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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
FISIOTERAPIA HOSPITALAR

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
FISIOTERAPIA HOSPITALAR

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO III

10 INTERPRETAÇÕES DE EXAMES LABORATORIAIS PARA O


FISIOTERAPEUTA

10.1 INTRODUÇÃO

A interpretação de exames laboratoriais é de suma importância para a


prática clínica diária, contudo observa-se uma grande deficiência por parte dos
fisioterapeutas em solicitar e interpretar exames importantes para diagnóstico e
tratamento dos seus pacientes.

10.2 HEMOGRAMA COMPLETO

O hemograma é composto de três partes:


 Série vermelha ou eritrograma;
 Série branca ou leucograma;
 Plaquetometria.

Série vermelha: Serve para diagnosticar alterações do sistema eritropoético.


Estas alterações podem ser:

 Eritrocitoses: hiperplasia reversível decorrente de uma resposta a


estímulos que intensificam a formação de eritrócitos.
 Anemias: Perda ou prejuízo na formação dos eritrócitos, hemoglobina
ou de ambos.

O sangue é composto de duas partes, uma parte líquida e outra de


elementos figurados ou sólidos.
Contagem de hemáceas:

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Valor abaixo do estipulado denomina-se hipoglobulia e caracteriza uma
anemia que pode ou não estar associada a uma queda na taxa de hemoglobina
(Hb). A hemoglobina é uma proteína conjugada que tem como principal função
transportar O2 e CO2 pelo organismo. É expressa em gramas por 100 ml de sangue
(g/dl). São valores normais: 13 a 16 g/dl para homens, 11,5 a 14 g/dl para
mulheres e 11 a 13 g/dl para crianças.

Hematócrito (Ht):

É o valor percentual de hemáceas em 100 ml de sangue. São considerados


valores normais:
 Homens: 40 a 52%;
 Mulheres: 37 a 43%;
 Crianças: 35 a 39%;
 Recém-natos: 60 a 62%.

Valores diminuídos podem estar associados a anemias, descompensação


cardíaca, gravidez e hiper-hidratação.
Valores aumentados podem ocorrer em casos de policitemia e desidratação.

Importância fisioterapêutica (Ht).


 Critério de transfusão sanguínea em pacientes cardiopatas ou
pneumopatas pode ser um fator complicador uma congestão pós-transfusão,
necessitando de intervenção do fisioterapeuta para eleger uma pressão positiva até
a estabilização do quadro. A congestão pulmonar é provocada nesse caso por uma
sobrecarga de volume circulatório, sendo provocado pela transfusão, que acaba por
acometer os pulmões gerando desconforto respiratório. Assim, o uso de CPAP pode
minimizar este desconforto evitando maiores consequências como uma intubação.
 Anemias podem gerar sinais de desconforto respiratório e o
fisioterapeuta deve saber diferenciar as diversas causas de desconforto e esta não
tem como intervir, apenas dar suporte de O2 até a transfusão e normalização dos
valores.

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 Parâmetro de desmame da ventilação mecânica e do O 2. Determina
diferentes condutas ao fisioterapeuta.

Interpretação da Série branca:

Contagem global de leucócitos

É o método de contagem utilizado para verificar a quantidade de leucócitos


em 1mm3 de sangue. Valores de referência (adultos 5000 a 10000/mm 3 e
crianças 6000 a 14000 /mm3).
Leucopenia: redução dos valores de leucócitos abaixo de 5000/mm 3, pode
acontecer em situações como rubéola, HIV, mononucleose, dengue e febre tifoide.
Leucocitose: aumento no valor de leucócitos acima de 10000 mm 3, mais
comum em processos bacterianos como pneumonias, meningites, hemorragias,
abdômen agudo, traumas recentes com edema, etc.

Contagem específica de leucócitos:

Eosinófilos (2 a 4%)
Neutrófilos: Mielócitos (0%)
Metamielócitos (0 a 1%)
Bastões ou bastonetes (2 a 5%)
Segmentados (55 a 65%)
Basófilos (0 a 1%)
Linfócitos (21 a 35%)
Monócitos (4 a 8%)

Importância fisioterapêutica: diagnóstico de infecções, alergias e inflamações


que possam justificar sintomas respiratórios ou sistêmicos que interfiram na
respiração.

Plaquetometria:

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É a contagem do número de plaquetas por mm 3 de sangue. São valores de
referência: 200.000 a 400.000/mm3.

Trombocitose é o aumento do número de plaquetas decorrente de


diversas causas:

 Grandes estímulos medulares;


 Após hemorragias ou transfusões;
 Infecções;
 Cólera, valvopatias, leucemia mieloide crônica, dengue, policitemia Vera,
etc.
Trombocitopenia é a redução do número de plaquetas causado por:

 Sofrimento medular;
 Pneumonias, leucemias, desnutrição grave, meningite, endocardite
crônica;
 Distúrbios de coagulação e sob o uso de anticoagulantes.

Importância fisioterapêutica

O número de plaquetas é de suma importância para o fisioterapeuta, pois


valor inferior a 50.000/mm3 aumenta a probabilidade de sangramentos e valor
<20.000 pode haver sangramento espontâneo. Esses dados trazem a necessidade
de uma avaliação minuciosa para pesar risco e benefício da terapia nestes
momentos.

10.3 GLICOSE

É a principal fonte de energia do organismo, sendo produto final do


metabolismo de açúcares e carboidratos. A análise da glicemia é importante para

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diagnóstico e monitoramento terapêutico da diabetes melitus.
Valores de referência:
Recém-natos  40 a 80mg/dl
Crianças  60 a 100mg/dl
Adultos  70 a 110 mg/dl

Importância fisioterapêutica
Pacientes diabéticos:
 Maior risco de TVP (trombose venosa profunda) e TEP (tromboembolismo
pulmonar);
 Maior fadigabilidade devido à alteração de irrigação arterial dos membros
inferiores (claudicação);
 Risco de lipotímia na presença de hipoglicemia;
 Risco de convulsões.

11 UREIA E CREATININA

Ureia

É o metabólito principal resultante do catabolismo proteico (principal fonte de


eliminação do nitrogênio e disseminação de aminoácidos). É produzida pelo fígado e
passa para a circulação sanguínea para ser degradada ao nível intersticial e
eliminada pelo suor, trato gastrointestinal e rins.

Valores de referência: 10 a 45 mg/dl.

Os valores podem estar aumentados (uremia) nos casos de desidratação,


febre, estresse, queimaduras, hemorragias gastrointestinais, diabetes, insuficiência
renal, nefropatias, insuficiência cardíaca e obstrução do trato urinário por litíase ou
obstrução prostática.

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Os valores podem estar diminuídos em casos de insuficiência hepática
aguda, dietas hipoproteicas, caquexia, gravidez e doença celíaca 1.

Creatinina

É um produto metabólico formado pela descarboxilação da creatina-fosfato


no músculo. É filtrada no glomérulo e seu aumento só é observado após o aumento
da ureia e seu aumento ocorre quando há aproximadamente metade ou mais de
néfrons comprometidos.
Valores de referência: Crianças  0,3 a 0,7 mg/dl
Adultos  0,5 a 1,3 mg/dl

Os valores podem estar aumentados nos casos de redução do fluxo


sanguíneo renal (ICC, Choque e desidratação), insuficiência renal, uso de drogas e
nas obstruções do trato urinário. A diminuição dos valores pode ocorrer nos casos
de desnutrição grave, doença hepática grave, baixo desenvolvimento pondero-
estatural e em pessoas com pouca massa muscular.

Importância fisioterapêutica ureia e creatinina

 Risco de falha no desmame ventilatório;


 Risco de congestão pulmonar.

11.1 SÓDIO E POTÁSSIO

Sódio
É o maior cátion do líquido extracelular e desempenha papel fundamental na
distribuição da água corporal.

Valores de referência: 136 a 146mEq/L

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Hipernatremia valores aumentados pode ocorrer por desidratação,
diabetes, acidose diabética e outras.
Hiponatremia baixa ingestão de sódio, uso abusivo de diuréticos,
hipotireoidismo, hipoproteinemia, cirrose, síndrome nefrótica e ICC (insuficiência
cardíaca congestiva)1.

Importância fisioterapêutica

 Risco de oscilação da pressão arterial.

Potássio

É o principal cátion do líquido intracelular. As variações da concentração de


potássio alteram diretamente a capacidade de contração muscular. Valores
inferiores a 3,0 e maiores 6,0 mEq/L são associados a sintomas neuromusculares e
alterações de ritmo cardíaco.
Valores de referência:
Adultos: 3,5 a 5,3 mEq/L e RN: 3,7 a 5,9 mEq/L

Importância fisioterapêutica

 Risco de arritmias cardíacas;


 Distúrbios neuromusculares.

11.2 ENZIMAS CARDÍACAS

É um conjunto de dosagens enzimáticas que tem o intuito de auxiliar no


diagnóstico e/ou monitoramento e tratamento de lesões da musculatura cardíaca 1.

Creatinoquinase (CK)

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Enzima de origem essencialmente muscular encontrada nos
musculoesqueléticos, miocárdio e cérebro que cataliza a fosforilação reversível da
creatina por ATP. Começa elevar-se de 4 a 6 horas após episódio agudo, atingindo
o pico em até 36 horas. Retorna ao normal em até cinco dias.

Valores de referência: homens até 183U/L e mulheres até 165U/L.

Valores aumentados IAM, lesões de musculatura esquelética, pós-


operatório de cirurgia cardíaca, miopatias congênitas e adquiridas, AVE, exercícios
físicos extenuantes, hipotireoidismo, doenças infecciosas, TEP, febre, convulsões e
neoplasias.

(CKMB)-Creatinoquinase fração MB

É uma isoenzima do CK encontrada exclusivamente na musculatura


miocárdica. O nível de CKMB começa elevar-se 3 a 6 horas antes do início do IAM e
atinge seu pico em 12 a 24 horas. Retorna ao normal em aproximadamente 48
horas.
Valores de referência: até 25U/L
Valores Aumentados IAM, miocardites e pós-operatório de cirurgias
cardíacas.

Mioglobina
É uma proteína encontrada na musculatura esquelética e miocárdica. É um
marcador não específico encontrado no sangue após IAM (1 a 4 horas), que retorna
aos valores normais dentro de aproximadamente 24 horas.

Valores de referência: até 90 g/L.


Valores aumentados em traumas musculares, injeções intramusculares,
miopatias, uremias IAM e pós-operatório de cirurgias cardíacas1.

Troponina I

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É uma proteína muscular cardíaca que se rompe em resposta a danos
miocárdicos e seus componentes são liberados na corrente sanguínea em
aproximadamente 4 a 6 horas após IAM.

Valores de referência: <2,0g/ml.


Valores aumentados: IAM, pós-operatórios de cirurgia cardíaca.

Importância fisioterapêutica

 Monitorização das atividades de reabilitação e pós-operatório de


cirurgia cardíaca.

11.3 GASOMETRIA ARTERIAL

O diagnóstico do distúrbio ácido-básico pela gasometria necessita apenas


de três parâmetros: pH, PCO2 e HCO3.

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FIGURA 64 - DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS E METABÓLICOS

FONTE: Medcurso “Do internato a residência” – A interpretação da gasometria arterial, capítulo 3 pág
2
38 .

Valores normais:
pH= 7,35 a 7,45
PCO2= 35 a 45 mmHg
PO2= 80 a 100 mmHg
HCO3= 22 a 26 mEq/L
BE= - 5 a +5

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12 FISIOTERAPIA NO PACIENTE CRÍTICO (UTI)

A doença grave pode durar de horas a meses e está diretamente


relacionada à fisiopatologia e a resposta ao tratamento. A evolução da medicina
intensiva integrada à equipe multiprofissional aumentou significantemente a
sobrevida dos pacientes críticos.
A permanência prolongada na unidade de terapia intensiva (UTI) acarreta
complicações decorrentes da imobilidade como descondicionamento físico, fraqueza
muscular, dispneia, depressão, ansiedade e redução da percepção da qualidade de
vida.
O fisioterapeuta está envolvido na recuperação de pacientes em condições
respiratória agudas, subagudas e crônicas e na prevenção e tratamento das
sequelas do imobilismo. As três grandes áreas de relevância clínica para a
fisioterapia são:
 Complicações relacionadas ao descondicionamento;
 Condições respiratórias como retenção de secreções, atelectasias,
pneumonias, lesão pulmonar aguda, trauma, prevenção de IOT e falha no desmame
da ventilação mecânica;
 Problemas emocionais e de comunicação.

FIGURA 65 - LEITO DE UTI

Monitor de
ECG

Bombas para
infusão de
medicamentos
Ventilador
mecânico

FONTE: (arquivo pessoal).

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12.1 INTERVENÇÕES

As condutas fisioterapêuticas são cada vez menos guiadas pelo diagnóstico


clínico e mais guiadas pelas deficiências e capacidade funcional (diagnóstico
disfuncional). O fisioterapeuta deve ser capacitado para identificar e priorizar
objetivos e parâmetros de tratamento que sejam seguros a condição do paciente sob
constante monitorização dos sinais vitais3.

Recomendações:
 A prioridade do tratamento deve ser determinar a causa da disfunção e
qual o tratamento apropriado;
 A monitorização dos sinais vitais durante a intervenção para que a terapia
seja eficaz e segura ao paciente.
A doença grave é frequentemente associada à permanência prolongada no
leito, e é bem documentado o efeito deletério do imobilismo. Normalmente o
paciente crítico é considerado “doente demais” para tolerar qualquer nível de
atividade física precoce e a imobilização é inevitavelmente prolongada. Toda essa
situação se torna mais um fator complicador ao curso da doença.
A mobilização precoce como vem sido mostrado há 30 anos pode reduzir o
tempo de ventilação mecânica além de ser à base da recuperação funcional. Cada
vez mais a atividade física precoce no doente crítico tem se mostrado segura
quando iniciada após a estabilização hemodinâmica. Na UTI a prescrição de
exercícios é totalmente baseada na clínica do paciente e quando se pesa os riscos e
benefícios da mobilização precoce, não há efeitos deletérios da prática relatada.

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12.2 POSICIONAMENTO

Deve ser usado para aliviar o efeito da gravidade sobre determinadas


regiões e evitar posturas em que haja favorecimento de deformidades,
encurtamentos e escaras. O posicionamento também pode otimizar técnicas de
reexpansão pulmonar e facilitar a respiração3.

FIGURA 66 - PACIENTE MAL POSICIONADO COM PREJUÍZO NO VOLUME


EXALADO

FONTE: (Arquivo pessoal).

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FIGURA 67 - PACIENTE APÓS REPOSICIONAMENTO COM GANHO NO VOLUME
EXALADO

FONTE: (Arquivo pessoal).

Em casos de atelectasias, deve-se posicionar o pulmão acometido de modo


a favorecer a entrada de ar pela redução da resistência. Por exemplo: se o pulmão
direito for o acometido, deve-se posicionar este pulmão para cima e o paciente deve
ficar em decúbito lateral esquerdo. Em casos de desconforto respiratório, o ideal é
favorecer a ação do músculo diafragma, neste caso o decúbito elevado ou sentado
melhora a mecânica diafragmática pela redução do peso das vísceras abdominais
que acabam empurrando o diafragma nas posições supino e lateral.

12.3 MOBILIZAÇÃO

Por várias décadas a mobilização tem feito parte do tratamento


fisioterapêutico aplicado ao doente crítico. Essa se refere a uma atividade física
suficiente para provocar efeitos fisiológicos agudos como melhora da ventilação,

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perfusão central e periférica, circulação, metabolismo muscular e prevenção de
estase venosa e trombose venosa profunda.
A estratégia é conciliar repetição com intensidade incluindo movimentos
ativos e passivos e movimentações no leito, exercícios ativos assistidos e ativos
livre, sentar no leito com as pernas para fora, ortostatismo, transferência da cama
para cadeiras, exercícios com a cadeira e deambulação. Essas atividades são
seguras e de fácil execução para serem aplicadas precocemente.
Para pacientes lesados medular, a utilização de cintas abdominais melhora a
capacidade vital e otimiza os exercícios respiratórios.
A VNI pode ser utilizada durante os exercícios para maior tolerância aos
mesmos. Para pacientes recém-desmamados da VM, os exercícios com membros
superiores aumentam os efeitos da fisioterapia respiratória para endurance e
tolerância a dispneia3.

FIGURA 68 - MOBILIZAÇÃO PASSIVA NO PACIENTE DE UTI

FONTE: (Arquivo pessoal).

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Recomendações:

 Mobilização ativa ou passiva e treinamento muscular devem ser


instituídos precocemente no paciente de UTI.
 Posicionamento, órteses, mobilização passiva e alongamentos devem
ser utilizados para preservar a ADM articular e alongamento muscular em pacientes
incapacitados de se movimentarem ativamente.
 Estimulação elétrica muscular deve ser indicada quando há
disponibilidade de equipamento para pacientes incapacitados de se movimentarem
ativamente com alto risco de disfunção muscular.
 Técnicas de posicionamento e transferências de pacientes devem ser
realizadas pela equipe multiprofissional para se evitar acidentes com sondas e
cateteres.
 O fisioterapeuta deve ser responsável pela prescrição e implementação
de exercícios em conjunto com os demais fisioterapeutas da equipe e com a equipe
médica responsável.

FIGURA 69 - MOBILIZAÇÃO ATIVA NO PACIENTE DE UTI

FONTE: (Arquivo pessoal).

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12.4 CONDIÇÕES RESPIRATÓRIAS

As disfunções respiratórias são as causas mais comuns de doença grave


com necessidade de internação em UTI.
Os principais objetivos da fisioterapia na disfunção respiratória são melhorar
a ventilação regional, melhorar a complacência, reduzir a resistência e
consequentemente o trabalho respiratório e impedir o acúmulo de secreções e uma
consequente infecção pulmonar.
O posicionamento e a mobilização são ótimas opções de tratamento para
otimizar a oxigenação e a ventilação e reduzir distúrbio V/Q (ventilação/perfusão).
Existem diversos fatores que interferem no clearance mucociliar, por isso é
importante identificá-los para eleger a melhor técnica de tratamento.
Para pacientes não intubados, o objetivo é o aumento do volume pulmonar
para melhora da expansão, redução da resistência e melhora da complacência. São
recomendações:
 Aumento do volume inspiratório para aumento do fluxo expiratório
forçado e tosse eficaz;
 Tosse assistida manual ou mecanicamente deve ser utilizada para
pacientes não intubados com fraqueza muscular. A tosse assistida manual é
realizada com o terapeuta realizando uma compressão torácica ou abdominal
durante a tosse solicitada ao paciente. A mecânica é realizada com um equipamento
“máquina de tosse” por meio de uma máscara que gera uma pressão positiva
seguida de uma negativa auxiliando a expectoração.
 Aspiração nasotraqueal deve ser utilizada quando falhar os outros
métodos de remoção de secreção, porém, deve-se ter muita cautela em pacientes
anticoagulados com risco de sangramentos, lesões de tecidos moles e cirurgias
recentes de vias aéreas superiores.

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FIGURA 70 - MÁQUINA DE TOSSE (IN-EXSUFLATOR).

FONTE: Disponível em: <www.osp-zuim.lj.edus.si>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012.


.

Para pacientes intubados ou traqueostomizados, os objetivos principais são


prevenir atelectasias, reexpansão de áreas colapsadas do pulmão, melhorar
oxigenação, complacência pulmonar e facilitar a drenagem de secreções para as
vias aéreas mais centrais. 3

Recomendações:
 Posicionamento e mobilização;
 Hiperventilação manual com AMBU e aspiração das secreções;
 A hiperventilação deve ser utilizada com cautela em pacientes com
risco de barotrauma ou volutrauma, ou que estejam hemodinamicamente instáveis;
 Cuidado para não hipoventilar ou hiperventilar demais o paciente;
 As pressões de vias aéreas devem ser mantidas em níveis seguros
como determina o consenso de ventilação mecânica;
 Prevenir as alterações decorrentes da aspiração sempre pré-
oxigenando o paciente e otimizando sedação;
 Avaliar a necessidade de sistema fechado de aspiração para pacientes
graves como a síndrome do desconforto respiratório onde tem que se evitar a
despressurização do sistema.

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Complicações decorrentes de uma intubação orotraqueal e ventilação
mecânica são comuns e o desmame da ventilação pode ser um grande desafio para
equipe de fisioterapia de um hospital, então o fisioterapeuta deve tentar ao máximo
evitar uma intubação. As estratégias vão variar de acordo com o desbalanço entre
trabalho e capacidade muscular. A fisioterapia pode ajudar a reduzir o trabalho
respiratório com a remoção de secreções, reexpansão de áreas colapsadas e
assistência ventilatória não invasiva.

Capacidade muscular:
 Fraqueza; Trabalho muscular
 Drogas;  Elástico –
 Alteração parênquima
morfológica.  Resistivo – vias
aéreas

O desbalanço entre demanda e capacidade muscular determina a


insuficiência respiratória.

Recomendações:
 Posicionamento em decúbito elevado deve ser utilizado para otimizar a
ação muscular e a mecânica respiratória em pacientes com insuficiência respiratória;
 VNI ou CPAP deve ser utilizado em edema agudo pulmonar cardiogênico
e na agudização de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
 VNI pode ser utilizada em pacientes selecionados em casos de
insuficiência respiratória aguda e em complicações musculoesquelético, alterações
da parede torácica e fraqueza muscular.
Uma parte dos pacientes pode falhar no desmame da ventilação mecânica e
quando essa situação acontece o fisioterapeuta passa a ter que solucionar alguns
problemas decorrentes desta falha.

Recomendações:
 É fundamental o seguimento de um protocolo de desmame da VM para
o sucesso do mesmo;

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 Para pacientes que falham no desmame por fraqueza muscular
respiratória, o treinamento muscular específico deve ser considerado;
 VNI pode ser considerada uma estratégia de desmame para um grupo
selecionado de pacientes com retenção de CO2 (Hipercapnia);
 Pacientes com risco de falência respiratória pós-extubação, a VNI deve
ser considerada;
 A fisioterapia respiratória é fundamental para pacientes recém-
extubados e decanulados.

13 GASOTERAPIA

13.1 OXIGENOTERAPIA

O efeito do O2 nos pulmões vem sendo estudado há muitos anos, e sabe-se


que as lesões são resultantes da exposição prolongada a altas concentrações de
oxigênio (acima de 60%). Normalmente se observa uma redução da complacência
pulmonar e da capacidade vital.
As lesões histológicas são diretamente relacionadas ao tempo de terapia. As
lesões iniciais são congestão e em algumas vezes hemorragia alveolar
acompanhada por exsudato intra-alveolar e formação de membrana hialina. Estudos
em cadáveres mostraram um adelgaçamento do septo interalveolar e deposição de
4
colágeno e proliferação de fibroblastos no interstício.

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FIGURA 71 - EXSUDATO ALVEOLAR E CONGESTÃO TECIDUAL

4
FONTE: Claireaux

FIGURA 72 - INÍCIO DA FORMAÇÃO DA MEMBRANA HIALINA

4
FONTE: Claireaux

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94
FIGURA 73 - MEMBRANA HIALINA FORMADA

4
FONTE: Claireaux

FIGURA 74 - ADELGAÇAMENTO DA PAREDE INTRA-ALVEOLAR

4
FONTE: Claireaux

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FIGURA 75 - ESPESSAMENTO DO TECIDO COM DEPOSIÇÃO DE COLÁGENO

4
FONTE: Claireaux

FIGURA 76 - FIBROSE TECIDUAL

4
FONTE: Claireaux

Oxigenoterapia consiste na administração de O2 em uma concentração de


pressão superior à encontrada na atmosfera ambiental para corrigir e atenuar a
deficiência de O2 ou hipóxia.

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Sistemas de administração de O2
Baixo fluxo: São classificados dessa forma, pois o volume minuto do
paciente pode interferir na concentração de gás ofertada. Os dispositivos que fazem
parte deste grupo são: (Dean Hess).
Cateter nasal: Permite fluxos de até 6l/min de O2 que equivale a uma fração
inspirada máxima (FiO2) de 0,4 ou 40%.

FIGURA 77 - CATETERES DE O2 DE VIA ÚNICA E TIPO ÓCULOS

FONTES: Disponível em: <www.fisiorespiratoria.com.br e www.medsonda.com.br>. Acesso em: : 30


de Dezembro 2012.

FIGURA 78 - LACTENTE COM CATETER DE O2 PARANASAL

FONTE: arquivo pessoal.

Máscara com reservatório: Apesar de ofertarem maiores concentrações de


O2 (próximo de100%), este sistema é considerado de baixo fluxo por apresentar

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97
variação da fração inspirada ofertada pelo volume minuto. Podem ser de reinalação
parcial e de não reinalação e permitem fluxos de até 15l/min.

FIGURA 79 - MÁSCARA COM RESERVATÓRIO

FONTES: Disponível em: <www.medicinaintensiva.com.br, www.kithelp.com e


www.airproducts.com>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012.

Máscara de nebulização e inalação com O2: A máscara permite fluxo até


15l/min com FiO2 próxima de 0,6 e o inalador, fluxo ideal é de 6l/min para uma névoa
eficiente para nebulização de medicamentos. Em lactentes, existe a opção da
nebulização à distância ou vaporjet, que é o circuito da figura 80 apenas sem a
máscara transparente.

FIGURA 80 - MÁSCARA DE NEBULIZAÇÃO

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98
FONTE: Disponível em: <www.newmed.com>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012.

FIGURA 81 - INALADOR PARA REDE DE O2

FONTE: Disponível em: <www.fisiorespiratoria.com.br>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012.

Alto fluxo: São sistemas onde a FiO2 é fixa, não há interferência do volume
minuto do paciente.
Máscara de Venturi: Sistema de arraste de ar, com peças que permitem FiO2
fixas. Cada cor corresponde a uma concentração diferente de O2. Deve-se utilizar o
fluxo de O2 que está descrito na peça escolhida.

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99
FIGURA 82 - MÁSCARA DE VENTURI NO PACIENTE

FONTE: Disponível em: <www.airproducts.com>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012.

FIGURA 83 - CADA PEÇA COLORIDA CORRESPONDE A UMA FIO2 DIFERENTE

FONTE: Disponível em: <www.airproducts.com>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012.

Capacete ou capuz: Fornece concentrações precisas de O2. é utilizado em


pediatria e neonatologia, porém, deve ser indicado para crianças que exijam pouca
manipulação para evitar oscilações bruscas da FiO2.

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100
FIGURA 84 - CAPACETE OU CAPUZ DE O2

6
FONTE: Frey .

Formas de armazenamento:
Cilindros

FIGURA 85

Concentradores

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101
FIGURA 86 FIGURA 87

Oxigênio líquido

FONTE: J. Pneumologia vol.26 nº 6 São Paulo. Nov/Dec.2000

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102
FIGURA 88

Cilindro de O2 líquido domiciliar

FIGURA 89

FONTE: J. Pneumologia vol.26 no.6 São Paulo. Nov/Dec. 2000

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103
13.2 HELIOX

O uso de heliox (He/O2) na prática clínica não é um conceito novo, antes do


advento dos broncodilatadores, Barach no início dos anos 30, já aventava a hipótese
da utilização de heliox para pacientes obstrutivos.

Considerações teóricas:
O gás hélio (He) é inodoro, incolor e biologicamente inerte. Clinicamente o
que pode ser explorado são as propriedades físicas deste gás. O He é menos denso
e mais viscoso do que o ar ambiente, O2 ou nitrogênio. As propriedades físicas deste
gás dependem da proporção presente na mistura.
A inalação de heliox irá influenciar a mecânica e alterar a convecção dos
gases nas vias aéreas. O gás para entrar nos alvéolos depende da alteração da
pressão transpulmonar que permite que ocorra a convecção do ar nas vias aéreas e
a consequente renovação do gás alveolar. A convecção é altamente dependente da
resistência destas vias aéreas. A resistência é resultado da configuração anatômica
e das propriedades físicas do gás inalado. As vias aéreas podem ser comparadas a
encanamentos com vários tipos de padrão de fluxo aéreo, como laminar, turbulento
e transicional. O tipo de fluxo pode ser baseado no número de Reynolds (R). Um
R<2000 sugere um fluxo laminar e acima de 4000 turbulento.
A pressão necessária para gerar um fluxo gasoso no interior das vias aéreas
é diretamente proporcional ao comprimento e inversamente proporcional ao raio a
quarta potência. (Lei de Poiseuille).
Clinicamente a inalação do heliox reduz a resistência inspiratória e
expiratória e consequentemente reduz o trabalho respiratório e a energia gasta para
ventilação, além de otimizar a administração de medicamentos por via inalatória.

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FIGURA 90 - DIFERENÇA DAS DENSIDADES

Linha tracejada Nitrogênio-O2 e linha contínua Heliox. Com o aumento da concentração de


O2 na mistura de He, a densidade do Heliox tende a se aproximar a do ar ambiente.
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FONTE: Gainnier

Indicações

 Obstrução aguda de vias aéreas superiores;


 Laringite em crianças;
 Obstrução fixa de vias aéreas por tumores.

O Heliox pode ser utilizado como uma ponte terapêutica até que o
tratamento definitivo faça efeito. Ainda faltam estudos no assunto para fundamentar
melhor sua indicação.

13.3 OXIDO NÍTRICO INALATÓRIO

O óxido nítrico (NO) é um radical livre, gasoso, inorgânico, incolor, que


possui sete elétrons do nitrogênio e oito do oxigênio, tendo um elétron
desemparelhado. Até meados da década de 1980 o NO era considerado apenas
membro de uma família de poluentes ambientais indesejáveis e carcinógenos

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potenciais. Atualmente o NO constitui um dos mais importantes mediadores de
processos intra e extracelulares.
O NO apresenta um papel de grande importância na proteção dos vasos
sanguíneos. Constitui um importante mediador citotóxico de células imunes efetoras
ativadas capazes de destruir patógenos e células tumorais. Possui, ainda, um papel
8
como mensageiro/modulador em diversos processos biológicos essenciais.
A ação do óxido nítrico se justifica por ser um gás, que na forma inalatória,
se comporta como um vasodilatador pulmonar seletivo. O NO dentro do alvéolo se
difunde rapidamente através da membrana alveolocapilar, provocando o
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relaxamento da musculatura lisa do vaso da circulação pulmonar.

Benefícios:
 Vasodilatador seletivo:
– Somente atua sobre os alvéolos ventilados;
 Melhoria da oxigenação;
 Melhoria do shunt intrapulmonar;
 Desmame para retirar o gás.

Indicações:
 Hipertensão pulmonar primária (HPP);
 Hipertensão pulmonar persistente do Neonato (HPPN);
 Hipertensão pulmonar secundária a cardiopatias congênitas e pré-
transplante cardíaco ou pulmonar;
 Pós-transplante de coração e pulmão.

Segurança:

Instituto da Segurança Ocupacional e Administração da Saúde dos EUA;


–25 ppm NO por 8 horas por dia de trabalho;
–5 ppm NO2 por 8 horas por dia de trabalho;
Consenso dos Médicos Brasileiros;
3 ppm de NO2 por 8 horas por dia de trabalho.

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FIGURA 91 - ESQUEMA DE MONTAGEM DO SISTEMA DE NO

FONTE: Air liquid Medicine.

FIM DO MÓDULO III

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