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1. INTRODUÇÃO/OBJETIVO
A obra “O Caso dos Exploradores de Cavernas” escrita por Lon Fuller, em
1949, consiste em um estudo elaborado da argumentação jurídica, a partir do
caso proposto de ocorrência no ano 4300, onde quatro indivíduos são julgados
pelo assassinato de Roger Whetmore, sendo condenados pelo crime em
primeira instância no Tribunal do Condado de Stownfield. Temos em seguida o
pronunciamento dos cinco juízes (Truepenny, Foster, Tatting, Keen e Handy) da
Suprema Corte de Newgarth, onde os acusados recorreram da decisão. Desta
feita, Fuller com base nos temas das argumentações dos juízes se utiliza das
contraposições das correntes jusnaturalista e positivista, dos métodos
hermenêuticos e dogmáticos de interpretação, da legalidade e da legitimidade
das normas, das atribuições de cada um dos poderes do Estado e algumas
outras questões que proporcionam distintas abordagens ao caso. O objetivo
desta é realizar uma análise crítica da argumentação jurídica do Juiz Foster, para
em seguida discorrer sobre o entendimento e concordância do do mesmo.
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Jusnaturalismo é o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que se têm como ideia universal e
imutável de justiça e independente da vontade humana. De acordo com a Teoria do Jusnaturalismo, o direito é algo
natural e anterior ao ser humano, devendo seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade (direito à vida,
à liberdade, à dignidade, etc) e ao ideial de justiça. Desta forma, as leis que compõem o jusnaturalismo são tidas como
imutáveis, universais, atemporais e invioláveis, pois estão presentes na natureza do ser humano. Em suma, o Direito
Natural está baseado no bom senso, sendo este pautado nos princípios da moral, ética, equidade entre todos os
indivíduos e liberdade. (https://www.significados.com.br/jusnaturalismo/, acesso em 22/03/2019).
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Doutrina da filosofia do Direito, segundo a qual se estabeleceu o Estado por um contrato entre os cidadãos ou entre
estes e o soberano.
Direito
Introdução ao Estudo do Direito
trabalhadores que morreram tentando resgatar os exploradores tenham sido em
vão. Nos autos não contam quem matou Roger e nem o modo que foi morto. A
morte de Roger Whetmore foi uma questão de sobrevivência. Todo direito
positivo tem sua base no direito natural, isto é, a lei tem como “pano de fundo” o
direito à vida. O direito à vida, mesmo que não fosse reconhecido na lei, seria
um direito a ser cumprido e respeitado (Direito Natural).
Em sentido do direito natural, o juiz afirma que o direito positivo só pode
incidir sobre os indivíduos que se encontram em condição de coexistência social,
em casos contrários, como aquele em que se achavam os acusados, onde a
preservação de suas vidas só foi possível em detrimento de outra, o direito
positivado perde o seu significado, pois cessante ratione legis, cessat et ipsa
lex3. Embora de forma obscura, Foster também procura preservar a lei invocando
o princípio da limitação territorial. Assim como não é possível se aplicar uma lei
em casos exclusos dos limites geográficos do Estado, o juiz sugere que a mesma
lógica seja aplicada ao caso dos exploradores, que se encontravam tão distantes
da força coercitiva dos dispositivos legais quanto se estivessem milhas distantes
do território do Estado.
Assim sendo, após a exposição e fundamentações do caso, Foster vota
concluindo que “sob qualquer aspecto que este caso possa ser considerado, os
réus são inocentes do crime de homicídio contra Roger Whetmore”, de maneira
que “a sentença de condenação deve ser reformada”.
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“Cessando a motivação da legislação, cessa a própria norma em questão”
“Cessada a razão da lei, cessada a letra da lei”
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Introdução ao Estudo do Direito
Foster argumenta que as leis postas, se fundamentam no direito natural,
e que as situações extremas excluem os comportamentos dos réus perante a lei
positiva valendo-se, assim, de uma reflexão a uma possível e parcial ideia de
legitima defesa. Destaca-se que todas as autoridades consultadas fora da
caverna omitiram-se de opinar, o que forçou os exploradores estabelecerem
normas de comportamento, o que nos faz ter a convicção de que os réus agiram
por forte emoção e imbuídos, pelas circunstâncias, de uma necessidade extrema
de luta pela sobrevivência.
Sob a perspectiva jus naturalista, o direito a vida sobrepõe as leis, tal qual
acontecido perante a decisão estatal, neste caso, da extinção de algumas vidas
em prol o salvamento de outras, sob a primazia do direito a vida, mediante
ponderações e análises de riscos, que vale ressaltar a vontade do estado de
perder o mínimo possível destas, ou nenhuma. De acordo com tal princípio, os
méritos iguais devem ser tratados de modos iguais, e as situações desiguais,
como a última, não deve haver distinção de classe, a lei deveras, em parte ser
posta de lado e sim, dar devida atenção aos pontos primordiais que cercam os
fatos.