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O patinho surdo

A mamãe pata tinha escolhido um lugar ideal para fazer seu

ninho: um cantinho bem protegido, no meio da folhagem, perto


do rio que contornava o velho castelo.

Mas adiante estendiam-se o bosque e um lindo jardim


florido. Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia
pacientemente seus ovos. Por fim, após a longa espera, os ovos se
abriram um após o outro, e das cascas rompidas surgiram,
engraçadinhos e miúdos, os patinhos amarelos que,
imediatamente, saltaram do ninho.
A mamãe pata imediatamente quis levá-los para nadar na Durante o passeio, mamãe pata explicava aos filhotes que
lagoa, mas enquanto chamava os patinhos para acompanhá-la, um estava levando-os para conhecerem os outros animais que viviam
dos filhotinhos continuava no ninho sem entender o que estava se nos jardins do castelo, e esperava que todos fossem educados
passando, o patinho era surdo. A mamãe pata voltou ao ninho e como toda mãe espera de seus filhos, só não sabia que o patinho
empurrou o patinho com o bico para que seguisse seus irmãos, No surdo não estava entendendo nada do que ela falava.
caminho mamãe pata explicava tudo para seus filhotes sobre as
coisas que observavam na floresta, principalmente sobre o perigo Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente
que corriam na época da caça. Mas o patinho surdo continuava bonita e todos educados, exceto um que ficava o tempo todo
seu caminho acompanhando os irmãos sem entender embaixo da asa da mãe e não respondia quando os animais lhe
absolutamente nada. dirigiam a palavra.

- É muito mal educado! – Falou o peru.

- Parece um bicho do mato – comentaram as galinhas.

Alguns animais nada disseram, mas olharam com ar de


reprovação.
Nos dias que se seguiram, as coisas pioraram. Todos os Certo dia dona pata conversando com uma amiga,
bichos, inclusive os irmãos, não queriam ficar perto do patinho desabafou sobre seu filho e os problemas que estava enfrentando
surdo, o que fazia com que vivesse no total isolamento, sem com ele, o que a deixava muito triste. A amiga de dona pata
ninguém que lhe compreendesse. Até porque, nem ele mesmo sugeriu que ela levasse o seu filho ao médico, quem sabe não a
sabia o que estava acontecendo. Tinha momento que ele queria ajudasse a encontrar uma solução.
explodir por dentro, gritar por socorro, mas a quem fazer isso? Se
ninguém lhe queria por perto, só recebia o desprezo de todos, Mamãe pata foi embora pensando no que sua amiga tinha
muita vezes até da própria mãe que não sabia como lidar com a lhe falado, conversando com outros animais soube da informação
situação. que havia um médico recém-formado na floresta, o Dr. Urubu,
todos estavam comentando sobre a chegada dele e diziam que era
um médico muito bom. Então dona pata resolveu levar o patinho
surdo para uma consulta, esperançosa de que o médico lhe desse
uma Reposta a respeito do problema que vinha enfrentando.
Precisou esperar alguns meses, pois a consulta particular Depois de alguns meses, após a conclusão dos exames,
era bastante cara, então teve que marcar pelo SUS, mas em fim dona pata retorna ao consultório do Dr. Urubu, ele observa todos
chegou o dia marcado e lá se foram para o consultório do Dr. os exames e conclui o que ele suspeitava: o patinho era surdo. Ao
Urubu. Chegando lá muita gente esperando na fila, mamãe pata dar a notícia, mamãe pata ficou perplexa, pois além de nunca ter
teve vontade de desistir, pois além da espera, o patinho surdo não suspeitado de que seu filho fosse surdo, mil coisas passaram por
sossegava, não tinha limites, bicava os outros animais que sua cabeça: como educar? Como ele vai interagir com a
estavam lá com suas mães, gritava, mexia nas coisas do sociedade? E várias outras perguntas que toda mãe fica se fazendo
consultório e isso deixava a mamãe pata envergonhada. Mas em quando recebe essa notícia.
fim chegou sua vez, mamãe pata relatou tudo ao Dr. Urubu sobre
o que observava durante toda a vida de seu filho, desde o Voltaram para casa, mamãe pata chorou dias e noites sem
nascimento. Dr. Urubu examinou o patinho, e pediu uma bateria saber o que fazer, não tinha um direcionamento, parece que todos
de exames, inclusive um exame de audiometria, pois suspeitava os planos que tinha feito para seu filho desde a gravidez tinha se
que o patinho fosse surdo. acabado naquele dia em que o Dr. Urubu lhe deu a notícia de que
seu filho era surdo. E o patinho surdo estava com a idade de
ingressar na escola, seria no ano seguinte. De que forma iria
aprender? Como ia brincar com os coleguinhas? Mamãe pata
ficava pensando dia e noite, um turbilhão de pensamentos
tomavam conta de sua cabeça, pensava nos momentos em família
em que batia no patinho surdo por não compreender o que
estavam falando com ele, e vários outros momentos em que se
sentia culpada pelas coisas que fazia com o filho e que não era
culpa dele. Essas lembranças faziam mamãe pata se sentir a
última das mães.
Finalmente chegou o grande dia do patinho surdo e seus Lá se foram eles pela floresta até chegar à escola, dona
irmãos começarem a estudar. Estavam eufóricos, material novo, coruja estava na porta recebendo os alunos carinhosamente,
vontade de conhecer os amiguinhos, a escola, a professora. Mas estava também ansiosa e preocupada, pois já tinha sido avisada de
isso se observava mais nos irmãos ouvintes, pois o patinho surdo que teria um aluno surdo. As crianças começaram a chegar, dona
estava alegre, mas não tinha entendimento do que estava coruja recebia todos com um abraço e foi direcionando-os para a
acontecendo e nem para onde iria naquele momento. Mamãe pata sala de aula. O patinho surdo não queria entrar, estava assustado,
estava com o coração apertado, pois também não sabia explicar chorava e ficava agarrado nas pernas da mamãe pata. Ninguém
direito para o patinho surdo o que estava ocorrendo, como se sabia conversar com ele, e todo o corpo técnico da escola não
portar na escola e outras coisas que todas as mães explicam para sabia o que fazer, então tiraram o patinho surdo do lado da mãe
os filhos no primeiro dia de aula. colocaram na sala e trancaram a porta, pedindo para mamãe pata
voltar para casa que ele iria se adaptar. E assim o fez, mamãe pata
voltou aflita pra casa deixando o patinho surdo na escola.

Passaram-se quatro anos e o patinho surdo seguia com


Naquele dia foi um sufoco para a professora coruja, pois o reprovações, não só de série, mas também da escola e da turma
patinho surdo além de não prestar atenção, ficava o tempo todo que não cansava de lhe xingar, chamando-o de burro, doido,
implicando com os colegas e não parava quieto, pois não estava mudinho e todos os apelidos pejorativos que se possa imaginar.
sendo compreendido e dona coruja não se fazia compreender com Várias vezes foi suspenso por mau comportamento,
as explicações de sua aula mesmo que se esforçasse, pois principalmente por bater nos coleguinhas que lhe xingavam o
precisava fazer adaptações curriculares para que o patinho surdo tempo todo, e como o patinho surdo não sabia se defender sempre
pudesse se desenvolver na sua vida acadêmica, e principalmente o sobrava pra ele. Era um sofrimento constante, não só para ele
ensino em língua de sinais. como para sua mãe que todo tempo era chamada na escola para
responder os problemas causados pelo patinho surdo, aliás, No planejamento chamou todos para uma reunião e falou
alguém tinha que levar a culpa, e nesse caso geralmente é a mãe. sobre a importância de uma adaptação curricular na escola e que
também a professora coruja precisava aprender a língua de sinais
Iniciou o novo ano letivo e houve também mudança de para que pudesse ter sucesso com seu aluno, além disso iria à
gestão, dona garça agora seria a nova diretora e junto com ela secretaria de educação solicitar um intérprete de libras para que
dona cegonha a coordenadora pedagógica. Chegaram à escola e pudesse acompanhar o patinho surdo, pois de acordo com a lei era
verificando os documentos dos alunos, logo detectaram que havia direito dele.
um aluno surdo. Dona cegonha recém-formada em pedagogia
com especialização em libras, logo observou que precisava de No decorrer da semana também dona cegonha e dona
mudanças no currículo para que pudesse atender com eficácia garça fizeram reunião com os pais para explicar como pretendiam
aquele aluno. trabalhar no decorrer do ano letivo. No final da reunião chamaram
dona pata e perguntaram se o patinho surdo já tinha tido contato
com a língua de sinais, dona pata não sabia nem do que elas
estavam falando. Então dona cegonha e dona garça explicaram
tudo detalhadamente para dona pata e também falaram da
importância da família aprender a língua de sinais para que
pudesse interagir com o patinho surdo, e assim incluí-lo dentro da
família. Disseram-lhe também da importância do patinho surdo
receber atendimento no AEE para que assim pudesse ter um
melhor desenvolvimento em todos os aspectos no decorrer de sua
vida. Mamãe pata ficou entusiasmada com a proposta da nova
gestão, e foi para casa contente.

Passaram-se alguns dias e a nova gestão começou a por


em prática alguns projetos que já tinham incluídos no PPP da
escola, um deles era ensinar libras para todos os funcionários e
interessados da comunidade. Outro projeto era ensinar libras na
escola, mais precisamente na sala do patinho surdo, pois até o
momento apenas dona cegonha tinha o conhecimento da língua de
sinais e ela ficou encarregada de ministrar as aulas nos cursos. No
futuro pretendia expandir em todas as salas de aula com ajuda de Na sala de aula também houve melhoras, pois agora os
outros funcionários que aprenderiam a língua no decorrer do ano. colegas do patinho surdo já interagiam com ele através da língua
de sinais, e também os apelidos pejorativos e xingamentos,
Os projetos foram um sucesso, a professora coruja já acabaram depois que dona cegonha começou o projeto e explicou
ensinava em língua de sinais para o patinho surdo e também já aos alunos como ocorria o processo educacional de pessoas
contava com a ajuda de um intérprete de libras designado pela surdas.
secretaria de educação. O patinho surdo era outro aluno, muito
diferente dos outros anos. Agora já tinha compreensão do que a Na família também as melhoras foram visíveis, pois dona
professora lhe repassava, mesmo que parcialmente, pois ainda pata e os irmãos aprenderam a língua de sinais e agora já podiam
estava em fase de aprendizado da sua língua materna. Porém seu se comunicar com o patinho surdo, acabando com o isolamento e
desenvolvimento tinha melhorado muito. Além disso, no contra também com o sofrimento do mesmo quando queria expressar
turno recebia atendimento no AEE, o que ajudava ainda mais no seus pensamentos e emoções e não conseguia.
seu desenvolvimento.
A partir de então, a vida de dona pata e do patinho surdo já
não eram mais as mesmas, e tudo isso ela agradecia à nova gestão
da escola que lhe apresentou a língua de sinais, a qual veio
transformar a vida escolar e social de seu filho surdo e também de
sua família, que agora era uma família feliz por completa, pois
uma das piores coisas é o bloqueio de comunicação,
principalmente entre os membros da família.
Este livro faz parte de uma Atividade
proposta no Curso de Libras, da
Turma 035 do Nível intermediário e
Avançado, da instituição Acesso, no
município de Abaetetuba-Pa, tendo
como finalidade o incentivo e
valorização da Literatura e da Cultura
Surda, uma vez que a temática é
ainda pouco abordada nas escolas,
destinado ao público infantil e aos
interessados em conhecer um pouco
mais sobre esse mundo sinalizado.
Boa leitura!

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