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Apesar de você

Exilado na Itália, Chico Buarque via de longe Gilberto Gil e Caetano Veloso
serem presos e depois exilados em Londres, Vinícius de Moraes ser aposentado de seu
cargo no Itamaraty, denúncias de tortura e prisões políticas e a posse de Médici, em 1969.

A música “Apesar de você" foi lançada em 1970 e chegou a atingir a marca de


cem mil cópias vendidas. Estourou nas rádios de todo o país e se tornou a canção mania
nacional. Chegou até a ser regravada por Clara Nunes em janeiro de 1971, que acreditava
se tratar de uma briga de casal, mas a história desta música na verdade trata-se de uma
discussão nacional, considerada por muitos atemporal.

Lançada como compacto em 1970, “Apesar de você” é a única música que Chico
assume ter sido escrita para criticar a ditadura. Após voltar do exílio, Chico percebe que
o país pouco mudou e escreve a canção. Quando a enviou para a censura, Chico temia
que a música fosse censurada, o que surpreendentemente não aconteceu.

A composição de Chico Buarque atuou diretamente contra a ditadura militar, pois


a mesma fora escrita período. A canção “Apesar de Você” foi escrita no mesmo ano em
que a seleção brasileira de futebol conquistou o tricampeonato mundial, as torturas e
desaparecimentos de pessoas contrárias ao regime do general Médici eram constantes.

Após uma nota publicada em um jornal, na qual relacionava o “você” com o


governo daquela época, o samba foi proibido de tocar nas rádios brasileiras, sendo
gravada em disco apenas em 1978, durante o final do governo do general Ernesto Geisel.

Análise de versos e estrofes


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A música se inicia com a frase “amanhã vai ser outro dia”, onde o som deste
trecho vai aumentando gradativamente como o início de uma discussão.

Logo em seguida, ela diz: ” Hoje você é quem manda/Falou, tá falado/não tem
discursão, não”. Este trecho nos dá a ideia de o início de uma discussão, mas na verdade
a música está se dirigindo a incompreensão da ditadura em relação à sociedade na época,
fato este que oprimiu e calou as vozes de muitas pessoas.

”A minha gente hoje anda/ Falando de lado e olhando pro chão, viu? / Você
que inventou esse Estado/ Inventou de inventar/ Toda escuridão”. Este trecho mostra
como as pessoas viviam diante da ditadura. A palavra “gente”, constrói no texto um
sentido humilde diante da sociedade que se liga ao fato das pessoas estarem
desacreditadas, ou seja, olhando para o chão. A palavra “estado” aparece na música
formada por ambiguidade, pois o estado pode ser interpretado como estado emocional ou
como uma referência ao governo.

O refrão da música é muito significativo e repleto de mensagem por que apresenta


a ideia central das letras, de que apesar de alguém (ditadura), amanhã outra coisa
acontecerá, ou seja, será outro dia. A ideia de outro dia traz consigo o recado da
renovação.

“Eu pergunto a você aonde vai se esconder/ Da enorme euforia? / Como vai
proibir/ quando a galo insistir em cantar? / Água nova brotando/ E a gente se
amando sem parar”. Este trecho se liga à música pelo viés da indagação, o que fazer
quando isso acabar, todos estarão eufóricos não terá mais nada para proibir. A figura do
galo cantando lembra novamente a manhã, e a mesma por sinal acrescenta-se na
mensagem de um novo dia.

“Água nova brotando/ E a gente se amando sem parar”. Esse trecho é


responsável pela construção da ambiguidade da música, apresentado sobre a mesma o
sentido de que um homem está se dirigindo a uma mulher (é por este fato que a canção
passa despercebida pela ditadura). A canção segue fazendo um jogo de ambiguidade onde
o compositor teve o cuidado de falar ao mesmo tempo com a suposta “mulher”, que na
verdade ninguém mais é do que a ditadura.

E para concluir essa música, Chico Buarque acrescenta, de forma ousada, “Você
vai se dar mal etc e tal/ La, laiá, la laiá, la laiá??”.
Construção

A música “construção” diz a respeito das mudanças nas relações de trabalho no


Brasil instaurado pelo Regime Militar.

Os versos da música “Construção” de Chico Buarque, são alexandrinos, isto é,


possuem doze sílabas poéticas e uma cisão na sexta sílaba. Esse tipo de verso longo exige
uma pausa, e o resultado é uma cadência no meio do verso.

O tema dessa canção é o cotidiano de um trabalhador na construção civil. A forma


que os versos são cadenciados nos dão a ideia de uma construção, de um movimento que
começa, abranda e volta.

A repetição das palavras gera um efeito de homofonia, no qual os sons iguais que
se repetem causam uma unidade rítmica, e também corroboram com o tema do cotidiano,
no qual dias vão passando, uns seguidos dos outros, com pequenas variações.

Análise de versos e estrofes

A canção começa com o trabalhador se despedindo de sua família para ir ao


trabalho:

“Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido”


Esse trecho mostra a execução do trabalho (provavelmente, a construção de um
edifício):

“Subiu a construção como se fosse sólido

Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego”

A estrofe a seguir representa o momento de intervalo do trabalhador onde ele


almoça e se diverte:

“Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo

Bebeu e soluçou como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo”

E o final, que, nesse caso, é trágico:

“E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego”


A última estrofe é uma espécie de condensação da música. O ritmo se torna mais
intenso, as metáforas têm mais carga poética e as ações são resumidas em uma única
estrofe.

“Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado”

O formalismo que marca a música junto com a narrativa do dia de um operário


que morre em serviço acaba servindo para uma crítica social. A alienação do trabalho
marca o operário como uma máquina, destituída de características humanas, que serve
apenas para executar ações.

A morte em serviço é tratada como um empecilho, não como uma tragédia. A


desumanização do trabalhador se torna uma crítica ao modo de produção capitalista,
mesmo que o foco da letra seja a construção formal.
Bibliografia:

https://www.culturagenial.com/musica-construcao-de-chico-buarque/

https://musicasbrasileiras.wordpress.com/2010/12/20/apesar-de-voce-chico-
buarque/

http://brasilradio.com/home/2018/3/20/6r1fjgkbwb9n29sxbivgbj1tdbzlz4
CENTRO EDUCACIONAL EVANGÉLICO VIEIRA AGUIAR

ANÁLISE DAS MÚSICAS “APESAR DE VOCÊ” E


“CONSTRUÇÃO” DE CHICO BUARQUE

VICTÓRIA ARAGONEZ

2001

PROF. LUIS FILIPE

HISTÓRIA

RIO DE JANEIRO, 23 DE OUTUBRO DE 2018

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