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21, nº 2, 347-359
DOI: 10.9788/TP2013.2-04
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de descrever efeitos de uma intervenção realizada com educadoras de
primeira série do ensino fundamental, buscando ampliar habilidades sociais básicas compatíveis com
repertórios pró-éticos. Participaram cinco educadoras e 57 alunos e foram aplicados dois instrumentos,
a Escala de Comportamento Infantil B. de Rutter para professores (ECI-B) e o Questionário de Respos-
tas Socialmente Habilidosas para Professores (QRSH-Pr); e realizadas filmagens de situações de sala
de aula pré e pós intervenção. As educadoras participaram de uma proposta de formação continuada,
momentos em que se refletiram questões teóricas vinculadas à formação e desenvolvimento ético–mo-
ral, além de temáticas diversas, que emergiram dos resultados da aplicação preliminar dos instrumentos
utilizados. Os resultados gerais mostraram aumento na interação positiva aluno-educador, na exibição
de comportamentos socialmente hábeis, além de diminuição dos indicativos de problemas de comporta-
mento, ampliando assim os comportamentos pró-éticos na realidade investigada. Diante de tais dados,
que indicam o envolvimento de docentes e a sensibilidade dos alunos às contingências programadas,
parece auspicioso o emprego de procedimentos sistemáticos de ensino mediante rearranjo de contin-
gências para formação continuada dirigida a temas transversais relevantes, como o da ética nas relações
interpessoais, a partir do contexto escolar.
Palavras-chave: Comportamento pró-ético, comportamento pró-social, ensino fundamental, inter-
venção, formação continuada.
Abstract
The aim of this research was to describe effects of an intervention with educators from the first grade of
elementary school, seeking to expand basic social abilities consistent with pro-ethical repertoires. Par-
1
Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia, Faculdade de Ciências de Bauru, Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Vargem Limpa,
Bauru, SP, Brasil 17033-360. E-mail: bolsoni@fc.unesp.br, anaverdu@fc.unesp.br, kester.carrara@uol.com.
br, lmelch@fc.unesp.br, lucialeite@fc.unesp.br e scalais@fc.unesp.br
Este estudo derivou de um projeto maior “Ensino fundamental, aprendizagem e desenvolvimento: um aporte
da Psicologia à construção da cidadania na escola”, processo 2004/14157-0, Edital de Ensino Público da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
348 Bolsoni-Silva, A. T., Verdu, A. C. M. A., Carrara, K., Melchiori, L. E., Leite, L. P., Calais, S. L.
ticipated five teachers and 57 students participated and they were applied to the Rutter Child Behavior
Scale B. for Teachers (ECI-B) and Questionnaire of Socially Adept Answers for Teachers (QRSH-Pr),
beyond classroom situations films before and after intervention. The educators had also participated
of a proposal of continued formation, moments in that they had reflected theoretical issues related to
training and developing ethical and moral as well as diverse topics, which emerged from the prelimi-
nary application of the instruments utilized. The overall results showed an increase in positive student-
-teacher interaction, in the view of socially skillful behaviors, beyond reduction of indicators of behavior
problems, thus extending the pro-ethical behaviors in the investigated reality. These data indicate the
involvement of teachers and sensitivity of students with programmed contingencies. In this case, the
use of systematic procedures and teaching rearrangement contingencies for continuous formation seems
prosperous, especially if targeted themes transverse relevant, as the ethics of interpersonal relationships
in the school context.
Keywords: Pro-ethical behavior, pro-social behavior, intervention, fundamental education, continuous
formation.
Resumen
El objetivo de este estudio fue describir los efectos de una intervención con los educadores de las pri-
meras series de la escuela primaria, buscando ampliar capacidades sociales básicas compatibles con
repertorios favorables a la ética. Cinco educadores y 57 estudiantes participaron y se aplicó la Escala
de Conducta Infantil B. de Rutter para profesores (ECI-B) y el Cuestionario respuestas socialmente
cualificadas para Maestros (QRSH-Pr), además de películas de situaciones en el aula antes y después
de la intervención. Los educadores también participaron de una propuesta de formación continuada,
momentos donde si habían reflejado preguntas teóricas relacionadas con la formación y el desarrollo
de diversos temas éticos y morales, así como los que habían emergido de los resultados preliminares de
los instrumentos usados. Los resultados generales mostraron un aumento en la interacción positiva de
los estudiantes y maestros, en la exposición de comportamientos socialmente calificados, y la reducción
de los indicadores de problemas de conducta, así ampliando los comportamientos que llevan a la ética
en la realidad investigada. Teniendo en cuenta estos datos, los cuales indican la participación de los
docentes y la sensibilidad de los alumnos ante las contingencias programadas, parece prometedor el uso
de procedimientos sistemáticos de enseñanza mediante la reorganización de las contingencias para la
formación continua dirigida a los temas transversales relevantes, tales como la ética en las relaciones
interpersonales, partiendo del contexto escolar.
Palabras clave: Comportamiento favorable a la ética, conducta pro-social, intervención, educación
primaria, formación continua.
tituam repertórios sociais e – especialmente no dos mesmos. Para Caballo (1995) não há uma
contexto da infância – “pró-sociais”, são, espe- definição de consenso sobre habilidades sociais,
cificamente, comportamentos que revelam o iní- ainda que o termo tenha sido usado para designar
cio da integração social mediante a incorporação um conjunto de habilidades aprendidas. Assim,
de valores éticos que preparam para o exercício comportamento socialmente habilidoso ou mais
integral da cidadania. Tais comportamentos são adequado refere-se à expressão, pelo indivíduo,
encontrados na literatura sob a frequente rubri- de atitudes, sentimentos, opiniões, desejos, res-
ca de comportamentos “pró-éticos”. Repertórios peitando a si próprio e aos outros, implicando,
pró-éticos são constituídos de interações sociais em geral, a resolução dos problemas imediatos,
básicas que precedem uma vida adulta cidadã, bem como na diminuição da probabilidade de
mas apresentam uma peculiaridade, qual seja a problemas futuros (Caballo, 1991).
de serem os rudimentos para as escolhas éticas Caldarella e Merrell (1997), ao descreve-
que nortearão ações do indivíduo quando adulto. rem habilidades sociais específicas para crianças
Para exemplificar, ao educar para a boa coope- e adolescentes, apontam as seguintes categorias:
ração e o compartilhamento de recursos instru- (a) habilidades de relacionamento com colegas
mentais ou didáticos (livros, canetas, lápis), tam- como elogiar, oferecer ajuda ou assistência, con-
bém se está ensinando à criança os pressupostos vidar para brincar; (b) habilidades de automa-
mais básicos para uma vida adulta (cidadã) que nejo como concordar com outros quando apro-
exige obedecer algumas regras de convivência priado, aceitar críticas, cooperar com outros; (c)
urbana, polida, respeitosa à propriedade alheia. habilidades acadêmicas como executar tarefas
Se, por um lado, uma dimensão ética implica in- independente e individualmente, ouvir e cum-
teração social, por outro, comportamentos pró- prir as instruções do professor, utilizar o tempo
-éticos podem ser entendidos como constituindo adequadamente; e (d) habilidades de obediên-
uma subcategoria dos comportamentos sociais, cia como seguir instruções e regras, completar
uma vez que exigem a escolha de valores básicos tarefas e guardar apropriadamente brinquedos e
que futuramente solidificarão uma atuação social objetos. Esses comportamentos podem ser ensi-
do indivíduo baseada em respeito a direitos e de- nados na interação do adulto com a criança. Nes-
veres numa sociedade igualitária e justa (Betetto se sentido, a análise dessas interações constitui
& Carrara, 2009; Carrara, 1996, 1999, 2000; M. aspecto relevante nessa proposta, uma vez que
F. Ferreira & Carrara, 2009; Rocha & Carrara, o comportamento humano é dotado de sensibili-
2011). dade ao ambiente, mas, sobretudo a um aspecto
Del Prette e Del Prette (2003) relatam a im- especial desse ambiente, isto é, a sensibilidade
portância de se destacar o desenvolvimento de ao que fazem outros membros da espécie.
valores positivos e de comportamentos pró-so- Adicionalmente, pesquisadores afirmam
ciais na escola, com ênfase à empatia, solução de que comportamentos socialmente habilidosos
problemas interpessoais e controle da impulsivi- previnem o surgimento de problemas de com-
dade e da raiva. A literatura sugere, em geral, que portamento (Del Prette & Del Prette, 2002). Tal
o ensino de Habilidades Sociais - por exemplo, relação pode ocorrer à medida que as crianças,
as pró-éticas e pró-sociais - poderia ser realizado ao interagirem mais positivamente com as pes-
de modo compatível com o conteúdo acadêmi- soas de sua convivência, aumentam a probabi-
co ensinado, ao mesmo tempo em que deveria lidade de obter reforçamento social. Nessa linha
enfatizar uma perspectiva cooperativa entre os de raciocínio, tais comportamentos poderiam
componentes da comunidade acadêmica. propiciar “saltos” comportamentais (Rosales-
As Habilidades Sociais (HS) têm sido in- -Ruiz & Baer, 1997), que são mudanças com-
vestigadas por Del Prette e Del Prette (2002) portamentais importantes por permitirem que a
como um campo teórico-prático que visa des- criança encontre contingências relevantes para
crever repertórios sociais, bem como tecer ex- a aprendizagem social ou acadêmica. Por outro
plicações acerca do surgimento e da manutenção lado, Bolsoni-Silva e Del Prette (2003) definem
Ampliando Comportamentos Pró-Éticos dos Alunos: Relato de Pesquisa e Intervenção 351
Tabela 1
Sistema de Categorias para Análise da Prática Pedagógica
Positivas Negativas
1. Domínio da sala de aula: o educador consegue 1. Falta de domínio da sala de aula: o educador
manter a classe interessada e envolvida na tarefa não consegue ser ouvido ou obedecido pela
proposta, com limites e regras bem estabelecidas maior parte dos alunos da classe;
em situações prévias; 2. Responde pelo aluno: o educador não pro-
2. Reflexão: procura fazer com que os alunos refli- cura extrair dos alunos o conhecimento pré-
tam sobre o conteúdo dado, respeitando seu co- vio que eles têm a respeito do tema, e dá
nhecimento prévio e os incentivando a encontrar respostas prontas, após questioná-los;
resposta ou caminho necessário para ela, avan- 3. Critica o aluno: o educador faz críticas ou
çando na aquisição do conhecimento; chama a atenção do aluno;
3. Crítica: o educador, ao julgar necessário fazer 4. Atenção homogênea: o educador dá aten-
críticas ao comportamento, primeiro elogia o que ção homogênea aos alunos, não levando em
o aluno fez de forma adequada, depois diz como conta se há graus de dificuldade diferentes
poderia ter feito melhor e, a seguir, o elogia no- ou não;
vamente no que fez de adequado. 5. Ausência de outros recursos: o educador dá
4. Atenção individualizada: dá atenção individuali- a mesma explicação a respeito da tarefa, e,
zada aos alunos, conforme o grau de dificuldade quando não compreendido, repete-a;
que apresentam; 6. Não utilização do erro: o educador deixa
5. Oferece suporte à tarefa: o educador oferece pis- de utilizar as respostas erradas dos alunos,
tas verbais ou recursos concretos para os alunos como recurso de aprendizagem e reflexão
realizarem a tarefa; para encontrarem a resposta correta;
6. Reflexão sobre o erro: o educador utiliza-se de 7. Não reconhecimento: o educador deixa de
respostas erradas dos alunos, estimulando-os a elogiar ou reconhecer as respostas e com-
encontrarem a resposta correta; portamentos adequados dos alunos;
7. Elogio: elogia as respostas e comportamentos 8. Não incentiva: o educador não incentiva
adequados dos alunos; a participação dos alunos e não consegue
8. Participação: o educador incentiva a participação mantê-los motivados para a realização da
dos alunos e consegue motivá-los para a tarefa. tarefa.
Nas cenas escolhidas foram averiguadas as dois pesquisadores elaboraram o sistema de ca-
ocorrências das categorias para cada filmagem tegorias e a classificação das filmagens foi re-
selecionada de cada educadora. Para se garan- alizada individualmente, obtendo-se índice de
tir maior fidedignidade na análise das filmagens, concordância de 100% (Kazdin, 1982).
Ampliando Comportamentos Pró-Éticos dos Alunos: Relato de Pesquisa e Intervenção 355
60 55 Indicativo
41 Sem indicativo
40
16
20
2
0
Pré-teste Pós-teste
Medidas de Avaliação
Figura 1. Comparação das medidas antes e depois da intervenção com os alunos (com e sem indicativos de Problemas
de Comportamento – ECI/B).
Verifica-se redução do número de crianças da ter sido realizada em curto prazo, com número
indicadas como tendo problemas de comporta- reduzido de sessões, intervir pontualmente com
mento (de 48,7% para 36,3%), no pós-teste. O educadores parece ser promissor para reduzir a
teste Qui-Quadrado 2x2 indicou diferença esta- ocorrência de problemas de comportamento por
tística significativa (p = 0,021). Estes dados indi- parte dos alunos e, consequentemente, aumentar
cam que, apesar da formação continuada oferta- o indicativo de casos não-clínicos.
Tabela 2
Comparações Pré e Pós-Testes dos Fatores do QRSH-Pr (Teste Mann-Whitney)
Pré-teste Pós-teste
Fatores do QRSH-Pr p
Média Média
Fator Sociabilidade (15 itens) 16,86 19,26 0,004
Fator Iniciativa (6 itens) 6,40 6,39 -
Fator Busca de Suporte (3 itens) 4,36 4,28 -
Item “não se deixa intimidar” 1,39 1,23 -
Total do QRSH-PR 34,44 67,96 0,000
A Tabela 2 ilustra uma comparação das crianças, segundo relatos de suas educadoras.
medidas de pré e pós-teste das médias totais ob- Pesquisadores afirmam que comportamentos
tidas com o instrumento QRSH-Pr que aponta socialmente habilidosos previnem o surgimento
aumento significativo do escore total e do fator de problemas de comportamento (Del Prette &
Sociabilidade na medida de pós-teste, no relato Del Prette, 2002; M. C. T. Ferreira & Martura-
de desempenhos socialmente habilidosos das no, 2002), porque quando as crianças interagem
356 Bolsoni-Silva, A. T., Verdu, A. C. M. A., Carrara, K., Melchiori, L. E., Leite, L. P., Calais, S. L.
mais positivamente com as pessoas de sua convi- apresentaram alteração significativa após a in-
vência, diminui a possibilidade de apresentação tervenção, exibindo diminuição de problemas e
de comportamentos inadequados, permitindo aumento de respostas sociais hábeis.
que a criança encontre contingências relevantes A seguir, na Figura 2, encontram-se os re-
para a aprendizagem, seja social ou acadêmica. sultados obtidos por intermédio da análise das
Os dois instrumentos aplicados tiveram seus filmagens das educadoras, em situações de in-
resultados corroborados na medida em que tanto teração com seus alunos em sala de aula, em
a apresentação de problemas de comportamen- momentos distintos: antes e depois da formação
to como as respostas socialmente habilidosas continuada ofertada.
A B C D E
Figura 2. Frequência de comportamentos das educadoras – A, B, C, D, E – categorizados como Positivos (+) ou Nega-
tivos (-), antes e depois da intervenção.
como pré-requisitos para a formação cidadã dos Esta pesquisa propôs um conjunto de inter-
alunos, respeitados os limites do contexto esco- venções que visavam, de maneira geral, dar con-
lar, que é apenas parcela (embora significativa) dições para educadores manejarem problemas de
do contexto social mais amplo. comportamento de alunos em sala de aula, visan-
Fazendo um cotejo dos dados demonstrados do uma conduta em favor da ética e valores que
percebe-se que a maioria das educadoras já apre- incluem a diversidade social. O programa instru-
sentava comportamentos considerados como cional consistiu não só na apresentação de um
adequados na sua prática pedagógica. Entretan- rol de comportamentos socialmente habilidosos
to, observou-se que essa incidência aumentou para o manejo de situações conflitantes em sala
após o processo de intervenção dos pesquisado- de aula, mas propiciou oportunidades para que o
res. Tais dados vêm reforçar a importância da educador discriminasse as condições de sala de
oferta de propostas de formação continuada de aula, observasse os efeitos dessas ações sobre o
educadores. Acredita-se que a análise dos episó- seu relacionamento com os alunos e analisasse a
dios que retratavam a prática educacional viven- relação entre os alunos.
ciada pelo educador, por meio do uso das filma- Os resultados desta pesquisa evidenciam a
gens em sala de aula, possibilitou às educadoras diminuição de frequência de problemas de com-
refletirem e repensarem, conjuntamente com os portamento e aumento de frequência de compor-
pesquisadores, suas práticas educativas. Com tamentos socialmente habilidosos dos alunos.
essas ações percebeu-se a menor incidência de Nesse contexto, conforme relatado por Oliveira
comportamentos julgados como negativos, nos (2001), os princípios éticos e morais escolhidos
resultados obtidos após a intervenção, além de numa ação educativa só adquirem sentido práti-
maior manifestação de situações educacionais co e são legitimados na medida em que o caráter
consideradas positivas no processo de ensino e abstrato e geral das históricas dissensões filosófi-
aprendizagem. Esses dados sugerem que a mu- cas sobre ética e moral é superado e confrontado
dança evidenciada na prática pedagógica das diretamente com a realidade vivida.
educadoras pode ainda indicar a promoção de Os achados do presente trabalho parecem
comportamentos pró-éticos nos alunos da reali- indicar que a adoção de estratégias de formação
dade escolar investigada. continuada estruturada, em face de repertórios
concretamente aferidos dos educadores, assegu-
Considerações Finais ra o aprimoramento das interações destes com
seus alunos, no sentido da instalação e conso-
Acredita-se que para compreender o desen- lidação de comportamentos sociais pró-éticos
volvimento social da criança é importante avaliar e compatíveis com o desenvolvimento de re-
as interações estabelecidas entre ela e o adulto. pertório socialmente habilidoso e eticamente
Bolsoni-Silva e Marturano (2007, 2008) apon- comprometido com a cidadania. Diante de tais
tam que interações sociais positivas de adultos dados, que indicam o envolvimento dos docen-
com crianças (pautadas no respeito mútuo, na tes e a sensibilidade dos alunos às contingências
expressão de opiniões, de sentimentos positivos programadas, parece auspicioso o emprego de
e de afeto, na consistência e no estabelecimento procedimentos sistemáticos de ensino mediante
de limites) previnem o surgimento de problemas rearranjo de contingências para formação con-
de comportamento e promovem comportamen- tinuada dirigida a temas transversais relevantes,
tos socialmente habilidosos. Saber comportar-se como o da ética nas relações interpessoais, a par-
de forma socialmente habilidosa possivelmente tir do contexto escolar.
contribui para a aquisição de comportamentos Comportamentos das educadoras que in-
pró-éticos, já que são ensinados para a criança centivam a capacidade reflexiva do aluno, que
comportamentos que efetivamente resolvem valorizam e respeitam o conhecimento prévio
problemas, sem, contudo, haver necessidade de do educando, que estimulam a sua participação
infringir as normas sociais compatíveis com o e fornecem suporte individualizado, quando ne-
exercício da cidadania. cessário, propiciam ao aluno desenvolver sua ca-
358 Bolsoni-Silva, A. T., Verdu, A. C. M. A., Carrara, K., Melchiori, L. E., Leite, L. P., Calais, S. L.
pacidade reflexiva e crítica, seguir o modelo de Bolsoni-Silva, A. T., & Del Prette, A. (2003). Proble-
respeito e valorização com que é tratado, esten- mas de comportamento: Um panorama da área.
dendo-o às pessoas de seu convívio. Tais indica- Revista Brasileira de Terapia Comportamental
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tivos resultam numa relação de trocas interacio-
nais em sala de aula mais adequadas, podendo Bolsoni-Silva, A. T., & Marturano, E. M. (2007). A
estendê-las para outros contextos sociais, além qualidade da interação positiva e da consistência
de melhorar a autoestima nos personagens que parental na sua relação com problemas de com-
portamento de pré-escolares. Revista Interame-
compõem o cenário de sala de aula, promovendo
ricana de Psicologia, 41(3), 349-358.
assim comportamentos pró-éticos no ambiente
educacional. Bolsoni-Silva, A. T., & Marturano, E. M. (2008).
Por fim, no desenvolvimento da pesquisa Habilidades Sociais Educativas Parentais e pro-
blemas de comportamento: Comparando pais e
observou-se que a participação dos pesquisado-
mães de pré-escolares. Revista Aletheia, 27(1),
res na unidade escolar investigada produziu a 126-138.
análise da prática pedagógica dos educadores de
2º ano do ensino fundamental. Recorda-se que a Bolsoni-Silva, A. T., Marturano, E., & Loureiro, S.
R. (2009). Construction and validation of the
formação continuada é um direito garantido pela
Brazilian Questionário de Respostas Socialmen-
LDB n 9.394/96, art. 61 e 67, e deve se tornar te Habilidosas segundo Relato de Professores
um continuum de ações efetivas para a melho- (QRSH-PR): The Spanish Journal of Psycholo-
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