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Foto: Comunidades tradicionais e a ciência acadêmica unidas pelo desenvolvimento sustentável

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
2013
Foto: Comunidades tradicionais e a ciência acadêmica unidas pelo desenvolvimento sustentável

Prof. Jógerson Pinto Gomes Pereira

Novembro - 2013

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Ficha Catalográfica
PEREIRA, Jógerson Pinto Gomes.
Agroecologia / Jógerson Pinto Gomes Pereira – Campina Grande:
UFCG/CEDAC, 2013.
50p.
1. Agricultura Orgânica. ‫׀‬. Título.

3
CURRICULUM VITAE RESUMIDO

Cargo/função:
- Professor

Graduação:
- Engenharia Agrícola, UFPB (1983)

Especialização:
- Manutenção Industrial, UFPB (1995)
- Impactos Ambientais, UFSM (2006)

Pós-Graduação:
- Mestrado em Engenharia Mecânica, Desenvolvimento do Produto, UFPB (1989)
- Doutorado em Agronomia, Energia na Agricultura, UNESP (2000)

Experiência profissional:
Categoria: Monitor da disciplina Estatística Experimental (Período 1982 a 1983)
Categoria: Professor da disciplina Projeto de Máquinas Agrícolas (Período 1989 e
1990)
Professor das disciplinas Máquinas Agrícolas I, Máquinas Agrícolas II,
Oficina Mecânica, Extensão Rural, Tração Animal e Elementos de Máquinas
(Período 1992 a 1995)
Professor das disciplinas Extensão Rural, Mecanização Agrícola,
Termodinâmica, Projeto de Máquinas Agrícolas, Máquinas Aplicadoras de
Produtos Fitossanitários, Elementos de Máquinas, Oficina Mecânica,
Mecânica Agrícola, Tração Animal, Vivência em Educação Ambiental,
Poluição Ambiental, Saneamento Ambiental, Ferramentas, Implementos e
Máquinas Agrícolas (Período 2000 em diante)
Coordenador Pró-Tempore do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola
(Período 2003)

Endereço para contato:


- Caixa Postal 622, CEP 58400-970, Campina Grande – PB
- Telefone: (0xx83)3310-1572
- E-mail: jogersonp@ig.com.br

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PRÉ-TESTE

O presente questionário aborda aspectos de conhecimento geral sobre práticas


agrícolas e meio ambiente. Leia atentamente cada questão e escolha única opção como
resposta.

1. Nos primórdios a agricultura 5. Agroecologia significa:


objetivava: (a) Produção agrícola sustentável
(a) Produção de matéria-prima para a (b) Lavoura moderna
indústria (c) Produção agrícola sem desperdício
(b) Alimentos (d) Renda e ecologia
(c) Fixação do ser humano (e) Outro _____________________
(d) Ocupação das áreas devolutas
(e) Outro __________________ 6. A importância do solo justifica-se
como:
2. O interesse pelo meio ambiente (a) Fonte de nutrientes
deve-se a: (b) Especulação imobiliária rural
(a) Oportunidade de ótima colocação (c) Controle de erosão
profissional (d) Sistema agroflorestal
(b) Legislação (e) Outro _____________________
(c) Agenda 21
(d) Questão de sobrevivência para 7. A água representa:
gerações futuras (a) Força política e social
(e) Outro ___________________ (b) Recurso natural não inesgotável
(c) Decisão nos empreendimentos
3. Visão sistêmica significa: (d) Êxodo rural
(a) Recursos tecnológicos modernos (e) Outro _____________________
(b) Considerar as inter-relações de
seres minerais, vegetais e animais 8. Os resíduos agrícolas formam:
do ecossistema (a) Problemas ao desenvolvimento
(c) Vidência (b) A poluição do setor primário
(d) Empreendedorismo (c) Perdas e danos
(e) Outro ____________________ (d) Fonte de matéria-prima e energia
(e) Outro _____________________
4. O recurso energético mais comum
no campo é: 9. É passivo ambiental:
(a) Barato e abundante (a) Custos para recuperar área
(b) Inesgotável degradada
(c) Alienígena (b) Fator de projeto
(d) Limitado em longo prazo (c) Custo-benefício de
(e) Outro ____________________ empreendimento agropecuário
(d) Despesa tecnológica
(e) Outro _____________________

5
“Somente após terdes cortado a última árvore
Terdes pescado o último peixe
Terdes envenenado o último rio
Somente então, descobrireis que o dinheiro não se pode comer”.

(Cacique Cree, Canadá) adaptação a Bertalot & Mendoza, s.d.

APRESENTAÇÃO

Procurou-se com este exemplar apresentar às leitoras e leitores interessados em


AGROECOLOGIA, noções básicas, princípios e conceitos que estão dispostos de forma
didática para melhor fixação dos conteúdos.
Espera-se que o assunto forneça ao(à) leitor(a) subsídios para melhor utilização
da natureza na prática agrícola sem degradação.
Considerando a heterogeneidade da clientela desse curso de AGROECOLOGIA,
este apontamento será objeto de avaliação ao seu final e toda sugestão/crítica será bem-
vinda.
Recomendações de interesse para melhor desempenho do estudo e do curso:
a) Fazer leitura prévia destacando os termos desconhecidos;
b) Reler com mais atenção, buscando interpretação crítica;
c) Procurar associar o que está escrito com atividades do seu cotidiano;
d) Evitar saltar assuntos;
e) Retirar dúvidas;
f) Elaborar questões;
g) Criar o hábito da leitura dinâmica;
h) Evitar acumular matéria sem estudar;
i) Não desistir nunca.

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ÍNDICE
Pré-teste ........................................................................................... 5
Apresentação ................................................................................... 6
1 Etimologia ................................................................................. 9
2 Conceito ................................................................................ 10
2.1 Agroecologia ........................................................................... 10
2.2 Enfoque agroecológico ............................................................ 11
2.3 Agroecologia e desenvolvimento rural .................................... 11
2.4 Conceitos e práticas diferenciadas de agricultura ................... 11
2.4.1 Agricultura natural ......................................................... 12
2.4.2 Agricultura biológica ...................................................... 12
2.4.3 Permacultura ................................................................... 12
2.4.4 Agricultura biodinâmica ................................................. 13
2.4.5 Agricultura moderna ou convencional ............................ 14
2.4.6 Agricultura orgânica ........................................................ 14
2.4.7 Agrossilvicultura ............................................................. 15
3 Histórico ................................................................................ 16
3.1 Evolução da área plantada, produção e mercado de alimentos
orgânicos ................................................................................. 18
3.2 Biodiversidade no solo ............................................................ 19
3.3. Biofertilização ........................................................................ 20
3.4 Adubação orgânica .................................................................. 21
4 Objetivos da agricultura orgânica .................................................. 22
4.1 O que é um produto orgânico e solo saudável ......................... 22
4.2 Critérios para a prática em agricultura orgânica ..................... 23
4.3 Procedimentos proibidos à prática da agricultura orgânica ..... 24
4.3.1 Plantas ............................................................................ 24
4.3.2 Água ............................................................................... 25
4.3.3 Manejo do solo ............................................................... 25
4.3.4 Manejo de plantas invasoras ........................................... 25
4.3.5 Nutrição vegetal ............................................................. 25
4.4 Produtividade e manutenção ................................................... 26
4.5 Aspectos importantes da viabilidade da agricultura orgânica . 26
4.6 Princípios ambientais e sociais ................................................ 27
4.7 Erros mais comuns na pesquisa e difusão ............................... 27
4.8 Construção da agricultura orgânica ......................................... 28
5 Pesquisas ............................................................................... 28
6 Ações locais .............................................................................. 30
7 Fertilidade natural do solo ............................................................. 32
8 Controle de pragas e doenças ........................................................ 41
9 Mensagem final ............................................................................. 46
10 Referências bibliográficas .......................................................... 47
a) Impresso .................................................................................... 47
b) Pela Internet .............................................................................. 48
Pós-teste ......................................................................................... 50

7
1 ETIMOLOGIA

A agroecologia é a composição dos verbetes: agro [Do latim agru]


eco [Do grego oîkos]
logia [Do grego logía, logos]
Agro significando terra cultivada ou cultivável; campo;
Eco elemento de composição como sufixo dando idéia de 'casa', 'domicílio',
'habitat', 'meio ambiente': ecologia;
Logia elemento de composição também como sufixo significando 'discurso',
'expressão', 'linguagem'; 'estudo', 'ciência'; 'coleção'.
Portanto, agroecologia significa estudo que visa à integração equilibrada da
atividade agrícola com a proteção do meio ambiente, NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO
(1999).
Na literatura, comumente, encontra-se como definição de agroecologia, o
estudo das relações ocorrentes no sistema agrícola. No entanto, esse termo vem
sendo utilizado como referência das práticas agrícolas que buscam obter
produtividade vegetal ou animal, trabalho e lazer, com a diversidade de alimentos,
etc., sendo que para tal, o fazem com a percepção norteadora de que a Terra é um
planeta vivo e que as futuras gerações têm o mesmo direito das atuais, o de viver
dentre as mesmas condições e recursos naturais, IPEC (2005).
A partir dessa percepção, técnicas, métodos e experiências há alguns anos vêm
sendo resgatados, criados e desenvolvidos para esse fim. Assim, originaram-se
algumas correntes que hoje se confirmaram eficientes e ganharam destaque, tendo
em comum, basicamente, premissas que vetam a utilização de técnicas degradantes
aos meios físico, atmosférico e biológico, entre outras.
A agricultura sustentável utiliza os mais recentes avanços tecnológicos e antigas
práticas agrícolas para assegurar o uso continuado da terra com menos danos ao meio
ambiente. A pesquisa contínua no campo da agricultura sustentável é economicamente
viável para o agricultor e agricultora, assim, como um benefício para todos.
Muitos aspectos da agricultura sustentável são semelhantes às técnicas de
agricultura orgânica, mas numa escala maior. Elas incluem uma combinação de práticas
agrícolas antigas, tais como a rotação de culturas e o cultivo de superfície em nível, com
novas tecnologias que utilizam plantas, criadas geneticamente, que resistem às pragas e

8
secas. O manejo integrado de pragas também é usado na agricultura sustentável para
reduzir o uso de pesticidas, DASHEFSKY (2001).
O público em geral utiliza o termo agricultura alternativa independentemente das
linhas ou escolas. Destacam-se inúmeros termos usados por pesquisadores, dentro das
diversas modalidades de práticas. A seguir, conceitua-se Agroecologia e registram-se as
várias conceituações das diversas propostas de desenvolvimento integrado com
resultados econômicos e de preservação do meio ambiente.

2 CONCEITO

Agroecologia é o estudo de condições do meio ambiente que envolve elementos


abióticos, bióticos e sociopsicoculturais nos agrossistemas, PELLEGRINI FILHO
(2000).
É disciplina científica que estuda os agrossistemas e tem sido empregada com
visão mais ampla do sistema produtivo, não abordando apenas aspectos tecnológicos,
inserindo questões econômicas e sociais, SOUZA (2004).
A Agroecologia como Ciência ou campo de conhecimentos de natureza
multidisciplinar, é ensinamento que pretende contribuir na construção de estilos de
agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural,
tendo-se como referência os ideais da sustentabilidade numa perspectiva
multidimensional, EMATER (2004).
Nessa mesma fonte, destacam-se três sínteses conceituais de renomados
agroecólogos (Miguel A. Altieri, Stephen R. Gliessman, Eduardo Sevilla Guzmán)
acompanhadas de um artigo de opinião, com o objetivo de colocar ênfase na natureza
científica e estratégica da Agroecologia.
Agroecologia é o campo de conhecimento multidisciplinar que dá base à
aplicação dos princípios ecológicos no desenho e manejo dos agrossistemas conforme
se depreende do conjunto de obras de Stephen Gliessmann e de Miguel A. Altieri, dentre
outros, CANUTO (s.d.).

2.1 Agroecologia
Para Miguel A. Altieri (Universidade da Califórnia, Campus de Berkley, EUA)
é a ciência ou a disciplina científica que apresenta uma série de princípios, conceitos e

9
metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas, com o
propósito de permitir a implantação e o desenvolvimento de estilos de agricultura com
maiores níveis de sustentabilidade. A Agroecologia proporciona, então, as bases
científicas para apoiar o processo de transição para a agricultura "sustentável" nas suas
diversas manifestações e/ou denominações.
A Agroecologia trata das relações complexas entre pessoas, culturas, solos e
animais, ZAMBERLAM & FRONCHETI (2001).

2.2 Enfoque agroecológico


Para Stephen R. Gliessman (Universidade da Califórnia, Campus de Santa
Cruz, EUA) o enfoque agroecológico corresponde a aplicação dos conceitos e princípios
da Ecologia no manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis.

2.3 Agroecologia e desenvolvimento rural


Para Eduardo Sevilla Guzmán (Universidade de Córdoba – Espanha) a
Agroecologia constitui o campo de conhecimento que promove o "manejo ecológico
dos recursos naturais, através de formas de ação social coletiva que apresentam
alternativas à atual crise de modernidade, mediante propostas de desenvolvimento
participativo, desde os âmbitos da produção e da circulação alternativa de seus produtos,
pretendendo estabelecer formas de produção e de consumo que contribuam para encarar
a crise ecológica e social, e, deste modo, restaurar o curso alterado da coevolução social
e ecológica. Sua estratégia tem uma natureza sistêmica, ao considerar a propriedade, a
organização comunitária e o restante dos marcos de relação das sociedades rurais
articulados em torno da dimensão local, em que se encontram os sistemas de
conhecimento portadores do potencial endógeno e sociocultural. Tal diversidade é o
ponto de partida de suas agriculturas alternativas, a partir das quais se pretende o
desenho participativo de métodos de desenvolvimento endógeno para estabelecer
dinâmicas de transformação em direção às sociedades sustentáveis".

2.4 Conceitos de práticas diferenciadas de agricultura

10
2.4.1 Agricultura natural – suas práticas estão baseadas em conceitos ecológicos
e trata de manter os sistemas de produção iguais aos encontrados na natureza. Resultou
do trabalho do biólogo Masanobu Fujuoka na década de 1950.
Uma outra versão é atribuída a Mokiti Okada (1882-1955) fundador da religião
que originou a Igreja Messiânica. Ele propôs, em 1935, um sistema da produção
agrícola que tomasse a natureza como modelo, surgindo, assim, a "agricultura
natural". E, em seu princípio ensina que a harmonia e prosperidade entre os seres
vivos é fruto da conservação do ambiente natural, a partir da obediência às leis da
natureza.
Através do princípio da reciclagem dos recursos naturais presentes na
propriedade agrícola, que o solo se torna mais fértil pela ação benéfica dos
microorganismos (bactérias, fungos) que decompõem a matéria orgânica, liberando
nutrientes para as plantas. Desta maneira, o solo, o alimento produzido e o ser
humano manifestam vitalidade e saúde. Ou seja, trata-se do segmento:

solo sadio → plantas e animais saudáveis → ser humano com saúde

Esse procedimento é válido para a agricultura natural, bem como para todas as
outras modalidades de agricultura agroecológicas, PLANETA ORGÂNICO (s.d.).

2.4.2 Agricultura biológica – surgiu na França, em meados de 1960, a partir dos


trabalhos de Francis Dhaboussou e outros. Destaca-se pelo controle biológico, pelo
manejo integrado de pragas e doenças e pela Teoria da Trofobiose (efeitos maléficos dos
produtos químicos na resistência das plantas).

2.4.3 Permacultura – é denominada de Agrossilvicultura , que é a prática


agrícola integrada com o ambiente, que envolve plantas semi-perenes e permanentes,
incluindo a atividade produtiva dos animais. Essa prática diferencia-se das demais
atividades produtivas porque no planejamento levam-se em conta os aspectos
paisagísticos e energéticos.
A permacultura também é chamada de "agricultura permanente". Começou por
volta de 1975-1976, com as idéias de Bill Mollison na Austrália sobre um modo
diferente de se pensar a disposição das espécies vegetais, mais próximo dos
ecossistemas naturais. Viajando para os Estados Unidos, Mollison e outros pioneiros

11
difundiram suas teorias até conseguirem a construção de um Centro Rural de
Educação, primeira instituição oficial da permacultura naquele país. E, como ciência
desenvolveu-se e com as hipóteses do papel das árvores sobre os solos tropicais
foram desenvolvidas. Por promover uma interface entre agricultura e a floresta, a
agrossilvicultura acaba por aproximar o ser humano desse ambiente que há séculos é
visto como hostil e perigoso.
As bases fundamentais da agrossilvicultura se encontram no estudo e
exploração de florestas, na agricultura, na zootecnia, no manejo do solo, na ecologia
e em outras disciplinas ligadas ao uso da terra. Seus objetivos são amplos: produção
de alimento, de produtos florestais madeireiros e não madeireiros (móveis e
medicamentos) produção de matéria orgânica, melhoria da paisagem, incremento da
diversidade genética, conservação ambiental, formação de cercas-vivas, quebra-
ventos e sombra para criação animal.
O sistema agropecuário é visto como uma entidade organizada com o
propósito de usar os recursos naturais para obter produtos e benefícios agrícolas.
Estruturalmente, caracteriza-se por um desenho físico de cultivos e animais no
espaço e tempo. A compreensão de que os componentes de um sistema interagem
entre si e de que o sistema é dinâmico, torna mais fácil a busca de soluções aos
problemas de manejo, visando melhorar a produção e sustentabilidade.
A agrossilvicultura inclui tanto o conhecimento e uso de práticas
agroflorestais quanto o desenvolvimento de sistemas agroflorestais (SAF) que se
diferem de um sistema agropecuário por ter um componente lenhoso e perene que
ocupa papel fundamental na sua estrutura e função; e são usados deliberadamente na
mesma unidade de manejo da terra com cultivares agrícolas e/ou animais em alguma
forma de arranjo espacial e seqüência temporal (AGROSSIVILCUTURA, 2005).
Um dos modelos considerados como ousado para os padrões, baseia-se em
agrossistemas biodiversificados e ecologicamente auto-sustentados a partir de
ecossistemas naturais locais. Nesse modelo, o manejo visa promover relação de
cooperação entre o ser humano e solo, segundo Gandara & Kageyama (1998) neste
caso, a diversidade deve ser um dos produtos ao invés da produção econômica direta.
Nessa corrente se procura praticar uma agricultura da forma mais integrada
possível com o ambiente natural, imitando a composição espacial das plantas
encontradas nas matas e florestas naturais. Envolve plantas semi-permanentes
(mandioca, bananeira) e perenes (árvores frutíferas, madeiras-de-lei, etc) incluindo a

12
atividade produtiva de animais. Trata-se, pois, de um sistema "Agrossilvopastoril"
(item 2.4.7.) que considera os aspectos paisagísticos e energéticos, na elaboração e
manutenção destes policultivos (diversas culturas convivendo no mesmo espaço)
PLANETA ORGÂNICO (s.d.).
Em resumo, é um método de planejamento que leva em conta plantas, animais,
solo, água e as necessidades humanas de forma integrada para criar comunidades
produtivas, ou seja, Permacultura é um modelo de energia renovável, DEL
GRANDE (2004).
O que a Permacultura estimula é o novo estilo de vida, mais simples, mais
próximo do natural, com menos consumo e mais auto-suficiência do ser humano,
diminuindo o impacto sobre a natureza, PETTA (2004).

2.4.4 Agricultura biodinâmica – pauta-se nos princípios filosóficos do humanista


científico Rudolph Stheiner, a partir de um ciclo de oito palestras realizadas na década
de 1920, na Polônia. Julga possível praticar agricultura integrada com recursos naturais
e o cosmos, bem como suas diversas formas de valores espirituais e éticos, para chegar
a ter uma aproximação mais compreensível das relações: agricultura e estilos de vida.
Em outras palavras, a saúde do solo, das plantas e dos animais depende de sua
conexão com as forças de origem cósmica da natureza. Para restabelecer o elo de
ligação entre as formas de matéria e de energia presentes no ambiente natural, É
preciso considerar a propriedade agrícola como um organismo, um ser indivisível,
através do equilíbrio entre as várias atividades (lavouras, criação de animais, reservas
naturais). Busca-se ainda, alcançar maior independência possível de energia e de
materiais externos à fazenda. Este é o princípio chamado de "auto-sustentabilidade".
PLANETA ORGÂNICO (s.d.).
Na agricultura biodinâmica encontramos alguns preparados a base de esterco,
de sílica e de plantas medicinais. Assim como os seres humanos, as plantas
encontram-se entre a Terra e o Cosmos, e, a partir disto, os preparados
biodinâmicos têm a função de trazer as forças cósmicas para dentro da planta, bem
como a vitalização do solo, beneficiando as forças terrestres. A partir da união
dessas forças, auxiliam a planta em seu processo vital. A maneira muito especial de
prepará-los, armazená-los e cuidá-los, é realmente importante para garantir sua
qualidade e harmonizar o ambiente em que serão utilizados. É importante conceber

13
a idéia do organismo agrícola e perceber a atuação dos preparados no âmbito geral
da propriedade, INSTITUTO BIODINÂMICO, (s.d).
Os preparados Biodinâmicos são partes fundamentais da ativação da
capacidade produtiva de um ambiente específico, essenciais na Agricultura
Biodinâmica. São utilizados de maneira semelhante à homeopatia (não que sejam
ligados à teoria ou prática da medicina homeopática): devem passar pela
dinamização, potencializando o seu efeito e desta forma, atuar através de forças e
não da substância propriamente dita. Durante todo o processo de elaboração, os
preparados concentram a energia absorvida, e, então, permeiam a água dinamizada
com esta força vital, e, ao serem utilizados, são portadores do equilíbrio
fundamental de um agroecossistema; sendo assim, possível entender que as
pequenas quantidades utilizadas resultam em um processo harmônico, INSTITUTO
BIODINÂMICO, (s.d).

2.4.5 Agricultura moderna ou convencional – conjunto de técnicas produtivas


que surgiram em meados do Século XIX, conhecida como a “Segunda Revolução
Agrícola”, que teve como suporte o lançamento dos fertilizantes químicos por Liebig.
Esse sistema expandiu-se após as grandes guerras, com o emprego de sementes
manipuladas geneticamente para o aumento da produtividade, associado ao emprego de
agrotóxicos e fertilizantes e da maquinaria agrícola. O(a) agricultor(a) é dependente por
tecnologias/recursos/capital do setor industrial, que devido a seu fluxo unidirecional
leva a degradação do ambiente e à descapitalização, criando uma situação insustentável
em longo prazo.

2.4.6 Agricultura orgânica – sistema de gerenciamento total da produção


agrícola com vistas a promover e realçar a saúde do meio ambiente, preservar a
biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo. Nesse sentindo, a
agricultura orgânica enfatiza o uso de práticas de manejo em oposição ao uso de
elementos estranhos ao meio rural. Isso abrange, sempre que possível, a administração
de conhecimentos agronômicos, biológicos e até mesmo mecânicos, e, exclui a adoção
de substâncias químicas ou outros materiais sintéticos que desempenhem no solo
funções estranhas às desenvolvidas pelo ecossistema.
O conceito de agricultura orgânica surgiu com o inglês Sir Albert Howard
entre os anos de 1925 e 1930, que trabalhou e pesquisou o tipo de agricultura

14
praticada pelos camponeses na Índia. Howard ressaltava a importância da utilização
da matéria orgânica e da manutenção da vida biológica do solo. Resumidamente, a
agricultura orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes
sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos
para a alimentação animal, produzidos sinteticamente, AAO (2005).
A base científica desta corrente se assenta nas seguintes práticas: rotação de
culturas, manejo e fertilização do solo, e, sobretudo, na manutenção de elevados
níveis de húmus (matéria orgânica já decomposta e estabilizada) de modo a
promover o equilíbrio e saúde das plantas. Também como nas outras práticas
agroecológicas, o solo é considerado um “organismo” complexo, repleto de seres
vivos (minhocas, bactérias, fungos, formigas, cupins, etc.) e de substâncias minerais
em constante interação e interdependência, o que significa que ao se manejar um
aspecto (adubação, por exemplo) faz-se necessário considerar todos os outros
componentes (diversidade biológica, qualidade das águas subterrâneas,
suscetibilidade à erosão, etc.) de forma conjunta. Esse é o princípio sistêmico de
agricultura, também chamado holismo.
Na busca de manter a estrutura e produtividade do solo e de se obter um
alimento verdadeiramente orgânico, é necessário administrar conhecimentos de
diversas ciências (agronomia, ecologia, sociologia, economia, entre outras) para que
os agricultores e agricultoras, através de trabalho harmonizado com a natureza,
ofertem aos consumidores alimentos que promovam a saúde e equilíbrio do planeta
como um todo, PLANETA ORGÂNICO (s.d.).

3 HISTÓRICO

A agricultura moderna data de meados do Século XVIII e XIX, considerada


como primeira revolução agrícola, caracterizada pelos sistemas de rotação e associação
de atividades agrícolas e pecuárias.
No Século XX introduziram-se fertilizantes químicos, melhoramento genético e
motores de combustão interna. A segunda revolução agrícola culminou na década de
1970 com a “Revolução Verde”, movimento que intencionava aumentar a
produtividade, mas terminou por provocar sério passivo ambiental (destruição de matas,

15
erosão, contaminação dos recursos naturais e de alimentos) e social (aumento da
concentração da posse de terra, êxodo rural e desemprego).
A justificativa mais consistente sobre a necessidade de se empregar outro
modelo agrícola, baseado no uso de recursos naturais (sem emprego de adubos químicos
e agrotóxicos) é a da preservação da integridade e saúde dos agricultores e agricultoras,
uma vez que esses são os primeiros a sofrerem os problemas de contaminação,
registrando-se em alguns casos, deformidades e óbitos pelo uso de venenos nas
lavouras. Ademais, esse problema agrava-se quando se consideram o impacto desses
produtos sobre a agricultura, a biodiversidade da fauna e flora, os próprios aplicadores e
os consumidores dos alimentos, conforme Garcia (1996) citado por Souza (2004).
A fragilidade da agricultura moderna se deu pela:
◊ Contaminação de trabalhadores rurais e de alimentos;
◊ Poluição do ambiente por agrotóxicos e fertilizantes com efeitos deletérios às
plantas, animais, aqüíferos e solos;
◊ Aumento da resistência aos agentes químicos pelas pragas, doenças e ervas
invasoras;
◊ Declínio de produtividade pela degradação do solo: erosão e perda de matéria
orgânica;
◊ Desertificação e salinização dos solos;
◊ Reduzido balanço energético;
◊ Empobrecimento dos agricultores e agricultoras ao longo dos anos.

‘O homem branco parece não notar o ar que respira...’ entre outras afirmações do
chefe Seattle da tribo Suquamish, nordeste dos E.U.A., em 1854, em resposta antológica
ao presidente americano sobre a permuta de suas terras por uma reserva. ’Como é que
vocês podem querer comprar ou vender o céu ou o calor da terra?... Porque aquilo que
acontece aos animais, acontecerá aos homens... Onde está o matagal? Desapareceu...’,
THE ECOLOGIST BRASIL (2003). O conteúdo dessa carta contem princípios
ecológicos autênticos, pelo qual várias entidades ecológicas da atualidade a elegeu
como plataforma de trabalho.

Principais razões para a adoção da agricultura sustentável:


◊ Manutenção da durabilidade dos recursos naturais e da fertilidade do solo;
◊ Baixo impacto ambiental;

16
◊ Estabilidade econômica dos produtores e produtoras;
◊ Elevação da produção com o mínimo de insumos químicos;
◊ Satisfação das necessidades humanas de alimentos e de renda;
◊ Atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.

3.1 Evolução da área plantada, produção e mercado de alimentos


orgânicos

A prática da agricultura orgânica tem apresentado um crescimento expressivo


a nível mundial, principalmente em área plantada, diversidade de produção e
oferecimento de produtos, com destaque para o Brasil que alcançou o quinto lugar em
área com produção orgânica certificada, Tabela 1.

Tabela 1. Área (ha) com agricultura orgânica em vários países.


País Área (ha)
Austrália 10.000.000
Argentina 2.960.000
Itália 1.168.212
Estados Unidos 950.000
Brasil 841.769
Uruguai 760.000
Rússia 724.523
Alemanha 696.978
Espanha 665.055
França 509.000
Total mundial 24.070.010

O mercado de produtos orgânicos tem crescido a uma taxa média ao ano de


10% no Brasil e 25% na Europa.
A produtividade do solo não está associada à quantidade de insumos usados,
mas à capacidade do solo de reagir a adubos.
A tecnologia agrícola baseada na agroecologia tenta corrigir os erros
cometidos pela agricultura convencional.

17
Área total de cultivo orgânico, distribuídos pelos continentes, Yussefi and
Willer (2000) citado por www.kieserite.com/ organic/index_es.cfm

3.2 Biodiversidade no solo

A presença dos organismos vivos e sua importância para o solo pode ser
melhor percebida quando dispõe-se de dados da biomassa ou densidade populacional.
Um grande número de organismos interage com o solo: as plantas, a
microbiota (bactérias, actinomicetos, fungos, algas, vírus) e a fauna do solo
(protozoários, nematóides, anelídeos e artrópodes).
Os dados de biomassa animal, densidade populacional e atividade metabólica
são extremamente variados em função das condições pedobioclimáticas.
A título de projeção, tem-se que, no geral, a maior população animal da
biosfera é a da pedofauna, cuja biomassa média situando-se próximo de 0,3 t/ha. Para
82.106.000 km2 de solos não desérticos, tem-se de biomassa cerca de 2,5 bilhões de
toneladas de animais de solo, ou seja, uma biomassa 15 vezes maior que a dos seres
humanos que vivem na Terra, Bertalot & Mendoza (s.d.).
Da fauna do solo, principalmente saúvas, cupins e minhocas, contribuem
sobremaneira na organização estrutural do solo, através de ações oriundas de seus
comportamentos ecológicos (alimentar e construtor).
Transformações pontuais podem ser facilmente observadas: remonte vertical
de material profundo; recobrimento de horizontes superficiais; formação de

18
macroagregados (granulares, grumosos) e microagregados ovais (construção de galerias,
de canais, etc.).
A biodiversidade tem, portanto, papel fundamental na renovação das terras. É
função de como se cultiva. A renovação das terras depende do funcionamento
biodinâmico da paisagem. Trata-se de uma sinfonia em que minerais, vegetais, animais
e clima interagem impondo um ritmo dinâmico à evolução dos solos.
A renovabilidade dos solos depende dos balanços físicos de ganhos a partir da
transformação das rochas, e de perdas, através das erosões biogeoquímicas e mecânicas.
Estudos efetuados em diversas regiões intertropicais do globo mostraram taxas
de remonte biológico de solo de várias dezenas de toneladas

3.3 Biofertilização

A fertilidade do solo, no verdadeiro sentido da palavra, engloba a fertilidade


física (estrutura, porosidade, textura, etc.) química (nutrientes) e biológica (flora,
microbiota, fauna). Por biofertilização entende-se todo incremento de fertilidade que
resulta da atividade dos organismos vivos (agregação, aeração, transferência de matéria:
argila e nutrientes etc.).
A renovação das terras depende do funcionamento biodinâmico da paisagem
constituída por minerais, vegetais, animais e clima que interagem em ritmo dinâmico à
evolução do solo.
Portanto, a noção de organismo rural, em que animais e culturas de interesse
agronômico devem constituir um sistema diversificado, integrado e auto-sustentável, de
maneira a minimizar insumos externos, diminuir o emprego de produtos tóxicos à vida,
reduzir o trabalho mecânico do solo, equilibrar o balanço dos elementos nutritivos
(entradas e saídas) e privilegiar a biodiversidade na paisagem agrícola, com zonas de
refúgio (florestas) matas ciliares, faixas de retenção em nível com vegetação natural,
rotação de culturas e agrossilvicultura, além das demais práticas de conservação do solo
e da água, já conhecidas.

3.4 Adubação orgânica

19
Na história da agricultura, o material fertilizante mais tradicional que se tem
conhecimento aplicado pelo ser humano às áreas de cultivo foi a biomassa,
especialmente os dejetos animais. No mundo, os fertilizantes minerais, ou químicos, se
desenvolveram e foram ganhando espaço vertiginoso a partir da segunda metade do
Século XX.
Como oposição a esses insumos, passou-se a utilizar “adubos orgânicos” para
todos os produtos com efeito fertilizante derivados de organismos vivos: dejetos
animais, palhadas, resíduos do processamento industrial, materiais fermentados aeróbica
e anaerobicamente e mesmo materiais carbonados de origem fóssil como as turfas.
Entretanto, é muito comum considerar erroneamente como adubação orgânica apenas os
estercos e adubação verde, essa procedente dos vegetais.
Modernamente, também se faz uso dos efeitos positivos das palhadas sobre o
rendimento das culturas, especialmente nos trópicos. Essa prática tem sido chamada de
“cobertura morta” e é recomendada para hortaliças, culturas anuais de grãos e mesmo
culturas arbóreas.
Os benefícios dos adubos orgânicos são inúmeros. Os excrementos animais e
adubos verdes, inicialmente foram recomendados como fonte mineral, especialmente do
nitrogênio. As coberturas mortas atuam na melhoria das propriedades físicas do solo:
retenção de água, regularização de temperatura e melhoramento da aeração.
Em uma mata, como em toda e qualquer parte da biosfera, há dois processos
antagônicos e complementares que são a base da vida no planeta: produção e
decomposição da biomassa. Esses são os processos, em termos químicos, da
fotossíntese e da respiração, respectivamente. A rapidez desses processos depende do
clima, atingindo seu máximo nas regiões quentes e úmidas.
A partir do momento em que foi sintetizada, a biomassa é atacada, iniciando-se
sua degradação por diversos tipos de consumidores, desde microrganismos
fitopatogênicos até herbívoros gigantescos como os elefantes. Essa degradação apenas
se encerrará quando toda a biomassa tiver retornado aos seus componentes originais:
água, gás carbônico e nutrientes minerais. Esses componentes, mais a energia solar,
constituirão a matéria-prima para a reconstrução da biomassa pela fotossíntese no ciclo
seguinte.
Da energia liberada durante a degradação da biomassa se nutrem todos os
ciclos de vida e mecanismos de autocontrole da natureza. O equilíbrio entre as
populações de todos os seres, as boas propriedades dos solos, a biodiversidade e a

20
produtividade dos ecossistemas naturais, tudo depende dessa energia liberada na
decomposição da biomassa.
Por ser amplo os efeitos da adubação orgânica, por agir sobre distintos
aspectos do solo (físico, químico, biológico) comparações e generalizações devem ser
evitados.

4 Objetivos da agricultura orgânica

◊ Ampliar experiências na diversificação de culturas, introduzindo diferentes


tipos de adubos verdes e espécies para uso agroflorestal;
◊ Promover o conhecimento e incentivar o debate entre os agricultores e
agricultoras sobre os problemas e as conseqüências deletérias ao meio
ambiente, da prática da agricultura químico-industrial;
◊ Enfatizar os princípios de conservação e valorização dos recursos naturais
renováveis;
◊ Difundir conhecimento, técnicas e noções de agricultura sustentável.

4.1 O que é um produto orgânico e solo saudável

O produto orgânico é cultivado sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos.


É o produto limpo, saudável, que provém do sistema de cultivo que observa as leis da
natureza e todo o manejo agrícola está baseado no respeito ao meio ambiente e na
preservação dos recursos naturais.
O solo é a base do trabalho orgânico. Vários resíduos são reintegrados ao solo:
esterco, restos de verduras, folhas, aparas de galhos, etc., são devolvidos aos canteiros
para que sejam decompostos e transformados em nutrientes para as plantas. Essa
fertilização ativará a vida no solo, os microrganismos além de transformar a matéria
orgânica em alimento para as plantas, tornarão a terra porosa, solta, permeável à água e
ao ar. O grande valor da horticultura orgânica é promover permanentemente o
melhoramento do solo. Ao invés de mero suporte para a planta, o solo será sua fonte de
nutrição.

21
A rotação de culturas é utilizada como forma de preservar a fertilidade do solo
e o equilíbrio de nutrientes. Contribui também para o controle de pragas, pois o cultivo
das mesmas culturas nas mesmas áreas por anos a fio, resultará no aparecimento de
doenças e infestações de pragas. As monoculturas devem ser evitadas. A diversidade é
fator que traz estabilidade ao agrossistema, pois implica no aumento de espécies e na
interação entra os diversos organismos.
O cultivo consorciado, isto é, o plantio de duas espécies lado a lado, contribui
para o controle da erosão, pois mantém o solo coberto. Muitas espécies podem ser
associadas entre si, pois se favorecem mutuamente. São exemplos corriqueiros:
◊ Espécie que produz muita sombra podem ser associadas àquela que gosta de
sombra. Ex: tomate e salsa.
◊ Raízes profundas com raízes superficiais. Ex: cenoura e alface.
◊ Espécie com folhas ralas pode ser plantada junto daquela mais volumosa.
Ex: cebolinha e beterraba.
◊ Espécie com exigências diversas em relação a nutrientes. Ex: Rúcula e
brócolis.
◊ Espécies aromáticas que afugentam insetos. Ex: Cebolinha ou cravo e alface.

Essas técnicas contribuem para um solo saudável, uma produção sadia e


previnem o aparecimento de infestações. A conservação de faixas de vegetação nativa
entre os canteiros auxilia no controle de pragas. Servem de refúgio para diversos insetos
benéficos que se alimentam de fungos ou organismos que, sem seus inimigos naturais,
poderiam aniquilar a plantação.
A fauna silvestre é preservada e a diversidade de vida é essencial para o
equilíbrio de várias espécies.
Infestações ocasionais podem ser tratadas com caldas, criação e soltura de
inimigos naturais, armadilhas, catação manual e outros procedimentos. Essas técnicas
contribuem para um solo saudável, uma produção sadia e previnem o aparecimento de
pragas.

4.2 Critérios para a prática em agricultura orgânica

22
◊ Proteção da fertilidade dos solos em longo prazo, estimulando sua atividade
biológica;
◊ Intervenção mecanizada cautelosa;
◊ Fornecimento de nutrientes ao solo em forma natural, sem processos
químicos;
◊ Auto-suficiência em nitrogênio pelo uso de leguminosas e inoculações com
bactérias fixadoras de nitrogênio, e com reciclagem de materiais orgânicos
provenientes de resíduos vegetais e estercos animais;
◊ Controle de doenças, pragas e ervas pela rotação de culturas, inimigos
naturais, diversidade genética, variedades resistentes, adubação orgânica,
intervenções biológicas, extratos de plantas e caldas elaboradas com
componentes naturais;
◊ Bem-estar das espécies exploradas na criação animal, através de nutrição,
tratamento sanitário e condições de vida que respeitem suas características;
◊ Atenção especial ao impacto do sistema produtivo sobre o meio ambiente,
protegendo a flora e a fauna existentes;
◊ Condições de trabalho que representem oportunidades de desenvolvimento
humano aos envolvidos;
◊ Processamento limpo e controlado;
◊ Extrativismo sustentável.

4.3 Procedimentos proibidos à prática da agricultura orgânica

4.3.1 Plantas

◊ É vedada a utilização de organismos geneticamente modificados (OGM ou


transgênicos) em qualquer situação da produção vegetal;
◊ Sementes e mudas devem ser procedentes de sistemas orgânicos. Caso não
se encontre no mercado sementes oriundas de práticas orgânicas e adequadas
a determinada situação ecológica específica, o produtor ou produtora poderá
fazer uso das que existam no mercado, desde que avaliados pelos órgãos
competentes da certificadora;

23
◊ Os produtos oriundos de atividades extrativistas só serão certificados como
orgânicos caso o processo de extração não comprometa o ecossistema e a
sustentabilidade dos recursos envolvidos na exploração e esteja devidamente
credenciado aos demais órgãos competente como IBAMA, DPRN.

4.3.2 Água

◊ A água utilizada na produção deve apresentar-se dentro das características de


Padrão Mínimo consoante CONAMA 20, tanto para irrigação, como para
processamento e lavagem pós-colheita. Deverão ser solicitadas análises
químicas, biológicas e de resíduos.

4.3.3 Manejo do solo

◊ É vedada queimadas sistemática;


◊ É proibido falta de planejamento (incluindo sistemas, práticas e técnicas)
para o manejo orgânico do solo;
◊ Ausência ou erradicação da flora e da fauna nas áreas de proteção aos
manaciais (rios, córregos e nascentes) reservas legais e áreas de Classe de
Capacidade VII e VIII;
◊ Utilização de material orgânico com potencial poluente ou contaminante.

4.3.4 Manejo de plantas invasoras

◊ É proibido o uso de herbicidas químicos, derivados de petróleo e hormônios


sintéticos.

4.3.5 Nutrição vegetal

◊ Utilização de adubos químicos de média e alta concentração e solubilidade


incluindo KCl, KNO3 e salitre do Chile;
◊ Emprego de agrotóxicos e fitorreguladores;

24
◊ Produtos ou resíduos industriais, agroindustriais e urbanos com propriedades
corretivas, fertilizantes e condicionadores de solo, com agentes
potencialmente poluentes ou contaminantes.

4.4 Produtividade e manutenção

Características relativas à eficiência, produtividade e manutenção dos


princípios básicos dos processos de produção agrícola da agricultura orgânica:
◊ Os custos são mais baixos por atividade e conjunto;
◊ O aumento de produtividade não constitui seu único objetivo;
◊ Os consumidores de produtos orgânicos devem ser críticos, participantes e
estão ou devem estar mais próximos dos agricultores;
◊ Há preços diferenciados para cima e “nichos” de mercado;
◊ Há auto-restrições na utilização de insumos químicos nos processos
orgânicos de produção;
◊ Deve haver um comportamento ético na produção e comercialização;
◊ Deve haver preocupação com a saúde do agricultor e do consumidor;
◊ Deve haver preocupação com a saúde e condições de trabalho e qualidade de
vida do trabalhador e trabalhadora rural;
◊ Deve haver preocupação com a preservação e regeneração do meio
ambiente;
◊ É um sistema de produção crítico que questiona o pensamento oficial e os
interesses das empresas transnacionais de insumos agrícolas;
◊ A forma de se relacionar com a natureza no processo de produção agrícola é
equilibrada;
◊ Deve haver uma visão holística do processo de produção, pelo menos como
ideal.

4.5 Aspectos importantes da viabilização da agricultura orgânica

◊ O lucro é importante para qualquer tipo de agricultura, mas deve ter limites;
◊ Consumidor, agricultor e trabalhador devem ser vistos como seres humanos;

25
◊ Deve haver princípios éticos e mercado justo;
◊ O papel do marketing é fundamental para esclarecimento de alimentação
saudável;
◊ Atitude constante na divulgação dos malefícios dos agrotóxicos sobre a
saúde humana, animal e meio ambiente atual e para gerações futuras;
◊ Não adotar os mesmos desvios presentes atualmente nos processos
dominantes de tecnologia e comercialização;
◊ Senso de observação do agricultor ou agricultora deve ser estimulado;
◊ Respeito ao tempo da natureza e que os consumidores sejam parceiros ativos
e interessados.

4.6 Princípios ambientais e sociais

◊ Valorização do conhecimento e habilidades práticos dos agricultores e


agricultoras;
◊ Adequada relação entre as pessoas e a terra;
◊ Espaço para respostas inovadoras a partir da observação e vivência prática;
◊ Respeito à integridade e cultura local;
◊ As recomendações técnicas devem levar em consideração os limites
ecológicos da produção agrícola.

4.7 Erros mais comuns na pesquisa e difusão de conhecimentos

◊ Ignorar a associação histórico-cultural dos agricultores com os seus


processos produtivos;
◊ Tendência a trazer todos os insumos de fora do estabelecimento agrícola a
produzi-los;
◊ Desqualificar todo o conhecimento e práticas anteriores e presentes;
◊ Apresentar tendência a simplificação dos processos de produção agrícola e
sua adaptação ao modelo industrial;
◊ Adaptar plantas e animais à tecnologia;

26
◊ Desprezar o conhecimento local por não estar contemplado como parâmetro
da ciência moderna;
◊ Privilegiar uma mercadoria como produto isolado em resposta a dominância
da racionalidade econômica às necessidades da indústria, desconsiderando e
desvalorizando subprodutos, o mais das vezes, de interesse para a ecologia,
artesanato, construções locais ou outras aplicações.

4.8 Construção da agricultura orgânica

O conhecimento local, derivado de experiência direta dos processos de


trabalho, os quais são formados e delimitados pelas diferentes características de um
lugar particular com ambiente físico e social único.
Quaisquer das práticas de agricultura (orgânico, natural, biodinâmico,
ecológico, etc.) de um modo geral, objetiva produção física sadia, suficiente e de preço
justo, porém respeitando os limites e funções adicionais de produzir simultaneamente,
conhecimentos sobre a própria produção, geração de postos de trabalho, regeneração do
meio ambiente local e regional, e, em última instância, contribuindo na sustentação e
regeneração do planeta.

5 PESQUISAS

Uma das primeiras pessoas a apresentar uma dissertação de mestrado sobre


Agrossivilcutra no Brasil foi a bióloga Denise B. Amador, MSc. em Ciências
Florestais pela ESALQ/USP. O seu estudo insiste na aproximação em estrutura e
diversidade dos ecossistemas naturais, os SAFs representam um grande potencial
como estratégia metodológica para a recuperação de áreas degradadas, matas
ciliares, bordas de fragmentos e implantação de corredores entre fragmentos,
possibilitando o retorno econômico do investimento em projetos de recuperação
florestal.
A formação de mudas define o sucesso do plantio. A UFV vem produzindo
mudas de fruteiras de forma orgânica com eficiência desde há muito, SOUZA
(2004).

27
POPIA et. al. (2000) estudaram a eficácia de vários estercos utilizados
como adubos sem submeterem ao processo de compostagem, dentre os quais:
estercos de aviários, de ruminantes e de suínos.
Há críticas quanto às limitações da matéria orgânica decomposta. Contudo
estudos efetuados por KIEHL (2001) demonstraram que no final do processo a
relação C/N torna-se constante entre 12/1 a 10/1.
SOUZA (2004) registra várias experiências na adição de microrganismos
efetivos (EM) no composto. Também o pesquisador se reporta a compostagem com
preparados biodinâmicos no enriquecimento mineral dos resíduos.
PINHEIRO & BARRETO (1996) relatam vários experimentos realizados
no Brasil que atestam a eficácia de pós de rocha como fertilizantes no incremento da
produtividade de diversas culturas.
KHATOUNIAN (2001) cita que os resíduos industriais pobres em
nutrientes podem ser enriquecidos com resíduos de abatedouro, descartes de
peixarias, torta de cacau, etc.
PECHE FILHO & DE LUCCA (1997) estabeleceram cálculos da
quantidade de adubos orgânicos em função da composição dos materiais do
composto e exigência nutricional da cultura.
Os biofertilizantes são fontes de vitaminas, aminoácidos, fitohormônios e
diversos oligoelementos indispensáveis à saúde vegetal e foram alvos de estudos de
BETTIOL et. al. (1998) com sucesso sobre pragas e doenças, atuando como
antibiose e barreira física.
Mas, como saber se as práticas de manejo ecológico estão adequadas?
CASALINHO (2004) responde a essas e outras questões apresentando critérios para
avaliar a qualidade do solo e seus níveis de limitação através dos seguintes
indicadores: compactação, cor, porosidade e profundidade do solo; população de
minhocas e de organismos; erosão; matéria orgânica; aparência da planta e vegetação
espontânea.
O estudo desenvolvido por SPADOTTO et al. (2004) foi interessante por
aplicar a ciência da complexidade no agronegócio das atividades agrícolas orgânicas
e biodinâmicas, cujo resultado culminou com novos pontos de análise e
entendimento para tomada de decisão.
Há registros de análises e estudos nas mais variadas áreas da Agroecologia,
realizados desde há muito, que o(a) leitor(a) pode comprovar nos mais variados

28
meios de pesquisa, para aprofundamento e verificação de seus conhecimentos. O
presente trabalho estabelece pequeno intróito nesse sentido...

6 AÇÕES LOCAIS

A transformação das diversas experiências agroecológicas em políticas


públicas para a agricultura familiar tem sido a alternativa adotada por várias
organizações da sociedade civil atuantes no semi-árido, destacando-se a captação,
armazenamento e uso da água em cisterna de placas. Essa proposta tem sensibilizado os
gestores públicos em todos os níveis administrativos, resultando em parcerias efetivas
para a elaboração e implementação desse programas com recursos públicos, Barbosa
(2005).
O modelo da “horta ambientar orgânica” permite o cultivo em espaços
reduzidos a partir de recursos locais com materiais recicláveis. A tecnologia de utilizar
recipientes como garrafas de plástico, baldes e outros recipientes já é de uso comum,
mas o diferencial é o substrato originário de compostos orgânicos enriquecidos com pós
de rochas. Os benefícios advindos dessa prática refletir-se-ão na saúde, bem-estar
emocional, economia e segurança alimentar, PEREIRA (2004).

O Projeto Mandalla é outro modelo inovador de irrigação e diversidade de


culturas, bem sucedida no sertão nordestino. A disposição da plantação em forma
círculos concêntricos e com várias culturas integradas, possuindo um custo inferior à
irrigação tradicional. Ela é voltada para os pequenos proprietários ou associações rurais.
Promove a biodiveridade e criação de pequenos animais. Recomenda-se a não adoção
de agrotóxicos a bem da saúde dos produtores e produtoras, SEBRAE (2005).

29
Vista parcial da instalação do projeto Mandala

A experiência com biodinâmica já se faz presente em projeto da Reforma


Agrária, é o caso do Assentamento Mulunguzinho (3.997 ha e 112 famílias) imediações
de Mossoró (RN) em que três grupos de produtores lançaram experimento com
fruticultura (cajueiro anão e manga) culturas anuais (feijão e milho) e mandioca
intercaladas com sorgo; batata-doce, gergelim e macaxeira, e por fim hortaliças
irrigadas, BRÍGIDO & MIRANDA (2004).
O cenário é rico de experiências bem sucedidas e caberá ao estudante aplicar
sua sensibilidade e bom senso na implantação do modelo mais propício e fiel a realidade
local.

7 FERTILIDADE NATURAL DO SOLO

Envolve uma complexidade de fatores interassociados que devem ser levados


em consideração por todo o tempo, entre os quais: matéria orgânica, macronutrientes,
microvida, água, preparo do solo, inimigos naturais, variedades adaptadas, plantas
espontâneas, bioestrutura, cobertura vegetal, controle de erosão, ar, pH, rotação de
culturas, manejo de pragas e doenças, e diversidade de culturas.
Os elementos mais importantes são: a matéria orgânica, a bioestrutura, o ar e a
água.
A realização de queimadas afeta:

30
□ Os nutrientes que se transformam em cinzas, solúveis em água e são lixiviadas para o
lençol freático.
□ O nitrogênio e o enxofre que se perdem na combustão.
□ A alimentação da microvida com conseqüente aparição de pragas e doenças.
□ A bioestrutura do solo, que tem a sua sustentação na palha, ficando pior.
□ A capacidade de armazenamento de água e ar, que se torna reduzida.
□ A erosão superficial que se intensifica, com perda da fertilidade.
□ A biodiversidade da vegetação espontânea, que se torna alterada.
□ A acidez do solo, que se eleva.
A manutenção da fertilidade natural não deve ser abandonada jamais, pois que
ela que é responsável pela sustentação vegetal.
O ciclo de fertilidade natural funciona na natureza por séculos sem se extinguir.
O princípio compreende:
□ As folhas que caem servem de alimento para a microvida;
□ Os excrementos dos animais também alimentam a microvida;
□ A decomposição do esterco e dos restos orgânicos, como folhas mortas, pela
microvida, disponibiliza nutrientes para a vegetação.
Na agricultura orgânica, aduba-se o solo, que alimenta a microvida, que por sua
vez, nutre a planta.
Muitos nutrientes são produzidos no local através das plantas que os retiram do
ar e os fixam no solo, principalmente o nitrogênio e o carbono. E, os demais podem ser
disponibilizados pelos microrganismos e raízes, ou devolvidos por “importação”, já que
foram perdidos pela erosão e produção agrícola.
Na forma mineral, deve observar o seguinte:
□ Usar materiais pouco solúveis;
□ Promover adubação verde e outras práticas;
□ Complementar com minerais dos compostos orgânicos.
A esterilidade advém através de práticas imediatistas com adubos químicos, uso
de venenos e funcigidas, que visam resultados imediatos. ZAMBERLAM &
FRONCHETI (2001) ilustraram queda de produtividade de grãos através da adubação
química, para os anos de 1970, 1980, 1990 e 2000 respectivamente, Quadro1.

31
Quadro 1. Decréscimo de produtividade através da adubação química.

Daí se faz necessário aplicar mais adubos para obter a mesma produção. Reflete
o desequilíbrio do solo, cuja microvida foi prejudicada.
O modelo adotado tem passivo ambiental elevado comprometendo financeira,
cultura e ambientalmente os agricultores.
A busca pela fertilidade natural justifica-se pela melhoria das condições físicas e
biológicas do solo. Física, na proteção dos solos contra o impacto das chuvas e da
radiação do sol; aumenta da capacidade de infiltração e de retenção de água do solo;
amplia o teor de matéria orgânica e nutrientes. E biológicas, pelo equilíbrio de
microorganismos; controle de plantas invasoras, pragas e doenças do solo.
As fontes de alimentação da microvida do solo são de origem vegetal, animal,
agroindustrial e industrial, Quadro 2.

Quadro 2. Principais fontes de alimentação da microvida do solo.

Tipo Descrição
Vegetal Palhas e restos culturais, adubação verde
Animal Estercos
Agroindustrial Tortas oleaginosas, borra de café, vinhaça,
resíduos de frigoríficos
Industrial Resíduos de curtume e de madeira
Aqueles resíduos que são oriundos de fontes externas à propriedade, devem ser
avaliados com atenção quanto à origem e qualidade, pois muitos podem apresentar

32
contaminação de produtos químicos, antibióticos e outras substâncias indesejáveis à
produção orgânica.
As palhas podem ser de várias procedências dependendo do tipo de planta e
estádio de desenvolvimento. Quanto mais nova e menos fibrosa for a planta, maior teor
de nitrogênio possui e menor taxa de carbono.
As palhas é o tipo de alimento mais comum para a microvida. Todas as palhas
que ficam no solo são benéficas para ele. A palha na superfície auxilia o manejo de
plantas indejesáveis.
Na adubação verde, elege-se um tipo de planta (gramínea ou leguminosa) e o
objetivo que se quer atingir, procurando-se respeitar o ciclo natural da planta. Antes de
se atingir o estado de maturação, corta-se a planta e busca-se incorporá-la ao solo,
mecanicamente. Várias plantas se prestam para esse mister: Aveia preta, Azevém,
Calopogônio, Crotalária (Crotalária juncea) Ervilhaca, Feijão de porco, Guandu, Lab
lab, Mucuna, Milheto, Nabo forrageiro, Soja perene, Tremoço, entre outras.
Os estercos curtidos se prestam para recuperar solos esgotados. Eles podem ser
de origem de bovinos, suínos, galinhas, guano de morcego, etc.
Os minerais que os compõem são diferentes em função de sua origem, Quadro 3.

Quadro 3. Composição de diferentes tipos de estercos.

Origem Umidade (%) N (%) P (%) K (%)


Aves 10 1,50 1,00 0,40
Bovinos 80 0,55 0,23 0,63
Suínos 85 0,50 0,35 0,40

As aves eliminam urina junto com as fezes, por isso seu esterco é mais rico em
nitrogênio que o dos bovinos e suínos. A sua decomposição é rápida porque é pobre em
celulose.
O esterco dos ruminantes, principalmente de bovinos, é o mais utilizado. Há
diferença de composição entre aquele originado dos animais de pasto daqueles outros
estabulados, porque nos primeiros a urina fica retida na terra.
O esterco dos suínos é pobre em matéria orgânica. Recomenda-se sua aplicação
em culturas arbórea e de cereais, quando bem curtido.
Os estercos são vantajosos porque podem ser produzidos na propriedade. As
quantidades de resíduos produzidos diariamente é função do tipo de manejo,

33
alimentação e raça do animal. A título de ilustração, registra-se que uma vaca mestiça de
massa de 500 kg, produz em torno de 10 toneladas de esterco/ano. Para uma massa
equivalente de peso vivo de suínos se tem 7,5 toneladas de esterco/ano. E, por analogia,
tratando-se de aves se tem 2,15 toneladas de esterco/ano.
Os resíduos agroindustriais e industriais também são fontes ricas de matéria
orgânica e em abundância, Quadro 4.

Quadro 4. Alguns resíduos agroindustriais e industriais e sua composição principal.

Origem N (%) Anidrido fosfórico (%) Óxido de potássio (%)


Bagaço de cana 1,49 0,28 0,99
Bagaço de laranja 0,71 0,18 0,41
Couro em pó 8,84 0,22 0,44
Casca de arroz 0,78 0,58 0,49
Serragem 0,06 0,01 0,01
Torta de linhaça 5,66 1,72 1,32

A existência de diversos procedimentos para melhorar a fertilidade do solo


devem ser considerados e praticados pelos produtores, entre os quais: compostagem,
vermicompostagem e biofertilizantes.
A compostagem é o aproveitamento de restos vegetais e resíduos de animais
decompostos em presença de ar e água em um intervalo de tempo. O produto final é
material homogêneo e rico em nutrientes. Ele resulta de processo biológico sendo por
isso necessário criar as condições corretas para o crescimento de seres vivos,
satisfazendo seus requisitos nutricionais.
Para se fazer um composto orgânico, usa-se em torno de 30% de esterco fresco
e 70% de palhas vegetais. O material deve ser posto em camadas sobrepostas alternadas
até a altura de 1,5m. O comprimento é função da quantidade de material existente.
Durante o período de fermentação, o composto deve ser aguado regularmente, com
cuidado para não encharcá-lo. Algumas dicas são importantes para se obter um bom
composto, a saber:
□ A fermentação deve ocorrer em presença de ar;
□ A quantidade de água dever estar entre 55 a 65%;
□ O calor gerado pelos microorganismos deve ser mantido;
□ A relação C/N deve ser 60 a 90:1;

34
□ Alguns materiais não devem ser colocados no composto: madeira tratada com
pesticida ou envernizada, vidro, metal, óleo, tinta, plástico e papel impresso.
Em função da composição química do material colocado no composto, estima-se
os teores de nutrientes no final do processo, Quadro 5, adaptado de Souza (2004).

Quadro 5. Composição química de alguns vegetais

Material M.O. (%) N (%) P2O5 (%) K2O (%) C/N


Capim napier verde 96,00 1,40 0,33 0,76 40/1
Casca de arroz 54,55 0,78 0,58 0,49 39/1
Feijão guandu 95,90 1,81 0,59 1,14 29/1
Fibra de abacaxi 71,41 0,90 0,01 0,46 44/1
Palha de feijão 94,68 1,63 0,29 1,94 32/1
Palha de milho 96,75 0,48 0,38 1,64 112/1

Na pilha de composto, a quantidade de palha deve ser três vezes a de esterco.


Entretanto, o parâmetro determinante é a relação C/N.
O período de tempo satisfatório para obtenção de fermentação ideal deve ser de
70 a 90 dias para material triturado e entre 100 a 120 dias para produto não triturado.
Recomenda-se escolher um local preferencialmente plano, livre de ventos e de
fácil acesso para carga e descarga do material, próximo a fonte de água para as
irrigações necessárias.
Para controle adequado da umidade e temperatura do composto, é fundamental
revirar os montes periodicamente, manual ou mecanicamente.
Após cada reviramento, deve-se irrigar com quantidade de água suficiente para
repor as perdas por lixiviação e evaporação.
A faixa de temperatura ideal para a decomposição do material varia de 50 a
60ºC. Na fase final de fermentação e início da fase de mineralização da matéria orgânica
a temperatura atinge níveis inferiores a 35ºC.
As características físicas do composto no final do processo são:
□ Redução do volume inicial para 1/3;
□ Impossibilidade de identificação dos componentes originais;
□ Material de fácil moldagem;
□ Cheiro de terra molhada, tolerável e agradável.
Para KIEHL (2001) as características químicas do composto final são:
□ pH acima de 6,5;
□ M.O. acima de 40%;

35
□ Teor de N e de outros nutrientes deve estar acima de 1%;
□ A relação C/N deve estar entre 10/1 a 20/1;
□ Alta CTC.
A vermicompostagem ou produção de húmus de minhoca é a criação em
canteiros com composto orgânico previamente preparado misturados com minhocas.
Elas transformam esse material em rico adubo. Seus excrementos aumentam de 3 a 11
vezes a quantidade de P assimilável e de K e Mg trocáveis no solo, além de elevar de 5
a 10 vezes o teor de nitrato e em 30% o de Ca diminuindo a acidez do solo. Ao final do
processo o material deve ser peneirado, e resulta produto homogêneo, de odor
característico e de cor escura, BNB (2003).
Os biofertilizantes são soluções líquidas à base de esterco, água e pós minerais,
submetidas à fermentação, passível de ser usado em qualquer época do ano por via
foliar.
ZAMBERMAM & FRONCHETI (2001) registram que o biofertilizante
denominado “supermagro” é um dos mais difundidos entre os produtores. Foi
desenvolvido pelo técnico e extensionista alcunhado de Magro da equipe do CAE-IPÊ.
É um adubo líquido proveniente da mistura de micronutrientes fermentados em meio
orgânico. O material necessário para produzir o “supermagro” é:
□ 40 kg de esterco fresco de gado não confinado e não submetido a antibióticos;
□ Leite;
□ Água não clorada
□ Melado de cana-de-açúcar;
□ Pós minerais: sulfato de zinco (2 kg) cloreto de cálcio (2 kg) enxofre (0,3 kg) sulfato
de magnésio (1 kg) fosfato bicálcio (0,5 kg) molibdato de sódio (0,1 kg) sulfato de
cobalto (0,05 kg) sulfato de ferro (0,03 kg) sulfato de manganês (0,03 kg) sulfato de
cobre (0,03 kg) bórax (1,5 kg) cofermol ou Co-Fe-Mo (0,16 kg) fosfato natural (2,4 kg)
e cinzas (1,2 kg).
A regra básica para prepará-lo, consiste em fazer uso de recipiente à sombra,
mexendo a solução a cada dois dias, após a colocação das frações dos ingredientes, até o
final da fermentação, que gira em torno de 37 a 40 dias. Divide-se o processo em dias, e
procura-se obedecer as sugestões passo a passo, a saber:
1º Dia: No recipiente de 200 l misturar em 60 l de água, 40 kg de esterco fresco, 2 l de
leite e 1 l de melado. Mexer bem e deixar em repouso por três dias.

36
4º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de zinco, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
7º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de magnésio, o fosfato natural (0,2 kg) e
cinzas (0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e
juntar à mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
10º Dia: Dissolver em água morna o fosfato bicálcico, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
13º Dia: Dissolver em água morna o enxofre, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1 kg)
fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura do
tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
16º Dia: Dissolver em água morna o cloreto de cálcio, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
19º Dia: Dissolver em água morna o bórax, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1 kg)
fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura do
tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
22º Dia: Dissolver em água morna o molibdato de sódio, o fosfato natural (0,2 kg) e
cinzas (0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e
juntar à mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
25º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de cobalto, o fosfato natural (0,2 kg) e
cinzas (0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e
juntar à mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
28º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de ferro, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
31º Dia: Dissolver em água morna o manganês, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1
kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura
do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
34º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de cobre, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.

37
37º Dia: Dissolver em água morna o cofemol, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1 kg)
fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura do
tambor. Completar o volume restante do tambor com água, mexer bem e deixar
em repouso por trinta dias.
Quando se constatar que finalizou a fermentação (não mais formação de bolhas
na solução) o produto estará pronto. Filtrá-lo em tecido de náilon e envazá-lo. Pode-se
fazer uso de garrafas plásticas. Armazená-lo à sombra.
Haverá casos em que a dosagem deve ser menor que 2%, exemplo de melancias,
melões e pepinos. Durante a floração deve-se abster de sua aplicação. A dosagem para
aplicação foliar é em torno de 2%, sendo função da cultura e sua fase de
desenvolvimento, Quadro 6, ZAMBERLAM & FRONCHETI (2001).

Quadro 6. Recomendações práticas do uso do “supermagro” para algumas culturas.

Cultura Concentração (%) Período Nº de vezes


Beterraba 4 Durante o ciclo 2a4
Couve-flor 2,5 Após semeadura 4a8
Feijão 3 30 e 60 dias após o plantio 3a4
Milho 6 30 e 60 dias após plantio 2
Repolho 2,5 Após semeadura 4a8
Tomate 3 Durante o ciclo 2a4

Outros procedimentos e experiências bem sucedidas também têm sido utilizados


pelos agricultores, a saber: coquetel, farinha de rocha, preparados biodinâmicos, farinha
de osso, urina de vaca, etc.
O coquetel é a consorciação de gramíneas e leguminosas para adubação verde,
podendo se usar milho, feijão guandu, mucuna, lab lab, calopogônio, girassol, feijão de
porco e outras sementes que são misturadas em um recipiente e, após preparo do solo,
semeadas a lanço numa densidade de 100 kg/ha, sem necessidade de fazer adubação,
nem capina. Essa diversidade de plantas estimula ao máximo a reciclagem dos
nutrientes disponíveis.
A farinha de rocha é o nome dado aos pós de pedras moídas ou trituradas para
uso agrícola. Ela recupera os solos empobrecidos, desequilibrados e que perderam seus
constituintes minerais. As melhores rochas para esse fim são as rochas MB-4, ricas em
minerais ferromagnesianos e em micronutrientes de grande valor para os solos, plantas e
animais.

38
Os preparados biodinâmicos são feitos com extratos naturais selecionados de
minerais, vegetais ou animais, submetidas a um processo fermentativo e em seguida à
dinamização, espécie de energização. Posteriormente, são adicionados, em pequenas
quantidades a adubos orgânicos e compostos ou aplicados diretamente no solo ou
borrifadas nas plantas. Os preparados biodinâmicos são numerados de 502 a 507. Os
preparados utilizados nos compostos são os de número 502 (mil folhas – Achillea
millefolium) 503 (camomila – Chamomilla officinalis) 504 (urtiga – Urtiga dioica) 505
(carvalho – Quercus robur) e 506 (dente-de-leão – Taraxacum officinale). E o preparado
507 (valeriana – Valeriana officinalis) é líquido.
Os adeptos da agricultura biodinâmica reivindicam que as preparações de 502 a
507 aumentam a atividade microbial na compostagem e rende um produto melhor. Esses
preparados acrescentam energia e matéria orgânica ao solo e a planta.
A título de ilustração apresenta-se a maneira de como fazer a preparação 502. O
material necessário são flores de mil folhas e bexiga de cervo macho. O procedimento é
amassar as flores e enfiar dentro da bexiga; amarrar a bexiga e pendurar em local
ensolarado; enterrar até a primavera; e desenterrar e usar o preparado imediatamente.
As receitas dos outros preparados também já são de domínio público e estão
disponíveis em quaisquer publicações sobre biodinâmica.
A farinha de osso é a fragmentação dos ossos na forma de pó. Os ossos são
constituídos basicamente de fosfato de cálcio. KIEHL (1985) relata que a composição
dos ossos tem 34% de material orgânico e 66% de minerais. Da parte orgânica, 27% é
osseína e 7% gordura. E, da fração mineral, 54% é fosfato tricálcico, 25% é P2O5, 7,5%
é carbonato de cálcio, 1,5% é fosfato trimagnésico e 2% é fluorete de cálcio.
O pó de osso pode ser utilizado diretamente ou aplicado no composto. Na
montagem das medas do composto, a deposição de 20 a 30 kg/m 3 é uma quantidade
suficiente por tratar-se de material de custo elevado.
O composto pode ser enriquecido em nitrogênio com a utilização da urina das
vacas. Do total de N ingerido pelo animal, 70% é excretado pela urina. A urina
fermentada por 10 dias e diluída a 20% em água tem micronutrientes e propriedades
repelentes. Pulverizar periodicamente nas culturas de alho, cebola, feijão e frutas...

8 CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

39
As pragas e doenças não aparecem por acaso, pois os insetos e os
microorganismos fazem parte da natureza. O desequilíbrio do bioma, reflexo de
queimadas, monocultura, agrotóxico, desmatamento, etc., em que a quebra da cadeia de
inter-relação desses seres vivos entre si e entre as plantas permite a proliferação rápida e
seletiva apenas de alguns deles.
Em agricultura orgânica, o que se busca é o estabelecimento do equilíbrio
ecológico, através do emprego das técnicas agrícolas sustentáveis, com a escolha de
espécies adaptadas e resistentes, aliando manejo correto de solo, adubação orgânica,
rotação e consorciação de culturas, etc.
A adoção dos princípios de manejo integrado de pragas e doenças (MIPD) pode
auxiliar sobremaneira a definição das práticas adotadas nos sistemas orgânicos. Essa
atitude vigilante e mitigadora dos focos de agentes patógenos indesejáveis existe em
vários procedimentos, dentre os quais a aplicação de questionário associado a escore,
como o que foi apresentado por SOUZA (2004) Quadro 7.
A presença de insetos ou microorganismos na planta não implica doença ou
praga, a menos que haja condições favoráveis para sua proliferação desenfreada. O
conhecimento dessas condições constitui a base para o estabelecimento do controle
integrado dos fitopatógenos.

Quadro 7. Itens para controle integrado de pragas e doenças.

Parâmetro Medida de controle Escore*


Água Como agente de contaminação
Cultura Resistência
Partes vegetativas sadias
Período Época de plantio
Clima frio
Práticas culturais Rotação
Desbaste de plantas doentes
Cultivo mínimo
Incorporação de M.O.
Solo Integridade do solo
Solo supressivo
Aquecimento do solo
Controle de nematóides
Outros Desinfecção de ferramentas
Solarização
*Valor relativo para o evento em escala de 1 a 7, em que 7 é medida de maior valor e 1 o menor.

40
Algumas vezes, uma doença específica pode ser controlada por medida de
controle isolado. Contudo, a complexidade de fatores envolvidos requer o uso de mais
de um método para alcançar sucesso no controle da mesma, ou seja, controles
biológicos, culturais, físicos, genéticos, normativos, mecânicos e químicos.
No MIPD é importante considerar o clima, a suscetibilidade das variedades e do
patógeno, modo de transmissão, forma de sobrevivência e maneira pela qual ele é
eliminado, e as condições favoráveis ao surgimento da doença.
Em sistemas orgânicos de produção o uso e reciclagem constante de matéria
orgânica permitem minimizar problemas fitossanitários com eficiência.
BNB (2003) registra alguns métodos utilizados no controle biológico de pragas e
doenças de plantas, Quadro 8.

Quadro 8. Métodos de controle de pragas doenças de plantas.


Ação Controle
Feijão x mandioca Redução do mosaico, clorose e ferrugem
do feijoeiro
Solução salina a 50% em sementes Eliminação de doenças de sementes.
Selecionar as boas, as ruins bóiam
Alfafa x gramínea Redução do vírus do mosaico
Joaninha Combate pulgões, cochonilhas, etc.
Cinamomo (Melia azedarach) Repelente da mosca branca, gafanhoto e
pulgões
Vespinha Combate a lagarta do milho
Capim citronela Repelente de borrachudos
Folhas de eucalipto Repelente de baratas e carunchos
Hortelã Repelente de borboletas e ativa saúde de
tomateiros
Cravo de defunto (Tagetes patula) Combate nematóides, carrapatos e os
inimigos de tomates, salsão, alho e
cenoura
Roseira x cebola Afasta pulgões
Folhas de alamandra (Allamanda nobilis)
cozidas Afasta pulgões
Coentro Combate ácaros e pulgões
Crotolária juncea, esterco e torta de Favorecem fungos que se alimentam de

41
plantas oleaginosas nematóides nocivos
Cobertura de casca de arroz Combate ferrugem foliar
Lal lab x milho x sorgo Diminui a incidência da broca do caule
Extrato das sementes de nim (Azadirachta Combate a lagarta das maçãs; esteriliza
indica) machos dos cupins; interfere na
metamorfose das cigarrinhas
Extrato das folhas secas da algaroba
(Prosopis juliflora) Reduz o ataque da mancha do tomateiro

Calda de folhas de sorgo


Calda de folhas de coqueiro, sem a Combate a mancha anular do amendoim
nervura central (Lethum austraiensis)
Cinzas em volta da planta Impedem lagartas roscas e larvas do solo
Cinzas juntas às raízes de mudas Protegem contra pragas do solo
Cinzas aplicadas em cobertura do solo Combatem nematóides
Suco das folhas de agave Afugentam saúvas
Baculovirus erinnys É o controle biológico da mandarová da
mandioca
Baculovirus podoptera É o controle biológico da mandarová da
lagarta do milho
Ácido pirolenhoso a 0,3%* Combate insetos patógenos
Pasta de argila, esterco, areia e água
aplicada no tronco das fruteiras Ácaros e cochonilhas
Soluções de folhas de tomateiro,
mamoeiro, mandioca, alho, cebola e
cebolinha Contra insetos-pragas diversos
Pulverização nas hortas de farinha de trigo
e água Controle de ácaros, pulgões e lagartas
* Seu uso é restrito porque pode conter alcatrões solúveis. O fumo não é aceito na agricultura orgânica
por conter alcatrão, substância de toxidade elevada.

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ALGUMAS PLANTAS ESPONTÂNEAS SÃO RELACIONADAS À SAÚDE DO
SOLO, BNB (2003)

Planta Indica
Amendoim-bravo Excesso de M.O. no solo, falta de N
Azedinha Solo com pH baixo e escassez de Ca e Mo
Barba-de-bode Pasto submetido a queimadas, solo com deficiência de Ca,
PeK
Beldroega Solo fértil e com alto valor de proteína
Capim-amargoso Solo compactado e de baixa fertilidade
Capim-arroz Solo tóxico com excesso de Al
Capim-seda Solo muito pisoteado
Carrapicho Solo erodido, compactado e com baixo Ca
Cavalinha Solo com acidez elevada
Cravo-brabo Infestação de nematóides. Excesso de N
Dente-de-leão Solo rico em Bo
Gravatá Terras submetidas a freqüentes queimadas
Guaxuma Terra cansada, compactada por máquinas
Língua-de-vaca Excesso de N
Mamona Terra arejada, mas deficiente em K
Maria-mole Solos compactados, pobres em K
Mentrasto Solos fragilizados pela agricultura
Nabisco Solos carentes de Bo e Mn
Papoula Solos com excesso de Ca
Picão-branco Solo com deficiência de Cu
Picão-preto Solos de fertilidade média
Samanbaia-da-tapera Solos ácidos
Sapé Solos de pH baixo, adensados e encharcados com
deficiência de Mg
Tiririca Solos ácidos, adensados e encharcados
Urtiga Solos com excesso de N e deficientes em Cu

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9 MENSAGEM FINAL

Mandamentos ecológicos
(Adaptado de J. Vasconcelos Sobrinho)

“Deverás preservar a Terra que herdastes dos teus antepassados, conservando


os recursos e sua produtividade para as gerações futuras;
Deverás preservar a pureza e a qualidade das águas e a limpidez do ar para que
todos os seres possam usufruí-los sem dano a seus organismos;
Deverás preservar a fertilidade do solo para que nunca falte o alimento para ti
e teus descendentes e demais animais;
Deverás usufruir os bens da Terra com consciência, tomando para si somente o
necessário para tua existência;
Deverás preservar os refúgios dos animais e deverás garantir o espaço
suficiente para a sobrevivência deles;
Deverás cuidar para que não desapareça nenhuma das espécies de seres vivos e
plantas existentes para que não se diminua o patrimônio original da criação;
Deverás cuidar para que as tuas atitudes para com a natureza viva não venham
a ser de agressão e de morte”.

Proteger a natureza é preservar o ser humano

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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

a) Impresso
BERTALOT, M.J.; MENDOZA, E. Sistemas agroflorestais. In: Seleção de textos do
curso fundamental de agricultura biodinâmica. Botucatu: Instituto Elo, s.d.
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de base ecológica: a percepção do agricultor. Pelotas: Ed. e Gráfica
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PINHEIRO, S.; BARRETO, S.B. MB4 – agricultura sustentávle, trofobiose e
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45
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Curitiba: Emater PR, 2000, 72p. (Série Produtor, 43).
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www.aao.org.br, em 23.03.05
BARBOSA, E.M. Crítica ao modelo atual de desenvolvimento agrícola e à transição
agroecológica no semi-árido. Disponível no site:
http://www.encontroagroecologia.org.br/, em 09/03/05
CANUTO, J.C. Mudança instituicional para a pesquisa com enfoque agroecológico.
In: Agroecologia. CD Room, s.d., p.6.
DEL GRANDE, M. Tudo simples. In: Vida simples. Edição 22, São Paulo: 2004.
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INSTITUTO DE PERMACULTURA E ECOVILAS DO CERRADO – IPEC.
Disponível no site http://www.agroecologia.com.br/, em 09/03/05

46
NOVO AURÉLIO: Século XXI. Dicionário de língua portuguesa. Ed. Nova
Fronteira. 1999. CD Rom Versão 3.0 (Lexikon Informática Ltda)
SEBRAE. Projeto Mandalla. Disponível no site http://www2.ba.sebrae.com.br, em
13.04.05
www.cnph.embrapa.br/novidade/eventos/organica/Mvc-009l.jpg , 21/04/05
www.kieserite.com/ organic/index_es.cfm , em 21/04/05

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PÓS-TESTE
O conteúdo desse questionário está fundamentado neste curso Fundamentos da
Agroecologia e objetiva avaliar a aprendizagem dos alunos. Leia atentamente cada
questão e escolha única opção como resposta.

1. Atividade agrícola equilibrada com 5. Modelo de agricultura que prevê


conexão com o Cosmos:
a proteção do meio ambiente:
(a) Agricultura Biodinâmica
(a) Agroecologia
(b) Agricultura Sustentável
(b) Ecologia
(c) Agricultura Astronômica
(c) Naturalismo
(d) Agrossistemas
(d) Silvicultura
(e) Outro _________________
(e) Outro _________________
6. Sinônimo de Revolução Verde
2. Preconiza que solo sadio gera (a) Agricultura Sustentável
plantas e animais saudáveis: (b) Agricultura Moderna
(a) Adubação verde (c) Agricultura de Subsistência
(b) Agricultura natural (d) Agricultura Revolucionária
(c) Genética vegetal (e) Outro _________________
(d) Plantio direto 7. Tem por princípio o uso de estercos
animais, rotação de cultura,
(e) Outro _________________
adubação verde, compostagem e
3. Efeitos dos produtos químicos na controle biológico de pragas e
doenças:
resistência das plantas:
(a) Agricultura Econômica
(a) Troca catiônica
(b) Policultivo
(b) Fertilização
(c) Agricultura Orgânica
(c) Teoria da Trofobiose
(d) Agricultura Familiar
(d) Defesa imunológica
(e) Outro _________________
(e) Outro _________________
8. Exploração de florestas com
4. A Permacultura teve origem em prática de agricultura e zootecnia,
manejo de solo e ecologia são bases
qual país:
da:
(a) França (a) Ecologia das matas
(b) Índia (b) Agricultura Tropical
(c) EUA (c) Agricultura Tecnológica
(d) Austrália (d) Agrossilvicultura
(e) Outro _________________ (e) Outro_________________________
Respostas do Pré-Teste: 1. b / 2. d / 3. b / 4. d / 5. a / 6. a / 7. b / 8. d / 9. a

48
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