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VANDA ARJONAS FERNANDES

UNIVERSIDADE UNYLEIA - CURSO


DOCENCIA SOCIAL - DISCIPLINA –
SOCIEDADE DA EDUCAÇÃO NO
BRASIL

Professora: Fernanda Beatriz Ferreira


de Macedo

Osasco, SP

Novembro/2019
UNIVERSIDADE UNYLEIA

DOCÊNCIA EM SERVIÇO SOCIAL

VANDA ARJONAS FERNANDES

SOCIEDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DA


EDUCAÇÃO PARA A SOCIALIZAÇÃO DO SER HUMANO E PARA A
SOCIEDADE CAPITALISTA

OSASCO – SP

Dez/2019
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RESUMO

Educação e a sociedade capitalista encontram-se por causas e


consequências entrelaçadas, pois, uma é dependente da outra. Por essa e outras
inquirições é importante que estejamos cientes do assunto abordado neste trabalho.
Transportando-se em consideração as contribuições que uma passa para a
subsequente as transformações que ocorrem na sociedade e o papel da escola no
desenvolvimento destas, e o que elas influenciam em nossas vidas.
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INTRODUÇÃO

Primeiramente serão abordadas as contribuições da educação para a


socialização do ser humano e em segundo para à sociedade capitalista. Sendo que
as duas se complementam, porque uma depende da outra para conseguirem
abranger as novidades das quais são as causas e consequências das
transformações que ocorrem no mundo capitalista, pois, a área da reprodução do
capital é um fator, o qual tem muito a ser explorado pela educação e pela sociedade
capitalista, entre muitos outros que permeiam e até preocupam as duas.

Assim, a maior parte da sociedade, não tem acesso à formação, ao mundo do


saber, como poderemos observar nas reflexões que seguem. Reflexões que
optamos em apontar a partir de períodos históricos, orientados pelas contribuições
de estudiosos da temática.

Buscando apoio em obras de importantes autores como Mariano Fernández


Enguita, José Douglas Alves dos Santos e outros Autores que retratam em suas
obras a relação entre a educação, socialização e sociedade capitalista, as quais
fazem e sempre farão parte da realidade, estando em constante desenvolvimento. É
nesse desenvolvimento que é dado um maior enfoque, porque ao seu longo
percurso e infinito nos deixa muitas vezes intrigados pelo fato de não sabermos o
seu resultado.
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1- CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO PARA A


SOCIALIZAÇÃO

A escola mantém uma função fundamental para o processo social,


desenvolvendo as capacidades cognitivas, ajudando a criança a compreender que
existe um mundo onde ela é um ser social. Este processo inicia no nascimento,
propício a mudanças e permanecendo em todo o ciclo vital. A educação possui
impactos em toda a nossa vida. Vai muito além da busca de uma renda individual ou
obter uma melhor colocação no mercado de trabalho, aprendemos a lutar pela
cidadania. A tecnologia digital trouxe um avanço significativo para a educação, a
internet, o celular, como um meio de comunicação que interfere na socialização
dentro das famílias e escola, como instrumento para melhorar a qualidade e
relevância para a educação.

A partir disso surge a necessidade de compreender como a escola contribui


para o processo de socialização, levando em consideração a identidade e a forma
de interagir. No entanto, qual o papel da escola no processo de socialização na
educação? A educação é um direito fundamental, é por meio da educação é que o
ser humano passa a ter consciência de seus direitos. Temos conhecimento que
educar não é só o processo ensino-aprendizagem, é preciso construir de forma real
indivíduos pensantes, éticos e preparados para o a sociedade.

Segundo Piletti, 1986), socialização é:

“O processo através do qual o indivíduo internaliza os padrões


sociais de agir, pensar, e sentir. Através da socialização, desde que nasce o
indivíduo é treinado para querer agir segundo as expectativas sociais e só
ter desejos e sentimentos permitidos socialmente”.

Socialização é um processo internalizado no sistema ensino-aprendizagem ao


longo de todo ciclo vital. Além de tudo, é o caminho necessário em que aprendemos
as características de viver em um meio comum, ou seja, na sociedade. Entretanto,
entendemos como um método pelo qual o indivíduo é incluído nas relações sociais e
de coletividade que o envolve num todo, desde seu nascimento até o final de sua
vida.
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Com essas contribuições e transformações ocorrendo em nossa


sociedade, poderemos perceber a relação que a educação possui para à
socialização dos indivíduos. Mas para que isso ocorra precisamos nos dar conta de
tudo o que está ao nosso redor, ou seja, dos fatores que contribuem para essa
relação. Educação e sociedade capitalista e a reprodução do capital não são
somente palavras interligadas, elas são reais formas de buscarmos aquilo que
queremos para o futuro de nosso mundo.

Compreende-se, porém, que a escola é fundamental para o indivíduo no seu


desenvolvimento, além de prepara-lo para enfrentar dificuldades de uma sociedade
dinâmica, competitiva e os conflitos entre pessoas, contribuindo para a sua evolução
como seres críticos na sociedade.

Num segundo momento será abordado o papel da escola como instituição de


ensino na sociedade capitalista.
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2- CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO PARA A


SOCIEDADE CAPITALISTA

Onde se observará a responsabilidade tanto com a educação, quanto com a


sociedade capitalista. Também será verificado o verdadeiro objetivo deste trabalho,
que é compreender a relação entre estas duas palavras, as quais possuem uma
extensa importância para cada um de nós. E nesse contexto poderemos nos
descobrir como seres ativos de uma sociedade, observando nossa própria
importância sobre eles.

De acordo com Frigotto:

A educação no Brasil, particularmente nas décadas de 1960 e


1970, de prática social que se define pelo desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades, atitudes, concepções de valores articulados às
necessidades e interesses das diferentes classes e grupos sociais, foi
reduzida, pelo economicismo1, a mero fator de produção – “capital humano”.
Asceticamente abstraída das relações de poder, passa a definir ‐se como
uma técnica de preparar recursos humanos para o processo de produção.
Essa concepção de educação como “fator econômico” vai constituir ‐se
numa espécie de fetiche, um poder em si que, uma vez adquirido,
independentemente das relações de força e de classe, é capaz de operar o
“milagre” da equalização social, econômica e política entre indivíduos,
grupos, classes e nações (FRIGOTTO, 2010).

É admissível que a acessibilidade à educação, tenha sido ampliada nos


últimos anos, porém a sua qualidade deixa muito a desejar, necessitando de
cuidados melindrosos para que possam, de fato, efetivar a verdadeira formação do
indivíduo. A expansão da educação formal e das economias modernas são os
maiores indicadores do progresso social. A viabilização de parcerias com as
famílias, com as escolas e os governantes, que devem ser flexíveis, participativos e
responsáveis do contexto social e cultural, tornam-se imprescindíveis e continuam
sendo os sinalizadores almejados por todos aqueles que fazem educação e
acreditam no crescimento positivo num tempo breve.
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No entanto, é preciso que a sociedade se mobilize para uma reflexão a


respeito do processo educacional brasileiro, acionando estratégias no sentido de atenuar as
suas ineficiências. O estudo busca analisar o papel que a educação vem assumindo na
sociedade capitalista, apontando os seus limites, possibilidades e contradições. Para isso,
recorremos inicialmente ao estudo da ontologia marxista, cuja matriz determinante reside na
compreensão da totalidade que envolve o conjunto das complexas relações sociais.

Marx em 1977, caracterizou acertadamente o trabalho na saciedade capitalista, em


comparação com o trabalho em geral, como trabalho alienado. Para ele, esta alienação
residia, basicamente, na relação entre o trabalhador e o produto, o processo e os meios de
seu trabalho.

O trabalho é criador do mundo dos homens. Na medida em que o


homem transforma o existente para a satisfação de suas necessidades,
transforma também a si enquanto ser genérico, pois, nesse processo de
modificação do existente, adquire novas habilidades e novos conhecimentos
que precisam ser universalizados. Em cada objetivação/exteriorização,
surge uma nova situação histórica que impõe aos indivíduos a descoberta
de novas possibilidades de realização das necessidades, complexificando o
gênero humano cujo desenvolvimento caminha para a universalização de
sua história e a ampliação das individualidades (MARX, 1977).

“Na contramão da ideologia política de acúmulo do capital para a


classe elitista, muitos movimentos estudantis e sociais ganham força e
destaque na tentativa de mudar o quadro hegemônico, em busca do retorno
à democracia” (GATTI, 2001).

Como indica Jesus (2009):

“Diante da enorme dívida social que representa a falência do


sistema educacional brasileiro, não podemos ingenuamente aceitar o novo
senso comum da retórica neoliberal, segundo a qual a educação deve sair
da esfera das políticas públicas e inserir‐se na lógica do mercado, adotando
os padrões produtivistas e empresariais da qualidade total, para assim,
cumprir sua moderna função de formar cidadãos‐consumidores competitivos
e empreendedores”.

A Educação assume um novo papel, “não mais em razão de sua função social
e cultural de caráter universal, mas da particularidade das demandas do mercado”
(FRIGOTTO, 2011). Essa lógica educacional mercantil atrelada, sobretudo aos
aspectos econômicos da sociedade, valoriza uma formação alheia aos graves
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problemas sociais e é consubstanciada pela demanda definida pelo mercado e seus


agentes reguladores.

A ênfase no aspecto financeiro submete as reformas da área educacional aos


critérios gerenciais e de eficiência que tocam mais a periferia do que o centro dos
problemas, isto é, incidem mais sobre a quantificação dos insumos escolares do que
sobre os fatores humanos que garantem a qualidade da educação.

Realizamos uma revisão teórica acerca do papel e das formas assumidas


pela atividade educativa, particularmente, em tempos de crise estrutural do capital,
averiguando seus desdobramentos para a política de formação dos trabalhadores,
mais precisamente a partir da década de 1970, quando foram atribuídos vários
papéis à educação: transmitir os conhecimentos necessários à formação para o
mercado de trabalho; disseminar as ideias da classe dominante; promover a
inclusão social e ambiental, dentre outros.

Considerado o período do ideário nacional‐desenvolvimentista (RIBEIRO,


2003; FRIGOTTO e CIAVATTA, 2003), a década de 1970 foi profundamente
marcada pelo golpe militar, reprimindo muito dos anseios da classe popular e
favorecendo a conquista do mercado ao sistema econômico, político e educacional
brasileiro.

Outro fator evidenciado nesses eventos, é o fato de que entre os


organizadores e idealizadores, há um grande número de empresas privadas, que
não somente financiam, como também, fiscalizam de perto os rumos dos debates.
Sem contar que os sucessivos fóruns citados foram promovidos com o apoio do
Banco Mundial sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como
grandes patrocinadores setores da mesma: a UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância), o PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) e o próprio Banco Mundial.

De acordo com ENGUITA:

“A ordem pode ser defendida por razoes técnicas tal com a


impossibilidade de que a voz do professor chegue a todos se alguns falam
ou o fazem em voz alta. A maioria dos professores, para não dizer a
totalidade pensam que é a condição imprescindível de uma instrução eficaz.
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Diante de qualquer turma de alunos é uma obsessão permanente, e diante


de alguns, os grupos difíceis, pode chegar a converter-se no único objetivo.
Muitos professores tem a primeira notícia disso quando, ao incorporar-se à
uma escola, o diretor adverte-os de que não importa tanto o que ensinem a
seus alunos quanto que saibam mantê-los em ordem. Com raras exceções,
os demais acabam por aprender a mesma coisa pelo caminho” (ENGUITA,
2005).

O processo educacional, desde sua origem, é permeado pela lógica social


vigente. Diferente do que muitos ainda discursam, não é a escola que pauta as
mudanças sociais, mas a sociedade capitalista que pauta a prática educativa. Nesse
sentido, o professor pode constituir‐se em sujeito de resistência à lógica hegemônica
da sociedade através do exercício de sua profissão. Na contramão da ideologia
política de acúmulo do capital para a classe elitista, muitos movimentos estudantis e
sociais ganham força e destaque na tentativa de mudar o quadro hegemônico, em
busca do retorno à democracia (GATTI, 2001).
A educação surge como uma atividade que, além de repassar o saber
historicamente acumulado pelos homens, atua na subjetividade, influenciando os
indivíduos para agirem desta ou daquela maneira.
O que sabe uma criança acerca da proteção de seu pai
não é o mesmo que o que aprenderá um adulto jovem acerca
de um chefe? O trabalho não é uma extensão natural da
família. Na melhor das hipóteses, quando cada ser humano sai
da família em que nasceu, esse ser humano vê essas relações
refletidas no trabalho ou na política como em um espelho
deformante (SENNETT, 1980).

Em outras palavras, a educação foi fundada pelo trabalho como uma


atividade fundamental no processo de reprodução social. Num sentido amplo, a
educação nasceu no momento em que o homem se constituiu como ser social.
“(...) o ensino simultâneo está para a autodidaxia como o trabalho
assalariado está para a produção de subsistência ou para o trabalho
autónomo, e está para a livre aprendizagem comum como urna empresa
capitalista está para urna cooperativa ou para urna empresa
autogestionada. Se o método simultâneo converteu-se no método
dominante foi precisamente porque representava na escola o que as novas
relações de produção capitalistas representavam no trabalho, porque era
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sua réplica escolar e, em consequência, a melhor forma de preparar a


infância e a juventude para sua aceitação. (ENGUITA, 2005)

É preciso considerar que o complexo da educação varia de acordo com as


necessidades de cada organização social em cada época histórica. A educação
possui particularidades em cada momento histórico, embora sua função social
permeie todo o desenvolvimento histórico dos homens, complexificando-se
juntamente com estes.

“Longe de ajudar os estudantes a se desenvolverem como


indivíduos maduros, autossuficientes e auto motivados, as escolas parecem
fazer tudo para manter os jovens em um estado de dependência crónica,
quase infantil. A onipresente atmosfera de desconfiança, juntamente com as
regras que abrangem os aspectos mais íntimo da existência, ensina todos
os dias aos estudantes que eles não são gente de valor nem, naturalmente,
indivíduos capazes de regular sua própria conduta” (SILBERMAN, 1971).

Nas sociedades primitivas, não havia diferenciação de classes sociais, pois as


forças produtivas não eram desenvolvidas e não havia produção de excedentes.
Nelas, a educação possibilitava aos homens em sua coletividade o acesso ao saber
acumulado socialmente, pois não havia restrições sociais que impedissem os
membros coparticipes da comunidade humana de conhecer o que produziram sócio
historicamente, embora, de forma muito rudimentar.
Com o passar do tempo, a acumulação da produção de excedentes, os
homens se dividiram em classes sociais. A classe dominante, passou a viver do
trabalho de outros, apropriando-se privadamente da terra e dos meios de produção,
dominando sobre os mais fracos. O saber passou a ser dominado pela burguesia,
dividindo-se de acordo com o que cada classe desempenhava na organização
social. É nesse estágio de desenvolvimento dos homens que surge a educação
formal, a escola, como um espaço privilegiado de repasse desse saber para os filhos
da classe que não precisava trabalhar e podia se dedicar ao “ócio”.

“Se o método simultâneo converteu-se no método dominante foi


precisamente porque representava na escola o que as novas relações de
produção capitalistas representavam no trabalho, porque era sua réplica
escolar e, em consequência, a melhor forma de preparar a infância e a
juventude para sua aceitação. Urna das características fundamentais da
educação na escola é sua dimensão onipresente de educação para a
docilidade” (ENGUITA,2005).
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É válido acrescentar que o surgimento da sociedade de classes não modificou


o caráter ontológico da educação. Embora numa sociedade que dividiu os homens
entre si, a educação continuou servindo para a reprodução do capital. Podemos
afirmar, pois, que a função social é esta: contribuir para a reprodução do capital,
independente do momento histórico e do tipo de organização social. E, de acordo
com esses interesses, há uma enorme diferença entre o que cada classe deve
saber. Enquanto os filhos da classe dominante se preparavam para serem os futuros
dirigentes da sociedade, os filhos dos trabalhadores tiveram acesso ao
conhecimento básico necessário à produção, habilitando-se profissionalmente para
a execução de tarefas laborativas, até nos dias de hoje, há uma propensão em nos
preparar para sermos serviçais do capitalismo selvagem.

A educação, como complexo que serve para a reprodução social, na


sociedade de classes sob a égide do capital, torna-se um lócus privilegiado para a
reprodução das relações sociais alienadas. Assim sendo, a classe dominante faz da
educação – em seu sentido estrito – um espaço fecundo para a disseminação das
suas ideias e dos seus interesses. Então, partindo desse pressuposto, podemos
dizer que a educação, mediação no processo de reprodução social, vem assumindo
direcionamentos diferentes em cada momento histórico e, assim, atendendo
historicamente de forma eficaz aos interesses do capital.

É preciso repensar essa lógica de Educação, reflexo da lógica de vida,


difundida diariamente pelo capitalismo. No mundo capitalista, as pessoas assumem
uma posição no ranking de produção. As fábricas, as escolas, a sociedade como um
todo assume a tarefa de controlar e punir aqueles que não se adéquam às normas
estabelecidas. Na luta pela sobrevivência, quem pouco produz e pouco consome, é
excluído pelo sistema.

“Tudo isso porque, quando deixar de ser Pedrinho para ser Pedro
um trabalhador adulto, terá que estar preparado para ser tratado como
assalariado como votante, como usuário dos transportes públicos, etc.,
antes que como Pedro, fora das relações familiares e de amizade. Se se
converte em garçom será tratado como tal embora seja um grande
conhecedor da filosofia alernã guarde em casa um título de engenheiro; se
ingressa no cárcere, será tratado como recluso embora possua uma alma
sensível; se sobe no ónibus, terá que pagar o preço da passagem embora
por isso já não possa comprar pão” (HENRY, 1955).
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A educação no sistema capitalista corresponde a uma educação voltada para


atender às necessidades do capital em seu processo de expansão e acumulação
ampliada. Produção da riqueza e homens são postos, sob o capital, numa relação
invertida: não é a produção da riqueza material que está a serviço dos homens, mas
o contrário: o que se produz não é para a coletividade, mas para alguns que se
tornaram historicamente proprietários dos meios de produção e de subsistência.
Estes buscam, em nome de um suposto desenvolvimento econômico, decidir quais
os destinos da sociedade, bem como ela deve ser organizada, como deve pensar,
como deve agir. A Educação assume um novo papel, “não mais em razão de sua
função social e cultural de caráter universal, mas da particularidade das demandas
do mercado” (FRIGOTTO, 2011).

Como a tendência expansionista do capital é gerar cada vez mais miséria


para uns e riqueza para outros, o papel atribuído à educação, posta num sentido
contraditório, tem variado no decorrer da história dos homens socialmente divididos.
Sociabilidade sob a égide do capital a existência do antagonismo entre riqueza e
pobreza, visto que esse sistema se sustenta da exploração de uns homens sobre
todos os outros e que, por isso mesmo, é impossível sob sua lógica haver uma
igualdade substantiva entre os próprios homens. Assim sendo, à medida que o
capital se desenvolve, riqueza e pobreza crescem assustadoramente, jogando na
mais absoluta miséria a única classe que vive do seu próprio trabalho.

É assim que, na sociedade burguesa, a educação transformou-se num lugar


propício para a preparação para o trabalho, ou melhor, uma ocupação – além de
servir para a inculcação ideológica nas subjetividades dos trabalhadores dos valores
e ideias da classe dominante. No caso dessa sociedade, a educação vem servindo,
predominantemente, como um espaço para a preparação para o trabalho explorado,
alienado. (...) é o que se deve esperar inevitavelmente da escolarização em massa.
Para manejar com êxito urna centena de crianças, ou mesmo a metade deste
número, o professor deve reduzi-las tanto quanto seja possível a uma unidade
(apud. TYACK, 1974).

Ora, trabalho e capital são radicalmente opostos, mas este não sobrevive sem
a exploração do primeiro, subordinando-o à sua lógica. Nesse processo de
subordinação do trabalho ao capital, este busca atrelar a si próprio as outras formas
de práxis humana, dentre elas, a educação, que é nosso objeto de estudo. Assim,
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educação e trabalho são as duas bases do desenvolvimento econômico e social dos


países periféricos, sendo a primeira a categoria central no debate econômico das
últimas décadas – estando a primeira na esfera do discurso.

Mészáros (2005) afirmou que a educação institucionalizada, a partir desse


período marcado pela revolução industrial, tem servido como um espaço propício
para fornecer conhecimentos e pessoal necessários à manutenção do capital e
legitimar a ordem social vigente através da criação e transmissão dos valores da
classe dominante. Acrescenta, ainda, que a própria História teve de ser falsificada,
reescrita e transmitida de acordo com os interesses dominantes, e tal distorção foi
difundida em todos os órgãos de formação da opinião pública, inclusive nos meios
acadêmicos. Essa falsificação era transmitida pelas escolas e reescritas nos livros.
São suas as seguintes palavras:

“A educação institucionalizada, especialmente, nos últimos cento e


cinquenta anos, serviu – no seu todo – ao propósito de não só fornecer os
conhecimentos e o pessoal necessário à maquinaria produtiva em expansão
do sistema capitalista, mas também o de gerar e transmitir um quadro de
valores que legitima os interesses dominantes, como se não pudesse haver
nenhum tipo de alternativa à gestão da sociedade [...]” (MÉSZÁROS, 2005).
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3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A crise que estamos vivendo atualmente é uma crise que tem como base o
trabalho explorado. Essa crise rebate na educação e em todos os complexos
sociais, expõe as contradições do sistema do capital, do domínio dos grandes, do
descaso dos governantes, do descaso da justiça. É um erro, pois, querer que a
educação resolva os problemas da humanidade que foram gerados pelo tipo de
organização social que aprofundou o contraste entre pobreza e riqueza. A educação
nunca vai resolvê-los, enquanto o capital continuar como sistema vigente, a
humanidade agonizará. No entanto, pode‐se afirmar que os interesses situam‐se no
âmbito de grupos diferenciados, o que possibilita a resistência à “ordem favorável
aos interesses da propriedade privada dos meios de produção e do capital”
(SANFELICE, 2005).

Ao pesquisarmos, repetimos o que analisamos: educação não é transação,


escola não é empresa, professor não é técnico, aluno não é mercadoria e conteúdo
não é moeda de troca. Tudo faz parte de um processo maior da política estabelecida
na sociedade. Acreditamos que enquanto a economia continuar a ditar as diretrizes
dessa política, não conseguiremos agir no exercício de nossa função por uma
sociedade mais humana. Somente a Educação não será capaz de transformar
nossa atual sociedade, mas com certeza sem ela a sociedade não poderá ser
transformada.

Em concordância com Saviani (1994), compreendemos que a natureza e


especificidade da educação, atividade fundada pelo trabalho, constitui-se na
transmissão de valores, habilidades e conhecimentos essenciais no processo de
reprodução social. No entanto, na sociedade de classes, ela cumpre,
prioritariamente, a função social de atender as determinações da classe dominante
em cada época histórica.
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Quando confrontados com uma descrença no futuro, como sobreviverão os


indivíduos em relação à tensão entre normatividades sociais intangíveis e suas
repetidas transgressões, tensão produtora de ansiedade existencial, não isenta de
sentimentos de culpa? Paz (1979) e Giddens (1991) desenvolveram a ideia
da colonização do futuro para dar conta da "hipertrofia de expectativa" que
acompanha o retraimento progressivo do espaço da experiência (Marramão 2011). É
esta falta de esperança que, segundo Marramão (1991, p.90-1), pode originar uma
denegação do futuro cuja contrapartida é uma regressão enfermada e obsessiva em
relação ao presente, despido de poder decisional.

Surgiria, assim, uma espécie de "patologia temporal", próprio de quem se


sente afetado por uma depressão retentiva, desprovido de projetualidade. Vivemos a
entropia, que pode levar a movimentos sociais, gerados por sentimentos de revolta e
indignação. O sistema educacional e econômico não nos parece capaz de realizar
as aspirações e garantir a inserção profissional de jovens e adultos no mercado de
trabalho. O Brasil e seus governantes deixaram de dar prioridade à educação,
reduzindo, drasticamente, os investimentos à pesquisa e educação.

O Brasil se vê num mar de retrocessos, em relação aos direitos sociais e


políticos. Governo e igreja andam juntos, num substrato ideológico conservador e de
retrocessos, constitui, grosso modo, o núcleo moral e teológico predominante do
movimento evangélico, com implicações políticas e sociais. As igrejas politizam e
instrumentalizam eleitoralmente sua identidade religiosa, concebem sua religião, sua
moralidade e suas doutrinas como fonte de autoridade política e se consideram
representantes de Deus e de igrejas no exercício de suas funções públicas e
parlamentares, a instrumentalização religiosa da atividade política para promover
interesses institucionais das igrejas, proteger a família tradicional, a “maioria cristã”,
as “verdades bíblicas”, etc., levando-as ao conformismo, subjugados pelo pecado. A
bíblia nos condena!

Aqui há lugar para a esperança, pois ela é movida pela força do desejo
(Bloch, 1977), por inquietações que apelam pelo inconformismo (Bloch, 1993), por
uma vontade de mudança.
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REFERÊNCIAS:

FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 2010.

GATTI, Bernadete A. Implicações e perspectivas da pesquisa educacional no Brasil

contemporâneo. Caderno de Pesquisa, n. 113, p. 65‐81, jul.

HENI{Y, J. (1955): "Docility, or giving teacher what she wants", Journal of Social Issues,

11, 2,

JESUS, Antonio T.de Educação e hegemonia no pensamento. Paulo: Cortez, 1989.

PILETTI, N. Sociologia da Educação. 3ªed. São Paulo: Ática, 1986

MARIANO, F. Enguita., A Face Oculta da Escola: e trabalho no capitalismo, 2005.

MARX, K. O dezoito Brumário e cartas a Kugelmann. São Paulo: Paz e Terra. 1997

MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.

RIBEIRO, Maria . L. Santos. História da educação brasileira: a organização escolar. 4a

Ed. São Paulo: 1982

SANFELICE, José. L. Da escola estatal burguesa à escola democrática e popular:

considerações historiográficas. In:

SAVIANI, D. O trabalho como princípio educativo frente às novas tecnologias. In:

FERRETTI,

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