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O documento discute o uso de recomendações ministeriais como um instrumento para delimitar o dolo na improbidade administrativa. Ele argumenta que as recomendações do Ministério Público podem prevenir atos de improbidade e que a independência do MP permite combatê-los. Também analisa como a Constituição de 1988 fortaleceu o papel do MP na defesa dos interesses públicos e sociais.
O documento discute o uso de recomendações ministeriais como um instrumento para delimitar o dolo na improbidade administrativa. Ele argumenta que as recomendações do Ministério Público podem prevenir atos de improbidade e que a independência do MP permite combatê-los. Também analisa como a Constituição de 1988 fortaleceu o papel do MP na defesa dos interesses públicos e sociais.
O documento discute o uso de recomendações ministeriais como um instrumento para delimitar o dolo na improbidade administrativa. Ele argumenta que as recomendações do Ministério Público podem prevenir atos de improbidade e que a independência do MP permite combatê-los. Também analisa como a Constituição de 1988 fortaleceu o papel do MP na defesa dos interesses públicos e sociais.
A recomendação ministerial como possível instrumento de delimitação do dolo da improbidade administrativa. Boletim Científico ESMPU, Brasília, n. 16, n. 49, p. 139-179, 2017.
A jurisprudência pátria tem entendimento no sentido de que a condenação por
ato de improbidade administrativa exige a demonstração do elemento subjetivo da conduta do agente, sendo que a tipologia da Lei 8.429/93 exige dolo e, excepcionalmente, ao menos a demonstração de culpa quando se tratar de ato de improbidade que tenha causado prejuízo ao patrimônio público.
Nesse sentido, o objetivo do artigo é demonstrar que a recomendação é
poderoso instrumento à disposição do Ministério Público. Expedir recomendações encontra-se entre as atribuições MP (LC 75/1993, art. 6º, XX, e Lei 8.625/93, art. 27, parágrafo único, inciso IV). Analisam-se, portanto, os possíveis efeitos dessa medida.
Para tanto, necessário fazer uma análise do perfil constitucional do MP,
amplamente robustecido pela CRFB/88, que representou verdadeira revolução para a instituição e para a sociedade.
Isto porque a Constituição firmou o MP como fiscal da ordem jurídica e como
órgão independente em relação aos demais poderes. Como é sabido, historicamente o MP oscilou entre as estruturas do Poder Executivo e do Poder Judiciário, ora defendendo os interesses do Estado, ora sendo considerado mero apêndice da Justiça. Com a CRFB/88, conferiu-se lhe independência institucional e autonomia, atribuiu-se aos seus membros os mesmos direitos e garantias da magistratura, vedando-se, contudo, a advocacia pública.
Com isso, a independência funcional tem se mostrado como a marca do MP,
pois confere aos seus membros “autonomia de convicção”, permitindo que atuem em defesa da sociedade e do interesse público primário, o que o coloca em posição de combater ilegalidades praticadas por agentes da administração pública, contrapondo-se às violações e arbitrariedades.
O MP, contudo, não se limita a atuar perante o Poder Judiciário (atuação
demandista), mas também de forma resolutiva, dispondo de instrumentos extrajudiciais que têm se mostrado bastante eficientes.
A atuação proativa, preventiva e extrajudicial se acentuou com a promulgação
da CRFB, inserida no contexto do neoconstitucionalismo, marco constitucional atual, que traz consigo uma hermenêutica própria, coerente com o projeto constitucional. Sob este enfoque, o MP é tomado como promotor das transformações sociais ao atuar dentro de sua atribuição de fiscalizar a ordem jurídica constitucional. Trata-se de novo paradigma de atuação ministerial, também resolutiva, ao revés da meramente demandista. Importante lembrar, contudo, que os dois modelos não se excluem, sendo “faces da mesma moeda”.
Trilhou-se um caminho institucional e legislativo para chegar ao atual estado
em que se encontra a atuação do MP. O início se deu com a Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/1985), que instituiu o inquérito civil público e termo de ajustamento de conduta como instrumentos à disposição do MP.
Após a CRFB, vieram as leis orgânicas do MPU (LC 75/1993) e do MP
estadual (Lei 8.625/1993), em que se previu um leque de instrumentos para a atuação extrajudicial do MP, dentre os quais encontra-se a elaboração de relatórios periódicos para a avaliação de políticas públicas, importante instrumento de diálogo e que compõe a função de Ombudsman, figura que tem no MP a sua vertente brasileira.
Previu-se, também, a possibilidade de MP integrar Conselhos de Direitos,
colocando a instituição como parte no diálogo democrático com as demais entidades da sociedade e do governo.
É de se observar que o ato de improbidade é ato lesivo ao patrimônio público
e aos princípios da administração pública e afeta o interesse coletivo. Nesse sentido, a caracterização da improbidade vai além do tradicional crime de corrupção, pois abrange os conceitos de moralidade probidade.
Há divergência na doutrina a respeito do conceito de improbidade
administrativa, sendo que uma corrente defende estar dissociado do conceito de honestidade, a caracterizar a moralidade (Emerson Garcia), e parte entendendo não haver motivo para tal dissociação, uma vez que o contexto em que fora inserida a probidade administrativa na CRFB está diretamente ligada à proteção da moralidade administrativa (Carvalho Filho), sendo que os autores do artigo filiam-se a esta ultima concepção.
Fato é que o MP, com o advento da Lei 8.429/1993, tornou-se a instituição
competente para promover a responsabilização por ato de improbidade administrativa, conforme seus artigos 15 e 22.
Observa-se que o inquérito civil público permite ao MP identificar hipótese
de legitimação de sua atuação judicial, consubstanciada no interesse de agir. Com efeito, verificando a prática de ato de improbidade administrativa no curso de investigação civil, irá o MP promover a competente ação civil pública para responsabilizar o agente público, sendo esta uma atribuição constitucional (art. 129, III, CRFB/88).
Portanto, a investigação levada a cabo pelo órgão ministerial é ato
administrativo que tem como finalidade a formação da sua opinio actio, bem como a colheita de provas relativas ao sujeito ativo do ato de improbidade administrativa, ao elemento volitivo da conduta deste sujeito, bem como a caracterização e extensão do ato em si, para a correta tipificação legal.
No âmbito da atuação pré-judicial insere-se a atuação resolutiva do MP,
atuação esta que se caracteriza como “catalizador jurídico” do processo de justiça social no sentido de envolver os demais entes públicos e a sociedade como um todo.
O controle do orçamento público como instrumento de responsabilidade fiscal e probidade administrativa: a defesa da democracia, a proteção do estado democrático de direito e a conservação do bem coletivo
O agente político como sujeito ativo do ato de improbidade administrativa: aplicação da Lei 8.429/92 e possíveis consequências jurídicas advindas de sua condenação