo demonstrar como os contratos
de construção/restauração de rodovias estão sujeitos a serem alterados, modificados. É
comum que os contratos administrados pelo DNIT sofram acréscimos de serviços e de
valor contratual ou simplesmente substituição de serviços ‘sem reflexo financeiro’. A
falta de continuidade no fluxo de pagamentos por parte da União e as paralisações dos
serviços resultam em mudança nas condições da obra, por vezes até retrabalho em
função da perda de serviços já realizados.
27. Os fatos já relatados para o presente contrato corroboram com a conclusão de que o
regime de empreitada global é inadequado para serviços em rodovias administrados
pelo DNIT. A própria empresa já solicitou alterações de quantitativos e firmou o 1º
Termo Aditivo com aumento do valor contratual calçada em composição de preços
unitários.
28. O contrato por empreitada global só seria viável a partir de um projeto executivo
extremamente detalhado em uma obra estanque, não suscetível a alterações. O que não é
o caso das licitações do DNIT, feitas a partir de um projeto básico. No presente caso, o
edital até previa que a empresa vencedora deveria considerar a hipótese da obra ser
executada concomitantemente com a elaboração do projeto executivo (item 26 do
Edital, anexo 2).
29. No entender da equipe de auditoria a conseqüência danosa ao Erário poderia vir da
medição por percentuais de serviços realizados, sem detalhamento dos serviços. Deve-
se mencionar que apesar dos serviços terem sido iniciados em 16/7/2004 o DNIT só
emitiu uma norma com critérios de medição em 13/10/2004, a Instrução de Serviço 2.
30. Esta instrução estabelece que a medição será feita por meio da verificação do
cumprimento das parcelas dos eventos, e conceitua parcela como o percentual de
execução de um evento, e evento como o tipo de atividade a ser executada na obra, por
exemplo: terraplenagem, pavimentação, drenagem, etc.
31. Em 31/1/2005 o Engenheiro Supervisor do DNIT em Londrina, responsável pela
fiscalização dessa obra, encaminhou questionamento à Procuradoria da 9ª UNIT/PR
sobre como deveriam ser tratadas as diferenças de quantitativos constatadas entre o
projeto e a execução. Em suma:
- caso os quantitativos de serviços propostos na planilha sejam menores que o
necessário, o DNIT deverá aditar o contrato agregando à quantidade inicial o
quantitativo que falta?
- e no caso inverso, caso haja excesso de serviços previstos na planilha, que não
necessitam ser executados, os mesmos deverão ser reduzidos da parcela de pagamento
ou a empresa receberá o valor integral?
32. Posteriormente, em 29/3/2005, o Procurador Federal da 9ª UNIT argumenta, embora
preliminarmente, que a celebração de aditivo, incluindo novos serviços no objeto do
contrato, transforma, na prática, o contrato a preço global na modalidade a preço
unitário.
33. A nova inspeção realizada no DNIT teve como objetivo verificar os procedimentos
de medição adotados e suas conseqüências. Foi verificado que a obra encontra-se
praticamente concluída. Os serviços encontram-se paralisados desde 15/9/2006 e o
contrato sofreu novo incremento para R$ 51.775.173,38 a preços iniciais, por meio do
Terceiro Termo Aditivo, o que confirma a necessidade de identificação constante dos
quantitativos e preços unitários dos serviços.
34. Quanto aos procedimentos de medição, no caso concreto não foram causa de dano
ao Erário em virtude dos controles efetuados pela 9ª UNIT. Até março de 2005 as
medições foram lançadas nos sistemas do DNIT a partir de quantitativos e preços
unitários, como pode-se verificar pelos relatórios de controle físico e financeiro às fls.
676/677.
35. Posteriormente foi adotado o modelo de lançamento de percentuais sobre títulos
genéricos dos serviços realizados. Pode-se verificar pelo documento ‘Controle Físico’ à
fl. 691, relativo à medição de agosto de 2006, que não há registro de quantitativo mas
somente o percentual e seu correspondente valor financeiro, como por exemplo da
Terraplenagem com 95,30% realizado perfazendo R$ 16.445.388,23 de um total de R$
17.255.803,14 previsto.
36. Na verdade não está mais disponível no sistema a evolução dos quantitativos de
serviços unitários realizados. Os documentos do sistema, medição resumo, controle
físico e controle financeiro, foram transformados em referenciais unicamente
financeiros, conforme pode-se verificar às fls. 689/691.
37. O que garante a confiabilidade dos dados atualmente é o processo administrativo de
medição da 9ª UNIT (fls.679/697): trata-se de um conjunto de documentos que inclui o
detalhamento das medições feitas, por serviço e local (fls. 693/694). Além disso, há
outros documentos disponíveis no DNIT que detalham o acompanhamento dos
trabalhos, denominado controle de projetos, devidamente assinado pelas partes (fls.
699/700).
38. A conseqüência visível é a maior dificuldade nos serviços de fiscalização por parte
dos órgãos de controle, visto que o sistema não contém mais os preços e quantitativos
unitários. Os dados estão disponíveis apenas em documentos existentes nas unidades
regionais do DNIT. Ademais, não há garantia de que outras unidades mantenham os
mesmos controles verificados no Paraná.
39. Por tudo o que foi exposto, é inadequado e desnecessário o procedimento do DNIT
de licitar e contratar obras rodoviárias pelo regime de execução por preço global. Os
aditivos contratuais, o atraso nos pagamentos por parte da União e as interrupções dos
serviços constituem motivos para que se adote o modelo de medição por preços
unitários. Ademais, o sistema SICRO2 possui nomenclatura e discriminação adequada
para os serviços. Conclusão:
40. Diante do exposto, proponho com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92
c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU:
a) acatar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Hideraldo Luiz Caron, Carlos
Alberto Cotta e Alexandre Silveira de Oliveira;
b) determinar ao DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes que
somente promova as medições de serviços em obras rodoviárias por quantitativos
unitários de serviços realizados, tomando por base as referências que constam nas
tabelas SICRO2 e registrando os respectivos dados em seus sistemas informatizados, e
c) arquivar o presente processo.”

É o Relatório.

VOTO
Com relação à inépcia do projeto básico inicial da obra em exame, levando à
necessidade de alterações que aumentaram o valor do contrato de execução em 9,9%, a
Secex/PR entende que tais alterações se justificaram em razão de novo estudo de tráfego
da rodovia, feito pela obsolescência do estudo inicial, causada pela demora na
realização da licitação, e da experiência obtida com a restauração de rodovia estadual
que serve de alternativa à estrada federal.
2. Tais estudos indicaram a necessidade de um reforço na estrutura da estrada, em
relação à solução inicial, o que permitirá à rodovia absorver tráfego mais intenso. Pode-
se concluir, portanto, que a alteração contratual acarretou algum benefício para o
usuário final da rodovia, não se tratando de mera correção de imperfeições do projeto
ou, o que é pior, de tentativa de atenuar, para a contratada, as condições econômico-
financeiras advindas da licitação, como ocorre com certa freqüência nas revisões a que
são submetidos quase a totalidade dos contratos rodoviários celebrados pelo Dnit. Resta,
assim, concordar com a proposta da Unidade Técnica no sentido do acolhimento das
razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis.
3. Desejo, no entanto, manifestar discordância em relação ao pensamento externado pela
zelosa Secex/PR de que tais alterações, em se tratando de obras rodoviárias, são normais
e até inevitáveis, e que, por essa razão, o regime de execução desse tipo de contrato
deveria ser sempre o de empreitada por preços unitários. Entendo, diversamente, que as
alterações contratuais, embora tenham previsão no estatuto de licitações e contratos
administrativos, têm caráter claramente excepcional, notadamente as que interferem na
situação econômico-financeira da avença. Para estas, aliás, há que se exigir sempre que
tenham como resultado um ganho palpável, qualitativo ou quantitativo, para o interesse
público nos termos das alíneas “a” e “b”, inciso I, do art. 65 da Lei 8.666/1993.
4. Alterações que tenham como motivação exclusiva a correção de erros de projeto,
envolvendo, o mais das vezes, aspectos eminentemente técnicos, de difícil ou
impossível compreensão por parte de quem não dispõe dos conhecimentos específicos
necessários, têm escassa senão inexistente fundamentação legal, e devem, por isso e por
serem facilmente utilizáveis como reserva mental para manipulações indevidas, serem
sempre alvo de suspeita acerca das suas reais finalidades. Em um quadro em que a
alterabilidade essencial dos contratos, em vez de excepcional, se torna na verdade a
regra, a tal ponto exacerbada que o processo revisional já se inicia mal assinado o termo
contratual, que é o que se verifica na maioria dos contratos rodoviários, não há como
não considerar tal quadro como reflexo de uma grave anomalia administrativa, que
ainda está para ser devidamente enfrentada e suprimida pelos administradores do Dnit.
5. Até que ocorra o equacionamento dessa grave falha administrativa, restará à Corte de
Contas, sempre que confrontada com a prática por tudo perniciosa da revisão contratual
indiscriminada, perquirir minudentemente de suas verdadeiras intenções e aplicar as
cominações previstas em lei a todos os responsáveis pelas alterações indevidas,
inclusive, se for o caso, os autores de projetos ineptos. Além disso, é bom lembrar que,
nos exatos termos do art. 7º, § 6º, da Lei 8.666/1993, são nulos de pleno direito os atos e
contratos derivados de licitações baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou
obsoleto, devendo tal fato ensejar não a alteração do contrato visando à correção das
imperfeições, mas sua anulação para realização de nova licitação, bem como a
responsabilização do gestor faltoso.
6. Dito isso, passo a examinar a proposta de determinação ao Dnit, formulada pela
Secex/PR, no sentido de somente promover medições de serviços executados pelos
quantitativos efetivamente executados dos serviços medidos, abstendo-se de fazê-lo
mediante atribuição de percentuais determinados incidentes sobre grupos de serviços. A
esse respeito, consta que o Dnit baixou regulamentação interna – a Instrução de Serviço
2/2004 – dispondo que a verificação dos serviços executados será indicada pelos
percentuais de execução dos eventos previstos no contrato, definindo-se evento como as
classes em que se agrupam os serviços rodoviários, como terraplenagem, pavimentação,
etc.
7. A Secex/PR informa que a Superintendência Regional da autarquia dispõe de
relatórios detalhados dos serviços executados, objeto das medições periódicas, e que
também há outros documentos que sintetizam os quantitativos de cada serviço previsto
no contrato, documentos esses que ficam à disposição dos órgãos de controle. Mas
considera que tal documentação pode muito bem não ser disponibilizada em outros
estados, impedindo o acesso às informações relativas aos quantitativos efetivamente
executados de cada serviço. Em face desse possível prejuízos à atividade de controle, a
Secex/PR propõe a transmissão da determinação referida.
8. Entendo que a preocupação manifestada pela Unidade é compreensível, mas a
determinação suscitada está a carecer de uma demonstração mais robusta da ilegalidade
da normatização interna baixada pelo Dnit e, quiçá, do pronunciamento do titular da
autarquia acerca da impugnação aqui feita. Com efeito, não se pode negar à entidade,
sem motivação suficientemente forte, o direito de organizar e regulamentar o registro
das medições dos serviços executados, ainda mais sem que se tenha verificado no caso
concreto qualquer prejuízo à fiscalização exercida pelo Tribunal. Assim, pelo menos no
presente processo, os elementos acenados pela Secex parecem-me, com a devida vênia,
insuficientes para efetuar determinação que eqüivale ao reconhecimento da ilegalidade
do normativo interno do Dnit.
9. Na verdade, penso que a Unidade Técnica, ao propor a determinação, tinha em mente
a aludida impossibilidade ou inadequação do regime por empreitada global para as
obras rodoviárias, conforme comentado acima. Como o pagamento das parcelas
adimplidas nesse regime se dá por marcos ou eventos contratuais, conforme previsto no
art. 40, § 3º, da Lei 8.666/1993, a Secex/PR crê que tal regime de medição também não
é aplicável aos contratos rodoviários, dada a sua alterabilidade imanente, daí a
impugnação da metodologia. Mas, como já visto, não convém encarar tal alterabilidade
como a regra e sim como exceção, não se podendo inclusive afastar a hipótese de que o
Dnit esteja, com a nova regulamentação, buscando combater o excesso de revisionismo
contratual que ali impera cronicamente, sendo essa mais uma razão pela qual não
conviria anuir à determinação alvitrada pela Secex/PR.
10. Nada obstante, nada impede que a Segecex seja instada a, em conjunto com a Adfis
e a Secob, programar um trabalho de fiscalização no Dnit com vistas à verificação da
regularidade da Instrução de Serviço 2/2004, versando sobre a forma de registro de
medições efetuadas pela autarquia, exame que poderá se estender à legitimidade da
motivação que deu origem à norma e às repercussões da nova sistemática, inclusive para
os trabalhos de auditoria afetos a esta Corte de Contas.
11. Por fim, entendo que não se mostra necessário fazer, nesse momento, a comunicação
de praxe ao Congresso Nacional, acerca da situação da obra em exame, uma vez que a
já foi encaminhado á Comissão do Orçamento relatório consolidado das auditorias
Fiscobras realizadas em 2005.
Ante o exposto, Voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este
Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 14 de março de 2007.


AUGUSTO NARDES
Ministro-Relator
ACÓRDÃO Nº 353/2007 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo nº TC-004.527/2005-0 (c/ 3 volumes).


2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatório de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – Dnit.
4.1. Vinculação: Ministério dos Transportes.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secex/PR.
8. Advogado constituído nos autos: não atuou.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de levantamento de
auditoria realizado em obras de Recuperação de Trechos Rodoviários na BR-153/PR,
trecho Divisa SP/PR-Entroncamento com a BR-272, no Estado do Paraná, sob
responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes – Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão
Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. acatar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Hideraldo Luiz
Caron, Carlos Alberto Cotta e Alexandre Silveira de Oliveira, membros da diretoria do
Departamento Nacional de InfraEstrutura de Transportes – Dnit;
9.2. determinar à Segecex que, em conjunto com a Adfis e a Secob, programe
trabalho de fiscalização no Dnit com vistas à verificação da regularidade da Instrução de
Serviço 2/2004, versando sobre a forma de registro de medições efetuadas pela
autarquia, devendo o exame se estender à legitimidade da motivação que deu origem à
norma e às repercussões da nova sistemática, inclusive para os trabalhos de auditoria
afetos a esta Corte de Contas.
9.3. arquivar o presente processo.

10. Ata n° 9/2007 – Plenário


11. Data da Sessão: 14/3/2007 – Extraordinária
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0353-09/07-P
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios
Vilaça, Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler,
Augusto Nardes (Relator) e Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

WALTON ALENCAR RODRIGUES AUGUSTO NARDES


Presidente Relator

Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral

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