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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
2013
Foto: Comunidades tradicionais e a ciência acadêmica unidas pelo desenvolvimento sustentável
Novembro - 2013
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Ficha Catalográfica
PEREIRA, Jógerson Pinto Gomes.
Agroecologia / Jógerson Pinto Gomes Pereira – Campina Grande:
UFCG/CEDAC, 2013.
50p.
1. Agricultura Orgânica. ׀. Título.
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CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Cargo/função:
- Professor
Graduação:
- Engenharia Agrícola, UFPB (1983)
Especialização:
- Manutenção Industrial, UFPB (1995)
- Impactos Ambientais, UFSM (2006)
Pós-Graduação:
- Mestrado em Engenharia Mecânica, Desenvolvimento do Produto, UFPB (1989)
- Doutorado em Agronomia, Energia na Agricultura, UNESP (2000)
Experiência profissional:
Categoria: Monitor da disciplina Estatística Experimental (Período 1982 a 1983)
Categoria: Professor da disciplina Projeto de Máquinas Agrícolas (Período 1989 e
1990)
Professor das disciplinas Máquinas Agrícolas I, Máquinas Agrícolas II,
Oficina Mecânica, Extensão Rural, Tração Animal e Elementos de Máquinas
(Período 1992 a 1995)
Professor das disciplinas Extensão Rural, Mecanização Agrícola,
Termodinâmica, Projeto de Máquinas Agrícolas, Máquinas Aplicadoras de
Produtos Fitossanitários, Elementos de Máquinas, Oficina Mecânica,
Mecânica Agrícola, Tração Animal, Vivência em Educação Ambiental,
Poluição Ambiental, Saneamento Ambiental, Ferramentas, Implementos e
Máquinas Agrícolas (Período 2000 em diante)
Coordenador Pró-Tempore do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola
(Período 2003)
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PRÉ-TESTE
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“Somente após terdes cortado a última árvore
Terdes pescado o último peixe
Terdes envenenado o último rio
Somente então, descobrireis que o dinheiro não se pode comer”.
APRESENTAÇÃO
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ÍNDICE
Pré-teste ........................................................................................... 5
Apresentação ................................................................................... 6
1 Etimologia ................................................................................. 9
2 Conceito ................................................................................ 10
2.1 Agroecologia ........................................................................... 10
2.2 Enfoque agroecológico ............................................................ 11
2.3 Agroecologia e desenvolvimento rural .................................... 11
2.4 Conceitos e práticas diferenciadas de agricultura ................... 11
2.4.1 Agricultura natural ......................................................... 12
2.4.2 Agricultura biológica ...................................................... 12
2.4.3 Permacultura ................................................................... 12
2.4.4 Agricultura biodinâmica ................................................. 13
2.4.5 Agricultura moderna ou convencional ............................ 14
2.4.6 Agricultura orgânica ........................................................ 14
2.4.7 Agrossilvicultura ............................................................. 15
3 Histórico ................................................................................ 16
3.1 Evolução da área plantada, produção e mercado de alimentos
orgânicos ................................................................................. 18
3.2 Biodiversidade no solo ............................................................ 19
3.3. Biofertilização ........................................................................ 20
3.4 Adubação orgânica .................................................................. 21
4 Objetivos da agricultura orgânica .................................................. 22
4.1 O que é um produto orgânico e solo saudável ......................... 22
4.2 Critérios para a prática em agricultura orgânica ..................... 23
4.3 Procedimentos proibidos à prática da agricultura orgânica ..... 24
4.3.1 Plantas ............................................................................ 24
4.3.2 Água ............................................................................... 25
4.3.3 Manejo do solo ............................................................... 25
4.3.4 Manejo de plantas invasoras ........................................... 25
4.3.5 Nutrição vegetal ............................................................. 25
4.4 Produtividade e manutenção ................................................... 26
4.5 Aspectos importantes da viabilidade da agricultura orgânica . 26
4.6 Princípios ambientais e sociais ................................................ 27
4.7 Erros mais comuns na pesquisa e difusão ............................... 27
4.8 Construção da agricultura orgânica ......................................... 28
5 Pesquisas ............................................................................... 28
6 Ações locais .............................................................................. 30
7 Fertilidade natural do solo ............................................................. 32
8 Controle de pragas e doenças ........................................................ 41
9 Mensagem final ............................................................................. 46
10 Referências bibliográficas .......................................................... 47
a) Impresso .................................................................................... 47
b) Pela Internet .............................................................................. 48
Pós-teste ......................................................................................... 50
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1 ETIMOLOGIA
8
secas. O manejo integrado de pragas também é usado na agricultura sustentável para
reduzir o uso de pesticidas, DASHEFSKY (2001).
O público em geral utiliza o termo agricultura alternativa independentemente das
linhas ou escolas. Destacam-se inúmeros termos usados por pesquisadores, dentro das
diversas modalidades de práticas. A seguir, conceitua-se Agroecologia e registram-se as
várias conceituações das diversas propostas de desenvolvimento integrado com
resultados econômicos e de preservação do meio ambiente.
2 CONCEITO
2.1 Agroecologia
Para Miguel A. Altieri (Universidade da Califórnia, Campus de Berkley, EUA)
é a ciência ou a disciplina científica que apresenta uma série de princípios, conceitos e
9
metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas, com o
propósito de permitir a implantação e o desenvolvimento de estilos de agricultura com
maiores níveis de sustentabilidade. A Agroecologia proporciona, então, as bases
científicas para apoiar o processo de transição para a agricultura "sustentável" nas suas
diversas manifestações e/ou denominações.
A Agroecologia trata das relações complexas entre pessoas, culturas, solos e
animais, ZAMBERLAM & FRONCHETI (2001).
10
2.4.1 Agricultura natural – suas práticas estão baseadas em conceitos ecológicos
e trata de manter os sistemas de produção iguais aos encontrados na natureza. Resultou
do trabalho do biólogo Masanobu Fujuoka na década de 1950.
Uma outra versão é atribuída a Mokiti Okada (1882-1955) fundador da religião
que originou a Igreja Messiânica. Ele propôs, em 1935, um sistema da produção
agrícola que tomasse a natureza como modelo, surgindo, assim, a "agricultura
natural". E, em seu princípio ensina que a harmonia e prosperidade entre os seres
vivos é fruto da conservação do ambiente natural, a partir da obediência às leis da
natureza.
Através do princípio da reciclagem dos recursos naturais presentes na
propriedade agrícola, que o solo se torna mais fértil pela ação benéfica dos
microorganismos (bactérias, fungos) que decompõem a matéria orgânica, liberando
nutrientes para as plantas. Desta maneira, o solo, o alimento produzido e o ser
humano manifestam vitalidade e saúde. Ou seja, trata-se do segmento:
Esse procedimento é válido para a agricultura natural, bem como para todas as
outras modalidades de agricultura agroecológicas, PLANETA ORGÂNICO (s.d.).
11
difundiram suas teorias até conseguirem a construção de um Centro Rural de
Educação, primeira instituição oficial da permacultura naquele país. E, como ciência
desenvolveu-se e com as hipóteses do papel das árvores sobre os solos tropicais
foram desenvolvidas. Por promover uma interface entre agricultura e a floresta, a
agrossilvicultura acaba por aproximar o ser humano desse ambiente que há séculos é
visto como hostil e perigoso.
As bases fundamentais da agrossilvicultura se encontram no estudo e
exploração de florestas, na agricultura, na zootecnia, no manejo do solo, na ecologia
e em outras disciplinas ligadas ao uso da terra. Seus objetivos são amplos: produção
de alimento, de produtos florestais madeireiros e não madeireiros (móveis e
medicamentos) produção de matéria orgânica, melhoria da paisagem, incremento da
diversidade genética, conservação ambiental, formação de cercas-vivas, quebra-
ventos e sombra para criação animal.
O sistema agropecuário é visto como uma entidade organizada com o
propósito de usar os recursos naturais para obter produtos e benefícios agrícolas.
Estruturalmente, caracteriza-se por um desenho físico de cultivos e animais no
espaço e tempo. A compreensão de que os componentes de um sistema interagem
entre si e de que o sistema é dinâmico, torna mais fácil a busca de soluções aos
problemas de manejo, visando melhorar a produção e sustentabilidade.
A agrossilvicultura inclui tanto o conhecimento e uso de práticas
agroflorestais quanto o desenvolvimento de sistemas agroflorestais (SAF) que se
diferem de um sistema agropecuário por ter um componente lenhoso e perene que
ocupa papel fundamental na sua estrutura e função; e são usados deliberadamente na
mesma unidade de manejo da terra com cultivares agrícolas e/ou animais em alguma
forma de arranjo espacial e seqüência temporal (AGROSSIVILCUTURA, 2005).
Um dos modelos considerados como ousado para os padrões, baseia-se em
agrossistemas biodiversificados e ecologicamente auto-sustentados a partir de
ecossistemas naturais locais. Nesse modelo, o manejo visa promover relação de
cooperação entre o ser humano e solo, segundo Gandara & Kageyama (1998) neste
caso, a diversidade deve ser um dos produtos ao invés da produção econômica direta.
Nessa corrente se procura praticar uma agricultura da forma mais integrada
possível com o ambiente natural, imitando a composição espacial das plantas
encontradas nas matas e florestas naturais. Envolve plantas semi-permanentes
(mandioca, bananeira) e perenes (árvores frutíferas, madeiras-de-lei, etc) incluindo a
12
atividade produtiva de animais. Trata-se, pois, de um sistema "Agrossilvopastoril"
(item 2.4.7.) que considera os aspectos paisagísticos e energéticos, na elaboração e
manutenção destes policultivos (diversas culturas convivendo no mesmo espaço)
PLANETA ORGÂNICO (s.d.).
Em resumo, é um método de planejamento que leva em conta plantas, animais,
solo, água e as necessidades humanas de forma integrada para criar comunidades
produtivas, ou seja, Permacultura é um modelo de energia renovável, DEL
GRANDE (2004).
O que a Permacultura estimula é o novo estilo de vida, mais simples, mais
próximo do natural, com menos consumo e mais auto-suficiência do ser humano,
diminuindo o impacto sobre a natureza, PETTA (2004).
13
a idéia do organismo agrícola e perceber a atuação dos preparados no âmbito geral
da propriedade, INSTITUTO BIODINÂMICO, (s.d).
Os preparados Biodinâmicos são partes fundamentais da ativação da
capacidade produtiva de um ambiente específico, essenciais na Agricultura
Biodinâmica. São utilizados de maneira semelhante à homeopatia (não que sejam
ligados à teoria ou prática da medicina homeopática): devem passar pela
dinamização, potencializando o seu efeito e desta forma, atuar através de forças e
não da substância propriamente dita. Durante todo o processo de elaboração, os
preparados concentram a energia absorvida, e, então, permeiam a água dinamizada
com esta força vital, e, ao serem utilizados, são portadores do equilíbrio
fundamental de um agroecossistema; sendo assim, possível entender que as
pequenas quantidades utilizadas resultam em um processo harmônico, INSTITUTO
BIODINÂMICO, (s.d).
14
praticada pelos camponeses na Índia. Howard ressaltava a importância da utilização
da matéria orgânica e da manutenção da vida biológica do solo. Resumidamente, a
agricultura orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes
sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos
para a alimentação animal, produzidos sinteticamente, AAO (2005).
A base científica desta corrente se assenta nas seguintes práticas: rotação de
culturas, manejo e fertilização do solo, e, sobretudo, na manutenção de elevados
níveis de húmus (matéria orgânica já decomposta e estabilizada) de modo a
promover o equilíbrio e saúde das plantas. Também como nas outras práticas
agroecológicas, o solo é considerado um “organismo” complexo, repleto de seres
vivos (minhocas, bactérias, fungos, formigas, cupins, etc.) e de substâncias minerais
em constante interação e interdependência, o que significa que ao se manejar um
aspecto (adubação, por exemplo) faz-se necessário considerar todos os outros
componentes (diversidade biológica, qualidade das águas subterrâneas,
suscetibilidade à erosão, etc.) de forma conjunta. Esse é o princípio sistêmico de
agricultura, também chamado holismo.
Na busca de manter a estrutura e produtividade do solo e de se obter um
alimento verdadeiramente orgânico, é necessário administrar conhecimentos de
diversas ciências (agronomia, ecologia, sociologia, economia, entre outras) para que
os agricultores e agricultoras, através de trabalho harmonizado com a natureza,
ofertem aos consumidores alimentos que promovam a saúde e equilíbrio do planeta
como um todo, PLANETA ORGÂNICO (s.d.).
3 HISTÓRICO
15
erosão, contaminação dos recursos naturais e de alimentos) e social (aumento da
concentração da posse de terra, êxodo rural e desemprego).
A justificativa mais consistente sobre a necessidade de se empregar outro
modelo agrícola, baseado no uso de recursos naturais (sem emprego de adubos químicos
e agrotóxicos) é a da preservação da integridade e saúde dos agricultores e agricultoras,
uma vez que esses são os primeiros a sofrerem os problemas de contaminação,
registrando-se em alguns casos, deformidades e óbitos pelo uso de venenos nas
lavouras. Ademais, esse problema agrava-se quando se consideram o impacto desses
produtos sobre a agricultura, a biodiversidade da fauna e flora, os próprios aplicadores e
os consumidores dos alimentos, conforme Garcia (1996) citado por Souza (2004).
A fragilidade da agricultura moderna se deu pela:
◊ Contaminação de trabalhadores rurais e de alimentos;
◊ Poluição do ambiente por agrotóxicos e fertilizantes com efeitos deletérios às
plantas, animais, aqüíferos e solos;
◊ Aumento da resistência aos agentes químicos pelas pragas, doenças e ervas
invasoras;
◊ Declínio de produtividade pela degradação do solo: erosão e perda de matéria
orgânica;
◊ Desertificação e salinização dos solos;
◊ Reduzido balanço energético;
◊ Empobrecimento dos agricultores e agricultoras ao longo dos anos.
‘O homem branco parece não notar o ar que respira...’ entre outras afirmações do
chefe Seattle da tribo Suquamish, nordeste dos E.U.A., em 1854, em resposta antológica
ao presidente americano sobre a permuta de suas terras por uma reserva. ’Como é que
vocês podem querer comprar ou vender o céu ou o calor da terra?... Porque aquilo que
acontece aos animais, acontecerá aos homens... Onde está o matagal? Desapareceu...’,
THE ECOLOGIST BRASIL (2003). O conteúdo dessa carta contem princípios
ecológicos autênticos, pelo qual várias entidades ecológicas da atualidade a elegeu
como plataforma de trabalho.
16
◊ Estabilidade econômica dos produtores e produtoras;
◊ Elevação da produção com o mínimo de insumos químicos;
◊ Satisfação das necessidades humanas de alimentos e de renda;
◊ Atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
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Área total de cultivo orgânico, distribuídos pelos continentes, Yussefi and
Willer (2000) citado por www.kieserite.com/ organic/index_es.cfm
A presença dos organismos vivos e sua importância para o solo pode ser
melhor percebida quando dispõe-se de dados da biomassa ou densidade populacional.
Um grande número de organismos interage com o solo: as plantas, a
microbiota (bactérias, actinomicetos, fungos, algas, vírus) e a fauna do solo
(protozoários, nematóides, anelídeos e artrópodes).
Os dados de biomassa animal, densidade populacional e atividade metabólica
são extremamente variados em função das condições pedobioclimáticas.
A título de projeção, tem-se que, no geral, a maior população animal da
biosfera é a da pedofauna, cuja biomassa média situando-se próximo de 0,3 t/ha. Para
82.106.000 km2 de solos não desérticos, tem-se de biomassa cerca de 2,5 bilhões de
toneladas de animais de solo, ou seja, uma biomassa 15 vezes maior que a dos seres
humanos que vivem na Terra, Bertalot & Mendoza (s.d.).
Da fauna do solo, principalmente saúvas, cupins e minhocas, contribuem
sobremaneira na organização estrutural do solo, através de ações oriundas de seus
comportamentos ecológicos (alimentar e construtor).
Transformações pontuais podem ser facilmente observadas: remonte vertical
de material profundo; recobrimento de horizontes superficiais; formação de
18
macroagregados (granulares, grumosos) e microagregados ovais (construção de galerias,
de canais, etc.).
A biodiversidade tem, portanto, papel fundamental na renovação das terras. É
função de como se cultiva. A renovação das terras depende do funcionamento
biodinâmico da paisagem. Trata-se de uma sinfonia em que minerais, vegetais, animais
e clima interagem impondo um ritmo dinâmico à evolução dos solos.
A renovabilidade dos solos depende dos balanços físicos de ganhos a partir da
transformação das rochas, e de perdas, através das erosões biogeoquímicas e mecânicas.
Estudos efetuados em diversas regiões intertropicais do globo mostraram taxas
de remonte biológico de solo de várias dezenas de toneladas
3.3 Biofertilização
19
Na história da agricultura, o material fertilizante mais tradicional que se tem
conhecimento aplicado pelo ser humano às áreas de cultivo foi a biomassa,
especialmente os dejetos animais. No mundo, os fertilizantes minerais, ou químicos, se
desenvolveram e foram ganhando espaço vertiginoso a partir da segunda metade do
Século XX.
Como oposição a esses insumos, passou-se a utilizar “adubos orgânicos” para
todos os produtos com efeito fertilizante derivados de organismos vivos: dejetos
animais, palhadas, resíduos do processamento industrial, materiais fermentados aeróbica
e anaerobicamente e mesmo materiais carbonados de origem fóssil como as turfas.
Entretanto, é muito comum considerar erroneamente como adubação orgânica apenas os
estercos e adubação verde, essa procedente dos vegetais.
Modernamente, também se faz uso dos efeitos positivos das palhadas sobre o
rendimento das culturas, especialmente nos trópicos. Essa prática tem sido chamada de
“cobertura morta” e é recomendada para hortaliças, culturas anuais de grãos e mesmo
culturas arbóreas.
Os benefícios dos adubos orgânicos são inúmeros. Os excrementos animais e
adubos verdes, inicialmente foram recomendados como fonte mineral, especialmente do
nitrogênio. As coberturas mortas atuam na melhoria das propriedades físicas do solo:
retenção de água, regularização de temperatura e melhoramento da aeração.
Em uma mata, como em toda e qualquer parte da biosfera, há dois processos
antagônicos e complementares que são a base da vida no planeta: produção e
decomposição da biomassa. Esses são os processos, em termos químicos, da
fotossíntese e da respiração, respectivamente. A rapidez desses processos depende do
clima, atingindo seu máximo nas regiões quentes e úmidas.
A partir do momento em que foi sintetizada, a biomassa é atacada, iniciando-se
sua degradação por diversos tipos de consumidores, desde microrganismos
fitopatogênicos até herbívoros gigantescos como os elefantes. Essa degradação apenas
se encerrará quando toda a biomassa tiver retornado aos seus componentes originais:
água, gás carbônico e nutrientes minerais. Esses componentes, mais a energia solar,
constituirão a matéria-prima para a reconstrução da biomassa pela fotossíntese no ciclo
seguinte.
Da energia liberada durante a degradação da biomassa se nutrem todos os
ciclos de vida e mecanismos de autocontrole da natureza. O equilíbrio entre as
populações de todos os seres, as boas propriedades dos solos, a biodiversidade e a
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produtividade dos ecossistemas naturais, tudo depende dessa energia liberada na
decomposição da biomassa.
Por ser amplo os efeitos da adubação orgânica, por agir sobre distintos
aspectos do solo (físico, químico, biológico) comparações e generalizações devem ser
evitados.
21
A rotação de culturas é utilizada como forma de preservar a fertilidade do solo
e o equilíbrio de nutrientes. Contribui também para o controle de pragas, pois o cultivo
das mesmas culturas nas mesmas áreas por anos a fio, resultará no aparecimento de
doenças e infestações de pragas. As monoculturas devem ser evitadas. A diversidade é
fator que traz estabilidade ao agrossistema, pois implica no aumento de espécies e na
interação entra os diversos organismos.
O cultivo consorciado, isto é, o plantio de duas espécies lado a lado, contribui
para o controle da erosão, pois mantém o solo coberto. Muitas espécies podem ser
associadas entre si, pois se favorecem mutuamente. São exemplos corriqueiros:
◊ Espécie que produz muita sombra podem ser associadas àquela que gosta de
sombra. Ex: tomate e salsa.
◊ Raízes profundas com raízes superficiais. Ex: cenoura e alface.
◊ Espécie com folhas ralas pode ser plantada junto daquela mais volumosa.
Ex: cebolinha e beterraba.
◊ Espécie com exigências diversas em relação a nutrientes. Ex: Rúcula e
brócolis.
◊ Espécies aromáticas que afugentam insetos. Ex: Cebolinha ou cravo e alface.
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◊ Proteção da fertilidade dos solos em longo prazo, estimulando sua atividade
biológica;
◊ Intervenção mecanizada cautelosa;
◊ Fornecimento de nutrientes ao solo em forma natural, sem processos
químicos;
◊ Auto-suficiência em nitrogênio pelo uso de leguminosas e inoculações com
bactérias fixadoras de nitrogênio, e com reciclagem de materiais orgânicos
provenientes de resíduos vegetais e estercos animais;
◊ Controle de doenças, pragas e ervas pela rotação de culturas, inimigos
naturais, diversidade genética, variedades resistentes, adubação orgânica,
intervenções biológicas, extratos de plantas e caldas elaboradas com
componentes naturais;
◊ Bem-estar das espécies exploradas na criação animal, através de nutrição,
tratamento sanitário e condições de vida que respeitem suas características;
◊ Atenção especial ao impacto do sistema produtivo sobre o meio ambiente,
protegendo a flora e a fauna existentes;
◊ Condições de trabalho que representem oportunidades de desenvolvimento
humano aos envolvidos;
◊ Processamento limpo e controlado;
◊ Extrativismo sustentável.
4.3.1 Plantas
23
◊ Os produtos oriundos de atividades extrativistas só serão certificados como
orgânicos caso o processo de extração não comprometa o ecossistema e a
sustentabilidade dos recursos envolvidos na exploração e esteja devidamente
credenciado aos demais órgãos competente como IBAMA, DPRN.
4.3.2 Água
24
◊ Produtos ou resíduos industriais, agroindustriais e urbanos com propriedades
corretivas, fertilizantes e condicionadores de solo, com agentes
potencialmente poluentes ou contaminantes.
◊ O lucro é importante para qualquer tipo de agricultura, mas deve ter limites;
◊ Consumidor, agricultor e trabalhador devem ser vistos como seres humanos;
25
◊ Deve haver princípios éticos e mercado justo;
◊ O papel do marketing é fundamental para esclarecimento de alimentação
saudável;
◊ Atitude constante na divulgação dos malefícios dos agrotóxicos sobre a
saúde humana, animal e meio ambiente atual e para gerações futuras;
◊ Não adotar os mesmos desvios presentes atualmente nos processos
dominantes de tecnologia e comercialização;
◊ Senso de observação do agricultor ou agricultora deve ser estimulado;
◊ Respeito ao tempo da natureza e que os consumidores sejam parceiros ativos
e interessados.
26
◊ Desprezar o conhecimento local por não estar contemplado como parâmetro
da ciência moderna;
◊ Privilegiar uma mercadoria como produto isolado em resposta a dominância
da racionalidade econômica às necessidades da indústria, desconsiderando e
desvalorizando subprodutos, o mais das vezes, de interesse para a ecologia,
artesanato, construções locais ou outras aplicações.
5 PESQUISAS
27
POPIA et. al. (2000) estudaram a eficácia de vários estercos utilizados
como adubos sem submeterem ao processo de compostagem, dentre os quais:
estercos de aviários, de ruminantes e de suínos.
Há críticas quanto às limitações da matéria orgânica decomposta. Contudo
estudos efetuados por KIEHL (2001) demonstraram que no final do processo a
relação C/N torna-se constante entre 12/1 a 10/1.
SOUZA (2004) registra várias experiências na adição de microrganismos
efetivos (EM) no composto. Também o pesquisador se reporta a compostagem com
preparados biodinâmicos no enriquecimento mineral dos resíduos.
PINHEIRO & BARRETO (1996) relatam vários experimentos realizados
no Brasil que atestam a eficácia de pós de rocha como fertilizantes no incremento da
produtividade de diversas culturas.
KHATOUNIAN (2001) cita que os resíduos industriais pobres em
nutrientes podem ser enriquecidos com resíduos de abatedouro, descartes de
peixarias, torta de cacau, etc.
PECHE FILHO & DE LUCCA (1997) estabeleceram cálculos da
quantidade de adubos orgânicos em função da composição dos materiais do
composto e exigência nutricional da cultura.
Os biofertilizantes são fontes de vitaminas, aminoácidos, fitohormônios e
diversos oligoelementos indispensáveis à saúde vegetal e foram alvos de estudos de
BETTIOL et. al. (1998) com sucesso sobre pragas e doenças, atuando como
antibiose e barreira física.
Mas, como saber se as práticas de manejo ecológico estão adequadas?
CASALINHO (2004) responde a essas e outras questões apresentando critérios para
avaliar a qualidade do solo e seus níveis de limitação através dos seguintes
indicadores: compactação, cor, porosidade e profundidade do solo; população de
minhocas e de organismos; erosão; matéria orgânica; aparência da planta e vegetação
espontânea.
O estudo desenvolvido por SPADOTTO et al. (2004) foi interessante por
aplicar a ciência da complexidade no agronegócio das atividades agrícolas orgânicas
e biodinâmicas, cujo resultado culminou com novos pontos de análise e
entendimento para tomada de decisão.
Há registros de análises e estudos nas mais variadas áreas da Agroecologia,
realizados desde há muito, que o(a) leitor(a) pode comprovar nos mais variados
28
meios de pesquisa, para aprofundamento e verificação de seus conhecimentos. O
presente trabalho estabelece pequeno intróito nesse sentido...
6 AÇÕES LOCAIS
29
Vista parcial da instalação do projeto Mandala
30
□ Os nutrientes que se transformam em cinzas, solúveis em água e são lixiviadas para o
lençol freático.
□ O nitrogênio e o enxofre que se perdem na combustão.
□ A alimentação da microvida com conseqüente aparição de pragas e doenças.
□ A bioestrutura do solo, que tem a sua sustentação na palha, ficando pior.
□ A capacidade de armazenamento de água e ar, que se torna reduzida.
□ A erosão superficial que se intensifica, com perda da fertilidade.
□ A biodiversidade da vegetação espontânea, que se torna alterada.
□ A acidez do solo, que se eleva.
A manutenção da fertilidade natural não deve ser abandonada jamais, pois que
ela que é responsável pela sustentação vegetal.
O ciclo de fertilidade natural funciona na natureza por séculos sem se extinguir.
O princípio compreende:
□ As folhas que caem servem de alimento para a microvida;
□ Os excrementos dos animais também alimentam a microvida;
□ A decomposição do esterco e dos restos orgânicos, como folhas mortas, pela
microvida, disponibiliza nutrientes para a vegetação.
Na agricultura orgânica, aduba-se o solo, que alimenta a microvida, que por sua
vez, nutre a planta.
Muitos nutrientes são produzidos no local através das plantas que os retiram do
ar e os fixam no solo, principalmente o nitrogênio e o carbono. E, os demais podem ser
disponibilizados pelos microrganismos e raízes, ou devolvidos por “importação”, já que
foram perdidos pela erosão e produção agrícola.
Na forma mineral, deve observar o seguinte:
□ Usar materiais pouco solúveis;
□ Promover adubação verde e outras práticas;
□ Complementar com minerais dos compostos orgânicos.
A esterilidade advém através de práticas imediatistas com adubos químicos, uso
de venenos e funcigidas, que visam resultados imediatos. ZAMBERLAM &
FRONCHETI (2001) ilustraram queda de produtividade de grãos através da adubação
química, para os anos de 1970, 1980, 1990 e 2000 respectivamente, Quadro1.
31
Quadro 1. Decréscimo de produtividade através da adubação química.
Daí se faz necessário aplicar mais adubos para obter a mesma produção. Reflete
o desequilíbrio do solo, cuja microvida foi prejudicada.
O modelo adotado tem passivo ambiental elevado comprometendo financeira,
cultura e ambientalmente os agricultores.
A busca pela fertilidade natural justifica-se pela melhoria das condições físicas e
biológicas do solo. Física, na proteção dos solos contra o impacto das chuvas e da
radiação do sol; aumenta da capacidade de infiltração e de retenção de água do solo;
amplia o teor de matéria orgânica e nutrientes. E biológicas, pelo equilíbrio de
microorganismos; controle de plantas invasoras, pragas e doenças do solo.
As fontes de alimentação da microvida do solo são de origem vegetal, animal,
agroindustrial e industrial, Quadro 2.
Tipo Descrição
Vegetal Palhas e restos culturais, adubação verde
Animal Estercos
Agroindustrial Tortas oleaginosas, borra de café, vinhaça,
resíduos de frigoríficos
Industrial Resíduos de curtume e de madeira
Aqueles resíduos que são oriundos de fontes externas à propriedade, devem ser
avaliados com atenção quanto à origem e qualidade, pois muitos podem apresentar
32
contaminação de produtos químicos, antibióticos e outras substâncias indesejáveis à
produção orgânica.
As palhas podem ser de várias procedências dependendo do tipo de planta e
estádio de desenvolvimento. Quanto mais nova e menos fibrosa for a planta, maior teor
de nitrogênio possui e menor taxa de carbono.
As palhas é o tipo de alimento mais comum para a microvida. Todas as palhas
que ficam no solo são benéficas para ele. A palha na superfície auxilia o manejo de
plantas indejesáveis.
Na adubação verde, elege-se um tipo de planta (gramínea ou leguminosa) e o
objetivo que se quer atingir, procurando-se respeitar o ciclo natural da planta. Antes de
se atingir o estado de maturação, corta-se a planta e busca-se incorporá-la ao solo,
mecanicamente. Várias plantas se prestam para esse mister: Aveia preta, Azevém,
Calopogônio, Crotalária (Crotalária juncea) Ervilhaca, Feijão de porco, Guandu, Lab
lab, Mucuna, Milheto, Nabo forrageiro, Soja perene, Tremoço, entre outras.
Os estercos curtidos se prestam para recuperar solos esgotados. Eles podem ser
de origem de bovinos, suínos, galinhas, guano de morcego, etc.
Os minerais que os compõem são diferentes em função de sua origem, Quadro 3.
As aves eliminam urina junto com as fezes, por isso seu esterco é mais rico em
nitrogênio que o dos bovinos e suínos. A sua decomposição é rápida porque é pobre em
celulose.
O esterco dos ruminantes, principalmente de bovinos, é o mais utilizado. Há
diferença de composição entre aquele originado dos animais de pasto daqueles outros
estabulados, porque nos primeiros a urina fica retida na terra.
O esterco dos suínos é pobre em matéria orgânica. Recomenda-se sua aplicação
em culturas arbórea e de cereais, quando bem curtido.
Os estercos são vantajosos porque podem ser produzidos na propriedade. As
quantidades de resíduos produzidos diariamente é função do tipo de manejo,
33
alimentação e raça do animal. A título de ilustração, registra-se que uma vaca mestiça de
massa de 500 kg, produz em torno de 10 toneladas de esterco/ano. Para uma massa
equivalente de peso vivo de suínos se tem 7,5 toneladas de esterco/ano. E, por analogia,
tratando-se de aves se tem 2,15 toneladas de esterco/ano.
Os resíduos agroindustriais e industriais também são fontes ricas de matéria
orgânica e em abundância, Quadro 4.
34
□ Alguns materiais não devem ser colocados no composto: madeira tratada com
pesticida ou envernizada, vidro, metal, óleo, tinta, plástico e papel impresso.
Em função da composição química do material colocado no composto, estima-se
os teores de nutrientes no final do processo, Quadro 5, adaptado de Souza (2004).
35
□ Teor de N e de outros nutrientes deve estar acima de 1%;
□ A relação C/N deve estar entre 10/1 a 20/1;
□ Alta CTC.
A vermicompostagem ou produção de húmus de minhoca é a criação em
canteiros com composto orgânico previamente preparado misturados com minhocas.
Elas transformam esse material em rico adubo. Seus excrementos aumentam de 3 a 11
vezes a quantidade de P assimilável e de K e Mg trocáveis no solo, além de elevar de 5
a 10 vezes o teor de nitrato e em 30% o de Ca diminuindo a acidez do solo. Ao final do
processo o material deve ser peneirado, e resulta produto homogêneo, de odor
característico e de cor escura, BNB (2003).
Os biofertilizantes são soluções líquidas à base de esterco, água e pós minerais,
submetidas à fermentação, passível de ser usado em qualquer época do ano por via
foliar.
ZAMBERMAM & FRONCHETI (2001) registram que o biofertilizante
denominado “supermagro” é um dos mais difundidos entre os produtores. Foi
desenvolvido pelo técnico e extensionista alcunhado de Magro da equipe do CAE-IPÊ.
É um adubo líquido proveniente da mistura de micronutrientes fermentados em meio
orgânico. O material necessário para produzir o “supermagro” é:
□ 40 kg de esterco fresco de gado não confinado e não submetido a antibióticos;
□ Leite;
□ Água não clorada
□ Melado de cana-de-açúcar;
□ Pós minerais: sulfato de zinco (2 kg) cloreto de cálcio (2 kg) enxofre (0,3 kg) sulfato
de magnésio (1 kg) fosfato bicálcio (0,5 kg) molibdato de sódio (0,1 kg) sulfato de
cobalto (0,05 kg) sulfato de ferro (0,03 kg) sulfato de manganês (0,03 kg) sulfato de
cobre (0,03 kg) bórax (1,5 kg) cofermol ou Co-Fe-Mo (0,16 kg) fosfato natural (2,4 kg)
e cinzas (1,2 kg).
A regra básica para prepará-lo, consiste em fazer uso de recipiente à sombra,
mexendo a solução a cada dois dias, após a colocação das frações dos ingredientes, até o
final da fermentação, que gira em torno de 37 a 40 dias. Divide-se o processo em dias, e
procura-se obedecer as sugestões passo a passo, a saber:
1º Dia: No recipiente de 200 l misturar em 60 l de água, 40 kg de esterco fresco, 2 l de
leite e 1 l de melado. Mexer bem e deixar em repouso por três dias.
36
4º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de zinco, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
7º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de magnésio, o fosfato natural (0,2 kg) e
cinzas (0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e
juntar à mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
10º Dia: Dissolver em água morna o fosfato bicálcico, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
13º Dia: Dissolver em água morna o enxofre, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1 kg)
fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura do
tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
16º Dia: Dissolver em água morna o cloreto de cálcio, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
19º Dia: Dissolver em água morna o bórax, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1 kg)
fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura do
tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
22º Dia: Dissolver em água morna o molibdato de sódio, o fosfato natural (0,2 kg) e
cinzas (0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e
juntar à mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
25º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de cobalto, o fosfato natural (0,2 kg) e
cinzas (0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e
juntar à mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
28º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de ferro, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
31º Dia: Dissolver em água morna o manganês, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1
kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura
do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
34º Dia: Dissolver em água morna o sulfato de cobre, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas
(0,1 kg) fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à
mistura do tambor. Mexer bem e deixar em repouso por mais três dias.
37
37º Dia: Dissolver em água morna o cofemol, o fosfato natural (0,2 kg) e cinzas (0,1 kg)
fazendo uma pasta. Acrescentar 2 l de leite e 1 l de melado e juntar à mistura do
tambor. Completar o volume restante do tambor com água, mexer bem e deixar
em repouso por trinta dias.
Quando se constatar que finalizou a fermentação (não mais formação de bolhas
na solução) o produto estará pronto. Filtrá-lo em tecido de náilon e envazá-lo. Pode-se
fazer uso de garrafas plásticas. Armazená-lo à sombra.
Haverá casos em que a dosagem deve ser menor que 2%, exemplo de melancias,
melões e pepinos. Durante a floração deve-se abster de sua aplicação. A dosagem para
aplicação foliar é em torno de 2%, sendo função da cultura e sua fase de
desenvolvimento, Quadro 6, ZAMBERLAM & FRONCHETI (2001).
38
Os preparados biodinâmicos são feitos com extratos naturais selecionados de
minerais, vegetais ou animais, submetidas a um processo fermentativo e em seguida à
dinamização, espécie de energização. Posteriormente, são adicionados, em pequenas
quantidades a adubos orgânicos e compostos ou aplicados diretamente no solo ou
borrifadas nas plantas. Os preparados biodinâmicos são numerados de 502 a 507. Os
preparados utilizados nos compostos são os de número 502 (mil folhas – Achillea
millefolium) 503 (camomila – Chamomilla officinalis) 504 (urtiga – Urtiga dioica) 505
(carvalho – Quercus robur) e 506 (dente-de-leão – Taraxacum officinale). E o preparado
507 (valeriana – Valeriana officinalis) é líquido.
Os adeptos da agricultura biodinâmica reivindicam que as preparações de 502 a
507 aumentam a atividade microbial na compostagem e rende um produto melhor. Esses
preparados acrescentam energia e matéria orgânica ao solo e a planta.
A título de ilustração apresenta-se a maneira de como fazer a preparação 502. O
material necessário são flores de mil folhas e bexiga de cervo macho. O procedimento é
amassar as flores e enfiar dentro da bexiga; amarrar a bexiga e pendurar em local
ensolarado; enterrar até a primavera; e desenterrar e usar o preparado imediatamente.
As receitas dos outros preparados também já são de domínio público e estão
disponíveis em quaisquer publicações sobre biodinâmica.
A farinha de osso é a fragmentação dos ossos na forma de pó. Os ossos são
constituídos basicamente de fosfato de cálcio. KIEHL (1985) relata que a composição
dos ossos tem 34% de material orgânico e 66% de minerais. Da parte orgânica, 27% é
osseína e 7% gordura. E, da fração mineral, 54% é fosfato tricálcico, 25% é P2O5, 7,5%
é carbonato de cálcio, 1,5% é fosfato trimagnésico e 2% é fluorete de cálcio.
O pó de osso pode ser utilizado diretamente ou aplicado no composto. Na
montagem das medas do composto, a deposição de 20 a 30 kg/m 3 é uma quantidade
suficiente por tratar-se de material de custo elevado.
O composto pode ser enriquecido em nitrogênio com a utilização da urina das
vacas. Do total de N ingerido pelo animal, 70% é excretado pela urina. A urina
fermentada por 10 dias e diluída a 20% em água tem micronutrientes e propriedades
repelentes. Pulverizar periodicamente nas culturas de alho, cebola, feijão e frutas...
39
As pragas e doenças não aparecem por acaso, pois os insetos e os
microorganismos fazem parte da natureza. O desequilíbrio do bioma, reflexo de
queimadas, monocultura, agrotóxico, desmatamento, etc., em que a quebra da cadeia de
inter-relação desses seres vivos entre si e entre as plantas permite a proliferação rápida e
seletiva apenas de alguns deles.
Em agricultura orgânica, o que se busca é o estabelecimento do equilíbrio
ecológico, através do emprego das técnicas agrícolas sustentáveis, com a escolha de
espécies adaptadas e resistentes, aliando manejo correto de solo, adubação orgânica,
rotação e consorciação de culturas, etc.
A adoção dos princípios de manejo integrado de pragas e doenças (MIPD) pode
auxiliar sobremaneira a definição das práticas adotadas nos sistemas orgânicos. Essa
atitude vigilante e mitigadora dos focos de agentes patógenos indesejáveis existe em
vários procedimentos, dentre os quais a aplicação de questionário associado a escore,
como o que foi apresentado por SOUZA (2004) Quadro 7.
A presença de insetos ou microorganismos na planta não implica doença ou
praga, a menos que haja condições favoráveis para sua proliferação desenfreada. O
conhecimento dessas condições constitui a base para o estabelecimento do controle
integrado dos fitopatógenos.
40
Algumas vezes, uma doença específica pode ser controlada por medida de
controle isolado. Contudo, a complexidade de fatores envolvidos requer o uso de mais
de um método para alcançar sucesso no controle da mesma, ou seja, controles
biológicos, culturais, físicos, genéticos, normativos, mecânicos e químicos.
No MIPD é importante considerar o clima, a suscetibilidade das variedades e do
patógeno, modo de transmissão, forma de sobrevivência e maneira pela qual ele é
eliminado, e as condições favoráveis ao surgimento da doença.
Em sistemas orgânicos de produção o uso e reciclagem constante de matéria
orgânica permitem minimizar problemas fitossanitários com eficiência.
BNB (2003) registra alguns métodos utilizados no controle biológico de pragas e
doenças de plantas, Quadro 8.
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plantas oleaginosas nematóides nocivos
Cobertura de casca de arroz Combate ferrugem foliar
Lal lab x milho x sorgo Diminui a incidência da broca do caule
Extrato das sementes de nim (Azadirachta Combate a lagarta das maçãs; esteriliza
indica) machos dos cupins; interfere na
metamorfose das cigarrinhas
Extrato das folhas secas da algaroba
(Prosopis juliflora) Reduz o ataque da mancha do tomateiro
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ALGUMAS PLANTAS ESPONTÂNEAS SÃO RELACIONADAS À SAÚDE DO
SOLO, BNB (2003)
Planta Indica
Amendoim-bravo Excesso de M.O. no solo, falta de N
Azedinha Solo com pH baixo e escassez de Ca e Mo
Barba-de-bode Pasto submetido a queimadas, solo com deficiência de Ca,
PeK
Beldroega Solo fértil e com alto valor de proteína
Capim-amargoso Solo compactado e de baixa fertilidade
Capim-arroz Solo tóxico com excesso de Al
Capim-seda Solo muito pisoteado
Carrapicho Solo erodido, compactado e com baixo Ca
Cavalinha Solo com acidez elevada
Cravo-brabo Infestação de nematóides. Excesso de N
Dente-de-leão Solo rico em Bo
Gravatá Terras submetidas a freqüentes queimadas
Guaxuma Terra cansada, compactada por máquinas
Língua-de-vaca Excesso de N
Mamona Terra arejada, mas deficiente em K
Maria-mole Solos compactados, pobres em K
Mentrasto Solos fragilizados pela agricultura
Nabisco Solos carentes de Bo e Mn
Papoula Solos com excesso de Ca
Picão-branco Solo com deficiência de Cu
Picão-preto Solos de fertilidade média
Samanbaia-da-tapera Solos ácidos
Sapé Solos de pH baixo, adensados e encharcados com
deficiência de Mg
Tiririca Solos ácidos, adensados e encharcados
Urtiga Solos com excesso de N e deficientes em Cu
43
9 MENSAGEM FINAL
Mandamentos ecológicos
(Adaptado de J. Vasconcelos Sobrinho)
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47
PÓS-TESTE
O conteúdo desse questionário está fundamentado neste curso Fundamentos da
Agroecologia e objetiva avaliar a aprendizagem dos alunos. Leia atentamente cada
questão e escolha única opção como resposta.
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