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Dinâmica Hiperbólica: Uma introdução

Prof. RÉGIS VARÃO


IMECC-Unicamp
www.ime.unicamp.br/∼regisvarao

April 22, 2015


2
Contents

1 Primeiro contato 5
1.1 Anosov linear em T2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Lema de sombreamento em T2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.1 Matriz hiperbólica em Rn . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Estabilidade estrutural: Automofismo hiperbólico no Rn . . . 10
1.3.1 Outros resultados de Estabilidades . . . . . . . . . . . 13

2 Conjunto Hiperbólicos 15
2.1 Hiperbolicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.1 Conjunto Hiperbólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.2 Persistência de ponto periódico hiperbólico . . . . . . 18
2.2 Teorema da Variedade estável e instável . . . . . . . . . . . . 19
2.2.1 Lambda-Lema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 Lema de Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Conjunto Hiperbólico Maximal . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3
4
Chapter 1

Primeiro contato

1.1 Anosov linear em T2


Considere uma matriz A ∈ SL(2, Z) com autovalores λs e λu de norma
menor que um e maior que um respectivamente.

Exemplo
( ) 1.1.1. Um exemplo explı́cito para A acima é a matriz seria A =
2 1
, também conhecido como ”cat map”. Seus autovalores são λs =
1 1
√ √
3
2 + 2
5
> 1, e λu = 3
2 − 2
5
< 1.

Como A ∈ SL(2, Z) então A : R2 → R2 , então A induz um automorfismo


em T2 → T2 que chamaremos também de A.

Proposição 1.1.1. Os pontos periódicos de A : T2 → T2 são densos em T2

Proof. Seja k ∈ N
( )
α β
Pk := { , | 0 ≤ α, β < k, α, β ∈ N}
k k

Note que A(Pk ) ⊂ Pk uma vez que A tem entradas inteiras. E portanto
A(Pk ) = Pk , basta ver a quantidade de pontos que tem em cada conjunto.
Logo A apenas permuta os elementos de Pk , assim todo elemento de Pk é
um ponto periódico para A.
Note que o conjunto ∪k Pk forma um conjunto denso em T2 , logo os
pontos periódicos são densos em T2 .

Considere a projeção:

π : R2 → T2

Chamemos de ls e lu as retas que passam pela origem em R2 e que são os


auto espaços associados aos autovalores com norma menor que 1 e maior que

5
6

1 respectivamente. Agora definamos a variedade estável do ponto [0, 0] ∈ T2


como sendo W s [0, 0] = π(ls ), analogamente W u [0, 0] = π(lu ) é a variedade
instável. Seja ls (x, y) a reta que passa pelo ponto (x, y) ∈ R2 e paralela
a ls , então a variedade estável do ponto π((x, y)) = [x, y] é W s ([x, y]) =
π(ls (x, y)). Analogamente definimos a variedade instável.

Teorema 1.1.2. • Seja W s ([x, y]) a variedade estável de A que passa


pelo ponto [x, y]. Então se [x′ , y ′ ] ∈ W s [x, y] então

d(An [x, y], An [x′ , y ′ ]) → 0

• Para a variedade instável vale

d(A−n [x, y], A−n [x′ , y ′ ]) → 0

Proof. Note que (x, y) e (x′ , y ′ ) estão numa mesma reta que é paralela a
ls . Seja r a reta que liga (x, y) e (x′ , y ′ ) ∈ R2 . Lote que o comprimento de
An (r) é igual a (λs )n l(r) onde l(r) é o comprimento da reta r. Logo como
(λs )n l(r) tende a zero quando n vai a infinito, temos o resultado.
Analogamente fazemos para a variedade instável.

Teorema 1.1.3. As variedade estáveis e instáveis de A são densas em T2 .

Proof. Provaremos apenas que a variedade estável da origem é densa. Os


outros casos são análogos.
Vejamos que a reta W s (0, 0) ⊂ R2 tem inclinação irracional, caso contrário
existiria um ponto (N, M ) ∈ R2 com entradas inteiras. Mas note que
An (N, M ) tende a origem, mas como A tem entradas inteiras isto dá um
absurdo.
Agora consideremos as interseções de W s (0, 0) com as retas y = N para
cada n ∈ N e seja xN a coordenada x tal que (xN , N ) ∈ R2 . Note que
N/XN = α onde α é a inclinação da reta W s (0, 0). Assim xN = N α−1 .
Esses pontos projetam a ponto da forma [xn , 0] no toro. Isso significa que
temos uma translação irracional no cı́rculo y = 0 logo denso neste cı́rculo.

Definição 1.1.4. Dizemos que [x, y] ∈ T2 é um ponto homoclı́nico para A


se [x, y] ∈ W s [x0 , y0 ] ∩ W u [x0 , y0 ] e [x0 , y0 ] é um ponto periódico para A.

Proposição 1.1.2. Os pontos homoclı́nicos de A são densos em T2

Proof. Isto segue do fato que as variedades estáveis e instáveis são densas e
possuem inclinações distintas.

Definição 1.1.5 (Topologicamente transitivo). Seja f : X → X contı́nua


num espaço topológico, dizemos que f é topologicamente transitiva se dados
dois abertos quaisquer U, V ⊂ X, existe no ∈ N tal que f n0 (U ) ∩ V ̸= ∅
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 7

Definição 1.1.6 (Topologicamente misturadora). Seja f : X → X contı́nua


num espaço topológico, dizemos que f é topologicamente misturadora se
dados dois abertos quaisquer U, V ⊂ X, existe no ∈ N tal que para todo
n ≥ n0 , f n (U ) ∩ V ̸= ∅

Em um espaço topológico de Baire, topologicamente transitivo implica


a existência de um residual tal que todo ponto tem órbita densa em X.

Proposição 1.1.3. Seja f : X → X contı́nua num espaço de Baire e


topologicamente transitiva. Então existe um conjunto residual, R, tal que se
x ∈ R então O+ (x) = {f n (x)}n∈N é densa em X.

Proof. Seja {Vi } uma base enumerável da topologia. Por hipótese n≥0 f −n (Vi )
é aberto e denso. Portanto
∩ ∪
Y = f −n (Vi )
i∈N n≥0

é um residual. Se y ∈ Y , dado qualquer aberto U tome Vi0 ⊂ U . Existe n0


tal que f n0 (y) ∈ Vi0 ⊂ U . Conclui-se que O(y) é denso.

Teorema 1.1.7. A ∈ SL(2, Z) hiperbólica é topologicamente misturadora;

Proof. Sejam U e V abertos. Tomemos I s ⊂ U e I u ⊂ V intervalos de


variedade estável e instável da origem, respectivamente. Note que A−n (I s )
e An (I u ) são curvas arbitrariamente longas contidas nas variedades estável e
instável da origem. Como estamos em T2 e estas curvas possuem inclinações
constantes e transversais elas devem se intersectar para qualquer n suficien-
temente grande.

1.2 Lema de sombreamento em T2


Continuemos com o nosso exemplo, isto é A : T2 → T2 com A ∈ SL(2, Z)
hiperbólica.

Teorema 1.2.1 (Lema de sombreamento). Dado ε > 0, então existe δ > 0


tal que se x ∈ T2 é tal que d(An (x), x) < δ para um certo n ∈ N, então existe
um ponto periódico y ∈ T2 com An (y) = y e tal que d(Ai (x), Ai (y)) < ε para
todo i ∈ {0, 1, 2, . . . , n − 1}.

Proof. Considere coordenadas em R2 dadas pelos auto espaço estável e


instável.
Defina a sequência (xk )k∈Z n-periódica da seguinte forma

{. . . , x−1 = An−1 (x), x0 = x, x1 = A(x), . . . , xn−1 = An−1 (x), xn = x, . . .}(1.1)


8

Seja Q(z) o quadrado de lados de tamanho ε centrado em z ∈ T2 . Note


que o conjunto Q(x) ∩ A−1 (Q(A(x))) é um retângulo contendo {y = 0} ∩
Q(x). O próximo passo também temos Q(x)∩A−1 (Q(A(x)))∩A−2 (Q(A2 (x)))
um retângulo, agora mais fino e estritamente contido em Q(x)∩A−1 (Q(A(x))).
Definamos
∩k
Hk = A−i Q(Ai )
i=0
Note que Hk+1 ⊂ Hk e sua altura decresce exponencialmente, a taxa λs .
Agora faremos a seguinte boa escolha de δ. Delta é pequeno o suficiente de
forma que A−n (Q(An (x))) ∩ {x = 0} ⊊ Q(x) ∩ {x = 0}. Analogamente para
a direção vertical, com isso fica bem definido os conjuntos:

H= Q(xi )
i∈N

V = Q(x−i )
i∈N
Note que H ∩ V é um único ponto, definamos y := H ∩ V . Ou seja,
temos de fato a afirmação:
Afirmação: y é o único ponto tal que d(xk , Ak (y)) < ε ∀k ∈ Z.
Agora considere o ponto z := An (y). Usando que xk é n-perı́odica,

d(Ak (z), xk ) = d(Ak (An (y)), xk ) = d(Ak+n (y)), xk+n ).

Usando a afirmação temos que d(Ak (z), xk ) ≤ ε e usando a unicidade dada


pela afirmação temos que An (y) = y. Portanto y é periódico.

1.2.1 Matriz hiperbólica em Rn


Proposição 1.2.1. Seja L : Rn → Rn automorfismo linear hiperbólico.
Seja τ ∈ (0, 1) tal que todo autovalor de norma menor que um τ e maior
que um seja maior que τ −1 . Então existe uma decomposição em soma direta
Rn = V1 ⊕ V2 e uma nova norma ||.|| em Rn tal que

L(V1 ) = V1 e ||L|V1 || < τ


L(V2 ) = V2 e ||L−1 |V2 || < τ

Proof. A prova seguirá do próximo lema.


Lema 1.2.1. Seja L : Rn → Rn uma transformação linear tal que to-
dos os autovalores tenham norma menores que um. Seja τ1 = sup{|λ| :
λ é autovalor de L} ,tome τ ∈ (τ1 , 1). Então existe uma nova norma ||.||
em Rn tal que
||L(v)|| ≤ τ ||v||, ∀v ∈ Rn .
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 9

Assim, a norma |||.||| de L como operador é menor que τ , isto é


||L(x)||
|||L||| := sup{ } < τ.
x̸=0 ||x||
Proof. Considere L = S + N na decomposição em forma de Jordan sendo S
semi-simples e N nilpotente. Existe C > 0 tal que para todo m ≥ 0 tem-se
|Lm v| ≤ C(τ m )|v|, ∀v ∈ Rn .
Assim a quantidade α(v) = sup({|Lm v|τ −m : m ≥ 0}) é finito.
Seja l ∈ N tal que N l = 0.

l (
∑ )
m
|L | = |(S + N ) | = |
m m
S m−k N k |
k
k=0

l
≤ ml |S m−k | |N k |
k=0

l
≤ C ml τ1m−k
k=0
≤ Clml τ1m−l
≤ C̃ml τ1m
Agora note que
( τ )m
1
ml → 0, quando m → ∞
τ
Defina ||v|| = α(v). Note que ||.|| é uma norma (i.e. α(av) = aα(v), α(v+
w) ≤ α(v) ≤ α(w), α(v) = 0 sse v = 0) e

||Lv|| = sup(|Lm Lv|τ −m : m ≥ 0)


= τ τ −1 sup({|Lm Lv|τ −m : m ≥ 0})
= τ sup({|Lm Lv|τ −m−1 : m ≥ 0})
= τ sup({|Lm v|τ −m : m ≥ 1})
= τ ||v||.

Agora basta separar nos autoespaços gerados pelos autovetores de norma


menor que τ e maior que τ −1 .
Exercı́cio 1.2.1. Os pontos periódicos de um automorfismo linear hiperbólico
no toro Tn são densos.
Exercı́cio 1.2.2. Será que agora para um automorfismo linear hiperbólico
em Tn vale que as variedades estáveis e instáveis são densas? Que existe um
residual de pontos transitivos, tal como feito antes?
10

1.3 Estabilidade estrutural: Automofismo hiperbólico


no Rn
Fixemos notação. Se ξ : B0 → B1 é uma função contı́nua do espaço de
Banach B0 ao espaço de Banach B1 , dizemos que ξ é limitada se existe
R > 0 tal que |ξ|0 = sup{|ξ(x)| | x ∈ B} < R. O espaço das funções
contı́nuas e limitadas de B0 para B1 é um espaço de Banach com a norma
do sup |.|0 , denotado por Cb0 (B0 , B1 ). Dizemos que ξ é Lipschitz se

|ξ(x) − ξ(y)|
Lip(ξ) = sup < ∞.
x̸=y |x − y|

Se ξ for uma aplicação linear, dizemos que é limitada se


{ }
|ξ(x)|B1
sup <∞
|x|B0

Teorema 1.3.1. Seja A : Rn → Rn linear hiperbólico. Então existe ε > 0


tal que se ϕ1 , ϕ2 : Rn → Rn são mapas Lipschitz tais que

Lip(ϕi ) < ε,

então existe um único mapa contı́nuo h : Rn → Rn tal que |h − I|0 < ∞,


onde I é a identidade, e

(A + ϕ1 ) ◦ h = h ◦ (A + ϕ2 )

Provemos alguns lemas primeiro.

Lema 1.3.1. Seja H : V → V um operador linear num espaço de Banach


V com |H| < 1. Então I − H é um isomorfismo e
1
|(I − H)−1 | ≤ ,
1 − |H|

onde I : V → V é a identidade.
∑∞ i
Proof. Seja T = i=0 H , como a norma de H é menor que um, então
T está bem definida (convergência na norma do operador), é um operador
linear limitado e
(I − H)T = T (I − H) = I
A inversa de (I − H) é T e

∑ 1
|(I − H)−1 | = |T | ≤ |H|i =
1 − |H|
i=0
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 11

Lema 1.3.2. Se V = V1 ⊕ V2 é uma soma direta em espaços de Banach V


e H : V → V é um isomorfismo tal que H(Vi ) = Vi para i = 1, 2, |H|V1 | < 1
e |H −1 |V2 | < 1, então I − H é um isomorfismo. Se considerarmos a norma
do máximo em V então
{ }
−1 1 |H −1 |V2 |
|(I − H) | ≤ max ,
1 − |H|V1 | 1 − |H −1 |V2 |

Proof. Seja u = u1 + u2 com ui ∈ Vi , então defina



∑ ∞

T (u) = T (u1 + u2 ) = i
H (u1 ) + (− H −i (u2 ))
i=0 i=1

Então
(I − H)T = T (I − H) = I

Lema 1.3.3. Seja f : V → V injetiva, sobrejetiva, Lipszhitz, com inversa


Lipzschitz e (V, |.|) Banach. Então existe ε > 0 tal que g = f + ϕ, onde
||ϕ||0 < ε e Lip(ϕ) < ε, então g é injetiva, sobrejetiva, Lipzchitz e com
inversa Lipzchitz.

Proof. Dados x, y ∈ V

||f (x) + ϕ(x) − f (y) − ϕ(y)|| |f (x) − f (y)| |ϕ(x) − ϕ(y)|


≥ −
|x − y| |x − y| |x − y|
−1 −1
≥ (Lip(f )) − Lip(ϕ)

Assim g é injetiva se Lip(ϕ) for pequeno.


Analogamente ao que fizemos acima, mas majorando ao invés de mino-
rar, temos

|g(x) − g(y)|
≤ Lip(f ) + Lip(ϕ)
|x − y|
As duas desigualdes acima mostram que tanto g quanto g −1 são Lipzs-
chitz.
Para ver que é sobrejetiva: dado y ∈ V considere H(z) = f −1 (y − ϕ(z)),
note que H é contração para Lip(ϕ) pequeno, pois

|H(z) − H(w)| ≤ Lip(f −1 )|y − ϕ(z) − y + ϕ(w)| (1.2)


−1
≤ Lip(f )Lip(ϕ)|z − w| (1.3)

Agora sim podemos prova Teorema 1.3.1


12

Demonstração do Teorema 1.3.1. O teorema segue ao mostrarmos que a


equação abaixo tem única solução u1 ∈ Cb0 (Rn , Rn ), para ε pequeno.

(L + ϕ1 ) ◦ (I + u1 ) = (I + u1 ) ◦ (L + ϕ2 )
Assim,

u1 − L−1 u1 ◦ (L + ϕ2 ) = L−1 ϕ2 − L−1 ϕ1 ◦ (I + u1 ). (1.4)

Defina

H : Cb0 (Rn , Rn ) → Cb0 (Rn , Rn )


H(u) = L−1 ◦ u ◦ (L + ϕ2 )

onde Cb0 (Rn , Rn ) é o conjunto das funções de Rn em Rn contı́nuas e limitadas.


Note que H é uma transformação linear limitada, |H| ≤ |L−1 | |u|0 .
Portanto, definindo H1 := I − H, H1 é também uma transformação linear
limitada. Podemos reescrever equação (1.4) como

H1 (u1 ) = L−1 ϕ2 − L−1 ϕ1 ◦ (I + u1 ). (1.5)

Tomando Lip(ϕ2 ) suficientemente pequena temos que (L+ϕ2 )−1 existe e


é Lipzschitz. Portanto H possui inversa dada por H −1 (u) = L◦u◦(L+ϕ2 )−1 .
Note que H é um operador linear limitado.
Consideremos os seguintes espações de Banach

Vi = Cb0 (Rn , Vi )

para i = 1, 2, onde V1 e V2 são os espaços invariantes de L associados a


autovalores com norma menos que um e maior que um respectivamente.
Então Cb0 (Rn , Vi ) = V1 ⊕ V2 , espaços H invariantes.
Ou seja, concluı́mos que H é hiperbólica e portanto H1 possui inversa
e sua inversa é um operador linear limitado. Ou seja a equação (1.5) se
tranforma em H1 (u1 ) = L−1 ϕ2 − L−1 ϕ1 ◦ (I + u1 ), ou seja

u1 = H1−1 (L−1 ϕ2 −L−1 ϕ1 ◦(I +u1 )) = H1−1 (L−1 ϕ2 )−H1−1 (L−1 ϕ1 ◦(I +u1 )).

Nosso objetivo é encontrar um ponto fixo em Cb0 (Rn , Rn ) do mapa

T : u 7→ H1−1 (L−1 ϕ2 ) − H1−1 (L−1 ϕ1 ◦ (I + u)).


Calculemos

||T u − T v||0 = ||H1−1 (L−1 ϕ2 ) − H1−1 (L−1 ϕ1 ◦ (I + u))


−H1−1 (L−1 ϕ2 ) + H1−1 (L−1 ϕ1 ◦ (I + v))||0
= ||H1−1 (L−1 ϕ1 ◦ (I + v)) − H1−1 (L−1 ϕ1 ◦ (I + u))||0
= |H1−1 | |L−1 | ||ϕ1 ◦ (I + u) − ϕ1 ◦ (I + v)||0
= |H1−1 ||L−1 |Lip(ϕ1 )||u − v||0
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 13

Ou seja, para contração basta termos |H1−1 ||L−1 |Lip(ϕ1 ) < 1. Com a
observação de que |H1−1 | só depende de L. Assim provamos o teorema.

1.3.1 Outros resultados de Estabilidades


Hartman-Grobman para difeomorfismos
Teorema 1.3.2. Suponha x0 um ponto fixo hiperbólico de um difeomorfismo
C 1 . Se Dfx0 for hiperbólico, então f é localmente conjugado a sua derivada.

Hartman-Grobman para fluxos


Teorema 1.3.3. Hartman-Grobman para fluxos.

Automorsfimos hiperbólico no toro


Teorema 1.3.4. Seja A : Tn → Tn automorfismo linear hiperbólico, se
f : Tn → Tn é suficientemente próximo de A então existe h : Tn → Tn um
homeomorfismo tal que A e f são conjugados.

Proof. Assim como fizemos na prova do Teorema 1.3.1, queremos aqui en-
contrar uma única função u1 para o qual tenhamos

(L + ϕ1 ) ◦ (I + u1 ) = (I + u1 ) ◦ (L + ϕ2 )
Exceto que agora as funções ϕ1 , ϕ2 e u1 são periódica. Dizemos que uma
função g : Rn → Rn é periódica se g(x + m) = g(x). Assim na prova do Teo-
rema 1.3.1 continua válida com essas funções satisfazendo essas condições.
14
Chapter 2

Conjunto Hiperbólicos

2.1 Hiperbolicidade
2.1.1 Conjunto Hiperbólico
Consideremos f : M → M um difeomorfismo e M uma variedade Rieman-
niana.

Definição 2.1.1. Um conjunto fechado Λ ⊂ M invariante por f é dito


hiperbólico se existe C > 0, λ ∈ (0, 1) e para todo x ∈ Λ existem E s (x),
E u (x) ⊂ Tx M tais que

1. Tx M = E s (x) ⊕ E u (x);

2. ||dfxn v s || ≤ Cλn ||v s ||, ∀v s ∈ E s (x) e n ≥ 0;

3. ||dfx−n v u || ≤ Cλn ||v u ||, ∀v u ∈ E u (x) e n ≥ 0;

4. dfx E s (x) = E s (f (x)) e dfx E u (x) = E u (f (x)).

Dizemos que Λ, como acima, é conjunto hiperbólico isolado ou maxi-


mal se existe vizinhança U de Λ tal que

Λ= f n (U)
n∈Z

Exemplo 2.1.2. Considere A ∈ SL(2, Z) hiperbólica. Um exemplo de


conjunto hiperbólico maximal para dinâmica LA : T2 → T2 é o próprio T2 .

Exemplo 2.1.3. Considere LA : T2 → T2 , como acima. Vimos que a


variedade estável e instável da origem são densas, por serem tansversais
existe y ∈ W s (0) ∩ W u (0), note que

lim d(f n (y), f n (0)) = 0 e lim d(f n (y), f n (0)) = 0


n→∞ n→−∞

15
16

Assim o conjunto Λ = Orb(y) ∪ {0} é um conjunto hiperbólico invariante,


porém não é hiperbólico maximal.
Suponha que Λ seja hiperbólico maxima, então existe um aberto U ⊂ T2
tal que Λ = ∩i∈Z LnA (U ). Seja ε = d(Λ, U c ) > 0. Utilize este ε no Lema de
Sombreamento (Teorema 1.2.1), assim temos um δ dado pelo teorema. Note
−n1
que existem iterados n1 , n2 N tais que LA (y) ∈ B(0, δ) e LnA2 (y) ∈ B(0, δ).
Note que LnA1 +n2 (L−n 1 n2
A (y)) = LA (y). Portanto o Lema de Sombreamento
em T implica que existe um ponto periódico p ∈ T2 periódico e que está
2

sempre a um distância ε de Λ, portanto p ∈ Λ, mas só existe um único ponto


periódico em Λ.
Proposição 2.1.1. A decomposição E s ⊕ E u na definição de conjunto
hiperbólico é única.
Proof. Seja T M = E s ⊕ E u = F s ⊕ F u , suponha que E s ̸= F s , então existe
v s ∈ E s tal que v s = ws + wu com ws ∈ F s , wu ∈ F u e wu ̸= 0. Como
v s − ws = wu , temos que
||Df n wu || ≤ ||Df n v s || + ||Df n ws ||
mas o lado esquedo tende a infinito enquanto o lado direito tende a zero, ab-
surdo. Assim E s ⊂ F s , analogamente E u ⊂ F u , comparando as dimensões
temos que E s = F s e E u = F u .

Proposição 2.1.2. Os subespaços E s (x) e E u (x) variam continuamente


com relação a x ∈ Λ.
Proof. Seja x0 ∈ Λ e xi uma sequência em Λ que converge a x0 .
Afirmação: dimE s (xi ) = dimE s (x0 ) e dimE u (xi ) = dimE u (x0 ) para i
sificientemente grande.
Considere uma subsequência de xi que ainda denotaremos por xi de
modo que dimE s (xi ) seja constante, digamos igual a k. Considere uma
base ortonormal w1,i , . . . , wk,i de E s (xi ), passando a uma subsequência x′i , se
necessário, podemos supor que wl,i converge a wl,0 . Note que w1,0 , . . . , wk,0
estão em Tx0 M . Por continuidade note que a condição 2 implica wl,0 , l =
1, . . . , k, estarem em E s (x0 ). Portanto
dimE s (x0 ) ≥ k = dimE s (xi )
Analogamente temos que
dimE u (x0 ) ≥ dimE u (xi )
a condição 1 implica que
dimE s (x0 ) = dimE s (xi ), dimE u (x0 ) = dimE u (xi ).
Fica provado assim a afirmação. E a continuidade segue facilmente, dado que
em uma vizinhança de x0 o fibrado tangente restrito a Λ possui trivialização
da forma U × Rk ⊕ Rn−k .
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 17

Observação 2.1.1. Anosov1 forneceu um exemplo em que as distribuições


(E s , E u ) não são suaves. E Hasselblat2 provou que “tipicamente”, para o
caso em que Λ = M , as distribuições são apenas Hölder.
Proposição 2.1.3. Seja Λ um conjunto hiperbólico para f . Então existe
uma métrica Riemanniana < ., . >∗ , chamada de métrica adaptada, para o
qual f satisfaz a condição de hiperbolicidade com constante C ′ = 1. Ou seja

||df v s ||∗ ≤ λ′ ||v s ||∗ , v s ∈ E s ;

||df v u ||∗ ≤ λ′ ||v u ||∗ , v u ∈ E u .


Proof. Se v s ∈ E s e v u ∈ E u definimos

n−1 ∑
n−1
||v s ||2∗ = ||df j v s ||2 ; ||v u ||2∗ = ||df −j v u ||2 .
j=0 j=0

Note que as normas acima provêem de métricas, dado que temos uma
soma de métricas. Com isso podemos definir a norma ||.||∗ que provém de
uma métrica.

||v||∗ := ||v s ||2∗ + ||v u ||2∗ (2.1)

Como os cálculos para a parte E u será análago, considere de agora em


diante v ∈ E s . Fixemos o número natural n ∈ N tal que 1/(1 − λ2 ) ≤ n.


n−1 ∑
n−1 ∑
n
||df v||2∗ = ||df (df v)|| =
j 2
||df j+1 2
v|| = ||df j (df v)||2 (2.2)
j=0 j=0 j=1


n−1
= ||df j (v)||2 + ||df n v||2 − ||v||2 ≤ ||v||2∗ + Cλn ||v||
j=0

− ||v||2 ≤ ||v||2∗ − ||v||2 (1 − (Cλn )2 ).

Estamos supondo que C > 1, caso contrário não haveria nada a fazer.

n−1
||v||2∗ = ||df j v||2 ≤ ||v||2 + C 2 λ2 ||v||2 + . . . + C 2 λ2(n−1) ||v||2
j=0

≤ C 2 ||v||2 + C 2 λ2 ||v||2 + . . . + C 2 λ2(n−1) ||v||2


1 − λ2(n−1) 1
≤ C 2 ||v||2 ( ) ≤ C 2 ||v||2 ( )
1−λ 2 1 − λ2
≤ C 2 ||v||2 n.
1
Anosov, D, Geodesic flows on closed Riemannian manifolds with negative
curvature, Proc. Steklov Inst. Math., 90 (1969), 1-235
2
Hasselblatt, B., Regularity of the Anosov splitting and of Horospheric folia-
tions, Ergod. Theory and Dyn. Syst., 14 (1994), no. 46:45-666
18

Desta desigualdade obtemos ||v||2∗ /C 2 n ≤ ||v||2 . Fazendo a substituição


na equação (2.2) obtemos
||df v||2∗ ≤ ||v||2∗ − ||v||2 (1 − (Cλn )2 ) ≤ ||v||2∗ − (||v||2∗ /C 2 n)(1 − (Cλn )2 ).
Portanto
||df v||2∗ ≤ (1 − (1 − (Cλ)2 )/C 2 n)||v||2∗
Fazendo o mesmo para v u assim, obtemos que ||.||∗ definida como em
(2.1) é uma norma do “tipo que procuravamos”. Apenas provamos que a
decomposição do fibrado tangente em E s ⊕ E u é apenas contı́nua, portanto
para considerar uma métrica suave devemos tomar uma métrica suficiente-
mente próxima da que construimos acima.

2.1.2 Persistência de ponto periódico hiperbólico


Teorema 2.1.4. Seja p um ponto periódico de perı́odo m hiperbólico para
f : M → M , então existe uma C 1 vizinhança Uf de f tal que ∀g ∈ Uf existe
um único ponto periódico de perı́odo m próximo de p.
Proof. Olhemos a função em coordenadas, ou seja supomos que estamos em
Rn . Considere o mapa
F := f m − Id
, que é localmente invertı́vel pois 0 é (agora em coordenadas) ponto periódico
hiperbólico. Considere g perto de f , logo
gm = f m − H
on H tem derivadas pequenas.
Assim, um ponto fixo para g m satisfaz x = g m (x) = (f m − H)(x) =
(F + Id − H)(x), ou seja
x = F −1 H(x)
Note que
||F −1 H(x) − F −1 H(y)|| ≤ ||DF −1 ||0 ||H||0 ||x − y|| (2.3)
tomando H próximo da identidade temos que F −1 H é uma contração. Mas
para utilizar o teorema do ponto fixo de Banach precisamos definir a imagem
e o domı́nio como um mesmo compacto.
Considere ε a derivada de H e L a derivada de F −1 , então
||F −1 H(x)|| ≤ ||F −1 H(x) − F −1 H(0)|| + ||F −1 H(0)|| ≤ εL||x|| + εL
Assim, dado um R > 0 tome ε pequeno de forma que ε ≤ L(1+R)
R
. Com
−1
isso temos que F H(B(0, R)) ⊂ B(0, R) e podemos assim aplicar o teorema
do ponto fixo de Banach.
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 19

2.2 Teorema da Variedade estável e instável


Teorema 2.2.1. Seja Λ um conjunto hiperbólico, então para cada p ∈ Λ
s (p) e W u (p) tangentes aos subfibrados estável
existem variedades locais Wloc loc
e instável respectivamente e que satisfazem

d(f n (x), f n (y)) ≤ λn d(x, y), x, y ∈ Wloc


s
(p);
d(f −n (x), f −n (y)) ≤ λn d(x, y), x, y ∈ Wloc
u
(p).

Essas variedades são de classe C r onde r é a classe de f , formam uma


folheação que entanto variam na transversal apenas continuamente (de fato
Holder). De fato essas variedades possuem um tamanho uniforme (ε) ou
seja
s
Wloc (p) = {x ∈ M | d(f n (x), f n (y)) ≤ ε, ∀n ∈ N}
u
Wloc (p) = {x ∈ M | d(f −n (x), f −n (y)) ≤ ε, ∀n ∈ N}

Definição 2.2.2. Definimos as variedades estável e instável de p ∈ Λ como



W s (p) = f −n Wεs (f n (p))
n∈N

W u (p) = f n Wεs (f −n (p))
n∈N

Proposição 2.2.1. Vale que

W s (p) = {x ∈ M | lim d(f n (x), f n (y)) = 0}


n→∞
W u (p) = {x ∈ M | lim d(f −n (x), f −n (y)) = 0}
n→∞

Proof. Exercı́cio.

Exemplo 2.2.3. Dois sistemas conjugados. Conjugação leva var-


iedade estável em variedade estável. Isto é, queremos ver que se f e
g são dois difeomorfismos de Anosov e existe um homeomorfismo tal que
h ◦ g = f ◦ f então
h(W s (p, g)) = W s (h(p), f )
Basta usar a caracterização topológica de variedade estável, ou seja que
W s (p) = {x ∈ M | limn→∞ d(f n (x), f n (y)) = 0} e que h sendo contı́nua
num compacto é uniformemente contı́nua.
Proposição 2.2.2. Dado R > 0 existe um δ > 0 tal que para qualquer
y ∈ B(p, δ) no conjunto hiperbólico Λ o pedaço de variedade estável de y de
raio R, denotado por WRs (y) satisfaz

WRs (y) ∩ B(p, δ) = ∅


20

Proof. Dado um ponto p ∈ Λ considere WRs (p), existe δp tal que B(p, δp ) ∩
WRs (p) = ∅, então por continuidade, tomando δp menor se necessário, temos

B(p, δp ) ∩ WRs (y) = ∅, ∀y ∈ B(p, δp )

Note que M = ∪p∈M B(p, δp ) e sendo M compacto existe subcobertura finita.


Considere uma subcobertura finita e defina δ como sendo o mı́nino delta
associado a essas bolas.

2.2.1 Lambda-Lema
A seguir o Lambda-Lema, também conhecido como Lema da Inclinação.

Teorema 2.2.4 (Lambda Lema). Seja p ∈ M um ponto fixo hiperbólico para


o difeomorfismo f ∈ Dif f 1 (M ). Se D é um disco transversal a variedade
estável, W s (p), em um ponto q ∈ W s (p), então dado R e ϵ reais positivos
existe N0 tal que ∀n ≥ N0 a componente conexa de f n (D) ∩ Vϵ (WRu (p))
que contém f n (p) está ϵ-C 1 próximo de WRu (p). Onde WRu (p) é a variedade
instável de p de raio R e Vϵ (WRu (p)) é uma vizinhança de distância ϵ de
WRu (p).

Proof. Primeiramente observamos que o resultado vale se provarmos o teo-


rema em uma vizinhança de p. Por isso olharemos f em coordenadas e
tomaremos coordenadas C 1 tais que as variedades estáveis e instáveis de
p = 0 são os eixos coordenados.
Rk × {0} = W u (0) e {0} × Rn−k = W s (0).
Para uma vizinhança suficientemente pequena, assim como δ pequeno
temos
( uu )
Az Auz
Dfz =
Bzs Bzss
Com ||(Auu −1
z ) || < 1/(µ), ||Bz || < λ e ||Az ||, ||Bz || < δ.
ss u s

Seja z ∈ {0} × R n−k s


= W (0) o ponto q do disco D olhado em coorde-
nadas, note que neste caso como f deixa W s (0) invariante, então Auz = 0.
Seja Ez : Rk → Rn−k uma transformação linear cujo gráfico seja igual a
Tz D. Olhemos para a imagem Tz D pela Df ,
( ) ( )
I Auu
z
Dfz =
Ez Bzs + Bzss Ez
Todavia como estamos interessado na imagem, podemos olhar para a
transformação linear dada por

−1 −1
Ez1 = Bzss Ez (Auu
z ) + Bzs (Auu
z )

onde z1 = f (z).
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 21

−1 uu −1
||Ez1 || ≤ ||Bzss Ez (Auu
z ) || + ||Bz (Az ) || ≤ 1/µ||Bz || + λ/µ||Ez ||
s s

Definimos zn = f n (z), por indução vemos que


n−1 ( )n
(λ)n−j−1 λ
||Ezn || ≤ ||Bzsj || + ||Ez0 ||
(µ)n−j µ
j=0

Para n grande, podemos controlar o somatário pois ||Bzsj || é bem pequeno


quando j é grande e λ/µ < 1.

−1
||(Bzs + Bzss Ez ) ◦ (Auu
z + Az Ez ) || ≤ ||(Bz + Bz Ez )||1/µ
u s ss

≤ (||Bzs || + λ||Ez ||)1/µ

E (||Bzs || + λ||Ez ||)1/µ < ϵ caso estejamos em uma vizinhança sufuciente-


mente próxima de Rk × {0}, já que Bzs = 0 em Rk × {0}.

2.3 Lema de Sombreamento


Dizemos que uma sequência {xi } em M é uma δ-pseudo órbita para f
se d(f (xi ), xi+1 ) ≤ δ. Um ponto y ∈ M ϵ-sombreia a sequência {xi } se
d(f i (y), xi ) ≤ ϵ.

Teorema 2.3.1 (Lema de Sombreamento). Seja Λ ⊂ M um conjunto


hiperbólico para f . Existe η > 0 tal que, dado ε com 0 < ε ≤ η, então existe
δ > 0 tal que se {xi }ji=j
2
1
for uma δ-pseudo órbita para f com d(xi , Λ) < η,
então:

• Existe y ∈ M tal que y ε-sombreia {xi }. E mais

1. Se j1 = −∞ e j2 = ∞, então y é único;
2. Se {xi }ji=j
2
1
for periódica então y é ponto periódico;
3. Se Λ for isolado, então y ∈ Λ.

Corolário 2.3.1. Se Λ é isolado e g é C 1 -próxima de f então vale o Lema


de Sombreamento com as mesmas contantes para g e Λg . Onde Λg como no
Teorema 2.4.1.

Proof. As propriedades usadas na prova do lema de sombreamento são ro-


bustas por pertubação.

Corolário 2.3.2. Λ hiperbólico, então f |Λ é expansivo


22

Proof. Utilizando o lema de sombreamento, tome um ε pequeno, então o


lema dá um δ > 0. Defina δe = min{δ, ε}, vejamos que esta é a constante de
expansividade. Onde δ é dado pelo lema de sombreamento. Por absurdo,
e como {f n (y)} é δ-pseudo órbita
suponha x ̸= y tal que d(f n (x), f n (y)) < δ,
existe único que a ϵ acompanha. Logo x = y.
Definição 2.3.2. Dizemos que x ∈ X é um ponto não-errante para f :
X → X contı́nua, se: dada uma vizinhança U de x, existir n ∈ N tal que
f n (U) ∩ U ̸= ∅. Caso contrário, dizemos que x é errante. Denotamos o
conjuntos dos pontos não errantes de f por Ω = Ω(f ).
Exercı́cio 2.3.1. Considere um difeomorfismo de M em M e p um ponto
fixo hiperbólico tal que W s (p)∩W u (p) ̸= ∅. Seja y um ponto desta interseção
e defina defina Λ = {p} ∪ Orb(y). Então
Ω(f |Λ) = p e Λ ⊂ Ω(f ).
Proposição 2.3.1. Se Λ é hiperbólico isolado, então P erf |Λ = Ω(f |Λ ).
Proof. Já sabemos que P erf |Λ ⊂ Ω(f |Λ ).
Seja x ∈ Ω(f |Λ ). Dado ϵ0 > 0 quero achar um ponto periódico ϵ0 perto de
x. Do lema de sombreamento tome ϵ = ϵ0 /2, existe portanto o δ. Considere
a bola B de raio r < min{ϵ, δ/2} centrada em x. Como x é não errante,
existe um iterado k ∈ N de algum y ∈ B tal que f k (y) ∈ B. Completamos
esta sequência para obter a seguinte δ-pseudo periódica órbita:
{. . . , f k (y), y, f (y), f 2 (y), . . . , f k (y), y, . . .}
e pelo lema de sombreamento existe y0 ∈ Λ (aqui usamos Λ isolado) que
ϵ-sombreia e é periódico. Das escolhas feitas, segue que
d(y0 , x) < d(y0 , y) + d(y, x) < ϵ + r < ϵ0 /2 + ϵ0 /2
Concluimos que y é o ponto periódico procurado.
Definição 2.3.3. Seja X compacto. Um conjunto Y ⊂ X é minimal se for
f invariante, fechado e não contém propriamente nenhum outro subconjunto
fechado e invariante.
Exercı́cio 2.3.2. Y é minimal se, e somente se, todo ponto tiver órbita
densa.
Proposição 2.3.2. Sejam X compacto e f : X → X contı́nua. Então X
contém um conjunto minimal para f .
Proof. Seja C a coleção dos conjuntos fechados e invariantes. Note que X ∈
C. Dotamos C de uma ordem parcial dada por: A ≺ B se A ⊃ B. Suponha
que K ⊂ C seja um conjunto totalmente ordenado. Como a interseção de
compactos encaixantes não é vazia temos que ∩K∈K K é maior que qualquer
outro elemento de K. Pelo lema de Zorn existe um maximal, que é, portanto,
um conjunto minimal.
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 23

Definição 2.3.4. Dizemos que um ponto q é homoclı́nico com relação ao


ponto p se q ∈ W s (p) ∩ W u (p). Se em q a interseção for tranversal então q
é um ponto homoclı́nico transversal.

Teorema 2.3.5. Todo ponto homoclı́nico transversal é acumulado por pon-


tos periódicos.

Proof. Seja q ∈ W s (p) ∩ W u (p) um ponto de intersecção transversal. Pode-


mos supor p ponto fixo. Defina o conjunto

Λ = {p} ∪ O(q)

Λ é fechado invariante. Para usar o lema de sombreamento queremos olhá-lo


como um conjunto hiperbólico. Precisamos encontrar a decomposição nos
subespaçoes invariantes contrativos e expansivos. Definimos E s (q) como
sendo o espaço tangente a variedade estável de q, analogamente E u (q),
E s (q), E u (q). Para os outros pontos definimos E s (f n (q)) = dfqn (E s (q)
analogamente para a variedade instável. Podemos assim utilizar o lema
de sombreamento para Λ.
Dado ϵ0 queremos achar um ponto periódico ϵ0 próximo de q. Tome no
lema de sombreamento ϵ = ϵ, e seja δ o delta para pseudo-órbita. Como
q ∈ W s (p)∩W u (p) podemos tomar para k suficientemente grandes a seguinte
δ-pseudo periódica órbita.

{. . . , f k (q), f −k (q), . . . , f −1 (q), q, f (q), . . . , f k (q), f −k (q), . . .}

Existe portanto y0 periódico que ϵ aproxima esta pseudo-órbita. Por-


tanto existe uma ponto periódico ϵ próximo de q.

Definição 2.3.6. Definimos os conjuntos estáveis e instáveis para um sub-


conjunto A ⊂ M respectivamente por

• W s (A) = {y ∈ M | d(f n (y), f n (A)) → 0 quando n → ∞};

• W u (A) = {y ∈ M | d(f n (y), f n (A)) → 0 quando n → −∞}.

Proposição 2.3.3. Seja Λ hiperbólico maximal. Então


∪ ∪
W s (Λ) = W s (x), W u (Λ) = W u (x)
x∈Λ x∈Λ

Proof. Analisemos o caso estável sendo o instável análogo. Uma inclusão é


fácil ( ⊇ ), provemos a outra (⊆).
Seja y ∈ W s (Λ). Definamos ε0 = d(Λ, U c ) onde U é a vizinhança de
isolamento de Λ. Do lema de sombreamento tome ε = ε0 /2, o que nos fornece
24

um δ. Sendo f suave em um compacto, seja L0 de forma que d(f (x), f (y)) ≤


L0 d(x, y) ∀x, y ∈ M . Seja N0 grande o suficiente para que, se n ≥ N0 então

d(f n (y), Λ) < δ, n ≥ N0 ; δ := min{δ(1/(1 + L0 ), (ϵ0 /2)}

Existem xn ∈ Λ com d(xn , f n (y)) < δ para n ≥ N0 . Queremos encontrar


uma δ-pseudo órbita. Para n ≥ N0 tomemos xn para n < N0 definimos
xj = f −N0 +j (xN0 ).
Afirmação: {xn } é uma δ-pseudo órbita.
Basta checarmos para n ≥ N0 pois para trás temos uma órbita.

d(xn+1 , f (xn )) ≤ d(xn+1 , f n+1 (y)) + d(f n+1 (y), f (xn )) ≤ δ + L0 d(f n (y), xn )

≤ δ + Lδ = δ(1 + L0 ) ≤ δ
O que termina a prova da afirmação. Portanto pelo lema de sombreamento
existe um y0 ∈ Λ (aqui usamos que é isolado) que ϵ sombreia esta pseudo
órbita.
Note que para n ≥ N0

d(f n (y), f n (y0 )) ≤ d(f n (y), xn )+d(xn , f n (y0 )) ≤ δ +ϵ0 /2 ≤ ϵ0 /2+ϵ0 /2 = ϵ0

Então f N0 (y) ∈ Wloc


s (f N0 (y )), concluimos assim que y ∈ W s (y ).
0 0

Exemplo∪2.3.7. Construamos um exemplo em que Λ seja hiperbólico, mas


W s (Λ) ̸= x∈Λ W s (x).
Olhando para a ferradura, sob o ponto de vista da dinâmica simbólica
definimos Λ como sendo o conjuntos das sequências (xi )i∈N de zero e um com
a propriedade que os zeros aparecem apenas em blocos (não necessariamente
finito) de tamanho par. Tome x0 = (. . . 11.01000100000100000001 . . .),
aparece um 0 seguido de um 1 depois três zeros seguido de 1, cinco zeros
seguido de 1, e assim por diantes. Acrescentando sempre uma quantidade
ı́mpar de zeros.
É fácil ver que x0 ∈ W s (Λ), já que no iterado σ n (x0 ) sempre achamos
um elemento de Λ que coincida com x0 em torno (centrado na posição zero)
das n − 2 coordenadas. Mas não existe p ∈ Λ tal que x0 ∈ W s (p) pois se
isso acontecesse x0 e p coincidiriam as entradas a partir de um momento, o
que não pode ocorrer.
Exemplo 2.3.8. Existe minimal não trivial (i.e. não é órbita de um ponto
periódico), na ferradura.
Pegue Rα uma rotação irracional em S 1 . Seja x0 ∈ S 1 , tome x1 = f (x0 )
e y0 = f (x1 ). Sejam I0 , I1 abertos conexos tais que S 1 \{x0 , x1 } = I0 ∪ I1 .
Defina θ(n) para n ≥ 0 por f n (y0 ) ∈ Iθ(n) . Por fim, defina η ∈ {0, 1}Z por
η(n) = θ(|n|).
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 25

Vejamos que ω(η) não contém pontos periódicos. Por absurdo, suponha
que exista sequência de naturais ni → ∞ tais que d(σ ni (η), p) → 0. Onde
σ é a função shift e p um ponto periódico. Seja k o perı́odo do ponto p. A
rotação irracional Rkα tem a propriedade: existe n0 tal que para todo ponto
x ∈ S 1 o conjunto {Rkα n (x)}n0
n=0 possui elementos em I0 e em I1 . (Para
provar esta afirmação basta ver que vale pontualmente, pois a rotação é
transitiva, então vale localmente e usa o fato que S 1 é compacto.)
Mas d(σ ni (η), p) → 0 implica que podemos achar iterados consecutivos
que caiam dentro de I0 (ou I1 ). Ou seja,

Rαl0 (y0 ), Rαl0 +k (y0 ), Rαl0 +2k (y0 ), . . . , Rαl0 +mk (y0 ) ∈ I0

por conseguinte,

Rαl0 (y0 ), Rkα (Rαl0 (y0 )), Rkα


2
(Rαl0 (y0 )), . . . , Rkα
m
(Rαl0 (y0 )) ∈ I0
O que é um aburdo pela propriedade de Rkα comentada anteriormente.
Concluimos que ω(x) não contém pontos periódicos e possui, pela Propo-
sisão 2.3.2, um minimal que, portanto, não é trivial.

2.4 Conjunto Hiperbólico Maximal


Proposição 2.4.1. Seja f : M → M suave. Dado δ > 0 existe vizinhança
Uf ⊂ Dif 1 (M ) de f tal que ∀g ∈ Uf tem-se que {g i (x)}i∈Z é uma δ-pseudo
órbita para f ∀x ∈ M .
Proof. Considere Uf pequena o suficiente tal que d(f (x), g(x)) ≤ δ ∀x ∈ M .
Então
d(f (g i (x)), g i+1 (x)) = d(f (g i (x)), g(g i (x))) ≤ δ

Teorema 2.4.1. Se Λ é um conjunto hiperbólico isolado para f , então ex-


istem vizinhanças U de Λ e Uf de f ; tal que: se g ∈ Uf , então

Λg := g n (U)
n∈Z

é hiperbólico isolado para g.


Proof. Vejamos como escolher as vizinhanças do enunciado. Considere U
uma vizinhança de isolamento de Λ para f , podemos tomar esta vizinhança
menor, se necessário, de forma que esteja dentro da vizinhança fornecida pelo
Lema de Sombreamento (Teorema 2.3.1). Dado ε = 12 d(Λ, ∂U), o Lema de
Sombreamento fornece um δ. Tomemos a vizinhança Uf pequena o suficiente
(uma δ-vizinhança por exemplo) para que ∀x ∈ M , {g n (x)} seja uma δ-
pseudo órbita para f (Proposição (2.4.1).
Provemos que Λg ⊂ U , ou seja isolado. Suponha por absurdo que exista
x ∈ Λg ∩∂U. Como {g n (x)} é uma δ-pseudo órbita para f , existe y ∈ Λf que
26

ε sombreia a pseudo-órbita {g n (x)}, em particular d(y, x) ≤ ε = 12 d(Λ, ∂U),


por exemplo isto dá que x não está no bordo, absurdo.
É fácil ver que pelo provado acima Λg deve ser um conjunto fechado,
como estamos supondo na definição de conjunto hiperbólico.
Sabemos que podemos tomar a vizinhancça Uf pequena o suficiente
para que Λg seja de fato um conjunto hiperbólico (usando cones invari-
antes). Por fim, usando que Ω(f |Λ ) = P er(f |Λ ) implica que existe um
ponto hiperbólico periódico, que é mantido por perturbações (por exem-
plo por Hartman-Grobman). O que implica que Λg ̸= ∅ para perturbações
próximas de f .

Lema 2.4.1. Seja Λ hiperbólico maximal. Existe δ > 0 tal que, dado ε > 0
existe N ∈ N tal que se d(f n (x), f n (y)) < δ para todo |n| < N , então
d(x, y) < ϵ.
Proof. A prova é um escólio da demonstração do Teorema da Variedade
estável.

Teorema 2.4.2. (Estabilidade de Conjunto Hiperbólico Isolado) Seja Λf


hiperbólico isolado para f : M → M . ∩
Então existem vizinhanças U de Λf e
Vf de f na topologia C 1 tal que Λg = n∈Z g n (U ) é conjugado a Λf . Isto é,
existe homeomorfismo h : Λf → Λg fazendo o diagrama abaixo comutar

f
Λf / Λf

h h
 g 
Λg / Λg

Proof. Para vizinhanças pequenas o suficiente em torno de f temos que Λg


é não vazio. De fato, como

P er(f|Λf ) = Ω(f|Λf )

temos pontos periódicos hiperbólicos e que são mantidos por perturbações.


Portanto Λg é não vazio.
Encontremos a função h. Tome ϵ < δ0 /3, onde δ0 é a constante de
expansividade de f . Para este ϵ seja δ dado pelo lema de sombreamento.
Com isso considere uma δ-vizinhança, Vf , de f na topologia C 1 e pequena o
suficiente para que Λg ̸= ∅. Isto quer dizer que se g ∈ Vf , então para x ∈ Λf
temos que {f n (x)} é uma δ-pseudo órbita para g:

d(g(f n−1 (x)), f n (x)) = d(g(f n−1 (x)), f (f n−1 (x)) < δ

Definimos a função

h : Λf → Λg
x 7→ h(x)
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 27

onde h(x) é um ponto que ϵ-sombreia {f n (x)}.


Provaremos que h−1 é contı́nua. O que implica que h é homeomorfismo,
dado que uma bijeção contı́nua em um compacto é um homeomorfismo.
Dado eϵ > 0, seja N = N (eϵ) proveniente do lema acima para e ϵ e f . Tome
δe tal que se d(x, y) < δ,
e então d(g n (x), g n (y)) < δ/3 para |n| < N .

d(f n (h−1 (x)), f n (h−1 (y)) ≤ d(f n (h−1 (x)), g n (x)) + d(g n (x), g n (y))
e + δ/3
+ d(g n (y), f n (h−1 (y)) < δ/3 e + δ/3 e
= δe

e
usamos que d(g n (x), f n (h−1 (x)) e d(g n (y), f n (h−1 (y))) são menores que δ/3
n −1
pois como definimos acima {f (h (x))} ϵ-sombreia {g (x)}. Portanto n

d(h−1 (x), h−1 (y)) < e


ϵ
Logo h é um homeomorfismo. Por fim note que h é a conjugação entre
Λf e Λg , dado que por definição h ◦ f = g ◦ h.

Observação 2.4.1. Todd Fisher 3 mostrou que existem conjuntos hiperbólicos


que não estão contidos em nenhum conjunto hiperbólico maximal. De fato
é possı́vel mostrar que este exemplo é robusto e pode ser construı́do em
qualquer variedade de dimensão maior ou igual a dois.

Estrutura de Produto Local


Uma maneira equivalente de se definir conjunto hiperbólico maximal é dizer
que este possui estrutura de produto local.

Definição 2.4.3. Dizemos que um conjunto hiperbólico Λ tem estrutura de


produto local (E.P.L.) se:
Existem ϵ > 0, δ > 0 tal que para todo x, y ∈ Λ satisfazendo d(x, y) < δ,
então
[x, y] := Wϵs (x) ∩ Wϵu (y)
é um único ponto e este ponto está em Λ.

Teorema 2.4.4 (Sombreamento com E.P.L.). Seja f um difeomorfismo e


Λ um conjunto hiperbólico com estrutura de produto local (E.P.L.).

• Então para todo β > 0, existe um α > 0 tal que toda α-pseudo-órbita
x = {xn } ⊂ Λ é β-sombreada por um ponto y ∈ Λ.

E mais, se β < δ/2 onde δ é a constante de expansividade de f e x é


bi-infinita, então y é único.
3
Todd Fisher, Hyperbolic sets that are not locally maximal, Ergodic Theory Dynam
Systems 26, 2006.
28

Proof. É dado β > 0. Usando a propriedade de produto local, sabemos que


existe ϵ, δ tal que se d(x, y) < δ então [x, y] = [x, y]ϵ,δ = Wϵs (x) ∩ Wϵu (y) é
um único ponto e que está em Λ. Tomamos ϵ, δ menores, se necessário, de
forma que
ϵ
< β/2.
(1 − λ)
Em particular, ϵ < β/2. Sejam λ e C da definição de conjunto hiperbólico,
vimos que podemos supor C = 1. Lembre que λ < 1.
Agora definimos α da seguinte maneira: α é um número positivo menor
que δ tal que se d(z, w) < α, então
s
[z, Wλϵ (w) ∩ Λ] ⊂ Wϵs (z)

Seja x = {x0 , . . . , xn } uma α-pseudo-órbita finita em Λ. Defina y0 = x0 .


Note que y1 = [x1 , f (y0 )] está bem defindo por ser x uma α-pseudo-órbita.
Definimos yk por

yk = [xk , f (yk−1 )], ∀n ∈ {1, . . . , n}

De fato precisamos ver que yk está bem definida. A prova é por indução,
vimos que para k = 1 é verdade. Aplicando a hipótese de indução yk ∈
Wϵs (xk ) ∩ Λ, então f (yk ) ∈ Wλϵ
s (f (x )) e pela definição de α isto implica que
k
yk+1 está bem definida.
Note que yk ∈ Wϵu (f (yk−1 )), assim f −j (yk ) ∈ Wθuj (yk−j ), onde θj =
∑j −n (y ) β-sombreia
i=1 λ ϵ < γ := ϵ/(1 − λ). Vejamos que o ponto y = f
i
n
x. Como f −(n−j) (yn ) = f (y) ∈ Wγ (yj ) temos
j u

d(f j (y), xj ) ≤ d(f j (y), yj ) + d(yj , xj ) ≤ γ + ϵ < β.

Por fim, se x for infinito achamos um ponto zn que β-sombreia xn =


{x−n , . . . , x−1 , x0 , x1 , . . . , xn }. E tomando um ponto de acumulação de {zn }
obtemos um ponto em Λ que β-sobreia x.
Para a última parte, suponha que tenhamos dois pontos y1 , y2 que β-
sombream, então

d(f n (y1 ), f n (y2 )) ≤ d(f n (y1 ), xn ) + d(xn , f n (y2 )) ≤ β, ∀n ∈ Z

Portanto, y1 = y2 .

Teorema 2.4.5. Seja f um difeomorfismo. Um conjunto hiperbólico Λ é


isolado se, e somente se, Λ tem estrutura de produto local.

Proof. (⇒) : Como Λ é hiperbólico compacto, sabemos que existem δ0 , ϵ0 >


0 tais que se d(x, y) < ϵ0 então [x, y] = Wϵs0 (x) ∩ Wϵu0 (y) é constituı́do
de exatamente um ponto. Sendo Λ hiperbólico, sejam ϵ, δ tal que numa δ
vizinhança de Λ toda δ pseudo-órbita nesta vizinhança é ϵ-sombreada por
Dinâmica Hiperbólica - Régis Varão 29

algum ponto de Λ. Queremos checar que z = [x, y] ∈ Λ, mas por um lado


d(f n (x), f n (z)), d(f −n (y), f −n (z)) < ϵ0 ∀n ∈ N. Portanto, como podemos
tomar esses ϵ e δ tão pequenos quanto quisermos, d(f n (z), Λ) < ϵ e sendo
{f n (z)} uma δ-pseudo-órbita existe um único conjunto cujo a órbita o ϵ
sombreia, logo este ponto deve ser o próprio z e deve estar em Λ já que Λ é
isolado.
(⇐) : Considere V uma vizinhança ∩ de Λ a qual estendemos os cones
invariantes de forma que ΛV = n∈N f n (V) seja hiperbólico. Chamemos
de δ a constante de expansividade deste conjunto hiperbólico. Sendo Λ
hiperbólico com E.P.L. considere ϵ, δ fazendo o papel de α, β na Proposição
2.4.4. Tomemos δ tal que d(f (x), f (y)) < δ/2 se d(x, y) < δ (por compaci-
dade f é uniformemente contı́nua) e δ < δ/2. Denotando Uδ a δ-vizinhança
de Λ provemos que ∩
Λ= f n (Uδ ).
n∈Z

O número δ é escolhido pequeno o suficiente para que Uδ ⊂ V e ϵ pequeno


para que tenhamos
∩ unicidade no sombreamento com E.P.L. assim como ϵ <
δ/2. Seja z ∈ n∈Z f n (Uδ ), então f n (z) ∈ Uδ , ∀n ∈ N. Para todo n natural
considere xn ∈ Λ tal que d(f n (z), xn ) < δ. Observe que {xn } é uma δ-
pseudo-órbita

d(f (xn ), xn+1 ) ≤ d(f (xn ), f (f n (z))) + d(f n+1 (xn ), xn+1 ) ≤ δ/2 + δ/2 = δ

A Proposição 2.4.4 diz que existe um ponto y ∈ Λ que ϵ sombreia. Para


todo inteiro n

d(f n (z), f n (y)) ≤ d(f n (z), xn ) + d(xn , f n (y)) ≤ δ/2 + δ/2 = δ.



Por expansividade do hiperbólico n∈Z f n (V), então z = y ∈ Λ.

Exemplo 2.4.6. Em particular o conjunto Λ = {p} ∪ O(q), construı́do no


Teorema 2.3.5 não é isolado, pois não tem estrutura de produto local. Para
ver que não tem E.P.L. olhe em torno do ponto p.
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Bibliography

[1] A. Katok and B. Hasselblatt, Introduction to the modern theory


of dynamical systems, vol. 54 of Encyclopedia of Mathematics and
its Applications, Cambridge University Press, Cambridge, 1995. With a
supplementary chapter by Katok and Leonardo Mendoza.

[2] R. Varão, Dinâmica Hiperbólica e Teoria Ergódica, disponı́vel em


http://www.ime.unicamp.br/∼regisvarao/out/din.hip.pdf

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