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FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA

PSICOLOGIA
TÉCNICAS DE PESQUISA
PROF. MAYCON TORRES

A compreensão da circunstância na construção da psique.

Djailson Mendes de Araujo


Michel Willian Cler da Silva

Introdução

A constituição da psique está no topo das pesquisas psicológicas, por mais que
hajam vastas teorias sobre o constructo do aparelho psíquico é mais vasta ainda o
numero de dúvidas a respeito do mesmo. Tornando quase que como questão central da
qualidade de vida psicológica a capacidade de compreender a própria psique.

Dentre as amplas discussões sobre o tema, uma tem sido muito pertinente. A
influência do externo sobre o interno, ou seja, a influência das condições sociais, dos
contextos e dos acontecimentos da vida sobre a psique. É ainda mais vasta se nos
atrevermos a procurar entender a responsabilidade do externo no nascimento da
psicopatologia.

No entanto, algumas vezes é quase que esquecido o papel do indivíduo na


influência desse eventos externos sob si, talvez pela facilidade de enquadrar a
subjetividade em uma compreensão ampla, as psicologia comete o ato de reproduzir
significados e conceitos sob a psique, mesmo alegando incansavelmente a importância
da subjetividade.

Com o intuito de trazer o debate de volta ao indivíduo e sua ação no mundo, como
fator operante na construção da psique através da dialética entre consciente, inconsciente
e realidade, o presente ensaio trás pensamentos do filósofo espanhol Ortega Y Gasset
em um paralelo com os conceitos teóricos de Jung, em uma busca pela amplitude de
possibilidades ao perceber o individuo como um agente na construção de sua psique, ao
mesmo tempo como um ser influenciado pela mesma.
A compreensão da construção da psique vai além de uma compreensão estrutural
do funcionamento da mente, mas sim mergulha em um universo de significados
profundos, que envolve desde a diferença da apresentação de circunstâncias quando o
fator é humano e não animal, a interação e diferenciação humana diante dessas
circunstâncias e o substrato dessa dialética que muitas vezes pode ser a possível causa
de um indivíduo psicologicamente saudável, ou não.

Desenvolvimento

É comum que em nossa presente realidade se encontrem pessoas que quase


chegam acreditar que os psicólogos são dotados de algum poder mágico capaz de
solucionar o que fica insolúvel na própria vida até a busca clínica, vide pesquisa
Redesenhado a Psicologia(in Freitas, 2001), é também comum encontrar psicólogos que
acreditam religiosamente que um modelo pré posto de conceitos consiga magicamente
categorizar as mais desafiantes subjetividades, infelizmente.

Há de se atentar que nossa geração parte pra quase aniquilar a implicação


coexistente entre o individuo e a realidade, atendo-se apenas a falsa ideia de que o
individuo é um fruto inescapável de sua absorção do mundo, que quando não absorvida
em padrões aceitáveis se torna patológica. Assim ignoramos a existência dessa dialética
entre indivíduo e circunstância, onde inseparavelmente um toca o outro de maneira
influente e transformadora.

O filósofo espanhol Ortega Y Gasset (1973) cunhou em suas obras a frase “eu sou
eu e minhas circunstâncias, se não salvo a elas não salvo a mim”. Esse frase cunha o
núcleo do pensamento Orteguiano e propões uma reflexão dessa relação inseparável
entre o eu e a circunstância. É possível encontrar nas definições desse termo profunda
possibilidade de uso na percepção clínica, começando essencialmente pelas suas
definições.

O Eu orteguiano é para além do composto consciente do ser, é um parte de si


composta por fatores que transcendem aqueles apenas que são conhecidos
conscientemente, o Eu, é um núcleo que está além de uma limitação do conhecido
conscientemente, pois envolve fatores emocionais, inconscientes, históricos e sociais que
já se apresentam no ser desde o início de sua existência.

Circunstância para Ortega é para além dos fatos objetos que temos compreensão
é também os fatos existentes que assim como os fatores que sem apresentam no ser
desde sua existência, as circunstâncias já existem e se apresentam ao ser durante toda a
vida, desde o início dela. Para além daquilo que é apenas observado no presente, mas
também aquilo que está presente na memória e também aquilo que nem sabemos que lá
está.

Para fim didático podemos usar uma ilustração. Imagine um lápis, ao pega-lo
imediatamente você concebe a certeza que diante de ti tem um lápis, mas não consegue
ver todo o lápis, apenas parte dele. Você precisa girar o lápis, move-lo de um lado para
outro para que seus olhos percorram todo o corpo do lápis e assim pode vê-lo por
completo, mas mesmo dessa forma, não pode vê-lo todo de uma vez. Você vê apenas
parte do lápis por vez, as outras partes estão presentes na sua mente pela memória.

Assim também são nossas circunstâncias, mesmo que possamos nomea-las parte
delas apenas podem ser vistas por vez, o resto é existente essencialmente na psique, na
memória e em fatores inconscientes. Logo, o que diferencia a circunstância humana da
circunstância animal é que ao indivíduo é possível uma introspecção. Ato de ser capaz de
interiorizar-se e de dentro pra fora dar significado a eventos externos, que para os outros
animais apenas significam por si só.

A segunda parte do pensamento Orteguiano é guiado inicialmente por uma linha


inseparável entre, salvar a circunstância é salvar a si, não podendo salvar-se sem salvar
suas circunstâncias. Por isso, antes de entender essa ligação é preciso que pensemos
sobre o significado de salvar no pensamento de Ortega. Para Ortega, salvar é o mesmo
que compreender.

Compreender é a capacidade de olhar para as circunstâncias e não apenas


nomea-la objetivamente, mas trazer significado a ela, significado vindo dessa interação
entre o eu e a circunstância.
Jung, rompendo com o conceito de um inconsciente que apenas existe para
armazenamento de memórias e desejos recalcados, trás a idéia de que o inconsciente é
dividido entre individual e coletivo. O inconsciente individual é o composto de todo
armazenamento de informação que o Eu não acessa conscientemente com facilidade, ou
que pelo menos, não demonstra habilidade de acesso deliberado, mas que já
comprovadamente existe, e muitas vezes essas informações são evocadas de maneiras
não deliberadas. Já o inconsciente coletivo é algo mais profundo, ele não é tão singular e
individual, ele é um composto arquétipo do ser, que carrega duas grandes características,
uma delas a ancestralidade, o conceito de que muito do que existe no Eu, já existe antes
da existência do indivíduo, sendo transmitido por genética, história e influencias do
construto de conhecimento social. A segunda característica do inconsciente coletivo é a
potencialidade, a essa característica damos um perfil mais externo, pois ela envolve a
capacidade de ação no mundos e as potencialidades da mesma.

O inconsciente coletivo é uma parte da psique que pode distinguir-se de um


inconsciente pessoal pelo fato de que não deve sua existência à experiência
pessoal, não sendo portanto uma aquisição pessoal. Enquanto o inconsciente
pessoal é constituído essencialmente de conteúdos que já foram conscientes e no
entanto desapareceram da consciência por terem sido esquecidos ou reprimidos,
os conteúdos do inconsciente coletivo nunca estiveram na consciência e portanto
não foram adquiridos individualmente, mas devem sua existência apenas à
hereditariedade. (Jung, 1976/2002, p. 53)

Podemos para fins de conhecimento criar uma relação entre a filosofia orteguiana
sobre a relação eu-circunstâncias e a teoria junguiana do inconsciente. E a partir daí
conceber a pressuposição de que a relação circunstância/inconsciente e saúde psíquica
está completamente ligada a capacidade de compreensão dos significados dessa relação.

Ou seja, as coisas nos influenciam segundo a importância que tem, no sentido que
são determinadas pelos seus significados - assim a vida é uma interpretação de si mesma
e dos conteúdos presentes, nos aprisionando a liberdade que temos de decidir os
significados da circunstância.

Esse processo pressupõe que ao desbravar essa terra de significados e


possibilidades, nos percamos nos significados de nossas circunstâncias, mas é essa uma
habilidade essencial e única da espécie humana, nos tornando capazes de nos
encontramos posteriormente, como diria a filosofia orteguiana:
é constitutivo do homem, diferentemente de todos os demais sêres, o ser
capaz de perder-se, de se perder na selva da existência, dentro de si mesmo, e
graças a essa outra sensação de perda, re-operar energicamente para voltar a
encontrar-se. A capacidade e o desgôsto de sentir-se perdido são o seu trágico
destino e seu ilustre privilégio. (Ortega y Gasset, 1957/1960, p. 77)

Ao processo de psicoterapia então cabe se desprender do psicologismo ou ao


subjetivismo em que as produções atuais de conhecimento psicológico andam perdidas e
voltar-se ao reconhecimento que sua missão é “reconstruir as condições objetivas em que
os indivíduos, os sujeitos humanos estão submersos” (Ortega y Gasset, 1989, p. 37).

Mudando o foco do questionamento que tem focado em conhecer como são os


homens, e começar a levar seu pensamento a respeito da variabilidade das condições
objetivas da vida.

Com o intuito de que essa abordagem de pensamento possibilite ao indivíduo mais


do que a leiga absorção de suas circunstâncias, ou a habilidade técnica para o convívio a
par delas, mas sim, essencialmente a capacidade única de compreender primeiramente a
relação de influência localizada no eu e nas circunstância, e por fim, o significado mais
sugere Ortega y Gasset (1973, p. 73),

Calma! Que sentido tem esse imperativo? Simplesmente, o de convidar-nos a


suspender um momento a ação, para nos recolher dentro de nós próprios, para
passar uma revista em nossas ideias sobre a circunstância e forjarmos um plano
estratégico.

Tornando imperativo uma meta posição, capaz de nos oferecer um olhar externo
das nossas circunstâncias, levando nosso pensamento ao refino de perspectivas,
detalhes e significados que anteriormente não perceberíamos. Com o fim de
prosseguirmos além de conseguir preservar e integrar a nossa relação com as
circunstâncias através da introspecção, mas de maneira nenhuma deixar de refletir o
presente. Que assim como a ilustração do lápis é um composto do momento real,
percebido apenas por parte, e o momento de memória ou construção imaginária, que nos
permite dar fundo a compreensão completa do lápis.

Considerações finais

As considerações que norteiam a conclusão desse ensaio é a coimplicação do eu-


circunstância além do campo da consciência, como o próprio Ortega esclarece que a
atenção do indivíduo não consegue estar focada em mais de um objeto simultaneamente,
sendo a maior parte do conteúdo total da experiência, existindo fora da consciência.
Assim nos levando a evidente importância que o aprofundamento através da introspecção
sobre a experiência é um caminho de compreensão essencial as circunstâncias.

Considerando os conceitos Orteguianos e Junguianos como possíveis


complementos, a importância de uma compreensão dos eventos de maneira mais ampla
e profunda, nos levará não só a perscrutar a psique, mas a consolidarmos o efeito de
construi-la de forma saudável, não limitados a um conceito de subjetividade pré
estabelecido para facilidade clínica, mas convidando o individuo a essa jornada de auto
pesquisa e mineração para além dos pensamentos primários da consciência.

As sugestões para o aprofundamento do tema, relacionam-se as pesquisas que


visam compreender como indivíduos com circunstâncias aparentemente desfavoráveis
constróem para si significados que ampliam as possibilidades de uma vida mais
equilibrada e saudável e já outros indivíduos com circunstancias comparadamente mais
brandas a esses, tem diferentes aflições limitadoras. Para além de um pensamento que
limite essa realidade a um fator genético ou a um fator de recalques inconscientes, mas
ampliando o leque de resposta para a relação dialética entre o consciente, o inconsciente
e as circunstâncias.

Assim como grande parte da pesquisa psicológica o maior desafio nessa busca é o
fato de que a introspecção trás em si certa dificuldade em ser medida e acompanhada,
todavia, através de processos de implicação e indução, talvez seja possível rastrear as
habilidades desenvolvidas por aqueles indivíduos que usando o conceito Orteguiano,
foram capazes de salvar a sua circunstância, logo, salvaram a si.

Referências
MAGALHAES, Carlos Kildare; SILVA, Fernando Antônio da; CALDEIRA, Guilherme. A
circunstância em José Ortega y Gasset: aproximações ao inconsciente junguiano. Psicol.
USP, São Paulo , v. 29, n. 1, p. 58-66, Jan. 2018.

AGUIAR, Eloisa Nogueira. Psicoterapia e liberdade humana: uma discussão a partir de


Ortega y Gasset. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 3, n. 2, p. 88-96, dez. 2010.

AGUIAR, Eloisa Nogueira. A psicoterapia diante da liberdade humana: uma discussão


orteguiana. Fractal, Rev. Psicol., Rio de Janeiro , v. 24, n. 1, p. 111-124, Apr. 2012.
VERZONI, André; LISBOA, Carolina. Formas de subjetivação contemporâneas e as
especificidades da geração Y. Rev. Subj., Fortaleza , v. 15, n. 3, p. 457-466, dez. 2015.

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