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CONTESTAÇÃO EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES
DE ACIDENTE DE TRANSITO
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _____ VARA CIVEL DA COMARCA DE
_________________, ESTADO DE ___________________,
Processo n.º00000000000/000000-000 – Ordem n.º 0000/0000
_____º Oficio Cível da Comarca de ______________ – Estado de _______________
Ação : Indenização (Ordinária)
Requerentes : Fulana e Cicrano
Requerida : Beltrana
BELTRANA, (qualificação completa), por intermédio de seu(s) advogado(s) que esta ao final subscreve(m), com endereço
profissional na cidade de Guaíra, Estado de São Paulo, sito na Rua 12, n.º 900 – Centro – Cep.: 14.790-000, vem, com o
devido acatamento e respeito à honrosa presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 300 e seguintes do Código de
Processo Civil, bem como em toda a legislação pertinente à matéria, apresentar CONTESTAÇÃO à AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO, que lhe move Fulana e Cicrano,
(qualificação completa), aduzindo para tanto as relevantes motivações de fato e de direito que passa a elencar:
Alegam os requerentes:
1.-) que na data de 16 (dezesseis) de abril de 2.010 (dois mil e dez), em motocicleta de sua propriedade, qual seja,
marca/modelo Honda CG/ 150 Titan KS, placa AAA 0000, conduzida pelo primeiro requerente e figurando a segunda
requerente como passageira, transitando pela Avenida Bento XVI, sentido Rua João Paulo II , em velocidade aproximada de 30
(trinta) quilômetros por hora, repentinamente, no meio do quarteirão, foram abalroados pelo veículo marca/modelo Fiat / Idea
ELX, placa BBB 1111, conduzido pela requerida, sendo arremessados, o primeiro requerente ao canteiro central da avenida e
a segunda ao solo.
2.-) que foram imediatamente socorridos e encaminhados à atendimento médico, restando constatado que o primeiro
requerente havia sofrido lesões no tornozelo direito e tórax, e a segunda requerente, havia fraturada a clavícula direita,
culminando outrossim com as conseqüências originárias do evento, tais quais as dores havidas e a necessidade de
medicação.
3.-) que tal acidente ocasionou abrupta mudança na rotina de vida da segunda requerente, culminando com atendimentos
médicos diários e os conseqüentes deslocamentos para tanto, bem como, a realização de cirurgia na data de 12 (doze) de
maio de 2.010 (dois mil e dez), ilustrando que deverá ainda a segunda requerente se submeter a outra cirurgia já agendada
para o ano vindouro.
4.-) que o evento danoso prejudicou o trato da segunda requerente para com seus filhos, eis que as dores no braço a impedem
de exercer com plenitude seus deveres de mãe, obrigando-os à contratação de terceira pessoa para cuidar dos mesmos.
5.-) que em virtude das seqüelas derivadas do acidente, vem auferindo a segunda requerente cabeleireira por profissão,
prejuízos mensais de aproximadamente R$ 500,00 (quinhentos reais).
6.-) ainda com relação à segunda requerente, que esta foi contaminada pelo vírus da dengue.
7.-) que o primeiro requerente, em virtude do evento danoso, se afastou do trabalho pelo período de 15 (quinze) dias, o que
veio a onerar sobremaneira as despesas do lar, eis que teve a segunda requerente que arcar sozinha com todas as despesas.
8.-) que seu veículo, único meio de locomoção da família para trabalho e lazer, fora totalmente danificado em razão do
acidente, e que não poderá mais ser utilizado nem vendê-lo, eis que financiado, e seu estado, em um “ferro velho” lhe
propiciará um retorno de no máximo R$ 2.000,00 (dois mil reais).
9.-) que da data dos fatos até a propositura da presente ação, restou a requerida alheia, indiferente e silente quanto a seu
sofrimento.
10.-) que o evento danoso se deu por culpa exclusiva da requerida que não se atentou as regras comezinhas de transito.
11.-) que o evento danoso gerou prejuízos morais, tais quais a dor física que sofreram e vem sofrendo e a deformidade física
que experimentam, o que lhes causa constrangimento, vergonha e conseqüente abalo psicológico, afirmando ser justa a
indenização nesse sentido afim de que lhes seja devolvida a compensação da dor com alegria.
12.-) que o evento danoso gerou prejuízos materiais, aduzindo que o primeiro requerente deixou de auferir renda de
aproximadamente R$ 450,00 (quatrocentos e cinqüenta reais), haja visto o afastamento de seu trabalho pelo período de 15
(quinze) dias, e que a segunda requerente , teve, em virtude de tais fatos, que arcar sozinha com as despesas do lar; que a
segunda requerente, autônoma, deixou de auferir renda mensal de aproximadamente R$ 500,00 (quinhentos reais); que
despenderam gastos com medicamentos no importe de R$ 550,00 (quinhentos e cinqüenta reais); que tiveram um prejuízo de
R$ 4.355,00 (quatro mil trezentos e cinqüenta e cinco reais) com relação a “perda total” do veículo de sua propriedade
envolvido no acidente; atribuindo outrossim um prejuízo material equivalente à 11 (onze) salários mínimos até a data da
propositura da presente ação.
12.-) que em virtude da perda da capacidade laborativa por parte da segunda requerente, esta faz jus à pensão mensal vitalícia
no exato montante de seus atuais rendimentos.
13.-) que em virtude do evento danoso foram ocasionados danos estéticos que devem ser indenizados.
14.-) a condenação da requerida em danos materiais, no valor equivalente à 11 (onze) salários mínimos.
15.-) a condenação da requerida ao pagamento de pensão vitalícia mensal equivalente ao salário atual do cargo que exercia a
segunda requerente quando da ocorrência do acidente.
16.-) a condenação em danos morais e estéticos sofridos em valores equivalentes à 100 (cem) salários mínimos cada
condenação, totalizando 200 (duzentos) salários mínimos.
Pugnam outrossim pela citação da requerida nos termos legais e sob as penas legais, pela condenação desta em todos os
ônus sucumbênciais, pela produção de todas as provas em direito permitidas, especialmente o depoimento pessoal da
requerida e oitiva de testemunhas, pelos benesses da gratuidade processual.
Atribuem a causa o mesmo valor atribuído a seu prejuízo, estimado em R$ 110.000,00 (cento e dez mil reais).
Art. 4º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que
não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1º Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos da lei, sob pena de pagamento até o
décuplo das custas judiciais.
Diante de tais fatos, requer deste E. Juízo o deferimento dos benefícios da gratuidade processual, com a conseqüente isenção,
enquanto perdurar sua condição de hipossuficiência, de custas, taxas e despesas processuais, honorários advocatícios,
inclusive sucumbenciais, custas periciais e tudo mais que se faça necessário.
Realmente conduzia a requerida o veículo envolvido no fatídico incidente ocorrido em 16 (dezesseis) de abril de 2.010 (dois mil
e dez), nesta cidade de ________________, Estado de _________________, porém, ao contrário do que alegam os
requerentes, os fatos não se deram como narrados na inicial, sendo estes, ao que se extraí da prova dos autos os únicos
responsáveis pelo evento danoso.
Desta feita, inicialmente, resta à requerida impugnar integralmente o Boletim de Ocorrência colacionado aos autos, tendo em
vista que este, ao contrário do entendimento dos requerentes, não pode gerar presunção iuris tantum da veracidade dos fatos
narrados, uma vez que apenas consigna as declarações unilaterais narradas pelos envolvidos, sem atestar que tais afirmações
sejam verdadeiras.
No sentido do afastamento de tal presunção, em caso análogo, assim já se posicionou o STJ, mutatis mutandis:
O que realmente ocorreu, é que o veículo conduzido pela requerida, fora abalroado pelo veículo dos requerentes, quando
estes, em ato que evidencia total imprudência, negligencia e imperícia, através de manobra abrupta e em velocidade acima da
máxima permitida para o local, vieram a colidir com aquela, que já estava saindo e com os sinais luminosos ligados, do
estacionamento para a pista de rolagem gerando todos os danos experimentados por ambas as partes, aferidos daquela feito
como de pequena monta.
Vale destacar que o veículo da requerida, no momento da colisão transitava sob a forma regular e condizente com o exigido
pelo Código de Trânsito Brasileiro.
O dos requerentes, por sua vez, seguia de forma completamente desidiosa, ocasionando o acidente por negligência e
imprudência exclusiva destes, eis que dirigiu seu veículo sem os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
Assim sendo, resta evidente que os danos sofridos pelos autores não podem ser reputados a requerida, vez que em momento
algum agiu de forma a contribuir para o infortúnio.
Notoriamente, quando se fala em reparação é necessário que haja um ato ilícito a ser reputado ao agente causador deste, para
que então se desencadeie a obrigação de indenizar por tais danos. No caso em questão, não resta dúvida que o agente
causador do dano foi o requerente, a suposta vítima da lide em questão.
A explicação do que é ato ilícito pode ser encontrada no Código Civil em seu artigo 186, senão vejamos:
Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Na responsabilidade civil, o centro de exame é o ato ilícito. O dever de indenizar vai repousar justamente no exame da
transgressão ao dever de conduta que constitui o ato ilícito.
A culpa é a violação de um dever jurídico. José de Aguiar Dias (1979, v. 1: 136) apud Silvio de Salvo Venosa assevera:
“A culpa é falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço
necessário para observá-la, com resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração
das conseqüências eventuais de sua atitude. “
Da mesma forma, Rui Stoco (1999: 66):
“A culpa, genericamente entendida, é, pois, fundo animador do ato ilícito, da injúria, ofensa ou má conduta imputável. Nessa
figura encontram-se dois elementos: o objetivo, expressado na iliciedade, e o subjetivo, do mau procedimento imputável.”
Também o nexo de causal ou nexo de causalidade é o liame que une a conduta do agente ao dano. Assim, é por meio da
análise do nexo de causalidade que identificamos quem foi o causador do dano. Ressalte-se que se o dano ocorreu por culpa
exclusiva da vítima, por caso fortuito ou de força maior, não há o dever de indenizar.
A culpa exclusiva da vítima elide o dever de indenizar, porque impede o nexo causal, conforme se pode auferir pela dicção do
artigo 945 do Código Civil.
Pelo exposto, resta sobejamente comprovada a culpa exclusiva dos requerentes, não havendo de prosperar o pedido inicial,
não havendo ainda de se falar em indenização em danos por parte do requerido.
Caso assim não entenda Vossa Excelência, há de ser reconhecida a culpa concorrente, eis que, então, ambos os veículos
desrespeitaram a norma legal.
Razão pela qual, e o que desde já requer, a IMPROCEDENCIA é o único fim plausível para a presente ação.
Ad argumentandum, em que pese a ausência de casualidade, em virtude dos fatos e por mera liberalidade, sem qualquer
reconhecimento de culpa, imediatamente após a ocorrência fora o socorro acionado pela própria requerida, além do que, esta,
juntamente com seu pai, avô e namorado, acompanharam o atendimento dos requerentes até sua alta do hospital.
Ato continuo, a requerida, junto com os requerentes, entrou em contato com a Sra. ___________, proprietária da drogaria
Drogão, disponibilizando aos mesmos todos os medicamentos que se fizessem necessários em virtude de seus ferimentos.
Finalizando, a requerente determinou a reforma total do veículo dos requerentes junto às empresas Motos Reformadas, ambas
desta cidade, o que comprovam os documentos em anexo, arcando com os gastos de R$ 1.401,90 (um mil, quatrocentos e um
e noventa reais), além do que, entregou aos requerentes R$ 300,00 (trezentos reais) em espécie para que estes
regularizassem a documentação do veículo, eis que, em virtude da troca de peças e total recomposição de seu status, foi
necessária a realização de vistoria junto ao DETRAN.
Como se não bastasse, todos os dias o primeiro requerente telefonava para o pai da requerida, seja em sua residência, seja
em seu celular, seja no trabalho, exigindo dinheiro para despesas do lar e com remédios, tornando sua vida um verdadeiro
martírio.
Pelo que Excelência, se observa ser totalmente fantasiosa a versão dos requerentes, onde nitidamente visam se utilizar de um
fato corriqueiro, decorrente de um pequeno acidente de transito, mesmo não comprovada a culpa do suposto agente, para
usufruir de vantagens indevidas, alterando a verdade dos fatos e omitindo pontos essenciais dos mesmos, razão pela qual,
restando configurada, desde já requer sua condenação nas penas de litigantes de má-fé.
DOS DANOS MATERIAIS
Pois bem, é cediço que o valor da indenização por danos materiais deve guardar correlação exata com a extensão dos danos
causados, recompondo o patrimônio do lesado para que volte ao estado anterior ao evento danoso. A condenação em
indenização superior ao efetivo prejuízo equivale a enriquecimento sem causa.
Se os danos morais devem ser arbitrados segundo critérios de forma prudente pelo julgador, valendo-se de critérios de
razoabilidade, a indenização por danos materiais tem verdadeiro intuito de ressarcir, fazendo a esfera patrimonial voltar ao
status quo ante, o que é impossível quando os danos são de ordem emocional e psíquica. Justifica-se, portanto, que o
ressarcimento obedeça a critérios concretos e objetivos, exigindo prova efetiva da diminuição patrimonial e de sua extensão,
para que a indenização lhe seja equivalente, sendo ônus do autor comprovar esse prejuízo.
Rui Stoco tece considerações pertinentes sobre a matéria:
"Não obstante seu caráter subsidiário, a indenização em dinheiro é a mais freqüente, dadas as dificuldades opostas na prática
à reparação natural pelas circunstâncias e, notadamente, em face do dano, pela impossibilidade de restabelecer a rigor a
situação anterior ao evento danoso (Aguiar Dias, citado, p. 244).
Toda reparação se efetiva no sentido da restauração do estado anterior à lesão e isto é especialmente certo em relação à
reparação natural." (Tratado de Responsabilidade Civil. 6a ed. São Paulo: RT, 2004. p. 1183)
Alegam os requerentes haverem experimentados danos materiais no importe equivalente à 11 (onze) salários mínimos,
consubstanciados na perda da renda que o primeiro requerente deixou de auferir, aproximadamente R$ 450,00 (quatrocentos e
cinqüenta reais), haja visto seu afastamento do trabalho pelo período de 15 (quinze) dias, quando a segunda requerente teve
que arcar sozinha com as despesas do lar; na renda que a segunda requerente, autônoma, deixou de auferir mensalmente de
aproximadamente R$ 500,00 (quinhentos reais); nos gastos que despenderam com medicamentos no importe de R$ 550,00
(quinhentos e cinqüenta reais), e, no prejuízo de R$ 4.355,00 (quatro mil trezentos e cinqüenta e cinco reais) que tiveram com
relação a “perda total” do veículo de sua propriedade envolvido no acidente.
No que diz respeito ao afastamento do primeiro requerente de seu trabalho por quinze dias, não existe nos autos qualquer
comprovação neste sentido, razão pela qual, resta integralmente impugnado tal pedido, porém, à título de ilustração, cabe-nos
asseverar que, se real fosse tal assertiva, o afastamento do trabalho por 15 (quinze) dias, nenhum prejuízo traria ao mesmo,
eis que, conforme as normas trabalhistas, o afastamento por tal período, tem o ônus suportado pelo empregador, em nada
modificando, e nem podendo modificar, os rendimentos do obreiro. Portanto Excelência, inexistiu tal afastamento, mas, caso
existente, certo é que nenhum prejuízo material fora experimentado em virtude de tal fato, razão pela qual, há de ser
considerado improcedente tal pedido.
Da mesma forma, razão não assiste os requerentes quanto a cessação de rendimentos em virtude da paralisação das
atividades da segunda requerente, de uma, porque tal paralisação e o nexo causal desta com o acidente não se encontram
comprovados nos autos, de duas, porque tais rendimentos também não se encontram comprovados, alias, nem mesmo se
comprova a existência da ocupação por estes alegada, e por fim, porque a mera possibilidade de ganho não é suficiente para
dar ensejo à indenização. Necessário que seja comprovado o não auferimento de ganhos por descumprimento de obrigações
ou não aquisição de direitos em decorrência do ato ilícito do agente. O conjunto probatório dos autos, consubstanciado em
meras alegações e perspectivas, portanto, não é suficiente para provar efetivamente o prejuízo sofrido pelo requerente.
Insista-se, é indispensável a prova dos compromissos anteriormente assumidos que não puderam ser honrados em virtude da
ação ilícita e culpável do agente. Assim, as decisões dos Tribunais:
"AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO DO JULGADOR - DANOS MATERIAIS - DANOS
MORAIS - CARACTERIZADOS - LUCROS CESSANTES INDEVIDOS - QUANTUM INDENIZATÓRIO - CRITÉRIOS -
Caracterizada a culpa exclusiva do agente, assim como o nexo de causalidade entre a culpa e a lesão sofrida, dúvida não há
sobre a responsabilidade indenizatória, sendo que o prejuízo moral decorre da dor sofrida pela vítima, por ocasião do acidente
e do tratamento médico a que tem que se submeter. - Não é devida a indenização por lucros cessantes pelo evento danoso,
quando não restar inequivocamente demonstrado o prejuízo material sofrido pelo requerente. - A indenização pecuniária é uma
forma de amenizar, compensar o mal causado e não deve ser usada como fonte de enriquecimento ou abusos, devendo ser
fixada com razoabilidade." (TAMG. Apelação Cível: 410215-2. Rel. Juiz Mauro Soares de Freitas. Oitava Câmara Cível. Data
de Julgamento: 05/03/2004.) (grifo nosso)
"INDENIZAÇÃO. LUCROS CESSANTES. DEPRECIAÇÃO DO VEÍCULO. NECESSIDADE DE PROVAS DA EXISTÊNCIA E
QUANTIFICAÇÃO. SUCUMBÊNCIA PARCIAL. APENAÇÃO PARA OS PERDEDORES EM PROPORÇÃO. RECURSO
PROVIDO PARA TANTO. 1- Os LUCROS CESSANTES, para o seu deferimento, requerem prova específica em cada caso,
somente sendo atendida a pretensão quando ocorra induvidosa caracterização, sobretudo quanto ao valor correto e certo. 2-
Também a depreciação do valor do veículo envolvido em acidente não se presume, somente tornando-se procedente o pedido
ante prova incontroversa, inclusive no tocante ao quantum, pois isto varia de caso para caso. 3- As vitórias e derrotas
acontecidas no processo devem proporcionar apenação das partes envolvidas, não se podendo aceitar que, por comodidade, a
sentença diga que cada um pagará seu advogado. 4- Pleito secundário, em recurso, a que se dá provimento para o devido
acertamento." (TAMG. Apelação Cível nº 406654-0, Quinta Câmara Cível. Rel. Juiz: Francisco Kupidlowsk. Data Julgamento:
09/10/2003). (grifo nosso)
Em suma, não conseguiram os requerentes comprovar nem o exercício da atividade que alegam, nem a paralisação da
atividade, nem o nego causal entre tal paralisação e o acidente, e, o que se dirá dos lucros que deixaram de aferir em virtude
desta, razão pela qual, há de ser considerado improcedente tal pedido.
Quanto aos gastos com medicamentos, estes também não restaram comprovados, haja visto que, todos os poucos
medicamentos utilizados, conforme assertivas dos próprios requerentes, foram cedidos pelo Sistema Único de Saúde ou pelo
Município, sendo portanto indevida qualquer verba nesse sentido.
Por fim, no que diz respeito a perda total de seu veículo, esta nunca ocorreu, haja visto que, conforme comprovam os
documentos em anexo, o veículo fora totalmente recuperado às expensas da requerida, restando integralmente recomposto o
patrimônio dos requerentes.
Diante do exposto, não havendo experimentado qualquer dano material, a improcedência deste pedido é de rigor e o que
desde já requer.
Pleiteiam os requerentes o recebimento de pensão mensal vitalícia complementar, na importância mensal igual ao salário atual
do cargo que exercia a segunda requerente.
Tal pretensão, data maxima venia, é integralmente desmedida, pretensiosa, e seria verdadeiramente cômica, se trágica não
fosse, eis que, demonstra claramente o verdadeiro intuito dos requerentes, qual seja, e como já mencionado, é de se
aproveitarem de fato corriqueiro e banal, consistente em um pequeno acidente de transito com poucos danos, para angariar
mudança de vida.
Em momento algum restou comprovada a incapacidade laborativa da segunda requerida, ainda que parcial e temporária, e
ainda, se comprovada estivesse, não existe comprovação do nexo causal entre esta e o acidente ocorrido.
Diante de tais fatos não comprovada a incapacidade laborativa da segunda requerente, bem como o nexo causal entre tal
incapacidade e o acidente, ou ainda sua ocupação e reais rendimentos, não há o que se falar em indenização material a título
de pensionamento mensal vitalício.
Diante do exposto, não havendo incapacidade laborativa comprovada, nem mesmo comprovação do nexo causal entre esta
incapacidade e a conduta da requerida, a improcedência deste pedido é de rigor e o que desde já requer.
(c) Pugna pela IMPROCEDENCIA da condenação em pensionamento mensal vitalício, haja certo a não comprovação da
incapacidade laborativa da segunda requerida, ainda que parcial e temporária, e ainda, se comprovada estivesse, não existe
comprovação do nexo causal entre esta e o acidente ocorrido, nem mesmo sobre a ocupação em si.
(d) Pugna pela IMPROCEDENCIA da condenação em danos morais, haja certo a inocorrência destes, e, no caso de
condenação, sejam arbitrados conforme o douto arbítrio deste E. Juizo, levando em conta as peculiaridades do caso, tais como
dinâmica do evento, extensão dos danos e situação econômica das partes.
(e) Pugna pela IMPROCEDENCIA da condenação em danos estéticos, haja certo a inocorrência destes, e, no caso de
condenação, sejam arbitrados conforme o douto arbítrio deste E. Juizo, levando em conta as peculiaridades do caso, tais como
dinâmica do evento, extensão dos danos e situação econômica das partes.
(f) Requer a produção de prova pericial consistente em exame médico por experto de confiança deste E. Juízo, a título de
ilustração da existência ou não de incapacidade laborativa, se tal incapacidade, se existente, é temporária ou permanente, total
ou parcial, ou ainda se existe nexo causal entre a mesma e o acidente que dá azo a presente ação. Requer ainda, prova
pericial visando a existência de dano estético e qual a extensão do dano.
(g) Requer seja determinado aos requerentes a juntada das 03 (três) ultimas declaração do imposto de renda da segunda
requerente, e cópia reprográfica autentica de sua CTPS, documentos indispensáveis à finalização da tese da requerida, aos
quais esta não tem acesso por outro meio. No caso de justificativa no sentido de não possuí-los, quanto as declarações de
imposto de renda requer seja determinada a apresentação desta pela Receita Federal, e no caso da CTPS, seja oficiado o
MTE, com regional em Ribeirão Preto – SP., para que apresente os dados cadastrais da segunda requerente naquele órgão.
Pretende se provar com tais documentos o fato de que nunca exerceu a segunda requerente a atividade de cabeleireira e
ainda, o fato de que esta nunca obteve rendimentos mensais, razão pela qual, não apresentando justificativa e, recusando-se a
apresentá-los, requer sejam considerados como verdadeiros tais fatos.
(h) Requer os benefícios da gratuidade processual, eis que hipossuficiênte, conforme comprovam seus comprovantes de
rendimento.
(j) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito permitidos, notadamente as já requeridas, depoimento
pessoal de ambos os requeridos, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos e tudo mais que se fizer necessário.
Termos em que,
Pede deferimento.