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Universidade Federal do Paraná

Setor de Artes, Comunicação e Design


Graduação em Relações Públicas
Disciplina de Comunicação Pública - Profª Regiane Ribeiro

William Costa
GRR 20176338

Resenha do Artigo ​Comunicação Governamental: em busca de um alicerce


teórico para a realidade brasileira​, de Mariângela Furlan Haswani

Introdução

Em seu artigo Comunicação governamental: em busca de um alicerce teórico


para a realidade brasileira, a autora Mariângela Furlan Haswani debate sobre como
a comunicação pública no país é ineficaz, por muitas vezes sendo negligenciada,
além de fazer uma crítica a como os autores brasileiros da temática não se
correlacionam em suas obras, criando um grande abismo nas teorias, em
contrapartida, Haswani cita autores italianos e mostra como o assunto é discutido de
forma coletiva no país europeu.
No começo do texto a autora nos dá uma imagem do cenário nacional da
comunicação pública, trazendo o abismo entre como as organizações do segundo e
terceiro setor a tratam com importância e o Estado, a organização mais antiga do
país, a trata com descaso, seja em âmbito Federal, estadual ou municipal,
principalmente se abordado como emissores de informações dos serviços públicos.
A autora ainda exalta que muitos dos serviços públicos são temas frequentemente
abordados pelas mídias de massa, como política, educação, transporte e segurança
pública, porém no ambiente interno desses departamentos a comunicação não
adquire um caráter relevante, com algumas ressalvas para projetos como a
Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) e o programa Poupatempo,
ambos ligados ao Governo do Estado de São Paulo.
Com isso, Mariângela aponta a complexidade de se falar em comunicação
pública estatal no Brasil, por se tratar de um emaranhado estruturas e
departamentos extremamente complexos, além da obscuridade que é a relação
Estado-cidadãos, além da dificuldade em definir o significado para ambos os
termos.
Em cima desses problemas, pode ser somado a dificuldade de legitimação dessas
organizações devido às denúncias contínuas que as mesmas vem sofrendo. Porém,
na visão da autora, justamente essa dificuldade de legitimação que pode trazer
mudança às organizações, através da contestação da popular e a sede de mudança
de novas gerações.
Portanto Haswani nos propõe processos de mudança nos sistemas
ultrapassados para que haja confiança da população no Estado, e isso sendo
conquistado através de medidas que aparentam ser simples e óbvias mas que
infelizmente não são realidade, como a transparência, participação, eficiência e
eficácia. Para que com a ação dos poderes públicos serem redefinidas em torno do
serviço público e bem público.
Ações de reformas (como a da previdência, do judiciário e da política) vem
sendo discutidas, e a comunicação pública teria papel-chave na estratégia de tais
cenários, tendo as Relações Públicas como protagonista através de suas
ferramentas como o planejamento estratégico e a gestão de crises.

O Público e o Privado

Nesse tópico a autora começa definindo o papel conceito de “Público” com


suas palavras, também na definição do dicionário, e de outros autores como ​Jürgen
Habermas e Hannah Arendt, afirmando que a dicotomia público-privado deve ser
tratada de forma conjunta para analisarmos seu papel na comunicação e vice-versa.
Citando Habermas, a autora mostra o processo de como se formou o conceito de
público e privado a partir do período feudal, pouco antes da revolução burguesa,
dando aspecto dessa divisão a partir do século XVIII, por parte das autoridades
feudais - a Igreja, os príncipes e a nobreza.
É a partir disso que o Público se torna o Estado, personificado por quem o
governa. A distinção entre público e privado que se deu na europa com as palavras
para “privado” terem significado de algo “sem função pública ou oficial”,
desenvolvendo o conceito de sociedade civil. E por último o conceito de de esfera
pública, onde indivíduos privados discutem questões de interesse público,
construindo uma discussão política de caráter crítico, e que foi introduzida pela
revolução burguesa. A autora conclui que a partir da revolução liberal, o conceito de
de público e Estado são inseparáveis.

O Público “privatizado”: herança histórica do Brasil

Nesta parte do artigo, Haswani resgata a memória da história brasileira para


contextualizar e explicar como chegamos onde chegamos. A autora cita a obra de
Faoro como base para entendermos os primórdios da formação estatal e sua
comunicação pública, desde os tempos de colônia portuguesa. De forma breve,
mostra como o Estado priorizava a nobreza e o clero com suas ações, deixando
uma névoa no conceito de público e privado, já que os interesses da coroa não
eram em prol do público, e com isso o Brasil herda de Portugal o uso de recursos
públicos para interesses privados do rei.
Ainda entre o século que separa o primeiro e segundo reinado, não trouxe
grandes mudanças estruturais ao sistema político brasileiro, com a aristocracia
permanecendo no poder através da hereditariedade.
Na Velha República, o voto direto transfere o poder aos estados, culminando
no surgimento do coronelismo, o coronel era uma espécie de influenciador local,
alguém que obtinha poder e favores dos governantes em troca do voto de seus
subordinados.
Já com Getúlio Vargas e a Nova República, o cenário político foi reformulado
para que Vagas se mantivesse no poder, e com a segregação entre povo e elite, os
movimentos sociais influenciados pelo anarquismo e comunismo só aumentaram. A
economia se movia cada vez mais do setor agrícola para o industrial, e além disso a
estatização de setores estratégicos apenas aumentou as condições do Estado em
comandar a economia, marcada principalmente pela burocracia. Com isso a
primeira tentativa é disciplinar os movimentos operários, que já se apresentavam
como ameaças à ordem pública. Com mudança na constituição, o Estado poderia
intervir diretamente da economia, assumindo papel de “padrinho” dos grandes
produtores.
O papel aristocrático no governo atual se converteu em “cargos de
confiança”, que não necessitam de participação em concursos públicos, mas sim de
indicação de quem está no poder. No Governo Federal, são mais de 20 mil cargos
do tipo, e na capital paulista somam mais de 10 mil cargos do tipo.
A autora nesse momento do texto, nos leva a refletir sobre como esses dados
e nossa história explicam a falta de protagonismo da comunicação pública no
cenário nacional, o que se reflete no meio acadêmico e suas pesquisas em relação
a área.

A comunicação pública

A Autora começa esta parte do artigo ressaltando que apesar das


contribuições respeitáveis dos autores brasileiros para esse tema, elas não se
conectam entre si, por isso justifica o uso de autores italianos como referência, já
que as reflexões sobre a comunicação pública no país se firmam no limite do
Estado, como ente político ou administrativo. O destinatário pode desempenhar
papel de cidadão, usuário dos serviços públicos ou apenas alvo da programação
realizada para consolidar a imagem da instituição pública emissora das
informações.
A partir disso a autora cita diversas definições e classificações de autores
sobre comunicação pública, sem apresentar grandes ​inputs sobre eles. Podemos
dar destaque a definição de Roberto Grandi (2002) usando como modelo o
postulado de Lasswell: ​“Quem disse o quê, em que canal, a quem e com que
efeito?”:

Quem – a comunicação da instituição pública é aquela realizada pela administração pública (ou ente
público ou serviço público); esta atribuição deve poder ser operada por qualquer um, mediante a
presença, explícita e clara, da assinatura da fonte;
• Diz o quê – divulga a produção normativa, as atividades, a identidade e o ponto de vista da
administração;
• Por meio de que canais – utiliza, possivelmente de maneira integrada, todas as mídias disponíveis
[...];
• A quem – aos cidadãos ou às organizações, quando se apresenta como comunicação externa
direta; aos meios de comunicação de massa, quando quer atingir os cidadãos e as organizações que
constituem a audiência destes meios; a quem atua, como público interno, nas
instituições públicas, quando se apresenta como comunicação interna;
• Com que efeitos – garantir aos cidadãos o direito de informação (principalmente aquele direito de se
informarem e de serem informados); construir e promover a identidade do ente público para reforçar
as relações entre os subordinados e a administração, de um lado, e entre os cidadãos e seus
semelhantes, de outro; oferecer aos cidadãos a possibilidade de exprimir de maneira ativa e
substancial os direitos de cidadania, a fim de se tornarem co-responsáveis pela solução dos
problemas de interesse geral; produzir uma mudança radical de mentalidade interna da
administração pública, que deverá ter a comunicação como recurso estratégico para a definição das
relações com os cidadãos. (GRANDI, 2002, p. 55)

A autora então expõe a importância dessa definição de Grandi por descrever


a grande esfera da comunicação pública, além de que o autor fortalece o aspcto
institucional da comunicação, quando afirma que qualquer pessoa ou orgão pode
ser operador da emissão, desde que a assinatura (institucional) esteja presente.
Tendo assim um efeito de informação e formação de atitudes, opiniões e
comportamento.
Haswani acredita que o pensamento de Stefano Rolando amplia o de Grandi,
e com sua experiência como diretor geral na presidência do Conselho dos Ministros,
na Itália, divide a comunicação institucional para a área pública em 5 frentes de
atuação:
• a publicidade institucional (aquela obrigatória, dever do Estado);
• a publicidade de normas e leis;
• a publicidade dos serviços públicos novos ou específicos;
• a publicidade das atividades ou do funcionamento da estrutura [...];
• a publicidade4 de imagem e de promoção (ligada a turismo, cultura e identidade
corporativa). (ROLANDO, 1990, p. 102-3)
A autora também cita a definição de Franca Faccioli em que a mesma
acredita que a comunicação feita pelas instituições públicas devem atender a duas
exigências: “informar os cidadãos sobre seus direitos e responder à demanda de
transparência, de um lado, e promover os processos de inovação institucional,
de outro” e para isso ser cumprido deve-se:
“informar seus próprios funcionários, escutar as exigências dos cidadãos, contribuir para reforçar a
relação social, valorizar o cidadão como ator dos processos de mudança e acompanhar a mudança,
tanto dos comportamentos quanto da organização social” . (FACCIOLI, 2000, p. 58)

Com isso, Faccioli propõe uma classificação da comunicação pública estatal


em cinco partes:
• A comunicação normativa – apresentada como base da comunicação pública, considerando
que o conhecimento e a compreensão das leis são a pré-condição para uma relação consciente entre
os órgãos públicos e os cidadãos. A natureza da comunicação normativa, porém, apresenta dois
obstáculos: um, de caráter puramente semântico, aponta a obscuridade da linguagem administrativa;
outro, referente ao processo de publicação, trata dos instrumentos utilizados para divulgar esses
textos para os cidadãos.
• A comunicação da atividade institucional “faz referência à ilustração da atividade das
instituições do Estado e em particular da administração [...] com um cargo específico ocupando-se da
comunicação do governo” (2000, p. 48). Faccioli constata, também, que a comunicação sobre a
política e sobre a atividade do governo é aquela que apresenta maiores obstáculos e limites de
continuidade, talvez induzidos pelo “temor de cair nos procedimentos de propaganda”.
• A comunicação de utilidade pública, ao contrário, caracteriza-se pela dimensão específica
do serviço e se destina “em primeira instância a facilitar aos cidadãos o contato com a administração
pública e a utilização dos serviços públicos”.
• A comunicação para a promoção da imagem é aquela que lembra as políticas de
construção da imagem empresarial adotadas no mercado privado; nesse campo, a autora critica o
fato de não existir sempre este espaço da “estreita relação” que, em se tratando de setor público, não
deve ser “só uma campanha de promoção de imagem de um ente que diz (coisas), mas sim que o
que o mesmo ente faz” (2000, p.54).
• A comunicação social se inclui entre as dimensões da comunicação pública porque supõe
que, por se tratar do mesmo âmbito da “comunicação de solidariedade social realizada na área sem
fins lucrativos”, ou seja, “os grandes temas sociais sobre cuja intersecção é necessário sensibilizar a
opinião pública” a respeito “do papel dos atores e dos objetivos que se queira alcançar”. Tais temas
são promovidos pelas instituições do Estado “que se propõem a dar elementos de conhecimento e
conscientização aos cidadãos em relação a problemas de interesse coletivo, também na perspectiva
de convencê-los a modificar seus comportamentos” (2000, p. 54).
Assim, a autora acredita que esses pensamentos podem ser sintetizados na
classificação de Gregório Arena (1999), que apresenta todo o campo da
comunicação das instituições públicas em três divisões:

• A comunicação jurídica-formal que, tendo como objeto a regulamentação jurídica das relações entre
os membros do comando, serve para “aplicar normas, dar segurança, obter conhecimento de um ato
jurídico e outras atividades similares” (p. 19).
• A comunicação de serviço destina-se, principalmente, “a informar os usuários sobre as modalidades
de funcionamento dos setores, sobre o regulamento aplicado a cada um deles e o serviço oferecido”.
O caráter de serviço dessa informação apresenta-se sob dois pontos de vista: são informações que,
por si só, já constituem um serviço aos usuários e são, ao mesmo tempo, parte do serviço oferecido
pela administração. No primeiro caso, Arena lembra que, nos dias de hoje, é dever de uma
administração fornecer informações aos usuários, o mais claramente possível, a respeito das regras
e da própria atividade: “É responsabilidade da administração
não somente fornecer o serviço, mas também oferecer as instruções para o uso do
mesmo serviço, sem deduzir, como acontece freqüentemente, que o usuário já tenha conhecimento
das regras” (p. 20). No segundo caso – das comunicações como parte integrante do serviço
oferecido pela administração – deve-se salientar que se trata das comunicações que incidem sobre a
qualidade do serviço, condicionando-lhe a modalidade de utilização e o usufruto do serviço obtido por
parte dos interessados.
• A comunicação administrativa ou comunicação de cidadania é considerada por Arena “a mais
significativa para a realização do modelo de administração partilhada”. Essa comunicação se
diferencia da anterior pelo seu próprio objetivo: “não serve [...] para regular relações jurídicas ou para
informar sobre um fato da vida cotidiana, mas para resolver um problema de interesse geral”.
Sempre, conforme Arena, a definição de comunicação administrativa se apresenta como um
instrumento graças ao qual a administração pode atuar convencendo, enquanto a definição de
comunicação de cidadania enfatiza mais o fato de que, por meio desse tipo de comunicação, “a
administração vai para, não os usuários nem os clientes, mas para os cidadãos, os sujeitos que,
como membros de uma comunidade, são também titulares dos direitos e dos deveres, entre os quais
aquele de contribuir, nos limites de suas possibilidades, para a solução dos problemas de interesse
geral” (1999, p. 21). Exemplos de problemas de interesse geral que Arena caracteriza como
solucionáveis são aqueles que cuidam da tutela ambiental, da saúde, da previdência, da educação,
do emprego, da segurança viária, da ordem pública, da eliminação do lixo, da circulação das pessoas
e dos produtos.

Conclusão
A autora acha melhor não definir esse tópico como conclusões mas sim como
duas reflexões finais;
A primeira é sobre como esse sistema falho e arcaico está enraizado em
nossa história trazendo esse aspecto aristocrata de apadrinhamentos, e que só teve
algum avanço de trazer acesso e avanços da comunicação pública à população em
meados da metade do século passado, e que a sociedade em si parecia estar
acomodada com a situação, sem grandes movimentos buscando mudanças.
A segunda se trata da consciência cidadã que está em onda de crescimento,
fazendo com que a população cada vez mais cobre, denuncie ou solicite as
informações dos serviços públicos que lhes são de direito, e que se torne uma
sociedade crítica, organizada e formadora de opinião pública.
Em suma, a autora termina o artigo de forma positiva, passando sensação de
esperança para um futuro mais justo, onde a comunicação pública desempenhe seu
papel de forma excelente, ressaltando também a necessidade de autores brasileiros
beberem da fonte dos autores italianos e adequar as suas respectivas teorias a
realidade brasileira.

Bibliografia

HASWANI, Mariângela Furlan. Comunicação Governamental: em busca de um 


alicerce teórico para a realidade brasileira. Organicom, São Paulo, v. 3, n. 4, 
p.24-39, 12 jun. 2006. Universidade de Sao Paulo Sistema Integrado de Bibliotecas 
- SIBiUSP. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-2593.organicom.2006.138909.

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