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Fonte: Journal of the Evangelical Theological Society 15 (1972):197.

Este artigo também foi publicado como capítulos no comentário First Corinthians: Gordon H.
Clark. First Corinthians (Locais do Kindle 778-960). The Trinity Foundation.

1ª Edição 04/02/19

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Tradução: Igor Paz


Revisão: Daniel Gomide
Capa: Igor Paz
Sabedoria
em
1 Coríntios

Gordon H. Clark
1

SABEDORIA EM 1 CORÍNTIOS
Gordon H. Clark

Colossenses 2:3 diz que todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão escondidos em
Cristo. Neste versículo, as palavras sabedoria e conhecimento podem ser tomadas como sinônimos.
Mas 1 Coríntios 12:8, a última menção de sabedoria nesta epístola depois de um intervalo desde 3:19, é
difícil interpretar ao menos que se assuma uma diferença entre sabedoria e conhecimento: “A cada um
é dada a manifestação do Espírito para o seu benefício. Para um é dada, mediante o Espírito, [a ou uma]
palavra da sabedoria; a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento, [e] a outro fé”.1 É
óbvio que a fé é dada a todos os cristãos; e sem dúvida conhecimento e sabedoria estão de alguma
forma conectadas porque ambas são expressas em palavras, em um logos: um discurso, sermão, ou
argumento de sabedoria e um discurso, sermão, ou argumento de conhecimento. Mas desde que estas
duas palavras estão em uma enumeração de nove dons do Espírito, dificilmente as duas frases podem
ser tomadas como completamente sinônimas.

Qual é esta distinção é o que tem causado confusão entre os comentadores. Uma distinção
muitas vezes feita é que sabedoria se refere a julgamentos práticos e conhecimento consiste em
entendimento teórico. H. A. W. Meyer, no entanto, reverte isto. Referindo-se a 2:6 e 13:2, Meyer faz da
sabedoria uma compreensão elementar das doutrinas cristãs, enquanto o conhecimento é uma
elaboração profunda e completa de seus relacionamentos. Ainda mais surpreendente, Mayer então
infere que sabedoria (a compreensão elementar das doutrinas cristãs) continua em toda parousia, mas
conhecimento (a elaboração profunda e completa de seus relacionamentos) cessa (13:8). Certamente
esta visão, ou ao menos esta conclusão, tem menos a ser recomendada do que a anterior.

Charles Hodge faz a quase impossível sugestão de que sabedoria é a inspiração dada aos
apóstolos somente, e conhecimento é a habilidade dos mestres menores de entender os escritos dos
apóstolos. A razão pela qual isto parece impossível é o fato de que 1 Coríntios 13:8 diz que o
conhecimento será abolido ou de nenhum efeito. Uma vez que a habilidade dos mestres menores de
entender os escritos dos apóstolos continua até hoje, o tempo profetizado deve ser a parousia. Mas não
é estranho que os mestres menores percam a suas habilidades de entender as Escrituras por razão do
retorno de Cristo? Esperar-se-ia que eles entendessem melhor. Tem algo, porém, que já foi abolido:
viz., inspiração apostólica. Mas 13:8 não diz que “sabedoria” (inspiração para Hodge) seria abolida; diz
que “conhecimento” se tornará de nenhum uso.

Isto é suficiente para lançar dúvidas sobre a distinção de Hodge entre sabedoria e
conhecimento. Não é suficiente como uma explicação de 13:8. Sob qualquer condição imaginável,
dificilmente parece possível que o conhecimento seja inútil. Nem que deveria ser abolido. Os
versículos seguintes podem ser tomados para implicar que o conhecimento parcial será abolido porque
o conhecimento completo sobrevém. De fato, Paulo quase parece dizer que o conhecimento humano
será igual ao de Deus, pois "agora conheço em parte, mas então conhecerei na mesma medida que fui
conhecido" [por Deus?]. Hodge evita a dificuldade neste versículo, mas em todo caso não tem relação
com o tópico principal aqui, que é o significado de conhecimento e sabedoria.

Pode ser que, apesar das primeiras impressões, a distinção entre sabedoria e conhecimento não
seja muito aguda. Note-se que o terceiro dom mencionado em 12:7-10 é a fé. É verdade que as
conotações populares de sabedoria, conhecimento e fé diferem. As pessoas muitas vezes contrastam fé
com conhecimento. Ainda que este contraste esteja ausente no NT. Fé e conhecimento podem ser
considerados idênticos, ou ao menos fé é um tipo de conhecimento; viz, conhecimento de teologia, não
conhecimento de botânica. Talvez, então, os termos sabedoria e conhecimento se refiram somente a
uma diferença de grau, caso em que a semelhança seria básica. Infelizmente 1 Coríntios 12:7-10 não dá
qualquer explicação. Qualquer informação que possa ser obtida deve vir dos primeiros três ou quatro
capítulos da epístola. Para eles, agora nos voltamos.

A quem Paulo se dirige nesta primeira epístola? Sua segunda epístola expressamente menciona
a igreja em Corinto com todos os santos que estão em toda Acaia. A primeira epístola também parece
dirigida, não meramente a algumas congregações da cidade de Corinto, mas a outras congregações
também, “em cada lugar”, presumivelmente cada lugar da Grécia. Pelo menos dois versículos nos três
1 Embora no texto original o verso mencionado seja 1Co 12:8, talvez por alguma versão cuja numeração dos
versículos tenha variação da que comumente encontramos ou talvez por outro motivo que desconhecemos, o
início do texto citado por Clark é do versículo 7. [Nota do revisor]
2

primeiros capítulos, se eles não requerem esta inferência, faz melhor sentido se assim forem
entendidos. A referência aos gregos em geral e não apenas aos coríntios em 1:22, e também o onde e
quando quer que de 3:3-42, dão algum pequeno apoio à assunção de um público mais amplo. A
primeira destas duas referências é a melhor para este propósito porque, à primeira vista, parece
estranho que Paulo tenha tanto a dizer sobre sabedoria e conhecimento aos coríntios. Corinto não era
Oxford; era o Liverpool.3 Por isso, quando ele diz em 1:22 que os gregos buscam a sabedoria, ele pode
ter tido em mente Atenas. Os coríntios procuravam principalmente dinheiro e prazer.

No entanto, no tempo do escrito de Paulo, sabedoria e conhecimento eram temas apropriados


porque (como Paulo diz imediatamente após a assinatura, o endereço e a bênção), Deus os enriqueceu
"em toda expressão e todo conhecimento". A tradução “expressão” é pobre. É melhor: “em cada
doutrina e em todo conhecimento”. Meyer concorda com a tradução da KJ em sua frase "aptidão para a
fala"; e Beza queria traduzir logo como glossalalia. Ambos estão errados. Logos significa doutrina,
razão, pensamento. Isso se encaixa com o próximo termo, conhecimento. Não é um termo incomum
nos escritos de Paulo ou no NT como um todo. Em um lugar Paulo usa a ideia, se não sempre a palavra,
cinco vezes em dois versículos (Ef 1: 17-18). Da mesma forma II Pedro 1: 2, 3, et passim enfatizam o
conhecimento.

Como a cristandade americana (usada em um sentido frouxo), incluindo até mesmo os enclaves
semiconservadores, tem pouca desta ênfase, é preciso, para entender 1 Coríntios, redescobrir a ênfase
do NT no conhecimento. Paulo agradece a Deus porque os coríntios enriqueceram em toda a doutrina e
conhecimento em proporção à crescente segurança da verdade do testemunho do evangelho.

As observações do apóstolo sobre sabedoria e conhecimento surgem através de sua discussão de


certos cismas ou divisões que estavam ocorrendo na igreja. Liderados por mestres não confiáveis,
quatro seitas haviam se desenvolvido. Cada um alegou lealdade a um proeminente líder cristão: Paulo,
Apolo, Pedro e até mesmo Cristo. Para evitar esse desenvolvimento, Paulo conclama todos eles a
“dizerem a mesma coisa...e se unirem na mesma mente e na mesma opinião”. Quaisquer que sejam as
ações visíveis que os cismas geraram, como realizar reuniões separadas, eleger novos oficiais e tudo o
mais que se possa imaginar de um conhecimento da história da igreja depois, o cisma não é
essencialmente uma divisão organizacional. A fonte da dificuldade em Corinto residia no que o povo
dizia e pensava; isto é, suas opiniões eram o centro do mal. Portanto, Paulo quer que eles pensem da
mesma forma e resolvam suas divergências intelectuais.

Não é preciso dizer que Paulo, Apolo e Pedro, para não mencionar Cristo, não haviam iniciado
essas divisões. Apolo e os dois apóstolos concordaram em doutrina, eles disseram a mesma coisa, eles
tinham a mesma mente. Paulo, como o escritor da epístola, deixa muito claro que ele nada fez para
causar a perturbação presente. Sua abstenção anterior de administrar o sacramento do batismo (exceto
para três ou quatro pessoas) revela-se uma circunstância afortunada, pois se ele demonstrasse zelo para
batizar, alguns poderiam ter dito que ele batizava em seu próprio nome, e não em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo. Paulo passou todo o seu tempo pregando o evangelho, “não na sabedoria da
palavra, para que a cruz de Cristo não se torne vazia” (1:17).

Esta é a primeira ocorrência da palavra sabedoria (sophia) na epístola. A frase é sophia logou.
Comumente traduzido como "sabedoria de palavra" (o plural palavras na KT e ARV é incorreto e a
RSV colocou no lugar uma paráfrase interpretativa), pode igualmente ser traduzido como "sabedoria de
doutrina", argumento, definição ou fórmula. A frase com seus diversos significados possíveis apresenta
uma dificuldade. O contexto tem muito a ver com o batismo. Paulo expressou satisfação por ter
batizado tão poucos e, portanto, não poder ser acusado de substituir a divindade de Cristo pela doutrina
da divindade de Paulo. Será que Paulo agora acrescenta: "Cristo não me enviou para batizar, mas para
pregar o evangelho, não para a sabedoria de uma fórmula batismal…”? Logos pode significar fórmula;
por isso essa interpretação é gramaticalmente possível. Também se encaixa no contexto. Embora a
maioria dos comentaristas, sem dúvida, rejeitaria essa interpretação, ela parece, no entanto, superior
para fazer a frase significar “eloquência polida”. Sophia seria um termo estranho para denotar o estilo

2 Os termos usados por Clark são: wherever and whenever. A tradução “onde” para o versículo 3 pode
confundir o leitor da versão ARA ou da ACF. Não consultamos todas as versões, mas alertamos o leitor para o
seguinte: consultamos a versão New King James Version e o texto do verso 3 seria corretamente traduzido
como: “Porque onde há inveja, contendas e divisões...”. Esse trecho “porque onde há” é crucial para entender o
argumento de Clark aqui. Já em relação ao verso 4, a versão ARA pode ser consultada sem gerar confusão.
Embora o texto da ARA não tenha “quando quer que”, ele inicia do seguinte modo: “Quando, pois, alguém diz...”
[Nota do revisor].
3 O ponto aqui, provavelmente, é que Corinto não era onde os acadêmicos estavam, mas sim onde estavam as
pessoas “comuns” e/ou os comerciantes [Nota do revisor].
3

ornamentado. Além disso, o contraste imediatamente anterior entre o batismo e o evangelho seria
equilibrado pelo contraste entre o floreio retórico e o discurso claro e sincero. Isto não só faz um
equilíbrio pobre, é excluído pela menção explícita da cruz de Cristo. Portanto, "sabedoria da palavra"
deve se referir a alguma tese ou doutrina, algum julgamento intelectual, além da doutrina da Expiação.
Essa outra doutrina poderia ser a doutrina do batismo.

Embora a interpretação "fórmula batismal" se encaixe bem com os contrastes anteriores, o


parágrafo seguinte sugere ou mesmo definitivamente fixa uma interpretação diferente. A ideia do
batismo desaparece. Deve ser considerado como totalmente parentético. Isso deixa a referência anterior
relacionada apenas com o surgimento do cisma. Assim, a interpretação começa com a nova ideia da
cruz de Cristo em 1:17, a ser explicada em 1:18-25. O intervalo parentético em desenvolvimento
contínuo tem a desvantagem de passar uma impressão errada ao leitor momentaneamente, mas é uma
desvantagem a ser suportada, pois a ideia do parágrafo seguinte é bastante clara.

Em vez da fórmula para o batismo, 1:18 retoma a ideia da cruz de Cristo e segue diretamente
para a doutrina da Expiação. Isso deve ser notado, pois uma leitura descuidada pode levar o leitor à
outra direção. Ele pode concluir da frase "não com sabedoria de doutrina" que Paulo propõe uma
religião anti-intelectual não doutrinária. Paulo não condena aqui todas as doutrinas (logous)? Claro que
não. Os seguintes versículos devem ser considerados como a interpretação ou explicação da frase curta
em 1:17; e essa explicação se concentra na doutrina da Expiação.

Esta doutrina é absurda (moria) para o réprobo; é o "poder de Deus" para os eleitos. Como o
Apóstolo também diz em II Coríntios 2:16, o sabor de seu conhecimento não é apenas de vida para
vida, mas também um sabor da morte para a morte. Ele confirma essa ideia em 1:19 citando ou
adaptando Isaías 29:14: "a sabedoria de seus sábios perecerá e o entendimento de seus prudentes será
escondido".4 Em Isaías, a linguagem se aplica ao povo judeu. Como o Apóstolo também diz em II
Coríntios 2:16, o sabor de seu conhecimento não é apenas de vida para vida, mas também um sabor da
morte para a morte. Ele confirma essa idéia em 1:19 citando ou adaptando Isaías 29:14: "a sabedoria de
seus sábios perecerá e o entendimento de seus prudentes será escondido". Em Isaías, a linguagem se
aplica ao povo judeu. Portanto, a ideia não pode ser restrita aos gregos. O versículo 20 conecta o sábio
e o escriba – claramente uma referência judaica. É verdade que em 1:22 os gregos buscam a sabedoria.
Isso amplia o significado de Isaías, mas com todas as referências à sabedoria no AT, o pensamento de
Paulo não se limita à filosofia grega, a Platão e Aristóteles, sobre os quais os comerciantes coríntios
sabiam tão pouco.

Deve ser esclarecido imediatamente que Paulo não menospreza a sabedoria e o argumento. Ele
certamente ensina que nem os pedantes escribas nem os "investigadores operacionais" deste mundo
trouxeram alguém a Deus. Esses dois grupos pensaram que a Expiação era um absurdo. Aqui pode ser
encontrada a fonte do contraste de Tertuliano entre Jerusalém e Atenas. Seus princípios não têm nada
em comum. Mas assim como Tertuliano não desprezou o raciocínio com base nesse motivo - seus
argumentos prepararam-se para e quase chegaram à posição atanasiana – Paulo condena aqui apenas a
sabedoria deste mundo e nem a sabedoria de Deus nem a doutrina da Expiação. Paulo não apoia o anti-
intelectualismo. Foram a sabedoria e o intrincado plano de Deus que impediram o mundo de conhecer a
Deus por sua própria sabedoria. Deus preordenou a filosofia pagã e as disputas judaicas com o
propósito de cegar os olhos dos réprobos e endurecer seus corações. Ele tornou a sabedoria deles um
absurdo. Mas longe de ensinar anti-intelectualismo, Paulo, mesmo aqui neste parágrafo, e mais
claramente em outros lugares, recomenda a sabedoria de Deus. Essa sabedoria é Cristo, aqui chamada
Sophia, em vez de Logos. Portanto, Paulo prega a doutrina da Expiação.

Neste ponto, com a menção de Tertuliano, pode-se considerar o que o apóstolo Paulo achava do
argumento cosmológico de Aristóteles para a existência de Deus. Nada no texto mostra que ele já leu
Metafísica, livro Lambda5. Daí o exegeta é limitado à conjectura. Tomás de Aquino sustentou que
Paulo declarou prolepticamente válida a reafirmação que Tomás faz em relação a Aristóteles. Do
presente parágrafo, suporíamos que Paulo considerasse isso um absurdo. É estranho, portanto, que
alguns cristãos que falam vigorosamente contra a sabedoria deste mundo e depreciam o que eles
chamam de "lógica humana" também são defensores vigorosos dos argumentos cosmológicos e pensam
que a verdade de Deus deve ser provada verdadeira por investigações seculares.

Na medida em que as palavras de Paulo podem ser aplicadas a Aristóteles, 3:20 seria até mesmo
um repúdio mais claro da especulação filosófica sobre Deus. Usando o termo dialogismous

4 Paulo simplesmente substitui "deixarei de lado" para a LXX "eu me esconderei".


5 É uma referência ao décimo segundo livro da Metafísica de Aristóteles [Nota do revisor].
4

(raciocínios, deliberações), o versículo diz: "O Senhor sabe que os argumentos dos sábios são fúteis".
Portanto, os apologetas cristãos fariam bem em repudiar a futilidade escolástica da chamada "teologia
natural". Eles devem desistir das tentativas de provar a existência de Deus e de descrever sua natureza
com base em observações empíricas.

Os versículos 1:25 e 27 falam de fraqueza. Deus não chamou muitos homens de sabedoria
carnal, nem muitos poderosos, nem muitos bem nascidos. Que isso não deprecia a sabedoria como tal
decorre do fato de que Paulo não menospreza o poder e o bom nascimento como tal. Ele considerou sua
própria linhagem e nascimento (II Coríntios 11:22, Romanos 11: 1, Fp 3: 4-8) uma herança muito feliz;
e sua contagem como perda em comparação com Cristo não invalida suas vantagens mais do que sua
submissão ao espinho na carne torna a doença preferível à saúde. Nesta passagem, Paulo poderia se
referir à riqueza - de fato, a riqueza poderia ser incluída nas ideias de poderosos e bem nascidos. Agora,
a riqueza pode ser e muitas vezes é uma barreira para o céu. No entanto, a Bíblia não condena Abraão e
Jó. Assim como essas vantagens não são condenadas como tais, Paulo também não deve ser entendido
depreciando a sabedoria, o aprendizado ou o conhecimento. Esse pensamento não contradiz as
afirmações expressas de que Deus escolheu o que o mundo considerou absurdo para envergonhar o
homem sábio, e os fracos para envergonhar os fortes, e os ignóbeis para envergonhar os que nasceram
bem67.

O capítulo termina dizendo que Cristo se tornou três coisas no nosso caso, a saber: (1)
sabedoria, (2) justiça e santidade, e (3) redenção; ou que Cristo se tornou uma sabedoria que consiste
em duas partes, (1) justiça e santidade e (2) redenção. O significado exato não é muito claro, mas a
construção gramatical dificilmente permite a interpretação de que Cristo se tornou quatro coisas. De
qualquer forma, a sabedoria não é desprezada.

Que esta sabedoria não é um encontro pessoal, como Soren Kierkegaard e Emil Brunner
descrevem, já foi indicado pela frase "a doutrina da cruz" (1:18). Em um sentido peculiar, o próprio
Kierkegaard exige que o homem tenha certa quantidade de inteligência para se tornar um cristão. Ele
sustenta que um homem deve entender a doutrina x, deve entender a doutrina y, e deve entender que x
contradiz y. Então o homem deve jogar fora toda a sua inteligência, sacrificar seu intelecto e acreditar
em ambas as partes da contradição, Brunner também ensina que a Bíblia é autocontraditória. Ele
argumenta que a doutrina da eleição é ilógica; se extrairmos inferências disso, concluiríamos que Deus
não é amor. Não se pode ter lógica e um Deus amoroso também. Por isso, diz Brunner, uma vez que a
Bíblia ensina a eleição, ela é consistentemente inconsistente. Calvino, ao contrário da Bíblia, é lógico e
deve ser repudiado. Seu erro foi pensar que a teologia está preocupada com a verdade inteligível
(einsichtige Vernunftswahrheit). Brunner diz ainda que Deus e o meio de conceitualidade
(Begrifflichkeit) são mutuamente excludentes. Nada disso soa como Paulo. Sua denúncia da sabedoria
mundana não é um convite para acreditar em contradições.

Voltando agora ao próprio texto, 2:1 diz que Paulo não veio pregando o mistério 8 de Deus na
sublimidade da palavra ou de sabedoria.

Se alguém preferir mensagem a mistério, o ponto do presente artigo torna-se mais fácil de ser
comprovado. Caso contrário, o escritor deve mostrar que o mistério não é nada "misterioso", mas
simplesmente uma proposição que não pode ser descoberta através da teologia natural, mas deve ser
revelada por Deus.

A razão é que, em vez de depender de Aristóteles ou de Aquino, Paulo decidiu limitar sua
mensagem à doutrina da Expiação. Isto é confirmado em 2:4 e 5, onde o contraste entre palavras
divinas e sabedoria e palavras humanas e sabedoria é explicitado, "Meu argumento e minha pregação",
diz Paulo, "não estavam em palavras persuasivas de sabedoria9, mas em demonstração10 de espírito e
6 Se "coisas que não existem" estão em aposição com os ignóbeis e fracos, ou são adição a eles, e se além
disso, o que são, é difícil de dizer. A omissão de kat em P46, Aleph, A, et al. contra Aleph 3, B, C3, et al.
favoreceria a aposição e faria muito bem sentido.
7 P46, Aleph, B, C etc, são termos usados para se referir a determinados manuscritos do Novo Testamento
Grego. Clark está fazendo uso de uma edição crítica no novo testamento grego e mostrando que aqui ocorre
uma variante, apresentando uma possível razão do porquê [N.T].
8 O mistério é encontrado em P46 (aparentemente), o original Aleph, A, C e alguns outros manuscritos. A
mensagem é encontrada na terceira mão de Aleph, B, quatro outros unciais e uma longa linha de cursivos.
9 O problema textual aqui é um dos piores do NT. Contando variações de variações, há cerca de uma dúzia de
leituras. Eles não precisam ser discutidos agora, pois todos têm o mesmo sentido geral.
10 Observe o uso de um termo na lógica. Apodeixis significa: demonstração formal, tornar conhecida,
publicação, exposição, prova, prova dedutiva por silogismo, designação, fornecer uma clara demonstração de,
realização (os dois últimos significados parecem ser encontrados principalmente no tempo de Heródoto e nem
5

poder, a fim de que a sua fé não deve ser [fundamentada?] na sabedoria humana, mas no poder divino”.
Claramente, o contraste não é entre racionalidade e irracionalidade, mas entre a sabedoria humana e a
sabedoria divina.

Os pietistas se inclinam para o contraste entre uma mensagem inteligível versus o poder do
Espírito. Eles não dão atenção adequada ao fato de que o poder do Espírito funciona no argumento ou
doutrina (logos) e a mensagem pregada (kerugma). O contraste de Paulo está entre a verdade divina e
as falsas opiniões baseadas na teologia natural, e não entre a verdade e o poder não racional.

"Nós falamos sabedoria", escreve Paulo; e se a sabedoria é pregada, proclamada ou falada, a


sabedoria deve consistir em proposições intelectuais expressas em linguagem inteligível. Essas
verdades são mistérios, isto é, segredos que Deus não contou aos pagãos. Ele manteve esses segredos
escondidos dos governantes deste mundo. Assim diz o Antigo Testamento. Então vêm dois ou três
versos que os pietistas e místicos tão lamentavelmente entendem mal. As palavras introdutórias vêm de
duas passagens em Isaías. "O que o olho não viu e os ouvidos não ouviram e não penetrou o coração do
homem, isto é, aquelas coisas que Deus preparou para aqueles que o amam 11, Deus revelou para nós
(destacamos a expressão para nós) pelo Espírito". As próximas palavras, a segunda metade de 2:10,
identifica esses segredos como "as coisas profundas de Deus".

Com muita frequência, um pietista usará esses versículos para manter uma posição diretamente
contraditória com o que os versículos dizem. Por exemplo, o Dr. A. W. Tozer publicou um sermão que
Dr. Aiken Taylor estranhamente achou excelente o suficiente para reimprimir no The Presbyterian
Journal (11 de fevereiro de 1970), um periódico supostamente dedicado aos princípios da Confissão de
Westminster. O Dr. Tozer não é um defensor da teologia natural. Ele está no extremo oposto, um
oponente não apenas da teologia natural, mas também da teologia revelada. Seu sermão, intitulado
Revelação não é o suficiente, é basicamente um repúdio ao texto, às palavras, à teologia da Bíblia, e um
apelo em favor de que algo seja encontrado nas entrelinhas ou atrás do texto. Na verdade, ele afirma
que a diferença entre um fundamentalista que aceita o que a Bíblia diz e acredita na Deidade de Cristo
e um modernista que rejeita a mensagem da Bíblia e nega a doutrina da criação é insignificante em
comparação com a diferença entre a aceitação do texto bíblico e a busca de algo além e oculto das
palavras escritas inspiradas.

A defesa do misticismo do Dr. Tozer (e ele mesmo aceita essa designação) é em parte uma
exposição do Evangelho de João12 e em parte um apelo à presente passagem em Coríntios. Quanto a
este último, ele cita a partir do material de Isaías. Ele até inclui as palavras: "Deus as revelou [na minha
opinião, as coisas profundas de Deus] a nós". Mas ele não cita, e não leva em conta, e presumivelmente
nega que essas coisas profundas sejam precisamente o argumento, a proclamação, do verso 4, o
conhecimento do verso 12, e a fala espiritual (palavras) do versículo 13. O que Paulo elogia aqui, o Dr.
Tozer descarta como "o corpo morto da verdade". Agora, para fazer justiça ao Dr. Tozer, é preciso
reconhecer que ele diz algumas coisas boas sobre a Bíblia e até recomenda a memorização. Mas essas
coisas boas são anuladas por sua aceitação explícita do misticismo.

Em oposição ao misticismo, Paulo afirmou que Deus nos revelou seus segredos sobre a
crucificação de Cristo. Esses segredos são as várias proposições inteligíveis que compõem a doutrina
da Expiação. Paulo então, um tanto desnecessariamente, como alguns podem pensar, defende a
capacidade do Espírito para fazer tal revelação com base no fato de que o Espírito está a par de todos os
pensamentos de Deus. O que é mais pertinente ao presente assunto é a ideia adicionada em 2:11 de que
ninguém, pela teologia natural, pode conhecer os pensamentos de Deus. Um homem tem esse
conhecimento apenas por revelação. Agora, nós cristãos recebemos o Espírito de Deus para que
possamos conhecer aquelas (teses teológicas) que Deus graciosamente nos deu. Estas são as doutrinas
que falamos, não em palavras didáticas da sabedoria humana, mas nas palavras didáticas do Espírito,
explicando as questões espirituais em palavras (espirituais).

Esta passagem mostra claramente que as questões espirituais podem ser explicadas em palavras.
As próprias palavras são espirituais. Elas também são didáticas. São as palavras que Paulo falou e,
podemos acrescentar, escreveu. Tudo isso se encaixa muito bem com a inspiração verbal, mas está
longe de experiências inexprimíveis, não verbais, místicas.13
antes nem depois).
11 Neste ponto, uma vírgula faz uma construção gramatical melhor do que um período.
12 Cf. meu The Johannine Logos, pp. 58-66. Presbyterian and Reformed Pub. Co.
13 Então esta passagem. Alguém pode querer mencionar outra passagem, II Coríntios 12: 2, que soa muito
como misticismo. Se assim fosse, não seria normativo para outros cristãos. Eles não seriam obrigados a ir atrás
do texto e ascender ao terceiro céu. Isso seria ainda menos um requisito para a salvação do que uma repetição
6

“O homem natural não pode receber as (doutrinas) do Espírito de Deus”. Isso não nega que eles
compreendem tais doutrinas. Antes de sua conversão, Paulo entendeu muito bem o que os cristãos
queriam dizer chamando Cristo de Senhor. Muito provavelmente ele entendeu isto melhor do que
muitos cristãos. Mas ele não recebeu isto como verdade. Foi tolice para ele; mais ainda, foi blasfêmia.
Não poderia ser nem um nem outro a menos que ele tivesse entendido. Portanto, quando 2:14 diz, "o
homem psíquico ... não pode conhecer" as doutrinas divinas, está usando o verbo conhecer no sentido
de conhecer como verdadeiro. Que este é o significado é clara a razão dada para isso: "pois elas são
discernidas espiritualmente".

Parenteticamente e talvez repetitivamente, nota-se que esse uso intensivo do verbo conhecer
prejudica a suposta distinção entre gnose e epignosis, pois nesse verso o sentido elevado de conhecer é
expresso com o verbo simples, não o composto.

Então, em três linhas, o capítulo termina com a afirmação: "Temos a mente de Cristo". Não diz
que temos as emoções de Cristo. O ponto alto 14 do capítulo, seu clímax, sua última palavra, é uma
palavra de intelectualismo, inteligibilidade, conhecimento e compreensão. "Nós temos a mente (nous)
de Cristo".

Para completar a lista, o único outro exemplo da palavra sophia em I Coríntios é 3:19. Não
acrescenta nenhuma ideia nova. Mais uma vez, confirma a conclusão de que os argumentos de
Aristóteles, Hegel e Wittgenstein não passam de tolices. Esta conclusão inclui a aplicação àqueles que
tentam basear a verdade da Palavra de Deus nas investigações seculares ou supostamente científicas da
história e da arqueologia. Nada em Paulo sugere que o trabalho de "investigação cooperativa" (1:20)
seja mais certo ou confiável do que a sabedoria de Deus. Não é estranho que qualquer evangélico, para
quem sola Scriptura é o princípio formal da teologia, deveria tentar basear a verdade da Escritura nas
conclusões do Dr. Albright e da Srta. Kenyon? Para Paulo, a revelação é autoautenticada. Atenas,
Oxford e as universidades americanas não têm nada em comum com Jerusalém.

de todas ou de qualquer uma das experiências de Paulo no caminho para Damasco. No entanto, estas
considerações são desnecessárias, pois II Cor. 12: 2 não é misticismo. O versículo 4 usa a palavra indizível ou
inexprimível, e os místicos possivelmente tem o deleite que podem nesta palavra. Porém, como as palavras
(rhemata) podem ser inexprimíveis, deixe os místicos explicarem. A tradução, no entanto, é ruim. Arreta não é
inexprimível. Souter fornece o seguinte significado: "não ser expresso (porque sagrado demais), secreto".
Liddell e Scott apresentam o seguinte: "não ditas ... que não podem ser ditas, não devem ser ditas ... indizíveis
... horríveis ... vergonhosas de serem ditas...". No grego clássico, a palavra frequentemente tinha um significado
maligno inadequado ao contexto de II Coríntios. Este contexto indica qual de todos esses significados deve ser
escolhido. O que foi revelado a Paulo nessa visão consistia em palavras (rhemata). Eles eram arreta, não
porque era um transtorno emocional irracional, mas porque elas não eram permitidas (exon) para serem
faladas. Exon significa legal ou permissível. Eles eram segredos divinos, que Paulo poderia (sem dúvida
facilmente) entender; mas Deus ordenou que ele não contasse esses segredos a outros cristãos. Toda a
revelação é verbal e racional.
14 A expressão utilizada em inglês é “punch line”. É a declaração ou sentença que estabelece o ponto como em
uma piada. Se a pessoa perder o punch line então dizemos que a pessoa não entendeu a piada [Nota do
revisor].
7

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