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CUSTOS

GRÃOS
SETEMBRO/19
CUSTOS GRÃOS | SETEMBRO - 2019

Patrimônio investido em arroz no RS não é


remunerado ao longo de 10 safras
GRÃOS

A
renegociação de dívidas tem sido pau- te caso, não foi computado o custo da terra.
ta da orizicultura do Rio Grande do Sul, Na prática, os cálculos mostram que pro-
principalmente devido à frustração das dução de arroz em Uruguaiana, nas 10 últimas
duas últimas safras que não pagaram nem o safras, não foi sustentável economicamente para
desembolso das lavouras. Contudo, os dados remunerar os investimentos em infraestrutura e
de 10 anos de painel do Cepea/CNA, que re- permitir que o produtor renovasse seu parque
presentam o modelo de propriedade de arroz de máquinas e benfeitorias com capital próprio.
na região Uruguaiana (RS), demonstram que Nessa situação, uma das saídas para
a situação pode ser muito pior, tendo em vista reestruturação ou investimento de orizicultores
que o produtor carrega dívidas sobre o patri- está no financiamento, que, por sua vez, não
mônio investido e pode ter, por sua vez, com- apresenta juros atrativos na atual conjuntura
prometido a sustentabilidade do seu negócio. econômica. Outra opção (ou necessidade) é
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Considerando-se as safras de 2009/10 manter a infraestrutura como está, às vezes com


a 2018/19, o produtor de arroz de Uruguaia- tecnologias menos eficientes frente a atuais e/ou
na só não pagou o Custo Operacional Efetivo que exijam onerosos serviços de manutenções.
(COE) nas duas últimas. O alento vem do fato Cabe lembrar que áreas arrendadas tem
de que os ganhos de temporadas anteriores grande participação na produção de arroz em
ainda compensam as perdas recentes. Nessas Uruguaiana, causando maior desembolso que o
10 temporadas, a margem bruta de produtores demonstrado nos cálculos anteriores. Ponderan-
que cultivaram o arroz em áreas próprias foi do essas áreas de arrendamento, sobre o COE, o
positiva, tendo ganho em média por tempora- produtor ainda teve margem líquida positiva, de
da R$ 683,91/ha sobre o COE, em termos reais R$ 320,46/ha, em média, por safra. Já sobre o CT,
(os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). o orizicultor acumulou prejuízo de R$ 1.130,19/
Ao adicionar o custo de depreciação ha por safra ou R$ 11.301,88/ha no acumula-
das máquinas, de implementos e de benfeito- do das 10 temporadas – os efeitos da inflação
rias, o orizicultor gaúcho acumulou margem foram considerados para todos os cálculos.
líquida negativa ao longo das 10 safras, sen- Os efeitos do endividamento na ori-
do positiva apenas nas temporadas 2009/10, zicultura também repercutiram sobre a capa-
2013/14 e 2016/17. No período analisado, a cidade de mobilização de recursos desse pro-
produção de arroz acumulou, em termos re- dutor. Nos painéis acompanhados pelo Cepea,
ais, um resultado negativo, de R$ 946,55/ha, observou-se crescente necessidade de terceiros
ou seja, o produtor não conseguiu compensar no financiamento, além de juros mais eleva-
a perda de valor do seu patrimônio imobili- dos. Até a safra 2014/15, o produtor financiava
zado que foi investido para produzir o arroz. 70% do custo de arroz com capital próprio e
Sobre o Custo Total (CT), que adicio- juros controlados que não ultrapassavam 9%
na a remuneração do capital investido, o ori- a.a.. Na safra 2015/16 em diante, o orizicultor
zicultor somou prejuízo de R$ 7.667,35 em começou a depender mais de outras fontes de
cada hectare produzido nas 10 safras – nes- crédito e com taxas mais elevadas, sendo que,

2 CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP


CUSTOS GRÃOS | SETEMBRO - 2019

nas duas últimas temporadas, especificamen- espera-se para temporada 2019/20, o desem-
te, essas fontes somavam mais de 70% do re- bolso de R$ 6.625,61/ha, consolidando aumen-
curso captado e juros superiores a 20% a.a.. to médio de 6,4% (nominal) em relação à safra
anterior. No comparativo, herbicidas, sementes
GRÃOS
SAFRA 2019/20 – Em meio aos deba- e mão de obra foram os insumos que impulsio-
tes de endividamento da orizicultura gaúcha, naram o encarecimento da produção de arroz.
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Figura 1 - Evolução das margens e lucro/prejuízo do arroz em Uruguaiana (RS) entre as safras 2009/10 e 2018/19.
Fonte: Cepea e CNA, 2019.

EXPEDIENTE COORDENADOR: Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros


Informativo Trimestral sobre custos de EQUIPE TÉCNICA CEPEA: Dr. Mauro Osaki, Prof. Dr. Lucilio Rogerio Aparecido
produção agrícola elaborado pela equipe Alves, Fábio Francisco de Lima, Renato Garcia Ribeiro, Karen Bermúdez, Gabriel
Diniz Faleiros e Júlio Natalio.
Cepea em parceria com a Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP
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– Projeto Campo Futuro. CONTATOS: (19) 3429-8837 • cepea@usp.br
MAIS INFORMAÇÃO: www.cepea.esalq.usp.br

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