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NIPC - 503106054

P. C. de Utilidade Pública (DR 269 - 20/11/96)



COMUNICADO

O racismo é uma violência que não se presta ao humor




A jornalista do Correio da Manhã e redatora principal da CMTV, Tânia Laranjo, partilhou no seu
perfil público da rede social Facebook, no dia 27 de Novembro, uma imagem
onde Joacine Katar Moreira e Mamadou Ba, ativistas anti-racistas, são retratados como mercadoria
da “BlackFriday”. Esta publicação gerou centenas de partilhas e de comentários de ódio, como é já
habitual nas redes sociais e como a própria jornalista sabia, ou deveria saber, que iria acontecer.

Numa altura em que a eleição de três mulheres negras para a Assembleia da República – facto que
acontece pela primeira vez em 45 anos de democracia – suscita um profundo debate sobre o
racismo na sociedade portuguesa, a jornalista da CMTV optou por recorrer a um insulto racista,
ofendendo e violentando publicamente dois ativistas antirracistas e cidadãos negros. A publicação
acaba por equiparar pessoas racializadas a uma mercadoria, carregando a sinistra memória da
Escravatura - um imprescritível Crime Contra a Humanidade – e reifica a violência da
desumanização, de que o racismo contemporâneo é ainda herdeiro.

Face às reações públicas de indignação perante a publicação racista, que atenta à integridade moral
dos visados e que viola grosseiramente os direitos, liberdades e garantias fundamentais de
qualquer cidadão e cidadã num Estado de direito democrático, a jornalista justificou-se com o seu
direito a expressar-se através do humor.

Esta é uma justificação que vem sendo repetidamente invocada, sobretudo por quem pretende
fazer valer uma espécie de “direito” universal ao insulto e à agressão, sem qualquer limite ou
entrave. Mas esta é uma justificação que não aceitamos – a liberdade de expressão não está acima
do direito à dignidade, à integridade física e moral, à honra ou à consideração. E o racismo,
constituindo uma afronta a estes direitos, não pode prestar-se ao humor. O racismo não é uma
piada - é um ato violento, antidemocrático, que agride e que ofende.

Tal como está estipulado na lei, toda e qualquer pessoa tem a obrigação de garantir que as suas
acções não discriminam ninguém “em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade,
ascendência e território de origem.”, sob pena de violar os princípios constitucionais da igualdade e
da não discriminação, respetivamente estipulados no artigo 13º da Constituição da República

sosracismo@gmail.com * sosracismoporto@gmail.com * www.sosracismo.pt



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Portuguesa e nos artigos 1º e 4º da Lei n.º 93/2017, de 23 de agosto. No caso em apreço, o
comportamento da jornalista é duplamente condenável, porque viola também os mais elementares
deveres deontológicos do exercício da sua profissão, deveres esses que não se aplicam apenas
durante o seu horário de trabalho, mas que devem reger todo o comportamento e acções públicas
da jornalista.

O SOS Racismo repudia veementemente a atitude racista em causa, manifestando toda a sua
solidariedade para com os visados, e irá, naturalmente e como decorre das suas responsabilidades
estatutárias, formalizar as devidas queixas junto das entidades competentes.

O SOS exige ainda que a CMTV e o Correio da Manhã condenem expressamente a posição pública
da sua jornalista, assumindo as responsabilidades inerentes, sob pena de pactuarem com
comportamentos discriminatórios. Entendemos, pois, que estão em causa as condições para
garantir que a jornalista e os referidos meios de comunicação actuem com o rigor jornalístico
devido e sob os princípios basilares da democracia, correndo-se o risco de que estes se possam
servir da visibilidade pública que detêm, para promover e veicular o preconceito e ódio racial. O
jornalismo não pode ser um espaço de promoção de violência, cumprindo-lhe manter-se ao serviço
da procura imparcial da verdade e de uma sociedade justa e democrática.

O SOS Racismo solicita ainda à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, ao Sindicato de
Jornalistas, à ERC e à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, que tomem todas
as diligências necessárias a este respeito, para aplicar a Lei e pôr cobro à violação dos princípios da
igualdade e da não discriminação.

Lisboa, 30 de novembro de 2019
SOS Racismo

sosracismo@gmail.com * sosracismoporto@gmail.com * www.sosracismo.pt

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