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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

ARQUITETURA E URBANISMO

REBECA TAVARES DE OLIVEIRA

RESENHA CRÍTICA: O INTERIOR DA HISTÓRIA DE MARINA WAISMAN

BELO HORIZONTE - MG
2019
O livro “O interior da História”, de Marina Waisman, lançado em 2013 na
versão em português, se trata basicamente de um guia para profissionais e
estudantes de arquitetura, e principalmente para os que enxergam e querem
enxergar a arquitetura de maneira crítica, se tornando para esses uma espécie
de manual de instrução.

O subtítulo que se encontra na capa nos dá mais uma pista de qual é o


conteúdo existente no livro: Historiografia arquitetônica para uso de latino-
americanos. A autora visa elaborar reflexões conceituais para a arquitetura
atual, através da análise e da crítica, além de explanar diversos temas
fundamentais para a arquitetura. Neste texto iremos refletir sobre os seis
primeiros capítulos do livro e debater seus principais conceitos. Na primeira
parte do livro a autora não dá muito enfoque ao caso da América Latina, apesar
de citar alguns exemplos que podemos perceber ao longo da leitura.

No primeiro capítulo nos é apresentado a definição de história e de


historiografia, o que as distingue uma da outra, seu objeto de estudo, seus
instrumentos e metodologias de análise e a problemática de ambas. Podemos
entender “história” como a sucessão de determinados acontecimentos, já a
“historiografia” é o estudo da história ao longo do tempo. Os problemas
históricos são relacionados a existência dos acontecimentos históricos, se são
reais, a sua data, os participantes, por outro lado, os problemas historiográficos
remetem a interpretação desses fatos, se eles se relacionam com outros fatos
históricos, em qual época estão inseridos, entre outros. O modo de resolução
desses problemas também é importante para entender a distinção entre os
conceitos, os problemas históricos tem um caráter mais técnico, e são
resolvidos através de pesquisas para garantir a exatidão dos dados. Os
problemas historiográficos estão subordinados à ideologia do historiador, pois é
a interpretação crítica que ele tem dos fatos que o dará um significado. Desse
modo os problemas historiográficos podem adquirir diversas interpretações, de
acordo com o historiador, já os problemas históricos tendem a chegar à mesma
resolução.

O segundo capítulo fala sobre História e Historiografia Geral, da


Arquitetura e da Arte, a primeira coisa que podemos observar entre esses
conceitos é a distinção entre seus objetos de estudo. O objeto de estudo da
historiografia geral não é algo físico e material, mas são as sucessões de
acontecimentos que deixaram de existir, as referências usadas pelo historiador
nesse caso são ligadas ao fato, mas não o fato em si, como cartas, crônicas
escritas, entre outros, então o historiador deve trazer esses fatos para sua
narração, e tentar reconstruí-lo na sua mente. O objeto de estudo da
historiografia da arte e da arquitetura são físicas e existem para que o
historiador possa analisar e, a partir disso, dessa realidade presente,
desenvolver seu trabalho. Como o fato a ser estudado é presente, o historiador
não precisa reconstruir na sua mente o seu objeto de estudo, da mesma forma
que na historiografia geral. Outro ponto importante sobre a historiografia da arte
e da arquitetura é que suas obras adquirem um valor artístico que garantiu sua
permanência no tempo. Outra qualidade das obras de arte e arquitetônicas é
que elas podem ser usadas para análise de outra obra, e também da história
geral, sendo que trabalhos historiográficos que dispensam as obras artísticas e
arquitetônicas para sua análise não conseguem explicar um momento histórico
no seu sentido total.

A historiografia da arte e da arquitetura ao longo dos anos foi de certo


modo vista como uma só, devido às semelhanças que seus objetos de estudo
compartilham. A primeira característica presente em ambos é a condição de
serem objetos de estudo físicos que existem no presente, e que também
possuem valor artístico, a segunda é que existia entre as obras de arte e
arquitetura uma transferência de ideias, fazendo com que elas adquirissem um
estilo comum, uma técnica artesanal pertencente à determinada época. Porém,
com a Revolução Industrial houve uma separação entre os campos das artes
plásticas e da arquitetura. O que acontece é que a arquitetura adquire um
caráter onde a produção industrial será priorizada, onde a função é um papel
fundamental, e a arte segue seu desenvolvimento com mais foco na forma,
tornando assim distante as buscas entre arquitetura e artes plásticas.

Além disso, o processo total de produção que antes era semelhante na


arquitetura e nas artes plásticas agora se torna diferente, na maioria dos casos
a produção do arquiteto está ligada diretamente com a procura de um cliente,
já no caso das artes plásticas o artista pode criar seu produto, sem haver
nenhuma solicitação por partes de clientes, e depois colocar à venda. Já para a
produção gratuita, que é aquela onde a intenção é que o produto seja exibido
em galerias de arte, não há diferenças entre o objeto de estudo de ambas as
historiografias.

A história a teoria e a crítica têm relação com a produção arquitetônica,


sendo três modos de se pensar sobre a arquitetura, no capítulo quatro a autora
elabora diversas caracterizações sobre esses conceitos e nos apresenta sua
estreita interdependência. Sobre essa interdependência podemos analisar que:
a crítica é usada para tornar o trabalho histórico em um trabalho também
científico, criticando, por exemplo, suas fontes, tornado o juízo crítico um passo
fundamental na elaboração dos trabalhos, por outro lado uma crítica que não
leva em conta a condição histórica em que um objeto arquitetônico está
inserido não consegue alcançar de fato seu significado, além disso, as pautas
críticas elaboradas baseiam seus princípios em teorias, que por sua vez se
fundamentam na realidade histórica.

Para uma caracterização mais diferenciada desses conceitos podemos


entender a teoria como um sistema de pensamento do qual o fruto são
proposições lógicas, já história como antes mencionado é uma descrição crítica
de uma sucessão de fatos. Um historiador se baseia em uma teoria para
elaboração de seu trabalho (descrever de forma crítica a história), a teoria por
sua vez foi extraída da história e precede a investigação histórica. Para um
teórico o produto de trabalho será o sistema de pensamentos, que foi resultado
de uma análise de objetos que gerando conceitos, e para o historiador o
produto será a descrição crítica, resultado de pesquisas e interpretação de
objetos a partir dos conceitos gerados pelo teórico.

Para entendermos sobre a crítica e a história devemos conceituar


atividade e atitude do crítico e do historiador. A atividade do historiador é o
estudo e interpretação da arquitetura do passado, a do crítico se refere no
comentário da arquitetura do presente. O papel do crítico nesse âmbito adquire
grande importância, pois é sua reflexão que nos traz consciência e significado
de uma arquitetura que ainda está sendo produzida, identificando novas ideias,
estilos e propostas. No que se refere às atitudes, ou seja, os métodos e
trabalhos e seus focos, a atitude histórica implica em criticar e interpretar o fato
usando como base seu significado histórico. O significado histórico provém de
considerar o tema inserido em seu contexto histórico, onde ele será analisado
em relação aos diversos acontecimentos que coexistem com seu
aparecimento. A atitude crítica é a interpretação do fato usando como base
seus critérios de valor. Os critérios de valor abarcam todos os aspectos da
produção arquitetônica, e é competente ao crítico estabelecer quais aspectos
adquirem mais valor que outro, se são os estéticos, os funcionais, os
tecnológicos, entre outros, de acordo com seu entendimento e com o tema
examinado por ele.

O capítulo cinco traz a relação entre a reflexão e práxis. O sistema de


valores de um arquiteto é baseado em elaborações teóricas, das quais tem
conhecimento desde a sua formação acadêmica. Sabe-se que a práxis oferece
os objetos para a reflexão, e a reflexão oferece os conceitos que nortearão a
práxis. Na arquitetura, vemos que esses objetos advém da realidade, e que é
através da reflexão dessa realidade que os problemas surgirão, através de
questionamentos baseados em conceitos e ideias, e após esses
questionamentos a práxis, ou prática da arquitetura, intervém de modo positivo
ou negativo pra tentar responder a esses problemas. Uma vez que temos
essas respostas, haverá o surgimento de uma crítica, que irá determinar a
veracidade de uma colocação teórica. Pensando-se nessa relação entre práxis
e reflexão, podemos imaginar que se a teoria está ligada diretamente a prática,
sabendo que essa prática está inserida em uma determinada época, os
conceitos que servirão de base para a resolução das possíveis problemáticas
encontradas, também deverão estar inseridos nessa mesma determinada
época. A reflexão deve partir do presente, sem deixar de considerar as
reflexões do passado que contém grandes lições de arquitetura atemporais,
porém, a prática da arquitetura é uma atividade que transcorre na história e que
muda de uma cultura para outra, desse modo, as reflexões devem considerar
essas características para atender as diferentes arquiteturas existentes. Dito
isso, entende-se que existe uma relação entre a realidade histórica e a
elaboração de conceitos, desse modo, conceitos elaborados a partir de uma
realidade histórica “x” não pode ser aplicado de forma arbitrária em uma
realidade histórica “y”, pois foi elaborado em distintas realidades. Embora
existam na arquitetura valores universais, como o bem estar do usuário, cada
cultura pode adquirir pesos diferentes para o mesmo valor, interpretando-os de
formas diferentes. Enquanto em um local o progresso e a tecnologia são os
valores com maior significado, talvez em outra seja a estética e a
funcionalidade por exemplo.

Por fim, o último capítulo trata do tema subjetividade e objetividade.


Esses aspectos são esperados de se encontrar em um historiador ou crítico,
para que ao produzir seu texto os leitores não sejam manipulados e induzidos a
favor ou contra de uma determinada corrente ideológica. Porém, como não
existe uma escala universal de valores, a subjetividade deve ser aceita de
modo relativo. Para que exista uma objetividade absoluta teria que haver uma
verdade única, de alguém que não tivesse vivido nesse mundo, pois como se
sabe, todas as circunstâncias das quais participamos, grupo social, cultura,
época, condicionam nosso modo de ver o mundo e também a arquitetura. Já se
sabe que não se pensa em nada, principalmente em arquitetura, sem levar em
conta a época. Isso também acontece com o historiador ou com o crítico, as
suas escolhas são afetadas pelas circunstâncias sociais e de época por ele
vivenciadas, e são justamente essas circunstâncias que darão a cada
historiador ou crítico um enfoque particular, um modo de ver, uma ideologia
arquitetônica específica. O que precisa mesmo ser levado em conta pelos
historiadores e críticos é ter o cuidado de não tentar forçar certos fatos para
que se encaixem em determinadas hipóteses, ou suprimir fatos considerados
pouco importantes para manter o sentido geral do trabalho, isso seria falta de
integridade científica. Para o historiador ou crítico, a objetividade deve ser
centrada na adesão da realidade como um todo, permitindo que cada
acontecimento desempenhe seu papel no texto, sem esconder ou distorcer
fatos fundamentais do relato, além disso, explanar pra os leitores suas
ideologias, e os métodos utilizados em seu trabalho, de forma que toda
manipulação seja descartada garantindo a integridade científica do trabalho.

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