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Tráfico de Atletas

Uma Modalidade de
Tráfico de Pessoas

Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes


Procuradora do Trabalho
MANIFESTAÇÕES DO DESPORTO

• Art. 3o O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes


manifestações:
• I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas
assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da
cidadania e a prática do lazer;
• II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as
modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a
integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da
saúde e educação e na preservação do meio ambiente;
• III - desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e
regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de
obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as
de outras nações.
MANIFESTAÇÕES DO DESPORTO

• ART. 3º
• Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser organizado e
praticado:
• I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em
contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva;
• II - de modo não-profissional, compreendendo o desporto:
• a) semiprofissional, expresso em contrato próprio e específico de estágio, com atletas entre quatorze e dezoito
anos de idade e pela existência de incentivos materiais que não caracterizem remuneração derivada de contrato
de trabalho; REVOGADO, ANTE NOVA REDAÇÃO DADA PELA LEI 9981/2000.
• b) amador, identificado pela liberdade de prática e pela inexistência de qualquer forma de remuneração ou de
incentivos materiais para atletas de qualquer idade. REVOGADO ANTE NOVA REDAÇÃOPELA LEI 9981/2000

• II - de modo não-profissional, identificado pela liberdade de prática e pela


inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de
incentivos materiais e de patrocínio
Aprendizagem x Formação Desportiva

APRENDIZAGEM CLT FORMAÇÃO DESPORTIVA


• Art. 428/CLT: • Art. 29, § 4º da Lei Pelé
• Contrato de aprendizagem é o • § 4º O atleta não profissional em
contrato de trabalho especial, formação, maior de 14 e menor de
ajustado por escrito e por prazo 20 anos de idade, poderá receber
determinado, em que o auxílio financeiro da entidade de
empregador se compromete a prática desportiva formadora, sob
assegurar a maior de 14 e menor a forma de bolsa de
de 24 anos, inscrito em programa aprendizagem livremente
de aprendizagem, formação pactuada mediante contrato
técnico-profissional metódica [...] e formal, sem que seja gerado
ao aprendiz, a executar, com zelo vínculo empregatício entre as
e diligência, as tarefas partes.
necessárias a essa formação.
Aspectos comuns
• Forma: Contrato escrito (art. 428, caput da CLT e art. 29,
§ 4º da LPelé)
• Prazo determinado: (“até dois anos” segundo o art. 428, §
3º da CLT e “duração determinada” segundo o art. 29, § 6º, II da
LPelé; porém, a partir dos 16 anos convém celebrar o contrato
profissional).
• Idade mínima: 14 anos (art. 428, caput da CLT e art. 29, §
4º da LPelé).
• Objeto: Formação profissional: “a FP caracteriza-se por
atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em
tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de
trabalho” (art. 428, § 4º/CLT); ou “é considerada entidade
formadora, a que assegurar ... (art. 29, § 2º, incisos e alíneas):
Aspectos comuns
• Obrigatoriedade de escolarização concomitante;
salvo conclusão do ensino médio (art. 428, § 1º da CLT e art.
29, § 2º, I e “c” da LPelé).
• As entidades qualificadoras devem ser qualificadas:
* Aprendizagem: caso não seja o Sistema S que ministre os
cursos, as entidades estão sujeitas a avaliação do Ministério do
Trabalho (art. 430, § 3º da CLT).
* F. Desportiva: clubes formadores sujeitos à certificação da CBF –
“entidade nacional de administração do desporto”(art. 29, § 3º da
LPelé).
CONTRATO
FD
• Relação de trabalho, sem
§ 4º O atleta não
profissional em formação,
vínculo de emprego
maior de 14 e menor de 20 • Onerosidade diferida:
anos de idade, poderá
receber auxílio financeiro da bolsa pode ser pactuada,
entidade de prática mas não é ela que define
desportiva formadora, sob a os valores em jogo, mas
forma de bolsa de
aprendizagem livremente sim: a) a indenização
pactuada mediante contrato pelos gastos de formação
formal, sem que seja
gerado vínculo e b) “mecanismo de
empregatício entre as solidariedade”.
partes.
ONEROSIDADE DIFERIDA
INDENIZAÇÃO MECANISMO SOLIDARIEDADE
Art. 29, § 5º: A entidade de prática Art. 29-A. Sempre que ocorrer
desportiva formadora fará jus a valor transferência nacional, definitiva ou
indenizatório se ficar impossibilitada temporária, de atleta profissional,
de assinar o primeiro contrato especial
até 5% (cinco por cento) do valor
de trabalho desportivo por oposição
do atleta, ou quando ele se vincular, pago pela nova entidade de prática
sob qualquer forma, a outra entidade desportiva serão obrigatoriamente
de prática desportiva, sem autorização distribuídos entre as entidades de
expressa da entidade de prática práticas desportivas que
desportiva formadora, atendidas as contribuíram para a formação do
seguintes condições: atleta, na proporção de:
I – estar o atleta registrado pelo clube I - 1% (um por cento) para cada ano
II – limite de 200 vezes os gastos gerais de formação do atleta, dos 14
de formação (despesas com (quatorze) aos 17 (dezessete)
professores, alojamento, alimentação, anos de idade, inclusive; e
programa de formação, bolsa)
II - 0,5% (meio por cento) para cada
III – o pagamento “só poderá ser efetuado
por outra entidade de prática
ano de formação, dos 18 (dezoito)
desportiva”. aos 19 (dezenove) anos de idade,
inclusive.
Formação Desportiva ou Trabalho
Degradante

?
“Academia” do ECSJ (maio/2012). Os atletas treinavam
sozinhos, nesses “equipamentos”. O professor estava,
nesse momento, dando treinamento de campo aos demais
atletas.
Exercícios de musculação no ECSJ (maio/2012): o atleta
informou que foi orientado a fazer três séries de
levantamento de tijolo por dia para fortalecer os braços.
Orientações do supervisor ECSJ (maio/2012)
Vejam os programas de TV admitidos:
Sala de televisão do alojamento ECSJ. Só tinha
essa cadeira e um sofá de dois lugares, velho.
Os quartos do alojamento do
ECSJ:
Banheiro do alojamento do ECSJ.
Higiene precária, mau cheiro...
Refeitório do alojamento do ECSJ

O detalhe do teto desabado encontra-se no mesmo cômodo..


Quarto do técnico Romário (ECSJ)
REUNIÃO FINAL DA EQUIPE DE INSPEÇÃO
NO ECSJ
De boné, o “técnico” e olheiro Romário; de colete preto, o “diretor
de marketing” do clube, e principal dirigente. Ao fundo, a equipe do
CAOPCA e a promotora de justiça. E eu, com a prancheta na mão.
PROTOCOLO DE PALERMO – D. 5017/2004

• Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o


Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão
e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças
• Definições
• Para efeitos do presente Protocolo:
• a) A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o
transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de
pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas
de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade
ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de
pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma
pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A
exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de
outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou
serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura,
a servidão ou a remoção de órgãos;
PROTOCOLO DE PALERMO

• b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo


em vista qualquer tipo de exploração descrito na alínea a) do
presente Artigo será considerado irrelevante se tiver sido utilizado
qualquer um dos meios referidos na alínea a);
• c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o
acolhimento de uma criança para fins de exploração serão
considerados "tráfico de pessoas" mesmo que não envolvam
nenhum dos meios referidos da alínea a) do presente Artigo;
• d) O termo "criança" significa qualquer pessoa com idade inferior a
dezoito anos.
Reprovabilidade do Tráfico
Criminal Civil
• Tipo de tráfico de • Responsabilidade civil
pessoas exclusivamente (art. 942) – ato ilícito
relacionado com a • Dano moral (imaterial)
exploração sexual coletivo
• Tipos correlatos: art. 149; • Ação Civil Pública: tutela
206, 207 e 309 do CP e inibitória, punitiva e
238, 239 e 251 do ECA potencialmente
(prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
terceiro, mediante paga ... promover ou auxiliar a
efetivação de ato destinado ao envio de criança ou
restauradora
adolescente para o exterior .... E transportar criança
ou adolescente, por qualquer meio, com
inobservância dos art. 84 a 85 (estar acompanhada
de pessoa maior, expressamente autorizada pelos
responsáveis – 83, § 1º, b, 2..
Rotas / Fluxos

• Do Brasil para o Exterior (CPI da NIKE/CBF) “A CPI


considerou a apuração de fatos relativos ao tráfico de atletas menores de idade um
ponto de honra, segundo o relatório final e, como encaminhamento, lançaram o
projeto de lei que criaria o estatuto do esporte. E que os clubes sejam administrados
de forma a terem como renda principal a venda de bons espetáculos e não o produto
da venda de jogadores ou atletas: PL 4874/2001

• Dentro do Brasil (Projeto Atletas da Copa e das


Olimpíadas - MPT) PL 6204/13 – Dep Flavia Moraes, para instituir obrigatoriedade da presença de
responsável 24h em alojamentos; PL 6260/13: possibilita a incidênica do mecanismo indenização por formação a partir do
primeiro mês do registro do contrato; estabelece prazo mínimo de 6 meses, de duração do contrato de formação
desportiva, apensado ao PL 4874/91

• Do exterior para o Brasil (Conexão Coreana, Japão,


Paraguai ...) Res 86/2010 CNIG: prática intensiva de treinamento
desportivo.
Apel. 0015916-2011.8.26.0562 – TJSP.
Réu: Associação Atlética Portuguesa
Réu: Ronildo Borges de Souza

• Relator: Roberto Solimene


• Ementa: [...]
• RESPONSABILIDADE CIVIL – Menores em situação de risco.
Futebol – Lei Pelé. Recrutamento de Atletas – Vulnerabilidade –
Alojamento em condições reprováveis. Fato social relevante. Dano
moral. Cabimento.
• MENOR -`Protocolo Adicional a Convenção da ONU contra o Crime
Transnacional relativo à prevenção, repressão e punição do tráfico
de pessoas, em especial mulheres e crianças [...] – Incidência [...]
para garantir direito fundamental em prol de jovens candidatos a
futuros atletas profissionais.
Apel. 0015916-2011.8.26.0562 – TJSP.
Réu: Associação Atlética Portuguesa
Réu: Ronildo Borges de Souza

• Responsabilidade pela “terceirização”: o contrato particular firmado


pelas partes não tem o condão de anular em termos concretos, a
vigência daquele microssistema protetivo, recheado de cláusulas
gerais (o ECA), quando mais quando a infração é perpetrada sob
suas vistas, dentro de suas dependências, expondo a perigo quem
é constitucionalmente protegido... A legitimação passiva deriva das
vantagens com a realização da prática ora denunciada
• “NOVO OLHAR: Esse caso repete outros, envolvendo entidades
esportivas diversas, sem que lhes tenham dado a importância
devida, a evidenciar que esta seria uma prática temerária com
vistas a formação de atletas, sem as cautelas legais devidas,
afrontados diretamente os preceitos da proteção integral e da
prioridade de atendimento...sendo severamente reprimida a
captação de talentos pela esperança de sucesso, este manipulado
como artifício ou negócio aleatório...
FIM! OBRIGADA!

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