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Manual do Coroinha

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I. Coroinha

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1- Como surgiram os coroinhas

O surgimento do ofício do coroinha está intima e inseparavelmente ligado à


vida sacerdotal. Por isto, precisamos compreender um pouco como é a dinâmica do
sacerdócio para podermos entender a história dos coroinhas.

 Os dois tipos de sacerdote

Hoje, um rapaz que busca cumprir a vocação sacerdotal deve, em primeiro lugar,
discernir sua vocação. Se será um sacerdote secular ou regular, isto é, se será diocesano ou
religioso.

O sacerdote secular, comumente conhecido como diocesano, está sempre encardindo em


uma diocese e atende as necessidades da diocese em que reside. Não segue uma regra de
vida como os religiosos: Não vivem em comunidade, não professa votos de pobreza e
obediência às regras de alguma ordem e deve obediência ao seu bispo. A palavra secular vem de
século, indicando que este sacerdote vive “no mundo” – embora não seja do mundo.

O sacerdote regular, por outro lado, segue uma regra de alguma ordem religiosa, como
os carmelitas, beneditinos, franciscanos, vicentinos, etc. Esta regra inclui viver uma vida em
comunidade, isto é, viver em um convento ou mosteiro com os outros religiosos da mesma
ordem, atender a algumas regras e, sobretudo, viver uma vida de pobreza, castidade e
obediência. O sacerdote religioso é antes religioso que sacerdote, ou seja, sua primeira vocação
é seguir a regra da ordem a qual professou os votos, e então ser sacerdote. A palavra regular
vem da palavra latina regula, que quer dizer regra, indicando que este sacerdote segue uma
regra.

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 A formação dos sacerdotes e a origem do Coroinha
Até o Sacrossanto Concílio de Trento (Sec. XVI), não existiam seminários como
hoje conhecemos. Um jovem que desejava ser sacerdote teria que escolher entre ser clérigo
secular ou regular, como vimos acima. Caso escolhesse se tornar regular, ele deveria se
apresentar ao superior da Ordem escolhida, e seguir os passos indicados pela Regra de Vida
daquela Ordem.

Caso desejasse, por outro lado, ser sacerdote secular, ele deveria se apresentar ao seu
pároco, e uma vez admitido era formado pessoalmente por ele, passando a viver nas
dependências da paróquia, “aprendendo a ser padre” na teoria e na prática. Ele ajudava o
sacerdote nas suas funções, sobretudo litúrgicas, e quando o pároco julgava que o vocacionado
estava pronto, pedia ao bispo que o desse as ordens, e assim prosseguia seu estudo até ser
ordenado sacerdote.

A caminhada sacerdotal: Iniciava-se com a tonsura e seguia nos sete degraus do sacerdócio: Hostiário, Leitor, Exorcista, Acólito,
Subdiácono, Diácono e Sacerdote.

Este sistema era muito efetivo durante a Cristandade, pois dava ao vocacionado uma
vivência da realidade paroquial desde o primeiro dia e o “avanço” na sua formação cobria todas
as funções clericais. Veremos isto em um artigo futuro. O problema é que, com a Revolução
Protestante e a verdadeira multidão de heresias que atacaram a Igreja após o pérfido Lutero, este
modo de formação começou a passar por alguns problemas, por exemplo:

Em alguns casos, o sacerdote não era muito bem formado, o que o tornaria mais fraco
na luta contra as heresias e na instrução do povo.

Não havia uma supervisão do bispo, que poderia ordenar um vocacionado sem bem
conhecê-lo.
Sacerdotes ocultamente hereges poderiam facilmente destruir várias paróquias,
simplesmente passando a heresia aos novos vocacionados, que acreditavam estar sendo bem
formados.

Faltava uma “unidade” no ensino de uma diocese, e o estudo da Filosofia Escolástica, a


Teologia, a Gramática, Liturgia e das Sagradas Escrituras era feito sem uma metodologia e
supervisão únicas.

Sem dúvida, a criação dos seminários foi uma das coisas mais importantes do Concílio
de Trento, mas isto teve um efeito interessante.

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Como acabamos de ver, os vocacionados ao sacerdócio moravam na paróquia e
participavam ativamente da vida paroquial, em diversas funções, entre as quais se destaca a
função de servir o altar e ajudar na liturgia. Aqui já vemos o papel do coroinha, desde o
início da Igreja. O coroinha sempre foi um menino que ajudava nos serviços Litúrgicos na
Igreja, normalmente com a intenção de discernir sua vocação ao sacerdócio.

Quando foram fundados os seminários, estes vocacionados, ao invés de morarem nas


paróquias, foram todos viverem juntos para a formação. Isto deixou, de certo modo, as
paróquias sem ter quem ajudasse nas funções litúrgicas e em outras funções. Existia uma
regra que proibia o sacerdote de rezar a Missa sem ter quem o respondesse no altar, então esta
função era delegada a qualquer leigo, homem, na paróquia.

No entanto, o salutar costume de tomar os jovens e as crianças que sentiam a vocação


sacerdotal sempre persistiu. Daqui mesmo vem o nome coroinha: O menino do coro, que
ajudava o padre na Missa, respondia e fazia as várias funções que o coroinha tinha na
Missa. Por isto se diz que o grupo de coroinhas é um celeiro de vocações. Porque dos coroinhas
saiam à maioria dos rapazes que ia para o sacerdócio. E isto a Igreja sempre valorizou
muitíssimo.

O ofício do coroinha e a vida sacerdotal estão intimamente ligados

Tanto é que no Redemptionis Sacramentum, n. 47 se diz:

É muito louvável que se conserve o benemérito costume de que meninos ou jovens,


denominados normalmente assistentes (coroinhas), estejam presentes e realize um serviço junto
ao altar, similar aos acólitos, mas recebam uma catequese conveniente, adaptada à sua
capacidade, sobre esta tarefa. Não se pode esquecer que do conjunto destas crianças, ao longo
dos séculos, tem surgido um número considerável de ministros consagrados.

Isto nos deve reanimar a busca pela nossa vocação. Sempre foi próprio dos grupos de
coroinhas o discernimento da vocação sacerdotal. De um grupo de coroinhas deve sair ou bons
padres ou bons pais, que, entretanto usarão do grupo para crescerem na fé e encontrarem sua
vocação.

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2- Coroinha ou Acólito? Qual o nosso nome?
Qual o nosso nome, de fato? Coroinha? Acólito? Ministrante? Servo? Ministro do
altar? Qual o correto? Vamos ver, nesse artigo, cada nome, os seus pontos positivos e negativos,
e também os abusos que tem sido feitos.

O nome do servidor do altar leigo, normalmente jovem ou criança, varia muito de


região para região no mundo. Em italiano, são chamados de chierichetti, isto é, “pequenos
clérigos“. Em espanhol, monaguillos, isto é, “pequenos monges”. Em inglês, altar server, isto
é, “servidor do altar“. Em francês, enfant de chœur, meninos do coro. No Brasil, este nome
popular é “coroinha”.

Pelos livros litúrgicos, no entanto, só existe um nome que nos designa: Do


latim, ministrante. Vemos este nome em vários documentos, dentre os quais citamos os
seguintes:

Etiam ministrantes, lectores, commentatores et ii qui ad scholam cantorum pertinent,


vero ministerio liturgico funguntur. Propterea munus suum tali sincera pietate et ordine
exerceant, quae tantum ministerium decent quaeque populus Dei ab eis iure exigit.

Os que servem ao altar, os leitores, comentadores e elementos do grupo coral


desempenham também um autêntico ministério litúrgico. Exerçam, pois, o seu múnus com
piedade autêntica e do modo que convêm a tão grande ministério e que o Povo de Deus tem o
direito de exigir.
Constituição Conciliar Sacrassanctum Concilium, 29

[…] Instituantur vel promoveantur, quibus ministrantium cura pastoralis efficacius


adhibeatur
[…] Institucionalizar e promover associações para os ministrantes
Instrução Redemptionis Sacramentum, 49

Por isto, parece-nos evidente que o nome “ministrante“, por ser tradução direta do
latim,é o nome mais adequado para tratar os servidores do altar. Mas nisso também entram
questões culturais e práticas, que vamos abordar abaixo.

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O termo “Coroinha”

O termo coroinha é uma forma popular exclusiva da tradição litúrgica brasileira. Em


Portugal, por exemplo, são todos chamados de acólitos, tanto os instituídos pelo bispo, quanto
os nãos instituídos.

Não há certeza sobre a origem do termo coroinha. Uns dizem que se deve ao fato de
crianças do coro serem chamadas para servir o altar. Outras, que às crianças que serviam ao
altar era aplicada uma tonsura similar a dos franciscanos, que deixava na cabeça uma espécie de
coroa. Esta segunda hipótese, no entanto, me parece profundamente improvável.

A “coroinha” franciscana que supostamente teria inspirado o nome

Assim como na Itália se chama majoritariamente de chierichetti, ao invés


de ministrante, também é muito adequado que se mantenha o nome coroinha no Brasil, afinal é
assim que tem sido feito há várias gerações. No entanto, isto tem também alguns pontos
negativos, em particular para os mais velhos. O principal desses é o estigma que a palavra
coroinha já tomou. Um jovem de 25 anos ser chamado de coroinha pode ser motivo de
constrangimento para o mesmo, o que não deve ser deixado de lado sem consideração.

O termo “Acólito”

O termo acólito, por outro lado, ainda não é ideal, porque remete ao ministério do
acolitado instituído pelo bispo, antiga ordem menor. Embora não seja em si errado usar o nome
“acólito”, isto deve ser feito com cuidado para não confundir entre o acólito não instituído (nós)
e o acólito instituído pelo bispo, que tem muitos papeis que nós não podemos fazer, como
distribuir a Sagrada Comunhão, purificar os vasos sagrados, desnudar o altar, etc.

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No Brasil, em particular, há uma tradição de chamar os servidores do altar crianças
de coroinhas e os mais velhos de acólitos. Esta tradição brasileira não é em si toda ruim, desde
que isso não se torne motivo de orgulho para os mais velhos, nem seja motivo de confusão na
cabeça. Embora alguns grupos instituam grandes diferenças entre os coroinhas e os acólitos (não
instituídos), a verdade é que a única coisa que os diferencia é o nome, e a maturidade que os fez
ser colocado em cada grupo.

Frei Luis Carlos, OSST, recebe um símbolo de seu ministério de acólito em sua instituição: A patena. Crédito: “A Vida

Sacerdotal”

Qual termo usar, então? Se é possível mudar, mudem para ministrante ou servidor do
altar. Se já se chama “coroinhas“, está ótimo, mantenha-se assim. Se se chama “acólito“,
garanta que não há confusão na cabeça dos membros.

Os outros termos

São reprováveis, por outro lado, o uso de alguns outros termos para diferenciar as
crianças e os mais velhos. Em algumas paróquias, há o nome cerimoniário para os mais velhos.
Isto é um grande erro. O cerimoniário é uma função completamente diferente durante a liturgia,
e não deveria ser usada para retratar os servidores do altar.

Além do abuso do nome “cerimoniário”, há outras invenções, como “ministros do


altar”, “coroões” e “jovem-ministro”. Estes nomes não tem fundamento no uso e deveriam ser
desprezados. Quem não gostar do termo acólito por conta da confusão com o ministério
instituído, mas mesmo assim não quiser usar o nome coroinha, poderia usar “ministrante” ou
simplesmente “servidor do altar”

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Um grande perigo: O orgulho

Por fim, é importante dizer: Esta questão dos nomes toca no orgulho de muitos. Uns
querem se chamar “acólitos” ou ainda “cerimoniários” pois isto os engrandece e afaga seu ego.
Ou ainda mesmo os faz sentir superiores aos mais novos ou aos mais inexperientes. Tomemos
muito cuidado com isso, não deixemos que isto aconteça em nossos grupos. Nós existimos para
servir! Quando começamos a querer aparecer já perdemos o nosso motivo de serviço.

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3- Motivos inusitados para ser coroinha
Não tem coisa melhor que servir a Nosso Senhor no altar. Motivos para isso não faltam,
e já escrevemos vários artigos sobre isso. (Por exemplo este, este, este, este, este, etc.) Sempre
destacando como é sublime servir a Deus e um privilégio participar na coisa mais santa e mais
importante que acontece na face da Terra, o Santo Sacrifício da Missa.

Mas… Tem gente que ainda está precisando de um empurrãozinho. Então seguem
alguns motivos que você ainda não tinha pensado para ingressar nas fileiras dos servidores do
altar:

1- Você vai realmente fazer a diferença


Servir o altar é algo realmente grande, e seu papel é tão venerável e querido pela Igreja,
que você vai realmente fazer parte de algo grande, muito maior que você.

2- Você pode ver, efetivamente, o que está acontecendo na Missa.


Na Missa, acontecem muitas coisas que passam despercebidas ao povo. Você vai ter
uma visão privilegiada de tudo. E, se for baixo, nunca mais vai ver só traseiros na sua frente.

3- Você pode vestir roupas bonitas e solenes durante o serviço


Vamos combinar que nada cai melhor num menino que batina e sobrepeliz.

4- “Você vai poder aprender palavras incríveis da Liturgia, como


“cíngulo”, turíbulo”, “doxologia”, “hierofante” ou “triregnum”.
O dicionário litúrgico é belíssimo. E ainda tem o latim!

5- Você vai ser sempre o primeiro da fila da comunhão!


Nunca mais vai ficar horas na fila esperando chegar a sua vez. Normalmente, um dos
primeiros a receber Nosso Senhor será você!

6- Você vai ter a oportunidade de crescer em seriedade e santidade


Infelizmente, ainda mais hoje em dia, a maioria das crianças e jovens parou no tempo e
crescem imaturos e bobalhões. A responsabilidade do serviço vai lhe ajudar a não ser um
desses. Claro que o papel do coordenador aqui é essencial, para guiar o grupo à maturidade.

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7. Você vai aprender muita, muita coisa nova que vai lhe ajudar a ser
cada vez melhor em tudo na sua vida.

Três das principais premissas do serviço são: Dedicação, atenção e comunicação. Isso
vai lhe ajudar em tudo na sua vida. E a graça que você vai receber de servir a Deus vai lhe
ajudar ainda mais!

Ter S. Domingos Sávio, S. João Berchmans, S. Tarcísio, Beato Francisco Marto, B. José Sanchez del Rio, B. Francisco Marto e

praticamente todos os santos que foram padres como seus padroeiros é coisa para poucos!

8. Você vai fazer verdadeiros amigos


Um grupo de coroinhas é normalmente uma família. Uma família de almas. No grupo,
você vai fazer amigos para a vida inteira, que são, normalmente, muito parecidos com você.

9. Os outros garotos da igreja vão admirar você


Todos os meninos mais novos vão querer ser como você. Isso é uma grande
responsabilidade, mas também lhe dá muita oportunidade de exercer a liderança e aprender a
conviver com todos.

10. Às vezes, você vai dizer ao padre o que fazer!


Em particular se você se tornar cerimoniário. Sabe aquele ditado “Ensinar o padre a
rezar a Missa”? Pois é, muitas vezes isso é trabalho também do coroinha.

11. As senhoras idosas da paróquia vão amar você. De verdade.


Tá certo que fugir dos beijos e das apertadas de bochecha das suas fãs senis nem sempre
vai ser fácil, mas vamos confessar que isso é legal. Presentes são coisas comuns. Comidinhas
também.

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7- Você vai poder brincar com fogo!
O único lugar no mundo em que vão lhe deixar brincar com fogo e fumaça é aqui. Você
vai poder cuidar do turíbulo, das velas, acender as brasas… E ainda vai descobrir que existe,
dentro da liturgia, objeto até para apagar vela – ou seja, você nem precisa ter fôlego.

8- Você vai poder tocar o sino.


O segundo mais querido de todo coroinha. Os sinos anunciam a chegada do Bom Deus
pelas palavras da consagração ou quando, fora da Missa, se abre o sacrário para que Ele se dê
em Comunhão. Uma grande honra, e todo mundo gosta de tocar o sino.

9- Você vai ser o zelador dos objetos sagrados


Sabe aquele jogo que você costuma jogar que tem itens “raros e sagrados”, que lhe dão
algum benefício no uso? Pois é. Como coroinha você vai cuidar de todos. E o benefício é a
graça santificante, melhor que qualquer poder ou mana que você possa ter.

15. Segurar os livros litúrgicos é um belo exercício para os músculos


Se você quer ser mais forte, nem precisa fazer exercícios em casa. Basta segurar os
livros litúrgicos, sobretudo durante longas leituras.

16. Você vai poder ouvir as orações que o padre sussurra coisa que
quase ninguém sabe
Antigamente era muito mais profundo, mas ainda hoje o padre reza muitas orações
sussurrando, que a assembleia nem imagina. E você vai poder ouvir. Isso vai lhe tornar o
menino mais “maneiro” da escola. Pode crer.

17. Se um dia você se tornar padre, já vai saber todas as orações de


cabeça.
Sério. Todas.

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18. Você vai aprender a ser santo
O mundo é difícil, as trevas aumentam a cada dia, e para crianças e jovens as coisas são
muito mais complicadas. Um grupo de coroinhas pode ser um refúgio no meio da tempestade, e
certamente um dos poucos lugares onde você vai poder conhecer melhor a Igreja, aprender a
amar a Missa e poder descobrir, de maneira adequada, a sua Vocação.

Não existe aventura como a nossa!

Conhece outros motivos inusitados? Comente no artigo e vamos aumentando essa lista!

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4- Alguns deveres do Coroinha
O bom servidor do altar deve:

Nas vezes em que estiver escalado para servir:

 Chegar ao menos 20 minutos antes da Celebração ou avisar com antecedência de pelo


menos um dia, caso não possa.
 Previamente, esforçar-se para adquirir domínio da celebração ao qual vai participar.
 Cuidar da veste, do sapato e da higiene pessoal. Vestir-se bem, com roupa social e sapatos
 Ao chegar à Igreja, recolher-se em oração antes de iniciar o serviço, preparar-se bem para
a Santa Missa
 Paramentar-se antes de começar a servir, rezando as orações especificadas.
 Definir com os demais coroinhas – se houver – as atribuições de cada um e aceitá-las com
humildade.
 Rezar antes do início da celebração e subir ao altar em espírito de piedade, devoção e
Temor de Deus.
 A cada momento, durante a Santa Missa, fazer atos de adoração e reparação,
principalmente durante a Comunhão.
 Buscar obedecer fielmente às orientações do Estatuto do grupo e as instruções passadas
em reunião

Ou santidade, ou nada.

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No dia

 Ao acordar, fazer a oração da manhã


 Após suas orações da manhã, pensar em quais pecados mais cai durante o dia e fazer o
firme propósito de não cair nele.
 Entregar-se ao estudo ou trabalho com toda diligência e honestidade, recomendando todas
as ações a Deus.
 Fazer o sinal da cruz antes e depois das refeições
 Evitar todas as ocasiões de pecado, mesmo venial, e recomendar-se constantemente a
Deus.
 Se estiver escalado, comparecer com prontidão – ou avisar, caso impossibilitado.
 Rezar ao menos um terço do Rosário em honra de Nossa Senhora
 Antes de deitar, fazer as orações da noite, principalmente o exame de consciência.

Na semana

 Assistir à Santa Missa ao menos ao Domingo.


 Participar da reunião do grupo de acólitos.
 Fazer uma visita de pelo menos 30 minutos, ao menos uma vez na semana, ao Santíssimo
Sacramento. Entregar-se em santo colóquio com Nosso Senhor sacramentado, para dele
obter as graças necessárias para alcançar a santidade.
 Fazer leituras piedosas: Sagradas Escrituras, Catecismo, Escritos dos Santos, etc.
 No sábado, fazer algum ato de devoção a Nossa Senhora
 No começo da semana, verificar os dias em que irá servir e se programar para cumpri-los

No mês

 Confessar-se no mínimo uma vez ao mês.


 Participar da reunião ordinária do grupo, e dos momentos de devoção propostos.
 Esforçar-se para cumprir a escala estabelecida na reunião ordinária.
 Contribuir financeiramente com o grupo, se for o caso
 Participar com modéstia, ordem e bom gosto da atividade de recreação proposta pelo
grupo.

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Mais que tudo, o bom coroinha:

 Tem verdadeiro amor por Nosso Senhor Jesus Cristo. Verdadeira Devoção a Nossa
Senhora.
 Tem verdadeiro zelo pela Liturgia!
 Tem verdadeira intenção de ser santo!
 Está disposto a defender com sua vida a Sã Doutrina!
 Respeita a Hierarquia!
 É contrarrevolucionário!
 Esforça-se sempre para, seja na vida privada, seja na vida pública, comportar-se como
verdadeiro filho da Igreja Católica

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5- Servir o altar é um privilégio, não um direito.
Um dos maiores problemas que enfrentamos hoje no nosso apostolado é o orgulho.
Quantas vezes não encontramos em nossos grupos coroinhas que são tão cheios de si que
afastam os demais? Que geram intrigas e disputas por cargos e funções? Ou, ainda, encontramos
grupos inteiros que se acham “os melhores”? Pensam possuírem os melhores cerimoniais, as
melhores vestes, os melhores membros… “Vaidade das vaidades”, Tudo isto é vaidade.

Você não merece ser coroinha. Por melhor que você seja. Você não tem o direito
de servir o altar. Nenhum de nós tem. Isto é um privilégio especial, que não merecemos, foi-nos
dado por Graça. Enquanto não tivermos essa mentalidade, não entenderemos bem o nosso
papel, iteremos muitas visões erradas a respeito do nosso serviço. Poderemos começar a pensar
que a Igreja nos deve algo por sermos coroinhas, ou que merecemos alguma honra ou
recompensa pelo que fazemos. Nada mais absurdo.

Ser coroinha é uma grande honra e uma grande responsabilidade, da qual nenhum de
nós é digno. É algo belo, sublime, mas aqui não entram nossos méritos, mas a Graça. E para
bem viver nosso serviço, devemos corresponder a esta graça, vivendo uma vida direita, sendo
fiéis à Igreja e aos mandamentos, tendo uma vida interior verdadeira e sem sentimentalismos e,
sobretudo, sendo humildes.

Existe uma frase, tirada dos Evangelhos, que deve estar gravada em nosso coração, a
cada vez que pensamos em nosso serviço:

Illum oportet crescere, me autem minui. (Jo 3,30).

“Importa que ele cresça, e eu diminua”. Foi o que disse S. João Batista quando Nosso
Senhor iniciou sua vida pública. S. João Batista, reconhecendo-se um simples servo de Nosso
Senhor, decidiu diminuir-se, colocar-se como sem importância, e exaltar a importância de Deus.
Eis aqui um grande ensinamento para nós, quase uma jaculatória: Que através do
meu serviço, que eu diminua e que cresça Cristo.

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6- A grande honra de ser coroinha

1º Conselho de Ouro para ser um bom servidor do altar: Considerar grande honra ser acólito

Cada vez que você subir ao altar, lembre-se de uma coisa. Lembre-se que você está
servindo a Deus. Não são meras palavras. Pense na responsabilidade que isso envolve. O
coroinha serve continuamente o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores, tanto na Igreja quanto
fora dela. E isto não é uma coisa “ordinária”.

Servir o altar de Deus é uma grande honra. Mesmo o menor e mais simples acólito de
todos ainda este possui uma honra maior que a dos homens mais poderosos: Servir a Deus em
seu santo altar. Isto bem compreendeu a Guilda de Santo Estevão, uma confraria de acólitos,
que tomou como lema a frase latina “Cui servire Regnare est”, isto é, “Servir é Reinar”.

É necessário que, em toda parte, comecemos a agir em conformidade com esta honra.
Muitas vezes tomamos atitudes que não condizem com esta nossa dignidade de servos.
Precisamos nos comportar no serviço e fora dele de acordo como bons e verdadeiros cristãos.

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7- 10 coisas que todo coroinha deve saber
Existem dez coisas simples que todo servidor do altar deve saber, seja ele criança ou
adulto, inteligente ou não, experiente ou novato. Às vezes, nos focamos demais no serviço e
esquecemos, na verdade, o que estamos fazendo. Essa lista pode lhe ajudar a relembrar o motivo
que deveria fazer você tremer quando coloca sua túnica e sobe ao altar…

1. Você não é necessário

Eita. Não começamos bem. Mas se acalme e continue. Como já vimos na


fantástica carta de um padre a seus coroinhas, o padre pode fazer tudo que ele faz sem
você. Então por que a Igreja tem tanto carinho por você? Por que seu serviço é tão venerado e
sublime? É porque você faz algo que é mais do que simplesmente ser útil. Continue a lista e
você entenderá.

2. Você é um modelo a todos

Que grande responsabilidade. Veja só. Se você chegar à igreja pelo menos 20 minutos
antes, colocar suas vestes e começar a preparar as coisas para a Missa com seriedade e
solenidade, você está dizendo para todo mundo com suas ações: “Veja, isso é importante. É algo
sério, se prepare adequadamente!”. Jamais se esqueça: Tudo o que você faz no altar as pessoas
lhe observam! Faça tudo com amor e reverência, ou estará traindo as vestes que veste.

3. A palavra convence, mas é o exemplo que arrasta

Ser coroinha é uma grande honra, mas também é uma grande responsabilidade. Não
basta você ser um “santinho” só dentro da Igreja, mas é preciso levar isso para fora dela. Um
coroinha que não vive sua fé, que não reza, que quando tira a túnica vira um garoto como
qualquer outro do mundo é, na verdade, um palhaço. Um farsante. Um mentiroso. No poema
de S. João Berchmans ao servidor do altar, ele pede que rezemos pedindo graças para
sermos fiéis ao nosso estado. Se você tem algum amor pela Igreja, saiba disso: Não
adianta apenas querer parecer santo. Você precisa buscar ser santo, realizando seus
deveres com muito amor a Deus e para que ele seja glorificado por meio de você.

4. Não adianta apenas ser, você precisa parecer ser

Alguns dizem “o hábito não faz o monge”. É verdade, mas um bom monge não irá
abandonar o hábito. É uma grande falácia moderna contrapor a lei e o espírito, contrapor o

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interior e o exterior. Nós somos feitos de corpo e alma, por isso devemos adorar a Deus com
ambos. Não adianta só ser, você precisa parecer ser. Enquanto você prepara as coisas para a
Missa, faça devagar, com um passo sereno. Em silêncio. Tenha uma boa postura sempre, e
faça tudo para a maior glória de Deus. Tome um bom banho antes de ir servir, veja se suas
unhas estão curtas e limpas, use sempre sapatos sociais (no caso dos garotos, pelo menos), e
nunca vá de sandálias ou tênis de caminhada, que chamam a atenção. Penteie o cabelo e, por
Deus, escove os dentes. Seja em seu interior e em seu exterior um verdadeiro servo.

5. A procisão de entrada é muito mais do que “entrar na Igreja”

Como vimos em nosso artigo sobre a procissão de entrada, ela é muito mais do
que simplesmente “entrar na Igreja”. É entrar no Calvário. E é você que está guiando todos
nesse caminho. Isso relembra o Antigo Testamento, quando iam em procissão ao Templo, mas é
uma renovação sobretudo de Nosso Senhor, entrando triunfante em Jerusalém, e também
entrando em meio a ignomínias em direção ao patíbulo onde se realizaria a redenção da
humanidade. Solenidade e dignidade sempre! Quando você carrega a cruz à frente da
assembleia, você carrega o estandarte da Igreja. Não é uma mera cerimônia, sem importância.

Muitos santos aspiraram e veneraram a honra de serem o que você hoje, talvez por não saber de sua dignidade,

despreza. Santidade, coroinha! Está na hora de alçar voos mais altos!

6. Ser ceroferário e librífero tem um significado muito mais


profundo do que você imagina

Cuidar das velas e do livro é normalmente algo que muitos não gostam de fazer, por ser
algo muito “simples” e que até as crianças mais inexperientes sabem fazer. Cuidado com

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esse pensamento. Cuidar das velas é algo fantástico. Você está carregando a luz de Cristo!
Com você, brilha a luz de Cristo que recebemos em nosso batismo. Você é, como disse Nosso
Senhor, a luz do Mundo! As velas acompanham a Cruz e o Livro porque foi pela Cruz de Nosso
Senhor e pelo seu Evangelho que o mundo viu a verdadeira Luz. Não é um ofício qualquer, mas
um dos mais simbólicos.

Do mesmo modo o Livro. Você não é simplesmente uma “estante ambulante”.


Você representa, ali, os evangelistas e profetas todos, que escreveram a Palavra de Deus. Você
também é a lembrança a todos que somos chamados a ir pelo mundo e espalhar o Evangelho,
converter as nações!

7. Você representa os anjos diante do Trono de Deus

Se você ainda não leu a carta de um padre aos seus coroinhas, leia. Agora. Nela
você vai compreender. Uma vez que compreenda, saiba que enquanto se recita o “Santo! Santo!
Santo!” você não só representa os anjos, mas se une a eles. Durante a consagração, você
representa os anjos que constantemente adoram a Deus no Céu. Meu amigo, isso não é pouca
coisa. E você deveria se tremer ao se aproximar do altar só de pensar nisso. Por isso, nunca se
esqueça de fazer isso com o coração limpo, em estado de graça, buscando a confissão se
precisar. E mantenha-se sempre focado. Sua concentração ajuda a assembleia a também se
concentrar. E sua humilde oração é semente de muitas graças.

8. Rituais e cerimônias são essenciais.

A genuflexão, a reverência ao padre quando o serve, o sentar-se e levantar-se juntos, o


ficar de joelhos durante a consagração, o olhar baixo, a postura ereta, o sentar-se bem, o beijo
nas galhetas antes de entregar ao padre, as mãos unidas em oração… Tudo isso é algo dado por
nós por Deus através da tradição litúrgica. Deus nos mostra, pela vida litúrgica da Igreja, como
quer ser adorado. Jamais despreze esses elementos tradicionais. Sua linguagem visual ajuda a
elevar as mentes dos fiéis a Deus.

9. Você deve se sentir muito honrado em ser coroinha.

Sejam fiéis às suas responsabilidades, responsabilidades dadas por graça de Deus.


Chegue a tempo para as reuniões e para o serviço, se concentre e se esforce. Participe das
atividades do grupo, reze, comunga, sacrifica-te e seja apóstolo. Transforme todas as suas ações
em pequenas orações, dedicando-as a Deus. O que você faz servindo abrirá seu coração e lhe

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ajudará a se manter perto dEle. Evitando, assim, a corrupção do mundo, o pecado e o desleixo.
Tenha um santo orgulho do que faz!

10. Você é extremamente necessário.

Lembra quando eu disse que você não era necessário? Pois é. A verdade é que você é
EXTREMAMENTE necessário, porque a sua função não é simplesmente prática como os
ministros, que apenas distribuem a comunhão, ou como os leitores, que apenas… Bom… Leem.
A sua função é muito mais profunda que isso. Seu papel é simbólico, e o simbolismo é a
linguagem da adoração. Você tem uma importância para a Igreja muito mais importante do que
pensa. E é necessário, meu amigo, começar a viver como tal.

22 | P á g i n a
8- Coroinha pode acompanhar a Missa pelo “Boletim”?
Linguagem da Missa
Como o leitor bem sabe, até a reforma litúrgica que ocorreu na década de 1960, a Missa
ordinária, isso é, o rito que se celebrava cotidianamente pelos Padres ocidentais era o que hoje
conhecemos como Missa Tridentina, ou Missa de São Pio V, ou ainda Forma Extraordinária do
Rito Romano (antiga forma ordinária).

Esse belíssimo rito, riquíssimo em espiritualidade e em louvor a Deus, utilizava-se do


latim, em quase sua totalidade, sendo por séculos essa Missa a responsável por santificar as
centenas de grandes Santos que conhecemos. Esses Santos, com certeza absoluta, adquiriam
os bens espiritais extraindo-os do Sacrifício da Missa.

Bem, os frutos espirituais podem ser alcançados em uma Missa de muitas maneiras,
como por exemplo, meditando nos gestos da Sagrada Liturgia, meditando o Santo Rosário,
preparando a alma do começo ao fim da Missa para a Santa Comunhão, etc. Podemos
acrescentar mais um item a essa lista, que não é essencial, já que pode ser substituído por algum
dos outros, mas dele também algumas pessoas podem extrair muitos frutos, sobretudo aquelas
pessoas de Missa diária: trata-se de meditar nos textos da Santa Missa (as leituras, o Evangelho
e as orações).

Para que as pessoas pudessem acompanhar o texto da Missa que se celebrava em Latim,
traduzido para a sua língua, o “Movimento Litúrgico” criou o chamado Missal Cotidiano. Desse
modo, as pessoas que quisessem acompanhar a leitura do dia, assim como as orações móveis e o
ordinário da Missa, teriam ali um subsídio muito válido e benfeito.

Nessa situação facilmente percebemos que acompanhar a Missa Tridentina pelo


pequeno Missal Cotidiano é algo bom se dentro da devida ordem e guiado por um espírito
verdadeiramente católico. Contudo, esse uso é dispensável e de maneira alguma podemos
dizer que ele seja necessário. Antes de sua invenção vieram muitos Santos que certamente
entendiam bem o significado profundo da Missa e deixava-se a si mesmos conhecer os
textos sagrados em seus estudos e na escuta dos sermões.

23 | P á g i n a
Missa de Paulo VI
Contudo, a atual forma ordinária do Rito Romano, a chamada Missa Nova ou Missa de
Paulo VI, usualmente se celebra na língua popular (por exemplo no Brasil, o Português). Sendo
evidente que todas as pessoas compreendem o que está sendo lido (ainda que seja desnecessário
como já foi dito).

Tendo se tornado obsoleto o uso do Missal Cotiano para esse novo rito, as paróquias
deixaram-no de lado e adotaram a distribuição do conhecido “Boletim de Missa” ou “Folheto de
Missa”, que consiste simplesmente em uma espécie de folheto com as leituras e orações da
Missa, feito individualmente para cada Missa e geralmente só para os Domingos e algumas
festas.

Sabemos que para retirar frutos espirituais da Santa Missa não é necessário o
conhecimento dos textos, mas também sabemos que na Missa Nova, querendo ou não
escutaremos as leituras na língua do país onde estamos. Sendo assim, parece um tanto fora de
contexto seguir o rito lendo exatamente o que se ouve (É patente que existem exceções).

O folheto possui ainda a desvantagem da desordem, que se justifica pelo fato de ele não
possuir qualquer valor materialmente importante e por isso é deixado de lado pelas pessoas nos
bancos das Igrejas, sempre dando trabalho a alguém.

24 | P á g i n a
Para o Coroinha
Até aqui, falamos das desvantagens e vantagens da leitura dos textos por parte dos
leigos durante o rito da Missa, mas falando agora especificamente aos coroinhas (já que
muitos orgulhosos não toleram ser chamados de Coroinhas, o mesmo se aplica aos Acólitos e
“Cerimoniários”), é conveniente e exemplar que ao menos os servidores do altar NÃO
utilizem o folheto.

Dois clérigos lendo jornal na Praça de São Pedro aparentemente sobre algo do pontificado de João XXIII

É totalmente prejudicial ao Coroinha o “folhetinho” e o é por três razões simples:

1. A desordem

A postura exigida para o serviço no altar não comporta uma folha de papel entre as
mãos quando de pé, nem em momento algum. Visualmente fica feio e vergonhoso quando todos
os coroinhas estão segurando o tal folheto. É feio de ver e não favorece nem a simetria e nem a
sincronia.

2. A desatenção

Talvez um dos maiores problemas seja o fato de que o papel tira o foco da infinita
importância da Missa, que é deveras o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo atualizado de
forma incruenta. Imagine o quanto daquele Sangue Preciosismo de nosso Deus escorreu de suas
mãos, pelos seus braços e caíram no chão do Monte Calvário. Ah se tivesse estado lá naquele
dia, para vê-Lo ao menos na sua humanidade. Mas ele perpetuou o mesmo sacrifício na
Eucaristia, agora esconde sua divindade e sua humanidade no pão, que é consagrado na Santa

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Missa e se torna verdadeiramente Corpo. E você ignora isso para ficar olhando para um papel.
Contemple o infinitamente admirável sofrimento de Cristo que aconteceu só por você e
tenha atenção ao que é realmente importante.

3. A oração

Se o leitor teve uma boa formação sabe que a principal função do coroinha é ser
turiferário nas solenidades, não é mesmo? Certamente não. A função primordial do coroinha é a
oração, reparando a Deus durante a Missa pelos seus pecados e os pecados dos outros. Como
fazer isso lendo algo que não é necessário e pode ser simplesmente ouvido?

Além disso, é falsa a afirmação de que todos devem ler a Oração Eucarística, pelo fato
de que “até o padre é obrigado a ler”. Não podemos confundir as coisas, as funções do
Sacerdote são exclusivas dele, e é ele quem celebra a Missa da qual o povo só possui a
capacidade de assistir.

Nesse prisma, parece razoável que ao menos o Coroinha não utilize o boletim NUNCA.
Todos podem conferir antes da Missa algum detalhe que possa haver de diferente, como qual
será a oração Eucarística ou qual o Prefácio, ou qualquer coisa do gênero, mas nunca entrar na
Igreja com o folheto, para assim manter a maior beleza e concentração no Culto Divino.

26 | P á g i n a
9- Distração na Missa
Todos já nos distraímos alguma vez durante a Missa. Seja numa homilia mais longa,
numa música ou mesmo num momento importante da Missa no qual percebemos que nossa
mente estava em outro lugar. A distração é um dos motivos pelos quais a oração é chamada de
batalha. Batalha espiritual, contra quatro inimigos: O escrúpulo, a secura, a desolação e a
distração.

Quando estamos na Missa, a distração certamente é a mais grave e séria. Isso porque a
maioria das paróquias não nos ajuda mais a manter a concentração e o silêncio. O tempo inteiro
vemos músicas inadequadas, barulhos, pessoas conversando e transitando, entre outras tantas
coisas. De fato, a distração é um inimigo que devemos combater na gloriosa batalha da
santificação. E para bem combatê-lo, precisamos primeiro bem conhecê-lo.

Os dois tipos de distração na Missa

A distração pode ser voluntária ou involuntária. A distração voluntária ocorre


naturalmente. Um bebê chorando, uma conversa ao lado, uma criança correndo pela igreja…
Fora as muitas ocupações na vida: Uma preocupação com um trabalho ou estudo, algo que nos
chamou a atenção naquele dia… As possibilidades são muitas.

Já a distração voluntária precisa de uma especial atenção. Esta normalmente é uma


distração involuntária que nós não combatemos, ou mesmo desejamos. Um exemplo prático é
quando estamos em algum momento tedioso e tentamos achar algo mais interessante para nos
ocupar. Muitas vezes, a oração pode parecer tediosa para muitos de nós, mas mesmo nesses
casos temos que lembrar o que está de fato acontecendo ali para podermos revigorar as forças.

Causas da distração voluntária

Existem duas causas principais para a distração voluntária:

Falta de Vida de Oração

Imagine aquela pessoa que nunca reza sendo colocada para rezar do nada. É
extremamente provável que ela não preste atenção em nada do que está falando ou sendo
estimulada a pensar. Ela vai, provavelmente, só ficar ali viajando enquanto durar a oração, e

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dela não tirar nenhum proveito. Precisamos manter uma vida de oração para podermos rezar
bem. Como muitas outras coisas, a oração fica cada vez melhor com a prática.

É por isso que não adianta esperar ser um bom servidor do altar sem uma vida de oração
fora da Igreja. O coroinha que só reza quando está na Missa provavelmente viaja durante todo o
rito e dele aproveita pouco.

Falta de Preparação imediata para a oração

Agora imagine que você está se divertindo ou trabalhando e, do nada, você é colocado
para rezar. Não que não seja possível fazer isto bem , mas nós precisamos nos preparar para
rezar. É necessário um tempo de silêncio antes da oração, é necessário que nos acalmemos.

É por isso também que é importante manter a ordem nas reuniões e na Missa, manter os
gestos e posições e a disposição interior. É por isso que, quando vamos rezar,
normalmente usamos velas, imagens, nos pomos de pé, usamos livros de auxílio… Tudo isto
nos prepara para a oração e para bem vivê-la.

Na Missa é o mesmo caso. Não podemos ir para a Missa sem nos preparar bem. Por isso
que nos precisamos preparar desde casa, chegar um pouco mais cedo, rezar logo que
chegamos e manter o silêncio durante nossa preparação. O silêncio: Eis a melhor arma para
combater a distração.

São Bento, em sua Regra, coloca entre os princípios das boas obras para a vida de oração: “Multum loqui non amare”,

isto é, “Não gostar de falar muito“. O silêncio é crucial na vida cristã.

28 | P á g i n a
Como evitar as distrações na Missa

As distrações involuntárias são mais difíceis de se evitar, embora devamos pedir a


graça a Deus para que nos prive de distrações. Quando elas chegam durante a oração,
só podemos fazer uma coisa: Fugir. Se aquele pensamento sobre o trabalho ou aquela senhora
que não para de conversar nos tiram do estado de oração, devemos tentar nos concentrar
novamente. Seja afastando o pensamento, seja nos afastando da fonte do distúrbio – ou pedindo,
gentilmente, que a doce senhora ao seu lado dê um tempo na fofoca com a amiga – embora não
recomendemos essa opção, que normalmente é muito arriscada!

Já para combater as distrações voluntárias, precisamos combater as suas causas. Isto


se faz estimulando a vida de oração constante, bem como nos preparando para a
oração. Para a Missa, de um modo especial, temos algumas regrinhas que podem ajudar:

 Antes de ir para a Missa, prepare-se sobretudo através do silêncio. Um pouquinho antes


da hora da Missa, pare de brincar, pare de conversar, pare de fazer o que quer que
esteja fazendo e pense em Deus e para onde está indo: O Calvário, onde se renovará a
Missa.
 Arrume-se bem para ir para a Missa. Use boas roupas, vá limpo. Prepare-se
exteriormente e interiormente para aquele momento. Se estiver em Pecado Mortal,
confesse-se!
 Ao chegar à Igreja, vá rezar um pouquinho diante do sacrário antes de ir começar a
trabalhar.
 Durante a preparação das coisas, não corra, brinque ou mesmo fale com seus amigos.
 Pouco antes de começar a missa, reze junto com os outros servidores.
 Evite se sentar muito próximo dos seus melhores amigos na Missa, caso contrário
certamente em algum momento um de vocês irá querer conversar com o outro – ainda
que apenas um comentário.
 Durante os momentos de silêncio ou quando uma homilia ou aviso lhe entediar,pense
em Deus. Se isso for difícil, repita em sua cabeça pequenas jaculatórias como
“Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, tende piedade de mim, pecador” ou “Ó Jesus, eu
vos amo de todo o meu coração, arrependo-me sinceramente de vos ter ofendido e
prometo com a vossa graça esforçar-me para nunca mais vos tornar a ofender“
 Ao fim da Missa, reze em ação de graças junto com seus amigos.

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S. Bernardo de Claraval estava em viagem para visitar o papa. No caminho, pensava a respeito da distração na oração.

Instigado por um camponês, que disse que rezar era algo fácil de se fazer, disse a ele para rezar um simples Pai Nosso sem se

distrair, e se conseguisse ganharia o cavalo que S. Bernardo montava. O camponês, então, começou: “Pai nosso que estais nos

Céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino... Eu ganho a cela junto com o cavalo também?”. E S. Bernardo,

entendendo naquilo a resposta de sua dúvida, agradeceu a Deus por tê-lo mostrado que não é possível rezar sequer um Pai Nosso

sem se distrair.

30 | P á g i n a
10- Vida de um Coroinha
 Vida de um Coroinha#1

Geralmente se torna coroinha o filho de pais muito católicos ou de pais mais ou menos
católicos que querem muito que seu filho se torne melhor que eles. Alguns chegam ao grupo
meio aborrecido e sem ânimo. Mas como então corresponder a esse desejo dos pais?

Os Mandamentos da Lei de Deus são peças importantíssimas na economia da Salvação


e cada vez mais ignoradas por todos e em todo lugar, mas em especial na atual juventude,
consequência da arrogância implantada nos jovens pela revolução. Esse espírito de revolta e de
desobediência foi fomentado de muitos modos, mas principalmente através das tendências e das
modas e também as músicas satânicas, como o rock por exemplo. As influências infernais foram
pouco a pouco tomando conta da mentalidade moderna até o ponto de todas as pessoas se
esquecerem de que a desobediência dos mandamentos de Deus, isto é, os pecados, são como
uma armadilha posta aos pés dos homens para capturá-los. É como se o próprio satanás lhe
apanhasse pelo pescoço e lhe pendurasse na porta de entrada do inferno, quando você comete
um pecado grave. Reflita sobre isso, é preferível ser feliz nas leis de Deus e alcançar uma
felicidade que nunca acaba, ou pecar, ser atormentado pela culpa do pecado enquanto vive e
depois da morte sofre eternamente a pena cruel da escravidão ao Inimigo.

Mas os seus pais quiseram que você fosse um coroinha, eles quiseram que você ficasse
bem longe do perigo, então aceite essa graça e seja um bom filho e um bom coroinha. Ou ainda
se seus pais não quiseram, mas você quis ser assim mesmo, você tem a obrigação de ser o maior
de todos os exemplos, de se pôr frente a frente com São Luiz Gonzaga todos os dias em oração,
de modo que alcance de Nossa Senhora a mesma plenitude de virtudes dele.

Jamais permita que o mundo lhe estrague, acredite não encontrará nada no mundo mais
sublime que a Sagrada Eucaristia. Se puder viver somente por Nosso Senhor Jesus Cristo, assim
faça, não encontrará maior conforto para sua alma. Ainda que a tentação terrena seja grande,
ainda que a humilhação seja terrível e a dor maior, aguente tudo como um verdadeiro cruzado,
reze o tempo todo como um monge e quando possível sofra ainda mais por amor a Deus,
fazendo jejum e penitência como fizeram os grandes santos. Pois todos os sofrimentos que
podemos passar são infinitamente menores que a dor de ser Deus Crucificado.

31 | P á g i n a
Desde bem jovem é importante se acostumar com as regras da Igreja, a observar com
atenção a Santa Missa, então, não se aborreça com as coisas de Deus e esteja sempre atento ao
que você faz por Ele, se comportar bem na escola e a obedecer aos pais é essencial. É aqui que
entra a importância de um bom grupo de coroinhas.

Nesse grupo, todos devem buscar a santidade e ter um tremendo amor a


Deus. O coordenador do grupo deverá rezar em dobro pelos membros e os membros por ele, e
deverão obedece-lo prontamente também, os rapazes devem ser muito aplicados a Sagrada
Liturgia, e muito cuidadosos com Jesus Eucarístico, durante as Missas, rezar o tempo todo e se
confessar com frequência. Só devem comungar em estado de graça, que é quando depois de
confessar não se comete pecado grave algum e se mantém o coração puro. O restante será dado
aos poucos por Nossa Senhora, mas mantenham os corações abertos à graça, e a inteligência
vigilante contra o pecado.

Dom Bosco recomenda pedir da Santíssima Virgem


Maria três favores extremamente necessários:

“O primeiro é de não cometer nenhum pecado


mortal. Entende o que significa pecado mortal? Renunciar
ser filho de Deus para se tornar escravo de Satanás: perder
todos os merecimentos adquiridos para a vida eterna, ficar
pendurado sobre o poço do inferno, ofender a bondade
divina. Todas as graças recebidas seriam inúteis se cair no
pecado mortal. Peça a Maria, sempre a graça de não cair em
pecado mortal, de manhã e de noite, em todas as práticas de
piedade que fizer.”

“O Segundo favor é a conservação da virtude da pureza, quem a conserva é


semelhante aos anjos do Céu; o Anjo da guarda o considera como um irmão e se alegra de estar
sempre em sua companhia.”

“Para conservar essa bela virtude, aconselho que evite a companhia do sexo oposto em
ambientes perigosos, como por exemplo, só os dois em uma casa. Tenha muito respeitos nas
conversas. A guarda dos sentidos contribui muito para a conservação dessa bela virtude,
portanto, evite o excesso na comida e na bebida, muito cuidado na escolha dos programas de
divertimento, que, atualmente em sua grande maioria, são a ruína dos bons costumes.”

“Guarde principalmente os olhos, que são as janelas pelas quais o pecado entra no
coração e o demônio vem tomar posse da alma. Nunca se detenha em olhar para algo que seja
contrário ao pudor”.

“A terceira graça que você deve implorar da Virgem Imaculada é a de ficar sempre
afastado da companhia de pessoas, que possuem um péssimo linguajar, mesmo que seja da
própria família. Posso garantir que é mais prejudicial à companhia de um desses, que a do
próprio demônio. Fugindo dessa companhia, você será feliz e trilhará o caminho que conduz ao
paraíso.”

Desse modo, seja um coroinha como mandaram seus pais (ou como não mandaram), por
amor a Santa Igreja que é palácio de bondade e de santidade e por amor indestrutível a Deus.

32 | P á g i n a
Seja confiante em Nossa Senhora e não deixe de rezar a Ela em nenhum dia da sua vida, para
que não lhe falte coragem para dizer: “Eu sou Católico Apostólico Romano, e cavaleiro servidor
do altar de meu Senhor”. Quando verdes um amigo teu distante de Deus, arraste ele para a graça
com teu bom exemplo e com tuas orações e chegará o dia que se chamará bem-aventurado. Mas
cuidado, na tentativa de aproximar alguém da Igreja, não se afaste de Deus nenhum só
momento, quando estiver em perigo de pecar fuja. Isso é ser Coroinha, um espelho de santidade,
no qual como dizia São Luiz, pode ser embaçado com um simples sopro.

33 | P á g i n a
 Vida de um Coroinha #2
O rapaz, que ainda bem pequeno havia sido posto no grupo, cresce. E cresce sendo
coroinha, assim toma gosto pelas coisas da Igreja. Esses alguns anos que passou recebendo a
comunhão constantemente, confessando-se devotamente, e recebendo as graças do serviço lhe
servirão no dia de seu juízo.

Contudo, devemos avaliar as condições atuais verdadeiras dos grupos Brasil a fora. Em
milhares de paróquias, os grupos são sociedades de jovens com uma profunda deficiência na fé
e na decência. É muitas vezes lugar de indecência e descumprimento das leis de Deus. Há todo
tipo de mazelas espirituais, e o que é, sobretudo mais assustador: os pecados absurdos contra o
sexto mandamento e até relacionados com a homossexualidade de forma escandalosa.

Quanto a essas deficiências devemos nos opor totalmente. Pois o rapaz que busca o
grupo, deve ter nele ambiente de santidade.

Crescer em um grupo de Acólitos é ter amigos inteiramente preocupados com a


salvação das almas, e por tanto, pessoas de bom caráter, ter conversas onde não se fala palavrão
ou imoralidade. Ser feliz em um grupo é esperar a cada semana a próxima reunião. E no
momento importantíssimo da Missa, contar com a seriedade de todos e recíproca preocupação
com a Sagrada Liturgia.

“Meu Jesus boníssimo, dai a mim e a meu grupo a graça de Lhe servir bem e com o coração puro. Minha Mãe Maria Santíssima e

Imaculada, rogai por nós vossos servos”.

O grupo que não se preocupa com a salvação de seus membros ou os membros que não
buscam instruir-se da responsabilidade para com Deus, está em total desacordo com o título que
carregam pelo seu serviço.

É possível que saia um bom rapaz desses grupos desordeiros, mas isso só é possível
com o auxilio de Nossa Senhora. Então, para mais agradar a Ela, que conosco é tão bondosa,
façamos todos os esforços pela salvação das almas e o bem da Santa Igreja.

34 | P á g i n a
Dicas:
-Devemos implantar em nossos grupos muitos momentos de oração;
-Criar estatutos para auxiliar a organização e o comportamento, assim como as roupas;
-O coordenador deve ser profundo conhecedor da fé e da moral Católica;
-Na solução dos problemas, o pulso deve ser firme como o de santo Elias e apostólico como o
de são Felipe;
-Brincadeiras são permitidas e recomendadas, desde que sejam saudáveis e nos momentos
certos;

35 | P á g i n a
 Vida de um Coroinha #3
Já se passaram muitos anos dentro do grupo, e como a vida espiritual melhorou! Agora,
depois de tantas coisas aprendidas e tantas experiências vividas, de tantas amizades feitas e
tantos e tantos rosários rezados, o Acólito terá que pensar em seu caminho na vocação que
escolher.

Quem sabe essas Missas todas e as tantas procissões que andaram de batina não o façam
querer usar uma para sempre? Quem sabe não queira despertar vocação em outros, como
despertou nele o seu pároco ao ser um grande sacerdote? Quem sabe o amor que sentiu por
Deus em todas aquelas comunhões não o façam querer trazer Nosso Senhor ao mundo com suas
próprias mãos, em que in persona Christi são emprestadas ao Divino Redentor?

Ou talvez ele queira ter filhos, e por a cada um deles em um grupo de coroinhas, e quem
sabe um deles não seja padre. Talvez ele encontre a pessoa certa com quem quer passar o resto
dos seus dias, para que juntos santifiquem um ao outro. Quem sabe?

O que sabemos é que depois de passados tantos anos o rapaz sabe da vida de vários
santos, sabe como reagir nas mais diversas situações dentro da liturgia, tem uma visão histórica
e filosófica maior que a das demais pessoas.

Ah! E a Missa, ele não vê


ela como vira um dia – uma longa
cerimônia repetitiva e obrigatória.
Hoje ele vê como o Santo Sacrifício
que ela é. Por isso, se prepara para
ela com jejum e constantemente faz
penitencias para se unir aos
sofrimentos de Cristo.

Esse é um ideal de vida para


um cristão que se ufana das coisas
da Igreja, que se anima com a vida
dos bem aventurados e se
entusiasma com seus apostolados e
com a maior gloria de Deus.
Bendito seja o acólito que completa em si as dores de Cristo e se apraz em continuar o que
fizeram os Apóstolos. Bem unido a São Pedro na pessoa do Santo Padre, esse jovem alcançará a
gloria celeste.

Tudo isso não seria possível, não fosse o anjo da guarda. Todas aquelas noites em que
antes de dormir fizera oração a ele, garantiram que ele fosse amigo de sua alma e lhe protegesse
e guardasse.

Angele Dei,
qui custos es mei,
me, tibi commissum pietate superna,
hodie illúmina, custódi,
rege et gubérna.
Amen.

36 | P á g i n a
11- Cartas

 Carta #1 – Sempre alerta!


Meu filho,

Eu escrevo essa carta para você, mas quero me endereçar também aos José’s, João’s,
Pedro’s e Francisco’s, e todos os outros garotos que, como você, estão nobilíssima fileira dos
servidores do altar.

Você é como um homem-minuto de Deus. Durante a Guerra da Independência dos


Estados Unidos, existia um grupo de rapazes que se disponibilizaram a defender e proteger a sua
nação. Eles estavam sempre alerta e preparados para entrar na ação no minuto em que fosse
necessário. Daí vem seu nome.

Eu o saúdo e abençoo como um homem-minuto de Deus. Eu penso que vocês


coroinhas são os melhores meninos que existem. Alguns de vocês são bem pequenos, mas vocês
são os maiores homens em qualquer paróquia. Servir a Missa é um grande privilégio e honra,
mas ao mesmo tempo demanda sacrifício. Estar sempre alerta o tempo inteiro não é fácil. Nem é
sempre agradável abandonar o descanso ou a recreação para ir servir a Missa, especialmente
naqueles dias preguiçosos… Mas como homem-minuto de Deus, você está sempre preparado
para servir, e não mede esforços para fazer isso dignamente.

Eu estou escrevendo essas cartas para você, meu filho, com esperança de que você
encontre encorajamento para ser leal e fiel no seu serviço ao Nosso Senhor. E todas as vezes que
escrever, vou dar algumas dicas para lhe ajudar a ser melhor em seu serviço. Eu rezo e espero
que com essas cartas você encontre alguma inspiração para continuar como um Cavaleiro Leal
no serviço do Seu Senhor. Você é o Garoto dEle, de uma maneira muito especial.

O Santo Evangelho nos conta como Nosso Senhor amou seu primeiro coroinha. São
João, o primeiro coroinha, estava muito próximo ao Nosso Senhor na Última Ceia. De fato, São
João estava tão próximo ao Nosso Senhor que as Sagradas Escrituras dizem que ele se encostou
ao peito de Nosso Senhor. São João foi o único apóstolo que se manteve até o fim do Sacrifício
de Jesus. Sim, ele permaneceu junto à Cruz até que Nosso Senhor morresse.

O primeiro coroinha de Nosso Senhor era chamado “o discípulo que Jesus amava”.
Certamente, o mesmo pode ser dito sobre você e todos os seus amigos coroinhas: “Os
meninos que Jesus ama”. A Santíssima Virgem Maria teve um grande amor por São João
também. Ele era devotado a Ela e cuidou dela depois da morte e ascensão de Nosso Senhor aos
Céus. Nossa Senhora amava São João porque ele era fiel no serviço do seu divino Filho. Nossa
Senhora também tem um lugar especial em seu coração para os coroinhas, por causa de sua
generosidade e devoção para seu Filho.

Meus melhores desejos para você, meu filho, e todos os homens-minuto de Deus. Nosso
Senhor os ama! Seus pais se orgulham de você, seus pequenos irmãos os admiram. Todos
o estimam. Isso é uma grande graça, mas também uma grande responsabilidade. Corresponda a
isso, meu filho. Busque a Santidade! Deus lhe abençoe, e que sejam sempre fieis ao seu Divino
Capitão!

Com minha benção e minhas orações,


Padre Manuel X.

37 | P á g i n a
 Carta #2 – Qual a sua importância?
Meu filho,

Você sabia que como coroinha você é uma das pessoas mais importantes de toda a
paróquia? Na Missa, você é mais importante que o sacristão ou os ministros. Sim, você é
mesmo mais importante até mesmo que o coral.

“Por que eu sou tão importante“, você pode se perguntar. Para responder, vamos
voltar um pouco na História para a época de São José e Nossa Senhora. Na plenitude dos
tempos, Deus mandou o Anjo Gabriel perguntar a Maria se ela aceitaria ser a Mãe do
Salvador. Essa foi à maneira como Jesus quis vir ao Mundo.

Maria refletiu um pouco naquelas palavras do Anjo, e nesse momento o Céu


inteiro parou e esperou de Maria. Imagine como desejaram esse momento os Patriarcas e
Profetas, como sonharam com isso os Pastores e todos os Justos de todas as épocas. Imagine
todos os anjos do Céu, ansiosamente voltados a Maria, esperando com ansiedade a sua resposta.
Todo o Universo aguardou milênios para aquele momento. Foi assim que aconteceu, meu filho.
Então, Nossa Senhora humildemente disse “Sim“, da maneira mais perfeita que poderia ser dito:
“Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua palavra”. Pelo
consentimento de Maria, Nosso Senhor entrou no mundo e fez tudo por nós.

Hoje, Nosso Senhor quer vir novamente a nós. Todos os dias, ele quer vir aos nossos
corações na Sagrada Comunhão, para assim nos ajudar a ser fiéis e dignos, a sermos bons e
vivermos como devemos. A maneira como Deus vem ao mundo é através do Santo Sacrifício
da Missa. Por isso, a Missa é a coisa mais importante que acontece no mundo inteiro.

A missa é muito mais importante que aquele jogo de futebol que vai decidir o
campeonato. É muito mais importante que o pênalti que pode determinar quem vai ganhar e
quem vai perder. Infelizmente, hoje é difícil para muitos de nós percebermos isso, porque hoje
as pessoas não tem mais a devoção que deveriam ter na Missa. Mas aqui que você entra
também. Você precisa compreender o que é a Missa e amá-la mais que todos os outros. Assim,
por meio de você, as pessoas vão começar a amar do mesmo modo.

Você é tão importante porque você ajuda o padre a rezar a Missa. Na verdade, a Igreja
considera você tão importante, que é necessário uma razão especial ou uma permissão do bispo
para que um padre possa rezar a Missa sem coroinha. É essa a importância que a Igreja lhe dá.
Você é mais importante do que você mesmo imaginava. Nosso Senhor depende, de certo modo,
de você para ajudá-lo a vir ao Mundo no Santo Sacrifício da Missa. Isso não é inesperado e
maravilhoso? Que honra! Nosso Senhor, que é o Senhor do Céu e da Terra, com a sua ajuda no
serviço da Missa, através do Sacerdote se faz presente na Sagrada Eucaristia entre os homens.

Todos os dias quando você serve a Missa, você pode olhar para a Sagrada Hóstia na
hora da elevação e dizer:

Meu Bom Deus. Vós me destes a graça de ajudar-vos, ainda que da minha pequena
maneira, a vir ao mundo nessa Missa. Eu espero que meu serviço na Missa tenha sido agradável
a Vós. Ajudai-me a ser cada dia melhor, mais fiel e santo. Obrigado, meu bom Jesus, por me dar
este incrível privilégio!

Que Deus te abençoe e Nossa Senhora lhe dê fé, pureza e bravura!


Padre Manuel Gomez.

38 | P á g i n a
 Carta #3 – Os olhos do Coroinha
Meu filho,
Você sabia que os olhos do coroinha são extremamente importantes? Não faz nenhuma
diferença se são castanhos ou azuis, ou mesmo verdes. Não é disso que estamos falando.

O olhar de uma pessoa pode fazer coisas estranhas. Os olhos são chamados “As janelas
da alma”. Uma prova disso é que sua mãe sempre sabe quando você fez algo errado: Seus olhos
dizem isto a ela. E você também sempre sabe quando ela está triste com você. Os olhos dela
dizem isso a você.
Do mesmo modo, você pode perceber se uma pessoa está interessada no que está
falando ou fazendo simplesmente observando seus olhos. Os olhos de um coroinha podem
ensinar valiosas lições aos outros. Se um coroinha mantém seus olhos reverentemente
baixos enquanto anda próximo ao altar, ele está mostrando a todos que aquilo é algo sério e
grave, e que ele é consciente sobre o que é servir no Santo Sacrifício da Missa: Ele está dizendo
a todos os fiéis que ele sabe que está muito próximo de Nosso Senhor.

“Por que os olhos baixos?“, alguém pode perguntar. A modéstia nos olhos é algo
esquecido hoje em dia, mas é algo caríssimo a Igreja. Vários santos a praticaram em toda a sua
vida. São Bernardo, por exemplo, depois de um ano no Noviciado em sua ordem, ainda não
sabia como era o teto da Igreja, nem que ela possuía três janelas, pois conservava os olhos
sempre baixos. Nosso Senhor mesmo, em várias passagens da Sagrada Escritura, é visto
“erguendo os olhos”. Guardar sempre a modéstia do olhar é importante, mas quando falamos do
seu serviço como coroinha, isso é essencial!

Infelizmente, muitos coroinhas ficam “viajando” com o olhar durante o serviço.


Olhando para quem passa para quem entra e sai, para quem faz barulho, para o amigo na frente,
enfim, para qualquer coisa, exceto se concentrar. Esse coroinha está dizendo para todo mundo,
com essa simples atitude, que não dá muita atenção ao que está acontecendo e que não liga
muito para o grande privilégio de estar próximo a Jesus no Sacrário.

Você já ouviu falar do “coroinha coruja“? Ele é o coroinha que vira sua cabeça para
tudo o que acontece na igreja. Ele não perde nada – exceto o que está acontecendo no altar. É
triste. Ele está tão preocupado com as pessoas na igreja que se esquece de prestar atenção na
Missa. Ele é, infelizmente, uma ameaça: Ele distrai o padre, distrai o povo, distrai os outros
coroinhas. Ele perturba toda a assembleia. E quantos desses acólitos corujas existem por aí!

O “coroinha coruja” é um dos mais nocivos, porque ele distrai a todos com seus olhares para tudo, menos para Nosso Senhor. Não seja um desses!

39 | P á g i n a
Como um coroinha, você sempre deve guardar seus olhos. A regra geral é esta:
Nunca deixe seu olhar sair do presbitério. Nunca olhe para o povo, mesmo se algum bebê
começar a chorar, alguém tossir a Missa inteira ou aquelas senhoras que gostam de apertar as
suas bochechas não conseguirem parar de falar durante a Missa. Aqui estamos falando de você.
Mesmo que todos desprezem o que está acontecendo no altar, você não pode desprezar.

No começo é difícil se controlar. Mas você consegue, se esforçar. Se seus olhos


estiverem voltados apenas para Nosso Senhor, meu filho, você vai ajudar os outros a fixarem
seus olhares apenas nEle também.

Você percebe agora o quanto seus olhos são importantes?

Deus te abençoe sempre, meu filho.


Padre Manuel Gomez.

40 | P á g i n a
 Carta #4 – O papa dos Coroinhas
Meu filho,
Você já deve ter ouvido que estamos vivendo em uma época terrível. Por todos os lados
e de todas as maneiras, ouvimos desastres: Guerra, ódio, colapso econômico, político e moral,
mas, sobretudo uma forte perseguição à Igreja, pelo Estado ateu, pelos inimigos da fé, pelos
modernistas, pelos maometanos, etc. Ouvimos o tempo inteiro que estamos vivendo em uma
época terrível e, de certo modo, isso é verdade. Mas eu quero lhe falar hoje sobre um homem
que viveu também numa época terrível, mas que foi um raio de esperança para a Terra.

Seu nome é Eugenio Pacelli, o papa Pio XII. Que viveu sob a época da grande
perseguição do regime Nazista. Naquela época, as coisas estavam até piores do que hoje, pois o
mundo vivia sob o horror da Segunda Guerra Mundial. Mas talvez uma coisa que você não sabe
sobre ele é que ele é chamado, junto com S. Pio X, o papa dos coroinhas.

Como quase todos os outros papas, Pio XII foi um coroinha quando
criança. Antigamente, era um costume muito bom – que lhe recomendo que faça em sua igreja –
que todas as igrejas tivessem um livro no qual os coroinhas escreviam seu nome toda vez que
serviam. Na Sacristia de uma igreja chamada Chiesa Nuova di Santa Maria, em Roma, tem um
antigo arquivo contendo centenas de assinaturas de coroinhas que serviram à Missa. Se você for
ver as últimas páginas dos anos 1800 você vai encontrar o nome de Pio XII, Eugenio Pacelli,
escrito várias vezes… Mas não é por isso que Pio XII é o papa dos coroinhas.

Chiesa Nuova di Santa Maria, em Roma. A Igreja onde serviu incontáveis vezes o coroinha que viria a ser o grande papa Pio XII

Em 1947, o papa Pio XII escreveu uma encíclica para todos os padres e bispos no
Mundo chamada Mediator Dei, que quer dizer “O Mediador entre Deus e os homens”, e trata
da Sagrada Liturgia, sobretudo do Santo Sacrifício da Missa. O papa trata de muitos assuntos
importantíssimos nessa encíclica e eu lhe recomendo que a leia, mas ele fala de um modo
todo especial sobre os coroinhas, como você.

Pense nisso, meu filho. O papa, que é tão ocupado no seu sacrossanto encargo de guiar
a Igreja, tomou um longo tempo para pensar e falar sobre você. E disse coisas maravilhosas:

Em primeiro lugar, o papa nos fala que os coroinhas devem receber uma atenção
muito grande de seus padres, que deve cuidar para que cresçam em santidade e em moral.
Depois, o papa diz que devem ser escolhidos com muito cuidado. Eles devem ser

41 | P á g i n a
os melhores garotos da paróquia, pois apenas os garotos que são generosos e piedosos o
bastante, e se esforçam para buscarem a santidade em sua vida, são dignos de serem chamados
servidores do altar. Sabemos que nem sempre isso é verdade, em muitas paróquias os párocos
nem ligam para seus filhos, e em outras os coroinhas não são dignos do seu nome. Mas
precisamos atender ao pedido do papa. O ofício do coroinha não é algo qualquer. Devemos
rezar pelos padres e por nós, e é de suma importância que vivamos de acordo com a alta medida
da Santidade. E se um coroinha não é capaz de ser fiel, que saia e deixe de trair a pureza da
sobrepeliz que usa.

Além da alta medida da santidade necessária para se aproximar do altar, o papa também
pede que os coroinhas sejam os melhores garotos da paróquia porque “deles vem os padres de
amanhã”. E o papa não distingue raça, condição financeira, classe social ou estudo. O que
precisa é um coração puro e reto, uma vontade de aprender e agradar a Deus, seguindo a
Igreja, e um bom comportamento na vida pública e privada.

O papa Pio XII foi um dia um garoto como você. Ele sabe como os meninos podem ser
distraídos e negligentes, como podem, às vezes, tratar sem o zelo necessário o grande ofício que
têm. Um dia, visitando a sua antiga igreja, ele viu uma mesinha no canto da sacristia, sorriu e
disse: “Algumas vezes, quando eu era pequeno, era aqui que eu jogava minha batina e
sobrepeliz depois da Missa para ir brincar”. Mas olhe o que ele se tornou! Isso é uma esperança
e uma alegria. Siga o passo dele, amadureça. E quem sabe você não estará um dia no Trono de
S. Pedro também?!

Pio XII no dia de sua primeira Comunhão

É por isso tudo que Pio XII é o papa dos Coroinhas. Ele quis que todos os coroinhas
forem viessem com perfeição e com o maior zelo possível. Ele quer que você, meu filho, se
comporte bem não apenas no altar, mas na sacristia, na rua e onde quer que esteja. Tendo sido
um coroinha como você, ele sabia que isso não era fácil, mas sabia também que tendo
como melhores amigos Jesus e Maria, ao exemplo de S. Domingos Sávio, a santidade é algo
possível: Antes morrer que pecar!

Que alegria poder chamar um papa de nosso! Pio XII! O papa dos coroinhas! Que seu
exemplo nos ajude sempre. Siga o exemplo dele, meu filho. Eu sei que você ainda tem muito a
melhorar, mas um passo de cada vez, de baixo para cima, e chegaremos ao Céu.

Deus te abençoe grandemente!


Pe. Manuel Gomez.
42 | P á g i n a
 Carta #5 – Ser um coroinha “craque” em quatro passos
Meu filho,

Todo mundo quer ser craque em alguma coisa. Seja na escola, nos estudos, no futebol,
no trabalho… Todos querem chegar a um nível em que possam ser considerados “os caras”
naquilo que fazem. Por que você não se esforçaria em ser um “craque” no serviço do altar? Em
minha opinião, é tão importante quanto ir bem à escola.

Para ser um craque, é necessário muito trabalho duro: Muitas horas de treino e anos de
prática. Além disso, um craque precisa possuir algumas qualidades mínimas. E para ser um
coroinha craque? Eu acredito que as quatro qualidades mínimas podem ser descritas da seguinte
maneira:

1. Ser autenticamente católico.


Sim. O coroinha craque deve ser autenticamente católico. Mais do que isso, ele precisa
ser melhor em seu caráter que qualquer garoto do mundo. Não que ele deva se sentir superior
aos outros, ser arrogante e autossuficiente… Não. Mas ele deve se esforçar para ser melhor.
Cristo pediu que fossassem perfeitos como o Pai é perfeito. Não é um pedido qualquer;
e você não pode esperar que atendesse a esse pedido sendo igual aos outros meninos.

Por isso que você não pode falar palavrão, mesmo os mais leves. Por isso que você não
pode ser preguiçoso ou mentiroso. Por isso você não pode ter conversas imorais com os
amigos. Por isso que você não pode viver para jogar videogame e brincar, como se fosse ser
uma criança para sempre. Você precisa ser um garoto de caráter! Ser dedicado, estudioso,
verdadeiro, humilde!

Sobretudo, para ser autenticamente católico, o coroinha craque deve ter duas qualidades
que o distinguem de todos os outros: Ele deve ter um amor infinito por Nosso Senhor no
Santíssimo Sacramento, e ele deve mostrar este amor constantemente recebendo-o em Estado de
Graça e pureza na Santa Comunhão e visitando-o no Sacrário.

2. Ser piedoso

Um grande risco que você pode sofrer é viver pelas aparências, viver apenas o exterior.
Apenas as vestes, os objetos, as cerimônias, as luzes e cheiros da Liturgia… Você não pode
viver de aparências. O trabalho que você faz no seu serviço deve ser verdadeiro, deve vir de
dentro para fora, senão é apenas teatro.

3. Ser confiável e responsável.


Para ser um coroinha craque, você deve ser confiável e responsável. Quando escalado
para servir, você deve ir mesmo que esteja com preguiça, mesmo que esteja brincando ou que
esteja cansado. Em alguns dias, você terá que fazer um grande sacrifício para ir cumprir seu
compromisso, mas um coroinha craque faz isso com alegria, pois une este sacrifício ao
Sacrifício de Cristo.

43 | P á g i n a
4. Ser atento e limpo

Esta última qualidade pode parecer menos importante, mas não é. Para exercer suas
funções bem no altar, o coroinha precisa ser atento e limpo. Nunca pode entrar no presbitério
com sapatos sujos. Suas vestes devem estar bem passadas e limpas. Suas mãos, unhas e
rosto devem estar limpos. Seu cabelo deve estar limpo e penteado – sem aqueles penteados
malucos da moda. Ele também não pode exalar mau cheiro, mas deve estar ali de maneira
apropriada, para viver algo muito importante.

Ele deve também prestar atenções no que faz e como faz atentar para as posições e
gestos, atentar para seus olhos e para a sua piedade interior e fazer tudo da melhor
maneira, em sincronia e simetria com os demais. Deve pensar no que está fazendo e entender
porque está fazendo.

Meu filho, esse são alguns dos padrões mínimos que você deve atender para ser um
coroinha craque. Veja quanto você se encaixa nessas qualidades, filho, e se esforce mais para
cumprir com honradez a grande graça que Deus lhe deu de servi-lo no lugar mais sagrado do
mundo.

44 | P á g i n a
II. Missa

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12- O que é a Santa Missa?
1. O que é Santa Missa?
A Santa Missa é a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário, e constitui “a fonte e o
ápice de toda a vida cristã” É o mesmo e único sacrifício infinito de Cristo na Cruz, que foi
solenemente instituído na Última Ceia. Nesta cerimônia ímpar, Cristo são ao mesmo tempo
vítima e sacerdote, se oferecendo a Deus para pagamento dos pecados, e aplicando a cada fiel
seus méritos infinitos.

2. O que quer dizer “Renovação incruenta do Sacrifício do Calvário”?


A palavra incruenta significa “sem sangue”. Isto porque na Missa Cristo se imola
novamente para nossa salvação, como Ele fez na Cruz, embora na Missa seja sem sofrimento
físico.

3. Não é a Missa uma “ceia” ou “banquete”? Ou uma festa?


A Missa até pode ser considerada como uma “ceia” ou “banquete”, mas não uma
ceia ou banquete qualquer. É ceia, mas é ceia sacrifical. É banquete, mas banquete sacrifical, no
qual se redime o gênero humano. “O banquete e o sacrifício pertencem de tal modo ao mesmo
mistério que um está ligado ao outro, no mais estreito vínculo” De todas as coisas que se possa
dizer sobre a Missa, a mais importante e essencial é que ela é sacrifício. Desta compreensão
sacrifical deriva toda a teologia que estudamos.

4. Mas o Sacrifício da Cruz não foi suficiente uma só vez?


Diz o Concílio de Trento:

Ainda que bastasse Nosso Senhor se oferecer uma só vez ao seu Pai, unindo-se no altar da Cruz
para realizar a redenção eterna, Ele quis deixar à sua Igreja um sacrifício visível, tal como requer a
natureza dos homens, pelo qual se aplicasse, de geração em geração, para a remissão dos pecados,
a virtude deste sangrento sacrifício, que devia cumprir-se somente uma vez na Cruz; na última ceia,
na mesma noite em que foi entregue, declarando-se sacerdote eterno, conforme a ordem de
Melquisedeque, Ele ofereceu, a Deus Pai, seu corpo e seu sangue, sob as espécies de pão e de vinho,
os deu aos seus apóstolos, a quem os tornaram, então, sacerdotes do Novo Testamento, com estas
palavras: Fazei isto em memória de mim, investindo-os, assim, e aos seus sucessores, no sacerdócio,
para que oferecessem a mesma hóstia” (Sessão XXII, I).

46 | P á g i n a
5. Por que a Santa Missa é um Sacrifício?
Todo o sacrifício é um dom oferecido a Deus, a fim de reconhecer a Sua soberania e
prestar a Ele um ato de adoração e submissão. Quando Cristo morre no Calvário, a Sua morte
realizou um verdadeiro Sacrifício, puro e perfeito, no qual Jesus prestou ao Pai um ato de
adoração, louvor e entrega total, a fim de que essa Oferta santíssima servisse para o perdão dos
nossos pecados, e assim recuperássemos a vida da graça e a felicidade eterna.

A morte de Jesus na cruz é única e suficiente, pois o Seu Sacrifício possui mérito
infinito, capaz de salvar toda a humanidade. Entretanto, é necessário não só que Cristo morra
pelos pecadores, mas também que os frutos da Sua Paixão sejam aplicados nas almas, para que
a salvação se realize em todos os homens. Por esta razão, a morte de Cristo se torna o Sacrifício
da Nova e Eterna Aliança, porque participando dela que os homens usufruem da Redenção.

O Santo Sacrifício da Missa

Se o Sacrifício do Calvário possui mérito infinito, bastaria que Jesus morresse uma
única vez para salvar todos os homens. No entanto, ainda resta à necessidade de se aplicar
pessoalmente os frutos da Sua Paixão, e para isso Cristo institui a Santa Missa, que é a
atualização mística e incruenta do Seu Sacrifício. Na Santa Missa, Jesus torna presente no
tempo e no espaço o mesmo Sacrifício do Calvário, sem que Ele venha a morrer novamente. É o
mesmo e único Sacrifício, tornado presente e atual a cada Missa celebrada.

Dizemos que a Santa Missa é a renovação do Sacrifício do Calvário porque idêntica é a


Oferta e o Oferente, isto é, é o mesmo Jesus que se oferece e é oferecido, tanto na Cruz quanto
na Missa. Na Missa, a Consagração põe separadamente o Corpo e o Sangue de Senhor tal qual
ocorrera no instante da morte de Jesus, renovando no altar o Sacrifício da Cruz, de forma
indolor e invisível, através do Sacramento da Eucaristia.

A Missa também é idêntica ao Calvário porque é Jesus mesmo que Se oferece, mas
usando do sacerdote celebrante, através da sua voz e de seus atos. Quando o sacerdote reza a
Missa, é o próprio Jesus a agir através do Padre, para que o Seu divino Sacrifício torne-se
presente misticamente no altar, e assim todos aqueles que dele participam possam se unir ao
próprio Jesus em imolação à glória da Trindade Santíssima.

47 | P á g i n a
13- Santa Missa #1 – Antes de chegar à Igreja
Meu antigo pároco dizia que a Santa Missa começa em casa, quando a pessoa começa a
se preparar para ir à igreja. Embora não seja liturgicamente correta, esta noção é indispensável
para participarmos bem da Missa. Hoje, infelizmente, a maioria das pessoas vai à Missa como
se fosse a um evento social qualquer, como um shopping ou uma praça. E ao chegar, ainda se
comporta como se estivessem num lugar qualquer destes. Conosco não pode ser assim.

Preparação Remota: O interior


Quando recebemos uma visita em casa, sempre nos preocupamos em deixar nossa
casa limpa e arrumada. E arrumamos as coisas com mais cuidado quanto mais importante for à
pessoa. Agora imagine como seria receber Nosso Senhor Jesus Cristo em sua casa: Certamente
a casa nunca teria estado tão limpa. Infelizmente, muitas vezes não cuidamos da mesma maneira
do nosso interior quando vamos receber Jesus Eucarístico. Pelo contrário, deixamos a casa uma
bagunça e recebemos de qualquer jeito.

São Domingos Sávio, um grande modelo para nós, preparava-se para a Santa Missa de
uma maneira impressionante:
Para preparar-se melhor para a comunhão, no dia anterior punha-se de joelhos ao pé da
cama. Pedia demoradamente a Nosso Senhor a graça de fazer uma boa comunhão. Na
manhã seguinte, conservava-se em perfeito silêncio e continuava a sua preparação,
rezando. Para agradar a Jesus, marcava em seu caderno uma intenção para cada dia:

 Domingo: Em honra da Santíssima Trindade.


 Segunda: Pelos benfeitores espirituais e temporais.
 Terça: Pelo santo do nome e o Anjo da Guarda.
 Quarta: Pela conversão dos pecadores.
 Quinta: Pelas almas do purgatório.
 Sexta: Em honra da Paixão de Nosso Senhor.
 Sábado: Em honra de Nossa Senhora.

Desta maneira, São Domingos Sávio nos dá um grande exemplo. A preparação interior
é a preparação mais importante para a boa participação na Missa. Fazemos isso rezando,
sobretudo atos de fé, esperança e caridade, conservando o silêncio, realizando propósitos para
nossas comunhões e preparando nossa alma para receber o Senhor. Claramente, isto passa por
estar em estado de graça, e buscar a confissão caso a consciência acuse de algum pecado.

48 | P á g i n a
Preparação Remota: O exterior
O ser humano é constituído de corpo e alma. Desta maneira, deve prestar culto a Deus
com seu corpo e com sua alma. Já vimos como nos prepararmos interiormente, mas… Como
fazer para esta preparação exterior? Esta preparação se dá de três maneiras: O comportamento, a
higiene e a veste.

O comportamento
Não é possível se concentrar e participar bem da Missa logo após sair de uma festa do
arromba. É necessário manter-se em um estado de calma, silêncio, piedade. Se nosso corpo está
perturbado, nossa alma também estará.

A higiene
Quantas vezes já não encontramos coroinhas indo servir com aquele cheiro de macaco?
Quantas vezes aquelas unhas gigantes e sujas? Quantas vezes aquele cabelo ou barba que
implora cuidados? Quantas vezes aquele bafo de onça? Antes de irmos para a Igreja, precisamos
cuidar da higiene do nosso corpo – assim como temos que cuidar como a da nossa alma.

A veste
Sempre ouvimos dos mais velhos sobre a roupa de missa. Esta seria a melhor roupa do
armário de cada católico, reservada para ir à Santa Missa. Para muitos isto pode parecer
estranho. Pensam: “Por que os católicos do passado reservavam suas melhores roupas para a
Missa?”. A resposta é simples: Porque eles tinham plena consciência que a Missa é à coisa mais
importante da Terra, o melhor momento da vida de cada católico. Por isto guardavam sua
melhor roupa.

49 | P á g i n a
Placa na entrada da Basílica de S. Pedro

Nos nossos tempos, temos visto cada vez mais católicos se vestindo de maneira
completamente inadequada para a Santa Missa, como se aquele fosse um momento
qualquer. Pelo contrário, é nosso dever nos prepararmos para a Missa considerando sua
importância e nos vestindo como se fossemos encontrar a pessoa mais importante do mundo,
porque de fato vamos encontrar.

Meninos
Nada de bermudas ou camisas sem manga. Nada de chinelos nem tênis “da moda” que
brilham ou chamam a atenção de gerações. Lembre-se que você está no altar. Sua aparência
chama a atenção. Use sempre uma calça comprida, camisa de manga, preferencialmente social e
bons sapatos. Isto é suficiente e vai lhe ajudar a se comportar com a seriedade necessária para a
Santa Missa. Não só vai lhe ajudar como também vai ajudar a assembleia!

Meninas
A modéstia feminina é mais delicada. Não iremos entrar neste assunto detalhadamente
agora, mas algumas máximas devem ser claras: Nada de roupas curtas, decotadas ou apertadas.
Saias e vestidos ao menos na altura do joelho, nunca menos que isso. Camisas fechadas, com
manga, sem decotes escandalosos. Cuidado com a maquiagem e nunca, absolutamente nunca,
salto alto.

Preparando-nos desta maneira, certamente serviremos de maneira muito melhor, e


estaremos muito mais aptos a receber as graças que Nosso Senhor nos dá na Eucaristia. No
próximo artigo falaremos sobre nosso trabalho assim que chegamos à Igreja.

50 | P á g i n a
14- Palmas na Missa
Constantemente este tópico vem às conversas sobre liturgia. Palmas na Missa: Pode ou
não?

Se estivermos falando destas palmas, pode sim! No Domingo que inicia a Semana Santa, tá tudo certo!

Para responder esta pergunta, temos que ir a fundo. Não esperem uma resposta fácil
como um trecho em um documento Litúrgico dizendo algo como “Se alguém bater palmas na
Missa, seja anátema“. Isto não existe. Nenhum documento litúrgico oficial trata das palmas nas
celebrações, e este gesto simplesmente não está previsto – o que já é um bom indício que não se
deve fazer. Mas tem gente que insiste em fazer e defender…

Muitos dos defensores das palmas afirmam que não existe proibição explícita às palmas
na Missa e por isso não é proibido. De fato, não existe mesmo. Mas eu peço a estes defensores
das palminhas que me encontrem algum documento que proíba qualquer uma das imagens
abaixo:

51 | P á g i n a
Um padre palhaço. Procurei por “palhaço” nos livros litúrgicos e não encontrei nada. Então pode fazer?

Um baita churrascão bonito e um chimarrão, tchê! Duvido encontrarem uma frase proibindo isso na Liturgia

Também não tem nada sobre arminha de brinquedo. Mas convenhamos que seja melhor que jogar balde de água benta

no povo.

52 | P á g i n a
Quem não gosta de corujas? Sinto dizer, mas não tem nada nos livros litúrgicos proibindo. E agora, José?

E agora? Não temos textos proibindo estas coisas, mas mesmo assim sabemos que são
erradas. Por quê?

A verdade é que os livros litúrgicos são uma parcela do que rege a Sagrada Liturgia. E
uma parcela até bem pequena. Muitas coisas que vivemos na Liturgia e em nosso serviço não
estão nos livros oficiais, mas é fruto da venerável Tradição Litúrgica do Rito Romano. A
segunda regra de ouro para a Liturgia é esta: Para algo ser litúrgico, deve ao mesmo tempo
estar de acordo com as regras dos Livros Litúrgicos e com a Tradição Litúrgica do Rito
Romano. Simples assim. E aqui as palmas já morrem, pois não estão nos livros. Mas… E na
Tradição Litúrgica?

As palmas na Missa sob a ótica da Tradição Litúrgica

Em nosso artigo sobre a Santa Missa, demos a visão católica sobre o que é, de fato, a
Santa Missa: É a renovação do Sacrifício do Calvário. É, sobretudo, o culto perfeito de adoração
a Deus. Então eu lhes pergunto: Para que bater palmas na Missa? Se a Missa é a Renovação do
Sacrifício da Cruz e o banquete, ligado ao sacrifício no mais estreito vínculo [1], então por que
colocar um elemento festivo e profano em algo sagrado?

A primeira regra de ouro da Liturgia é esta: Se algo não é conveniente de fazer no


Calvário, não se deve fazer na Missa. E isto sempre foi algo muito vivo na cabeça dos fiéis.
Mas, com o modernismo, as novidades pareceram irresistíveis, e colocar as palmas na Missa foi
visto como um jeito de torná-la mais “dinâmica” e “participativa“, distorcendo completamente
o conceito de actuosa participativo [2] que o Concílio desejava.

53 | P á g i n a
Diz-nos S. Leonardo de Porto-Maurício: Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em

irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em

companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento é necessário para receber o fruto

e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.

Mas ainda assim tem gente que defende subjulgar à natureza sacrificial, diminuí-la, para
exaltar a “celebração”, a “festa”, a alegria, e para isto fazem todo tipo de absurdos dentro da
Missa. Isto é absolutamente contrário ao Espírito da Liturgia, e nós devemos resistir – embora
caridosamente – a isso.

João Paulo II fez três duras críticas a esta postura. As primeiras encontraram em
sua carta apostólica Domenicae Caena, de 1980:

O mistério eucarístico disjunto da própria natureza sacrifical e sacramental deixa


simplesmente de ser tal

Isto é forte. Tirar da Missa a sua natureza sacrificial é simplesmente fazê-la deixar de
ser Missa. É torná-la outra coisa qualquer, uma reunião de fiéis, um simples banquete, um
simples grupo de oração – ou mesmo algo próximo a um culto protestante.

54 | P á g i n a
A segunda crítica veio na Redemptionis Sacramentum, que aliás todo católico deveria
ler:
De forma muito especial, todos procurem, de acordo com seus meios, que o santíssimo
sacramento da Eucaristia seja defendido de toda irreverência e deformação, e todos os abusos
sejam completamente corrigidos. Isto, portanto, é uma tarefa gravíssima para todos e cada um,
excluída toda acepção de pessoas, todos estão obrigados a cumprir este trabalho. (Número
183)

A terceira, na Ecclesia de Eucaristia, indica como deve ser feita a participação da


comunidade que se une ao sacerdote:

O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a


comunidade, que às mesmas adere, demonstra de modo silencioso, mas expressivo o seu amor
à Igreja. (num. 52)

Palmas são absolutamente irreverentes. Seja em aplausos – que são ainda piores – seja
em palmas ritmadas com a música. Sobre isto, escreveu magistralmente Bento XVI quando
ainda cardeal no fantástico “Introdução ao Espírito da Liturgia“:

Sempre que haja palmas pelos atos humanos na Liturgia, é sinal de que a natureza [da
liturgia] se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero religioso. (Pag
167)

Que tal, então, o prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino?

Quando vamos à Missa, não vamos para bater palmas, para admirar as pessoas,
felicitá-las ou observá-las. Vamos para adorar a Deus, pedi-lo perdão pelos nossos pecados
e pedirmos as graças que precisamos. [3]

Por fim, lembramos as palavras magistrais de nosso patrono, S. Pio X:

Não é certo que se aplauda o servo na casa do mestre.

55 | P á g i n a
Precisamos ser fiéis ao que recebemos da Igreja. Recebemos de Nosso Senhor que a
Missa é a maneira como ele quer ser adorado. Que a Liturgia é sagrada e ninguém tem o direito
de modificá-la. É necessário humildade e resolução. Sim. Bater palmas na Missa é errado, e não
importa quantos liturgistas digam o contrário, isto está gravado em pedra na tradição litúrgica da
Igreja, de saber que a Missa é, mais do que celebração, mais do que ceia ou banquete, a
renovação incruenta do Sacrifício da Cruz, onde se cale toda língua e se humilhe toda alma
diante da grandeza do amor de Deus.

Sendo completamente sincero… A questão das palmas nem precisaria chegar aos livros
ou na Tradição, mas é facilmente respondida pelo simples bom senso, algo que está em falta no
mundo hodierno.

Mas e quando mandam bater palmas?

Muitas vezes passamos por situações onde nos constrangem a bater palmas. E é
necessário saber resistir para não gerar conflitos, afinal não adianta defender a liturgia se for
comprando briga com todo mundo.

A primeira coisa que você deve saber sobre isso é que você não deve obediência a
ninguém quanto a cometer abusos na Liturgia. Mesmo o padre, agindo in Persona Christi, não
tem o poder de lhe obrigar a bater palmas, dançar na Missa ou fazer qualquer outra coisa
contrária às leis da Igreja.

É claro que você não vai comprar briga. Humildade sempre! Somos servos, não
senhores da Liturgia. Se o padre ou qualquer outra pessoa desobedecer a Liturgia, isso não lhe
dá motivos para desobedecer também. Se não bater palmas for causar inconvenientes, converse
com respeito e humildade com o padre ou quem quer que seja e lhe esclareça sua posição. Ele
provavelmente vai respeitar sua decisão. Caso, no entanto, a pessoa queira arrumar confusão por
causa disso, reze e siga em frente, evitando o escândalo e sobrevivendo com calma e fortaleza às
perseguições.

56 | P á g i n a
15- Cores Litúrgicas
A Igreja se utiliza de símbolos, cores e cerimônias para reforçar e conduzir os fiéis a
uma correta meditação e vivência dos Santos Mistérios. As cores, por serem visíveis e
sensíveis e estarem nos paramentos são um ótimo elemento para instigar os fiéis a entrarem no
Espírito da Liturgia.

História das Cores Litúrgicas

Apenas a partir do século XI a Igreja começou a ditar normas para as cores


litúrgicas. Nos primeiros séculos, a cor litúrgica era basicamente o branco; alguns liturgistas
como o Pe. Gubianas e Pe. Garrido Bonano afirmam que se usava com frequência outras cores,
como o vermelho, símbolo de realeza, mas isto não é consenso.

A partir do século VI, com um aprofundamento simbólico na Liturgia, as cores


começaram a ganhar uma importância maior e serem adornadas de significados espirituais e
simbólicos para exprimir o caráter das festas e dos tempos litúrgicos. A primeira menção oficial
destes significados vem no século XII com o Papa Inocêncio III, que definiu cinco cores para a
Liturgia: O Branco, o Vermelho, o Verde, o Preto e o Roxo.

Inocêncio III definiu no século XII a “Canon” das cores litúrgicas quase como já o temos hoje. Apenas eram diferentes

alguns usos, e não havia a presença do róseo.

São Pio V, em sua grande reforma litúrgica após o Sacrossanto Concílio de Trento,
confirmou as cores apontadas pelo papa Inocêncio III, adicionando a cor rósea, para apenas dois
dias no ano: Domingos Gaudete e Laetare. A reforma de Paulo VI manteve as mesmas cores.

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O que pode mudar com a cor litúrgica?

Em muitas paróquias, talvez querendo reforçar o significado da festa ou do tempo,


muda-se a cor de tudo. Do tapete, da cortina, da toalha do altar, das velas, das vestes dos
ministros, dos coroinhas… É uma confusão.

A Liturgia propõe mudanças de acordo com a cor do dia para alguns itens. Caso tenha
dúvida do que algum significa, confira nosso artigo Objetos Litúrgicos. São eles: O conopeu, o
frontal, o véu umeral, as cortinas do presbitério, o manípulo, a estola, a dalmática, a casula, a
capa pluvial, o véu do cálice, a bolsa do corporal. Não se deve mudar a cor jamais dos seguintes
objetos: A toalha do altar, a toalha da credencia, as velas, as vestes dos ministros leigos.
Dizemos isto em particular para um grande abuso que anda se espalhando, de túnicas verdes,
roxas, brancas, usadas por baixo da sobrepeliz para acompanhar a cor do dia. Isso está errado.

Algumas considerações sobre os paramentos


Tonalidades

São permitidas várias tonalidades de uma cor. A cor vermelha, por exemplo, não se
refere apenas ao vermelho puro, mas também às suas variações. Abaixo vemos duas casulas
brancas, ambas corretas, mas com tonalidades bem diferentes.

Papa Bento XVI usando duas casulas brancas, de tonalidades bem diferentes.

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Ornamentos e outras cores

Galões, frisos e ornamentos, como flores e tiras são permitidos, desde que não
descaracterizem toda a veste. Também são permitidos detalhes em outras cores, desde que não
se tornem a cor principal do paramento. Exemplos abaixo. Duas casulas brancas, uma com
muitos detalhes em flores e outra com um grande galão azul. Ambas continuam brancas e
litúrgicas.

Ao lado esquerdo, casula e estola brancas, mas ornadas em flores. Ao lado direito, uma casula “de Nossa Senhora”

litúrgica: Branca com detalhes azuis.

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Os limites da inculturação

Embora haja certa flexibilidade para os tons das vestes, tem gente que abusa. Em
particular em nome da “inculturação” – ou melhor dizendo, sincretismo. Um exemplo são as
casulas “afro” (que de afro não tem nada), que utilizam cores e arranjos completamente anti-
litúrgicos em nome de uma falsa “inclusão pastoral”.

Não se pode querer subverter a liturgia em nome da inculturação. Isso se chama sincretismo.

Significado e Uso das Cores Litúrgicas


As cores litúrgicas são o branco, o vermelho, o verde, o roxo, o preto e o róseo.
Também são possíveis o dourado e o prateado, em substituição.

O Branco

O branco é símbolo da pureza, da alegria, da inocência. É a glória dos anjos, o triunfo


dos santos, a vitória do Senhor. É usado nas festas de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, dos
santos não mártires e durante o Tempo Pascal e do Natal.

Ao contrário do que muito se diz, não existe nos livros litúrgicos (nem na tradição) a
indicação que o branco é a cor “neutra”, sendo usada quando não se possuem os paramentos de
cor correta. Diz-se isso apenas das Missas Rituais (Com sacramentos).

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Paramentos brancos. Na foto, sagração episcopal de quatro bispos em 2012, entre eles Mons. George Gänswein,

prefeito da Casa Pontifícia

O vermelho
O vermelho simboliza o fogo, o sangue, por consequência, o amor divino, o martírio. É
usado nas festas da Paixão do Senhor, nas festas da Cruz, do Preciosismo Sangue, dos
Apóstolos, dos mártires, na festa de Pentecostes e nas exéquias de cardeais e papas.

Para a igreja do Oriente, o vermelho também significa a realeza. Para nós, no entanto, esse significado é do dourado

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O Verde
O verde simboliza a esperança e a vida, a germinação das Palavras do Divino Redentor
em nossos corações. Representa nossa peregrinação ao céu. É usado durante o Tempo Comum.

Papa Bento XVI usando uma casula verde

O Roxo

O roxo significa a recolhimento e penitência. É usado no Advento, na Quaresma, nas


celebrações penitenciais e pode ser usado ao invés do preto nas celebrações pelos defuntos. O
Pe. Reus e o Mons. Jungmann afirmam que a cor roxa é associada à penitência por ser essa a cor
das contusões que ficam nos joelhos quando se fica ajoelhado muito tempo, em penitência.

Cardeal Burke e diáconos com paramentos roxos.

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O Preto

O preto é cor de luto e tristeza. Tradicionalmente se utiliza nas celebrações pelos fiéis
defuntos. Após a reforma litúrgica de Paulo VI tem uso opcional, sendo comumente substituído
pelo roxo. No caso de casulas, proíbe-se a pintura de elementos fúnebres como caveiras e ossos
na parte de trás.

Sacerdote celebrando missa de fiéis defuntos durante a guerra. Por necessidade, o capô do caminhão se tornou um altar

e o sacerdote, embora vestido com simplicidade, celebra com grande piedade. Que diferença de nossas missas campais!

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O Róseo

O róseo simboliza uma alegria que se aproxima, durante o período de penitência. A


origem desta cor, segundo o Pe. Gubianas, era um gesto do papa de abençoar rosas e enviar aos
príncipes cristãos no Domingo Laetare. É usado em apenas dois domingos do ano: O domingo
gaudete, terceiro do Advento, e o domingo laetare, o quarto da quaresma, significando a
proximidade do júbilo que se aproxima nas festas.

Bento XVI usando casula rósea durante o Domingo Gaudete de 2012

Outras cores aprovadas

O dourado e o prateado podem substituir todas as outras cores, exceto o preto. O


dourado normalmente é usado nos momentos de maior solenidade, nas grandes festas da Igreja.
O prateado de modo similar.

Nenhuma outra cor é aprovada para a igreja de um modo universal além destas sete:
Branco, roxo, vermelho, preto, verde, dourado, prateado

Mas e o azul?

O azul é uma daquelas novidades que todo mundo quer usar, às vezes até alegando uma
devoção maior a Nossa Senhora, mas desobedecendo a uma regra litúrgica.

O azul não é uma cor aprovada de um modo geral. É de uso exclusivo do Sumo
Pontífice, que pode dar o privilégio do uso do azul para outros. Atualmente, possuem o

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privilégio do uso do azul alguns institutos religiosos e as dioceses da Espanha e dos antigos
domínios espanhóis (O que não inclui o Brasil), apenas na oitava da solenidade da
Imaculada. Isso em reconhecimento à grande importância que teve a Espanha na defesa da
Imaculada Conceição.

E tem padre por aí que usa até em memórias de Nossa Senhora. Por melhor que seja a
intenção, é abuso litúrgico.

Missa na oitava da solenidade da Imaculada Conceição, na Espanha

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III. Formação

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16- Posturas e ritos do coroinha na Missa
Para poder aproveitar este artigo, leia o artigo sobre posturas e posições litúrgicas.

Na série Santa Missa, vemos com detalhes cada momento da Santa Missa. Este artigo
irá dar uma visão geral para auxiliar o treinamento imediato dos servidores do altar, mas é útil e
necessário estudar parte por parte para poder participar dignamente da Missa não só
exteriormente, nos gestos e posições, mas também nas disposições interiores, compreendendo o
que acontece e cada momento da Missa.

Neste artigo não trataremos das funções específicas como librífero ou turiferário, mas
apenas da postura do servidor durante a Missa simples. É necessário dizer que não existem
“rubricas” para o coroinha, mas sim uma longa tradição que diz como ele deve se comportar.

Regras Gerais

 Nunca deixar o padre esperando.


 Nunca olhar para o povo, rir, conversar sem necessidade ou se deixar distrair durante o
serviço.
 Não se abane, não balance as mãos ou os pés, não dê as mãos aos demais, em nenhum
momento.
 Não saia do presbitério sem motivo.
 Manter as posturas durante toda a Missa. Lembre-se que você, ali, representa os anjos e
os santos.
 Sincronia e Simetria, sempre.

Antes de chegar à Igreja

 Prepare-se bem espiritualmente para a Missa.


 Não coma com pelo menos 1h de antecedência.
 Vista-se com modéstia.
 Rapazes, com calças compridas, sapatos fechados e camisa com mangas, de
preferência camisa social.
 Moças, com saias ou vestidos abaixo do joelho, ou outra roupa que não seja
apertada nem tenha decotes e sapato fechado.
 Saia cedo, para chegar com pelo menos 15 minutos de antecedência.

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Ao chegar à Igreja

 Faça genuflexão ao sacrário, ou vênia profunda para o altar – caso o sacrário não esteja
no Centro.
 Faça o sinal da Cruz, com água benta, se houver.
 Reze um pouco antes de ir para a sacristia.
 Vá para a sacristia e se vista.
 Ajude a arrumar as coisas para a Missa.
 Reze antes da Missa começar, preferencialmente com o grupo.

Ritos Iniciais

 Participe da procissão de entrada com devoção. Olhos baixos, mãos juntas – exceto se
estiver segurando algo – passo ordenado. Sem olhar para o povo.
 Ao chegar ao altar, faça genuflexão ou vênia profunda.
 Suba e vá para o seu lugar.
 Faça o sinal da Cruz junto com o padre, apenas uma vez, dizendo apenas “Amém” após.
Depois volte a juntar as mãos.
 Quando iniciar o Ato Penitencial, curve um pouco a sua cabeça e fique desta maneira
durante até o “Deus todo poderoso, tenha compaixão de nós […]” e responda “Amém”
após.
 Se for o Confiteor rezado, bata no peito três vezes ao “Por minha culpa, minha tão
grande culpa“.
 Se houver aspersão, fazer o sinal da cruz ao ser aspergido.
 No Glória, fazer inclinação de cabeça às palavras “Jesus Cristo“.
 Participar do demais momentos dos ritos iniciais de pé, com as mãos juntas. Sem palmas.
Sem levantar folhetos os as mãos.

Liturgia da Palavra

 Depois que o celebrante sentar, os coroinhas se sentam todos juntos e assim permanecem
até o Aleluia.
 Quando o sacerdote se dirigir ao Ambão, voltar-se para ele, ficando de frente para o
ambão.
 Quando o sacerdote ou diácono disser “Proclamação do Evangelho“, traçar o sinal da
cruz com o polegar na cabeça, nos lábios e no peito às palavras “Jesus Cristo“.

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 Quando acabar o Evangelho, dizer “Glória a vós, Senhor” e sentar-se junto a todos para a
homilia (se for o caso). Não há necessidade de esperar qualquer outra coisa.
 No Credo, fazer inclinação de cabeça às palavras “Jesus Cristo” e inclinação profunda às
palavras “E se encarnou pelo poder do Espírito Santo” (Credo Niceno-
Constantinopolitano) ou “Foi concebido pelo poder do Espírito Santo” (Credo
Apostólico).

Liturgia Eucarística

 Se você não for servir na Credência, sente imediatamente após a Oração dos Fiéis
 Se for servir, dirija-se à Credência e, de maneira ordenada, execute seu serviço:
 Leve o cálice segurando abaixo do “nó” (a separação que tem na base do cálice)
com a mão direita, e apoie sua mão sobre a pala – sem fazer muita força. Após
entregar, faça uma vênia média ao padre ou diácono.
 Se houver âmbulas, leve imediatamente após levar o cálice, destampadas. Após
entregar, faça uma vênia média ao padre ou diácono.
 Leve as galhetas quando o padre colocar a patena sobre o corporal. Vinho na mão
direita, água na esquerda. (Pode-se beijar pouco antes de as entregar ao padre, mas
se for beijar não deixe para beijar na hora de entregar). Após finalizar, faça uma
vênia média.
 Se a Missa tiver incenso, leve após o padre colocar o cálice sobre o corporal.
Ofereça para colocar incenso antes, depois o acompanhe nas incensações. Se
houver algum coroinha sentado, levanta-se quando o turiferário for incensar o
povo.
 Leve o lavabo. Após finalizar, faça uma vênia média ao padre ou diácono.
 Retorne os objetos à credência e depois volte ao seu lugar, permanecendo de pé.
 Se houver algum coroinha sentado, levantar-se às palavras “Orai, irmãos” e assim
permanecer, em pé e de mãos juntas.
 No prefácio, responder as invocações iniciais de mãos juntas. Nada de fazer “gestos
teatrais” nas respostas “Ele está no meio de nós” ou “o nosso coração etc.“. Na frase
“Demos graças ao Senhor etc.“, não fazer vênia, mas permanecer em normalmente.
 Quando o padre realizar a Epítese (Impor as mãos), toca-se o sino e todos ajoelham.
 No momento da elevação, adorar o Senhor em silêncio.
 Quando o padre fizer genuflexão, não há a necessidade de fazer vênia. Permaneça ereto,
com olhar baixo e mãos postas, de joelhos.
 Levantar-se na hora acertada:

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 Ou logo após o sacerdote dizer “Eis o Mistério da Fé“.
 Ou logo após o “Amém” do “Por Cristo, com Cristo, etc.“.
 Continuar de pé em postura recolhida durante o resto da Oração Eucarística.
 Na hora do Pai Nosso, não dar as mãos nem levantá-las em postura de oração, mas mantê-
las juntas.
 Se houver o sinal da paz, saudar as pessoas ao lado dizendo “A paz esteja contigo” ou
“Paz de Cristo“. Não se movimentar muito para saudar ninguém.
 Acompanhar o sacerdote ou ministros para na distribuição da comunhão.
 Comungar na boca, em pé ou de joelhos.
 Ao retornar para o altar, manter-se de pé. Não se deve sentar.

Ritos Finais

 Permanecer de pé para os ritos finais.


 Se houver avisos, parabéns ou qualquer outra coisa, mantiver-se-se com boa postura, de
pé, mãos postas.
 Inclinar-se na hora da benção, após o sacerdote dizer “O senhor esteja convosco!”
 Fazer o sinal da cruz durante a benção.
 Retornar à sacristia da mesma maneira e ordem que veio.

Após a Missa
 Ajudar a arrumar tudo.
 Rezar em grupo após o serviço.
 Tirar as vestes e guardá-las com cuidado.
 Voltar aos bancos para breve oração de Ação de Graças.
 Fazer genuflexão antes de sair da Igreja. Fazer também o sinal da Cruz.

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17- Objetos Litúrgicos – Visão Geral
Este artigo trata de uma visão geral dos objetos litúrgicos: Paramentos, Livros, Vasos
Sagrados, Alfaias, Insígnias Episcopais e demais objetos litúrgicos. Posteriormente,
faremos artigos sobre cada objeto, e linkaremos com este artigo.

 Paramentos

Paramentos Sacerdotais

Amito

Pequeno tecido branco com o qual o sacerdote cobre o pescoço e os ombros.


Representa a fortaleza. Simboliza o “capacete da salvação” contra os maus pensamentos e
recorda o véu com que vendaram a Sagrada Face.

Alva

Túnica branca que o padre coloca sobre a batina. Representa a pureza da alma.
Simboliza a “couraça da justiça” e recorda o vestido branco “dos loucos” com o qual
escarneceram de Nosso Senhor.

Cíngulo

É um cordão usado para ajustar a alva à cintura. Representa a castidade, e recorda as


cordas com que O amarraram.

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Paramentos Sacerdotais

Manípulo

É uma espécie de faixa que o padre usa no braço esquerdo. Representa a contrição e
lembra a corda que atou as mãos do Senhor. Está em desuso.

Estola

É uma longa faixa de pano que o sacerdote coloca sobre os ombros para a Missa e para
os sacramentos. Representa as três virtudes teologais, simboliza o poder sacerdotal

Casula

É o paramento que o padre põe sobre a alva e estola para a Missa. Representa a
caridade, simboliza o jugo do Senhor e lembra a Cruz que Nosso Senhor foi obrigado a carregar
para nossa salvação.

Batina

A batina é a veste civil do clérigo (Papa, Bispo, Sacerdote, Diácono e mesmo


seminarista), também é a veste do acólito (homem) na liturgia.

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Sobrepeliz

A sobrepeliz é uma túnica talar, comprida de uso clerical, com mangas longas, usada
sobre a batina.

Barrete

É uma espécie de chapéu que os clérigos usam em certas circunstâncias, simboliza a


autoridade sacerdotal. O barrete não é um paramento litúrgico, mas secular, e
está majoritariamente em desuso. É proibida para não-cléricos.

Seminaristas da Administração Apostólica de São João Maria Vianney, trajados de batina e sobrepeliz, tendo o barrete

em suas mãos

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 Livros Litúrgicos
Missal Romano

livro que contém as orações próprias da Missa e assinala os ritos que se devem seguir
para celebrar. Este livro é usado pelo sacerdote que preside e também pelos concelebrastes na
Oração Eucarística (a grande oração de ação de graças da Eucaristia). Primeiro, coloca-se
próximo da presidência e, depois, no altar;

Lecionário

Livro que contém as leituras proferidas nas missas durante o ano litúrgico. Dividem-se
em:
1. Dominical, ano A B e C – Contendo as leituras de Domingos e festas de acordo com o
ano litúrgico
2. Ferial ou Semanal – Contendo as leituras das semanas, classificadas em anos pares e
ímpares, sendo o Evangelho sempre o mesmo.
3. Santoral – Para as festas dos santos e para a administração dos sacramentos

Evangeliário

Contém os evangelhos para os domingos e festas do Ano Litúrgico, ou seja, contém


trechos do evangelho de S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e de S. João;

Liturgia das Horas

Contém a oração pública da Igreja, chamada liturgia das horas, para as diversas horas do
dia, a fim de alcançar a santificação do cristão à glorificação de Deus. A edição é normalmente
dividida em quatro volumes.

Cerimonial dos Bispos

Contém as rubricas e indicações para a condução das cerimônias realizadas por um


bispo. Algumas destas rubricas, apesar de serem indicadas para bispos, podem também ser
utilizadas para clarificar a ambiguidade em outros textos litúrgicos.

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Pontifical Romano

Contém as cerimônias episcopais. No Brasil, foi publicado em vários livros, que são
ordenados conforme apresentação: Rito de Confirmação, Rito das ordenações, Rito da
Consagração das virgens, Benção dos óleos e o Ritual da dedicação da Igreja e altar;

Ritual Romano

Compreende os seguintes ritos e celebrações: Rito para batismo das crianças, Rito da
iniciação cristã dos adultos, Rito da penitência, a Sagrada Comunhão e o culto do mistério
eucarístico fora da Missa, Rito do Matrimônio, Rito da unção dos enfermos, Rito da profissão
religiosa, Rito de exéquias

Um Missal Romano

75 | P á g i n a
 Alfaias
Alfaias são pequenos panos usados para a liturgia. São eles:

Corporal

Corporal

É o pano sagrado sobre o qual o sacerdote deposita a hóstia e o cálice na Missa.


Simboliza o Santo Sudário.

Sanguíneo

Sanguíneo

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É uma peça de linho que o padre usa depois da comunhão para purificar o cálice, a
patena, os lábios e os dedos. Representa os panos sepulcrais de Nosso Senhor.

Pala

Cálice e Pala

É um cartão quadrado, revestido de pano, que o padre usa para cobrir o cálice na Missa.
Simboliza a pedra sobre a qual Nosso Senhor repousou a cabeça no sepulcro.

Manustérgio

O manustérgio, na prática, não é uma alfaia, mas um pano litúrgico. É uma pequena
toalha que o padre utiliza para enxugar a mão após o lavabo.

Conopeu

É o véu que se coloca na frente do sacrário para indicar a presença da hóstia consagrada.

Toalha de altar

Não é uma alfaia, mas um pano litúrgico. Deve ser obrigatoriamente branca e deve
cobrir todo o altar – não se poder ter altar desnudado.

77 | P á g i n a
 Vasos sagrados
Os vasos sagrados são vasos de metal usados na Liturgia. São os seguintes:

Cálice

É o mais sagrado e mais antigo dos vasos. É o usado para a consagração do vinho que se
torna o sangue de Cristo. Deve ser de metal, ou material idôneo, e possuir ao menos a parte de
dentro dourada. Seu significado reside na sabedoria escondida em Nosso Senhor. A abertura do
cálice representa a chaga aberta no Divino Coração de Nosso Senhor, da qual sai o sangue que
se bebe para a vida eterna.

Patena

A patena é um pratinho redondo em forma de disco sobre a qual o sacerdote deposita a


hóstia. Ela representa a cruz no Calvário, na qual repousou o corpo de Nosso Senhor em sua
paixão.

Âmbula / Píxide / Cibório

A âmbula é um vaso obrigatoriamente de metal não quebrável que contém as hóstias


consagradas para serem distribuídas para os fiéis

Ostensório

É um objeto próprio para se expor e fazer a adoração do Santíssimo Sacramento. Foi


introduzida por volta do século XIV – antigamente se faziam procissões com o santíssimo
encerrado em âmbulas. Todo ostensório possui uma luneta, que é na prática o objeto que segura
à hóstia dentro do ostensório.

Teca

É um pequeno estojo usado para se depositar as hóstias que serão levadas aos doentes.

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Vasos Sagrados

79 | P á g i n a
 Outros objetos litúrgicos
Há vários objetos, mas por questão prática iremos falar apenas dos principais.

Credência

Mesinha ao lado do altar, utilizada para colocar os objetos litúrgicos.

Galhetas

São pequenos recipientes onde se coloca água e vinho, destinados ao Santo Sacrifício da
Missa.

Incenso

É uma resina que quando queimada solta um aroma agradável destilada em lágrimas por
uma árvore das terebintáceas. Seu uso na Missa constitui um ato de adoração a Deus,
diretamente (no Santíssimo Sacramento) e indiretamente (no altar, na cruz, no evangeliário,
etc.). Um ato de veneração às imagens e relíquias dos santos. De reverência às pessoas que são
incensadas. De purificação e santificação e simboliza, sobretudo, a oração que sobe à presença
de Deus, conforme o salmo: “Suba até vós, Senhor, minha oração, como incenso à vossa
presença”.

Turíbulo

É um pequeno fogareiro suspenso por correntes, no qual se queima incenso. É


constituído de diversas partes, e é importante que o acólito as conheça.

Naveta

É um pequeno vaso alongado, em forma de nave, na qual se guarda o incenso

Lavabo

É um conjunto de bacia e jarro usado para lavar as mãos do sacerdote durante cerimônia
homônima no ofertório.

80 | P á g i n a
Carrilhão / Sineta

O carrilhão é um conjunto de sinos ligados entre si usados durante a santa missa para
chamar a atenção dos fiéis e anunciar os momentos mais importantes da missa, como a
consagração. Sineta normalmente é um sino pequeno usado na mesma função.

Sacrário

È uma espécie de armário, colocado no altar, no qual se conservam as âmbulas com o


Santíssimo Corpo de Nosso Deus Sacramentado. Coberto, normalmente, com o conopéu.

Caldeirinha

É um vaso portátil em que se põe água benta para as aspersões do povo

Hissopo / aspersório

É o instrumento com o qual se fazem as aspersões

Castiçal

Suportes para as velas.

Bursa

Bolsa quadrangular onde se coloca a Teca para se levar aos doentes.

Círio Pascal

É uma grande vela de cera, símbolo de Cristo Ressuscitado, onde se pode ler ALFA e
ÔMEGA (Cristo: começo e fim) e o ano em curso. Tem grãos de incenso que representam as
cinco chagas de Cristo. Usado na Vigília Pascal, durante o Tempo Pascal, e durante o ano nos
batizados. Simboliza o Cristo, luz do mundo.

Cruz de altar

Uma cruz que fica sobre o altar ou próximo a ele, trazendo sempre à memória o
sacrifício, normalmente voltada para o celebrante.

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Cruz Processional

Cruz com um cabo maior utilizada nas procissões.

Estante do Missal ou Atril

Serve para acomodar o Missal; é colocado sobre o Altar para que o sacerdote
acompanhe os ritos das celebrações litúrgicas.

Genuflexório

Móvel que permite se ajoelhar em cima.

Lamparina do Santíssimo

É a lâmpada do Santíssimo que fica ligada constantemente mostrando a presença do


Santíssimo Sacramento

Relicário

Onde são guardadas as relíquias dos santos.

Pálio

Cobertura com franja, apoiada em quatro varas, que cobre o ministro que leva o
ostensório com a hóstia consagrada. Existe também a Umbella, que é como um pálio, mas em
forma de guarda-chuva, para ser usado em interiores.
Também possui esse nome uma insígnia episcopal feita de lã, usada ao redor do pescoço
por arcebispos dentro de celebrações litúrgicos de sua arquidiocese.

Tocha / Lanterna

Suporte para vela/fogo usado em procissão

Patena de Comunhão

Patena utilizada pelos acólitos durante a comunhão para evitar que caia algum
fragmento da Eucaristia no chão.

82 | P á g i n a
 Objetos Pontificais

Báculo

É uma espécie de cajado com um arco no topo,utilizado pelos bispos, como sinal de
pastoreio. O báculo do papa é em forma de cruz e é chamado de Férula.

Mitra

É uma espécie de chapéu, consistindo de duas peças rígidas, de formato


aproximadamente pentagonal, terminadas em ponta. É usado por bispos. Simboliza um capacete
de defesa que deve tornar o prelado terrível aos adversários da verdade. Dela normalmente saem
duas tiras, chamadas ínfulas.

Anel episcopal

Anel símbolo da dignidade episcopal. Utilizada na mão direita.

Cruz peitoral

Crucifixo dos bispos.

D. Athanasius Schneider, portando as insígnias episcopais: Mitra, Báculo, Cruz peitoral, Quiroteca e Anel episcopal.

83 | P á g i n a
18- O Turíbulo, a naveta e o incenso
O turíbulo! Ah… O preferido de todo coroinha. O que tem o turíbulo que tanto nos
encanta? Nesse artigo estudaremos sobre o turíbulo, a naveta o incenso: sua história,
características e significado. Num artigo posterior veremos exclusivamente o trabalho do
turiferário.

O turíbulo é um pequeno fogareiro suspenso por correntes, no qual se queima incenso.


Ele é constituído de várias partes, e é importante que o servidor do altar as conheça. São elas:

Esquema representando as cinco partes do turíbulo, e o suporte

1. Argolas – Os dois “anéis” que sustentam as correntes


2. Capsula – A parte de manuseio do turíbulo, sobre as quais ficam as argolas
3. Cadeados ou correntes – As cadeias que unem a capsula ao corpo do turíbulo
4. Opérculo – A parte de cima do corpo do turíbulo, que permite “abri-lo e fechá-lo” por ter
uma corrente própria para si
5. Base – Onde fica, de fato, as brasas e o incenso, é o fogareiro propriamente dito.

O incenso, por sua vez, é uma resina que quando queimada solta uma fumaça de odor
agradável que possui uma densidade peculiar . Essa resina é tirada da seiva das plantas da
família das terebintáceas.

A naveta é objeto que porta o incenso. Normalmente em forma de barca, de onde vem
seu nome. Sempre é acompanhada por uma colherinha, com a qual se deita o incenso no
turíbulo.

84 | P á g i n a
Um pouco de história…
O uso do incenso é antiquíssimo, anterior à própria vinda de Cristo. As primeiras
menções ao seu uso provavelmente vem dos egípcios, no III milênio a.C.. Seu uso sempre foi
relacionado à aromatização e purificação do ambiente e a uma oferta “de odor agradável” à
divindade. Os hebreus, por exemplo, utilizavam amplamente o incenso no Templo de
Jerusalém, onde havia o “altar do Incenso”, no qual era queimado continuamente o incenso em
tributo a Deus. (Cf. Ex 30; Lv 16,12)

Talvez por ser amplamente utilizado entre os pagãos, a Igreja nos seus primeiros anos
evitava o seu uso dentro da Liturgia, para fazer uma distinção clara entre a liturgia pagã e a
liturgia cristã, em particular porque o incenso oferecido aos deuses pagãos era uma grande
traição à fé, e vários santos foram torturados e martirizados por se recusarem a fazê-lo. (Como
S. Cassiano, S. Policarpo, S. Dinis, S. Cristina, S. Jorge e muitos outros). Vemos, no entanto, o
incenso sendo usado como sinal de honra e oração por um defunto, como podemos ver no
Testamento de Santo Efrén, no ano 373.

Uma vez que foi destruído o paganismo, a partir do século IV o incenso começou a
ganhar um espaço maior na Liturgia, sobretudo nas dedicações do altar. A primeira igreja a
receber o incenso foi a igreja do Santo Sepulcro, e então o uso foi se espalhando. A primeira
aparição formal do incenso em Roma é do século VII, como gesto de honra ao papa e ao
Evangeliário. Dentro da Missa, o incenso começou a ser utilizado por volta do século IX, no
início da Missa, de modo similar como é hoje: Altar, clero, oblatas. Isto se fazia se passando o
incensário (Uma espécie de vaso onde se queimava o incenso) à frente dos objetos e das
pessoas. Isso foi se desenvolvendo até chegar ao modo como temos hoje. A naveta também foi
ganhando sua forma de “navio” a partir desta época.

85 | P á g i n a
O incenso começou a ter maior espaço na liturgia após o triunfo da Igreja sobre o paganismo. Começou-se a usar, por

exemplo, para a consagração dos altares, queimando o incenso sobre ele. A forma tradicional (Anterior à reforma litúrgica de

Paulo VI) da consagração de altares ainda prevê este rito, queimando o incenso sobre as cinco cruzes cravadas no altar-mor em

sua dedicação. Rito antiquíssimo e riquíssimo alterado e desprezado em 1969.

Significado do Incenso

Vemos o incenso nas Sagradas Escrituras aparecerem várias vezes. Além dos já
conhecidos significados de aromatização e de purificação contra os demônios, sendo o
incenso um sacramental, destacam-se três, que demonstram os outros três
significados: Adoração, Honra e Oração.

Adoração

Na oferta do incenso pelos Magos ao Menino Jesus (Mt 2,11) vemos o significado de
culto. Com aquele incenso, os magos ao mesmo tempo honravam e adoravam o Menino
Jesus, utilizando-se do incenso como instrumento de culto lautrêutico, isto é, de adoração.

Honra

Sempre se diz que os três presentes dos Magos a Nosso Senhor exaltam suas três
características: O ouro, como Rei. O incenso, como Sacerdote, e a mirra, como profeta, o Cristo.
Aqui vemos, portanto, o uso do incenso como uma honra a alguém sagrado. Por isso a Igreja
utiliza o incenso para honrar os sacerdotes, as relíquias, as imagens e mesmo o povo.

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Oração e Sacrifício

Aqui está o significado mais belo do incenso. Vemos no salmo 141 e na aparição dos 24
anciãos no Apocalipse. Vamos ver estes dois textos.

Salmo 141:

Suba até vós, Senhor, a minha oração como o incenso à vossa presença. Elevem-se
minhas mãos como sacrifício vespertino.

A outra é do livro de Apocalipse:

E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado
muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está
diante do trono.
E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de
Deus.

Nessas duas passagens vemos a associação do Incenso com a oração dos santos. Por que
esta relação? A fumaça que sai do incenso é perfumada, isto é, pura e agradável a Deus. Mas o
simbolismo por trás do uso do incenso se revela sobretudo em como a fumaça sobe aos Céus. É
de uma maneira lenta, graciosa, fazendo várias curvas enquanto sobe. Não é uma
subida arrogante como a fumaça produzia por outros materiais, mas de uma maneira humilde.
Aqui está o significado do incenso como a oração dos santos: Nossa oração deve subir a Deus
como o incenso, de maneira humilde, mas confiante.

87 | P á g i n a
A fumaça do incenso representa a oração dos santos, e como a nossa oração deve ser. Humilde, calma, nunca arrogante

e prepotente, como muitos hoje tem rezado a Deus, como que cobrando ou dando ordens a Ele.

Significado da Naveta
A naveta começou a ganhar uma forma de navio durante a Idade Média. Isto ao mesmo
tempo significada duas coisas: A primeira é a lembrança da Igreja como a “Barca de Pedro”. A
segunda é que nossa vida espiritual deve ser sempre um “caminho”, daqui às Mansões Eternas.
O navio simboliza esta mobilidade.

A naveta é a imagem da Igreja, que porta o incenso, isto é, o culto devido a Deus.

88 | P á g i n a
Significado do Turíbulo
O turíbulo, por sua vez, representa o coração do homem ardendo no fervor a Deus.
Vemos isso já com Durandus, um teólogo dominicano da Idade Média (sec. XIII).
Ele transcreve em um escrito seu uma oração usada em sua diocese para quando o sacerdote
colocava incenso no turíbulo antes do Evangelho:

Que Deus acenda nossos corações junto à fragrância de inspiração celestial para ouvir
e cumprir os preceitos do seu Evangelho

O significado do turíbulo como o coração do homem ardendo em amor a Deus pode ser
explicado da seguinte maneira: Quando o homem está em comunhão com Deus e grande fervor,
seu coração é como um turíbulo aceso, com brasas. Deitando-se incenso, isto é, a oração, o
coração do homem exala um odor agradável a Deus, isto é, a santidade. E esta santidade se
espalha onde ele está, assim como a fumaça do incenso.

Para manter o turíbulo aceso, é necessário que ele seja constantemente movimentado ou
soprado pelo coroinha. Sem o movimento ou sopro, o turíbulo apaga devagar. O movimento
aqui representa a meditação, o estudo, o trabalho, o apostolado, o cumprimento das virtudes
católicas. Sem elas, devagar o coração que antes estava em estado de fervor no amor a Deus vai
se apagando.

Também é importante às vezes limpar um pouco as cinzas que ficam sobre o carvão.
Essas cinzas representam o pecado e os nossos defeitos. Assim como é necessário limpar o
carvão de suas cinzas para que produza mais fumaça, assim também é necessário limpar nosso
coração de pecados e imperfeições, para que nossas orações sejam puras. Isto se dá sobretudo
através do Exame de Consciência e da Confissão.

Por fim, dá um grande trabalho se acender um turíbulo apagado. Da mesma maneira, é


necessário um grande trabalho para acender um coração na chama do amor de Deus. E depois
de acender é necessário cuidar desta brasa, para que não se apague.

Vejam como a Liturgia é perfeita!

89 | P á g i n a
19- Patena de Comunhão
A Eucaristia, o mais excelso bem do mundo, é o próprio Corpo de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Em cada partícula da branca hóstia está presente Ele todo e inteiro, Corpo, Sangue, Alma
e Divindade. Pensem bem, se cada pequeno fragmento, por menor que seja está Deus, é muito
importante que estejamos atentos.

No momento da comunhão o acólito deve acompanhar o celebrante (bem como os


demais ministros que irão distribuir a comunhão), e observar com completa atenção se alguém
não tentará roubar Nosso Senhor em suas mãos ou o levará para longe (lembrando que a
comunhão na mão favorece sacrilégios). Mas essa atenção, ainda que seja vigorosa, perde
alguns muito pequenos pedaços das partículas consagradas.

É para isso que contamos com a patena de comunhão, para evitar que Nosso Senhor
seja jogado ao chão e pisoteado como acontece tantas vezes.

Como fazer

Consiste em usar uma patena (disco de metal onde durante a Missa o padre apoia a
Sagrada hóstia), que poderá ser tanto a mesma patena que está sendo usada na Missa, como
também uma segunda. De todo modo o acólito deverá segurar nela com um Sanguíneo dobrado
e acompanhar o padre no momento da comunhão aproximando-se dos fiéis. Esse é um momento
perigoso e causa distrações, pois o acólito é posto frente a frente com o povo, contudo, deve-se
evitar olhar nos olhos das pessoas, observando unicamente a Sagrada Eucaristia ser dada a cada
um, e se necessário intervir em algo.

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Comunhão na mão
A comunhão na mão é muitas vezes um sinal externo de ignorância ou de ingratidão a
Deus, trataremos disso em um outro artigo. O que nos cabe para o momento é o serviço do
acólito com a patena no momento que alguém deseja tomar a comunhão nas mãos. A verdade é
que a única coisa que podemos fazer é por a patena abaixo das mãos do comungante e esperar
que ele comungue, se ele se afastar e não tiver posto a Eucaristia na boca, você deve chama-lo
com muita caridade e da maneira mais apostólica que conseguir, e dizer: “o senhor(a) deve
comungar na frente do Sacerdote”.

A eficácia da patena de comunhão reduz muito nesses casos, visto que nas mãos do
individuo a matéria do pão se desfaz e se espalha. E ainda temos que lembrar que logo depois de
comungar assim, as pessoas despreocupadas coçam a cabeça ou passam a mão na roupa, uma
terrível profanação a Deus que ali fica esquecido e abandonado em minúsculos “farelos” de pão.
Antes de terminar esse artigo, reze uma Ave Maria em reparação a Deus por essas faltas.

Comunhão de Joelhos e na boca

A maneira de comungar que mais agrada a Deus é esta, de joelhos para lhe prestar
adoração e recebendo Seu corpo na boca, para que se evite ao máximo as profanações.

O acólito deverá simplesmente por a patena abaixo do queixo da pessoa (sem encostar),
de tal modo que se alguma partícula se desprender, cairá sobre a patena que depois será
purificada pelo sacerdote.

Terminada a comunhão

O Acólito devolve a patena ao celebrante no retorno ao altar ou dependendo das


circunstâncias, põe ele próprio ela sobre o altar, dentro do corporal.

Uma simples atitude que salva Nosso Senhor de muitas ofensas.

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20- O Cerimoniário
Muita confusão se faz com o título cerimoniário entre os servidores do altar. Muitos
veem este nome como um simples cargo de honra. Em alguns grupos, um cerimoniário é
simplesmente um coroinha mais velho ou mais experiente. Em outros, nem experiente precisa
ser… Esta confusão vem principalmente pela falta de conhecimento acerca das instruções
litúrgicas sobre o tema ou da vaidade de alguns acólitos. Este artigo busca esclarecer quem
verdadeiramente é o cerimoniário e qual o seu papel.

Equipe de cerimoniários pontifícios, ao centro Mons. Guido Marini, mestre das celebrações pontifícias

O que é o cerimoniário

O cerimoniário é um ofício da Liturgia que exerce o papel de preparo e coordenação da


Liturgia, garantindo seu decoro e ordem. É ele quem acerta tudo com os sacerdotes, ministros,
acólitos, músicos, leitores, prepara as cerimônias, assiste ao celebrante nas funções e organiza
todo o Rito.

Segundo o Cerimonial dos Bispos, em seu número 34:

O cerimoniário deve ser perfeito conhecedor da sagrada liturgia, sua história e


natureza, suas leis e preceitos. Mas deve ao mesmo tempo ser versado em matéria pastoral,
para saber como devem ser organizadas as celebraç ões, quer no sentido de fomentar a
participação frutuosa do povo, quer no de promover o decoro das mesmas.

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Procure que se observem as leis das celebrações sagradas, de acordo com o seu
verdadeiro espírito, bem como as legítimas tradições da Igreja particular que forem de
utilidade pastoral.

Deve, em tempo oportuno, combinar com os cantores, assistentes, ministros celebrantes


tudo o que cada um tem a fazer e a dizer. Porém, dentro da própria celebraç ão, deve agir com
suma discrição, não fale sem necessidade; não ocupe o lugar dos diáconos ou dos assistentes,
pondo-se ao lado do celebrante; tudo, numa palavra, execute com piedade, paciência e
diligência.

O cerimoniário não é simplesmente “um acólito mais velho” ou


“mais experiente”

Apesar de em raras exceções poder desempenhar algum ofício de acólito, como incensar
o celebrante na falta de diácono, o cerimoniário não exerce o papel de acólito na Missa. Um
cerimoniário, portanto, não faz o ofício de turiferário, naveteiro, librífero, sino, ceroferário, etc.
Seu trabalho na Missa é absolutamente diverso, como veremos a seguir.

É claro que a pessoa que serve como cerimoniário pode, em outras Missas, servir como
simples acólito. No entanto, numa celebração ou se serve como cerimoniário, ou se serve como
acólito.

O cerimoniário deve ser homem.

No comunicado da Congregação para o Culto Divino de 15/03/1994, libera-se o serviço


de meninas e mulheres ao altar. No entanto, nada se fala a respeito do serviço como
cerimoniário, nem neste comunicado nem em um posterior. De fato, a função do cerimoniário é
profundamente clerical, sendo exercida normalmente por ministros ordenados como acólitos
instituídos, diáconos e sacerdotes, e não convém que seja adotada por uma mulher. A Lei
Litúrgica nesse sentido é ambígua, mas convém recorrer à Tradição e ao bom senso para
reservar esta função para homens. Nas exceções, cabe ao bispo dar a palavra final sobre o tema.

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A maioria das paróquias não precisa de um cerimoniário

Excetuando paróquias muito grandes e catedrais, com alta complexidade em sua vida
litúrgica, o cerimoniário não é necessário na maioria das paróquias, pois a simplicidade da
Forma Ordinária do Rito Romano nestas igrejas dispensa este ofício. Em muitos lugares há o
cerimoniário “café com leite”, que fica simplesmente em pé ao lado do celebrante sem nada
fazer, nem antes nem durante a Santa Missa. Infelizmente deve ser dito, isto normalmente é pura
vaidade.

Poucos tem o conhecimento necessário para serem cerimoniários

O Cerimonial dos Bispos usa uma palavra muito forte para descrever o conhecimento
necessário para um cerimoniário: “Perfeito conhecedor da Liturgia, sua história e natureza, suas
leis e preceitos”. Isto, claramente, não é algo fácil de se possuir. Muitos querem ser
cerimoniários, pois o título e a batina preta são realmente encantadores, mas esta postura
normalmente é pura vaidade, e devemos ter muito cuidado com este desejo.

O que faz o cerimoniário?


Enquanto o servidor do altar executa, o cerimoniário planeja e zela para que saia tudo
como deve ser, e a liturgia seja realmente o mais bem feita possível, para a maior Glória de
Deus e a salvação das almas. Antes da celebração, ele acerta os detalhes com todos os membros
que atuam na liturgia: Acólitos, Ministros, Cantores ou Coristas, Comentarista, Leitores,
Diáconos, Sacerdote(s), Bispo(s) e mantém, durante a celebração, um estado de permanente
vigilância para que tudo saia como o planejado e o correto. Poderíamos resumir o trabalho do
cerimoniário a três P’s: Preparar, Prever e Precaver.

No vídeo abaixo vemos bem isto acontecendo. Diante de uma situação inesperada,
Mons. Guido Marini age de uma maneira pronta, quase sobre-humana, mas ainda assim discreta
e calma. Aqui, tudo já foi preparado para a Santa Missa. Mons. Guido Marini não conseguiu
pegar a Férula de Bento XVI simplesmente porque tem rápidas reações, mas porque estava em
estado de alerta, prevendo cada próxima ação e estando precavido para não permitir erros
possíveis.

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Podemos comparar o cerimoniário a um maestro de uma orquestra. Não é ele quem
executa a peça, mas é por meio de seu cuidado que a obra sai de uma maneira perfeita. Sem o
auxílio de um maestro, uma orquestra pode facilmente se perder. Do mesmo modo, sem a
presença de um cerimoniário, uma liturgia complexa pode ter muitas falhas.

Tal como um maestro para uma orquestra, assim é o cerimoniário para uma liturgia complexa. Ele é o responsável por

garantir que a celebração corra o mais perfeito possível

O que veste o cerimoniário?

Segundo consta no Cerimonial dos Bispos:

O mestre de cerimônias apresenta-se revestido de alva ou veste talar e sobrepeliz. No


caso de estar investido na ordem de diácono, pode, dentro da celebração, vestir a dalmática e
as restantes vestes próprias da sua ordem.

O costume é batina preta e sobrepeliz. Em muitos lugares, porém, imitando as


celebrações pontifícias, os cerimoniários tem começado a usar a batina violácea. Isto não é
correto, exceto para cerimoniários pontifícios e monsenhores que exerçam o ofício de
cerimoniários – já que a cor da batina muda de acordo com o grau do ministro que a veste, e
monsenhores usam batina violácea.

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Com grandes poderes…

A frase “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” se aplica bem à função
de cerimoniário. Por ser um ofício que “comanda” a Liturgia e possui, por sua própria natureza,
a necessidade de grande conhecimento, é muito fácil cair no orgulho e na vaidade. E vemos,
com preocupação, a vaidade de cerimoniários aumentar e causar grandes danos. O cerimoniário
seja, antes de tudo, um fidelíssimo servidor da Liturgia. Mas além de sua ortodoxia litúrgica,
seja humilde e dócil para com todos os que, de algum modo, colaboram com a Liturgia. De
outro modo, não se é verdadeiramente um servo da Sagrada Liturgia, mas sim um escravo de si
mesmo.

Dicas:

 Se na sua paróquia não existe o costume de usar patena de comunhão, implante;


 Fale com seu pároco e lhe peça permissão para usar patena de comunhão. Mostre pra ele
como é algo simples;
 Se você é coordenador do seu grupo, regule o modo de comunhão dos membros
(SEMPRE na boca e de preferência de joelhos);

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