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Conclusão:

Como ser um
Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi-
ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles

FISIOTERAPEUTA
que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu
caminho e a estruturarem melhor os seus negócios.

EMPREENDEDOR
Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter
desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto
com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou
Dicas –para
assustadora lançar
e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o
foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo,
o seu negócio
decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que
num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver-
mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto
nenhum!

Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@


bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados.

Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas,


através dos seguintes canais: Conclusão:

Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi-


ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles
que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu
caminho e a estruturarem melhor os seus negócios.

Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter
desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto
com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou
assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o
HUGO BELCHIOR

1
Como ser um
FISIOTERAPEUTA
EMPREENDEDOR
Dicas para lançar o seu negócio

HUGO BELCHIOR
Desde 2008 a elevar a Fisioterapia em Portugal

www.bwizer.com
Para os meus pais.

Nunca tendo investido directamente em qualquer


projecto empresarial meu – nem nunca lhes
pediria para o fazerem – proporcionaram-me as
condições gerais para poder seguir este caminho.
O QUE DIZEM DESTE LIVRO

Achei esta iniciativa muito interessante e corajosa. Parece-me que esta poderá ser
uma poderosa mais valia para a comunidade de Fisioterapeutas, onde existem
com certeza vários empreendedores desejosos de estratégias que possam ser um
veículo adequado para a concretização dos seus sonhos. A escrita está extrema-
mente acessível, numa lógica de discurso muito honesta. Não sou uma pessoa em-
preendedora por natureza e, no entanto, dei comigo a ler todo o livro e a desfrutar
imenso. Genuinamente, muitos parabéns Hugo por esta iniciativa. Venham as
próximas.

Ana David
Fisioterapeuta, Coordenadora da Fisioterapia das Modalidades
de Alta Competição do Sport Lisboa e Benfica

•••

A editora SAGE realizou durante o mês de abril de 2016, um estudo sobre o


perfil dos empresários da geração milénio (pessoas nascidas entre 1983 e 2000),
nas áreas dos valores e motivações, cultura, adoção de tecnologia e burocracia
(o título da obra: "Walk with me - meet the new generation of entrepreneurs.
SAGE, 2016").

Cinco perfis de empresários emergiram: os planeadores; os tecnológicos; os in-


tuitivos; os realistas e os aventureiros.  De uma amostra global de 7.400 jovens
empresários de várias partes do mundo, um valor significativo de 66% diz colo-
car a sua vida à frente do trabalho; 69% referem que as atividades que desen-
volvem para a comunidade constitui uma parte importante daquilo que fazem;
62% dizem ter sacrificado o lucro para se manterem fiéis aos seus valores e 63%
dos jovens empresários acreditam que terão mais do que uma experiência em-
presarial na sua vida.

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Nesta iniciativa do Hugo Belchior encontramos estes ingredientes descritos na
primeira pessoa, e acredito que a sua experiência, mais do que os seus ensina-
mentos, será a principal fonte de inspiração para todos quantos procuram jun-
tar as peças do seu próprio puzzle pessoal.

De leitura fácil e corrida, lemos este livro quase com aquela impressão de ter-
mos o Hugo aqui ao nosso lado falando de coisas que fazem sentido e contando
histórias interessantes.

Emanuel Vital
Fisioterapeuta e Presidente do Conselho Directivo Nacional da APF

•••

O Livro - Como ser um Fisioterapeuta Empreendedor. Dicas para lançar o seu


negócio - da autoria do Hugo Belchior é uma excelente ferramenta que decorre
da experiência pessoal, da identificação de oportunidades e da assertividade in-
dispensáveis à colocação de produtos e/ou serviços no mercado. Sem ambição
de ser um tratado do empreendedor, cuida e mitiga erros fundamentais, indi-
cando etapas essenciais para empreender com probabilidade de sucesso. A sua
leitura trará, com toda a certeza, benefícios de tempo e acerto.

Professor Doutor Espregueira-Mendes


Director da Clínica do Dragão - Espregueira-Mendes Sports Centre
– FiFA Medical Centre Excellence

•••

Os “tempos gloriosos para a fisioterapia” que o Hugo Belchior menciona neste


seu livro, têm exatamente a ver com a crescente autonomia do fisioterapeuta,
não só como prestador de cuidados, mas principalmente na sua capacidade
actual de gestor e responsável pelo seu próprio negócio. Os desafios que se colo-
cam, implicam a necessidade de aquisição de competências e conhecimentos
empresariais, bem como o “quanto baste” da capacidade de assumir riscos. Este

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livro é certamente uma excelente base de reflexão para o jovem empreendedor
e representa um estímulo e um guia para a iniciativa privada em fisioterapia.

Isabel de Souza Guerra


Fisioterapeuta e ex-Presidente do Conselho Directivo Nacional da APF

•••

Conheci o Hugo há alguns anos, não muitos, e tenho acompanhado a sua


carreira com muito interesse e curiosidade. Gosto da maneira de estar, do estilo
e da forma. O conteúdo, esse está mais que demonstrado em todo o seu percurso.
Rico, diversificado e, acima de tudo, feito, como se diz agora, de partilha e de
entusiasmo contagiante de fazer acontecer. Parabéns Hugo por este livro mas,
acima de tudo, por tudo o que tem inspirado  tanta e tanta gente. E muito obriga-
do pelo convite. Um orgulho!

Prof. José Soares


Professor Catedrático de Fisiologia na FADE, Universidade do Porto.
Autor do best seller "Running – muito mais do que correr”

•••

“Como ser um fisioterapeuta empreendedor” é leitura obrigatória para quem


se lança a empreender. "Pára-quedas" de segurança para o que vai encontrar
e alerta para as dificuldades que terá de ultrapassar. Destaque especial para o
capítulo "Como captar clientes" Parabéns Hugo.”

Luís Pinto
Fisioterapeuta da equipa de futebol profissional do Futebol Clube do Porto

•••

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“Como ser um fisioterapeuta empreendedor”, é um fantástico contributo de
Hugo Belchior à nossa fisioterapia. Conheci-o  ainda    nos tempos da Belpac,
tendo-o reencontrado mais tarde na Bwizer. Conhecer melhor o seu percurso
de vida, só aumentou a admiração que tenho pelo Hugo! 

Este livro, tanto  pode ser visto como  uma  ferramenta valiosa na orientação
dos profissionais que estão a iniciar os seus projetos como, para os mais velhos
como eu, se auto avaliarem e fazerem o switch que acharem necessário para
melhorarem o seu negócio.

Maria João Palmeira


Fisioterapeuta e empreendedora (Movimento Encadeado)

•••

O livro de Hugo Belchior “Como ser um Fisioterapeuta Empreendedor” é,


neste momento, leitura obrigatória para quem quiser iniciar os seus passos
na Fisioterapia Privada, mas também tem opiniões e estratégias importantes
para quem apenas trabalha com doentes.

Trata-se de uma obra que, de forma muito objectiva, foca todos os pontos im-
portantes para definir uma estratégia de intervenção para quem quer iniciar-se
nesta área.

O Fisioterapeuta Hugo Belchior é um homem de sucesso na sua área, demonstra


conhecer como ninguém o actual mercado de fisioterapia, as suas vantagens e
as suas dificuldades e, neste seu livro consegue, de uma forma muito prática,
colocá-las à disposição de todos.

Este livro também me ajuda apesar dos meus 33 anos de prática privada em Fi-
sioterapia.

Olímpio Pereira
Fisioterapeuta e empreendedor (FisioRoma)

•••

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União. Para mim quando se fala do Hugo Belchior e dos seus projectos só me
surge esse termo, União. A sua forma de estar muito particular visa sempre
unir conceitos, contextos e informação. Para mim a informação é a base do
funcionamento de tudo, é aquilo que nunca se perde e sempre se pode ganhar,
e o Hugo tenta reunir o máximo de informação em torno da Fisioterapia. A
criação de uma empresa para partilha de informação, a promoção de vários
encontros de partilhas de experiências entre Fisioterapeutas de diversas re-
alidades, a introdução de forma audaz do conceito de negócio em fisioterapia,
até à junção de toda esta informação neste livro são o exemplo de quão ímpar
tem sido o seu trabalho.

Ricardo Martins
Fisioterapeuta e empreendedor (Fisiomar)

•••

Este livro, generoso contributo do Hugo Belchior para a fisioterapia, coerente


com o espírito empreendedor do seu autor, constitui uma ferramenta útil  para
aqueles que têm as características adequadas mas que necessitam da inspiração
e do exemplo para dar o primeiro passo para lançar a sua empresa.

Rui Macedo
Fisioterapeuta e docente da ESS-IPP. Curiosidade: foi o primeiro director de curso do Hugo
Belchior, na CESPU.

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Apesar do investimento que exigiu, a versão digital deste livro será
distribuída gratuitamente a todas as pessoas que se registem em
www.fisioterapeutaempreendedor.pt.

Peço-lhe portanto que não partilhe a cópia que agora está a ler com
ninguém. Se quiser partilhar o livro – e agradeço-lhe por isso – por
favor remeta para www.fisioterapeutaempreendedor.pt onde o download
de uma nova cópia será possível de forma imediata.

Esta é a forma de manter alguma visibilidade sobre o alcance do livro e


de poder envolver o maior numero possível de pessoas na melhoria deste
projecto.

Obrigado,
Hugo Belchior
ÍNDICE

12 Enquadramento do livro
14 A estrutura do livro
17 A minha história: de fisioterapeuta a empreendedor
25 A emergência das unidades privadas de fisioterapia
27 O empreendedorismo é para mim?
31 Aspectos específicos dos serviços que há que ter em conta
34 O cliente é Rei
37 Como captar clientes
43 O Produto
46 Que preço cobrar
49 Investimento
53 Financiamento: como arranjo dinheiro para investir?
57 Enquadramento legal das unidades privadas de fisioterapia
60 A fartura pode matar mais do que a fome
64 Exemplos de empreendedorismo em fisioterapia
70 Conclusão
71 Agradecimentos
foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo,
decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que
num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver-
mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto
nenhum!

ENQUADRAMENTO
Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@
bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados.

do LIVRO
Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas,
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Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi-


ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles
que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu
caminho e a estruturarem melhor os seus negócios.

Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter
desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto
com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou
assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o
foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo,
decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que
num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver-
mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto
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Nos últimos anos, e com especial destaque nos últimos meses, tenho sido
contactado muito frequentemente por fisioterapeutas, com o intuito de os
ajudar nos seus projectos empresariais.

Imagino que isto se deva a três razões fundamentais. Primeiro, porque eu


próprio sou fisioterapeuta. Segundo, porque sendo fisioterapeuta, levei a
cabo uma mudança de carreira que me conduziu ao mundo das empresas.
Terceiro, porque vou sendo conhecido na comunidade da fisioterapia, desde
logo por causa da Bwizer, empresa líder de mercado na formação avançada
para fisioterapeutas e que conta com milhares de clientes por ano e que me
permite ter contacto com inúmeras histórias e casos de sucesso.

A estas razões creio juntar-se outra: o facto de, na Bwizer, já termos organ-
izado alguns eventos ligados ao tema, e de eu próprio ter sido um dos forma-
dores.

Tudo isto tem levado a que algumas pessoas me vejam como uma fonte po-
tencial de informação e como não me é possível responder, de forma minima-
mente detalhada, a todas as pessoas que me contactam – apesar de que creio
nunca ter deixado de responder a ninguém – decidi desenvolver soluções
que possam ajudar várias pessoas ao mesmo tempo.

Decidi escrever este livro para ajudar aqueles que querem empreender e
não sabem como, tal como aqueles que, tendo já os seus negócios, os quer-
em fazer crescer. Faço-o porque também eu vivi momentos em que sentia
que queria avançar como o meu negócio e estava cheio de dúvidas e receios.
Não sabia o que fazer, por onde começar e tinha medo de como as coisas
poderiam evoluir. Agora, que vou a caminho de 10 anos de experiência com
projectos próprios, sinto que já posso partilhar alguns ensinamentos; coisas
que gostaria muito que alguém me tivesse ensinado quando comecei. Faço-o
ainda porque estou genuinamente convencido que se vivem tempos glorio-
sos para a fisioterapia e que aquilo que hoje se puder fazer para a potenciar,
terá retorno durante muito tempo.

O que aqui partilho é algo que se baseia no meu estudo e na minha ob-
servação. Não pretende ser algo muito detalhado mas é algo que tem o objec-
tivo de ser amplo e, sobretudo, útil.

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a ESTRUTURA
do LIVRO
Para alcançar os objectivos que tracei para este livro, ser útil apresentando
informação que considero ser relevante para quem quer empreender e o quer
fazer com maior possibilidade de sucesso, estruturei-o da seguinte maneira:

• A minha história • começo por descrever o meu percurso para que me


conheça um pouco melhor e para que perceba como é que, de fisioterapeuta,
me transformei em empresário. Talvez se reveja em alguns aspectos.

• A emergência das unidades privadas • reflicto sobre as mudanças que se


têm verificado na fisioterapia e como isso mudou aquilo que os fisioterapeutas
têm que ter para serem bem sucedidos.

• O empreendedorismo é para mim? • neste capítulo tento ajudá-lo a re-


flectir sobre se o caminho do empreendedorismo é o caminho certo para si.

• Aspectos específicos dos serviços • a fisioterapia é um serviço (não é um


produto físico) e isso acarreta algumas especificidades que há que ter em con-
ta. Aqui, descobrirá quais são.

• O cliente é Rei • às vezes os fisioterapeutas esquecem-se que no centro do


processo têm que estar os clientes e não eles próprios. Espero que depois de ler
este capítulo nunca mais se esqueça.

• Captar clientes • a maior angústia de quem pondera criar o seu negócio é


sempre o de saber se conseguirá captar o número suficiente de clientes. Neste
capítulo dou algumas pistas para captar clientes enquanto reforça a sua mar-
ca pessoal.

• O Produto que vai vender • já pensou que as sessões de fisioterapia são um


produto como outro qualquer, cujas características tem que definir em detalhe?
Nesta parte do livro alerto-o para alguns aspectos cruciais a ter em conta na con-
strução do seu produto.

• Preço a cobrar • outra das grandes angústias é a de definir o preço. Recon-


heço que é das decisões difíceis de tomar contudo, deixo aqui algumas ideias
que o vão ajudar.

• Investimento • afinal, o que é isso de um investimento? Como sei qual será


o investimento necessário e como sei se algum dia vou ter retorno? Neste

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capítulo deixo algumas questões para as quais deverá obter resposta no seu
caso em concreto.

• Financiamento • “como posso arranjar o dinheiro de que necessito para


avançar com o meu negócio?” é uma das perguntas que mais me fazem. Não
há soluções miraculosas mas, neste capítulo, deixo-lhe algumas consider-
ações que podem ser bem importantes.

• Enquadramento legal • Os fisioterapeutas em Portugal podem ter o seu es-


paço próprio ou têm que estar enquadrados numa clínica de Medicina Física
e Reabilitação? Sem aprofundar, deixarei algumas notas sobre o enquadra-
mento legal das unidades privadas de fisioterapia.

• A fartura pode matar mais do que a fome • será que isto faz sentido? Leia
este capítulo e veja como vender demais pode ser o princípio do fim...

• Exemplos de empreendedorismo em fisioterapia • num livro em que se fala


de empreendedorismo não podia faltar uma secção com alguns exemplos
reais. Exemplos que escolhi porque considero que podem ter muito a ensi-
nar-nos.

• Conclusão •
• Agradecimentos • este livro implicou o esforço de muitos. Tento não me
esquecer de ninguém nos agradecimentos.

Tem duas formas de ler este livro. Por ordem, aquela que acredito que será a
melhor opção por construir melhor cada conceito, ou saltando directamente
para cada capítulo, se preferir. Espero que desfrute, seja qual for a opção.

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Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi-

MINHA
ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles

a
que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu
caminho e a estruturarem melhor os seus negócios.

HISTÓRIA :
Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter
desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto
com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou

de fisioterapeuta
assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o
foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo,

a empreendedor
decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que
num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver-
mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto
nenhum!

Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@


bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados.

Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas,


através dos seguintes canais: Conclusão:

Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi-


ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles
que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu
caminho e a estruturarem melhor os seus negócios.

Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter
desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto
com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou
assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o
foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo,

17
Nasci a 20 de Março de 1981, no Porto, em Portugal. Escrevo este livro com
35 anos, em 2016. Nestes 35 anos já tive a oportunidade de fazer bastantes
coisas e, quase sempre, divertindo-me ao longo do processo.

Saltando rapidamente para os meus 17 anos, altura em que tive que decidir
que curso frequentar para dar seguimento aos meus estudos superiores, re-
cordo que tinha bastantes dúvidas sobre o que seguir. Era bom aluno mas
não era excelente. Podia entrar em bastantes cursos mas não em todos. A
verdade, contudo, é que a grande angústia que sentia nem era a de, even-
tualmente, não entrar no curso que sonhava. A angústia maior é que não
sabia o que mais me entusiasmava e aquilo que me imaginava a fazer a nível
profissional. Durante aquele último ano antes de entrar no ensino superior,
decidi que a Fisioterapia seria o meu caminho. Tinha já eu tido alguma vez
algum contacto com a fisioterapia? Conhecia eu f isioterapeutas? Nem por
isso. O que acontece é que i. Tinha que decidir alguma coisa e a área da saúde
era a possibilidade mais forte. Ii. Num mundo pré-Google, em 1998, tinha fei-
to umas pesquisas, e começara a achar a fisioterapia interessante, iii. Tinha
uns vizinhos que eram sócios de uma clínica de fisioterapia e, como sabia
disso, perguntei-lhes se seria possível ir visitar a clínica algum dia e passar
lá umas horas para perceber se me entusiasmava. Acederam ao meu pedido
e lá fui eu. Um fisioterapeuta recebeu-me e acompanhei-o umas horas no
seu trabalho. Um fisioterapeuta bem simpático, muito disponível, e que me
deu o empurrão final para seguir fisioterapia. Estava bem longe de saber que
aquele fisioterapeuta, 14 ou 15 anos depois, seria um dos formadores mais
destacados de uma empresa que entretanto criei, a Bwizer. Esse fisioterapeu-
ta é o Alexandre Novais.

E assim, aos 17 anos, entrei em fisioterapia na CESPU, apostado em curtir a


vida, com muita festa e pouco estudo durante, pelo menos, o primeiro ano.
Afinal, não foi bem assim. Por três razões. Primeiro, a seriedade com que me
costumo dedicar às coisas de foro profissional, que é um traço de personali-
dade meu, impediu-me de não me dedicar com afinco desde o primeiro dia
de aulas. Segundo, porque tratava-se de uma escola privada, cara, e quem
a pagava não era eu, eram os meus pais. E, não sei bem porquê, logo nas
primeiras semanas de aulas decidi calcular o preço de cada aula, dada a men-
salidade que pagava. Não me lembro do valor exacto mas lembro-me bem de
considerar que o facto de não ir às aulas significaria que estaria a atirar para
o lixo um valor nada desprezível, ainda por cima dinheiro que não era meu.
Terceiro, rapidamente comecei a gostar das aulas e do curso. E, de repente,

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estava claramente dedicado ao curso e, afinal, ainda tinha tempo para me
divertir e até para participar em actividades associativas que, 4 anos depois,
no último ano do curso, me haveria de conduzir à presidência da Associação
Nacional de Estudantes de Fisioterapia.

Estudei bastante e rapidamente me coloquei um objectivo, terminar o curso


com uma média final de 17 valores. No final do primeiro ano não fiquei satis-
feito com algumas notas pelo que decidi fazer uma série de exames de mel-
horia na época de Setembro. Consegui subir vários valores em quase todas os
exames e isso revelou-se fundamental para que, 4 anos depois, terminasse o
curso com a almejada média de 17 valores e que me valeu, ainda por cima, o
prémio de melhor aluno do meu curso e um cheque de €1.000 em formação
que, curiosamente, nunca utilizei.

Importa dizer que, naquela época, a fisioterapia se tinha transformado numa


licenciatura bi-etápica, o que significa que depois de 3 anos de bacharelato se
podia fazer mais um ano, conducente ao grau de licenciado (hoje já não é
assim; a fisioterapia é uma licenciatura normal, de 4 anos). Isto levou a que
no final do 3º ano, então com 20 anos e tendo já feito o meu programa de
intercâmbio internacional de 3 meses em Valência (Espanha), com o meu
bom amigo Sérgio Simões, fosse convidado para substituir um fisioterapeu-
ta numa das clínicas de maior fama da época, a MEFIREA, convite feito di-
rectamente pelo seu director clínico, também director clínico do serviço de
Medicina Física e Reabilitação do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos,
onde tinha completado o meu último estágio do curso. Para que tenha uma
noção do tempo, foi num desses dias de substituição do colega mais velho
que caíram as torres gémeas em Nova Iorque, na sequência dos cruéis aten-
tados terroristas da Al-Qaeda.

Naquela altura estava a recolher dados para a minha monografia de 3º ano


– tinha-me proposto avaliar os níveis do Síndrome de Burnout nos fisiotera-
peutas do distrito do Porto – e isso levou-me a calcorrear o distrito durante
umas semanas quentes de verão, a distribuir questionários a dezenas de fi-
sioterapeutas. Foi penoso – e o meu velho carro não tinha ar condicionado
– mas foi muito útil conhecer, no terreno, o mercado das clínicas de fisioter-
apia. E, cereja em cima do bolo, numa dessas clínicas, em Felgueiras, o dono
perguntou-me se não queria lá trabalhar. Respondi-lhe que naquela altura
não podia decidir porque estava na redacção da monografia mas que iria ter
em conta o convite. Confesso que foi apenas uma resposta simpática porque

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não me estava a imaginar ir todos os dias de Leça do Balio (Matosinhos), onde
vivia, até Felgueiras. Mal eu sabia que pouco tempo depois seria precisa-
mente lá que começaria a trabalhar e que, anos mais tarde, já muito depois
de deixar a prática clínica, a pessoa que me fez a tal proposta haveria de ser
meu cliente. Foi o José Freitas, hoje um cliente assíduo da Bwizer.

Acontece que o meu contacto com a realidade profissional foi bem menos en-
tusiasmante do que eu imaginara e, portanto, rapidamente concluí que não
pretendia manter aquele registo toda a vida. Concluí isto ainda com 20 anos
e muito pouco tempo depois de começar a trabalhar. Por razões relacionadas
com o início do 4º ano do curso – que decorria em horário pós-laboral – tive
que sair daquela clínica, que ficava demasiado longe. Rapidamente arranjei
emprego em Paredes, numa clínica de Medicina Física e Reabilitação. E foi a
desilusão absoluta! Era uma clínica com algumas (poucas) pessoas simpáticas
mas com um funcionamento anacrónico, de fraca qualidade e entediante.
Essa circunstância teve contudo um aspecto muito positivo: ajudou-me a
concluir, em definitivo, que a fisioterapia não era o meu caminho de longo
prazo. E eu, que gostara tanto do curso...

Apesar da má experiência que tive, e dos momentos de desalento por que


passei – coisa muito rara em mim, lembro-me de acordar alguns dias sem
vontade de ir trabalhar – estou certo que desempenhei o meu trabalho com
profissionalismo, aliás reconhecido numa carta de recomendação que trouxe
quando saí da clínica alguns meses volvidos, para ingressar num projecto
completamente diferente, num “gabinete” de fisioterapia na cidade do Porto.

Foi assim que entrei no Gabinete de Fisioterapia do Jorge Ribas, fisiotera-


peuta afamado da cidade, com uma clientela invejável. O Jorge Ribas tinha
o mérito – e tem – de ter sido dos primeiros fisioterapeutas a abrir o seu
próprio espaço e a trabalhar com imensa autonomia. Era um indivíduo mui-
to competente e respeitado e aprendi bastante com aquela experiência, no-
meadamente a nível domiciliário, os serviços que eu mais assegurava. Não
obstante a grande melhoria de condições que vivenciara, a experiência não
se traduziu num aumento brutal do meu prazer. Gostava da fisioterapia – e
gosto – mas não me via propriamente como fisioterapeuta.

Como esta sensação se apoderara de mim há já algum tempo, fui dedicando


tempo e esforço a procurar descobrir o meu caminho. E acontece que a res-
posta sempre lá tinha estado. Eu só precisava de me escutar melhor.

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Desde adolescente, tinha uma espécie de fascínio por histórias de em-
preendedores, de empresários, de pessoas que criavam coisas, sobretudo coi-
sas marcantes. Lembro-me de me entusiasmar com aquelas histórias e de me
imaginar a vivê-las. Aliás, nos últimos anos do ensino secundário tinha uma
espécie de ficheiro secreto no meu computador com uma lista de negócios
que achava interessantes e que queria um dia lançar. Não sei onde foi parar
esse ficheiro mas tinha alguma curiosidade em o recuperar. Não pelas ideias
que lá estavam vertidas mas pelo início do processo que deixavam antever.
Esse ímpeto empreendedor esmoreceu um pouco durante os primeiros anos
do curso de Fisioterapia mas nem aí desapareceu completamente.

Aliás, durante o primeiro estágio do terceiro ano, altura em que ia para


Guimarães todos os dias para estagiar no hospital local, havia dias em que
pegava no meu velho carro e ia até Ponte de Lima, onde estava a estagiar o
meu bom amigo Manuel Paquete, para uma noite de copos, com regresso
a Guimarães na manhã seguinte. E, se a memória me não falha, foi numa
dessas noites que os dois, talvez animados pelo verde branco de uma tasca
onde íamos sempre jantar, lançámos as bases daquele que seria o primeiro
projecto empresarial de ambos, a Belpac, nome estranho mas que resultava,
com alguma imaginação, da junção dos nossos apelidos: Belchior e Paquete...
Enfim, reconheço que o processo não foi particularmente rebuscado mas, as-
sim foi! Tudo isto, note-se, foi ainda durante o curso, antes de ter trabalhado
nos locais que já referi e de ter chegado à conclusão que não queria ser fisi-
oterapeuta.

O meu processo de reflexão foi-se aprofundando e concluí que queria


avançar com o meu negócio próprio. Sentia contudo que não sabia o sufi-
ciente para me lançar logo nessa aventura. Isso levou-me a concluir que se-
ria útil aprender mais algumas coisas antes de um passo desses.

Foi assim que me decidi candidatar a um MBA (master in business admnis-


tration) que não é mais do que uma formação pós-graduada em gestão, tipi-
camente procurada por pessoas que querem catapultar as suas carreiras no
mundo da gestão.

Identifiquei a business school onde queria fazer o meu MBA, a EGP, actual
PBS (Porto Business School) e lá me candidatei. Era muito novo, talvez novo
demais – tinha 22 anos – quando iniciei o MBA, depois ter abandonado o

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emprego seguro no gabinete do Jorge Ribas. Era o mais novo aluno de toda a
escola (havia mais cursos para além do MBA) e, como seria de esperar, o úni-
co fisioterapeuta. Aliás, creio mesmo ter sido o primeiro fisioterapeuta por-
tuguês a fazer um MBA em full-time. Lembro-me bem dos olhares inquisi-
dores de alguns colegas, sobretudo dos mais experientes, quando percebiam
que para além de só ter 22 anos, era fisioterapeuta! Aqueles tempos iniciais
não foram nada fáceis até porque não tinha quaisquer bases daqueles te-
mas e tinha um domínio muito rudimentar de ferramentas matemáticas, tão
necessárias em várias disciplinas. Seja como for, cedo meti na cabeça que, tal
como os outros, iria conseguir concluir o MBA, e com notas decentes, o que
viria a acontecer. Esse processo foi facilitado por colegas muito mais sabe-
dores do que eu e até solidários, e que recordo com carinho.

O MBA foi uma experiência muito marcante por tudo o que aprendi, pelo
enorme desconforto a que me sujeitou, pela superação, pelo networking e
até porque até certa altura, validou socialmente a minha mudança de car-
reira. Para além de tudo isso, estava longe de imaginar na altura que um dos
colegas, um dos alunos mais brilhantes, o José Vidrago, haveria de se tornar
meu sócio.

De todo o modo, ao longo daquele ano não fazia ideia do que poderia fazer
no fim do MBA... Estava bastante apreensivo, devo confessar.

Mas os deuses estavam comigo e na recta final do MBA surgiu a possibili-


dade de integrar um processo de recrutamento para a Optimus (empresa de
telecomunicações que entretanto se fundiu com a ZON criando a NOS), para
um lugar de gestor de projectos na área do desenvolvimento comercial. Do
MBA, estávamos 3 na corrida. Acabei por ser eu o seleccionado, a par de dois
jovens engenheiros, e assim, aos 23 anos, entrei no mundo das telecomuni-
cações e deixava definitivamente para trás a fisioterapia como profissão.

Aprendi imenso na Optimus – foi um verdadeiro MBA prático – e fui evoluin-


do na empresa. A certa altura era gestor comercial e chefiava uma equipa de
pessoas mais velhas do que eu. Cometi imensos erros mas agora, olhando
para trás, apesar das vítimas circunstanciais, percebo que foi um processo
fundamental para o meu próprio desenvolvimento enquanto gestor e líder.
Entretanto, era tempo de sair da Optimus – o corpo pedia-me uma experiên-
cia como empreendedor – e foi assim que larguei tudo para me dedicar à Bel-
pac, empresa que co-fundei com o Manuel Paquete. Despedi-me da Optimus

22
em Dezembro de 2006. Tinha 25 anos e muita ambição.

Naquela altura, a dúvida que se me colocava era se deveria abandonar tudo


o que já tinha, nomeadamente um salário, e abraçar o...nada! Tinha clara
noção do enorme risco que enfrentava mas percebi que tinha muito mais
receio de um dia olhar para trás e de me arrepender por não ter feito o que
sentia que queria fazer, do que tentar e não conseguir. Isso tornou a decisão
surpreendentemente fácil e nunca me arrependi, apesar de tantos momen-
tos difíceis que entretanto vivi.

percebi que tinha muito mais receio de um dia


olhar para trás e de me arrepender por não
ter feito o que sentia que queria fazer, do que
tentar e não conseguir.

A Belpac nasceu como uma empresa de serviços domiciliários sob a marca


Fisio Domus, actividade a que cedo juntou a prestação de serviços de fisioter-
apia, terapia da fala e terapia ocupacional a outras empresas que nos subcon-
tratavam. Depois de uns primeiros anos duríssimos, praticamente sem cli-
entes – e eu sem qualquer rendimento, gastando aquilo que poupara durante
os temos na Optimus – as coisas começaram a estabilizar um pouco mais e,
hoje, somos uma empresa que presta mais de 15.000 horas de serviços por
ano, com receitas históricas acumuladas superiores a 1,5 milhões de euros.

A Belpac ajudou-me, por um lado, a conhecer bem o potencial e as limitações


dos serviços domiciliários e, por outro, a conhecer as restrições e as vanta-
gens de um serviço mais tradicional, em contexto de residência geriátri-
ca/unidade de cuidados continuados. Passaram já pela Belpac dezenas de
prestadores de serviço, o que me foi também muito útil para entender como
recrutar, seleccionar e formar profissionais de saúde, tendo sido confronta-

23
do com inúmeros erros meus que me deram lições dolorosas mas úteis. A
Belpac foi também fundamental para melhorar as minhas competências de
gestão de tesouraria, apesar de reconhecer que as competências financeiras
nunca serão o meu factor distintivo.

Mas aquilo que a Belpac mais me proporcionou foi a consciência de que é


possível abrir uma empresa, pô-la a funcionar do zero e ganhar dinheiro
com isso, ao mesmo tempo que fazemos coisas relevantes para a sociedade.

Essa constatação – ainda em fase embrionária – levou-me a desenhar um


outro modelo de negócio e a fazer disso uma nova empresa. Foi assim que em
2008 nasceu a Bwizer, hoje líder em formação avançada para fisioterapeutas
em Portugal, pese embora operar também noutros sectores. Na Bwizer tra-
balham hoje 10 colaboradores, temos um volume de negócios anual consist-
entemente acima de 1 milhão de euros, organizando mais de 300 eventos por
ano que movimentam mais de 6.000 inscrições. Uma das coisas fantásticas
da Bwizer é que é a prova viva que os fisioterapeutas podem fazer coisas dif-
erentes da fisioterapia técnica, ainda que fazendo uso do seu conhecimentos
de saúde como um factor distintivo. Dos 10 colaboradores da Bwizer, 9 são
licenciados em fisioterapia mas trabalham hoje em áreas como o marketing,
as vendas, as operações e a gestão geral.

É portanto com base na minha experiência académica e profissional que vou


partilhar consigo algumas considerações fundamentais para quem se quer
lançar no mundo dos negócios ou para quem, já lá estando, quer reflectir
sobre o caminho que tem seguido e quer potenciar os seus resultados.
Conto consigo nesta viagem.

24
decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que
num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver-
mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto
nenhum! a EMERGÊNCIA
das UNIDADES PRIVADAS
Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@
bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados.

de aFISIOTERAPIA
Poderá continuar seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas,
através dos seguintes canais: Conclusão:

Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi-


ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles
que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu
caminho e a estruturarem melhor os seus negócios.

Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter
desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto
com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou
assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o
foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo,
decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que
num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver-
mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto
nenhum!

Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@


bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados.

Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas,


através dos seguintes canais:Quando decidi escrever um sobre empreende-
dorismo em Fisioterapia, a minha ideia era escrever uma coisa bem simples e

25
Se esteve atento ao mercado da fisioterapia em Portugal nos últimos anos,
ter-se-á apercebido de duas tendências fundamentais. A primeira, teve que
ver com a pressão financeira que atingiu as unidades convencionadas de Me-
dicina Física e Reabilitação (MFR), fruto das dificuldades financeiras do Es-
tado. Realçaria 3 medidas que contribuíram para o aperto financeiro destas
unidades: o aumento das taxas moderadoras, a redução do número de P1s a
que cada paciente tem direito e a redução da subsidiação nos transportes de
doentes. Tudo isto contribuiu para a redução das receitas daquelas unidades
pelo aumento das barreiras à procura. A segunda tendência é o aumento
marcado do número de unidades privadas de fisioterapia, tradicionalmente
designadas por gabinetes de fisioterapia. Este crescimento, aliás, não será in-
dependente da primeira tendência que descrevi.

Estando estes fenómenos mais ou menos ligados, é inegável o aumento dos


fisioterapeutas que trabalham em unidades próprias, sem qualquer con-
venção e vivendo portanto no mercado livre ou seja, no mercado em que o
cliente escolhe directamente o prestador, pagando-lhe a totalidade do preço,
um preço não subsidiado. Não constatar este fenómeno é não perceber para
onde evolui a fisioterapia. E a fisioterapia parece-me claramente evoluir
para um mercado liberal, saindo do registo tradicional das clínicas MFR con-
vencionadas e dos hospitais públicos.

Há ainda um outro fenómeno que importa aqui constatar: a entrada em


massa de fisioterapeutas em locais onde antes não existiam, quer por sub-
stituição de elementos com menor formação, quer pelo surgimento de no-
vas oportunidades. E, neste capítulo, destacaria os clubes desportivos sem
esquecer as residências geriátricas e até as unidades de wellness (veja-se, a
título de exemplo, a aposta do Holmes Place na fisioterapia).

Este movimento está a mudar a relação do mercado com a fisioterapia e com


os fisioterapeutas, ao mesmo tempo que coloca novos desafios a estes profis-
sionais, que têm que se adaptar a uma prática de crescente autonomia, bru-
tal exigência de resultados e menor enquadramento institucional, o que põe
uma tónica muito marcada no conhecimento e na formação. Estes desafios
têm-se revelado perfeitos para alguns e uma grande angústia para outros.

Acredito que a tendência da liberalização da fisioterapia veio para ficar e é


nesse pressuposto que este livro é escrito, com o objectivo de ajudar os fisi-
oterapeutas a melhor se adaptarem a este contexto.

26
o EMPREENDEDORISMO
É para MIM?

27
Parece estar a ficar na moda ser empreendedor e isso é muito positivo para
uma cultura como a nossa que, tradicionalmente, não é muito promotora do
risco, da inovação e da livre concorrência.

Mas se a promoção do empreendedorismo é algo positivo, acredito que nem


toda a gente tem as características que lhe permitirão ser um empreendedor
com o mínimo de êxito. Deixo claro que não acredito na romantização do
empreendedor como um super-homem contudo, há coisas óbvias que um
empreendedor, nomeadamente aqueles que começam do zero, sem grande
apoio financeiro ou mesmo nenhum, têm que ter. Destacaria a resiliência, a
capacidade criativa, o foco na execução e a confiança para avançar mesmo
se o contexto não for o mais cómodo.

Começando pelo último ponto, a confiança, chamo a sua atenção para o facto
de que quem faz, quem faz diferente e, sobretudo, quem tem algum sucesso,
tende a ganhar alguns ódios de estimação. Não é inevitável que isto acon-
teça mas é altamente provável pelo que, se não tem o estofo necessário para
saber lidar com críticas, sobretudo as injustas, pense bem se quer ter um
projecto que o venha a pôr em confronto com situações destas.

quem faz, quem faz diferente


e, sobretudo, quem tem algum
sucesso, tende a ganhar alguns
ódios de estimação.

A resiliência de um material refere-se à sua capacidade de dobrar sem que-


brar e uso-o aqui como uma analogia à capacidade de resistência à adversi-
dade. É a capacidade de aguentar o embate mesmo quando tudo parece cor-

28
rer mal. Esta característica não deve contudo ser confundida com teimosia
e incapacidade de aceitar a realidade. Se tudo apontar para o fracasso do seu
projecto, seja inteligente e livre-se dele rapidamente, em vez de o levar por
diante só por teimosia. De todo o modo, meta desde já uma coisa na cabeça:
nem tudo vai correr bem e, por isso, ou tem resiliência ou vai fracassar.

A criatividade tem que ver com a capacidade de criarem formas novas de


fazer as coisas e de antecipar o futuro. Se se limitar a fazer tudo aquilo que
todos fazem, sem mais, vai ser mais difícil.

se se ficar pelo sonho e pela


idealização, nunca será um
empreendedor. O empreendedor
define-se pela capacidade de
transformar um sonho em realidade.

Deixei a capacidade de execução para o fim por considerar que é a mais im-
portante. Um empreendedor não é (só) um sonhador. Está claro que importa
ter um sonho, uma visão que quer alcançar contudo, se se ficar pelo son-
ho e pela idealização, nunca será um empreendedor. O empreendedor de-
fine-se pela capacidade de transformar um sonho em realidade. Empreender
é construir, é levar a cabo e, portanto, se é daquelas pessoas que fala muito,
está sempre a dizer que um dia vai fazer mas os dias sucedem-se e nunca
faz, pense bem se ser empreendedor é mesmo para si. Um funcionário de
uma empresa pode, e deve, ter um postura empreendedora mas, por norma,
a empresa não dependerá do seu empreendedorismo para avançar; já num
negócio próprio tudo é diferente e, goste ou não, ninguém vai trabalhar por
si... E é bom que não seja daquelas pessoas que põe nos outros a culpa dos

29
seus insucessos porque se não tiver capacidade de auto-análise e de se pôr
em causa e às suas acções, dificilmente conseguirá contornar os problemas
que certamente vai encontrar. E sabe que mais? Alguns desses problemas
vão ser culpa sua. E porquê? Porque errar faz parte do processo e ninguém
nasce ensinado.

•••

Para reflectir:

Tem o que é preciso para se lançar numa aventura destas?

30
curta, abordando apenas dois ou três aspectos fundamentais contudo, à me-
dida que ia escrevendo fui-me entusiasmando e acabei por escrever algo que,

ASPECTOS
estando longe de ser exaustivo, é mais alargado do que o plano inicial. E isso
implicou um maior investimento de tempo e, desde logo por isso, um impacto
maior no meu trabalho diário que só não teve reflexos negativos na Bwizer

ESPECÍFICOS dos
pelo excelente trabalho da nossa equipa, a quem faço o primeiro agradecimen-
to. A empresa não existiria hoje sem o trabalho dedicado de tantos e, por isso, é
mais do que devido este meu agradecimento.

SERVIÇOS
Agradeço também a simpatia das pessoas a quem fiz referência ao longo do,

QUE HÁ QUE
nomeadamente os casos que descrevi sucintamente – e sem lhes fazer toda
a justiça merecida – por permitirem a divulgação dos seus projectos e, mais
importante, por serem tão inspiradores.

TER em CONTA
É devido um agradecimento às várias pessoas que reviram detalhadamente
o texto e que fizeram correcções e sugestões de melhoria bem importantes,
nomeadamente o Manuel Paquete e o José Vidrago, meus sócios na Bwizer.
Agradeço também a X e Y pelo trabalho gráfico que tiveram na montagem e
edição do.

Por fim, agradeço a todos os clientes, parceiros, fornecedores, prestadores de


serviço e colaboradores que já tive na Bwizer e na Belpac. Sem eles teria sido
impossível aprender o que quer que fosse e este texto nunca teria sido escrito.
Tem sido uma caminhada com altos e baixos mas uma caminhada que tem
valido bem a pena percorrer.

31
Vender serviços de fisioterapia, como qualquer serviço, é diferente de vend-
er milho, carros ou móveis. Trata-se de um serviço e os serviços têm algumas
características que os tornam diferentes dos produtos físicos e os tornam es-
peciais.

Já reparou que um serviço de fisioterapia não pode ser palpado, provado ou


armazenado? É óbvio que não pode, uma vez que não tem uma existência
física. Trata-se da característica da intangibilidade. E o curioso disto é que, ao
contrário de um produto, o cliente não o pode tocar e, depois de o comprar,
não o pode levar para casa; o serviço esgota-se no momento em que é presta-
do. Com o consumo do serviço, o cliente fica apenas com o resultado e com
uma recordação. Deve ter em conta esta característica dos serviços na hora
de preparar e entregar o seu. De todo o modo, pode ser útil tentar tornar
o serviço um pouco mais tangível para o cliente, para que aumente a sua
valorização. Uma forma simples de o fazer é associar-lhe algo físico ou algo
que prolongue a experiência de consumo. Uma aplicação de Kinesio Tape,
uma folha com os exercício prescritos para casa ou o acesso a um programa
de software onde esses exercícios estejam descritos, são tudo formas de con-
seguir aquele efeito.

Mas há mais! Já pensou onde começa o serviço de fisioterapia e acaba o fi-


sioterapeuta? Posto de outra forma: será que o serviço é o próprio fisioter-
apeuta e o seu trabalho? Ainda que considere que um serviço inclua toda a
experiência do cliente e que, por isso, não haja uma sobreposição total entre
aquilo que é o fisioterapeuta e o serviço que o cliente consome, é óbvio que
há uma absoluta inseparabilidade entre aquilo que é o prestador e o serviço
por si prestado; o serviço é assim consumido no exacto instante em que é
produzido. Isto levanta desafios imensos porque pode ter uma dependên-
cia excessiva dos profissionais com quem trabalha, denotada desde logo pelo
facto de os seus clientes exigirem ser tratados por um fisioterapeuta em
particular, seguindo-o se ele for trabalhar para outro local. Por outro lado,
esta característica protege-o da concorrência uma vez que torna a sua oferta
muito mais dificilmente replicável. A variabilidade é outra característica que
merece ser tida em consideração. A variabilidade traduz a variação poten-
cial do serviço de acordo com o momento em que é prestado, ou o estado de
espírito de quem o presta, por exemplo. É uma característica fácil de com-
preender se pensar que o serviço que presta, enquanto fisioterapeuta, pode
variar, por exemplo, com o momento do dia, dado o estado de cansaço que
tenha.

32
Todas estas características dos serviços são circunstâncias que deve ter em
atenção quando pensar naquilo que vai apresentar ao seu cliente e na forma
como vai estruturar o seu negócio, desde logo na dimensão de relação com
o cliente.

33
o CLIENTE
É REI

34
Não assuma que conhece o cliente
tão bem que não precisa de lhe
perguntar nada. Isso é arrogância e,
por norma, nos negócios a arrogância
paga-se cara.
Parece um cliché dizer que os clientes têm que ser bem tratados mas nunca
é demais repetir e é importante pensarmos criticamente no que traduz um
bom serviço ao cliente. A primeira coisa para que o alerto é que, em bom rig-
or, não sabe se o cliente está ou não satisfeito...se não lhe perguntar! Não as-
suma que conhece o cliente tão bem que não precisa de lhe perguntar nada.
Isso é arrogância e, por norma, nos negócios a arrogância paga-se cara. Ava-
lie os aspectos que mais podem influenciar a percepção do seu cliente, desde
o tempo de espera à simpatia dos funcionários, passando pelo conforto das
instalações aos procedimentos administrativos, por exemplo. Repito: nunca
assuma que sabe mais do cliente do que realmente possa medir.

É pois fundamental trabalhar no sentido da satisfação do cliente porque


apenas clientes satisfeitos serão, potencialmente, clientes fiéis. Clientes fiéis
são fonte de boca a boca positivo, garantem receitas recorrentes e são mais
baratos – a nível da captação – que novos clientes. A fidelização tem que ser
um desiderato do seu negócio e isso, lembre-se, só se consegue na sequência
de satisfação.

Deverá portanto pensar em coisas como os canais que os seus clientes terão
para marcar consultas e para o contactar, deverá definir como será o seu es-
paço e que tipo de privacidade proporcionará, se será open space ou em gabi-
nete individual por exemplo; terá que definir se cumpre horários de consulta
com rigor ou se, por outro lado, poderá ser aceitável deixar que haja atrasos.
Deverá pensar se faz uma chamada pós-consulta a todos os clientes e quem
a faz. Poderá ainda decidir se recebe o seu cliente com algum mimo especial
(ex. um chá) ou se não tem nada disso, nem sequer umas garrafas de água na

35
sala de espera. Deverá definir se o cliente pode pagar com vários meios (ex.
MB e cartão de crédito) ou se só aceita dinheiro vivo.

Repare como há uma infinidade de detalhes que influenciarão a percepção


da qualidade do seu serviço. Tem que decidir como os quer gerir e tem que
ser consistente nessa gestão. E, uma vez implementada uma determinada
política de gestão da relação com o cliente, deverá ser humilde o suficiente
para a ajustar se os resultados dos seus questionários de satisfação não esti-
verem em linha com os objectivos a que se propôs.

36
COMO CAPTAR
CLIENTES

37
A elaboração deste livro foi precedida de um questionário sobre empreende-
dorismo em fisioterapia que partilhei com uma série de pessoas, sobretudo
através das redes sociais. Das largas dezenas de pessoas que tiveram a ama-
bilidade de responder, ficou claro que a principal preocupação e o principal
receio na hora de se decidirem por um projecto próprio se centrava na cap-
tação de clientes ou, posto de outra forma, no risco de não conseguirem os
clientes necessários.

Está bem de ver que nunca se consegue eliminar totalmente o risco de nen-
hum projecto empresarial.

•••
O risco é indissociável de qualquer actividade humana, com destaque para
a actividade empresarial pelo que, se não tiver tolerância ao risco, quererá
talvez reconsiderar a sua opção pelo empreendedorismo.

Tenha em atenção que a única coisa que um gestor realmente gere é o grau
de risco a que se quer expor, sendo uma mera ilusão a gestão das receitas.
Por esta razão, deverá gerir as coisas por forma a que não incorra em mais
risco daquele que pode suportar. E digo-lhe isto a propósito da captação de
clientes porque é evidente que são os clientes a sua fonte de receitas e que,
sem clientes, não terá quaisquer receitas. Mas antes de se aterrorizar com a
perspectiva de não captar clientes, tem que pensar em duas coisas. Primeiro,
que clientes quer captar. Segundo, quantos tem que captar, no mínimo, para
que o seu negócio seja rentável.

Saber que clientes captar é importante na medida em que dificilmente (e


desejavelmente, aliás), o seu serviço será um serviço adequado a TODO o
mercado. Será talvez só para mulheres, ou só para homens; será porventura
para crianças ou só para adultos. Será para pessoas endinheiradas ou nem
por isso. Será para quem quer um tratamento VIP ou pelo contrário, para
quem valoriza mais o preço baixo. Há uma infinidade de mercados, como vê.
Tem que saber para quem se destina o seu produto e, uma vez sabendo, tem
que ir atrás dessas pessoas.

Quanto ao número mínimo de clientes que tem que captar para não perder
dinheiro a cada mês, é um cálculo que lhe sugiro que aprenda a fazer, uma
vez que deve ser o seu objectivo mínimo mensal. Para calcular este indicador

38
deverá saber exactamente qual o seu custo fixo mensal e saber qual a mar-
gem média da sua venda (a margem é a diferença entre o preço que cobra e
os custos variáveis associados a essa venda). Uma vez tendo estes dados, bas-
tará dividir o custo fixo total pela margem unitária, obtendo assim o valor,
em número de vendas, que tem que alcançar para cobrir os seus custos fixos
e, logo, para não perder dinheiro. *

Posso dizer-lhe que, na Bwizer, esse número é calculado ao dia e acompan-


hado em permanência e assim, cada pessoa que lá trabalha sabe, no fim de
cada dia, se a empresa gerou as receitas necessárias para suportar o custo do
dia, ou não. É um motivador poderoso para correr um pouco mais...

Mas então, como captar clientes?

Considero o negócio da fisioterapia como um negócio de confiança isto é, aq-


uilo que as pessoas mais valorizam, sobretudo em serviços não convencio-
nados e mais diferenciados, é o grau de confiança que possam depositar no
seu fisioterapeuta. Isto não é de estranhar, uma vez que as pessoas tendem a
recorrer à fisioterapia em situações de fragilidade e, para além disso, os trata-
mentos envolvem toque físico, muitas vezes com o paciente meio despido.
Saia da sua pele de fisioterapeuta por um momento e reconheça que se trata
de uma situação que, de confortável, tem pouco. Saber que a confiança – e a
credibilidade – são factores fundamentais na hora de escolher um fisiotera-
peuta, ajuda a melhor preparar um plano comercial porque, parafraseando
ad contrarium um conhecido publicitário brasileiro e adaptando à fisiotera-
pia, vender fisioterapia não é como vender um detergente.

Creio pois que um fisioterapeuta que pretenda actuar em regime liberal deve,
antes de mais, apostar na criação da sua marca pessoal e do seu posiciona-
mento. E, nos tempos que correm, uma adequada utilização das redes soci-
ais é a forma mais fácil e mais poderosa para o fazer. Diria que há 3 redes
incontornáveis em Portugal, o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Poderá

*
• custo fixo mensal (CF): custos que tem que suportar a cada mês, independentemente das vendas que faça.
Inclui coisas como salários fixos e renda, por exemplo.
• Margem (bruta) (MB): preço – custos da venda (custos em que incorre em cada venda – ex. Material consumível)
• número de vendas mensais a fazer para não perder dinheiro: trata-se do chamado “BEP – break-even point”.
BEP = CF/MB

39
também ponderar o Snapchat contudo, no nosso país, neste momento, os 3
primeiros parecem-me os mais importantes a não ser que o seu público seja
adolescente e, nesse caso, o Snapchat ganha uma relevância adicional.

O importante é definir que posicionamento quer ter e, depois, ser consist-


ente com esse objectivo e ir partilhando com os seus seguidores conteúdo
relevante que contribua para o tal posicionamento e que reforce a sua no-
toriedade e autoridade.

Recorde que “posicionamento” não é mais do que a forma como os outros, des-
de logo os seus potenciais clientes, o vão ver; a percepção que vão ter de si.

Conselho: não invente uma personagem; seja genuíno.

Como tudo que tem um lado positivo, há também um lado negativo nas re-
des sociais, que é a forma potencialmente viral como algum momento de
infelicidade pode ser propagado. Tenha muito cuidado na forma como gere o
seu comportamento público porque toda a sua credibilidade pode ser arru-
inada com um momento infeliz, por mais injusto que possa ser.

A par das redes sociais, que ajudarão a construir a sua marca pessoal, deverá
ponderar outras formas de divulgar os seus serviços. Recordando aquilo que
dizia atrás, sobre a confiança, fica fácil de perceber que o canal de promoção
que melhor se ajusta a esta característica é o boca-a-boca, fenómeno que se
caracteriza pela partilha de informação entre as pessoas, de forma directa.
Neste caso, bem entendido, refiro-me a um boca-a-boca positivo. Ora, para
promover o boca-a-boca positivo tem que satisfazer o cliente (ver o capítulo ”o
cliente é Rei”) mas, naturalmente, há primeiro que os captar. Uma das formas
que poderá seguir é o de promover os seus serviços junto de uma base de cli-
entes mais próxima, nomeadamente amigos e familiares, para tentar daí des-
encadear este fenómeno. Devo contudo dizer que sou algo céptico em relação
aos amigos e família porque é fácil haver uma perspectiva menos profissional
e isso não resolverá nada. Lembro-me que quando lancei a Belpac fiz algumas
tentativas nesse sentido e, salvo erro, foram todas um fracasso.

Talvez queira, em alternativa, promover a experimentação dos seus serviços,


eventualmente com oferta da primeira sessão/sessão de avaliação. Poderá

40
chegar a estes clientes através de parcerias com ginásios, grupos de running,
sessões de rastreio, etc. O importante é começar a tratar algumas pessoas.
Depois, é uma questão de brilhar e de impactar. Se o conseguir, tem tudo
para fidelizar essas pessoas, que vão depois gerar mais boca-a-boca positivo
e potenciar as suas vendas. Tem é que ter alguma paciência porque as coisas
não acontecem de um dia para o outro. (Sugestão: não se compare logo com
quem está no mercado há mais tempo, porque essas pessoas já tiveram o
tempo para potenciar este fenómeno).

Uma alternativa muito válida é a de ganhar notoriedade por conta de ou-


trem, ir criando uma base de clientes/fãs que depois o procurarão quando
tiver o seu próprio espaço. Poderá trabalhar no gabinete de um colega antes
de abrir o seu – tenha atenção àquilo que acordar com essa pessoa, nomead-
amente a nível de não concorrência; outra opção é de trabalhar num clube
desportivo já que os clubes costumam ser um palco interessante para ganhar
traquejo, visibilidade e contactos.

Ainda outra opção é de fazer alguma publicidade “tradicional”, com dis-


tribuição de flyers, por exemplo. Pelas razões que expus atrás, e por ex-
periência própria, não tenho uma opinião favorável sobre este tipo de acções
contudo, poderá fazer alguns testes; não acredite em tudo o que lhe digo! O
que lhe posso sugerir é que meça bem os resultados de cada acção, registan-
do o investimento que implicou, por um lado, e identificando qual o canal
responsável pela captação de cada cliente, registando ainda a margem gera-
da para verificar se aquele investimento foi rentável ou não. Se for, replique.
Se não for, e se verificar que o problema esteve em algum componente da
execução, tente corrigir esse problema. Se vir que, pura e simplesmente, não
há resultados, então pare com essa promoção. (Cliché para memorizar: if you
have to fail, fail fast).

Canais mais massificados e mais caros, como TV e Rádio, não são canais ad-
equados para este tipo de negócios, de âmbito local e de pequena dimensão.
Poderá optar por rádios locais mas, tal como sugeri para a questão dos flyers,
se o fizer meça os resultados! Aliás, medir os resultados de qualquer acção
comercial é o mínimo que tem que fazer, se quiser ter uma gestão compe-
tente.

Em resumo: ao estruturar a sua política comercial deverá ter consciência


daquilo que os clientes mais valorizam, e deverá saber que clientes pretende

41
captar. Deverá sempre medir os resultados e não deverá fazer investimen-
tos que não possa suportar. Deverá sobretudo apostar naquilo que possa
contribuir para a construção da sua marca pessoal, confiando depois no bo-
ca-a-boca que resultará do seu bom trabalho e do seu foco no cliente.

42
o PRODUTO

43
o que vai vender e aquilo que os clientes
avaliarão, vai para além do que muitas vezes
os fisioterapeutas pensam que é a “totalidade”
do que apresentam ao mercado, as suas
competências técnicas.

Este capítulo está aqui para o ajudar a reflectir sobre o produto que vai apre-
sentar. Reparará que no capítulo “aspectos específicos dos serviços que há
que ter em conta” usei a designação “serviço” e não “produto”. A partir daqui,
ao “serviço” chamarei “produto”. Apesar de, tecnicamente, a designação mais
correcta ser “serviço”, considero que a designação “produto” torna mais clara
a ideia que aqui quero abordar: que aquilo que vai vender é um produto
como outro produto qualquer e que, por isso, tem que ser construído com o
cuidado que qualquer produto exige, seja ele um automóvel, uma barra de
chocolate ou um telefone.

O produto que vai apresentar ao mercado é constituído por tudo aquilo


que influenciará a experiência do cliente e, por essa razão, vai para além da
“mera” sessão de fisioterapia; a forma de atendimento, os canais que disponi-
biliza, os horários de atendimento são, também eles, características do pro-
duto e características que deverá definir. O mesmo acontece com o espaço
físico onde recebe os clientes e o espaço onde decorrem os tratamentos, por
exemplo.

A esta altura já se estará a dar conta que o que vai vender e aquilo que os cli-
entes avaliarão, vai para além do que muitas vezes os fisioterapeutas pensam
que é a “totalidade” do que apresentam ao mercado, as suas competências
técnicas.

Posto isto, como deverá ser o seu atendimento, o seu espaço, a sua farda, o
seu horário de atendimento, etc.?

Todas as características do seu produto devem estar subjugadas à sua estraté-


gia, onde quer chegar e como se quer posicionar. Devem ainda ser coerentes,

44
significando isto que devem todas contribuir para o mesmo posicionamento
e não serem antagónicas (ex. se quiser ter um produto que se distinga por um
serviço ao cliente de excepção, e se tiver uma sala de espera extremamente
bonita, não deverá depois ter tempos de espera elevados).

Creio que está claro que tem que pensar “para além” da componente técni-
ca da fisioterapia contudo, não se deverá esquecer das características que
impactam na dimensão técnica. Assim, deverá definir se as sessões são em
espaço aberto ou em gabinete fechado. Deverá definir a sua duração. Terá
que definir ainda se o tratamento é todo feito pelo mesmo fisioterapeuta ou
se podem coexistir vários. Deverá escolher os equipamentos a usar e definir
se se baseia mais em terapia manual, em exercício, em tecnologia ou num
mix de todos. Terá que definir se a marquesa é coberta com uma folha de
papel de marquesa, se com TNT ou com uma toalha felpuda. Tudo impacta
na forma como os seus clientes vão entender o seu produto. Não deixe nada
ao acaso.

Será também importante perceber aquilo que os concorrentes fazem para


que, no mínimo, tenho noção daquilo que existe no mercado.

45
QUE PREÇO
COBRAR

46
O preço é uma das variáveis do marketing e aquela que, quase sempre, mais
angústia cria. A angústia de quem marca o preço é sempre o de não saber
quantos clientes afastará por cada euro que suba. Está bem de ver que o
empresário deve cobrar o preço mais alto possível sem afastar demasiados
clientes, respeitando a sua estratégia, o segmento para onde se posiciona, a
concorrência e a sensibilidade do mercado ao preço.

Se no caso dos serviços convencionados há uma tabela de preços (por acto


terapêutico, tipicamente), no mercado liberal isso não se coloca, cabendo ao
empresário, sem restrições, a definição dos preços a cobrar.

Há hoje fisioterapeutas a cobrarem preços muito díspares nos seus gabinetes


privados. Há quem cobre €10 por sessão (desconheço quem cobre menos
mas admito que exista), e há vários que cobram €20, €30, €40, €50, ou acima
disso. Portanto, aquilo que vai cobrar deve ter largamente em conta a forma
como se quer posicionar. Recordo apenas que o preço é apenas mais uma
das variáveis do marketing pelo que, seja o que for que decida em termos de
preço, garanta coerência com a gestão das outras variáveis. Não parece fazer
muito sentido cobrar uns singelos €10 por sessão e proporcionar ao cliente
sessões de 3 horas, por exemplo.

Deverá ainda recordar que as receitas (o preço a que vende, multiplicado pe-
las unidades vendidas) não são sinónimo de margem. Como já vimos atrás, a
margem reflecte a diferença entre as receitas e os custos em que se incorre
para as obter (cada venda que faz tem custos variáveis associados como, por
exemplo, o dos produtos consumíveis que gastar logo, a margem será a recei-
ta deduzida desses custos). Contudo, mais importante do que isto, deverá ter
em atenção que a margem das suas receitas deverá ser superior ao seu custo
fixo pelo que, de algum modo, esta questão deverá também ser reflectida no
preço a cobrar (recorde o que foi dito no capítulo “Como captar clientes”).

Outra circunstância a considerar é a concorrência e os preços que cobra. Se


bem que não creio que, quando se trata de produtos tão identitários como
um serviço privado de fisioterapia se deva ter demasiada preocupação com
aquilo que os concorrentes directos cobram, reconheço ser útil conhecer
aquilo que estes fazem até para perceber se o seu preço está alto ou baixo.
Esta deve ser sempre uma análise relativa, ponderada pela diferença entre o
valor acrescentado do seu serviço e o dos seus concorrentes, isto é, se consid-
erar que há um concorrente que tem um serviço com um valor acrescentado

47
mais elevado do que o seu mas o seu preço for igual ao dele então, o seu preço
estará demasiado caro e não será, provavelmente, competitivo.

A definição do preço não fica por aqui, ainda assim. Faz sentido cobrar preços
diferentes, pelo mesmo serviço, a clientes diferentes? Fará sentido ter uma
politica de melhores clientes e cobrar preços diferenciado? Deve haver preço
especial para packs ou isso desvaloriza o produto? O preço deve ser fixo por
sessão ou poderá variar de acordo com as técnicas que aplica, a tecnologia
utilizada ou o tempo dispendido?

Não tenho aqui espaço, nem é o momento, para aprofundar cada uma des-
tas inquietações. De todo o modo, o que lhe digo é que deverá ser coerente
e consistente, e assumir um preço. E, se tiver que o mudar, mude-o; se tiver
cometido algum erro, tente corrigi-lo com a máxima rapidez.

48
INVESTIMENTO
a decisão de investir deverá
ser feita se a estimativa de retorno
financeiro for a que definir

Se está a ponderar abrir um negócio, se já tem um e pondera expandi-lo, se


está apenas a pensar se deve comprar um determinado equipamento ou até
inscrever-se num curso Bwizer, está sempre a considerar a possibilidade de
um investimento.

Um investimento não é mais do que a alocação de recursos a um qualquer


projecto, com o objectivo de obter um determinado retorno. No âmbito deste
livro, focamo-nos nos retornos de natureza financeira, sendo contudo certo
que os retornos podem assumir outras formas, desde logo emocionais, po-
dendo esse ser o critério fundamental de decisão.

No âmbito que aqui abordo, a decisão de investir deverá ser feita se a estima-
tiva de retorno financeiro for a que definir.

Será possível estimar, com 100% de certeza, o retorno que vai obter?

Nada disso, temo bem! A análise de retorno assenta em estimativas futuras


que podem não se verificar por inúmeras razões. Não obstante, não há mel-
hor opção do que essas estimativas...

Terá que fazer estimativas assentes em pressupostos tão razoáveis quanto


possível. De todo o modo, a grande virtuosidade de uma análise de investi-
mento não é tanto estimar as receitas que possa obter mas os custos em que
terá que incorrer. Estimar receitas é algo muito falível – e tão mais falível
quanto mais embrionário é o negócio – mas é bem fácil estimar os custos e o
investimento necessário que terá que suportar. Deverá pois definir qual o ri-
sco que está disposto a correr, desde logo em termos de quantidade de euros
que assume poder perder. Isto não deve ser visto com dramatismo; é mesmo

50
assim, qualquer investimento poderá não ter o retorno pretendido pelo que,
o que há a fazer, é definir qual o risco máximo que está disposto a suportar.
Não pense que tudo vai correr bem! Siga o cliché: espere o melhor, mas pre-
pare-se para o pior.

Quanto ao cálculo do investimento que necessitará, é tão simples quanto lis-


tar tudo o que vai necessitar, pedir orçamentos e comparar preços e fazer
uma conta de somar...

Claro está que aquilo que vai comprar dependerá quer dos seus objectivos
quer do dinheiro que tiver disponível. Poderá ambicionar montar uma clíni-
ca de 2.000m2 com piscina e equipamento de alta tecnologia mas poderá
não ter dinheiro para isso e, portanto, terá que rever os seus planos. Por out-
ro lado, para um fisioterapeuta poderá fazer sentido investir numa super
marquesa eléctrica por alguma razão especial e, para outro, poderá bastar
uma marquesa portátil de €100. Tem que definir o que quer, quanto pode
gastar, e a que ritmo quer investir.

não use a falta de dinheiro como


desculpa para não começar porque
isso pura e simplesmente não é uma
real barreira neste tipo de negócio.

Não pretendo fazer uma listagem de tudo o que poderá ter que adquirir como
investimento inicial mas há duas coisas que quero deixar claro. A primeira é
que deve ser exaustivo nesta análise; não deve deixar nada de fora, para não
ter surpresas, desde equipamentos a obras, passando por custos administra-
tivos de criação de empresa (caso abra uma empresa), etc. A segunda é que

51
realmente não precisa de muito dinheiro para começar. Vou repetir: não use
a falta de dinheiro como desculpa para não começar porque isso pura e sim-
plesmente não é uma real barreira neste tipo de negócio. Se meter na cabeça
que quer começar com a tal clínica de 2.000m2, em instalações próprias e
com a tecnologia de última geração, aí sim, vai precisar de dinheiro. Bastante
dinheiro. Mas, se não tem todo esse dinheiro, pode perfeitamente começar
com muito menos.

Do que é que necessita para começar a fazer uns domicílios? Não mais do
que uma caixa de luvas de látex, talvez um creme de massagem e umas ban-
das elásticas, por exemplo. Menos de €100 de investimento, seguramente.
Mesmo que não tenha viatura própria, pode sempre ir de transportes públi-
cos, como faz muita gente. E ainda que monte um pequeno gabinete, pode
começar apenas com uma marquesa portátil, papel de marquesa, creme e
pouco mais. Com menos de €250 está pronto a começar!

Para além de calcular o valor a investir, deverá conseguir fazer alguns cálcu-
los sobre o retorno desse investimento, nomeadamente o Payback e o VAL
mas isso já fica fora do âmbito deste livro.

52
FINANCIAMENTO:
como ARRANJO
DINHEIRO
para INVESTIR?
Algumas pessoas poderão estar nesta altura a pensar: “tudo isto é muito bo-
nito mas eu não tenho dinheiro para investir. Como posso fazer?”

No fim do capítulo anterior tentei demonstrar que, para começar a ganhar


dinheiro como fisioterapeuta freelancer, não precisa de um grande investi-
mento. De todo o modo, reconheço que é sempre preciso algum dinheiro e
que, para montar um gabinete razoavelmente equipado, esse valor rapida-
mente pode ascender a €5.000, subindo para €20.000 se quiser apostar em
mais alguma tecnologia, e indo por aí acima dependendo do tipo de obras que
tenha que fazer, do equipamento que adquira e do mobiliário que escolha.

Seja qual for o valor do investimento, será necessário algum dinheiro.

E que formas existem para financiar o seu investimento?:

• familiares e amigos • é uma das formas mais habituais para financiar


o investimento em pequenos negócios e, se conseguir esta via, é perfeit-
amente legítima. Apenas o alerto para o risco que eventualmente passe
para a sua família; se o risco for demasiado elevado – isto é, no caso de
as coisas não correrem bem, se o dinheiro que a sua família perder for
demasiado penalizador, pense muito bem antes de usar esta fonte de fi-
nanciamento;

• capitais próprios • talvez já tenha algum dinheiro seu, ou porque poup-


ou ao longo da vida ou porque herdou, por exemplo.

• business angel • um business angel é alguém que tem dinheiro para


investir, quer investir num projecto que considere ter potencial de re-
torno, tem alguma experiencia de gestão e vontade de ajudar. Há vários
business angels por aí e até associações de business angels. Agora, tenha
em atenção que investir num negócio de fisioterapia por parte de um in-
vestidor externo, é tão menos interessante quanto mais dependente da
“marca” do fisioterapeuta for esse negócio, porque aumenta o risco para o
investidor. Um business angel não está ali propriamente para o ajudar a
ficar rico, está ali para obter retorno do seu investimento (o que implicará
ajudá-lo, obviamente, mas isso não será o seu fim último).

Há outras formas de financiamento, nomeadamente empréstimos bancários


e até alguns programas de apoio ao empreendedorismo mas como isso varia

54
muito de programa para programa e de instituição para instituição, terá que
ser seu trabalho saber mais sobre estas opções contudo, não espere milagres.

•••

Se optar pelo queixume em vez


do trabalho, não vai chegar longe.

A propósito do assunto financiamento, é útil falar um pouco de paciência.


A paciência é fundamental. Se quiser que tudo aconteça amanhã e não ti-
ver capacidade de esperar pelos resultados, tudo será bem mais difícil. Por
outro lado, importa também reconhecer que há pessoas que têm condições
pessoais que tornam algumas partes do processo mais fáceis – ter pais ricos
e que metam dinheiro no negócio dos filhos, por exemplo – mas se se ref-
ugiar na sua condição pessoal, porventura menos favorável, para justificar
nada fazer, então é porque não tem dentro de si o que é preciso para avançar.
Se optar pelo queixume em vez do trabalho, não vai chegar longe. Eu, pelo
menos, não investiria nem um euro no seu projecto.

se não tiver dinheiro hoje para investir,


tenho uma solução para si: comece a trabalhar
por conta de outrem, poupe e depois invista.

Cruzando a importância de meter mãos à obra, a relevância da paciência e a


necessidade de financiamento que sempre existe, se não tiver dinheiro hoje
para investir, tenho uma solução para si: comece a trabalhar por conta de
outrem, poupe e depois invista. É fácil? Não obrigatoriamente. É possível?
Claramente, sim! Tudo dependerá de como quer alocar os recursos que for

55
acumulando. Se preferir gastar o seu dinheiro a comprar um carro novo ou
mais caro ou a ir de férias para locais mais dispendiosos, está no seu direito
mas não se queixe depois que não tem €10.000, €1.000 ou até €500 para
investir.

Eu só estou a fazer hoje o que faço, porque fiz duas coisas claramente disrup-
tivas na minha vida:

1. frequentei um MBA: o MBA era caro e, como tinha que deixar de tra-
balhar, deixaria de ter rendimentos. E não foram os meus pais a pagarem
o MBA. Fui eu. E consegui fazê-lo porque tinha trabalhado dois anos e
tinha poupado uma parte considerável do meu rendimento.

2. despedi-me da Optimus para montar a minha primeira empresa: os


meus pais nunca meteram um só euro em qualquer projecto empresarial
meu. Foi sempre tudo com base no meu dinheiro. E quando, aos 25 anos
decidi despedir-me da Optimus para abrir a Belpac (eu e o meu sócio in-
vestimos um total de €10.000), só o fiz porque tinha trabalhado quase 2,5
anos, e tinha poupado um dinheiro razoável. O dinheiro que me permitiu
ter a liberdade de tomar aquela decisão, pelo menos. Os tempos que se
seguiram não foram fáceis; andei vários anos sem dinheiro praticamente
nenhum, já depois de ter tido um salário razoável. A capacidade para
seguir em frente depende portanto da forma como aloca os seus recursos
e do grau de compromisso que tem com os seus objectivos. Qual o seu
grau de compromisso para fazer o que tem que ser feito?

56
ENQUADRAMENTO
LEGAL
das UNIDADES
PRIVADAS
de FISIOTERAPIA
Sei bem que das maiores dúvidas que assaltam os fisioterapeutas são as de
natureza jurídica. Podem ter espaço próprio ou não? Há regras especificas
para esses espaços? Podem trabalhar sem prescrição médica? E a prescrição
tem que ser obrigatoriamente de um médico fisiatra? Que tipo de técnicas
pode um fisioterapeuta aplicar? Pode estabelecer acordos directamente com
seguradoras e outras entidades? Estas são apenas algumas das perguntas que
mais vezes são colocadas.

Apesar da relevância desta questão, não aprofundarei este assunto. E não o


faço por três razões fundamentais. Primeiro, porque não sou jurista o que
significa que não me posso arrogar o direito de partilhar qualquer infor-
mação que possa ser interpretada como aconselhamento jurídico. Segundo,
porque precisamente por não ser jurista, não é um tema que domine pro-
fundamente. Terceiro, porque a legislação pode mudar a qualquer instante,
correndo o risco de estar a partilhar informação obsoleta, induzindo-o em
erro. Não obstante estas limitações, direi algumas coisas que me parecem
importantes:

• gestão do risco • no capítulo relativo ao investimento já abordei o


tema do risco. Recordo que o risco, desde logo o risco legal, é algo que
não se consegue eliminar completamente de um projecto empresarial.
O que terá que ponderar é o grau de risco que está disposto a suportar.
Tratando-se de uma avaliação e uma decisão sempre subjectiva e individ-
ual, sempre lhe digo que se estiver à espera de uma circunstância 100%
perfeita, sem qualquer risco, talvez tenha que esperar para sempre, até
porque tratando-se de uma profissão ainda relativamente nova e cuja di-
mensão liberal só agora começa a ganhar maior expressão, é natural que
a legislação nem sempre acompanhe aquilo que se passa no “terreno”.

• A segurança do cliente sempre em primeiro lugar • não vacile nesta di-


mensão! A segurança do cliente tem que ser preservada antes de qualquer
coisa – atenção ao risco de negligência ou dolo - pelo que não faça coisas
para as quais não esteja preparado. Se sentir que não consegue resolver
um problema e que um outro colega poderá ajudar melhor, não hesite em
encaminhar o caso. Não invente! Já agora, já alguma vez fez formação em
suporte básico de vida? A sua formação ainda está actualizada? Confesso
que me espanto com a brutal quantidade de fisioterapeutas que, indepen-
dentemente do local onde trabalham, não têm formação oficial em SBV.
Não brinque com coisas sérias.

58
• Consentimento informado do cliente • uma forma de gerir um pouco
melhor o seu risco, passa por garantir que o cliente assina um consen-
timento informado, como aliás os serviços jurídicos da APF (associação
portuguesa de fisioterapeutas) sempre sugerem. É algo que faz? Note que
um consentimento informado assinado não é um cheque em branco para
fazer ao cliente o que lhe apetecer, descurando as melhores práticas clíni-
cas contudo, em caso de conflito, será um argumento que poderá ser-lhe
útil.

• Apoio jurídico • como profissional de saúde, aposto que se sente re-


voltado quando considera que pessoas não qualificadas estão a prestar
serviços que deviam ser assegurados por pessoas com formação específi-
ca, não é assim? Se assim é, porque é que não recorre a um jurista para
lhe esclarecer as dúvidas jurídicas que tem?! Uma das opções que tem
– seguramente não a única – passa por associar-se à APF e solicitar o ac-
onselhamento jurídico que a condição de sócio lhe faculta.

Dito isto, e apesar das dúvidas de natureza jurídica (a que muitas vezes se
juntam outras de natureza fiscal) serem muito amplas, sempre lhe digo que é
hoje perfeitamente possível em Portugal um fisioterapeuta ter o seu próprio
gabinete (em rigor, a sua unidade privada de fisioterapia), sem necessidade
de um médico como director clínico, cabendo ao fisioterapeuta a respectiva
coordenação técnica. Estas unidades são reguladas pela ERS (Entidade Regu-
ladora da Saúde) e carecem de registo prévio.

Mais esclarecimentos jurídicos terão que ficar para outras oportunidades.

59
a FARTURA PODE
MATAR MAIS
do QUE a FOME

60
Ainda estudante de fisioterapia, decidi inscrever-me numa pós-graduação
em Gestão de Unidades de Saúde, com mais dois colegas de curso, o Manuel
Paquete e o Ivo Moura. Foi o meu primeiro contacto com algum tipo de for-
malismo de ensino de gestão e teve alguns aspectos positivos. Um deles foi
uma disciplina de marketing com um dentista brasileiro que se tinha dedica-
do ao marketing. Uma das coisas que retive daquelas aulas foi esta máxima: a
fartura pode matar mais do que a fome. E isso é bem verdade: às vezes é mais
tóxico ter muitos clientes do que ter poucos.

Toco neste tema porque sei que se trata de um fenómeno que vai afectar
alguns dos leitores. Espero que este alerta os possa ajudar a evitar este prob-
lema ou, se ocorrer, que minimize as suas consequências negativas.

Já vivi na pele este fenómeno. Foi na Bwizer, na 2ª metade de 2013. Chegámos


ao fim de 2013 tendo triplicado o nosso volume de vendas face ao ano anteri-
or. Multiplicar por três tem que se lhe diga. Foram dezenas de eventos a mais,
algumas centenas mais de inscrições e tudo o que isso implica em termos
de contactos de clientes, operações logísticas, formadores a contratar e gerir,
facturas e recibos a emitir, controlos de pagamento a efectuar, e por aí fora.

O boom de vendas começou a ter impactos negativos no que fazíamos. Au-


mentaram os erros, surgiram atrasos, alguns clientes queixaram-se. Decidi-
mos aí mesmo contratar mais pessoas e dar os passos necessários para au-
tomatizar uma série de processos que tornassem a operação mais escalável
(poder crescer as vendas a um ritmo superior ao do crescimento dos custos
– nomeadamente em termos de recursos humanos). Acontece que essa de-
cisão de pouco servia naquela altura do aperto; queríamos era ver se ultra-
passávamos a tormenta.

Considerar uma lista de espera longa,


por exemplo, um bom indicador, é sinal de
alguém que deixou de pôr o cliente
no centro de tudo antes colocando-se a si
próprio – ou ao seu negócio – no centro.

61
Conseguimos ultrapassar aqueles momentos difíceis e hoje temos sistemas
muito mais eficazes, temos tecnologia que automatiza uma série de proces-
sos e reduz o erro, temos procedimentos internos muito mais robustos, e con-
seguimos fazer isso com um número muito superior de eventos e inscrições
daquilo que tínhamos em finais de 2013 – de lá para cá, praticamente du-
plicámos o nosso volume de vendas. O que é certo é que esta coisa da far-
tura poder matar mais do que a fome para mim já não é um conceito mera-
mente teórico; é algo real e que pode acontecer mesmo e, quando acontece, a
não ser que se tomem as medidas certas, pode ter efeitos devastadores e eu
reconheço que estivemos à beira desse fenómeno.

Numa clínica, a fartura matar mais do que a fome pode traduzir-se em si-
nais como: i) aumento da lista de espera, ii) aumento significativo do tempo
necessário para marcação de uma sessão, iii) aumento do tempo de espera na
sala de espera, etc.

Está bem de ver que estes fenómenos não provocam propriamente satis-
fação nos clientes, por mais saborosos que possam ser para o dono de negócio.
São, todavia, aquilo que poderia chamar de indicadores de vaidade. São apa-
rentemente interessantes e até há quem faça gala deles contudo, numa per-
spectiva fria e de boa gestão, são péssimos indicadores. Considerar uma lista
de espera longa, por exemplo, um bom indicador, é sinal de alguém que deix-
ou de pôr o cliente no centro de tudo antes colocando-se a si próprio – ou
ao seu negócio – no centro. É provavelmente um sintoma que indicia não
um negócio “super saudável” mas sim um negócio doente. É que, não nos
esqueçamos, há uma coisa fantástica chamada concorrência. E se eu não sou
atendido quando preciso, antes tenho que esperar largas semanas, se tenho
que esperar sempre demasiado tempo à espera para entrar, se nunca vejo a
cara do fisioterapeuta para quem julgava ter marcado a sessão, sendo sem-
pre tratado pelos seus assistentes, se me reduzem o tempo de tratamento
– para, discretamente, se meter mais clientes por dia – se me fazem estas coi-
sas e há concorrência real, então eu vou procurar outras alternativas. E isso,
reforçado pelo boca a boca negativo que se pode implementar – “atenção
que ali nunca consegues vaga “ ou “”gostava de lá ir antes mas agora nunca o
vejo, é sempre o assistente”, etc. – pode ser o princípio do fim ou, pelo menos,
pode levar a uma deterioração do negócio, ao invés do crescimento que se
ambicionava e se vivia.

62
o cliente é o mais importante, não é você. Se
inverter as prioridades e começar apenas a
construir e a alimentar uma montra para a
sua vaidade, vai correr mal.

Não se esqueça o que tinha dito lá atrás: o cliente é o mais importante, não é
você. Se inverter as prioridades e começar apenas a construir e a alimentar
uma montra para a sua vaidade, vai correr mal.

Poderá contudo exclamar: “mas eu não opto por maltratar as pessoas; apenas
não consigo atender todas!” Se esse for o seu caso, tem duas opções: a primei-
ra, passa por construir um modelo de funcionamento que permita crescer
verdadeiramente, sem que seja à custa da satisfação do cliente. A outra, pas-
sa por “eliminar” alguns clientes. E uma forma excelente de o fazer é ... subir
os preços! Se passar de €30 para €50 por sessão, é muito provável que perca
alguns clientes contudo, o valor extra que cobra provavelmente vai com-
pensar essa perda de clientes. Está assim a trocar clientes menos rentáveis
por clientes mais rentáveis.

Se a sua marca já for suficientemente forte, este movimento não será um


problema; apenas que terá que ter a coragem de “deixar cair” alguns clientes.
É capaz de o fazer?

Conheço um fisioterapeuta, não português, que tinha (e tem) a sua clínica


em Tenerife, uma clínica inserida num SPA, num hotel de luxo. Uma vez
contou-me que estava com clientes a mais e não podia ter tantos. Disse-me
que tinha portanto que subir os preços para resolver o assunto (salvo erro,
ele cobrava €180 por cada sessão de 45 minutos), e assim, subiu o preço
para...€250 por sessão! E o curioso é que não teve praticamente redução de
clientes... Poderá pensar que é uma história irreplicável e talvez até seja no
que ao valor diz respeito contudo, o que poderá fazer à sua escala? Nada?
Lamento mas, não acredito. Faça um teste!

63
EXEMPLOS de
EMPREENDEDORISMO
em FISIOTERAPIA

64
Pelo mundo fora há inúmeros bons exemplos de fisioterapeutas empreende-
dores. Uns que montam as suas clínicas, outros que se dedicam ao desen-
volvimento do seu próprio produto formativo, outros ainda que montam
empresas de distribuição de formação, e há até quem se dedique a negócios
mais tecnológicos, com o desenvolvimento de software de alguma forma li-
gado à saúde. Há ainda quem se dedique à comercialização de dispositivos
clínicos ou até à sua produção. Há exemplos para tudo mas hoje focar-nos-
emos naquilo que é certamente o mais comum e que aliás estamos aqui a
abordar: as clínicas próprias (aqui uso indiscriminadamente o termo clínica
para designar clínica ou gabinete). E vou centrar-me em exemplos portu-
gueses apesar de conhecer vários estrangeiros bem inspiradores, nomeada-
mente espanhóis, brasileiros, ingleses e australianos.

O primeiro caso que descreverei, ainda que sucintamente – não é momento


para fazer uma verdadeira descrição de case studies – é o do Nélson Azevedo.
Continuo com a Sofia Milhano, com o Pedro Cunha e com o Nuno Pina. Ter-
mino com algumas referências sobre o Gabriel Costa, ainda que seja um caso
muito diferente dos outros e que, precisamente por isso mesmo, faz sentido
aqui.

• Nelson Azevedo •
Começo por dizer que gosto muito do Nélson Azevedo. É um excelente fi-
sioterapeuta mas, sobretudo, uma excelente pessoa. Sério e dedicado, tem
duas características que eu acho tremendas, uma enorme capacidade de
trabalho – dia após dia, trabalha entre 13 e 14 horas na sua clínica – e tem
algo ainda mais raro: é um criador. O que significa ser criador? Significa
que não é alguém que apenas replica o que aprendeu, ainda que de forma
aprimorada. Não. O Nélson cria conhecimento, estando a desenvolver o seu
próprio método de intervenção clínica. Pelo meio, em alguns anos e com
muito trabalho, construiu, do zero, uma clínica privada que hoje faz mais
de 300 tratamentos por semana, sendo procurado por pessoas de geogra-
fias bem distantes do local onde está implementada, o inesperado lugar de
Pousada de Saramagos, uma pequena localidade de Vila Nova de Famalicão.
Para além disso, o Nélson Azevedo colabora com grupos de investigação da
Universidade do Minho e, tenho a certeza, ainda nos vai surpreender com
muitas novidades. Significa isto que o seu negócio é isento de desafios ou

65
pontos de melhoria? Claro que não. O que significa é que tem um belíssi-
mo negócio, claramente diferenciado pelos resultados clínicos que entrega
e pelo conhecimento específico em que assenta. É um excelente exemplo de
negócio baseado no conhecimento, conhecimento profundo e original e, por
isso mesmo, mais dificilmente replicável.
Registe: Nélson Azevedo, um nome a ter em conta.

• Sofia Milhano •
A Sofia Milhano é fisioterapeuta e osteopata – Escola de Osteopatia de Ma-
drid, e ainda nos cruzámos enquanto estudantes de fisioterapia na CESPU;
estava ela a começar quando eu já terminava o curso.

A Sofia tem o seu gabinete privado há vários anos. Um gabinete cujo suces-
so assenta no seu conhecimento específico, um conhecimento claramente
acima da média e que lhe permitiu, desde sempre, apresentar um serviço
diferenciado (em que os resultado clínicos são apenas mais um ponto de dif-
erenciação). A Sofia é um excelente exemplo de como um fisioterapeuta pode
criar um belíssimo negócio. Um negócio que lhe permite obter rendimento
financeiro claramente acima daquilo que obteria por conta de outrem (a So-
fia está hoje a cobrar €45/sessão e tem sempre a agenda cheia, tendo já uma
fisioterapeuta a trabalhar consigo) mas, para além disso, tem a possibilidade
de desenvolver um trabalho como quer, ao ritmo que quer, e com claro im-
pacto positivo junto de quem a procura. Note-se que a Sofia tem ainda out-
ra particularidade: apesar de não se limitar à pediatria, tem um claro posi-
cionamento de especialista na área pediátrica – não é à toa que é formadora
Bwizer nesta área – e isso permite-lhe entrar num mercado muito específico,
com menos concorrência e no qual os clientes (os pais), estão muito mais
disponíveis para pagar preços premium.

Como todo os exemplos, também este negócio tem as suas debilidades con-
tudo, é um excelente exemplo do caminho que tantos fisioterapeutas podem
seguir, tenham eles a competência, a simpatia, a capacidade de trabalho e o
conhecimento da Sofia Milhano.

66
• Pedro Cunha •
Conheci o Pedro Cunha há uns anos, salvo erro num evento FisioJovem,
para o qual me convidaram para falar de empreendedorismo. Se a simpatia
do Pedro Cunha foi a primeira coisa que me marcou, fui depois descobrindo
a competência, a visão a capacidade de trabalho e a ambição. O Pedro tem
trabalhado em regime liberal desde sempre. Começou por trabalhar num
conhecido gabinete de Lisboa mas hoje já tem o seu próprio espaço, que par-
tilha com outro jovem fisioterapeuta, o João Francisco Almeida. Para além
desta dimensão, que lhe ocupa já 7horas por dia, o Pedro Cunha destaca-se
ainda por completar o seu (longo) dia no Sport Lisboa e Benfica, onde tra-
balha no futebol de formação. Diria que o Pedro se destaca por 3 coisas fun-
damentais que podem ser inspiradoras para muitos:

• a competência técnica e a simpatia, como elementos fundamentais para


captar e fidelizar clientes

• o arrojo empreendedor: podia ter-se mantido a trabalhar por conta de


outrem mas encontrou dentro de si a confiança necessária para arriscar
e dar um passo em frente. Importa ainda saber que antes do seu próprio
gabinete já tinha um outro projecto ligado ao ténis, que ele próprio tinha
criado e que lhe seguramente lhe deu alguma experiência para que o seu
projecto actual seja mais bem sucedido.

• A paciência de uma aposta na construção da marca: apesar de muito


discreto nas redes sociais – talvez demasiado discreto – o Pedro vai con-
struindo uma marca pessoal muito forte. Onde? Junto de quem mais im-
porta, dos seus pacientes, sejam atletas ou não. E o facto de trabalhar no
Benfica ajuda a reforçar essa marca mas exige tempo e paciência, algo
que julgo ver no Pedro e que falta a tanta gente

Creio não me enganar muito se disser que o Pedro Cunha vai ser um dos
nomes grandes da Fisioterapia em Portugal.

• Nuno Pina •
Com apenas 24 anos, o Nuno Pina é um empreendedor bastante jovem. Li-

67
cenciado em fisioterapia – como tantos – tem algo que o distingue da maio-
ria: tem um passado como atleta de natação. O Nuno, inteligentemente, fez
aquilo que toda a gente devia fazer: juntou as suas paixões e está a tentar
monetizá-las. Foi assim que, aos 23 anos, criou o projecto Mais Natação com
Futuro, um projecto assente em formação para fisioterapeutas e treinadores,
em que o Nuno assume o papel de formador, precisamente por juntar conhe-
cimento dos dois lados, a fisioterapia e a natação. Trago este exemplo por três
razões fundamentais. Primeiro, como já disse, por se tratar de um projecto
que capitaliza aquilo que diferencia o Nuno dos demais, a sua paixão espe-
cífica, mostrando que qualquer coisa, desde que vivida de forma apaixonada
e profunda, pode ser a base de um negócio. Segundo, por não se tratar de
um projecto clínico. O empreendedorismo em fisioterapia está longe de ter
que se limitar aos gabinetes e às clínicas. Terceiro, pela juventude do Nuno
Pina. Não é preciso esperar pelos 30 para começar... E ainda que este não seja
o último projecto empresarial do Nuno – aposto que não será – é o primei-
ro e será sempre útil como aprendizagem, pelo menos. E uma coisa ele já
conseguiu que muita gente, mesmo mais velha, nunca conseguirá: ser já
conhecido por uma parte significativa da comunidade de onde emerge e isso
merece ser reconhecido.

• Gabriel Costa •
O Gabriel Martins da Costa, fisioterapeuta, tem um sonho: liderar o maior
grupo empresarial na área da reabilitação, em Portugal. E não está muito
longe disso. Aos 33 anos, a sua empresa, o grupo CMM detém, total ou par-
cialmente, participações em 11 clínicas médicas de proximidade (onde a Me-
dicina Física e Reabilitação e, claro, a Fisioterapia, são o core-business) que
enquadram, no momento em que escrevo este texto, mais de 320 colabora-
dores directos e prestadores de serviço, destacando-se mais de 30 médicos
fisiatras e mais de 100 terapeutas. a maioria deles fisioterapeutas.

Se bem que este livro não se centra no negócio das clínicas convenciona-
das, muitos dos princípios que apresentei são perfeitamente aplicáveis neste
contexto, o contexto que ainda hoje emprega mais fisioterapeutas e onde
há também variadíssimos exemplos de empreendedorismo por parte de fi-
sioterapeutas. O Gabriel será “apenas” aquele que hoje tem mais destaque. E
apesar das dificuldades do modelo de negócio tradicional das clínicas con-

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vencionadas – que eu creio que tem os dias contados (e o Gabriel conhece a
minha opinião), sei que no CMM há duas preocupações que visam preparar
o grupo para uma realidade diferente daquela que se vive hoje, onde o suces-
so de muitas clínicas MFR se baseia ainda nas convenções e, por arrasto, nos
baixos preços e na falta de concorrência directa. Essas preocupações passam
por: i) depender cada vez menos de subsistemas, com o aumento dos clientes
privados e segurados, ii) apostar na qualificação dos recursos humanos, o
que aliás leva o CMM a apostar de forma relevante em formação profissional
através de soluções da Bwizer e de outras empresas de formação.

É um excelente exemplo de como, mesmo num sector maduro e onde a reg-


ulação impera, é possível inovar e empreender.

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CONCLUSÃO
Decidi escrever este livro com um propósito claro: poder ajudar especifica-
mente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham
algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estrutu-
rarem melhor os seus negócios.

Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desen-
volvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma per-
spectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras
tantas coisas que podiam ter sido ditas não o foram pelas minhas próprias
limitações, limitações que, assumindo, decidi que não me impediriam de
partilhar aquilo que sei. É que num livro, tal como na vida, desde logo na
vida empresarial, se estivermos à espera de criar o produto perfeito, nunca
vamos criar produto nenhum!

Conto agora com o seu feedback através do email info@fisioterapeutaem-


preendedor.pt Prometo ler cada um dos email que me forem enviados.

•••
Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos
seguintes canais:

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/hugobelchior1981

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www.hugobelchior.com

www.bwizer.com

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AGRADECIMENTOS
Quando decidi escrever um livro sobre empreendedorismo em Fisioterapia, a
minha ideia era escrever uma coisa bem simples e curta, abordando apenas
dois ou três aspectos fundamentais contudo, à medida que ia escrevendo
fui-me entusiasmando e acabei por escrever algo que, estando longe de ser
exaustivo, é mais alargado do que o plano inicial. E isso implicou um maior in-
vestimento de tempo e, desde logo por isso, um impacto maior no meu trabalho
diário que só não teve reflexos negativos na Bwizer pelo excelente trabalho da
nossa equipa, a quem faço o primeiro agradecimento. A empresa não existiria
hoje sem o trabalho dedicado de tantos e, por isso, é mais do que devido este
meu agradecimento.

Agradeço também a simpatia das pessoas a quem fiz referência ao longo do


livro, nomeadamente os casos que descrevi sucintamente – e sem lhes fazer
toda a justiça merecida – por permitirem a divulgação dos seus projectos e,
mais importante, por serem tão inspiradores.

É devido um agradecimento às várias pessoas que reviram detalhadamente o


texto e que fizeram correcções e sugestões de melhoria bem importantes, no-
meadamente o Manuel Paquete e o José Vidrago, meus sócios, bem como o José
Lemos e o Pedro Sousa, dois dos coordenadores de equipa na Bwizer.

Um agradecimento especial também ao Dr. Luís Filipe Camejo e a todas as


pessoas que, simpaticamente, deixaram o seu testemunho sobre este livro:
os fisioterapeutas Ana David, Isabel de Souza Guerra, Rui Macedo, Emanuel
Vital, Luís Pinto, Maria João Palmeira, Ricardo Martins, Olímpio Pereira, o
Professor José Soares e o Prof.-Doutor João Espregueira-Mendes.

Agradeço também ao José Matias e à sua equipa, pelo trabalho gráfico que
tiveram na montagem e edição do livro.

Por fim, agradeço a todos os clientes, parceiros, fornecedores, prestadores de


serviço e colaboradores que já passaram pela Bwizer e pela Belpac. Sem eles
teria sido impossível aprender o que quer que fosse e este texto nunca teria sido
escrito. Tem sido uma caminhada com altos e baixos mas uma caminhada que
tem valido bem a pena percorrer.

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www.bwizer.com
Empreendedorismo em Fisioterapia

Para saber mais visite o site

www.fisioterapeutaempreendedor.pt
HUGO BELCHIOR
Hugo Belchior tem 35 anos e é empresário desde os 25. Li-
cenciado em fisioterapia, cedo percebeu que o seu caminho
não passaria pela fisioterapia como profissão, o que o levou
a uma mudança de carreira. Frequentou um MBA em full-
time, a que se seguiram mais de dois anos de experiência
numa das maiores empresas portuguesas, de onde haveria
de sair para se dedicar ao seu sonho: construir projectos
empresariais rentáveis e marcantes. Já criou 3 empresas
das quais sobrevivem duas, a Belpac e a Bwizer que, em
2015, venderam cerca de 1.6 milhões de euros. Hugo Belchi-
or adora novos desafios e costuma dizer que ainda só está a
começar.

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