UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANEAMENTO

BÁSICO

Resenha Crítica de Caso

Celio Ribeiro da Silva

Trabalho da disciplina Química aplicada ao meio ambiente

Tutor: Prof. Gisele Teixeira Saleiro

Goiânia
2019

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FIJI WATER: CARBONO NEGATIVO?

Referências: FRANCESCA GINO, MICHAEL W. TOFFEL, STEPHANIE VAN SICE

A partir do início dos anos 90 uma onda de conscientização ambiental vem alcançando novos
patamares junto a população, com isso empresas começara a incluir em seus produtos a
“pegada” ambiental, produção mais sustentável, uso de matérias primas recicláveis e o
marketing ecológico, no intuito de conquistar aqueles consumidores mais conscientes. A FIJI
Water Company LLC, uma companhia que vendia agua engarrafada foi uma dessa empresas
que em 2010 anunciava em suas campanhas publicitárias que sua água era 120 por cento
carbono negativo, informando aos seus consumidores que ao adquirirem seus produtos
estariam contribuindo com o meio ambiente. Acontece que em dezembro de 2010 a FIJI
Water, foi indiciada em um processo nos Estados Unidos por “declaração fraudulenta e
enganosa”. A empresa extraia água de um aquífera na ilha de Fiji, a 400 pés de
profundidade, engarrafava cerca de 50.000 garrafas por hora 24 horas por dia e distribuía
para 40 países em todo o mundo, utilizando-se de um arrojado programa de marketing a FIJI
Water conseguiu colocar seu produto nos melhores restaurantes do mundo, nos filmes de
hollywood, atingindo o status de celebridade, segundo informa Martin Roll, um dos
consultores da marca.
A indústria de água engarrafada teve início nos Estados Unidos a cerca de 200 anos,
na mesma época em que outras empresas surgiram pelo mundo, principalmente na Europa
e, a origem da água engarrafada eram as mais diversificadas, desde geleiras até ilhas
desertas isoladas no meio do oceano como no caso em questão. O mercado consumidor de
água engarrafada era o mais promissor na indústria de alimentos e bebidas. Várias eram as
razões de as pessoas comprarem água em garrafas, desde conveniência por ser fácil de
carregar e não necessitar nenhum tipo de tratamento ou filtragem, sabor, e até status social,
um mercado de $100 bilhões de dólares, em 2014, e o volume consumido nos Estados
Unidos só perdeu para os refrigerantes gaseificados.
Os impactos ambientais da água engarrafada.
Questionada por diversos grupos e entidades ambientais como sendo um produto
desnecessário e muito prejudicial ao meio ambiente, devido aos processos envolvidos na
extração, engarrafamento e distribuição, segundo Kath Dalmeny da (ONG) organização não

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governamental Food Commission, é “ridículo trazer água do outro lado do mundo quando
essencialmente o mesmo produto estava disponível na torneira.” Outro ponto elencado pelos
ambientalistas era com relação à produção e eliminação das garrafas plástica, bem como
com o uso de água envolvido no processo de produção assim como as emissões de gases
de efeito estufa do processo de distribuição.
Em 2005, 96 por cento das embalagens de água comercializadas nos Estados Unidos
eram feitas de plástico (PET), um derivado do petróleo, chegando em 2007 à incríveis 30
bilhões de garrafas plásticas, isso somente nos Estados Unidos que representam 20 por
cento do mercado global, e deste montante apenas 10 por cento são reciclados, o restante
vai para aterros ou simplesmente são descartados no meio ambiente, onde irão demorar
cerca de mil anos para biodegradação.
Iniciativas ambientais da FIJI Water
Detentora de certificação ISSO 14001, certificação de internacional de gestão
ambiental, a FIJI Water assumiu a partir de então diversos compromissos como a redução
em 33 por cento na geração de resíduos de produção, a contratação de hidrólogos,
especialistas para gestão do uso da água e ajudar a tomar medidas para proteção do
aquífero, fonte de seu produto, e ainda reduzir em 20 por cento o teor de plásticos em suas
embalagens, iniciativas essas que já eram comum entre seus principais concorrentes como
Coca Cola e a Nestlé.
A empresa criou em 2007 uma fundação com objetivo de realizar investimentos na
proteção de bacias hidrográficas, principalmente de onde extraia a maior parte da água que
comercializava, na plantação de árvores e recuperação de florestas, implantação de uma
série de poços para garantir acesso da população da ilha de Fiji à água de qualidade e
patrocinar um programa nacional visando aumentar para mais de 40 por cento a taxa de
reciclagem, muito acima da maioria dos países desenvolvidos.
E quanto à campanha do carbono negativo?
Com um plano arrojado para se tornar “carbono negativo”, em 2008 a Fiji Water
comunicou publicamente que compensaria 120% da sua pegada de carbono, para chegar
nessa meta a empresa foi a primeira empresa de água engarrafa e a primeira da iniciativa
privada no mundo a divulgar publicamente sua pegada de carbono, para tanto uniu forças
com a empresa de consultoria global ICF international para relatar e publicar seus progressos
na redução de emissões. Com a utilização de fontes renováveis de energia (eólica) e

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utilização e meios de transportes mais eficientes com o intuito de reduzir em 50% o uso de
combustíveis fósseis. A Fiji Water também anunciou que passaria a adquirir créditos de
carbono em um esquema de geração futura, como forma de assumir responsabilidade
imediata pelas emissões, embora fosse a pretensão da empresa negativar suas emissões.
Se não bastasse a ação judicial, a Fiji Water entrou em conflito com o governo da ilha
de Fiji, no final de 2010, devido ao anuncio do mesmo em aumentar em 5.000% a tributação
sobre o litro de água extraído, passando de F$ 0,003 para F$ 0,15 por litro, enquanto no
mesmo ano a ação nos Estados Unidos conclui pela culpa da empresa por propaganda
enganosa, uma vez que a mesma induzia o consumidor a acreditar que retirava mais
carbono da atmosfera do que o que seu processo produtivo lançava, quando na verdade
essa conta levava em consideração somente os créditos de compensação futura adquirido
pela empresa que, poderia ou não vir a se concretizar. Tudo isso aliado a repercussão na
mídia internacional coloca a empresa em um dilema tendo que considerar se defendia-se ou
se mudaria sua abordagem.