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SENADO FEDERAL

SENADOR
HUMBERTO COSTA

VADE
MECUM
2ª EDIÇÃO

2019

BRASÍLIA – DF
APRESENTAÇÃO

O Congresso Nacional é a representação do Poder Legislativo. É ele o res-


ponsável pela produção das leis que regulam as relações sociais no nosso país,
gerando direitos e deveres para todos os cidadãos.
O processo de tramitação para que um projeto vire lei é lento. Estudos mos-
tram que aquelas matérias viáveis demoram, em média, seis anos para passar pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal até ser incorporada à legislação
brasileira.
No primeiro mandato como senador, tive a oportunidade de ver virar reali-
dade quatro projetos de minha autoria de ampla repercussão social, como o que
tornou crime a oferta de álcool, a qualquer título, a crianças e adolescentes e o
que tipificou a importunação sexual, uma prática que vitima diariamente, em sua
imensa maioria, as mulheres brasileiras.
Nada mais importante, então, do que se manter atualizado sobre toda essa
produção legislativa. Muitas vezes, leis saídas do Congresso mudam completa-
mente uma realidade social estabelecida há décadas, como foi a Reforma Traba-
lhista aprovada em 2017, que alterou mais de 100 dispositivos da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) e precarizou consideravelmente as relações laborais.
Esta obra tem o sentido de reunir as principais leis do país em um só livro,
um vade mecum que vai ser muito útil para consultas constantes e, também, para
o estudo daqueles que têm o Direito como um desafio a lidar todos os dias.
Espero que essa reunião de alguns dos mais importantes textos do nosso
ordenamento jurídico em um único exemplar seja capaz de favorecer a atualização
daqueles que querem se manter em dia com a legislação e possa, também, ajudar
aos que estudam e operam o Direito a ampliar as possibilidades no mercado de
trabalho e a crescer na carreira a que aspiram.

Boa leitura!
Sumário de Leis
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ............................................ 7
CÓDIGO CIVIL ............................................................................................................... 139
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ....................................................................................... 283
CÓDIGO PENAL ............................................................................................................. 433
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ..................................................................................... 487
ESTATUTO DO IDOSO ................................................................................................... 569
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................................. 587
LEI MARIA DA PENHA .................................................................................................... 637
LEI DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO .................................................................. 649
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT) ......................................................... 677
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIENCIA ................................................................... 813
CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL

Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas


pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais
nos 1/92 a 99/2017 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008.
Sumário
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL .................................................... 13
PREÂMBULO.......................................................................................................... 13
Título I – Dos Princípios Fundamentais ........................................................................... 13
Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais .......................................................... 13
Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos .......................................... 13
Capítulo II – Dos Direitos Sociais ................................................................................ 16
Capítulo III – Da Nacionalidade .................................................................................. 18
Capítulo IV – Dos Direitos Políticos ............................................................................ 19
Capítulo V – Dos Partidos Políticos ............................................................................. 20
Título III – Da Organização do Estado ............................................................................ 20
Capítulo I – Da Organização Político-Administrativa ................................................... 20
Capítulo II – Da União ................................................................................................ 21
Capítulo III – Dos Estados Federados .......................................................................... 23
Capítulo IV – Dos Municípios...................................................................................... 24
Capítulo V – Do Distrito Federal e dos Territórios........................................................ 27
Seção I – Do Distrito Federal ................................................................................... 27
Seção II – Dos Territórios ........................................................................................ 27
Capítulo VI – Da Intervenção ...................................................................................... 27
Capítulo VII – Da Administração Pública..................................................................... 28
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................... 28
Seção II – Dos Servidores Públicos (EC no 18/98) ..................................................... 30
Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (EC no 18/98) ...... 33
Seção IV – Das Regiões ............................................................................................ 33
Título IV – Da Organização dos Poderes ......................................................................... 33
Capítulo I – Do Poder Legislativo ................................................................................ 33
Seção I – Do Congresso Nacional ............................................................................ 33
Seção II – Das Atribuições do Congresso Nacional ................................................... 34
Seção III – Da Câmara dos Deputados ..................................................................... 35
Seção IV – Do Senado Federal ................................................................................. 35
Seção V – Dos Deputados e dos Senadores .............................................................. 36
Seção VI – Das Reuniões.......................................................................................... 37
Seção VII – Das Comissões ...................................................................................... 37
Seção VIII – Do Processo Legislativo ........................................................................ 38
Subseção I – Disposição Geral ................................................................................. 38
Subseção II – Da Emenda à Constituição ................................................................. 38
Subseção III – Das Leis ............................................................................................ 38
Seção IX – Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária ..............................40
Capítulo II – Do Poder Executivo ................................................................................. 42
Seção I – Do Presidente e do Vice-Presidente da República....................................... 42
Seção II – Das Atribuições do Presidente da República ............................................. 43
Seção III – Da Responsabilidade do Presidente da República ....................................44
Seção IV – Dos Ministros de Estado .........................................................................44
Seção V – Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional ..................44
Subseção I – Do Conselho da República ..................................................................44
Subseção II – Do Conselho de Defesa Nacional ........................................................ 45
Capítulo III – Do Poder Judiciário ................................................................................ 45
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................... 45
Seção II – Do Supremo Tribunal Federal................................................................... 49
Seção III – Do Superior Tribunal de Justiça ............................................................... 52
Seção IV – Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais............................. 53
Seção V – Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais
do Trabalho e dos Juízes do Trabalho (EC no 92/2016) ............................................. 55
Seção VI – Dos Tribunais e Juízes Eleitorais .............................................................. 56
Seção VII – Dos Tribunais e Juízes Militares .............................................................. 56
Seção VIII – Dos Tribunais e Juízes dos Estados ........................................................ 57
Capítulo IV – Das Funções Essenciais à Justiça ............................................................ 57
Seção I – Do Ministério Público ............................................................................... 57
Seção II – Da Advocacia Pública (EC no 19/98) ........................................................ 60
Seção III – Da Advocacia (EC no 80/2014)................................................................ 60
Seção IV – Da Defensoria Pública (EC no 80/2014)................................................... 60
Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas ..................................... 60
Capítulo I – Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio ................................................ 60
Seção I – Do Estado de Defesa ................................................................................ 60
Seção II – Do Estado de Sítio ................................................................................... 61
Seção III – Disposições Gerais.................................................................................. 61
Capítulo II – Das Forças Armadas ............................................................................... 62
Capítulo III – Da Segurança Pública ............................................................................ 62
Título VI – Da Tributação e do Orçamento ..................................................................... 63
Capítulo I – Do Sistema Tributário Nacional ............................................................... 63
Seção I – Dos Princípios Gerais ................................................................................ 63
Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar........................................................64
Seção III – Dos Impostos da União .......................................................................... 65
Seção IV – Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal ...................................... 66
Seção V – Dos Impostos dos Municípios .................................................................. 68
Seção VI – Da Repartição das Receitas Tributárias ................................................... 68
Capítulo II – Das Finanças Públicas ............................................................................. 70
Seção I – Normas Gerais ......................................................................................... 70
Seção II – Dos Orçamentos ..................................................................................... 70
Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira ............................................................... 73
Capítulo I – Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica ......................................... 73
Capítulo II – Da Política Urbana ................................................................................. 75
Capítulo III – Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária ............................ 76
Capítulo IV – Do Sistema Financeiro Nacional ............................................................. 77
Título VIII – Da Ordem Social ......................................................................................... 77
Capítulo I – Disposição Geral ..................................................................................... 77
Capítulo II – Da Seguridade Social .............................................................................. 77
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................... 77
Seção II – Da Saúde ................................................................................................. 78
Seção III – Da Previdência Social.............................................................................. 79
Seção IV – Da Assistência Social .............................................................................. 80
Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto ................................................ 81
Seção I – Da Educação ............................................................................................ 81
Seção II – Da Cultura .............................................................................................. 83
Seção III – Do Desporto ..........................................................................................84
Capítulo IV – Da Ciência, Tecnologia e Inovação (EC no 85/2015) ...............................84
Capítulo V – Da Comunicação Social .......................................................................... 85
Capítulo VI – Do Meio Ambiente................................................................................. 85
Capítulo VII – Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso (EC no 65/2010) ... 86
Capítulo VIII – Dos Índios ........................................................................................... 87
Título IX – Das Disposições Constitucionais Gerais ......................................................... 88
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ................................................... 92
Atos Internacionais Equivalentes a Emenda Constitucional .................................... 119
DECRETO LEGISLATIVO No 186, DE 9 DE JULHO DE 2008................................. 119
DECRETO LEGISLATIVO No 186, DE 2008 .......................................................... 119
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ............. 120
PREÂMBULO .............................................................................................................. 120
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ............................................................................. 136
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL

PREÂMBULO V – o pluralismo político. IX – cooperação entre os povos


para o progresso da humani-
Nós, representantes do povo Parágrafo único. Todo o poder dade;
brasileiro, reunidos em Assem- emana do povo, que o exerce
X – concessão de asilo político.
bleia Nacional Constituinte por meio de representantes elei-
para instituir um Estado demo- tos ou diretamente, nos termos Parágrafo único. A República Fe-
crático, destinado a assegurar o desta Constituição. derativa do Brasil buscará a
exercício dos direitos sociais e
integração econômica, políti-
individuais, a liberdade, a segu- Ar t. 2 o São Poderes da ca, social e cultural dos povos
rança, o bem-estar, o desenvol- União, independentes e har- da América Latina, visando à
vimento, a igualdade e a justiça mônicos entre si, o Legislativo, formação de uma comunidade
como valores supremos de uma o Executivo e o Judiciário. latino-americana de nações.
sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na Art. 3o Constituem objetivos
harmonia social e comprometi- fundamentais da República Fe-
da, na ordem interna e interna- derativa do Brasil: Título II – Dos
cional, com a solução pacífica Direitos e Garantias
das controvérsias, promulga- I – construir uma sociedade li-
mos, sob a proteção de Deus, a vre, justa e solidária; Fundamentais
seguinte Constituição da Repú- II – garantir o desenvolvimento
blica Federativa do Brasil. nacional; Capítulo I – Dos Direitos
Nota do Editor (NE): as altera- III – erradicar a pobreza e a e Deveres Individuais e
ções decorrentes das Emendas marginalização e reduzir as de- Coletivos
Constitucionais de Revisão e sigualdades sociais e regionais;
das Emendas Constitucionais Art. 5 o Todos são iguais
já estão incorporadas ao texto IV – promover o bem de todos, perante a lei, sem distinção de
principal. As Emendas modi- sem preconceitos de origem, qualquer natureza, garantin-
ficadoras são indicadas entre raça, sexo, cor, idade e quais- do-se aos brasileiros e aos es-
parênteses ao final do caput dos quer outras formas de discri- trangeiros residentes no País a
artigos alterados. minação. inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segu-
Art. 4o A República Federa- rança e à propriedade, nos ter-
tiva do Brasil rege-se, nas suas mos seguintes: (EC no 45/2004)
Título I – Dos Princípios relações, internacionais pelos I – homens e mulheres são iguais
Fundamentais seguintes princípios: em direitos e obrigações, nos
I – independência nacional; termos desta Constituição;
Art. 1o A República Fede-
II – prevalência dos direitos hu- II – ninguém será obrigado a fa-
rativa do Brasil, formada pela
manos; zer ou deixar de fazer alguma
união indissolúvel dos Estados
coisa senão em virtude de lei;
e Municípios e do Distrito Fe- III – autodeterminação dos po-
deral, constitui-se em Estado vos; III – ninguém será submetido a
Democrático de Direito e tem tortura nem a tratamento de-
como fundamentos: IV – não intervenção; sumano ou degradante;
I – a soberania; V – igualdade entre os Estados; IV – é livre a manifestação do
VI – defesa da paz; pensamento, sendo vedado o
II – a cidadania;
anonimato;
III – a dignidade da pessoa hu- VII – solução pacífica dos con-
V– é assegurado o direito de res-
mana; flitos;
posta, proporcional ao agravo,
IV – os valores sociais do traba- VIII – repúdio ao terrorismo e além da indenização por dano
lho e da livre iniciativa; ao racismo; material, moral ou à imagem;

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VI – é inviolável a liberdade de XV – é livre a locomoção no ter- proprietário indenização ulte-
consciência e de crença, sendo ritório nacional em tempo de rior, se houver dano;
assegurado o livre exercício dos paz, podendo qualquer pessoa,
cultos religiosos e garantida, na XXVI – a pequena propriedade
nos termos da lei, nele entrar,
forma da lei, a proteção aos lo- rural, assim def inida em lei,
permanecer ou dele sair com
cais de culto e a suas liturgias; seus bens; desde que trabalhada pela fa-
mília, não será objeto de penho-
VII – é assegurada, nos termos XVI – todos podem reunir-se ra para pagamento de débitos
da lei, a prestação de assistên- pacificamente, sem armas, em decorrentes de sua atividade
cia religiosa nas entidades civis e locais abertos ao público, inde- produtiva, dispondo a lei so-
militares de internação coletiva; pendentemente de autorização, bre os meios de financiar o seu
VIII – ninguém será privado de desde que não frustrem outra desenvolvimento;
direitos por motivo de crença reunião anteriormente convoca-
da para o mesmo local, sendo XXVII – aos autores pertence o
religiosa ou de convicção filo-
apenas exigido prévio aviso à direito exclusivo de utilização,
sófica ou política, salvo se as
autoridade competente; publicação ou reprodução de
invocar para eximir-se de obri-
suas obras, transmissível aos
gação legal a todos imposta e XVII – é plena a liberdade de
recusar-se a cumprir prestação herdeiros pelo tempo que a lei
associação para fins lícitos, ve- fixar;
alternativa, fixada em lei; dada a de caráter paramilitar;
IX – é livre a expressão da ati- XXVIII – são assegurados, nos
XVIII – a criação de associa- termos da lei:
vidade intelectual, artística, ções e, na forma da lei, a de
científ ica e de comunicação, cooperativas independem de a) a proteção às partici-
independentemente de censura autorização, sendo vedada a pações individuais em
ou licença; interferência estatal em seu obras coletivas e à re-
X– são invioláveis a intimidade, funcionamento; produção da imagem e
a vida privada, a honra e a ima- voz humanas, inclusive
XIX – as associações só pode-
gem das pessoas, assegurado o nas atividades despor-
rão ser compulsoriamente dis-
direito a indenização pelo dano tivas;
solvidas ou ter suas atividades
material ou moral decorrente de
suspensas por decisão judicial, b) o direito de fiscalização
sua violação;
exigindo-se, no primeiro caso, do aproveitamento eco-
XI – a casa é asilo inviolável do o trânsito em julgado; nômico das obras que
indivíduo, ninguém nela poden- criarem ou de que par-
do penetrar sem consentimento XX – ninguém poderá ser com-
ticiparem aos criadores,
do morador, salvo em caso de pelido a associar-se ou a per-
manecer associado; aos intérpretes e às res-
flagrante delito ou desastre, ou pectivas representações
para prestar socorro, ou, du- XXI – as entidades associativas, sindicais e associativas;
rante o dia, por determinação quando expressamente auto-
judicial; rizadas, têm legitimidade para XXIX – a lei assegurará aos au-
representar seus filiados judicial tores de inventos industriais
XII – é inviolável o sigilo da cor- privilégio temporário para sua
respondência e das comunica- ou extrajudicialmente;
utilização, bem como prote-
ções telegráficas, de dados e das XXII – é garantido o direito de ção às criações industriais, à
comunicações telefônicas, salvo, propriedade; propriedade das marcas, aos
no último caso, por ordem ju-
XXIII – a propriedade atenderá nomes de empresas e a outros
dicial, nas hipóteses e na forma
a sua função social; signos distintivos, tendo em
que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instru- vista o interesse social e o de-
XXIV – a lei estabelecerá o pro- senvolvimento tecnológico e
ção processual penal; cedimento para desapropriação econômico do País;
XIII – é livre o exercício de por necessidade ou utilidade
qualquer trabalho, ofício ou pública, ou por interesse social, XXX – é garantido o direito de
profissão, atendidas as quali- mediante justa e prévia indeni- herança;
ficações profissionais que a lei zação em dinheiro, ressalvados XXXI – a sucessão de bens de
estabelecer; os casos previstos nesta Cons- estrangeiros situados no País
tituição; será regulada pela lei brasileira
XIV – é assegurado a todos o
acesso à informação e resguar- XXV– no caso de iminente peri- em benefício do cônjuge ou dos
dado o sigilo da fonte, quando go público, a autoridade com- filhos brasileiros, sempre que
necessário ao exercício profis- petente poderá usar de proprie- não lhes seja mais favorável a
sional; dade particular, assegurada ao lei pessoal do de cujus;

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XXXII – o Estado promoverá, XLI – a lei punirá qualquer dis- XLVIII – a pena será cumprida
na forma da lei, a defesa do criminação atentatória dos di- em estabelecimentos distintos,
consumidor; reitos e liberdades fundamen- de acordo com a natureza do
tais; delito, a idade e o sexo do ape-
XXXIII – todos têm direito a re- nado;
ceber dos órgãos públicos infor- XLII – a prática do racismo
mações de seu interesse parti- constitui crime inafiançável e XLIX – é assegurado aos presos
cular, ou de interesse coletivo imprescritível, sujeito à pena o respeito à integridade física
ou geral, que serão prestadas de reclusão, nos termos da lei; e moral;
no prazo da lei, sob pena de XLIII – a lei considerará crimes L – às presidiárias serão asse-
responsabilidade, ressalvadas inafiançáveis e insuscetíveis de guradas condições para que
aquelas cujo sigilo seja impres- graça ou anistia a prática da possam permanecer com seus
cindível à segurança da socie- tortura, o tráfico ilícito de en- f ilhos durante o período de
dade e do Estado; torpecentes e drogas afins, o amamentação;
terrorismo e os definidos como
X X XIV – são a todos assegu- LI – nenhum brasileiro será ex-
crimes hediondos, por eles res-
rados, independentemente do traditado, salvo o naturalizado,
pondendo os mandantes, os
pagamento de taxas: em caso de crime comum, prati-
executores e os que, podendo
cado antes da naturalização, ou
a) o direito de petição aos evitá-los, se omitirem;
de comprovado envolvimento
Poderes Públicos em XLIV – constitui crime inafiançá- em tráfico ilícito de entorpe-
defesa de direitos ou vel e imprescritível a ação de gru- centes e drogas afins, na forma
contra ilegalidade ou pos armados, civis ou militares, da lei;
abuso de poder; contra a ordem constitucional e
LII – não será concedida extra-
b) a obtenção de certidões o Estado Democrático;
dição de estrangeiro por crime
em repartições públicas, XLV – nenhuma pena passará da político ou de opinião;
para defesa de direitos pessoa do condenado, podendo
LIII – ninguém será processado
e esclarecimento de a obrigação de reparar o dano
nem sentenciado senão pela
situações de interesse e a decretação do perdimento
autoridade competente;
pessoal; de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e LIV – ninguém será privado da
X X XV – a lei não excluirá da contra eles executadas, até o liberdade ou de seus bens sem
apreciação do Poder Judiciário limite do valor do patrimônio o devido processo legal;
lesão ou ameaça a direito; transferido;
LV – aos litigantes, em processo
XXXVI – a lei não prejudicará o XLVI – a lei regulará a individua- judicial ou administrativo, e aos
direito adquirido, o ato jurídico lização da pena e adotará, entre acusados em geral são assegu-
perfeito e a coisa julgada; outras, as seguintes: rados o contraditório e ampla
XXXVII – não haverá juízo ou defesa, com os meios e recursos
a) privação ou restrição da
tribunal de exceção; a ela inerentes;
liberdade;
XXXVIII – é reconhecida a ins- LVI – são inadmissíveis, no pro-
b) perda de bens;
tituição do júri, com a organi- cesso, as provas obtidas por
c) multa; meios ilícitos;
zação que lhe der a lei, assegu-
rados: d) prestação social alter- LVII – ninguém será considera-
nativa; do culpado até o trânsito em
a) a plenitude de defesa; julgado de sentença penal con-
e) suspensão ou interdição
b) o sigilo das votações; denatória;
de direitos;
c) a soberania dos veredic- LVIII – o civilmente identificado
XLVII – não haverá penas:
tos; não será submetido a identifica-
a) de morte, salvo em caso ção criminal, salvo nas hipóte-
d) a competência para o de guerra declarada, ses previstas em lei;
julgamento dos crimes nos termos do art. 84,
dolosos contra a vida; LIX – será admitida ação priva-
XIX;
da nos crimes de ação pública,
XXXIX – não há crime sem lei b) de caráter perpétuo; se esta não for intentada no
anterior que o defina, nem pena prazo legal;
sem prévia cominação legal; c) de trabalhos forçados;
LX – a lei só poderá restringir
d) de banimento;
XL – a lei penal não retroagirá, a publicidade dos atos pro-
salvo para beneficiar o réu; e) cruéis; cessuais quando a defesa da

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intimidade ou o interesse social LXX – o mandado de seguran- assim como o que ficar preso
o exigirem; ça coletivo pode ser impetrado além do tempo fixado na sen-
por: tença;
LXI – ninguém será preso se-
não em flagrante delito ou por a) partido político com LXXVI – são gratuitos para os
ordem escrita e fundamentada representação no Con- reconhecidamente pobres, na
de autoridade judiciária com- gresso Nacional; forma da lei:
petente, salvo nos casos de
b) organização sindical, a) o registro civil de nasci-
transgressão militar ou crime
entidade de classe ou mento;
propriamente militar, definidos
associação legalmente
em lei; b) a certidão de óbito;
constituída e em funcio-
LXII – a prisão de qualquer pes- namento há pelo menos LXXVII – são gratuitas as ações
soa e o local onde se encontre um ano, em defesa dos de habeas corpus e habeas
serão comunicados imediata- interesses de seus mem- data, e, na forma da lei, os atos
mente ao juiz competente e à bros ou associados; necessários ao exercício da ci-
família do preso ou à pessoa dadania;
LXXI – conceder-se-á mandado
por ele indicada;
de injunção sempre que a falta LXXVIII – a todos, no âmbito
L XIII – o preso será informa- de norma regulamentadora tor- judicial e administrativo, são
do de seus direitos, entre os ne inviável o exercício dos direi- assegurados a razoável dura-
quais o de permanecer calado, tos e liberdades constitucionais ção do processo e os meios que
sendo-lhe assegurada a assis- e das prerrogativas inerentes à garantam a celeridade de sua
tência da família e de advogado; nacionalidade, à soberania e à tramitação.
cidadania;
L XIV – o preso tem direito à § 1o As normas definidoras dos
identificação dos responsáveis LXXII – conceder-se-á habeas direitos e garantias fundamen-
por sua prisão ou por seu inter- data: tais têm aplicação imediata.
rogatório policial;
a) para assegurar o conhe- § 2o Os direitos e garantias ex-
LXV – a prisão ilegal será ime- cimento de informações pressos nesta Constituição não
diatamente relaxada pela auto- relativas à pessoa do excluem outros decorrentes do
ridade judiciária; impetrante, constantes regime e dos princípios por ela
de registros ou bancos adotados, ou dos tratados in-
LXVI – ninguém será levado à
de dados de entidades ternacionais em que a República
prisão ou nela mantido, quando
governamentais ou de Federativa do Brasil seja parte.
a lei admitir a liberdade provisó-
caráter público;
ria, com ou sem fiança; § 3o Os tratados e convenções
b) para a retif icação de internacionais sobre direitos hu-
LXVII – não haverá prisão civil
dados, quando não se manos que forem aprovados,
por dívida, salvo a do responsá-
prefira fazê-lo por pro- em cada Casa do Congresso
vel pelo inadimplemento volun-
cesso sigiloso, judicial Nacional, em dois turnos, por
tário e inescusável de obrigação
ou administrativo; três quintos dos votos dos res-
alimentícia e a do depositário
pectivos membros, serão equi-
infiel; L X XIII – qualquer cidadão é
valentes às emendas constitu-
parte legítima para propor ação
LXVIII – conceder-se-á habeas cionais.1
popular que vise a anular ato
corpus sempre que alguém so-
lesivo ao patrimônio público § 4 o O Brasil se submete à ju-
frer ou se achar ameaçado de
ou de entidade de que o Esta- risdição de Tribunal Penal Inter-
sofrer violência ou coação em
do participe, à moralidade ad- nacional a cuja criação tenha
sua liberdade de locomoção,
ministrativa, ao meio ambien- manifestado adesão.
por ilegalidade ou abuso de
te e ao patrimônio histórico e
poder;
cultural, ficando o autor, salvo Capítulo II – Dos Direitos
LXIX – conceder-se-á mandado comprovada má-fé, isento de Sociais
de segurança para proteger di- custas judiciais e do ônus da
reito líquido e certo, não am- sucumbência; Art. 6o São direitos sociais
parado por habeas corpus ou a educação, a saúde, a alimen-
L X XIV – o Estado prestará
habeas data, quando o respon- tação, o trabalho, a moradia, o
assistência jurídica integral e
sável pela ilegalidade ou abuso
gratuita aos que comprovarem
de poder for autoridade pública
insuficiência de recursos;
ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Po- LXXV – o Estado indenizará o 1
NE: ver Atos Internacionais Equi-
der Público; condenado por erro judiciário, valentes a Emenda Constitucional.

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transporte, o lazer, a segurança, X – proteção do salário na for- XXIII – adicional de remunera-
a previdência social, a proteção ma da lei, constituindo crime ção para as atividades penosas,
à maternidade e à infância, a sua retenção dolosa; insalubres ou perigosas, na for-
assistência aos desamparados, XI – participação nos lucros, ma da lei;
na forma desta Constituição. ou resultados, desvinculada da XXIV – aposentadoria;
(EC no 26/2000, EC no 64/2010 remuneração, e, excepcional-
e EC no 90/2015) mente, participação na gestão XXV – assistência gratuita aos
da empresa, conforme definido filhos e dependentes desde o
Art. 7o São direitos dos tra- em lei; nascimento até 5 (cinco) anos
balhadores urbanos e rurais, de idade em creches e pré-es-
além de outros que visem à me- XII – salário-família pago em colas;
razão do dependente do tra-
lhoria de sua condição social: XXVI – reconhecimento das con-
balhador de baixa renda nos
(EC no 20/98, EC no 28/2000, venções e acordos coletivos de
termos da lei;
EC no 53/2006 e EC no 72/2013) trabalho;
XIII – duração do trabalho
I – relação de emprego protegi- normal não superior a oito XXVII – proteção em face da au-
da contra despedida arbitrária horas diárias e quarenta e tomação, na forma da lei;
ou sem justa causa, nos termos quatro semanais, facultada a
de lei complementar, que preve- XXVIII – seguro contra acidentes
compensação de horários e a de trabalho, a cargo do empre-
rá indenização compensatória, redução da jornada, mediante gador, sem excluir a indenização
dentre outros direitos; acordo ou convenção coletiva
a que este está obrigado, quan-
II – seguro-desemprego, em de trabalho;
do incorrer em dolo ou culpa;
caso de desemprego involun- XIV – jornada de seis horas para XXIX – ação, quanto aos créditos
tário; o trabalho realizado em turnos resultantes das relações de tra-
ininterruptos de revezamento, balho, com prazo prescricional
III – fundo de garantia do tempo salvo negociação coletiva;
de serviço; de cinco anos para os traba-
XV – repouso semanal remu- lhadores urbanos e rurais, até
IV – salário mínimo, fixado em nerado, preferencialmente aos o limite de dois anos após a ex-
lei, nacionalmente unificado, domingos; tinção do contrato de trabalho:
capaz de atender a suas neces-
XVI – remuneração do serviço a) (Revogada);
sidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimen- extraordinário superior, no mí- b) (Revogada);
tação, educação, saúde, lazer, nimo, em cinquenta por cento XXX – proibição de diferença de
à do normal; salários, de exercício de funções
vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajus- XVII – gozo de férias anuais re- e de critério de admissão por
tes periódicos que lhe preser- muneradas com, pelo menos, motivo de sexo, idade, cor ou
vem o poder aquisitivo, sendo um terço a mais do que o salário estado civil;
vedada sua vinculação para normal; XXXI – proibição de qualquer
qualquer fim; XVIII – licença à gestante, sem discriminação no tocante a sa-
V – piso salarial proporcional à prejuízo do emprego e do salá- lário e critérios de admissão do
rio, com a duração de cento e trabalhador portador de defi-
extensão e à complexidade do
vinte dias; ciência;
trabalho;
XIX – licença-paternidade, nos XXXII – proibição de distinção
VI – irredutibilidade do salário, entre trabalho manual, técnico
termos fixados em lei;
salvo o disposto em convenção e intelectual ou entre os profis-
ou acordo coletivo; XX– proteção do mercado de sionais respectivos;
trabalho da mulher, mediante
VII – garantia de salário, nun- incentivos específicos, nos ter- XXXIII – proibição de trabalho
ca inferior ao mínimo, para os mos da lei; noturno, perigoso ou insalu-
que percebem remuneração bre a menores de dezoito e de
variável; XXI – aviso prévio proporcional qualquer trabalho a menores
ao tempo de serviço, sendo no de dezesseis anos, salvo na con-
VIII – décimo terceiro salário mínimo de trinta dias, nos ter- dição de aprendiz, a partir de
com base na remuneração in- mos da lei; quatorze anos;
tegral ou no valor da aposen-
tadoria; XXII – redução dos riscos ine- XXXIV – igualdade de direitos
rentes ao trabalho, por meio entre o trabalhador com vínculo
IX – remuneração do trabalho de normas de saúde, higiene e empregatício permanente e o
noturno superior à do diurno; segurança; trabalhador avulso.

17
Parágrafo único. São assegurados VIII – é vedada a dispensa do em- b) os nascidos no estran-
à categoria dos trabalhadores pregado sindicalizado a partir do geiro, de pai brasileiro
domésticos os direitos previstos registro da candidatura a cargo ou mãe brasileira, desde
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, de direção ou representação que qualquer deles este-
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, sindical e, se eleito, ainda que ja a serviço da Repúbli-
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e suplente, até um ano após o final ca Federativa do Brasil;
XXXIII e, atendidas as condições do mandato, salvo se cometer
estabelecidas em lei e observada falta grave nos termos da lei. c) os nascidos no estran-
a simplificação do cumprimento geiro de pai brasileiro
Parágrafo único. As disposições ou de mãe brasileira,
das obrigações tributárias, prin-
deste artigo aplicam-se à or- desde que sejam regis-
cipais e acessórias, decorrentes
ganização de sindicatos rurais trados em repartição
da relação de trabalho e suas
e de colônias de pescadores, brasileira competente
peculiaridades, os previstos nos
atendidas as condições que a ou venham a residir na
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XX-
lei estabelecer. República Federativa
VIII, bem como a sua integração
à previdência social. Art. 9o É assegurado o di- do Brasil e optem, em
reito de greve, competindo aos qualquer tempo, depois
Art. 8o É livre a associação de atingida a maiorida-
trabalhadores decidir sobre a
profissional ou sindical, obser- de, pela nacionalidade
oportunidade de exercê-lo e so-
vado o seguinte: brasileira;
bre os interesses que devam por
I – a lei não poderá exigir auto- meio dele defender. II – naturalizados:
rização do Estado para a fun- § 1o A lei definirá os serviços
dação de sindicato, ressalvado a) os que, na forma da lei,
ou atividades essenciais e dis- adquiram a nacionali-
o registro no órgão competente, porá sobre o atendimento das
vedadas ao Poder Público a in- dade brasileira, exigidas
necessidades inadiáveis da co- aos originários de países
terferência e a intervenção na munidade.
organização sindical; de língua portuguesa
§ 2o Os abusos cometidos su- apenas residência por
II – é vedada a criação de mais jeitam os responsáveis às penas um ano ininterrupto e
de uma organização sindical, da lei. idoneidade moral;
em qualquer grau, representa-
tiva de categoria profissional ou Art. 10. É assegurada a par- b) os estrangeiros de qual-
econômica, na mesma base ter- ticipação dos trabalhadores e quer nacionalidade re-
ritorial, que será definida pelos empregadores nos colegiados sidentes na República
trabalhadores ou empregadores dos órgãos públicos em que Federativa do Brasil
interessados, não podendo ser seus interesses profissionais ou há mais de quinze anos
inferior à área de um Município; previdenciários sejam objeto de ininterruptos e sem con-
III – ao sindicato cabe a defesa discussão e deliberação. denação penal, desde
dos direitos e interesses coleti- que requeiram a nacio-
Art. 11. Nas empresas de
vos ou individuais da categoria, nalidade brasileira.
mais de duzentos empregados,
inclusive em questões judiciais é assegurada a eleição de um re- § 1o Aos portugueses com resi-
ou administrativas; presentante destes com a finali- dência permanente no País, se
IV – a assembleia geral fixará dade exclusiva de promover-lhes houver reciprocidade em favor
a contribuição que, em se tra- o entendimento direto com os de brasileiros, serão atribuídos
tando de categoria profissional, empregadores. os direitos inerentes ao brasi-
será descontada em folha, para leiro, salvo os casos previstos
custeio do sistema confedera- Capítulo III – Da nesta Constituição.
tivo da representação sindical Nacionalidade § 2o A lei não poderá estabele-
respectiva, independentemente cer distinção entre brasileiros
da contribuição prevista em lei; Art. 12. São brasileiros:
natos e naturalizados, salvo nos
(ECR no 3/94, EC no 23/99 e
V – ninguém será obrigado a casos previstos nesta Consti-
EC no 54/2007)
filiar-se ou a manter-se filiado tuição.
a sindicato; I – natos:
§ 3o São privativos de brasileiro
VI – é obrigatória a participação a) os nascidos na Repúbli- nato os cargos:
dos sindicatos nas negociações ca Federativa do Brasil,
coletivas de trabalho; I – de Presidente e Vice-Presi-
ainda que de pais es-
dente da República;
VII – o aposentado filiado tem trangeiros, desde que
direito a votar e ser votado nas estes não estejam a II – de Presidente da Câmara
organizações sindicais; serviço de seu país; dos Deputados;

18
III – de Presidente do Senado § 1o O alistamento eleitoral e § 6o Para concorrerem a outros
Federal; o voto são: cargos, o Presidente da Repú-
IV – de Ministro do Supremo blica, os Governadores de Es-
I – obrigatórios para os maiores
Tribunal Federal; tado e do Distrito Federal e os
de dezoito anos;
Prefeitos devem renunciar aos
V – da carreira diplomática; II – facultativos para: respectivos mandatos até seis
VI – de oficial das Forças Ar- meses antes do pleito.
a) os analfabetos;
madas; § 7o São inelegíveis, no território
b) os maiores de setenta
VII – de Ministro de Estado da de jurisdição do titular, o cônju-
anos;
Defesa. ge e os parentes consanguíneos
c) os maiores de dezesseis ou afins, até o segundo grau ou
§ 4o Será declarada a perda da e menores de dezoito por adoção, do Presidente da
nacionalidade do brasileiro que: anos. República, de Governador de
I– tiver cancelada sua natura- Estado ou Território, do Distrito
§ 2o Não podem alistar-se como
lização, por sentença judicial, Federal, de Prefeito ou de quem
eleitores os estrangeiros e, du-
em virtude de atividade nociva os haja substituído dentro dos
rante o período do serviço mi-
ao interesse nacional; seis meses anteriores ao pleito,
litar obrigatório, os conscritos.
salvo se já titular de mandato
II – adquirir outra nacionalida-
§ 3o São condições de elegibili- eletivo e candidato à reeleição.
de, salvo nos casos:
dade, na forma da lei:
§ 8o O militar alistável é elegível,
a) de reconhecimento de
I – a nacionalidade brasileira; atendidas as seguintes condi-
nacionalidade originária
pela lei estrangeira; ções:
II – o pleno exercício dos direitos
b) de imposição de natu- políticos; I – se contar menos de dez anos
ralização, pela norma de serviço, deverá afastar-se da
III – o alistamento eleitoral;
estrangeira, ao brasi- atividade;
leiro residente em Esta- IV – o domicílio eleitoral na cir-
II – se contar mais de dez anos
do estrangeiro, como cunscrição;
de serviço, será agregado pela
condição para perma- V – a filiação partidária; autoridade superior e, se elei-
nência em seu território to, passará automaticamente,
ou para o exercício de VI – a idade mínima de:
no ato da diplomação, para a
direitos civis. a) trinta e cinco anos para inatividade.
Presidente e Vice-Presi-
Art. 13. A língua portuguesa § 9o Lei complementar esta-
dente da República e
é o idioma oficial da República belecerá outros casos de ine-
Senador;
Federativa do Brasil. legibilidade e os prazos de sua
b) trinta anos para Go- cessação, a fim de proteger a
§ 1o São símbolos da República vernador e Vice-Gover- probidade administrativa, a
Federativa do Brasil a bandeira,
nador de Estado e do moralidade para o exercício do
o hino, as armas e o selo na-
Distrito Federal; mandato, considerada a vida
cionais.
pregressa do candidato, e a
c) vinte e um anos para
§ 2o Os Estados, o Distrito Fe- normalidade e legitimidade das
deral e os Municípios poderão D e p u t a d o F e d e r al,
eleições contra a influência do
ter símbolos próprios. Deputado Estadual ou
poder econômico ou o abuso
Distrital, Prefeito, Vice-
do exercício de função, cargo
Capítulo IV – Dos -Prefeito e juiz de paz;
ou emprego na administração
Direitos Políticos d) dezoito anos para Ve- direta ou indireta.
reador.
Art. 14. A soberania popular § 10. O mandato eletivo pode-
será exercida pelo sufrágio uni- § 4o São inelegíveis os inalistá- rá ser impugnado ante a Justi-
versal e pelo voto direto e secre- veis e os analfabetos. ça Eleitoral no prazo de quinze
to, com valor igual para todos, dias contados da diplomação,
§ 5o O Presidente da República,
e, nos termos da lei, mediante: instruída a ação com provas
os Governadores de Estado e
(ECR no 4/94 e EC no 16/97) de abuso do poder econômico,
do Distrito Federal, os Prefeitos
corrupção ou fraude.
I – plebiscito; e quem os houver sucedido ou
substituído no curso dos man- § 11. A ação de impugnação de
II – referendo;
datos poderão ser reeleitos para mandato tramitará em segredo
III – iniciativa popular. um único período subsequente. de justiça, respondendo o autor,

19
na forma da lei, se temerária ou e sobre sua organização e fun-
de manifesta má-fé. cionamento e para adotar os Título III – Da
critérios de escolha e o regime Organização do Estado
Art. 15. É vedada a cassa- de suas coligações nas eleições
ção de direitos políticos, cuja majoritárias, vedada a sua ce-
perda ou suspensão só se dará
nos casos de:
lebração nas eleições propor- Capítulo I – Da
cionais, sem obrigatoriedade Organização Político-
I – cancelamento da naturali- de vinculação entre as candi- -Administrativa
zação por sentença transitada daturas em âmbito nacional,
em julgado; estadual, distrital ou munici- Ar t. 18. A organização
pal, devendo seus estatutos es- político-administrativa da Re-
II – incapacidade civil absoluta;
tabelecer normas de disciplina pública Federativa do Brasil
III – condenação criminal tran- e fidelidade partidária. compreende a União, os Es-
sitada em julgado, enquanto tados, o Distrito Federal e os
durarem seus efeitos; § 2o Os partidos políticos, após Municípios, todos autônomos,
adquirirem personalidade jurí- nos termos desta Constituição.
IV – recusa de cumprir obriga-
dica, na forma da lei civil, regis- (EC no 15/96)
ção a todos imposta ou presta-
ção alternativa, nos termos do trarão seus estatutos no Tribu- § 1o Brasília é a Capital Federal.
art. 5o, VIII; nal Superior Eleitoral.
§ 2o Os Territórios Federais
V – improbidade administrativa, § 3o Somente terão direito a integram a União, e sua cria-
nos termos do art. 37, § 4o. recursos do fundo partidário ção, transformação em Estado
e acesso gratuito ao rádio e à ou reintegração ao Estado de
Art. 16. A lei que alterar o televisão, na forma da lei, os origem serão reguladas em lei
processo eleitoral entrará em partidos políticos que alterna- complementar.
vigor na data de sua publicação, tivamente: § 3o Os Estados podem incor-
não se aplicando à eleição que
I– obtiverem, nas eleições para porar-se entre si, subdividir-se
ocorra até um ano da data de
a Câmara dos Deputados, no ou desmembrar-se para se ane-
sua vigência. (EC no 4/93)
xarem a outros, ou formarem
mínimo, 3% (três por cento) dos
novos Estados ou Territórios
Capítulo V – Dos Partidos votos válidos, distribuídos em Federais, mediante aprovação
Políticos pelo menos um terço das uni- da população diretamente inte-
dades da Federação, com um ressada, através de plebiscito, e
Art. 17. É livre a criação, fu- mínimo de 2% (dois por cento) do Congresso Nacional, por lei
são, incorporação e extinção de dos votos válidos em cada uma complementar.
partidos políticos, resguardados
delas; ou
a soberania nacional, o regime § 4 o A criação, a incorpora-
democrático, o pluripartidaris- II – tiverem elegido pelo menos ção, a fusão e o desmembra-
mo, os direitos fundamentais quinze Deputados Federais mento de Municípios, far-se-
da pessoa humana e observa- distribuídos em pelo menos -ão por lei estadual, dentro do
dos os seguintes preceitos: (EC um terço das unidades da Fe- período determinado por lei
no 52/2006 e EC no 97/2017) deração. complementar federal, e de-
penderão de consulta prévia,
I – caráter nacional; § 4o É vedada a utilização pelos mediante plebiscito, às popula-
II – proibição de recebimento de partidos políticos de organiza- ções dos Municípios envolvidos,
recursos financeiros de entidade ção paramilitar. após divulgação dos Estudos
ou governo estrangeiros ou de de Viabilidade Municipal, apre-
subordinação a estes; § 5o Ao eleito por partido que sentados e publicados na forma
não preencher os requisitos da lei.
III – prestação de contas à Jus- previstos no § 3o deste artigo é
tiça Eleitoral; assegurado o mandato e facul- Art. 19. É vedado à União,
IV – funcionamento parlamen- tada a filiação, sem perda do aos Estados, ao Distrito Federal
tar de acordo com a lei. mandato, a outro partido que e aos Municípios:
§ 1o É assegurada aos partidos os tenha atingido, não sendo I – estabelecer cultos religiosos
políticos autonomia para defi- essa filiação considerada para ou igrejas, subvencioná-los, em-
nir sua estrutura interna e es- fins de distribuição dos recursos baraçar-lhes o funcionamento
tabelecer regras sobre escolha, do fundo partidário e de acesso ou manter com eles ou seus re-
formação e duração de seus ór- gratuito ao tempo de rádio e de presentantes relações de depen-
gãos permanentes e provisórios televisão. dência ou aliança, ressalvada,

20
na forma da lei, a colaboração XI – as terras tradicionalmente IX – elaborar e executar planos
de interesse público; ocupadas pelos índios. nacionais e regionais de orde-
nação do território e de desen-
II – recusar fé aos documentos § 1o É assegurada, nos termos
volvimento econômico e social;
públicos; da lei, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, bem X – manter o serviço postal e o
III – criar distinções entre bra- como a órgãos da administra- correio aéreo nacional;
sileiros ou preferências entre si. ção direta da União, participa- XI – explorar, diretamente ou me-
ção no resultado da exploração
Capítulo II – Da União de petróleo ou gás natural, de
diante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de teleco-
recursos hídricos para fins de municações, nos termos da lei,
Art. 20. São bens da União: geração de energia elétrica e
(EC no 46/2005) que disporá sobre a organização
de outros recursos minerais no dos serviços, a criação de um ór-
I – os que atualmente lhe per- respectivo território, plataforma gão regulador e outros aspectos
tencem e os que lhe vierem a ser continental, mar territorial ou institucionais;
atribuídos; zona econômica exclusiva, ou
compensação f inanceira por XII – explorar, diretamente ou
II – as terras devolutas indispen- essa exploração. mediante autorização, conces-
sáveis à defesa das fronteiras, são ou permissão:
das fortificações e construções § 2o A faixa de até cento e cin-
quenta quilômetros de largura, a) os serviços de radiodi-
militares, das vias federais de
ao longo das fronteiras terres- fusão sonora e de sons
comunicação e à preservação
tres, designada como faixa de e imagens;
ambiental, definidas em lei;
fronteira, é considerada funda- b) os serviços e instalações
III – os lagos, rios e quaisquer mental para defesa do território de energia elétrica e o
correntes de água em terrenos nacional, e sua ocupação e uti- aproveitamento energé-
de seu domínio, ou que banhem lização serão reguladas em lei. tico dos cursos de água,
mais de um Estado, sirvam de em articulação com os
limites com outros países, ou Art. 21. Compete à União: Estados onde se situam
se estendam a território estran- (EC no 8/95, EC no 19/98, EC os potenciais hidroener-
geiro ou dele provenham, bem no 49/2006 e EC no 69/2012) géticos;
como os terrenos marginais e
I – manter relações com Estados c) a navegação aérea, ae-
as praias fluviais;
estrangeiros e participar de or- roespacial e a infraes-
IV – as ilhas fluviais e lacustres ganizações internacionais; trutura aeroportuária;
nas zonas limítrofes com outros
II – declarar a guerra e celebrar d) os ser viços de trans-
países; as praias marítimas; as a paz;
ilhas oceânicas e as costeiras, por te f e r r ov iá r io e
III – assegurar a defesa nacional; aquaviário entre portos
excluídas, destas, as que con-
brasileiros e fronteiras
tenham a sede de Municípios, IV – permitir, nos casos previs- nacionais, ou que trans-
exceto aquelas áreas afetadas tos em lei complementar, que ponham os limites de
ao serviço público e a unidade forças estrangeiras transitem Estado ou Território;
ambiental federal, e as referidas pelo território nacional ou nele
no art. 26, II; permaneçam temporariamente; e) os serviços de transpor-
te rodoviário interesta-
V– os recursos naturais da pla- V – decretar o estado de sítio, o dual e internacional de
taforma continental e da zona estado de defesa e a intervenção passageiros;
econômica exclusiva; federal;
f) os portos marítimos,
VI – o mar territorial; VI – autorizar e fiscalizar a pro- fluviais e lacustres;
VII – os terrenos de marinha e dução e o comércio de material
bélico; XIII – organizar e manter o
seus acrescidos; Poder Judiciário, o Ministério
VIII – os potenciais de energia VII – emitir moeda; Público do Distrito Federal e
hidráulica; VIII – administrar as reservas dos Territórios e a Defensoria
Pública dos Territórios;
IX – os recursos minerais, inclu- cambiais do País e fiscalizar as
operações de natureza finan- XIV – organizar e manter a po-
sive os do subsolo;
ceira, especialmente as de cré- lícia civil, a polícia militar e o
X – as cavidades naturais subter- dito, câmbio e capitalização, corpo de bombeiros militar do
râneas e os sítios arqueológicos bem como as de seguros e de Distrito Federal, bem como
e pré-históricos; previdência privada; prestar assistência financeira ao

21
Distrito Federal para a execução são, são autorizadas a XV – emigração e imigração,
de serviços públicos, por meio produção, comercia- entrada, extradição e expulsão
de fundo próprio; lização e utilização de de estrangeiros;
radioisótopos de meia-
XV – organizar e manter os ser- XVI – organização do sistema
-vida igual ou inferior a
viços oficiais de estatística, ge- nacional de emprego e condi-
ografia, geologia e cartografia duas horas;
ções para o exercício de pro-
de âmbito nacional; d) a responsabilidade ci- fissões;
XVI – exercer a classificação, vil por danos nucleares
independe da existência XVII – organização judiciária, do
para efeito indicativo, de diver- Ministério Público do Distrito
sões públicas e de programas de de culpa;
Federal e dos Territórios e da
rádio e televisão; XXIV – organizar, manter e exe- Defensoria Pública dos Terri-
XVII – conceder anistia; cutar a inspeção do trabalho; tórios, bem como organização
XXV – estabelecer as áreas e as administrativa destes;
XVIII – planejar e promover a
defesa permanente contra as condições para o exercício da XVIII – sistema estatístico, sis-
calamidades públicas, especial- atividade de garimpagem, em tema cartográfico e de geologia
mente as secas e as inundações; forma associativa. nacionais;
XIX – instituir sistema nacional Art. 22. Compete privativa- XIX – sistemas de poupança,
de gerenciamento de recursos mente à União legislar sobre: captação e garantia da pou-
hídricos e definir critérios de (EC no 19/98 e EC no 69/2012) pança popular;
outorga de direitos de seu uso;
I – direito civil, comercial, penal, XX – sistemas de consórcios e
XX – instituir diretrizes para o processual, eleitoral, agrário, sorteios;
desenvolvimento urbano, in- marítimo, aeronáutico, espacial
clusive habitação, saneamento e do trabalho; XXI – normas gerais de organi-
básico e transportes urbanos; zação, efetivos, material bélico,
II – desapropriação; garantias, convocação e mobi-
XXI – estabelecer princípios e di-
III – requisições civis e militares, lização das polícias militares e
retrizes para o sistema nacional
em caso de iminente perigo e em corpos de bombeiros militares;
de viação;
tempo de guerra; XXII – competência da polícia
XXII – executar os serviços de
polícia marítima, aeroportuária IV – águas, energia, informáti- federal e das polícias rodoviária
e de fronteiras; ca, telecomunicações e radio- e ferroviária federais;
difusão; XXIII – seguridade social;
XXIII – explorar os serviços e ins-
talações nucleares de qualquer V – serviço postal; XXIV – diretrizes e bases da edu-
natureza e exercer monopólio VI – sistema monetário e de cação nacional;
estatal sobre a pesquisa, a la- medidas, títulos e garantias
vra, o enriquecimento e repro- XXV – registros públicos;
dos metais;
cessamento, a industrialização XXVI – atividades nucleares de
e o comércio de minérios nu- VII – política de crédito, câm-
qualquer natureza;
cleares e seus derivados, aten- bio, seguros e transferência de
didos os seguintes princípios e valores; XXVII – normas gerais de lici-
condições: VIII – comércio exterior e inte- tação e contratação, em todas
restadual; as modalidades, para as ad-
a) toda atividade nuclear
ministrações públicas diretas,
em território nacional IX – diretrizes da política nacio-
somente será admiti- autárquicas e fundacionais da
nal de transportes; União, Estados, Distrito Federal
da para fins pacíficos e
mediante aprovação do X – regime dos portos, navega- e Municípios, obedecido o dis-
Congresso Nacional; ção lacustre, fluvial, marítima, posto no art. 37, XXI, e para as
aérea e aeroespacial; empresas públicas e sociedades
b) sob regime de permis- de economia mista, nos termos
são, são autorizadas a XI – trânsito e transporte; do art. 173, § 1o, III;
comercialização e a uti-
XII – jazidas, minas, outros re- XXVIII – defesa territorial, de-
lização de radioisótopos
cursos minerais e metalurgia; fesa aeroespacial, defesa marí-
para a pesquisa e usos
médicos, agrícolas e in- XIII – nacionalidade, cidadania tima, defesa civil e mobilização
dustriais; e naturalização; nacional;
c) sob regime de permis- XIV – populações indígenas; XXIX – propaganda comercial.

22
Parágrafo único. Lei complemen- de recursos hídricos e minerais XIV – proteção e integração so-
tar poderá autorizar os Estados em seus territórios; cial das pessoas portadoras de
a legislar sobre questões especí- deficiência;
XII – estabelecer e implantar
ficas das matérias relacionadas
política de educação para a se- XV – proteção à infância e à
neste artigo.
gurança do trânsito. juventude;
Art. 23. É competência co- XVI – organização, garantias,
Parágrafo único. Leis comple-
mum da União, dos Estados, mentares fixarão normas para direitos e deveres das polícias
do Distrito Federal e dos Mu- a cooperação entre a União e civis.
nicípios: (EC no 53/2006 e EC os Estados, o Distrito Federal § 1o No âmbito da legislação
no 85/2015) e os Municípios, tendo em vista concorrente, a competência da
I – zelar pela guarda da Cons- o equilíbrio do desenvolvimen- União limitar-se-á a estabelecer
tituição, das leis e das institui- to e do bem-estar em âmbito normas gerais.
ções democráticas e conservar nacional.
§ 2o A competência da União
o patrimônio público;
Art. 24. Compete à União, para legislar sobre normas ge-
II – cuidar da saúde e assistência aos Estados e ao Distrito Fede- rais não exclui a competência
pública, da proteção e garantia ral legislar concorrentemente suplementar dos Estados.
das pessoas portadoras de de- sobre: (EC no 85/2015) § 3o Inexistindo lei federal sobre
ficiência;
I – direito tributário, financei- normas gerais, os Estados exer-
III – proteger os documentos, ro, penitenciário, econômico e cerão a competência legislativa
as obras e outros bens de valor urbanístico; plena, para atender a suas pe-
histórico, artístico e cultural, culiaridades.
os monumentos, as paisagens II – orçamento;
§ 4o A superveniência de lei fe-
naturais notáveis e os sítios ar- III – juntas comerciais; deral sobre normas gerais sus-
queológicos;
IV – custas dos serviços foren- pende a eficácia da lei estadual,
IV – impedir a evasão, a destrui- ses; no que lhe for contrário.
ção e a descaracterização de
obras de arte e de outros bens V – produção e consumo; Capítulo III – Dos Estados
de valor histórico, artístico ou VI – florestas, caça, pesca, fau- Federados
cultural; na, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos Art. 25. Os Estados organi-
V – proporcionar os meios de
naturais, proteção do meio am- zam-se e regem-se pelas Cons-
acesso à cultura, à educação, à
biente e controle da poluição; tituições e leis que adotarem,
ciência, à tecnologia, à pesquisa
observados os princípios desta
e à inovação; VII – proteção ao patrimônio Constituição. (EC no 5/95)
VI – proteger o meio ambiente histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico; § 1o São reservadas aos Estados
e combater a poluição em qual-
as competências que não lhes
quer de suas formas; VIII – responsabilidade por dano sejam vedadas por esta Cons-
VII – preservar as florestas, a ao meio ambiente, ao consumi- tituição.
fauna e a flora; dor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, § 2o Cabe aos Estados explo-
VIII – fomentar a produção turístico e paisagístico; rar diretamente, ou mediante
agropecuária e organizar o concessão, os serviços locais
abastecimento alimentar; IX – educação, cultura, ensino, de gás canalizado, na forma da
desporto, ciência, tecnologia, lei, vedada a edição de medida
IX – promover programas de pesquisa, desenvolvimento e provisória para a sua regula-
construção de moradias e a inovação; mentação.
melhoria das condições habita-
cionais e de saneamento básico; X – criação, funcionamento e § 3o Os Estados poderão, me-
processo do juizado de peque- diante lei complementar, ins-
X – combater as causas da nas causas; tituir regiões metropolitanas,
pobreza e os fatores de mar-
XI – procedimentos em matéria aglomerações urbanas e mi-
ginalização, promovendo a
processual; crorregiões, constituídas por
integração social dos setores
agrupamentos de municípios
desfavorecidos; XII – previdência social, prote-
limítrofes, para integrar a or-
ção e defesa da saúde;
XI – registrar, acompanhar e ganização, o planejamento e a
fiscalizar as concessões de di- XIII – assistência jurídica e de- execução de funções públicas
reitos de pesquisa e exploração fensoria pública; de interesse comum.

23
Art. 26. Incluem-se entre os Art. 28. A eleição do Gover- art. 77 no caso de Municípios
bens dos Estados: nador e do Vice-Governador de com mais de duzentos mil elei-
Estado, para mandato de qua- tores;
I – as águas superficiais ou sub-
tro anos, realizar-se-á no pri-
terrâneas, fluentes, emergentes e III – posse do Prefeito e do
meiro domingo de outubro, em
em depósito, ressalvadas, neste Vice-Prefeito no dia 1o de janei-
primeiro turno, e no último do-
caso, na forma da lei, as decor- ro do ano subsequente ao da
mingo de outubro, em segundo
rentes de obras da União; eleição;
turno, se houver, do ano ante-
II – as áreas, nas ilhas oceâni- rior ao do término do mandato IV – para a composição das
cas e costeiras, que estiverem no de seus antecessores, e a posse Câmaras Municipais, será ob-
seu domínio, excluídas aquelas ocorrerá em primeiro de janeiro servado o limite máximo de:
sob domínio da União, Municí- do ano subsequente, observa-
a) 9 (nove) Vereadores,
pios ou terceiros; do, quanto ao mais, o disposto
nos Municípios de até
no art. 77. (EC no 16/97 e EC
III – as ilhas fluviais e lacustres 15.000 (quinze mil) ha-
no 19/98)
não pertencentes à União; bitantes;
§ 1o Perderá o mandato o Go-
IV – as terras devolutas não b) 11 (onze) Vereadores,
vernador que assumir outro car-
compreendidas entre as da nos Municípios de mais
go ou função na administração
União. de 15.000 (quinze mil)
pública direta ou indireta, res-
habitantes e de até
salvada a posse em virtude de
Art. 27. O número de Depu- 30.000 (trinta mil) ha-
concurso público e observado
tados à Assembleia Legislativa bitantes;
o disposto no art. 38, I, IV e V.
corresponderá ao triplo da re-
c) 13 (treze) Vereadores,
presentação do Estado na Câ- § 2o Os subsídios do Governa-
nos Municípios com
mara dos Deputados e, atingido dor, do Vice-Governador e dos
mais de 30.000 (trinta
o número de trinta e seis, será Secretários de Estado serão
mil) habitantes e de até
acrescido de tantos quantos fixados por lei de iniciativa da
50.000 (cinquenta mil)
forem os Deputados Federais Assembleia Legislativa, obser-
habitantes;
acima de doze. (EC n o 1/92 e vado o que dispõem os arts. 37,
EC no 19/98) XI, 39, § 4 o, 150, II, 153, III, e d) 15 (quinze) Vereadores,
153, § 2o, I. nos Municípios de mais
§ 1 Será de quatro anos o man-
o
de 50.000 (cinquenta
dato dos Deputados Estaduais,
aplicando-se-lhes as regras des-
Capítulo IV – Dos mil) habitantes e de até
ta Constituição sobre sistema Municípios 80.000 (oitenta mil) ha-
bitantes;
eleitoral, inviolabilidade, imuni-
Art. 29. O Município re-
dades, remuneração, perda de e) 17 (dezessete) Vereado-
ger-se-á por lei orgânica, vo-
mandato, licença, impedimen- res, nos Municípios de
tada em dois turnos, com o
tos e incorporação às Forças mais de 80.000 (oitenta
interstício mínimo de dez dias,
Armadas. mil) habitantes e de até
e aprovada por dois terços dos
120.000 (cento e vinte
§ 2o O subsídio dos Deputados membros da Câmara Municipal,
mil) habitantes;
Estaduais será fixado por lei de que a promulgará, atendidos os
iniciativa da Assembleia Legis- princípios estabelecidos nesta f) 19 (dezenove) Vereado-
lativa, na razão de, no máximo, Constituição, na Constituição res, nos Municípios de
setenta e cinco por cento da- do respectivo Estado e os se- mais de 120.000 (cento
quele estabelecido, em espécie, guintes preceitos: (EC no 1/92, e vinte mil) habitantes
para os Deputados Federais, EC no 16/97, EC no 19/98, EC e de até 160.000 (cento
observado o que dispõem os no 25/2000 e EC no 58/2009) e sessenta mil) habitan-
arts. 39, § 4 o, 57,§ 7o, 150, II, tes;
I– eleição do Prefeito, do
153, III, e 153, § 2o, I.
Vice-Prefeito e dos Vereadores, g) 21 (vinte e um) Vereado-
§ 3o Compete às Assembleias para mandato de quatro anos, res, nos Municípios de
Legislativas dispor sobre seu mediante pleito direto e simul- mais de 160.000 (cen-
regimento interno, polícia e tâneo realizado em todo o País; to e sessenta mil) habi-
serviços administrativos de sua tantes e de até 300.000
II – eleição do Prefeito e do
secretaria, e prover os respecti- (trezentos mil) habitan-
Vice-Prefeito realizada no pri-
vos cargos. tes;
meiro domingo de outubro do
§ 4 o A lei disporá sobre a ini- ano anterior ao término do h) 23 (vinte e três) Verea-
ciativa popular no processo mandato dos que devam su- dores, nos Municípios
legislativo estadual. ceder, aplicadas as regras do de mais de 300.000

24
(trezentos mil) habi- p) 39 (trinta e nove) Ve- Municípios de mais de
tantes e de até 450.000 r e ado r e s, nos Mu- 7.000.000 (sete milhões)
(quatrocentos e cin- nicípios de mais de de habitantes e de até
quenta mil) habitantes; 1.50 0.0 0 0 (um mi- 8.000.000 (oito milhões)
lhão e quinhentos mil) de habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Verea-
habitantes e de até
dores, nos Municípios x) 55 (cinquenta e cin-
1.800.000 (um milhão
de mais de 450.000 co) Vereadores, nos
e oitocentos mil) habi-
(quatrocentos e cin- Municípios de mais de
tantes;
quenta mil) habitantes 8.000.000 (oito mi-
e de até 600.000 (seis- q) 41 (quarenta e um) lhões) de habitantes;
centos mil) habitantes; Vereadores, nos Mu-
nicípios de mais de V – subsídios do Prefeito, do
j) 27 (vinte e sete) Verea- Vice-Prefeito e dos Secretários
1.800.000 (um milhão e
dores, nos Municípios Municipais fixados por lei de
oitocentos mil) habitan-
de mais de 600.000 iniciativa da Câmara Munici-
tes e de até 2.400.000
(seiscentos mil) habi- pal, observado o que dispõem
(dois milhões e quatro-
tantes e de até 750.000 os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II,
centos mil) habitantes;
(setecentos e cinquenta 153, III, e 153, § 2o, I;
mil) habitantes; r) 43 (quarenta e três)
Vereadores, nos Mu- VI – o subsídio dos Vereadores
k) 29 (vinte e nove) Verea- será f ixado pelas respectivas
nicípios de mais de
dores, nos Municípios Câmaras Municipais em cada
2.400.000 (dois mi-
de mais de 750.000 legislatura para a subsequen-
lhões e quatrocentos
(setecentos e cinquenta te, observado o que dispõe esta
mil) habitantes e de
mil) habitantes e de até Constituição, observados os cri-
até 3.000.000 (três mi-
900.000 (novecentos térios estabelecidos na respec-
lhões) de habitantes;
mil) habitantes; tiva Lei Orgânica e os seguintes
s) 45 (quarenta e cinco)
l) 31 (trinta e um) Verea- limites máximos:
Vereadores, nos Mu-
dores, nos Municípios
nicípios de mais de a) em Municípios de até
de mais de 900.000 (no-
3.000.000 (três mi- dez mil habitantes, o
vecentos mil) habitantes
lhões) de habitantes subsídio máximo dos
e de até 1.050.000 (um
e de até 4.000.000 Vereadores correspon-
milhão e cinquenta mil)
(quatro milhões) de derá a vinte por cento
habitantes;
habitantes; do subsídio dos Depu-
m) 33 (trinta e três) Verea- tados Estaduais;
t) 47 (quarenta e sete)
dores, nos Municípios
Vereadores, nos Mu- b) em Municípios de dez
de mais de 1.050.000
nicípios de mais de mil e um a cinquenta mil
(um milhão e cinquenta
4.000.000 (quatro mi- habitantes, o subsídio
mil) habitantes e de até
lhões) de habitantes e máximo dos Vereadores
1.200.000 (um milhão e
de até 5.000.000 (cinco corresponderá a trinta
duzentos mil) habitan-
milhões) de habitantes; por cento do subsídio
tes;
u) 49 (quarenta e nove) dos Deputados Esta-
n) 35 (trinta e cinco) Verea- duais;
Vereadores, nos Mu-
dores, nos Municípios
nicípios de mais de c) em Municípios de cin-
de mais de 1.200.000
5.000.000 (cinco mi- quenta mil e um a cem
(um milhão e duzentos
lhões) de habitantes e mil habitantes, o subsí-
mil) habitantes e de até
de até 6.000.000 (seis dio máximo dos Verea-
1.350.000 (um milhão
milhões) de habitantes; dores corresponderá a
e trezentos e cinquenta
mil) habitantes; v) 51 (cinquenta e um) quarenta por cento do
Vereadores, nos Mu- subsídio dos Deputados
o) 37 (trinta e sete) Verea- Estaduais;
nicípios de mais de
dores, nos Municípios
6.000.000 (seis milhões) d) em Municípios de cem
de 1.350.000 (um mi-
de habitantes e de até mil e um a trezentos mil
lhão e trezentos e cin-
7.000.000 (sete milhões) habitantes, o subsídio
quenta mil) habitantes
de habitantes;
e de até 1.500.000 (um máximo dos Vereado-
milhão e quinhentos w) 53 (cinquenta e três) res corresponderá a
mil) habitantes; Ve r e ador e s, nos cinquenta por cento do

25
subsídio dos Deputados XIV – perda do mandato do § 2o Constitui crime de res-
Estaduais; Prefeito, nos termos do art. 28, ponsabilidade do Prefeito
parágrafo2. Municipal:
e) em Municípios de tre-
zentos mil e um a qui- Art. 29-A. O total da des- I – efetuar repasse que supere os
nhentos mil habitantes, pesa do Poder Legislativo Mu- limites definidos neste artigo;
o subsídio máximo dos nicipal, incluídos os subsídios II – não enviar o repasse até o
Vereadores correspon- dos Vereadores e excluídos os dia vinte de cada mês; ou
derá a sessenta por gastos com inativos, não pode-
cento do subsídio dos rá ultrapassar os seguintes per- III – enviá-lo a menor em rela-
centuais, relativos ao somatório ção à proporção fixada na Lei
Deputados Estaduais;
da receita tributária e das trans- Orçamentária.
f) em Municípios de mais ferências previstas no § 5o do § 3o Constitui crime de respon-
de quinhentos mil habi- art. 153 e nos arts. 158 e 159, sabilidade do Presidente da Câ-
tantes, o subsídio má- efetivamente realizado no exer- mara Municipal o desrespeito
ximo dos Vereadores cício anterior: (EC no 25/2000 ao § 1o deste artigo.
corresponderá a seten- e EC no 58/2009)
ta e cinco por cento do I – 7% (sete por cento) para Mu- Art. 30. Compete aos Muni-
subsídio dos Deputados nicípios com população de até cípios: (EC no 53/2006)
Estaduais; 100.000 (cem mil) habitantes;
I – legislar sobre assuntos de
VII– o total da despesa com II – 6% (seis por cento) para Mu- interesse local;
a remuneração dos Vereado- nicípios com população entre
II – suplementar a legislação
res não poderá ultrapassar o 100.000 (cem mil) e 300.000
federal e a estadual no que
montante de cinco por cento (trezentos mil) habitantes;
couber;
da receita do Município; III – 5% (cinco por cento) para
Municípios com população III – instituir e arrecadar os tri-
VIII – inviolabilidade dos Vere- butos de sua competência, bem
adores por suas opiniões, pa- entre 300.001 (trezentos mil e
um) e 500.000 (quinhentos mil) como aplicar suas rendas, sem
lavras e votos no exercício do prejuízo da obrigatoriedade de
habitantes;
mandato e na circunscrição do prestar contas e publicar balan-
Município; IV – 4,5% (quatro inteiros e cin- cetes nos prazos fixados em lei;
co décimos por cento) para Mu-
IX – proibições e incompatibi- nicípios com população entre IV – criar, organizar e suprimir
lidades, no exercício da vere- 500.001 (quinhentos mil e um) distritos, observada a legislação
ança, similares, no que couber, e 3.000.000 (três milhões) de estadual;
ao disposto nesta Constituição habitantes; V – organizar e prestar, direta-
para os membros do Congres- mente ou sob regime de conces-
V – 4% (quatro por cento) para
so Nacional e, na Constituição Municípios com população en- são ou permissão, os serviços
do respectivo Estado, para os tre 3.000.001 (três milhões e públicos de interesse local, in-
membros da Assembleia Legis- um) e 8.000.000 (oito milhões) cluído o de transporte coletivo,
lativa; de habitantes; que tem caráter essencial;
X – julgamento do Prefeito pe- VI – 3,5% (três inteiros e cinco VI – manter, com a cooperação
rante o Tribunal de Justiça; décimos por cento) para Muni- técnica e financeira da União
cípios com população acima de e do Estado, programas de
XI – organização das funções 8.000.0001 (oito milhões e um) educação infantil e de ensino
legislativas e fiscalizadoras da habitantes. fundamental;
Câmara Municipal;
§ 1o A Câmara Municipal não VII – prestar, com a cooperação
XII – cooperação das associa- gastará mais de setenta por técnica e financeira da União e
ções representativas no plane- cento de sua receita com fo- do Estado, serviços de atendi-
jamento municipal; lha de pagamento, incluído o mento à saúde da população;
gasto com o subsídio de seus
XIII – iniciativa popular de proje- VIII – promover, no que couber,
Vereadores.
tos de lei de interesse específico adequado ordenamento terri-
do Município, da cidade ou de torial, mediante planejamento
bairros, através de manifesta- e controle do uso, do parcela-
ção de, pelo menos, cinco por 2
NE: leia-se “§ 1o”, por força do mento e da ocupação do solo
cento do eleitorado; disposto na EC no 19/98. urbano;

26
IX – promover a proteção do legislativas reservadas aos Es- II – repelir invasão estrangeira
patrimônio histórico-cultural tados e Municípios. ou de uma unidade da Federa-
local, observada a legislação e ção em outra;
§ 2o A eleição do Governador e
a ação fiscalizadora federal e
estadual. do Vice-Governador, observa- III – pôr termo a grave compro-
das as regras do art. 77, e dos metimento da ordem pública;
Art. 31. A f iscalização do Deputados Distritais coincidirá
IV – garantir o livre exercício de
Município será exercida pelo com a dos Governadores e De-
qualquer dos Poderes nas uni-
Poder Legislativo Municipal, putados Estaduais, para man-
dades da Federação;
mediante controle externo, e pe- dato de igual duração.
los sistemas de controle interno V – reorganizar as finanças da
§ 3o Aos Deputados Distritais e
do Poder Executivo Municipal, à Câmara Legislativa aplica-se unidade da Federação que:
na forma da lei. o disposto no art. 27. a) suspender o pagamento
§ 1o O controle externo da Câ- § 4 Lei federal disporá sobre a
o da dívida fundada por
mara Municipal será exercido utilização, pelo Governo do Dis- mais de dois anos con-
com o auxílio dos Tribunais trito Federal, das polícias civil e secutivos, salvo motivo
de Contas dos Estados ou do militar e do corpo de bombeiros de força maior;
Município ou dos Conselhos ou militar. b) deixar de entregar aos
Tribunais de Contas dos Muni-
Municípios receitas tri-
cípios, onde houver.
butárias fixadas nesta
§ 2o O parecer prévio, emitido Seção II – Dos Territórios Constituição, dentro
pelo órgão competente sobre as dos prazos estabeleci-
contas que o Prefeito deve anu- Art. 33. A lei disporá sobre dos em lei;
almente prestar, só deixará de a organização administrativa e
prevalecer por decisão de dois judiciária dos Territórios. VI – prover a execução de lei
terços dos membros da Câmara federal, ordem ou decisão ju-
§ 1o Os Territórios poderão ser dicial;
Municipal. divididos em Municípios, aos
§ 3o As contas dos Municípios quais se aplicará, no que cou- VII – assegurar a observância
ficarão, durante sessenta dias, ber, o disposto no Capítulo IV dos seguintes princípios cons-
anualmente, à disposição de deste Título. titucionais:
qualquer contribuinte, para exa- a) forma republicana, sis-
§ 2o As contas do Governo do
me e apreciação, o qual poderá tema representativo e
Território serão submetidas
questionar-lhes a legitimidade, regime democrático;
ao Congresso Nacional, com
nos termos da lei.
parecer prévio do Tribunal de b) direitos da pessoa hu-
§ 4o É vedada a criação de Tri- Contas da União. mana;
bunais, Conselhos ou órgãos de
Contas Municipais. § 3o Nos Territórios Federais c) autonomia municipal;
com mais de cem mil habitan-
tes, além do Governador nome- d) prestação de contas da
Capítulo V – Do Distrito administração pública,
Federal e dos Territórios ado na forma desta Constitui-
ção, haverá órgãos judiciários direta e indireta;
de primeira e segunda instância, e) aplicação do mínimo
Seção I – Do Distrito membros do Ministério Público exigido da receita resul-
Federal e defensores públicos federais; tante de impostos esta-
a lei disporá sobre as eleições duais, compreendida a
Art. 32. O Distrito Federal, para a Câmara Territorial e sua proveniente de trans-
vedada sua divisão em Muni- competência deliberativa. ferências, na manuten-
cípios, reger-se-á por lei orgâ- ção e desenvolvimento
nica, votada em dois turnos Capítulo VI – Da do ensino e nas ações
com interstício mínimo de dez Intervenção e serviços públicos de
dias, e aprovada por dois ter- saúde.
ços da Câmara Legislativa, que Art. 34. A União não inter-
a promulgará, atendidos os virá nos Estados nem no Dis-
Art. 35. O Estado não inter-
princípios estabelecidos nesta trito Federal, exceto para: (EC
virá em seus Municípios, nem a
Constituição. no 14/96 e EC no 29/2000)
União nos Municípios localiza-
§ 1o Ao Distrito Federal são I – manter a integridade nacio- dos em Território Federal, ex-
atribuídas as competências nal; ceto quando: (EC no 29/2000)

27
I – deixar de ser paga, sem moti- mesmo prazo de vinte e quatro IV – durante o prazo improrro-
vo de força maior, por dois anos horas. gável previsto no edital de con-
consecutivos, a dívida fundada; vocação, aquele aprovado em
§ 3o Nos casos do art. 34, VI e
concurso público de provas ou
II – não forem prestadas contas VII, ou do art. 35, IV, dispensa- de provas e títulos será convo-
devidas, na forma da lei; da a apreciação pelo Congresso cado com prioridade sobre no-
III – não tiver sido aplicado Nacional ou pela Assembleia Le- vos concursados para assumir
o mínimo exigido da receita gislativa, o decreto limitar-se-á cargo ou emprego, na carreira;
municipal na manutenção e a suspender a execução do ato
impugnado, se essa medida V – as funções de confiança,
desenvolvimento do ensino e
bastar ao restabelecimento da exercidas exclusivamente por
nas ações e serviços públicos
normalidade. servidores ocupantes de car-
de saúde;
go efetivo, e os cargos em co-
IV – o Tribunal de Justiça der § 4 o Cessados os motivos da missão, a serem preenchidos
provimento a representação intervenção, as autoridades por servidores de carreira nos
para assegurar a observância de afastadas de seus cargos a es- casos, condições e percentuais
princípios indicados na Consti- tes voltarão, salvo impedimento mínimos previstos em lei, des-
tuição Estadual, ou para prover legal. tinam-se apenas às atribuições
a execução de lei, de ordem ou de direção, chefia e assessora-
de decisão judicial. Capítulo VII – Da mento;
Administração Pública
VI – é garantido ao servidor pú-
Art. 36. A decretação da
blico civil o direito à livre asso-
intervenção dependerá: (EC
Seção I – Disposições Gerais ciação sindical;
no 45/2004)
VII – o direito de greve será exer-
I – no caso do art. 34, IV, de Art. 37. A administração pú- cido nos termos e nos limites
solicitação do Poder Legislativo blica direta e indireta de qual- definidos em lei específica;
ou do Poder Executivo coacto quer dos Poderes da União, dos
ou impedido, ou de requisição Estados, do Distrito Federal VIII – a lei reservará percentual
do Supremo Tribunal Federal, e dos Municípios obedecerá dos cargos e empregos públicos
se a coação for exercida contra para as pessoas portadoras de
aos princípios de legalidade,
o Poder Judiciário; deficiência e definirá os critérios
impessoalidade, moralidade,
de sua admissão;
II – no caso de desobediência a publicidade e eficiência e, tam-
ordem ou decisão judiciária, de bém, ao seguinte: (EC no 18/98, IX – a lei estabelecerá os casos
requisição do Supremo Tribunal EC no 19/98, EC no 20/98, EC de contratação por tempo de-
Federal, do Superior Tribunal de no 34/2001, EC no 41/2003, EC terminado para atender a neces-
Justiça ou do Tribunal Superior no 42/2003 e EC no 47/2005) sidade temporária de excepcio-
Eleitoral; nal interesse público;
I – os cargos, empregos e fun-
III – de provimento, pelo Supre- ções públicas são acessíveis aos X – a remuneração dos servido-
mo Tribunal Federal, de repre- brasileiros que preencham os res públicos e o subsídio de que
sentação do Procurador-Geral requisitos estabelecidos em lei, trata o § 4o do art. 39 somente
da República, na hipótese do assim como aos estrangeiros, poderão ser fixados ou altera-
art. 34, VII, e no caso de recusa na forma da lei; dos por lei específica, observa-
à execução de lei federal; da a iniciativa privativa em cada
II – a investidura em cargo ou caso, assegurada revisão geral
IV – (Revogado). emprego público depende de anual, sempre na mesma data e
§ 1o O decreto de intervenção, aprovação prévia em concurso sem distinção de índices;
que especificará a amplitude, o público de provas ou de pro-
vas e títulos, de acordo com a XI – a remuneração e o subsí-
prazo e as condições de execu-
natureza e a complexidade do dio dos ocupantes de cargos,
ção e que, se couber, nomeará
cargo ou emprego, na forma funções e empregos públicos da
o interventor, será submetido à
prevista em lei, ressalvadas as administração direta, autárqui-
apreciação do Congresso Na-
nomeações para cargo em co- ca e fundacional, dos membros
cional ou da Assembleia Legis-
missão declarado em lei de livre de qualquer dos Poderes da
lativa do Estado, no prazo de
nomeação e exoneração; União, dos Estados, do Distrito
vinte e quatro horas.
Federal e dos Municípios, dos
§ 2o Se não estiver funcionan- III – o prazo de validade do con- detentores de mandato eletivo
do o Congresso Nacional ou a curso público será de até dois e dos demais agentes políticos
Assembleia Legislativa, far-se-á anos, prorrogável uma vez, por e os proventos, pensões ou
convocação extraordinária, no igual período; outra espécie remuneratória,

28
percebidos cumulativamente b) a de um cargo de profes- do Distrito Federal e dos Mu-
ou não, incluídas as vantagens sor com outro, técnico nicípios, atividades essenciais
pessoais ou de qualquer outra ou científico; ao funcionamento do Estado,
natureza, não poderão exceder exercidas por servidores de car-
c) a de dois cargos ou
o subsídio mensal, em espécie, reiras específicas, terão recursos
empregos privativos de
dos Ministros do Supremo Tri- prioritários para a realização
profissionais de saúde,
bunal Federal, aplicando-se com profissões regula- de suas atividades e atuarão de
como limite, nos Municípios, o mentadas; forma integrada, inclusive com
subsídio do Prefeito, e nos Es- o compartilhamento de cadas-
tados e no Distrito Federal, o XVII – a proibição de acumu- tros e de informações fiscais, na
subsídio mensal do Governador lar estende-se a empregos e forma da lei ou convênio.
no âmbito do Poder Executivo, funções e abrange autarquias,
o subsídio dos Deputados Es- fundações, empresas públicas, § 1o A publicidade dos atos,
taduais e Distritais no âmbito sociedades de economia mista, programas, obras, serviços e
do Poder Legislativo e o subsí- suas subsidiárias, e sociedades campanhas dos órgãos públi-
dio dos Desembargadores do controladas, direta ou indire- cos deverá ter caráter educativo,
Tribunal de Justiça, limitado a tamente, pelo poder público; informativo ou de orientação
noventa inteiros e vinte e cinco social, dela não podendo cons-
XVIII – a administração fazen- tar nomes, símbolos ou imagens
centésimos por cento do sub- dária e seus servidores fiscais
sídio mensal, em espécie, dos que caracterizem promoção
terão, dentro de suas áreas pessoal de autoridades ou ser-
Ministros do Supremo Tribunal de competência e jurisdição,
Federal, no âmbito do Poder Ju- vidores públicos.
precedência sobre os demais
diciário, aplicável este limite aos setores administrativos, na for- § 2o A não observância do dis-
membros do Ministério Público, ma da lei; posto nos incisos II e III implica-
aos Procuradores e aos Defen- rá a nulidade do ato e a punição
sores Públicos; XIX – somente por lei específica
da autoridade responsável, nos
poderá ser criada autarquia e
XII – os vencimentos dos cargos termos da lei.
autorizada a instituição de em-
do Poder Legislativo e do Poder presa pública, de sociedade de § 3o A lei disciplinará as formas
Judiciário não poderão ser su- economia mista e de fundação, de participação do usuário na
periores aos pagos pelo Poder cabendo à lei complementar, administração pública direta
Executivo; neste último caso, def inir as e indireta, regulando especial-
XIII – é vedada a vinculação ou áreas de sua atuação; mente:
equiparação de quaisquer es- XX – depende de autorização I– as reclamações relativas à
pécies remuneratórias para o legislativa, em cada caso, a prestação dos serviços públicos
efeito de remuneração de pes- criação de subsidiárias das en- em geral, asseguradas a manu-
soal do serviço público; tidades mencionadas no inciso tenção de serviços de atendi-
XIV – os acréscimos pecuniários anterior, assim como a parti- mento ao usuário e a avaliação
percebidos por servidor públi- cipação de qualquer delas em periódica, externa e interna, da
co não serão computados nem empresa privada; qualidade dos serviços;
acumulados para fins de con- XXI – ressalvados os casos es- II – o acesso dos usuários a re-
cessão de acréscimos ulteriores; pecif icados na legislação, as gistros administrativos e a infor-
XV – o subsídio e os vencimen- obras, ser viços, compras e mações sobre atos de governo,
tos dos ocupantes de cargos e alienações serão contratados observado o disposto no art. 5o,
empregos públicos são irredutí- mediante processo de licitação X e XXXIII;
veis, ressalvado o disposto nos pública que assegure igualdade
de condições a todos os con- III – a disciplina da representa-
incisos XI e XIV deste artigo e ção contra o exercício negligen-
nos arts. 39, § 4o, 150, II, 153, correntes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pa- te ou abusivo de cargo, empre-
III, e 153, § 2o, I; go ou função na administração
gamento, mantidas as condi-
XVI – é vedada a acumulação ções efetivas da proposta, nos pública.
remunerada de cargos públicos, termos da lei, o qual somente § 4 o Os atos de improbidade
exceto, quando houver compati- permitirá as exigências de qua- administrativa importarão a
bilidade de horários, observado lificação técnica e econômica suspensão dos direitos políti-
em qualquer caso o disposto no indispensáveis à garantia do cos, a perda da função pública,
inciso XI: cumprimento das obrigações;
a indisponibilidade dos bens e
a) a de dois cargos de pro- XXII – as administrações tribu- o ressarcimento ao erário, na
fessor; tárias da União, dos Estados, forma e gradação previstas em

29
lei, sem prejuízo da ação penal com a remuneração de cargo, IV – em qualquer caso que exija o
cabível. emprego ou função pública, res- afastamento para o exercício de
salvados os cargos acumuláveis mandato eletivo, seu tempo de
§ 5o A lei estabelecerá os pra-
na forma desta Constituição, os serviço será contado para todos
zos de prescrição para ilícitos
cargos eletivos e os cargos em os efeitos legais, exceto para pro-
praticados por qualquer agen-
comissão declarados em lei de moção por merecimento;
te, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas livre nomeação e exoneração. V – para efeito de benefício pre-
as respectivas ações de ressar- § 11. Não serão computadas, videnciário, no caso de afasta-
cimento. para efeito dos limites remune- mento, os valores serão deter-
ratórios de que trata o inciso XI minados como se no exercício
§ 6 o As pessoas jurídicas de
do caput deste artigo, as par- estivesse.
direito público e as de direito
privado prestadoras de servi- celas de caráter indenizatório
ços públicos responderão pelos previstas em lei.
danos que seus agentes, nessa
Seção II – Dos Servidores
§ 12. Para os fins do disposto Públicos (EC no 18/98)
qualidade, causarem a terceiros, no inciso XI do caput deste ar-
assegurado o direito de regresso tigo, fica facultado aos Estados Art. 39. A União, os Estados,
contra o responsável nos casos e ao Distrito Federal fixar, em o Distrito Federal e os Municí-
de dolo ou culpa. seu âmbito, mediante emenda pios instituirão conselho de
§ 7o A lei disporá sobre os re- às respectivas Constituições e política de administração e re-
quisitos e as restrições ao ocu- Lei Orgânica, como limite úni- muneração de pessoal, integra-
pante de cargo ou emprego da co, o subsídio mensal dos De- do por servidores designados
administração direta e indireta sembargadores do respectivo pelos respectivos Poderes.3 (EC
que possibilite o acesso a infor- Tribunal de Justiça, limitado a no 19/98)
mações privilegiadas. noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do sub- § 1o A fixação dos padrões de
§ 8o A autonomia gerencial, or- vencimento e dos demais com-
sídio mensal dos Ministros do
çamentária e financeira dos ór- ponentes do sistema remunera-
Supremo Tribunal Federal, não
gãos e entidades da administra- tório observará:
se aplicando o disposto neste
ção direta e indireta poderá ser
parágrafo aos subsídios dos De- I – a natureza, o grau de respon-
ampliada mediante contrato,
putados Estaduais e Distritais e sabilidade e a complexidade dos
a ser firmado entre seus admi-
nistradores e o poder público, dos Vereadores. cargos componentes de cada
que tenha por objeto a fixação carreira;
de metas de desempenho para Art. 38. Ao servidor públi-
II – os requisitos para a inves-
o órgão ou entidade, cabendo co da administração direta,
tidura;
à lei dispor sobre: autárquica e fundacional, no
exercício de mandato eletivo, III – as peculiaridades dos car-
I – o prazo de duração do con- aplicam-se as seguintes dispo- gos.
trato; sições: (EC no 19/98) § 2o A União, os Estados e o Dis-
II – os controles e critérios de I – tratando-se de mandato ele- trito Federal manterão escolas
avaliação de desempenho, di- tivo federal, estadual ou distri- de governo para a formação e
reitos, obrigações e responsa- tal, ficará afastado de seu car- o aperfeiçoamento dos servido-
bilidade dos dirigentes; go, emprego ou função; res públicos, constituindo-se a
III – a remuneração do pessoal. participação nos cursos um dos
II – investido no mandato de requisitos para a promoção na
§ 9o O disposto no inciso XI Prefeito, será afastado do cargo,
aplica-se às empresas públicas emprego ou função, sendo-lhe
e às sociedades de economia facultado optar pela sua remu-
mista, e suas subsidiárias, que neração; 3
NE: o caput deste artigo teve a
receberem recursos da União, III – investido no mandato de sua aplicação suspensa em caráter
dos Estados, do Distrito Federal Vereador, havendo compatibili- liminar, por força da ADI no 2.135.
ou dos Municípios para paga- dade de horários, perceberá as
Redação anterior: “A União, os Es-
mento de despesas de pessoal tados, o Distrito Federal e os Mu-
vantagens de seu cargo, empre- nicípios instituirão, no âmbito de
ou de custeio em geral. go ou função, sem prejuízo da sua competência, regime jurídico
§ 10. É vedada a percepção remuneração do cargo eletivo, único e planos de carreira para os
simultânea de proventos de e, não havendo compatibilida- servidores da administração pú-
aposentadoria decorrentes do de, será aplicada a norma do blica direta, das autarquias e das
art. 40 ou dos arts. 42 e 142 inciso anterior; fundações públicas”.

30
carreira, facultada, para isso, Art. 40. Aos servidores ti- § 2 o Os proventos de apo-
a celebração de convênios ou tulares de cargos efetivos da sentadoria e as pensões, por
contratos entre os entes fede- União, dos Estados, do Distri- ocasião de sua concessão, não
rados. to Federal e dos Municípios, poderão exceder a remunera-
incluídas suas autarquias e ção do respectivo servidor, no
§ 3o Aplica-se aos servidores
fundações, é assegurado regime cargo efetivo em que se deu a
ocupantes de cargo público o
de previdência de caráter con- aposentadoria ou que serviu
disposto no art. 7o, IV, VII, VIII,
tributivo e solidário, mediante de referência para a concessão
IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, da pensão.
contribuição do respectivo ente
XIX, XX, XXII e XXX, podendo a
público, dos servidores ativos § 3o Para o cálculo dos pro-
lei estabelecer requisitos diferen-
e inativos e dos pensionistas, ventos de aposentadoria, por
ciados de admissão quando a
observados critérios que pre- ocasião da sua concessão, serão
natureza do cargo o exigir.
servem o equilíbrio financeiro consideradas as remunerações
§ 4o O membro de Poder, o de- e atuarial e o disposto neste ar- utilizadas como base para as
tentor de mandato eletivo, os tigo. (EC no 3/93, EC no 20/98, contribuições do servidor aos
Ministros de Estado e os Secre- EC no 41/2003, EC no 47/2005 regimes de previdência de que
tários Estaduais e Municipais e EC no 88/2015) tratam este artigo e o art. 201,
serão remunerados exclusiva- na forma da lei.
§ 1o Os servidores abrangidos
mente por subsídio fixado em
pelo regime de previdência § 4o É vedada a adoção de re-
parcela única, vedado o acrés-
de que trata este artigo serão quisitos e critérios diferenciados
cimo de qualquer gratificação,
aposentados, calculados os seus para a concessão de aposenta-
adicional, abono, prêmio, verba
proventos a partir dos valores doria aos abrangidos pelo re-
de representação ou outra espé-
fixados na forma dos §§ 3o e 17: gime de que trata este artigo,
cie remuneratória, obedecido,
em qualquer caso, o disposto I– por invalidez permanente, ressalvados, nos termos defini-
no art. 37, X e XI. sendo os proventos proporcio- dos em leis complementares, os
nais ao tempo de contribuição, casos de servidores:
§ 5o Lei da União, dos Estados,
exceto se decorrente de acidente I – portadores de deficiência;
do Distrito Federal e dos Mu-
em serviço, moléstia profissio-
nicípios poderá estabelecer a II – que exerçam atividades de
nal ou doença grave, contagiosa
relação entre a maior e a menor risco;
ou incurável, na forma da lei;
remuneração dos servidores pú-
blicos, obedecido, em qualquer II – compulsoriamente, com III – cujas atividades sejam exer-
caso, o disposto no art. 37, XI. proventos proporcionais ao cidas sob condições especiais
tempo de contribuição, aos que prejudiquem a saúde ou a
§ 6o Os Poderes Executivo, Le- integridade física.
70 (setenta) anos de idade, ou
gislativo e Judiciário publicarão
aos 75 (setenta e cinco) anos § 5o Os requisitos de idade e de
anualmente os valores do subsí-
de idade, na forma de lei com- tempo de contribuição serão re-
dio e da remuneração dos car-
plementar; duzidos em cinco anos, em re-
gos e empregos públicos.
III – voluntariamente, desde lação ao disposto no § 1o, III, a,
§ 7o Lei da União, dos Estados, para o professor que comprove
que cumprido tempo mínimo
do Distrito Federal e dos Mu- exclusivamente tempo de efetivo
de dez anos de efetivo exercício
nicípios disciplinará a aplica- exercício das funções de magis-
no serviço público e cinco anos
ção de recursos orçamentários tério na educação infantil e no
no cargo efetivo em que se dará
provenientes da economia com ensino fundamental e médio.
a aposentadoria, observadas as
despesas correntes em cada ór-
seguintes condições: § 6o Ressalvadas as aposenta-
gão, autarquia e fundação, para
aplicação no desenvolvimento a) sessenta anos de idade dorias decorrentes dos cargos
de programas de qualidade e e trinta e cinco de con- acumuláveis na forma desta
produtividade, treinamento e tribuição, se homem, e Constituição, é vedada a per-
desenvolvimento, moderniza- cinquenta e cinco anos cepção de mais de uma apo-
ção, reaparelhamento e racio- de idade e trinta de con- sentadoria à conta do regime
nalização do serviço público, tribuição, se mulher; de previdência previsto neste
artigo.
inclusive sob a forma de adicio-
b) sessenta e cinco anos de
nal ou prêmio de produtividade. § 7o Lei disporá sobre a conces-
idade, se homem, e ses-
são do benefício de pensão por
§ 8 A remuneração dos servi-
o
senta anos de idade, se
morte, que será igual:
dores públicos organizados em mulher, com proventos
carreira poderá ser fixada nos proporcionais ao tempo I – ao valor da totalidade dos
termos do § 4o. de contribuição. proventos do servidor falecido,

31
até o limite máximo estabeleci- § 13. Ao servidor ocupante, previdência social de que tra-
do para os benefícios do regime exclusivamente, de cargo em ta o art. 201, com percentual
geral de previdência social de comissão declarado em lei de igual ao estabelecido para os
que trata o art. 201, acrescido livre nomeação e exoneração servidores titulares de cargos
de setenta por cento da parce- bem como de outro cargo tem- efetivos.
la excedente a este limite, caso porário ou de emprego públi-
§ 19. O servidor de que trata
aposentado à data do óbito; ou co, aplica-se o regime geral de
este artigo que tenha comple-
II – ao valor da totalidade da previdência social.
tado as exigências para apo-
remuneração do servidor no § 14. A União, os Estados, o sentadoria voluntária estabele-
cargo efetivo em que se deu Distrito Federal e os Municí- cidas no § 1o, III, a, e que opte
o falecimento, até o limite pios, desde que instituam re- por permanecer em atividade
máximo estabelecido para os gime de previdência comple- fará jus a um abono de perma-
benefícios do regime geral de mentar para os seus respectivos nência equivalente ao valor da
previdência social de que trata servidores titulares de cargo sua contribuição previdenciá-
o art. 201, acrescido de setenta efetivo, poderão f ixar, para ria até completar as exigências
por cento da parcela excedente o valor das aposentadorias e para aposentadoria compulsó-
a este limite, caso em atividade pensões a serem concedidas ria contidas no § 1o, II.
na data do óbito. pelo regime de que trata este
§ 20. Fica vedada a existência
§ 8o É assegurado o reajusta- artigo, o limite máximo estabe-
de mais de um regime próprio
mento dos benefícios para pre- lecido para os benefícios do re-
de previdência social para os
servar-lhes, em caráter perma- gime geral de previdência social
servidores titulares de cargos
nente, o valor real, conforme de que trata o art. 201.
efetivos, e de mais de uma
critérios estabelecidos em lei. § 15. O regime de previdência unidade gestora do respecti-
§ 9 O tempo de contribuição
o complementar de que trata o vo regime em cada ente esta-
federal, estadual ou municipal § 14 será instituído por lei de tal, ressalvado o disposto no
será contado para efeito de iniciativa do respectivo Poder art. 142, § 3o, X.
aposentadoria e o tempo de Executivo, observado o dispos-
§ 21. A contribuição prevista
serviço correspondente para to no art. 202 e seus parágra-
no § 18 deste artigo incidirá
efeito de disponibilidade. fos, no que couber, por inter-
apenas sobre as parcelas de
médio de entidades fechadas
§ 10. A lei não poderá estabe- proventos de aposentadoria
de previdência complementar,
lecer qualquer forma de conta- e de pensão que superem o
de natureza pública, que ofe-
gem de tempo de contribuição dobro do limite máximo es-
recerão aos respectivos parti-
fictício. tabelecido para os benefícios
cipantes planos de benefícios
do regime geral de previdência
§ 11. Aplica-se o limite fixado somente na modalidade de
social de que trata o art. 201
no art. 37, XI, à soma total contribuição definida.
desta Constituição, quando o
dos proventos de inatividade, § 16. Somente mediante sua beneficiário, na forma da lei,
inclusive quando decorrentes prévia e expressa opção, o dis- for portador de doença inca-
da acumulação de cargos ou posto nos §§ 14 e 15 poderá ser pacitante.
empregos públicos, bem como aplicado ao servidor que tiver
de outras atividades sujeitas ingressado no serviço público Art. 41. São estáveis após
a contribuição para o regime até a data da publicação do ato três anos de efetivo exercício
geral de previdência social, de instituição do correspon- os servidores nomeados para
e ao montante resultante da dente regime de previdência cargo de provimento efetivo em
adição de proventos de inati- complementar. virtude de concurso público.
vidade com remuneração de (EC no 19/98)
cargo acumulável na forma § 17. Todos os valores de remu-
desta Constituição, cargo em neração considerados para o § 1o O servidor público estável
comissão declarado em lei de cálculo do benefício previsto só perderá o cargo:
livre nomeação e exoneração, no § 3o serão devidamente atu-
I – em virtude de sentença ju-
e de cargo eletivo. alizados, na forma da lei.
dicial transitada em julgado;
§ 12. Além do disposto neste § 18. Incidirá contribuição so-
II – mediante processo adminis-
artigo, o regime de previdência bre os proventos de aposenta-
trativo em que lhe seja assegu-
dos servidores públicos titula- dorias e pensões concedidas
rada ampla defesa;
res de cargo efetivo observará, pelo regime de que trata este
no que couber, os requisitos e artigo que superem o limite III – mediante procedimen-
critérios fixados para o regime máximo estabelecido para os to de avaliação periódica de
geral de previdência social. benefícios do regime geral de desempenho, na forma de lei

32
complementar, assegurada am- o que for fixado em lei específica
pla defesa. do respectivo ente estatal. Título IV – Da
§ 2o Invalidada por sentença Organização dos Poderes
judicial a demissão do servidor
estável, será ele reintegrado, e o Seção IV – Das Regiões
eventual ocupante da vaga, se Capítulo I – Do Poder
estável, reconduzido ao cargo Art. 43. Para efeitos ad- Legislativo
de origem, sem direito a inde- ministrativos, a União poderá
nização, aproveitado em outro articular sua ação em um mes-
cargo ou posto em disponibi- mo complexo geoeconômico e Seção I – Do Congresso
lidade com remuneração pro- social, visando a seu desenvol- Nacional
porcional ao tempo de serviço. vimento e à redução das desi-
gualdades regionais. Art. 44. O Poder Legislati-
§ 3o Extinto o cargo ou decla- vo é exercido pelo Congresso
rada a sua desnecessidade, o § 1 Lei complementar disporá
o
Nacional, que se compõe da
servidor estável ficará em dis- sobre: Câmara dos Deputados e do
ponibilidade, com remunera- Senado Federal.
ção proporcional ao tempo I – as condições para integração
de serviço, até seu adequado de regiões em desenvolvimento;
Parágrafo único. Cada legislatura
aproveitamento em outro II – a composição dos organis- terá a duração de quatro anos.
cargo. mos regionais que executarão,
§ 4 o Como condição para a na forma da lei, os planos re- Art. 45. A Câmara dos De-
aquisição da estabilidade, é gionais, integrantes dos planos putados compõe-se de repre-
obrigatória a avaliação especial nacionais de desenvolvimento sentantes do povo, eleitos, pelo
de desempenho por comissão econômico e social, aprovados sistema proporcional, em cada
Estado, em cada Território e no
instituída para essa finalidade. juntamente com estes.
Distrito Federal.
§ 2o Os incentivos regionais
§ 1o O número total de Depu-
Seção III – Dos Militares compreenderão, além de ou- tados, bem como a representa-
dos Estados, do Distrito tros, na forma da lei: ção por Estado e pelo Distrito
Federal e dos Territórios I – igualdade de tarifas, fretes, Federal, será estabelecido por
(EC no 18/98) seguros e outros itens de custos lei complementar, proporcional-
e preços de responsabilidade do mente à população, proceden-
do-se aos ajustes necessários,
Art. 42. Os membros das Poder Público;
no ano anterior às eleições,
Polícias Militares e Corpos de para que nenhuma daquelas
II – juros favorecidos para finan-
Bombeiros Militares, institui- unidades da Federação tenha
ciamento de atividades priori-
ções organizadas com base menos de oito ou mais de se-
na hierarquia e disciplina, são tárias;
tenta Deputados.
militares dos Estados, do Dis- III – isenções, reduções ou dife-
trito Federal e dos Territórios. rimento temporário de tributos § 2o Cada Território elegerá
(EC no 3/93, EC no 18/98, EC federais devidos por pessoas fí- quatro Deputados.
no 20/98 e EC no 41/2003) sicas ou jurídicas;
Art. 46. O Senado Federal
§ 1o Aplicam-se aos militares IV – prioridade para o aprovei- compõe-se de representantes
dos Estados, do Distrito Fede- tamento econômico e social dos Estados e do Distrito Fede-
ral e dos Territórios, além do dos rios e das massas de água ral, eleitos segundo o princípio
que vier a ser fixado em lei, as majoritário.
represadas ou represáveis nas
disposições do art. 14, § 8o; do
regiões de baixa renda, sujeitas § 1o Cada Estado e o Distrito Fe-
art. 40, § 9o; e do art. 142, §§ 2o
e 3o, cabendo a lei estadual es- a secas periódicas. deral elegerão três Senadores,
pecífica dispor sobre as maté- com mandato de oito anos.
§ 3o Nas áreas a que se refere
rias do art. 142, § 3o, inciso X, o § 2o, IV, a União incentivará § 2o A representação de cada
sendo as patentes dos oficiais a recuperação de terras áridas Estado e do Distrito Federal
conferidas pelos respectivos e cooperará com os pequenos será renovada de quatro em
governadores. e médios proprietários rurais quatro anos, alternadamente,
para o estabelecimento, em por um e dois terços.
§ 2o Aos pensionistas dos milita-
res dos Estados, do Distrito Fe- suas glebas, de fontes de água § 3o Cada Senador será eleito
deral e dos Territórios aplica-se e de pequena irrigação. com dois suplentes.

33
Art. 47. Salvo disposição XI – criação e extinção de Mi- VIII – fixar os subsídios do Pre-
constitucional em contrário, nistérios e órgãos da adminis- sidente e do Vice-Presidente da
as deliberações de cada Casa tração pública; República e dos Ministros de Es-
e de suas Comissões serão to- tado, observado o que dispõem
XII – telecomunicações e radio-
madas por maioria dos votos, os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II,
difusão;
presente a maioria absoluta de 153, III, e 153, § 2o, I;
seus membros. XIII – matéria financeira, cam-
bial e monetária, instituições IX – julgar anualmente as con-
financeiras e suas operações; tas prestadas pelo Presidente
Seção II – Das Atribuições da República e apreciar os re-
XIV – moeda, seus limites de latórios sobre a execução dos
do Congresso Nacional emissão, e montante da dívida planos de governo;
Art. 48. Cabe ao Congres- mobiliária federal;
X – fiscalizar e controlar, dire-
so Nacional, com a sanção do XV – fixação do subsídio dos tamente, ou por qualquer de
Presidente da República, não Ministros do Supremo Tribu- suas Casas, os atos do Poder
exigida esta para o especifica- nal Federal, observado o que Executivo, incluídos os da ad-
do nos arts. 49, 51 e 52, dis- dispõem os arts. 39, § 4o; 150, ministração indireta;
por sobre todas as matérias de II; 153, III; e 153, § 2o, I.
competência da União, espe- XI – zelar pela preservação de
cialmente sobre: (EC no 19/98, Art. 49. É da competência sua competência legislativa em
EC no 32/2001, EC no 41/2003 exclusiva do Congresso Nacio- face da atribuição normativa
e EC no 69/2012) nal: (EC no 19/98) dos outros Poderes;
I – sistema tributário, arreca- I – resolver definitivamente sobre XII – apreciar os atos de conces-
dação e distribuição de rendas; tratados, acordos ou atos inter- são e renovação de concessão
II – plano plurianual, diretrizes nacionais que acarretem encar- de emissoras de rádio e televi-
orçamentárias, orçamento anu- gos ou compromissos gravosos são;
al, operações de crédito, dívi- ao patrimônio nacional;
XIII – escolher dois terços dos
da pública e emissões de curso II – autorizar o Presidente da membros do Tribunal de Contas
forçado; República a declarar guerra, a da União;
III – fixação e modificação do celebrar a paz, a permitir que
XIV – aprovar iniciativas do Po-
efetivo das Forças Armadas; forças estrangeiras transitem
der Executivo referentes a ativi-
pelo território nacional ou nele
IV – planos e programas na- permaneçam temporariamente, dades nucleares;
cionais, regionais e setoriais de ressalvados os casos previstos XV – autorizar referendo e con-
desenvolvimento; em lei complementar; vocar plebiscito;
V – limites do território nacio- III – autorizar o Presidente e o XVI – autorizar, em terras indí-
nal, espaço aéreo e marítimo e Vice-Presidente da República a genas, a exploração e o aprovei-
bens do domínio da União; se ausentarem do País, quan- tamento de recursos hídricos e
VI – incorporação, subdivisão do a ausência exceder a quinze a pesquisa e lavra de riquezas
ou desmembramento de áreas dias; minerais;
de Territórios ou Estados, ouvi- IV – aprovar o estado de de-
das as respectivas Assembleias XVII – aprovar, previamente, a
fesa e a intervenção federal, alienação ou concessão de ter-
Legislativas; autorizar o estado de sítio, ou ras públicas com área superior a
VII – transferência temporária suspender qualquer uma dessas dois mil e quinhentos hectares.
da sede do Governo Federal; medidas;
VIII – concessão de anistia; V – sustar os atos normativos do Art. 50. A Câmara dos De-
Poder Executivo que exorbitem putados e o Senado Federal, ou
IX – organização administrativa, do poder regulamentar ou dos qualquer de suas Comissões,
judiciária, do Ministério Públi- limites de delegação legislativa; poderão convocar Ministro de
co e da Defensoria Pública da Estado ou quaisquer titulares de
União e dos Territórios e organi- VI – mudar temporariamente órgãos diretamente subordina-
zação judiciária e do Ministério sua sede; dos à Presidência da República
Público do Distrito Federal; para prestarem, pessoalmen-
VII – f ixar idêntico subsídio
X – criação, transformação e para os Deputados Federais e te, informações sobre assun-
extinção de cargos, empregos e os Senadores, observado o que to previamente determinado,
funções públicas, observado o dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, importando em crime de res-
que estabelece o art. 84, VI, b; 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I; ponsabilidade a ausência sem

34
justif icação adequada. (ECR V – eleger membros do Conse- interesse da União, dos Estados,
no 2/94) lho da República, nos termos do Distrito Federal, dos Territó-
do art. 89, VII. rios e dos Municípios;
§ 1o Os Ministros de Estado po-
derão comparecer ao Senado VI – fixar, por proposta do Pre-
Federal, à Câmara dos Depu- sidente da República, limites
Seção IV – Do Senado globais para o montante da
tados, ou a qualquer de suas Federal
Comissões, por sua iniciativa e dívida consolidada da União,
mediante entendimentos com dos Estados, do Distrito Federal
Art. 52. Compete privati- e dos Municípios;
a Mesa respectiva, para expor vamente ao Senado Federal:
assunto de relevância de seu (EC no 19/98, EC no 23/99, EC VII – dispor sobre limites globais
Ministério. no 42/2003 e EC no 45/2004) e condições para as operações
de crédito externo e interno da
§ 2o As Mesas da Câmara dos I – processar e julgar o Presiden- União, dos Estados, do Distri-
Deputados e do Senado Federal te e o Vice-Presidente da Repú- to Federal e dos Municípios, de
poderão encaminhar pedidos blica nos crimes de responsabi- suas autarquias e demais enti-
escritos de informação a Minis- lidade, bem como os Ministros dades controladas pelo Poder
tros de Estado ou a qualquer de Estado e os Comandantes da Público federal;
das pessoas referidas no caput Marinha, do Exército e da Ae-
ronáutica nos crimes da mesma VIII – dispor sobre limites e con-
deste artigo, importando em
natureza conexos com aqueles; dições para a concessão de ga-
crime de responsabilidade a rantia da União em operações de
recusa, ou o não-atendimento II – processar e julgar os Minis- crédito externo e interno;
no prazo de trinta dias, bem co- tros do Supremo Tribunal Fede-
mo a prestação de informações ral, os membros do Conselho IX – estabelecer limites globais
falsas. Nacional de Justiça e do Con- e condições para o montante
selho Nacional do Ministério da dívida mobiliária dos Esta-
Público, o Procurador-Geral da dos, do Distrito Federal e dos
Seção III – Da Câmara dos República e o Advogado-Geral Municípios;
Deputados da União nos crimes de respon- X – suspender a execução, no
sabilidade; todo ou em parte, de lei de-
Art. 51. Compete privativa- III – aprovar previamente, por clarada inconstitucional por
mente à Câmara dos Deputa- voto secreto, após arguição pú- decisão definitiva do Supremo
dos: (EC no 19/98) blica, a escolha de: Tribunal Federal;
I – autorizar, por dois terços de a) magistrados, nos ca- XI – aprovar, por maioria abso-
seus membros, a instauração de sos estabelecidos nesta luta e por voto secreto, a exo-
processo contra o Presidente e Constituição; neração, de ofício, do Procura-
o Vice-Presidente da República dor-Geral da República antes
b) Ministros do Tribunal de do término de seu mandato;
e os Ministros de Estado; Contas da União indica-
dos pelo Presidente da XII – elaborar seu regimento
II– proceder à tomada de con-
República; interno;
tas do Presidente da República,
quando não apresentadas ao c) Governador de Territó- XIII – dispor sobre sua organi-
Congresso Nacional dentro de rio; zação, funcionamento, polícia,
sessenta dias após a abertura criação, transformação ou ex-
da sessão legislativa; d) presidente e diretores do tinção dos cargos, empregos e
banco central; funções de seus serviços, e a
III – elaborar seu regimento in- iniciativa de lei para a fixação
e) Procurador-Geral da
terno; da respectiva remuneração,
República;
observados os parâmetros es-
IV – dispor sobre sua organiza-
f) titulares de outros car- tabelecidos na lei de diretrizes
ção, funcionamento, polícia, gos que a lei determinar; orçamentárias;
criação, transformação ou ex-
tinção dos cargos, empregos IV – aprovar previamente, por XIV – eleger membros do Con-
e funções de seus serviços, e voto secreto, após arguição em selho da República, nos termos
a iniciativa de lei para fixação sessão secreta, a escolha dos do art. 89, VII;
da respectiva remuneração, chefes de missão diplomática
XV – avaliar periodicamente
observados os parâmetros es- de caráter permanente;
a funcionalidade do Sistema
tabelecidos na lei de diretrizes V – autorizar operações exter- Tributário Nacional, em sua
orçamentárias; nas de natureza financeira, de estrutura e seus componentes,

35
e o desempenho das administra- § 5o A sustação do processo ou nela exercer função
ções tributárias da União, dos suspende a prescrição, enquan- remunerada;
Estados e do Distrito Federal e to durar o mandato.
dos Municípios. b) ocupar cargo ou função
§ 6o Os Deputados e Senado- de que sejam demis-
res não serão obrigados a tes- síveis ad nutum, nas
Parágrafo único. Nos casos previs-
temunhar sobre informações entidades referidas no
tos nos incisos I e II, funcionará
como Presidente o do Supremo recebidas ou prestadas em ra- inciso I, a;
Tribunal Federal, limitando-se zão do exercício do mandato,
nem sobre as pessoas que lhes c) patrocinar causa em
a condenação, que somente que seja interessada
será proferida por dois terços confiaram ou deles receberam
informações. qualquer das entidades
dos votos do Senado Federal, a que se refere o inciso
à perda do cargo, com inabi- § 7o A incorporação às Forças I, a;
litação, por oito anos, para o Armadas de Deputados e Se-
exercício de função pública, sem nadores, embora militares e d) ser titulares de mais de
prejuízo das demais sanções ainda que em tempo de guerra, um cargo ou mandato
judiciais cabíveis. dependerá de prévia licença da público eletivo.
Casa respectiva.
Art. 55. Perderá o mandato
Seção V – Dos Deputados e § 8o As imunidades de Deputa- o Deputado ou Senador: (ECR
dos Senadores dos ou Senadores subsistirão no 6/94 e EC no 76/2013)
durante o estado de sítio, só po-
dendo ser suspensas mediante I – que infringir qualquer das
Art. 53. Os Deputados e Se-
nadores são invioláveis, civil e o voto de dois terços dos mem- proibições estabelecidas no
penalmente, por quaisquer de bros da Casa respectiva, nos ca- artigo anterior;
suas opiniões, palavras e votos. sos de atos praticados fora do II – cujo procedimento for de-
(EC no 35/2001) recinto do Congresso Nacional, clarado incompatível com o
que sejam incompatíveis com a decoro parlamentar;
§ 1o Os Deputados e Senadores, execução da medida.
desde a expedição do diploma, III – que deixar de comparecer,
serão submetidos a julgamen- Art. 54. Os Deputados e Se- em cada sessão legislativa, à ter-
to perante o Supremo Tribunal nadores não poderão: I – desde ça parte das sessões ordinárias
Federal. a expedição do diploma: da Casa a que pertencer, salvo
§ 2o Desde a expedição do di- licença ou missão por esta au-
a) firmar ou manter con-
ploma, os membros do Con- trato com pessoa jurí- torizada;
gresso Nacional não poderão dica de direito público, IV – que perder ou tiver suspen-
ser presos, salvo em flagrante de aut arquia, empresa sos os direitos políticos;
crime inafiançável. Nesse caso, pública, sociedade de
os autos serão remetidos dentro economia mist a ou V – quando o decretar a Justiça
de vinte e quatro horas à Casa empresa concessioná- Eleitoral, nos casos previstos
respectiva, para que, pelo voto ria de serviço público, nesta Constituição;
da maioria de seus membros, salvo quando o contra- VI – que sofrer condenação cri-
resolva sobre a prisão. to obedecer a cláusulas minal em sentença transitada
§ 3o Recebida a denúncia con- uniformes; em julgado.
tra Senador ou Deputado, por b) aceitar ou exercer car-
crime ocorrido após a diplo- § 1o É incompatível com o deco-
go, função ou emprego ro parlamentar, além dos casos
mação, o Supremo Tribunal remunerado, inclusive
Federal dará ciência à Casa definidos no regimento interno,
os de que sejam demis- o abuso das prerrogativas asse-
respectiva, que, por iniciativa síveis ad nutum, nas
de partido político nela repre- guradas a membro do Congres-
entidades constantes so Nacional ou a percepção de
sentado e pelo voto da maioria da alínea anterior;
de seus membros, poderá, até vantagens indevidas.
a decisão final, sustar o anda- II – desde a posse: § 2o Nos casos dos incisos I, II
mento da ação. e VI, a perda do mandato se-
a) ser proprietários, con-
§ 4o O pedido de sustação será troladores ou diretores rá decidida pela Câmara dos
apreciado pela Casa respecti- de empresa que goze Deputados ou pelo Senado
va no prazo improrrogável de de favor decorrente de Federal, por maioria absolu-
quarenta e cinco dias do seu re- contrato com pessoa ju- ta, mediante provocação da
cebimento pela Mesa Diretora. rídica de direito público, respectiva Mesa ou de partido

36
político representado no Con- Capital Federal, de 2 de feve- de autorização para a decreta-
gresso Nacional, assegurada reiro a 17 de julho e de 1o de ção de estado de sítio e para o
ampla defesa. agosto a 22 de dezembro. (EC compromisso e a posse do Pre-
no 19/98, EC no 32/2001 e EC sidente e do Vice-Presidente da
§ 3o Nos casos previstos nos
no 50/2006) República;
incisos III a V, a perda será de-
clarada pela Mesa da Casa res- § 1o As reuniões marcadas para II – pelo Presidente da Repúbli-
pectiva, de ofício ou mediante essas datas serão transferidas ca, pelos Presidentes da Câma-
provocação de qualquer de seus para o primeiro dia útil subse- ra dos Deputados e do Senado
membros, ou de partido políti- quente, quando recaírem em Federal ou a requerimento da
co representado no Congresso sábados, domingos ou feriados. maioria dos membros de ambas
Nacional, assegurada ampla as Casas, em caso de urgência
§ 2o A sessão legislativa não será ou interesse público relevante,
defesa.
interrompida sem a aprovação em todas as hipóteses deste in-
§ 4o A renúncia de parlamentar do projeto de lei de diretrizes ciso com a aprovação da maio-
submetido a processo que vise orçamentárias. ria absoluta de cada uma das
ou possa levar à perda do man- Casas do Congresso Nacional.
§ 3 o Além de outros casos
dato, nos termos deste artigo,
previstos nesta Constituição, § 7o Na sessão legislativa extra-
terá seus efeitos suspensos até
a Câmara dos Deputados e o ordinária, o Congresso Nacio-
as deliberações finais de que
Senado Federal reunir-se-ão em nal somente deliberará sobre a
tratam os §§ 2o e 3o.
sessão conjunta para: matéria para a qual foi convo-
Art. 56. Não perderá o man- I – inaugurar a sessão legisla- cado, ressalvada a hipótese do
dato o Deputado ou Senador: tiva; § 8o deste artigo, vedado o paga-
mento de parcela indenizatória,
I– investido no cargo de Minis- II – elaborar o regimento co- em razão da convocação.
tro de Estado, Governador de mum e regular a criação de
Território, Secretário de Estado, serviços comuns às duas Casas; § 8 o Havendo medidas pro-
do Distrito Federal, de Territó- visórias em vigor na data de
III – receber o compromisso do convocação extraordinária do
rio, de Prefeitura de Capital ou
Presidente e do Vice-Presidente Congresso Nacional, serão elas
chefe de missão diplomática
da República; automaticamente incluídas na
temporária;
IV – conhecer do veto e sobre pauta da convocação.
II – licenciado pela respectiva
ele deliberar.
Casa por motivo de doença, ou
para tratar, sem remuneração, § 4 o Cada uma das Casas reu- Seção VII – Das Comissões
de interesse particular, desde nir-se-á em sessões preparató-
que, neste caso, o afastamen- rias, a partir de 1o de fevereiro, Art. 58. O Congresso Na-
to não ultrapasse cento e vinte no primeiro ano da legislatura, cional e suas Casas terão
dias por sessão legislativa. para a posse de seus membros comissões permanentes e tem-
e eleição das respectivas Me- porárias, constituídas na forma
§ 1o O suplente será convocado
sas, para mandato de 2 (dois) e com as atribuições previstas
nos casos de vaga, de investidu-
anos, vedada a recondução no respectivo regimento ou no
ra em funções previstas neste
para o mesmo cargo na eleição ato de que resultar sua criação.
artigo ou de licença superior a
imediatamente subsequente.
cento e vinte dias. § 1o Na constituição das Mesas
§ 5o A Mesa do Congresso Na- e de cada Comissão, é assegu-
§ 2o Ocorrendo vaga e não ha-
cional será presidida pelo Pre- rada, tanto quanto possível, a
vendo suplente, far-se-á eleição
sidente do Senado Federal, e os representação proporcional dos
para preenchê-la se faltarem
demais cargos serão exercidos, partidos ou dos blocos parla-
mais de quinze meses para o
alternadamente, pelos ocupan- mentares que participam da
término do mandato.
tes de cargos equivalentes na respectiva Casa.
§ 3o Na hipótese do inciso I, o Câmara dos Deputados e no
Senado Federal. § 2o Às comissões, em razão
Deputado ou Senador poderá
da matéria de sua competên-
optar pela remuneração do
§ 6 o A convocação extraordi- cia, cabe:
mandato.
nária do Congresso Nacional
I – discutir e votar projeto de
far-se-á:
lei que dispensar, na forma do
Seção VI – Das Reuniões I – pelo Presidente do Senado regimento, a competência do
Federal, em caso de decreta- Plenário, salvo se houver recur-
Art. 57. O Congresso Nacio- ção de estado de defesa ou de so de um décimo dos membros
nal reunir-se-á, anualmente, na intervenção federal, de pedido da Casa;

37
II – realizar audiências públicas II – leis complementares; III – a separação dos Poderes;
com entidades da sociedade civil;
III – leis ordinárias; IV – os direitos e garantias in-
III – convocar Ministros de Es- dividuais.
IV – leis delegadas;
tado para prestar informações
§ 5 o A matéria constante de
sobre assuntos inerentes a suas V – medidas provisórias;
proposta de emenda rejeitada
atribuições;
VI – decretos legislativos; ou havida por prejudicada não
IV – receber petições, reclama- pode ser objeto de nova propos-
VII – resoluções.
ções, representações ou queixas ta na mesma sessão legislativa.
de qualquer pessoa contra atos
Parágrafo único. Lei complemen-
ou omissões das autoridades ou
tar disporá sobre a elaboração, Subseção III – Das Leis
entidades públicas;
redação, alteração e consolida-
V – solicitar depoimento de qual- ção das leis. Art. 61. A iniciativa das
quer autoridade ou cidadão;
leis complementares e ordiná-
VI – apreciar programas de rias cabe a qualquer membro
obras, planos nacionais, regio- Subseção II – Da Emenda à ou Comissão da Câmara dos
nais e setoriais de desenvolvimen- Constituição Deputados, do Senado Fede-
to e sobre eles emitir parecer. ral ou do Congresso Nacional,
Art. 60. A Constituição po- ao Presidente da República, ao
§ 3o As comissões parlamenta- derá ser emendada mediante Supremo Tribunal Federal, aos
res de inquérito, que terão po- proposta: Tribunais Superiores, ao Procu-
deres de investigação próprios
I – de um terço, no mínimo, dos rador-Geral da República e aos
das autoridades judiciais, além
membros da Câmara dos De- cidadãos, na forma e nos casos
de outros previstos nos regi-
putados ou do Senado Federal; previstos nesta Constituição.
mentos das respectivas Casas,
(EC no 18/98 e EC no 32/2001)
serão criadas pela Câmara dos II – do Presidente da República;
Deputados e pelo Senado Fede- § 1o São de iniciativa privativa
ral, em conjunto ou separada- III – de mais da metade das do Presidente da República as
mente, mediante requerimento Assembleias Legislativas das leis que:
de um terço de seus membros, unidades da Federação, mani-
festando-se, cada uma delas, I – fixem ou modifiquem os efe-
para a apuração de fato de-
pela maioria relativa de seus tivos das Forças Armadas;
terminado e por prazo certo,
sendo suas conclusões, se for o membros. II – disponham sobre:
caso, encaminhadas ao Ministé- § 1o A Constituição não pode- a) criação de cargos, fun-
rio Público, para que promova rá ser emendada na vigência de ções ou empregos pú-
a responsabilidade civil ou cri- intervenção federal, de estado blicos na administração
minal dos infratores. de defesa ou de estado de sítio. direta e autárquica ou
§ 4o Durante o recesso, haverá § 2o A proposta será discuti- aumento de sua remu-
uma Comissão representativa da e votada em cada Casa do neração;
do Congresso Nacional, eleita Congresso Nacional, em dois b) organização administra-
por suas Casas na última sessão turnos, considerando-se apro- tiva e judiciária, matéria
ordinária do período legislativo, vada se obtiver, em ambos, três tributária e orçamentá-
com atribuições definidas no quintos dos votos dos respecti- ria, serviços públicos e
regimento comum, cuja com- vos membros. pessoal da administra-
posição reproduzirá, quanto
§ 3o A emenda à Constituição ção dos Territórios;
possível, a proporcionalidade
da representação partidária. será promulgada pelas Mesas c) servidores públicos da
da Câmara dos Deputados e do União e Territórios, seu
Senado Federal, com o respec- regime jurídico, provi-
Seção VIII – Do Processo tivo número de ordem. mento de cargos, estabi-
Legislativo § 4o Não será objeto de delibe- lidade e aposentadoria;
ração a proposta de emenda d) organização do Ministé-
tendente a abolir: rio Público e da Defen-
Subseção I – Disposição Geral soria Pública da União,
I – a forma federativa de Esta-
bem como normas ge-
Art. 59. O processo legislati- do;
rais para a organização
vo compreende a elaboração de:
II – o voto direto, secreto, uni- do Ministério Público e
I – emendas à Constituição; versal e periódico; da Defensoria Pública

38
dos Estados, do Distrito III – reservada a lei complemen- votação encerrada nas duas Ca-
Federal e dos Territórios; tar; sas do Congresso Nacional.
e) criação e extinção de IV – já disciplinada em projeto § 8 o As medidas provisórias
Ministérios e órgãos da de lei aprovado pelo Congresso terão sua votação iniciada na
administração pública, Nacional e pendente de sanção Câmara dos Deputados.
observado o disposto ou veto do Presidente da Repú-
§ 9o Caberá à comissão mista
no art. 84, VI; blica. de Deputados e Senadores exa-
f) militares das Forças § 2o Medida provisória que im- minar as medidas provisórias e
Armadas, seu regime plique instituição ou majoração sobre elas emitir parecer, antes
jurídico, provimento de impostos, exceto os previs- de serem apreciadas, em sessão
de cargos, promoções, tos nos arts. 153, I, II, IV, V, e separada, pelo plenário de cada
estabilidade, remunera- 154, II, só produzirá efeitos no uma das Casas do Congresso
ção, reforma e transfe- exercício financeiro seguinte se Nacional.
rência para a reserva. houver sido convertida em lei § 10. É vedada a reedição, na
§ 2o A iniciativa popular pode ser até o último dia daquele em que mesma sessão legislativa, de
exercida pela apresentação à Câ- foi editada. medida provisória que tenha
mara dos Deputados de projeto § 3o As medidas provisórias, res- sido rejeitada ou que tenha per-
de lei subscrito por, no mínimo, salvado o disposto nos §§ 11 e dido sua eficácia por decurso
um por cento do eleitorado na- 12 perderão eficácia, desde a de prazo.
cional, distribuído pelo menos edição, se não forem converti- § 11. Não editado o decreto le-
por cinco Estados, com não me- das em lei no prazo de sessenta gislativo a que se refere o § 3o
nos de três décimos por cento dias, prorrogável, nos termos do até sessenta dias após a rejeição
dos eleitores de cada um deles. § 7o, uma vez por igual período, ou perda de eficácia de medida
devendo o Congresso Nacional provisória, as relações jurídicas
Art. 62. Em caso de relevân- disciplinar, por decreto legisla- constituídas e decorrentes de
cia e urgência, o Presidente da tivo, as relações jurídicas delas atos praticados durante sua vi-
República poderá adotar me- decorrentes. gência conservar-se-ão por ela
didas provisórias, com força
§ 4 o O prazo a que se refere o regidas.
de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacio- § 3o contar-se-á da publicação § 12. Aprovado projeto de lei
nal. (EC no 32/2001) da medida provisória, suspen- de conversão alterando o texto
dendo-se durante os períodos original da medida provisória,
§ 1o É vedada a edição de medi- de recesso do Congresso Na- esta manter-se-á integralmente
das provisórias sobre matéria: cional. em vigor até que seja sanciona-
I – relativa a: § 5o A deliberação de cada uma do ou vetado o projeto.
a) nacionalidade, cidada- das Casas do Congresso Nacio-
nal sobre o mérito das medidas Art. 63. Não será admitido
nia, direitos políticos,
provisórias dependerá de juízo aumento da despesa prevista:
partidos políticos e di-
reito eleitoral; prévio sobre o atendimento de I – nos projetos de iniciativa
seus pressupostos constitucio- exclusiva do Presidente da Re-
b) direito penal, processual nais. pública, ressalvado o disposto
penal e processual civil;
§ 6o Se a medida provisória não no art. 166, §§ 3o e 4o;
c) organização do Poder for apreciada em até quarenta II – nos projetos sobre organiza-
Judiciário e do Ministé- e cinco dias contados de sua ção dos serviços administrativos
rio Público, a carreira e publicação, entrará em regime da Câmara dos Deputados, do
a garantia de seus mem- de urgência, subsequentemen- Senado Federal, dos Tribunais
bros; te, em cada uma das Casas do Federais e do Ministério Público.
d) planos plurianuais, di- Congresso Nacional, ficando
retrizes orçamentárias, sobrestadas, até que se ultime Art. 64. A discussão e vota-
orçamento e créditos a votação, todas as demais de- ção dos projetos de lei de inicia-
adicionais e suplemen- liberações legislativas da Casa tiva do Presidente da República,
tares, ressalvado o pre- em que estiver tramitando. do Supremo Tribunal Federal e
visto no art. 167, § 3o; dos Tribunais Superiores terão
§ 7o Prorrogar-se-á uma única vez
início na Câmara dos Deputa-
II – que vise a detenção ou se- por igual período a vigência de
dos. (EC no 32/2001)
questro de bens, de poupança medida provisória que, no pra-
popular ou qualquer outro ativo zo de sessenta dias, contado de § 1o O Presidente da República
financeiro; sua publicação, não tiver a sua poderá solicitar urgência para

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apreciação de projetos de sua § 3o Decorrido o prazo de quin- II – nacionalidade, cidadania,
iniciativa. ze dias, o silêncio do Presidente direitos individuais, políticos e
da República importará sanção. eleitorais;
§ 2o Se, no caso do § 1o, a Câ-
mara dos Deputados e o Sena- § 4 o O veto será apreciado III – planos plurianuais, diretri-
do Federal não se manifestarem em sessão conjunta, dentro zes orçamentárias e orçamen-
sobre a proposição, cada qual de trinta dias a contar de seu tos.
sucessivamente, em até quaren- recebimento, só podendo ser § 2o A delegação ao Presidente
ta e cinco dias, sobrestar-se-ão rejeitado pelo voto da maioria da República terá a forma de re-
todas as demais deliberações absoluta dos Deputados e Se- solução do Congresso Nacional,
legislativas da respectiva Casa, nadores. que especificará seu conteúdo e
com exceção das que tenham os termos de seu exercício.
prazo constitucional determina- § 5o Se o veto não for mantido,
do, até que se ultime a votação. será o projeto enviado, para § 3o Se a resolução determinar
promulgação, ao Presidente a apreciação do projeto pelo
§ 3o A apreciação das emen- da República. Congresso Nacional, este a
das do Senado Federal pela fará em votação única, vedada
Câmara dos Deputados far-se- § 6o Esgotado sem deliberação
qualquer emenda.
-á no prazo de dez dias, obser- o prazo estabelecido no § 4o, o
vado quanto ao mais o disposto veto será colocado na ordem do Art. 69. As leis complemen-
no parágrafo anterior. dia da sessão imediata, sobres- tares serão aprovadas por maio-
tadas as demais proposições, ria absoluta.
§ 4o Os prazos do § 2o não cor-
até sua votação final.
rem nos períodos de recesso do
Congresso Nacional, nem se § 7o Se a lei não for promulgada
aplicam aos projetos de código. dentro de quarenta e oito horas Seção IX – Da Fiscalização
pelo Presidente da República, Contábil, Financeira e
Art. 65. O projeto de lei nos casos dos §§ 3o e 5o, o Presi- Orçamentária
aprovado por uma Casa será dente do Senado a promulgará,
revisto pela outra, em um só Art. 70. A fiscalização con-
e, se este não o fizer em igual
turno de discussão e votação, e tábil, financeira, orçamentária,
prazo, caberá ao Vice-Presiden-
enviado à sanção ou promulga- operacional e patrimonial da
te do Senado fazê-lo.
ção, se a Casa revisora o apro- União e das entidades da ad-
var, ou arquivado, se o rejeitar. ministração direta e indireta,
Art. 67. A matéria constante quanto à legalidade, legitimi-
de projeto de lei rejeitado so- dade, economicidade, aplica-
Parágrafo único. Sendo o proje- mente poderá constituir obje-
to emendado, voltará à Casa ção das subvenções e renúncia
to de novo projeto, na mesma de receitas, será exercida pelo
iniciadora. sessão legislativa, mediante Congresso Nacional, mediante
proposta da maioria absoluta controle externo, e pelo sistema
Art. 66. A Casa na qual
dos membros de qualquer das de controle interno de cada Po-
tenha sido concluída a vota-
Casas do Congresso Nacional. der. (EC no 19/98)
ção enviará o projeto de lei ao
Presidente da República, que,
Art. 68. As leis delegadas se- Parágrafo único. Prestará con-
aquiescendo, o sancionará. (EC
no 32/2001 e EC no 76/2013) rão elaboradas pelo Presidente tas qualquer pessoa física ou
da República, que deverá soli- jurídica, pública ou privada,
§ 1o Se o Presidente da República citar a delegação ao Congresso que utilize, arrecade, guarde,
considerar o projeto, no todo Nacional. gerencie ou administre dinhei-
ou em parte, inconstitucional ou ros, bens e valores públicos ou
contrário ao interesse público, § 1o Não serão objeto de dele- pelos quais a União responda,
vetá-lo-á total ou parcialmente, gação os atos de competência ou que, em nome desta, assu-
no prazo de quinze dias úteis, exclusiva do Congresso Nacio- ma obrigações de natureza
contados da data do recebimen- nal, os de competência privativa pecuniária.
to, e comunicará, dentro de qua- da Câmara dos Deputados ou
renta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal, a matéria Art. 71. O controle externo,
do Senado Federal os motivos reservada à lei complementar, a cargo do Congresso Nacional,
do veto. nem a legislação sobre: será exercido com o auxílio do
I– organização do Poder Judi- Tribunal de Contas da União,
§ 2o O veto parcial somente
ciário e do Ministério Público, ao qual compete:
abrangerá texto integral de ar-
tigo, de parágrafo, de inciso ou a carreira e a garantia de seus I– apreciar as contas prestadas
de alínea. membros; anualmente pelo Presidente da

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República, mediante parecer Nacional, por qualquer de suas poderá solicitar à autoridade
prévio que deverá ser elaborado Casas, ou por qualquer das res- governamental responsável que,
em sessenta dias a contar de seu pectivas Comissões, sobre a fis- no prazo de cinco dias, preste
recebimento; calização contábil, financeira, os esclarecimentos necessários.
orçamentária, operacional e
II– julgar as contas dos adminis- § 1o Não prestados os esclareci-
patrimonial e sobre resultados
tradores e demais responsáveis mentos, ou considerados estes
de auditorias e inspeções rea-
por dinheiros, bens e valores pú- insuficientes, a Comissão solici-
lizadas;
blicos da administração direta e tará ao Tribunal pronunciamen-
indireta, incluídas as fundações VIII – aplicar aos responsáveis, to conclusivo sobre a matéria,
e sociedades instituídas e manti- em caso de ilegalidade de despe- no prazo de trinta dias.
das pelo Poder Público federal, sa ou irregularidade de contas,
e as contas daqueles que derem as sanções previstas em lei, que § 2o Entendendo o Tribunal irre-
causa a perda, extravio ou ou- estabelecerá, entre outras comi- gular a despesa, a Comissão, se
tra irregularidade de que resulte nações, multa proporcional ao julgar que o gasto possa causar
prejuízo ao erário público; dano causado ao erário; dano irreparável ou grave lesão
à economia pública, proporá
III – apreciar, para fins de re- IX – assinar prazo para que o ao Congresso Nacional sua
gistro, a legalidade dos atos de órgão ou entidade adote as pro- sustação.
admissão de pessoal, a qual- vidências necessárias ao exato
quer título, na administração cumprimento da lei, se verifica- Art. 73. O Tribunal de Con-
direta e indireta, incluídas as da ilegalidade; tas da União, integrado por
fundações instituídas e manti- nove Ministros, tem sede no
X– sustar, se não atendido, a
das pelo Poder Público, excetu- Distrito Federal, quadro pró-
execução do ato impugnado,
adas as nomeações para cargo prio de pessoal e jurisdição
comunicando a decisão à Câ-
de provimento em comissão, em todo o território nacional,
mara dos Deputados e ao Se-
bem como a das concessões exercendo, no que couber, as
nado Federal;
de aposentadorias, reformas e atribuições previstas no art. 96.
pensões, ressalvadas as melho- XI – representar ao Poder com- (EC no 20/98)
rias posteriores que não alterem petente sobre irregularidades
o fundamento legal do ato con- ou abusos apurados. § 1o Os Ministros do Tribunal de
cessório; Contas da União serão nomea-
§ 1o No caso de contrato, o ato dos dentre brasileiros que satis-
IV – realizar, por iniciativa pró- de sustação será adotado dire- façam os seguintes requisitos:
pria, da Câmara dos Depu- tamente pelo Congresso Nacio-
tados, do Senado Federal, de nal, que solicitará, de imediato, I – mais de trinta e cinco e me-
Comissão técnica ou de inqué- ao Poder Executivo as medidas nos de sessenta e cinco anos de
rito, inspeções e auditorias de cabíveis. idade;
natureza contábil, financeira, II – idoneidade moral e reputa-
§ 2o Se o Congresso Nacional
orçamentária, operacional e ção ilibada;
ou o Poder Executivo, no prazo
patrimonial, nas unidades ad-
de noventa dias, não efetivar as III – notórios conhecimentos ju-
ministrativas dos Poderes Le-
medidas previstas no parágrafo rídicos, contábeis, econômicos
gislativo, Executivo e Judiciário,
anterior, o Tribunal decidirá a e financeiros ou de administra-
e demais entidades referidas no
respeito. ção pública;
inciso II;
§ 3o As decisões do Tribunal de IV – mais de dez anos de exer-
V – fiscalizar as contas nacionais
que resulte imputação de débito cício de função ou de efetiva
das empresas supranacionais
ou multa terão eficácia de título atividade profissional que exija
de cujo capital social a União
executivo. os conhecimentos mencionados
participe, de forma direta ou
indireta, nos termos do tratado § 4o O Tribunal encaminhará ao no inciso anterior.
constitutivo; Congresso Nacional, trimestral § 2o Os Ministros do Tribunal
e anualmente, relatório de suas de Contas da União serão es-
VI – f iscalizar a aplicação de
atividades. colhidos:
quaisquer recursos repassados
pela União mediante convênio, I – um terço pelo Presidente da
Art. 72. A Comissão mista
acordo, ajuste ou outros instru-
permanente a que se refere o República, com aprovação do
mentos congêneres, a Estado,
art. 166, § 1o, diante de indícios Senado Federal, sendo dois al-
ao Distrito Federal ou a Muni-
de despesas não autorizadas, ternadamente dentre auditores
cípio;
ainda que sob a forma de in- e membros do Ministério Públi-
VII – prestar as informações vestimentos não programados co junto ao Tribunal, indicados
solicitadas pelo Congresso ou de subsídios não aprovados, em lista tríplice pelo Tribunal,

41
segundo os critérios de antigui- § 2o Qualquer cidadão, partido a proclamação do resultado,
dade e merecimento; político, associação ou sindi- concorrendo os dois candidatos
cato é parte legítima para, na mais votados e considerando-
II – dois terços pelo Congresso
forma da lei, denunciar irregula- -se eleito aquele que obtiver a
Nacional. ridades ou ilegalidades perante maioria dos votos válidos.
§ 3o Os Ministros do Tribunal o Tribunal de Contas da União.
§ 4 o Se, antes de realizado o
de Contas da União terão as segundo turno, ocorrer morte,
mesmas garantias, prerrogati- Art. 75. As normas estabe-
lecidas nesta seção aplicam-se, desistência ou impedimento le-
vas, impedimentos, vencimen- gal de candidato, convocar-se-á,
tos e vantagens dos Ministros no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos dentre os remanescentes, o de
do Superior Tribunal de Justi- maior votação.
ça, aplicando-se-lhes, quanto Tribunais de Contas dos Esta-
à aposentadoria e pensão, as dos e do Distrito Federal, bem § 5o Se, na hipótese dos pará-
normas constantes do art. 40. como dos Tribunais e Conselhos grafos anteriores, remanescer,
de Contas dos Municípios. em segundo lugar, mais de um
§ 4 o O auditor, quando em candidato com a mesma vo-
substituição a Ministro, terá Parágrafo único. As Constituições tação, qualificar-se-á o mais
as mesmas garantias e impedi- estaduais disporão sobre os Tri- idoso.
mentos do titular e, quando no bunais de Contas respectivos,
exercício das demais atribuições que serão integrados por sete Art. 78. O Presidente e o
da judicatura, as de juiz de Tri- Conselheiros. Vice-Presidente da República
bunal Regional Federal. tomarão posse em sessão do
Capítulo II – Do Poder Congresso Nacional, prestan-
Art. 74. Os Poderes Legis- Executivo do o compromisso de manter,
lativo, Executivo e Judiciário defender e cumprir a Constitui-
manterão, de forma integrada, ção, observar as leis, promover
sistema de controle interno com Seção I – Do Presidente o bem geral do povo brasileiro,
a finalidade de: e do Vice-Presidente da sustentar a união, a integridade
I – avaliar o cumprimento das
República e a independência do Brasil.
metas previstas no plano pluria- Art. 76. O Poder Executivo Parágrafo único. Se, decorridos dez
nual, a execução dos programas é exercido pelo Presidente da dias da data fixada para a posse,
de governo e dos orçamentos República, auxiliado pelos Mi- o Presidente ou o Vice-Presiden-
da União; nistros de Estado. te, salvo motivo de força maior,
II– comprovar a legalidade e não tiver assumido o cargo, este
avaliar os resultados, quanto à Art. 77. A eleição do Presi- será declarado vago.
eficácia e eficiência, da gestão dente e do Vice-Presidente da
República realizar-se-á, simul- Art. 79. Substituirá o Presi-
orçamentária, financeira e patri-
taneamente, no primeiro do- dente, no caso de impedimento,
monial nos órgãos e entidades
mingo de outubro, em primeiro e suceder-lhe-á, no de vaga, o
da administração federal, bem
turno, e no último domingo de Vice-Presidente.
como da aplicação de recursos
outubro, em segundo turno, se
públicos por entidades de direi- houver, do ano anterior ao do
to privado; Parágrafo único. O Vice-Presidente
término do mandato presiden- da República, além de outras
III – exercer o controle das ope- cial vigente. (EC no 16/97) atribuições que lhe forem con-
rações de crédito, avais e garan- § 1o A eleição do Presidente da feridas por lei complementar,
tias, bem como dos direitos e República importará a do Vice- auxiliará o Presidente, sempre
haveres da União; -Presidente com ele registrado. que por ele convocado para
IV – apoiar o controle externo missões especiais.
§ 2o Será considerado eleito
no exercício de sua missão ins- Presidente o candidato que,
titucional. Art. 80. Em caso de impe-
registrado por partido político, dimento do Presidente e do
§ 1o Os responsáveis pelo con- obtiver a maioria absoluta de Vice-Presidente, ou vacância
trole interno, ao tomarem co- votos, não computados os em
dos respectivos cargos, serão
nhecimento de qualquer irre- branco e os nulos.
sucessivamente chamados ao
gularidade ou ilegalidade, dela § 3o Se nenhum candidato al- exercício da Presidência o Pre-
darão ciência ao Tribunal de cançar maioria absoluta na sidente da Câmara dos Depu-
Contas da União, sob pena de primeira votação, far-se-á nova tados, o do Senado Federal e o
responsabilidade solidária. eleição em até vinte dias após do Supremo Tribunal Federal.

42
Art. 81. Vagando os cargos a) organização e funcio- XVI – nomear os magistrados,
de Presidente e Vice-Presidente namento da adminis- nos casos previstos nesta Cons-
da República, far-se-á eleição tração federal, quando tituição, e o Advogado-Geral
noventa dias depois de aberta não implicar aumento da União;
a última vaga. de despesa nem criação X VII – nomear membros do
§ 1o Ocorrendo a vacância nos ou extinção de órgãos Conselho da República, nos
últimos dois anos do período públicos; termos do art. 89, VII;
presidencial, a eleição para am- b) extinção de funções ou
bos os cargos será feita trinta XVIII – convocar e presidir o
cargos públicos, quan- Conselho da República e o
dias depois da última vaga, pelo do vagos;
Congresso Nacional, na forma Conselho de Defesa Nacional;
da lei. VII – manter relações com Esta- XIX – declarar guerra, no caso
dos estrangeiros e acreditar seus de agressão estrangeira, autori-
§ 2 Em qualquer dos casos,
o
representantes diplomáticos; zado pelo Congresso Nacional
os eleitos deverão completar o
período de seus antecessores. VIII – celebrar tratados, conven- ou referendado por ele, quando
ções e atos internacionais, su- ocorrida no intervalo das ses-
Art. 82. O mandato do jeitos a referendo do Congresso sões legislativas, e, nas mesmas
Presidente da República é de condições, decretar, total ou
Nacional;
quatro anos e terá início em parcialmente, a mobilização
primeiro de janeiro do ano se- IX – decretar o estado de defesa nacional;
guinte ao da sua eleição. (ECR e o estado de sítio;
XX – celebrar a paz, autorizado
no 5/94 e EC no 16/97) X – decretar e executar a inter- ou com o referendo do Congres-
venção federal; so Nacional;
Art. 83. O Presidente e o Vi-
ce-Presidente da República não XI– remeter mensagem e plano XXI – conferir condecorações e
poderão, sem licença do Con- de governo ao Congresso Na- distinções honoríficas;
gresso Nacional, ausentar-se cional por ocasião da abertura XXII – permitir, nos casos pre-
do País por período superior a da sessão legislativa, expondo vistos em lei complementar, que
quinze dias, sob pena de perda a situação do País e solicitan- forças estrangeiras transitem
do cargo. do as providências que julgar pelo território nacional ou nele
necessárias; permaneçam temporariamente;
Seção II – Das Atribuições XII – conceder indulto e comutar X XIII – enviar ao Congresso
penas, com audiência, se neces- Nacional o plano plurianual,
do Presidente da República
sário, dos órgãos instituídos em o projeto de lei de diretrizes
Art. 84. Compete priva- lei; orçamentárias e as propostas
tivamente ao Presidente da XIII – exercer o comando supre- de orçamento previstos nesta
República: (EC no 23/99 e EC mo das Forças Armadas, nome- Constituição;
no 32/2001) ar os Comandantes da Marinha, XXIV – prestar, anualmente, ao
I – nomear e exonerar os Minis- do Exército e da Aeronáutica, Congresso Nacional, dentro de
tros de Estado; promover seus oficiais-generais sessenta dias após a abertura
e nomeá-los para os cargos que da sessão legislativa, as contas
II – exercer, com o auxílio dos referentes ao exercício anterior;
lhes são privativos;
Ministros de Estado, a direção
superior da administração fe- XIV – nomear, após aprovação XXV – prover e extinguir os car-
deral; pelo Senado Federal, os Minis- gos públicos federais, na forma
tros do Supremo Tribunal Fede- da lei;
III – iniciar o processo legislati-
vo, na forma e nos casos previs- ral e dos Tribunais Superiores, XXVI – editar medidas provisó-
tos nesta Constituição; os Governadores de Territórios, rias com força de lei, nos termos
o Procurador-Geral da Repúbli- do art. 62;
IV – sancionar, promulgar e fa- ca, o presidente e os diretores
zer publicar as leis, bem como do banco central e outros ser- XXVII – exercer outras atribui-
expedir decretos e regulamentos vidores, quando determinado ções previstas nesta Constitui-
para sua fiel execução; em lei; ção.
V – vetar projetos de lei, total X V– nomear, obser vado o Parágrafo único. O Presidente da
ou parcialmente; disposto no art. 73, os Minis- República poderá delegar as
VI – dispor, mediante decreto, tros do Tribunal de Contas da atribuições mencionadas nos
sobre: União; incisos VI, XII e XXV, primeira

43
parte, aos Ministros de Estado, II – nos crimes de responsabi-
ao Procurador-Geral da Repú- lidade, após a instauração do
Seção V – Do Conselho da
blica ou ao Advogado-Geral da processo pelo Senado Federal. República e do Conselho de
União, que observarão os limi- Defesa Nacional
§ 2o Se, decorrido o prazo de
tes traçados nas respectivas
cento e oitenta dias, o julga-
delegações.
mento não estiver concluído, Subseção I – Do Conselho da
cessará o afastamento do Pre- República
sidente, sem prejuízo do regular
Seção III – Da prosseguimento do processo. Art. 89. O Conselho da
Responsabilidade do
§ 3 Enquanto não sobrevier
o República é órgão superior de
Presidente da República consulta do Presidente da Repú-
sentença condenatória, nas in-
Ar t. 85. São crimes de frações comuns, o Presidente blica, e dele participam:
responsabilidade os atos do da República não estará sujeito I – o Vice-Presidente da Repú-
Presidente da República que a prisão. blica;
atentem contra a Constitui-
§ 4 o O Presidente da Repúbli- II – o Presidente da Câmara dos
ção Federal e, especialmente,
ca, na vigência de seu mandato, Deputados;
contra:
não pode ser responsabilizado
I – a existência da União; por atos estranhos ao exercício III – o Presidente do Senado
de suas funções. Federal;
II – o livre exercício do Poder
Legislativo, do Poder Judiciário, IV – os líderes da maioria e da
do Ministério Público e dos Po- minoria na Câmara dos Depu-
deres constitucionais das uni-
Seção IV – Dos Ministros tados;
dades da Federação; de Estado
V – os líderes da maioria e da
III – o exercício dos direitos Art. 87. Os Ministros de Es- minoria no Senado Federal;
políticos, individuais e sociais; tado serão escolhidos dentre
brasileiros maiores de vinte e VI – o Ministro da Justiça;
IV – a segurança interna do
um anos e no exercício dos di- VII – seis cidadãos brasileiros
País;
reitos políticos. natos, com mais de trinta e cin-
V – a probidade na adminis- co anos de idade, sendo dois
tração; Parágrafo único. Compete ao Mi- nomeados pelo Presidente da
nistro de Estado, além de outras República, dois eleitos pelo Se-
VI – a lei orçamentária;
atribuições estabelecidas nesta nado Federal e dois eleitos pela
VII – o cumprimento das leis e Constituição e na lei: Câmara dos Deputados, todos
das decisões judiciais. com mandato de três anos, ve-
I – exercer a orientação, coorde-
nação e supervisão dos órgãos dada a recondução.
Parágrafo único. Esses crimes se-
e entidades da administração
rão definidos em lei especial,
federal na área de sua compe- Art. 90. Compete ao Conse-
que estabelecerá as normas de
tência e referendar os atos e de- lho da República pronunciar-se
processo e julgamento.
cretos assinados pelo Presidente sobre:
da República;
Art. 86. Admitida a acu- I – intervenção federal, estado
sação contra o Presidente da II – expedir instruções para a de defesa e estado de sítio;
República, por dois terços da execução das leis, decretos e
Câmara dos Deputados, será regulamentos; II – as questões relevantes para
ele submetido a julgamento a estabilidade das instituições
III – apresentar ao Presidente da democráticas.
perante o Supremo Tribunal
República relatório anual de sua
Federal, nas infrações penais § 1o O Presidente da Repúbli-
gestão no Ministério;
comuns, ou perante o Senado ca poderá convocar Ministro
Federal, nos crimes de respon- IV – praticar os atos pertinen- de Estado para participar da
sabilidade. tes às atribuições que lhe forem reunião do Conselho, quan-
outorgadas ou delegadas pelo do constar da pauta questão
§ 1o O Presidente ficará suspen-
Presidente da República. relacionada com o respectivo
so de suas funções:
Ministério.
I – nas infrações penais co- Art. 88. A lei disporá sobre
muns, se recebida a denúncia a criação e extinção de Ministé- § 2o A lei regulará a organização
ou queixa-crime pelo Supremo rios e órgãos da administração e o funcionamento do Conselho
Tribunal Federal; pública. (EC no 32/2001) da República.

44
Subseção II – Do Conselho de Capítulo III – Do Poder II – promoção de entrância para
Defesa Nacional Judiciário entrância, alternadamente, por
antiguidade e merecimento,
Art. 91. O Conselho de Defe- atendidas as seguintes normas:
sa Nacional é órgão de consul- Seção I – Disposições Gerais a) é obrigatória a promo-
ta do Presidente da República
ção do juiz que figure
nos assuntos relacionados com Art. 92. São órgãos do Po-
a soberania nacional e a defesa der Judiciário: (EC no 45/2004 por três vezes consecuti-
do Estado democrático, e dele e EC no 92/2016) vas ou cinco alternadas
participam como membros na- em lista de merecimen-
I – o Supremo Tribunal Federal; to;
tos: (EC no 23/99)
I - A – o Conselho Nacional de b) a promoção por mere-
I – o Vice-Presidente da Repú-
Justiça; cimento pressupõe dois
blica;
II – o Superior Tribunal de Jus- anos de exercício na res-
II – o Presidente da Câmara dos pectiva entrância e in-
tiça;
Deputados; tegrar o juiz a primeira
II - A – o Tribunal Superior do quinta parte da lista de
III – o Presidente do Senado
Trabalho; antiguidade desta, salvo
Federal;
III – os Tribunais Regionais Fe- se não houver com tais
IV – o Ministro da Justiça; requisitos quem aceite
derais e Juízes Federais;
V – o Ministro de Estado da o lugar vago;
IV – os Tribunais e Juízes do
Defesa; c) aferição do merecimen-
Trabalho;
VI – o Ministro das Relações to conforme o desem-
V – os Tribunais e Juízes Eleito- penho e pelos critérios
Exteriores;
rais; objetivos de produti-
VII – o Ministro do Planejamen- vidade e presteza no
VI – os Tribunais e Juízes Mili-
to; exercício da jurisdição e
tares;
VIII – os Comandantes da Ma- pela frequência e apro-
VII – os Tribunais e Juízes dos veitamento em cursos
rinha, do Exército e da Aero-
Estados e do Distrito Federal e oficiais ou reconhecidos
náutica.
Territórios. de aperfeiçoamento;
§ 1o Compete ao Conselho de
§ 1o O Supremo Tribunal Fe- d) na apuração de antigui-
Defesa Nacional:
deral, o Conselho Nacional de dade, o tribunal somen-
I– opinar nas hipóteses de de- Justiça e os Tribunais Superiores te poderá recusar o juiz
claração de guerra e de celebra- têm sede na Capital Federal. mais antigo pelo voto
ção da paz, nos termos desta fundamentado de dois
§ 2o O Supremo Tribunal Fede-
Constituição; terços de seus membros,
ral e os Tribunais Superiores têm
II – opinar sobre a decretação jurisdição em todo o território conforme procedimento
do estado de defesa, do estado nacional. próprio, e assegurada
de sítio e da intervenção federal; ampla defesa, repetin-
Art. 93. Lei complementar, do-se a votação até fi-
III – propor os critérios e condi- xar-se a indicação;
de iniciativa do Supremo Tri-
ções de utilização de áreas in-
bunal Federal, disporá sobre e) não será promovido o
dispensáveis à segurança do ter-
o Estatuto da Magistratura, juiz que, injustificada-
ritório nacional e opinar sobre
observados os seguintes princí- mente, retiver autos em
seu efetivo uso, especialmente
pios: (EC no 19/98, EC no 20/98 seu poder além do pra-
na faixa de fronteira e nas rela-
e EC no 45/2004) zo legal, não podendo
cionadas com a preservação e
a exploração dos recursos na- I – ingresso na carreira, cujo devolvê-los ao cartório
turais de qualquer tipo; cargo inicial será o de juiz subs- sem o devido despacho
tituto, mediante concurso pú- ou decisão;
IV – estudar, propor e acom-
blico de provas e títulos, com III – o acesso aos tribunais de
panhar o desenvolvimento de
a participação da Ordem dos
iniciativas necessárias a garantir segundo grau far-se-á por anti-
Advogados do Brasil em todas
a independência nacional e a guidade e merecimento, alter-
as fases, exigindo-se do bacha-
defesa do Estado democrático. nadamente, apurados na última
rel em direito, no mínimo, três
ou única entrância;
§ 2o A lei regulará a organização anos de atividade jurídica e obe-
e o funcionamento do Conselho decendo-se, nas nomeações, à IV – previsão de cursos oficiais
de Defesa Nacional. ordem de classificação; de preparação, aperfeiçoamento

45
e promoção de magistrados, preservação do direito à inti- representação das respectivas
constituindo etapa obrigatória midade do interessado no sigilo classes.
do processo de vitaliciamento a não prejudique o interesse pú-
participação em curso oficial ou blico à informação; Parágrafo único. Recebidas as
reconhecido por escola nacional indicações, o tribunal forma-
X– as decisões administrativas
de formação e aperfeiçoamento rá lista tríplice, enviando-a ao
dos tribunais serão motivadas
de magistrados; Poder Executivo, que, nos vin-
e em sessão pública, sendo as
te dias subsequentes, escolhe-
V – o subsídio dos Ministros disciplinares tomadas pelo voto
rá um de seus integrantes para
dos Tribunais Superiores corres- da maioria absoluta de seus
nomeação.
ponderá a noventa e cinco por membros;
cento do subsídio mensal fixado
XI – nos tribunais com número Art. 95. Os juízes gozam
para os Ministros do Supremo
superior a vinte e cinco julga- das seguintes garantias: (EC
Tribunal Federal e os subsídios
dores, poderá ser constituído no 19/98 e EC no 45/2004)
dos demais magistrados serão
órgão especial, com o mínimo
fixados em lei e escalonados, em I – vitaliciedade, que, no pri-
de onze e o máximo de vinte e
nível federal e estadual, confor- meiro grau, só será adquirida
cinco membros, para o exercí-
me as respectivas categorias da após dois anos de exercício,
cio das atribuições administra-
estrutura judiciária nacional, dependendo a perda do cargo,
tivas e jurisdicionais delegadas
não podendo a diferença entre nesse período, de deliberação
da competência do tribunal
uma e outra ser superior a dez do tribunal a que o juiz estiver
pleno, provendo-se metade
por cento ou inferior a cinco por vinculado, e, nos demais casos,
das vagas por antiguidade e a
cento, nem exceder a noventa de sentença judicial transitada
outra metade por eleição pelo
e cinco por cento do subsídio em julgado;
tribunal pleno;
mensal dos Ministros dos Tri-
II – inamovibilidade, salvo por
bunais Superiores, obedecido, XII – a atividade jurisdicional
motivo de interesse público, na
em qualquer caso, o disposto será ininterrupta, sendo veda-
forma do art. 93, VIII;
nos arts. 37, XI, e 39, § 4o; do férias coletivas nos juízos
e tribunais de segundo grau, III – irredutibilidade de subsídio,
VI – a aposentadoria dos ma-
funcionando, nos dias em que ressalvado o disposto nos arts.
gistrados e a pensão de seus
não houver expediente forense 37, X e XI, 39, § 4o, 150, II, 153,
dependentes observarão o dis-
normal, juízes em plantão per- III, e 153, § 2o, I.
posto no art. 40;
manente;
VII – o juiz titular residirá na Parágrafo único. Aos juízes é ve-
XIII – o número de juízes na
respectiva comarca, salvo au- dado:
unidade jurisdicional será pro-
torização do tribunal;
porcional à efetiva demanda ju- I – exercer, ainda que em dispo-
VIII – o ato de remoção, dispo- dicial e à respectiva população; nibilidade, outro cargo ou fun-
nibilidade e aposentadoria do ção, salvo uma de magistério;
XIV – os servidores receberão
magistrado, por interesse pú-
delegação para a prática de II – receber, a qualquer título ou
blico, fundar-se-á em decisão
atos de administração e atos pretexto, custas ou participa-
por voto da maioria absoluta
de mero expediente sem cará- ção em processo;
do respectivo tribunal ou do
ter decisório;
Conselho Nacional de Justiça, III – dedicar-se à atividade polí-
assegurada ampla defesa; XV – a distribuição de proces- tico-partidária;
sos será imediata, em todos os
VIII-A – a remoção a pedido IV – receber, a qualquer título
graus de jurisdição.
ou a permuta de magistrados ou pretexto, auxílios ou contri-
de comarca de igual entrância buições de pessoas físicas, en-
Art. 94. Um quinto dos lu-
atenderá, no que couber, ao tidades públicas ou privadas,
gares dos Tribunais Regionais
disposto nas alíneas a, b, c e e ressalvadas as exceções previs-
Federais, dos Tribunais dos
do inciso II; tas em lei;
Estados, e do Distrito Federal
IX– todos os julgamentos dos e Territórios será composto de V– exercer a advocacia no juízo
órgãos do Poder Judiciário se- membros, do Ministério Pú- ou tribunal do qual se afastou,
rão públicos, e fundamentadas blico, com mais de dez anos antes de decorridos três anos
todas as decisões, sob pena de de carreira, e de advogados do afastamento do cargo por
nulidade, podendo a lei limitar de notório saber jurídico e de aposentadoria ou exoneração.
a presença, em determinados reputação ilibada, com mais
atos, às próprias partes e a de dez anos de efetiva ativida- Art. 96. Compete privati-
seus advogados, ou somente de profissional, indicados em vamente: (EC n o 19/98 e EC
a estes, em casos nos quais a lista sêxtupla pelos órgãos de no 41/2003)

46
I – aos tribunais: b) a criação e a extinção de face de impugnação apresenta-
cargos e a remuneração da, o processo de habilitação e
a) eleger seus órgãos dire-
dos seus serviços auxilia- exercer atribuições conciliató-
tivos e elaborar seus re-
res e dos juízos que lhes rias, sem caráter jurisdicional,
gimentos internos, com
forem vinculados, bem além de outras previstas na
observância das normas
como a fixação do sub- legislação.
de processo e das ga-
rantias processuais das sídio de seus membros e § 1o Lei federal disporá sobre
partes, dispondo sobre dos juízes, inclusive dos a criação de juizados especiais
a competência e o fun- tribunais inferiores, onde no âmbito da Justiça Federal.
cionamento dos respec- houver;
§ 2o As custas e emolumentos
tivos órgãos jurisdicio- c) a criação ou extinção serão destinados exclusivamen-
nais e administrativos; dos tribunais inferiores; te ao custeio dos serviços afe-
b) organizar suas secreta- d) a alteração da organiza- tos às atividades específicas da
rias e serviços auxiliares ção e da divisão judiciá- Justiça.
e os dos juízos que lhes rias;
forem vinculados, ve- Art. 99. Ao Poder Judiciário
lando pelo exercício da III – aos Tribunais de Justiça é assegurada autonomia ad-
atividade correicional julgar os juízes estaduais e do ministrativa e financeira. (EC
respectiva; Distrito Federal e Territórios, no 45/2004)
bem como os membros do
c) prover, na forma previs- Ministério Público, nos crimes § 1o Os tribunais elaborarão
ta nesta Constituição, comuns e de responsabilidade, suas propostas orçamentárias
os cargos de juiz de ressalvada a competência da dentro dos limites estipulados
carreira da respectiva Justiça Eleitoral. conjuntamente com os demais
jurisdição; Poderes na lei de diretrizes or-
Art. 97. Somente pelo voto çamentárias.
d) propor a criação de no-
vas varas judiciárias; da maioria absoluta de seus § 2o O encaminhamento da pro-
membros ou dos membros posta, ouvidos os outros tribu-
e) prover, por concurso do respectivo órgão especial nais interessados, compete:
público de provas, ou poderão os tribunais declarar
de provas e títulos, a inconstitucionalidade de lei I – no âmbito da União, aos Pre-
obedecido o disposto ou ato normativo do Poder sidentes do Supremo Tribunal
no art. 169, parágrafo Público. Federal e dos Tribunais Supe-
único4, os cargos neces- riores, com a aprovação dos
sários à administração Art. 98. A União, no Distrito respectivos tribunais;
da Justiça, exceto os de Federal e nos Territórios, e os II – no âmbito dos Estados e no
confiança assim defini- Estados criarão: (EC no 22/99 do Distrito Federal e Territórios,
dos em lei; e EC no 45/2004) aos Presidentes dos Tribunais de
f) conceder licença, férias I– juizados especiais, providos Justiça, com a aprovação dos
e outros afastamentos a por juízes togados, ou togados e respectivos tribunais.
seus membros e aos juí- leigos, competentes para a con- § 3 o Se os órgãos referidos
zes e servidores que lhes ciliação, o julgamento e a execu- no § 2 o não encaminharem
forem imediatamente ção de causas cíveis de menor as respectivas propostas or-
vinculados; complexidade e infrações penais çamentárias dentro do prazo
II – ao Supremo Tribunal Fede- de menor potencial ofensivo, estabelecido na lei de diretrizes
ral, aos Tribunais Superiores e mediante os procedimentos orçamentárias, o Poder Execu-
aos Tribunais de Justiça propor oral e sumariíssimo, permitidos, tivo considerará, para fins de
ao Poder Legislativo respecti- nas hipóteses previstas em lei, consolidação da proposta or-
vo, observado o disposto no a transação e o julgamento de çamentária anual, os valores
art. 169: recursos por turmas de juízes de aprovados na lei orçamentária
primeiro grau; vigente, ajustados de acordo
a) a alteração do número
II – justiça de paz, remunerada, com os limites estipulados na
de membros dos tribu-
forma do § 1o deste artigo.
nais inferiores; composta de cidadãos eleitos
pelo voto direto, universal e se- § 4o Se as propostas orçamen-
creto, com mandato de quatro tárias de que trata este artigo
anos e competência para, na forem encaminhadas em desa-
4
NE: leia-se “§ 1o”, por força forma da lei, celebrar casamen- cordo com os limites estipula-
do disposto na EC no 19/98. tos, verificar, de ofício ou em dos na forma do § 1o, o Poder

47
Executivo procederá aos ajustes sendo que o restante será pago § 8o É vedada a expedição de
necessários para fins de conso- na ordem cronológica de apre- precatórios complementares ou
lidação da proposta orçamen- sentação do precatório. suplementares de valor pago,
tária anual. bem como o fracionamento,
§ 3o O disposto no caput deste repartição ou quebra do valor
§ 5 o Durante a execução or- artigo relativamente à expedi- da execução para fins de enqua-
çamentária do exercício, não ção de precatórios não se aplica dramento de parcela do total ao
poderá haver a realização de aos pagamentos de obrigações que dispõe o § 3o deste artigo.
despesas ou a assunção de definidas em leis como de pe-
obrigações que extrapolem os queno valor que as Fazendas re- § 9o No momento da expedição
limites estabelecidos na lei de feridas devam fazer em virtude dos precatórios, independente-
diretrizes orçamentárias, exce- de sentença judicial transitada mente de regulamentação, deles
to se previamente autorizadas, em julgado. deverá ser abatido, a título de
mediante a abertura de créditos compensação, valor corres-
suplementares ou especiais. § 4 o Para os fins do disposto pondente aos débitos líquidos
no § 3o, poderão ser fixados, e certos, inscritos ou não em dí-
Art. 100. Os pagamentos por leis próprias, valores dis- vida ativa e constituídos contra
devidos pelas Fazendas Públi- tintos às entidades de direito o credor original pela Fazenda
cas Federal, Estaduais, Distri- público, segundo as diferentes Pública devedora, incluídas
tal e Municipais, em virtude de capacidades econômicas, sen- parcelas vincendas de parce-
sentença judiciária, far-se-ão do o mínimo igual ao valor do lamentos, ressalvados aqueles
exclusivamente na ordem crono- maior benefício do regime geral cuja execução esteja suspensa
lógica de apresentação dos pre- de previdência social. em virtude de contestação ad-
catórios e à conta dos créditos ministrativa ou judicial.
§ 5o É obrigatória a inclusão,
respectivos, proibida a desig- no orçamento das entidades § 10. Antes da expedição dos
nação de casos ou de pessoas de direito público, de verba ne- precatórios, o Tribunal solici-
nas dotações orçamentárias e cessária ao pagamento de seus tará à Fazenda Pública deve-
nos créditos adicionais abertos dora, para resposta em até 30
débitos, oriundos de sentenças
para este fim. (EC no 20/98, EC (trinta) dias, sob pena de per-
transitadas em julgado, cons-
no 30/2000, EC no 37/2002, EC da do direito de abatimento,
tantes de precatórios judiciários
no 62/2009 e EC no 94/2016) informação sobre os débitos
apresentados até 1o de julho,
§ 1o Os débitos de natureza ali- fazendo-se o pagamento até que preencham as condições
mentícia compreendem aqueles o final do exercício seguinte, estabelecidas no § 9o, para os
decorrentes de salários, venci- quando terão seus valores atu- fins nele previstos.
mentos, proventos, pensões e alizados monetariamente. § 11. É facultada ao credor,
suas complementações, benefí- conforme estabelecido em lei
cios previdenciários e indeniza- § 6o As dotações orçamentárias
e os créditos abertos serão con- da entidade federativa deve-
ções por morte ou por invalidez, dora, a entrega de créditos em
fundadas em responsabilidade signados diretamente ao Poder
precatórios para compra de
civil, em virtude de sentença Judiciário, cabendo ao Presi-
imóveis públicos do respectivo
judicial transitada em julgado, dente do Tribunal que proferir
ente federado.
e serão pagos com preferência a decisão exequenda determinar
sobre todos os demais débitos, o pagamento integral e autori- § 12. A partir da promulgação
exceto sobre aqueles referidos zar, a requerimento do credor desta Emenda Constitucional5,
no § 2o deste artigo. e exclusivamente para os casos a atualização de valores de re-
de preterimento de seu direito quisitórios, após sua expedi-
§ 2o Os débitos de natureza ali- de precedência ou de não alo- ção, até o efetivo pagamento,
mentícia cujos titulares, originá- cação orçamentária do valor independentemente de sua
rios ou por sucessão hereditá- necessário à satisfação do seu natureza, será feita pelo índice
ria, tenham 60 (sessenta) anos débito, o sequestro da quantia oficial de remuneração básica
de idade, ou sejam portadores respectiva. da caderneta de poupança, e,
de doença grave, ou pessoas para fins de compensação da
com deficiência, assim defini- § 7o O Presidente do Tribunal mora, incidirão juros simples
dos na forma da lei, serão pagos competente que, por ato co- no mesmo percentual de juros
com preferência sobre todos os missivo ou omissivo, retardar incidentes sobre a caderneta de
demais débitos, até o valor equi- ou tentar frustrar a liquidação
valente ao triplo fixado em lei regular de precatórios incorrerá
para os fins do disposto no § 3o em crime de responsabilidade e
deste artigo, admitido o fracio- responderá, também, perante o 5
NE: leia-se “da Emenda Constitu-
namento para essa finalidade, Conselho Nacional de Justiça. cional no 62, de 2009”.

48
poupança, ficando excluída a I – na União, as parcelas entre- na regulamentação editada pelo
incidência de juros compensa- gues aos Estados, ao Distrito ente federado.
tórios. Federal e aos Municípios por
determinação constitucional;
§ 13. O credor poderá ceder, Seção II – Do Supremo
total ou parcialmente, seus II – nos Estados, as parcelas
créditos em precatórios a ter- entregues aos Municípios por Tribunal Federal
ceiros, independentemente da determinação constitucional;
Art. 101. O Supremo Tribu-
concordância do devedor, não III – na União, nos Estados, no nal Federal compõe-se de onze
se aplicando ao cessionário o Distrito Federal e nos Municí- Ministros, escolhidos dentre
disposto nos §§ 2o e 3o. pios, a contribuição dos servi- cidadãos com mais de trinta
§ 14. A cessão de precatórios dores para custeio de seu siste- e cinco e menos de sessenta e
somente produzirá efeitos após ma de previdência e assistência cinco anos de idade, de notá-
comunicação, por meio de peti- social e as receitas provenientes vel saber jurídico e reputação
ção protocolizada, ao tribunal da compensação financeira re- ilibada.
de origem e à entidade deve- ferida no § 9o do art. 201 da
dora. Constituição Federal. Parágrafo único. Os Ministros do
Supremo Tribunal Federal serão
§ 15. Sem prejuízo do disposto § 19. Caso o montante total de
nomeados pelo Presidente da
neste artigo, lei complementar débitos decorrentes de conde-
República, depois de aprovada
a esta Constituição Federal po- nações judiciais em precatórios
a escolha pela maioria absoluta
derá estabelecer regime especial e obrigações de pequeno valor,
do Senado Federal.
para pagamento de crédito de em período de 12 (doze) meses,
precatórios de Estados, Distrito ultrapasse a média do compro-
Ar t . 102. Compete ao
Federal e Municípios, dispondo metimento percentual da recei-
Supremo Tribunal Federal,
sobre vinculações à receita cor- ta corrente líquida nos 5 (cinco)
precipuamente, a guarda da
rente líquida e forma e prazo de anos imediatamente anteriores,
Constituição, cabendo-lhe:
a parcela que exceder esse per-
liquidação. (EC no 3/93, EC no 22/99, EC
centual poderá ser financiada,
no 23/99 e EC no 45/2004)
§ 16. A seu critério exclusivo e excetuada dos limites de endivi-
na forma de lei, a União pode- damento de que tratam os inci- I – processar e julgar, origina-
rá assumir débitos, oriundos sos VI e VII do art. 52 da Cons- riamente:
de precatórios, de Estados, tituição Federal e de quaisquer
a) a ação direta de incons-
Distrito Federal e Municípios, outros limites de endividamento
titucionalidade de lei ou
refinanciando-os diretamente. previstos, não se aplicando a
ato normativo federal
esse financiamento a vedação
§ 17. A União, os Estados, o ou estadual e a ação
de vinculação de receita previs-
Distrito Federal e os Municípios declaratória de consti-
ta no inciso IV do art. 167 da
aferirão mensalmente, em base tucionalidade de lei ou
Constituição Federal.
anual, o comprometimento de ato normativo federal;
suas respectivas receitas corren- § 20. Caso haja precatório com
b) nas infrações penais co-
tes líquidas com o pagamento valor superior a 15% (quinze
muns, o Presidente da
de precatórios e obrigações de por cento) do montante dos
República, o Vice-Pre-
pequeno valor. precatórios apresentados nos
sidente, os membros
termos do § 5o deste artigo, 15%
§ 18. Entende-se como receita do Congresso Nacional,
(quinze por cento) do valor des-
corrente líquida, para os fins seus próprios Ministros
te precatório serão pagos até o
de que trata o § 17, o soma- e o Procurador-Geral da
final do exercício seguinte e o
tório das receitas tributárias, República;
restante em parcelas iguais nos
patrimoniais, industriais, agro- cinco exercícios subsequentes, c) nas infrações penais
pecuárias, de contribuições e acrescidas de juros de mora e comuns e nos crimes
de serviços, de transferências correção monetária, ou me- de responsabilidade, os
correntes e outras receitas cor- diante acordos diretos, perante Ministros de Estado e os
rentes, incluindo as oriundas do Juízos Auxiliares de Conciliação Comandantes da Mari-
§ 1o do art. 20 da Constituição de Precatórios, com redução nha, do Exército e da
Federal, verificado no período máxima de 40% (quarenta por Aeronáutica, ressalvado
compreendido pelo segundo cento) do valor do crédito atua- o disposto no art. 52, I,
mês imediatamente anterior lizado, desde que em relação ao os membros dos Tribu-
ao de referência e os 11 (onze) crédito não penda recurso ou nais Superiores, os do
meses precedentes, excluídas as defesa judicial e que sejam ob- Tribunal de Contas da
duplicidades, e deduzidas: servados os requisitos definidos União e os chefes de

49
missão diplomática de competência originária, III – julgar, mediante recurso ex-
caráter permanente; facultada a delegação de traordinário, as causas decidi-
atribuições para a práti- das em única ou última instân-
d) o habeas corpus, sendo
ca de atos processuais; cia, quando a decisão recorrida:
paciente qualquer das
pessoas referidas nas n) a ação em que todos a) contrariar dispositivo
alíneas anteriores; o os membros da magis- desta Constituição;
mandado de segurança tratura sejam direta ou
e o habeas data contra b) declarar a inconstitucio-
indiretamente interes-
atos do Presidente da sados, e aquela em que nalidade de tratado ou
República, das Mesas mais da metade dos lei federal;
da Câmara dos Depu- membros do tribunal c) julgar válida lei ou ato
tados e do Senado Fe- de origem estejam im- de governo local con-
deral, do Tribunal de pedidos ou sejam direta testado em face desta
Contas da União, do ou indiretamente inte- Constituição;
Procurador-Geral da ressados;
República e do próprio d) julgar válida lei local
Supremo Tribunal Fede- o) os conflitos de compe- contestada em face de
ral; tência entre o Superior lei federal.
Tribunal de Justiça e
e) o litígio entre Estado es- quaisquer tribunais, en- § 1o A arguição de descumpri-
trangeiro ou organismo tre Tribunais Superiores, mento de preceito fundamental,
internacional e a União, ou entre estes e qualquer decorrente desta Constituição,
o Estado, o Distrito Fe- outro tribunal; será apreciada pelo Supremo
deral ou o Território; Tribunal Federal, na forma da
p) o pedido de medida lei.
f) as causas e os conflitos cautelar das ações di-
entre a União e os Esta- retas de inconstitucio- § 2o As decisões definitivas de
dos, a União e o Distrito nalidade; mérito, proferidas pelo Supre-
Federal, ou entre uns e mo Tribunal Federal, nas ações
outros, inclusive as res- q) o mandado de injunção, diretas de inconstitucionalida-
pectivas entidades da quando a elaboração da de e nas ações declaratórias de
administração indireta; norma regulamentadora constitucionalidade produzirão
for atribuição do Presi- eficácia contra todos e efeito
g) a extradição solicitada dente da República, do vinculante, relativamente aos
por Estado estrangeiro; Congresso Nacional, da demais órgãos do Poder Judi-
h) (Revogada); Câmara dos Deputados, ciário e à administração públi-
do Senado Federal, das ca direta e indireta, nas esferas
i) o habeas corpus, quan- Mesas de uma dessas
do o coator for Tribunal federal, estadual e municipal.
Casas Legislativas, do
Superior ou quando o Tribunal de Contas da § 3o No recurso extraordinário o
coator ou o paciente for União, de um dos Tribu- recorrente deverá demonstrar a
autoridade ou funcioná- nais Superiores, ou do repercussão geral das questões
rio cujos atos estejam próprio Supremo Tribu- constitucionais discutidas no
sujeitos diretamente à nal Federal; caso, nos termos da lei, a fim
jurisdição do Supremo de que o Tribunal examine a
Tribunal Federal, ou se r) as ações contra o Con- admissão do recurso, somente
trate de crime sujeito à selho Nacional de Justi- podendo recusá-lo pela mani-
mesma jurisdição em ça e contra o Conselho festação de dois terços de seus
uma única instância; Nacional do Ministério membros.
Público;
j) a revisão criminal e a
ação rescisória de seus II – julgar, em recurso ordinário: Art. 103. Podem propor a
julgados; ação direta de inconstitucio-
a) o habeas corpus, o man-
nalidade e a ação declaratória
l) a reclamação para a dado de segurança, o
de constitucionalidade: (EC
preser vação de sua habeas data e o manda-
no 3/93 e EC no 45/2004)
competência e garantia do de injunção decididos
da autoridade de suas em única instância pelos I – o Presidente da República;
decisões; Tribunais Superiores, se II – a Mesa do Senado Federal;
denegatória a decisão;
m) a execução de senten- III – a Mesa da Câmara dos De-
ça nas causas de sua b) o crime político; putados;

50
IV – a Mesa de Assembleia Legis- cancelamento, na forma estabe- VII – um juiz federal, indicado
lativa ou da Câmara Legislativa lecida em lei. (EC no 45/2004) pelo Superior Tribunal de Jus-
do Distrito Federal; tiça;
§ 1o A súmula terá por objetivo
V – o Governador de Estado ou a validade, a interpretação e VIII – um juiz de Tribunal Regio-
do Distrito Federal; a eficácia de normas determi- nal do Trabalho, indicado pelo
nadas, acerca das quais haja Tribunal Superior do Trabalho;
VI – o Procurador-Geral da Re- controvérsia atual entre órgãos
pública; IX – um juiz do trabalho, indi-
judiciários ou entre esses e a ad-
cado pelo Tribunal Superior do
VII – o Conselho Federal da Or- ministração pública que acarre-
Trabalho;
dem dos Advogados do Brasil; te grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de pro- X– um membro do Ministério
VIII – partido político com re- cessos sobre questão idêntica. Público da União, indicado pelo
presentação no Congresso Na- Procurador-Geral da República;
cional; § 2o Sem prejuízo do que vier a
ser estabelecido em lei, a apro- XI – um membro do Ministério
IX – confederação sindical ou vação, revisão ou cancelamento Público estadual, escolhido pelo
entidade de classe de âmbito de súmula poderá ser provoca- Procurador-Geral da República
nacional. da por aqueles que podem pro- dentre os nomes indicados pelo
§ 1o O Procurador-Geral da Re- por a ação direta de inconstitu- órgão competente de cada ins-
pública deverá ser previamente cionalidade. tituição estadual;
ouvido nas ações de inconsti- § 3o Do ato administrativo ou XII – dois advogados, indicados
tucionalidade e em todos os decisão judicial que contrariar pelo Conselho Federal da Or-
processos de competência do a súmula aplicável ou que in- dem dos Advogados do Brasil;
Supremo Tribunal Federal. devidamente a aplicar, caberá
XIII – dois cidadãos, de notável
§ 2o Declarada a inconstitucio- reclamação ao Supremo Tri-
saber jurídico e reputação iliba-
nalidade por omissão de medida bunal Federal que, julgando-a
da, indicados um pela Câmara
para tornar efetiva norma cons- procedente, anulará o ato admi-
dos Deputados e outro pelo
titucional, será dada ciência ao nistrativo ou cassará a decisão
Senado Federal.
judicial reclamada, e determina-
Poder competente para a ado-
rá que outra seja proferida com § 1o O Conselho será presidido
ção das providências necessá-
ou sem a aplicação da súmula, pelo Presidente do Supremo
rias e, em se tratando de órgão
conforme o caso. Tribunal Federal e, nas suas au-
administrativo, para fazê-lo em
sências e impedimentos, pelo
trinta dias.
Art. 103-B. O Conselho Vice-Presidente do Supremo
§ 3o Quando o Supremo Tribu- Nacional de Justiça compõe-se Tribunal Federal.
nal Federal apreciar a incons- de 15 (quinze) membros com
§ 2o Os demais membros do
titucionalidade, em tese, de mandato de 2 (dois) anos, ad-
Conselho serão nomeados
norma legal ou ato normativo, mitida 1 (uma) recondução,
pelo Presidente da República,
citará, previamente, o Advoga- sendo: (EC n o 45/2004 e EC
depois de aprovada a escolha
do-Geral da União, que defen- no 61/2009)
pela maioria absoluta do Sena-
derá o ato ou texto impugnado. I – o Presidente do Supremo do Federal.
§ 4o (Revogado) Tribunal Federal;
§ 3o Não efetuadas, no prazo
II – um Ministro do Superior Tri- legal, as indicações previstas
Art. 103-A. O Supremo Tri- bunal de Justiça, indicado pelo neste artigo, caberá a escolha
bunal Federal poderá, de ofício respectivo tribunal; ao Supremo Tribunal Federal.
ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus III – um Ministro do Tribunal § 4 o Compete ao Conselho o
membros, após reiteradas de- Superior do Trabalho, indicado controle da atuação adminis-
cisões sobre matéria constitu- pelo respectivo tribunal; trativa e financeira do Poder
cional, aprovar súmula que, Judiciário e do cumprimento
IV – um desembargador de Tri-
a partir de sua publicação na dos deveres funcionais dos ju-
bunal de Justiça, indicado pelo
imprensa oficial, terá efeito vin- ízes, cabendo-lhe, além de ou-
Supremo Tribunal Federal;
culante em relação aos demais tras atribuições que lhe forem
órgãos do Poder Judiciário e à V – um juiz estadual, indicado conferidas pelo Estatuto da
administração pública direta pelo Supremo Tribunal Federal; Magistratura:
e indireta, nas esferas fede- VI – um juiz de Tribunal Regional I – zelar pela autonomia do
ral, estadual e municipal, bem Federal, indicado pelo Superior Poder Judiciário e pelo cum-
como proceder à sua revisão ou Tribunal de Justiça; pr imento do E st atuto da

51
Magistratura, podendo expedir Federal a ser remetida ao Con- e reputação ilibada, depois de
atos regulamentares, no âmbito gresso Nacional, por ocasião da aprovada a escolha pela maio-
de sua competência, ou reco- abertura da sessão legislativa. ria absoluta do Senado Federal,
mendar providências; sendo:
§ 5o O Ministro do Superior
II – zelar pela observância do Tribunal de Justiça exercerá a I – um terço dentre juízes dos
art. 37 e apreciar, de ofício ou função de Ministro-Corregedor Tribunais Regionais Federais e
mediante provocação, a legali- e ficará excluído da distribuição um terço dentre desembarga-
dade dos atos administrativos de processos no Tribunal, com- dores dos Tribunais de Justiça,
praticados por membros ou petindo-lhe, além das atribui- indicados em lista tríplice ela-
órgãos do Poder Judiciário, po- ções que lhe forem conferidas borada pelo próprio Tribunal;
dendo desconstituí-los, revê-los pelo Estatuto da Magistratura,
II – um terço, em partes iguais,
ou fixar prazo para que se ado- as seguintes:
dentre advogados e membros
tem as providências necessárias
I – receber as reclamações e de- do Ministério Público Federal,
ao exato cumprimento da lei,
núncias, de qualquer interessa- Estadual, do Distrito Federal
sem prejuízo da competência do
do, relativas aos magistrados e e Territórios, alternadamente,
Tribunal de Contas da União;
aos serviços judiciários; indicados na forma do art. 94.
III – receber e conhecer das
II – exercer funções executivas
reclamações contra membros Art. 105. Compete ao Su-
do Conselho, de inspeção e de
ou órgãos do Poder Judiciário, perior Tribunal de Justiça: (EC
correição geral;
inclusive contra seus serviços n o 22/99, EC n o 23/99 e EC
auxiliares, serventias e órgãos III – requisitar e designar ma- no 45/2004)
prestadores de serviços nota- gistrados, delegando-lhes atri-
I – processar e julgar, origina-
riais e de registro que atuem por buições, e requisitar servidores
riamente:
delegação do poder público ou de juízos ou tribunais, inclusive
oficializados, sem prejuízo da nos Estados, Distrito Federal e a) nos crimes comuns,
competência disciplinar e cor- Territórios. os Governadores dos
reicional dos tribunais, poden- Estados e do Distrito
§ 6o Junto ao Conselho oficiarão
do avocar processos discipli- Federal, e, nestes e nos
o Procurador-Geral da Repúbli-
nares em curso e determinar a de responsabilidade,
ca e o Presidente do Conselho
remoção, a disponibilidade ou os desembargadores
Federal da Ordem dos Advoga-
a aposentadoria com subsídios dos Tribunais de Justiça
dos do Brasil.
ou proventos proporcionais ao dos Estados e do Distri-
tempo de serviço e aplicar ou- § 7o A União, inclusive no Dis- to Federal, os membros
tras sanções administrativas, trito Federal e nos Territórios, dos Tribunais de Contas
assegurada ampla defesa; criará ouvidorias de justiça, dos Estados e do Distri-
competentes para receber recla- to Federal, os dos Tribu-
IV – representar ao Ministério
mações e denúncias de qualquer nais Regionais Federais,
Público, no caso de crime con-
interessado contra membros ou dos Tribunais Regionais
tra a administração pública ou
órgãos do Poder Judiciário, ou Eleitorais e do Trabalho,
de abuso de autoridade;
contra seus serviços auxiliares, os membros dos Con-
V – rever, de ofício ou mediante representando diretamente ao selhos ou Tribunais de
provocação, os processos dis- Conselho Nacional de Justiça. Contas dos Municípios
ciplinares de juízes e membros e os do Ministério Públi-
de tribunais julgados há menos co da União que oficiem
de um ano; Seção III – Do Superior perante tribunais;
VI – elaborar semestralmente Tribunal de Justiça b) os mandados de segu-
relatório estatístico sobre pro- rança e os habeas data
Art. 104. O Superior Tribu-
cessos e sentenças prolatadas, contra ato de Ministro
nal de Justiça compõe-se de, no
por unidade da Federação, nos de Estado, dos Coman-
mínimo, trinta e três Ministros.
diferentes órgãos do Poder Ju- dantes da Marinha, do
(EC no 45/2004)
diciário; Exército e da Aeronáu-
tica ou do próprio Tri-
VII – elaborar relatório anual, Parágrafo único. Os Ministros do
bunal;
propondo as providências que Superior Tribunal de Justiça se-
julgar necessárias, sobre a situa- rão nomeados pelo Presidente c) o s h a b e a s c o r p u s ,
ção do Poder Judiciário no País da República, dentre brasilei- quando o coator ou pa-
e as atividades do Conselho, o ros com mais de trinta e cinco ciente for qualquer das
qual deve integrar mensagem do e menos de sessenta e cinco pessoas mencionadas
Presidente do Supremo Tribunal anos, de notável saber jurídico na alínea a, ou quando

52
o coator for tribunal didos em única ou úl- e segundo graus, como órgão
sujeito à sua jurisdição, tima instância pelos central do sistema e com pode-
Ministro de Estado ou Tribunais Regionais Fe- res correicionais, cujas decisões
Comandante da Mari- derais ou pelos tribunais terão caráter vinculante.
nha, do Exército ou da dos Estados, do Distri-
Aeronáutica, ressalvada to Federal e Territórios,
a competência da Justi- quando a decisão for Seção IV – Dos Tribunais
ça Eleitoral; denegatória; Regionais Federais e dos
d) os conflitos de compe- b) os mandados de se- Juízes Federais
tência entre quaisquer gurança decididos em
tribunais, ressalvado o única instância pelos Art. 106. São órgãos da Jus-
disposto no art. 102, I, Tribunais Regionais Fe- tiça Federal:
o, bem como entre tri- derais ou pelos tribunais I – os Tribunais Regionais Fe-
bunal e juízes a ele não dos Estados, do Distri- derais;
vinculados e entre juízes to Federal e Territórios,
vinculados a tribunais quando denegatória a II – os Juízes Federais.
diversos; decisão;
Art. 107. Os Tribunais Regio-
e) as revisões criminais e c) as causas em que forem nais Federais compõem-se de,
as ações rescisórias de partes Estado estrangei- no mínimo, sete juízes, recru-
seus julgados; ro ou organismo inter- tados, quando possível, na res-
nacional, de um lado, pectiva região e nomeados pelo
f) a reclamação para a
e, do outro, Município Presidente da República dentre
preser vação de sua
ou pessoa residente ou brasileiros com mais de trinta e
competência e garantia
domiciliada no País; menos de sessenta e cinco anos,
da autoridade de suas
decisões; III – julgar, em recurso especial, sendo: (EC no 45/2004)
as causas decididas, em única I – um quinto dentre advoga-
g) os conflitos de atribui-
ou última instância, pelos Tribu- dos com mais de dez anos de
ções entre autoridades
nais Regionais Federais ou pelos efetiva atividade profissional e
administrativas e ju-
tribunais dos Estados, do Distri- membros do Ministério Público
diciárias da União, ou
to Federal e Territórios, quando Federal com mais de dez anos
entre autoridades judi-
a decisão recorrida: de carreira;
ciárias de um Estado e
administrativas de ou- a) contrariar tratado ou lei II – os demais, mediante pro-
tro ou do Distrito Fede- federal, ou negar-lhes vi- moção de juízes federais com
ral, ou entre as deste e gência; mais de cinco anos de exercício,
da União; por antiguidade e merecimento,
b) julgar válido ato de go-
h) o mandado de injunção, verno local contestado alternadamente.
quando a elaboração em face de lei federal; § 1o A lei disciplinará a remoção
da norma regulamen- ou a permuta de juízes dos Tri-
c) der a lei federal interpre-
tadora for atribuição bunais Regionais Federais e de-
tação divergente da que
de órgão, entidade ou terminará sua jurisdição e sede.
lhe haja atribuído outro
autoridade federal, da
tribunal. § 2o Os Tribunais Regionais
administração direta ou
indireta, excetuados os Federais instalarão a justiça
Parágrafo único. Funcionarão itinerante, com a realização de
casos de competência
junto ao Superior Tribunal de audiências e demais funções
do Supremo Tribunal
Justiça: da atividade jurisdicional, nos
Federal e dos órgãos da
Justiça Militar, da Justi- I – a Escola Nacional de Forma- limites territoriais da respec-
ça Eleitoral, da Justiça ção e Aperfeiçoamento de Ma- tiva jurisdição, servindo-se de
do Trabalho e da Justiça gistrados, cabendo-lhe, dentre equipamentos públicos e comu-
Federal; outras funções, regulamentar os nitários.
cursos oficiais para o ingresso e § 3 o Os Tribunais Regionais
i) a homologação de sen-
promoção na carreira;
tenças estrangeiras e a Federais poderão funcionar
concessão de exequatur II – o Conselho da Justiça Fe- descentralizadamente, cons-
às cartas rogatórias; deral, cabendo-lhe exercer, na tituindo Câmaras regionais, a
forma da lei, a supervisão ad- fim de assegurar o pleno acesso
II – julgar, em recurso ordinário:
ministrativa e orçamentária do jurisdicionado à justiça em
a) os habeas corpus deci- da Justiça Federal de primeiro todas as fases do processo.

53
Ar t. 108. Compete aos III – as causas fundadas em tra- § 1o As causas em que a União
Tribunais Regionais Federais: tado ou contrato da União com for autora serão aforadas na
I – processar e julgar, origina- Estado estrangeiro ou organis- seção judiciária onde tiver do-
riamente: mo internacional; micílio a outra parte.
a) os juízes federais da IV – os crimes políticos e as in- § 2o As causas intentadas con-
área de sua jurisdição, frações penais praticadas em tra a União poderão ser afora-
incluídos os da Justiça detrimento de bens, serviços das na seção judiciária em que
Militar e da Justiça do ou interesse da União ou de for domiciliado o autor, naque-
Trabalho, nos crimes suas entidades autárquicas ou la onde houver ocorrido o ato
comuns e de responsa- empresas públicas, excluídas as ou fato que deu origem à de-
bilidade, e os membros contravenções e ressalvada a manda ou onde esteja situada
do Ministério Público competência da Justiça Militar a coisa, ou, ainda, no Distrito
da União, ressalvada a e da Justiça Eleitoral; Federal.
competência da Justiça V – os crimes previstos em tra- § 3o Serão processadas e julga-
Eleitoral; tado ou convenção internacio- das na justiça estadual, no foro
b) as revisões criminais e as nal, quando, iniciada a execu- do domicílio dos segurados
ações rescisórias de jul- ção no País, o resultado tenha ou beneficiários, as causas em
gados seus ou dos juízes ou devesse ter ocorrido no es- que forem parte instituição de
federais da região; trangeiro, ou reciprocamente; previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja
c) os mandados de segu- V-A – as causas relativas a di- sede de vara do juízo federal, e,
rança e os habeas data reitos humanos a que se refere se verificada essa condição, a lei
contra ato do próprio o § 5o deste artigo; poderá permitir que outras cau-
Tribunal ou de juiz fe- VI – os crimes contra a organi- sas sejam também processadas
deral; zação do trabalho e, nos casos e julgadas pela justiça estadual.
d) os habeas corpus, quan- determinados por lei, contra o § 4o Na hipótese do parágrafo
do a autoridade coatora sistema financeiro e a ordem anterior, o recurso cabível será
for juiz federal; econômico-financeira; sempre para o Tribunal Regio-
VII – os habeas corpus, em nal Federal na área de jurisdi-
e) os conf litos de com-
matéria criminal de sua com- ção do juiz de primeiro grau.
petência entre juízes
federais vinculados ao petência ou quando o cons- § 5o Nas hipóteses de grave vio-
Tribunal; trangimento provier de auto- lação de direitos humanos, o
ridade cujos atos não estejam Procurador-Geral da República,
II – julgar, em grau de recurso, diretamente sujeitos a outra com a finalidade de assegurar
as causas decididas pelos juízes jurisdição; o cumprimento de obrigações
federais e pelos juízes estaduais decorrentes de tratados inter-
no exercício da competência fe- VIII – os mandados de seguran-
ça e os habeas data contra ato nacionais de direitos humanos
deral da área de sua jurisdição. dos quais o Brasil seja parte,
de autoridade federal, excetu-
ados os casos de competência poderá suscitar, perante o Su-
Art. 109. Aos juízes federais perior Tribunal de Justiça, em
compete processar e julgar: (EC dos tribunais federais;
qualquer fase do inquérito ou
no 45/2004) IX – os crimes cometidos a processo, incidente de desloca-
I– as causas em que a União, bordo de navios ou aeronaves, mento de competência para a
entidade autárquica ou em- ressalvada a competência da Justiça Federal.
presa pública federal forem Justiça Militar;
interessadas na condição de X – os crimes de ingresso ou Art. 110. Cada Estado, bem
autoras, rés, assistentes ou permanência irregular de es- como o Distrito Federal, consti-
oponentes, exceto as de falên- trangeiro, a execução de carta tuirá uma seção judiciária que
cia, as de acidentes de trabalho rogatória, após o exequatur, e terá por sede a respectiva Capi-
e as sujeitas à Justiça Eleitoral de sentença estrangeira, após tal, e varas localizadas segundo
e à Justiça do Trabalho; o estabelecido em lei.
a homologação, as causas re-
ferentes à nacionalidade, in-
II – as causas entre Estado es- Parágrafo único. Nos Territórios
clusive a respectiva opção, e à
trangeiro ou organismo inter- Federais, a jurisdição e as atri-
naturalização;
nacional e Município ou pes- buições cometidas aos juízes
soa domiciliada ou residente XI – a disputa sobre direitos federais caberão aos juízes da
no País; indígenas. justiça local, na forma da lei.

54
para o ingresso e promoção na V– os conflitos de competência
Seção V – Do Tribunal carreira; entre órgãos com jurisdição tra-
Superior do Trabalho, dos balhista, ressalvado o disposto
Tribunais Regionais do II – o Conselho Superior da Jus-
no art. 102, I, o;
Trabalho e dos Juízes do tiça do Trabalho, cabendo-lhe
exercer, na forma da lei, a super- VI – as ações de indenização
Trabalho (EC no 92/2016) por dano moral ou patrimo-
visão administrativa, orçamen-
tária, financeira e patrimonial nial, decorrentes da relação de
Art. 111. São órgãos da Jus- trabalho;
da Justiça do Trabalho de pri-
tiça do Trabalho: (EC no 24/99
meiro e segundo graus, como VII – as ações relativas às penali-
e EC no 45/2004)
órgão central do sistema, cujas dades administrativas impostas
I – o Tribunal Superior do Tra- decisões terão efeito vinculante. aos empregadores pelos órgãos
balho; § 3o Compete ao Tribunal Su- de fiscalização das relações de
II – os Tribunais Regionais do perior do Trabalho processar e trabalho;
Trabalho; julgar, originariamente, a recla- VIII – a execução, de ofício, das
mação para a preservação de contribuições sociais previs-
III – Juízes do Trabalho. sua competência e garantia da tas no art. 195, I, a, e II, e seus
§ 1o (Revogado) autoridade de suas decisões. acréscimos legais, decorrentes
§ 2o (Revogado) das sentenças que proferir;
Art. 112. A lei criará varas da
Justiça do Trabalho, podendo, IX – outras controvérsias decor-
§ 3o (Revogado)
nas comarcas não abrangidas rentes da relação de trabalho,
por sua jurisdição, atribuí-la na forma da lei.
Art. 111-A. O Tribunal Supe-
rior do Trabalho compor-se-á de aos juízes de direito, com re- § 1o Frustrada a negociação co-
vinte e sete Ministros, escolhi- curso para o respectivo Tribu- letiva, as partes poderão eleger
dos dentre brasileiros com mais nal Regional do Trabalho. (EC árbitros.
de trinta e cinco anos e menos no 24/99 e EC no 45/2004)
§ 2o Recusando-se qualquer das
de sessenta e cinco anos, de no- partes à negociação coletiva ou
tável saber jurídico e reputação Art. 113. A lei disporá sobre
à arbitragem, é facultado às mes-
ilibada, nomeados pelo Presi- a constituição, investidura, ju-
mas, de comum acordo, ajuizar
dente da República após apro- risdição, competência, garan-
dissídio coletivo de natureza eco-
vação pela maioria absoluta tias e condições de exercício dos
nômica, podendo a Justiça do
do Senado Federal, sendo: (EC órgãos da Justiça do Trabalho. Trabalho decidir o conflito, res-
no 45/2004 e EC no 92/2016) (EC no 24/99) peitadas as disposições mínimas
I – um quinto dentre advogados legais de proteção ao trabalho,
Art. 114. Compete à Justiça bem como as convencionadas
com mais de dez anos de efetiva do Trabalho processar e julgar:
atividade profissional e mem- anteriormente.
(EC no 20/98 e EC no 45/2004)
bros do Ministério Público do § 3o Em caso de greve em ativida-
Trabalho com mais de dez anos I– as ações oriundas da relação de essencial, com possibilidade
de efetivo exercício, observado de trabalho, abrangidos os en- de lesão do interesse público, o
o disposto no art. 94; tes de direito público externo e Ministério Público do Trabalho
da administração pública direta poderá ajuizar dissídio coletivo,
II – os demais dentre juízes dos e indireta da União, dos Esta- competindo à Justiça do Traba-
Tribunais Regionais do Traba- dos, do Distrito Federal e dos lho decidir o conflito.
lho, oriundos da magistratura Municípios;
da carreira, indicados pelo pró- Art. 115. Os Tribunais Regio-
prio Tribunal Superior. II – as ações que envolvam exer-
cício do direito de greve; nais do Trabalho compõem-se
§ 1o A lei disporá sobre a com- de, no mínimo, sete juízes, re-
petência do Tribunal Superior III – as ações sobre representa- crutados, quando possível, na
do Trabalho. ção sindical, entre sindicatos, respectiva região, e nomeados
entre sindicatos e trabalhado- pelo Presidente da República
§ 2o Funcionarão junto ao Tri- res, e entre sindicatos e empre- dentre brasileiros com mais de
bunal Superior do Trabalho: gadores; trinta e menos de sessenta e cin-
I– a Escola Nacional de Forma- IV – os mandados de segurança, co anos, sendo: (EC no 24/99 e
ção e Aperfeiçoamento de Ma- habeas corpus e habeas data, EC no 45/2004)
gistrados do Trabalho, caben- quando o ato questionado I – um quinto dentre advogados
do-lhe, dentre outras funções, envolver matéria sujeita à sua com mais de dez anos de efetiva
regulamentar os cursos oficiais jurisdição; atividade profissional e membros

55
do Ministério Público do Tra- Ministros do Supremo competência dos tribunais, dos
balho com mais de dez anos de Tribunal Federal; juízes de direito e das juntas
efetivo exercício, observado o eleitorais.
b) dois juízes dentre os
disposto no art. 94; Ministros do Superior § 1o Os membros dos tribunais,
II – os demais, mediante promo- Tribunal de Justiça; os juízes de direito e os inte-
ção de juízes do trabalho por II – por nomeação do Presidente grantes das juntas eleitorais,
antiguidade e merecimento, da República, dois juízes dentre no exercício de suas funções, e
alternadamente. seis advogados de notável saber no que lhes for aplicável, goza-
jurídico e idoneidade moral, in- rão de plenas garantias e serão
§ 1o Os Tribunais Regionais do inamovíveis.
Trabalho instalarão a justiça dicados pelo Supremo Tribunal
itinerante, com a realização de Federal. § 2o Os juízes dos tribunais
audiências e demais funções eleitorais, salvo motivo justifi-
de atividade jurisdicional, nos Parágrafo único. O Tribunal Su- cado, servirão por dois anos,
limites territoriais da respec- perior Eleitoral elegerá seu no mínimo, e nunca por mais de
tiva jurisdição, servindo-se de Presidente e o Vice-Presidente dois biênios consecutivos, sen-
equipamentos públicos e comu- dentre os Ministros do Supremo do os substitutos escolhidos na
nitários. Tribunal Federal, e o Corregedor mesma ocasião e pelo mesmo
Eleitoral dentre os Ministros do processo, em número igual para
§ 2o Os Tribunais Regionais do Superior Tribunal de Justiça. cada categoria.
Trabalho poderão funcionar
descentralizadamente, cons- Art. 120. Haverá um Tribu- § 3o São irrecorríveis as decisões
tituindo Câmaras regionais, a nal Regional Eleitoral na Capi- do Tribunal Superior Eleitoral,
fim de assegurar o pleno acesso tal de cada Estado e no Distrito salvo as que contrariarem esta
do jurisdicionado à justiça em Federal. Constituição e as denegatórias
todas as fases do processo. de habeas corpus ou mandado
§ 1o Os Tribunais Regionais Elei- de segurança.
torais compor-se-ão:
Art. 116. Nas Varas doTra- § 4o Das decisões dos Tribunais
balho, a jurisdição será exer- I – mediante eleição, pelo voto Regionais Eleitorais somente ca-
cida por um juiz singular. (EC secreto: berá recurso quando: I – forem
no 24/99) a) de dois juízes dentre os proferidas contra disposição
desembargadores do expressa desta Constituição
Parágrafo único. (Revogado) Tribunal de Justiça; ou de lei;

Art. 117. (Revogado) (EC b) de dois juízes, dentre II – ocorrer divergência na in-
no 24/99) juízes de direito, esco- terpretação de lei entre dois ou
lhidos pelo Tribunal de mais tribunais eleitorais;
Justiça; III – versarem sobre inelegibili-
Seção VI – Dos Tribunais e II – de um juiz do Tribunal Re- dade ou expedição de diplomas
Juízes Eleitorais gional Federal com sede na nas eleições federais ou esta-
Capital do Estado ou no Dis- duais;
Art. 118. São órgãos da Jus- trito Federal, ou, não havendo,
tiça Eleitoral: IV – anularem diplomas ou de-
de juiz federal, escolhido, em cretarem a perda de mandatos
I – o Tribunal Superior Eleitoral; qualquer caso, pelo Tribunal eletivos federais ou estaduais;
Regional Federal respectivo;
II – os Tribunais Regionais Elei- V – denegarem habeas corpus,
torais; III – por nomeação, pelo Pre- mandado de segurança, habeas
sidente da República, de dois
III – os Juízes Eleitorais; data ou mandado de injunção.
juízes dentre seis advogados
IV – as Juntas Eleitorais. de notável saber jurídico e ido-
neidade moral, indicados pelo Seção VII – Dos Tribunais e
Art. 119. O Tribunal Supe- Tribunal de Justiça.
Juízes Militares
rior Eleitoral compor-se-á, no § 2o O Tribunal Regional Elei-
mínimo, de sete membros, es- toral elegerá seu Presidente e Art. 122. São órgãos da Jus-
colhidos: o Vice-Presidente dentre os de- tiça Militar:
sembargadores.
I – mediante eleição, pelo voto I – o Superior Tribunal Militar;
secreto:
Art. 121. Lei complementar II – os Tribunais e Juízes Milita-
a) três juízes dentre os disporá sobre a organização e res instituídos por lei.

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Art. 123. O Superior Tri- da legitimação para agir a um Parágrafo único. Sempre que ne-
bunal Militar compor-se-á de único órgão. cessário à eficiente prestação
quinze Ministros vitalícios, no- jurisdicional, o juiz far-se-á pre-
§ 3o A lei estadual poderá criar,
meados pelo Presidente da Re- sente no local do litígio.
mediante proposta do Tribunal
pública, depois de aprovada a
de Justiça, a Justiça Militar esta-
indicação pelo Senado Federal, dual, constituída, em primeiro
Capítulo IV – Das Funções
sendo três dentre oficiais-gene- grau, pelos juízes de direito e Essenciais à Justiça
rais da Marinha, quatro dentre pelos Conselhos de Justiça e, em
oficiais-generais do Exército, segundo grau, pelo próprio Tri-
três dentre oficiais-generais da bunal de Justiça, ou por Tribu-
Seção I – Do Ministério
Aeronáutica, todos da ativa e nal de Justiça Militar nos Esta- Público
do posto mais elevado da car- dos em que o efetivo militar seja
reira, e cinco dentre civis. Art. 127. O Ministério Pú-
superior a vinte mil integrantes.
blico é instituição permanente,
Parágrafo único. Os Ministros civis § 4o Compete à Justiça Militar essencial à função jurisdicional
serão escolhidos pelo Presidente estadual processar e julgar os do Estado, incumbindo-lhe a
da República dentre brasileiros militares dos Estados, nos cri- defesa da ordem jurídica, do
maiores de trinta e cinco anos, mes militares definidos em lei e regime democrático e dos in-
sendo: as ações judiciais contra atos teresses sociais e individuais
disciplinares militares, ressal- indisponíveis. (EC no 19/98 e
I – três dentre advogados de no- vada a competência do júri EC no 45/2004)
tório saber jurídico e conduta quando a vítima for civil, ca-
ilibada, com mais de dez anos § 1o São princípios institucio-
bendo ao tribunal competente
de efetiva atividade profissional; nais do Ministério Público a
decidir sobre a perda do posto
unidade, a indivisibilidade e a
II – dois, por escolha paritária, e da patente dos oficiais e da
independência funcional.
dentre juízes auditores e mem- graduação das praças.
bros do Ministério Público da § 2o Ao Ministério Público é as-
§ 5o Compete aos juízes de di-
Justiça Militar. segurada autonomia funcional
reito do juízo militar processar e
e administrativa, podendo, ob-
julgar, singularmente, os crimes
Art. 124. À Justiça Militar servado o disposto no art. 169,
militares cometidos contra civis
compete processar e julgar propor ao Poder Legislativo a
e as ações judiciais contra atos
os crimes militares def inidos criação e extinção de seus car-
disciplinares militares, cabendo
em lei. gos e serviços auxiliares, proven-
ao Conselho de Justiça, sob a
do-os por concurso público de
presidência de juiz de direito,
Parágrafo único. A lei disporá provas ou de provas e títulos,
processar e julgar os demais
sobre a organização, o funcio- a política remuneratória e os
crimes militares.
namento e a competência da planos de carreira; a lei disporá
Justiça Militar. § 6o O Tribunal de Justiça po- sobre sua organização e funcio-
derá funcionar descentraliza- namento.
damente, constituindo Câmaras
§ 3o O Ministério Público elabo-
Seção VIII – Dos Tribunais regionais, a fim de assegurar o
rará sua proposta orçamentária
e Juízes dos Estados pleno acesso do jurisdicionado
dentro dos limites estabelecidos
à justiça em todas as fases do
na lei de diretrizes orçamentá-
Art. 125. Os Estados organi- processo.
rias.
zarão sua Justiça, observados os § 7o O Tribunal de Justiça ins-
princípios estabelecidos nesta § 4o Se o Ministério Público não
talará a justiça itinerante, com
Constituição. (EC no 45/2004) encaminhar a respectiva pro-
a realização de audiências e
posta orçamentária dentro do
§ 1o A competência dos tribu- demais funções da atividade
prazo estabelecido na lei de di-
nais será definida na Consti- jurisdicional, nos limites terri-
retrizes orçamentárias, o Poder
tuição do Estado, sendo a lei toriais da respectiva jurisdição,
Executivo considerará, para fins
de organização judiciária de servindo-se de equipamentos
de consolidação da proposta
iniciativa do Tribunal de Justiça. públicos e comunitários.
orçamentária anual, os valores
§ 2o Cabe aos Estados a institui- aprovados na lei orçamentária
Art. 126. Para dirimir con-
vigente, ajustados de acordo
ção de representação de incons- flitos fundiários, o Tribunal de
com os limites estipulados na
titucionalidade de leis ou atos Justiça proporá a criação de va-
forma do § 3o.
normativos estaduais ou muni- ras especializadas, com compe-
cipais em face da Constituição tência exclusiva para questões § 5o Se a proposta orçamentá-
Estadual, vedada a atribuição agrárias. (EC no 45/2004) ria de que trata este artigo for

57
encaminhada em desacordo com para escolha de seu Procurador- qualquer outra função
os limites estipulados na forma -Geral, que será nomeado pelo pública, salvo uma de
do § 3o, o Poder Executivo proce- Chefe do Poder Executivo, para magistério;
derá aos ajustes necessários para mandato de dois anos, permiti-
fins de consolidação da proposta da uma recondução. e) exercer atividade políti-
orçamentária anual. co-partidária;
§ 4 o Os Procuradores-Gerais
§ 6 Durante a execução orça-
o
nos Estados e no Distrito Fe- f) receber, a qualquer título
mentária do exercício, não pode- deral e Territórios poderão ser ou pretexto, auxílios ou
rá haver a realização de despesas destituídos por deliberação da contribuições de pes-
ou a assunção de obrigações que maioria absoluta do Poder Le- soas físicas, entidades
extrapolem os limites estabeleci- gislativo, na forma da lei com- públicas ou privadas,
dos na lei de diretrizes orçamen- plementar respectiva. ressalvadas as exceções
tárias, exceto se previamente au- previstas em lei.
torizadas, mediante a abertura § 5o Leis complementares da
União e dos Estados, cuja ini- § 6o Aplica-se aos membros do
de créditos suplementares ou
ciativa é facultada aos respec- Ministério Público o disposto
especiais.
tivos Procuradores-Gerais, es- no art. 95, parágrafo único, V.
Art. 128. O Ministério Públi- tabelecerão a organização, as
co abrange: (EC no 19/98 e EC atribuições e o estatuto de cada Art. 129. São funções insti-
no 45/2004) Ministério Público, observadas, tucionais do Ministério Público:
relativamente a seus membros: (EC no 45/2004)
I – o Ministério Público da
União, que compreende: I – as seguintes garantias: I – promover, privativamente,
a ação penal pública, na forma
a) o Ministério Público Fe- a) vitaliciedade, após dois
anos de exercício, não da lei;
deral;
podendo perder o car- II – zelar pelo efetivo respeito
b) o Ministério Público do go senão por sentença dos Poderes Públicos e dos
Trabalho; judicial transitada em serviços de relevância pública
c) o Ministério Público Mi- julgado; aos direitos assegurados nes-
litar; b) inamovibilidade, salvo ta Constituição, promovendo
por motivo de interesse as medidas necessárias a sua
d) o Ministério Público do
Distrito Federal e Terri- público, mediante deci- garantia;
tórios; são do órgão colegiado III – promover o inquérito civil
competente do Minis- e a ação civil pública, para a
II – os Ministérios Públicos dos tério Público, pelo voto
Estados. proteção do patrimônio públi-
da maioria absoluta de co e social, do meio ambiente
§ 1o O Ministério Público da seus membros, assegu- e de outros interesses difusos
União tem por chefe o Pro- rada ampla defesa;
e coletivos;
curador-Geral da República, c) irredutibilidade de sub-
nomeado pelo Presidente da IV – promover a ação de incons-
sídio, fixado na forma
República dentre integrantes titucionalidade ou representa-
do art. 39, § 4 o, e res-
da carreira, maiores de trinta e ção para fins de intervenção da
salvado o disposto nos
cinco anos, após a aprovação arts. 37, X e XI, 150, II, União e dos Estados, nos casos
de seu nome pela maioria ab- 153, III, 153, § 2o, I; previstos nesta Constituição;
soluta dos membros do Senado
II – as seguintes vedações: V – defender judicialmente os
Federal, para mandato de dois
anos, permitida a recondução. direitos e interesses das popu-
a) receber, a qualquer lações indígenas;
§ 2o A destituição do Procura- título e sob qualquer
dor-Geral da República, por pretexto, honorários, VI – expedir notificações nos
iniciativa do Presidente da Re- percentagens ou custas procedimentos administrativos
pública, deverá ser precedida de processuais; de sua competência, requisitan-
autorização da maioria absolu- do informações e documentos
b) exercer a advocacia; para instruí-los, na forma da lei
ta do Senado Federal.
c) participar de sociedade complementar respectiva;
§ 3o Os Ministérios Públicos dos
comercial, na forma da VII – exercer o controle externo
Estados e o do Distrito Federal
lei; da atividade policial, na forma
e Territórios formarão lista trí-
plice dentre integrantes da car- d) e x e r ce r, ain da qu e da lei complementar menciona-
reira, na forma da lei respectiva, em disponibilidade, da no artigo anterior;

58
VIII – requisitar diligências in- admitida uma recondução, sen- III – receber e conhecer das re-
vestigatórias e a instauração de do: (EC no 45/2004) clamações contra membros ou
inquérito policial, indicados os órgãos do Ministério Público da
I – o Procurador-Geral da Re- União ou dos Estados, inclusive
fundamentos jurídicos de suas
pública, que o preside; contra seus serviços auxiliares,
manifestações processuais;
II – quatro membros do Minis- sem prejuízo da competência
IX – exercer outras funções que disciplinar e correicional da
lhe forem conferidas, desde que tério Público da União, assegu-
rada a representação de cada instituição, podendo avocar
compatíveis com sua finalidade, processos disciplinares em cur-
sendo-lhe vedada a represen- uma de suas carreiras;
so, determinar a remoção, a
tação judicial e a consultoria III – três membros do Ministério disponibilidade ou a aposenta-
jurídica de entidades públicas. Público dos Estados; doria com subsídios ou proven-
§ 1o A legitimação do Ministério IV – dois juízes, indicados um tos proporcionais ao tempo de
Público para as ações civis pre- pelo Supremo Tribunal Federal serviço e aplicar outras sanções
vistas neste artigo não impede a administrativas, assegurada am-
e outro pelo Superior Tribunal
de terceiros, nas mesmas hipó- pla defesa;
de Justiça;
teses, segundo o disposto nesta IV – rever, de ofício ou mediante
Constituição e na lei. V – dois advogados, indicados
provocação, os processos disci-
pelo Conselho Federal da Or- plinares de membros do Minis-
§ 2o As funções do Ministério dem dos Advogados do Brasil;
Público só podem ser exercidas tério Público da União ou dos
por integrantes da carreira, que VI – dois cidadãos de notável sa- Estados julgados há menos de
deverão residir na comarca da ber jurídico e reputação ilibada, um ano;
respectiva lotação, salvo auto- indicados um pela Câmara dos V – elaborar relatório anual,
rização do chefe da instituição. Deputados e outro pelo Senado propondo as providências que
Federal. julgar necessárias sobre a situ-
§ 3 o O ingresso na carreira
§ 1o Os membros do Conselho ação do Ministério Público no
do Ministério Público far-se-á
oriundos do Ministério Público País e as atividades do Conse-
mediante concurso público de
serão indicados pelos respec- lho, o qual deve integrar a men-
provas e títulos, assegurada
sagem prevista no art. 84, XI.
a participação da Ordem dos tivos Ministérios Públicos, na
Advogados do Brasil em sua forma da lei. § 3o O Conselho escolherá, em
realização, exigindo-se do ba- votação secreta, um Corregedor
§ 2o Compete ao Conselho Na-
charel em direito, no mínimo, nacional, dentre os membros
cional do Ministério Público o do Ministério Público que o in-
três anos de atividade jurídica e
controle da atuação administra- tegram, vedada a recondução,
observando-se, nas nomeações,
tiva e financeira do Ministério competindo-lhe, além das atri-
a ordem de classificação.
Público e do cumprimento dos buições que lhe forem conferi-
§ 4o Aplica-se ao Ministério Pú- deveres funcionais de seus mem- das pela lei, as seguintes:
blico, no que couber, o disposto bros, cabendo-lhe:
no art. 93. I – receber reclamações e denún-
I– zelar pela autonomia funcio- cias, de qualquer interessado,
§ 5 A distribuição de proces-
o
nal e administrativa do Minis- relativas aos membros do Minis-
sos no Ministério Público será tério Público, podendo expedir tério Público e dos seus serviços
imediata. atos regulamentares, no âmbito auxiliares;
de sua competência, ou reco-
Art. 130. Aos membros do II – exercer funções executivas
mendar providências;
Ministério Público junto aos do Conselho, de inspeção e cor-
Tribunais de Contas aplicam-se II– zelar pela observância do reição geral;
as disposições desta seção per- art. 37 e apreciar, de ofício ou III – requisitar e designar mem-
tinentes a direitos, vedações e mediante provocação, a legali- bros do Ministério Público,
forma de investidura. dade dos atos administrativos delegando-lhes atribuições, e
praticados por membros ou ór- requisitar servidores de órgãos
Art. 130-A. O Conselho gãos do Ministério Público da do Ministério Público.
Nacional do Ministério Pú- União e dos Estados, podendo
blico compõe-se de quatorze desconstituí-los, revê-los ou fi- § 4o O Presidente do Conselho
membros nomeados pelo Pre- xar prazo para que se adotem Federal da Ordem dos Advoga-
sidente da República, depois de as providências necessárias ao dos do Brasil oficiará junto ao
exato cumprimento da lei, sem Conselho.
aprovada a escolha pela maio-
ria absoluta do Senado Federal, prejuízo da competência dos § 5o Leis da União e dos Estados
para um mandato de dois anos, Tribunais de Contas; criarão ouvidorias do Ministério

59
Público, competentes para re- Parágrafo único. Aos procuradores dos limites estabelecidos na lei
ceber reclamações e denúncias referidos neste artigo é assegura- de diretrizes orçamentárias e
de qualquer interessado contra da estabilidade após três anos subordinação ao disposto no
membros ou órgãos do Ministé- de efetivo exercício, mediante art. 99, § 2o.
rio Público, inclusive contra seus avaliação de desempenho pe-
§ 3o Aplica-se o disposto no
serviços auxiliares, representan- rante os órgãos próprios, após
relatório circunstanciado das § 2o às Defensorias Públicas
do diretamente ao Conselho da União e do Distrito Federal.
Nacional do Ministério Público. corregedorias.
§ 4 o São princípios institucio-
nais da Defensoria Pública a
Seção II – Da Advocacia Seção III – Da Advocacia unidade, a indivisibilidade e
Pública (EC no 19/98) (EC no 80/2014) a independência funcional,
aplicando-se também, no que
Art. 133. O advogado é in- couber, o disposto no art. 93
Art. 131. A Advocacia-Geral
dispensável à administração e no inciso II do art. 96 desta
da União é a instituição que, di-
da justiça, sendo inviolável por Constituição Federal.
retamente ou através de órgão seus atos e manifestações no
vinculado, representa a União, exercício da profissão, nos limi- Art. 135. Os servidores in-
judicial e extrajudicialmente, tes da lei. tegrantes das carreiras discipli-
cabendo-lhe, nos termos da nadas nas Seções II e III deste
lei complementar que dispuser Capítulo serão remunerados
sobre sua organização e fun- Seção IV – Da Defensoria na forma do art. 39, § 4o. (EC
cionamento, as atividades de Pública (EC no 80/2014) no 19/98)
consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo. Art. 134. A Defensoria Pú-
blica é instituição permanente,
§ 1 A Advocacia-Geral da
o

União tem por chefe o Advo-


essencial à função jurisdicional Título V – Da Defesa do
gado-Geral da União, de livre
do Estado, incumbindo-lhe, Estado e das Instituições
nomeação pelo Presidente da
como expressão e instrumento Democráticas
do regime democrático, funda-
República dentre cidadãos mentalmente, a orientação jurí-
maiores de trinta e cinco anos, dica, a promoção dos direitos Capítulo I – Do Estado de
de notável saber jurídico e re- humanos e a defesa, em todos
putação ilibada.
Defesa e do Estado de Sítio
os graus, judicial e extrajudi-
§ 2o O ingresso nas classes ini- cial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e Seção I – Do Estado de
ciais das carreiras da instituição
gratuita, aos necessitados, na Defesa
de que trata este artigo far-se-á
forma do inciso LXXIV do art. 5o
mediante concurso público de desta Constituição Federal. (EC
provas e títulos. Art. 136. O Presidente da
no 45/2004, EC no 74/2013 e EC República pode, ouvidos o
§ 3 o Na execução da dívida no 80/2014) Conselho da República e o
ativa de natureza tributária, a § 1o Lei complementar organizará Conselho de Defesa Nacional,
representação da União cabe à a Defensoria Pública da União decretar estado de defesa para
Procuradoria-Geral da Fazenda e do Distrito Federal e dos Ter- preservar ou prontamente res-
Nacional, observado o disposto ritórios e prescreverá normas tabelecer, em locais restritos e
em lei. gerais para sua organização nos determinados, a ordem pública
Estados, em cargos de carreira, ou a paz social ameaçadas por
Art. 132. Os Procuradores providos, na classe inicial, me- grave e iminente instabilidade
dos Estados e do Distrito Fe- diante concurso público de pro- institucional ou atingidas por
deral, organizados em carreira, vas e títulos, assegurada a seus calamidades de grandes propor-
na qual o ingresso dependerá integrantes a garantia da inamo- ções na natureza.
de concurso público de provas vibilidade e vedado o exercício da § 1o O decreto que instituir o
e títulos, com a participação advocacia fora das atribuições estado de defesa determinará
da Ordem dos Advogados do institucionais. o tempo de sua duração, espe-
Brasil em todas as suas fases, § 2o Às Defensorias Públicas cificará as áreas a serem abran-
exercerão a representação judi- Estaduais são asseguradas gidas e indicará, nos termos e
cial e a consultoria jurídica das autonomia funcional e admi- limites da lei, as medidas coer-
respectivas unidades federadas. nistrativa e a iniciativa de sua citivas a vigorarem, dentre as
(EC no 19/98) proposta orçamentária dentro seguintes:

60
I – restrições aos direitos de: § 6 o O Congresso Nacional § 2o Solicitada autorização para
apreciará o decreto dentro de decretar o estado de sítio du-
a) reunião, ainda que exer-
dez dias contados de seu rece- rante o recesso parlamentar, o
cida no seio das asso-
bimento, devendo continuar Presidente do Senado Federal,
ciações; de imediato, convocará extra-
funcionando enquanto vigorar
b) sigilo de correspondên- o estado de defesa. ordinariamente o Congresso
cia; Nacional para se reunir dentro
§ 7o Rejeitado o decreto, ces- de cinco dias, a fim de apreciar
c) sigilo de comunicação sa imediatamente o estado de o ato.
telegráfica e telefônica; defesa.
§ 3o O Congresso Nacional per-
II – ocupação e uso temporário manecerá em funcionamento
de bens e serviços públicos, na
hipótese de calamidade pública,
Seção II – Do Estado de até o término das medidas co-
Sítio ercitivas.
respondendo a União pelos da-
nos e custos decorrentes. Art. 139. Na vigência do
Art. 137. O Presidente da Re-
§ 2o O tempo de duração do pública pode, ouvidos o Conse- estado de sítio decretado com
estado de defesa não será su- lho da República e o Conselho fundamento no art. 137, I, só
perior a trinta dias, podendo de Defesa Nacional, solicitar ao poderão ser tomadas contra as
ser prorrogado uma vez, por Congresso Nacional autoriza- pessoas as seguintes medidas:
igual período, se persistirem as ção para decretar o estado de I – obrigação de permanência
razões que justificaram a sua sítio nos casos de: em localidade determinada;
decretação.
I– comoção grave de repercus- II – detenção em edifício não
§ 3o Na vigência do estado de são nacional ou ocorrência de destinado a acusados ou con-
defesa: fatos que comprovem a ineficá- denados por crimes comuns;
cia de medida tomada durante
I– a prisão por crime contra o III – restrições relativas à invio-
o estado de defesa;
Estado, determinada pelo exe- labilidade da correspondência,
cutor da medida, será por este II – declaração de estado de ao sigilo das comunicações, à
comunicada imediatamente ao guerra ou resposta a agressão prestação de informações e à
juiz competente, que a relaxa- armada estrangeira. liberdade de imprensa, radio-
rá, se não for legal, facultado ao difusão e televisão, na forma
preso requerer exame de corpo Parágrafo único. O Presidente da da lei;
de delito à autoridade policial; República, ao solicitar autoriza-
IV – suspensão da liberdade de
ção para decretar o estado de
II – a comunicação será acom- reunião;
sítio ou sua prorrogação, relata-
panhada de declaração, pela V – busca e apreensão em do-
rá os motivos determinantes do
autoridade, do estado físico e micílio;
pedido, devendo o Congresso
mental do detido no momento
Nacional decidir por maioria VI – intervenção nas empresas
de sua autuação;
absoluta. de serviços públicos;
III – a prisão ou detenção de
qualquer pessoa não poderá Art. 138. O decreto do es- VII – requisição de bens.
ser superior a dez dias, salvo tado de sítio indicará sua du-
quando autorizada pelo Poder ração, as normas necessárias Parágrafo único. Não se inclui nas
Judiciário; a sua execução e as garantias restrições do inciso III a difusão
constitucionais que ficarão sus- de pronunciamentos de parla-
IV – é vedada a incomunicabili- mentares efetuados em suas
pensas, e, depois de publicado,
dade do preso. Casas Legislativas, desde que
o Presidente da República desig-
§ 4o Decretado o estado de de- nará o executor das medidas es- liberada pela respectiva Mesa.
fesa ou sua prorrogação, o Pre- pecíficas e as áreas abrangidas.
sidente da República, dentro de
vinte e quatro horas, submeterá
§ 1o O estado de sítio, no caso Seção III – Disposições
do art. 137, I, não poderá ser Gerais
o ato com a respectiva justifica-
decretado por mais de trinta
ção ao Congresso Nacional, que
dias, nem prorrogado, de cada Art. 140. A Mesa do Congres-
decidirá por maioria absoluta.
vez, por prazo superior; no do so Nacional, ouvidos os líderes
§ 5o Se o Congresso Nacional inciso II, poderá ser decretado partidários, designará Comis-
estiver em recesso, será convo- por todo o tempo que perdurar são composta de cinco de seus
cado, extraordinariamente, no a guerra ou a agressão armada membros para acompanhar e fis-
prazo de cinco dias. estrangeira. calizar a execução das medidas

61
referentes ao estado de defesa e reformados, sendo-lhes privati- militar, no art. 37, inciso XVI,
ao estado de sítio. vos os títulos e postos militares alínea c;
e, juntamente com os demais IX – (Revogado);
Art. 141. Cessado o estado membros, o uso dos uniformes
de defesa ou o estado de sítio, das Forças Armadas; X – a lei disporá sobre o ingresso
cessarão também seus efeitos, nas Forças Armadas, os limites
sem prejuízo da responsabilida- II – o militar em atividade que de idade, a estabilidade e outras
de pelos ilícitos cometidos por tomar posse em cargo ou em- condições de transferência do
seus executores ou agentes. prego público civil permanente, militar para a inatividade, os
ressalvada a hipótese prevista no direitos, os deveres, a remune-
Parágrafo único. Logo que cesse art. 37, inciso XVI, alínea c, será ração, as prerrogativas e outras
o estado de defesa ou o estado transferido para a reserva, nos situações especiais dos militares,
de sítio, as medidas aplicadas termos da lei; consideradas as peculiaridades
em sua vigência serão relatadas III – o militar da ativa que, de de suas atividades, inclusive
pelo Presidente da República, acordo com a lei, tomar posse aquelas cumpridas por força de
em mensagem ao Congresso em cargo, emprego ou função compromissos internacionais e
Nacional, com especif icação pública civil temporária, não ele- de guerra.
e justificação das providências tiva, ainda que da administração
adotadas, com relação nominal Art. 143. O serviço militar é
indireta, ressalvada a hipótese
dos atingidos e indicação das obrigatório nos termos da lei.
prevista no art. 37, inciso XVI,
restrições aplicadas.
alínea c, ficará agregado ao res- § 1o Às Forças Armadas com-
pectivo quadro e somente pode- pete, na forma da lei, atribuir
Capítulo II – Das Forças serviço alternativo aos que, em
rá, enquanto permanecer nessa
Armadas situação, ser promovido por tempo de paz, após alistados,
antiguidade, contando-se-lhe o alegarem imperativo de consci-
Art. 142. As Forças Armadas,
tempo de serviço apenas para ência, entendendo-se como tal o
constituídas pela Marinha, pelo
aquela promoção e transferência decorrente de crença religiosa e
Exército e pela Aeronáutica, são
para a reserva, sendo depois de de convicção filosófica ou polí-
instituições nacionais permanen-
dois anos de afastamento, con- tica, para se eximirem de ativi-
tes e regulares, organizadas com
tínuos ou não, transferido para a dades de caráter essencialmente
base na hierarquia e na discipli-
reserva, nos termos da lei; militar.
na, sob a autoridade suprema
do Presidente da República, e IV – ao militar são proibidas a § 2o As mulheres e os eclesiásti-
destinam-se à defesa da Pátria, sindicalização e a greve; cos ficam isentos do serviço mi-
à garantia dos poderes constitu- litar obrigatório em tempo de
cionais e, por iniciativa de qual- V– o militar, enquanto em servi- paz, sujeitos, porém, a outros
quer destes, da lei e da ordem. ço ativo, não pode estar filiado encargos que a lei lhes atribuir.
(EC no 18/98, EC no 20/98, EC a partidos políticos;
no 41/2003 e EC no 77/2014)
VI – o oficial só perderá o posto
Capítulo III – Da
§ 1 Lei complementar estabe-
o
e a patente se for julgado indigno Segurança Pública
lecerá as normas gerais a serem do oficialato ou com ele incom-
Art. 144. A segurança pú-
adotadas na organização, no patível, por decisão de tribunal blica, dever do Estado, direito
preparo e no emprego das For- militar de caráter permanente, e responsabilidade de todos, é
ças Armadas. em tempo de paz, ou de tribunal exercida para a preservação da
§ 2o Não caberá habeas corpus especial, em tempo de guerra; ordem pública e da incolumida-
em relação a punições discipli- VII – o ofi al condenado na jus- de das pessoas e do patrimônio,
nares militares. tiça comum ou militar a pena através dos seguintes órgãos:
privativa de liberdade superior (EC no 19/98 e EC no 82/2014)
§ 3o Os membros das Forças Ar-
madas são denominados milita- a dois anos, por sentença transi- I – polícia federal;
res, aplicando-se-lhes, além das tada em julgado, será submetido
ao julgamento previsto no inciso II – polícia rodoviária federal;
que vierem a ser fixadas em lei,
as seguintes disposições: anterior; III – polícia ferroviária federal;
I– as patentes, com prerroga- VIII – aplica-se aos militares o IV – polícias civis;
tivas, direitos e deveres a elas disposto no art. 7o, incisos VIII,
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no V – polícias militares e corpos de
inerentes, são conferidas pelo
art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bombeiros militares.
Presidente da República e as-
seguradas em plenitude aos bem como, na forma da lei e § 1o A polícia federal, instituída
oficiais da ativa, da reserva ou com prevalência da atividade por lei como órgão permanente,

62
organizado e mantido pela forças auxiliares e reserva do I– impostos;
União e estruturado em carreira, Exército, subordinam-se, junta-
II – taxas, em razão do exercí-
destina-se a: mente com as polícias civis, aos
cio do poder de polícia ou pela
Governadores dos Estados, do
I – apurar infrações penais con- utilização, efetiva ou potencial,
Distrito Federal e dos Territórios.
tra a ordem política e social ou de serviços públicos específicos
em detrimento de bens, serviços § 7o A lei disciplinará a organiza- e divisíveis, prestados ao con-
e interesses da União ou de suas ção e o funcionamento dos ór- tribuinte ou postos a sua dis-
entidades autárquicas e empre- gãos responsáveis pela seguran- posição;
sas públicas, assim como ou- ça pública, de maneira a garantir
tras infrações cuja prática tenha a eficiência de suas atividades. III – contribuição de melhoria,
repercussão interestadual ou decorrente de obras públicas.
§ 8 o Os Municípios poderão
internacional e exija repressão constituir guardas municipais § 1o Sempre que possível, os
uniforme, segundo se dispuser destinadas à proteção de seus impostos terão caráter pessoal
em lei; bens, serviços e instalações, con- e serão graduados segundo a
II – prevenir e reprimir o tráfico forme dispuser a lei. capacidade econômica do con-
ilícito de entorpecentes e drogas tribuinte, facultado à adminis-
§ 9o A remuneração dos servi- tração tributária, especialmente
afins, o contrabando e o desca- dores policiais integrantes dos
minho, sem prejuízo da ação para conferir efetividade a esses
órgãos relacionados neste artigo objetivos, identificar, respeita-
fazendária e de outros órgãos será fixada na forma do § 4o do
públicos nas respectivas áreas dos os direitos individuais e nos
art. 39. termos da lei, o patrimônio, os
de competência;
§ 10. A segurança viária, exerci- rendimentos e as atividades eco-
III – exercer as funções de polí- da para a preservação da ordem nômicas do contribuinte.
cia marítima, aeroportuária e de pública e da incolumidade das
fronteiras; § 2o As taxas não poderão ter
pessoas e do seu patrimônio nas base de cálculo própria de im-
IV – exercer, com exclusividade, vias públicas:
postos.
as funções de polícia judiciária I – compreende a educação, en-
da União. genharia e fiscalização de trân- Art. 146. Cabe à lei comple-
§ 2o A polícia rodoviária federal, sito, além de outras atividades mentar: (EC no 42/2003)
órgão permanente, organizado previstas em lei, que assegurem
I – dispor sobre conf litos de
e mantido pela União e estrutu- ao cidadão o direito à mobilida-
competência, em matéria tri-
rado em carreira, destina-se, na de urbana eficiente; e
butária, entre a União, os Es-
forma da lei, ao patrulhamento II – compete, no âmbito dos tados, o Distrito Federal e os
ostensivo das rodovias federais. Estados, do Distrito Federal e Municípios;
§ 3o A polícia ferroviária federal, dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivos II – regular as limitações consti-
órgão permanente, organizado tucionais ao poder de tributar;
e mantido pela União e estrutu- e seus agentes de trânsito, estru-
rado em carreira, destina-se, na turados em Carreira, na forma III – estabelecer normas gerais
forma da lei, ao patrulhamento da lei. em matéria de legislação tribu-
ostensivo das ferrovias federais. tária, especialmente sobre:
§ 4o Às polícias civis, dirigidas a) definição de tributos e
por delegados de polícia de Título VI – Da de suas espécies, bem
carreira, incumbem, ressalva- Tributação e do como, em relação aos
da a competência da União, as Orçamento impostos discrimina-
funções de polícia judiciária e a dos nesta Constituição,
apuração de infrações penais, a dos respectivos fatos
exceto as militares. Capítulo I – Do Sistema geradores, bases de cál-
Tributário Nacional culo e contribuintes;
§ 5o Às polícias militares cabem
a polícia ostensiva e a preser- b) obrigação, lançamento,
vação da ordem pública; aos crédito, prescrição e de-
corpos de bombeiros militares,
Seção I – Dos Princípios cadência tributários;
além das atribuições definidas Gerais
c) adequado tratamento
em lei, incumbe a execução de
Art. 145. A União, os Es- tributário ao ato coope-
atividades de defesa civil.
tados, o Distrito Federal e os rativo praticado pelas
§ 6o As polícias militares e cor- Municípios poderão instituir os sociedades cooperati-
pos de bombeiros militares, seguintes tributos: vas;

63
d) definição de tratamento Art. 148. A União, mediante receita bruta ou o valor
diferenciado e favoreci- lei complementar, poderá insti- da operação e, no caso
do para as microempre- tuir empréstimos compulsórios: de importação, o valor
sas e para as empresas aduaneiro;
I – para atender a despesas ex-
de pe queno po r t e,
traordinárias, decorrentes de b) específ ica, tendo por
inclusive regimes espe-
calamidade pública, de guerra base a unidade de me-
ciais ou simplif icados
externa ou sua iminência; dida adotada.
no caso do imposto pre-
visto no art. 155, II, das II – no caso de investimento § 3o A pessoa natural destina-
contribuições previstas público de caráter urgente e de tária das operações de impor-
no art. 195, I e §§ 12 e relevante interesse nacional, ob- tação poderá ser equiparada a
13, e da contribuição a servado o disposto no art. 150, pessoa jurídica, na forma da lei.
que se refere o art. 239. III, b.
§ 4o A lei definirá as hipóteses
em que as contribuições incidi-
Parágrafo único. A lei complemen- Parágrafo único. A aplicação
rão uma única vez.
tar de que trata o inciso III, d, dos recursos provenientes de
também poderá instituir um empréstimo compulsório será
Art. 149-A. Os Municípios e
regime único de arrecadação vinculada à despesa que funda-
o Distrito Federal poderão insti-
dos impostos e contribuições mentou sua instituição.
tuir contribuição, na forma das
da União, dos Estados, do Dis-
respectivas leis, para o custeio
trito Federal e dos Municípios, Art. 149. Compete exclusiva-
do serviço de iluminação pú-
observado que: mente à União instituir contri-
blica, observado o disposto no
buições sociais, de intervenção
I – será opcional para o contri- art. 150, I e III. (EC no 39/2002)
no domínio econômico e de
buinte;
interesse das categorias profis-
Parágrafo único. É facultada a co-
II – poderão ser estabelecidas sionais ou econômicas, como
brança da contribuição a que
condições de enquadramento instrumento de sua atuação
se refere o caput, na fatura de
diferenciadas por Estado; nas respectivas áreas, obser-
consumo de energia elétrica.
vado o disposto nos arts. 146,
III – o recolhimento será unifi-
III, e 150, I e III, e sem prejuízo
cado e centralizado e a distri-
do previsto no art. 195, § 6 o,
buição da parcela de recursos
relativamente às contribuições
Seção II – Das Limitações
pertencentes aos respectivos
a que alude o dispositivo. (EC do Poder de Tributar
entes federados será imediata,
no 33/2001, EC no 41/2003 e EC
vedada qualquer retenção ou Art. 150. Sem prejuízo de
no 42/2003)
condicionamento; outras garantias asseguradas ao
§ 1o Os Estados, o Distrito Fe- contribuinte, é vedado à União,
IV – a arrecadação, a fiscaliza-
deral e os Municípios institui- aos Estados, ao Distrito Federal
ção e a cobrança poderão ser
rão contribuição, cobrada de e aos Municípios: (EC no 3/93,
compartilhadas pelos entes
seus servidores, para o custeio, EC no 42/2003 e EC no 75/2013)
federados, adotado cadastro
em benefício destes, do regime
nacional único de contribuintes. I – exigir ou aumentar tributo
previdenciário de que trata o
sem lei que o estabeleça;
art. 40, cuja alíquota não será
Art. 146-A. Lei complemen-
inferior à da contribuição dos II – instituir tratamento desigual
tar poderá estabelecer critérios
servidores titulares de cargos entre contribuintes que se encon-
especiais de tributação, com o
efetivos da União. trem em situação equivalente,
objetivo de prevenir desequi-
proibida qualquer distinção em
líbrios da concorrência, sem § 2o As contribuições sociais
razão de ocupação profissional
prejuízo da competência de e de intervenção no domínio
ou função por eles exercida, inde-
a União, por lei, estabelecer econômico de que trata o caput
pendentemente da denominação
normas de igual objetivo. (EC deste artigo:
jurídica dos rendimentos, títulos
no 42/2003)
I – não incidirão sobre as recei- ou direitos;
tas decorrentes de exportação;
Ar t. 147. Competem à III – cobrar tributos:
União, em Território Federal, II – incidirão também sobre a
a) em relação a fatos ge-
os impostos estaduais e, se o importação de produtos estran-
radores ocorridos antes
Território não for dividido em geiros ou serviços;
do início da vigência da
Municípios, cumulativamente,
III – poderão ter alíquotas: lei que os houver insti-
os impostos municipais; ao Dis-
tuído ou aumentado;
trito Federal cabem os impostos a) ad valorem, tendo por
municipais. base o faturamento, a b) no mesmo exercício

64
financeiro em que haja previstos nos arts. 148, I, 153, tributária a condição de res-
sido publicada a lei que I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação ponsável pelo pagamento de
os instituiu ou aumen- do inciso III, c, não se aplica aos imposto ou contribuição, cujo
tou; tributos previstos nos arts. 148, fato gerador deva ocorrer pos-
I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem teriormente, assegurada a ime-
c) antes de decorridos no-
à fixação da base de cálculo dos diata e preferencial restituição
venta dias da data em
impostos previstos nos arts. da quantia paga, caso não se re-
que haja sido publicada
155, III, e 156, I. alize o fato gerador presumido.
a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o § 2o A vedação do inciso VI, a,
disposto na alínea b; é extensiva às autarquias e às Art. 151. É vedado à União:
fundações instituídas e manti- I – instituir tributo que não seja
IV – utilizar tributo com efeito
das pelo Poder Público, no que uniforme em todo o território
de confisco;
se refere ao patrimônio, à renda nacional ou que implique distin-
V – estabelecer limitações ao e aos serviços, vinculados a suas ção ou preferência em relação a
tráfego de pessoas ou bens, por finalidades essenciais ou às de- Estado, ao Distrito Federal ou
meio de tributos interestaduais las decorrentes. a Município, em detrimento de
ou intermunicipais, ressalvada a
§ 3o As vedações do inciso VI, a, outro, admitida a concessão de
cobrança de pedágio pela utili-
e do parágrafo anterior não se incentivos fiscais destinados a
zação de vias conservadas pelo
aplicam ao patrimônio, à ren- promover o equilíbrio do de-
Poder Público;
da e aos serviços, relacionados senvolvimento sócio-econômi-
VI – instituir impostos sobre: com exploração de atividades co entre as diferentes regiões
econômicas regidas pelas nor- do País;
a) patrimônio, renda ou
mas aplicáveis a empreendimen-
serviços, uns dos ou- II – tributar a renda das obri-
tos privados, ou em que haja
tros; gações da dívida pública dos
contraprestação ou pagamento
b) templos de qualquer de preços ou tarifas pelo usuá- Estados, do Distrito Federal e
culto; rio, nem exoneram o promiten- dos Municípios, bem como a
te comprador da obrigação de remuneração e os proventos
c) patrimônio, renda ou dos respectivos agentes públi-
pagar imposto relativamente ao
serviços dos partidos cos, em níveis superiores aos
bem imóvel.
políticos, inclusive suas que fixar para suas obrigações
fundações, das entida- § 4o As vedações expressas no e para seus agentes;
des sindicais dos traba- inciso VI, alíneas b e c, compre-
lhadores, das institui- endem somente o patrimônio, III – instituir isenções de tributos
ções de educação e de a renda e os serviços, relacio- da competência dos Estados,
assistência social, sem nados com as finalidades es- do Distrito Federal ou dos Mu-
fins lucrativos, atendi- senciais das entidades nelas nicípios.
dos os requisitos da lei; mencionadas.
Art. 152. É vedado aos Es-
d) livros, jornais, periódi- § 5o A lei determinará medi-
tados, ao Distrito Federal e
cos e o papel destinado das para que os consumidores
a sua impressão; sejam esclarecidos acerca dos aos Municípios estabelecer di-
impostos que incidam sobre ferença tributária entre bens e
e) fonogramas e video- serviços, de qualquer natureza,
mercadorias e serviços.
fonogramas musicais em razão de sua procedência
produzidos no Brasil § 6 o Qualquer subsídio ou ou destino.
contendo obras musi- isenção, redução de base de
cais ou literomusicais cálculo, concessão de crédito
de autores brasileiros presumido, anistia ou remissão, Seção III – Dos Impostos da
e/ou obras em geral in- relativos a impostos, taxas ou União
terpretadas por artistas contribuições, só poderá ser
brasileiros bem como os concedido mediante lei especí- Art. 153. Compete à União
suportes materiais ou fica, federal, estadual ou muni- instituir impostos sobre: (EC
arquivos digitais que cipal, que regule exclusivamente no 20/98 e EC no 42/2003)
os contenham, salvo as matérias acima enumeradas
na etapa de replicação ou o correspondente tributo ou I – importação de produtos es-
industrial de mídias óp- contribuição, sem prejuízo do trangeiros;
ticas de leitura a laser. disposto no art. 155, § 2o, XII, g. II – exportação, para o exterior,
§ 1o A vedação do inciso III, § 7o A lei poderá atribuir a de produtos nacionais ou nacio-
b, não se aplica aos tributos sujeito passivo de obrigação nalizados;

65
III – renda e proventos de qual- optarem, na forma da lei, des- e as prestações se iniciem no
quer natureza; de que não implique redução exterior;
do imposto ou qualquer outra
IV – produtos industrializados; III – propriedade de veículos
forma de renúncia fiscal.
V – operações de crédito, câm- automotores.
§ 5o O ouro, quando definido
bio e seguro, ou relativas a títu- § 1o O imposto previsto no in-
em lei como ativo financeiro ou
los ou valores mobiliários; ciso I:
instrumento cambial, sujeita-se
VI – propriedade territorial ru- exclusivamente à incidência do I – relativamente a bens imóveis
ral; imposto de que trata o inciso V e respectivos direitos, compete
do caput deste artigo, devido na ao Estado da situação do bem,
VII – grandes fortunas, nos ter- operação de origem; a alíquota
mos de lei complementar. ou ao Distrito Federal;
mínima será de um por cento,
§ 1o É facultado ao Poder Exe- assegurada a transferência do II – relativamente a bens móveis,
cutivo, atendidas as condições montante da arrecadação nos títulos e créditos, compete ao
e os limites estabelecidos em lei, seguintes termos: Estado onde se processar o
alterar as alíquotas dos impos- I– trinta por cento para o Es- inventário ou arrolamento, ou
tos enumerados nos incisos I, tado, o Distrito Federal ou o tiver domicílio o doador, ou ao
II, IV e V. Território, conforme a origem; Distrito Federal;
§ 2o O imposto previsto no in- II – setenta por cento para o III – terá a competência para
ciso III: Município de origem. sua instituição regulada por lei
I – será informado pelos crité- complementar:
Art. 154. A União poderá
rios da generalidade, da univer- instituir: a) se o doador tiver domi-
salidade e da progressividade, cílio ou residência no
na forma da lei; I – mediante lei complementar,
exterior;
impostos não previstos no ar-
II – (Revogado). tigo anterior, desde que sejam b) se o de cujus possuía
§ 3o O imposto previsto no in- não cumulativos e não tenham bens, era residente ou
ciso IV: fato gerador ou base de cálcu- domiciliado ou teve o
lo próprios dos discriminados seu inventário proces-
I – será seletivo, em função da nesta Constituição; sado no exterior;
essencialidade do produto;
II – na iminência ou no caso de IV – terá suas alíquotas máxi-
II – será não cumulativo, com- guerra externa, impostos extra-
pensando-se o que for devido mas f ixadas pelo Senado Fe-
ordinários, compreendidos ou
em cada operação com o mon- deral.
não em sua competência tribu-
tante cobrado nas anteriores; tária, os quais serão suprimi- § 2o O imposto previsto no inci-
III – não incidirá sobre produtos dos, gradativamente, cessadas so II atenderá ao seguinte:
industrializados destinados ao as causas de sua criação.
I – será não cumulativo, com-
exterior; pensando-se o que for devido
IV – terá reduzido seu impacto Seção IV – Dos Impostos em cada operação relativa à
sobre a aquisição de bens de dos Estados e do Distrito circulação de mercadorias ou
capital pelo contribuinte do Federal prestação de serviços com o
imposto, na forma da lei. montante cobrado nas anterio-
Ar t. 155. Compete aos res pelo mesmo ou outro Estado
§ 4o O imposto previsto no in-
ciso VI do caput: Estados e ao Distrito Federal ou pelo Distrito Federal;
instituir impostos sobre: (EC
I – será progressivo e terá suas II – a isenção ou não incidência,
n o 3/93, EC n o 33/2001, EC
alíquotas fixadas de forma a salvo determinação em contrá-
no 42/2003 e EC no 87/2015)
desestimular a manutenção de rio da legislação:
propriedades improdutivas; I – transmissão causa mortis e
doação, de quaisquer bens ou a) não implicará crédito
II – não incidirá sobre pequenas direitos; para compensação com
glebas rurais, definidas em lei, o montante devido nas
II – operações relativas à cir- operações ou presta-
quando as explore o proprie-
culação de mercadorias e ções seguintes;
tário que não possua outro
sobre prestações de serviços
imóvel; b) acarretará a anulação
de transporte interestadual e
III – será fiscalizado e cobrado intermunicipal e de comunica- do crédito relativo às
pelos Municípios que assim ção, ainda que as operações operações anteriores;

66
III – poderá ser seletivo, em VIII – a responsabilidade pelo c) sobre o ouro, nas hi-
função da essencialidade das recolhimento do imposto cor- póteses def inidas no
mercadorias e dos serviços; respondente à diferença entre art. 153, § 5o;
a alíquota interna e a interes-
IV – resolução do Senado Fe- tadual de que trata o inciso VII d) nas prestações de servi-
deral, de iniciativa do Presi- será atribuída: ço de comunicação nas
dente da República ou de um modalidades de radiodi-
terço dos Senadores, aprovada a) ao destinatário, quando fusão sonora e de sons
pela maioria absoluta de seus este for contribuinte do e imagens de recepção
membros, estabelecerá as alí- imposto; livre e gratuita;
quotas aplicáveis às operações b) ao remetente, quando XI – não compreenderá, em sua
e prestações, interestaduais e o destinatário não for base de cálculo, o montante do
de exportação; contribuinte do impos- imposto sobre produtos indus-
V – é facultado ao Senado Fe- to; trializados, quando a operação,
deral: IX – incidirá também: realizada entre contribuintes e
relativa a produto destinado à
a) estabelecer alíquotas a) sobre a entrada de bem industrialização ou à comercia-
mínimas nas operações ou mercadoria impor- lização, configure fato gerador
internas, mediante re- tados do exterior por dos dois impostos;
solução de iniciativa de pessoa física ou jurídi-
um terço e aprovada ca, ainda que não seja XII – cabe à lei complementar:
pela maioria absoluta contribuinte habitual a) definir seus contribuin-
de seus membros; do imposto, qualquer tes;
b) fixar alíquotas máximas que seja a sua finalida-
de, assim como sobre o b) dispor sobre substitui-
nas mesmas operações
serviço prestado no exte- ção tributária;
para resolver conf lito
específico que envolva rior, cabendo o imposto c) disciplinar o regime de
ao Estado onde estiver
interesse de Estados, compensação do im-
situado o domicílio ou o
mediante resolução de posto;
estabelecimento do des-
iniciativa da maioria
tinatário da mercadoria, d) fixar, para efeito de sua
absoluta e aprovada
bem ou serviço; cobrança e def inição
por dois terços de seus
do estabelecimento
membros; b) sobre o valor total da
responsável, o local
o p e r a ç ã o, q u a n d o
VI– salvo deliberação em con- mercadorias forem for- das operações relativas
trário dos Estados e do Distrito necidas com serviços à circulação de merca-
Federal, nos termos do disposto não compreendidos na dorias e das prestações
no inciso XII, g, as alíquotas in- competência tributária de serviços;
ternas, nas operações relativas dos Municípios; e) excluir da incidência do
à circulação de mercadorias
X – não incidirá: imposto, nas exporta-
e nas prestações de serviços,
ções para o exterior, ser-
não poderão ser inferiores às a) sobre operações que viços e outros produtos
previstas para as operações in- destinem mercadorias além dos mencionados
terestaduais; para o exterior, nem so- no inciso X, a;
VII – nas operações e prestações bre serviços prestados
a destinatários no exte- f) prever casos de manu-
que destinem bens e serviços a
rior, assegurada a ma- tenção de crédito, re-
consumidor final, contribuinte
nutenção e o aproveita- lativamente à remessa
ou não do imposto, localizado
mento do montante do para outro Estado e
em outro Estado, adotar-se-á
imposto cobrado nas exportação para o ex-
a alíquota interestadual e ca-
operações e prestações terior, de serviços e de
berá ao Estado de localização
anteriores; mercadorias;
do destinatário o imposto cor-
respondente à diferença entre b) sobre operações que g) regular a forma como,
a alíquota interna do Estado destinem a outros Esta- mediante deliberação
destinatário e a alíquota inte- dos petróleo, inclusive dos Estados e do Dis-
restadual; lubrificantes, combus- trito Federal, isenções,
tíveis líquidos e gasosos incentivos e benefícios
a) (Revogada);
dele derivados, e energia fiscais serão concedidos
b) (Revogada); elétrica; e revogados;

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h) definir os combustíveis diferenciadas por pro- § 1o Sem prejuízo da progressivi-
e lubrificantes sobre os duto; dade no tempo a que se refere o
quais o imposto incidirá art. 182, § 4o, inciso II, o impos-
b) poderão ser específicas, to previsto no inciso I poderá:
uma única vez, qualquer
que seja a sua finalidade, por unidade de medida I – ser progressivo em razão do
hipótese em que não se adotada, ou ad valorem, valor do imóvel; e
aplicará o disposto no incidindo sobre o valor
da operação ou sobre II – ter alíquotas diferentes de
inciso X, b; acordo com a localização e o
o preço que o produto
i) fixar a base de cálculo, ou seu similar alcançaria uso do imóvel.
de modo que o montan- em uma venda em condi- § 2o O imposto previsto no in-
te do imposto a integre, ções de livre concorrên- ciso II:
também na importação cia; I– não incide sobre a transmis-
do ex terior de bem,
c) poderão ser reduzidas são de bens ou direitos incorpo-
mercadoria ou serviço.
e restabelecidas, não se rados ao patrimônio de pessoa
§ 3o À exceção dos impostos de lhes aplicando o dispos- jurídica em realização de capi-
que tratam o inciso II do caput to no art. 150, III, b. tal, nem sobre a transmissão de
deste artigo e o art. 153, I e II, bens ou direitos decorrente de
nenhum outro imposto poderá § 5 o As regras necessárias à fusão, incorporação, cisão ou
incidir sobre operações relativas aplicação do disposto no § 4o, extinção de pessoa jurídica, sal-
a energia elétrica, serviços de inclusive as relativas à apura- vo se, nesses casos, a atividade
telecomunicações, derivados de ção e à destinação do imposto, preponderante do adquirente
petróleo, combustíveis e mine- serão estabelecidas mediante for a compra e venda desses
rais do País. deliberação dos Estados e do bens ou direitos, locação de
Distrito Federal, nos termos do bens imóveis ou arrendamento
§ 4o Na hipótese do inciso XII, h,
§ 2o, XII, g. mercantil;
observar-se-á o seguinte:
§ 6o O imposto previsto no in- II – compete ao Município da
I – nas operações com os lubrifi- situação do bem.
ciso III:
cantes e combustíveis derivados
de petróleo, o imposto caberá I – terá alíquotas mínimas fixa- § 3o Em relação ao imposto pre-
ao Estado onde ocorrer o con- das pelo Senado Federal; visto no inciso III do caput deste
sumo; artigo, cabe à lei complementar:
II – poderá ter alíquotas dife-
I – fixar as suas alíquotas máxi-
II – nas operações interestadu- renciadas em função do tipo e
ais, entre contribuintes, com mas e mínimas;
utilização.
gás natural e seus derivados, e II – excluir da sua incidência
lubrificantes e combustíveis não exportações de serviços para
incluídos no inciso I deste pará- Seção V – Dos Impostos dos o exterior;
grafo, o imposto será repartido Municípios III – regular a forma e as condi-
entre os Estados de origem e de ções como isenções, incentivos
destino, mantendo-se a mesma Art. 156. Compete aos Mu- e benefícios fiscais serão conce-
proporcionalidade que ocorre nicípios instituir impostos so- didos e revogados.
nas operações com as demais bre: (EC no 3/93, EC no 29/2000 § 4o (Revogado)
mercadorias; e EC no 37/2002)
III – nas operações interestaduais I – propriedade predial e terri-
com gás natural e seus derivados,
Seção VI – Da Repartição
torial urbana; das Receitas Tributárias
e lubrificantes e combustíveis
não incluídos no inciso I deste II – transmissão inter vivos, a
qualquer título, por ato onero- Art. 157. Pertencem aos Es-
parágrafo, destinadas a não con- tados e ao Distrito Federal:
tribuinte, o imposto caberá ao so, de bens imóveis, por nature-
Estado de origem; za ou acessão física, e de direi- I – o produto da arrecadação do
tos reais sobre imóveis, exceto imposto da União sobre renda
IV – as alíquotas do imposto os de garantia, bem como ces- e proventos de qualquer natu-
serão definidas mediante deli- são de direitos a sua aquisição; reza, incidente na fonte, sobre
beração dos Estados e Distrito rendimentos pagos, a qualquer
Federal, nos termos do § 2o, XII, III – serviços de qualquer na- título, por eles, suas autarquias
g, observando-se o seguinte: tureza, não compreendidos e pelas fundações que instituí-
no art. 155, II, definidos em lei rem e mantiverem;
a) serão uniformes em
complementar;
todo o território na- II – vinte por cento do produto
cional, podendo ser IV – (Revogado). da arrecadação do imposto que

68
a União instituir no exercício da industrializados, 49% (quarenta acordo com o previsto no inciso
competência que lhe é atribuída e nove por cento), na seguinte I, excluir-se-á a parcela da arre-
pelo art. 154, I. forma: cadação do imposto de renda
a) vinte e um inteiros e cin- e proventos de qualquer natu-
Art. 158. Pertencem aos Mu-
co décimos por cento ao reza pertencente aos Estados,
nicípios: (EC no 42/2003)
Fundo de Participação ao Distrito Federal e aos Muni-
I – o produto da arrecadação do dos Estados e do Distri- cípios, nos termos do disposto
imposto da União sobre renda to Federal; nos arts. 157, I, e 158, I.
e proventos de qualquer natu-
reza, incidente na fonte, sobre b) vinte e dois inteiros e § 2o A nenhuma unidade fede-
rendimentos pagos, a qualquer cinco décimos por cento rada poderá ser destinada par-
título, por eles, suas autarquias ao Fundo de Participa- cela superior a vinte por cento
e pelas fundações que instituí- ção dos Municípios; do montante a que se refere o
rem e mantiverem; c) três por cento, para apli- inciso II, devendo o eventual ex-
cação em programas de cedente ser distribuído entre os
II – cinquenta por cento do
financiamento ao setor demais participantes, mantido,
produto da arrecadação do
produtivo das Regiões em relação a esses, o critério de
imposto da União sobre a pro-
Norte, Nordeste e Cen- partilha nele estabelecido.
priedade territorial rural, re-
tro-Oeste, através de § 3o Os Estados entregarão aos
lativamente aos imóveis neles
suas instituições finan- respectivos Municípios vinte e
situados, cabendo a totalidade
ceiras de caráter regio- cinco por cento dos recursos
na hipótese da opção a que se
nal, de acordo com os que receberem nos termos do
refere o art. 153, § 4o, III;
planos regionais de de- inciso II, observados os crité-
III – cinquenta por cento do pro- senvolvimento, ficando
duto da arrecadação do impos- rios estabelecidos no art. 158,
assegurada ao semiárido
to do Estado sobre a proprie- parágrafo único, I e II.
do Nordeste a metade
dade de veículos automotores dos recursos destinados § 4o Do montante de recursos
licenciados em seus territórios; à Região, na forma que de que trata o inciso III que cabe
IV – vinte e cinco por cento do a lei estabelecer; a cada Estado, vinte e cinco por
produto da arrecadação do d) um por cento ao Fundo cento serão destinados aos seus
imposto do Estado sobre ope- de Participação dos Mu- Municípios, na forma da lei a
rações relativas à circulação de nicípios, que será entre- que se refere o mencionado
mercadorias e sobre prestações gue no primeiro decên- inciso.
de serviços de transporte inte- dio do mês de dezembro Art. 160. É vedada a reten-
restadual e intermunicipal e de de cada ano; ção ou qualquer restrição à en-
comunicação. e) 1% (um por cento) ao trega e ao emprego dos recursos
Parágrafo único. As parcelas de Fundo de Participação atribuídos, nesta seção, aos Es-
receita pertencentes aos Muni- dos Municípios, que tados, ao Distrito Federal e aos
cípios, mencionadas no inciso será entregue no pri- Municípios, neles compreendi-
IV, serão creditadas conforme meiro decêndio do mês dos adicionais e acréscimos re-
os seguintes critérios: de julho de cada ano; lativos a impostos. (EC no 3/93
I– três quartos, no mínimo, na II – do produto da arrecadação e EC no 29/2000)
proporção do valor adicionado do imposto sobre produtos in-
dustrializados, dez por cento Parágrafo único. A vedação pre-
nas operações relativas à cir- vista neste artigo não impede
culação de mercadorias e nas aos Estados e ao Distrito Fede-
ral, proporcionalmente ao valor a União e os Estados de condi-
prestações de serviços, realiza-
das respectivas exportações de cionarem a entrega de recursos:
das em seus territórios;
produtos industrializados; I – ao pagamento de seus cré-
II – até um quarto, de acordo
III – do produto da arrecadação ditos, inclusive de suas autar-
com o que dispuser lei estadual
da contribuição de intervenção quias;
ou, no caso dos Territórios, lei
federal. no domínio econômico prevista II – ao cumprimento do dispos-
no art. 177, § 4o, 29% (vinte e to no art. 198, § 2o, incisos II
Art. 159. A União entregará: nove por cento) para os Estados e III.
(EC no 42/2003, EC no 44/2004, e o Distrito Federal, distribuídos
EC no 55/2007 e EC no 84/2014) na forma da lei, observada a Art. 161. Cabe à lei comple-
I – do produto da arrecada- destinação a que se refere o in- mentar:
ção dos impostos sobre ren- ciso II, c, do referido parágrafo. I – definir valor adicionado para
da e proventos de qualquer § 1o Para efeito de cálculo fins do disposto no art. 158, pa-
natureza e sobre produtos da entrega a ser efetuada de rágrafo único, I;

69
II – estabelecer normas sobre União, dos Estados, do Distrito as despesas de capital para o
a entrega dos recursos de que Federal e dos Municípios; exercício financeiro subsequen-
trata o art. 159, especialmente VII – compatibilização das fun- te, orientará a elaboração da lei
sobre os critérios de rateio dos ções das instituições oficiais de orçamentária anual, disporá so-
fundos previstos em seu inciso crédito da União, resguardadas bre as alterações na legislação
I, objetivando promover o equi- as características e condições tributária e estabelecerá a po-
líbrio sócio-econômico entre operacionais plenas das vol- lítica de aplicação das agências
Estados e entre Municípios; tadas ao desenvolvimento re- financeiras oficiais de fomento.
III – dispor sobre o acompanha- gional. § 3o O Poder Executivo publi-
mento, pelos beneficiários, do cará, até trinta dias após o en-
Art. 164. A competência da
cálculo das quotas e da libera- cerramento de cada bimestre,
União para emitir moeda será
ção das participações previstas relatório resumido da execução
exercida exclusivamente pelo
nos arts. 157, 158 e 159. orçamentária.
banco central.
Parágrafo único. O Tribunal de § 1o É vedado ao banco central § 4 o Os planos e programas
Contas da União efetuará o conceder, direta ou indireta- nacionais, regionais e setoriais
cálculo das quotas referentes mente, empréstimos ao Tesouro previstos nesta Constituição
aos fundos de participação a Nacional e a qualquer órgão ou serão elaborados em conso-
que alude o inciso II. entidade que não seja institui- nância com o plano plurianual
ção financeira. e apreciados pelo Congresso
Art. 162. A União, os Esta- Nacional.
dos, o Distrito Federal e os Mu- § 2o O banco central poderá
nicípios divulgarão, até o último comprar e vender títulos de § 5o A lei orçamentária anual
dia do mês subsequente ao da emissão do Tesouro Nacional, compreenderá:
arrecadação, os montantes de com o objetivo de regular a I – o orçamento fiscal referen-
cada um dos tributos arreca- oferta de moeda ou a taxa de te aos Poderes da União, seus
dados, os recursos recebidos, juros. fundos, órgãos e entidades da
os valores de origem tributária § 3o As disponibilidades de caixa administração direta e indireta,
entregues e a entregar e a ex- da União serão depositadas no inclusive fundações instituídas
pressão numérica dos critérios banco central; as dos Estados, e mantidas pelo Poder Público;
de rateio. do Distrito Federal, dos Mu- II – o orçamento de investi-
Parágrafo único. Os dados divul- nicípios e dos órgãos ou enti- mento das empresas em que a
gados pela União serão dis- dades do poder público e das União, direta ou indiretamente,
criminados por Estado e por empresas por ele controladas, detenha a maioria do capital so-
Município; os dos Estados, por em instituições financeiras ofi- cial com direito a voto;
Município. ciais, ressalvados os casos pre-
III – o orçamento da segurida-
vistos em lei.
de social, abrangendo todas as
Capítulo II – Das Finanças entidades e órgãos a ela vincula-
Públicas Seção II – Dos Orçamentos dos, da administração direta ou
indireta, bem como os fundos e
Art. 165. Leis de iniciativa do fundações instituídos e manti-
Seção I – Normas Gerais Poder Executivo estabelecerão: dos pelo Poder Público.
(EC no 86/2015)
Art. 163. Lei complementar § 6o O projeto de lei orçamen-
disporá sobre: (EC no 40/2003) I – o plano plurianual; tária será acompanhado de de-
I – finanças públicas; II– as diretrizes orçamentárias; monstrativo regionalizado do
III – os orçamentos anuais. efeito, sobre as receitas e des-
II – dívida pública externa e in-
pesas, decorrente de isenções,
terna, incluída a das autarquias, § 1o A lei que instituir o plano
plurianual estabelecerá, de for- anistias, remissões, subsídios e
fundações e demais entidades
ma regionalizada, as diretrizes, benefícios de natureza financei-
controladas pelo Poder Público;
objetivos e metas da adminis- ra, tributária e creditícia.
III – concessão de garantias pe-
tração pública federal para as § 7o Os orçamentos previstos
las entidades públicas;
despesas de capital e outras de- no § 5 o, I e II, deste artigo,
IV – emissão e resgate de títulos las decorrentes e para as relati- compatibilizados com o plano
da dívida pública; vas aos programas de duração plurianual, terão entre suas fun-
V – fiscalização financeira da continuada. ções a de reduzir desigualdades
administração pública direta e § 2o A lei de diretrizes orçamen- inter-regionais, segundo critério
indireta; tárias compreenderá as metas populacional.
VI – operações de câmbio reali- e prioridades da administra- § 8 o A lei orçamentária anu-
zadas por órgãos e entidades da ção pública federal, incluindo al não conterá dispositivo

70
estranho à previsão da receita § 2o As emendas serão apre- nesta seção, as demais normas
e à fixação da despesa, não se sentadas na Comissão mista, relativas ao processo legislativo.
incluindo na proibição a autori- que sobre elas emitirá parecer, § 8o Os recursos que, em de-
zação para abertura de créditos e apreciadas, na forma regi- corrência de veto, emenda ou
suplementares e contratação de mental, pelo Plenário das duas rejeição do projeto de lei orça-
operações de crédito, ainda que Casas do Congresso Nacional. mentária anual, f icarem sem
por antecipação de receita, nos § 3 o As emendas ao projeto despesas correspondentes po-
termos da lei. de lei do orçamento anual ou derão ser utilizados, conforme
§ 9o Cabe à lei complementar: aos projetos que o modifiquem o caso, mediante créditos es-
I– dispor sobre o exercício finan- somente podem ser aprovadas peciais ou suplementares, com
ceiro, a vigência, os prazos, a caso: prévia e específica autorização
elaboração e a organização do I – sejam compatíveis com o legislativa.
plano plurianual, da lei de di- plano plurianual e com a lei de § 9o As emendas individuais ao
retrizes orçamentárias e da lei diretrizes orçamentárias; projeto de lei orçamentária se-
orçamentária anual; II – indiquem os recursos ne- rão aprovadas no limite de 1,2%
II – estabelecer normas de ges- cessários, admitidos apenas os (um inteiro e dois décimos por
tão financeira e patrimonial da provenientes de anulação de cento) da receita corrente líqui-
administração direta e indire- despesa, excluídas as que inci- da prevista no projeto encami-
ta, bem como condições para dam sobre: nhado pelo Poder Executivo,
a instituição e funcionamento sendo que a metade deste per-
a) dotações para pessoal centual será destinada a ações
de fundos; e seus encargos; e serviços públicos de saúde.
III – dispor sobre critérios para b) serviço da dívida;
a execução equitativa, além § 10. A execução do montante
c) transferências tribu- destinado a ações e serviços pú-
de procedimentos que serão
tárias constitucionais blicos de saúde previsto no § 9o,
adotados quando houver im-
para Estados, Municí- inclusive custeio, será computa-
pedimentos legais e técnicos,
pios e Distrito Federal; da para fins do cumprimento
cumprimento de restos a pagar
ou do inciso I do § 2o do art. 198,
e limitação das programações
de caráter obrigatório, para a III– sejam relacionadas: vedada a destinação para paga-
realização do disposto no § 11 a) com a correção de erros mento de pessoal ou encargos
do art. 166. ou omissões; ou sociais.
b) com os dispositivos do § 11. É obrigatória a execução
Art. 166. Os projetos de lei orçamentária e financeira das
relativos ao plano plurianual, texto do projeto de lei.
programações a que se refere
às diretrizes orçamentárias, ao § 4 As emendas ao projeto de
o
o § 9o deste artigo, em mon-
orçamento anual e aos créditos lei de diretrizes orçamentárias tante correspondente a 1,2%
adicionais serão apreciados pe- não poderão ser aprovadas (um inteiro e dois décimos por
las duas Casas do Congresso quando incompatíveis com o cento) da receita corrente lí-
Nacional, na forma do regimen- plano plurianual. quida realizada no exercício
to comum. (EC no 86/2015) § 5o O Presidente da Repúbli- anterior, conforme os critérios
§ 1o Caberá a uma Comissão ca poderá enviar mensagem ao para a execução equitativa da
mista permanente de Senadores Congresso Nacional para pro- programação definidos na lei
e Deputados: por modificação nos projetos a complementar prevista no § 9o
I – examinar e emitir parecer que se refere este artigo enquan- do art. 165.
sobre os projetos referidos to não iniciada a votação, na § 12. As programações orça-
neste artigo e sobre as contas Comissão mista, da parte cuja mentárias previstas no § 9o des-
apresentadas anualmente pelo alteração é proposta. te artigo não serão de execução
Presidente da República; § 6o Os projetos de lei do pla- obrigatória nos casos dos im-
II – examinar e emitir parecer no plurianual, das diretrizes pedimentos de ordem técnica.
sobre os planos e programas orçamentárias e do orçamento § 13. Quando a transferência
nacionais, regionais e setoriais anual serão enviados pelo Presi- obrigatória da União, para
previstos nesta Constituição e dente da República ao Congres- a execução da programação
exercer o acompanhamento e a so Nacional, nos termos da lei prevista no § 11 deste artigo,
fiscalização orçamentária, sem complementar a que se refere o for destinada a Estados, ao
prejuízo da atuação das demais art. 165, § 9o. Distrito Federal e a Municípios,
comissões do Congresso Nacio- § 7o Aplicam-se aos projetos independerá da adimplência do
nal e de suas Casas, criadas de mencionados neste artigo, no ente federativo destinatário e
acordo com o art. 58. que não contrariar o disposto não integrará a base de cálculo

71
da receita corrente líquida para § 17. Se for verif icado que a autorização legislativa e sem
fins de aplicação dos limites de reestimativa da receita e da indicação dos recursos corres-
despesa de pessoal de que trata despesa poderá resultar no pondentes;
o caput do art. 169. não cumprimento da meta de VI – a transposição, o remane-
§ 14. No caso de impedimento resultado fiscal estabelecida na jamento ou a transferência de
de ordem técnica, no empenho lei de diretrizes orçamentárias, recursos de uma categoria de
de despesa que integre a pro- o montante previsto no § 11 programação para outra ou
gramação, na forma do § 11 deste artigo poderá ser reduzi- de um órgão para outro, sem
do em até a mesma proporção prévia autorização legislativa;
deste artigo, serão adotadas
da limitação incidente sobre o
as seguintes medidas: VII – a concessão ou utilização
conjunto das despesas discri-
I – até 120 (cento e vinte) dias cionárias. de créditos ilimitados;
após a publicação da lei orça- VIII – a utilização, sem autori-
§ 18. Considera-se equitativa a
mentária, o Poder Executivo, o execução das programações de zação legislativa específica, de
Poder Legislativo, o Poder Judi- caráter obrigatório que atenda recursos dos orçamentos fiscal e
ciário, o Ministério Público e a de forma igualitária e impessoal da seguridade social para suprir
Defensoria Pública enviarão ao às emendas apresentadas, in- necessidade ou cobrir déficit de
Poder Legislativo as justificati- dependentemente da autoria. empresas, fundações e fundos,
vas do impedimento; inclusive dos mencionados no
II – até 30 (trinta) dias após o Ar t. 167. São vedados: art. 165, § 5o;
término do prazo previsto no (EC no 3/93, EC no 19/98, EC IX – a instituição de fundos de
no 20/98, EC no 29/2000, EC qualquer natureza, sem prévia
inciso I, o Poder Legislativo
no 42/2003 e EC no 85/2015) autorização legislativa;
indicará ao Poder Executivo
o remanejamento da progra- I – o início de programas ou X – a transferência voluntária de
mação cujo impedimento seja projetos não incluídos na lei recursos e a concessão de em-
insuperável; orçamentária anual; préstimos, inclusive por anteci-
III – até 30 de setembro ou até II – a realização de despesas ou pação de receita, pelos Governos
30 (trinta) dias após o prazo a assunção de obrigações di- Federal e Estaduais e suas insti-
previsto no inciso II, o Poder retas que excedam os créditos tuições financeiras, para paga-
Executivo encaminhará projeto orçamentários ou adicionais; mento de despesas com pessoal
de lei sobre o remanejamento III – a realização de operações ativo, inativo e pensionista, dos
da programação cujo impedi- de créditos que excedam o mon- Estados, do Distrito Federal e
mento seja insuperável; tante das despesas de capital, dos Municípios;
ressalvadas as autorizadas me- XI – a utilização dos recursos
IV – se, até 20 de novembro
diante créditos suplementares provenientes das contribuições
ou até 30 (trinta) dias após o
ou especiais com finalidade pre- sociais de que trata o art. 195, I,
término do prazo previsto no
cisa, aprovados pelo Poder Le- a, e II, para a realização de des-
inciso III, o Congresso Nacional
gislativo por maioria absoluta; pesas distintas do pagamento
não deliberar sobre o projeto, o
IV – a vinculação de receita de de benefícios do regime geral de
remanejamento será implemen- previdência social de que trata
tado por ato do Poder Executi- impostos a órgão, fundo ou
despesa, ressalvadas a reparti- o art. 201.
vo, nos termos previstos na lei
orçamentária. ção do produto da arrecadação § 1o Nenhum investimento cuja
dos impostos a que se referem execução ultrapasse um exercício
§ 15. Após o prazo previsto no os arts. 158 e 159, a destinação financeiro poderá ser iniciado
inciso IV do § 14, as programa- de recursos para as ações e ser- sem prévia inclusão no plano
ções orçamentárias previstas viços públicos de saúde, para plurianual, ou sem lei que au-
no § 11 não serão de execu- manutenção e desenvolvimento torize a inclusão, sob pena de
ção obrigatória nos casos dos do ensino e para realização de crime de responsabilidade.
impedimentos justificados na atividades da administração § 2o Os créditos especiais e
notificação prevista no inciso tributária, como determina- extraordinários terão vigência
I do § 14. do, respectivamente, pelos no exercício financeiro em que
§ 16. Os restos a pagar pode- arts. 198, § 2o, 212 e 37, XXII, forem autorizados, salvo se o
rão ser considerados para fins e a prestação de garantias às ato de autorização for promul-
de cumprimento da execução operações de crédito por an- gado nos últimos quatro meses
financeira prevista no § 11 deste tecipação de receita, previstas daquele exercício, caso em que,
artigo, até o limite de 0,6% (seis no art. 165, § 8o, bem como o reabertos nos limites de seus
décimos por cento) da receita disposto no § 4o deste artigo; saldos, serão incorporados ao
corrente líquida realizada no V– a abertura de crédito suple- orçamento do exercício finan-
exercício anterior. mentar ou especial sem prévia ceiro subsequente.

72
§ 3o A abertura de crédito ex- da administração direta ou in- § 6o O cargo objeto da redução
traordinário somente será ad- direta, inclusive fundações ins- prevista nos parágrafos ante-
mitida para atender a despesas tituídas e mantidas pelo poder riores será considerado extin-
imprevisíveis e urgentes, como público, só poderão ser feitas: to, vedada a criação de cargo,
as decorrentes de guerra, co- I – se houver prévia dotação emprego ou função com atri-
moção interna ou calamidade orçamentária suficiente para buições iguais ou assemelhadas
pública, observado o disposto pelo prazo de quatro anos.
atender às projeções de despe-
no art. 62. § 7o Lei federal disporá sobre as
sa de pessoal e aos acréscimos
§ 4o É permitida a vinculação de dela decorrentes; normas gerais a serem obedeci-
receitas próprias geradas pelos das na efetivação do disposto
impostos a que se referem os II – se houver autorização espe-
no § 4o.
arts. 155 e 156, e dos recursos cífica na lei de diretrizes orça-
de que tratam os arts. 157, 158 mentárias, ressalvadas as em-
e 159, I, a e b, e II, para a presta- presas públicas e as sociedades
ção de garantia ou contragaran- de economia mista. Título VII – Da Ordem
tia à União e para pagamento § 2o Decorrido o prazo esta- Econômica e Financeira
de débitos para com esta. belecido na lei complementar
§ 5o A transposição, o remaneja- referida neste artigo para a
adaptação aos parâmetros ali
Capítulo I – Dos Princípios
mento ou a transferência de re- Gerais da Atividade
cursos de uma categoria de pro- previstos, serão imediatamente
gramação para outra poderão suspensos todos os repasses de Econômica
ser admitidos, no âmbito das verbas federais ou estaduais aos Art. 170. A ordem econô-
atividades de ciência, tecnologia Estados, ao Distrito Federal e aos mica, fundada na valorização
e inovação, com o objetivo de Municípios que não observarem do trabalho humano e na livre
viabilizar os resultados de pro- os referidos limites. iniciativa, tem por fim assegurar
jetos restritos a essas funções, § 3o Para o cumprimento dos a todos existência digna, con-
mediante ato do Poder Execu- limites estabelecidos com base forme os ditames da justiça
tivo, sem necessidade da prévia neste artigo, durante o prazo social, observados os seguin-
autorização legislativa prevista f ixado na lei complementar tes princípios: (EC no 6/95 e EC
no inciso VI deste artigo. referida no caput, a União, os no 42/2003)
Art. 168. Os recursos cor- Estados, o Distrito Federal e os I – soberania nacional;
respondentes às dotações or- Municípios adotarão as seguin- II – propriedade privada;
çamentárias, compreendidos tes providências:
III – função social da proprie-
os créditos suplementares e es- I – redução em pelo menos vin- dade;
peciais, destinados aos órgãos te por cento das despesas com
dos Poderes Legislativo e Judici- IV – livre concorrência;
cargos em comissão e funções
ário, do Ministério Público e da de confiança; V – defesa do consumidor;
Defensoria Pública, ser-lhes-ão VI – defesa do meio ambiente,
entregues até o dia 20 de cada II – exoneração dos servidores
não estáveis. inclusive mediante tratamento
mês, em duodécimos, na for- diferenciado conforme o im-
ma da lei complementar a que § 4 o Se as medidas adotadas pacto ambiental dos produtos
se refere o art. 165, § 9o. (EC com base no parágrafo ante- e serviços e de seus processos de
no 45/2004) rior não forem suficientes para elaboração e prestação;
Art. 169. A despesa com assegurar o cumprimento da
VII – redução das desigualdades
pessoal ativo e inativo da União, determinação da lei comple-
regionais e sociais;
dos Estados, do Distrito Federal mentar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder VIII – busca do pleno emprego;
e dos Municípios não poderá
exceder os limites estabeleci- o cargo, desde que ato norma- IX – tratamento favorecido para
dos em lei complementar. (EC tivo motivado de cada um dos as empresas de pequeno porte
no 19/98) Poderes especifique a atividade constituídas sob as leis brasi-
funcional, o órgão ou unidade leiras e que tenham sua sede e
§ 1o A concessão de qualquer administração no País.
administrativa objeto da redu-
vantagem ou aumento de remu-
neração, a criação de cargos, ção de pessoal. Parágrafo único. É assegurado a
empregos e funções ou altera- § 5o O servidor que perder o todos o livre exercício de qual-
ção de estrutura de carreiras, cargo na forma do parágrafo quer atividade econômica, inde-
bem como a admissão ou con- anterior fará jus a indenização pendentemente de autorização
tratação de pessoal, a qualquer correspondente a um mês de re- de órgãos públicos, salvo nos
título, pelos órgãos e entidades muneração por ano de serviço. casos previstos em lei.

73
Art. 171. (Revogado) (EC à dominação dos mercados, à especial de seu contrato e de
no 6/95) eliminação da concorrência e ao sua prorrogação, bem como as
aumento arbitrário dos lucros. condições de caducidade, fisca-
Art. 172. A lei disciplinará,
§ 5o A lei, sem prejuízo da res- lização e rescisão da concessão
com base no interesse nacio-
nal, os investimentos de capi- ponsabilidade individual dos ou permissão;
tal estrangeiro, incentivará os dirigentes da pessoa jurídica, II – os direitos dos usuários;
reinvestimentos e regulará a estabelecerá a responsabilida-
III – política tarifária;
remessa de lucros. de desta, sujeitando-a às pu-
nições compatíveis com sua IV – a obrigação de manter ser-
Art. 173. Ressalvados os natureza, nos atos praticados viço adequado.
casos previstos nesta Consti- contra a ordem econômica e
Art. 176. As jazidas, em lavra
tuição, a exploração direta de financeira e contra a economia
atividade econômica pelo Es- popular. ou não, e demais recursos mine-
tado só será permitida quando rais e os potenciais de energia
Art. 174. Como agente nor- hidráulica constituem proprie-
necessária aos imperativos da
mativo e regulador da atividade dade distinta da do solo, para
segurança nacional ou a rele-
econômica, o Estado exercerá, efeito de exploração ou aprovei-
vante interesse coletivo, con-
na forma da lei, as funções de tamento, e pertencem à União,
forme def inidos em lei. (EC
fiscalização, incentivo e planeja- garantida ao concessionário a
no 19/98)
mento, sendo este determinante propriedade do produto da la-
§ 1o A lei estabelecerá o estatuto para o setor público e indicativo vra. (EC no 6/95)
jurídico da empresa pública, da para o setor privado.
sociedade de economia mista § 1o A pesquisa e a lavra de
§ 1o A lei estabelecerá as dire- recursos minerais e o aprovei-
e de suas subsidiárias que ex- trizes e bases do planejamento
plorem atividade econômica de tamento dos potenciais a que
do desenvolvimento nacional
produção ou comercialização se refere o caput deste artigo
equilibrado, o qual incorpora-
de bens ou de prestação de ser- somente poderão ser efetuados
rá e compatibilizará os planos
viços, dispondo sobre: nacionais e regionais de desen- mediante autorização ou con-
I – sua função social e formas de volvimento. cessão da União, no interesse
fiscalização pelo Estado e pela nacional, por brasileiros ou
§ 2o A lei apoiará e estimulará o empresa constituída sob as leis
sociedade; cooperativismo e outras formas
brasileiras e que tenha sua sede
II – a sujeição ao regime jurídico de associativismo.
próprio das empresas privadas, e administração no País, na for-
§ 3o O Estado favorecerá a or- ma da lei, que estabelecerá as
inclusive quanto aos direitos e ganização da atividade garim-
obrigações civis, comerciais, condições específicas quando
peira em cooperativas, levando essas atividades se desenvol-
trabalhistas e tributários; em conta a proteção do meio verem em faixa de fronteira ou
III – licitação e contratação de ambiente e a promoção econô- terras indígenas.
obras, serviços, compras e alie- mico-social dos garimpeiros.
nações, observados os princí- § 2o É assegurada participação
§ 4 o As cooperativas a que se
pios da administração pública; ao proprietário do solo nos re-
refere o parágrafo anterior te-
rão prioridade na autorização sultados da lavra, na forma e no
IV – a constituição e o fun-
ou concessão para pesquisa valor que dispuser a lei.
cionamento dos conselhos de
administração e fiscal, com a e lavra dos recursos e jazidas § 3o A autorização de pesquisa
participação de acionistas mi- de minerais garimpáveis, nas será sempre por prazo determi-
noritários; áreas onde estejam atuando, e nado, e as autorizações e con-
V – os mandatos, a avaliação de naquelas fixadas de acordo com cessões previstas neste artigo
desempenho e a responsabilida- o art. 21, XXV, na forma da lei. não poderão ser cedidas ou
de dos administradores. Art. 175. Incumbe ao Poder transferidas, total ou parcial-
Público, na forma da lei, dire- mente, sem prévia anuência do
§ 2o As empresas públicas e as
tamente ou sob regime de con- poder concedente.
sociedades de economia mista
não poderão gozar de privilé- cessão ou permissão, sempre § 4o Não dependerá de autori-
gios fiscais não extensivos às do através de licitação, a prestação zação ou concessão o aprovei-
setor privado. de serviços públicos. tamento do potencial de energia
§ 3o A lei regulamentará as rela- renovável de capacidade redu-
Parágrafo único. A lei disporá so-
ções da empresa pública com o bre: zida.
Estado e a sociedade. I– o regime das empresas con- Art. 177. Constituem mono-
§ 4 o A lei reprimirá o abuso cessionárias e permissionárias pólio da União: (EC no 9/95, EC
do poder econômico que vise de serviços públicos, o caráter no 33/2001 e EC no 49/2006)

74
I – a pesquisa e a lavra das jazi- deverá atender aos seguintes incentivarão o turismo como
das de petróleo e gás natural e requisitos: fator de desenvolvimento social
outros hidrocarbonetos fluidos; I – a alíquota da contribuição e econômico.
II – a refinação do petróleo na- poderá ser: Art. 181. O atendimento
cional ou estrangeiro; a) diferenciada por produ- de requisição de documento
III – a importação e exportação to ou uso; ou informação de natureza
dos produtos e derivados bási- b) reduzida e restabele- comercial, feita por autorida-
cos resultantes das atividades cida por ato do Poder de administrativa ou judiciária
previstas nos incisos anteriores; Executivo, não se lhe estrangeira, a pessoa física ou
aplicando o disposto jurídica residente ou domicilia-
IV – o transporte marítimo do
no art. 150, III, b; da no País dependerá de auto-
petróleo bruto de origem na-
rização do Poder competente.
cional ou de derivados básicos II – os recursos arrecadados se-
de petróleo produzidos no País, rão destinados: Capítulo II – Da Política
bem assim o transporte, por a) ao pagamento de subsí-
meio de conduto, de petróleo
Urbana
dios a preços ou trans-
bruto, seus derivados e gás na- porte de álcool combus- Art. 182. A política de de-
tural de qualquer origem; tível, gás natural e seus senvolvimento urbano, exe-
V – a pesquisa, a lavra, o en- derivados e derivados cutada pelo Poder Público
riquecimento, o reprocessa- de petróleo; municipal, conforme diretrizes
mento, a industrialização e o b) ao financiamento de pro- gerais fixadas em lei, tem por
comércio de minérios e minerais jetos ambientais relacio- objetivo ordenar o pleno desen-
nucleares e seus derivados, com nados com a indústria volvimento das funções sociais
exceção dos radioisótopos cuja do petróleo e do gás; da cidade e garantir o bem-estar
produção, comercialização e de seus habitantes.
c) ao f inanciamento de
utilização poderão ser autori- programas de infraes- § 1o O plano diretor, aprovado
zadas sob regime de permissão, trutura de transportes. pela Câmara Municipal, obri-
conforme as alíneas b e c do in- gatório para cidades com mais
ciso XXIII do caput do art. 21 Art. 178. A lei disporá so- de vinte mil habitantes, é o ins-
desta Constituição Federal. bre a ordenação dos transpor- trumento básico da política de
tes aéreo, aquático e terrestre, desenvolvimento e de expansão
§ 1o A União poderá contratar
devendo, quanto à ordenação urbana.
com empresas estatais ou priva-
do transporte internacional, § 2o A propriedade urbana cum-
das a realização das atividades
observar os acordos firmados pre sua função social quando
previstas nos incisos I a IV deste
pela União, atendido o princípio atende às exigências fundamen-
artigo, observadas as condições
da reciprocidade. (EC no 7/95) tais de ordenação da cidade ex-
estabelecidas em lei.
Parágrafo único. Na ordenação do pressas no plano diretor.
§ 2o A lei a que se refere o § 1o
disporá sobre: transporte aquático, a lei esta- § 3o As desapropriações de imó-
belecerá as condições em que veis urbanos serão feitas com
I – a garantia do fornecimento o transporte de mercadorias prévia e justa indenização em
dos derivados de petróleo em na cabotagem e a navegação dinheiro.
todo o território nacional; interior poderão ser feitos por § 4o É facultado ao Poder Pú-
II – as condições de contrata- embarcações estrangeiras. blico municipal, mediante lei
ção; específica para área incluída no
Art. 179. A União, os Es-
III – a estrutura e atribuições do tados, o Distrito Federal e os plano diretor, exigir, nos termos
órgão regulador do monopólio Municípios dispensarão às mi- da lei federal, do proprietário
da União. croempresas e às empresas de do solo urbano não edificado,
§ 3o A lei disporá sobre o trans- pequeno porte, assim definidas subutilizado ou não utilizado,
porte e a utilização de materiais em lei, tratamento jurídico dife- que promova seu adequado
radioativos no território nacio- renciado, visando a incentivá-las aproveitamento, sob pena, su-
nal. pela simplif icação de suas cessivamente, de:
§ 4o A lei que instituir contribui- obrigações administrativas, tri- I – parcelamento ou edificação
butárias, previdenciárias e cre- compulsórios;
ção de intervenção no domínio
ditícias, ou pela eliminação ou II – imposto sobre a proprieda-
econômico relativa às ativida-
redução destas por meio de lei. de predial e territorial urbana
des de importação ou comer-
cialização de petróleo e seus Art. 180. A União, os Es- progressivo no tempo;
derivados, gás natural e seus tados, o Distrito Federal e III – desapropriação com pa-
derivados e álcool combustível os Municípios promoverão e gamento mediante títulos da

75
dívida pública de emissão pre- § 4o O orçamento fixará anual- II – os preços compatíveis com
viamente aprovada pelo Senado mente o volume total de títulos os custos de produção e a ga-
Federal, com prazo de resgate da dívida agrária, assim como rantia de comercialização;
de até dez anos, em parcelas o montante de recursos para III – o incentivo à pesquisa e à
anuais, iguais e sucessivas, as- atender ao programa de refor- tecnologia;
segurados o valor real da inde- ma agrária no exercício.
nização e os juros legais. IV – a assistência técnica e ex-
§ 5o São isentas de impostos fe- tensão rural;
Art. 183. Aquele que pos- derais, estaduais e municipais V – o seguro agrícola;
suir como sua área urbana as operações de transferência
de até duzentos e cinquenta de imóveis desapropriados para VI – o cooperativismo;
metros quadrados, por cinco fins de reforma agrária. VII – a eletrificação rural e ir-
anos, ininterruptamente e sem rigação;
Art. 185. São insuscetíveis
oposição, utilizando-a para VIII – a habitação para o traba-
sua moradia ou de sua família, de desapropriação para fins de
lhador rural.
adquirir-lhe-á o domínio, des- reforma agrária:
§ 1o Incluem-se no planeja-
de que não seja proprietário de I – a pequena e média proprie-
mento agrícola as atividades
outro imóvel urbano ou rural. dade rural, assim definida em
agroindustriais, agropecuárias,
§ 1o O título de domínio e a con- lei, desde que seu proprietário
pesqueiras e florestais.
cessão de uso serão conferidos não possua outra;
§ 2o Serão compatibilizadas as
ao homem ou à mulher, ou a II – a propriedade produtiva. ações de política agrícola e de
ambos, independentemente do reforma agrária.
estado civil. Parágrafo único. A lei garantirá
§ 2o Esse direito não será reco- tratamento especial à proprie- Art. 188. A destinação de
nhecido ao mesmo possuidor dade produtiva e f ixará nor- terras públicas e devolutas será
mais de uma vez. mas para o cumprimento dos compatibilizada com a política
requisitos relativos a sua função agrícola e com o plano nacional
§ 3o Os imóveis públicos não de reforma agrária.
social.
serão adquiridos por usucapião.
Art. 186. A função social é § 1o A alienação ou a conces-
Capítulo III – Da Política cumprida quando a propriedade são, a qualquer título, de ter-
Agrícola e Fundiária e da rural atende, simultaneamente, ras públicas com área superior
Reforma Agrária segundo critérios e graus de exi- a dois mil e quinhentos hectares
a pessoa física ou jurídica, ain-
gência estabelecidos em lei, aos
Art. 184. Compete à União da que por interposta pessoa,
seguintes requisitos:
desapropriar por interesse dependerá de prévia aprovação
social, para f ins de reforma I – aproveitamento racional e do Congresso Nacional.
agrária, o imóvel rural que não adequado;
§ 2o Excetuam-se do disposto
esteja cumprindo sua função II – utilização adequada dos no parágrafo anterior as aliena-
social, mediante prévia e justa recursos naturais disponíveis e ções ou as concessões de terras
indenização em títulos da dívida preservação do meio ambiente; públicas para fins de reforma
agrária, com cláusula de preser- III – observância das disposi- agrária.
vação do valor real, resgatáveis ções que regulam as relações
no prazo de até vinte anos, a Art. 189. Os beneficiários da
de trabalho; distribuição de imóveis rurais
partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será IV – exploração que favoreça o pela reforma agrária receberão
definida em lei. bem-estar dos proprietários e títulos de domínio ou de con-
dos trabalhadores. cessão de uso, inegociáveis pelo
§ 1o As benfeitorias úteis e ne- prazo de dez anos.
cessárias serão indenizadas em Art. 187. A política agrícola
dinheiro. será planejada e executada na Parágrafo único. O título de do-
§ 2o O decreto que declarar o forma da lei, com a participa- mínio e a concessão de uso
imóvel como de interesse social, ção efetiva do setor de produ- serão conferidos ao homem
para fins de reforma agrária, au- ção, envolvendo produtores e ou à mulher, ou a ambos, in-
toriza a União a propor a ação trabalhadores rurais, bem como dependentemente do estado
de desapropriação. dos setores de comercialização, civil, nos termos e condições
de armazenamento e de trans- previstos em lei.
§ 3o Cabe à lei complementar
estabelecer procedimento con- portes, levando em conta, es- Art. 190. A lei regulará e li-
traditório especial, de rito su- pecialmente: mitará a aquisição ou o arren-
mário, para o processo judicial I – os instrumentos creditícios damento de propriedade rural
de desapropriação. e fiscais; por pessoa física ou jurídica

76
estrangeira e estabelecerá os mediante recursos provenientes
casos que dependerão de auto- Título VIII – Da dos orçamentos da União, dos
rização do Congresso Nacional. Ordem Social Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, e das seguin-
Art. 191. Aquele que, não tes contribuições sociais: (EC
sendo proprietário de imóvel Capítulo I – Disposição no 20/98, EC no 42/2003 e EC
rural ou urbano, possua como no 47/2005)
Geral
seu, por cinco anos ininterrup-
I – do empregador, da empresa e
tos, sem oposição, área de ter- Art. 193. A ordem social tem da entidade a ela equiparada na
ra, em zona rural, não superior a como base o primado do traba- forma da lei, incidentes sobre:
cinquenta hectares, tornando-a lho, e como objetivo o bem-es-
produtiva por seu trabalho ou tar e a justiça sociais. a) a folha de salários e
de sua família, tendo nela sua demais rendimentos
Capítulo II – Da do trabalho pagos ou
moradia, adquirir-lhe-á a pro-
Seguridade Social creditados, a qualquer
priedade.
título, à pessoa física
Parágrafo único. Os imóveis pú- que lhe preste serviço,
blicos não serão adquiridos por Seção I – Disposições Gerais mesmo sem vínculo em-
usucapião. pregatício;
Art. 194. A seguridade so-
cial compreende um conjunto b) a receita ou o fatura-
Capítulo IV – Do Sistema integrado de ações de iniciativa mento;
Financeiro Nacional dos Poderes Públicos e da socie- c) o lucro;
dade, destinadas a assegurar os II – do trabalhador e dos demais
Art. 192. O sistema finan-
direitos relativos à saúde, à pre- segurados da previdência so-
ceiro nacional, estruturado de
vidência e à assistência social. cial, não incidindo contribuição
forma a promover o desenvol- (EC no 20/98)
vimento equilibrado do País e sobre aposentadoria e pensão
a servir aos interesses da co- Parágrafo único. Compete ao Po- concedidas pelo regime geral de
letividade, em todas as partes der Público, nos termos da lei, previdência social de que trata
que o compõem, abrangendo organizar a seguridade social, o art. 201;
as cooperativas de crédito, será com base nos seguintes obje- III – sobre a receita de concursos
regulado por leis complemen- tivos: de prognósticos;
tares que disporão, inclusive, I – universalidade da cobertura IV – do importador de bens ou
sobre a participação do capital e do atendimento; serviços do exterior, ou de quem
estrangeiro nas instituições que II – uniformidade e equivalência a lei a ele equiparar.
o integram. (EC no 13/96 e EC dos benefícios e serviços às po- § 1o As receitas dos Estados, do
no 40/2003) pulações urbanas e rurais; Distrito Federal e dos Municí-
III – seletividade e distributivida- pios destinadas à seguridade
I – (Revogado);
de na prestação dos benefícios social constarão dos respectivos
II – (Revogado); e serviços; orçamentos, não integrando o
IV – irredutibilidade do valor orçamento da União.
III – (Revogado):
dos benefícios; § 2o A proposta de orçamento
a) (Revogada); V – equidade na forma de par- da seguridade social será elabo-
ticipação no custeio; rada de forma integrada pelos
b) (Revogada); órgãos responsáveis pela saúde,
VI – diversidade da base de fi- previdência social e assistência
IV – (Revogado); nanciamento; social, tendo em vista as metas
VII – caráter democrático e des- e prioridades estabelecidas na
V – (Revogado); centralizado da administração, lei de diretrizes orçamentárias,
VI – (Revogado); mediante gestão quadripartite, assegurada a cada área a gestão
com participação dos trabalha- de seus recursos.
VII – (Revogado); dores, dos empregadores, dos
§ 3o A pessoa jurídica em débito
aposentados e do Governo nos
VIII – (Revogado). com o sistema da seguridade
órgãos colegiados.
social, como estabelecido em
§ 1o (Revogado) Art. 195. A seguridade so- lei, não poderá contratar com o
§ 2 (Revogado)
o cial será financiada por toda Poder Público nem dele receber
a sociedade, de forma direta benefícios ou incentivos fiscais
§ 3o (Revogado) e indireta, nos termos da lei, ou creditícios.

77
§ 4o A lei poderá instituir outras os incisos I, a, e II deste artigo, § 1o O sistema único de saúde
fontes destinadas a garantir a para débitos em montante su- será financiado, nos termos do
manutenção ou expansão da perior ao fixado em lei comple- art. 195, com recursos do orça-
seguridade social, obedecido o mentar. mento da seguridade social, da
disposto no art. 154, I. § 12. A lei definirá os setores União, dos Estados, do Distrito
§ 5o Nenhum benefício ou servi- de atividade econômica para Federal e dos Municípios, além
ço da seguridade social poderá os quais as contribuições in- de outras fontes.
ser criado, majorado ou esten- cidentes na forma dos incisos § 2o A União, os Estados, o
dido sem a correspondente fon- I, b; e IV do caput, serão não Distrito Federal e os Municí-
te de custeio total. cumulativas. pios aplicarão, anualmente,
§ 6 o As contribuições sociais § 13. Aplica-se o disposto no em ações e serviços públicos de
de que trata este artigo só po- saúde recursos mínimos deriva-
§ 12 inclusive na hipótese de
derão ser exigidas após decor- dos da aplicação de percentuais
substituição gradual, total ou
ridos noventa dias da data da calculados sobre:
parcial, da contribuição inci-
publicação da lei que as houver dente na forma do inciso I, a, I – no caso da União, a receita
instituído ou modificado, não pela incidente sobre a receita corrente líquida do respectivo
se lhes aplicando o disposto no ou o faturamento. exercício financeiro, não poden-
art. 150, III, b. do ser inferior a 15% (quinze por
§ 7o São isentas de contribui- cento);
ção para a seguridade social as Seção II – Da Saúde II – no caso dos Estados e do
entidades beneficentes de as- Art. 196. A saúde é direito Distrito Federal, o produto da
sistência social que atendam às de todos e dever do Estado, arrecadação dos impostos a
exigências estabelecidas em lei. garantido mediante políticas que se refere o art. 155 e dos
§ 8o O produtor, o parceiro, o sociais e econômicas que visem recursos de que tratam os arts.
meeiro e o arrendatário rurais à redução do risco de doença e 157 e 159, inciso I, alínea a, e
e o pescador artesanal, bem de outros agravos e ao acesso inciso II, deduzidas as parcelas
como os respectivos cônjuges, universal e igualitário às ações que forem transferidas aos res-
que exerçam suas atividades em e serviços para sua promoção, pectivos Municípios;
regime de economia familiar, proteção e recuperação. III – no caso dos Municípios e
sem empregados permanentes, do Distrito Federal, o produto
contribuirão para a seguridade Art. 197. São de relevância da arrecadação dos impostos
social mediante a aplicação de pública as ações e serviços de a que se refere o art. 156 e
uma alíquota sobre o resultado saúde, cabendo ao Poder Pú- dos recursos de que tratam os
da comercialização da produção blico dispor, nos termos da lei, arts. 158 e 159, inciso I, alínea
e farão jus aos benefícios nos ter- sobre sua regulamentação, fis- b e § 3 o.
mos da lei. calização e controle, devendo
sua execução ser feita direta- § 3o Lei complementar, que será
§ 9o As contribuições sociais reavaliada pelo menos a cada
previstas no inciso I do caput mente ou através de terceiros
cinco anos, estabelecerá: I – os
deste artigo poderão ter alí- e, também, por pessoa física ou
percentuais de que tratam os
quotas ou bases de cálculo jurídica de direito privado.
incisos II e III do § 2o;
diferenciadas, em razão da ati- Art. 198. As ações e serviços
vidade econômica, da utilização II – os critérios de rateio dos
públicos de saúde integram uma recursos da União vinculados
intensiva de mão de obra, do rede regionalizada e hierarqui-
porte da empresa ou da condi- à saúde destinados aos Estados,
zada e constituem um sistema ao Distrito Federal e aos Muni-
ção estrutural do mercado de único, organizado de acordo
trabalho. cípios, e dos Estados destinados
com as seguintes diretrizes: (EC a seus respectivos Municípios,
§ 10. A lei definirá os critérios de no 29/2000, EC no 51/2006, EC objetivando a progressiva redu-
transferência de recursos para o no 63/2010 e EC no 86/2015) ção das disparidades regionais;
sistema único de saúde e ações
I – descentralização, com di- III – as normas de fiscalização,
de assistência social da União
para os Estados, o Distrito reção única em cada esfera de avaliação e controle das des-
Federal e os Municípios, e dos governo; pesas com saúde nas esferas
Estados para os Municípios, II – atendimento integral, com federal, estadual, distrital e
observada a respectiva contra- prioridade para as atividades municipal;
partida de recursos. preventivas, sem prejuízo dos IV – (Revogado).
§ 11. É vedada a concessão de serviços assistenciais; § 4o Os gestores locais do siste-
remissão ou anistia das contri- III – participação da comuni- ma único de saúde poderão ad-
buições sociais de que tratam dade. mitir agentes comunitários de

78
saúde e agentes de combate às vedado todo tipo de comercia- II – proteção à maternidade,
endemias por meio de processo lização. especialmente à gestante;
seletivo público, de acordo com III – proteção ao trabalhador
a natureza e complexidade de Art. 200. Ao sistema único
de saúde compete, além de ou- em situação de desemprego in-
suas atribuições e requisitos voluntário;
específicos para sua atuação. tras atribuições, nos termos da
lei: (EC no 85/2015) IV – salário-família e auxílio-re-
§ 5o Lei federal disporá sobre o clusão para os dependentes dos
regime jurídico, o piso salarial I – controlar e fiscalizar proce-
dimentos, produtos e substân- segurados de baixa renda;
profissional nacional, as diretri-
zes para os Planos de Carreira e cias de interesse para a saúde V– pensão por morte do se-
a regulamentação das atividades e participar da produção de gurado, homem ou mulher,
de agente comunitário de saúde medicamentos, equipamentos, ao cônjuge ou companheiro e
e agente de combate às ende- imunobiológicos, hemoderiva- dependentes, observado o dis-
mias, competindo à União, nos dos e outros insumos; posto no § 2o.
termos da lei, prestar assistên- II – executar as ações de vigilân- § 1o É vedada a adoção de re-
cia financeira complementar aos cia sanitária e epidemiológica, quisitos e critérios diferencia-
Estados, ao Distrito Federal e bem como as de saúde do tra- dos para a concessão de apo-
aos Municípios, para o cumpri- balhador; sentadoria aos benef iciários
mento do referido piso salarial. III – ordenar a formação de do regime geral de previdência
§ 6o Além das hipóteses previs- recursos humanos na área de social, ressalvados os casos de
tas no § 1o do art. 41 e no § 4o saúde; atividades exercidas sob condi-
do art. 169 da Constituição Fe- IV – participar da formulação ções especiais que prejudiquem
deral, o servidor que exerça fun- a saúde ou a integridade física e
da política e da execução das
ções equivalentes às de agente quando se tratar de segurados
ações de saneamento básico;
comunitário de saúde ou de portadores de deficiência, nos
agente de combate às endemias V – incrementar, em sua área termos definidos em lei comple-
poderá perder o cargo em caso de atuação, o desenvolvimen- mentar.
de descumprimento dos requi- to científico e tecnológico e a
inovação; § 2o Nenhum benefício que
sitos específicos, fixados em lei,
para o seu exercício. substitua o salário de contri-
VI – fiscalizar e inspecionar ali-
buição ou o rendimento do
Art. 199. A assistência à saú- mentos, compreendido o con-
trabalho do segurado terá va-
de é livre à iniciativa privada. trole de seu teor nutricional,
lor mensal inferior ao salário
bem como bebidas e águas para
§ 1o As instituições privadas mínimo.
consumo humano;
poderão participar de forma § 3o Todos os salários de con-
complementar do sistema úni- VII – participar do controle e fis-
tribuição considerados para o
co de saúde, segundo diretri- calização da produção, transpor-
cálculo de benefício serão devi-
zes deste, mediante contrato te, guarda e utilização de subs-
damente atualizados, na forma
de direito público ou convênio, tâncias e produtos psicoativos,
da lei.
tendo preferência as entidades tóxicos e radioativos;
§ 4 o É assegurado o reajus-
filantrópicas e as sem fins lu- VIII – colaborar na proteção do
crativos. tamento dos benefícios para
meio ambiente, nele compreen-
dido o do trabalho. preservar-lhes, em caráter per-
§ 2o É vedada a destinação de manente, o valor real, conforme
recursos públicos para auxílios critérios definidos em lei.
ou subvenções às instituições Seção III – Da Previdência
privadas com fins lucrativos. § 5o É vedada a filiação ao regi-
Social me geral de previdência social,
§ 3o É vedada a participação na qualidade de segurado facul-
direta ou indireta de empresas Art. 201. A previdência so-
cial será organizada sob a forma tativo, de pessoa participante
ou capitais estrangeiros na as-
de regime geral, de caráter con- de regime próprio de previdên-
sistência à saúde no País, salvo
tributivo e de filiação obriga- cia.
nos casos previstos em lei.
tória, observados critérios que § 6o A gratificação natalina dos
§ 4o A lei disporá sobre as con-
dições e os requisitos que facili- preservem o equilíbrio financei- aposentados e pensionistas terá
tem a remoção de órgãos, teci- ro e atuarial, e atenderá, nos por base o valor dos proventos
dos e substâncias humanas para termos da lei, a: (EC no 20/98, do mês de dezembro de cada
fins de transplante, pesquisa e EC no 41/2003 e EC no 47/2005) ano.
tratamento, bem como a coleta, I – cobertura dos eventos de do- § 7o É assegurada aposenta-
processamento e transfusão de ença, invalidez, morte e idade doria no regime geral de pre-
sangue e seus derivados, sendo avançada; vidência social, nos termos da

79
lei, obedecidas as seguintes § 13. O sistema especial de in- respectivas entidades fechadas
condições: clusão previdenciária de que de previdência privada.
I – trinta e cinco anos de contri- trata o § 12 deste artigo terá § 5 o A lei complementar de
buição, se homem, e trinta anos alíquotas e carências inferio- que trata o parágrafo anterior
de contribuição, se mulher; res às vigentes para os demais aplicar-se-á, no que couber, às
segurados do regime geral de empresas privadas permissio-
II – sessenta e cinco anos de ida-
previdência social. nárias ou concessionárias de
de, se homem, e sessenta anos
de idade, se mulher, reduzido Art. 202. O regime de pre- prestação de serviços públicos,
em cinco anos o limite para os vidência privada, de caráter quando patrocinadoras de enti-
trabalhadores rurais de ambos complementar e organizado de dades fechadas de previdência
os sexos e para os que exerçam forma autônoma em relação ao privada.
suas atividades em regime de regime geral de previdência so- § 6o A lei complementar a que
economia familiar, nestes inclu- cial, será facultativo, baseado se refere o § 4o deste artigo es-
ídos o produtor rural, o garim- na constituição de reservas que tabelecerá os requisitos para a
peiro e o pescador artesanal. garantam o benefício contrata- designação dos membros das
§ 8o Os requisitos a que se refere do, e regulado por lei comple- diretorias das entidades fe-
o inciso I do parágrafo anterior mentar. (EC no 20/98) chadas de previdência privada
serão reduzidos em cinco anos, § 1o A lei complementar de que e disciplinará a inserção dos
para o professor que comprove trata este artigo assegurará ao participantes nos colegiados e
exclusivamente tempo de efetivo participante de planos de bene- instâncias de decisão em que
exercício das funções de magis- fícios de entidades de previdên- seus interesses sejam objeto de
tério na educação infantil e no cia privada o pleno acesso às discussão e deliberação.
ensino fundamental e médio. informações relativas à gestão
§ 9o Para efeito de aposentado- de seus respectivos planos. Seção IV – Da Assistência
ria, é assegurada a contagem § 2o As contribuições do em- Social
recíproca do tempo de contri- pregador, os benefícios e as
buição na administração públi- condições contratuais previstas Art. 203. A assistência so-
ca e na atividade privada, rural nos estatutos, regulamentos e cial será prestada a quem dela
e urbana, hipótese em que os planos de benefícios das enti- necessitar, independentemente
diversos regimes de previdência dades de previdência privada de contribuição à seguridade
social se compensarão finan- não integram o contrato de tra- social, e tem por objetivos:
ceiramente, segundo critérios balho dos participantes, assim I – a proteção à família, à ma-
estabelecidos em lei. como, à exceção dos benefícios ternidade, à infância, à adoles-
§ 10. Lei disciplinará a cober- concedidos, não integram a re- cência e à velhice;
tura do risco de acidente do muneração dos participantes, II – o amparo às crianças e ado-
trabalho, a ser atendida concor- nos termos da lei. lescentes carentes;
rentemente pelo regime geral de § 3o É vedado o aporte de recur- III – a promoção da integração
previdência social e pelo setor sos a entidade de previdência ao mercado de trabalho;
privado. privada pela União, Estados,
IV – a habilitação e reabilitação
§ 11. Os ganhos habituais do Distrito Federal e Municípios,
das pessoas portadoras de de-
empregado, a qualquer título, suas autarquias, fundações,
ficiência e a promoção de sua
serão incorporados ao salário empresas públicas, sociedades
integração à vida comunitária;
para efeito de contribuição pre- de economia mista e outras en-
videnciária e consequente reper- tidades públicas, salvo na quali- V – a garantia de um salário
cussão em benefícios, nos casos dade de patrocinador, situação mínimo de benefício mensal à
e na forma da lei. na qual, em hipótese alguma, pessoa portadora de deficiên-
sua contribuição normal poderá cia e ao idoso que comprovem
§ 12. Lei disporá sobre sistema não possuir meios de prover à
especial de inclusão previden- exceder a do segurado.
própria manutenção ou de tê-la
ciária para atender a trabalha- § 4o Lei complementar discipli-
provida por sua família, confor-
dores de baixa renda e àqueles nará a relação entre a União,
me dispuser a lei.
sem renda própria que se de- Estados, Distrito Federal ou
diquem exclusivamente ao tra- Municípios, inclusive suas au- Art. 204. As ações governa-
balho doméstico no âmbito de tarquias, fundações, sociedades mentais na área da assistência
sua residência, desde que per- de economia mista e empresas social serão realizadas com
tencentes a famílias de baixa controladas direta ou indire- recursos do orçamento da se-
renda, garantindo-lhes acesso tamente, enquanto patrocina- guridade social, previstos no
a benefícios de valor igual a um doras de entidades fechadas art. 195, além de outras fon-
salário mínimo. de previdência privada, e suas tes, e organizadas com base

80
nas seguintes diretrizes: (EC II – liberdade de aprender, en- (dezessete) anos de idade, as-
no 42/2003) sinar, pesquisar e divulgar o segurada inclusive sua oferta
I – descentralização político-ad- pensamento, a arte e o saber; gratuita para todos os que a
ministrativa, cabendo a coor- III – pluralismo de ideias e de ela não tiveram acesso na ida-
denação e as normas gerais à concepções pedagógicas, e co- de própria;
esfera federal e a coordenação existência de instituições públi- II – progressiva universalização
e a execução dos respectivos cas e privadas de ensino; do ensino médio gratuito;
programas às esferas estadual IV – gratuidade do ensino públi- III – atendimento educacional
e municipal, bem como a enti- co em estabelecimentos oficiais; especializado aos portadores de
dades beneficentes e de assis- V – valorização dos profissionais deficiência, preferencialmente
tência social; da educação escolar, garanti- na rede regular de ensino;
II – participação da população, dos, na forma da lei, planos de IV – educação infantil, em cre-
por meio de organizações re- carreira, com ingresso exclusiva- che e pré-escola, às crianças até
mente por concurso público de 5 (cinco) anos de idade;
presentativas, na formulação
provas e títulos, aos das redes
das políticas e no controle das V – acesso aos níveis mais ele-
públicas;
ações em todos os níveis. vados do ensino, da pesquisa e
VI – gestão democrática do en- da criação artística, segundo a
Parágrafo único. É facultado aos sino público, na forma da lei; capacidade de cada um;
Estados e ao Distrito Federal VII – garantia de padrão de qua-
vincular a programa de apoio à VI – oferta de ensino noturno
lidade; regular, adequado às condições
inclusão e promoção social até
VIII – piso salarial profissional do educando;
cinco décimos por cento de sua nacional para os profissionais
receita tributária líquida, veda- VII – atendimento ao educando,
da educação escolar pública, em todas as estapas da educa-
da a aplicação desses recursos nos termos de lei federal.
no pagamento de: ção básica, por meio de progra-
Parágrafo único. A lei disporá mas suplementares de material
I – despesas com pessoal e en- didático-escolar, transporte, ali-
sobre as categorias de traba-
cargos sociais; lhadores considerados profis- mentação e assistência à saúde.
II – serviço da dívida; sionais da educação básica e § 1o O acesso ao ensino obriga-
III – qualquer outra despesa cor- sobre a fixação de prazo para tório e gratuito é direito público
rente não vinculada diretamen- a elaboração ou adequação subjetivo.
te aos investimentos ou ações de seus planos de carreira, no
âmbito da União, dos Estados, § 2o O não oferecimento do
apoiados. ensino obrigatório pelo Poder
do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios. Público, ou sua oferta irregu-
Capítulo III – Da lar, importa responsabilidade
Educação, da Cultura e do Art. 207. As universidades da autoridade competente.
Desporto gozam de autonomia didático- § 3o Compete ao Poder Público
-científica, administrativa e de recensear os educandos no en-
gestão financeira e patrimonial, sino fundamental, fazer-lhes a
Seção I – Da Educação e obedecerão ao princípio de chamada e zelar, junto aos pais
indissociabilidade entre ensi- ou responsáveis, pela frequência
Art. 205. A educação, direi- no, pesquisa e extensão. (EC
to de todos e dever do Estado à escola.
no 11/96)
e da família, será promovida e Art. 209. O ensino é livre à
§ 1o É facultado às universida-
incentivada com a colaboração des admitir professores, técni- iniciativa privada, atendidas as
da sociedade, visando ao pleno cos e cientistas estrangeiros, na seguintes condições:
desenvolvimento da pessoa, seu forma da lei. I – cumprimento das normas
preparo para o exercício da ci- gerais da educação nacional;
§ 2o O disposto neste artigo
dadania e sua qualificação para
aplica-se às instituições de pes- II – autorização e avaliação de
o trabalho. quisa científica e tecnológica. qualidade pelo Poder Público.
Art. 206. O ensino será mi- Art. 208. O dever do Estado Art. 210. Serão f ixados
nistrado com base nos seguintes com a educação será efetivado conteúdos mínimos para o en-
princípios: (EC no 19/98 e EC mediante a garantia de: (EC sino fundamental, de maneira
no 53/2006) no 14/96, EC no 53/2006 e EC a assegurar formação básica
I – igualdade de condições para no 59/2009) comum e respeito aos valores
o acesso e permanência na es- I – educação básica obrigatória culturais e artísticos, nacionais
cola; e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 e regionais.

81
§ 1o O ensino religioso, de ma- (EC no 14/96, EC no 53/2006 e II – assegurem a destinação de
trícula facultativa, constituirá EC no 59/2009) seu patrimônio a outra escola
disciplina dos horários normais § 1o A parcela da arrecadação comunitária, f ilantrópica ou
das escolas públicas de ensino de impostos transferida pela confessional, ou ao Poder Pú-
fundamental. União aos Estados, ao Distrito blico, no caso de encerramento
§ 2o O ensino fundamental re- Federal e aos Municípios, ou de suas atividades.
gular será ministrado em língua pelos Estados aos respectivos § 1o Os recursos de que trata
portuguesa, assegurada às co- Municípios, não é considerada, este artigo poderão ser desti-
munidades indígenas também para efeito do cálculo previsto nados a bolsas de estudo para
a utilização de suas línguas ma- neste artigo, receita do governo o ensino fundamental e médio,
ternas e processos próprios de que a transferir. na forma da lei, para os que
aprendizagem. demonstrarem insuficiência de
§ 2o Para efeito do cumprimento
Art. 211. A União, os Esta- do disposto no caput deste arti- recursos, quando houver falta
dos, o Distrito Federal e os Mu- go, serão considerados os siste- de vagas e cursos regulares da
nicípios organizarão em regime mas de ensino federal, estadual e rede pública na localidade da
de colaboração seus sistemas municipal e os recursos aplicados residência do educando, fican-
de ensino. (EC n o 14/96, EC na forma do art. 213. do o Poder Público obrigado
no 53/2006 e EC no 59/2009) a investir prioritariamente na
§ 3o A distribuição dos recursos expansão de sua rede na loca-
§ 1o A União organizará o sis- públicos assegurará prioridade lidade.
tema federal de ensino e o dos ao atendimento das necessida-
Territórios, financiará as insti- des do ensino obrigatório, no § 2o As atividades de pesqui-
tuições de ensino públicas fede- que se refere a universalização, sa, de extensão e de estímulo
rais e exercerá, em matéria edu- garantia de padrão de qualida- e fomento à inovação reali-
cacional, função redistributiva de e equidade, nos termos do zadas por universidades e/ou
e supletiva, de forma a garantir plano nacional de educação. por instituições de educação
equalização de oportunidades profissional e tecnológica po-
educacionais e padrão mínimo § 4o Os programas suplemen- derão receber apoio financeiro
de qualidade do ensino median- tares de alimentação e assis- do Poder Público.
te assistência técnica e finan- tência à saúde previstos no
art. 208, VII, serão financiados Art. 214. A lei estabelecerá o
ceira aos Estados, ao Distrito
com recursos provenientes de plano nacional de educação, de
Federal e aos Municípios.
contribuições sociais e outros duração decenal, com o objeti-
§ 2o Os Municípios atuarão recursos orçamentários. vo de articular o sistema nacio-
prioritariamente no ensino nal de educação em regime de
fundamental e na educação § 5o A educação básica públi-
colaboração e definir diretrizes,
infantil. ca terá como fonte adicional de
objetivos, metas e estratégias de
financiamento a contribuição
§ 3o Os Estados e o Distrito Fe- implementação para assegurar
social do salário-educação,
deral atuarão prioritariamente a manutenção e desenvolvimen-
no ensino fundamental e médio. recolhida pelas empresas na
to do ensino em seus diversos
forma da lei.
§ 4 o Na organização de seus níveis, etapas e modalidades
sistemas de ensino, a União, § 6o As cotas estaduais e mu- por meio de ações integradas
os Estados, o Distrito Federal nicipais da arrecadação da dos poderes públicos das dife-
e os Municípios definirão for- contribuição social do salário- rentes esferas federativas que
mas de colaboração, de modo -educação serão distribuídas conduzam a: (EC no 59/2009)
a assegurar a universalização do proporcionalmente ao núme-
I – erradicação do analfabetis-
ensino obrigatório. ro de alunos matriculados na
mo;
educação básica nas respectivas
§ 5o A educação básica pública II – universalização do atendi-
redes públicas de ensino.
atenderá prioritariamente ao mento escolar;
ensino regular. Art. 213. Os recursos públi-
III – melhoria da qualidade do
cos serão destinados às escolas
Art. 212. A União aplicará, ensino;
anualmente, nunca menos de públicas, podendo ser dirigidos
a escolas comunitárias, confes- IV – formação para o trabalho;
dezoito, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e sionais ou filantrópicas, defini- V – promoção humanística,
cinco por cento, no mínimo, da das em lei, que: (EC no 85/2015) científica e tecnológica do País;
receita resultante de impostos, I – comprovem finalidade não VI – estabelecimento de meta de
compreendida a proveniente de lucrativa e apliquem seus ex- aplicação de recursos públicos
transferências, na manutenção cedentes financeiros em edu- em educação como proporção
e desenvolvimento do ensino. cação; do produto interno bruto.

82
espaços destinados às mani- permanentes, pactuadas en-
Seção II – Da Cultura festações artístico-culturais; tre os entes da Federação e a
Art. 215. O Estado garan- V – os conjuntos urbanos e sociedade, tendo por objetivo
tirá a todos o pleno exercício sítios de valor histórico, pai- promover o desenvolvimento
dos direitos culturais e acesso sagístico, artístico, arqueoló- humano, social e econômico
às fontes da cultura nacio- gico, paleontológico, ecológico com pleno exercício dos direi-
nal, e apoiará e incentivará e científico. tos culturais. (EC no 71/2012)
a valorização e a difusão das § 1o O Poder Público, com a § 1o O Sistema Nacional de
manifestações culturais. (EC colaboração da comunidade, Cultura fundamenta-se na po-
no 48/2005) promoverá e protegerá o pa- lítica nacional de cultura e nas
§ 1o O Estado protegerá as trimônio cultural brasileiro, suas diretrizes, estabelecidas
manifestações das culturas por meio de inventários, regis- no Plano Nacional de Cultura,
populares, indígenas e afro- tros, vigilância, tombamento e rege-se pelos seguintes prin-
-brasileiras, e das de outros e desapropriação, e de outras cípios:
grupos participantes do pro- formas de acautelamento e I – diversidade das expressões
cesso civilizatório nacional. preservação. culturais;
§ 2o A lei disporá sobre a fixa- § 2o Cabem à administração II – universalização do acesso
ção de datas comemorativas pública, na forma da lei, a aos bens e serviços culturais;
de alta signif icação para os gestão da documentação go-
III – fomento à produção, di-
diferentes segmentos étnicos vernamental e as providências
fusão e circulação de conheci-
nacionais. para franquear sua consulta a
mento e bens culturais;
§ 3o A lei estabelecerá o Plano quantos dela necessitem.
IV – cooperação entre os entes
Nacional de Cultura, de dura- § 3o A lei estabelecerá incen-
federados, os agentes públicos
ção plurianual, visando ao de- tivos para a produção e o co-
e privados atuantes na área
senvolvimento cultural do País nhecimento de bens e valores
cultural;
e à integração das ações do po- culturais.
der público que conduzem à: § 4 o Os danos e ameaças ao V – integração e interação na
patrimônio cultural serão pu- execução das políticas, progra-
I – defesa e valorização do pa-
nidos, na forma da lei. mas, projetos e ações desen-
trimônio cultural brasileiro;
volvidas;
II – produção, promoção e di- § 5o Ficam tombados todos os
documentos e os sítios deten- VI – complementaridade nos
fusão de bens culturais;
tores de reminiscências histó- papéis dos agentes culturais;
III – formação de pessoal quali-
ricas dos antigos quilombos. VII – transversalidade das po-
ficado para a gestão da cultura
§ 6 o É facultado aos Estados e líticas culturais;
em suas múltiplas dimensões;
ao Distrito Federal vincular a VIII – autonomia dos entes fe-
IV – democratização do acesso
aos bens de cultura; fundo estadual de fomento à derados e das instituições da
cultura até cinco décimos por sociedade civil;
V – valorização da diversidade cento de sua receita tributária
étnica e regional. IX – transparência e compar-
líquida, para o financiamento tilhamento das informações;
Art. 216. Constituem pa- de programas e projetos cultu-
X – democratização dos pro-
trimônio cultural brasileiro rais, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de: cessos decisórios com partici-
os bens de natureza material pação e controle social;
e imaterial, tomados indivi- I – despesas com pessoal e en-
dualmente ou em conjunto, cargos sociais; XI – descentralização articula-
por tadores de referência à da e pactuada da gestão, dos
II – serviço da dívida; recursos e das ações;
identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos forma- III – qualquer outra despesa XII – ampliação progressiva dos
dores da sociedade brasilei- corrente não vinculada dire- recursos contidos nos orça-
ra, nos quais se incluem: (EC tamente aos investimentos ou mentos públicos para a cultura.
no 42/2003) ações apoiados.
§ 2o Constitui a estrutura do
I – as formas de expressão; Art. 216-A. O Sistema Na- Sistema Nacional de Cultura,
II – os modos de criar, fazer e cional de Cultura, organizado nas respectivas esferas da Fe-
viver; em regime de colaboração, deração:
de forma descentralizada e I – órgãos gestores da cultura;
III – as criações científicas, ar- participativa, institui um pro-
tísticas e tecnológicas; cesso de gestão e promoção II – conselhos de política cul-
IV – as obras, objetos, docu- conjunta de políticas públicas tural;
mentos, edificações e demais de cultura, democráticas e III – conferências de cultura;

83
IV – comissões intergestores; Capítulo IV – Da Ciência, ciência, tecnologia e inovação,
V – planos de cultura; Tecnologia e Inovação com vistas à execução das ativi-
(EC no 85/2015) dades previstas no caput.
VI – sistemas de financiamento
à cultura; Art. 219. O mercado interno
Art. 218. O Estado pro-
VII – sistemas de informações e moverá e incentivará o de- integra o patrimônio nacional
indicadores culturais; senvolvimento científ ico, a e será incentivado de modo a
VIII – programas de formação pesquisa, a capacitação cientí- viabilizar o desenvolvimento
na área da cultura; e fica e tecnológica e a inovação. cultural e sócioeconômico, o
(EC no 85/2015) bem-estar da população e a
IX – sistemas setoriais de cul- autonomia tecnológica do País,
tura. § 1o A pesquisa científica bási-
nos termos de lei federal. (EC
§ 3o Lei federal disporá sobre a ca e tecnológica receberá tra-
no 85/2015)
regulamentação do Sistema Na- tamento prioritário do Estado,
cional de Cultura, bem como de tendo em vista o bem público e Parágrafo único. O Estado esti-
sua articulação com os demais o progresso da ciência, tecno- mulará a formação e o for-
sistemas nacionais ou políticas logia e inovação. talecimento da inovação nas
setoriais de governo. § 2o A pesquisa tecnológica vol- empresas, bem como nos
tar-se-á preponderantemente demais entes, públicos ou
§ 4o Os Estados, o Distrito Fe-
deral e os Municípios organiza- para a solução dos problemas privados, a constituição e a
rão seus respectivos sistemas de brasileiros e para o desenvol- manutenção de parques e po-
cultura em leis próprias. vimento do sistema produtivo los tecnológicos e de demais
nacional e regional. ambientes promotores da ino-
§ 3o O Estado apoiará a for- vação, a atuação dos inventores
Seção III – Do Desporto mação de recursos humanos independentes e a criação, ab-
nas áreas de ciência, pesquisa, sorção, difusão e transferência
Art. 217. É dever do Estado
tecnologia e inovação, inclusive de tecnologia.
fomentar práticas desportivas
formais e não formais, como por meio do apoio às atividades Art. 219-A. A União, os Es-
direito de cada um, observados: de extensão tecnológica, e con- tados, o Distrito Federal e os
cederá aos que delas se ocupem Municípios poderão firmar ins-
I – a autonomia das entidades
meios e condições especiais de trumentos de cooperação com
desportivas dirigentes e associa-
trabalho. órgãos e entidades públicos e
ções, quanto a sua organização
e funcionamento; § 4o A lei apoiará e estimulará com entidades privadas, inclu-
as empresas que invistam em sive para o compartilhamento
II – a destinação de recursos pú-
pesquisa, criação de tecnologia de recursos humanos especia-
blicos para a promoção prioritá-
adequada ao País, formação e lizados e capacidade instalada,
ria do desporto educacional e,
aperfeiçoamento de seus recur- para a execução de projetos de
em casos específicos, para a do
sos humanos e que pratiquem pesquisa, de desenvolvimento
desporto de alto rendimento;
sistemas de remuneração que científico e tecnológico e de ino-
III – o tratamento diferenciado assegurem ao empregado,
para o desporto profissional e vação, mediante contrapartida
desvinculada do salário, parti- financeira ou não financeira as-
o não profissional; cipação nos ganhos econômicos sumida pelo ente beneficiário,
IV – a proteção e o incentivo às resultantes da produtividade de na forma da lei. (EC no 85/2015)
manifestações desportivas de seu trabalho.
criação nacional. § 5o É facultado aos Estados e Art. 219-B. O Sistema Na-
§ 1o O Poder Judiciário só admi- ao Distrito Federal vincular par- cional de Ciência, Tecnologia
tirá ações relativas à disciplina cela de sua receita orçamentária e Inovação será organizado em
e às competições desportivas a entidades públicas de fomen- regime de colaboração entre
após esgotarem-se as instâncias to ao ensino e à pesquisa cien- entes, tanto públicos quanto
da justiça desportiva, regulada tífica e tecnológica. privados, com vistas a promo-
em lei. ver o desenvolvimento científico
§ 6o O Estado, na execução das
atividades previstas no caput, e tecnológico e a inovação. (EC
§ 2o A justiça desportiva terá
o prazo máximo de sessenta estimulará a articulação entre no 85/2015)
dias, contados da instauração entes, tanto públicos quanto § 1o Lei federal disporá sobre as
do processo, para proferir de- privados, nas diversas esferas normas gerais do Sistema Na-
cisão final. de governo. cional de Ciência, Tecnologia e
§ 3o O Poder Público incentivará § 7o O Estado promoverá e Inovação.
o lazer, como forma de promo- incentivará a atuação no exte- § 2o Os Estados, o Distrito Fe-
ção social. rior das instituições públicas de deral e os Municípios legislarão

84
concorrentemente sobre suas Art. 221. A produção e a § 4o Lei disciplinará a participa-
peculiaridades. programação das emissoras de ção de capital estrangeiro nas
rádio e televisão atenderão aos empresas de que trata o § 1o.
Capítulo V – Da seguintes princípios: § 5o As alterações de controle
Comunicação Social I – preferência a finalidades edu- societário das empresas de que
Art. 220. A manifestação cativas, artísticas, culturais e trata o § 1o serão comunicadas
do pensamento, a criação, a informativas; ao Congresso Nacional.
expressão e a informação, sob II – promoção da cultura na- Art. 223. Compete ao Po-
qualquer forma, processo ou cional e regional e estímulo à der Executivo outorgar e re-
veículo não sofrerão qualquer produção independente que novar concessão, permissão e
restrição, observado o disposto objetive sua divulgação; autorização para o serviço de
nesta Constituição. radiodifusão sonora e de sons
III – regionalização da produção
§ 1o Nenhuma lei conterá dispo- cultural, artística e jornalística, e imagens, observado o prin-
sitivo que possa constituir emba- conforme percentuais estabele- cípio da complementaridade
raço à plena liberdade de infor- dos sistemas privado, público
cidos em lei;
mação jornalística em qualquer e estatal.
veículo de comunicação social, IV – respeito aos valores éticos
e sociais da pessoa e da família. § 1o O Congresso Nacional
observado o disposto no art. 5o,
IV, V, X, XIII e XIV. apreciará o ato no prazo do
Art. 222. A propriedade de art. 64, §§ 2o e 4o, a contar do
§ 2o É vedada toda e qualquer empresa jornalística e de ra- recebimento da mensagem.
censura de natureza política, diodifusão sonora e de sons e
ideológica e artística. § 2o A não renovação da conces-
imagens é privativa de brasilei- são ou permissão dependerá de
§ 3o Compete à lei federal: ros natos ou naturalizados há aprovação de, no mínimo, dois
I– regular as diversões e espe- mais de dez anos, ou de pessoas quintos do Congresso Nacional,
táculos públicos, cabendo ao jurídicas constituídas sob as leis em votação nominal.
Poder Público informar sobre brasileiras e que tenham sede
§ 3o O ato de outorga ou reno-
a natureza deles, as faixas etá- no País. (EC no 36/2002)
vação somente produzirá efei-
rias a que não se recomendem, § 1o Em qualquer caso, pelo me- tos legais após deliberação do
locais e horários em que sua nos setenta por cento do capital
apresentação se mostre ina- Congresso Nacional, na forma
total e do capital votante das dos parágrafos anteriores.
dequada; empresas jornalísticas e de ra-
II – estabelecer os meios legais § 4 o O cancelamento da con-
diodifusão sonora e de sons e
que garantam à pessoa e à fa- cessão ou permissão, antes de
imagens deverá pertencer, di-
mília a possibilidade de se de- vencido o prazo, depende de
reta ou indiretamente, a brasi- decisão judicial.
fenderem de programas ou pro- leiros natos ou naturalizados há
gramações de rádio e televisão mais de dez anos, que exercerão § 5o O prazo da concessão ou
que contrariem o disposto no obrigatoriamente a gestão das permissão será de dez anos para
art. 221, bem como da propa- as emissoras de rádio e de quin-
atividades e estabelecerão o
ganda de produtos, práticas e ze para as de televisão.
conteúdo da programação.
serviços que possam ser nocivos
à saúde e ao meio ambiente. § 2o A responsabilidade edito- Art. 224. Para os efeitos
rial e as atividades de seleção e do disposto neste capítulo, o
§ 4 o A propaganda comercial
direção da programação veicu- Congresso Nacional instituirá,
de tabaco, bebidas alcoólicas,
lada são privativas de brasilei- como órgão auxiliar, o Conse-
agrotóxicos, medicamentos e
ros natos ou naturalizados há lho de Comunicação Social, na
terapias estará sujeita a restri-
mais de dez anos, em qualquer forma da lei.
ções legais, nos termos do in-
ciso II do parágrafo anterior, e meio de comunicação social.
conterá, sempre que necessário,
Capítulo VI – Do Meio
§ 3o Os meios de comunicação
advertência sobre os malefícios Ambiente
social eletrônica, independen-
decorrentes de seu uso. temente da tecnologia utiliza- Art. 225. Todos têm direi-
§ 5o Os meios de comunicação da para a prestação do serviço, to ao meio ambiente ecologi-
social não podem, direta ou deverão observar os princípios camente equilibrado, bem de
indiretamente, ser objeto de enunciados no art. 221, na for- uso comum do povo e essen-
monopólio ou oligopólio. ma de lei específica, que tam- cial à sadia qualidade de vida,
§ 6o A publicação de veículo im- bém garantirá a prioridade de impondo-se ao Poder Público
presso de comunicação inde- profissionais brasileiros na exe- e à coletividade o dever de de-
pende de licença de autoridade. cução de produções nacionais. fendê-lo e preservá-lo para as

85
presentes e futuras gerações. § 3o As condutas e atividades a mulher como entidade fami-
(EC no 96/2017) consideradas lesivas ao meio liar, devendo a lei facilitar sua
§ 1o Para assegurar a efetividade ambiente sujeitarão os infrato- conversão em casamento.
desse direito, incumbe ao Poder res, pessoas físicas ou jurídicas, § 4o Entende-se, também, como
Público: a sanções penais e administra- entidade familiar a comunidade
tivas, independentemente da formada por qualquer dos pais
I – preservar e restaurar os pro- obrigação de reparar os danos
cessos ecológicos essenciais e e seus descendentes.
causados.
prover o manejo ecológico das § 5o Os direitos e deveres re-
§ 4 o A Floresta Amazônica
espécies e ecossistemas; ferentes à sociedade conjugal
brasileira, a Mata Atlântica, a
II – preservar a diversidade e são exercidos igualmente pelo
Serra do Mar, o Pantanal Ma-
a integridade do patrimônio homem e pela mulher.
to-Grossense e a Zona Costeira
genético do País e fiscalizar as são patrimônio nacional, e sua § 6o O casamento civil pode ser
entidades dedicadas à pesqui- utilização far-se-á, na forma da dissolvido pelo divórcio.
sa e manipulação de material lei, dentro de condições que as- § 7o Fundado nos princípios da
genético; segurem a preservação do meio dignidade da pessoa humana
III – definir, em todas as unida- ambiente, inclusive quanto ao e da paternidade responsável,
des da Federação, espaços terri- uso dos recursos naturais. o planejamento familiar é livre
toriais e seus componentes a se- § 5o São indisponíveis as terras decisão do casal, competindo
rem especialmente protegidos, devolutas ou arrecadadas pelos ao Estado propiciar recursos
sendo a alteração e a supressão Estados, por ações discrimina- educacionais e científicos para
permitidas somente através de tórias, necessárias à proteção o exercício desse direito, vedada
lei, vedada qualquer utilização dos ecossistemas naturais. qualquer forma coercitiva por
que comprometa a integridade § 6o As usinas que operem com parte de instituições oficiais ou
dos atributos que justifiquem reator nuclear deverão ter sua privadas.
sua proteção; localização definida em lei fe- § 8o O Estado assegurará a as-
IV – exigir, na forma da lei, para deral, sem o que não poderão sistência à família na pessoa de
instalação de obra ou ativida- ser instaladas. cada um dos que a integram,
de potencialmente causadora § 7o Para fins do disposto na criando mecanismos para coibir
de significativa degradação do parte final do inciso VII do § 1o a violência no âmbito de suas
meio ambiente, estudo prévio deste artigo, não se consideram relações.
de impacto ambiental, a que se cruéis as práticas desportivas
que utilizem animais, desde que Art. 227. É dever da família,
dará publicidade;
sejam manifestações culturais, da sociedade e do Estado asse-
V – controlar a produção, a co- gurar à criança, ao adolescente
mercialização e o emprego de conforme o § 1o do art. 215 des-
ta Constituição Federal, regis- e ao jovem, com absoluta prio-
técnicas, métodos e substân- ridade, o direito à vida, à saúde,
cias que comportem risco para tradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimô- à alimentação, à educação, ao
a vida, a qualidade de vida e o lazer, à profissionalização, à cul-
nio cultural brasileiro, devendo
meio ambiente; tura, à dignidade, ao respeito, à
ser regulamentadas por lei espe-
VI – promover a educação cífica que assegure o bem-estar liberdade e à convivência fami-
ambiental em todos os níveis dos animais envolvidos. liar e comunitária, além de co-
de ensino e a conscientização locá-los a salvo de toda forma
pública para a preservação do Capítulo VII – Da Família, de negligência, discriminação,
meio ambiente; da Criança, do Adolescente, exploração, violência, crueldade
VII – proteger a fauna e a flora, do Jovem e do Idoso e opressão. (EC no 65/2010)
vedadas, na forma da lei, as prá- (EC no 65/2010) § 1o O Estado promoverá pro-
ticas que coloquem em risco sua gramas de assistência integral
função ecológica, provoquem Art. 226. A família, base da à saúde da criança, do adoles-
a extinção de espécies ou sub- sociedade, tem especial prote- cente e do jovem, admitida a
metam os animais a crueldade. ção do Estado. (EC no 66/2010) participação de entidades não
§ 2o Aquele que explorar re- § 1o O casamento é civil e gra- governamentais, mediante po-
cursos minerais fica obrigado tuita a celebração. líticas específicas e obedecendo
a recuperar o meio ambiente § 2o O casamento religioso tem aos seguintes preceitos:
degradado, de acordo com so- efeito civil, nos termos da lei. I– aplicação de percentual dos
lução técnica exigida pelo órgão § 3o Para efeito da proteção recursos públicos destinados à
público competente, na forma do Estado, é reconhecida a saúde na assistência materno-
da lei. união estável entre o homem e -infantil;

86
II – criação de programas de à criança, ao adolescente e ao Capítulo VIII – Dos Índios
prevenção e atendimento es- jovem dependente de entorpe-
pecializado para as pessoas centes e drogas afins. Art. 231. São reconhecidos
portadoras de deficiência físi- § 4 o A lei punirá severamente aos índios sua organização so-
ca, sensorial ou mental, bem o abuso, a violência e a explo- cial, costumes, línguas, crenças
como de integração social do ração sexual da criança e do e tradições, e os direitos originá-
adolescente e do jovem porta- adolescente. rios sobre as terras que tradicio-
dor de deficiência, mediante o nalmente ocupam, competindo
§ 5o A adoção será assistida à União demarcá-las, proteger
treinamento para o trabalho e
pelo Poder Público, na forma e fazer respeitar todos os seus
a convivência, e a facilitação
da lei, que estabelecerá casos e bens.
do acesso aos bens e serviços condições de sua efetivação por
coletivos, com a eliminação de parte de estrangeiros. § 1o São terras tradicionalmente
obstáculos arquitetônicos e de ocupadas pelos índios as por
todas as formas de discrimina- § 6o Os filhos, havidos ou não eles habitadas em caráter per-
ção. da relação do casamento, ou manente, as utilizadas para
por adoção, terão os mesmos
§ 2o A lei disporá sobre normas suas atividades produtivas, as
direitos e qualifi ações, proi-
de construção dos logradouros imprescindíveis à preservação
bidas quaisquer designações
e dos edifícios de uso público dos recursos ambientais ne-
discriminatórias relativas à fi-
e de fabricação de veículos de cessários a seu bem-estar e as
liação.
transporte coletivo, a fim de ga- necessárias a sua reprodução
rantir acesso adequado às pes- § 7o No atendimento dos direi- física e cultural, segundo seus
soas portadoras de deficiência. tos da criança e do adolescen- usos, costumes e tradições.
te levar-se-á em consideração o
§ 3o O direito a proteção es- § 2o As terras tradicionalmente
disposto no art. 204.
pecial abrangerá os seguintes ocupadas pelos índios desti-
§ 8o A lei estabelecerá: nam-se a sua posse permanen-
aspectos:
I – o estatuto da juventude, des- te, cabendo-lhes o usufruto
I – idade mínima de quatorze
tinado a regular os direitos dos exclusivo das riquezas do solo,
anos para admissão ao tra-
jovens; dos rios e dos lagos nelas exis-
balho, observado o disposto
no art. 7o, XXXIII; II – o plano nacional de juventu- tentes.
de, de duração decenal, visando § 3o O aproveitamento dos re-
II – garantia de direitos previ-
à articulação das várias esferas cursos hídricos, incluídos os po-
denciários e trabalhistas;
do poder público para a execu- tenciais energéticos, a pesquisa
III – garantia de acesso do tra- ção de políticas públicas. e a lavra das riquezas minerais
balhador adolescente e jovem em terras indígenas só podem
à escola; Art. 228. São penalmente
inimputáveis os menores de de- ser efetivados com autorização
IV – garantia de pleno e formal zoito anos, sujeitos às normas do Congresso Nacional, ouvi-
conhecimento da atribuição de da legislação especial. das as comunidades afetadas,
ato infracional, igualdade na re- ficando-lhes assegurada parti-
lação processual e defesa técni- Art. 229. Os pais têm o de- cipação nos resultados da lavra,
ca por profissional habilitado, ver de assistir, criar e educar na forma da lei.
segundo dispuser a legislação os filhos menores, e os filhos § 4o As terras de que trata este
tutelar específica; maiores têm o dever de ajudar artigo são inalienáveis e indispo-
V – obediência aos princípios e amparar os pais na velhice, níveis, e os direitos sobre elas,
de brevidade, excepcionalidade carência ou enfermidade. imprescritíveis.
e respeito à condição peculiar Art. 230. A família, a socie- § 5o É vedada a remoção dos
de pessoa em desenvolvimen- dade e o Estado têm o dever de grupos indígenas de suas terras,
to, quando da aplicação de amparar as pessoas idosas, as- salvo, ad referendum do Congres-
qualquer medida privativa da segurando sua participação na so Nacional, em caso de catás-
liberdade; comunidade, defendendo sua trofe ou epidemia que ponha
VI – estímulo do Poder Público, dignidade e bem-estar e garan- em risco sua população, ou no
através de assistência jurídica, tindo-lhes o direito à vida. interesse da soberania do País,
incentivos fiscais e subsídios, § 1o Os programas de amparo após deliberação do Congresso
nos termos da lei, ao acolhi- aos idosos serão executados Nacional, garantido, em qual-
mento, sob a forma de guarda, preferencialmente em seus lares. quer hipótese, o retorno imedia-
de criança ou adolescente órfão § 2o Aos maiores de sessenta e to logo que cesse o risco.
ou abandonado; cinco anos é garantida a gratui- § 6o São nulos e extintos, não
VII – programas de prevenção dade dos transportes coletivos produzindo efeitos jurídicos, os
e atendimento especializado urbanos. atos que tenham por objeto a

87
ocupação, o domínio e a posse Governador eleito, dentre bra- vinte por cento dos en-
das terras a que se refere este sileiros de comprovada idonei- cargos financeiros para
artigo, ou a exploração das dade e notório saber; fazer face ao pagamen-
riquezas naturais do solo, dos IV – o Tribunal de Justiça terá to dos servidores pú-
rios e dos lagos nelas existentes, sete Desembargadores; blicos, ficando ainda o
ressalvado relevante interesse restante sob a respon-
público da União, segundo o V – os primeiros Desembarga- sabilidade da União;
que dispuser lei complementar, dores serão nomeados pelo
Governador eleito, escolhidos b) no sétimo ano, os en-
não gerando a nulidade e a ex- cargos do Estado serão
tinção direito a indenização ou da seguinte forma:
acrescidos de trinta por
a ações contra a União, salvo, a) cinco dentre os ma- cento e, no oitavo, dos
na forma da lei, quanto às ben- gistrados com mais de restantes cinquenta por
feitorias derivadas da ocupação trinta e cinco anos de cento;
de boa-fé. idade, em exercício na
X – as nomeações que se segui-
§ 7o Não se aplica às terras in- área do novo Estado ou
rem às primeiras, para os car-
dígenas o disposto no art. 174, do Estado originário;
gos mencionados neste artigo,
§§ 3o e 4o. b) dois dentre promotores, serão disciplinadas na Consti-
nas mesmas condições, tuição Estadual;
Art. 232. Os índios, suas co- e advogados de compro-
munidades e organizações são XI – as despesas orçamentárias
vada idoneidade e saber com pessoal não poderão ultra-
partes legítimas para ingressar
jurídico, com dez anos, passar cinquenta por cento da
em juízo em defesa de seus di-
no mínimo, de exercício receita do Estado.
reitos e interesses, intervindo o
profissional, obedecido
Ministério Público em todos os Art. 236. Os serviços nota-
o procedimento fixado
atos do processo. riais e de registro são exercidos
na Constituição;
VI – no caso de Estado prove- em caráter privado, por delega-
niente de Território Federal, os ção do Poder Público.
Título IX – cinco primeiros Desembargado- § 1o Lei regulará as atividades,
Das Disposições res poderão ser escolhidos den- disciplinará a responsabilida-
Constitucionais Gerais tre juízes de direito de qualquer de civil e criminal dos notários,
parte do País; dos oficiais de registro e de seus
prepostos, e definirá a fiscali-
Art. 233. (Revogado) (EC VII – em cada Comarca, o pri-
zação de seus atos pelo Poder
no 28/2000) meiro Juiz de Direito, o primei-
Judiciário.
ro Promotor de Justiça e o pri-
Art. 234. É vedado à União, meiro Defensor Público serão § 2o Lei federal estabelecerá
direta ou indiretamente, assu- nomeados pelo Governador normas gerais para fixação de
mir, em decorrência da criação eleito após concurso público emolumentos relativos aos atos
de Estado, encargos referentes de provas e títulos; praticados pelos serviços nota-
a despesas com pessoal inativo riais e de registro.
e com encargos e amortizações VIII – até a promulgação da
Constituição Estadual, res- § 3o O ingresso na atividade
da dívida interna ou externa da notarial e de registro depende
administração pública, inclusive ponderão pela Procuradoria-
-Geral, pela Advocacia-Geral de concurso público de provas
da indireta. e títulos, não se permitindo que
e pela Defensoria-Geral do
Art. 235. Nos dez primei- Estado advogados de notório qualquer serventia fique vaga,
ros anos da criação de Estado, saber, com trinta e cinco anos sem abertura de concurso de
serão observadas as seguintes de idade, no mínimo, nomea- provimento ou de remoção, por
normas básicas: dos pelo Governador eleito e mais de seis meses.
I– a Assembleia Legislativa será demissíveis ad nutum; Art. 237. A fiscalização e o
composta de dezessete Deputa- IX – se o novo Estado for resul- controle sobre o comércio exte-
dos se a população do Estado tado de transformação de Terri- rior, essenciais à defesa dos in-
for inferior a seiscentos mil ha- tório Federal, a transferência de teresses fazendários nacionais,
bitantes, e de vinte e quatro, se encargos financeiros da União serão exercidos pelo Ministério
igual ou superior a esse número, para pagamento dos servidores da Fazenda.
até um milhão e quinhentos mil; optantes que pertenciam à Ad- Art. 238. A lei ordenará a
II – o Governo terá no máximo ministração Federal ocorrerá da venda e revenda de combustíveis
dez Secretarias; seguinte forma: de petróleo, álcool carburante e
III – o Tribunal de Contas terá a) no sexto ano de instala- outros combustíveis derivados
três membros, nomeados, pelo ção, o Estado assumirá de matérias-primas renováveis,

88
respeitados os princípios desta § 4o O financiamento do segu- de outras sanções previstas
Constituição. ro-desemprego receberá uma em lei, observado, no que cou-
contribuição adicional da em- ber, o disposto no art. 5o. (EC
Art. 239. A arrecadação presa cujo índice de rotativida- no 81/2014)
decorrente das contribuições de da força de trabalho superar
para o Programa de Integração Parágrafo único. Todo e qualquer
o índice médio da rotatividade
Social, criado pela Lei Comple- bem de valor econômico apre-
do setor, na forma estabelecida
mentar no 7, de 7 de setembro endido em decorrência do trá-
por lei.
de 1970, e para o Programa de fico ilícito de entorpecentes e
Formação do Patrimônio do Art. 240. Ficam ressalvadas drogas afins e da exploração de
Servidor Público, criado pela do disposto no art. 195 as atu- trabalho escravo será confisca-
Lei Complementar no 8, de 3 ais contribuições compulsórias do e reverterá a fundo especial
de dezembro de 1970, passa, dos empregadores sobre a folha com destinação específica, na
a partir da promulgação desta de salários, destinadas às enti- forma da lei.
Constituição, a financiar, nos dades privadas de serviço so-
Art. 244. A lei disporá sobre
termos que a lei dispuser, o pro- cial e de formação profissional
a adaptação dos logradouros,
grama do seguro-desemprego vinculadas ao sistema sindical.
dos edifícios de uso público e
e o abono de que trata o § 3o dos veículos de transporte cole-
Art. 241. A União, os Esta-
deste artigo. dos, o Distrito Federal e os Mu- tivo atualmente existentes a fim
§ 1o Dos recursos menciona- nicípios disciplinarão por meio de garantir acesso adequado às
dos no caput deste artigo, pelo de lei os consórcios públicos pessoas portadoras de defici-
menos quarenta por cento se- e os convênios de cooperação ência, conforme o disposto no
rão destinados a financiar pro- entre os entes federados, auto- art. 227, § 2o.
gramas de desenvolvimento rizando a gestão associada de Art. 245. A lei disporá sobre
econômico, através do Banco serviços públicos, bem como a as hipóteses e condições em que
Nacional de Desenvolvimento transferência total ou parcial o Poder Público dará assistência
Econômico e Social, com crité- de encargos, serviços, pessoal e aos herdeiros e dependentes ca-
rios de remuneração que lhes bens essenciais à continuidade rentes de pessoas vitimadas por
preservem o valor. dos serviços transferidos. (EC crime doloso, sem prejuízo da
§ 2o Os patrimônios acumula- no 19/98) responsabilidade civil do autor
dos do Programa de Integração Art. 242. O princípio do do ilícito.
Social e do Programa de For- art. 206, IV, não se aplica às
mação do Patrimônio do Ser- Art. 246. É vedada a ado-
instituições educacionais ofi- ção de medida provisória na
vidor Público são preservados, ciais criadas por lei estadual ou
mantendo-se os critérios de regulamentação de artigo da
municipal e existentes na data Constituição cuja redação te-
saque nas situações previstas da promulgação desta Consti-
nas leis específicas, com exce- nha sido alterada por meio de
tuição, que não sejam total ou emenda promulgada entre 1o de
ção da retirada por motivo de preponderantemente mantidas
casamento, ficando vedada a janeiro de 1995 até a promulga-
com recursos públicos. ção desta emenda66, inclusive.
distribuição da arrecadação de
que trata o caput deste artigo, § 1o O ensino da História do (EC no 6/95, EC no 7/95 e EC
para depósito nas contas indi- Brasil levará em conta as contri- no 32/2001)
buições das diferentes culturas e
viduais dos participantes. Art. 247. As leis previstas no
etnias para a formação do povo
§ 3o Aos empregados que per- brasileiro. inciso III do § 1o do art. 41 e no
cebam de empregadores que § 7o do art. 169 estabelecerão
§ 2o O Colégio Pedro II, localiza- critérios e garantias especiais
contribuem para o Programa
do na cidade do Rio de Janeiro, para a perda do cargo pelo ser-
de Integração Social ou para
será mantido na órbita federal. vidor público estável que, em
o Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Públi- Art. 243. As propriedades decorrência das atribuições de
co, até dois salários mínimos rurais e urbanas de qualquer seu cargo efetivo, desenvolva
de remuneração mensal, é as- região do País onde forem lo- atividades exclusivas de Estado.
segurado o pagamento de um calizadas culturas ilegais de (EC no 19/98)
salário mínimo anual, compu- plantas psicotrópicas ou a ex- Parágrafo único. Na hipótese de
tado neste valor o rendimento ploração de trabalho escravo na insuficiência de desempenho, a
das contas individuais, no caso forma da lei serão expropriadas
daqueles que já participavam e destinadas à reforma agrária e
dos referidos programas, até a programas de habitação po-
a data da promulgação desta pular, sem qualquer indenização 6
NE: leia-se “da Emenda Cons-
Constituição. ao proprietário e sem prejuízo titucional no 32, de 2001”.

89
perda do cargo somente ocor- – Antônio Carlos Konder Reis, Rela- – Davi Alves Silva – Del Bosco Ama-
rerá mediante processo admi- tor Adjunto – José Fogaça, Relator ral – Delfim Netto – Délio Braz –
nistrativo em que lhe sejam Adjunto – Abigail Feitosa – Acival Denisar Arneiro – Dionisio Dal Prá
assegurados o contraditório e Gomes – Adauto Pereira – Ademir – Dionísio Hage – Dirce Tutu Qua-
a ampla defesa. Andrade – Adhemar de Barros Filho dros – Dirceu Carneiro – Divaldo
– Adroaldo Streck – Adylson Motta Suruagy – Djenal Gonçalves – Do-
Art. 248. Os benefícios – Aécio de Borba – Aécio Neves – mingos Juvenil – Domingos Leonelli
pagos, a qualquer título, pelo Affonso Camargo – Afif Domingos – Doreto Campanari – Edésio Frias
órgão responsável pelo regi- – Afonso Arinos – Afonso Sancho – – Edison Lobão – Edivaldo Motta –
me geral de previdência social, Agassiz Almeida – Agripino de Olivei- Edme Tavares – Edmilson Valentim
ainda que à conta do Tesouro ra Lima – Airton Cordeiro – Airton – Eduardo Bonfim – Eduardo Jorge
Nacional, e os não sujeitos ao Sandoval – Alarico Abib – Albano – Eduardo Moreira – Egídio Ferreira
limite máximo de valor fixado Franco – Albérico Cordeiro – Albéri- Lima – Elias Murad – Eliel Rodrigues
para os benefícios concedidos co Filho – Alceni Guerra – Alcides – Eliézer Moreira – Enoc Vieira –
por esse regime observarão os Saldanha – Aldo Arantes – Alércio Eraldo Tinoco – Eraldo Trindade –
limites fixados no art. 37, XI. Dias – Alexandre Costa – Alexandre Erico Pegoraro – Ervin Bonkoski –
(EC no 20/98) Puzyna – Alfredo Campos – Almir Etevaldo Nogueira – Euclides Scalco
Art. 249. Com o objetivo de Gabriel – Aloisio Vasconcelos – Aloy- – Eunice Michiles – Evaldo Gonçalves
assegurar recursos para o paga- sio Chaves – Aloysio Teixeira – Aluizio – Expedito Machado – Ézio Ferreira
mento de proventos de aposen- Bezerra – Aluízio Campos – Álvaro – Fábio Feldmann – Fábio Raunheit-
tadoria e pensões concedidas Antônio – Álvaro Pacheco – Álvaro ti – Farabulini Júnior – Fausto Fer-
aos respectivos servidores e Valle – Alysson Paulinelli – Amaral nandes – Fausto Rocha – Felipe Men-
seus dependentes, em adição Netto – Amaury Muller – Amilcar des – Feres Nader – Fernando
aos recursos dos respectivos Moreira – Ângelo Magalhães – Anna Bezerra Coelho – Fernando Cunha
tesouros, a União, os Estados, Maria Rattes – Annibal Barcellos – – Fernando Gasparian – Fernando
o Distrito Federal e os Muni- Antero de Barros – Antônio Câmara Gomes – Fernando Henrique Cardo-
cípios poderão constituir fun- – Antônio Carlos Franco – Antonio so – Fernando Lyra – Fernando San-
dos integrados pelos recursos Carlos Mendes Thame – Antônio de tana – Fernando Velasco – Firmo de
provenientes de contribuições Jesus – Antonio Ferreira – Antonio Castro – Flavio Palmier da Veiga –
e por bens, direitos e ativos de Gaspar – Antonio Mariz – Antonio Flávio Rocha – Florestan Fernandes
qualquer natureza, mediante lei Perosa – Antônio Salim Curiati – An- – Floriceno Paixão – França Teixeira
que disporá sobre a natureza e tonio Ueno – Arnaldo Martins – Ar- – Francisco Amaral – Francisco Ben-
a administração desses fundos. naldo Moraes – Arnaldo Prieto – Ar- jamim – Francisco Carneiro – Fran-
(EC no 20/98) nold Fioravante – Arolde de Oliveira cisco Coelho – Francisco Diógenes –
– Artenir Werner – Artur da Távola Francisco Dornelles – Francisco Kuster
Art. 250. Com o objetivo de – Asdrubal Bentes – Assis Canuto – Francisco Pinto – Francisco Rollem-
assegurar recursos para o pa- – Átila Lira – Augusto Carvalho – berg – Francisco Rossi – Francisco
gamento dos benefícios con- Áureo Mello – Basílio Villani – Be- Sales – Furtado Leite – Gabriel Guer-
cedidos pelo regime geral de nedicto Monteiro – Benito Gama – reiro – Gandi Jamil – Gastone Righi
previdência social, em adição Beth Azize – Bezerra de Melo – Genebaldo Correia – Genésio Ber-
aos recursos de suaarrecada- – Bocayuva Cunha – Bonifácio de nardino – Geovani Borges – Geraldo
ção, a União poderá constituir Andrada – Bosco França – Brandão Alckmin Filho – Geraldo Bulhões –
fundo integrado por bens, di- Monteiro – Caio Pompeu – Carlos Geraldo Campos – Geraldo Fleming
reitos e ativos de qualquer na- Alberto – Carlos Alberto Caó – Car- – Geraldo Melo – Gerson Camata
tureza, mediante lei que disporá los Benevides – Carlos Cardinal – – Gerson Marcondes – Gerson Peres
sobre a natureza e administra- Carlos Chiarelli – Carlos Cotta – Car- – Gidel Dantas – Gil César – Gilson
ção desse fundo. (EC no 20/98) los De’Carli – Carlos Mosconi Machado – Gonzaga Patriota – Gui-
Brasília, 5 de outubro de 1988. – Carlos Sant’Anna – Carlos Vinagre lherme Palmeira – Gumercindo Mi-
– Ulysses Guimarães, Presidente – – Carlos Virgílio – Carrel Benevides lhomem – Gustavo de Faria – Harlan
Mauro Benevides, 1o Vice-Presiden- – Cássio Cunha Lima – Célio de Cas- Gadelha – Haroldo Lima – Haroldo
te – Jorge Arbage, 2o Vice-Presiden- tro – Celso Dourado – César Cals Sabóia – Hélio Costa – Hélio Duque
te – Marcelo Cordeiro, 1o Secretário Neto – César Maia – Chagas Duarte – Hélio Manhães – Hélio Rosas –
– Mário Maia, 2o Secretário – Ar- – Chagas Neto – Chagas Rodrigues Henrique Córdova – Henrique Edu-
naldo Faria de Sá, 3o Secretário – – Chico Humberto – Christóvam ardo Alves – Heráclito Fortes – Her-
Benedita da Silva, 1o Suplente de Chiaradia – Cid Carvalho – Cid Sa- mes Zaneti – Hilário Braun
Secretário – Luiz Soyer, 2o Suplen- bóia de Carvalho – Cláudio Ávila – – Homero Santos – Humberto Luce-
te de Secretário – Sotero Cunha, Cleonâncio Fonseca – Costa Ferreira na – Humberto Souto – Iberê Ferrei-
3o Suplente de Secretário – Ber- – Cristina Tavares – Cunha Bueno ra – Ibsen Pinheiro – Inocêncio Oli-
nardo Cabral, Relator-Geral – Adol- – Dálton Canabrava – Darcy Deitos veira – Irajá Rodrigues – Iram
fo Oliveira, Relator Adjunto – Darcy Pozza – Daso Coimbra Saraiva – Irapuan Costa Júnior – Irma

90
Passoni – Ismael Wanderley – Israel – Manuel Viana – Márcia Kubitschek – Roberto Balestra – Roberto Brant
Pinheiro – Itamar Franco – Ivo Cer- – Márcio Braga – Márcio Lacerda – Roberto Campos – Roberto D’Ávi-
sósimo – Ivo Lech – Ivo Mainardi – Ivo – Marco Maciel – Marcondes Gade- la – Roberto Freire – Roberto Jeffer-
Vanderlinde – Jacy Scanagatta – Jai- lha – Marcos Lima – Marcos Queiroz son – Roberto Rollemberg – Roberto
ro Azi – Jairo Carneiro – Jalles Fon- – Maria de Lourdes Abadia – Maria Torres – Roberto Vital – Robson
toura – Jamil Haddad – Jarbas Pas- Lúcia – Mário Assad – Mário Covas Marinho – Rodrigues Palma – Ronal-
sarinho – Jayme Paliarin – Jayme – Mário de Oliveira – Mário Lima do Aragão – Ronaldo Carvalho – Ro-
Santana – Jesualdo Cavalcanti – Jesus – Marluce Pinto – Matheus Iensen naldo Cezar Coelho – Ronan Tito –
Tajra – Joaci Góes – João Agripino – Mattos Leão – Maurício Campos
Ronaro Corrêa – Rosa Prata – Rose
– João Alves – João Calmon – João – Maurício Correa – Maurício Fruet
Carlos Bacelar – João Castelo – João – Maurício Nasser – Maurício Pádua de Freitas – Rospide Netto – Rubem
Cunha – João da Mata – João de Deus – Maurílio Ferreira Lima – Mauro Branquinho – Rubem Medina – Ru-
Antunes – João Herrmann Neto – Borges – Mauro Campos – Mauro ben Figueiró – Ruberval Pilotto – Ruy
João Lobo – João Machado Rollem- Miranda – Mauro Sampaio – Max Bacelar – Ruy Nedel – Sadie Hauache
berg – João Menezes – João Natal – Rosenmann – Meira Filho – Melo – Salatiel Carvalho – Samir Achôa
João Paulo – João Rezek – Joaquim Freire – Mello Reis – Mendes Botelho – Sandra Cavalcanti – Santinho Fur-
Bevilácqua – Joaquim Francisco – Jo- – Mendes Canale – Mendes Ribeiro tado – Sarney Filho – Saulo Queiroz
aquim Hayckel – Joaquim Sucena – – Messias Góis – Messias Soares – – Sérgio Brito – Sérgio Spada – Sér-
Jofran Frejat – Jonas Pinheiro – Joni- Michel Temer – Milton Barbosa – gio Werneck – Severo Gomes – Sig-
val Lucas – Jorge Bornhausen – Jorge Milton Lima – Milton Reis – Miraldo maringa Seixas – Sílvio Abreu – Simão
Hage – Jorge Leite – Jorge Uequed Gomes – Miro Teixeira – Moema São Sessim – Siqueira Campos – Sólon
– Jorge Vianna – José Agripino – José Thiago – Moysés Pimentel – Moza- Borges dos Reis – Stélio Dias – Tadeu
Camargo – José Carlos Coutinho – rildo Cavalcanti – Mussa Demes – França – Telmo Kirst – Teotonio Vi-
José Carlos Grecco – José Carlos Mar- Myrian Portella – Nabor Júnior – lela Filho – Theodoro Mendes – Tito
tinez – José Carlos Sabóia – José Naphtali Alves de Souza – Narciso Costa – Ubiratan Aguiar – Ubiratan
Carlos Vasconcelos – José Costa – José Mendes – Nelson Aguiar – Nelson
Spinelli – Uldurico Pinto – Valmir
da Conceição – José Dutra – José Carneiro – Nelson Jobim – Nelson
Egreja – José Elias – José Fernandes Sabrá – Nelson Seixas – Nelson We- Campelo – Valter Pereira – Vasco
– José Freire – José Genoíno – José dekin – Nelton Friedrich – Nestor Alves – Vicente Bogo – Victor Faccio-
Geraldo – José Guedes – José Ignácio Duarte – Ney Maranhão – Nilso ni – Victor Fontana – Victor Trovão
Ferreira – José Jorge – José Lins – José Sguarezi – Nilson Gibson – Nion Al- – Vieira da Silva – Vilson Souza –
Lourenço – José Luiz de Sá – José Luiz bernaz – Noel de Carvalho – Nyder Vingt Rosado – Vinicius Cansanção
Maia – José Maranhão – José Maria Barbosa – Octávio Elísio – Odacir – Virgildásio de Senna – Virgílio Ga-
Eymael – José Maurício – José Melo Soares – Olavo Pires – Olívio Dutra lassi – Virgílio Guimarães – Vitor
– José Mendonça Bezerra – José Mou- – Onofre Corrêa – Orlando Bezerra Buaiz – Vivaldo Barbosa – Vladimir
ra – José Paulo Bisol – José Queiroz – Orlando Pacheco – Oscar Corrêa Palmeira – Wagner Lago – Waldeck
– José Richa – José Santana de Vas- – Osmar Leitão – Osmir Lima – Os- Ornélas – Waldyr Pugliesi – Walmor
concellos – José Serra – José Tavares mundo Rebouças – Osvaldo Bender de Luca – Wilma Maia – Wilson
– José Teixeira – José Thomaz Nonô – Osvaldo Coelho – Osvaldo Macedo Campos – Wilson Martins – Ziza
– José Tinoco – José Ulísses de Olivei- – Osvaldo Sobrinho – Oswaldo Al- Valadares.
ra – José Viana – José Yunes – Jovan- meida – Oswaldo Trevisan – Ottomar
ni Masini – Juarez Antunes – Júlio Pinto – Paes de Andrade – Paes Lan- PARTICIPANTES: Álvaro Dias
Campos – Júlio Costamilan – Jutahy dim – Paulo Delgado – Paulo Maca- – Antônio Britto – Bete Mendes –
Júnior – Jutahy Magalhães – Koyu Iha rini – Paulo Marques – Paulo Minca- Borges da Silveira – Cardoso Alves
– Lael Varella – Lavoisier Maia – Lei- rone – Paulo Paim – Paulo Pimentel – Edivaldo Holanda – Expedito Júnior
te Chaves – Lélio Souza – Leopoldo – Paulo Ramos – Paulo Roberto – – Fadah Gattass – Francisco Dias –
Peres – Leur Lomanto– Levy Dias– Paulo Roberto Cunha – Paulo Silva Geovah Amarante – Hélio Gueiros
Lézio Sathler – Lídice da Mata– Lou- – Paulo Zarzur – Pedro Canedo – – Horácio Ferraz – Hugo Napoleão
remberg Nunes Rocha – Lourival Pedro Ceolin – Percival Muniz – Pi- – Iturival Nascimento – Ivan Bonato
Baptista – Lúcia Braga – Lúcia Vânia menta da Veiga – Plínio Arruda Sam- – Jorge Medauar – José Mendonça de
– Lúcio Alcântara – Luís Eduardo – paio – Plínio Martins – Pompeu de Morais – Leopoldo Bessone – Marcelo
Luís Roberto Ponte – Luiz Alberto Sousa – Rachid Saldanha Derzi – Rai- Miranda – Mauro Fecury – Neuto de
Rodrigues – Luiz Freire – Luiz Gushi- mundo Bezerra – Raimundo Lira – Conto – Nivaldo Machado – Oswaldo
ken – Luiz Henrique – Luiz Inácio Raimundo Rezende – Raquel Cândi- Lima Filho – Paulo Almada – Prisco
Lula da Silva – Luiz Leal – Luiz Mar- do – Raquel Capiberibe – Raul Belém
Viana – Ralph Biasi – Rosário Congro
ques – Luiz Salomão – Luiz Viana – – Raul Ferraz – Renan Calheiros –
Neto – Sérgio Naya – Tidei de Lima.
Luiz Viana Neto – Lysâneas Maciel Renato Bernardi – Renato Johnsson
– Maguito Vilela – Maluly Neto – – Renato Vianna – Ricardo Fiuza – IN MEMORIAM: Alair Ferreira
Manoel Castro – Manoel Moreira – Ricardo Izar – Rita Camata – Rita – Antônio Farias – Fábio Lucena –
Manoel Ribeiro – Mansueto de Lavor Fur tado – Rober to Augusto Norberto Schwantes – Virgílio Távora.

91
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Art. 1o O Presidente da Re- 1986 terminarão em 15 de mar- do Prefeito que tenham exercido
pública, o Presidente do Su- ço de 1991. mais da metade do mandato.
premo Tribunal Federal e os § 4 o Os mandatos dos atu-
membros do Congresso Nacio- Art. 6o Nos seis meses poste-
ais Prefeitos, Vice-Prefeitos e riores à promulgação da Consti-
nal prestarão o compromisso Vereadores terminarão no dia 1o
de manter, defender e cumprir tuição, parlamentares federais,
de janeiro de 1989, com a posse reunidos em número não infe-
a Constituição, no ato e na data dos eleitos.
de sua promulgação. rior a trinta, poderão requerer
Art. 5o Não se aplicam às ao Tribunal Superior Eleitoral o
Art. 2o No dia 7 de setembro eleições previstas para 15 de registro de novo partido políti-
de 1993 o eleitorado definirá, novembro de 1988 o disposto co, juntando ao requerimento o
através de plebiscito, a forma no art. 16 e as regras do art. 77 manifesto, o estatuto e o pro-
(república ou monarquia consti- da Constituição. grama devidamente assinados
tucional) e o sistema de governo pelos requerentes.
(parlamentarismo ou presiden- § 1o Para as eleições de 15 de
novembro de 1988 será exigido § 1o O registro provisório, que
cialismo) que devem vigorar no
domicílio eleitoral na circuns- será concedido de plano pelo
País.7
crição pelo menos durante os Tribunal Superior Eleitoral, nos
§ 1o Será assegurada gratui- termos deste artigo, defere ao
quatro meses anteriores ao
dade na livre divulgação des- novo partido todos os direitos,
pleito, podendo os candidatos
sas formas e sistemas, através deveres e prerrogativas dos atu-
que preencham este requisito,
dos meios de comunicação de ais, entre eles o de participar,
atendidas as demais exigências
massa cessionários de serviço sob legenda própria, das elei-
da lei, ter seu registro efetiva-
público. ções que vierem a ser realizadas
do pela Justiça Eleitoral após a
§ 2o O Tribunal Superior Eleito- promulgação da Constituição. nos doze meses seguintes a sua
ral, promulgada a Constituição, formação.
expedirá as normas regulamen- § 2o Na ausência de norma le-
gal específica, caberá ao Tribu- § 2o O novo partido perderá
tadoras deste artigo. automaticamente seu registro
nal Superior Eleitoral editar as
Art. 3o A revisão constitu- normas necessárias à realização provisório se, no prazo de vin-
cional será realizada após cinco das eleições de 1988, respeitada te e quatro meses, contados
anos, contados da promulgação a legislação vigente. de sua formação, não obtiver
da Constituição, pelo voto da registro definitivo no Tribunal
§ 3o Os atuais parlamentares Superior Eleitoral, na forma que
maioria absoluta dos membros federais e estaduais eleitos Vi-
do Congresso Nacional, em ses- a lei dispuser.
ce-Prefeitos, se convocados a
são unicameral. exercer a função de Prefeito, Art. 7o O Brasil propugnará
Art. 4o O mandato do atual não perderão o mandato par- pela formação de um tribunal
Presidente da República termi- lamentar. internacional dos direitos hu-
nará em 15 de março de 1990. § 4 o O número de vereadores manos.
§ 1o A primeira eleição para por município será fixado, para Art. 8o É concedida anistia
Presidente da República após a representação a ser eleita em aos que, no período de 18 de
a promulgação da Constitui- 1988, pelo respectivo Tribunal setembro de 1946 até a data da
ção será realizada no dia 15 de Regional Eleitoral, respeita- promulgação da Constituição,
novembro de 1989, não se lhe dos os limites estipulados no foram atingidos, em decorrên-
aplicando o disposto no art. 16 art. 29, IV, da Constituição. cia de motivação exclusivamen-
da Constituição. § 5o Para as eleições de 15 de te política, por atos de exceção,
§ 2o É assegurada a irredutibili- novembro de 1988, ressalva- institucionais ou complementa-
dade da atual representação dos dos os que já exercem manda- res, aos que foram abrangidos
Estados e do Distrito Federal na to eletivo, são inelegíveis para pelo Decreto Legislativo no 18,
Câmara dos Deputados. qualquer cargo, no território de 15 de dezembro de 1961, e
§ 3o Os mandatos dos Governa- de jurisdição do titular, o côn- aos atingidos pelo Decreto-Lei
dores e dos Vice-Governadores juge e os parentes por consan- no 864, de 12 de setembro de
eleitos em 15 de novembro de guinidade ou afinidade, até o 1969, asseguradas as promo-
segundo grau, ou por adoção, ções, na inatividade, ao cargo,
do Presidente da República, do emprego, posto ou graduação a
Governador de Estado, do Go- que teriam direito se estivessem
7
NE: ver a EC no 2/92. vernador do Distrito Federal e em serviço ativo, obedecidos os

92
prazos de permanência em ativi- profissionais interrompidas em § 1o Até que a lei venha a dis-
dade previstos nas leis e regula- virtude de decisão de seus traba- ciplinar o disposto no art. 7o,
mentos vigentes, respeitadas as lhadores, bem como em decor- XIX, da Constituição, o prazo
características e peculiaridades rência do Decreto-Lei no 1.632, da licença-paternidade a que se
das carreiras dos servidores pú- de 4 de agosto de 1978, ou por refere o inciso é de cinco dias.
blicos civis e militares e obser- motivos exclusivamente políticos, § 2o Até ulterior disposição
vados os respectivos regimes assegurada a readmissão dos que legal, a cobrança das contri-
jurídicos. foram atingidos a partir de 1979, buições para o custeio das ati-
§ 1o O disposto neste artigo observado o disposto no § 1o. vidades dos sindicatos rurais
somente gerará efeitos finan- Art. 9o Os que, por motivos será feita juntamente com a do
ceiros a partir da promulgação exclusivamente políticos, foram imposto territorial rural, pelo
da Constituição, vedada a re- cassados ou tiveram seus direitos mesmo órgão arrecadador.
muneração de qualquer espécie § 3o Na primeira comprovação
políticos suspensos no período
em caráter retroativo. do cumprimento das obrigações
de 15 de julho a 31 de dezembro
§ 2o Ficam assegurados os be- de 1969, por ato do então Pre- trabalhistas pelo empregador
nefícios estabelecidos neste ar- sidente da República, poderão rural, na forma do art. 2339,
tigo aos trabalhadores do setor requerer ao Supremo Tribunal após a promulgação da Cons-
privado, dirigentes e represen- Federal o reconhecimento dos tituição, será certif icada pe-
tantes sindicais que, por mo- direitos e vantagens interrompi- rante a Justiça do Trabalho a
tivos exclusivamente políticos, dos pelos atos punitivos, desde regularidade do contrato e das
tenham sido punidos, demitidos que comprovem terem sido estes atualizações das obrigações
ou compelidos ao afastamen- eivados de vício grave. trabalhistas de todo o período.
to das atividades remuneradas
que exerciam, bem como aos Parágrafo único. O Supremo Tri- Art. 11. Cada Assembleia
que foram impedidos de exer- bunal Federal proferirá a deci- Legislativa, com poderes cons-
cer atividades profissionais em são no prazo de cento e vinte tituintes, elaborará a Constitui-
virtude de pressões ostensivas dias, a contar do pedido do ção do Estado, no prazo de um
ou expedientes oficiais sigilosos. interessado. ano, contado da promulgação
da Constituição Federal, obede-
§ 3o Aos cidadãos que foram Art. 10. Até que seja pro- cidos os princípios desta.
impedidos de exercer, na vida mulgada a lei complementar
civil, atividade profissional espe- a que se refere o art. 7o, I, da Parágrafo único. Promulgada a
cífica, em decorrência das Por- Constituição: Constituição do Estado, ca-
tarias Reservadas do Ministério berá à Câmara Municipal, no
da Aeronáutica no S-50-GM5, I – fica limitada a proteção nele prazo de seis meses, votar a Lei
de 19 de junho de 1964, e no S- referida ao aumento, para qua- Orgânica respectiva, em dois
285-GM5 será concedida repa- tro vezes, da porcentagem pre- turnos de discussão e votação,
ração de natureza econômica, vista no art. 6o, caput e § 1o, da respeitado o disposto na Cons-
na forma que dispuser lei de ini- Lei no 5.1078, de 13 de setembro tituição Federal e na Constitui-
ciativa do Congresso Nacional de 1966; ção Estadual.
e a entrar em vigor no prazo de II – fica vedada a dispensa arbi-
Art. 12. Será criada, dentro
doze meses a contar da promul- trária ou sem justa causa:
de noventa dias da promulga-
gação da Constituição. a) do empregado eleito ção da Constituição, Comissão
§ 4o Aos que, por força de atos para cargo de direção de Estudos Territoriais, com dez
institucionais, tenham exercido de comissões internas membros indicados pelo Con-
gratuitamente mandato eletivo de prevenção de aciden- gresso Nacional e cinco pelo Po-
de vereador serão computados, tes, desde o registro de der Executivo, com a finalidade
para efeito de aposentadoria sua candidatura até um de apresentar estudos sobre o
no serviço público e previdência ano após o final de seu território nacional e antepro-
social, os respectivos períodos. mandato; jetos relativos a novas unida-
§ 5o A anistia concedida nos ter- b) da empregada gestante, des territoriais, notadamente
mos deste artigo aplica-se aos desde a confirmação da na Amazônia Legal e em áreas
servidores públicos civis e aos gravidez até cinco meses pendentes de solução.
empregados em todos os níveis após o parto. § 1o No prazo de um ano,
de governo ou em suas fun- a Comissão submeterá ao
dações, empresas públicas ou
empresas mistas sob controle
estatal, exceto nos Ministérios 8
NE: revogada pela Lei
militares, que tenham sido puni- no 7.839/89, por sua vez revo- 9
NE: artigo revogado pela EC
dos ou demitidos por atividades gada pela Lei no 8.036/90. no 28/2000.

93
Congresso Nacional os resul- atuais de Goiás com os Estados mesma oportunidade, e os dos
tados de seus estudos para, nos da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará outros dois, juntamente com os
termos da Constituição, serem e Mato Grosso. dos Senadores eleitos em 1986
apreciados nos doze meses § 2o O Poder Executivo designa- nos demais Estados.
subsequentes, extinguindo-se rá uma das cidades do Estado § 5 o A Assembleia Estadual
logo após. para sua Capital provisória até Constituinte será instalada
§ 2o Os Estados e os Municí- a aprovação da sede definitiva no quadragésimo sexto dia da
pios deverão, no prazo de três do governo pela Assembleia eleição de seus integrantes,
anos, a contar da promulgação Constituinte. mas não antes de 1o de janeiro
da Constituição, promover, me- § 3o O Governador, o Vice-Go- de 1989, sob a presidência do
diante acordo ou arbitramento, vernador, os Senadores, os De- Presidente do Tribunal Regional
a demarcação de suas linhas putados Federais e os Deputa- Eleitoral do Estado de Goiás, e
divisórias atualmente litigio- dos Estaduais serão eleitos, em dará posse, na mesma data, ao
sas, podendo para isso fazer um único turno, até setenta e Governador e ao Vice-Governa-
alterações e compensações de cinco dias após a promulgação dor eleitos.
área que atendam aos aciden- da Constituição, mas não antes § 6o Aplicam-se à criação e ins-
tes naturais, critérios históricos, de 15 de novembro de 1988, a talação do Estado do Tocan-
conveniências administrativas critério do Tribunal Superior tins, no que couber, as normas
e comodidade das populações Eleitoral, obedecidas, entre ou- legais disciplinadoras da divisão
limítrofes. tras, as seguintes normas: do Estado de Mato Grosso, ob-
§ 3o Havendo solicitação dos Es- I – o prazo de filiação partidária servado o disposto no art. 234
tados e Municípios interessados, dos candidatos será encerrado da Constituição.
a União poderá encarregar-se setenta e cinco dias antes da § 7o Fica o Estado de Goiás li-
dos trabalhos demarcatórios. data das eleições; berado dos débitos e encargos
§ 4 o Se, decorrido o prazo de II – as datas das convenções re- decorrentes de empreendimen-
três anos, a contar da pro- gionais partidárias destinadas tos no território do novo Esta-
mulgação da Constituição, os a deliberar sobre coligações e do, e autorizada a União, a seu
trabalhos demarcatórios não escolha de candidatos, de apre- critério, a assumir os referidos
tiverem sido concluídos, caberá sentação de requerimento de débitos.
à União determinar os limites registro dos candidatos esco-
das áreas litigiosas. Art. 14. Os Territórios Fede-
lhidos e dos demais procedi-
rais de Roraima e do Amapá são
§ 5o Ficam reconhecidos e ho- mentos legais serão fixadas, em
transformados em Estados Fe-
mologados os atuais limites do calendário especial, pela Justiça
derados, mantidos seus atuais
Estado do Acre com os Estados Eleitoral;
limites geográficos.
do Amazonas e de Rondônia, III – são inelegíveis os ocupantes
conforme levantamentos carto- § 1o A instalação dos Estados
de cargos estaduais ou munici-
gráfi e geodésicos realizados pela pais que não se tenham deles dar-se-á com a posse dos gover-
Comissão Tripartite integrada afastado, em caráter definiti- nadores eleitos em 1990.
por representantes dos Estados vo, setenta e cinco dias antes § 2o Aplicam-se à transforma-
e dos serviços técnico-especiali- da data das eleições previstas ção e instalação dos Estados de
zados do Instituto Brasileiro de neste parágrafo; Roraima e Amapá as normas e
Geografia e Estatística. critérios seguidos na criação do
IV – ficam mantidos os atuais di-
Art. 13. É criado o Estado do retórios regionais dos partidos Estado de Rondônia, respeita-
Tocantins, pelo desmembramen- políticos do Estado de Goiás, do o disposto na Constituição
to da área descrita neste artigo, cabendo às comissões executi- e neste Ato.
dando-se sua instalação no vas nacionais designar comis- § 3o O Presidente da República,
quadragésimo sexto dia após a sões provisórias no Estado do até quarenta e cinco dias após a
eleição prevista no § 3o, mas não Tocantins, nos termos e para os promulgação da Constituição,
antes de 1o de janeiro de 1989. fins previstos na lei. encaminhará à apreciação do
§ 1o O Estado do Tocantins in- § 4o Os mandatos do Governa- Senado Federal os nomes dos
tegra a Região Norte e limita-se dor, do Vice-Governador, dos governadores dos Estados de
com o Estado de Goiás pelas Deputados Federais e Estaduais Roraima e do Amapá que exer-
divisas norte dos Municípios de eleitos na forma do parágrafo cerão o Poder Executivo até a
São Miguel do Araguaia, Poran- anterior extinguir-se-ão conco- instalação dos novos Estados
gatu, Formoso, Minaçu, Caval- mitantemente aos das demais com a posse dos governadores
cante, Monte Alegre de Goiás unidades da Federação; o man- eleitos.
e Campos Belos, conservando dato do Senador eleito menos § 4o Enquanto não concretiza-
a leste, norte e oeste as divisas votado extinguir-se-á nessa da a transformação em Estados,

94
nos termos deste artigo, os Terri- empregos privativos de profis- Art. 21. Os juízes togados de
tórios Federais de Roraima e do sionais de saúde que estejam investidura limitada no tempo,
Amapá serão beneficiados pela sendo exercidos na administra- admitidos mediante concurso
transferência de recursos previs- ção pública direta ou indireta. público de provas e títulos e que
ta nos arts. 159, I, a, da Consti- estejam em exercício na data da
tuição, e 34, § 2o, II, deste Ato. Art. 18. Ficam extintos os
promulgação da Constituição,
efeitos jurídicos de qualquer ato
Art. 15. Fica extinto o Ter- adquirem estabilidade, obser-
legislativo ou administrativo,
ritório Federal de Fernando vado o estágio probatório, e
lavrado a partir da instalação
de Noronha, sendo sua área passam a compor quadro em ex-
da Assembleia Nacional Cons-
reincorporada ao Estado de tinção, mantidas as competên-
tituinte, que tenha por objeto
Pernambuco. cias, prerrogativas e restrições
a concessão de estabilidade a
da legislação a que se achavam
Art. 16. Até que se efetive servidor admitido sem concur-
submetidos, salvo as inerentes à
o disposto no art. 32, § 2o, da so público, da administração
transitoriedade da investidura.
Constituição, caberá ao Presi- direta ou indireta, inclusive das
dente da República, com a apro- fundações instituídas e manti- Parágrafo único. A aposentadoria
vação do Senado Federal, indicar das pelo poder público. dos juízes de que trata este ar-
o Governador e o Vice-Governa- tigo regular-se-á pelas normas
Art. 19. Os servidores públi-
dor do Distrito Federal. fixadas para os demais juízes
cos civis da União, dos Estados,
§ 1o A competência da Câmara estaduais.
do Distrito Federal e dos Muni-
Legislativa do Distrito Federal, cípios, da administração dire- Art. 22. É assegurado aos
até que se instale, será exercida ta, autárquica e das fundações defensores públicos investidos
pelo Senado Federal. públicas, em exercício na data na função até a data de insta-
§ 2o A fiscalização contábil, fi- da promulgação da Constitui- lação da Assembleia Nacional
nanceira, orçamentária, opera- ção, há pelo menos cinco anos Constituinte o direito de opção
cional e patrimonial do Distrito continuados, e que não tenham pela carreira, com a observân-
Federal, enquanto não for insta- sido admitidos na forma regula- cia das garantias e vedações
lada a Câmara Legislativa, será da no art. 37, da Constituição, previstas no art. 134, parágrafo
exercida pelo Senado Federal, são considerados estáveis no único10, da Constituição.
mediante controle externo, com serviço público.
o auxílio do Tribunal de Contas Art. 23. Até que se edite
§ 1o O tempo de serviço dos a regulamentação do art. 21,
do Distrito Federal, observado
o disposto no art. 72 da Cons- servidores referidos neste ar- XVI, da Constituição, os atuais
tituição. tigo será contado como título ocupantes do cargo de censor
quando se submeterem a con- federal continuarão exercendo
§ 3o Incluem-se entre os bens curso para fins de efetivação,
do Distrito Federal aqueles que funções com este compatíveis,
na forma da lei. no Departamento de Polícia
lhe vierem a ser atribuídos pela
União na forma da lei. § 2o O disposto neste artigo Federal, observadas as dispo-
não se aplica aos ocupantes sições constitucionais.
Art. 17. Os vencimentos, de cargos, funções e empregos
a remuneração, as vantagens de confiança ou em comissão, Parágrafo único. A lei referida dis-
e os adicionais, bem como os nem aos que a lei declare de porá sobre o aproveitamento
proventos de aposentadoria que livre exoneração, cujo tempo dos Censores Federais, nos ter-
estejam sendo percebidos em de serviço não será computa- mos deste artigo.
desacordo com a Constituição do para os fins do caput deste
serão imediatamente reduzidos Art. 24. A União, os Esta-
artigo, exceto se se tratar de dos, o Distrito Federal e os
aos limites dela decorrentes, servidor.
não se admitindo, neste caso, Municípios editarão leis que es-
invocação de direito adquirido § 3o O disposto neste artigo não tabeleçam critérios para a com-
ou percepção de excesso a qual- se aplica aos professores de ní- patibilização de seus quadros de
quer título. vel superior, nos termos da lei. pessoal ao disposto no art. 39
da Constituição e à reforma
§ 1o É assegurado o exercício Art. 20. Dentro de cento e administrativa dela decorren-
cumulativo de dois cargos ou oitenta dias, proceder-se-á à re- te, no prazo de dezoito meses,
empregos privativos de médico visão dos direitos dos servidores
que estejam sendo exercidos por contados da sua promulgação.
públicos inativos e pensionistas
médico militar na administra- e à atualização dos proventos e
ção pública direta ou indireta. pensões a eles devidos, a fim de
§ 2o É assegurado o exercício ajustá-los ao disposto na Cons- 10
NE: leia-se “§ 1o”, por força do
cumulativo de dois cargos ou tituição. disposto na EC no 45/2004.

95
Art. 25. Ficam revogados, a analítico e pericial dos atos e § 6o Ficam criados cinco Tribu-
partir de cento e oitenta dias da fatos geradores do endivida- nais Regionais Federais, a serem
promulgação da Constituição, mento externo brasileiro. instalados no prazo de seis me-
sujeito este prazo a prorrogação § 1o A Comissão terá a força le- ses a contar da promulgação da
por lei, todos os dispositivos le- gal de Comissão parlamentar de Constituição, com a jurisdição
gais que atribuam ou deleguem inquérito para os fins de requisi- e sede que lhes fixar o Tribunal
a órgão do Poder Executivo ção e convocação, e atuará com Federal de Recursos, tendo em
competência assinalada pela o auxílio do Tribunal de Contas conta o número de processos e
Constituição ao Congresso sua localização geográfica.
da União.
Nacional, especialmente no § 7o Até que se instalem os Tri-
que tange a: § 2o Apurada irregularidade, o
bunais Regionais Federais, o
Congresso Nacional proporá ao
I – ação normativa; Tribunal Federal de Recursos
Poder Executivo a declaração de
II – alocação ou transferência de exercerá a competência a eles
nulidade do ato e encaminhará atribuída em todo o território
recursos de qualquer espécie. o processo ao Ministério Públi- nacional, cabendo-lhe promo-
§ 1o Os decretos-leis em trami- co Federal, que formalizará, no ver sua instalação e indicar os
tação no Congresso Nacional prazo de sessenta dias, a ação candidatos a todos os cargos
e por este não apreciados até a cabível. da composição inicial, median-
promulgação da Constituição te lista tríplice, podendo desta
terão seus efeitos regulados da Art. 27. O Superior Tribunal
de Justiça será instalado sob a constar juízes federais de qual-
seguinte forma: quer região, observado o dis-
Presidência do Supremo Tribu-
I – se editados até 2 de setembro nal Federal. (EC no 73/2013) posto no § 9o.
de 1988, serão apreciados pelo § 8o É vedado, a partir da pro-
Congresso Nacional no prazo § 1o Até que se instale o Supe-
rior Tribunal de Justiça, o Su- mulgação da Constituição, o
de até cento e oitenta dias a provimento de vagas de Mi-
contar da promulgação da premo Tribunal Federal exercerá
as atribuições e competências nistros do Tribunal Federal de
Constituição, não computado Recursos.
o recesso parlamentar; definidas na ordem constitucio-
nal precedente. § 9o Quando não houver juiz
II – decorrido o prazo definido federal que conte o tempo mí-
no inciso anterior, e não haven- § 2o A composição inicial do
nimo previsto no art. 107, II,
do apreciação, os decretos-leis Superior Tribunal de Justiça
da Constituição, a promoção
ali mencionados serão conside- far-se-á:
poderá contemplar juiz com me-
rados rejeitados; I– pelo aproveitamento dos Mi- nos de cinco anos no exercício
III – nas hipóteses def inidas nistros do Tribunal Federal de do cargo.
nos incisos I e II, terão plena Recursos; § 10. Compete à Justiça Federal
validade os atos praticados na II – pela nomeação dos Minis- julgar as ações nela propostas
vigência dos respectivos decre- tros que sejam necessários para até a data da promulgação da
tos-leis, podendo o Congresso completar o número estabeleci- Constituição, e aos Tribunais
Nacional, se necessário, legislar do na Constituição. Regionais Federais bem como
sobre os efeitos deles remanes- ao Superior Tribunal de Justiça
centes. § 3o Para os efeitos do disposto
na Constituição, os atuais Mi- julgar as ações rescisórias das
§ 2o Os decretos-leis editados nistros do Tribunal Federal de decisões até então proferidas
entre 3 de setembro de 1988 e Recursos serão considerados pela Justiça Federal, inclusive
a promulgação da Constituição pertencentes à classe de que daquelas cuja matéria tenha
serão convertidos, nesta data, passado à competência de ou-
provieram, quando de sua no-
em medidas provisórias, apli- tro ramo do Judiciário.
meação.
cando-se-lhes as regras esta- § 11. São criados, ainda, os
belecidas no art. 62, parágrafo § 4 o Instalado o Tribunal, os
seguintes Tribunais Regionais
único11. Ministros aposentados do
Federais: o da 6a Região, com
Tribunal Federal de Recursos
Art. 26. No prazo de um sede em Curitiba, Estado do
tornar-se-ão, automaticamente,
ano a contar da promulgação Paraná, e jurisdição nos Esta-
Ministros aposentados do Supe- dos do Paraná, Santa Catarina
da Constituição, o Congresso rior Tribunal de Justiça.
Nacional promoverá, através e Mato Grosso do Sul; o da 7a
de Comissão mista, exame § 5o Os Ministros a que se refere Região, com sede em Belo Hori-
o § 2o, II, serão indicados em zonte, Estado de Minas Gerais,
lista tríplice pelo Tribunal Fe- e jurisdição no Estado de Mi-
deral de Recursos, observado o nas Gerais; o da 8a Região, com
11
NE: leia-se “§ 3o”, por força do disposto no art. 104, parágrafo sede em Salvador, Estado da
disposto na EC no 32/2001. único, da Constituição. Bahia, e jurisdição nos Estados

96
da Bahia e Sergipe; e o da 9a Constituição, observando-se, artigo, emitir, em cada ano, no
Região, com sede em Manaus, quanto às vedações, a situação exato montante do dispêndio,
Estado do Amazonas, e jurisdi- jurídica na data desta. títulos de dívida pública não
ção nos Estados do Amazonas, § 4 o Os atuais integrantes do computáveis para efeito do li-
Acre, Rondônia e Roraima. quadro suplementar dos Minis- mite global de endividamento.
Art. 28. Os juízes federais térios Públicos do Trabalho e Art. 34. O sistema tributá-
de que trata o art. 123, § 2o, Militar que tenham adquirido rio nacional entrará em vigor a
da Constituição de 1967, com estabilidade nessas funções partir do primeiro dia do quinto
a redação dada pela Emenda passam a integrar o quadro da mês seguinte ao da promulga-
Constitucional no 7, de 1977, respectiva carreira. ção da Constituição, mantido,
ficam investidos na titularida- § 5o Cabe à atual Procurado- até então, o da Constituição de
de de varas na Seção Judiciária ria-Geral da Fazenda Nacional, 1967, com a redação dada pela
para a qual tenham sido nome- diretamente ou por delegação, Emenda no 1, de 1969, e pelas
ados ou designados; na inexis- que pode ser ao Ministério Pú- posteriores.
tência de vagas, proceder-se-á blico Estadual, representar ju- § 1o Entrarão em vigor com a
ao desdobramento das varas dicialmente a União nas causas promulgação da Constituição os
existentes. de natureza fiscal, na área da arts. 148, 149, 150, 154, I, 156,
respectiva competência, até a III, e 159, I, c, revogadas as dispo-
Parágrafo único. Para efeito de promulgação das leis comple- sições em contrário da Constitui-
promoção por antiguidade, o mentares previstas neste artigo. ção de 1967 e das Emendas que
tempo de serviço desses juízes
Art. 30. A legislação que a modificaram, especialmente de
será computado a partir do dia
criar a justiça de paz manterá os seu art. 25, III.
de sua posse.
atuais juízes de paz até a posse § 2o O Fundo de Participação
Art. 29. Enquanto não apro- dos novos titulares, asseguran- dos Estados e do Distrito Fe-
vadas as leis complementares do-lhes os direitos e atribuições deral e o Fundo de Participação
relativas ao Ministério Público conferidos a estes, e designará dos Municípios obedecerão às
e à Advocacia-Geral da União, o dia para a eleição prevista no seguintes determinações:
o Ministério Público Federal, a art. 98, II, da Constituição. I– a partir da promulgação da
Procuradoria-Geral da Fazenda Constituição, os percentuais se-
Nacional, as Consultorias Jurí- Art. 31. Serão estatizadas as
serventias do foro judicial, as- rão, respectivamente, de dezoi-
dicas dos Ministérios, as Pro- to por cento e de vinte por cen-
sim definidas em lei, respeitados
curadorias e Departamentos to, calculados sobre o produto
os direitos dos atuais titulares.
Jurídicos de autarquias federais da arrecadação dos impostos
com representação própria e os Art. 32. O disposto no referidos no art. 153, III e IV,
membros das Procuradorias das art. 236 não se aplica aos servi- mantidos os atuais critérios de
Universidades fundacionais ços notariais e de registro que já rateio até a entrada em vigor da
públicas continuarão a exercer tenham sido oficializados pelo lei complementar a que se refere
suas atividades na área das res- Poder Público, respeitando-se o o art. 161, II;
pectivas atribuições. direito de seus servidores.
II – o percentual relativo ao Fun-
§ 1o O Presidente da República, Art. 33. Ressalvados os cré- do de Participação dos Estados
no prazo de cento e vinte dias, ditos de natureza alimentar, o e do Distrito Federal será acres-
encaminhará ao Congresso valor dos precatórios judiciais cido de um ponto percentual
Nacional projeto de lei comple- pendentes de pagamento na no exercício financeiro de 1989
mentar dispondo sobre a orga- data da promulgação da Consti- e, a partir de 1990, inclusive, à
nização e o funcionamento da tuição, incluído o remanescente razão de meio ponto por exer-
Advocacia-Geral da União. de juros e correção monetária, cício, até 1992, inclusive, atin-
§ 2o Aos atuais Procuradores poderá ser pago em moeda gindo em 1993 o percentual
da República, nos termos da corrente, com atualização, em estabelecido no art. 159, I, a;
lei complementar, será facul- prestações anuais, iguais e su- III – o percentual relativo ao Fun-
tada a opção, de forma irre- cessivas, no prazo máximo de do de Participação dos Municí-
tratável, entre as carreiras do oito anos, a partir de 1o de julho pios, a partir de 1989, inclusive,
Ministério Público Federal e da de 1989, por decisão editada será elevado à razão de meio
Advocacia-Geral da União. pelo Poder Executivo até cento ponto percentual por exercício
e oitenta dias da promulgação financeiro, até atingir o estabe-
§ 3o Poderá optar pelo regime
da Constituição. lecido no art. 159, I, b.
anterior, no que respeita às ga-
rantias e vantagens, o membro Parágrafo único. Poderão as enti- § 3o Promulgada a Constitui-
do Ministério Público admiti- dades devedoras, para o cum- ção, a União, os Estados, o
do antes da promulgação da primento do disposto neste Distrito Federal e os Municípios

97
poderão editar as leis necessá- energia elétrica, na condição de da situação verificada no biênio
rias à aplicação do sistema tri- contribuintes ou de substitutos 1986-87.
butário nacional nela previsto. tributários, serão as responsá- § 1o Para aplicação dos crité-
§ 4o As leis editadas nos termos veis, por ocasião da saída do rios de que trata este artigo,
do parágrafo anterior produzi- produto de seus estabelecimen- excluem-se das despesas totais
rão efeitos a partir da entrada tos, ainda que destinado a ou- as relativas:
em vigor do sistema tributário tra unidade da Federação, pelo
I – aos projetos considerados
nacional previsto na Constitui- pagamento do imposto sobre
prioritários no plano plurianual;
ção. operações relativas à circulação
de mercadorias incidente sobre II – à segurança e defesa nacio-
§ 5 o Vigente o novo sistema energia elétrica, desde a produ- nal;
tributário nacional, fica asse- ção ou importação até a última III – à manutenção dos órgãos
gurada a aplicação da legisla- operação, calculado o imposto federais no Distrito Federal;
ção anterior, no que não seja sobre o preço então praticado
incompatível com ele e com a IV– ao Congresso Nacional, ao
na operação final e assegurado Tribunal de Contas da União e
legislação referida nos §§ 3o e 4o. seu recolhimento ao Estado ou ao Poder Judiciário;
§ 6 o Até 31 de dezembro de ao Distrito Federal, conforme
o local onde deva ocorrer essa V – ao serviço da dívida da ad-
1989, o disposto no art. 150,
operação. ministração direta e indireta da
III, b, não se aplica aos impostos
União, inclusive fundações ins-
de que tratam os arts. 155, I, a § 10. Enquanto não entrar em tituídas e mantidas pelo Poder
e b12, e 156, II e III13, que podem vigor a lei prevista no art. 159, I, Público federal.
ser cobrados trinta dias após a c, cuja promulgação se fará até
publicação da lei que os tenha 31 de dezembro de 1989, é asse- § 2o Até a entrada em vigor da
instituído ou aumentado. gurada a aplicação dos recursos lei complementar a que se refere
previstos naquele dispositivo da o art. 165, § 9o, I e II, serão obe-
§ 7o Até que sejam fixadas em decidas as seguintes normas:
lei complementar, as alíquotas seguinte maneira:
máximas do imposto municipal I – seis décimos por cento na I – o projeto do plano pluria-
sobre vendas a varejo de com- Região Norte, através do Banco nual, para vigência até o final
bustíveis líquidos e gasosos não da Amazônia S.A.; do primeiro exercício financeiro
excederão a três por cento. do mandato presidencial subse-
II – um inteiro e oito décimos quente, será encaminhado até
§ 8o Se, no prazo de sessenta por cento na Região Nordeste, quatro meses antes do encer-
dias contados da promulgação através do Banco do Nordeste ramento do primeiro exercício
da Constituição, não for edita- do Brasil S.A.; f inanceiro e devolvido para
da a lei complementar necessá- III – seis décimos por cento na sanção até o encerramento da
ria à instituição do imposto de Região Centro-Oeste, através sessão legislativa;
que trata o art. 155, I, b14, os Es- do Banco do Brasil S.A. II – o projeto de lei de diretrizes
tados e o Distrito Federal, me- § 11. Fica criado, nos termos da orçamentárias será encaminha-
diante convênio celebrado nos lei, o Banco de Desenvolvimento do até oito meses e meio antes
termos da Lei Complementar do Centro-Oeste, para dar cum- do encerramento do exercício
no 24, de 7 de janeiro de 1975, primento, na referida região, ao f inanceiro e devolvido para
f ixarão normas para regular que determinam os arts. 159, I, sanção até o encerramento do
provisoriamente a matéria. c, e 192, § 2o, da Constituição. primeiro período da sessão le-
§ 9o Até que lei complementar § 12. A urgência prevista no gislativa;
disponha sobre a matéria, as art. 148, II, não prejudica a III – o projeto de lei orçamentá-
empresas distribuidoras de cobrança do empréstimo com- ria da União será encaminhado
pulsório instituído, em benefício até quatro meses antes do en-
das Centrais Elétricas Brasilei- cerramento do exercício finan-
ras S.A. (Eletrobras), pela Lei ceiro e devolvido para sanção
12
NE: leia-se “art. 155, I e II”, no 4.156, de 28 de novembro de até o encerramento da sessão
por força do disposto na EC 1962, com as alterações pos- legislativa.
no 3/93. teriores.
13
NE: o texto do art. 156, III, foi Art. 36. Os fundos existen-
alterado pela EC no 3/93. Reda- Ar t. 35. O disposto no tes na data da promulgação da
ção anterior: “vendas a varejo art. 165, § 7o, será cumprido de Constituição, excetuados os re-
de combustíveis líquidos e ga- forma progressiva, no prazo de sultantes de isenções fiscais que
sosos, exceto óleo diesel”. até dez anos, distribuindo-se os passem a integrar patrimônio
14
NE: leia-se “art. 155, II”, recursos entre as regiões ma- privado e os que interessem à
por força do disposto na EC croeconômicas em razão pro- defesa nacional, extinguir-se-ão,
no 3/93. porcional à população, a partir se não forem ratificados pelo

98
Congresso Nacional no prazo Municípios reavaliarão todos iniciados nos prazos legais ou
de dois anos. os incentivos fiscais de natureza estejam inativos.
setorial ora em vigor, propondo
Art. 37. A adaptação ao que Art. 44. As atuais empresas
aos Poderes Legislativos respec-
estabelece o art. 167, III, deverá brasileiras titulares de autoriza-
tivos as medidas cabíveis.
processar-se no prazo de cinco ção de pesquisa, concessão de
anos, reduzindo-se o excesso à § 1o Considerar-se-ão revoga- lavra de recursos minerais e de
base de, pelo menos, um quinto dos após dois anos, a partir da aproveitamento dos potenciais
por ano. data da promulgação da Cons- de energia hidráulica em vigor
tituição, os incentivos que não terão quatro anos, a partir da
Art. 38. Até a promulgação forem confirmados por lei. promulgação da Constituição,
da lei complementar referida no para cumprir os requisitos do
§ 2o A revogação não prejudi-
art. 169, a União, os Estados, o art. 176, § 1o.
cará os direitos que já tiverem
Distrito Federal e os Municípios
sido adquiridos, àquela data, § 1o Ressalvadas as disposições
não poderão despender com
em relação a incentivos conce- de interesse nacional previstas
pessoal mais do que sessenta
didos sob condição e com prazo no texto constitucional, as em-
e cinco por cento do valor das
certo. presas brasileiras ficarão dis-
respectivas receitas correntes.
§ 3o Os incentivos concedidos pensadas do cumprimento do
Parágrafo único. A União, os Es- por convênio entre Estados, ce- disposto no art. 176, § 1o, des-
tados, o Distrito Federal e os lebrados nos termos do art. 23, de que, no prazo de até quatro
Municípios, quando a respecti- § 6o, da Constituição de 1967, anos da data da promulgação
va despesa de pessoal exceder o da Constituição, tenham o pro-
com a redação da Emenda no 1,
limite previsto neste artigo, de- duto de sua lavra e beneficia-
de 17 de outubro de 1969, tam-
verão retornar àquele limite, re- mento destinado a industriali-
bém deverão ser reavaliados e
duzindo o percentual excedente zação no território nacional, em
reconfirmados nos prazos deste
à razão de um quinto por ano. seus próprios estabelecimentos
artigo. ou em empresa industrial con-
Ar t. 39. Para efeito do Art. 42. Durante 40 (qua- troladora ou controlada.
cumprimento das disposições renta) anos, a União aplicará § 2o Ficarão também dispensa-
constitucionais que impliquem dos recursos destinados à ir- das do cumprimento do dispos-
variações de despesas e receitas rigação: (EC no 43/2004 e EC to no art. 176, § 1o, as empresas
da União, após a promulgação da no 89/2015) brasileiras titulares de conces-
Constituição, o Poder Executivo são de energia hidráulica para
deverá elaborar e o Poder Legis- I – 20% (vinte por cento) na Re-
gião Centro-Oeste; uso em seu processo de indus-
lativo apreciar projeto de revisão trialização.
da lei orçamentária referente ao II – 50% (cinquenta por cento)
exercício financeiro de 1989. na Região Nordeste, preferen- § 3o As empresas brasileiras re-
cialmente no Semiárido. feridas no § 1o somente pode-
Parágrafo único. O Congresso Na- rão ter autorizações de pesquisa
cional deverá votar no prazo de Parágrafo único. Dos percentuais e concessões de lavra ou poten-
doze meses a lei complementar previstos nos incisos I e II do ciais de energia hidráulica, des-
prevista no art. 161, II. caput, no mínimo 50% (cin- de que a energia e o produto da
quenta por cento) serão des- lavra sejam utilizados nos res-
Art. 40. É mantida a Zona pectivos processos industriais.
tinados a projetos de irrigação
Franca de Manaus, com suas
que benef iciem agricultores
características de área livre Art. 45. Ficam excluídas do
familiares que atendam aos re-
de comércio, de exportação e monopólio estabelecido pelo
quisitos previstos em legislação
importação, e de incentivos fis- art. 177, II, da Constituição as
específica. refinarias em funcionamento no
cais, pelo prazo de vinte e cinco
anos, a partir da promulgação Art. 43. Na data da pro- País amparadas pelo art. 43 e
da Constituição. mulgação da lei que disciplinar nas condições do art. 45 da Lei
a pesquisa e a lavra de recur- no 2.004, de 3 de outubro de
Parágrafo único. Somente por lei 195315.
sos e jazidas minerais, ou no
federal podem ser modificados
prazo de um ano, a contar da Parágrafo único. Ficam ressalva-
os critérios que disciplinaram
promulgação da Constituição, dos da vedação do art. 177,
ou venham a disciplinar a apro-
tornar-se-ão sem efeito as auto- § 1o, os contratos de risco feitos
vação dos projetos na Zona
rizações, concessões e demais
Franca de Manaus.
títulos atributivos de direitos
Art. 41. Os Poderes Exe- minerários, caso os trabalhos
cutivos da União, dos Esta- de pesquisa ou de lavra não 15
NE: revogada pela Lei
dos, do Distrito Federal e dos hajam sido comprovadamente no 9.478/97.

99
com a Petróleo Brasileiro S.A. dezembro de 1987, desde que por instrumento próprio, altera-
(Petrobrás), para pesquisa de relativos a crédito rural. ção nas condições contratuais
petróleo, que estejam em vigor § 1o Consideram-se, para efei- originais de forma a ajustá-las
na data da promulgação da to deste artigo, microempresas ao presente benefício.
Constituição. as pessoas jurídicas e as firmas § 6o A concessão do presente
Ar t. 46. São sujeitos à individuais com receitas anuais benefício por bancos comerciais
correção monetária desde o de até dez mil Obrigações do privados em nenhuma hipótese
vencimento, até seu efetivo pa- Tesouro Nacional, e pequenas acarretará ônus para o Poder
gamento, sem interrupção ou empresas as pessoas jurídicas Público, ainda que através de
suspensão, os créditos junto e as firmas individuais com re- refinanciamento e repasse de
ceita anual de até vinte e cin- recursos pelo banco central.
a entidades submetidas aos
regimes de intervenção ou li- co mil Obrigações do Tesouro § 7o No caso de repasse a agen-
quidação extrajudicial, mesmo Nacional. tes financeiros oficiais ou coo-
quando esses regimes sejam § 2o A classif icação de mini, perativas de crédito, o ônus re-
convertidos em falência. pequeno e médio produtor ru- cairá sobre a fonte de recursos
ral será feita obedecendo-se às originária.
Parágrafo único. O disposto neste normas de crédito rural vigentes
artigo aplica-se também: Art. 48. O Congresso Nacio-
à época do contrato. nal, dentro de cento e vinte dias
I – às operações realizadas pos- § 3 o A isenção da correção da promulgação da Constitui-
teriormente à decretação dos monetária a que se refere este ção, elaborará código de defesa
regimes referidos no caput deste artigo só será concedida nos do consumidor.
artigo; seguintes casos:
II – às operações de emprésti- Art. 49. A lei disporá sobre
I – se a liquidação do débito ini- o instituto da enfiteuse em imó-
mo, financiamento, refinancia- cial, acrescido de juros legais e
mento, assistência financeira de veis urbanos, sendo facultada
taxas judiciais, vier a ser efetiva- aos foreiros, no caso de sua
liquidez, cessão ou sub-rogação da no prazo de noventa dias, a extinção, a remição dos afo-
de créditos ou cédulas hipote- contar da data da promulgação ramentos mediante aquisição
cárias, efetivação de garantia da Constituição; do domínio direto, na confor-
de depósitos do público ou de
II – se a aplicação dos recursos midade do que dispuserem os
compra de obrigações passivas,
não contrariar a finalidade do respectivos contratos.
inclusive as realizadas com re-
financiamento, cabendo o ônus § 1o Quando não existir cláusula
cursos de fundos que tenham
da prova à instituição credora; contratual, serão adotados os
essas destinações;
III – se não for demonstrado critérios e bases hoje vigentes na
III – aos créditos anteriores à legislação especial dos imóveis
pela instituição credora que o
promulgação da Constituição; da União.
mutuário dispõe de meios para
IV – aos créditos das entidades o pagamento de seu débito, § 2o Os direitos dos atuais ocu-
da administração pública ante- excluído desta demonstração pantes inscritos ficam assegu-
riores à promulgação da Cons- seu estabelecimento, a casa de rados pela aplicação de outra
tituição, não liquidados até 1o moradia e os instrumentos de modalidade de contrato.
de janeiro de 1988. trabalho e produção;
§ 3o A enfiteuse continuará sen-
Art. 47. Na liquidação dos IV – se o financiamento inicial do aplicada aos terrenos de ma-
débitos, inclusive suas renegocia- não ultrapassar o limite de cin- rinha e seus acrescidos, situados
ções e composições posteriores, co mil Obrigações do Tesouro na faixa de segurança, a partir
ainda que ajuizados, decorrentes Nacional; da orla marítima.
de quaisquer empréstimos con- V – se o benef iciário não for § 4 o Remido o foro, o antigo
cedidos por bancos e por insti- proprietário de mais de cinco titular do domínio direto deve-
tuições financeiras, não existirá módulos rurais. rá, no prazo de noventa dias,
correção monetária desde que § 4o Os benefícios de que trata sob pena de responsabilidade,
o empréstimo tenha sido con- este artigo não se estendem aos confiar à guarda do registro de
cedido: débitos já quitados e aos deve- imóveis competente toda a do-
I – aos micro e pequenos empre- dores que sejam constituintes. cumentação a ele relativa.
sários ou seus estabelecimentos § 5o No caso de operações com Art. 50. Lei agrícola a ser
no período de 28 de fevereiro de prazos de vencimento posterio- promulgada no prazo de um
1986 a 28 de fevereiro de 1987; res à data-limite de liquidação ano disporá, nos termos da
II – aos mini, pequenos e médios da dívida, havendo interesse do Constituição, sobre os objetivos
produtores rurais no período de mutuário, os bancos e as insti- e instrumentos de política agrí-
28 de fevereiro de 1986 a 31 de tuições financeiras promoverão, cola, prioridades, planejamento

100
de safras, comercialização, 1967, serão assegurados os se- § 3o A concessão do benefício
abastecimento interno, mer- guintes direitos: far-se-á conforme lei a ser pro-
cado externo e instituição de I – aproveitamento no serviço posta pelo Poder Executivo den-
crédito fundiário. público, sem a exigência de con- tro de cento e cinquenta dias da
curso, com estabilidade; promulgação da Constituição.
Art. 51. Serão revistos pelo
Congresso Nacional, através de II – pensão especial correspon- Art. 54-A. Os seringueiros
Comissão mista, nos três anos dente à deixada por segundo-te- de que trata o art. 54 deste Ato
a contar da data da promulga- nente das Forças Armadas, que das Disposições Constitucionais
ção da Constituição, todas as poderá ser requerida a qualquer Transitórias receberão indeniza-
doações, vendas e concessões tempo, sendo inacumulável com ção, em parcela única, no valor
de terras públicas com área quaisquer rendimentos recebi- de R$25.000,00 (vinte e cinco
superior a três mil hectares, dos dos cofres públicos, exceto mil reais). (EC no 78/2014)
realizadas no período de 1o de os benefícios previdenciários,
janeiro de 1962 a 31 de dezem- Art. 55. Até que seja apro-
ressalvado o direito de opção;
bro de 1987. vada a lei de diretrizes orça-
III – em caso de morte, pensão mentárias, trinta por cento,
§ 1o No tocante às vendas, a à viúva ou companheira ou de- no mínimo, do orçamento da
revisão será feita com base pendente, de forma proporcio- seguridade social, excluído
exclusivamente no critério de nal, de valor igual à do inciso o seguro-desemprego, serão
legalidade da operação. anterior; destinados ao setor de saúde.
§ 2o No caso de concessões e IV – assistência médica, hos-
doações, a revisão obedecerá Art. 56. Até que a lei dis-
pitalar e educacional gratuita,
aos critérios de legalidade e de ponha sobre o art. 195, I, a
extensiva aos dependentes;
conveniência do interesse pú- arrecadação decorrente de, no
V – aposentadoria com proven- mínimo, cinco dos seis décimos
blico. tos integrais aos vinte e cinco percentuais correspondentes à
§ 3o Nas hipóteses previstas nos anos de serviço efetivo, em qual- alíquota da contribuição de que
parágrafos anteriores, compro- quer regime jurídico; trata o Decreto-Lei no 1.940, de
vada a ilegalidade, ou havendo 25 de maio de 1982, alterada
VI – prioridade na aquisição da
interesse público, as terras rever- pelo Decreto-Lei no 2.049, de
casa própria, para os que não
terão ao patrimônio da União, 1o de agosto de 1983, pelo De-
a possuam ou para suas viúvas
dos Estados, do Distrito Federal creto no 91.236, de 8 de maio de
ou companheiras.
ou dos Municípios. 1985, e pela Lei no 7.611, de 8 de
Parágrafo único. A concessão da julho de 1987, passa a integrar
Art. 52. Até que sejam fixa-
pensão especial do inciso II subs- a receita da seguridade social,
das as condições do art. 192,
titui, para todos os efeitos legais, ressalvados, exclusivamente no
são vedados: (EC no 40/2003)
qualquer outra pensão já conce- exercício de 1988, os compro-
I – a instalação, no País, de dida ao ex-combatente. missos assumidos com progra-
novas agências de instituições
Art. 54. Os seringueiros mas e projetos em andamento.
financeiras domiciliadas no ex-
terior; recrutados nos termos do De- Art. 57. Os débitos dos Esta-
creto-Lei no 5.813, de 14 de se- dos e dos Municípios relativos
II – o aumento do percentual de
tembro de 1943, e amparados às contribuições previdenciárias
participação, no capital de ins-
pelo Decreto-Lei no 9.882, de até 30 de junho de 1988 serão li-
tituições financeiras com sede
16 de setembro de 1946, rece- quidados, com correção mone-
no País, de pessoas físicas ou
berão, quando carentes, pensão tária, em cento e vinte parcelas
jurídicas residentes ou domici-
mensal vitalícia no valor de dois mensais, dispensados os juros
liadas no exterior.
salários mínimos. e multas sobre eles incidentes,
Parágrafo único. A vedação a que § 1o O benefício é estendido aos desde que os devedores requei-
se refere este artigo não se apli- seringueiros que, atendendo a ram o parcelamento e iniciem
ca às autorizações resultantes apelo do Governo brasileiro, seu pagamento no prazo de
de acordos internacionais, de contribuíram para o esforço cento e oitenta dias a contar da
reciprocidade, ou de interesse de guerra, trabalhando na pro- promulgação da Constituição.
do Governo brasileiro. dução de borracha, na Região § 1o O montante a ser pago em
Art. 53. Ao ex-combatente Amazônica, durante a Segunda cada um dos dois primeiros
que tenha efetivamente parti- Guerra Mundial. anos não será inferior a cinco
cipado de operações bélicas § 2o Os benefícios estabelecidos por cento do total do débito
durante a Segunda Guerra neste artigo são transferíveis consolidado e atualizado, sendo
Mundial, nos termos da Lei aos dependentes reconhecida- o restante dividido em parcelas
no 5.315, de 12 de setembro de mente carentes. mensais de igual valor.

101
§ 2o A liquidação poderá incluir progressivamente nos dezoito básica estabelecidas no Plano
pagamentos na forma de cessão meses seguintes. Nacional de Educação, a lei dis-
de bens e prestação de serviços, porá sobre:
Art. 60. Até o 14o (décimo
nos termos da Lei no 7.578, de a) a o r g ani z aç ão dos
quarto) ano a partir da promul-
23 de dezembro de 1986. Fundos, a distribuição
gação desta Emenda Constitu-
§ 3o Em garantia do cumpri- cional16, os Estados, o Distrito proporcional de seus re-
mento do parcelamento, os Federal e os Municípios desti- cursos, as diferenças e
Estados e os Municípios consig- narão parte dos recursos a que as ponderações quanto
narão, anualmente, nos respec- se refere o caput do art. 212 da ao valor anual por alu-
tivos orçamentos as dotações Constituição Federal à manu- no entre etapas e mo-
necessárias ao pagamento de tenção e desenvolvimento da dalidades da educação
seus débitos. educação básica e à remune- básica e tipos de esta-
§ 4o Descumprida qualquer das ração condigna dos trabalha- belecimento de ensino;
condições estabelecidas para dores da educação, respeitadas b) a forma de cálculo do
concessão do parcelamento, o as seguintes disposições: (EC valor anual mínimo por
débito será considerado venci- no 14/96 e EC no 53/2006) aluno;
do em sua totalidade, sobre ele I – a distribuição dos recursos c) os percentuais máximos
incidindo juros de mora; nesta e de responsabilidades entre o de apropriação dos re-
hipótese, parcela dos recursos Distrito Federal, os Estados e cursos dos Fundos pelas
correspondentes aos Fundos de seus Municípios é assegurada
Participação, destinada aos Es- diversas etapas e mo-
mediante a criação, no âmbito dalidades da educação
tados e Municípios devedores, de cada Estado e do Distrito
será bloqueada e repassada à básica, observados os
Federal, de um Fundo de Ma-
previdência social para paga- arts. 208 e 214 da Cons-
nutenção e Desenvolvimento da
mento de seus débitos. tituição Federal, bem
Educação Básica e de Valoriza-
como as metas do Plano
ção dos Profissionais da Edu-
Art. 58. Os benefícios de Nacional de Educação;
cação – FUNDEB, de natureza
prestação continuada, man- d) a fiscalização e o con-
contábil;
tidos pela previdência social trole dos Fundos;
na data da promulgação da II – os Fundos referidos no in-
Constituição, terão seus valores ciso I do caput deste artigo se- e) prazo para fixar, em lei
revistos, a fim de que seja res- rão constituídos por 20% (vinte específica, piso salarial
tabelecido o poder aquisitivo, por cento) dos recursos a que prof issional nacional
expresso em número de salários se referem os incisos I, II e III para os prof issionais
mínimos, que tinham na data de do art. 155; o inciso II do caput do magistério público
sua concessão, obedecendo-se do art. 157; os incisos II, III e IV da educação básica;
a esse critério de atualização do caput do art. 158; e as alí- IV – os recursos recebidos à con-
até a implantação do plano de neas a e b do inciso I e o inciso ta dos Fundos instituídos nos
custeio e benefícios referidos no II do caput do art. 159, todos termos do inciso I do caput des-
artigo seguinte. da Constituição Federal, e dis- te artigo serão aplicados pelos
tribuídos entre cada Estado e Estados e Municípios exclusiva-
Parágrafo único. As prestações seus Municípios, proporcional-
mensais dos benefícios atuali- mente nos respectivos âmbitos
mente ao número de alunos das
zadas de acordo com este artigo de atuação prioritária, confor-
diversas etapas e modalidades
serão devidas e pagas a partir me estabelecido nos §§ 2o e 3o
da educação básica presencial,
do sétimo mês a contar da pro- do art. 211 da Constituição
matriculados nas respectivas
mulgação da Constituição. Federal;
redes, nos respectivos âmbitos
de atuação prioritária estabele- V – a União complementará os
Art. 59. Os projetos de lei recursos dos Fundos a que se
cidos nos §§ 2o e 3o do art. 211
relativos à organização da se- refere o inciso II do caput deste
da Constituição Federal;
guridade social e aos planos artigo sempre que, no Distrito
de custeio e de benefício serão III – observadas as garantias
estabelecidas nos incisos I, II, Federal e em cada Estado, o
apresentados no prazo máximo
III e IV do caput do art. 208 da valor por aluno não alcançar o
de seis meses da promulgação
Constituição Federal e as metas mínimo definido nacionalmen-
da Constituição ao Congresso
de universalização da educação te, fixado em observância ao
Nacional, que terá seis meses
disposto no inciso VII do caput
para apreciá-los.
deste artigo, vedada a utilização
Parágrafo único. Aprovados dos recursos a que se refere o
pelo Congresso Nacional, os 16
NE: leia-se “da Emenda Cons- § 5o do art. 212 da Constituição
planos serão implantados titucional no 53, de 2006”. Federal;

102
VI – até 10% (dez por cento) X – aplica-se à complementação ensino fundamental e conside-
da complementação da União da União o disposto no art. 160 rar-se-á para a educação infan-
prevista no inciso V do caput da Constituição Federal; til, para o ensino médio e para
deste artigo poderá ser distribu- XI – o não cumprimento do a educação de jovens e adultos
ída para os Fundos por meio de disposto nos incisos V e VII do 1/3 (um terço) das matrículas
programas direcionados para a caput deste artigo importará no primeiro ano, 2/3 (dois ter-
melhoria da qualidade da edu- crime de responsabilidade da ços) no segundo ano e sua tota-
cação, na forma da lei a que se autoridade competente; lidade a partir do terceiro ano.
refere o inciso III do caput deste XII – proporção não inferior a § 5o A porcentagem dos recur-
artigo; 60% (sessenta por cento) de sos de constituição dos Fundos,
VII – a complementação da cada Fundo referido no inciso conforme o inciso II do caput
União de que trata o inciso V I do caput deste artigo será deste artigo, será alcançada
do caput deste artigo será de, destinada ao pagamento dos gradativamente nos primeiros
no mínimo: profissionais do magistério da 3 (três) anos de vigência dos
educação básica em efetivo Fundos, da seguinte forma:
a) R$2.000.000.000,00
(dois bilhões de reais), exercício. I – no caso dos impostos e
no primeiro ano de vi- § 1o A União, os Estados, o transferências constantes do in-
gência dos Fundos; Distrito Federal e os Municí- ciso II do caput do art. 155; do
pios deverão assegurar, no fi- inciso IV do caput do art. 158;
b) R$3.000.000.000,00 e das alíneas a e b do inciso I e
(três bilhões de reais), nanciamento da educação bá-
sica, a melhoria da qualidade do inciso II do caput do art. 159
no segundo ano de vi- da Constituição Federal:
gência dos Fundos; de ensino, de forma a garantir
padrão mínimo definido nacio- a) 16,66% (dezesseis in-
c) R$4.500.000.000,00 nalmente. teiros e sessenta e seis
(quatro bilhões e qui- centésimos por cento),
nhentos milhões de § 2o O valor por aluno do ensi-
no fundamental, no Fundo de no primeiro ano;
reais), no terceiro ano
cada Estado e do Distrito Fede- b) 18,33% (dezoito intei-
de vigência dos Fundos; ros e trinta e três cen-
ral, não poderá ser inferior ao
d) 10 % (dez por cento) tésimos por cento), no
praticado no âmbito do Fundo
do total dos recursos a de Manutenção e Desenvolvi- segundo ano;
que se refere o inciso II mento do Ensino Fundamental c) 20% (vinte por cento), a
do caput deste artigo, e de Valorização do Magistério partir do terceiro ano;
a partir do quarto ano – FUNDEF, no ano anterior à
de vigência dos Fundos; II – no caso dos impostos e
vigência desta Emenda Cons- tr ansferências const antes
VIII – a vinculação de recursos titucional18. dos incisos I e III do caput do
à manutenção e desenvolvi- § 3o O valor anual mínimo por art. 155; do inciso II do caput
mento do ensino estabelecida aluno do ensino fundamental, do art. 157; e dos incisos II e III
no art. 212 da Constituição no âmbito do Fundo de Manu- do caput do art. 158 da Cons-
Federal suportará, no máximo, tenção e Desenvolvimento da tituição Federal:
30% (trinta por cento) da com- Educação Básica e de Valoriza-
plementação da União, consi- a) 6,66% (seis inteiros e
ção dos Profissionais da Educa- sessenta e seis centési-
derando-se para os fins deste ção – FUNDEB, não poderá ser
inciso os valores previstos no mos por cento), no pri-
inferior ao valor mínimo fixado meiro ano;
inciso VII do caput deste artigo; nacionalmente no ano anterior
ao da vigência desta Emenda b) 13,33% (treze inteiros e
IX – os valores a que se referem
Constitucional19. trinta e três centésimos
as alíneas a, b, e c do inciso VII
por cento), no segundo
do caput deste artigo serão atu- § 4o Para efeito de distribuição ano;
alizados, anualmente, a partir de recursos dos Fundos a que se
da promulgação desta Emen- refere o inciso I do caput des- c) 20% (vinte por cento), a
da Constitucional17, de forma te artigo, levar-se-á em conta partir do terceiro ano.
a preservar, em caráter perma- a totalidade das matrículas no § 6 (Revogado)
o

nente, o valor real da comple- § 7o (Revogado)


mentação da União;
Art. 61. As entidades edu-
18
NE: leia-se “da Emenda Cons- cacionais a que se refere o
titucional no 53, de 2006”. art. 213, bem como as funda-
17
NE: leia-se “da Emenda Cons- 19
NE: leia-se “da Emenda Cons- ções de ensino e pesquisa cuja
titucional no 53, de 2006”. titucional no 53, de 2006”. criação tenha sido autorizada

103
por lei, que preencham os requi- receber do Estado um exemplar passivo previdenciário, e des-
sitos dos incisos I e II do referido da Constituição do Brasil. pesas orçamentárias associa-
artigo e que, nos últimos três das a programas de relevante
Art. 65. O Poder Legislati-
anos, tenham recebido recursos interesse econômico e social.
vo regulamentará, no prazo de
públicos, poderão continuar a (ECR no 1/94, EC no 10/96 e EC
doze meses, o art. 220, § 4o.
recebê-los, salvo disposição le- no 17/97)
gal em contrário. Art. 66. São mantidas as § 1o Ao Fundo criado por este
concessões de serviços públicos artigo não se aplica o disposto
Art. 62. A lei criará o Servi-
de telecomunicações atualmen- na parte final do inciso II do § 9o
ço Nacional de Aprendizagem
te em vigor, nos termos da lei. do art. 165 da Constituição.
Rural (SENAR) nos moldes da
legislação relativa ao Serviço Art. 67. A União concluirá § 2o O Fundo criado por este
Nacional de Aprendizagem In- a demarcação das terras indí- artigo passa a ser denominado
dustrial (SENAI) e ao Serviço genas no prazo de cinco anos Fundo de Estabilização Fiscal
Nacional de Aprendizagem do a partir da promulgação da a partir do início do exercício
Comércio (SENAC), sem preju- Constituição. financeiro de 1996.
ízo das atribuições dos órgãos § 3o O Poder Executivo publica-
Art. 68. Aos remanescentes
públicos que atuam na área. rá demonstrativo da execução
das comunidades dos quilom-
Art. 63. É criada uma Co- bos que estejam ocupando orçamentária, de periodicidade
missão composta de nove suas terras é reconhecida a bimestral, no qual se discrimi-
membros, sendo três do Po- propriedade definitiva, devendo narão as fontes e usos do Fundo
der Legislativo, três do Poder o Estado emitir-lhes os títulos criado por este artigo.
Judiciário e três do Poder Exe- respectivos. Art. 72. Integram o Fundo
cutivo, para promover as co- Art. 69. Será permitido aos Social de Emergência: (ECR
memorações do centenário da Estados manter consultorias n o 1/94, EC n o 10/96 e EC
proclamação da República e da jurídicas separadas de suas no 17/97)
promulgação da primeira Cons- Procuradorias-Gerais ou Ad- I – o produto da arrecadação
tituição republicana do País, vocacias-Gerais, desde que, na do imposto sobre renda e pro-
podendo, a seu critério, desdo- data da promulgação da Cons- ventos de qualquer natureza
brar-se em tantas subcomissões tituição, tenham órgãos distin- incidente na fonte sobre paga-
quantas forem necessárias. tos para as respectivas funções. mentos efetuados, a qualquer
Parágrafo único. No desenvol- Art. 70. Fica mantida a atual título, pela União, inclusive suas
vimento de suas atribuições, competência dos tribunais esta- autarquias e fundações;
a Comissão promoverá estu- duais até que a mesma seja defi- II – a parcela do produto da arre-
dos, debates e avaliações so- nida na Constituição do Estado, cadação do imposto sobre renda
bre a evolução política, social, nos termos do art. 125, § 1o, da e proventos de qualquer nature-
econômica e cultural do País, Constituição. za e do imposto sobre operações
podendo articular-se com os go- de crédito, câmbio e seguro, ou
vernos estaduais e municipais e Art. 71. É instituído, nos
relativas a títulos e valores mobi-
com instituições públicas e pri- exercícios financeiros de 1994
liários, decorrente das alterações
vadas que desejem participar e 1995, bem assim nos períodos
produzidas pela Lei no 8.894, de
dos eventos. de 1o de janeiro de 1996 a 30 de
21 de junho de 1994 e pelas Leis
junho de 1997 e 1o de julho de
Art. 64. A Imprensa Nacio- nos 8.849 e 8.848, ambas de 28
1997 a 31 de dezembro de 1999,
nal e demais gráficas da União, de janeiro de 1994 e modifica-
o Fundo Social de Emergência,
dos Estados, do Distrito Federal com o objetivo de saneamento ções posteriores;
e dos Municípios, da adminis- financeiro da Fazenda Pública III – a parcela do produto de ar-
tração direta ou indireta, in- Federal e de estabilização eco- recadação resultante da eleva-
clusive fundações instituídas e nômica, cujos recursos serão ção da alíquota da contribuição
mantidas pelo Poder Público, aplicados prioritariamente no social sobre o lucro dos contri-
promoverão edição popular do custeio das ações dos sistemas buintes a que se refere o § 1o do
texto integral da Constituição, de saúde e educação, incluindo art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de
que será posta à disposição das a complementação de recursos julho de 1991, a qual nos exercí-
escolas e dos cartórios, dos de que trata o § 3o do art. 60 cios financeiros de 1994 e 1995,
sindicatos, dos quartéis, das do Ato das Disposições Cons- bem assim no período de 1o de
igrejas e de outras instituições titucionais Transitórias, bene- janeiro de 1996 a 30 de junho de
representativas da comunida- fícios previdenciários e auxílios 1997, passa a ser de trinta por
de, gratuitamente, de modo que assistenciais de prestação con- cento, sujeita a alteração por lei
cada cidadão brasileiro possa tinuada, inclusive liquidação de ordinária, mantidas as demais

104
normas da Lei no 7.689, de 15 arts. 153, § 5o, 157, II, 212 e 239 e direitos de natureza financeira
de dezembro de 1988; da Constituição. de que trata o art. 74, instituída
IV – vinte por cento do produ- § 4 o O disposto no parágrafo pela Lei no 9.311, de 24 de ou-
to da arrecadação de todos os anterior não se aplica aos recur- tubro de 1996, modificada pela
impostos e contribuições da sos previstos nos arts. 158, II, e Lei no 9.539, de 12 de dezembro
União, já instituídos ou a serem 159 da Constituição. de 1997, cuja vigência é também
criados, excetuado o previsto prorrogada por idêntico prazo.
§ 5 o A parcela dos recursos
(EC no 21/99)
nos incisos I, II e III, observado provenientes do imposto sobre
o disposto nos §§ 3o e 4o; renda e proventos de qualquer § 1o Observado o disposto no
natureza, destinada ao Fundo § 6o do art. 195 da Constituição
V – a parcela do produto da ar-
Social de Emergência, nos ter- Federal, a alíquota da contribui-
recadação da contribuição de
mos do inciso II deste artigo, ção será de trinta e oito centé-
que trata a Lei Complementar simos por cento, nos primeiros
no 7, de 7 de setembro de 1970, não poderá exceder a cinco in-
teiros e seis décimos por cento doze meses, e de trinta centési-
devida pelas pessoas jurídicas mos, nos meses subsequentes,
do total do produto da sua ar-
a que se refere o inciso III deste facultado ao Poder Executivo
recadação.
artigo, a qual será calculada, reduzi-la total ou parcialmente,
nos exercícios f inanceiros de Art. 73. Na regulação do nos limites aqui definidos.
1994 a 1995, bem assim nos pe- Fundo Social de Emergência não
poderá ser utilizado o instru- § 2o O resultado do aumento
ríodos de 1o de janeiro de 1996
mento previsto no inciso V do da arrecadação, decorrente
a 30 de junho de 1997 e de 1o de
art. 59 da Constituição. (ECR da alteração da alíquota, nos
julho de 1997 a 31 de dezembro
no 1/94) exercícios financeiros de 1999,
de 1999, mediante a aplicação
2000 e 2001, será destinado ao
da alíquota de setenta e cinco Art. 74. A União poderá ins- custeio da previdência social.
centésimos por cento, sujeita tituir contribuição provisória
a alteração por lei ordinária § 3 o É a União autorizada a
sobre movimentação ou trans- emitir títulos da dívida pública
posterior, sobre a receita bru- missão de valores e de créditos e
ta operacional, como definida interna, cujos recursos serão
direitos de natureza financeira.
na legislação do imposto sobre destinados ao custeio da saú-
(EC no 12/96)
renda e proventos de qualquer de e da previdência social, em
§ 1o A alíquota da contribuição montante equivalente ao pro-
natureza; de que trata este artigo não ex- duto da arrecadação da contri-
VI – outras receitas previstas em cederá a vinte e cinco centési- buição, prevista e não realizada
lei específica. mos por cento, facultado ao em 1999.21
§ 1o As alíquotas e a base de cál- Poder Executivo reduzi-la ou
restabelecê-la, total ou parcial- Art. 76. São desvinculados
culo previstas nos incisos III e V de órgão, fundo ou despesa, até
aplicar-se-ão a partir do primeiro mente, nas condições e limites
fixados em lei. 31 de dezembro de 2023, 30%
dia do mês seguinte aos noventa (trinta por cento) da arrecada-
dias posteriores à promulgação § 2o À contribuição de que trata
este artigo não se aplica o dis- ção da União relativa às con-
desta Emenda20. tribuições sociais, sem prejuízo
posto nos arts. 153, § 5o, e 154,
§ 2o As parcelas de que tratam I, da Constituição. do pagamento das despesas do
os incisos I, II, III e V, serão pre- Regime Geral da Previdência So-
viamente deduzidas da base de § 3o O produto da arrecadação cial, às contribuições de inter-
cálculo de qualquer vinculação da contribuição de que trata venção no domínio econômico
ou participação constitucional este artigo será destinado inte- e às taxas, já instituídas ou que
gralmente ao Fundo Nacional vierem a ser criadas até a refe-
ou legal, não se lhes aplicando
de Saúde, para financiamento rida data. (EC no 27/2000, EC
o disposto nos arts. 159, 212 e
das ações e serviços de saúde. no 42/2003, EC no 56/2007, EC
239 da Constituição.
§ 4o A contribuição de que trata no 59/2009, EC no 68/2011 e EC
§ 3o A parcela de que trata o este artigo terá sua exigibilida- no 93/2016)
inciso IV será previamente de- de subordinada ao disposto no
duzida da base de cálculo das § 1o (Revogado)
art. 195, § 6o, da Constituição,
vinculações ou participações e não poderá ser cobrada por § 2o Excetua-se da desvincu-
constitucionais previstas nos prazo superior a dois anos. lação de que trata o caput a

Art. 75. É prorrogada, por


trinta e seis meses, a cobran-
20
NE: leia-se “da Emenda ça da contribuição provisória 21
NE: este parágrafo foi decla-
Constitucional de Revisão sobre movimentação ou trans- rado inconstitucional, por for-
no 1, de 1994”. missão de valores e de créditos ça da ADI no 2.031.

105
arrecadação da contribuição Parágrafo único. Excetuam-se da § 1o Os Estados, o Distrito Fe-
social do salário-educação a desvinculação de que trata o deral e os Municípios que apli-
que se refere o § 5o do art. 212 caput: quem percentuais inferiores aos
da Constituição Federal. I – recursos destinados ao finan- fixados nos incisos II e III deve-
§ 3o (Revogado) ciamento das ações e serviços rão elevá-los gradualmente, até
públicos de saúde e à manu- o exercício financeiro de 2004,
Art. 76-A. São desvincula- reduzida a diferença à razão de,
dos de órgão, fundo ou despe- tenção e desenvolvimento do
ensino de que tratam, respec- pelo menos, um quinto por ano,
sa, até 31 de dezembro de 2023, sendo que, a partir de 2000, a
30% (trinta por cento) das re- tivamente, os incisos II e III do
aplicação será de pelo menos
ceitas dos Estados e do Distri- § 2o do art. 198 e o art. 212 da
sete por cento.
to Federal relativas a impostos, Constituição Federal;
§ 2o Dos recursos da União apu-
taxas e multas, já instituídos ou II – receitas de contribuições
rados nos termos deste artigo,
que vierem a ser criados até a previdenciárias e de assistência
quinze por cento, no mínimo,
referida data, seus adicionais e à saúde dos servidores;
serão aplicados nos Municípios,
respectivos acréscimos legais, e III – transferências obrigatórias segundo o critério populacio-
outras receitas correntes. (EC e voluntárias entre entes da Fe- nal, em ações e serviços básicos
no 93/2016) deração com destinação espe- de saúde, na forma da lei.
Parágrafo único. Excetuam-se da cificada em lei; § 3o Os recursos dos Estados,
desvinculação de que trata o IV – fundos instituídos pelo Tri- do Distrito Federal e dos Mu-
caput: bunal de Contas do Município. nicípios destinados às ações e
I – recursos destinados ao finan- serviços públicos de saúde e os
Art. 77. Até o exercício fi-
ciamento das ações e serviços transferidos pela União para a
nanceiro de 2004, os recursos
públicos de saúde e à manu- mesma finalidade serão apli-
mínimos aplicados nas ações e
tenção e desenvolvimento do cados por meio de Fundo de
serviços públicos de saúde serão Saúde que será acompanhado
ensino de que tratam, respec-
tivamente, os incisos II e III do equivalentes: (EC no 29/2000) e fiscalizado por Conselho de
§ 2o do art. 198 e o art. 212 da I – no caso da União: Saúde, sem prejuízo do dispos-
Constituição Federal; a) no ano 2000, o mon- to no art. 74 da Constituição
II – receitas que pertencem tante empenhado em Federal.
aos Municípios decorrentes ações e serviços públi- § 4 o Na ausência da lei com-
de transferências previstas na cos de saúde no exercí- plementar a que se refere o
Constituição Federal; cio financeiro de 1999 art. 198, § 3o, a partir do exer-
III – receitas de contribuições acrescido de, no míni- cício financeiro de 2005, apli-
previdenciárias e de assistência mo, cinco por cento; car-se-á à União, aos Estados,
à saúde dos servidores; b) do ano 2001 ao ano ao Distrito Federal e aos Muni-
2004, o valor apurado cípios o disposto neste artigo.
IV – demais transferências obri-
gatórias e voluntárias entre en- no ano anterior, corrigi- Art. 78. Ressalvados os cré-
tes da Federação com destina- do pela variação nomi- ditos definidos em lei como de
ção especificada em lei; nal do Produto Interno pequeno valor, os de natureza
V – fundos instituídos pelo Po- Bruto – PIB; alimentícia, os de que trata o
der Judiciário, pelos Tribunais II – no caso dos Estados e do art. 33 deste Ato das Disposi-
de Contas, pelo Ministério Pú- Distrito Federal, doze por cen- ções Constitucionais Transitó-
blico, pelas Defensorias Públi- to do produto da arrecadação rias e suas complementações e
cas e pelas Procuradorias-Ge- dos impostos a que se refere o os que já tiverem os seus res-
rais dos Estados e do Distrito art. 155 e dos recursos de que pectivos recursos liberados ou
Federal. tratam os arts. 157 e 159, inciso depositados em juízo, os pre-
I, alínea a, e inciso II, deduzidas catórios pendentes na data de
Art. 76-B. São desvincula- promulgação desta Emenda22 e
as parcelas que forem transfe-
dos de órgão, fundo ou despe- os que decorram de ações ini-
ridas aos respectivos Municí-
sa, até 31 de dezembro de 2023, ciais ajuizadas até 31 de dezem-
30% (trinta por cento) das re- pios; e
bro de 1999 serão liquidados
ceitas dos Municípios relativas III – no caso dos Municípios e pelo seu valor real, em moeda
a impostos, taxas e multas, já do Distrito Federal, quinze por corrente, acrescido de juros
instituídos ou que vierem a ser cento do produto da arrecada-
criados até a referida data, seus ção dos impostos a que se refere
adicionais e respectivos acrés- o art. 156 e dos recursos de que
cimos legais, e outras receitas tratam os arts. 158 e 159, inciso 22
NE: leia-se “da Emenda Consti-
correntes. (EC no 93/2016) I, alínea b e § 3o. tucional no 30, de 2000”.

106
legais, em prestações anuais, Consultivo e de Acompanha- Art. 81. É instituído Fundo
iguais e sucessivas, no prazo mento que conte com a par- constituído pelos recursos re-
máximo de dez anos, permiti- ticipação de representantes cebidos pela União em decor-
da a cessão dos créditos. (EC da sociedade civil, nos termos rência da desestatização de
no 30/2000) da lei. sociedades de economia mista
§ 1o É permitida a decomposi- ou empresas públicas por ela
Art. 80. Compõem o Fundo
ção de parcelas, a critério do controladas, direta ou indire-
de Combate e Erradicação da
credor. tamente, quando a operação
Pobreza: (EC no 31/2000)
envolver a alienação do respec-
§ 2o As prestações anuais a que I – a parcela do produto da tivo controle acionário a pessoa
se refere o caput deste artigo arrecadação correspondente ou entidade não integrante da
terão, se não liquidadas até o a um adicional de oito centé- Administração Pública, ou de
final do exercício a que se refe- simos por cento, aplicável de participação societária rema-
rem, poder liberatório do paga- 18 de junho de 2000 a 17 de nescente após a alienação, cujos
mento de tributos da entidade junho de 2002, na alíquota da rendimentos, gerados a partir
devedora. contribuição social de que trata de 18 de junho de 2002, rever-
§ 3o O prazo referido no caput o art. 75 do Ato das Disposições terão ao Fundo de Combate e
deste artigo fica reduzido para Constitucionais Transitórias; Erradicação da Pobreza. (EC
dois anos, nos casos de preca- II – a parcela do produto da no 31/2000)
tórios judiciais originários de arrecadação correspondente § 1o Caso o montante anual
desapropriação de imóvel re- a um adicional de cinco pon- previsto nos rendimentos trans-
sidencial do credor, desde que tos percentuais na alíquota feridos ao Fundo de Combate
comprovadamente único à épo- do Imposto sobre Produtos e Erradicação da Pobreza, na
ca da imissão na posse. Industrializados – IPI, ou do forma deste artigo, não alcan-
§ 4o O Presidente do Tribunal imposto que vier a substituí-lo, ce o valor de quatro bilhões de
competente deverá, vencido o incidente sobre produtos supér- reais, far-se-á complementação
prazo ou em caso de omissão fluos e aplicável até a extinção na forma do art. 80, inciso IV,
no orçamento, ou preterição ao do Fundo; do Ato das Disposições Cons-
direito de precedência, a reque- III – o produto da arrecada- titucionais Transitórias.
rimento do credor, requisitar ou ção do imposto de que trata o
determinar o sequestro de re- § 2o Sem prejuízo do disposto
art. 153, inciso VII, da Consti- no § 1o, o Poder Executivo po-
cursos financeiros da entidade tuição;
executada, suficientes à satisfa- derá destinar ao Fundo a que se
ção da prestação. IV– dotações orçamentárias; refere este artigo outras recei-
V – doações, de qualquer na- tas decorrentes da alienação de
Art. 79. É instituído, para tureza, de pessoas físicas ou bens da União.
vigorar até o ano de 201023, no jurídicas do País ou do exterior; § 3o A constituição do Fundo a
âmbito do Poder Executivo Fe- que se refere o caput, a trans-
deral, o Fundo de Combate e VI – outras receitas, a serem de-
finidas na regulamentação do ferência de recursos ao Fundo
Erradicação da Pobreza, a ser de Combate e Erradicação da
regulado por lei complementar referido Fundo.
Pobreza e as demais disposi-
com o objetivo de viabilizar a § 1o Aos recursos integrantes ções referentes ao § 1o deste
todos os brasileiros acesso a do Fundo de que trata este ar- artigo serão disciplinadas em
níveis dignos de subsistência, tigo não se aplica o disposto lei, não se aplicando o disposto
cujos recursos serão aplicados nos arts. 159 e 167, inciso IV, no art. 165, § 9o, inciso II, da
em ações suplementares de da Constituição, assim como Constituição.
nutrição, habitação, educa- qualquer desvinculação de re-
ção, saúde, reforço de renda cursos orçamentários. Art. 82. Os Estados, o Dis-
familiar e outros programas de § 2o A arrecadação decorrente trito Federal e os Municípios
relevante interesse social volta- do disposto no inciso I deste ar- devem instituir Fundos de Com-
dos para melhoria da qualidade tigo, no período compreendido bate à Pobreza, com os recur-
de vida. (EC no 31/2000 e EC entre 18 de junho de 2000 e o sos de que trata este artigo e
no 67/2010) início da vigência da lei comple- outros que vierem a destinar,
mentar a que se refere o art. 79, devendo os referidos Fundos
Parágrafo único. O Fundo previs- ser geridos por entidades que
to neste artigo terá Conselho será integralmente repassada ao
Fundo, preservado o seu valor contem com a participação da
real, em títulos públicos fede- sociedade civil. (EC no 31/2000
rais, progressivamente resgatá- e EC no 42/2003)
NE: prazo prorrogado, confor-
23 veis após 18 de junho de 2002, § 1o Para o financiamento dos
me a EC no 67/2010. na forma da lei. Fundos Estaduais e Distrital,

107
poderá ser criado adicional de § 3o A alíquota da contribuição referidos no inciso II deste ar-
até dois pontos percentuais na de que trata este artigo será de: tigo.
alíquota do Imposto sobre Cir- I – trinta e oito centésimos por § 1o O Poder Executivo discipli-
culação de Mercadorias e Servi- cento, nos exercícios financeiros nará o disposto neste artigo no
ços – ICMS, sobre os produtos de 2002 e 2003; prazo de trinta dias da data de
e serviços supérfluos e nas con- II – (Revogado). publicação desta Emenda Cons-
dições definidas na lei comple- titucional24.
mentar de que trata o art. 155, Art. 85. A contribuição a
que se refere o art. 84 deste Ato § 2o O disposto no inciso I deste
§ 2o, XII, da Constituição, não
das Disposições Constitucionais artigo aplica-se somente às ope-
se aplicando, sobre este percen-
Transitórias não incidirá, a par- rações relacionadas em ato do
tual, o disposto no art. 158, IV,
tir do trigésimo dia da data de Poder Executivo, dentre aquelas
da Constituição.
publicação desta Emenda Cons- que constituam o objeto social
§ 2o Para o financiamento dos das referidas entidades.
titucional, nos lançamentos:
Fundos Municipais, poderá ser
(EC no 37/2002) § 3 o O disposto no inciso II
criado adicional de até meio
I – em contas correntes de de- deste artigo aplica-se somente
ponto percentual na alíquota do
pósito especialmente abertas e a operações e contratos efetu-
Imposto sobre Serviços ou do
exclusivamente utilizadas para ados por intermédio de insti-
imposto que vier a substituí-lo,
operações de: tuições financeiras, sociedades
sobre serviços supérfluos.
a) câmaras e prestadoras corretoras de títulos e valores
Art. 83. Lei federal definirá de serviços de compen- mobiliários, sociedades distri-
os produtos e serviços supérflu- sação e de liquidação de buidoras de títulos e valores
os a que se referem os arts. 80, que trata o parágrafo mobiliários e sociedades cor-
II, e 82, § 2o. (EC no 31/2000 e único do art. 2o da Lei retoras de mercadorias.
EC no 42/2003) no 10.214, de 27 de mar- Art. 86. Serão pagos con-
Art. 84. A contribuição pro- ço de 2001; forme disposto no art. 100 da
visória sobre movimentação b) companhias securitiza- Constituição Federal, não se
ou transmissão de valores e de doras de que trata a Lei lhes aplicando a regra de parce-
créditos e direitos de natureza no 9.514, de 20 de no- lamento estabelecida no caput
f inanceira, prevista nos arts. vembro de 1997; do art. 78 deste Ato das Dis-
74, 75 e 80, I, deste Ato das c) sociedades anônimas posições Constitucionais Tran-
Disposições Constitucionais que tenham por objeto sitórias, os débitos da Fazenda
Transitórias, será cobrada até exclusivo a aquisição Federal, Estadual, Distrital ou
31 de dezembro de 2004. (EC de créditos oriundos Municipal oriundos de senten-
no 37/2002 e EC no 42/2003) de operações praticadas ças transitadas em julgado, que
§ 1o Fica prorrogada, até a data no mercado financeiro; preencham, cumulativamente,
referida no caput deste artigo, II – em contas correntes de de- as seguintes condições: (EC
a vigência da Lei no 9.311, de pósito, relativos a: no 37/2002)
24 de outubro de 1996, e suas a) operações de compra I – ter sido objeto de emissão de
alterações. e venda de ações, rea- precatórios judiciários;
§ 2o Do produto da arrecadação lizadas em recintos ou II – ter sido definidos como de
da contribuição social de que sistemas de negociação pequeno valor pela lei de que
trata este artigo será destina- de bolsas de valores e trata o § 3 o do art. 100 da
da a parcela correspondente à no mercado de balcão Constituição Federal ou pelo
alíquota de: organizado; art. 87 deste Ato das Disposi-
I – vinte centésimos por cento b) contratos referenciados ções Constitucionais Transitó-
ao Fundo Nacional de Saúde, em ações ou índices de rias;
ações, em suas diversas III – estar, total ou parcialmen-
para financiamento das ações
modalidades, negocia- te, pendentes de pagamento na
e serviços de saúde;
dos em bolsas de valo- data da publicação desta Emen-
II – dez centésimos por cento ao res, de mercadorias e de
custeio da previdência social; da Constitucional25.
futuros;
III – oito centésimos por cento III– em contas de investidores
ao Fundo de Combate e Erradi- estrangeiros, relativos a entra-
cação da Pobreza, de que tra- das no País e a remessas para 24
NE: leia-se “da Emenda
tam os arts. 80 e 81 deste Ato o exterior de recursos financei- Constitucional no 37, de 2002”
das Disposições Constitucionais ros empregados, exclusivamen- 25
NE: leia-se “da Emenda
Transitórias. te, em operações e contratos Constitucional no 37, de 2002”.

108
§ 1o Os débitos a que se refe- Federal, o imposto a que se Art. 90. O prazo previsto
re o caput deste artigo, ou os refere o inciso III do caput do no caput do art. 84 deste Ato
respectivos saldos, serão pa- mesmo artigo: (EC no 37/2002) das Disposições Constitucionais
gos na ordem cronológica de I – terá alíquota mínima de dois Transitórias fica prorrogado até
apresentação dos respectivos por cento, exceto para os ser- 31 de dezembro de 2007. (EC
precatórios, com precedência viços a que se referem os itens no 42/2003)
sobre os de maior valor. 32, 33 e 34 da Lista de Serviços § 1o Fica prorrogada, até a data
§ 2o Os débitos a que se refere anexa ao Decreto-Lei no 406, de referida no caput deste artigo,
o caput deste artigo, se ainda 31 de dezembro de 1968; a vigência da Lei no 9.311, de
não tiverem sido objeto de pa- II – não será objeto de conces- 24 de outubro de 1996, e suas
gamento parcial, nos termos são de isenções, incentivos e alterações.
do art. 78 deste Ato das Dis- benefícios fiscais, que resulte, § 2o Até a data referida no caput
posições Constitucionais Tran- direta ou indiretamente, na deste artigo, a alíquota da con-
sitórias, poderão ser pagos em redução da alíquota mínima tribuição de que trata o art. 84
duas parcelas anuais, se assim estabelecida no inciso I. deste Ato das Disposições
dispuser a lei. Constitucionais Transitórias
§ 3o Observada a ordem crono- Art. 89. Os integrantes da será de trinta e oito centésimos
lógica de sua apresentação, os carreira policial militar e os por cento.
débitos de natureza alimentícia servidores municipais do ex-
-Território Federal de Rondô- Art. 91. A União entregará
previstos neste artigo terão pre-
nia que, comprovadamente, se aos Estados e ao Distrito Fede-
cedência para pagamento sobre
encontravam no exercício regu- ral o montante definido em lei
todos os demais.
lar de suas funções prestando complementar, de acordo com
Art. 87. Para efeito do que serviço àquele ex-Território na critérios, prazos e condições
dispõem o § 3o do art. 100 da data em que foi transformado nela determinados, podendo
Constituição Federal e o art. 78 em Estado, bem como os ser- considerar as exportações para
deste Ato das Disposições vidores e os policiais militares o exterior de produtos primá-
Constitucionais Transitórias alcançados pelo disposto no rios e semielaborados, a relação
serão considerados de pequeno art. 36 da Lei Complementar entre as exportações e as im-
valor, até que se dê a publicação no 41, de 22 de dezembro de portações, os créditos decor-
oficial das respectivas leis defini- 1981, e aqueles admitidos re- rentes de aquisições destinadas
doras pelos entes da Federação, gularmente nos quadros do Es- ao ativo permanente e a efetiva
observado o disposto no § 4 o tado de Rondônia até a data de manutenção e aproveitamento
do art. 100 da Constituição Fe- posse do primeiro Governador do crédito do imposto a que se
deral, os débitos ou obrigações eleito, em 15 de março de 1987, refere o art. 155, § 2o, X, a. (EC
consignados em precatório ju- constituirão, mediante opção, no 42/2003)
diciário, que tenham valor igual quadro em extinção da admi- § 1o Do montante de recursos
ou inferior a: (EC no 37/2002) nistração federal, assegurados que cabe a cada Estado, setenta
I– quarenta salários mínimos, os direitos e as vantagens a eles e cinco por cento pertencem ao
perante a Fazenda dos Estados inerentes, vedado o pagamento, próprio Estado, e vinte e cinco
e do Distrito Federal; a qualquer título, de diferenças por cento, aos seus Municípios,
remuneratórias. (EC no 38/2002 distribuídos segundo os crité-
II – trinta salários mínimos, pe-
e EC no 60/2009) rios a que se refere o art. 158,
rante a Fazenda dos Municípios.
§ 1o Os membros da Polícia parágrafo único, da Constitui-
Parágrafo único. Se o valor da exe- Militar continuarão prestando ção.
cução ultrapassar o estabeleci- serviços ao Estado de Rondô- § 2o A entrega de recursos pre-
do neste artigo, o pagamento nia, na condição de cedidos, vista neste artigo perdurará,
far-se-á, sempre, por meio de submetidos às corporações da conforme definido em lei com-
precatório, sendo facultada à Polícia Militar, observadas as plementar, até que o imposto a
parte exequente a renúncia ao atribuições de função compa- que se refere o art. 155, II, tenha
crédito do valor excedente, para tíveis com o grau hierárquico. o produto de sua arrecadação
que possa optar pelo pagamen- destinado predominantemen-
§ 2o Os servidores a que se refe-
to do saldo sem o precatório, te, em proporção não inferior
re o caput continuarão prestan-
da forma prevista no § 3o do a oitenta por cento, ao Estado
do serviços ao Estado de Ron-
art. 100. onde ocorrer o consumo das
dônia na condição de cedidos,
Art. 88. Enquanto lei com- até seu aproveitamento em ór- mercadorias, bens ou serviços.
plementar não disciplinar o gão ou entidade da administra- § 3o Enquanto não for editada
disposto nos incisos I e III do ção federal direta, autárquica a lei complementar de que tra-
§ 3o do art. 156 da Constituição ou fundacional. ta o caput, em substituição ao

109
sistema de entrega de recursos se vierem a residir na Repúbli- acrescido do índice oficial de re-
nele previsto, permanecerá vi- ca Federativa do Brasil. (EC muneração básica da caderneta
gente o sistema de entrega de no 54/2007) de poupança e de juros simples
recursos previsto no art. 31 e no mesmo percentual de juros
Art. 96. Ficam convalidados
Anexo da Lei Complementar incidentes sobre a caderneta de
os atos de criação, fusão, incor-
n o 87, de 13 de setembro de poupança para fins de compen-
poração e desmembramento de
1996, com a redação dada pela sação da mora, excluída a inci-
Municípios, cuja lei tenha sido
Lei Complementar no 115, de 26 dência de juros compensatórios,
publicada até 31 de dezembro
de dezembro de 2002. diminuído das amortizações e
de 2006, atendidos os requisitos
§ 4 o Os Estados e o Distrito dividido pelo número de anos
estabelecidos na legislação do
Federal deverão apresentar à restantes no regime especial de
respectivo Estado à época de
União, nos termos das instru- pagamento.
sua criação. (EC no 57/2008)
ções baixadas pelo Ministério § 2o Para saldar os precatórios,
da Fazenda, as informações re- Art. 97. Até que seja editada vencidos e a vencer, pelo regime
lativas ao imposto de que trata a lei complementar de que trata especial, os Estados, o Distrito
o art. 155, II, declaradas pelos o § 15 do art. 100 da Consti- Federal e os Municípios devedo-
contribuintes que realizarem tuição Federal, os Estados, o res depositarão mensalmente,
operações ou prestações com Distrito Federal e os Municípios em conta especial criada para
destino ao exterior. que, na data de publicação des- tal fim, 1/12 (um doze avos) do
ta Emenda Constitucional27, es- valor calculado percentualmen-
Art. 92. São acrescidos dez tejam em mora na quitação de te sobre as respectivas receitas
anos ao prazo fixado no art. 40 precatórios vencidos, relativos correntes líquidas, apuradas no
deste Ato das Disposições às suas administrações direta e segundo mês anterior ao mês de
Constitucionais Transitórias. indireta, inclusive os emitidos pagamento, sendo que esse per-
(EC no 42/2003) durante o período de vigência centual, calculado no momento
Art. 92-A. São acrescidos do regime especial instituído de opção pelo regime e mantido
50 (cinquenta) anos ao prazo por este artigo, farão esses fixo até o final do prazo a que se
fixado pelo art. 92 deste Ato pagamentos de acordo com as refere o § 14 deste artigo, será:
das Disposições Constitucionais normas a seguir estabelecidas, I – para os Estados e para o Dis-
Transitórias. (EC no 83/2014) sendo inaplicável o disposto trito Federal:
no art. 100 desta Constituição
Art. 93. A vigência do dis- Federal, exceto em seus §§ 2o, a) de, no mínimo, 1,5%
posto no art. 159, III, e § 4o, ini- 3o, 9o, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem (um inteiro e cinco dé-
ciará somente após a edição da prejuízo dos acordos de juízos cimos por cento), para
lei de que trata o referido inciso conciliatórios já formalizados os Estados das regiões
III. (EC no 42/2003) na data de promulgação desta Norte, Nordeste e Cen-
Emenda Constitucional. (EC tro-Oeste, além do Dis-
Art. 94. Os regimes especiais trito Federal, ou cujo
de tributação para microem- no 62/2009)
estoque de precatórios
presas e empresas de pequeno § 1o Os Estados, o Distrito Fe- pendentes das suas ad-
porte próprios da União, dos deral e os Municípios sujeitos ministrações direta e
Estados, do Distrito Federal e ao regime especial de que trata indireta corresponder a
dos Municípios cessarão a par- este artigo optarão, por meio de até 35% (trinta e cinco
tir da entrada em vigor do regi- ato do Poder Executivo: por cento) do total da
me previsto no art. 146, III, d, da I – pelo depósito em conta espe- receita corrente líquida;
Constituição. (EC no 42/2003) cial do valor referido pelo § 2o
b) de, no mínimo, 2% (dois
Art. 95. Os nascidos no es- deste artigo; ou
por cento), para os Es-
trangeiro entre 7 de junho de II – pela adoção do regime es- tados das regiões Sul e
1994 e a data da promulgação pecial pelo prazo de até 15 Sudeste, cujo estoque
desta Emenda Constitucional26, (quinze) anos, caso em que o de precatórios penden-
filhos de pai brasileiro ou mãe percentual a ser depositado na tes das suas adminis-
brasileira, poderão ser registra- conta especial a que se refere trações direta e indireta
dos em repartição diplomática o § 2o deste artigo correspon- corresponder a mais de
ou consular brasileira compe- derá, anualmente, ao saldo 35% (trinta e cinco por
tente ou em ofício de registro, total dos precatórios devidos, cento) da receita cor-
rente líquida;
II – para Municípios:
26
NE: leia-se “da Emenda Consti- 27
NE: leia-se “da Emenda Cons- a) de, no mínimo, 1%
tucional no 54, de 2007”. titucional no 62, de 2009”. (um por cento), para

110
Municípios das regiões não poderão retornar para Es- impugnação de qualquer natu-
Norte, Nordeste e Cen- tados, Distrito Federal e Muni- reza, permitida por iniciativa do
tro-Oeste, ou cujo es- cípios devedores. Poder Executivo a compensação
toque de precatórios § 6o Pelo menos 50% (cinquenta com débitos líquidos e certos,
pendentes das suas por cento) dos recursos de que inscritos ou não em dívida ativa
administrações direta e tratam os §§ 1o e 2o deste arti- e constituídos contra devedor
indireta corresponder a go serão utilizados para paga- originário pela Fazenda Pública
até 35% (trinta e cinco mento de precatórios em ordem devedora até a data da expe-
por cento) da receita cronológica de apresentação, dição do precatório, ressalva-
corrente líquida; respeitadas as preferências de- dos aqueles cuja exigibilidade
b) de, no mínimo, 1,5% finidas no § 1o, para os requisi- esteja suspensa nos termos da
(um inteiro e cinco dé- tórios do mesmo ano e no § 2o legislação, ou que já tenham
cimos por cento), para do art. 100, para requisitórios sido objeto de abatimento nos
Municípios das regiões de todos os anos. termos do § 9o do art. 100 da
Sul e Sudeste, cujo es- § 7o Nos casos em que não se Constituição Federal;
toque de precatórios possa estabelecer a precedên- III – ocorrerão por meio de ofer-
pendentes das suas cia cronológica entre 2 (dois) ta pública a todos os credores
administrações direta precatórios, pagar-se-á primei- habilitados pelo respectivo ente
e indireta corresponder ramente o precatório de menor federativo devedor;
a mais de 35 % (trinta valor.
e cinco por cento) da IV – considerarão automati-
receita corrente líquida. § 8o A aplicação dos recursos camente habilitado o credor
restantes dependerá de opção a que satisfaça o que consta no
§ 3 Entende-se como receita
o
ser exercida por Estados, Distri- inciso II;
corrente líquida, para os fins de to Federal e Municípios devedo-
que trata este artigo, o soma- V– serão realizados tantas vezes
res, por ato do Poder Executivo, quanto necessário em função
tório das receitas tributárias, obedecendo à seguinte forma,
patrimoniais, industriais, agro- do valor disponível;
que poderá ser aplicada isola-
pecuárias, de contribuições e de damente ou simultaneamente: VI – a competição por parcela
serviços, transferências corren- do valor total ocorrerá a critério
tes e outras receitas correntes, I – destinados ao pagamento
do credor, com deságio sobre o
incluindo as oriundas do § 1o do dos precatórios por meio do
valor desta;
art. 20 da Constituição Federal, leilão;
VII – ocorrerão na modalidade
verificado no período compre- II – destinados a pagamento a
vista de precatórios não quita- deságio, associado ao maior
endido pelo mês de referência e
dos na forma do § 6o e do inciso volume ofertado cumulado ou
os 11 (onze) meses anteriores,
I, em ordem única e crescente de não com o maior percentual de
excluídas as duplicidades, e de-
duzidas: valor por precatório; deságio, pelo maior percentual
de deságio, podendo ser fixado
I – nos Estados, as parcelas III – destinados a pagamento valor máximo por credor, ou por
entregues aos Municípios por por acordo direto com os credo- outro critério a ser definido em
determinação constitucional; res, na forma estabelecida por edital;
II – nos Estados, no Distrito Fe- lei própria da entidade devedo-
ra, que poderá prever criação VIII – o mecanismo de formação
deral e nos Municípios, a con- de preço constará nos editais
tribuição dos servidores para e forma de funcionamento de
câmara de conciliação. publicados para cada leilão;
custeio do seu sistema de pre-
vidência e assistência social e as § 9o Os leilões de que trata o IX – a quitação parcial dos
receitas provenientes da com- inciso I do § 8o deste artigo: precatórios será homologada
pensação financeira referida no pelo respectivo Tribunal que o
I – serão realizados por meio de
§ 9o do art. 201 da Constituição expediu.
sistema eletrônico administrado
Federal. por entidade autorizada pela § 10. No caso de não liberação
§ 4o As contas especiais de que Comissão de Valores Mobiliá- tempestiva dos recursos de que
tratam os §§ 1o e 2o serão ad- rios ou pelo Banco Central do tratam o inciso II do § 1o e os
ministradas pelo Tribunal de Brasil; §§ 2o e 6o deste artigo:
Justiça local, para pagamento II – admitirão a habilitação de I – haverá o sequestro de quan-
de precatórios expedidos pelos precatórios, ou parcela de cada tia nas contas de Estados, Dis-
tribunais. precatório indicada pelo seu trito Federal e Municípios deve-
§ 5o Os recursos depositados detentor, em relação aos quais dores, por ordem do Presidente
nas contas especiais de que tra- não esteja pendente, no âmbito do Tribunal referido no § 4o, até
tam os §§ 1o e 2o deste artigo do Poder Judiciário, recurso ou o limite do valor não liberado;

111
II – constituir-se-á, alternativa- Constitucional28, será consi- ça, e, para fins de compensação
mente, por ordem do Presidente derado, para os fins referidos, da mora, incidirão juros simples
do Tribunal requerido, em favor em relação a Estados, Distrito no mesmo percentual de juros
dos credores de precatórios, Federal e Municípios devedores, incidentes sobre a caderneta de
contra Estados, Distrito Federal omissos na regulamentação, o poupança, ficando excluída a
e Municípios devedores, direito valor de: incidência de juros compensa-
líquido e certo, autoaplicável e I – 40 (quarenta) salários mí- tórios.
independentemente de regu- nimos para Estados e para o § 17. O valor que exceder o limi-
lamentação, à compensação Distrito Federal; te previsto no § 2o do art. 100
automática com débitos líqui- II – 30 (trinta) salários mínimos da Constituição Federal será
dos lançados por esta contra para Municípios. pago, durante a vigência do re-
aqueles, e, havendo saldo em gime especial, na forma prevista
§ 13. Enquanto Estados, Dis- nos §§ 6o e 7o ou nos incisos I, II
favor do credor, o valor terá au- trito Federal e Municípios de- e III do § 8o deste artigo, deven-
tomaticamente poder liberató- vedores estiverem realizando do os valores dispendidos para
rio do pagamento de tributos pagamentos de precatórios pelo o atendimento do disposto no
de Estados, Distrito Federal e regime especial, não poderão § 2o do art. 100 da Constituição
Municípios devedores, até onde sofrer sequestro de valores, ex- Federal serem computados para
se compensarem; ceto no caso de não liberação efeito do § 6o deste artigo.
III – o chefe do Poder Executivo tempestiva dos recursos de que
§ 18. Durante a vigência do
responderá na forma da legisla- tratam o inciso II do § 1o e o § 2o
regime especial a que se refere
ção de responsabilidade fiscal e deste artigo.
este artigo, gozarão também da
de improbidade administrativa; § 14. O regime especial de pa- preferência a que se refere o § 6o
IV – enquanto perdurar a omis- gamento de precatório previsto os titulares originais de preca-
no inciso I do § 1o vigorará en- tórios que tenham completado
são, a entidade devedora:
quanto o valor dos precatórios 60 (sessenta) anos de idade até
a) não poderá contrair devidos for superior ao valor a data da promulgação desta
empréstimo externo ou dos recursos vinculados, nos Emenda Constitucional30.
interno; termos do § 2o, ambos deste
artigo, ou pelo prazo fixo de Art. 98. O número de de-
b) ficará impedida de re-
até 15 (quinze) anos, no caso fensores públicos na unidade
ceber transferências jurisdicional será proporcional à
voluntárias; da opção prevista no inciso II
do § 1o. efetiva demanda pelo serviço da
V – a União reterá os repasses Defensoria Pública e à respecti-
relativos ao Fundo de Participa- § 15. Os precatórios parcela- va população. (EC no 80/2014)
dos na forma do art. 33 ou do
ção dos Estados e do Distrito § 1o No prazo de 8 (oito) anos,
art. 78 deste Ato das Disposi-
Federal e ao Fundo de Partici- a União, os Estados e o Distri-
ções Constitucionais Transitó-
pação dos Municípios, e os de- to Federal deverão contar com
rias e ainda pendentes de pa-
positará nas contas especiais gamento ingressarão no regime defensores públicos em todas
referidas no § 1o, devendo sua especial com o valor atualizado as unidades jurisdicionais, ob-
utilização obedecer ao que pres- servado o disposto no caput
das parcelas não pagas relativas
creve o § 5o, ambos deste artigo. deste artigo.
a cada precatório, bem como
§ 11. No caso de precatórios o saldo dos acordos judiciais e § 2o Durante o decurso do pra-
relativos a diversos credores, extrajudiciais. zo previsto no § 1o deste artigo,
em litisconsórcio, admite-se o a lotação dos defensores públi-
§ 16. A partir da promulgação
desmembramento do valor, re- cos ocorrerá, prioritariamente,
desta Emenda Constitucional29,
atendendo as regiões com maio-
alizado pelo Tribunal de origem a atualização de valores de re-
res índices de exclusão social e
do precatório, por credor, e, por quisitórios, até o efetivo paga-
adensamento populacional.
este, a habilitação do valor total mento, independentemente de
a que tem direito, não se apli- sua natureza, será feita pelo Art. 99. Para efeito do dis-
cando, neste caso, a regra do índice oficial de remuneração posto no inciso VII do § 2o do
§ 3o do art. 100 da Constituição básica da caderneta de poupan- art. 155, no caso de operações
Federal. e prestações que destinem bens
e serviços a consumidor final
§ 12. Se a lei a que se refere
o § 4 o do art. 100 não estiver 28
NE: leia-se “da Emenda Cons-
publicada em até 180 (cento e titucional no 62, de 2009”.
oitenta) dias, contados da data 29
NE: leia-se “da Emenda Cons- 30
NE: leia-se “da Emenda Cons-
de publicação desta Emenda titucional no 62, de 2009”. titucional no 62, de 2009”.

112
não contribuinte localizado em deste, 1/12 (um doze avos) do nos quais sejam parte os Esta-
outro Estado, o imposto cor- valor calculado percentualmen- dos, o Distrito Federal ou os
respondente à diferença entre te sobre suas receitas correntes Municípios, e as respectivas au-
a alíquota interna e a interes- líquidas apuradas no segundo tarquias, fundações e empresas
tadual será partilhado entre os mês anterior ao mês de paga- estatais dependentes, mediante
Estados de origem e de desti- mento, em percentual suficiente a instituição de fundo garanti-
no, na seguinte proporção: (EC para a quitação de seus débi- dor em montante equivalente
no 87/2015) tos e, ainda que variável, nunca a 1/3 (um terço) dos recursos
I – para o ano de 2015: 20% inferior, em cada exercício, ao levantados, constituído pela
(vinte por cento) para o Estado percentual praticado na data da parcela restante dos depósitos
de destino e 80% (oitenta por entrada em vigor do regime es- judiciais e remunerado pela taxa
pecial a que se refere este artigo, referencial do Sistema Especial
cento) para o Estado de origem;
em conformidade com plano de Liquidação e de Custódia
II – para o ano de 2016: 40% de pagamento a ser anualmen- (Selic) para títulos federais,
(quarenta por cento) para o te apresentado ao Tribunal de nunca inferior aos índices e cri-
Estado de destino e 60% (ses- Justiça local. (EC no 94/2016 e térios aplicados aos depósitos
senta por cento) para o Estado EC no 99/2017) levantados;
de origem;
§ 1o Entende-se como receita II – até 30% (trinta por cento)
III – para o ano de 2017: 60% corrente líquida, para os fins de dos demais depósitos judiciais
(sessenta por cento) para o que trata este artigo, o soma- da localidade sob jurisdição do
Estado de destino e 40% (qua- tório das receitas tributárias, respectivo Tribunal de Justiça,
renta por cento) para o Estado patrimoniais, industriais, agro- mediante a instituição de fundo
de origem; pecuárias, de contribuições e garantidor em montante equi-
IV – para o ano de 2018: 80% de serviços, de transferências valente aos recursos levantados,
(oitenta por cento) para o Esta- correntes e outras receitas cor- constituído pela parcela restan-
do de destino e 20% (vinte por rentes, incluindo as oriundas do te dos depósitos judiciais e re-
cento) para o Estado de origem; § 1o do art. 20 da Constituição munerado pela taxa referencial
Federal, verificado no período do Sistema Especial de Liquida-
V – a partir do ano de 2019:
compreendido pelo segundo ção e de Custódia (Selic) para
100% (cem por cento) para o mês imediatamente anterior
Estado de destino. títulos federais, nunca inferior
ao de referência e os 11 (onze) aos índices e critérios aplicados
Art. 100. Até que entre em meses precedentes, excluídas as aos depósitos levantados, des-
vigor a lei complementar de duplicidades, e deduzidas: tinando-se:
que trata o inciso II do § 1o do I – nos Estados, as parcelas a) no caso do Distrito Fe-
art. 40 da Constituição Federal, entregues aos Municípios por deral, 100% (cem por
os Ministros do Supremo Tribu- determinação constitucional; cento) desses recursos
nal Federal, dos Tribunais Supe- II – nos Estados, no Distrito Fe- ao próprio Distrito Fe-
riores e do Tribunal de Contas deral e nos Municípios, a con- deral;
da União aposentar-se-ão, com- tribuição dos servidores para
pulsoriamente, aos 75 (setenta e b) no caso dos Estados,
custeio de seu sistema de pre- 50 % (cinquenta por
cinco) anos de idade, nas condi- vidência e assistência social e as
ções do art. 52 da Constituição cento) desses recur-
receitas provenientes da com- sos ao próprio Estado
Federal. (EC no 88/2015) pensação financeira referida no e 50% (cinquenta por
Art. 101. Os Estados, o Dis- § 9o do art. 201 da Constituição cento) aos respectivos
trito Federal e os Municípios Federal. Municípios, conforme a
que, em 25 de março de 2015, § 2o O débito de precatórios circunscrição judiciária
se encontravam em mora no será pago com recursos orça- onde estão depositados
pagamento de seus precatórios mentários próprios provenien- os recursos, e, se houver
quitarão, até 31 de dezembro tes das fontes de receita cor- mais de um Município
de 2024, seus débitos vencidos rente líquida referidas no § 1o na mesma circunscrição
e os que vencerão dentro desse deste artigo e, adicionalmente, judiciária, os recursos
período, atualizados pelo Índice poderão ser utilizados recursos serão rateados entre
Nacional de Preços ao Consu- dos seguintes instrumentos: os Municípios concor-
midor Amplo Especial (IPCA-E), I – até 75% (setenta e cinco por rentes, proporcional-
ou por outro índice que venha a cento) dos depósitos judiciais e mente às respectivas
substituí-lo, depositando men- dos depósitos administrativos populações, utilizado
salmente em conta especial do em dinheiro referentes a proces- como referência o últi-
Tribunal de Justiça local, sob sos judiciais ou administrativos, mo levantamento censi-
única e exclusiva administração tributários ou não tributários, tário ou a mais recente

113
estimativa populacional fundações e empresas estatais cronológica de apresentação,
da Fundação Instituto dependentes, linha de crédito respeitadas as preferências dos
Brasileiro de Geografia especial para pagamento dos créditos alimentares, e, nessas,
e Estatística (IBGE); precatórios submetidos ao re- as relativas à idade, ao estado
III – empréstimos, excetuados gime especial de pagamento de de saúde e à deficiência, nos
para esse fim os limites de en- que trata este artigo, observa- termos do § 2o do art. 100 da
dividamento de que tratam os das as seguintes condições: Constituição Federal, sobre to-
incisos VI e VII do caput do I – no financiamento dos saldos dos os demais créditos de todos
art. 52 da Constituição Fede- remanescentes de precatórios a os anos. (EC no 94/2016 e EC
ral e quaisquer outros limites pagar a que se refere este pará- no 99/2017)
de endividamento previstos em grafo serão adotados os índices § 1o A aplicação dos recursos
lei, não se aplicando a esses e critérios de atualização que remanescentes, por opção a ser
empréstimos a vedação de vin- incidem sobre o pagamento de exercida por Estados, Distrito
culação de receita prevista no precatórios, nos termos do § 12 Federal e Municípios, por ato
inciso IV do caput do art. 167 do art. 100 da Constituição Fe- do respectivo Poder Executivo,
da Constituição Federal; deral; observada a ordem de prefe-
IV – a totalidade dos depósitos II – o financiamento dos saldos rência dos credores, poderá ser
em precatórios e requisições remanescentes de precatórios destinada ao pagamento me-
diretas de pagamento de obri- a pagar a que se refere este pa- diante acordos diretos, perante
gações de pequeno valor efetua- rágrafo será feito em parcelas Juízos Auxiliares de Conciliação
dos até 31 de dezembro de 2009 mensais suficientes à satisfação de Precatórios, com redução
e ainda não levantados, com o da dívida assim constituída; máxima de 40% (quarenta por
cancelamento dos respecti- cento) do valor do crédito atu-
III – o valor de cada parcela a alizado, desde que em relação
vos requisitórios e a baixa das
que se refere o inciso II deste pa- ao crédito não penda recurso
obrigações, assegurada a reva-
rágrafo será calculado percen- ou defesa judicial e que sejam
lidação dos requisitórios pelos
tualmente sobre a receita cor- observados os requisitos defini-
juízos dos processos perante
rente líquida, respectivamente, dos na regulamentação editada
os Tribunais, a requerimento
do Estado, do Distrito Federal e pelo ente federado.
dos credores e após a oitiva da
do Município, no segundo mês
entidade devedora, mantidas § 2o Na vigência do regime es-
anterior ao pagamento, em per-
a posição de ordem cronológi- pecial previsto no art. 101 deste
centual equivalente à média do
ca original e a remuneração de Ato das Disposições Constitu-
comprometimento percentual
todo o período. cionais Transitórias, as prefe-
mensal de 2012 até o final do
§ 3o Os recursos adicionais pre- rências relativas à idade, ao
período referido no caput deste
vistos nos incisos I, II e IV do estado de saúde e à deficiência
artigo, considerados para esse
§ 2o deste artigo serão trans- serão atendidas até o valor
fim somente os recursos pró-
feridos diretamente pela insti- equivalente ao quíntuplo fixado
prios de cada ente da Federa- em lei para os fins do disposto
tuição financeira depositária ção aplicados no pagamento de
para a conta especial referida no § 3o do art. 100 da Constitui-
precatórios; ção Federal, admitido o fracio-
no caput deste artigo, sob úni-
ca e exclusiva administração IV – nos empréstimos a que se namento para essa finalidade, e
do Tribunal de Justiça local, e refere este parágrafo não se o restante será pago em ordem
essa transferência deverá ser aplicam os limites de endivida- cronológica de apresentação do
realizada em até sessenta dias mento de que tratam os incisos precatório.
contados a partir da entrada em VI e VII do caput do art. 52 da
Constituição Federal e quais- Art. 103. Enquanto os Es-
vigor deste parágrafo, sob pena tados, o Distrito Federal e os
de responsabilização pessoal do quer outros limites de endivida-
mento previstos em lei. Municípios estiverem efetuan-
dirigente da instituição financei- do o pagamento da parcela
ra por improbidade. Art. 102. Enquanto viger o mensal devida como previsto
§ 4o No prazo de até seis meses regime especial previsto nesta no caput do art. 101 deste Ato
contados da entrada em vigor Emenda Constitucional, pelo das Disposições Constitucionais
do regime especial a que se re- menos 50 % (cinquenta por Transitórias, nem eles, nem as
fere este artigo, a União, direta- cento) dos recursos que, nos respectivas autarquias, funda-
mente, ou por intermédio das termos do art. 101 deste Ato ções e empresas estatais depen-
instituições financeiras oficiais das Disposições Constitucionais dentes poderão sofrer sequestro
sob seu controle, disponibili- Transitórias, forem destinados de valores, exceto no caso de
zará aos Estados, ao Distrito ao pagamento dos precatórios não liberação tempestiva dos
Federal e aos Municípios, bem em mora serão utilizados no recursos. (EC no 94/2016 e EC
como às respectivas autarquias, pagamento segundo a ordem no 99/2017)

114
Parágrafo único. Na vigência Parágrafo único. Enquanto perdu- individualizados para as despe-
do regime especial previs- rar a omissão, o ente federado sas primárias: (EC no 95/2016)
to no art. 101 deste Ato das não poderá contrair emprésti- I – do Poder Executivo;
Disposições Constitucionais mo externo ou interno, exceto
II – do Supremo Tribunal Fe-
Transitórias, ficam vedadas de- para os fins previstos no § 2o do
deral, do Superior Tribunal de
sapropriações pelos Estados, art. 101 deste Ato das Disposi-
Justiça, do Conselho Nacional
pelo Distrito Federal e pelos ções Constitucionais Transitó-
de Justiça, da Justiça do Traba-
Municípios, cujos estoques de rias, e ficará impedido de receber
lho, da Justiça Federal, da Jus-
precatórios ainda pendentes de transferências voluntárias.
tiça Militar da União, da Justiça
pagamento, incluídos os preca- Art. 105. Enquanto viger o Eleitoral e da Justiça do Distrito
tórios a pagar de suas entida- regime de pagamento de preca- Federal e Territórios, no âmbito
des da administração indireta, tórios previsto no art. 101 deste do Poder Judiciário;
sejam superiores a 70% (seten- Ato das Disposições Constitu-
ta por cento) das respectivas III – do Senado Federal, da Câ-
cionais Transitórias, é faculta- mara dos Deputados e do Tri-
receitas correntes líquidas, ex- da aos credores de precatórios, bunal de Contas da União, no
cetuadas as desapropriações próprios ou de terceiros, a âmbito do Poder Legislativo;
para fins de necessidade pública compensação com débitos de
nas áreas de saúde, educação, IV – do Ministério Público da
natureza tributária ou de outra
segurança pública, transporte União e do Conselho Nacional
natureza que até 25 de março
público, saneamento básico e do Ministério Público; e
de 2015 tenham sido inscritos
habitação de interesse social. na dívida ativa dos Estados, do V – da Defensoria Pública da
Distrito Federal ou dos Municí- União.
Art. 104. Se os recursos refe-
ridos no art. 101 deste Ato das pios, observados os requisitos § 1o Cada um dos limites a que
Disposições Constitucionais definidos em lei própria do ente se refere o caput deste artigo
Transitórias para o pagamento federado. (EC no 94/2016 e EC equivalerá:
de precatórios não forem tem- no 99/2017) I– para o exercício de 2017,
pestivamente liberados, no todo § 1o Não se aplica às compen- à despesa primária paga no
ou em parte: (EC no 94/2016) sações referidas no caput deste exercício de 2016, incluídos os
I – o Presidente do Tribunal de artigo qualquer tipo de vincu- restos a pagar pagos e demais
lação, como as transferências operações que afetam o resulta-
Justiça local determinará o se-
a outros entes e as destinadas do primário, corrigida em 7,2%
questro, até o limite do valor
à educação, à saúde e a outras (sete inteiros e dois décimos por
não liberado, das contas do
finalidades. cento); e
ente federado inadimplente;
§ 2o Os Estados, o Distrito Fe- II – para os exercícios posterio-
II – o chefe do Poder Executivo
deral e os Municípios regula- res, ao valor do limite referente
do ente federado inadimplente ao exercício imediatamente an-
mentarão nas respectivas leis
responderá, na forma da legisla- terior, corrigido pela variação
o disposto no caput deste artigo
ção de responsabilidade fiscal e do Índice Nacional de Preços ao
em até cento e vinte dias a partir
de improbidade administrativa; Consumidor Amplo – IPCA, pu-
de 1o de janeiro de 2018.
III – a União reterá os recursos § 3o Decorrido o prazo estabe- blicado pelo Instituto Brasileiro
referentes aos repasses ao Fun- lecido no § 2o deste artigo sem de Geografia e Estatística, ou
do de Participação dos Estados a regulamentação nele prevista, de outro índice que vier a subs-
e do Distrito Federal e ao Fundo ficam os credores de precató- tituí-lo, para o período de doze
de Participação dos Municípios rios autorizados a exercer a fa- meses encerrado em junho do
e os depositará na conta espe- culdade a que se refere o caput exercício anterior a que se refere
cial referida no art. 101 deste deste artigo. a lei orçamentária.
Ato das Disposições Constitu- § 2o Os limites estabelecidos na
cionais Transitórias, para utili- Art. 106. Fica instituído o forma do inciso IV do caput do
zação como nele previsto; Novo Regime Fiscal no âmbi- art. 51, do inciso XIII do caput
IV – os Estados reterão os re- to dos Orçamentos Fiscal e da do art. 52, do § 1o do art. 99,
Seguridade Social da União, do § 3o do art. 127 e do § 3o do
passes previstos no parágrafo
que vigorará por vinte exercí- art. 134 da Constituição Federal
único do art. 158 da Constitui-
cios financeiros, nos termos dos não poderão ser superiores aos
ção Federal e os depositarão
arts. 107 a 114 deste Ato das estabelecidos nos termos deste
na conta especial referida no
Disposições Constitucionais artigo.
art. 101 deste Ato das Disposi-
Transitórias. (EC no 95/2016)
ções Constitucionais Transitó- § 3o A mensagem que encami-
rias, para utilização como nele Art. 107. Ficam estabeleci- nhar o projeto de lei orçamen-
previsto. dos, para cada exercício, limites tária demonstrará os valores

115
máximos de programação com- tratam os incisos II a V do caput das Disposições Constitucionais
patíveis com os limites individu- deste artigo. Transitórias que o descumpriu,
alizados calculados na forma do § 8 o A compensação de que sem prejuízo de outras medi-
§ 1o deste artigo, observados os trata o § 7o deste artigo não das, as seguintes vedações: (EC
§§ 7o a 9o deste artigo. excederá a 0,25% (vinte e cinco no 95/2016)
§ 4o As despesas primárias au- centésimos por cento) do limite I – concessão, a qualquer título,
torizadas na lei orçamentária do Poder Executivo. de vantagem, aumento, reajuste
anual sujeitas aos limites de que § 9o Respeitado o somatório em ou adequação de remuneração
trata este artigo não poderão cada um dos incisos de II a IV de membros de Poder ou de ór-
exceder os valores máximos de- do caput deste artigo, a lei de gão, de servidores e emprega-
monstrados nos termos do § 3o diretrizes orçamentárias pode- dos públicos e militares, exceto
deste artigo. rá dispor sobre a compensação dos derivados de sentença judi-
§ 5 o É vedada a abertura de entre os limites individualizados cial transitada em julgado ou de
crédito suplementar ou especial dos órgãos elencados em cada determinação legal decorrente
que amplie o montante total au- inciso. de atos anteriores à entrada em
torizado de despesa primária vigor desta Emenda Constitu-
§ 10. Para fins de verificação do
sujeita aos limites de que trata cional;
cumprimento dos limites de que
este artigo. trata este artigo, serão conside- II – criação de cargo, emprego
§ 6o Não se incluem na base de radas as despesas primárias pa- ou função que implique aumen-
cálculo e nos limites estabeleci- gas, incluídos os restos a pagar to de despesa;
dos neste artigo: pagos e demais operações que III – alteração de estrutura de
afetam o resultado primário no carreira que implique aumento
I – transferências constitucio-
exercício. de despesa;
nais estabelecidas no § 1o do
art. 20, no inciso III do pará- § 11. O pagamento de restos a IV – admissão ou contratação
grafo único do art. 146, no pagar inscritos até 31 de dezem- de pessoal, a qualquer título,
§ 5o do art. 153, no art. 157, bro de 2015 poderá ser excluído ressalvadas as reposições de
nos incisos I e II do art. 158, no da verificação do cumprimento cargos de chefia e de direção
art. 159 e no § 6o do art. 212, dos limites de que trata este ar- que não acarretem aumento de
as despesas referentes ao inciso tigo, até o excesso de resulta- despesa e aquelas decorrentes
XIV do caput do art. 21, todos do primário dos Orçamentos de vacâncias de cargos efetivos
da Constituição Federal, e as Fiscal e da Seguridade Social ou vitalícios;
complementações de que tra- do exercício em relação à meta V – realização de concurso pú-
tam os incisos V e VII do caput fixada na lei de diretrizes orça- blico, exceto para as reposições
do art. 60, deste Ato das Dis- mentárias.
de vacâncias previstas no inciso
posições Constitucionais Tran- Art. 108. O Presidente da IV;
sitórias; República poderá propor, a VI – criação ou majoração de
II – créditos extraordinários a partir do décimo exercício da auxílios, vantagens, bônus,
que se refere o § 3o do art. 167 vigência do Novo Regime Fis- abonos, verbas de representa-
da Constituição Federal; cal, projeto de lei complemen- ção ou benefícios de qualquer
III – despesas não recorrentes tar para alteração do método natureza em favor de membros
da Justiça Eleitoral com a reali- de correção dos limites a que de Poder, do Ministério Público
zação de eleições; e se refere o inciso II do § 1o do ou da Defensoria Pública e de
art. 107 deste Ato das Disposi- servidores e empregados públi-
IV – despesas com aumento de ções Constitucionais Transitó- cos e militares;
capital de empresas estatais rias. (EC no 95/2016)
não dependentes. VII – criação de despesa obri-
Parágrafo único. Será admitida gatória; e
§ 7o Nos três primeiros exercí-
apenas uma alteração do mé- VIII – adoção de medida que
cios financeiros da vigência do
todo de correção dos limites implique reajuste de despesa
Novo Regime Fiscal, o Poder
por mandato presidencial. obrigatória acima da variação
Executivo poderá compensar
com redução equivalente na Art. 109. No caso de des- da inflação, observada a pre-
sua despesa primária, conso- cumprimento de limite indivi- servação do poder aquisitivo re-
ante os valores estabelecidos dualizado, aplicam-se, até o ferida no inciso IV do caput do
no projeto de lei orçamentária f inal do exercício de retorno art. 7o da Constituição Federal.
encaminhado pelo Poder Exe- das despesas aos respectivos § 1o As vedações previstas nos
cutivo no respectivo exercício, o limites, ao Poder Executivo ou incisos I, III e VI do caput, quan-
excesso de despesas primárias a órgão elencado nos incisos II a do descumprido qualquer dos
em relação aos limites de que V do caput do art. 107 deste Ato limites individualizados dos

116
órgãos elencados nos incisos último exercício de vigência do Relator-Geral – Adolfo Oliveira,
II, III e IV do caput do art. 107 Novo Regime Fiscal, a aprova- Relator Adjunto – Antônio Carlos
deste Ato das Disposições ção e a execução previstas nos Konder Reis, Relator Adjunto –
Constitucionais Transitórias, §§ 9o e 11 do art. 166 da Cons- José Fogaça, Relator Adjunto –
aplicam-se ao conjunto dos tituição Federal corresponde- Abigail Feitosa – Acival Gomes –
órgãos referidos em cada inciso. rão ao montante de execução Adauto Pereira – Ademir Andrade
§ 2o Adicionalmente ao disposto obrigatória para o exercício de – Adhemar de Barros Filho – Adro-
no caput, no caso de descum- 2017, corrigido na forma esta- aldo Streck – Adylson Motta – Aécio
primento do limite de que trata belecida pelo inciso II do § 1o do de Borba – Aécio Neves – Affonso
o inciso I do caput do art. 107 art. 107 deste Ato das Disposi- Camargo – Afif Domingos – Afonso
deste Ato das Disposições ções Constitucionais Transitó- Arinos – Afonso Sancho – Agassiz
Constitucionais Transitórias, rias. (EC no 95/2016) Almeida – Agripino de Oliveira Lima
ficam vedadas: – Airton Cordeiro – Airton Sandoval
Art. 112. As disposições in- – Alarico Abib – Albano Franco –
I – a criação ou expansão de troduzidas pelo Novo Regime Albérico Cordeiro – Albérico Filho
programas e linhas de financia- Fiscal: (EC no 95/2016) – Alceni Guerra – Alcides Saldanha
mento, bem como a remissão, I – não constituirão obriga- – Aldo Arantes – Alércio Dias – Ale-
renegociação ou refinanciamen- ção de pagamento futuro pela xandre Costa – Alexandre Puzyna
to de dívidas que impliquem
União ou direitos de outrem – Alfredo Campos – Almir Gabriel
ampliação das despesas com
sobre o erário; e – Aloisio Vasconcelos – Aloysio Cha-
subsídios e subvenções; e
II – não revogam, dispensam ou ves – Aloysio Teixeira – Aluizio Be-
II – a concessão ou a ampliação zerra – Aluízio Campos – Álvaro
suspendem o cumprimento de
de incentivo ou benefício de na- Antônio – Álvaro Pacheco – Álvaro
dispositivos constitucionais e
tureza tributária. Valle – Alysson Paulinelli – Amaral
legais que disponham sobre me-
§ 3 o No caso de descumpri- tas fiscais ou limites máximos Netto – Amaury Muller – Amilcar
mento de qualquer dos limites de despesas. Moreira – Ângelo Magalhães –
individualizados de que trata Anna Maria Rattes – Annibal Bar-
o caput do art. 107 deste Ato Art. 113. A proposição legis- cellos – Antero de Barros – Antônio
das Disposições Constitucionais lativa que crie ou altere despesa Câmara – Antônio Carlos Franco
Transitórias, fica vedada a con- obrigatória ou renúncia de re- – Antonio Carlos Mendes Thame
cessão da revisão geral prevista ceita deverá ser acompanhada – Antônio de Jesus – Antonio Fer-
no inciso X do caput do art. 37 da estimativa do seu impacto reira – Antonio Gaspar – Antonio
da Constituição Federal. orçamentário e financeiro. (EC Mariz – Antonio Perosa – Antônio
§ 4o As vedações previstas nes- no 95/2016) Salim Curiati – Antonio Ueno – Ar-
te artigo aplicam-se também a naldo Martins – Arnaldo Moraes
Art. 114. A tramitação de
proposições legislativas. – Arnaldo Prieto – Arnold Fioravan-
proposição elencada no caput
te – Arolde de Oliveira – Artenir
Art. 110. Na vigência do do art. 59 da Constituição Fe-
Werner – Artur da Távola – Asdru-
Novo Regime Fiscal, as aplica- deral, ressalvada a referida no
bal Bentes – Assis Canuto – Átila
ções mínimas em ações e ser- seu inciso V, quando acarretar
Lira – Augusto Carvalho – Áureo
viços públicos de saúde e em aumento de despesa ou renún- Mello – Basílio Villani – Benedicto
manutenção e desenvolvimen- cia de receita, será suspensa por Monteiro – Benito Gama – Beth
to do ensino equivalerão: (EC até vinte dias, a requerimento Azize – Bezerra de Melo – Bocayu-
no 95/2016) de um quinto dos membros da va Cunha – Bonifácio de Andrada
Casa, nos termos regimentais, – Bosco França – Brandão Montei-
I – no exercício de 2017, às apli- para análise de sua compatibili-
cações mínimas calculadas nos ro – Caio Pompeu – Carlos Alberto
dade com o Novo Regime Fiscal. – Carlos Alberto Caó – Carlos Be-
termos do inciso I do § 2o do (EC no 95/2016)
art. 198 e do caput do art. 212, nevides – Carlos Cardinal – Carlos
da Constituição Federal; e Brasília, 5 de outubro de 1988. Chiarelli – Carlos Cotta – Carlos
– Ulysses Guimarães, Presidente De’Carli – Carlos Mosconi – Carlos
II – nos exercícios posteriores,
– Mauro Benevides, 1o Vice-Presi- Sant’Anna – Carlos Vinagre – Car-
aos valores calculados para as
dente – Jorge Arbage, 2o Vice-Pre- los Virgílio – Carrel Benevides –
aplicações mínimas do exercício
sidente – Marcelo Cordeiro, 1o Se- Cássio Cunha Lima – Célio de Cas-
imediatamente anterior, corrigi-
cretár io – Mário Maia, 2 o tro – Celso Dourado – César Cals
dos na forma estabelecida pelo
Secretário – Arnaldo Faria de Sá, Neto – César Maia – Chagas Duar-
inciso II do § 1o do art. 107 des-
3o Secretário – Benedita da Silva, te – Chagas Neto – Chagas Rodri-
te Ato das Disposições Consti-
1o Suplente de Secretário – Luiz gues – Chico Humberto – Christó-
tucionais Transitórias.
Soyer, 2o Suplente de Secretário vam Chiaradia – Cid Carvalho – Cid
Art. 111. A partir do exer- – Sotero Cunha, 3o Suplente de Sabóia de Carvalho – Cláudio Ávila
cício financeiro de 2018, até o Secretário – Bernardo Cabral, – Cleonâncio Fonseca – Costa

117
Ferreira – Cristina Tavares – Cunha Braun – Homero Santos – Humber- Freire – Luiz Gushiken – Luiz Hen-
Bueno – Dálton Canabrava – Dar- to Lucena – Humberto Souto – Ibe- rique – Luiz Inácio Lula da Silva –
cy Deitos – Darcy Pozza – Daso rê Ferreira – Ibsen Pinheiro – Ino- Luiz Leal – Luiz Marques – Luiz
Coimbra – Davi Alves Silva – Del cêncio Oliveira – Irajá Rodrigues Salomão – Luiz Viana – Luiz Viana
Bosco Amaral – Delfim Netto – Dé- – Iram Saraiva – Irapuan Costa Jú- Neto – Lysâneas Maciel – Maguito
lio Braz – Denisar Arneiro – Dioni- nior – Irma Passoni – Ismael Wan- Vilela – Maluly Neto – Manoel Cas-
sio Dal Prá – Dionísio Hage – Dirce derley – Israel Pinheiro – Itamar tro – Manoel Moreira – Manoel
Tutu Quadros – Dirceu Carneiro – Franco – Ivo Cersósimo – Ivo Lech Ribeiro – Mansueto de Lavor – Ma-
Divaldo Suruagy – Djenal Gonçalves – Ivo Mainardi – Ivo Vanderlinde nuel Viana – Márcia Kubitschek –
– Domingos Juvenil – Domingos – Jacy Scanagatta – Jairo Azi – Jai- Márcio Braga – Márcio Lacerda –
Leonelli – Doreto Campanari – Edé- ro Carneiro – Jalles Fontoura – Jamil Marco Maciel – Marcondes Gadelha
sio Frias – Edison Lobão – Edivaldo Haddad – Jarbas Passarinho – Jay- – Marcos Lima – Marcos Queiroz
Motta – Edme Tavares – Edmilson me Paliarin – Jayme Santana – Je- – Maria de Lourdes Abadia – Maria
Valentim – Eduardo Bonfim – Edu- sualdo Cavalcanti – Jesus Tajra – Lúcia – Mário Assad – Mário Covas
ardo Jorge – Eduardo Moreira – Egí- Joaci Góes – João Agripino – João – Mário de Oliveira – Mário Lima
dio Ferreira Lima – Elias Murad – Alves – João Calmon – João Carlos – Marluce Pinto – Matheus Iensen
Eliel Rodrigues – Eliézer Moreira Bacelar – João Castelo – João Cunha – Mattos Leão – Maurício Campos
– Enoc Vieira – Eraldo Tinoco – – João da Mata – João de Deus An- – Maurício Correa – Maurício Fruet
Eraldo Trindade – Erico Pegoraro tunes – João Herrmann Neto – João – Maurício Nasser – Maurício Pá-
– Ervin Bonkoski – Etevaldo No- Lobo – João Machado Rollemberg dua – Maurílio Ferreira Lima –
gueira – Euclides Scalco – Eunice – João Menezes – João Natal – João Mauro Borges – Mauro Campos –
Michiles – Evaldo Gonçalves – Ex- Paulo – João Rezek – Joaquim Bevi- Mauro Miranda – Mauro Sampaio
pedito Machado – Ézio Ferreira – lácqua – Joaquim Francisco – Joa- – Max Rosenmann – Meira Filho
Fábio Feldmann – Fábio Raunheitti quim Hayckel – Joaquim Sucena – – Melo Freire – Mello Reis – Men-
– Farabulini Júnior – Fausto Fernan- Jofran Frejat – Jonas Pinheiro des Botelho – Mendes Canale –
des – Fausto Rocha – Felipe Mendes – Jonival Lucas – Jorge Bornhausen Mendes Ribeiro – Messias Góis –
– Feres Nader – Fernando Bezerra – Jorge Hage – Jorge Leite – Jorge Messias Soares – Michel Temer
Coelho – Fernando Cunha – Fer- Uequed – Jorge Vianna – José Agri- – Milton Barbosa – Milton Lima
nando Gasparian – Fernando Gomes pino – José Camargo – José Carlos – Milton Reis – Miraldo Gomes –
– Fernando Henrique Cardoso – Coutinho – José Carlos Grecco – José Miro Teixeira – Moema São Thiago
Fernando Lyra – Fernando Santana Carlos Martinez – José Carlos Sabóia – Moysés Pimentel – Mozarildo
– Fernando Velasco – Firmo de Cas- – José Carlos Vasconcelos – José Cavalcanti – Mussa Demes –
tro – Flavio Palmier da Veiga – Flá- Costa – José da Conceição – José Myrian Portella – Nabor Júnior –
vio Rocha – Florestan Fernandes – Dutra – José Egreja – José Elias – Naphtali Alves de Souza – Narciso
Floriceno Paixão – França Teixeira José Fernandes – José Freire – José Mendes – Nelson Aguiar – Nelson
– Francisco Amaral – Francisco Genoíno – José Geraldo – José Gue- Carneiro – Nelson Jobim – Nelson
Benjamim – Francisco Carneiro – des – José Ignácio Ferreira – José Sabrá – Nelson Seixas – Nelson We-
Francisco Coelho – Francisco Dióge- Jorge – José Lins – José Lourenço – dekin – Nelton Friedrich – Nestor
nes – Francisco Dornelles – Francis- José Luiz de Sá – José Luiz Maia – Duarte – Ney Maranhão – Nilso
co Kuster – Francisco Pinto José Maranhão – José Maria Eyma- Sguarezi – Nilson Gibson – Nion
– Francisco Rollemberg – Francisco el – José Maurício – José Melo – José Albernaz – Noel de Carvalho – Ny-
Rossi – Francisco Sales – Furtado Mendonça Bezerra – José Moura – der Barbosa – Octávio Elísio – Oda-
Leite – Gabriel Guerreiro – Gandi José Paulo Bisol – José Queiroz – cir Soares – Olavo Pires – Olívio
Jamil – Gastone Righi – Genebaldo José Richa – José Santana de Vascon- Dutra – Onofre Corrêa – Orlando
Correia – Genésio Bernardino – cellos – José Serra – José Tavares Bezerra – Orlando Pacheco – Oscar
Geovani Borges – Geraldo Alckmin – José Teixeira – José Thomaz Nonô Corrêa – Osmar Leitão – Osmir
Filho – Geraldo Bulhões – Geraldo – José Tinoco – José Ulísses de Oli- Lima – Osmundo Rebouças – Os-
Campos – Geraldo Fleming – Geral- veira – José Viana – José Yunes – valdo Bender – Osvaldo Coelho –
do Melo – Gerson Camata – Gerson Jovanni Masini – Juarez Antunes – Osvaldo Macedo – Osvaldo Sobrinho
Marcondes – Gerson Peres – Gidel Júlio Campos – Júlio Costamilan – Oswaldo Almeida – Oswaldo
Dantas – Gil César – Gilson Ma- – Jutahy Júnior – Jutahy Magalhães Trevisan – Ottomar Pinto – Paes de
chado – Gonzaga Patriota – Gui- – Koyu Iha – Lael Varella – Lavoisier Andrade – Paes Landim – Paulo
lherme Palmeira – Gumercindo Maia – Leite Chaves – Lélio Souza Delgado – Paulo Macarini – Paulo
Milhomem – Gustavo de Faria – – Leopoldo Peres – Leur Lomanto– Marques – Paulo Mincarone – Pau-
Harlan Gadelha – Haroldo Lima Levy Dias– Lézio Sathler – Lídice da lo Paim – Paulo Pimentel – Paulo
– Haroldo Sabóia – Hélio Costa – Mata– Louremberg Nunes Rocha Ramos – Paulo Roberto – Paulo
Hélio Duque – Hélio Manhães – – Lourival Baptista – Lúcia Braga Roberto Cunha – Paulo Silva – Pau-
Hélio Rosas – Henrique Córdova – – Lúcia Vânia – Lúcio Alcântara – lo Zarzur – Pedro Canedo – Pedro
Henrique Eduardo Alves – Heráclito Luís Eduardo – Luís Roberto Ponte Ceolin – Percival Muniz – Pimenta
Fortes – Hermes Zaneti – Hilário – Luiz Alberto Rodrigues – Luiz da Veiga – Plínio Arruda Sampaio

118
– Plínio Martins – Pompeu de Sou- Hauache – Salatiel Carvalho – Sa- Campos – Wilson Martins – Ziza
sa – Rachid Saldanha Derzi – Rai- mir Achôa – Sandra Cavalcanti – Valadares.
mundo Bezerra – Raimundo Lira – Santinho Furtado – Sarney Filho – PARTICIPANTES: Álvaro Dias
Raimundo Rezende – Raquel Saulo Queiroz – Sérgio Brito – Antônio Britto – Bete Mendes
Cândido – Raquel Capiberibe – – Sérgio Spada – Sérgio Werneck – Borges da Silveira – Cardoso Al-
Raul Belém – Raul Ferraz – Renan – Severo Gomes – Sigmaringa Seixas ves – Edivaldo Holanda – Expedito
Calheiros – Renato Bernardi – Re- – Sílvio Abreu – Simão Sessim – Si- Júnior – Fadah Gattass – Francisco
nato Johnsson – Renato Vianna – queira Campos – Sólon Borges dos Dias – Geovah Amarante – Hélio
Ricardo Fiuza – Ricardo Izar – Rita Reis – Stélio Dias – Tadeu França Gueiros – Horácio Ferraz – Hugo
Camata – Rita Furtado – Roberto – Telmo Kirst – Teotonio Vilela Filho Napoleão – Iturival Nascimento
Augusto – Roberto Balestra – Ro- – Theodoro Mendes – Tito Costa – Ivan Bonato – Jorge Medauar
berto Brant – Roberto Campos – – Ubiratan Aguiar – Ubiratan – José Mendonça de Morais – Le-
Roberto D’Ávila – Roberto Freire Spinelli – Uldurico Pinto – Valmir opoldo Bessone – Marcelo Miranda
– Roberto Jefferson – Roberto Rol- Campelo – Valter Pereira – Vasco – Mauro Fecury – Neuto de Conto
lemberg – Roberto Torres – Rober- Alves – Vicente Bogo – Victor Fac- – Nivaldo Machado – Oswaldo Lima
to Vital – Robson Marinho – Rodri- cioni – Victor Fontana – Victor Tro- Filho – Paulo Almada – Prisco Via-
gues Palma – Ronaldo Aragão vão – Vieira da Silva – Vilson Souza na – Ralph Biasi – Rosário Congro
– Ronaldo Carvalho – Ronaldo – Vingt Rosado – Vinicius Cansan- Neto – Sérgio Naya – Tidei de Lima.
Cezar Coelho – Ronan Tito – Rona- ção – Virgildásio de Senna – Virgílio
ro Corrêa – Rosa Prata – Rose de Galassi – Virgílio Guimarães – Vitor IN MEMORIAM: Alair Ferreira
Freitas – Rospide Netto – Rubem Buaiz – Vivaldo Barbosa – Vladimir – Antônio Farias – Fábio Lucena
Branquinho – Rubem Medina – Ru- Palmeira – Wagner Lago – Waldeck – Norberto Schwantes – Virgílio
ben Figueiró – Ruberval Pilotto – Ornélas – Waldyr Pugliesi – Walmor Távora.
Ruy Bacelar – Ruy Nedel – Sadie de Luca – Wilma Maia – Wilson

Atos Internacionais Equivalentes a Emenda


Constitucional

DECRETO LEGISLATIVO No 186, DE 9 DE JULHO DE 2008


(Publicado no DOU de Faço saber que o Congresso Na- no art. 5o, § 3o, da Constituição
10 / 7/ 2 0 0 8 e r e p u b l i c a- cional aprovou, e eu, Garibaldi Federal e nos termos do art. 48,
do no DOU de 20/8/2008) Alves Filho, Presidente do Sena- inciso XXVIII, do Regimento In-
do Federal, conforme o disposto terno, promulgo o seguinte

DECRETO LEGISLATIVO No 186, DE 2008


Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.

O Congresso Nacional decreta: Parágrafo único. Ficam sujeitos compromissos gravosos ao pa-
à aprovação do Congresso trimônio nacional.
Art. 1o Fica aprovado, nos Nacional quaisquer atos que
termos do § 3o do art. 5o da alterem a referida Convenção Art. 2o Este Decreto Legisla-
Constituição Federal, o texto e seu Protocolo Facultativo, tivo entra em vigor na data de
da Convenção sobre os Direitos bem como quaisquer outros sua publicação. Senado Federal,
das Pessoas com Deficiência e ajustes complementares que, em 9 de julho de 2008.
de seu Protocolo Facultativo, nos termos do inciso I do caput SENADOR GARIBALDI ALVES
assinados em Nova Iorque, em do art. 49 da Constituição Fe- FILHO – Presidente do Senado
30 de março de 2007. deral, acarretem encargos ou Federal.

119
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA

PREÂMBULO Eliminação de todas as def iciência ao centro


Formas de Discrimina- das preocupações da
Os Estados Partes da presente ção contra a Mulher, sociedade como parte
Convenção, a Convenção contra a integrante das estraté-
a) Relembrando os prin- Tortura e Outros Trata- gias relevantes de desen-
mentos ou Penas Cruéis, volvimento sustentável,
cípios consagrados na
Desumanos ou Degra- h) Reconhecendo tam-
Carta das Nações Uni-
dantes, a Convenção bém que a discrimina-
das, que reconhecem
sobre os Direitos da ção contra qualquer
a dignidade e o valor
Criança e a Convenção pessoa, por motivo de
inerentes e os direitos
Internacional sobre a deficiência, configura
iguais e inalienáveis de
Proteção dos Direitos violação da dignidade
todos os membros da
de Todos os Trabalha- e do valor inerentes ao
família humana como
dores Migrantes e Mem- ser humano,
o fundamento da liber- bros de suas Famílias,
dade, da justiça e da paz i) Reconhecendo ainda a
no mundo, e) Reconhecendo que a de- diversidade das pessoas
ficiência é um conceito com deficiência,
b) Reconhecendo que as em evolução e que a
Nações Unidas, na De- def iciência resulta da j) Reconhecendo a neces-
claração Universal dos interação entre pes- sidade de promover e
Direitos Humanos e soas com deficiência e proteger os direitos hu-
nos Pactos Internacio- as barreiras devidas às manos de todas as pes-
nais sobre Direitos Hu- atitudes e ao ambiente soas com def iciência,
manos, proclamaram e que impedem a plena inclusive daquelas que
concordaram que toda e efetiva participação requerem maior apoio,
pessoa faz jus a todos dessas pessoas na so- k) Preocupados com o fato
os direitos e liberdades ciedade em igualdade de que, não obstante es-
ali estabelecidos, sem de oportunidades com ses diversos instrumen-
distinção de qualquer as demais pessoas, tos e compromissos, as
espécie, pessoas com deficiência
f) Reconhecendo a im-
c) Reafirmando a universa- portância dos princí- continuam a enfrentar
lidade, a indivisibilida- pios e das diretrizes barreiras contra sua
de, a interdependência e de política, contidos pa r t icipaç ão como
a inter-relação de todos no Programa de Ação membros iguais da so-
os direitos humanos e li- Mundial para as Pes- ciedade e violações de
berdades fundamentais, soas Deficientes e nas seus direitos humanos
bem como a necessi- Normas sobre a Equi- em todas as partes do
dade de garantir que paração de Opor tu- mundo,
todas as pessoas com nidades para Pessoas l) Reconhecendo a im-
deficiência os exerçam com Deficiência, para portância da coopera-
plenamente, sem discri- influenciar a promoção, ção internacional para
minação, a formulação e a avalia- melhorar as condições
d) Relembrando o Pacto ção de políticas, planos, de vida das pessoas com
Internacional dos Direi- programas e ações em deficiência em todos os
tos Econômicos, Sociais níveis nacional, regio- países, particularmente
e Culturais, o Pacto In- nal e internacional para naqueles em desenvolvi-
ternacional dos Direi- possibilitar maior igual- mento,
tos Civis e Políticos, a dade de oportunidades m) Reconhecendo as valio-
Convenção Internacio- para pessoas com defi- sas contribuições exis-
nal sobre a Eliminação ciência, tentes e potenciais das
de Todas as Formas de g) R e s s a l t a n d o a im - pessoas com deficiência
Discriminação Racial, por tância de tra zer ao bem-estar comum e
a Convenção sobre a questões relativas à à diversidade de suas

120
comunidades, e que maus-tratos ou explo- o pleno gozo de todos
a promoção do pleno ração, os direitos humanos e li-
exercício, pelas pessoas r) Reconhecendo que as berdades fundamentais,
com deficiência, de seus crianças com deficiência w) Conscientes de que a
direitos humanos e liber- devem gozar plenamen- pessoa tem deveres para
dades fundamentais e te de todos os direitos com outras pessoas e
de sua plena participa- humanos e liberdades para com a comunida-
ção na sociedade resul- fundamentais em igual- de a que pertence e que,
tará no fortalecimento dade de oportunidades portanto, tem a respon-
de seu senso de perten- com as outras crianças sabilidade de esforçar-
cimento à sociedade e e relembrando as obri- se para a promoção e a
no significativo avanço gações assumidas com observância dos direitos
do desenvolvimento esse fim pelos Estados reconhecidos na Carta
humano, social e econô- Partes na Convenção Internacional dos Direi-
mico da sociedade, bem sobre os Direitos da tos Humanos,
como na erradicação da Criança, x) Convencidos de que a
pobreza, s) Ressaltando a necessi- família é o núcleo na-
n) Reconhecendo a impor- dade de incorporar a tural e fundamental
tância, para as pessoas perspectiva de gênero da sociedade e tem o
com def iciência, de aos esforços para pro- direito de receber a
sua autonomia e inde- mover o pleno exercício proteção da sociedade
pendência individuais, dos direitos humanos e e do Estado e de que as
inclusive da liberdade liberdades fundamen- pessoas com deficiência
para fazer as próprias tais por parte das pes- e seus familiares devem
escolhas, soas com deficiência, receber a proteção e a
o) Considerando que as t) Salientando o fato de assistência necessárias
pessoas com deficiên- que a maioria das pes- para tornar as famílias
cia devem ter a opor- soas com def iciência capazes de contribuir
tunidade de participar vive em condições de para o exercício pleno
ativamente das decisões pobreza e, nesse senti- e equitativo dos direitos
relativas a programas e do, reconhecendo a ne- das pessoas com defi-
cessidade crítica de lidar ciência,
políticas, inclusive aos
que lhes dizem respeito com o impacto negativo y) Convencidos de que
da pobreza sobre pes- uma convenção inter-
diretamente,
soas com deficiência, nacional geral e inte-
p) Preocupados com as
u) Tendo em mente que gral para promover e
difíceis situações en-
as condições de paz e proteger os direitos e a
frentadas por pessoas
segurança baseadas dignidade das pessoas
com def iciência que
no pleno respeito aos com deficiência presta-
estão sujeitas a formas propósitos e princípios rá significativa contri-
múltiplas ou agrava- consagrados na Carta buição para corrigir as
das de discriminação das Nações Unidas e profundas desvantagens
por causa de raça, cor, a observância dos ins- sociais das pessoas com
sexo, idioma, religião, trumentos de direitos deficiência e para pro-
opiniões políticas ou de humanos são indispen- mover sua participação
outra natureza, origem sáveis para a total pro- na vida econômica, so-
nacional, étnica, nativa teção das pessoas com cial e cultural, em igual-
ou social, propriedade, deficiência, particular- dade de oportunidades,
nascimento, idade ou mente durante conflitos tanto nos países em
outra condição, armados e ocupação es- desenvolvimento como
q) Reconhecendo que mu- trangeira, nos desenvolvidos,
lheres e meninas com v) Reconhecendo a impor- Acordaram o seguinte:
def iciência estão fre- tância da acessibilidade
quentemente expostas a aos meios físico, social, ARTIGO 1 – Propósito
maiores riscos, tanto no econômico e cultural, à O propósito da presente Con-
lar como fora dele, de saúde, à educação e à venção é promover, proteger
sofrer violência, lesões informação e comunica- e assegurar o exercício pleno
ou abuso, descaso ou ção, para possibilitar às e equitativo de todos os di-
tratamento negligente, pessoas com deficiência reitos humanos e liberdades

121
fundamentais por todas as pes- def iciência possam gozar ou pessoas com deficiência, sem
soas com deficiência e promover exercer, em igualdade de opor- qualquer tipo de discriminação
o respeito pela sua dignidade tunidades com as demais pesso- por causa de sua deficiência.
inerente. as, todos os direitos humanos e Para tanto, os Estados Partes
Pessoas com def iciência são liberdades fundamentais; se comprometem a:
aquelas que têm impedimen- “Desenho universal” significa a) Adotar todas as medi-
tos de longo prazo de natureza a concepção de produtos, am- das legislativas, admi-
física, mental, intelectual ou bientes, programas e serviços a nistrativas e de qualquer
sensorial, os quais, em intera- serem usados, na maior medida outra natureza, neces-
ção com diversas barreiras, po- possível, por todas as pessoas, sárias para a realização
dem obstruir sua participação sem necessidade de adaptação dos direitos reconheci-
plena e efetiva na sociedade em ou projeto específico. O “de- dos na presente Con-
igualdades de condições com as senho universal” não excluirá venção;
demais pessoas. as ajudas técnicas para grupos b) Adotar todas as medi-
específicos de pessoas com de- das necessárias, inclusi-
ARTIGO 2 – Definições ficiência, quando necessárias.
Para os propósitos da presente ve legislativas, para mo-
Convenção: ARTIGO 3 – Princípios ge- dificar ou revogar leis,
rais regulamentos, costumes
“Comunicação” abrange as e práticas vigentes, que
línguas, a visualização de tex- Os princípios da presente Con-
venção são: constituírem discrimina-
tos, o braille, a comunicação ção contra pessoas com
tátil, os caracteres ampliados, a) O respeito pela dignida- deficiência;
os dispositivos de multimídia de inerente, a autono-
acessível, assim como a lingua- mia individual, inclusive c) Levar em conta, em
gem simples, escrita e oral, os a liberdade de fazer as todos os programas e
sistemas auditivos e os meios próprias escolhas, e a políticas, a proteção e
de voz digitalizada e os modos, independência das pes- a promoção dos direitos
meios e formatos aumentativos soas; humanos das pessoas
e alternativos de comunicação, com deficiência;
b) A não discriminação;
inclusive a tecnologia da infor- d) Abster-se de participar
mação e comunicação acessí- c) A plena e efetiva parti- em qualquer ato ou prá-
veis; cipação e inclusão na tica incompatível com
sociedade; a presente Convenção
“Língua” abrange as línguas fa-
ladas e de sinais e outras formas d) O respeito pela diferen- e assegurar que as au-
de comunicação não falada; ça e pela aceitação das toridades públicas e
pessoas com deficiência instituições atuem em
“Discriminação por motivo de como parte da diversi- conformidade com a
deficiência” significa qualquer dade humana e da hu- presente Convenção;
diferenciação, exclusão ou res- manidade;
trição baseada em deficiência, e) Tomar todas as medi-
com o propósito ou efeito de e) A igualdade de oportu- das apropriadas para
impedir ou impossibilitar o re- nidades; eliminar a discriminação
conhecimento, o desfrute ou f) A acessibilidade; baseada em deficiência,
o exercício, em igualdade de g) A igualdade entre o ho- por parte de qualquer
oportunidades com as demais mem e a mulher; pessoa, organização ou
pessoas, de todos os direitos empresa privada;
h) O respeito pelo desen-
humanos e liberdades funda- volvimento das capaci- f) Realizar ou promover a
mentais nos âmbitos político, dades das crianças com pesquisa e o desenvol-
econômico, social, cultural, civil deficiência e pelo direito vimento de produtos,
ou qualquer outro. Abrange to- das crianças com defi- ser viços, equipamen-
das as formas de discriminação, ciência de preservar sua tos e instalações com
inclusive a recusa de adaptação identidade. d e s e nh o uni v e r s al,
razoável; conforme definidos no
“Adaptação razoável” significa ARTIGO 4 – Obrigações Artigo 2 da presente
as modif icações e os ajustes gerais Convenção, que exijam
necessários e adequados que 1. Os Estados Partes se compro- o mínimo possível de
não acarretem ônus despropor- metem a assegurar e promover adaptação e cujo custo
cional ou indevido, quando re- o pleno exercício de todos os seja o mínimo possível,
queridos em cada caso, a fim de direitos humanos e liberdades destinados a atender às
assegurar que as pessoas com fundamentais por todas as necessidades específicas

122
de pessoas com def i- 3. Na elaboração e implemen- as medidas apropriadas para
ciência, a promover tação de legislação e políticas garantir que a adaptação razo-
sua disponibilidade e para aplicar a presente Con- ável seja oferecida.
seu uso e a promover venção e em outros processos 4. Nos termos da presente Con-
o desenho universal de tomada de decisão relativos venção, as medidas específicas
quando da elaboração às pessoas com deficiência, os que forem necessárias para
de normas e diretrizes; Estados Partes realizarão con- acelerar ou alcançar a efetiva
g) Realizar ou promover sultas estreitas e envolverão igualdade das pessoas com de-
a pesquisa e o desen- ativamente pessoas com defi- ficiência não serão consideradas
volvimento, bem como ciência, inclusive crianças com discriminatórias.
a disponibilidade e o deficiência, por intermédio de
emprego de novas tec- suas organizações representa- ARTIGO 6 – Mulheres com
nologias, inclusive as tivas. deficiência
tecnologias da infor- 4. Nenhum dispositivo da pre- 1. Os Estados Partes reconhe-
mação e comunicação, sente Convenção afetará quais- cem que as mulheres e meninas
ajudas técnicas para lo- quer disposições mais propícias com deficiência estão sujeitas a
comoção, dispositivos e à realização dos direitos das múltiplas formas de discrimina-
tecnologias assistivas, pessoas com def iciência, as ção e, portanto, tomarão medi-
adequados a pessoas quais possam estar contidas das para assegurar às mulheres
com deficiência, dando na legislação do Estado Parte e meninas com deficiência o ple-
prioridade a tecnologias ou no direito internacional em no e igual exercício de todos os
de custo acessível; vigor para esse Estado. Não direitos humanos e liberdades
h) Propiciar informação haverá nenhuma restrição ou fundamentais.
acessível para as pes- derrogação de qualquer dos 2. Os Estados Partes tomarão
soas com deficiência a direitos humanos e liberdades todas as medidas apropriadas
respeito de ajudas téc- fundamentais reconhecidos ou para assegurar o pleno desen-
nicas para locomoção, vigentes em qualquer Estado volvimento, o avanço e o empo-
dispositivos e tecnolo- Parte da presente Convenção, deramento das mulheres, a fim
gias assistivas, incluindo em conformidade com leis, de garantir-lhes o exercício e o
novas tecnologias bem convenções, regulamentos ou gozo dos direitos humanos e li-
como outras formas de costumes, sob a alegação de berdades fundamentais estabe-
assistência, serviços de que a presente Convenção não lecidos na presente Convenção.
apoio e instalações; reconhece tais direitos e liber-
dades ou que os reconhece em ARTIGO 7 – Crianças com
i) Promover a capacitação deficiência
menor grau.
em relação aos direitos
reconhecidos pela pre- 5. As disposições da presente 1. Os Estados Partes tomarão
sente Convenção dos Convenção se aplicam, sem todas as medidas necessárias
profissionais e equipes limitação ou exceção, a todas para assegurar às crianças com
que trabalham com pes- as unidades constitutivas dos deficiência o pleno exercício de
soas com def iciência, Estados federativos. todos os direitos humanos e
de forma a melhorar a liberdades fundamentais, em
ARTIGO 5 – Igualdade e não igualdade de oportunidades
prestação de assistên- discriminação
cia e serviços garantidos com as demais crianças.
por esses direitos. 1. Os Estados Partes reconhe- 2. Em todas as ações relativas
cem que todas as pessoas são às crianças com deficiência, o
2. Em relação aos direitos eco- iguais perante e sob a lei e que
nômicos, sociais e culturais, superior interesse da criança
fazem jus, sem qualquer dis- receberá consideração primor-
cada Estado Parte se compro- criminação, a igual proteção e
mete a tomar medidas, tanto dial.
igual benefício da lei.
quanto permitirem os recursos 3. Os Estados Partes assegura-
disponíveis e, quando necessá- 2. Os Estados Partes proibirão rão que as crianças com defi-
rio, no âmbito da cooperação qualquer discriminação basea- ciência tenham o direito de ex-
internacional, a fim de assegu- da na deficiência e garantirão pressar livremente sua opinião
rar progressivamente o pleno às pessoas com deficiência igual sobre todos os assuntos que
exercício desses direitos, sem e efetiva proteção legal contra lhes disserem respeito, tenham
prejuízo das obrigações conti- a discriminação por qualquer a sua opinião devidamente va-
das na presente Convenção que motivo. lorizada de acordo com sua
forem imediatamente aplicáveis 3. A fim de promover a igualda- idade e maturidade, em igual-
de acordo com o direito inter- de e eliminar a discriminação, os dade de oportunidades com
nacional. Estados Partes adotarão todas as demais crianças, e recebam

123
atendimento adequado à sua tenra idade, uma atitu- a) Desenvolver, promulgar
deficiência e idade, para que de de respeito para com e monitorar a imple-
possam exercer tal direito. os direitos das pessoas mentação de normas e
com deficiência; diretrizes mínimas para
ARTIGO 8 – Conscientiza-
c) Incentivar todos os a acessibilidade das ins-
ção
órgãos da mídia a re- talações e dos serviços
1. Os Estados Partes se com- abertos ao público ou
prometem a adotar medidas tratar as pessoas com
deficiência de maneira de uso público;
imediatas, efetivas e apropria-
compatível com o pro- b) Assegurar que as entida-
das para:
pósito da presente Con- des privadas que ofere-
a) Conscientizar toda a venção; cem instalações e servi-
sociedade, inclusive as ços abertos ao público
famílias, sobre as con- d) Promover programas de
formação sobre sensi- ou de uso público levem
dições das pessoas com em consideração todos
deficiência e fomentar o bilização a respeito das
os aspectos relativos à
respeito pelos direitos e pessoas com deficiência
acessibilidade para pes-
pela dignidade das pes- e sobre os direitos das
soas com deficiência;
soas com deficiência; pessoas com deficiên-
cia. c) Proporcionar, a todos
b) Combater estereótipos, os atores envolvidos,
preconceitos e práticas ARTIGO 9 – Acessibilidade formação em relação
nocivas em relação a 1. A fim de possibilitar às pes- às questões de acessibi-
pessoas com deficiên- soas com deficiência viver de lidade com as quais as
cia, inclusive aqueles forma independente e parti- pessoas com deficiência
relacionados a sexo cipar plenamente de todos os se confrontam;
e idade, em todas as
aspectos da vida, os Estados d) Dotar os edifícios e ou-
áreas da vida;
Partes tomarão as medidas tras instalações abertas
c) Promover a conscienti- apropriadas para assegurar às ao público ou de uso
zação sobre as capaci- pessoas com deficiência o aces- público de sinalização
dades e contribuições so, em igualdade de oportuni- em braille e em forma-
das pessoas com defi- dades com as demais pessoas, tos de fácil leitura e
ciência. ao meio físico, ao transporte, compreensão;
2. As medidas para esse f im à informação e comunicação, e) Oferecer formas de as-
incluem: inclusive aos sistemas e tecno- sistência humana ou
a) Lançar e dar continuida- logias da informação e comu- animal e ser viços de
de a efetivas campanhas nicação, bem como a outros mediadores, incluindo
de conscientização pú- serviços e instalações abertos guias, ledores e intér-
blicas, destinadas a: ao público ou de uso público, pretes profissionais da
I) Favorecer atitude re- tanto na zona urbana como na língua de sinais, para fa-
ceptiva em relação rural. Essas medidas, que inclui- cilitar o acesso aos edifí-
aos direitos das pes- rão a identificação e a elimina- cios e outras instalações
soas com deficiência; ção de obstáculos e barreiras à abertas ao público ou
acessibilidade, serão aplicadas, de uso público;
II) Promover percepção entre outros, a:
positiva e maior cons- f) Promover outras formas
ciência social em rela- a) Edif ícios, rodov ias, apropriadas de assistên-
ção às pessoas com meios de transporte e cia e apoio a pessoas
deficiência; outras instalações inter- com deficiência, a fim
nas e externas, inclusive de assegurar a essas
III) Promover o reconhe-
escolas, residências, ins- pessoas o acesso a in-
cimento das habilida-
talações médicas e local formações;
des, dos méritos e das
capacidades das pes- de trabalho; g) Promover o acesso de
soas com deficiência b) Informações, comunica- pessoas com deficiência
e de sua contribuição ções e outros serviços, a novos sistemas e tec-
ao local de trabalho e inclusive serviços ele- nologias da informação
ao mercado laboral; trônicos e serviços de e comunicação, inclusi-
b) Fomentar em todos os emergência; ve à Internet;
níveis do sistema edu- 2. Os Estados Partes também h) Promover, desde a fase
cacional, incluindo neles tomarão medidas apropriadas inicial, a concepção,
todas as crianças desde para: o desenvolvimento, a

124
produção e a dissemi- relativas ao exercício da capa- apropriada daqueles que traba-
nação de sistemas e tec- cidade legal incluam salvaguar- lham na área de administração
nologias de informação das apropriadas e efetivas para da justiça, inclusive a polícia e
e comunicação, a f im prevenir abusos, em conformi- os funcionários do sistema pe-
de que esses sistemas e dade com o direito internacio- nitenciário.
tecnologias se tornem nal dos direitos humanos. Essas
acessíveis a custo míni- salvaguardas assegurarão que ARTIGO 14 – Liberdade e
mo. as medidas relativas ao exercí- segurança da pessoa
cio da capacidade legal respei- 1. Os Estados Partes assegura-
ARTIGO 10 – Direito à vida tem os direitos, a vontade e as rão que as pessoas com defici-
Os Estados Partes reafirmam preferências da pessoa, sejam ência, em igualdade de oportu-
que todo ser humano tem o ine- isentas de conflito de interesses nidades com as demais pessoas:
rente direito à vida e tomarão e de influência indevida, sejam a) Gozem do direito à li-
todas as medidas necessárias proporcionais e apropriadas berdade e à segurança
para assegurar o efetivo exercí- às circunstâncias da pessoa, da pessoa; e
cio desse direito pelas pessoas se apliquem pelo período mais
com deficiência, em igualdade curto possível e sejam subme- b) Não sejam privadas ile-
de oportunidades com as de- tidas à revisão regular por uma gal ou arbitrariamente
mais pessoas. autoridade ou órgão judiciário de sua liberdade e que
competente, independente e im- toda privação de liber-
ARTIGO 11 – Situações de dade esteja em confor-
risco e emergências humanitá- parcial. As salvaguardas serão
proporcionais ao grau em que midade com a lei, e que
rias a existência de deficiên-
tais medidas afetarem os direi-
Em conformidade com suas tos e interesses das pessoas. cia não justifique a pri-
obrigações decorrentes do direi- vação de liberdade.
to internacional, inclusive do di- 5. Os Estados Partes, sujeitos
ao disposto neste Artigo, toma- 2. Os Estados Partes assegu-
reito humanitário internacional rarão que, se pessoas com
e do direito internacional dos rão todas as medidas apropria-
das e efetivas para assegurar às deficiência forem privadas de
direitos humanos, os Estados liberdade mediante algum pro-
Partes tomarão todas as medi- pessoas com deficiência o igual
direito de possuir ou herdar cesso, elas, em igualdade de
das necessárias para assegurar oportunidades com as demais
a proteção e a segurança das bens, de controlar as próprias
finanças e de ter igual acesso a pessoas, façam jus a garantias
pessoas com def iciência que de acordo com o direito inter-
se encontrarem em situações empréstimos bancários, hipote-
cas e outras formas de crédito nacional dos direitos humanos
de risco, inclusive situações de e sejam tratadas em conformi-
conflito armado, emergências financeiro, e assegurarão que as
pessoas com deficiência não se- dade com os objetivos e prin-
humanitárias e ocorrência de cípios da presente Convenção,
desastres naturais. jam arbitrariamente destituídas
de seus bens. inclusive mediante a provisão
ARTIGO 12 – Reconheci- de adaptação razoável.
mento igual perante a lei ARTIGO 13 – Acesso à jus-
tiça ARTIGO 15 – Prevenção
1. Os Estados Partes reafirmam contra tortura ou tratamentos
que as pessoas com deficiência 1. Os Estados Partes assegura-
ou penas cruéis, desumanos ou
têm o direito de ser reconheci- rão o efetivo acesso das pesso-
degradantes
das em qualquer lugar como as com deficiência à justiça, em
igualdade de condições com as 1. Nenhuma pessoa será subme-
pessoas perante a lei. tida à tortura ou a tratamentos
demais pessoas, inclusive me-
2. Os Estados Partes reconhe- diante a provisão de adaptações ou penas cruéis, desumanos ou
cerão que as pessoas com de- processuais adequadas à idade, degradantes. Em especial, ne-
ficiência gozam de capacidade a fim de facilitar o efetivo pa- nhuma pessoa deverá ser sujei-
legal em igualdade de condições pel das pessoas com deficiência ta a experimentos médicos ou
com as demais pessoas em to- como participantes diretos ou científicos sem seu livre consen-
dos os aspectos da vida. indiretos, inclusive como tes- timento.
3. Os Estados Partes tomarão temunhas, em todos os proce- 2. Os Estados Partes tomarão
medidas apropriadas para pro- dimentos jurídicos, tais como todas as medidas efetivas de
ver o acesso de pessoas com investigações e outras etapas natureza legislativa, adminis-
def iciência ao apoio que ne- preliminares. trativa, judicial ou outra para
cessitarem no exercício de sua 2. A fim de assegurar às pessoas evitar que pessoas com defici-
capacidade legal. com deficiência o efetivo aces- ência, do mesmo modo que as
4. Os Estados Partes assegu- so à justiça, os Estados Partes demais pessoas, sejam submeti-
rarão que todas as medidas promoverão a capacitação das à tortura ou a tratamentos

125
ou penas cruéis, desumanos ou e levem em consideração as ne- causa de sua deficiência,
degradantes. cessidades de gênero e idade. do direito de entrar no
5. Os Estados Partes adotarão próprio país.
ARTIGO 16 – Prevenção
contra a exploração, a violên- leis e políticas efetivas, inclusive 2. As crianças com deficiência
cia e o abuso legislação e políticas voltadas serão registradas imediatamen-
para mulheres e crianças, a fim te após o nascimento e terão,
1. Os Estados Partes tomarão de assegurar que os casos de desde o nascimento, o direito a
todas as medidas apropriadas exploração, violência e abuso um nome, o direito de adquirir
de natureza legislativa, admi- contra pessoas com deficiência nacionalidade e, tanto quanto
nistrativa, social, educacional e sejam identificados, investiga- possível, o direito de conhecer
outras para proteger as pessoas dos e, caso necessário, julgados. seus pais e de ser cuidadas por
com deficiência, tanto dentro eles.
como fora do lar, contra todas ARTIGO 17 – Proteção da
as formas de exploração, violên- integridade da pessoa ARTIGO 19 – Vida indepen-
cia e abuso, incluindo aspectos Toda pessoa com deficiência dente e inclusão na comunidade
relacionados a gênero. tem o direito a que sua integri- Os Estados Partes desta Con-
2. Os Estados Partes também dade física e mental seja respei- venção reconhecem o igual di-
tomarão todas as medidas tada, em igualdade de condi- reito de todas as pessoas com
apropriadas para prevenir to- ções com as demais pessoas. deficiência de viver na comuni-
das as formas de exploração, dade, com a mesma liberdade
ARTIGO 18 – Liberdade de
violência e abuso, asseguran- de escolha que as demais pesso-
movimentação e nacionalidade
do, entre outras coisas, formas as, e tomarão medidas efetivas
apropriadas de atendimento e 1. Os Estados Partes reconhe- e apropriadas para facilitar às
apoio que levem em conta o gê- cerão os direitos das pessoas pessoas com deficiência o pleno
nero e a idade das pessoas com com deficiência à liberdade de gozo desse direito e sua plena
deficiência e de seus familiares e movimentação, à liberdade de inclusão e participação na co-
atendentes, inclusive mediante a escolher sua residência e à na- munidade, inclusive asseguran-
provisão de informação e edu- cionalidade, em igualdade de do que:
cação sobre a maneira de evitar, oportunidades com as demais
a) As pessoas com def i-
reconhecer e denunciar casos de pessoas, inclusive assegurando
ciência possam escolher
exploração, violência e abuso. que as pessoas com deficiência:
seu local de residência e
Os Estados Partes assegurarão a) Tenham o direito de onde e com quem mo-
que os serviços de proteção le- adquirir nacionalidade rar, em igualdade de
vem em conta a idade, o gênero e mudar de nacionalida- oportunidades com as
e a deficiência das pessoas. de e não sejam privadas demais pessoas, e que
3. A f im de prevenir a ocor- arbitrariamente de sua não sejam obrigadas a
rência de quaisquer formas de nacionalidade em razão viver em determinado
exploração, violência e abuso, de sua deficiência; tipo de moradia;
os Estados Partes assegurarão b) Não sejam privadas, por b) As pessoas com def i-
que todos os programas e ins- causa de sua deficiên- ciência tenham acesso
talações destinados a atender cia, da competência de a uma variedade de
pessoas com deficiência sejam obter, possuir e utilizar serviços de apoio em
efetivamente monitorados por documento comprovan- domicílio ou em insti-
autoridades independentes. te de sua nacionalidade tuições residenciais ou
ou outro documento a outros serviços co-
4. Os Estados Partes tomarão
de identidade, ou de munitários de apoio,
todas as medidas apropriadas
recorrer a processos inclusive os ser viços
para promover a recuperação
relevantes, tais como de atendentes pessoais
física, cognitiva e psicológica,
procedimentos relati- que forem necessários
inclusive mediante a provisão
vos à imigração, que como apoio para que as
de serviços de proteção, a re-
forem necessários para pessoas com deficiência
abilitação e a reinserção social
facilitar o exercício de vivam e sejam incluídas
de pessoas com deficiência que
seu direito à liberdade na comunidade e para
forem vítimas de qualquer for-
de movimentação; evitar que fiquem iso-
ma de exploração, violência ou
abuso. Tais recuperação e rein- c) Tenham liberdade de ladas ou segregadas da
serção ocorrerão em ambientes sair de qualquer país, comunidade;
que promovam a saúde, o bem- inclusive do seu; e c) Os serviços e instalações
-estar, o autorespeito, a digni- d) Não sejam privadas, da comunidade para a
dade e a autonomia da pessoa arbitrariamente ou por população em geral

126
estejam disponíveis às escolha, conforme disposto no 2. Os Estados Partes protegerão
pessoas com deficiência, Artigo 2 da presente Conven- a privacidade dos dados pesso-
em igualdade de opor- ção, entre as quais: ais e dados relativos à saúde e à
tunidades, e atendam às a) Fornecer, prontamente e reabilitação de pessoas com de-
suas necessidades. sem custo adicional, às ficiência, em igualdade de con-
pessoas com deficiência dições com as demais pessoas.
ARTIGO 20 – Mobilidade
pessoal todas as informações ARTIGO 23 – Respeito pelo
destinadas ao público lar e pela família
Os Estados Partes tomarão em geral, em formatos
medidas efetivas para assegu- acessíveis e tecnologias 1. Os Estados Partes tomarão
rar às pessoas com deficiência apropriadas aos dife- medidas efetivas e apropriadas
sua mobilidade pessoal com a rentes tipos de deficiên- para eliminar a discriminação
máxima independência possível: cia; contra pessoas com deficiência,
a) Facilitando a mobilida- em todos os aspectos relativos
b) Aceitar e facilitar, em a casamento, família, paterni-
de pessoal das pessoas trâmites oficiais, o uso
com deficiência, na for- dade e relacionamentos, em
de línguas de sinais, igualdade de condições com
ma e no momento em braille, comunicação
que elas quiserem, e a as demais pessoas, de modo a
aumentativa e alterna- assegurar que:
custo acessível; tiva, e de todos os de-
b) Facilitando às pessoas mais meios, modos e a) Seja reconhecido o di-
com deficiência o acesso formatos acessíveis de reito das pessoas com
a tecnologias assistivas, comunicação, à escolha deficiência, em idade de
dispositivos e ajudas das pessoas com defi- contrair matrimônio, de
técnicas de qualidade, ciência; casar-se e estabelecer fa-
e formas de assistência mília, com base no livre
c) Urgir as entidades pri- e pleno consentimento
humana ou animal e de vadas que oferecem
mediadores, inclusive dos pretendentes;
serviços ao público em
tornando-os disponíveis geral, inclusive por meio b) Sejam reconhecidos os
a custo acessível; da Internet, a fornecer direitos das pessoas com
c) Propiciando às pessoas informações e serviços deficiência de decidir li-
com def iciência e ao em formatos acessíveis, vre e responsavelmente
pessoal especializado que possam ser usados sobre o número de fi-
uma capacitação em por pessoas com defi- lhos e o espaçamento
técnicas de mobilidade; ciência; entre esses filhos e de
ter acesso a informa-
d) Incentivando entidades d) Incentivar a mídia, in-
ções adequadas à idade
que produzem ajudas clusive os provedores de
e a educação em maté-
técnicas de mobilida- informação pela Inter-
ria de reprodução e de
de, dispositivos e tec- net, a tornar seus servi-
planejamento familiar,
nologias assistivas a le- ços acessíveis a pessoas
bem como os meios ne-
varem em conta todos com deficiência;
cessários para exercer
os aspectos relativos à e) Reconhecer e promover esses direitos;
mobilidade de pessoas o uso de línguas de si-
com deficiência. c) As pessoas com def i-
nais.
ciência, inclusive crian-
ARTIGO 21 – Liberdade de ARTIGO 22 – Respeito à ças, conservem sua fer-
expressão e de opinião e acesso privacidade tilidade, em igualdade
à informação 1. Nenhuma pessoa com defi- de condições com as
Os Estados Partes tomarão ciência, qualquer que seja seu demais pessoas.
todas as medidas apropriadas local de residência ou tipo de 2. Os Estados Partes assegura-
para assegurar que as pessoas moradia, estará sujeita a in- rão os direitos e responsabilida-
com deficiência possam exer- terferência arbitrária ou ilegal des das pessoas com deficiên-
cer seu direito à liberdade de em sua privacidade, família, cia, relativos à guarda, custódia,
expressão e opinião, inclusive lar, correspondência ou outros curatela e adoção de crianças
à liberdade de buscar, receber tipos de comunicação, nem a ou instituições semelhantes,
e compartilhar informações e ataques ilícitos à sua honra e caso esses conceitos constem
idéias, em igualdade de oportu- reputação. As pessoas com defi- na legislação nacional. Em
nidades com as demais pesso- ciência têm o direito à proteção todos os casos, prevalecerá o
as e por intermédio de todas as da lei contra tais interferências superior interesse da criança.
formas de comunicação de sua ou ataques. Os Estados Partes prestarão a

127
devida assistência às pessoas e autoestima, além do acadêmico e social, de
com deficiência para que essas fortalecimento do res- acordo com a meta de
pessoas possam exercer suas peito pelos direitos hu- inclusão plena.
responsabilidades na criação manos, pelas liberdades 3. Os Estados Partes assegura-
dos filhos. fundamentais e pela di- rão às pessoas com deficiência
3. Os Estados Partes assegura- versidade humana; a possibilidade de adquirir as
rão que as crianças com defici- b) O máximo desenvol- competências práticas e sociais
ência terão iguais direitos em vimento possível da necessárias de modo a facilitar
relação à vida familiar. Para a personalidade e dos ta- às pessoas com deficiência sua
realização desses direitos e para lentos e da criatividade plena e igual participação no
evitar ocultação, abandono, ne- das pessoas com defi- sistema de ensino e na vida em
gligência e segregação de crian- ciência, assim como de comunidade. Para tanto, os Es-
ças com deficiência, os Estados suas habilidades físicas tados Partes tomarão medidas
Partes fornecerão prontamente e intelectuais; apropriadas, incluindo:
informações abrangentes sobre c) A participação efetiva a) Facilitação do aprendi-
serviços e apoios a crianças com das pessoas com defi- zado do braille, escrita
deficiência e suas famílias. ciência em uma socieda- alternativa, modos,
4. Os Estados Partes assegura- de livre. meios e formatos de
rão que uma criança não será 2. Para a realização desse di- comunicação aumen-
separada de seus pais contra a reito, os Estados Partes asse- tativa e alternativa, e
vontade destes, exceto quando gurarão que: habilidades de orienta-
autoridades competentes, su- ção e mobilidade, além
jeitas a controle jurisdicional, a) As pessoas com de-
f iciência não sejam de facilitação do apoio
determinarem, em conformida- e aconselhamento de
de com as leis e procedimentos excluídas do sistema
educacional geral sob pares;
aplicáveis, que a separação é
necessária, no superior interesse alegação de def iciên- b) Facilitação do aprendi-
da criança. Em nenhum caso, cia e que as crianças zado da língua de sinais
uma criança será separada dos com def iciência não e promoção da identi-
pais sob alegação de deficiência sejam excluídas do en- dade linguística da co-
da criança ou de um ou ambos sino primário gratuito munidade surda;
os pais. e compulsório ou do c) Garantia de que a edu-
ensino secundário, sob
5. Os Estados Partes, no caso cação de pessoas, em
alegação de deficiência;
em que a família imediata de particular crianças ce-
uma criança com def iciência b) As pessoas com de- gas, surdocegas e sur-
não tenha condições de cuidar f iciência possam ter das, seja ministrada nas
da criança, farão todo esforço acesso ao ensino pri- línguas e nos modos e
para que cuidados alternativos mário inclusivo, de qua- meios de comunicação
sejam oferecidos por outros pa- lidade e gratuito, e ao mais adequados ao in-
rentes e, se isso não for possível, ensino secundário, em divíduo e em ambientes
dentro de ambiente familiar, na igualdade de condições que favoreçam ao máxi-
comunidade. com as demais pessoas mo seu desenvolvimen-
na comunidade em que to acadêmico e social.
ARTIGO 24 – Educação vivem;
4. A fim de contribuir para o
1. Os Estados Partes reconhe- c) Adaptações razoáveis de exercício desse direito, os Es-
cem o direito das pessoas com acordo com as necessi- tados Partes tomarão medidas
def iciência à educação. Para dades individuais sejam apropriadas para empregar pro-
efetivar esse direito sem discri- providenciadas; fessores, inclusive professores
minação e com base na igualda- d) As pessoas com deficiên- com def iciência, habilitados
de de oportunidades, os cia recebam o apoio ne- para o ensino da língua de sinais
Estados Partes assegurarão cessário, no âmbito do e/ou do braille, e para capacitar
sistema educacional inclusivo sistema educacional ge- profissionais e equipes atuantes
em todos os níveis, bem como ral, com vistas a facilitar em todos os níveis de ensino.
o aprendizado ao longo de toda sua efetiva educação; Essa capacitação incorporará
a vida, com os seguintes obje- e) Medidas de apoio indi- a conscientização da deficiência
tivos: vidualizadas e efetivas e a utilização de modos, meios
a) O pleno desenvolvimen- sejam adotadas em e formatos apropriados de co-
to do potencial humano ambientes que maximi- municação aumentativa e al-
e do senso de dignidade zem o desenvolvimento ternativa, e técnicas e materiais

128
pedagógicos, como apoios para com deficiência, o mais inclusão e participação em to-
pessoas com deficiência. próximo possível de dos os aspectos da vida. Para
5. Os Estados Partes assegu- suas comunidades, in- tanto, os Estados Partes organi-
rarão que as pessoas com de- clusive na zona rural; zarão, fortalecerão e ampliarão
ficiência possam ter acesso ao d) Exigirão dos profissio- serviços e programas completos
ensino superior em geral, trei- nais de saúde que dis- de habilitação e reabilitação,
namento profissional de acor- pensem às pessoas com particularmente nas áreas de
do com sua vocação, educação def iciência a mesma saúde, emprego, educação e
para adultos e formação conti- qualidade de serviços serviços sociais, de modo que
nuada, sem discriminação e em dispensada às demais esses serviços e programas:
igualdade de condições. Para pessoas e, principal- a) Comecem no estágio
tanto, os Estados Partes assegu- mente, que obtenham mais precoce possível
rarão a provisão de adaptações o consentimento livre e sejam baseados em
razoáveis para pessoas com de- e esclarecido das pes- avaliação multidiscipli-
ficiência. soas com def iciência nar das necessidades e
concernentes. Para esse pontos fortes de cada
ARTIGO 25 – Saúde fim, os Estados Partes pessoa;
Os Estados Partes reconhecem realizarão atividades de b) Apóiem a participação
que as pessoas com deficiência formação e definirão re- e a inclusão na comu-
têm o direito de gozar do estado gras éticas para os se- nidade e em todos os
de saúde mais elevado possível, tores de saúde público aspectos da vida so-
sem discriminação baseada na e privado, de modo a cial, sejam oferecidos
deficiência. Os Estados Partes conscientizar os profis- voluntariamente e este-
tomarão todas as medidas sionais de saúde acerca jam disponíveis às pes-
apropriadas para assegurar dos direitos humanos, soas com deficiência o
às pessoas com def iciência da dignidade, autono- mais próximo possível
o acesso a serviços de saúde, mia e das necessidades de suas comunidades,
incluindo os serviços de reabi- das pessoas com defi- inclusive na zona rural.
litação, que levarão em conta ciência;
as especificidades de gênero. 2. Os Estados Partes promove-
e) Proibirão a discrimina- rão o desenvolvimento da capa-
Em especial, os Estados Partes:
ção contra pessoas com citação inicial e continuada de
a) Oferecerão às pessoas deficiência na provisão profissionais e de equipes que
com deficiência progra- de seguro de saúde e se- atuam nos serviços de habili-
mas de atenção à saúde guro de vida, caso tais tação e reabilitação.
gratuitos ou a custos seguros sejam permiti-
acessíveis da mesma 3. Os Estados Partes promo-
dos pela legislação na-
variedade, qualidade e verão a disponibilidade, o co-
cional, os quais deverão
padrão que são ofereci- nhecimento e o uso de dispo-
ser providos de maneira
dos às demais pessoas, sitivos e tecnologias assistivas,
razoável e justa; projetados para pessoas com
inclusive na área de saú-
de sexual e reprodutiva f) Prevenirão que se negue, deficiência e relacionados com
e de programas de saú- de maneira discrimina- a habilitação e a reabilitação.
de pública destinados à tória, os ser viços de
saúde ou de atenção à ARTIGO 27 – Trabalho e
população em geral; emprego
saúde ou a administra-
b) Propiciarão serviços de ção de alimentos sólidos 1. Os Estados Partes reconhe-
saúde que as pessoas ou líquidos por motivo cem o direito das pessoas com
com deficiência neces- de deficiência. def iciência ao trabalho, em
sitam especificamente igualdade de oportunidades
por causa de sua defi- ARTIGO 26 – Habilitação e com as demais pessoas. Esse
ciência, inclusive diag- reabilitação direito abrange o direito à opor-
nóstico e intervenção 1. Os Estados Partes tomarão tunidade de se manter com um
precoces, bem como medidas efetivas e apropria- trabalho de sua livre escolha ou
ser viços projetados das, inclusive mediante apoio aceitação no mercado laboral,
para reduzir ao máxi- dos pares, para possibilitar em ambiente de trabalho que
mo e prevenir deficiên- que as pessoas com deficiên- seja aberto, inclusivo e acessível
cias adicionais, inclusive cia conquistem e conservem o a pessoas com deficiência. Os
entre crianças e idosos; máximo de autonomia e plena Estados Partes salvaguardarão
c) Propiciarão esses servi- capacidade física, mental, social e promoverão a realização do
ços de saúde às pessoas e profissional, bem como plena direito ao trabalho, inclusive

129
daqueles que tiverem adquiri- f) Promover oportunida- direito sem discriminação ba-
do uma deficiência no emprego, des de trabalho autô- seada na deficiência.
adotando medidas apropria- nomo, empreendedo- 2. Os Estados Partes reconhe-
das, incluídas na legislação, rismo, desenvolvimento cem o direito das pessoas com
com o fimde, entre outros: de cooperativas e esta- deficiência à proteção social e
a) Proibir a discriminação belecimento de negócio ao exercício desse direito sem
baseada na deficiência próprio; discriminação baseada na defi-
com respeito a todas g) Empregar pessoas com ciência, e tomarão as medidas
as questões relacio- deficiência no setor pú- apropriadas para salvaguardar
nadas com as formas blico; e promover a realização desse
de emprego, inclusive direito, tais como:
condições de recruta- h) Promover o emprego
mento, contratação e de pessoas com def i- a) Assegurar igual acesso
admissão, permanência ciência no setor priva- de pessoas com def i-
no emprego, ascensão do, mediante políticas ciência a ser viços de
profissional e condições e medidas apropriadas, saneamento básico e
seguras e salubres de que poderão incluir pro- assegurar o acesso aos
trabalho; gramas de ação afirma- serviços, dispositivos e
b) Proteger os direitos das tiva, incentivos e outras outros atendimentos
pessoas com deficiên- medidas; apropriados para as ne-
cia, em condições de i) Assegurar que adapta- cessidades relacionadas
igualdade com as de- ções razoáveis sejam com a deficiência;
mais pessoas, às condi- feitas para pessoas com b) Assegurar o acesso de
ções justas e favoráveis deficiência no local de pessoas com deficiên-
de trabalho, incluindo trabalho; cia, par ticularmente
iguais oportunidades e j) Promover a aquisição mulheres, crianças e
igual remuneração por de experiência de tra- idosos com deficiência,
trabalho de igual valor, balho por pessoas com a programas de prote-
condições seguras e sa- ção social e de redução
deficiência no mercado
lubres de trabalho, além da pobreza;
aberto de trabalho;
de reparação de injusti-
ças e proteção contra o k) Promover reabilitação c) Assegurar o acesso de
assédio no trabalho; profissional, manuten- pessoas com deficiên-
ção do emprego e pro- cia e suas famílias em
c) Assegurar que as pes- situação de pobreza à
soas com def iciência gramas de retorno ao
trabalho para pessoas assistência do Estado
possam exercer seus em relação a seus gas-
direitos trabalhistas e com deficiência.
tos ocasionados pela
sindicais, em condições 2. Os Estados Partes assegura-
def iciência, inclusive
de igualdade com as de- rão que as pessoas com defici-
treinamento adequado,
mais pessoas; ência não serão mantidas em
aconselhamento, ajuda
d) Possibilitar às pessoas escravidão ou servidão e que
financeira e cuidados de
com deficiência o aces- serão protegidas, em igualda-
repouso;
so efetivo a programas de de condições com as demais
de orientação técnica e pessoas, contra o trabalho for- d) Assegurar o acesso de
profissional e a serviços çado ou compulsório. pessoas com deficiência
de colocação no traba- a programas habitacio-
lho e de treinamento ARTIGO 28 – Padrão de vida nais públicos;
profissional e continua- e proteção social adequados
e) Assegurar igual acesso
do; 1. Os Estados Partes reconhe- de pessoas com def i-
e) Promover opor tuni- cem o direito das pessoas com ciência a programas e
dades de emprego e deficiência a um padrão ade- benefícios de aposen-
ascensão prof issional quado de vida para si e para tadoria.
para pessoas com de- suas famílias, inclusive alimen-
tação, vestuário e moradia ade- ARTIGO 29 – Participação
f iciência no mercado
de trabalho, bem como quados, bem como a melhoria na vida política e pública
assistência na procura, contínua de suas condições de Os Estados Partes garantirão
obtenção e manutenção vida, e tomarão as providências às pessoas com deficiência di-
do emprego e no reto- necessárias para salvaguardar reitos políticos e oportunidade
mo ao emprego; e promover a realização desse de exercê-los em condições de

130
igualdade com as demais pes- nas questões públicas, próprio, mas também para o
soas, e deverão: mediante: enriquecimento da sociedade.
a) Assegurar que as pes- I) Participação em orga- 3. Os Estados Partes deverão
soas com def iciência nizações não governa- tomar todas as providências,
possam participar efeti- mentais relacionadas em conformidade com o direito
va e plenamente na vida com a vida pública e internacional, para assegurar
política e pública, em política do País, bem que a legislação de proteção
igualdade de oportu- como em atividades e dos direitos de propriedade in-
nidades com as demais administração de par- telectual não constitua barreira
pessoas, diretamente tidos políticos; excessiva ou discriminatória ao
ou por meio de repre- acesso de pessoas com deficiên-
sentantes livremente II) Formação de organiza-
cia a bens culturais.
escolhidos, incluindo o ções para representar
pessoas com deficiência 4. As pessoas com def iciên-
direito e a oportunidade cia farão jus, em igualdade de
de votarem e serem vo- em níveis internacional,
regional, nacional e lo- oportunidades com as demais
tadas, mediante, entre pessoas, a que sua identidade
outros: cal, bem como a filiação
de pessoas com def i- cultural e linguística específica
I) Garantia de que os pro- seja reconhecida e apoiada, in-
cedimentos, instalações ciência a tais organiza-
cluindo as línguas de sinais e a
e materiais e equipa- ções.
cultura surda.
mentos para votação ARTIGO 30 – Participação 5. Para que as pessoas com de-
se r ão apropr iados, na vida cultural e em recreação, ficiência participem, em igual-
acessíveis e de fácil com- lazer e esporte dade de oportunidades com as
preensão e uso;
1. Os Estados Partes reconhe- demais pessoas, de atividades
II) Proteção do direito cem o direito das pessoas com recreativas, esportivas e de la-
das pessoas com defi- deficiência de participar na vida zer, os Estados Partes tomarão
ciência ao voto secreto cultural, em igualdade de opor- medidas apropriadas para:
em eleições e plebisci- tunidades com as demais pesso- a) Incentivar e promover a
tos, sem intimidação,
as, e tomarão todas as medidas maior participação pos-
e a candidatar-se nas
apropriadas para que as pes- sível das pessoas com
eleições, efetivamente
soas com deficiência possam: deficiência nas ativida-
ocupar cargos eletivos
a) Ter acesso a bens cultu- des esportivas comuns
e desempenhar quais-
rais em formatos acessí- em todos os níveis;
quer funções públicas
em todos os níveis de veis; b) Assegurar que as pes-
governo, usando novas b) Ter acesso a programas soas com def iciência
tecnologias assistivas, tenham a oportunida-
de televisão, cinema,
quando apropriado; de de organizar, desen-
teatro e outras ativida-
III) Garantia da livre ex- volver e participar em
des culturais, em forma-
pressão de vontade das atividades esportivas
tos acessíveis; e
pessoas com deficiência e recreativas específ i-
c) Ter acesso a locais que cas às def iciências e,
como eleitores e, para
ofereçam serviços ou para tanto, incentivar a
tanto, sempre que ne-
eventos culturais, tais provisão de instrução,
cessário e a seu pedido,
como teatros, museus, treinamento e recursos
permissão para que elas
sejam auxiliadas na vo- cinemas, bibliotecas e adequados, em igual-
tação por uma pessoa serviços turísticos, bem dade de oportunidades
de sua escolha; como, tanto quanto com as demais pessoas;
possível, ter acesso a c) Assegurar que as pes-
b) Promover ativamente monumentos e locais
um ambiente em que as soas com def iciência
de importância cultural tenham acesso a locais
pessoas com deficiência
nacional. de eventos esportivos,
possam participar efe-
tiva e plenamente na 2. Os Estados Partes tomarão recreativos e turísticos;
condução das questões medidas apropriadas para que d) Assegurar que as crian-
públicas, sem discrimi- as pessoas com deficiência te- ças com def iciência
nação e em igualdade nham a oportunidade de desen- possam, em igualdade
de oportunidades com volver e utilizar seu potencial de condições com as de-
as demais pessoas, e en- criativo, artístico e intelectu- mais crianças, partici-
corajar sua participação al, não somente em beneficio par de jogos e atividades

131
recreativas, esportivas ARTIGO 32 – Cooperação 1. Os Estados Partes, de acordo
e de lazer, inclusive no internacional com seu sistema organizacio-
sistema escolar; 1. Os Estados Partes reconhe- nal, designarão um ou mais de
e) Assegurar que as pes- cem a importância da coopera- um ponto focal no âmbito do
soas com def iciência ção internacional e de sua pro- Governo para assuntos relacio-
tenham acesso aos ser- moção, em apoio aos esforços nados com a implementação da
viços prestados por pes- presente Convenção e darão a
nacionais para a consecução
soas ou entidades envol- devida consideração ao esta-
do propósito e dos objetivos
vidas na organização de belecimento ou designação de
da presente Convenção e, sob
atividades recreativas, um mecanismo de coordenação
este aspecto, adotarão medidas no âmbito do Governo, a fim
turísticas, esportivas e apropriadas e efetivas entre os
de lazer. de facilitar ações correlatas nos
Estados e, de maneira adequa- diferentes setores e níveis.
ARTIGO 31 – Estatísticas e da, em parceria com organiza-
ções internacionais e regionais 2. Os Estados Partes, em con-
coleta de dados
relevantes e com a sociedade formidade com seus sistemas
1. Os Estados Partes coletarão jurídico e administrativo, man-
dados apropriados, inclusive es- civil e, em particular, com orga-
terão, fortalecerão, designarão
tatísticos e de pesquisas, para nizações de pessoas com defi-
ou estabelecerão estrutura,
que possam formular e imple- ciência. Estas medidas poderão
incluindo um ou mais de um
mentar políticas destinadas a incluir, entre outras: mecanismo independente, de
por em prática a presente Con- a) Assegurar que a coo- maneira apropriada, para pro-
venção. O processo de coleta peração internacional, mover, proteger e monitorar
e manutenção de tais dados incluindo os programas a implementação da presente
deverá: internacionais de de- Convenção. Ao designar ou
a) Observar as salvaguar- senvolvimento, sejam estabelecer tal mecanismo,
das estabelecidas por inclusivos e acessíveis os Estados Partes levarão em
lei, inclusive pelas leis para pessoas com defi- conta os princípios relativos
relativas à proteção de ciência; ao status e funcionamento das
dados, a fim de assegu- b) Facilitar e apoiar a ca- instituições nacionais de pro-
rar a confidencialidade teção e promoção dos direitos
pacitação, inclusive por
e o respeito pela priva- humanos.
meio do intercâmbio
cidade das pessoas com 3. A sociedade civil e, particu-
e compar tilhamento
deficiência; larmente, as pessoas com defi-
de informações, expe-
b) Observar as normas in- riências, programas de ciência e suas organizações re-
ternacionalmente acei- treinamento e melhores presentativas serão envolvidas
tas para proteger os práticas; e participarão plenamente no
direitos humanos, as li- processo de monitoramento.
berdades fundamentais c) Facilitar a cooperação
e os princípios éticos na em pesquisa e o acesso ARTIGO 34 – Comitê sobre
coleta de dados e utili- a conhecimentos cientí- os Direitos das Pessoas com
zação de estatísticas. ficos e técnicos; Deficiência
2. As informações coletadas de d) Propiciar, de maneira 1. Um Comitê sobre os Direi-
acordo com o disposto neste apropriada, assistên- tos das Pessoas com Deficiência
Artigo serão desagregadas, de cia técnica e f inancei- (doravante denominado “Co-
maneira apropriada, e utiliza- ra, inclusive mediante mitê”) será estabelecido, para
das para avaliar o cumprimento, facilitação do acesso a desempenhar as funções aqui
por parte dos Estados Partes, tecnologias assistivas e definidas.
de suas obrigações na presente acessíveis e seu compar- 2. O Comitê será constituído,
Convenção e para identificar e tilhamento, bem como quando da entrada em vigor da
enfrentar as barreiras com as por meio de transferên- presente Convenção, de 12 peri-
quais as pessoas com deficiên- cia de tecnologias. tos. Quando a presente Conven-
cia se deparam no exercício de ção alcançar 60 ratificações ou
2. O disposto neste Artigo se
seus direitos. adesões, o Comitê será acresci-
aplica sem prejuízo das obriga- do em seis membros, perfazen-
3. Os Estados Partes assumirão ções que cabem a cada Estado
responsabilidade pela dissemi- do o total de 18 membros.
Parte em decorrência da pre-
nação das referidas estatísticas sente Convenção. 3. Os membros do Comitê atu-
e assegurarão que elas sejam arão a título pessoal e apresen-
acessíveis às pessoas com de- ARTIGO 33 – Implementa- tarão elevada postura moral,
ficiência e a outros. ção e monitoramento nacionais competência e experiência

132
reconhecidas no campo abran- eleição, os nomes desses seis de suas obrigações estabeleci-
gido pela presente Convenção. membros serão selecionados das pela presente Convenção
Ao designar seus candidatos, por sorteio pelo presidente da e sobre o progresso alcança-
os Estados Partes são instados sessão a que se refere o pará- do nesse aspecto, dentro do
a dar a devida consideração ao grafo 5 deste Artigo. período de dois anos após a
disposto no Artigo 4.3 da pre- 8. A eleição dos seis membros entrada em vigor da presente
sente Convenção. adicionais do Comitê será rea- Convenção para o Estado Parte
4. Os membros do Comitê se- lizada por ocasião das eleições concernente.
rão eleitos pelos Estados Partes, regulares, de acordo com as 2. Depois disso, os Estados
observando-se uma distribuição disposições pertinentes deste Partes submeterão relatórios
geográf ica equitativa, repre- Artigo. subsequentes, ao menos a cada
sentação de diferentes formas 9. Em caso de morte, demissão quatro anos, ou quando o Co-
de civilização e dos principais ou declaração de um membro mitê o solicitar.
sistemas jurídicos, represen- de que, por algum motivo, não 3. O Comitê determinará as di-
tação equilibrada de gênero e poderá continuar a exercer suas retrizes aplicáveis ao teor dos
participação de peritos com funções, o Estado Parte que o relatórios.
deficiência.
tiver indicado designará um ou- 4. Um Estado Parte que tiver
5. Os membros do Comitê se- tro perito que tenha as qualifi- submetido ao Comitê um re-
rão eleitos por votação secre- cações e satisfaça aos requisitos latório inicial abrangente não
ta em sessões da Conferência estabelecidos pelos dispositivos precisará, em relatórios subse-
dos Estados Partes, a partir de pertinentes deste Artigo, para quentes, repetir informações
uma lista de pessoas designadas concluir o mandato em questão. já apresentadas. Ao elaborar
pelos Estados Partes entre seus os relatórios ao Comitê, os
10. O Comitê estabelecerá suas
nacionais. Nessas sessões, cujo Estados Partes são instados
próprias normas de procedi-
quorum será de dois terços dos a fazê-lo de maneira franca e
mento.
Estados Partes, os candidatos transparente e a levar em con-
eleitos para o Comitê serão 11. O Secretário-Geral das Na- sideração o disposto no Artigo
aqueles que obtiverem o maior ções Unidas proverá o pessoal e 4.3 da presente Convenção.
número de votos e a maioria as instalações necessários para
o efetivo desempenho das fun- 5. Os relatórios poderão apon-
absoluta dos votos dos repre-
ções do Comitê segundo a pre- tar os fatores e as dificuldades
sentantes dos Estados Partes
sente Convenção e convocará que tiverem afetado o cumpri-
presentes e votantes.
sua primeira reunião. mento das obrigações decor-
6. A primeira eleição será rea- rentes da presente Convenção.
lizada, o mais tardar, até seis 12. Com a aprovação da As-
meses após a data de entrada sembleia Geral, os membros ARTIGO 36 – Consideração
em vigor da presente Conven- do Comitê estabelecido sob a dos relatórios
ção. Pelo menos quatro meses presente Convenção receberão 1. Os relatórios serão conside-
antes de cada eleição, o Secre- emolumentos dos recursos das rados pelo Comitê, que fará
tário-Geral das Nações Unidas Nações Unidas, sob termos e as sugestões e recomendações
dirigirá carta aos Estados Par- condições que a Assembleia gerais que julgar pertinentes e
tes, convidando-os a submeter possa decidir, tendo em vista as transmitirá aos respectivos
os nomes de seus candidatos no a importância das responsabi- Estados Partes. O Estado Par-
prazo de dois meses. O Secre- lidades do Comitê. te poderá responder ao Comitê
tário-Geral, subsequentemente, 13. Os membros do Comitê com as informações que julgar
preparará lista em ordem alfa- terão direito aos privilégios, pertinentes. O Comitê poderá
bética de todos os candidatos facilidades e imunidades dos pedir informações adicionais
apresentados, indicando que peritos em missões das Nações ao Estados Partes, referentes
foram designados pelos Estados Unidas, em conformidade com à implementação da presente
Partes, e submeterá essa lista as disposições pertinentes da Convenção.
aos Estados Partes da presente Convenção sobre Privilégios e 2. Se um Estado Parte atrasar
Convenção. Imunidades das Nações Unidas. consideravelmente a entrega de
7. Os membros do Comitê serão seu relatório, o Comitê poderá
eleitos para mandato de quatro ARTIGO 35 – Relatórios dos notif icar esse Estado de que
anos, podendo ser candidatos à Estados Partes examinará a aplicação da pre-
reeleição uma única vez. Contu- 1. Cada Estado Parte, por inter- sente Convenção com base em
do, o mandato de seis dos mem- médio do Secretário-Geral das informações confiáveis de que
bros eleitos na primeira eleição Nações Unidas, submeterá rela- disponha, a menos que o relató-
expirará ao fim de dois anos; tório abrangente sobre as medi- rio devido seja apresentado pelo
imediatamente após a primeira das adotadas em cumprimento Estado dentro do período de

133
três meses após a notificação. especializadas e outros acompanhadas, se houver, de
O Comitê convidará o Estado órgãos das Nações Uni- comentários dos Estados Par-
Parte interessado a participar das terão o direito de se tes.
desse exame. Se o Estado Parte fazer representar quan-
responder entregando seu rela- do da consideração da ARTIGO 40 – Conferência
tório, aplicar-se-á o disposto no implementação de dis- dos Estados Partes
parágrafo 1 do presente artigo. posições da presente 1. Os Estados Partes reunir-
3. O Secretário-Geral das Na- Convenção que disse- -se-ão regularmente em Confe-
ções Unidas colocará os rela- rem respeito aos seus rência dos Estados Partes a fim
tórios à disposição de todos os respectivos mandatos. de considerar matérias relativas
Estados Partes. O Comitê poderá convi- à implementação da presente
dar as agências especia- Convenção.
4. Os Estados Partes tornarão lizadas e outros órgãos
seus relatórios amplamente 2. O secretário-geral das Na-
competentes, segundo ções Unidas convocará, dentro
disponíveis ao público em seus julgar apropriado, a ofe-
países e facilitarão o acesso à do período de seis meses após
recer consultoria de pe- a entrada em vigor da presente
possibilidade de sugestões e de ritos sobre a implemen-
recomendações gerais a respei- Convenção, a Conferência dos
tação da Convenção em Estados Partes. As reuniões
to desses relatórios. áreas pertinentes a seus subsequentes serão convoca-
5. O Comitê transmitirá às respectivos mandatos. das pelo Secretário-Geral das
agências, fundos e programas O Comitê poderá con- Nações Unidas a cada dois anos
especializados das Nações Uni- vidar agências especia- ou conforme a decisão da Con-
das e a outras organizações lizadas e outros órgãos ferência dos Estados Partes.
competentes, da maneira que das Nações Unidas a
julgar apropriada, os relatórios apresentar relatórios ARTIGO 41 – Depositário
dos Estados Partes que conte- sobre a implementação O Secretário-Geral das Nações
nham demandas ou indicações da Convenção em áreas Unidas será o depositário da
de necessidade de consultoria pertinentes às suas res- presente Convenção.
ou de assistência técnica, acom- pectivas atividades;
panhados de eventuais observa- b) No desempenho de seu ARTIGO 42 – Assinatura
ções e sugestões do Comitê em mandato, o Comitê A presente Convenção será
relação às referidas demandas consultará, de manei- aberta à assinatura de todos
ou indicações, a fim de que pos- ra apropriada, outros os Estados e organizações de
sam ser consideradas. órgãos pertinentes ins- integração regional na sede das
ARTIGO 37 – Cooperação tituídos ao amparo de Nações Unidas em Nova York, a
entre os Estados Partes e o Co- tratados internacionais partir de 30 de março de 2007.
mitê de direitos humanos,
ARTIGO 43 – Consentimen-
1. Cada Estado Parte cooperará a f im de assegurar a
to em comprometer-se
com o Comitê e auxiliará seus consistência de suas
respectivas diretrizes A presente Convenção será sub-
membros no desempenho de metida à ratifi ação pelos Esta-
seu mandato. para a elaboração de
relatórios, sugestões e dos signatários e à confi mação
2. Em suas relações com os Es- recomendações gerais formal por organizações de in-
tados Partes, o Comitê dará a e de evitar duplicação e tegração regional signatárias.
devida consideração aos meios superposição no desem- Ela estará aberta à adesão de
e modos de aprimorar a capaci- penho de suas funções. qualquer Estado ou organiza-
dade de cada Estado Parte para ção de integração regional que
a implementação da presente ARTIGO 39 – Relatório do não a houver assinado.
Convenção, inclusive mediante Comitê
cooperação internacional. A cada dois anos, o Comitê sub- ARTIGO 44 – Organizações
meterá à Assembleia Geral e ao de integração regional
ARTIGO 38 – Relações do
Conselho Econômico e Social 1. “Organização de integra-
Comitê com outros órgãos
um relatório de suas atividades ção regional” será entendida
A f im de promover a efetiva e poderá fazer sugestões e re- como organização constituída
implementação da presente comendações gerais baseadas por Estados soberanos de de-
Convenção e de incentivar a no exame dos relatórios e nas terminada região, à qual seus
cooperação internacional na informações recebidas dos Es- Estados membros tenham de-
esfera abrangida pela presente tados Partes. Estas sugestões e legado competência sobre ma-
Convenção: recomendações gerais serão in- téria abrangida pela presente
a) A s agências cluídas no relatório do Comitê, Convenção. Essas organizações

134
declararão, em seus documen- da data em que esse Estado ou Posteriormente, a emenda en-
tos de confirmação formal ou organização tenha depositado trará em vigor para todo Estado
adesão, o alcance de sua com- seu instrumento de ratificação, Parte no trigésimo dia após o
petência em relação à matéria confirmação formal ou adesão. depósito por esse Estado do
abrangida pela presente Con- seu instrumento de aceitação.
venção. Subsequentemente, as ARTIGO 46 – Reservas A emenda será vinculante so-
organizações informarão ao 1. Não serão permitidas reser- mente para os Estados Partes
depositário qualquer alteração vas incompatíveis com o objeto que a tiverem aceitado.
substancial no âmbito de sua e o propósito da presente Con- 3. Se a Conferência dos Estados
competência. venção. Partes assim o decidir por con-
2. As referências a “Estados 2. As reservas poderão ser re- senso, qualquer emenda adota-
Partes” na presente Convenção tiradas a qualquer momento. da e aprovada em conformidade
serão aplicáveis a essas organi- com o disposto no parágrafo 1
zações, nos limites da compe- ARTIGO 47 – Emendas deste Artigo, relacionada exclu-
tência destas. 1. Qualquer Estado Parte pode- sivamente com os artigos 34,
3. Para os fins do parágrafo 1 rá propor emendas à presente 38, 39 e 40, entrará em vigor
do Artigo 45 e dos parágrafos Convenção e submetê-las ao para todos os Estados Partes
2 e 3 do Artigo 47, nenhum ins- Secretário-Geral das Nações no trigésimo dia a partir da data
trumento depositado por orga- Unidas. O Secretário-Geral co- em que o número de instrumen-
nização de integração regional municará aos Estados Partes tos de aceitação depositados
será computado. quaisquer emendas propostas, tiver atingido dois terços do nú-
solicitando-lhes que o notifi- mero de Estados Partes na data
4. As organizações de inte- quem se são favoráveis a uma de adoção da emenda.
gração regional, em matérias Conferência dos Estados Partes
de sua competência, poderão para considerar as propostas ARTIGO 48 – Denúncia
exercer o direito de voto na e tomar decisão a respeito de- Qualquer Estado Parte poderá
Conferência dos Estados Partes, las. Se, até quatro meses após denunciar a presente Conven-
tendo direito ao mesmo número a data da referida comunica- ção mediante notificação por
de votos quanto for o número ção, pelo menos um terço dos escrito ao Secretário-Geral das
de seus Estados membros que Estados Partes se manifestar Nações Unidas. A denúncia tor-
forem Partes da presente Con- favorável a essa Conferência, nar-se-á efetiva um ano após a
venção. Essas organizações não o Secretário-Geral das Nações data de recebimento da noti-
exercerão seu direito de voto, se Unidas convocará a Conferên- ficação pelo Secretário-Geral.
qualquer de seus Estados mem- cia, sob os auspícios das Nações
bros exercer seu direito de voto, Unidas. Qualquer emenda ado- ARTIGO 49 – Formatos
e vice-versa. tada por maioria de dois terços acessíveis
ARTIGO 45 – Entrada em dos Estados Partes presentes e O texto da presente Convenção
vigor votantes será submetida pelo será colocado à disposição em
Secretário-Geral à aprovação formatos acessíveis.
1. A presente Convenção en- da Assembleia Geral das Na-
trará em vigor no trigésimo dia ARTIGO 50 – Textos autên-
ções Unidas e, posteriormente, ticos
após o depósito do vigésimo à aceitação de todos os Estados
instrumento de ratificação ou Partes. Os textos em árabe, chinês, es-
adesão. panhol, francês, inglês e russo
2. Qualquer emenda adotada e da presente Convenção serão
2. Para cada Estado ou orga- aprovada conforme o disposto
nização de integração regional igualmente autênticos.
no parágrafo 1 do presente arti-
que ratificar ou formalmente go entrará em vigor no trigésimo EM FÉ DO QUE os plenipo-
confirmar a presente Convenção dia após a data na qual o núme- tenciários abaixo assinados,
ou a ela aderir após o depósi- ro de instrumentos de aceitação devidamente autorizados para
to do referido vigésimo instru- tenha atingido dois terços do tanto por seus respectivos Go-
mento, a Convenção entrará em número de Estados Partes na vernos, f irmaram a presente
vigor no trigésimo dia a partir data de adoção da emenda. Convenção.

135
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS
DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Os Estados Partes do presente suf icientemente subs- enviará suas sugestões e reco-
Protocolo acordaram o seguinte: tanciada; ou mendações, se houver, ao Es-
f) Os fatos que motivaram tado Parte concernente e ao
ARTIGO 1
a comunicação tenham requerente.
1. Qualquer Estado Parte do
ocorrido antes da en- ARTIGO 6
presente Protocolo (“Estado
trada em vigor do pre-
Parte”) reconhece a competên- 1. Se receber informação confi-
sente Protocolo para o
cia do Comitê sobre os Direitos ável indicando que um Estado
Estado Parte em apreço,
das Pessoas com Def iciência Parte está cometendo violação
salvo se os fatos conti-
(“Comitê”) para receber e con- grave ou sistemática de direitos
nuaram ocorrendo após
siderar comunicações submeti- estabelecidos na Convenção, o
aquela data.
das por pessoas ou grupos de Comitê convidará o referido
pessoas, ou em nome deles, su- ARTIGO 3 Estado Parte a colaborar com
jeitos à sua jurisdição, alegando Sujeito ao disposto no Artigo a verificação da informação e,
serem vítimas de violação das 2 do presente Protocolo, o Co- para tanto, a submeter suas
disposições da Convenção pelo mitê levará confidencialmente observações a respeito da in-
referido Estado Parte. ao conhecimento do Estado formação em pauta.
2. O Comitê não receberá co- Parte concernente qualquer 2. Levando em conta quaisquer
municação referente a qualquer comunicação submetida ao Co- observações que tenham sido
Estado Parte que não seja sig- mitê. Dentro do período de seis submetidas pelo Estado Parte
natário do presente Protocolo. meses, o Estado concernente concernente, bem como quais-
submeterá ao Comitê explica- quer outras informações confi-
ARTIGO 2
ções ou declarações por escri- áveis em poder do Comitê, este
O Comitê considerará inadmis- to, esclarecendo a matéria e a poderá designar um ou mais
sível a comunicação quando: eventual solução adotada pelo de seus membros para realizar
a) A comunicação for anô- referido Estado. investigação e apresentar, em
nima; caráter de urgência, relatório
ARTIGO 4
b) A comunicação consti- ao Comitê. Caso se justifique
tuir abuso do direito de 1. A qualquer momento após e o Estado Parte o consinta, a
submeter tais comuni- receber uma comunicação e investigação poderá incluir uma
cações ou for incompa- antes de decidir o mérito dessa visita ao território desse Estado.
tível com as disposições comunicação, o Comitê poderá
transmitir ao Estado Parte con- 3. Após examinar os resulta-
da Convenção; dos da investigação, o Comitê
cernente, para sua urgente con-
c) A mesma matéria já sideração, um pedido para que os comunicará ao Estado Parte
tenha sido examinada o Estado Parte tome as medidas concernente, acompanhados de
pelo Comitê ou tenha de natureza cautelar que forem eventuais comentários e reco-
sido ou estiver sendo necessárias para evitar possíveis mendações.
examinada sob outro danos irreparáveis à vítima ou 4. Dentro do período de seis
procedimento de inves- às vítimas da violação alegada. meses após o recebimento dos
tigação ou resolução resultados, comentários e reco-
internacional; 2. O exercício pelo Comitê de
suas faculdades discricionárias mendações transmitidos pelo
d) Não tenham sido esgo- em virtude do parágrafo 1 do Comitê, o Estado Parte concer-
tados todos os recursos presente Artigo não implicará nente submeterá suas observa-
internos disponíveis, prejuízo algum sobre a admis- ções ao Comitê.
salvo no caso em que sibilidade ou sobre o mérito da 5. A referida investigação será
a tramitação desses comunicação. realizada confidencialmente e
recursos se prolongue a cooperação do Estado Parte
injustificadamente, ou ARTIGO 5 será solicitada em todas as fa-
seja improvável que se O Comitê realizará sessões fe- ses do processo.
obtenha com eles solu- chadas para examinar comu-
ção efetiva; nicações a ele submetidas em ARTIGO 7
e) A comunicação estiver conformidade com o presente 1. O Comitê poderá convidar
precariamente funda- Protocolo. Depois de examinar o Estado Par te concernen-
mentada ou não for uma comunicação, o Comitê te a incluir em seu relatório,

136
submetido em conformidade ARTIGO 12 depósito do décimo instrumen-
com o disposto no Artigo 35 1. “Organização de integração to dessa natureza, o Protocolo
da Convenção, pormenores a regional” será entendida como entrará em vigor no trigésimo
respeito das medidas tomadas organização constituída por Es- dia a partir da data em que esse
em consequência da investiga- tados soberanos de determina- Estado ou organização tenha
ção realizada em conformida- da região, à qual seus Estados depositado seu instrumento de
de com o Artigo 6 do presente membros tenham delegado ratificação, confirmação formal
Protocolo. competência sobre matéria ou adesão.
2. Caso necessário, o Comitê abrangida pela Convenção e
ARTIGO 14
poderá, encerrado o período de pelo presente Protocolo. Essas
seis meses a que se refere o pa- organizações declararão, em 1. Não serão permitidas reser-
rágrafo 4 do Artigo 6, convidar seus documentos de confirma- vas incompatíveis com o objeto
o Estado Parte concernente a ção formal ou adesão, o alcance e o propósito do presente Pro-
informar o Comitê a respeito de sua competência em relação tocolo.
das medidas tomadas em con- à matéria abrangida pela Con- 2. As reservas poderão ser re-
sequência da referida investi- venção e pelo presente Proto- tiradas a qualquer momento.
gação. colo. Subsequentemente, as
organizações informarão ao ARTIGO 15
ARTIGO 8
depositário qualquer alteração 1. Qualquer Estado Parte po-
Qualquer Estado Parte poderá, substancial no alcance de sua derá propor emendas ao pre-
quando da assinatura ou rati- competência. sente Protocolo e submetê-las
ficação do presente Protocolo ao Secretário-Geral das Nações
2. As referências a “Estados
ou de sua adesão a ele, declarar Unidas. O Secretário-Geral co-
Partes” no presente Protocolo
que não reconhece a competên- municará aos Estados Partes
serão aplicáveis a essas orga-
cia do Comitê, a que se referem quaisquer emendas propostas,
nizações, nos limites da com-
os Artigos 6 e 7. solicitando-lhes que o notifi-
petência de tais organizações.
ARTIGO 9 quem se são favoráveis a uma
3. Para os fins do parágrafo 1
Conferência dos Estados Partes
O Secretário-Geral das Nações do Artigo 13 e do parágrafo 2
para considerar as propostas
Unidas será o depositário do do Artigo 15, nenhum instru-
e tomar decisão a respeito de-
presente Protocolo. mento depositado por organi-
las. Se, até quatro meses após
zação de integração regional
ARTIGO 10 a data da referida comunica-
será computado.
O presente Protocolo será aber- ção, pelo menos um terço dos
4. As organizações de inte- Estados Partes se manifestar
to à assinatura dos Estados e gração regional, em matérias
organizações de integração re- favorável a essa Conferência,
de sua competência, poderão o Secretário-Geral das Nações
gional signatários da Conven- exercer o direito de voto na
ção, na sede das Nações Unidas Unidas convocará a Conferên-
Conferência dos Estados Partes, cia, sob os auspícios das Nações
em Nova York, a partir de 30 de tendo direito ao mesmo núme-
março de 2007. Unidas. Qualquer emenda ado-
ro de votos que seus Estados tada por maioria de dois terços
ARTIGO 11 membros que forem Partes do dos Estados Partes presentes e
O presente Protocolo estará su- presente Protocolo. Essas or- votantes será submetida pelo
jeito à ratificação pelos Estados ganizações não exercerão seu Secretário-Geral à aprovação
signatários do presente Proto- direito de voto se qualquer de da Assembleia Geral das Na-
colo que tiverem ratificado a seus Estados membros exercer ções Unidas e, posteriormente,
Convenção ou aderido a ela. seu direito de voto, e vice-versa. à aceitação de todos os Estados
Ele estará sujeito à confirma- Partes.
ARTIGO 13
ção formal por organizações de 2. Qualquer emenda adotada e
integração regional signatárias 1. Sujeito à entrada em vigor da aprovada conforme o disposto
do presente Protocolo que tive- Convenção, o presente Protoco- no parágrafo 1 do presente arti-
rem formalmente confirmado lo entrará em vigor no trigésimo go entrará em vigor no trigésimo
a Convenção ou a ela aderi- dia após o depósito do décimo dia após a data na qual o núme-
do. O Protocolo ficará aberto instrumento de ratificação ou ro de instrumentos de aceitação
à adesão de qualquer Estado adesão. tenha atingido dois terços do
ou organização de integração 2. Para cada Estado ou orga- número de Estados Partes na
regional que tiver ratificado ou nização de integração regional data de adoção da emenda.
formalmente confirmado a Con- que ratificar ou formalmente Posteriormente, a emenda en-
venção ou a ela aderido e que conf irmar o presente Proto- trará em vigor para todo Estado
não tiver assinado o Protocolo. colo ou a ele aderir depois do Parte no trigésimo dia após o

137
depósito por esse Estado do escrito ao Secretário-Geral ARTIGO 18
seu instrumento de aceitação. das Nações Unidas. A denúncia Os textos em árabe, chinês, es-
A emenda será vinculante so- tornar-se-á efetiva um ano após panhol, francês, inglês e russo
mente para os Estados Partes a data de recebimento da noti- e do presente Protocolo serão
que a tiverem aceitado. ficação pelo Secretário-Geral. igualmente autênticos.
ARTIGO 16 ARTIGO 17 EM FÉ DO QUE os plenipotenci-
Qualquer Estado Parte poderá O texto do presente Protocolo ários abaixo assinados, devida-
denunciar o presente Protoco- será colocado à disposição em mente autorizados para tanto
lo mediante notif icação por formatos acessíveis. por seus respectivos governos,
firmaram o presente Protocolo.

138
CÓDIGO CIVIL

Atualizado até julho de 2017


Sumário
CÓDIGO CIVIL ..................................................................................................................... 151
Lei no 10.406/2002................................................................................................ 151
Parte Geral ......................................................................................................... 151
Livro I – Das Pessoas ......................................................................................... 151
Título I – Das Pessoas Naturais .................................................................................... 151
Capítulo I – Da Personalidade e da Capacidade ........................................................ 151
Capítulo II – Dos Direitos da Personalidade .............................................................. 152
Capítulo III – Da Ausência......................................................................................... 152
Seção I – Da Curadoria dos Bens do Ausente ......................................................... 152
Seção II – Da Sucessão Provisória .......................................................................... 152
Seção III – Da Sucessão Definitiva.......................................................................... 153
Título II – Das Pessoas Jurídicas.................................................................................... 153
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 153
Capítulo II – Das Associações ................................................................................... 154
Capítulo III – Das Fundações .................................................................................... 155
Título III – Do Domicílio ............................................................................................... 156
Livro II – Dos Bens ............................................................................................ 157
Título Único – Das Diferentes Classes de Bens .............................................................. 157
Capítulo I – Dos Bens Considerados em Si Mesmos ................................................... 157
Seção I – Dos Bens Imóveis .................................................................................... 157
Seção II – Dos Bens Móveis.................................................................................... 157
Seção III – Dos Bens Fungíveis e Consumíveis ......................................................... 157
Seção IV – Dos Bens Divisíveis ............................................................................... 157
Seção V – Dos Bens Singulares e Coletivos ............................................................. 157
Capítulo II – Dos Bens Reciprocamente Considerados ............................................... 157
Capítulo III – Dos Bens Públicos................................................................................ 157
Livro III – Dos Fatos Jurídicos............................................................................. 158
Título I – Do Negócio Jurídico ...................................................................................... 158
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 158
Capítulo II – Da Representação................................................................................. 158
Capítulo III – Da Condição, do Termo e do Encargo .................................................. 159
Capítulo IV – Dos Defeitos do Negócio Jurídico ......................................................... 159
Seção I – Do Erro ou Ignorância ............................................................................ 159
Seção II – Do Dolo ................................................................................................ 160
Seção III – Da Coação ........................................................................................... 160
Seção IV – Do Estado de Perigo ............................................................................. 160
Seção V – Da Lesão ............................................................................................... 160
Seção VI – Da Fraude contra Credores ................................................................... 160
Capítulo V – Da Invalidade do Negócio Jurídico......................................................... 161
Título II – Dos Atos Jurídicos Lícitos ............................................................................. 162
Título III – Dos Atos Ilícitos .......................................................................................... 162
Título IV – Da Prescrição e da Decadência .................................................................... 162
Capítulo I – Da Prescrição ........................................................................................ 162
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 162
Seção II – Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição ........................... 162
Seção III – Das Causas que Interrompem a Prescrição ............................................ 163
Seção IV – Dos Prazos da Prescrição ...................................................................... 163
Capítulo II – Da Decadência ..................................................................................... 164
Título V – Da Prova ...................................................................................................... 164
Parte Especial ..................................................................................................... 166
Livro I – Do Direito das Obrigações ................................................................... 166
Título I – Das Modalidades das Obrigações .................................................................. 166
Capítulo I – Das Obrigações de Dar .......................................................................... 166
Seção I – Das Obrigações de Dar Coisa Certa ........................................................ 166
Seção II – Das Obrigações de Dar Coisa Incerta ..................................................... 166
Capítulo II – Das Obrigações de Fazer ....................................................................... 166
Capítulo III – Das Obrigações de Não Fazer .............................................................. 166
Capítulo IV – Das Obrigações Alternativas ................................................................ 167
Capítulo V – Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis .................................................. 167
Capítulo VI – Das Obrigações Solidárias ................................................................... 167
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 167
Seção II – Da Solidariedade Ativa .......................................................................... 167
Seção III – Da Solidariedade Passiva ...................................................................... 168
Título II – Da Transmissão das Obrigações ................................................................... 168
Capítulo I – Da Cessão de Crédito............................................................................. 168
Capítulo II – Da Assunção de Dívida ......................................................................... 169
Título III – Do Adimplemento e Extinção das Obrigações .............................................. 169
Capítulo I – Do Pagamento ....................................................................................... 169
Seção I – De Quem Deve Pagar .............................................................................. 169
Seção II – Daqueles a Quem se Deve Pagar ............................................................ 169
Seção III – Do Objeto do Pagamento e Sua Prova .................................................. 170
Seção IV – Do Lugar do Pagamento ....................................................................... 170
Seção V – Do Tempo do Pagamento ...................................................................... 170
Capítulo II – Do Pagamento em Consignação............................................................ 171
Capítulo III – Do Pagamento com Sub-rogação ......................................................... 171
Capítulo IV – Da Imputação do Pagamento .............................................................. 171
Capítulo V – Da Dação em Pagamento...................................................................... 172
Capítulo VI – Da Novação......................................................................................... 172
Capítulo VII – Da Compensação ............................................................................... 172
Capítulo VIII – Da Confusão ..................................................................................... 173
Capítulo IX – Da Remissão das Dívidas ..................................................................... 173
Título IV – Do Inadimplemento das Obrigações ............................................................ 173
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 173
Capítulo II – Da Mora ............................................................................................... 173
Capítulo III – Das Perdas e Danos ............................................................................. 174
Capítulo IV – Dos Juros Legais................................................................................... 174
Capítulo V – Da Cláusula Penal ................................................................................. 174
Capítulo VI – Das Arras ou Sinal ............................................................................... 174
Título V – Dos Contratos em Geral ............................................................................... 175
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 175
Seção I – Preliminares ............................................................................................ 175
Seção II – Da Formação dos Contratos .................................................................. 175
Seção III – Da Estipulação em Favor de Terceiro ..................................................... 175
Seção IV – Da Promessa de Fato de Terceiro .......................................................... 176
Seção V – Dos Vícios Redibitórios .......................................................................... 176
Seção VI – Da Evicção ........................................................................................... 176
Seção VII – Dos Contratos Aleatórios .................................................................... 176
Seção VIII – Do Contrato Preliminar ...................................................................... 177
Seção IX – Do Contrato com Pessoa a Declarar ..................................................... 177
Capítulo II – Da Extinção do Contrato ...................................................................... 177
Seção I – Do Distrato ............................................................................................ 177
Seção II – Da Cláusula Resolutiva .......................................................................... 177
Seção III – Da Exceção de Contrato não Cumprido ................................................ 177
Seção IV – Da Resolução por Onerosidade Excessiva ............................................. 178
Título VI – Das Várias Espécies de Contrato .................................................................. 178
Capítulo I – Da Compra e Venda ............................................................................... 178
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 178
Seção II – Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda ............................................ 179
Subseção I – Da Retrovenda .................................................................................. 179
Subseção II – Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova ........................................ 180
Subseção III – Da Preempção ou Preferência .......................................................... 180
Subseção IV – Da Venda com Reserva de Domínio ................................................. 180
Subseção V – Da Venda sobre Documentos ........................................................... 181
Capítulo II – Da Troca ou Permuta ............................................................................ 181
Capítulo III – Do Contrato Estimatório ..................................................................... 181
Capítulo IV – Da Doação .......................................................................................... 181
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 181
Seção II – Da Revogação da Doação ...................................................................... 182
Capítulo V – Da Locação de Coisas ........................................................................... 182
Capítulo VI – Do Empréstimo ................................................................................... 183
Seção I – Do Comodato ........................................................................................ 183
Seção II – Do Mútuo ............................................................................................. 183
Capítulo VII – Da Prestação de Serviço...................................................................... 184
Capítulo VIII – Da Empreitada .................................................................................. 185
Capítulo IX – Do Depósito ........................................................................................ 186
Seção I – Do Depósito Voluntário .......................................................................... 186
Seção II – Do Depósito Necessário ........................................................................ 187
Capítulo X – Do Mandato ......................................................................................... 187
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 187
Seção II – Das Obrigações do Mandatário ............................................................. 188
Seção III – Das Obrigações do Mandante .............................................................. 189
Seção IV – Da Extinção do Mandato ...................................................................... 189
Seção V – Do Mandato Judicial .............................................................................. 189
Capítulo XI – Da Comissão ....................................................................................... 189
Capítulo XII – Da Agência e Distribuição ................................................................... 190
Capítulo XIII – Da Corretagem .................................................................................. 191
Capítulo XIV – Do Transporte ................................................................................... 191
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 191
Seção II – Do Transporte de Pessoas ...................................................................... 192
Seção III – Do Transporte de Coisas....................................................................... 192
Capítulo XV – Do Seguro .......................................................................................... 193
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 193
Seção II – Do Seguro de Dano ............................................................................... 194
Seção III – Do Seguro de Pessoa ............................................................................ 195
Capítulo XVI – Da Constituição de Renda ................................................................. 196
Capítulo XVII – Do Jogo e da Aposta ......................................................................... 196
Capítulo XVIII – Da Fiança ........................................................................................ 197
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 197
Seção II – Dos Efeitos da Fiança ............................................................................ 197
Seção III – Da Extinção da Fiança .......................................................................... 197
Capítulo XIX – Da Transação .................................................................................... 198
Capítulo XX – Do Compromisso ............................................................................... 198
Título VII – Dos Atos Unilaterais ................................................................................... 198
Capítulo I – Da Promessa de Recompensa................................................................. 198
Capítulo II – Da Gestão de Negócios ......................................................................... 199
Capítulo III – Do Pagamento Indevido ....................................................................... 200
Capítulo IV – Do Enriquecimento Sem Causa ............................................................ 200
Título VIII – Dos Títulos de Crédito ............................................................................... 200
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 200
Capítulo II – Do Título ao Portador........................................................................... 201
Capítulo III – Do Título à Ordem............................................................................... 201
Capítulo IV – Do Título Nominativo .......................................................................... 202
Título IX – Da Responsabilidade Civil ........................................................................... 202
Capítulo I – Da Obrigação de Indenizar .................................................................... 202
Capítulo II – Da Indenização ..................................................................................... 203
Título X – Das Preferências e Privilégios Creditórios ...................................................... 204
Livro II – Do Direito de Empresa ........................................................................ 205
Título I – Do Empresário .............................................................................................. 205
Capítulo I – Da Caracterização e da Inscrição ........................................................... 205
Capítulo II – Da Capacidade ..................................................................................... 206
Título I-A – Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada................................. 206
Título II – Da Sociedade ............................................................................................... 207
Capítulo Único – Disposições Gerais ......................................................................... 207
Subtítulo I – Da Sociedade Não Personificada .............................................................. 207
Capítulo I – Da Sociedade em Comum ...................................................................... 207
Capítulo II – Da Sociedade em Conta de Participação ............................................... 207
Subtítulo II – Da Sociedade Personificada ..................................................................... 208
Capítulo I – Da Sociedade Simples ............................................................................ 208
Seção I – Do Contrato Social ................................................................................. 208
Seção II – Dos Direitos e Obrigações dos Sócios .................................................... 208
Seção III – Da Administração ................................................................................. 209
Seção IV – Das Relações com Terceiros .................................................................. 210
Seção V – Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio ............................... 210
Seção VI – Da Dissolução ...................................................................................... 211
Capítulo II – Da Sociedade em Nome Coletivo .......................................................... 211
Capítulo III – Da Sociedade em Comandita Simples .................................................. 212
Capítulo IV – Da Sociedade Limitada ........................................................................ 212
Seção I – Disposições Preliminares......................................................................... 212
Seção II – Das Quotas ........................................................................................... 212
Seção III – Da Administração ................................................................................. 213
Seção IV – Do Conselho Fiscal ............................................................................... 213
Seção V – Das Deliberações dos Sócios .................................................................. 214
Seção VI – Do Aumento e da Redução do Capital .................................................. 215
Seção VII – Da Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários ............. 215
Seção VIII – Da Dissolução .................................................................................... 216
Capítulo V – Da Sociedade Anônima ......................................................................... 216
Seção Única – Da Caracterização .......................................................................... 216
Capítulo VI – Da Sociedade em Comandita por Ações ............................................... 216
Capítulo VII – Da Sociedade Cooperativa .................................................................. 216
Capítulo VIII – Das Sociedades Coligadas.................................................................. 216
Capítulo IX – Da Liquidação da Sociedade ................................................................ 217
Capítulo X – Da Transformação, da Incorporação, da Fusão e da Cisão
das Sociedades ......................................................................................................... 218
Capítulo XI – Da Sociedade Dependente de Autorização ........................................... 218
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 218
Seção II – Da Sociedade Nacional .......................................................................... 219
Seção III – Da Sociedade Estrangeira ..................................................................... 219
Título III – Do Estabelecimento .................................................................................... 220
Capítulo Único – Disposições Gerais ......................................................................... 220
Título IV – Dos Institutos Complementares ................................................................... 221
Capítulo I – Do Registro ........................................................................................... 221
Capítulo II – Do Nome Empresarial ........................................................................... 221
Capítulo III – Dos Prepostos ..................................................................................... 222
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 222
Seção II – Do Gerente ............................................................................................ 222
Seção III – Do Contabilista e Outros Auxiliares ...................................................... 222
Capítulo IV – Da Escrituração ................................................................................... 223
Livro III – Do Direito das Coisas ........................................................................ 224
Título I – Da Posse ....................................................................................................... 224
Capítulo I – Da Posse e Sua Classificação .................................................................. 224
Capítulo II – Da Aquisição da Posse .......................................................................... 225
Capítulo III – Dos Efeitos da Posse ............................................................................ 225
Capítulo IV – Da Perda da Posse ............................................................................... 225
Título II – Dos Direitos Reais ........................................................................................ 226
Capítulo Único – Disposições Gerais ......................................................................... 226
Título III – Da Propriedade ........................................................................................... 226
Capítulo I – Da Propriedade em Geral ....................................................................... 226
Seção I – Disposições Preliminares......................................................................... 226
Seção II – Da Descoberta ...................................................................................... 226
Capítulo II – Da Aquisição da Propriedade Imóvel ..................................................... 227
Seção I – Da Usucapião ......................................................................................... 227
Seção II – Da Aquisição pelo Registro do Título ..................................................... 227
Seção III – Da Aquisição por Acessão..................................................................... 228
Subseção I – Das Ilhas ........................................................................................... 228
Subseção II – Da Aluvião ....................................................................................... 228
Subseção III – Da Avulsão...................................................................................... 228
Subseção IV – Do Álveo Abandonado .................................................................... 228
Subseção V – Das Construções e Plantações .......................................................... 228
Capítulo III – Da Aquisição da Propriedade Móvel ..................................................... 229
Seção I – Da Usucapião ......................................................................................... 229
Seção II – Da Ocupação ........................................................................................ 229
Seção III – Do Achado do Tesouro ......................................................................... 229
Seção IV – Da Tradição.......................................................................................... 229
Seção V – Da Especificação ................................................................................... 229
Seção VI – Da Confusão, da Comissão e da Adjunção ............................................ 229
Capítulo IV – Da Perda da Propriedade ..................................................................... 230
Capítulo V – Dos Direitos de Vizinhança ................................................................... 230
Seção I – Do Uso Anormal da Propriedade ............................................................ 230
Seção II – Das Árvores Limítrofes........................................................................... 230
Seção III – Da Passagem Forçada ........................................................................... 230
Seção IV – Da Passagem de Cabos e Tubulações .................................................... 231
Seção V – Das Águas ............................................................................................. 231
Seção VI – Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem ............................... 231
Seção VII – Do Direito de Construir ....................................................................... 232
Capítulo VI – Do Condomínio Geral.......................................................................... 233
Seção I – Do Condomínio Voluntário ..................................................................... 233
Subseção I – Dos Direitos e Deveres dos Condôminos ............................................ 233
Subseção II – Da Administração do Condomínio ................................................... 233
Seção II – Do Condomínio Necessário ................................................................... 234
Capítulo VII – Do Condomínio Edilício ...................................................................... 234
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 234
Seção II – Da Administração do Condomínio ......................................................... 236
Seção III – Da Extinção do Condomínio ................................................................. 236
Seção IV – Do Condomínio de Lotes ...................................................................... 237
Capítulo VIII – Da Propriedade Resolúvel .................................................................. 237
Capítulo IX – Da Propriedade Fiduciária.................................................................... 237
Título IV – Da Superfície ............................................................................................... 238
Título V – Das Servidões ............................................................................................... 238
Capítulo I – Da Constituição das Servidões ............................................................... 238
Capítulo II – Do Exercício das Servidões .................................................................... 238
Capítulo III – Da Extinção das Servidões ................................................................... 239
Título VI – Do Usufruto ................................................................................................ 239
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 239
Capítulo II – Dos Direitos do Usufrutuário ................................................................ 239
Capítulo III – Dos Deveres do Usufrutuário ............................................................... 239
Capítulo IV – Da Extinção do Usufruto ..................................................................... 240
Título VII – Do Uso....................................................................................................... 240
Título VIII – Da Habitação............................................................................................ 241
Título IX – Do Direito do Promitente Comprador.......................................................... 241
Título X – Do Penhor, da Hipoteca e da Anticrese ......................................................... 241
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 241
Capítulo II – Do Penhor ............................................................................................ 242
Seção I – Da Constituição do Penhor ..................................................................... 242
Seção II – Dos Direitos do Credor Pignoratício....................................................... 242
Seção III – Das Obrigações do Credor Pignoratício ................................................ 242
Seção IV – Da Extinção do Penhor ......................................................................... 242
Seção V – Do Penhor Rural .................................................................................... 243
Subseção I – Disposições Gerais ............................................................................ 243
Subseção II – Do Penhor Agrícola .......................................................................... 243
Subseção III – Do Penhor Pecuário ........................................................................ 243
Seção VI – Do Penhor Industrial e Mercantil .......................................................... 243
Seção VII – Do Penhor de Direitos e Títulos de Crédito ........................................... 244
Seção VIII – Do Penhor de Veículos ........................................................................ 244
Seção IX – Do Penhor Legal ................................................................................... 244
Capítulo III – Da Hipoteca ........................................................................................ 245
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 245
Seção II – Da Hipoteca Legal ................................................................................. 246
Seção III – Do Registro da Hipoteca....................................................................... 246
Seção IV – Da Extinção da Hipoteca ...................................................................... 247
Seção V – Da Hipoteca de Vias Férreas .................................................................. 247
Capítulo IV – Da Anticrese ........................................................................................ 247
Título XI – Da Laje........................................................................................................ 248
Livro IV – Do Direito de Família ......................................................................... 249
Título I – Do Direito Pessoal ......................................................................................... 249
Subtítulo I – Do Casamento ......................................................................................... 249
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 249
Capítulo II – Da Capacidade para o Casamento ........................................................ 249
Capítulo III – Dos Impedimentos ............................................................................... 249
Capítulo IV – Das causas suspensivas ........................................................................ 249
Capítulo V – Do Processo de Habilitação para o Casamento ..................................... 250
Capítulo VI – Da Celebração do Casamento.............................................................. 250
Capítulo VII – Das Provas do Casamento .................................................................. 251
Capítulo VIII – Da Invalidade do Casamento ............................................................. 252
Capítulo IX – Da Eficácia do Casamento ................................................................... 253
Capítulo X – Da Dissolução da Sociedade e do Vínculo Conjugal ............................... 253
Capítulo XI – Da Proteção da Pessoa dos Filhos ........................................................ 254
Subtítulo II – Das Relações de Parentesco ..................................................................... 255
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 255
Capítulo II – Da Filiação ........................................................................................... 256
Capítulo III – Do Reconhecimento dos Filhos ............................................................ 256
Capítulo IV – Da Adoção .......................................................................................... 257
Capítulo V – Do Poder Familiar ................................................................................. 257
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 257
Seção II – Do Exercício do Poder Familiar .............................................................. 257
Seção III – Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar .......................................... 257
Título II – Do Direito Patrimonial ................................................................................. 258
Subtítulo I – Do Regime de Bens entre os Cônjuges ....................................................... 258
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 258
Capítulo II – Pacto Antenupcial................................................................................. 259
Capítulo III – Do Regime de Comunhão Parcial ......................................................... 259
Capítulo IV – Do Regime de Comunhão Universal ..................................................... 260
Capítulo V – Do Regime de Participação Final nos Aquestos...................................... 260
Capítulo VI – Do Regime de Separação de Bens......................................................... 261
Subtítulo II – Do Usufruto e da Administração dos Bens de Filhos Menores .................. 261
Subtítulo III – Dos Alimentos ........................................................................................ 261
Subtítulo IV – Do Bem de Família ................................................................................. 262
Título III – Da União Estável ......................................................................................... 263
Título IV – Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão Apoiada ............................. 263
Capítulo I – Da Tutela ............................................................................................... 263
Seção I – Dos Tutores ............................................................................................ 263
Seção II – Dos Incapazes de Exercer a Tutela .......................................................... 264
Seção III – Da Escusa dos Tutores .......................................................................... 264
Seção IV – Do Exercício da Tutela .......................................................................... 264
Seção V – Dos Bens do Tutelado ............................................................................ 265
Seção VI – Da Prestação de Contas ....................................................................... 265
Seção VII – Da Cessação da Tutela......................................................................... 266
Capítulo II – Da Curatela .......................................................................................... 266
Seção I – Dos Interditos......................................................................................... 266
Seção II – Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de
Deficiência Física................................................................................................... 266
Seção III – Do Exercício da Curatela....................................................................... 266
Capítulo III – Da Tomada de Decisão Apoiada .......................................................... 266
Livro V – Do Direito das Sucessões .................................................................... 267
Título I – Da Sucessão em Geral ................................................................................... 267
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 267
Capítulo II – Da Herança e de sua Administração ...................................................... 267
Capítulo III – Da Vocação Hereditária ....................................................................... 268
Capítulo IV – Da Aceitação e Renúncia da Herança ................................................... 268
Capítulo V – Dos Excluídos da Sucessão .................................................................... 269
Capítulo VI – Da Herança Jacente ............................................................................. 269
Capítulo VII – Da Petição de Herança ....................................................................... 270
Título II – Da Sucessão Legítima ................................................................................... 270
Capítulo I – Da Ordem da Vocação Hereditária......................................................... 270
Capítulo II – Dos Herdeiros Necessários .................................................................... 271
Capítulo III – Do Direito de Representação ............................................................... 271
Título III – Da Sucessão Testamentária ......................................................................... 271
Capítulo I – Do Testamento em Geral ....................................................................... 271
Capítulo II – Da Capacidade de Testar ...................................................................... 271
Capítulo III – Das Formas Ordinárias do Testamento ................................................ 272
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 272
Seção II – Do Testamento Público.......................................................................... 272
Seção III – Do Testamento Cerrado ....................................................................... 272
Seção IV – Do Testamento Particular ..................................................................... 272
Capítulo IV – Dos Codicilos ...................................................................................... 273
Capítulo V – Dos Testamentos Especiais.................................................................... 273
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 273
Seção II – Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico ......................... 273
Seção III – Do Testamento Militar .......................................................................... 273
Capítulo VI – Das Disposições Testamentárias .......................................................... 274
Capítulo VII – Dos Legados ....................................................................................... 275
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 275
Seção II – Dos Efeitos do Legado e do seu Pagamento............................................ 275
Seção III – Da Caducidade dos Legados ................................................................. 276
Capítulo VIII – Do Direito de Acrescer entre Herdeiros e Legatários ........................... 276
Capítulo IX – Das Substituições ................................................................................ 277
Seção I – Da Substituição Vulgar e da Recíproca .................................................... 277
Seção II – Da Substituição Fideicomissária ............................................................ 277
Capítulo X – Da Deserdação ..................................................................................... 277
Capítulo XI – Da Redução das Disposições Testamentárias ....................................... 278
Capítulo XII – Da Revogação do Testamento ............................................................. 278
Capítulo XIII – Do Rompimento do Testamento ........................................................ 278
Capítulo XIV – Do Testamenteiro .............................................................................. 278
Título IV – Do Inventário e da Partilha .......................................................................... 279
Capítulo I – Do Inventário......................................................................................... 279
Capítulo II – Dos Sonegados ..................................................................................... 279
Capítulo III – Do Pagamento das Dívidas .................................................................. 279
Capítulo IV – Da Colação.......................................................................................... 280
Capítulo V – Da Partilha ........................................................................................... 280
Capítulo VI – Da Garantia dos Quinhões Hereditários ............................................... 281
Capítulo VII – Da Anulação da Partilha ..................................................................... 281
CÓDIGO CIVIL

Lei no 10.406/2002
Institui o Código Civil.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Parte Geral

Livro I – Das Pessoas III – aqueles que, por causa morte; presume-se esta, quan-
transitória ou permanente, não to aos ausentes, nos casos em
puderem exprimir sua vontade; que a lei autoriza a abertura de
IV – os pródigos. sucessão definitiva.
Título I – Das Parágrafo único. A capacidade dos Art. 7o Pode ser declarada a
Pessoas Naturais indígenas será regulada por le- morte presumida, sem decreta-
gislação especial. ção de ausência:
Capítulo I – Da Art. 5o A menoridade cessa I – se for extremamente prová-
aos dezoito anos completos, vel a morte de quem estava em
Personalidade e da perigo de vida;
Capacidade quando a pessoa fica habilita-
da à prática de todos os atos II – se alguém, desaparecido em
Art. 1o Toda pessoa é capaz da vida civil. campanha ou feito prisioneiro,
de direitos e deveres na ordem não for encontrado até dois
Parágrafo único. Cessará, para os anos após o término da guerra.
civil. menores, a incapacidade:
Art. 2o A personalidade ci- I – pela concessão dos pais, ou Parágrafo único. A declaração da
vil da pessoa começa do nasci- de um deles na falta do outro, morte presumida, nesses casos,
mento com vida; mas a lei põe mediante instrumento público, somente poderá ser requerida
independentemente de homo- depois de esgotadas as buscas
a salvo, desde a concepção, os
logação judicial, ou por sen- e averiguações, devendo a sen-
direitos do nascituro.
tença do juiz, ouvido o tutor, tença fixar a data provável do
Art. 3o São absolutamente se o menor tiver dezesseis anos falecimento.
incapazes de exercer pessoal- completos; Art. 8o Se dois ou mais in-
mente os atos da vida civil os II – pelo casamento; divíduos falecerem na mesma
menores de 16 (dezesseis) anos. ocasião, não se podendo averi-
III – pelo exercício de emprego
I – (Revogado); público efetivo; guar se algum dos comorientes
II – (Revogado); IV – pela colação de grau em precedeu aos outros, presumir-
curso de ensino superior; -se-ão simultaneamente mor-
III – (Revogado). tos.
V – pelo estabelecimento civil ou
Art. 4o São incapazes, re- comercial, ou pela existência de Art. 9o Serão registrados em
lativamente a certos atos ou à relação de emprego, desde que, registro público:
maneira de os exercer: em função deles, o menor com I – os nascimentos, casamentos
I – os maiores de dezesseis e me- dezesseis anos completos tenha e óbitos;
nores de dezoito anos; economia própria.
II – a emancipação por outor-
II – os ébrios habituais e os vi- Art. 6o A existência da pes- ga dos pais ou por sentença do
ciados em tóxico; soa natural termina com a juiz;

151
III – a interdição por incapacida- Art. 15. Ninguém pode ser houver deixado representante
de absoluta ou relativa; constrangido a submeter-se, ou procurador a quem caiba
IV – a sentença declaratória de com risco de vida, a tratamen- administrar-lhe os bens, o juiz,
ausência e de morte presumida. to médico ou a intervenção a requerimento de qualquer
cirúrgica. interessado ou do Ministério
Art. 10. Far-se-á averbação Público, declarará a ausência,
em registro público: Art. 16. Toda pessoa tem di-
reito ao nome, nele compreendi- e nomear-lhe-á curador.
I – das sentenças que decreta- dos o prenome e o sobrenome.
rem a nulidade ou anulação do Art. 23. Também se decla-
casamento, o divórcio, a sepa- Art. 17. O nome da pessoa rará a ausência, e se nomeará
ração judicial e o restabeleci- não pode ser empregado por curador, quando o ausente dei-
mento da sociedade conjugal; outrem em publicações ou re- xar mandatário que não queira
presentações que a exponham ou não possa exercer ou conti-
II – dos atos judiciais ou extra- nuar o mandato, ou se os seus
ao desprezo público, ainda
judiciais que declararem ou re- poderes forem insuficientes.
quando não haja intenção di-
conhecerem a filiação;
famatória. Art. 24. O juiz, que nomear
III – (Revogado).
Art. 18. Sem autorização, o curador, fixar-lhe-á os pode-
Capítulo II – Dos Direitos não se pode usar o nome alheio res e obrigações, conforme as
da Personalidade em propaganda comercial. circunstâncias, observando, no
que for aplicável, o disposto a
Art. 11. Com exceção dos Art. 19. O pseudônimo ado-
respeito dos tutores e curadores.
casos previstos em lei, os di- tado para atividades lícitas goza
da proteção que se dá ao nome. Art. 25. O cônjuge do au-
reitos da personalidade são in-
transmissíveis e irrenunciáveis, sente, sempre que não esteja
Art. 20. Salvo se autoriza-
não podendo o seu exercício das, ou se necessárias à ad- separado judicialmente, ou de
sofrer limitação voluntária. ministração da justiça ou à fato por mais de dois anos antes
manutenção da ordem públi- da declaração da ausência, será
Art. 12. Pode-se exigir que o seu legítimo curador.
ca, a divulgação de escritos, a
cesse a ameaça, ou a lesão,
transmissão da palavra, ou a § 1o Em falta do cônjuge, a
a direito da personalidade, e
publicação, a exposição ou a curadoria dos bens do ausente
reclamar perdas e danos, sem utilização da imagem de uma incumbe aos pais ou aos des-
prejuízo de outras sanções pre- pessoa poderão ser proibidas, cendentes, nesta ordem, não
vistas em lei. a seu requerimento e sem preju- havendo impedimento que os
Parágrafo único. Em se tratando ízo da indenização que couber, iniba de exercer o cargo.
de morto, terá legitimação para se lhe atingirem a honra, a boa
§ 2o Entre os descendentes,
requerer a medida prevista neste fama ou a respeitabilidade, ou
os mais próximos precedem os
artigo o cônjuge sobrevivente, ou se se destinarem a fins comer-
mais remotos.
qualquer parente em linha reta, ciais.
ou colateral até o quarto grau. § 3o Na falta das pessoas men-
Parágrafo único. Em se tratando cionadas, compete ao juiz a es-
Art. 13. Salvo por exigência de morto ou de ausente, são colha do curador.
médica, é defeso o ato de dispo- partes legítimas para requerer
sição do próprio corpo, quando essa proteção o cônjuge, os as-
importar diminuição permanen- cendentes ou os descendentes. Seção II – Da Sucessão
te da integridade física, ou con- Provisória
Art. 21. A vida privada da pes-
trariar os bons costumes. soa natural é inviolável, e o juiz, Art. 26. Decorrido um ano
Parágrafo único. O ato previsto a requerimento do interessado, da arrecadação dos bens do au-
neste artigo será admitido para adotará as providências necessá- sente, ou, se ele deixou repre-
fins de transplante, na forma rias para impedir ou fazer cessar sentante ou procurador, em se
estabelecida em lei especial. ato contrário a esta norma. passando três anos, poderão
os interessados requerer que se
Art. 14. É válida, com obje- Capítulo III – Da Ausência declare a ausência e se abra pro-
tivo científico, ou altruístico, a visoriamente a sucessão.
disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, Seção I – Da Curadoria dos Art. 27. Para o efeito previs-
para depois da morte. Bens do Ausente to no artigo anterior, somente
Parágrafo único. O ato de dispo- Art. 22. Desaparecendo se consideram interessados:
sição pode ser livremente revo- uma pessoa do seu domicílio I – o cônjuge não separado ju-
gado a qualquer tempo. sem dela haver notícia, se não dicialmente;

152
II – os herdeiros presumidos, independentemente de garan- medidas assecuratórias preci-
legítimos ou testamentários; tia, entrar na posse dos bens sas, até a entrega dos bens a
III – os que tiverem sobre os do ausente. seu dono.
bens do ausente direito depen- Art. 31. Os imóveis do au-
dente de sua morte; Seção III – Da Sucessão
sente só se poderão alienar, não
IV – os credores de obrigações sendo por desapropriação, ou Definitiva
vencidas e não pagas. hipotecar, quando o ordene o
juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 37. Dez anos depois de
Art. 28. A sentença que de- passada em julgado a sentença
terminar a abertura da sucessão Art. 32. Empossados nos que concede a abertura da su-
provisória só produzirá efeito bens, os sucessores provisórios cessão provisória, poderão os
cento e oitenta dias depois de
ficarão representando ativa e interessados requerer a suces-
publicada pela imprensa; mas,
passivamente o ausente, de são definitiva e o levantamento
logo que passe em julgado,
proceder-se-á à abertura do tes- modo que contra eles correrão das cauções prestadas.
tamento, se houver, e ao inven- as ações pendentes e as que de
futuro àquele forem movidas. Art. 38. Pode-se requerer a
tário e partilha dos bens, como sucessão definitiva, também,
se o ausente fosse falecido. Art. 33. O descendente, provando-se que o ausente
§ 1o Findo o prazo a que se ascendente ou cônjuge que for conta oitenta anos de idade, e
refere o art. 26, e não haven- sucessor provisório do ausente, que de cinco datam as últimas
do interessados na sucessão fará seus todos os frutos e ren- notícias dele.
provisória, cumpre ao Ministé- dimentos dos bens que a este
rio Público requerê-la ao juízo couberem; os outros sucesso- Art. 39. Regressando o au-
competente. res, porém, deverão capitalizar sente nos dez anos seguintes à
§ 2o Não comparecendo her- metade desses frutos e rendi- abertura da sucessão definitiva,
deiro ou interessado para re- ou algum de seus descendentes
mentos, segundo o disposto no
querer o inventário até trinta ou ascendentes, aquele ou estes
art. 29, de acordo com o repre-
dias depois de passar em julga- haverão só os bens existentes
sentante do Ministério Público,
do a sentença que mandar abrir no estado em que se acharem,
e prestar anualmente contas ao
a sucessão provisória, proceder- os sub-rogados em seu lugar,
juiz competente.
-se-á à arrecadação dos bens do ou o preço que os herdeiros e
ausente pela forma estabelecida Parágrafo único. Se o ausente demais interessados houverem
nos arts. 1.819 a 1.823. aparecer, e ficar provado que a recebido pelos bens alienados
ausência foi voluntária e injusti- depois daquele tempo.
Art. 29. Antes da partilha, o ficada, perderá ele, em favor do
juiz, quando julgar conveniente, Parágrafo único. Se, nos dez anos
sucessor, sua parte nos frutos e
ordenará a conversão dos bens a que se refere este artigo, o
rendimentos.
móveis, sujeitos a deterioração ausente não regressar, e ne-
ou a extravio, em imóveis ou em Art. 34. O excluído, segundo nhum interessado promover
títulos garantidos pela União. o art. 30, da posse provisória a sucessão definitiva, os bens
Art. 30. Os herdeiros, para poderá, justificando falta de arrecadados passarão ao do-
se imitirem na posse dos bens meios, requerer lhe seja entre- mínio do Município ou do
do ausente, darão garantias gue metade dos rendimentos do Distrito Federal, se localizados
da restituição deles, mediante quinhão que lhe tocaria. nas respectivas circunscrições,
penhores ou hipotecas equiva- incorporando-se ao domínio
Art. 35. Se durante a posse da União, quando situados em
lentes aos quinhões respectivos. provisória se provar a época
§ 1o Aquele que tiver direito à território federal.
exata do falecimento do ausen-
posse provisória, mas não pu- te, considerar-se-á, nessa data,
der prestar a garantia exigida aberta a sucessão em favor dos
neste artigo, será excluído, man- herdeiros, que o eram àquele Título II – Das
tendo-se os bens que lhe deviam
caber sob a administração do
tempo. Pessoas Jurídicas
curador, ou de outro herdeiro Art. 36. Se o ausente apa-
designado pelo juiz, e que preste recer, ou se lhe provar a exis- Capítulo I – Disposições
essa garantia. tência, depois de estabelecida Gerais
§ 2o Os ascendentes, os des- a posse provisória, cessarão
cendentes e o cônjuge, uma para logo as vantagens dos su- Art. 40. As pessoas jurídicas
vez provada a sua qualida- cessores nela imitidos, ficando, são de direito público, interno
de de herdeiros, poderão, todavia, obrigados a tomar as ou externo, e de direito privado.

153
Art. 41. São pessoas jurídi- § 3o Os partidos políticos se- decisões a que se refere este ar-
cas de direito público interno: rão organizados e funcionarão tigo, quando violarem a lei ou
I – a União; conforme o disposto em lei es- estatuto, ou forem eivadas de
pecífica. erro, dolo, simulação ou fraude.
II – os Estados, o Distrito Fede-
ral e os Territórios; Art. 45. Começa a existência Art. 49. Se a administração
III – os Municípios; legal das pessoas jurídicas de da pessoa jurídica vier a faltar,
direito privado com a inscrição o juiz, a requerimento de qual-
IV – as autarquias, inclusive as do ato constitutivo no respecti-
associações públicas; quer interessado, nomear-lhe-á
vo registro, precedida, quando administrador provisório.
V – as demais entidades de cará- necessário, de autorização ou
ter público criadas por lei. aprovação do Poder Executivo, Art. 50. Em caso de abu-
Parágrafo único. Salvo disposi- averbando-se no registro todas so da personalidade jurídica,
ção em contrário, as pessoas as alterações por que passar o caracterizado pelo desvio de
jurídicas de direito público, a ato constitutivo. f inalidade, ou pela confusão
que se tenha dado estrutura Parágrafo único. Decai em três patrimonial, pode o juiz decidir,
de direito privado, regem-se, anos o direito de anular a cons- a requerimento da parte, ou do
no que couber, quanto ao seu tituição das pessoas jurídicas de Ministério Público quando lhe
funcionamento, pelas normas direito privado, por defeito do couber intervir no processo, que
deste Código. ato respectivo, contado o prazo os efeitos de certas e determi-
da publicação de sua inscrição nadas relações de obrigações
Art. 42. São pessoas jurídi-
no registro. sejam estendidos aos bens par-
cas de direito público externo os
Estados estrangeiros e todas as ticulares dos administradores
Art. 46. O registro decla-
pessoas que forem regidas pelo ou sócios da pessoa jurídica.
rará:
direito internacional público. I – a denominação, os fins, a Art. 51. Nos casos de dis-
Art. 43. As pessoas jurídi- sede, o tempo de duração e o solução da pessoa jurídica ou
cas de direito público interno fundo social, quando houver; cassada a autorização para seu
são civilmente responsáveis II – o nome e a individualização funcionamento, ela subsistirá
por atos dos seus agentes que dos fundadores ou instituido- para os fins de liquidação, até
nessa qualidade causem danos res, e dos diretores; que esta se conclua.
a terceiros, ressalvado direito III – o modo por que se admi- § 1o Far-se-á, no registro onde a
regressivo contra os causadores nistra e representa, ativa e pas- pessoa jurídica estiver inscrita,
do dano, se houver, por parte sivamente, judicial e extrajudi- a averbação de sua dissolução.
destes, culpa ou dolo. cialmente; § 2o As disposições para a li-
Art. 44. São pessoas jurídi- IV – se o ato constitutivo é re- quidação das sociedades apli-
cas de direito privado: formável no tocante à adminis- cam-se, no que couber, às de-
I – as associações; tração, e de que modo; mais pessoas jurídicas de direito
II – as sociedades; V – se os membros respondem, privado.
ou não, subsidiariamente, pelas § 3o Encerrada a liquidação,
III – as fundações;
obrigações sociais; promover-se-á o cancelamento
IV – as organizações religiosas;
VI – as condições de extinção da inscrição da pessoa jurídica.
V – os partidos políticos; da pessoa jurídica e o destino
VI – as empresas individuais de do seu patrimônio, nesse caso. Art. 52. Aplica-se às pesso-
responsabilidade limitada. as jurídicas, no que couber, a
Art. 47. Obrigam a pessoa proteção dos direitos da per-
§ 1o São livres a criação, a orga- jurídica os atos dos administra- sonalidade.
nização, a estruturação interna dores, exercidos nos limites de
e o funcionamento das organi- seus poderes definidos no ato
zações religiosas, sendo vedado
Capítulo II – Das
constitutivo.
ao poder público negar-lhes re- Associações
conhecimento ou registro dos Art. 48. Se a pessoa jurídica
tiver administração coletiva, as Art. 53. Constituem-se as
atos constitutivos e necessários
decisões se tomarão pela maio- associações pela união de pes-
ao seu funcionamento.
ria de votos dos presentes, salvo soas que se organizem para fins
§ 2o As disposições concernen- não econômicos.
se o ato constitutivo dispuser de
tes às associações aplicam-se modo diverso.
subsidiariamente às sociedades Parágrafo único. Não há, entre os
que são objeto do Livro II da Parágrafo único. Decai em três associados, direitos e obriga-
Parte Especial deste Código. anos o direito de anular as ções recíprocos.

154
Art. 54. Sob pena de nulida- II – alterar o estatuto. se quiser, a maneira de admi-
de, o estatuto das associações nistrá-la.
conterá: Parágrafo único. Para as delibe-
rações a que se referem os inci- Parágrafo único. A fundação so-
I – a denominação, os fins e a sos I e II deste artigo é exigido mente poderá constituir-se para
sede da associação; deliberação da assembleia es- fins de:
II – os requisitos para a admis- pecialmente convocada para I – assistência social;
são, demissão e exclusão dos esse fim, cujo quorum será o II – cultura, defesa e conserva-
associados; estabelecido no estatuto, bem ção do patrimônio histórico e
III – os direitos e deveres dos como os critérios de eleição dos artístico;
associados; administradores.
III – educação;
IV – as fontes de recursos para Art. 60. A convocação dos IV – saúde;
sua manutenção; órgãos deliberativos far-se-á na
forma do estatuto, garantido a V – segurança alimentar e nu-
V – o modo de constituição e
1/5 (um quinto) dos associados tricional;
de funcionamento dos órgãos
deliberativos; o direito de promovê-la. VI – defesa, preservação e con-
VI – as condições para a altera- servação do meio ambiente e
Art. 61. Dissolvida a asso- promoção do desenvolvimento
ção das disposições estatutárias ciação, o remanescente do seu
e para a dissolução; sustentável;
patrimônio líquido, depois de
VII – a forma de gestão admi- deduzidas, se for o caso, as quo- VII – pesquisa científica, de-
nistrativa e de aprovação das tas ou frações ideais referidas senvolvimento de tecnologias
respectivas contas. no parágrafo único do art. 56, alternativas, modernização de
será destinado à entidade de sistemas de gestão, produção
Art. 55. Os associados de- fins não econômicos designada e divulgação de informações
vem ter iguais direitos, mas o no estatuto, ou, omisso este, e conhecimentos técnicos e
estatuto poderá instituir cate- por deliberação dos associados, científicos;
gorias com vantagens especiais. VIII – promoção da ética, da ci-
à instituição municipal, estadu-
Art. 56. A qualidade de as- al ou federal, de fins idênticos dadania, da democracia e dos
sociado é intransmissível, se o ou semelhantes. direitos humanos;
estatuto não dispuser o con- § 1o Por cláusula do estatuto IX – atividades religiosas; e
trário. ou, no seu silêncio, por delibe- X – (Vetado).
Parágrafo único. Se o associado ração dos associados, podem
estes, antes da destinação do Art. 63. Quando insuficien-
for titular de quota ou fração
remanescente referida neste tes para constituir a fundação,
ideal do patrimônio da asso-
artigo, receber em restituição, os bens a ela destinados serão,
ciação, a transferência daque-
atualizado o respectivo valor, se de outro modo não dispuser
la não importará, de per si, na
as contribuições que tiverem o instituidor, incorporados em
atribuição da qualidade de
associado ao adquirente ou ao prestado ao patrimônio da as- outra fundação que se propo-
herdeiro, salvo disposição di- sociação. nha a fim igual ou semelhante.
versa do estatuto. § 2o Não existindo no Municí- Art. 64. Constituída a fun-
pio, no Estado, no Distrito Fe- dação por negócio jurídico entre
Art. 57. A exclusão do asso-
deral ou no Território, em que vivos, o instituidor é obrigado a
ciado só é admissível havendo
a associação tiver sede, insti- transferir-lhe a propriedade, ou
justa causa, assim reconhecida
tuição nas condições indicadas outro direito real, sobre os bens
em procedimento que assegure
neste artigo, o que remanescer dotados, e, se não o fizer, serão
direito de defesa e de recurso,
do seu patrimônio se devolverá registrados, em nome dela, por
nos termos previstos no esta-
tuto. à Fazenda do Estado, do Distri- mandado judicial.
to Federal ou da União.
Art. 58. Nenhum associado Art. 65. Aqueles a quem o
poderá ser impedido de exercer Capítulo III – Das instituidor cometer a aplica-
direito ou função que lhe tenha Fundações ção do patrimônio, em tendo
sido legitimamente conferido, a ciência do encargo, formularão
não ser nos casos e pela forma Art. 62. Para criar uma fun- logo, de acordo com as suas
previstos na lei ou no estatuto. dação, o seu instituidor fará, bases (art. 62), o estatuto da
por escritura pública ou tes- fundação projetada, submeten-
Art. 59. Compete privativa- tamento, dotação especial de do-o, em seguida, à aprovação
mente à assembleia geral: bens livres, especificando o fim da autoridade competente, com
I – destituir os administradores; a que se destina, e declarando, recurso ao juiz.

155
Parágrafo único. Se o estatuto promoverá a extinção, incorpo- III – do Município, o lugar onde
não for elaborado no prazo rando-se o seu patrimônio, sal- funcione a administração mu-
assinado pelo instituidor, ou, vo disposição em contrário no nicipal;
não havendo prazo, em cento ato constitutivo, ou no estatuto,
e oitenta dias, a incumbência em outra fundação, designada IV – das demais pessoas jurídi-
caberá ao Ministério Público. pelo juiz, que se proponha a fim cas, o lugar onde funcionarem
igual ou semelhante. as respectivas diretorias e ad-
Art. 66. Velará pelas fun- ministrações, ou onde elegerem
dações o Ministério Público do domicílio especial no seu esta-
Estado onde situadas.1 tuto ou atos constitutivos.
§ 1o Se funcionarem no Distrito
Título III – Do Domicílio § 1o Tendo a pessoa jurídica
Federal ou em Território, caberá diversos estabelecimentos em
o encargo ao Ministério Público Art. 70. O domicílio da pes- lugares diferentes, cada um de-
do Distrito Federal e Territórios. soa natural é o lugar onde ela les será considerado domicílio
estabelece a sua residência com para os atos nele praticados.
§ 2o Se estenderem a atividade
ânimo definitivo.
por mais de um Estado, caberá § 2o Se a administração, ou di-
o encargo, em cada um deles, retoria, tiver a sede no estrangei-
Art. 71. Se, porém, a pessoa
ao respectivo Ministério Públi- ro, haver-se-á por domicílio da
natural tiver diversas residên-
co. pessoa jurídica, no tocante às
cias, onde, alternadamente,
viva, considerar-se-á domicílio obrigações contraídas por cada
Art. 67. Para que se possa uma das suas agências, o lugar
seu qualquer delas.
alterar o estatuto da fundação do estabelecimento, sito no Bra-
é mister que a reforma: sil, a que ela corresponder.
Art. 72. É também domicílio
I – seja deliberada por dois ter- da pessoa natural, quanto às re-
ços dos competentes para gerir lações concernentes à profissão, Art. 76. Têm domicílio ne-
e representar a fundação; o lugar onde esta é exercida. cessário o incapaz, o servidor
público, o militar, o marítimo
II – não contrarie ou desvirtue
Parágrafo único. Se a pessoa exer- e o preso.
o fim desta;
citar profissão em lugares diver-
III – seja aprovada pelo órgão sos, cada um deles constituirá Parágrafo único. O domicílio do
do Ministério Público no pra- domicílio para as relações que incapaz é o do seu representan-
zo máximo de 45 (quarenta e lhe corresponderem. te ou assistente; o do servidor
cinco) dias, findo o qual ou no público, o lugar em que exercer
caso de o Ministério Público a Art. 73. Ter-se-á por domicí- permanentemente suas funções;
denegar, poderá o juiz supri-la, lio da pessoa natural, que não o do militar, onde servir, e, sen-
a requerimento do interessado. tenha residência habitual, o lu- do da Marinha ou da Aeronáu-
gar onde for encontrada. tica, a sede do comando a que
Art. 68. Quando a altera- se encontrar imediatamente
ção não houver sido aprova- Art. 74. Muda-se o domicí- subordinado; o do marítimo,
da por votação unânime, os lio, transferindo a residência, onde o navio estiver matricula-
administradores da fundação, com a intenção manifesta de o
do; e o do preso, o lugar em que
ao submeterem o estatuto ao mudar.
cumprir a sentença.
órgão do Ministério Público,
requererão que se dê ciência à Parágrafo único. A prova da inten-
Art. 77. O agente diplomá-
minoria vencida para impugná- ção resultará do que declarar a
pessoa às municipalidades dos tico do Brasil, que, citado no
-la, se quiser, em dez dias.
lugares, que deixa, e para onde estrangeiro, alegar extraterrito-
Art. 69. Tornando-se ilícita, vai, ou, se tais declarações não rialidade sem designar onde tem,
impossível ou inútil a finalidade fizer, da própria mudança, com no país, o seu domicílio, pode-
a que visa a fundação, ou ven- as circunstâncias que a acom- rá ser demandado no Distrito
cido o prazo de sua existência, panharem. Federal ou no último ponto do
o órgão do Ministério Público, território brasileiro onde o teve.
ou qualquer interessado, lhe Art. 75. Quanto às pessoas
jurídicas, o domicílio é: Art. 78. Nos contratos es-
critos, poderão os contratantes
I – da União, o Distrito Federal; especificar domicílio onde se
1
Nota do Editor (NE): ver ADI II – dos Estados e Territórios, as exercitem e cumpram os direitos
no 2.794-8. respectivas capitais; e obrigações deles resultantes.

156
Livro II – Dos Bens conservam sua qualidade de Capítulo II – Dos
móveis; readquirem essa quali- Bens Reciprocamente
dade os provenientes da demo- Considerados
lição de algum prédio.
Título Único – Art. 92. Principal é o bem
Das Diferentes Seção III – Dos Bens que existe sobre si, abstrata
Classes de Bens Fungíveis e Consumíveis ou concretamente; acessório,
aquele cuja existência supõe a
Art. 85. São fungíveis os do principal.
Capítulo I – Dos Bens móveis que podem substituir-
Considerados em Si Mesmos Art. 93. São pertenças os
se por outros da mesma espécie, bens que, não constituindo par-
qualidade e quantidade. tes integrantes, se destinam, de
Seção I – Dos Bens Imóveis Art. 86. São consumíveis os modo duradouro, ao uso, ao
bens móveis cujo uso importa serviço ou ao aformoseamento
Art. 79. São bens imóveis de outro.
destruição imediata da própria
o solo e tudo quanto se lhe in-
substância, sendo também con- Art. 94. Os negócios jurídicos
corporar natural ou artificial
siderados tais os destinados à que dizem respeito ao bem princi-
mente.
alienação. pal não abrangem as pertenças,
Art. 80. Consideram-se imó- salvo se o contrário resultar da
veis para os efeitos legais:
Seção IV – Dos Bens lei, da manifestação de vontade,
I – os direitos reais sobre imóveis Divisíveis ou das circunstâncias do caso.
e as ações que os asseguram;
Art. 95. Apesar de ainda não
II – o direito à sucessão aberta. Art. 87. Bens divisíveis são separados do bem principal, os
Art. 81. Não perdem o ca- os que se podem fracionar sem frutos e produtos podem ser ob-
ráter de imóveis: alteração na sua substância, jeto de negócio jurídico.
diminuição considerável de va-
I – as edificações que, separadas lor, ou prejuízo do uso a que se Art. 96. As benfeitorias po-
do solo, mas conservando a sua destinam. dem ser voluptuárias, úteis ou
unidade, forem removidas para necessárias.
outro local; Art. 88. Os bens naturalmen-
§ 1o São voluptuárias as de mero
II – os materiais provisoriamen- te divisíveis podem tornar-se in-
deleite ou recreio, que não au-
te separados de um prédio, para divisíveis por determinação da
mentam o uso habitual do bem,
nele se reempregarem. lei ou por vontade das partes.
ainda que o tornem mais agra-
dável ou sejam de elevado valor.
Seção II – Dos Bens Móveis Seção V – Dos Bens § 2o São úteis as que aumentam
Singulares e Coletivos ou facilitam o uso do bem.
Art. 82. São móveis os bens
§ 3o São necessárias as que têm
suscetíveis de movimento pró- Art. 89. São singulares os por fim conservar o bem ou evi-
prio, ou de remoção por força bens que, embora reunidos, se
alheia, sem alteração da subs- tar que se deteriore.
consideram de per si, indepen-
tância ou da destinação econô- dentemente dos demais. Art. 97. Não se consideram
mico-social. benfeitorias os melhoramen-
Art. 90. Constitui universa- tos ou acréscimos sobrevindos
Art. 83. Consideram-se mó- lidade de fato a pluralidade de
veis para os efeitos legais: ao bem sem a intervenção do
bens singulares que, pertinentes proprietário, possuidor ou de-
I – as energias que tenham valor à mesma pessoa, tenham desti- tentor.
econômico; nação unitária.
II – os direitos reais sobre ob- Parágrafo único. Os bens que Capítulo III – Dos Bens
jetos móveis e as ações corres- formam essa universalidade Públicos
pondentes; podem ser objeto de relações
Art. 98. São públicos os
III – os direitos pessoais de ca- jurídicas próprias.
bens do domínio nacional per-
ráter patrimonial e respectivas
Art. 91. Constitui universa- tencentes às pessoas jurídicas
ações.
lidade de direito o complexo de direito público interno; to-
Art. 84. Os materiais desti- de relações jurídicas, de uma dos os outros são particulares,
nados a alguma construção, en- pessoa, dotadas de valor eco- seja qual for a pessoa a que
quanto não forem empregados, nômico. pertencerem.

157
Art. 99. São bens públicos: I – agente capaz; Art. 113. Os negócios jurí-
I – os de uso comum do povo, II – objeto lícito, possível, deter- dicos devem ser interpretados
tais como rios, mares, estradas, minado ou determinável; conforme a boa-fé e os usos do
ruas e praças; lugar de sua celebração.
III – forma prescrita ou não de-
II – os de uso especial, tais como fesa em lei. Art. 114. Os negócios jurídi-
edifícios ou terrenos destinados cos benéficos e a renúncia inter-
Art. 105. A incapacidade pretam-se estritamente.
a serviço ou estabelecimento da
relativa de uma das partes não
administração federal, estadual,
pode ser invocada pela outra Capítulo II – Da
territorial ou municipal, inclusi-
em benefício próprio, nem
ve os de suas autarquias; Representação
aproveita aos cointeressados
III – os dominicais, que consti- capazes, salvo se, neste caso, Art. 115. Os poderes de re-
tuem o patrimônio das pesso- for indivisível o objeto do direito presentação conferem-se por lei
as jurídicas de direito público, ou da obrigação comum. ou pelo interessado.
como objeto de direito pessoal,
ou real, de cada uma dessas en- Art. 106. A impossibilidade Art. 116. A manifestação de
tidades. inicial do objeto não invalida o vontade pelo representante, nos
negócio jurídico se for relativa, limites de seus poderes, produz
Parágrafo único. Não dispondo a ou se cessar antes de realizada efeitos em relação ao represen-
lei em contrário, consideram-se a condição a que ele estiver su- tado.
dominicais os bens pertencentes bordinado.
às pessoas jurídicas de direito Art. 117. Salvo se o permitir
público a que se tenha dado es- Art. 107. A validade da de- a lei ou o representado, é anu-
trutura de direito privado. claração de vontade não depen- lável o negócio jurídico que o
derá de forma especial, senão representante, no seu interesse
Art. 100. Os bens públicos quando a lei expressamente a ou por conta de outrem, cele-
de uso comum do povo e os de exigir. brar consigo mesmo.
uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua Art. 108. Não dispondo a Parágrafo único. Para esse efeito,
qualificação, na forma que a lei em contrário, a escritura pú- tem-se como celebrado pelo
lei determinar. blica é essencial à validade dos representante o negócio reali-
negócios jurídicos que visem à zado por aquele em quem os
Art. 101. Os bens públicos constituição, transferência, mo- poderes houverem sido subes-
dominicais podem ser alienados, dificação ou renúncia de direi- tabelecidos.
observadas as exigências da lei. tos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior Art. 118. O representante é
Art. 102. Os bens públicos obrigado a provar às pessoas,
não estão sujeitos a usucapião. salário mínimo vigente no País.
com quem tratar em nome do
Art. 103. O uso comum dos Art. 109. No negócio jurí- representado, a sua qualidade
bens públicos pode ser gratui- dico celebrado com a cláusula e a extensão de seus poderes,
to ou retribuído, conforme for de não valer sem instrumento sob pena de, não o fazendo, res-
estabelecido legalmente pela público, este é da substância ponder pelos atos que a estes
entidade a cuja administração do ato. excederem.
pertencerem. Art. 110. A manifestação de Art. 119. É anulável o negó-
vontade subsiste ainda que o cio concluído pelo representan-
seu autor haja feito a reserva te em conflito de interesses com
Livro III – Dos mental de não querer o que ma- o representado, se tal fato era
Fatos Jurídicos nifestou, salvo se dela o destina- ou devia ser do conhecimento
tário tinha conhecimento. de quem com aquele tratou.
Art. 111. O silêncio importa Parágrafo único. É de cento e oi-
anuência, quando as circuns- tenta dias, a contar da conclu-
Título I – Do tâncias ou os usos o autori- são do negócio ou da cessação
Negócio Jurídico zarem, e não for necessária a da incapacidade, o prazo de
declaração de vontade expressa. decadência para pleitear-se a
anulação prevista neste artigo.
Capítulo I – Disposições Art. 112. Nas declarações
Gerais de vontade se atenderá mais à Art. 120. Os requisitos e
intenção nelas consubstancia- os efeitos da representação
Art. 104. A validade do ne- da do que ao sentido literal da legal são os estabelecidos nas
gócio jurídico requer: linguagem. normas respectivas; os da

158
representação voluntária são os Art. 128. Sobrevindo a con- circunstâncias, resultar que
da Parte Especial deste Código. dição resolutiva, extingue-se, se estabeleceu a benefício do
para todos os efeitos, o direi- credor, ou de ambos os contra-
Capítulo III – Da to a que ela se opõe; mas, se tantes.
Condição, do Termo e do aposta a um negócio de execu-
Art. 134. Os negócios jurídi-
Encargo ção continuada ou periódica, a
sua realização, salvo disposição cos entre vivos, sem prazo, são
Art. 121. Considera-se con- em contrário, não tem eficácia exequíveis desde logo, salvo se
dição a cláusula que, derivando quanto aos atos já praticados, a execução tiver de ser feita em
exclusivamente da vontade das desde que compatíveis com a lugar diverso ou depender de
partes, subordina o efeito do natureza da condição penden- tempo.
negócio jurídico a evento futuro te e conforme aos ditames de Art. 135. Ao termo inicial e
e incerto. boa-fé. final aplicam-se, no que couber,
Art. 122. São lícitas, em Art. 129. Reputa-se verifica- as disposições relativas à con-
geral, todas as condições não da, quanto aos efeitos jurídicos, dição suspensiva e resolutiva.
contrárias à lei, à ordem pública a condição cujo implemento for Art. 136. O encargo não sus-
ou aos bons costumes; entre as maliciosamente obstado pela pende a aquisição nem o exer-
condições defesas se incluem parte a quem desfavorecer, cício do direito, salvo quando
as que privarem de todo efeito considerando-se, ao contrá- expressamente imposto no ne-
o negócio jurídico, ou o sujei- rio, não verificada a condição gócio jurídico, pelo disponente,
tarem ao puro arbítrio de uma maliciosamente levada a efeito como condição suspensiva.
das partes. por aquele a quem aproveita o
seu implemento. Art. 137. Considera-se não
Art. 123. Invalidam os ne- escrito o encargo ilícito ou im-
gócios jurídicos que lhes são Art. 130. Ao titular do direi-
possível, salvo se constituir o
subordinados: to eventual, nos casos de condi-
motivo determinante da libera-
ção suspensiva ou resolutiva, é
I – as condições física ou juridi- lidade, caso em que se invalida
permitido praticar os atos des-
camente impossíveis, quando o negócio jurídico.
tinados a conservá-lo.
suspensivas;
II – as condições ilícitas, ou de Art. 131. O termo inicial Capítulo IV – Dos Defeitos
fazer coisa ilícita; suspende o exercício, mas não do Negócio Jurídico
a aquisição do direito.
III – as condições incompreen-
síveis ou contraditórias. Art. 132. Salvo disposição Seção I – Do Erro ou
legal ou convencional em con- Ignorância
Art. 124. Têm-se por inexis- trário, computam-se os prazos,
tentes as condições impossíveis, excluído o dia do começo, e in- Art. 138. São anuláveis os
quando resolutivas, e as de não cluído o do vencimento. negócios jurídicos, quando as
fazer coisa impossível. declarações de vontade emana-
§ 1o Se o dia do vencimento
Art. 125. Subordinando-se cair em feriado, considerar-se-á rem de erro substancial que po-
a eficácia do negócio jurídico à prorrogado o prazo até o se- deria ser percebido por pessoa
condição suspensiva, enquan- guinte dia útil. de diligência normal, em face
to esta se não verificar, não se das circunstâncias do negócio.
§ 2o Meado considera-se, em
terá adquirido o direito, a que qualquer mês, o seu décimo Art. 139. O erro é substan-
ele visa. quinto dia. cial quando:
Art. 126. Se alguém dispu- § 3o Os prazos de meses e anos I – interessa à natureza do ne-
ser de uma coisa sob condição expiram no dia de igual número gócio, ao objeto principal da
suspensiva, e, pendente esta, do de início, ou no imediato, se declaração, ou a alguma das
fizer quanto àquela novas dis- faltar exata correspondência. qualidades a ele essenciais;
posições, estas não terão valor, § 4 o Os prazos f ixados por II – concerne à identidade ou à
realizada a condição, se com ela hora contar-se-ão de minuto a qualidade essencial da pessoa a
forem incompatíveis. minuto. quem se refira a declaração de
Art. 127. Se for resolutiva a Art. 133. Nos testamentos, vontade, desde que tenha influ-
condição, enquanto esta se não presume-se o prazo em favor ído nesta de modo relevante;
realizar, vigorará o negócio jurí- do herdeiro, e, nos contra- III – sendo de direito e não im-
dico, podendo exercer-se desde tos, em proveito do devedor, plicando recusa à aplicação da
a conclusão deste o direito por salvo, quanto a esses, se do lei, for o motivo único ou prin-
ele estabelecido. teor do instrumento, ou das cipal do negócio jurídico.

159
Art. 140. O falso motivo só as perdas e danos da parte a por todas as perdas e danos que
vicia a declaração de vontade quem ludibriou. houver causado ao coacto.
quando expresso como razão
Art. 149. O dolo do repre-
determinante.
sentante legal de uma das par- Seção IV – Do Estado de
Art. 141. A transmissão er- tes só obriga o representado Perigo
rônea da vontade por meios a responder civilmente até a
interpostos é anulável nos mes- importância do proveito que Art. 156. Configura-se o es-
mos casos em que o é a decla- teve; se, porém, o dolo for do tado de perigo quando alguém,
ração direta. representante convencional, o premido da necessidade de sal-
representado responderá soli- var-se, ou a pessoa de sua fa-
Art. 142. O erro de indica- mília, de grave dano conhecido
dariamente com ele por perdas
ção da pessoa ou da coisa, a pela outra parte, assume obri-
e danos.
que se referir a declaração de gação excessivamente onerosa.
vontade, não viciará o negócio Art. 150. Se ambas as partes
quando, por seu contexto e procederem com dolo, nenhu- Parágrafo único. Tratando-se de
pelas circunstâncias, se puder ma pode alegá-lo para anular pessoa não pertencente à famí-
identificar a coisa ou pessoa o negócio, ou reclamar indeni- lia do declarante, o juiz decidirá
cogitada. zação. segundo as circunstâncias.
Art. 143. O erro de cálculo
apenas autoriza a retificação da Seção III – Da Coação Seção V – Da Lesão
declaração de vontade.
Art. 151. A coação, para vi- Art. 157. Ocorre a lesão
Art. 144. O erro não preju- ciar a declaração da vontade, há quando uma pessoa, sob pre-
dica a validade do negócio jurí- de ser tal que incuta ao paciente mente necessidade, ou por
dico quando a pessoa, a quem fundado temor de dano iminen- inexperiência, se obriga a pres-
a manifestação de vontade se te e considerável à sua pessoa, tação manifestamente despro-
dirige, se oferecer para executá- à sua família, ou aos seus bens. porcional ao valor da prestação
-la na conformidade da vontade oposta.
real do manifestante. Parágrafo único. Se disser respei-
to a pessoa não pertencente à § 1o Aprecia-se a desproporção
família do paciente, o juiz, com das prestações segundo os va-
Seção II – Do Dolo base nas circunstâncias, decidi- lores vigentes ao tempo em que
rá se houve coação. foi celebrado o negócio jurídico.
Art. 145. São os negócios
jurídicos anuláveis por dolo, Art. 152. No apreciar a coa- § 2o Não se decretará a anula-
quando este for a sua causa. ção, ter-se-ão em conta o sexo, ção do negócio, se for oferecido
a idade, a condição, a saúde, suplemento suficiente, ou se a
Art. 146. O dolo aciden- parte favorecida concordar com
o temperamento do paciente e
tal só obriga à satisfação das a redução do proveito.
todas as demais circunstâncias
perdas e danos, e é acidental
que possam influir na gravidade
quando, a seu despeito, o ne-
dela. Seção VI – Da Fraude
gócio seria realizado, embora
por outro modo. Art. 153. Não se considera contra Credores
coação a ameaça do exercício
Art. 147. Nos negócios ju- Art. 158. Os negócios de
normal de um direito, nem o
rídicos bilaterais, o silêncio in- transmissão gratuita de bens ou
simples temor reverencial.
tencional de uma das partes a remissão de dívida, se os prati-
respeito de fato ou qualidade Art. 154. Vicia o negócio car o devedor já insolvente, ou
que a outra parte haja ignora- jurídico a coação exercida por por eles reduzido à insolvência,
do, constitui omissão dolosa, terceiro, se dela tivesse ou de- ainda quando o ignore, poderão
provando-se que sem ela o ne- vesse ter conhecimento a parte ser anulados pelos credores qui-
gócio não se teria celebrado. a que aproveite, e esta respon- rografários, como lesivos dos
derá solidariamente com aquele seus direitos.
Art. 148. Pode também
por perdas e danos.
ser anulado o negócio jurídico § 1o Igual direito assiste aos
por dolo de terceiro, se a parte Art. 155. Subsistirá o negó- credores cuja garantia se tornar
a quem aproveite dele tivesse cio jurídico, se a coação decor- insuficiente.
ou devesse ter conhecimento; rer de terceiro, sem que a parte
em caso contrário, ainda que a que aproveite dela tivesse ou § 2o Só os credores que já o
subsista o negócio jurídico, o devesse ter conhecimento; mas eram ao tempo daqueles atos
terceiro responderá por todas o autor da coação responderá podem pleitear a anulação deles.

160
Art. 159. Serão igualmente anticrese, sua invalidade impor- quando conhecer do negócio
anuláveis os contratos onerosos tará somente na anulação da jurídico ou dos seus efeitos e
do devedor insolvente, quando preferência ajustada. as encontrar provadas, não lhe
a insolvência for notória, ou sendo permitido supri-las, ainda
houver motivo para ser conhe- Capítulo V – Da que a requerimento das partes.
cida do outro contratante. Invalidade do Negócio
Art. 169. O negócio jurídico
Art. 160. Se o adquirente
Jurídico nulo não é suscetível de confir-
dos bens do devedor insolven- Art. 166. É nulo o negócio mação, nem convalesce pelo
te ainda não tiver pago o preço jurídico quando: decurso do tempo.
e este for, aproximadamente, o
I – celebrado por pessoa abso- Art. 170. Se, porém, o ne-
corrente, desobrigar-se-á depo-
lutamente incapaz; gócio jurídico nulo contiver os
sitando-o em juízo, com a cita-
II – for ilícito, impossível ou in- requisitos de outro, subsistirá
ção de todos os interessados.
determinável o seu objeto; este quando o fim a que visavam
Parágrafo único. Se inferior, o as partes permitir supor que o
III – o motivo determinante,
adquirente, para conservar os teriam querido, se houvessem
comum a ambas as partes, for
bens, poderá depositar o preço previsto a nulidade.
ilícito;
que lhes corresponda ao valor
IV – não revestir a forma pres- Art. 171. Além dos casos
real.
crita em lei; expressamente declarados na
Art. 161. A ação, nos casos lei, é anulável o negócio jurídico:
V – for preterida alguma soleni-
dos arts. 158 e 159, poderá ser dade que a lei considere essen- I – por incapacidade relativa do
intentada contra o devedor in- cial para a sua validade; agente;
solvente, a pessoa que com ele
VI – tiver por objetivo fraudar II – por vício resultante de erro,
celebrou a estipulação conside-
lei imperativa; dolo, coação, estado de perigo,
rada fraudulenta, ou terceiros
VII – a lei taxativamente o decla- lesão ou fraude contra credores.
adquirentes que hajam proce-
dido de má-fé. rar nulo, ou proibir-lhe a práti- Art. 172. O negócio anulá-
ca, sem cominar sanção. vel pode ser confirmado pelas
Art. 162. O credor quirogra-
Art. 167. É nulo o negócio partes, salvo direito de terceiro.
fário, que receber do devedor
insolvente o pagamento da dí- jurídico simulado, mas subsisti- Art. 173. O ato de confirma-
vida ainda não vencida, ficará rá o que se dissimulou, se válido ção deve conter a substância do
obrigado a repor, em proveito for na substância e na forma. negócio celebrado e a vontade
do acervo sobre que se tenha de § 1o Haverá simulação nos ne- expressa de mantê-lo.
efetuar o concurso de credores, gócios jurídicos quando:
aquilo que recebeu. Art. 174. É escusada a con-
I – aparentarem conferir ou firmação expressa, quando o
Art. 163. Presumem-se frau- transmitir direitos a pessoas negócio já foi cumprido em
datórias dos direitos dos outros diversas daquelas às quais re- parte pelo devedor, ciente do
credores as garantias de dívidas almente se conferem, ou trans- vício que o inquinava.
que o devedor insolvente tiver mitem;
dado a algum credor. Art. 175. A conf irmação
II – contiverem declaração, con-
expressa, ou a execução volun-
fissão, condição ou cláusula não
Ar t. 164. Presumem-se, tária de negócio anulável, nos
verdadeira;
porém, de boa-fé e valem os termos dos arts. 172 a 174,
negócios ordinários indispen- III – os instrumentos particu- importa a extinção de todas
sáveis à manutenção de esta- lares forem antedatados, ou as ações, ou exceções, de que
belecimento mercantil, rural, ou pós-datados. contra ele dispusesse o devedor.
industrial, ou à subsistência do § 2o Ressalvam-se os direitos de
devedor e de sua família. Art. 176. Quando a anulabi-
terceiros de boa-fé em face dos
lidade do ato resultar da falta
contraentes do negócio jurídico
Art. 165. Anulados os negó- de autorização de terceiro, será
simulado.
cios fraudulentos, a vantagem validado se este a der posterior-
resultante reverterá em proveito Art. 168. As nulidades dos mente.
do acervo sobre que se tenha de artigos antecedentes podem ser
efetuar o concurso de credores. Art. 177. A anulabilidade
alegadas por qualquer interes-
não tem efeito antes de julgada
sado, ou pelo Ministério Públi-
Parágrafo único. Se esses negó- por sentença, nem se pronuncia
co, quando lhe couber intervir.
cios tinham por único objeto de ofício; só os interessados a
atribuir direitos preferenciais, Parágrafo único. As nulidades de- podem alegar, e aproveita exclu-
mediante hipoteca, penhor ou vem ser pronunciadas pelo juiz, sivamente aos que a alegarem,

161
salvo o caso de solidariedade a qual se extingue, pela prescri-
ou indivisibilidade. Título II – Dos Atos ção, nos prazos a que aludem
Jurídicos Lícitos os arts. 205 e 206.
Art. 178. É de quatro anos o
prazo de decadência para plei- Art. 190. A exceção prescre-
tear-se a anulação do negócio Art. 185. Aos atos jurídicos lí- ve no mesmo prazo em que a
jurídico, contado: citos, que não sejam negócios jurí- pretensão.
I – no caso de coação, do dia dicos, aplicam-se, no que couber,
as disposições do Título anterior. Art. 191. A renúncia da
em que ela cessar; prescrição pode ser expressa
II – no de erro, dolo, fraude con- ou tácita, e só valerá, sendo
tra credores, estado de perigo feita, sem prejuízo de tercei-
ou lesão, do dia em que se rea- Título III – Dos ro, depois que a prescrição se
lizou o negócio jurídico; Atos Ilícitos consumar; tácita é a renúncia
III – no de atos de incapazes, quando se presume de fatos do
do dia em que cessar a inca- Art. 186. Aquele que, por interessado, incompatíveis com
pacidade. ação ou omissão voluntária, ne- a prescrição.
Art. 179. Quando a lei dis- gligência ou imprudência, violar Art. 192. Os prazos de pres-
puser que determinado ato é direito e causar dano a outrem, crição não podem ser alterados
anulável, sem estabelecer prazo ainda que exclusivamente mo- por acordo das partes.
para pleitear-se a anulação, será ral, comete ato ilícito.
este de dois anos, a contar da Art. 193. A prescrição pode
Art. 187. Também comete
data da conclusão do ato. ser alegada em qualquer grau de
ato ilícito o titular de um direito
jurisdição, pela parte a quem
que, ao exercê-lo, excede mani-
Art. 180. O menor, entre aproveita.
festamente os limites impostos
dezesseis e dezoito anos, não
pelo seu fim econômico ou so- Art. 194. (Revogado).
pode, para eximir-se de uma cial, pela boa-fé ou pelos bons
obrigação, invocar a sua ida- costumes. Art. 195. Os relativamente
de se dolosamente a ocultou incapazes e as pessoas jurídicas
quando inquirido pela outra Art. 188. Não constituem têm ação contra os seus assis-
parte, ou se, no ato de obrigar- atos ilícitos: tentes ou representantes legais,
-se, declarou-se maior. I – os praticados em legítima que derem causa à prescrição,
defesa ou no exercício regular ou não a alegarem oportuna-
Art. 181. Ninguém pode
de um direito reconhecido; mente.
reclamar o que, por uma obri-
gação anulada, pagou a um II – a deterioração ou destrui-
ção da coisa alheia, ou a lesão a Art. 196. A prescrição inicia-
incapaz, se não provar que re- da contra uma pessoa continua
verteu em proveito dele a im- pessoa, a fim de remover perigo
iminente. a correr contra o seu sucessor.
portância paga.
Art. 182. Anulado o negócio Parágrafo único. No caso do inciso
II, o ato será legítimo somente Seção II – Das Causas que
jurídico, restituir-se-ão as partes Impedem ou Suspendem a
ao estado em que antes dele se quando as circunstâncias o tor-
achavam, e, não sendo possível narem absolutamente necessá- Prescrição
rio, não excedendo os limites do
restituí-las, serão indenizadas Art. 197. Não corre a pres-
indispensável para a remoção
com o equivalente. crição:
do perigo.
Art. 183. A invalidade do I – entre os cônjuges, na cons-
instrumento não induz a do ne- tância da sociedade conjugal;
gócio jurídico sempre que este II – entre ascendentes e des-
puder provar-se por outro meio. Título IV – Da
Prescrição e da cendentes, durante o poder
Art. 184. Respeitada a in- Decadência familiar;
tenção das partes, a invalidade III – entre tutelados ou curatela-
parcial de um negócio jurídico dos e seus tutores ou curadores,
não o prejudicará na parte vá- Capítulo I – Da Prescrição durante a tutela ou curatela.
lida, se esta for separável; a in-
validade da obrigação principal Art. 198. Também não corre
Seção I – Disposições Gerais a prescrição:
implica a das obrigações aces-
sórias, mas a destas não induz Art. 189. Violado o direito, I – contra os incapazes de que
a da obrigação principal. nasce para o titular a pretensão, trata o art. 3o;

162
II – contra os ausentes do País Art. 204. A interrupção da serventuários judiciais, árbi-
em serviço público da União, prescrição por um credor não tros e peritos, pela percepção
dos Estados ou dos Municípios; aproveita aos outros; semelhan- de emolumentos, custas e ho-
III – contra os que se acharem temente, a interrupção operada norários;
servindo nas Forças Armadas, contra o codevedor, ou seu her- IV – a pretensão contra os pe-
em tempo de guerra. deiro, não prejudica aos demais ritos, pela avaliação dos bens
coobrigados. que entraram para a formação
Art. 199. Não corre igual- § 1o A interrupção por um dos do capital de sociedade anôni-
mente a prescrição: credores solidários aproveita ma, contado da publicação da
I – pendendo condição sus- aos outros; assim como a in- ata da assembleia que aprovar
pensiva; terrupção efetuada contra o o laudo;
II – não estando vencido o prazo; devedor solidário envolve os V – a pretensão dos credores
III – pendendo ação de evicção. demais e seus herdeiros. não pagos contra os sócios ou
§ 2o A interrupção operada acionistas e os liquidantes, con-
Art. 200. Quando a ação contra um dos herdeiros do de- tado o prazo da publicação da
se originar de fato que deva ser vedor solidário não prejudica os ata de encerramento da liqui-
apurado no juízo criminal, não outros herdeiros ou devedores, dação da sociedade.
correrá a prescrição antes da senão quando se trate de obri-
respectiva sentença definitiva. § 2o Em dois anos, a pretensão
gações e direitos indivisíveis. para haver prestações alimenta-
Art. 201. Suspensa a pres- § 3o A interrupção produzida res, a partir da data em que se
crição em favor de um dos cre- contra o principal devedor pre- vencerem.
dores solidários, só aproveitam judica o fiador. § 3o Em três anos:
os outros se a obrigação for in-
divisível. I – a pretensão relativa a alu-
Seção IV – Dos Prazos da guéis de prédios urbanos ou
Prescrição rústicos;
Seção III – Das Causas que II – a pretensão para receber
Interrompem a Prescrição Ar t . 205. A prescrição prestações vencidas de rendas
ocorre em dez anos, quando temporárias ou vitalícias;
Art. 202. A interrupção da a lei não lhe haja fixado prazo
prescrição, que somente poderá III – a pretensão para haver ju-
menor.
ocorrer uma vez, dar-se-á: ros, dividendos ou quaisquer
I – por despacho do juiz, mesmo Art. 206. Prescreve: prestações acessórias, pagá-
incompetente, que ordenar a ci- § 1o Em um ano: veis, em períodos não maiores
tação, se o interessado a pro- de um ano, com capitalização
I – a pretensão dos hospedeiros ou sem ela;
mover no prazo e na forma da ou fornecedores de víveres des-
lei processual; tinados a consumo no próprio IV – a pretensão de ressarci-
II – por protesto, nas condições estabelecimento, para o paga- mento de enriquecimento sem
do inciso antecedente; mento da hospedagem ou dos causa;
III – por protesto cambial; alimentos; V – a pretensão de reparação
II – a pretensão do segurado civil;
IV – pela apresentação do título
de crédito em juízo de inventá- contra o segurador, ou a deste VI – a pretensão de restituição
rio ou em concurso de credores; contra aquele, contado o prazo: dos lucros ou dividendos recebi-
dos de má-fé, correndo o prazo
V – por qualquer ato judicial que a) para o segurado, no caso da data em que foi deliberada a
constitua em mora o devedor; de seguro de responsa- distribuição;
VI – por qualquer ato inequí- bilidade civil, da data
em que é citado para VII – a pretensão contra as pes-
voco, ainda que extrajudicial, soas em seguida indicadas por
que importe reconhecimento do responder à ação de
indenização proposta violação da lei ou do estatuto,
direito pelo devedor. contado o prazo:
pelo terceiro prejudi-
Parágrafo único. A prescrição in- cado, ou da data que a) para os fundadores, da
terrompida recomeça a correr a este indeniza, com a publicação dos atos
da data do ato que a interrom- anuência do segurador; constitutivos da socie-
peu, ou do último ato do pro- b) quanto aos demais segu- dade anônima;
cesso para a interromper. ros, da ciência do fato b) para os administradores,
Art. 203. A prescrição pode gerador da pretensão; ou fiscais, da apresen-
ser interrompida por qualquer III – a pretensão dos tabe- tação, aos sócios, do
interessado. liães, auxiliares da justiça, balanço referente ao

163
exercício em que a vio- Art. 211. Se a decadência for nome do outro cônjuge e filia-
lação tenha sido prati- convencional, a parte a quem ção;
cada, ou da reunião ou aproveita pode alegá-la em qual- IV – manifestação clara da von-
assembleia geral que quer grau de jurisdição, mas o tade das partes e dos interve-
dela deva tomar conhe- juiz não pode suprir a alegação. nientes;
cimento;
V – referência ao cumprimento
c) para os liquidantes, da das exigências legais e fiscais
primeira assembleia
semestral posterior à
Título V – Da Prova inerentes à legitimidade do ato;
VI – declaração de ter sido lida
violação; na presença das partes e demais
Art. 212. Salvo o negócio a
VIII – a pretensão para haver comparecentes, ou de que to-
que se impõe forma especial, o
o pagamento de título de cré- dos a leram;
fato jurídico pode ser provado
dito, a contar do vencimento, VII – assinatura das partes e dos
mediante:
ressalvadas as disposições de demais comparecentes, bem
lei especial; I – confissão;
como a do tabelião ou seu subs-
IX – a pretensão do beneficiá- II – documento; tituto legal, encerrando o ato.
rio contra o segurador, e a do III – testemunha; § 2o Se algum comparecente
terceiro prejudicado, no caso IV – presunção; não puder ou não souber escre-
de seguro de responsabilidade ver, outra pessoa capaz assinará
civil obrigatório. V – perícia.
por ele, a seu rogo.
§ 4o Em quatro anos, a preten- Art. 213. Não tem eficácia § 3o A escritura será redigida
são relativa à tutela, a contar da a confissão se provém de quem na língua nacional.
data da aprovação das contas. não é capaz de dispor do direito
a que se referem os fatos con- § 4o Se qualquer dos compare-
§ 5o Em cinco anos: centes não souber a língua na-
fessados.
I – a pretensão de cobrança de cional e o tabelião não entender
dívidas líquidas constantes de Parágrafo único. Se feita a con- o idioma em que se expressa,
instrumento público ou parti- fissão por um representante, deverá comparecer tradutor pú-
cular; somente é ef icaz nos limites blico para servir de intérprete,
em que este pode vincular o ou, não o havendo na localida-
II – a pretensão dos profissionais
representado. de, outra pessoa capaz que, a
liberais em geral, procuradores
judiciais, curadores e professores juízo do tabelião, tenha idonei-
Art. 214. A confissão é irre-
pelos seus honorários, contado dade e conhecimento bastantes.
vogável, mas pode ser anulada
o prazo da conclusão dos servi- se decorreu de erro de fato ou § 5o Se algum dos comparecen-
ços, da cessação dos respectivos de coação. tes não for conhecido do tabe-
contratos ou mandato; lião, nem puder identificar-se
Art. 215. A escritura públi- por documento, deverão par-
III – a pretensão do vencedor ca, lavrada em notas de tabe- ticipar do ato pelo menos duas
para haver do vencido o que lião, é documento dotado de fé testemunhas que o conheçam e
despendeu em juízo. pública, fazendo prova plena. atestem sua identidade.
Capítulo II – Da § 1o Salvo quando exigidos por Art. 216. Farão a mesma
Decadência lei outros requisitos, a escritura prova que os originais as certi-
pública deve conter: dões textuais de qualquer peça
Art. 207. Salvo disposição I – data e local de sua realiza- judicial, do protocolo das au-
legal em contrário, não se apli- ção; diências, ou de outro qualquer
cam à decadência as normas II – reconhecimento da identi- livro a cargo do escrivão, sendo
que impedem, suspendem ou dade e capacidade das partes e extraídas por ele, ou sob a sua
interrompem a prescrição. de quantos hajam comparecido vigilância, e por ele subscritas,
Art. 208. Aplica-se à deca- ao ato, por si, como represen- assim como os traslados de au-
dência o disposto nos arts. 195 tantes, intervenientes ou teste- tos, quando por outro escrivão
e 198, inciso I. munhas; consertados.

Art. 209. É nula a renúncia à III – nome, nacionalidade, esta- Art. 217. Terão a mesma
decadência fixada em lei. do civil, profissão, domicílio e força probante os traslados e
residência das partes e demais as certidões, extraídos por ta-
Art. 210. Deve o juiz, de ofí- comparecentes, com a indica- belião ou oficial de registro, de
cio, conhecer da decadência, ção, quando necessário, do instrumentos ou documentos
quando estabelecida por lei. regime de bens do casamento, lançados em suas notas.

164
Art. 218. Os traslados e as Art. 223. A cópia fotográ- Art. 227. (Revogado).
certidões considerar-se-ão ins- fica de documento, conferida
trumentos públicos, se os origi- por tabelião de notas, valerá Parágrafo único. Qualquer que
nais se houverem produzido em como prova de declaração da seja o valor do negócio jurídico,
juízo como prova de algum ato. vontade, mas, impugnada sua a prova testemunhal é admissí-
autenticidade, deverá ser exibi- vel como subsidiária ou com-
Art. 219. As declarações do o original. plementar da prova por escrito.
constantes de documentos assi-
nados presumem-se verdadeiras Parágrafo único. A prova não su- Art. 228. Não podem ser
em relação aos signatários. pre a ausência do título de cré- admitidos como testemunhas:
dito, ou do original, nos casos I – os menores de dezesseis
Parágrafo único. Não tendo re- em que a lei ou as circunstân- anos;
lação direta, porém, com as cias condicionarem o exercício
disposições principais ou com II – (Revogado);
do direito à sua exibição. III – (Revogado);
a legitimidade das partes, as
declarações enunciativas não Art. 224. Os documentos IV – o interessado no litígio, o
eximem os interessados em sua redigidos em língua estran- amigo íntimo ou o inimigo ca-
veracidade do ônus de prová- geira serão traduzidos para o pital das partes;
-las. português para ter efeitos legais V – os cônjuges, os ascendentes,
no País. os descendentes e os colaterais,
Art. 220. A anuência ou a
autorização de outrem, neces- Art. 225. As reproduções até o terceiro grau de alguma
sária à validade de um ato, pro- fotográficas, cinematográficas, das partes, por consanguinida-
var-se-á do mesmo modo que os registros fonográficos e, em de, ou afinidade.
este, e constará, sempre que se geral, quaisquer outras repro- § 1o Para a prova de fatos que
possa, do próprio instrumento. duções mecânicas ou eletrôni- só elas conheçam, pode o juiz
cas de fatos ou de coisas fazem admitir o depoimento das pes-
Art. 221. O instrumento prova plena destes, se a parte,
particular, feito e assinado, ou soas a que se refere este artigo.
contra quem forem exibidos, § 2o A pessoa com def iciên-
somente assinado por quem não lhes impugnar a exatidão.
esteja na livre disposição e ad- cia poderá testemunhar em
ministração de seus bens, pro- Art. 226. Os livros e fichas igualdade de condições com
va as obrigações convencionais dos empresários e sociedades as demais pessoas, sendo-lhe
de qualquer valor; mas os seus provam contra as pessoas a assegurados todos os recursos
efeitos, bem como os da cessão, que pertencem, e, em seu fa- de tecnologia assistiva.
não se operam, a respeito de vor, quando, escriturados sem Art. 229. (Revogado).
terceiros, antes de registrado vício extrínseco ou intrínseco,
no registro público. forem confirmados por outros Art. 230. (Revogado).
subsídios.
Parágrafo único. A prova do ins- Art. 231. Aquele que se nega
trumento particular pode su- Parágrafo único. A prova resul- a submeter-se a exame médico
prir-se pelas outras de caráter tante dos livros e fichas não é necessário não poderá aprovei-
legal. bastante nos casos em que a tar-se de sua recusa.
lei exige escritura pública, ou
Ar t. 222. O telegrama, escrito particular revestido de Art. 232. A recusa à perí-
quando lhe for contestada a requisitos especiais, e pode ser cia médica ordenada pelo juiz
autenticidade, faz prova me- ilidida pela comprovação da poderá suprir a prova que se
diante conferência com o ori- falsidade ou inexatidão dos pretendia obter com o exame.
ginal assinado. lançamentos.

165
Parte Especial

Livro I – Do Direito não anuir, poderá o devedor Art. 244. Nas coisas de-
das Obrigações resolver a obrigação. terminadas pelo gênero e pela
quantidade, a escolha perten-
Parágrafo único. Os frutos perce- ce ao devedor, se o contrário
bidos são do devedor, cabendo não resultar do título da obri-
ao credor os pendentes. gação; mas não poderá dar a
Título I – Das coisa pior, nem será obrigado
Modalidades das Art. 238. Se a obrigação for
de restituir coisa certa, e esta, a prestar a melhor.
Obrigações
sem culpa do devedor, se per- Art. 245. Cientif icado da
der antes da tradição, sofrerá escolha o credor, vigorará o
Capítulo I – Das o credor a perda, e a obrigação disposto na Seção antecedente.
Obrigações de Dar se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda. Art. 246. Antes da escolha,
não poderá o devedor alegar
Seção I – Das Obrigações Art. 239. Se a coisa se per- perda ou deterioração da coi-
de Dar Coisa Certa der por culpa do devedor, res- sa, ainda que por força maior
ponderá este pelo equivalente, ou caso fortuito.
Art. 233. A obrigação de mais perdas e danos.
dar coisa cer ta abrange os Capítulo II – Das
Art. 240. Se a coisa restituí-
acessórios dela embora não vel se deteriorar sem culpa do
Obrigações de Fazer
mencionados, salvo se o con- devedor, recebê-la-á o credor,
trário resultar do título ou das Art. 247. Incorre na obriga-
tal qual se ache, sem direito a ção de indenizar perdas e danos
circunstâncias do caso. indenização; se por culpa do de- o devedor que recusar a presta-
Art. 234. Se, no caso do vedor, observar-se-á o disposto ção a ele só imposta, ou só por
artigo antecedente, a coisa se no art. 239. ele exequível.
perder, sem culpa do devedor, Art. 241. Se, no caso do Art. 248. Se a prestação do
antes da tradição, ou pendente art. 238, sobrevier melhora- fato tornar-se impossível sem
a condição suspensiva, fica re- mento ou acréscimo à coisa, culpa do devedor, resolver-se-á
solvida a obrigação para ambas sem despesa ou trabalho do a obrigação; se por culpa dele,
as partes; se a perda resultar de devedor, lucrará o credor, de- responderá por perdas e danos.
culpa do devedor, responderá sobrigado de indenização.
este pelo equivalente e mais Art. 249. Se o fato puder ser
perdas e danos. Art. 242. Se para o melhora- executado por terceiro, será li-
mento, ou aumento, empregou vre ao credor mandá-lo executar
Art. 235. Deteriorada a coi- o devedor trabalho ou dispên- à custa do devedor, havendo re-
sa, não sendo o devedor culpa- dio, o caso se regulará pelas cusa ou mora deste, sem prejuí-
do, poderá o credor resolver a normas deste Código atinen- zo da indenização cabível.
obrigação, ou aceitar a coisa, tes às benfeitorias realizadas
abatido de seu preço o valor Parágrafo único. Em caso de ur-
pelo possuidor de boa-fé ou de gência, pode o credor, inde-
que perdeu. má-fé. pendentemente de autorização
Art. 236. Sendo culpado o Parágrafo único. Quanto aos fru- judicial, executar ou mandar
devedor, poderá o credor exigir tos percebidos, observar-se-á, executar o fato, sendo depois
o equivalente, ou aceitar a coi- do mesmo modo, o disposto ressarcido.
sa no estado em que se acha, neste Código, acerca do pos-
com direito a reclamar, em um suidor de boa-fé ou de má-fé. Capítulo III – Das
ou em outro caso, indenização Obrigações de Não Fazer
das perdas e danos.
Seção II – Das Obrigações Ar t. 250. E x tingue-se a
Art. 237. Até a tradição per- de Dar Coisa Incerta obrigação de não fazer, desde
tence ao devedor a coisa, com que, sem culpa do devedor, se
os seus melhoramentos e acres- Art. 243. A coisa incerta lhe torne impossível abster-se
cidos, pelos quais poderá exigir será indicada, ao menos, pelo do ato, que se obrigou a não
aumento no preço; se o credor gênero e pela quantidade. praticar.

166
Art. 251. Praticado pelo de- da outra, com perdas e danos; outros; mas estes só a poderão
vedor o ato, a cuja abstenção se se, por culpa do devedor, am- exigir, descontada a quota do
obrigara, o credor pode exigir bas as prestações se tornarem credor remitente.
dele que o desfaça, sob pena de inexequíveis, poderá o credor
se desfazer à sua custa, ressar- reclamar o valor de qualquer Parágrafo único. O mesmo critério
cindo o culpado perdas e danos. das duas, além da indenização se observará no caso de transa-
por perdas e danos. ção, novação, compensação ou
Parágrafo único. Em caso de confusão.
urgência, poderá o credor Art. 256. Se todas as pres-
desfazer ou mandar desfazer, tações se tornarem impossíveis Art. 263. Perde a qualidade
independentemente de autori- sem culpa do devedor, extinguir- de indivisível a obrigação que
zação judicial, sem prejuízo do se-á a obrigação. se resolver em perdas e danos.
ressarcimento devido. § 1o Se, para efeito do disposto
Capítulo V – Das neste artigo, houver culpa de to-
Capítulo IV – Das Obrigações Divisíveis e dos os devedores, responderão
Obrigações Alternativas Indivisíveis todos por partes iguais.
Art. 252. Nas obrigações Art. 257. Havendo mais de § 2o Se for de um só a culpa,
alternativas, a escolha cabe ao um devedor ou mais de um cre- ficarão exonerados os outros,
devedor, se outra coisa não se dor em obrigação divisível, esta respondendo só esse pelas per-
estipulou. presume-se dividida em tantas das e danos.
§ 1o Não pode o devedor obri- obrigações, iguais e distintas,
gar o credor a receber parte quantos os credores ou deve- Capítulo VI – Das
em uma prestação e parte em dores. Obrigações Solidárias
outra. Art. 258. A obrigação é indi-
§ 2o Quando a obrigação for visível quando a prestação tem Seção I – Disposições Gerais
de prestações periódicas, a fa- por objeto uma coisa ou um
culdade de opção poderá ser fato não suscetíveis de divisão, Art. 264. Há solidariedade,
exercida em cada período. por sua natureza, por motivo de quando na mesma obrigação
§ 3o No caso de pluralidade de ordem econômica, ou dada a concorre mais de um credor,
optantes, não havendo acordo razão determinante do negócio ou mais de um devedor, cada
unânime entre eles, decidirá o jurídico. um com direito, ou obrigado,
juiz, findo o prazo por este as- à dívida toda.
Art. 259. Se, havendo dois
sinado para a deliberação. ou mais devedores, a prestação Art. 265. A solidariedade
§ 4o Se o título deferir a opção não for divisível, cada um será não se presume; resulta da lei
a terceiro, e este não quiser, ou obrigado pela dívida toda. ou da vontade das partes.
não puder exercê-la, caberá ao
Parágrafo único. O devedor, que Art. 266. A obrigação soli-
juiz a escolha se não houver
paga a dívida, sub-roga-se no dária pode ser pura e simples
acordo entre as partes.
direito do credor em relação aos para um dos cocredores ou
Art. 253. Se uma das duas outros coobrigados. codevedores, e condicional, ou
prestações não puder ser obje- a prazo, ou pagável em lugar
Art. 260. Se a pluralidade
to de obrigação ou se tornada diferente, para o outro.
for dos credores, poderá cada
inexequível, subsistirá o débito
um destes exigir a dívida inteira;
quanto à outra.
mas o devedor ou devedores se Seção II – Da Solidariedade
Art. 254. Se, por culpa do desobrigarão, pagando:
Ativa
devedor, não se puder cumprir I – a todos conjuntamente;
nenhuma das prestações, não Art. 267. Cada um dos cre-
II – a um, dando este caução de
competindo ao credor a esco- dores solidários tem direito a
ratificação dos outros credores.
lha, ficará aquele obrigado a pa- exigir do devedor o cumprimen-
gar o valor da que por último se Art. 261. Se um só dos cre- to da prestação por inteiro.
impossibilitou, mais as perdas dores receber a prestação por
e danos que o caso determinar. inteiro, a cada um dos outros Art. 268. Enquanto alguns
assistirá o direito de exigir dele dos credores solidários não de-
Art. 255. Quando a esco- mandarem o devedor comum, a
em dinheiro a parte que lhe cai-
lha couber ao credor e uma qualquer daqueles poderá este
ba no total.
das prestações tornar-se im- pagar.
possível por culpa do devedor, Art. 262. Se um dos credo-
o credor terá direito de exigir a res remitir a dívida, a obrigação Art. 269. O pagamento fei-
prestação subsistente ou o valor não ficará extinta para com os to a um dos credores solidários

167
extingue a dívida até o montan- solidário em relação aos demais parte que na obrigação incum-
te do que foi pago. devedores. bia ao insolvente.
Art. 270. Se um dos credo- Art. 277. O pagamento par- Art. 285. Se a dívida solidá-
res solidários falecer deixando cial feito por um dos devedores ria interessar exclusivamente a
herdeiros, cada um destes só e a remissão por ele obtida não um dos devedores, responde-
terá direito a exigir e receber a aproveitam aos outros devedo- rá este por toda ela para com
quota do crédito que corres- res, senão até à concorrência da aquele que pagar.
ponder ao seu quinhão heredi- quantia paga ou relevada.
tário, salvo se a obrigação for
indivisível. Art. 278. Qualquer cláusula,
condição ou obrigação adicio- Título II – Da
Art. 271. Convertendo-se a nal, estipulada entre um dos de- Transmissão das
prestação em perdas e danos, vedores solidários e o credor, Obrigações
subsiste, para todos os efeitos, não poderá agravar a posição
a solidariedade. dos outros sem consentimento
Art. 272. O credor que tiver
destes. Capítulo I – Da Cessão de
remitido a dívida ou recebido o Art. 279. Impossibilitando-
Crédito
pagamento responderá aos ou- se a prestação por culpa de um Art. 286. O credor pode ce-
tros pela parte que lhes caiba. dos devedores solidários, sub- der o seu crédito, se a isso não
siste para todos o encargo de se opuser a natureza da obriga-
Art. 273. A um dos credores
pagar o equivalente; mas pelas ção, a lei, ou a convenção com
solidários não pode o devedor
perdas e danos só responde o o devedor; a cláusula proibitiva
opor as exceções pessoais opo-
culpado. da cessão não poderá ser opos-
níveis aos outros.
Art. 280. Todos os devedo- ta ao cessionário de boa-fé, se
Art. 274. O julgamento con- não constar do instrumento da
res respondem pelos juros da
trário a um dos credores solidá- obrigação.
mora, ainda que a ação tenha
rios não atinge os demais, mas o
sido proposta somente contra Art. 287. Salvo disposição
julgamento favorável aproveita-
um; mas o culpado respon- em contrário, na cessão de um
-lhes, sem prejuízo de exceção
de aos outros pela obrigação crédito abrangem-se todos os
pessoal que o devedor tenha
acrescida. seus acessórios.
direito de invocar em relação a
qualquer deles. Art. 281. O devedor deman- Art. 288. É ineficaz, em re-
dado pode opor ao credor as lação a terceiros, a transmissão
Seção III – Da exceções que lhe forem pessoais de um crédito, se não celebrar-
e as comuns a todos; não lhe se mediante instrumento públi-
Solidariedade Passiva aproveitando as exceções pes- co, ou instrumento particular
Art. 275. O credor tem di- soais a outro codevedor. revestido das solenidades do
reito a exigir e receber de um § 1o do art. 654.
Art. 282. O credor pode
ou de alguns dos devedores, renunciar à solidariedade em Art. 289. O cessionário de
parcial ou totalmente, a dívida favor de um, de alguns ou de crédito hipotecário tem o direi-
comum; se o pagamento tiver todos os devedores. to de fazer averbar a cessão no
sido parcial, todos os demais
registro do imóvel.
devedores continuam obrigados Parágrafo único. Se o credor exo-
solidariamente pelo resto. nerar da solidariedade um ou Art. 290. A cessão do crédi-
mais devedores, subsistirá a dos to não tem eficácia em relação
Parágrafo único. Não importará demais. ao devedor, senão quando a
renúncia da solidariedade a
este notificada; mas por notifi-
propositura de ação pelo cre- Art. 283. O devedor que sa-
cado se tem o devedor que, em
dor contra um ou alguns dos tisfez a dívida por inteiro tem
escrito público ou particular, se
devedores. direito a exigir de cada um dos
declarou ciente da cessão feita.
codevedores a sua quota, divi-
Art. 276. Se um dos deve- dindo-se igualmente por todos a Art. 291. Ocorrendo várias
dores solidários falecer deixan- do insolvente, se o houver, pre- cessões do mesmo crédito, pre-
do herdeiros, nenhum destes sumindo-se iguais, no débito, as valece a que se completar com
será obrigado a pagar senão partes de todos os codevedores. a tradição do título do crédito
a quota que corresponder ao cedido.
seu quinhão hereditário, salvo Art. 284. No caso de rateio
se a obrigação for indivisível; entre os codevedores, contribui- Art. 292. Fica desobriga-
mas todos reunidos serão con- rão também os exonerados da do o devedor que, antes de ter
siderados como um devedor solidariedade pelo credor, pela conhecimento da cessão, paga

168
ao credor primitivo, ou que, no expresso do credor, f icando Parágrafo único. Igual direito cabe
caso de mais de uma cessão no- exonerado o devedor primiti- ao terceiro não interessado, se
tificada, paga ao cessionário vo, salvo se aquele, ao tempo o fizer em nome e à conta do
que lhe apresenta, com o título da assunção, era insolvente e o devedor, salvo oposição deste.
de cessão, o da obrigação cedi- credor o ignorava.
da; quando o crédito constar de Art. 305. O terceiro não in-
escritura pública, prevalecerá a Parágrafo único. Qualquer das teressado, que paga a dívida em
prioridade da notificação. partes pode assinar prazo ao seu próprio nome, tem direito
credor para que consinta na a reembolsar-se do que pagar;
Art. 293. Independentemen- assunção da dívida, interpre- mas não se sub-roga nos direi-
te do conhecimento da cessão tando-se o seu silêncio como tos do credor.
pelo devedor, pode o cessioná-
recusa. Parágrafo único. Se pagar antes de
rio exercer os atos conservató-
rios do direito cedido. Art. 300. Salvo assentimen- vencida a dívida, só terá direito
ao reembolso no vencimento.
to expresso do devedor primi-
Art. 294. O devedor pode
opor ao cessionário as exce- tivo, consideram-se extintas, a Art. 306. O pagamento feito
ções que lhe competirem, bem partir da assunção da dívida, as por terceiro, com desconheci-
como as que, no momento em garantias especiais por ele ori- mento ou oposição do devedor,
que veio a ter conhecimento da ginariamente dadas ao credor. não obriga a reembolsar aquele
cessão, tinha contra o cedente. que pagou, se o devedor tinha
Art. 301. Se a substituição meios para ilidir a ação.
Art. 295. Na cessão por tí- do devedor vier a ser anulada,
tulo oneroso, o cedente, ainda restaura-se o débito, com todas Art. 307. Só terá eficácia o
que não se responsabilize, fica as suas garantias, salvo as ga- pagamento que importar trans-
responsável ao cessionário pela rantias prestadas por terceiros, missão da propriedade, quando
existência do crédito ao tem- exceto se este conhecia o vício feito por quem possa alienar o
po em que lhe cedeu; a mesma que inquinava a obrigação. objeto em que ele consistiu.
responsabilidade lhe cabe nas Parágrafo único. Se se der em pa-
cessões por título gratuito, se Art. 302. O novo devedor
não pode opor ao credor as ex- gamento coisa fungível, não se
tiver procedido de má-fé. poderá mais reclamar do credor
ceções pessoais que competiam
Art. 296. Salvo estipulação que, de boa-fé, a recebeu e con-
ao devedor primitivo.
em contrário, o cedente não sumiu, ainda que o solvente não
responde pela solvência do de- Art. 303. O adquirente de tivesse o direito de aliená-la.
vedor. imóvel hipotecado pode tomar
a seu cargo o pagamento do Seção II – Daqueles a
Art. 297. O cedente, res- crédito garantido; se o credor,
ponsável ao cessionário pela Quem se Deve Pagar
notificado, não impugnar em
solvência do devedor, não res-
trinta dias a transferência do Art. 308. O pagamento deve
ponde por mais do que daque-
débito, entender-se-á dado o ser feito ao credor ou a quem
le recebeu, com os respectivos
assentimento. de direito o represente, sob
juros; mas tem de ressarcir-lhe
pena de só valer depois de por
as despesas da cessão e as que
ele ratificado, ou tanto quanto
o cessionário houver feito com
reverter em seu proveito.
a cobrança.
Título III – Do
Adimplemento e Extinção Art. 309. O pagamento feito
Art. 298. O crédito, uma
das Obrigações de boa-fé ao credor putativo é
vez penhorado, não pode mais
válido, ainda provado depois
ser transferido pelo credor que
tiver conhecimento da penho- que não era credor.
ra; mas o devedor que o pagar, Capítulo I – Do Art. 310. Não vale o paga-
não tendo notificação dela, fica Pagamento mento cientemente feito ao
exonerado, subsistindo somente credor incapaz de quitar, se
contra o credor os direitos de o devedor não provar que em
terceiro. Seção I – De Quem Deve benefício dele efetivamente re-
Pagar verteu.
Capítulo II – Da Assunção
Art. 304. Qualquer interes- Art. 311. Considera-se auto-
de Dívida
sado na extinção da dívida pode rizado a receber o pagamento o
Art. 299. É facultado a ter- pagá-la, usando, se o credor se portador da quitação, salvo se
ceiro assumir a obrigação do opuser, dos meios conducentes as circunstâncias contrariarem
devedor, com o consentimento à exoneração do devedor. a presunção daí resultante.

169
Art. 312. Se o devedor pagar instrumento particular, designa- se o contrário resultar da lei, da
ao credor, apesar de intimado rá o valor e a espécie da dívida natureza da obrigação ou das
da penhora feita sobre o cré- quitada, o nome do devedor, ou circunstâncias.
dito, ou da impugnação a ele quem por este pagou, o tempo
oposta por terceiros, o paga- Parágrafo único. Designados dois
e o lugar do pagamento, com a
mento não valerá contra estes, ou mais lugares, cabe ao credor
assinatura do credor, ou do seu
que poderão constranger o de- escolher entre eles.
representante.
vedor a pagar de novo, ficando- Art. 328. Se o pagamento
lhe ressalvado o regresso contra Parágrafo único. Ainda sem os
consistir na tradição de um imó-
o credor. requisitos estabelecidos neste
vel, ou em prestações relativas
artigo valerá a quitação, se de
a imóvel, far-se-á no lugar onde
seus termos ou das circunstân-
Seção III – Do Objeto do situado o bem.
cias resultar haver sido paga a
Pagamento e Sua Prova dívida. Art. 329. Ocorrendo motivo
grave para que se não efetue o
Art. 313. O credor não é Art. 321. Nos débitos, cuja
pagamento no lugar determi-
obrigado a receber prestação quitação consista na devolução
nado, poderá o devedor fazê-lo
diversa da que lhe é devida, ain- do título, perdido este, poderá
em outro, sem prejuízo para o
da que mais valiosa. o devedor exigir, retendo o pa-
credor.
gamento, declaração do credor
Art. 314. Ainda que a obri- que inutilize o título desapare- Art. 330. O pagamento
gação tenha por objeto presta- cido. reiteradamente feito em outro
ção divisível, não pode o credor local faz presumir renúncia do
ser obrigado a receber, nem o Art. 322. Quando o pa-
credor relativamente ao previsto
devedor a pagar, por partes, se gamento for em quotas peri-
no contrato.
assim não se ajustou. ódicas, a quitação da última
estabelece, até prova em con-
Art. 315. As dívidas em di- Seção V – Do Tempo do
trário, a presunção de estarem
nheiro deverão ser pagas no
vencimento, em moeda corren-
solvidas as anteriores. Pagamento
te e pelo valor nominal, salvo Art. 323. Sendo a quitação Art. 331. Salvo disposição
o disposto nos artigos subse- do capital sem reserva dos ju- legal em contrário, não tendo
quentes. ros, estes presumem-se pagos. sido ajustada época para o pa-
Art. 316. É lícito convencio- Art. 324. A entrega do título gamento, pode o credor exigi-lo
nar o aumento progressivo de ao devedor firma a presunção imediatamente.
prestações sucessivas. do pagamento. Art. 332. As obrigações con-
Art. 317. Quando, por mo- Parágrafo único. Ficará sem efeito dicionais cumprem-se na data
tivos imprevisíveis, sobrevier a quitação assim operada se o do implemento da condição, ca-
desproporção manifesta entre credor provar, em sessenta dias, bendo ao credor a prova de que
o valor da prestação devida e o a falta do pagamento. deste teve ciência o devedor.
do momento de sua execução, Art. 333. Ao credor assisti-
poderá o juiz corrigi-lo, a pedi- Art. 325. Presumem-se a
rá o direito de cobrar a dívida
do da parte, de modo que as- cargo do devedor as despesas
antes de vencido o prazo estipu-
segure, quanto possível, o valor com o pagamento e a quitação;
lado no contrato ou marcado
real da prestação. se ocorrer aumento por fato do
neste Código:
credor, suportará este a despesa
Art. 318. São nulas as con- acrescida. I – no caso de falência do de-
venções de pagamento em ouro vedor, ou de concurso de cre-
ou em moeda estrangeira, bem Art. 326. Se o pagamento se dores;
como para compensar a dife- houver de fazer por medida, ou
II – se os bens, hipotecados ou
rença entre o valor desta e o da peso, entender-se-á, no silêncio
empenhados, forem penho-
moeda nacional, excetuados os das partes, que aceitaram os do
rados em execução por outro
casos previstos na legislação es- lugar da execução.
credor;
pecial.
III – se cessarem, ou se se torna-
Art. 319. O devedor que Seção IV – Do Lugar do rem insuficientes, as garantias
paga tem direito a quitação re- Pagamento do débito, fidejussórias, ou re-
gular, e pode reter o pagamen- ais, e o devedor, intimado, se
to, enquanto não lhe seja dada. Art. 327. Efetuar-se-á o
negar a reforçá-las.
pagamento no domicílio do
Art. 320. A quitação, que devedor, salvo se as partes con- Parágrafo único. Nos casos des-
sempre poderá ser dada por vencionarem diversamente, ou te artigo, se houver, no débito,

170
solidariedade passiva, não se credor consinta, senão de acor- II – do adquirente do imóvel
reputará vencido quanto aos do com os outros devedores e hipotecado, que paga a credor
outros devedores solventes. fiadores. hipotecário, bem como do ter-
ceiro que efetiva o pagamento
Capítulo II – Do Art. 340. O credor que,
para não ser privado de direito
Pagamento em Consignação depois de contestar a lide ou
sobre imóvel;
aceitar o depósito, aquiescer
Ar t. 334. Consider a-se no levantamento, perderá a III – do terceiro interessado, que
pagamento, e extingue a obri- preferência e a garantia que paga a dívida pela qual era ou
gação, o depósito judicial ou lhe competiam com respeito à podia ser obrigado, no todo ou
em estabelecimento bancário coisa consignada, ficando para em parte.
da coisa devida, nos casos e logo desobrigados os codevedo-
Art. 347. A sub-rogação é
forma legais. res e fiadores que não tenham
convencional:
anuído.
Art. 335. A consignação tem I – quando o credor recebe o
lugar: Art. 341. Se a coisa devida pagamento de terceiro e expres-
I – se o credor não puder, ou, for imóvel ou corpo certo que samente lhe transfere todos os
sem justa causa, recusar receber deva ser entregue no mesmo seus direitos;
o pagamento, ou dar quitação lugar onde está, poderá o de-
vedor citar o credor para vir ou II – quando terceira pessoa
na devida forma; empresta ao devedor a quantia
mandar recebê-la, sob pena de
II – se o credor não for, nem precisa para solver a dívida, sob
ser depositada.
mandar receber a coisa no lu- a condição expressa de ficar o
gar, tempo e condição devidos; Art. 342. Se a escolha da mutuante sub-rogado nos direi-
III – se o credor for incapaz de coisa indeterminada competir tos do credor satisfeito.
receber, for desconhecido, de- ao credor, será ele citado para
esse fim, sob cominação de per- Art. 348. Na hipótese do
clarado ausente, ou residir em
der o direito e de ser depositada inciso I do artigo antecedente,
lugar incerto ou de acesso pe-
a coisa que o devedor escolher; vigorará o disposto quanto à
rigoso ou difícil;
feita a escolha pelo devedor, cessão do crédito.
IV – se ocorrer dúvida sobre
proceder-se-á como no artigo Art. 349. A sub-rogação
quem deva legitimamente re-
ceber o objeto do pagamento; antecedente. transfere ao novo credor todos
V – se pender litígio sobre o ob- Art. 343. As despesas com o os direitos, ações, privilégios e
jeto do pagamento. depósito, quando julgado pro- garantias do primitivo, em rela-
cedente, correrão à conta do ção à dívida, contra o devedor
Art. 336. Para que a consig- credor, e, no caso contrário, à principal e os fiadores.
nação tenha força de pagamen- conta do devedor.
to, será mister concorram, em Art. 350. Na sub-rogação
relação às pessoas, ao objeto, Art. 344. O devedor de obri- legal o sub-rogado não poderá
modo e tempo, todos os requi- gação litigiosa exonerar-se-á exercer os direitos e as ações do
sitos sem os quais não é válido mediante consignação, mas, se credor, senão até à soma que
o pagamento. pagar a qualquer dos preten- tiver desembolsado para deso-
didos credores, tendo conhe- brigar o devedor.
Art. 337. O depósito reque- cimento do litígio, assumirá o
rer-se-á no lugar do pagamento, risco do pagamento. Art. 351. O credor originá-
cessando, tanto que se efetue, rio, só em parte reembolsado,
para o depositante, os juros da Art. 345. Se a dívida se terá preferência ao sub-rogado,
dívida e os riscos, salvo se for vencer, pendendo litígio entre na cobrança da dívida restante,
julgado improcedente. credores que se pretendem se os bens do devedor não che-
mutuamente excluir, poderá garem para saldar inteiramente
Art. 338. Enquanto o cre-
qualquer deles requerer a con- o que a um e outro dever.
dor não declarar que aceita o
signação.
depósito, ou não o impugnar,
poderá o devedor requerer o Capítulo IV – Da
Capítulo III – Do Imputação do Pagamento
levantamento, pagando as res-
pectivas despesas, e subsistindo
Pagamento com Sub-rogação
Art. 352. A pessoa obriga-
a obrigação para todas as con- Art. 346. A sub-rogação da por dois ou mais débitos da
sequências de direito. opera-se, de pleno direito, em mesma natureza, a um só credor,
Art. 339. Julgado proceden- favor: tem o direito de indicar a qual
te o depósito, o devedor já não I – do credor que paga a dívida deles oferece pagamento, se to-
poderá levantá-lo, embora o do devedor comum; dos forem líquidos e vencidos.

171
Art. 353. Não tendo o de- III – quando, em virtude de Art. 369. A compensação
vedor declarado em qual das obrigação nova, outro credor efetua-se entre dívidas líquidas,
dívidas líquidas e vencidas é substituído ao antigo, ficando vencidas e de coisas fungíveis.
quer imputar o pagamento, se o devedor quite com este.
Art. 370. Embora sejam do
aceitar a quitação de uma de-
Art. 361. Não havendo âni- mesmo gênero as coisas fun-
las, não terá direito a reclamar
mo de novar, expresso ou tácito gíveis, objeto das duas pres-
contra a imputação feita pelo
mas inequívoco, a segunda obri- tações, não se compensarão,
credor, salvo provando haver
gação confirma simplesmente a verificando-se que diferem na
ele cometido violência ou dolo.
primeira. qualidade, quando especificada
Art. 354. Havendo capital e no contrato.
juros, o pagamento imputar-se-á Art. 362. A novação por
substituição do devedor pode Art. 371. O devedor somen-
primeiro nos juros vencidos, e
ser efetuada independentemen- te pode compensar com o cre-
depois no capital, salvo esti-
te de consentimento deste. dor o que este lhe dever; mas
pulação em contrário, ou se o
o fiador pode compensar sua
credor passar a quitação por Art. 363. Se o novo devedor dívida com a de seu credor ao
conta do capital. for insolvente, não tem o credor, afiançado.
Art. 355. Se o devedor não que o aceitou, ação regressiva
contra o primeiro, salvo se este Art. 372. Os prazos de fa-
fizer a indicação do art. 352, e
obteve por má-fé a substituição. vor, embora consagrados pelo
a quitação for omissa quanto
uso geral, não obstam a com-
à imputação, esta se fará nas
Art. 364. A novação extin- pensação.
dívidas líquidas e vencidas em
gue os acessórios e garantias da
primeiro lugar. Se as dívidas fo- Art. 373. A diferença de
dívida, sempre que não houver
rem todas líquidas e vencidas causa nas dívidas não impede
ao mesmo tempo, a imputação estipulação em contrário. Não
a compensação, exceto:
far-se-á na mais onerosa. aproveitará, contudo, ao credor
ressalvar o penhor, a hipoteca I – se provier de esbulho, furto
ou a anticrese, se os bens da- ou roubo;
Capítulo V – Da Dação
em Pagamento dos em garantia pertencerem II – se uma se originar de como-
a terceiro que não foi parte na dato, depósito ou alimentos;
Art. 356. O credor pode novação. III – se uma for de coisa não
consentir em receber prestação suscetível de penhora.
Art. 365. Operada a nova-
diversa da que lhe é devida.
ção entre o credor e um dos Art. 374. (Revogado).
Art. 357. Determinado o devedores solidários, somente
preço da coisa dada em paga- sobre os bens do que contrair Art. 375. Não haverá com-
mento, as relações entre as par- a nova obrigação subsistem pensação quando as partes, por
tes regular-se-ão pelas normas as preferências e garantias do mútuo acordo, a excluírem, ou
do contrato de compra e venda. crédito novado. Os outros deve- no caso de renúncia prévia de
dores solidários ficam por esse uma delas.
Art. 358. Se for título de cré-
dito a coisa dada em pagamen- fato exonerados. Art. 376. Obrigando-se por
to, a transferência importará terceiro uma pessoa, não pode
Art. 366. Importa exonera-
em cessão. compensar essa dívida com a
ção do fiador a novação feita
que o credor dele lhe dever.
Art. 359. Se o credor for sem seu consenso com o deve-
evicto da coisa recebida em dor principal. Art. 377. O devedor que,
pagamento, restabelecer-se-á notificado, nada opõe à cessão
Art. 367. Salvo as obriga- que o credor faz a terceiros dos
a obrigação primitiva, ficando ções simplesmente anuláveis,
sem efeito a quitação dada, res- seus direitos, não pode opor
não podem ser objeto de no- ao cessionário a compensa-
salvados os direitos de terceiros. vação obrigações nulas ou ex- ção, que antes da cessão teria
tintas. podido opor ao cedente. Se,
Capítulo VI – Da Novação
porém, a cessão lhe não tiver
Art. 360. Dá-se a novação: Capítulo VII – Da sido notificada, poderá opor
I – quando o devedor contrai
Compensação ao cessionário compensação
com o credor nova dívida para do crédito que antes tinha con-
Art. 368. Se duas pessoas
extinguir e substituir a anterior; tra o cedente.
forem ao mesmo tempo credor
II – quando novo devedor suce- e devedor uma da outra, as Art. 378. Quando as duas
de ao antigo, ficando este quite duas obrigações extinguem-se, dívidas não são pagáveis no
com o credor; até onde se compensarem. mesmo lugar, não se podem

172
compensar sem dedução das prova a renúncia do credor à Capítulo II – Da Mora
despesas necessárias à operação. garantia real, não a extinção
da dívida. Art. 394. Considera-se em
Art. 379. Sendo a mesma mora o devedor que não efetuar
pessoa obrigada por várias dí- Art. 388. A remissão con- o pagamento e o credor que não
vidas compensáveis, serão ob- cedida a um dos codevedores quiser recebê-lo no tempo, lugar
servadas, no compensá-las, as extingue a dívida na parte a ele e forma que a lei ou a conven-
regras estabelecidas quanto à correspondente; de modo que, ção estabelecer.
imputação do pagamento. ainda reservando o credor a so-
lidariedade contra os outros, já Art. 395. Responde o deve-
Art. 380. Não se admite a lhes não pode cobrar o débito dor pelos prejuízos a que sua
compensação em prejuízo de sem dedução da parte remitida. mora der causa, mais juros,
direito de terceiro. O devedor atualização dos valores mone-
que se torne credor do seu cre- tários segundo índices oficiais
dor, depois de penhorado o regularmente estabelecidos, e
crédito deste, não pode opor Título IV – Do honorários de advogado.
ao exequente a compensação, Inadimplemento Parágrafo único. Se a prestação,
de que contra o próprio credor das Obrigações devido à mora, se tornar inútil
disporia.
ao credor, este poderá enjei-
Capítulo VIII – Da Capítulo I – Disposições tá-la, e exigir a satisfação das
perdas e danos.
Confusão Gerais
Art. 396. Não havendo fato
Art. 381. Extingue-se a obri- Art. 389. Não cumprida a ou omissão imputável ao deve-
gação, desde que na mesma obrigação, responde o devedor dor, não incorre este em mora.
pessoa se confundam as quali- por perdas e danos, mais juros
dades de credor e devedor. e atualização monetária segun- Art. 397. O inadimplemento
do índices oficiais regularmente da obrigação, positiva e líquida,
Art. 382. A confusão pode estabelecidos, e honorários de no seu termo, constitui de pleno
verificar-se a respeito de toda advogado. direito em mora o devedor.
a dívida, ou só de parte dela.
Art. 390. Nas obrigações Parágrafo único. Não havendo
Art. 383. A confusão ope- negativas o devedor é havido termo, a mora se constitui me-
rada na pessoa do credor ou por inadimplente desde o dia diante interpelação judicial ou
devedor solidário só extingue a em que executou o ato de que extrajudicial.
obrigação até a concorrência da se devia abster.
respectiva parte no crédito, ou Art. 398. Nas obrigações
na dívida, subsistindo quanto Art. 391. Pelo inadimple- provenientes de ato ilícito, con-
ao mais a solidariedade. mento das obrigações respon- sidera-se o devedor em mora,
dem todos os bens do devedor. desde que o praticou.
Art. 384. Cessando a con-
fusão, para logo se restabelece, Art. 392. Nos contratos be- Art. 399. O devedor em
com todos os seus acessórios, a néficos, responde por simples mora responde pela impossibili-
obrigação anterior. culpa o contratante, a quem o dade da prestação, embora essa
contrato aproveite, e por dolo impossibilidade resulte de caso
Capítulo IX – Da aquele a quem não favoreça. fortuito ou de força maior, se
Nos contratos onerosos, res- estes ocorrerem durante o atra-
Remissão das Dívidas so; salvo se provar isenção de
ponde cada uma das partes
Art. 385. A remissão da dí- por culpa, salvo as exceções culpa, ou que o dano sobreviria
vida, aceita pelo devedor, ex- previstas em lei. ainda quando a obrigação fosse
tingue a obrigação, mas sem oportunamente desempenhada.
prejuízo de terceiro. Art. 393. O devedor não
responde pelos prejuízos re- Art. 400. A mora do credor
Art. 386. A devolução vo- sultantes de caso fortuito ou subtrai o devedor isento de dolo
luntária do título da obrigação, força maior, se expressamente à responsabilidade pela conser-
quando por escrito particular, não se houver por eles respon- vação da coisa, obriga o credor
prova desoneração do devedor sabilizado. a ressarcir as despesas emprega-
e seus coobrigados, se o credor das em conservá-la, e sujeita-o
for capaz de alienar, e o devedor Parágrafo único. O caso fortuito a recebê-la pela estimação mais
capaz de adquirir. ou de força maior verifica-se favorável ao devedor, se o seu
no fato necessário, cujos efei- valor oscilar entre o dia esta-
Art. 387. A restituição vo- tos não era possível evitar ou belecido para o pagamento e o
luntária do objeto empenhado impedir. da sua efetivação.

173
Art. 401. Purga-se a mora: Art. 407. Ainda que se não poderá demandar integralmente
I – por parte do devedor, ofe- alegue prejuízo, é obrigado o do culpado, respondendo cada
recendo este a prestação mais devedor aos juros da mora que um dos outros somente pela sua
a importância dos prejuízos se contarão assim às dívidas quota.
decorrentes do dia da oferta; em dinheiro, como às presta-
ções de outra natureza, uma Parágrafo único. Aos não culpados
II – por parte do credor, ofere- vez que lhes esteja f ixado o fica reservada a ação regressiva
cendo-se este a receber o paga- valor pecuniário por sentença contra aquele que deu causa à
mento e sujeitando-se aos efei- judicial, arbitramento, ou acor- aplicação da pena.
tos da mora até a mesma data. do entre as partes. Art. 415. Quando a obriga-
ção for divisível, só incorre na
Capítulo III – Das Perdas Capítulo V – Da Cláusula pena o devedor ou o herdeiro
e Danos Penal do devedor que a infringir, e
Art. 402. Salvo as exceções proporcionalmente à sua parte
Art. 408. Incorre de pleno na obrigação.
expressamente previstas em lei, direito o devedor na cláusula
as perdas e danos devidas ao penal, desde que, culposamen- Art. 416. Para exigir a pena
credor abrangem, além do que te, deixe de cumprir a obrigação convencional, não é necessário
ele efetivamente perdeu, o que ou se constitua em mora. que o credor alegue prejuízo.
razoavelmente deixou de lucrar.
Art. 409. A cláusula penal Parágrafo único. Ainda que o pre-
Ar t . 403. Ainda que a estipulada conjuntamente com juízo exceda ao previsto na cláu-
inexecução resulte de dolo do a obrigação, ou em ato poste- sula penal, não pode o credor
devedor, as perdas e danos só rior, pode referir-se à inexecu- exigir indenização suplementar
incluem os prejuízos efetivos e os ção completa da obrigação, à se assim não foi convenciona-
lucros cessantes por efeito dela de alguma cláusula especial ou do. Se o tiver sido, a pena vale
direto e imediato, sem prejuízo simplesmente à mora. como mínimo da indenização,
do disposto na lei processual. competindo ao credor provar o
Art. 410. Quando se esti- prejuízo excedente.
Art. 404. As perdas e danos, pular a cláusula penal para o
nas obrigações de pagamento caso de total inadimplemento Capítulo VI – Das Arras
em dinheiro, serão pagas com da obrigação, esta converter- ou Sinal
atualização monetária segundo -se-á em alternativa a benefício
índices oficiais regularmente es- do credor. Art. 417. Se, por ocasião da
tabelecidos, abrangendo juros, conclusão do contrato, uma
Art. 411. Quando se esti-
custas e honorários de advoga- parte der à outra, a título de ar-
pular a cláusula penal para o
do, sem prejuízo da pena con- ras, dinheiro ou outro bem mó-
caso de mora, ou em segurança
vencional. vel, deverão as arras, em caso
especial de outra cláusula deter-
minada, terá o credor o arbítrio de execução, ser restituídas ou
Parágrafo único. Provado que os
de exigir a satisfação da pena computadas na prestação de-
juros da mora não cobrem o
cominada, juntamente com vida, se do mesmo gênero da
prejuízo, e não havendo pena
o desempenho da obrigação principal.
convencional, pode o juiz con-
ceder ao credor indenização principal. Art. 418. Se a parte que
suplementar. Art. 412. O valor da comina- deu as arras não executar o
ção imposta na cláusula penal contrato, poderá a outra tê-lo
Art. 405. Contam-se os ju- por desfeito, retendo-as; se a
ros de mora desde a citação não pode exceder o da obriga-
ção principal. inexecução for de quem recebeu
inicial. as arras, poderá quem as deu
Art. 413. A penalidade deve haver o contrato por desfeito,
Capítulo IV – Dos Juros ser reduzida equitativamente e exigir sua devolução mais o
Legais pelo juiz se a obrigação principal equivalente, com atualização
Art. 406. Quando os juros tiver sido cumprida em parte, monetária segundo índices
ou se o montante da penalidade oficiais regularmente estabe-
moratórios não forem conven-
for manifestamente excessivo, lecidos, juros e honorários de
cionados, ou o forem sem taxa
tendo-se em vista a natureza e advogado.
estipulada, ou quando provie-
a finalidade do negócio.
rem de determinação da lei, se- Art. 419. A parte inocente
rão fixados segundo a taxa que Art. 414. Sendo indivisível a pode pedir indenização suple-
estiver em vigor para a mora do obrigação, todos os devedores, mentar, se provar maior prejuí-
pagamento de impostos devidos caindo em falta um deles, incor- zo, valendo as arras como taxa
à Fazenda Nacional. rerão na pena; mas esta só se mínima. Pode, também, a parte

174
inocente exigir a execução do proponente a tiver dispensado,
contrato, com as perdas e da-
Seção II – Da Formação dos reputar-se-á concluído o con-
nos, valendo as arras como o Contratos trato, não chegando a tempo
mínimo da indenização. Art. 427. A proposta de a recusa.
Art. 420. Se no contrato contrato obriga o proponen- Art. 433. Considera-se ine-
for estipulado o direito de ar- te, se o contrário não resultar xistente a aceitação, se antes
rependimento para qualquer dos termos dela, da natureza dela ou com ela chegar ao pro-
das partes, as arras ou sinal do negócio, ou das circunstân- ponente a retratação do acei-
terão função unicamente in- cias do caso. tante.
denizatória. Neste caso, quem Art. 428. Deixa de ser obri-
as deu perdê-las-á em benefí- Art. 434. Os contratos en-
gatória a proposta: tre ausentes tornam-se perfeitos
cio da outra parte; e quem as
I – se, feita sem prazo a pessoa desde que a aceitação é expedi-
recebeu devolvê-las-á, mais o
presente, não foi imediatamente da, exceto:
equivalente. Em ambos os casos
aceita. Considera-se também I – no caso do artigo antece-
não haverá direito a indenização
presente a pessoa que contrata dente;
suplementar.
por telefone ou por meio de co-
municação semelhante; II – se o proponente se houver
comprometido a esperar res-
II – se, feita sem prazo a pes-
posta;
Título V – Dos soa ausente, tiver decorrido
Contratos em Geral tempo suficiente para chegar a III – se ela não chegar no prazo
resposta ao conhecimento do convencionado.
proponente; Art. 435. Reputar-se-á cele-
Capítulo I – Disposições III – se, feita a pessoa ausente, brado o contrato no lugar em
Gerais não tiver sido expedida a res- que foi proposto.
posta dentro do prazo dado;
Seção I – Preliminares IV – se, antes dela, ou simultane- Seção III – Da Estipulação
amente, chegar ao conhecimen-
Art. 421. A liberdade de con- em Favor de Terceiro
to da outra parte a retratação
tratar será exercida em razão e do proponente. Art. 436. O que estipula em
nos limites da função social do
Art. 429. A oferta ao público favor de terceiro pode exigir o
contrato.
equivale a proposta quando en- cumprimento da obrigação.
Art. 422. Os contratantes cerra os requisitos essenciais ao Parágrafo único. Ao terceiro, em
são obrigados a guardar, as- contrato, salvo se o contrário favor de quem se estipulou a
sim na conclusão do contrato, resultar das circunstâncias ou obrigação, também é permi-
como em sua execução, os prin- dos usos. tido exigi-la, ficando, todavia,
cípios de probidade e boa-fé.
Parágrafo único. Pode revogar-se sujeito às condições e normas
Art. 423. Quando houver no a oferta pela mesma via de sua do contrato, se a ele anuir, e o
contrato de adesão cláusulas divulgação, desde que ressal- estipulante não o inovar nos
ambíguas ou contraditórias, de- vada esta faculdade na oferta termos do art. 438.
ver-se-á adotar a interpretação realizada. Art. 437. Se ao terceiro, em
mais favorável ao aderente.
Art. 430. Se a aceitação, por favor de quem se fez o contrato,
Art. 424. Nos contratos de circunstância imprevista, che- se deixar o direito de reclamar-
adesão, são nulas as cláusulas gar tarde ao conhecimento do -lhe a execução, não poderá o
que estipulem a renúncia an- proponente, este comunicá-lo-á estipulante exonerar o devedor.
tecipada do aderente a direi- imediatamente ao aceitante, Art. 438. O estipulante pode
to resultante da natureza do sob pena de responder por per- reservar-se o direito de substi-
negócio. das e danos.
tuir o terceiro designado no
Art. 425. É lícito às partes Art. 431. A aceitação fora contrato, independentemente
estipular contratos atípicos, do prazo, com adições, restri- da sua anuência e da do outro
observadas as normas gerais ções, ou modificações, impor- contratante.
fixadas neste Código. tará nova proposta.
Parágrafo único. A substituição
Art. 426. Não pode ser ob- Art. 432. Se o negócio for pode ser feita por ato entre vi-
jeto de contrato a herança de daqueles em que não seja cos- vos ou por disposição de última
pessoa viva. tume a aceitação expressa, ou o vontade.

175
prazo de trinta dias se a coisa I – à indenização dos frutos que
Seção IV – Da Promessa de for móvel, e de um ano se for tiver sido obrigado a restituir;
Fato de Terceiro imóvel, contado da entrega II – à indenização pelas despe-
Art. 439. Aquele que tiver efetiva; se já estava na posse, sas dos contratos e pelos preju-
prometido fato de terceiro res- o prazo conta-se da alienação, ízos que diretamente resultarem
ponderá por perdas e danos, reduzido à metade. da evicção;
quando este o não executar. § 1o Quando o vício, por sua III – às custas judiciais e aos ho-
natureza, só puder ser conhe- norários do advogado por ele
Parágrafo único. Tal responsabi- cido mais tarde, o prazo con- constituído.
lidade não existirá se o terceiro
tar-se-á do momento em que
for o cônjuge do promitente, Parágrafo único. O preço, seja a
dele tiver ciência, até o prazo
dependendo da sua anuência evicção total ou parcial, será o
máximo de cento e oitenta dias,
o ato a ser praticado, e desde do valor da coisa, na época em
em se tratando de bens móveis;
que, pelo regime do casamen- que se evenceu, e proporcional
e de um ano, para os imóveis.
to, a indenização, de algum ao desfalque sofrido, no caso
modo, venha a recair sobre os § 2o Tratando-se de venda de de evicção parcial.
seus bens. animais, os prazos de garan-
tia por vícios ocultos serão os Art. 451. Subsiste para o
Art. 440. Nenhuma obriga- estabelecidos em lei especial, alienante esta obrigação, ain-
ção haverá para quem se com- ou, na falta desta, pelos usos da que a coisa alienada esteja
prometer por outrem, se este, locais, aplicando-se o dispos- deteriorada, exceto havendo
depois de se ter obrigado, faltar to no parágrafo antecedente se dolo do adquirente.
à prestação. não houver regras disciplinando Art. 452. Se o adquirente
a matéria. tiver auferido vantagens das
Seção V – Dos Vícios Art. 446. Não correrão os
deteriorações, e não tiver sido
Redibitórios condenado a indenizá-las, o va-
prazos do artigo antecedente
lor das vantagens será deduzido
Art. 441. A coisa recebida na constância de cláusula de ga-
da quantia que lhe houver de
em virtude de contrato comu- rantia; mas o adquirente deve
dar o alienante.
tativo pode ser enjeitada por ví- denunciar o defeito ao alienante
cios ou defeitos ocultos, que a nos trinta dias seguintes ao seu Art. 453. As benfeitorias
tornem imprópria ao uso a que descobrimento, sob pena de de- necessárias ou úteis, não abo-
é destinada, ou lhe diminuam cadência. nadas ao que sofreu a evicção,
o valor. serão pagas pelo alienante.

Parágrafo único. É aplicável a dis- Seção VI – Da Evicção Art. 454. Se as benfeitorias


abonadas ao que sofreu a evic-
posição deste artigo às doações Art. 447. Nos contratos one- ção tiverem sido feitas pelo alie-
onerosas. rosos, o alienante responde pela nante, o valor delas será levado
Art. 442. Em vez de rejeitar evicção. Subsiste esta garantia em conta na restituição devida.
a coisa, redibindo o contrato ainda que a aquisição se tenha
realizado em hasta pública. Art. 455. Se parcial, mas
(art. 441), pode o adquirente
considerável, for a evicção,
reclamar abatimento no preço. Art. 448. Podem as partes, poderá o evicto optar entre a
Art. 443. Se o alienante por cláusula expressa, reforçar, rescisão do contrato e a resti-
conhecia o vício ou defeito da diminuir ou excluir a responsa- tuição da parte do preço corres-
coisa, restituirá o que recebeu bilidade pela evicção. pondente ao desfalque sofrido.
com perdas e danos; se o não Se não for considerável, caberá
Art. 449. Não obstante a somente direito a indenização.
conhecia, tão somente restituirá cláusula que exclui a garantia
o valor recebido, mais as despe- Art. 456. (Revogado).
contra a evicção, se esta se der,
sas do contrato.
tem direito o evicto a receber
Art. 457. Não pode o adqui-
Art. 444. A responsabilida- o preço que pagou pela coisa rente demandar pela evicção,
de do alienante subsiste ainda evicta, se não soube do risco se sabia que a coisa era alheia
que a coisa pereça em poder do da evicção, ou, dele informado, ou litigiosa.
alienatário, se perecer por vício não o assumiu.
oculto, já existente ao tempo da
Art. 450. Salvo estipulação Seção VII – Dos Contratos
tradição.
em contrário, tem direito o Aleatórios
Art. 445. O adquirente de- evicto, além da restituição in-
cai do direito de obter a redibi- tegral do preço ou das quantias Art. 458. Se o contrato for
ção ou abatimento no preço no que pagou: aleatório, por dizer respeito a

176
coisas ou fatos futuros, cujo prazo à outra para que o efe- I – se não houver indicação de
risco de não virem a existir um tive. pessoa, ou se o nomeado se re-
dos contratantes assuma, terá cusar a aceitá-la;
o outro direito de receber inte- Parágrafo único. O contrato pre-
liminar deverá ser levado ao II – se a pessoa nomeada era
gralmente o que lhe foi prometi- insolvente, e a outra pessoa o
do, desde que de sua parte não registro competente.
desconhecia no momento da
tenha havido dolo ou culpa, ain- Art. 464. Esgotado o prazo, indicação.
da que nada do avençado venha poderá o juiz, a pedido do in-
a existir. teressado, suprir a vontade da Art. 471. Se a pessoa a no-
parte inadimplente, conferindo mear era incapaz ou insolvente
Art. 459. Se for aleatório, no momento da nomeação, o
por serem objeto dele coisas caráter definitivo ao contrato
preliminar, salvo se a isto se contrato produzirá seus efeitos
futuras, tomando o adquiren- entre os contratantes originários.
te a si o risco de virem a existir opuser a natureza da obrigação.
em qualquer quantidade, terá Art. 465. Se o estipulante Capítulo II – Da Extinção
também direito o alienante a não der execução ao contrato
todo o preço, desde que de sua
do Contrato
preliminar, poderá a outra par-
parte não tiver concorrido cul- te considerá-lo desfeito, e pedir
pa, ainda que a coisa venha a perdas e danos. Seção I – Do Distrato
existir em quantidade inferior
à esperada. Art. 466. Se a promessa de Art. 472. O distrato faz-se
contrato for unilateral, o credor, pela mesma forma exigida para
Parágrafo único. Mas, se da coisa sob pena de ficar a mesma sem o contrato.
nada vier a existir, alienação não efeito, deverá manifestar-se no
haverá, e o alienante restituirá prazo nela previsto, ou, inexis- Art. 473. A resilição unila-
o preço recebido. tindo este, no que lhe for razoa- teral, nos casos em que a lei
velmente assinado pelo devedor. expressa ou implicitamente o
Art. 460. Se for aleatório o permita, opera mediante de-
contrato, por se referir a coisas núncia notificada à outra parte.
existentes, mas expostas a risco, Seção IX – Do Contrato
assumido pelo adquirente, terá com Pessoa a Declarar Parágrafo único. Se, porém, dada
igualmente direito o alienante a a natureza do contrato, uma
todo o preço, posto que a coisa Art. 467. No momento da das partes houver feito investi-
já não existisse, em parte, ou de conclusão do contrato, pode mentos consideráveis para a sua
todo, no dia do contrato. uma das partes reservar-se a execução, a denúncia unilateral
faculdade de indicar a pessoa só produzirá efeito depois de
Art. 461. A alienação ale-
que deve adquirir os direitos e transcorrido prazo compatível
atória a que se refere o artigo
assumir as obrigações dele de- com a natureza e o vulto dos
antecedente poderá ser anulada
correntes. investimentos.
como dolosa pelo prejudicado,
se provar que o outro contra- Art. 468. Essa indicação
tante não ignorava a consuma- deve ser comunicada à outra Seção II – Da Cláusula
ção do risco, a que no contrato parte no prazo de cinco dias Resolutiva
se considerava exposta a coisa. da conclusão do contrato, se
outro não tiver sido estipulado. Art. 474. A cláusula reso-
lutiva expressa opera de pleno
Seção VIII – Do Contrato Parágrafo único. A aceitação da direito; a tácita depende de in-
Preliminar pessoa nomeada não será eficaz terpelação judicial.
se não se revestir da mesma for-
Art. 462. O contrato preli- ma que as partes usaram para Art. 475. A parte lesada pelo
minar, exceto quanto à forma, o contrato. inadimplemento pode pedir a
deve conter todos os requisitos resolução do contrato, se não
essenciais ao contrato a ser ce- Art. 469. A pessoa, nome- preferir exigir-lhe o cumprimen-
lebrado. ada de conformidade com os to, cabendo, em qualquer dos
artigos antecedentes, adquire casos, indenização por perdas
Art. 463. Concluído o con- os direitos e assume as obriga-
trato preliminar, com obser- e danos.
ções decorrentes do contrato, a
vância do disposto no artigo partir do momento em que este
antecedente, e desde que dele foi celebrado. Seção III – Da Exceção de
não conste cláusula de arrepen- Contrato não Cumprido
dimento, qualquer das partes Art. 470. O contrato será
terá o direito de exigir a cele- eficaz somente entre os con- A r t . 476. Nos cont r a-
bração do definitivo, assinando tratantes originários: tos bilaterais, nenhum dos

177
contratantes, antes de cumpri- outro, a pagar-lhe certo preço Art. 489. Nulo é o contrato
da a sua obrigação, pode exigir em dinheiro. de compra e venda, quando se
o implemento da do outro. deixa ao arbítrio exclusivo de
Art. 482. A compra e venda, uma das partes a f ixação do
Art. 477. Se, depois de con- quando pura, considerar-se-á preço.
cluído o contrato, sobrevier a obrigatória e perfeita, desde
uma das partes contratantes que as partes acordarem no Art. 490. Salvo cláusula em
diminuição em seu patrimônio objeto e no preço. contrário, ficarão as despesas
capaz de comprometer ou tor- de escritura e registro a cargo
Art. 483. A compra e venda
nar duvidosa a prestação pela do comprador, e a cargo do
pode ter por objeto coisa atual
qual se obrigou, pode a outra vendedor as da tradição.
ou futura. Neste caso, ficará
recusar-se à prestação que lhe sem efeito o contrato se esta Art. 491. Não sendo a ven-
incumbe, até que aquela satisfa- não vier a existir, salvo se a in- da a crédito, o vendedor não
ça a que lhe compete ou dê ga- tenção das partes era de con- é obrigado a entregar a coisa
rantia bastante de satisfazê-la. cluir contrato aleatório. antes de receber o preço.
Art. 484. Se a venda se rea- Art. 492. Até o momento da
Seção IV – Da Resolução lizar à vista de amostras, protó- tradição, os riscos da coisa cor-
por Onerosidade Excessiva tipos ou modelos, entender-se-á rem por conta do vendedor, e
que o vendedor assegura ter a os do preço por conta do com-
Art. 478. Nos contratos de
coisa as qualidades que a elas prador.
execução continuada ou diferi-
correspondem. § 1o Todavia, os casos fortui-
da, se a prestação de uma das
partes se tornar excessivamente Parágrafo único. Prevalece a amos- tos, ocorrentes no ato de con-
onerosa, com extrema vanta- tra, o protótipo ou o modelo, se tar, marcar ou assinalar coisas,
gem para a outra, em virtude houver contradição ou diferen- que comumente se recebem,
de acontecimentos extraordi- ça com a maneira pela qual se contando, pesando, medindo
nários e imprevisíveis, poderá descreveu a coisa no contrato. ou assinalando, e que já tive-
o devedor pedir a resolução do rem sido postas à disposição
Art. 485. A fixação do pre- do comprador, correrão por
contrato. Os efeitos da senten- ço pode ser deixada ao arbítrio
ça que a decretar retroagirão à conta deste.
de terceiro, que os contratantes
data da citação. § 2 o Correrão também por
logo designarem ou promete-
conta do comprador os riscos
Art. 479. A resolução pode- rem designar. Se o terceiro não
das referidas coisas, se estiver
rá ser evitada, oferecendo-se o aceitar a incumbência, ficará
em mora de as receber, quan-
réu a modificar equitativamente sem efeito o contrato, salvo
do postas à sua disposição no
as condições do contrato. quando acordarem os contra-
tempo, lugar e pelo modo ajus-
tantes designar outra pessoa.
Art. 480. Se no contrato as tados.
obrigações couberem a apenas Art. 486. Também se poderá
Art. 493. A tradição da coisa
uma das partes, poderá ela plei- deixar a fixação do preço à taxa
vendida, na falta de estipulação
tear que a sua prestação seja de mercado ou de bolsa, em
expressa, dar-se-á no lugar onde
reduzida, ou alterado o modo certo e determinado dia e lugar.
ela se encontrava, ao tempo da
de executá-la, a fim de evitar a Art. 487. É lícito às partes venda.
onerosidade excessiva. fixar o preço em função de ín-
Art. 494. Se a coisa for ex-
dices ou parâmetros, desde que
pedida para lugar diverso, por
suscetíveis de objetiva determi-
ordem do comprador, por sua
nação.
Título VI – Das Várias conta correrão os riscos, uma
Espécies de Contrato Art. 488. Convencionada a vez entregue a quem haja de
venda sem fixação de preço ou transportá-la, salvo se das ins-
de critérios para a sua deter- truções dele se afastar o ven-
Capítulo I – Da Compra e minação, se não houver tabe- dedor.
Venda lamento oficial, entende-se que
Art. 495. Não obstante o
as partes se sujeitaram ao preço
prazo ajustado para o paga-
corrente nas vendas habituais
Seção I – Disposições Gerais mento, se antes da tradição o
do vendedor.
comprador cair em insolvência,
Art. 481. Pelo contrato de Parágrafo único. Na falta de acor- poderá o vendedor sobrestar na
compra e venda, um dos con- do, por ter havido diversidade entrega da coisa, até que o com-
tratantes se obriga a transferir de preço, prevalecerá o termo prador lhe dê caução de pagar
o domínio de certa coisa, e o médio. no tempo ajustado.

178
Art. 496. É anulável a venda qualquer dos casos, às dimen- se outro consorte a quiser, tan-
de ascendente a descendente, sões dadas, o comprador terá o to por tanto. O condômino, a
salvo se os outros descendentes direito de exigir o complemento quem não se der conhecimento
e o cônjuge do alienante expres- da área, e, não sendo isso pos- da venda, poderá, depositando
samente houverem consentido. sível, o de reclamar a resolução o preço, haver para si a parte
do contrato ou abatimento pro- vendida a estranhos, se o reque-
Parágrafo único. Em ambos os porcional ao preço. rer no prazo de cento e oitenta
casos, dispensa-se o consenti- dias, sob pena de decadência.
mento do cônjuge se o regime § 1o Presume-se que a referên-
de bens for o da separação obri- cia às dimensões foi simples- Parágrafo único. Sendo muitos os
gatória. mente enunciativa, quando a condôminos, preferirá o que ti-
diferença encontrada não ex- ver benfeitorias de maior valor
Art. 497. Sob pena de nu- ceder de um vigésimo da área e, na falta de benfeitorias, o
lidade, não podem ser com- total enunciada, ressalvado ao de quinhão maior. Se as partes
prados, ainda que em hasta comprador o direito de provar forem iguais, haverão a parte
pública: que, em tais circunstâncias, não vendida os comproprietários,
I – pelos tutores, curadores, tes- teria realizado o negócio. que a quiserem, depositando
tamenteiros e administradores, § 2o Se em vez de falta houver previamente o preço.
os bens confiados à sua guarda excesso, e o vendedor provar
ou administração; que tinha motivos para ignorar
a medida exata da área vendida,
Seção II – Das Cláusulas
II – pelos servidores públicos, Especiais à Compra e Venda
em geral, os bens ou direitos da caberá ao comprador, à sua es-
pessoa jurídica a que servirem, colha, completar o valor corres-
ou que estejam sob sua admi- pondente ao preço ou devolver Subseção I – Da Retrovenda
nistração direta ou indireta; o excesso.
§ 3o Não haverá complemento Art. 505. O vendedor de
III – pelos juízes, secretários de coisa imóvel pode reservar-se
tribunais, arbitradores, peritos de área, nem devolução de ex-
cesso, se o imóvel for vendido o direito de recobrá-la no prazo
e outros serventuários ou au- máximo de decadência de três
xiliares da justiça, os bens ou como coisa certa e discrimina-
da, tendo sido apenas enuncia- anos, restituindo o preço recebi-
direitos sobre que se litigar em do e reembolsando as despesas
tribunal, juízo ou conselho, no tiva a referência às suas dimen-
sões, ainda que não conste, de do comprador, inclusive as que,
lugar onde servirem, ou a que durante o período de resgate, se
se estender a sua autoridade; modo expresso, ter sido a venda
ad corpus. efetuaram com a sua autoriza-
IV – pelos leiloeiros e seus pre- ção escrita, ou para a realização
postos, os bens de cuja venda Art. 501. Decai do direito de de benfeitorias necessárias.
estejam encarregados. propor as ações previstas no ar-
tigo antecedente o vendedor ou Art. 506. Se o comprador
Parágrafo único. As proibições se recusar a receber as quantias
o comprador que não o fizer no
deste artigo estendem-se à ces- a que faz jus, o vendedor, para
prazo de um ano, a contar do
são de crédito. exercer o direito de resgate, as
registro do título.
depositará judicialmente.
Art. 498. A proibição con-
Parágrafo único. Se houver atraso
tida no inciso III do artigo an- Parágrafo único. Verificada a in-
na imissão de posse no imóvel,
tecedente, não compreende os suficiência do depósito judicial,
atribuível ao alienante, a partir
casos de compra e venda ou não será o vendedor restituído
dela fluirá o prazo de decadên-
cessão entre coerdeiros, ou em no domínio da coisa, até e en-
cia.
pagamento de dívida, ou para quanto não for integralmente
garantia de bens já pertencentes Art. 502. O vendedor, salvo pago o comprador.
a pessoas designadas no referi- convenção em contrário, res-
do inciso. ponde por todos os débitos que Art. 507. O direito de retra-
gravem a coisa até o momento to, que é cessível e transmissível
Art. 499. É lícita a compra a herdeiros e legatários, poderá
da tradição.
e venda entre cônjuges, com ser exercido contra o terceiro
relação a bens excluídos da co- Art. 503. Nas coisas vendi- adquirente.
munhão. das conjuntamente, o defeito
oculto de uma não autoriza a Art. 508. Se a duas ou mais
Art. 500. Se, na venda de pessoas couber o direito de re-
rejeição de todas.
um imóvel, se estipular o preço trato sobre o mesmo imóvel, e
por medida de extensão, ou se Art. 504. Não pode um só uma o exercer, poderá o com-
determinar a respectiva área, condômino em coisa indivisível prador intimar as outras para
e esta não corresponder, em vender a sua parte a estranhos, nele acordarem, prevalecendo

179
o pacto em favor de quem haja comprador, quando lhe cons- Art. 522. A cláusula de
efetuado o depósito, contanto tar que este vai vender a coisa. reserva de domínio será esti-
que seja integral. pulada por escrito e depende
Art. 515. Aquele que exerce de registro no domicílio do
a preferência está, sob pena de comprador para valer contra
Subseção II – Da Venda a a perder, obrigado a pagar, em terceiros.
Contento e da Sujeita a Prova condições iguais, o preço en-
contrado, ou o ajustado. Art. 523. Não pode ser ob-
Art. 509. A venda feita a jeto de venda com reserva de
contento do comprador enten- Art. 516. Inexistindo prazo domínio a coisa insuscetível de
de-se realizada sob condição estipulado, o direito de pre- caracterização perfeita, para es-
suspensiva, ainda que a coisa empção caducará, se a coisa tremá-la de outras congêneres.
lhe tenha sido entregue; e não for móvel, não se exercendo nos Na dúvida, decide-se a favor do
se reputará perfeita, enquanto três dias, e, se for imóvel, não terceiro adquirente de boa-fé.
o adquirente não manifestar se exercendo nos sessenta dias
subsequentes à data em que o Art. 524. A transferência de
seu agrado. propriedade ao comprador dá-
comprador tiver notificado o
Art. 510. Também a venda se no momento em que o pre-
vendedor.
sujeita a prova presume-se feita ço esteja integralmente pago.
sob a condição suspensiva de Art. 517. Quando o direito Todavia, pelos riscos da coisa
que a coisa tenha as qualidades de preempção for estipulado a responde o comprador, a partir
asseguradas pelo vendedor e favor de dois ou mais indivíduos de quando lhe foi entregue.
seja idônea para o fim a que em comum, só pode ser exerci- Art. 525. O vendedor so-
se destina. do em relação à coisa no seu mente poderá executar a cláu-
todo. Se alguma das pessoas, a sula de reserva de domínio após
Ar t. 511. Em ambos os quem ele toque, perder ou não constituir o comprador em
casos, as obrigações do com- exercer o seu direito, poderão mora, mediante protesto do
pr ador, que recebeu, sob as demais utilizá-lo na forma título ou interpelação judicial.
condição suspensiva, a coisa sobredita.
comprada, são as de mero Art. 526. Verificada a mora
comodatário, enquanto não Art. 518. Responderá por do comprador, poderá o ven-
manifeste aceitá-la. perdas e danos o comprador, dedor mover contra ele a com-
se alienar a coisa sem ter dado petente ação de cobrança das
Art. 512. Não havendo pra- ao vendedor ciência do preço e prestações vencidas e vincendas
zo estipulado para a declaração das vantagens que por ela lhe e o mais que lhe for devido; ou
do comprador, o vendedor terá oferecem. Responderá solida- poderá recuperar a posse da
direito de intimá-lo, judicial ou riamente o adquirente, se tiver coisa vendida.
extrajudicialmente, para que o procedido de má-fé.
faça em prazo improrrogável. Art. 527. Na segunda hipó-
Art. 519. Se a coisa expro- tese do artigo antecedente, é
priada para fins de necessidade facultado ao vendedor reter as
Subseção III – Da Preempção ou utilidade pública, ou por in- prestações pagas até o neces-
ou Preferência teresse social, não tiver o des- sário para cobrir a depreciação
tino para que se desapropriou, da coisa, as despesas feitas e o
Art. 513. A preempção, ou ou não for utilizada em obras mais que de direito lhe for devi-
preferência, impõe ao compra- ou serviços públicos, caberá ao do. O excedente será devolvido
dor a obrigação de oferecer ao expropriado direito de preferên- ao comprador; e o que faltar lhe
vendedor a coisa que aquele vai cia, pelo preço atual da coisa. será cobrado, tudo na forma da
vender, ou dar em pagamento, lei processual.
para que este use de seu direito Art. 520. O direito de pre-
ferência não se pode ceder nem Art. 528. Se o vendedor
de prelação na compra, tanto
receber o pagamento à vista,
por tanto. passa aos herdeiros.
ou, posteriormente, mediante
Parágrafo único. O prazo para financiamento de instituição
exercer o direito de preferência Subseção IV – Da Venda com do mercado de capitais, a
não poderá exceder a cento e Reserva de Domínio esta caberá exercer os direitos
oitenta dias, se a coisa for mó- e ações decorrentes do con-
vel, ou a dois anos, se imóvel. Art. 521. Na venda de coisa trato, a benefício de qualquer
móvel, pode o vendedor reser- outro. A operação financeira
Art. 514. O vendedor pode var para si a propriedade, até e a respectiva ciência do com-
também exercer o seu direi- que o preço esteja integralmen- prador constarão do registro
to de prelação, intimando o te pago. do contrato.

180
Subseção V – Da Venda sobre II – é anulável a troca de valores valor dos serviços remunerados
Documentos desiguais entre ascendentes e ou ao encargo imposto.
descendentes, sem consenti-
Art. 529. Na venda sobre Art. 541. A doação far-se-á
mento dos outros descendentes
documentos, a tradição da coi- por escritura pública ou instru-
e do cônjuge do alienante.
sa é substituída pela entrega do mento particular.
seu título representativo e dos Capítulo III – Do Contrato Parágrafo único. A doação verbal
outros documentos exigidos Estimatório será válida, se, versando sobre
pelo contrato ou, no silêncio bens móveis e de pequeno va-
deste, pelos usos. Art. 534. Pelo contrato esti- lor, se lhe seguir incontinenti a
matório, o consignante entrega tradição.
Parágrafo único. Achando-se a bens móveis ao consignatário,
documentação em ordem, não que fica autorizado a vendê-los, Art. 542. A doação feita ao
pode o comprador recusar o pa- pagando àquele o preço ajusta- nascituro valerá, sendo aceita
gamento, a pretexto de defeito do, salvo se preferir, no prazo pelo seu representante legal.
de qualidade ou do estado da estabelecido, restituir-lhe a coi-
coisa vendida, salvo se o defeito Art. 543. Se o donatário for
sa consignada. absolutamente incapaz, dispen-
já houver sido comprovado.
Art. 535. O consignatário sa-se a aceitação, desde que se
Art. 530. Não havendo es- não se exonera da obrigação de trate de doação pura.
tipulação em contrário, o pa- pagar o preço, se a restituição
gamento deve ser efetuado na Art. 544. A doação de as-
da coisa, em sua integridade, se cendentes a descendentes, ou
data e no lugar da entrega dos tornar impossível, ainda que por
documentos. de um cônjuge a outro, importa
fato a ele não imputável. adiantamento do que lhes cabe
Art. 531. Se entre os docu- Art. 536. A coisa consignada por herança.
mentos entregues ao compra- não pode ser objeto de penho-
dor figurar apólice de seguro Art. 545. A doação em for-
ra ou sequestro pelos credores ma de subvenção periódica ao
que cubra os riscos do trans- do consignatário, enquanto não
porte, correm estes à conta beneficiado extingue-se morren-
pago integralmente o preço. do o doador, salvo se este outra
do comprador, salvo se, ao ser
concluído o contrato, tivesse o Art. 537. O consignante não coisa dispuser, mas não poderá
pode dispor da coisa antes de ultrapassar a vida do donatário.
vendedor ciência da perda ou
avaria da coisa. lhe ser restituída ou de lhe ser Art. 546. A doação feita em
comunicada a restituição. contemplação de casamento fu-
Art. 532. Estipulado o paga-
turo com certa e determinada
mento por intermédio de esta- Capítulo IV – Da Doação pessoa, quer pelos nubentes
belecimento bancário, caberá a
entre si, quer por terceiro a um
este efetuá-lo contra a entrega
Seção I – Disposições Gerais deles, a ambos, ou aos filhos
dos documentos, sem obriga-
que, de futuro, houverem um do
ção de verificar a coisa vendida,
Art. 538. Considera-se doa- outro, não pode ser impugnada
pela qual não responde.
ção o contrato em que uma pes- por falta de aceitação, e só fi-
Parágrafo único. Nesse caso, so- soa, por liberalidade, transfere cará sem efeito se o casamento
mente após a recusa do esta- do seu patrimônio bens ou van- não se realizar.
belecimento bancário a efetuar tagens para o de outra.
Art. 547. O doador pode
o pagamento, poderá o vende-
Art. 539. O doador pode estipular que os bens doados
dor pretendê-lo, diretamente do voltem ao seu patrimônio, se
fixar prazo ao donatário, para
comprador. sobreviver ao donatário.
declarar se aceita ou não a libe-
ralidade. Desde que o donatá-
Capítulo II – Da Troca ou rio, ciente do prazo, não faça,
Parágrafo único. Não prevalece
Permuta dentro dele, a declaração, enten-
cláusula de reversão em favor
de terceiro.
Art. 533. Aplicam-se à troca der-se-á que aceitou, se a doação
as disposições referentes à com- não for sujeita a encargo. Art. 548. É nula a doação
pra e venda, com as seguintes de todos os bens sem reserva de
Art. 540. A doação feita em
modificações: parte, ou renda suficiente para
contemplação do merecimento
a subsistência do doador.
I – salvo disposição em contrá- do donatário não perde o cará-
rio, cada um dos contratantes ter de liberalidade, como não o Art. 549. Nula é também
pagará por metade as despesas perde a doação remuneratória, a doação quanto à parte que
com o instrumento da troca; ou a gravada, no excedente ao exceder à de que o doador, no

181
momento da liberalidade, pode- Art. 557. Podem ser revoga- e, quando não possa restituir
ria dispor em testamento. das por ingratidão as doações: em espécie as coisas doadas,
I – se o donatário atentou con- a indenizá-la pelo meio termo
Art. 550. A doação do côn- do seu valor.
juge adúltero ao seu cúmplice tra a vida do doador ou come-
pode ser anulada pelo outro teu crime de homicídio doloso Art. 564. Não se revogam
cônjuge, ou por seus herdeiros contra ele; por ingratidão:
necessários, até dois anos de- II – se cometeu contra ele ofensa I – as doações puramente remu-
pois de dissolvida a sociedade física; neratórias;
conjugal. III – se o injuriou gravemente ou II – as oneradas com encargo já
Art. 551. Salvo declaração o caluniou; cumprido;
em contrário, a doação em IV – se, podendo ministrá-los, III – as que se fizerem em cum-
comum a mais de uma pessoa recusou ao doador os alimentos primento de obrigação natural;
entende-se distribuída entre elas de que este necessitava.
IV – as feitas para determinado
por igual. Art. 558. Pode ocorrer tam- casamento.
Parágrafo único. Se os donatá- bém a revogação quando o ofen-
rios, em tal caso, forem marido dido, nos casos do artigo ante- Capítulo V – Da Locação
e mulher, subsistirá na totali- rior, for o cônjuge, ascendente, de Coisas
dade a doação para o cônjuge descendente, ainda que adotivo,
ou irmão do doador. Art. 565. Na locação de coi-
sobrevivo.
sas, uma das partes se obriga
Art. 552. O doador não é Art. 559. A revogação por a ceder à outra, por tempo de-
obrigado a pagar juros mora- qualquer desses motivos deverá terminado ou não, o uso e gozo
tórios, nem é sujeito às conse- ser pleiteada dentro de um ano, de coisa não fungível, mediante
quências da evicção ou do vício a contar de quando chegue ao certa retribuição.
redibitório. Nas doações para conhecimento do doador o fato
que a autorizar, e de ter sido o Art. 566. O locador é obri-
casamento com certa e deter- gado:
minada pessoa, o doador ficará donatário o seu autor.
sujeito à evicção, salvo conven- I – a entregar ao locatário a coi-
Art. 560. O direito de revo-
ção em contrário. sa alugada, com suas pertenças,
gar a doação não se transmite
em estado de servir ao uso a que
Art. 553. O donatário é aos herdeiros do doador, nem
se destina, e a mantê-la nesse
obrigado a cumprir os encargos prejudica os do donatário. Mas
estado, pelo tempo do contra-
da doação, caso forem a bene- aqueles podem prosseguir na
to, salvo cláusula expressa em
fício do doador, de terceiro, ou ação iniciada pelo doador, con-
contrário;
tinuando-a contra os herdeiros
do interesse geral. II – a garantir-lhe, durante o
do donatário, se este falecer de-
Parágrafo único. Se desta última pois de ajuizada a lide. tempo do contrato, o uso pa-
espécie for o encargo, o Minis- cífico da coisa.
Art. 561. No caso de homi-
tério Público poderá exigir sua Art. 567. Se, durante a loca-
cídio doloso do doador, a ação
execução, depois da morte do ção, se deteriorar a coisa alu-
caberá aos seus herdeiros, exce-
doador, se este não tiver feito. gada, sem culpa do locatário,
to se aquele houver perdoado.
Art. 554. A doação a entida- a este caberá pedir redução
Art. 562. A doação onerosa proporcional do aluguel, ou
de futura caducará se, em dois
pode ser revogada por inexecu- resolver o contrato, caso já não
anos, esta não estiver constitu- ção do encargo, se o donatário
ída regularmente. sirva a coisa para o fim a que se
incorrer em mora. Não havendo destinava.
prazo para o cumprimento, o
Seção II – Da Revogação da doador poderá notificar judi- Art. 568. O locador resguar-
cialmente o donatário, assinan- dará o locatário dos embaraços
Doação e turbações de terceiros, que
do-lhe prazo razoável para que
Art. 555. A doação pode cumpra a obrigação assumida. tenham ou pretendam ter di-
ser revogada por ingratidão do reitos sobre a coisa alugada, e
donatário, ou por inexecução Art. 563. A revogação por responderá pelos seus vícios, ou
do encargo. ingratidão não prejudica os defeitos, anteriores à locação.
direitos adquiridos por tercei-
Art. 556. Não se pode re- ros, nem obriga o donatário a Art. 569. O locatário é obri-
nunciar antecipadamente o di- restituir os frutos percebidos gado:
reito de revogar a liberalidade antes da citação válida; mas I – a servir-se da coisa alugada
por ingratidão do donatário. sujeita-o a pagar os posteriores, para os usos convencionados

182
ou presumidos, conforme a na- pagará, enquanto a tiver em seu poderão dar em comodato, sem
tureza dela e as circunstâncias, poder, o aluguel que o locador autorização especial, os bens
bem como tratá-la com o mes- arbitrar, e responderá pelo dano confiados à sua guarda.
mo cuidado como se sua fosse; que ela venha a sofrer, embora
proveniente de caso fortuito. Art. 581. Se o comodato
II – a pagar pontualmente o não tiver prazo convencional,
aluguel nos prazos ajustados, Parágrafo único. Se o aluguel ar- presumir-se-lhe-á o necessá-
e, em falta de ajuste, segundo bitrado for manifestamente ex- rio para o uso concedido; não
o costume do lugar; cessivo, poderá o juiz reduzi-lo, podendo o comodante, salvo
III – a levar ao conhecimento do mas tendo sempre em conta o necessidade imprevista e urgen-
locador as turbações de tercei- seu caráter de penalidade. te, reconhecida pelo juiz, sus-
ros, que se pretendam fundadas pender o uso e gozo da coisa
em direito; Art. 576. Se a coisa for alie-
emprestada, antes de findo o
nada durante a locação, o ad-
IV – a restituir a coisa, finda a prazo convencional, ou o que se
quirente não ficará obrigado a
locação, no estado em que a re- determine pelo uso outorgado.
respeitar o contrato, se nele não
cebeu, salvas as deteriorações for consignada a cláusula da sua Art. 582. O comodatário é
naturais ao uso regular. vigência no caso de alienação, e obrigado a conservar, como se
Art. 570. Se o locatário em- não constar de registro. sua própria fora, a coisa em-
pregar a coisa em uso diverso § 1o O registro a que se refere prestada, não podendo usá-la
do ajustado, ou do a que se este artigo será o de Títulos e senão de acordo com o con-
destina, ou se ela se danificar Documentos do domicílio do trato ou a natureza dela, sob
por abuso do locatário, poderá locador, quando a coisa for mó- pena de responder por perdas
o locador, além de rescindir o vel; e será o Registro de Imó- e danos. O comodatário cons-
contrato, exigir perdas e danos. veis da respectiva circunscrição, tituído em mora, além de por
quando imóvel. ela responder, pagará, até res-
Art. 571. Havendo prazo tituí-la, o aluguel da coisa que
estipulado à duração do con- § 2o Em se tratando de imóvel,
for arbitrado pelo comodante.
trato, antes do vencimento não e ainda no caso em que o loca-
poderá o locador reaver a coi- dor não esteja obrigado a res- Art. 583. Se, correndo risco
sa alugada, senão ressarcindo peitar o contrato, não poderá o objeto do comodato junta-
ao locatário as perdas e danos ele despedir o locatário, senão mente com outros do comoda-
resultantes, nem o locatário observado o prazo de noventa tário, antepuser este a salvação
devolvê-la ao locador, senão dias após a notificação. dos seus abandonando o do
pagando, proporcionalmente, comodante, responderá pelo
Art. 577. Morrendo o loca-
a multa prevista no contrato. dano ocorrido, ainda que se
dor ou o locatário, transfere-se
possa atribuir a caso fortuito,
Parágrafo único. O locatário go- aos seus herdeiros a locação por
ou força maior.
zará do direito de retenção, tempo determinado.
enquanto não for ressarcido. Art. 578. Salvo disposição Art. 584. O comodatário
em contrário, o locatário goza não poderá jamais recobrar do
Art. 572. Se a obrigação de comodante as despesas feitas
pagar o aluguel pelo tempo que do direito de retenção, no caso
de benfeitorias necessárias, ou com o uso e gozo da coisa em-
faltar constituir indenização ex- prestada.
cessiva, será facultado ao juiz no de benfeitorias úteis, se es-
fixá-la em bases razoáveis. tas houverem sido feitas com Art. 585. Se duas ou mais
expresso consentimento do pessoas forem simultaneamen-
Art. 573. A locação por tem- locador. te comodatárias de uma coisa,
po determinado cessa de pleno ficarão solidariamente respon-
direito findo o prazo estipulado, Capítulo VI – Do sáveis para com o comodante.
independentemente de notifica- Empréstimo
ção ou aviso.
Seção II – Do Mútuo
Art. 574. Se, findo o prazo, Seção I – Do Comodato
o locatário continuar na posse Art. 586. O mútuo é o em-
da coisa alugada, sem oposi- Art. 579. O comodato é o préstimo de coisas fungíveis. O
ção do locador, presumir-se-á empréstimo gratuito de coisas mutuário é obrigado a restituir
prorrogada a locação pelo mes- não fungíveis. Perfaz-se com a ao mutuante o que dele rece-
mo aluguel, mas sem prazo de- tradição do objeto. beu em coisa do mesmo gênero,
terminado. qualidade e quantidade.
Art. 580. Os tutores, cura-
Art. 575. Se, notificado o dores e em geral todos os admi- Art. 587. Este empréstimo
locatário, não restituir a coisa, nistradores de bens alheios não transfere o domínio da coisa

183
emprestada ao mutuário, por Capítulo VII – Da II – com antecipação de quatro
cuja conta correm todos os ris- Prestação de Serviço dias, se o salário se tiver ajus-
cos dela desde a tradição. tado por semana, ou quinzena;
Art. 593. A prestação de III – de véspera, quando se te-
Art. 588. O mútuo feito a serviço, que não estiver sujeita nha contratado por menos de
pessoa menor, sem prévia auto- às leis trabalhistas ou a lei espe- sete dias.
rização daquele sob cuja guar- cial, reger-se-á pelas disposições
da estiver, não pode ser reavido deste Capítulo. Art. 600. Não se conta no
nem do mutuário, nem de seus prazo do contrato o tempo em
fiadores. Art. 594. Toda a espécie de que o prestador de serviço, por
serviço ou trabalho lícito, mate- culpa sua, deixou de servir.
Art. 589. Cessa a disposição rial ou imaterial, pode ser con-
do artigo antecedente: tratada mediante retribuição. Art. 601. Não sendo o pres-
tador de serviço contratado
I – se a pessoa, de cuja autori- Art. 595. No contrato de para certo e determinado traba-
zação necessitava o mutuário prestação de serviço, quando lho, entender-se-á que se obri-
para contrair o empréstimo, o qualquer das partes não souber gou a todo e qualquer serviço
ratificar posteriormente; ler, nem escrever, o instrumen- compatível com as suas forças
II – se o menor, estando ausente to poderá ser assinado a rogo e condições.
essa pessoa, se viu obrigado a e subscrito por duas testemu- Art. 602. O prestador de
contrair o empréstimo para os nhas. serviço contratado por tempo
seus alimentos habituais; certo, ou por obra determina-
Art. 596. Não se tendo esti-
III – se o menor tiver bens ga- pulado, nem chegado a acordo da, não se pode ausentar, ou
nhos com o seu trabalho. Mas, as partes, fixar-se-á por arbitra- despedir, sem justa causa, an-
em tal caso, a execução do cre- mento a retribuição, segundo o tes de preenchido o tempo, ou
dor não lhes poderá ultrapassar costume do lugar, o tempo de concluída a obra.
as forças; serviço e sua qualidade. Parágrafo único. Se se despedir
IV – se o empréstimo reverteu Art. 597. A retribuição pa- sem justa causa, terá direito à
em benefício do menor; gar-se-á depois de prestado o retribuição vencida, mas res-
V – se o menor obteve o emprés- ponderá por perdas e danos. O
serviço, se, por convenção, ou
timo maliciosamente. mesmo dar-se-á, se despedido
costume, não houver de ser
por justa causa.
adiantada, ou paga em pres-
Art. 590. O mutuante pode
tações. Art. 603. Se o prestador de
exigir garantia da restituição, se
serviço for despedido sem justa
antes do vencimento o mutuário Art. 598. A prestação de causa, a outra parte será obri-
sofrer notória mudança em sua serviço não se poderá conven- gada a pagar-lhe por inteiro a
situação econômica. cionar por mais de quatro anos, retribuição vencida, e por meta-
embora o contrato tenha por de a que lhe tocaria de então ao
Art. 591. Destinando-se causa o pagamento de dívida de
o mútuo a f ins econômicos, termo legal do contrato.
quem o presta, ou se destine à
presumem-se devidos juros, os execução de certa e determina- Art. 604. Findo o contrato,
quais, sob pena de redução, não da obra. Neste caso, decorridos o prestador de serviço tem direi-
poderão exceder a taxa a que quatro anos, dar-se-á por findo to a exigir da outra parte a de-
se refere o art. 406, permitida o contrato, ainda que não con- claração de que o contrato está
a capitalização anual. cluída a obra. findo. Igual direito lhe cabe, se
for despedido sem justa causa,
Art. 592. Não se tendo con- Art. 599. Não havendo pra- ou se tiver havido motivo justo
vencionado expressamente, o zo estipulado, nem se podendo para deixar o serviço.
prazo do mútuo será: inferir da natureza do contrato,
Art. 605. Nem aquele a
I – até a próxima colheita, se ou do costume do lugar, qual-
quem os serviços são presta-
o mútuo for de produtos agrí- quer das partes, a seu arbítrio,
dos, poderá transferir a outrem
colas, assim para o consumo, mediante prévio aviso, pode
o direito aos serviços ajustados,
como para semeadura; resolver o contrato. nem o prestador de serviços,
II – de trinta dias, pelo menos, Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: sem aprazimento da outra par-
se for de dinheiro; te, dar substituto que os preste.
I – com antecedência de oito
III – do espaço de tempo que dias, se o salário se houver fi- Art. 606. Se o serviço for
declarar o mutuante, se for de xado por tempo de um mês, ou prestado por quem não possua
qualquer outra coisa fungível. mais; título de habilitação, ou não

184
satisfaça requisitos outros es- Art. 611. Quando o em- Art. 617. O empreiteiro é
tabelecidos em lei, não poderá preiteiro fornece os materiais, obrigado a pagar os materiais
quem os prestou cobrar a retri- correm por sua conta os riscos que recebeu, se por imperícia ou
buição normalmente correspon- até o momento da entrega da negligência os inutilizar.
dente ao trabalho executado. obra, a contento de quem a Art. 618. Nos contratos de
Mas se deste resultar benefício encomendou, se este não esti- empreitada de edifícios ou ou-
para a outra parte, o juiz atri- ver em mora de receber. Mas se tras construções consideráveis,
buirá a quem o prestou uma estiver, por sua conta correrão o empreiteiro de materiais e
compensação razoável, desde os riscos. execução responderá, duran-
que tenha agido com boa-fé. te o prazo irredutível de cinco
Art. 612. Se o empreiteiro
Parágrafo único. Não se aplica só forneceu mão de obra, todos anos, pela solidez e segurança
a segunda parte deste artigo, os riscos em que não tiver culpa do trabalho, assim em razão dos
quando a proibição da presta- correrão por conta do dono. materiais, como do solo.
ção de serviço resultar de lei de Parágrafo único. Decairá do di-
ordem pública. Ar t. 613. Sendo a em-
reito assegurado neste artigo o
preitada unicamente de lavor
Art. 607. O contrato de dono da obra que não propuser
(art. 610), se a coisa perecer an- a ação contra o empreiteiro, nos
prestação de serviço acaba com tes de entregue, sem mora do
a morte de qualquer das partes. cento e oitenta dias seguintes
dono nem culpa do empreiteiro, ao aparecimento do vício ou
Termina, ainda, pelo escoamen- este perderá a retribuição, se
to do prazo, pela conclusão da defeito.
não provar que a perda resultou
obra, pela rescisão do contrato de defeito dos materiais e que Art. 619. Salvo estipulação
mediante aviso prévio, por ina- em contrário, o empreiteiro que
em tempo reclamara contra a
dimplemento de qualquer das se incumbir de executar uma
sua quantidade ou qualidade.
partes ou pela impossibilidade obra, segundo plano aceito
da continuação do contrato, Art. 614. Se a obra constar por quem a encomendou, não
motivada por força maior. de partes distintas, ou for de terá direito a exigir acréscimo
natureza das que se determinam no preço, ainda que sejam intro-
Art. 608. Aquele que aliciar
pessoas obrigadas em contrato por medida, o empreiteiro terá duzidas modificações no proje-
escrito a prestar serviço a ou- direito a que também se veri- to, a não ser que estas resultem
trem pagará a este a importân- fique por medida, ou segundo de instruções escritas do dono
cia que ao prestador de serviço, as partes em que se dividir, po- da obra.
pelo ajuste desfeito, houvesse dendo exigir o pagamento na
Parágrafo único. Ainda que não
de caber durante dois anos. proporção da obra executada. tenha havido autorização escri-
§ 1o Tudo o que se pagou pre- ta, o dono da obra é obrigado
Art. 609. A alienação do sume-se verificado. a pagar ao empreiteiro os au-
prédio agrícola, onde a presta-
§ 2o O que se mediu presume- mentos e acréscimos, segundo
ção dos serviços se opera, não
-se verificado se, em trinta dias, o que for arbitrado, se, sempre
importa a rescisão do contrato,
a contar da medição, não forem presente à obra, por continua-
salvo ao prestador opção entre das visitas, não podia ignorar o
continuá-lo com o adquirente denunciados os vícios ou defei-
tos pelo dono da obra ou por que se estava passando, e nunca
da propriedade ou com o pri- protestou.
mitivo contratante. quem estiver incumbido da sua
fiscalização. Art. 620. Se ocorrer dimi-
Capítulo VIII – Da Art. 615. Concluída a obra
nuição no preço do material
Empreitada de acordo com o ajuste, ou o
ou da mão de obra superior
a um décimo do preço global
Art. 610. O empreiteiro de costume do lugar, o dono é convencionado, poderá este ser
uma obra pode contribuir para obrigado a recebê-la. Poderá, revisto, a pedido do dono da
ela só com seu trabalho ou com porém, rejeitá-la, se o emprei- obra, para que se lhe assegure
ele e os materiais. teiro se afastou das instruções a diferença apurada.
§ 1o A obrigação de fornecer recebidas e dos planos dados,
ou das regras técnicas em tra- Art. 621. Sem anuência de
os materiais não se presume; seu autor, não pode o proprie-
resulta da lei ou da vontade das balhos de tal natureza.
tário da obra introduzir mo-
partes. Art. 616. No caso da segun- dificações no projeto por ele
§ 2o O contrato para elabora- da parte do artigo anteceden- aprovado, ainda que a execu-
ção de um projeto não implica te, pode quem encomendou a ção seja confiada a terceiros, a
a obrigação de executá-lo, ou de obra, em vez de enjeitá-la, rece- não ser que, por motivos super-
fiscalizar-lhe a execução. bê-la com abatimento no preço. venientes ou razões de ordem

185
técnica, f ique comprovada a salvo se ajustado em considera- Art. 633. Ainda que o con-
inconveniência ou a excessiva ção às qualidades pessoais do trato fixe prazo à restituição, o
onerosidade de execução do empreiteiro. depositário entregará o depósi-
projeto em sua forma originária. to logo que se lhe exija, salvo se
Parágrafo único. A proibição deste
Capítulo IX – Do Depósito tiver o direito de retenção a que
artigo não abrange alterações se refere o art. 644, se o objeto
de pouca monta, ressalvada Seção I – Do Depósito for judicialmente embargado,
sempre a unidade estética da Voluntário se sobre ele pender execução,
obra projetada. notificada ao depositário, ou
se houver motivo razoável de
Art. 622. Se a execução da Art. 627. Pelo contrato de
suspeitar que a coisa foi dolo-
obra for confiada a terceiros, a depósito recebe o depositário
samente obtida.
responsabilidade do autor do um objeto móvel, para guar-
projeto respectivo, desde que dar, até que o depositante o Art. 634. No caso do artigo
não assuma a direção ou fisca- reclame. antecedente, última parte, o de-
lização daquela, ficará limitada positário, expondo o fundamen-
aos danos resultantes de defei- Art. 628. O contrato de to da suspeita, requererá que se
tos previstos no art. 618 e seu depósito é gratuito, exceto se recolha o objeto ao Depósito
parágrafo único. houver convenção em contrá- Público.
rio, se resultante de atividade
Art. 623. Mesmo após ini-
negocial ou se o depositário o Art. 635. Ao depositário será
ciada a construção, pode o
dono da obra suspendê-la, des- praticar por profissão. facultado, outrossim, requerer
de que pague ao empreiteiro as depósito judicial da coisa, quan-
despesas e lucros relativos aos Parágrafo único. Se o depósito for do, por motivo plausível, não a
serviços já feitos, mais indeni- oneroso e a retribuição do depo- possa guardar, e o depositante
zação razoável, calculada em sitário não constar de lei, nem não queira recebê-la.
função do que ele teria ganho, resultar de ajuste, será determi-
se concluída a obra. nada pelos usos do lugar, e, na Art. 636. O depositário, que
falta destes, por arbitramento. por força maior houver perdido
Art. 624. Suspensa a execu-
a coisa depositada e recebido
ção da empreitada sem justa Art. 629. O depositário é outra em seu lugar, é obrigado
causa, responde o empreiteiro obrigado a ter na guarda e con- a entregar a segunda ao depo-
por perdas e danos. servação da coisa depositada sitante, e ceder-lhe as ações que
Art. 625. Poderá o emprei- o cuidado e diligência que cos- no caso tiver contra o terceiro
teiro suspender a obra: tuma com o que lhe pertence, responsável pela restituição da
bem como a restituí-la, com primeira.
I – por culpa do dono, ou por
todos os frutos e acrescidos,
motivo de força maior;
quando o exija o depositante. Art. 637. O herdeiro do de-
II – quando, no decorrer dos
positário, que de boa-fé vendeu
serviços, se manifestarem di- Art. 630. Se o depósito se a coisa depositada, é obrigado
f iculdades imprevisíveis de entregou fechado, colado, se- a assistir o depositante na rei-
execução, resultantes de cau- lado, ou lacrado, nesse mesmo vindicação, e a restituir ao com-
sas geológicas ou hídricas, ou estado se manterá. prador o preço recebido.
outras semelhantes, de modo
que torne a empreitada exces- Art. 631. Salvo disposição Art. 638. Salvo os casos
sivamente onerosa, e o dono da em contrário, a restituição da
obra se opuser ao reajuste do previstos nos arts. 633 e 634,
coisa deve dar-se no lugar em não poderá o depositário fur-
preço inerente ao projeto por
que tiver de ser guardada. As tar-se à restituição do depósito,
ele elaborado, observados os
despesas de restituição correm alegando não pertencer a coi-
preços;
por conta do depositante. sa ao depositante, ou opondo
III – se as modificações exigi- compensação, exceto se noutro
das pelo dono da obra, por seu Art. 632. Se a coisa houver depósito se fundar.
vulto e natureza, forem despro- sido depositada no interesse
porcionais ao projeto aprovado, de terceiro, e o depositário ti- Art. 639. Sendo dois ou
ainda que o dono se disponha a ver sido cientificado deste fato mais depositantes, e divisível a
arcar com o acréscimo de preço. pelo depositante, não poderá coisa, a cada um só entregará o
Art. 626. Não se extingue ele exonerar-se restituindo a depositário a respectiva parte,
o contrato de empreitada pela coisa a este, sem consentimen- salvo se houver entre eles soli-
morte de qualquer das partes, to daquele. dariedade.

186
Art. 640. Sob pena de res- Art. 646. O depósito volun- Art. 652. Seja o depósito
ponder por perdas e danos, não tário provar-se-á por escrito. voluntário ou necessário, o
poderá o depositário, sem licen- depositário que não o restituir
ça expressa do depositante, ser- quando exigido será compelido
vir-se da coisa depositada, nem Seção II – Do Depósito a fazê-lo mediante prisão não
a dar em depósito a outrem. Necessário excedente a um ano, e ressarcir
os prejuízos.
Parágrafo único. Se o depositário, Art. 647. É depósito neces-
devidamente autorizado, con- sário: Capítulo X – Do Mandato
fiar a coisa em depósito a tercei-
ro, será responsável se agiu com I – o que se faz em desempenho
culpa na escolha deste. de obrigação legal; Seção I – Disposições Gerais
II – o que se efetua por ocasião Art. 653. Opera-se o man-
Art. 641. Se o depositário de alguma calamidade, como o dato quando alguém recebe de
se tornar incapaz, a pessoa que incêndio, a inundação, o nau- outrem poderes para, em seu
lhe assumir a administração dos nome, praticar atos ou admi-
frágio ou o saque.
bens diligenciará imediatamente nistrar interesses. A procuração
restituir a coisa depositada e, é o instrumento do mandato.
Art. 648. O depósito a que
não querendo ou não podendo
o depositante recebê-la, reco- se refere o inciso I do artigo Art. 654. Todas as pessoas
lhê-la-á ao Depósito Público ou antecedente, reger-se-á pela capazes são aptas para dar pro-
promoverá nomeação de outro disposição da respectiva lei, e, curação mediante instrumento
depositário. no silêncio ou deficiência dela, particular, que valerá desde
pelas concernentes ao depósito que tenha a assinatura do ou-
Art. 642. O depositário não voluntário. torgante.
responde pelos casos de força § 1o O instrumento particular
maior; mas, para que lhe valha Parágrafo único. As disposições
deve conter a indicação do lugar
a escusa, terá de prová-los. deste artigo aplicam-se aos de-
onde foi passado, a qualificação
pósitos previstos no inciso II do do outorgante e do outorgado,
Art. 643. O depositante é artigo antecedente, podendo a data e o objetivo da outorga
obrigado a pagar ao depositário estes certificarem-se por qual- com a designação e a extensão
as despesas feitas com a coisa, quer meio de prova. dos poderes conferidos.
e os prejuízos que do depósito
provierem. Art. 649. Aos depósitos pre- § 2o O terceiro com quem o
vistos no artigo antecedente é mandatário tratar poderá exigir
Art. 644. O depositário po- que a procuração traga a firma
equiparado o das bagagens dos
derá reter o depósito até que se reconhecida.
viajantes ou hóspedes nas hos-
lhe pague a retribuição devida, pedarias onde estiverem. Art. 655. Ainda quando se
o líquido valor das despesas, ou outorgue mandato por instru-
dos prejuízos a que se refere o Parágrafo único. Os hospedeiros mento público, pode substabe-
artigo anterior, provando ime- responderão como depositá- lecer-se mediante instrumento
diatamente esses prejuízos ou rios, assim como pelos furtos particular.
essas despesas. e roubos que perpetrarem as Art. 656. O mandato pode
pessoas empregadas ou admiti- ser expresso ou tácito, verbal
Parágrafo único. Se essas dívidas,
das nos seus estabelecimentos. ou escrito.
despesas ou prejuízos não fo-
rem provados suficientemente, Art. 657. A outorga do man-
Art. 650. Cessa, nos casos
ou forem ilíquidos, o deposi-
do artigo antecedente, a res- dato está sujeita à forma exigida
tário poderá exigir caução idô-
ponsabilidade dos hospedei- por lei para o ato a ser prati-
nea do depositante ou, na falta
ros, se provarem que os fatos cado. Não se admite mandato
desta, a remoção da coisa para
prejudiciais aos viajantes ou verbal quando o ato deva ser
o Depósito Público, até que se
hóspedes não podiam ter sido celebrado por escrito.
liquidem.
evitados. Art. 658. O mandato pre-
Art. 645. O depósito de coi- sume-se gratuito quando não
sas fungíveis, em que o depositá- Art. 651. O depósito neces- houver sido estipulada retri-
rio se obrigue a restituir objetos sário não se presume gratuito. buição, exceto se o seu objeto
do mesmo gênero, qualidade e Na hipótese do art. 649, a remu- corresponder ao daqueles que
quantidade, regular-se-á pelo neração pelo depósito está in- o mandatário trata por ofício
disposto acerca do mútuo. cluída no preço da hospedagem. ou profissão lucrativa.

187
Parágrafo único. Se o mandato for ou proceder contra eles, será transferindo-lhe as vantagens
oneroso, caberá ao mandatário considerado mero gestor de ne- provenientes do mandato, por
a retribuição prevista em lei ou gócios, enquanto o mandante qualquer título que seja.
no contrato. Sendo estes omis- lhe não ratificar os atos.
sos, será ela determinada pelos Art. 669. O mandatário não
usos do lugar, ou, na falta des- Art. 666. O maior de de- pode compensar os prejuízos a
tes, por arbitramento. zesseis e menor de dezoito que deu causa com os provei-
anos não emancipado pode ser tos que, por outro lado, tenha
Art. 659. A aceitação do mandatário, mas o mandante granjeado ao seu constituinte.
mandato pode ser tácita, e re- não tem ação contra ele senão
sulta do começo de execução. de conformidade com as regras Art. 670. Pelas somas que
gerais, aplicáveis às obrigações devia entregar ao mandante
Art. 660. O mandato pode
contraídas por menores. ou recebeu para despesa, mas
ser especial a um ou mais ne-
gócios determinadamente, ou empregou em proveito seu, pa-
geral a todos os do mandante. Seção II – Das Obrigações gará o mandatário juros, desde
o momento em que abusou.
Art. 661. O mandato em ter- do Mandatário
mos gerais só confere poderes Art. 671. Se o mandatário,
Art. 667. O mandatário é
de administração. tendo fundos ou crédito do
obrigado a aplicar toda sua di-
mandante, comprar, em nome
§ 1o Para alienar, hipotecar, ligência habitual na execução do
transigir, ou praticar outros próprio, algo que devera com-
mandato, e a indenizar qualquer
quaisquer atos que exorbitem prejuízo causado por culpa sua prar para o mandante, por ter
da administração ordinária, de- ou daquele a quem substabele- sido expressamente designado
pende a procuração de poderes cer, sem autorização, poderes no mandato, terá este ação
especiais e expressos. que devia exercer pessoalmente. para obrigá-lo à entrega da
§ 2o O poder de transigir não coisa comprada.
§ 1o Se, não obstante proibição
importa o de firmar compro- do mandante, o mandatário Art. 672. Sendo dois ou
misso. se fizer substituir na execução mais os mandatários nomeados
Art. 662. Os atos pratica- do mandato, responderá ao no mesmo instrumento, qual-
dos por quem não tenha man- seu constituinte pelos preju- quer deles poderá exercer os
dato, ou o tenha sem poderes ízos ocorridos sob a gerência poderes outorgados, se não fo-
suficientes, são ineficazes em do substituto, embora prove- rem expressamente declarados
relação àquele em cujo nome nientes de caso fortuito, salvo conjuntos, nem especificamente
foram praticados, salvo se este provando que o caso teria so- designados para atos diferen-
os ratificar. brevindo, ainda que não tivesse tes, ou subordinados a atos
havido substabelecimento.
sucessivos. Se os mandatários
Parágrafo único. A ratificação há § 2o Havendo poderes de subs-
de ser expressa, ou resultar de forem declarados conjuntos,
tabelecer, só serão imputáveis não terá eficácia o ato pratica-
ato inequívoco, e retroagirá à ao mandatário os danos causa-
data do ato. do sem interferência de todos,
dos pelo substabelecido, se tiver salvo havendo ratificação, que
Art. 663. Sempre que o agido com culpa na escolha des- retroagirá à data do ato.
mandatário estipular negócios te ou nas instruções dadas a ele.
expressamente em nome do § 3o Se a proibição de subs- Art. 673. O terceiro que, de-
mandante, será este o único tabelecer constar da procura- pois de conhecer os poderes do
responsável; ficará, porém, o ção, os atos praticados pelo mandatário, com ele celebrar
mandatário pessoalmente obri- substabelecido não obrigam negócio jurídico exorbitante do
gado, se agir no seu próprio o mandante, salvo ratificação mandato, não tem ação contra
nome, ainda que o negócio seja expressa, que retroagirá à data o mandatário, salvo se este lhe
de conta do mandante. do ato. prometeu ratificação do man-
Art. 664. O mandatário tem § 4o Sendo omissa a procura- dante ou se responsabilizou
o direito de reter, do objeto da ção quanto ao substabeleci- pessoalmente.
operação que lhe foi cometida, mento, o procurador será res- Art. 674. Embora ciente da
quanto baste para pagamento ponsável se o substabelecido morte, interdição ou mudança
de tudo que lhe for devido em proceder culposamente. de estado do mandante, deve o
consequência do mandato.
Art. 668. O mandatário mandatário concluir o negócio
Art. 665. O mandatário que é obrigado a dar contas de já começado, se houver perigo
exceder os poderes do mandato, sua gerência ao mandante, na demora.

188
Art. 688. A renúncia do
Seção III – Das Obrigações Seção IV – Da Extinção do mandato será comunicada ao
do Mandante Mandato mandante, que, se for prejudi-
Art. 675. O mandante é Art. 682. Cessa o mandato: cado pela sua inoportunidade,
obrigado a satisfazer todas ou pela falta de tempo, a fim
I – pela revogação ou pela re- de prover à substituição do
as obrigações contraídas pelo núncia;
mandatário, na conformidade procurador, será indenizado
do mandato conferido, e adian- II – pela morte ou interdição de pelo mandatário, salvo se este
uma das partes; provar que não podia continuar
tar a importância das despesas
III – pela mudança de estado no mandato sem prejuízo consi-
necessárias à execução dele,
derável, e que não lhe era dado
quando o mandatário lho pedir. que inabilite o mandante a
substabelecer.
conferir os poderes, ou o man-
Art. 676. É obrigado o man-
datário para os exercer; Art. 689. São válidos, a
dante a pagar ao mandatário a
IV – pelo término do prazo ou respeito dos contratantes de
remuneração ajustada e as des-
pela conclusão do negócio. boa-fé, os atos com estes ajus-
pesas da execução do mandato,
tados em nome do mandante
ainda que o negócio não surta Art. 683. Quando o man- pelo mandatário, enquanto este
o esperado efeito, salvo tendo dato contiver a cláusula de ir- ignorar a morte daquele ou a
o mandatário culpa. revogabilidade e o mandante o extinção do mandato, por qual-
Art. 677. As somas adian- revogar, pagará perdas e danos. quer outra causa.
tadas pelo mandatário, para a Art. 684. Quando a cláusula Art. 690. Se falecer o man-
execução do mandato, vencem de irrevogabilidade for condição datário, pendente o negócio
juros desde a data do desem- de um negócio bilateral, ou ti- a ele cometido, os herdeiros,
bolso. tendo ciência do mandato,
ver sido estipulada no exclusivo
Art. 678. É igualmente obri- interesse do mandatário, a revo- avisarão o mandante, e provi-
gado o mandante a ressarcir ao gação do mandato será ineficaz. denciarão a bem dele, como as
mandatário as perdas que este circunstâncias exigirem.
Art. 685. Conferido o man-
sofrer com a execução do man- Art. 691. Os herdeiros, no
dato com a cláusula “em causa
dato, sempre que não resultem caso do artigo antecedente,
própria”, a sua revogação não
de culpa sua ou de excesso de devem limitar-se às medidas
poderes. terá eficácia, nem se extingui-
rá pela morte de qualquer das conservatórias, ou continuar os
Art. 679. Ainda que o man- partes, ficando o mandatário negócios pendentes que se não
datário contrarie as instruções dispensado de prestar contas, possam demorar sem perigo,
do mandante, se não exceder e podendo transferir para si os regulando-se os seus serviços
os limites do mandato, ficará o bens móveis ou imóveis objeto dentro desse limite, pelas mes-
mandante obrigado para com do mandato, obedecidas as for- mas normas a que os do man-
aqueles com quem o seu pro- malidades legais. datário estão sujeitos.
curador contratou; mas terá
contra este ação pelas perdas Art. 686. A revogação do
mandato, notificada somente
Seção V – Do Mandato
e danos resultantes da inobser- Judicial
vância das instruções. ao mandatário, não se pode
opor aos terceiros que, igno- Art. 692. O mandato judi-
Art. 680. Se o mandato rando-a, de boa-fé com ele cial fica subordinado às normas
for outorgado por duas ou trataram; mas ficam salvas ao que lhe dizem respeito, constan-
mais pessoas, e para negócio constituinte as ações que no tes da legislação processual, e,
comum, cada uma ficará so- caso lhe possam caber contra supletivamente, às estabeleci-
lidariamente responsável ao o procurador. das neste Código.
mandatário por todos os com-
promissos e efeitos do manda- Parágrafo único. É irrevogável o Capítulo XI – Da
to, salvo direito regressivo, pelas mandato que contenha poderes
de cumprimento ou confirma-
Comissão
quantias que pagar, contra os
outros mandantes. ção de negócios encetados, aos Art. 693. O contrato de co-
quais se ache vinculado. missão tem por objeto a aqui-
Art. 681. O mandatário tem
sição ou a venda de bens pelo
sobre a coisa de que tenha a Art. 687. Tanto que for co-
comissário, em seu próprio
posse em virtude do mandato, municada ao mandatário a no-
nome, à conta do comitente.
direito de retenção, até se reem- meação de outro, para o mesmo
bolsar do que no desempenho negócio, considerar-se-á revoga- Art. 694. O comissário fica
do encargo despendeu. do o mandato anterior. diretamente obrigado para com

189
as pessoas com quem contratar, o negócio, se não houver ins- Art. 707. O crédito do co-
sem que estas tenham ação con- truções diversas do comitente. missário, relativo a comissões e
tra o comitente, nem este con- despesas feitas, goza de privilé-
tra elas, salvo se o comissário Art. 700. Se houver instru- gio geral, no caso de falência ou
ceder seus direitos a qualquer ções do comitente proibindo insolvência do comitente.
das partes. prorrogação de prazos para
pagamento, ou se esta não for Art. 708. Para reembolso
Art. 695. O comissário é conforme os usos locais, po- das despesas feitas, bem como
obrigado a agir de conformida- derá o comitente exigir que o para recebimento das comis-
de com as ordens e instruções comissário pague incontinenti sões devidas, tem o comissário
do comitente, devendo, na falta ou responda pelas consequên- direito de retenção sobre os
destas, não podendo pedi-las cias da dilação concedida, pro- bens e valores em seu poder em
a tempo, proceder segundo os cedendo-se de igual modo se virtude da comissão.
usos em casos semelhantes. o comissário não der ciência
ao comitente dos prazos con- Art. 709. São aplicáveis à
Parágrafo único. Ter-se-ão por cedidos e de quem é seu bene- comissão, no que couber, as
justificados os atos do comis- ficiário. regras sobre mandato.
sário, se deles houver resultado
vantagem para o comitente, e Art. 701. Não estipulada a Capítulo XII – Da Agência
ainda no caso em que, não ad- remuneração devida ao comis- e Distribuição
mitindo demora a realização do sário, será ela arbitrada segun-
negócio, o comissário agiu de do os usos correntes no lugar. Art. 710. Pelo contrato de
acordo com os usos. agência, uma pessoa assume,
Art. 702. No caso de mor-
em caráter não eventual e sem
Art. 696. No desempenho te do comissário, ou, quando,
vínculos de dependência, a obri-
das suas incumbências o co- por motivo de força maior, não
gação de promover, à conta de
missário é obrigado a agir com puder concluir o negócio, será
outra, mediante retribuição, a
cuidado e diligência, não só devida pelo comitente uma re-
realização de certos negócios,
para evitar qualquer prejuízo muneração proporcional aos
em zona determinada, carac-
ao comitente, mas ainda para trabalhos realizados.
terizando-se a distribuição
lhe proporcionar o lucro que
Art. 703. Ainda que tenha quando o agente tiver à sua dis-
razoavelmente se podia esperar
dado motivo à dispensa, terá o posição a coisa a ser negociada.
do negócio.
comissário direito a ser remune-
Parágrafo único. O proponente
Parágrafo único. Responderá o rado pelos serviços úteis presta-
pode conferir poderes ao agente
comissário, salvo motivo de dos ao comitente, ressalvado a
para que este o represente na
força maior, por qualquer pre- este o direito de exigir daquele
conclusão dos contratos.
juízo que, por ação ou omissão, os prejuízos sofridos.
ocasionar ao comitente. Art. 711. Salvo ajuste, o
Art. 704. Salvo disposição
proponente não pode consti-
Art. 697. O comissário não em contrário, pode o comiten-
tuir, ao mesmo tempo, mais
responde pela insolvência das te, a qualquer tempo, alterar as de um agente, na mesma zona,
pessoas com quem tratar, ex- instruções dadas ao comissário, com idêntica incumbência; nem
ceto em caso de culpa e no do entendendo-se por elas regidos pode o agente assumir o encar-
artigo seguinte. também os negócios pendentes. go de nela tratar de negócios
Art. 698. Se do contrato de Art. 705. Se o comissário do mesmo gênero, à conta de
comissão constar a cláusula del for despedido sem justa causa, outros proponentes.
credere, responderá o comissá- terá direito a ser remunerado Art. 712. O agente, no de-
rio solidariamente com as pes- pelos trabalhos prestados, bem sempenho que lhe foi cometido,
soas com que houver tratado como a ser ressarcido pelas per- deve agir com toda diligência,
em nome do comitente, caso das e danos resultantes de sua atendo-se às instruções recebi-
em que, salvo estipulação em dispensa. das do proponente.
contrário, o comissário tem di-
reito a remuneração mais ele- Art. 706. O comitente e Art. 713. Salvo estipulação
vada, para compensar o ônus o comissário são obrigados diversa, todas as despesas com
assumido. a pagar juros um ao outro; o a agência ou distribuição cor-
primeiro pelo que o comissário rem a cargo do agente ou dis-
Art. 699. Presume-se o co- houver adiantado para cum- tribuidor.
missário autorizado a conceder primento de suas ordens; e o
dilação do prazo para paga- segundo pela mora na entrega A r t . 714 . S a l v o a j u s -
mento, na conformidade dos dos fundos que pertencerem ao te, o agente ou distribuidor
usos do lugar onde se realizar comitente. terá direito à remuneração

190
correspondente aos negócios Capítulo XIII – Da devida; igual solução se adotará
concluídos dentro de sua zona, Corretagem se o negócio se realizar após a
ainda que sem a sua interfe- decorrência do prazo contratu-
rência. Art. 722. Pelo contrato de al, mas por efeito dos trabalhos
corretagem, uma pessoa, não do corretor.
Art. 715. O agente ou distri- ligada a outra em virtude de
buidor tem direito à indeniza- mandato, de prestação de servi- Art. 728. Se o negócio se
ção se o proponente, sem justa ços ou por qualquer relação de concluir com a intermediação
causa, cessar o atendimento das dependência, obriga-se a obter de mais de um corretor, a re-
propostas ou reduzi-lo tanto para a segunda um ou mais ne- muneração será paga a todos
que se torna antieconômica a gócios, conforme as instruções em partes iguais, salvo ajuste
continuação do contrato. recebidas. em contrário.
Art. 716. A remuneração Art. 723. O corretor é obri- Art. 729. Os preceitos sobre
será devida ao agente também gado a executar a mediação corretagem constantes deste
quando o negócio deixar de ser com diligência e prudência, e a Código não excluem a aplicação
realizado por fato imputável ao prestar ao cliente, espontane- de outras normas da legislação
proponente. amente, todas as informações especial.
Art. 717. Ainda que dispen- sobre o andamento do negócio.
Capítulo XIV – Do
sado por justa causa, terá o Parágrafo único. Sob pena de Transporte
agente direito a ser remunerado responder por perdas e danos,
pelos serviços úteis prestados o corretor prestará ao cliente
ao proponente, sem embargo de todos os esclarecimentos acer- Seção I – Disposições Gerais
haver este perdas e danos pelos ca da segurança ou do risco
prejuízos sofridos. do negócio, das alterações de Art. 730. Pelo contrato de
valores e de outros fatores que transporte alguém se obriga,
Art. 718. Se a dispensa se mediante retribuição, a trans-
possam influir nos resultados
der sem culpa do agente, terá portar, de um lugar para outro,
da incumbência.
ele direito à remuneração até pessoas ou coisas.
então devida, inclusive sobre Art. 724. A remuneração do
os negócios pendentes, além corretor, se não estiver fixada Art. 731. O transporte exer-
das indenizações previstas em em lei, nem ajustada entre as cido em virtude de autorização,
lei especial. partes, será arbitrada segundo permissão ou concessão, rege-
a natureza do negócio e os usos -se pelas normas regulamenta-
Art. 719. Se o agente não locais. res e pelo que for estabelecido
puder continuar o trabalho por naqueles atos, sem prejuízo do
motivo de força maior, terá di- Art. 725. A remuneração é disposto neste Código.
reito à remuneração correspon- devida ao corretor uma vez que
dente aos serviços realizados, tenha conseguido o resultado Art. 732. Aos contratos de
cabendo esse direito aos her- previsto no contrato de media- transporte, em geral, são apli-
deiros no caso de morte. ção, ou ainda que este não se cáveis, quando couber, desde
efetive em virtude de arrepen- que não contrariem as disposi-
Art. 720. Se o contrato dimento das partes. ções deste Código, os preceitos
for por tempo indeterminado, constantes da legislação espe-
qualquer das partes poderá Art. 726. Iniciado e concluí- cial e de tratados e convenções
resolvê-lo, mediante aviso pré- do o negócio diretamente entre internacionais.
vio de noventa dias, desde que as partes, nenhuma remunera-
transcorrido prazo compatível ção será devida ao corretor; Art. 733. Nos contratos de
com a natureza e o vulto do in- mas se, por escrito, for ajustada transporte cumulativo, cada
vestimento exigido do agente. a corretagem com exclusivida- transportador se obriga a cum-
de, terá o corretor direito à re- prir o contrato relativamente ao
Parágrafo único. No caso de di- muneração integral, ainda que respectivo percurso, responden-
vergência entre as partes, o juiz realizado o negócio sem a sua do pelos danos nele causados a
decidirá da razoabilidade do mediação, salvo se comprovada pessoas e coisas.
prazo e do valor devido. sua inércia ou ociosidade. § 1o O dano, resultante do atra-
Art. 721. Aplicam-se ao Art. 727. Se, por não haver so ou da interrupção da viagem,
contrato de agência e distribui- prazo determinado, o dono do será determinado em razão da
ção, no que couber, as regras negócio dispensar o corretor, totalidade do percurso.
concernentes ao mandato e à e o negócio se realizar poste- § 2o Se houver substituição de
comissão e as constantes de lei riormente, como fruto da sua algum dos transportadores no
especial. mediação, a corretagem lhe será decorrer do percurso, a respon-

191
sabilidade solidária estender- Art. 739. O transportador tiver sido feito no início ou du-
-se-á ao substituto. não pode recusar passageiros, rante o percurso.
salvo os casos previstos nos re-
gulamentos, ou se as condições
Seção II – Do Transporte de de higiene ou de saúde do inte-
Seção III – Do Transporte
Pessoas ressado o justificarem. de Coisas
Art. 734. O transportador Art. 740. O passageiro tem Art. 743. A coisa, entregue
responde pelos danos causados direito a rescindir o contrato de ao transportador, deve estar
às pessoas transportadas e suas transporte antes de iniciada a caracterizada pela sua nature-
bagagens, salvo motivo de for- viagem, sendo-lhe devida a res- za, valor, peso e quantidade, e
ça maior, sendo nula qualquer tituição do valor da passagem, o mais que for necessário para
cláusula excludente da respon- desde que feita a comunicação que não se confunda com ou-
sabilidade. ao transportador em tempo de tras, devendo o destinatário ser
Parágrafo único. É lícito ao trans- ser renegociada. indicado ao menos pelo nome
portador exigir a declaração do e endereço.
§ 1o Ao passageiro é facultado
valor da bagagem a fim de fixar desistir do transporte, mesmo Art. 744. Ao receber a coi-
o limite da indenização. depois de iniciada a viagem, sa, o transportador emitirá
Art. 735. A responsabilida- sendo-lhe devida a restituição conhecimento com a menção
de contratual do transportador do valor correspondente ao dos dados que a identifiquem,
por acidente com o passageiro trecho não utilizado, desde que obedecido o disposto em lei
não é elidida por culpa de ter- provado que outra pessoa haja especial.
ceiro, contra o qual tem ação sido transportada em seu lugar.
Parágrafo único. O transportador
regressiva. § 2o Não terá direito ao reem- poderá exigir que o remetente
bolso do valor da passagem o lhe entregue, devidamente as-
Art. 736. Não se subordina usuário que deixar de embar-
às normas do contrato de trans- sinada, a relação discriminada
car, salvo se provado que outra das coisas a serem transpor-
porte o feito gratuitamente, por
pessoa foi transportada em seu tadas, em duas vias, uma das
amizade ou cortesia.
lugar, caso em que lhe será res- quais, por ele devidamente au-
Parágrafo único. Não se considera tituído o valor do bilhete não tenticada, ficará fazendo parte
gratuito o transporte quando, utilizado. integrante do conhecimento.
embora feito sem remuneração, § 3o Nas hipóteses previstas
o transportador auferir vanta- Art. 745. Em caso de infor-
neste artigo, o transportador
gens indiretas. mação inexata ou falsa des-
terá direito de reter até cinco
crição no documento a que
Art. 737. O transportador por cento da importância a ser
se refere o artigo antecedente,
está sujeito aos horários e iti- restituída ao passageiro, a título
será o transportador indeni-
nerários previstos, sob pena de de multa compensatória.
zado pelo prejuízo que sofrer,
responder por perdas e danos, Art. 741. Interrompendo-se devendo a ação respectiva ser
salvo motivo de força maior. a viagem por qualquer motivo ajuizada no prazo de cento e
Art. 738. A pessoa transpor- alheio à vontade do transporta- vinte dias, a contar daquele ato,
tada deve sujeitar-se às normas dor, ainda que em consequência sob pena de decadência.
estabelecidas pelo transporta- de evento imprevisível, fica ele
Art. 746. Poderá o transpor-
dor, constantes no bilhete ou obrigado a concluir o transpor-
tador recusar a coisa cuja em-
afixadas à vista dos usuários, te contratado em outro veículo
balagem seja inadequada, bem
abstendo-se de quaisquer atos da mesma categoria, ou, com
como a que possa pôr em risco
que causem incômodo ou preju- a anuência do passageiro, por
a saúde das pessoas, ou danifi-
ízo aos passageiros, danifiquem modalidade diferente, à sua cus-
car o veículo e outros bens.
o veículo, ou dificultem ou im- ta, correndo também por sua
peçam a execução normal do conta as despesas de estada e Art. 747. O transportador
serviço. alimentação do usuário, duran- deverá obrigatoriamente re-
te a espera de novo transporte. cusar a coisa cujo transporte
Parágrafo único. Se o prejuízo so- ou comercialização não sejam
frido pela pessoa transportada Art. 742. O transportador,
permitidos, ou que venha desa-
for atribuível à transgressão de uma vez executado o transpor-
companhada dos documentos
normas e instruções regulamen- te, tem direito de retenção so-
exigidos por lei ou regulamento.
tares, o juiz reduzirá equitativa- bre a bagagem de passageiro e
mente a indenização, na medida outros objetos pessoais deste, Art. 748. Até a entrega da
em que a vítima houver concor- para garantir-se do pagamento coisa, pode o remetente desis-
rido para a ocorrência do dano. do valor da passagem que não tir do transporte e pedi-la de

192
volta, ou ordenar seja entregue § 2 o Se o impedimento for Capítulo XV – Do Seguro
a outro destinatário, pagando, responsabilidade do transpor-
em ambos os casos, os acrésci- tador, este poderá depositar a
mos de despesa decorrentes da coisa, por sua conta e risco, mas
Seção I – Disposições Gerais
contraordem, mais as perdas e só poderá vendê-la se perecível. Art. 757. Pelo contrato de
danos que houver. seguro, o segurador se obri-
§ 3 o Em ambos os casos, o
Art. 749. O transportador transportador deve informar ga, mediante o pagamento do
conduzirá a coisa ao seu desti- o remetente da efetivação do prêmio, a garantir interesse le-
no, tomando todas as cautelas depósito ou da venda. gítimo do segurado, relativo a
necessárias para mantê-la em pessoa ou a coisa, contra riscos
§ 4o Se o transportador manti- predeterminados.
bom estado e entregá-la no pra- ver a coisa depositada em seus
zo ajustado ou previsto. próprios armazéns, continuará Parágrafo único. Somente pode
a responder pela sua guarda e ser parte, no contrato de segu-
Art. 750. A responsabilidade conservação, sendo-lhe devida, ro, como segurador, entidade
do transportador, limitada ao porém, uma remuneração pela para tal fim legalmente auto-
valor constante do conhecimen- custódia, a qual poderá ser rizada.
to, começa no momento em que contratualmente ajustada ou se
ele, ou seus prepostos, recebem Art. 758. O contrato de se-
conformará aos usos adotados guro prova-se com a exibição da
a coisa; termina quando é entre- em cada sistema de transporte.
gue ao destinatário, ou deposi- apólice ou do bilhete do seguro,
tada em juízo, se aquele não for e, na falta deles, por documento
Art. 754. As mercadorias comprobatório do pagamento
encontrado. devem ser entregues ao desti- do respectivo prêmio.
natário, ou a quem apresentar
Art. 751. A coisa, deposita- o conhecimento endossado, Art. 759. A emissão da apó-
da ou guardada nos armazéns devendo aquele que as receber lice deverá ser precedida de
do transportador, em virtude de conferi-las e apresentar as recla- proposta escrita com a decla-
contrato de transporte, rege-se, mações que tiver, sob pena de ração dos elementos essenciais
no que couber, pelas disposi- decadência dos direitos. do interesse a ser garantido e
ções relativas a depósito. do risco.
Parágrafo único. No caso de per-
Art. 752. Desembarcadas as da parcial ou de avaria não Art. 760. A apólice ou o bi-
mercadorias, o transportador perceptível à primeira vista, lhete de seguro serão nomina-
não é obrigado a dar aviso ao o destinatário conserva a sua tivos, à ordem ou ao portador,
destinatário, se assim não foi ação contra o transportador, e mencionarão os riscos assu-
convencionado, dependendo desde que denuncie o dano em midos, o início e o fim de sua
também de ajuste a entrega a dez dias a contar da entrega. validade, o limite da garantia e
domicílio, e devem constar do o prêmio devido, e, quando for
Art. 755. Havendo dúvida o caso, o nome do segurado e
conhecimento de embarque as
acerca de quem seja o desti- o do beneficiário.
cláusulas de aviso ou de entrega
a domicílio. natário, o transportador deve Parágrafo único. No seguro de
depositar a mercadoria em pessoas, a apólice ou o bilhete
Art. 753. Se o transporte juízo, se não lhe for possível não podem ser ao portador.
não puder ser feito ou sofrer obter instruções do remeten-
longa interrupção, o transpor- te; se a demora puder ocasio- Art. 761. Quando o risco
tador solicitará, incontinenti, ins- nar a deterioração da coisa, o for assumido em cosseguro, a
truções ao remetente, e zelará transportador deverá vendê-la, apólice indicará o segurador
pela coisa, por cujo perecimen- depositando o saldo em juízo. que administrará o contrato e
to ou deterioração responderá, representará os demais, para
salvo força maior. Art. 756. No caso de trans- todos os seus efeitos.
porte cumulativo, todos os
§ 1o Perdurando o impedi- Art. 762. Nulo será o con-
transportadores respondem so-
mento, sem motivo imputável trato para garantia de risco
lidariamente pelo dano causado
ao transportador e sem mani- proveniente de ato doloso do
perante o remetente, ressalvada
festação do remetente, poderá segurado, do beneficiário, ou
a apuração final da responsabili-
aquele depositar a coisa em de representante de um ou de
dade entre eles, de modo que o
juízo, ou vendê-la, obedecidos outro.
ressarcimento recaia, por inteiro,
os preceitos legais e regulamen- ou proporcionalmente, naquele Art. 763. Não terá direito
tares, ou os usos locais, deposi- ou naqueles em cujo percurso a indenização o segurado que
tando o valor. houver ocorrido o dano. estiver em mora no pagamento

193
do prêmio, se ocorrer o sinistro ciência, por escrito, de sua de- assumido, salvo se convencio-
antes de sua purgação. cisão de resolver o contrato. nada a reposição da coisa.
Art. 764. Salvo disposição § 2o A resolução só será eficaz Art. 777. O disposto no pre-
especial, o fato de se não ter ve- trinta dias após a notificação, sente Capítulo aplica-se, no que
rificado o risco, em previsão do devendo ser restituída pelo se- couber, aos seguros regidos por
qual se faz o seguro, não exime gurador a diferença do prêmio. leis próprias.
o segurado de pagar o prêmio. Art. 770. Salvo disposição
Art. 765. O segurado e o em contrário, a diminuição do Seção II – Do Seguro de
segurador são obrigados a risco no curso do contrato não Dano
guardar na conclusão e na exe- acarreta a redução do prêmio
cução do contrato, a mais es- estipulado; mas, se a redução Art. 778. Nos seguros de
trita boa-fé e veracidade, tanto do risco for considerável, o se- dano, a garantia prometida não
a respeito do objeto como das gurado poderá exigir a revisão pode ultrapassar o valor do in-
circunstâncias e declarações a do prêmio, ou a resolução do teresse segurado no momento
ele concernentes. contrato. da conclusão do contrato, sob
pena do disposto no art. 766, e
Art. 766. Se o segurado, por Art. 771. Sob pena de per-
sem prejuízo da ação penal que
si ou por seu representante, fizer der o direito à indenização, o
no caso couber.
declarações inexatas ou omitir segurado participará o sinistro
circunstâncias que possam in- ao segurador, logo que o sai- Art. 779. O risco do seguro
fluir na aceitação da proposta ba, e tomará as providências compreenderá todos os preju-
ou na taxa do prêmio, perderá o imediatas para minorar-lhe as ízos resultantes ou consequen-
direito à garantia, além de ficar consequências. tes, como sejam os estragos
obrigado ao prêmio vencido. ocasionados para evitar o sinis-
Parágrafo único. Correm à conta
tro, minorar o dano, ou salvar
Parágrafo único. Se a inexatidão do segurador, até o limite fixa-
a coisa.
ou omissão nas declarações não do no contrato, as despesas
resultar de má-fé do segurado, o de salvamento consequente ao Art. 780. A vigência da
segurador terá direito a resolver sinistro. garantia, no seguro de coisas
o contrato, ou a cobrar, mesmo transportadas, começa no mo-
Art. 772. A mora do segura-
após o sinistro, a diferença do mento em que são pelo trans-
dor em pagar o sinistro obriga à
prêmio. portador recebidas, e cessa com
atualização monetária da inde-
a sua entrega ao destinatário.
Art. 767. No seguro à conta nização devida segundo índices
de outrem, o segurador pode oficiais regularmente estabele- Art. 781. A indenização não
opor ao segurado quaisquer cidos, sem prejuízo dos juros pode ultrapassar o valor do in-
defesas que tenha contra o es- moratórios. teresse segurado no momento
tipulante, por descumprimento do sinistro, e, em hipótese al-
das normas de conclusão do Art. 773. O segurador que,
guma, o limite máximo da ga-
contrato, ou de pagamento do ao tempo do contrato, sabe
rantia fixado na apólice, salvo
prêmio. estar passado o risco de que o
em caso de mora do segurador.
segurado se pretende cobrir, e,
Art. 768. O segurado perde- não obstante, expede a apóli- Art. 782. O segurado que,
rá o direito à garantia se agravar ce, pagará em dobro o prêmio na vigência do contrato, preten-
intencionalmente o risco objeto estipulado. der obter novo seguro sobre o
do contrato. mesmo interesse, e contra o
Art. 774. A recondução táci-
Art. 769. O segurado é obri- mesmo risco junto a outro segu-
ta do contrato pelo mesmo pra-
gado a comunicar ao segurador, rador, deve previamente comu-
zo, mediante expressa cláusula
logo que saiba, todo incidente nicar sua intenção por escrito
contratual, não poderá operar
suscetível de agravar conside- ao primeiro, indicando a soma
mais de uma vez.
ravelmente o risco coberto, sob por que pretende segurar-se, a
pena de perder o direito à ga- Art. 775. Os agentes auto- fim de se comprovar a obedi-
rantia, se provar que silenciou rizados do segurador presu- ência ao disposto no art. 778.
de má-fé. mem-se seus representantes
Art. 783. Salvo disposição
para todos os atos relativos
§ 1o O segurador, desde que o em contrário, o seguro de um
aos contratos que agenciarem.
faça nos quinze dias seguintes interesse por menos do que va-
ao recebimento do aviso da Art. 776. O segurador é lha acarreta a redução propor-
agravação do risco sem culpa obrigado a pagar em dinheiro cional da indenização, no caso
do segurado, poderá dar-lhe o prejuízo resultante do risco de sinistro parcial.

194
Art. 784. Não se inclui na transigir com o terceiro preju- desobrigar-se-á pagando o ca-
garantia o sinistro provocado dicado, ou indenizá-lo direta- pital segurado ao antigo bene-
por vício intrínseco da coisa mente, sem anuência expressa ficiário.
segurada, não declarado pelo do segurador.
segurado. Art. 792. Na falta de indi-
§ 3o Intentada a ação contra o cação da pessoa ou beneficiá-
Parágrafo único. Entende-se por segurado, dará este ciência da rio, ou se por qualquer motivo
vício intrínseco o defeito pró- lide ao segurador. não prevalecer a que for feita, o
prio da coisa, que se não encon- § 4 o Subsistirá a responsabi- capital segurado será pago por
tra normalmente em outras da lidade do segurado perante o metade ao cônjuge não sepa-
mesma espécie. terceiro, se o segurador for in- rado judicialmente, e o restan-
solvente. te aos herdeiros do segurado,
Art. 785. Salvo disposição
em contrário, admite-se a trans- Art. 788. Nos seguros de obedecida a ordem da vocação
ferência do contrato a terceiro responsabilidade legalmente hereditária.
com a alienação ou cessão do obrigatórios, a indenização Parágrafo único. Na falta das
interesse segurado. por sinistro será paga pelo se- pessoas indicadas neste artigo,
§ 1o Se o instrumento contratu- gurador diretamente ao terceiro serão beneficiários os que pro-
al é nominativo, a transferência prejudicado. varem que a morte do segurado
só produz efeitos em relação ao os privou dos meios necessários
Parágrafo único. Demandado
segurador mediante aviso escri- em ação direta pela vítima do à subsistência.
to assinado pelo cedente e pelo dano, o segurador não poderá Art. 793. É válida a insti-
cessionário. opor a exceção de contrato não tuição do companheiro como
§ 2o A apólice ou o bilhete à cumprido pelo segurado, sem beneficiário, se ao tempo do
ordem só se transfere por en- promover a citação deste para contrato o segurado era se-
dosso em preto, datado e as- integrar o contraditório. parado judicialmente, ou já se
sinado pelo endossante e pelo encontrava separado de fato.
endossatário. Seção III – Do Seguro de Art. 794. No seguro de vida
Art. 786. Paga a indeniza- Pessoa ou de acidentes pessoais para o
ção, o segurador sub-roga-se, caso de morte, o capital estipu-
nos limites do valor respectivo, Art. 789. Nos seguros de
lado não está sujeito às dívidas
nos direitos e ações que com- pessoas, o capital segurado
é livremente estipulado pelo do segurado, nem se considera
petirem ao segurado contra o herança para todos os efeitos
autor do dano. proponente, que pode contra-
tar mais de um seguro sobre o de direito.
§ 1o Salvo dolo, a sub-rogação mesmo interesse, com o mesmo Art. 795. É nula, no seguro
não tem lugar se o dano foi cau- ou diversos seguradores. de pessoa, qualquer transação
sado pelo cônjuge do segurado,
Art. 790. No seguro sobre a para pagamento reduzido do
seus descendentes ou ascenden-
vida de outros, o proponente é capital segurado.
tes, consanguíneos ou afins.
obrigado a declarar, sob pena Art. 796. O prêmio, no segu-
§ 2o É ineficaz qualquer ato do
de falsidade, o seu interesse ro de vida, será conveniado por
segurado que diminua ou extin-
pela preservação da vida do prazo limitado, ou por toda a
ga, em prejuízo do segurador,
segurado. vida do segurado.
os direitos a que se refere este
artigo. Parágrafo único. Até prova em Parágrafo único. Em qualquer hi-
contrário, presume-se o interes- pótese, no seguro individual, o
Art. 787. No seguro de res-
se, quando o segurado é cônju- segurador não terá ação para
ponsabilidade civil, o segurador
ge, ascendente ou descendente cobrar o prêmio vencido, cuja
garante o pagamento de perdas
do proponente. falta de pagamento, nos prazos
e danos devidos pelo segurado
a terceiro. Art. 791. Se o segurado não previstos, acarretará, conforme
§ 1o Tão logo saiba o segura- renunciar à faculdade, ou se o se estipular, a resolução do con-
do das consequências de ato seguro não tiver como causa de- trato, com a restituição da re-
seu, suscetível de lhe acarretar clarada a garantia de alguma serva já formada, ou a redução
a responsabilidade incluída na obrigação, é lícita a substituição do capital garantido proporcio-
garantia, comunicará o fato ao do beneficiário, por ato entre nalmente ao prêmio pago.
segurador. vivos ou de última vontade.
Art. 797. No seguro de vida
§ 2o É defeso ao segurado re- Parágrafo único. O segurador, para o caso de morte, é lícito
conhecer sua responsabilidade que não for cientificado opor- estipular-se um prazo de carên-
ou confessar a ação, bem como tunamente da substituição, cia, durante o qual o segurador

195
não responde pela ocorrência de despesas hospitalares ou de paga adiantada, no começo de
do sinistro. tratamento médico, nem o cus- cada um dos períodos prefixos.
Parágrafo único. No caso deste teio das despesas de luto e de
funeral do segurado. Art. 812. Quando a renda
artigo o segurador é obrigado for constituída em benefício
a devolver ao benef iciário o de duas ou mais pessoas, sem
montante da reserva técnica já Capítulo XVI – Da
Constituição de Renda determinação da parte de cada
formada.
uma, entende-se que os seus di-
Art. 798. O beneficiário não Art. 803. Pode uma pessoa, reitos são iguais; e, salvo estipu-
tem direito ao capital estipula- pelo contrato de constituição lação diversa, não adquirirão os
do quando o segurado se suici- de renda, obrigar-se para com sobrevivos direito à parte dos
da nos primeiros dois anos de outra a uma prestação periódi- que morrerem.
vigência inicial do contrato, ou ca, a título gratuito.
da sua recondução depois de Art. 813. A renda constituí-
Art. 804. O contrato pode da por título gratuito pode, por
suspenso, observado o disposto ser também a título oneroso,
no parágrafo único do artigo ato do instituidor, ficar isenta
entregando-se bens móveis ou
antecedente. de todas as execuções penden-
imóveis à pessoa que se obriga a
tes e futuras.
Parágrafo único. Ressalvada a hi- satisfazer as prestações a favor
pótese prevista neste artigo, é do credor ou de terceiros. Parágrafo único. A isenção pre-
nula a cláusula contratual que Art. 805. Sendo o contrato vista neste artigo prevalece de
exclui o pagamento do capital a título oneroso, pode o credor, pleno direito em favor dos mon-
por suicídio do segurado. ao contratar, exigir que o ren- tepios e pensões alimentícias.
Art. 799. O segurador não deiro lhe preste garantia real,
pode eximir-se ao pagamento ou fidejussória. Capítulo XVII – Do Jogo e
do seguro, ainda que da apólice da Aposta
Art. 806. O contrato de
conste a restrição, se a morte constituição de renda será feito a Art. 814. As dívidas de jogo
ou a incapacidade do segurado prazo certo, ou por vida, poden- ou de aposta não obrigam a
provier da utilização de meio de do ultrapassar a vida do devedor pagamento; mas não se pode
transporte mais arriscado, da mas não a do credor, seja ele o
prestação de serviço militar, da recobrar a quantia, que volun-
contratante, seja terceiro. tariamente se pagou, salvo se foi
prática de esporte, ou de atos
de humanidade em auxílio de Art. 807. O contrato de ganha por dolo, ou se o perden-
outrem. constituição de renda requer te é menor ou interdito.
escritura pública. § 1o Estende-se esta disposição
Art. 800. Nos seguros de
a qualquer contrato que encu-
pessoas, o segurador não pode Art. 808. É nula a constitui-
sub-rogar-se nos direitos e ações ção de renda em favor de pessoa bra ou envolva reconhecimento,
do segurado, ou do beneficiário, já falecida, ou que, nos trinta novação ou fiança de dívida de
contra o causador do sinistro. dias seguintes, vier a falecer de jogo; mas a nulidade resultante
moléstia que já sofria, quando não pode ser oposta ao terceiro
Art. 801. O seguro de pes- foi celebrado o contrato. de boa-fé.
soas pode ser estipulado por
§ 2o O preceito contido neste
pessoa natural ou jurídica em Art. 809. Os bens dados em
proveito de grupo que a ela, de compensação da renda caem, artigo tem aplicação, ainda que
qualquer modo, se vincule. desde a tradição, no domínio se trate de jogo não proibido, só
da pessoa que por aquela se se excetuando os jogos e apos-
§ 1o O estipulante não repre- tas legalmente permitidos.
senta o segurador perante o obrigou.
grupo segurado, e é o único § 3o Excetuam-se, igualmente,
Art. 810. Se o rendeiro, ou
responsável, para com o segura- os prêmios oferecidos ou pro-
censuário, deixar de cumprir a
dor, pelo cumprimento de todas obrigação estipulada, poderá metidos para o vencedor em
as obrigações contratuais. o credor da renda acioná-lo, competição de natureza es-
§ 2o A modificação da apólice tanto para que lhe pague as portiva, intelectual ou artísti-
em vigor dependerá da anu- prestações atrasadas como ca, desde que os interessados se
ência expressa de segurados para que lhe dê garantias das submetam às prescrições legais
que representem três quartos futuras, sob pena de rescisão e regulamentares.
do grupo. do contrato. Art. 815. Não se pode exigir
Art. 802. Não se compre- Art. 811. O credor adquire reembolso do que se emprestou
ende nas disposições desta o direito à renda dia a dia, se para jogo ou aposta, no ato de
Seção a garantia do reembolso a prestação não houver de ser apostar ou jogar.

196
Art. 816. As disposições dos exceto se a nulidade resultar Art. 830. Cada fiador pode
arts. 814 e 815 não se aplicam apenas de incapacidade pessoal fixar no contrato a parte da dívi-
aos contratos sobre títulos de do devedor. da que toma sob sua responsa-
bolsa, mercadorias ou valores, bilidade, caso em que não será
Parágrafo único. A exceção estabe- por mais obrigado.
em que se estipulem a liquida-
lecida neste artigo não abrange
ção exclusivamente pela dife-
o caso de mútuo feito a menor. Art. 831. O fiador que pa-
rença entre o preço ajustado e
gar integralmente a dívida fica
a cotação que eles tiverem no Art. 825. Quando alguém sub-rogado nos direitos do cre-
vencimento do ajuste. houver de oferecer f iador, o dor; mas só poderá demandar
credor não pode ser obrigado a a cada um dos outros fiadores
Art. 817. O sorteio para di-
aceitá-lo se não for pessoa idô- pela respectiva quota.
rimir questões ou dividir coisas
nea, domiciliada no município
comuns considera-se sistema de
onde tenha de prestar a fiança, Parágrafo único. A parte do fiador
partilha ou processo de transa-
e não possua bens suficientes insolvente distribuir-se-á pelos
ção, conforme o caso.
para cumprir a obrigação. outros.
Capítulo XVIII – Da Art. 826. Se o f iador se Art. 832. O devedor respon-
Fiança tornar insolvente ou incapaz, de também perante o fiador por
poderá o credor exigir que seja todas as perdas e danos que
substituído. este pagar, e pelos que sofrer
Seção I – Disposições Gerais em razão da fiança.
Art. 818. Pelo contrato de Seção II – Dos Efeitos da Art. 833. O fiador tem direi-
f iança, uma pessoa garante Fiança to aos juros do desembolso pela
satisfazer ao credor uma obri- taxa estipulada na obrigação
gação assumida pelo devedor, Art. 827. O fiador deman- principal, e, não havendo taxa
caso este não a cumpra. dado pelo pagamento da dí- convencionada, aos juros legais
vida tem direito a exigir, até a da mora.
Art. 819. A fiança dar-se-á contestação da lide, que sejam
por escrito, e não admite inter- primeiro executados os bens do Art. 834. Quando o credor,
pretação extensiva. devedor. sem justa causa, demorar a
Art. 819-A. (Vetado). execução iniciada contra o de-
Parágrafo único. O f iador que vedor, poderá o fiador promo-
Art. 820. Pode-se estipular a alegar o benefício de ordem, a ver-lhe o andamento.
fiança, ainda que sem consen- que se refere este artigo, deve
nomear bens do devedor, sitos Art. 835. O fiador poderá
timento do devedor ou contra
no mesmo município, livres e exonerar-se da f iança que ti-
a sua vontade.
desembargados, quantos bas- ver assinado sem limitação de
Art. 821. As dívidas futuras tem para solver o débito. tempo, sempre que lhe convier,
podem ser objeto de f iança; ficando obrigado por todos os
mas o fiador, neste caso, não Art. 828. Não aproveita este efeitos da fiança, durante ses-
será demandado senão depois benefício ao fiador: senta dias após a notificação
que se f izer certa e líquida a I – se ele o renunciou expressa- do credor.
obrigação do principal devedor. mente; Art. 836. A obrigação do fia-
Art. 822. Não sendo limi- II – se se obrigou como principal dor passa aos herdeiros; mas a
tada, a fiança compreenderá pagador, ou devedor solidário; responsabilidade da fiança se
todos os acessórios da dívida III – se o devedor for insolvente, limita ao tempo decorrido até a
principal, inclusive as despesas ou falido. morte do fiador, e não pode ul-
judiciais, desde a citação do trapassar as forças da herança.
fiador. Art. 829. A fiança conjun-
tamente prestada a um só dé-
Art. 823. A fiança pode ser bito por mais de uma pessoa Seção III – Da Extinção da
de valor inferior ao da obriga- importa o compromisso de Fiança
ção principal e contraída em solidariedade entre elas, se de-
condições menos onerosas, e, claradamente não se reservarem Art. 837. O fiador pode opor
quando exceder o valor da dívi- o benefício de divisão. ao credor as exceções que lhe
da, ou for mais onerosa que ela, forem pessoais, e as extintivas
não valerá senão até ao limite Parágrafo único. Estipulado este da obrigação que competem ao
da obrigação afiançada. benefício, cada fiador respon- devedor principal, se não pro-
de unicamente pela parte que, vierem simplesmente de inca-
Art. 824. As obrigações nu- em proporção, lhe couber no pacidade pessoal, salvo o caso
las não são suscetíveis de fiança, pagamento. do mútuo feito a pessoa menor.

197
Art. 838. O f iador, ainda § 1o Se for concluída entre o se verificar que nenhum deles
que solidário, ficará desobri- credor e o devedor, desobriga- tinha direito sobre o objeto da
gado: rá o fiador. transação.
I – se, sem consentimento seu, § 2o Se entre um dos credores
o credor conceder moratória ao solidários e o devedor, extingue Capítulo XX – Do
devedor; a obrigação deste para com os Compromisso
II – se, por fato do credor, for outros credores.
§ 3o Se entre um dos devedores Art. 851. É admitido com-
impossível a sub-rogação nos
solidários e seu credor, extingue promisso, judicial ou extrajudi-
seus direitos e preferências;
a dívida em relação aos code- cial, para resolver litígios entre
III – se o credor, em pagamento pessoas que podem contratar.
da dívida, aceitar amigavelmen- vedores.
te do devedor objeto diverso Art. 845. Dada a evicção da Art. 852. É vedado compro-
do que este era obrigado a lhe misso para solução de questões
coisa renunciada por um dos
dar, ainda que depois venha a de estado, de direito pessoal
transigentes, ou por ele trans-
perdê-lo por evicção. de família e de outras que não
ferida à outra parte, não revive
tenham caráter estritamente
a obrigação extinta pela transa-
Art. 839. Se for invocado o patrimonial.
ção; mas ao evicto cabe o direito
benefício da excussão e o deve-
de reclamar perdas e danos. Art. 853. Admite-se nos con-
dor, retardando-se a execução,
tratos a cláusula compromissó-
cair em insolvência, ficará exo- Parágrafo único. Se um dos tran- ria, para resolver divergências
nerado o fiador que o invocou, sigentes adquirir, depois da mediante juízo arbitral, na for-
se provar que os bens por ele transação, novo direito sobre a ma estabelecida em lei especial.
indicados eram, ao tempo da coisa renunciada ou transferida,
penhora, suficientes para a so- a transação feita não o inibirá
lução da dívida afiançada. de exercê-lo.
Art. 846. A transação con- Título VII – Dos
Capítulo XIX – Da cernente a obrigações resul- Atos Unilaterais
Transação tantes de delito não extingue a
ação penal pública. Capítulo I – Da Promessa
Art. 840. É lícito aos inte-
ressados prevenirem ou ter- Art. 847. É admissível, na de Recompensa
minarem o litígio mediante transação, a pena convencional.
Art. 854. Aquele que, por
concessões mútuas.
Art. 848. Sendo nula qual- anúncios públicos, se compro-
Art. 841. Só quanto a di- quer das cláusulas da transa- meter a recompensar, ou gra-
reitos patrimoniais de caráter ção, nula será esta. tificar, a quem preencha certa
privado se permite a transação. condição, ou desempenhe certo
Parágrafo único. Quando a transa- serviço, contrai obrigação de
Art. 842. A transação far- ção versar sobre diversos direi- cumprir o prometido.
-se-á por escritura pública, nas tos contestados, independentes
obrigações em que a lei o exige, entre si, o fato de não prevalecer Art. 855. Quem quer que,
ou por instrumento particular, em relação a um não prejudica- nos termos do artigo antece-
nas em que ela o admite; se re- rá os demais. dente, f izer o serviço, ou sa-
cair sobre direitos contestados tisfizer a condição, ainda que
Art. 849. A transação só se não pelo interesse da promessa,
em juízo, será feita por escritura anula por dolo, coação, ou erro
pública, ou por termo nos au- poderá exigir a recompensa es-
essencial quanto à pessoa ou tipulada.
tos, assinado pelos transigentes coisa controversa.
e homologado pelo juiz. Art. 856. Antes de prestado
Parágrafo único. A transação não o serviço ou preenchida a con-
Art. 843. A transação inter- se anula por erro de direito a dição, pode o promitente revo-
preta-se restritivamente, e por respeito das questões que fo- gar a promessa, contanto que o
ela não se transmitem, apenas ram objeto de controvérsia en- faça com a mesma publicidade;
se declaram ou reconhecem tre as partes. se houver assinado prazo à exe-
direitos. cução da tarefa, entender-se-á
Art. 850. É nula a transação
Art. 844. A transação não a respeito do litígio decidido por que renuncia o arbítrio de retirar,
aproveita, nem prejudica se- sentença passada em julgado, durante ele, a oferta.
não aos que nela intervierem, se dela não tinha ciência algum Parágrafo único. O candidato de
ainda que diga respeito a coisa dos transatores, ou quando, por boa-fé, que houver feito despe-
indivisível. título ulteriormente descoberto, sas, terá direito a reembolso.

198
Art. 857. Se o ato contem- Art. 863. No caso do artigo necessárias ou úteis que houver
plado na promessa for pratica- antecedente, se os prejuízos da feito, com os juros legais, des-
do por mais de um indivíduo, gestão excederem o seu provei- de o desembolso, respondendo
terá direito à recompensa o que to, poderá o dono do negócio ainda pelos prejuízos que este
primeiro o executou. exigir que o gestor restitua as houver sofrido por causa da
coisas ao estado anterior, ou o gestão.
Art. 858. Sendo simultânea indenize da diferença.
a execução, a cada um tocará § 1o A utilidade, ou necessida-
quinhão igual na recompensa; Art. 864. Tanto que se pos- de, da despesa, apreciar-se-á
sa, comunicará o gestor ao não pelo resultado obtido, mas
se esta não for divisível, con-
dono do negócio a gestão que segundo as circunstâncias da
ferir-se-á por sorteio, e o que
assumiu, aguardando-lhe a res- ocasião em que se fizerem.
obtiver a coisa dará ao outro o
valor de seu quinhão. posta, se da espera não resultar § 2o Vigora o disposto neste
perigo. artigo, ainda quando o gestor,
Art. 859. Nos concursos em erro quanto ao dono do
que se abrirem com promessa Art. 865. Enquanto o dono negócio, der a outra pessoa as
pública de recompensa, é con- não providenciar, velará o ges- contas da gestão.
dição essencial, para valerem, a tor pelo negócio, até o levar
fixação de um prazo, observa- a cabo, esperando, se aquele Art. 870. Aplica-se a dispo-
das também as disposições dos falecer durante a gestão, as sição do artigo antecedente,
parágrafos seguintes. instruções dos herdeiros, sem quando a gestão se proponha a
se descuidar, entretanto, das acudir a prejuízos iminentes, ou
§ 1o A decisão da pessoa nome- redunde em proveito do dono
medidas que o caso reclame.
ada, nos anúncios, como juiz, do negócio ou da coisa; mas a
obriga os interessados. Art. 866. O gestor envida- indenização ao gestor não exce-
§ 2o Em falta de pessoa desig- rá toda sua diligência habitual derá, em importância, as van-
nada para julgar o mérito dos na administração do negócio, tagens obtidas com a gestão.
trabalhos que se apresentarem, ressarcindo ao dono o prejuízo
resultante de qualquer culpa na Art. 871. Quando alguém,
entender-se-á que o promitente
gestão. na ausência do indivíduo obri-
se reservou essa função.
gado a alimentos, por ele os
§ 3o Se os trabalhos tiverem Art. 867. Se o gestor se fizer prestar a quem se devem, po-
mérito igual, proceder-se-á de substituir por outrem, respon- der-lhes-á reaver do devedor a
acordo com os arts. 857 e 858. derá pelas faltas do substituto, importância, ainda que este não
ainda que seja pessoa idônea, ratifique o ato.
Art. 860. As obras premia- sem prejuízo da ação que a ele,
das, nos concursos de que trata ou ao dono do negócio, contra Art. 872. Nas despesas do
o artigo antecedente, só ficarão ela possa caber. enterro, proporcionadas aos
pertencendo ao promitente, se usos locais e à condição do fa-
assim for estipulado na publi- Parágrafo único. Havendo mais de lecido, feitas por terceiro, po-
cação da promessa. um gestor, solidária será a sua dem ser cobradas da pessoa que
responsabilidade. teria a obrigação de alimentar
Capítulo II – Da Gestão de Art. 868. O gestor responde a que veio a falecer, ainda mes-
Negócios pelo caso fortuito quando fizer mo que esta não tenha deixado
operações arriscadas, ainda que bens.
Art. 861. Aquele que, sem
autorização do interessado, o dono costumasse fazê-las, ou Parágrafo único. Cessa o disposto
intervém na gestão de negócio quando preterir interesse deste neste artigo e no antecedente,
alheio, dirigi-lo-á segundo o in- em proveito de interesses seus. em se provando que o gestor fez
teresse e a vontade presumível essas despesas com o simples
Parágrafo único. Querendo o
de seu dono, ficando respon- intento de benfazer.
dono aproveitar-se da gestão,
sável a este e às pessoas com será obrigado a indenizar o ges- Art. 873. A ratificação pura
que tratar. tor das despesas necessárias, e simples do dono do negócio
que tiver feito, e dos prejuízos, retroage ao dia do começo da
Art. 862. Se a gestão foi
que por motivo da gestão, hou- gestão, e produz todos os efei-
iniciada contra a vontade ma-
ver sofrido. tos do mandato.
nifesta ou presumível do inte-
ressado, responderá o gestor Art. 869. Se o negócio for Art. 874. Se o dono do ne-
até pelos casos fortuitos, não utilmente administrado, cum- gócio, ou da coisa, desaprovar
provando que teriam sobrevin- prirá ao dono as obrigações a gestão, considerando-a con-
do, ainda quando se houvesse contraídas em seu nome, reem- trária aos seus interesses, vigo-
abatido. bolsando ao gestor as despesas rará o disposto nos arts. 862 e

199
863, salvo o estabelecido nos seu direito; mas aquele que pa-
arts. 869 e 870. gou dispõe de ação regressiva Título VIII – Dos
contra o verdadeiro devedor e Títulos de Crédito
Art. 875. Se os negócios
alheios forem conexos ao do seu fiador.
gestor, de tal arte que se não Art. 881. Se o pagamento
possam gerir separadamente, indevido tiver consistido no
Capítulo I – Disposições
haver-se-á o gestor por sócio da- desempenho de obrigação de Gerais
quele cujos interesses agenciar fazer ou para eximir-se da obri- Art. 887. O título de crédi-
de envolta com os seus. gação de não fazer, aquele que to, documento necessário ao
Parágrafo único. No caso deste recebeu a prestação f ica na exercício do direito literal e au-
artigo, aquele em cujo benefí- obrigação de indenizar o que tônomo nele contido, somente
cio interveio o gestor só é obri- a cumpriu, na medida do lucro produz efeito quando preencha
gado na razão das vantagens obtido. os requisitos da lei.
que lograr.
Art. 882. Não se pode repe- Art. 888. A omissão de qual-
Capítulo III – Do tir o que se pagou para solver quer requisito legal, que tire ao
dívida prescrita, ou cumprir escrito a sua validade como tí-
Pagamento Indevido
obrigação judicialmente inexi- tulo de crédito, não implica a
Art. 876. Todo aquele que gível. invalidade do negócio jurídico
recebeu o que lhe não era de- que lhe deu origem.
Art. 883. Não terá direito à
vido fica obrigado a restituir;
obrigação que incumbe àquele repetição aquele que deu algu- Art. 889. Deve o título de
que recebe dívida condicional ma coisa para obter fim ilícito, crédito conter a data da emis-
antes de cumprida a condição. imoral, ou proibido por lei. são, a indicação precisa dos
Parágrafo único. No caso deste direitos que confere, e a assi-
Art. 877. Àquele que volun- natura do emitente.
tariamente pagou o indevido artigo, o que se deu reverterá
incumbe a prova de tê-lo feito em favor de estabelecimento § 1o É à vista o título de crédito
por erro. local de beneficência, a crité- que não contenha indicação de
rio do juiz. vencimento.
Art. 878. Aos frutos, aces-
§ 2 o Considera-se lugar de
sões, benfeitorias e deteriora- Capítulo IV – Do emissão e de pagamento, quan-
ções sobrevindas à coisa dada Enriquecimento Sem Causa do não indicado no título, o do-
em pagamento indevido, apli-
micílio do emitente.
ca-se o disposto neste Código Art. 884. Aquele que, sem
sobre o possuidor de boa-fé ou justa causa, se enriquecer à § 3o O título poderá ser emitido
de má-fé, conforme o caso. custa de outrem, será obriga- a partir dos caracteres criados
do a restituir o indevidamente em computador ou meio técni-
Art. 879. Se aquele que in- co equivalente e que constem da
devidamente recebeu um imó- auferido, feita a atualização dos
valores monetários. escrituração do emitente, ob-
vel o tiver alienado em boa-fé,
servados os requisitos mínimos
por título oneroso, responde Parágrafo único. Se o enriqueci- previstos neste artigo.
somente pela quantia recebida; mento tiver por objeto coisa
mas, se agiu de má-fé, além do Art. 890. Consideram-se
determinada, quem a recebeu
valor do imóvel, responde por não escritas no título a cláu-
é obrigado a restituí-la, e, se a
perdas e danos. sula de juros, a proibitiva de
coisa não mais subsistir, a resti-
Parágrafo único. Se o imóvel foi tuição se fará pelo valor do bem endosso, a excludente de res-
alienado por título gratuito, ou na época em que foi exigido. ponsabilidade pelo pagamento
se, alienado por título oneroso, ou por despesas, a que dispense
o terceiro adquirente agiu de Art. 885. A restituição é de- a observância de termos e for-
má-fé, cabe ao que pagou por vida, não só quando não tenha malidade prescritas, e a que,
erro o direito de reivindicação. havido causa que justifique o além dos limites fixados em lei,
enriquecimento, mas também exclua ou restrinja direitos e
Art. 880. Fica isento de se esta deixou de existir. obrigações.
restituir pagamento indevido
aquele que, recebendo-o como Art. 886. Não caberá a res- Art. 891. O título de cré-
parte de dívida verdadeira, inu- tituição por enriquecimento, se dito, incompleto ao tempo da
tilizou o título, deixou prescre- a lei conferir ao lesado outros emissão, deve ser preenchido de
ver a pretensão ou abriu mão meios para se ressarcir do pre- conformidade com os ajustes
das garantias que asseguravam juízo sofrido. realizados.

200
Parágrafo único. O descumpri- suficiente a simples assinatura Art. 905. O possuidor de
mento dos ajustes previstos do avalista. título ao portador tem direito
neste artigo pelos que deles par- § 2o Considera-se não escrito à prestação nele indicada, me-
ticiparam, não constitui motivo o aval cancelado. diante a sua simples apresenta-
de oposição ao terceiro porta- ção ao devedor.
dor, salvo se este, ao adquirir o Art. 899. O avalista equipa-
título, tiver agido de má-fé. ra-se àquele cujo nome indicar; Parágrafo único. A prestação é de-
na falta de indicação, ao emi- vida ainda que o título tenha
Art. 892. Aquele que, sem tente ou devedor final. entrado em circulação contra
ter poderes, ou excedendo os a vontade do emitente.
que tem, lança a sua assinatu- § 1o Pagando o título, tem o
ra em título de crédito, como avalista ação de regresso contra Art. 906. O devedor só po-
mandatário ou representante o seu avalizado e demais coobri- derá opor ao portador exceção
de outrem, fica pessoalmente gados anteriores. fundada em direito pessoal, ou
obrigado, e, pagando o título, § 2o Subsiste a responsabilida- em nulidade de sua obrigação.
tem ele os mesmos direitos que de do avalista, ainda que nula
teria o suposto mandante ou a obrigação daquele a quem se Art. 907. É nulo o título ao
representado. equipara, a menos que a nuli- portador emitido sem autoriza-
dade decorra de vício de forma. ção de lei especial.
Art. 893. A transferência
do título de crédito implica a Art. 900. O aval posterior ao Art. 908. O possuidor de
de todos os direitos que lhe são vencimento produz os mesmos título dilacerado, porém iden-
inerentes. efeitos do anteriormente dado. tif icável, tem direito a obter
do emitente a substituição do
Art. 894. O portador de Art. 901. Fica validamen- anterior, mediante a restituição
título representativo de merca- te desonerado o devedor que do primeiro e o pagamento das
doria tem o direito de transfe- paga título de crédito ao legí- despesas.
ri-lo, de conformidade com as timo portador, no vencimento,
normas que regulam a sua circu- sem oposição, salvo se agiu de Art. 909. O proprietário,
lação, ou de receber aquela in- má-fé. que perder ou extraviar título,
dependentemente de quaisquer ou for injustamente desapossa-
Parágrafo único. Pagando, pode o
formalidades, além da entrega do dele, poderá obter novo títu-
devedor exigir do credor, além
do título devidamente quitado. lo em juízo, bem como impedir
da entrega do título, quitação
Art. 895. Enquanto o título regular. sejam pagos a outrem capital e
de crédito estiver em circulação, rendimentos.
Art. 902. Não é o credor
só ele poderá ser dado em ga- Parágrafo único. O pagamento,
rantia, ou ser objeto de medidas obrigado a receber o pagamen-
to antes do vencimento do títu- feito antes de ter ciência da
judiciais, e não, separadamente, ação referida neste artigo, exo-
os direitos ou mercadorias que lo, e aquele que o paga, antes
do vencimento, fica responsável nera o devedor, salvo se se pro-
representa. var que ele tinha conhecimento
pela validade do pagamento.
Art. 896. O título de crédito do fato.
§ 1o No vencimento, não pode
não pode ser reivindicado do o credor recusar pagamento,
portador que o adquiriu de ainda que parcial.
Capítulo III – Do Título à
boa-fé e na conformidade das Ordem
normas que disciplinam a sua § 2o No caso de pagamento par-
circulação. cial, em que se não opera a tradi- Art. 910. O endosso deve ser
ção do título, além da quitação lançado pelo endossante no ver-
Art. 897. O pagamento de em separado, outra deverá ser so ou anverso do próprio título.
título de crédito, que contenha firmada no próprio título. § 1o Pode o endossante desig-
obrigação de pagar soma de-
Art. 903. Salvo disposição nar o endossatário, e para vali-
terminada, pode ser garantido
diversa em lei especial, regem-se dade do endosso, dado no verso
por aval.
os títulos de crédito pelo dis- do título, é suficiente a simples
Parágrafo único. É vedado o aval posto neste Código. assinatura do endossante.
parcial. § 2o A transferência por endos-
Art. 898. O aval deve ser
Capítulo II – Do Título ao so completa-se com a tradição
dado no verso ou no anverso Portador do título.
do próprio título. Art. 904. A transferência de § 3o Considera-se não escrito
§ 1o Para a validade do aval, título ao portador se faz por o endosso cancelado, total ou
dado no anverso do título, é simples tradição. parcialmente.

201
Art. 911. Considera-se legí- ao adquirir o título, tiver agido Art. 923. O título nominati-
timo possuidor o portador do de má-fé. vo também pode ser transferi-
título à ordem com série regular do por endosso que contenha o
Art. 917. A cláusula consti-
e ininterrupta de endossos, ain- nome do endossatário.
tutiva de mandato, lançada no
da que o último seja em branco. § 1o A transferência mediante
endosso, confere ao endossatá-
Parágrafo único. Aquele que paga rio o exercício dos direitos ine- endosso só tem eficácia perante
o título está obrigado a verifi- rentes ao título, salvo restrição o emitente, uma vez feita a com-
car a regularidade da série de expressamente estatuída. petente averbação em seu regis-
endossos, mas não a autentici- tro, podendo o emitente exigir
§ 1o O endossatário de endos-
dade das assinaturas. do endossatário que comprove
so-mandato só pode endossar
a autenticidade da assinatura
Art. 912. Considera-se não novamente o título na qualida-
do endossante.
escrita no endosso qualquer de de procurador, com os mes-
mos poderes que recebeu. § 2o O endossatário, legitimado
condição a que o subordine o por série regular e ininterrupta
endossante. § 2o Com a morte ou a super-
de endossos, tem o direito de
veniente incapacidade do en-
Parágrafo único. É nulo o endosso obter a averbação no registro
dossante, não perde eficácia o
parcial. do emitente, comprovada a au-
endosso-mandato.
tenticidade das assinaturas de
Art. 913. O endossatário de § 3o Pode o devedor opor ao todos os endossantes.
endosso em branco pode mu- endossatário de endosso-man-
§ 3 o Caso o título original
dá-lo para endosso em preto, dato somente as exceções que
contenha o nome do primiti-
completando-o com o seu nome tiver contra o endossante.
vo proprietário, tem direito o
ou de terceiro; pode endossar
Art. 918. A cláusula consti- adquirente a obter do emitente
novamente o título, em branco
tutiva de penhor, lançada no en- novo título, em seu nome, de-
ou em preto; ou pode transferi-
dosso, confere ao endossatário vendo a emissão do novo título
-lo sem novo endosso.
o exercício dos direitos inerentes constar no registro do emitente.
Art. 914. Ressalvada cláusu- ao título.
Art. 924. Ressalvada proi-
la expressa em contrário, cons- § 1o O endossatário de endos- bição legal, pode o título no-
tante do endosso, não responde so-penhor só pode endossar no- minativo ser transformado em à
o endossante pelo cumprimen- vamente o título na qualidade ordem ou ao portador, a pedido
to da prestação constante do de procurador. do proprietário e à sua custa.
título.
§ 2o Não pode o devedor opor
Art. 925. Fica desonerado
§ 1o Assumindo responsabilida- ao endossatário de endosso-
de responsabilidade o emitente
de pelo pagamento, o endossan- -penhor as exceções que tinha
que de boa-fé fizer a transferên-
te se torna devedor solidário. contra o endossante, salvo se
cia pelos modos indicados nos
aquele tiver agido de má-fé.
§ 2o Pagando o título, tem o en- artigos antecedentes.
dossante ação de regresso con- Art. 919. A aquisição de tí-
Art. 926. Qualquer negócio
tra os coobrigados anteriores. tulo à ordem, por meio diverso
ou medida judicial, que tenha
do endosso, tem efeito de ces-
por objeto o título, só produz
Art. 915. O devedor, além são civil.
efeito perante o emitente ou
das exceções fundadas nas re- Art. 920. O endosso poste- terceiros, uma vez feita a com-
lações pessoais que tiver com o rior ao vencimento produz os petente averbação no registro
portador, só poderá opor a este mesmos efeitos do anterior. do emitente.
as exceções relativas à forma do
título e ao seu conteúdo literal, Capítulo IV – Do Título
à falsidade da própria assinatu- Nominativo
ra, a defeito de capacidade ou Título IX – Da
de representação no momento Art. 921. É título nominativo Responsabilidade Civil
da subscrição, e à falta de re- o emitido em favor de pessoa
quisito necessário ao exercício cujo nome conste no registro
da ação. do emitente. Capítulo I – Da Obrigação
de Indenizar
Art. 916. As exceções, fun- Art. 922. Transfere-se o títu-
dadas em relação do devedor lo nominativo mediante termo, Art. 927. Aquele que, por ato
com os portadores preceden- em registro do emitente, assi- ilícito (arts. 186 e 187), causar
tes, somente poderão ser por nado pelo proprietário e pelo dano a outrem, fica obrigado a
ele opostas ao portador, se este, adquirente. repará-lo.

202
Parágrafo único. Haverá obriga- serviçais e prepostos, no exer- correspondentes, embora es-
ção de reparar o dano, inde- cício do trabalho que lhes com- tipulados, e a pagar as custas
pendentemente de culpa, nos petir, ou em razão dele; em dobro.
casos especificados em lei, ou IV – os donos de hotéis, hos-
quando a atividade normalmen- Art. 940. Aquele que de-
pedarias, casas ou estabeleci- mandar por dívida já paga, no
te desenvolvida pelo autor do mentos onde se albergue por
dano implicar, por sua natureza, todo ou em parte, sem ressal-
dinheiro, mesmo para fins de var as quantias recebidas ou
risco para os direitos de outrem. educação, pelos seus hóspedes, pedir mais do que for devido,
Art. 928. O incapaz respon- moradores e educandos; ficará obrigado a pagar ao de-
de pelos prejuízos que causar, se V – os que gratuitamente hou- vedor, no primeiro caso, o do-
as pessoas por ele responsáveis verem participado nos produ- bro do que houver cobrado e,
não tiverem obrigação de fazê-lo tos do crime, até a concorrente no segundo, o equivalente do
ou não dispuserem de meios quantia. que dele exigir, salvo se houver
suficientes. prescrição.
Art. 933. As pessoas indica-
Parágrafo único. A indenização das nos incisos I a V do artigo Art. 941. As penas previstas
prevista neste artigo, que de- antecedente, ainda que não haja nos arts. 939 e 940 não se apli-
verá ser equitativa, não terá culpa de sua parte, responderão carão quando o autor desistir
lugar se privar do necessário o pelos atos praticados pelos ter- da ação antes de contestada a
incapaz ou as pessoas que dele ceiros ali referidos. lide, salvo ao réu o direito de
dependem. haver indenização por algum
Art. 934. Aquele que ressar-
Art. 929. Se a pessoa lesada, cir o dano causado por outrem prejuízo que prove ter sofrido.
ou o dono da coisa, no caso do pode reaver o que houver pago Art. 942. Os bens do res-
inciso II do art. 188, não forem daquele por quem pagou, sal- ponsável pela ofensa ou viola-
culpados do perigo, assistir- vo se o causador do dano for ção do direito de outrem ficam
-lhes-á direito à indenização do descendente seu, absoluta ou sujeitos à reparação do dano
prejuízo que sofreram. relativamente incapaz. causado; e, se a ofensa tiver
Art. 930. No caso do inciso Art. 935. A responsabilidade mais de um autor, todos res-
II do art. 188, se o perigo ocor- civil é independente da crimi- ponderão solidariamente pela
rer por culpa de terceiro, contra nal, não se podendo questionar reparação.
este terá o autor do dano ação mais sobre a existência do fato,
regressiva para haver a impor- Parágrafo único. São solidaria-
ou sobre quem seja o seu autor,
tância que tiver ressarcido ao mente responsáveis com os au-
quando estas questões se acha-
lesado. tores os coautores e as pessoas
rem decididas no juízo criminal.
designadas no art. 932.
Parágrafo único. A mesma ação Art. 936. O dono, ou deten-
competirá contra aquele em de- Art. 943. O direito de exi-
tor, do animal ressarcirá o dano
fesa de quem se causou o dano gir reparação e a obrigação de
por este causado, se não provar
(art. 188, inciso I). prestá-la transmitem-se com a
culpa da vítima ou força maior.
herança.
Art. 931. Ressalvados outros Art. 937. O dono de edifício
casos previstos em lei especial, ou construção responde pelos Capítulo II – Da
os empresários individuais e danos que resultarem de sua ru- Indenização
as empresas respondem inde- ína, se esta provier de falta de
pendentemente de culpa pelos reparos, cuja necessidade fosse Art. 944. A indenização me-
danos causados pelos produtos manifesta. de-se pela extensão do dano.
postos em circulação.
Art. 938. Aquele que habitar Parágrafo único. Se houver exces-
Art. 932. São também res- prédio, ou parte dele, responde siva desproporção entre a gravi-
ponsáveis pela reparação civil: pelo dano proveniente das coi- dade da culpa e o dano, poderá
I – os pais, pelos filhos menores sas que dele caírem ou forem o juiz reduzir, equitativamente,
que estiverem sob sua autorida- lançadas em lugar indevido. a indenização.
de e em sua companhia; Art. 945. Se a vítima tiver
Ar t. 939. O credor que
II – o tutor e o curador, pelos demandar o devedor antes concorrido culposamente para
pupilos e curatelados, que se de vencida a dívida, fora dos o evento danoso, a sua indeni-
acharem nas mesmas condi- casos em que a lei o permita, zação será fixada tendo-se em
ções; f icará obrigado a esperar o conta a gravidade de sua culpa
III – o empregador ou comi- tempo que faltava para o ven- em confronto com a do autor
tente, por seus empregados, cimento, a descontar os juros do dano.

203
Art. 946. Se a obrigação for causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo disputada, quer sobre a nulida-
indeterminada, e não houver na para o trabalho. de, simulação, fraude, ou falsi-
lei ou no contrato disposição dade das dívidas e contratos.
fixando a indenização devida Art. 952. Havendo usurpa-
pelo inadimplente, apurar-se- ção ou esbulho do alheio, além Art. 957. Não havendo títu-
-á o valor das perdas e danos da restituição da coisa, a inde- lo legal à preferência, terão os
na forma que a lei processual nização consistirá em pagar o credores igual direito sobre os
determinar. valor das suas deteriorações e o bens do devedor comum.
devido a título de lucros cessan-
Art. 947. Se o devedor não tes; faltando a coisa, dever-se-á Art. 958. Os títulos legais de
puder cumprir a prestação na reembolsar o seu equivalente ao preferência são os privilégios e
espécie ajustada, substituir- prejudicado. os direitos reais.
-se-á pelo seu valor, em moeda Art. 959. Conservam seus
Parágrafo único. Para se restituir o
corrente. respectivos direitos os credores,
equivalente, quando não exista
Art. 948. No caso de homi- a própria coisa, estimar-se-á ela hipotecários ou privilegiados:
cídio, a indenização consiste, pelo seu preço ordinário e pelo I – sobre o preço do seguro da
sem excluir outras reparações: de afeição, contanto que este coisa gravada com hipoteca ou
I – no pagamento das despesas não se avantaje àquele. privilégio, ou sobre a indeniza-
com o tratamento da vítima, ção devida, havendo responsá-
Art. 953. A indenização por
seu funeral e o luto da família; vel pela perda ou danificação
injúria, difamação ou calúnia
da coisa;
II – na prestação de alimentos consistirá na reparação do dano
às pessoas a quem o morto os que delas resulte ao ofendido. II – sobre o valor da indeniza-
devia, levando-se em conta a ção, se a coisa obrigada a hi-
Parágrafo único. Se o ofendido não poteca ou privilégio for desa-
duração provável da vida da
puder provar prejuízo material, propriada.
vítima.
caberá ao juiz fixar, equitativa-
Art. 949. No caso de lesão mente, o valor da indenização, Art. 960. Nos casos a que
ou outra ofensa à saúde, o ofen- na conformidade das circuns- se refere o artigo antecedente,
sor indenizará o ofendido das tâncias do caso. o devedor do seguro, ou da in-
despesas do tratamento e dos denização, exonera-se pagan-
Art. 954. A indenização por do sem oposição dos credores
lucros cessantes até ao fim da
ofensa à liberdade pessoal con- hipotecários ou privilegiados.
convalescença, além de algum
sistirá no pagamento das per-
outro prejuízo que o ofendido
das e danos que sobrevierem ao Art. 961. O crédito real pre-
prove haver sofrido.
ofendido, e se este não puder fere ao pessoal de qualquer es-
Art. 950. Se da ofensa resul- provar prejuízo, tem aplicação pécie; o crédito pessoal privile-
tar defeito pelo qual o ofendido o disposto no parágrafo único giado, ao simples; e o privilégio
não possa exercer o seu ofício do artigo antecedente. especial, ao geral.
ou profissão, ou se lhe diminua
Parágrafo único. Consideram-se Art. 962. Quando concorre-
a capacidade de trabalho, a in-
ofensivos da liberdade pessoal: rem aos mesmos bens, e por tí-
denização, além das despesas
I – o cárcere privado; tulo igual, dois ou mais credores
do tratamento e lucros cessan-
da mesma classe especialmente
tes até ao fim da convalescença, II – a prisão por queixa ou de-
privilegiados, haverá entre eles
incluirá pensão correspondente núncia falsa e de má-fé;
à importância do trabalho para rateio proporcional ao valor dos
III – a prisão ilegal. respectivos créditos, se o produ-
que se inabilitou, ou da depre-
ciação que ele sofreu. to não bastar para o pagamento
integral de todos.
Parágrafo único. O prejudicado,
se preferir, poderá exigir que Título X – Das Art. 963. O privilégio espe-
a indenização seja arbitrada e Preferências e cial só compreende os bens su-
paga de uma só vez. Privilégios Creditórios jeitos, por expressa disposição
de lei, ao pagamento do crédito
Art. 951. O disposto nos Art. 955. Procede-se à de- que ele favorece; e o geral, to-
arts. 948, 949 e 950 aplica-se claração de insolvência toda vez dos os bens não sujeitos a crédi-
ainda no caso de indenização que as dívidas excedam à im- to real nem a privilégio especial.
devida por aquele que, no exer- portância dos bens do devedor.
cício de atividade profissional, Art. 964. Têm privilégio es-
por negligência, imprudência Art. 956. A discussão entre pecial:
ou imperícia, causar a morte os credores pode versar quer I – sobre a coisa arrecadada e
do paciente, agravar-lhe o mal, sobre a preferência entre eles liquidada, o credor de custas e

204
despesas judiciais feitas com a devedor, no semestre anterior autenticada com certificação
arrecadação e liquidação; à sua morte; digital ou meio equivalente que
II – sobre a coisa salvada, o V – o crédito pelos gastos neces- comprove a sua autenticidade,
credor por despesas de salva- sários à mantença do devedor ressalvado o disposto no inci-
mento; falecido e sua família, no tri- so I do § 1o do art. 4 o da Lei
mestre anterior ao falecimento; Complementar no 123, de 14
III – sobre a coisa beneficiada, de dezembro de 2006;
o credor por benfeitorias neces- VI – o crédito pelos impostos
sárias ou úteis; devidos à Fazenda Pública, no III – o capital;
IV – sobre os prédios rústicos ou ano corrente e no anterior; IV – o objeto e a sede da em-
urbanos, fábricas, oficinas, ou VII – o crédito pelos salários dos presa.
quaisquer outras construções, empregados do serviço domés- § 1o Com as indicações estabe-
o credor de materiais, dinheiro, tico do devedor, nos seus derra- lecidas neste artigo, a inscrição
ou serviços para a sua edifica- deiros seis meses de vida; será tomada por termo no livro
ção, reconstrução, ou melho- VIII – os demais créditos de pri- próprio do Registro Público de
ramento; vilégio geral. Empresas Mercantis, e obede-
V – sobre os frutos agrícolas, cerá a número de ordem contí-
o credor por sementes, instru- nuo para todos os empresários
inscritos.
mentos e serviços à cultura, ou Livro II – Do
à colheita; Direito de Empresa § 2o À margem da inscrição, e
VI – sobre as alfaias e utensílios com as mesmas formalidades,
de uso doméstico, nos prédios serão averbadas quaisquer mo-
rústicos ou urbanos, o credor de dificações nela ocorrentes.
aluguéis, quanto às prestações Título I – Do § 3o Caso venha a admitir só-
do ano corrente e do anterior; Empresário cios, o empresário individual
VII – sobre os exemplares da poderá solicitar ao Registro
obra existente na massa do Público de Empresas Mercantis
Capítulo I – Da a transformação de seu registro
editor, o autor dela, ou seus
legítimos representantes, pelo
Caracterização e da Inscrição de empresário para registro de
crédito fundado contra aquele sociedade empresária, observa-
Art. 966. Considera-se em-
no contrato da edição; do, no que couber, o disposto
presário quem exerce prof is-
sionalmente atividade econômi- nos arts. 1.113 a 1.115 deste
VIII – sobre o produto da co- Código.
lheita, para a qual houver con- ca organizada para a produção
corrido com o seu trabalho, e ou a circulação de bens ou de § 4 o O processo de abertura,
precipuamente a quaisquer ou- serviços. registro, alteração e baixa do
tros créditos, ainda que reais, o microempreendedor individual
Parágrafo único. Não se considera de que trata o art. 18-A da Lei
trabalhador agrícola, quanto à empresário quem exerce pro-
dívida dos seus salários; Complementar no 123, de 14 de
fissão intelectual, de natureza dezembro de 2006, bem como
IX – sobre os produtos do abate, científica, literária ou artística, qualquer exigência para o início
o credor por animais. ainda com o concurso de auxi- de seu funcionamento deverão
liares ou colaboradores, salvo se ter trâmite especial e simplifica-
Art. 965. Goza de privilégio
o exercício da profissão consti- do, preferentemente eletrônico,
geral, na ordem seguinte, sobre
tuir elemento de empresa. opcional para o empreendedor,
os bens do devedor:
I – o crédito por despesa de seu Art. 967. É obrigatória a na forma a ser disciplinada pelo
funeral, feito segundo a con- inscrição do empresário no Comitê para Gestão da Rede
dição do morto e o costume Registro Público de Empresas Nacional para a Simplificação
do lugar; Mercantis da respectiva sede, do Registro e da Legalização
antes do início de sua atividade. de Empresas e Negócios – CG-
II – o crédito por custas judi- SIM, de que trata o inciso III do
ciais, ou por despesas com a Art. 968. A inscrição do art. 2o da mesma Lei.
arrecadação e liquidação da empresário far-se-á mediante
massa; § 5o Para fins do disposto no
requerimento que contenha:
§ 4o, poderão ser dispensados
III – o crédito por despesas com I – o seu nome, nacionalidade, o uso da firma, com a respectiva
o luto do cônjuge sobrevivo e domicílio, estado civil e, se ca- assinatura autógrafa, o capital,
dos filhos do devedor falecido, sado, o regime de bens; requerimentos, demais assina-
se foram moderadas; II – a firma, com a respectiva as- turas, informações relativas
IV – o crédito por despesas sinatura autógrafa que poderá à nacionalidade, estado civil
com a doença de que faleceu o ser substituída pela assinatura e regime de bens, bem como

205
remessa de documentos, na for- e dos riscos da empresa, bem Registro Público de Empresas
ma estabelecida pelo CGSIM. como da conveniência em con- Mercantis.
tinuá-la, podendo a autorização
Art. 969. O empresário que ser revogada pelo juiz, ouvidos
instituir sucursal, filial ou agên- Parágrafo único. O uso da nova
os pais, tutores ou representan- firma caberá, conforme o caso,
cia, em lugar sujeito à jurisdi- tes legais do menor ou do inter-
ção de outro Registro Público ao gerente; ou ao representante
dito, sem prejuízo dos direitos do incapaz; ou a este, quando
de Empresas Mercantis, neste adquiridos por terceiros.
deverá também inscrevê-la, com puder ser autorizado.
a prova da inscrição originária. § 2o Não ficam sujeitos ao re-
sultado da empresa os bens que Art. 977. Faculta-se aos côn-
Parágrafo único. Em qualquer o incapaz já possuía, ao tempo juges contratar sociedade, entre
caso, a constituição do estabe- da sucessão ou da interdição, si ou com terceiros, desde que
lecimento secundário deverá ser desde que estranhos ao acer- não tenham casado no regime
averbada no Registro Público de vo daquela, devendo tais fatos da comunhão universal de bens,
Empresas Mercantis da respec- constar do alvará que conceder ou no da separação obrigatória.
tiva sede. a autorização.
§ 3o O Registro Público de Em- Art. 978. O empresário ca-
Art. 970. A lei assegurará
presas Mercantis a cargo das sado pode, sem necessidade de
tratamento favorecido, di-
Juntas Comerciais deverá re- outorga conjugal, qualquer que
ferenciado e simplif icado ao
gistrar contratos ou alterações seja o regime de bens, alienar os
empresário rural e ao pequeno
contratuais de sociedade que imóveis que integrem o patrimô-
empresário, quanto à inscrição
envolva sócio incapaz, desde que nio da empresa ou gravá-los de
e aos efeitos daí decorrentes.
atendidos, de forma conjunta, os ônus real.
Art. 971. O empresário, seguintes pressupostos:
cuja atividade rural constitua Art. 979. Além de no Re-
sua principal profissão, pode, I – o sócio incapaz não pode gistro Civil, serão arquivados e
observadas as formalidades de exercer a administração da so- averbados, no Registro Públi-
que tratam o art. 968 e seus pa- ciedade; co de Empresas Mercantis, os
rágrafos, requerer inscrição no II – o capital social deve ser to- pactos e declarações antenup-
Registro Público de Empresas talmente integralizado; ciais do empresário, o título de
Mercantis da respectiva sede, doação, herança, ou legado, de
III – o sócio relativamente inca- bens clausulados de incomuni-
caso em que, depois de inscrito,
paz deve ser assistido e o ab- cabilidade ou inalienabilidade.
ficará equiparado, para todos
solutamente incapaz deve ser
os efeitos, ao empresário sujeito
representado por seus represen- Art. 980. A sentença que
a registro.
tantes legais. decretar ou homologar a sepa-
Capítulo II – Da Art. 975. Se o representan-
ração judicial do empresário e o
Capacidade ato de reconciliação não podem
te ou assistente do incapaz for ser opostos a terceiros, antes
Art. 972. Podem exercer a pessoa que, por disposição de de arquivados e averbados no
atividade de empresário os que lei, não puder exercer atividade Registro Público de Empresas
estiverem em pleno gozo da ca- de empresário, nomeará, com a Mercantis.
pacidade civil e não forem legal- aprovação do juiz, um ou mais
mente impedidos. gerentes.
§ 1o Do mesmo modo será
Art. 973. A pessoa legal-
nomeado gerente em todos os Título I-A – Da
mente impedida de exercer ati-
casos em que o juiz entender ser Empresa Individual
vidade própria de empresário,
conveniente. de Responsabilidade
se a exercer, responderá pelas Limitada
obrigações contraídas. § 2o A aprovação do juiz não
exime o representante ou assis-
Art. 974. Poderá o incapaz, tente do menor ou do interdito Art. 980-A. A empresa in-
por meio de representante ou da responsabilidade pelos atos dividual de responsabilidade
devidamente assistido, continu- dos gerentes nomeados. limitada será constituída por
ar a empresa antes exercida por uma única pessoa titular da
ele enquanto capaz, por seus Art. 976. A prova da eman- totalidade do capital social,
pais ou pelo autor de herança. cipação e da autorização do in- devidamente integralizado, que
§ 1o Nos casos deste artigo, capaz, nos casos do art. 974, e não será inferior a 100 (cem)
precederá autorização judicial, a de eventual revogação desta, vezes o maior salário mínimo
após exame das circunstâncias serão inscritas ou averbadas no vigente no País.

206
§ 1o O nome empresarial de- Art. 982. Salvo as exceções
verá ser formado pela inclusão expressas, considera-se empre- Subtítulo I – Da
da expressão “EIRELI” após a sária a sociedade que tem por Sociedade Não
firma ou a denominação social objeto o exercício de atividade Personificada
da empresa individual de res- própria de empresário sujeito a
ponsabilidade limitada. registro (art. 967); e, simples,
as demais. Capítulo I – Da Sociedade
§ 2o A pessoa natural que cons- em Comum
tituir empresa individual de res- Parágrafo único. Independente-
ponsabilidade limitada somente mente de seu objeto, considera- Art. 986. Enquanto não
poderá figurar em uma única -se empresária a sociedade por inscritos os atos constitutivos,
empresa dessa modalidade. ações; e, simples, a cooperativa. reger-se-á a sociedade, exce-
to por ações em organização,
§ 3o A empresa individual de pelo disposto neste Capítulo,
responsabilidade limitada tam- Art. 983. A sociedade em-
presária deve constituir-se se- observadas, subsidiariamente
bém poderá resultar da concen- e no que com ele forem compa-
tração das quotas de outra mo- gundo um dos tipos regulados
nos arts. 1.039 a 1.092; a socie- tíveis, as normas da sociedade
dalidade societária num único simples.
sócio, independentemente das dade simples pode constituir-se
razões que motivaram tal con- de conformidade com um des- Art. 987. Os sócios, nas re-
centração. ses tipos, e, não o fazendo, su- lações entre si ou com terceiros,
bordina-se às normas que lhe somente por escrito podem pro-
§ 4o (Vetado). são próprias. var a existência da sociedade,
§ 5 o Poderá ser atribuída à mas os terceiros podem prová-la
Parágrafo único. Ressalvam-se as de qualquer modo.
empresa individual de respon-
disposições concernentes à so-
sabilidade limitada constituída Art. 988. Os bens e dívidas
ciedade em conta de participa-
para a prestação de serviços de sociais constituem patrimônio
ção e à cooperativa, bem como
qualquer natureza a remunera- especial, do qual os sócios são
as constantes de leis especiais
ção decorrente da cessão de di- que, para o exercício de certas titulares em comum.
reitos patrimoniais de autor ou atividades, imponham a cons-
de imagem, nome, marca ou voz Art. 989. Os bens sociais
tituição da sociedade segundo respondem pelos atos de ges-
de que seja detentor o titular determinado tipo.
da pessoa jurídica, vinculados tão praticados por qualquer
à atividade profissional. dos sócios, salvo pacto expres-
Art. 984. A sociedade que so limitativo de poderes, que
§ 6o Aplicam-se à empresa indi- tenha por objeto o exercício de somente terá eficácia contra o
vidual de responsabilidade limi- atividade própria de empresário terceiro que o conheça ou deva
tada, no que couber, as regras rural e seja constituída, ou trans- conhecer.
previstas para as sociedades formada, de acordo com um dos
tipos de sociedade empresária, Art. 990. Todos os sócios
limitadas.
pode, com as formalidades do respondem solidária e ilimitada-
art. 968, requerer inscrição no mente pelas obrigações sociais,
Registro Público de Empresas excluído do benefício de ordem,
Título II – Da Sociedade Mercantis da sua sede, caso em previsto no art. 1.024, aquele
que, depois de inscrita, ficará que contratou pela sociedade.
equiparada, para todos os efei-
Capítulo Único – tos, à sociedade empresária. Capítulo II – Da Sociedade
Disposições Gerais em Conta de Participação
Parágrafo único. Embora já cons-
Art. 981. Celebram contrato Art. 991. Na sociedade em
tituída a sociedade segundo um
de sociedade as pessoas que re- conta de participação, a ativi-
daqueles tipos, o pedido de ins-
ciprocamente se obrigam a con- dade constitutiva do objeto so-
crição se subordinará, no que
tribuir, com bens ou serviços, cial é exercida unicamente pelo
for aplicável, às normas que
para o exercício de atividade sócio ostensivo, em seu nome
regem a transformação.
econômica e a partilha, entre individual e sob sua própria e
si, dos resultados. exclusiva responsabilidade, par-
Art. 985. A sociedade adqui-
ticipando os demais dos resul-
re personalidade jurídica com a
Parágrafo único. A atividade pode tados correspondentes.
inscrição, no registro próprio e
restringir-se à realização de um na forma da lei, dos seus atos Parágrafo único. Obriga-se peran-
ou mais negócios determinados. constitutivos (arts. 45 e 1.150). te terceiro tão somente o sócio

207
ostensivo; e, exclusivamente pe- Parágrafo único. Havendo mais de requerer a inscrição do contra-
rante este, o sócio participante, um sócio ostensivo, as respec- to social no Registro Civil das
nos termos do contrato social. tivas contas serão prestadas e Pessoas Jurídicas do local de
julgadas no mesmo processo. sua sede.
Art. 992. A constituição da
sociedade em conta de partici- § 1o O pedido de inscrição será
pação independe de qualquer acompanhado do instrumento
formalidade e pode provar-se Subtítulo II – Da autenticado do contrato, e, se
por todos os meios de direito. Sociedade Personificada algum sócio nele houver sido re-
presentado por procurador, o
Art. 993. O contrato social da respectiva procuração, bem
produz efeito somente entre os Capítulo I – Da Sociedade como, se for o caso, da prova
sócios, e a eventual inscrição de Simples de autorização da autoridade
seu instrumento em qualquer competente.
registro não confere personali-
dade jurídica à sociedade.
Seção I – Do Contrato § 2o Com todas as indicações
Social enumeradas no artigo antece-
Parágrafo único. Sem prejuízo do dente, será a inscrição tomada
direito de fiscalizar a gestão dos Art. 997. A sociedade cons- por termo no livro de registro
negócios sociais, o sócio parti- titui-se mediante contrato escri- próprio, e obedecerá a número
cipante não pode tomar parte to, particular ou público, que, de ordem contínua para todas
nas relações do sócio ostensi- além de cláusulas estipuladas as sociedades inscritas.
vo com terceiros, sob pena de pelas partes, mencionará:
I – nome, nacionalidade, estado Art. 999. As modificações
responder solidariamente com
civil, profissão e residência dos do contrato social, que tenham
este pelas obrigações em que
sócios, se pessoas naturais, e a por objeto matéria indicada no
intervier.
firma ou a denominação, na- art. 997, dependem do consen-
Art. 994. A contribuição cionalidade e sede dos sócios, timento de todos os sócios; as
do sócio participante consti- se jurídicas; demais podem ser decididas
tui, com a do sócio ostensivo, por maioria absoluta de votos,
II – denominação, objeto, sede se o contrato não determinar
patrimônio especial, objeto da
e prazo da sociedade; a necessidade de deliberação
conta de participação relativa
aos negócios sociais. III – capital da sociedade, ex- unânime.
presso em moeda corrente, po-
§ 1o A especialização patrimo- Parágrafo único. Qualquer modi-
dendo compreender qualquer
nial somente produz efeitos em ficação do contrato social será
espécie de bens, suscetíveis de
relação aos sócios. averbada, cumprindo-se as for-
avaliação pecuniária;
§ 2o A falência do sócio osten- malidades previstas no artigo
IV – a quota de cada sócio no
sivo acarreta a dissolução da antecedente.
capital social, e o modo de re-
sociedade e a liquidação da res- alizá-la; Art. 1.000. A sociedade sim-
pectiva conta, cujo saldo consti-
V – as prestações a que se obri- ples que instituir sucursal, filial
tuirá crédito quirografário.
ga o sócio, cuja contribuição ou agência na circunscrição de
§ 3o Falindo o sócio participan- consista em serviços; outro Registro Civil das Pessoas
te, o contrato social fica sujeito Jurídicas, neste deverá também
às normas que regulam os efei- VI – as pessoas naturais in-
cumbidas da administração inscrevê-la, com a prova da ins-
tos da falência nos contratos crição originária.
bilaterais do falido. da sociedade, e seus poderes e
atribuições; Parágrafo único. Em qualquer
Art. 995. Salvo estipulação VII – a participação de cada caso, a constituição da sucur-
em contrário, o sócio ostensi- sócio nos lucros e nas perdas; sal, filial ou agência deverá ser
vo não pode admitir novo sócio averbada no Registro Civil da
sem o consentimento expresso VIII – se os sócios respondem,
ou não, subsidiariamente, pelas respectiva sede.
dos demais.
obrigações sociais.
Art. 996. Aplica-se à socie- Seção II – Dos Direitos e
Parágrafo único. É ineficaz em re-
dade em conta de participação, Obrigações dos Sócios
lação a terceiros qualquer pacto
subsidiariamente e no que com
separado, contrário ao disposto
ela for compatível, o disposto Art. 1.001. As obrigações
no instrumento do contrato.
para a sociedade simples, e a sua dos sócios começam imedia-
liquidação rege-se pelas normas Art. 998. Nos trinta dias tamente com o contrato, se
relativas à prestação de contas, subsequentes à sua consti- este não f ixar outra data, e
na forma da lei processual. tuição, a sociedade deverá terminam quando, liquidada

208
a sociedade, se extinguirem as na proporção das respectivas peita ou suborno, concussão,
responsabilidades sociais. quotas, mas aquele, cuja con- peculato; ou contra a economia
tribuição consiste em serviços, popular, contra o sistema finan-
Art. 1.002. O sócio não somente participa dos lucros na ceiro nacional, contra as nor-
pode ser substituído no exer- proporção da média do valor mas de defesa da concorrência,
cício das suas funções, sem o das quotas.
consentimento dos demais só- contra as relações de consumo,
cios, expresso em modificação Art. 1.008. É nula a esti- a fé pública ou a propriedade,
do contrato social. pulação contratual que exclua enquanto perdurarem os efeitos
qualquer sócio de participar dos da condenação.
Art. 1.003. A cessão total lucros e das perdas. § 2o Aplicam-se à atividade dos
ou parcial de quota, sem a cor- administradores, no que cou-
respondente modificação do Art. 1.009. A distribuição de
lucros ilícitos ou fictícios acar- ber, as disposições concernen-
contrato social com o consen-
reta responsabilidade solidária tes ao mandato.
timento dos demais sócios, não
terá eficácia quanto a estes e à dos administradores que a reali- Art. 1.012. O administrador,
sociedade. zarem e dos sócios que os rece- nomeado por instrumento em
berem, conhecendo ou devendo separado, deve averbá-lo à mar-
Parágrafo único. Até dois anos conhecer-lhes a ilegitimidade.
depois de averbada a modifi- gem da inscrição da sociedade,
cação do contrato, responde o e, pelos atos que praticar, antes
cedente solidariamente com o Seção III – Da de requerer a averbação, res-
cessionário, perante a socieda- Administração ponde pessoal e solidariamente
de e terceiros, pelas obrigações com a sociedade.
Art. 1.010. Quando, por lei
que tinha como sócio. Art. 1.013. A administração
ou pelo contrato social, com-
Art. 1.004. Os sócios são petir aos sócios decidir sobre da sociedade, nada dispondo
obrigados, na forma e prazo os negócios da sociedade, as o contrato social, compete se-
previstos, às contribuições es- deliberações serão tomadas paradamente a cada um dos
tabelecidas no contrato social, por maioria de votos, contados sócios.
e aquele que deixar de fazê-lo, segundo o valor das quotas de § 1o Se a administração com-
nos trinta dias seguintes ao da cada um. petir separadamente a vários
notificação pela sociedade, res- § 1o Para formação da maioria administradores, cada um pode
ponderá perante esta pelo dano absoluta são necessários votos impugnar operação pretendida
emergente da mora. correspondentes a mais de me- por outro, cabendo a decisão
tade do capital. aos sócios, por maioria de vo-
Parágrafo único. Verif icada a
mora, poderá a maioria dos § 2o Prevalece a decisão su- tos.
demais sócios preferir, à inde- fragada por maior número de § 2o Responde por perdas e
nização, a exclusão do sócio sócios no caso de empate, e, danos perante a sociedade
remisso, ou reduzir-lhe a quota se este persistir, decidirá o juiz. o administrador que realizar
ao montante já realizado, apli- § 3 o Responde por perdas e operações, sabendo ou deven-
cando-se, em ambos os casos, danos o sócio que, tendo em do saber que estava agindo em
o disposto no § 1o do art. 1.031. alguma operação interesse con- desacordo com a maioria.
trário ao da sociedade, partici-
Art. 1.005. O sócio que, a Art. 1.014. Nos atos de
par da deliberação que a aprove
título de quota social, transmitir graças a seu voto. competência conjunta de vá-
domínio, posse ou uso, respon- rios administradores, torna-se
de pela evicção; e pela solvência Art. 1.011. O administra- necessário o concurso de todos,
do devedor, aquele que transfe- dor da sociedade deverá ter, salvo nos casos urgentes, em
rir crédito. no exercício de suas funções, o que a omissão ou retardo das
cuidado e a diligência que todo providências possa ocasionar
Art. 1.006. O sócio, cuja homem ativo e probo costuma
contribuição consista em servi- dano irreparável ou grave.
empregar na administração de
ços, não pode, salvo convenção seus próprios negócios. Art. 1.015. No silêncio do
em contrário, empregar-se em contrato, os administradores
atividade estranha à sociedade, § 1o Não podem ser adminis-
tradores, além das pessoas im- podem praticar todos os atos
sob pena de ser privado de seus
pedidas por lei especial, os con- pertinentes à gestão da socie-
lucros e dela excluído.
denados a pena que vede, ainda dade; não constituindo objeto
Art. 1.007. Salvo estipula- que temporariamente, o acesso social, a oneração ou a venda de
ção em contrário, o sócio par- a cargos públicos; ou por cri- bens imóveis depende do que a
ticipa dos lucros e das perdas, me falimentar, de prevaricação, maioria dos sócios decidir.

209
Parágrafo único. O excesso por Art. 1.020. Os administra- Art. 1.027. Os herdeiros do
parte dos administradores so- dores são obrigados a prestar cônjuge de sócio, ou o cônju-
mente pode ser oposto a tercei- aos sócios contas justificadas ge do que se separou judicial-
ros se ocorrer pelo menos uma de sua administração, e apre- mente, não podem exigir desde
das seguintes hipóteses: sentar-lhes o inventário anual- logo a parte que lhes couber na
I – se a limitação de poderes mente, bem como o balanço quota social, mas concorrer à
estiver inscrita ou averbada no patrimonial e o de resultado divisão periódica dos lucros, até
registro próprio da sociedade; econômico. que se liquide a sociedade.
II – provando-se que era conhe- Art. 1.021. Salvo estipulação
cida do terceiro; que determine época própria, o Seção V – Da Resolução da
III – tratando-se de operação sócio pode, a qualquer tempo, Sociedade em Relação a um
evidentemente estranha aos examinar os livros e documen- Sócio
negócios da sociedade. tos, e o estado da caixa e da
carteira da sociedade. Art. 1.028. No caso de mor-
Art. 1.016. Os administra- te de sócio, liquidar-se-á sua
dores respondem solidaria- quota, salvo:
mente perante a sociedade e
Seção IV – Das Relações I – se o contrato dispuser dife-
os terceiros prejudicados, por com Terceiros rentemente;
culpa no desempenho de suas Art. 1.022. A sociedade ad- II – se os sócios remanescentes
funções. quire direitos, assume obriga- optarem pela dissolução da so-
Art. 1.017. O administrador ções e procede judicialmente, ciedade;
que, sem consentimento escri- por meio de administradores III – se, por acordo com os her-
to dos sócios, aplicar créditos com poderes especiais, ou, não deiros, regular-se a substituição
ou bens sociais em proveito os havendo, por intermédio de do sócio falecido.
próprio ou de terceiros, terá qualquer administrador.
Art. 1.029. Além dos casos
de restituí-los à sociedade, ou Art. 1.023. Se os bens da previstos na lei ou no contrato,
pagar o equivalente, com to- sociedade não lhe cobrirem as qualquer sócio pode retirar-se
dos os lucros resultantes, e, se dívidas, respondem os sócios da sociedade; se de prazo in-
houver prejuízo, por ele também pelo saldo, na proporção em determinado, mediante notifi-
responderá. que participem das perdas so- cação aos demais sócios, com
Parágrafo único. Fica sujeito às ciais, salvo cláusula de respon- antecedência mínima de sessen-
sanções o administrador que, sabilidade solidária. ta dias; se de prazo determina-
tendo em qualquer operação Art. 1.024. Os bens parti- do, provando judicialmente
interesse contrário ao da socie- culares dos sócios não podem justa causa.
dade, tome parte na correspon- ser executados por dívidas da Parágrafo único. Nos trinta dias
dente deliberação. sociedade, senão depois de exe- subsequentes à notif icação,
Art. 1.018. Ao administra- cutados os bens sociais. podem os demais sócios optar
dor é vedado fazer-se substituir Art. 1.025. O sócio, admiti- pela dissolução da sociedade.
no exercício de suas funções, do em sociedade já constituída, Art. 1.030. Ressalvado o
sendo-lhe facultado, nos limi- não se exime das dívidas sociais disposto no art. 1.004 e seu
tes de seus poderes, constituir anteriores à admissão. parágrafo único, pode o sócio
mandatários da sociedade, es- ser excluído judicialmente, me-
pecificados no instrumento os Art. 1.026. O credor par-
diante iniciativa da maioria dos
atos e operações que poderão ticular de sócio pode, na in-
demais sócios, por falta grave
praticar. suficiência de outros bens do
no cumprimento de suas obri-
devedor, fazer recair a execução
Art. 1.019. São irrevogáveis gações, ou, ainda, por incapa-
sobre o que a este couber nos
os poderes do sócio investido cidade superveniente.
lucros da sociedade, ou na par-
na administração por cláusu- te que lhe tocar em liquidação. Parágrafo único. Será de pleno
la expressa do contrato social, direito excluído da sociedade
salvo justa causa, reconhecida Parágrafo único. Se a sociedade
o sócio declarado falido, ou
judicialmente, a pedido de qual- não estiver dissolvida, pode o
aquele cuja quota tenha sido
quer dos sócios. credor requerer a liquidação da
liquidada nos termos do pará-
quota do devedor, cujo valor,
grafo único do art. 1.026.
Parágrafo único. São revogáveis, apurado na forma do art. 1.031,
a qualquer tempo, os poderes será depositado em dinheiro, no Art. 1.031. Nos casos em
conferidos a sócio por ato sepa- juízo da execução, até noventa que a sociedade se resolver em
rado, ou a quem não seja sócio. dias após aquela liquidação. relação a um sócio, o valor da

210
sua quota, considerada pelo empresário individual ou para o liquidante será eleito por de-
montante efetivamente realiza- empresa individual de respon- liberação dos sócios, podendo
do, liquidar-se-á, salvo dispo- sabilidade limitada, observado, a escolha recair em pessoa es-
sição contratual em contrário, no que couber, o disposto nos tranha à sociedade.
com base na situação patrimo- arts. 1.113 a 1.115 deste Código. § 1o O liquidante pode ser des-
nial da sociedade, à data da re- tituído, a todo tempo:
solução, verificada em balanço Art. 1.034. A sociedade
especialmente levantado. pode ser dissolvida judicialmen- I – se eleito pela forma prevista
te, a requerimento de qualquer neste artigo, mediante delibe-
§ 1o O capital social sofrerá a dos sócios, quando: ração dos sócios;
correspondente redução, salvo
se os demais sócios suprirem o I – anulada a sua constituição; II – em qualquer caso, por via
valor da quota. II – exaurido o fim social, ou ve- judicial, a requerimento de um
rificada a sua inexequibilidade. ou mais sócios, ocorrendo justa
§ 2o A quota liquidada será causa.
paga em dinheiro, no prazo de Art. 1.035. O contrato pode
noventa dias, a partir da liqui- § 2o A liquidação da sociedade
prever outras causas de disso- se processa de conformidade
dação, salvo acordo, ou estipu- lução, a serem verificadas judi-
lação contratual em contrário. com o disposto no Capítulo IX,
cialmente quando contestadas. deste Subtítulo.
Art. 1.032. A retirada, exclu- Ar t. 1.036. Ocor rida a
são ou morte do sócio, não o dissolução, cumpre aos admi- Capítulo II – Da Sociedade
exime, ou a seus herdeiros, da nistradores providenciar ime- em Nome Coletivo
responsabilidade pelas obriga- diatamente a investidura do
ções sociais anteriores, até dois Art. 1.039. Somente pessoas
liquidante, e restringir a gestão físicas podem tomar parte na
anos após averbada a resolução própria aos negócios inadiáveis,
da sociedade; nem nos dois pri- sociedade em nome coletivo,
vedadas novas operações, pelas respondendo todos os sócios,
meiros casos, pelas posteriores
quais responderão solidária e solidária e ilimitadamente, pelas
e em igual prazo, enquanto não
ilimitadamente. obrigações sociais.
se requerer a averbação.
Parágrafo único. Dissolvida de ple- Parágrafo único. Sem prejuízo da
Seção VI – Da Dissolução no direito a sociedade, pode o responsabilidade perante ter-
sócio requerer, desde logo, a ceiros, podem os sócios, no ato
Art. 1.033. Dissolve-se a so- liquidação judicial. constitutivo, ou por unânime
ciedade quando ocorrer: convenção posterior, limitar
Art. 1.037. Ocorrendo a hi-
I – o vencimento do prazo de pótese prevista no inciso V do entre si a responsabilidade de
duração, salvo se, vencido este e art. 1.033, o Ministério Público, cada um.
sem oposição de sócio, não en- tão logo lhe comunique a auto- Art. 1.040. A sociedade em
trar a sociedade em liquidação, ridade competente, promoverá nome coletivo se rege pelas nor-
caso em que se prorrogará por a liquidação judicial da socieda- mas deste Capítulo e, no que
tempo indeterminado; de, se os administradores não seja omisso, pelas do Capítulo
II – o consenso unânime dos o tiverem feito nos trinta dias antecedente.
sócios; seguintes à perda da autoriza-
ção, ou se o sócio não houver Art. 1.041. O contrato deve
III – a deliberação dos sócios, mencionar, além das indicações
por maioria absoluta, na socie- exercido a faculdade assegura-
da no parágrafo único do artigo referidas no art. 997, a firma
dade de prazo indeterminado; social.
antecedente.
IV – a falta de pluralidade de
sócios, não reconstituída no Parágrafo único. Caso o Ministério Art. 1.042. A administração
prazo de cento e oitenta dias; Público não promova a liquida- da sociedade compete exclusi-
ção judicial da sociedade nos vamente a sócios, sendo o uso
V – a extinção, na forma da lei, da firma, nos limites do contra-
de autorização para funcionar. quinze dias subsequentes ao
to, privativo dos que tenham os
recebimento da comunicação,
Parágrafo único. Não se aplica necessários poderes.
a autoridade competente para
o disposto no inciso IV caso o conceder a autorização nomea- Art. 1.043. O credor parti-
sócio remanescente, inclusive rá interventor com poderes para cular de sócio não pode, antes
na hipótese de concentração requerer a medida e administrar de dissolver-se a sociedade, pre-
de todas as cotas da sociedade a sociedade até que seja nome- tender a liquidação da quota
sob sua titularidade, requeira, ado o liquidante. do devedor.
no Registro Público de Empre-
sas Mercantis, a transformação Art. 1.038. Se não estiver Parágrafo único. Poderá fazê-lo
do registro da sociedade para designado no contrato social, quando:

211
I – a sociedade houver sido pror- Art. 1.048. Somente após deste Capítulo, pelas normas
rogada tacitamente; averbada a modificação do con- da sociedade simples.
II – tendo ocorrido prorrogação trato, produz efeito, quanto a
Parágrafo único. O contrato social
contratual, for acolhida judi- terceiros, a diminuição da quota
poderá prever a regência suple-
cialmente oposição do credor, do comanditário, em consequ- tiva da sociedade limitada pelas
levantada no prazo de noventa ência de ter sido reduzido o ca- normas da sociedade anônima.
dias, contado da publicação do pital social, sempre sem prejuízo
ato dilatório. dos credores preexistentes. Art. 1.054. O contrato men-
cionará, no que couber, as in-
Art. 1.044. A sociedade se Art. 1.049. O sócio co- dicações do art. 997, e, se for o
dissolve de pleno direito por manditário não é obrigado à caso, a firma social.
qualquer das causas enumera- reposição de lucros recebidos
das no art. 1.033 e, se empre- de boa-fé e de acordo com o
balanço. Seção II – Das Quotas
sária, também pela declaração
da falência. Parágrafo único. Diminuído o Art. 1.055. O capital social
capital social por perdas su- divide-se em quotas, iguais ou
Capítulo III – Da pervenientes, não pode o co- desiguais, cabendo uma ou di-
Sociedade em Comandita manditário receber quaisquer versas a cada sócio.
Simples lucros, antes de reintegrado § 1o Pela exata estimação de
aquele. bens conferidos ao capital so-
Art. 1.045. Na sociedade em cial respondem solidariamente
comandita simples tomam par- Ar t. 1.050. No caso de todos os sócios, até o prazo de
te sócios de duas categorias: os morte de sócio comanditário, cinco anos da data do registro
comanditados, pessoas físicas, a sociedade, salvo disposição da sociedade.
responsáveis solidária e ilimi- do contrato, continuará com os
§ 2o É vedada contribuição
tadamente pelas obrigações seus sucessores, que designarão que consista em prestação de
sociais; e os comanditários, quem os represente. serviços.
obrigados somente pelo valor
Art. 1.051. Dissolve-se de Art. 1.056. A quota é indi-
de sua quota.
pleno direito a sociedade: visível em relação à sociedade,
Parágrafo único. O contrato deve
I – por qualquer das causas pre- salvo para efeito de transferên-
discriminar os comanditados e
vistas no art. 1.044; cia, caso em que se observará
os comanditários. o disposto no artigo seguinte.
II – quando por mais de cento
Art. 1.046. Aplicam-se à e oitenta dias perdurar a falta § 1o No caso de condomínio de
sociedade em comandita sim- de uma das categorias de sócio. quota, os direitos a ela inerentes
ples as normas da sociedade somente podem ser exercidos
em nome coletivo, no que fo- Parágrafo único. Na falta de sócio pelo condômino representante,
rem compatíveis com as deste comanditado, os comanditários ou pelo inventariante do espólio
Capítulo. nomearão administrador pro- de sócio falecido.
visório para praticar, durante
Parágrafo único. Aos comandita- § 2o Sem prejuízo do disposto
o período referido no inciso II no art. 1.052, os condôminos
dos cabem os mesmos direitos e e sem assumir a condição de de quota indivisa respondem
obrigações dos sócios da socie- sócio, os atos de administração. solidariamente pelas prestações
dade em nome coletivo.
necessárias à sua integralização.
Art. 1.047. Sem prejuízo
Capítulo IV – Da
Sociedade Limitada Art. 1.057. Na omissão do
da faculdade de participar das contrato, o sócio pode ceder
deliberações da sociedade e de sua quota, total ou parcialmen-
lhe fiscalizar as operações, não Seção I – Disposições te, a quem seja sócio, indepen-
pode o comanditário praticar Preliminares dentemente de audiência dos
qualquer ato de gestão, nem ter outros, ou a estranho, se não
o nome na firma social, sob pena Art. 1.052. Na sociedade houver oposição de titulares de
de ficar sujeito às responsabi- limitada, a responsabilidade mais de um quarto do capital
lidades de sócio comanditado. de cada sócio é restrita ao va- social.
lor de suas quotas, mas todos
Parágrafo único. Pode o coman- Parágrafo único. A cessão terá efi-
respondem solidariamente pela
ditário ser constituído procura- cácia quanto à sociedade e ter-
integralização do capital social.
dor da sociedade, para negócio ceiros, inclusive para os fins do
determinado e com poderes Art. 1.053. A sociedade li- parágrafo único do art. 1.003,
especiais. mitada rege-se, nas omissões a par tir da averbação do

212
respectivo instrumento, subs- nome, nacionalidade, estado § 1o Não podem fazer parte
crito pelos sócios anuentes. civil, residência, com exibição do conselho f iscal, além dos
de documento de identidade, inelegíveis enumerados no § 1o
Art. 1.058. Não integraliza- o ato e a data da nomeação e do art. 1.011, os membros dos
da a quota de sócio remisso, os o prazo de gestão. demais órgãos da sociedade ou
outros sócios podem, sem pre- de outra por ela controlada, os
juízo do disposto no art. 1.004 Art. 1.063. O exercício do empregados de quaisquer delas
e seu parágrafo único, tomá-la cargo de administrador cessa ou dos respectivos administra-
para si ou transferi-la a tercei- pela destituição, em qualquer dores, o cônjuge ou parente
ros, excluindo o primitivo ti- tempo, do titular, ou pelo tér- destes até o terceiro grau.
tular e devolvendo-lhe o que mino do prazo se, f ixado no
houver pago, deduzidos os contrato ou em ato separado, § 2o É assegurado aos sócios
juros da mora, as prestações não houver recondução. minoritários, que represen-
estabelecidas no contrato mais tarem pelo menos um quinto
§ 1o Tratando-se de sócio no- do capital social, o direito de
as despesas. meado administrador no con- eleger, separadamente, um dos
Art. 1.059. Os sócios serão trato, sua destituição somente membros do conselho fiscal e o
obrigados à reposição dos lu- se opera pela aprovação de titu- respectivo suplente.
cros e das quantias retiradas, a lares de quotas corresponden-
qualquer título, ainda que auto- tes, no mínimo, a dois terços do Art. 1.067. O membro ou
rizados pelo contrato, quando capital social, salvo disposição suplente eleito, assinando ter-
contratual diversa. mo de posse lavrado no livro de
tais lucros ou quantia se distri-
§ 2o A cessação do exercício do atas e pareceres do conselho fis-
buírem com prejuízo do capital.
cargo de administrador deve ser cal, em que se mencione o seu
averbada no registro competen- nome, nacionalidade, estado
Seção III – Da te, mediante requerimento apre- civil, residência e a data da es-
Administração sentado nos dez dias seguintes colha, ficará investido nas suas
ao da ocorrência. funções, que exercerá, salvo
Art. 1.060. A sociedade li- cessação anterior, até a subse-
mitada é administrada por uma § 3o A renúncia de administra- quente assembleia anual.
ou mais pessoas designadas no dor torna-se eficaz, em relação
à sociedade, desde o momento Parágrafo único. Se o termo não
contrato social ou em ato se-
em que esta toma conhecimen- for assinado nos trinta dias se-
parado.
to da comunicação escrita do guintes ao da eleição, esta se
Parágrafo único. A administração renunciante; e, em relação a tornará sem efeito.
atribuída no contrato a todos os terceiros, após a averbação e Art. 1.068. A remuneração
sócios não se estende de pleno publicação. dos membros do conselho fiscal
direito aos que posteriormente
Art. 1.064. O uso da firma será fixada, anualmente, pela
adquiram essa qualidade.
ou denominação social é priva- assembleia dos sócios que os
Art. 1.061. A designação de tivo dos administradores que eleger.
administradores não sócios de- tenham os necessários poderes. Art. 1.069. Além de outras
penderá de aprovação da una- atribuições determinadas na
nimidade dos sócios, enquanto Art. 1.065. Ao término de
cada exercício social, proceder- lei ou no contrato social, aos
o capital não estiver integraliza- membros do conselho fiscal in-
do, e de 2/3 (dois terços), no -se-á à elaboração do inventá-
cumbem, individual ou conjun-
mínimo, após a integralização. rio, do balanço patrimonial e
tamente, os deveres seguintes:
do balanço de resultado eco-
Art. 1.062. O administrador nômico. I – examinar, pelo menos trimes-
designado em ato separado in- tralmente, os livros e papéis da
vestir-se-á no cargo mediante sociedade e o estado da caixa
termo de posse no livro de atas Seção IV – Do Conselho e da carteira, devendo os ad-
da administração. Fiscal ministradores ou liquidantes
§ 1o Se o termo não for assi- prestar-lhes as informações
Art. 1.066. Sem prejuízo
nado nos trinta dias seguintes solicitadas;
dos poderes da assembleia dos
à designação, esta se tornará sócios, pode o contrato insti- II – lavrar no livro de atas e
sem efeito. tuir conselho fiscal composto pareceres do conselho fiscal o
§ 2o Nos dez dias seguintes ao de três ou mais membros e res- resultado dos exames referidos
da investidura, deve o adminis- pectivos suplentes, sócios ou no inciso I deste artigo;
trador requerer seja averbada não, residentes no País, eleitos III – exarar no mesmo livro e
sua nomeação no registro com- na assembleia anual prevista no apresentar à assembleia anu-
petente, mencionando o seu art. 1.078. al dos sócios parecer sobre os

213
negócios e as operações sociais VI – a incorporação, a fusão e de mais de um quinto do capi-
do exercício em que servirem, a dissolução da sociedade, ou tal, quando não atendido, no
tomando por base o balanço a cessação do estado de liqui- prazo de oito dias, pedido de
patrimonial e o de resultado dação; convocação fundamentado,
econômico; VII – a nomeação e destituição com indicação das matérias a
IV – denunciar os erros, frau- dos liquidantes e o julgamento serem tratadas;
des ou crimes que descobrirem, das suas contas; II – pelo conselho fiscal, se hou-
sugerindo providências úteis à VIII – o pedido de concordata. ver, nos casos a que se refere o
sociedade; inciso V do art. 1.069.
V – convocar a assembleia dos Art. 1.072. As deliberações
dos sócios, obedecido o dispos- Art. 1.074. A assembleia dos
sócios se a diretoria retardar sócios instala-se com a presen-
por mais de trinta dias a sua to no art. 1.010, serão tomadas
em reunião ou em assembleia, ça, em primeira convocação,
convocação anual, ou sempre de titulares de no mínimo três
que ocorram motivos graves e conforme previsto no contrato
social, devendo ser convoca- quartos do capital social, e, em
urgentes; segunda, com qualquer número.
das pelos administradores nos
VI – praticar, durante o perío- casos previstos em lei ou no § 1o O sócio pode ser represen-
do da liquidação da sociedade, contrato. tado na assembleia por outro
os atos a que se refere este ar- sócio, ou por advogado, me-
tigo, tendo em vista as dispo- § 1o A deliberação em assem-
bleia será obrigatória se o núme- diante outorga de mandato com
sições especiais reguladoras da especificação dos atos autoriza-
liquidação. ro dos sócios for superior a dez.
dos, devendo o instrumento ser
§ 2o Dispensam-se as formali- levado a registro, juntamente
Art. 1.070. As atribuições e dades de convocação previstas
poderes conferidos pela lei ao com a ata.
no § 3o do art. 1.152, quando
conselho fiscal não podem ser todos os sócios comparecerem § 2o Nenhum sócio, por si ou
outorgados a outro órgão da ou se declararem, por escrito, na condição de mandatário,
sociedade, e a responsabilida- cientes do local, data, hora e pode votar matéria que lhe diga
de de seus membros obedece à ordem do dia. respeito diretamente.
regra que define a dos adminis-
tradores (art. 1.016). § 3o A reunião ou a assembleia Art. 1.075. A assembleia
tornam-se dispensáveis quando será presidida e secretariada
Parágrafo único. O conselho fiscal todos os sócios decidirem, por por sócios escolhidos entre os
poderá escolher para assisti-lo escrito, sobre a matéria que se- presentes.
no exame dos livros, dos balan- ria objeto delas. § 1o Dos trabalhos e delibera-
ços e das contas, contabilista § 4o No caso do inciso VIII do ções será lavrada, no livro de
legalmente habilitado, mediante artigo antecedente, os adminis- atas da assembleia, ata assi-
remuneração aprovada pela as- tradores, se houver urgência e nada pelos membros da mesa
sembleia dos sócios. com autorização de titulares e por sócios participantes da
de mais da metade do capital reunião, quantos bastem à va-
Seção V – Das Deliberações social, podem requerer concor- lidade das deliberações, mas
dos Sócios data preventiva. sem prejuízo dos que queiram
§ 5o As deliberações tomadas assiná-la.
Art. 1.071. Dependem da de conformidade com a lei e § 2o Cópia da ata autenticada
deliberação dos sócios, além o contrato vinculam todos os pelos administradores, ou pela
de outras matérias indicadas sócios, ainda que ausentes ou mesa, será, nos vinte dias subse-
na lei ou no contrato: dissidentes. quentes à reunião, apresentada
I – a aprovação das contas da § 6o Aplica-se às reuniões dos ao Registro Público de Empre-
administração; sócios, nos casos omissos no sas Mercantis para arquivamen-
II – a designação dos adminis- contrato, o disposto na presen- to e averbação.
tradores, quando feita em ato te Seção sobre a assembleia. § 3o Ao sócio, que a solicitar,
separado; será entregue cópia autenticada
Art. 1.073. A reunião ou a da ata.
III – a destituição dos adminis- assembleia podem também ser
tradores; convocadas: Art. 1.076. Ressalvado o dis-
IV – o modo de sua remunera- I – por sócio, quando os admi- posto no art. 1.061 e no § 1o do
ção, quando não estabelecido nistradores retardarem a con- art. 1.063, as deliberações dos
no contrato; vocação, por mais de sessenta sócios serão tomadas:
V – a modificação do contrato dias, nos casos previstos em lei I – pelos votos corresponden-
social; ou no contrato, ou por titulares tes, no mínimo, a três quartos

214
do capital social, nos casos do de resultado econômico, com a diminuição proporcional
previstos nos incisos V e VI do salvo erro, dolo ou simulação, do valor nominal das quotas,
art. 1.071; exonera de responsabilidade os tornando-se efetiva a partir da
II – pelos votos corresponden- membros da administração e, se averbação, no Registro Públi-
tes a mais de metade do capi- houver, os do conselho fiscal. co de Empresas Mercantis, da
tal social, nos casos previstos § 4o Extingue-se em dois anos ata da assembleia que a tenha
nos incisos II, III, IV e VIII do o direito de anular a aprovação aprovado.
art. 1.071; a que se refere o parágrafo an- Art. 1.084. No caso do inci-
III – pela maioria de votos dos tecedente. so II do art. 1.082, a redução do
presentes, nos demais casos Art. 1.079. Aplica-se às capital será feita restituindo-se
previstos na lei ou no contrato, reuniões dos sócios, nos casos parte do valor das quotas aos
se este não exigir maioria mais omissos no contrato, o estabe- sócios, ou dispensando-se as
elevada. lecido nesta Seção sobre a as- prestações ainda devidas, com
sembleia, obedecido o disposto diminuição proporcional, em
Art. 1.077. Quando houver
no § 1o do art. 1.072. ambos os casos, do valor no-
modificação do contrato, fusão
minal das quotas.
da sociedade, incorporação de Art. 1.080. As deliberações
outra, ou dela por outra, terá § 1o No prazo de noventa dias,
infringentes do contrato ou da
o sócio que dissentiu o direito contado da data da publica-
lei tornam ilimitada a responsa-
de retirar-se da sociedade, nos ção da ata da assembleia que
bilidade dos que expressamente
trinta dias subsequentes à reu- aprovar a redução, o credor
as aprovaram.
nião, aplicando-se, no silêncio quirografário, por título líqui-
do contrato social antes vigente, do anterior a essa data, poderá
o disposto no art. 1.031. Seção VI – Do Aumento e opor-se ao deliberado.
da Redução do Capital § 2o A redução somente se tor-
Art. 1.078. A assembleia dos
nará eficaz se, no prazo esta-
sócios deve realizar-se ao menos Art. 1.081. Ressalvado o belecido no parágrafo antece-
uma vez por ano, nos quatro disposto em lei especial, inte- dente, não for impugnada, ou se
meses seguintes à ao término gralizadas as quotas, pode ser provado o pagamento da dívida
do exercício social, com o ob- o capital aumentado, com a ou o depósito judicial do res-
jetivo de: correspondente modif icação pectivo valor.
I – tomar as contas dos admi- do contrato.
§ 3o Satisfeitas as condições
nistradores e deliberar sobre o § 1o Até trinta dias após a estabelecidas no parágrafo
balanço patrimonial e o de re- deliberação, terão os sócios antecedente, proceder-se-á à
sultado econômico; preferência para participar do averbação, no Registro Público
II – designar administradores, aumento, na proporção das de Empresas Mercantis, da ata
quando for o caso; quotas de que sejam titulares. que tenha aprovado a redução.
III – tratar de qualquer outro § 2o À cessão do direito de pre-
assunto constante da ordem ferência, aplica-se o disposto no
do dia. caput do art. 1.057. Seção VII – Da Resolução
§ 3 o Decorrido o prazo da
da Sociedade em Relação a
§ 1o Até trinta dias antes da Sócios Minoritários
data marcada para a assem- preferência, e assumida pelos
bleia, os documentos referidos sócios, ou por terceiros, a to- Art. 1.085. Ressalvado o dis-
no inciso I deste artigo devem talidade do aumento, haverá posto no art. 1.030, quando a
ser postos, por escrito, e com a reunião ou assembleia dos só- maioria dos sócios, representa-
prova do respectivo recebimen- cios, para que seja aprovada a tiva de mais da metade do capi-
to, à disposição dos sócios que modificação do contrato. tal social, entender que um ou
não exerçam a administração. Art. 1.082. Pode a socieda- mais sócios estão pondo em ris-
§ 2o Instalada a assembleia, de reduzir o capital, mediante co a continuidade da empresa,
proceder-se-á à leitura dos do- a correspondente modificação em virtude de atos de inegável
cumentos referidos no parágra- do contrato: gravidade, poderá excluí-los da
fo antecedente, os quais serão sociedade, mediante alteração
I – depois de integralizado, se
submetidos, pelo presidente, do contrato social, desde que
houver perdas irreparáveis;
a discussão e votação, nesta prevista neste a exclusão por
não podendo tomar parte os II – se excessivo em relação ao justa causa.
membros da administração e, objeto da sociedade.
Parágrafo único. A exclusão so-
se houver, os do conselho fiscal. Art. 1.083. No caso do inci- mente poderá ser determina-
§ 3o A aprovação, sem reser- so I do artigo antecedente, a re- da em reunião ou assembleia
va, do balanço patrimonial e dução do capital será realizada especialmente convocada para

215
esse fim, ciente o acusado em § 2o Os diretores serão nome- valor das operações efetuadas
tempo hábil para permitir seu ados no ato constitutivo da pelo sócio com a sociedade, po-
comparecimento e o exercício sociedade, sem limitação de dendo ser atribuído juro fixo ao
do direito de defesa. tempo, e somente poderão ser capital realizado;
destituídos por deliberação de VIII – indivisibilidade do fundo
Art. 1.086. Efetuado o re- acionistas que representem no
gistro da alteração contratu- de reserva entre os sócios, ainda
mínimo dois terços do capital que em caso de dissolução da
al, aplicar-se-á o disposto nos social.
arts. 1.031 e 1.032. sociedade.
§ 3o O diretor destituído ou
exonerado continua, durante Art. 1.095. Na sociedade co-
Seção VIII – Da Dissolução dois anos, responsável pelas operativa, a responsabilidade
obrigações sociais contraídas dos sócios pode ser limitada ou
Art. 1.087. A sociedade dis- sob sua administração. ilimitada.
solve-se, de pleno direito, por § 1o É limitada a responsabili-
qualquer das causas previstas Art. 1.092. A assembleia
dade na cooperativa em que o
no art. 1.044. geral não pode, sem o consen-
sócio responde somente pelo
timento dos diretores, mudar o
valor de suas quotas e pelo pre-
Capítulo V – Da Sociedade objeto essencial da sociedade,
juízo verificado nas operações
Anônima prorrogar-lhe o prazo de dura-
sociais, guardada a proporção
ção, aumentar ou diminuir o ca-
de sua participação nas mesmas
pital social, criar debêntures, ou
Seção Única – Da operações.
partes beneficiárias.
Caracterização § 2o É ilimitada a responsabi-
Capítulo VII – Da lidade na cooperativa em que
Art. 1.088. Na socieda- Sociedade Cooperativa o sócio responde solidária e ili-
de anônima ou companhia, mitadamente pelas obrigações
o capital divide-se em ações, Art. 1.093. A sociedade sociais.
obrigando-se cada sócio ou cooperativa reger-se-á pelo
acionista somente pelo preço disposto no presente Capítulo, Art. 1.096. No que a lei for
de emissão das ações que subs- ressalvada a legislação especial. omissa, aplicam-se as dispo-
crever ou adquirir. sições referentes à sociedade
Art. 1.094. São característi- simples, resguardadas as ca-
Art. 1.089. A sociedade cas da sociedade cooperativa: racterísticas estabelecidas no
anônima rege-se por lei es- I – variabilidade, ou dispensa do art. 1.094.
pecial, aplicando-se-lhe, nos capital social;
casos omissos, as disposições
II – concurso de sócios em nú- Capítulo VIII – Das
deste Código. Sociedades Coligadas
mero mínimo necessário a com-
Capítulo VI – Da por a administração da socie- Art. 1.097. Consideram-se
dade, sem limitação de número
Sociedade em Comandita por máximo;
coligadas as sociedades que,
Ações em suas relações de capital,
III – limitação do valor da soma são controladas, filiadas, ou de
Art. 1.090. A sociedade em de quotas do capital social que simples participação, na forma
comandita por ações tem o ca- cada sócio poderá tomar; dos artigos seguintes.
pital dividido em ações, regen- IV – intransferibilidade das
do-se pelas normas relativas à Art. 1.098. É controlada:
quotas do capital a terceiros
sociedade anônima, sem preju- estranhos à sociedade, ainda I – a sociedade de cujo capital
ízo das modificações constan- que por herança; outra sociedade possua a maio-
tes deste Capítulo, e opera sob V – quorum, para a assembleia ria dos votos nas deliberações
firma ou denominação. geral funcionar e deliberar, dos quotistas ou da assembleia
fundado no número de sócios geral e o poder de eleger a maio-
Art. 1.091. Somente o acio- ria dos administradores;
nista tem qualidade para ad- presentes à reunião, e não no
ministrar a sociedade e, como capital social representado; II – a sociedade cujo controle,
diretor, responde subsidiária e VI – direito de cada sócio a um referido no inciso antecedente,
ilimitadamente pelas obriga- só voto nas deliberações, tenha esteja em poder de outra, me-
ções da sociedade. ou não capital a sociedade, e diante ações ou quotas possu-
qualquer que seja o valor de sua ídas por sociedades ou socie-
§ 1o Se houver mais de um di- dades por esta já controladas.
retor, serão solidariamente res- participação;
ponsáveis, depois de esgotados VII – distribuição dos resulta- Art. 1.099. Diz-se coligada
os bens sociais. dos, proporcionalmente ao ou filiada a sociedade de cujo

216
capital outra sociedade par- do balanço geral do ativo e do ou imóveis, transigir, receber e
ticipa com dez por cento ou passivo; dar quitação.
mais, do capital da outra, sem IV – ultimar os negócios da so- Parágrafo único. Sem estar ex-
controlá-la. ciedade, realizar o ativo, pagar pressamente autorizado pelo
Art. 1.100. É de simples par- o passivo e partilhar o rema- contrato social, ou pelo voto da
ticipação a sociedade de cujo nescente entre os sócios ou maioria dos sócios, não pode o
capital outra sociedade possua acionistas; liquidante gravar de ônus reais
menos de dez por cento do ca- V – exigir dos quotistas, quando os móveis e imóveis, contrair
pital com direito de voto. insuficiente o ativo à solução do empréstimos, salvo quando
passivo, a integralização de suas indispensáveis ao pagamento
Art. 1.101. Salvo disposição quotas e, se for o caso, as quan- de obrigações inadiáveis, nem
especial de lei, a sociedade não tias necessárias, nos limites da prosseguir, embora para faci-
pode participar de outra, que responsabilidade de cada um litar a liquidação, na atividade
seja sua sócia, por montante su- e proporcionalmente à respec- social.
perior, segundo o balanço, ao tiva participação nas perdas,
das próprias reservas, excluída repartindo-se, entre os sócios Art. 1.106. Respeitados os
a reserva legal. solventes e na mesma propor- direitos dos credores prefe-
ção, o devido pelo insolvente; renciais, pagará o liquidante
Parágrafo único. Aprovado o ba- as dívidas sociais proporcio-
lanço em que se verifique ter VI – convocar assembleia dos nalmente, sem distinção entre
sido excedido esse limite, a so- quotistas, cada seis meses, vencidas e vincendas, mas, em
ciedade não poderá exercer o di- para apresentar relatório e ba- relação a estas, com desconto.
reito de voto correspondente às lanço do estado da liquidação,
prestando conta dos atos pra- Parágrafo único. Se o ativo for su-
ações ou quotas em excesso, as perior ao passivo, pode o liqui-
quais devem ser alienadas nos ticados durante o semestre, ou
sempre que necessário; dante, sob sua responsabilidade
cento e oitenta dias seguintes pessoal, pagar integralmente as
àquela aprovação. VII – confessar a falência da dívidas vencidas.
sociedade e pedir concordata,
Capítulo IX – Da de acordo com as formalidades Art. 1.107. Os sócios po-
Liquidação da Sociedade prescritas para o tipo de socie- dem resolver, por maioria de
dade liquidanda; votos, antes de ultimada a li-
Art. 1.102. Dissolvida a quidação, mas depois de pagos
VIII – finda a liquidação, apre-
sociedade e nomeado o liqui- os credores, que o liquidante
sentar aos sócios o relatório
dante na forma do disposto da liquidação e as suas contas faça rateios por antecipação da
neste Livro, procede-se à sua finais; partilha, à medida em que se
liquidação, de conformidade apurem os haveres sociais.
com os preceitos deste Capítu- IX – averbar a ata da reunião
lo, ressalvado o disposto no ato ou da assembleia, ou o instru- Art. 1.108. Pago o passivo
constitutivo ou no instrumento mento f irmado pelos sócios, e partilhado o remanescente,
da dissolução. que considerar encerrada a li- convocará o liquidante assem-
quidação. bleia dos sócios para a presta-
Parágrafo único. O liquidante, ção final de contas.
que não seja administrador da Parágrafo único. Em todos os
atos, documentos ou publica- Art. 1.109. Aprovadas as
sociedade, investir-se-á nas fun-
ções, o liquidante empregará contas, encerra-se a liquidação,
ções, averbada a sua nomeação
a firma ou denominação social e a sociedade se extingue, ao ser
no registro próprio.
sempre seguida da cláusula “em averbada no registro próprio a
Art. 1.103. Constituem de- liquidação” e de sua assinatura ata da assembleia.
veres do liquidante: individual, com a declaração de
sua qualidade. Parágrafo único. O dissidente tem
I – averbar e publicar a ata, sen- o prazo de trinta dias, a contar
tença ou instrumento de disso- Art. 1.104. As obrigações e a da publicação da ata, devida-
lução da sociedade; responsabilidade do liquidante mente averbada, para promover
II – arrecadar os bens, livros e regem-se pelos preceitos pecu- a ação que couber.
documentos da sociedade, onde liares às dos administradores da
sociedade liquidanda. Art. 1.110. Encerrada a li-
quer que estejam; quidação, o credor não satis-
III – proceder, nos quinze dias Art. 1.105. Compete ao li- feito só terá direito a exigir dos
seguintes ao da sua investidura quidante representar a socie- sócios, individualmente, o pa-
e com a assistência, sempre que dade e praticar todos os atos gamento do seu crédito, até o
possível, dos administradores, necessários à sua liquidação, limite da soma por eles recebida
à elaboração do inventário e inclusive alienar bens móveis em partilha, e a propor contra

217
o liquidante ação de perdas e estabelecida para os respectivos patrimônio da sociedade de
danos. tipos. que façam parte.
Art. 1.111. No caso de liqui- Art. 1.117. A deliberação dos Art. 1.121. Constituída a
dação judicial, será observado o sócios da sociedade incorpora- nova sociedade, aos administra-
disposto na lei processual. da deverá aprovar as bases da dores incumbe fazer inscrever,
operação e o projeto de reforma no registro próprio da sede, os
Art. 1.112. No curso de li- atos relativos à fusão.
do ato constitutivo.
quidação judicial, o juiz convo-
cará, se necessário, reunião ou § 1o A sociedade que houver Art. 1.122. Até noventa dias
assembleia para deliberar sobre de ser incorporada tomará co- após publicados os atos relati-
os interesses da liquidação, e as nhecimento desse ato, e, se o vos à incorporação, fusão ou
presidirá, resolvendo sumaria- aprovar, autorizará os adminis- cisão, o credor anterior, por ela
mente as questões suscitadas. tradores a praticar o necessá- prejudicado, poderá promover
rio à incorporação, inclusive a judicialmente a anulação deles.
Parágrafo único. As atas das as- subscrição em bens pelo valor
sembleias serão, em cópia au- § 1o A consignação em paga-
da diferença que se verificar en- mento prejudicará a anulação
têntica, apensadas ao processo tre o ativo e o passivo.
judicial. pleiteada.
§ 2o A deliberação dos sócios § 2o Sendo ilíquida a dívida, a
Capítulo X – Da da sociedade incorporadora sociedade poderá garantir-lhe
compreenderá a nomeação dos
Transformação, da peritos para a avaliação do pa-
a execução, suspendendo-se o
Incorporação, da Fusão e da processo de anulação.
trimônio líquido da sociedade,
Cisão das Sociedades que tenha de ser incorporada. § 3o Ocorrendo, no prazo deste
artigo, a falência da sociedade
Art. 1.113. O ato de trans- Art. 1.118. Aprovados os incorporadora, da sociedade
formação independe de dissolu- atos da incorporação, a incor- nova ou da cindida, qualquer
ção ou liquidação da sociedade, poradora declarará extinta a credor anterior terá direito a
e obedecerá aos preceitos regu- incorporada, e promoverá a pedir a separação dos patri-
ladores da constituição e inscri- respectiva averbação no regis- mônios, para o fim de serem os
ção próprios do tipo em que vai tro próprio. créditos pagos pelos bens das
converter-se. respectivas massas.
Art. 1.119. A fusão determi-
Art. 1.114. A transformação na a extinção das sociedades
depende do consentimento de Capítulo XI – Da
que se unem, para formar socie-
todos os sócios, salvo se previs- dade nova, que a elas sucederá
Sociedade Dependente de
ta no ato constitutivo, caso em nos direitos e obrigações. Autorização
que o dissidente poderá retirar-
-se da sociedade, aplicando-se, Art. 1.120. A fusão será de-
cidida, na forma estabelecida Seção I – Disposições Gerais
no silêncio do estatuto ou do
contrato social, o disposto no para os respectivos tipos, pe- Art. 1.123. A sociedade que
art. 1.031. las sociedades que pretendam dependa de autorização do
unir-se. Poder Executivo para funcio-
Art. 1.115. A transformação
§ 1o Em reunião ou assembleia nar reger-se-á por este título,
não modificará nem prejudica-
dos sócios de cada sociedade, sem prejuízo do disposto em
rá, em qualquer caso, os direi-
deliberada a fusão e aprovado lei especial.
tos dos credores.
o projeto do ato constitutivo
da nova sociedade, bem como Parágrafo único. A competência
Parágrafo único. A falência da so-
para a autorização será sempre
ciedade transformada somente o plano de distribuição do ca-
do Poder Executivo federal.
produzirá efeitos em relação aos pital social, serão nomeados
sócios que, no tipo anterior, a os peritos para a avaliação do Art. 1.124. Na falta de prazo
eles estariam sujeitos, se o pe- patrimônio da sociedade. estipulado em lei ou em ato do
direm os titulares de créditos § 2o Apresentados os laudos, poder público, será considerada
anteriores à transformação, e os administradores convocarão caduca a autorização se a socie-
somente a estes beneficiará. reunião ou assembleia dos só- dade não entrar em funciona-
cios para tomar conhecimento mento nos doze meses seguintes
Art. 1.116. Na incorpora-
deles, decidindo sobre a cons- à respectiva publicação.
ção, uma ou várias socieda-
des são absorvidas por outra, tituição definitiva da nova so- Art. 1.125. Ao Poder Exe-
que lhes sucede em todos os ciedade. cutivo é facultado, a qualquer
direitos e obrigações, deven- § 3o É vedado aos sócios vo- tempo, cassar a autorização
do todas aprová-la, na forma tar o laudo de avaliação do concedida a sociedade nacional

218
ou estrangeira que infringir dis- econômicas, f inanceiras ou § 1o Ao requerimento de auto-
posição de ordem pública ou jurídicas especificadas em lei. rização devem juntar-se:
praticar atos contrários aos fins I – prova de se achar a socieda-
declarados no seu estatuto. Art. 1.131. Expedido o de-
creto de autorização, cumprirá de constituída conforme a lei
à sociedade publicar os atos re- de seu país;
Seção II – Da Sociedade feridos nos arts. 1.128 e 1.129, II – inteiro teor do contrato ou
Nacional em trinta dias, no órgão oficial do estatuto;
da União, cujo exemplar repre- III – relação dos membros de
Art. 1.126. É nacional a sentará prova para inscrição, todos os órgãos da administra-
sociedade organizada de con- no registro próprio, dos atos ção da sociedade, com nome,
formidade com a lei brasileira constitutivos da sociedade. nacionalidade, profissão, do-
e que tenha no País a sede de
micílio e, salvo quanto a ações
sua administração. Parágrafo único. A sociedade
ao portador, o valor da parti-
promoverá, também no órgão
Parágrafo único. Quando a lei exi- cipação de cada um no capital
oficial da União e no prazo de
gir que todos ou alguns sócios da sociedade;
trinta dias, a publicação do ter-
sejam brasileiros, as ações da mo de inscrição. IV – cópia do ato que autorizou
sociedade anônima revestirão, o funcionamento no Brasil e fi-
no silêncio da lei, a forma no- Art. 1.132. As sociedades xou o capital destinado às ope-
minativa. Qualquer que seja o anônimas nacionais, que depen- rações no território nacional;
tipo da sociedade, na sua sede dam de autorização do Poder V – prova de nomeação do
ficará arquivada cópia autêntica Executivo para funcionar, não representante no Brasil, com
do documento comprobatório se constituirão sem obtê-la, poderes expressos para aceitar
da nacionalidade dos sócios. quando seus fundadores pre- as condições exigidas para a
tenderem recorrer a subscrição autorização;
Art. 1.127. Não haverá mu-
pública para a formação do ca-
dança de nacionalidade de VI – último balanço.
pital.
sociedade brasileira sem o con- § 2o Os documentos serão au-
sentimento unânime dos sócios § 1o Os fundadores deverão
juntar ao requerimento cópias tenticados, de conformidade
ou acionistas. com a lei nacional da sociedade
autênticas do projeto do esta-
Art. 1.128. O requerimento tuto e do prospecto. requerente, legalizados no con-
de autorização de sociedade na- sulado brasileiro da respectiva
cional deve ser acompanhado § 2o Obtida a autorização e sede e acompanhados de tra-
de cópia do contrato, assinada constituída a sociedade, pro- dução em vernáculo.
por todos os sócios, ou, tratan- ceder-se-á à inscrição dos seus
atos constitutivos. Art. 1.135. É facultado ao
do-se de sociedade anônima, de Poder Executivo, para conce-
cópia, autenticada pelos funda- Art. 1.133. Dependem de der a autorização, estabelecer
dores, dos documentos exigidos aprovação as modificações do condições convenientes à defesa
pela lei especial. contrato ou do estatuto de so- dos interesses nacionais.
Parágrafo único. Se a sociedade ciedade sujeita a autorização
do Poder Executivo, salvo se de- Parágrafo único. Aceitas as con-
tiver sido constituída por escri- dições, expedirá o Poder Exe-
tura pública, bastará juntar-se correrem de aumento do capital
social, em virtude de utilização cutivo decreto de autorização,
ao requerimento a respectiva do qual constará o montante de
certidão. de reservas ou reavaliação do
ativo. capital destinado às operações
Art. 1.129. Ao Poder Exe- no País, cabendo à sociedade
cutivo é facultado exigir que promover a publicação dos atos
se procedam a alterações ou Seção III – Da Sociedade referidos no art. 1.131 e no § 1o
aditamento no contrato ou no Estrangeira do art. 1.134.
estatuto, devendo os sócios, ou, Art. 1.136. A sociedade au-
Art. 1.134. A sociedade es-
tratando-se de sociedade anôni- torizada não pode iniciar sua
trangeira, qualquer que seja o
ma, os fundadores, cumprir as atividade antes de inscrita no
seu objeto, não pode, sem auto-
formalidades legais para revisão registro próprio do lugar em que
rização do Poder Executivo, fun-
dos atos constitutivos, e juntar se deva estabelecer.
cionar no País, ainda que por
ao processo prova regular.
estabelecimentos subordinados, § 1o O requerimento de inscri-
Art. 1.130. Ao Poder Exe- podendo, todavia, ressalvados ção será instruído com exem-
cutivo é facultado recusar a os casos expressos em lei, ser plar da publicação exigida no
autorização, se a socieda- acionista de sociedade anônima parágrafo único do artigo an-
de não atender às condições brasileira. tecedente, acompanhado de

219
documento do depósito em Art. 1.140. A sociedade es- Art. 1.143. Pode o estabele-
dinheiro, em estabelecimento trangeira deve, sob pena de lhe cimento ser objeto unitário de
bancário oficial, do capital ali ser cassada a autorização, repro- direitos e de negócios jurídicos,
mencionado. duzir no órgão oficial da União, translativos ou constitutivos,
§ 2o Arquivados esses docu- e do Estado, se for o caso, as que sejam compatíveis com a
mentos, a inscrição será feita publicações que, segundo a sua sua natureza.
lei nacional, seja obrigada a fazer
por termo em livro especial Art. 1.144. O contrato que
relativamente ao balanço patri-
para as sociedades estrangeiras, tenha por objeto a alienação,
monial e ao de resultado econô-
com número de ordem contí- o usufruto ou arrendamento
mico, bem como aos atos de sua
nuo para todas as sociedades administração. do estabelecimento, só produ-
inscritas; no termo constarão: zirá efeitos quanto a terceiros
I – nome, objeto, duração e sede Parágrafo único. Sob pena, tam- depois de averbado à margem
da sociedade no estrangeiro; bém, de lhe ser cassada a auto- da inscrição do empresário, ou
rização, a sociedade estrangeira da sociedade empresária, no
II – lugar da sucursal, filial ou deverá publicar o balanço pa- Registro Público de Empresas
agência, no País; trimonial e o de resultado eco- Mercantis, e de publicado na
III – data e número do decreto nômico das sucursais, filiais ou imprensa oficial.
de autorização; agências existentes no País.
Art. 1.145. Se ao alienante
IV – capital destinado às opera- Art. 1.141. Mediante auto- não restarem bens suficientes
ções no País; rização do Poder Executivo, a para solver o seu passivo, a
V – individuação do seu repre- sociedade estrangeira admitida eficácia da alienação do esta-
sentante permanente. a funcionar no País pode nacio- belecimento depende do pa-
nalizar-se, transferindo sua sede gamento de todos os credores,
§ 3o Inscrita a sociedade, pro-
para o Brasil. ou do consentimento destes,
mover-se-á a publicação deter-
§ 1o Para o fim previsto neste de modo expresso ou tácito,
minada no parágrafo único do
artigo, deverá a sociedade, por em trinta dias a partir de sua
art. 1.131. notificação.
seus representantes, oferecer,
Art. 1.137. A sociedade es- com o requerimento, os docu- Art. 1.146. O adquirente do
trangeira autorizada a funcio- mentos exigidos no art. 1.134, e estabelecimento responde pelo
nar ficará sujeita às leis e aos ainda a prova da realização do pagamento dos débitos anterio-
tribunais brasileiros, quanto aos capital, pela forma declarada res à transferência, desde que
atos ou operações praticados no contrato, ou no estatuto, e regularmente contabilizados,
no Brasil. do ato em que foi deliberada a continuando o devedor primi-
nacionalização. tivo solidariamente obrigado
Parágrafo único. A sociedade es-
trangeira funcionará no terri- § 2o O Poder Executivo poderá pelo prazo de um ano, a partir,
tório nacional com o nome que impor as condições que julgar quanto aos créditos vencidos,
tiver em seu país de origem, po- convenientes à defesa dos inte- da publicação, e, quanto aos
resses nacionais. outros, da data do vencimento.
dendo acrescentar as palavras
“do Brasil” ou “para o Brasil”. § 3o Aceitas as condições pelo Art. 1.147. Não havendo au-
representante, proceder-se-á, torização expressa, o alienante
Art. 1.138. A sociedade após a expedição do decreto do estabelecimento não pode
estrangeira autorizada a fun- de autorização, à inscrição da fazer concorrência ao adquiren-
cionar é obrigada a ter, perma- sociedade e publicação do res- te, nos cinco anos subsequentes
nentemente, representante no pectivo termo. à transferência.
Brasil, com poderes para resol-
ver quaisquer questões e receber Parágrafo único. No caso de ar-
citação judicial pela sociedade. rendamento ou usufruto do
Título III – Do estabelecimento, a proibição
Parágrafo único. O representan- Estabelecimento prevista neste artigo persistirá
te somente pode agir perante durante o prazo do contrato.
terceiros depois de arquivado e
averbado o instrumento de sua Capítulo Único – Art. 1.148. Salvo disposição
nomeação. Disposições Gerais em contrário, a transferência
impor ta a sub-rogação do
Art. 1.139. Qualquer modifi- Art. 1.142. Considera-se es- adquirente nos contratos es-
cação no contrato ou no estatu- tabelecimento todo complexo tipulados para exploração do
to dependerá da aprovação do de bens organizado, para exercí- estabelecimento, se não tive-
Poder Executivo, para produzir cio da empresa, por empresário, rem caráter pessoal, podendo
efeitos no território nacional. ou por sociedade empresária. os terceiros rescindir o contrato

220
em noventa dias a contar da determinadas em lei, de acordo conformidade com este Capítu-
publicação da transferência, se com o disposto nos parágrafos lo, para o exercício de empresa.
ocorrer justa causa, ressalvada, deste artigo.
neste caso, a responsabilidade Parágrafo único. Equipara-se ao
§ 1o Salvo exceção expressa, nome empresarial, para os
do alienante. as publicações ordenadas nes- efeitos da proteção da lei, a de-
Art. 1.149. A cessão dos te Livro serão feitas no órgão nominação das sociedades sim-
créditos referentes ao esta- oficial da União ou do Estado, ples, associações e fundações.
belecimento transferido pro- conforme o local da sede do
duzirá efeito em relação aos empresário ou da sociedade, e Art. 1.156. O empresário
respectivos devedores, desde em jornal de grande circulação. opera sob firma constituída por
o momento da publicação da § 2o As publicações das socie- seu nome, completo ou abre-
transferência, mas o devedor dades estrangeiras serão feitas viado, aditando-lhe, se quiser,
ficará exonerado se de boa-fé nos órgãos oficiais da União e designação mais precisa da sua
pagar ao cedente. do Estado onde tiverem sucur- pessoa ou do gênero de ativi-
sais, filiais ou agências. dade.
§ 3o O anúncio de convocação Art. 1.157. A sociedade em
Título IV – da assembleia de sócios será que houver sócios de respon-
Dos Institutos publicado por três vezes, ao sabilidade ilimitada operará
Complementares menos, devendo mediar, entre sob firma, na qual somente os
a data da primeira inserção e a nomes daqueles poderão figu-
da realização da assembleia, o rar, bastando para formá-la
Capítulo I – Do Registro prazo mínimo de oito dias, para aditar ao nome de um deles a
a primeira convocação, e de cin- expressão “e companhia” ou sua
Art. 1.150. O empresário e co dias, para as posteriores. abreviatura.
a sociedade empresária vincu-
lam-se ao Registro Público de Art. 1.153. Cumpre à auto- Parágrafo único. Ficam solidária
Empresas Mercantis a cargo das ridade competente, antes de e ilimitadamente responsáveis
Juntas Comerciais, e a socieda- efetivar o registro, verificar a pelas obrigações contraídas sob
de simples ao Registro Civil das autenticidade e a legitimidade a firma social aqueles que, por
Pessoas Jurídicas, o qual deve- do signatário do requerimen- seus nomes, figurarem na firma
rá obedecer às normas fixadas to, bem como fiscalizar a ob- da sociedade de que trata este
para aquele registro, se a so- servância das prescrições legais artigo.
ciedade simples adotar um dos concernentes ao ato ou aos do-
tipos de sociedade empresária. cumentos apresentados. Art. 1.158. Pode a socie-
dade limitada adotar firma ou
Art. 1.151. O registro dos Parágrafo único. Das irregularida- denominação, integradas pela
atos sujeitos à formalidade exi- des encontradas deve ser noti- palavra final “limitada” ou a sua
gida no artigo antecedente será ficado o requerente, que, se for abreviatura.
requerido pela pessoa obrigada o caso, poderá saná-las, obede-
em lei, e, no caso de omissão ou § 1o A f irma será composta
cendo às formalidades da lei.
demora, pelo sócio ou qualquer com o nome de um ou mais só-
interessado. Art. 1.154. O ato sujeito a cios, desde que pessoas físicas,
registro, ressalvadas disposições de modo indicativo da relação
§ 1o Os documentos neces-
sários ao registro deverão ser especiais da lei, não pode, antes social.
apresentados no prazo de trinta do cumprimento das respecti- § 2o A denominação deve de-
dias, contado da lavratura dos vas formalidades, ser oposto a signar o objeto da sociedade,
atos respectivos. terceiro, salvo prova de que este sendo permitido nela figurar o
o conhecia. nome de um ou mais sócios.
§ 2o Requerido além do prazo
previsto neste artigo, o registro Parágrafo único. O terceiro não § 3o A omissão da palavra “li-
somente produzirá efeito a par- pode alegar ignorância, desde mitada” determina a respon-
tir da data de sua concessão. que cumpridas as referidas for- sabilidade solidária e ilimitada
§ 3o As pessoas obrigadas a re- malidades. dos administradores que assim
querer o registro responderão empregarem a firma ou a deno-
por perdas e danos, em caso de Capítulo II – Do Nome minação da sociedade.
omissão ou demora. Empresarial
Art. 1.159. A sociedade coo-
Art. 1.152. Cabe ao órgão Art. 1.155. Considera-se perativa funciona sob denomi-
incumbido do registro verificar nome empresarial a firma ou nação integrada pelo vocábulo
a regularidade das publicações a denominação adotada, de “cooperativa”.

221
Art. 1.160. A sociedade Art. 1.167. Cabe ao prejudi- Parágrafo único. Na falta de esti-
anônima opera sob denomi- cado, a qualquer tempo, ação pulação diversa, consideram-se
nação designativa do objeto para anular a inscrição do nome solidários os poderes conferidos
social, integrada pelas expres- empresarial feita com violação a dois ou mais gerentes.
sões “sociedade anônima” ou da lei ou do contrato.
“companhia”, por extenso ou Art. 1.174. As limitações
Art. 1.168. A inscrição do contidas na outorga de poderes,
abreviadamente.
nome empresarial será cancela- para serem opostas a terceiros,
Parágrafo único. Pode constar da, a requerimento de qualquer dependem do arquivamento e
da denominação o nome do interessado, quando cessar o averbação do instrumento no
fundador, acionista, ou pessoa exercício da atividade para que Registro Público de Empresas
que haja concorrido para o bom foi adotado, ou quando ulti- Mercantis, salvo se provado se-
êxito da formação da empresa. mar-se a liquidação da socie- rem conhecidas da pessoa que
dade que o inscreveu. tratou com o gerente.
Art. 1.161. A sociedade em
comandita por ações pode, em Capítulo III – Dos Parágrafo único. Para o mesmo
lugar de firma, adotar denomi- Prepostos efeito e com idêntica ressalva,
nação designativa do objeto deve a modificação ou revoga-
social, aditada da expressão ção do mandato ser arquivada
“comandita por ações”. Seção I – Disposições Gerais e averbada no Registro Público
Art. 1.162. A sociedade em Art. 1.169. O preposto não de Empresas Mercantis.
conta de participação não pode pode, sem autorização escrita, Art. 1.175. O preponente
ter firma ou denominação. fazer-se substituir no desempe- responde com o gerente pelos
Art. 1.163. O nome de em- nho da preposição, sob pena de atos que este pratique em seu
presário deve distinguir-se de responder pessoalmente pelos próprio nome, mas à conta
qualquer outro já inscrito no atos do substituto e pelas obri- daquele.
mesmo registro. gações por ele contraídas.
Art. 1.176. O gerente pode
Parágrafo único. Se o empresário Art. 1.170. O preposto, sal- estar em juízo em nome do
tiver nome idêntico ao de outros vo autorização expressa, não preponente, pelas obrigações
já inscritos, deverá acrescentar pode negociar por conta pró- resultantes do exercício da sua
designação que o distinga. pria ou de terceiro, nem parti- função.
cipar, embora indiretamente, de
Art. 1.164. O nome empre- operação do mesmo gênero da
sarial não pode ser objeto de que lhe foi cometida, sob pena Seção III – Do Contabilista
alienação. de responder por perdas e da- e Outros Auxiliares
nos e de serem retidos pelo pre-
Parágrafo único. O adquirente de ponente os lucros da operação. Art. 1.177. Os assentos lan-
estabelecimento, por ato entre çados nos livros ou fichas do
vivos, pode, se o contrato o per- Art. 1.171. Considera-se per- preponente, por qualquer dos
mitir, usar o nome do alienante, feita a entrega de papéis, bens prepostos encarregados de sua
precedido do seu próprio, com ou valores ao preposto, encar- escrituração, produzem, salvo
a qualificação de sucessor. regado pelo preponente, se os se houver procedido de má-fé,
recebeu sem protesto, salvo nos os mesmos efeitos como se o
Art. 1.165. O nome de sócio casos em que haja prazo para
que vier a falecer, for excluído fossem por aquele.
reclamação.
ou se retirar, não pode ser con- Parágrafo único. No exercício de
servado na firma social. suas funções, os prepostos são
Seção II – Do Gerente pessoalmente responsáveis,
Art. 1.166. A inscrição do
empresário, ou dos atos cons- Art. 1.172. Considera-se ge- perante os preponentes, pelos
titutivos das pessoas jurídicas, rente o preposto permanente no atos culposos; e, perante ter-
ou as respectivas averbações, exercício da empresa, na sede ceiros, solidariamente com o
no registro próprio, asseguram desta, ou em sucursal, filial ou preponente, pelos atos dolosos.
o uso exclusivo do nome nos li- agência. Art. 1.178. Os preponentes
mites do respectivo Estado.
Art. 1.173. Quando a lei não são responsáveis pelos atos de
Parágrafo único. O uso previs- exigir poderes especiais, consi- quaisquer prepostos, pratica-
to neste artigo estender-se-á dera-se o gerente autorizado a dos nos seus estabelecimentos
a todo o território nacional, praticar todos os atos neces- e relativos à atividade da empre-
se registrado na forma da lei sários ao exercício dos poderes sa, ainda que não autorizados
especial. que lhe foram outorgados. por escrito.

222
Parágrafo único. Quando tais responsabilidade de contabi- I – a posição diária de cada uma
atos forem praticados fora do lista legalmente habilitado, das contas ou títulos contábeis,
estabelecimento, somente obri- salvo se nenhum houver na lo- pelo respectivo saldo, em forma
garão o preponente nos limites calidade. de balancetes diários;
dos poderes conferidos por es- II – o balanço patrimonial e o de
crito, cujo instrumento pode ser Art. 1.183. A escrituração
será feita em idioma e moeda resultado econômico, no encer-
suprido pela certidão ou cópia ramento do exercício.
autêntica do seu teor. corrente nacionais e em forma
contábil, por ordem cronoló- Art. 1.187. Na coleta dos ele-
Capítulo IV – Da gica de dia, mês e ano, sem mentos para o inventário serão
Escrituração inter valos em branco, nem observados os critérios de ava-
entrelinhas, borrões, rasuras, liação a seguir determinados:
Art. 1.179. O empresário emendas ou transportes para
I – os bens destinados à explo-
e a sociedade empresária são as margens.
ração da atividade serão avalia-
obrigados a seguir um sistema
Parágrafo único. É permitido o dos pelo custo de aquisição, de-
de contabilidade, mecanizado
uso de código de números ou vendo, na avaliação dos que se
ou não, com base na escritu-
de abreviaturas, que constem desgastam ou depreciam com o
ração uniforme de seus livros,
de livro próprio, regularmente uso, pela ação do tempo ou ou-
em correspondência com a
documentação respectiva, e a autenticado. tros fatores, atender-se à desva-
levantar anualmente o balanço lorização respectiva, criando-se
Art. 1.184. No Diário serão fundos de amortização para as-
patrimonial e o de resultado lançadas, com individuação,
econômico. segurar-lhes a substituição ou a
clareza e caracterização do do- conservação do valor;
§ 1o Salvo o disposto no cumento respectivo, dia a dia,
art. 1.180, o número e a espé- por escrita direta ou reprodu- II – os valores mobiliários, ma-
cie de livros ficam a critério dos ção, todas as operações rela- téria-prima, bens destinados à
interessados. tivas ao exercício da empresa. alienação, ou que constituem
produtos ou artigos da indús-
§ 2o É dispensado das exigên- § 1o Admite-se a escrituração tria ou comércio da empresa,
cias deste artigo o pequeno resumida do Diário, com totais podem ser estimados pelo custo
empresário a que se refere o que não excedam o período de de aquisição ou de fabricação,
art. 970. trinta dias, relativamente a con- ou pelo preço corrente, sempre
tas cujas operações sejam nu- que este for inferior ao preço
Art. 1.180. Além dos demais
merosas ou realizadas fora da de custo, e quando o preço
livros exigidos por lei, é indis-
sede do estabelecimento, desde corrente ou venal estiver acima
pensável o Diário, que pode ser
que utilizados livros auxiliares do valor do custo de aquisição,
substituído por fichas no caso
regularmente autenticados, ou fabricação, e os bens forem
de escrituração mecanizada ou
eletrônica. para registro individualizado, avaliados pelo preço corrente, a
e conservados os documentos diferença entre este e o preço de
Parágrafo único. A adoção de fi- que permitam a sua perfeita custo não será levada em conta
chas não dispensa o uso de livro verificação. para a distribuição de lucros,
apropriado para o lançamento § 2o Serão lançados no Diário nem para as percentagens refe-
do balanço patrimonial e do de o balanço patrimonial e o de rentes a fundos de reserva;
resultado econômico. resultado econômico, devendo III – o valor das ações e dos títu-
Art. 1.181. Salvo disposição ambos ser assinados por técni- los de renda fixa pode ser deter-
especial de lei, os livros obriga- co em Ciências Contábeis legal- minado com base na respectiva
tórios e, se for o caso, as fichas, mente habilitado e pelo empre- cotação da Bolsa de Valores; os
antes de postos em uso, devem sário ou sociedade empresária. não cotados e as participações
ser autenticados no Registro Art. 1.185. O empresário ou não acionárias serão considera-
Público de Empresas Mercantis. sociedade empresária que ado- dos pelo seu valor de aquisição;
Parágrafo único. A autenticação tar o sistema de fichas de lan- IV – os créditos serão conside-
não se fará sem que esteja ins- çamentos poderá substituir o rados de conformidade com o
crito o empresário, ou a socie- livro Diário pelo livro Balancetes presumível valor de realização,
dade empresária, que poderá Diários e Balanços, observadas não se levando em conta os
fazer autenticar livros não obri- as mesmas formalidades extrín- prescritos ou de difícil liquida-
gatórios. secas exigidas para aquele. ção, salvo se houver, quanto aos
últimos, previsão equivalente.
Ar t. 1.182. Sem prejuí- Art. 1.186. O livro Balance-
zo do disposto no art. 1.174, tes Diários e Balanços será es- Parágrafo único. Entre os valores
a escrituração f icará sob a criturado de modo que registre: do ativo podem figurar, desde

223
que se preceda, anualmente, à § 1o O juiz ou tribunal que co- Livro III – Do
sua amortização: nhecer de medida cautelar ou Direito das Coisas
I – as despesas de instalação da de ação pode, a requerimento
sociedade, até o limite corres- ou de ofício, ordenar que os
pondente a dez por cento do livros de qualquer das partes,
capital social; ou de ambas, sejam examina- Título I – Da Posse
II – os juros pagos aos acionis- dos na presença do empresário
tas da sociedade anônima, no ou da sociedade empresária a
período antecedente ao início que pertencerem, ou de pesso- Capítulo I – Da Posse e
das operações sociais, à taxa as por estes nomeadas, para Sua Classificação
não superior a doze por cento deles se extrair o que interessar
ao ano, fixada no estatuto; Art. 1.196. Considera-se
à questão. possuidor todo aquele que
III – a quantia efetivamente tem de fato o exercício, pleno
§ 2o Achando-se os livros em
paga a título de aviamento de ou não, de algum dos poderes
outra jurisdição, nela se fará o
estabelecimento adquirido pelo inerentes à propriedade.
exame, perante o respectivo juiz.
empresário ou sociedade.
Art. 1.197. A posse direta,
Art. 1.188. O balanço pa- Ar t. 1.192. Recusada a de pessoa que tem a coisa em
trimonial deverá exprimir, com apresentação dos livros, nos seu poder, temporariamente,
fidelidade e clareza, a situação casos do artigo antecedente, em virtude de direito pessoal,
real da empresa e, atendidas as serão apreendidos judicialmen- ou real, não anula a indireta, de
peculiaridades desta, bem como te e, no do seu § 1o, ter-se-á quem aquela foi havida, poden-
as disposições das leis especiais, como verdadeiro o alegado do o possuidor direto defender
indicará, distintamente, o ativo pela parte contrária para se a sua posse contra o indireto.
e o passivo. provar pelos livros.
Art. 1.198. Considera-se de-
tentor aquele que, achando-se
Parágrafo único. Lei especial dis- Parágrafo único. A confissão re-
em relação de dependência para
porá sobre as informações que sultante da recusa pode ser eli-
com outro, conserva a posse em
acompanharão o balanço patri- dida por prova documental em nome deste e em cumprimento
monial, em caso de sociedades contrário. de ordens ou instruções suas.
coligadas.
Art. 1.193. As restrições Parágrafo único. Aquele que co-
Art. 1.189. O balanço de estabelecidas neste Capítulo meçou a comportar-se do modo
resultado econômico, ou de- ao exame da escrituração, em como prescreve este artigo, em
monstração da conta de lucros parte ou por inteiro, não se apli- relação ao bem e à outra pes-
e perdas, acompanhará o balan- cam às autoridades fazendárias, soa, presume-se detentor, até
ço patrimonial e dele constarão no exercício da fiscalização do que prove o contrário.
crédito e débito, na forma da pagamento de impostos, nos Art. 1.199. Se duas ou mais
lei especial. termos estritos das respectivas pessoas possuírem coisa indi-
leis especiais. visa, poderá cada uma exercer
Art. 1.190. Ressalvados os
sobre ela atos possessórios,
casos previstos em lei, nenhuma
Art. 1.194. O empresário contanto que não excluam os
autoridade, juiz ou tribunal, sob
e a sociedade empresária são dos outros compossuidores.
qualquer pretexto, poderá fazer
obrigados a conservar em boa
ou ordenar diligência para veri- Art. 1.200. É justa a posse
guarda toda a escrituração,
ficar se o empresário ou a socie- que não for violenta, clandes-
dade empresária observam, ou correspondência e mais papéis tina ou precária.
não, em seus livros e fichas, as concernentes à sua atividade,
formalidades prescritas em lei. enquanto não ocorrer prescri- Art. 1.201. É de boa-fé a
ção ou decadência no tocante posse, se o possuidor ignora o
Art. 1.191. O juiz só poderá aos atos neles consignados. vício, ou o obstáculo que impe-
autorizar a exibição integral dos de a aquisição da coisa.
livros e papéis de escrituração Art. 1.195. As disposições Parágrafo único. O possuidor com
quando necessária para resolver deste Capítulo aplicam-se às justo título tem por si a presun-
questões relativas a sucessão, sucursais, filiais ou agências, ção de boa-fé, salvo prova em
comunhão ou sociedade, admi- no Brasil, do empresário ou contrário, ou quando a lei ex-
nistração ou gestão à conta de sociedade com sede em país pressamente não admite esta
outrem, ou em caso de falência. estrangeiro. presunção.

224
Art. 1.202. A posse de boa-fé violência iminente, se tiver justo de má-fé; tem direito às despe-
só perde este caráter no caso receio de ser molestado. sas da produção e custeio.
e desde o momento em que as § 1o O possuidor turbado, ou
circunstâncias façam presumir Art. 1.217. O possuidor de
esbulhado, poderá manter-se boa-fé não responde pela perda
que o possuidor não ignora que ou restituir-se por sua própria
possui indevidamente. ou deterioração da coisa, a que
força, contanto que o faça logo; não der causa.
Art. 1.203. Salvo prova em os atos de defesa, ou de des-
contrário, entende-se manter a forço, não podem ir além do Art. 1.218. O possuidor de
posse o mesmo caráter com que indispensável à manutenção, má-fé responde pela perda, ou
foi adquirida. ou restituição da posse. deterioração da coisa, ainda
§ 2o Não obsta à manutenção que acidentais, salvo se provar
Capítulo II – Da Aquisição ou reintegração na posse a ale- que de igual modo se teriam
da Posse gação de propriedade, ou de dado, estando ela na posse do
outro direito sobre a coisa. reivindicante.
Art. 1.204. Adquire-se a
posse desde o momento em que Art. 1.211. Quando mais de Art. 1.219. O possuidor de
se torna possível o exercício, em uma pessoa se disser possuido- boa-fé tem direito à indenização
nome próprio, de qualquer dos ra, manter-se-á provisoriamente das benfeitorias necessárias e
poderes inerentes à proprieda- a que tiver a coisa, se não esti- úteis, bem como, quanto às
de. ver manifesto que a obteve de voluptuárias, se não lhe forem
alguma das outras por modo pagas, a levantá-las, quando o
Art. 1.205. A posse pode ser vicioso. puder sem detrimento da coisa,
adquirida: e poderá exercer o direito de re-
Art. 1.212. O possuidor tenção pelo valor das benfeito-
I – pela própria pessoa que a
pode intentar a ação de esbu- rias necessárias e úteis.
pretende ou por seu represen-
lho, ou a de indenização, contra
tante; Art. 1.220. Ao possuidor de
o terceiro, que recebeu a coisa
II – por terceiro sem mandato, esbulhada sabendo que o era. má-fé serão ressarcidas somente
dependendo de ratificação. as benfeitorias necessárias; não
Art. 1.213. O disposto nos lhe assiste o direito de retenção
Art. 1.206. A posse transmi- artigos antecedentes não se
te-se aos herdeiros ou legatários pela importância destas, nem
aplica às servidões não aparen-
do possuidor com os mesmos o de levantar as voluptuárias.
tes, salvo quando os respectivos
caracteres. títulos provierem do possuidor Art. 1.221. As benfeitorias
Art. 1.207. O sucessor uni- do prédio serviente, ou daque- compensam-se com os danos,
versal continua de direito a les de quem este o houve. e só obrigam ao ressarcimento
posse do seu antecessor; e ao se ao tempo da evicção ainda
Art. 1.214. O possuidor de
sucessor singular é facultado existirem.
boa-fé tem direito, enquanto ela
unir sua posse à do antecessor, durar, aos frutos percebidos. Art. 1.222. O reivindicante,
para os efeitos legais. obrigado a indenizar as benfei-
Parágrafo único. Os frutos pen-
Art. 1.208. Não induzem dentes ao tempo em que cessar torias ao possuidor de má-fé,
posse os atos de mera permis- a boa-fé devem ser restituídos, tem o direito de optar entre o
são ou tolerância assim como depois de deduzidas as des- seu valor atual e o seu custo; ao
não autorizam a sua aquisição pesas da produção e custeio; possuidor de boa-fé indenizará
os atos violentos, ou clandesti- devem ser também restituídos pelo valor atual.
nos, senão depois de cessar a os frutos colhidos com anteci-
violência ou a clandestinidade. pação. Capítulo IV – Da Perda
da Posse
Art. 1.209. A posse do imó- Art. 1.215. Os frutos natu-
vel faz presumir, até prova con- rais e industriais reputam-se co- Art. 1.223. Perde-se a posse
trária, a das coisas móveis que lhidos e percebidos, logo que quando cessa, embora contra a
nele estiverem. são separados; os civis repu- vontade do possuidor, o poder
tam-se percebidos dia por dia. sobre o bem, ao qual se refere
Capítulo III – Dos Efeitos o art. 1.196.
da Posse Art. 1.216. O possuidor de
má-fé responde por todos os Art. 1.224. Só se considera
Art. 1.210. O possuidor tem frutos colhidos e percebidos, perdida a posse para quem não
direito a ser mantido na posse bem como pelos que, por culpa presenciou o esbulho, quando,
em caso de turbação, restituído sua, deixou de perceber, desde o tendo notícia dele, se abstém de
no de esbulho, e segurado de momento em que se constituiu retornar a coisa, ou, tentando

225
recuperá-la, é violentamente registro do imóvel em nome dos
repelido. Título III – Da possuidores.
Propriedade Art. 1.229. A propriedade
do solo abrange a do espaço
Título II – Dos aéreo e subsolo corresponden-
Capítulo I – Da tes, em altura e profundidade
Direitos Reais Propriedade em Geral úteis ao seu exercício, não po-
dendo o proprietário opor-se
Capítulo Único – a atividades que sejam realiza-
Seção I – Disposições das, por terceiros, a uma altura
Disposições Gerais Preliminares ou profundidade tais, que não
Art. 1.228. O proprietário tenha ele interesse legítimo em
Art. 1.225. São direitos reais: impedi-las.
tem a faculdade de usar, gozar
e dispor da coisa, e o direito de Art. 1.230. A propriedade
I – a propriedade;
reavê-la do poder de quem quer do solo não abrange as jazidas,
que injustamente a possua ou minas e demais recursos mine-
II – a superfície; detenha. rais, os potenciais de energia
§ 1o O direito de propriedade hidráulica, os monumentos
III – as servidões;
deve ser exercido em conso- arqueológicos e outros bens
nância com as suas finalidades referidos por leis especiais.
IV – o usufruto;
econômicas e sociais e de modo Parágrafo único. O proprietário
que sejam preservados, de con- do solo tem o direito de explo-
V – o uso;
formidade com o estabelecido rar os recursos minerais de em-
em lei especial, a flora, a fauna, prego imediato na construção
VI – a habitação;
as belezas naturais, o equilíbrio civil, desde que não submeti-
ecológico e o patrimônio histó- dos a transformação industrial,
VII – o direito do promitente rico e artístico, bem como evita-
comprador do imóvel; obedecido o disposto em lei es-
da a poluição do ar e das águas. pecial.
VIII – o penhor; § 2o São defesos os atos que
Art. 1.231. A propriedade
não trazem ao proprietário
presume-se plena e exclusiva,
qualquer comodidade, ou uti- até prova em contrário.
IX – a hipoteca;
lidade, e sejam animados pela
intenção de prejudicar outrem. Art. 1.232. Os frutos e mais
X – a anticrese; produtos da coisa pertencem,
§ 3o O proprietário pode ser
privado da coisa, nos casos de ainda quando separados, ao
XI – a concessão de uso especial seu proprietário, salvo se, por
para fins de moradia; desapropriação, por necessida-
de ou utilidade pública ou inte- preceito jurídico especial, cou-
resse social, bem como no de berem a outrem.
XII – a concessão de direito real
requisição, em caso de perigo
de uso; e
público iminente. Seção II – Da Descoberta
XIII – a laje. § 4 o O proprietário também
Art. 1.233. Quem quer que
pode ser privado da coisa se ache coisa alheia perdida há de
Art. 1.226. Os direitos re- o imóvel reivindicado consistir restituí-la ao dono ou legítimo
ais sobre coisas móveis, quando em extensa área, na posse inin- possuidor.
terrupta e de boa-fé, por mais
constituídos, ou transmitidos
de cinco anos, de considerável Parágrafo único. Não o conhe-
por atos entre vivos, só se ad- cendo, o descobridor fará por
número de pessoas, e estas nela
quirem com a tradição. houverem realizado, em conjun- encontrá-lo, e, se não o encon-
to ou separadamente, obras e trar, entregará a coisa achada à
Art. 1.227. Os direitos reais serviços considerados pelo juiz autoridade competente.
sobre imóveis constituídos, ou de interesse social e econômico
transmitidos por atos entre vi- Art. 1.234. Aquele que res-
relevante. tituir a coisa achada, nos ter-
vos, só se adquirem com o re- § 5o No caso do parágrafo an- mos do artigo antecedente, terá
gistro no Cartório de Registro tecedente, o juiz fixará a justa direito a uma recompensa não
de Imóveis dos referidos títulos indenização devida ao pro- inferior a cinco por cento do
(arts. 1.245 a 1.247), salvo os prietário; pago o preço, valerá seu valor, e à indenização pe-
casos expressos neste Código. a sentença como título para o las despesas que houver feito

226
com a conservação e transporte Parágrafo único. O prazo esta- Art. 1.241. Poderá o pos-
da coisa, se o dono não preferir belecido neste artigo reduzir- suidor requerer ao juiz seja
abandoná-la. -se-á a dez anos se o possuidor declarada adquirida, median-
houver estabelecido no imóvel te usucapião, a propriedade
Parágrafo único. Na determinação a sua moradia habitual, ou nele imóvel.
do montante da recompensa, realizado obras ou serviços de
considerar-se-á o esforço desen- Parágrafo único. A declaração
caráter produtivo.
volvido pelo descobridor para obtida na forma deste artigo
encontrar o dono, ou o legítimo Art. 1.239. Aquele que, não constituirá título hábil para o
possuidor, as possibilidades que sendo proprietário de imóvel registro no Cartório de Registro
teria este de encontrar a coisa e rural ou urbano, possua como de Imóveis.
a situação econômica de ambos. sua, por cinco anos ininterrup- Art. 1.242. Adquire também
tos, sem oposição, área de ter- a propriedade do imóvel aquele
Art. 1.235. O descobridor ra em zona rural não superior a
responde pelos prejuízos cau- que, contínua e incontestada-
cinquenta hectares, tornando-a mente, com justo título e boa-
sados ao proprietário ou pos- produtiva por seu trabalho ou
suidor legítimo, quando tiver -fé, o possuir por dez anos.
de sua família, tendo nela sua
procedido com dolo. moradia, adquirir-lhe-á a pro- Parágrafo único. Será de cinco
priedade. anos o prazo previsto neste
Art. 1.236. A autoridade
artigo se o imóvel houver sido
competente dará conheci- Art. 1.240. Aquele que pos- adquirido, onerosamente, com
mento da descoberta através suir, como sua, área urbana de base no registro constante do
da imprensa e outros meios até duzentos e cinquenta metros respectivo cartório, cancelada
de informação, somente expe- quadrados, por cinco anos inin- posteriormente, desde que os
dindo editais se o seu valor os terruptamente e sem oposição, possuidores nele tiverem es-
comportar. utilizando-a para sua moradia tabelecido a sua moradia, ou
Art. 1.237. Decorridos ses- ou de sua família, adquirir-lhe-á realizado investimentos de inte-
senta dias da divulgação da o domínio, desde que não seja resse social e econômico.
notícia pela imprensa, ou do proprietário de outro imóvel
urbano ou rural. Art. 1.243. O possuidor
edital, não se apresentando pode, para o fim de contar o
quem comprove a propriedade § 1o O título de domínio e a tempo exigido pelos artigos an-
sobre a coisa, será esta vendida concessão de uso serão confe- tecedentes, acrescentar à sua
em hasta pública e, deduzidas ridos ao homem ou à mulher, ou posse a dos seus antecessores
do preço as despesas, mais a a ambos, independentemente (art. 1.207), contanto que to-
recompensa do descobridor, do estado civil. das sejam contínuas, pacíficas
pertencerá o remanescente ao § 2o O direito previsto no pa- e, nos casos do art. 1.242, com
Município em cuja circunscrição rágrafo antecedente não será justo título e de boa-fé.
se deparou o objeto perdido. reconhecido ao mesmo possui-
dor mais de uma vez. Art. 1.244. Estende-se ao
Parágrafo único. Sendo de dimi- possuidor o disposto quanto
nuto valor, poderá o Município Art. 1.240-A. Aquele que ao devedor acerca das causas
abandonar a coisa em favor de exercer, por 2 (dois) anos inin- que obstam, suspendem ou
quem a achou. terruptamente e sem oposição, interrompem a prescrição, as
posse direta, com exclusivida- quais também se aplicam à
Capítulo II – Da Aquisição de, sobre imóvel urbano de até usucapião.
da Propriedade Imóvel 250m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) cuja pro- Seção II – Da Aquisição
priedade divida com ex-côn-
Seção I – Da Usucapião pelo Registro do Título
juge ou ex-companheiro que
Art. 1.238. Aquele que, por abandonou o lar, utilizando-o Art. 1.245. Transfere-se en-
para sua moradia ou de sua tre vivos a propriedade median-
quinze anos, sem interrupção,
família, adquirir-lhe-á o domí- te o registro do título translativo
nem oposição, possuir como
nio integral, desde que não seja no Registro de Imóveis.
seu um imóvel, adquire-lhe
proprietário de outro imóvel ur- § 1o Enquanto não se registrar
a propriedade, independente-
bano ou rural. o título translativo, o alienante
mente de título e boa-fé; poden-
do requerer ao juiz que assim o § 1o O direito previsto no caput continua a ser havido como do-
declare por sentença, a qual ser- não será reconhecido ao mesmo no do imóvel.
virá de título para o registro no possuidor mais de uma vez. § 2o Enquanto não se promo-
Cartório de Registro de Imóveis. § 2o (Vetado). ver, por meio de ação própria,

227
a decretação de invalidade do braço do rio continuam a per- terreno presume-se feita pelo
registro, e o respectivo cancela- tencer aos proprietários dos proprietário e à sua custa, até
mento, o adquirente continua terrenos à custa dos quais se que se prove o contrário.
a ser havido como dono do constituíram.
Art. 1.254. Aquele que se-
imóvel.
meia, planta ou edifica em ter-
Art. 1.246. O registro é efi- Subseção II – Da Aluvião reno próprio com sementes,
caz desde o momento em que plantas ou materiais alheios,
se apresentar o título ao oficial Art. 1.250. Os acréscimos adquire a propriedade destes;
formados, sucessiva e imper-
do registro, e este o prenotar mas fica obrigado a pagar-lhes
ceptivelmente, por depósitos e
no protocolo. o valor, além de responder por
aterros naturais ao longo das
perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.247. Se o teor do re- margens das correntes, ou pelo
gistro não exprimir a verdade, desvio das águas destas, per- Art. 1.255. Aquele que se-
poderá o interessado reclamar tencem aos donos dos terrenos meia, planta ou edifica em ter-
que se retifique ou anule. marginais, sem indenização. reno alheio perde, em proveito
do proprietário, as sementes,
Parágrafo único. Cancelado o re- Parágrafo único. O terreno aluvial,
plantas e construções; se pro-
gistro, poderá o proprietário que se formar em frente de pré-
cedeu de boa-fé, terá direito a
reivindicar o imóvel, indepen- dios de proprietários diferentes,
dividir-se-á entre eles, na pro- indenização.
dentemente da boa-fé ou do
título do terceiro adquirente. porção da testada de cada um Parágrafo único. Se a construção
sobre a antiga margem. ou a plantação exceder conside-
ravelmente o valor do terreno,
Seção III – Da Aquisição aquele que, de boa-fé, plantou
por Acessão Subseção III – Da Avulsão
ou edificou, adquirirá a proprie-
Art. 1.248. A acessão pode Art. 1.251. Quando, por for- dade do solo, mediante paga-
dar-se: ça natural violenta, uma porção mento da indenização fixada
de terra se destacar de um pré- judicialmente, se não houver
I – por formação de ilhas; dio e se juntar a outro, o dono acordo.
II – por aluvião; deste adquirirá a propriedade
do acréscimo, se indenizar o Art. 1.256. Se de ambas as
III – por avulsão; partes houve má-fé, adquirirá
dono do primeiro ou, sem in-
IV – por abandono de álveo; o proprietário as sementes,
denização, se, em um ano, nin-
V – por plantações ou constru- guém houver reclamado. plantas e construções, devendo
ções. ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Recusando-se ao
pagamento de indenização, o Parágrafo único. Presume-se má-fé
Subseção I – Das Ilhas dono do prédio a que se jun- no proprietário, quando o tra-
tou a porção de terra deverá balho de construção, ou lavou-
Art. 1.249. As ilhas que se ra, se fez em sua presença e sem
aquiescer a que se remova a
formarem em correntes comuns impugnação sua.
parte acrescida.
ou particulares pertencem aos
proprietários ribeirinhos fron- Art. 1.257. O disposto no
teiros, observadas as regras Subseção IV – Do Álveo artigo antecedente aplica-se
seguintes: Abandonado ao caso de não pertencerem as
sementes, plantas ou materiais
I – as que se formarem no meio Art. 1.252. O álveo abando- a quem de boa-fé os empregou
do rio consideram-se acrésci- nado de corrente pertence aos em solo alheio.
mos sobrevindos aos terrenos proprietários ribeirinhos das
ribeirinhos fronteiros de ambas duas margens, sem que tenham Parágrafo único. O proprietário
as margens, na proporção de indenização os donos dos terre- das sementes, plantas ou ma-
suas testadas, até a linha que nos por onde as águas abrirem teriais poderá cobrar do pro-
dividir o álveo em duas partes novo curso, entendendo-se que prietário do solo a indenização
iguais; os prédios marginais se esten- devida, quando não puder havê-
II – as que se formarem entre a dem até o meio do álveo. -la do plantador ou construtor.
referida linha e uma das mar- Art. 1.258. Se a construção,
gens consideram-se acréscimos feita parcialmente em solo pró-
aos terrenos ribeirinhos frontei-
Subseção V – Das Construções
e Plantações prio, invade solo alheio em pro-
ros desse mesmo lado; porção não superior à vigésima
III – as que se formarem pelo Art. 1.253. Toda construção parte deste, adquire o constru-
desdobramento de um novo ou plantação existente em um tor de boa-fé a propriedade

228
da parte do solo invadido, se § 1o Se o adquirente estiver de
o valor da construção exceder
Seção II – Da Ocupação boa-fé e o alienante adquirir de-
o dessa parte, e responde por Art. 1.263. Quem se asse- pois a propriedade, considera-se
indenização que represente, nhorear de coisa sem dono para realizada a transferência desde
também, o valor da área perdi- logo lhe adquire a propriedade, o momento em que ocorreu a
da e a desvalorização da área não sendo essa ocupação defe- tradição.
remanescente. sa por lei. § 2o Não transfere a proprieda-
de a tradição, quando tiver por
Parágrafo único. Pagando em dé-
Seção III – Do Achado do título um negócio jurídico nulo.
cuplo as perdas e danos previs-
tos neste artigo, o construtor de Tesouro
má-fé adquire a propriedade da Seção V – Da Especificação
Art. 1.264. O depósito anti-
parte do solo que invadiu, se em
go de coisas preciosas, oculto e Art. 1.269. Aquele que, tra-
proporção à vigésima parte des- de cujo dono não haja memória, balhando em matéria-prima em
te e o valor da construção exce- será dividido por igual entre o parte alheia, obtiver espécie
der consideravelmente o dessa proprietário do prédio e o que nova, desta será proprietário,
parte e não se puder demolir a achar o tesouro casualmente. se não se puder restituir à forma
porção invasora sem grave pre- anterior.
juízo para a construção. Art. 1.265. O tesouro per-
tencerá por inteiro ao proprie- Art. 1.270. Se toda a ma-
Art. 1.259. Se o construtor tário do prédio, se for achado téria for alheia, e não se puder
estiver de boa-fé, e a invasão por ele, ou em pesquisa que reduzir à forma precedente, será
do solo alheio exceder a vigé- ordenou, ou por terceiro não do especificador de boa-fé a es-
sima parte deste, adquire a autorizado. pécie nova.
propriedade da parte do solo § 1o Sendo praticável a redu-
Art. 1.266. Achando-se em
invadido, e responde por perdas ção, ou quando impraticável,
terreno aforado, o tesouro será
e danos que abranjam o valor dividido por igual entre o des- se a espécie nova se obteve de
que a invasão acrescer à cons- cobridor e o enfiteuta, ou será má-fé, pertencerá ao dono da
trução, mais o da área perdida deste por inteiro quando ele matéria-prima.
e o da desvalorização da área mesmo seja o descobridor. § 2o Em qualquer caso, inclu-
remanescente; se de má-fé, é
sive o da pintura em relação à
obrigado a demolir o que nele tela, da escultura, escritura e
construiu, pagando as perdas Seção IV – Da Tradição
outro qualquer trabalho gráfico
e danos apurados, que serão Art. 1.267. A propriedade em relação à matéria-prima, a
devidos em dobro. das coisas não se transfere pe- espécie nova será do especifi-
los negócios jurídicos antes da cador, se o seu valor exceder
Capítulo III – Da tradição. consideravelmente o da maté-
Aquisição da Propriedade ria-prima.
Parágrafo único. Subentende-se
Móvel
a tradição quando o transmi- A r t . 1.271. Aos preju-
tente continua a possuir pelo dicados, nas hipóteses dos
Seção I – Da Usucapião constituto possessório; quando arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá
cede ao adquirente o direito à o dano que sofrerem, menos ao
Ar t. 1.260. Aquele que restituição da coisa, que se en- especificador de má-fé, no caso
possuir coisa móvel como sua, contra em poder de terceiro; ou do § 1o do artigo antecedente,
contínua e incontestadamente quando o adquirente já está na quando irredutível a especifi-
durante três anos, com justo posse da coisa, por ocasião do cação.
título e boa-fé, adquirir-lhe-á a negócio jurídico.
propriedade.
Art. 1.268. Feita por quem Seção VI – Da Confusão,
Art. 1.261. Se a posse da não seja proprietário, a tradi- da Comissão e da Adjunção
coisa móvel se prolongar por ção não aliena a propriedade,
cinco anos, produzirá usuca- exceto se a coisa, oferecida ao Art. 1.272. As coisas per-
pião, independentemente de público, em leilão ou estabeleci- tencentes a diversos donos,
título ou boa-fé. mento comercial, for transferida confundidas, misturadas ou ad-
em circunstâncias tais que, ao juntadas sem o consentimento
Art. 1.262. Aplica-se à usu- adquirente de boa-fé, como a deles, continuam a pertencer-
capião das coisas móveis o dis- qualquer pessoa, o alienante se -lhes, sendo possível separá-las
posto nos arts. 1.243 e 1.244. afigurar dono. sem deterioração.

229
§ 1o Não sendo possível a se- § 1o O imóvel situado na zona Art. 1.281. O proprietário
paração das coisas, ou exigin- rural, abandonado nas mes- ou o possuidor de um prédio,
do dispêndio excessivo, subsis- mas circunstâncias, poderá ser em que alguém tenha direito de
te indiviso o todo, cabendo a arrecadado, como bem vago, fazer obras, pode, no caso de
cada um dos donos quinhão e passar, três anos depois, à dano iminente, exigir do autor
proporcional ao valor da coisa propriedade da União, onde delas as necessárias garantias
com que entrou para a mistura quer que ele se localize. contra o prejuízo eventual.
ou agregado. § 2o Presumir-se-á de modo
§ 2o Se uma das coisas puder absoluto a intenção a que se Seção II – Das Árvores
considerar-se principal, o dono refere este artigo, quando, ces-
sê-lo-á do todo, indenizando os sados os atos de posse, deixar
Limítrofes
outros. o proprietário de satisfazer os Art. 1.282. A árvore, cujo
ônus fiscais. tronco estiver na linha divisó-
Art. 1.273. Se a confusão,
comissão ou adjunção se ope- ria, presume-se pertencer em
Capítulo V – Dos Direitos comum aos donos dos prédios
rou de má-fé, à outra parte ca- de Vizinhança
berá escolher entre adquirir a confinantes.
propriedade do todo, pagando Art. 1.283. As raízes e os
o que não for seu, abatida a in- Seção I – Do Uso Anormal ramos de árvore, que ultrapas-
denização que lhe for devida, ou da Propriedade sarem a estrema do prédio, po-
renunciar ao que lhe pertencer, derão ser cortados, até o plano
caso em que será indenizado. Art. 1.277. O proprietário
ou o possuidor de um prédio vertical divisório, pelo proprie-
Art. 1.274. Se da união de tem o direito de fazer cessar as tário do terreno invadido.
matérias de natureza diver- interferências prejudiciais à se- Art. 1.284. Os frutos ca-
sa se formar espécie nova, à gurança, ao sossego e à saúde ídos de árvore do terreno vi-
confusão, comissão ou adjun- dos que o habitam, provocadas zinho pertencem ao dono do
ção aplicam-se as normas dos pela utilização de propriedade solo onde caíram, se este for de
arts. 1.272 e 1.273. vizinha. propriedade particular.
Capítulo IV – Da Perda da Parágrafo único. Proíbem-se as
Propriedade interferências considerando-se Seção III – Da Passagem
a natureza da utilização, a lo- Forçada
Art. 1.275. Além das causas calização do prédio, atendidas
consideradas neste Código, per- as normas que distribuem as Art. 1.285. O dono do pré-
de-se a propriedade: edificações em zonas, e os li- dio que não tiver acesso a via
I – por alienação; mites ordinários de tolerância pública, nascente ou porto,
dos moradores da vizinhança. pode, mediante pagamento de
II – pela renúncia;
Art. 1.278. O direito a que indenização cabal, constranger
III – por abandono; o vizinho a lhe dar passagem,
se refere o artigo antecedente
IV – por perecimento da coisa; não prevalece quando as inter- cujo rumo será judicialmente
V – por desapropriação. ferências forem justificadas por fixado, se necessário.
interesse público, caso em que § 1o Sofrerá o constrangimen-
Parágrafo único. Nos casos dos
o proprietário ou o possuidor, to o vizinho cujo imóvel mais
incisos I e II, os efeitos da perda
causador delas, pagará ao vizi- natural e facilmente se prestar
da propriedade imóvel serão su-
nho indenização cabal. à passagem.
bordinados ao registro do título
transmissivo ou do ato renun- Art. 1.279. Ainda que por § 2o Se ocorrer alienação par-
ciativo no Registro de Imóveis. decisão judicial devam ser tole- cial do prédio, de modo que
radas as interferências, poderá uma das partes perca o acesso
Art. 1.276. O imóvel urbano
o vizinho exigir a sua redução, a via pública, nascente ou por-
que o proprietário abandonar,
ou eliminação, quando estas se to, o proprietário da outra deve
com a intenção de não mais o
tornarem possíveis. tolerar a passagem.
conservar em seu patrimônio, e
que se não encontrar na posse Art. 1.280. O proprietário § 3o Aplica-se o disposto no
de outrem, poderá ser arreca- ou o possuidor tem direito a exi- parágrafo antecedente ainda
dado, como bem vago, e passar, gir do dono do prédio vizinho quando, antes da alienação,
três anos depois, à propriedade a demolição, ou a reparação existia passagem através de
do Município ou à do Distrito deste, quando ameace ruína, imóvel vizinho, não estando o
Federal, se se achar nas respec- bem como que lhe preste cau- proprietário deste constrangi-
tivas circunscrições. ção pelo dano iminente. do, depois, a dar uma outra.

230
as necessidades de seu consu- incumbem também as despesas
Seção IV – Da Passagem de mo, não pode impedir, ou des- de conservação.
Cabos e Tubulações viar o curso natural das águas
Art. 1.294. Aplica-se ao di-
Art. 1.286. Mediante rece- remanescentes pelos prédios
reito de aqueduto o disposto
bimento de indenização que inferiores.
nos arts. 1.286 e 1.287.
atenda, também, à desvalori- Art. 1.291. O possuidor do
zação da área remanescente, o Art. 1.295. O aqueduto não
imóvel superior não poderá po-
proprietário é obrigado a tole- impedirá que os proprietários
luir as águas indispensáveis às
rar a passagem, através de seu cerquem os imóveis e construam
primeiras necessidades da vida
imóvel, de cabos, tubulações e sobre ele, sem prejuízo para a
dos possuidores dos imóveis in-
outros condutos subterrâneos sua segurança e conservação; os
feriores; as demais, que poluir,
de serviços de utilidade pública, proprietários dos imóveis pode-
deverá recuperar, ressarcindo
em proveito de proprietários vi- rão usar das águas do aqueduto
os danos que estes sofrerem, se
zinhos, quando de outro modo para as primeiras necessidades
não for possível a recuperação
for impossível ou excessivamen- da vida.
ou o desvio do curso artificial
te onerosa. das águas. Art. 1.296. Havendo no
Parágrafo único. O proprietário aqueduto águas supérf luas,
Art. 1.292. O proprietário
prejudicado pode exigir que a outros poderão canalizá-las,
tem direito de construir barra- par a os f ins previstos no
instalação seja feita de modo gens, açudes, ou outras obras
menos gravoso ao prédio one- art. 1.293, mediante pagamento
para represamento de água em de indenização aos proprietá-
rado, bem como, depois, seja seu prédio; se as águas repre- rios prejudicados e ao dono do
removida, à sua custa, para sadas invadirem prédio alheio, aqueduto, de importância equi-
outro local do imóvel. será o seu proprietário indeniza- valente às despesas que então
Art. 1.287. Se as instalações do pelo dano sofrido, deduzido seriam necessárias para a con-
oferecerem grave risco, será fa- o valor do benefício obtido. dução das águas até o ponto
cultado ao proprietário do pré- Art. 1.293. É permitido a de derivação.
dio onerado exigir a realização quem quer que seja, mediante Parágrafo único. Têm preferência
de obras de segurança. prévia indenização aos pro- os proprietários dos imóveis
prietários prejudicados, cons- atravessados pelo aqueduto.
Seção V – Das Águas truir canais, através de prédios
alheios, para receber as águas
Art. 1.288. O dono ou o a que tenha direito, indispensá- Seção VI – Dos Limites
possuidor do prédio inferior veis às primeiras necessidades entre Prédios e do Direito de
é obrigado a receber as águas da vida, e, desde que não cause Tapagem
que correm naturalmente do prejuízo considerável à agricul-
superior, não podendo realizar tura e à indústria, bem como Art. 1.297. O proprietário
obras que embaracem o seu flu- para o escoamento de águas tem direito a cercar, murar, va-
xo; porém a condição natural e supérfluas ou acumuladas, ou lar ou tapar de qualquer modo
anterior do prédio inferior não a drenagem de terrenos. o seu prédio, urbano ou rural,
pode ser agravada por obras e pode constranger o seu confi-
§ 1o Ao proprietário preju- nante a proceder com ele à de-
feitas pelo dono ou possuidor dicado, em tal caso, também marcação entre os dois prédios,
do prédio superior. assiste direito a ressarcimento a aviventar rumos apagados e a
Ar t. 1.289. Quando as pelos danos que de futuro lhe renovar marcos destruídos ou
águas, artificialmente levadas advenham da infiltração ou ir- arruinados, repartindo-se pro-
ao prédio superior, ou aí co- rupção das águas, bem como porcionalmente entre os interes-
lhidas, correrem dele para o da deterioração das obras des- sados as respectivas despesas.
inferior, poderá o dono deste tinadas a canalizá-las.
§ 1o Os intervalos, muros, cer-
reclamar que se desviem, ou § 2o O proprietário prejudicado cas e os tapumes divisórios,
se lhe indenize o prejuízo que poderá exigir que seja subterrâ- tais como sebes vivas, cercas de
sofrer. nea a canalização que atravessa arame ou de madeira, valas ou
áreas edificadas, pátios, hortas, banquetas, presumem-se, até
Parágrafo único. Da indenização jardins ou quintais.
será deduzido o valor do bene- prova em contrário, pertencer
fício obtido. § 3 o O aqueduto será cons- a ambos os proprietários con-
truído de maneira que cause finantes, sendo estes obrigados,
Art. 1.290. O proprietário o menor prejuízo aos proprie- de conformidade com os cos-
de nascente, ou do solo onde tários dos imóveis vizinhos, e a tumes da localidade, a concor-
caem águas pluviais, satisfeitas expensas do seu dono, a quem rer, em partes iguais, para as

231
despesas de sua construção e dois metros de altura de cada a separação dos dois prédios, e
conservação. piso. avisando previamente o outro
§ 2o As sebes vivas, as árvo- condômino das obras que ali
Art. 1.302. O proprietário
res, ou plantas quaisquer, que tenciona fazer; não pode sem
pode, no lapso de ano e dia
servem de marco divisório, só consentimento do outro, fazer,
após a conclusão da obra, exigir
podem ser cortadas, ou arran- na parede-meia, armários, ou
que se desfaça janela, sacada,
cadas, de comum acordo entre obras semelhantes, correspon-
terraço ou goteira sobre o seu
proprietários. prédio; escoado o prazo, não dendo a outras, da mesma na-
poderá, por sua vez, edificar tureza, já feitas do lado oposto.
§ 3o A construção de tapumes
especiais para impedir a pas- sem atender ao disposto no ar- Art. 1.307. Qualquer dos
sagem de animais de pequeno tigo antecedente, nem impedir, confinantes pode altear a pa-
porte, ou para outro fim, pode ou dificultar, o escoamento das rede divisória, se necessário
ser exigida de quem provocou águas da goteira, com prejuízo reconstruindo-a, para supor-
a necessidade deles, pelo pro- para o prédio vizinho. tar o alteamento; arcará com
prietário, que não está obrigado Parágrafo único. Em se tratando todas as despesas, inclusive de
a concorrer para as despesas. de vãos, ou aberturas para luz, conservação, ou com metade,
seja qual for a quantidade, al- se o vizinho adquirir meação
Art. 1.298. Sendo confusos,
tura e disposição, o vizinho po- também na parte aumentada.
os limites, em falta de outro
meio, se determinarão de con- derá, a todo tempo, levantar a Art. 1.308. Não é lícito
formidade com a posse justa; e, sua edificação, ou contramuro, encostar à parede divisória
não se achando ela provada, o ainda que lhes vede a claridade. chaminés, fogões, fornos ou
terreno contestado se dividirá Art. 1.303. Na zona rural, quaisquer aparelhos ou depó-
por partes iguais entre os pré- não será permitido levantar edi- sitos suscetíveis de produzir
dios, ou, não sendo possível a ficações a menos de três metros inf iltrações ou interferências
divisão cômoda, se adjudicará a do terreno vizinho. prejudiciais ao vizinho.
um deles, mediante indenização
ao outro. Art. 1.304. Nas cidades, vi- Parágrafo único. A disposição an-
las e povoados cuja edificação terior não abrange as chaminés
estiver adstrita a alinhamento, ordinárias e os fogões de cozi-
Seção VII – Do Direito de o dono de um terreno pode nele nha.
Construir edificar, madeirando na parede
Art. 1.309. São proibidas
divisória do prédio contíguo, se
Art. 1.299. O proprietário ela suportar a nova construção; construções capazes de poluir,
pode levantar em seu terreno as mas terá de embolsar ao vizinho ou inutilizar, para uso ordinário,
construções que lhe aprouver, metade do valor da parede e do a água do poço, ou nascente
salvo o direito dos vizinhos e os chão correspondentes. alheia, a elas preexistentes.
regulamentos administrativos.
Art. 1.305. O conf inante, Art. 1.310. Não é permitido
Art. 1.300. O proprietário que primeiro construir, pode fazer escavações ou quaisquer
construirá de maneira que o seu assentar a parede divisória obras que tirem ao poço ou à
prédio não despeje águas, dire- até meia espessura no terreno nascente de outrem a água in-
tamente, sobre o prédio vizinho. contíguo, sem perder por isso o dispensável às suas necessida-
direito a haver meio valor dela des normais.
Art. 1.301. É defeso abrir ja-
nelas, ou fazer eirado, terraço se o vizinho a travejar, caso em Art. 1.311. Não é permitida
ou varanda, a menos de metro que o primeiro fixará a largura a execução de qualquer obra ou
e meio do terreno vizinho. e a profundidade do alicerce. serviço suscetível de provocar
§ 1o As janelas cuja visão não Parágrafo único. Se a parede di- desmoronamento ou desloca-
incida sobre a linha divisória, visória pertencer a um dos vi- ção de terra, ou que compro-
bem como as perpendiculares, zinhos, e não tiver capacidade meta a segurança do prédio
não poderão ser abertas a me- para ser travejada pelo outro, vizinho, senão após haverem
nos de setenta e cinco centíme- não poderá este fazer-lhe ali- sido feitas as obras acautela-
tros. cerce ao pé sem prestar caução tórias.
àquele, pelo risco a que expõe a
§ 2o As disposições deste ar- Parágrafo único. O proprietário
construção anterior.
tigo não abrangem as abertu- do prédio vizinho tem direito a
ras para luz ou ventilação, não Art. 1.306. O condômino ressarcimento pelos prejuízos
maiores de dez centímetros de da parede-meia pode utilizá-la que sofrer, não obstante have-
largura sobre vinte de compri- até ao meio da espessura, não rem sido realizadas as obras
mento e construídas a mais de pondo em risco a segurança ou acautelatórias.

232
Art. 1.312. Todo aquele que estranhos, sem o consenso dos § 2o Não poderá exceder de cin-
violar as proibições estabeleci- outros. co anos a indivisão estabelecida
das nesta Seção é obrigado a pelo doador ou pelo testador.
demolir as construções feitas, Art. 1.315. O condômino
é obrigado, na proporção de § 3o A requerimento de qual-
respondendo por perdas e da-
sua parte, a concorrer para as quer interessado e se graves
nos.
despesas de conservação ou di- razões o aconselharem, pode
Art. 1.313. O proprietário visão da coisa, e a suportar os o juiz determinar a divisão da
ou ocupante do imóvel é obri- ônus a que estiver sujeita. coisa comum antes do prazo.
gado a tolerar que o vizinho en-
tre no prédio, mediante prévio Parágrafo único. Presumem-se Art. 1.321. Aplicam-se à di-
aviso, para: iguais as partes ideais dos con- visão do condomínio, no que
dôminos. couber, as regras de partilha de
I – dele temporariamente usar,
herança (arts. 2.013 a 2.022).
quando indispensável à repara- Art. 1.316. Pode o condômi-
ção, construção, reconstrução no eximir-se do pagamento das Art. 1.322. Quando a coisa
ou limpeza de sua casa ou do despesas e dívidas, renunciando for indivisível, e os consortes
muro divisório; à parte ideal. não quiserem adjudicá-la a um
II – apoderar-se de coisas suas, § 1o Se os demais condôminos só, indenizando os outros, será
inclusive animais que aí se en- assumem as despesas e as dí- vendida e repartido o apurado,
contrem casualmente. vidas, a renúncia lhes aprovei- preferindo-se, na venda, em
§ 1o O disposto neste artigo ta, adquirindo a parte ideal de condições iguais de oferta, o
aplica-se aos casos de limpe- quem renunciou, na proporção condômino ao estranho, e en-
za ou reparação de esgotos, dos pagamentos que fizerem. tre os condôminos aquele que
goteiras, aparelhos higiênicos, § 2o Se não há condômino que tiver na coisa benfeitorias mais
poços e nascentes e ao aparo faça os pagamentos, a coisa co- valiosas, e, não as havendo, o
de cerca viva. mum será dividida. de quinhão maior.
§ 2o Na hipótese do inciso II, Parágrafo único. Se nenhum dos
uma vez entregues as coisas Art. 1.317. Quando a dívi-
da houver sido contraída por condôminos têm benfeitorias
buscadas pelo vizinho, poderá
todos os condôminos, sem se na coisa comum e participam
ser impedida a sua entrada no
discriminar a parte de cada um todos do condomínio em par-
imóvel.
na obrigação, nem se estipular tes iguais, realizar-se-á licita-
§ 3o Se do exercício do direito solidariedade, entende-se que ção entre estranhos e, antes de
assegurado neste artigo provier cada qual se obrigou propor- adjudicada a coisa àquele que
dano, terá o prejudicado direito cionalmente ao seu quinhão na ofereceu maior lanço, proceder-
a ressarcimento. coisa comum. -se-á à licitação entre os con-
Capítulo VI – Do dôminos, a fim de que a coisa
Art. 1.318. As dívidas con-
seja adjudicada a quem afinal
Condomínio Geral traídas por um dos condôminos
em proveito da comunhão, e du- oferecer melhor lanço, prefe-
rante ela, obrigam o contratan- rindo, em condições iguais, o
Seção I – Do Condomínio te; mas terá este ação regressiva condômino ao estranho.
Voluntário contra os demais.
Art. 1.319. Cada condômi- Subseção II – Da
Subseção I – Dos Direitos e no responde aos outros pelos Administração do Condomínio
Deveres dos Condôminos frutos que percebeu da coisa e
Art. 1.323. Deliberando a
pelo dano que lhe causou.
Art. 1.314. Cada condômi- maioria sobre a administração
no pode usar da coisa confor- Art. 1.320. A todo tempo da coisa comum, escolherá o
me sua destinação, sobre ela será lícito ao condômino exigir administrador, que poderá ser
exercer todos os direitos com- a divisão da coisa comum, res- estranho ao condomínio; resol-
patíveis com a indivisão, reivin- pondendo o quinhão de cada vendo alugá-la, preferir-se-á,
dicá-la de terceiro, defender a um pela sua parte nas despesas em condições iguais, o condô-
sua posse e alhear a respectiva da divisão. mino ao que não o é.
parte ideal, ou gravá-la.
§ 1o Podem os condôminos
Parágrafo único. Nenhum dos con- acordar que f ique indivisa a Art. 1.324. O condômino
dôminos pode alterar a desti- coisa comum por prazo não que administrar sem oposição
nação da coisa comum, nem maior de cinco anos, suscetível dos outros presume-se repre-
dar posse, uso ou gozo dela a de prorrogação ulterior. sentante comum.

233
Art. 1.325. A maioria será Capítulo VII – Do ato, além do disposto em lei
calculada pelo valor dos qui- Condomínio Edilício especial:
nhões. I – a discriminação e individuali-
zação das unidades de proprie-
§ 1o As deliberações serão obri- Seção I – Disposições Gerais dade exclusiva, estremadas uma
gatórias, sendo tomadas por das outras e das partes comuns;
Art. 1.331. Pode haver, em
maioria absoluta. edificações, partes que são pro- II – a determinação da fração
§ 2o Não sendo possível alcan- priedade exclusiva, e partes que ideal atribuída a cada unidade,
çar maioria absoluta, decidirá o são propriedade comum dos relativamente ao terreno e par-
juiz, a requerimento de qualquer condôminos. tes comuns;
condômino, ouvidos os outros. § 1o As partes suscetíveis de III – o fim a que as unidades se
utilização independente, tais destinam.
§ 3o Havendo dúvida quanto como apartamentos, escritó-
ao valor do quinhão, será este Art. 1.333. A convenção que
rios, salas, lojas e sobrelojas, constitui o condomínio edilício
avaliado judicialmente. com as respectivas frações ide- deve ser subscrita pelos titulares
ais no solo e nas outras partes de, no mínimo, dois terços das
Art. 1.326. Os frutos da comuns, sujeitam-se a proprie- frações ideais e torna-se, desde
coisa comum, não havendo em dade exclusiva, podendo ser logo, obrigatória para os titula-
contrário estipulação ou dispo- alienadas e gravadas livremente res de direito sobre as unidades,
sição de última vontade, serão por seus proprietários, exceto ou para quantos sobre elas te-
partilhados na proporção dos os abrigos para veículos, que nham posse ou detenção.
quinhões. não poderão ser alienados ou
alugados a pessoas estranhas Parágrafo único. Para ser oponível
ao condomínio, salvo autoriza- contra terceiros, a convenção
Seção II – Do Condomínio ção expressa na convenção de do condomínio deverá ser re-
condomínio. gistrada no Cartório de Registro
Necessário de Imóveis.
§ 2o O solo, a estrutura do pré-
Art. 1.327. O condomínio dio, o telhado, a rede geral de Art. 1.334. Além das cláusu-
por meação de paredes, cercas, distribuição de água, esgoto, las referidas no art. 1.332 e das
muros e valas regula-se pelo dis- gás e eletricidade, a calefação que os interessados houverem
posto neste Código (arts. 1.297 e refrigeração centrais, e as de- por bem estipular, a convenção
e 1.298; 1.304 a 1.307). mais partes comuns, inclusive o determinará:
acesso ao logradouro público, I – a quota proporcional e o
Art. 1.328. O proprietário são utilizados em comum pelos modo de pagamento das con-
que tiver direito a estremar um condôminos, não podendo ser tribuições dos condôminos para
imóvel com paredes, cercas, alienados separadamente, ou atender às despesas ordinárias e
muros, valas ou valados, tê-lo-á divididos. extraordinárias do condomínio;
igualmente a adquirir meação § 3o A cada unidade imobiliária II – sua forma de administração;
na parede, muro, valado ou cer- caberá, como parte inseparável, III – a competência das assem-
ca do vizinho, embolsando-lhe uma fração ideal no solo e nas bleias, forma de sua convoca-
metade do que atualmente valer outras partes comuns, que será ção e quorum exigido para as
a obra e o terreno por ela ocu- identificada em forma decimal deliberações;
pado (art. 1.297). ou ordinária no instrumento de
IV – as sanções a que estão su-
instituição do condomínio.
jeitos os condôminos, ou pos-
Art. 1.329. Não convindo os § 4o Nenhuma unidade imobili- suidores;
dois no preço da obra, será este ária pode ser privada do acesso
V – o regimento interno.
arbitrado por peritos, a expen- ao logradouro público.
§ 1o A convenção poderá ser
sas de ambos os confinantes. § 5o O terraço de cobertura é feita por escritura pública ou
parte comum, salvo disposição por instrumento particular.
Art. 1.330. Qualquer que contrária da escritura de cons-
tituição do condomínio. § 2o São equiparados aos pro-
seja o valor da meação, en-
prietários, para os fins deste
quanto aquele que pretender a Art. 1.332. Institui-se o con- artigo, salvo disposição em
divisão não o pagar ou deposi- domínio edilício por ato entre contrário, os promitentes com-
tar, nenhum uso poderá fazer vivos ou testamento, registrado pradores e os cessionários de
na parede, muro, vala, cerca ou no Cartório de Registro de Imó- direitos relativos às unidades
qualquer outra obra divisória. veis, devendo constar daquele autônomas.

234
Art. 1.335. São direitos do deveres perante o condomínio I – se voluptuárias, de voto de
condômino: poderá, por deliberação de três dois terços dos condôminos;
I – usar, fruir e livremente dispor quartos dos condôminos res- II – se úteis, de voto da maioria
das suas unidades; tantes, ser constrangido a pa- dos condôminos.
gar multa correspondente até
II – usar das partes comuns, § 1o As obras ou reparações
ao quíntuplo do valor atribuído
conforme a sua destinação, e necessárias podem ser reali-
à contribuição para as despesas
contanto que não exclua a uti- zadas, independentemente de
condominiais, conforme a gra-
lização dos demais compossui- autorização, pelo síndico, ou,
vidade das faltas e a reiteração,
dores; em caso de omissão ou impe-
independentemente das perdas
III – votar nas deliberações da dimento deste, por qualquer
e danos que se apurem.
assembleia e delas participar, condômino.
estando quite. Parágrafo único. O condômino ou § 2o Se as obras ou reparos
possuidor que, por seu reitera- necessários forem urgentes e
Art. 1.336. São deveres do do comportamento antissocial, importarem em despesas exces-
condômino: gerar incompatibilidade de con- sivas, determinada sua realiza-
I – contribuir para as despesas vivência com os demais condô- ção, o síndico ou o condômino
do condomínio na proporção minos ou possuidores, poderá que tomou a iniciativa delas
das suas frações ideais, salvo ser constrangido a pagar multa dará ciência à assembleia, que
disposição em contrário na correspondente ao décuplo do deverá ser convocada imedia-
convenção; valor atribuído à contribuição tamente.
II – não realizar obras que com- para as despesas condominiais,
§ 3o Não sendo urgentes, as
prometam a segurança da edi- até ulterior deliberação da as-
obras ou reparos necessários,
ficação; sembleia.
que importarem em despesas
III – não alterar a forma e a cor Art. 1.338. Resolvendo o excessivas, somente poderão
da fachada, das partes e esqua- condômino alugar área no abri- ser efetuadas após autorização
drias externas; go para veículos, preferir-se-á, da assembleia, especialmente
IV – dar às suas partes a mesma em condições iguais, qualquer convocada pelo síndico, ou,
destinação que tem a edifica- dos condôminos a estranhos, em caso de omissão ou impe-
ção, e não as utilizar de maneira e, entre todos, os possuidores. dimento deste, por qualquer
prejudicial ao sossego, salubri- dos condôminos.
Art. 1.339. Os direitos de
dade e segurança dos possui- cada condômino às partes co- § 4o O condômino que realizar
dores, ou aos bons costumes. muns são inseparáveis de sua obras ou reparos necessários
§ 1o O condômino que não propriedade exclusiva; são tam- será reembolsado das despe-
pagar a sua contribuição fica- bém inseparáveis das frações sas que efetuar, não tendo di-
rá sujeito aos juros moratórios ideais correspondentes as uni- reito à restituição das que fizer
convencionados ou, não sendo dades imobiliárias, com as suas com obras ou reparos de outra
previstos, os de um por cento partes acessórias. natureza, embora de interesse
ao mês e multa de até dois por comum.
§ 1o Nos casos deste artigo é
cento sobre o débito. proibido alienar ou gravar os Art. 1.342. A realização de
§ 2o O condômino, que não bens em separado. obras, em partes comuns, em
cumprir qualquer dos deveres § 2o É permitido ao condômino acréscimo às já existentes, a fim
estabelecidos nos incisos II a IV, alienar parte acessória de sua de lhes facilitar ou aumentar a
pagará a multa prevista no ato unidade imobiliária a outro utilização, depende da aprova-
constitutivo ou na convenção, condômino, só podendo fazê- ção de dois terços dos votos dos
não podendo ela ser superior -lo a terceiro se essa faculdade condôminos, não sendo permi-
a cinco vezes o valor de suas constar do ato constitutivo do tidas construções, nas partes
contribuições mensais, indepen- condomínio, e se a ela não se comuns, suscetíveis de prejudi-
dentemente das perdas e danos opuser a respectiva assembleia car a utilização, por qualquer
que se apurarem; não havendo geral. dos condôminos, das partes
disposição expressa, caberá à próprias, ou comuns.
assembleia geral, por dois ter- Art. 1.340. As despesas re-
lativas a partes comuns de uso Art. 1.343. A construção
ços no mínimo dos condôminos
exclusivo de um condômino, de outro pavimento, ou, no
restantes, deliberar sobre a co-
ou de alguns deles, incumbem solo comum, de outro edifício,
brança da multa.
a quem delas se serve. destinado a conter novas uni-
Art. 1337. O condômino, dades imobiliárias, depende da
ou possuidor, que não cumpre Art. 1.341. A realização de aprovação da unanimidade dos
reiteradamente com os seus obras no condomínio depende: condôminos.

235
Art. 1.344. Ao proprietário VIII – prestar contas à assem- representem pelo menos meta-
do terraço de cobertura incum- bleia, anualmente e quando de das frações ideais.
bem as despesas da sua conser- exigidas; Parágrafo único. Os votos serão
vação, de modo que não haja IX – realizar o seguro da edifi- proporcionais às frações ide-
danos às unidades imobiliárias cação. ais no solo e nas outras partes
inferiores. comuns pertencentes a cada
§ 1o Poderá a assembleia inves-
Art. 1.345. O adquirente de tir outra pessoa, em lugar do condômino, salvo disposição
unidade responde pelos débi- síndico, em poderes de repre- diversa da convenção de cons-
tos do alienante, em relação ao sentação. tituição do condomínio.
condomínio, inclusive multas e § 2o O síndico pode transferir a Art. 1.353. Em segunda con-
juros moratórios. outrem, total ou parcialmente, vocação, a assembleia poderá
Art. 1.346. É obrigatório os poderes de representação deliberar por maioria dos votos
o seguro de toda a edificação ou as funções administrativas, dos presentes, salvo quando exi-
contra o risco de incêndio ou mediante aprovação da assem- gido quorum especial.
destruição, total ou parcial. bleia, salvo disposição em con-
Art. 1.354. A assembleia
trário da convenção.
não poderá deliberar se todos
Seção II – Da Art. 1.349. A assembleia, os condôminos não forem con-
especialmente convocada para vocados para a reunião.
Administração do o fim estabelecido no § 2o do
Condomínio artigo antecedente, poderá,
Art. 1.355. Assembleias ex-
traordinárias poderão ser con-
Art. 1.347. A assembleia es- pelo voto da maioria absoluta
vocadas pelo síndico ou por um
colherá um síndico, que poderá de seus membros, destituir o
quarto dos condôminos.
não ser condômino, para admi- síndico que praticar irregulari-
nistrar o condomínio, por prazo dades, não prestar contas, ou Art. 1.356. Poderá haver no
não superior a dois anos, o qual não administrar conveniente- condomínio um conselho fis-
poderá renovar-se. mente o condomínio. cal, composto de três membros,
eleitos pela assembleia, por pra-
Art. 1.348. Compete ao Art. 1.350. Convocará o sín-
zo não superior a dois anos, ao
síndico: dico, anualmente, reunião da
qual compete dar parecer sobre
assembleia dos condôminos, na as contas do síndico.
I – convocar a assembleia dos forma prevista na convenção,
condôminos; a fim de aprovar o orçamento
II – representar, ativa e passi- das despesas, as contribuições Seção III – Da Extinção do
vamente, o condomínio, pra- dos condôminos e a prestação Condomínio
ticando, em juízo ou fora dele, de contas, e eventualmente ele-
os atos necessários à defesa dos ger-lhe o substituto e alterar o Art. 1.357. Se a edificação
interesses comuns; regimento interno. for total ou consideravelmente
destruída, ou ameace ruína, os
III – dar imediato conhecimen- § 1o Se o síndico não convocar condôminos deliberarão em
to à assembleia da existência a assembleia, um quarto dos assembleia sobre a reconstru-
de procedimento judicial ou condôminos poderá fazê-lo. ção, ou venda, por votos que
administrativo, de interesse do § 2o Se a assembleia não se representem metade mais uma
condomínio; reunir, o juiz decidirá, a requeri- das frações ideais.
IV – cumprir e fazer cumprir a mento de qualquer condômino. § 1o Deliberada a reconstrução,
convenção, o regimento interno Art. 1.351. Depende da poderá o condômino eximir-se
e as determinações da assem- aprovação de 2/3 (dois terços) do pagamento das despesas
bleia; dos votos dos condôminos a respectivas, alienando os seus
V – diligenciar a conservação e a alteração da convenção; a mu- direitos a outros condôminos,
guarda das partes comuns e ze- dança da destinação do edifí- mediante avaliação judicial.
lar pela prestação dos serviços cio, ou da unidade imobiliária, § 2o Realizada a venda, em
que interessem aos possuidores; depende da aprovação pela que se preferirá, em condições
VI – elaborar o orçamento da unanimidade dos condôminos. iguais de oferta, o condômino
receita e da despesa relativa a ao estranho, será repartido o
Art. 1.352. Salvo quando
cada ano; apurado entre os condôminos,
exigido quorum especial, as
proporcionalmente ao valor das
VII – cobrar dos condôminos as deliberações da assembleia se-
suas unidades imobiliárias.
suas contribuições, bem como rão tomadas, em primeira con-
impor e cobrar as multas de- vocação, por maioria de votos Art. 1.358. Se ocorrer desa-
vidas; dos condôminos presentes que propriação, a indenização será

236
repartida na proporção a que de coisa móvel infungível que o Art. 1.365. É nula a cláusu-
se refere o § 2o do artigo ante- devedor, com escopo de garan- la que autoriza o proprietário
cedente. tia, transfere ao credor. fiduciário a ficar com a coisa
§ 1o Constitui-se a proprieda- alienada em garantia, se a dívi-
de fiduciária com o registro do da não for paga no vencimento.
Seção IV – Do Condomínio
de Lotes contrato, celebrado por instru- Parágrafo único. O devedor pode,
mento público ou particular, com a anuência do credor, dar
Art. 1.358-A. Pode haver, que lhe serve de título, no Re- seu direito eventual à coisa em
em terrenos, partes designadas gistro de Títulos e Documentos pagamento da dívida, após o
de lotes que são propriedade ex- do domicílio do devedor, ou, vencimento desta.
clusiva e partes que são proprie- em se tratando de veículos, na
dade comum dos condôminos. repartição competente para Art. 1.366. Quando, vendi-
o licenciamento, fazendo-se da a coisa, o produto não bas-
§ 1o A fração ideal de cada tar para o pagamento da dívida
condômino poderá ser propor- a anotação no certificado de
registro. e das despesas de cobrança,
cional à área do solo de cada
continuará o devedor obrigado
unidade autônoma, ao respec- § 2o Com a constituição da
pelo restante.
tivo potencial construtivo ou a propriedade fiduciária, dá-se o
outros critérios indicados no desdobramento da posse, tor- Art. 1.367. A propriedade
ato de instituição. nando-se o devedor possuidor fiduciária em garantia de bens
§ 2o Aplica-se, no que couber, direto da coisa. móveis ou imóveis sujeita-se às
ao condomínio de lotes o dis- § 3o A propriedade superve- disposições do Capítulo I do Tí-
posto sobre condomínio edilí- niente, adquirida pelo devedor, tulo X do Livro III da Parte Espe-
cio neste Capítulo, respeitada torna eficaz, desde o arquiva- cial deste Código e, no que for
a legislação urbanística. mento, a transferência da pro- específico, à legislação especial
priedade fiduciária. pertinente, não se equiparando,
§ 3o Para fins de incorporação
para quaisquer efeitos, à pro-
imobiliária, a implantação de Art. 1.362. O contrato, que priedade plena de que trata o
toda a infraestrutura ficará a serve de título à propriedade fi-
cargo do empreendedor. art. 1.231.
duciária, conterá:
I – o total da dívida, ou sua es- Art. 1.368. O terceiro, in-
Capítulo VIII – Da teressado ou não, que pagar a
timativa;
Propriedade Resolúvel dívida, se sub-rogará de pleno
II – o prazo, ou a época do pa- direito no crédito e na proprie-
Art. 1.359. Resolvida a pro- gamento; dade fiduciária.
priedade pelo implemento da III – a taxa de juros, se houver;
condição ou pelo advento do Art. 1.368-A. As demais
termo, entendem-se também IV – a descrição da coisa ob- espécies de propriedade fidu-
resolvidos os direitos reais con- jeto da transferência, com os ciária ou de titularidade fiduci-
cedidos na sua pendência, e o elementos indispensáveis à sua ária submetem-se à disciplina
proprietário, em cujo favor se identificação. específica das respectivas leis
opera a resolução, pode reivin- Art. 1.363. Antes de vencida especiais, somente se aplicando
dicar a coisa do poder de quem a dívida, o devedor, a suas ex- as disposições deste Código na-
a possua ou detenha. pensas e risco, pode usar a coisa quilo que não for incompatível
segundo sua destinação, sendo com a legislação especial.
Art. 1.360. Se a proprieda-
de se resolver por outra causa obrigado, como depositário: Art. 1.368-B. A alienação
superveniente, o possuidor, que I – a empregar na guarda da coi- fiduciária em garantia de bem
a tiver adquirido por título an- sa a diligência exigida por sua móvel ou imóvel confere direito
terior à sua resolução, será con- natureza; real de aquisição ao fiduciante,
siderado proprietário perfeito, II – a entregá-la ao credor, se seu cessionário ou sucessor.
restando à pessoa, em cujo be- a dívida não for paga no ven-
nefício houve a resolução, ação Parágrafo único. O credor fiduci-
cimento.
contra aquele cuja propriedade ário que se tornar proprietário
se resolveu para haver a própria Art. 1.364. Vencida a dívida, pleno do bem, por efeito de re-
coisa ou o seu valor. e não paga, fica o credor obriga- alização da garantia, mediante
do a vender, judicial ou extraju- consolidação da propriedade,
Capítulo IX – Da dicialmente, a coisa a terceiros, adjudicação, dação ou outra
Propriedade Fiduciária a aplicar o preço no pagamento forma pela qual lhe tenha sido
de seu crédito e das despesas de transmitida a propriedade ple-
Art. 1.361. Considera-se fi- cobrança, e a entregar o saldo, na, passa a responder pelo pa-
duciária a propriedade resolúvel se houver, ao devedor. gamento dos tributos sobre a

237
propriedade e a posse, taxas, Art. 1.375. Extinta a conces- obras necessárias à sua con-
despesas condominiais e quais- são, o proprietário passará a servação e uso, e, se a servidão
quer outros encargos, tributá- ter a propriedade plena sobre pertencer a mais de um prédio,
rios ou não, incidentes sobre o o terreno, construção ou plan- serão as despesas rateadas en-
bem objeto da garantia, a partir tação, independentemente de tre os respectivos donos.
da data em que vier a ser imitido indenização, se as partes não
na posse direta do bem. houverem estipulado o contrá- Art. 1.381. As obras a que
rio. se refere o artigo antecedente
Art. 1.376. No caso de ex- devem ser feitas pelo dono do
tinção do direito de superfície prédio dominante, se o contrá-
Título IV – Da em consequência de desapro- rio não dispuser expressamente
Superfície priação, a indenização cabe ao o título.
proprietário e ao superficiário,
Art. 1.369. O proprietário no valor correspondente ao di- Art. 1.382. Quando a obri-
pode conceder a outrem o di- reito real de cada um. gação incumbir ao dono do
reito de construir ou de plantar prédio serviente, este poderá
Art. 1.377. O direito de su- exonerar-se, abandonando, to-
em seu terreno, por tempo de-
perfície, constituído por pessoa tal ou parcialmente, a proprie-
terminado, mediante escritura
jurídica de direito público inter- dade ao dono do dominante.
pública devidamente registra- no, rege-se por este Código, no
da no Cartório de Registro de que não for diversamente disci- Parágrafo único. Se o proprietário
Imóveis. plinado em lei especial. do prédio dominante se recu-
Parágrafo único. O direito de su- sar a receber a propriedade do
perfície não autoriza obra no serviente, ou parte dela, caber-
subsolo, salvo se for inerente -lhe-á custear as obras.
ao objeto da concessão.
Título V – Das Servidões
Ar t. 1.383. O dono do
Art. 1.370. A concessão da prédio serviente não poderá
superfície será gratuita ou one- Capítulo I – Da
embaraçar de modo algum o
rosa; se onerosa, estipularão Constituição das Servidões exercício legítimo da servidão.
as partes se o pagamento será Ar t . 1.378. A ser v idão
feito de uma só vez, ou parce- proporciona utilidade para o Art. 1.384. A servidão pode
ladamente. prédio dominante, e grava o ser removida, de um local para
prédio serviente, que pertence outro, pelo dono do prédio ser-
Art. 1.371. O superficiário
a diverso dono, e constitui-se viente e à sua custa, se em nada
responderá pelos encargos e diminuir as vantagens do pré-
tributos que incidirem sobre o mediante declaração expressa
dos proprietários, ou por tes- dio dominante, ou pelo dono
imóvel. deste e à sua custa, se houver
tamento, e subsequente regis-
Art. 1.372. O direito de tro no Cartório de Registro de considerável incremento da uti-
superfície pode transferir-se a Imóveis. lidade e não prejudicar o prédio
terceiros e, por morte do super- serviente.
Art. 1.379. O exercício in-
ficiário, aos seus herdeiros. contestado e contínuo de uma Art. 1.385. Restringir-se-á
Parágrafo único. Não poderá ser ser vidão aparente, por dez o exercício da servidão às neces-
estipulado pelo concedente, a anos, nos termos do art. 1.242, sidades do prédio dominante,
nenhum título, qualquer paga- autoriza o interessado a regis- evitando-se, quanto possível,
mento pela transferência. trá-la em seu nome no Registro agravar o encargo ao prédio
de Imóveis, valendo-lhe como serviente.
Art. 1.373. Em caso de alie- título a sentença que julgar con-
nação do imóvel ou do direito sumado a usucapião. § 1o Constituída para certo fim,
de superfície, o superf iciário a servidão não se pode ampliar
ou o proprietário tem direito Parágrafo único. Se o possuidor a outro.
de preferência, em igualdade de não tiver título, o prazo da usu-
capião será de vinte anos. § 2o Nas servidões de trânsito,
condições. a de maior inclui a de menor
Capítulo II – Do Exercício ônus, e a menor exclui a mais
Art. 1.374. Antes do termo
das Servidões onerosa.
final, resolver-se-á a concessão
se o superficiário der ao terreno § 3 o Se as necessidades da
destinação diversa daquela para Art. 1.380. O dono de uma cultura, ou da indústria, do
que foi concedida. servidão pode fazer todas as prédio dominante impuserem

238
à servidão maior largueza, o III – pelo não uso, durante dez Capítulo II – Dos Direitos
dono do serviente é obrigado anos contínuos. do Usufrutuário
a sofrê-la; mas tem direito a ser
indenizado pelo excesso. Art. 1.394. O usufrutuário
tem direito à posse, uso, ad-
Art. 1.386. As ser vidões Título VI – Do Usufruto ministração e percepção dos
prediais são indivisíveis, e sub- frutos.
sistem, no caso de divisão dos Art. 1.395. Quando o usu-
imóveis, em benefício de cada
Capítulo I – Disposições
fruto recai em títulos de crédi-
uma das porções do prédio do- Gerais
to, o usufrutuário tem direito a
minante, e continuam a gravar Art. 1.390. O usufruto pode perceber os frutos e a cobrar as
cada uma das do prédio ser- recair em um ou mais bens, mó- respectivas dívidas.
viente, salvo se, por natureza, veis ou imóveis, em um patri-
ou destino, só se aplicarem a Parágrafo único. Cobradas as dí-
mônio inteiro, ou parte deste, vidas, o usufrutuário aplicará,
certa parte de um ou de outro. abrangendo-lhe, no todo ou em de imediato, a importância em
parte, os frutos e utilidades.
Capítulo III – Da Extinção títulos da mesma natureza, ou
das Servidões em títulos da dívida pública
Art. 1.391. O usufruto de
federal, com cláusula de atu-
imóveis, quando não resulte
Art. 1.387. Salvo nas desa- alização monetária segundo
de usucapião, constituir-se-á
propriações, a servidão, uma índices of iciais regularmente
mediante registro no Cartório
vez registrada, só se extingue, estabelecidos.
de Registro de Imóveis.
com respeito a terceiros, quan- Art. 1.396. Salvo direito
do cancelada. Art. 1.392. Salvo disposição adquirido por outrem, o usu-
Parágrafo único. Se o prédio do- em contrário, o usufruto esten- frutuário faz seus os frutos na-
minante estiver hipotecado, e a de-se aos acessórios da coisa e turais, pendentes ao começar o
seus acrescidos. usufruto, sem encargo de pagar
servidão se mencionar no título
hipotecário, será também pre- § 1o Se, entre os acessórios e as despesas de produção.
ciso, para a cancelar, o consen- os acrescidos, houver coisas Parágrafo único. Os frutos natu-
timento do credor. consumíveis, terá o usufrutuá- rais, pendentes ao tempo em
rio o dever de restituir, findo o que cessa o usufruto, perten-
Art. 1.388. O dono do pré- usufruto, as que ainda houver cem ao dono, também sem
dio serviente tem direito, pelos e, das outras, o equivalente em compensação das despesas.
meios judiciais, ao cancela- gênero, qualidade e quantidade,
mento do registro, embora o ou, não sendo possível, o seu Art. 1.397. As crias dos ani-
dono do prédio dominante lho valor, estimado ao tempo da mais pertencem ao usufrutuá-
impugne: restituição. rio, deduzidas quantas bastem
para inteirar as cabeças de
I – quando o titular houver re- § 2o Se há no prédio em que
gado existentes ao começar o
nunciado a sua servidão; recai o usufruto florestas ou os
usufruto.
recursos minerais a que se refe-
II – quando tiver cessado, para re o art. 1.230, devem o dono Art. 1.398. Os frutos civis,
o prédio dominante, a utilidade e o usufrutuário prefixar-lhe a vencidos na data inicial do
ou a comodidade, que determi- extensão do gozo e a maneira usufruto, pertencem ao pro-
nou a constituição da servidão; de exploração. prietário, e ao usufrutuário os
III – quando o dono do prédio § 3o Se o usufruto recai sobre vencidos na data em que cessa
serviente resgatar a servidão. universalidade ou quota-parte o usufruto.
de bens, o usufrutuário tem di- Art. 1.399. O usufrutuário
Art. 1.389. Também se ex- reito à parte do tesouro acha- pode usufruir em pessoa, ou
tingue a servidão, ficando ao do por outrem, e ao preço pago mediante arrendamento, o pré-
dono do prédio ser viente a pelo vizinho do prédio usufruí- dio, mas não mudar-lhe a desti-
faculdade de fazê-la cancelar, do, para obter meação em pare- nação econômica, sem expressa
mediante a prova da extinção: de, cerca, muro, vala ou valado. autorização do proprietário.
I – pela reunião dos dois prédios
no domínio da mesma pessoa; Art. 1.393. Não se pode Capítulo III – Dos Deveres
transferir o usufruto por alie- do Usufrutuário
II – pela supressão das respecti- nação; mas o seu exercício pode
vas obras por efeito de contra- ceder-se por título gratuito ou Art. 1.400. O usufrutuário,
to, ou de outro título expresso; oneroso. antes de assumir o usufruto,

239
inventariará, à sua custa, os Art. 1.405. Se o usufru- trinta anos da data em que se
bens que receber, determinan- to recair num patrimônio, ou começou a exercer;
do o estado em que se acham, parte deste, será o usufrutuá-
e dará caução, fidejussória ou rio obrigado aos juros da dívida IV – pela cessação do motivo de
real, se lha exigir o dono, de que onerar o patrimônio ou a que se origina;
velar-lhes pela conservação, e parte dele.
V – pela destruição da coisa,
entregá-los findo o usufruto. Art. 1.406. O usufrutuário é guardadas as disposições dos
Parágrafo único. Não é obrigado à obrigado a dar ciência ao dono arts. 1.407, 1.408, 2a parte, e
caução o doador que se reservar de qualquer lesão produzida 1.409;
o usufruto da coisa doada. contra a posse da coisa, ou os
direitos deste. VI – pela consolidação;
Art. 1.401. O usufrutuário
Art. 1.407. Se a coisa estiver VII – por culpa do usufrutuá-
que não quiser ou não puder dar
segurada, incumbe ao usufrutu- rio, quando aliena, deteriora,
caução suficiente perderá o direi- ário pagar, durante o usufruto,
to de administrar o usufruto; e, ou deixa arruinar os bens, não
as contribuições do seguro. lhes acudindo com os reparos
neste caso, os bens serão admi-
nistrados pelo proprietário, que § 1o Se o usufrutuário fizer o de conservação, ou quando, no
seguro, ao proprietário caberá usufruto de títulos de crédito,
ficará obrigado, mediante cau-
o direito dele resultante contra não dá às importâncias rece-
ção, a entregar ao usufrutuário o
o segurador. bidas a aplicação prevista no
rendimento deles, deduzidas as
despesas de administração, en- § 2o Em qualquer hipótese, o parágrafo único do art. 1.395;
tre as quais se incluirá a quantia direito do usufrutuário fica sub-
-rogado no valor da indenização VIII – pelo não uso, ou não frui-
fixada pelo juiz como remunera- ção, da coisa em que o usufruto
do seguro.
ção do administrador.
recai (arts. 1.390 e 1.399).
Art. 1.408. Se um edifício su-
Art. 1.402. O usufrutuário
jeito a usufruto for destruído sem Art. 1.411. Constituído o
não é obrigado a pagar as dete- culpa do proprietário, não será
riorações resultantes do exercí- usufruto em favor de duas ou
este obrigado a reconstruí-lo,
cio regular do usufruto. nem o usufruto se restabelece- mais pessoas, extinguir-se-á a
rá, se o proprietário reconstruir parte em relação a cada uma
Art. 1.403. Incumbem ao
à sua custa o prédio; mas se a das que falecerem, salvo se, por
usufrutuário:
indenização do seguro for apli- estipulação expressa, o quinhão
I – as despesas ordinárias de cada à reconstrução do prédio, desses couber ao sobrevivente.
conservação dos bens no esta- restabelecer-se-á o usufruto.
do em que os recebeu;
Art. 1.409. Também f ica
II – as prestações e os tributos
sub-rogada no ônus do usu-
devidos pela posse ou rendi-
fruto, em lugar do prédio, a
Título VII – Do Uso
mento da coisa usufruída. indenização paga, se ele for
Art. 1.404. Incumbem ao desapropriado, ou a impor- Art. 1.412. O usuário usa-
dono as reparações extraordi- tância do dano, ressarcido pelo rá da coisa e perceberá os seus
nárias e as que não forem de terceiro responsável no caso de frutos, quanto o exigirem as ne-
custo módico; mas o usufru- danificação ou perda. cessidades suas e de sua família.
tuário lhe pagará os juros do
capital despendido com as que
Capítulo IV – Da Extinção § 1o Avaliar-se-ão as necessi-
forem necessárias à conserva- do Usufruto dades pessoais do usuário con-
ção, ou aumentarem o rendi- forme a sua condição social e o
Art. 1.410. O usufruto ex- lugar onde viver.
mento da coisa usufruída. tingue-se, cancelando-se o re-
§ 1o Não se consideram mó- gistro no Cartório de Registro § 2o As necessidades da família
dicas as despesas superiores a de Imóveis: do usuário compreendem as de
dois terços do líquido rendimen- seu cônjuge, dos filhos solteiros
I – pela renúncia ou morte do
to em um ano. e das pessoas de seu serviço do-
usufrutuário;
§ 2o Se o dono não fizer as re- méstico.
parações a que está obrigado, e II – pelo termo de sua duração;
que são indispensáveis à conser- III – pela extinção da pessoa Art. 1.413. São aplicáveis ao
vação da coisa, o usufrutuário jurídica, em favor de quem o uso, no que não for contrário
pode realizá-las, cobrando da- usufruto foi constituído, ou, se à sua natureza, as disposições
quele a importância despendida. ela perdurar, pelo decurso de relativas ao usufruto.

240
direito decorridos quinze anos
Título VIII – Da Título X – Do da data de sua constituição.
Habitação Penhor, da Hipoteca Art. 1.424. Os contratos de
e da Anticrese penhor, anticrese ou hipoteca
declararão, sob pena de não
Art. 1.414. Quando o uso terem eficácia:
consistir no direito de habitar Capítulo I – Disposições
I – o valor do crédito, sua esti-
gratuitamente casa alheia, o Gerais mação, ou valor máximo;
titular deste direito não a pode Art. 1.419. Nas dívidas ga- II – o prazo fixado para paga-
alugar, nem emprestar, mas rantidas por penhor, anticrese mento;
simplesmente ocupá-la com ou hipoteca, o bem dado em III – a taxa dos juros, se houver;
sua família. garantia fica sujeito, por vín-
IV – o bem dado em garantia
culo real, ao cumprimento da
com as suas especificações.
Art. 1.415. Se o direito real obrigação.
de habitação for conferido a Art. 1.425. A dívida consi-
Art. 1.420. Só aquele que
mais de uma pessoa, qualquer dera-se vencida:
pode alienar poderá empenhar,
delas que sozinha habite a casa hipotecar ou dar em anticrese; I – se, deteriorando-se, ou de-
não terá de pagar aluguel à ou- só os bens que se podem alienar preciando-se o bem dado em
poderão ser dados em penhor, segurança, desfalcar a garantia,
tra, ou às outras, mas não as
anticrese ou hipoteca. e o devedor, intimado, não a re-
pode inibir de exercerem, que- forçar ou substituir;
rendo, o direito, que também § 1o A propriedade superve-
niente torna eficaz, desde o re- II – se o devedor cair em insol-
lhes compete, de habitá-la. vência ou falir;
gistro, as garantias reais estabe-
lecidas por quem não era dono. III – se as prestações não forem
Art. 1.416. São aplicáveis à
§ 2o A coisa comum a dois ou pontualmente pagas, toda vez
habitação, no que não for con- que deste modo se achar es-
trário à sua natureza, as dispo- mais proprietários não pode
ser dada em garantia real, na tipulado o pagamento. Neste
sições relativas ao usufruto. caso, o recebimento posterior
sua totalidade, sem o consenti-
da prestação atrasada importa
mento de todos; mas cada um
renúncia do credor ao seu direi-
pode individualmente dar em
to de execução imediata;
garantia real a parte que tiver.
Título IX – Do Direito IV – se perecer o bem dado em
do Promitente Comprador Art. 1.421. O pagamento de garantia, e não for substituído;
uma ou mais prestações da dívi-
V – se se desapropriar o bem
da não importa exoneração cor-
Art. 1.417. Mediante pro- dado em garantia, hipótese na
respondente da garantia, ainda
messa de compra e venda, em qual se depositará a parte do
que esta compreenda vários preço que for necessária para
que se não pactuou arrependi- bens, salvo disposição expressa o pagamento integral do credor.
mento, celebrada por instru- no título ou na quitação.
mento público ou particular, § 1o Nos casos de perecimento
Art. 1.422. O credor hipo- da coisa dada em garantia, esta
e registrada no Cartório de
tecário e o pignoratício têm o se sub-rogará na indenização
Registro de Imóveis, adquire o direito de excutir a coisa hipote- do seguro, ou no ressarcimento
promitente comprador direito cada ou empenhada, e preferir, do dano, em benefício do cre-
real à aquisição do imóvel. no pagamento, a outros credo- dor, a quem assistirá sobre ela
res, observada, quanto à hipo- preferência até seu completo
Art. 1.418. O promitente teca, a prioridade no registro. reembolso.
comprador, titular de direito § 2o Nos casos dos incisos IV e
Parágrafo único. Excetuam-se da
real, pode exigir do promiten- regra estabelecida neste artigo V, só se vencerá a hipoteca antes
te vendedor, ou de terceiros, a as dívidas que, em virtude de do prazo estipulado, se o pere-
quem os direitos deste forem outras leis, devam ser pagas cimento, ou a desapropriação
cedidos, a outorga da escritura precipuamente a quaisquer recair sobre o bem dado em
definitiva de compra e venda, outros créditos. garantia, e esta não abranger
outras; subsistindo, no caso
conforme o disposto no instru- Art. 1.423. O credor anti- contrário, a dívida reduzida,
mento preliminar; e, se houver crético tem direito a reter em seu com a respectiva garantia sobre
recusa, requerer ao juiz a adju- poder o bem, enquanto a dívida os demais bens, não desapro-
dicação do imóvel. não for paga; extingue-se esse priados ou destruídos.

241
Art. 1.426. Nas hipóteses do Parágrafo único. No penhor rural, da coisa empenhada, suficiente
artigo anterior, de vencimento industrial, mercantil e de veículos, para o pagamento do credor.
antecipado da dívida, não se as coisas empenhadas continuam
compreendem os juros corres- em poder do devedor, que as deve
pondentes ao tempo ainda não guardar e conservar.
Seção III – Das Obrigações
decorrido. do Credor Pignoratício
Art. 1.432. O instrumento Art. 1.435. O credor pigno-
Art. 1.427. Salvo cláusula do penhor deverá ser levado a ratício é obrigado:
expressa, o terceiro que presta registro, por qualquer dos con-
garantia real por dívida alheia tratantes; o do penhor comum I – à custódia da coisa, como
não fica obrigado a substituí-la, será registrado no Cartório de depositário, e a ressarcir ao
ou reforçá-la, quando, sem cul- Títulos e Documentos. dono a perda ou deterioração
pa sua, se perca, deteriore, ou de que for culpado, podendo
desvalorize. ser compensada na dívida, até
Seção II – Dos Direitos do a concorrente quantia, a impor-
Art. 1.428. É nula a cláusula Credor Pignoratício tância da responsabilidade;
que autoriza o credor pignora-
tício, anticrético ou hipotecário II – à defesa da posse da coisa
Art. 1.433. O credor pigno-
a ficar com o objeto da garan- empenhada e a dar ciência, ao
ratício tem direito:
tia, se a dívida não for paga no dono dela, das circunstâncias
vencimento. I – à posse da coisa empenhada; que tornarem necessário o exer-
cício de ação possessória;
II – à retenção dela, até que o
Parágrafo único. Após o vencimen- indenizem das despesas devi- III – a imputar o valor dos fru-
to, poderá o devedor dar a coisa damente justificadas, que tiver tos, de que se apropriar (art.
em pagamento da dívida. feito, não sendo ocasionadas 1.433, inciso V) nas despesas
por culpa sua; de guarda e conservação, nos
Art. 1.429. Os sucessores juros e no capital da obrigação
do devedor não podem remir III – ao ressarcimento do preju-
garantida, sucessivamente;
parcialmente o penhor ou a hi- ízo que houver sofrido por vício
poteca na proporção dos seus da coisa empenhada; IV – a restituí-la, com os respec-
quinhões; qualquer deles, po- tivos frutos e acessões, uma vez
IV – a promover a execução
rém, pode fazê-lo no todo. paga a dívida;
judicial, ou a venda amigável,
se lhe permitir expressamente V – a entregar o que sobeje
Parágrafo único. O herdeiro ou
o contrato, ou lhe autorizar o do preço, quando a dívida for
sucessor que f izer a remição
devedor mediante procuração; paga, no caso do inciso IV do
fica sub-rogado nos direitos do
art. 1.433.
credor pelas quotas que houver V – a apropriar-se dos frutos da
satisfeito. coisa empenhada que se encon-
tra em seu poder; Seção IV – Da Extinção do
Art. 1.430. Quando, excu- Penhor
tido o penhor, ou executada a VI – a promover a venda an-
hipoteca, o produto não bas- tecipada, mediante prévia au- Art. 1.436. Extingue-se o
tar para pagamento da dívida e torização judicial, sempre que penhor:
despesas judiciais, continuará o haja receio fundado de que a
devedor obrigado pessoalmente coisa empenhada se perca ou I – extinguindo-se a obrigação;
pelo restante. deteriore, devendo o preço ser II – perecendo a coisa;
depositado. O dono da coisa
Capítulo II – Do Penhor empenhada pode impedir a ven- III – renunciando o credor;
da antecipada, substituindo-a, IV – confundindo-se na mesma
ou oferecendo outra garantia pessoa as qualidades de credor
Seção I – Da Constituição real idônea. e de dono da coisa;
do Penhor
Art. 1.434. O credor não V – dando-se a adjudicação
Art. 1.431. Constitui-se o pode ser constrangido a devol- judicial, a remissão ou a venda
penhor pela transferência efe- ver a coisa empenhada, ou uma da coisa empenhada, feita pelo
tiva da posse que, em garantia parte dela, antes de ser integral- credor ou por ele autorizada.
do débito ao credor ou a quem mente pago, podendo o juiz, a § 1o Presume-se a renúncia
o represente, faz o devedor, ou requerimento do proprietário, do credor quando consentir
alguém por ele, de uma coisa determinar que seja vendida na venda particular do penhor
móvel, suscetível de alienação. apenas uma das coisas, ou parte sem reserva de preço, quando

242
restituir a sua posse ao devedor, Art. 1.441. Tem o credor de terceiro, ou exigir que se lhe
ou quando anuir à sua substitui- direito a verificar o estado das pague a dívida de imediato.
ção por outra garantia. coisas empenhadas, inspecio-
Art. 1.446. Os animais da
§ 2o Operando-se a confusão nando-as onde se acharem, por
mesma espécie, comprados
tão somente quanto a parte si ou por pessoa que credenciar.
para substituir os mortos, ficam
da dívida pignoratícia, subsis- sub-rogados no penhor.
tirá inteiro o penhor quanto ao Subseção II – Do Penhor Parágrafo único. Presume-se a
resto. Agrícola substituição prevista neste ar-
Art. 1.437. Produz efeitos a Art. 1.442. Podem ser obje- tigo, mas não terá eficácia con-
extinção do penhor depois de to de penhor: tra terceiros, se não constar de
averbado o cancelamento do menção adicional ao respecti-
I – máquinas e instrumentos de vo contrato, a qual deverá ser
registro, à vista da respectiva
agricultura; averbada.
prova.
II – colheitas pendentes, ou em
via de formação;
Seção V – Do Penhor Rural Seção VI – Do Penhor
III – frutos acondicionados ou Industrial e Mercantil
armazenados;
Subseção I – Disposições IV – lenha cortada e carvão ve- Art. 1.447. Podem ser objeto
Gerais getal; de penhor máquinas, aparelhos,
materiais, instrumentos, insta-
V – animais do serviço ordinário
Art. 1.438. Constitui-se o lados e em funcionamento, com
de estabelecimento agrícola. os acessórios ou sem eles; ani-
penhor rural mediante instru-
mento público ou particular, Art. 1.443. O penhor agrí- mais, utilizados na indústria; sal
registrado no Cartório de Regis- cola que recai sobre colheita e bens destinados à exploração
tro de Imóveis da circunscrição pendente, ou em via de forma- das salinas; produtos de suino-
em que estiverem situadas as ção, abrange a imediatamente cultura, animais destinados à
coisas empenhadas. seguinte, no caso de frustrar-se industrialização de carnes e
ou ser insuficiente a que se deu derivados; matérias-primas e
Parágrafo único. Prometendo pa- em garantia. produtos industrializados.
gar em dinheiro a dívida, que
garante com penhor rural, o de- Parágrafo único. Se o credor não Parágrafo único. Regula-se pelas
vedor poderá emitir, em favor financiar a nova safra, poderá o disposições relativas aos arma-
do credor, cédula rural pigno- devedor constituir com outrem zéns gerais o penhor das merca-
ratícia, na forma determinada novo penhor, em quantia máxi- dorias neles depositadas.
em lei especial. ma equivalente à do primeiro; Art. 1.448. Constitui-se o
o segundo penhor terá prefe- penhor industrial, ou o mercan-
Art. 1.439. O penhor agrí- rência sobre o primeiro, abran- til, mediante instrumento públi-
cola e o penhor pecuário não gendo este apenas o excesso co ou particular, registrado no
podem ser convencionados por apurado na colheita seguinte. Cartório de Registro de Imóveis
prazos superiores aos das obri-
da circunscrição onde estiverem
gações garantidas.
Subseção III – Do Penhor situadas as coisas empenhadas.
§ 1o Embora vencidos os pra- Pecuário
zos, permanece a garantia, en- Parágrafo único. Prometendo pa-
quanto subsistirem os bens que Art. 1.444. Podem ser ob- gar em dinheiro a dívida, que
a constituem. jeto de penhor os animais que garante com penhor industrial
integram a atividade pastoril, ou mercantil, o devedor poderá
§ 2o A prorrogação deve ser emitir, em favor do credor, cé-
averbada à margem do registro agrícola ou de lacticínios.
dula do respectivo crédito, na
respectivo, mediante requeri- Art. 1.445. O devedor não forma e para os fins que a lei
mento do credor e do devedor. poderá alienar os animais em- especial determinar.
Art. 1.440. Se o prédio esti- penhados sem prévio consenti-
mento, por escrito, do credor. Art. 1.449. O devedor não
ver hipotecado, o penhor rural pode, sem o consentimento por
poderá constituir-se indepen- Parágrafo único. Quando o de- escrito do credor, alterar as coi-
dentemente da anuência do vedor pretende alienar o gado sas empenhadas ou mudar-lhes
credor hipotecário, mas não lhe empenhado ou, por negligên- a situação, nem delas dispor. O
prejudica o direito de preferên- cia, ameace prejudicar o credor, devedor que, anuindo o credor,
cia, nem restringe a extensão da poderá este requerer se depo- alienar as coisas empenhadas,
hipoteca, ao ser executada. sitem os animais sob a guarda deverá repor outros bens da

243
mesma natureza, que ficarão Art. 1.456. Se o mesmo cré- imediatamente a dívida, em cuja
sub-rogados no penhor. dito for objeto de vários penho- garantia se constituiu o penhor.
res, só ao credor pignoratício,
Art. 1.450. Tem o credor
cujo direito prefira aos demais,
direito a verificar o estado das Seção VIII – Do Penhor de
o devedor deve pagar; responde
coisas empenhadas, inspecio-
por perdas e danos aos demais
Veículos
nando-as onde se acharem, por
si ou por pessoa que credenciar. credores o credor preferente Art. 1.461. Podem ser objeto
que, notificado por qualquer de penhor os veículos empre-
um deles, não promover opor- gados em qualquer espécie de
Seção VII – Do Penhor de tunamente a cobrança. transporte ou condução.
Direitos e Títulos de Crédito
Art. 1.457. O titular do Art. 1.462. Constitui-se o
Art. 1.451. Podem ser objeto crédito empenhado só pode penhor, a que se refere o artigo
de penhor direitos, suscetíveis receber o pagamento com a antecedente, mediante instru-
de cessão, sobre coisas móveis. anuência, por escrito, do cre- mento público ou particular, re-
dor pignoratício, caso em que gistrado no Cartório de Títulos
Art. 1.452. Constitui-se o o penhor se extinguirá. e Documentos do domicílio do
penhor de direito mediante
devedor, e anotado no certifi-
instrumento público ou parti- Art. 1.458. O penhor, que cado de propriedade.
cular, registrado no Registro de recai sobre título de crédito,
Títulos e Documentos. constitui-se mediante instru- Parágrafo único. Prometendo
mento público ou particular pagar em dinheiro a dívida ga-
Parágrafo único. O titular de direi-
ou endosso pignoratício, com rantida com o penhor, poderá o
to empenhado deverá entregar
a tradição do título ao credor, devedor emitir cédula de crédi-
ao credor pignoratício os docu-
regendo-se pelas Disposições to, na forma e para os fins que
mentos comprobatórios desse
Gerais deste Título e, no que a lei especial determinar.
direito, salvo se tiver interesse
legítimo em conservá-los. couber, pela presente Seção. Art. 1.463. Não se fará o
Art. 1.459. Ao credor, em penhor de veículos sem que es-
Art. 1.453. O penhor de
penhor de título de crédito, tejam previamente segurados
crédito não tem eficácia senão
compete o direito de: contra furto, avaria, perecimen-
quando notificado ao devedor;
to e danos causados a terceiros
por notificado tem-se o devedor I – conservar a posse do título
que, em instrumento público ou e recuperá-la de quem quer que Art. 1.464. Tem o credor
particular, declarar-se ciente da o detenha; direito a verificar o estado do
existência do penhor. veículo empenhado, inspecio-
II – usar dos meios judiciais con-
nando-o onde se achar, por si
Art. 1.454. O credor pig- venientes para assegurar os seus
ou por pessoa que credenciar.
noratício deve praticar os atos direitos, e os do credor do título
necessários à conservação e empenhado; Art. 1.465. A alienação, ou a
defesa do direito empenhado e III – fazer intimar ao devedor do mudança, do veículo empenha-
cobrar os juros e mais presta- título que não pague ao seu cre- do sem prévia comunicação ao
ções acessórias compreendidas dor, enquanto durar o penhor; credor importa no vencimento
na garantia. antecipado do crédito pigno-
IV – receber a impor tância ratício.
Art. 1.455. Deverá o credor consubstanciada no título e os
pignoratício cobrar o crédito respectivos juros, se exigíveis, Art. 1.466. O penhor de
empenhado, assim que se torne restituindo o título ao devedor, veículos só se pode convencio-
exigível. Se este consistir numa quando este solver a obrigação. nar pelo prazo máximo de dois
prestação pecuniária, deposi- anos, prorrogável até o limite de
tará a importância recebida, de Art. 1.460. O devedor do igual tempo, averbada a pror-
acordo com o devedor pignora- título empenhado que receber rogação à margem do registro
tício, ou onde o juiz determinar; a intimação prevista no inciso III respectivo.
se consistir na entrega da coisa, do artigo antecedente, ou se der
nesta se sub-rogará o penhor. por ciente do penhor, não po-
derá pagar ao seu credor. Se o Seção IX – Do Penhor Legal
Parágrafo único. Estando ven- fizer, responderá solidariamente
cido o crédito pignoratício, Art. 1.467. São credores pig-
por este, por perdas e danos, noratícios, independentemente
tem o credor direito a reter, da perante o credor pignoratício.
quantia recebida, o que lhe é de convenção:
devido, restituindo o restante Parágrafo único. Se o credor der I – os hospedeiros, ou fornece-
ao devedor; ou a excutir a coisa quitação ao devedor do títu- dores de pousada ou alimento,
a ele entregue. lo empenhado, deverá saldar sobre as bagagens, móveis, joias

244
ou dinheiro que os seus consu- V – os recursos naturais a que se credor da segunda pode promo-
midores ou fregueses tiverem refere o art. 1.230, independen- ver-lhe a extinção, consignando
consigo nas respectivas casas temente do solo onde se acham; a importância e citando o pri-
ou estabelecimentos, pelas meiro credor para recebê-la e
despesas ou consumo que aí VI – os navios; o devedor para pagá-la; se este
tiverem feito; VII – as aeronaves; não pagar, o segundo credor,
efetuando o pagamento, se sub-
II – o dono do prédio rústico ou VIII – o direito de uso especial -rogará nos direitos da hipoteca
urbano, sobre os bens móveis para fins de moradia; anterior, sem prejuízo dos que
que o rendeiro ou inquilino tiver lhe competirem contra o deve-
guarnecendo o mesmo prédio, IX – o direito real de uso;
dor comum.
pelos aluguéis ou rendas. X – a propriedade superficiária.
Parágrafo único. Se o primeiro
Art. 1.468. A conta das § 1o A hipoteca dos navios e credor estiver promovendo a
dívidas enumeradas no inciso das aeronaves reger-se-á pelo execução da hipoteca, o credor
I do artigo antecedente será disposto em lei especial. da segunda depositará a impor-
extraída conforme a tabela im- § 2o Os direitos de garantia ins- tância do débito e as despesas
pressa, prévia e ostensivamente tituídos nas hipóteses dos inci- judiciais.
exposta na casa, dos preços de sos IX e X do caput deste artigo
hospedagem, da pensão ou dos ficam limitados à duração da Art. 1.479. O adquirente do
gêneros fornecidos, sob pena de concessão ou direito de super- imóvel hipotecado, desde que
fície, caso tenham sido transfe- não se tenha obrigado pesso-
nulidade do penhor.
ridos por período determinado. almente a pagar as dívidas aos
Art. 1.469. Em cada um dos credores hipotecários, poderá
casos do art. 1.467, o credor Ar t. 1.474. A hipoteca exonerar-se da hipoteca, aban-
poderá tomar em garantia um abrange todas as acessões, me- donando-lhes o imóvel.
ou mais objetos até o valor da lhoramentos ou construções do
imóvel. Subsistem os ônus reais Art. 1.480. O adquirente
dívida. notificará o vendedor e os cre-
constituídos e registrados, an-
Art. 1.470. Os credores, teriormente à hipoteca, sobre o dores hipotecários, deferindo-
compreendidos no art. 1.467, mesmo imóvel. lhes, conjuntamente, a posse
podem fazer efetivo o penhor, do imóvel, ou o depositará em
Art. 1.475. É nula a cláusula juízo.
antes de recorrerem à autorida- que proíbe ao proprietário alie-
de judiciária, sempre que haja nar imóvel hipotecado. Parágrafo único. Poderá o adqui-
perigo na demora, dando aos rente exercer a faculdade de
devedores comprovante dos Parágrafo único. Pode conven- abandonar o imóvel hipoteca-
bens de que se apossarem. cionar-se que vencerá o crédi- do, até as vinte e quatro horas
to hipotecário, se o imóvel for subsequentes à citação, com
Art. 1.471. Tomado o pe- alienado. que se inicia o procedimento
nhor, requererá o credor, ato executivo.
contínuo, a sua homologação Art. 1.476. O dono do imó-
judicial. vel hipotecado pode constituir Art. 1.481. Dentro em trinta
outra hipoteca sobre ele, me- dias, contados do registro do
Art. 1.472. Pode o locatário diante novo título, em favor do título aquisitivo, tem o adqui-
impedir a constituição do pe- mesmo ou de outro credor. rente do imóvel hipotecado o
nhor mediante caução idônea. direito de remi-lo, citando os
Art. 1.477. Salvo o caso de
insolvência do devedor, o credor credores hipotecários e propon-
Capítulo III – Da Hipoteca do importância não inferior ao
da segunda hipoteca, embora
vencida, não poderá executar preço por que o adquiriu.
Seção I – Disposições Gerais o imóvel antes de vencida a § 1o Se o credor impugnar o
primeira. preço da aquisição ou a impor-
Art. 1.473. Podem ser objeto tância oferecida, realizar-se-á
de hipoteca: Parágrafo único. Não se considera licitação, efetuando-se a venda
insolvente o devedor por faltar judicial a quem oferecer maior
I – os imóveis e os acessórios ao pagamento das obrigações preço, assegurada preferência
dos imóveis conjuntamente com garantidas por hipotecas pos- ao adquirente do imóvel.
eles; teriores à primeira.
§ 2o Não impugnado pelo cre-
II – o domínio direto; Art. 1.478. Se o devedor da dor, o preço da aquisição ou
III – o domínio útil; obrigação garantida pela pri- o preço proposto pelo adqui-
meira hipoteca não se oferecer, rente, haver-se-á por definitiva-
IV – as estradas de ferro; no vencimento, para pagá-la, o mente fixado para a remissão

245
do imóvel, que ficará livre de § 1o Nos casos deste artigo, a III – ao ofendido, ou aos seus
hipoteca, uma vez pago ou de- execução da hipoteca depen- herdeiros, sobre os imóveis do
positado o preço. derá de prévia e expressa con- delinquente, para satisfação do
§ 3o Se o adquirente deixar de cordância do devedor quanto à dano causado pelo delito e pa-
remir o imóvel, sujeitando-o a verificação da condição, ou ao gamento das despesas judiciais;
execução, ficará obrigado a res- montante da dívida. IV – ao coerdeiro, para garantia
sarcir os credores hipotecários § 2o Havendo divergência en- do seu quinhão ou torna da par-
da desvalorização que, por sua tre o credor e o devedor, caberá tilha, sobre o imóvel adjudicado
culpa, o mesmo vier a sofrer, àquele fazer prova de seu crédi- ao herdeiro reponente;
além das despesas judiciais da to. Reconhecido este, o deve- V – ao credor sobre o imóvel
execução. dor responderá, inclusive, por arrematado, para garantia do
§ 4o Disporá de ação regressiva perdas e danos, em razão da pagamento do restante do pre-
contra o vendedor o adquirente superveniente desvalorização ço da arrematação.
que ficar privado do imóvel em do imóvel.
Art. 1.490. O credor da
consequência de licitação ou Art. 1.488. Se o imóvel, hipoteca legal, ou quem o re-
penhora, o que pagar a hipote- dado em garantia hipotecária, presente, poderá, provando a
ca, o que, por causa de adjudi- vier a ser loteado, ou se nele se insuficiência dos imóveis espe-
cação ou licitação, desembolsar constituir condomínio edilício, cializados, exigir do devedor que
com o pagamento da hipoteca poderá o ônus ser dividido, seja reforçado com outros.
importância excedente à da gravando cada lote ou unidade
compra e o que suportar custas autônoma, se o requererem ao Art. 1.491. A hipoteca legal
e despesas judiciais. juiz o credor, o devedor ou os pode ser substituída por cau-
donos, obedecida a proporção ção de títulos da dívida pública
Art. 1.482. (Revogado). federal ou estadual, recebidos
entre o valor de cada um deles
Art. 1.483. (Revogado). pelo valor de sua cotação mí-
e o crédito.
nima no ano corrente; ou por
Art. 1.484. É lícito aos in- § 1o O credor só poderá se opor outra garantia, a critério do
teressados fazer constar das ao pedido de desmembramento juiz, a requerimento do devedor.
escrituras o valor entre si ajus- do ônus, provando que o mes-
tado dos imóveis hipotecados, mo importa em diminuição de
o qual, devidamente atualizado, sua garantia. Seção III – Do Registro da
será a base para as arremata- § 2o Salvo convenção em con-
Hipoteca
ções, adjudicações e remições, trário, todas as despesas judi-
dispensada a avaliação. Art. 1.492. As hipotecas se-
ciais ou extrajudiciais necessá- rão registradas no cartório do
Art. 1.485. Mediante sim- rias ao desmembramento do lugar do imóvel, ou no de cada
ples averbação, requerida por ônus correm por conta de quem um deles, se o título se referir a
ambas as partes, poderá pror- o requerer. mais de um.
rogar-se a hipoteca, até 30 (trin- § 3o O desmembramento do Parágrafo único. Compete aos
ta) anos da data do contrato. ônus não exonera o devedor ori- interessados, exibido o título,
Desde que perfaça esse prazo, ginário da responsabilidade a requerer o registro da hipoteca.
só poderá subsistir o contrato que se refere o art. 1.430, salvo
de hipoteca reconstituindo-se anuência do credor. Art. 1.493. Os registros e
por novo título e novo registro; averbações seguirão a ordem
e, nesse caso, lhe será mantida em que forem requeridas, verifi-
a precedência, que então lhe Seção II – Da Hipoteca cando-se ela pela da sua nume-
competir. Legal ração sucessiva no protocolo.
Art. 1.486. Podem o credor Art. 1.489. A lei confere hi- Parágrafo único. O número de
e o devedor, no ato constitutivo poteca: ordem determina a prioridade,
da hipoteca, autorizar a emis- I – às pessoas de direito público e esta a preferência entre as hi-
são da correspondente cédula interno (art. 41) sobre os imó- potecas.
hipotecária, na forma e para veis pertencentes aos encarre-
os fins previstos em lei especial. Art. 1.494. Não se regis-
gados da cobrança, guarda ou trarão no mesmo dia duas
Art. 1.487. A hipoteca pode administração dos respectivos hipotecas, ou uma hipoteca e
ser constituída para garantia de fundos e rendas; outro direito real, sobre o mes-
dívida futura ou condicionada, II – aos filhos, sobre os imóveis mo imóvel, em favor de pessoas
desde que determinado o valor do pai ou da mãe que passar a diversas, salvo se as escrituras,
máximo do crédito a ser garan- outras núpcias, antes de fazer do mesmo dia, indicarem a hora
tido. o inventário do casal anterior; em que foram lavradas.

246
Art. 1.495. Quando se apre- III – pela resolução da proprie- Capítulo IV – Da Anticrese
sentar ao of icial do registro dade;
título de hipoteca que mencio- IV – pela renúncia do credor; Art. 1.506. Pode o deve-
ne a constituição de anterior, dor ou outrem por ele, com a
V – pela remição; entrega do imóvel ao credor,
não registrada, sobrestará ele
na inscrição da nova, depois VI – pela arrematação ou ad- ceder-lhe o direito de perceber,
de a prenotar, até trinta dias, judicação. em compensação da dívida, os
aguardando que o interessado frutos e rendimentos.
Art. 1.500. Extingue-se ain-
inscreva a precedente; esgotado da a hipoteca com a averbação, § 1o É permitido estipular que
o prazo, sem que se requeira a no Registro de Imóveis, do can- os frutos e rendimentos do
inscrição desta, a hipoteca ul- celamento do registro, à vista imóvel sejam percebidos pelo
terior será registrada e obterá da respectiva prova. credor à conta de juros, mas se
preferência. o seu valor ultrapassar a taxa
Art. 1.501. Não extinguirá máxima permitida em lei para
Art. 1.496. Se tiver dúvida a hipoteca, devidamente regis- as operações financeiras, o re-
sobre a legalidade do registro trada, a arrematação ou adju- manescente será imputado ao
requerido, o oficial fará, ainda dicação, sem que tenham sido capital.
assim, a prenotação do pedido. notif icados judicialmente os
Se a dúvida, dentro em noven- § 2o Quando a anticrese recair
respectivos credores hipotecá-
ta dias, for julgada improce- sobre bem imóvel, este poderá
rios, que não forem de qualquer
dente, o registro efetuar-se-á ser hipotecado pelo devedor ao
modo partes na execução.
com o mesmo número que te- credor anticrético, ou a tercei-
ria na data da prenotação; no ros, assim como o imóvel hi-
caso contrário, cancelada esta, Seção V – Da Hipoteca de potecado poderá ser dado em
receberá o registro o número Vias Férreas anticrese.
correspondente à data em que Art. 1.502. As hipotecas so- Art. 1.507. O credor antic-
se tornar a requerer. bre as estradas de ferro serão rético pode administrar os bens
Art. 1.497. As hipotecas registradas no Município da es- dados em anticrese e fruir seus
legais, de qualquer natureza, tação inicial da respectiva linha. frutos e utilidades, mas deverá
apresentar anualmente balanço,
deverão ser registradas e espe- Art. 1.503. Os credores hi- exato e fiel, de sua administra-
cializadas. potecários não podem embara- ção.
§ 1o O registro e a especiali- çar a exploração da linha, nem
contrariar as modificações, que § 1o Se o devedor anticrético
zação das hipotecas legais in-
a administração deliberar, no não concordar com o que se
cumbem a quem está obrigado
leito da estrada, em suas de- contém no balanço, por ser
a prestar a garantia, mas os in-
pendências, ou no seu material inexato, ou ruinosa a adminis-
teressados podem promover a
tração, poderá impugná-lo, e, se
inscrição delas, ou solicitar ao Art. 1.504. A hipoteca será o quiser, requerer a transforma-
Ministério Público que o faça. circunscrita à linha ou às linhas ção em arrendamento, fixando
§ 2o As pessoas, às quais in- especificadas na escritura e ao o juiz o valor mensal do aluguel,
cumbir o registro e a especia- respectivo material de explo- o qual poderá ser corrigido anu-
lização das hipotecas legais, ração, no estado em que ao almente.
estão sujeitas a perdas e danos tempo da execução estiverem; § 2o O credor anticrético pode,
pela omissão. mas os credores hipotecários salvo pacto em sentido contrá-
poderão opor-se à venda da es- rio, arrendar os bens dados em
Art. 1.498. Vale o registro da
trada, à de suas linhas, de seus anticrese a terceiro, mantendo,
hipoteca, enquanto a obrigação
ramais ou de parte considerável até ser pago, direito de retenção
perdurar; mas a especialização,
do material de exploração; bem do imóvel, embora o aluguel
em completando vinte anos, como à fusão com outra em-
deve ser renovada. desse arrendamento não seja
presa, sempre que com isso a vinculativo para o devedor.
garantia do débito enfraquecer.
Seção IV – Da Extinção da Art. 1.505. Na execução
Art. 1.508. O credor antic-
Hipoteca rético responde pelas deterio-
das hipotecas será intimado rações que, por culpa sua, o
Art. 1.499. A hipoteca ex- o representante da União ou imóvel vier a sofrer, e pelos fru-
tingue-se: do Estado, para, dentro em tos e rendimentos que, por sua
quinze dias, remir a estrada de negligência, deixar de perceber.
I – pela extinção da obrigação ferro hipotecada, pagando o
principal; preço da arrematação ou da Art. 1.509. O credor anti-
II – pelo perecimento da coisa; adjudicação. crético pode vindicar os seus

247
direitos contra o adquirente dos titular da laje ou a participa- semelhantes que sirvam a todo
bens, os credores quirografários ção proporcional em áreas já o edifício; e
e os hipotecários posteriores ao edificadas.
registro da anticrese. IV – em geral, as coisas que se-
§ 1o Se executar os bens por § 5o Os Municípios e o Distrito
jam afetadas ao uso de todo o
falta de pagamento da dívida, Federal poderão dispor sobre
posturas edilícias e urbanísti- edifício.
ou permitir que outro credor o
execute, sem opor o seu direito cas associadas ao direito real § 2o É assegurado, em qualquer
de retenção ao exequente, não de laje. caso, o direito de qualquer in-
terá preferência sobre o preço. § 6 o O titular da laje poderá teressado em promover repa-
§ 2o O credor anticrético não ceder a superfície de sua cons- rações urgentes na construção
terá preferência sobre a inde- trução para a instituição de um na forma do parágrafo único do
nização do seguro, quando o sucessivo direito real de laje, art. 249 deste Código.
prédio seja destruído, nem, se desde que haja autorização
forem desapropriados os bens, expressa dos titulares da cons- Art. 1.510-D. Em caso de
com relação à desapropriação. trução-base e das demais lajes, alienação de qualquer das uni-
respeitadas as posturas edilícias dades sobrepostas, terão direi-
Art. 1.510. O adquirente dos to de preferência, em igualdade
e urbanísticas vigentes.
bens dados em anticrese poderá de condições com terceiros, os
remi-los, antes do vencimento titulares da construção-base e
Art. 1.510-B. É expressa-
da dívida, pagando a sua to- da laje, nessa ordem, que serão
mente vedado ao titular da laje
talidade à data do pedido de cientificados por escrito para
remição e imitir-se-á, se for o prejudicar com obras novas ou
com falta de reparação a segu- que se manifestem no prazo de
caso, na sua posse.
rança, a linha arquitetônica ou trinta dias, salvo se o contrato
o arranjo estético do edifício, dispuser de modo diverso.
observadas as posturas previs- § 1o O titular da construção-
tas em legislação local.
Título XI – Da Laje -base ou da laje a quem não se
der conhecimento da alienação
Art. 1.510-C. Sem prejuízo,
poderá, mediante depósito do
Art. 1.510-A. O proprietário no que couber, das normas apli-
de uma construção-base poderá respectivo preço, haver para si
cáveis aos condomínios edilí-
ceder a superfície superior ou a parte alienada a terceiros, se
cios, para fins do direito real de
inferior de sua construção a fim o requerer no prazo decadencial
laje, as despesas necessárias à
de que o titular da laje mante- conservação e fruição das par- de cento e oitenta dias, contado
nha unidade distinta daquela tes que sirvam a todo o edifício da data de alienação.
originalmente construída sobre e ao pagamento de serviços de § 2o Se houver mais de uma
o solo. interesse comum serão parti- laje, terá preferência, suces-
§ 1o O direito real de laje con- lhadas entre o proprietário da sivamente, o titular das lajes
templa o espaço aéreo ou o construção-base e o titular da ascendentes e o titular das la-
subsolo de terrenos públicos ou laje, na proporção que venha jes descendentes, assegurada
privados, tomados em projeção a ser estipulada em contrato. a prioridade para a laje mais
vertical, como unidade imobiliá- § 1o São partes que servem a próxima à unidade sobreposta
ria autônoma, não contemplan- todo o edifício: a ser alienada.
do as demais áreas edificadas
ou não pertencentes ao proprie- I – os alicerces, colunas, pilares, Art. 1.510-E. A ruína da
tário da construção-base. paredes-mestras e todas as par- construção-base implica extin-
§ 2o O titular do direito real de tes restantes que constituam a ção do direito real de laje, salvo:
laje responderá pelos encargos estrutura do prédio; I – se este tiver sido instituído
e tributos que incidirem sobre sobre o subsolo;
a sua unidade. II – o telhado ou os terraços de
cobertura, ainda que destina- II – se a construção-base não
§ 3o Os titulares da laje, unida- dos ao uso exclusivo do titular for reconstruída no prazo de
de imobiliária autônoma consti- da laje; cinco anos.
tuída em matrícula própria, po-
derão dela usar, gozar e dispor. III – as instalações gerais de Parágrafo único. O disposto nes-
§ 4o A instituição do direito real água, esgoto, eletricidade, te artigo não afasta o direito a
de laje não implica a atribuição aquecimento, ar condicio- eventual reparação civil contra
de fração ideal de terreno ao nado, gás, comunicações e o culpado pela ruína.

248
Livro IV – Do § 1o O registro civil do ca- Capítulo III – Dos
Direito de Família samento religioso deverá ser Impedimentos
promovido dentro de noventa
dias de sua realização, mediante Art. 1.521. Não podem ca-
comunicação do celebrante ao sar:
ofício competente, ou por ini- I – os ascendentes com os des-
Título I – Do ciativa de qualquer interessado, cendentes, seja o parentesco
Direito Pessoal desde que haja sido homologa- natural ou civil;
da previamente a habilitação II – os afins em linha reta;
regulada neste Código. Após o
III – o adotante com quem foi
referido prazo, o registro depen-
cônjuge do adotado e o adota-
Subtítulo I – Do derá de nova habilitação.
do com quem o foi do adotante;
Casamento § 2o O casamento religioso, IV – os irmãos, unilaterais ou
celebrado sem as formalidades bilaterais, e demais colaterais,
Capítulo I – Disposições exigidas neste Código, terá efei- até o terceiro grau inclusive;
tos civis se, a requerimento do
Gerais casal, for registrado, a qualquer V – o adotado com o filho do
tempo, no registro civil, median- adotante;
Art. 1.511. O casamento
te prévia habilitação perante a VI – as pessoas casadas;
estabelece comunhão plena de
autoridade competente e ob- VII – o cônjuge sobrevivente
vida, com base na igualdade de
servado o prazo do art. 1.532. com o condenado por homicí-
direitos e deveres dos cônjuges.
§ 3o Será nulo o registro civil do dio ou tentativa de homicídio
Art. 1.512. O casamento é casamento religioso se, antes contra o seu consorte.
civil e gratuita a sua celebração. dele, qualquer dos consorciados Art. 1.522. Os impedimen-
houver contraído com outrem tos podem ser opostos, até o
Parágrafo único. A habilitação casamento civil. momento da celebração do ca-
para o casamento, o registro samento, por qualquer pessoa
e a primeira certidão serão Capítulo II – Da capaz.
isentos de selos, emolumentos Capacidade para o
e custas, para as pessoas cuja Casamento Parágrafo único. Se o juiz, ou o
pobreza for declarada, sob as oficial de registro, tiver conhe-
penas da lei. Art. 1.517. O homem e a cimento da existência de algum
mulher com dezesseis anos impedimento, será obrigado a
Art. 1.513. É defeso a qual- podem casar, exigindo-se au- declará-lo.
quer pessoa, de direito público torização de ambos os pais, ou
ou privado, interferir na comu- de seus representantes legais, Capítulo IV – Das causas
nhão de vida instituída pela enquanto não atingida a maio- suspensivas
família. ridade civil.
Art. 1.523. Não devem ca-
Art. 1.514. O casamento se Parágrafo único. Se houver diver- sar:
realiza no momento em que o gência entre os pais, aplica-se I – o viúvo ou a viúva que tiver
homem e a mulher manifestam, o disposto no parágrafo único filho do cônjuge falecido, en-
perante o juiz, a sua vontade de do art. 1.631. quanto não fizer inventário dos
estabelecer vínculo conjugal, e o bens do casal e der partilha aos
juiz os declara casados. Art. 1.518. Até a celebração herdeiros;
do casamento podem os pais ou II – a viúva, ou a mulher cujo
Art. 1.515. O casamento re- tutores revogar a autorização. casamento se desfez por ser
ligioso, que atender às exigên- nulo ou ter sido anulado, até
cias da lei para a validade do Art. 1.519. A denegação do dez meses depois do começo
casamento civil, equipara-se a consentimento, quando injusta,
da viuvez, ou da dissolução da
este, desde que registrado no pode ser suprida pelo juiz.
sociedade conjugal;
registro próprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua Art. 1.520. Excepcionalmen- III – o divorciado, enquanto
celebração. te, será permitido o casamento não houver sido homologada
de quem ainda não alcançou a ou decidida a partilha dos bens
Art. 1.516. O registro do ca- idade núbil (art. 1.517), para do casal;
samento religioso submete-se evitar imposição ou cumpri- IV – o tutor ou o curador e
aos mesmos requisitos exigidos mento de pena criminal ou em os seus descendentes, ascen-
para o casamento civil. caso de gravidez. dentes, irmãos, cunhados ou

249
sobrinhos, com a pessoa tute- julgado, ou do registro da sen- a contar da data em que foi ex-
lada ou curatelada, enquanto tença de divórcio. traído o certificado.
não cessar a tutela ou curatela,
e não estiverem saldadas as res- Art. 1.526. A habilitação Capítulo VI – Da
será feita pessoalmente perante
pectivas contas.
o oficial do Registro Civil, com a
Celebração do Casamento
Parágrafo único. É permitido aos audiência do Ministério Público. Art. 1.533. Celebrar-se-á
nubentes solicitar ao juiz que o casamento, no dia, hora e
não lhes sejam aplicadas as Parágrafo único. Caso haja impug-
nação do oficial, do Ministério lugar previamente designados
causas suspensivas previstas pela autoridade que houver de
nos incisos I, III e IV deste arti- Público ou de terceiro, a habi-
litação será submetida ao juiz. presidir o ato, mediante petição
go, provando-se a inexistência de dos contraentes, que se mos-
prejuízo, respectivamente, para Art. 1.527. Estando em or- trem habilitados com a certidão
o herdeiro, para o ex-cônjuge e dem a documentação, o oficial do art. 1.531.
para a pessoa tutelada ou cura- extrairá o edital, que se afixará
telada; no caso do inciso II, a nu- durante quinze dias nas cir- Art. 1.534. A solenidade re-
bente deverá provar nascimento cunscrições do Registro Civil alizar-se-á na sede do cartório,
de filho, ou inexistência de gravi- de ambos os nubentes, e, obri- com toda publicidade, a portas
dez, na fluência do prazo. gatoriamente, se publicará na abertas, presentes pelo menos
imprensa local, se houver. duas testemunhas, parentes ou
Art. 1.524. As causas sus- não dos contraentes, ou, que-
pensivas da celebração do ca- Parágrafo único. A autoridade rendo as partes e consentindo
samento podem ser arguidas competente, havendo urgência, a autoridade celebrante, noutro
pelos parentes em linha reta poderá dispensar a publicação. edifício público ou particular.
de um dos nubentes, sejam
consanguíneos ou afins, e pe- Art. 1.528. É dever do oficial § 1o Quando o casamento for
los colaterais em segundo grau, do registro esclarecer os nuben- em edifício particular, f icará
sejam também consanguíneos tes a respeito dos fatos que po- este de portas abertas durante
ou afins. dem ocasionar a invalidade do o ato.
casamento, bem como sobre os § 2o Serão quatro as testemu-
Capítulo V – Do Processo diversos regimes de bens. nhas na hipótese do parágrafo
de Habilitação para o anterior e se algum dos contra-
Art. 1.529. Tanto os im-
Casamento pedimentos quanto as causas
entes não souber ou não puder
escrever.
Art. 1.525. O requerimento suspensivas serão opostos em
de habilitação para o casamen- declaração escrita e assinada, Art. 1.535. Presentes os con-
to será firmado por ambos os instruída com as provas do fato traentes, em pessoa ou por pro-
nubentes, de próprio punho, alegado, ou com a indicação do curador especial, juntamente
ou, a seu pedido, por procura- lugar onde possam ser obtidas. com as testemunhas e o oficial
dor, e deve ser instruído com os do registro, o presidente do ato,
Art. 1.530. O oficial do re-
seguintes documentos: ouvida aos nubentes a afirma-
gistro dará aos nubentes ou a
I – certidão de nascimento ou ção de que pretendem casar por
seus representantes nota da
documento equivalente; livre e espontânea vontade, de-
oposição, indicando os funda-
clarará efetuado o casamento,
II – autorização por escrito das mentos, as provas e o nome de
nestes termos:
pessoas sob cuja dependência quem a ofereceu.
legal estiverem, ou ato judicial “De acordo com a vontade que
Parágrafo único. Podem os nu- ambos acabais de afirmar pe-
que a supra;
bentes requerer prazo razoável rante mim, de vos receberdes
III – declaração de duas teste- para fazer prova contrária aos
munhas maiores, parentes ou por marido e mulher, eu, em
fatos alegados, e promover as nome da lei, vos declaro casa-
não, que atestem conhecê-los e ações civis e criminais contra o
afirmem não existir impedimen- dos.”
oponente de má-fé.
to que os iniba de casar; Art. 1.536. Do casamento,
IV – declaração do estado civil, Art. 1.531. Cumpridas as logo depois de celebrado, lavrar-
do domicílio e da residência formalidades dos arts. 1.526 e -se-á o assento no livro de regis-
atual dos contraentes e de seus 1.527 e verificada a inexistência tro. No assento, assinado pelo
pais, se forem conhecidos; de fato obstativo, o oficial do presidente do ato, pelos cônju-
registro extrairá o certificado ges, as testemunhas, e o oficial
V – certidão de óbito do cônjuge de habilitação.
falecido, de sentença declarató- do registro, serão exarados:
ria de nulidade ou de anulação Art. 1.532. A eficácia da ha- I – os prenomes, sobrenomes,
de casamento, transitada em bilitação será de noventa dias, datas de nascimento, profissão,

250
domicílio e residência atual dos por qualquer dos seus substitu- casamento, quanto ao estado
cônjuges; tos legais, e a do oficial do Re- dos cônjuges, à data da cele-
II – os prenomes, sobrenomes, gistro Civil por outro ad hoc, no- bração.
datas de nascimento ou de mor- meado pelo presidente do ato. § 5 o Serão dispensadas as
te, domicílio e residência atual § 2o O termo avulso, lavrado formalidades deste e do arti-
dos pais; pelo oficial ad hoc, será registra- go antecedente, se o enfermo
III – o prenome e sobrenome do do no respectivo registro dentro convalescer e puder ratif icar
cônjuge precedente e a data da em cinco dias, perante duas tes- o casamento na presença da
dissolução do casamento an- temunhas, ficando arquivado. autoridade competente e do
terior; Art. 1.540. Quando algum oficial do registro.
IV – a data da publicação dos dos contraentes estiver em imi- Art. 1.542. O casamen-
proclamas e da celebração do nente risco de vida, não obten- to pode celebrar-se mediante
casamento; do a presença da autoridade procuração, por instrumento
V – a relação dos documentos à qual incumba presidir o ato, público, com poderes especiais.
apresentados ao oficial do re- nem a de seu substituto, poderá
§ 1o A revogação do mandato
gistro; o casamento ser celebrado na
presença de seis testemunhas, não necessita chegar ao conhe-
VI – o prenome, sobrenome, que com os nubentes não te- cimento do mandatário; mas,
profissão, domicílio e residência nham parentesco em linha reta, celebrado o casamento sem
atual das testemunhas; ou, na colateral, até segundo que o mandatário ou o outro
VII – o regime do casamento, grau. contraente tivessem ciência da
com a declaração da data e do revogação, responderá o man-
cartório em cujas notas foi la- Art. 1.541. Realizado o ca- dante por perdas e danos.
vrada a escritura antenupcial, samento, devem as testemunhas § 2o O nubente que não esti-
quando o regime não for o da comparecer perante a autorida- ver em iminente risco de vida
comunhão parcial, ou o obriga- de judicial mais próxima, dentro poderá fazer-se representar no
toriamente estabelecido. em dez dias, pedindo que lhes
casamento nuncupativo.
tome por termo a declaração
Art. 1.537. O instrumen- de: § 3o A eficácia do mandato não
to da autorização para casar ultrapassará noventa dias.
I – que foram convocadas por
transcrever-se-á integralmente parte do enfermo; § 4 o Só por instrumento pú-
na escritura antenupcial. blico se poderá revogar o man-
II – que este parecia em perigo
dato.
Art. 1.538. A celebração do de vida, mas em seu juízo;
casamento será imediatamente III – que, em sua presença, de-
suspensa se algum dos contra-
Capítulo VII – Das Provas
clararam os contraentes, livre do Casamento
entes: e espontaneamente, receber-se
I – recusar a solene afirmação por marido e mulher. Art. 1.543. O casamento ce-
da sua vontade; § 1o Autuado o pedido e toma- lebrado no Brasil prova-se pela
II – declarar que esta não é livre das as declarações, o juiz proce- certidão do registro.
e espontânea; derá às diligências necessárias Parágrafo único. Justificada a falta
III – manifestar-se arrependido. para verificar se os contraentes ou perda do registro civil, é ad-
podiam ter-se habilitado, na missível qualquer outra espécie
Parágrafo único. O nubente que, forma ordinária, ouvidos os
de prova.
por algum dos fatos mencio- interessados que o requererem,
nados neste artigo, der causa dentro em quinze dias. Art. 1.544. O casamento
à suspensão do ato, não será § 2o Verif icada a idoneidade de brasileiro, celebrado no es-
admitido a retratar-se no mes- dos cônjuges para o casamento, trangeiro, perante as respecti-
mo dia. assim o decidirá a autoridade vas autoridades ou os cônsules
Art. 1.539. No caso de mo- competente, com recurso vo- brasileiros, deverá ser registrado
léstia grave de um dos nubentes, luntário às partes. em cento e oitenta dias, a con-
o presidente do ato irá celebrá- § 3o Se da decisão não se tiver tar da volta de um ou de ambos
-lo onde se encontrar o impe- recorrido, ou se ela passar em os cônjuges ao Brasil, no car-
dido, sendo urgente, ainda que julgado, apesar dos recursos tório do respectivo domicílio,
à noite, perante duas testemu- interpostos, o juiz mandará re- ou, em sua falta, no 1o Ofício
nhas que saibam ler e escrever. gistrá-la no livro do Registro dos da Capital do Estado em que
Casamentos. passarem a residir.
§ 1o A falta ou impedimento
da autoridade competente para § 4 o O assento assim lavra- Art. 1.545. O casamento
presidir o casamento suprir-se-á do retrotrairá os efeitos do de pessoas que, na posse do

251
estado de casadas, não pos- do mandato, e não sobrevindo § 2o Não se anulará o casa-
sam manifestar vontade, ou coabitação entre os cônjuges; mento quando à sua celebra-
tenham falecido, não se pode VI – por incompetência da au- ção houverem assistido os re-
contestar em prejuízo da prole toridade celebrante. presentantes legais do incapaz,
comum, salvo mediante certi- ou tiverem, por qualquer modo,
dão do Registro Civil que prove § 1o Equipara-se à revogação a manifestado sua aprovação.
que já era casada alguma delas, invalidade do mandato judicial-
quando contraiu o casamento mente decretada. Art. 1.556. O casamento
impugnado. § 2o A pessoa com deficiência pode ser anulado por vício da
mental ou intelectual em idade vontade, se houve por parte de
Art. 1.546. Quando a pro- um dos nubentes, ao consentir,
núbia poderá contrair matrimô-
va da celebração legal do ca- erro essencial quanto à pessoa
nio, expressando sua vontade
samento resultar de processo do outro.
diretamente ou por meio de seu
judicial, o registro da sentença
responsável ou curador. Art. 1.557. Considera-se
no livro do Registro Civil pro-
duzirá, tanto no que toca aos Art. 1.551. Não se anulará, erro essencial sobre a pessoa
cônjuges como no que respeita por motivo de idade, o casa- do outro cônjuge:
aos filhos, todos os efeitos civis mento de que resultou gravidez. I – o que diz respeito à sua iden-
desde a data do casamento. tidade, sua honra e boa fama,
Art. 1.552. A anulação do sendo esse erro tal que o seu
Art. 1.547. Na dúvida entre casamento dos menores de de-
as provas favoráveis e contrá- conhecimento ulterior torne
zesseis anos será requerida: insuportável a vida em comum
rias, julgar-se-á pelo casamento,
I – pelo próprio cônjuge menor; ao cônjuge enganado;
se os cônjuges, cujo casamento
se impugna, viverem ou tiverem II – por seus representantes le- II – a ignorância de crime, ante-
vivido na posse do estado de gais; rior ao casamento, que, por sua
casados. III – por seus ascendentes. natureza, torne insuportável a
vida conjugal;
Capítulo VIII – Da Art. 1.553. O menor que
III – a ignorância, anterior ao
Invalidade do Casamento não atingiu a idade núbil po-
casamento, de defeito físico ir-
derá, depois de completá-la,
Art. 1.548. É nulo o casa- remediável que não caracterize
confirmar seu casamento, com
mento contraído: deficiência ou de moléstia grave
a autorização de seus represen-
e transmissível, por contágio ou
I – (Revogado); tantes legais, se necessária, ou
por herança, capaz de pôr em
II – por infringência de impedi- com suprimento judicial.
risco a saúde do outro cônjuge
mento. Art. 1.554. Subsiste o ca- ou de sua descendência;
Art. 1.549. A decretação de samento celebrado por aquele IV – (Revogado).
nulidade de casamento, pelos que, sem possuir a competência
exigida na lei, exercer publica- Art. 1.558. É anulável o ca-
motivos previstos no artigo
mente as funções de juiz de ca- samento em virtude de coação,
antecedente, pode ser promo-
samentos e, nessa qualidade, quando o consentimento de um
vida mediante ação direta, por
tiver registrado o ato no Regis- ou de ambos os cônjuges houver
qualquer interessado, ou pelo
tro Civil. sido captado mediante funda-
Ministério Público.
do temor de mal considerável
Art. 1.550. É anulável o ca- Art. 1.555. O casamento do e iminente para a vida, a saúde
samento: menor em idade núbil, quando e a honra, sua ou de seus fa-
não autorizado por seu repre- miliares.
I – de quem não completou a
idade mínima para casar; sentante legal, só poderá ser
anulado se a ação for propos- Art. 1.559. Somente o côn-
II – do menor em idade núbil, ta em cento e oitenta dias, por juge que incidiu em erro, ou so-
quando não autorizado por seu iniciativa do incapaz, ao deixar freu coação, pode demandar a
representante legal; de sê-lo, de seus representan- anulação do casamento; mas a
III – por vício da vontade, nos tes legais ou de seus herdeiros coabitação, havendo ciência do
termos dos arts. 1.556 a 1.558; necessários. vício, valida o ato, ressalvadas
IV – do incapaz de consentir ou as hipóteses dos incisos III e IV
§ 1o O prazo estabelecido nes-
manifestar, de modo inequívo- do art. 1.557.
te artigo será contado do dia
co, o consentimento; em que cessou a incapacidade, Art. 1.560. O prazo para ser
V – realizado pelo mandatário, no primeiro caso; a partir do intentada a ação de anulação
sem que ele ou o outro contra- casamento, no segundo; e, no do casamento, a contar da data
ente soubesse da revogação terceiro, da morte do incapaz. da celebração, é de:

252
I – cento e oitenta dias, no caso Art. 1.564. Quando o casa- educação dos filhos, qualquer
do inciso IV do art. 1.550; mento for anulado por culpa de que seja o regime patrimonial.
II – dois anos, se incompetente um dos cônjuges, este incorrerá:
Art. 1.569. O domicílio do
a autoridade celebrante; I – na perda de todas as van- casal será escolhido por ambos
III – três anos, nos casos dos tagens havidas do cônjuge ino- os cônjuges, mas um e outro po-
incisos I a IV do art. 1.557; cente; dem ausentar-se do domicílio
IV – quatro anos, se houver co- II – na obrigação de cumprir as conjugal para atender a encar-
ação. promessas que lhe fez no con- gos públicos, ao exercício de
trato antenupcial. sua profissão, ou a interesses
§ 1o Extingue-se, em cento e particulares relevantes.
oitenta dias, o direito de anu- Capítulo IX – Da Eficácia
lar o casamento dos menores Art. 1.570. Se qualquer dos
de dezesseis anos, contado o
do Casamento cônjuges estiver em lugar remo-
prazo para o menor do dia em Art. 1.565. Pelo casamen- to ou não sabido, encarcerado
que perfez essa idade; e da data to, homem e mulher assumem por mais de cento e oitenta
do casamento, para seus repre- mutuamente a condição de con- dias, interditado judicialmente
sentantes legais ou ascendentes. sortes, companheiros e respon- ou privado, episodicamente, de
consciência, em virtude de en-
§ 2o Na hipótese do inciso V do sáveis pelos encargos da família.
fermidade ou de acidente, o ou-
art. 1.550, o prazo para anula- § 1o Qualquer dos nubentes, tro exercerá com exclusividade a
ção do casamento é de cento e querendo, poderá acrescer ao direção da família, cabendo-lhe
oitenta dias, a partir da data em seu o sobrenome do outro. a administração dos bens.
que o mandante tiver conheci-
§ 2o O planejamento familiar é
mento da celebração. Capítulo X – Da
de livre decisão do casal, com-
Art. 1.561. Embora anulável petindo ao Estado propiciar Dissolução da Sociedade e do
ou mesmo nulo, se contraído de recursos educacionais e finan- Vínculo Conjugal
boa-fé por ambos os cônjuges, o ceiros para o exercício desse
casamento, em relação a estes direito, vedado qualquer tipo Art. 1.571. A sociedade con-
como aos filhos, produz todos de coerção por parte de insti- jugal termina:
os efeitos até o dia da sentença tuições privadas ou públicas. I – pela morte de um dos côn-
anulatória. juges;
Art. 1.566. São deveres de
§ 1o Se um dos cônjuges estava ambos os cônjuges: II – pela nulidade ou anulação
de boa-fé ao celebrar o casa- do casamento;
I – fidelidade recíproca;
mento, os seus efeitos civis só III – pela separação judicial;
a ele e aos filhos aproveitarão. II – vida em comum, no domicí-
IV – pelo divórcio.
lio conjugal;
§ 2o Se ambos os cônjuges es- § 1o O casamento válido só
tavam de má-fé ao celebrar o III – mútua assistência;
se dissolve pela morte de um
casamento, os seus efeitos civis IV – sustento, guarda e educa- dos cônjuges ou pelo divórcio,
só aos filhos aproveitarão. ção dos filhos; aplicando-se a presunção esta-
Art. 1.562. Antes de mover a V – respeito e consideração belecida neste Código quanto
ação de nulidade do casamento, mútuos. ao ausente.
a de anulação, a de separação § 2o Dissolvido o casamen-
Art. 1.567. A direção da so-
judicial, a de divórcio direto ou to pelo divórcio direto ou por
ciedade conjugal será exercida,
a de dissolução de união está- conversão, o cônjuge poderá
em colaboração, pelo marido e
vel, poderá requerer a parte, manter o nome de casado; sal-
pela mulher, sempre no interes-
comprovando sua necessida- vo, no segundo caso, dispondo
se do casal e dos filhos.
de, a separação de corpos, que em contrário a sentença de se-
será concedida pelo juiz com a Parágrafo único. Havendo diver- paração judicial.
possível brevidade. gência, qualquer dos cônjuges Art. 1.572. Qualquer dos
poderá recorrer ao juiz, que de- cônjuges poderá propor a ação
Art. 1.563. A sentença que cidirá tendo em consideração
decretar a nulidade do casa- de separação judicial, imputan-
aqueles interesses. do ao outro qualquer ato que
mento retroagirá à data da sua
celebração, sem prejudicar a Art. 1.568. Os cônjuges importe grave violação dos
aquisição de direitos, a título são obrigados a concorrer, deveres do casamento e torne
oneroso, por terceiros de boa- na proporção de seus bens e insuportável a vida em comum.
fé, nem a resultante de sentença dos rendimentos do trabalho, § 1o A separação judicial pode
transitada em julgado. para o sustento da família e a também ser pedida se um dos

253
cônjuges provar ruptura da vida Art. 1.575. A sentença de Parágrafo único. Novo casamen-
em comum há mais de um ano separação judicial importa a to de qualquer dos pais, ou de
e a impossibilidade de sua re- separação de corpos e a parti- ambos, não poderá importar
constituição. lha de bens. restrições aos direitos e deveres
§ 2o O cônjuge pode ainda pe- previstos neste artigo.
Parágrafo único. A partilha de
dir a separação judicial quan- bens poderá ser feita mediante Art. 1.580. Decorrido um
do o outro estiver acometido proposta dos cônjuges e ho- ano do trânsito em julgado da
de doença mental grave, mani- mologada pelo juiz ou por este sentença que houver decreta-
festada após o casamento, que decidida. do a separação judicial, ou da
torne impossível a continuação decisão concessiva da medida
Art. 1.576. A separação ju- cautelar de separação de cor-
da vida em comum, desde que,
dicial põe termo aos deveres de pos, qualquer das partes pode-
após uma duração de dois anos,
coabitação e fidelidade recípro- rá requerer sua conversão em
a enfermidade tenha sido reco- ca e ao regime de bens.
nhecida de cura improvável. divórcio.
Parágrafo único. O procedimento § 1o A conversão em divórcio da
§ 3o No caso do parágrafo 2o, judicial da separação caberá so-
reverterão ao cônjuge enfermo, separação judicial dos cônjuges
mente aos cônjuges, e, no caso será decretada por sentença, da
que não houver pedido a sepa- de incapacidade, serão repre-
ração judicial, os remanescentes qual não constará referência à
sentados pelo curador, pelo causa que a determinou.
dos bens que levou para o casa- ascendente ou pelo irmão.
mento, e se o regime dos bens § 2o O divórcio poderá ser re-
adotado o permitir, a meação Art. 1.577. Seja qual for a querido, por um ou por ambos
dos adquiridos na constância causa da separação judicial e os cônjuges, no caso de com-
da sociedade conjugal. o modo como esta se faça, é provada separação de fato por
lícito aos cônjuges restabelecer, mais de dois anos.
Art. 1.573. Podem caracte- a todo tempo, a sociedade con-
rizar a impossibilidade da co- jugal, por ato regular em juízo. Art. 1.581. O divórcio pode
munhão de vida a ocorrência ser concedido sem que haja pré-
de algum dos seguintes motivos: Parágrafo único. A reconciliação via partilha de bens.
em nada prejudicará o direito
I – adultério; de terceiros, adquirido antes e Art. 1.582. O pedido de di-
II – tentativa de morte; durante o estado de separado, vórcio somente competirá aos
seja qual for o regime de bens. cônjuges.
III – sevícia ou injúria grave;
Art. 1.578. O cônjuge de- Parágrafo único. Se o cônjuge for
IV – abandono voluntário do
clarado culpado na ação de incapaz para propor a ação ou
lar conjugal, durante um ano
separação judicial perde o di- defender-se, poderá fazê-lo o
contínuo;
reito de usar o sobrenome do curador, o ascendente ou o
V – condenação por crime in- irmão.
outro, desde que expressamente
famante;
requerido pelo cônjuge inocente
VI – conduta desonrosa. e se a alteração não acarretar: Capítulo XI – Da Proteção
da Pessoa dos Filhos
Parágrafo único. O juiz poderá I – evidente prejuízo para a sua
considerar outros fatos que tor- identificação; Art. 1.583. A guarda será
nem evidente a impossibilidade II – manifesta distinção entre o unilateral ou compartilhada.
da vida em comum. seu nome de família e o dos fi- § 1o Compreende-se por guarda
lhos havidos da união dissolvida; unilateral a atribuída a um só
Art. 1.574. Dar-se-á a sepa-
III – dano grave reconhecido na dos genitores ou a alguém que
ração judicial por mútuo con-
decisão judicial. o substitua (art. 1.584, § 5o) e,
sentimento dos cônjuges se
§ 1o O cônjuge inocente na por guarda compartilhada a
forem casados por mais de um responsabilização conjunta e
ano e o manifestarem perante o ação de separação judicial
poderá renunciar, a qualquer o exercício de direitos e deveres
juiz, sendo por ele devidamente do pai e da mãe que não vivam
homologada a convenção. momento, ao direito de usar o
sobrenome do outro. sob o mesmo teto, concernen-
Parágrafo único. O juiz pode re- tes ao poder familiar dos filhos
cusar a homologação e não § 2o Nos demais casos caberá comuns.
decretar a separação judicial a opção pela conservação do
nome de casado. § 2o Na guarda compartilhada,
se apurar que a convenção não o tempo de convívio com os fi-
preserva suficientemente os in- Art. 1.579. O divórcio não lhos deve ser dividido de forma
teresses dos filhos ou de um dos modificará os direitos e deveres equilibrada com a mãe e com o
cônjuges. dos pais em relação aos filhos. pai, sempre tendo em vista as

254
condições fáticas e os interesses declarar ao magistrado que não antecedentes a situação deles
dos filhos: deseja a guarda do menor. para com os pais.
I – (Revogado); § 3o Para estabelecer as atri- Art. 1.587. No caso de inva-
buições do pai e da mãe e os lidade do casamento, havendo
II – (Revogado); períodos de convivência sob f ilhos comuns, observar-se-á
guarda compartilhada, o juiz, o disposto nos arts. 1.584 e
III – (Revogado). de ofício ou a requerimento 1.586.
do Ministério Público, poderá
§ 3o Na guarda compartilhada, basear-se em orientação téc- Art. 1.588. O pai ou a mãe
a cidade considerada base de nico-profissional ou de equipe que contrair novas núpcias não
moradia dos filhos será aquela interdisciplinar, que deverá visar perde o direito de ter consigo os
que melhor atender aos interes- à divisão equilibrada do tempo filhos, que só lhe poderão ser
ses dos filhos. com o pai e com a mãe. retirados por mandado judicial,
§ 4o (Vetado). provado que não são tratados
§ 4o A alteração não autorizada
§ 5o A guarda unilateral obri- convenientemente.
ou o descumprimento imotiva-
ga o pai ou a mãe que não a do de cláusula de guarda unila- Art. 1.589. O pai ou a mãe,
detenha a super visionar os teral ou compartilhada poderá em cuja guarda não estejam os
interesses dos f ilhos, e, para implicar a redução de prerroga- filhos, poderá visitá-los e tê-los
possibilitar tal super visão, tivas atribuídas ao seu detentor. em sua companhia, segundo o
qualquer dos genitores sempre § 5o Se o juiz verificar que o fi- que acordar com o outro cônju-
será parte legítima para solicitar lho não deve permanecer sob ge, ou for fixado pelo juiz, bem
informações e/ou prestação de a guarda do pai ou da mãe, como fiscalizar sua manutenção
contas, objetivas ou subjetivas, deferirá a guarda a pessoa que e educação.
em assuntos ou situações que revele compatibilidade com a
direta ou indiretamente afetem Parágrafo único. O direito de visita
natureza da medida, conside- estende-se a qualquer dos avós,
a saúde física e psicológica e a rados, de preferência, o grau
educação de seus filhos. a critério do juiz, observados
de parentesco e as relações de os interesses da criança ou do
Art. 1.584. A guarda, unila- afinidade e afetividade. adolescente.
teral ou compartilhada, poderá § 6o Qualquer estabelecimento
ser: público ou privado é obrigado Art. 1.590. As disposições
a prestar informações a qual- relativas à guarda e prestação
I – requerida, por consenso,
quer dos genitores sobre os fi- de alimentos aos filhos meno-
pelo pai e pela mãe, ou por
lhos destes, sob pena de multa res estendem-se aos maiores
qualquer deles, em ação autô-
de R$200,00 (duzentos reais) incapazes.
noma de separação, de divórcio,
de dissolução de união estável a R$500,00 (quinhentos reais)
ou em medida cautelar; por dia pelo não atendimento
da solicitação.
II – decretada pelo juiz, em aten- Subtítulo II – Das
ção a necessidades específicas Art. 1.585. Em sede de me- Relações de Parentesco
do filho, ou em razão da dis- dida cautelar de separação de
tribuição de tempo necessário corpos, em sede de medida
ao convívio deste com o pai e cautelar de guarda ou em outra Capítulo I – Disposições
com a mãe. sede de fixação liminar de guar- Gerais
§ 1o Na audiência de concilia- da, a decisão sobre guarda de
Art. 1.591. São parentes em
ção, o juiz informará ao pai e filhos, mesmo que provisória,
linha reta as pessoas que estão
à mãe o significado da guarda será proferida preferencialmen-
umas para com as outras na
compartilhada, a sua importân- te após a oitiva de ambas as
relação de ascendentes e des-
cia, a similitude de deveres e di- partes perante o juiz, salvo se
cendentes.
reitos atribuídos aos genitores e a proteção aos interesses dos
as sanções pelo descumprimen- f ilhos exigir a concessão de Art. 1.592. São parentes em
to de suas cláusulas. liminar sem a oitiva da outra linha colateral ou transversal,
parte, aplicando-se as dispo- até o quarto grau, as pessoas
§ 2o Quando não houver acor-
sições do art. 1.584. provenientes de um só tronco,
do entre a mãe e o pai quanto à
sem descenderem uma da outra.
guarda do filho, encontrando- Art. 1.586. Havendo moti-
-se ambos os genitores aptos vos graves, poderá o juiz, em Art. 1.593. O parentesco é
a exercer o poder familiar, será qualquer caso, a bem dos filhos, natural ou civil, conforme resul-
aplicada a guarda compartilha- regular de maneira diferente te de consanguinidade ou outra
da, salvo se um dos genitores da estabelecida nos artigos origem.

255
Art. 1.594. Contam-se, na decorrido o prazo previsto no Art. 1.606. A ação de pro-
linha reta, os graus de paren- inciso II do art. 1.523, a mu- va de filiação compete ao filho,
tesco pelo número de gerações, lher contrair novas núpcias e enquanto viver, passando aos
e, na colateral, também pelo lhe nascer algum filho, este se herdeiros, se ele morrer menor
número delas, subindo de um presume do primeiro marido, ou incapaz.
dos parentes até ao ascendente se nascido dentro dos trezentos
comum, e descendo até encon- dias a contar da data do fale- Parágrafo único. Se iniciada a ação
trar o outro parente. cimento deste e, do segundo, pelo filho, os herdeiros poderão
se o nascimento ocorrer após continuá-la, salvo se julgado ex-
Art. 1.595. Cada cônjuge esse período e já decorrido o tinto o processo.
ou companheiro é aliado aos prazo a que se refere o inciso I
parentes do outro pelo vínculo do art. 1.597. Capítulo III – Do
da afinidade. Reconhecimento dos Filhos
Art. 1.599. A prova da im-
§ 1o O parentesco por afinidade potência do cônjuge para gerar, Art. 1.607. O filho havido
limita-se aos ascendentes, aos à época da concepção, ilide a fora do casamento pode ser re-
descendentes e aos irmãos do presunção da paternidade.
cônjuge ou companheiro. conhecido pelos pais, conjunta
Art. 1.600. Não basta o ou separadamente.
§ 2o Na linha reta, a afinidade adultério da mulher, ainda que
não se extingue com a dissolu- Art. 1.608. Quando a ma-
confessado, para ilidir a presun- ternidade constar do termo do
ção do casamento ou da união ção legal da paternidade.
estável. nascimento do filho, a mãe só
Art. 1.601. Cabe ao marido poderá contestá-la, provando
Capítulo II – Da Filiação o direito de contestar a pater- a falsidade do termo, ou das
nidade dos filhos nascidos de declarações nele contidas.
Art. 1.596. Os filhos, havi- sua mulher, sendo tal ação im- Art. 1.609. O reconheci-
dos ou não da relação de casa- prescritível. mento dos filhos havidos fora
mento, ou por adoção, terão os do casamento é irrevogável e
mesmos direitos e qualificações, Parágrafo único. Contestada a fi-
liação, os herdeiros do impug- será feito:
proibidas quaisquer designa-
ções discriminatórias relativas nante têm direito de prosseguir I – no registro do nascimento;
à filiação. na ação.
II – por escritura pública ou es-
Art. 1.602. Não basta a crito particular, a ser arquivado
Art. 1.597. Presumem-se confissão materna para excluir
concebidos na constância do em cartório;
a paternidade.
casamento os filhos: III – por testamento, ainda que
Art. 1.603. A filiação pro- incidentalmente manifestado;
I – nascidos cento e oitenta dias,
pelo menos, depois de estabe- va-se pela certidão do termo
IV – por manifestação direta e
lecida a convivência conjugal; de nascimento registrada no
expressa perante o juiz, ainda
Registro Civil.
II – nascidos nos trezentos dias que o reconhecimento não haja
subsequentes à dissolução da Art. 1.604. Ninguém pode sido o objeto único e principal
sociedade conjugal, por morte, vindicar estado contrário ao do ato que o contém.
separação judicial, nulidade e que resulta do registro de nas-
anulação do casamento; cimento, salvo provando-se erro Parágrafo único. O reconhecimen-
ou falsidade do registro. to pode preceder o nascimento
III – havidos por fecundação ar- do filho ou ser posterior ao seu
tificial homóloga, mesmo que Art. 1.605. Na falta, ou de- falecimento, se ele deixar des-
falecido o marido; feito, do termo de nascimento, cendentes.
poderá provar-se a filiação por
IV – havidos, a qualquer tempo,
qualquer modo admissível em Art. 1.610. O reconheci-
quando se tratar de embriões
direito: mento não pode ser revogado,
excedentários, decorrentes de
concepção artificial homóloga; I – quando houver começo de nem mesmo quando feito em
testamento.
V – havidos por inseminação prova por escrito, proveniente
ar tif icial heteróloga, desde dos pais, conjunta ou separa-
Art. 1.611. O filho havido
que tenha prévia autorização damente;
fora do casamento, reconheci-
do marido. II – quando existirem veementes do por um dos cônjuges, não
Art. 1.598. Salvo prova presunções resultantes de fatos poderá residir no lar conjugal
em contrário, se, antes de já certos. sem o consentimento do outro.

256
Art. 1.612. O filho reconhe- Capítulo V – Do Poder VI – nomear-lhes tutor por tes-
cido, enquanto menor, ficará Familiar tamento ou documento autên-
sob a guarda do genitor que o tico, se o outro dos pais não lhe
reconheceu, e, se ambos o reco- sobreviver, ou o sobrevivo não
nheceram e não houver acordo, Seção I – Disposições Gerais puder exercer o poder familiar;
sob a de quem melhor atender VII – representá-los judicial e
Art. 1.630. Os filhos estão
aos interesses do menor. extrajudicialmente até os 16
sujeitos ao poder familiar, en-
quanto menores. (dezesseis) anos, nos atos da
Art. 1.613. São ineficazes a
vida civil, e assisti-los, após
condição e o termo apostos ao
Art. 1.631. Durante o casa- essa idade, nos atos em que
ato de reconhecimento do filho.
mento e a união estável, com- forem partes, suprindo-lhes o
Art. 1.614. O f ilho maior pete o poder familiar aos pais; consentimento;
não pode ser reconhecido sem na falta ou impedimento de um VIII – reclamá-los de quem ile-
o seu consentimento, e o me- deles, o outro o exercerá com galmente os detenha;
nor pode impugnar o reconhe- exclusividade.
IX – exigir que lhes prestem
cimento, nos quatro anos que Parágrafo único. Divergindo os obediência, respeito e os ser-
se seguirem à maioridade, ou à pais quanto ao exercício do viços próprios de sua idade e
emancipação. poder familiar, é assegurado a condição.
Art. 1.615. Qualquer pes- qualquer deles recorrer ao juiz
soa, que justo interesse tenha, para solução do desacordo. Seção III – Da Suspensão e
pode contestar a ação de in- Art. 1.632. A separação ju- Extinção do Poder Familiar
vestigação de paternidade, ou dicial, o divórcio e a dissolução
maternidade. da união estável não alteram as Art. 1.635. Extingue-se o
relações entre pais e filhos senão poder familiar:
Art. 1.616. A sentença que
julgar procedente a ação de quanto ao direito, que aos pri- I – pela morte dos pais ou do
investigação produzirá os mes- meiros cabe, de terem em sua filho;
mos efeitos do reconhecimento; companhia os segundos. II – pela emancipação, nos ter-
mas poderá ordenar que o filho mos do art. 5o, parágrafo único;
Art. 1.633. O filho, não re-
se crie e eduque fora da compa- conhecido pelo pai, fica sob po- III – pela maioridade;
nhia dos pais ou daquele que lhe der familiar exclusivo da mãe; IV – pela adoção;
contestou essa qualidade. se a mãe não for conhecida ou V – por decisão judicial, na for-
Art. 1.617. A f iliação ma- capaz de exercê-lo, dar-se-á tu- ma do artigo 1.638.
terna ou paterna pode resultar tor ao menor.
Art. 1.636. O pai ou a mãe
de casamento declarado nulo,
que contrai novas núpcias, ou
ainda mesmo sem as condições Seção II – Do Exercício do estabelece união estável, não
do putativo. Poder Familiar perde, quanto aos filhos do rela-
cionamento anterior, os direitos
Capítulo IV – Da Adoção Art. 1.634. Compete a am-
ao poder familiar, exercendo-os
bos os pais, qualquer que seja a
Art. 1.618. A adoção de sem qualquer interferência do
sua situação conjugal, o pleno
crianças e adolescentes será novo cônjuge ou companheiro.
exercício do poder familiar, que
deferida na forma prevista pela consiste em, quanto aos filhos: Parágrafo único. Igual preceito ao
Lei no 8.069, de 13 de julho de I – dirigir-lhes a criação e a edu- estabelecido neste artigo apli-
1990 – Estatuto da Criança e do cação; ca-se ao pai ou à mãe solteiros
Adolescente. que casarem ou estabelecerem
II – exercer a guarda unilateral união estável.
Art. 1.619. A adoção de ou compartilhada nos termos
maiores de 18 (dezoito) anos do art. 1.584; Art. 1.637. Se o pai, ou a
dependerá da assistência efetiva III – conceder-lhes ou negar-lhes mãe, abusar de sua autorida-
do poder público e de sentença consentimento para casarem; de, faltando aos deveres a eles
constitutiva, aplicando-se, no inerentes ou arruinando os bens
que couber, as regras gerais da IV – conceder-lhes ou negar-lhes dos filhos, cabe ao juiz, reque-
Lei no 8.069, de 13 de julho de consentimento para viajarem rendo algum parente, ou o
1990 – Estatuto da Criança e do ao exterior; Ministério Público, adotar a me-
Adolescente. V – conceder-lhes ou negar-lhes dida que lhe pareça reclamada
consentimento para mudarem pela segurança do menor e seus
Arts. 1.620 a 1.629. (Revo- sua residência permanente para haveres, até suspendendo o po-
gados) outro Município; der familiar, quando convenha.

257
Parágrafo único. Suspende-se termo a opção pela comunhão I – comprar, ainda a crédito, as
igualmente o exercício do poder parcial, fazendo-se o pacto an- coisas necessárias à economia
familiar ao pai ou à mãe conde- tenupcial por escritura pública, doméstica;
nados por sentença irrecorrível, nas demais escolhas. II – obter, por empréstimo, as
em virtude de crime cuja pena quantias que a aquisição dessas
exceda a dois anos de prisão. Art. 1.641. É obrigatório o
regime da separação de bens no coisas possa exigir.
Art. 1.638. Perderá por ato casamento: Art. 1.644. As dívidas con-
judicial o poder familiar o pai I – das pessoas que o contraí- traídas para os fins do artigo
ou a mãe que: antecedente obrigam solidaria-
rem com inobservância das cau-
I – castigar imoderadamente o sas suspensivas da celebração mente ambos os cônjuges.
filho; do casamento;
Art. 1.645. As ações fun-
II – deixar o filho em abandono; II – da pessoa maior de 70 (se- dadas nos incisos III, IV e V do
III – praticar atos contrários à tenta) anos; art. 1.642 competem ao cônjuge
moral e aos bons costumes; III – de todos os que depende- prejudicado e a seus herdeiros.
IV – incidir, reiteradamente, nas rem, para casar, de suprimento
Art. 1.646. No caso dos
faltas previstas no artigo ante- judicial.
cedente. incisos III e IV do art. 1.642,
Art. 1.642. Qualquer que o terceiro, prejudicado com a
seja o regime de bens, tanto o sentença favorável ao autor,
marido quanto a mulher podem terá direito regressivo contra o
Título II – Do livremente: cônjuge, que realizou o negócio
Direito Patrimonial I – praticar todos os atos de jurídico, ou seus herdeiros.
disposição e de administração Art. 1.647. Ressalvado o dis-
necessários ao desempenho de posto no art. 1.648, nenhum
sua profissão, com as limita- dos cônjuges pode, sem auto-
Subtítulo I – Do Regime ções estabelecidas no inciso I rização do outro, exceto no
de Bens entre os Cônjuges do art. 1.647; regime da separação absoluta:
II – administrar os bens pró- I – alienar ou gravar de ônus real
prios; os bens imóveis;
Capítulo I – Disposições
III – desobrigar ou reivindicar os II – pleitear, como autor ou réu,
Gerais imóveis que tenham sido gra- acerca desses bens ou direitos;
Art. 1.639. É lícito aos nu- vados ou alienados sem o seu
III – prestar fiança ou aval;
bentes, antes de celebrado o ca- consentimento ou sem supri-
samento, estipular, quanto aos mento judicial; IV – fazer doação, não sendo
seus bens, o que lhes aprouver. remuneratória, de bens comuns,
IV – demandar a rescisão dos
ou dos que possam integrar fu-
§ 1o O regime de bens entre os contratos de fiança e doação,
tura meação.
cônjuges começa a vigorar des- ou a invalidação do aval, reali-
de a data do casamento. zados pelo outro cônjuge com Parágrafo único. São válidas as
§ 2o É admissível alteração do infração do disposto nos incisos doações nupciais feitas aos fi-
regime de bens, mediante au- III e IV do art. 1.647; lhos quando casarem ou esta-
torização judicial em pedido V – reivindicar os bens comuns, belecerem economia separada.
motivado de ambos os cônju- móveis ou imóveis, doados ou Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos
ges, apurada a procedência das transferidos pelo outro cônjuge casos do artigo antecedente, su-
razões invocadas e ressalvados ao concubino, desde que pro- prir a outorga, quando um dos
os direitos de terceiros. vado que os bens não foram cônjuges a denegue sem moti-
adquiridos pelo esforço co- vo justo, ou lhe seja impossível
Art. 1.640. Não havendo
mum destes, se o casal estiver concedê-la.
convenção, ou sendo ela nula
ou ineficaz, vigorará, quanto separado de fato por mais de
cinco anos; Art. 1.649. A falta de auto-
aos bens entre os cônjuges, o rização, não suprida pelo juiz,
regime da comunhão parcial. VI – praticar todos os atos que
quando necessária (art. 1.647),
não lhes forem vedados expres-
Parágrafo único. Poderão os nu- tornará anulável o ato pratica-
samente.
bentes, no processo de habili- do, podendo o outro cônjuge
tação, optar por qualquer dos Art. 1.643. Podem os côn- pleitear-lhe a anulação, até dois
regimes que este código regula. juges, independentemente de anos depois de terminada a so-
Quanto à forma, reduzir-se-á a autorização um do outro: ciedade conjugal.

258
Parágrafo único. A aprovação Art. 1.656. No pacto ante- concurso de trabalho ou des-
torna válido o ato, desde que nupcial, que adotar o regime de pesa anterior;
feita por instrumento público, participação final nos aquestos, III – os bens adquiridos por
ou particular, autenticado. poder-se-á convencionar a livre doação, herança ou legado, em
disposição dos bens imóveis, favor de ambos os cônjuges;
Art. 1.650. A decretação de
invalidade dos atos praticados desde que particulares.
IV – as benfeitorias em bens
sem outorga, sem consentimen- Art. 1.657. As convenções particulares de cada cônjuge;
to, ou sem suprimento do juiz, antenupciais não terão efeito V – os frutos dos bens comuns,
só poderá ser demandada pelo perante terceiros senão depois ou dos particulares de cada
cônjuge a quem cabia concedê- de registradas, em livro especial,
-la, ou por seus herdeiros. cônjuge, percebidos na cons-
pelo oficial do Registro de Imó- tância do casamento, ou pen-
Art. 1.651. Quando um dos veis do domicílio dos cônjuges. dentes ao tempo de cessar a
cônjuges não puder exercer a comunhão.
administração dos bens que lhe Capítulo III – Do Regime
incumbe, segundo o regime de de Comunhão Parcial Art. 1.661. São incomunicá-
bens, caberá ao outro: veis os bens cuja aquisição tiver
Art. 1.658. No regime de co- por título uma causa anterior ao
I – gerir os bens comuns e os do munhão parcial, comunicam-se casamento.
consorte; os bens que sobrevierem ao ca-
II – alienar os bens móveis co- sal, na constância do casamen- Art. 1.662. No regime da co-
muns; to, com as exceções dos artigos munhão parcial, presumem-se
III – alienar os imóveis comuns seguintes. adquiridos na constância do ca-
e os móveis ou imóveis do con- samento os bens móveis, quan-
Art. 1.659. Excluem-se da do não se provar que o foram
sorte, mediante autorização comunhão:
judicial. em data anterior.
I – os bens que cada cônjuge
Art. 1.652. O cônjuge, que possuir ao casar, e os que lhe Art. 1.663. A administração
estiver na posse dos bens par- sobrevierem, na constância do patrimônio comum compete
ticulares do outro, será para do casamento, por doação ou a qualquer dos cônjuges.
com este e seus herdeiros res- sucessão, e os sub-rogados em § 1o As dívidas contraídas no
ponsável: seu lugar; exercício da administração obri-
I – como usufrutuário, se o ren- II – os bens adquiridos com va- gam os bens comuns e particu-
dimento for comum; lores exclusivamente pertencen- lares do cônjuge que os adminis-
II – como procurador, se tiver tes a um dos cônjuges em sub- tra, e os do outro na razão do
mandato expresso ou tácito -rogação dos bens particulares; proveito que houver auferido.
para os administrar; III – as obrigações anteriores ao § 2o A anuência de ambos os
III – como depositário, se não casamento; cônjuges é necessária para os
for usufrutuário, nem adminis- atos, a título gratuito, que im-
IV – as obrigações provenientes pliquem cessão do uso ou gozo
trador.
de atos ilícitos, salvo reversão dos bens comuns.
Capítulo II – Pacto em proveito do casal;
§ 3o Em caso de malversação
Antenupcial V – os bens de uso pessoal, os dos bens, o juiz poderá atribuir
livros e instrumentos de profis- a administração a apenas um
Art. 1.653. É nulo o pacto são;
antenupcial se não for feito por dos cônjuges.
VI – os proventos do trabalho
escritura pública, e ineficaz se pessoal de cada cônjuge; Art. 1.664. Os bens da co-
não lhe seguir o casamento. munhão respondem pelas obri-
VII – as pensões, meios-soldos,
Art. 1.654. A ef icácia do gações contraídas pelo marido
montepios e outras rendas se-
pacto antenupcial, realizado ou pela mulher para atender aos
melhantes.
por menor, fica condicionada à encargos da família, às despe-
aprovação de seu representante Art. 1.660. Entram na co- sas de administração e às de-
legal, salvo as hipóteses de re- munhão: correntes de imposição legal.
gime obrigatório de separação I – os bens adquiridos na cons- Art. 1.665. A administração
de bens. tância do casamento por título e a disposição dos bens consti-
Art. 1.655. É nula a con- oneroso, ainda que só em nome tutivos do patrimônio particular
venção ou cláusula dela que de um dos cônjuges; competem ao cônjuge proprie-
contravenha disposição abso- II – os bens adquiridos por tário, salvo convenção diversa
luta de lei. fato eventual, com ou sem o em pacto antenupcial.

259
Art. 1.666. As dívidas, con- Capítulo V – Do Regime cônjuge lesado, ou de seus her-
traídas por qualquer dos côn- de Participação Final nos deiros, de os reivindicar.
juges na administração de seus Aquestos Art. 1.677. Pelas dívidas
bens particulares e em benefí-
posteriores ao casamento, con-
cio destes, não obrigam os bens Art. 1.672. No regime de
participação final nos aquestos, traídas por um dos cônjuges,
comuns.
cada cônjuge possui patrimô- somente este responderá, salvo
Capítulo IV – Do Regime nio próprio, consoante disposto prova de terem revertido, par-
cial ou totalmente, em benefício
de Comunhão Universal no artigo seguinte, e lhe cabe, à
do outro.
época da dissolução da socie-
Art. 1.667. O regime de co- dade conjugal, direito à metade Art. 1.678. Se um dos cônju-
munhão universal importa a dos bens adquiridos pelo casal, ges solveu uma dívida do outro
comunicação de todos os bens a título oneroso, na constância com bens do seu patrimônio,
presentes e futuros dos cônjuges do casamento. o valor do pagamento deve ser
e suas dívidas passivas, com as atualizado e imputado, na data
exceções do artigo seguinte. Art. 1.673. Integram o pa-
trimônio próprio os bens que da dissolução, à meação do ou-
cada cônjuge possuía ao casar tro cônjuge.
Art. 1.668. São excluídos da
e os por ele adquiridos, a qual- Ar t. 1.679. No caso de
comunhão:
quer título, na constância do bens adquiridos pelo trabalho
I – os bens doados ou herdados casamento. conjunto, terá cada um dos
com a cláusula de incomunica- cônjuges uma quota igual no
Parágrafo único. A administração
bilidade e os sub-rogados em condomínio ou no crédito por
desses bens é exclusiva de cada
seu lugar; aquele modo estabelecido.
cônjuge, que os poderá livre-
II – os bens gravados de fidei- mente alienar, se forem móveis. Art. 1.680. As coisas móveis,
comisso e o direito do herdeiro em face de terceiros, presumem-
Art. 1.674. Sobrevindo a
fideicomissário, antes de rea- -se do domínio do cônjuge de-
dissolução da sociedade con-
lizada a condição suspensiva; vedor, salvo se o bem for de uso
jugal, apurar-se-á o montante
III – as dívidas anteriores ao ca- dos aquestos, excluindo-se da pessoal do outro.
samento, salvo se provierem de soma dos patrimônios próprios: Art. 1.681. Os bens imóveis
despesas com seus aprestos, ou I – os bens anteriores ao casa- são de propriedade do cônjuge
reverterem em proveito comum; mento e os que em seu lugar se cujo nome constar no registro.
IV – as doações antenupciais sub-rogaram;
Parágrafo único. Impugnada a ti-
feitas por um dos cônjuges ao II – os que sobrevieram a cada
tularidade, caberá ao cônjuge
outro com a cláusula de inco- cônjuge por sucessão ou libe-
proprietário provar a aquisição
municabilidade; ralidade;
regular dos bens.
V – os bens referidos nos incisos III – as dívidas relativas a esses
bens. Art. 1.682. O direito à me-
V a VII do art. 1.659.
ação não é renunciável, cessível
Parágrafo único. Salvo prova em ou penhorável na vigência do
Art. 1.669. A incomunica- contrário, presumem-se adqui- regime matrimonial.
bilidade dos bens enumerados ridos durante o casamento os
no artigo antecedente não se bens móveis. Art. 1.683. Na dissolução
estende aos frutos, quando se do regime de bens por sepa-
percebam ou vençam durante Art. 1.675. Ao determinar-se ração judicial ou por divórcio,
o casamento. o montante dos aquestos, com- verificar-se-á o montante dos
putar-se-á o valor das doações aquestos à data em que cessou
Art. 1.670. Aplica-se ao re- feitas por um dos cônjuges, sem a convivência.
gime da comunhão universal o a necessária autorização do ou-
disposto no Capítulo antece- tro; nesse caso, o bem poderá Art. 1.684. Se não for pos-
dente, quanto à administração ser reivindicado pelo cônjuge sível nem conveniente a divisão
prejudicado ou por seus her- de todos os bens em natureza,
dos bens.
deiros, ou declarado no monte calcular-se-á o valor de alguns
Art. 1.671. Extinta a comu- partilhável, por valor equivalen- ou de todos para reposição em
nhão, e efetuada a divisão do te ao da época da dissolução. dinheiro ao cônjuge não pro-
prietário.
ativo e do passivo, cessará a res- Art. 1.676. Incorpora-se ao
ponsabilidade de cada um dos monte o valor dos bens aliena- Parágrafo único. Não se podendo
cônjuges para com os credores dos em detrimento da meação, realizar a reposição em dinhei-
do outro. se não houver preferência do ro, serão avaliados e, mediante

260
autorização judicial, alienados havendo divergência, poderá inclusive para atender às neces-
tantos bens quantos bastarem. qualquer deles recorrer ao juiz sidades de sua educação.
para a solução necessária. § 1o Os alimentos devem ser
Art. 1.685. Na dissolução
da sociedade conjugal por Art. 1.691. Não podem os fixados na proporção das ne-
morte, verificar-se-á a meação pais alienar, ou gravar de ônus cessidades do reclamante e dos
do cônjuge sobrevivente de real os imóveis dos filhos, nem recursos da pessoa obrigada.
conformidade com os artigos contrair, em nome deles, obriga- § 2o Os alimentos serão apenas
antecedentes, deferindo-se a ções que ultrapassem os limites os indispensáveis à subsistência,
herança aos herdeiros na for- da simples administração, salvo quando a situação de necessi-
ma estabelecida neste Código. por necessidade ou evidente in- dade resultar de culpa de quem
teresse da prole, mediante pré- os pleiteia.
Art. 1.686. As dívidas de um
dos cônjuges, quando superio- via autorização do juiz.
Art. 1.695. São devidos os
res à sua meação, não obrigam Parágrafo único. Podem pleitear a alimentos quando quem os pre-
ao outro, ou a seus herdeiros. declaração de nulidade dos atos tende não tem bens suficientes,
previstos neste artigo: nem pode prover, pelo seu tra-
Capítulo VI – Do Regime balho, à própria mantença, e
I – os filhos;
de Separação de Bens aquele, de quem se reclamam,
II – os herdeiros; pode fornecê-los, sem desfalque
Art. 1.687. Estipulada a se- III – o representante legal. do necessário ao seu sustento.
paração de bens, estes perma-
necerão sob a administração Art. 1.692. Sempre que no Art. 1.696. O direito à pres-
exclusiva de cada um dos côn- exercício do poder familiar co- tação de alimentos é recíproco
juges, que os poderá livremente lidir o interesse dos pais com o entre pais e filhos, e extensivo a
alienar ou gravar de ônus real. do filho, a requerimento deste todos os ascendentes, recaindo
ou do Ministério Público o juiz a obrigação nos mais próximos
Art. 1.688. Ambos os cônju- em grau, uns em falta de outros.
lhe dará curador especial.
ges são obrigados a contribuir
para as despesas do casal na Art. 1.693. Excluem-se do Art. 1.697. Na falta dos
proporção dos rendimentos de usufruto e da administração ascendentes cabe a obrigação
seu trabalho e de seus bens, sal- dos pais: aos descendentes, guardada a
vo estipulação em contrário no I – os bens adquiridos pelo filho ordem de sucessão e, faltando
pacto antenupcial. estes, aos irmãos, assim germa-
havido fora do casamento, an-
tes do reconhecimento; nos como unilaterais.
II – os valores auferidos pelo fi- Art. 1.698. Se o parente, que
Subtítulo II – lho maior de dezesseis anos, no deve alimentos em primeiro lu-
Do Usufruto e da exercício de atividade profissio- gar, não estiver em condições de
Administração dos Bens nal e os bens com tais recursos suportar totalmente o encargo,
de Filhos Menores adquiridos; serão chamados a concorrer os
de grau imediato; sendo várias
III – os bens deixados ou doados
as pessoas obrigadas a prestar
Art. 1.689. O pai e a mãe, ao filho, sob a condição de não
alimentos, todas devem concor-
enquanto no exercício do poder serem usufruídos, ou adminis-
rer na proporção dos respecti-
familiar: trados, pelos pais;
vos recursos, e, intentada ação
I – são usufrutuários dos bens IV – os bens que aos filhos cou- contra uma delas, poderão as
dos filhos; berem na herança, quando os demais ser chamadas a integrar
II – têm a administração dos pais forem excluídos da suces- a lide.
bens dos f ilhos menores sob são.
Art. 1.699. Se, fixados os ali-
sua autoridade.
mentos, sobrevier mudança na
Art. 1.690. Compete aos situação financeira de quem os
pais, e na falta de um deles ao Subtítulo III – supre, ou na de quem os recebe,
outro, com exclusividade, re- Dos Alimentos poderá o interessado reclamar
presentar os filhos menores de ao juiz, conforme as circunstân-
dezesseis anos, bem como assis- cias, exoneração, redução ou
Art. 1.694. Podem os pa-
ti-los até completarem a maio- majoração do encargo.
rentes, os cônjuges ou compa-
ridade ou serem emancipados.
nheiros pedir uns aos outros os Art. 1.700. A obrigação de
Parágrafo único. Os pais devem alimentos de que necessitem prestar alimentos transmite-se
decidir em comum as questões para viver de modo compatí- aos herdeiros do devedor, na
relativas aos filhos e a seus bens; vel com a sua condição social, forma do art. 1.694.

261
Art. 1.701. A pessoa obri- Art. 1.708. Com o casamen- não poderão exceder o valor do
gada a suprir alimentos pode- to, a união estável ou o concu- prédio instituído em bem de fa-
rá pensionar o alimentando, ou binato do credor, cessa o dever mília, à época de sua instituição.
dar-lhe hospedagem e sustento, de prestar alimentos. § 1o Deverão os valores mobi-
sem prejuízo do dever de prestar liários ser devidamente indivi-
o necessário à sua educação, Parágrafo único. Com relação ao
credor cessa, também, o direi- dualizados no instrumento de
quando menor. instituição do bem de família.
to a alimentos, se tiver proce-
Parágrafo único. Compete ao juiz, dimento indigno em relação ao § 2o Se se tratar de títulos nomi-
se as circunstâncias o exigirem, devedor. nativos, a sua instituição como
fixar a forma do cumprimento bem de família deverá constar
da prestação. Art. 1.709. O novo casa-
dos respectivos livros de registro.
mento do cônjuge devedor não
Art. 1.702. Na separação extingue a obrigação constante § 3o O instituidor poderá deter-
judicial litigiosa, sendo um dos da sentença de divórcio. minar que a administração dos
cônjuges inocente e desprovido valores mobiliários seja confia-
de recursos, prestar-lhe-á o ou- Art. 1.710. As prestações da a instituição financeira, bem
tro a pensão alimentícia que o alimentícias, de qualquer natu- como disciplinar a forma de
juiz fixar, obedecidos os critérios reza, serão atualizadas segundo pagamento da respectiva renda
estabelecidos no art. 1.694. índice oficial regularmente es- aos beneficiários, caso em que
tabelecido. a responsabilidade dos adminis-
Art. 1.703. Para a manu- tradores obedecerá às regras do
tenção dos filhos, os cônjuges contrato de depósito.
separados judicialmente con-
tribuirão na proporção de seus Subtítulo IV – Do Art. 1.714. O bem de família,
recursos. Bem de Família quer instituído pelos cônjuges
ou por terceiro, constitui-se pelo
Art. 1.704. Se um dos cônju- registro de seu título no Registro
ges separados judicialmente vier Art. 1.711. Podem os côn- de Imóveis.
a necessitar de alimentos, será juges, ou a entidade familiar,
o outro obrigado a prestá-los mediante escritura pública ou Art. 1.715. O bem de família
mediante pensão a ser fixada testamento, destinar parte de é isento de execução por dívidas
pelo juiz, caso não tenha sido seu patrimônio para instituir posteriores à sua instituição, sal-
declarado culpado na ação de bem de família, desde que não vo as que provierem de tributos
separação judicial. ultrapasse um terço do patrimô- relativos ao prédio, ou de despe-
Parágrafo único. Se o cônjuge nio líquido existente ao tempo sas de condomínio.
declarado culpado vier a ne- da instituição, mantidas as re-
Parágrafo único. No caso de exe-
cessitar de alimentos, e não gras sobre a impenhorabilidade
cução pelas dívidas referidas
tiver parentes em condições de do imóvel residencial estabeleci-
neste artigo, o saldo existente
prestá-los, nem aptidão para o da em lei especial.
será aplicado em outro prédio,
trabalho, o outro cônjuge será Parágrafo único. O terceiro poderá como bem de família, ou em
obrigado a assegurá-los, fixan- igualmente instituir bem de famí- títulos da dívida pública, para
do o juiz o valor indispensável lia por testamento ou doação, sustento familiar, salvo se mo-
à sobrevivência. dependendo a eficácia do ato tivos relevantes aconselharem
Art. 1.705. Para obter ali- da aceitação expressa de ambos outra solução, a critério do juiz.
mentos, o filho havido fora do os cônjuges beneficiados ou da
Art. 1.716. A isenção de
casamento pode acionar o ge- entidade familiar beneficiada.
que trata o artigo antecedente
nitor, sendo facultado ao juiz durará enquanto viver um dos
Art. 1.712. O bem de família
determinar, a pedido de qual- cônjuges, ou, na falta destes,
consistirá em prédio residen-
quer das partes, que a ação se até que os filhos completem a
cial urbano ou rural, com suas
processe em segredo de justiça.
pertenças e acessórios, desti- maioridade.
Art. 1.706. Os alimentos pro- nando-se em ambos os casos
Art. 1.717. O prédio e os
visionais serão fixados pelo juiz, a domicílio familiar, e poderá
valores mobiliários, constituí-
nos termos da lei processual. abranger valores mobiliários,
dos como bem da família, não
cuja renda será aplicada na
Art. 1.707. Pode o credor podem ter destino diverso do
conservação do imóvel e no
não exercer, porém lhe é vedado previsto no art. 1.712 ou serem
sustento da família.
renunciar o direito a alimentos, alienados sem o consentimento
sendo o respectivo crédito in- Art. 1.713. Os valores mo- dos interessados e seus repre-
suscetível de cessão, compen- biliários, destinados aos f ins sentantes legais, ouvido o Mi-
sação ou penhora. previstos no artigo antecedente, nistério Público.

262
Art. 1.718. Qualquer forma pública, contínua e duradoura e Parágrafo único. A nomeação
de liquidação da entidade admi- estabelecida com o objetivo de deve constar de testamento ou
nistradora, a que se refere o § 3o constituição de família. de qualquer outro documento
do art. 1.713, não atingirá os va- § 1o A união estável não se autêntico.
lores a ela confiados, ordenando constituirá se ocorrerem os Art. 1.730. É nula a nome-
o juiz a sua transferência para impedimentos do art. 1.521; ação de tutor pelo pai ou pela
outra instituição semelhante, não se aplicando a incidência mãe que, ao tempo de sua mor-
obedecendo-se, no caso de fa- do inciso VI no caso de a pes- te, não tinha o poder familiar.
lência, ao disposto sobre pedido soa casada se achar separada
de restituição. de fato ou judicialmente. Art. 1.731. Em falta de tutor
§ 2o As causas suspensivas do nomeado pelos pais incumbe a
Art. 1.719. Comprovada
art. 1.523 não impedirão a ca- tutela aos parentes consanguí-
a impossibilidade da manu-
racterização da união estável. neos do menor, por esta ordem:
tenção do bem de família nas
condições em que foi instituído, I – aos ascendentes, preferindo
Art. 1.724. As relações pes- o de grau mais próximo ao mais
poderá o juiz, a requerimento
soais entre os companheiros remoto;
dos interessados, extingui-lo
obedecerão aos deveres de le-
ou autorizar a sub-rogação II – aos colaterais até o terceiro
aldade, respeito e assistência, e
dos bens que o constituem em grau, preferindo os mais pró-
de guarda, sustento e educação
outros, ouvidos o instituidor e ximos aos mais remotos, e, no
dos filhos.
o Ministério Público. mesmo grau, os mais velhos aos
Art. 1.725. Na união está- mais moços; em qualquer dos
Art. 1.720. Salvo disposição
vel, salvo contrato escrito entre casos, o juiz escolherá entre eles
em contrário do ato de institui- os companheiros, aplica-se às o mais apto a exercer a tutela
ção, a administração do bem relações patrimoniais, no que em benefício do menor.
de família compete a ambos os couber, o regime da comunhão
cônjuges, resolvendo o juiz em parcial de bens. Art. 1.732. O juiz nomeará
caso de divergência. tutor idôneo e residente no do-
Art. 1.726. A união estável micílio do menor:
Parágrafo único. Com o faleci- poderá converter-se em casa-
mento de ambos os cônjuges, a I – na falta de tutor testamen-
mento, mediante pedido dos tário ou legítimo;
administração passará ao filho companheiros ao juiz e assento
mais velho, se for maior, e, do no Registro Civil. II – quando estes forem excluí-
contrário, a seu tutor. dos ou escusados da tutela;
Art. 1.727. As relações não III – quando removidos por não
Art. 1.721. A dissolução da eventuais entre o homem e a
sociedade conjugal não extingue idôneos o tutor legítimo e o tes-
mulher, impedidos de casar, tamentário.
o bem de família. constituem concubinato.
Parágrafo único. Dissolvida a so- Art. 1.733. Aos irmãos ór-
ciedade conjugal pela morte de fãos dar-se-á um só tutor.
um dos cônjuges, o sobreviven- § 1o No caso de ser nomeado
te poderá pedir a extinção do Título IV – Da Tutela, mais de um tutor por disposição
bem de família, se for o único da Curatela e da Tomada testamentária sem indicação de
bem do casal. de Decisão Apoiada precedência, entende-se que a
tutela foi cometida ao primeiro,
Art. 1.722. E xtingue-se, e que os outros lhe sucederão
igualmente, o bem de famí- Capítulo I – Da Tutela
pela ordem de nomeação, se
lia com a morte de ambos os ocorrer morte, incapacidade,
cônjuges e a maioridade dos Seção I – Dos Tutores escusa ou qualquer outro im-
filhos, desde que não sujeitos pedimento.
a curatela. Art. 1.728. Os filhos meno-
§ 2o Quem institui um menor
res são postos em tutela:
herdeiro, ou legatário seu, po-
I – com o falecimento dos pais, derá nomear-lhe curador es-
Título III – Da ou sendo estes julgados ausen- pecial para os bens deixados,
União Estável tes; ainda que o beneficiário se en-
II – em caso de os pais decaírem contre sob o poder familiar, ou
do poder familiar. tutela.
Art. 1.723. É reconhecida
como entidade familiar a união Art. 1.729. O direito de no- Art. 1.734. As crianças e os
estável entre o homem e a mu- mear tutor compete aos pais, adolescentes cujos pais forem
lher, configurada na convivência em conjunto. desconhecidos, falecidos ou que

263
tiverem sido suspensos ou des- VI – aqueles que já exercerem complexos, ou realizados em
tituídos do poder familiar terão tutela ou curatela; lugares distantes do domicílio
tutores nomeados pelo Juiz ou VII – militares em serviço. do tutor, poderá este, median-
serão incluídos em programa te aprovação judicial, delegar a
de colocação familiar, na forma Art. 1.737. Quem não for outras pessoas físicas ou jurídi-
prevista pela Lei no 8.069, de 13 parente do menor não poderá cas o exercício parcial da tutela.
de julho de 1990 – Estatuto da ser obrigado a aceitar a tutela,
se houver no lugar parente idô- Art. 1.744. A responsabili-
Criança e do Adolescente.
neo, consanguíneo ou afim, em dade do juiz será:
condições de exercê-la. I – direta e pessoal, quando não
Seção II – Dos Incapazes de tiver nomeado o tutor, ou não
Exercer a Tutela Art. 1.738. A escusa apre- o houver feito oportunamente;
sentar-se-á nos dez dias subse-
Art. 1.735. Não podem ser quentes à designação, sob pena II – subsidiária, quando não
tutores e serão exonerados da de entender-se renunciado o tiver exigido garantia legal do
tutela, caso a exerçam: direito de alegá-la; se o moti- tutor, nem o removido, tanto
vo escusatório ocorrer depois que se tornou suspeito.
I – aqueles que não tiverem a li-
vre administração de seus bens; de aceita a tutela, os dez dias Art. 1.745. Os bens do me-
contar-se-ão do em que ele so- nor serão entregues ao tutor
II – aqueles que, no momento
brevier. mediante termo especificado
de lhes ser deferida a tutela,
se acharem constituídos em Art. 1.739. Se o juiz não deles e seus valores, ainda que
obrigação para com o menor, admitir a escusa, exercerá o os pais o tenham dispensado.
ou tiverem que fazer valer direi- nomeado a tutela, enquanto Parágrafo único. Se o patrimônio
tos contra este, e aqueles cujos o recurso interposto não tiver do menor for de valor conside-
pais, filhos ou cônjuges tiverem provimento, e responderá desde rável, poderá o juiz condicionar
demanda contra o menor; logo pelas perdas e danos que o exercício da tutela à prestação
III – os inimigos do menor, ou de o menor venha a sofrer. de caução bastante, podendo
seus pais, ou que tiverem sido dispensá-la se o tutor for de re-
por estes expressamente exclu- Seção IV – Do Exercício da conhecida idoneidade.
ídos da tutela; Tutela Ar t. 1.746. Se o menor
IV – os condenados por crime possuir bens, será sustentado
de furto, roubo, estelionato, Art. 1.740. Incumbe ao tu-
e educado a expensas deles,
falsidade, contra a família ou tor, quanto à pessoa do menor:
arbitrando o juiz para tal fim
os costumes, tenham ou não I – dirigir-lhe a educação, de- as quantias que lhe pareçam
cumprido pena; fendê-lo e prestar-lhe alimen- necessárias, considerado o ren-
V – as pessoas de mau procedi- tos, conforme os seus haveres dimento da fortuna do pupilo
mento, ou falhas em probidade, e condição; quando o pai ou a mãe não as
e as culpadas de abuso em tu- II – reclamar do juiz que provi- houver fixado.
torias anteriores; dencie, como houver por bem,
Art. 1.747. Compete mais
VI – aqueles que exercerem fun- quando o menor haja mister
ao tutor:
ção pública incompatível com correção;
a boa administração da tutela. I – representar o menor, até os
III – adimplir os demais deveres
que normalmente cabem aos dezesseis anos, nos atos da vida
pais, ouvida a opinião do me- civil, e assisti-lo, após essa ida-
Seção III – Da Escusa dos nor, se este já contar doze anos de, nos atos em que for parte;
Tutores de idade. II – receber as rendas e pensões
Art. 1.736. Podem escusar- do menor, e as quantias a ele
Art. 1.741. Incumbe ao tu- devidas;
-se da tutela: tor, sob a inspeção do juiz, ad-
I – mulheres casadas; ministrar os bens do tutelado, III – fazer-lhe as despesas de
em proveito deste, cumprindo subsistência e educação, bem
II – maiores de sessenta anos; como as de administração, con-
seus deveres com zelo e boa-fé.
III – aqueles que tiverem sob sua servação e melhoramentos de
autoridade mais de três filhos; Art. 1.742. Para fiscalização seus bens;
IV – os impossibilitados por en- dos atos do tutor, pode o juiz IV – alienar os bens do menor
fermidade; nomear um protutor. destinados a venda;
V – aqueles que habitarem longe Art. 1.743. Se os bens e inte- V – promover-lhe, mediante pre-
do lugar onde se haja de exercer resses administrativos exigirem ço conveniente, o arrendamento
a tutela; conhecimentos técnicos, forem de bens de raiz.

264
Art. 1.748. Compete tam- à importância dos bens admi- ou a administração de seus
bém ao tutor, com autorização nistrados. bens;
do juiz: § 1o Ao protutor será arbitrada II – para se comprarem bens
I – pagar as dívidas do menor; uma gratificação módica pela imóveis e títulos, obrigações ou
II – aceitar por ele heranças, fiscalização efetuada. letras, nas condições previstas
legados ou doações, ainda que § 2o São solidariamente res- no § 1o do artigo antecedente;
com encargos; ponsáveis pelos prejuízos as III – para se empregarem em
III – transigir; pessoas às quais competia fis- conformidade com o disposto
calizar a atividade do tutor, e as por quem os houver doado, ou
IV – vender-lhe os bens móveis, deixado;
que concorreram para o dano.
cuja conservação não convier,
IV – para se entregarem aos ór-
e os imóveis nos casos em que
fãos, quando emancipados, ou
for permitido; Seção V – Dos Bens do maiores, ou, mortos eles, aos
V – propor em juízo as ações, ou Tutelado seus herdeiros.
nelas assistir o menor, e promo-
Art. 1.753. Os tutores não
ver todas as diligências a bem
deste, assim como defendê-lo
podem conservar em seu poder Seção VI – Da Prestação de
nos pleitos contra ele movidos. dinheiro dos tutelados, além do Contas
necessário para as despesas or-
Parágrafo único. No caso de falta dinárias com o seu sustento, a Art. 1.755. Os tutores, em-
de autorização, a eficácia de ato sua educação e a administração bora o contrário tivessem dis-
do tutor depende da aprovação de seus bens. posto os pais dos tutelados, são
ulterior do juiz. obrigados a prestar contas da
§ 1o Se houver necessidade, os
sua administração.
Art. 1.749. Ainda com a objetos de ouro e prata, pedras
autorização judicial, não pode preciosas e móveis serão avalia- Art. 1.756. No fim de cada
o tutor, sob pena de nulidade: dos por pessoa idônea e, após ano de administração, os tuto-
autorização judicial, alienados, res submeterão ao juiz o balan-
I – adquirir por si, ou por inter-
e o seu produto convertido em ço respectivo, que, depois de
posta pessoa, mediante contra-
títulos, obrigações e letras de aprovado, se anexará aos autos
to particular, bens móveis ou
responsabilidade direta ou indi- do inventário.
imóveis pertencentes ao menor;
reta da União ou dos Estados, Art. 1.757. Os tutores pres-
II – dispor dos bens do menor a atendendo-se preferentemente
título gratuito; tarão contas de dois em dois
à rentabilidade, e recolhidos anos, e também quando, por
III – constituir-se cessionário de ao estabelecimento bancário qualquer motivo, deixarem o
crédito ou de direito, contra o oficial ou aplicado na aquisi- exercício da tutela ou toda vez
menor. ção de imóveis, conforme for que o juiz achar conveniente.
determinado pelo juiz.
Art. 1.750. Os imóveis per- Parágrafo único. As contas serão
tencentes aos menores sob tute- § 2o O mesmo destino previsto
prestadas em juízo, e julgadas
la somente podem ser vendidos no parágrafo antecedente terá
depois da audiência dos interes-
quando houver manifesta van- o dinheiro proveniente de qual-
sados, recolhendo o tutor ime-
tagem, mediante prévia avalia- quer outra procedência. diatamente a estabelecimento
ção judicial e aprovação do juiz. § 3o Os tutores respondem pela bancário oficial os saldos, ou
Art. 1.751. Antes de assumir demora na aplicação dos valo- adquirindo bens imóveis, ou
a tutela, o tutor declarará tudo res acima referidos, pagando os títulos, obrigações ou letras,
o que o menor lhe deva, sob juros legais desde o dia em que na forma do § 1o do art. 1.753.
pena de não lhe poder cobrar, deveriam dar esse destino, o que
Art. 1.758. Finda a tutela
enquanto exerça a tutoria, salvo não os exime da obrigação, que
pela emancipação ou maio-
provando que não conhecia o o juiz fará efetiva, da referida
ridade, a quitação do menor
débito quando a assumiu. aplicação.
não produzirá efeito antes de
Art. 1.752. O tutor responde Art. 1.754. Os valores que aprovadas as contas pelo juiz,
existirem em estabelecimento subsistindo inteira, até então, a
pelos prejuízos que, por culpa,
bancário oficial, na forma do responsabilidade do tutor.
ou dolo, causar ao tutelado;
mas tem direito a ser pago artigo antecedente, não se po- Art. 1.759. Nos casos de
pelo que realmente despender derão retirar, senão mediante morte, ausência, ou interdição
no exercício da tutela, salvo no ordem do juiz, e somente: do tutor, as contas serão pres-
caso do art. 1.734, e a perce- I – para as despesas com o sus- tadas por seus herdeiros ou re-
ber remuneração proporcional tento e educação do tutelado, presentantes.

265
Art. 1.760. Serão levadas a IV – (Revogado); Parágrafo único. Se a mulher esti-
crédito do tutor todas as des- V – os pródigos. ver interdita, seu curador será o
pesas justificadas e reconheci- do nascituro.
damente proveitosas ao menor. Arts. 1.768 a 1.773. (Revo-
gados) Art. 1.780. (Revogado).
Art. 1.761. As despesas com
a prestação das contas serão Art. 1.774. Aplicam-se à
pagas pelo tutelado. curatela as disposições concer- Seção III – Do Exercício da
nentes à tutela, com as modi- Curatela
Art. 1.762. O alcance do tu-
ficações dos artigos seguintes. Art. 1.781. As regras a res-
tor, bem como o saldo contra o
tutelado, são dívidas de valor e Art. 1.775. O cônjuge ou peito do exercício da tutela
vencem juros desde o julgamen- companheiro, não separado aplicam-se ao da curatela, com
to definitivo das contas. judicialmente ou de fato, é, de a restrição do art. 1.772 e as
direito, curador do outro, quan- desta Seção.
Seção VII – Da Cessação da do interdito. Art. 1.782. A interdição do
Tutela § 1o Na falta do cônjuge ou pródigo só o privará de, sem
companheiro, é curador legí- curador, emprestar, transigir,
Art. 1.763. Cessa a condição timo o pai ou a mãe; na falta dar quitação, alienar, hipotecar,
de tutelado: destes, o descendente que se demandar ou ser demandado, e
I – com a maioridade ou a demonstrar mais apto. praticar, em geral, os atos que
emancipação do menor; § 2o Entre os descendentes, os não sejam de mera administra-
II – ao cair o menor sob o poder mais próximos precedem aos ção.
familiar, no caso de reconheci- mais remotos. Art. 1.783. Quando o cura-
mento ou adoção. § 3o Na falta das pessoas men- dor for o cônjuge e o regime
Art. 1.764. Cessam as fun- cionadas neste artigo, compete de bens do casamento for de
ções do tutor: ao juiz a escolha do curador. comunhão universal, não será
obrigado à prestação de contas,
I – ao expirar o termo, em que Art. 1.775-A. Na nomeação salvo determinação judicial.
era obrigado a servir; de curador para a pessoa com
II – ao sobrevir escusa legítima; deficiência, o juiz poderá esta-
Capítulo III – Da Tomada
III – ao ser removido. belecer curatela compartilhada
a mais de uma pessoa.
de Decisão Apoiada
Art. 1.765. O tutor é obriga- Art. 1.783-A. A tomada
do a servir por espaço de dois Art. 1.776. (Revogado).
de decisão apoiada é o pro-
anos. Art. 1.777. As pessoas refe- cesso pelo qual a pessoa com
Parágrafo único. Pode o tutor ridas no inciso I do art. 1.767 def iciência elege pelo me-
continuar no exercício da tute- receberão todo o apoio ne- nos 2 (duas) pessoas idône-
la, além do prazo previsto neste cessário para ter preservado o as, com as quais mantenha
artigo, se o quiser e o juiz julgar direito à convivência familiar e vínculos e que gozem de sua
conveniente ao menor. comunitária, sendo evitado o conf iança, para prestar-lhe
seu recolhimento em estabe- apoio na tomada de decisão
Art. 1.766. Será destituído sobre atos da vida civil, forne-
lecimento que os afaste desse
o tutor, quando negligente, cendo-lhes os elementos e in-
convívio.
prevaricador ou incurso em in- formações necessários para que
capacidade. Art. 1.778. A autoridade do possa exercer sua capacidade.
curador estende-se à pessoa e
Capítulo II – Da Curatela aos bens dos filhos do curatela- § 1o Para formular pedido de
do, observado o art. 5o. tomada de decisão apoiada,
a pessoa com deficiência e os
Seção I – Dos Interditos apoiadores devem apresentar
Art. 1.767. Estão sujeitos a Seção II – Da Curatela termo em que constem os limi-
do Nascituro e do Enfermo tes do apoio a ser oferecido e os
curatela:
ou Portador de Deficiência compromissos dos apoiadores,
I – aqueles que, por causa tran- inclusive o prazo de vigência do
sitória ou permanente, não pu- Física acordo e o respeito à vontade,
derem exprimir sua vontade; aos direitos e aos interesses da
Art. 1.779. Dar-se-á curador
II – (Revogado); ao nascituro, se o pai falecer es- pessoa que devem apoiar.
III – os ébrios habituais e os vi- tando grávida a mulher, e não § 2o O pedido de tomada de
ciados em tóxico; tendo o poder familiar. decisão apoiada será requerido

266
pela pessoa a ser apoiada, com § 11. Aplicam-se à tomada de II – se concorrer com descen-
indicação expressa das pesso- decisão apoiada, no que couber, dentes só do autor da heran-
as aptas a prestarem o apoio as disposições referentes à pres- ça, tocar-lhe-á a metade do que
previsto no caput deste artigo. tação de contas na curatela. couber a cada um daqueles;
§ 3 o Antes de se pronunciar III – se concorrer com outros pa-
sobre o pedido de tomada de rentes sucessíveis, terá direito a
decisão apoiada, o juiz, assis- um terço da herança;
tido por equipe multidiscipli- Livro V – Do Direito
das Sucessões IV – não havendo parentes su-
nar, após oitiva do Ministério cessíveis, terá direito à totalida-
Público, ouvirá pessoalmente de da herança.
o requerente e as pessoas que
lhe prestarão apoio. Capítulo II – Da Herança
§ 4 o A decisão tomada por Título I – Da e de sua Administração
pessoa apoiada terá validade Sucessão em Geral
e efeitos sobre terceiros, sem Art. 1.791. A herança defe-
restrições, desde que esteja re-se como um todo unitário,
inserida nos limites do apoio Capítulo I – Disposições ainda que vários sejam os her-
acordado. Gerais deiros
§ 5o Terceiro com quem a pes- Art. 1.784. Aberta a suces- Parágrafo único. Até a partilha, o
soa apoiada mantenha relação são, a herança transmite-se, direito dos coerdeiros, quanto
negocial pode solicitar que os desde logo, aos herdeiros legí- à propriedade e posse da he-
apoiadores contra-assinem o timos e testamentários. rança, será indivisível, e regular-
contrato ou acordo, especifi- se-á pelas normas relativas ao
cando, por escrito, sua função Art. 1.785. A sucessão abre-
condomínio.
em relação ao apoiado. -se no lugar do último domicílio
§ 6o Em caso de negócio jurí- do falecido. Art. 1.792. O herdeiro não
dico que possa trazer risco ou responde por encargos supe-
Art. 1.786. A sucessão dá-se
prejuízo relevante, havendo di- riores às forças da herança; in-
por lei ou por disposição de
vergência de opiniões entre a cumbe-lhe, porém, a prova do
última vontade.
pessoa apoiada e um dos apoia- excesso, salvo se houver inventá-
dores, deverá o juiz, ouvido o Art. 1.787. Regula a suces- rio que a escuse, demonstrando
Ministério Público, decidir sobre são e a legitimação para suceder o valor dos bens herdados.
a questão. a lei vigente ao tempo da aber-
Art. 1.793. O direito à su-
§ 7o Se o apoiador agir com tura daquela.
cessão aberta, bem como o
negligência, exercer pressão Art. 1.788. Morrendo a pes- quinhão de que disponha o
indevida ou não adimplir as soa sem testamento, transmite coerdeiro, pode ser objeto de
obrigações assumidas, poderá a herança aos herdeiros legíti- cessão por escritura pública.
a pessoa apoiada ou qualquer mos; o mesmo ocorrerá quanto § 1o Os direitos, conferidos
pessoa apresentar denúncia ao aos bens que não forem com- ao herdeiro em consequência
Ministério Público ou ao juiz. preendidos no testamento; e de substituição ou de direito
§ 8o Se procedente a denúncia, subsiste a sucessão legítima se de acrescer, presumem-se não
o juiz destituirá o apoiador e o testamento caducar, ou for abrangidos pela cessão feita
nomeará, ouvida a pessoa julgado nulo. anteriormente.
apoiada e se for de seu inte-
Art. 1.789. Havendo herdei- § 2o É ineficaz a cessão, pelo
resse, outra pessoa para pres-
ros necessários, o testador só coerdeiro, de seu direito here-
tação de apoio.
poderá dispor da metade da ditário sobre qualquer bem da
§ 9o A pessoa apoiada pode, herança. herança considerado singular-
a qualquer tempo, solicitar o mente.
término de acordo firmado em Art. 1.790. A companheira
processo de tomada de decisão ou o companheiro participará § 3o Inef icaz é a disposição,
apoiada. da sucessão do outro, quanto sem prévia autorização do juiz
aos bens adquiridos onerosa- da sucessão, por qualquer her-
§ 10. O apoiador pode solici- deiro, de bem componente do
tar ao juiz a exclusão de sua mente na vigência da união es-
tável, nas condições seguintes: acervo hereditário, pendente a
participação do processo de indivisibilidade.
tomada de decisão apoiada, I – se concorrer com filhos co-
sendo seu desligamento con- muns, terá direito a uma quo- Art. 1.794. O coerdeiro não
dicionado à manifestação do ta equivalente à que por lei for poderá ceder a sua quota he-
juiz sobre a matéria. atribuída ao filho; reditária a pessoa estranha à

267
sucessão, se outro coerdeiro a II – as pessoas jurídicas; a suceder, ainda quando simu-
quiser, tanto por tanto. III – as pessoas jurídicas, cuja ladas sob a forma de contrato
organização for determinada oneroso, ou feitas mediante
Art. 1.795. O coerdeiro, a
pelo testador sob a forma de interposta pessoa.
quem não se der conhecimento
da cessão, poderá, depositado fundação. Parágrafo único. Presumem-se
o preço, haver para si a quota Art. 1.800. No caso do in- pessoas interpostas os ascen-
cedida a estranho, se o requerer ciso I do artigo antecedente, dentes, os descendentes, os
até cento e oitenta dias após a os bens da herança serão con- irmãos e o cônjuge ou com-
transmissão. f iados, após a liquidação ou panheiro do não legitimado a
Parágrafo único. Sendo vários os partilha, a curador nomeado suceder.
coerdeiros a exercer a preferên- pelo juiz.
Art. 1.803. É lícita a deixa
cia, entre eles se distribuirá o § 1o Salvo disposição testamen- ao filho do concubino, quando
quinhão cedido, na proporção tária em contrário, a curatela também o for do testador.
das respectivas quotas heredi- caberá à pessoa cujo filho o tes-
tárias. tador esperava ter por herdeiro, Capítulo IV – Da
e, sucessivamente, às pessoas Aceitação e Renúncia da
Art. 1.796. No prazo de trin- indicadas no art. 1.775.
ta dias, a contar da abertura da Herança
sucessão, instaurar-se-á inven- § 2 o Os poderes, deveres e
tário do patrimônio hereditário, responsabilidades do curador, Art. 1.804. Aceita a heran-
perante o juízo competente no assim nomeado, regem-se pe- ça, torna-se def initiva a sua
lugar da sucessão, para fins de las disposições concernentes à transmissão ao herdeiro, desde
liquidação e, quando for o caso, curatela dos incapazes, no que a abertura da sucessão.
de partilha da herança. couber.
Parágrafo único. A transmis-
§ 3o Nascendo com vida o her- são tem-se por não verificada
Art. 1.797. Até o compro- deiro esperado, ser-lhe-á defe-
misso do inventariante, a ad- quando o herdeiro renuncia à
rida a sucessão, com os frutos
ministração da herança caberá, herança.
e rendimentos relativos à deixa,
sucessivamente: a partir da morte do testador. Art. 1.805. A aceitação da
I – ao cônjuge ou companhei- § 4 o Se, decorridos dois anos herança, quando expressa,
ro, se com o outro convivia ao após a abertura da sucessão, faz-se por declaração escrita;
tempo da abertura da sucessão; não for concebido o herdeiro quando tácita, há de resultar
II – ao herdeiro que estiver na esperado, os bens reservados, tão somente de atos próprios
posse e administração dos bens, salvo disposição em contrário da qualidade de herdeiro.
e, se houver mais de um nessas do testador, caberão aos her- § 1o Não exprimem aceitação
condições, ao mais velho; deiros legítimos. de herança os atos oficiosos,
III – ao testamenteiro; Art. 1.801. Não podem ser como o funeral do finado, os
IV – a pessoa de confiança do nomeados herdeiros nem lega- meramente conservatórios, ou
juiz, na falta ou escusa das indi- tários: os de administração e guarda
cadas nos incisos antecedentes, provisória.
I – a pessoa que, a rogo, escre-
ou quando tiverem de ser afas- veu o testamento, nem o seu § 2o Não importa igualmente
tadas por motivo grave levado cônjuge ou companheiro, ou aceitação a cessão gratuita,
ao conhecimento do juiz. os seus ascendentes e irmãos; pura e simples, da herança, aos
II – as testemunhas do testa- demais coerdeiros.
Capítulo III – Da Vocação
mento; Art. 1.806. A renúncia da
Hereditária
III – o concubino do testador herança deve constar expressa-
Art. 1.798. Legitimam-se a casado, salvo se este, sem culpa mente de instrumento público
suceder as pessoas nascidas ou sua, estiver separado de fato do ou termo judicial.
já concebidas no momento da cônjuge há mais de cinco anos;
abertura da sucessão. Art. 1.807. O interessado
IV – o tabelião, civil ou militar, em que o herdeiro declare se
Art. 1.799. Na sucessão ou o comandante ou escrivão, aceita, ou não, a herança, po-
testamentária podem ainda ser perante quem se f izer, assim derá, vinte dias após aberta a
chamados a suceder: como o que fizer ou aprovar o
sucessão, requerer ao juiz prazo
testamento.
I – os filhos, ainda não concebi- razoável, não maior de trinta
dos, de pessoas indicadas pelo Art. 1.802. São nulas as dis- dias, para, nele, se pronunciar
testador, desde que vivas estas posições testamentárias em fa- o herdeiro, sob pena de se haver
ao abrir-se a sucessão; vor de pessoas não legitimadas a herança por aceita.

268
Art. 1.808. Não se pode § 2o Pagas as dívidas do re- subsiste, quando prejudicados,
aceitar ou renunciar a heran- nunciante, prevalece a renún- o direito de demandar-lhe per-
ça em parte, sob condição ou cia quanto ao remanescente, das e danos.
a termo. que será devolvido aos demais
Parágrafo único. O excluído da
§ 1o O herdeiro, a quem se herdeiros.
sucessão é obrigado a restituir
testarem legados, pode aceitá- os frutos e rendimentos que dos
-los, renunciando a herança; ou, Capítulo V – Dos Excluídos
bens da herança houver perce-
aceitando-a, repudiá-los. da Sucessão bido, mas tem direito a ser in-
§ 2o O herdeiro, chamado, na Art. 1.814. São excluídos da denizado das despesas com a
mesma sucessão, a mais de um sucessão os herdeiros ou lega- conservação deles.
quinhão hereditário, sob títu- tários:
los sucessórios diversos, pode Art. 1.818. Aquele que in-
livremente deliberar quanto aos I – que houverem sido autores, correu em atos que determinem
quinhões que aceita e aos que coautores ou partícipes de ho- a exclusão da herança será ad-
renuncia. micídio doloso, ou tentativa mitido a suceder, se o ofendido
deste, contra a pessoa de cuja o tiver expressamente reabilita-
Art. 1.809. Falecendo o her- sucessão se tratar, seu cônju- do em testamento, ou em outro
deiro antes de declarar se aceita ge, companheiro, ascendente ato autêntico.
a herança, o poder de aceitar ou descendente;
passa-lhe aos herdeiros, a me- Parágrafo único. Não havendo re-
II – que houverem acusado ca- abilitação expressa, o indigno,
nos que se trate de vocação
luniosamente em juízo o autor contemplado em testamento do
adstrita a uma condição sus-
da herança ou incorrerem em ofendido, quando o testador,
pensiva, ainda não verificada.
crime contra a sua honra, ou ao testar, já conhecia a causa
Parágrafo único. Os chamados à de seu cônjuge ou companheiro; da indignidade, pode suceder
sucessão do herdeiro falecido III – que, por violência ou meios no limite da disposição testa-
antes da aceitação, desde que fraudulentos, inibirem ou obs- mentária.
concordem em receber a segun- tarem o autor da herança de
da herança, poderão aceitar ou dispor livremente de seus bens Capítulo VI – Da Herança
renunciar a primeira. por ato de última vontade. Jacente
Art. 1.810. Na sucessão le- Art. 1.815. A exclusão do Art. 1.819. Falecendo al-
gítima, a parte do renunciante herdeiro ou legatário, em qual- guém sem deixar testamento
acresce à dos outros herdeiros quer desses casos de indignida- nem herdeiro legítimo noto-
da mesma classe e, sendo ele o de, será declarada por sentença. riamente conhecido, os bens
único desta, devolve-se aos da da herança, depois de arreca-
subsequente. Parágrafo único. O direito de dados, ficarão sob a guarda e
demandar a exclusão do her- administração de um curador,
Art. 1.811. Ninguém pode deiro ou legatário extingue-se
suceder, representando herdeiro até a sua entrega ao sucessor
em quatro anos, contados da devidamente habilitado ou à
renunciante. Se, porém, ele for abertura da sucessão.
o único legítimo da sua classe, declaração de sua vacância.
ou se todos os outros da mesma Art. 1.816. São pessoais os Art. 1.820. Praticadas as
classe renunciarem a herança, efeitos da exclusão; os descen- diligências de arrecadação e
poderão os filhos vir à suces- dentes do herdeiro excluído su- ultimado o inventário, serão
são, por direito próprio, e por cedem, como se ele morto fosse expedidos editais na forma da
cabeça. antes da abertura da sucessão. lei processual, e, decorrido um
Art. 1.812. São irrevogáveis Parágrafo único. O excluído da ano de sua primeira publicação,
os atos de aceitação ou de re- sucessão não terá direito ao sem que haja herdeiro habilita-
núncia da herança. usufruto ou à administração do, ou penda habilitação, será
dos bens que a seus sucessores a herança declarada vacante.
Art. 1.813. Quando o her-
deiro prejudicar os seus cre- couberem na herança, nem à Art. 1.821. É assegurado
dores, renunciando à herança, sucessão eventual desses bens. aos credores o direito de pedir
poderão eles, com autorização o pagamento das dívidas reco-
Art. 1.817. São válidas as
do juiz, aceitá-la em nome do nhecidas, nos limites das forças
alienações onerosas de bens
renunciante. da herança.
hereditários a terceiros de
§ 1o A habilitação dos credores boa-fé, e os atos de adminis- Art. 1.822. A declaração
se fará no prazo de trinta dias tração legalmente praticados de vacância da herança não
seguintes ao conhecimento do pelo herdeiro, antes da sentença prejudicará os herdeiros que
fato. de exclusão; mas aos herdeiros legalmente se habilitarem;

269
mas, decorridos cinco anos Art. 1.828. O herdeiro apa- sucederem por cabeça, não po-
da abertura da sucessão, os rente, que de boa-fé houver dendo a sua quota ser inferior à
bens arrecadados passarão ao pago um legado, não está obri- quarta parte da herança, se for
domínio do Município ou do gado a prestar o equivalente ao ascendente dos herdeiros com
Distrito Federal, se localizados verdadeiro sucessor, ressalvado que concorrer.
nas respectivas circunscrições, a este o direito de proceder con-
incorporando-se ao domínio tra quem o recebeu. Art. 1.833. Entre os des-
da União quando situados em cendentes, os em grau mais
território federal. próximo excluem os mais re-
motos, salvo o direito de repre-
Parágrafo único. Não se habi- Título II – Da sentação.
litando até a declaração de Sucessão Legítima Art. 1.834. Os descendentes
vacância, os colaterais ficarão
excluídos da sucessão. da mesma classe têm os mes-
Capítulo I – Da Ordem da mos direitos à sucessão de seus
Art. 1.823. Quando todos ascendentes.
Vocação Hereditária
os chamados a suceder renun-
ciarem à herança, será esta Art. 1.829. A sucessão legíti- Art. 1.835. Na linha descen-
desde logo declarada vacante. ma defere-se na ordem seguinte: dente, os filhos sucedem por
cabeça, e os outros descenden-
I – aos descendentes, em con-
Capítulo VII – Da Petição corrência com o cônjuge so-
tes, por cabeça ou por estirpe,
de Herança conforme se achem ou não no
brevivente, salvo se casado este mesmo grau.
Art. 1.824. O herdeiro pode, com o falecido no regime da
em ação de petição de herança, comunhão universal, ou no da Art. 1.836. Na falta de des-
demandar o reconhecimento de separação obrigatória de bens cendentes, são chamados à
seu direito sucessório, para ob- (art. 1.640, parágrafo único); sucessão os ascendentes, em
ter a restituição da herança, ou ou se, no regime da comunhão concorrência com o cônjuge
de parte dela, contra quem, na parcial, o autor da herança não sobrevivente.
qualidade de herdeiro, ou mes- houver deixado bens particu- § 1o Na classe dos ascenden-
mo sem título, a possua. lares; tes, o grau mais próximo exclui
II – aos ascendentes, em concor- o mais remoto, sem distinção
Art. 1.825. A ação de peti- rência com o cônjuge; de linhas.
ção de herança, ainda que exer-
III – ao cônjuge sobrevivente; § 2o Havendo igualdade em
cida por um só dos herdeiros,
poderá compreender todos os IV – aos colaterais. grau e diversidade em linha, os
bens hereditários. ascendentes da linha paterna
Art. 1.830. Somente é re- herdam a metade, cabendo a
Art. 1.826. O possuidor da conhecido direito sucessório outra aos da linha materna.
herança está obrigado à resti- ao cônjuge sobrevivente se, ao
tuição dos bens do acervo, fi- tempo da morte do outro, não Art. 1.837. Concorrendo
xando-se-lhe a responsabilidade estavam separados judicialmen- com ascendente em primeiro
segundo a sua posse, observa- te, nem separados de fato há grau, ao cônjuge tocará um
do o disposto nos arts. 1.214 mais de dois anos, salvo prova, terço da herança; caber-lhe-á
a 1.222. neste caso, de que essa convi- a metade desta se houver um
vência se tornara impossível só ascendente, ou se maior for
Parágrafo único. A partir da ci- sem culpa do sobrevivente. aquele grau.
tação, a responsabilidade do
possuidor se há de aferir pelas Art. 1.831. Ao cônjuge so- Art. 1.838. Em falta de des-
regras concernentes à posse de brevivente, qualquer que seja o cendentes e ascendentes, será
má-fé e à mora. regime de bens, será assegura- deferida a sucessão por inteiro
do, sem prejuízo da participa- ao cônjuge sobrevivente.
Art. 1.827. O herdeiro pode ção que lhe caiba na herança, o
demandar os bens da herança, direito real de habitação relati- Art. 1.839. Se não hou-
mesmo em poder de terceiros, vamente ao imóvel destinado à ver cônjuge sobrevivente, nas
sem prejuízo da responsabilida- residência da família, desde que condições estabelecidas no
de do possuidor originário pelo seja o único daquela natureza art. 1.830, serão chamados a
valor dos bens alienados. a inventariar. suceder os colaterais até o quar-
to grau.
Parágrafo único. São eficazes as Art. 1.832. Em concorrência
alienações feitas, a título one- com os descendentes (art. 1.829, Art. 1.840. Na classe dos
roso, pelo herdeiro aparente a inciso I) caberá ao cônju- colaterais, os mais próximos
terceiro de boa-fé. ge quinhão igual ao dos que excluem os mais remotos, salvo

270
o direito de representação con- Art. 1.848. Salvo se houver Art. 1.855. O quinhão do re-
cedido aos filhos de irmãos. justa causa, declarada no tes- presentado partir-se-á por igual
tamento, não pode o testador entre os representantes.
Art. 1.841. Concorrendo à
herança do falecido irmãos bi- estabelecer cláusula de inalie-
nabilidade, impenhorabilidade, Art. 1.856. O renunciante
laterais com irmãos unilaterais, à herança de uma pessoa po-
cada um destes herdará meta- e de incomunicabilidade, sobre
derá representá-la na sucessão
de do que cada um daqueles os bens da legítima.
de outra.
herdar. § 1o Não é permitido ao testa-
dor estabelecer a conversão dos
Art. 1.842. Não concorren-
bens da legítima em outros de
do à herança irmão bilateral, Título III – Da Sucessão
herdarão, em partes iguais, os espécie diversa.
§ 2o Mediante autorização ju-
Testamentária
unilaterais.
dicial e havendo justa causa,
Art. 1.843. Na falta de ir-
mãos, herdarão os filhos destes
podem ser alienados os bens Capítulo I – Do
gravados, convertendo-se o Testamento em Geral
e, não os havendo, os tios.
produto em outros bens, que
§ 1o Se concorrerem à herança ficarão sub-rogados nos ônus Art. 1.857. Toda pessoa ca-
somente filhos de irmãos faleci- dos primeiros. paz pode dispor, por testamen-
dos, herdarão por cabeça.
Art. 1.849. O herdeiro ne- to, da totalidade dos seus bens,
§ 2o Se concorrem filhos de ir- ou de parte deles, para depois
mãos bilaterais com filhos de cessário, a quem o testador
de sua morte.
irmãos unilaterais, cada um deixar a sua parte disponível,
destes herdará a metade do ou algum legado, não perderá § 1o A legítima dos herdeiros
que herdar cada um daqueles. o direito à legítima. necessários não poderá ser in-
cluída no testamento.
§ 3o Se todos forem filhos de Art. 1.850. Para excluir da
irmãos bilaterais, ou todos de sucessão os herdeiros colate- § 2o São válidas as disposições
irmãos unilaterais, herdarão rais, basta que o testador dis- testamentárias de caráter não
por igual. patrimonial, ainda que o tes-
ponha de seu patrimônio sem
tador somente a elas se tenha
Art. 1.844. Não sobreviven- os contemplar.
limitado.
do cônjuge, ou companheiro,
nem parente algum sucessível, Capítulo III – Do Direito Art. 1.858. O testamento é
ou tendo eles renunciado a he- de Representação ato personalíssimo, podendo
rança, esta se devolve ao Muni- ser mudado a qualquer tempo.
cípio ou ao Distrito Federal, se Art. 1.851. Dá-se o direito
localizada nas respectivas cir- de representação, quando a lei Art. 1.859. Extingue-se em
cunscrições, ou à União, quan- chama certos parentes do fa- cinco anos o direito de impug-
do situada em território federal. lecido a suceder em todos os nar a validade do testamento,
direitos, em que ele sucederia, contado o prazo da data do seu
Capítulo II – Dos se vivo fosse. registro.
Herdeiros Necessários
Art. 1.852. O direito de re- Capítulo II – Da
Art. 1.845. São herdeiros Capacidade de Testar
presentação dá-se na linha reta
necessários os descendentes,
os ascendentes e o cônjuge. descendente, mas nunca na as-
cendente. Art. 1.860. Além dos inca-
Art. 1.846. Pertence aos pazes, não podem testar os que,
herdeiros necessários, de ple- no ato de fazê-lo, não tiverem
Art. 1.853. Na linha trans-
no direito, a metade dos bens pleno discernimento.
versal, somente se dá o direito
da herança, constituindo a le- de representação em favor dos
gítima. Parágrafo único. Podem testar os
f ilhos de irmãos do falecido, maiores de dezesseis anos.
Art. 1.847. Calcula-se a le- quando com irmãos deste con-
gítima sobre o valor dos bens correrem. Art. 1.861. A incapacidade
existentes na abertura da su- superveniente do testador não
cessão, abatidas as dívidas e as Art. 1.854. Os representan- invalida o testamento, nem o
despesas do funeral, adicionan- tes só podem herdar, como tais, testamento do incapaz se va-
do-se, em seguida, o valor dos o que herdaria o representado, lida com a superveniência da
bens sujeitos a colação. se vivo fosse. capacidade.

271
Capítulo III – Das Formas lerá o seu testamento, e, se não aprovação, o tabelião aporá
Ordinárias do Testamento o souber, designará quem o leia nele o seu sinal público, mencio-
em seu lugar, presentes as tes- nando a circunstância no auto.
temunhas.
Seção I – Disposições Gerais Art. 1.870. Se o tabelião ti-
Art. 1.867. Ao cego só se ver escrito o testamento a rogo
Art. 1.862. São testamentos permite o testamento público, do testador, poderá, não obs-
ordinários: que lhe será lido, em voz alta, tante, aprová-lo.
I – o público; duas vezes, uma pelo tabelião
Art. 1.871. O testamento
ou por seu substituto legal, e
II – o cerrado; pode ser escrito em língua na-
a outra por uma das testemu-
III – o particular. cional ou estrangeira, pelo pró-
nhas, designada pelo testador,
prio testador, ou por outrem, a
Art. 1.863. É proibido o fazendo-se de tudo circunstan- seu rogo.
testamento conjuntivo, seja ciada menção no testamento.
simultâneo, recíproco ou cor- Art. 1.872. Não pode dispor
de seus bens em testamento cer-
respectivo. Seção III – Do Testamento rado quem não saiba ou não
Cerrado possa ler.
Seção II – Do Testamento Art. 1.868. O testamento Art. 1.873. Pode fazer testa-
Público escrito pelo testador, ou por mento cerrado o surdo-mudo,
Art. 1.864. São requisitos outra pessoa, a seu rogo, e por contanto que o escreva todo,
essenciais do testamento pú- aquele assinado, será válido se e o assine de sua mão, e que,
blico: aprovado pelo tabelião ou seu ao entregá-lo ao oficial público,
substituto legal, observadas as ante as duas testemunhas, es-
I – ser escrito por tabelião ou seguintes formalidades: creva, na face externa do papel
por seu substituto legal em seu
I – que o testador o entregue ao ou do envoltório, que aquele é o
livro de notas, de acordo com
tabelião em presença de duas seu testamento, cuja aprovação
as declarações do testador, po-
testemunhas; lhe pede.
dendo este servir-se de minuta,
notas ou apontamentos; II – que o testador declare que Art. 1.874. Depois de apro-
II – lavrado o instrumento, ser aquele é o seu testamento e vado e cerrado, será o testa-
lido em voz alta pelo tabelião ao quer que seja aprovado; mento entregue ao testador, e
testador e a duas testemunhas, III – que o tabelião lavre, desde o tabelião lançará, no seu livro,
a um só tempo; ou pelo testa- logo, o auto de aprovação, na nota do lugar, dia, mês e ano em
dor, se o quiser, na presença presença de duas testemunhas, que o testamento foi aprovado
destas e do oficial; e o leia, em seguida, ao testador e entregue.
III – ser o instrumento, em se- e testemunhas; Art. 1.875. Falecido o tes-
guida à leitura, assinado pelo IV – que o auto de aprovação tador, o testamento será apre-
testador, pelas testemunhas e seja assinado pelo tabelião, pe- sentado ao juiz, que o abrirá e
pelo tabelião. las testemunhas e pelo testador. o fará registrar, ordenando seja
cumprido, se não achar vício ex-
Parágrafo único. O testamento pú- Parágrafo único. O testamento terno que o torne eivado de nu-
blico pode ser escrito manual- cerrado pode ser escrito me- lidade ou suspeito de falsidade.
mente ou mecanicamente, bem canicamente, desde que seu
como ser feito pela inserção da subscritor numere e autentique,
declaração de vontade em par- com a sua assinatura, todas as Seção IV – Do Testamento
tes impressas de livro de notas, paginas. Particular
desde que rubricadas todas as
Art. 1.869. O tabelião deve Art. 1.876. O testamento
páginas pelo testador, se mais
começar o auto de aprovação particular pode ser escrito de
de uma.
imediatamente depois da última próprio punho ou mediante
Art. 1.865. Se o testador palavra do testador, declaran- processo mecânico.
não souber, ou não puder assi- do, sob sua fé, que o testador § 1o Se escrito de próprio pu-
nar, o tabelião ou seu substituto lhe entregou para ser aprovado nho, são requisitos essenciais à
legal assim o declarará, assinan- na presença das testemunhas; sua validade seja lido e assinado
do, neste caso, pelo testador, e, passando a cerrar e coser o ins- por quem o escreveu, na presen-
a seu rogo, uma das testemu- trumento aprovado. ça de pelo menos três testemu-
nhas instrumentárias. nhas, que o devem subscrever.
Parágrafo único. Se não hou-
Art. 1.866. O indivíduo in- ver espaço na última folha do § 2o Se elaborado por proces-
teiramente surdo, sabendo ler, testamento, para início da so mecânico, não pode conter

272
rasuras ou espaços em branco, Art. 1.883. Pelo modo es- que o entregará às autoridades
devendo ser assinado pelo tes- tabelecido no art. 1.881, po- administrativas do primeiro
tador, depois de o ter lido na der-se-ão nomear ou substituir porto ou aeroporto nacional,
presença de pelo menos três tes- testamenteiros. contra recibo averbado no di-
temunhas, que o subscreverão. ário de bordo.
Art. 1.884. Os atos previs-
Art. 1.877. Morto o testa- tos nos artigos antecedentes Art. 1.891. Caducará o tes-
dor, publicar-se-á em juízo o revogam-se por atos iguais, e tamento marítimo, ou aeronáu-
testamento, com citação dos consideram-se revogados, se, tico, se o testador não morrer
herdeiros legítimos. havendo testamento posterior, na viagem, nem nos noventa
de qualquer natureza, este os dias subsequentes ao seu de-
Art. 1.878. Se as testemu-
não confirmar ou modificar. sembarque em terra, onde pos-
nhas forem contestes sobre o
sa fazer, na forma ordinária,
fato da disposição, ou, ao me- Art. 1.885. Se estiver fe-
outro testamento.
nos, sobre a sua leitura perante chado o codicilo, abrir-se-á do
elas, e se reconhecerem as pró- mesmo modo que o testamento Art. 1.892. Não valerá o tes-
prias assinaturas, assim como a cerrado. tamento marítimo, ainda que
do testador, o testamento será feito no curso de uma viagem,
confirmado. Capítulo V – Dos se, ao tempo em que se fez, o
Parágrafo único. Se faltarem tes-
Testamentos Especiais navio estava em porto onde o
testador pudesse desembarcar e
temunhas, por morte ou ausên-
testar na forma ordinária.
cia, e se pelo menos uma delas o Seção I – Disposições Gerais
reconhecer, o testamento pode-
rá ser confirmado, se, a critério Art. 1.886. São testamentos Seção III – Do Testamento
do juiz, houver prova suficiente especiais: Militar
de sua veracidade. I – o marítimo;
Art. 1.893. O testamento
Art. 1.879. Em circunstân- II – o aeronáutico; dos militares e demais pessoas
cias excepcionais declaradas na III – o militar. a serviço das Forças Armadas
cédula, o testamento particular em campanha, dentro do País
de próprio punho e assinado Art. 1.887. Não se admitem
outros testamentos especiais ou fora dele, assim como em
pelo testador, sem testemu- praça sitiada, ou que esteja de
nhas, poderá ser confirmado, além dos contemplados neste
Código. comunicações interrompidas,
a critério do juiz. poderá fazer-se, não havendo
Art. 1.880. O testamento tabelião ou seu substituto legal,
particular pode ser escrito em Seção II – Do Testamento ante duas, ou três testemunhas,
língua estrangeira, contanto Marítimo e do Testamento se o testador não puder, ou não
que as testemunhas a compre- Aeronáutico souber assinar, caso em que as-
endam. sinará por ele uma delas.
Art. 1.888. Quem estiver
§ 1o Se o testador pertencer a
Capítulo IV – Dos em viagem, a bordo de navio
corpo ou seção de corpo desta-
nacional, de guerra ou mer-
Codicilos cado, o testamento será escrito
cante, pode testar perante o
pelo respectivo comandante,
Art. 1.881. Toda pessoa ca- comandante, em presença de
ainda que de graduação ou
paz de testar poderá, mediante duas testemunhas, por forma
posto inferior.
escrito particular seu, datado que corresponda ao testamento
e assinado, fazer disposições público ou ao cerrado. § 2o Se o testador estiver em
especiais sobre o seu enterro, tratamento em hospital, o tes-
Parágrafo único. O registro do tamento será escrito pelo res-
sobre esmolas de pouca monta testamento será feito no diário
a certas e determinadas pesso- pectivo oficial de saúde, ou pelo
de bordo. diretor do estabelecimento.
as, ou, indeterminadamente,
aos pobres de certo lugar, as- Art. 1.889. Quem estiver em § 3o Se o testador for o oficial
sim como legar móveis, roupas viagem, a bordo de aeronave mi- mais graduado, o testamento
ou joias, de pouco valor, de seu litar ou comercial, pode testar será escrito por aquele que o
uso pessoal. perante pessoa designada pelo substituir.
comandante, observado o dis-
Art. 1.882. Os atos a que Art. 1.894. Se o testador
posto no artigo antecedente.
se refere o artigo antecedente, souber escrever, poderá fazer o
salvo direito de terceiro, valerão Art. 1.890. O testamento testamento de seu punho, con-
como codicilos, deixe ou não marítimo ou aeronáutico ficará tanto que o date e assine por
testamento o autor. sob a guarda do comandante, extenso, e o apresente aberto

273
ou cerrado, na presença de duas por testamento, em benefício Art. 1.904. Se o testamento
testemunhas ao auditor, ou ao do testador, ou de terceiro; nomear dois ou mais herdeiros,
oficial de patente, que lhe faça II – que se refira a pessoa incer- sem discriminar a parte de cada
as vezes neste mister. ta, cuja identidade não se possa um, partilhar-se-á por igual, en-
averiguar; tre todos, a porção disponível
Parágrafo único. O auditor, ou o do testador.
oficial a quem o testamento se III – que favoreça a pessoa incer-
apresente notará, em qualquer ta, cometendo a determinação Art. 1.905. Se o testador
parte dele, lugar, dia, mês e ano, de sua identidade a terceiro; nomear certos herdeiros indi-
em que lhe for apresentado, vidualmente e outros coletiva-
IV – que deixe a arbítrio do
nota esta que será assinada por mente, a herança será dividida
herdeiro, ou de outrem, fixar o
ele e pelas testemunhas. em tantas quotas quantos fo-
valor do legado;
rem os indivíduos e os grupos
Art. 1.895. Caduca o tes- V – que favoreça as pessoas a designados.
tamento militar, desde que, que se referem os arts. 1.801 e
depois dele, o testador esteja, 1.802. Art. 1.906. Se forem deter-
noventa dias seguidos, em lugar minadas as quotas de cada her-
Art. 1.901. Valerá a dispo- deiro, e não absorverem toda a
onde possa testar na forma or-
sição: herança, o remanescente per-
dinária, salvo se esse testamen-
to apresentar as solenidades I – em favor de pessoa incerta tencerá aos herdeiros legítimos,
prescritas no parágrafo único que deva ser determinada por segundo a ordem da vocação
do artigo antecedente. terceiro, dentre duas ou mais hereditária.
pessoas mencionadas pelo tes- Art. 1.907. Se forem deter-
Art. 1.896. As pessoas de- tador, ou pertencentes a uma
signadas no art. 1.893, estando minados os quinhões de uns
família, ou a um corpo coletivo, e não os de outros herdeiros,
empenhadas em combate, ou ou a um estabelecimento por ele distribuir-se-á por igual a estes
feridas, podem testar oralmen- designado; últimos o que restar, depois de
te, confiando a sua última von-
II – em remuneração de serviços completas as porções hereditá-
tade a duas testemunhas.
prestados ao testador, por oca- rias dos primeiros.
Parágrafo único. Não terá efeito sião da moléstia de que faleceu,
Art. 1.908. Dispondo o tes-
o testamento se o testador não ainda que fique ao arbítrio do tador que não caiba ao herdeiro
morrer na guerra ou convalescer herdeiro ou de outrem determi- instituído certo e determinado
do ferimento. nar o valor do legado. objeto, dentre os da herança,
Art. 1.902. A disposição tocará ele aos herdeiros legíti-
Capítulo VI – Das mos.
geral em favor dos pobres, dos
Disposições Testamentárias estabelecimentos particulares Art. 1.909. São anuláveis
Art. 1.897. A nomeação de de caridade, ou dos de assis- as disposições testamentárias
herdeiro, ou legatário, pode tência pública, entender-se-á inquinadas de erro, dolo ou
fazer-se pura e simplesmente, relativa aos pobres do lugar do coação.
sob condição, para certo fim domicílio do testador ao tempo
ou modo, ou por certo motivo. de sua morte, ou dos estabele- Parágrafo único. Extingue-se em
cimentos aí sitos, salvo se ma- quatro anos o direito de anu-
Art. 1.898. A designação do nifestamente constar que tinha lar a disposição, contados de
tempo em que deva começar ou em mente beneficiar os de outra quando o interessado tiver co-
cessar o direito do herdeiro, sal- localidade. nhecimento do vício.
vo nas disposições fideicomis-
Parágrafo único. Nos casos deste Art. 1.910. A ineficácia de
sárias, ter-se-á por não escrita.
artigo, as instituições particu- uma disposição testamentária
Art. 1.899. Quando a cláu- lares preferirão sempre às pú- importa a das outras que, sem
sula testamentária for suscetí- blicas. aquela, não teriam sido deter-
vel de interpretações diferentes, minadas pelo testador.
prevalecerá a que melhor asse- Art. 1.903. O erro na desig-
nação da pessoa do herdeiro, Art. 1.911. A cláusula de ina-
gure a observância da vontade lienabilidade, imposta aos bens
do testador. do legatário, ou da coisa lega-
por ato de liberalidade, implica
da anula a disposição, salvo se,
Art. 1.900. É nula a dispo- impenhorabilidade e incomuni-
pelo contexto do testamento,
sição: cabilidade.
por outros documentos, ou
I – que institua herdeiro ou lega- por fatos inequívocos, se puder Parágrafo único. No caso de
tário sob a condição captatória identificar a pessoa ou coisa a desapropriação de bens clau-
de que este disponha, também que o testador queria referir-se. sulados, ou de sua alienação,

274
por conveniência econômica § 1o Cumpre-se o legado, entre- de condição suspensiva, ou de
do donatário ou do herdeiro, gando o herdeiro ao legatário o termo inicial.
mediante autorização judicial, título respectivo.
Art. 1.924. O direito de
o produto da venda converter- § 2o Este legado não compreen- pedir o legado não se exerce-
se-á em outros bens, sobre os de as dívidas posteriores à data rá, enquanto se litigue sobre a
quais incidirão as restrições do testamento. validade do testamento, e, nos
apostas aos primeiros.
legados condicionais, ou a pra-
Art. 1.919. Não o declaran-
Capítulo VII – Dos zo, enquanto esteja pendente
do expressamente o testador,
a condição ou o prazo não se
Legados não se reputará compensação
vença.
da sua dívida o legado que ele
faça ao credor. Art. 1.925. O legado em
Seção I – Disposições Gerais dinheiro só vence juros desde
Parágrafo único. Subsistirá inte- o dia em que se constituir em
Art. 1.912. É ineficaz o lega- gralmente o legado, se a dívida
do de coisa certa que não per- mora a pessoa obrigada a pres-
lhe foi posterior, e o testador a tá-lo.
tença ao testador no momento solveu antes de morrer.
da abertura da sucessão. Art. 1.926. Se o legado con-
Art. 1.920. O legado de ali- sistir em renda vitalícia ou pen-
Art. 1.913. Se o testador mentos abrange o sustento, a
ordenar que o herdeiro ou le- são periódica, esta ou aquela
cura, o vestuário e a casa, en- correrá da morte do testador.
gatário entregue coisa de sua
quanto o legatário viver, além
propriedade a outrem, não o Art. 1.927. Se o legado for
da educação, se ele for menor.
cumprindo ele, entender-se-á de quantidades certas, em pres-
que renunciou à herança ou ao Art. 1.921. O legado de usu- tações periódicas, datará da
legado. fruto, sem fixação de tempo, en- morte do testador o primeiro
Art. 1.914. Se tão somente tende-se deixado ao legatário período, e o legatário terá di-
em parte a coisa legada perten- por toda a sua vida. reito a cada prestação, uma vez
cer ao testador, ou, no caso do encetado cada um dos períodos
Art. 1.922. Se aquele que sucessivos, ainda que venha a
artigo antecedente, ao herdei- legar um imóvel lhe ajuntar
ro ou ao legatário, só quanto a falecer antes do termo dele.
depois novas aquisições, es-
essa parte valerá o legado. tas, ainda que contíguas, não Art. 1.928. Sendo periódicas
Art. 1.915. Se o legado for se compreendem no legado, as prestações, só no termo de
de coisa que se determine pelo salvo expressa declaração em cada período se poderão exigir.
gênero, será o mesmo cumpri- contrário do testador. Parágrafo único. Se as prestações
do, ainda que tal coisa não exis- Parágrafo único. Não se aplica o forem deixadas a título de ali-
ta entre os bens deixados pelo disposto neste artigo às ben- mentos, pagar-se-ão no começo
testador. feitorias necessárias, úteis ou de cada período, sempre que
voluptuárias feitas no prédio outra coisa não tenha disposto
Art. 1.916. Se o testador le-
legado. o testador.
gar coisa sua, singularizando-a,
só terá eficácia o legado se, ao Art. 1.929. Se o legado con-
tempo do seu falecimento, ela Seção II – Dos Efeitos do siste em coisa determinada pelo
se achava entre os bens da he- gênero, ao herdeiro tocará esco-
rança; se a coisa legada existir
Legado e do seu Pagamento
lhê-la, guardando o meio-termo
entre os bens do testador, mas Art. 1.923. Desde a abertura entre as congêneres da melhor
em quantidade inferior à do da sucessão, pertence ao lega- e pior qualidade.
legado, este será eficaz apenas tário a coisa certa, existente no
quanto à existente. Art. 1.930. O estabelecido
acervo, salvo se o legado estiver no artigo antecedente será ob-
Art. 1.917. O legado de coisa sob condição suspensiva. servado, quando a escolha for
que deva encontrar-se em deter- § 1o Não se defere de imediato deixada a arbítrio de terceiro;
minado lugar só terá eficácia se a posse da coisa, nem nela pode e, se este não a quiser ou não a
nele for achada, salvo se remo- o legatário entrar por autorida- puder exercer, ao juiz competirá
vida a título transitório. de própria. fazê-la, guardado o disposto na
§ 2o O legado de coisa certa última parte do artigo antece-
Art. 1.918. O legado de cré-
dente.
dito, ou de quitação de dívida, existente na herança transfere
terá eficácia somente até a im- também ao legatário os frutos Ar t. 1.931. Se a opção
portância desta, ou daquele, ao que produzir, desde a morte do foi deixada ao legatário, este
tempo da morte do testador. testador, exceto se dependente poderá escolher, do gênero

275
determinado, a melhor coisa Art. 1.938. Nos legados com só coisa, determinada e certa,
que houver na herança; e, se encargo, aplica-se ao legatário ou quando o objeto do legado
nesta não existir coisa de tal o disposto neste Código quanto não puder ser dividido sem risco
gênero, dar-lhe-á de outra con- às doações de igual natureza. de desvalorização.
gênere o herdeiro, observada a
disposição na última parte do Art. 1.943. Se um dos coer-
art. 1.929. Seção III – Da Caducidade deiros ou colegatários, nas con-
dos Legados dições do artigo antecedente,
Art. 1.932. No legado alter- morrer antes do testador; se
nativo, presume-se deixada ao Art. 1.939. Caducará o le-
gado: renunciar a herança ou legado,
herdeiro a opção. ou destes for excluído, e, se a
I – se, depois do testamento, o condição sob a qual foi institu-
Art. 1.933. Se o herdeiro ou testador modificar a coisa le- ído não se verificar, acrescerá o
legatário a quem couber a op- gada, ao ponto de já não ter a seu quinhão, salvo o direito do
ção falecer antes de exercê-la, forma nem lhe caber a denomi- substituto, à parte dos coerdei-
passará este poder aos seus nação que possuía; ros ou colegatários conjuntos.
herdeiros. II – se o testador, por qualquer
título, alienar no todo ou em Parágrafo único. Os coerdeiros ou
Art. 1.934. No silêncio do parte a coisa legada; nesse caso, colegatários, aos quais acresceu
testamento, o cumprimento caducará até onde ela deixou de o quinhão daquele que não quis
dos legados incumbe aos her- pertencer ao testador; ou não pôde suceder, ficam su-
deiros e, não os havendo, aos III – se a coisa perecer ou for jeitos às obrigações ou encargos
legatários, na proporção do que evicta, vivo ou morto o testa- que o oneravam.
herdaram. dor, sem culpa do herdeiro ou
legatário incumbido do seu Art. 1.944. Quando não
Parágrafo único. O encargo esta- cumprimento; se efetua o direito de acrescer,
belecido neste artigo, não ha- transmite-se aos herdeiros le-
IV – se o legatário for excluído gítimos a quota vaga do no-
vendo disposição testamentária
da sucessão, nos termos do meado.
em contrário, caberá ao herdei-
art. 1.815;
ro ou legatário incumbido pelo
testador da execução do lega- V – se o legatário falecer antes Parágrafo único. Não existindo
do; quando indicados mais de do testador. o direito de acrescer entre os
um, os onerados dividirão entre colegatários, a quota do que
Art. 1.940. Se o legado for faltar acresce ao herdeiro ou ao
si o ônus, na proporção do que de duas ou mais coisas alter-
recebam da herança. legatário incumbido de satis-
nativamente, e algumas delas fazer esse legado, ou a todos
perecerem, subsistirá quanto os herdeiros, na proporção dos
Art. 1.935. Se algum lega- às restantes; perecendo parte
do consistir em coisa perten- seus quinhões, se o legado se
de uma, valerá, quanto ao seu deduziu da herança.
cente a herdeiro ou legatário remanescente, o legado.
(art. 1.913), só a ele incumbirá
Art. 1.945. Não pode o be-
cumpri-lo, com regresso con- Capítulo VIII – Do Direito neficiário do acréscimo repudi-
tra os coerdeiros, pela quota de Acrescer entre Herdeiros e á-lo separadamente da herança
de cada um, salvo se o con- Legatários ou legado que lhe caiba, salvo
trário expressamente dispôs se o acréscimo comportar en-
o testador. Art. 1.941. Quando vários cargos especiais impostos pelo
herdeiros, pela mesma dispo- testador; nesse caso, uma vez
Art. 1.936. As despesas e sição testamentária, forem repudiado, reverte o acréscimo
os riscos da entrega do legado conjuntamente chamados à para a pessoa a favor de quem
correm à conta do legatário, herança em quinhões não deter- os encargos foram instituídos.
se não dispuser diversamente minados, e qualquer deles não
o testador. puder ou não quiser aceitá-la, Art. 1.946. Legado um só
a sua parte acrescerá à dos usufruto conjuntamente a duas
Art. 1.937. A coisa legada coerdeiros, salvo o direito do ou mais pessoas, a parte da que
entregar-se-á, com seus aces- substituto. faltar acresce aos colegatários.
sórios, no lugar e estado em
que se achava ao falecer o tes- Art. 1.942. O direito de Parágrafo único. Se não houver
tador, passando ao legatário acrescer competirá aos colega- conjunção entre os colegatá-
com todos os encargos que a tários, quando nomeados con- rios, ou se, apesar de conjuntos,
onerarem. juntamente a respeito de uma só lhes foi legada certa parte

276
do usufruto, consolidar-se-ão de outrem, que se qualifica de Art. 1.960. A nulidade da
na propriedade as quotas dos fideicomissário. substituição ilegal não prejudi-
que faltarem, à medida que eles ca a instituição, que valerá sem
Art. 1.952. A substituição
forem faltando. o encargo resolutório.
f ideicomissária somente se
permite em favor dos não con- Capítulo X – Da
Capítulo IX – Das cebidos ao tempo da morte do
Substituições testador.
Deserdação
Parágrafo único. Se, ao tempo da Art. 1.961. Os herdeiros ne-
Seção I – Da Substituição morte do testador, já houver cessários podem ser privados de
Vulgar e da Recíproca nascido o fideicomissário, ad- sua legítima, ou deserdados, em
quirirá este a propriedade dos todos os casos em que podem
Art. 1.947. O testador pode bens fideicometidos, converten- ser excluídos da sucessão.
substituir outra pessoa ao her- do-se em usufruto o direito do
deiro ou ao legatário nomeado, Art. 1.962. Além das cau-
fiduciário. sas mencionadas no art. 1.814,
para o caso de um ou outro não
querer ou não poder aceitar a Art. 1.953. O fiduciário tem autorizam a deserdação dos
herança ou o legado, presu- a propriedade da herança ou descendentes por seus ascen-
mindo-se que a substituição legado, mas restrita e resolúvel. dentes:
foi determinada para as duas I – ofensa física;
Parágrafo único. O fiduciário é
alternativas, ainda que o testa-
obrigado a proceder ao inven- II – injúria grave;
dor só a uma se refira.
tário dos bens gravados, e a
prestar caução de restituí-los III – relações ilícitas com a ma-
Art. 1.948. Também é lícito
se o exigir o fideicomissário. drasta ou com o padrasto;
ao testador substituir muitas
pessoas por uma só, ou vice- IV – desamparo do ascendente
Art. 1.954. Salvo disposição
-versa, e ainda substituir com em alienação mental ou grave
em contrário do testador, se o
reciprocidade ou sem ela. enfermidade.
fiduciário renunciar a herança
Art. 1.949. O substituto fica ou o legado, defere-se ao fidei- Art. 1.963. Além das causas
sujeito à condição ou encargo comissário o poder de aceitar. enumeradas no art. 1.814, au-
imposto ao substituído, quando torizam a deserdação dos as-
Art. 1.955. O fideicomissá-
não for diversa a intenção ma- cendentes pelos descendentes:
rio pode renunciar a herança
nifestada pelo testador, ou não
ou o legado, e, neste caso, o I – ofensa física;
resultar outra coisa da natureza
fideicomisso caduca, deixando
da condição ou do encargo. II – injúria grave;
de ser resolúvel a propriedade
Art. 1.950. Se, entre muitos do fiduciário, se não houver dis- III – relações ilícitas com a mu-
coerdeiros ou legatários de par- posição contrária do testador. lher ou companheira do filho
tes desiguais, for estabelecida ou a do neto, ou com o marido
Art. 1.956. Se o fideicomis-
substituição recíproca, a pro- ou companheiro da filha ou o
sário aceitar a herança ou o le-
porção dos quinhões fixada na da neta;
primeira disposição entender- gado, terá direito à parte que,
ao fiduciário, em qualquer tem- IV – desamparo do filho ou neto
-se-á mantida na segunda; se,
po acrescer. com deficiência mental ou grave
com as outras anteriormente
enfermidade.
nomeadas, for incluída mais al- Art. 1.957. Ao sobrevir a
guma pessoa na substituição, sucessão, o f ideicomissário Art. 1.964. Somente com
o quinhão vago pertencerá em responde pelos encargos da expressa declaração de causa
partes iguais aos substitutos. herança que ainda restarem. pode a deserdação ser ordena-
da em testamento.
Art. 1.958. Caduca o fidei-
Seção II – Da Substituição comisso se o f ideicomissário Art. 1.965. Ao herdeiro ins-
Fideicomissária morrer antes do fiduciário, ou tituído, ou àquele a quem apro-
antes de realizar-se a condição veite a deserdação, incumbe
Art. 1.951. Pode o testador resolutória do direito deste úl- provar a veracidade da causa
instituir herdeiros ou legatários, timo; nesse caso, a propriedade alegada pelo testador.
estabelecendo que, por ocasião consolida-se no fiduciário, nos
de sua morte, a herança ou o le- Parágrafo único. O direito de pro-
termos do art. 1.955.
gado se transmita ao fiduciário, var a causa da deserdação extin-
resolvendo-se o direito deste, Art. 1.959. São nulos os fi- gue-se no prazo de quatro anos,
por sua morte, a certo tempo deicomissos além do segundo a contar da data da abertura do
ou sob certa condição, em favor grau. testamento.

277
Capítulo XI – Da Capítulo XII – Da Capítulo XIV – Do
Redução das Disposições Revogação do Testamento Testamenteiro
Testamentárias
Art. 1.969. O testamento Art. 1.976. O testador pode
nomear um ou mais testamen-
pode ser revogado pelo mes-
Art. 1.966. O remanescente teiros, conjuntos ou separados,
pertencerá aos herdeiros legíti- mo modo e forma como pode
para lhe darem cumprimento às
mos, quando o testador só em ser feito.
disposições de última vontade.
parte dispuser da quota heredi-
Art. 1.970. A revogação do Art. 1.977. O testador pode
tária disponível.
testamento pode ser total ou conceder ao testamenteiro a
parcial. posse e a administração da
Art. 1.967. As disposições
herança, ou de parte dela, não
que excederem a parte dispo-
Parágrafo único. Se parcial, ou havendo cônjuge ou herdeiros
nível reduzir-se-ão aos limites
se o testamento posterior não necessários.
dela, de conformidade com o
disposto nos parágrafos se- contiver cláusula revogatória ex- Parágrafo único. Qualquer herdei-
guintes. pressa, o anterior subsiste em ro pode requerer partilha ime-
tudo que não for contrário ao diata, ou devolução da herança,
§ 1o Em se verificando excede- posterior. habilitando o testamenteiro
rem as disposições testamentá-
com os meios necessários para
rias a porção disponível, serão Art. 1.971. A revogação pro- o cumprimento dos legados, ou
proporcionalmente reduzidas as duzirá seus efeitos, ainda quan- dando caução de prestá-los.
quotas do herdeiro ou herdeiros do o testamento, que a encerra,
instituídos, até onde baste, e, vier a caducar por exclusão, in- Art. 1.978. Tendo o testa-
não bastando, também os lega- capacidade ou renúncia do her- menteiro a posse e a adminis-
dos, na proporção do seu valor. deiro nele nomeado; não valerá, tração dos bens, incumbe-lhe
se o testamento revogatório for requerer inventário e cumprir
§ 2o Se o testador, prevenindo o testamento.
o caso, dispuser que se inteirem, anulado por omissão ou infra-
de preferência, certos herdeiros ção de solenidades essenciais Art. 1.979. O testamenteiro
e legatários, a redução far-se-á ou por vícios intrínsecos. nomeado, ou qualquer parte in-
nos outros quinhões ou lega- teressada, pode requerer, assim
dos, observando-se a seu res- Art. 1.972. O testamento como o juiz pode ordenar, de
peito a ordem estabelecida no cerrado que o testador abrir ou ofício, ao detentor do testamen-
parágrafo antecedente. dilacerar, ou for aberto ou dila- to, que o leve a registro.
cerado com seu consentimento,
Art. 1.968. Quando consis- haver-se-á como revogado. Art. 1.980. O testamen-
tir em prédio divisível o legado teiro é obrigado a cumprir as
sujeito a redução, far-se-á esta Capítulo XIII – Do disposições testamentárias, no
dividindo-o proporcionalmente. Rompimento do Testamento prazo marcado pelo testador, e
a dar contas do que recebeu e
§ 1o Se não for possível a di- Art. 1.973. Sobrevindo des- despendeu, subsistindo sua res-
visão, e o excesso do legado cendente sucessível ao testador, ponsabilidade enquanto durar a
montar a mais de um quarto do que não o tinha ou não o conhe- execução do testamento.
valor do prédio, o legatário dei- cia quando testou, rompe-se o
xará inteiro na herança o imóvel testamento em todas as suas Art. 1.981. Compete ao
legado, ficando com o direito disposições, se esse descenden- testamenteiro, com ou sem o
de pedir aos herdeiros o valor te sobreviver ao testador. concurso do inventariante e dos
que couber na parte disponível; herdeiros instituídos, defender a
se o excesso não for de mais de Art. 1.974. Rompe-se tam- validade do testamento.
um quarto, aos herdeiros fará bém o testamento feito na ig-
tornar em dinheiro o legatário, norância de existirem outros Art. 1.982. Além das atribui-
que ficará com o prédio. ções exaradas nos artigos ante-
herdeiros necessários.
§ 2o Se o legatário for ao mes- cedentes, terá o testamenteiro
mo tempo herdeiro necessário, Art. 1.975. Não se rompe o as que lhe conferir o testador,
poderá inteirar sua legítima no testamento, se o testador dispu- nos limites da lei.
mesmo imóvel, de preferência ser da sua metade, não contem- Art. 1.983. Não concedendo
aos outros, sempre que ela e a plando os herdeiros necessários o testador prazo maior, cum-
parte subsistente do legado lhe de cuja existência saiba, ou prirá o testamenteiro o testa-
absorverem o valor. quando os exclua dessa parte. mento e prestará contas em

278
cento e oitenta dias, contados Art. 1.990. Se o testador ti- depois de encerrada a descrição
da aceitação da testamentaria. ver distribuído toda a herança dos bens, com a declaração, por
em legados, exercerá o testa- ele feita, de não existirem outros
Parágrafo único. Pode esse prazo menteiro as funções de inven- por inventariar e partir, assim
ser prorrogado se houver moti- tariante. como arguir o herdeiro, depois
vo suficiente.
de declarar-se no inventário que
Art. 1.984. Na falta de tes- não os possui.
tamenteiro nomeado pelo tes-
tador, a execução testamentária Título IV – Do Capítulo III – Do
compete a um dos cônjuges, e, Inventário e da Partilha Pagamento das Dívidas
em falta destes, ao herdeiro no-
meado pelo juiz. Art. 1.997. A herança res-
Capítulo I – Do Inventário ponde pelo pagamento das
Art. 1.985. O encargo da dívidas do falecido; mas, feita
testamentaria não se transmi- Art. 1.991. Desde a assi-
natura do compromisso até a a partilha, só respondem os her-
te aos herdeiros do testamen- deiros, cada qual em propor-
teiro, nem é delegável; mas o homologação da partilha, a
administração da herança será ção da parte que na herança
testamenteiro pode fazer-se re- lhe coube.
presentar em juízo e fora dele, exercida pelo inventariante.
mediante mandatário com po- § 1o Quando, antes da partilha,
deres especiais. Capítulo II – Dos for requerido no inventário o
Sonegados pagamento de dívidas constan-
Art. 1.986. Havendo si- tes de documentos, revestidos
multaneamente mais de um Art.1.992. O herdeiro que de formalidades legais, consti-
testamenteiro, que tenha acei- sonegar bens da herança, não tuindo prova bastante da obri-
tado o cargo, poderá cada qual os descrevendo no inventário gação, e houver impugnação,
exercê-lo, em falta dos outros; quando estejam em seu poder, que não se funde na alegação
mas todos ficam solidariamente ou, com o seu conhecimento, de pagamento, acompanhada
obrigados a dar conta dos bens no de outrem, ou que os omitir de prova valiosa, o juiz mandará
que lhes forem confiados, salvo na colação, a que os deva le- reservar, em poder do inventa-
se cada um tiver, pelo testamen- var, ou que deixar de restituí-los, riante, bens suficientes para so-
to, funções distintas, e a elas perderá o direito que sobre eles lução do débito, sobre os quais
se limitar. lhe cabia.
venha a recair oportunamente
Art. 1.987. Salvo disposi- Art. 1.993. Além da pena co- a execução.
ção testamentária em contrá- minada no artigo antecedente, § 2o No caso previsto no pa-
rio, o testamenteiro, que não se o sonegador for o próprio rágrafo antecedente, o credor
seja herdeiro ou legatário, terá inventariante, remover-se-á, será obrigado a iniciar a ação
direito a um prêmio, que, se o em se provando a sonegação, de cobrança no prazo de trinta
testador não o houver fixado, ou negando ele a existência dos dias, sob pena de se tornar de
será de um a cinco por cento, bens, quando indicados. nenhum efeito a providência
arbitrado pelo juiz, sobre a Art.1.994. A pena de so- indicada.
herança líquida, conforme a negados só se pode requerer e
importância dela e maior ou Art. 1.998. As despesas fu-
impor em ação movida pelos nerárias, haja ou não herdeiros
menor dificuldade na execução herdeiros ou pelos credores da
do testamento. legítimos, sairão do monte da
herança. herança; mas as de sufrágios
Parágrafo único. O prêmio arbitra- Parágrafo único. A sentença que por alma do falecido só obriga-
do será pago à conta da parte se proferir na ação de sonega- rão a herança quando ordena-
disponível, quando houver her- dos, movida por qualquer dos das em testamento ou codicilo.
deiro necessário. herdeiros ou credores, aproveita Art. 1.999. Sempre que hou-
Art. 1.988. O herdeiro ou o aos demais interessados. ver ação regressiva de uns con-
legatário nomeado testamen- Art. 1.995. Se não se restitu- tra outros herdeiros, a parte do
teiro poderá preferir o prêmio írem os bens sonegados, por já coerdeiro insolvente dividir-se-á
à herança ou ao legado. não os ter o sonegador em seu em proporção entre os demais.
poder, pagará ele a importância
Art. 1.989. Reverterá à he- Art. 2.000. Os legatários e
dos valores que ocultou, mais as
rança o prêmio que o testamen- credores da herança podem exi-
perdas e danos.
teiro perder, por ser removido gir que do patrimônio do faleci-
ou por não ter cumprido o tes- Art. 1.996. Só se pode arguir do se discrimine o do herdeiro,
tamento. de sonegação o inventariante e, em concurso com os credores

279
deste, ser-lhes-ão preferidos no o das benfeitorias acrescidas, as Art. 2.008. Aquele que re-
pagamento. quais pertencerão ao herdeiro nunciou a herança ou dela foi
donatário, correndo também à excluído, deve, não obstante,
Art. 2.001. Se o herdeiro
conta deste os rendimentos ou conferir as doações recebidas,
for devedor ao espólio, sua
lucros, assim como os danos e para o fim de repor o que exce-
dívida será partilhada igual-
perdas que eles sofrerem. der o disponível.
mente entre todos, salvo se a
maioria consentir que o débito Art. 2.005. São dispensa- Art. 2.009. Quando os ne-
seja imputado inteiramente no das da colação as doações que tos, representando os seus pais,
quinhão do devedor. o doador determinar saiam da sucederem aos avós, serão obri-
parte disponível, contanto que gados a trazer à colação, ainda
Capítulo IV – Da Colação não a excedam, computado o que não o hajam herdado, o que
seu valor ao tempo da doação. os pais teriam de conferir.
Art. 2.002. Os descendentes
que concorrerem à sucessão do Parágrafo único. Presume-se im- Art. 2.010. Não virão à co-
ascendente comum são obriga- putada na parte disponível a lação os gastos ordinários do
dos, para igualar as legítimas, liberalidade feita a descendente ascendente com o descenden-
a conferir o valor das doações que, ao tempo do ato, não seria te, enquanto menor, na sua
que dele em vida receberam, chamado à sucessão na qualida- educação, estudos, sustento,
sob pena de sonegação. de de herdeiro necessário. vestuário, tratamento nas enfer-
midades, enxoval, assim como
Parágrafo único. Para cálculo da Art. 2.006. A dispensa da as despesas de casamento, ou
legítima, o valor dos bens confe- colação pode ser outorgada as feitas no interesse de sua de-
ridos será computado na parte pelo doador em testamento, fesa em processo-crime.
indisponível, sem aumentar a ou no próprio título de libera-
disponível. lidade. Art. 2.011. As doações re-
Art. 2.003. A colação tem muneratórias de serviços feitos
Art. 2.007. São sujeitas à ao ascendente também não es-
por fim igualar, na proporção
redução as doações em que se tão sujeitas a colação.
estabelecida neste Código, as
apurar excesso quanto ao que o
legítimas dos descendentes e Art. 2.012. Sendo feita a do-
doador poderia dispor, no mo-
do cônjuge sobrevivente, obri- ação por ambos os cônjuges,
mento da liberalidade.
gando também os donatários no inventário de cada um se
que, ao tempo do falecimento § 1o O excesso será apurado conferirá por metade.
do doador, já não possuírem os com base no valor que os bens
bens doados. doados tinham, no momento Capítulo V – Da Partilha
Parágrafo único. Se, computados da liberalidade.
os valores das doações feitas em § 2o A redução da liberalidade Art. 2.013. O herdeiro pode
adiantamento de legítima, não far-se-á pela restituição ao mon- sempre requerer a partilha, ain-
houver no acervo bens suficien- te do excesso assim apurado; da que o testador o proíba, ca-
tes para igualar as legítimas dos a restituição será em espécie, bendo igual faculdade aos seus
descendentes e do cônjuge, os ou, se não mais existir o bem cessionários e credores.
bens assim doados serão con- em poder do donatário, em di-
feridos em espécie, ou, quando nheiro, segundo o seu valor ao Art. 2.014. Pode o testador
deles já não disponha o dona- tempo da abertura da sucessão, indicar os bens e valores que
tário, pelo seu valor ao tempo observadas, no que forem apli- devem compor os quinhões
da liberalidade. cáveis, as regras deste Código hereditários, deliberando ele
sobre a redução das disposições próprio a partilha, que preva-
Art. 2.004. O valor de cola- lecerá, salvo se o valor dos bens
ção dos bens doados será aque- testamentárias.
não corresponder às quotas es-
le, certo ou estimativo, que lhes § 3o Sujeita-se a redução, nos tabelecidas.
atribuir o ato de liberalidade. termos do parágrafo antece-
§ 1o Se do ato de doação não dente, a parte da doação feita Art. 2.015. Se os herdeiros
constar valor certo, nem houver a herdeiros necessários que ex- forem capazes, poderão fazer
estimação feita naquela épo- ceder a legítima e mais a quota partilha amigável, por escritu-
ca, os bens serão conferidos disponível. ra pública, termo nos autos do
na partilha pelo que então se § 4 o Sendo várias as doações inventário, ou escrito particular,
calcular valessem ao tempo da a herdeiros necessários, feitas homologado pelo juiz.
liberalidade. em diferentes datas, serão elas
§ 2o Só o valor dos bens doados reduzidas a partir da última, até Art. 2.016. Será sempre ju-
entrará em colação; não assim a eliminação do excesso. dicial a partilha, se os herdeiros

280
divergirem, assim como se al- inventariante, e consentimento Art. 2.029. Até dois anos
gum deles for incapaz. da maioria dos herdeiros. após a entrada em vigor deste
Código, os prazos estabele-
Art. 2.017. No partilhar os Art. 2.022. Ficam sujeitos a cidos no parágrafo único do
bens, observar-se-á, quanto ao sobrepartilha os bens sonega- art. 1.238 e no parágrafo único
seu valor, natureza e qualidade, dos e quaisquer outros bens da do art. 1.242 serão acrescidos
a maior igualdade possível. herança de que se tiver ciência de dois anos, qualquer que seja
o tempo transcorrido na vigên-
após a partilha.
Art. 2.018. É válida a par- cia do anterior, Lei no 3.071, de
tilha feita por ascendente, por Capítulo VI – Da Garantia 1o de janeiro de 1916.
ato entre vivos ou de última dos Quinhões Hereditários Art. 2.030. O acréscimo de
vontade, contanto que não pre- que trata o artigo antecedente,
judique a legítima dos herdeiros Art. 2.023. Julgada a parti- será feito nos casos a que se re-
necessários. lha, fica o direito de cada um fere o § 4o do art. 1.228.
dos herdeiros circunscrito aos
Art. 2.019. Os bens insusce- bens do seu quinhão. Ar t. 2.031. As associa-
tíveis de divisão cômoda, que ções, sociedades e fundações,
Art. 2.024. Os coerdeiros constituídas na forma das leis
não couberem na meação do
são reciprocamente obrigados a anteriores, bem como os em-
cônjuge sobrevivente ou no qui-
indenizar-se no caso de evicção presários, deverão se adaptar
nhão de um só herdeiro, serão
dos bens aquinhoados. às disposições deste Código até
vendidos judicialmente, parti-
lhando-se o valor apurado, a Art. 2.025. Cessa a obri- 11 de janeiro de 2007.
não ser que haja acordo para gação mútua estabelecida no Parágrafo único. O disposto neste
serem adjudicados a todos. artigo antecedente, havendo artigo não se aplica às organiza-
§ 1o Não se fará a venda judicial convenção em contrário, e bem ções religiosas nem aos partidos
se o cônjuge sobrevivente ou um assim dando-se a evicção por políticos.
ou mais herdeiros requererem culpa do evicto, ou por fato
posterior à partilha. Art. 2.032. As fundações,
lhes seja adjudicado o bem, re- instituídas segundo a legisla-
pondo aos outros, em dinhei- Art. 2.026. O evicto será in- ção anterior, inclusive as de
ro, a diferença, após avaliação denizado pelos coerdeiros na fins diversos dos previstos no
atualizada. proporção de suas quotas here- parágrafo único do art. 62,
§ 2o Se a adjudicação for reque- ditárias, mas, se algum deles se subordinam-se, quanto ao seu
rida por mais de um herdeiro, achar insolvente, responderão funcionamento, ao disposto
observar-se-á o processo da os demais na mesma propor- neste Código.
licitação. ção, pela parte desse, menos a Art. 2.033. Salvo o dispos-
quota que corresponderia ao to em lei especial, as modifica-
Art. 2.020. Os herdeiros indenizado. ções dos atos constitutivos das
em posse dos bens da heran- pessoas jurídicas referidas no
ça, o cônjuge sobrevivente e o Capítulo VII – Da art. 44, bem como a sua trans-
inventariante são obrigados a Anulação da Partilha formação, incorporação, cisão
trazer ao acervo os frutos que ou fusão, regem-se desde logo
Art. 2.027. A partilha é anu-
perceberam, desde a abertura por este Código.
lável pelos vícios e defeitos que
da sucessão; têm direito ao
invalidam, em geral, os negócios Art. 2.034. A dissolução e a
reembolso das despesas ne-
cessárias e úteis que fizeram, jurídicos. liquidação das pessoas jurídicas
e respondem pelo dano a que, referidas no artigo anteceden-
Parágrafo único. Extingue-se em
por dolo ou culpa, deram causa. te, quando iniciadas antes da
um ano o direito de anular a
vigência deste Código, obede-
partilha.
Art. 2.021. Quando parte da cerão ao disposto nas leis an-
Livro Complementar – Das Dis- teriores.
herança consistir em bens remo-
posições Finais e Transitórias
tos do lugar do inventário, liti- Art. 2.035. A validade dos
giosos, ou de liquidação morosa Art. 2.028. Serão os da lei negócios e demais atos jurídi-
ou difícil, poderá proceder-se, anterior os prazos, quando re- cos, constituídos antes da en-
no prazo legal, à partilha dos duzidos por este Código, e se, trada em vigor deste Código,
outros, reservando-se aqueles na data de sua entrada em vigor, obedece ao disposto nas leis an-
para uma ou mais sobreparti- já houver transcorrido mais da teriores, referidas no art. 2.045,
lhas, sob a guarda e a adminis- metade do tempo estabelecido mas os seus efeitos, produzidos
tração do mesmo ou diverso na lei revogada. após a vigência deste Código,

281
aos preceitos dele se subordi- II – constituir subenfiteuse. de 1916; se, no prazo, o tes-
nam, salvo se houver sido pre- § 2o A enfiteuse dos terrenos de tador não aditar o testamento
vista pelas partes determinada marinha e acrescidos regula-se para declarar a justa causa de
forma de execução. por lei especial. cláusula aposta à legítima, não
subsistirá a restrição.
Parágrafo único. Nenhuma con- Art. 2.039. O regime de
venção prevalecerá se contra- bens nos casamentos celebra- Art. 2.043. Até que por ou-
riar preceitos de ordem pública, dos na vigência do Código Civil tra forma se disciplinem, con-
tais como os estabelecidos por anterior, Lei no 3.071, de 1o de tinuam em vigor as disposições
este Código para assegurar a janeiro de 1916, é o por ele es- de natureza processual, admi-
função social da propriedade e tabelecido. nistrativa ou penal, constantes
dos contratos. de leis cujos preceitos de nature-
Art. 2.040. A hipoteca legal za civil hajam sido incorporados
Art. 2.036. A locação de dos bens do tutor ou curador, a este Código.
prédio urbano, que esteja su- inscrita em conformidade com o
jeita à lei especial, por esta con- inciso IV do art. 827 do Código Art. 2.044. Este Código en-
tinua a ser regida. Civil anterior, Lei no 3.071, de trará em vigor 1 (um) ano após
1o de janeiro de 1916, poderá a sua publicação.
Art. 2.037. Salvo disposição
em contrário, aplicam-se aos ser cancelada, obedecido o dis- Art. 2.045. Revogam-se a
empresários e sociedades em- posto no parágrafo único do Lei no 3.071, de 1o de janeiro de
presárias as disposições de lei art. 1.745 deste Código. 1916 – Código Civil e a Parte Pri-
não revogadas por este Código, Art. 2.041. As disposições meira do Código Comercial, Lei
referentes a comerciantes, ou deste Código relativas à or- no 556, de 25 de junho de 1850.
a sociedades comerciais, bem dem da vocação hereditária
como a atividades mercantis. Art. 2.046. Todas as remis-
(arts. 1.829 a 1.844) não se sões, em diplomas legislativos,
Art. 2.038. Fica proibida a aplicam à sucessão aberta an- aos Códigos referidos no artigo
constituição de enfiteuses e su- tes de sua vigência, prevalecen- antecedente, consideram-se fei-
benfiteuses, subordinando-se as do o disposto na lei anterior tas às disposições correspon-
existentes, até sua extinção, às (Lei no 3.071, de 1o de janeiro dentes deste Código.
disposições do Código Civil an- de 1916).
Brasília, 10 de janeiro de 2002;
terior, Lei no 3.071, de 1o de ja- Art. 2.042. Aplica-se o dis- 181o da Independência e 114o da
neiro de 1916, e leis posteriores. posto no caput do art. 1.848, República.
§ 1o Nos aforamentos a que se quando aberta a sucessão no
prazo de um ano após a entrada FERNANDO HENRIQUE
refere este artigo é defeso:
em vigor deste Código, ainda CARDOSO
I – cobrar laudêmio ou presta- que o testamento tenha sido Aloysio Nunes Ferreira Filho
ção análoga nas transmissões feito na vigência do anterior,
de bem aforado, sobre o valor Lei no 3.071, de 1o de janeiro Promulgada em 10/1/2002 e pu-
das construções ou plantações; blicada no DOU de 11/1/2002.

282
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Atualizado até novembro de 2018


Sumário
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ............................................................................................. 293
Exposição de Motivos ......................................................................................... 293
Lei no 13.105/2015................................................................................................. 304
Parte Geral ......................................................................................................... 304
Livro I – Das Normas Processuais Civis .............................................................. 304
Título Único – Das Normas Fundamentais e da Aplicação das Normas Processuais....... 304
Capítulo I – Das Normas Fundamentais do Processo Civil ......................................... 304
Capítulo II – Da Aplicação das Normas Processuais .................................................. 305
Livro II – Da Função Jurisdicional ....................................................................... 305
Título I – Da Jurisdição e da Ação ................................................................................. 305
Título II – Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional ............... 305
Capítulo I – Dos Limites da Jurisdição Nacional ........................................................ 305
Capítulo II – Da Cooperação Internacional ............................................................... 306
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 306
Seção II – Do Auxílio Direto ................................................................................... 306
Seção III – Da Carta Rogatória .............................................................................. 307
Seção IV – Disposições Comuns às Seções Anteriores............................................. 307
Título III – Da Competência Interna .............................................................................. 307
Capítulo I – Da Competência .................................................................................... 307
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 307
Seção II – Da Modificação da Competência ........................................................... 308
Seção III –Da Incompetência ................................................................................. 309
Capítulo II – Da Cooperação Nacional ...................................................................... 309
Livro III – Dos Sujeitos do Processo.................................................................... 310
Título I – Das Partes e dos Procuradores....................................................................... 310
Capítulo I – Da Capacidade Processual ..................................................................... 310
Capítulo II – Dos Deveres das Partes e de seus Procuradores ......................................311
Seção I – Dos Deveres.............................................................................................311
Seção II – Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual .............................311
Seção III – Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas ..................... 312
Seção IV – Da Gratuidade da Justiça ...................................................................... 314
Capítulo III – Dos Procuradores ................................................................................ 315
Capítulo IV – Da Sucessão das Partes e dos Procuradores ......................................... 316
Título II – Do Litisconsórcio ......................................................................................... 317
Título III – Da Intervenção de Terceiros ......................................................................... 317
Capítulo I – Da Assistência ....................................................................................... 317
Seção I – Disposições Comuns ............................................................................... 317
Seção II – Da Assistência Simples........................................................................... 317
Seção III – Da Assistência Litisconsorcial ............................................................... 318
Capítulo II – Da Denunciação da Lide ....................................................................... 318
Capítulo III – Do Chamamento ao Processo .............................................................. 318
Capítulo IV – Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica ................. 318
Capítulo V – Do Amicus Curiae ................................................................................. 319
Título IV – Do Juiz e dos Auxiliares da Justiça ................................................................ 319
Capítulo I – Dos Poderes, dos Deveres e da Responsabilidade do Juiz ........................ 319
Capítulo II – Dos Impedimentos e da Suspeição ........................................................ 320
Capítulo III – Dos Auxiliares da Justiça ...................................................................... 321
Seção I – Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça ...................... 321
Seção II – Do Perito ............................................................................................... 322
Seção III – Do Depositário e do Administrador ...................................................... 322
Seção IV – Do Intérprete e do Tradutor .................................................................. 322
Seção V – Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais............................................... 323
Título V – Do Ministério Público ................................................................................... 324
Título VI – Da Advocacia Pública .................................................................................. 325
Título VII – Da Defensoria Pública ................................................................................ 325
Livro IV – Dos Atos Processuais ......................................................................... 325
Título I – Da Forma, do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais ................................... 325
Capítulo I – Da Forma dos Atos Processuais.............................................................. 325
Seção I – Dos Atos em Geral .................................................................................. 325
Seção II – Da Prática Eletrônica de Atos Processuais .............................................. 326
Seção III – Dos Atos das Partes .............................................................................. 326
Seção IV – Dos Pronunciamentos do Juiz ............................................................... 327
Seção V – Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria ..................................... 327
Capítulo II – Do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais ........................................... 327
Seção I – Do Tempo .............................................................................................. 327
Seção II – Do Lugar ............................................................................................... 328
Capítulo III – Dos Prazos .......................................................................................... 328
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 328
Seção II – Da Verificação dos Prazos e das Penalidades .......................................... 329
Título II – Da Comunicação dos Atos Processuais ......................................................... 330
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 330
Capítulo II – Da Citação ........................................................................................... 330
Capítulo III – Das Cartas .......................................................................................... 333
Capítulo IV – Das Intimações .................................................................................... 334
Título III – Das Nulidades ............................................................................................. 334
Título IV – Da Distribuição e do Registro ...................................................................... 335
Título V – Do Valor da Causa........................................................................................ 335
Livro V – Da Tutela Provisória ............................................................................ 336
Título I – Disposições Gerais ........................................................................................ 336
Título II – Da Tutela de Urgência................................................................................... 336
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 336
Capítulo II – Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida em Caráter
Antecedente ............................................................................................................. 337
Capítulo III – Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em Caráter
Antecedente ............................................................................................................. 337
Título III – Da Tutela da Evidência ................................................................................ 338
Livro VI – Da Formação, da Suspensão e da Extinção do Processo ...................... 338
Título I – Da Formação Do Processo ............................................................................ 338
Título II – Da Suspensão do Processo ........................................................................... 338
Título III – Da Extinção do Processo ............................................................................. 339
Parte Especial ..................................................................................................... 339
Livro I – Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença ............ 339
Título I – Do Procedimento Comum ............................................................................. 339
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 339
Capítulo II – Da Petição Inicial .................................................................................. 339
Seção I – Dos Requisitos da Petição Inicial ............................................................. 339
Seção II – Do Pedido ............................................................................................. 340
Seção III – Do Indeferimento da Petição Inicial ...................................................... 340
Capítulo III – Da Improcedência Liminar do Pedido ................................................... 341
Capítulo IV – Da Conversão da Ação Individual em Ação Coletiva ............................. 341
Capítulo V – Da Audiência de Conciliação ou de Mediação ....................................... 341
Capítulo VI – Da Contestação ................................................................................... 342
Capítulo VII – Da Reconvenção ................................................................................. 343
Capítulo VIII – Da Revelia ......................................................................................... 343
Capítulo IX – Das Providências Preliminares e do Saneamento................................... 343
Seção I – Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia ................................................ 343
Seção II – Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor ........ 343
Seção III – Das Alegações do Réu........................................................................... 343
Capítulo X – Do Julgamento Conforme o Estado do Processo.................................... 343
Seção I – Da Extinção do Processo ........................................................................ 343
Seção II – Do Julgamento Antecipado do Mérito ....................................................344
Seção III – Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito........................................344
Seção IV – Do Saneamento e da Organização do Processo .....................................344
Capítulo XI – Da Audiência de Instrução e Julgamento...............................................344
Capítulo XII – Das Provas.......................................................................................... 345
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 345
Seção II – Da Produção Antecipada da Prova ......................................................... 346
Seção III – Da Ata Notarial .................................................................................... 347
Seção IV – Do Depoimento Pessoal ....................................................................... 347
Seção V – Da Confissão ......................................................................................... 347
Seção VI – Da Exibição de Documento ou Coisa .................................................... 348
Seção VII – Da Prova Documental ......................................................................... 348
Subseção I – Da Força Probante dos Documentos ................................................. 348
Subseção II – Da Arguição de Falsidade ................................................................. 350
Subseção III – Da Produção da Prova Documental ................................................. 351
Seção VIII – Dos Documentos Eletrônicos .............................................................. 351
Seção IX – Da Prova Testemunhal .......................................................................... 351
Subseção I – Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal ......................... 351
Subseção II – Da Produção da Prova Testemunhal ................................................. 352
Seção X – Da Prova Pericial.................................................................................... 354
Seção XI – Da Inspeção Judicial ............................................................................. 356
Capítulo XIII – Da Sentença e da Coisa Julgada ......................................................... 356
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 356
Seção II – Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença ............................................... 357
Seção III – Da Remessa Necessária ........................................................................ 358
Seção IV – Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer,
de Não Fazer e de Entregar Coisa .......................................................................... 358
Seção V – Da Coisa Julgada ................................................................................... 359
Capítulo XIV – Da Liquidação de Sentença ................................................................ 359
Título II – Do Cumprimento da Sentença ...................................................................... 360
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 360
Capítulo II – Do Cumprimento Provisório da Sentença que Reconhece a
Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa .................................................. 361
Capítulo III – Do Cumprimento Definitivo da Sentença que Reconhece a
Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa .................................................. 361
Capítulo IV – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade
de Obrigação de Prestar Alimentos ........................................................................... 363
Capítulo V – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade
de Obrigação de Pagar Quantia Certa pela Fazenda Pública ..................................... 364
Capítulo VI – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade
de Obrigação de Fazer, de Não Fazer ou de Entregar Coisa........................................ 365
Seção I – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade
de Obrigação de Fazer ou de Não Fazer ................................................................. 365
Seção II – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade
de Obrigação de Entregar Coisa ............................................................................ 365
Título III – Dos Procedimentos Especiais ....................................................................... 366
Capítulo I – Da Ação de Consignação em Pagamento ................................................ 366
Capítulo II – Da Ação de Exigir Contas ...................................................................... 367
Capítulo III – Das Ações Possessórias ........................................................................ 367
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 367
Seção II – Da Manutenção e da Reintegração de Posse .......................................... 368
Seção III – Do Interdito Proibitório ........................................................................ 368
Capítulo IV – Da Ação de Divisão e da Demarcação de Terras Particulares ................ 368
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 368
Seção II – Da Demarcação..................................................................................... 369
Seção III – Da Divisão ............................................................................................ 370
Capítulo V – Da Ação de Dissolução Parcial de Sociedade ......................................... 371
Capítulo VI – Do Inventário e da Partilha .................................................................. 372
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 372
Seção II – Da Legitimidade para Requerer o Inventário........................................... 372
Seção III – Do Inventariante e das Primeiras Declarações ....................................... 372
Seção IV – Das Citações e das Impugnações .......................................................... 374
Seção V – Da Avaliação e do Cálculo do Imposto ................................................... 374
Seção VI – Das Colações........................................................................................ 375
Seção VII – Do Pagamento das Dívidas .................................................................. 375
Seção VIII – Da Partilha ......................................................................................... 376
Seção IX – Do Arrolamento ................................................................................... 377
Seção X – Disposições Comuns a Todas as Seções.................................................. 377
Capítulo VII – Dos Embargos de Terceiro................................................................... 378
Capítulo VIII – Da Oposição ..................................................................................... 379
Capítulo IX – Da Habilitação .................................................................................... 379
Capítulo X – Das Ações de Família ............................................................................ 379
Capítulo XI – Da Ação Monitória .............................................................................. 380
Capítulo XII – Da Homologação do Penhor Legal ...................................................... 381
Capítulo XIII – Da Regulação de Avaria Grossa.......................................................... 381
Capítulo XIV – Da Restauração de Autos................................................................... 381
Capítulo XV – Dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária ....................................... 382
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 382
Seção II – Da Notificação e da Interpelação ........................................................... 383
Seção III – Da Alienação Judicial ............................................................................ 383
Seção IV – Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção
Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio .... 383
Seção V – Dos Testamentos e dos Codicilos ........................................................... 383
Seção VI – Da Herança Jacente .............................................................................. 384
Seção VII – Dos Bens dos Ausentes ........................................................................ 385
Seção VIII – Das Coisas Vagas ................................................................................ 385
Seção IX – Da Interdição ....................................................................................... 385
Seção X – Disposições Comuns à Tutela e à Curatela.............................................. 387
Seção XI – Da Organização e da Fiscalização das Fundações .................................. 387
Seção XII – Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos
Testemunháveis Formados a Bordo ....................................................................... 387
Livro II – Do Processo de Execução .................................................................... 388
Título I – Da Execução em Geral ................................................................................... 388
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 388
Capítulo II – Das Partes ............................................................................................ 388
Capítulo III – Da Competência .................................................................................. 389
Capítulo IV – Dos Requisitos Necessários para Realizar Qualquer Execução .............. 389
Seção I – Do Título Executivo ................................................................................ 389
Seção II – Da Exigibilidade da Obrigação ............................................................... 390
Capítulo V – Da Responsabilidade Patrimonial.......................................................... 390
Título II – Das Diversas Espécies de Execução ............................................................... 391
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 391
Capítulo II – Da Execução para a Entrega de Coisa .................................................... 392
Seção I – Da Entrega de Coisa Certa ...................................................................... 392
Seção II – Da Entrega de Coisa Incerta................................................................... 393
Capítulo III – Da Execução das Obrigações de Fazer ou de Não Fazer ........................ 393
Seção I – Disposições Comuns ............................................................................... 393
Seção II – Da Obrigação de Fazer .......................................................................... 393
Seção III – Da Obrigação de Não Fazer .................................................................. 394
Capítulo IV – Da Execução por Quantia Certa ........................................................... 394
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 394
Seção II – Da Citação do Devedor e do Arresto ...................................................... 394
Seção III – Da Penhora, do Depósito e da Avaliação ............................................... 394
Subseção I – Do Objeto da Penhora ...................................................................... 394
Subseção II – Da Documentação da Penhora, de seu Registro e do Depósito.......... 395
Subseção III – Do Lugar de Realização da Penhora................................................. 396
Subseção IV – Das Modificações da Penhora ......................................................... 397
Subseção V – Da Penhora de Dinheiro em Depósito ou em Aplicação Financeira .... 397
Subseção VI – Da Penhora de Créditos................................................................... 398
Subseção VII – Da Penhora das Quotas ou das Ações de Sociedades Personificadas399
Subseção VIII – Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos
e de Semoventes .................................................................................................... 399
Subseção IX – Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa.................... 399
Subseção X – Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Móvel ou Imóvel .......400
Subseção XI – Da Avaliação ...................................................................................400
Seção IV – Da Expropriação de Bens ...................................................................... 401
Subseção I – Da Adjudicação................................................................................. 401
Subseção II – Da Alienação.................................................................................... 401
Seção V – Da Satisfação do Crédito ....................................................................... 405
Capítulo V – Da Execução contra a Fazenda Pública.................................................. 406
Capítulo VI – Da Execução de Alimentos ................................................................... 406
Título III – Dos Embargos à Execução ........................................................................... 406
Título IV – Da Suspensão e da Extinção do Processo de Execução ................................. 408
Capítulo I – Da Suspensão do Processo de Execução ................................................. 408
Capítulo II – Da Extinção do Processo de Execução ................................................... 408
Livro III – Dos Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das
Decisões Judiciais .............................................................................................. 408
Título I – Da Ordem dos Processos e dos Processos de Competência
Originária dos Tribunais ............................................................................................... 408
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 408
Capítulo II – Da Ordem dos Processos no Tribunal .................................................... 409
Capítulo III – Do Incidente de Assunção de Competência .......................................... 411
Capítulo IV – Do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade .............................. 411
Capítulo V – Do Conflito de Competência ................................................................. 412
Capítulo VI – Da Homologação de Decisão Estrangeira e da Concessão
do Exequatur à Carta Rogatória ............................................................................... 412
Capítulo VII – Da Ação Rescisória ............................................................................. 413
Capítulo VIII – Do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas ......................... 415
Capítulo IX – Da Reclamação.................................................................................... 416
Título II – Dos Recursos ............................................................................................... 417
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 417
Capítulo II – Da Apelação ......................................................................................... 418
Capítulo III – Do Agravo de Instrumento ................................................................... 419
Capítulo IV – Do Agravo Interno ............................................................................... 420
Capítulo V – Dos Embargos de Declaração................................................................ 420
Capítulo VI – Dos Recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o
Superior Tribunal de Justiça ...................................................................................... 421
Seção I – Do Recurso Ordinário............................................................................. 421
Seção II – Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial .................................. 422
Subseção I – Disposições Gerais ............................................................................ 422
Subseção II – Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos ... 424
Seção III – Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário ................ 425
Seção IV – Dos Embargos de Divergência ............................................................... 426
Livro Complementar – Disposições Finais e Transitórias ..................................... 426
Mensagem no 56/2015 ................................................................................................. 429
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Exposição de Motivos
Brasília, 8 de junho de 2010. Sendo inef iciente o sistema do instituto da antecipação de
Um sistema processual civil que processual, todo o ordena- tutela; em 1995, a alteração do
não proporcione à sociedade mento jurídico passa a carecer regime do agravo; e, mais recen-
o reconhecimento e a realiza- de real efetividade. De fato, as temente, as leis que alteraram
ção1 dos direitos, ameaçados normas de direito material se a execução, foram bem recebi-
ou violados, que tem cada um transformam em pura ilusão, das pela comunidade jurídica e
dos jurisdicionados, não se sem a garantia de sua correlata geraram resultados positivos,
realização, no mundo empírico, no plano da operatividade do
harmoniza com as garantias
por meio do processo.4 sistema.
constitucionais2 de um Estado
Democrático de Direito.3 Não há fórmulas mágicas. O O enfraquecimento da coesão
Código vigente, de 1973, ope- entre as normas processuais
rou satisfatoriamente durante foi uma consequência natural
duas décadas. A partir dos anos do método consistente em se
1
Essencial que se faça menção a noventa, entretanto, sucessivas incluírem, aos poucos, altera-
efetiva satisfação, pois, a partir da reformas, a grande maioria de- ções no CPC, comprometen-
dita terceira fase metodológica do las lideradas pelos Ministros do a sua forma sistemática. A
direito processual civil, o processo Athos Gusmão Carneiro e Sál- complexidade resultante des-
passou a ser visto como instru- vio de Figueiredo Teixeira, intro- se processo confunde-se, até
mento, que deve ser idôneo para duziram no Código revogado certo ponto, com essa desor-
o reconhecimento e a adequada significativas alterações, com ganização, comprometendo a
concretização de direitos.
o objetivo de adaptar as nor- celeridade e gerando questões
2
Isto é, aquelas que regem, emi-
mas processuais a mudanças na evitáveis (= pontos que geram
nentemente, as relações das par-
sociedade e ao funcionamento polêmica e atraem atenção dos
tes entre si, entre elas e o juiz e,
também, entre elas e terceiros, de das instituições. magistrados) que subtraem in-
que são exemplos a imparcialidade A expressiva maioria dessas al- devidamente a atenção do ope-
do juiz, o contraditório, a deman- terações, como, por exemplo, rador do direito.
da, como ensinam CAPPELLETTI em 1994, a inclusão no sistema Nessa dimensão, a preocupa-
e VIGORITI (I diritti costituzionali ção em se preservar a forma
delle parti nel processo civile ita- sistemática das normas proces-
liano. Rivista di diritto processuale, II suais, longe de ser meramente
serie, v. 26, p. 604-650, Padova, 4
É o que explica, com a clare- acadêmica, atende, sobretudo,
Cedam, 1971, p. 605). za que lhe é peculiar, BARBOSA a uma necessidade de caráter
3
Os princípios e garantias proces- MOREIRA: “Querer que o processo
pragmático: obter-se um grau
suais inseridos no ordenamento seja efetivo é querer que desempenhe
mais intenso de funcionalidade.
constitucional, por conta desse com eficiência o papel que lhe compete
movimento de “constitucionaliza- na economia do ordenamento jurídico. Sem prejuízo da manutenção e
ção do processo”, não se limitam, Visto que esse papel é instrumental em do aperfeiçoamento dos institu-
no dizer de LUIGI PAOLO COMO- relação ao direito substantivo, também tos introduzidos no sistema pe-
GLIO, a “reforçar do exterior uma mera se costuma falar da instrumentalida- las reformas ocorridas nos anos
‘reserva legislativa’ para a regulamen- de do processo. Uma noção conecta-se de 1992 até hoje, criou-se um
tação desse método [em referência ao com a outra e por assim dizer a implica. Código novo, que não signifi-
processo como método institucional de Qualquer instrumento será bom na me- ca, todavia, uma ruptura com o
resolução de conflitos sociais], mas im- dida em que sirva de modo prestimoso à passado, mas um passo à fren-
põem a esse último, e à sua disciplina, al- consecução dos fins da obra a que se or- te. Assim, além de conservados
gumas condições mínimas de legalidade dena; em outras palavras, na medida em os institutos cujos resultados
e retidão, cuja eficácia é potencialmente que seja efetivo. Vale dizer: será efetivo o
foram positivos, incluíram-se
operante em qualquer fase (ou momento processo que constitua instrumento efi-
no sistema outros tantos que
nevrálgico) do processo” (Giurisdizio- ciente de realização do direito material”
ne e processo nel quadro delle ga- (Por um processo socialmente efe-
visam a atribuir-lhe alto grau de
ranzie costituzionali. Studi in onore tivo. Revista de Processo. São Paulo, eficiência.
di Luigi Montesano, v. II, p. 87-127, v. 27, n. 105, p. 183-190, jan./mar. Há mudanças necessárias, por-
Padova, Cedam, 1997, p. 92). 2002, p. 181). que reclamadas pela comunidade

293
jurídica, e correspondentes a De fato, essa é uma preocupa- Com evidente redução da
queixas recorrentes dos jurisdi- ção presente, mas que já não comple xidade inerente ao
cionados e dos operadores do ocupa o primeiro lugar na pos- processo de criação de um
Direito, ouvidas em todo país. tura intelectual do processua- novo Código de Processo
Na elaboração deste Anteproje- lista contemporâneo. Civil, poder-se-ia dizer que
to de Código de Processo Civil, A coerência substancial há de os trabalhos da Comissão se
essa foi uma das linhas principais ser vista como objetivo funda- orientaram precipuamente por
de trabalho: resolver problemas. mental, todavia, e mantida em cinco objetivos: 1) estabele-
Deixar de ver o processo como termos absolutos, no que tange cer expressa e implicitamente
teoria descomprometida de sua à Constituição Federal da Repú- verdadeira sintonia fina com a
natureza fundamental de méto- blica. Afinal, é na lei ordinária Constituição Federal; 2) criar
do de resolução de conflitos, por e em outras normas de escalão condições para que o juiz pos-
meio do qual se realizam valores inferior que se explicita a pro- sa proferir decisão de forma
constitucionais.5 messa de realização dos valores mais rente à realidade fática
Assim, e por isso, um dos mé- encampados pelos princípios subjacente à causa; 3) simpli-
todos de trabalho da Comissão constitucionais. ficar, resolvendo problemas e
foi o de resolver problemas, so- reduzindo a complexidade de
O novo Código de Processo subsistemas, como, por exem-
bre cuja existência há pratica- Civil tem o potencial de gerar
mente unanimidade na comuni- plo, o recursal; 4) dar todo o
um processo mais célere, mais rendimento possível a cada
dade jurídica. Isso ocorreu, por justo,6 porque mais rente às
exemplo, no que diz respeito à processo em si mesmo consi-
necessidades sociais7 e muito derado; e, 5) finalmente, sen-
complexidade do sistema recur- menos complexo.8
sal existente na lei revogada. Se do talvez este último objetivo
o sistema recursal, que havia no A simplif icação do sistema, parcialmente alcançado pela
Código revogado em sua versão além de proporcionar-lhe co- realização daqueles mencio-
originária, era consideravelmen- esão mais visível, permite ao nados antes, imprimir maior
te mais simples que o anterior, juiz centrar sua atenção, de grau de organicidade ao sis-
depois das sucessivas reformas modo mais intenso, no mérito tema, dando-lhe, assim, mais
pontuais que ocorreram, se tor- da causa. coesão.
nou, inegavelmente, muito mais Esta Exposição de Motivos obe-
complexo. dece à ordem dos objetivos aci-
Não se deixou de lado, é claro, ma alistados.
a necessidade de se construir 6
Atentando para a advertência, 1) A necessidade de que f ique
um Código coerente e harmô- acertada, de que não o processo, evidente a harmonia da lei ordi-
nico interna corporis, mas não se além de produzir um resultado nária em relação à Constituição
cultivou a obsessão em elaborar justo, precisa ser justo em si mes- Federal da República 9 fez com
uma obra magistral, estética e mo, e portanto, na sua realização, que se incluíssem no Código,
tecnicamente perfeita, em de- devem ser observados aqueles e xpressamente, princípios
trimento de sua funcionalidade. standards previstos na Constitui- constitucionais, na sua versão
ção Federal, que constituem des- processual. Por outro lado,
dobramento da garantia do due muitas regras foram concebi-
process of law (DINAMARCO, Cân- das, dando concreção a prin-
dido. Instituições de direito processual
cípios constitucionais, como,
civil, v. 1. 6. ed. São Paulo: Malhei-
por exemplo, as que prevêem
5
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEI- ros, 2009).
RA, em texto emblemático sobre a 7
Lembrando, com BARBOSA MO-
nova ordem trazida pela Constitui- REIRA, que “não se promove uma
ção Federal de 1988, disse, acer- sociedade mais justa, ao menos prima-
tadamente, que, apesar de suas riamente, por obra do aparelho judicial. 9
Hoje, costuma-se dizer que o pro-
vicissitudes, “nenhum texto constitu- É todo o edifício, desde as fundações, cesso civil constitucionalizou-se.
cional valorizou tanto a ‘Justiça’, tomada que para tanto precisa ser revisto e re- Fala-se em modelo constitucional
aqui a palavra não no seu conceito clás- formado. Pelo prisma jurídico, a tarefa do processo, expressão inspirada
sico de ‘vontade constante e perpétua de básica inscreve-se no plano do direito na obra de Italo Andolina e Giu-
dar a cada um o que é seu’, mas como material” (Por um processo socialmente seppe Vignera, Il modello costituzio-
conjunto de instituições voltadas para a efetivo, p. 181). nale del processo civile italiano: corso di
realização da paz social” (O aprimo- 8
Trata-se, portanto, de mais um lezioni (Turim, Giapicchelli, 1990).
ramento do processo civil como passo decisivo para afastar os obs- O processo há de ser examinado,
garantia da cidadania. In: FIGUEI- táculos para o acesso à Justiça, a estudado e compreendido à luz
REDO TEIXEIRA, Sálvio. As garan- que comumente se alude, isto é, a da Constituição e de forma a dar
tias do cidadão na Justiça. São Paulo: duração do processo, seu alto cus- o maior rendimento possível aos
Saraiva, 1993. p. 79-92, p. 80). to e a excessiva formalidade. seus princípios fundamentais.

294
um procedimento, com contra- e efetivo, o que signif ica, in- de justiça. A simplificação do
ditório e produção de provas, dubitavelmente, aproximá-lo sistema recursal, de que trata-
prévio à decisão que descon- da Constituição Federal, em remos separadamente, leva a
sidera da pessoa jurídica, em cujas entrelinhas se lê que o um processo mais ágil.
sua versão tradicional, ou “às processo deve assegurar o Criou-se o incidente de julga-
avessas”10. cumprimento da lei material. mento conjunto de demandas
Está expressamente formulada Prestigiando o princípio cons- repetitivas, a que adiante se
a regra no sentido de que o fato titucional da publicidade das fará referência.
de o juiz estar diante de matéria decisões, previu-se a regra ina- Por enquanto, é opor tuno
de ordem pública não dispen- fastável de que à data de julga- ressaltar que levam a um pro-
sa a obediência ao princípio do mento de todo recurso deve-se cesso mais célere as medidas
contraditório. dar publicidade (= todos os re- cujo objetivo seja o julgamen-
Como regra, o depósito da cursos devem constar em pau- to conjunto de demandas que
quantia relativa às multas, cuja ta), para que as partes tenham gravitam em torno da mesma
função processual seja levar ao oportunidade de tomar provi- questão de direito, por dois
cumprimento da obrigação in dências que entendam neces- ângulos: a) o relativo àque-
natura, ou da ordem judicial, sárias ou, pura e simplesmente, les processos, em si mesmos
deve ser feito logo que estas possam assistir ao julgamento. considerados, que, serão de-
incidem. Levou-se em conta o princípio cididos conjuntamente; b) no
Não podem, todavia, ser levan- da razoável duração do processo.11 que concerne à atenuação do
tadas, a não ser quando haja Afinal a ausência de celeridade, excesso de carga de trabalho
trânsito em julgado ou quando sob certo ângulo,12 é ausência do Poder Judiciário – já que
esteja pendente agravo de deci- o tempo usado para decidir
são denegatória de seguimento aqueles processos poderá ser
a recurso especial ou extraor- mais eficazmente aproveitado
dinário. 11
Que, antes de ser expressamen- em todos os outros, em cujo
te incorporado à Constituição trâmite serão evidentemente
Trata-se de uma forma de tor- menores os ditos “tempos
nar o processo mais ef iciente Federal em vigor (art. 5o, inciso
LXXVIII), já havia sido contempla- mortos” (= períodos em que
do em outros instrumentos nor- nada acontece no processo).
mativos estrangeiros (veja-se, por Por outro lado, haver, indefi-
exemplo, o art. 111 da Constitui- nidamente, posicionamentos
10
O Novo CPC prevê expressa- ção da Itália) e convenções inter- diferentes e incompatíveis,
mente que, antecedida de con- nacionais (Convenção Europeia e nos Tribunais, a respeito da
traditório e produção de provas, Pacto de San Jose da Costa Rica). mesma norma jurídica leva a
haja decisão sobre a desconside- Trata-se, portanto, de tendência
que jurisdicionados que este-
ração da pessoa jurídica, com o mundial.
jam em situações idênticas te-
redirecionamento da ação, na di- 12
Afinal, a celeridade não é um
nham de submeter-se a regras
mensão de sua patrimonialidade, valor que deva ser perseguido a
e também sobre a consideração qualquer custo. “Para muita gente,
de conduta diferentes, ditadas
dita inversa, nos casos em que se na matéria, a rapidez constitui o va- por decisões judiciais emana-
abusa da sociedade, para usá-la lor por excelência, quiçá o único. Seria das de tribunais diversos.
indevidamente com o fito de ca- fácil invocar aqui um rol de citações Esse fenômeno fragmenta o
muflar o patrimônio pessoal do de autores famosos, apostados em es- sistema, gera intranquilidade
sócio. Essa alteração está de acor- tigmatizar a morosidade processual. e, por vezes, verdadeira perple-
do com o pensamento que, entre Não deixam de ter razão, sem que isso xidade na sociedade.
nós, ganhou projeção ímpar na implique – nem mesmo, quero crer, no
Prestigiou-se, seguindo-se di-
obra de J. LAMARTINE CORRÊA pensamento desses próprios autores –
reção já abertamente segui-
DE OLIVEIRA. Com efeito, há três hierarquização rígida que não reconheça
da pelo ordenamento jurídi-
décadas, o brilhante civilista já ad- como imprescindível, aqui e ali, ceder o
vertia ser essencial o predomínio passo a outros valores. Se uma justiça
co brasileiro, expressado na
da realidade sobre a aparência, lenta demais é decerto uma justiça má, criação da Súmula Vinculante
quando “em verdade [é] uma outra daí não se segue que uma justiça muito do Supremo Tribunal Federal
pessoa que está a agir, utilizando a rápida seja necessariamente uma justiça (STF) e do regime de julga-
pessoa jurídica como escudo, e se é essa boa. O que todos devemos querer é que mento conjunto de recursos
utilização da pessoa jurídica, fora de a prestação jurisdicional venha ser me- especiais e ex traordinários
sua função, que está tornando possível lhor do que é. Se para torná-la melhor é
o resultado contrário à lei, ao contrato, preciso acelerá-la, muito bem: não, con-
ou às coordenadas axiológicas” (A du- tudo, a qualquer preço” (BARBOSA
pla crise da pessoa jurídica. São Paulo: MOREIRA, José Carlos. O futuro Processo, v. 102, p. 228-237, abr.-
Saraiva, 1979, p. 613). da justiça: alguns mitos. Revista de jun. 2001, p. 232).

295
repetitivos (que foi mantido Trata-se, na verdade, de um ou- diferentemente da alteração
e aper feiçoado), tendência tro viés do princípio da seguran- da lei, produz efeitos equiva-
a criar estímulos para que a ça jurídica,14 que recomendaria lentes aos ex tunc. Desde que,
jurisprudência se uniformize, que a jurisprudência, uma vez é claro, não haja regra em sen-
à luz do que venham a decidir pacificada ou sumulada, ten- tido inverso.
tribunais superiores e até de desse a ser mais estável.15 Diz, expressa e explicitamente,
segundo grau, e se estabilize. De fato, a alteração do en- o novo Código que: “A mudan-
Essa é a função e a razão de tendimento a respeito de ça de entendimento sedimentado
ser dos tribunais superiores: uma tese jurídica ou do sen- observará a necessidade de funda-
proferir decisões que moldem tido de um texto de lei pode mentação adequada e específica,
o ordenamento jurídico, obje- levar ao legítimo desejo de que considerando o imperativo de es-
tivamente considerado. A fun- as situações anteriormente tabilidade das relações jurídicas”.
ção paradigmática que devem decididas, com base no en- E, ainda, com o objetivo de
desempenhar é inerente ao tendimento superado, sejam
prestigiar a segurança jurí-
sistema. redecididas à luz da nova
dica, formulou-se o seguinte
compreensão. Isso porque a
Por isso é que esses princípios princípio: “Na hipótese de alte-
alteração da jurisprudência,
foram expressamente formu- ração da jurisprudência dominante
lados. Veja-se, por exemplo, o do STF e dos Tribunais superiores,
que diz o novo Código, no Livro ou oriunda de julgamentos de casos
IV: “A jurisprudência do STF e dos 14
“O homem necessita de segu- repetitivos, pode haver modulação
Tribunais Superiores deve nortear rança para conduzir, planificar e dos efeitos da alteração no interesse
as decisões de todos os Tribunais e conformar autônoma e respon- social e no da segurança jurídica”
Juízos singulares do País, de modo a savelmente a sua vida. Por isso, (grifo nosso).
concretizar plenamente os princípios desde cedo se consideravam os Esse princípio tem relevantes
princípios da segurança jurídica consequências práticas, como,
da legalidade e da isonomia”.
e da proteção à confiança como por exemplo, a não rescindibi-
Evidentemente, porém, para elementos constitutivos do Estado lidade de sentenças transita-
que tenha eficácia a recomen- de Direito. Esses dois princípios –
das em julgado baseadas na
dação no sentido de que seja a segurança jurídica e proteção da
orientação abandonada pelo
jurisprudência do STF e dos Tri- confiança – andam estreitamente
associados, a ponto de alguns au-
Tribunal. Também em nome da
bunais superiores, efetivamen-
tores considerarem o princípio da segurança jurídica, reduziu-se
te, norte para os demais órgãos
confiança como um subprincípio para um ano, como regra ge-
integrantes do Poder Judiciário, ral, o prazo decadencial den-
é necessário que aqueles Tribu- ou como uma dimensão específi-
ca da segurança jurídica. Em ge- tro do qual pode ser proposta
nais mantenham jurisprudência a ação rescisória.
ral, considera-se que a segurança
razoavelmente estável.
jurídica está conexionada com Mas talvez as alterações mais
A segurança jurídica fica com- elementos objetivos da ordem ju- expressivas do sistema pro-
prometida com a brusca e inte- rídica – garantia de estabilidade cessual ligadas ao objetivo
gral alteração do entendimento jurídica, segurança de orientação de harmonizá-lo com o espí-
dos tribunais sobre questões de e realização do direito –, enquan-
rito da Constituição Federal,
direito.13 to a proteção da confiança se
sejam as que dizem respeito
prende mais com os componen-
Encampou-se, por isso, expres- a regras que induzem à uni-
tes subjetivos da segurança, de-
samente princípio no sentido signadamente a calculabilidade e
formidade e à estabilidade da
de que, uma vez firmada juris- previsibilidade dos indivíduos em jurisprudência.
prudência em certo sentido, relação aos efeitos dos actos”. O novo Código prestigia o
esta deve, como norma, ser (JOSÉ JOAQUIM GOMES CANO- princípio da segurança jurídica,
mantida, salvo se houver rele- TILHO. Direito constitucional e teoria obviamente de índole constitu-
vantes razões recomendando da constituição. Almedina, Coimbra, cional, pois que se hospeda nas
sua alteração. 2000, p. 256). dobras do Estado Democrático
15
Os alemães usam a expressão de Direito e visa a proteger e a
princípio da “proteção”, acima preservar as justas expectativas
referida por Canotilho. (ROBERT das pessoas.
13
Os ingleses dizem que os jurisdi- ALEXY e RALF DREIER, Precedent
cionados não podem ser tratados in the Federal Republic of Ger- Todas as normas jurídicas de-
“como cães, que só descobrem que many, In: Interpreting Precedents: a vem tender a dar efetividade
algo é proibido quando o bastão Comparative Study, Coordenação às garantias constitucionais,
toca seus focinhos” (BENTHAM ci- NEIL MACCORMICK e ROBERT tornando “segura” a vida dos
tado por R. C. CAENEGEM, Judges, SUMMERS, Dartmouth Publishing jurisdicionados, de modo a
Legislators & Professors, p. 161). Company, p. 19). que estes sejam poupados de

296
“surpresas”, podendo sempre número17 de recursos que de- excessiva da jurisprudência.
prever, em alto grau, as conse- vem ser apreciados pelos Tri- Com isso, haverá condições de
quências jurídicas de sua con- bunais de segundo grau e su- se atenuar o assoberbamento
duta. periores é resultado inexorável de trabalho no Poder Judiciário,
Se, por um lado, o princípio da jurisprudência mais uniforme sem comprometer a qualidade
do livre convencimento moti- e estável. da prestação jurisdicional.
vado é garantia de julgamen- Proporcionar legislativamente Dentre esses instrumentos, está
tos independentes e justos, melhores condições para ope- a complementação e o reforço
e neste sentido mereceu ser racionalizar formas de unifor- da eficiência do regime de julga-
prestigiado pelo novo Có- mização do entendimento dos mento de recursos repetitivos,
digo, por outro, compreen- Tribunais brasileiros acerca de que agora abrange a possibi-
dido em seu mais estendido teses jurídicas é concretizar, na lidade de suspensão do pro-
alcance, acaba por conduzir vida da sociedade brasileira, cedimento das demais ações,
a distorções do princípio da o princípio constitucional da tanto no juízo de primeiro grau,
legalidade e à própria ideia, isonomia. quanto dos demais recursos ex-
antes mencionada, de Estado traordinários ou especiais, que
Criaram-se f iguras, no novo estejam tramitando nos tribu-
Democrático de Direito. A dis-
CPC, para evitar a dispersão18 nais superiores, aguardando
persão excessiva da jurispru-
dência produz intranquilidade julgamento, desatreladamente
social e descrédito do Poder dos afetados.
Judiciário. por satisfeitas com a sentença e se Com os mesmos objetivos,
Se todos têm que agir em con- abstenham de impugná-la” (Breve criou-se, com inspiração no di-
formidade com a lei, ter-se-ia, notícia sobre a reforma do processo reito alemão,19 o já referido inci-
ipso facto, respeitada a isono- civil alemão. Revista de Processo. São
mia. Essa relação de causali- Paulo, v. 28, n. 111, p. 103-112, jul./
dade, todavia, fica compro- set. 2003, p. 105).
17
O número de recursos previstos mesma disposição legal, apesar
metida como decorrência do
na legislação processual civil é ob- de iguais as situações concretas
desvirtuamento da liberdade
jeto de reflexão e crítica, há mui- em que proferidas. Nesse sentido:
que tem o juiz de decidir com tos anos, na doutrina brasileira. “Na verdade, não repugna ao ju-
base em seu entendimento so- EGAS MONIZ DE ARAGÃO, por rista que os tribunais, num louvá-
bre o sentido real da norma. exemplo, em emblemático traba- vel esforço de adaptação, sujeitem
A tendência à diminuição16 do lho sobre o tema, já indagou de a mesma regra a entendimento
forma contundente: “há demasia- diverso, desde que se alterem as
dos recursos no ordenamento jurí- condições econômicas, políticas
dico brasileiro? Deve-se restringir e sociais; mas repugna-lhe que so-
16
Comentando os principais vetores seu cabimento? São eles respon- bre a mesma regra jurídica deem
da reforma sofrida no processo civil sáveis pela morosidade no fun- os tribunais interpretação diversa
alemão na última década, BARBO- cionamento do Poder Judiciário?” e até contraditória, quando as
SA MOREIRA alude ao problema Respondendo tais indagações, o condições em que ela foi editada
causado pelo excesso de recursos autor conclui que há três recur- continuam as mesmas. O dissídio
no processo civil: “Pôr na primeira sos que “atendem aos interesses resultante de tal exegese debilita a
instância o centro de gravidade do da brevidade e certeza, interesses autoridade do Poder Judiciário, ao
processo é diretriz política muito que devem ser ponderados – como mesmo passo que causa profunda
prestigiada em tempos modernos, e na fórmula da composição dos decepção às partes que postulam
numerosas iniciativas reformadoras medicamentos – para dar adequa- perante os tribunais” (Uniformi-
levam-na em conta. A rigor, o ideal do remédio às necessidades do zação de Jurisprudência. Revista da
seria que os litígios fossem resolvi- processo judicial”: a apelação, o Associação dos Juízes do Rio Grande do
dos em termos finais mediante um agravo e o extraordinário, isto é, Sul, 34/139, jul. 1985).
único julgamento. Razões conhe- recurso especial e recurso extra- 19
No direito alemão a figura se
cidas induzem as leis processuais ordinário (Demasiados recursos?. chama Musterverfahren e gera de-
a abrirem a porta a reexames. A Revista de Processo. São Paulo, v. 31, cisão que serve de modelo (=
multiplicação desmedida dos meios n. 136, p. 9-31, jun. 2006, p. 18). Muster) para a resolução de uma
tendentes a propiciá-los, entre- 18
A preocupação com essa possi- quantidade expressiva de proces-
tanto, acarreta o prolongamento bilidade não é recente. ALFREDO sos em que as partes estejam na
indesejável do feito, aumenta-lhe BUZAID já aludia a ela, advertin- mesma situação, não se tratando
o custo, favorece a chicana e, em do que há uma grande diferença necessariamente, do mesmo autor
muitos casos, gera para os tribu- entre as decisões adaptadas ao nem do mesmo réu. (RALF-THO-
nais superiores excessiva carga de contexto histórico em que pro- MAS WITTMANN. Il “contenzioso
trabalho. Convém, pois, envidar es- feridas e aquelas que prestigiam di massa” in Germania, in GIOR-
forços para que as partes se deem interpretações contraditórias da GETTI ALESSANDRO e VALERIO

297
dente de Resolução de Deman- É instaurado perante o Tribunal 2) Pretendeu-se converter o pro-
das Repetitivas, que consiste na local, por iniciativa do juiz, do cesso em instrumento incluído
identificação de processos que MP, das partes, da Defensoria no contexto social em que pro-
contenham a mesma questão Pública ou pelo próprio Relator. duzirá efeito o seu resultado.
de direito, que estejam ainda O juízo de admissibilidade e de Deu-se ênfase à possibilidade
no primeiro grau de jurisdição, mérito caberão ao tribunal ple- de as partes porem fim ao con-
para decisão conjunta.20 no ou ao órgão especial, onde flito pela via da mediação ou
O incidente de resolução de houver, e a extensão da eficácia da conciliação.21 Entendeu-se
demandas repetitivas é admis- da decisão acerca da tese jurídi- que a satisfação efetiva das par-
sível quando identificada, em ca limita-se à área de competên- tes pode dar-se de modo mais
primeiro grau, controvérsia com cia territorial do tribunal, salvo intenso se a solução é por elas
potencial de gerar multiplicação decisão em contrário do STF criada e não imposta pelo juiz.
expressiva de demandas e o cor- ou dos Tribunais superiores, Como regra, deve realizar-se
relato risco da coexistência de pleiteada pelas partes, inte- audiência em que, ainda antes
decisões conflitantes. ressados, MP ou Defensoria de ser apresentada contestação,
Pública. Há a possibilidade de se tentará fazer com que autor
intervenção de amici curiae. e réu cheguem a acordo. Dessa
O incidente deve ser julgado no audiência poderão participar
VALLEFUOCO, Il Contenzioso di prazo de seis meses, tendo pre- conciliador e mediador, e o réu
massa in Italia, in Europa e nel ferência sobre os demais feitos, deve comparecer, sob pena de
mondo, Milão, Giuffrè, 2008, p. salvo os que envolvam réu preso se qualificar sua ausência injus-
178). ou pedido de habeas corpus. tificada como ato atentatório
20
Tais medidas refletem, sem dú- à dignidade da justiça. Não se
vida, a tendência de coletivização O recurso especial e o recurso
extraordinário, eventualmente chegando a acordo, terá início o
do processo, assim explicada por prazo para a contestação.
RODOLFO DE CAMARGO MAN- interpostos da decisão do in-
CUSO: “Desde o último quartel cidente, têm efeito suspensivo Por outro lado, e ainda levando
do século passado, foi tomando e se considera presumida a em conta a qualidade da satis-
vulto o fenômeno da ‘coletiviza- repercussão geral, de questão fação das partes com a solu-
ção’ dos conflitos, à medida que, constitucional eventualmente ção dada ao litígio, previu-se a
paralelamente, se foi reconhecen- discutida. possibilidade da presença do
do a inaptidão do processo civil Enf im, não observada a tese amicus curiae, cuja manifesta-
clássico para instrumentalizar es- f irmada, caberá reclamação ção com certeza tem aptidão
sas megacontrovérsias, próprias ao tribunal competente.
de uma conflitiva sociedade de
massas. Isso explica a proliferação As hipóteses de cabimento dos
de ações de cunho coletivo, tanto embargos de divergência agora 21
A criação de condições para reali-
na Constituição Federal (arts. se baseiam exclusivamente na zação da transação é uma das ten-
5o, XXI; LXX, ‘b’; LXXIII; 129, III) existência de teses contrapostas, dências observadas no movimento
como na legislação processual não importando o veículo que de reforma que inspirou o proces-
extravagante, empolgando seg- as tenha levado ao Supremo so civil alemão. Com efeito, expli-
mentos sociais de largo espectro: Tribunal Federal ou ao Supe- ca BARBOSA MOREIRA que “já
consumidores, infância e juventu- rior Tribunal de Justiça. Assim, anteriormente, por força de uma
de; deficientes físicos; investidores são possíveis de confronto teses lei de 1999, os órgãos legislativos
no mercado de capitais; idosos; contidas em recursos e ações, dos ‘Lander’ tinham sido autori-
torcedores de modalidades des- sejam as decisões de mérito ou zados, sob determinadas circuns-
portivas, etc. Logo se tornou evi- relativas ao juízo de admissibi- tâncias, a exigirem, como requisito
dente (e premente) a necessidade lidade. de admissibilidade da ação, que se
da oferta de novos instrumentos realizasse prévia tentativa de con-
Está-se, aqui, diante de pode-
capazes de recepcionar esses con- ciliação extrajudicial. Doravante,
roso instrumento, agora tor-
flitos assim potencializados, seja nos termos do art. 278, deve o tri-
em função do número expressivo
nado ainda mais eficiente, cuja bunal, em princípio, levar a efeito a
(ou mesmo indeterminado) dos finalidade é a de uniformizar tentativa, ordenando o compareci-
sujeitos concernentes, seja em a jurisprudência dos Tribunais mento pessoal de ambas as partes.
função da indivisibilidade do ob- superiores, interna corporis. O órgão judicial discutirá com elas
jeto litigioso, que o torna insus- Sem que a jurisprudência desses a situação, poderá formular-lhes
cetível de partição e fruição por Tribunais esteja internamente perguntas e fazer-lhes observa-
um titular exclusivo” (A resolução de uniformizada, é posto abaixo ções. Os litigantes serão ouvidos
conflitos e a função judicial no Contem- o edifício cuja base é o respeito pessoalmente e terá cada qual a
porâneo Estado de Direito. São Pau- aos precedentes dos Tribunais oportunidade de expor sua versão
lo: Revista dos Tribunais, 2009, p. superiores. do litígio...” (Breves notícias sobre a re-
379-380). forma do processo civil alemão, p. 106).

298
de proporcionar ao juiz condi- forma, em consonância com o procedimentos especiais25 fo-
ções de proferir decisão mais princípio da instrumentalidade. ram extintos. Foram mantidos
próxima às reais necessidades 3) Com a finalidade de simpli- a ação de consignação em pa-
das partes e mais rente à reali- ficação, criou-se, 23 v.g., a pos- gamento, a ação de prestação
dade do país.22 sibilidade de o réu formular de contas, a ação de divisão e
Criou-se regra no sentido de pedido independentemente
que a inter venção pode ser do expediente formal da re-
pleiteada pelo amicus curiae ou convenção, que desapareceu.
solicitada de ofício, como de- Extinguiram-se muitos inciden- 1973, já chamava a atenção para
corrência das peculiaridades tes: passa a ser matéria alegável a necessidade de refletir sobre o
da causa, em todos os graus em preliminar de contestação a grande número de procedimentos
de jurisdição. incorreção do valor da causa e a especiais que havia no primeiro e
Entendeu-se que os requisitos indevida concessão do benefício foi mantido, no segundo diploma.
que impõem a manifestação do da justiça gratuita, bem como Nesse sentido: “Ninguém jamais
amicus curiae no processo, se exis- as duas espécies de incompe- se preocupou em investigar se é
tem, estarão presentes desde o tência. Não há mais a ação necessário ou dispensável, se é
primeiro grau de jurisdição, não declaratória incidental nem a conveniente ou inconveniente ofe-
se justificando que a possibili- ação declaratória incidental de recer aos litigantes essa pletora de
falsidade de documento, bem procedimentos especiais; ninguém
dade de sua intervenção ocorra
como o incidente de exibição jamais se preocupou em verificar
só nos Tribunais Superiores. Evi-
de documentos. As formas de se a existência desses inúmeros
dentemente, todas as decisões
intervenção de terceiro foram procedimentos constitui obstácu-
devem ter a qualidade que possa lo à ‘efetividade do processo’, va-
proporcionar a presença do ami- modificadas e parcialmente fun-
didas: criou-se um só instituto, lor tão decantado na atualidade;
cus curiae, não só a última delas. ninguém jamais se preocupou em
que abrange as hipóteses de
Com objetivo semelhante, per- denunciação da lide e de cha- pesquisar se a existência de tais e
mite-se no novo CPC que os mamento ao processo. Deve ser tantos procedimentos constitui
Tribunais Superiores apreciem utilizado quando o chamado
estorvo ao bom andamento dos
o mérito de alguns recursos que trabalhos forenses e se a sua subs-
puder ser réu em ação regressi- tituição por outros e novos meios
veiculam questões relevantes, va; quando um dos devedores
cuja solução é necessária para de resolver os mesmos problemas
solidários saldar a dívida, aos poderá trazer melhores resulta-
o aprimoramento do Direito, demais; quando houver obriga-
ainda que não estejam preen- dos. Diante desse quadro é de
ção, por lei ou por contrato, de indagar: será possível atingir os
chidos requisitos de admissi- reparar ou garantir a reparação
bilidade considerados menos resultados verdadeiramente aspi-
de dano, àquele que tem essa rados pela revisão do Código sem
importantes. Trata-se de regra obrigação. A sentença dirá se remodelar o sistema no que tange
afeiçoada à processualística terá havido a hipótese de ação aos procedimentos especiais?”
contemporânea, que privilegia regressiva, ou decidirá quanto (Reforma processual: 10 anos.
o conteúdo em detrimento da à obrigação comum. Muitos24 Revista do Instituto dos Advogados do
Paraná. Curitiba, n. 33, p. 201-215,
dez. 2004, p. 205).
25
Ainda na vigência do Código de
22
Predomina na doutrina a opinião 23
Tal possibilidade, rigorosamente, 1973, já não se podia afirmar que
de que a origem do amicus curiae já existia no CPC de 1973, especifi- a maior parte desses procedimen-
está na Inglaterra, no processo camente no procedimento comum tos era efetivamente especial. As
penal, embora haja autores que sumário (art. 278, parágrafo 1o) e características que, no passado,
afirmem haver figura assemelha- em alguns procedimentos especiais serviram para lhes qualificar desse
da já no direito romano (CÁSSIO disciplinados no Livro IV, como, modo, após as inúmeras altera-
SCARPINELLA BUENO, Amicus por exemplo, as ações possessórias ções promovidas pela atividade de
curiae no processo civil brasileiro, ed. (art. 922), daí por que se afirma- reforma da legislação processual,
Saraiva, 2006, p. 88). Historica- va, em relação a estes, que uma de deixaram de lhes ser exclusivas. Vá-
mente, sempre atuou ao lado do suas características peculiares era, rios aspectos que, antes, somente
juiz, e sempre foi a discriciona- justamente, a natureza dúplice da se viam nos procedimentos ditos
riedade deste que determinou a ação. Contudo, no Novo Código, o especiais, passaram, com o tempo,
intervenção desta figura, fixando que era excepcional se tornará re- a se observar também no procedi-
os limites de sua atuação. Do di- gra geral, em evidente benefício da mento comum. Exemplo disso é o
reito inglês, migrou para o direito economia processual e da ideia de sincretismo processual, que passou
americano, em que é, atualmen- efetividade da tutela jurisdicional. a marcar o procedimento comum
te, figura de relevo digno de nota 24
EGAS MONIZ DE ARAGÃO, desde que admitida a concessão de
(CÁSSIO SCARPINELLA BUENO, comentando a transição do Có- tutela de urgência em favor do au-
ob. cit., p. 94 e seguintes). digo de 1939 para o Código de tor, nos termos do art. 273.

299
demarcação de terras particu- Impugnada a medida, o pedido Foram extintos os embargos
lares, inventário e partilha, em- principal deve ser apresentado à arrematação, tornando-se a
bargos de terceiro, habilitação, nos mesmos autos em que ti- ação anulatória o único meio de
restauração de autos, homolo- ver sido formulado o pedido de que o interessado pode valer-se
gação de penhor legal e ações urgência. para impugná-la.
possessórias. As opções procedimentais Bastante simplif icado foi o
E x tinguiram-se também as acima descritas exemplificam sistema recursal. Essa simpli-
ações cautelares nominadas. sobremaneira a concessão da ficação, todavia, em momento
Adotou-se a regra no sentido tutela cautelar ou antecipató- algum significou restrição ao
de que basta à parte a demons- ria, do ponto de vista procedi- direito de defesa. Em vez disso
tração do fumus boni iuris e do mental. deu, de acordo com o objetivo
perigo de inef icácia da pres- Além de a incompetência, abso- tratado no item seguinte, maior
tação jurisdicional para que a luta e relativa, poder ser levan- rendimento a cada processo in-
providência pleiteada deva ser tada pelo réu em preliminar de dividualmente considerado.
deferida. Disciplina-se também contestação, o que também sig- Desapareceu o agravo retido,
a tutela sumária que visa a pro- nifica uma maior simplificação tendo, correlatamente, sido
teger o direito evidente, inde- do sistema, a incompetência alterado o regime das preclu-
pendentemente de periculum in absoluta não é, no Novo CPC, sões.26 Todas as decisões an-
mora. hipótese de cabimento de ação teriores à sentença podem ser
O Novo CPC agora deixa clara rescisória. impugnadas na apelação. Res-
a possibilidade de concessão de Cria-se a faculdade de o advo- salte-se que, na verdade, o que
tutela de urgência e de tutela à gado promover, pelo correio, se modificou, nesse particular,
evidência. Considerou-se con- a intimação do advogado da foi exclusivamente o momento
veniente esclarecer de forma ex- outra parte. Também as tes- da impugnação, pois essas de-
pressa que a resposta do Poder temunhas devem comparecer cisões, de que se recorria, no
Judiciário deve ser rápida não só espontaneamente, sendo excep- sistema anterior, por meio de
em situações em que a urgência cionalmente intimadas por car- agravo retido, só eram mesmo
decorre do risco de eficácia do ta com aviso de recebimento. alteradas ou mantidas quando
processo e do eventual pereci- o agravo era julgado, como
mento do próprio direito. Tam- A extinção do procedimento preliminar de apelação. Com
bém em hipóteses em que as especial “ação de usucapião” o novo regime, o momento de
alegações da parte se revelam levou à criação do procedimen-
de juridicidade ostensiva deve a to edital, como forma de comu-
tutela ser antecipadamente (to- nicação dos atos processuais,
tal ou parcialmente) concedida, por meio do qual, em ações
independentemente de periculum desse tipo, devem-se provocar 26
Essa alteração contempla uma
in mora, por não haver razão re- todos os interessados a intervir, das duas soluções que a doutrina
levante para a espera, até por- se houver interesse. processualista colocava em rela-
que, via de regra, a demora do O prazo para todos os recursos, ção ao problema da recorribilida-
processo gera agravamento do com exceção dos embargos de de das decisões interlocutórias.
dano. declaração, foi uniformizado: Nesse sentido: “Duas teses po-
quinze dias. dem ser adotadas com vistas ao
Ambas essas espécies de tutela controle das decisões proferidas
vêm disciplinadas na Parte Ge- O recurso de apelação continua pelo juiz no decorrer do processo
ral, tendo também desapareci- sendo interposto no 1o grau de em primeira instância: ou a) não
do o livro das Ações Cautelares. jurisdição, tendo-lhe sido, toda- se proporciona recurso algum e
A tutela de urgência e da evi- via, retirado o juízo de admissi- os litigantes poderão impugná-las
dência podem ser requeridas bilidade, que é exercido apenas somente com o recurso cabível
antes ou no curso do proce- no 2o grau de jurisdição. Com contra o julgamento final, normal-
dimento em que se pleiteia a isso, suprime-se um novo foco mente a apelação, caso estes em
providência principal. desnecessário de recorribilida- que não incidirá preclusão sobre
de. tais questões, ou b) é proporcio-
Não tendo havido resistência à nado recurso contra as decisões
liminar concedida, o juiz, depois Na execução, se eliminou a
distinção entre praça e leilão, interlocutórias (tanto faz que o
da efetivação da medida, extin- recurso suba incontinente ao ór-
guirá o processo, conservando-se assim como a necessidade de
duas hastas públicas. Desde a gão superior ou permaneça retido
a eficácia da medida concedida, nos autos do processo) e ficarão
sem que a situação fique prote- primeira, pode o bem ser alie-
preclusas as questões nelas solu-
gida pela coisa julgada. nado por valor inferior ao da
cionadas caso o interessado não
avaliação, desde que não se
recorra” (ARAGÃO, E. M. Reforma
trate de preço vil.
processual: 10 anos, p. 210-211).

300
julgamento será o mesmo; não Código contém regra expressa, abaixo se tratará: obter-se o
o da impugnação. que leva ao aproveitamento maior rendimento possível de
O agravo de instrumento ficou do processo, de forma plena, cada processo.
mantido para as hipóteses de devendo ser decididas todas as 4) O novo sistema permite
concessão, ou não, de tutela de razões que podem levar ao pro- que cada processo tenha maior
urgência; para as interlocutó- vimento ou ao improvimento do rendimento possível. Assim, e por
rias de mérito, para as interlo- recurso. Sendo, por exemplo, isso, estendeu-se a autoridade
cutórias proferidas na execução o recurso extraordinário provi- da coisa julgada às questões
(e no cumprimento de senten- do para acolher uma causa de prejudiciais.
ça) e para todos os demais ca- pedir, ou a) examinam-se todas
as outras, ou b) remetem-se os Com o objetivo de se dar maior
sos a respeito dos quais houver rendimento a cada processo,
previsão legal expressa. autos para o Tribunal de segun-
do grau, para que decida as de- individualmente considerado,
Previu-se a sustentação oral em mais, ou c) remetem-se os au- e atendendo a críticas tradi-
agravo de instrumento de deci- tos para o primeiro grau, caso cionais da doutrina,29 deixou,
são de mérito, procurando-se, haja necessidade de produção a possibilidade jurídica do pe-
com isso, alcançar resultado do de provas, para a decisão das dido, de ser condição da ação.
processo mais rente à realidade demais; e, pode-se também d) A sentença que, à luz da lei
dos fatos. remeter os autos ao STJ, caso revogada seria de carência da
Uma das grandes alterações as causas de pedir restantes ação, à luz do Novo CPC é de
havidas no sistema recursal constituam-se em questões de improcedência e resolve defini-
foi a supressão dos embargos direito federal. tivamente a controvérsia.
infringentes.27 Há muito, dou- Com os mesmos objetivos, Criaram-se mecanismos para
trina da melhor qualidade vem consistentes em simplificar o que, sendo a ação proposta
propugnando pela necessida- processo, dando-lhe, simulta- com base em várias causas
de de que sejam extintos.28 Em neamente, o maior rendimen- de pedir e sendo só uma leva-
contrapartida a essa extinção, o to possível, criou-se a regra de da em conta na decisão do 1o
relator terá o dever de declarar que não há mais extinção do e do 2o graus, repetindo-se as
o voto vencido, sendo este con- processo, por decisão de inad- decisões de procedência, caso
siderado como parte integrante missão de recurso, caso o tri- o tribunal superior inverta a
do acórdão, inclusive para fins bunal destinatário entenda que situação, retorne o processo
de prequestionamento. a competência seria de outro ao 2o grau, para que as demais
Significativas foram as altera- tribunal. Há, isto sim, em todas sejam apreciadas, até que, afi-
ções, no que tange aos recursos as instâncias, inclusive no pla- nal, sejam todas decididas e
para o STJ e para o STF. O Novo no do STJ e STF, a remessa dos seja, efetivamente, posto fim
autos ao tribunal competente. à controvérsia.
Há dispositivo expresso deter- O mesmo ocorre se se tratar de
minando que, se os embargos ação julgada improcedente em
27
Essa trajetória, como lembra de declaração são interpostos 1o e em 2o graus, como resul-
BARBOSA MOREIRA, foi, no com o objetivo de prequestio- tado de acolhimento de uma
curso das décadas, “complexa e nar a matéria objeto do recurso razão de defesa, quando haja
sinuosa” (Novas vicissitudes dos principal, e não são admitidos, mais de uma.
embargos infringentes, Revista de Também visando a essa finali-
considera-se o prequestiona-
Processo. São Paulo, v. 28, n. 109, dade, o novo Código de Pro-
mento como havido, salvo, é
p. 113-123, jul-ago. 2004, p. 113). cesso Civil criou, inspirado no
claro, se se tratar de recurso
28
Nesse sentido, “A existência de
um voto vencido não basta por si
que pretenda a inclusão, no
só para justificar a criação de tal acórdão, da descrição de fatos.
recurso; porque, por tal razão, se Vê-se, pois, que as alterações do
devia admitir um segundo recurso sistema recursal a que se está, 29
CÂNDIDO DINAMARCO lem-
de embargos toda vez que hou- aqui, aludindo proporcionaram bra que o próprio LIEBMAN, após
vesse mais de um voto vencido; simplificação e levaram a efei- formular tal condição da ação em
desta forma poderia arrastar-se a to um outro objetivo, de que aula inaugural em Turim, renun-
verificação por largo tempo, vindo ciou a ela depois que “a lei italiana
o ideal de justiça a ser sacrificado passou a admitir o divórcio, sendo
pelo desejo de aperfeiçoar a deci- este o exemplo mais expressivo de
são” (ALFREDO BUZAID, Ensaio impossibilidade jurídica que vinha
para uma revisão do sistema de sendo utilizado em seus escritos”
recursos no Código de Processo (Instituições de direito processual civil.
Civil. Estudos de direito. São Paulo: v. II, 6. ed. São Paulo: Malheiros,
Saraiva, 1972, v. 1, p. 111). 2009, p. 309).

301
sistema italiano30 e francês31, a o Supremo Tribunal Federal re- competência interna; normas
estabilização de tutela, a que já meter o recurso ao Superior de cooperação internacional e
se referiu no item anterior, que Tribunal de Justiça, se conside- nacional; partes; litisconsórcio;
permite a manutenção da eficá- rar que não se trata de ofensa procuradores; juiz e auxiliares
cia da medida de urgência, ou direta à Constituição Federal, da justiça; Ministério Público;
antecipatória de tutela, até que por decisão irrecorrível. atos processuais; provas; tute-
seja eventualmente impugnada 5) A Comissão trabalhou sem- la de urgência e tutela da evi-
pela parte contrária. pre tendo como pano de fundo dência; formação, suspensão e
As partes podem, até a senten- um objetivo genérico, que foi extinção do processo. O Livro
ça, modificar pedido e causa de de imprimir organicidade às II diz respeito ao processo de
pedir, desde que não haja ofen- regras do processo civil brasi- conhecimento, incluindo cum-
sa ao contraditório. De cada leiro, dando maior coesão ao primento de sentença e procedi-
processo, por esse método, se sistema. mentos especiais, contenciosos
obtém tudo o que seja possível. ou não. O Livro III trata do pro-
O Novo CPC conta, agora, com cesso de execução, e o Livro IV
Na mesma linha, tem o juiz o uma Parte Geral,33 atendendo disciplina os processos nos Tri-
poder de adaptar o procedi- às críticas de parte ponderável bunais e os meios de impugna-
mento às peculiaridades da da doutrina brasileira. Neste ção das decisões judiciais. Por
causa.32 Livro I, são mencionados prin- fim, há as disposições finais e
Com a mesma f inalidade, cípios constitucionais de espe- transitórias.
criou-se a regra, a que já se cial importância para todo o
processo civil, bem como regras O objetivo de organizar inter-
referiu, no sentido de que, en- namente as regras e harmo-
tendendo o Superior Tribunal gerais, que dizem respeito a to-
dos os demais Livros. A Parte nizá-las entre si foi o que inspi-
de Justiça que a questão veicu- rou, por exemplo, a reunião das
lada no recurso especial seja Geral desempenha o papel de
chamar para si a solução de hipóteses em que os Tribunais
constitucional, deve remeter o ou juízes podem voltar atrás,
recurso do Supremo Tribunal questões difíceis relativas às
demais partes do Código, já mesmo depois de terem profe-
Federal; do mesmo modo, deve rido decisão de mérito: havendo
que contém regras e princípios
gerais a respeito do funciona- embargos de declaração, erro
mento do sistema. material, sendo proferida deci-
são pelo STF ou pelo STJ com
O conteúdo da Parte Geral (Li- base nos artigos 543-B e 543-C
30
Tratam da matéria, por exemplo, vro I) consiste no seguinte: prin-
COMOGLIO, Luigi; FERRI, Cor- do Código anterior.
cípios e garantias fundamentais
rado; TARUFFO, Michele. Lezioni do processo civil; aplicabilida- Organizaram-se em dois dis-
sul processo civile. 4. ed. Bologna: Il de das normas processuais; li- positivos as causas que levam
Mulino, 2006. t. I e II; PICARDI, à extinção do processo, por
mites da jurisdição brasileira;
Nicola. Codice di procedura civile. indeferimento da inicial, sem
4. ed. Milão: Giuffrè, 2008. t. II; ou com julgamento de mérito,
GIOLA, Valerio de; RASCHELLÀ, incluindo-se neste grupo o que
Anna Maria. I provvedimento d’urgen- constava do art. 285-A do Có-
za ex art. 700 Cod. Proc. Civ. 2. ed. 33
Para EGAS MONIZ DE ARA- digo anterior.
Experta, 2006. GÃO, a ausência de uma parte ge-
31
É conhecida a figura do référré ral, no Código de 1973, ao tempo Unificou-se o critério relativo
francês, que consiste numa forma em que promulgado, era compa- ao fenômeno que gera a preven-
sumária de prestação de tutela, tível com a ausência de sistema- ção: o despacho que ordena a
que gera decisão provisória, não tização, no plano doutrinário, de citação. A ação, por seu turno,
depende necessariamente de um uma teoria geral do processo. E considera-se proposta assim
processo principal, não transita advertiu o autor: “não se recomen- que protocolada a inicial.
em julgado, mas pode prolongar daria que o legislador precedesse aos Tendo desaparecido o Livro
a sua eficácia no tempo. Vejam-se doutrinadores, aconselhando a prudên- do Processo Cautelar e as cau-
arts. 488 e 489 do Nouveau Code de cia que se aguarde o desenvolvimento do telares em espécie, acabaram
Procédure Civile francês. assunto por estes para, colhendo-lhes os sobrando medidas que, em con-
32
No processo civil inglês, há re- frutos, atuar aquele” (Comentários ao sonância com parte expressiva
gra expressa a respeito dos “case Código de Processo Civil: v. II. 7. ed.
da doutrina brasileira, embora
management powers”. CPR 1.4. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p.
estivessem formalmente inseri-
Na doutrina, v. NEIL ANDREWS, 8). O profundo amadurecimento
das no Livro III, de cautelares,
O moderno processo civil, São Paulo, do tema que hoje se observa na
ed. RT, 2009, item 3.14, p. 74. Nes- doutrina processualista brasileira
nada tinham. Foram, então,
tas regras de gestão de processos, justifica, nessa oportunidade, a realocadas, junto aos procedi-
inspirou-se a Comissão autora do sistematização da teoria geral do mentos especiais.
Anteprojeto. processo, no novo CPC.

302
Criou-se um livro novo, a que já Nos momentos adequados, uti- como se mencionou ao longo
se fez menção, para os proces- lizou-se a expressão convenção de desta Exposição de Motivos, já
sos nos Tribunais, que abrange arbitragem, que abrange a cláu- que a época em que vivemos é
os meios de impugnação às sula arbitral e o compromisso de interpenetração das civiliza-
decisões judiciais – recursos e arbitral, imprimindo-se, assim, ções. O Novo CPC é fruto de
ações impugnativas autônomas o mesmo regime jurídico a am- reflexões da Comissão que o
– e institutos como, por exem- bos os fenômenos.36 elaborou, que culminaram em
plo, a homologação de senten- Em conclusão, como se frisou escolhas racionais de caminhos
ça estrangeira. no início desta Exposição de considerados adequados, à luz
Também com o objetivo de des- Motivos, elaborar-se um Có- dos cinco critérios acima referi-
fazer “nós” do sistema, deixa- digo novo não significa “deitar dos, à obtenção de uma senten-
ram-se claras as hipóteses de abaixo as instituições do Códi- ça que resolva o conflito, com
cabimento de ação rescisória go vigente, substituindo-as por respeito aos direitos fundamen-
e de ação anulatória, eliminan- outras, inteiramente novas”.37 tais e no menor tempo possível,
do-se dúvidas, com soluções realizando o interesse público
Nas alterações das leis, com da atuação da lei material.
como, por exemplo, a de dei- exceção daquelas feitas ime-
xar sentenças homologatórias diatamente após períodos his- Em suma, para a elaboração do
como categoria de pronuncia- tóricos que se pretendem deixar Novo CPC, identificaram-se os
mento impugnável pela ação definitivamente para trás, não avanços incorporados ao siste-
anulatória, ainda que se trate se deve fazer “tábula rasa” das ma processual preexistente, que
de decisão de mérito, isto é, que conquistas alcançadas. Razão deveriam ser conservados. Estes
homologa transação, reconhe- alguma há para que não se con- foram organizados e se deram
cimento jurídico do pedido ou serve ou aproveite o que há de alguns passos à frente, para dei-
renúncia à pretensão. bom no sistema que se pretende xar expressa a adequação das
Com clareza e com base em reformar. novas regras à Constituição
doutrina autorizada,34 discipli- Federal da República, com um
Assim procedeu a Comissão de sistema mais coeso, mais ágil e
nou-se o litisconsórcio, sepa- Juristas que reformou o siste-
rando-se, com a nitidez possí- capaz de gerar um processo civil
ma processual: criou saudável mais célere e mais justo.
vel, o necessário do unitário. equilíbrio entre conservação e
Inverteram-se os termos suces- inovação, sem que tenha havido
são e substituição, acolhen- drástica ruptura com o presente
do-se crítica antiga e correta da ou com o passado. A Comissão de Juristas.
doutrina.35 Foram criados institutos ins-
pirados no direito estrangeiro,

34
CÂNDIDO DINAMARCO, por
exemplo, sob a égide do Código ‘substituição’ e a forma verbal
de 1973, teceu críticas à redação ‘substituindo’ são empregadas na
do art. 47, por entender que “esse rubrica em que se situa o art. 48 e
mal redigido dispositivo dá a im- em seu § 1o. Essa impressão é falsa
pressão, absolutamente falsa, de porque ‘substituição processual’
que o litisconsórcio unitário seria é a participação de um sujeito no
modalidade do necessário” (Insti- processo, como autor ou réu, sem
tuições de direito processual civil, v. II, ser titular do interesse em conflito
p. 359). No entanto, explica, com (art. 6o). Essa locução não expres-
inequívoca clareza, o processu- sa um movimento de entrada e
alista: “Os dois conceitos não se saída. Tal movimento é, em direi-
confundem nem se colocam em to, ‘sucessão’ – no caso, sucessão
relação de gênero a espécie. A uni- processual” (DINAMARCO, C. Ins-
tariedade não é espécie da neces- tituições de direito processual civil, v. II,
sariedade. Diz respeito ao ‘regime p. 281).
de tratamento’ dos litisconsortes, 36
Sobre o tema da arbitragem, ve-
enquanto esta é a exigência de ja-se: CARMONA, Carlos Alberto.
‘formação’ do litisconsórcio”. Arbitragem e Processo: um comentário
35
“O Código de Processo Civil dá à lei no 9.307/96. 3. ed. São Paulo:
a falsa ideia de que a troca de um Atlas, 2009.
sujeito pelo outro na condição de 37
ALFREDO BUZAID, Exposição
parte seja um fenômeno de subs- de motivos, Lei 5.869, de 11 de ja-
tituição processual: o vocábulo neiro de 1973.

303
Lei no 13.105/2015
Código de Processo Civil.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:

Parte Geral

Livro I – Das Normas inclusive no curso do processo I – à tutela provisória de urgên-


Processuais Civis judicial. cia;
Art. 4o As partes têm o direi- II – às hipóteses de tutela da
to de obter em prazo razoável evidência previstas no art. 311,
a solução integral do mérito, incisos II e III;
Título Único – Das incluída a atividade satisfativa. III – à decisão prevista no
Normas Fundamentais art. 701.
e da Aplicação das Art. 5o Aquele que de qual-
Normas Processuais quer forma participa do proces- Art. 10. O juiz não pode de-
so deve comportar-se de acordo cidir, em grau algum de jurisdi-
com a boa-fé. ção, com base em fundamento
Capítulo I – Das Normas Art. 6o Todos os sujeitos do
a respeito do qual não se tenha
Fundamentais do Processo dado às partes oportunidade
processo devem cooperar entre
Civil de se manifestar, ainda que se
si para que se obtenha, em tem-
trate de matéria sobre a qual
po razoável, decisão de mérito
Art. 1o O processo civil será deva decidir de ofício.
justa e efetiva.
ordenado, disciplinado e inter-
pretado conforme os valores e Art. 11. Todos os julga-
Art. 7o É assegurada às par-
as normas fundamentais esta- mentos dos órgãos do Poder
tes paridade de tratamento em
belecidos na Constituição da Judiciário serão públicos, e fun-
relação ao exercício de direitos
República Federativa do Brasil, damentadas todas as decisões,
e faculdades processuais, aos
observando-se as disposições sob pena de nulidade.
meios de defesa, aos ônus, aos
deste Código. deveres e à aplicação de san- Parágrafo único. Nos casos de se-
Art. 2 O processo começa
o ções processuais, competindo gredo de justiça, pode ser auto-
por iniciativa da parte e se de- ao juiz zelar pelo efetivo con- rizada a presença somente das
senvolve por impulso oficial, sal- traditório. partes, de seus advogados, de
vo as exceções previstas em lei. defensores públicos ou do Mi-
Art. 8o Ao aplicar o ordena-
nistério Público.
Art. 3 Não se excluirá da
o mento jurídico, o juiz atenderá
apreciação jurisdicional ameaça aos fins sociais e às exigências Art. 12. Os juízes e os tri-
ou lesão a direito. do bem comum, resguardando bunais atenderão, preferencial-
e promovendo a dignidade da mente, à ordem cronológica de
§ 1o É permitida a arbitragem, pessoa humana e observando conclusão para proferir senten-
na forma da lei. a proporcionalidade, a razoa- ça ou acórdão.
§ 2o O Estado promoverá, sem- bilidade, a legalidade, a publi- § 1o A lista de processos aptos a
pre que possível, a solução con- cidade e a eficiência.
sensual dos conflitos. julgamento deverá estar perma-
Art. 9o Não se proferirá de- nentemente à disposição para
§ 3o A conciliação, a mediação cisão contra uma das partes consulta pública em cartório e
e outros métodos de solução sem que ela seja previamente
consensual de conflitos deverão na rede mundial de computa-
ouvida. dores.
ser estimulados por juízes, ad-
vogados, defensores públicos e Parágrafo único. O disposto no § 2o Estão excluídos da regra
membros do Ministério Público, caput não se aplica: do caput:

304
I – as sentenças proferidas em Capítulo II – Da Aplicação II – da autenticidade ou da fal-
audiência, homologatórias de das Normas Processuais sidade de documento.
acordo ou de improcedência
Art. 13. A jurisdição civil Art. 20. É admissível a ação
liminar do pedido;
meramente declaratória, ainda
II – o julgamento de processos será regida pelas normas pro-
que tenha ocorrido a violação
em bloco para aplicação de tese cessuais brasileiras, ressalvadas
do direito.
jurídica firmada em julgamento as disposições específicas pre-
de casos repetitivos; vistas em tratados, convenções
ou acordos internacionais de
III – o julgamento de recursos que o Brasil seja parte.
repetitivos ou de incidente de Título II – Dos Limites
resolução de demandas repe- Art. 14. A norma processual da Jurisdição Nacional
titivas; não retroagirá e será aplicável e da Cooperação
IV – as decisões proferidas com imediatamente aos processos Internacional
base nos arts. 485 e 932; em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situ-
V – o julgamento de embargos ações jurídicas consolidadas sob Capítulo I – Dos Limites
de declaração; a vigência da norma revogada. da Jurisdição Nacional
VI – o julgamento de agravo
Art. 15. Na ausência de Art. 21. Compete à autori-
interno;
normas que regulem processos dade judiciária brasileira pro-
VII – as preferências legais e as eleitorais, trabalhistas ou admi- cessar e julgar as ações em que:
metas estabelecidas pelo Con- nistrativos, as disposições deste I – o réu, qualquer que seja a
selho Nacional de Justiça; Código lhes serão aplicadas su- sua nacionalidade, estiver do-
VIII – os processos criminais, pletiva e subsidiariamente. miciliado no Brasil;
nos órgãos jurisdicionais que II – no Brasil tiver de ser cum-
tenham competência penal; prida a obrigação;
IX – a causa que exija urgência Livro II – Da Função III – o fundamento seja fato
no julgamento, assim reconheci- Jurisdicional ocorrido ou ato praticado no
da por decisão fundamentada. Brasil.
§ 3o Após elaboração de lista
Parágrafo único. Para o fim do dis-
própria, respeitar-se-á a ordem
posto no inciso I, considera-se
cronológica das conclusões en-
tre as preferências legais.
Título I – Da domiciliada no Brasil a pessoa
Jurisdição e da Ação jurídica estrangeira que nele
§ 4o Após a inclusão do proces- tiver agência, filial ou sucursal.
so na lista de que trata o § 1o,
Art. 16. A jurisdição civil Art. 22. Compete, ainda, à
o requerimento formulado pela
é exercida pelos juízes e pelos autoridade judiciária brasileira
parte não altera a ordem cro-
tribunais em todo o território processar e julgar as ações:
nológica para a decisão, exceto
nacional, conforme as disposi- I – de alimentos, quando:
quando implicar a reabertura
ções deste Código.
da instrução ou a conversão do a) o credor tiver domicílio
julgamento em diligência. Art. 17. Para postular em ou residência no Brasil;
§ 5o Decidido o requerimento juízo é necessário ter interesse b) o réu mantiver vínculos
previsto no § 4o, o processo re- e legitimidade. no Brasil, tais como
tornará à mesma posição em Art. 18. Ninguém poderá posse ou propriedade
que anteriormente se encontra- pleitear direito alheio em nome de bens, recebimento de
va na lista. renda ou obtenção de
próprio, salvo quando autoriza-
§ 6o Ocupará o primeiro lugar benefícios econômicos;
do pelo ordenamento jurídico.
na lista prevista no § 1o ou, con- II – decorrentes de relações de
forme o caso, no § 3o, o pro- Parágrafo único. Havendo substi- consumo, quando o consumi-
cesso que: tuição processual, o substituído dor tiver domicílio ou residência
poderá intervir como assistente no Brasil;
I – tiver sua sentença ou acór- litisconsorcial.
dão anulado, salvo quando III – em que as partes, expressa
houver necessidade de realiza- Art. 19. O interesse do autor ou tacitamente, se submeterem
ção de diligência ou de comple- pode limitar-se à declaração: à jurisdição nacional.
mentação da instrução; I – da existência, da inexistên- Art. 23. Compete à autori-
II – se enquadrar na hipótese do cia ou do modo de ser de uma dade judiciária brasileira, com
art. 1.040, inciso II. relação jurídica; exclusão de qualquer outra:

305
I – conhecer de ações relativas por tratado de que o Brasil faz V – assistência jurídica interna-
a imóveis situados no Brasil; parte e observará: cional;
II – em matéria de sucessão he- I – o respeito às garantias do VI – qualquer outra medida ju-
reditária, proceder à confirma- devido processo legal no Estado dicial ou extrajudicial não proi-
ção de testamento particular requerente; bida pela lei brasileira.
e ao inventário e à partilha de
II – a igualdade de tratamento
bens situados no Brasil, ainda
que o autor da herança seja de
entre nacionais e estrangeiros, Seção II – Do Auxílio Direto
residentes ou não no Brasil, em
nacionalidade estrangeira ou te- Art. 28. Cabe auxílio direto
nha domicílio fora do território relação ao acesso à justiça e à
tramitação dos processos, as- quando a medida não decorrer
nacional; diretamente de decisão de auto-
segurando-se assistência judi-
III – em divórcio, separação ju- ciária aos necessitados; ridade jurisdicional estrangeira
dicial ou dissolução de união a ser submetida a juízo de deli-
estável, proceder à partilha de III – a publicidade processual, bação no Brasil.
bens situados no Brasil, ainda exceto nas hipóteses de sigilo
que o titular seja de naciona- previstas na legislação brasileira Art. 29. A solicitação de au-
lidade estrangeira ou tenha ou na do Estado requerente; xílio direto será encaminhada
domicílio fora do território pelo órgão estrangeiro inte-
IV – a existência de autoridade
nacional. ressado à autoridade central,
central para recepção e trans-
cabendo ao Estado requerente
Art. 24. A ação proposta missão dos pedidos de coope-
assegurar a autenticidade e a
perante tribunal estrangeiro ração; clareza do pedido.
não induz litispendência e não V – a espontaneidade na trans-
obsta a que a autoridade ju- missão de informações a auto- Art. 30. Além dos casos
diciária brasileira conheça da ridades estrangeiras. previstos em tratados de que o
mesma causa e das que lhe são Brasil faz parte, o auxílio direto
§ 1o Na ausência de tratado, a terá os seguintes objetos:
conexas, ressalvadas as dispo-
cooperação jurídica internacio-
sições em contrário de tratados I – obtenção e prestação de in-
nal poderá realizar-se com base
internacionais e acordos bilate- formações sobre o ordenamen-
em reciprocidade, manifestada
rais em vigor no Brasil. to jurídico e sobre processos
por via diplomática.
administrativos ou jurisdicio-
Parágrafo único. A pendência § 2o Não se exigirá a recipro- nais findos ou em curso;
de causa perante a jurisdição cidade referida no § 1o para
brasileira não impede a homo- II – colheita de provas, salvo se
homologação de sentença es- a medida for adotada em pro-
logação de sentença judicial es-
trangeira. cesso, em curso no estrangeiro,
trangeira quando exigida para
produzir efeitos no Brasil. § 3o Na cooperação jurídica in- de competência exclusiva de au-
ternacional não será admitida a toridade judiciária brasileira;
Art. 25. Não compete à au- prática de atos que contrariem
toridade judiciária brasileira o III – qualquer outra medida ju-
ou que produzam resultados dicial ou extrajudicial não proi-
processamento e o julgamento incompatíveis com as normas
da ação quando houver cláusu- bida pela lei brasileira.
fundamentais que regem o Es-
la de eleição de foro exclusivo tado brasileiro. Art. 31. A autoridade central
estrangeiro em contrato inter- brasileira comunicar-se-á dire-
nacional, arguida pelo réu na § 4 o O Ministério da Justiça
tamente com suas congêneres
contestação. exercerá as funções de auto-
e, se necessário, com outros ór-
ridade central na ausência de gãos estrangeiros responsáveis
§ 1o Não se aplica o disposto
no caput às hipóteses de com- designação específica. pela tramitação e pela execução
petência internacional exclusiva Art. 27. A cooperação ju- de pedidos de cooperação en-
previstas neste Capítulo. rídica internacional terá por viados e recebidos pelo Estado
§ 2o Aplica-se à hipótese do objeto: brasileiro, respeitadas disposi-
caput o art. 63, §§ 1o a 4o. ções específicas constantes de
I – citação, intimação e notifica-
tratado.
ção judicial e extrajudicial;
Capítulo II – Da Art. 32. No caso de auxílio
Cooperação Internacional II – colheita de provas e obten-
ção de informações; direto para a prática de atos
que, segundo a lei brasileira,
III – homologação e cumpri- não necessitem de prestação ju-
Seção I – Disposições Gerais mento de decisão; risdicional, a autoridade central
Art. 26. A cooperação jurí- IV – concessão de medida judi- adotará as providências neces-
dica internacional será regida cial de urgência; sárias para seu cumprimento.

306
Art. 33. Recebido o pedido Art. 39. O pedido passivo de tituição Federal, a competên-
de auxílio direto passivo, a au- cooperação jurídica internacional cia é determinada pelas normas
toridade central o encaminha- será recusado se configurar ma- previstas neste Código ou em
rá à Advocacia-Geral da União, nifesta ofensa à ordem pública. legislação especial, pelas nor-
que requererá em juízo a medi- mas de organização judiciária
Art. 40. A cooperação jurídi- e, ainda, no que couber, pelas
da solicitada.
ca internacional para execução constituições dos Estados.
Parágrafo único. O Ministério de decisão estrangeira dar-se-á
Público requererá em juízo a por meio de carta rogatória ou Art. 45. Tramitando o pro-
medida solicitada quando for de ação de homologação de sen- cesso perante outro juízo, os
autoridade central. tença estrangeira, de acordo com autos serão remetidos ao juízo
o art. 960. federal competente se nele in-
Art. 34. Compete ao juízo tervier a União, suas empresas
federal do lugar em que deva Art. 41. Considera-se autên- públicas, entidades autárquicas
ser executada a medida apreciar tico o documento que instruir e fundações, ou conselho de fis-
pedido de auxílio direto passi- pedido de cooperação jurídica calização de atividade profissio-
vo que demande prestação de internacional, inclusive tradução nal, na qualidade de parte ou
atividade jurisdicional. para a língua portuguesa, quan- de terceiro interveniente, exceto
do encaminhado ao Estado bra- as ações:
sileiro por meio de autoridade
Seção III – Da Carta central ou por via diplomática,
I – de recuperação judicial, fa-
Rogatória dispensando-se ajuramentação,
lência, insolvência civil e aciden-
te de trabalho;
Art. 35. (Vetado) autenticação ou qualquer pro-
cedimento de legalização. II – sujeitas à justiça eleitoral e
Art. 36. O procedimento da à justiça do trabalho.
carta rogatória perante o Su- Parágrafo único. O disposto no
§ 1o Os autos não serão reme-
perior Tribunal de Justiça é de caput não impede, quando ne-
tidos se houver pedido cuja
jurisdição contenciosa e deve cessária, a aplicação pelo Estado
apreciação seja de competên-
assegurar às partes as garantias brasileiro do princípio da recipro-
cia do juízo perante o qual foi
do devido processo legal. cidade de tratamento.
proposta a ação.
§ 1o A defesa restringir-se-á à § 2o Na hipótese do § 1o, o juiz,
discussão quanto ao atendi- ao não admitir a cumulação de
mento dos requisitos para que o Título III – Da pedidos em razão da incompe-
pronunciamento judicial estran- Competência Interna tência para apreciar qualquer
geiro produza efeitos no Brasil. deles, não examinará o mérito
§ 2o Em qualquer hipótese, é daquele em que exista interesse
vedada a revisão do mérito do Capítulo I – Da da União, de suas entidades au-
pronunciamento judicial estran- Competência tárquicas ou de suas empresas
geiro pela autoridade judiciária públicas.
brasileira. Seção I – Disposições Gerais § 3o O juízo federal restituirá os
autos ao juízo estadual sem sus-
Art. 42. As causas cíveis citar conflito se o ente federal
Seção IV – Disposições serão processadas e decididas cuja presença ensejou a remessa
Comuns às Seções Anteriores pelo juiz nos limites de sua com- for excluído do processo.
Art. 37. O pedido de coo- petência, ressalvado às partes o Art. 46. A ação fundada
peração jurídica internacional direito de instituir juízo arbitral, em direito pessoal ou em direi-
oriundo de autoridade brasileira na forma da lei. to real sobre bens móveis será
competente será encaminhado à Art. 43. Determina-se a proposta, em regra, no foro de
autoridade central para posterior competência no momento do domicílio do réu.
envio ao Estado requerido para registro ou da distribuição da § 1o Tendo mais de um domicí-
lhe dar andamento. petição inicial, sendo irrelevan- lio, o réu será demandado no
tes as modificações do estado foro de qualquer deles.
Art. 38. O pedido de co-
de fato ou de direito ocorridas § 2o Sendo incerto ou desco-
operação oriundo de autori-
posteriormente, salvo quando nhecido o domicílio do réu, ele
dade brasileira competente e
suprimirem órgão judiciário poderá ser demandado onde
os documentos anexos que o
ou alterarem a competência for encontrado ou no foro de
instruem serão encaminhados
absoluta. domicílio do autor.
à autoridade central, acompa-
nhados de tradução para a lín- Art. 44. Obedecidos os li- § 3o Quando o réu não tiver do-
gua oficial do Estado requerido. mites estabelecidos pela Cons- micílio ou residência no Brasil,

307
a ação será proposta no foro partilha e o cumprimento de c) onde exerce suas ativi-
de domicílio do autor, e, se este disposições testamentárias. dades, para a ação em
também residir fora do Brasil, que for ré sociedade ou
Art. 50. A ação em que o associação sem perso-
a ação será proposta em qual-
incapaz for réu será proposta nalidade jurídica;
quer foro.
no foro de domicílio de seu re-
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais presentante ou assistente. d) onde a obrigação deve
réus com diferentes domicílios, ser satisfeita, para a
serão demandados no foro de Art. 51. É competente o foro ação em que se lhe exi-
qualquer deles, à escolha do de domicílio do réu para as cau- gir o cumprimento;
autor. sas em que seja autora a União. e) de residência do idoso,
§ 5o A execução fiscal será pro- Parágrafo único. Se a União for a para a causa que verse
posta no foro de domicílio do demandada, a ação poderá ser sobre direito previsto
réu, no de sua residência ou no proposta no foro de domicílio no respectivo estatuto;
do lugar onde for encontrado. do autor, no de ocorrência do f) da sede da serventia nota-
ato ou fato que originou a de- rial ou de registro, para
Art. 47. Para as ações fun- a ação de reparação de
manda, no de situação da coisa
dadas em direito real sobre dano por ato praticado
ou no Distrito Federal.
imóveis é competente o foro em razão do ofício;
de situação da coisa. Art. 52. É competente o
foro de domicílio do réu para IV – do lugar do ato ou fato
§ 1o O autor pode optar pelo para a ação:
foro de domicílio do réu ou as causas em que seja autor
pelo foro de eleição se o litígio Estado ou o Distrito Federal. a) de reparação de dano;
não recair sobre direito de pro- Parágrafo único. Se Estado ou o b) em que for réu adminis-
priedade, vizinhança, servidão, Distrito Federal for o demanda- trador ou gestor de ne-
divisão e demarcação de terras do, a ação poderá ser proposta gócios alheios;
e de nunciação de obra nova. no foro de domicílio do autor, V – de domicílio do autor ou do
§ 2o A ação possessória imo- no de ocorrência do ato ou fato local do fato, para a ação de
biliária será proposta no foro que originou a demanda, no de reparação de dano sofrido em
de situação da coisa, cujo juízo situação da coisa ou na capital razão de delito ou acidente de
tem competência absoluta. do respectivo ente federado. veículos, inclusive aeronaves.

Art. 48. O foro de domicílio Art. 53. É competente o


do autor da herança, no Brasil, foro: Seção II – Da Modificação
é o competente para o inventá- I – para a ação de divórcio, se-
da Competência
rio, a partilha, a arrecadação, o paração, anulação de casamen- Art. 54. A competência re-
cumprimento de disposições de to e reconhecimento ou disso- lativa poderá modificar-se pela
última vontade, a impugnação lução de união estável: conexão ou pela continência,
ou anulação de partilha extra- a) de domicílio do guardião observado o disposto nesta
judicial e para todas as ações de filho incapaz; Seção.
em que o espólio for réu, ainda
que o óbito tenha ocorrido no b) do último domicílio do Art. 55. Reputam-se co-
estrangeiro. casal, caso não haja fi- nexas 2 (duas) ou mais ações
lho incapaz; quando lhes for comum o pe-
Parágrafo único. Se o autor da c) de domicílio do réu, se dido ou a causa de pedir.
herança não possuía domicílio nenhuma das partes re- § 1o Os processos de ações co-
certo, é competente: sidir no antigo domicílio nexas serão reunidos para deci-
I – o foro de situação dos bens do casal; são conjunta, salvo se um deles
imóveis; II – de domicílio ou residência já houver sido sentenciado.
II – havendo bens imóveis em fo- do alimentando, para a ação § 2o Aplica-se o disposto no
ros diferentes, qualquer destes; em que se pedem alimentos; caput:
III – não havendo bens imóveis, III – do lugar: I – à execução de título extraju-
o foro do local de qualquer dos a) onde está a sede, para a dicial e à ação de conhecimento
bens do espólio. ação em que for ré pes- relativa ao mesmo ato jurídico;
Art. 49. A ação em que o soa jurídica; II – às execuções fundadas no
ausente for réu será proposta b) onde se acha agência mesmo título executivo.
no foro de seu último domicí- ou sucursal, quanto às § 3o Serão reunidos para julga-
lio, também competente para obrigações que a pes- mento conjunto os processos que
a arrecadação, o inventário, a soa jurídica contraiu; possam gerar risco de prolação

308
de decisões conflitantes ou con- ser reputada ineficaz de ofício pelo Parágrafo único. O juiz que não
traditórias caso decididos sepa- juiz, que determinará a remessa acolher a competência declina-
radamente, mesmo sem conexão dos autos ao juízo do foro de do- da deverá suscitar o conflito,
entre eles. micílio do réu. salvo se a atribuir a outro juízo.
Art. 56. Dá-se a continência § 4o Citado, incumbe ao réu alegar
a abusividade da cláusula de elei- Capítulo II – Da
entre 2 (duas) ou mais ações
quando houver identidade quan- ção de foro na contestação, sob Cooperação Nacional
to às partes e à causa de pedir, pena de preclusão.
Art. 67. Aos órgãos do Po-
mas o pedido de uma, por ser der Judiciário, estadual ou fe-
mais amplo, abrange o das de- Seção III –Da deral, especializado ou comum,
mais. Incompetência em todas as instâncias e graus
Art. 57. Quando houver con- de jurisdição, inclusive aos tri-
Art. 64. A incompetência, bunais superiores, incumbe o
tinência e a ação continente tiver
absoluta ou relativa, será ale- dever de recíproca cooperação,
sido proposta anteriormente, no
gada como questão preliminar por meio de seus magistrados e
processo relativo à ação contida
de contestação. servidores.
será proferida sentença sem reso-
lução de mérito, caso contrário, § 1o A incompetência absoluta
Art. 68. Os juízos poderão
as ações serão necessariamente pode ser alegada em qualquer
formular entre si pedido de co-
reunidas. tempo e grau de jurisdição e
operação para prática de qual-
deve ser declarada de ofício.
Art. 58. A reunião das ações quer ato processual.
§ 2 o Após manifestação da
propostas em separado far-se-á Art. 69. O pedido de coo-
parte contrária, o juiz decidirá
no juízo prevento, onde serão de- peração jurisdicional deve ser
imediatamente a alegação de
cididas simultaneamente. prontamente atendido, prescin-
incompetência.
Art. 59. O registro ou a de de forma específica e pode
§ 3o Caso a alegação de incom-
distribuição da petição inicial ser executado como:
petência seja acolhida, os autos
torna prevento o juízo. serão remetidos ao juízo com- I – auxílio direto;
Art. 60. Se o imóvel se achar petente. II – reunião ou apensamento de
situado em mais de um Esta- § 4 o Salvo decisão judicial processos;
do, comarca, seção ou subse- em sentido contrário, conser- III – prestação de informações;
ção judiciária, a competência var-se-ão os efeitos de decisão IV – atos concertados entre os
territorial do juízo prevento es- proferida pelo juízo incompe- juízes cooperantes.
tender-se-á sobre a totalidade tente até que outra seja profe-
§ 1o As cartas de ordem, pre-
do imóvel. rida, se for o caso, pelo juízo
catória e arbitral seguirão o
competente.
Art. 61. A ação acessória regime previsto neste Código.
será proposta no juízo compe- Art. 65. Prorrogar-se-á a § 2o Os atos concertados entre
tente para a ação principal. competência relativa se o réu os juízes cooperantes poderão
não alegar a incompetência em consistir, além de outros, no es-
Art. 62. A competência deter- preliminar de contestação.
minada em razão da matéria, da tabelecimento de procedimento
pessoa ou da função é inderrogável Parágrafo único. A incompetência para:
por convenção das partes. relativa pode ser alegada pelo I – a prática de citação, intima-
Ministério Público nas causas ção ou notificação de ato;
Art. 63. As partes podem mo- em que atuar.
dificar a competência em razão do II – a obtenção e apresentação
valor e do território, elegendo foro Art. 66. Há conflito de com- de provas e a coleta de depoi-
onde será proposta ação oriunda petência quando: mentos;
de direitos e obrigações. I – 2 (dois) ou mais juízes se de- III – a efetivação de tutela pro-
§ 1o A eleição de foro só produz claram competentes; visória;
efeito quando constar de instru- II – 2 (dois) ou mais juízes se IV – a efetivação de medidas e
mento escrito e aludir expressa- consideram incompetentes, providências para recuperação
mente a determinado negócio atribuindo um ao outro a com- e preservação de empresas;
jurídico. petência; V – a facilitação de habilitação
§ 2o O foro contratual obriga os III – entre 2 (dois) ou mais de créditos na falência e na re-
herdeiros e sucessores das partes. juízes surge controvérsia acer- cuperação judicial;
§ 3o Antes da citação, a cláusula de ca da reunião ou separação de VI – a centralização de proces-
eleição de foro, se abusiva, pode processos. sos repetitivos;

309
VII – a execução de decisão ju- casados sob o regime de sepa- IX – a sociedade e a associação
risdicional. ração absoluta de bens; irregulares e outros entes or-
§ 3o O pedido de cooperação II – resultante de fato que diga ganizados sem personalidade
judiciária pode ser realizado respeito a ambos os cônjuges jurídica, pela pessoa a quem
entre órgãos jurisdicionais de ou de ato praticado por eles; couber a administração de seus
diferentes ramos do Poder Ju- III – fundada em dívida contraída bens;
diciário. por um dos cônjuges a bem da X – a pessoa jurídica estrangei-
família; ra, pelo gerente, representante
IV – que tenha por objeto o re- ou administrador de sua filial,
conhecimento, a constituição agência ou sucursal aberta ou
Livro III – Dos ou a extinção de ônus sobre instalada no Brasil;
Sujeitos do Processo imóvel de um ou de ambos os XI – o condomínio, pelo admi-
cônjuges. nistrador ou síndico.
§ 2o Nas ações possessórias, § 1o Quando o inventariante for
a participação do cônjuge do dativo, os sucessores do faleci-
Título I – Das Partes autor ou do réu somente é in- do serão intimados no processo
e dos Procuradores dispensável nas hipóteses de no qual o espólio seja parte.
composse ou de ato por ambos
§ 2o A sociedade ou associação
praticado.
Capítulo I – Da sem personalidade jurídica não
Capacidade Processual § 3o Aplica-se o disposto neste poderá opor a irregularidade
artigo à união estável compro- de sua constituição quando
Art. 70. Toda pessoa que se vada nos autos. demandada.
encontre no exercício de seus
Art. 74. O consentimento § 3o O gerente de filial ou agên-
direitos tem capacidade para previsto no art. 73 pode ser
estar em juízo. cia presume-se autorizado pela
suprido judicialmente quando pessoa jurídica estrangeira a
Art. 71. O incapaz será re- for negado por um dos cônjuges receber citação para qualquer
presentado ou assistido por sem justo motivo, ou quando processo.
seus pais, por tutor ou por lhe seja impossível concedê-lo.
§ 4 o Os Estados e o Distrito
curador, na forma da lei. Parágrafo único. A falta de con- Federal poderão ajustar com-
Art. 72. O juiz nomeará sentimento, quando necessário promisso recíproco para prá-
curador especial ao: e não suprido pelo juiz, invalida tica de ato processual por seus
o processo. procuradores em favor de outro
I – incapaz, se não tiver repre-
sentante legal ou se os inte- Art. 75. Serão representados ente federado, mediante convê-
resses deste colidirem com os em juízo, ativa e passivamente: nio firmado pelas respectivas
daquele, enquanto durar a in- procuradorias.
I – a União, pela Advocacia-
capacidade; -Geral da União, diretamente Art. 76. Verificada a incapa-
II – réu preso revel, bem como ou mediante órgão vinculado; cidade processual ou a irregu-
ao réu revel citado por edital ou II – o Estado e o Distrito Fede- laridade da representação da
com hora certa, enquanto não ral, por seus procuradores; parte, o juiz suspenderá o pro-
for constituído advogado. cesso e designará prazo razoá-
III – o Município, por seu pre-
feito ou procurador; vel para que seja sanado o vício.
Parágrafo único. A curatela espe-
cial será exercida pela Defenso- IV – a autarquia e a fundação § 1o Descumprida a determina-
ria Pública, nos termos da lei. de direito público, por quem a ção, caso o processo esteja na
lei do ente federado designar; instância originária:
Art. 73. O cônjuge necessi-
V – a massa falida, pelo admi- I – o processo será extinto, se
tará do consentimento do ou-
tro para propor ação que verse nistrador judicial; a providência couber ao autor;
sobre direito real imobiliário, VI – a herança jacente ou vacan- II – o réu será considerado revel,
salvo quando casados sob o te, por seu curador; se a providência lhe couber;
regime de separação absoluta VII – o espólio, pelo inventa- III – o terceiro será considerado
de bens. riante; revel ou excluído do processo,
§ 1o Ambos os cônjuges serão VIII – a pessoa jurídica, por dependendo do polo em que se
necessariamente citados para quem os respectivos atos cons- encontre.
a ação: titutivos designarem ou, não § 2o Descumprida a determi-
I – que verse sobre direito real havendo essa designação, por nação em fase recursal peran-
imobiliário, salvo quando seus diretores; te tribunal de justiça, tribunal

310
regional federal ou tribunal da justiça, devendo o juiz, sem manifestadas oral ou presen-
superior, o relator: prejuízo das sanções criminais, cialmente, o juiz advertirá o
I – não conhecerá do recurso, civis e processuais cabíveis, apli- ofensor de que não as deve usar
se a providência couber ao re- car ao responsável multa de até ou repetir, sob pena de lhe ser
corrente; vinte por cento do valor da cau- cassada a palavra.
sa, de acordo com a gravidade § 2o De ofício ou a requeri-
II – determinará o desentra-
da conduta. mento do ofendido, o juiz de-
nhamento das contrarrazões,
se a providência couber ao re- § 3o Não sendo paga no prazo terminará que as expressões
corrido. a ser fixado pelo juiz, a multa ofensivas sejam riscadas e, a re-
prevista no § 2o será inscrita querimento do ofendido, deter-
Capítulo II – Dos Deveres como dívida ativa da União ou minará a expedição de certidão
das Partes e de seus do Estado após o trânsito em com inteiro teor das expressões
Procuradores julgado da decisão que a fixou, ofensivas e a colocará à disposi-
e sua execução observará o pro- ção da parte interessada.
cedimento da execução fiscal,
Seção I – Dos Deveres revertendo-se aos fundos pre- Seção II – Da
vistos no art. 97.
Art. 77. Além de outros pre- Responsabilidade das Partes
vistos neste Código, são deveres § 4 o A multa estabelecida no por Dano Processual
das partes, de seus procurado- § 2o poderá ser fixada indepen-
res e de todos aqueles que de dentemente da incidência das Art. 79. Responde por per-
qualquer forma participem do previstas nos arts. 523, § 1o, e das e danos aquele que litigar
processo: 536, § 1o. de má-fé como autor, réu ou
§ 5o Quando o valor da causa interveniente.
I – expor os fatos em juízo con-
forme a verdade; for irrisório ou inestimável, a Art. 80. Considera-se liti-
multa prevista no § 2o poderá gante de má-fé aquele que:
II – não formular pretensão ou
ser fixada em até 10 (dez) vezes
de apresentar defesa quando I – deduzir pretensão ou defesa
o valor do salário mínimo. contra texto expresso de lei ou
cientes de que são destituídas
de fundamento; § 6o Aos advogados públicos ou fato incontroverso;
III – não produzir provas e não privados e aos membros da De- II – alterar a verdade dos fatos;
praticar atos inúteis ou des- fensoria Pública e do Ministério
Público não se aplica o disposto III – usar do processo para con-
necessários à declaração ou à seguir objetivo ilegal;
defesa do direito; nos §§ 2o a 5o, devendo eventual
responsabilidade disciplinar ser IV – opuser resistência injusti-
IV – cumprir com exatidão as apurada pelo respectivo órgão ficada ao andamento do pro-
decisões jurisdicionais, de na- de classe ou corregedoria, ao cesso;
tureza provisória ou final, e não qual o juiz oficiará.
criar embaraços à sua efetiva- V – proceder de modo temerário
ção; § 7o Reconhecida violação ao em qualquer incidente ou ato
disposto no inciso VI, o juiz de- do processo;
V – declinar, no primeiro mo- terminará o restabelecimento
mento que lhes couber falar nos VI – provocar incidente mani-
do estado anterior, podendo, festamente infundado;
autos, o endereço residencial
ainda, proibir a parte de falar VII – interpuser recurso com
ou profissional onde receberão
nos autos até a purgação do intuito manifestamente prote-
intimações, atualizando essa in-
atentado, sem prejuízo da apli- latório.
formação sempre que ocorrer
cação do § 2o.
qualquer modificação tempo-
§ 8o O representante judicial da Art. 81. De ofício ou a re-
rária ou definitiva;
parte não pode ser compelido querimento, o juiz condenará
VI – não praticar inovação ilegal o litigante de má-fé a pagar
no estado de fato de bem ou a cumprir decisão em seu lugar.
multa, que deverá ser superior
direito litigioso. Art. 78. É vedado às partes, a um por cento e inferior a dez
§ 1o Nas hipóteses dos incisos a seus procuradores, aos juízes, por cento do valor corrigido da
IV e VI, o juiz advertirá qualquer aos membros do Ministério Pú- causa, a indenizar a parte con-
das pessoas mencionadas no blico e da Defensoria Pública trária pelos prejuízos que esta
caput de que sua conduta po- e a qualquer pessoa que parti- sofreu e a arcar com os hono-
derá ser punida como ato aten- cipe do processo empregar ex- rários advocatícios e com todas
tatório à dignidade da justiça. pressões ofensivas nos escritos as despesas que efetuou.
§ 2o A violação ao disposto apresentados. § 1o Quando forem 2 (dois)
nos incisos IV e VI constitui § 1o Quando expressões ou ou mais os litigantes de má-fé,
ato atentatório à dignidade condutas ofensivas forem o juiz condenará cada um na

311
proporção de seu respectivo in- II – na execução fundada em econômico obtido até 200 (du-
teresse na causa ou solidaria- título extrajudicial e no cum- zentos) salários mínimos;
mente aqueles que se coligaram primento de sentença; II – mínimo de oito e máximo
para lesar a parte contrária. III – na reconvenção. de dez por cento sobre o valor
§ 2o Quando o valor da causa § 2o Verificando-se no trâmite da condenação ou do proveito
for irrisório ou inestimável, a do processo que se desfalcou econômico obtido acima de 200
multa poderá ser fixada em até a garantia, poderá o interes- (duzentos) salários mínimos até
10 (dez) vezes o valor do salário sado exigir reforço da caução, 2.000 (dois mil) salários míni-
mínimo. justificando seu pedido com a mos;
§ 3 o O valor da indenização indicação da depreciação do III – mínimo de cinco e máximo
será fixado pelo juiz ou, caso bem dado em garantia e a im- de oito por cento sobre o valor
não seja possível mensurá-lo, portância do reforço que pre- da condenação ou do provei-
liquidado por arbitramento ou tende obter. to econômico obtido acima de
pelo procedimento comum, nos 2.000 (dois mil) salários míni-
próprios autos. Art. 84. As despesas abran- mos até 20.000 (vinte mil) sa-
gem as custas dos atos do pro- lários mínimos;
cesso, a indenização de viagem,
Seção III – Das Despesas, IV – mínimo de três e máximo
a remuneração do assistente
dos Honorários Advocatícios de cinco por cento sobre o va-
técnico e a diária de testemu- lor da condenação ou do pro-
e das Multas nha. veito econômico obtido acima
Art. 82. Salvo as disposições Art. 85. A sentença conde- de 20.000 (vinte mil) salários
concernentes à gratuidade da nará o vencido a pagar honorá- mínimos até 100.000 (cem mil)
justiça, incumbe às partes pro- rios ao advogado do vencedor. salários mínimos;
ver as despesas dos atos que § 1o São devidos honorários V – mínimo de um e máximo
realizarem ou requererem no advocatícios na reconvenção, de três por cento sobre o valor
processo, antecipando-lhes o no cumprimento de sentença, da condenação ou do provei-
pagamento, desde o início até a provisório ou definitivo, na exe- to econômico obtido acima
sentença final ou, na execução, cução, resistida ou não, e nos de 100.000 (cem mil) salários
até a plena satisfação do direito recursos interpostos, cumula- mínimos.
reconhecido no título. tivamente. § 4o Em qualquer das hipóteses
§ 1o Incumbe ao autor adiantar § 2o Os honorários serão fixa- do § 3o:
as despesas relativas a ato cuja dos entre o mínimo de dez e o I – os percentuais previstos nos
realização o juiz determinar de máximo de vinte por cento so- incisos I a V devem ser aplicados
ofício ou a requerimento do bre o valor da condenação, do desde logo, quando for líquida
Ministério Público, quando sua proveito econômico obtido ou, a sentença;
intervenção ocorrer como fiscal
não sendo possível mensurá-lo, II – não sendo líquida a senten-
da ordem jurídica.
sobre o valor atualizado da cau- ça, a definição do percentual,
§ 2o A sentença condenará o sa, atendidos: nos termos previstos nos incisos
vencido a pagar ao vencedor as I a V, somente ocorrerá quando
I – o grau de zelo do profissio-
despesas que antecipou. liquidado o julgado;
nal;
Art. 83. O autor, brasileiro II – o lugar de prestação do III – não havendo condenação
ou estrangeiro, que residir fora serviço; principal ou não sendo possível
do Brasil ou deixar de residir no mensurar o proveito econômico
III – a natureza e a importância
país ao longo da tramitação de obtido, a condenação em ho-
processo prestará caução sufi- da causa;
norários dar-se-á sobre o valor
ciente ao pagamento das custas IV – o trabalho realizado pelo atualizado da causa;
e dos honorários de advogado advogado e o tempo exigido IV – será considerado o salário
da parte contrária nas ações para o seu serviço. mínimo vigente quando prola-
que propuser, se não tiver no § 3o Nas causas em que a Fazen- tada sentença líquida ou o que
Brasil bens imóveis que lhes as- da Pública for parte, a fixação estiver em vigor na data da de-
segurem o pagamento. dos honorários observará os cisão de liquidação.
§ 1o Não se exigirá a caução de critérios estabelecidos nos in- § 5o Quando, conforme o caso,
que trata o caput: cisos I a IV do § 2o e os seguintes a condenação contra a Fazenda
I – quando houver dispensa percentuais: Pública ou o benefício econô-
prevista em acordo ou tratado I – mínimo de dez e máximo de mico obtido pelo vencedor ou
internacional de que o Brasil vinte por cento sobre o valor o valor da causa for superior
faz parte; da condenação ou do proveito ao valor previsto no inciso I do

312
§ 3o, a fixação do percentual improcedentes e em fase de § 2o Se a distribuição de que
de honorários deve observar cumprimento de sentença serão trata o § 1o não for feita, os
a faixa inicial e, naquilo que a acrescidas no valor do débito vencidos responderão solida-
exceder, a faixa subsequente, e principal, para todos os efeitos riamente pelas despesas e pelos
assim sucessivamente. legais. honorários.
§ 6o Os limites e critérios pre- § 14. Os honorários constituem Art. 88. Nos procedimen-
vistos nos §§ 2o e 3o aplicam-se direito do advogado e têm natu- tos de jurisdição voluntária, as
independentemente de qual seja reza alimentar, com os mesmos despesas serão adiantadas pelo
o conteúdo da decisão, inclusive privilégios dos créditos oriun- requerente e rateadas entre os
aos casos de improcedência ou dos da legislação do trabalho, interessados.
de sentença sem resolução de sendo vedada a compensação
mérito. em caso de sucumbência par- Art. 89. Nos juízos divisó-
§ 7o Não serão devidos honorá- cial. rios, não havendo litígio, os in-
rios no cumprimento de senten- § 15. O advogado pode reque- teressados pagarão as despesas
ça contra a Fazenda Pública que rer que o pagamento dos hono- proporcionalmente a seus qui-
enseje expedição de precatório, rários que lhe caibam seja efe- nhões.
desde que não tenha sido im- tuado em favor da sociedade de Art. 90. Proferida senten-
pugnada. advogados que integra na qua- ça com fundamento em de-
§ 8o Nas causas em que for ines- lidade de sócio, aplicando-se sistência, em renúncia ou em
timável ou irrisório o proveito à hipótese o disposto no § 14. reconhecimento do pedido, as
econômico ou, ainda, quando o § 16. Quando os honorários fo- despesas e os honorários serão
valor da causa for muito baixo, rem fixados em quantia certa, pagos pela parte que desistiu,
o juiz fixará o valor dos honorá- os juros moratórios incidirão renunciou ou reconheceu.
rios por apreciação equitativa, a partir da data do trânsito em § 1o Sendo parcial a desistência,
observando o disposto nos in- julgado da decisão. a renúncia ou o reconhecimen-
cisos do § 2o. to, a responsabilidade pelas
§ 17. Os honorários serão devi-
§ 9o Na ação de indenização dos quando o advogado atuar despesas e pelos honorários
por ato ilícito contra pessoa, o em causa própria. será proporcional à parcela re-
percentual de honorários incidi- conhecida, à qual se renunciou
rá sobre a soma das prestações § 18. Caso a decisão transitada
em julgado seja omissa quan- ou da qual se desistiu.
vencidas acrescida de 12 (doze) § 2o Havendo transação e nada
prestações vincendas. to ao direito aos honorários
ou ao seu valor, é cabível ação tendo as partes disposto quan-
§ 10. Nos casos de perda do autônoma para sua definição to às despesas, estas serão divi-
objeto, os honorários serão e cobrança. didas igualmente.
devidos por quem deu causa
§ 19. Os advogados públicos § 3o Se a transação ocorrer an-
ao processo.
perceberão honorários de su- tes da sentença, as partes ficam
§ 11. O tribunal, ao julgar re- cumbência, nos termos da lei. dispensadas do pagamento das
curso, majorará os honorários custas processuais remanescen-
fixados anteriormente levando Art. 86. Se cada litigante for, tes, se houver.
em conta o trabalho adicional em parte, vencedor e vencido,
serão proporcionalmente dis- § 4o Se o réu reconhecer a pro-
realizado em grau recursal, ob-
servando, conforme o caso, o tribuídas entre eles as despesas. cedência do pedido e, simulta-
disposto nos §§ 2o a 6o, sendo neamente, cumprir integralmen-
vedado ao tribunal, no cômpu- Parágrafo único. Se um litigante te a prestação reconhecida, os
to geral da fixação de honorá- sucumbir em parte mínima do honorários serão reduzidos pela
rios devidos ao advogado do pedido, o outro responderá, metade.
vencedor, ultrapassar os res- por inteiro, pelas despesas e
pelos honorários. Art. 91. As despesas dos
pectivos limites estabelecidos atos processuais praticados a
nos §§ 2o e 3o para a fase de Art. 87. Concorrendo diver- requerimento da Fazenda Públi-
conhecimento. sos autores ou diversos réus, os ca, do Ministério Público ou da
§ 12. Os honorários referidos vencidos respondem proporcio- Defensoria Pública serão pagas
no § 11 são cumuláveis com nalmente pelas despesas e pelos ao final pelo vencido.
multas e outras sanções pro- honorários. § 1o As perícias requeridas pela
cessuais, inclusive as previstas § 1o A sentença deverá distribuir Fazenda Pública, pelo Ministé-
no art. 77. entre os litisconsortes, de for- rio Público ou pela Defensoria
§ 13. As verbas de sucumbên- ma expressa, a responsabilidade Pública poderão ser realizadas
cia arbitradas em embargos à proporcional pelo pagamento por entidade pública ou, ha-
execução rejeitados ou julgados das verbas previstas no caput. vendo previsão orçamentária,

313
ter os valores adiantados por I – custeada com recursos alo- direito à gratuidade da justiça,
aquele que requerer a prova. cados no orçamento do ente na forma da lei.
§ 2o Não havendo previsão or- público e realizada por servidor § 1o A gratuidade da justiça
çamentária no exercício finan- do Poder Judiciário ou por ór- compreende:
ceiro para adiantamento dos gão público conveniado;
I – as taxas ou as custas judi-
honorários periciais, eles serão II – paga com recursos alocados ciais;
pagos no exercício seguinte ou no orçamento da União, do Es- II – os selos postais;
ao final, pelo vencido, caso o tado ou do Distrito Federal, no
processo se encerre antes do caso de ser realizada por parti- III – as despesas com publica-
adiantamento a ser feito pelo cular, hipótese em que o valor ção na imprensa of icial, dis-
ente público. será fixado conforme tabela do pensando-se a publicação em
tribunal respectivo ou, em caso outros meios;
Art. 92. Quando, a reque- IV – a indenização devida à tes-
de sua omissão, do Conselho
rimento do réu, o juiz proferir temunha que, quando empre-
Nacional de Justiça.
sentença sem resolver o mérito, gada, receberá do empregador
o autor não poderá propor no- § 4o Na hipótese do § 3o, o juiz,
salário integral, como se em
vamente a ação sem pagar ou após o trânsito em julgado da
serviço estivesse;
depositar em cartório as des- decisão final, oficiará a Fazenda
Pública para que promova, con- V – as despesas com a realiza-
pesas e os honorários a que foi
tra quem tiver sido condenado ção de exame de código genéti-
condenado.
ao pagamento das despesas pro- co – DNA – e de outros exames
Art. 93. As despesas de atos cessuais, a execução dos valores considerados essenciais;
adiados ou cuja repetição for gastos com a perícia particular VI – os honorários do advogado
necessária ficarão a cargo da ou com a utilização de servidor e do perito e a remuneração do
parte, do auxiliar da justiça, do público ou da estrutura de órgão intérprete ou do tradutor no-
órgão do Ministério Público ou público, observando-se, caso o meado para apresentação de
da Defensoria Pública ou do juiz responsável pelo pagamento versão em português de docu-
que, sem justo motivo, houver das despesas seja beneficiário mento redigido em língua es-
dado causa ao adiamento ou à de gratuidade da justiça, o dis- trangeira;
repetição. posto no art. 98, § 2o. VII – o custo com a elaboração
Art. 94. Se o assistido for § 5o Para fins de aplicação do de memória de cálculo, quan-
vencido, o assistente será con- § 3o, é vedada a utilização de do exigida para instauração da
denado ao pagamento das recursos do fundo de custeio execução;
custas em proporção à ativi- da Defensoria Pública. VIII – os depósitos previstos em
dade que houver exercido no lei para interposição de recur-
Art. 96. O valor das sanções
processo. so, para propositura de ação e
impostas ao litigante de má-fé para a prática de outros atos
Art. 95. Cada parte adianta- reverterá em benefício da parte processuais inerentes ao exer-
rá a remuneração do assistente contrária, e o valor das sanções cício da ampla defesa e do con-
técnico que houver indicado, impostas aos serventuários per- traditório;
sendo a do perito adiantada pela tencerá ao Estado ou à União.
parte que houver requerido a pe- IX – os emolumentos devidos
Art. 97. A União e os Esta- a notários ou registradores em
rícia ou rateada quando a perí-
dos podem criar fundos de mo- decorrência da prática de re-
cia for determinada de ofício ou
dernização do Poder Judiciário, gistro, averbação ou qualquer
requerida por ambas as partes.
aos quais serão revertidos os va- outro ato notarial necessário
§ 1o O juiz poderá determinar lores das sanções pecuniárias à efetivação de decisão judicial
que a parte responsável pelo processuais destinadas à União ou à continuidade de processo
pagamento dos honorários do e aos Estados, e outras verbas judicial no qual o benefício te-
perito deposite em juízo o valor previstas em lei. nha sido concedido.
correspondente. § 2o A concessão de gratuidade
§ 2o A quantia recolhida em não afasta a responsabilidade
depósito bancário à ordem do
Seção IV – Da Gratuidade
do beneficiário pelas despesas
juízo será corrigida monetaria- da Justiça processuais e pelos honorários
mente e paga de acordo com o Art. 98. A pessoa natural advocatícios decorrentes de sua
art. 465, § 4o. ou jurídica, brasileira ou es- sucumbência.
§ 3o Quando o pagamento da trangeira, com insuficiência de § 3o Vencido o beneficiário, as
perícia for de responsabilidade recursos para pagar as custas, obrigações decorrentes de sua
de beneficiário de gratuidade da as despesas processuais e os sucumbência ficarão sob condi-
justiça, ela poderá ser: honorários advocatícios tem ção suspensiva de exigibilidade

314
e somente poderão ser executa- § 1o Se superveniente à primei- Parágrafo único. Revogado o be-
das se, nos 5 (cinco) anos subse- ra manifestação da parte na nefício, a parte arcará com as
quentes ao trânsito em julgado instância, o pedido poderá ser despesas processuais que tiver
da decisão que as certificou, o formulado por petição simples, deixado de adiantar e pagará,
credor demonstrar que deixou nos autos do próprio processo, em caso de má-fé, até o décuplo
de existir a situação de insufici- e não suspenderá seu curso. de seu valor a título de multa,
ência de recursos que justificou a § 2o O juiz somente poderá in- que será revertida em benefício
concessão de gratuidade, extin- deferir o pedido se houver nos da Fazenda Pública estadual ou
guindo-se, passado esse prazo, autos elementos que evidenciem federal e poderá ser inscrita em
tais obrigações do beneficiário. a falta dos pressupostos legais dívida ativa.
§ 4o A concessão de gratuidade para a concessão de gratuida- Art. 101. Contra a decisão
não afasta o dever de o benefi- de, devendo, antes de indeferir que indeferir a gratuidade ou a
ciário pagar, ao final, as mul- o pedido, determinar à parte a que acolher pedido de sua revo-
tas processuais que lhe sejam comprovação do preenchimen- gação caberá agravo de instru-
impostas. to dos referidos pressupostos. mento, exceto quando a questão
§ 5o A gratuidade poderá ser § 3o Presume-se verdadeira a for resolvida na sentença, contra
concedida em relação a algum alegação de insuficiência dedu- a qual caberá apelação.
ou a todos os atos processuais, zida exclusivamente por pessoa § 1o O recorrente estará dispen-
ou consistir na redução percen- natural. sado do recolhimento de custas
tual de despesas processuais que § 4o A assistência do requeren- até decisão do relator sobre a
o beneficiário tiver de adiantar te por advogado particular não questão, preliminarmente ao
no curso do procedimento. impede a concessão de gratui- julgamento do recurso.
§ 6 o Conforme o caso, o juiz dade da justiça. § 2o Confirmada a denegação
poderá conceder direito ao § 5o Na hipótese do § 4o, o re- ou a revogação da gratuidade,
parcelamento de despesas curso que verse exclusivamente o relator ou o órgão colegiado
processuais que o beneficiário sobre valor de honorários de su- determinará ao recorrente o
tiver de adiantar no curso do cumbência fixados em favor do recolhimento das custas pro-
procedimento. advogado de beneficiário esta- cessuais, no prazo de 5 (cinco)
§ 7o Aplica-se o disposto no rá sujeito a preparo, salvo se o dias, sob pena de não conheci-
art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio próprio advogado demonstrar mento do recurso.
dos emolumentos previstos que tem direito à gratuidade.
Ar t. 102. Sobrevindo o
no § 1o, inciso IX, do presente § 6o O direito à gratuidade da trânsito em julgado de decisão
artigo, observada a tabela e as justiça é pessoal, não se es- que revoga a gratuidade, a par-
condições da lei estadual ou tendendo a litisconsorte ou a te deverá efetuar o recolhimen-
distrital respectiva. sucessor do beneficiário, salvo to de todas as despesas de cujo
§ 8o Na hipótese do § 1o, inci- requerimento e deferimento adiantamento foi dispensada,
so IX, havendo dúvida funda- expressos. inclusive as relativas ao recurso
da quanto ao preenchimento § 7o Requerida a concessão de interposto, se houver, no prazo
atual dos pressupostos para gratuidade da justiça em recur- fixado pelo juiz, sem prejuízo
a concessão de gratuidade, o so, o recorrente estará dispen- de aplicação das sanções pre-
notário ou registrador, após sado de comprovar o recolhi- vistas em lei.
praticar o ato, pode requerer, mento do preparo, incumbindo
ao juízo competente para de- ao relator, neste caso, apreciar Parágrafo único. Não efetuado o
cidir questões notariais ou re- o requerimento e, se indeferi-lo, recolhimento, o processo será
gistrais, a revogação total ou fixar prazo para realização do extinto sem resolução de mé-
parcial do benefício ou a sua recolhimento. rito, tratando-se do autor, e,
substituição pelo parcelamento nos demais casos, não poderá
de que trata o § 6o deste artigo, Art. 100. Deferido o pedi- ser deferida a realização de ne-
caso em que o beneficiário será do, a parte contrária poderá nhum ato ou diligência reque-
citado para, em 15 (quinze) oferecer impugnação na con- rida pela parte enquanto não
dias, manifestar-se sobre esse testação, na réplica, nas con- efetuado o depósito.
requerimento. trarrazões de recurso ou, nos
casos de pedido supervenien- Capítulo III – Dos
Art. 99. O pedido de gra- te ou formulado por terceiro, Procuradores
tuidade da justiça pode ser for- por meio de petição simples,
mulado na petição inicial, na a ser apresentada no prazo de Art. 103. A parte será repre-
contestação, na petição para 15 (quinze) dias, nos autos do sentada em juízo por advogado
ingresso de terceiro no processo próprio processo, sem suspen- regularmente inscrito na Ordem
ou em recurso. são de seu curso. dos Advogados do Brasil.

315
Parágrafo único. É lícito à par- todas as fases do processo, in- conjunto ou mediante prévio
te postular em causa própria clusive para o cumprimento de ajuste, por petição nos autos.
quando tiver habilitação legal. sentença. § 3o Na hipótese do § 2o, é lícito
Art. 104. O advogado não Art. 106. Quando postular ao procurador retirar os autos
será admitido a postular em em causa própria, incumbe ao para obtenção de cópias, pelo
juízo sem procuração, salvo advogado: prazo de 2 (duas) a 6 (seis)
para evitar preclusão, decadên- horas, independentemente de
I – declarar, na petição inicial ajuste e sem prejuízo da conti-
cia ou prescrição, ou para pra- ou na contestação, o endereço,
ticar ato considerado urgente. nuidade do prazo.
seu número de inscrição na Or-
§ 1o Nas hipóteses previstas no dem dos Advogados do Brasil e § 4o O procurador perderá no
o nome da sociedade de advo- mesmo processo o direito a que
caput, o advogado deverá, in-
gados da qual participa, para se refere o § 3o se não devolver
dependentemente de caução,
o recebimento de intimações; os autos tempestivamente, sal-
exibir a procuração no prazo
vo se o prazo for prorrogado
de 15 (quinze) dias, prorrogável II – comunicar ao juízo qualquer pelo juiz.
por igual período por despacho mudança de endereço.
do juiz. § 1o Se o advogado descumprir Capítulo IV – Da
§ 2o O ato não ratificado será o disposto no inciso I, o juiz or- Sucessão das Partes e dos
considerado ineficaz relativa- denará que se supra a omissão, Procuradores
mente àquele em cujo nome no prazo de 5 (cinco) dias, an-
foi praticado, respondendo o tes de determinar a citação do Art. 108. No curso do pro-
advogado pelas despesas e por réu, sob pena de indeferimento cesso, somente é lícita a suces-
perdas e danos. da petição. são voluntária das partes nos
§ 2o Se o advogado infringir o casos expressos em lei.
Art. 105. A procuração geral
para o foro, outorgada por ins- previsto no inciso II, serão con- Art. 109. A alienação da coi-
trumento público ou particular sideradas válidas as intimações sa ou do direito litigioso por ato
assinado pela parte, habilita o enviadas por carta registrada entre vivos, a título particular,
advogado a praticar todos os ou meio eletrônico ao endereço não altera a legitimidade das
atos do processo, exceto rece- constante dos autos. partes.
ber citação, confessar, reconhe- Art. 107. O advogado tem § 1o O adquirente ou cessio-
cer a procedência do pedido, direito a: nário não poderá ingressar em
transigir, desistir, renunciar ao I – examinar, em cartório de juízo, sucedendo o alienante ou
direito sobre o qual se funda fórum e secretaria de tribu- cedente, sem que o consinta a
a ação, receber, dar quitação, nal, mesmo sem procuração, parte contrária.
firmar compromisso e assinar autos de qualquer processo, § 2o O adquirente ou cessioná-
declaração de hipossuficiência independentemente da fase rio poderá intervir no processo
econômica, que devem constar de tramitação, assegurados a como assistente litisconsorcial
de cláusula específica. obtenção de cópias e o registro do alienante ou cedente.
§ 1o A procuração pode ser as- de anotações, salvo na hipótese § 3o Estendem-se os efeitos da
sinada digitalmente, na forma de segredo de justiça, nas quais sentença proferida entre as par-
da lei. apenas o advogado constituído tes originárias ao adquirente ou
§ 2o A procuração deverá con- terá acesso aos autos; cessionário.
ter o nome do advogado, seu II – requerer, como procurador,
número de inscrição na Ordem vista dos autos de qualquer pro- Art. 110. Ocorrendo a mor-
dos Advogados do Brasil e en- cesso, pelo prazo de 5 (cinco) te de qualquer das partes, dar-
dereço completo. dias; -se-á a sucessão pelo seu espó-
lio ou pelos seus sucessores, ob-
§ 3o Se o outorgado integrar so- III – retirar os autos do cartório servado o disposto no art. 313,
ciedade de advogados, a procu- ou da secretaria, pelo prazo le- §§ 1o e 2o.
ração também deverá conter o gal, sempre que neles lhe couber
nome dessa, seu número de re- falar por determinação do juiz, Art. 111. A parte que revo-
gistro na Ordem dos Advogados nos casos previstos em lei. gar o mandato outorgado a
do Brasil e endereço completo. § 1o Ao receber os autos, o ad- seu advogado constituirá, no
vogado assinará carga em livro mesmo ato, outro que assuma
§ 4o Salvo disposição expressa
ou documento próprio. o patrocínio da causa.
em sentido contrário constan-
te do próprio instrumento, a § 2o Sendo o prazo comum às Parágrafo único. Não sendo
procuração outorgada na fase partes, os procuradores pode- constituído novo procurador
de conhecimento é eficaz para rão retirar os autos somente em no prazo de 15 (quinze) dias,

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observar-se-á o disposto no da relação jurídica controverti- seja favorável a uma delas po-
art. 76. da, a eficácia da sentença de- derá intervir no processo para
pender da citação de todos que assisti-la.
Art. 112. O advogado po- devam ser litisconsortes.
derá renunciar ao mandato a Parágrafo único. A assistência será
qualquer tempo, provando, na Art. 115. A sentença de mé- admitida em qualquer procedi-
forma prevista neste Código, rito, quando proferida sem a in- mento e em todos os graus de
que comunicou a renúncia ao tegração do contraditório, será: jurisdição, recebendo o assis-
mandante, a f im de que este I – nula, se a decisão deveria ser tente o processo no estado em
nomeie sucessor. uniforme em relação a todos que se encontre.
§ 1o Durante os 10 (dez) dias que deveriam ter integrado o Art. 120. Não havendo im-
seguintes, o advogado continu- processo; pugnação no prazo de 15 (quin-
ará a representar o mandante, II – ineficaz, nos outros casos, ze) dias, o pedido do assistente
desde que necessário para lhe apenas para os que não foram será deferido, salvo se for caso
evitar prejuízo. citados. de rejeição liminar.
§ 2o Dispensa-se a comunicação
Parágrafo único. Nos casos de li- Parágrafo único. Se qualquer parte
referida no caput quando a pro-
tisconsórcio passivo necessário, alegar que falta ao requerente
curação tiver sido outorgada a
o juiz determinará ao autor que interesse jurídico para intervir,
vários advogados e a parte con-
requeira a citação de todos que o juiz decidirá o incidente, sem
tinuar representada por outro,
devam ser litisconsortes, dentro suspensão do processo.
apesar da renúncia.
do prazo que assinar, sob pena
de extinção do processo.
Seção II – Da Assistência
Art. 116. O litisconsórcio Simples
Título II – Do será unitário quando, pela na-
Litisconsórcio tureza da relação jurídica, o Art. 121. O assistente sim-
juiz tiver de decidir o mérito de ples atuará como auxiliar da
Art. 113. Duas ou mais pes- modo uniforme para todos os parte principal, exercerá os
soas podem litigar, no mesmo litisconsortes. mesmos poderes e sujeitar-se-á
processo, em conjunto, ativa ou aos mesmos ônus processuais
Art. 117. Os litisconsortes que o assistido.
passivamente, quando:
serão considerados, em suas
I – entre elas houver comunhão relações com a parte adversa, Parágrafo único. Sendo revel ou,
de direitos ou de obrigações re- como litigantes distintos, exceto de qualquer outro modo, omis-
lativamente à lide; no litisconsórcio unitário, caso so o assistido, o assistente será
II – entre as causas houver cone- em que os atos e as omissões de considerado seu substituto pro-
xão pelo pedido ou pela causa um não prejudicarão os outros, cessual.
de pedir; mas os poderão beneficiar. Art. 122. A assistência sim-
III – ocorrer afinidade de ques- Art. 118. Cada litisconsor- ples não obsta a que a parte
tões por ponto comum de fato te tem o direito de promover principal reconheça a procedên-
ou de direito. o andamento do processo, e cia do pedido, desista da ação,
§ 1o O juiz poderá limitar o litis- todos devem ser intimados dos renuncie ao direito sobre o que
consórcio facultativo quanto ao respectivos atos. se funda a ação ou transija so-
número de litigantes na fase de bre direitos controvertidos.
conhecimento, na liquidação de Art. 123. Transitada em jul-
sentença ou na execução, quan- gado a sentença no processo
do este comprometer a rápida Título III – Da
Intervenção de Terceiros em que interveio o assistente,
solução do litígio ou dificultar este não poderá, em processo
a defesa ou o cumprimento da posterior, discutir a justiça da
sentença. Capítulo I – Da Assistência decisão, salvo se alegar e pro-
§ 2o O requerimento de limita- var que:
ção interrompe o prazo para I – pelo estado em que recebeu
manifestação ou resposta, que Seção I – Disposições o processo ou pelas declarações
recomeçará da intimação da Comuns e pelos atos do assistido, foi im-
decisão que o solucionar. pedido de produzir provas sus-
Art. 119. Pendendo causa
Art. 114. O litisconsórcio entre 2 (duas) ou mais pesso- cetíveis de influir na sentença;
será necessário por disposição as, o terceiro juridicamente II – desconhecia a existência
de lei ou quando, pela natureza interessado em que a sentença de alegações ou de provas das

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quais o assistido, por dolo ou acrescentar novos argumentos de um ou de alguns o pagamen-
culpa, não se valeu. à petição inicial, procedendo- to da dívida comum.
-se em seguida à citação do réu.
Art. 131. A citação daqueles
Seção III – Da Assistência Art. 128. Feita a denuncia- que devam figurar em litiscon-
Litisconsorcial ção pelo réu: sórcio passivo será requerida
I – se o denunciado contestar o pelo réu na contestação e deve
Art. 124. Considera-se li- ser promovida no prazo de 30
pedido formulado pelo autor, o
tisconsorte da parte principal (trinta) dias, sob pena de ficar
processo prosseguirá tendo, na
o assistente sempre que a sen- sem efeito o chamamento.
ação principal, em litisconsór-
tença influir na relação jurídi-
cio, denunciante e denunciado; Parágrafo único. Se o chamado re-
ca entre ele e o adversário do
assistido. II – se o denunciado for revel, sidir em outra comarca, seção
o denunciante pode deixar de ou subseção judiciárias, ou em
Capítulo II – Da prosseguir com sua defesa, lugar incerto, o prazo será de 2
Denunciação da Lide eventualmente oferecida, e abs- (dois) meses.
ter-se de recorrer, restringindo
Art. 125. É admissível a de- sua atuação à ação regressiva; Art. 132. A sentença de
nunciação da lide, promovida procedência valerá como título
III – se o denunciado confessar executivo em favor do réu que
por qualquer das partes: os fatos alegados pelo autor na satisfizer a dívida, a fim de que
I – ao alienante imediato, no ação principal, o denunciante possa exigi-la, por inteiro, do
processo relativo à coisa cujo poderá prosseguir com sua de-
devedor principal, ou, de cada
domínio foi transferido ao de- fesa ou, aderindo a tal reconhe-
um dos codevedores, a sua quo-
nunciante, a fim de que possa cimento, pedir apenas a proce-
ta, na proporção que lhes tocar.
exercer os direitos que da evic- dência da ação de regresso.
ção lhe resultam; Capítulo IV – Do Incidente
Parágrafo único. Procedente o pe-
II – àquele que estiver obriga- dido da ação principal, pode o de Desconsideração da
do, por lei ou pelo contrato, a autor, se for o caso, requerer o Personalidade Jurídica
indenizar, em ação regressiva, cumprimento da sentença tam-
o prejuízo de quem for vencido bém contra o denunciado, nos Art. 133. O incidente de
no processo. limites da condenação deste na desconsideração da personali-
§ 1o O direito regressivo será ação regressiva. dade jurídica será instaurado a
exercido por ação autônoma pedido da parte ou do Ministé-
Art. 129. Se o denunciante rio Público, quando lhe couber
quando a denunciação da lide for vencido na ação principal,
for indeferida, deixar de ser pro- intervir no processo.
o juiz passará ao julgamento da
movida ou não for permitida. § 1o O pedido de desconsidera-
denunciação da lide.
§ 2o Admite-se uma única de- ção da personalidade jurídica
nunciação sucessiva, promovi- Parágrafo único. Se o denunciante observará os pressupostos pre-
da pelo denunciado, contra seu for vencedor, a ação de denun- vistos em lei.
antecessor imediato na cadeia ciação não terá o seu pedido § 2o Aplica-se o disposto neste
dominial ou quem seja respon- examinado, sem prejuízo da Capítulo à hipótese de descon-
sável por indenizá-lo, não po- condenação do denunciante sideração inversa da personali-
dendo o denunciado sucessivo ao pagamento das verbas de dade jurídica.
promover nova denunciação, sucumbência em favor do de-
nunciado. Art. 134. O incidente de
hipótese em que eventual direi-
desconsideração é cabível em
to de regresso será exercido por
ação autônoma.
Capítulo III – Do todas as fases do processo de
Chamamento ao Processo conhecimento, no cumprimen-
Art. 126. A citação do de- to de sentença e na execução
nunciado será requerida na pe- Art. 130. É admissível o cha- fundada em título executivo
tição inicial, se o denunciante mamento ao processo, requeri- extrajudicial.
for autor, ou na contestação, do pelo réu:
§ 1o A instauração do incidente
se o denunciante for réu, deven- I – do afiançado, na ação em será imediatamente comunica-
do ser realizada na forma e nos que o fiador for réu; da ao distribuidor para as ano-
prazos previstos no art. 131. II – dos demais f iadores, na tações devidas.
Art. 127. Feita a denuncia- ação proposta contra um ou § 2o Dispensa-se a instauração
ção pelo autor, o denunciado alguns deles; do incidente se a desconsidera-
poderá assumir a posição de III – dos demais devedores soli- ção da personalidade jurídica
litisconsorte do denunciante e dários, quando o credor exigir for requerida na petição inicial,

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hipótese em que será citado o admitir a intervenção, definir os hipótese em que não incidirá a
sócio ou a pessoa jurídica. poderes do amicus curiae. pena de confesso;
§ 3o A instauração do incidente § 3 o O amicus curiae pode re- IX – determinar o suprimento
suspenderá o processo, salvo na correr da decisão que julgar o de pressupostos processuais e
hipótese do § 2o. incidente de resolução de de- o saneamento de outros vícios
§ 4 o O requerimento deve de- mandas repetitivas. processuais;
monstrar o preenchimento dos X – quando se deparar com
pressupostos legais específicos diversas demandas individuais
para desconsideração da per- repetitivas, oficiar o Ministério
sonalidade jurídica. Título IV – Do Juiz e Público, a Defensoria Pública e,
dos Auxiliares da Justiça na medida do possível, outros
Art. 135. Instaurado o in-
legitimados a que se referem o
cidente, o sócio ou a pessoa
Capítulo I – Dos art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de
jurídica será citado para mani-
Poderes, dos Deveres e da julho de 1985, e o art. 82 da Lei
festar-se e requerer as provas
no 8.078, de 11 de setembro de
cabíveis no prazo de 15 (quinze) Responsabilidade do Juiz 1990, para, se for o caso, pro-
dias.
Art. 139. O juiz dirigirá o mover a propositura da ação
Art. 136. Concluída a instru- processo conforme as disposi- coletiva respectiva.
ção, se necessária, o incidente ções deste Código, incumbin- Parágrafo único. A dilação de pra-
será resolvido por decisão in- do-lhe:
terlocutória. zos prevista no inciso VI somen-
I – assegurar às partes igualda- te pode ser determinada antes
Parágrafo único. Se a decisão for de de tratamento; de encerrado o prazo regular.
proferida pelo relator, cabe II – velar pela duração razoável
agravo interno. Art. 140. O juiz não se exi-
do processo; me de decidir sob a alegação
Art. 137. Acolhido o pedido III – prevenir ou reprimir qual- de lacuna ou obscuridade do
de desconsideração, a alienação quer ato contrário à dignidade ordenamento jurídico.
ou a oneração de bens, havida da justiça e indeferir postula-
em fraude de execução, será ções meramente protelatórias; Parágrafo único. O juiz só decidirá
ineficaz em relação ao reque- por equidade nos casos previs-
IV – determinar todas as me- tos em lei.
rente. didas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogató- Art. 141. O juiz decidirá o
Capítulo V – Do Amicus rias necessárias para assegurar mérito nos limites propostos
Curiae o cumprimento de ordem ju- pelas partes, sendo-lhe veda-
dicial, inclusive nas ações que do conhecer de questões não
Art. 138. O juiz ou o rela- suscitadas a cujo respeito a lei
tor, considerando a relevância tenham por objeto prestação
pecuniária; exige iniciativa da parte.
da matéria, a especif icidade
do tema objeto da demanda V – promover, a qualquer tem- Art. 142. Convencendo-se,
ou a repercussão social da po, a autocomposição, prefe- pelas circunstâncias, de que au-
controvérsia, poderá, por de- rencialmente com auxílio de tor e réu se serviram do proces-
cisão irrecorrível, de ofício ou conciliadores e mediadores so para praticar ato simulado
a requerimento das partes ou judiciais; ou conseguir fim vedado por
de quem pretenda manifestar- VI – dilatar os prazos proces- lei, o juiz proferirá decisão que
-se, solicitar ou admitir a par- suais e alterar a ordem de pro- impeça os objetivos das partes,
ticipação de pessoa natural ou dução dos meios de prova, aplicando, de ofício, as pena-
jurídica, órgão ou entidade es- adequando-os às necessidades lidades da litigância de má-fé.
pecializada, com representativi- do conflito de modo a conferir
dade adequada, no prazo de 15 Art. 143. O juiz responderá,
maior efetividade à tutela do civil e regressivamente, por per-
(quinze) dias de sua intimação. direito; das e danos quando:
§ 1o A intervenção de que trata VII – exercer o poder de polícia,
o caput não implica alteração I – no exercício de suas funções,
requisitando, quando necessá- proceder com dolo ou fraude;
de competência nem autori- rio, força policial, além da se-
za a interposição de recursos, gurança interna dos fóruns e II – recusar, omitir ou retardar,
ressalvadas a oposição de em- tribunais; sem justo motivo, providência
bargos de declaração e a hipó- que deva ordenar de ofício ou
VIII – determinar, a qualquer a requerimento da parte.
tese do § 3o.
tempo, o comparecimento
§ 2o Caberá ao juiz ou ao rela- pessoal das partes, para inqui- Parágrafo único. As hipóteses pre-
tor, na decisão que solicitar ou ri-las sobre os fatos da causa, vistas no inciso II somente serão

319
verificadas depois que a parte § 1o Na hipótese do inciso III, conhecimento do fato, a par-
requerer ao juiz que determine o impedimento só se verifica te alegará o impedimento ou a
a providência e o requerimento quando o defensor público, suspeição, em petição específi-
não for apreciado no prazo de o advogado ou o membro do ca dirigida ao juiz do processo,
10 (dez) dias. Ministério Público já integrava na qual indicará o fundamento
o processo antes do início da da recusa, podendo instruí-la
Capítulo II – Dos atividade judicante do juiz. com documentos em que se
Impedimentos e da Suspeição § 2o É vedada a criação de fato fundar a alegação e com rol de
superveniente a fim de caracte- testemunhas.
Art. 144. Há impedimento
rizar impedimento do juiz. § 1o Se reconhecer o impedi-
do juiz, sendo-lhe vedado exer-
§ 3o O impedimento previsto mento ou a suspeição ao rece-
cer suas funções no processo:
no inciso III também se verifica ber a petição, o juiz ordenará
I – em que inter veio como imediatamente a remessa dos
mandatário da parte, oficiou no caso de mandato conferi-
do a membro de escritório de autos a seu substituto legal,
como perito, funcionou como caso contrário, determinará a
membro do Ministério Público advocacia que tenha em seus
autuação em apartado da pe-
ou prestou depoimento como quadros advogado que indivi-
tição e, no prazo de 15 (quinze)
testemunha; dualmente ostente a condição
dias, apresentará suas razões,
nele prevista, mesmo que não
II – de que conheceu em outro acompanhadas de documen-
intervenha diretamente no pro-
grau de jurisdição, tendo pro- tos e de rol de testemunhas, se
cesso.
ferido decisão; houver, ordenando a remessa
III – quando nele estiver postu- Art. 145. Há suspeição do do incidente ao tribunal.
lando, como defensor público, juiz: § 2o Distribuído o incidente, o
advogado ou membro do Mi- I – amigo íntimo ou inimigo de relator deverá declarar os seus
nistério Público, seu cônjuge qualquer das partes ou de seus efeitos, sendo que, se o inciden-
ou companheiro, ou qualquer advogados; te for recebido:
parente, consanguíneo ou afim, II – que receber presentes de I – sem efeito suspensivo, o pro-
em linha reta ou colateral, até o pessoas que tiverem interesse cesso voltará a correr;
terceiro grau, inclusive; na causa antes ou depois de II – com efeito suspensivo, o
IV – quando for parte no pro- iniciado o processo, que acon- processo permanecerá suspen-
cesso ele próprio, seu cônjuge selhar alguma das partes acerca so até o julgamento do inci-
ou companheiro, ou parente, do objeto da causa ou que sub- dente.
consanguíneo ou afim, em linha ministrar meios para atender às § 3o Enquanto não for declara-
reta ou colateral, até o terceiro despesas do litígio; do o efeito em que é recebido
grau, inclusive; III – quando qualquer das par- o incidente ou quando este for
V – quando for sócio ou mem- tes for sua credora ou devedora, recebido com efeito suspensivo,
bro de direção ou de adminis- de seu cônjuge ou companhei- a tutela de urgência será reque-
tração de pessoa jurídica parte ro ou de parentes destes, em rida ao substituto legal.
no processo; linha reta até o terceiro grau, § 4o Verificando que a alegação
VI – quando for herdeiro pre- inclusive; de impedimento ou de suspei-
suntivo, donatário ou empre- IV – interessado no julgamento ção é improcedente, o tribunal
gador de qualquer das partes; do processo em favor de qual- rejeitá-la-á.
VII – em que figure como par- quer das partes. § 5o Acolhida a alegação, tra-
te instituição de ensino com a § 1o Poderá o juiz declarar-se tando-se de impedimento ou de
qual tenha relação de emprego suspeito por motivo de foro manifesta suspeição, o tribunal
ou decorrente de contrato de íntimo, sem necessidade de condenará o juiz nas custas e
prestação de serviços; declarar suas razões. remeterá os autos ao seu subs-
VIII – em que figure como parte § 2o Será ilegítima a alegação tituto legal, podendo o juiz re-
cliente do escritório de advoca- de suspeição quando: correr da decisão.
cia de seu cônjuge, companhei- I – houver sido provocada por § 6 o Reconhecido o impedi-
ro ou parente, consanguíneo ou quem a alega; mento ou a suspeição, o tribu-
afim, em linha reta ou colateral, nal fixará o momento a partir
até o terceiro grau, inclusive, II – a parte que a alega houver do qual o juiz não poderia ter
mesmo que patrocinado por praticado ato que signif ique atuado.
advogado de outro escritório; manifesta aceitação do arguido.
§ 7o O tribunal decretará a nu-
IX – quando promover ação Art. 146. No prazo de 15 lidade dos atos do juiz, se pra-
contra a parte ou seu advogado. (quinze) dias, a contar do ticados quando já presente o

320
motivo de impedimento ou de § 1o O juiz titular editará ato a
suspeição.
Seção I – Do Escrivão, do fim de regulamentar a atribui-
Chefe de Secretaria e do ção prevista no inciso VI.
Art. 147. Quando 2 (dois) Oficial de Justiça
ou mais juízes forem parentes, § 2o No impedimento do es-
consanguíneos ou afins, em li- Art. 150. Em cada juízo crivão ou chefe de secretaria,
nha reta ou colateral, até o ter- haverá um ou mais ofícios de o juiz convocará substituto e,
ceiro grau, inclusive, o primeiro não o havendo, nomeará pes-
justiça, cujas atribuições serão
soa idônea para o ato.
que conhecer do processo impe- determinadas pelas normas de
de que o outro nele atue, caso organização judiciária. Art. 153. O escrivão ou o
em que o segundo se escusará, chefe de secretaria atenderá,
remetendo os autos ao seu Art. 151. Em cada comar- preferencialmente, à ordem
substituto legal. ca, seção ou subseção judiciária cronológica de recebimento
haverá, no mínimo, tantos ofi- para publicação e efetivação
Art. 148. Aplicam-se os ciais de justiça quantos sejam dos pronunciamentos judiciais.
motivos de impedimento e de os juízos.
suspeição: § 1o A lista de processos rece-
Art. 152. Incumbe ao escri- bidos deverá ser disponibiliza-
I – ao membro do Ministério da, de forma permanente, para
Público; vão ou ao chefe de secretaria:
consulta pública.
II – aos auxiliares da justiça; I – redigir, na forma legal, os
ofícios, os mandados, as car- § 2o Estão excluídos da regra
III – aos demais sujeitos impar- tas precatórias e os demais atos do caput:
ciais do processo. que pertençam ao seu ofício; I – os atos urgentes, assim re-
§ 1o A parte interessada deverá conhecidos pelo juiz no pro-
II – efetivar as ordens judiciais,
arguir o impedimento ou a sus- nunciamento judicial a ser efe-
realizar citações e intimações, tivado;
peição, em petição fundamen-
bem como praticar todos os
tada e devidamente instruída, II – as preferências legais.
demais atos que lhe forem atri-
na primeira oportunidade em § 3o Após elaboração de lista
buídos pelas normas de organi-
que lhe couber falar nos autos. própria, respeitar-se-ão a or-
zação judiciária;
§ 2o O juiz mandará processar dem cronológica de recebimen-
o incidente em separado e sem III – comparecer às audiências to entre os atos urgentes e as
suspensão do processo, ou- ou, não podendo fazê-lo, desig- preferências legais.
vindo o arguido no prazo de nar servidor para substituí-lo;
§ 4o A parte que se considerar
15 (quinze) dias e facultando IV – manter sob sua guarda e preterida na ordem cronológica
a produção de prova, quando responsabilidade os autos, não poderá reclamar, nos próprios
necessária. permitindo que saiam do cartó- autos, ao juiz do processo, que
§ 3o Nos tribunais, a arguição rio, exceto: requisitará informações ao
a que se refere o § 1o será disci- a) quando tenham de seguir servidor, a serem prestadas no
plinada pelo regimento interno. à conclusão do juiz; prazo de 2 (dois) dias.
§ 4o O disposto nos §§ 1o e 2o b) com vista a procurador, § 5o Constatada a preterição,
não se aplica à arguição de im- à Defensoria Pública, ao o juiz determinará o imediato
pedimento ou de suspeição de cumprimento do ato e a instau-
Ministério Público ou à
testemunha. ração de processo administrati-
Fazenda Pública;
vo disciplinar contra o servidor.
Capítulo III – Dos c) quando devam ser reme-
tidos ao contabilista ou Art. 154. Incumbe ao oficial
Auxiliares da Justiça de justiça:
ao partidor;
Art. 149. São auxiliares da I – fazer pessoalmente citações,
d) quando forem remetidos
Justiça, além de outros cujas prisões, penhoras, arrestos e
a outro juízo em razão
atribuições sejam determinadas demais diligências próprias do
da modificação da com- seu ofício, sempre que possível
pelas normas de organização petência;
judiciária, o escrivão, o chefe de na presença de 2 (duas) teste-
V – fornecer certidão de qual- munhas, certificando no man-
secretaria, o oficial de justiça, o
quer ato ou termo do processo, dado o ocorrido, com menção
perito, o depositário, o adminis-
independentemente de despa- ao lugar, ao dia e à hora;
trador, o intérprete, o tradutor,
o mediador, o conciliador judi- cho, observadas as disposições II – executar as ordens do juiz a
cial, o partidor, o distribuidor, referentes ao segredo de justiça; que estiver subordinado;
o contabilista e o regulador de VI – praticar, de ofício, os atos III – entregar o mandado em
avarias. meramente ordinatórios. cartório após seu cumprimento;

321
IV – auxiliar o juiz na manuten- § 3o Os tribunais realizarão ava- para adoção das medidas que
ção da ordem; liações e reavaliações periódicas entender cabíveis.
V – efetuar avaliações, quando para manutenção do cadastro,
considerando a formação pro-
for o caso;
fissional, a atualização do co-
Seção III – Do Depositário
VI – certif icar, em mandado, nhecimento e a experiência dos e do Administrador
proposta de autocomposição peritos interessados.
apresentada por qualquer das Art. 159. A guarda e a con-
partes, na ocasião de realização § 4 o Para verificação de even- servação de bens penhorados,
tual impedimento ou motivo arrestados, sequestrados ou
de ato de comunicação que lhe
de suspeição, nos termos dos arrecadados serão confiadas
couber.
arts. 148 e 467, o órgão técni- a depositário ou a administra-
Parágrafo único. Certif icada a co ou científico nomeado para dor, não dispondo a lei de outro
proposta de autocomposição realização da perícia informará modo.
prevista no inciso VI, o juiz or- ao juiz os nomes e os dados de
denará a intimação da parte qualificação dos profissionais Art. 160. Por seu trabalho o
contrária para manifestar-se, que participarão da atividade. depositário ou o administrador
perceberá remuneração que o
no prazo de 5 (cinco) dias, sem § 5o Na localidade onde não
juiz fixará levando em conta a
prejuízo do andamento regular houver inscrito no cadastro
situação dos bens, ao tempo do
do processo, entendendo-se o disponibilizado pelo tribunal,
serviço e às dificuldades de sua
silêncio como recusa. a nomeação do perito é de livre
execução.
escolha pelo juiz e deverá recair
Art. 155. O escrivão, o che- sobre prof issional ou órgão Parágrafo único. O juiz poderá no-
fe de secretaria e o oficial de técnico ou científico compro- mear um ou mais prepostos por
justiça são responsáveis, civil e vadamente detentor do conhe- indicação do depositário ou do
regressivamente, quando: cimento necessário à realização administrador.
I – sem justo motivo, se recusa- da perícia.
rem a cumprir no prazo os atos Art. 161. O depositário ou
impostos pela lei ou pelo juiz a Art. 157. O perito tem o de- o administrador responde pe-
ver de cumprir o ofício no prazo los prejuízos que, por dolo ou
que estão subordinados;
que lhe designar o juiz, empre- culpa, causar à parte, perdendo
II – praticarem ato nulo com gando toda sua diligência, po- a remuneração que lhe foi arbi-
dolo ou culpa. dendo escusar-se do encargo trada, mas tem o direito a haver
alegando motivo legítimo. o que legitimamente despendeu
Seção II – Do Perito § 1o A escusa será apresentada no exercício do encargo.
no prazo de 15 (quinze) dias,
Art. 156. O juiz será assisti- Parágrafo único. O depositário in-
contado da intimação, da sus-
do por perito quando a prova fiel responde civilmente pelos
peição ou do impedimento
do fato depender de conheci- prejuízos causados, sem pre-
supervenientes, sob pena de
mento técnico ou científico. juízo de sua responsabilidade
renúncia ao direito a alegá-la.
penal e da imposição de sanção
§ 1o Os peritos serão nomeados § 2o Será organizada lista de por ato atentatório à dignidade
entre os profissionais legalmen- peritos na vara ou na secreta- da justiça.
te habilitados e os órgãos técni- ria, com disponibilização dos
cos ou científicos devidamente documentos exigidos para habi-
inscritos em cadastro mantido litação à consulta de interessa- Seção IV – Do Intérprete e
pelo tribunal ao qual o juiz está dos, para que a nomeação seja do Tradutor
vinculado. distribuída de modo equitativo,
observadas a capacidade técni- Art. 162. O juiz nomeará
§ 2o Para formação do cadas- intérprete ou tradutor quando
tro, os tribunais devem realizar ca e a área de conhecimento.
necessário para:
consulta pública, por meio de Art. 158. O perito que, por I – traduzir documento redigido
divulgação na rede mundial de dolo ou culpa, prestar infor- em língua estrangeira;
computadores ou em jornais mações inverídicas responderá
de grande circulação, além de pelos prejuízos que causar à II – verter para o português as
consulta direta a universidades, parte e ficará inabilitado para declarações das partes e das
a conselhos de classe, ao Mi- atuar em outras perícias no testemunhas que não conhe-
nistério Público, à Defensoria prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) cerem o idioma nacional;
Pública e à Ordem dos Advoga- anos, independentemente das III – realizar a interpretação
dos do Brasil, para a indicação demais sanções previstas em lei, simultânea dos depoimen-
de profissionais ou de órgãos devendo o juiz comunicar o fato tos das partes e testemunhas
técnicos interessados. ao respectivo órgão de classe com def iciência auditiva que

322
se comuniquem por meio da próprios, soluções consensuais Justiça ou de Tribunal Regional
Língua Brasileira de Sinais, ou que gerem benefícios mútuos. Federal.
equivalente, quando assim for § 2o Efetivado o registro, que
solicitado. Art. 166. A conciliação e a
mediação são informadas pelos poderá ser precedido de con-
Art. 163. Não pode ser in- princípios da independência, da curso público, o tribunal re-
térprete ou tradutor quem: imparcialidade, da autonomia meterá ao diretor do foro da
comarca, seção ou subseção
I – não tiver a livre administra- da vontade, da confidencialida-
judiciária onde atuará o conci-
ção de seus bens; de, da oralidade, da informali-
liador ou o mediador os dados
II – for arrolado como testemu- dade e da decisão informada.
necessários para que seu nome
nha ou atuar como perito no § 1o A confidencialidade esten- passe a constar da respectiva
processo; de-se a todas as informações lista, a ser observada na distri-
III – estiver inabilitado para o produzidas no curso do proce- buição alternada e aleatória,
exercício da profissão por sen- dimento, cujo teor não poderá respeitado o princípio da igual-
tença penal condenatória, en- ser utilizado para fim diverso dade dentro da mesma área de
quanto durarem seus efeitos. daquele previsto por expressa atuação profissional.
deliberação das partes. § 3o Do credenciamento das
Art. 164. O intérprete ou
tradutor, oficial ou não, é obri- § 2o Em razão do dever de sigi- câmaras e do cadastro de con-
gado a desempenhar seu ofício, lo, inerente às suas funções, o ciliadores e mediadores consta-
aplicando-se-lhe o disposto nos conciliador e o mediador, as- rão todos os dados relevantes
arts. 157 e 158. sim como os membros de suas para a sua atuação, tais como
equipes, não poderão divulgar o número de processos de que
ou depor acerca de fatos ou ele- participou, o sucesso ou insu-
Seção V – Dos mentos oriundos da conciliação cesso da atividade, a matéria
Conciliadores e Mediadores ou da mediação. sobre a qual versou a contro-
Judiciais vérsia, bem como outros dados
§ 3o Admite-se a aplicação de que o tribunal julgar relevantes.
Art. 165. Os tribunais cria- técnicas negociais, com o obje-
tivo de proporcionar ambiente § 4o Os dados colhidos na for-
rão centros judiciários de so- ma do § 3o serão classificados
lução consensual de conflitos, favorável à autocomposição.
sistematicamente pelo tribu-
responsáveis pela realização § 4o A mediação e a conciliação nal, que os publicará, ao me-
de sessões e audiências de serão regidas conforme a livre nos anualmente, para conhe-
conciliação e mediação e pelo autonomia dos interessados, cimento da população e para
desenvolvimento de programas inclusive no que diz respeito à fins estatísticos e de avaliação
destinados a auxiliar, orientar e definição das regras procedi- da conciliação, da mediação,
estimular a autocomposição. mentais. das câmaras privadas de con-
§ 1o A composição e a organiza- ciliação e de mediação, dos
ção dos centros serão definidas Art. 167. Os conciliadores,
conciliadores e dos mediadores.
pelo respectivo tribunal, obser- os mediadores e as câmaras pri-
vadas de conciliação e media- § 5o Os conciliadores e media-
vadas as normas do Conselho dores judiciais cadastrados na
Nacional de Justiça. ção serão inscritos em Cadastro
Nacional e em Cadastro de Tri- forma do caput, se advogados,
§ 2o O conciliador, que atuará estarão impedidos de exercer
bunal de Justiça ou de Tribunal
preferencialmente nos casos em a advocacia nos juízos em que
Regional Federal, que manterá
que não houver vínculo anterior desempenhem suas funções.
entre as partes, poderá sugerir registro de profissionais habi-
litados, com indicação de sua § 6 o O tribunal poderá optar
soluções para o litígio, sendo pela criação de quadro próprio
vedada a utilização de qualquer área profissional.
de conciliadores e mediadores,
tipo de constrangimento ou in- § 1o Preenchendo o requisito da
a ser preenchido por concurso
timidação para que as partes capacitação mínima, por meio público de provas e títulos, ob-
conciliem. de curso realizado por entidade servadas as disposições deste
§ 3o O mediador, que atuará credenciada, conforme parâ- Capítulo.
preferencialmente nos casos metro curricular definido pelo
em que houver vínculo ante- Conselho Nacional de Justiça Art. 168. As partes podem
rior entre as partes, auxiliará em conjunto com o Ministério escolher, de comum acordo, o
aos interessados a compreender da Justiça, o conciliador ou o conciliador, o mediador ou a
as questões e os interesses em mediador, com o respectivo cer- câmara privada de conciliação
conflito, de modo que eles pos- tificado, poderá requerer sua e de mediação.
sam, pelo restabelecimento da inscrição no Cadastro Nacional § 1o O conciliador ou mediador
comunicação, identificar, por si e no Cadastro de Tribunal de escolhido pelas partes poderá

323
ou não estar cadastrado no centro, preferencialmente por III – promover, quando couber,
tribunal. meio eletrônico, para que, du- a celebração de termo de ajus-
§ 2o Inexistindo acordo quanto rante o período em que perdu- tamento de conduta.
à escolha do mediador ou con- rar a impossibilidade, não haja
novas distribuições. Art. 175. As disposições
ciliador, haverá distribuição desta Seção não excluem ou-
entre aqueles cadastrados no Art. 172. O conciliador e tras formas de conciliação e
registro do tribunal, observada o mediador ficam impedidos, mediação extrajudiciais vincu-
a respectiva formação. pelo prazo de 1 (um) ano, ladas a órgãos institucionais
§ 3o Sempre que recomendável, contado do término da última ou realizadas por intermédio
haverá a designação de mais de audiência em que atuaram, de de profissionais independentes,
um mediador ou conciliador. assessorar, representar ou pa- que poderão ser regulamenta-
Art. 169. Ressalvada a hipó- trocinar qualquer das partes. das por lei específica.
tese do art. 167, § 6o, o conci- Art. 173. Será excluído do Parágrafo único. Os dispositivos
liador e o mediador receberão cadastro de conciliadores e me- desta Seção aplicam-se, no que
pelo seu trabalho remuneração diadores aquele que: couber, às câmaras privadas de
prevista em tabela fixada pelo
I – agir com dolo ou culpa na conciliação e mediação.
tribunal, conforme parâmetros
estabelecidos pelo Conselho condução da conciliação ou da
Nacional de Justiça. mediação sob sua responsabi-
lidade ou violar qualquer dos
§ 1o A mediação e a conciliação deveres decorrentes do art. 166, Título V – Do
podem ser realizadas como tra- §§ 1o e 2o; Ministério Público
balho voluntário, observada a
legislação pertinente e a regu- II – atuar em procedimento de
mediação ou conciliação, ape- Art. 176. O Ministério Públi-
lamentação do tribunal.
sar de impedido ou suspeito. co atuará na defesa da ordem
§ 2o Os tribunais determina- jurídica, do regime democrático
rão o percentual de audiências § 1o Os casos previstos neste
artigo serão apurados em pro- e dos interesses e direitos so-
não remuneradas que deverão ciais e individuais indisponíveis.
ser suportadas pelas câmaras cesso administrativo.
privadas de conciliação e me- § 2o O juiz do processo ou o juiz Art. 177. O Ministério Públi-
diação, com o fim de atender coordenador do centro de con- co exercerá o direito de ação em
aos processos em que deferida ciliação e mediação, se houver, conformidade com suas atribui-
gratuidade da justiça, como verificando atuação inadequa- ções constitucionais.
contrapartida de seu creden- da do mediador ou concilia-
ciamento. Art. 178. O Ministério Públi-
dor, poderá afastá-lo de suas
atividades por até 180 (cento co será intimado para, no pra-
Art. 170. No caso de im- zo de 30 (trinta) dias, intervir
pedimento, o conciliador ou e oitenta) dias, por decisão
fundamentada, informando o como fiscal da ordem jurídica
mediador o comunicará ime- nas hipóteses previstas em lei
diatamente, de preferência por fato imediatamente ao tribunal
para instauração do respectivo ou na Constituição Federal e
meio eletrônico, e devolverá nos processos que envolvam:
os autos ao juiz do processo processo administrativo.
ou ao coordenador do centro I – interesse público ou social;
Art. 174. A União, os Es-
judiciário de solução de confli- tados, o Distrito Federal e os II – interesse de incapaz;
tos, devendo este realizar nova Municípios criarão câmaras de III – litígios coletivos pela posse
distribuição. mediação e conciliação, com de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. Se a causa de im- atribuições relacionadas à so-
Parágrafo único. A participação
pedimento for apurada quando lução consensual de conflitos
no âmbito administrativo, tais da Fazenda Pública não con-
já iniciado o procedimento, a
como: figura, por si só, hipótese de
atividade será interrompida,
intervenção do Ministério Pú-
lavrando-se ata com relatório I – dirimir conflitos envolvendo blico.
do ocorrido e solicitação de dis- órgãos e entidades da adminis-
tribuição para novo conciliador tração pública; Art. 179. Nos casos de inter-
ou mediador. venção como fiscal da ordem
II – avaliar a admissibilidade dos
Art. 171. No caso de impos- pedidos de resolução de con- jurídica, o Ministério Público:
sibilidade temporária do exercí- flitos, por meio de conciliação, I – terá vista dos autos depois
cio da função, o conciliador ou no âmbito da administração das partes, sendo intimado de
mediador informará o fato ao pública; todos os atos do processo;

324
II – poderá produzir provas, re- expressa, prazo próprio para o
querer as medidas processuais ente público.
pertinentes e recorrer. Livro IV – Dos
Art. 180. O Ministério Pú-
Art. 184. O membro da Atos Processuais
Advocacia Pública será civil e
blico gozará de prazo em dobro regressivamente responsável
para manifestar-se nos autos, quando agir com dolo ou frau-
que terá início a partir de sua de no exercício de suas funções.
intimação pessoal, nos termos Título I – Da Forma,
do art. 183, § 1o. do Tempo e do Lugar
dos Atos Processuais
§ 1o Findo o prazo para mani-
festação do Ministério Público Título VII – Da
sem o oferecimento de pare- Defensoria Pública Capítulo I – Da Forma dos
cer, o juiz requisitará os autos Atos Processuais
e dará andamento ao processo. Art. 185. A Defensoria Pú-
§ 2o Não se aplica o benefício blica exercerá a orientação ju-
da contagem em dobro quan-
Seção I – Dos Atos em
rídica, a promoção dos direitos
do a lei estabelecer, de forma humanos e a defesa dos direitos
Geral
expressa, prazo próprio para o individuais e coletivos dos ne- Art. 188. Os atos e os ter-
Ministério Público. cessitados, em todos os graus, mos processuais independem
Art. 181. O membro do de forma integral e gratuita. de forma determinada, salvo
Ministério Público será civil e quando a lei expressamente a
Art. 186. A Defensoria Pú- exigir, considerando-se válidos
regressivamente responsável blica gozará de prazo em dobro
quando agir com dolo ou frau- os que, realizados de outro
para todas as suas manifesta- modo, lhe preencham a finali-
de no exercício de suas funções. ções processuais. dade essencial.
§ 1o O prazo tem início com a Art. 189. Os atos processu-
intimação pessoal do defen- ais são públicos, todavia trami-
Título VI – Da sor público, nos termos do tam em segredo de justiça os
Advocacia Pública art. 183, § 1o. processos:
§ 2o A requerimento da Defen- I – em que o exija o interesse
Art. 182. Incumbe à Advo- soria Pública, o juiz determinará público ou social;
cacia Pública, na forma da lei, a intimação pessoal da parte II – que versem sobre casamen-
defender e promover os inte- patrocinada quando o ato pro- to, separação de corpos, divór-
resses públicos da União, dos cessual depender de providên- cio, separação, união estável,
Estados, do Distrito Federal e cia ou informação que somente filiação, alimentos e guarda de
dos Municípios, por meio da re- por ela possa ser realizada ou crianças e adolescentes;
presentação judicial, em todos prestada.
os âmbitos federativos, das pes- III – em que constem dados pro-
soas jurídicas de direito público § 3o O disposto no caput apli- tegidos pelo direito constitucio-
ca-se aos escritórios de prática nal à intimidade;
que integram a administração
direta e indireta. jurídica das faculdades de Di- IV – que versem sobre arbitra-
reito reconhecidas na forma da gem, inclusive sobre cumpri-
Art. 183. A União, os Es- lei e às entidades que prestam mento de carta arbitral, desde
tados, o Distrito Federal, os assistência jurídica gratuita em que a confidencialidade estipu-
Municípios e suas respectivas razão de convênios firmados lada na arbitragem seja com-
autarquias e fundações de di- com a Defensoria Pública. provada perante o juízo.
reito público gozarão de prazo § 1o O direito de consultar os
em dobro para todas as suas § 4o Não se aplica o benefício
da contagem em dobro quan- autos de processo que tramite
manifestações processuais, cuja em segredo de justiça e de pedir
contagem terá início a partir da do a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para a certidões de seus atos é restrito
intimação pessoal. às partes e aos seus procura-
Defensoria Pública.
§ 1o A intimação pessoal far-se- dores.
-á por carga, remessa ou meio Art. 187. O membro da § 2o O terceiro que demonstrar
eletrônico. Defensoria Pública será civil e interesse jurídico pode reque-
§ 2o Não se aplica o benefício regressivamente responsável rer ao juiz certidão do dispo-
da contagem em dobro quan- quando agir com dolo ou frau- sitivo da sentença, bem como
do a lei estabelecer, de forma de no exercício de suas funções. de inventário e de par tilha

325
resultantes de divórcio ou se- ou parcialmente digitais, de de presunção de veracidade e
paração. forma a permitir que sejam confiabilidade.
produzidos, comunicados,
Art. 190. Versando o pro- Parágrafo único. Nos casos de
armazenados e validados por
cesso sobre direitos que admi- problema técnico do sistema e
meio eletrônico, na forma da
tam autocomposição, é lícito de erro ou omissão do auxiliar
lei.
às partes plenamente capazes da justiça responsável pelo re-
estipular mudanças no pro- Parágrafo único. O disposto nesta gistro dos andamentos, poderá
cedimento para ajustá-lo às Seção aplica-se, no que for ca- ser configurada a justa causa
especificidades da causa e con- bível, à prática de atos notariais prevista no art. 223, caput e
vencionar sobre os seus ônus, e de registro. § 1o.
poderes, faculdades e deveres
Art. 194. Os sistemas de Art. 198. As unidades do
processuais, antes ou durante
automação processual respei- Poder Judiciário deverão man-
o processo.
tarão a publicidade dos atos, ter gratuitamente, à disposição
Parágrafo único. De ofício ou a re- o acesso e a participação das dos interessados, equipamentos
querimento, o juiz controlará a partes e de seus procuradores, necessários à prática de atos
validade das convenções previs- inclusive nas audiências e ses- processuais e à consulta e ao
tas neste artigo, recusando-lhes sões de julgamento, observadas acesso ao sistema e aos docu-
aplicação somente nos casos de as garantias da disponibilidade, mentos dele constantes.
nulidade ou de inserção abusiva independência da plataforma Parágrafo único. Será admitida a
em contrato de adesão ou em computacional, acessibilidade prática de atos por meio não
que alguma parte se encontre e interoperabilidade dos siste- eletrônico no local onde não
em manifesta situação de vul- mas, serviços, dados e infor- estiverem disponibilizados os
nerabilidade. mações que o Poder Judiciário equipamentos previstos no
administre no exercício de suas caput.
Art. 191. De comum acordo, funções.
o juiz e as partes podem fixar Art. 199. As unidades do
calendário para a prática dos Art. 195. O registro de ato Poder Judiciário assegurarão às
atos processuais, quando for processual eletrônico deverá pessoas com deficiência acessi-
o caso. ser feito em padrões abertos, bilidade aos seus sítios na rede
§ 1o O calendário vincula as que atenderão aos requisitos mundial de computadores, ao
partes e o juiz, e os prazos nele de autenticidade, integridade, meio eletrônico de prática de
previstos somente serão modi- temporalidade, não repúdio, atos judiciais, à comunicação
ficados em casos excepcionais, conservação e, nos casos que eletrônica dos atos processuais
devidamente justificados. tramitem em segredo de justiça, e à assinatura eletrônica.
confidencialidade, observada a
§ 2o Dispensa-se a intimação infraestrutura de chaves públi-
das partes para a prática de ato cas unificada nacionalmente, Seção III – Dos Atos das
processual ou a realização de nos termos da lei. Partes
audiência cujas datas tiverem
sido designadas no calendário. Art. 196. Compete ao Con- Art. 200. Os atos das par-
selho Nacional de Justiça e, tes consistentes em declarações
Art. 192. Em todos os atos e supletivamente, aos tribunais, unilaterais ou bilaterais de von-
termos do processo é obrigató- regulamentar a prática e a co- tade produzem imediatamente
rio o uso da língua portuguesa. municação oficial de atos pro- a constituição, modificação ou
Parágrafo único. O documento cessuais por meio eletrônico e extinção de direitos processu-
redigido em língua estrangeira velar pela compatibilidade dos ais.
somente poderá ser juntado aos sistemas, disciplinando a incor-
Parágrafo único. A desistência da
autos quando acompanhado de poração progressiva de novos
ação só produzirá efeitos após
versão para a língua portuguesa avanços tecnológicos e editan-
homologação judicial.
tramitada por via diplomática ou do, para esse fim, os atos que
pela autoridade central, ou fir- forem necessários, respeitadas Art. 201. As partes poderão
mada por tradutor juramentado. as normas fundamentais deste exigir recibo de petições, arra-
Código. zoados, papéis e documentos
que entregarem em cartório.
Seção II – Da Prática A r t . 197. Os t r ibunais
Eletrônica de Atos divulgarão as informações Art. 202. É vedado lan-
Processuais constantes de seu sistema de çar nos autos cotas marginais
automação em página própria ou interlineares, as quais o
Ar t. 193. Os atos pro- na rede mundial de computa- juiz mandará riscar, impon-
cessuais podem ser tot al dores, gozando a divulgação do a quem as escrever multa

326
correspondente à metade do preclusão, devendo o juiz de-
salário mínimo.
Seção V – Dos Atos do cidir de plano e ordenar o re-
Escrivão ou do Chefe de gistro, no termo, da alegação e
Secretaria da decisão.
Seção IV – Dos
Pronunciamentos do Juiz Art. 206. Ao receber a pe- Art. 210. É lícito o uso da
tição inicial de processo, o es- taquigrafia, da estenotipia ou
Art. 203. Os pronunciamen- crivão ou o chefe de secretaria de outro método idôneo em
tos do juiz consistirão em sen- a autuará, mencionando o juí- qualquer juízo ou tribunal.
tenças, decisões interlocutórias zo, a natureza do processo, o
e despachos. número de seu registro, os no- Art. 211. Não se admitem
mes das partes e a data de seu nos atos e termos processuais
§ 1o Ressalvadas as disposições espaços em branco, salvo os
expressas dos procedimentos início, e procederá do mesmo
modo em relação aos volumes que forem inutilizados, assim
especiais, sentença é o pronun- como entrelinhas, emendas ou
em formação.
ciamento por meio do qual o rasuras, exceto quando expres-
juiz, com fundamento nos arts. Art. 207. O escrivão ou o samente ressalvadas.
485 e 487, põe fim à fase cogni- chefe de secretaria numerará e
tiva do procedimento comum, rubricará todas as folhas dos Capítulo II – Do Tempo
bem como extingue a execução. autos. e do Lugar dos Atos
§ 2o Decisão interlocutória é Parágrafo único. À par te, ao Processuais
todo pronunciamento judicial procurador, ao membro do
de natureza decisória que não Ministério Público, ao defen-
se enquadre no § 1o. sor público e aos auxiliares da Seção I – Do Tempo
§ 3o São despachos todos os de- justiça é facultado rubricar as Art. 212. Os atos proces-
mais pronunciamentos do juiz folhas correspondentes aos atos suais serão realizados em dias
praticados no processo, de ofí- em que intervierem. úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte)
cio ou a requerimento da parte. Art. 208. Os termos de jun- horas.
§ 4 o Os atos meramente ordi- tada, vista, conclusão e outros § 1o Serão concluídos após as
natórios, como a juntada e a semelhantes constarão de notas 20 (vinte) horas os atos ini-
vista obrigatória, independem datadas e rubricadas pelo escri- ciados antes, quando o adia-
de despacho, devendo ser pra- vão ou pelo chefe de secretaria. mento prejudicar a diligência
ticados de ofício pelo servidor ou causar grave dano.
Art. 209. Os atos e os ter-
e revistos pelo juiz quando ne- mos do processo serão assi- § 2o Independentemente de au-
cessário. nados pelas pessoas que neles torização judicial, as citações,
intervierem, todavia, quando intimações e penhoras poderão
Art. 204. Acórdão é o jul-
essas não puderem ou não qui- realizar-se no período de férias
gamento colegiado proferido
serem firmá-los, o escrivão ou o forenses, onde as houver, e nos
pelos tribunais. feriados ou dias úteis fora do
chefe de secretaria certificará a
Art. 205. Os despachos, ocorrência. horário estabelecido neste ar-
as decisões, as sentenças e os § 1o Quando se tratar de pro- tigo, observado o disposto no
acórdãos serão redigidos, da- cesso total ou parcialmente art. 5o, inciso XI, da Constitui-
tados e assinados pelos juízes. documentado em autos ele- ção Federal.
§ 1o Quando os pronunciamen- trônicos, os atos processuais § 3o Quando o ato tiver de ser
tos previstos no caput forem praticados na presença do juiz praticado por meio de peti-
proferidos oralmente, o servi- poderão ser produzidos e arma- ção em autos não eletrônicos,
dor os documentará, subme- zenados de modo integralmen- essa deverá ser protocolada no
tendo-os aos juízes para revisão te digital em arquivo eletrônico horário de funcionamento do
e assinatura. inviolável, na forma da lei, me- fórum ou tribunal, conforme o
diante registro em termo, que disposto na lei de organização
§ 2o A assinatura dos juízes, em será assinado digitalmente pelo judiciária local.
todos os graus de jurisdição, juiz e pelo escrivão ou chefe de
pode ser feita eletronicamente, secretaria, bem como pelos ad- Art. 213. A prática eletrô-
na forma da lei. vogados das partes. nica de ato processual pode
ocorrer em qualquer horário
§ 3o Os despachos, as decisões § 2o Na hipótese do § 1o, even- até as 24 (vinte e quatro) horas
interlocutórias, o dispositivo tuais contradições na trans- do último dia do prazo.
das sentenças e a ementa dos crição deverão ser suscitadas
acórdãos serão publicados no oralmente no momento de Parágrafo único. O horário vi-
Diário de Justiça Eletrônico. realização do ato, sob pena de gente no juízo perante o qual

327
o ato deve ser praticado será comparecimento após decorri- § 1o Ao juiz é vedado reduzir
considerado para fins de aten- das 48 (quarenta e oito) horas. prazos peremptórios sem anu-
dimento do prazo. § 3o Inexistindo preceito legal ência das partes.
Art. 214. Durante as férias ou prazo determinado pelo juiz, § 2o Havendo calamidade pú-
forenses e nos feriados, não se será de 5 (cinco) dias o prazo blica, o limite previsto no caput
praticarão atos processuais, para a prática de ato processual para prorrogação de prazos po-
excetuando-se: a cargo da parte. derá ser excedido.
I – os at os p r e v is t os no § 4o Será considerado tempes- Art. 223. Decorrido o pra-
art. 212, § 2o; tivo o ato praticado antes do zo, extingue-se o direito de
termo inicial do prazo.
II – a tutela de urgência. praticar ou de emendar o ato
Art. 219. Na contagem de processual, independentemente
Art. 215. Processam-se du-
prazo em dias, estabelecido por de declaração judicial, ficando
rante as férias forenses, onde
lei ou pelo juiz, computar-se-ão assegurado, porém, à parte
as houver, e não se suspendem
pela superveniência delas: somente os dias úteis. provar que não o realizou por
justa causa.
I – os procedimentos de juris- Parágrafo único. O disposto nes-
dição voluntária e os necessá- te artigo aplica-se somente aos § 1o Considera-se justa causa o
rios à conservação de direitos, prazos processuais. evento alheio à vontade da par-
quando puderem ser prejudica- te e que a impediu de praticar o
Art. 220. Suspende-se o ato por si ou por mandatário.
dos pelo adiamento;
curso do prazo processual nos
II – a ação de alimentos e os § 2o Verificada a justa causa, o
dias compreendidos entre 20
processos de nomeação ou juiz permitirá à parte a prática
de dezembro e 20 de janeiro,
remoção de tutor e curador; inclusive. do ato no prazo que lhe assinar.
III – os processos que a lei de- § 1o Ressalvadas as férias indi- Art. 224. Salvo disposição
terminar. viduais e os feriados instituídos em contrário, os prazos serão
Art. 216. Além dos declara- por lei, os juízes, os membros contados excluindo o dia do
dos em lei, são feriados, para do Ministério Público, da De- começo e incluindo o dia do
efeito forense, os sábados, os fensoria Pública e da Advocacia vencimento.
domingos e os dias em que não Pública e os auxiliares da Justi- § 1o Os dias do começo e do
haja expediente forense. ça exercerão suas atribuições vencimento do prazo serão
durante o período previsto no protraídos para o primeiro dia
caput. útil seguinte, se coincidirem
Seção II – Do Lugar
§ 2o Durante a suspensão do com dia em que o expediente
Art. 217. Os atos proces- prazo, não se realizarão audiên- forense for encerrado antes ou
suais realizar-se-ão ordinaria- cias nem sessões de julgamento. iniciado depois da hora normal
mente na sede do juízo, ou, ou houver indisponibilidade da
Art. 221. Suspende-se o
excepcionalmente, em outro comunicação eletrônica.
curso do prazo por obstáculo
lugar em razão de deferência, § 2o Considera-se como data de
criado em detrimento da parte
de interesse da justiça, da na- publicação o primeiro dia útil
ou ocorrendo qualquer das hi-
tureza do ato ou de obstáculo seguinte ao da disponibilização
póteses do art. 313, devendo o
arguido pelo interessado e aco-
prazo ser restituído por tempo da informação no Diário da Jus-
lhido pelo juiz.
igual ao que faltava para sua tiça eletrônico.
Capítulo III – Dos Prazos complementação. § 3o A contagem do prazo terá
Parágrafo único. Suspendem-se os início no primeiro dia útil que
prazos durante a execução de seguir ao da publicação.
Seção I – Disposições Gerais
programa instituído pelo Po- Art. 225. A parte poderá re-
Art. 218. Os atos processu- der Judiciário para promover a nunciar ao prazo estabelecido
ais serão realizados nos prazos autocomposição, incumbindo exclusivamente em seu favor,
prescritos em lei. aos tribunais especificar, com desde que o faça de maneira
§ 1o Quando a lei for omissa, o antecedência, a duração dos expressa.
juiz determinará os prazos em trabalhos.
consideração à complexidade Art. 226. O juiz proferirá:
Art. 222. Na comarca, se-
do ato. ção ou subseção judiciária I – os despachos no prazo de 5
§ 2o Quando a lei ou o juiz onde for difícil o transporte, o (cinco) dias;
não determinar prazo, as inti- juiz poderá prorrogar os prazos II – as decisões interlocutórias
mações somente obrigarão a por até 2 (dois) meses. no prazo de 10 (dez) dias;

328
III – as sentenças no prazo de quando a citação ou a intima- Art. 232. Nos atos de co-
30 (trinta) dias. ção for pelo correio; municação por carta preca-
II – a data de juntada aos autos tória, rogatória ou de ordem,
Art. 227. Em qualquer grau a realização da citação ou da
de jurisdição, havendo motivo do mandado cumprido, quando
a citação ou a intimação for por intimação será imediatamente
justificado, pode o juiz exceder, informada, por meio eletrôni-
por igual tempo, os prazos a oficial de justiça;
co, pelo juiz deprecado ao juiz
que está submetido. III – a data de ocorrência da ci-
deprecante.
tação ou da intimação, quando
Art. 228. Incumbirá ao ser- ela se der por ato do escrivão ou
ventuário remeter os autos con- do chefe de secretaria; Seção II – Da Verificação
clusos no prazo de 1 (um) dia e dos Prazos e das Penalidades
IV – o dia útil seguinte ao fim
executar os atos processuais no
da dilação assinada pelo juiz,
prazo de 5 (cinco) dias, conta- Art. 233. Incumbe ao juiz
quando a citação ou a intima-
do da data em que: verificar se o serventuário ex-
ção for por edital;
I – houver concluído o ato pro- cedeu, sem motivo legítimo, os
V – o dia útil seguinte à consulta prazos estabelecidos em lei.
cessual anterior, se lhe foi im- ao teor da citação ou da inti-
posto pela lei; § 1o Constatada a falta, o juiz
mação ou ao término do pra-
II – tiver ciência da ordem, ordenará a instauração de pro-
zo para que a consulta se dê,
quando determinada pelo juiz. cesso administrativo, na forma
quando a citação ou a intima-
da lei.
§ 1o Ao receber os autos, o ser- ção for eletrônica;
§ 2o Qualquer das partes, o Mi-
ventuário certificará o dia e a VI – a data de juntada do comu-
nicado de que trata o art. 232 nistério Público ou a Defensoria
hora em que teve ciência da or-
ou, não havendo esse, a data de Pública poderá representar ao
dem referida no inciso II.
juntada da carta aos autos de juiz contra o serventuário que
§ 2o Nos processos em autos injustificadamente exceder os
eletrônicos, a juntada de peti- origem devidamente cumprida,
quando a citação ou a intima- prazos previstos em lei.
ções ou de manifestações em
ção se realizar em cumprimento Art. 234. Os advogados pú-
geral ocorrerá de forma auto-
de carta; blicos ou privados, o defensor
mática, independentemente de
ato de serventuário da justiça. VII – a data de publicação, público e o membro do Minis-
quando a intimação se der pelo tério Público devem restituir
Art. 229. Os litisconsortes Diário da Justiça impresso ou os autos no prazo do ato a ser
que tiverem diferentes procu- eletrônico; praticado.
radores, de escritórios de ad- VIII – o dia da carga, quando a § 1o É lícito a qualquer interes-
vocacia distintos, terão prazos intimação se der por meio da sado exigir os autos do advo-
contados em dobro para todas retirada dos autos, em carga, gado que exceder prazo legal.
as suas manifestações, em qual- do cartório ou da secretaria. § 2o Se, intimado, o advogado
quer juízo ou tribunal, indepen-
§ 1o Quando houver mais de um não devolver os autos no pra-
dentemente de requerimento.
réu, o dia do começo do prazo zo de 3 (três) dias, perderá o
§ 1o Cessa a contagem do prazo para contestar corresponderá à direito à vista fora de cartório
em dobro se, havendo apenas 2 última das datas a que se refe- e incorrerá em multa corres-
(dois) réus, é oferecida defesa rem os incisos I a VI do caput. pondente à metade do salário
por apenas um deles. mínimo.
§ 2o Havendo mais de um inti-
§ 2o Não se aplica o disposto no mado, o prazo para cada um é § 3o Verificada a falta, o juiz co-
caput aos processos em autos contado individualmente. municará o fato à seção local
eletrônicos. § 3o Quando o ato tiver de ser da Ordem dos Advogados do
praticado diretamente pela Brasil para procedimento dis-
Art. 230. O prazo para a
parte ou por quem, de qual- ciplinar e imposição de multa.
parte, o procurador, a Advo-
cacia Pública, a Defensoria quer forma, participe do pro- § 4 o Se a situação envolver
Pública e o Ministério Público cesso, sem a intermediação de membro do Ministério Públi-
será contado da citação, da in- representante judicial, o dia do co, da Defensoria Pública ou
timação ou da notificação. começo do prazo para cumpri- da Advocacia Pública, a mul-
mento da determinação judicial ta, se for o caso, será aplicada
Art. 231. Salvo disposição corresponderá à data em que se ao agente público responsável
em sentido diverso, considera- der a comunicação. pelo ato.
-se dia do começo do prazo: § 4o Aplica-se o disposto no in- § 5o Verif icada a falta, o juiz
I – a data de juntada aos au- ciso II do caput à citação com comunicará o fato ao órgão
tos do aviso de recebimento, hora certa. competente responsável pela

329
instauração de procedimento subseção judiciárias, ressalva- Art. 239. Para a validade
disciplinar contra o membro das as hipóteses previstas em do processo é indispensável a
que atuou no feito. lei. citação do réu ou do executa-
§ 2o O tribunal poderá expedir do, ressalvadas as hipóteses de
Art. 235. Qualquer parte, o indeferimento da petição inicial
Ministério Público ou a Defen- carta para juízo a ele vinculado,
se o ato houver de se realizar ou de improcedência liminar do
soria Pública poderá represen- pedido.
tar ao corregedor do tribunal fora dos limites territoriais do
ou ao Conselho Nacional de local de sua sede. § 1o O comparecimento espon-
Justiça contra juiz ou relator § 3o Admite-se a prática de atos tâneo do réu ou do executado
que injustificadamente exceder processuais por meio de video- supre a falta ou a nulidade da
os prazos previstos em lei, regu- conferência ou outro recurso citação, fluindo a partir desta
lamento ou regimento interno. tecnológico de transmissão de data o prazo para apresentação
sons e imagens em tempo real. de contestação ou de embargos
§ 1o Distribuída a representação à execução.
ao órgão competente e ouvido Art. 237. Será expedida
previamente o juiz, não sendo § 2o Rejeitada a alegação de
carta: nulidade, tratando-se de pro-
caso de arquivamento liminar,
será instaurado procedimento I – de ordem, pelo tribunal, na cesso de:
para apuração da responsa- hipótese do § 2o do art. 236; I – conhecimento, o réu será
bilidade, com intimação do II – rogatória, para que órgão considerado revel;
representado por meio eletrô- jurisdicional estrangeiro prati- II – execução, o feito terá segui-
nico para, querendo, apresen- que ato de cooperação jurídica mento.
tar justificativa no prazo de 15 internacional, relativo a proces-
(quinze) dias. so em curso perante órgão ju- Art. 240. A citação válida,
§ 2o Sem prejuízo das sanções risdicional brasileiro; ainda quando ordenada por juí-
administrativas cabíveis, em III – precatória, para que órgão zo incompetente, induz litispen-
até 48 (quarenta e oito) horas jurisdicional brasileiro pratique dência, torna litigiosa a coisa e
após a apresentação ou não ou determine o cumprimento, constitui em mora o devedor,
da justificativa de que trata o na área de sua competência ter- ressalvado o disposto nos arts.
§ 1o, se for o caso, o correge- ritorial, de ato relativo a pedido 397 e 398 da Lei no 10.406, de
dor do tribunal ou o relator no de cooperação judiciária formu- 10 de janeiro de 2002 (Código
Conselho Nacional de Justiça lado por órgão jurisdicional de Civil).
determinará a intimação do competência territorial diversa; § 1o A interrupção da prescri-
representado por meio eletrô- IV – arbitral, para que órgão do ção, operada pelo despacho
nico para que, em 10 (dez) dias, Poder Judiciário pratique ou de- que ordena a citação, ainda
pratique o ato. termine o cumprimento, na área que proferido por juízo incom-
§ 3o Mantida a inércia, os autos de sua competência territorial, petente, retroagirá à data de
serão remetidos ao substituto de ato objeto de pedido de co- propositura da ação.
legal do juiz ou do relator con- operação judiciária formulado § 2o Incumbe ao autor adotar,
tra o qual se representou para por juízo arbitral, inclusive os no prazo de 10 (dez) dias, as
decisão em 10 (dez) dias. que importem efetivação de providências necessárias para
tutela provisória. viabilizar a citação, sob pena
de não se aplicar o disposto no
Parágrafo único. Se o ato relativo § 1o.
Título II – Da a processo em curso na justiça
federal ou em tribunal superior § 3o A parte não será prejudi-
Comunicação dos houver de ser praticado em lo- cada pela demora imputável
Atos Processuais cal onde não haja vara federal, exclusivamente ao serviço ju-
a carta poderá ser dirigida ao diciário.
Capítulo I – Disposições juízo estadual da respectiva § 4 o O efeito retroativo a que
Gerais comarca. se refere o § 1o aplica-se à de-
cadência e aos demais prazos
Art. 236. Os atos processu- Capítulo II – Da Citação extintivos previstos em lei.
ais serão cumpridos por ordem
Art. 238. Citação é o ato Art. 241. Transitada em
judicial.
pelo qual são convocados o julgado a sentença de mérito
§ 1o Será expedida carta para proferida em favor do réu antes
a prática de atos fora dos li- réu, o executado ou o interes-
sado para integrar a relação da citação, incumbe ao escri-
mites territoriais do tribunal, vão ou ao chefe de secretaria
da comarca, da seção ou da processual.
comunicar-lhe o resultado do
julgamento.

330
Art. 242. A citação será IV – de doente, enquanto grave § 3o Na ação de usucapião de
pessoal, podendo, no entanto, o seu estado. imóvel, os conf inantes serão
ser feita na pessoa do represen- citados pessoalmente, exceto
tante legal ou do procurador Art. 245. Não se fará cita-
quando tiver por objeto uni-
do réu, do executado ou do ção quando se verificar que o
dade autônoma de prédio em
interessado. citando é mentalmente incapaz
condomínio, caso em que tal
ou está impossibilitado de re- citação é dispensada.
§ 1o Na ausência do citando, a cebê-la.
citação será feita na pessoa de Art. 247. A citação será feita
seu mandatário, administrador, § 1o O oficial de justiça descre-
verá e certif icará minuciosa- pelo correio para qualquer co-
preposto ou gerente, quando a marca do país, exceto:
ação se originar de atos por eles mente a ocorrência.
praticados. § 2o Para examinar o citando, I – nas ações de estado, obser-
o juiz nomeará médico, que vado o disposto no art. 695,
§ 2o O locador que se ausen-
apresentará laudo no prazo de § 3o ;
tar do Brasil sem cientificar o
locatário de que deixou, na lo- 5 (cinco) dias. II – quando o citando for inca-
calidade onde estiver situado § 3o Dispensa-se a nomeação de paz;
o imóvel, procurador com po- que trata o § 2o se pessoa da fa- III – quando o citando for pes-
deres para receber citação será mília apresentar declaração do soa de direito público;
citado na pessoa do adminis- médico do citando que ateste a IV – quando o citando residir
trador do imóvel encarregado incapacidade deste. em local não atendido pela en-
do recebimento dos aluguéis, § 4o Reconhecida a impossibi- trega domiciliar de correspon-
que será considerado habilita- dência;
lidade, o juiz nomeará curador
do para representar o locador
ao citando, observando, quanto V – quando o autor, justifica-
em juízo.
à sua escolha, a preferência es- damente, a requerer de outra
§ 3o A citação da União, dos Es- tabelecida em lei e restringindo forma.
tados, do Distrito Federal, dos a nomeação à causa.
Municípios e de suas respecti- Art. 248. Deferida a cita-
§ 5o A citação será feita na pes-
vas autarquias e fundações de ção pelo correio, o escrivão ou
direito público será realizada soa do curador, a quem incum-
o chefe de secretaria remeterá
perante o órgão de Advocacia birá a defesa dos interesses do
ao citando cópias da petição
Pública responsável por sua re- citando.
inicial e do despacho do juiz e
presentação judicial. Art. 246. A citação será comunicará o prazo para res-
feita: posta, o endereço do juízo e o
Art. 243. A citação poderá
I – pelo correio; respectivo cartório.
ser feita em qualquer lugar em
que se encontre o réu, o execu- II – por oficial de justiça; § 1o A carta será registrada para
tado ou o interessado. entrega ao citando, exigindo-lhe
III – pelo escrivão ou chefe de o carteiro, ao fazer a entrega,
Parágrafo único. O militar em ser- secretaria, se o citando compa- que assine o recibo.
viço ativo será citado na unida- recer em cartório;
de em que estiver servindo, se § 2o Sendo o citando pessoa
IV – por edital; jurídica, será válida a entrega
não for conhecida sua residên-
cia ou nela não for encontrado. V – por meio eletrônico, confor- do mandado a pessoa com po-
me regulado em lei. deres de gerência geral ou de
Art. 244. Não se fará a cita- § 1o Com exceção das micro- administração ou, ainda, a fun-
ção, salvo para evitar o pereci- empresas e das empresas de cionário responsável pelo rece-
mento do direito: pequeno porte, as empresas pú- bimento de correspondências.
I – de quem estiver participando blicas e privadas são obrigadas § 3o Da carta de citação no pro-
de ato de culto religioso; a manter cadastro nos sistemas cesso de conhecimento consta-
II – de cônjuge, de companhei- de processo em autos eletrôni- rão os requisitos do art. 250.
ro ou de qualquer parente do cos, para efeito de recebimen- § 4o Nos condomínios edilícios
morto, consanguíneo ou afim, to de citações e intimações, as ou nos loteamentos com con-
em linha reta ou na linha cola- quais serão efetuadas preferen- trole de acesso, será válida a
teral em segundo grau, no dia cialmente por esse meio. entrega do mandado a funcio-
do falecimento e nos 7 (sete) § 2o O disposto no § 1o aplica- nário da portaria responsável
dias seguintes; -se à União, aos Estados, ao pelo recebimento de correspon-
III – de noivos, nos 3 (três) pri- Distrito Federal, aos Municípios dência, que, entretanto, poderá
meiros dias seguintes ao casa- e às entidades da administração recusar o recebimento, se decla-
mento; indireta. rar, por escrito, sob as penas

331
da lei, que o destinatário da voltará a fim de efetuar a cita- intimações, notificações, pe-
correspondência está ausente. ção, na hora que designar. nhoras e quaisquer outros atos
executivos.
Art. 249. A citação será fei- Parágrafo único. Nos condomínios
ta por meio de oficial de justiça edilícios ou nos loteamentos Art. 256. A citação por edi-
nas hipóteses previstas neste com controle de acesso, será tal será feita:
Código ou em lei, ou quando válida a intimação a que se re- I – quando desconhecido ou
frustrada a citação pelo correio. fere o caput feita a funcionário incerto o citando;
da portaria responsável pelo re-
Art. 250. O mandado que o cebimento de correspondência. II – quando ignorado, incerto
oficial de justiça tiver de cum- ou inacessível o lugar em que
prir conterá: Art. 253. No dia e na hora se encontrar o citando;
I – os nomes do autor e do ci- designados, o oficial de justi- III – nos casos expressos em lei.
tando e seus respectivos domi- ça, independentemente de novo
despacho, comparecerá ao do- § 1o Considera-se inacessível,
cílios ou residências; para efeito de citação por edi-
micílio ou à residência do citan-
II – a finalidade da citação, com do a fim de realizar a diligência. tal, o país que recusar o cumpri-
todas as especificações cons- mento de carta rogatória.
§ 1o Se o citando não estiver
tantes da petição inicial, bem § 2o No caso de ser inacessível o
presente, o of icial de justiça
como a menção do prazo para lugar em que se encontrar o réu,
procurará informar-se das ra-
contestar, sob pena de revelia, a notícia de sua citação será di-
zões da ausência, dando por
ou para embargar a execução; vulgada também pelo rádio, se
feita a citação, ainda que o
III – a aplicação de sanção para citando se tenha ocultado em na comarca houver emissora de
o caso de descumprimento da outra comarca, seção ou sub- radiodifusão.
ordem, se houver; seção judiciárias. § 3o O réu será considerado em
IV – se for o caso, a intimação § 2o A citação com hora certa local ignorado ou incerto se in-
do citando para comparecer, será efetivada mesmo que a frutíferas as tentativas de sua
acompanhado de advogado ou pessoa da família ou o vizinho localização, inclusive mediante
de defensor público, à audiência que houver sido intimado este- requisição pelo juízo de infor-
de conciliação ou de mediação, ja ausente, ou se, embora pre- mações sobre seu endereço nos
com a menção do dia, da hora sente, a pessoa da família ou o cadastros de órgãos públicos
e do lugar do comparecimento; vizinho se recusar a receber o ou de concessionárias de servi-
V – a cópia da petição inicial, mandado. ços públicos.
do despacho ou da decisão que § 3o Da certidão da ocorrência, Art. 257. São requisitos da
deferir tutela provisória; o oficial de justiça deixará con- citação por edital:
VI – a assinatura do escrivão ou trafé com qualquer pessoa da
família ou vizinho, conforme o I – a afirmação do autor ou a
do chefe de secretaria e a decla-
caso, declarando-lhe o nome. certidão do oficial informando
ração de que o subscreve por
a presença das circunstâncias
ordem do juiz. § 4 o O of icial de justiça fará autorizadoras;
constar do mandado a adver-
Art. 251. Incumbe ao oficial II – a publicação do edital na
tência de que será nomeado
de justiça procurar o citando e, rede mundial de computadores,
curador especial se houver re-
onde o encontrar, citá-lo: velia. no sítio do respectivo tribunal
I – lendo-lhe o mandado e en- e na plataforma de editais do
tregando-lhe a contrafé; Art. 254. Feita a citação Conselho Nacional de Justiça,
com hora certa, o escrivão ou que deve ser certif icada nos
II – portando por fé se recebeu chefe de secretaria enviará ao
ou recusou a contrafé; autos;
réu, executado ou interessa-
III – obtendo a nota de ciente ou do, no prazo de 10 (dez) dias, III – a determinação, pelo juiz,
certificando que o citando não contado da data da juntada do prazo, que variará entre 20
a apôs no mandado. do mandado aos autos, carta, (vinte) e 60 (sessenta) dias,
telegrama ou correspondência fluindo da data da publicação
Art. 252. Quando, por 2 única ou, havendo mais de uma,
eletrônica, dando-lhe de tudo
(duas) vezes, o oficial de justiça da primeira;
ciência.
houver procurado o citando em IV – a advertência de que será
seu domicílio ou residência sem Art. 255. Nas comarcas con- nomeado curador especial em
o encontrar, deverá, havendo tíguas de fácil comunicação e caso de revelia.
suspeita de ocultação, intimar nas que se situem na mesma
qualquer pessoa da família ou, região metropolitana, o of i- Parágrafo único. O juiz poderá
em sua falta, qualquer vizinho cial de justiça poderá efetuar, determinar que a publicação
de que, no dia útil imediato, em qualquer delas, citações, do edital seja feita também em

332
jornal local de ampla circula- § 3o A carta arbitral atenderá, deprecante transmitirá, por
ção ou por outros meios, con- no que couber, aos requisitos telefone, a carta de ordem ou
siderando as peculiaridades da a que se refere o caput e será a carta precatória ao juízo em
comarca, da seção ou da sub- instruída com a convenção de que houver de se cumprir o ato,
seção judiciárias. arbitragem e com as provas da por intermédio do escrivão do
nomeação do árbitro e de sua primeiro ofício da primeira
Art. 258. A parte que reque-
aceitação da função. vara, se houver na comarca
rer a citação por edital, alegan-
mais de um ofício ou de uma
do dolosamente a ocorrência Art. 261. Em todas as car- vara, observando-se, quanto
das circunstâncias autorizado- tas o juiz fixará o prazo para aos requisitos, o disposto no
ras para sua realização, incor- cumprimento, atendendo à fa- art. 264.
rerá em multa de 5 (cinco) vezes cilidade das comunicações e à
o salário mínimo. natureza da diligência. § 1o O escrivão ou o chefe de
secretaria, no mesmo dia ou no
Parágrafo único. A multa reverterá § 1o As partes deverão ser in- dia útil imediato, telefonará ou
em benefício do citando. timadas pelo juiz do ato de enviará mensagem eletrônica
expedição da carta. ao secretário do tribunal, ao
Art. 259. Serão publicados
editais: § 2o Expedida a carta, as partes escrivão ou ao chefe de secre-
acompanharão o cumprimen- taria do juízo deprecante, len-
I – na ação de usucapião de to da diligência perante o juízo do-lhe os termos da carta e so-
imóvel; destinatário, ao qual compete licitando-lhe que os confirme.
II – na ação de recuperação ou a prática dos atos de comuni- § 2o Sendo confirmada, o es-
substituição de título ao por- cação. crivão ou o chefe de secretaria
tador; § 3o A parte a quem interessar submeterá a carta a despacho.
III – em qualquer ação em que o cumprimento da diligência
seja necessária, por determina- Art. 266. Serão praticados
cooperará para que o prazo a
ção legal, a provocação, para de ofício os atos requisitados
que se refere o caput seja cum-
participação no processo, de por meio eletrônico e de tele-
prido.
interessados incertos ou des- grama, devendo a parte depo-
conhecidos. Art. 262. A carta tem cará- sitar, contudo, na secretaria do
ter itinerante, podendo, antes tribunal ou no cartório do juízo
Capítulo III – Das Cartas ou depois de lhe ser ordenado deprecante, a importância cor-
o cumprimento, ser encami- respondente às despesas que
Art. 260. São requisitos das nhada a juízo diverso do que serão feitas no juízo em que
cartas de ordem, precatória e dela consta, a fim de se prati- houver de praticar-se o ato.
rogatória: car o ato.
Art. 267. O juiz recusará
I – a indicação dos juízes de ori- cumprimento a carta precató-
Parágrafo único. O encaminha-
gem e de cumprimento do ato; ria ou arbitral, devolvendo-a
mento da carta a outro juízo
II – o inteiro teor da petição, do será imediatamente comuni- com decisão motivada quando:
despacho judicial e do instru- cado ao órgão expedidor, que I – a carta não estiver revestida
mento do mandato conferido intimará as partes. dos requisitos legais;
ao advogado;
Art. 263. As cartas deve- II – faltar ao juiz competência
III – a menção do ato proces- em razão da matéria ou da hie-
sual que lhe constitui o objeto; rão, preferencialmente, ser ex-
pedidas por meio eletrônico, rarquia;
IV – o encerramento com a as- caso em que a assinatura do III – o juiz tiver dúvida acerca
sinatura do juiz. juiz deverá ser eletrônica, na de sua autenticidade.
§ 1o O juiz mandará trasladar forma da lei.
para a carta quaisquer outras Parágrafo único. No caso de in-
peças, bem como instruí-la Art. 264. A carta de ordem competência em razão da ma-
com mapa, desenho ou gráfi- e a carta precatória por meio téria ou da hierarquia, o juiz
co, sempre que esses documen- eletrônico, por telefone ou por deprecado, conforme o ato a
tos devam ser examinados, na telegrama conterão, em resu- ser praticado, poderá remeter
diligência, pelas partes, pelos mo substancial, os requisitos a carta ao juiz ou ao tribunal
peritos ou pelas testemunhas. mencionados no art. 250, es- competente.
pecialmente no que se refere à
§ 2o Quando o objeto da carta aferição da autenticidade. Art. 268. Cumprida a carta,
for exame pericial sobre docu- será devolvida ao juízo de ori-
mento, este será remetido em Ar t . 265. O secretár io gem no prazo de 10 (dez) dias,
original, ficando nos autos re- do tribunal, o escrivão ou o independentemente de trasla-
produção fotográfica. chefe de secretaria do juízo do, pagas as custas pela parte.

333
Capítulo IV – Das Brasil, ou, se assim requerido, I – pessoalmente, se tiverem
Intimações da sociedade de advogados. domicílio na sede do juízo;
§ 3 o A grafia dos nomes das II – por carta registrada, com
Art. 269. Intimação é o partes não deve conter abre- aviso de recebimento, quando
ato pelo qual se dá ciência a viaturas. forem domiciliados fora do
alguém dos atos e dos termos juízo.
do processo. § 4o A grafia dos nomes dos ad-
vogados deve corresponder ao Art. 274. Não dispondo a
§ 1o É facultado aos advoga- nome completo e ser a mesma
dos promover a intimação do lei de outro modo, as intima-
que constar da procuração ou ções serão feitas às partes, aos
advogado da outra parte por que estiver registrada na Or-
meio do correio, juntando aos seus representantes legais, aos
dem dos Advogados do Brasil. advogados e aos demais sujei-
autos, a seguir, cópia do ofício
de intimação e do aviso de re- § 5 o Constando dos autos tos do processo pelo correio
cebimento. pedido expresso para que as ou, se presentes em cartório,
comunicações dos atos pro- diretamente pelo escrivão ou
§ 2o O ofício de intimação de- cessuais sejam feitas em nome chefe de secretaria.
verá ser instruído com cópia dos advogados indicados, o
do despacho, da decisão ou Parágrafo único. Presumem-se vá-
seu desatendimento implicará
da sentença. lidas as intimações dirigidas ao
nulidade.
§ 3o A intimação da União, dos endereço constante dos autos,
§ 6 o A retirada dos autos do ainda que não recebidas pes-
Estados, do Distrito Federal, cartório ou da secretaria em
dos Municípios e de suas res- soalmente pelo interessado, se
carga pelo advogado, por pes- a modificação temporária ou
pectivas autarquias e funda- soa credenciada a pedido do
ções de direito público será definitiva não tiver sido devi-
advogado ou da sociedade de damente comunicada ao juízo,
realizada perante o órgão de advogados, pela Advocacia Pú-
Advocacia Pública responsável fluindo os prazos a partir da
blica, pela Defensoria Pública juntada aos autos do compro-
por sua representação judicial. ou pelo Ministério Público im- vante de entrega da correspon-
Art. 270. As intimações re- plicará intimação de qualquer dência no primitivo endereço.
alizam-se, sempre que possível, decisão contida no processo
por meio eletrônico, na forma retirado, ainda que pendente Art. 275. A intimação será
da lei. de publicação. feita por of icial de justiça
quando frustrada a realização
§ 7o O advogado e a sociedade
Parágrafo único. Aplica-se ao Mi- por meio eletrônico ou pelo
de advogados deverão requerer
nistério Público, à Defensoria correio.
o respectivo credenciamento
Pública e à Advocacia Pública § 1o A certidão de intimação
para a retirada de autos por
o disposto no § 1o do art. 246. deve conter:
preposto.
Art. 271. O juiz determina- § 8o A parte arguirá a nulida- I – a indicação do lugar e a
rá de ofício as intimações em de da intimação em capítulo descrição da pessoa intimada,
processos pendentes, salvo dis- preliminar do próprio ato que mencionando, quando possí-
posição em contrário. lhe caiba praticar, o qual será vel, o número de seu documen-
tido por tempestivo se o vício to de identidade e o órgão que
Art. 272. Quando não re-
for reconhecido. o expediu;
alizadas por meio eletrônico,
consideram-se feitas as intima- § 9o Não sendo possível a prá- II – a declaração de entrega da
ções pela publicação dos atos tica imediata do ato diante da contrafé;
no órgão oficial. necessidade de acesso prévio III – a nota de ciente ou a cer-
§ 1o Os advogados poderão re- aos autos, a parte limitar-se-á a tidão de que o interessado não
querer que, na intimação a eles arguir a nulidade da intimação, a apôs no mandado.
dirigida, figure apenas o nome caso em que o prazo será con- § 2o Caso necessário, a intima-
da sociedade a que pertençam, tado da intimação da decisão ção poderá ser efetuada com
desde que devidamente regis- que a reconheça. hora certa ou por edital.
trada na Ordem dos Advoga- Art. 273. Se inviável a in-
dos do Brasil. timação por meio eletrônico
§ 2o Sob pena de nulidade, é in- e não houver na localidade
dispensável que da publicação publicação em órgão oficial, Título III – Das
constem os nomes das partes e incumbirá ao escrivão ou chefe Nulidades
de seus advogados, com o res- de secretaria intimar de todos
pectivo número de inscrição os atos do processo os advo- Art. 276. Quando a lei pres-
na Ordem dos Advogados do gados das partes: crever determinada forma sob

334
pena de nulidade, a decretação § 1o O ato não será repetido ou outra hipótese de amplia-
desta não pode ser requerida nem sua falta será suprida ção objetiva do processo, o juiz,
pela parte que lhe deu causa. quando não prejudicar a parte. de ofício, mandará proceder à
§ 2o Quando puder decidir o respectiva anotação pelo dis-
Art. 277. Quando a lei pres- tribuidor.
mérito a favor da parte a quem
crever determinada forma, o
aproveite a decretação da nuli- Art. 287. A petição inicial
juiz considerará válido o ato dade, o juiz não a pronunciará
se, realizado de outro modo, deve vir acompanhada de pro-
nem mandará repetir o ato ou curação, que conterá os ende-
lhe alcançar a finalidade. suprir-lhe a falta. reços do advogado, eletrônico
Art. 278. A nulidade dos Art. 283. O erro de forma do e não eletrônico.
atos deve ser alegada na pri- processo acarreta unicamente a
meira oportunidade em que Parágrafo único. Dispensa-se a
anulação dos atos que não pos-
couber à parte falar nos autos, juntada da procuração:
sam ser aproveitados, devendo
sob pena de preclusão. ser praticados os que forem ne- I – no caso previsto no art. 104;
cessários a fim de se observarem II – se a parte estiver represen-
Parágrafo único. Não se aplica o as prescrições legais. tada pela Defensoria Pública;
disposto no caput às nulidades
que o juiz deva decretar de ofí- Parágrafo único. Dar-se-á o apro- III – se a representação decor-
cio, nem prevalece a preclusão veitamento dos atos praticados rer diretamente de norma pre-
provando a parte legítimo im- desde que não resulte prejuízo vista na Constituição Federal
pedimento. à defesa de qualquer parte. ou em lei.

Art. 279. É nulo o processo Art. 288. O juiz, de ofício ou


quando o membro do Minis- a requerimento do interessado,
tério Público não for intimado Título IV – Da corrigirá o erro ou compensará
a acompanhar o feito em que Distribuição e do Registro a falta de distribuição.
deva intervir. Art. 289. A distribuição po-
§ 1o Se o processo tiver tra- derá ser fiscalizada pela parte,
Art. 284. Todos os proces- por seu procurador, pelo Minis-
mitado sem conhecimento do sos estão sujeitos a registro,
membro do Ministério Público, tério Público e pela Defensoria
devendo ser distribuídos onde Pública.
o juiz invalidará os atos pra- houver mais de um juiz.
ticados a partir do momento Art. 290. Será cancelada a
em que ele deveria ter sido in- Art. 285. A distribuição, que
distribuição do feito se a par-
timado. poderá ser eletrônica, será al-
te, intimada na pessoa de seu
ternada e aleatória, obedecen-
§ 2o A nulidade só pode ser advogado, não realizar o paga-
do-se rigorosa igualdade.
decretada após a intimação mento das custas e despesas de
do Ministério Público, que se Parágrafo único. A lista de distri- ingresso em 15 (quinze) dias.
manifestará sobre a existência buição deverá ser publicada no
ou a inexistência de prejuízo. Diário de Justiça.

Art. 280. As citações e as Art. 286. Serão distribuídas Título V – Do


por dependência as causas de Valor da Causa
intimações serão nulas quan-
qualquer natureza:
do feitas sem observância das
prescrições legais. I – quando se relacionarem, por
conexão ou continência, com Ar t. 291. A toda causa
Art. 281. Anulado o ato, outra já ajuizada; será atribuído valor cer to,
consideram-se de nenhum II – quando, tendo sido extinto ainda que não tenha conteú-
efeito todos os subsequentes o processo sem resolução de do econômico imediatamente
que dele dependam, todavia, a mérito, for reiterado o pedido, aferível.
nulidade de uma parte do ato ainda que em litisconsórcio com Art. 292. O valor da causa
não prejudicará as outras que outros autores ou que sejam constará da petição inicial ou
dela sejam independentes. parcialmente alterados os réus
da reconvenção e será:
da demanda;
Art. 282. Ao pronunciar a I – na ação de cobrança de dí-
nulidade, o juiz declarará que III – quando houver ajuizamento
vida, a soma monetariamente
atos são atingidos e ordenará de ações nos termos do art. 55,
corrigida do principal, dos ju-
§ 3o, ao juízo prevento.
as providências necessárias a ros de mora vencidos e de ou-
fim de que sejam repetidos ou Parágrafo único. Havendo inter- tras penalidades, se houver, até
retificados. venção de terceiro, reconvenção a data de propositura da ação;

335
II – na ação que tiver por ob- Livro V – Da provisória será requerida ao
jeto a existência, a validade, o Tutela Provisória órgão jurisdicional competente
cumprimento, a modificação, para apreciar o mérito.
a resolução, a resilição ou a
rescisão de ato jurídico, o va-
lor do ato ou o de sua parte
controvertida; Título I – Título II – Da
III – na ação de alimentos, a
Disposições Gerais Tutela de Urgência
soma de 12 (doze) prestações
mensais pedidas pelo autor; Art. 294. A tutela provisória
pode fundamentar-se em urgên-
Capítulo I – Disposições
IV – na ação de divisão, de de-
cia ou evidência. Gerais
marcação e de reivindicação,
o valor de avaliação da área Parágrafo único. A tutela provi- Art. 300. A tutela de urgên-
ou do bem objeto do pedido; sória de urgência, cautelar ou cia será concedida quando hou-
antecipada, pode ser concedi- ver elementos que evidenciem
V – na ação indenizatória, in-
da em caráter antecedente ou a probabilidade do direito e o
clusive a fundada em dano mo-
incidental. perigo de dano ou o risco ao
ral, o valor pretendido;
resultado útil do processo.
VI – na ação em que há cumu- Art. 295. A tutela provisória
§ 1o Para a concessão da tu-
lação de pedidos, a quantia requerida em caráter inciden-
tela de urgência, o juiz pode,
correspondente à soma dos tal independe do pagamento
conforme o caso, exigir caução
valores de todos eles; de custas.
real ou fidejussória idônea para
VII – na ação em que os pe- Art. 296. A tutela provisória ressarcir os danos que a outra
didos são alternativos, o de conserva sua eficácia na pen- parte possa vir a sofrer, poden-
maior valor; dência do processo, mas pode, do a caução ser dispensada se
VIII – na ação em que houver a qualquer tempo, ser revogada a parte economicamente hipos-
pedido subsidiário, o valor do ou modificada. suficiente não puder oferecê-la.
pedido principal. § 2o A tutela de urgência pode
Parágrafo único. Salvo decisão
§ 1o Quando se pedirem pres- judicial em contrário, a tutela ser concedida liminarmente ou
tações vencidas e vincendas, provisória conservará a eficácia após justificação prévia.
considerar-se-á o valor de durante o período de suspensão § 3o A tutela de urgência de na-
umas e outras. do processo. tureza antecipada não será con-
§ 2o O valor das prestações cedida quando houver perigo
vincendas será igual a uma Art. 297. O juiz poderá
de irreversibilidade dos efeitos
prestação anual, se a obriga- determinar as medidas que
da decisão.
ção for por tempo indetermi- considerar adequadas para
nado ou por tempo superior efetivação da tutela provisória. Art. 301. A tutela de urgên-
a 1 (um) ano, e, se por tempo cia de natureza cautelar pode
Parágrafo único. A efetivação da
inferior, será igual à soma das ser efetivada mediante arresto,
tutela provisória observará as
prestações. sequestro, arrolamento de bens,
normas referentes ao cumpri-
registro de protesto contra alie-
§ 3o O juiz corrigirá, de ofício mento provisório da sentença,
nação de bem e qualquer outra
e por arbitramento, o valor da no que couber.
medida idônea para assegura-
causa quando verificar que não ção do direito.
Art. 298. Na decisão que
corresponde ao conteúdo pa- conceder, negar, modificar ou
trimonial em discussão ou ao Art. 302. Independente-
revogar a tutela provisória, o
proveito econômico persegui- mente da reparação por dano
juiz motivará seu convencimen-
do pelo autor, caso em que se processual, a parte responde
to de modo claro e preciso.
procederá ao recolhimento das pelo prejuízo que a efetivação
custas correspondentes. Art. 299. A tutela provisória da tutela de urgência causar à
será requerida ao juízo da causa parte adversa, se:
Art. 293. O réu poderá e, quando antecedente, ao juízo
impugnar, em preliminar da I – a sentença lhe for desfavo-
competente para conhecer do rável;
contestação, o valor atribuído pedido principal.
à causa pelo autor, sob pena II – obtida liminarmente a tute-
de preclusão, e o juiz decidirá Parágrafo único. Ressalvada dis- la em caráter antecedente, não
a respeito, impondo, se for o posição especial, na ação de fornecer os meios necessários
caso, a complementação das competência originária de tri- para a citação do requerido no
custas. bunal e nos recursos a tutela prazo de 5 (cinco) dias;

336
III – ocorrer a cessação da efi- autor terá de indicar o valor da Capítulo III – Do
cácia da medida em qualquer causa, que deve levar em con- Procedimento da Tutela
hipótese legal; sideração o pedido de tutela Cautelar Requerida em
IV – o juiz acolher a alegação final.
Caráter Antecedente
de decadência ou prescrição da § 5o O autor indicará na petição
pretensão do autor. inicial, ainda, que pretende va- Art. 305. A petição inicial
ler-se do benefício previsto no da ação que visa à prestação
Parágrafo único. A indenização caput deste artigo. de tutela cautelar em caráter
será liquidada nos autos em que antecedente indicará a lide e
a medida tiver sido concedida, § 6o Caso entenda que não há
elementos para a concessão de seu fundamento, a exposição
sempre que possível.
tutela antecipada, o órgão juris- sumária do direito que se objeti-
dicional determinará a emenda va assegurar e o perigo de dano
Capítulo II – Do
da petição inicial em até 5 (cin- ou o risco ao resultado útil do
Procedimento da Tutela processo.
Antecipada Requerida em co) dias, sob pena de ser indefe-
rida e de o processo ser extinto
Caráter Antecedente sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Caso entenda
que o pedido a que se refere o
Art. 303. Nos casos em que Art. 304. A tutela antecipa- caput tem natureza antecipada,
a urgência for contemporânea à da, concedida nos termos do o juiz observará o disposto no
propositura da ação, a petição art. 303, torna-se estável se da art. 303.
inicial pode limitar-se ao reque- decisão que a conceder não for
rimento da tutela antecipada e Art. 306. O réu será citado
interposto o respectivo recurso.
à indicação do pedido de tutela para, no prazo de 5 (cinco)
final, com a exposição da lide, § 1o No caso previsto no caput, dias, contestar o pedido e in-
do direito que se busca realizar o processo será extinto. dicar as provas que pretende
e do perigo de dano ou do risco § 2o Qualquer das partes po- produzir.
ao resultado útil do processo. derá demandar a outra com o
intuito de rever, reformar ou in- Art. 307. Não sendo contes-
§ 1o Concedida a tutela ante- tado o pedido, os fatos alega-
cipada a que se refere o caput validar a tutela antecipada es-
tabilizada nos termos do caput. dos pelo autor presumir-se-ão
deste artigo: aceitos pelo réu como ocorri-
I – o autor deverá aditar a peti- § 3o A tutela antecipada con- dos, caso em que o juiz decidirá
ção inicial, com a complemen- servará seus efeitos enquanto dentro de 5 (cinco) dias.
tação de sua argumentação, a não revista, reformada ou in-
juntada de novos documentos validada por decisão de mérito Parágrafo único. Contestado o pe-
e a confirmação do pedido de proferida na ação de que trata dido no prazo legal, observar-
tutela final, em 15 (quinze) dias o § 2o. -se-á o procedimento comum.
ou em outro prazo maior que o § 4o Qualquer das partes pode- Art. 308. Efetivada a tutela
juiz fixar; rá requerer o desarquivamento cautelar, o pedido principal terá
II – o réu será citado e intimado dos autos em que foi conce- de ser formulado pelo autor no
para a audiência de conciliação dida a medida, para instruir a prazo de 30 (trinta) dias, caso
ou de mediação na forma do petição inicial da ação a que se em que será apresentado nos
art. 334; refere o § 2o, prevento o juízo mesmos autos em que deduzido
em que a tutela antecipada foi o pedido de tutela cautelar, não
III – não havendo autocompo- concedida.
sição, o prazo para contesta- dependendo do adiantamento
ção será contado na forma do § 5o O direito de rever, reformar de novas custas processuais.
art. 335. ou invalidar a tutela antecipada,
§ 1o O pedido principal pode
previsto no § 2o deste artigo,
§ 2o Não realizado o aditamen- ser formulado conjuntamente
extingue-se após 2 (dois) anos,
to a que se refere o inciso I do com o pedido de tutela cautelar.
contados da ciência da decisão
§ 1o deste artigo, o processo que extinguiu o processo, nos § 2o A causa de pedir poderá ser
será extinto sem resolução do termos do § 1o. aditada no momento de formu-
mérito. lação do pedido principal.
§ 6 o A decisão que concede a
§ 3o O aditamento a que se re- tutela não fará coisa julgada, § 3o Apresentado o pedido prin-
fere o inciso I do § 1o deste arti- mas a estabilidade dos respecti- cipal, as partes serão intimadas
go dar-se-á nos mesmos autos, vos efeitos só será afastada por para a audiência de conciliação
sem incidência de novas custas decisão que a revir, reformar ou ou de mediação, na forma do
processuais. invalidar, proferida em ação art. 334, por seus advogados ou
§ 4o Na petição inicial a que se ajuizada por uma das partes, pessoalmente, sem necessidade
refere o caput deste artigo, o nos termos do § 2o deste artigo. de nova citação do réu.

337
§ 4o Não havendo autocompo- entrega do objeto custodiado, de relação jurídica que
sição, o prazo para contesta- sob cominação de multa; constitua o objeto prin-
ção será contado na forma do IV – a petição inicial for instru- cipal de outro processo
art. 335. ída com prova documental su- pendente;
Art. 309. Cessa a eficácia da ficiente dos fatos constitutivos b) tiver de ser proferida
tutela concedida em caráter an- do direito do autor, a que o réu somente após a verifi-
tecedente, se: não oponha prova capaz de ge- cação de determinado
rar dúvida razoável. fato ou a produção de
I – o autor não deduzir o pedido certa prova, requisitada
principal no prazo legal; Parágrafo único. Nas hipóteses
dos incisos II e III, o juiz poderá a outro juízo;
II – não for efetivada dentro de VI – por motivo de força maior;
decidir liminarmente.
30 (trinta) dias;
VII – quando se discutir em
III – o juiz julgar improcedente juízo questão decorrente de
o pedido principal formulado acidentes e fatos da navegação
pelo autor ou extinguir o pro- Livro VI – Da de competência do Tribunal
cesso sem resolução de mérito. Formação, da Marítimo;
Parágrafo único. Se por qualquer Suspensão e da VIII – nos demais casos que este
motivo cessar a eficácia da tu- Extinção do Processo Código regula;
tela cautelar, é vedado à parte IX – pelo parto ou pela conces-
renovar o pedido, salvo sob são de adoção, quando a advo-
novo fundamento. gada responsável pelo processo
Art. 310. O indeferimento
Título I – Da Formação constituir a única patrona da
Do Processo causa;
da tutela cautelar não obsta a
que a parte formule o pedido X – quando o advogado respon-
principal, nem influi no julga- Art. 312. Considera-se pro- sável pelo processo constituir o
mento desse, salvo se o motivo posta a ação quando a petição único patrono da causa e tor-
do indeferimento for o reconhe- inicial for protocolada, toda- nar-se pai.
cimento de decadência ou de via, a propositura da ação só
produz quanto ao réu os efeitos § 1o Na hipótese do inciso I, o
prescrição. juiz suspenderá o processo, nos
mencionados no art. 240 de-
pois que for validamente citado. termos do art. 689.
§ 2o Não ajuizada ação de habi-
Título III – Da litação, ao tomar conhecimento
Tutela da Evidência da morte, o juiz determinará a
Título II – Da suspensão do processo e obser-
Suspensão do Processo vará o seguinte:
Art. 311. A tutela da evidên-
cia será concedida, indepen- I – falecido o réu, ordenará a in-
Art. 313. Suspende-se o timação do autor para que pro-
dentemente da demonstração
processo: mova a citação do respectivo
de perigo de dano ou de risco
ao resultado útil do processo, I – pela morte ou pela perda espólio, de quem for o sucessor
quando: da capacidade processual de ou, se for o caso, dos herdeiros,
qualquer das partes, de seu no prazo que designar, de no
I – ficar caracterizado o abuso mínimo 2 (dois) e no máximo
representante legal ou de seu
do direito de defesa ou o ma- procurador; 6 (seis) meses;
nifesto propósito protelatório
da parte; II – pela convenção das partes; II – falecido o autor e sendo
III – pela arguição de impedi- transmissível o direito em litígio,
II – as alegações de fato pude- determinará a intimação de seu
rem ser comprovadas apenas mento ou de suspeição;
espólio, de quem for o sucessor
documentalmente e houver IV – pela admissão de inciden-
ou, se for o caso, dos herdeiros,
tese firmada em julgamento de te de resolução de demandas
pelos meios de divulgação que
casos repetitivos ou em súmula repetitivas;
reputar mais adequados, para
vinculante; V – quando a sentença de mé- que manifestem interesse na
III – se tratar de pedido reiper- rito: sucessão processual e promo-
secutório fundado em prova a) depender do julgamento vam a respectiva habilitação no
documental adequada do de outra causa ou da prazo designado, sob pena de
contrato de depósito, caso em declaração de existên- extinção do processo sem reso-
que será decretada a ordem de cia ou de inexistência lução de mérito.

338
§ 3o No caso de morte do pro- que comprove a realização do suspensão do processo até que
curador de qualquer das partes, parto, ou de termo judicial que se pronuncie a justiça criminal.
ainda que iniciada a audiência tenha concedido a adoção, § 1o Se a ação penal não for
de instrução e julgamento, o juiz desde que haja notificação ao proposta no prazo de 3 (três)
determinará que a parte consti- cliente.
tua novo mandatário, no prazo meses, contado da intimação
§ 7o No caso do inciso X, o pe- do ato de suspensão, cessará o
de 15 (quinze) dias, ao final do ríodo de suspensão será de 8
qual extinguirá o processo sem efeito desse, incumbindo ao juiz
(oito) dias, contado a partir da cível examinar incidentemente a
resolução de mérito, se o autor data do parto ou da concessão
não nomear novo mandatário, questão prévia.
da adoção, mediante apresen-
ou ordenará o prosseguimento tação de certidão de nascimen- § 2o Proposta a ação penal, o
do processo à revelia do réu, se processo ficará suspenso pelo
to ou documento similar que
falecido o procurador deste. prazo máximo de 1 (um) ano,
comprove a realização do par-
§ 4o O prazo de suspensão do to, ou de termo judicial que te- ao final do qual aplicar-se-á o
processo nunca poderá exceder nha concedido a adoção, desde disposto na parte final do § 1o.
1 (um) ano nas hipóteses do in- que haja notificação ao cliente.
ciso V e 6 (seis) meses naquela
prevista no inciso II. Art. 314. Durante a suspen-
§ 5o O juiz determinará o pros- são é vedado praticar qualquer Título III – Da
seguimento do processo assim ato processual, podendo o juiz, Extinção do Processo
que esgotados os prazos previs- todavia, determinar a realização
tos no § 4o. de atos urgentes a fim de evitar
dano irreparável, salvo no caso Art. 316. A extinção do pro-
§ 6o No caso do inciso IX, o pe- de arguição de impedimento e cesso dar-se-á por sentença.
ríodo de suspensão será de 30 de suspeição.
(trinta) dias, contado a partir Art. 317. Antes de proferir
da data do parto ou da conces- Art. 315. Se o conhecimento decisão sem resolução de mé-
são da adoção, mediante apre- do mérito depender de verifica- rito, o juiz deverá conceder à
sentação de certidão de nasci- ção da existência de fato delitu- parte oportunidade para, se
mento ou documento similar oso, o juiz pode determinar a possível, corrigir o vício.

Parte Especial

Livro I – Do Processo procedimentos especiais e ao III – o fato e os fundamentos


de Conhecimento processo de execução. jurídicos do pedido;
e do Cumprimento Capítulo II – Da Petição
IV – o pedido com as suas es-
de Sentença Inicial
pecificações;
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor
Seção I – Dos Requisitos da pretende demonstrar a verdade
Título I – Do Petição Inicial dos fatos alegados;
Procedimento Comum VII – a opção do autor pela re-
Art. 319. A petição inicial alização ou não de audiência
indicará: de conciliação ou de mediação.
Capítulo I – Disposições I – o juízo a que é dirigida; § 1o Caso não disponha das in-
Gerais II – os nomes, os prenomes, formações previstas no inciso
Art. 318. Aplica-se a todas o estado civil, a existência de II, poderá o autor, na petição
união estável, a profissão, o nú- inicial, requerer ao juiz diligên-
as causas o procedimento co-
mero de inscrição no Cadastro cias necessárias a sua obtenção.
mum, salvo disposição em con-
trário deste Código ou de lei. de Pessoas Físicas ou no Cadas- § 2o A petição inicial não será
tro Nacional da Pessoa Jurídica, indeferida se, a despeito da
Parágrafo único. O procedi- o endereço eletrônico, o domi- falta de informações a que se
mento comum aplica-se sub- cílio e a residência do autor e refere o inciso II, for possível a
sidiariamente aos demais do réu; citação do réu.

339
§ 3o A petição inicial não será I – nas ações universais, se o previstas nos procedimentos es-
indeferida pelo não atendimen- autor não puder individuar os peciais a que se sujeitam um ou
to ao disposto no inciso II des- bens demandados; mais pedidos cumulados, que
te artigo se a obtenção de tais II – quando não for possível de- não forem incompatíveis com
informações tornar impossível terminar, desde logo, as conse- as disposições sobre o proce-
ou excessivamente oneroso o quências do ato ou do fato; dimento comum.
acesso à justiça. III – quando a determinação do § 3o O inciso I do § 1o não se
Art. 320. A petição inicial objeto ou do valor da condena- aplica às cumulações de pedi-
será instruída com os documen- ção depender de ato que deva dos de que trata o art. 326.
tos indispensáveis à propositura ser praticado pelo réu. Art. 328. Na obrigação
da ação. § 2o O disposto neste artigo indivisível com pluralidade de
aplica-se à reconvenção. credores, aquele que não parti-
Art. 321. O juiz, ao verificar
cipou do processo receberá sua
que a petição inicial não preen- Art. 325. O pedido será al-
parte, deduzidas as despesas na
che os requisitos dos arts. 319 e ternativo quando, pela natureza
proporção de seu crédito.
320 ou que apresenta defeitos da obrigação, o devedor puder
e irregularidades capazes de cumprir a prestação de mais de Art. 329. O autor poderá:
dificultar o julgamento de mé- um modo. I – até a citação, aditar ou al-
rito, determinará que o autor, terar o pedido ou a causa de
Parágrafo único. Quando, pela
no prazo de 15 (quinze) dias, a lei ou pelo contrato, a escolha pedir, independentemente de
emende ou a complete, indican- couber ao devedor, o juiz lhe consentimento do réu;
do com precisão o que deve ser assegurará o direito de cum- II – até o saneamento do proces-
corrigido ou completado. prir a prestação de um ou de so, aditar ou alterar o pedido e
Parágrafo único. Se o autor não outro modo, ainda que o autor a causa de pedir, com consen-
cumprir a diligência, o juiz in- não tenha formulado pedido timento do réu, assegurado o
deferirá a petição inicial. alternativo. contraditório mediante a possi-
bilidade de manifestação deste
Art. 326. É lícito formular
no prazo mínimo de 15 (quinze)
Seção II – Do Pedido mais de um pedido em ordem
dias, facultado o requerimento
subsidiária, a fim de que o juiz
Art. 322. O pedido deve ser de prova suplementar.
conheça do posterior, quando
certo. não acolher o anterior. Parágrafo único. Aplica-se o dis-
§ 1o Compreendem-se no prin- posto neste artigo à reconven-
Parágrafo único. É lícito formular
cipal os juros legais, a corre- ção e à respectiva causa de
mais de um pedido, alternati-
ção monetária e as verbas de pedir.
vamente, para que o juiz acolha
sucumbência, inclusive os ho- um deles.
norários advocatícios. Seção III – Do
Art. 327. É lícita a cumu-
§ 2o A interpretação do pedido lação, em um único processo, Indeferimento da Petição
considerará o conjunto da pos- contra o mesmo réu, de vários Inicial
tulação e observará o princípio pedidos, ainda que entre eles
da boa-fé. Art. 330. A petição inicial
não haja conexão. será indeferida quando:
Art. 323. Na ação que ti- § 1o São requisitos de admissibi- I – for inepta;
ver por objeto cumprimento lidade da cumulação que:
de obrigação em prestações II – a parte for manifestamente
I – os pedidos sejam compatí- ilegítima;
sucessivas, essas serão consi- veis entre si;
deradas incluídas no pedido, III – o autor carecer de interesse
II – seja competente para co- processual;
independentemente de decla-
nhecer deles o mesmo juízo;
ração expressa do autor, e se- IV – não atendidas as prescri-
rão incluídas na condenação, III – seja adequado para todos ções dos arts. 106 e 321.
enquanto durar a obrigação, os pedidos o tipo de procedi-
mento. § 1o Considera-se inepta a peti-
se o devedor, no curso do pro- ção inicial quando:
cesso, deixar de pagá-las ou de § 2o Quando, para cada pedido,
consigná-las. corresponder tipo diverso de I – lhe faltar pedido ou causa
procedimento, será admitida a de pedir;
Art. 324. O pedido deve ser cumulação se o autor empregar II – o pedido for indeterminado,
determinado. o procedimento comum, sem ressalvadas as hipóteses legais
§ 1o É lícito, porém, formular prejuízo do emprego das técni- em que se permite o pedido
pedido genérico: cas processuais diferenciadas genérico;

340
III – da narração dos fatos não III – entendimento firmado em exceder a 2 (dois) meses da
decorrer logicamente a conclu- incidente de resolução de de- data de realização da primeira
são; mandas repetitivas ou de assun- sessão, desde que necessárias à
IV – contiver pedidos incompa- ção de competência; composição das partes.
tíveis entre si. IV – enunciado de súmula de § 3o A intimação do autor para
Tribunal de Justiça sobre direi- a audiência será feita na pessoa
§ 2o Nas ações que tenham por
to local. de seu advogado.
objeto a revisão de obrigação
decorrente de empréstimo, de § 1o O juiz também poderá jul- § 4o A audiência não será rea-
financiamento ou de alienação gar liminarmente improceden- lizada:
de bens, o autor terá de, sob te o pedido se verificar, desde I – se ambas as partes mani-
pena de inépcia, discriminar na logo, a ocorrência de decadên- festarem, expressamente, de-
petição inicial, dentre as obriga- cia ou de prescrição. sinteresse na composição con-
ções contratuais, aquelas que § 2o Não interposta a apelação, sensual;
pretende controverter, além de o réu será intimado do trânsi- II – quando não se admitir a
quantificar o valor incontrover- to em julgado da sentença, nos autocomposição.
so do débito. termos do art. 241. § 5o O autor deverá indicar, na
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor § 3o Interposta a apelação, o petição inicial, seu desinteresse
incontroverso deverá continuar juiz poderá retratar-se em 5 na autocomposição, e o réu de-
a ser pago no tempo e modo (cinco) dias. verá fazê-lo, por petição, apre-
contratados. § 4o Se houver retratação, o juiz sentada com 10 (dez) dias de
determinará o prosseguimento antecedência, contados da data
Art. 331. Indeferida a peti- da audiência.
ção inicial, o autor poderá ape- do processo, com a citação do
réu, e, se não houver retratação, § 6o Havendo litisconsórcio, o
lar, facultado ao juiz, no prazo
determinará a citação do réu desinteresse na realização da
de 5 (cinco) dias, retratar-se.
para apresentar contrarrazões, audiência deve ser manifestado
§ 1o Se não houver retratação, no prazo de 15 (quinze) dias. por todos os litisconsortes.
o juiz mandará citar o réu para § 7o A audiência de conciliação
responder ao recurso. Capítulo IV – Da ou de mediação pode realizar-se
§ 2o Sendo a sentença reforma- Conversão da Ação por meio eletrônico, nos termos
da pelo tribunal, o prazo para Individual em Ação Coletiva da lei.
a contestação começará a cor- § 8 o O não comparecimento
rer da intimação do retorno dos Art. 333. (Vetado)
injustif icado do autor ou do
autos, observado o disposto no réu à audiência de conciliação
art. 334. Capítulo V – Da Audiência
é considerado ato atentatório
de Conciliação ou de à dignidade da justiça e será
§ 3o Não interposta a apelação,
Mediação sancionado com multa de até
o réu será intimado do trânsito
em julgado da sentença. Art. 334. Se a petição ini- dois por cento da vantagem
cial preencher os requisitos econômica pretendida ou do
Capítulo III – Da essenciais e não for o caso de valor da causa, revertida em
Improcedência Liminar do improcedência liminar do pe- favor da União ou do Estado.
Pedido dido, o juiz designará audiência § 9 o As par tes devem estar
de conciliação ou de mediação acompanhadas por seus advo-
Art. 332. Nas causas que com antecedência mínima de 30 gados ou defensores públicos.
dispensem a fase instrutória, (trinta) dias, devendo ser citado § 10. A parte poderá constituir
o juiz, independentemente da o réu com pelo menos 20 (vinte) representante, por meio de pro-
citação do réu, julgará liminar- dias de antecedência. curação específica, com pode-
mente improcedente o pedido res para negociar e transigir.
§ 1o O conciliador ou mediador,
que contrariar: onde houver, atuará necessaria- § 11. A autocomposição obtida
I – enunciado de súmula do Su- mente na audiência de conci- será reduzida a termo e homo-
premo Tribunal Federal ou do liação ou de mediação, obser- logada por sentença.
Superior Tribunal de Justiça; vando o disposto neste Código, § 12. A pauta das audiências
II – acórdão proferido pelo bem como as disposições da lei de conciliação ou de mediação
Supremo Tribunal Federal ou de organização judiciária. será organizada de modo a res-
pelo Superior Tribunal de Jus- § 2o Poderá haver mais de uma peitar o intervalo mínimo de 20
tiça em julgamento de recursos sessão destinada à conciliação (vinte) minutos entre o início de
repetitivos; e à mediação, não podendo uma e o início da seguinte.

341
Capítulo VI – Da V – perempção; causa ou, sendo este irrisório,
Contestação VI – litispendência; nos termos do art. 85, § 8o.

Art. 335. O réu poderá ofe- VII – coisa julgada; Art. 339. Quando alegar
recer contestação, por petição, VIII – conexão; sua ilegitimidade, incumbe ao
no prazo de 15 (quinze) dias, réu indicar o sujeito passivo da
IX – incapacidade da parte, de- relação jurídica discutida sem-
cujo termo inicial será a data: feito de representação ou falta pre que tiver conhecimento, sob
I – da audiência de conciliação de autorização; pena de arcar com as despesas
ou de mediação, ou da última X – convenção de arbitragem; processuais e de indenizar o au-
sessão de conciliação, quando tor pelos prejuízos decorrentes
XI – ausência de legitimidade ou
qualquer parte não comparecer da falta de indicação.
de interesse processual;
ou, comparecendo, não houver
XII – falta de caução ou de outra § 1o O autor, ao aceitar a indica-
autocomposição; ção, procederá, no prazo de 15
II – do protocolo do pedido de prestação que a lei exige como
preliminar; (quinze) dias, à alteração da pe-
cancelamento da audiência de tição inicial para a substituição
conciliação ou de mediação XIII – indevida concessão do be- do réu, observando-se, ainda,
apresentado pelo réu, quando nefício de gratuidade de justiça. o parágrafo único do art. 338.
ocorrer a hipótese do art. 334, § 1o Verifica-se a litispendência § 2o No prazo de 15 (quinze)
§ 4o, inciso I; ou a coisa julgada quando se dias, o autor pode optar por
III – prevista no art. 231, de reproduz ação anteriormente alterar a petição inicial para in-
acordo com o modo como ajuizada. cluir, como litisconsorte passivo,
foi feita a citação, nos demais § 2o Uma ação é idêntica a outra o sujeito indicado pelo réu.
casos. quando possui as mesmas par- Art. 340. Havendo alegação
§ 1o No caso de litisconsórcio tes, a mesma causa de pedir e o de incompetência relativa ou
passivo, ocorrendo a hipótese mesmo pedido. absoluta, a contestação pode-
do art. 334, § 6o, o termo inicial § 3o Há litispendência quan- rá ser protocolada no foro de
previsto no inciso II será, para do se repete ação que está em domicílio do réu, fato que será
cada um dos réus, a data de curso. imediatamente comunicado ao
apresentação de seu respecti- juiz da causa, preferencialmente
vo pedido de cancelamento da § 4o Há coisa julgada quando
se repete ação que já foi deci- por meio eletrônico.
audiência.
dida por decisão transitada em § 1o A contestação será subme-
§ 2o Quando ocorrer a hipótese julgado. tida a livre distribuição ou, se o
do art. 334, § 4o, inciso II, ha- réu houver sido citado por meio
vendo litisconsórcio passivo e § 5o Excetuadas a convenção
de carta precatória, juntada aos
o autor desistir da ação em re- de arbitragem e a incompetên-
autos dessa carta, seguindo-se
lação a réu ainda não citado, o cia relativa, o juiz conhecerá de
a sua imediata remessa para o
prazo para resposta correrá da ofício das matérias enumeradas
juízo da causa.
data de intimação da decisão neste artigo.
§ 2o Reconhecida a competên-
que homologar a desistência. § 6o A ausência de alegação da cia do foro indicado pelo réu, o
existência de convenção de arbi- juízo para o qual for distribuída
Art. 336. Incumbe ao réu tragem, na forma prevista neste
alegar, na contestação, toda a a contestação ou a carta preca-
Capítulo, implica aceitação da tória será considerado prevento.
matéria de defesa, expondo as jurisdição estatal e renúncia ao
razões de fato e de direito com juízo arbitral. § 3o Alegada a incompetência
que impugna o pedido do autor nos termos do caput, será sus-
e especificando as provas que Art. 338. Alegando o réu, na pensa a realização da audiência
pretende produzir. contestação, ser parte ilegítima de conciliação ou de mediação,
ou não ser o responsável pelo se tiver sido designada.
Art. 337. Incumbe ao réu,
prejuízo invocado, o juiz faculta- § 4 o Definida a competência,
antes de discutir o mérito, ale-
rá ao autor, em 15 (quinze) dias, o juízo competente designará
gar:
a alteração da petição inicial nova data para a audiência de
I – inexistência ou nulidade da para substituição do réu. conciliação ou de mediação.
citação;
Parágrafo único. Realizada a subs- Art. 341. Incumbe também
II – incompetência absoluta e
tituição, o autor reembolsará as ao réu manifestar-se precisa-
relativa;
despesas e pagará os honorários mente sobre as alegações de
III – incorreção do valor da cau- ao procurador do réu excluído, fato constantes da petição ini-
sa; que serão f ixados entre três cial, presumindo-se verdadeiras
IV – inépcia da petição inicial; e cinco por cento do valor da as não impugnadas, salvo se:

342
I – não for admissível, a seu res- reconvenção deverá ser pro- revelia previsto no art. 344,
peito, a confissão; posta em face do autor, tam- ordenará que o autor especi-
II – a petição inicial não estiver bém na qualidade de substituto fique as provas que pretenda
acompanhada de instrumento processual. produzir, se ainda não as tiver
que a lei considerar da substân- § 6o O réu pode propor recon- indicado.
cia do ato; venção independentemente de Art. 349. Ao réu revel será
III – estiverem em contradição oferecer contestação. lícita a produção de provas,
com a defesa, considerada em contrapostas às alegações do
seu conjunto. Capítulo VIII – Da Revelia autor, desde que se faça repre-
Art. 344. Se o réu não con- sentar nos autos a tempo de
Parágrafo único. O ônus da im- praticar os atos processuais
pugnação especificada dos fa- testar a ação, será considerado
revel e presumir-se-ão verdadei- indispensáveis a essa produção.
tos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ras as alegações de fato formu-
ao curador especial. ladas pelo autor. Seção II – Do Fato
Art. 345. A revelia não pro- Impeditivo, Modificativo ou
Art. 342. Depois da contes-
tação, só é lícito ao réu deduzir duz o efeito mencionado no Extintivo do Direito do Autor
novas alegações quando: art. 344 se: Art. 350. Se o réu alegar
I – relativas a direito ou a fato I – havendo pluralidade de réus, fato impeditivo, modificativo
superveniente; algum deles contestar a ação; ou extintivo do direito do autor,
II – competir ao juiz conhecer II – o litígio versar sobre direitos este será ouvido no prazo de 15
delas de ofício; indisponíveis; (quinze) dias, permitindo-lhe o
III – a petição inicial não estiver juiz a produção de prova.
III – por expressa autorização
legal, puderem ser formuladas acompanhada de instrumento
em qualquer tempo e grau de que a lei considere indispensável Seção III – Das Alegações
jurisdição. à prova do ato; do Réu
IV – as alegações de fato for-
Capítulo VII – Da muladas pelo autor forem inve- Art. 351. Se o réu alegar
qualquer das matérias enumera-
Reconvenção rossímeis ou estiverem em con-
das no art. 337, o juiz determina-
tradição com prova constante
Art. 343. Na contestação, é dos autos. rá a oitiva do autor no prazo de
lícito ao réu propor reconven- 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
ção para manifestar pretensão Art. 346. Os prazos contra a produção de prova.
própria, conexa com a ação o revel que não tenha patrono
nos autos f luirão da data de Art. 352. Verificando a exis-
principal ou com o fundamen- tência de irregularidades ou de
to da defesa. publicação do ato decisório
no órgão oficial. vícios sanáveis, o juiz determina-
§ 1o Proposta a reconvenção, o rá sua correção em prazo nunca
autor será intimado, na pessoa Parágrafo único. O revel poderá superior a 30 (trinta) dias.
de seu advogado, para apre- intervir no processo em qual-
sentar resposta no prazo de 15 quer fase, recebendo-o no es- Art. 353. Cumpridas as pro-
(quinze) dias. tado em que se encontrar. vidências preliminares ou não
havendo necessidade delas, o
§ 2o A desistência da ação ou juiz proferirá julgamento con-
a ocorrência de causa extinti- Capítulo IX – Das
forme o estado do processo,
va que impeça o exame de seu Providências Preliminares e obser vando o que dispõe o
mérito não obsta ao prosse- do Saneamento Capítulo X.
guimento do processo quanto
à reconvenção. Art. 347. Findo o prazo para
a contestação, o juiz tomará, Capítulo X – Do
§ 3o A reconvenção pode ser conforme o caso, as providên- Julgamento Conforme o
proposta contra o autor e ter- cias preliminares constantes das Estado do Processo
ceiro. seções deste Capítulo.
§ 4 o A reconvenção pode ser
proposta pelo réu em litiscon-
Seção I – Da Extinção do
sórcio com terceiro.
Seção I – Da Não Incidência Processo
dos Efeitos da Revelia
§ 5o Se o autor for substituto Art. 354. Ocorrendo qual-
processual, o reconvinte deve- Art. 348. Se o réu não con- quer das hipóteses previstas nos
rá afirmar ser titular de direito testar a ação, o juiz, verifican- arts. 485 e 487, incisos II e III, o
em face do substituído, e a do a inocorrência do efeito da juiz proferirá sentença.

343
Parágrafo único. A decisão a que § 6o O número de testemunhas
se refere o caput pode dizer Seção IV – Do Saneamento arroladas não pode ser superior
respeito a apenas parcela do e da Organização do a 10 (dez), sendo 3 (três), no
processo, caso em que será Processo máximo, para a prova de cada
impugnável por agravo de ins- fato.
Art. 357. Não ocorrendo
trumento. nenhuma das hipóteses deste § 7o O juiz poderá limitar o nú-
Capítulo, deverá o juiz, em de- mero de testemunhas levando
Seção II – Do Julgamento cisão de saneamento e de orga- em conta a complexidade da
Antecipado do Mérito nização do processo: causa e dos fatos individual-
I – resolver as questões proces- mente considerados.
Art. 355. O juiz julgará an- suais pendentes, se houver; § 8 o Caso tenha sido deter-
tecipadamente o pedido, profe- minada a produção de prova
rindo sentença com resolução II – delimitar as questões de fato
sobre as quais recairá a ativida- pericial, o juiz deve observar o
de mérito, quando: disposto no art. 465 e, se pos-
de probatória, especificando os
I – não houver necessidade de meios de prova admitidos; sível, estabelecer, desde logo,
produção de outras provas; calendário para sua realização.
III – definir a distribuição do
II – o réu for revel, ocorrer o ônus da prova, observado o § 9o As pautas deverão ser pre-
efeito previsto no art. 344 e não art. 373; paradas com intervalo mínimo
houver requerimento de prova, de 1 (uma) hora entre as audi-
na forma do art. 349. IV – delimitar as questões de di- ências.
reito relevantes para a decisão
do mérito; Capítulo XI – Da
Seção III – Do Julgamento V – designar, se necessário,
Antecipado Parcial do Mérito Audiência de Instrução e
audiência de instrução e julga- Julgamento
Art. 356. O juiz decidirá par- mento.
cialmente o mérito quando um § 1o Realizado o saneamento, Art. 358. No dia e na hora
ou mais dos pedidos formula- as partes têm o direito de pe- designados, o juiz declarará
dos ou parcela deles: dir esclarecimentos ou solicitar aberta a audiência de instru-
ajustes, no prazo comum de 5 ção e julgamento e mandará
I – mostrar-se incontroverso; apregoar as partes e os respec-
(cinco) dias, findo o qual a de-
II – estiver em condições de ime- cisão se torna estável. tivos advogados, bem como
diato julgamento, nos termos outras pessoas que dela devam
do art. 355. § 2o As partes podem apresen-
participar.
tar ao juiz, para homologação,
§ 1o A decisão que julgar par- delimitação consensual das Art. 359. Instalada a audi-
cialmente o mérito poderá re- questões de fato e de direito a ência, o juiz tentará conciliar
conhecer a existência de obri- que se referem os incisos II e IV, as partes, independentemente
gação líquida ou ilíquida. a qual, se homologada, vincula do emprego anterior de outros
§ 2o A parte poderá liquidar ou as partes e o juiz. métodos de solução consensual
executar, desde logo, a obriga- § 3o Se a causa apresentar com- de conflitos, como a mediação
ção reconhecida na decisão que plexidade em matéria de fato ou e a arbitragem.
julgar parcialmente o mérito, de direito, deverá o juiz designar
independentemente de caução, Art. 360. O juiz exerce o po-
audiência para que o sanea- der de polícia, incumbindo-lhe:
ainda que haja recurso contra mento seja feito em cooperação
essa interposto. com as partes, oportunidade I – manter a ordem e o decoro
§ 3 o Na hipótese do § 2o, se em que o juiz, se for o caso, na audiência;
houver trânsito em julgado da convidará as partes a integrar II – ordenar que se retirem da
decisão, a execução será defi- ou esclarecer suas alegações. sala de audiência os que se
nitiva. § 4 o Caso tenha sido deter- comportarem inconveniente-
§ 4 o A liquidação e o cumpri- minada a produção de prova mente;
mento da decisão que julgar testemunhal, o juiz fixará pra- III – requisitar, quando necessá-
parcialmente o mérito pode- zo comum não superior a 15 rio, força policial;
rão ser processados em autos (quinze) dias para que as partes IV – tratar com urbanidade as
suplementares, a requerimento apresentem rol de testemunhas. partes, os advogados, os mem-
da parte ou a critério do juiz. § 5o Na hipótese do § 3o, as par- bros do Ministério Público e da
§ 5o A decisão proferida com tes devem levar, para a audiên- Defensoria Pública e qualquer
base neste artigo é impugnável cia prevista, o respectivo rol de pessoa que participe do pro-
por agravo de instrumento. testemunhas. cesso;

344
V – registrar em ata, com exa- intimação dos advogados ou da § 1o Quando o termo não for
tidão, todos os requerimentos sociedade de advogados para registrado em meio eletrônico,
apresentados em audiência. ciência da nova designação. o juiz rubricar-lhe-á as folhas,
que serão encadernadas em
Art. 361. As provas orais se- Art. 364. Finda a instrução, volume próprio.
rão produzidas em audiência, o juiz dará a palavra ao advoga-
ouvindo-se nesta ordem, pre- do do autor e do réu, bem como § 2o Subscreverão o termo o
ferencialmente: ao membro do Ministério Públi- juiz, os advogados, o membro
I – o perito e os assistentes co, se for o caso de sua interven- do Ministério Público e o es-
técnicos, que responderão aos ção, sucessivamente, pelo prazo crivão ou chefe de secretaria,
quesitos de esclarecimentos re- de 20 (vinte) minutos para cada dispensadas as partes, exceto
queridos no prazo e na forma um, prorrogável por 10 (dez) mi- quando houver ato de dispo-
do art. 477, caso não respondi- nutos, a critério do juiz. sição para cuja prática os ad-
dos anteriormente por escrito; vogados não tenham poderes.
§ 1o Havendo litisconsorte ou
II – o autor e, em seguida, o terceiro interveniente, o prazo, § 3o O escrivão ou chefe de se-
réu, que prestarão depoimen- que formará com o da prorro- cretaria trasladará para os au-
tos pessoais; gação um só todo, dividir-se-á tos cópia autêntica do termo
entre os do mesmo grupo, se de audiência.
III – as testemunhas arroladas
pelo autor e pelo réu, que serão não convencionarem de modo § 4o Tratando-se de autos ele-
inquiridas. diverso. trônicos, observar-se-á o dis-
§ 2o Quando a causa apresentar posto neste Código, em legis-
Parágrafo único. Enquanto depu- lação específica e nas normas
serem o perito, os assistentes questões complexas de fato ou
de direito, o debate oral poderá internas dos tribunais.
técnicos, as partes e as teste-
munhas, não poderão os ad- ser substituído por razões finais § 5o A audiência poderá ser inte-
vogados e o Ministério Público escritas, que serão apresenta- gralmente gravada em imagem
intervir ou apartear, sem licença das pelo autor e pelo réu, bem e em áudio, em meio digital ou
do juiz. como pelo Ministério Público, analógico, desde que assegure o
se for o caso de sua interven- rápido acesso das partes e dos
Art. 362. A audiência pode- ção, em prazos sucessivos de 15 órgãos julgadores, observada a
rá ser adiada: (quinze) dias, assegurada vista legislação específica.
I – por convenção das partes; dos autos. § 6o A gravação a que se refere o
II – se não puder comparecer, § 5o também pode ser realizada
Art. 365. A audiência é una
por motivo justificado, qualquer diretamente por qualquer das
e contínua, podendo ser excep-
pessoa que dela deva necessa- partes, independentemente de
cional e justificadamente cin-
riamente participar; autorização judicial.
dida na ausência de perito ou
III – por atraso injustificado de de testemunha, desde que haja Art. 368. A audiência será
seu início em tempo superior a concordância das partes. pública, ressalvadas as exceções
30 (trinta) minutos do horário legais.
marcado. Parágrafo único. Diante da im-
§ 1o O impedimento deverá ser possibilidade de realização da Capítulo XII – Das Provas
comprovado até a abertura da instrução, do debate e do jul-
audiência, e, não o sendo, o juiz gamento no mesmo dia, o juiz
procederá à instrução. marcará seu prosseguimento Seção I – Disposições Gerais
para a data mais próxima pos-
§ 2o O juiz poderá dispensar a sível, em pauta preferencial. Art. 369. As partes têm o
produção das provas requeri- direito de empregar todos os
das pela parte cujo advogado Art. 366. Encerrado o de- meios legais, bem como os mo-
ou defensor público não tenha bate ou oferecidas as razões ralmente legítimos, ainda que
comparecido à audiência, apli- finais, o juiz proferirá sentença não especificados neste Código,
cando-se a mesma regra ao Mi- em audiência ou no prazo de 30 para provar a verdade dos fatos
nistério Público. (trinta) dias. em que se funda o pedido ou a
§ 3o Quem der causa ao adia- defesa e influir eficazmente na
Art. 367. O servidor lavrará,
mento responderá pelas despe- convicção do juiz.
sob ditado do juiz, termo que
sas acrescidas.
conterá, em resumo, o ocorrido Art. 370. Caberá ao juiz,
Art. 363. Havendo antecipa- na audiência, bem como, por de ofício ou a requerimento
ção ou adiamento da audiência, extenso, os despachos, as deci- da parte, determinar as provas
o juiz, de ofício ou a requeri- sões e a sentença, se proferida necessárias ao julgamento do
mento da parte, determinará a no ato. mérito.

345
Parágrafo único. O juiz indeferirá, Art. 374. Não dependem de Art. 380. Incumbe ao ter-
em decisão fundamentada, as prova os fatos: ceiro, em relação a qualquer
diligências inúteis ou meramen- I – notórios; causa:
te protelatórias. I – informar ao juiz os fatos e
II – afirmados por uma parte
Art. 371. O juiz apreciará e confessados pela parte con- as circunstâncias de que tenha
a prova constante dos autos, trária; conhecimento;
independentemente do sujeito III – admitidos no processo II – exibir coisa ou documento
que a tiver promovido, e indica- como incontroversos; que esteja em seu poder.
rá na decisão as razões da for-
mação de seu convencimento. IV – em cujo favor milita pre- Parágrafo único. Poderá o juiz, em
sunção legal de existência ou de caso de descumprimento, de-
Art. 372. O juiz poderá veracidade. terminar, além da imposição de
admitir a utilização de prova multa, outras medidas induti-
produzida em outro processo, Art. 375. O juiz aplicará as
regras de experiência comum vas, coercitivas, mandamentais
atribuindo-lhe o valor que con- ou sub-rogatórias.
siderar adequado, observado o subministradas pela observa-
contraditório. ção do que ordinariamente
acontece e, ainda, as regras Seção II – Da Produção
Art. 373. O ônus da prova de experiência técnica, ressal-
incumbe:
Antecipada da Prova
vado, quanto a estas, o exame
I – ao autor, quanto ao fato pericial. Art. 381. A produção ante-
constitutivo de seu direito; cipada da prova será admitida
Art. 376. A parte que alegar
II – ao réu, quanto à existência nos casos em que:
direito municipal, estadual, es-
de fato impeditivo, modificativo trangeiro ou consuetudinário I – haja fundado receio de que
ou extintivo do direito do autor. provar-lhe-á o teor e a vigência, venha a tornar-se impossível
§ 1o Nos casos previstos em lei se assim o juiz determinar. ou muito difícil a verificação
ou diante de peculiaridades da de certos fatos na pendência
Art. 377. A carta precatória, da ação;
causa relacionadas à impossi-
bilidade ou à excessiva dificul- a carta rogatória e o auxílio di-
reto suspenderão o julgamen- II – a prova a ser produzida seja
dade de cumprir o encargo nos suscetível de viabilizar a auto-
termos do caput ou à maior to da causa no caso previsto
no art. 313, inciso V, alínea b, composição ou outro meio ade-
facilidade de obtenção da pro- quado de solução de conflito;
va do fato contrário, poderá o quando, tendo sido requeridos
juiz atribuir o ônus da prova antes da decisão de saneamen- III – o prévio conhecimento dos
de modo diverso, desde que to, a prova neles solicitada for fatos possa justificar ou evitar
o faça por decisão fundamen- imprescindível. o ajuizamento de ação.
tada, caso em que deverá dar Parágrafo único. A carta preca- § 1o O arrolamento de bens ob-
à parte a oportunidade de se tória e a carta rogatória não servará o disposto nesta Seção
desincumbir do ônus que lhe foi devolvidas no prazo ou con- quando tiver por finalidade ape-
atribuído. cedidas sem efeito suspensivo nas a realização de documenta-
§ 2o A decisão prevista no § 1o poderão ser juntadas aos autos ção e não a prática de atos de
deste artigo não pode gerar si- a qualquer momento. apreensão.
tuação em que a desincumbên- § 2o A produção antecipada da
cia do encargo pela parte seja Art. 378. Ninguém se exime
do dever de colaborar com o prova é da competência do ju-
impossível ou excessivamente ízo do foro onde esta deva ser
difícil. Poder Judiciário para o desco-
brimento da verdade. produzida ou do foro de domi-
§ 3o A distribuição diversa do cílio do réu.
ônus da prova também pode Art. 379. Preservado o direi- § 3 o A produção antecipada
ocorrer por convenção das par- to de não produzir prova contra da prova não previne a compe-
tes, salvo quando: si própria, incumbe à parte: tência do juízo para a ação que
I – recair sobre direito indispo- I – comparecer em juízo, res- venha a ser proposta.
nível da parte; pondendo ao que lhe for inter-
§ 4o O juízo estadual tem com-
II – tornar excessivamente difí- rogado;
petência para produção ante-
cil a uma parte o exercício do II – colaborar com o juízo na cipada de prova requerida em
direito. realização de inspeção judicial face da União, de entidade au-
§ 4o A convenção de que trata que for considerada necessária; tárquica ou de empresa pública
o § 3o pode ser celebrada antes III – praticar o ato que lhe for federal se, na localidade, não
ou durante o processo. determinado. houver vara federal.

346
§ 5o Aplica-se o disposto nes- Parágrafo único. Dados repre- I – criminosos ou torpes que lhe
ta Seção àquele que pretender sentados por imagem ou som forem imputados;
justificar a existência de algum gravados em arquivos eletrô- II – a cujo respeito, por estado
fato ou relação jurídica para nicos poderão constar da ata ou profissão, deva guardar si-
simples documento e sem ca- notarial. gilo;
ráter contencioso, que exporá,
em petição circunstanciada, a III – acerca dos quais não possa
sua intenção.
Seção IV – Do Depoimento responder sem desonra própria,
Pessoal de seu cônjuge, de seu compa-
Art. 382. Na petição, o re- nheiro ou de parente em grau
querente apresentará as razões Art. 385. Cabe à parte re- sucessível;
que justificam a necessidade de querer o depoimento pessoal da
outra parte, a fim de que esta IV – que coloquem em perigo a
antecipação da prova e men- vida do depoente ou das pesso-
cionará com precisão os fatos seja interrogada na audiência
de instrução e julgamento, sem as referidas no inciso III.
sobre os quais a prova há de
recair. prejuízo do poder do juiz de or- Parágrafo único. Esta disposição
dená-lo de ofício. não se aplica às ações de estado
§ 1o O juiz determinará, de ofí-
cio ou a requerimento da par- § 1o Se a parte, pessoalmente e de família.
te, a citação de interessados na intimada para prestar depoi-
produção da prova ou no fato a mento pessoal e advertida da Seção V – Da Confissão
ser provado, salvo se inexistente pena de confesso, não com-
caráter contencioso. parecer ou, comparecendo, se Art. 389. Há confissão, judi-
recusar a depor, o juiz aplicar- cial ou extrajudicial, quando a
§ 2o O juiz não se pronunciará
-lhe-á a pena. parte admite a verdade de fato
sobre a ocorrência ou a ino-
corrência do fato, nem sobre § 2o É vedado a quem ainda não contrário ao seu interesse e fa-
as respectivas consequências depôs assistir ao interrogatório vorável ao do adversário.
jurídicas. da outra parte. Art. 390. A confissão judi-
§ 3o Os interessados poderão § 3o O depoimento pessoal da cial pode ser espontânea ou
requerer a produção de qual- parte que residir em comarca, provocada.
quer prova no mesmo procedi- seção ou subseção judiciária § 1o A conf issão espontânea
mento, desde que relacionada diversa daquela onde tramita pode ser feita pela própria parte
ao mesmo fato, salvo se a sua o processo poderá ser colhido ou por representante com po-
produção conjunta acarretar por meio de videoconferência der especial.
excessiva demora. ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens § 2o A conf issão provocada
§ 4o Neste procedimento, não constará do termo de depoi-
em tempo real, o que poderá
se admitirá defesa ou recurso, mento pessoal.
ocorrer, inclusive, durante a
salvo contra decisão que inde-
realização da audiência de ins- Art. 391. A confissão judicial
ferir totalmente a produção da
trução e julgamento. faz prova contra o confitente,
prova pleiteada pelo requerente
originário. Art. 386. Quando a parte, não prejudicando, todavia, os
sem motivo justificado, deixar litisconsortes.
Art. 383. Os autos perma-
necerão em cartório durante de responder ao que lhe for per- Parágrafo único. Nas ações que
1 (um) mês para extração de guntado ou empregar evasivas, versarem sobre bens imóveis
cópias e certidões pelos inte- o juiz, apreciando as demais cir- ou direitos reais sobre imó-
ressados. cunstâncias e os elementos de veis alheios, a confissão de um
prova, declarará, na sentença, cônjuge ou companheiro não
Parágrafo único. Findo o prazo, os se houve recusa de depor. valerá sem a do outro, salvo se
autos serão entregues ao pro- o regime de casamento for o de
movente da medida. Art. 387. A parte responde-
rá pessoalmente sobre os fatos separação absoluta de bens.
articulados, não podendo ser- Art. 392. Não vale como
Seção III – Da Ata Notarial vir-se de escritos anteriormente confissão a admissão, em juí-
preparados, permitindo-lhe o zo, de fatos relativos a direitos
Art. 384. A existência e o
juiz, todavia, a consulta a no- indisponíveis.
modo de existir de algum fato
tas breves, desde que objetivem
podem ser atestados ou docu- § 1o A confissão será ineficaz se
completar esclarecimentos.
mentados, a requerimento do feita por quem não for capaz
interessado, mediante ata la- Art. 388. A parte não é obri- de dispor do direito a que se
vrada por tabelião. gada a depor sobre fatos: referem os fatos confessados.

347
§ 2o A confissão feita por um Parágrafo único. Se o requerido expedirá mandado de apreen-
representante somente é eficaz afirmar que não possui o docu- são, requisitando, se necessário,
nos limites em que este pode mento ou a coisa, o juiz permi- força policial, sem prejuízo da
vincular o representado. tirá que o requerente prove, por responsabilidade por crime de
qualquer meio, que a declara- desobediência, pagamento de
Art. 393. A confissão é irre- ção não corresponde à verdade. multa e outras medidas induti-
vogável, mas pode ser anulada vas, coercitivas, mandamentais
se decorreu de erro de fato ou Art. 399. O juiz não admiti-
ou sub-rogatórias necessárias
de coação. rá a recusa se:
para assegurar a efetivação da
I – o requerido tiver obrigação decisão.
Parágrafo único. A legitimidade legal de exibir;
para a ação prevista no caput Art. 404. A parte e o tercei-
é exclusiva do confitente e pode II – o requerido tiver aludido ao
ro se escusam de exibir, em juí-
ser transferida a seus herdeiros documento ou à coisa, no pro-
zo, o documento ou a coisa se:
se ele falecer após a proposi- cesso, com o intuito de consti-
tuir prova; I – concernente a negócios da
tura. própria vida da família;
III – o documento, por seu con-
Art. 394. A confissão extra- teúdo, for comum às partes. II – sua apresentação puder vio-
judicial, quando feita oralmen- lar dever de honra;
te, só terá eficácia nos casos em Art. 400. Ao decidir o pedi-
do, o juiz admitirá como verda- III – sua publicidade redundar
que a lei não exija prova literal. em desonra à parte ou ao ter-
deiros os fatos que, por meio do
Art. 395. A confissão é, em documento ou da coisa, a parte ceiro, bem como a seus paren-
regra, indivisível, não podendo pretendia provar se: tes consanguíneos ou afins até o
a parte que a quiser invocar terceiro grau, ou lhes represen-
I – o requerido não efetuar a tar perigo de ação penal;
como prova aceitá-la no tópico exibição nem fizer nenhuma de-
que a beneficiar e rejeitá-la no claração no prazo do art. 398; IV – sua exibição acarretar a
que lhe for desfavorável, porém divulgação de fatos a cujo res-
II – a recusa for havida por ile- peito, por estado ou profissão,
cindir-se-á quando o confitente gítima.
a ela aduzir fatos novos, capa- devam guardar segredo;
zes de constituir fundamento de Parágrafo único. Sendo necessá- V – subsistirem outros motivos
defesa de direito material ou de rio, o juiz pode adotar medidas graves que, segundo o prudente
reconvenção. indutivas, coercitivas, manda- arbítrio do juiz, justifiquem a
mentais ou sub-rogatórias para recusa da exibição;
que o documento seja exibido. VI – houver disposição legal que
Seção VI – Da Exibição de
Documento ou Coisa Art. 401. Quando o docu- justifique a recusa da exibição.
mento ou a coisa estiver em po- Parágrafo único. Se os motivos de
Art. 396. O juiz pode orde- der de terceiro, o juiz ordenará que tratam os incisos I a VI do
nar que a parte exiba documen- sua citação para responder no caput disserem respeito a ape-
to ou coisa que se encontre em prazo de 15 (quinze) dias. nas uma parcela do documento,
seu poder. Art. 402. Se o terceiro negar a parte ou o terceiro exibirá a
Art. 397. O pedido formula- a obrigação de exibir ou a posse outra em cartório, para dela
do pela parte conterá: do documento ou da coisa, o ser extraída cópia reprográfi-
juiz designará audiência espe- ca, de tudo sendo lavrado auto
I – a individuação, tão completa circunstanciado.
cial, tomando-lhe o depoimen-
quanto possível, do documento
to, bem como o das partes e, se
ou da coisa; necessário, o de testemunhas, e
II – a finalidade da prova, indi-
Seção VII – Da Prova
em seguida proferirá decisão.
cando os fatos que se relacio- Documental
nam com o documento ou com Art. 403. Se o terceiro, sem
a coisa; justo motivo, se recusar a efe-
tuar a exibição, o juiz ordenar- Subseção I – Da Força
III – as circunstâncias em que -lhe-á que proceda ao respecti- Probante dos Documentos
se funda o requerente para vo depósito em cartório ou em
afirmar que o documento ou a Art. 405. O documento pú-
outro lugar designado, no prazo
coisa existe e se acha em poder blico faz prova não só da sua
de 5 (cinco) dias, impondo ao
da parte contrária. formação, mas também dos
requerente que o ressarça pelas
fatos que o escrivão, o chefe
despesas que tiver.
Art. 398. O requerido dará de secretaria, o tabelião ou o
sua resposta nos 5 (cinco) dias Parágrafo único. Se o terceiro servidor declarar que ocorreram
subsequentes à sua intimação. descumprir a ordem, o juiz em sua presença.

348
Art. 406. Quando a lei exigir conforme a experiência comum, de quem é apontado como
instrumento público como da não se costuma assinar, como credor;
substância do ato, nenhuma livros empresariais e assentos III – expressam conhecimento
outra prova, por mais especial domésticos. de fatos para os quais não se
que seja, pode suprir-lhe a falta. exija determinada prova.
Art. 411. Considera-se au-
Art. 407. O documento têntico o documento quando: Art. 416. A nota escrita pelo
feito por oficial público incom- I – o tabelião reconhecer a firma credor em qualquer parte de
petente ou sem a observância do signatário; documento representativo de
das formalidades legais, sendo obrigação, ainda que não as-
II – a autoria estiver identificada
subscrito pelas partes, tem a por qualquer outro meio legal sinada, faz prova em benefício
mesma eficácia probatória do de certificação, inclusive eletrô- do devedor.
documento particular. nico, nos termos da lei;
Parágrafo único. Aplica-se essa
Art. 408. As declarações III – não houver impugnação da regra tanto para o documento
constantes do documento parte contra quem foi produzi- que o credor conservar em seu
particular escrito e assinado ou do o documento. poder quanto para aquele que
somente assinado presumem- se achar em poder do devedor
-se verdadeiras em relação ao Art. 412. O documento par-
ticular de cuja autenticidade ou de terceiro.
signatário.
não se duvida prova que o seu Art. 417. Os livros empresa-
Parágrafo único. Quando, toda- autor fez a declaração que lhe riais provam contra seu autor,
via, contiver declaração de ci- é atribuída.
sendo lícito ao empresário, to-
ência de determinado fato, o
Parágrafo único. O documento davia, demonstrar, por todos
documento particular prova a
particular admitido expressa os meios permitidos em direito,
ciência, mas não o fato em si,
ou tacitamente é indivisível, que os lançamentos não corres-
incumbindo o ônus de prová-lo
sendo vedado à parte que pre- pondem à verdade dos fatos.
ao interessado em sua veraci-
tende utilizar-se dele aceitar os
dade. Art. 418. Os livros empresa-
fatos que lhe são favoráveis e
recusar os que são contrários riais que preencham os requi-
Art. 409. A data do docu-
ao seu interesse, salvo se provar sitos exigidos por lei provam
mento particular, quando a
seu respeito surgir dúvida ou que estes não ocorreram. a favor de seu autor no litígio
impugnação entre os litigantes, entre empresários.
Art. 413. O telegrama, o
provar-se-á por todos os meios radiograma ou qualquer ou- Art. 419. A escrituração
de direito. tro meio de transmissão tem contábil é indivisível, e, se dos
Parágrafo único. Em relação a ter- a mesma força probatória do fatos que resultam dos lança-
ceiros, considerar-se-á datado o documento par ticular se o mentos, uns são favoráveis ao
documento particular: original constante da estação interesse de seu autor e outros
expedidora tiver sido assinado lhe são contrários, ambos se-
I – no dia em que foi registrado; rão considerados em conjunto,
pelo remetente.
II – desde a morte de algum dos como unidade.
signatários; Parágrafo único. A firma do reme-
tente poderá ser reconhecida Art. 420. O juiz pode orde-
III – a partir da impossibilidade nar, a requerimento da parte, a
pelo tabelião, declarando-se
física que sobreveio a qualquer exibição integral dos livros em-
essa circunstância no original
dos signatários; depositado na estação expedi- presariais e dos documentos do
IV – da sua apresentação em dora. arquivo:
repartição pública ou em juízo; I – na liquidação de sociedade;
Art. 414. O telegrama ou o
V – do ato ou do fato que es- radiograma presume-se confor- II – na sucessão por morte de
tabeleça, de modo certo, a me com o original, provando as sócio;
anterioridade da formação do datas de sua expedição e de seu
documento. III – quando e como determinar
recebimento pelo destinatário. a lei.
Art. 410. Considera-se autor Art. 415. As cartas e os re-
do documento particular: Art. 421. O juiz pode, de
gistros domésticos provam con-
ofício, ordenar à parte a exi-
I – aquele que o fez e o assinou; tra quem os escreveu quando:
bição parcial dos livros e dos
II – aquele por conta de quem I – enunciam o recebimento de documentos, extraindo-se deles
ele foi feito, estando assinado; um crédito; a suma que interessar ao litígio,
III – aquele que, mandando II – contêm anotação que visa a bem como reproduções auten-
compô-lo, não o firmou porque, suprir a falta de título em favor ticadas.

349
Art. 422. Qualquer repro- autenticadas por oficial público Art. 428. Cessa a fé do do-
dução mecânica, como a fo- ou conferidas em cartório com cumento particular quando:
tográfica, a cinematográfica, a os respectivos originais; I – for impugnada sua autenti-
fonográfica ou de outra espécie, IV – as cópias reprográf icas cidade e enquanto não se com-
tem aptidão para fazer prova de peças do próprio processo provar sua veracidade;
dos fatos ou das coisas repre- judicial declaradas autênticas
sentadas, se a sua conformida- II – assinado em branco, for
pelo advogado, sob sua respon-
de com o documento original impugnado seu conteúdo, por
sabilidade pessoal, se não lhes
não for impugnada por aquele for impugnada a autenticidade; preenchimento abusivo.
contra quem foi produzida.
V – os extratos digitais de bancos Parágrafo único. Dar-se-á abuso
§ 1o As fotografias digitais e as de dados públicos e privados, quando aquele que recebeu
extraídas da rede mundial de desde que atestado pelo seu documento assinado com tex-
computadores fazem prova das emitente, sob as penas da lei, to não escrito no todo ou em
imagens que reproduzem, de- que as informações conferem parte formá-lo ou completá-lo
vendo, se impugnadas, ser apre- com o que consta na origem; por si ou por meio de outrem,
sentada a respectiva autentica-
VI – as reproduções digitaliza- violando o pacto feito com o
ção eletrônica ou, não sendo
das de qualquer documento signatário.
possível, realizada perícia.
público ou particular, quando
§ 2o Se se tratar de fotografia Art. 429. Incumbe o ônus da
juntadas aos autos pelos órgãos
publicada em jornal ou revista, da justiça e seus auxiliares, pelo prova quando:
será exigido um exemplar origi- Ministério Público e seus auxi- I – se tratar de falsidade de do-
nal do periódico, caso impug- liares, pela Defensoria Pública cumento ou de preenchimento
nada a veracidade pela outra e seus auxiliares, pelas pro- abusivo, à parte que a arguir;
parte. curadorias, pelas repartições II – se tratar de impugnação da
§ 3o Aplica-se o disposto nes- públicas em geral e por advo- autenticidade, à parte que pro-
te artigo à forma impressa de gados, ressalvada a alegação duziu o documento.
mensagem eletrônica. motivada e fundamentada de
adulteração.
Art. 423. As reproduções
§ 1o Os originais dos documen- Subseção II – Da Arguição de
dos documentos particulares,
fotográf icas ou obtidas por tos digitalizados mencionados Falsidade
outros processos de repetição, no inciso VI deverão ser preser-
vados pelo seu detentor até o Art. 430. A falsidade deve
valem como certidões sempre ser suscitada na contestação,
que o escrivão ou o chefe de se- final do prazo para propositura
de ação rescisória. na réplica ou no prazo de 15
cretaria certificar sua conformi-
(quinze) dias, contado a par-
dade com o original. § 2o Tratando-se de cópia digi-
tir da intimação da juntada do
tal de título executivo extrajudi-
Art. 424. A cópia de docu- documento aos autos.
cial ou de documento relevante
mento particular tem o mesmo
à instrução do processo, o juiz Parágrafo único. Uma vez arguida,
valor probante que o original,
poderá determinar seu depósito a falsidade será resolvida como
cabendo ao escrivão, intimadas
em cartório ou secretaria. questão incidental, salvo se a
as partes, proceder à conferên-
cia e certificar a conformidade Art. 426. O juiz apreciará parte requerer que o juiz a deci-
entre a cópia e o original. fundamentadamente a fé que da como questão principal, nos
deva merecer o documento, termos do inciso II do art. 19.
Art. 425. Fazem a mesma
quando em ponto substancial Art. 431. A parte arguirá a
prova que os originais:
e sem ressalva contiver entre- falsidade expondo os motivos
I – as certidões textuais de qual- linha, emenda, borrão ou can-
quer peça dos autos, do proto- em que funda a sua pretensão
celamento.
colo das audiências ou de outro e os meios com que provará o
livro a cargo do escrivão ou do Art. 427. Cessa a fé do do- alegado.
chefe de secretaria, se extraídas cumento público ou particular
sendo-lhe declarada judicial- Art. 432. Depois de ouvida
por ele ou sob sua vigilância e a outra parte no prazo de 15
por ele subscritas; mente a falsidade.
(quinze) dias, será realizado o
II – os traslados e as certidões Parágrafo único. A falsidade con- exame pericial.
extraídas por oficial público de siste em:
instrumentos ou documentos I – formar documento não ver- Parágrafo único. Não se procederá
lançados em suas notas; dadeiro; ao exame pericial se a parte que
III – as reproduções dos docu- II – alterar documento verda- produziu o documento concor-
mentos públicos, desde que deiro. dar em retirá-lo.

350
Art. 433. A declaração so- IV – manifestar-se sobre seu
bre a falsidade do documento, conteúdo. Seção VIII – Dos
quando suscitada como ques- Documentos Eletrônicos
Parágrafo único. Nas hipóteses
tão principal, constará da parte Art. 439. A utilização de
dos incisos II e III, a impugna-
dispositiva da sentença e sobre ção deverá basear-se em argu- documentos eletrônicos no
ela incidirá também a autorida- mentação específ ica, não se processo convencional depen-
de da coisa julgada. admitindo alegação genérica derá de sua conversão à forma
de falsidade. impressa e da verificação de sua
Subseção III – Da Produção autenticidade, na forma da lei.
Art. 437. O réu manifestar-
da Prova Documental -se-á na contestação sobre os Art. 440. O juiz apreciará o
documentos anexados à ini- valor probante do documento
Art. 434. Incumbe à parte
cial, e o autor manifestar-se-á eletrônico não convertido, as-
instruir a petição inicial ou a na réplica sobre os documentos segurado às partes o acesso ao
contestação com os documen- anexados à contestação. seu teor.
tos destinados a provar suas
alegações. § 1o Sempre que uma das partes Art. 441. Serão admitidos
requerer a juntada de documen-
documentos eletrônicos pro-
Parágrafo único. Quando o docu- to aos autos, o juiz ouvirá, a seu
duzidos e conservados com a
mento consistir em reprodução respeito, a outra parte, que dis-
observância da legislação es-
cinematográfica ou fonográ- porá do prazo de 15 (quinze)
pecífica.
f ica, a parte deverá trazê-lo dias para adotar qualquer das
nos termos do caput, mas sua posturas indicadas no art. 436.
exposição será realizada em § 2o Poderá o juiz, a requeri- Seção IX – Da Prova
audiência, intimando-se pre- mento da parte, dilatar o pra- Testemunhal
viamente as partes. zo para manifestação sobre a
prova documental produzida,
Art. 435. É lícito às partes, levando em consideração a Subseção I – Da
em qualquer tempo, juntar aos quantidade e a complexidade Admissibilidade e do Valor da
autos documentos novos, quan- da documentação. Prova Testemunhal
do destinados a fazer prova de
fatos ocorridos depois dos ar- Art. 438. O juiz requisita- Art. 442. A prova testemu-
ticulados ou para contrapô-los rá às repartições públicas, em nhal é sempre admissível, não
aos que foram produzidos nos qualquer tempo ou grau de ju- dispondo a lei de modo diverso.
autos. risdição:
I – as certidões necessárias à Art. 443. O juiz indeferirá
Parágrafo único. Admite-se tam- prova das alegações das partes; a inquirição de testemunhas
bém a juntada posterior de sobre fatos:
documentos formados após II – os procedimentos admi-
nistrativos nas causas em que I – já provados por documento
a petição inicial ou a contes- ou confissão da parte;
forem interessados a União, os
tação, bem como dos que se
Estados, o Distrito Federal, os II – que só por documento ou
tornaram conhecidos, acessí-
Municípios ou entidades da ad- por exame pericial puderem ser
veis ou disponíveis após esses
ministração indireta. provados.
atos, cabendo à parte que os
produzir comprovar o motivo § 1o Recebidos os autos, o juiz Art. 444. Nos casos em
que a impediu de juntá-los an- mandará extrair, no prazo má- que a lei exigir prova escrita da
teriormente e incumbindo ao ximo e improrrogável de 1 (um) obrigação, é admissível a pro-
juiz, em qualquer caso, avaliar mês, certidões ou reproduções va testemunhal quando houver
fotográficas das peças que in- começo de prova por escrito,
a conduta da parte de acordo
dicar e das que forem indicadas emanado da parte contra a qual
com o art. 5o.
pelas partes, e, em seguida, de-
se pretende produzir a prova.
Art. 436. A parte, intimada volverá os autos à repartição de
a falar sobre documento cons- origem. Art. 445. Também se admite
tante dos autos, poderá: § 2o As repartições públicas a prova testemunhal quando o
I – impugnar a admissibilidade poderão fornecer todos os do- credor não pode ou não podia,
da prova documental; cumentos em meio eletrônico, moral ou materialmente, obter
conforme disposto em lei, certi- a prova escrita da obrigação,
II – impugnar sua autenticidade; ficando, pelo mesmo meio, que em casos como o de parentes-
III – suscitar sua falsidade, com se trata de extrato fiel do que co, de depósito necessário ou
ou sem deflagração do inciden- consta em seu banco de dados de hospedagem em hotel ou em
te de arguição de falsidade; ou no documento digitalizado. razão das práticas comerciais

351
do local onde contraída a obri- § 4o Sendo necessário, pode o Art. 452. Quando for arro-
gação. juiz admitir o depoimento das lado como testemunha, o juiz
testemunhas menores, impedi- da causa:
Art. 446. É lícito à parte das ou suspeitas.
provar com testemunhas: I – declarar-se-á impedido, se
§ 5o Os depoimentos referidos tiver conhecimento de fatos que
I – nos contratos simulados, a no § 4 o serão prestados inde- possam influir na decisão, caso
divergência entre a vontade real pendentemente de compromis- em que será vedado à parte que
e a vontade declarada; so, e o juiz lhes atribuirá o valor o incluiu no rol desistir de seu
II – nos contratos em geral, os que possam merecer. depoimento;
vícios de consentimento. II – se nada souber, mandará
Art. 448. A testemunha não
Ar t. 447. Podem depor é obrigada a depor sobre fatos: excluir o seu nome.
como testemunhas todas as I – que lhe acarretem grave Art. 453. As testemunhas
pessoas, exceto as incapazes, dano, bem como ao seu cônjuge depõem, na audiência de ins-
impedidas ou suspeitas. ou companheiro e aos seus pa- trução e julgamento, perante o
§ 1o São incapazes: rentes consanguíneos ou afins, juiz da causa, exceto:
em linha reta ou colateral, até I – as que prestam depoimento
I – o interdito por enfermidade
o terceiro grau; antecipadamente;
ou deficiência mental;
II – a cujo respeito, por estado II – as que são inquiridas por
II – o que, acometido por en-
ou profissão, deva guardar si- carta.
fermidade ou retardamento
gilo.
mental, ao tempo em que ocor- § 1o A oitiva de testemunha que
reram os fatos, não podia dis- Art. 449. Salvo disposição residir em comarca, seção ou
cerni-los, ou, ao tempo em que especial em contrário, as teste- subseção judiciária diversa da-
deve depor, não está habilitado munhas devem ser ouvidas na quela onde tramita o processo
a transmitir as percepções; sede do juízo. poderá ser realizada por meio
III – o que tiver menos de 16 Parágrafo único. Quando a parte de videoconferência ou outro
(dezesseis) anos; ou a testemunha, por enfermi- recurso tecnológico de trans-
dade ou por outro motivo rele- missão e recepção de sons e
IV – o cego e o surdo, quando
vante, estiver impossibilitada de imagens em tempo real, o que
a ciência do fato depender dos
comparecer, mas não de prestar poderá ocorrer, inclusive, du-
sentidos que lhes faltam. rante a audiência de instrução
depoimento, o juiz designará,
§ 2o São impedidos: e julgamento.
conforme as circunstâncias, dia,
I – o cônjuge, o companheiro, o hora e lugar para inquiri-la. § 2o Os juízos deverão manter
ascendente e o descendente em equipamento para a transmis-
qualquer grau e o colateral, até são e recepção de sons e ima-
o terceiro grau, de alguma das Subseção II – Da Produção da gens a que se refere o § 1o.
partes, por consanguinidade ou Prova Testemunhal
afinidade, salvo se o exigir o in- Art. 454. São inquiridos em
Art. 450. O rol de teste- sua residência ou onde exercem
teresse público ou, tratando-se munhas conterá, sempre que sua função:
de causa relativa ao estado da possível, o nome, a profissão,
pessoa, não se puder obter de o estado civil, a idade, o núme- I – o presidente e o vice-presi-
outro modo a prova que o juiz ro de inscrição no Cadastro de dente da República;
repute necessária ao julgamento Pessoas Físicas, o número de II – os ministros de Estado;
do mérito; registro de identidade e o en- III – os ministros do Supremo
II – o que é parte na causa; dereço completo da residência Tribunal Federal, os conselhei-
III – o que intervém em nome e do local de trabalho. ros do Conselho Nacional de
de uma parte, como o tutor, o Art. 451. Depois de apre- Justiça e os ministros do Su-
representante legal da pessoa sentado o rol de que tratam os perior Tribunal de Justiça, do
jurídica, o juiz, o advogado e §§ 4o e 5o do art. 357, a parte só Superior Tribunal Militar, do
outros que assistam ou tenham pode substituir a testemunha: Tribunal Superior Eleitoral, do
assistido as partes. Tribunal Superior do Trabalho
I – que falecer; e do Tribunal de Contas da
§ 3o São suspeitos: II – que, por enfermidade, não União;
I – o inimigo da parte ou o seu estiver em condições de depor; IV – o procurador-geral da Re-
amigo íntimo; III – que, tendo mudado de resi- pública e os conselheiros do
II – o que tiver interesse no li- dência ou de local de trabalho, Conselho Nacional do Minis-
tígio. não for encontrada. tério Público;

352
V – o advogado-geral da União, de recebimento, cumprindo ao dados e informará se tem rela-
o procurador-geral do Estado, o advogado juntar aos autos, com ções de parentesco com a parte
procurador-geral do Município, antecedência de pelo menos 3 ou interesse no objeto do pro-
o defensor público-geral federal (três) dias da data da audiên- cesso.
e o defensor público-geral do cia, cópia da correspondência § 1o É lícito à parte contraditar
Estado; de intimação e do comprovante a testemunha, arguindo-lhe a
VI – os senadores e os deputa- de recebimento. incapacidade, o impedimento
dos federais; § 2o A parte pode comprome- ou a suspeição, bem como,
VII – os governadores dos Esta- ter-se a levar a testemunha à au- caso a testemunha negue os
dos e do Distrito Federal; diência, independentemente da fatos que lhe são imputados,
intimação de que trata o § 1o, provar a contradita com docu-
VIII – o prefeito; presumindo-se, caso a teste- mentos ou com testemunhas,
IX – os deputados estaduais e munha não compareça, que a até 3 (três), apresentadas no
distritais; parte desistiu de sua inquirição. ato e inquiridas em separado.
X – os desembargadores dos § 3o A inércia na realização da § 2o Sendo provados ou confes-
Tribunais de Justiça, dos Tri- intimação a que se refere o § 1o sados os fatos a que se refere o
bunais Regionais Federais, dos importa desistência da inquiri- § 1o, o juiz dispensará a teste-
Tribunais Regionais do Traba- ção da testemunha. munha ou lhe tomará o depoi-
lho e dos Tribunais Regionais § 4o A intimação será feita pela mento como informante.
Eleitorais e os conselheiros dos via judicial quando: § 3 o A testemunha pode re-
Tribunais de Contas dos Esta- querer ao juiz que a escuse de
I – for frustrada a intimação
dos e do Distrito Federal; depor, alegando os motivos pre-
prevista no § 1o deste artigo;
XI – o procurador-geral de jus- vistos neste Código, decidindo
II – sua necessidade for devida- o juiz de plano após ouvidas as
tiça;
mente demonstrada pela parte partes.
XII – o embaixador de país que, ao juiz;
por lei ou tratado, concede Art. 458. Ao início da inqui-
III – figurar no rol de testemu-
idêntica prerrogativa a agente rição, a testemunha prestará o
nhas servidor público ou militar,
diplomático do Brasil. compromisso de dizer a verdade
hipótese em que o juiz o requisi-
§ 1o O juiz solicitará à autori- tará ao chefe da repartição ou do que souber e lhe for pergun-
dade que indique dia, hora e ao comando do corpo em que tado.
local a fim de ser inquirida, re- servir; Parágrafo único. O juiz advertirá à
metendo-lhe cópia da petição IV – a testemunha houver sido testemunha que incorre em san-
inicial ou da defesa oferecida arrolada pelo Ministério Públi- ção penal quem faz afirmação
pela parte que a arrolou como co ou pela Defensoria Pública; falsa, cala ou oculta a verdade.
testemunha.
V – a testemunha for uma da- Art. 459. As perguntas serão
§ 2o Passado 1 (um) mês sem quelas previstas no art. 454. formuladas pelas partes dire-
manifestação da autoridade, o
§ 5o A testemunha que, intima- tamente à testemunha, come-
juiz designará dia, hora e local
da na forma do § 1o ou do § 4o, çando pela que a arrolou, não
para o depoimento, preferen-
deixar de comparecer sem mo- admitindo o juiz aquelas que
cialmente na sede do juízo.
tivo justificado será conduzida puderem induzir a resposta, não
§ 3o O juiz também designará e responderá pelas despesas do tiverem relação com as ques-
dia, hora e local para o depoi- adiamento. tões de fato objeto da atividade
mento, quando a autoridade probatória ou importarem re-
não comparecer, injustificada- Art. 456. O juiz inquirirá as petição de outra já respondida.
mente, à sessão agendada para testemunhas separada e suces-
sivamente, primeiro as do autor § 1o O juiz poderá inquirir a
a colheita de seu testemunho no testemunha tanto antes quanto
dia, hora e local por ela mesma e depois as do réu, e providen-
ciará para que uma não ouça o depois da inquirição feita pelas
indicados. partes.
depoimento das outras.
Art. 455. Cabe ao advogado § 2o As testemunhas devem ser
da parte informar ou intimar a Parágrafo único. O juiz poderá tratadas com urbanidade, não
testemunha por ele arrolada do alterar a ordem estabelecida se lhes fazendo perguntas ou
dia, da hora e do local da audi- no caput se as partes concor- considerações impertinentes,
ência designada, dispensando-se darem. capciosas ou vexatórias.
a intimação do juízo. Art. 457. Antes de depor, a § 3o As perguntas que o juiz
§ 1o A intimação deverá ser testemunha será qualificada, indeferir serão transcritas no
realizada por carta com aviso declarará ou confirmará seus termo, se a parte o requerer.

353
Art. 460. O depoimento po- legislação trabalhista, não § 2o Ciente da nomeação, o pe-
derá ser documentado por meio sofre, por comparecer à au- rito apresentará em 5 (cinco)
de gravação. diência, perda de salário nem dias:
§ 1o Quando digitado ou regis- desconto no tempo de serviço. I – proposta de honorários;
trado por taquigrafia, estenoti- II – currículo, com comprovação
pia ou outro método idôneo de Seção X – Da Prova Pericial de especialização;
documentação, o depoimento
será assinado pelo juiz, pelo Art. 464. A prova pericial III – contatos profissionais, em
depoente e pelos procuradores. consiste em exame, vistoria ou especial o endereço eletrônico,
§ 2o Se houver recurso em pro- avaliação. para onde serão dirigidas as
cesso em autos não eletrônicos, § 1o O juiz indeferirá a perícia intimações pessoais.
o depoimento somente será di- quando: § 3o As partes serão intimadas
gitado quando for impossível I – a prova do fato não depen- da proposta de honorários
o envio de sua documentação der de conhecimento especial para, querendo, manifestar-se
eletrônica. de técnico; no prazo comum de 5 (cinco)
§ 3o Tratando-se de autos ele- II – for desnecessária em vista dias, após o que o juiz arbitrará
trônicos, observar-se-á o dis- de outras provas produzidas; o valor, intimando-se as partes
posto neste Código e na legis- para os fins do art. 95.
lação específica sobre a prática III – a verificação for imprati-
cável. § 4o O juiz poderá autorizar o
eletrônica de atos processuais. pagamento de até cinquenta
§ 2o De ofício ou a requerimen-
Art. 461. O juiz pode orde- por cento dos honorários ar-
to das partes, o juiz poderá,
nar, de ofício ou a requerimento bitrados a favor do perito no
em substituição à perícia, de-
da parte: início dos trabalhos, devendo o
terminar a produção de prova
I – a inquirição de testemunhas remanescente ser pago apenas
técnica simplificada, quando o
referidas nas declarações da ponto controvertido for de me- ao final, depois de entregue o
parte ou das testemunhas; nor complexidade. laudo e prestados todos os es-
clarecimentos necessários.
II – a acareação de 2 (duas) ou § 3o A prova técnica simplifica-
mais testemunhas ou de alguma da consistirá apenas na inqui- § 5o Quando a perícia for in-
delas com a parte, quando, so- rição de especialista, pelo juiz, conclusiva ou deficiente, o juiz
bre fato determinado que pos- sobre ponto controvertido da poderá reduzir a remuneração
sa influir na decisão da causa, causa que demande especial inicialmente arbitrada para o
divergirem as suas declarações. conhecimento científ ico ou trabalho.
§ 1o Os acareados serão reper- técnico. § 6o Quando tiver de realizar-se
guntados para que expliquem § 4o Durante a arguição, o es- por carta, poder-se-á proceder
os pontos de divergência, re- pecialista, que deverá ter for- à nomeação de perito e à indi-
duzindo-se a termo o ato de mação acadêmica específica na cação de assistentes técnicos
acareação. área objeto de seu depoimen- no juízo ao qual se requisitar a
§ 2o A acareação pode ser rea- to, poderá valer-se de qualquer perícia.
lizada por videoconferência ou recurso tecnológico de trans-
missão de sons e imagens com Art. 466. O perito cumpri-
por outro recurso tecnológico
o fim de esclarecer os pontos rá escrupulosamente o encargo
de transmissão de sons e ima-
gens em tempo real. controvertidos da causa. que lhe foi cometido, indepen-
dentemente de termo de com-
Art. 462. A testemunha Art. 465. O juiz nomeará promisso.
pode requerer ao juiz o paga- perito especializado no objeto
§ 1o Os assistentes técnicos são
mento da despesa que efetuou da perícia e fixará de imediato o
de confiança da parte e não es-
para comparecimento à audi- prazo para a entrega do laudo.
tão sujeitos a impedimento ou
ência, devendo a parte pagá-la § 1o Incumbe às partes, dentro suspeição.
logo que arbitrada ou deposi- de 15 (quinze) dias contados
tá-la em cartório dentro de 3 da intimação do despacho de § 2o O perito deve assegurar aos
(três) dias. nomeação do perito: assistentes das partes o aces-
so e o acompanhamento das
Art. 463. O depoimento I – arguir o impedimento ou a diligências e dos exames que
prestado em juízo é considera- suspeição do perito, se for o
realizar, com prévia comuni-
do serviço público. caso;
cação, comprovada nos autos,
Parágrafo único. A testemunha, II – indicar assistente técnico; com antecedência mínima de 5
quando sujeita ao regime da III – apresentar quesitos. (cinco) dias.

354
Art. 467. O perito pode es- Art. 471. As partes podem, § 3o Para o desempenho de sua
cusar-se ou ser recusado por de comum acordo, escolher o função, o perito e os assisten-
impedimento ou suspeição. perito, indicando-o mediante tes técnicos podem valer-se de
requerimento, desde que: todos os meios necessários,
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar ouvindo testemunhas, obtendo
a escusa ou ao julgar proceden- I – sejam plenamente capazes;
informações, solicitando docu-
te a impugnação, nomeará novo II – a causa possa ser resolvida
mentos que estejam em poder
perito. por autocomposição.
da parte, de terceiros ou em re-
§ 1o As partes, ao escolher o partições públicas, bem como
Art. 468. O perito pode ser
perito, já devem indicar os res- instruir o laudo com planilhas,
substituído quando:
pectivos assistentes técnicos mapas, plantas, desenhos, fo-
I – faltar-lhe conhecimento téc- para acompanhar a realização tografias ou outros elementos
nico ou científico; da perícia, que se realizará em necessários ao esclarecimento
II – sem motivo legítimo, deixar data e local previamente anun- do objeto da perícia.
de cumprir o encargo no prazo ciados.
que lhe foi assinado. § 2o O perito e os assistentes Art. 474. As partes terão
técnicos devem entregar, res- ciência da data e do local de-
§ 1o No caso previsto no inciso
pectivamente, laudo e pareceres signados pelo juiz ou indicados
II, o juiz comunicará a ocorrên- pelo perito para ter início a pro-
cia à corporação profissional em prazo fixado pelo juiz.
dução da prova.
respectiva, podendo, ainda, § 3o A perícia consensual subs-
impor multa ao perito, fixada titui, para todos os efeitos, a Art. 475. Tratando-se de pe-
tendo em vista o valor da causa que seria realizada por perito rícia complexa que abranja mais
e o possível prejuízo decorrente nomeado pelo juiz. de uma área de conhecimento
do atraso no processo. especializado, o juiz poderá
Art. 472. O juiz poderá dis-
§ 2o O perito substituído resti- nomear mais de um perito, e a
pensar prova pericial quando
tuirá, no prazo de 15 (quinze) parte, indicar mais de um assis-
as partes, na inicial e na contes-
dias, os valores recebidos pelo tente técnico.
tação, apresentarem, sobre as
trabalho não realizado, sob questões de fato, pareceres téc- Art. 476. Se o perito, por
pena de ficar impedido de atuar nicos ou documentos elucidati- motivo justificado, não puder
como perito judicial pelo prazo vos que considerar suficientes. apresentar o laudo dentro do
de 5 (cinco) anos. prazo, o juiz poderá conceder-
Art. 473. O laudo pericial
§ 3o Não ocorrendo a restitui- deverá conter: -lhe, por uma vez, prorrogação
ção voluntária de que trata o pela metade do prazo original-
I – a exposição do objeto da mente fixado.
§ 2o, a parte que tiver realizado perícia;
o adiantamento dos honorários Art. 477. O perito protoco-
poderá promover execução con- II – a análise técnica ou científi-
ca realizada pelo perito; lará o laudo em juízo, no prazo
tra o perito, na forma dos arts. fixado pelo juiz, pelo menos 20
513 e seguintes deste Código, III – a indicação do método (vinte) dias antes da audiência
com fundamento na decisão utilizado, esclarecendo-o e de-
de instrução e julgamento.
que determinar a devolução monstrando ser predominante-
do numerário. mente aceito pelos especialistas § 1o As partes serão intimadas
da área do conhecimento da para, querendo, manifestar-se
Art. 469. As partes poderão qual se originou; sobre o laudo do perito do juízo
apresentar quesitos suplemen- no prazo comum de 15 (quinze)
IV – resposta conclusiva a todos
tares durante a diligência, que dias, podendo o assistente téc-
os quesitos apresentados pelo
poderão ser respondidos pelo nico de cada uma das partes,
juiz, pelas partes e pelo órgão
perito previamente ou na audi- do Ministério Público. em igual prazo, apresentar seu
ência de instrução e julgamento. respectivo parecer.
§ 1o No laudo, o perito deve
Parágrafo único. O escrivão dará à apresentar sua fundamentação § 2o O perito do juízo tem o de-
parte contrária ciência da junta- em linguagem simples e com co- ver de, no prazo de 15 (quinze)
da dos quesitos aos autos. erência lógica, indicando como dias, esclarecer ponto:
alcançou suas conclusões. I – sobre o qual exista divergên-
Art. 470. Incumbe ao juiz: cia ou dúvida de qualquer das
§ 2o É vedado ao perito ultra-
I – indeferir quesitos imperti- passar os limites de sua desig- partes, do juiz ou do órgão do
nentes; nação, bem como emitir opi- Ministério Público;
II – formular os quesitos que niões pessoais que excedam o II – divergente apresentado no
entender necessários ao escla- exame técnico ou científico do parecer do assistente técnico
recimento da causa. objeto da perícia. da parte.

355
§ 3o Se ainda houver necessida- perícia quando a matéria não Parágrafo único. O auto poderá
de de esclarecimentos, a parte estiver suficientemente escla- ser instruído com desenho, grá-
requererá ao juiz que mande in- recida. fico ou fotografia.
timar o perito ou o assistente § 1o A segunda perícia tem por
técnico a comparecer à audiên- objeto os mesmos fatos sobre
Capítulo XIII – Da
cia de instrução e julgamento, os quais recaiu a primeira e Sentença e da Coisa Julgada
formulando, desde logo, as per-
destina-se a corrigir eventual
guntas, sob forma de quesitos.
omissão ou inexatidão dos re- Seção I – Disposições Gerais
§ 4 o O perito ou o assistente sultados a que esta conduziu.
técnico será intimado por meio Art. 485. O juiz não resolve-
eletrônico, com pelo menos 10 § 2o A segunda perícia rege-se
rá o mérito quando:
(dez) dias de antecedência da pelas disposições estabelecidas
para a primeira. I – indeferir a petição inicial;
audiência.
§ 3 o A segunda perícia não II – o processo ficar parado du-
Art. 478. Quando o exame substitui a primeira, cabendo rante mais de 1 (um) ano por
tiver por objeto a autenticidade ao juiz apreciar o valor de uma negligência das partes;
ou a falsidade de documento ou III – por não promover os atos e
e de outra.
for de natureza médico-legal, o as diligências que lhe incumbir,
perito será escolhido, de pre- o autor abandonar a causa por
ferência, entre os técnicos dos Seção XI – Da Inspeção mais de 30 (trinta) dias;
estabelecimentos oficiais espe- Judicial IV – verificar a ausência de pres-
cializados, a cujos diretores o
juiz autorizará a remessa dos Art. 481. O juiz, de ofício ou supostos de constituição e de
autos, bem como do material a requerimento da parte, pode, desenvolvimento válido e regu-
sujeito a exame. em qualquer fase do processo, lar do processo;
§ 1o Nas hipóteses de gratui- inspecionar pessoas ou coisas, V – reconhecer a existência de
a f im de se esclarecer sobre perempção, de litispendência
dade de justiça, os órgãos e
fato que interesse à decisão da ou de coisa julgada;
as repartições oficiais deverão
cumprir a determinação judi- causa. VI – verificar ausência de legi-
cial com preferência, no prazo timidade ou de interesse pro-
Art. 482. Ao realizar a inspe-
estabelecido. cessual;
ção, o juiz poderá ser assistido
§ 2o A prorrogação do prazo re- por um ou mais peritos. VII – acolher a alegação de exis-
ferido no § 1o pode ser requeri- tência de convenção de arbitra-
da motivadamente. Art. 483. O juiz irá ao local gem ou quando o juízo arbitral
onde se encontre a pessoa ou a reconhecer sua competência;
§ 3o Quando o exame tiver por
coisa quando: VIII – homologar a desistência
objeto a autenticidade da letra
e da firma, o perito poderá re- I – julgar necessário para a da ação;
quisitar, para efeito de compa- melhor verif icação ou inter- IX – em caso de morte da parte,
ração, documentos existentes pretação dos fatos que deva a ação for considerada intrans-
em repartições públicas e, na observar; missível por disposição legal; e
falta destes, poderá requerer II – a coisa não puder ser apre- X – nos demais casos prescritos
ao juiz que a pessoa a quem se sentada em juízo sem conside- neste Código.
atribuir a autoria do documen- ráveis despesas ou graves difi-
to lance em folha de papel, por § 1o Nas hipóteses descritas
culdades; nos incisos II e III, a parte será
cópia ou sob ditado, dizeres
diferentes, para fins de com- III – determinar a reconstituição intimada pessoalmente para
paração. dos fatos. suprir a falta no prazo de 5
(cinco) dias.
Art. 479. O juiz apreciará a Parágrafo único. As partes têm
sempre direito a assistir à ins- § 2o No caso do § 1o, quanto
prova pericial de acordo com o ao inciso II, as partes pagarão
disposto no art. 371, indicando peção, prestando esclarecimen-
proporcionalmente as custas,
na sentença os motivos que o tos e fazendo observações que
e, quanto ao inciso III, o autor
levaram a considerar ou a dei- considerem de interesse para
será condenado ao pagamento
xar de considerar as conclusões a causa. das despesas e dos honorários
do laudo, levando em conta o Art. 484. Concluída a dili- de advogado.
método utilizado pelo perito.
gência, o juiz mandará lavrar § 3o O juiz conhecerá de ofício
Art. 480. O juiz determina- auto circunstanciado, mencio- da matéria constante dos inci-
rá, de ofício ou a requerimento nando nele tudo quanto for útil sos IV, V, VI e IX, em qualquer
da parte, a realização de nova ao julgamento da causa. tempo e grau de jurisdição,

356
enquanto não ocorrer o trânsito c) a renúncia à pretensão for- V – se limitar a invocar prece-
em julgado. mulada na ação ou na recon- dente ou enunciado de súmula,
§ 4o Oferecida a contestação, o venção. sem identificar seus fundamen-
autor não poderá, sem o con- tos determinantes nem demons-
Parágrafo único. Ressalvada a hi- trar que o caso sob julgamento
sentimento do réu, desistir da pótese do § 1o do art. 332, a
ação. se ajusta àqueles fundamentos;
prescrição e a decadência não
§ 5o A desistência da ação pode serão reconhecidas sem que an- VI – deixar de seguir enuncia-
ser apresentada até a sentença. tes seja dada às partes oportu- do de súmula, jurisprudência
nidade de manifestar-se. ou precedente invocado pela
§ 6o Oferecida a contestação, a parte, sem demonstrar a exis-
extinção do processo por aban- Art. 488. Desde que pos- tência de distinção no caso em
dono da causa pelo autor de- sível, o juiz resolverá o mérito julgamento ou a superação do
pende de requerimento do réu. sempre que a decisão for favo- entendimento.
§ 7o Interposta a apelação em rável à parte a quem aprovei- § 2o No caso de colisão entre
qualquer dos casos de que tra- taria eventual pronunciamento normas, o juiz deve justificar o
tam os incisos deste artigo, o nos termos do art. 485. objeto e os critérios gerais da
juiz terá 5 (cinco) dias para re- ponderação efetuada, enun-
tratar-se. Seção II – Dos Elementos e ciando as razões que autori-
zam a interferência na norma
Art. 486. O pronunciamen- dos Efeitos da Sentença afastada e as premissas fáticas
to judicial que não resolve o
Art. 489. São elementos es- que fundamentam a conclusão.
mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação. senciais da sentença: § 3o A decisão judicial deve ser
I – o relatório, que conterá os interpretada a partir da conju-
§ 1o No caso de extinção em gação de todos os seus elemen-
razão de litispendência e nos nomes das partes, a identifica-
ção do caso, com a suma do tos e em conformidade com o
casos dos incisos I, IV, VI e VII princípio da boa-fé.
do art. 485, a propositura da pedido e da contestação, e o
nova ação depende da correção registro das principais ocor- Art. 490. O juiz resolverá o
do vício que levou à sentença rências havidas no andamento mérito acolhendo ou rejeitando,
sem resolução do mérito. do processo; no todo ou em parte, os pedi-
II – os fundamentos, em que o dos formulados pelas partes.
§ 2o A petição inicial, todavia,
não será despachada sem a pro- juiz analisará as questões de
Art. 491. Na ação relativa
va do pagamento ou do depósi- fato e de direito; à obrigação de pagar quantia,
to das custas e dos honorários III – o dispositivo, em que o juiz ainda que formulado pedido ge-
de advogado. resolverá as questões principais nérico, a decisão definirá desde
§ 3o Se o autor der causa, por que as partes lhe submeterem. logo a extensão da obrigação,
3 (três) vezes, a sentença fun- § 1o Não se considera funda- o índice de correção monetária,
dada em abandono da causa, mentada qualquer decisão ju- a taxa de juros, o termo inicial
não poderá propor nova ação dicial, seja ela interlocutória, de ambos e a periodicidade da
contra o réu com o mesmo ob- sentença ou acórdão, que: capitalização dos juros, se for
jeto, f icando-lhe ressalvada, o caso, salvo quando:
I – se limitar à indicação, à re-
entretanto, a possibilidade de produção ou à paráfrase de ato I – não for possível determinar,
alegar em defesa o seu direito. normativo, sem explicar sua re- de modo definitivo, o montante
lação com a causa ou a questão devido;
Art. 487. Haverá resolução
decidida; II – a apuração do valor devi-
de mérito quando o juiz:
II – empregar conceitos jurídicos do depender da produção de
I – acolher ou rejeitar o pedido prova de realização demorada
formulado na ação ou na recon- indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidên- ou excessivamente dispendiosa,
venção; assim reconhecida na sentença.
cia no caso;
II – decidir, de ofício ou a reque- § 1o Nos casos previstos neste
rimento, sobre a ocorrência de III – invocar motivos que se
artigo, seguir-se-á a apuração
prestariam a justificar qualquer
decadência ou prescrição; do valor devido por liquidação.
outra decisão;
III – homologar: § 2o O disposto no caput tam-
IV – não enfrentar todos os
a) o reconhecimento da proce- bém se aplica quando o acór-
argumentos deduzidos no pro-
dência do pedido formulado na dão alterar a sentença.
cesso capazes de, em tese, infir-
ação ou na reconvenção; mar a conclusão adotada pelo Art. 492. É vedado ao juiz
b) a transação; julgador; proferir decisão de natureza

357
diversa da pedida, bem como declaração expressa do juiz ou I – 1.000 (mil) salários mínimos
condenar a parte em quantida- de demonstração de urgência. para a União e as respectivas
de superior ou em objeto diver- § 3o No prazo de até 15 (quinze) autarquias e fundações de di-
so do que lhe foi demandado. dias da data de realização da hi- reito público;
Parágrafo único. A decisão deve poteca, a parte informá-la-á ao II – 500 (quinhentos) salários
ser certa, ainda que resolva re- juízo da causa, que determinará mínimos para os Estados, o
lação jurídica condicional. a intimação da outra parte para Distrito Federal, as respectivas
que tome ciência do ato. autarquias e fundações de di-
Art. 493. Se, depois da pro- reito público e os Municípios
§ 4o A hipoteca judiciária, uma
positura da ação, algum fato que constituam capitais dos
vez constituída, implicará, para
constitutivo, modificativo ou Estados;
o credor hipotecário, o direito
extintivo do direito influir no jul-
de preferência, quanto ao pa- III – 100 (cem) salários mínimos
gamento do mérito, caberá ao
gamento, em relação a outros para todos os demais Municí-
juiz tomá-lo em consideração,
credores, observada a priorida- pios e respectivas autarquias e
de ofício ou a requerimento da
de no registro. fundações de direito público.
parte, no momento de proferir
a decisão. § 5o Sobrevindo a reforma ou a § 4 o Também não se aplica o
invalidação da decisão que im- disposto neste artigo quando
Parágrafo único. Se constatar de pôs o pagamento de quantia, a a sentença estiver fundada em:
ofício o fato novo, o juiz ouvi- parte responderá, independen-
rá as partes sobre ele antes de I – súmula de tribunal superior;
temente de culpa, pelos danos
decidir. que a outra parte tiver sofrido II – acórdão proferido pelo Su-
em razão da constituição da premo Tribunal Federal ou pelo
Art. 494. Publicada a sen-
garantia, devendo o valor da Superior Tribunal de Justiça em
tença, o juiz só poderá alterá-la:
indenização ser liquidado e julgamento de recursos repeti-
I – para corrigir-lhe, de ofício executado nos próprios autos. tivos;
ou a requerimento da parte,
III – entendimento firmado em
inexatidões materiais ou erros
Seção III – Da Remessa incidente de resolução de de-
de cálculo;
mandas repetitivas ou de assun-
II – por meio de embargos de Necessária ção de competência;
declaração.
Art. 496. Está sujeita ao IV – entendimento coincidente
Art. 495. A decisão que duplo grau de jurisdição, não com orientação vinculante fir-
condenar o réu ao pagamento produzindo efeito senão depois mada no âmbito administrativo
de prestação consistente em de confirmada pelo tribunal, a do próprio ente público, conso-
dinheiro e a que determinar sentença: lidada em manifestação, pare-
a conversão de prestação de I – proferida contra a União, os cer ou súmula administrativa.
fazer, de não fazer ou de dar Estados, o Distrito Federal, os
coisa em prestação pecuniária Municípios e suas respectivas
valerão como título constitutivo Seção IV – Do Julgamento
autarquias e fundações de di-
de hipoteca judiciária. reito público;
das Ações Relativas às
§ 1o A decisão produz a hipote-
Prestações de Fazer, de Não
II – que julgar procedentes, no Fazer e de Entregar Coisa
ca judiciária: todo ou em parte, os embargos
I – embora a condenação seja à execução fiscal. Art. 497. Na ação que tenha
genérica; § 1o Nos casos previstos neste por objeto a prestação de fazer
II – ainda que o credor possa artigo, não interposta a ape- ou de não fazer, o juiz, se pro-
promover o cumprimento pro- lação no prazo legal, o juiz cedente o pedido, concederá a
visório da sentença ou esteja ordenará a remessa dos autos tutela específica ou determinará
pendente arresto sobre bem ao tribunal, e, se não o fizer, o providências que assegurem a
do devedor; presidente do respectivo tribu- obtenção de tutela pelo resul-
III – mesmo que impugnada por nal avocá-los-á. tado prático equivalente.
recurso dotado de efeito sus- § 2o Em qualquer dos casos re- Parágrafo único. Para a concessão
pensivo. feridos no § 1o, o tribunal julga- da tutela específica destinada a
§ 2o A hipoteca judiciária pode- rá a remessa necessária. inibir a prática, a reiteração ou
rá ser realizada mediante apre- § 3o Não se aplica o disposto a continuação de um ilícito, ou
sentação de cópia da sentença neste artigo quando a conde- a sua remoção, é irrelevante a
perante o cartório de registro nação ou o proveito econômi- demonstração da ocorrência de
imobiliário, independente- co obtido na causa for de valor dano ou da existência de culpa
mente de ordem judicial, de certo e líquido inferior a: ou dolo.

358
Art. 498. Na ação que tenha não se aplicando no caso de à sua liquidação, a requerimen-
por objeto a entrega de coisa, revelia; to do credor ou do devedor:
o juiz, ao conceder a tutela es- III – o juízo tiver competência I – por arbitramento, quando
pecífica, fixará o prazo para o em razão da matéria e da pes- determinado pela sentença,
cumprimento da obrigação. soa para resolvê-la como ques- convencionado pelas partes ou
Parágrafo único. Tratando-se de tão principal. exigido pela natureza do objeto
entrega de coisa determinada § 2o A hipótese do § 1o não se da liquidação;
pelo gênero e pela quantida- aplica se no processo houver II – pelo procedimento comum,
de, o autor individualizá-la-á restrições probatórias ou limi- quando houver necessidade de
na petição inicial, se lhe cou- tações à cognição que impeçam alegar e provar fato novo.
ber a escolha, ou, se a escolha o aprofundamento da análise § 1o Quando na sentença hou-
couber ao réu, este a entregará da questão prejudicial.
ver uma parte líquida e outra ilí-
individualizada, no prazo fixado Art. 504. Não fazem coisa quida, ao credor é lícito promo-
pelo juiz. julgada: ver simultaneamente a execução
Art. 499. A obrigação so- I – os motivos, ainda que im- daquela e, em autos apartados,
mente será conver tida em portantes para determinar o a liquidação desta.
perdas e danos se o autor o alcance da parte dispositiva da § 2o Quando a apuração do va-
requerer ou se impossível a tu- sentença; lor depender apenas de cálcu-
tela específica ou a obtenção II – a verdade dos fatos, esta- lo aritmético, o credor poderá
de tutela pelo resultado prático belecida como fundamento da promover, desde logo, o cum-
equivalente. sentença. primento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de
Art. 500. A indenização por Art. 505. Nenhum juiz de-
Justiça desenvolverá e colocará
perdas e danos dar-se-á sem cidirá novamente as questões
à disposição dos interessados
prejuízo da multa fixada perio- já decididas relativas à mesma
programa de atualização finan-
dicamente para compelir o réu lide, salvo:
ceira.
ao cumprimento específico da I – se, tratando-se de relação
obrigação. jurídica de trato continuado, § 4o Na liquidação é vedado dis-
sobreveio modificação no es- cutir de novo a lide ou modificar
Art. 501. Na ação que tenha a sentença que a julgou.
tado de fato ou de direito, caso
por objeto a emissão de decla-
em que poderá a parte pedir a Art. 510. Na liquidação por
ração de vontade, a sentença
revisão do que foi estatuído na arbitramento, o juiz intimará
que julgar procedente o pedido,
sentença; as partes para a apresentação
uma vez transitada em julgado,
produzirá todos os efeitos da II – nos demais casos prescritos de pareceres ou documentos
declaração não emitida. em lei. elucidativos, no prazo que fi-
xar, e, caso não possa decidir
Art. 506. A sentença faz de plano, nomeará perito, ob-
Seção V – Da Coisa Julgada coisa julgada às partes entre as
servando-se, no que couber, o
quais é dada, não prejudicando
procedimento da prova pericial.
Art. 502. Denomina-se coisa terceiros.
julgada material a autoridade Art. 511. Na liquidação
Art. 507. É vedado à parte
que torna imutável e indiscutível pelo procedimento comum, o
discutir no curso do processo
a decisão de mérito não mais juiz determinará a intimação
as questões já decididas a cujo
sujeita a recurso. do requerido, na pessoa de seu
respeito se operou a preclusão.
advogado ou da sociedade de
Art. 503. A decisão que jul- Art. 508. Transitada em advogados a que estiver vincu-
gar total ou parcialmente o mé- julgado a decisão de mérito, lado, para, querendo, apresen-
rito tem força de lei nos limites considerar-se-ão deduzidas e tar contestação no prazo de 15
da questão principal expressa- repelidas todas as alegações (quinze) dias, observando-se, a
mente decidida. e as defesas que a parte pode- seguir, no que couber, o dispos-
§ 1o O disposto no caput apli- ria opor tanto ao acolhimento to no Livro I da Parte Especial
ca-se à resolução de questão quanto à rejeição do pedido. deste Código.
prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo, se: Capítulo XIV – Da Art. 512. A liquidação po-
Liquidação de Sentença derá ser realizada na pendência
I – dessa resolução depender o de recurso, processando-se em
julgamento do mérito; Art. 509. Quando a senten- autos apartados no juízo de ori-
II – a seu respeito tiver havido ça condenar ao pagamento de gem, cumprindo ao liquidante
contraditório prévio e efetivo, quantia ilíquida, proceder-se-á instruir o pedido com cópias

359
das peças processuais perti- observado o disposto no pará- sentença ou para a liquidação
nentes. grafo único do art. 274 e no § 3o no prazo de 15 (quinze) dias.
deste artigo. § 2o A autocomposição judicial
§ 5o O cumprimento da senten- pode envolver sujeito estranho
ça não poderá ser promovido ao processo e versar sobre rela-
Título II – Do em face do fiador, do coobri- ção jurídica que não tenha sido
Cumprimento gado ou do corresponsável que
da Sentença deduzida em juízo.
não tiver participado da fase de
conhecimento. Art. 516. O cumprimento da
sentença efetuar-se-á perante:
Capítulo I – Disposições Art. 514. Quando o juiz de-
Gerais I – os tribunais, nas causas de
cidir relação jurídica sujeita a sua competência originária;
condição ou termo, o cumpri-
Art. 513. O cumprimento da II – o juízo que decidiu a causa
mento da sentença dependerá
sentença será feito segundo as no primeiro grau de jurisdição;
de demonstração de que se
regras deste Título, observan-
realizou a condição ou de que III – o juízo cível competente,
do-se, no que couber e confor-
ocorreu o termo. quando se tratar de sentença
me a natureza da obrigação, o
disposto no Livro II da Parte penal condenatória, de senten-
Art. 515. São títulos executi-
Especial deste Código. ça arbitral, de sentença estran-
vos judiciais, cujo cumprimento
geira ou de acórdão proferido
§ 1o O cumprimento da senten- dar-se-á de acordo com os arti-
gos previstos neste Título: pelo Tribunal Marítimo.
ça que reconhece o dever de pa-
gar quantia, provisório ou defi- I – as decisões proferidas no Parágrafo único. Nas hipóteses
nitivo, far-se-á a requerimento processo civil que reconheçam dos incisos II e III, o exequente
do exequente. a exigibilidade de obrigação de poderá optar pelo juízo do atu-
§ 2o O devedor será intimado pagar quantia, de fazer, de não al domicílio do executado, pelo
para cumprir a sentença: fazer ou de entregar coisa; juízo do local onde se encon-
II – a decisão homologatória de trem os bens sujeitos à execu-
I – pelo Diário da Justiça, na
autocomposição judicial; ção ou pelo juízo do local onde
pessoa de seu advogado cons-
deva ser executada a obrigação
tituído nos autos; III – a decisão homologatória de de fazer ou de não fazer, casos
II – por carta com aviso de re- autocomposição extrajudicial em que a remessa dos autos do
cebimento, quando representa- de qualquer natureza;
processo será solicitada ao juízo
do pela Defensoria Pública ou IV – o formal e a certidão de de origem.
quando não tiver procurador partilha, exclusivamente em
constituído nos autos, ressalva- relação ao inventariante, aos Art. 517. A decisão judicial
da a hipótese do inciso IV; herdeiros e aos sucessores a tí- transitada em julgado poderá
III – por meio eletrônico, quan- tulo singular ou universal; ser levada a protesto, nos ter-
do, no caso do § 1o do art. 246, mos da lei, depois de transcor-
V – o crédito de auxiliar da jus-
não tiver procurador constituí- rido o prazo para pagamento
tiça, quando as custas, emolu-
do nos autos; mentos ou honorários tiverem voluntário previsto no art. 523.
IV – por edital, quando, citado sido aprovados por decisão § 1o Para efetivar o protesto, in-
na forma do art. 256, tiver sido judicial; cumbe ao exequente apresentar
revel na fase de conhecimento. VI – a sentença penal condena- certidão de teor da decisão.
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos tória transitada em julgado; § 2o A certidão de teor da de-
II e III, considera-se realizada VII – a sentença arbitral; cisão deverá ser fornecida no
a intimação quando o devedor prazo de 3 (três) dias e indica-
VIII – a sentença estrangeira rá o nome e a qualificação do
houver mudado de endereço homologada pelo Superior Tri-
sem prévia comunicação ao exequente e do executado, o
bunal de Justiça; número do processo, o valor
juízo, observado o disposto no
parágrafo único do art. 274. IX – a decisão interlocutória da dívida e a data de decurso
estrangeira, após a concessão do prazo para pagamento vo-
§ 4 o Se o requerimento a que do exequatur à carta rogatória
alude o § 1o for formulado após luntário.
pelo Superior Tribunal de Jus-
1 (um) ano do trânsito em jul- § 3 o O executado que tiver
tiça;
gado da sentença, a intimação proposto ação rescisória para
será feita na pessoa do devedor, X – (Vetado). impugnar a decisão exequenda
por meio de carta com aviso de § 1o Nos casos dos incisos VI a pode requerer, a suas expensas
recebimento encaminhada ao IX, o devedor será citado no juí- e sob sua responsabilidade, a
endereço constante dos autos, zo cível para o cumprimento da anotação da propositura da

360
ação à margem do título pro- IV – o levantamento de depósito jurisprudência do Supremo Tri-
testado. em dinheiro e a prática de atos bunal Federal ou do Superior
§ 4o A requerimento do execu- que importem transferência de Tribunal de Justiça ou em con-
tado, o protesto será cancelado posse ou alienação de proprie- formidade com acórdão pro-
por determinação do juiz, me- dade ou de outro direito real, ferido no julgamento de casos
ou dos quais possa resultar repetitivos.
diante ofício a ser expedido ao
grave dano ao executado, de-
cartório, no prazo de 3 (três) Parágrafo único. A exigência de
pendem de caução suficiente e
dias, contado da data de pro- caução será mantida quando
idônea, arbitrada de plano pelo
tocolo do requerimento, desde juiz e prestada nos próprios au- da dispensa possa resultar ma-
que comprovada a satisfação tos. nifesto risco de grave dano de
integral da obrigação. difícil ou incerta reparação.
§ 1o No cumprimento provisó-
Art. 518. Todas as questões rio da sentença, o executado Art. 522. O cumprimento
relativas à validade do proce- poderá apresentar impugna- provisório da sentença será re-
dimento de cumprimento da ção, se quiser, nos termos do querido por petição dirigida ao
sentença e dos atos executi- art. 525. juízo competente.
vos subsequentes poderão ser § 2o A multa e os honorários a Parágrafo único. Não sendo ele-
arguidas pelo executado nos que se refere o § 1o do art. 523 trônicos os autos, a petição será
próprios autos e nestes serão são devidos no cumprimento acompanhada de cópias das
decididas pelo juiz. provisório de sentença conde- seguintes peças do processo,
natória ao pagamento de quan- cuja autenticidade poderá ser
Art. 519. Aplicam-se as dis-
tia certa. certificada pelo próprio advo-
posições relativas ao cumpri-
mento da sentença, provisório § 3o Se o executado comparecer gado, sob sua responsabilidade
ou definitivo, e à liquidação, tempestivamente e depositar o pessoal:
no que couber, às decisões que valor, com a finalidade de isen- I – decisão exequenda;
concederem tutela provisória. tar-se da multa, o ato não será
havido como incompatível com II – certidão de interposição do
o recurso por ele interposto. recurso não dotado de efeito
Capítulo II – Do suspensivo;
Cumprimento Provisório da § 4 o A restituição ao estado
anterior a que se refere o inciso III – procurações outorgadas
Sentença que Reconhece a pelas partes;
II não implica o desfazimento
Exigibilidade de Obrigação da transferência de posse ou da IV – decisão de habilitação, se
de Pagar Quantia Certa alienação de propriedade ou de for o caso;
Art. 520. O cumprimento outro direito real eventualmente V – facultativamente, outras pe-
provisório da sentença impug- já realizada, ressalvado, sempre, ças processuais consideradas
nada por recurso desprovido de o direito à reparação dos pre- necessárias para demonstrar a
juízos causados ao executado. existência do crédito.
efeito suspensivo será realizado
da mesma forma que o cumpri- § 5o Ao cumprimento provisó-
mento definitivo, sujeitando-se rio de sentença que reconheça Capítulo III – Do
ao seguinte regime: obrigação de fazer, de não fa- Cumprimento Definitivo da
zer ou de dar coisa aplica-se, no Sentença que Reconhece a
I – corre por iniciativa e respon- que couber, o disposto neste
sabilidade do exequente, que se Exigibilidade de Obrigação
Capítulo.
obriga, se a sentença for refor- de Pagar Quantia Certa
mada, a reparar os danos que o Art. 521. A caução prevista
no inciso IV do art. 520 poderá Art. 523. No caso de con-
executado haja sofrido;
ser dispensada nos casos em denação em quantia certa, ou
II – fica sem efeito, sobrevindo já fixada em liquidação, e no
que:
decisão que modifique ou anule caso de decisão sobre parcela
a sentença objeto da execução, I – o crédito for de natureza ali-
incontroversa, o cumprimento
restituindo-se as partes ao es- mentar, independentemente de
definitivo da sentença far-se-á
tado anterior e liquidando-se sua origem;
a requerimento do exequente,
eventuais prejuízos nos mesmos II – o credor demonstrar situa- sendo o executado intimado
autos; ção de necessidade; para pagar o débito, no prazo
III – se a sentença objeto de III – pender o agr avo do de 15 (quinze) dias, acrescido
cumprimento provisório for art. 1.042; de custas, se houver.
modificada ou anulada apenas IV – a sentença a ser proviso- § 1o Não ocorrendo pagamento
em parte, somente nesta ficará riamente cumprida estiver em voluntário no prazo do caput, o
sem efeito a execução; consonância com súmula da débito será acrescido de multa

361
de dez por cento e, também, de § 3o Quando a elaboração do § 3o Aplica-se à impugnação o
honorários de advogado de dez demonstrativo depender de disposto no art. 229.
por cento. dados em poder de terceiros § 4o Quando o executado alegar
§ 2o Efetuado o pagamento ou do executado, o juiz poderá que o exequente, em excesso de
parcial no prazo previsto no requisitá-los, sob cominação do execução, pleiteia quantia supe-
caput, a multa e os honorários crime de desobediência. rior à resultante da sentença,
previstos no § 1o incidirão sobre § 4 o Quando a complementa- cumprir-lhe-á declarar de ime-
o restante. ção do demonstrativo depender diato o valor que entende cor-
de dados adicionais em poder reto, apresentando demonstra-
§ 3o Não efetuado tempestiva-
do executado, o juiz poderá, tivo discriminado e atualizado
mente o pagamento voluntário,
a requerimento do exequente, de seu cálculo.
será expedido, desde logo, man-
dado de penhora e avaliação, requisitá-los, fixando prazo de § 5o Na hipótese do § 4 o, não
seguindo-se os atos de expro- até 30 (trinta) dias para o cum- apontado o valor correto ou
priação. primento da diligência. não apresentado o demonstra-
§ 5o Se os dados adicionais a tivo, a impugnação será liminar-
Art. 524. O requerimento mente rejeitada, se o excesso de
que se refere o § 4o não forem
previsto no art. 523 será instru- execução for o seu único funda-
apresentados pelo executado,
ído com demonstrativo discri- mento, ou, se houver outro, a
sem justificativa, no prazo de-
minado e atualizado do crédito, impugnação será processada,
signado, reputar-se-ão corretos
devendo a petição conter: mas o juiz não examinará a ale-
os cálculos apresentados pelo
I – o nome completo, o núme- gação de excesso de execução.
exequente apenas com base nos
ro de inscrição no Cadastro de dados de que dispõe. § 6o A apresentação de impug-
Pessoas Físicas ou no Cadastro nação não impede a prática dos
Nacional da Pessoa Jurídica do Art. 525. Transcorrido o atos executivos, inclusive os de
exequente e do executado, ob- prazo previsto no art. 523 sem expropriação, podendo o juiz,
servado o disposto no art. 319, o pagamento voluntário, ini- a requerimento do executado
§§ 1o a 3o; cia-se o prazo de 15 (quinze) e desde que garantido o juízo
dias para que o executado, in- com penhora, caução ou de-
II – o índice de correção mone-
dependentemente de penhora pósito suficientes, atribuir-lhe
tária adotado;
ou nova intimação, apresente, efeito suspensivo, se seus fun-
III – os juros aplicados e as res- nos próprios autos, sua impug- damentos forem relevantes e se
pectivas taxas; nação. o prosseguimento da execução
IV – o termo inicial e o termo § 1o Na impugnação, o execu- for manifestamente suscetível
final dos juros e da correção tado poderá alegar: de causar ao executado grave
monetária utilizados; dano de difícil ou incerta repa-
I – falta ou nulidade da citação ração.
V – a periodicidade da capitali- se, na fase de conhecimento, o
zação dos juros, se for o caso; processo correu à revelia; § 7o A concessão de efeito sus-
pensivo a que se refere o § 6o
VI – especificação dos eventuais II – ilegitimidade de parte; não impedirá a efetivação dos
descontos obrigatórios realiza- atos de substituição, de reforço
III – inexequibilidade do título
dos; ou de redução da penhora e de
ou inexigibilidade da obrigação;
VII – indicação dos bens pas- avaliação dos bens
IV – penhora incorreta ou ava-
síveis de penhora, sempre que § 8o Quando o efeito suspensivo
liação errônea;
possível. atribuído à impugnação disser
V – excesso de execução ou
§ 1o Quando o valor aponta- respeito apenas a parte do ob-
cumulação indevida de execu-
do no demonstrativo aparen- jeto da execução, esta prosse-
ções;
temente exceder os limites da guirá quanto à parte restante.
condenação, a execução será VI – incompetência absoluta ou
§ 9o A concessão de efeito sus-
iniciada pelo valor pretendido, relativa do juízo da execução;
pensivo à impugnação deduzida
mas a penhora terá por base a VII – qualquer causa modifica- por um dos executados não sus-
importância que o juiz entender tiva ou extintiva da obrigação, penderá a execução contra os
adequada. como pagamento, novação, que não impugnaram, quando
§ 2o Para a verificação dos cál- compensação, transação ou o respectivo fundamento dis-
culos, o juiz poderá valer-se de prescrição, desde que superve- ser respeito exclusivamente ao
contabilista do juízo, que terá nientes à sentença. impugnante.
o prazo máximo de 30 (trinta) § 2o A alegação de impedimento § 10. Ainda que atribuído efei-
dias para efetuá-la, exceto se ou suspeição observará o dis- to suspensivo à impugnação, é
outro lhe for determinado. posto nos arts. 146 e 148. lícito ao exequente requerer o

362
prosseguimento da execução, entender devido, apresentan- mandar protestar o pronuncia-
oferecendo e prestando, nos do memória discriminada do mento judicial na forma do § 1o,
próprios autos, caução suf i- cálculo. decretar-lhe-á a prisão pelo pra-
ciente e idônea a ser arbitrada § 1o O autor será ouvido no pra- zo de 1 (um) a 3 (três) meses.
pelo juiz. zo de 5 (cinco) dias, podendo § 4 o A prisão será cumprida
§ 11. As questões relativas a impugnar o valor depositado, em regime fechado, devendo o
fato superveniente ao término sem prejuízo do levantamento preso ficar separado dos presos
do prazo para apresentação do depósito a título de parcela comuns.
da impugnação, assim como incontroversa. § 5o O cumprimento da pena
aquelas relativas à validade e § 2o Concluindo o juiz pela in- não exime o executado do paga-
à adequação da penhora, da suficiência do depósito, sobre mento das prestações vencidas
avaliação e dos atos executivos a diferença incidirão multa de e vincendas.
subsequentes, podem ser argui- dez por cento e honorários ad-
das por simples petição, tendo § 6o Paga a prestação alimen-
vocatícios, também fixados em
o executado, em qualquer dos tícia, o juiz suspenderá o cum-
dez por cento, seguindo-se a
casos, o prazo de 15 (quinze) primento da ordem de prisão.
execução com penhora e atos
dias para formular esta argui- subsequentes. § 7o O débito alimentar que au-
ção, contado da comprovada toriza a prisão civil do alimen-
§ 3o Se o autor não se opuser, o
ciência do fato ou da intimação tante é o que compreende até
juiz declarará satisfeita a obri-
do ato. as 3 (três) prestações anteriores
gação e extinguirá o processo.
§ 12. Para efeito do disposto no ao ajuizamento da execução e
inciso III do § 1o deste artigo, Art. 527. Aplicam-se as as que se vencerem no curso do
considera-se também inexigível disposições deste Capítulo ao processo.
a obrigação reconhecida em tí- cumprimento provisório da sen- § 8o O exequente pode optar
tulo executivo judicial fundado tença, no que couber. por promover o cumprimento
em lei ou ato normativo con- da sentença ou decisão desde
siderado inconstitucional pelo Capítulo IV – Do logo, nos termos do disposto
Supremo Tribunal Federal, ou Cumprimento de neste Livro, Título II, Capítulo
fundado em aplicação ou in- Sentença que Reconheça a III, caso em que não será ad-
terpretação da lei ou do ato Exigibilidade de Obrigação missível a prisão do executa-
normativo tido pelo Supremo de Prestar Alimentos do, e, recaindo a penhora em
Tribunal Federal como incom- dinheiro, a concessão de efeito
patível com a Constituição Art. 528. No cumprimento suspensivo à impugnação não
Federal, em controle de consti- de sentença que condene ao pa- obsta a que o exequente levante
tucionalidade concentrado ou gamento de prestação alimentí- mensalmente a importância da
difuso. cia ou de decisão interlocutória prestação.
que f ixe alimentos, o juiz, a
§ 13. No caso do § 12, os efei- § 9o Além das opções previstas
requerimento do exequente,
tos da decisão do Supremo Tri- no art. 516, parágrafo único,
mandará intimar o executado
bunal Federal poderão ser mo- o exequente pode promover o
pessoalmente para, em 3 (três)
dulados no tempo, em atenção cumprimento da sentença ou
dias, pagar o débito, provar que
à segurança jurídica. decisão que condena ao paga-
o fez ou justificar a impossibili-
§ 14. A decisão do Supremo Tri- dade de efetuá-lo. mento de prestação alimentícia
bunal Federal referida no § 12 no juízo de seu domicílio.
§ 1o Caso o executado, no pra-
deve ser anterior ao trânsito em zo referido no caput, não efetue Art. 529. Quando o execu-
julgado da decisão exequenda. o pagamento, não prove que o tado for funcionário público,
§ 15. Se a decisão referida no efetuou ou não apresente jus- militar, diretor ou gerente de
§ 12 for proferida após o trân- tif icativa da impossibilidade empresa ou empregado sujeito
sito em julgado da decisão exe- de efetuá-lo, o juiz mandará à legislação do trabalho, o exe-
quenda, caberá ação rescisória, protestar o pronunciamento quente poderá requerer o des-
cujo prazo será contado do judicial, aplicando-se, no que conto em folha de pagamento
trânsito em julgado da decisão couber, o disposto no art. 517. da importância da prestação
proferida pelo Supremo Tribu- § 2o Somente a comprovação de alimentícia.
nal Federal. fato que gere a impossibilidade § 1o Ao proferir a decisão, o juiz
Art. 526. É lícito ao réu, absoluta de pagar justificará o oficiará à autoridade, à empre-
antes de ser intimado para o inadimplemento. sa ou ao empregador, determi-
cumprimento da sentença, § 3o Se o executado não pagar nando, sob pena de crime de
comparecer em juízo e ofere- ou se a justificativa apresentada desobediência, o desconto a
cer em pagamento o valor que não for aceita, o juiz, além de partir da primeira remuneração

363
posterior do executado, a con- banco oficial, será inalienável e VI – a especificação dos even-
tar do protocolo do ofício. impenhorável enquanto durar a tuais descontos obrigatórios
§ 2o O ofício conterá o nome e obrigação do executado, além realizados.
o número de inscrição no Ca- de constituir-se em patrimônio § 1o Havendo pluralidade de
dastro de Pessoas Físicas do de afetação. exequentes, cada um deverá
exequente e do executado, a § 2o O juiz poderá substituir apresentar o seu próprio de-
importância a ser descontada a constituição do capital pela monstrativo, aplicando-se à
mensalmente, o tempo de sua inclusão do exequente em folha hipótese, se for o caso, o dis-
duração e a conta na qual deve de pagamento de pessoa jurídi- posto nos §§ 1o e 2o do art. 113.
ser feito o depósito. ca de notória capacidade eco- § 2o A multa prevista no § 1o do
§ 3o Sem prejuízo do pagamen- nômica ou, a requerimento do art. 523 não se aplica à Fazen-
to dos alimentos vincendos, o executado, por fiança bancária da Pública.
débito objeto de execução pode ou garantia real, em valor a ser
Art. 535. A Fazenda Pública
ser descontado dos rendimen- arbitrado de imediato pelo juiz.
será intimada na pessoa de seu
tos ou rendas do executado, de § 3o Se sobrevier modificação representante judicial, por car-
forma parcelada, nos termos do nas condições econômicas, po- ga, remessa ou meio eletrônico,
caput deste artigo, contanto derá a parte requerer, conforme para, querendo, no prazo de 30
que, somado à parcela devida, as circunstâncias, redução ou (trinta) dias e nos próprios au-
não ultrapasse cinquenta por aumento da prestação. tos, impugnar a execução, po-
cento de seus ganhos líquidos.
§ 4 o A prestação alimentícia dendo arguir:
Art. 530. Não cumprida a poderá ser fixada tomando por I – falta ou nulidade da citação
obrigação, observar-se-á o dis- base o salário mínimo. se, na fase de conhecimento, o
posto nos arts. 831 e seguintes. § 5o Finda a obrigação de pres- processo correu à revelia;
Art. 531. O disposto neste tar alimentos, o juiz mandará II – ilegitimidade de parte;
Capítulo aplica-se aos alimen- liberar o capital, cessar o des- III – inexequibilidade do título
tos definitivos ou provisórios. conto em folha ou cancelar as ou inexigibilidade da obrigação;
§ 1o A execução dos alimentos garantias prestadas.
IV – excesso de execução ou
provisórios, bem como a dos cumulação indevida de execu-
alimentos fixados em senten- Capítulo V – Do ções;
ça ainda não transitada em Cumprimento de
V – incompetência absoluta ou
julgado, se processa em autos Sentença que Reconheça a
relativa do juízo da execução;
apartados. Exigibilidade de Obrigação
de Pagar Quantia Certa pela VI – qualquer causa modifica-
§ 2o O cumprimento definitivo tiva ou extintiva da obrigação,
da obrigação de prestar alimen- Fazenda Pública como pagamento, novação,
tos será processado nos mes- compensação, transação ou
mos autos em que tenha sido Art. 534. No cumprimen-
to de sentença que impuser prescrição, desde que superve-
proferida a sentença. nientes ao trânsito em julgado
à Fazenda Pública o dever de
Art. 532. Verificada a con- pagar quantia certa, o exequen- da sentença.
duta procrastinatória do exe- te apresentará demonstrativo § 1o A alegação de impedimen-
cutado, o juiz deverá, se for o discriminado e atualizado do to ou suspeição observará o
caso, dar ciência ao Ministério crédito contendo: disposto nos arts. 146 e 148.
Público dos indícios da prática § 2o Quando se alegar que o
I – o nome completo e o núme-
do crime de abandono material. exequente, em excesso de exe-
ro de inscrição no Cadastro de
Art. 533. Quando a inde- Pessoas Físicas ou no Cadastro cução, pleiteia quantia superior
nização por ato ilícito incluir Nacional da Pessoa Jurídica do à resultante do título, cumprirá
prestação de alimentos, caberá exequente; à executada declarar de imedia-
ao executado, a requerimento to o valor que entende correto,
II – o índice de correção mone- sob pena de não conhecimento
do exequente, constituir capital tária adotado;
cuja renda assegure o pagamen- da arguição.
to do valor mensal da pensão. III – os juros aplicados e as res- § 3o Não impugnada a execu-
pectivas taxas; ção ou rejeitadas as arguições
§ 1o O capital a que se refere o
caput, representado por imó- IV – o termo inicial e o termo da executada:
veis ou por direitos reais sobre final dos juros e da correção I – expedir-se-á, por intermédio
imóveis suscetíveis de aliena- monetária utilizados; do presidente do tribunal com-
ção, títulos da dívida pública V – a periodicidade da capitali- petente, precatório em favor
ou aplicações financeiras em zação dos juros, se for o caso; do exequente, observando-se

364
o disposto na Constituição Capítulo VI – Do Art. 537. A multa indepen-
Federal; Cumprimento de de de requerimento da parte e
Sentença que Reconheça a poderá ser aplicada na fase de
II – por ordem do juiz, dirigida à
Exigibilidade de Obrigação conhecimento, em tutela pro-
autoridade na pessoa de quem
visória ou na sentença, ou na
o ente público foi citado para o de Fazer, de Não Fazer ou de
fase de execução, desde que
processo, o pagamento de obri- Entregar Coisa seja suficiente e compatível com
gação de pequeno valor será a obrigação e que se determine
realizado no prazo de 2 (dois) Seção I – Do Cumprimento prazo razoável para cumpri-
meses contado da entrega da de Sentença que Reconheça mento do preceito.
requisição, mediante depósi- a Exigibilidade de Obrigação § 1o O juiz poderá, de ofício
to na agência de banco oficial de Fazer ou de Não Fazer ou a requerimento, modificar
mais próxima da residência do o valor ou a periodicidade da
exequente. Art. 536. No cumprimento multa vincenda ou excluí-la,
de sentença que reconheça a caso verifique que:
§ 4 o Tratando-se de impugna- exigibilidade de obrigação de
ção parcial, a parte não ques- fazer ou de não fazer, o juiz I – se tornou insuficiente ou ex-
tionada pela executada será, poderá, de ofício ou a reque- cessiva;
desde logo, objeto de cumpri- rimento, para a efetivação da II – o obrigado demonstrou
mento. tutela específica ou a obtenção cumprimento parcial superve-
de tutela pelo resultado prático niente da obrigação ou justa
§ 5o Para efeito do disposto no equivalente, determinar as me- causa para o descumprimento.
inciso III do caput deste artigo, didas necessárias à satisfação § 2o O valor da multa será de-
considera-se também inexigível do exequente. vido ao exequente.
a obrigação reconhecida em tí- § 1o Para atender ao disposto § 3o A decisão que fixa a mul-
tulo executivo judicial fundado no caput, o juiz poderá deter- ta é passível de cumprimento
em lei ou ato normativo consi- minar, entre outras medidas, a provisório, devendo ser depo-
derado inconstitucional pelo imposição de multa, a busca e
sitada em juízo, permitido o
Supremo Tribunal Federal, ou apreensão, a remoção de pesso-
levantamento do valor após o
fundado em aplicação ou in- as e coisas, o desfazimento de
trânsito em julgado da sentença
obras e o impedimento de ati-
terpretação da lei ou do ato favorável à parte.
vidade nociva, podendo, caso
normativo tido pelo Supremo necessário, requisitar o auxílio § 4 o A multa será devida des-
Tribunal Federal como incom- de força policial. de o dia em que se configurar
patível com a Constituição o descumprimento da decisão
§ 2o O mandado de busca e
Federal, em controle de cons- apreensão de pessoas e coisas e incidirá enquanto não for
titucionalidade concentrado será cumprido por 2 (dois) ofi- cumprida a decisão que a tiver
ou difuso. ciais de justiça, observando-se cominado.
§ 6o No caso do § 5o, os efeitos o disposto no art. 846, §§ 1o § 5o O disposto neste artigo
da decisão do Supremo Tribu- a 4o, se houver necessidade de aplica-se, no que couber, ao
arrombamento. cumprimento de sentença que
nal Federal poderão ser mo-
§ 3o O executado incidirá nas reconheça deveres de fazer e
dulados no tempo, de modo a de não fazer de natureza não
penas de litigância de má-fé
favorecer a segurança jurídica. obrigacional.
quando injustificadamente des-
§ 7o A decisão do Supremo Tri- cumprir a ordem judicial, sem
bunal Federal referida no § 5o prejuízo de sua responsabiliza- Seção II – Do Cumprimento
deve ter sido proferida antes do ção por crime de desobediência. de Sentença que Reconheça
trânsito em julgado da decisão § 4 o No cumprimento de sen- a Exigibilidade de Obrigação
exequenda. tença que reconheça a exigibi- de Entregar Coisa
lidade de obrigação de fazer
§ 8 o Se a decisão referida no
ou de não fazer, aplica-se o Art. 538. Não cumprida a
§ 5o for proferida após o trân- art. 525, no que couber. obrigação de entregar coisa no
sito em julgado da decisão
§ 5o O disposto neste artigo prazo estabelecido na sentença,
exequenda, caberá ação resci- será expedido mandado de bus-
aplica-se, no que couber, ao
sória, cujo prazo será contado cumprimento de sentença que ca e apreensão ou de imissão na
do trânsito em julgado da de- reconheça deveres de fazer e posse em favor do credor, con-
cisão proferida pelo Supremo de não fazer de natureza não forme se tratar de coisa móvel
Tribunal Federal. obrigacional. ou imóvel.

365
§ 1o A existência de benfeitorias Art. 540. Requerer-se-á a admissível se o réu indicar o
deve ser alegada na fase de co- consignação no lugar do pa- montante que entende devido.
nhecimento, em contestação, gamento, cessando para o
de forma discriminada e com Art. 545. Alegada a insufi-
devedor, à data do depósito,
atribuição, sempre que possível ciência do depósito, é lícito ao
os juros e os riscos, salvo se a
e justificadamente, do respec- autor completá-lo, em 10 (dez)
demanda for julgada improce-
tivo valor. dias, salvo se corresponder a
dente.
prestação cujo inadimplemento
§ 2o O direito de retenção por Art. 541. Tratando-se de acarrete a rescisão do contrato.
benfeitorias deve ser exercido prestações sucessivas, consig-
na contestação, na fase de co- § 1o No caso do caput, pode-
nada uma delas, pode o deve- rá o réu levantar, desde logo, a
nhecimento.
dor continuar a depositar, no quantia ou a coisa depositada,
§ 3o Aplicam-se ao procedimen- mesmo processo e sem mais com a consequente liberação
to previsto neste artigo, no que formalidades, as que se forem parcial do autor, prosseguindo
couber, as disposições sobre o vencendo, desde que o faça em o processo quanto à parcela
cumprimento de obrigação de até 5 (cinco) dias contados da controvertida.
fazer ou de não fazer. data do respectivo vencimento. § 2o A sentença que concluir
Art. 542. Na petição inicial, pela insuficiência do depósito
o autor requererá: determinará, sempre que possí-
Título III – Dos I – o depósito da quantia ou da
vel, o montante devido e valerá
Procedimentos Especiais coisa devida, a ser efetivado no
como título executivo, facultado
ao credor promover-lhe o cum-
prazo de 5 (cinco) dias conta-
primento nos mesmos autos,
Capítulo I – Da Ação de dos do deferimento, ressalvada após liquidação, se necessária.
Consignação em Pagamento a hipótese do art. 539, § 3o;
II – a citação do réu para le- Art. 546. Julgado proceden-
Art. 539. Nos casos previs- vantar o depósito ou oferecer te o pedido, o juiz declarará ex-
tos em lei, poderá o devedor ou contestação. tinta a obrigação e condenará
terceiro requerer, com efeito de o réu ao pagamento de custas e
pagamento, a consignação da Parágrafo único. Não realizado honorários advocatícios.
quantia ou da coisa devida. o depósito no prazo do inciso
I, o processo será extinto sem Parágrafo único. Proceder-se-á do
§ 1o Tratando-se de obrigação mesmo modo se o credor rece-
em dinheiro, poderá o valor ser resolução do mérito.
ber e der quitação.
depositado em estabelecimento Art. 543. Se o objeto da
bancário, oficial onde houver, prestação for coisa indeter- Art. 547. Se ocorrer dúvida
situado no lugar do pagamen- minada e a escolha couber ao sobre quem deva legitimamente
to, cientif icando-se o credor receber o pagamento, o autor
credor, será este citado para
por carta com aviso de recebi- requererá o depósito e a citação
exercer o direito dentro de 5
mento, assinado o prazo de 10 dos possíveis titulares do crédi-
(cinco) dias, se outro prazo não
(dez) dias para a manifestação to para provarem o seu direito.
constar de lei ou do contrato,
de recusa. ou para aceitar que o devedor Art. 548. No caso do art. 547:
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, a faça, devendo o juiz, ao des- I – não comparecendo preten-
contado do retorno do aviso de pachar a petição inicial, fixar lu- dente algum, converter-se-á o
recebimento, sem a manifesta- gar, dia e hora em que se fará a depósito em arrecadação de
ção de recusa, considerar-se-á o entrega, sob pena de depósito. coisas vagas;
devedor liberado da obrigação,
ficando à disposição do credor Art. 544. Na contestação, o II – comparecendo apenas um,
a quantia depositada. réu poderá alegar que: o juiz decidirá de plano;
§ 3o Ocorrendo a recusa, ma- I – não houve recusa ou mora III – comparecendo mais de
nifestada por escrito ao esta- em receber a quantia ou a coisa um, o juiz declarará efetuado
belecimento bancário, poderá devida; o depósito e extinta a obriga-
ser proposta, dentro de 1 (um) II – foi justa a recusa; ção, continuando o processo a
mês, a ação de consignação, correr unicamente entre os pre-
III – o depósito não se efetuou suntivos credores, observado o
instruindo-se a inicial com a no prazo ou no lugar do paga-
prova do depósito e da recusa. procedimento comum.
mento;
§ 4 o Não proposta a ação no IV – o depósito não é integral. Art. 549. Aplica-se o pro-
prazo do § 3o, ficará sem efeito cedimento estabelecido neste
o depósito, podendo levantá-lo Parágrafo único. No caso do inci- Capítulo, no que couber, ao
o depositante. so IV, a alegação somente será resgate do aforamento.

366
Capítulo II – Da Ação de apresentadas na forma ade- por edital os que não forem en-
Exigir Contas quada, já instruídas com os contrados.
documentos justificativos, es- § 3o O juiz deverá determinar
Art. 550. Aquele que afirmar pecif icando-se as receitas, a que se dê ampla publicidade
ser titular do direito de exigir aplicação das despesas e os da existência da ação prevista
contas requererá a citação do investimentos, se houver, bem no § 1o e dos respectivos pra-
réu para que as preste ou ofe- como o respectivo saldo. zos processuais, podendo, para
reça contestação no prazo de tanto, valer-se de anúncios em
15 (quinze) dias. Art. 552. A sentença apura-
rá o saldo e constituirá título jornal ou rádio locais, da pu-
§ 1o Na petição inicial, o autor blicação de cartazes na região
executivo judicial.
especificará, detalhadamente, do conflito e de outros meios.
as razões pelas quais exige as Ar t. 553. As contas do
contas, instruindo-a com docu- inventariante, do tutor, do Art. 555. É lícito ao autor
mentos comprobatórios dessa curador, do depositário e de cumular ao pedido possessó-
necessidade, se existirem. rio o de:
qualquer outro administrador
§ 2o Prestadas as contas, o au- serão prestadas em apenso aos I – condenação em perdas e
tor terá 15 (quinze) dias para se autos do processo em que tiver danos;
manifestar, prosseguindo-se o sido nomeado. II – indenização dos frutos.
processo na forma do Capítulo
Parágrafo único. Se qualquer dos Parágrafo único. Pode o autor
X do Título I deste Livro.
referidos no caput for conde- requerer, ainda, imposição de
§ 3o A impugnação das contas nado a pagar o saldo e não o medida necessária e adequada
apresentadas pelo réu deverá fizer no prazo legal, o juiz po- para:
ser fundamentada e específica, derá destituí-lo, sequestrar os
com referência expressa ao lan- I – evitar nova turbação ou es-
bens sob sua guarda, glosar o bulho;
çamento questionado. prêmio ou a gratificação a que
§ 4 o Se o réu não contestar o II – cumprir-se a tutela provisó-
teria direito e determinar as me-
pedido, observar-se-á o dispos- ria ou final.
didas executivas necessárias à
to no art. 355. recomposição do prejuízo. Art. 556. É lícito ao réu, na
§ 5o A decisão que julgar pro- contestação, alegando que foi
cedente o pedido condenará o Capítulo III – Das Ações o ofendido em sua posse, de-
réu a prestar as contas no prazo Possessórias mandar a proteção possessória
de 15 (quinze) dias, sob pena de e a indenização pelos prejuízos
não lhe ser lícito impugnar as resultantes da turbação ou do
que o autor apresentar. Seção I – Disposições Gerais esbulho cometido pelo autor.
§ 6o Se o réu apresentar as con- Art. 554. A propositura de Art. 557. Na pendência de
tas no prazo previsto no § 5o, uma ação possessória em vez de ação possessória é vedado, tan-
seguir-se-á o procedimento do outra não obstará a que o juiz to ao autor quanto ao réu, pro-
§ 2o, caso contrário, o autor conheça do pedido e outorgue a por ação de reconhecimento do
apresentá-las-á no prazo de 15 proteção legal correspondente domínio, exceto se a pretensão
(quinze) dias, podendo o juiz àquela cujos pressupostos este- for deduzida em face de terceira
determinar a realização de exa- jam provados. pessoa.
me pericial, se necessário.
§ 1o No caso de ação possessó- Parágrafo único. Não obsta à ma-
Art. 551. As contas do réu ria em que figure no polo passi- nutenção ou à reintegração de
serão apresentadas na forma vo grande número de pessoas, posse a alegação de proprieda-
adequada, especificando-se as serão feitas a citação pessoal de ou de outro direito sobre a
receitas, a aplicação das des- dos ocupantes que forem en- coisa.
pesas e os investimentos, se contrados no local e a citação
houver. por edital dos demais, determi- Art. 558. Regem o procedi-
§ 1o Havendo impugnação es- nando-se, ainda, a intimação mento de manutenção e de rein-
pecífica e fundamentada pelo do Ministério Público e, se en- tegração de posse as normas da
autor, o juiz estabelecerá prazo volver pessoas em situação de Seção II deste Capítulo quando
razoável para que o réu apre- hipossuficiência econômica, da a ação for proposta dentro de
sente os documentos justifica- Defensoria Pública. ano e dia da turbação ou do
tivos dos lançamentos individu- esbulho afirmado na petição
§ 2o Para fim da citação pesso-
almente impugnados. inicial.
al prevista no § 1o, o oficial de
§ 2o As contas do autor, para justiça procurará os ocupantes Parágrafo único. Passado o prazo
os fins do art. 550, § 5o, serão no local por uma vez, citando-se referido no caput, será comum

367
o procedimento, não perdendo, Art. 564. Concedido ou § 5o Aplica-se o disposto neste
contudo, o caráter possessório. não o mandado liminar de artigo ao litígio sobre proprie-
manutenção ou de reintegra- dade de imóvel.
Art. 559. Se o réu provar,
ção, o autor promoverá, nos Art. 566. Aplica-se, quanto
em qualquer tempo, que o au-
tor provisoriamente mantido ou 5 (cinco) dias subsequentes, a ao mais, o procedimento co-
reintegrado na posse carece de citação do réu para, querendo, mum.
idoneidade financeira para, no contestar a ação no prazo de
caso de sucumbência, respon- 15 (quinze) dias.
Seção III – Do Interdito
der por perdas e danos, o juiz Parágrafo único. Quando for or- Proibitório
designar-lhe-á o prazo de 5 (cin- denada a justificação prévia, o
co) dias para requerer caução, prazo para contestar será con- Art. 567. O possuidor direto
real ou fidejussória, sob pena de tado da intimação da decisão ou indireto que tenha justo re-
ser depositada a coisa litigiosa, que deferir ou não a medida ceio de ser molestado na posse
ressalvada a impossibilidade da poderá requerer ao juiz que o
liminar.
parte economicamente hipos- segure da turbação ou esbulho
suficiente. Art. 565. No litígio coletivo iminente, mediante mandado
pela posse de imóvel, quando o proibitório em que se comine ao
esbulho ou a turbação afirmado réu determinada pena pecuniá-
Seção II – Da Manutenção ria caso transgrida o preceito.
e da Reintegração de Posse na petição inicial houver ocorri-
do há mais de ano e dia, o juiz, Art. 568. Aplica-se ao inter-
Art. 560. O possuidor tem antes de apreciar o pedido de dito proibitório o disposto na
direito a ser mantido na posse concessão da medida liminar, Seção II deste Capítulo.
em caso de turbação e reinte- deverá designar audiência de
grado em caso de esbulho. mediação, a realizar-se em até Capítulo IV – Da Ação de
Art. 561. Incumbe ao autor
30 (trinta) dias, que observará Divisão e da Demarcação de
provar: o disposto nos §§ 2o e 4o. Terras Particulares
I – a sua posse; § 1o Concedida a liminar, se
essa não for executada no pra- Seção I – Disposições Gerais
II – a turbação ou o esbulho zo de 1 (um) ano, a contar da
praticado pelo réu;
data de distribuição, caberá ao Art. 569. Cabe:
III – a data da turbação ou do juiz designar audiência de me- I – ao proprietário a ação de
esbulho; diação, nos termos dos §§ 2o a demarcação, para obrigar o
IV – a continuação da posse, 4o deste artigo. seu confinante a estremar os
embora turbada, na ação de § 2o O Ministério Público será respectivos prédios, fixando-se
manutenção, ou a perda da intimado para comparecer à au- novos limites entre eles ou avi-
posse, na ação de reintegração. diência, e a Defensoria Pública ventando-se os já apagados;
Art. 562. Estando a petição será intimada sempre que hou- II – ao condômino a ação de
inicial devidamente instruída, ver parte beneficiária de gratui- divisão, para obrigar os de-
o juiz deferirá, sem ouvir o dade da justiça. mais consortes a estremar os
réu, a expedição do mandado quinhões.
§ 3o O juiz poderá comparecer
liminar de manutenção ou de à área objeto do litígio quando Art. 570. É lícita a cumula-
reintegração, caso contrário, sua presença se fizer necessária ção dessas ações, caso em que
determinará que o autor justi- à efetivação da tutela jurisdi- deverá processar-se primeira-
fique previamente o alegado, ci- cional. mente a demarcação total ou
tando-se o réu para comparecer parcial da coisa comum, citan-
à audiência que for designada. § 4 o Os órgãos responsáveis do-se os confinantes e os con-
pela política agrária e pela dôminos.
Parágrafo único. Contra as pesso- política urbana da União, de
as jurídicas de direito público Estado ou do Distrito Federal Art. 571. A demarcação e a
não será deferida a manutenção e de Município onde se situe a divisão poderão ser realizadas
ou a reintegração liminar sem área objeto do litígio poderão por escritura pública, desde que
prévia audiência dos respectivos ser intimados para a audiência, maiores, capazes e concordes
representantes judiciais. a fim de se manifestarem sobre todos os interessados, obser-
seu interesse no processo e so- vando-se, no que couber, os
Art. 563. Considerada sufi-
dispositivos deste Capítulo.
ciente a justificação, o juiz fará bre a existência de possibilida-
logo expedir mandado de ma- de de solução para o conflito Art. 572. Fixados os mar-
nutenção ou de reintegração. possessório. cos da linha de demarcação,

368
os confinantes considerar-se-ão Parágrafo único. Será publicado II – os acidentes encontrados,
terceiros quanto ao processo edital, nos termos do inciso III as cercas, os valos, os marcos
divisório, ficando-lhes, porém, do art. 259. antigos, os córregos, os rios, as
ressalvado o direito de vindicar lagoas e outros;
Art. 577. Feitas as citações,
os terrenos de que se julguem III – a indicação minuciosa dos
terão os réus o prazo comum de
despojados por invasão das novos marcos cravados, dos an-
15 (quinze) dias para contestar.
linhas limítrofes constitutivas tigos aproveitados, das culturas
do perímetro ou de reclamar Art. 578. Após o prazo de existentes e da sua produção
indenização correspondente resposta do réu, observar-se-á anual;
ao seu valor. o procedimento comum. IV – a composição geológica
§ 1o No caso do caput, serão Art. 579. Antes de proferir dos terrenos, bem como a qua-
citados para a ação todos os a sentença, o juiz nomeará um lidade e a extensão dos campos,
condôminos, se a sentença ho- ou mais peritos para levantar o das matas e das capoeiras;
mologatória da divisão ainda traçado da linha demarcanda. V – as vias de comunicação;
não houver transitado em julga- VI – as distâncias a pontos de
do, e todos os quinhoeiros dos Art. 580. Concluídos os
estudos, os peritos apresen- referência, tais como rodovias
terrenos vindicados, se a ação federais e estaduais, ferrovias,
for proposta posteriormente. tarão minucioso laudo sobre
o traçado da linha demarcan- portos, aglomerações urbanas
§ 2o Neste último caso, a sen- da, considerando os títulos, os e polos comerciais;
tença que julga procedente a marcos, os rumos, a fama da VII – a indicação de tudo o mais
ação, condenando a restituir vizinhança, as informações de que for útil para o levantamen-
os terrenos ou a pagar a in- antigos moradores do lugar e to da linha ou para a identifica-
denização, valerá como título outros elementos que coligirem. ção da linha já levantada.
executivo em favor dos quinho-
eiros para haverem dos outros Art. 581. A sentença que Art. 584. É obrigatória a
condôminos que forem parte na julgar procedente o pedido de- colocação de marcos tanto
terminará o traçado da linha na estação inicial, dita marco
divisão ou de seus sucessores a
demarcanda. primordial, quanto nos vértices
título universal, na proporção
dos ângulos, salvo se algum des-
que lhes tocar, a composição Parágrafo único. A sentença pro- ses últimos pontos for assina-
pecuniária do desfalque sofrido. ferida na ação demarcatória de- lado por acidentes naturais de
Art. 573. Tratando-se de terminará a restituição da área difícil remoção ou destruição.
imóvel georreferenciado, com invadida, se houver, declarando
o domínio ou a posse do preju- Art. 585. A linha será percor-
averbação no registro de imó- rida pelos peritos, que exami-
veis, pode o juiz dispensar a re- dicado, ou ambos.
narão os marcos e os rumos,
alização de prova pericial. Art. 582. Transitada em jul- consignando em relatório es-
gado a sentença, o perito efetu- crito a exatidão do memorial
Seção II – Da Demarcação ará a demarcação e colocará os e da planta apresentados pelo
marcos necessários. agrimensor ou as divergências
Art. 574. Na petição ini- porventura encontradas.
Parágrafo único. Todas as ope-
cial, instruída com os títulos
rações serão consignadas em Art. 586. Juntado aos autos
da propriedade, designar-se-á
planta e memorial descritivo o relatório dos peritos, o juiz
o imóvel pela situação e pela determinará que as partes se
com as referências convenien-
denominação, descrever-se-ão manifestem sobre ele no prazo
tes para a identif icação, em
os limites por constituir, aviven- comum de 15 (quinze) dias.
qualquer tempo, dos pontos
tar ou renovar e nomear-se-ão
assinalados, observada a legis- Parágrafo único. Executadas as
todos os confinantes da linha
lação especial que dispõe sobre correções e as retificações que o
demarcanda. a identificação do imóvel rural. juiz determinar, lavrar-se-á, em
Art. 575. Qualquer condô- Art. 583. As plantas serão seguida, o auto de demarcação
mino é parte legítima para pro- acompanhadas das caderne- em que os limites demarcandos
mover a demarcação do imóvel tas de operações de campo e serão minuciosamente descritos
comum, requerendo a intima- do memorial descritivo, que de acordo com o memorial e a
ção dos demais para, querendo, conterá: planta.
intervir no processo.
I – o ponto de partida, os ru- Art. 587. Assinado o auto
Art. 576. A citação dos réus mos seguidos e a aviventação pelo juiz e pelos peritos, será
será feita por correio, observa- dos antigos com os respectivos proferida a sentença homolo-
do o disposto no art. 247. cálculos; gatória da demarcação.

369
ser atendidos na formação dos cômoda serão adjudicadas a
Seção III – Da Divisão quinhões. um dos condôminos mediante
Art. 588. A petição inicial compensação;
Art. 593. Se qualquer li-
será instruída com os títulos nha do perímetro atingir ben- II – instituir-se-ão as servidões
de domínio do promovente e feitorias permanentes dos que forem indispensáveis em
conterá: confinantes feitas há mais de favor de uns quinhões sobre os
I – a indicação da origem da 1 (um) ano, serão elas respei- outros, incluindo o respectivo
comunhão e a denominação, a tadas, bem como os terrenos valor no orçamento para que,
situação, os limites e as carac- onde estiverem, os quais não se não se tratando de servidões
terísticas do imóvel; computarão na área dividenda. naturais, seja compensado o
II – o nome, o estado civil, a condômino aquinhoado com
Art. 594. Os conf inantes o prédio serviente;
prof issão e a residência de do imóvel dividendo podem
todos os condôminos, espe- demandar a restituição dos III – as benfeitorias particulares
cificando-se os estabelecidos terrenos que lhes tenham sido dos condôminos que excederem
no imóvel com benfeitorias e usurpados. à área a que têm direito serão
culturas; adjudicadas ao quinhoeiro vizi-
§ 1o Serão citados para a ação
III – as benfeitorias comuns. nho mediante reposição;
todos os condôminos, se a sen-
tença homologatória da divisão IV – se outra coisa não acorda-
Art. 589. Feitas as citações
ainda não houver transitado em rem as partes, as compensações
como preceitua o art. 576,
prosseguir-se-á na forma dos julgado, e todos os quinhoei- e as reposições serão feitas em
arts. 577 e 578. ros dos terrenos vindicados, se dinheiro.
a ação for proposta posterior-
Art. 590. O juiz nomeará um Art. 597. Terminados os tra-
mente.
ou mais peritos para promover balhos e desenhados na plan-
§ 2o Nesse último caso terão ta os quinhões e as servidões
a medição do imóvel e as ope- os quinhoeiros o direito, pela
rações de divisão, observada a aparentes, o perito organizará
mesma sentença que os obrigar o memorial descritivo.
legislação especial que dispõe à restituição, a haver dos outros
sobre a identificação do imóvel condôminos do processo divi- § 1o Cumprido o disposto no
rural. sório ou de seus sucessores a art. 586, o escrivão, em seguida,
título universal a composição lavrará o auto de divisão, acom-
Parágrafo único. O perito deverá
pecuniária proporcional ao des- panhado de uma folha de paga-
indicar as vias de comunicação
falque sofrido. mento para cada condômino.
existentes, as construções e as
benfeitorias, com a indicação § 2o Assinado o auto pelo juiz
Art. 595. Os peritos propo-
dos seus valores e dos respecti- e pelo perito, será proferida
rão, em laudo fundamentado,
vos proprietários e ocupantes, sentença homologatória da
a forma da divisão, devendo
as águas principais que banham divisão.
consultar, quanto possível, a
o imóvel e quaisquer outras in- comodidade das partes, res- § 3o O auto conterá:
formações que possam concor- peitar, para adjudicação a cada I – a confinação e a extensão
rer para facilitar a partilha. condômino, a preferência dos superficial do imóvel;
Art. 591. Todos os condô- terrenos contíguos às suas resi-
II – a classificação das terras
minos serão intimados a apre- dências e benfeitorias e evitar o
com o cálculo das áreas de
sentar, dentro de 10 (dez) dias, retalhamento dos quinhões em
cada consorte e com a res-
os seus títulos, se ainda não o glebas separadas.
pectiva avaliação ou, quando
tiverem feito, e a formular os Art. 596. Ouvidas as partes, a homogeneidade das terras
seus pedidos sobre a constitui- no prazo comum de 15 (quinze) não determinar diversidade de
ção dos quinhões. dias, sobre o cálculo e o plano valores, a avaliação do imóvel
Art. 592. O juiz ouvirá as da divisão, o juiz deliberará a na sua integridade;
partes no prazo comum de 15 partilha. III – o valor e a quantidade ge-
(quinze) dias. Parágrafo único. Em cumprimento ométrica que couber a cada
§ 1o Não havendo impugnação, dessa decisão, o perito procede- condômino, declarando-se as
o juiz determinará a divisão ge- rá à demarcação dos quinhões, reduções e as compensações
odésica do imóvel. observando, além do disposto resultantes da diversidade de
§ 2o Havendo impugnação, o nos arts. 584 e 585, as seguintes valores das glebas componentes
juiz proferirá, no prazo de 10 regras: de cada quinhão.
(dez) dias, decisão sobre os I – as benfeitorias comuns § 4o Cada folha de pagamento
pedidos e os títulos que devam que não comportarem divisão conterá:

370
I – a descrição das linhas divisó- III – pela sociedade, se os sócios sentença seguirá o disposto nes-
rias do quinhão, mencionadas sobreviventes não admitirem o te Capítulo.
as confinantes; ingresso do espólio ou dos su-
cessores do falecido na socieda- Art. 604. Para apuração dos
II – a relação das benfeitorias e haveres, o juiz:
das culturas do próprio quinho- de, quando esse direito decorrer
do contrato social; I – fixará a data da resolução da
eiro e das que lhe foram adju- sociedade;
dicadas por serem comuns ou IV – pelo sócio que exerceu o
mediante compensação; direito de retirada ou recesso, II – definirá o critério de apu-
se não tiver sido providenciada, ração dos haveres à vista do
III – a declaração das servidões disposto no contrato social; e
pelos demais sócios, a alteração
instituídas, especificados os lu- contratual consensual formali-
gares, a extensão e o modo de III – nomeará o perito.
zando o desligamento, depois
exercício. § 1o O juiz determinará à so-
de transcorridos 10 (dez) dias
ciedade ou aos sócios que nela
Art. 598. Aplica-se às divi- do exercício do direito;
permanecerem que depositem
sões o disposto nos arts. 575 V – pela sociedade, nos casos em juízo a parte incontroversa
a 578. em que a lei não autoriza a ex- dos haveres devidos.
clusão extrajudicial; ou
§ 2o O depósito poderá ser,
Capítulo V – Da Ação VI – pelo sócio excluído. desde logo, levantando pelo
de Dissolução Parcial de ex-sócio, pelo espólio ou pelos
Sociedade Parágrafo único. O cônjuge ou
companheiro do sócio cujo sucessores.
Art. 599. A ação de dissolu- casamento, união estável ou § 3o Se o contrato social esta-
ção parcial de sociedade pode convivência terminou poderá belecer o pagamento dos have-
ter por objeto: requerer a apuração de seus ha- res, será observado o que nele
veres na sociedade, que serão se dispôs no depósito judicial
I – a resolução da sociedade em-
pagos à conta da quota social da parte incontroversa.
presária contratual ou simples titulada por este sócio.
em relação ao sócio falecido, Art. 605. A data da resolu-
excluído ou que exerceu o di- Art. 601. Os sócios e a so- ção da sociedade será:
reito de retirada ou recesso; e ciedade serão citados para, no I – no caso de falecimento do
II – a apuração dos haveres do prazo de 15 (quinze) dias, con- sócio, a do óbito;
cordar com o pedido ou apre-
sócio falecido, excluído ou que II – na retirada imotivada, o
sentar contestação.
exerceu o direito de retirada ou sexagésimo dia seguinte ao do
recesso; ou Parágrafo único. A sociedade não recebimento, pela sociedade, da
III – somente a resolução ou a será citada se todos os seus só- notificação do sócio retirante;
apuração de haveres. cios o forem, mas ficará sujeita III – no recesso, o dia do rece-
aos efeitos da decisão e à coisa bimento, pela sociedade, da
§ 1o A petição inicial será ne- julgada.
cessariamente instruída com notificação do sócio dissidente;
o contrato social consolidado. Art. 602. A sociedade pode- IV – na retirada por justa causa
§ 2 o A ação de dissolução rá formular pedido de indeniza- de sociedade por prazo deter-
ção compensável com o valor minado e na exclusão judicial de
parcial de sociedade pode ter
dos haveres a apurar. sócio, a do trânsito em julgado
também por objeto a socieda-
de anônima de capital fechado Art. 603. Havendo manifes- da decisão que dissolver a so-
quando demonstrado, por acio- tação expressa e unânime pela ciedade; e
nista ou acionistas que repre- concordância da dissolução, o V – na exclusão extrajudicial,
sentem cinco por cento ou mais juiz a decretará, passando-se a data da assembleia ou da
do capital social, que não pode imediatamente à fase de liqui- reunião de sócios que a tiver
preencher o seu fim. dação. deliberado.
§ 1o Na hipótese prevista no Art. 606. Em caso de omis-
Art. 600. A ação pode ser
caput, não haverá condenação são do contrato social, o juiz
proposta:
em honorários advocatícios de definirá, como critério de apu-
I – pelo espólio do sócio fale- nenhuma das partes, e as custas ração de haveres, o valor patri-
cido, quando a totalidade dos serão rateadas segundo a par- monial apurado em balanço de
sucessores não ingressar na ticipação das partes no capital determinação, tomando-se por
sociedade; social. referência a data da resolução e
II – pelos sucessores, após § 2 o Havendo contestação, avaliando-se bens e direitos do
concluída a partilha do sócio observar-se-á o procedimento ativo, tangíveis e intangíveis, a
falecido; comum, mas a liquidação da preço de saída, além do passivo

371
também a ser apurado de igual § 2o O tabelião somente lavrará IV – o testamenteiro;
forma. a escritura pública se todas as V – o cessionário do herdeiro ou
partes interessadas estiverem do legatário;
Parágrafo único. Em todos os ca- assistidas por advogado ou por
sos em que seja necessária a VI – o credor do herdeiro, do le-
defensor público, cuja qualifica-
realização de perícia, a nome- gatário ou do autor da herança;
ção e assinatura constarão do
ação do perito recairá preferen- ato notarial. VII – o Ministério Público, ha-
cialmente sobre especialista em vendo herdeiros incapazes;
avaliação de sociedades. Art. 611. O processo de in-
VIII – a Fazenda Pública, quan-
ventário e de partilha deve ser do tiver interesse;
Art. 607. A data da reso- instaurado dentro de 2 (dois)
lução e o critério de apuração meses, a contar da abertura IX – o administrador judicial da
de haveres podem ser revistos da sucessão, ultimando-se nos falência do herdeiro, do lega-
pelo juiz, a pedido da parte, a 12 (doze) meses subsequentes, tário, do autor da herança ou
qualquer tempo antes do início podendo o juiz prorrogar esses do cônjuge ou companheiro
da perícia. prazos, de ofício ou a requeri- supérstite.
Art. 608. Até a data da reso- mento de parte.
lução, integram o valor devido Art. 612. O juiz decidirá to-
Seção III – Do Inventariante
ao ex-sócio, ao espólio ou aos das as questões de direito desde e das Primeiras Declarações
sucessores a participação nos que os fatos relevantes estejam
lucros ou os juros sobre o ca- Art. 617. O juiz nomeará in-
provados por documento, só re- ventariante na seguinte ordem:
pital próprio declarados pela metendo para as vias ordinárias
sociedade e, se for o caso, a I – o cônjuge ou companheiro
as questões que dependerem de
remuneração como adminis- sobrevivente, desde que estives-
outras provas.
trador. se convivendo com o outro ao
Art. 613. Até que o inventa- tempo da morte deste;
Parágrafo único. Após a data da riante preste o compromisso,
resolução, o ex-sócio, o espólio II – o herdeiro que se achar na
continuará o espólio na posse posse e na administração do
ou os sucessores terão direito do administrador provisório.
apenas à correção monetária espólio, se não houver cônjuge
dos valores apurados e aos ju- Art. 614. O administrador ou companheiro sobrevivente
ros contratuais ou legais. provisório representa ativa ou se estes não puderem ser
e passivamente o espólio, é nomeados;
Art. 609. Uma vez apura- obrigado a trazer ao acervo os III – qualquer herdeiro, quando
dos, os haveres do sócio reti- frutos que desde a abertura da nenhum deles estiver na posse
rante serão pagos conforme sucessão percebeu, tem direi- e na administração do espólio;
disciplinar o contrato social e, to ao reembolso das despesas IV – o herdeiro menor, por seu
no silêncio deste, nos termos necessárias e úteis que fez e representante legal;
do § 2o do art. 1.031 da Lei responde pelo dano a que, por
no 10.406, de 10 de janeiro de V – o testamenteiro, se lhe tiver
dolo ou culpa, der causa. sido confiada a administração
2002 (Código Civil).
do espólio ou se toda a herança
Capítulo VI – Do Seção II – Da Legitimidade estiver distribuída em legados;
Inventário e da Partilha para Requerer o Inventário VI – o cessionário do herdeiro
ou do legatário;
Art. 615. O requerimento de
VII – o inventariante judicial, se
Seção I – Disposições Gerais inventário e de partilha incum-
houver;
be a quem estiver na posse e na
Art. 610. Havendo testa- administração do espólio, no VIII – pessoa estranha idônea,
mento ou interessado incapaz, prazo estabelecido no art. 611. quando não houver inventarian-
proceder-se-á ao inventário ju- te judicial.
dicial. Parágrafo único. O requerimento
será instruído com a certidão Parágrafo único. O inventariante,
§ 1o Se todos forem capazes intimado da nomeação, pres-
e concordes, o inventário e a de óbito do autor da herança.
tará, dentro de 5 (cinco) dias,
partilha poderão ser feitos por Art. 616. Têm, contudo, le- o compromisso de bem e fiel-
escritura pública, a qual cons- gitimidade concorrente: mente desempenhar a função.
tituirá documento hábil para
I – o cônjuge ou companheiro Art. 618. Incumbe ao inven-
qualquer ato de registro, bem
supérstite; tariante:
como para levantamento de
importância depositada em II – o herdeiro; I – representar o espólio ativa e
instituições financeiras. III – o legatário; passivamente, em juízo ou fora

372
dele, observando-se, quanto ao supérstite, além dos respecti- II – à apuração de haveres, se o
dativo, o disposto no art. 75, vos dados pessoais, o regime de autor da herança era sócio de
§ 1o; bens do casamento ou da união sociedade que não anônima.
II – administrar o espólio, ve- estável; § 2o As declarações podem ser
lando-lhe os bens com a mes- III – a qualidade dos herdeiros prestadas mediante petição,
ma diligência que teria se seus e o grau de parentesco com o firmada por procurador com
fossem; inventariado; poderes especiais, à qual o ter-
III – prestar as primeiras e as úl- IV – a relação completa e indi- mo se reportará.
timas declarações pessoalmente vidualizada de todos os bens Art. 621. Só se pode arguir
ou por procurador com poderes do espólio, inclusive aqueles sonegação ao inventariante de-
especiais; que devem ser conferidos à co- pois de encerrada a descrição
IV – exibir em cartório, a qual- lação, e dos bens alheios que dos bens, com a declaração,
quer tempo, para exame das nele forem encontrados, des- por ele feita, de não existirem
partes, os documentos relativos crevendo-se: outros por inventariar.
ao espólio; a) os imóveis, com as suas Art. 622. O inventariante
V – juntar aos autos certidão do especificações, nomea- será removido de ofício ou a
testamento, se houver; damente local em que requerimento:
VI – trazer à colação os bens re- se encontram, extensão
I – se não prestar, no prazo le-
cebidos pelo herdeiro ausente, da área, limites, con-
gal, as primeiras ou as últimas
renunciante ou excluído; frontações, benfeito-
declarações;
rias, origem dos títulos,
VII – prestar contas de sua ges- números das matrículas II – se não der ao inventário an-
tão ao deixar o cargo ou sempre e ônus que os gravam; damento regular, se suscitar dú-
que o juiz lhe determinar; vidas infundadas ou se praticar
b) os móveis, com os sinais atos meramente protelatórios;
VIII – requerer a declaração de característicos;
insolvência. III – se, por culpa sua, bens do
c) os semoventes, seu núme- espólio se deteriorarem, forem
Art. 619. Incumbe ainda ao ro, suas espécies, suas dilapidados ou sofrerem dano;
inventariante, ouvidos os inte- marcas e seus sinais dis-
ressados e com autorização do tintivos; IV – se não defender o espólio
juiz: nas ações em que for citado, se
d) o dinheiro, as joias, os deixar de cobrar dívidas ativas
I – alienar bens de qualquer es- objetos de ouro e pra- ou se não promover as medidas
pécie; ta e as pedras precio- necessárias para evitar o pere-
II – transigir em juízo ou fora sas, declarando-se-lhes cimento de direitos;
dele; especif icadamente a
V – se não prestar contas ou se
III – pagar dívidas do espólio; qualidade, o peso e a
as que prestar não forem julga-
importância;
IV – fazer as despesas neces- das boas;
sárias para a conservação e e) os títulos da dívida públi-
VI – se sonegar, ocultar ou des-
o melhoramento dos bens do ca, bem como as ações, viar bens do espólio.
espólio. as quotas e os títulos de
sociedade, mencionan- Art. 623. Requerida a remo-
Art. 620. Dentro de 20 (vin- do-se-lhes o número, o ção com fundamento em qual-
te) dias contados da data em valor e a data; quer dos incisos do art. 622,
que prestou o compromisso, o f) as dívidas ativas e passi- será intimado o inventariante
inventariante fará as primeiras vas, indicando-se-lhes para, no prazo de 15 (quinze)
declarações, das quais se lavra- as datas, os títulos, a dias, defender-se e produzir
rá termo circunstanciado, as- origem da obrigação e provas.
sinado pelo juiz, pelo escrivão os nomes dos credores Parágrafo único. O incidente da
e pelo inventariante, no qual e dos devedores; remoção correrá em apenso aos
serão exarados:
g) direitos e ações; autos do inventário.
I – o nome, o estado, a idade e o
domicílio do autor da herança, h) o valor corrente de cada Art. 624. Decorrido o prazo,
o dia e o lugar em que faleceu e um dos bens do espólio. com a defesa do inventariante
se deixou testamento; § 1o O juiz determinará que se ou sem ela, o juiz decidirá.
II – o nome, o estado, a idade, proceda: Parágrafo único. Se remover o
o endereço eletrônico e a resi- I – ao balanço do estabeleci- inventariante, o juiz nomeará
dência dos herdeiros e, haven- mento, se o autor da herança outro, observada a ordem es-
do cônjuge ou companheiro era empresário individual; tabelecida no art. 617.

373
Art. 625. O inventariante III – contestar a qualidade de se não houver na comarca ava-
removido entregará imediata- quem foi incluído no título de liador judicial.
mente ao substituto os bens do herdeiro.
Parágrafo único. Na hipótese
espólio e, caso deixe de fazê-lo, § 1o Julgando procedente a im- prevista no art. 620, § 1o, o juiz
será compelido mediante man- pugnação referida no inciso I, nomeará perito para avaliação
dado de busca e apreensão ou o juiz mandará retificar as pri- das quotas sociais ou apuração
de imissão na posse, conforme meiras declarações. dos haveres.
se tratar de bem móvel ou imó-
§ 2o Se acolher o pedido de que Art. 631. Ao avaliar os bens
vel, sem prejuízo da multa a ser
trata o inciso II, o juiz nomeará do espólio, o perito observará,
fixada pelo juiz em montante
outro inventariante, observada no que for aplicável, o disposto
não superior a três por cento do
a preferência legal. nos arts. 872 e 873.
valor dos bens inventariados.
§ 3o Verificando que a disputa
sobre a qualidade de herdeiro a Art. 632. Não se expedirá
Seção IV – Das Citações e que alude o inciso III demanda
carta precatória para a avalia-
das Impugnações ção de bens situados fora da co-
produção de provas que não a
marca onde corre o inventário
documental, o juiz remeterá a
Art. 626. Feitas as primeiras se eles forem de pequeno valor
parte às vias ordinárias e so-
declarações, o juiz mandará ci- ou perfeitamente conhecidos
brestará, até o julgamento da do perito nomeado.
tar, para os termos do inventá-
ação, a entrega do quinhão que
rio e da partilha, o cônjuge, o Art. 633. Sendo capazes
na partilha couber ao herdeiro
companheiro, os herdeiros e os todas as partes, não se proce-
admitido.
legatários e intimar a Fazenda derá à avaliação se a Fazenda
Pública, o Ministério Público, Art. 628. Aquele que se jul- Pública, intimada pessoalmen-
se houver herdeiro incapaz ou gar preterido poderá demandar te, concordar de forma expressa
ausente, e o testamenteiro, se sua admissão no inventário, re- com o valor atribuído, nas pri-
houver testamento. querendo-a antes da partilha. meiras declarações, aos bens
§ 1o O cônjuge ou o companhei- § 1o Ouvidas as partes no prazo do espólio.
ro, os herdeiros e os legatários de 15 (quinze) dias, o juiz de-
Art. 634. Se os herdeiros
serão citados pelo correio, ob- cidirá.
concordarem com o valor dos
servado o disposto no art. 247, § 2o Se para solução da questão bens declarados pela Fazenda
sendo, ainda, publicado edi- for necessária a produção de Pública, a avaliação cingir-se-á
tal, nos termos do inciso III do provas que não a documental, aos demais.
art. 259. o juiz remeterá o requerente
§ 2o Das primeiras declarações às vias ordinárias, mandando Art. 635. Entregue o laudo
extrair-se-ão tantas cópias reservar, em poder do inventa- de avaliação, o juiz mandará
riante, o quinhão do herdeiro que as partes se manifestem
quantas forem as partes.
excluído até que se decida o no prazo de 15 (quinze) dias,
§ 3o A citação será acompa- que correrá em cartório.
nhada de cópia das primeiras litígio.
§ 1o Versando a impugnação so-
declarações. Art. 629. A Fazenda Públi- bre o valor dado pelo perito, o
§ 4 o Incumbe ao escrivão re- ca, no prazo de 15 (quinze) juiz a decidirá de plano, à vista
meter cópias à Fazenda Públi- dias, após a vista de que trata do que constar dos autos.
ca, ao Ministério Público, ao o art. 627, informará ao juízo,
§ 2o Julgando procedente a im-
testamenteiro, se houver, e ao de acordo com os dados que pugnação, o juiz determinará
advogado, se a parte já estiver constam de seu cadastro imo- que o perito retifique a avalia-
representada nos autos. biliário, o valor dos bens de raiz ção, observando os fundamen-
descritos nas primeiras decla- tos da decisão.
Art. 627. Concluídas as cita- rações.
ções, abrir-se-á vista às partes, Art. 636. Aceito o laudo
em cartório e pelo prazo co- ou resolvidas as impugnações
mum de 15 (quinze) dias, para Seção V – Da Avaliação e suscitadas a seu respeito, la-
que se manifestem sobre as do Cálculo do Imposto vrar-se-á em seguida o termo
primeiras declarações, incum- de últimas declarações, no qual
bindo às partes: Art. 630. Findo o prazo pre-
o inventariante poderá emen-
visto no art. 627 sem impugna-
I – arguir erros, omissões e so- dar, aditar ou completar as
ção ou decidida a impugnação
negação de bens; primeiras.
que houver sido oposta, o juiz
II – reclamar contra a nomeação nomeará, se for o caso, perito Art. 637. Ouvidas as partes
de inventariante; para avaliar os bens do espólio, sobre as últimas declarações no

374
prazo comum de 15 (quinze) § 3o O donatário poderá con- aliená-los, observando-se as
dias, proceder-se-á ao cálculo correr na licitação referida no disposições deste Código re-
do tributo. § 2o e, em igualdade de condi- lativas à expropriação.
ções, terá preferência sobre os § 4 o Se o credor requerer que,
Art. 638. Feito o cálculo, herdeiros.
sobre ele serão ouvidas todas em vez de dinheiro, lhe sejam
as partes no prazo comum de Art. 641. Se o herdeiro ne- adjudicados, para o seu paga-
gar o recebimento dos bens ou mento, os bens já reservados,
5 (cinco) dias, que correrá em
a obrigação de os conferir, o o juiz deferir-lhe-á o pedido,
cartório, e, em seguida, a Fa-
juiz, ouvidas as partes no pra- concordando todas as partes.
zenda Pública.
zo comum de 15 (quinze) dias, § 5o Os donatários serão cha-
§ 1o Se acolher eventual impug-
decidirá à vista das alegações e mados a pronunciar-se sobre
nação, o juiz ordenará nova re- a aprovação das dívidas, sem-
das provas produzidas.
messa dos autos ao contabilis- pre que haja possibilidade de
ta, determinando as alterações § 1o Declarada improcedente a
oposição, se o herdeiro, no pra- resultar delas a redução das
que devam ser feitas no cálculo. liberalidades.
zo improrrogável de 15 (quinze)
§ 2o Cumprido o despacho, o dias, não proceder à conferên-
juiz julgará o cálculo do tributo. Ar t. 643. Não havendo
cia, o juiz mandará sequestrar- concordância de todas as par-
-lhe, para serem inventariados e tes sobre o pedido de paga-
Seção VI – Das Colações partilhados, os bens sujeitos à mento feito pelo credor, será
colação ou imputar ao seu qui- o pedido remetido às vias or-
Art. 639. No prazo estabe- nhão hereditário o valor deles, dinárias.
lecido no art. 627, o herdeiro se já não os possuir.
obrigado à colação conferirá Parágrafo único. O juiz mandará,
§ 2o Se a matéria exigir dilação
por termo nos autos ou por porém, reservar, em poder do
probatória diversa da documen-
petição à qual o termo se re- inventariante, bens suficientes
tal, o juiz remeterá as partes às para pagar o credor quando a
portará os bens que recebeu ou, vias ordinárias, não podendo o
se já não os possuir, trar-lhes-á dívida constar de documento
herdeiro receber o seu quinhão que comprove suficientemente
o valor. hereditário, enquanto pender a a obrigação e a impugnação
Parágrafo único. Os bens a serem demanda, sem prestar caução não se fundar em quitação.
conferidos na partilha, assim correspondente ao valor dos
como as acessões e as ben- bens sobre os quais versar a Art. 644. O credor de dívi-
conferência. da líquida e certa, ainda não
feitorias que o donatário fez,
vencida, pode requerer habili-
calcular-se-ão pelo valor que
tação no inventário.
tiverem ao tempo da abertura Seção VII – Do Pagamento
da sucessão. das Dívidas Parágrafo único. Concordando
as partes com o pedido refe-
Art. 640. O herdeiro que Art. 642. Antes da parti- rido no caput, o juiz, ao julgar
renunciou à herança ou o que lha, poderão os credores do habilitado o crédito, mandará
dela foi excluído não se exime, espólio requerer ao juízo do que se faça separação de bens
pelo fato da renúncia ou da ex- inventário o pagamento das para o futuro pagamento.
clusão, de conferir, para o efei- dívidas vencidas e exigíveis.
to de repor a parte inoficiosa, Art. 645. O legatário é par-
§ 1o A petição, acompanhada
as liberalidades que obteve do te legítima para manifestar-se
de prova literal da dívida, será
doador. sobre as dívidas do espólio:
distribuída por dependência e
§ 1o É lícito ao donatário es- autuada em apenso aos autos I – quando toda a herança for
colher, dentre os bens doados, do processo de inventário. dividida em legados;
tantos quantos bastem para § 2o Concordando as partes II – quando o reconhecimento
perfazer a legítima e a metade com o pedido, o juiz, ao decla- das dívidas importar redução
disponível, entrando na partilha rar habilitado o credor, man- dos legados.
o excedente para ser dividido dará que se faça a separação Art. 646. Sem prejuízo do
entre os demais herdeiros. de dinheiro ou, em sua falta, disposto no art. 860, é lícito
§ 2o Se a parte inoficiosa da do- de bens suficientes para o pa- aos herdeiros, ao separarem
ação recair sobre bem imóvel gamento. bens para o pagamento de dí-
que não comporte divisão cô- § 3o Separados os bens, tan- vidas, autorizar que o inventa-
moda, o juiz determinará que tos quantos forem necessários riante os indique à penhora no
sobre ela se proceda a licitação para o pagamento dos credo- processo em que o espólio for
entre os herdeiros. res habilitados, o juiz mandará executado.

375
I – dívidas atendidas; bens que lhe tocarem e um for-
Seção VIII – Da Partilha mal de partilha, do qual cons-
II – meação do cônjuge;
Art. 647. Cumprido o dis- tarão as seguintes peças:
III – meação disponível;
posto no art. 642, § 3o, o juiz I – termo de inventariante e tí-
facultará às partes que, no pra- IV – quinhões hereditários, a tulo de herdeiros;
zo comum de 15 (quinze) dias, começar pelo coerdeiro mais
velho. II – avaliação dos bens que
formulem o pedido de quinhão constituíram o quinhão do
e, em seguida, proferirá a deci- Art. 652. Feito o esboço, as herdeiro;
são de deliberação da partilha, partes manifestar-se-ão sobre III – pagamento do quinhão he-
resolvendo os pedidos das par- esse no prazo comum de 15 reditário;
tes e designando os bens que (quinze) dias, e, resolvidas as
devam constituir quinhão de reclamações, a partilha será IV – quitação dos impostos;
cada herdeiro e legatário. lançada nos autos. V – sentença.
Parágrafo único. O juiz poderá, Art. 653. A partilha cons- Parágrafo único. O formal de par-
em decisão fundamentada, de- tará: tilha poderá ser substituído por
ferir antecipadamente a qual- I – de auto de orçamento, que certidão de pagamento do qui-
quer dos herdeiros o exercício mencionará: nhão hereditário quando esse
dos direitos de usar e de fruir de não exceder a 5 (cinco) vezes o
determinado bem, com a con- a) os nomes do autor da he- salário mínimo, caso em que se
dição de que, ao término do in- rança, do inventariante, transcreverá nela a sentença de
ventário, tal bem integre a cota do cônjuge ou compa- partilha transitada em julgado.
desse herdeiro, cabendo a este, nheiro supérstite, dos
herdeiros, dos legatá- Art. 656. A partilha, mes-
desde o deferimento, todos os
rios e dos credores ad- mo depois de transitada em
ônus e bônus decorrentes do
mitidos; julgado a sentença, pode ser
exercício daqueles direitos.
emendada nos mesmos autos
b) o ativo, o passivo e o lí-
Art. 648. Na partilha, serão do inventário, convindo todas
quido partível, com as
observadas as seguintes regras: as partes, quando tenha havido
necessárias especifica-
I – a máxima igualdade possível erro de fato na descrição dos
ções;
quanto ao valor, à natureza e à bens, podendo o juiz, de ofício
c) o valor de cada quinhão; ou a requerimento da parte, a
qualidade dos bens;
II – de folha de pagamento para qualquer tempo, corrigir-lhe as
II – a prevenção de litígios fu- cada parte, declarando a quo- inexatidões materiais.
turos; ta a pagar-lhe, a razão do pa-
III – a máxima comodidade dos Art. 657. A partilha ami-
gamento e a relação dos bens
coerdeiros, do cônjuge ou do gável, lavrada em instrumento
que lhe compõem o quinhão, as
companheiro, se for o caso. público, reduzida a termo nos
características que os individu-
autos do inventário ou constan-
alizam e os ônus que os gravam.
Art. 649. Os bens insuscetí- te de escrito particular homolo-
veis de divisão cômoda que não Parágrafo único. O auto e cada gado pelo juiz, pode ser anulada
couberem na parte do cônjuge uma das folhas serão assinados por dolo, coação, erro essencial
ou companheiro supérstite ou pelo juiz e pelo escrivão. ou intervenção de incapaz, ob-
no quinhão de um só herdeiro servado o disposto no § 4o do
serão licitados entre os inte- Art. 654. Pago o imposto de art. 966.
ressados ou vendidos judicial- transmissão a título de morte e
juntada aos autos certidão ou Parágrafo único. O direito à anula-
mente, partilhando-se o valor
informação negativa de dívida ção de partilha amigável extin-
apurado, salvo se houver acor-
para com a Fazenda Pública, gue-se em 1 (um) ano, contado
do para que sejam adjudicados
o juiz julgará por sentença a esse prazo:
a todos.
partilha. I – no caso de coação, do dia
Art. 650. Se um dos interes- em que ela cessou;
sados for nascituro, o quinhão Parágrafo único. A existência de
dívida para com a Fazenda Pú- II – no caso de erro ou dolo, do
que lhe caberá será reservado
blica não impedirá o julgamen- dia em que se realizou o ato;
em poder do inventariante até
o seu nascimento. to da partilha, desde que o seu III – quanto ao incapaz, do dia
pagamento esteja devidamente em que cessar a incapacidade.
Art. 651. O partidor orga- garantido.
nizará o esboço da partilha de Art. 658. É rescindível a par-
acordo com a decisão judicial, Art. 655. Transitada em jul- tilha julgada por sentença:
observando nos pagamentos a gado a sentença mencionada no I – nos casos mencionados no
seguinte ordem: art. 654, receberá o herdeiro os art. 657;

376
II – se feita com preterição de à quitação de taxas judiciárias reclamações e mandando pa-
formalidades legais; e de tributos incidentes sobre gar as dívidas não impugnadas.
III – se preteriu herdeiro ou in- a transmissão da propriedade § 3o Lavrar-se-á de tudo um
cluiu quem não o seja. dos bens do espólio. só termo, assinado pelo juiz,
§ 1o A taxa judiciária, se devi- pelo inventariante e pelas par-
da, será calculada com base no tes presentes ou por seus ad-
Seção IX – Do Arrolamento valor atribuído pelos herdeiros, vogados.
Art. 659. A partilha amigá- cabendo ao fisco, se apurar em § 4o Aplicam-se a essa espécie
vel, celebrada entre partes ca- processo administrativo valor de arrolamento, no que cou-
pazes, nos termos da lei, será diverso do estimado, exigir a ber, as disposições do art. 672,
homologada de plano pelo juiz, eventual diferença pelos meios relativamente ao lançamento,
com observância dos arts. 660 adequados ao lançamento de ao pagamento e à quitação da
a 663. créditos tributários em geral. taxa judiciária e do imposto
§ 1o O disposto neste artigo § 2o O imposto de transmissão sobre a transmissão da pro-
aplica-se, também, ao pedido será objeto de lançamento ad- priedade dos bens do espólio.
de adjudicação, quando houver ministrativo, conforme dispu- § 5o Provada a quitação dos
herdeiro único. ser a legislação tributária, não tributos relativos aos bens do
ficando as autoridades fazen- espólio e às suas rendas, o juiz
§ 2o Transitada em julgado a dárias adstritas aos valores dos
sentença de homologação de julgará a partilha.
bens do espólio atribuídos pe-
partilha ou de adjudicação, será los herdeiros. Art. 665. O inventário pro-
lavrado o formal de partilha ou cessar-se-á também na forma
elaborada a carta de adjudica- Art. 663. A existência de do art. 664, ainda que haja in-
ção e, em seguida, serão expe- credores do espólio não im- teressado incapaz, desde que
didos os alvarás referentes aos pedirá a homologação da concordem todas as partes e
bens e às rendas por ele abran- partilha ou da adjudicação, o Ministério Público.
gidos, intimando-se o fisco para se forem reservados bens su-
lançamento administrativo do ficientes para o pagamento da Art. 666. Independerá de
imposto de transmissão e de dívida. inventário ou de arrolamento
outros tributos porventura in- o pagamento dos valores pre-
Parágrafo único. A reserva de
cidentes, conforme dispuser a vistos na Lei n o 6.858, de 24
bens será realizada pelo valor
legislação tributária, nos ter- de novembro de 1980.
estimado pelas partes, salvo se
mos do § 2o do art. 662.
o credor, regularmente notifi- Art. 667. Aplicam-se sub-
Art. 660. Na petição de in- cado, impugnar a estimativa, sidiariamente a esta Seção as
ventário, que se processará na caso em que se promoverá a disposições das Seções VII e
forma de arrolamento sumário, avaliação dos bens a serem re- VIII deste Capítulo.
independentemente da lavratu- servados.
ra de termos de qualquer espé-
cie, os herdeiros:
Art. 664. Quando o valor Seção X – Disposições
dos bens do espólio for igual Comuns a Todas as Seções
I – requererão ao juiz a nome- ou inferior a 1.000 (mil) sa-
ação do inventariante que de- lários mínimos, o inventário Art. 668. Cessa a eficácia da
signarem; processar-se-á na forma de tutela provisória prevista nas
II – declararão os títulos dos arrolamento, cabendo ao in- Seções deste Capítulo:
herdeiros e os bens do espó- ventariante nomeado, indepen- I – se a ação não for proposta
lio, observado o disposto no dentemente de assinatura de em 30 (trinta) dias contados
art. 630; termo de compromisso, apre- da data em que da decisão foi
III – atribuirão valor aos bens do sentar, com suas declarações, a intimado o impugnante, o her-
espólio, para fins de partilha. atribuição de valor aos bens do deiro excluído ou o credor não
espólio e o plano da partilha. admitido;
Art. 661. Ressalvada a hipó- § 1o Se qualquer das partes ou II – se o juiz extinguir o processo
tese prevista no parágrafo único o Ministério Público impugnar de inventário com ou sem reso-
do art. 663, não se procederá à a estimativa, o juiz nomeará lução de mérito.
avaliação dos bens do espólio avaliador, que oferecerá laudo
para nenhuma finalidade. em 10 (dez) dias. Art. 669. São sujeitos à so-
brepartilha os bens:
Art. 662. No arrolamento, § 2o Apresentado o laudo, o
não serão conhecidas ou apre- juiz, em audiência que desig- I – sonegados;
ciadas questões relativas ao nar, deliberará sobre a partilha, II – da herança descobertos
lançamento, ao pagamento ou decidindo de plano todas as após a partilha;

377
III – litigiosos, assim como os Capítulo VII – Dos ao juízo que ordenou a constri-
de liquidação difícil ou morosa; Embargos de Terceiro ção e autuados em apartado.
IV – situados em lugar remoto Parágrafo único. Nos casos de ato
Art. 674. Quem, não sendo
da sede do juízo onde se pro- parte no processo, sofrer cons- de constrição realizado por car-
cessa o inventário. trição ou ameaça de constrição ta, os embargos serão ofereci-
sobre bens que possua ou sobre dos no juízo deprecado, salvo se
Parágrafo único. Os bens mencio- indicado pelo juízo deprecante
os quais tenha direito incompa-
nados nos incisos III e IV serão o bem constrito ou se já devol-
tível com o ato constritivo, po-
reservados à sobrepartilha sob derá requerer seu desfazimento vida a carta.
a guarda e a administração do ou sua inibição por meio de em-
mesmo ou de diverso inven- Art. 677. Na petição inicial,
bargos de terceiro. o embargante fará a prova su-
tariante, a consentimento da § 1o Os embargos podem ser de mária de sua posse ou de seu
maioria dos herdeiros. terceiro proprietário, inclusive domínio e da qualidade de ter-
Art. 670. Na sobreparti- fiduciário, ou possuidor. ceiro, oferecendo documentos
lha dos bens, observar-se-á o § 2o Considera-se terceiro, para e rol de testemunhas.
processo de inventário e de ajuizamento dos embargos: § 1o É facultada a prova da
partilha. I – o cônjuge ou companheiro, posse em audiência preliminar
quando defende a posse de designada pelo juiz.
Parágrafo único. A sobrepartilha bens próprios ou de sua mea-
correrá nos autos do inventário § 2o O possuidor direto pode
ção, ressalvado o disposto no alegar, além da sua posse, o
do autor da herança. art. 843; domínio alheio.
Art. 671. O juiz nomeará II – o adquirente de bens cuja § 3o A citação será pessoal, se
curador especial: constrição decorreu de deci-
o embargado não tiver procu-
são que declara a ineficácia da
I – ao ausente, se não o tiver; rador constituído nos autos da
alienação realizada em fraude
ação principal.
II – ao incapaz, se concorrer na à execução;
partilha com o seu representan- § 4o Será legitimado passivo o
III – quem sofre constrição ju-
dicial de seus bens por força de sujeito a quem o ato de cons-
te, desde que exista colisão de
desconsideração da personali- trição aproveita, assim como o
interesses.
dade jurídica, de cujo incidente será seu adversário no processo
Art. 672. É lícita a cumula- não fez parte; principal quando for sua a indi-
ção de inventários para a par- cação do bem para a constrição
IV – o credor com garantia real judicial.
tilha de heranças de pessoas para obstar expropriação judi-
diversas quando houver: cial do objeto de direito real de Art. 678. A decisão que
I – identidade de pessoas entre garantia, caso não tenha sido reconhecer suf icientemente
as quais devam ser repartidos intimado, nos termos legais dos provado o domínio ou a posse
os bens; atos expropriatórios respectivos. determinará a suspensão das
medidas constritivas sobre
II – heranças deixadas pelos Art. 675. Os embargos po-
dem ser opostos a qualquer os bens litigiosos objeto dos
dois cônjuges ou companheiros; embargos, bem como a ma-
tempo no processo de conhe-
III – dependência de uma das cimento enquanto não transi- nutenção ou a reintegração
partilhas em relação à outra. tada em julgado a sentença e, provisória da posse, se o em-
no cumprimento de sentença ou bargante a houver requerido.
Parágrafo único. No caso previsto
no processo de execução, até 5 Parágrafo único. O juiz poderá
no inciso III, se a dependência
(cinco) dias depois da adjudica- condicionar a ordem de ma-
for parcial, por haver outros ção, da alienação por iniciativa
bens, o juiz pode ordenar a tra- nutenção ou de reintegração
particular ou da arrematação, provisória de posse à presta-
mitação separada, se melhor mas sempre antes da assinatura ção de caução pelo requerente,
convier ao interesse das partes da respectiva carta. ressalvada a impossibilidade da
ou à celeridade processual. parte economicamente hipos-
Parágrafo único. Caso identifique
Art. 673. No caso previsto a existência de terceiro titular de suficiente.
no art. 672, inciso II, prevale- interesse em embargar o ato, o
Art. 679. Os embargos po-
cerão as primeiras declarações, juiz mandará intimá-lo pesso-
derão ser contestados no pra-
assim como o laudo de avalia- almente.
zo de 15 (quinze) dias, findo o
ção, salvo se alterado o valor Art. 676. Os embargos serão qual se seguirá o procedimento
dos bens. distribuídos por dependência comum.

378
Art. 680. Contra os embar- princípio da duração razoável divórcio, separação, reconhe-
gos do credor com garantia do processo. cimento e extinção de união
real, o embargado somente estável, guarda, visitação e
poderá alegar que: Art. 686. Cabendo ao juiz filiação.
decidir simultaneamente a ação
I – o devedor comum é insol- originária e a oposição, desta Parágrafo único. A ação de ali-
vente; conhecerá em primeiro lugar. mentos e a que versar sobre
II – o título é nulo ou não obriga interesse de criança ou de ado-
a terceiro; Capítulo IX – Da lescente observarão o procedi-
III – outra é a coisa dada em Habilitação mento previsto em legislação
garantia. específica, aplicando-se, no
Art. 687. A habilitação ocor- que couber, as disposições
Art. 681. Acolhido o pedi- re quando, por falecimento de deste Capítulo.
do inicial, o ato de constrição qualquer das partes, os interes-
judicial indevida será cancela- sados houverem de suceder-lhe Art. 694. Nas ações de fa-
do, com o reconhecimento do no processo. mília, todos os esforços serão
domínio, da manutenção da empreendidos para a solução
Art. 688. A habilitação pode consensual da controvérsia,
posse ou da reintegração defi-
ser requerida: devendo o juiz dispor do au-
nitiva do bem ou do direito ao
embargante. I – pela parte, em relação aos xílio de profissionais de outras
sucessores do falecido; áreas de conhecimento para a
Capítulo VIII – Da II – pelos sucessores do falecido, mediação e conciliação.
Oposição em relação à parte. Parágrafo único. A requerimento
Art. 682. Quem pretender, Art. 689. Proceder-se-á à ha- das partes, o juiz pode deter-
no todo ou em parte, a coisa ou bilitação nos autos do processo minar a suspensão do pro-
o direito sobre que controver- principal, na instância em que cesso enquanto os litigantes
tem autor e réu poderá, até ser estiver, suspendendo-se, a partir se submetem a mediação ex-
proferida a sentença, oferecer de então, o processo. trajudicial ou a atendimento
oposição contra ambos. multidisciplinar.
Art. 690. Recebida a petição,
Art. 683. O opoente deduzi- o juiz ordenará a citação dos re- Art. 695. Recebida a pe-
rá o pedido em observação aos queridos para se pronunciarem tição inicial e, se for o caso,
requisitos exigidos para propo- no prazo de 5 (cinco) dias. tomadas as providências re-
situra da ação. ferentes à tutela provisória,
Parágrafo único. A citação será o juiz ordenará a citação do
Parágrafo único. Distribuída a pessoal, se a parte não tiver réu para comparecer à audi-
oposição por dependência, procurador constituído nos ência de mediação e concilia-
serão os opostos citados, na autos. ção, observado o disposto no
pessoa de seus respectivos Art. 691. O juiz decidirá o art. 694.
advogados, para contestar o pedido de habilitação imedia- § 1o O mandado de citação
pedido no prazo comum de 15 tamente, salvo se este for im- conterá apenas os dados ne-
(quinze) dias. pugnado e houver necessidade cessários à audiência e de-
Art. 684. Se um dos opos- de dilação probatória diversa verá estar desacompanhado
tos reconhecer a procedência da documental, caso em que de cópia da petição inicial,
do pedido, contra o outro pros- determinará que o pedido seja assegurado ao réu o direito
seguirá o opoente. autuado em apartado e disporá de examinar seu conteúdo a
sobre a instrução. qualquer tempo.
Art. 685. Admitido o pro-
Art. 692. Transitada em jul- § 2o A citação ocorrerá com
cessamento, a oposição será
gado a sentença de habilitação, antecedência mínima de 15
apensada aos autos e tramitará
o processo principal retomará o (quinze) dias da data desig-
simultaneamente à ação origi-
seu curso, e cópia da sentença nada para a audiência.
nária, sendo ambas julgadas
pela mesma sentença. será juntada aos autos respec- § 3 o A citação será feita na
tivos. pessoa do réu.
Parágrafo único. Se a oposição
§ 4 o Na audiência, as partes
for proposta após o início da Capítulo X – Das Ações de deverão estar acompanhadas
audiência de instrução, o juiz Família de seus advogados ou de de-
suspenderá o curso do processo
fensores públicos.
ao fim da produção das provas, Art. 693. As normas des-
salvo se concluir que a unidade te Capítulo aplicam-se aos Art. 696. A audiência de
da instrução atende melhor ao processos contenciosos de mediação e conciliação poderá

379
dividir-se em tantas sessões § 3o O valor da causa deverá Art. 702. Independente-
quantas sejam necessárias para corresponder à importância mente de prévia segurança do
viabilizar a solução consensual, prevista no § 2o, incisos I a III. juízo, o réu poderá opor, nos
sem prejuízo de providências § 4 o Além das hipóteses do próprios autos, no prazo pre-
jurisdicionais para evitar o pe- art. 330, a petição inicial será visto no art. 701, embargos à
recimento do direito. indeferida quando não atendido ação monitória.
Art. 697. Não realizado o o disposto no § 2o deste artigo. § 1o Os embargos podem se
acordo, passarão a incidir, a fundar em matéria passível de
§ 5o Havendo dúvida quanto à
partir de então, as normas do alegação como defesa no pro-
idoneidade de prova documen-
procedimento comum, obser- cedimento comum.
tal apresentada pelo autor, o
vado o art. 335. juiz intimá-lo-á para, queren- § 2o Quando o réu alegar que o
do, emendar a petição inicial, autor pleiteia quantia superior
Art. 698. Nas ações de fa- à devida, cumprir-lhe-á declarar
mília, o Ministério Público so- adaptando-a ao procedimento
comum. de imediato o valor que entende
mente intervirá quando houver correto, apresentando demons-
interesse de incapaz e deverá § 6o É admissível ação monitó- trativo discriminado e atualiza-
ser ouvido previamente à ho- ria em face da Fazenda Pública. do da dívida.
mologação de acordo. § 7o Na ação monitória, admi- § 3o Não apontado o valor cor-
Art. 699. Quando o pro- te-se citação por qualquer dos reto ou não apresentado o de-
cesso envolver discussão sobre meios permitidos para o proce- monstrativo, os embargos serão
fato relacionado a abuso ou a dimento comum. liminarmente rejeitados, se esse
alienação parental, o juiz, ao for o seu único fundamento, e,
Art. 701. Sendo evidente o
tomar o depoimento do inca- se houver outro fundamento, os
direito do autor, o juiz deferi-
paz, deverá estar acompanha- embargos serão processados,
rá a expedição de mandado de mas o juiz deixará de examinar
do por especialista. pagamento, de entrega de coisa a alegação de excesso.
ou para execução de obrigação
Capítulo XI – Da Ação de fazer ou de não fazer, conce- § 4o A oposição dos embargos
Monitória dendo ao réu prazo de 15 (quin- suspende a eficácia da decisão
ze) dias para o cumprimento e referida no caput do art. 701
Art. 700. A ação monitória até o julgamento em primeiro
pode ser proposta por aquele o pagamento de honorários ad-
grau.
que afirmar, com base em pro- vocatícios de cinco por cento do
valor atribuído à causa. § 5 o O autor será intimado
va escrita sem eficácia de título
para responder aos embargos
executivo, ter direito de exigir § 1o O réu será isento do paga- no prazo de 15 (quinze) dias.
do devedor capaz: mento de custas processuais se
cumprir o mandado no prazo. § 6 o Na ação monitória ad-
I – o pagamento de quantia em
mite-se a reconvenção, sendo
dinheiro; § 2o Constituir-se-á de pleno di- vedado o oferecimento de re-
II – a entrega de coisa fungível reito o título executivo judicial, convenção à reconvenção.
ou infungível ou de bem móvel independentemente de qualquer
§ 7o A critério do juiz, os embar-
ou imóvel; formalidade, se não realizado o
gos serão autuados em aparta-
III – o adimplemento de obri- pagamento e não apresenta-
do, se parciais, constituindo-se
gação de fazer ou de não fazer. dos os embargos previstos no
de pleno direito o título executi-
art. 702, observando-se, no que vo judicial em relação à parcela
§ 1o A prova escrita pode con- couber, o Título II do Livro I da
sistir em prova oral documenta- incontroversa.
Parte Especial.
da, produzida antecipadamente § 8o Rejeitados os embargos,
nos termos do art. 381. § 3o É cabível ação rescisória da constituir-se-á de pleno direito
decisão prevista no caput quan- o título executivo judicial, pros-
§ 2o Na petição inicial, incumbe
do ocorrer a hipótese do § 2o. seguindo-se o processo em ob-
ao autor explicitar, conforme
o caso: § 4o Sendo a ré Fazenda Públi- servância ao disposto no Título
ca, não apresentados os embar- II do Livro I da Parte Especial,
I – a importância devida, ins- no que for cabível.
truindo-a com memória de cál- gos previstos no art. 702, apli-
culo; car-se-á o disposto no art. 496, § 9o Cabe apelação contra a
observando-se, a seguir, no que sentença que acolhe ou rejeita
II – o valor atual da coisa recla-
mada; couber, o Título II do Livro I da os embargos.
Parte Especial. § 10. O juiz condenará o autor
III – o conteúdo patrimonial em
discussão ou o proveito econô- § 5o Aplica-se à ação monitória, de ação monitória proposta
mico perseguido. no que couber, o art. 916. indevidamente e de má-fé ao

380
pagamento, em favor do réu, ou não estarem os bens sujeitos e nos documentos que instruí-
de multa de até dez por cento a penhor legal; rem a petição inicial, que deverá
sobre o valor da causa. IV – alegação de haver sido ofer- ser caucionado sob a forma de
§ 11. O juiz condenará o réu tada caução idônea, rejeitada depósito judicial ou de garantia
que de má-fé opuser embargos pelo credor. bancária.
à ação monitória ao pagamento § 3 o Recusando-se o consig-
Art. 705. A partir da audi-
de multa de até dez por cento natário a prestar caução, o
ência preliminar, observar-se-á
sobre o valor atribuído à causa, regulador requererá ao juiz a
o procedimento comum.
em favor do autor. alienação judicial de sua carga
Art. 706. Homologado judi- na forma dos arts. 879 a 903.
Capítulo XII – Da cialmente o penhor legal, con- § 4o É permitido o levantamen-
Homologação do Penhor solidar-se-á a posse do autor to, por alvará, das quantias
Legal sobre o objeto. necessárias ao pagamento das
§ 1o Negada a homologação, despesas da alienação a serem
Art. 703. Tomado o penhor
o objeto será entregue ao réu, arcadas pelo consignatário,
legal nos casos previstos em lei,
ressalvado ao autor o direito de mantendo-se o saldo remanes-
requererá o credor, ato contí-
cobrar a dívida pelo procedi- cente em depósito judicial até
nuo, a homologação.
mento comum, salvo se acolhi- o encerramento da regulação.
§ 1o Na petição inicial, instruí- da a alegação de extinção da
da com o contrato de locação Art. 709. As partes deverão
obrigação.
ou a conta pormenorizada das apresentar nos autos os docu-
§ 2o Contra a sentença caberá mentos necessários à regulação
despesas, a tabela dos preços e
apelação, e, na pendência de re- da avaria grossa em prazo razo-
a relação dos objetos retidos, o
curso, poderá o relator ordenar ável a ser fixado pelo regulador.
credor pedirá a citação do de-
que a coisa permaneça depo-
vedor para pagar ou contestar Art. 710. O regulador apre-
sitada ou em poder do autor.
na audiência preliminar que for sentará o regulamento da ava-
designada. Capítulo XIII – Da ria grossa no prazo de até 12
§ 2o A homologação do penhor Regulação de Avaria Grossa (doze) meses, contado da data
legal poderá ser promovida da entrega dos documentos nos
pela via extrajudicial mediante Art. 707. Quando inexistir autos pelas partes, podendo o
requerimento, que conterá os consenso acerca da nomeação prazo ser estendido a critério
requisitos previstos no § 1o des- de um regulador de avarias, o do juiz.
te artigo, do credor a notário de juiz de direito da comarca do
§ 1o Oferecido o regulamento
sua livre escolha. primeiro porto onde o navio
da avaria grossa, dele terão
§ 3o Recebido o requerimento, houver chegado, provocado
vista as partes pelo prazo co-
o notário promoverá a notifi- por qualquer parte interessada,
mum de 15 (quinze) dias, e, não
cação extrajudicial do devedor nomeará um de notório conhe-
havendo impugnação, o regu-
para, no prazo de 5 (cinco) cimento.
lamento será homologado por
dias, pagar o débito ou impug- Art. 708. O regulador de- sentença.
nar sua cobrança, alegando por clarará justificadamente se os § 2o Havendo impugnação ao
escrito uma das causas previs- danos são passíveis de rateio na regulamento, o juiz decidirá no
tas no art. 704, hipótese em forma de avaria grossa e exigirá prazo de 10 (dez) dias, após a
que o procedimento será enca- das partes envolvidas a apre- oitiva do regulador.
minhado ao juízo competente sentação de garantias idôneas
para decisão. para que possam ser liberadas Art. 711. Aplicam-se ao re-
§ 4o Transcorrido o prazo sem as cargas aos consignatários. gulador de avarias os arts. 156
manifestação do devedor, o a 158, no que couber.
§ 1o A parte que não concordar
notário formalizará a homo- com o regulador quanto à de-
logação do penhor legal por Capítulo XIV – Da
claração de abertura da avaria
escritura pública. grossa deverá justif icar suas Restauração de Autos
razões ao juiz, que decidirá no Art. 712. Verificado o desa-
Art. 704. A defesa só pode
prazo de 10 (dez) dias. parecimento dos autos, eletrô-
consistir em:
§ 2o Se o consignatário não nicos ou não, pode o juiz, de
I – nulidade do processo;
apresentar garantia idônea a ofício, qualquer das partes ou
II – extinção da obrigação; critério do regulador, este fixará o Ministério Público, se for o
III – não estar a dívida compre- o valor da contribuição provisó- caso, promover-lhes a restau-
endida entre as previstas em lei ria com base nos fatos narrados ração.

381
Parágrafo único. Havendo autos testemunhas a respeito de atos documentos necessários e com a
suplementares, nesses prosse- que tenham praticado ou as- indicação da providência judicial.
guirá o processo. sistido.
Art. 721. Serão citados to-
Art. 713. Na petição inicial, § 5o Se o juiz houver proferido dos os interessados, bem como
declarará a parte o estado do sentença da qual ele próprio ou intimado o Ministério Público,
processo ao tempo do desapare- o escrivão possua cópia, esta nos casos do art. 178, para que
cimento dos autos, oferecendo: será juntada aos autos e terá a se manifestem, querendo, no
mesma autoridade da original. prazo de 15 (quinze) dias.
I – certidões dos atos constan-
tes do protocolo de audiências Art. 716. Julgada a restaura- Art. 722. A Fazenda Pública
do cartório por onde haja cor- ção, seguirá o processo os seus será sempre ouvida nos casos
rido o processo; termos. em que tiver interesse.
II – cópia das peças que tenha Parágrafo único. Aparecendo os Art. 723. O juiz decidirá o pe-
em seu poder; autos originais, neles se pros- dido no prazo de 10 (dez) dias.
seguirá, sendo-lhes apensados
III – qualquer outro documento os autos da restauração. Parágrafo único. O juiz não é obri-
que facilite a restauração. gado a observar critério de lega-
Art. 717. Se o desapareci- lidade estrita, podendo adotar
Art. 714. A parte contrária mento dos autos tiver ocorri- em cada caso a solução que
será citada para contestar o pe- do no tribunal, o processo de considerar mais conveniente
dido no prazo de 5 (cinco) dias, restauração será distribuído, ou oportuna.
cabendo-lhe exibir as cópias, as sempre que possível, ao relator
contrafés e as reproduções dos do processo. Art. 724. Da sentença cabe-
atos e dos documentos que es- rá apelação.
§ 1o A restauração far-se-á no
tiverem em seu poder. Art. 725. Processar-se-á na
juízo de origem quanto aos atos
§ 1o Se a parte concordar com a nele realizados. forma estabelecida nesta Seção
restauração, lavrar-se-á o auto o pedido de:
§ 2o Remetidos os autos ao
que, assinado pelas partes e
tribunal, nele completar-se-á a I – emancipação;
homologado pelo juiz, suprirá
restauração e proceder-se-á ao
o processo desaparecido. II – sub-rogação;
julgamento.
§ 2o Se a parte não contestar ou
Art. 718. Quem houver dado III – alienação, arrendamento
se a concordância for parcial,
causa ao desaparecimento dos ou oneração de bens de crian-
observar-se-á o procedimento
autos responderá pelas custas ças ou adolescentes, de órfãos
comum.
da restauração e pelos honorá- e de interditos;
Art. 715. Se a perda dos rios de advogado, sem prejuízo IV – alienação, locação e admi-
autos tiver ocorrido depois da da responsabilidade civil ou pe- nistração da coisa comum;
produção das provas em au- nal em que incorrer.
diência, o juiz, se necessário, V – alienação de quinhão em
mandará repeti-las. Capítulo XV – Dos coisa comum;
§ 1o Serão reinquiridas as mes- Procedimentos de Jurisdição VI – extinção de usufruto, quan-
mas testemunhas, que, em caso Voluntária do não decorrer da morte do
de impossibilidade, poderão ser usufrutuário, do termo da sua
substituídas de ofício ou a re- duração ou da consolidação, e
querimento. Seção I – Disposições Gerais
de fideicomisso, quando decor-
§ 2o Não havendo certidão ou Ar t. 719. Quando este rer de renúncia ou quando ocor-
cópia do laudo, far-se-á nova Código não estabelecer pro- rer antes do evento que carac-
perícia, sempre que possível cedimento especial, regem os terizar a condição resolutória;
pelo mesmo perito. procedimentos de jurisdição
VII – expedição de alvará judicial;
§ 3o Não havendo certidão de voluntária as disposições cons-
documentos, esses serão re- tantes desta Seção. VIII – homologação de auto-
constituídos mediante cópias composição extrajudicial, de
Art. 720. O procedimento
ou, na falta dessas, pelos meios qualquer natureza ou valor.
terá início por provocação do
ordinários de prova. interessado, do Ministério Pú- Parágrafo único. As normas desta
§ 4 o Os ser ventuários e os blico ou da Defensoria Pública, Seção aplicam-se, no que cou-
auxiliares da justiça não po- cabendo-lhes formular o pedido ber, aos procedimentos regula-
dem eximir-se de depor como devidamente instruído com os dos nas seções seguintes.

382
§ 2o O tabelião somente lavrará
Seção II – Da Notificação e Seção IV – Do Divórcio e a escritura se os interessados
da Interpelação da Separação Consensuais, estiverem assistidos por advo-
da Extinção Consensual de gado ou por defensor público,
Art. 726. Quem tiver interes-
se em manifestar formalmente
União Estável e da Alteração cuja qualificação e assinatura
sua vontade a outrem sobre as- do Regime de Bens do constarão do ato notarial.
sunto juridicamente relevante Matrimônio Art. 734. A alteração do
poderá notificar pessoas par- Art. 731. A homologação do regime de bens do casamento,
ticipantes da mesma relação divórcio ou da separação con- observados os requisitos legais,
jurídica para dar-lhes ciência sensuais, observados os requisi- poderá ser requerida, motivada-
de seu propósito. tos legais, poderá ser requerida mente, em petição assinada por
§ 1o Se a pretensão for a de dar em petição assinada por ambos ambos os cônjuges, na qual se-
conhecimento geral ao público, os cônjuges, da qual constarão: rão expostas as razões que jus-
mediante edital, o juiz só a defe- tificam a alteração, ressalvados
I – as disposições relativas à
rirá se a tiver por fundada e ne- os direitos de terceiros.
descrição e à partilha dos bens
cessária ao resguardo de direito. comuns; § 1o Ao receber a petição inicial,
§ 2o Aplica-se o disposto nesta o juiz determinará a intimação
II – as disposições relativas à
Seção, no que couber, ao pro- do Ministério Público e a publi-
pensão alimentícia entre os
testo judicial. cação de edital que divulgue a
cônjuges;
pretendida alteração de bens,
Art. 727. Também poderá III – o acordo relativo à guarda somente podendo decidir de-
o interessado interpelar o re- dos filhos incapazes e ao regime pois de decorrido o prazo de
querido, no caso do art. 726, de visitas; e 30 (trinta) dias da publicação
para que faça ou deixe de fazer IV – o valor da contribuição do edital.
o que o requerente entenda ser para criar e educar os filhos. § 2o Os cônjuges, na petição
de seu direito. inicial ou em petição avulsa,
Parágrafo único. Se os cônjuges
Art. 728. O requerido será não acordarem sobre a partilha podem propor ao juiz meio
previamente ouvido antes do dos bens, far-se-á esta depois alternativo de divulgação da
deferimento da notificação ou de homologado o divórcio, na alteração do regime de bens,
do respectivo edital: forma estabelecida nos arts. a fim de resguardar direitos de
647 a 658. terceiros.
I – se houver suspeita de que o
requerente, por meio da noti- § 3o Após o trânsito em julgado
Art. 732. As disposições da sentença, serão expedidos
ficação ou do edital, pretende relativas ao processo de ho-
alcançar fim ilícito; mandados de averbação aos
mologação judicial de divórcio cartórios de registro civil e de
II – se tiver sido requerida a ou de separação consensuais imóveis e, caso qualquer dos
averbação da notificação em aplicam-se, no que couber, ao cônjuges seja empresário, ao
registro público. processo de homologação da Registro Público de Empresas
extinção consensual de união Mercantis e Atividades Afins.
Art. 729. Deferida e realiza-
estável.
da a notificação ou interpela-
ção, os autos serão entregues Art. 733. O divórcio consen- Seção V – Dos Testamentos
ao requerente. sual, a separação consensual e e dos Codicilos
a extinção consensual de união
Seção III – Da Alienação estável, não havendo nascituro Art. 735. Recebendo testa-
ou filhos incapazes e observa- mento cerrado, o juiz, se não
Judicial dos os requisitos legais, pode- achar vício externo que o torne
Art. 730. Nos casos expressos rão ser realizados por escritura suspeito de nulidade ou falsi-
em lei, não havendo acordo en- pública, da qual constarão as dade, o abrirá e mandará que
tre os interessados sobre o modo disposições de que trata o o escrivão o leia em presença
como se deve realizar a aliena- art. 731. do apresentante.
ção do bem, o juiz, de ofício ou § 1o A escritura não depende de § 1o Do termo de abertura cons-
a requerimento dos interessados homologação judicial e consti- tarão o nome do apresentante e
ou do depositário, mandará alie- tui título hábil para qualquer como ele obteve o testamento,
ná-lo em leilão, observando-se o ato de registro, bem como para a data e o lugar do falecimento
disposto na Seção I deste Capí- levantamento de importância do testador, com as respectivas
tulo e, no que couber, o disposto depositada em instituições fi- provas, e qualquer circunstân-
nos arts. 879 a 903. nanceiras. cia digna de nota.

383
§ 2o Depois de ouvido o Mi- herança, o juiz em cuja comarca tudo auto de inquirição e infor-
nistério Público, não havendo tiver domicílio o falecido proce- mação.
dúvidas a serem esclarecidas, o derá imediatamente à arrecada- § 4o O juiz examinará reserva-
juiz mandará registrar, arquivar ção dos respectivos bens. damente os papéis, as cartas
e cumprir o testamento. missivas e os livros domésticos
Art. 739. A herança jacente
§ 3o Feito o registro, será inti- ficará sob a guarda, a conser- e, verificando que não apresen-
mado o testamenteiro para as- vação e a administração de um tam interesse, mandará empa-
sinar o termo da testamentária. cotá-los e lacrá-los para serem
curador até a respectiva entre-
§ 4o Se não houver testamentei- assim entregues aos sucesso-
ga ao sucessor legalmente ha-
ro nomeado ou se ele estiver au- res do falecido ou queimados
bilitado ou até a declaração de
sente ou não aceitar o encargo, quando os bens forem decla-
vacância.
rados vacantes.
o juiz nomeará testamenteiro § 1o Incumbe ao curador:
dativo, observando-se a prefe- § 5o Se constar ao juiz a existên-
rência legal. I – representar a herança em cia de bens em outra comarca,
juízo ou fora dele, com inter- mandará expedir carta precató-
§ 5 o O testamenteiro deverá venção do Ministério Público; ria a fim de serem arrecadados.
cumprir as disposições testamen-
tárias e prestar contas em juízo II – ter em boa guarda e con- § 6o Não se fará a arrecadação,
do que recebeu e despendeu, servação os bens arrecadados ou essa será suspensa, quando,
observando-se o disposto em lei. e promover a arrecadação de iniciada, apresentarem-se para
outros porventura existentes; reclamar os bens o cônjuge ou
Art. 736. Qualquer interes- III – executar as medidas con- companheiro, o herdeiro ou o
sado, exibindo o traslado ou a testamenteiro notoriamente re-
servatórias dos direitos da he-
certidão de testamento público, conhecido e não houver oposi-
rança;
poderá requerer ao juiz que orde- ção motivada do curador, de
ne o seu cumprimento, observan- IV – apresentar mensalmente qualquer interessado, do Minis-
do-se, no que couber, o disposto ao juiz balancete da receita e tério Público ou do represen-
nos parágrafos do art. 735. da despesa; tante da Fazenda Pública.
V – prestar contas ao final de
Art. 737. A publicação do Art. 741. Ultimada a arreca-
sua gestão.
testamento particular poderá dação, o juiz mandará expedir
ser requerida, depois da morte § 2o Aplica-se ao curador o dis- edital, que será publicado na
do testador, pelo herdeiro, pelo posto nos arts. 159 a 161. rede mundial de computado-
legatário ou pelo testamenteiro, Art. 740. O juiz ordenará res, no sítio do tribunal a que
bem como pelo terceiro deten- que o oficial de justiça, acom- estiver vinculado o juízo e na
tor do testamento, se impossi- plataforma de editais do Con-
panhado do escrivão ou do che-
bilitado de entregá-lo a algum selho Nacional de Justiça, onde
fe de secretaria e do curador,
dos outros legitimados para permanecerá por 3 (três) me-
arrole os bens e descreva-os em
requerê-la. ses, ou, não havendo sítio, no
auto circunstanciado.
§ 1o Serão intimados os herdei- órgão oficial e na imprensa da
§ 1o Não podendo comparecer comarca, por 3 (três) vezes com
ros que não tiverem requerido a ao local, o juiz requisitará à au- intervalos de 1 (um) mês, para
publicação do testamento. toridade policial que proceda à que os sucessores do falecido
§ 2o Verificando a presença dos arrecadação e ao arrolamento venham a habilitar-se no prazo
requisitos da lei, ouvido o Mi- dos bens, com 2 (duas) teste- de 6 (seis) meses contado da
nistério Público, o juiz confir- munhas, que assistirão às di- primeira publicação.
mará o testamento. ligências. § 1o Verificada a existência de
§ 3o Aplica-se o disposto neste § 2o Não estando ainda nome- sucessor ou de testamenteiro
artigo ao codicilo e aos testa- ado o curador, o juiz designará em lugar certo, far-se-á a sua
mentos marítimo, aeronáutico, depositário e lhe entregará os citação, sem prejuízo do edital.
militar e nuncupativo. bens, mediante simples termo § 2 o Quando o falecido for
§ 4o Observar-se-á, no cumpri- nos autos, depois de compro- estrangeiro, será também co-
mento do testamento, o dispos- missado. municado o fato à autoridade
to nos parágrafos do art. 735. § 3o Durante a arrecadação, consular.
o juiz ou a autoridade policial § 3o Julgada a habilitação do
Seção VI – Da Herança inquirirá os moradores da casa herdeiro, reconhecida a quali-
Jacente e da vizinhança sobre a qualifi- dade do testamenteiro ou pro-
cação do falecido, o paradeiro vada a identidade do cônjuge
Art. 738. Nos casos em de seus sucessores e a existência ou companheiro, a arrecadação
que a lei considere jacente a de outros bens, lavrando-se de converter-se-á em inventário.

384
§ 4 o Os credores da herança juiz mandará lavrar o respectivo
poderão habilitar-se como nos Seção VII – Dos Bens dos auto, do qual constará a descri-
inventários ou propor a ação Ausentes ção do bem e as declarações do
de cobrança. Art. 744. Declarada a au- descobridor.
Art. 742. O juiz poderá au- sência nos casos previstos em § 1o Recebida a coisa por auto-
torizar a alienação: lei, o juiz mandará arrecadar os ridade policial, esta a remeterá
bens do ausente e nomear-lhes-á em seguida ao juízo competente.
I – de bens móveis, se forem de curador na forma estabelecida
conservação difícil ou dispen- § 2o Depositada a coisa, o juiz
na Seção VI, observando-se o mandará publicar edital na rede
diosa; disposto em lei. mundial de computadores, no
II – de semoventes, quando não sítio do tribunal a que estiver
empregados na exploração de Art. 745. Feita a arrecada-
ção, o juiz mandará publicar vinculado e na plataforma de
alguma indústria; editais do Conselho Nacional
editais na rede mundial de
III – de títulos e papéis de crédi- computadores, no sítio do tri- de Justiça ou, não havendo sítio,
to, havendo fundado receio de bunal a que estiver vinculado no órgão oficial e na imprensa
depreciação; e na plataforma de editais do da comarca, para que o dono
IV – de ações de sociedade Conselho Nacional de Justiça, ou o legítimo possuidor a recla-
quando, reclamada a integrali- onde permanecerá por 1 (um) me, salvo se se tratar de coisa
zação, não dispuser a herança ano, ou, não havendo sítio, no de pequeno valor e não for pos-
de dinheiro para o pagamento; órgão oficial e na imprensa da sível a publicação no sítio do
comarca, durante 1 (um) ano, tribunal, caso em que o edital
V – de bens imóveis: será apenas afixado no átrio do
reproduzida de 2 (dois) em 2
a) se ameaçarem ruína, não (dois) meses, anunciando a arre- edifício do fórum.
convindo a reparação; cadação e chamando o ausente § 3o Observar-se-á, quanto ao
b) se estiverem hipotecados a entrar na posse de seus bens. mais, o disposto em lei.
e vencer-se a dívida, não § 1o Findo o prazo previsto no
havendo dinheiro para o edital, poderão os interessados
pagamento.
Seção IX – Da Interdição
requerer a abertura da sucessão
§ 1 Não se procederá, entre-
o
provisória, observando-se o dis- Art. 747. A interdição pode
tanto, à venda se a Fazenda Pú- posto em lei. ser promovida:
blica ou o habilitando adiantar § 2o O interessado, ao requerer I – pelo cônjuge ou companheiro;
a importância para as despesas. a abertura da sucessão provi-
§ 2o Os bens com valor de afei- sória, pedirá a citação pessoal II – pelos parentes ou tutores;
ção, como retratos, objetos de dos herdeiros presentes e do III – pelo representante da enti-
uso pessoal, livros e obras de curador e, por editais, a dos dade em que se encontra abri-
arte, só serão alienados depois ausentes para requererem habi- gado o interditando;
de declarada a vacância da he- litação, na forma dos arts. 689
rança. a 692. IV – pelo Ministério Público.
Art. 743. Passado 1 (um) § 3 o Presentes os requisitos Parágrafo único. A legitimidade
legais, poderá ser requerida a deverá ser comprovada por do-
ano da primeira publicação do
conversão da sucessão provi- cumentação que acompanhe a
edital e não havendo herdeiro
sória em definitiva. petição inicial.
habilitado nem habilitação pen-
dente, será a herança declarada § 4o Regressando o ausente ou
algum de seus descendentes ou Art. 748. O Ministério Públi-
vacante. co só promoverá interdição em
ascendentes para requerer ao
§ 1o Pendendo habilitação, a caso de doença mental grave:
juiz a entrega de bens, serão ci-
vacância será declarada pela
tados para contestar o pedido I – se as pessoas designadas nos
mesma sentença que a julgar os sucessores provisórios ou de-
improcedente, aguardando-se, incisos I, II e III do art. 747 não
finitivos, o Ministério Público existirem ou não promoverem
no caso de serem diversas as e o representante da Fazenda
habilitações, o julgamento da a interdição;
Pública, seguindo-se o proce-
última. dimento comum. II – se, existindo, forem incapa-
§ 2o Transitada em julgado a zes as pessoas mencionadas nos
sentença que declarou a vacân- incisos I e II do art. 747.
cia, o cônjuge, o companheiro, Seção VIII – Das Coisas
Vagas Art. 749. Incumbe ao autor,
os herdeiros e os credores só na petição inicial, especificar os
poderão reclamar o seu direito Art. 746. Recebendo do des- fatos que demonstram a inca-
por ação direta. cobridor coisa alheia perdida, o pacidade do interditando para

385
administrar seus bens e, se for o parente sucessível poderá inter- (seis) meses, na imprensa local,
caso, para praticar atos da vida vir como assistente. 1 (uma) vez, e no órgão oficial,
civil, bem como o momento em por 3 (três) vezes, com intervalo
que a incapacidade se revelou. Art. 753. Decorrido o prazo
de 10 (dez) dias, constando do
previsto no art. 752, o juiz de-
Parágrafo único. Justif icada a terminará a produção de prova edital os nomes do interdito e
urgência, o juiz pode nomear pericial para avaliação da ca- do curador, a causa da inter-
curador provisório ao interdi- pacidade do interditando para dição, os limites da curatela e,
tando para a prática de deter- praticar atos da vida civil. não sendo total a interdição,
minados atos. os atos que o interdito poderá
§ 1o A perícia pode ser realiza- praticar autonomamente.
Art. 750. O requerente de- da por equipe composta por
verá juntar laudo médico para expertos com formação multi- Art. 756. Levantar-se-á a
fazer prova de suas alegações disciplinar. curatela quando cessar a causa
ou informar a impossibilidade que a determinou.
de fazê-lo. § 2o O laudo pericial indicará
especif icadamente, se for o § 1o O pedido de levantamen-
Art. 751. O interditando caso, os atos para os quais ha- to da curatela poderá ser feito
será citado para, em dia de- verá necessidade de curatela. pelo interdito, pelo curador ou
signado, comparecer perante pelo Ministério Público e será
o juiz, que o entrevistará minu- Art. 754. Apresentado o lau- apensado aos autos da inter-
ciosamente acerca de sua vida, do, produzidas as demais pro- dição.
negócios, bens, vontades, pre- vas e ouvidos os interessados, o
ferências e laços familiares e juiz proferirá sentença. § 2o O juiz nomeará perito ou
afetivos e sobre o que mais lhe equipe multidisciplinar para
parecer necessário para conven- Art. 755. Na sentença que proceder ao exame do inter-
cimento quanto à sua capaci- decretar a interdição, o juiz: dito e designará audiência de
dade para praticar atos da vida I – nomeará curador, que po- instrução e julgamento após a
civil, devendo ser reduzidas a derá ser o requerente da in- apresentação do laudo.
termo as perguntas e respostas. § 3o Acolhido o pedido, o juiz
terdição, e fixará os limites da
§ 1o Não podendo o interditan- curatela, segundo o estado e decretará o levantamento da
do deslocar-se, o juiz o ouvirá o desenvolvimento mental do interdição e determinará a pu-
no local onde estiver. interdito; blicação da sentença, após o
§ 2o A entrevista poderá ser trânsito em julgado, na forma
acompanhada por especialista. II – considerará as característi- do art. 755, § 3o, ou, não sen-
cas pessoais do interdito, ob- do possível, na imprensa local
§ 3 o Durante a entrevista, é
servando suas potencialidades, e no órgão oficial, por 3 (três)
assegurado o emprego de re-
cursos tecnológicos capazes de habilidades, vontades e prefe- vezes, com intervalo de 10 (dez)
permitir ou de auxiliar o interdi- rências. dias, seguindo-se a averbação
tando a expressar suas vontades § 1o A curatela deve ser atri- no registro de pessoas naturais.
e preferências e a responder às buída a quem melhor possa § 4o A interdição poderá ser le-
perguntas formuladas. atender aos interesses do cura- vantada parcialmente quando
§ 4o A critério do juiz, poderá telado. demonstrada a capacidade do
ser requisitada a oitiva de pa- § 2o Havendo, ao tempo da in- interdito para praticar alguns
rentes e de pessoas próximas. terdição, pessoa incapaz sob atos da vida civil.
Art. 752. Dentro do prazo a guarda e a responsabilidade
do interdito, o juiz atribuirá a Art. 757. A autoridade do
de 15 (quinze) dias contado da
entrevista, o interditando pode- curatela a quem melhor puder curador estende-se à pessoa
rá impugnar o pedido. atender aos interesses do inter- e aos bens do incapaz que se
dito e do incapaz. encontrar sob a guarda e a res-
§ 1o O Ministério Público in-
ponsabilidade do curatelado ao
tervirá como fiscal da ordem § 3o A sentença de interdição
jurídica. tempo da interdição, salvo se
será inscrita no registro de pes-
o juiz considerar outra solução
§ 2o O interditando poderá soas naturais e imediatamente
como mais conveniente aos in-
constituir advogado, e, caso publicada na rede mundial de
teresses do incapaz.
não o faça, deverá ser nomeado computadores, no sítio do tri-
curador especial. bunal a que estiver vinculado o Art. 758. O curador deve-
§ 3o Caso o interditando não juízo e na plataforma de editais rá buscar tratamento e apoio
constitua advogado, o seu côn- do Conselho Nacional de Jus- apropriados à conquista da
juge, companheiro ou qualquer tiça, onde permanecerá por 6 autonomia pelo interdito.

386
suspender o tutor ou o curador
Seção X – Disposições do exercício de suas funções, Seção XII – Da
Comuns à Tutela e à nomeando substituto interino. Ratificação dos Protestos
Curatela Marítimos e dos Processos
Art. 763. Cessando as fun- Testemunháveis Formados a
Art. 759. O tutor ou o cura- ções do tutor ou do curador Bordo
dor será intimado a prestar pelo decurso do prazo em que
compromisso no prazo de 5 era obrigado a servir, ser-lhe-á Art. 766. Todos os protestos
(cinco) dias contado da: lícito requerer a exoneração do e os processos testemunháveis
I – nomeação feita em confor- encargo. formados a bordo e lançados
midade com a lei; § 1o Caso o tutor ou o curador no livro Diário da Navegação
não requeira a exoneração do deverão ser apresentados pelo
II – intimação do despacho que
encargo dentro dos 10 (dez) comandante ao juiz de direito
mandar cumprir o testamento do primeiro porto, nas primei-
ou o instrumento público que dias seguintes à expiração do
termo, entender-se-á recondu- ras 24 (vinte e quatro) horas de
o houver instituído. chegada da embarcação, para
zido, salvo se o juiz o dispensar.
§ 1o O tutor ou o curador pres- sua ratificação judicial.
tará o compromisso por termo § 2o Cessada a tutela ou a cura-
em livro rubricado pelo juiz. tela, é indispensável a prestação Art. 767. A petição inicial
de contas pelo tutor ou pelo conterá a transcrição dos ter-
§ 2o Prestado o compromisso, mos lançados no livro Diário da
curador, na forma da lei civil.
o tutor ou o curador assume a Navegação e deverá ser instruí-
administração dos bens do tu- da com cópias das páginas que
telado ou do interditado. Seção XI – Da Organização contenham os termos que serão
Art. 760. O tutor ou o cura-
e da Fiscalização das ratificados, dos documentos de
dor poderá eximir-se do encargo Fundações identificação do comandante e
apresentando escusa ao juiz no das testemunhas arroladas, do
Art. 764. O juiz decidirá rol de tripulantes, do documen-
prazo de 5 (cinco) dias contado: sobre a aprovação do estatuto to de registro da embarcação
I – antes de aceitar o encargo, das fundações e de suas alte- e, quando for o caso, do mani-
da intimação para prestar com- rações sempre que o requeira festo das cargas sinistradas e a
promisso; o interessado, quando: qualificação de seus consigna-
II – depois de entrar em exercí- I – ela for negada previamente tários, traduzidos, quando for
cio, do dia em que sobrevier o pelo Ministério Público ou por o caso, de forma livre para o
motivo da escusa. este forem exigidas modifica- português.
§ 1o Não sendo requerida a ções com as quais o interessado
Art. 768. A petição inicial
escusa no prazo estabelecido não concorde;
deverá ser distribuída com ur-
neste artigo, considerar-se-á II – o interessado discordar do gência e encaminhada ao juiz,
renunciado o direito de alegá-la. estatuto elaborado pelo Minis- que ouvirá, sob compromisso
§ 2o O juiz decidirá de plano o tério Público. a ser prestado no mesmo dia, o
pedido de escusa, e, não o ad- § 1o O estatuto das fundações comandante e as testemunhas
mitindo, exercerá o nomeado a deve observar o disposto na Lei em número mínimo de 2 (duas)
tutela ou a curatela enquanto no 10.406, de 10 de janeiro de e máximo de 4 (quatro), que de-
não for dispensado por senten- 2002 (Código Civil). verão comparecer ao ato inde-
ça transitada em julgado. pendentemente de intimação.
§ 2o Antes de suprir a aprova-
ção, o juiz poderá mandar fa- § 1o Tratando-se de estrangeiros
Art. 761. Incumbe ao Minis-
zer no estatuto modificações a que não dominem a língua por-
tério Público ou a quem tenha
fim de adaptá-lo ao objetivo do tuguesa, o autor deverá fazer-se
legítimo interesse requerer, nos acompanhar por tradutor, que
casos previstos em lei, a remo- instituidor.
prestará compromisso em au-
ção do tutor ou do curador. Art. 765. Qualquer interes- diência.
Parágrafo único. O tutor ou o sado ou o Ministério Público § 2o Caso o autor não se faça
curador será citado para con- promoverá em juízo a extinção acompanhar por tradutor, o juiz
testar a arguição no prazo de da fundação quando: deverá nomear outro que preste
5 (cinco) dias, f indo o qual I – se tornar ilícito o seu objeto; compromisso em audiência.
observar-se-á o procedimento II – for impossível a sua manu-
comum. Art. 769. Aberta a audiên-
tenção; cia, o juiz mandará apregoar
Art. 762. Em caso de ex- III – vencer o prazo de sua exis- os consignatários das cargas
trema gravidade, o juiz poderá tência. indicados na petição inicial e

387
outros eventuais interessados, atentatório à dignidade da jus- execução ou de apenas alguma
nomeando para os ausentes tiça; medida executiva.
curador para o ato. III – determinar que sujeitos Parágrafo único. Na desistência
Art. 770. Inquiridos o co- indicados pelo exequente for- da execução, observar-se-á o
mandante e as testemunhas, o neçam informações em geral seguinte:
juiz, convencido da veracidade relacionadas ao objeto da exe-
I – serão extintos a impugnação
dos termos lançados no Diário cução, tais como documentos e os embargos que versarem
da Navegação, em audiência, e dados que tenham em seu apenas sobre questões proces-
ratificará por sentença o protes- poder, assinando-lhes prazo suais, pagando o exequente as
to ou o processo testemunhável razoável. custas processuais e os hono-
lavrado a bordo, dispensado o Art. 773. O juiz poderá, rários advocatícios;
relatório. de ofício ou a requerimento, II – nos demais casos, a extinção
Parágrafo único. Independente- determinar as medidas neces- dependerá da concordância do
mente do trânsito em julgado, sárias ao cumprimento da or- impugnante ou do embargante.
o juiz determinará a entrega dos dem de entrega de documentos
Art. 776. O exequente res-
autos ao autor ou ao seu advo- e dados.
sarcirá ao executado os danos
gado, mediante a apresentação Parágrafo único. Quando, em que este sofreu, quando a sen-
de traslado. decorrência do disposto neste tença, transitada em julgado,
artigo, o juízo receber dados declarar inexistente, no todo
sigilosos para os fins da execu- ou em parte, a obrigação que
ção, o juiz adotará as medidas ensejou a execução.
Livro II – Do Processo necessárias para assegurar a
de Execução confidencialidade.
Art. 777. A cobrança de
multas ou de indenizações de-
Art. 774. Considera-se aten- correntes de litigância de má-fé
tatória à dignidade da justiça a ou de prática de ato atentató-
conduta comissiva ou omissiva rio à dignidade da justiça será
Título I – Da promovida nos próprios autos
Execução em Geral do executado que:
do processo.
I – frauda a execução;

Capítulo I – Disposições
II – se opõe maliciosamente à Capítulo II – Das Partes
execução, empregando ardis e
Gerais meios artificiosos; Art. 778. Pode promover
a execução forçada o credor a
Art. 771. Este Livro regula III – dificulta ou embaraça a re- quem a lei confere título exe-
o procedimento da execução alização da penhora; cutivo.
fundada em título extrajudicial, IV – resiste injustificadamente
e suas disposições aplicam-se, § 1o Podem promover a execu-
às ordens judiciais; ção forçada ou nela prosseguir,
também, no que couber, aos
V – intimado, não indica ao juiz em sucessão ao exequente ori-
procedimentos especiais de
quais são e onde estão os bens ginário:
execução, aos atos executivos
sujeitos à penhora e os respec- I – o Ministério Público, nos ca-
realizados no procedimento
tivos valores, nem exibe prova sos previstos em lei;
de cumprimento de sentença,
de sua propriedade e, se for o
bem como aos efeitos de atos II – o espólio, os herdeiros ou
caso, certidão negativa de ônus.
ou fatos processuais a que a lei os sucessores do credor, sempre
atribuir força executiva. Parágrafo único. Nos casos pre- que, por morte deste, lhes for
vistos neste artigo, o juiz fixará transmitido o direito resultante
Parágrafo único. Aplicam-se sub- do título executivo;
multa em montante não supe-
sidiariamente à execução as
rior a vinte por cento do valor III – o cessionário, quando o di-
disposições do Livro I da Parte
atualizado do débito em exe- reito resultante do título execu-
Especial.
cução, a qual será revertida em tivo lhe for transferido por ato
Art. 772. O juiz pode, em proveito do exequente, exigível entre vivos;
qualquer momento do proces- nos próprios autos do proces- IV – o sub-rogado, nos casos
so: so, sem prejuízo de outras san- de sub-rogação legal ou con-
I – ordenar o comparecimento ções de natureza processual ou vencional.
das partes; material.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o
II – advertir o executado de que Art. 775. O exequente tem independe de consentimento do
seu procedimento constitui ato o direito de desistir de toda a executado.

388
Art. 779. A execução pode ocorreu o fato que deu origem Ministério Público, pela Defen-
ser promovida contra: ao título, mesmo que nele não soria Pública, pela Advocacia
I – o devedor, reconhecido mais resida o executado. Pública, pelos advogados dos
como tal no título executivo; transatores ou por conciliador
Art. 782. Não dispondo a ou mediador credenciado por
II – o espólio, os herdeiros ou os lei de modo diverso, o juiz de-
tribunal;
sucessores do devedor; terminará os atos executivos, e
o oficial de justiça os cumprirá. V – o contrato garantido por
III – o novo devedor que assu- hipoteca, penhor, anticrese ou
miu, com o consentimento do § 1o O oficial de justiça poderá
outro direito real de garantia e
credor, a obrigação resultante cumprir os atos executivos de-
aquele garantido por caução;
do título executivo; terminados pelo juiz também
nas comarcas contíguas, de fá- VI – o contrato de seguro de
IV – o fiador do débito constan- vida em caso de morte;
cil comunicação, e nas que se
te em título extrajudicial;
situem na mesma região metro- VII – o crédito decorrente de
V – o responsável titular do bem politana. foro e laudêmio;
vinculado por garantia real ao
§ 2o Sempre que, para efetivar a VIII – o crédito, documental-
pagamento do débito;
execução, for necessário o em- mente comprovado, decorren-
VI – o responsável tributário, prego de força policial, o juiz a te de aluguel de imóvel, bem
assim definido em lei. requisitará. como de encargos acessórios,
Art. 780. O exequente pode § 3o A requerimento da parte, o tais como taxas e despesas de
cumular várias execuções, ainda juiz pode determinar a inclusão condomínio;
que fundadas em títulos dife- do nome do executado em ca- IX – a certidão de dívida ativa
rentes, quando o executado dastros de inadimplentes. da Fazenda Pública da União,
for o mesmo e desde que para § 4o A inscrição será cancelada dos Estados, do Distrito Fede-
todas elas seja competente o imediatamente se for efetuado ral e dos Municípios, corres-
mesmo juízo e idêntico o pro- o pagamento, se for garantida pondente aos créditos inscritos
cedimento. a execução ou se a execução na forma da lei;
for extinta por qualquer outro X – o crédito referente às con-
Capítulo III – Da motivo. tribuições ordinárias ou ex-
Competência § 5o O disposto nos §§ 3o e 4o traordinárias de condomínio
aplica-se à execução definitiva edilício, previstas na respec-
Art. 781. A execução funda- tiva convenção ou aprovadas
de título judicial.
da em título extrajudicial será em assembleia geral, desde
processada perante o juízo Capítulo IV – Dos que documentalmente com-
competente, observando-se o provadas;
seguinte:
Requisitos Necessários para
Realizar Qualquer Execução XI – a certidão expedida por
I – a execução poderá ser pro- serventia notarial ou de regis-
posta no foro de domicílio do tro relativa a valores de emo-
executado, de eleição constante Seção I – Do Título lumentos e demais despesas
do título ou, ainda, de situação Executivo devidas pelos atos por ela
dos bens a ela sujeitos; praticados, fixados nas tabelas
Art. 783. A execução para
II – tendo mais de um domicílio, estabelecidas em lei;
cobrança de crédito fundar-se-á
o executado poderá ser deman- sempre em título de obrigação XII – todos os demais títulos
dado no foro de qualquer deles; certa, líquida e exigível. aos quais, por disposição ex-
III – sendo incerto ou desconhe- pressa, a lei atribuir força exe-
cido o domicílio do executado, Art. 784. São títulos execu- cutiva.
a execução poderá ser proposta tivos extrajudiciais:
§ 1o A propositura de qualquer
no lugar onde for encontrado I – a letra de câmbio, a nota ação relativa a débito constante
ou no foro de domicílio do exe- promissória, a duplicata, a de- de título executivo não inibe o
quente; bênture e o cheque; credor de promover-lhe a exe-
IV – havendo mais de um deve- II – a escritura pública ou outro cução.
dor, com diferentes domicílios, documento público assinado § 2o Os títulos executivos ex-
a execução será proposta no pelo devedor; trajudiciais oriundos de país
foro de qualquer deles, à esco- III – o documento particular estrangeiro não dependem de
lha do exequente; assinado pelo devedor e por 2 homologação para serem exe-
V – a execução poderá ser pro- (duas) testemunhas; cutados.
posta no foro do lugar em que IV – o instrumento de tran- § 3 o O título estrangeiro só
se praticou o ato ou em que sação referendado pelo terá eficácia executiva quando

389
satisfeitos os requisitos de for- presentes e futuros para o cum- § 2o Aplica-se, no que couber, o
mação exigidos pela lei do lugar primento de suas obrigações, disposto neste artigo à enfiteu-
de sua celebração e quando o salvo as restrições estabelecidas se, à concessão de uso especial
Brasil for indicado como o lugar em lei. para fins de moradia e à conces-
de cumprimento da obrigação. são de direito real de uso.
Art. 790. São sujeitos à exe-
Art. 785. A existência de tí- cução os bens: Art. 792. A alienação ou a
tulo executivo extrajudicial não I – do sucessor a título singular, oneração de bem é considerada
impede a parte de optar pelo tratando-se de execução funda- fraude à execução:
processo de conhecimento, a da em direito real ou obrigação I – quando sobre o bem pender
f im de obter título executivo reipersecutória; ação fundada em direito real ou
judicial. com pretensão reipersecutória,
II – do sócio, nos termos da lei;
desde que a pendência do pro-
III – do devedor, ainda que em
Seção II – Da Exigibilidade poder de terceiros;
cesso tenha sido averbada no
da Obrigação respectivo registro público, se
IV – do cônjuge ou companhei- houver;
Art. 786. A execução pode ro, nos casos em que seus bens II – quando tiver sido averbada,
ser instaurada caso o devedor próprios ou de sua meação res- no registro do bem, a pendên-
não satisfaça a obrigação certa, pondem pela dívida; cia do processo de execução, na
líquida e exigível consubstancia- V – alienados ou gravados com forma do art. 828;
da em título executivo. ônus real em fraude à execução; III – quando tiver sido averbado,
Parágrafo único. A necessidade de VI – cuja alienação ou grava- no registro do bem, hipoteca
simples operações aritméticas ção com ônus real tenha sido judiciária ou outro ato de cons-
para apurar o crédito exequen- anulada em razão do reconheci- trição judicial originário do pro-
do não retira a liquidez da obri- mento, em ação autônoma, de cesso onde foi arguida a fraude;
gação constante do título. fraude contra credores; IV – quando, ao tempo da alie-
Art. 787. Se o devedor não VII – do responsável, nos casos nação ou da oneração, tramita-
for obrigado a satisfazer sua de desconsideração da perso- va contra o devedor ação capaz
prestação senão mediante a nalidade jurídica. de reduzi-lo à insolvência;
contraprestação do credor, este Art. 791. Se a execução ti- V – nos demais casos expressos
deverá provar que a adimpliu ao ver por objeto obrigação de que em lei.
requerer a execução, sob pena seja sujeito passivo o proprie- § 1o A alienação em fraude à
de extinção do processo. tário de terreno submetido ao execução é ineficaz em relação
Parágrafo único. O executado regime do direito de superfície, ao exequente.
poderá eximir-se da obrigação, ou o superficiário, responderá § 2o No caso de aquisição de
depositando em juízo a presta- pela dívida, exclusivamente, o bem não sujeito a registro, o
ção ou a coisa, caso em que o direito real do qual é titular o terceiro adquirente tem o ônus
juiz não permitirá que o credor executado, recaindo a penho- de provar que adotou as cau-
a receba sem cumprir a contra- ra ou outros atos de constrição telas necessárias para a aqui-
prestação que lhe tocar. exclusivamente sobre o terreno, sição, mediante a exibição das
no primeiro caso, ou sobre a certidões pertinentes, obtidas
Art. 788. O credor não po- construção ou a plantação, no
derá iniciar a execução ou nela no domicílio do vendedor e no
segundo caso. local onde se encontra o bem.
prosseguir se o devedor cumprir
a obrigação, mas poderá recu- § 1o Os atos de constrição a que § 3o Nos casos de desconsidera-
sar o recebimento da prestação se refere o caput serão averba- ção da personalidade jurídica, a
se ela não corresponder ao di- dos separadamente na matrí- fraude à execução verifica-se a
reito ou à obrigação estabeleci- cula do imóvel, com a identifi- partir da citação da parte cuja
dos no título executivo, caso em cação do executado, do valor personalidade se pretende des-
que poderá requerer a execução do crédito e do objeto sobre o considerar.
forçada, ressalvado ao devedor qual recai o gravame, devendo o
§ 4o Antes de declarar a fraude
o direito de embargá-la. oficial destacar o bem que res-
à execução, o juiz deverá inti-
ponde pela dívida, se o terreno,
mar o terceiro adquirente, que,
Capítulo V – Da a construção ou a plantação, de
se quiser, poderá opor embar-
Responsabilidade modo a assegurar a publicida-
gos de terceiro, no prazo de 15
Patrimonial de da responsabilidade patri-
(quinze) dias.
monial de cada um deles pelas
Art. 789. O devedor res- dívidas e pelas obrigações que Art. 793. O exequente que
ponde com todos os seus bens a eles estão vinculadas. estiver, por direito de retenção,

390
na posse de coisa pertencente Cadastro Nacional da
ao devedor não poderá pro- Título II – Das Diversas Pessoa Jurídica;
mover a execução sobre outros Espécies de Execução c) os bens suscetíveis de
bens senão depois de excutida penhora, sempre que
a coisa que se achar em seu possível.
poder. Capítulo I – Disposições
Gerais Parágrafo único. O demonstrativo
Art. 794. O fiador, quando do débito deverá conter:
executado, tem o direito de Art. 797. Ressalvado o caso I – o índice de correção mone-
exigir que primeiro sejam exe- de insolvência do devedor, em tária adotado;
cutados os bens do devedor que tem lugar o concurso uni-
situados na mesma comarca, II – a taxa de juros aplicada;
versal, realiza-se a execução no
livres e desembargados, indi- interesse do exequente que ad- III – os termos inicial e final de
cando-os pormenorizadamente quire, pela penhora, o direito incidência do índice de correção
à penhora. de preferência sobre os bens monetária e da taxa de juros
penhorados. utilizados;
§ 1o Os bens do fiador ficarão
sujeitos à execução se os do IV – a periodicidade da capita-
Parágrafo único. Recaindo mais de lização dos juros, se for o caso;
devedor, situados na mesma uma penhora sobre o mesmo
comarca que os seus, forem bem, cada exequente conser- V – a especificação de desconto
insuf icientes à satisfação do vará o seu título de preferência. obrigatório realizado.
direito do credor. Art. 799. Incumbe ainda ao
Art. 798. Ao propor a exe-
§ 2o O fiador que pagar a dívi- exequente:
cução, incumbe ao exequente:
da poderá executar o afiançado I – requerer a intimação do
nos autos do mesmo processo. I – instruir a petição inicial com:
credor pignoratício, hipotecá-
§ 3o O disposto no caput não se a) o título executivo extra- rio, anticrético ou fiduciário,
aplica se o fiador houver renun- judicial; quando a penhora recair sobre
ciado ao benefício de ordem. b) o demonstrativo do dé- bens gravados por penhor, hi-
bito atualizado até a poteca, anticrese ou alienação
Art. 795. Os bens particula- data de propositura da fiduciária;
res dos sócios não respondem ação, quando se tratar II – requerer a intimação do ti-
pelas dívidas da sociedade, se- de execução por quantia tular de usufruto, uso ou habi-
não nos casos previstos em lei. certa; tação, quando a penhora recair
§ 1o O sócio réu, quando res- sobre bem gravado por usufru-
c) a prova de que se veri-
ponsável pelo pagamento da dí- f icou a condição ou to, uso ou habitação;
vida da sociedade, tem o direito ocorreu o termo, se for III – requerer a intimação do
de exigir que primeiro sejam ex- o caso; promitente comprador, quando
cutidos os bens da sociedade. a penhora recair sobre bem em
d) a prova, se for o caso, de
§ 2o Incumbe ao sócio que ale- relação ao qual haja promessa
que adimpliu a contra-
gar o benefício do § 1o nomear de compra e venda registrada;
prestação que lhe cor-
quantos bens da sociedade situ- responde ou que lhe as- IV – requerer a intimação do
ados na mesma comarca, livres segura o cumprimento, promitente vendedor, quando
e desembargados, bastem para se o executado não for a penhora recair sobre direito
pagar o débito. obrigado a satisfazer aquisitivo derivado de promessa
§ 3o O sócio que pagar a dívida a sua prestação senão de compra e venda registrada;
poderá executar a sociedade mediante a contrapres- V – requerer a intimação do su-
nos autos do mesmo processo. tação do exequente; perficiário, enfiteuta ou conces-
§ 4o Para a desconsideração da II – indicar: sionário, em caso de direito de
superfície, enfiteuse, concessão
personalidade jurídica é obriga- a) a espécie de execução de de uso especial para fins de mo-
tória a observância do incidente sua preferência, quando radia ou concessão de direito
previsto neste Código. por mais de um modo real de uso, quando a penhora
Art. 796. O espólio respon- puder ser realizada; recair sobre imóvel submetido
de pelas dívidas do falecido, b) os nomes completos do ao regime do direito de super-
mas, feita a partilha, cada her- exequente e do execu- fície, enfiteuse ou concessão;
deiro responde por elas dentro tado e seus números de VI – requerer a intimação do
das forças da herança e na pro- inscrição no Cadastro proprietário de terreno com
porção da parte que lhe coube. de Pessoas Físicas ou no regime de direito de superfície,

391
enfiteuse, concessão de uso es- art. 240, interrompe a prescri- enfiteuta ou ao concessionário
pecial para fins de moradia ou ção, ainda que proferido por não intimado.
concessão de direito real de uso, juízo incompetente. § 5o A alienação de direitos do
quando a penhora recair sobre enfiteuta, do concessionário de
direitos do superficiário, do en- Parágrafo único. A interrupção da
prescrição retroagirá à data de direito real de uso ou do con-
fiteuta ou do concessionário; cessionário de uso especial para
propositura da ação.
VII – requerer a intimação da so- fins de moradia será ineficaz em
ciedade, no caso de penhora de Art. 803. É nula a execução relação ao proprietário do res-
quota social ou de ação de so- se: pectivo imóvel não intimado.
ciedade anônima fechada, para I – o título executivo extrajudi- § 6o A alienação de bem sobre o
o fim previsto no art. 876, § 7o; cial não corresponder a obri- qual tenha sido instituído usu-
VIII – pleitear, se for o caso, me- gação certa, líquida e exigível; fruto, uso ou habitação será ine-
didas urgentes; II – o executado não for regular- ficaz em relação ao titular desses
IX – proceder à averbação em mente citado; direitos reais não intimado.
registro público do ato de pro- III – for instaurada antes de se Art. 805. Quando por vários
positura da execução e dos atos verificar a condição ou de ocor- meios o exequente puder pro-
de constrição realizados, para rer o termo. mover a execução, o juiz manda-
conhecimento de terceiros; rá que se faça pelo modo menos
Parágrafo único. A nulidade de gravoso para o executado.
X – requerer a intimação do ti-
que cuida este artigo será pro-
tular da construção-base, bem
nunciada pelo juiz, de ofício ou Parágrafo único. Ao executado
como, se for o caso, do titular
a requerimento da parte, inde- que alegar ser a medida execu-
de lajes anteriores, quando a
pendentemente de embargos à tiva mais gravosa incumbe indi-
penhora recair sobre o direito car outros meios mais eficazes
real de laje; execução.
e menos onerosos, sob pena de
XI – requerer a intimação do Art. 804. A alienação de manutenção dos atos executi-
titular das lajes, quando a pe- bem gravado por penhor, hipo- vos já determinados.
nhora recair sobre a constru- teca ou anticrese será ineficaz
ção-base. em relação ao credor pignora- Capítulo II – Da Execução
tício, hipotecário ou anticrético para a Entrega de Coisa
Art. 800. Nas obrigações não intimado.
alternativas, quando a escolha
couber ao devedor, esse será § 1o A alienação de bem objeto
de promessa de compra e ven- Seção I – Da Entrega de
citado para exercer a opção e Coisa Certa
realizar a prestação dentro de da ou de cessão registrada será
10 (dez) dias, se outro prazo ineficaz em relação ao promi- Art. 806. O devedor de obri-
não lhe foi determinado em lei tente comprador ou ao cessio- gação de entrega de coisa certa,
ou em contrato. nário não intimado. constante de título executivo
§ 1o Devolver-se-á ao credor a § 2o A alienação de bem sobre extrajudicial, será citado para,
opção, se o devedor não a exer- o qual tenha sido instituído di- em 15 (quinze) dias, satisfazer
cer no prazo determinado. reito de superfície, seja do solo, a obrigação.
da plantação ou da construção,
§ 2o A escolha será indicada será ineficaz em relação ao con- § 1o Ao despachar a inicial, o
na petição inicial da execu- cedente ou ao concessionário juiz poderá fixar multa por dia
ção quando couber ao credor de atraso no cumprimento da
não intimado.
exercê-la. obrigação, ficando o respectivo
§ 3o A alienação de direito aqui- valor sujeito a alteração, caso se
Art. 801. Verificando que a sitivo de bem objeto de promes- revele insuficiente ou excessivo.
petição inicial está incompleta sa de venda, de promessa de
ou que não está acompanhada cessão ou de alienação fiduci- § 2o Do mandado de citação
dos documentos indispensáveis ária será ineficaz em relação ao constará ordem para imissão
à propositura da execução, o promitente vendedor, ao pro- na posse ou busca e apreensão,
juiz determinará que o exe- mitente cedente ou ao proprie- conforme se tratar de bem imó-
quente a corrija, no prazo de tário fiduciário não intimado. vel ou móvel, cujo cumprimento
15 (quinze) dias, sob pena de se dará de imediato, se o execu-
§ 4o A alienação de imóvel so- tado não satisfizer a obrigação
indeferimento.
bre o qual tenha sido instituí- no prazo que lhe foi designado.
Art. 802. Na execução, o da enfiteuse, concessão de uso
despacho que ordena a citação, especial para fins de moradia Art. 807. Se o executado en-
desde que realizada em obser- ou concessão de direito real de tregar a coisa, será lavrado o
vância ao disposto no § 2o do uso será ineficaz em relação ao termo respectivo e considerada

392
satisfeita a obrigação, pros- (quinze) dias, impugnar a es- Art. 817. Se a obrigação pu-
seguindo-se a execução para colha feita pela outra, e o juiz der ser satisfeita por terceiro,
o pagamento de frutos ou o decidirá de plano ou, se neces- é lícito ao juiz autorizar, a re-
ressarcimento de prejuízos, se sário, ouvindo perito de sua querimento do exequente, que
houver. nomeação. aquele a satisfaça à custa do
executado.
Art. 808. Alienada a coisa Art. 813. Aplicar-se-ão à
quando já litigiosa, será expedi- execução para entrega de coi- Parágrafo único. O exequente
do mandado contra o terceiro sa incerta, no que couber, as adiantará as quantias previs-
adquirente, que somente será disposições da Seção I deste tas na proposta que, ouvidas as
ouvido após depositá-la. Capítulo. partes, o juiz houver aprovado.
Art. 809. O exequente tem Art. 818. Realizada a presta-
direito a receber, além de per- Capítulo III – Da Execução ção, o juiz ouvirá as partes no
das e danos, o valor da coisa, das Obrigações de Fazer ou prazo de 10 (dez) dias e, não
quando essa se deteriorar, não havendo impugnação, conside-
lhe for entregue, não for encon-
de Não Fazer rará satisfeita a obrigação.
trada ou não for reclamada do
Parágrafo único. Caso haja impug-
poder de terceiro adquirente. Seção I – Disposições nação, o juiz a decidirá.
§ 1o Não constando do título o Comuns
valor da coisa e sendo impossível Art. 819. Se o terceiro con-
sua avaliação, o exequente apre- Art. 814. Na execução de tratado não realizar a prestação
sentará estimativa, sujeitando-a obrigação de fazer ou de não no prazo ou se o fizer de modo
ao arbitramento judicial. fazer fundada em título extra- incompleto ou defeituoso, pode-
judicial, ao despachar a inicial, rá o exequente requerer ao juiz,
§ 2o Serão apurados em liqui- o juiz fixará multa por período no prazo de 15 (quinze) dias,
dação o valor da coisa e os de atraso no cumprimento da que o autorize a concluí-la ou a
prejuízos. obrigação e a data a partir da repará-la à custa do contratante.
Art. 810. Havendo benfeito- qual será devida.
Parágrafo único. Ouvido o contra-
rias indenizáveis feitas na coisa Parágrafo único. Se o valor da tante no prazo de 15 (quinze)
pelo executado ou por terceiros multa estiver previsto no título dias, o juiz mandará avaliar o
de cujo poder ela houver sido e for excessivo, o juiz poderá custo das despesas necessárias
tirada, a liquidação prévia é reduzi-lo. e o condenará a pagá-lo.
obrigatória.
Art. 820. Se o exequen-
Parágrafo único. Havendo saldo: Seção II – Da Obrigação de te quiser executar ou mandar
I – em favor do executado ou Fazer executar, sob sua direção e
de terceiros, o exequente o de- vigilância, as obras e os traba-
positará ao requerer a entrega Art. 815. Quando o objeto
lhos necessários à realização
da coisa; da execução for obrigação de da prestação, terá preferência,
fazer, o executado será citado em igualdade de condições de
II – em favor do exequente, esse
para satisfazê-la no prazo que oferta, em relação ao terceiro.
poderá cobrá-lo nos autos do
o juiz lhe designar, se outro não
mesmo processo. estiver determinado no título Parágrafo único. O direito de pre-
executivo. ferência deverá ser exercido no
Seção II – Da Entrega de Art. 816. Se o executado
prazo de 5 (cinco) dias, após
Coisa Incerta aprovada a proposta do terceiro.
não satisfizer a obrigação no
Art. 811. Quando a exe- prazo designado, é lícito ao Art. 821. Na obrigação de
cução recair sobre coisa de- exequente, nos próprios autos fazer, quando se convencionar
terminada pelo gênero e pela do processo, requerer a satis- que o executado a satisfaça pes-
quantidade, o executado será fação da obrigação à custa do soalmente, o exequente poderá
citado para entregá-la individu- executado ou perdas e danos, requerer ao juiz que lhe assine
alizada, se lhe couber a escolha. hipótese em que se converterá prazo para cumpri-la.
em indenização.
Parágrafo único. Se a escolha cou- Parágrafo único. Havendo recusa
ber ao exequente, esse deverá Parágrafo único. O valor das per- ou mora do executado, sua obri-
indicá-la na petição inicial. das e danos será apurado em gação pessoal será convertida
liquidação, seguindo-se a execu- em perdas e danos, caso em que
Ar t. 812. Qualquer das ção para cobrança de quantia se observará o procedimento de
partes poderá, no prazo de 15 certa. execução por quantia certa.

393
os honorários advocatícios de § 1o Do mandado de citação
Seção III – Da Obrigação dez por cento, a serem pagos constarão, também, a ordem
de Não Fazer pelo executado. de penhora e a avaliação a se-
Art. 822. Se o executado § 1o No caso de integral pa- rem cumpridas pelo oficial de
praticou ato a cuja abstenção gamento no prazo de 3 (três) justiça tão logo verificado o não
estava obrigado por lei ou por dias, o valor dos honorários pagamento no prazo assinala-
contrato, o exequente requererá advocatícios será reduzido pela do, de tudo lavrando-se auto,
ao juiz que assine prazo ao exe- metade. com intimação do executado.
cutado para desfazê-lo. § 2o O valor dos honorários po- § 2o A penhora recairá sobre os
derá ser elevado até vinte por bens indicados pelo exequente,
Art. 823. Havendo recusa salvo se outros forem indicados
cento, quando rejeitados os em-
ou mora do executado, o exe- pelo executado e aceitos pelo
bargos à execução, podendo a
quente requererá ao juiz que majoração, caso não opostos juiz, mediante demonstração de
mande desfazer o ato à custa os embargos, ocorrer ao final que a constrição proposta lhe
daquele, que responderá por do procedimento executivo, le- será menos onerosa e não trará
perdas e danos. vando-se em conta o trabalho prejuízo ao exequente.
Parágrafo único. Não sendo pos- realizado pelo advogado do Art. 830. Se o oficial de jus-
sível desfazer-se o ato, a obri- exequente. tiça não encontrar o executa-
gação resolve-se em perdas Art. 828. O exequente po- do, arrestar-lhe-á tantos bens
e danos, caso em que, após derá obter certidão de que a quantos bastem para garantir
a liquidação, se observará o execução foi admitida pelo juiz, a execução.
procedimento de execução por com identificação das partes e § 1o Nos 10 (dez) dias seguin-
quantia certa. do valor da causa, para fins de tes à efetivação do arresto, o
averbação no registro de imó- oficial de justiça procurará o
Capítulo IV – Da Execução veis, de veículos ou de outros executado 2 (duas) vezes em
por Quantia Certa bens sujeitos a penhora, arresto dias distintos e, havendo sus-
ou indisponibilidade. peita de ocultação, realizará a
Seção I – Disposições Gerais § 1o No prazo de 10 (dez) dias citação com hora certa, certi-
de sua concretização, o exe- ficando pormenorizadamente
Art. 824. A execução por quente deverá comunicar ao o ocorrido.
quantia certa realiza-se pela juízo as averbações efetivadas. § 2o Incumbe ao exequente re-
expropriação de bens do execu- § 2o Formalizada penhora so- querer a citação por edital, uma
tado, ressalvadas as execuções bre bens suficientes para cobrir vez frustradas a pessoal e a com
especiais. o valor da dívida, o exequente hora certa.
Art. 825. A expropriação providenciará, no prazo de 10 § 3o Aperfeiçoada a citação e
consiste em: (dez) dias, o cancelamento das transcorrido o prazo de paga-
averbações relativas àqueles mento, o arresto converter-se-á
I – adjudicação; não penhorados. em penhora, independentemen-
II – alienação; § 3o O juiz determinará o cance- te de termo.
III – apropriação de frutos e lamento das averbações, de ofí-
rendimentos de empresa ou de cio ou a requerimento, caso o
estabelecimentos e de outros exequente não o faça no prazo. Seção III – Da Penhora, do
bens. Depósito e da Avaliação
§ 4 o Presume-se em fraude à
Art. 826. Antes de adjudi- execução a alienação ou a one-
cados ou alienados os bens, o ração de bens efetuada após a Subseção I – Do Objeto da
executado pode, a todo tem- averbação. Penhora
po, remir a execução, pagando § 5o O exequente que promo-
ver averbação manifestamente Art. 831. A penhora deverá
ou consignando a importância
indevida ou não cancelar as recair sobre tantos bens quan-
atualizada da dívida, acrescida
averbações nos termos do § 2o tos bastem para o pagamento
de juros, custas e honorários
indenizará a parte contrária, do principal atualizado, dos ju-
advocatícios.
processando-se o incidente em ros, das custas e dos honorários
autos apartados. advocatícios.
Seção II – Da Citação do Art. 832. Não estão sujei-
Devedor e do Arresto Art. 829. O executado será
citado para pagar a dívida no tos à execução os bens que a
Art. 827. Ao despachar a prazo de 3 (três) dias, contado lei considera impenhoráveis ou
inicial, o juiz fixará, de plano, da citação. inalienáveis.

394
Art. 833. São impenhorá- incorporação imobiliária, vincu- X – percentual do faturamento
veis: lados à execução da obra. de empresa devedora;
I – os bens inalienáveis e os de- § 1o A impenhorabilidade não XI – pedras e metais preciosos;
clarados, por ato voluntário, é oponível à execução de dívida XII – direitos aquisitivos deriva-
não sujeitos à execução; relativa ao próprio bem, inclu- dos de promessa de compra e
II – os móveis, os pertences e as sive àquela contraída para sua venda e de alienação fiduciária
utilidades domésticas que guar- aquisição. em garantia;
necem a residência do executa- § 2o O disposto nos incisos XIII – outros direitos.
do, salvo os de elevado valor ou IV e X do caput não se aplica
os que ultrapassem as necessi- à hipótese de penhora para § 1o É prioritária a penhora
dades comuns correspondentes pagamento de prestação ali- em dinheiro, podendo o juiz,
a um médio padrão de vida; mentícia, independentemente nas demais hipóteses, alterar
de sua origem, bem como às a ordem prevista no caput de
III – os vestuários, bem como
importâncias excedentes a 50 acordo com as circunstâncias
os pertences de uso pessoal do
(cinquenta) salários mínimos do caso concreto.
executado, salvo se de elevado
valor; mensais, devendo a constrição § 2o Para fins de substituição
observar o disposto no art. 528, da penhora, equiparam-se a
IV – os vencimentos, os subsí-
§ 8o, e no art. 529, § 3o. dinheiro a fiança bancária e o
dios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de § 3o Incluem-se na impenho- seguro garantia judicial, desde
aposentadoria, as pensões, os rabilidade prevista no inciso que em valor não inferior ao
pecúlios e os montepios, bem V do caput os equipamentos, do débito constante da inicial,
como as quantias recebidas por os implementos e as máquinas acrescido de trinta por cento.
liberalidade de terceiro e desti- agrícolas pertencentes a pes- § 3 o Na execução de crédito
nadas ao sustento do devedor soa física ou a empresa indi- com garantia real, a penhora
e de sua família, os ganhos de vidual produtora rural, exceto recairá sobre a coisa dada em
trabalhador autônomo e os ho- quando tais bens tenham sido garantia, e, se a coisa pertencer
norários de profissional liberal, objeto de financiamento e es- a terceiro garantidor, este tam-
ressalvado o § 2o; tejam vinculados em garantia bém será intimado da penhora.
V – os livros, as máquinas, as a negócio jurídico ou quando Art. 836. Não se levará a
ferramentas, os utensílios, os respondam por dívida de natu- efeito a penhora quando ficar
instrumentos ou outros bens reza alimentar, trabalhista ou evidente que o produto da
móveis necessários ou úteis ao previdenciária. execução dos bens encontra-
exercício da profissão do exe- dos será totalmente absorvido
Art. 834. Podem ser penho-
cutado; pelo pagamento das custas da
rados, à falta de outros bens,
VI – o seguro de vida; os frutos e os rendimentos dos execução.
VII – os materiais necessários bens inalienáveis. § 1o Quando não encontrar
para obras em andamento, sal- bens penhoráveis, indepen-
vo se essas forem penhoradas; Art. 835. A penhora obser-
vará, preferencialmente, a se- dentemente de determinação
VIII – a pequena propriedade guinte ordem: judicial expressa, o oficial de
rural, assim definida em lei, des- justiça descreverá na certidão
de que trabalhada pela família; I – dinheiro, em espécie ou em os bens que guarnecem a resi-
depósito ou aplicação em ins- dência ou o estabelecimento
IX – os recursos públicos rece- tituição financeira;
bidos por instituições privadas do executado, quando este for
para aplicação compulsória em II – títulos da dívida pública da pessoa jurídica.
educação, saúde ou assistência União, dos Estados e do Dis- § 2o Elaborada a lista, o execu-
social; trito Federal com cotação em tado ou seu representante legal
mercado; será nomeado depositário pro-
X – a quantia depositada em
caderneta de poupança, até o III – títulos e valores mobiliários visório de tais bens até ulterior
limite de 40 (quarenta) salários com cotação em mercado; determinação do juiz.
mínimos; IV – veículos de via terrestre;
XI – os recursos públicos do V – bens imóveis; Subseção II – Da
fundo partidário recebidos por VI – bens móveis em geral; Documentação da Penhora, de
partido político, nos termos da seu Registro e do Depósito
lei; VII – semoventes;
XII – os créditos oriundos VIII – navios e aeronaves; Art. 837. Obedecidas as
de alienação de unidades IX – ações e quotas de socieda- normas de segurança instituí-
imobiliárias, sob regime de des simples e empresárias; das sob critérios uniformes pelo

395
Conselho Nacional de Justiça, a depositário judicial, os bens fi- garantir, ao coproprietário ou
penhora de dinheiro e as aver- carão em poder do exequente. ao cônjuge alheio à execução,
bações de penhoras de bens § 2o Os bens poderão ser depo- o correspondente à sua quota-
imóveis e móveis podem ser sitados em poder do executado -parte calculado sobre o valor
realizadas por meio eletrônico. nos casos de difícil remoção ou da avaliação.
Art. 838. A penhora será quando anuir o exequente. Art. 844. Para presunção
realizada mediante auto ou § 3o As joias, as pedras e os absoluta de conhecimento por
termo, que conterá: objetos preciosos deverão ser terceiros, cabe ao exequente
depositados com registro do providenciar a averbação do ar-
I – a indicação do dia, do mês,
valor estimado de resgate. resto ou da penhora no registro
do ano e do lugar em que foi
competente, mediante apresen-
feita; Art. 841. Formalizada a pe- tação de cópia do auto ou do
II – os nomes do exequente e do nhora por qualquer dos meios termo, independentemente de
executado; legais, dela será imediatamente mandado judicial.
III – a descrição dos bens pe- intimado o executado.
nhorados, com as suas carac- § 1o A intimação da penhora
Subseção III – Do Lugar de
terísticas; será feita ao advogado do exe-
cutado ou à sociedade de ad- Realização da Penhora
IV – a nomeação do depositário
dos bens. vogados a que aquele pertença. Art. 845. Efetuar-se-á a pe-
§ 2o Se não houver constituído nhora onde se encontrem os
Art. 839. Considerar-se-á advogado nos autos, o executa- bens, ainda que sob a posse, a
feita a penhora mediante a do será intimado pessoalmente, detenção ou a guarda de ter-
apreensão e o depósito dos de preferência por via postal. ceiros.
bens, lavrando-se um só auto se
§ 3o O disposto no § 1o não se § 1o A penhora de imóveis, in-
as diligências forem concluídas dependentemente de onde se
aplica aos casos de penhora
no mesmo dia. localizem, quando apresenta-
realizada na presença do exe-
Parágrafo único. Havendo mais de cutado, que se reputa intimado. da certidão da respectiva ma-
uma penhora, serão lavrados § 4 o Considera-se realizada trícula, e a penhora de veículos
autos individuais. a intimação a que se refere o automotores, quando apresen-
tada certidão que ateste a sua
Art. 840. Serão preferencial- § 2o quando o executado houver
existência, serão realizadas por
mente depositados: mudado de endereço sem prévia
termo nos autos.
comunicação ao juízo, obser-
I – as quantias em dinheiro, os vado o disposto no parágrafo § 2o Se o executado não tiver
papéis de crédito e as pedras e único do art. 274. bens no foro do processo, não
os metais preciosos, no Banco sendo possível a realização da
do Brasil, na Caixa Econômica Art. 842. Recaindo a penho- penhora nos termos do § 1o, a
Federal ou em banco do qual ra sobre bem imóvel ou direito execução será feita por carta,
o Estado ou o Distrito Federal real sobre imóvel, será intimado penhorando-se, avaliando-se e
possua mais da metade do ca- também o cônjuge do executa- alienando-se os bens no foro da
pital social integralizado, ou, na do, salvo se forem casados em situação.
falta desses estabelecimentos, regime de separação absoluta
de bens. Art. 846. Se o executado
em qualquer instituição de cré-
fechar as portas da casa a fim
dito designada pelo juiz; Art. 843. Tratando-se de de obstar a penhora dos bens,
II – os móveis, os semoventes, penhora de bem indivisível, o o oficial de justiça comunicará
os imóveis urbanos e os direitos equivalente à quota-parte do o fato ao juiz, solicitando-lhe
aquisitivos sobre imóveis urba- coproprietário ou do cônjuge ordem de arrombamento.
nos, em poder do depositário alheio à execução recairá sobre § 1o Deferido o pedido, 2 (dois)
judicial; o produto da alienação do bem. oficiais de justiça cumprirão o
III – os imóveis rurais, os direitos § 1o É reservada ao coproprie- mandado, arrombando cômo-
aquisitivos sobre imóveis rurais, tário ou ao cônjuge não execu- dos e móveis em que se presu-
as máquinas, os utensílios e os tado a preferência na arrema- ma estarem os bens, e lavrarão
instrumentos necessários ou tação do bem em igualdade de de tudo auto circunstanciado,
úteis à atividade agrícola, me- condições. que será assinado por 2 (duas)
diante caução idônea, em poder § 2o Não será levada a efeito testemunhas presentes à dili-
do executado. expropriação por preço infe- gência.
§ 1o No caso do inciso II rior ao da avaliação na qual o § 2o Sempre que necessário, o
do caput, se não houver valor auferido seja incapaz de juiz requisitará força policial,

396
a fim de auxiliar os oficiais de propriedade e a certidão nega- Art. 851. Não se procede à
justiça na penhora dos bens. tiva ou positiva de ônus, bem segunda penhora, salvo se:
§ 3o Os of iciais de justiça la- como abster-se de qualquer ati- I – a primeira for anulada;
vrarão em duplicata o auto da tude que dificulte ou embarace
II – executados os bens, o produ-
ocorrência, entregando uma a realização da penhora.
to da alienação não bastar para
via ao escrivão ou ao chefe de § 3o O executado somente po- o pagamento do exequente;
secretaria, para ser juntada aos derá oferecer bem imóvel em III – o exequente desistir da
autos, e a outra à autoridade substituição caso o requeira primeira penhora, por serem
policial a quem couber a apu- com a expressa anuência do litigiosos os bens ou por esta-
ração criminal dos eventuais cônjuge, salvo se o regime for o rem submetidos a constrição
delitos de desobediência ou de de separação absoluta de bens. judicial.
resistência. § 4o O juiz intimará o exequente
§ 4 o Do auto da ocorrência para manifestar-se sobre o re- Art. 852. O juiz determina-
constará o rol de testemunhas, querimento de substituição do rá a alienação antecipada dos
com a respectiva qualificação. bens penhorados quando:
bem penhorado.
I – se tratar de veículos auto-
Art. 848. As partes poderão motores, de pedras e metais
Subseção IV – Das requerer a substituição da pe- preciosos e de outros bens mó-
Modificações da Penhora nhora se: veis sujeitos à depreciação ou à
I – ela não obedecer à ordem deterioração;
Art. 847. O executado pode,
no prazo de 10 (dez) dias con- legal; II – houver manifesta vantagem.
tado da intimação da penhora, II – ela não incidir sobre os bens Art. 853. Quando uma das
requerer a substituição do bem designados em lei, contrato ou partes requerer alguma das me-
penhorado, desde que compro- ato judicial para o pagamento; didas previstas nesta Subseção,
ve que lhe será menos onerosa e III – havendo bens no foro da o juiz ouvirá sempre a outra, no
não trará prejuízo ao exequente. execução, outros tiverem sido prazo de 3 (três) dias, antes de
§ 1o O juiz só autorizará a subs- penhorados; decidir.
tituição se o executado: IV – havendo bens livres, ela ti- Parágrafo único. O juiz decidirá
I – comprovar as respectivas ver recaído sobre bens já penho- de plano qualquer questão sus-
matrículas e os registros por rados ou objeto de gravame; citada.
certidão do correspondente V – ela incidir sobre bens de bai-
ofício, quanto aos bens imóveis; xa liquidez;
Subseção V – Da Penhora de
II – descrever os bens móveis, VI – fracassar a tentativa de
com todas as suas propriedades
Dinheiro em Depósito ou em
alienação judicial do bem; ou Aplicação Financeira
e características, bem como o
VII – o executado não indicar o
estado deles e o lugar onde se Art. 854. Para possibilitar
valor dos bens ou omitir qual-
encontram; a penhora de dinheiro em de-
quer das indicações previstas
III – descrever os semoventes, em lei. pósito ou em aplicação finan-
com indicação de espécie, de ceira, o juiz, a requerimento
número, de marca ou sinal e do Parágrafo único. A penhora pode do exequente, sem dar ciência
local onde se encontram; ser substituída por fiança ban- prévia do ato ao executado,
cária ou por seguro garantia ju- determinará às instituições fi-
IV – identificar os créditos, in-
dicial, em valor não inferior ao nanceiras, por meio de sistema
dicando quem seja o devedor,
do débito constante da inicial, eletrônico gerido pela autori-
qual a origem da dívida, o títu-
acrescido de trinta por cento. dade supervisora do sistema
lo que a representa e a data do
vencimento; e financeiro nacional, que torne
Art. 849. Sempre que ocor-
indisponíveis ativos financeiros
V – atribuir, em qualquer caso, rer a substituição dos bens existentes em nome do execu-
valor aos bens indicados à pe- inicialmente penhorados, será tado, limitando-se a indispo-
nhora, além de especificar os lavrado novo termo. nibilidade ao valor indicado na
ônus e os encargos a que este- Art. 850. Será admitida a execução.
jam sujeitos. redução ou a ampliação da pe- § 1o No prazo de 24 (vinte e
§ 2o Requerida a substituição nhora, bem como sua transfe- quatro) horas a contar da res-
do bem penhorado, o exe- rência para outros bens, se, no posta, de ofício, o juiz determi-
cutado deve indicar onde se curso do processo, o valor de nará o cancelamento de eventu-
encontram os bens sujeitos à mercado dos bens penhorados al indisponibilidade excessiva, o
execução, exibir a prova de sua sofrer alteração significativa. que deverá ser cumprido pela

397
instituição financeira em igual de ativos financeiros em valor lhe der caracterizará fraude à
prazo. superior ao indicado na execu- execução.
§ 2o Tornados indisponíveis os ção ou pelo juiz, bem como na § 4 o A requerimento do exe-
ativos financeiros do executado, hipótese de não cancelamento quente, o juiz determinará o
este será intimado na pessoa de da indisponibilidade no prazo comparecimento, em audiência
seu advogado ou, não o tendo, de 24 (vinte e quatro) horas, especialmente designada, do
pessoalmente. quando assim determinar o juiz. executado e do terceiro, a fim
§ 3o Incumbe ao executado, no § 9o Quando se tratar de exe- de lhes tomar os depoimentos.
prazo de 5 (cinco) dias, com- cução contra partido político,
Art. 857. Feita a penhora
provar que: o juiz, a requerimento do exe-
em direito e ação do executa-
I – as quantias tornadas indis- quente, determinará às insti-
do, e não tendo ele oferecido
poníveis são impenhoráveis; tuições financeiras, por meio
embargos ou sendo estes re-
de sistema eletrônico gerido
II – ainda remanesce indispo- jeitados, o exequente f icará
por autoridade supervisora do
nibilidade excessiva de ativos sub-rogado nos direitos do
sistema bancário, que tornem
financeiros. executado até a concorrência
indisponíveis ativos financeiros
§ 4o Acolhida qualquer das ar- de seu crédito.
somente em nome do órgão
guições dos incisos I e II do § 3o, partidário que tenha contraído § 1o O exequente pode prefe-
o juiz determinará o cancela- a dívida executada ou que tenha rir, em vez da sub-rogação, a
mento de eventual indisponi- dado causa à violação de direito alienação judicial do direito
bilidade irregular ou excessiva, ou ao dano, ao qual cabe exclu- penhorado, caso em que de-
a ser cumprido pela instituição sivamente a responsabilidade clarará sua vontade no prazo
financeira em 24 (vinte e qua- pelos atos praticados, na forma de 10 (dez) dias contado da
tro) horas. da lei. realização da penhora.
§ 5 o Rejeitada ou não apre- § 2o A sub-rogação não impede
sentada a manifestação do o sub-rogado, se não receber
executado, converter-se-á a Subseção VI – Da Penhora de o crédito do executado, de
indisponibilidade em penhora, Créditos prosseguir na execução, nos
sem necessidade de lavratura mesmos autos, penhorando
Art. 855. Quando recair em outros bens.
de termo, devendo o juiz da
crédito do executado, enquanto
execução determinar à institui-
não ocorrer a hipótese prevista Art. 858. Quando a pe-
ção financeira depositária que,
no art. 856, considerar-se-á fei- nhora recair sobre dívidas de
no prazo de 24 (vinte e quatro)
ta a penhora pela intimação: dinheiro a juros, de direito a
horas, transfira o montante in-
I – ao terceiro devedor para que rendas ou de prestações pe-
disponível para conta vinculada
não pague ao executado, seu riódicas, o exequente poderá
ao juízo da execução.
credor; levantar os juros, os rendimen-
§ 6o Realizado o pagamento da tos ou as prestações à medida
dívida por outro meio, o juiz II – ao executado, credor do ter- que forem sendo depositados,
determinará, imediatamente, ceiro, para que não pratique ato abatendo-se do crédito as im-
por sistema eletrônico gerido de disposição do crédito. portâncias recebidas, confor-
pela autoridade supervisora do me as regras de imputação do
Art. 856. A penhora de cré-
sistema financeiro nacional, a pagamento.
dito representado por letra
notif icação da instituição f i-
de câmbio, nota promissória, Art. 859. Recaindo a pe-
nanceira para que, em até 24
duplicata, cheque ou outros nhora sobre direito a presta-
(vinte e quatro) horas, cancele
a indisponibilidade. títulos far-se-á pela apreensão ção ou a restituição de coisa
do documento, esteja ou não determinada, o executado será
§ 7o As transmissões das or- este em poder do executado.
dens de indisponibilidade, de intimado para, no vencimento,
seu cancelamento e de deter- § 1o Se o título não for apreen- depositá-la, correndo sobre ela
minação de penhora previstas dido, mas o terceiro confessar a execução.
neste artigo far-se-ão por meio a dívida, será este tido como
depositário da importância. Art. 860. Quando o direito
de sistema eletrônico gerido estiver sendo pleiteado em juí-
pela autoridade supervisora § 2o O terceiro só se exonerará zo, a penhora que recair sobre
do sistema financeiro nacional. da obrigação depositando em ele será averbada, com desta-
§ 8 o A instituição f inanceira juízo a importância da dívida. que, nos autos pertinentes ao
será responsável pelos prejuízos § 3o Se o terceiro negar o dé- direito e na ação correspon-
causados ao executado em de- bito em conluio com o exe- dente à penhora, a fim de que
corrência da indisponibilidade cutado, a quitação que este esta seja efetivada nos bens

398
que forem adjudicados ou que II – colocar em risco a estabi- Art. 863. A penhora de em-
vierem a caber ao executado. lidade financeira da sociedade presa que funcione mediante
simples ou empresária. concessão ou autorização
§ 5o Caso não haja interesse far-se-á, conforme o valor do
Subseção VII – Da Penhora crédito, sobre a renda, sobre
das Quotas ou das Ações de dos demais sócios no exercício
de direito de preferência, não determinados bens ou sobre
Sociedades Personificadas todo o patrimônio, e o juiz
ocorra a aquisição das quotas
ou das ações pela sociedade nomeará como depositário,
Art. 861. Penhoradas as
e a liquidação do inciso III do de preferência, um de seus
quotas ou as ações de sócio em
caput seja excessivamente one- diretores.
sociedade simples ou empre-
sária, o juiz assinará prazo ra- rosa para a sociedade, o juiz § 1o Quando a penhora recair
zoável, não superior a 3 (três) poderá determinar o leilão ju- sobre a renda ou sobre deter-
meses, para que a sociedade: dicial das quotas ou das ações. minados bens, o administra-
dor-depositário apresentará
I – apresente balanço especial,
a forma de administração e o
na forma da lei; Subseção VIII – Da esquema de pagamento, ob-
II – ofereça as quotas ou as Penhora de Empresa, de servando-se, quanto ao mais, o
ações aos demais sócios, ob- Outros Estabelecimentos e de disposto em relação ao regime
servado o direito de preferên- Semoventes de penhora de frutos e rendi-
cia legal ou contratual; mentos de coisa móvel e imóvel.
Art. 862. Quando a penho-
III – não havendo interesse dos ra recair em estabelecimento § 2o Recaindo a penhora sobre
sócios na aquisição das ações, comercial, industrial ou agrí- todo o patrimônio, prossegui-
proceda à liquidação das quo- cola, bem como em semoven- rá a execução em seus ulterio-
tas ou das ações, depositando tes, plantações ou edifícios em res termos, ouvindo-se, antes
em juízo o valor apurado, em construção, o juiz nomeará da arrematação ou da adjudi-
dinheiro. administrador-depositário, cação, o ente público que hou-
§ 1o Para evitar a liquidação determinando-lhe que apre- ver outorgado a concessão.
das quotas ou das ações, a sente em 10 (dez) dias o plano Art. 864. A penhora de na-
sociedade poderá adquiri-las de administração. vio ou de aeronave não obsta
sem redução do capital social § 1o Ouvidas as partes, o juiz que continuem navegando ou
e com utilização de reservas, decidirá. operando até a alienação, mas
para manutenção em tesou- o juiz, ao conceder a autoriza-
raria. § 2o É lícito às partes ajustar a
forma de administração e es- ção para tanto, não permitirá
§ 2o O disposto no caput e no colher o depositário, hipótese que saiam do porto ou do ae-
§ 1o não se aplica à socieda- em que o juiz homologará por roporto antes que o executa-
de anônima de capital aberto, despacho a indicação. do faça o seguro usual contra
cujas ações serão adjudicadas riscos.
ao exequente ou alienadas em § 3o Em relação aos edifícios
em construção sob regime Art. 865. A penhora de que
bolsa de valores, conforme o
de incorporação imobiliária, trata esta Subseção somente
caso.
a penhora somente poderá será determinada se não hou-
§ 3o Para os fins da liquidação recair sobre as unidades imo- ver outro meio eficaz para a
de que trata o inciso III do biliárias ainda não comerciali- efetivação do crédito.
caput, o juiz poderá, a reque- zadas pelo incorporador.
rimento do exequente ou da
sociedade, nomear adminis-
§ 4 o Sendo necessário afastar Subseção IX – Da Penhora de
o incorporador da adminis- Percentual de Faturamento de
trador, que deverá submeter à
tração da incorporação, será Empresa
aprovação judicial a forma de
ela exercida pela comissão de
liquidação.
representantes dos adquiren- Art. 866. Se o executado
§ 4o O prazo previsto no caput tes ou, se se tratar de constru- não tiver outros bens penho-
poderá ser ampliado pelo juiz, ção financiada, por empresa ráveis ou se, tendo-os, esses
se o pagamento das quotas ou ou profissional indicado pela forem de difícil alienação ou
das ações liquidadas: instituição fornecedora dos re- insuf icientes para saldar o
I – superar o valor do saldo de cursos para a obra, devendo crédito executado, o juiz po-
lucros ou reser vas, exceto a ser ouvida, neste último caso, derá ordenar a penhora de
legal, e sem diminuição do ca- a comissão de representantes percentual de faturamento
pital social, ou por doação; ou dos adquirentes. de empresa.

399
§ 1o O juiz fixará percentual independentemente de manda- III – se tratar de títulos da dívida
que propicie a satisfação do do judicial. pública, de ações de sociedades
crédito exequendo em tempo e de títulos de crédito negociá-
Art. 869. O juiz poderá veis em bolsa, cujo valor será o
razoável, mas que não torne
nomear administrador-deposi- da cotação oficial do dia, com-
inviável o exercício da ativida-
tário o exequente ou o executa- provada por certidão ou publi-
de empresarial.
do, ouvida a parte contrária, e, cação no órgão oficial;
§ 2o O juiz nomeará adminis- não havendo acordo, nomeará
trador-depositário, o qual sub- profissional qualificado para o IV – se tratar de veículos au-
meterá à aprovação judicial a desempenho da função. tomotores ou de outros bens
forma de sua atuação e pres- cujo preço médio de mercado
§ 1o O administrador submete- possa ser conhecido por meio
tará contas mensalmente, en-
rá à aprovação judicial a forma de pesquisas realizadas por
tregando em juízo as quantias
de administração e a de prestar órgãos oficiais ou de anúncios
recebidas, com os respectivos
contas periodicamente. de venda divulgados em meios
balancetes mensais, a fim de
serem imputadas no pagamen- § 2o Havendo discordância en- de comunicação, caso em que
to da dívida. tre as partes ou entre essas e o caberá a quem fizer a nomea-
administrador, o juiz decidirá a ção o encargo de comprovar a
§ 3 o Na penhora de percen-
melhor forma de administração cotação de mercado.
tual de faturamento de em-
do bem.
presa, observar-se-á, no que Parágrafo único. Ocorrendo a hi-
couber, o disposto quanto ao § 3o Se o imóvel estiver arrenda- pótese do inciso I deste artigo,
regime de penhora de frutos do, o inquilino pagará o aluguel a avaliação poderá ser realizada
e rendimentos de coisa móvel diretamente ao exequente, salvo quando houver fundada dúvida
e imóvel. se houver administrador. do juiz quanto ao real valor do
§ 4o O exequente ou o adminis- bem.
Subseção X – Da Penhora de trador poderá celebrar locação
do móvel ou do imóvel, ouvido Art. 872. A avaliação re-
Frutos e Rendimentos de Coisa o executado. alizada pelo oficial de justiça
Móvel ou Imóvel constará de vistoria e de laudo
§ 5o As quantias recebidas pelo anexados ao auto de penhora
Art. 867. O juiz pode or- administrador serão entregues ou, em caso de perícia realizada
denar a penhora de frutos e ao exequente, a fim de serem por avaliador, de laudo apre-
rendimentos de coisa móvel imputadas ao pagamento da sentado no prazo fixado pelo
ou imóvel quando a considerar dívida. juiz, devendo-se, em qualquer
mais eficiente para o recebimen- § 6o O exequente dará ao execu- hipótese, especificar:
to do crédito e menos gravosa tado, por termo nos autos, qui-
ao executado. I – os bens, com as suas carac-
tação das quantias recebidas. terísticas, e o estado em que se
Art. 868. Ordenada a pe- encontram;
nhora de frutos e rendimentos, Subseção XI – Da Avaliação II – o valor dos bens.
o juiz nomeará administrador-
-depositário, que será investido Art. 870. A avaliação será § 1o Quando o imóvel for sus-
de todos os poderes que con- feita pelo oficial de justiça. cetível de cômoda divisão, a
cernem à administração do bem avaliação, tendo em conta o
Parágrafo único. Se forem neces- crédito reclamado, será reali-
e à fruição de seus frutos e uti- sários conhecimentos especia-
lidades, perdendo o executado zada em partes, sugerindo-se,
lizados e o valor da execução com a apresentação de memo-
o direito de gozo do bem, até o comportar, o juiz nomeará
que o exequente seja pago do rial descritivo, os possíveis des-
avaliador, f ixando-lhe prazo membramentos para alienação.
principal, dos juros, das custas não superior a 10 (dez) dias
e dos honorários advocatícios. § 2o Realizada a avaliação e,
para entrega do laudo. sendo o caso, apresentada a
§ 1o A medida terá eficácia em
relação a terceiros a partir da Art. 871. Não se procederá proposta de desmembramen-
publicação da decisão que a à avaliação quando: to, as partes serão ouvidas no
conceda ou de sua averbação I – uma das partes aceitar a es- prazo de 5 (cinco) dias.
no ofício imobiliário, em caso timativa feita pela outra; Art. 873. É admitida nova
de imóveis. II – se tratar de títulos ou de avaliação quando:
§ 2o O exequente providenciará mercadorias que tenham co- I – qualquer das partes arguir,
a averbação no ofício imobiliá- tação em bolsa, comprovada fundamentadamente, a ocor-
rio mediante a apresentação de por certidão ou publicação no rência de erro na avaliação ou
certidão de inteiro teor do ato, órgão oficial; dolo do avaliador;

400
II – se verificar, posteriormente à § 2o Considera-se realizada a secretaria, e, se estiver presente,
avaliação, que houve majoração intimação quando o executa- pelo executado, expedindo-se:
ou diminuição no valor do bem; do houver mudado de endere- I – a carta de adjudicação e o
III – o juiz tiver fundada dúvida ço sem prévia comunicação ao mandado de imissão na posse,
sobre o valor atribuído ao bem juízo, observado o disposto no quando se tratar de bem imóvel;
na primeira avaliação. art. 274, parágrafo único.
II – a ordem de entrega ao adju-
§ 3o Se o executado, citado por dicatário, quando se tratar de
Parágrafo único. Aplica-se o
edital, não tiver procurador bem móvel.
art. 480 à nova avaliação pre-
vista no inciso III do caput deste constituído nos autos, é dis- § 2o A carta de adjudicação
artigo. pensável a intimação prevista conterá a descrição do imóvel,
no § 1o. com remissão à sua matrícula
Art. 874. Após a avaliação, § 4o Se o valor do crédito for: e aos seus registros, a cópia do
o juiz poderá, a requerimento auto de adjudicação e a pro-
do interessado e ouvida a parte I – inferior ao dos bens, o re-
querente da adjudicação depo- va de quitação do imposto de
contrária, mandar: transmissão.
sitará de imediato a diferença,
I – reduzir a penhora aos bens que ficará à disposição do exe- § 3 o No caso de penhora de
suficientes ou transferi-la para cutado; bem hipotecado, o executado
outros, se o valor dos bens pe- poderá remi-lo até a assina-
nhorados for consideravelmente II – superior ao dos bens, a exe-
cução prosseguirá pelo saldo tura do auto de adjudicação,
superior ao crédito do exequen- oferecendo preço igual ao da
te e dos acessórios; remanescente.
avaliação, se não tiver havido
II – ampliar a penhora ou trans- § 5o Idêntico direito pode ser licitantes, ou ao do maior lance
feri-la para outros bens mais exercido por aqueles indicados oferecido.
valiosos, se o valor dos bens no art. 889, incisos II a VIII, pe-
los credores concorrentes que § 4o Na hipótese de falência ou
penhorados for inferior ao cré- de insolvência do devedor hi-
dito do exequente. hajam penhorado o mesmo
bem, pelo cônjuge, pelo com- potecário, o direito de remição
Art. 875. Realizadas a pe- previsto no § 3o será deferido à
panheiro, pelos descendentes
nhora e a avaliação, o juiz dará massa ou aos credores em con-
ou pelos ascendentes do exe-
início aos atos de expropriação curso, não podendo o exequen-
cutado.
do bem. te recusar o preço da avaliação
§ 6 o Se houver mais de um do imóvel.
pretendente, proceder-se-á a
Seção IV – Da Expropriação licitação entre eles, tendo pre- Art. 878. Frustradas as ten-
de Bens ferência, em caso de igualdade tativas de alienação do bem,
de oferta, o cônjuge, o com- será reaberta oportunidade
panheiro, o descendente ou o para requerimento de adjudi-
Subseção I – Da Adjudicação ascendente, nessa ordem. cação, caso em que também se
poderá pleitear a realização de
Art. 876. É lícito ao exe- § 7o No caso de penhora de nova avaliação.
quente, oferecendo preço não quota social ou de ação de so-
inferior ao da avaliação, reque- ciedade anônima fechada rea-
rer que lhe sejam adjudicados lizada em favor de exequente Subseção II – Da Alienação
os bens penhorados. alheio à sociedade, esta será
intimada, ficando responsável Art. 879. A alienação far-
§ 1o Requerida a adjudicação,
por informar aos sócios a ocor- -se-á:
o executado será intimado do
pedido: rência da penhora, asseguran- I – por iniciativa particular;
I – pelo Diário da Justiça, na do-se a estes a preferência. II – em leilão judicial eletrônico
pessoa de seu advogado cons- Art. 877. Transcorrido o ou presencial.
tituído nos autos; prazo de 5 (cinco) dias, conta- Art. 880. Não efetivada a
II – por carta com aviso de re- do da última intimação, e deci- adjudicação, o exequente pode-
cebimento, quando representa- didas eventuais questões, o juiz rá requerer a alienação por sua
do pela Defensoria Pública ou ordenará a lavratura do auto de própria iniciativa ou por inter-
quando não tiver procurador adjudicação. médio de corretor ou leiloeiro
constituído nos autos; § 1o Considera-se perfeita e público credenciado perante o
III – por meio eletrônico, quan- acabada a adjudicação com órgão judiciário.
do, sendo o caso do § 1o do a lavratura e a assinatura do § 1o O juiz fixará o prazo em
art. 246, não tiver procurador auto pelo juiz, pelo adjudica- que a alienação deve ser efeti-
constituído nos autos. tário, pelo escrivão ou chefe de vada, a forma de publicidade,

401
o preço mínimo, as condições § 2o A alienação judicial por créditos ou direitos, a identifi-
de pagamento, as garantias e, meio eletrônico deverá atender cação dos autos do processo
se for o caso, a comissão de aos requisitos de ampla publici- em que foram penhorados;
corretagem. dade, autenticidade e seguran- IV – o sítio, na rede mundial de
§ 2o A alienação será forma- ça, com observância das regras computadores, e o período em
lizada por termo nos autos, estabelecidas na legislação so- que se realizará o leilão, salvo se
com a assinatura do juiz, do bre certificação digital. este se der de modo presencial,
exequente, do adquirente e, se § 3 o O leilão presencial será hipótese em que serão indica-
estiver presente, do executado, realizado no local designado dos o local, o dia e a hora de
expedindo-se: pelo juiz. sua realização;
I – a carta de alienação e o Art. 883. Caberá ao juiz a V – a indicação de local, dia
mandado de imissão na posse, designação do leiloeiro público, e hora de segundo leilão pre-
quando se tratar de bem imó- que poderá ser indicado pelo sencial, para a hipótese de não
vel; exequente. haver interessado no primeiro;
II – a ordem de entrega ao ad- VI – menção da existência de
quirente, quando se tratar de Art. 884. Incumbe ao leilo-
ônus, recurso ou processo
bem móvel. eiro público:
pendente sobre os bens a serem
§ 3o Os tribunais poderão edi- I – publicar o edital, anunciando leiloados.
tar disposições complementares a alienação;
Parágrafo único. No caso de títu-
sobre o procedimento da alie- II – realizar o leilão onde se en-
los da dívida pública e de títulos
nação prevista neste artigo, ad- contrem os bens ou no lugar
negociados em bolsa, constará
mitindo, quando for o caso, o designado pelo juiz;
do edital o valor da última co-
concurso de meios eletrônicos, III – expor aos pretendentes os tação.
e dispor sobre o credenciamen- bens ou as amostras das mer-
to dos corretores e leiloeiros pú- cadorias; Art. 887. O leiloeiro público
blicos, os quais deverão estar IV – receber e depositar, dentro designado adotará providên-
em exercício profissional por de 1 (um) dia, à ordem do juiz, cias para a ampla divulgação
não menos que 3 (três) anos. o produto da alienação; da alienação.
§ 4 o Nas localidades em que V – prestar contas nos 2 (dois) § 1o A publicação do edital de-
não houver corretor ou leiloeiro dias subsequentes ao depósito. verá ocorrer pelo menos 5 (cin-
público credenciado nos termos co) dias antes da data marcada
do § 3o, a indicação será de livre Parágrafo único. O leiloeiro tem para o leilão.
escolha do exequente. o direito de receber do arrema- § 2o O edital será publicado na
tante a comissão estabelecida rede mundial de computadores,
Art. 881. A alienação far- em lei ou arbitrada pelo juiz.
-se-á em leilão judicial se não em sítio designado pelo juízo
efetivada a adjudicação ou a Art. 885. O juiz da execução da execução, e conterá descri-
alienação por iniciativa parti- estabelecerá o preço mínimo, ção detalhada e, sempre que
cular. as condições de pagamento e possível, ilustrada dos bens,
as garantias que poderão ser informando expressamente se
§ 1o O leilão do bem penhora-
prestadas pelo arrematante. o leilão se realizará de forma
do será realizado por leiloeiro
eletrônica ou presencial.
público. Art. 886. O leilão será pre-
§ 3o Não sendo possível a publi-
§ 2o Ressalvados os casos de cedido de publicação de edital,
cação na rede mundial de com-
alienação a cargo de correto- que conterá:
putadores ou considerando o
res de bolsa de valores, todos I – a descrição do bem penhora- juiz, em atenção às condições
os demais bens serão alienados do, com suas características, e, da sede do juízo, que esse modo
em leilão público. tratando-se de imóvel, sua situ- de divulgação é insuficiente ou
Art. 882. Não sendo pos- ação e suas divisas, com remis- inadequado, o edital será afixa-
sível a sua realização por meio são à matrícula e aos registros; do em local de costume e publi-
eletrônico, o leilão será presen- II – o valor pelo qual o bem foi cado, em resumo, pelo menos
cial. avaliado, o preço mínimo pelo uma vez em jornal de ampla
§ 1o A alienação judicial por qual poderá ser alienado, as circulação local.
meio eletrônico será realizada, condições de pagamento e, se § 4 o Atendendo ao valor dos
observando-se as garantias pro- for o caso, a comissão do leilo- bens e às condições da sede
cessuais das partes, de acordo eiro designado; do juízo, o juiz poderá alterar
com regulamentação específica III – o lugar onde estiverem a forma e a frequência da pu-
do Conselho Nacional de Jus- os móveis, os veículos e os blicidade na imprensa, mandar
tiça. semoventes e, tratando-se de publicar o edital em local de

402
ampla circulação de pessoas e a penhora recair sobre tais di- a que servirem ou que estejam
divulgar avisos em emissora de reitos reais; sob sua administração direta
rádio ou televisão local, bem V – o credor pignoratício, hipo- ou indireta;
como em sítios distintos do in- tecário, anticrético, fiduciário V – dos leiloeiros e seus prepos-
dicado no § 2o. ou com penhora anteriormen- tos, quanto aos bens de cuja
§ 5o Os editais de leilão de imó- te averbada, quando a penhora venda estejam encarregados;
veis e de veículos automotores recair sobre bens com tais gra- VI – dos advogados de qualquer
serão publicados pela imprensa vames, caso não seja o credor, das partes.
ou por outros meios de divul- de qualquer modo, parte na
gação, preferencialmente na execução; Art. 891. Não será aceito
seção ou no local reservados VI – o promitente comprador, lance que ofereça preço vil.
à publicidade dos respectivos quando a penhora recair sobre Parágrafo único. Considera-se vil
negócios. bem em relação ao qual haja o preço inferior ao mínimo esti-
§ 6o O juiz poderá determinar promessa de compra e venda pulado pelo juiz e constante do
a reunião de publicações em registrada; edital, e, não tendo sido fixado
listas referentes a mais de uma VII – o promitente vendedor, preço mínimo, considera-se vil
execução. quando a penhora recair sobre o preço inferior a cinquenta por
Art. 888. Não se realizando direito aquisitivo derivado de cento do valor da avaliação.
o leilão por qualquer motivo, o promessa de compra e venda
registrada; Art. 892. Salvo pronuncia-
juiz mandará publicar a trans- mento judicial em sentido di-
ferência, observando-se o dis- VIII – a União, o Estado e o Mu- verso, o pagamento deverá ser
posto no art. 887. nicípio, no caso de alienação de realizado de imediato pelo arre-
bem tombado. matante, por depósito judicial
Parágrafo único. O escrivão, o
chefe de secretaria ou o leiloei- Parágrafo único. Se o executado ou por meio eletrônico.
ro que culposamente der causa for revel e não tiver advogado § 1o Se o exequente arrematar
à transferência responde pelas constituído, não constando os bens e for o único credor, não
despesas da nova publicação, dos autos seu endereço atual estará obrigado a exibir o preço,
podendo o juiz aplicar-lhe a ou, ainda, não sendo ele encon- mas, se o valor dos bens exceder
pena de suspensão por 5 (cinco) trado no endereço constante ao seu crédito, depositará, den-
dias a 3 (três) meses, em proce- do processo, a intimação con- tro de 3 (três) dias, a diferença,
dimento administrativo regular. siderar-se-á feita por meio do sob pena de tornar-se sem efeito
próprio edital de leilão. a arrematação, e, nesse caso,
Art. 889. Serão cientificados
da alienação judicial, com pelo Art. 890. Pode oferecer lance realizar-se-á novo leilão, à custa
menos 5 (cinco) dias de ante- quem estiver na livre administra- do exequente.
cedência: ção de seus bens, com exceção: § 2o Se houver mais de um pre-
I – o executado, por meio de seu I – dos tutores, dos curadores, tendente, proceder-se-á entre
advogado ou, se não tiver pro- dos testamenteiros, dos admi- eles à licitação, e, no caso de
curador constituído nos autos, nistradores ou dos liquidantes, igualdade de oferta, terá pre-
por carta registrada, mandado, quanto aos bens confiados à ferência o cônjuge, o compa-
edital ou outro meio idôneo; sua guarda e à sua responsa- nheiro, o descendente ou o as-
bilidade; cendente do executado, nessa
II – o coproprietário de bem
ordem.
indivisível do qual tenha sido II – dos mandatários, quanto
penhorada fração ideal; aos bens de cuja administração § 3o No caso de leilão de bem
III – o titular de usufruto, uso, ou alienação estejam encarre- tombado, a União, os Estados
habitação, enfiteuse, direito de gados; e os Municípios terão, nessa
superfície, concessão de uso III – do juiz, do membro do Mi- ordem, o direito de preferência
especial para fins de moradia nistério Público e da Defensoria na arrematação, em igualdade
ou concessão de direito real de Pública, do escrivão, do chefe de oferta.
uso, quando a penhora recair de secretaria e dos demais ser- Art. 893. Se o leilão for de
sobre bem gravado com tais vidores e auxiliares da justiça, diversos bens e houver mais de
direitos reais; em relação aos bens e direitos um lançador, terá preferência
IV – o proprietário do terreno objeto de alienação na locali- aquele que se propuser a arre-
submetido ao regime de di- dade onde servirem ou a que matá-los todos, em conjunto,
reito de superfície, enfiteuse, se estender a sua autoridade; oferecendo, para os bens que
concessão de uso especial para IV – dos servidores públicos não tiverem lance, preço igual
fins de moradia ou concessão em geral, quanto aos bens ou ao da avaliação e, para os de-
de direito real de uso, quando aos direitos da pessoa jurídica mais, preço igual ao do maior

403
lance que, na tentativa de arre- inadimplida com as parcelas § 4o Findo o prazo do adiamen-
matação individualizada, tenha vincendas. to, o imóvel será submetido a
sido oferecido para eles. § 5o O inadimplemento autoriza novo leilão.
Art. 894. Quando o imóvel o exequente a pedir a resolução Art. 897. Se o arrematan-
admitir cômoda divisão, o juiz, da arrematação ou promover, te ou seu fiador não pagar o
a requerimento do executado, em face do arrematante, a exe- preço no prazo estabelecido,
ordenará a alienação judicial de cução do valor devido, devendo o juiz impor-lhe-á, em favor do
parte dele, desde que suficiente ambos os pedidos ser formula- exequente, a perda da caução,
para o pagamento do exequente dos nos autos da execução em voltando os bens a novo leilão,
e para a satisfação das despesas que se deu a arrematação. do qual não serão admitidos
da execução. § 6 o A apresentação da pro- a participar o arrematante e o
posta prevista neste artigo não fiador remissos.
§ 1o Não havendo lançador, far-
-se-á a alienação do imóvel em suspende o leilão. Art. 898. O fiador do arre-
sua integridade. § 7o A proposta de pagamento matante que pagar o valor do
§ 2o A alienação por partes de- do lance à vista sempre preva- lance e a multa poderá reque-
verá ser requerida a tempo de lecerá sobre as propostas de rer que a arrematação lhe seja
permitir a avaliação das glebas pagamento parcelado. transferida.
destacadas e sua inclusão no § 8o Havendo mais de uma pro- Art. 899. Será suspensa a
edital, e, nesse caso, caberá ao posta de pagamento parcelado: arrematação logo que o pro-
executado instruir o requeri- I – em diferentes condições, o duto da alienação dos bens for
mento com planta e memorial juiz decidirá pela mais vantajo- suficiente para o pagamento do
descritivo subscritos por profis- sa, assim compreendida, sem- credor e para a satisfação das
sional habilitado. pre, a de maior valor; despesas da execução.
Art. 895. O interessado em II – em iguais condições, o juiz Art. 900. O leilão prossegui-
adquirir o bem penhorado em decidirá pela formulada em pri- rá no dia útil imediato, à mesma
prestações poderá apresentar, meiro lugar. hora em que teve início, inde-
por escrito: § 9o No caso de arrematação pendentemente de novo edital,
I – até o início do primeiro lei- a prazo, os pagamentos feitos se for ultrapassado o horário de
lão, proposta de aquisição do pelo arrematante pertencerão expediente forense.
bem por valor não inferior ao ao exequente até o limite de seu Art. 901. A arrematação
da avaliação; crédito, e os subsequentes, ao constará de auto que será la-
II – até o início do segundo lei- executado. vrado de imediato e poderá
lão, proposta de aquisição do Art. 896. Quando o imóvel abranger bens penhorados em
bem por valor que não seja con- de incapaz não alcançar em lei- mais de uma execução, nele
siderado vil. lão pelo menos oitenta por cen- mencionadas as condições nas
§ 1o A proposta conterá, em to do valor da avaliação, o juiz quais foi alienado o bem.
qualquer hipótese, oferta de o confiará à guarda e à adminis- § 1o A ordem de entrega do bem
pagamento de pelo menos vin- tração de depositário idôneo, móvel ou a carta de arremata-
te e cinco por cento do valor do adiando a alienação por prazo ção do bem imóvel, com o res-
lance à vista e o restante parce- não superior a 1 (um) ano. pectivo mandado de imissão na
lado em até 30 (trinta) meses, posse, será expedida depois de
§ 1o Se, durante o adiamento,
garantido por caução idônea, efetuado o depósito ou pres-
algum pretendente assegurar,
quando se tratar de móveis, e tadas as garantias pelo arre-
mediante caução idônea, o pre-
por hipoteca do próprio bem, matante, bem como realizado
ço da avaliação, o juiz ordenará
quando se tratar de imóveis. o pagamento da comissão do
a alienação em leilão.
leiloeiro e das demais despesas
§ 2o As propostas para aquisi- § 2o Se o pretendente à arre- da execução.
ção em prestações indicarão o matação se arrepender, o juiz
prazo, a modalidade, o inde- § 2o A carta de arrematação
impor-lhe-á multa de vinte por conterá a descrição do imóvel,
xador de correção monetária cento sobre o valor da avalia-
e as condições de pagamento com remissão à sua matrícu-
ção, em benefício do incapaz, la ou individuação e aos seus
do saldo. valendo a decisão como título registros, a cópia do auto de
§ 3o (Vetado) executivo. arrematação e a prova de pa-
§ 4o No caso de atraso no paga- § 3o Sem prejuízo do disposto gamento do imposto de trans-
mento de qualquer das presta- nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá au- missão, além da indicação da
ções, incidirá multa de dez por torizar a locação do imóvel no existência de eventual ônus real
cento sobre a soma da parcela prazo do adiamento. ou gravame.

404
Art. 902. No caso de leilão arrematação poderá ser pleitea- I – a execução for movida só a
de bem hipotecado, o executa- da por ação autônoma, em cujo benefício do exequente singular,
do poderá remi-lo até a assina- processo o arrematante figurará a quem, por força da penhora,
tura do auto de arrematação, como litisconsorte necessário. cabe o direito de preferência
oferecendo preço igual ao do § 5o O arrematante poderá de- sobre os bens penhorados e
maior lance oferecido. sistir da arrematação, sendo- alienados;
Parágrafo único. No caso de fa- -lhe imediatamente devolvido o II – não houver sobre os bens
lência ou insolvência do deve- depósito que tiver feito: alienados outros privilégios ou
dor hipotecário, o direito de preferências instituídos ante-
I – se provar, nos 10 (dez) dias riormente à penhora.
remição previsto no caput de-
seguintes, a existência de ônus
fere-se à massa ou aos credores Parágrafo único. Durante o plan-
real ou gravame não menciona-
em concurso, não podendo o tão judiciário, veda-se a conces-
do no edital;
exequente recusar o preço da são de pedidos de levantamento
avaliação do imóvel. II – se, antes de expedida a car- de importância em dinheiro ou
Art. 903. Qualquer que ta de arrematação ou a ordem valores ou de liberação de bens
seja a modalidade de leilão, de entrega, o executado alegar apreendidos.
assinado o auto pelo juiz, pelo alguma das situações previstas
Art. 906. Ao receber o man-
arrematante e pelo leiloeiro, a no § 1o;
dado de levantamento, o exe-
arrematação será considerada III – uma vez citado para res- quente dará ao executado, por
perfeita, acabada e irretratável, ponder a ação autônoma de termo nos autos, quitação da
ainda que venham a ser julga- que trata o § 4 o deste artigo, quantia paga.
dos procedentes os embargos desde que apresente a desistên-
do executado ou a ação autô- Parágrafo único. A expedição de
cia no prazo de que dispõe para mandado de levantamento po-
noma de que trata o § 4o deste responder a essa ação.
artigo, assegurada a possibili- derá ser substituída pela trans-
dade de reparação pelos preju- § 6o Considera-se ato atentató- ferência eletrônica do valor
ízos sofridos. rio à dignidade da justiça a sus- depositado em conta vincula-
citação infundada de vício com da ao juízo para outra indicada
§ 1o Ressalvadas outras situa- pelo exequente.
o objetivo de ensejar a desistên-
ções previstas neste Código, a
cia do arrematante, devendo o
arrematação poderá, no entan- Art. 907. Pago ao exequente
suscitante ser condenado, sem o principal, os juros, as custas
to, ser:
prejuízo da responsabilidade e os honorários, a importância
I – invalidada, quando realiza- por perdas e danos, ao paga- que sobrar será restituída ao
da por preço vil ou com outro mento de multa, a ser fixada executado.
vício; pelo juiz e devida ao exequen-
te, em montante não superior a Art. 908. Havendo plu-
II – considerada inef icaz, se ralidade de credores ou exe-
vinte por cento do valor atuali-
não observado o disposto no quentes, o dinheiro lhes será
art. 804; zado do bem.
distribuído e entregue conso-
III – resolvida, se não for pago ante a ordem das respectivas
o preço ou se não for prestada
Seção V – Da Satisfação do preferências.
a caução. Crédito § 1o No caso de adjudicação
§ 2o O juiz decidirá acerca das Art. 904. A satisfação do ou alienação, os créditos que
situações referidas no § 1o, se crédito exequendo far-se-á: recaem sobre o bem, inclusi-
for provocado em até 10 (dez) ve os de natureza propter rem,
I – pela entrega do dinheiro; sub-rogam-se sobre o respec-
dias após o aperfeiçoamento da
arrematação. II – pela adjudicação dos bens tivo preço, observada a ordem
penhorados. de preferência.
§ 3o Passado o prazo previsto
no § 2o sem que tenha havido Art. 905. O juiz autorizará § 2o Não havendo título legal à
alegação de qualquer das situ- que o exequente levante, até a preferência, o dinheiro será dis-
ações previstas no § 1o, será ex- satisfação integral de seu crédi- tribuído entre os concorrentes,
pedida a carta de arrematação to, o dinheiro depositado para observando-se a anterioridade
e, conforme o caso, a ordem de de cada penhora.
segurar o juízo ou o produto
entrega ou mandado de imissão dos bens alienados, bem como Art. 909. Os exequentes
na posse. do faturamento de empresa ou formularão as suas preten-
§ 4o Após a expedição da carta de outros frutos e rendimentos sões, que versarão unicamente
de arrematação ou da ordem de coisas ou empresas penho- sobre o direito de preferência e
de entrega, a invalidação da radas, quando: a anterioridade da penhora, e,

405
apresentadas as razões, o juiz de desobediência, o desconto um deles embargar conta-se a
decidirá. a partir da primeira remunera- partir da juntada do respectivo
ção posterior do executado, a comprovante da citação, salvo
Capítulo V – Da Execução contar do protocolo do ofício. no caso de cônjuges ou de com-
contra a Fazenda Pública § 2o O ofício conterá os nomes panheiros, quando será contado
e o número de inscrição no Ca- a partir da juntada do último.
Art. 910. Na execução fun-
dada em título extrajudicial, dastro de Pessoas Físicas do § 2o Nas execuções por carta,
a Fazenda Pública será citada exequente e do executado, a o prazo para embargos será
para opor embargos em 30 importância a ser descontada contado:
(trinta) dias. mensalmente, a conta na qual I – da juntada, na carta, da
deve ser feito o depósito e, se for certificação da citação, quan-
§ 1o Não opostos embargos o caso, o tempo de sua duração.
ou transitada em julgado a do versarem unicamente sobre
decisão que os rejeitar, expedir- Art. 913. Não requerida a vícios ou defeitos da penhora,
se-á precatório ou requisição execução nos termos deste Ca- da avaliação ou da alienação
de pequeno valor em favor do pítulo, observar-se-á o disposto dos bens;
exequente, observando-se o no art. 824 e seguintes, com a II – da juntada, nos autos de
disposto no art. 100 da Cons- ressalva de que, recaindo a pe- origem, do comunicado de que
tituição Federal. nhora em dinheiro, a concessão trata o § 4o deste artigo ou, não
§ 2o Nos embargos, a Fazenda de efeito suspensivo aos embar- havendo este, da juntada da
Pública poderá alegar qualquer gos à execução não obsta a que carta devidamente cumprida,
matéria que lhe seria lícito de- o exequente levante mensalmen- quando versarem sobre ques-
duzir como defesa no processo te a importância da prestação. tões diversas da prevista no
de conhecimento. inciso I deste parágrafo.
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, § 3o Em relação ao prazo para
no que couber, o disposto nos Título III – Dos oferecimento dos embargos à
artigos 534 e 535. Embargos à Execução execução, não se aplica o dis-
posto no art. 229.
Capítulo VI – Da Execução § 4o Nos atos de comunicação
Art. 914. O executado, in-
de Alimentos por carta precatória, rogató-
dependentemente de penhora,
Art. 911. Na execução fun- depósito ou caução, poderá se ria ou de ordem, a realização
dada em título executivo extra- opor à execução por meio de da citação será imediatamente
judicial que contenha obrigação embargos. informada, por meio eletrôni-
alimentar, o juiz mandará citar § 1o Os embargos à execução co, pelo juiz deprecado ao juiz
o executado para, em 3 (três) serão distribuídos por depen- deprecante.
dias, efetuar o pagamento das dência, autuados em apartado Art. 916. No prazo para em-
parcelas anteriores ao início da e instruídos com cópias das pe- bargos, reconhecendo o crédito
execução e das que se vencerem ças processuais relevantes, que do exequente e comprovando o
no seu curso, provar que o fez poderão ser declaradas autênti- depósito de trinta por cento do
ou justificar a impossibilidade cas pelo próprio advogado, sob valor em execução, acrescido
de fazê-lo. sua responsabilidade pessoal. de custas e de honorários de
Parágrafo único. Aplicam-se, no § 2o Na execução por carta, os advogado, o executado poderá
que couber, os §§ 2o a 7o do embargos serão oferecidos no requerer que lhe seja permitido
art. 528. juízo deprecante ou no juízo pagar o restante em até 6 (seis)
deprecado, mas a competência parcelas mensais, acrescidas de
Art. 912. Quando o execu- para julgá-los é do juízo depre- correção monetária e de juros
tado for funcionário público, cante, salvo se versarem unica- de um por cento ao mês.
militar, diretor ou gerente de mente sobre vícios ou defeitos
empresa, bem como empregado § 1o O exequente será intimado
da penhora, da avaliação ou da para manifestar-se sobre o pre-
sujeito à legislação do trabalho, alienação dos bens efetuadas
o exequente poderá requerer o enchimento dos pressupostos
no juízo deprecado.
desconto em folha de pagamen- do caput, e o juiz decidirá o re-
to de pessoal da importância da Art. 915. Os embargos serão querimento em 5 (cinco) dias.
prestação alimentícia. oferecidos no prazo de 15 (quin- § 2o Enquanto não apreciado o
§ 1o Ao despachar a inicial, o ze) dias, contado, conforme o requerimento, o executado terá
juiz of iciará à autoridade, à caso, na forma do art. 231. de depositar as parcelas vincen-
empresa ou ao empregador, de- § 1o Quando houver mais de um das, facultado ao exequente seu
terminando, sob pena de crime executado, o prazo para cada levantamento.

406
§ 3 o Deferida a proposta, o II – ela recai sobre coisa diversa improcedência liminar do pe-
exequente levantará a quantia daquela declarada no título; dido;
depositada, e serão suspensos III – ela se processa de modo di- III – manifestamente protela-
os atos executivos. ferente do que foi determinado tórios.
§ 4o Indeferida a proposta, se- no título;
guir-se-ão os atos executivos, Parágrafo único. Considera-se
IV – o exequente, sem cumprir a conduta atentatória à digni-
mantido o depósito, que será prestação que lhe corresponde,
convertido em penhora. dade da justiça o oferecimento
exige o adimplemento da pres- de embargos manifestamente
§ 5o O não pagamento de qual- tação do executado; protelatórios.
quer das prestações acarretará V – o exequente não prova que
cumulativamente: a condição se realizou. Art. 919. Os embargos à
I – o vencimento das prestações execução não terão efeito sus-
§ 3o Quando alegar que o exe- pensivo.
subsequentes e o prosseguimen- quente, em excesso de execução,
to do processo, com o imediato pleiteia quantia superior à do § 1o O juiz poderá, a requeri-
reinício dos atos executivos; título, o embargante declarará mento do embargante, atribuir
II – a imposição ao executado na petição inicial o valor que efeito suspensivo aos embargos
de multa de dez por cento so- entende correto, apresentando quando verificados os requisitos
bre o valor das prestações não demonstrativo discriminado e para a concessão da tutela pro-
pagas. atualizado de seu cálculo. visória e desde que a execução
já esteja garantida por penhora,
§ 6o A opção pelo parcelamento § 4 o Não apontado o valor
depósito ou caução suficientes.
de que trata este artigo impor- correto ou não apresentado o
ta renúncia ao direito de opor demonstrativo, os embargos à § 2o Cessando as circunstâncias
embargos execução: que a motivaram, a decisão re-
I – serão liminarmente rejeita- lativa aos efeitos dos embargos
§ 7o O disposto neste artigo não
dos, sem resolução de mérito, poderá, a requerimento da par-
se aplica ao cumprimento da
se o excesso de execução for o te, ser modificada ou revogada
sentença.
seu único fundamento; a qualquer tempo, em decisão
Art. 917. Nos embargos à fundamentada.
execução, o executado poderá II – serão processados, se hou-
ver outro fundamento, mas o § 3o Quando o efeito suspensivo
alegar: atribuído aos embargos disser
juiz não examinará a alegação
I – inexequibilidade do título ou de excesso de execução. respeito apenas a parte do ob-
inexigibilidade da obrigação; jeto da execução, esta prosse-
§ 5o Nos embargos de retenção guirá quanto à parte restante.
II – penhora incorreta ou ava- por benfeitorias, o exequente
liação errônea; poderá requerer a compensação § 4o A concessão de efeito sus-
III – excesso de execução ou de seu valor com o dos frutos pensivo aos embargos ofereci-
cumulação indevida de execu- ou dos danos considerados dos por um dos executados não
ções; devidos pelo executado, cum- suspenderá a execução contra
prindo ao juiz, para a apuração os que não embargaram quan-
IV – retenção por benfeitorias
dos respectivos valores, nomear do o respectivo fundamento
necessárias ou úteis, nos casos
de execução para entrega de perito, observando-se, então, o disser respeito exclusivamente
coisa certa; art. 464. ao embargante.
V – incompetência absoluta ou § 6o O exequente poderá a qual- § 5o A concessão de efeito sus-
relativa do juízo da execução; quer tempo ser imitido na posse pensivo não impedirá a efetiva-
da coisa, prestando caução ou ção dos atos de substituição, de
VI – qualquer matéria que lhe reforço ou de redução da pe-
depositando o valor devido pe-
seria lícito deduzir como defesa nhora e de avaliação dos bens.
las benfeitorias ou resultante da
em processo de conhecimento.
compensação.
§ 1o A incorreção da penhora Art. 920. Recebidos os em-
§ 7o A arguição de impedimento bargos:
ou da avaliação poderá ser im-
e suspeição observará o dispos-
pugnada por simples petição, I – o exequente será ouvido no
to nos arts. 146 e 148.
no prazo de 15 (quinze) dias, prazo de 15 (quinze) dias;
contado da ciência do ato. Art. 918. O juiz rejeitará li- II – a seguir, o juiz julgará ime-
§ 2o Há excesso de execução minarmente os embargos: diatamente o pedido ou desig-
quando: I – quando intempestivos; nará audiência;
I – o exequente pleiteia quantia II – nos casos de indeferi- III – encerrada a instrução, o
superior à do título; mento da petição inicial e de juiz proferirá sentença.

407
o executado cumpra voluntaria- § 1o Na forma estabelecida e
Título IV – Da mente a obrigação. segundo os pressupostos fixa-
Suspensão e da Extinção dos no regimento interno, os
Parágrafo único. Findo o prazo tribunais editarão enunciados
do Processo de Execução sem cumprimento da obriga- de súmula correspondentes a
ção, o processo retomará o seu sua jurisprudência dominante.
curso.
Capítulo I – Da Suspensão § 2o Ao editar enunciados de
do Processo de Execução Art. 923. Suspensa a execu- súmula, os tribunais devem
ção, não serão praticados atos ater-se às circunstâncias fáticas
Art. 921. Suspende-se a exe- processuais, podendo o juiz, dos precedentes que motivaram
cução: entretanto, salvo no caso de sua criação.
I – nas hipóteses dos arts. 313 arguição de impedimento ou de
suspeição, ordenar providências Art. 927. Os juízes e os tri-
e 315, no que couber;
urgentes. bunais observarão:
II – no todo ou em parte, quan-
I – as decisões do Supremo
do recebidos com efeito suspen- Capítulo II – Da Extinção Tribunal Federal em controle
sivo os embargos à execução;
do Processo de Execução concentrado de constituciona-
III – quando o executado não lidade;
possuir bens penhoráveis; Art. 924. Extingue-se a exe-
II – os enunciados de súmula
IV – se a alienação dos bens cução quando:
vinculante;
penhorados não se realizar por I – a petição inicial for indefe-
III – os acórdãos em incidente
falta de licitantes e o exequente, rida;
de assunção de competência
em 15 (quinze) dias, não reque- II – a obrigação for satisfeita; ou de resolução de demandas
rer a adjudicação nem indicar III – o executado obtiver, por repetitivas e em julgamento de
outros bens penhoráveis; qualquer outro meio, a extinção recursos extraordinário e espe-
V – quando concedido o parce- total da dívida; cial repetitivos;
lamento de que trata o art. 916. IV – o exequente renunciar ao IV – os enunciados das súmulas
§ 1o Na hipótese do inciso III, o crédito; do Supremo Tribunal Federal
juiz suspenderá a execução pelo V – ocorrer a prescrição inter- em matéria constitucional e do
prazo de 1 (um) ano, durante o corrente. Superior Tribunal de Justiça em
qual se suspenderá a prescrição. matéria infraconstitucional;
§ 2o Decorrido o prazo máxi- Art. 925. A extinção só pro- V – a orientação do plenário
duz efeito quando declarada ou do órgão especial aos quais
mo de 1 (um) ano sem que seja
por sentença. estiverem vinculados.
localizado o executado ou que
sejam encontrados bens penho- § 1o Os juízes e os tribunais ob-
ráveis, o juiz ordenará o arqui- servarão o disposto no art. 10
vamento dos autos. Livro III – Dos e no art. 489, § 1o, quando de-
§ 3o Os autos serão desarqui- Processos nos cidirem com fundamento neste
artigo.
vados para prosseguimento da Tribunais e dos Meios
execução se a qualquer tempo de Impugnação das § 2o A alteração de tese jurí-
forem encontrados bens penho- Decisões Judiciais dica adotada em enunciado
ráveis. de súmula ou em julgamento
§ 4o Decorrido o prazo de que de casos repetitivos poderá
trata o § 1o sem manifestação ser precedida de audiências
do exequente, começa a correr públicas e da participação de
Título I – Da Ordem pessoas, órgãos ou entidades
o prazo de prescrição intercor- dos Processos e dos
rente. que possam contribuir para a
Processos de Competência rediscussão da tese.
§ 5o O juiz, depois de ouvidas as Originária dos Tribunais § 3o Na hipótese de alteração
partes, no prazo de 15 (quinze)
dias, poderá, de ofício, reconhe- de jurisprudência dominante do
cer a prescrição de que trata o Capítulo I – Disposições Supremo Tribunal Federal e dos
§ 4o e extinguir o processo. Gerais tribunais superiores ou daquela
oriunda de julgamento de casos
Art. 922. Convindo as par- Art. 926. Os tribunais de- repetitivos, pode haver modula-
tes, o juiz declarará suspensa a vem uniformizar sua jurispru- ção dos efeitos da alteração no
execução durante o prazo con- dência e mantê-la estável, ínte- interesse social e no da seguran-
cedido pelo exequente para que gra e coerente. ça jurídica.

408
§ 4o A modificação de enuncia- conclusos ao relator, que, em 30 ou de assunção de com-
do de súmula, de jurisprudência (trinta) dias, depois de elaborar petência;
pacificada ou de tese adotada o voto, restituí-los-á, com rela- VI – decidir o incidente de des-
em julgamento de casos repe- tório, à secretaria. consideração da personalidade
titivos observará a necessidade jurídica, quando este for instau-
de fundamentação adequada Art. 932. Incumbe ao rela-
tor: rado originariamente perante o
e específica, considerando os tribunal;
princípios da segurança jurídi- I – dirigir e ordenar o processo
ca, da proteção da confiança e no tribunal, inclusive em rela- VII – determinar a intimação do
da isonomia. ção à produção de prova, bem Ministério Público, quando for
o caso;
§ 5o Os tribunais darão publici- como, quando for o caso, ho-
dade a seus precedentes, orga- mologar autocomposição das VIII – exercer outras atribuições
nizando-os por questão jurídica partes; estabelecidas no regimento in-
decidida e divulgando-os, prefe- terno do tribunal.
II – apreciar o pedido de tutela
rencialmente, na rede mundial provisória nos recursos e nos Parágrafo único. Antes de consi-
de computadores. processos de competência ori- derar inadmissível o recurso, o
Art. 928. Para os fins deste ginária do tribunal; relator concederá o prazo de 5
Código, considera-se julgamen- III – não conhecer de recurso (cinco) dias ao recorrente para
to de casos repetitivos a decisão inadmissível, prejudicado ou que seja sanado vício ou com-
proferida em: que não tenha impugnado es- plementada a documentação
pecificamente os fundamentos exigível.
I – incidente de resolução de
demandas repetitivas; da decisão recorrida; Art. 933. Se o relator cons-
II – recursos especial e extraor- IV – negar provimento a recurso tatar a ocorrência de fato
dinário repetitivos. que for contrário a: superveniente à decisão recor-
a) súmula do Supremo Tri- rida ou a existência de questão
Parágrafo único. O julgamento de apreciável de ofício ainda não
casos repetitivos tem por objeto bunal Federal, do Supe-
examinada que devam ser con-
questão de direito material ou rior Tribunal de Justiça
siderados no julgamento do re-
processual. ou do próprio tribunal;
curso, intimará as partes para
b) acórdão proferido pelo que se manifestem no prazo de
Capítulo II – Da Ordem Supremo Tribunal Fe- 5 (cinco) dias.
dos Processos no Tribunal deral ou pelo Superior
§ 1o Se a constatação ocorrer
Tribunal de Justiça em
Art. 929. Os autos serão durante a sessão de julgamen-
julgamento de recursos to, esse será imediatamente sus-
registrados no protocolo do repetitivos;
tribunal no dia de sua entrada, penso a fim de que as partes se
cabendo à secretaria ordená-los, c) entendimento firmado em manifestem especificamente.
com imediata distribuição. incidente de resolução § 2o Se a constatação se der
de demandas repetitivas em vista dos autos, deverá o
Parágrafo único. A critério do tri- ou de assunção de com- juiz que a solicitou encaminhá-
bunal, os serviços de protocolo petência; -los ao relator, que tomará as
poderão ser descentralizados,
V – depois de facultada a apre- providências previstas no caput
mediante delegação a ofícios de
sentação de contrarrazões, dar e, em seguida, solicitará a in-
justiça de primeiro grau.
provimento ao recurso se a de- clusão do feito em pauta para
Art. 930. Far-se-á a distri- cisão recorrida for contrária a: prosseguimento do julgamento,
buição de acordo com o re- a) súmula do Supremo Tri- com submissão integral da nova
gimento interno do tribunal, bunal Federal, do Supe- questão aos julgadores.
observando-se a alternativi- rior Tribunal de Justiça Art. 934. Em seguida, os
dade, o sorteio eletrônico e a ou do próprio tribunal; autos serão apresentados ao
publicidade.
b) acórdão proferido pelo presidente, que designará dia
Parágrafo único. O primeiro re- Supremo Tribunal Fe- para julgamento, ordenando,
curso protocolado no tribunal deral ou pelo Superior em todas as hipóteses previs-
tornará prevento o relator para Tribunal de Justiça em tas neste Livro, a publicação da
eventual recurso subsequente julgamento de recursos pauta no órgão oficial.
interposto no mesmo processo repetitivos;
ou em processo conexo. Art. 935. Entre a data de
c) entendimento firmado em publicação da pauta e a da
Art. 931. Distribuídos, os incidente de resolução sessão de julgamento decorre-
autos serão imediatamente de demandas repetitivas rá, pelo menos, o prazo de 5

409
(cinco) dias, incluindo-se em tutelas provisórias de urgência recurso após a conclusão da
nova pauta os processos que ou da evidência; instrução.
não tenham sido julgados, salvo IX – em outras hipóteses pre- § 4o Quando não determinadas
aqueles cujo julgamento tiver vistas em lei ou no regimento pelo relator, as providências in-
sido expressamente adiado para interno do tribunal. dicadas nos §§ 1o e 3o poderão
a primeira sessão seguinte. ser determinadas pelo órgão
§ 1o A sustentação oral no
§ 1o Às partes será permitida incidente de resolução de de- competente para julgamento
vista dos autos em cartório do recurso.
mandas repetitivas observará
após a publicação da pauta de
o disposto no art. 984, no que Art. 939. Se a preliminar for
julgamento.
couber. rejeitada ou se a apreciação do
§ 2o Afixar-se-á a pauta na en- mérito for com ela compatível,
§ 2o O procurador que desejar
trada da sala em que se realizar seguir-se-ão a discussão e o
proferir sustentação oral pode-
a sessão de julgamento. julgamento da matéria prin-
rá requerer, até o início da ses-
Art. 936. Ressalvadas as pre- são, que o processo seja julgado cipal, sobre a qual deverão se
ferências legais e regimentais, os em primeiro lugar, sem prejuízo pronunciar os juízes vencidos
recursos, a remessa necessária das preferências legais. na preliminar.
e os processos de competência § 3o Nos processos de compe- Art. 940. O relator ou outro
originária serão julgados na se- tência originária previstos no juiz que não se considerar habi-
guinte ordem: inciso VI, caberá sustentação litado a proferir imediatamente
I – aqueles nos quais houver oral no agravo interno interpos- seu voto poderá solicitar vista
sustentação oral, observada a to contra decisão de relator que pelo prazo máximo de 10 (dez)
ordem dos requerimentos; o extinga. dias, após o qual o recurso será
II – os requerimentos de prefe- reincluído em pauta para jul-
§ 4o É permitido ao advogado
rência apresentados até o início gamento na sessão seguinte à
com domicílio profissional em data da devolução.
da sessão de julgamento; cidade diversa daquela onde
III – aqueles cujo julgamento está sediado o tribunal realizar § 1o Se os autos não forem de-
tenha iniciado em sessão an- sustentação oral por meio de vi- volvidos tempestivamente ou
terior; e deoconferência ou outro recur- se não for solicitada pelo juiz
so tecnológico de transmissão prorrogação de prazo de no
IV – os demais casos. máximo mais 10 (dez) dias, o
de sons e imagens em tempo
Art. 937. Na sessão de julga- real, desde que o requeira até presidente do órgão fracionário
mento, depois da exposição da os requisitará para julgamento
o dia anterior ao da sessão.
causa pelo relator, o presidente do recurso na sessão ordinária
dará a palavra, sucessivamente, Art. 938. A questão preli- subsequente, com publicação
ao recorrente, ao recorrido e, minar suscitada no julgamento da pauta em que for incluído.
nos casos de sua intervenção, será decidida antes do mérito, § 2o Quando requisitar os autos
ao membro do Ministério Públi- deste não se conhecendo caso na forma do § 1o, se aquele que
co, pelo prazo improrrogável de seja incompatível com a deci- fez o pedido de vista ainda não
15 (quinze) minutos para cada são. se sentir habilitado a votar, o
um, a fim de sustentarem suas § 1o Constatada a ocorrência presidente convocará substituto
razões, nas seguintes hipóte- de vício sanável, inclusive aque- para proferir voto, na forma es-
ses, nos termos da parte final le que possa ser conhecido de tabelecida no regimento interno
do caput do art. 1.021: ofício, o relator determinará a do tribunal.
I – no recurso de apelação; realização ou a renovação do Art. 941. Proferidos os vo-
II – no recurso ordinário; ato processual, no próprio tri- tos, o presidente anunciará o
III – no recurso especial; bunal ou em primeiro grau de resultado do julgamento, desig-
jurisdição, intimadas as partes. nando para redigir o acórdão o
IV – no recurso extraordinário;
§ 2o Cumprida a diligência de relator ou, se vencido este, o au-
V – nos embargos de divergên- que trata o § 1o, o relator, sem- tor do primeiro voto vencedor.
cia; pre que possível, prosseguirá no § 1o O voto poderá ser alterado
VI – na ação rescisória, no man- julgamento do recurso. até o momento da proclamação
dado de segurança e na recla- do resultado pelo presidente,
§ 3o Reconhecida a necessidade
mação; salvo aquele já proferido por
de produção de prova, o rela-
VII – (Vetado); tor converterá o julgamento em juiz afastado ou substituído.
VIII – no agravo de instrumento diligência, que se realizará no § 2o No julgamento de apelação
interposto contra decisões in- tribunal ou em primeiro grau ou de agravo de instrumento, a
terlocutórias que versem sobre de jurisdição, decidindo-se o decisão será tomada, no órgão

410
colegiado, pelo voto de 3 (três) Art. 943. Os votos, os acór- a remessa necessária ou o pro-
juízes. dãos e os demais atos proces- cesso de competência originária
§ 3o O voto vencido será neces- suais podem ser registrados em julgado pelo órgão colegiado
sariamente declarado e conside- documento eletrônico inviolável que o regimento indicar.
rado parte integrante do acór- e assinados eletronicamente, na § 2o O órgão colegiado julgará
dão para todos os fins legais, forma da lei, devendo ser im- o recurso, a remessa necessária
inclusive de prequestionamento. pressos para juntada aos autos ou o processo de competência
do processo quando este não originária se reconhecer inte-
Art. 942. Quando o re- for eletrônico. resse público na assunção de
sultado da apelação for não § 1o Todo acórdão conterá competência.
unânime, o julgamento terá ementa. § 3o O acórdão proferido em
prosseguimento em sessão a assunção de competência vin-
§ 2o Lavrado o acórdão, sua
ser designada com a presença culará todos os juízes e órgãos
ementa será publicada no ór-
de outros julgadores, que serão fracionários, exceto se houver
gão oficial no prazo de 10 (dez)
convocados nos termos previa- revisão de tese.
dias.
mente definidos no regimento
§ 4o Aplica-se o disposto neste
interno, em número suficiente Art. 944. Não publicado o
artigo quando ocorrer relevante
para garantir a possibilidade de acórdão no prazo de 30 (trinta)
questão de direito a respeito da
inversão do resultado inicial, as- dias, contado da data da sessão qual seja conveniente a preven-
segurado às partes e a eventuais de julgamento, as notas taqui- ção ou a composição de diver-
terceiros o direito de sustentar gráf icas o substituirão, para gência entre câmaras ou turmas
oralmente suas razões perante todos os fins legais, indepen- do tribunal.
os novos julgadores. dentemente de revisão.
§ 1o Sendo possível, o prosse- Parágrafo único. No caso do Capítulo IV – Do
guimento do julgamento dar-se- caput, o presidente do tribu- Incidente de Arguição de
-á na mesma sessão, colhendo- nal lavrará, de imediato, as con- Inconstitucionalidade
-se os votos de outros julgado- clusões e a ementa e mandará
res que porventura componham publicar o acórdão. Ar t . 948. A r guida, em
o órgão colegiado. controle difuso, a inconstitu-
Art. 945. (Revogado) cionalidade de lei ou de ato
§ 2o Os julgadores que já tive- normativo do poder público, o
rem votado poderão rever seus Art. 946. O agravo de ins- relator, após ouvir o Ministério
votos por ocasião do prossegui- trumento será julgado antes da Público e as partes, submeterá a
mento do julgamento. apelação interposta no mesmo questão à turma ou à câmara à
processo. qual competir o conhecimento
§ 3o A técnica de julgamento
prevista neste artigo aplica-se, Parágrafo único. Se ambos os do processo.
igualmente, ao julgamento não recursos de que trata o caput Art. 949. Se a arguição for:
unânime proferido em: houverem de ser julgados na
mesma sessão, terá precedência I – rejeitada, prosseguirá o jul-
I – ação rescisória, quando o gamento;
resultado for a rescisão da sen- o agravo de instrumento.
II – acolhida, a questão será
tença, devendo, nesse caso, seu
prosseguimento ocorrer em ór- Capítulo III – Do Incidente submetida ao plenário do tri-
de Assunção de Competência bunal ou ao seu órgão especial,
gão de maior composição pre-
onde houver.
visto no regimento interno; Art. 947. É admissível a as-
II – agravo de instrumento, sunção de competência quan- Parágrafo único. Os órgãos fracio-
quando houver reforma da de- do o julgamento de recurso, de nários dos tribunais não subme-
cisão que julgar parcialmente remessa necessária ou de pro- terão ao plenário ou ao órgão
o mérito. cesso de competência originária especial a arguição de inconsti-
tucionalidade quando já houver
§ 4 o Não se aplica o disposto envolver relevante questão de
pronunciamento destes ou do
neste artigo ao julgamento: direito, com grande repercussão
plenário do Supremo Tribunal
social, sem repetição em múlti-
I – do incidente de assunção de Federal sobre a questão.
plos processos.
competência e ao de resolução Art. 950. Remetida cópia
de demandas repetitivas; § 1o Ocorrendo a hipótese de
assunção de competência, o do acórdão a todos os juízes,
II – da remessa necessária; relator proporá, de ofício ou a o presidente do tribunal desig-
III – não unânime proferido, nos requerimento da parte, do Mi- nará a sessão de julgamento.
tribunais, pelo plenário ou pela nistério Público ou da Defenso- § 1o As pessoas jurídicas de
corte especial. ria Pública, que seja o recurso, direito público responsáveis

411
pela edição do ato questionado os documentos necessários à juízes em exercício no tribunal,
poderão manifestar-se no inci- prova do conflito. observar-se-á o que dispuser o
dente de inconstitucionalidade regimento interno do tribunal.
Art. 954. Após a distribui-
se assim o requererem, obser-
ção, o relator determinará a Art. 959. O regimento in-
vados os prazos e as condições
oitiva dos juízes em conflito terno do tribunal regulará o
previstos no regimento interno
ou, se um deles for suscitante, processo e o julgamento do
do tribunal.
apenas do suscitado. conflito de atribuições entre
§ 2o A parte legitimada à pro- autoridade judiciária e auto-
positura das ações previstas Parágrafo único. No prazo desig-
ridade administrativa.
no art. 103 da Constituição nado pelo relator, incumbirá
Federal poderá manifestar-se, ao juiz ou aos juízes prestar as Capítulo VI – Da
por escrito, sobre a questão informações.
Homologação de Decisão
constitucional objeto de apre- Art. 955. O relator pode- Estrangeira e da Concessão
ciação, no prazo previsto pelo rá, de ofício ou a requerimento do Exequatur à Carta
regimento interno, sendo-lhe de qualquer das partes, deter-
assegurado o direito de apre-
Rogatória
minar, quando o conflito for
sentar memoriais ou de reque- positivo, o sobrestamento do Art. 960. A homologação de
rer a juntada de documentos. processo e, nesse caso, bem decisão estrangeira será reque-
§ 3o Considerando a relevância como no de conflito negativo, rida por ação de homologação
da matéria e a representativi- designará um dos juízes para de decisão estrangeira, salvo
dade dos postulantes, o relator resolver, em caráter provisório, disposição especial em sentido
poderá admitir, por despacho as medidas urgentes. contrário prevista em tratado.
irrecorrível, a manifestação de § 1o A decisão interlocutória es-
Parágrafo único. O relator poderá
outros órgãos ou entidades. trangeira poderá ser executada
julgar de plano o conflito de
competência quando sua de- no Brasil por meio de carta ro-
Capítulo V – Do Conflito gatória.
cisão se fundar em:
de Competência § 2o A homologação obedecerá
I – súmula do Supremo Tribu-
Ar t. 951. O conf lito de nal Federal, do Superior Tribu- ao que dispuserem os tratados
competência pode ser susci- nal de Justiça ou do próprio em vigor no Brasil e o Regimen-
tado por qualquer das partes, tribunal; to Interno do Superior Tribunal
pelo Ministério Público ou pelo de Justiça.
II – tese firmada em julgamen-
juiz. to de casos repetitivos ou em § 3o A homologação de decisão
incidente de assunção de com- arbitral estrangeira obedecerá
Parágrafo único. O Ministério
petência. ao disposto em tratado e em lei,
Público somente será ouvido
aplicando-se, subsidiariamente,
nos conflitos de competência Art. 956. Decorrido o pra- as disposições deste Capítulo.
relativos aos processos previs- zo designado pelo relator, será
tos no art. 178, mas terá qua- ouvido o Ministério Público, Art. 961. A decisão estran-
lidade de parte nos conflitos no prazo de 5 (cinco) dias, geira somente terá eficácia no
que suscitar. ainda que as informações não Brasil após a homologação de
tenham sido prestadas, e, em sentença estrangeira ou a con-
Art. 952. Não pode suscitar cessão do exequatur às cartas
conflito a parte que, no pro- seguida, o conflito irá a julga-
mento. rogatórias, salvo disposição
cesso, arguiu incompetência em sentido contrário de lei ou
relativa. Art. 957. Ao decidir o con- tratado.
Parágrafo único. O conflito de flito, o tribunal declarará qual
§ 1o É passível de homologação
competência não obsta, po- o juízo competente, pronun-
a decisão judicial def initiva,
rém, a que a parte que não o ciando-se também sobre a
bem como a decisão não judi-
arguiu suscite a incompetência. validade dos atos do juízo in-
cial que, pela lei brasileira, teria
competente.
Art. 953. O conf lito será natureza jurisdicional.
suscitado ao tribunal: Parágrafo único. Os autos do § 2o A decisão estrangeira po-
processo em que se manifes- derá ser homologada parcial-
I – pelo juiz, por ofício; tou o conflito serão remetidos mente.
II – pela parte e pelo Ministério ao juiz declarado competente.
§ 3o A autoridade judiciária bra-
Público, por petição.
Art. 958. No conflito que sileira poderá deferir pedidos de
Parágrafo único. O ofício e a envolva órgãos fracionários dos urgência e realizar atos de exe-
petição serão instruídos com tribunais, desembargadores e cução provisória no processo

412
de homologação de decisão II – ser precedida de citação entre as partes, a fim de fraudar
estrangeira. regular, ainda que verificada a a lei;
§ 4 o Haverá homologação de revelia; IV – ofender a coisa julgada;
decisão estrangeira para fins de III – ser eficaz no país em que V – violar manifestamente nor-
execução fiscal quando previs- foi proferida; ma jurídica;
ta em tratado ou em promessa IV – não ofender a coisa julgada
de reciprocidade apresentada à VI – for fundada em prova cuja
brasileira; falsidade tenha sido apurada
autoridade brasileira.
V – estar acompanhada de tra- em processo criminal ou venha
§ 5o A sentença estrangeira de dução oficial, salvo disposição a ser demonstrada na própria
divórcio consensual produz que a dispense prevista em tra- ação rescisória;
efeitos no Brasil, independen- tado;
temente de homologação pelo VII – obtiver o autor, posterior-
Superior Tribunal de Justiça. VI – não conter manifesta ofen- mente ao trânsito em julgado,
sa à ordem pública. prova nova cuja existência ig-
§ 6o Na hipótese do § 5o, com- norava ou de que não pôde
petirá a qualquer juiz examinar Parágrafo único. Para a concessão fazer uso, capaz, por si só, de
a validade da decisão, em ca- do exequatur às cartas rogató- lhe assegurar pronunciamento
ráter principal ou incidental, rias, observar-se-ão os pressu- favorável;
quando essa questão for susci- postos previstos no caput deste
tada em processo de sua com- artigo e no art. 962, § 2o. VIII – for fundada em erro de
petência. fato verificável do exame dos
Art. 964. Não será homo- autos.
Art. 962. É passível de exe- logada a decisão estrangeira § 1o Há erro de fato quando
cução a decisão estrangeira na hipótese de competência a decisão rescindenda admi-
concessiva de medida de ur- exclusiva da autoridade judici- tir fato inexistente ou quando
gência. ária brasileira. considerar inexistente fato efeti-
§ 1o A execução no Brasil de de- Parágrafo único. O dispositivo vamente ocorrido, sendo indis-
cisão interlocutória estrangeira também se aplica à concessão pensável, em ambos os casos,
concessiva de medida de urgên- do exequatur à carta rogatória. que o fato não represente pon-
cia dar-se-á por carta rogatória. to controvertido sobre o qual o
Art. 965. O cumprimento juiz deveria ter se pronunciado.
§ 2o A medida de urgência con- de decisão estrangeira far-se-á
cedida sem audiência do réu perante o juízo federal compe- § 2o Nas hipóteses previstas nos
poderá ser executada, desde tente, a requerimento da parte, incisos do caput, será rescindí-
que garantido o contraditório conforme as normas estabele- vel a decisão transitada em jul-
em momento posterior. cidas para o cumprimento de gado que, embora não seja de
§ 3o O juízo sobre a urgência decisão nacional. mérito, impeça:
da medida compete exclusi- I – nova propositura da deman-
vamente à autoridade juris- Parágrafo único. O pedido de exe- da; ou
dicional prolatora da decisão cução deverá ser instruído com
cópia autenticada da decisão II – admissibilidade do recurso
estrangeira. correspondente.
homologatória ou do exequatur,
§ 4o Quando dispensada a ho- conforme o caso. § 3o A ação rescisória pode ter
mologação para que a sentença por objeto apenas 1 (um) capí-
estrangeira produza efeitos no Capítulo VII – Da Ação tulo da decisão.
Brasil, a decisão concessiva de
medida de urgência dependerá,
Rescisória § 4 o Os atos de disposição de
para produzir efeitos, de ter sua direitos, praticados pelas partes
Art. 966. A decisão de méri- ou por outros participantes do
validade expressamente reco- to, transitada em julgado, pode
nhecida pelo juiz competente processo e homologados pelo
ser rescindida quando: juízo, bem como os atos homo-
para dar-lhe cumprimento, dis-
I – se verificar que foi proferida logatórios praticados no curso
pensada a homologação pelo
por força de prevaricação, con- da execução, estão sujeitos à
Superior Tribunal de Justiça.
cussão ou corrupção do juiz; anulação, nos termos da lei.
Art. 963. Constituem requi- II – for proferida por juiz impe- § 5o Cabe ação rescisória, com
sitos indispensáveis à homolo- dido ou por juízo absolutamen- fundamento no inciso V do
gação da decisão: te incompetente; caput deste artigo, contra de-
I – ser proferida por autoridade III – resultar de dolo ou coação cisão baseada em enunciado de
competente; da parte vencedora em detri- súmula ou acórdão proferido
mento da parte vencida ou, em julgamento de casos repe-
ainda, de simulação ou colusão titivos que não tenha conside-
rado a existência de distinção

413
entre a questão discutida no § 1o Não se aplica o disposto no a secretaria do tribunal expe-
processo e o padrão decisório inciso II à União, aos Estados, dirá cópias do relatório e as
que lhe deu fundamento. ao Distrito Federal, aos Muni- distribuirá entre os juízes que
§ 6o Quando a ação rescisória cípios, às suas respectivas au- compuserem o órgão compe-
fundar-se na hipótese do § 5o tarquias e fundações de direito tente para o julgamento.
deste artigo, caberá ao autor, público, ao Ministério Público,
à Defensoria Pública e aos que Parágrafo único. A escolha de rela-
sob pena de inépcia, demons- tor recairá, sempre que possível,
trar, fundamentadamente, tenham obtido o benefício de
gratuidade da justiça. em juiz que não haja participa-
tratar-se de situação particu- do do julgamento rescindendo.
larizada por hipótese fática § 2o O depósito previsto no
distinta ou de questão jurídica inciso II do caput deste artigo Art. 972. Se os fatos alega-
não examinada, a impor outra não será superior a 1.000 (mil) dos pelas partes dependerem
solução jurídica. salários mínimos. de prova, o relator poderá dele-
§ 3o Além dos casos previstos gar a competência ao órgão que
Art. 967. Têm legitimidade proferiu a decisão rescindenda,
para propor a ação rescisória: no art. 330, a petição inicial
será indeferida quando não efe- f ixando prazo de 1 (um) a 3
I – quem foi parte no processo tuado o depósito exigido pelo (três) meses para a devolução
ou o seu sucessor a título uni- inciso II do caput deste artigo. dos autos.
versal ou singular;
§ 4o Aplica-se à ação rescisória Art. 973. Concluída a instru-
II – o terceiro juridicamente in- o disposto no art. 332. ção, será aberta vista ao autor
teressado; e ao réu para razões finais, su-
§ 5o Reconhecida a incompe-
III – o Ministério Público: tência do tribunal para julgar cessivamente, pelo prazo de 10
a) se não foi ouvido no a ação rescisória, o autor será (dez) dias.
processo em que lhe intimado para emendar a peti- Parágrafo único. Em seguida, os
era obrigatória a inter- ção inicial, a fim de adequar o autos serão conclusos ao re-
venção; objeto da ação rescisória, quan- lator, procedendo-se ao julga-
b) quando a decisão res- do a decisão apontada como mento pelo órgão competente.
cindenda é o efeito de rescindenda:
simulação ou de colu- Art. 974. Julgando proce-
I – não tiver apreciado o mérito
são das partes, a fim de dente o pedido, o tribunal res-
e não se enquadrar na situação
fraudar a lei; cindirá a decisão, proferirá, se
prevista no § 2o do art. 966;
for o caso, novo julgamento e
c) em outros casos em que II – tiver sido substituída por determinará a restituição do de-
se imponha sua atua- decisão posterior. pósito a que se refere o inciso II
ção; § 6o Na hipótese do § 5o, após a do art. 968.
IV – aquele que não foi ouvido emenda da petição inicial, será
no processo em que lhe era Parágrafo único. Considerando,
permitido ao réu complemen-
obrigatória a intervenção. por unanimidade, inadmissível
tar os fundamentos de defesa,
ou improcedente o pedido, o
e, em seguida, os autos serão
Parágrafo único. Nas hipóteses tribunal determinará a reversão,
remetidos ao tribunal compe-
do art. 178, o Ministério Públi- em favor do réu, da importância
tente.
co será intimado para intervir do depósito, sem prejuízo do
como fiscal da ordem jurídica Art. 969. A propositura da disposto no § 2o do art. 82.
quando não for parte. ação rescisória não impede o
Art. 975. O direito à resci-
cumprimento da decisão rescin-
Art. 968. A petição inicial são se extingue em 2 (dois) anos
denda, ressalvada a concessão
será elaborada com observân- contados do trânsito em julga-
de tutela provisória.
cia dos requisitos essenciais do do da última decisão proferida
art. 319, devendo o autor: Art. 970. O relator ordena- no processo.
I – cumular ao pedido de res- rá a citação do réu, designan- § 1o Prorroga-se até o primeiro
cisão, se for o caso, o de novo do-lhe prazo nunca inferior a dia útil imediatamente subse-
julgamento do processo; 15 (quinze) dias nem superior quente o prazo a que se refere o
a 30 (trinta) dias para, queren- caput, quando expirar durante
II – depositar a importância de do, apresentar resposta, ao fim
cinco por cento sobre o valor férias forenses, recesso, feriados
do qual, com ou sem contesta- ou em dia em que não houver
da causa, que se converterá ção, observar-se-á, no que cou-
em multa caso a ação seja, por expediente forense.
ber, o procedimento comum.
unanimidade de votos, decla- § 2o Se fundada a ação no in-
rada inadmissível ou improce- Art. 971. Na ação rescisória, ciso VII do art. 966, o termo
dente. devolvidos os autos pelo relator, inicial do prazo será a data de

414
descoberta da prova nova, ob- Art. 977. O pedido de ins- Art. 980. O incidente será
servado o prazo máximo de 5 tauração do incidente será diri- julgado no prazo de 1 (um) ano
(cinco) anos, contado do trânsi- gido ao presidente de tribunal: e terá preferência sobre os de-
to em julgado da última decisão I – pelo juiz ou relator, por ofí- mais feitos, ressalvados os que
proferida no processo. cio; envolvam réu preso e os pedidos
§ 3o Nas hipóteses de simula- de habeas corpus.
II – pelas partes, por petição;
ção ou de colusão das partes, Parágrafo único. Superado o pra-
III – pelo Ministério Público ou
o prazo começa a contar, para zo previsto no caput, cessa a
pela Defensoria Pública, por
o terceiro prejudicado e para petição. suspensão dos processos pre-
o Ministério Público, que não vista no art. 982, salvo decisão
interveio no processo, a partir Parágrafo único. O ofício ou a fundamentada do relator em
do momento em que têm ciên- petição será instruído com os sentido contrário.
cia da simulação ou da colusão. documentos necessários à de-
monstração do preenchimento Art. 981. Após a distribui-
Capítulo VIII – Do dos pressupostos para a instau- ção, o órgão colegiado com-
Incidente de Resolução de ração do incidente. petente para julgar o incidente
procederá ao seu juízo de ad-
Demandas Repetitivas Art. 978. O julgamento do missibilidade, considerando a
Art. 976. É cabível a instau- incidente caberá ao órgão in- presença dos pressupostos do
ração do incidente de resolução dicado pelo regimento interno art. 976.
dentre aqueles responsáveis
de demandas repetitivas quan- Art. 982. Admitido o inci-
pela uniformização de jurispru-
do houver, simultaneamente: dente, o relator:
dência do tribunal.
I – efetiva repetição de proces- I – suspenderá os processos
sos que contenham controvérsia Parágrafo único. O órgão colegia-
do incumbido de julgar o inci- pendentes, individuais ou cole-
sobre a mesma questão unica- tivos, que tramitam no Estado
mente de direito; dente e de fixar a tese jurídica
julgará igualmente o recurso, a ou na região, conforme o caso;
II – risco de ofensa à isonomia II – poderá requisitar informa-
remessa necessária ou o proces-
e à segurança jurídica. so de competência originária de ções a órgãos em cujo juízo
§ 1o A desistência ou o abando- onde se originou o incidente. tramita processo no qual se
no do processo não impede o discute o objeto do incidente,
exame de mérito do incidente. Art. 979. A instauração e que as prestarão no prazo de
o julgamento do incidente se- 15 (quinze) dias;
§ 2o Se não for o requerente, rão sucedidos da mais ampla e
o Ministério Público intervirá específica divulgação e publici- III – intimará o Ministério Públi-
obrigatoriamente no incidente e dade, por meio de registro ele- co para, querendo, manifestar-se
deverá assumir sua titularidade trônico no Conselho Nacional no prazo de 15 (quinze) dias.
em caso de desistência ou de de Justiça. § 1o A suspensão será comuni-
abandono. cada aos órgãos jurisdicionais
§ 1o Os tribunais manterão
§ 3o A inadmissão do incidente banco eletrônico de dados competentes.
de resolução de demandas repe- atualizados com informações § 2o Durante a suspensão, o pe-
titivas por ausência de qualquer específicas sobre questões de dido de tutela de urgência de-
de seus pressupostos de admis- direito submetidas ao incidente, verá ser dirigido ao juízo onde
sibilidade não impede que, uma comunicando-o imediatamente tramita o processo suspenso.
vez satisfeito o requisito, seja o ao Conselho Nacional de Justiça § 3o Visando à garantia da segu-
incidente novamente suscitado. para inclusão no cadastro. rança jurídica, qualquer legiti-
§ 4o É incabível o incidente de § 2o Para possibilitar a identifi- mado mencionado no art. 977,
resolução de demandas repeti- cação dos processos abrangi- incisos II e III, poderá requerer,
tivas quando um dos tribunais dos pela decisão do incidente, o ao tribunal competente para
superiores, no âmbito de sua registro eletrônico das teses ju- conhecer do recurso extraordi-
respectiva competência, já ti- rídicas constantes do cadastro nário ou especial, a suspensão
ver afetado recurso para defi- conterá, no mínimo, os funda- de todos os processos indivi-
nição de tese sobre questão de mentos determinantes da deci- duais ou coletivos em curso no
direito material ou processual são e os dispositivos normativos território nacional que versem
repetitiva. a ela relacionados. sobre a questão objeto do inci-
§ 5o Não serão exigidas custas § 3o Aplica-se o disposto neste dente já instaurado.
processuais no incidente de artigo ao julgamento de recur- § 4 o Independentemente dos
resolução de demandas repe- sos repetitivos e da repercussão limites da competência terri-
titivas. geral em recurso extraordinário. torial, a parte no processo em

415
curso no qual se discuta a mes- os fundamentos suscitados versem sobre idêntica questão
ma questão objeto do inciden- concernentes à tese jurídica de direito.
te é legitimada para requerer discutida, sejam favoráveis ou
a providência prevista no § 3o contrários. Capítulo IX – Da
deste artigo. Reclamação
Art. 985. Julgado o inciden-
§ 5o Cessa a suspensão a que se te, a tese jurídica será aplicada: Art. 988. Caberá reclama-
refere o inciso I do caput des- ção da parte interessada ou do
te artigo se não for interposto I – a todos os processos indivi-
duais ou coletivos que versem Ministério Público para:
recurso especial ou recurso ex-
traordinário contra a decisão sobre idêntica questão de direi- I – preservar a competência do
proferida no incidente. to e que tramitem na área de ju- tribunal;
risdição do respectivo tribunal, II – garantir a autoridade das
Art. 983. O relator ouvirá inclusive àqueles que tramitem decisões do tribunal;
as partes e os demais interessa- nos juizados especiais do res-
dos, inclusive pessoas, órgãos e pectivo Estado ou região; III – garantir a observância de
entidades com interesse na con- enunciado de súmula vinculante
II – aos casos futuros que ver- e de decisão do Supremo Tribu-
trovérsia, que, no prazo comum sem idêntica questão de direito
de 15 (quinze) dias, poderão re- nal Federal em controle concen-
e que venham a tramitar no ter- trado de constitucionalidade;
querer a juntada de documen- ritório de competência do tri-
tos, bem como as diligências bunal, salvo revisão na forma IV – garantir a observância de
necessárias para a elucidação do art. 986. acórdão proferido em julga-
da questão de direito contro- mento de incidente de resolu-
vertida, e, em seguida, manifes- § 1o Não observada a tese ado- ção de demandas repetitivas
tar-se-á o Ministério Público, no tada no incidente, caberá recla- ou de incidente de assunção
mesmo prazo. mação. de competência.
§ 1o Para instruir o incidente, § 2o Se o incidente tiver por § 1o A reclamação pode ser
o relator poderá designar data objeto questão relativa a pres- proposta perante qualquer tri-
para, em audiência pública, tação de serviço concedido, bunal, e seu julgamento com-
ouvir depoimentos de pessoas permitido ou autorizado, o pete ao órgão jurisdicional cuja
com experiência e conhecimen- resultado do julgamento será competência se busca preservar
to na matéria. comunicado ao órgão, ao ente ou cuja autoridade se pretenda
ou à agência reguladora com- garantir.
§ 2o Concluídas as diligências, petente para f iscalização da
o relator solicitará dia para o § 2o A reclamação deverá ser
efetiva aplicação, por parte dos
julgamento do incidente. instruída com prova documen-
entes sujeitos a regulação, da
tal e dirigida ao presidente do
Art. 984. No julgamento tese adotada. tribunal.
do incidente, observar-se-á a
Art. 986. A revisão da tese § 3o Assim que recebida, a re-
seguinte ordem:
jurídica firmada no incidente clamação será autuada e dis-
I – o relator fará a exposição do far-se-á pelo mesmo tribunal, tribuída ao relator do processo
objeto do incidente; de ofício ou mediante reque- principal, sempre que possível.
II – poderão sustentar suas ra- rimento dos legitimados men- § 4o As hipóteses dos incisos III
zões, sucessivamente: cionados no art. 977, inciso III. e IV compreendem a aplicação
a) o autor e o réu do pro- Art. 987. Do julgamento indevida da tese jurídica e sua
cesso originário e o Mi- do mérito do incidente caberá não aplicação aos casos que a
nistério Público, pelo recurso extraordinário ou espe- ela correspondam.
prazo de 30 (trinta) cial, conforme o caso. § 5o É inadmissível a reclama-
minutos; ção:
§ 1o O recurso tem efeito sus-
b) os demais interessados, pensivo, presumindo-se a re- I – proposta após o trânsito em
no prazo de 30 (trinta) percussão geral de questão julgado da decisão reclamada;
minutos, divididos en- constitucional eventualmente
tre todos, sendo exigida II – proposta para garantir a ob-
discutida. servância de acórdão de recurso
inscrição com 2 (dois)
§ 2o Apreciado o mérito do re- extraordinário com repercussão
dias de antecedência.
curso, a tese jurídica adotada geral reconhecida ou de acór-
§ 1o Considerando o número pelo Supremo Tribunal Federal dão proferido em julgamento
de inscritos, o prazo poderá ou pelo Superior Tribunal de de recursos extraordinário ou
ser ampliado. Justiça será aplicada no territó- especial repetitivos, quando
§ 2o O conteúdo do acórdão rio nacional a todos os proces- não esgotadas as instâncias
abrangerá a análise de todos sos individuais ou coletivos que ordinárias.

416
§ 6 o A inadmissibilidade ou o III – agravo interno; independente fora interposto,
julgamento do recurso interpos- IV – embargos de declaração; no prazo de que a parte dispõe
to contra a decisão proferida para responder;
pelo órgão reclamado não pre- V – recurso ordinário;
II – será admissível na apelação,
judica a reclamação. VI – recurso especial; no recurso extraordinário e no
Art. 989. Ao despachar a VII – recurso extraordinário; recurso especial;
reclamação, o relator: VIII – agravo em recurso espe- III – não será conhecido, se hou-
I – requisitará informações da cial ou extraordinário; ver desistência do recurso prin-
autoridade a quem for imputa- IX – embargos de divergência. cipal ou se for ele considerado
da a prática do ato impugnado, inadmissível.
Art. 995. Os recursos não
que as prestará no prazo de 10 impedem a eficácia da decisão, Art. 998. O recorrente po-
(dez) dias; salvo disposição legal ou deci- derá, a qualquer tempo, sem a
II – se necessário, ordenará a são judicial em sentido diverso. anuência do recorrido ou dos
suspensão do processo ou do litisconsortes, desistir do re-
ato impugnado para evitar Parágrafo único. A eficácia da de- curso.
dano irreparável; cisão recorrida poderá ser sus-
pensa por decisão do relator, se Parágrafo único. A desistência do
III – determinará a citação do recurso não impede a análise
da imediata produção de seus
benef iciário da decisão im- de questão cuja repercussão ge-
efeitos houver risco de dano
pugnada, que terá prazo de 15 ral já tenha sido reconhecida e
grave, de difícil ou impossível
(quinze) dias para apresentar a daquela objeto de julgamento
reparação, e ficar demonstrada
sua contestação. de recursos extraordinários ou
a probabilidade de provimento
Art. 990. Qualquer interes- do recurso. especiais repetitivos.
sado poderá impugnar o pedido Art. 999. A renúncia ao di-
Art. 996. O recurso pode
do reclamante. reito de recorrer independe da
ser interposto pela parte venci-
Art. 991. Na reclamação da, pelo terceiro prejudicado e aceitação da outra parte.
que não houver formulado, o pelo Ministério Público, como Art. 1.000. A parte que acei-
Ministério Público terá vista parte ou como fiscal da ordem tar expressa ou tacitamente a
do processo por 5 (cinco) dias, jurídica. decisão não poderá recorrer.
após o decurso do prazo para
Parágrafo único. Cumpre ao ter- Parágrafo único. Considera-se
informações e para o ofere-
ceiro demonstrar a possibilida- aceitação tácita a prática, sem
cimento da contestação pelo
de de a decisão sobre a relação nenhuma reserva, de ato in-
beneficiário do ato impugnado.
jurídica submetida à apreciação compatível com a vontade de
Art. 992. Julgando proce- judicial atingir direito de que se recorrer.
dente a reclamação, o tribunal afirme titular ou que possa dis-
cassará a decisão exorbitante cutir em juízo como substituto Art. 1.001. Dos despachos
de seu julgado ou determinará processual. não cabe recurso.
medida adequada à solução da Art. 1.002. A decisão pode
controvérsia. Art. 997. Cada parte in-
terporá o recurso indepen- ser impugnada no todo ou em
Art. 993. O presidente do dentemente, no prazo e com parte.
tribunal determinará o imedia- obser vância das exigências Art. 1.003. O prazo para in-
to cumprimento da decisão, legais. terposição de recurso conta-se
lavrando-se o acórdão poste- § 1o Sendo vencidos autor e da data em que os advogados, a
riormente. réu, ao recurso interposto por sociedade de advogados, a Ad-
qualquer deles poderá aderir o vocacia Pública, a Defensoria
outro. Pública ou o Ministério Público
são intimados da decisão.
Título II – Dos Recursos § 2o O recurso adesivo fica su-
bordinado ao recurso indepen- § 1o Os sujeitos previstos no
dente, sendo-lhe aplicáveis as caput considerar-se-ão intima-
Capítulo I – Disposições mesmas regras deste quanto dos em audiência quando nesta
Gerais aos requisitos de admissibili- for proferida a decisão.
dade e julgamento no tribunal, § 2o Aplica-se o disposto no
Art. 994. São cabíveis os salvo disposição legal diversa, art. 231, incisos I a VI, ao prazo
seguintes recursos: observado, ainda, o seguinte: de interposição de recurso pelo
I – apelação; I – será dirigido ao órgão réu contra decisão proferida an-
II – agravo de instrumento; per ante o qual o recur so teriormente à citação.

417
§ 3o No prazo para interposi- § 1o São dispensados de prepa- § 1o As questões resolvidas na
ção de recurso, a petição será ro, inclusive porte de remessa fase de conhecimento, se a de-
protocolada em cartório ou e de retorno, os recursos inter- cisão a seu respeito não com-
conforme as normas de orga- postos pelo Ministério Público, portar agravo de instrumento,
nização judiciária, ressalvado pela União, pelo Distrito Fede- não são cobertas pela preclusão
o disposto em regra especial. ral, pelos Estados, pelos Muni- e devem ser suscitadas em pre-
§ 4o Para aferição da tempesti- cípios, e respectivas autarquias, liminar de apelação, eventual-
vidade do recurso remetido pelo e pelos que gozam de isenção mente interposta contra a deci-
correio, será considerada como legal. são final, ou nas contrarrazões.
data de interposição a data de § 2o A insuficiência no valor do § 2o Se as questões referidas no
postagem. preparo, inclusive porte de re- § 1o forem suscitadas em con-
§ 5o Excetuados os embargos de messa e de retorno, implicará trarrazões, o recorrente será
declaração, o prazo para inter- deserção se o recorrente, inti- intimado para, em 15 (quinze)
por os recursos e para respon- mado na pessoa de seu advoga- dias, manifestar-se a respeito
der-lhes é de 15 (quinze) dias. do, não vier a supri-lo no prazo delas.
§ 6o O recorrente comprovará a de 5 (cinco) dias.
§ 3o O disposto no caput deste
ocorrência de feriado local no § 3 o É dispensado o recolhi- artigo aplica-se mesmo quan-
ato de interposição do recurso. mento do porte de remessa e de do as questões mencionadas no
retorno no processo em autos art. 1.015 integrarem capítulo
Art. 1.004. Se, durante o eletrônicos.
prazo para a interposição do da sentença.
recurso, sobrevier o falecimento § 4o O recorrente que não com-
Art. 1.010. A apelação, in-
da parte ou de seu advogado ou provar, no ato de interposição
terposta por petição dirigida ao
ocorrer motivo de força maior do recurso, o recolhimento do
juízo de primeiro grau, conterá:
que suspenda o curso do pro- preparo, inclusive porte de re-
cesso, será tal prazo restituído messa e de retorno, será intima- I – os nomes e a qualificação
em proveito da parte, do her- do, na pessoa de seu advogado, das partes;
deiro ou do sucessor, contra para realizar o recolhimento em II – a exposição do fato e do
quem começará a correr nova- dobro, sob pena de deserção. direito;
mente depois da intimação. § 5o É vedada a complemen- III – as razões do pedido de
Art. 1.005. O recurso in- tação se houver insuficiência reforma ou de decretação de
terposto por um dos litiscon- parcial do preparo, inclusive nulidade;
sortes a todos aproveita, salvo porte de remessa e de retorno,
IV – o pedido de nova decisão.
se distintos ou opostos os seus no recolhimento realizado na
forma do § 4o. § 1o O apelado será intimado
interesses. para apresentar contrarrazões
§ 6o Provando o recorrente jus-
Parágrafo único. Havendo soli- no prazo de 15 (quinze) dias.
to impedimento, o relator re-
dariedade passiva, o recurso levará a pena de deserção, por § 2o Se o apelado interpuser
interposto por um devedor decisão irrecorrível, fixando-lhe apelação adesiva, o juiz intima-
aproveitará aos outros quando prazo de 5 (cinco) dias para efe- rá o apelante para apresentar
as defesas opostas ao credor contrarrazões.
tuar o preparo.
lhes forem comuns.
§ 7o O equívoco no preenchi- § 3o Após as formalidades pre-
Art. 1.006. Certif icado o mento da guia de custas não vistas nos §§ 1o e 2o, os autos
trânsito em julgado, com men- implicará a aplicação da pena serão remetidos ao tribunal
ção expressa da data de sua de deserção, cabendo ao rela- pelo juiz, independentemente
ocorrência, o escrivão ou o tor, na hipótese de dúvida quan- de juízo de admissibilidade.
chefe de secretaria, indepen- to ao recolhimento, intimar o
dentemente de despacho, pro- Art. 1.011. Recebido o re-
recorrente para sanar o vício no
videnciará a baixa dos autos ao curso de apelação no tribunal
prazo de 5 (cinco) dias.
juízo de origem, no prazo de 5 e distribuído imediatamente, o
(cinco) dias. Art. 1.008. O julgamento relator:
proferido pelo tribunal substi- I – decidi-lo-á monocratica-
Art. 1.007. No ato de inter- tuirá a decisão impugnada no
posição do recurso, o recorren- mente apenas nas hipóteses do
que tiver sido objeto de recurso. art. 932, incisos III a V;
te comprovará, quando exigido
pela legislação pertinente, o Capítulo II – Da Apelação II – se não for o caso de deci-
respectivo preparo, inclusive são monocrática, elaborará seu
porte de remessa e de retorno, Art. 1.009. Da sentença voto para julgamento do recur-
sob pena de deserção. cabe apelação. so pelo órgão colegiado.

418
Art. 1.012. A apelação terá um deles, a apelação devolverá VII – exclusão de litisconsorte;
efeito suspensivo. ao tribunal o conhecimento dos VIII – rejeição do pedido de limi-
§ 1o Além de outras hipóteses demais. tação do litisconsórcio;
previstas em lei, começa a pro- § 3o Se o processo estiver em IX – admissão ou inadmissão de
duzir efeitos imediatamente condições de imediato julga- intervenção de terceiros;
após a sua publicação a sen- mento, o tribunal deve decidir
X – concessão, modificação ou
tença que: desde logo o mérito quando:
revogação do efeito suspensivo
I – homologa divisão ou demar- I – reformar sentença fundada aos embargos à execução;
cação de terras; no art. 485;
XI – redistribuição do ônus da
II – condena a pagar alimentos; II – decretar a nulidade da sen- prova nos termos do art. 373,
III – extingue sem resolução do tença por não ser ela congruen- § 1o;
mérito ou julga improcedentes te com os limites do pedido ou
XII – (Vetado);
os embargos do executado; da causa de pedir;
XIII – outros casos expressa-
IV – julga procedente o pedido III – constatar a omissão no exa-
mente referidos em lei.
de instituição de arbitragem; me de um dos pedidos, hipótese
em que poderá julgá-lo; Parágrafo único. Também caberá
V – confirma, concede ou revo- agravo de instrumento contra
ga tutela provisória; IV – decretar a nulidade de sen-
tença por falta de fundamen- decisões interlocutórias profe-
VI – decreta a interdição. tação. ridas na fase de liquidação de
§ 2o Nos casos do § 1o, o apela- sentença ou de cumprimento de
§ 4o Quando reformar senten-
do poderá promover o pedido sentença, no processo de execu-
ça que reconheça a decadência
de cumprimento provisório de- ção e no processo de inventário.
ou a prescrição, o tribunal, se
pois de publicada a sentença. possível, julgará o mérito, exa- Art. 1.016. O agravo de ins-
§ 3o O pedido de concessão de minando as demais questões, trumento será dirigido direta-
efeito suspensivo nas hipóteses sem determinar o retorno do mente ao tribunal competente,
do § 1o poderá ser formulado processo ao juízo de primeiro por meio de petição com os se-
por requerimento dirigido ao: grau. guintes requisitos:
I – tribunal, no período com- § 5o O capítulo da sentença que I – os nomes das partes;
preendido entre a interposição confirma, concede ou revoga a II – a exposição do fato e do
da apelação e sua distribuição, tutela provisória é impugnável direito;
f icando o relator designado na apelação.
III – as razões do pedido de
para seu exame prevento para
Art. 1.014. As questões de reforma ou de invalidação da
julgá-la;
fato não propostas no juízo in- decisão e o próprio pedido;
II – relator, se já distribuída a ferior poderão ser suscitadas na IV – o nome e o endereço com-
apelação. apelação, se a parte provar que pleto dos advogados constantes
§ 4 o Nas hipóteses do § 1o, a deixou de fazê-lo por motivo de do processo.
eficácia da sentença poderá ser força maior.
suspensa pelo relator se o ape- Art. 1.017. A petição de
lante demonstrar a probabili- Capítulo III – Do Agravo agravo de instrumento será
dade de provimento do recurso de Instrumento instruída:
ou se, sendo relevante a funda- I – obrigatoriamente, com
mentação, houver risco de dano Art. 1.015. Cabe agravo de cópias da petição inicial, da
instrumento contra as decisões contestação, da petição que
grave ou de difícil reparação.
interlocutórias que versarem ensejou a decisão agravada, da
Art. 1.013. A apelação de- sobre: própria decisão agravada, da
volverá ao tribunal o conheci- I – tutelas provisórias; certidão da respectiva intima-
mento da matéria impugnada. ção ou outro documento oficial
II – mérito do processo;
§ 1o Serão, porém, objeto de que comprove a tempestividade
III – rejeição da alegação de
apreciação e julgamento pelo e das procurações outorgadas
convenção de arbitragem;
tribunal todas as questões sus- aos advogados do agravante e
citadas e discutidas no proces- IV – incidente de desconsidera- do agravado;
so, ainda que não tenham sido ção da personalidade jurídica;
II – com declaração de inexis-
solucionadas, desde que rela- V – rejeição do pedido de gratui- tência de qualquer dos docu-
tivas ao capítulo impugnado. dade da justiça ou acolhimento mentos referidos no inciso I,
§ 2o Quando o pedido ou a do pedido de sua revogação; feita pelo advogado do agra-
defesa tiver mais de um funda- VI – exibição ou posse de docu- vante, sob pena de sua respon-
mento e o juiz acolher apenas mento ou coisa; sabilidade pessoal;

419
III – facultativamente, com providência prevista no caput, especif icadamente os funda-
outras peças que o agravante no prazo de 3 (três) dias a con- mentos da decisão agravada.
reputar úteis. tar da interposição do agravo § 2o O agravo será dirigido ao
§ 1o Acompanhará a petição de instrumento. relator, que intimará o agravado
o comprovante do pagamen- § 3 o O descumprimento da para manifestar-se sobre o recur-
to das respectivas custas e do exigência de que trata o § 2o, so no prazo de 15 (quinze) dias,
porte de retorno, quando devi- desde que arguido e provado ao final do qual, não havendo
dos, conforme tabela publicada pelo agravado, importa inad- retratação, o relator levá-lo-á a
pelos tribunais. missibilidade do agravo de ins- julgamento pelo órgão colegia-
§ 2o No prazo do recurso, o trumento. do, com inclusão em pauta.
agravo será interposto por: Art. 1.019. Recebido o agra- § 3o É vedado ao relator limi-
I – protocolo realizado direta- vo de instrumento no tribunal tar-se à reprodução dos fun-
mente no tribunal competente e distribuído imediatamente, se damentos da decisão agrava-
para julgá-lo; não for o caso de aplicação do da para julgar improcedente o
II – protocolo realizado na pró- art. 932, incisos III e IV, o rela- agravo interno.
pria comarca, seção ou subse- tor, no prazo de 5 (cinco) dias: § 4o Quando o agravo interno
ção judiciárias; I – poderá atribuir efeito sus- for declarado manifestamente
III – postagem, sob registro, pensivo ao recurso ou deferir, inadmissível ou improcedente
com aviso de recebimento; em antecipação de tutela, total em votação unânime, o órgão
IV – transmissão de dados tipo ou parcialmente, a pretensão colegiado, em decisão funda-
fac-símile, nos termos da lei; recursal, comunicando ao juiz mentada, condenará o agravan-
sua decisão; te a pagar ao agravado multa fi-
V – outra forma prevista em lei. xada entre um e cinco por cento
II – ordenará a intimação do
§ 3o Na falta da cópia de qual- agravado pessoalmente, por do valor atualizado da causa.
quer peça ou no caso de algum § 5o A interposição de qualquer
carta com aviso de recebimen-
outro vício que comprometa a outro recurso está condiciona-
to, quando não tiver procurador
admissibilidade do agravo de da ao depósito prévio do valor
constituído, ou pelo Diário da
instrumento, deve o relator da multa prevista no § 4o, à ex-
Justiça ou por carta com aviso
aplicar o disposto no art. 932,
de recebimento dirigida ao seu ceção da Fazenda Pública e do
parágrafo único.
advogado, para que responda beneficiário de gratuidade da
§ 4o Se o recurso for interposto no prazo de 15 (quinze) dias, fa- justiça, que farão o pagamento
por sistema de transmissão de cultando-lhe juntar a documen- ao final.
dados tipo fac-símile ou similar, tação que entender necessária
as peças devem ser juntadas no ao julgamento do recurso; Capítulo V – Dos
momento de protocolo da peti- Embargos de Declaração
ção original. III – determinará a intimação
do Ministério Público, preferen-
§ 5o Sendo eletrônicos os autos Art. 1.022. Cabem embar-
cialmente por meio eletrônico,
do processo, dispensam-se as gos de declaração contra qual-
quando for o caso de sua inter-
peças referidas nos incisos I e quer decisão judicial para:
venção, para que se manifeste
II do caput, facultando-se ao no prazo de 15 (quinze) dias. I – esclarecer obscuridade ou
agravante anexar outros docu- eliminar contradição;
mentos que entender úteis para Art. 1.020. O relator soli-
II – suprir omissão de ponto ou
a compreensão da controvérsia. citará dia para julgamento em
questão sobre o qual devia se
prazo não superior a 1 (um)
Art. 1.018. O agravante pronunciar o juiz de ofício ou a
mês da intimação do agravado.
poderá requerer a juntada, aos requerimento;
autos do processo, de cópia Capítulo IV – Do Agravo III – corrigir erro material.
da petição do agravo de ins-
trumento, do comprovante de
Interno Parágrafo único. Considera-se
sua interposição e da relação Art. 1.021. Contra decisão omissa a decisão que:
dos documentos que instruíram proferida pelo relator caberá I – deixe de se manifestar sobre
o recurso. agravo interno para o respec- tese firmada em julgamento de
§ 1o Se o juiz comunicar que re- tivo órgão colegiado, observa- casos repetitivos ou em inci-
formou inteiramente a decisão, das, quanto ao processamento, dente de assunção de compe-
o relator considerará prejudi- as regras do regimento interno tência aplicável ao caso sob
cado o agravo de instrumento. do tribunal. julgamento;
§ 2o Não sendo eletrônicos os § 1o Na petição de agravo in- II – incorra em qualquer das con-
autos, o agravante tomará a terno, o recorrente impugnará dutas descritas no art. 489, § 1o.

420
Art. 1.023. Os embargos § 5o Se os embargos de decla- Capítulo VI – Dos
serão opostos, no prazo de 5 ração forem rejeitados ou não Recursos para o Supremo
(cinco) dias, em petição dirigida alterarem a conclusão do julga- Tribunal Federal e para o
ao juiz, com indicação do erro, mento anterior, o recurso inter-
posto pela outra parte antes da Superior Tribunal de Justiça
obscuridade, contradição ou
omissão, e não se sujeitam a publicação do julgamento dos
preparo. embargos de declaração será Seção I – Do Recurso
processado e julgado indepen- Ordinário
§ 1 Aplica-se aos embargos de
o
dentemente de ratificação.
declaração o art. 229. Art. 1.027. Serão julgados
Art. 1.025. Consideram-se
§ 2 O juiz intimará o embarga-
o
incluídos no acórdão os elemen- em recurso ordinário:
do para, querendo, manifestar- tos que o embargante suscitou, I – pelo Supremo Tribunal Fede-
se, no prazo de 5 (cinco) dias, para fins de prequestionamen- ral, os mandados de segurança,
sobre os embargos opostos, to, ainda que os embargos de os habeas data e os mandados
caso seu eventual acolhimento declaração sejam inadmitidos de injunção decididos em única
implique a modificação da de- ou rejeitados, caso o tribunal instância pelos tribunais supe-
cisão embargada. superior considere existentes riores, quando denegatória a
erro, omissão, contradição ou decisão;
Art. 1.024. O juiz julgará os obscuridade.
embargos em 5 (cinco) dias. II – pelo Superior Tribunal de
Art. 1.026. Os embargos de Justiça:
§ 1o Nos tribunais, o relator declaração não possuem efei- a) os mandados de seguran-
apresentará os embargos em to suspensivo e interrompem ça decididos em única
mesa na sessão subsequente, o prazo para a interposição de instância pelos tribunais
proferindo voto, e, não havendo recurso. regionais federais ou pe-
julgamento nessa sessão, será o § 1o A eficácia da decisão mo- los tribunais de justiça
recurso incluído em pauta au- nocrática ou colegiada poderá dos Estados e do Distri-
tomaticamente. ser suspensa pelo respectivo to Federal e Territórios,
§ 2o Quando os embargos de juiz ou relator se demonstrada quando denegatória a
declaração forem opostos con- a probabilidade de provimento decisão;
tra decisão de relator ou outra do recurso ou, sendo relevante b) os processos em que fo-
decisão unipessoal proferida em a fundamentação, se houver ris- rem partes, de um lado,
co de dano grave ou de difícil Estado estrangeiro ou
tribunal, o órgão prolator da
reparação. organismo internacional
decisão embargada decidi-los-á
monocraticamente. § 2o Quando manifestamente e, de outro, Município
protelatórios os embargos de ou pessoa residente ou
§ 3o O órgão julgador conhece- declaração, o juiz ou o tribunal, domiciliada no País.
rá dos embargos de declaração em decisão fundamentada, con-
como agravo interno se enten- § 1o Nos processos referidos
denará o embargante a pagar no inciso II, alínea b, contra as
der ser este o recurso cabível, ao embargado multa não exce-
desde que determine previa- decisões interlocutórias caberá
dente a dois por cento sobre o agravo de instrumento dirigido
mente a intimação do recorren- valor atualizado da causa.
te para, no prazo de 5 (cinco) ao Superior Tribunal de Justiça,
dias, complementar as razões § 3o Na reiteração de embargos nas hipóteses do art. 1.015.
recursais, de modo a ajustá-las de declaração manifestamente § 2o Aplica-se ao recurso ordi-
protelatórios, a multa será ele- nário o disposto nos arts. 1.013,
às exigências do art. 1.021, § 1o.
vada a até dez por cento sobre § 3o, e 1.029, § 5o.
§ 4 o Caso o acolhimento dos o valor atualizado da causa, e
embargos de declaração im- a interposição de qualquer re- Art. 1.028. Ao recurso men-
plique modificação da decisão curso ficará condicionada ao cionado no art. 1.027, inciso II,
embargada, o embargado que depósito prévio do valor da alínea b, aplicam-se, quanto aos
já tiver interposto outro recurso multa, à exceção da Fazenda requisitos de admissibilidade e
contra a decisão originária tem Pública e do benef iciário de ao procedimento, as disposi-
o direito de complementar ou gratuidade da justiça, que a ções relativas à apelação e o
alterar suas razões, nos exatos recolherão ao final. Regimento Interno do Superior
limites da modificação, no pra- § 4o Não serão admitidos novos Tribunal de Justiça.
zo de 15 (quinze) dias, contado embargos de declaração se os 2 § 1o Na hipótese do art. 1.027,
da intimação da decisão dos (dois) anteriores houverem sido § 1o, aplicam-se as disposi-
embargos de declaração. considerados protelatórios. ções relativas ao agravo de

421
instrumento e o Regimento In- ou assemelhem os casos con- ou ao vice-presidente do tribu-
terno do Superior Tribunal de frontados. nal recorrido, que deverá:
Justiça. § 2o (Revogado) I – negar seguimento:
§ 2 o O recurso previsto no § 3o O Supremo Tribunal Fede- a) a recurso extraordinário
art. 1.027, incisos I e II, alínea ral ou o Superior Tribunal de que discuta questão
a, deve ser interposto perante o Justiça poderá desconsiderar ví- constitucional à qual
tribunal de origem, cabendo ao cio formal de recurso tempesti- o Supremo Tribunal
seu presidente ou vice-presiden- vo ou determinar sua correção, Federal não tenha re-
te determinar a intimação do desde que não o repute grave. conhecido a existência
recorrido para, em 15 (quinze) de repercussão geral ou
dias, apresentar as contrarra- § 4 o Quando, por ocasião do
processamento do incidente de a recurso extraordiná-
zões. rio interposto contra
resolução de demandas repeti-
§ 3o Findo o prazo referido no tivas, o presidente do Supremo acórdão que esteja em
§ 2o, os autos serão remetidos Tribunal Federal ou do Supe- conformidade com en-
ao respectivo tribunal superior, rior Tribunal de Justiça receber tendimento do Supremo
independentemente de juízo de Tribunal Federal exara-
requerimento de suspensão de
admissibilidade. do no regime de reper-
processos em que se discuta
cussão geral;
questão federal constitucional
Seção II – Do Recurso ou infraconstitucional, poderá, b) a recurso extraordiná-
Extraordinário e do Recurso considerando razões de segu- rio ou a recurso espe-
Especial rança jurídica ou de excepcio- cial interposto contra
nal interesse social, estender a acórdão que esteja em
suspensão a todo o território conformidade com en-
Subseção I – Disposições nacional, até ulterior decisão do tendimento do Supremo
Gerais recurso extraordinário ou do re- Tribunal Federal ou do
curso especial a ser interposto. Superior Tribunal de
Art. 1.029. O recurso extra- Justiça, respectivamen-
ordinário e o recurso especial, § 5 o O pedido de concessão te, exarado no regime
nos casos previstos na Consti- de efeito suspensivo a recurso de julgamento de recur-
tuição Federal, serão interpos- extraordinário ou a recurso es- sos repetitivos;
tos perante o presidente ou o pecial poderá ser formulado por
requerimento dirigido: II – encaminhar o processo ao
vice-presidente do tribunal re- órgão julgador para realização
corrido, em petições distintas I – ao tribunal superior respec- do juízo de retratação, se o
que conterão: tivo, no período compreendido acórdão recorrido divergir do
I – a exposição do fato e do entre a publicação da decisão entendimento do Supremo Tri-
direito; de admissão do recurso e sua bunal Federal ou do Superior
distribuição, ficando o relator Tribunal de Justiça exarado,
II – a demonstração do cabi- designado para seu exame pre- conforme o caso, nos regimes
mento do recurso interposto; vento para julgá-lo; de repercussão geral ou de re-
III – as razões do pedido de cursos repetitivos;
II – ao relator, se já distribuído
reforma ou de invalidação da o recurso; III – sobrestar o recurso que
decisão recorrida. versar sobre controvérsia de
§ 1o Quando o recurso fundar- III – ao presidente ou ao vice- caráter repetitivo ainda não
-se em dissídio jurisprudencial, -presidente do tribunal recorri- decidida pelo Supremo Tribu-
o recorrente fará a prova da do, no período compreendido nal Federal ou pelo Superior
divergência com a certidão, entre a interposição do recur- Tribunal de Justiça, conforme se
cópia ou citação do repositó- so e a publicação da decisão trate de matéria constitucional
rio de jurisprudência, of icial de admissão do recurso, assim ou infraconstitucional;
ou credenciado, inclusive em como no caso de o recurso ter IV – selecionar o recurso como
mídia eletrônica, em que hou- sido sobrestado, nos termos do representativo de controvérsia
ver sido publicado o acórdão art. 1.037. constitucional ou infraconsti-
divergente, ou ainda com a Art. 1.030. Recebida a peti- tucional, nos termos do § 6o do
reprodução de julgado dispo- ção do recurso pela secretaria art. 1.036;
nível na rede mundial de com- do tribunal, o recorrido será V – realizar o juízo de admissi-
putadores, com indicação da intimado para apresentar con- bilidade e, se positivo, remeter
respectiva fonte, devendo-se, trarrazões no prazo de 15 (quin- o feito ao Supremo Tribunal Fe-
em qualquer caso, mencionar as ze) dias, findo o qual os autos deral ou ao Superior Tribunal de
circunstâncias que identifiquem serão conclusos ao presidente Justiça, desde que:

422
a) o recurso ainda não te- Parágrafo único. Cumprida a dili- III – tenha reconhecido a in-
nha sido submetido ao gência de que trata o caput, o constitucionalidade de tratado
regime de repercussão relator remeterá o recurso ao ou de lei federal, nos termos do
geral ou de julgamento Supremo Tribunal Federal, que, art. 97 da Constituição Federal.
de recursos repetitivos; em juízo de admissibilidade, § 4o O relator poderá admitir,
poderá devolvê-lo ao Superior na análise da repercussão ge-
b) o recurso tenha sido
Tribunal de Justiça. ral, a manifestação de terceiros,
selecionado como re-
presentativo da con- Art. 1.033. Se o Supremo subscrita por procurador habili-
trovérsia; ou Tribunal Federal considerar tado, nos termos do Regimento
como reflexa a ofensa à Cons- Interno do Supremo Tribunal
c) o tribunal recorrido te-
tituição afirmada no recurso Federal.
nha refutado o juízo de
retratação. extraordinário, por pressupor § 5o Reconhecida a repercus-
a revisão da interpretação de são geral, o relator no Supremo
§ 1o Da decisão de inadmissibili- lei federal ou de tratado, reme- Tribunal Federal determinará a
dade proferida com fundamen- tê-lo-á ao Superior Tribunal de suspensão do processamento
to no inciso V caberá agravo ao Justiça para julgamento como de todos os processos penden-
tribunal superior, nos termos do recurso especial. tes, individuais ou coletivos,
art. 1.042. que versem sobre a questão e
Art. 1.034. Admitido o re-
§ 2o Da decisão proferida com curso extraordinário ou o recur- tramitem no território nacional.
fundamento nos incisos I e III so especial, o Supremo Tribunal § 6 o O interessado pode re-
caberá agravo interno, nos ter- Federal ou o Superior Tribunal querer, ao presidente ou ao
mos do art. 1.021. de Justiça julgará o processo, vice-presidente do tribunal de
Art. 1.031. Na hipótese de aplicando o direito. origem, que exclua da decisão
interposição conjunta de recur- Parágrafo único. Admitido o re- de sobrestamento e inadmita o
so extraordinário e recurso es- curso extraordinário ou o recur- recurso extraordinário que te-
pecial, os autos serão remetidos so especial por um fundamento, nha sido interposto intempes-
ao Superior Tribunal de Justiça. devolve-se ao tribunal superior tivamente, tendo o recorrente
o conhecimento dos demais o prazo de 5 (cinco) dias para
§ 1o Concluído o julgamento do manifestar-se sobre esse reque-
recurso especial, os autos serão fundamentos para a solução
do capítulo impugnado. rimento.
remetidos ao Supremo Tribu-
§ 7o Da decisão que indeferir o
nal Federal para apreciação do Ar t. 1.035. O Supremo requerimento referido no § 6o
recurso extraordinário, se este Tribunal Federal, em decisão ou que aplicar entendimento
não estiver prejudicado. irrecorrível, não conhecerá do
f irmado em regime de reper-
§ 2o Se o relator do recurso es- recurso extraordinário quando
cussão geral ou em julgamento
pecial considerar prejudicial o a questão constitucional nele
de recursos repetitivos caberá
recurso extraordinário, em de- versada não tiver repercussão
agravo interno.
cisão irrecorrível, sobrestará o geral, nos termos deste artigo.
§ 8o Negada a repercussão ge-
julgamento e remeterá os autos § 1o Para efeito de repercus-
ral, o presidente ou o vice-pre-
ao Supremo Tribunal Federal. são geral, será considerada a
existência ou não de questões sidente do tribunal de origem
§ 3o Na hipótese do § 2o, se o negará seguimento aos recursos
relevantes do ponto de vista
relator do recurso extraordi- extraordinários sobrestados na
econômico, político, social ou
nário, em decisão irrecorrível, jurídico que ultrapassem os in- origem que versem sobre maté-
rejeitar a prejudicialidade, de- teresses subjetivos do processo. ria idêntica.
volverá os autos ao Superior § 9o O recurso que tiver a reper-
Tribunal de Justiça para o jul- § 2o O recorrente deverá de-
monstrar a existência de reper- cussão geral reconhecida deverá
gamento do recurso especial. ser julgado no prazo de 1 (um)
cussão geral para apreciação
Art. 1.032. Se o relator, no exclusiva pelo Supremo Tribunal ano e terá preferência sobre os
Superior Tribunal de Justiça, en- Federal. demais feitos, ressalvados os
tender que o recurso especial que envolvam réu preso e os
§ 3o Haverá repercussão geral
versa sobre questão constitu- pedidos de habeas corpus.
sempre que o recurso impugnar
cional, deverá conceder prazo acórdão que: § 10. (Revogado)
de 15 (quinze) dias para que o § 11. A súmula da decisão so-
I – contrarie súmula ou jurispru-
recorrente demonstre a exis- bre a repercussão geral cons-
dência dominante do Supremo
tência de repercussão geral e tará de ata, que será publicada
Tribunal Federal;
se manifeste sobre a questão no diário oficial e valerá como
constitucional. II – (Revogado); acórdão.

423
Subseção II – Do Julgamento vice-presidente do tribunal de representativos da controvérsia
dos Recursos Extraordinário e origem. na forma do art. 1.036.
Especial Repetitivos § 6o Somente podem ser sele- § 7o Quando os recursos requi-
cionados recursos admissíveis sitados na forma do inciso III do
Art. 1.036. Sempre que hou- que contenham abrangente ar- caput contiverem outras ques-
ver multiplicidade de recursos gumentação e discussão a res- tões além daquela que é objeto
extraordinários ou especiais peito da questão a ser decidida. da afetação, caberá ao tribunal
com fundamento em idênti- decidir esta em primeiro lugar e
ca questão de direito, haverá Art. 1.037. Selecionados os depois as demais, em acórdão
afetação para julgamento de recursos, o relator, no tribunal específico para cada processo.
acordo com as disposições des- superior, constatando a presen-
ça do pressuposto do caput do § 8o As partes deverão ser inti-
ta Subseção, observado o dis- madas da decisão de suspensão
posto no Regimento Interno do art. 1.036, proferirá decisão de
afetação, na qual: de seu processo, a ser proferida
Supremo Tribunal Federal e no pelo respectivo juiz ou relator
do Superior Tribunal de Justiça. I – identificará com precisão a quando informado da decisão
§ 1o O presidente ou o vice-pre- questão a ser submetida a jul- a que se refere o inciso II do
sidente de tribunal de justiça gamento; caput.
ou de tribunal regional federal II – determinará a suspensão do § 9o Demonstrando distinção
selecionará 2 (dois) ou mais processamento de todos os pro- entre a questão a ser decidi-
recursos representativos da cessos pendentes, individuais da no processo e aquela a ser
controvérsia, que serão enca- ou coletivos, que versem sobre julgada no recurso especial ou
minhados ao Supremo Tribunal a questão e tramitem no terri- extraordinário afetado, a parte
Federal ou ao Superior Tribunal tório nacional; poderá requerer o prossegui-
de Justiça para fins de afetação, III – poderá requisitar aos presi- mento do seu processo.
determinando a suspensão do dentes ou aos vice-presidentes § 10. O requerimento a que se
trâmite de todos os processos dos tribunais de justiça ou dos refere o § 9o será dirigido:
pendentes, individuais ou cole- tribunais regionais federais a
tivos, que tramitem no Estado remessa de um recurso repre- I – ao juiz, se o processo sobres-
ou na região, conforme o caso. sentativo da controvérsia. tado estiver em primeiro grau;
§ 2o O interessado pode re- § 1o Se, após receber os recur- II – ao relator, se o processo
querer, ao presidente ou ao sos selecionados pelo presi- sobrestado estiver no tribunal
vice-presidente, que exclua da dente ou pelo vice-presidente de origem;
decisão de sobrestamento e de tribunal de justiça ou de tri- III – ao relator do acórdão re-
inadmita o recurso especial ou bunal regional federal, não se corrido, se for sobrestado re-
o recurso extraordinário que proceder à afetação, o relator, curso especial ou recurso extra-
tenha sido interposto intem- no tribunal superior, comuni- ordinário no tribunal de origem;
pestivamente, tendo o recor- cará o fato ao presidente ou ao IV – ao relator, no tribunal su-
rente o prazo de 5 (cinco) dias vice-presidente que os houver perior, de recurso especial ou
para manifestar-se sobre esse enviado, para que seja revogada de recurso extraordinário cujo
requerimento. a decisão de suspensão referida processamento houver sido so-
no art. 1.036, § 1o. brestado.
§ 3o Da decisão que indeferir o
requerimento referido no § 2o § 2o (Revogado) § 11. A outra parte deverá ser
caberá apenas agravo interno. § 3o Havendo mais de uma afe- ouvida sobre o requerimento a
§ 4o A escolha feita pelo presi- tação, será prevento o relator que se refere o § 9o, no prazo de
dente ou vice-presidente do tri- que primeiro tiver proferido a 5 (cinco) dias.
bunal de justiça ou do tribunal decisão a que se refere o inciso § 12. Reconhecida a distinção
regional federal não vinculará I do caput. no caso:
o relator no tribunal superior, § 4 o Os recursos afetados de- I – dos incisos I, II e IV do § 10,
que poderá selecionar outros verão ser julgados no prazo de o próprio juiz ou relator dará
recursos representativos da 1 (um) ano e terão preferência prosseguimento ao processo;
controvérsia. sobre os demais feitos, ressalva-
dos os que envolvam réu preso II – do inciso III do § 10, o re-
§ 5o O relator em tribunal su- lator comunicará a decisão ao
e os pedidos de habeas corpus.
perior também poderá selecio- presidente ou ao vice-presidente
nar 2 (dois) ou mais recursos § 5o (Revogado) que houver determinado o so-
representativos da controvérsia § 6o Ocorrendo a hipótese do brestamento, para que o recur-
para julgamento da questão de § 5o, é permitido a outro relator so especial ou o recurso extra-
direito independentemente da do respectivo tribunal superior ordinário seja encaminhado ao
iniciativa do presidente ou do afetar 2 (dois) ou mais recursos respectivo tribunal superior, na

424
forma do art. 1.030, parágrafo recurso extraordinário afetado, extraordinário será remetido ao
único. serão considerados automatica- respectivo tribunal superior, na
§ 13. Da decisão que resolver o mente inadmitidos os recursos forma do art. 1.036, § 1o.
requerimento a que se refere o extraordinários cujo processa- § 1o Realizado o juízo de retra-
§ 9o caberá: mento tenha sido sobrestado. tação, com alteração do acór-
I – agravo de instrumento, se o Art. 1.040. Publicado o dão divergente, o tribunal de
processo estiver em primeiro acórdão paradigma: origem, se for o caso, decidirá
grau; as demais questões ainda não
I – o presidente ou o vice-pre-
decididas cujo enfrentamento
II – agravo interno, se a decisão sidente do tribunal de origem
se tornou necessário em decor-
for de relator. negará seguimento aos recursos
rência da alteração.
especiais ou extraordinários so-
Art. 1.038. O relator pode- § 2o Quando ocorrer a hipó-
brestados na origem, se o acór-
rá: tese do inciso II do caput do
dão recorrido coincidir com a
I – solicitar ou admitir mani- orientação do tribunal superior; art. 1.040 e o recurso versar
festação de pessoas, órgãos sobre outras questões, caberá
II – o órgão que proferiu o
ou entidades com interesse na ao presidente ou ao vice-pre-
acórdão recorrido, na origem,
controvérsia, considerando a re- sidente do tribunal recorrido,
reexaminará o processo de
levância da matéria e consoante depois do reexame pelo órgão
competência originária, a re-
dispuser o regimento interno; de origem e independentemente
messa necessária ou o recurso
II – fixar data para, em audiên- anteriormente julgado, se o de ratificação do recurso, sendo
cia pública, ouvir depoimentos acórdão recorrido contrariar a positivo o juízo de admissibili-
de pessoas com experiência e orientação do tribunal superior; dade, determinar a remessa do
conhecimento na matéria, com recurso ao tribunal superior
III – os processos suspensos em para julgamento das demais
a finalidade de instruir o proce-
primeiro e segundo graus de ju- questões.
dimento;
risdição retomarão o curso para
III – requisitar informações aos julgamento e aplicação da tese
tribunais inferiores a respeito firmada pelo tribunal superior; Seção III – Do Agravo
da controvérsia e, cumprida a em Recurso Especial e em
IV – se os recursos versarem
diligência, intimará o Ministério Recurso Extraordinário
sobre questão relativa a pres-
Público para manifestar-se.
tação de serviço público ob-
§ 1o No caso do inciso III, os Art. 1.042. Cabe agravo
jeto de concessão, permissão
prazos respectivos são de 15 contra decisão do presidente
ou autorização, o resultado do
(quinze) dias, e os atos serão ou do vice-presidente do tribu-
julgamento será comunicado
praticados, sempre que possí- nal recorrido que inadmitir re-
ao órgão, ao ente ou à agência
vel, por meio eletrônico. curso extraordinário ou recurso
reguladora competente para fis-
especial, salvo quando fundada
§ 2o Transcorrido o prazo para calização da efetiva aplicação,
na aplicação de entendimento
o Ministério Público e remetida por parte dos entes sujeitos a
regulação, da tese adotada. firmado em regime de repercus-
cópia do relatório aos demais
são geral ou em julgamento de
ministros, haverá inclusão em § 1o A parte poderá desistir da recursos repetitivos.
pauta, devendo ocorrer o jul- ação em curso no primeiro grau
gamento com preferência sobre de jurisdição, antes de proferida I – (Revogado);
os demais feitos, ressalvados os a sentença, se a questão nela II – (Revogado);
que envolvam réu preso e os pe- discutida for idêntica à resolvi- III – (Revogado).
didos de habeas corpus. da pelo recurso representativo
§ 1o (Revogado):
§ 3o O conteúdo do acórdão da controvérsia.
abrangerá a análise dos funda- I – (Revogado);
§ 2o Se a desistência ocorrer an-
mentos relevantes da tese jurí- tes de oferecida contestação, a II – (Revogado):
dica discutida. parte ficará isenta do pagamen- a) (Revogada);
Art. 1.039. Decididos os re- to de custas e de honorários de b) (Revogada).
cursos afetados, os órgãos cole- sucumbência.
§ 2o A petição de agravo será
giados declararão prejudicados § 3o A desistência apresentada dirigida ao presidente ou ao vi-
os demais recursos versando nos termos do § 1o independe ce-presidente do tribunal de ori-
sobre idêntica controvérsia ou de consentimento do réu, ainda gem e independe do pagamento
os decidirão aplicando a tese que apresentada contestação. de custas e despesas postais,
firmada. aplicando-se a ela o regime de
Art. 1.041. Mantido o acór-
Parágrafo único. Negada a exis- dão divergente pelo tribunal de repercussão geral e de recursos
tência de repercussão geral no origem, o recurso especial ou repetitivos, inclusive quanto à

425
possibilidade de sobrestamento outro órgão do mesmo tribunal, julgado independentemente de
e do juízo de retratação. sendo um acórdão de mérito e ratificação.
§ 3o O agravado será intimado, outro que não tenha conhecido
de imediato, para oferecer res- do recurso, embora tenha apre-
posta no prazo de 15 (quinze) ciado a controvérsia;
dias. IV – (Revogado). Livro Complementar
§ 1o Poderão ser confronta-
– Disposições Finais
§ 4o Após o prazo de resposta, e Transitórias
não havendo retratação, o agra- das teses jurídicas contidas
vo será remetido ao tribunal su- em julgamentos de recursos e
de ações de competência ori- Art. 1.045. Este Código en-
perior competente.
ginária. tra em vigor após decorrido 1
§ 5o O agravo poderá ser julga- (um) ano da data de sua publi-
do, conforme o caso, conjunta- § 2o A divergência que autoriza cação oficial.
mente com o recurso especial a interposição de embargos de
ou extraordinário, assegurada, divergência pode verificar-se na Art. 1.046. Ao entrar em
neste caso, sustentação oral, aplicação do direito material ou vigor este Código, suas dispo-
observando-se, ainda, o dis- do direito processual. sições se aplicarão desde logo
posto no regimento interno do § 3o Cabem embargos de diver- aos processos pendentes, fican-
tribunal respectivo. gência quando o acórdão para- do revogada a Lei no 5.869, de
digma for da mesma turma que 11 de janeiro de 1973.
§ 6 o Na hipótese de interpo-
sição conjunta de recursos proferiu a decisão embargada, § 1o As disposições da Lei
extraordinário e especial, o desde que sua composição te- no 5.869, de 11 de janeiro de
agravante deverá interpor um nha sofrido alteração em mais 1973, relativas ao procedimen-
agravo para cada recurso não da metade de seus membros. to sumário e aos procedimentos
§ 4 o O recorrente provará a especiais que forem revogadas
admitido.
divergência com certidão, có- aplicar-se-ão às ações propos-
§ 7o Havendo apenas um agra- tas e não sentenciadas até o
pia ou citação de repositório
vo, o recurso será remetido ao início da vigência deste Código.
oficial ou credenciado de juris-
tribunal competente, e, haven-
prudência, inclusive em mídia § 2o Permanecem em vigor as
do interposição conjunta, os
eletrônica, onde foi publica- disposições especiais dos proce-
autos serão remetidos ao Su-
do o acórdão divergente, ou dimentos regulados em outras
perior Tribunal de Justiça. leis, aos quais se aplicará suple-
com a reprodução de julgado
§ 8o Concluído o julgamento do disponível na rede mundial de tivamente este Código.
agravo pelo Superior Tribunal computadores, indicando a res- § 3o Os processos mencionados
de Justiça e, se for o caso, do pectiva fonte, e mencionará as no art. 1.218 da Lei no 5.869,
recurso especial, independen- circunstâncias que identificam de 11 de janeiro de 1973, cujo
temente de pedido, os autos se- ou assemelham os casos con- procedimento ainda não tenha
rão remetidos ao Supremo Tri- frontados. sido incorporado por lei sub-
bunal Federal para apreciação § 5o (Revogado) metem-se ao procedimento
do agravo a ele dirigido, salvo comum previsto neste Código.
se estiver prejudicado. Art. 1.044. No recurso de
embargos de divergência, será § 4o As remissões a disposições
observado o procedimento es- do Código de Processo Civil re-
Seção IV – Dos Embargos tabelecido no regimento interno vogado, existentes em outras
de Divergência do respectivo tribunal superior. leis, passam a referir-se às que
lhes são correspondentes neste
Art. 1.043. É embargável o § 1o A interposição de embar- Código.
acórdão de órgão fracionário gos de divergência no Superior
Tribunal de Justiça interrompe § 5o A primeira lista de proces-
que:
o prazo para interposição de sos para julgamento em ordem
I – em recurso extraordinário ou cronológica observará a anti-
recurso extraordinário por qual-
em recurso especial, divergir do quer das partes. guidade da distribuição entre os
julgamento de qualquer outro já conclusos na data da entrada
órgão do mesmo tribunal, sen- § 2o Se os embargos de diver- em vigor deste Código.
do os acórdãos, embargado e gência forem desprovidos ou
paradigma, de mérito; não alterarem a conclusão do Art. 1.047. As disposições
julgamento anterior, o recurso de direito probatório adotadas
II – (Revogado); extraordinário interposto pela neste Código aplicam-se apenas
III – em recurso extraordinário outra parte antes da publicação às provas requeridas ou deter-
ou em recurso especial, diver- do julgamento dos embargos de minadas de ofício a partir da
gir do julgamento de qualquer divergência será processado e data de início de sua vigência.

426
Art. 1.048. Terão prioridade entidades da administração Ar t. 1.057. O disposto
de tramitação, em qualquer juí- indireta, o Ministério Público, no art. 525, §§ 14 e 15, e no
zo ou tribunal, os procedimen- a Defensoria Pública e a Advo- art. 535, §§ 7o e 8 o, aplica-se
tos judiciais: cacia Pública, no prazo de 30 às decisões transitadas em
I – em que figure como parte ou (trinta) dias a contar da data da julgado após a entrada em
interessado pessoa com idade entrada em vigor deste Código, vigor deste Código, e, às de-
igual ou superior a 60 (sessenta) deverão se cadastrar perante a cisões transitadas em julgado
anos ou portadora de doença administração do tribunal no anteriormente, aplica-se o dis-
grave, assim compreendida qual- qual atuem para cumprimento posto no art. 475-L, § 1o, e no
quer das enumeradas no art. 6o, do disposto nos arts. 246, § 2o, art. 741, parágrafo único, da
inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 e 270, parágrafo único. Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de dezembro de 1988; de 1973.
Art. 1.051. As empresas pú-
II – regulados pela Lei no 8.069, blicas e privadas devem cumprir Art. 1.058. Em todos os ca-
de 13 de julho de 1990 (Esta- o disposto no art. 246, § 1o, no sos em que houver recolhimen-
tuto da Criança e do Adoles- prazo de 30 (trinta) dias, a con- to de importância em dinheiro,
cente). tar da data de inscrição do ato esta será depositada em nome
constitutivo da pessoa jurídica, da parte ou do interessado, em
§ 1o A pessoa interessada na ob-
perante o juízo onde tenham conta especial movimentada
tenção do benefício, juntando
sede ou filial. por ordem do juiz, nos termos
prova de sua condição, deverá
requerê-lo à autoridade judici- do art. 840, inciso I.
Parágrafo único. O disposto no
ária competente para decidir o caput não se aplica às micro- Art. 1.059. À tutela provisó-
feito, que determinará ao car- empresas e às empresas de pe- ria requerida contra a Fazenda
tório do juízo as providências a queno porte. Pública aplica-se o disposto nos
serem cumpridas. arts. 1o a 4o da Lei no 8.437, de
Art. 1.052. Até a edição de
§ 2o Deferida a prioridade, os 30 de junho de 1992, e no art.
lei específica, as execuções con-
autos receberão identificação 7o, § 2o, da Lei no 12.016, de 7
tra devedor insolvente, em curso
própria que evidencie o regime de agosto de 2009.
ou que venham a ser propostas,
de tramitação prioritária. permanecem reguladas pelo Li- Art. 1.060. O inciso II do
§ 3o Concedida a prioridade, vro II, Título IV, da Lei no 5.869, art. 14 da Lei no 9.289, de 4 de
essa não cessará com a morte de 11 de janeiro de 1973. julho de 1996, passa a vigorar
do beneficiado, estendendo-se com a seguinte redação:
Art. 1.053. Os atos pro-
em favor do cônjuge supérstite “Art. 14. ...........................
cessuais praticados por meio
ou do companheiro em união .........................................
eletrônico até a transição defi-
estável. II – aquele que recorrer da
nitiva para certificação digital
§ 4o A tramitação prioritária in- ficam convalidados, ainda que sentença adiantará a outra
depende de deferimento pelo não tenham observado os re- metade das custas, com-
órgão jurisdicional e deverá quisitos mínimos estabelecidos provando o adiantamento
ser imediatamente concedida por este Código, desde que te- no ato de interposição do
diante da prova da condição de nham atingido sua finalidade recurso, sob pena de deser-
beneficiário. e não tenha havido prejuízo à ção, observado o disposto
defesa de qualquer das partes. nos §§ 1o a 7o do art. 1.007
Art. 1.049. Sempre que a do Código de Processo Civil;
lei remeter a procedimento Ar t. 1.054. O disposto ............................... ” (NR)
previsto na lei processual sem no art. 503, § 1o, somente se
especificá-lo, será observado o aplica aos processos iniciados Art. 1.061. O § 3o do art. 33
procedimento comum previsto após a vigência deste Código, da Lei no 9.307, de 23 de se-
neste Código. aplicando-se aos anteriores o tembro de 1996 (Lei de Arbi-
disposto nos arts. 5o, 325 e 470 tragem), passa a vigorar com a
Parágrafo único. Na hipótese de
da Lei no 5.869, de 11 de janei- seguinte redação:
a lei remeter ao procedimento
ro de 1973. “Art. 33. ...........................
sumário, será observado o pro-
.........................................
cedimento comum previsto nes- Art. 1.055. (Vetado).
te Código, com as modificações § 3o A decretação da nuli-
previstas na própria lei especial, Art. 1.056. Considerar-se-á dade da sentença arbitral
se houver. como termo inicial do prazo da também poderá ser reque-
prescrição prevista no art. 924, r ida na impugnação ao
Art. 1.050. A União, os Es- inciso V, inclusive para as exe- cumprimento da sentença,
tados, o Distrito Federal, os cuções em curso, a data de vi- nos termos dos arts. 525 e
Municípios, suas respectivas gência deste Código. seguintes do Código de Pro-

427
cesso Civil, se houver execu- hipóteses previstas no Códi- to de invocar em relação a
ção judicial.” (NR) go de Processo Civil. qualquer deles.” (NR)
§ 1o Os embargos de de- “Ar t. 2.027. A par tilha é
Art. 1.062. O incidente de anulável pelos vícios e defei-
claração serão opostos no
desconsideração da perso- tos que invalidam, em geral,
prazo de 3 (três) dias, con-
nalidade jurídica aplica-se ao os negócios jurídicos. (NR)
tado da data de publicação
processo de competência dos
da decisão embargada, em ....................................... ”
juizados especiais.
petição dirigida ao juiz ou
Art. 1.063. Até a edição de relator, com a indicação do Art. 1.069. O Conselho
lei específica, os juizados es- ponto que lhes deu causa. Nacional de Justiça promove-
peciais cíveis previstos na Lei rá, periodicamente, pesquisas
§ 2o Os embargos de decla-
n o 9.099, de 26 de setembro estatísticas para avaliação da
ração não estão sujeitos a
de 1995, continuam compe- efetividade das normas previs-
preparo.
tentes para o processamento tas neste Código.
§ 3o O juiz julgará os embar-
e julgamento das causas pre- gos em 5 (cinco) dias. Art. 1.070. É de 15 (quinze)
vistas no art. 275, inciso II, da § 4o Nos tribunais: dias o prazo para a interposição
Lei no 5.869, de 11 de janeiro I – o relator apresentará os de qualquer agravo, previsto em
de 1973. embargos em mesa na ses- lei ou em regimento interno de
são subsequente, proferin- tribunal, contra decisão de rela-
Art. 1.064. O caput do
do voto; tor ou outra decisão unipessoal
art. 48 da Lei no 9.099, de 26
II – não havendo julgamento proferida em tribunal.
de setembro de 1995, passa a
vigorar com a seguinte redação: na sessão referida no inciso Art. 1.071. O Capítulo III
“Art. 48. Caberão embar- I, será o recurso incluído em do Título V da Lei no 6.015, de
gos de declaração contra pauta; 31 de dezembro de 1973 (Lei
sentença ou acórdão nos III – vencido o relator, outro de Registros Públicos), passa
casos previstos no Código será designado para lavrar o a vigorar acrescida do seguinte
de Processo Civil. acórdão. art. 216-A:
............................... ” (NR) § 5o Os embargos de decla- “Art. 216-A. Sem prejuízo
ração interrompem o prazo da via jurisdicional, é admi-
Art. 1.065. O art. 50 da Lei tido o pedido de reconheci-
para a interposição de re-
no 9.099, de 26 de setembro de mento extrajudicial de usu-
curso.
1995, passa a vigorar com a se- capião, que será processado
guinte redação: § 6 o Quando manifesta-
mente protelatórios os em- diretamente perante o car-
“Art. 50. Os embargos de tório do registro de imóveis
declaração interrompem o bargos de declaração, o juiz
ou o tribunal, em decisão da comarca em que estiver
prazo para a interposição situado o imóvel usucapien-
de recurso.” (NR) fundamentada, condenará
o embargante a pagar ao do, a requerimento do inte-
Art. 1.066. O art. 83 da Lei embargado multa não ex- ressado, representado por
no 9.099, de 26 de setembro de cedente a 2 (dois) salários advogado, instruído com:
1995, passam a vigorar com a mínimos. I – ata notarial lavrada pelo
seguinte redação: § 7o Na reiteração de em- tabelião, atestando o tem-
“Art. 83. Cabem embargos bargos de declaração ma- po de posse do requerente
de declaração quando, em nifestamente protelatórios, e seus antecessores, confor-
sentença ou acórdão, hou- a multa será elevada a até me o caso e suas circuns-
ver obscuridade, contradi- 10 (dez) salários mínimos.” tâncias;
ção ou omissão. (NR) II – planta e memorial des-
......................................... critivo assinado por profis-
§ 2o Os embargos de decla- Art. 1.068. O art. 274 e sional legalmente habilita-
ração interrompem o prazo o caput do art. 2.027 da Lei do, com prova de anotação
para a interposição de re- no 10.406, de 10 de janeiro de de responsabilidade técnica
curso. 2002 (Código Civil), passam a no respectivo conselho de
vigorar com a seguinte redação: f iscalização prof issional, e
............................... ” (NR)
“Ar t. 274. O julgamento pelos titulares de direitos
Art. 1.067. O art. 275 da Lei contrário a um dos credores reais e de outros direitos re-
no 4.737, de 15 de julho de 1965 solidários não atinge os de- gistrados ou averbados na
(Código Eleitoral), passa a vi- mais, mas o julgamento fa- matrícula do imóvel usuca-
gorar com a seguinte redação: vorável aproveita-lhes, sem piendo e na matrícula dos
“Art. 275. São admissíveis prejuízo de exceção pessoal imóveis confinantes;
embargos de declaração nas que o devedor tenha direi- III – certidões negativas dos

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distribuidores da comarca § 6 o Transcorrido o prazo II – os arts. 227, caput, 229,
da situação do imóvel e do de que trata o § 4 o deste 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a
domicílio do requerente; artigo, sem pendência de 1.773 da Lei no 10.406, de 10 de
IV – justo título ou quais- diligências na forma do § 5o janeiro de 2002 (Código Civil);
quer outros documentos deste artigo e achando-se III – os arts. 2o, 3o, 4o, 6o, 7o, 11,
que demonstrem a origem, em ordem a documenta- 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de
a continuidade, a natureza ção, com inclusão da con- fevereiro de 1950;
e o tempo da posse, tais cordância expressa dos ti- IV – os arts. 13 a 18, 26 a 29
como o pagamento dos im- tulares de direitos reais e de e 38 da Lei no 8.038, de 28 de
postos e das taxas que inci- outros direitos registrados maio de 1990;
direm sobre o imóvel. ou averbados na matrícu-
§ 1o O pedido será autuado V – os arts. 16 a 18 da Lei
la do imóvel usucapiendo
pelo registrador, prorrogan- n o 5.478, de 25 de julho de
e na matrícula dos imóveis
do-se o prazo da prenota- 1968; e
confinantes, o oficial de re-
ção até o acolhimento ou a gistro de imóveis registrará VI – o art. 98, § 4 o, da Lei
rejeição do pedido. a aquisição do imóvel com no 12.529, de 30 de novembro
§ 2o Se a planta não conti- as descrições apresentadas, de 2011.
ver a assinatura de qualquer sendo permitida a abertura Brasília, 16 de março de
um dos titulares de direitos de matrícula, se for o caso. 2015; 194 o da Independên-
reais e de outros direitos re- cia e 127o da República.
§ 7o Em qualquer caso, é lí- DILMA ROUSSEFF –
gistrados ou averbados na cito ao interessado suscitar
matrícula do imóvel usuca- José Eduardo Cardozo –
o procedimento de dúvida, Jaques Wagner – Joaquim
piendo e na matrícula dos nos termos desta Lei. Vieira Ferreira Levy – Luís
imóveis conf inantes, esse § 8o Ao final das diligências, Inácio Lucena Adams
será notif icado pelo regis- Promulgada em 16/3/2015
se a documentação não es-
trador competente, pes- e publicada no DOU de
tiver em ordem, o oficial de
soalmente ou pelo correio 17/3/2015.
registro de imóveis rejeitará
com aviso de recebimento,
o pedido.
para manifestar seu con-
sentimento expresso em 15 § 9 o A rejeição do pedido
extrajudicial não impede
(quinze) dias, interpretado
o ajuizamento de ação de
Mensagem no 56/2015
o seu silêncio como discor-
dância. usucapião.
Senhor Presidente do Senado
§ 3 o O of icial de registro § 10. Em caso de impug-
Federal,
de imóveis dará ciência à nação do pedido de reco-
nhecimento ex trajudicial Comunico a Vossa Excelência
União, ao Estado, ao Distri-
de usucapião, apresentada que, nos termos do § 1o do
to Federal e ao Município,
por qualquer um dos titu- art. 66 da Constituição, decidi
pessoalmente, por intermé-
lares de direito reais e de vetar parcialmente, por contra-
dio do oficial de registro de riedade ao interesse público, o
títulos e documentos, ou outros direitos registrados
ou averbados na matrícu- Projeto de Lei no 166, de 2010
pelo correio com aviso de (no 8.046/10 na Câmara dos
recebimento, para que se la do imóvel usucapiendo
Deputados), que institui o “Có-
manifestem, em 15 (quinze) e na matrícula dos imóveis
digo de Processo Civil”.
dias, sobre o pedido. confinantes, por algum dos
§ 4o O oficial de registro de entes públicos ou por al- Ouvidos, o Ministério da Justiça
imóveis promoverá a publi- gum terceiro interessado, o e a Advocacia-Geral da União
cação de edital em jornal oficial de registro de imóveis manifestaram-se pelo veto ao
de grande circulação, onde remeterá os autos ao juízo seguinte dispositivo:
houver, para a ciência de competente da comarca da Art. 35.
terceiros eventualmente in- situação do imóvel, caben- “Art. 35. Dar-se-á por meio
teressados, que poderão se do ao requerente emendar de carta rogatória o pedido
manifestar em 15 (quinze) a petição inicial para ade- de cooperação entre órgão
dias. quá-la ao procedimento jurisdicional brasileiro e ór-
§ 5 o Para a elucidação de comum.” gão jurisdicional estrangeiro
qualquer ponto de dúvida, para prática de ato de cita-
poderão ser solicitadas ou Art. 1.072. Revogam-se: ção, intimação, notificação
realizadas diligências pelo I – o art. 22 do Decreto-Lei judicial, colheita de provas,
of icial de registro de imó- no 25, de 30 de novembro de obtenção de informações
veis. 1937; e cumprimento de decisão

429
interlocutória, sempre que conversão os legitimados deverá ser ouvido sobre o
o ato estrangeiro constituir referidos no art. 5 o da Lei requerimento previsto no
decisão a ser executada no no 7.347, de 24 de julho de caput, salvo quando ele
Brasil.” 1985, e no art. 82 da Lei próprio o houver formula-
Razões do veto no 8.078, de 11 de setembro do.”
“Consultados o Ministério de 1990 (Código de Defesa Inciso XII do art. 1.015
Público Federal e o Superior do Consumidor). “XII – conversão da ação in-
Tribunal de Justiça, enten- § 2o A conversão não pode dividual em ação coletiva;”
deu-se que o dispositivo im- implicar a formação de pro-
cesso coletivo para a tutela Razões dos vetos
põe que determinados atos “Da forma como foi redigi-
sejam praticados exclusi- de direitos individuais ho-
mogêneos. do, o dispositivo poderia le-
vamente por meio de carta var à conversão de ação in-
rogatória, o que afetaria a § 3 o Não se admite a con-
versão, ainda, se: dividual em ação coletiva de
celeridade e efetividade da maneira pouco criteriosa,
cooperação jurídica inter- I – já iniciada, no processo
inclusive em detrimento do
nacional que, nesses casos, individual, a audiência de
interesse das partes. O tema
poderia ser processada pela instrução e julgamento; ou
exige disciplina própria para
via do auxílio direto.” II – houver processo coleti- garantir a plena ef icácia
A Advocacia-Geral da União vo pendente com o mesmo do instituto. Além disso, o
manifestou-se pelo veto aos objeto; ou novo Código já contempla
seguintes dispositivos: III – o juízo não tiver com- mecanismos para tratar de-
petência para o processo mandas repetitivas. No sen-
Art. 333 coletivo que seria formado. tido do veto manifestou-se
“Ar t. 333. Atendidos os § 4o Determinada a conver- também a Ordem dos Ad-
pressupostos da relevância são, o juiz intimará o autor vogados do Brasil – OAB.”
social e da dif iculdade de do requerimento para que,
formação do litisconsórcio, no prazo f ixado, adite ou O Ministério da Defesa mani-
o juiz, a requerimento do emende a petição inicial, festou-se pelo veto ao seguinte
Ministério Público ou da para adaptá-la à tutela co- dispositivo:
Defensoria Pública, ouvido letiva. Inciso X do art. 515
o autor, poderá converter § 5 o Havendo aditamen- “X – o acórdão proferido
em coletiva a ação individu- to ou emenda da petição pelo Tr ibunal Mar ítimo
al que veicule pedido que: inicial, o juiz determinará quando do julgamento de
I – tenha alcance coletivo, a intimação do réu para, acidentes e fatos da nave-
em razão da tutela de bem querendo, manifestar-se no gação.”
jurídico difuso ou coletivo, prazo de 15 (quinze) dias. Razões do veto
assim entendidos aqueles § 6 o O autor originário da “Ao atribuir natureza de
def inidos pelo art. 81, pa- ação individual atuará na título executivo judicial às
rágrafo único, incisos I e condição de litisconsorte decisões do Tribunal Marí-
II, da Lei no 8.078, de 11 de unitário do legitimado para timo, o controle de suas de-
setembro de 1990 (Código condução do processo co- cisões poderia ser afastado
de Defesa do Consumidor), letivo. do Poder Judiciário, possi-
e cuja ofensa afete, a um só § 7o O autor originário não bilitando a interpretação
tempo, as esferas jurídicas é responsável por nenhuma de que tal colegiado admi-
do indivíduo e da coletivi- despesa processual decor- nistrativo passaria a dispor
dade; rente da conversão do pro- de natureza judicial.”
II – tenha por objetivo a cesso individual em coletivo.
solução de conflito de inte- Ouvido ainda o Ministério da
§ 8o Após a conversão, ob- Fazenda, manifestou-se pelo
resse relativo a uma mesma ser var-se-ão as regras do
relação jurídica plurilateral, veto ao dispositivo a seguir
processo coletivo. transcrito:
cuja solução, por sua natu-
§ 9 o A conversão poderá
reza ou por disposição de § 3o do art. 895
ocorrer mesmo que o autor
lei, deva ser necessariamente “§ 3 o As prestações, que
tenha cumulado pedido de
uniforme, assegurando-se poderão ser pagas por meio
natureza estritamente indi-
tratamento isonômico para eletrônico, serão corrigidas
vidual, hipótese em que o
todos os membros do grupo. mensalmente pelo índice
processamento desse pedi-
§ 1o Além do Ministério oficial de atualização finan-
do dar-se-á em autos apar-
Público e da Defensoria ceira, a ser informado, se
tados.
Pública, podem requerer a for o caso, para a operado-
§ 10. O Ministério Público ra do cartão de crédito.”

430
Razões do veto agravo interno resultaria em jeto de suspensão em tutela
“O dispositivo institui cor- perda de celeridade proces- provisória.”
reção monetária mensal sual, princípio norteador do Razões do veto
por um índice of icial de novo Código, provocando “Ao converter em artigo au-
preços, o que caracteriza ainda sobrecarga nos Tri- tônomo o § 2o do art. 285-B
indexação. Sua introdução bunais.” do Código de Processo Ci-
potencializaria a memória O Ministério da Justiça e o vil de 1973, as hipóteses de
inf lacionária, culminando Ministério da Fazenda acres- sua aplicação, hoje restri-
em uma indesejada inflação centaram veto ao seguinte tas, f icariam imprecisas e
inercial.” dispositivo: ensejariam interpretações
O Ministério da Justiça solici- equivocadas, tais como pos-
tou, ainda, veto ao dispositivo Art. 1.055 sibilitar a transferência de
a seguir transcrito: “Art. 1.055. O devedor ou responsabilidade tributária
arrendatário não se exime por meio de contrato.”
Inciso VII do art. 937 da obrigação de pagamen-
“VII – no agravo interno ori- to dos tributos, das multas Essas, Senhor Presidente, as
ginário de recurso de apela- e das taxas incidentes sobre razões que me levaram a vetar
ção, de recurso ordinário, os bens vinculados e de ou- os dispositivos acima mencio-
de recurso especial ou de tros encargos previstos em nados do projeto em causa, as
recurso extraordinário;” contrato, exceto se a obri- quais ora submeto à elevada
Razões do veto gação de pagar não for de apreciação dos Senhores Mem-
“A previsão de sustentação sua responsabilidade, con- bros do Congresso Nacional.
oral para todos os casos de forme contrato, ou for ob- Publicada no DOU de 17/3/2015.

431
CÓDIGO PENAL

Atualizado até abril de 2017


Sumário
CÓDIGO PENAL ................................................................................................................... 437
Decreto-Lei no 2.848/1940 .................................................................................. 437
Parte Geral ......................................................................................................... 437
Título I – Da Aplicação da Lei Penal.............................................................................. 437
Título II – Do Crime...................................................................................................... 438
Título III – Da Imputabilidade Penal ............................................................................. 439
Título IV – Do Concurso de Pessoas..............................................................................440
Título V – Das Penas.....................................................................................................440
Capítulo I – Das Espécies de Pena .............................................................................440
Seção I – Das Penas Privativas de Liberdade ..........................................................440
Seção II – Das Penas Restritivas de Direitos ........................................................... 441
Seção III – Da Pena de Multa ................................................................................. 442
Capítulo II – Da Cominação das Penas ......................................................................443
Capítulo III – Da Aplicação da Pena ..........................................................................443
Capítulo IV – Da Suspensão Condicional da Pena...................................................... 445
Capítulo V – Do Livramento Condicional ..................................................................446
Capítulo VI – Dos Efeitos da Condenação ................................................................. 447
Capítulo VII – Da Reabilitação .................................................................................. 447
Título VI – Das Medidas de Segurança ..........................................................................448
Título VII – Da Ação Penal ............................................................................................448
Título VIII – Da Extinção da Punibilidade ...................................................................... 449
Parte Especial ..................................................................................................... 451
Título I – Dos Crimes contra a Pessoa ........................................................................... 451
Capítulo I – Dos Crimes contra a Vida....................................................................... 451
Capítulo II – Das Lesões Corporais ........................................................................... 452
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde ...................................................... 453
Capítulo IV – Da Rixa................................................................................................ 454
Capítulo V – Dos Crimes contra a Honra................................................................... 454
Capítulo VI – Dos Crimes contra a Liberdade Individual ............................................ 455
Seção I – Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal ................................................... 455
Seção II – Dos Crimes contra a Inviolabilidade do Domicílio .................................. 456
Seção III – Dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência ...................... 456
Seção IV – Dos Crimes contra a Inviolabilidade dos Segredos ................................. 457
Título II – Dos Crimes contra o Patrimônio ................................................................... 458
Capítulo I – Do Furto................................................................................................ 458
Capítulo II – Do Roubo e da Extorsão ....................................................................... 458
Capítulo III – Da Usurpação...................................................................................... 459
Capítulo IV – Do Dano.............................................................................................. 459
Capítulo V – Da Apropriação Indébita ...................................................................... 460
Capítulo VI – Do Estelionato e Outras Fraudes .......................................................... 460
Capítulo VII – Da Receptação ................................................................................... 462
Capítulo VIII – Disposições Gerais............................................................................. 462
Título III – Dos Crimes contra a Propriedade Imaterial .................................................. 463
Capítulo I – Dos Crimes contra a Propriedade Intelectual .......................................... 463
Capítulo II – Dos Crimes contra o Privilégio de Invenção ........................................... 463
Capítulo III – Dos Crimes contra as Marcas de Indústria e Comércio ......................... 463
Capítulo IV – Dos Crimes de Concorrência Desleal .................................................... 463
Título IV – Dos Crimes contra a Organização do Trabalho ............................................ 463
Título V – Dos Crimes contra o Sentimento Religioso e contra o Respeito aos Mortos ... 465
Capítulo I – Dos Crimes contra o Sentimento Religioso ............................................. 465
Capítulo II – Dos Crimes contra o Respeito aos Mortos............................................. 465
Título VI – Dos Crimes contra a Dignidade Sexual ......................................................... 465
Capítulo I – Dos Crimes contra a Liberdade Sexual.................................................... 465
Capítulo II – Dos Crimes Sexuais contra Vulnerável.................................................... 465
Capítulo III – Do Rapto............................................................................................. 466
Capítulo IV – Disposições Gerais ............................................................................... 466
Capítulo V – Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para Fim de Prostituição
ou Outra Forma de Exploração Sexual ...................................................................... 466
Capítulo VI – Do Ultraje Público ao Pudor ................................................................ 467
Capítulo VII – Disposições Gerais .............................................................................. 467
Título VII – Dos Crimes contra a Família ....................................................................... 468
Capítulo I – Dos Crimes contra o Casamento ............................................................ 468
Capítulo II – Dos Crimes contra o Estado de Filiação ................................................ 468
Capítulo III – Dos Crimes contra a Assistência Familiar.............................................. 468
Capítulo IV – Dos Crimes contra o Pátrio Poder, Tutela ou Curatela .......................... 469
Título VIII – Dos Crimes contra a Incolumidade Pública ................................................ 469
Capítulo I – Dos Crimes de Perigo Comum ................................................................ 469
Capítulo II – Dos Crimes contra a Segurança dos Meios de Comunicação
e Transporte e Outros Serviços Públicos.................................................................... 470
Capítulo III – Dos Crimes contra a Saúde Pública ...................................................... 471
Título IX – Dos Crimes contra a Paz Pública.................................................................. 473
Título X – Dos Crimes contra a Fé Pública ..................................................................... 474
Capítulo I – Da Moeda Falsa ..................................................................................... 474
Capítulo II – Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos .................................. 474
Capítulo III – Da Falsidade Documental .................................................................... 475
Capítulo IV – De Outras Falsidades ........................................................................... 476
Capítulo V – Das Fraudes em Certames de Interesse Público ...................................... 477
Título XI – Dos Crimes contra a Administração Pública................................................. 477
Capítulo I – Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a
Administração em Geral ........................................................................................... 477
Capítulo II – Dos Crimes Praticados por Particular contra a Administração em Geral 479
Capítulo II-A – Dos Crimes Praticados por Particular contra a
Administração Pública Estrangeira ........................................................................... 481
Capítulo III – Dos Crimes contra a Administração da Justiça ..................................... 482
Capítulo IV – Dos Crimes contra as Finanças Públicas ...............................................484
CÓDIGO PENAL

Decreto-Lei no 2.848/1940

O PRESIDENTE DA REPÚBLI- lhe confere o art. 180 da Cons- DECRETA a seguinte Lei:
CA, usando da atribuição que tituição,

Parte Geral1

1
Nota do Editor (NE): a Parte Geral deste Decreto-Lei, Títulos I a VIII, sofreu profundas modificações por força
da Lei no 7.209/1984.

Tempo do crime
Título I – Da Aplicação em porto ou mar territorial do
da Lei Penal Art. 4 Considera-se prati-
o Brasil.
cado o crime no momento da
Lugar do crime
ação ou omissão, ainda que
Anterioridade da Lei
outro seja o momento do re-
sultado. Art. 6o Considera-se prati-
Art. 1o Não há crime sem cado o crime no lugar em que
lei anterior que o defina. Não Territorialidade ocorreu a ação ou omissão, no
há pena sem prévia cominação todo ou em parte, bem como
legal. Art. 5o Aplica-se a lei bra- onde se produziu ou deveria
sileira, sem prejuízo de con- produzir-se o resultado.
Lei penal no tempo venções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime Extraterritorialidade
Art. 2o Ninguém pode ser cometido no território nacional.
punido por fato que lei poste- Art. 7o Ficam sujeitos à lei
rior deixa de considerar crime, § 1o Para os efeitos penais, con- brasileira, embora cometidos
cessando em virtude dela a sideram-se como extensão do no estrangeiro:
execução e os efeitos penais da território nacional as embarca-
ções e aeronaves brasileiras, de I – os crimes:
sentença condenatória.
natureza pública ou a serviço a) contra a vida ou a liber-
Parágrafo único. A lei posterior, do governo brasileiro onde quer dade do Presidente da
que de qualquer modo favore- que se encontrem, bem como República;
cer o agente, aplica-se aos fatos as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de b) contra o patrimônio ou
anteriores, ainda que decididos
propriedade privada, que se a fé pública da União,
por sentença condenatória
achem, respectivamente, no do Distrito Federal, de
transitada em julgado.
espaço aéreo correspondente Estado, de Território,
ou em alto-mar. de Município, de em-
Lei excepcional ou temporária
presa pública, socieda-
§ 2o É também aplicável a lei de de economia mista,
Art. 3o A lei excepcional ou brasileira aos crimes praticados autarquia ou fundação
temporária, embora decorrido a bordo de aeronaves ou em- instituída pelo Poder
o período de sua duração ou barcações estrangeiras de pro- Público;
cessadas as circunstâncias que priedade privada, achando-se
a determinaram, aplica-se ao aquelas em pouso no território c) contra a administração
fato praticado durante sua vi- nacional ou em voo no espaço pública, por quem está
gência. aéreo correspondente, e estas a seu serviço;

437
d) de genocídio, quando o Pena cumprida no estrangeiro
agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil; Art. 8o A pena cumprida no
Título II – Do Crime
estrangeiro atenua a pena im-
II – os crimes:
posta no Brasil pelo mesmo cri-
Relação de causalidade
a) que, por tratado ou me, quando diversas, ou nela é
convenção, o Brasil se computada, quando idênticas.
Art. 13. O resultado, de que
obrigou a reprimir;
depende a existência do crime,
Eficácia de sentença estrangeira
b) praticados por brasi- somente é imputável a quem lhe
leiro; deu causa. Considera-se causa
Art. 9o A sentença estrangei-
a ação ou omissão sem a qual
c) praticados em aero- ra, quando a aplicação da lei
o resultado não teria ocorrido.
naves ou embarcações brasileira produz na espécie as
brasileiras, mercantes mesmas consequências, pode
Superveniência de causa
ou de propriedade pri- ser homologada no Brasil para:
independente
vada, quando em ter-
I – obrigar o condenado à repa-
ritório estrangeiro e aí § 1o A superveniência de causa
ração do dano, a restituições e
não sejam julgados. relativamente independente ex-
a outros efeitos civis;
clui a imputação quando, por
§ 1o Nos casos do inciso I, o
II – sujeitá-lo a medida de si só, produziu o resultado; os
agente é punido segundo a lei
segurança. fatos anteriores, entretanto, im-
brasileira, ainda que absolvido
putam-se a quem os praticou.
ou condenado no estrangeiro.
Parágrafo único. A homologação
§ 2o Nos casos do inciso II, a depende: Relevância da omissão
aplicação da lei brasileira de-
a) para os efeitos previstos § 2 A omissão é penalmente
o
pende do concurso das seguin-
no inciso I, de pedido relevante quando o omitente
tes condições:
da parte interessada; devia e podia agir para evitar
a) entrar o agente no ter- o resultado. O dever de agir in-
b) para os outros efeitos,
ritório nacional; cumbe a quem:
da existência de trata-
b) ser o fato punível tam- do de extradição com o a) tenha por lei obrigação
bém no país em que foi país de cuja autoridade de cuidado, proteção
praticado; judiciária emanou a sen- ou vigilância;
tença, ou, na falta de
c) estar o crime incluído b) de outra forma, assumiu
tratado, de requisição
entre aqueles pelos a responsabilidade de
do Ministro da Justiça.
quais a lei brasileira impedir o resultado;
autoriza a extradição;
Contagem de prazo c) com seu comportamen-
d) não ter sido o agente to anterior, criou o risco
absolvido no estrangei- Art. 10. O dia do começo da ocorrência do resul-
ro ou não ter aí cumpri- inclui-se no cômputo do pra- tado.
do a pena; zo. Contam-se os dias, os me-
ses e os anos pelo calendário Art. 14. Diz-se o crime:
e) não ter sido o agente
comum.
perdoado no estrangei-
Crime consumado
ro ou, por outro motivo,
Frações não computáveis da pena
não estar extinta a pu- I – consumado, quando nele se
nibilidade, segundo a lei reúnem todos os elementos de
Art. 11. Desprezam-se, nas
mais favorável. sua definição legal;
penas privativas de liberdade
§ 3o A lei brasileira aplica-se e nas restritivas de direitos, as
Tentativa
também ao crime cometido por frações de dia, e, na pena de
estrangeiro contra brasileiro multa, as frações de cruzeiro. II – tentado, quando, iniciada a
fora do Brasil, se, reunidas as execução, não se consuma por
condições previstas no parágra- Legislação especial circunstâncias alheias à vontade
fo anterior: do agente.
Art. 12. As regras gerais des-
a) não foi pedida ou foi
te Código aplicam-se aos fatos Pena de tentativa
negada a extradição;
incriminados por lei especial,
b) houve requisição do Mi- se esta não dispuser de modo Parágrafo único. Salvo disposição
nistro da Justiça. diverso. em contrário, pune-se a tentati-

438
va com a pena correspondente Erro sobre elementos do tipo Exclusão de ilicitude
ao crime consumado, diminuída
de um a dois terços. Art. 20. O erro sobre ele- Art. 23. Não há crime quan-
mento constitutivo do tipo le- do o agente pratica o fato:
Desistência voluntária e gal de crime exclui o dolo, mas I – em estado de necessidade;
arrependimento eficaz permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei. II – em legítima defesa;
Art. 15. O agente que, volun- III – em estrito cumprimento
tariamente, desiste de prosseguir Descriminantes putativas de dever legal ou no exercício
na execução ou impede que o re- regular de direito.
§ 1o É isento de pena quem, por
sultado se produza, só responde
pelos atos já praticados. erro plenamente justificado pe-
las circunstâncias, supõe situ- Excesso punível
Arrependimento posterior ação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não Parágrafo único. O agente, em
há isenção de pena quando o qualquer das hipóteses deste
Art. 16. Nos crimes come- artigo, responderá pelo excesso
tidos sem violência ou grave erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo. doloso ou culposo.
ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até Estado de necessidade
o recebimento da denúncia ou Erro determinado por terceiro
da queixa, por ato voluntário do § 2o Responde pelo crime o ter- Art. 24. Considera-se em
agente, a pena será reduzida de ceiro que determina o erro. estado de necessidade quem
um a dois terços. pratica o fato para salvar de
Erro sobre a pessoa perigo atual, que não pro-
Crime impossível vocou por sua vontade, nem
§ 3 O erro quanto à pessoa
o

contra a qual o crime é prati- podia de outro modo evitar,


Art. 17. Não se pune a ten- direito próprio ou alheio, cujo
tativa quando, por ineficácia cado não isenta de pena. Não
sacrifício, nas circunstâncias,
absoluta do meio ou por abso- se consideram, neste caso, as
não era razoável exigir-se.
luta impropriedade do objeto, é condições ou qualidades da ví-
impossível consumar-se o crime. tima, senão as da pessoa contra § 1o Não pode alegar estado de
quem o agente queria praticar necessidade quem tinha o dever
Art. 18. Diz-se o crime: o crime. legal de enfrentar o perigo.
§ 2o Embora seja razoável exi-
Crime doloso Erro sobre a ilicitude do fato
gir-se o sacrifício do direito
I – doloso, quando o agente ameaçado, a pena poderá ser
Art. 21. O desconhecimento reduzida de um a dois terços.
quis o resultado ou assumiu o da lei é inescusável. O erro so-
risco de produzi-lo; bre a ilicitude do fato, se inevi- Legítima defesa
tável, isenta de pena; se evitável,
Crime culposo poderá diminuí-la de um sexto Art. 25. Entende-se em le-
II – culposo, quando o agente a um terço. gítima defesa quem, usando
deu causa ao resultado por moderadamente dos meios ne-
imprudência, negligência ou Parágrafo único. Considera-se cessários, repele injusta agres-
imperícia. evitável o erro se o agente atua são, atual ou iminente, a direito
ou se omite sem a consciência seu ou de outrem.
Parágrafo único. Salvo os casos da ilicitude do fato, quando lhe
expressos em lei, ninguém pode era possível, nas circunstâncias,
ser punido por fato previsto ter ou atingir essa consciência.
como crime, senão quando o Título III – Da
pratica dolosamente. Coação irresistível e obediência Imputabilidade Penal
hierárquica
Agravação pelo resultado
Art. 22. Se o fato é cometi- Inimputáveis
Art. 19. Pelo resultado que do sob coação irresistível ou em
agrava especialmente a pena, estrita obediência a ordem, não Art. 26. É isento de pena o
só responde o agente que o manifestamente ilegal, de supe- agente que, por doença mental
houver causado ao menos cul- rior hierárquico, só é punível o ou desenvolvimento mental in-
posamente. autor da coação ou da ordem. completo ou retardado, era, ao

439
tempo da ação ou da omissão, fechado, semiaberto ou aber-
inteiramente incapaz de enten- to. A de detenção, em regime
Título IV – Do semiaberto, ou aberto, salvo
der o caráter ilícito do fato ou Concurso de Pessoas necessidade de transferência a
de determinar-se de acordo com
regime fechado.
esse entendimento.
Regras comuns às penas privativas § 1o Considera-se:
de liberdade a) regime fechado a execu-
Redução de pena
Art. 29. Quem, de qualquer ção da pena em estabe-
Parágrafo único. A pena pode ser modo, concorre para o crime lecimento de segurança
reduzida de um a dois terços, incide nas penas a este comi- máxima ou média;
se o agente, em virtude de per- nadas, na medida de sua cul- b) regime semiaber to a
turbação de saúde mental ou pabilidade. execução da pena em
por desenvolvimento mental in- § 1o Se a participação for de colônia agrícola, indus-
completo ou retardado não era menor importância, a pena po- trial ou estabelecimento
inteiramente capaz de entender de ser diminuída de um sexto a similar;
o caráter ilícito do fato ou de um terço. c) regime aberto a execu-
determinar-se de acordo com § 2o Se algum dos concorrentes ção da pena em casa de
esse entendimento. quis participar de crime menos albergado ou estabele-
grave, ser-lhe-á aplicada a pena cimento adequado.
Menores de dezoito anos deste; essa pena será aumenta- § 2o As penas privativas de li-
Art. 27. Os menores de 18 da até metade, na hipótese de berdade deverão ser executadas
(dezoito) anos são penalmente ter sido previsível o resultado em forma progressiva, segun-
inimputáveis, ficando sujeitos mais grave. do o mérito do condenado,
às normas estabelecidas na le- observados os seguintes crité-
Circunstâncias incomunicáveis rios e ressalvadas as hipóteses
gislação especial.
Art. 30. Não se comunicam de transferência a regime mais
as circunstâncias e as condições rigoroso:
Emoção e paixão de caráter pessoal, salvo quan- a) o condenado a pena
Art. 28. Não excluem a im- do elementares do crime. superior a 8 (oito)
putabilidade penal: anos deverá começar
Casos de impunibilidade a cumpri-la em regime
I – a emoção ou a paixão; Art. 31. O ajuste, a determi- fechado;
nação ou instigação e o auxílio,
b) o condenado não rein-
Embriaguez salvo disposição expressa em
cidente, cuja pena seja
contrário, não são puníveis, se
II – a embriaguez, voluntária ou superior a 4 (quatro)
o crime não chega, pelo menos,
culposa, pelo álcool ou subs- anos e não exceda a 8
a ser tentado.
tância de efeitos análogos. (oito), poderá, desde o
§ 1o É isento de pena o agente princípio, cumpri-la em
regime semiaberto;
que, por embriaguez comple-
ta, proveniente de caso fortuito Título V – Das Penas c) o condenado não re-
ou força maior, era, ao tempo incidente, cuja pena
da ação ou da omissão, intei- seja igual ou inferior a
Capítulo I – Das Espécies 4 (quatro) anos, pode-
ramente incapaz de entender de Pena
o caráter ilícito do fato ou de rá, desde o início, cum-
determinar-se de acordo com Art. 32. As penas são: pri-la em regime aberto.
esse entendimento. I – privativas de liberdade; § 3o A determinação do regime
§ 2o A pena pode ser reduzi- II – restritivas de direitos; inicial de cumprimento da pena
da de um a dois terços, se o far-se-á com observância dos
III – de multa. critérios previstos no art. 59
agente, por embriaguez, pro-
veniente de caso fortuito ou deste Código.
força maior, não possuía, ao Seção I – Das Penas § 4 o O condenado por crime
tempo da ação ou da omissão, Privativas de Liberdade contra a administração pública
a plena capacidade de entender terá a progressão de regime do
Reclusão e detenção
o caráter ilícito do fato ou de cumprimento da pena condi-
determinar-se de acordo com Art. 33. A pena de reclusão cionada à reparação do dano
esse entendimento. deve ser cumprida em regime que causou, ou à devolução do

440
produto do ilícito praticado, § 2o O condenado será transfe- de prisão provisória, no Brasil
com os acréscimos legais. rido do regime aberto, se pra- ou no estrangeiro, o de prisão
ticar fato definido como crime administrativa e o de internação
Regras do regime fechado doloso, se frustrar os fins da em qualquer dos estabelecimen-
execução ou se, podendo, não tos referidos no artigo anterior.
Art. 34. O condenado será pagar a multa cumulativamente
submetido, no início do cumpri- aplicada.
mento da pena, a exame crimi- Seção II – Das Penas
nológico de classificação para Regime especial Restritivas de Direitos
individualização da execução.
Art. 37. As mulheres cum- Penas restritivas de direitos
§ 1o O condenado fica sujeito a prem pena em estabelecimento
trabalho no período diurno e a próprio, observando-se os de- Art. 43. As penas restritivas
isolamento durante o repouso veres e direitos inerentes à sua de direitos são:2
noturno. condição pessoal, bem como,
no que couber, o disposto neste I – prestação pecuniária;
§ 2o O trabalho será em comum
Capítulo. II – perda de bens e valores;
dentro do estabelecimento, na
conformidade das aptidões ou Direitos do preso III – (Vetado);
ocupações anteriores do con-
IV – prestação de ser viço à
denado, desde que compatíveis Art. 38. O preso conserva comunidade ou a entidades
com a execução da pena. todos os direitos não atingidos públicas;
§ 3o O trabalho externo é ad- pela perda da liberdade, impon-
do-se a todas as autoridades o V – interdição temporária de
missível, no regime fechado, em direitos;
serviços ou obras públicas. respeito à sua integridade física
e moral. VI – limitação de fim de semana.
Regras do regime semiaberto
Trabalho do preso Art. 44. As penas restriti-
Art. 35. Aplica-se a norma vas de direitos são autônomas
Art. 39. O trabalho do preso e substituem as privativas de
do art. 34 deste Código, caput,
será sempre remunerado, sen- liberdade, quando:3
ao condenado que inicie o cum-
do-lhe garantidos os benefícios
primento da pena em regime I – aplicada pena privativa de
da Previdência Social.
semiaberto. liberdade não superior a quatro
§ 1o O condenado fica sujeito Legislação especial anos e o crime não for cometido
a trabalho em comum durante com violência ou grave ameaça
o período diurno, em colônia Art. 40. A legislação especial à pessoa ou, qualquer que seja
agrícola, industrial ou estabe- regulará a matéria prevista nos a pena aplicada, se o crime for
arts. 38 e 39 deste Código, bem culposo;
lecimento similar.
como especificará os deveres e II – o réu não for reincidente em
§ 2 o O trabalho ex terno é direitos do preso, os critérios crime doloso;
admissível, bem como a fre- para revogação e transferência
quência a cursos supletivos pro- dos regimes e estabelecerá as III – a culpabilidade, os ante-
fissionalizantes, de instrução de infrações disciplinares e corres- cedentes, a conduta social e a
segundo grau ou superior. pondentes sanções. personalidade do condenado,
bem como os motivos e as cir-
Regras do regime aberto Superveniência de doença mental cunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
Art. 36. O regime aberto Art. 41. O condenado a § 1o (Vetado)
baseia-se na autodisciplina e quem sobrevém doença mental
senso de responsabilidade do deve ser recolhido a hospital de § 2o Na condenação igual ou in-
condenado. custódia e tratamento psiquiá- ferior a um ano, a substituição
trico ou, à falta, a outro esta- pode ser feita por multa ou por
§ 1o O condenado deverá, fora belecimento adequado. uma pena restritiva de direitos;
do estabelecimento e sem vi- se superior a um ano, a pena
gilância, trabalhar, frequentar Detração
curso ou exercer outra atividade
autorizada, permanecendo reco- Art. 42. Computam-se, na
lhido durante o período noturno pena privativa de liberdade e na 2
Lei no 9.714/1998.
e nos dias de folga. medida de segurança, o tempo 3
Lei no 9.714/1998.

441
privativa de liberdade pode ser § 2o No caso do parágrafo an- Interdição temporária de direitos
substituída por uma pena res- terior, se houver aceitação do
tritiva de direitos e multa ou por beneficiário, a prestação pecu- Art. 47. As penas de interdi-
duas restritivas de direitos. niária pode consistir em presta- ção temporária de direitos são:6
§ 3o Se o condenado for rein- ção de outra natureza.
I – proibição do exercício de car-
cidente, o juiz poderá aplicar § 3o A perda de bens e valores go, função ou atividade pública,
a substituição, desde que, em pertencentes aos condenados bem como de mandato eletivo;
face de condenação anterior, a dar-se-á, ressalvada a legisla-
medida seja socialmente reco- II – proibição do exercício de
ção especial, em favor do Fun-
mendável e a reincidência não profissão, atividade ou ofício
do Penitenciário Nacional, e seu
se tenha operado em virtude da que dependam de habilitação
valor terá como teto – o que for
prática do mesmo crime. especial, de licença ou autori-
maior – o montante do prejuízo
zação do poder público;
§ 4 o A pena restritiva de direi- causado ou do provento obti-
tos converte-se em privativa do pelo agente ou por terceiro, III – suspensão de autorização
de liberdade quando ocorrer o em consequência da prática do ou de habilitação para dirigir
descumprimento injustificado crime. veículo.
da restrição imposta. No cálcu- § 4o (Vetado) IV – proibição de frequentar
lo da pena privativa de liberda- determinados lugares.
de a executar será deduzido o Prestação de serviços à comunidade
tempo cumprido da pena res- V – proibição de inscrever-se em
ou a entidades públicas
tritiva de direitos, respeitado o concurso, avaliação ou exame
saldo mínimo de trinta dias de públicos.
Art. 46. A prestação de ser-
detenção ou reclusão. viços à comunidade ou a enti-
Limitação de fim de semana
§ 5o Sobrevindo condenação dades públicas é aplicável às
a pena privativa de liberdade, condenações superiores a seis
Art. 48. A limitação de fim
por outro crime, o juiz da exe- meses de privação da liberda-
de semana consiste na obriga-
cução penal decidirá sobre a de.5
ção de permanecer, aos sába-
conversão, podendo deixar de
§ 1o A prestação de serviços à dos e domingos, por 5 (cinco)
aplicá-la se for possível ao con-
comunidade ou a entidades pú- horas diárias, em casa de alber-
denado cumprir a pena substi-
tutiva anterior. blicas consiste na atribuição de gado ou outro estabelecimento
tarefas gratuitas ao condenado. adequado.
Conversão das penas restritivas de § 2o A prestação de serviço à co-
direitos Parágrafo único. Durante a per-
munidade dar-se-á em entidades
manência poderão ser minis-
assistenciais, hospitais, escolas,
Art. 45. Na aplicação da trados ao condenado cursos e
orfanatos e outros estabelecimen-
substituição prevista no artigo palestras ou atribuídas ativida-
tos congêneres, em programas co-
anterior, proceder-se-á na for- des educativas.
munitários ou estatais.
ma deste e dos arts. 46, 47 e
48.4 § 3o As tarefas a que se refere o
§ 1o serão atribuídas conforme Seção III – Da Pena de
§ 1o A prestação pecuniária as aptidões do condenado, de- Multa
consiste no pagamento em di- vendo ser cumpridas à razão de
nheiro à vítima, a seus depen- uma hora de tarefa por dia de Multa
dentes ou a entidade pública condenação, fixadas de modo a
ou privada com destinação Art. 49. A pena de multa con-
não prejudicar a jornada normal
social, de importância fixada siste no pagamento ao fundo pe-
de trabalho.
pelo juiz, não inferior a 1 (um) nitenciário da quantia fixada na
salário mínimo nem superior a § 4o Se a pena substituída for sentença e calculada em dias-mul-
360 (trezentos e sessenta) sa- superior a um ano, é facultado ta. Será, no mínimo, de 10 (dez)
lários mínimos. O valor pago ao condenado cumprir a pena e, no máximo, de 360 (trezentos
será deduzido do montante de substitutiva em menor tempo e sessenta) dias-multa.
eventual condenação em ação (art. 55), nunca inferior à me- § 1o O valor do dia-multa será fi-
de reparação civil, se coinciden- tade da pena privativa de liber- xado pelo juiz não podendo ser
tes os beneficiários. dade fixada.

6
Leis nos 12.550/2011 e
4
Lei no 9.714/1998. 5
Lei no 9.714/1998. 9.714/1998.

442
inferior a um trigésimo do maior brevém ao condenado doença Parágrafo único. A multa prevista
salário mínimo mensal vigente ao mental. no parágrafo único do art. 44 e
tempo do fato, nem superior a 5 no § 2o do art. 60 deste Código
(cinco) vezes esse salário. Capítulo II – Da aplica-se independentemente de
§ 2o O valor da multa será Cominação das Penas cominação na parte especial.
atualizado, quando da execu-
ção, pelos índices de correção Penas privativas de liberdade Capítulo III – Da
monetária. Aplicação da Pena
Art. 53. As penas privativas
Pagamento da multa Fixação da pena
de liberdade têm seus limites
Art. 50. A multa deve ser estabelecidos na sanção cor-
paga dentro de 10 (dez) dias respondente a cada tipo legal Art. 59. O juiz, atendendo
depois de transitada em julga- de crime. à culpabilidade, aos antece-
do a sentença. A requerimento dentes, à conduta social, à
do condenado e conforme as personalidade do agente, aos
Penas restritivas de direitos motivos, às circunstâncias e
circunstâncias, o juiz pode per-
consequências do crime, bem
mitir que o pagamento se realize Art. 54. As penas restriti- como ao comportamento da
em parcelas mensais. vas de direitos são aplicáveis, vítima, estabelecerá, confor-
§ 1o A cobrança da multa pode independentemente de comi- me seja necessário e suficiente
efetuar-se mediante desconto nação na parte especial, em para reprovação e prevenção
no vencimento ou salário do substituição à pena privativa do crime:
condenado quando: de liberdade, f ixada em quan- I – as penas aplicáveis dentre as
a) aplicada isoladamente; tidade inferior a 1 (um) ano, cominadas;
b) aplicada cumulativa- ou nos crimes culposos.
II – a quantidade de pena
mente com pena restri- aplicável, dentro dos limites
tiva de direitos; Art. 55. As penas restriti-
vas de direitos referidas nos previstos;
c) concedida a suspensão incisos III, IV, V e VI do art. 43 III – o regime inicial de cum-
condicional da pena. terão a mesma duração da primento da pena privativa de
§ 2o O desconto não deve incidir pena privativa de liberdade liberdade;
sobre os recursos indispensáveis substituída, ressalvado o dis-
ao sustento do condenado e de posto no § 4 o do art. 46. 8 IV – a substituição da pena pri-
sua família. vativa da liberdade aplicada,
Art. 56. As penas de inter- por outra espécie de pena, se
Conversão da multa e revogação dição, previstas nos incisos I cabível.
Modo de conversão e II do art. 47 deste Código,
Critérios especiais da pena de
aplicam-se para todo o crime
multa
Art. 51. Transitada em jul- cometido no exercício de pro-
gado a sentença condenatória, fissão, atividade, ofício, cargo Art. 60. Na fixação da pena
a multa será considerada dívida ou função, sempre que houver de multa o juiz deve atender,
de valor, aplicando-se-lhes as violação dos deveres que lhes principalmente, à situação eco-
normas da legislação relativa à são inerentes. nômica do réu.
dívida ativa da Fazenda Públi-
ca, inclusive no que concerne às Art. 57. A pena de interdi- § 1o A multa pode ser aumenta-
causas interruptivas e suspensi- ção, prevista no inciso III do da até o triplo, se o juiz conside-
vas da prescrição.7 art. 47 deste Código, aplica-se rar que, em virtude da situação
aos crimes culposos de trânsito. econômica do réu, é ineficaz,
§ 1o (Revogado) embora aplicada no máximo.
§ 2o (Revogado) Pena de multa
Multa substitutiva
Suspensão da execução da multa Art. 58. A multa, prevista § 2o A pena privativa de liber-
em cada tipo legal de crime, dade aplicada, não superior a
Art. 52. É suspensa a execu- tem os limites fixados no art. 49 6 (seis) meses, pode ser substi-
ção da pena de multa, se so- e seus parágrafos deste Código. tuída pela de multa, observados
os critérios dos incisos II e III do
art. 44 deste Código.

7
Lei no 9.268/1996. 8
Lei no 9.714/1998. Circunstâncias agravantes

443
Art. 61. São circunstâncias ou qualquer calamidade ou maior de 70 (setenta) anos,
que sempre agravam a pena, pública, ou de desgraça na data da sentença;
quando não constituem ou particular do ofendido;
II – o desconhecimento da lei;
qualificam o crime:9
l) em estado de embria-
III – ter o agente:
I – a reincidência; guez preordenada.
a) cometido o crime por
II – ter o agente cometido o
Agravantes no caso de concurso de motivo de relevante va-
crime:
pessoas lor social ou moral;
a) por motivo fútil ou tor-
b) procurado, por sua
pe; Art. 62. A pena será ainda
espontânea vontade
agravada em relação ao agente
b) para facilitar ou assegu- e com eficiência, logo
que:
rar a execução, a ocul- após o crime, evitar-lhe
tação, a impunidade I – promove, ou organiza a co- ou minorar-lhe as con-
ou vantagem de outro operação no crime ou dirige a sequências, ou ter, antes
crime; atividade dos demais agentes; do julgamento, repara-
do o dano;
c) à traição, de embosca- II – coage ou induz outrem à
da, ou mediante dis- execução material do crime; c) cometido o crime sob
simulação, ou outro coação a que podia
III – instiga ou determina a co-
recurso que dificultou resistir, ou em cum-
meter o crime alguém sujeito à
ou tornou impossível a primento de ordem de
sua autoridade ou não punível
defesa do ofendido; autoridade superior,
em virtude de condição ou qua-
ou sob a influência de
d) com emprego de ve- lidade pessoal;
violenta emoção, pro-
neno, fogo, explosivo,
IV – executa o crime, ou nele vocada por ato injusto
tortura ou outro meio
participa, mediante paga ou da vítima;
insidioso ou cruel, ou
promessa de recompensa.
de que podia resultar d) confessado esponta-
perigo comum; neamente, perante a
Reincidência
autoridade, a autoria
e) cont r a a s cendente,
do crime;
descendente, irmão ou Art. 63. Verifica-se a reinci-
cônjuge; dência quando o agente comete e) cometido o crime sob a
novo crime, depois de transitar influência de multidão
f) com abuso de autorida-
em julgado a sentença que, no em tumulto, se não o
de ou prevalecendo-se
País ou no estrangeiro, o tenha provocou.
de relações domésti-
condenado por crime anterior.
cas, de coabitação ou
Art. 66. A pena poderá ser
de hospitalidade, ou
Art. 64. Para efeito de rein- ainda atenuada em razão de
com violência contra a
cidência: circunstância relevante, an-
mulher na forma da lei
terior ou posterior ao crime,
específica; I – não prevalece a condena-
embora não prevista expres-
ção anterior, se entre a data
g) com abuso de poder ou samente em lei.
do cumprimento ou extinção
violação de dever ineren-
da pena e a infração posterior
te a cargo, ofício, minis- Concurso de circunstâncias
tiver decorrido período de tem-
tério ou profissão; agravantes e atenuantes
po superior a 5 (cinco) anos,
h) contra criança, maior de computado o período de prova
Art. 67. No concurso de
60 (sessenta) anos, enfer- da suspensão ou do livramen-
agravantes e atenuantes, a pena
mo ou mulher grávida; to condicional, se não ocorrer
deve aproximar-se do limite in-
revogação;
i) quando o ofendido es- dicado pelas circunstâncias
tava sob a imediata pro- II – não se consideram os crimes preponderantes, entendendo-se
teção da autoridade; militares próprios e políticos. como tais as que resultam dos
motivos determinantes do cri-
j) em ocasião de incêndio,
Circunstâncias atenuantes me, da personalidade do agente
naufrágio, inundação
e da reincidência.
Art. 65. São circunstâncias
que sempre atenuam a pena: Cálculo da pena
9
Leis n os
11.340/2006, I – ser o agente menor de 21 Art. 68. A pena-base será
10.741/2003 e 9.318/1996. (vinte e um), na data do fato, fixada atendendo-se ao crité-

444
rio do art. 59 deste Código; consoante o disposto no artigo Erro na execução
em seguida serão considera- anterior. Art. 73. Quando, por aci-
das as circunstâncias atenuan-
dente ou erro no uso dos meios
tes e agravantes; por último, Parágrafo único. Não poderá a de execução, o agente, ao invés
as causas de diminuição e de de atingir a pessoa que preten-
aumento. pena exceder a que seria cabí-
dia ofender, atinge pessoa di-
vel pela regra do art. 69 deste versa, responde como se tivesse
Parágrafo único. No concurso de
Código. praticado o crime contra aque-
causas de aumento ou de dimi-
la, atendendo-se ao disposto no
nuição previstas na parte espe-
§ 3o do art. 20 deste Código. No
cial, pode o juiz limitar-se a um Crime continuado caso de ser também atingida a
só aumento ou a uma só dimi- pessoa que o agente pretendia
nuição, prevalecendo, todavia, Art. 71. Quando o agente, ofender, aplica-se a regra do
a causa que mais aumente ou art. 70 deste Código.
diminua. mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais Resultado diverso do pretendido
Concurso material
crimes da mesma espécie e, pelas Art. 74. Fora dos casos do
condições de tempo, lugar, ma- artigo anterior, quando, por
Art. 69. Quando o agente,
acidente ou erro na execução
mediante mais de uma ação ou neira de execução e outras seme- do crime, sobrevém resultado
omissão, pratica dois ou mais
lhantes, devem os subsequentes diverso do pretendido, o agente
crimes, idênticos ou não, apli- responde por culpa, se o fato é
cam-se cumulativamente as pe- ser havidos como continuação do previsto como crime culposo;
nas privativas de liberdade em se ocorre também o resultado
primeiro, aplica-se-lhe a pena de
que haja incorrido. No caso de pretendido, aplica-se a regra do
aplicação cumulativa de penas um só dos crimes, se idênticas, ou
art. 70 deste Código.
de reclusão e de detenção, exe- a mais grave, se diversas, aumen-
cuta-se primeiro aquela. Limite das penas
tada, em qualquer caso, de um
Art. 75. O tempo de cumpri-
§ 1o Na hipótese deste arti- sexto a dois terços.
mento das penas privativas de
go, quando ao agente tiver sido
liberdade não pode ser superior
aplicada pena privativa de liber- Parágrafo único. Nos crimes dolo-
a 30 (trinta) anos.
dade, não suspensa, por um dos sos, contra vítimas diferentes,
crimes, para os demais será in- § 1o Quando o agente for con-
cabível a substituição de que cometidos com violência ou denado a penas privativas de
trata o art. 44 deste Código. liberdade cuja soma seja supe-
grave ameaça à pessoa, poderá
rior a 30 (trinta) anos, devem
o juiz, considerando a culpabili- elas ser unificadas para atender
§ 2 Quando forem aplica-
o

dade, os antecedentes, a condu- ao limite máximo deste artigo.


das penas restritivas de direitos,
o condenado cumprirá simulta- § 2o Sobrevindo condenação
ta social e a personalidade do por fato posterior ao início do
neamente as que forem compa-
tíveis entre si e sucessivamente agente, bem como os motivos cumprimento da pena, far-se-á
as demais. e as circunstâncias, aumentar nova unificação, desprezando-
se, para esse fim, o período de
a pena de um só dos crimes, pena já cumprido.
Concurso formal
se idênticas, ou a mais grave, Concurso de infrações
Art. 70. Quando o agen-
se diversas, até o triplo, obser-
te, mediante uma só ação ou Art. 76. No concurso de in-
omissão, pratica dois ou mais vadas as regras do parágrafo frações, executar-se-á primeira-
crimes, idênticos ou não, aplica- único do art. 70 e do art. 75 mente a pena mais grave.
se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente deste Código. Capítulo IV – Da
uma delas, mas aumentada, em Suspensão Condicional da
qualquer caso, de um sexto até Multas no concurso de crimes Pena
metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, Art. 72. No concurso de cri- Requisitos da suspensão da pena
se a ação ou omissão é dolosa
e os crimes concorrentes resul- mes, as penas de multa são apli- Art. 77. A execução da pena
tam de desígnios autônomos, cadas distinta e integralmente. privativa de liberdade, não supe-

445
rior a 2 (dois) anos, poderá ser da comarca onde reside, ção, considera-se extinta a pena
suspensa, por 2 (dois) a 4 (qua- sem autorização do juiz; privativa de liberdade.
tro) anos, desde que:10
c) comparecimento pes-
I – o condenado não seja reinci- soal e obrigatório a juí- Capítulo V – Do
dente em crime doloso; zo, mensalmente, para Livramento Condicional
informar e justif icar
II – a culpabilidade, os ante- suas atividades. Requisitos do livramento
cedentes, a conduta social e condicional
personalidade do agente, bem Art. 79. A sentença poderá
como os motivos e as circuns- especif icar outras condições Art. 83. O juiz poderá con-
tâncias autorizem a concessão a que fica subordinada a sus- ceder livramento condicional ao
do benefício; pensão, desde que adequadas condenado a pena privativa de
ao fato e à situação pessoal do liberdade igual ou superior a 2
III – não seja indicada ou cabí-
vel a substituição prevista no condenado. (dois) anos, desde que:12
art. 44 deste Código. I – cumprida mais de um terço
Art. 80. A suspensão não se da pena se o condenado não for
§ 1o A condenação anterior a estende às penas restritivas de
pena de multa não impede a reincidente em crime doloso e
direitos nem à multa.
concessão do benefício. tiver bons antecedentes;
Revogação obrigatória
§ 2o A execução da pena priva- II – cumprida mais da metade
tiva de liberdade, não superior se o condenado for reincidente
Art. 81. A suspensão será re-
a quatro anos, poderá ser sus- vogada se, no curso do prazo, em crime doloso;
pensa, por quatro a seis anos, o beneficiário: III – comprovado comporta-
desde que o condenado seja mento satisfatório durante a
I – é condenado, em sentença
maior de setenta anos de idade, execução da pena, bom desem-
irrecorrível, por crime doloso;
ou razões de saúde justifiquem penho no trabalho que lhe foi
a suspensão. II – frustra, embora solvente, a atribuído e aptidão para prover
execução de pena de multa ou à própria subsistência mediante
Art. 78. Durante o prazo da não efetua, sem motivo justi- trabalho honesto;
suspensão, o condenado ficará ficado, a reparação do dano;
sujeito à observação e ao cum- IV – tenha reparado, salvo efe-
III – descumpre a condição do tiva impossibilidade de fazê-lo,
primento das condições estabe- § 1o do art. 78 deste Código.
lecidas pelo juiz.11 o dano causado pela infração;
Revogação facultativa
§ 1o No primeiro ano do prazo, V – cumpridos mais de dois terços
deverá o condenado prestar ser- § 1 A suspensão poderá ser revo-
o
da pena, nos casos de condena-
viços à comunidade (art. 46) ou gada se o condenado descumpre ção por crime hediondo, prática
submeter-se à limitação de fim qualquer outra condição imposta de tortura, tráfico ilícito de entor-
de semana (art. 48). ou é irrecorrivelmente condena- pecentes e drogas afins, tráfico de
do, por crime culposo ou por pessoas e terrorismo, se o apena-
§ 2o Se o condenado houver contravenção, a pena privativa de do não for reincidente específico
reparado o dano, salvo im- liberdade ou restritiva de direitos. em crimes dessa natureza.
possibilidade de fazê-lo, e se
as circunstâncias do art. 59 Prorrogação do período de prova
Parágrafo único. Para o conde-
deste Código lhe forem intei- § 2o Se o beneficiário está sendo nado por crime doloso, come-
ramente favoráveis, o juiz po- processado por outro crime ou tido com violência ou grave
derá substituir a exigência do contravenção, considera-se pror- ameaça à pessoa, a concessão
parágrafo anterior pelas se- rogado o prazo da suspensão do livramento ficará também
guintes condições, aplicadas até o julgamento definitivo. subordinada à constatação de
cumulativamente:
§ 3o Quando facultativa a revo- condições pessoais que façam
a) proibição de frequentar gação, o juiz pode, ao invés de presumir que o liberado não
determinados lugares; decretá-la, prorrogar o período voltará a delinquir.
de prova até o máximo, se este
b) proibição de ausentar-se Soma de penas
não foi o fixado.
Cumprimento das condições

10
Lei no 9.714/1998. Art. 82. Expirado o prazo 12
Leis nos 13.344/2016, 8.072/1990
11
Lei no 9.268/1996. sem que tenha havido revoga- e 7.209/1984.

446
Art. 84. As penas que cor- Capítulo VI – Dos Efeitos a Administração Públi-
respondem a infrações diversas da Condenação ca;
devem somar-se para efeito do
b) quando for aplicada
livramento. Efeitos genéricos e específicos
pena privativa de li-
Especificações das condições berdade por tempo
Art. 91. São efeitos da con-
superior a 4 (quatro)
Art. 85. A sentença especi- denação:13
anos nos demais casos;
ficará as condições a que fica I – tornar certa a obrigação de
subordinado o livramento. II – a incapacidade para o exer-
indenizar o dano causado pelo cício do pátrio poder, tutela ou
Revogação do livramento crime; curatela, nos crimes dolosos,
II – a perda em favor da União, sujeitos à pena de reclusão, co-
Art. 86. Revoga-se o livra- ressalvado o direito do lesado metidos contra filho, tutelado
mento, se o liberado vem a ser ou de terceiro de boa-fé: ou curatelado;
condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecor- a) dos instrumentos do III – a inabilitação para dirigir
rível: crime, desde que con- veículo, quando utilizado como
sistam em coisas cujo meio para a prática de crime
I – por crime cometido durante f ab r ico, alienaç ão, doloso.
a vigência do benefício; uso, porte ou detenção
II – por crime anterior, observa- constitua fato ilícito; Parágrafo único. Os efeitos de que
do o disposto no art. 84 deste trata este artigo não são auto-
b) do produto do crime máticos, devendo ser motivada-
Código. ou de qualquer bem mente declarados na sentença.
Revogação facultativa ou valor que constitua
proveito auferido pelo Capítulo VII – Da
Art. 87. O juiz poderá, tam- agente com a prática do Reabilitação
bém, revogar o livramento, se o fato criminoso.
liberado deixar de cumprir qual- Reabilitação
§ 1o Poderá ser decretada a per-
quer das obrigações constantes
da de bens ou valores equivalen-
da sentença, ou for irrecorrivel- Art. 93. A reabilitação al-
tes ao produto ou proveito do
mente condenado, por crime ou cança quaisquer penas apli-
contravenção, a pena que não crime quando estes não forem
encontrados ou quando se lo- cadas em sentença definitiva,
seja privativa de liberdade. assegurando ao condenado o
calizarem no exterior.
Efeitos da revogação sigilo dos registros sobre o seu
§ 2o Na hipótese do § 1o, as me- processo e condenação.
Art. 88. Revogado o livra- didas assecuratórias previstas
mento, não poderá ser no- na legislação processual pode- Parágrafo único. A reabilitação
vamente concedido, e, salvo rão abranger bens ou valores poderá, também, atingir os efei-
quando a revogação resulta de equivalentes do investigado ou tos da condenação, previstos no
condenação por outro crime acusado para posterior decre- art. 92 deste Código, vedada
anterior àquele benefício, não tação de perda. reintegração na situação ante-
se desconta na pena o tempo rior, nos casos dos incisos I e II
em que esteve solto o conde- Art. 92. São também efeitos do mesmo artigo.
nado. da condenação:14
Art. 94. A reabilitação po-
I – a perda de cargo, função pú-
Extinção derá ser requerida, decorridos
blica ou mandato eletivo:
2 (dois) anos do dia em que for
Art. 89. O juiz não poderá a) quando aplicada pena extinta, de qualquer modo, a
declarar extinta a pena, en- privativa de liberdade pena ou terminar sua execução,
quanto não passar em julgado por tempo igual ou su- computando-se o período de
a sentença em processo a que perior a um ano, nos prova da suspensão e o do li-
responde o liberado, por crime crimes praticados com vramento condicional, se não
cometido na vigência do livra- abuso de poder ou vio- sobrevier revogação, desde que
mento. lação de dever para com o condenado:
I – tenha tido domicílio no País
Art. 90. Se até o seu término
no prazo acima referido;
o livramento não é revogado,
considera-se extinta a pena pri- 13
Lei no 12.694/2012. II – tenha dado, durante esse
vativa de liberdade. 14
Lei no 9.268/1996. tempo, demonstração efetiva

447
e constante de bom comporta- Prazo
mento público e privado;
§ 1 A internação, ou tratamen-
o Título VII – Da
III – tenha ressarcido o dano to ambulatorial, será por tem- Ação Penal
causado pelo crime ou demons- po indeterminado, perdurando
tre a absoluta impossibilidade enquanto não for averiguada,
de o fazer, até o dia do pedido, mediante perícia médica, a Ação pública e de iniciativa privada
ou exiba documento que com- cessação de periculosidade. O Art. 100. A ação penal é
prove a renúncia da vítima ou prazo mínimo deverá ser de 1 pública, salvo quando a lei ex-
novação da dívida. (um) a 3 (três) anos. pressamente a declara privativa
do ofendido.
Parágrafo único. Negada a reabi- Perícia médica § 1o A ação pública é promovi-
litação, poderá ser requerida,
§ 2 A perícia médica realizar-
o da pelo Ministério Público, de-
a qualquer tempo, desde que o
se-á ao termo do prazo míni- pendendo, quando a lei o exige,
pedido seja instruído com no-
mo fixado e deverá ser repetida de representação do ofendido
vos elementos comprobatórios ou de requisição do Ministro
dos requisitos necessários. de ano em ano, ou a qualquer
da Justiça.
tempo, se o determinar o juiz
Art. 95. A reabilitação será da execução. § 2o A ação de iniciativa privada
revogada, de ofício ou a reque- é promovida mediante queixa
rimento do Ministério Público, Desinternação ou liberação do ofendido ou de quem tenha
condicional qualidade para representá-lo.
se o reabilitado for condenado,
como reincidente, por decisão § 3o A ação de iniciativa privada
§ 3o A desinternação, ou a libe- pode intentar-se nos crimes de
definitiva, a pena que não seja
ração, será sempre condicional ação pública, se o Ministério
de multa.
devendo ser restabelecida a situ- Público não oferece denúncia
ação anterior se o agente, antes no prazo legal.
do decurso de 1 (um) ano, prati- § 4o No caso de morte do ofen-
Título VI – Das ca fato indicativo de persistência dido ou de ter sido declarado
Medidas de Segurança de sua periculosidade. ausente por decisão judicial, o
§ 4o Em qualquer fase do trata- direito de oferecer queixa ou
mento ambulatorial, poderá o de prosseguir na ação passa ao
Espécies de medidas de segurança cônjuge, ascendente, descen-
juiz determinar a internação do
dente ou irmão.
agente, se essa providência for
Art. 96. As medidas de se-
necessária para fins curativos. A ação penal no crime complexo
gurança são:
I – internação em hospital de Substituição da pena por medida Art. 101. Quando a lei con-
custódia e tratamento psiquiá- de segurança para o semi-imputável sidera como elemento ou cir-
trico ou, à falta, em outro esta- cunstâncias do tipo legal fatos
que, por si mesmos, constituem
belecimento adequado; Art. 98 Na hipótese do pa-
crimes, cabe ação pública em
rágrafo único do art. 26 deste
II – sujeição a tratamento relação àquele, desde que, em
ambulatorial. Código e necessitando o con- relação a qualquer destes, se
denado de especial tratamen- deva proceder por iniciativa do
Parágrafo único. Extinta a punibi- to curativo, a pena privativa de Ministério Público.
lidade, não se impõe medida de liberdade pode ser substituída
segurança nem subsiste a que pela internação, ou tratamento Irretratabilidade da representação
tenha sido imposta. ambulatorial, pelo prazo míni- Art. 102. A representação
mo de 1 (um) a 3 (três) anos, será irretratável depois de ofe-
Imposição da medida de segurança nos termos do artigo anterior recida a denúncia.
para inimputável e respectivos §§ 1o a 4o.
Decadência do direito de queixa ou
Art. 97. Se o agente for Direitos do internado de representação
inimputável, o juiz determina- Art. 103. Salvo disposição ex-
rá sua internação (art. 26). Se, Art. 99. O internado será pressa em contrário, o ofendido
todavia, o fato previsto como recolhido a estabelecimento decai do direito de queixa ou de
crime for punível com detenção, dotado de características hos- representação se não o exerce
poderá o juiz submetê-lo a tra- pitalares e será submetido a dentro do prazo de 6 (seis) me-
tamento ambulatorial. tratamento. ses, contado do dia em que veio

448
a saber quem é o autor do crime, I – pela morte do agente; V – em quatro anos, se o má-
ou, no caso do § 3o do art. 100 ximo da pena é igual a um ano
deste Código, do dia em que se II – pela anistia, graça ou
indulto; ou, sendo superior, não excede
esgota o prazo para oferecimento
da denúncia. a dois;
III – pela retroatividade de lei
que não mais considera o fato VI – em 3 (três) anos, se o máxi-
Renúncia expressa ou tácita do mo da pena é inferior a 1 (um)
direito de queixa como criminoso;
ano.
Ar t . 104. O direito de IV – pela prescrição, decadência
queixa não pode ser exercido ou perempção;
Prescrição das penas restritivas de
quando renunciado expressa V – pela renúncia do direito de direito
ou tacitamente. queixa ou pelo perdão aceito,
Parágrafo único. Importa renúncia nos crimes de ação privada; Parágrafo único. Aplicam-se às
tácita ao direito de queixa a prá- VI – pela retratação do agente, penas restritivas de direito os
tica de ato incompatível com a nos casos em que a lei a admite; mesmos prazos previstos para
vontade de exercê-lo; não a im- as privativas de liberdade.
plica, todavia, o fato de receber o VII – (Revogado);
ofendido a indenização do dano VIII – (Revogado); Prescrição depois de transitar em
causado pelo crime. julgado sentença final condenatória
IX – pelo perdão judicial, nos
Perdão do ofendido casos previstos em lei.
Art. 110. A prescrição de-
Art. 105. O perdão do ofen- Art. 108. A extinção da pu- pois de transitar em julgado a
dido, nos crimes em que somente nibilidade de crime que é pres- sentença condenatória regula-
se procede mediante queixa, obs- suposto, elemento constitutivo se pela pena aplicada e verifica-
ta ao prosseguimento da ação. ou circunstância agravante de se nos prazos fixados no artigo
Art. 106. O perdão, no pro- outro não se estende a este. Nos anterior, os quais se aumentam
cesso ou fora dele, expresso ou crimes conexos, a extinção da de um terço, se o condenado é
tácito: punibilidade de um deles não reincidente.17
impede, quanto aos outros, a
I – se concedido a qualquer dos agravação da pena resultante § 1o A prescrição, depois da
querelados, a todos aproveita; da conexão. sentença condenatória com
II – se concedido por um dos trânsito em julgado para a
ofendidos, não prejudica o di- Prescrição antes de transitar em acusação ou depois de impro-
reito dos outros; julgado a sentença vido seu recurso, regula-se pela
III – se o querelado o recusa, pena aplicada, não podendo,
não produz efeito. Art. 109. A prescrição, antes em nenhuma hipótese, ter por
de transitar em julgado a sen- termo inicial data anterior à da
§ 1o Perdão tácito é o que resul-
tença final, salvo o disposto no denúncia ou queixa.
ta da prática de ato incompatí-
§ 1o do art. 110 deste Código,
vel com a vontade de prosseguir § 2o (Revogado)
regula-se pelo máximo da pena
na ação.
privativa de liberdade cominada Termo inicial da prescrição an-
§ 2o Não é admissível o perdão ao crime, verificando-se:16
depois que passa em julgado a tes de transitar em julgado a
sentença condenatória. I – em vinte anos, se o máximo sentença final
da pena é superior a doze;
Art. 111. A prescrição, antes
II – em dezesseis anos, se o má-
ximo da pena é superior a oito de transitar em julgado a sen-
Título VIII – Da anos e não excede a doze; tença final, começa a correr:18
Extinção da Punibilidade III – em doze anos, se o máxi- I – do dia em que o crime se
mo da pena é superior a quatro consumou;
anos e não excede a oito; II – no caso de tentativa, do
Extinção da punibilidade
IV – em oito anos, se o máximo dia em que cessou a atividade
Art. 107. Extingue-se a pu- da pena é superior a dois anos criminosa;
nibilidade:15 e não excede a quatro;

17
Lei no 12.234/2010.
15
Lei no 11.106/2005. 16
Lei no 12.234/2010. 18
Lei no 12.650/2012.

449
III – nos crimes permanen- Prescrição da multa Causas interruptivas da prescrição
tes, do dia em que cessou a
permanência; Art. 114. A prescrição da Art. 117. O curso da prescri-
pena de multa ocorrerá:19 ção interrompe-se:20
IV – nos de bigamia e nos de
falsif icação ou alteração de I – em 2 (dois) anos, quando a I – pelo recebimento da denún-
assentamento do registro civil, multa for a única cominada ou cia ou da queixa;
da data em que o fato se tornou aplicada;
II – pela pronúncia;
conhecido;
II – no mesmo prazo estabele-
III – pela decisão confirmatória
V – nos crimes contra a dignida- cido para prescrição da pena
da pronúncia;
de sexual de crianças e adoles- privativa de liberdade, quan-
centes, previstos neste Código do a multa for alternativa ou IV – pela publicação da senten-
ou em legislação especial, da cumulativamente cominada ou ça ou acórdão condenatórios
data em que a vítima comple- cumulativamente aplicada. recorríveis;
tar 18 (dezoito) anos, salvo se
V – pelo início ou continuação
a esse tempo já houver sido pro- Redução dos prazos de prescrição
do cumprimento da pena;
posta a ação penal.
Art. 115. São reduzidos de VI – pela reincidência.
Termo inicial da prescrição após
metade os prazos de prescri-
a sentença condenatória irre- § 1o Excetuados os casos dos
ção quando o criminoso era,
corrível incisos V e VI deste artigo, a in-
ao tempo do crime, menor de
terrupção da prescrição produz
21 (vinte e um) anos, ou, na
A r t . 112 . N o c a s o do efeitos relativamente a todos os
data da sentença, maior de 70
art. 110 deste Código, a pres- autores do crime. Nos crimes
(setenta) anos.
crição começa a correr: conexos, que sejam objeto do
mesmo processo, estende-se aos
I – do dia em que transita em Causas impeditivas da prescrição
demais a interrupção relativa a
julgado a sentença condenató-
qualquer deles.
ria, para a acusação, ou a que Art. 116. Antes de passar
revoga a suspensão condicio- em julgado a sentença final, a § 2o Interrompida a prescrição,
nal da pena ou o livramento prescrição não corre: salvo a hipótese do inciso V des-
condicional; te artigo, todo o prazo começa
I – enquanto não resolvida, em
a correr, novamente, do dia da
II – do dia em que se interrom- outro processo, questão de que
interrupção.
pe a execução, salvo quando dependa o reconhecimento da
o tempo da interrupção deva existência do crime;
Art. 118. As penas mais
computar-se na pena.
II – enquanto o agente cumpre leves prescrevem com as mais
Prescrição no caso de evasão pena no estrangeiro. graves.
do condenado ou de revogação
do livramento condicional Parágrafo único. Depois de pas- Art. 119. No caso de concur-
sada em julgado a sentença so de crimes, a extinção da puni-
Art. 113. No caso de evadir- condenatória, a prescrição não bilidade incidirá sobre a pena de
se o condenado ou de revogar- corre durante o tempo em que o cada um, isoladamente.
se o livramento condicional, a condenado está preso por outro
prescrição é regulada pelo tem- motivo. Perdão judicial
po que resta da pena.
Art. 120. A sentença que
conceder perdão judicial não
será considerada para efeitos
de reincidência.

19
Lei no 9.268/1996. 20
Leis nos 11.596/2007 e 9.268/1996.

450
Parte Especial

Título I – Dos Crimes Feminicídio o próprio agente de forma tão


contra a Pessoa VI – contra a mulher por razões
grave que a sanção penal se tor-
ne desnecessária.
da condição de sexo feminino;
§ 6o A pena é aumentada de 1/3
Capítulo I – Dos Crimes VII – contra autoridade ou agen-
(um terço) até a metade se o
contra a Vida te descrito nos arts. 142 e 144
crime for praticado por milícia
da Constituição Federal, inte-
Homicídio simples grantes do sistema prisional e privada, sob o pretexto de pres-
da Força Nacional de Segurança tação de serviço de segurança,
Art. 121. Matar alguém:21 Pública, no exercício da função ou por grupo de extermínio.
ou em decorrência dela, ou con- § 7o A pena do feminicídio é
Pena – reclusão, de seis a vinte tra seu cônjuge, companheiro
anos. aumentada de 1/3 (um terço)
ou parente consanguíneo até até a metade se o crime for
terceiro grau, em razão dessa praticado:
Caso de diminuição de pena condição:
§ 1 Se o agente comete o crime
o I – durante a gestação ou nos 3
Pena – reclusão, de doze a trinta (três) meses posteriores ao
impelido por motivo de relevan- anos.
te valor social ou moral, ou sob parto;
o domínio de violenta emoção, § 2o -A. Considera-se que há II – contra pessoa menor de
logo em seguida a injusta pro- razões de condição de sexo fe- 14 (catorze) anos, maior de
vocação da vítima, o juiz pode minino quando o crime envolve: 60 (sessenta) anos ou com
reduzir a pena de um sexto a I – violência doméstica e deficiência;
um terço. familiar;
III – na presença de descendente
Homicídio qualificado II – menosprezo ou discrimina- ou de ascendente da vítima.
ção à condição de mulher.
§ 2o Se o homicídio é cometido: Induzimento, instigação ou auxílio
I – mediante paga ou promessa Homicídio culposo a suicídio
de recompensa, ou por outro § 3o Se o homicídio é culposo:
motivo torpe; Art. 122. Induzir ou instigar
Pena – detenção, de um a três alguém a suicidar-se ou prestar-
II – por motivo fútil; anos. lhe auxílio para que o faça:
III – com emprego de veneno, Pena – reclusão, de dois a seis
fogo, explosivo, asfixia, tortu- Aumento de pena
anos, se o suicídio se consuma;
ra ou outro meio insidioso ou § 4 o No homicídio culposo, a ou reclusão, de um a três anos,
cruel, ou de que possa resultar pena é aumentada de 1/3 (um se da tentativa de suicídio resulta
perigo comum; terço), se o crime resulta de lesão corporal de natureza grave.
IV – à traição, de emboscada, inobservância de regra técni-
ou mediante dissimulação ou ca de profissão, arte ou ofício, Parágrafo único. A pena é dupli-
outro recurso que dificulte ou ou se o agente deixa de prestar cada:
torne impossível a defesa do imediato socorro à vítima, não
ofendido; procura diminuir as consequ- Aumento de pena
ências do seu ato, ou foge para
V – para assegurar a execução, evitar prisão em flagrante. Sen- I – se o crime é praticado por
a ocultação, a impunidade ou do doloso o homicídio, a pena motivo egoístico;
vantagem de outro crime: é aumentada de 1/3 (um terço) II – se a vítima é menor ou tem
se o crime é praticado contra diminuída, por qualquer causa,
Pena – reclusão, de doze a trinta
pessoa menor de 14 (quatorze) a capacidade de resistência.
anos.
ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5o Na hipótese de homicídio Infanticídio
culposo, o juiz poderá deixar
Leis nos 13.104/2015, 12.720/2012,
21 de aplicar a pena, se as conse- Art. 123. Matar, sob a in-
10.741/2003 e 6.416/1977. quências da infração atingirem fluência do estado puerperal,

451
o próprio filho, durante o parto Aborto necessário § 3o Se resulta morte e as cir-
ou logo após: cunstâncias evidenciam que
I – se não há outro meio de sal-
o agente não quis o resulta-
Pena – detenção, de dois a seis var a vida da gestante;
do, nem assumiu o risco de
anos. produzi-lo:
Aborto no caso de gravidez re-
sultante de estupro Pena – reclusão, de quatro a
Aborto provocado pela gestante ou
com seu consentimento II – se a gravidez resulta de es- doze anos.
tupro e o aborto é precedido de
Art. 124. Provocar aborto consentimento da gestante ou, Diminuição de pena
em si mesma ou consentir que quando incapaz, de seu repre- § 4o Se o agente comete o crime
outrem lho provoque:22 sentante legal. impelido por motivo de relevan-
Pena – detenção, de um a três te valor social ou moral ou sob
Capítulo II – Das Lesões o domínio de violenta emoção,
anos.
Corporais logo em seguida a injusta pro-
Aborto provocado por terceiro vocação da vítima, o juiz pode
Lesão corporal reduzir a pena de um sexto a
Art. 125. Provocar aborto, um terço.
Art. 129. Ofender a integri-
sem o consentimento da ges- dade corporal ou a saúde de
tante: Substituição da pena
outrem:25
Pena – reclusão, de três a dez § 5 O juiz, não sendo graves
o
Pena – detenção, de três meses as lesões, pode ainda substi-
anos. a um ano. tuir a pena de detenção pela
Art. 126. Provocar aborto de multa26:
Lesão corporal de natureza grave
com o consentimento da ges- I – se ocorre qualquer das hi-
tante:23 § 1o Se resulta: póteses do parágrafo anterior;
Pena – reclusão, de um a quatro I – incapacidade para as ocu- II – se as lesões são recíprocas.
anos. pações habituais, por mais de
trinta dias; Lesão corporal culposa
Parágrafo único. Aplica-se a pena II – perigo de vida; § 6 Se a lesão é culposa:
o
do artigo anterior, se a gestante
não é maior de quatorze anos, III – debilidade permanente de Pena – detenção, de dois meses
ou é alienada ou débil mental, membro, sentido ou função; a um ano.
ou se o consentimento é obtido IV – aceleração de parto:
mediante fraude, grave ameaça Aumento de pena
ou violência. Pena – reclusão, de um a cinco
anos. § 7o Aumenta-se a pena de 1/3
(um terço) se ocorrer qualquer
Forma qualificada § 2o Se resulta: das hipóteses dos §§ 4o e 6o do
I – incapacidade permanente art. 121 deste Código.
Art. 127. As penas comina-
das nos dois artigos anteriores para o trabalho; § 8o Aplica-se à lesão culposa
são aumentadas de um terço, II – enfermidade incurável; o disposto no § 5o do art. 121.
se, em consequência do aborto
ou dos meios empregados para III – perda ou inutilização do Violência Doméstica
provocá-lo, a gestante sofre le- membro, sentido ou função;
§ 9o Se a lesão for praticada
são corporal de natureza grave; IV – deformidade permanente; contra ascendente, descenden-
e são duplicadas, se, por qual- te, irmão, cônjuge ou compa-
V – aborto:
quer dessas causas, lhe sobre- nheiro, ou com quem conviva
vém a morte. Pena – reclusão, de dois a oito ou tenha convivido, ou, ainda,
anos. prevalecendo-se o agente das
Art. 128. Não se pune o
aborto praticado por médico:24 Lesão corporal seguida de morte

26
NE: conforme determinação do
art. 2o da Lei no 7.209/1984, em
22
Ver ADPF no 54. 25
Leis nos 13.142/2015, razão do cancelamento dos valo-
23
Ver ADPF no 54. 12.720/2012, 11.340/2006, res das multas, a expressão “multa
24
Ver APDF no 54. 10.886/2004 e 8.069/1990. de” foi substituída por “multa”.

452
relações domésticas, de coabi- ato capaz de produzir o contá- II – se o agente é ascendente ou
tação ou de hospitalidade: gio: descendente, cônjuge, irmão,
tutor ou curador da vítima;
Pena – detenção, de 3 (três) me- Pena – reclusão, de um a quatro
ses a 3 (três) anos. anos, e multa. III – se a vítima é maior de 60
(sessenta) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos
§§ 1o a 3o deste artigo, se as cir- Perigo para a vida ou saúde de
outrem Exposição ou abandono de recém-
cunstâncias são as indicadas no
nascido
§ 9o deste artigo, aumenta-se a
pena em 1/3 (um terço). Art. 132. Expor a vida ou a
saúde de outrem a perigo direto Art. 134. Expor ou abando-
§ 11. Na hipótese do § 9o deste e iminente:27 nar recém-nascido, para ocultar
artigo, a pena será aumentada desonra própria:
de um terço se o crime for co- Pena – detenção, de três meses
a um ano, se o fato não consti- Pena – detenção, de seis meses
metido contra pessoa portado- a dois anos.
ra de deficiência. tui crime mais grave.
§ 1o Se do fato resulta lesão cor-
§ 12. Se a lesão for praticada Parágrafo único. A pena é aumen- poral de natureza grave:
contra autoridade ou agente tada de um sexto a um terço se
descrito nos arts. 142 e 144 a exposição da vida ou da saúde Pena – detenção, de um a três
da Constituição Federal, inte- anos.
de outrem a perigo decorre do
grantes do sistema prisional e transporte de pessoas para a § 2o Se resulta a morte:
da Força Nacional de Segurança prestação de serviços em esta-
Pública, no exercício da função Pena – detenção, de dois a seis
belecimentos de qualquer na-
ou em decorrência dela, ou con- anos.
tureza, em desacordo com as
tra seu cônjuge, companheiro
normas legais. Omissão de socorro
ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa
Abandono de incapaz Art. 135. Deixar de prestar
condição, a pena é aumentada
de um a dois terços. assistência, quando possível fa-
Art. 133. Abandonar pessoa zê-lo sem risco pessoal, a crian-
que está sob seu cuidado, guar-
Capítulo III – Da ça abandonada ou extraviada,
da, vigilância ou autoridade, e, ou a pessoa inválida ou ferida,
Periclitação da Vida e da por qualquer motivo, incapaz
Saúde ao desamparo ou em grave e
de defender-se dos riscos resul- iminente perigo; ou não pedir,
tantes do abandono:28 nesses casos, o socorro da au-
Perigo de contágio venéreo toridade pública:
Pena – detenção, de seis meses
Art. 130. Expor alguém, a três anos. Pena – detenção, de um a seis
por meio de relações sexuais § 1o Se do abandono resulta le- meses, ou multa.
ou qualquer ato libidinoso, a são corporal de natureza grave:
contágio de moléstia venérea, Parágrafo único. A pena é aumen-
de que sabe ou deve saber que Pena – reclusão, de um a cinco tada de metade, se da omissão
está contaminado: anos. resulta lesão corporal de natu-
reza grave, e triplicada, se resul-
Pena – detenção, de três meses § 2o Se resulta a morte:
ta a morte.
a um ano, ou multa. Pena – reclusão, de quatro a
§ 1o Se é intenção do agente doze anos. Condicionamento de atendimento
transmitir a moléstia: médico-hospitalar emergencial
Aumento de pena Art. 135-A. Exigir cheque-
Pena – reclusão, de um a quatro
anos, e multa. § 3o As penas cominadas nes- caução, nota promissória ou
te artigo aumentam-se de um qualquer garantia, bem como
§ 2o Somente se procede me- o preenchimento prévio de
terço:
diante representação. formulários administrativos,
I – se o abandono ocorre em como condição para o aten-
Perigo de contágio de moléstia lugar ermo; dimento médico-hospitalar
grave emergencial:29
Art. 131. Praticar, com o fim
de transmitir a outrem moléstia 27
Lei no 9.777/1998.
grave de que está contaminado, 28
Lei no 10.741/2003. 29
Lei no 12.653/2012.

453
Pena – detenção, de 3 (três) me- Capítulo V – Dos Crimes Pena – detenção, de um a seis
ses a 1 (um) ano, e multa. contra a Honra meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumen- § 1o O juiz pode deixar de apli-
tada até o dobro se da negativa Calúnia
car a pena:
de atendimento resulta lesão
Art. 138. Caluniar alguém, I – quando o ofendido, de for-
corporal de natureza grave, e imputando-lhe falsamente fato ma reprovável, provocou dire-
até o triplo se resulta a morte. definido como crime: tamente a injúria;
Maus-tratos Pena – detenção, de seis meses II – no caso de retorsão ime-
a dois anos, e multa. diata, que consista em outra
Art. 136. Expor a perigo a
vida ou a saúde de pessoa sob § 1o Na mesma pena incorre injúria.
sua autoridade, guarda ou vi- quem, sabendo falsa a impu- § 2o Se a injúria consiste em
gilância, para fim de educação, tação, a propala ou divulga. violência ou vias de fato, que,
ensino, tratamento ou custódia, § 2o É punível a calúnia contra por sua natureza ou pelo meio
quer privando-a de alimenta- os mortos. empregado, se considerem
ção ou cuidados indispensáveis, aviltantes:
quer sujeitando-a a trabalho Exceção da verdade
Pena – detenção, de três meses
excessivo ou inadequado, quer § 3 Admite-se a prova da ver-
o
a um ano, e multa, além da pe-
abusando de meios de correção dade, salvo: na correspondente à violência.
ou disciplina:30
I – se, constituindo o fato im- § 3o Se a injúria consiste na utili-
Pena – detenção, de dois meses putado crime de ação privada, zação de elementos referentes a
a um ano, ou multa. o ofendido não foi condenado raça, cor, etnia, religião, origem
§ 1o Se do fato resulta lesão cor- por sentença irrecorrível; ou a condição de pessoa idosa
poral de natureza grave: II – se o fato é imputado a qual- ou portadora de deficiência:
Pena – reclusão, de um a quatro quer das pessoas indicadas no Pena – reclusão de um a três
anos. no I do art. 141; anos e multa.
§ 2o Se resulta a morte: III – se do crime imputado, em-
Pena – reclusão, de quatro a bora de ação pública, o ofendi- Disposições comuns
doze anos. do foi absolvido por sentença
irrecorrível. Art. 141. As penas comina-
§ 3o Aumenta-se a pena de um das neste Capítulo aumentam-
terço, se o crime é praticado Difamação se de um terço, se qualquer dos
contra pessoa menor de 14 crimes é cometido:32
(catorze) anos. Art. 139. Difamar alguém,
I – contra o Presidente da Repú-
imputando-lhe fato ofensivo à
blica, ou contra chefe de gover-
Capítulo IV – Da Rixa sua reputação:
no estrangeiro;
Pena – detenção, de três meses
Rixa a um ano, e multa. II – contra funcionário público,
em razão de suas funções;
Art. 137. Participar de rixa, Exceção da verdade III – na presença de várias pes-
salvo para separar os conten- soas, ou por meio que facilite a
dores: Parágrafo único. A exceção da ver- divulgação da calúnia, da difa-
dade somente se admite se o mação ou da injúria;
Pena – detenção, de quinze dias
ofendido é funcionário público
a dois meses, ou multa. e a ofensa é relativa ao exercício IV – contra pessoa maior de 60
de suas funções. (sessenta) anos ou portadora
Parágrafo único. Se ocorre morte de deficiência, exceto no caso
ou lesão corporal de natureza Injúria de injúria.
grave, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena Art. 140. Injuriar alguém, Parágrafo único. Se o crime é co-
de detenção, de seis meses a ofendendo-lhe a dignidade ou metido mediante paga ou pro-
dois anos. o decoro:31

9.459/1997.
30
Lei no 8.069/1990. 31
Leis nos 10.741/2003 e 32
Lei no 10.741/2003.

454
messa de recompensa, aplica-se quando, no caso do art. 140, Ameaça
a pena em dobro. § 2o, da violência resulta lesão
corporal.34 Art. 147. Ameaçar alguém,
Exclusão do crime por palavra, escrito ou gesto,
Parágrafo único. Procede-se me- ou qualquer outro meio simbó-
Art. 142. Não constituem diante requisição do Ministro lico, de causar-lhe mal injusto
injúria ou difamação punível: da Justiça, no caso do inciso I e grave:
I – a ofensa irrogada em juízo, do caput do art. 141 deste Có- Pena – detenção, de um a seis
na discussão da causa, pela digo, e mediante representação meses, ou multa.
parte ou por seu procurador; do ofendido, no caso do inciso
II do mesmo artigo, bem como Parágrafo único. Somente se pro-
II – a opinião desfavorável da no caso do § 3o do art. 140 des- cede mediante representação.
crítica literária, artística ou te Código.
científ ica, salvo quando ine- Sequestro e cárcere privado
quívoca a intenção de injuriar Capítulo VI – Dos Crimes
ou difamar; contra a Liberdade Individual Art. 148. Privar alguém de
III – o conceito desfavorável sua liberdade, mediante seques-
emitido por funcionário públi- tro ou cárcere privado:35
co, em apreciação ou informa- Seção I – Dos Crimes contra
a Liberdade Pessoal Pena – reclusão, de um a três
ção que preste no cumprimento anos.
de dever do ofício.
Constrangimento ilegal § 1o A pena é de reclusão, de
Parágrafo único. Nos casos dos dois a cinco anos:
nos I e III, responde pela injúria Art. 146. Constranger al-
guém, mediante violência ou I – se a vítima é ascendente,
ou pela difamação quem lhe dá descendente, cônjuge ou com-
publicidade. grave ameaça, ou depois de
panheiro do agente ou maior de
lhe haver reduzido, por qual-
60 (sessenta) anos;
Retratação quer outro meio, a capacidade
de resistência, a não fazer o que II – se o crime é praticado me-
Art. 143. O querelado que, a lei permite, ou a fazer o que diante internação da vítima em
antes da sentença, se retrata ca- ela não manda: casa de saúde ou hospital;
balmente da calúnia ou da di- Pena – detenção, de três meses III – se a privação da liberdade
famação, fica isento de pena.33 a um ano, ou multa. dura mais de quinze dias.

Parágrafo único. Nos casos em IV – se o crime é praticado con-


Aumento de pena tra menor de 18 (dezoito) anos;
que o querelado tenha prati-
cado a calúnia ou a difamação § 1o As penas aplicam-se cumu- V – se o crime é praticado com
utilizando-se de meios de comu- lativamente e em dobro, quan- fins libidinosos.
nicação, a retratação dar-se-á, do, para a execução do crime,
se assim desejar o ofendido, se reúnem mais de três pessoas, § 2o Se resulta à vítima, em
pelos mesmos meios em que se ou há emprego de armas. razão de maus-tratos ou da
praticou a ofensa. natureza da detenção, grave
§ 2o Além das penas cominadas, sofrimento físico ou moral:
aplicam-se as correspondentes
Art. 144. Se, de referências, à violência. Pena – reclusão, de dois a oito
alusões ou frases, se infere calú- anos.
nia, difamação ou injúria, quem § 3o Não se compreendem na
se julga ofendido pode pedir ex- disposição deste artigo: Redução a condição análoga à de
plicações em juízo. Aquele que I – a intervenção médica ou ci- escravo
se recusa a dá-las ou, a critério rúrgica, sem o consentimento
do juiz, não as dá satisfatórias, Art. 149. Reduzir alguém a
do paciente ou de seu represen-
responde pela ofensa. condição análoga à de escravo,
tante legal, se justificada por
quer submetendo-o a trabalhos
iminente perigo de vida;
Art. 145. Nos crimes previs- forçados ou a jornada exausti-
tos neste Capítulo somente se II – a coação exercida para im- va, quer sujeitando-o a condi-
procede mediante queixa, salvo pedir suicídio. ções degradantes de trabalho,

33
Lei no 13.188/2015. 34
Lei no 12.033/2009. 35
Lei no 11.106/2005.

455
quer restringindo, por qualquer I – o crime for cometido por em casa alheia ou em suas
meio, sua locomoção em razão funcionário público no exercício dependências:
de dívida contraída com o em- de suas funções ou a pretexto I – durante o dia, com obser-
pregador ou preposto:36 de exercê-las; vância das formalidades legais,
Pena – reclusão, de dois a oito II – o crime for cometido contra para efetuar prisão ou outra
anos, e multa, além da pena criança, adolescente ou pessoa diligência;
correspondente à violência. idosa ou com deficiência; II – a qualquer hora do dia ou
§ 1o Nas mesmas penas incorre III – o agente se prevalecer de da noite, quando algum crime
quem: relações de parentesco, do- está sendo ali praticado ou na
mésticas, de coabitação, de iminência de o ser.
I – cerceia o uso de qualquer
meio de transporte por parte hospitalidade, de dependência § 4 o A e x p r e s s ão “c a s a”
do trabalhador, com o fim de econômica, de autoridade ou compreende:
retê-lo no local de trabalho; de superioridade hierárquica
inerente ao exercício de empre- I – qualquer compartimento
II – mantém vigilância ostensi- go, cargo ou função; ou habitado;
va no local de trabalho ou se II – aposento ocupado de habi-
apodera de documentos ou ob- IV – a vítima do tráfico de pes-
soas for retirada do território tação coletiva;
jetos pessoais do trabalhador,
com o fim de retê-lo no local nacional. III – compartimento não aberto
de trabalho. ao público, onde alguém exerce
§ 2 A pena é reduzida de um a
o

dois terços se o agente for pri- profissão ou atividade.


§ 2o A pena é aumentada de
metade, se o crime é cometido: mário e não integrar organiza- § 5o Não se compreendem na
ção criminosa. expressão “casa”:
I – contra criança ou
adolescente; I – hospedaria, estalagem ou
qualquer outra habitação co-
II – por motivo de preconceito Seção II – Dos Crimes letiva, enquanto aberta, salvo a
de raça, cor, etnia, religião ou contra a Inviolabilidade do restrição do no II do parágrafo
origem. Domicílio anterior;
Tráfico de pessoas II – taverna, casa de jogo e ou-
Violação de domicílio
tras do mesmo gênero.
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, Art. 150. Entrar ou perma-
recrutar, transportar, transfe- necer, clandestina ou astucio-
rir, comprar, alojar ou acolher samente, ou contra a vontade Seção III – Dos Crimes
pessoa, mediante grave amea- expressa ou tácita de quem de contra a Inviolabilidade de
ça, violência, coação, fraude ou direito, em casa alheia ou em
abuso, com a finalidade de:37
Correspondência
suas dependências:
I – remover-lhe órgãos, tecidos Pena – detenção, de um a três
ou partes do corpo; meses, ou multa. Violação de correspondência
II – submetê-la a trabalho § 1o Se o crime é cometido du- Art. 151. Devassar indevi-
em condições análogas à de rante a noite, ou em lugar ermo,
escravo; damente o conteúdo de cor-
ou com o emprego de violência respondência fechada, dirigida
III – submetê-la a qualquer tipo ou de arma, ou por duas ou a outrem:
de servidão; mais pessoas:
Pena – detenção, de um a seis
IV – adoção ilegal; ou Pena – detenção, de seis meses
meses, ou multa.
a dois anos, além da pena cor-
V – exploração sexual. respondente à violência.
Sonegação ou destruição de
Pena – reclusão, de 4 (quatro) § 2o Aumenta-se a pena de um correspondência
a 8 (oito) anos, e multa. terço, se o fato é cometido por
§ 1o A pena é aumentada de um funcionário público, fora dos § 1o Na mesma pena incorre:
terço até a metade se: casos legais, ou com inobser-
vância das formalidades esta- I – quem se apossa indevida-
belecidas em lei, ou com abuso mente de correspondência
do poder. alheia, embora não fechada e,
36
Lei no 10.803/2003. § 3 o Não constitui crime a no todo ou em parte, a sonega
37
Lei no 13.344/2016. ent r ada ou pe r manência ou destrói;

456
Violação de comunicação tentor, e cuja divulgação possa o intuito de permitir a prática
telegráfica, radioelétrica ou produzir dano a outrem:38 da conduta definida no caput.
telefônica Pena – detenção, de um a seis § 2o Aumenta-se a pena de um
II – quem indevidamente divul- meses, ou multa. sexto a um terço se da invasão
ga, transmite a outrem ou utili-
§ 1o Somente se procede me- resulta prejuízo econômico.
za abusivamente comunicação
diante representação.
telegráfica ou radioelétrica diri- § 3o Se da invasão resultar a
gida a terceiro, ou conversação § 1o -A. Divulgar, sem justa obtenção de conteúdo de co-
telefônica entre outras pessoas; causa, informações sigilosas municações eletrônicas priva-
III – quem impede a comunica- ou reservadas, assim definidas das, segredos comerciais ou
ção ou a conversação referidas em lei, contidas ou não nos sis- industriais, informações sigilo-
no número anterior; temas de informações ou ban-
sas, assim definidas em lei, ou o
co de dados da Administração
IV – quem instala ou utiliza es- Pública: controle remoto não autorizado
tação ou aparelho radioelétrico, do dispositivo invadido:
sem observância de disposição Pena – detenção, de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa. Pena – reclusão, de 6 (seis) me-
legal.
ses a 2 (dois) anos, e multa, se
§ 2o As penas aumentam-se § 2 Quando resultar prejuízo
o

para a Administração Pública, a a conduta não constitui crime


de metade, se há dano para
ação penal será incondicionada. mais grave.
outrem.
§ 3o Se o agente comete o cri- § 4 o Na hipótese do § 3o, au-
Violação do segredo profissional menta-se a pena de um a dois
me, com abuso de função em
serviço postal, telegráfico, ra- terços se houver divulgação, co-
Art. 154. Revelar alguém,
dioelétrico ou telefônico: sem justa causa, segredo, de mercialização ou transmissão a
Pena – detenção, de um a três que tem ciência em razão de terceiro, a qualquer título, dos
anos. função, ministério, ofício ou dados ou informações obtidos.
§ 4 o Somente se procede me- profissão, e cuja revelação pos- § 5o Aumenta-se a pena de um
diante representação, salvo nos sa produzir dano a outrem:
terço à metade se o crime for
casos do § 1o, IV, e do § 3o. Pena – detenção, de três meses praticado contra:
a um ano, ou multa.
Correspondência comercial I – Presidente da República, go-
Art. 152. Abusar da condi- Parágrafo único. Somente se pro- vernadores e prefeitos;
ção de sócio ou empregado de cede mediante representação. II – Presidente do Supremo Tri-
estabelecimento comercial ou bunal Federal;
industrial para, no todo ou em Art. 154-A. Invadir dis-
parte, desviar, sonegar, subtrair positivo informático alheio, III – Presidente da Câmara dos
ou suprimir correspondência, conectado ou não à rede de Deputados, do Senado Federal,
ou revelar a estranho seu con- computadores, mediante viola- de Assembleia Legislativa de Es-
teúdo: ção indevida de mecanismo de tado, da Câmara Legislativa do
segurança e com o fim de obter,
Pena – detenção, de três meses Distrito Federal ou de Câmara
adulterar ou destruir dados ou
a dois anos. informações sem autorização Municipal; ou
Parágrafo único. Somente se pro- expressa ou tácita do titular do IV – dirigente máximo da admi-
cede mediante representação. dispositivo ou instalar vulnera- nistração direta e indireta fede-
bilidades para obter vantagem
ral, estadual, municipal ou do
ilícita:39
Distrito Federal.
Seção IV – Dos Crimes Pena – detenção, de 3 (três) me-
contra a Inviolabilidade dos ses a 1 (um) ano, e multa. Ação penal
Segredos § 1o Na mesma pena incorre Art. 154-B. Nos crimes defi-
quem produz, oferece, distribui, nidos no art. 154-A, somente se
Divulgação de segredo vende ou difunde dispositivo ou
procede mediante representa-
programa de computador com
Art. 153. Divulgar alguém, ção, salvo se o crime é cometido
sem justa causa, conteúdo de contra a administração pública
documento particular ou de direta ou indireta de qualquer
correspondência confidencial, 38
Lei no 9.983/2000. dos Poderes da União, Estados,
de que é destinatário ou de- 39
Lei no 12.737/2012. Distrito Federal ou Municípios

457
ou contra empresas concessio- a ser transportado para outro II – se há o concurso de duas ou
nárias de serviços públicos.40 Estado ou para o exterior. mais pessoas;
§ 6o A pena é de reclusão de 2 III – se a vítima está em ser-
(dois) a 5 (cinco) anos se a sub- viço de transporte de valo-
Título II – Dos Crimes tração for de semovente domes- res e o agente conhece tal
contra o Patrimônio ticável de produção, ainda que circunstância.
abatido ou dividido em partes
no local da subtração. IV – se a subtração for de ve-
ículo automotor que venha a
Capítulo I – Do Furto ser transportado para outro
Furto de coisa comum
Furto Estado ou para o exterior;
Art. 156. Subtrair o condô- V – se o agente mantém a vítima
Art. 155. Subtrair, para si mino, coerdeiro ou sócio, para em seu poder, restringindo sua
ou para outrem, coisa alheia si ou para outrem, a quem le- liberdade.
móvel: 41 gitimamente a detém, a coisa
comum: § 3o Se da violência resulta le-
Pena – reclusão, de um a quatro são corporal grave, a pena é de
anos, e multa. Pena – detenção, de seis meses reclusão, de sete a quinze anos,
§ 1 A pena aumenta-se de um
o a dois anos, ou multa. além da multa; se resulta mor-
terço, se o crime é praticado du- § 1o Somente se procede me- te, a reclusão é de vinte a trinta
rante o repouso noturno. diante representação. anos, sem prejuízo da multa.
§ 2o Se o criminoso é primário, § 2o Não é punível a subtração
e é de pequeno valor a coisa Extorsão
de coisa comum fungível, cujo
furtada, o juiz pode substituir valor não excede a quota a que
a pena de reclusão pela de de- Art. 158. Constranger al-
tem direito o agente. guém, mediante violência ou
tenção, diminuí-la de um a dois
terços, ou aplicar somente a pe- grave ameaça, e com o intuito
na de multa.
Capítulo II – Do Roubo e de obter para si ou para outrem
da Extorsão indevida vantagem econômica,
§ 3o Equipara-se à coisa móvel a
energia elétrica ou qualquer ou- a fazer, tolerar que se faça ou
Roubo
tra que tenha valor econômico. deixar fazer alguma coisa: 43
Art. 157. Subtrair coisa mó- Pena – reclusão, de quatro a dez
Furto qualificado vel alheia, para si ou para ou- anos, e multa.
§ 4 o A pena é de reclusão de trem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois § 1o Se o crime é cometido por
dois a oito anos, e multa, se o
de havê-la, por qualquer meio, duas ou mais pessoas, ou com
crime é cometido:
reduzido à impossibilidade de emprego de arma, aumenta-se
I – com destruição ou rompi- resistência: 42 a pena de um terço até metade.
mento de obstáculo à subtra-
ção da coisa; Pena – reclusão, de quatro a dez § 2o Aplica-se à extorsão prati-
anos, e multa. cada mediante violência o dis-
II – com abuso de c onfiança, posto no § 3o do artigo anterior.
ou mediante fraude, escalada § 1o Na mesma pena incorre
ou destreza; quem, logo depois de subtraída § 3o Se o crime é cometido me-
a coisa, emprega violência con- diante a restrição da liberdade
III – com emprego de chave
tra pessoa ou grave ameaça, a da vítima, e essa condição é
falsa;
fim de assegurar a impunidade necessária para a obtenção da
IV – mediante concurso de duas do crime ou a detenção da coisa vantagem econômica, a pena
ou mais pessoas. para si ou para terceiro. é de reclusão, de 6 (seis) a 12
§ 5o A pena é de reclusão de três (doze) anos, além da multa;
§ 2o A pena aumenta-se de um se resulta lesão corporal grave
a oito anos, se a subtração for terço até metade:
de veículo automotor que venha ou morte, aplicam-se as penas
I – se a violência ou ameaça é previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
exercida com emprego de arma; respectivamente.

40
Lei no 12.737/2012.
41
Leis nos 13.330/2016 e
9.426/1996. 42
Lei no 9.426/1996. 43
Lei no 11.923/2009.

458
Extorsão mediante sequestro divisória, para apropriar-se, I – com violência à pessoa ou
no todo ou em parte, de coisa grave ameaça;
Art. 159. Sequestrar pessoa imóvel alheia:
II – com emprego de substân-
com o fim de obter, para si ou
Pena – detenção, de um a seis cia inflamável ou explosiva, se
para outrem, qualquer vanta-
meses, e multa. o fato não constitui crime mais
gem, como condição ou preço
grave;
do resgate: 44 § 1o Na mesma pena incorre
quem: III – contra o patrimônio da
Pena – reclusão, de oito a quin-
União, Estado, Município, em-
ze anos.
Usurpação de águas presa concessionária de servi-
§ 1o Se o sequestro dura mais de ços públicos ou sociedade de
24 (vinte e quatro) horas, se o I – desvia ou represa, em provei- economia mista;
sequestrado é menor de 18 (de- to próprio ou de outrem, águas
alheias; IV – por motivo egoístico ou
zoito) ou maior de 60 (sessenta)
com prejuízo considerável pa-
anos, ou se o crime é cometido
Esbulho possessório ra a vítima:
por bando ou quadrilha.
II – invade, com violência a Pena – detenção, de seis meses a
Pena – reclusão, de doze a vinte
pessoa ou grave ameaça, ou três anos, e multa, além da pe-
anos.
mediante concurso de mais de na correspondente à violência.
§ 2o Se do fato resulta lesão duas pessoas, terreno ou edifí-
corporal de natureza grave: cio alheio, para o fim de esbu- Introdução ou abandono de
lho possessório. animais em propriedade alheia
Pena – reclusão, de dezesseis a
vinte e quatro anos. § 2o Se o agente usa de violên- Art. 164. Introduzir ou dei-
§ 3 Se resulta a morte:
o cia, incorre também na pena a xar animais em propriedade
esta cominada. alheia, sem consentimento de
Pena – reclusão, de vinte e qua-
§ 3o Se a propriedade é par- quem de direito, desde que o
tro a trinta anos.
ticular, e não há emprego de fato resulte prejuízo:
§ 4o Se o crime é cometido em violência, somente se procede Pena – detenção, de quinze dias
concurso, o concorrente que o mediante queixa. a seis meses, ou multa.
denunciar à autoridade, facili-
tando a libertação do seques- Supressão ou alteração de marca Dano em coisa de valor artístico,
trado, terá sua pena reduzida em animais arqueológico ou histórico
de um a dois terços.
Art. 162. Suprimir ou alte- Art. 165. Destruir, inutilizar
Extorsão indireta rar, indevidamente, em gado ou ou deteriorar coisa tombada
rebanho alheio, marca ou sinal pela autoridade competente
Art. 160. Exigir ou receber, indicativo de propriedade: em virtude de valor artístico,
como garantia de dívida, abu-
Pena – detenção, de seis meses arqueológico ou histórico:
sando da situação de alguém,
documento que pode dar causa a três anos, e multa. Pena – detenção, de seis meses
a procedimento criminal contra a dois anos, e multa.
a vítima ou contra terceiro: Capítulo IV – Do Dano
Alteração de local especialmente
Pena – reclusão, de um a três Dano protegido
anos, e multa.
Art. 163. Destruir, inutilizar Art. 166. Alterar, sem licen-
Capítulo III – Da ou deteriorar coisa alheia: 45 ça da autoridade competente, o
Usurpação aspecto de local especialmente
Pena – detenção, de um a seis
protegido por lei:
Alteração de limites meses, ou multa.
Pena – detenção, de um mês a
Art. 161. Suprimir ou deslo- Dano qualificado um ano, ou multa.
car tapume, marco, ou qualquer
outro sinal indicativo de linha Parágrafo único. Se o crime é co- Ação penal
metido:
Ar t. 167. Nos casos do
art. 163, do inciso IV do seu pa-
44
Leis nos 10.741/2003, 9.269/1996 rágrafo e do art. 164, somente
e 8.072/1990. 45
Lei no 5.346/1967. se procede mediante queixa.

459
Capítulo V – Da sido reembolsados à empresa restituí-la ao dono ou legítimo
Apropriação Indébita pela previdência social. possuidor ou de entregá-la à au-
toridade competente, dentro no
§ 2o É extinta a punibilidade
Apropriação indébita prazo de quinze dias.
se o agente, espontaneamen-
te, declara, confessa e efetua
Art. 168. Apropriar-se de Art. 170. Nos crimes previs-
o pagamento das contribui-
coisa alheia móvel, de que tem tos neste Capítulo, aplica-se o
ções, importâncias ou valores
a posse ou a detenção:
e presta as informações devidas disposto no art. 155, § 2o.
Pena – reclusão, de um a quatro à previdência social, na forma
anos, e multa. definida em lei ou regulamento, Capítulo VI – Do
antes do início da ação fiscal. Estelionato e Outras Fraudes
Aumento de pena
§ 3o É facultado ao juiz deixar Estelionato
§ 1o A pena é aumentada de um de aplicar a pena ou aplicar so-
terço, quando o agente recebeu mente a de multa se o agente Art. 171. Obter, para si ou
a coisa: for primário e de bons antece- para outrem, vantagem ilícita,
I – em depósito necessário; dentes, desde que: em prejuízo alheio, induzindo
I – tenha promovido, após o ou mantendo alguém em erro,
II – na qualidade de tutor,
início da ação fiscal e antes de mediante artifício, ardil, ou
curador, síndico, liquidatário,
oferecida a denúncia, o paga- qualquer outro meio fraudu-
inventariante, testamenteiro ou
mento da contribuição social lento: 47
depositário judicial;
previdenciária, inclusive aces- Pena – reclusão, de um a cinco
III – em razão de ofício, empre- sórios; ou
go ou profissão. anos, e multa.
II – o valor das contribuições § 1o Se o criminoso é primário, e
Apropriação indébita devidas, inclusive acessórios,
é de pequeno valor o prejuízo, o
previdenciária seja igual ou inferior àquele
juiz pode aplicar a pena confor-
estabelecido pela previdência
me o disposto no art. 155, § 2o.
Art. 168-A. Deixar de re- social, administrativamente,
passar à previdência social as como sendo o mínimo para o § 2o Nas mesmas penas incorre
contribuições recolhidas dos ajuizamento de suas execuções quem:
contribuintes, no prazo e forma fiscais.
Disposição de coisa alheia co-
legal ou convencional: 46 mo própria
Apropriação de coisa havida por
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 erro, caso fortuito ou força da I – vende, permuta, dá em pa-
(cinco) anos, e multa. natureza gamento, em locação ou em
§ 1o Nas mesmas penas incorre garantia coisa alheia como
quem deixar de: Art. 169. Apropriar-se al- própria;
guém de coisa alheia vinda ao
I – recolher, no prazo legal, con- seu poder por erro, caso fortui-
tribuição ou outra importância Alienação ou oneração fraudulenta
to ou força da natureza: de coisa própria
destinada à previdência social
que tenha sido descontada de Pena – detenção, de um mês a II – vende, permuta, dá em pa-
pagamento efetuado a segura- um ano, ou multa. gamento ou em garantia coisa
dos, a terceiros ou arrecadada própria inalienável, gravada
do público; Parágrafo único. Na mesma pena de ônus ou litigiosa, ou imóvel
incorre: que prometeu vender a tercei-
II – recolher contribuições de-
vidas à previdência social que ro, mediante pagamento em
Apropriação de tesouro prestações, silenciando sobre
tenham integrado despesas
contábeis ou custos relativos à I – quem acha tesouro em pré- qualquer dessas circunstâncias;
venda de produtos ou à presta- dio alheio e se apropria, no
ção de serviços; todo ou em parte, da quota a Defraudação de penhor
que tem direito o proprietário
III – pagar benefício devido a III – defrauda, mediante aliena-
do prédio;
segurado, quando as respecti- ção não consentida pelo credor
vas cotas ou valores já tiverem ou por outro modo, a garantia
Apropriação de coisa achada
II – quem acha coisa alheia per-
dida e dela se apropria, total
46
Lei no 9.983/2000. ou parcialmente, deixando de 47
Lei no 13.228/2015.

460
pignoratícia, quando tem a pos- sidade, paixão ou inexperiência Parágrafo único. Somente se pro-
se do objeto empenhado; de menor, ou da alienação ou cede mediante representação,
debilidade mental de outrem, e o juiz pode, conforme as cir-
Fraude na entrega de coisa induzindo qualquer deles à prá- cunstâncias, deixar de aplicar
tica de ato suscetível de produ- a pena.
IV – defrauda substância, qua- zir efeito jurídico, em prejuízo
lidade ou quantidade de coisa Fraudes e abusos na fundação
próprio ou de terceiro: ou administração de sociedade
que deve entregar a alguém;
Pena – reclusão, de dois a seis por ações
Fraude para recebimento de anos, e multa.
Art. 177. Promover a fun-
indenização ou valor de seguro
Induzimento à especulação dação de sociedade por ações,
V – destrói, total ou parcialmen- fazendo, em prospecto ou em
te, ou oculta coisa própria, ou Art. 174. Abusar, em provei- comunicação ao público ou à
lesa o próprio corpo ou a saú- to próprio ou alheio, da inexpe- assembleia, afirmação falsa so-
de, ou agrava as consequências riência ou da simplicidade ou bre a constituição da sociedade,
da lesão ou doença, com o in- inferioridade mental de outrem, ou ocultando fraudulentamente
tuito de haver indenização ou induzindo-o à prática de jogo fato a ela relativo:
valor de seguro; ou aposta, ou à especulação
com títulos ou mercadorias, Pena – reclusão, de um a qua-
Fraude no pagamento por meio de sabendo ou devendo saber que tro anos, e multa, se o fato não
cheque constitui crime contra a econo-
a operação é ruinosa:
VI – emite cheque, sem suf i- mia popular.
Pena – reclusão, de um a três
ciente provisão de fundos em § 1o Incorrem na mesma pena,
anos, e multa.
poder do sacado, ou lhe frustra se o fato não constitui crime
o pagamento. Fraude no comércio contra a economia popular:
§ 3o A pena aumenta-se de um I – o diretor, o gerente ou o fis-
Art. 175. Enganar, no exer-
terço, se o crime é cometido em cal de sociedade por ações, que,
detrimento de entidade de di- cício de atividade comercial, o
adquirente ou consumidor: em prospecto, relatório, pare-
reito público ou de instituto de cer, balanço ou comunicação
economia popular, assistência I – vendendo, como verdadeira ao público ou à assembleia, faz
social ou beneficência. ou perfeita, mercadoria falsifi- afirmação falsa sobre as condi-
cada ou deteriorada; ções econômicas da sociedade,
Estelionato contra idoso
II – entregando uma mercadoria ou oculta fraudulentamente, no
§ 4o Aplica-se a pena em dobro por outra: todo ou em parte, fato a elas
se o crime for cometido contra relativo;
Pena – detenção, de seis meses
idoso.
a dois anos, ou multa. II – o diretor, o gerente ou o
Duplicata simulada § 1o Alterar em obra que lhe é fiscal que promove, por qual-
encomendada a qualidade ou quer artifício, falsa cotação das
Art. 172. Emitir fatura, du- ações ou de outros títulos da
o peso de metal ou substituir,
plicata ou nota de venda que sociedade;
no mesmo caso, pedra verda-
não corresponda à mercado-
deira por falsa ou por outra III – o diretor ou o gerente que
ria vendida, em quantidade ou
qualidade, ou ao serviço pres- de menor valor; vender pedra toma empréstimo à sociedade
tado.48 falsa por verdadeira; vender, ou usa, em proveito próprio ou
como precioso, metal de outra de terceiro, dos bens ou haveres
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 qualidade: sociais, sem prévia autorização
(quatro) anos, e multa.
Pena – reclusão, de um a cinco da assembleia geral;
Parágrafo único. Nas mesmas anos, e multa. IV – o diretor ou o gerente que
penas incorrerá aquele que § 2o É aplicável o disposto no compra ou vende, por conta
falsificar ou adulterar a escri- art. 155, § 2o. da sociedade, ações por ela
turação do Livro de Registro de emitidas, salvo quando a lei o
Duplicatas. Outras fraudes permite;
Abuso de incapazes Art. 176. Tomar refeição V – o diretor ou o gerente que,
em restaurante, alojar-se em como garantia de crédito social,
Art. 173. Abusar, em provei- hotel ou utilizar-se de meio de aceita em penhor ou em caução
to próprio ou alheio, de neces- ações da própria sociedade;
transporte sem dispor de recur-
sos para efetuar o pagamento: VI – o diretor ou o gerente que,
Pena – detenção, de quinze dias na falta de balanço, em desa-
48
Leis nos 8.137/1990 e 5.474/1968. a dois meses, ou multa. cordo com este, ou mediante

461
balanço falso, distribui lucros que terceiro, de boa-fé, a adqui- ta no caput deste artigo aplica-se
ou dividendos fictícios; ra, receba ou oculte: 49 em dobro.
VII – o diretor, o gerente ou o Pena – reclusão, de um a quatro
fiscal que, por interposta pes- Receptação de animal
anos, e multa.
soa, ou conluiado com acio-
nista, consegue a aprovação Art. 180-A. Adquirir, re-
Receptação qualificada ceber, transportar, conduzir,
de conta ou parecer;
§ 1o Adquirir, receber, trans- ocultar, ter em depósito ou
VIII – o liquidante, nos casos portar, conduzir, ocultar, ter vender, com a f inalidade de
dos nos I, II, III, IV, V e VII; em depósito, desmontar, mon- produção ou de comercializa-
IX – o representante da socieda- tar, remontar, vender, expor à ção, semovente domesticável de
de anônima estrangeira, auto- venda, ou de qualquer forma produção, ainda que abatido
utilizar, em proveito próprio ou ou dividido em partes, que deve
rizada a funcionar no País, que
alheio, no exercício de atividade saber ser produto de crime:50
pratica os atos mencionados
nos nos I e II, ou dá falsa infor- comercial ou industrial, coisa Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5
mação ao Governo. que deve saber ser produto de (cinco) anos, e multa.
crime:
§ 2o Incorre na pena de deten- Capítulo VIII – Disposições
ção, de seis meses a dois anos, e Pena – reclusão, de três a oito
anos, e multa. Gerais
multa, o acionista que, a fim de
obter vantagem para si ou para § 2o Equipara-se à atividade Art. 181. É isento de pena
outrem, negocia o voto nas de- comercial, para efeito do pará- quem comete qualquer dos cri-
liberações de assembleia geral. grafo anterior, qualquer forma mes previstos neste título, em
de comércio irregular ou clan- prejuízo:
Emissão irregular de conhecimento destino, inclusive o exercício em I – do cônjuge, na constância da
de depósito ou warrant residência. sociedade conjugal;
§ 3o Adquirir ou receber coisa II – de ascendente ou descen-
Art. 178. Emitir conheci- que, por sua natureza ou pela dente, seja o parentesco legí-
mento de depósito ou warrant, desproporção entre o valor e timo ou ilegítimo, seja civil ou
em desacordo com disposição o preço, ou pela condição de natural.
legal: quem a oferece, deve presumir-
se obtida por meio criminoso: Art. 182. Somente se proce-
Pena – reclusão, de um a quatro
Pena – detenção, de um mês a de mediante representação, se
anos, e multa.
um ano, ou multa, ou ambas o crime previsto neste título é
cometido em prejuízo:
Fraude à execução as penas.
I – do cônjuge desquitado ou
§ 4o A receptação é punível, ain-
Art. 179. Fraudar execução, judicialmente separado;
da que desconhecido ou isento
alienando, desviando, destruin- de pena o autor do crime de que II – de irmão, legítimo ou
do ou danificando bens, ou si- proveio a coisa. ilegítimo;
mulando dívidas:
§ 5o Na hipótese do § 3o, se o III – de tio ou sobrinho, com
Pena – detenção, de seis meses criminoso é primário, pode o quem o agente coabita.
a dois anos, ou multa. juiz, tendo em consideração as
circunstâncias, deixar de aplicar Art. 183. Não se aplica o
Parágrafo único. Somente se pro- a pena. Na receptação dolosa disposto nos dois artigos an-
cede mediante queixa. aplica-se o disposto no § 2o do teriores:51
art. 155. I – se o crime é de roubo ou de
Capítulo VII – Da § 6 o Tratando-se de bens e extorsão, ou, em geral, quando
Receptação instalações do patrimônio da haja emprego de grave ameaça
União, Estado, Município, em- ou violência à pessoa;
Receptação presa concessionária de servi- II – ao estranho que participa
ços públicos ou sociedade de do crime;
Art. 180. Adquirir, receber, economia mista, a pena previs-
transportar, conduzir ou ocul-
tar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser pro- 50
Lei no 13.330/2016.
duto de crime, ou influir para 49
Lei no 9.426/1996. 51
Lei no 10.741/2003.

462
III – se o crime é praticado con- § 3o Se a violação consistir no crimes previstos no § 3 o do
tra pessoa com idade igual ou oferecimento ao público, me- art. 184.
superior a 60 (sessenta) anos. diante cabo, fibra ótica, saté-
lite, ondas ou qualquer outro Capítulo II – Dos Crimes
sistema que permita ao usuá- contra o Privilégio de
rio realizar a seleção da obra Invenção
Título III – Dos ou produção para recebê-la em
Crimes contra a um tempo e lugar previamente Arts. 187 a 191. (Revoga-
Propriedade Imaterial determinados por quem formu- dos) 55
la a demanda, com intuito de
lucro, direto ou indireto, sem Capítulo III – Dos
Capítulo I – Dos Crimes autorização expressa, confor-
me o caso, do autor, do artista
Crimes contra as Marcas de
contra a Propriedade Indústria e Comércio
intérprete ou executante, do
Intelectual produtor de fonograma, ou de
Arts. 192 a 195. (Revoga-
quem os represente:
Violação de direito autoral dos) 56
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4
Art. 184. Violar direitos de (quatro) anos, e multa. Capítulo IV – Dos Crimes
autor e os que lhe são cone- § 4 O disposto nos §§ 1 , 2 e
o o o de Concorrência Desleal
xos:52 3o não se aplica quando se tra-
tar de exceção ou limitação ao Art. 196. (Revogado) 57
Pena – detenção, de 3 (três)
direito de autor ou os que lhe
meses a 1 (um) ano, ou multa.
são conexos, em conformidade
§ 1o Se a violação consistir em com o previsto na Lei no 9.610,
reprodução total ou parcial, de 19 de fevereiro de 1998, nem Título IV – Dos Crimes
com intuito de lucro direto ou a cópia de obra intelectual ou contra a Organização
indireto, por qualquer meio ou fonograma, em um só exemplar, do Trabalho
processo, de obra intelectual, para uso privado do copista,
interpretação, execução ou sem intuito de lucro direto ou
fonograma, sem autorização indireto. Atentado contra a liberdade de
expressa do autor, do artista trabalho
intérprete ou executante, do Usurpação de nome ou pseudônimo
produtor, conforme o caso, ou alheio Art. 197. Constranger al-
de quem os represente: guém, mediante violência ou
Art. 185. (Revogado) 53 grave ameaça:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa. Art. 186. Procede-se me- I – a exercer ou não exercer arte,
diante:54 ofício, profissão ou indústria,
§ 2o Na mesma pena do § 1o ou a trabalhar ou não trabalhar
incorre quem, com o intuito de I – queixa, nos crimes previstos durante certo período ou em
lucro direto ou indireto, distri- no caput do art. 184;
determinados dias:
bui, vende, expõe à venda, alu- II – ação penal pública incondi-
ga, introduz no País, adquire, Pena – detenção, de um mês a
cionada, nos crimes previstos
oculta, tem em depósito, origi- nos §§ 1o e 2o do art. 184; um ano, e multa, além da pena
nal ou cópia de obra intelectual correspondente à violência;
ou fonograma reproduzido com III – ação penal pública incon-
dicionada, nos crimes cometi- II – a abrir ou fechar o seu esta-
violação do direito de autor, do
dos em desfavor de entidades belecimento de trabalho, ou a
direito de artista intérprete ou
de direito público, autarquia, participar de parede ou parali-
executante ou do direito do
empresa pública, sociedade de sação de atividade econômica:
produtor de fonograma, ou,
ainda, aluga original ou cópia economia mista ou fundação Pena – detenção, de três meses
de obra intelectual ou fonogra- instituída pelo Poder Público; a um ano, e multa, além da pe-
ma, sem a expressa autorização IV – ação penal pública condi- na correspondente à violência.
dos titulares dos direitos ou de cionada à representação, nos
quem os represente.

55
Lei no 9.279/1996.
53
Lei no 10.695/2003. 56
Lei no 9.279/1996.
52
Lei no 10.695/2003. 54
Lei no 10.695/2003. 57
Lei no 9.279/1996.

463
Atentado contra a liberdade de Invasão de estabelecimento Pena – detenção, de um mês a
contrato de trabalho e boicotagem industrial, comercial ou agrícola. um ano, e multa, além da pena
violenta Sabotagem correspondente à violência.

Art. 198. Constranger al- Art. 202. Invadir ou ocupar Exercício de atividade com infração
guém, mediante violência ou estabelecimento industrial, co- de decisão administrativa
grave ameaça, a celebrar con- mercial ou agrícola, com o in-
trato de trabalho, ou a não for- tuito de impedir ou embaraçar Art. 205. Exercer atividade,
necer a outrem ou não adquirir o curso normal do trabalho, ou de que está impedido por deci-
de outrem matéria-prima ou com o mesmo fim danificar o são administrativa:
produto industrial ou agrícola: estabelecimento ou as coisas
Pena – detenção, de um mês a nele existentes ou delas dispor: Pena – detenção, de três meses
um ano, e multa, além da pena a dois anos, ou multa.
Pena – reclusão, de um a três
correspondente à violência. anos, e multa.
Aliciamento para o fim de
Atentado contra a liberdade de Frustração de direito assegurado emigração
associação por lei trabalhista
Art. 206. Recrutar trabalha-
Art. 199. Constranger al- Art. 203. Frustrar, median- dores, mediante fraude, com o
guém, mediante violência ou te fraude ou violência, direito fim de levá-los para território
grave ameaça, a participar ou assegurado pela legislação do estrangeiro:59
deixar de participar de determi- trabalho:58
nado sindicato ou associação Pena – detenção, de 1 (um) a 3
profissional: Pena – detenção de um ano a (três) anos e multa.
dois anos, e multa, além da pe-
Pena – detenção, de um mês a na correspondente à violência. Aliciamento de trabalhadores de
um ano, e multa, além da pena um local para outro do território
correspondente à violência. § 1 Na mesma pena incorre
o

quem: nacional
Paralisação de trabalho, segui-
da de violência ou perturbação I – obriga ou coage alguém a Art. 207. Aliciar trabalha-
da ordem usar mercadorias de determi- dores, com o fim de levá-los de
nado estabelecimento, para uma para outra localidade do
Art. 200. Participar de sus- impossibilitar o desligamento território nacional: 60
pensão ou abandono coletivo do serviço em virtude de dívida;
de trabalho, praticando vio- Pena – detenção de um a três
II – impede alguém de se desli-
lência contra pessoa ou contra anos, e multa.
gar de serviços de qualquer na-
coisa: tureza, mediante coação ou por § 1o Incorre na mesma pena
Pena – detenção, de um mês a meio da retenção de seus docu- quem recrutar trabalhadores
um ano, e multa, além da pena mentos pessoais ou contratuais. fora da localidade de execução
correspondente à violência. § 2o A pena é aumentada de do trabalho, dentro do territó-
um sexto a um terço se a víti- rio nacional, mediante fraude ou
Parágrafo único. Para que se con- cobrança de qualquer quantia
ma é menor de dezoito anos,
sidere coletivo o abandono
idosa, gestante, indígena ou do trabalhador, ou, ainda, não
de trabalho é indispensável o
portadora de deficiência física assegurar condições do seu re-
concurso de, pelo menos, três
ou mental. torno ao local de origem.
empregados.
Frustração de lei sobre a § 2o A pena é aumentada de
Paralisação de trabalho de um sexto a um terço se a víti-
nacionalização do trabalho
interesse coletivo ma é menor de dezoito anos,
Art. 204. Frustrar, mediante idosa, gestante, indígena ou
Art. 201. Participar de sus-
fraude ou violência, obrigação portadora de deficiência física
pensão ou abandono coletivo
de trabalho, provocando a in- legal relativa à nacionalização ou mental.
terrupção de obra pública ou do trabalho:
serviço de interesse coletivo:
Pena – detenção, de seis meses 59
Lei no 8.683/1993.
a dois anos, e multa. 58
Lei no 9.777/1998. 60
Lei no 9.777/1998.

464
Pena – reclusão, de um a três dinoso com alguém, mediante
anos, e multa. fraude ou outro meio que impe-
Título V – Dos Crimes ça ou dificulte a livre manifes-
contra o Sentimento Vilipêndio a cadáver tação de vontade da vítima: 66
Religioso e contra o
Respeito aos Mortos Art. 212. Vilipendiar cadáver
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6
(seis) anos.
ou suas cinzas:
Capítulo I – Dos Crimes Pena – detenção, de um a três Parágrafo único. Se o crime é
contra o Sentimento Religioso anos, e multa. cometido com o fim de obter
vantagem econômica, aplica-se
Ultraje a culto e impedimento ou também multa.
perturbação de ato a ele relativo
Título VI – Dos Atentado ao pudor mediante
Art. 208. Escarnecer de al- Crimes contra a fraude
guém publicamente, por motivo Dignidade Sexual61
de crença ou função religiosa; Art. 216. (Revogado) 67
impedir ou perturbar cerimônia
ou prática de culto religioso; vi- Capítulo I – Dos Crimes Assédio sexual68
lipendiar publicamente ato ou contra a Liberdade Sexual62
Art. 216-A. Constranger
objeto de culto religioso:
Estupro alguém com o intuito de obter
Pena – detenção, de um mês a vantagem ou favorecimento se-
um ano, ou multa. Art. 213. Constranger al- xual, prevalecendo-se o agente
guém, mediante violência ou da sua condição de superior
Parágrafo único. Se há emprego de grave ameaça, a ter conjunção hierárquico ou ascendência ine-
violência, a pena é aumentada carnal ou a praticar ou permitir rentes ao exercício de emprego,
de um terço, sem prejuízo da que com ele se pratique outro cargo ou função.69
correspondente à violência. ato libidinoso: 63
Pena – detenção, de 1 (um) a 2
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dois) anos.
Capítulo II – Dos Crimes (dez) anos.
contra o Respeito aos Mortos Parágrafo único. (Vetado)
§ 1o Se da conduta resulta lesão
Impedimento ou perturbação de corporal de natureza grave ou § 2o A pena é aumentada em até
cerimônia funerária se a vítima é menor de 18 (de- um terço se a vítima é menor de
zoito) ou maior de 14 (catorze) 18 (dezoito) anos.
Art. 209. Impedir ou per- anos:
turbar enterro ou cerimônia Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12
Capítulo II – Dos Crimes
funerária: (doze) anos. Sexuais contra Vulnerável70
Pena – detenção, de um mês a § 2o Se da conduta resulta morte: Sedução
um ano, ou multa.
Pena – reclusão, de 12 (doze) a
Art. 217. (Revogado)71
30 (trinta) anos.
Parágrafo único. Se há emprego de
violência, a pena é aumentada Estupro de vulnerável72
Atentado violento ao pudor
de um terço, sem prejuízo da
correspondente à violência. Art. 217-A. Ter conjunção
Art. 214. (Revogado) 64
carnal ou praticar outro ato
Violação de sepultura libidinoso com menor de 14
Violação sexual mediante fraude65
(catorze) anos:73
Art. 210. Violar ou profanar Art. 215. Ter conjunção car-
sepultura ou urna funerária: nal ou praticar outro ato libi-
Pena – reclusão, de um a três 66
Lei no 12.015/2009.
anos, e multa. 67
Lei no 12.015/2009.
68
Lei no 10.224/2001.
Destruição, subtração ou ocul- 61
Lei no 12.015/2009. 69
Leis nos 12.015/2009 e 10.224/2001.
tação de cadáver 62
Lei no 12.015/2009. 70
Lei no 12.015/2009.
63
Lei no 12.015/2009. 71 Lei no 11.106/2005.
Art. 211. Destruir, subtrair ou 64
Lei no 12.015/2009. 72
Lei no 12.015/2009.
ocultar cadáver ou parte dele: 65
Lei no 12.015/2009. 73
Lei no 12.015/2009.

465
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 forma de exploração sexual alguém Parágrafo único. Procede-se, entre-
(quinze) anos. menor de 18 (dezoito) anos ou tanto, mediante ação penal pú-
que, por enfermidade ou deficiên- blica incondicionada se a vítima
§ 1o Incorre na mesma pena quem
cia mental, não tem o necessário é menor de 18 (dezoito) anos ou
pratica as ações descritas no caput
discernimento para a prática do pessoa vulnerável.
com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
que a abandone:78 Aumento de pena
necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qual- Pena – reclusão, de 4 (quatro) a Art. 226. A pena é aumen-
quer outra causa, não pode ofe- 10 (dez) anos.
recer resistência. tada:83
§ 1o Se o crime é praticado com I – de quarta parte, se o crime é
§ 2o (Vetado) o fim de obter vantagem econô- cometido com o concurso de 2
§ 3o Se da conduta resulta lesão mica, aplica-se também multa. (duas) ou mais pessoas;
corporal de natureza grave:
§ 2o Incorre nas mesmas penas: II – de metade, se o agente é
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 ascendente, padrasto ou ma-
I – quem pratica conjunção car-
(vinte) anos. drasta, tio, irmão, cônjuge,
nal ou outro ato libidinoso com
§ 4o Se da conduta resulta morte: alguém menor de 18 (dezoito) e companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da
Pena – reclusão, de 12 (doze) a maior de 14 (catorze) anos na
vítima ou por qualquer outro
30 (trinta) anos. situação descrita no caput deste
título tem autoridade sobre ela;
artigo;
Corrupção de menores III – (Revogado).
II – o proprietário, o gerente ou o
responsável pelo local em que se Capítulo V – Do Lenocínio
Art. 218. Induzir alguém verifiquem as práticas referidas
menor de 14 (catorze) anos a e do Tráfico de Pessoa para
no caput deste artigo.
satisfazer a lascívia de outrem:74 Fim de Prostituição ou
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5
§ 3o Na hipótese do inciso II do Outra Forma de Exploração
§ 2o, constitui efeito obrigatório Sexual84
(cinco) anos.
da condenação a cassação da
Parágrafo único. (Vetado) licença de localização e de fun- Mediação para servir a lascívia de
cionamento do estabelecimento. outrem
Satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente75 Capítulo III – Do Rapto Art. 227. Induzir alguém a sa-
tisfazer a lascívia de outrem: 85
Art. 218-A. Praticar, na pre- Arts. 219 a 222. (Revogados)79
sença de alguém menor de 14 Pena – reclusão, de um a três
(catorze) anos, ou induzi-lo a Capítulo IV – Disposições anos.
presenciar, conjunção carnal Gerais § 1o Se a vítima é maior de 14
ou outro ato libidinoso, a fim (catorze) e menor de 18 (de-
de satisfazer lascívia própria ou Art. 223. (Revogado) 80 zoito) anos, ou se o agente é
de outrem:76 seu ascendente, descenden-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 Art. 224. (Revogado) 81 te, cônjuge ou companheiro,
(quatro) anos. irmão, tutor ou curador ou
Ação penal pessoa a quem esteja conf ia-
Favorecimento da prostituição ou da para f ins de educação, de
de outra forma de exploração sexual Art. 225. Nos crimes defini- tratamento ou de guarda:
de criança ou adolescente ou de dos nos Capítulos I e II deste Tí-
Pena – reclusão, de dois a cinco
vulnerável77 tulo, procede-se mediante ação
anos.
penal pública condicionada à
Art. 218-B. Submeter, induzir representação.82 § 2o Se o crime é cometido com
ou atrair à prostituição ou outra emprego de violência, grave
ameaça ou fraude:

78 Lei no 12.015/2009.
74
Lei no 12.015/2009. 79
Lei no 11.106/2005.
75
Lei no 12.015/2009. 80
Lei no 12.015/2009. 83
Lei no 11.106/2005.
76
Lei no 12.015/2009. 81
Lei no 12.015/2009. 84
Lei no 12.015/2009.
77
Leis nos 12.978/2014 e 12.015/2009. 82
Lei no 12.015/2009. 85
Lei no 11.106/2005.

466
Pena – reclusão, de dois a oito Rufianismo Capítulo VI – Do Ultraje
anos, além da pena correspon- Público ao Pudor
dente à violência. Art. 230. Tirar proveito da
prostituição alheia, participan- Ato obsceno
§ 3 Se o crime é cometido com
o
do diretamente de seus lucros
o fim de lucro, aplica-se tam- Art. 233. Praticar ato obs-
bém multa. ou fazendo-se sustentar, no
ceno em lugar público, ou
todo ou em parte, por quem a
aberto ou exposto ao público:
Favorecimento da prostituição ou exerça: 89
outra forma de exploração sexual86 Pena – detenção, de três meses
Pena – reclusão, de um a quatro a um ano, ou multa.
anos, e multa.
Art. 228. Induzir ou atrair
§ 1o Se a vítima é menor de 18 Escrito ou objeto obsceno
alguém à prostituição ou ou-
tra forma de exploração sexual, (dezoito) e maior de 14 (ca-
Art. 234. Fazer, importar,
facilitá-la, impedir ou dificultar torze) anos ou se o crime é exportar, adquirir ou ter sob
que alguém a abandone: 87 cometido por ascendente, pa- sua guarda, para f im de co-
drasto, madrasta, irmão, en- mércio, de distribuição ou de
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5
(cinco) anos, e multa. teado, cônjuge, companheiro, exposição pública, escrito,
tutor ou curador, preceptor ou desenho, pintura, estampa
§ 1o Se o agente é ascenden- empregador da vítima, ou por ou qualquer objeto obsceno:
te, padrasto, madrasta, irmão, quem assumiu, por lei ou outra Pena – detenção, de seis meses
enteado, cônjuge, companhei- forma, obrigação de cuidado, a dois anos, ou multa.
ro, tutor ou curador, precep- proteção ou vigilância:
tor ou empregador da vítima, Parágrafo único. Incorre na mes-
ou se assumiu, por lei ou outra Pena – reclusão, de 3 (três) a 6
ma pena quem:
forma, obrigação de cuidado, (seis) anos, e multa.
proteção ou vigilância: I – vende, distribui ou expõe à
§ 2o Se o crime é cometido me- venda ou ao público qualquer
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 diante violência, grave ameaça, dos objetos referidos neste
(oito) anos. fraude ou outro meio que im- artigo;
peça ou dificulte a livre mani-
§ 2o Se o crime é cometido com II – realiza, em lugar público ou
festação da vontade da vítima: acessível ao público, representa-
emprego de violência, grave
ameaça ou fraude: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 ção teatral, ou exibição cinema-
(oito) anos, sem prejuízo da pe- tográfica de caráter obsceno,
Pena – reclusão, de quatro a dez ou qualquer outro espetáculo,
anos, além da pena correspon- na correspondente à violência.
que tenha o mesmo caráter;
dente à violência.
Tráfico internacional de pessoa III – realiza, em lugar público
§ 3o Se o crime é cometido com para fim de exploração sexual90 ou acessível ao público, ou pelo
o fim de lucro, aplica-se tam- rádio, audição ou recitação de
bém multa. Art. 231. (Revogado) 91 caráter obsceno.

Casa de prostituição Tráfico interno de pessoa para fim Capítulo VII – Disposições
de exploração sexual92 Gerais95
Art. 229. Manter, por conta
própria ou de terceiro, estabele- Art. 231-A. (Revogado) 93 Aumento de pena96
cimento em que ocorra explora-
ção sexual, haja, ou não, intuito Art. 234-A. Nos crimes
Art. 232. (Revogado) 94
de lucro ou mediação direta do previstos neste Título a pena é
proprietário ou gerente: 88 aumentada:97

Pena – reclusão, de dois a cinco I – (Vetado);


89
Lei no 12.015/2009.
anos, e multa. 90
Lei no 12.015/2009. II – (Vetado);
91
Leis nos 13.344/2016, 12.015/2009
e 11.106/2005.
92
Lei no 12.015/2009.
86
Lei no 12.015/2009. 93
Leis nos 13.344/2016, 12.015/2009 95
Lei no 12.015/2009.
87
Lei no 12.015/2009. e 11.106/2005. 96
Lei no 12.015/2009.
88
Lei no 12.015/2009. 94
Lei no 12.015/2009. 97
Lei no 12.015/2009.

467
III – de metade, se do crime re- Parágrafo único. A ação penal Parto suposto. Supressão ou
sultar gravidez; e depende de queixa do contra- alteração de direito inerente ao
ente enganado e não pode ser estado civil de recém-nascido
IV – de um sexto até a metade,
se o agente transmite à vitima intentada senão depois de tran-
sitar em julgado a sentença que, Art. 242. Dar parto alheio
doença sexualmente transmissí-
vel de que sabe ou deveria saber por motivo de erro ou impedi- como próprio; registrar como
ser portador. mento, anule o casamento. seu o filho de outrem; ocultar
recém-nascido ou substituí-lo,
Art. 234-B. Os processos Conhecimento prévio de suprimindo ou alterando direito
em que se apuram crimes defi- impedimento inerente ao estado civil:101
nidos neste Título correrão em Pena – reclusão, de dois a seis
segredo de justiça.98 Art. 237. Contrair casamen- anos.
to, conhecendo a existência de
Art. 234-C. (Vetado) 99 impedimento que lhe cause a Parágrafo único. Se o crime é pra-
nulidade absoluta: ticado por motivo de reconhe-
Pena – detenção, de três meses cida nobreza:
Título VII – Dos Crimes a um ano. Pena – detenção, de um a dois
contra a Família anos, podendo o juiz deixar de
Simulação de autoridade para aplicar a pena.
celebração de casamento
Sonegação de estado de filiação
Capítulo I – Dos Crimes
contra o Casamento Art. 238. Atribuir-se falsa-
Art. 243. Deixar em asilo de
mente autoridade para celebra-
expostos ou outra instituição
Bigamia ção de casamento: de assistência filho próprio ou
Pena – detenção, de um a três alheio, ocultando-lhe a filiação
Art. 235. Contrair alguém,
anos, se o fato não constitui ou atribuindo-lhe outra, com o
sendo casado, novo casamento:
crime mais grave. fim de prejudicar direito ineren-
Pena – reclusão, de dois a seis te ao estado civil:
anos. Simulação de casamento Pena – reclusão, de um a cinco
§ 1o Aquele que, não sendo ca- anos, e multa.
sado, contrai casamento com Art. 239. Simular casamen-
pessoa casada, conhecendo es- to mediante engano de outra Capítulo III – Dos Crimes
sa circunstância, é punido com pessoa: contra a Assistência Familiar
reclusão ou detenção, de um a
Pena – detenção, de um a três
três anos. Abandono material
anos, se o fato não constitui
§ 2o Anulado por qualquer mo- elemento de crime mais grave.
tivo o primeiro casamento, ou Art. 244. Deixar, sem justa
o outro por motivo que não a Adultério causa, de prover a subsistência
bigamia, considera-se inexisten- do cônjuge, ou de filho menor
te o crime. Art. 240. (Revogado)100 de 18 (dezoito) anos ou inap-
to para o trabalho, ou de as-
Induzimento a erro essencial e cendente inválido ou maior de
ocultação de impedimento Capítulo II – Dos Crimes
60 (sessenta) anos, não lhes
contra o Estado de Filiação proporcionando os recursos
Art. 236. Contrair casamen- necessários ou faltando ao pa-
to, induzindo em erro essencial Registro de nascimento inexistente
gamento de pensão alimentícia
o outro contraente, ou ocultan- judicialmente acordada, fixada
do-lhe impedimento que não seja Art. 241. Promover no re-
gistro civil a inscrição de nas- ou majorada; deixar, sem justa
casamento anterior:
cimento inexistente: causa, de socorrer descenden-
Pena – detenção, de seis meses te ou ascendente, gravemente
a dois anos. Pena – reclusão, de dois a seis enfermo:102
anos.

98
Lei no 12.015/2009. 101
Lei no 6.898/1981.
99
Lei no 12.015/2009. 100
Lei no 11.106/2005. 102
Leis nos 10.741/2003 e 5.478/1968.

468
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 II – frequente espetáculo capaz
(quatro) anos e multa, de uma de pervertê-lo ou de ofender-lhe
a dez vezes o maior salário mí- o pudor, ou participe de repre-
Título VIII – Dos
nimo vigente no País. sentação de igual natureza;
Crimes contra a
Incolumidade Pública
III – resida ou trabalhe em casa
Parágrafo único. Nas mesmas pe-
de prostituição;
nas incide quem, sendo solven-
te, frustra ou ilide, de qualquer IV – mendigue ou sirva a men- Capítulo I – Dos Crimes de
modo, inclusive por abandono digo para excitar a comiseração Perigo Comum
injustif icado de emprego ou pública:
Incêndio
função, o pagamento de pen- Pena – detenção, de um a três
são alimentícia judicialmente meses, ou multa. Art. 250. Causar incêndio,
acordada, fixada ou majorada.
expondo a perigo a vida, a inte-
Capítulo IV – Dos Crimes gridade física ou o patrimônio
Entrega de filho menor a pessoa
inidônea
contra o Pátrio Poder, Tutela de outrem:
ou Curatela Pena – reclusão, de três a seis
Art. 245. Entregar f ilho anos, e multa.
menor de 18 (dezoito) anos a Induzimento a fuga, entrega
pessoa em cuja companhia sai- arbitrária ou sonegação de Aumento de pena
ba ou deva saber que o menor incapazes
fica moral ou materialmente em § 1o As penas aumentam-se de
perigo:103 Art. 248. Induzir menor de um terço:
dezoito anos, ou interdito, a fu- I – se o crime é cometido com
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 gir do lugar em que se acha por
(dois) anos. intuito de obter vantagem pe-
determinação de quem sobre cuniária em proveito próprio
§ 1o A pena é de 1 (um) a 4 ele exerce autoridade, em virtu- ou alheio;
(quatro) anos de reclusão, se o de de lei ou de ordem judicial;
agente pratica delito para obter confiar a outrem sem ordem do II – se o incêndio é:
lucro, ou se o menor é enviado pai, do tutor ou do curador al-
a) em casa habitada ou
para o exterior. gum menor de dezoito anos ou
destinada a habitação;
interdito, ou deixar, sem justa
§ 2o Incorre, também, na pena causa, de entregá-lo a quem b) em edifício público ou
do parágrafo anterior quem, legitimamente o reclame: destinado a uso público
embora excluído o perigo moral ou a obra de assistência
ou material, auxilia a efetivação Pena – detenção, de um mês a
um ano, ou multa. social ou de cultura;
de ato destinado ao envio de
menor para o exterior, com o c) em embarcação, ae-
fito de obter lucro. Subtração de incapazes ronave, comboio ou
veículo de transporte
Abandono intelectual Art. 249. Subtrair menor de coletivo;
dezoito anos ou interdito ao
poder de quem o tem sob sua d) em estação ferroviária
Art. 246. Deixar, sem justa ou aeródromo;
causa, de prover à instrução pri- guarda em virtude de lei ou de
mária de filho em idade escolar: ordem judicial: e) em estaleiro, fábrica ou
Pena – detenção, de dois meses a oficina;
Pena – detenção, de quinze dias
a um mês, ou multa. dois anos, se o fato não constitui f) em depósito de explo-
elemento de outro crime. sivo, combustível ou
Art. 247. Permitir alguém § 1o O fato de ser o agente pai ou inflamável;
que menor de dezoito anos, su- tutor do menor ou curador do g) em poço petrolífero ou
jeito a seu poder ou confiado à interdito não o exime de pena, se galeria de mineração;
sua guarda ou vigilância: destituído ou temporariamente
privado do pátrio poder, tutela, h) em lavoura, pastagem,
I – frequente casa de jogo ou mata ou floresta.
curatela ou guarda.
mal-afamada, ou conviva com
pessoa viciosa ou de má vida; § 2o No caso de restituição do Incêndio culposo
menor ou do interdito, se es-
te não sofreu maus-tratos ou § 2 Se culposo o incêndio, a pe-
o

privações, o juiz pode deixar de na é de detenção, de seis meses


103
Lei no 7.251/1984. aplicar pena. a dois anos.

469
Explosão ou material destinado à sua impedir ou dificultar serviço de
fabricação: tal natureza:
Art. 251. Expor a perigo
a vida, a integridade física ou Pena – detenção, de seis meses Pena – reclusão, de dois a cinco
o patrimônio de outrem, me- a dois anos, e multa. anos, e multa.
diante explosão, arremesso ou
simples colocação de engenho Inundação Formas qualificadas de crime de
de dinamite ou de substância perigo comum
de efeitos análogos: Art. 254. Causar inundação,
Pena – reclusão, de três a seis expondo a perigo a vida, a inte- Art. 258. Se do crime doloso
anos, e multa. gridade física ou o patrimônio de perigo comum resulta lesão
de outrem: corporal de natureza grave, a
§ 1o Se a substância utilizada
Pena – reclusão, de três a seis pena privativa de liberdade é au-
não é dinamite ou explosivo de
anos, e multa, no caso de do- mentada de metade; se resulta
efeitos análogos:
lo, ou detenção, de seis meses morte, é aplicada em dobro. No
Pena – reclusão, de um a quatro caso de culpa, se do fato resulta
anos, e multa. a dois anos, no caso de culpa.
lesão corporal, a pena aumenta-
Aumento de pena Perigo de inundação se de metade; se resulta morte,
aplica-se a pena cominada ao
§ 2o As penas aumentam-se de homicídio culposo, aumentada
um terço, se ocorre qualquer Art. 255. Remover, destruir
ou inutilizar, em prédio próprio de um terço.
das hipóteses previstas no § 1o,
I, do artigo anterior, ou é visada ou alheio, expondo a perigo a
vida, a integridade física ou o Difusão de doença ou praga
ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no no II do mesmo patrimônio de outrem, obstá-
culo natural ou obra destinada Art. 259. Difundir doença ou
parágrafo. praga que possa causar dano a
a impedir inundação:
Modalidade culposa floresta, plantação ou animais
Pena – reclusão, de um a três de utilidade econômica:
§ 3o No caso de culpa, se a ex- anos, e multa.
plosão é de dinamite ou subs- Pena – reclusão, de dois a cinco
tância de efeitos análogos, a Desabamento ou desmoronamento anos, e multa.
pena é de detenção, de seis
meses a dois anos; nos demais Art. 256. Causar desaba- Modalidade culposa
casos, é de detenção, de três mento ou desmoronamento,
meses a um ano. expondo a perigo a vida, a in- Parágrafo único. No caso de cul-
tegridade física ou o patrimônio pa, a pena é de detenção, de um
Uso de gás tóxico ou asfixiante a seis meses, ou multa.
de outrem:
Art. 252. Expor a perigo a Pena – reclusão, de um a quatro
vida, a integridade física ou o Capítulo II – Dos Crimes
anos, e multa. contra a Segurança dos Meios
patrimônio de outrem, usando
de gás tóxico ou asfixiante: Modalidade culposa
de Comunicação e Transporte
Pena – reclusão, de um a quatro e Outros Serviços Públicos
anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é cul-
poso: Perigo de desastre ferroviário
Modalidade culposa
Pena – detenção, de seis meses Art. 260. Impedir ou pertur-
Parágrafo único. Se o crime é cul- a um ano.
poso: bar serviço de estrada de ferro:
Pena – detenção, de três meses Subtração, ocultação ou I – destruindo, danificando ou
a um ano. inutilização de material de desarranjando, total ou parcial-
salvamento mente, linha férrea, material
Fabrico, fornecimento, aquisição, rodante ou de tração, obra de
posse ou transporte de explosivos Art. 257. Subtrair, ocultar arte ou instalação;
ou gás tóxico, ou asfixiante ou inutilizar, por ocasião de
II – colocando obstáculo na
incêndio, inundação, naufrá-
linha;
Art. 253. Fabricar, fornecer, gio, ou outro desastre ou ca-
adquirir, possuir ou transpor- lamidade, aparelho, material III – transmitindo falso aviso
tar, sem licença da autoridade, ou qualquer meio destinado a acerca do movimento dos ve-
substância ou engenho explo- serviço de combate ao perigo, ículos ou interrompendo ou
sivo, gás tóxico ou asfixiante, de socorro ou salvamento; ou embaraçando o funcionamen-

470
to de telégrafo, telefone ou Pena – detenção, de seis meses ou calor, ou qualquer outro de
radiotelegrafia; a dois anos. utilidade pública:104
IV – praticando outro ato de Pena – reclusão, de um a cinco
que possa resultar desastre: Atentado contra a segurança de anos, e multa.
Pena – reclusão, de dois a cinco outro meio de transporte
Parágrafo único. Aumentar-se-á
anos, e multa.
Art. 262. Expor a perigo ou- a pena de 1/3 (um terço) até a
Desastre ferroviário metade, se o dano ocorrer em
tro meio de transporte público,
virtude de subtração de mate-
§ 1o Se do fato resulta desastre: impedir-lhe ou dificultar-lhe o rial essencial ao funcionamento
funcionamento: dos serviços.
Pena – reclusão, de quatro a
doze anos e multa. Pena – detenção, de um a dois
Interrupção ou perturbação de
§ 2 No caso de culpa, ocorren-
o anos.
serviço telegráfico, telefônico,
do desastre: § 1o Se do fato resulta desastre, informático, telemático ou de
Pena – detenção, de seis meses a pena é de reclusão, de dois a informação de utilidade pública105
a dois anos. cinco anos.
Art. 266. Interromper ou
§ 3o Para os efeitos deste artigo, § 2o No caso de culpa, se ocorre perturbar serviço telegráfico,
entende-se por estrada de ferro desastre: radiotelegráfico ou telefônico,
qualquer via de comunicação impedir ou dificultar-lhe o res-
em que circulem veículos de tra- Pena – detenção, de três meses tabelecimento:106
ção mecânica, em trilhos ou por a um ano.
meio de cabo aéreo. Pena – detenção, de um a três
Forma qualificada anos, e multa.
Atentado contra a segurança de § 1o Incorre na mesma pena
transporte marítimo, fluvial ou Art. 263. Se de qualquer dos quem interrompe serviço tele-
aéreo crimes previstos nos arts. 260 mático ou de informação de
a 262, no caso de desastre ou utilidade pública, ou impede ou
Art. 261. Expor a perigo em- dificulta-lhe o restabelecimento.
sinistro, resulta lesão corporal
barcação ou aeronave, própria
ou alheia, ou praticar qualquer ou morte, aplica-se o disposto § 2o Aplicam-se as penas em do-
ato tendente a impedir ou di- no art. 258. bro se o crime é cometido por
ficultar navegação marítima, ocasião de calamidade pública.
fluvial ou aérea: Arremesso de projétil
Capítulo III – Dos Crimes
Pena – reclusão, de dois a cinco
anos.
Art. 264. Arremessar pro- contra a Saúde Pública
jétil contra veículo, em movi-
mento, destinado ao transporte Epidemia
Sinistro em transporte marítimo,
fluvial ou aéreo público por terra, por água ou
Art. 267. Causar epidemia,
pelo ar: mediante a propagação de ger-
§ 1o Se do fato resulta naufrá-
gio, submersão ou encalhe de Pena – detenção, de um a seis mes patogênicos:107
embarcação ou a queda ou des- meses. Pena – reclusão, de dez a quinze
truição de aeronave: anos.
Pena – reclusão, de quatro a Parágrafo único. Se do fato resul-
§ 1o Se do fato resulta morte, a
doze anos. ta lesão corporal, a pena é de
pena é aplicada em dobro.
detenção, de seis meses a dois
Prática do crime com o fim de lucro anos; se resulta morte, a pena é § 2o No caso de culpa, a pena é
a do art. 121, § 3o, aumentada de detenção, de um a dois anos,
§ 2 o Aplica-se, t ambém, a
de um terço. ou, se resulta morte, de dois a
pena de multa, se o agente
quatro anos.
pratica o crime com intuito
de obter vantagem econômi- Atentado contra a segurança de
ca, para si ou para outrem. serviço de utilidade pública

Modalidade culposa
104
Lei no 5.346/1967.
Art. 265. Atentar contra a 105
Lei no 12.737/2012.
§ 3o No caso de culpa, se ocorre segurança ou o funcionamento 106
Lei no 12.737/2012.
o sinistro: de serviço de água, luz, força 107
Lei no 8.072/1990.

471
Infração de medida sanitária mum ou particular, tornando-a Art. 273. Falsificar, corrom-
preventiva imprópria para consumo ou no- per, adulterar ou alterar produ-
civa à saúde: to destinado a fins terapêuticos
Art. 268. Infringir determina- ou medicinais:112
ção do poder público, destinada Pena – reclusão, de dois a cinco
a impedir introdução ou propa- anos. Pena – reclusão, de 10 (dez) a
gação de doença contagiosa: 15 (quinze) anos, e multa.
Modalidade culposa
Pena – detenção, de um mês a § 1o Nas mesmas penas incorre
um ano, e multa. quem importa, vende, expõe à
Parágrafo único. Se o crime é cul-
venda, tem em depósito para
poso:
Parágrafo único. A pena é aumen- vender ou, de qualquer forma,
tada de um terço, se o agente é Pena – detenção, de dois meses distribui ou entrega a consumo
funcionário da saúde pública a um ano. o produto falsificado, corrom-
ou exerce a profissão de médi- pido, adulterado ou alterado.
co, farmacêutico, dentista ou Falsificação, corrupção, adulteração
enfermeiro. § 1o -A. Incluem-se entre os
ou alteração de substância ou
produtos a que se refere este
produtos alimentícios109 artigo os medicamentos, as
Omissão de notificação de doença
matérias-primas, os insumos
Art. 272. Corromper, adul-
Art. 269. Deixar o médico farmacêuticos, os cosméticos,
terar, falsificar ou alterar subs- os saneantes e os de uso em
de denunciar à autoridade pú- tância ou produto alimentício
blica doença cuja notificação é diagnóstico.
destinado a consumo, tornando-
compulsória: § 1o -B. Está sujeito às penas
-o nociva à saúde ou reduzindo-
Pena – detenção, de seis meses lhe o valor nutritivo:110 deste artigo quem pratica as
a dois anos, e multa. ações previstas no § 1o em re-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) lação a produtos em qualquer
Envenenamento de água potável a 8 (oito) anos, e multa. das seguintes condições:
ou de substância alimentícia ou § 1o-A. Incorre nas penas des-
medicinal I – sem registro, quando exigível,
te artigo quem fabrica, vende, no órgão de vigilância sanitária
expõe à venda, importa, tem competente;
Art. 270. Envenenar água
em depósito para vender ou,
potável, de uso comum ou par- II – em desacordo com a fórmu-
de qualquer forma, distribui
ticular, ou substância alimen- la constante do registro previsto
tícia ou medicinal destinada a ou entrega a consumo a subs-
tância alimentícia ou o produ- no inciso anterior;
consumo:108
to falsificado, corrompido ou III – sem as características de
Pena – reclusão, de dez a quinze adulterado. identidade e qualidade admiti-
anos.
§ 1o Está sujeito às mesmas das para a sua comercialização;
§ 1o Está sujeito à mesma pena penas quem pratica as ações IV – com redução de seu valor
quem entrega a consumo ou
previstas neste artigo em rela- terapêutico ou de sua atividade;
tem em depósito, para o fim
ção a bebidas, com ou sem teor
de ser distribuída, a água ou a V – de procedência ignorada;
substância envenenada. alcoólico.
VI – adquiridos de estabeleci-
Modalidade culposa Modalidade culposa mento sem licença da autorida-
de sanitária competente.
§ 2o Se o crime é culposo: § 2o Se o crime é culposo:

Pena – detenção, de seis meses Pena – detenção, de 1 (um) a 2 Modalidade culposa


a dois anos. (dois) anos, e multa.
§ 2o Se o crime é culposo:
Corrupção ou poluição de água Falsificação, corrupção, adulteração Pena – detenção, de 1 (um) a 3
potável ou alteração de produto destinado (três) anos, e multa.
a fins terapêuticos ou medicinais111
Art. 271. Corromper ou Emprego de processo proibido ou de
poluir água potável, de uso co- substância não permitida

109
Lei no 9.677/1998.
110
Lei no 9.677/1998.
108
Lei no 8.072/1990. 111
Lei no 9.677/1998. 112
Lei no 9.677/1998.

472
Art. 274. Empregar, no fa- Art. 278. Fabricar, vender, Parágrafo único. Se o crime é pra-
brico de produto destinado a expor à venda, ter em depósito ticado com o fim de lucro, apli-
consumo, revestimento, gasei- para vender ou, de qualquer for- ca-se também multa.
ficação artificial, matéria co- ma, entregar a consumo coisa
rante, substância aromática, ou substância nociva à saúde, Charlatanismo
antisséptica, conservadora ou
ainda que não destinada à ali-
qualquer outra não expressa- Art. 283. Inculcar ou anun-
mente permitida pela legislação mentação ou a fim medicinal:
ciar cura por meio secreto ou
sanitária:113 Pena – detenção, de um a três infalível:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 anos, e multa.
Pena – detenção, de três meses
(cinco) anos, e multa. a um ano, e multa.
Modalidade culposa
Invólucro ou recipiente com falsa
Curandeirismo
indicação Parágrafo único. Se o crime é cul-
poso:
Art. 284. Exercer o curan-
Art. 275. Inculcar, em invó-
lucro ou recipiente de produ- Pena – detenção, de dois meses deirismo:
tos alimentícios, terapêuticos a um ano. I – prescrevendo, ministrando
ou medicinais, a existência de ou aplicando, habitualmente,
substância que não se encontra Substância avariada qualquer substância;
em seu conteúdo ou que nele
existe em quantidade menor Art. 279. (Revogado)117 II – usando gestos, palavras ou
que a mencionada:114 qualquer outro meio;
Medicamento em desacordo com III – fazendo diagnósticos:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5
(cinco) anos, e multa. receita médica
Pena – detenção, de seis meses
Art. 280. Fornecer substân- a dois anos.
Produto ou substância nas
condições dos dois artigos cia medicinal em desacordo
com receita médica: Parágrafo único. Se o crime é pra-
anteriores
ticado mediante remuneração,
Pena – detenção, de um a três o agente fica também sujeito
Art. 276. Vender, expor à
venda, ter em depósito para anos, ou multa. à multa.
vender ou, de qualquer forma,
entregar a consumo produto Modalidade culposa Forma qualificada
nas condições dos arts. 274 e
275.115 Parágrafo único. Se o crime é cul- Art. 285. Aplica-se o dis-
poso: posto no art. 258 aos crimes
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 previstos neste Capítulo, salvo
(cinco) anos, e multa. Pena – detenção, de dois meses
quanto ao definido no art. 267.
a um ano.
Substância destinada à falsificação
Art. 281. (Revogado)118
Art. 277. Vender, expor à
venda, ter em depósito ou ceder
Título IX – Dos Crimes
Exercício ilegal da medicina, arte contra a Paz Pública
substância destinada à falsifica- dentária ou farmacêutica
ção de produtos alimentícios,
terapêuticos ou medicinais:116 Art. 282. Exercer, ainda que Incitação ao crime
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 a título gratuito, a profissão de
(cinco) anos, e multa. médico, dentista ou farmacêu- Art. 286. Incitar, publica-
tico, sem autorização legal ou mente, a prática de crime:
Outras substâncias nocivas à saúde excedendo-lhe os limites:
pública Pena – detenção, de três a seis
Pena – detenção, de seis meses meses, ou multa.
a dois anos.
Apologia de crime ou criminoso
113
Lei n 9.677/1998.
o

114
Lei no 9.677/1998. Art. 287. Fazer, publicamen-
115
Lei no 9.677/1998. 117
Lei no 8.137/1990. te, apologia de fato criminoso
116
Lei no 9.677/1998. 118
Lei no 6.368/1976. ou de autor de crime:

473
Pena – detenção, de três a seis presta, guarda ou introduz na gratuito, possuir ou guardar
meses, ou multa. circulação moeda falsa. maquinismo, aparelho, ins-
trumento ou qualquer objeto
§ 2o Quem, tendo recebido de
Associação Criminosa especialmente destinado à fal-
boa-fé, como verdadeira, moe-
sificação de moeda:
da falsa ou alterada, a restitui
Art. 288. Associarem-se 3
à circulação, depois de conhe- Pena – reclusão, de dois a seis
(três) ou mais pessoas, para o
cer a falsidade, é punido com anos, e multa.
fim específico de cometer cri-
detenção, de seis meses a dois
mes:119
anos, e multa. Emissão de título ao portador sem
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 permissão legal
§ 3o É punido com reclusão, de
(três) anos.
três a quinze anos, e multa, o
Art. 292. Emitir, sem per-
funcionário público ou dire-
Parágrafo único. A pena aumen- missão legal, nota, bilhete,
tor, gerente, ou fiscal de banco
ta-se até a metade se a asso- ficha, vale ou título que conte-
de emissão que fabrica, emite
ciação é armada ou se houver nha promessa de pagamento
ou autoriza a fabricação ou
a participação de criança ou em dinheiro ao portador ou a
emissão:
adolescente. que falte indicação do nome da
I – de moeda com título ou peso pessoa a quem deva ser pago:
Constituição de milícia privada120 inferior ao determinado em lei;
Pena – detenção, de um a seis
II – de papel-moeda em quan- meses, ou multa.
Art. 288-A. Constituir, or-
tidade superior à autorizada.
ganizar, integrar, manter ou
Parágrafo único. Quem recebe ou
custear organização parami- § 4o Nas mesmas penas incorre
utiliza como dinheiro qualquer
litar, milícia particular, grupo quem desvia e faz circular moe-
dos documentos referidos neste
ou esquadrão com a finalidade da, cuja circulação não estava
artigo incorre na pena de deten-
de praticar qualquer dos crimes ainda autorizada.
ção, de quinze dias a três meses,
previstos neste Código:121
ou multa.
Crimes assimilados ao de moeda
Pena – reclusão, de 4 (quatro)
falsa
a 8 (oito) anos. Capítulo II – Da Falsidade
Art. 290. Formar cédula, de Títulos e Outros Papéis
nota ou bilhete representati- Públicos
vo de moeda com fragmentos
Título X – Dos Crimes de cédulas, notas ou bilhetes Falsificação de papéis públicos
contra a Fé Pública verdadeiros; suprimir, em nota,
cédula ou bilhete recolhidos, Art. 293. Falsificar, fabrican-
para o fim de restituí-los à cir- do-os ou alterando-os:122
Capítulo I – Da Moeda culação, sinal indicativo de sua
Falsa inutilização; restituir à circula-
I – selo destinado a contro-
le tributário, papel selado ou
ção cédula, nota ou bilhete em
Moeda Falsa qualquer papel de emissão le-
tais condições, ou já recolhidos
gal destinado à arrecadação de
para o fim de inutilização:
Art. 289. Falsif icar, fabri- tributo;
cando-a ou alterando-a, mo- Pena – reclusão, de dois a oito
II – papel de crédito público que
eda metálica ou papel-moeda anos, e multa.
não seja moeda de curso legal;
de curso legal no país ou no
estrangeiro: Parágrafo único. O máximo da III – vale postal;
reclusão é elevado a doze anos
Pena – reclusão, de três a doze IV – cautela de penhor, ca-
e multa, se o crime é cometido
anos, e multa. derneta de depósito de caixa
por funcionário que trabalha
econômica ou de outro estabe-
§ 1o Nas mesmas penas incor- na repartição onde o dinheiro
lecimento mantido por entidade
re quem, por conta própria ou se achava recolhido, ou nela
de direito público;
alheia, importa ou exporta, ad- tem fácil ingresso, em razão
quire, vende, troca, cede, em- do cargo. V – talão, recibo, guia, alvará
ou qualquer outro documento
Petrechos para falsificação de relativo a arrecadação de ren-
moeda
119
Lei no 12.850/2013.
120
Lei no 12.720/2012. Art. 291. Fabricar, adquirir,
121
Lei no 12.720/2012. fornecer, a título oneroso ou 122
Lei no 11.035/2004.

474
das públicas ou a depósito ou seu § 2o, depois de conhecer a III – quem altera, falsifica ou faz
caução por que o poder público falsidade ou alteração, incorre uso indevido de marcas, logoti-
seja responsável; na pena de detenção, de seis pos, siglas ou quaisquer outros
meses a dois anos, ou multa. símbolos utilizados ou identifi-
VI – bilhete, passe ou conheci-
mento de empresa de transpor- § 5o Equipara-se a atividade co- cadores de órgãos ou entidades
te administrada pela União, por mercial, para os fins do inciso da Administração Pública.
Estado ou por Município: III do § 1o, qualquer forma de § 2o Se o agente é funcionário
comércio irregular ou clandesti- público, e comete o crime pre-
Pena – reclusão, de dois a oito
no, inclusive o exercido em vias, valecendo-se do cargo, aumen-
anos, e multa.
praças ou outros logradouros ta-se a pena de sexta parte.
§ 1o Incorre na mesma pena públicos e em residências.
quem: Falsificação de documento público
Petrechos de falsificação
I – usa, guarda, possui ou detém
qualquer dos papéis falsificados Art. 297. Falsificar, no todo
Art. 294. Fabricar, adquirir, ou em parte, documento públi-
a que se refere este artigo;
fornecer, possuir ou guardar ob- co, ou alterar documento públi-
II – importa, exporta, adquire, jeto especialmente destinado co verdadeiro:124
vende, troca, cede, empresta, à falsificação de qualquer dos
guarda, fornece ou restitui à papéis referidos no artigo an- Pena – reclusão, de dois a seis
circulação selo falsificado des- terior: anos, e multa.
tinado a controle tributário; § 1o Se o agente é funcionário
Pena – reclusão, de um a três
III – importa, exporta, adquire, anos, e multa. público, e comete o crime pre-
vende, expõe à venda, mantém valecendo-se do cargo, aumen-
em depósito, guarda, troca, Art. 295. Se o agente é fun- ta-se a pena de sexta parte.
cede, empresta, fornece, porta cionário público, e comete o § 2o Para os efeitos penais, equi-
ou, de qualquer forma, utiliza crime prevalecendo-se do car-
param-se a documento público
em proveito próprio ou alheio, go, aumenta-se a pena de sexta
o emanado de entidade paraes-
no exercício de atividade co- parte.
tatal, o título ao portador ou
mercial ou industrial, produto
transmissível por endosso, as
ou mercadoria: Capítulo III – Da ações de sociedade comercial,
a) em que tenha sido apli- Falsidade Documental os livros mercantis e o testa-
cado selo que se desti- mento particular.
Falsificação do selo ou sinal público
ne a controle tributário,
falsificado; § 3o Nas mesmas penas incorre
Art. 296. Falsificar, fabri- quem insere ou faz inserir:
b) sem selo oficial, nos ca- cando-os ou alterando-os:123
sos em que a legislação I – na folha de pagamento ou
I – selo público destinado a au- em documento de informações
tributária determina a
tenticar atos oficiais da União, que seja destinado a fazer pro-
obrigatoriedade de sua
de Estado ou de Município; va perante a previdência social,
aplicação.
II – selo ou sinal atribuído por pessoa que não possua a quali-
§ 2 o Suprimir, em qualquer dade de segurado obrigatório;
lei a entidade de direito público,
desses papéis, quando legíti-
ou a autoridade, ou sinal públi- II – na Carteira de Trabalho e
mos, com o fim de torná-los
co de tabelião: Previdência Social do empre-
novamente utilizáveis, carim-
bo ou sinal indicativo de sua Pena – reclusão, de dois a seis gado ou em documento que
inutilização: anos, e multa. deva produzir efeito perante a
previdência social, declaração
Pena – reclusão, de um a quatro § 1o Incorre nas mesmas penas: falsa ou diversa da que deveria
anos, e multa. ter sido escrita;
I – quem faz uso do selo ou sinal
§ 3o Incorre na mesma pena falsificado; III – em documento contábil ou
quem usa, depois de alterado, em qualquer outro documento
II – quem utiliza indevidamente
qualquer dos papéis a que se
o selo ou sinal verdadeiro em relacionado com as obrigações
refere o parágrafo anterior.
prejuízo de outrem ou em pro- da empresa perante a previ-
§ 4 o Quem usa ou restitui à veito próprio ou alheio; dência social, declaração falsa
circulação, embora recibo de
boa-fé, qualquer dos papéis
falsif icados ou alterados, a
que se referem este artigo e o 123
Lei no 9.983/2000. 124
Lei no 9.983/2000.

475
ou diversa da que deveria ter Falso reconhecimento de firma ou Reprodução ou adulteração de selo
constado. letra ou peça filatélica
§ 4o Nas mesmas penas incorre
Art. 300. Reconhecer, como Art. 303. Reproduzir ou al-
quem omite, nos documentos
verdadeira, no exercício de fun- terar selo ou peça filatélica que
mencionados no § 3o, nome do
ção pública, firma ou letra que tenha valor para coleção, salvo
segurado e seus dados pesso-
o não seja: quando a reprodução ou a alte-
ais, a remuneração, a vigência
ração está visivelmente anotada
do contrato de trabalho ou de Pena – reclusão, de um a cinco
na face ou no verso do selo ou
prestação de serviços. anos, e multa, se o documento
peça:
é público; e de um a três anos,
Falsificação de documento e multa, se o documento é Pena – detenção, de um a três
particular125 particular. anos, e multa.

Art. 298. Falsificar, no todo Certidão ou atestado Parágrafo único. Na mesma pena
ou em parte, documento par- ideologicamente falso incorre quem, para fins de co-
ticular ou alterar documento mércio, faz uso do selo ou peça
particular verdadeiro:126 Art. 301. Atestar ou certificar filatélica.
Pena – reclusão, de um a cinco falsamente, em razão de função
pública, fato ou circunstância que Uso de documento falso
anos, e multa.
habilite alguém a obter cargo pú-
blico, isenção de ônus ou de servi- Art. 304. Fazer uso de qual-
Falsificação de cartão
ço de caráter público, ou qualquer quer dos papéis falsificados ou
outra vantagem: alterados, a que se referem os
Parágrafo único. Para fins do dis-
arts. 297 a 302:
posto no caput, equipara-se a Pena – detenção, de dois meses
documento particular o cartão a um ano. Pena – a cominada à falsifica-
de crédito ou débito. ção ou à alteração.
Falsidade material de atestado ou
Falsidade ideológica certidão Supressão de documento

Art. 299. Omitir, em do- § 1o Falsificar, no todo ou em Art. 305. Destruir, suprimir
cumento público ou particu- parte, atestado ou certidão, ou ou ocultar, em benefício pró-
lar, declaração que dele devia alterar o teor de certidão ou de prio ou de outrem, ou em pre-
constar, ou nele inserir ou fazer atestado verdadeiro, para pro- juízo alheio, documento público
inserir declaração falsa ou di- va de fato ou circunstância que ou particular verdadeiro, de que
versa da que devia ser escrita, habilite alguém a obter cargo não podia dispor:
com o fim de prejudicar direito, público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou Pena – reclusão, de dois a seis
criar obrigação ou alterar a ver- anos, e multa, se o documento
dade sobre fato juridicamente qualquer outra vantagem:
é público, e reclusão, de um a
relevante: Pena – detenção, de três meses cinco anos, e multa, se o docu-
Pena – reclusão, de um a cinco a dois anos. mento é particular.
anos, e multa, se o documento é § 2o Se o crime é praticado com
público, e reclusão de um a três o fim de lucro, aplica-se, além Capítulo IV – De Outras
anos, e multa, se o documento da pena privativa de liberdade, Falsidades
é particular. a de multa.
Falsificação do sinal empregado no
Parágrafo único. Se o agente é contraste de metal precioso ou na
Falsidade de atestado médico
funcionário público, e come- fiscalização alfandegária, ou para
te o crime prevalecendo-se do outros fins
Art. 302. Dar o médico, no
cargo, ou se a falsificação ou exercício da sua profissão, ates-
alteração é de assentamento de Art. 306. Falsificar, fabri-
tado falso:
registro civil, aumenta-se a pena cando-o ou alterando-o, marca
de sexta parte. Pena – detenção, de um mês a ou sinal empregado pelo poder
um ano. público no contraste de metal
precioso ou na fiscalização al-
Parágrafo único. Se o crime é fandegária, ou usar marca ou
125
Lei no 12.737/2012. cometido com o fim de lucro, sinal dessa natureza, falsificado
126
Lei no 12.737/2012. aplica-se também multa. por outrem:

476
Pena – reclusão, de dois a seis Pena – reclusão, de um a quatro I – concurso público;
anos, e multa. anos, e multa.
II – av aliaç ão ou e x ame
públicos;
Parágrafo único. Se a marca ou si- Art. 310. Prestar-se a figurar
nal falsificado é o que usa a au- como proprietário ou possuidor III – processo seletivo para in-
toridade pública para o fim de de ação, título ou valor perten- gresso no ensino superior; ou
fiscalização sanitária, ou para cente a estrangeiro, nos casos
IV – exame ou processo seletivo
autenticar ou encerrar determi- em que a este é vedada por lei a
previstos em lei:
nados objetos, ou comprovar o propriedade ou a posse de tais
cumprimento de formalidade bens:128 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4
legal: (quatro) anos, e multa.
Pena – detenção, de seis meses
Pena – reclusão ou detenção, de a três anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre
um a três anos, e multa. quem permite ou facilita, por
Adulteração de sinal identificador qualquer meio, o acesso de pes-
Falsa identidade de veículo automotor129 soas não autorizadas às infor-
mações mencionadas no caput.
Art. 307. Atribuir-se ou atri- Art. 311. Adulterar ou re-
marcar número de chassi ou § 2o Se da ação ou omissão
buir a terceiro falsa identidade resulta dano à administração
para obter vantagem, em pro- qualquer sinal identificador de
veículo automotor, de seu com- pública:
veito próprio ou alheio, ou para
causar dano a outrem: ponente ou equipamento:130 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6
Pena – reclusão, de três a seis (seis) anos, e multa.
Pena – detenção, de três meses
a um ano, ou multa, se o fato anos, e multa. § 3o Aumenta-se a pena de 1/3
não constitui elemento de crime § 1 Se o agente comete o crime
o (um terço) se o fato é cometido
mais grave. no exercício da função pública por funcionário público.
ou em razão dela, a pena é au-
Art. 308. Usar, como pró- mentada de um terço.
prio, passaporte, título de elei-
tor, caderneta de reservista ou
§ 2o Incorre nas mesmas penas Título XI – Dos
qualquer documento de identi-
o funcionário público que con- Crimes contra a
dade alheia ou ceder a outrem,
tribui para o licenciamento ou Administração Pública
registro do veículo remarcado
para que dele se utilize, docu-
ou adulterado, fornecendo in-
mento dessa natureza, próprio
ou de terceiro:
devidamente material ou infor- Capítulo I – Dos
mação oficial. Crimes Praticados por
Pena – detenção, de quatro me- Funcionário Público contra a
ses a dois anos, e multa, se o Capítulo V – Das Fraudes Administração em Geral
fato não constitui elemento de em Certames de Interesse
crime mais grave. Público131 Peculato
Fraude de lei sobre estrangeiro Fraudes em certames de interesse Art. 312. Apropriar-se o
público132 funcionário público de dinhei-
Art. 309. Usar o estrangeiro,
ro, valor ou qualquer outro bem
para entrar ou permanecer no Art. 311-A. Utilizar ou divul- móvel, público ou particular, de
território nacional, nome que gar, indevidamente, com o fim que tem a posse em razão do
não é o seu:127 de beneficiar a si ou a outrem, cargo, ou desviá-lo, em proveito
Pena – detenção, de um a três ou de comprometer a credibi- próprio ou alheio:
anos, e multa. lidade do certame, conteúdo
sigiloso de:133 Pena – reclusão, de dois a doze
anos, e multa.
Parágrafo único. Atribuir a es-
trangeiro falsa qualidade para § 1o Aplica-se a mesma pena, se
promover-lhe a entrada em ter- o funcionário público, embora
128
Lei n 9.426/1996.
o

ritório nacional: 129


Lei no 9.426/1996. não tendo a posse do dinheiro,
130
Lei no 9.426/1996. valor ou bem, o subtrai, ou con-
131
Lei no 12.550/2011. corre para que seja subtraído,
132
Lei no 12.550/2011. em proveito próprio ou alheio,
127
Lei no 9.426/1996. 133
Lei no 12.550/2011. valendo-se de facilidade que

477
lhe proporciona a qualidade solicitação de autoridade com- Pena – reclusão, de 3 (três) a 8
de funcionário. petente:137 (oito) anos, e multa.
Pena – detenção, de 3 (três) § 2o Se o funcionário desvia, em
Peculato culposo proveito próprio ou de outrem, o
meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 2o Se o funcionário concorre que recebeu indevidamente para
Parágrafo único. As penas são recolher aos cofres públicos:
culposamente para o crime de
aumentadas de um terço até a
outrem: Pena – reclusão, de dois a doze
metade se da modificação ou
Pena – detenção, de três meses alteração resulta dano para a anos, e multa.
a um ano. Administração Pública ou para
o administrado. Corrupção passiva
§ 3o No caso do parágrafo an-
terior, a reparação do dano, se Extravio, sonegação ou inutilização Art. 317. Solicitar ou rece-
precede a sentença irrecorrível, de livro ou documento ber, para si ou para outrem,
extingue a punibilidade; se lhe direta ou indiretamente, ainda
é posterior, reduz de metade a Art. 314. Extraviar livro ofi- que fora da função ou antes de
pena imposta. assumi-la, mas em razão dela,
cial ou qualquer documento, de
vantagem indevida, ou aceitar
que tem a guarda em razão do
Peculato mediante erro de outrem promessa de tal vantagem:139
cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
total ou parcialmente: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12
Art. 313. Apropriar-se de (doze) anos, e multa.
dinheiro ou qualquer utilidade Pena – reclusão, de um a qua-
que, no exercício do cargo, rece- tro anos, se o fato não constitui § 1o A pena é aumentada de
beu por erro de outrem: crime mais grave. um terço, se, em consequência
da vantagem ou promessa, o
Pena – reclusão, de um a quatro Emprego irregular de verbas ou funcionário retarda ou deixa de
anos, e multa. rendas públicas praticar qualquer ato de ofício
ou o pratica infringindo dever
Inserção de dados falsos em sistema Art. 315. Dar às verbas ou funcional.
de informações134 rendas públicas aplicação diver- § 2o Se o funcionário pratica,
sa da estabelecida em lei: deixa de praticar ou retarda ato
Art. 313-A. Inserir ou facili- de ofício, com infração de dever
tar, o funcionário autorizado, a Pena – detenção, de um a três
meses, ou multa. funcional, cedendo a pedido ou
inserção de dados falsos, alterar influência de outrem:
ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informa- Concussão Pena – detenção, de três meses
tizados ou bancos de dados da a um ano, ou multa.
Administração Pública com o Art. 316. Exigir, para si ou
fim de obter vantagem indevida para outrem, direta ou indi- Facilitação de contrabando ou
retamente, ainda que fora da descaminho
para si ou para outrem ou para
função ou antes de assumi-la,
causar dano:135 Ar t. 318. Facilitar, com
mas em razão dela, vantagem
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 indevida:138 infração de dever funcional,
(doze) anos, e multa. a prática de contrabando ou
Pena – reclusão, de dois a oito descaminho (art. 334):140
anos, e multa.
Modificação ou alteração Pena – reclusão, de 3 (três) a 8
não autorizada de sistema de (oito) anos, e multa.
Excesso de exação
informações136
§ 1o Se o funcionário exige tri- Prevaricação
Art. 313-B. Modif icar ou buto ou contribuição social que
alterar, o funcionário, sistema sabe ou deveria saber indevido, Art. 319. Retardar ou dei-
de informações ou programa de ou, quando devido, emprega xar de praticar, indevidamen-
informática sem autorização ou na cobrança meio vexatório ou te, ato de ofício, ou praticá-lo
gravoso, que a lei não autoriza: contra disposição expressa de

134
Lei no 9.983/2000.
135
Lei no 9.983/2000. 137
Lei no 9.983/2000. 139
Lei no 10.763/2003.
136
Lei no 9.983/2000. 138
Lei no 8.137/1990. 140
Lei no 8.137/1990.

478
lei, para satisfazer interesse ou Abandono de função § 2o Se da ação ou omissão
sentimento pessoal: resulta dano à Administração
Art. 323. Abandonar cargo Pública ou a outrem:
Pena – detenção, de três meses
público, fora dos casos permi-
a um ano, e multa. tidos em lei: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6
(seis) anos, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Dire- Pena – detenção, de quinze dias
tor de Penitenciária e/ou agente a um mês, ou multa. Violação do sigilo de proposta de
público, de cumprir seu dever § 1o Se do fato resulta prejuízo concorrência
de vedar ao preso o acesso a público:
aparelho telefônico, de rádio Art. 326. Devassar o sigilo
ou similar, que permita a co- Pena – detenção, de três meses de proposta de concorrência
municação com outros presos a um ano, e multa. pública, ou proporcionar a
ou com o ambiente externo:141 § 2o Se o fato ocorre em lu- terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena – detenção, de 3 (três) me- gar compreendido na faixa de
Pena – Detenção, de três meses
ses a 1 (um) ano. fronteira:
a um ano, e multa.
Pena – detenção, de um a três
Condescendência criminosa anos, e multa. Funcionário público
Art. 320. Deixar o funcio- Exercício funcional ilegalmente Art. 327. Considera-se fun-
nário, por indulgência, de res- antecipado ou prolongado cionário público, para os efeitos
ponsabilizar subordinado que penais, quem, embora transito-
cometeu infração no exercício Art. 324. Entrar no exercí- riamente ou sem remuneração,
do cargo ou, quando lhe falte cio de função pública antes de exerce cargo, emprego ou fun-
competência, não levar o fato satisfeitas as exigências legais, ção pública.143
ao conhecimento da autoridade ou continuar a exercê-la, sem § 1o Equipara-se a funcionário
competente: autorização, depois de saber público quem exerce cargo, em-
oficialmente que foi exonera- prego ou função em entidade
Pena – detenção, de quinze dias
do, removido, substituído ou paraestatal, e quem trabalha
a um mês, ou multa. suspenso: para empresa prestadora de ser-
Advocacia administrativa Pena – detenção, de quinze dias viço contratada ou conveniada
a um mês, ou multa. para a execução de atividade
Art. 321. Patrocinar, direta típica da Administração Pública.
ou indiretamente, interesse pri- Violação de sigilo funcional § 2o A pena será aumentada da
vado perante a administração Art. 325. Revelar fato de terça parte quando os autores
pública, valendo-se da qualida- que tem ciência em razão do dos crimes previstos neste Capí-
de de funcionário: cargo e que deva permanecer tulo forem ocupantes de cargos
Pena – detenção, de um a três em segredo, ou facilitar-lhe a em comissão ou de função de
meses, ou multa. revelação:142 direção ou assessoramento de
Pena – detenção, de seis meses órgão da administração direta,
Parágrafo único. Se o interesse é a dois anos, ou multa, se o fato sociedade de economia mista,
ilegítimo: não constitui crime mais grave. empresa pública ou fundação
§ 1o Nas mesmas penas deste instituída pelo poder público.
Pena – detenção, de três meses
a um ano, além da multa. artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante Capítulo II – Dos Crimes
Violência arbitrária atribuição, fornecimento e em- Praticados por Particular
préstimo de senha ou qualquer contra a Administração em
Art. 322. Praticar violência, outra forma, o acesso de pes- Geral
no exercício de função ou a pre- soas não autorizadas a sistemas
texto de exercê-la: de informações ou banco de da-
Usurpação de função pública
dos da Administração Pública;
Pena – detenção, de seis meses
a três anos, além da pena cor- II – se utiliza, indevidamente, do Art. 328. Usurpar o exercí-
respondente à violência. acesso restrito. cio de função pública:

141
Lei no 11.466/2007. 142
Lei no 9.983/2000. 143
Leis nos 9.983/2000 e 6.799/1980.

479
Pena – detenção, de três meses Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 de introdução clandestina no
a dois anos, e multa. (cinco) anos, e multa. território nacional ou de impor-
tação fraudulenta por parte de
Parágrafo único. Se do fato o Parágrafo único. A pena é aumen- outrem;
agente aufere vantagem: tada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vanta- IV – adquire, recebe ou oculta,
Pena – reclusão, de dois a cinco em proveito próprio ou alheio,
gem é também destinada ao
anos, e multa. funcionário. no exercício de atividade comer-
cial ou industrial, mercadoria
Resistência Corrupção ativa de procedência estrangeira, de-
sacompanhada de documen-
Art. 329. Opor-se à execu- Art. 333. Oferecer ou pro- tação legal ou acompanhada
ção de ato legal, mediante vio- meter vantagem indevida a de documentos que sabe serem
lência ou ameaça a funcionário funcionário público, para de- falsos.
competente para executá-lo ou terminá-lo a praticar, omitir ou
a quem lhe esteja prestando au- § 2o Equipara-se às atividades
retardar ato de ofício:146 comerciais, para os efeitos
xílio:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 deste artigo, qualquer forma
Pena – detenção, de dois meses (doze) anos, e multa. de comércio irregular ou clan-
a dois anos. destino de mercadorias estran-
§ 1o Se o ato, em razão da resis- Parágrafo único. A pena é aumen- geiras, inclusive o exercido em
tência, não se executa: tada de um terço, se, em razão residências.
da vantagem ou promessa, o
Pena – reclusão, de um a três funcionário retarda ou omite § 3o A pena aplica-se em dobro
anos. ato de ofício, ou o pratica in- se o crime de descaminho é pra-
fringindo dever funcional. ticado em transporte aéreo,
§ 2o As penas deste artigo são
marítimo ou fluvial.
aplicáveis sem prejuízo das cor-
respondentes à violência. Descaminho
Contrabando
Desobediência Art. 334. Iludir, no todo
ou em parte, o pagamento de Art. 334-A. Importar ou ex-
direito ou imposto devido pela portar mercadoria proibida:148
Art. 330. Desobedecer a
ordem legal de funcionário pú- entrada, pela saída ou pelo con- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5
blico: sumo de mercadoria:147 (cinco) anos.
Pena – detenção, de quinze dias Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 § 1o Incorre na mesma pena
a seis meses, e multa. (quatro) anos.
quem:
§ 1o Incorre na mesma pena
Desacato I – pratica fato assimilado, em
quem:
lei especial, a contrabando;
Art. 331. Desacatar funcio- I – pratica navegação de cabo-
tagem, fora dos casos permiti- II – importa ou exporta clan-
nário público no exercício da destinamente mercadoria que
função ou em razão dela: dos em lei;
dependa de registro, análise ou
Pena – detenção, de seis meses II – pratica fato assimilado, em autorização de órgão público
a dois anos, ou multa. lei especial, a descaminho; competente;
III – vende, expõe à venda, III – reinsere no território na-
Tráfico de influência144 mantém em depósito ou, de cional mercadoria brasileira
qualquer forma, utiliza em destinada à exportação;
Art. 332. Solicitar, exigir, co- proveito próprio ou alheio, no
brar ou obter, para si ou para exercício de atividade comer- IV – vende, expõe à venda, man-
outrem, vantagem ou promessa cial ou industrial, mercadoria tém em depósito ou, de qual-
de vantagem, a pretexto de in- de procedência estrangeira que quer forma, utiliza em proveito
fluir em ato praticado por fun- introduziu clandestinamente no próprio ou alheio, no exercício
cionário público no exercício da País ou importou fraudulenta- de atividade comercial ou in-
função:145 mente ou que sabe ser produto dustrial, mercadoria proibida
pela lei brasileira;

144
Lei no 9.127/1995. 146
Lei no 10.763/2003.
145
Lei no 9.127/1995. 147
Leis nos 13.008/2014 e 4.729/1965. 148
Leis nos 13.008/2014 e 4.729/1965.

480
V – adquire, recebe ou oculta, Subtração ou inutilização de livro § 2o É facultado ao juiz deixar
em proveito próprio ou alheio, ou documento de aplicar a pena ou aplicar so-
no exercício de atividade comer- mente a de multa se o agente
cial ou industrial, mercadoria Art. 337. Subtrair, ou inutili- for primário e de bons antece-
proibida pela lei brasileira. zar, total ou parcialmente, livro dentes, desde que:
oficial, processo ou documento I – (Vetado);
§ 2o Equipara-se às atividades confiado à custódia de funcio-
comerciais, para os efeitos nário, em razão de ofício, ou de II – o valor das contribuições de-
deste artigo, qualquer forma particular em serviço público: vidas, inclusive acessórios, seja
de comércio irregular ou clan- igual ou inferior àquele estabele-
Pena – reclusão, de dois a cin- cido pela previdência social, ad-
destino de mercadorias estran- co anos, se o fato não constitui
geiras, inclusive o exercido em ministrativamente, como sendo
crime mais grave. o mínimo para o ajuizamento de
residências.
suas execuções fiscais.
§ 3o A pena aplica-se em dobro Sonegação de contribuição
previdenciária149 § 3 o Se o empregador não é
se o crime de contrabando é pessoa jurídica e sua folha de
praticado em transporte aéreo, pagamento mensal não ultra-
Art. 337-A. Suprimir ou re-
marítimo ou fluvial. passa R$ 1.510,00 (um mil,
duzir contribuição social previ-
denciária e qualquer acessório, quinhentos e dez reais), o juiz
Impedimento, perturbação ou poderá reduzir a pena de um
mediante as seguintes condu-
fraude de concorrência tas:150 terço até a metade ou aplicar
apenas a de multa.
Art. 335. Impedir, perturbar I – omitir de folha de pagamento
da empresa ou de documento de § 4o O valor a que se refere o pa-
ou fraudar concorrência públi- rágrafo anterior será reajustado
ca ou venda em hasta pública, informações previsto pela legis-
lação previdenciária segurados nas mesmas datas e nos mesmos
promovida pela administração índices do reajuste dos benefícios
federal, estadual ou municipal, empregado, empresário, traba-
da previdência social.
ou por entidade paraestatal; lhador avulso ou trabalhador
autônomo ou a este equiparado
afastar ou procurar afastar
que lhe prestem serviços;
Capítulo II-A – Dos
concorrente ou licitante, por Crimes Praticados por
meio de violência, grave amea- II – deixar de lançar mensalmente Particular contra a
ça, fraude ou oferecimento de nos títulos próprios da contabi- Administração Pública
vantagem: lidade da empresa as quantias Estrangeira151
descontadas dos segurados ou
Pena – detenção, de seis meses as devidas pelo empregador ou Corrupção ativa em transação
a dois anos, ou multa, além pelo tomador de serviços; comercial internacional
da pena correspondente à
III – omitir, total ou parcialmen-
violência. Art. 337-B. Prometer, ofe-
te, receitas ou lucros auferidos,
remunerações pagas ou credi- recer ou dar, direta ou indire-
Parágrafo único. Incorre na mes- tamente, vantagem indevida a
tadas e demais fatos gerado-
ma pena quem se abstém de res de contribuições sociais funcionário público estrangei-
concorrer ou licitar, em razão previdenciárias: ro, ou a terceira pessoa, para
da vantagem oferecida. determiná-lo a praticar, omitir
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 ou retardar ato de ofício rela-
Inutilização de edital ou de sinal (cinco) anos, e multa. cionado à transação comercial
§ 1o É extinta a punibilidade se internacional:152
Art. 336. Rasgar ou, de o agente, espontaneamente, Pena – reclusão, de 1 (um) a 8
qualquer forma, inutilizar ou declara e confessa as contribui- (oito) anos, e multa.
conspurcar edital afixado por ções, importâncias ou valores e
ordem de funcionário público; presta as informações devidas Parágrafo único. A pena é aumen-
violar ou inutilizar selo ou sinal à previdência social, na forma tada de 1/3 (um terço), se, em
empregado, por determinação definida em lei ou regulamento, razão da vantagem ou pro-
legal ou por ordem de funcioná- antes do início da ação fiscal. messa, o funcionário público
rio público, para identificar ou
cerrar qualquer objeto:
Pena – detenção, de um mês a 149
Lei no 9.983/2000. 151
Lei no 10.467/2002.
um ano, ou multa. 150
Lei no 9.983/2000. 152
Lei no 10.467/2002.

481
estrangeiro retarda ou omite o Art. 338. Reingressar no ter- contador, tradutor ou intérpre-
ato de ofício, ou o pratica in- ritório nacional o estrangeiro te em processo judicial, ou ad-
fringindo dever funcional. que dele foi expulso: ministrativo, inquérito policial,
ou em juízo arbitral:156
Pena – reclusão, de um a qua-
Tráfico de influência em transação tro anos, sem prejuízo de nova Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4
comercial internacional expulsão após o cumprimento (quatro) anos, e multa.
da pena.
Art. 337-C. Solicitar, exigir, § 1o As penas aumentam-se de
cobrar ou obter, para si ou para Denunciação caluniosa um sexto a um terço, se o crime
outrem, direta ou indiretamen- é praticado mediante suborno
te, vantagem ou promessa de Art. 339. Dar causa à ins- ou se cometido com o fim de
vantagem a pretexto de influir tauração de investigação po- obter prova destinada a pro-
em ato praticado por funcio- licial, de processo judicial, duzir efeito em processo penal,
nário público estrangeiro no instauração de investigação ou em processo civil em que for
exercício de suas funções, rela- administrativa, inquérito civil parte entidade da administra-
ou ação de improbidade admi- ção pública direta ou indireta.
cionado a transação comercial
internacional:153 nistrativa contra alguém, impu- § 2o O fato deixa de ser punível
tando-lhe crime de que o sabe se, antes da sentença no pro-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 inocente:155 cesso em que ocorreu o ilícito,
(cinco) anos, e multa. o agente se retrata ou declara
Pena – reclusão, de dois a oito
anos, e multa. a verdade.
Parágrafo único. A pena é aumen-
tada da metade, se o agente ale- § 1o A pena é aumentada de Art. 343. Dar, oferecer ou
ga ou insinua que a vantagem é sexta parte, se o agente se ser- prometer dinheiro ou qualquer
também destinada a funcioná- ve de anonimato ou de nome outra vantagem a testemunha,
rio estrangeiro. suposto. perito, contador, tradutor ou
§ 2o A pena é diminuída de me- intérprete, para fazer afirma-
Funcionário público estrangeiro ção falsa, negar ou calar a ver-
tade, se a imputação é de prá-
tica de contravenção. dade em depoimento, perícia,
Art. 337-D. Considera-se cálculos, tradução ou inter-
funcionário público estrangeiro, Comunicação falsa de crime ou de pretação:157
para os efeitos penais, quem, contravenção
ainda que transitoriamente ou Pena – reclusão, de três a qua-
tro anos, e multa.
sem remuneração, exerce cargo, Art. 340. Provocar a ação
emprego ou função pública em de autoridade, comunicando- Parágrafo único. As penas aumen-
entidades estatais ou em repre- lhe a ocorrência de crime ou de tam-se de um sexto a um terço,
sentações diplomáticas de país contravenção que sabe não se se o crime é cometido com o
estrangeiro.154 ter verificado: fim de obter prova destinada
a produzir efeito em processo
Pena – detenção, de um a seis penal ou em processo civil em
Parágrafo único. Equipara-se a
meses, ou multa. que for parte entidade da ad-
funcionário público estrangeiro
quem exerce cargo, emprego ou ministração pública direta ou
Autoacusação falsa indireta.
função em empresas controla-
das, diretamente ou indireta- Art. 341. Acusar-se, perante Coação no curso do processo
mente, pelo Poder Público de a autoridade, de crime inexis-
país estrangeiro ou em organi- tente ou praticado por outrem: Art. 344. Usar de violência
zações públicas internacionais. ou grave ameaça, com o f im
Pena – detenção, de três meses de favorecer interesse próprio
Capítulo III – Dos Crimes a dois anos, ou multa. ou alheio, contra autoridade,
contra a Administração da parte, ou qualquer outra pessoa
Falso testemunho ou falsa perícia que funciona ou é chamada a
Justiça
intervir em processo judicial,
Art. 342. Fazer afirmação policial ou administrativo, ou
Reingresso de estrangeiro expulso falsa, ou negar ou calar a ver- em juízo arbitral:
dade como testemunha, perito,

153
Lei no 10.467/2002. 156
Leis nos 12.850/2013 e 10.268/2001.
154
Lei no 10.467/2002. 155
Lei no 10.028/2000. 157
Lei no 10.268/2001.

482
Pena – reclusão, de um a qua- Favorecimento real presa ou submetida a medida
tro anos, e multa, além da pena de segurança detentiva:
correspondente à violência. Art. 349. Prestar a crimino-
so, fora dos casos de coautoria Pena – detenção, de seis meses
ou de receptação, auxílio desti- a dois anos.
Exercício arbitrário das próprias
razões nado a tornar seguro o proveito § 1o Se o crime é praticado a
do crime: mão armada, ou por mais de
Art. 345. Fazer justiça pelas uma pessoa, ou mediante ar-
próprias mãos, para satisfazer Pena – detenção, de um a seis
meses, e multa. rombamento, a pena é de reclu-
pretensão, embora legítima, são, de dois a seis anos.
salvo quando a lei o permite: Art. 349-A. Ingressar, pro- § 2o Se há emprego de violência
Pena – detenção, de quinze mover, intermediar, auxiliar ou contra pessoa, aplica-se tam-
dias a um mês, ou multa, além facilitar a entrada de aparelho bém a pena correspondente à
da pena correspondente à telefônico de comunicação violência.
violência. móvel, de rádio ou similar, sem
autorização legal, em estabele- § 3o A pena é de reclusão, de
Parágrafo único. Se não há em- um a quatro anos, se o crime é
cimento prisional.158
prego de violência, somente se praticado por pessoa sob cuja
procede mediante queixa. Pena – detenção, de 3 (três) me- custódia ou guarda está o preso
ses a 1 (um) ano. ou o internado.
Art. 346. Tirar, suprimir,
destruir ou danificar coisa pró- Exercício arbitrário ou abuso de § 4o No caso de culpa do fun-
pria, que se acha em poder de poder cionário incumbido da custódia
terceiro por determinação judi- ou guarda, aplica-se a pena de
Art. 350. Ordenar ou exe- detenção, de três meses a um
cial ou convenção:
cutar medida privativa de ano, ou multa.
Pena – detenção, de seis meses liberdade individual, sem as for-
a dois anos, e multa. malidades legais ou com abuso Evasão mediante violência contra
de poder: a pessoa
Fraude processual
Pena – detenção, de um mês a Art. 352. Evadir-se ou ten-
Art. 347. Inovar artificiosa- um ano. tar evadir-se o preso ou o indi-
mente, na pendência de pro-
Parágrafo único. Na mesma pena víduo submetido a medida de
cesso civil ou administrativo, o
incorre o funcionário que: segurança detentiva, usando de
estado de lugar, de coisa ou de
violência contra a pessoa:
pessoa, com o fim de induzir a I – ilegalmente recebe e recolhe
erro o juiz ou o perito: Pena – detenção, de três meses
alguém a prisão, ou a estabele-
a um ano, além da pena corres-
Pena – detenção, de três meses cimento destinado a execução
pondente à violência.
a dois anos, e multa. de pena privativa de liberdade
ou de medida de segurança; Arrebatamento de preso
Parágrafo único. Se a inovação
se destina a produzir efeito em II – prolonga a execução de
Art. 353. Arrebatar preso,
processo penal, ainda que não pena ou de medida de segu-
a fim de maltratá-lo, do poder
iniciado, as penas aplicam-se rança, deixando de expedir em
de quem o tenha sob custódia
em dobro. tempo oportuno ou de execu-
ou guarda:
tar imediatamente a ordem de
Favorecimento pessoal liberdade; Pena – reclusão, de um a quatro
anos, além da pena correspon-
Art. 348. Auxiliar a subtrair- III – submete pessoa que está dente à violência.
se à ação de autoridade pública sob sua guarda ou custódia a
autor de crime a que é comina- vexame ou a constrangimento Motim de presos
da pena de reclusão: não autorizado em lei;
Art. 354. Amotinarem-se
Pena – detenção, de um a seis IV – efetua, com abuso de po- presos, perturbando a ordem
meses, e multa. der, qualquer diligência. ou disciplina da prisão:
§ 1o Se ao crime não é cominada Fuga de pessoa presa ou submetida Pena – detenção, de seis meses
pena de reclusão: a medida de segurança a dois anos, além da pena cor-
Pena – detenção, de quinze dias respondente à violência.
Art. 351. Promover ou facili-
a três meses, e multa.
tar a fuga de pessoa legalmente Patrocínio infiel
§ 2o Se quem presta o auxílio é
ascendente, descendente, côn- Art. 355. Trair, na qualidade
juge ou irmão do criminoso, fica de advogado ou procurador, o
isento de pena. 158
Lei no 12.012/2009. dever profissional, prejudicando

483
interesse, cujo patrocínio, em ju- Desobediência a decisão judicial drimestres do último ano do
ízo, lhe é confiado: sobre perda ou suspensão de direito mandato ou legislatura, cuja
Pena – detenção, de seis meses Art. 359. Exercer função, ati- despesa não possa ser paga no
a três anos, e multa. vidade, direito, autoridade ou mesmo exercício financeiro ou,
múnus, de que foi suspenso ou caso reste parcela a ser paga
Patrocínio simultâneo ou privado por decisão judicial: no exercício seguinte, que não
tergiversação tenha contrapartida suficiente
Pena – detenção, de três meses
a dois anos, ou multa. de disponibilidade de caixa:165
Parágrafo único. Incorre na pena
deste artigo o advogado ou pro- Pena – reclusão, de 1 (um) a 4
Capítulo IV – Dos (quatro) anos.
curador judicial que defende na Crimes contra as Finanças
mesma causa, simultânea ou su- Públicas159 Ordenação de despesa não
cessivamente, partes contrárias. autorizada166
Contratação de operação de
Sonegação de papel ou objeto de crédito160 Art. 359-D. Ordenar des-
valor probatório pesa não autorizada por lei:167
Art. 359-A. Ordenar, auto-
Art. 356. Inutilizar, total ou par- rizar ou realizar operação de Pena – reclusão, de 1 (um) a 4
cialmente, ou deixar de restituir crédito, interno ou externo, sem (quatro) anos.
autos, documento ou objeto de prévia autorização legislativa:161
Prestação de garantia graciosa168
valor probatório, que recebeu Pena – reclusão, de 1 (um) a 2
na qualidade de advogado ou (dois) anos. Art. 359-E. Prestar garan-
procurador: tia em operação de crédito sem
Parágrafo único. Incide na mesma que tenha sido constituída con-
Pena – detenção, de seis meses pena quem ordena, autoriza ou
a três anos, e multa. tragarantia em valor igual ou
realiza operação de crédito, in-
superior ao valor da garantia
terno ou externo:
Exploração de prestígio prestada, na forma da lei:169
I – com inobser vância de li-
Art. 357. Solicitar ou receber mite, condição ou montante Pena – detenção, de 3 (três) me-
dinheiro ou qualquer outra uti- estabelecido em lei ou em ses a 1 (um) ano.
lidade, a pretexto de influir em resolução do Senado Federal;
Não cancelamento de restos a
juiz, jurado, órgão do Ministé- II – quando o montante da dívi- pagar170
rio Público, funcionário de jus- da consolidada ultrapassa o li-
tiça, perito, tradutor, intérprete mite máximo autorizado por lei. Art. 359-F. Deixar de or-
ou testemunha: denar, de autorizar ou de
Inscrição de despesas não promover o cancelamento do
Pena – reclusão, de um a cinco empenhadas em restos a pagar162 montante de restos a pagar
anos, e multa. inscrito em valor superior ao
Art. 359-B. Ordenar ou au-
Parágrafo único. As penas aumen- torizar a inscrição em restos permitido em lei:171
tam-se de um terço, se o agente a pagar, de despesa que não Pena – detenção, de 6 (seis) me-
alega ou insinua que o dinheiro tenha sido previamente em- ses a 2 (dois) anos.
ou utilidade também se destina penhada ou que exceda limite
estabelecido em lei:163 Aumento de despesa total com
a qualquer das pessoas referi- pessoal no último ano do mandato
das neste artigo. Pena – detenção, de 6 (seis) me-
ou legislatura172
ses a 2 (dois) anos.
Violência ou fraude em Art. 359-G. Ordenar, autori-
arrematação judicial Assunção de obrigação no último
ano do mandato ou legislatura164 zar ou executar ato que acarrete
aumento de despesa total com
Art. 358. Impedir, perturbar
Art. 359-C. Ordenar ou pessoal, nos cento e oitenta
ou fraudar arrematação judi- autorizar a assunção de obri-
cial; afastar ou procurar afas- gação, nos dois últimos qua-
tar concorrente ou licitante, por
meio de violência, grave amea- 165
Lei no 10.028/2000.
ça, fraude ou oferecimento de 166
Lei no 10.028/2000.
vantagem:
159
Lei no 10.028/2000. 167
Lei no 10.028/2000.
160
Lei no 10.028/2000. 168
Lei no 10.028/2000.
Pena – detenção, de dois me- 161
Lei no 10.028/2000. 169
Lei no 10.028/2000.
ses a um ano, ou multa, além 162
Lei no 10.028/2000. 170
Lei no 10.028/2000.
da pena correspondente à 163
Lei no 10.028/2000. 171
Lei no 10.028/2000.
violência. 164
Lei no 10.028/2000. 172
Lei no 10.028/2000.

484
dias anteriores ao final do man- centralizado de liquidação e de res ou Interventores, e os crimes
dato ou da legislatura:173 custódia:175 militares, revogam-se as dispo-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 sições em contrário.
(quatro) anos. (quatro) anos. Art. 361. Este Código entra-
rá em vigor no dia 1o de janeiro
Oferta pública ou colocação de Disposições Finais
títulos no mercado174 de 1942.
Art. 360. Ressalvada a legis-
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de
Art. 359-H. Ordenar, autori- lação especial sobre os crimes
1940; 119o da Independência e 52o
zar ou promover a oferta públi- contra a existência, a seguran- da República.
ca ou a colocação no mercado ça e a integridade do Estado e GETÚLIO VARGAS –
financeiro de títulos da dívida contra a guarda e o emprego da Francisco Campos
pública sem que tenham sido economia popular, os crimes de
criados por lei ou sem que es- imprensa e os de falência, os de Decretado em 7/12/1940, publi-
tejam registrados em sistema responsabilidade do Presidente cado no DOU de 31/12/1940 e re-
da República e dos Governado- tificado no DOU de 3/1/1941.

173
Lei no 10.028/2000.
174
Lei no 10.028/2000. 175
Lei no 10.028/2000.

485
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Atualizado até setembro de 2018


Sumário
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ........................................................................................... 493
Decreto-Lei no 3.689/1941..................................................................................... 493
Livro I – Do Processo em Geral .......................................................................... 493
Título I – Disposições Preliminares ............................................................................... 493
Título II – Do Inquérito Policial ..................................................................................... 493
Título III – Da Ação Penal ............................................................................................. 496
Título IV – Da Ação Civil............................................................................................... 498
Título V – Da Competência........................................................................................... 499
Capítulo I – Da Competência pelo Lugar da Infração................................................. 499
Capítulo II – Da Competência pelo Domicílio ou Residência do Réu .......................... 499
Capítulo III – Da Competência pela Natureza da Infração ......................................... 499
Capítulo IV – Da Competência por Distribuição ........................................................ 499
Capítulo V – Da Competência por Conexão ou Continência ...................................... 499
Capítulo VI– Da Competência por Prevenção ............................................................ 500
Capítulo VII– Da Competência pela Prerrogativa de Função ...................................... 500
Capítulo VIII – Disposições Especiais......................................................................... 501
Título VI – Das Questões e Processos Incidentes ........................................................... 501
Capítulo I – Das Questões Prejudiciais ...................................................................... 501
Capítulo II – Das Exceções ........................................................................................ 501
Capítulo III – Das Incompatibilidades e Impedimentos .............................................. 503
Capítulo IV – Do Conflito de Jurisdição ..................................................................... 503
Capítulo V – Da Restituição das Coisas Apreendidas ................................................. 503
Capítulo VI – Das Medidas Assecuratórias ................................................................ 504
Capítulo VII – Do Incidente de Falsidade ................................................................... 506
Capítulo VIII – Da Insanidade Mental do Acusado ..................................................... 506
Título VII – Da Prova .................................................................................................... 506
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 506
Capítulo II – Do Exame do Corpo de Delito, e das Perícias em Geral .......................... 507
Capítulo III – Do Interrogatório do Acusado ............................................................. 509
Capítulo IV – Da Confissão ....................................................................................... 511
Capítulo V – Do Ofendido ........................................................................................ 511
Capítulo VI – Das Testemunhas ................................................................................. 511
Capítulo VII – Do Reconhecimento de Pessoas e Coisas............................................. 513
Capítulo VIII – Da Acareação .................................................................................... 514
Capítulo IX – Dos Documentos ................................................................................. 514
Capítulo X – Dos Indícios .......................................................................................... 514
Capítulo XI – Da Busca e da Apreensão ..................................................................... 514
Título VIII – Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos
Assistentes e Auxiliares da Justiça ................................................................................. 516
Capítulo I – Do Juiz ................................................................................................... 516
Capítulo II – Do Ministério Público ........................................................................... 516
Capítulo III – Do Acusado e Seu Defensor ................................................................. 516
Capítulo IV – Dos Assistentes .................................................................................... 517
Capítulo V – Dos Funcionários da Justiça .................................................................. 517
Capítulo VI – Dos Peritos e Intérpretes ...................................................................... 517
Título IX – Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória....................... 518
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 518
Capítulo II – Da Prisão em Flagrante ......................................................................... 520
Capítulo III – Da Prisão Preventiva ............................................................................ 522
Capítulo IV – Da Prisão Domiciliar ............................................................................ 522
Capítulo V – Das Outras Medidas Cautelares ............................................................ 522
Capítulo VI – Da Liberdade Provisória, com ou sem Fiança........................................ 523
Título X – Das Citações e Intimações ............................................................................ 525
Capítulo I – Das Citações.......................................................................................... 525
Capítulo II – Das Intimações ..................................................................................... 527
Título XI – Da Aplicação Provisória de Interdições de Direitos e Medidas de Segurança . 527
Título XII – Da Sentença ............................................................................................... 528
Livro II – Dos Processos em Espécie ................................................................... 529
Título I – Do Processo Comum ..................................................................................... 529
Capítulo I – Da Instrução Criminal ............................................................................ 529
Capítulo II – Do Procedimento Relativo aos Processos da Competência
do Tribunal do Júri.................................................................................................... 531
Seção I – Da Acusação e da Instrução Preliminar ................................................... 531
Seção II – Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária ........................ 532
Seção III – Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário ..................... 533
Seção IV – Do Alistamento dos Jurados ................................................................. 533
Seção V – Do Desaforamento ................................................................................ 533
Seção VI – Da Organização da Pauta ..................................................................... 534
Seção VII – Do Sorteio e da Convocação dos Jurados ............................................. 534
Seção VIII – Da Função do Jurado .......................................................................... 534
Seção IX – Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Con-
selho de Sentença ................................................................................................. 535
Seção X – Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri ......................................... 536
Seção XI – Da Instrução em Plenário...................................................................... 537
Seção XII – Dos Debates ........................................................................................ 538
Seção XIII – Do Questionário e Sua Votação .......................................................... 538
Seção XIV – Da Sentença ....................................................................................... 539
Seção XV – Da Ata dos Trabalhos .......................................................................... 540
Seção XVI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri ............................... 540
Capítulo III – Do Processo e do Julgamento dos Crimes da Competência
do Juiz Singular......................................................................................................... 541
Título II – Dos Processos Especiais ............................................................................... 541
Capítulo I – Do Processo e do Julgamento dos Crimes de Falência ............................. 541
Capítulo II – Do Processo e do Julgamento dos Crimes de Responsabili-
dade dos Funcionários Públicos ................................................................................ 541
Capítulo III – Do Processo e do Julgamento dos Crimes de Calúnia e
Injúria, de Competência do Juiz Singular ................................................................... 541
Capítulo IV – Do Processo e do Julgamento dos Crimes contra a Proprie-
dade Imaterial .......................................................................................................... 542
Capítulo V – Do Processo Sumário ............................................................................ 543
Capítulo VI – Do Processo de Restauração de Autos Extraviados ou Destruídos ........ 543
Capítulo VII – Do Processo de Aplicação de Medida de Segurança por
Fato Não Criminoso .................................................................................................544
Título III – (Revogado) ................................................................................................. 545
Capítulo I – (Revogado) ............................................................................................ 545
Capítulo II – (Revogado) ........................................................................................... 545
Livro III – Das Nulidades e dos Recursos em Geral.............................................. 545
Título I – Das Nulidades ............................................................................................... 545
Título II – Dos Recursos em Geral ................................................................................. 546
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 546
Capítulo II – Do Recurso em Sentido Estrito.............................................................. 547
Capítulo III – Da Apelação ........................................................................................ 548
Capítulo IV – (Revogado) .......................................................................................... 549
Capítulo V – Do Processo e do Julgamento dos Recursos em Sentido
Estrito e das Apelações, nos Tribunais de Apelação ................................................... 549
Capítulo VI – Dos Embargos ..................................................................................... 550
Capítulo VII – Da Revisão ......................................................................................... 550
Capítulo VIII – Do Recurso Extraordinário ................................................................ 551
Capítulo IX – Da Carta Testemunhável ...................................................................... 551
Capítulo X – Do Habeas Corpus e Seu Processo ........................................................... 552
Livro IV – Da Execução ...................................................................................... 554
Título I – Disposições Gerais ........................................................................................ 554
Título II – Da Execução das Penas em Espécie ............................................................... 554
Capítulo I – Das Penas Privativas de Liberdade .......................................................... 554
Capítulo II – Das Penas Pecuniárias........................................................................... 555
Capítulo III – Das Penas Acessórias ........................................................................... 556
Título III – Dos Incidentes da Execução ......................................................................... 556
Capítulo I – Da Suspensão Condicional da Pena ........................................................ 556
Capítulo II – Do Livramento Condicional .................................................................. 558
Título IV – Da Graça, do Indulto, da Anistia e da Reabilitação ...................................... 560
Capítulo I – Da Graça, do Indulto e da Anistia .......................................................... 560
Capítulo II – Da Reabilitação .................................................................................... 561
Título V – Da Execução das Medidas de Segurança ....................................................... 561
Livro V – Das Relações Jurisdicionais com Autoridade Estrangeira ...................... 564
Título Único................................................................................................................. 564
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 564
Capítulo II – Das Cartas Rogatórias .......................................................................... 564
Capítulo III – Da Homologação das Sentenças Estrangeiras ...................................... 565
Livro VI – Disposições Gerais ............................................................................. 565
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Decreto-Lei no 3.689/1941
O PRESIDENTE DA REPÚBLI- Parágrafo único. Aplicar-se-á, querimento do ofendido ou
CA, usando da atribuição que entretanto, este Código aos de quem tiver qualidade para
lhe confere o art. 180 da Cons- processos referidos nos nos IV e representá-lo.
tituição, V, quando as leis especiais que
os regulam não dispuserem de § 1o O requerimento a que se
DECRETA a seguinte Lei: CÓ- refere o no II conterá sempre
modo diverso.
DIGO DE PROCESSO PENAL que possível:
Art. 2o A lei processual a) a narração do fato,
penal aplicar-se-á desde logo, com todas as circuns-
sem prejuízo da validade dos
Livro I – Do atos realizados sob a vigência
tâncias;
Processo em Geral da lei anterior. b) a individualização do
indiciado ou seus sinais
Art. 3o A lei processual pe- característicos e as ra-
nal admitirá interpretação ex- zões de convicção ou
tensiva e aplicação analógica,
Título I – Disposições bem como o suplemento dos
de presunção de ser ele
Preliminares princípios gerais de direito.
o autor da infração, ou
os motivos de impossi-
bilidade de o fazer;
Art. 1o O processo penal
reger-se-á, em todo o territó- c) a nomeação das teste-
rio brasileiro, por este Código, Título II – Do munhas, com indica-
ressalvados:1 Inquérito Policial ção de sua profissão e
I – os tratados, as convenções e residência.
regras de direito internacional; Art. 4o A polícia judiciária § 2o Do despacho que indefe-
será exercida pelas autorida- rir o requerimento de abertura
II – as prerrogativas constitu-
des policiais no território de de inquérito caberá recurso
cionais do Presidente da Repú-
suas respectivas circunscrições para o chefe de Polícia.
blica, dos ministros de Estado,
e terá por fim a apuração das
nos crimes conexos com os do
infrações penais e da sua au- § 3o Qualquer pessoa do po-
Presidente da República, e dos
toria.2 vo que tiver conhecimento da
ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, nos crimes de res- existência de infração penal
Parágrafo único. A competência em que caiba ação pública po-
ponsabilidade (Constituição,
definida neste artigo não ex- derá, verbalmente ou por escri-
arts. 86, 89, § 2o, e 100);
cluirá a de autoridades admi- to, comunicá-la à autoridade
III – os processos da compe- nistrativas, a quem por lei seja policial, e esta, verificada a
tência da Justiça Militar; cometida a mesma função. procedência das informações,
IV – os processos da compe- mandará instaurar inquérito.
Art. 5o Nos crimes de ação
tência do tribunal especial
pública o inquérito policial § 4o O inquérito, nos crimes
(Constituição, art. 122, no 17);
será iniciado: em que a ação pública depen-
V – os processos por crimes de der de representação, não po-
I – de ofício;
imprensa. derá sem ela ser iniciado.
II – mediante requisição da
autoridade judiciária ou do § 5o Nos crimes de ação pri-
Ministério Público, ou a re- vada, a autoridade policial
1
NE: os artigos mencionados somente poderá proceder a
são os da Constituição de 1937. inquérito a requerimento de
Ver também, quanto ao inciso V, quem tenha qualidade para
ADPF no 130. 2
Lei no 9.043/1995. intentá-la.

493
Art. 6o Logo que tiver co- contato de eventual responsá- acompanharão os autos do
nhecimento da prática da vel pelos cuidados dos filhos, inquérito.
infração penal, a autoridade indicado pela pessoa presa.
policial deverá:3 Art. 12. O inquérito poli-
I – dirigir-se ao local, providen- Art. 7o Para verificar a pos- cial acompanhará a denúncia
ciando para que não se alte- sibilidade de haver a infração ou queixa, sempre que servir
rem o estado e conservação sido praticada de determinado de base a uma ou outra.
das coisas, até a chegada dos modo, a autoridade policial
peritos criminais; poderá proceder à reprodução Art. 13. Incumbirá ainda à
simulada dos fatos, desde que autoridade policial:
II – apreender os objetos que esta não contrarie a moralida-
tiverem relação com o fato, I – fornecer às autoridades ju-
de ou a ordem pública.
após liberados pelos peritos diciárias as informações neces-
criminais; sárias à instrução e julgamento
Art. 8o Havendo prisão em
dos processos;
III – colher todas as provas que flagrante, será observado o
servirem para o esclarecimento disposto no Capítulo II do Tí- II – realizar as diligências requi-
do fato e suas circunstâncias; tulo IX deste Livro. sitadas pelo juiz ou pelo Minis-
tério Público;
IV – ouvir o ofendido; Art. 9o Todas as peças do
III – cumprir os mandados de
V – ouvir o indiciado, com ob- inquérito policial serão, num
prisão expedidos pelas autori-
servância, no que for aplicável, só processado, reduzidas a
do disposto no Capítulo III do dades judiciárias;
escrito ou datilografadas e,
Título VII, deste Livro, devendo neste caso, rubricadas pela IV – representar acerca da pri-
o respectivo termo ser assina- autoridade. são preventiva.
do por duas testemunhas que
lhe tenham ouvido a leitura; Art. 10. O inquérito de- Art. 13-A. Nos crimes pre-
VI – proceder a reconheci- verá terminar no prazo de 10 vistos nos arts. 148, 149 e 149-
mento de pessoas e coisas e a dias, se o indiciado tiver sido A, no § 3o do art. 158 e no art.
acareações; preso em flagrante, ou estiver 159 do Decreto-Lei no 2.848,
preso preventivamente, conta- de 7 de dezembro de 1940
VII – determinar, se for caso, do o prazo, nesta hipótese, a (Código Penal), e no art. 239
que se proceda a exame de partir do dia em que se execu- da Lei no 8.069, de 13 de julho
corpo de delito e a quaisquer tar a ordem de prisão, ou no de 1990 (Estatuto da Criança
outras perícias; prazo de 30 dias, quando es- e do Adolescente), o mem-
VIII – ordenar a identificação tiver solto, mediante fiança ou bro do Ministério Público ou
do indiciado pelo processo da- sem ela. o delegado de polícia poderá
tiloscópico, se possível, e fazer § 1o A autoridade fará minu- requisitar, de quaisquer órgãos
juntar aos autos sua folha de do poder público ou de empre-
cioso relatório do que tiver si-
antecedentes; sas da iniciativa privada, da-
do apurado e enviará autos ao
IX – averiguar a vida pregressa juiz competente. dos e informações cadastrais
do indiciado, sob o ponto de da vítima ou de suspeitos.4
vista individual, familiar e so- § 2o No relatório poderá a au-
cial, sua condição econômica, toridade indicar testemunhas Parágrafo único. A requisição,
sua atitude e estado de ânimo que não tiverem sido inquiri- que será atendida no prazo de
antes e depois do crime e du- das, mencionando o lugar on- 24 (vinte e quatro) horas, con-
rante ele, e quaisquer outros de possam ser encontradas. terá:
elementos que contribuírem § 3o Quando o fato for de I – o nome da autoridade
para a apreciação do seu tem- difícil elucidação, e o indicia- requisitante;
peramento e caráter; do estiver solto, a autoridade
poderá requerer ao juiz a de- II – o número do inquérito po-
X – colher informações sobre licial; e
a existência de filhos, respec- volução dos autos, para ulte-
tivas idades e se possuem al- riores diligências, que serão III – a identificação da unidade
guma deficiência e o nome e o realizadas no prazo marcado de polícia judiciária responsá-
pelo juiz. vel pela investigação.

Art. 11. Os instrumentos


3
Leis nos 13.257/2016 e do crime, bem como os obje-
8.862/1994. tos que interessarem à prova, 4
Lei no 13.344/2016.

494
Art. 13-B. Se necessário à cos adequados – como sinais, solicitados, a autoridade po-
prevenção e à repressão dos informações e outros – que per- licial não poderá mencionar
crimes relacionados ao tráfico mitam a localização da vítima quaisquer anotações referentes
de pessoas, o membro do Mi- ou dos suspeitos do delito em a instauração de inquérito con-
nistério Público ou o delegado curso, com imediata comunica- tra os requerentes.
de polícia poderão requisitar, ção ao juiz.
mediante autorização judicial, Art. 21. A incomunicabili-
às empresas prestadoras de Art. 14. O ofendido, ou seu dade do indiciado dependerá
serviço de telecomunicações representante legal, e o indicia- sempre de despacho nos autos
e/ou telemática que disponibi- do poderão requerer qualquer
e somente será permitida quan-
lizem imediatamente os meios diligência, que será realizada,
ou não, a juízo da autoridade. do o interesse da sociedade ou
técnicos adequados – como
a conveniência da investigação
sinais, informações e outros
– que permitam a localização Art. 15. Se o indiciado o exigir.7
da vítima ou dos suspeitos do for menor, ser-lhe-á nomeado
delito em curso.5 curador pela autoridade poli- Parágrafo único. A incomunica-
cial. bilidade, que não excederá de
§ 1o Para os efeitos deste três dias, será decretada por
artigo, sinal significa posi- Art. 16. O Ministério Pú- despacho fundamentado do
cionamento da estação de blico não poderá requerer a Juiz, a requerimento da autori-
cobertura, setorização e inten- devolução do inquérito à auto- dade policial, ou do órgão do
sidade de radiofrequência. ridade policial, senão para no- Ministério Público, respeitado,
§ 2o Na hipótese de que trata o vas diligências, imprescindíveis em qualquer hipótese, o dis-
caput, o sinal: ao oferecimento da denúncia. posto no artigo 89, inciso III, do
I – não permitirá acesso ao Estatuto da Ordem dos Advo-
Art. 17. A autoridade poli- gados do Brasil (Lei no 4.215,
conteúdo da comunicação de cial não poderá mandar arqui-
qualquer natureza, que depen- de 27 de abril de 1963).
var autos de inquérito.
derá de autorização judicial,
conforme disposto em lei; Art. 22. No Distrito Fede-
Art. 18. Depois de ordena-
do o arquivamento do inqué- ral e nas comarcas em que hou-
II – deverá ser fornecido pela ver mais de uma circunscrição
prestadora de telefonia móvel rito pela autoridade judiciária,
por falta de base para a denún- policial, a autoridade com exer-
celular por período não supe-
cia, a autoridade policial pode- cício em uma delas poderá, nos
rior a 30 (trinta) dias, renovável
rá proceder a novas pesquisas, inquéritos a que esteja proce-
por uma única vez, por igual
período; se de outras provas tiver notí- dendo, ordenar diligências em
cia. circunscrição de outra, inde-
III – para períodos superiores pendentemente de precatórias
àquele de que trata o inciso II, Art. 19. Nos crimes em que ou requisições, e bem assim
será necessária a apresentação não couber ação pública, os providenciará, até que compa-
de ordem judicial. autos do inquérito serão re- reça a autoridade competente,
§ 3o Na hipótese prevista nes- metidos ao juízo competente, sobre qualquer fato que ocorra
te artigo, o inquérito policial onde aguardarão a iniciativa em sua presença, noutra cir-
deverá ser instaurado no prazo do ofendido ou de seu repre- cunscrição.
máximo de 72 (setenta e duas) sentante legal, ou serão entre-
horas, contado do registro da gues ao requerente, se o pedir, Art. 23. Ao fazer a remes-
respectiva ocorrência policial. mediante traslado.
sa dos autos do inquérito ao
§ 4o Não havendo manifes- Art. 20. A autoridade as- juiz competente, a autoridade
tação judicial no prazo de 12 segurará no inquérito o sigilo policial oficiará ao Instituto
(doze) horas, a autoridade necessário à elucidação do fato de Identificação e Estatística,
competente requisitará às em- ou exigido pelo interesse da so- ou repartição congênere, men-
presas prestadoras de serviço ciedade.6 cionando o juízo a que tiverem
de telecomunicações e/ou te- sido distribuídos, e os dados
lemática que disponibilizem Parágrafo único. Nos atestados relativos à infração penal e à
imediatamente os meios técni- de antecedentes que lhe forem pessoa do indiciado.

5
Lei no 13.344/2016. 6
Lei no 12.681/2012. 7
Lei no 5.010/1966.

495
cedentes as razões invocadas, tante legal, ou colidirem os in-
fará remessa do inquérito ou teresses deste com os daquele,
Título III – Da peças de informação ao pro- o direito de queixa poderá ser
Ação Penal curador-geral, e este oferecerá exercido por curador espe-
a denúncia, designará outro cial, nomeado, de ofício ou a
Art. 24. Nos crimes de órgão do Ministério Público requerimento do Ministério
ação pública, esta será promo- para oferecê-la, ou insistirá Público, pelo juiz competente
vida por denúncia do Ministé- no pedido de arquivamento, para o processo penal.
rio Público, mas dependerá, ao qual só então estará o juiz
quando a lei o exigir, de requi- obrigado a atender. Art. 34. Se o ofendido for
sição do Ministro da Justiça, menor de 21 e maior de 18
ou de representação do ofen- Art. 29. Será admitida anos, o direito de queixa pode-
dido ou de quem tiver qualida- ação privada nos crimes de rá ser exercido por ele ou por
de para representá-lo.8 ação pública, se esta não for seu representante legal.
intentada no prazo legal, ca-
§ 1o No caso de morte do
bendo ao Ministério Público Art. 35. (Revogado) 9
ofendido ou quando declara-
aditar a queixa, repudiá-la e
do ausente por decisão judi-
oferecer denúncia substitutiva, Art. 36. Se comparecer
cial, o direito de representação
intervir em todos os termos do mais de uma pessoa com direi-
passará ao cônjuge, ascenden-
processo, fornecer elementos to de queixa, terá preferência o
te, descendente ou irmão.
de prova, interpor recurso e, a cônjuge, e, em seguida, o pa-
§ 2o Seja qual for o crime, todo tempo, no caso de negli- rente mais próximo na ordem
quando praticado em detri- gência do querelante, retomar de enumeração constante do
mento do patrimônio ou in- a ação como parte principal. art. 31, podendo, entretanto,
teresse da União, Estado e qualquer delas prosseguir na
Município, a ação penal será Art. 30. Ao ofendido ou
ação, caso o querelante desis-
pública. a quem tenha qualidade para
ta da instância ou a abandone.
representá-lo caberá intentar a
Art. 25. A representação ação privada.
Art. 37. As fundações, as-
será irretratável, depois de ofe-
sociações ou sociedades legal-
recida a denúncia. Art. 31. No caso de morte
mente constituídas poderão
do ofendido ou quando de-
Art. 26. A ação penal, nas clarado ausente por decisão exercer a ação penal, devendo
contravenções, será iniciada judicial, o direito de oferecer ser representadas por quem os
com o auto de prisão em fla- queixa ou prosseguir na ação respectivos contratos ou esta-
grante ou por meio de portaria passará ao cônjuge, ascenden- tutos designarem ou, no silên-
expedida pela autoridade judi- te, descendente ou irmão. cio destes, pelos seus diretores
ciária ou policial. ou sócios-gerentes.
Art. 32. Nos crimes de
Art. 27. Qualquer pessoa ação privada, o juiz, a requeri- Art. 38. Salvo disposição
do povo poderá provocar a mento da parte que comprovar em contrário, o ofendido, ou
iniciativa do Ministério Públi- a sua pobreza, nomeará advo- seu representante legal, decai-
co, nos casos em que caiba a gado para promover a ação rá no direito de queixa ou de
ação pública, fornecendo-lhe, penal. representação, se não o exer-
por escrito, informações sobre cer dentro do prazo de seis
§ 1o Considerar-se-á pobre a meses, contado do dia em que
o fato e a autoria e indicando o
pessoa que não puder prover vier a saber quem é o autor do
tempo, o lugar e os elementos
às despesas do processo, sem crime, ou, no caso do art. 29,
de convicção.
privar-se dos recursos indis- do dia em que se esgotar o
pensáveis ao próprio sustento prazo para o oferecimento da
Art. 28. Se o órgão do Mi-
ou da família. denúncia.
nistério Público, ao invés de
apresentar a denúncia, reque- § 2o Será prova suficiente de
rer o arquivamento do inqué- pobreza o atestado da autori- Parágrafo único. Verificar-se-á a
rito policial ou de quaisquer dade policial em cuja circuns- decadência do direito de quei-
peças de informação, o juiz, crição residir o ofendido. xa ou representação, dentro
no caso de considerar impro- do mesmo prazo, nos casos
Art. 33. Se o ofendido for
menor de 18 anos, ou mental-
mente enfermo, ou retardado
8
Lei no 8.699/1993. mental, e não tiver represen- 9
Lei no 9.520/1997.

496
dos arts. 24, parágrafo único, suas circunstâncias, a qualifi- § 2o O prazo para o adita-
e 31. cação do acusado ou esclare- mento da queixa será de 3
cimentos pelos quais se possa dias, contado da data em que
Art. 39. O direito de repre- identificá-lo, a classificação do o órgão do Ministério Públi-
sentação poderá ser exercido, crime e, quando necessário, o co receber os autos, e, se este
pessoalmente ou por procu- rol das testemunhas. não se pronunciar dentro do
rador com poderes especiais, tríduo, entender-se-á que não
mediante declaração, escrita Art. 42. O Ministério Pú- tem o que aditar, prosseguin-
ou oral, feita ao juiz, ao órgão blico não poderá desistir da do-se nos demais termos do
do Ministério Público, ou à au- ação penal. processo.
toridade policial.
Art. 43. (Revogado)10 Art. 47. Se o Ministério
§ 1o A representação feita Público julgar necessários
oralmente ou por escrito, sem maiores esclarecimentos e do-
assinatura devidamente au- Art. 44. A queixa poderá
ser dada por procurador com cumentos complementares ou
tenticada do ofendido, de seu novos elementos de convicção,
representante legal ou procu- poderes especiais, devendo
constar do instrumento do deverá requisitá-los, direta-
rador, será reduzida a termo, mente, de quaisquer autorida-
perante o juiz ou autoridade mandato o nome do quere-
des ou funcionários que devam
policial, presente o órgão do lante e a menção do fato cri-
ou possam fornecê-los.
Ministério Público, quando a minoso, salvo quando tais
este houver sido dirigida. esclarecimentos dependerem
Art. 48. A queixa contra
de diligências que devem ser qualquer dos autores do cri-
§ 2o A representação conterá previamente requeridas no ju-
todas as informações que pos- me obrigará ao processo de
ízo criminal. todos, e o Ministério Público
sam servir à apuração do fato
e da autoria. velará pela sua indivisibilidade.
Art. 45. A queixa, ainda
§ 3o Oferecida ou reduzida a quando a ação penal for pri- Art. 49. A renúncia ao
termo a representação, a au- vativa do ofendido, poderá ser exercício do direito de queixa,
toridade policial procederá a aditada pelo Ministério Públi- em relação a um dos autores
inquérito, ou, não sendo com- co, a quem caberá intervir em do crime, a todos se estenderá.
petente, remetê-lo-á à autori- todos os termos subsequentes
dade que o for. do processo. Art. 50. A renúncia expres-
§ 4 A representação, quando
o sa constará de declaração as-
feita ao juiz ou perante este re- Art. 46. O prazo para sinada pelo ofendido, por seu
duzida a termo, será remetida oferecimento da denúncia, representante legal ou procu-
à autoridade policial para que estando o réu preso, será de 5 rador com poderes especiais.
esta proceda a inquérito. dias, contado da data em que
o órgão do Ministério Público Parágrafo único. A renúncia do
§ 5o O órgão do Ministério receber os autos do inquérito representante legal do me-
Público dispensará o inquéri- policial, e de 15 dias, se o réu nor que houver completado
to, se com a representação fo- estiver solto ou afiançado. No 18 (dezoito) anos não privará
rem oferecidos elementos que último caso, se houver devolu- este do direito de queixa, nem
o habilitem a promover a ação ção do inquérito à autoridade a renúncia do último excluirá o
penal, e, neste caso, oferecerá policial (art. 16), contar-se-á o direito do primeiro.
a denúncia no prazo de quinze prazo da data em que o órgão
dias. do Ministério Público receber Art. 51. O perdão con-
novamente os autos. cedido a um dos querelados
Art. 40. Quando, em autos aproveitará a todos, sem que
ou papéis de que conhecerem, § 1o Quando o Ministério Pú- produza, todavia, efeito em re-
os juízes ou tribunais verifica- blico dispensar o inquérito lação ao que o recusar.
rem a existência de crime de policial, o prazo para o ofe-
ação pública, remeterão ao recimento da denúncia con- Art. 52. Se o querelante
Ministério Público as cópias e tar-se-á da data em que tiver for menor de 21 e maior de
os documentos necessários ao recebido as peças de informa- 18 anos, o direito de perdão
oferecimento da denúncia. ções ou a representação. poderá ser exercido por ele ou
por seu representante legal,
Art. 41. A denúncia ou mas o perdão concedido por
queixa conterá a exposição do um, havendo oposição do ou-
fato criminoso, com todas as 10
Lei no 11.719/2008. tro, não produzirá efeito.

497
Art. 53. Se o querelado 60 (sessenta) dias, qualquer efetuada pelo valor fixado nos
for mentalmente enfermo ou das pessoas a quem couber termos do inciso IV do caput
retardado mental e não tiver fazê-lo, ressalvado o disposto do art. 387 deste Código sem
representante legal, ou colidi- no art. 36; prejuízo da liquidação para a
rem os interesses deste com os apuração do dano efetivamen-
III – quando o querelante dei-
do querelado, a aceitação do te sofrido.
perdão caberá ao curador que xar de comparecer, sem motivo
o juiz lhe nomear. justificado, a qualquer ato do
Art. 64. Sem prejuízo do
processo a que deva estar pre-
disposto no artigo anterior, a
Art. 54. Se o querelado for sente, ou deixar de formular o
ação para ressarcimento do
menor de 21 anos, observar- pedido de condenação nas ale-
dano poderá ser proposta no
se-á, quanto à aceitação do gações finais;
juízo cível, contra o autor do
perdão, o disposto no art. 52. IV – quando, sendo o quere- crime e, se for caso, contra o
lante pessoa jurídica, esta se responsável civil.
Art. 55. O perdão poderá extinguir sem deixar sucessor.
ser aceito por procurador com Parágrafo único. Intentada a
poderes especiais. Art. 61. Em qualquer fase ação penal, o juiz da ação civil
do processo, o juiz, se reco- poderá suspender o curso des-
Art. 56. Aplicar-se-á ao nhecer extinta a punibilidade, ta, até o julgamento definitivo
perdão extraprocessual ex- deverá declará-lo de ofício. daquela.
presso o disposto no art. 50.
Parágrafo único. No caso de re- Art. 65. Faz coisa julgada
Art. 57. A renúncia tácita e querimento do Ministério Pú- no cível a sentença penal que
o perdão tácito admitirão to- blico, do querelante ou do réu, reconhecer ter sido o ato pra-
dos os meios de prova. o juiz mandará autuá-lo em ticado em estado de necessi-
apartado, ouvirá a parte con- dade, em legítima defesa, em
Art. 58. Concedido o per- trária e, se o julgar convenien- estrito cumprimento de dever
dão, mediante declaração ex- te, concederá o prazo de cinco legal ou no exercício regular de
pressa nos autos, o querelado dias para a prova, proferindo direito.
será intimado a dizer, dentro a decisão dentro de cinco dias
de três dias, se o aceita, deven- ou reservando-se para apreciar Art. 66. Não obstante a
do, ao mesmo tempo, ser cien- a matéria na sentença final. sentença absolutória no juízo
tificado de que o seu silêncio criminal, a ação civil poderá
importará aceitação. Art. 62. No caso de morte ser proposta quando não tiver
do acusado, o juiz somente à sido, categoricamente, reco-
Parágrafo único. Aceito o per- vista da certidão de óbito, e nhecida a inexistência material
dão, o juiz julgará extinta a pu- depois de ouvido o Ministério do fato.
nibilidade. Público, declarará extinta a
punibilidade. Art. 67. Não impedirão
Art. 59. A aceitação do igualmente a propositura da
perdão fora do processo cons- ação civil:
tará de declaração assinada
pelo querelado, por seu repre- I – o despacho de arquivamen-
Título IV – Da Ação Civil to do inquérito ou das peças
sentante legal ou procurador
com poderes especiais. de informação;
Art. 63. Transitada em
II – a decisão que julgar extinta
Art. 60. Nos casos em que julgado a sentença condena-
a punibilidade;
somente se procede mediante tória, poderão promover-lhe a
queixa, considerar-se-á pe- execução, no juízo cível, para o III – a sentença absolutória que
rempta a ação penal: efeito da reparação do dano, decidir que o fato imputado
o ofendido, seu representante não constitui crime.
I – quando, iniciada esta, o
legal ou seus herdeiros.11
querelante deixar de promover Art. 68. Quando o titular
o andamento do processo du- do direito à reparação do dano
Parágrafo único. Transitada em
rante 30 dias seguidos;
julgado a sentença condena- for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o),
II – quando, falecendo o que- tória, a execução poderá ser a execução da sentença conde-
relante, ou sobrevindo sua in- natória (art. 63) ou a ação civil
capacidade, não comparecer (art. 64) será promovida, a seu
em juízo, para prosseguir no requerimento, pelo Ministério
processo, dentro do prazo de 11
Lei no 11.719/2008. Público.

498
competência firmar-se-á pela § 3o Se o juiz da pronúncia
prevenção. desclassificar a infração para
Título V – Da
Competência outra atribuída à competência
Capítulo II – Da de juiz singular, observar-se-á
Competência pelo Domicílio o disposto no art. 410; mas,
Art. 69. Determinará a ou Residência do Réu se a desclassificação for feita
competência jurisdicional: pelo próprio Tribunal do Júri, a
Art. 72. Não sendo co- seu presidente caberá proferir
I – o lugar da infração:
nhecido o lugar da infração, a a sentença (art. 492, § 2o).
II – o domicílio ou residência competência regular-se-á pelo
do réu; domicílio ou residência do réu.
Capítulo IV – Da
III – a natureza da infração; § 1o Se o réu tiver mais de uma Competência por
residência, a competência fir- Distribuição
IV – a distribuição;
mar-se-á pela prevenção.
V – a conexão ou continência; Art. 75. A precedência da
§ 2o Se o réu não tiver residên-
VI – a prevenção; cia certa ou for ignorado o seu distribuição fixará a compe-
paradeiro, será competente o tência quando, na mesma cir-
VII – a prerrogativa de função. cunscrição judiciária, houver
juiz que primeiro tomar conhe-
cimento do fato. mais de um juiz igualmente
Capítulo I – Da competente.
Competência pelo Lugar da Art. 73. Nos casos de ex-
Infração clusiva ação privada, o quere- Parágrafo único. A distribuição
lante poderá preferir o foro de realizada para o efeito da con-
Art. 70. A competência
será, de regra, determinada domicílio ou da residência do cessão de fiança ou da decre-
pelo lugar em que se consu- réu, ainda quando conhecido tação de prisão preventiva ou
mar a infração, ou, no caso de o lugar da infração. de qualquer diligência anterior
tentativa, pelo lugar em que à denúncia ou queixa prevenirá
for praticado o último ato de Capítulo III – Da a da ação penal.
execução. Competência pela Natureza
da Infração Capítulo V – Da
§ 1o Se, iniciada a execução
no território nacional, a infra-
Competência por Conexão ou
Art. 74. A competência
ção se consumar fora dele, a pela natureza da infração será Continência
competência será determina- regulada pelas leis de organi- Art. 76. A competência
da pelo lugar em que tiver sido zação judiciária, salvo a com-
será determinada pela cone-
praticado, no Brasil, o último petência privativa do Tribunal
xão:
ato de execução. do Júri.12
§ 2o Quando o último ato de I – se, ocorrendo duas ou mais
§ 1o Compete ao Tribunal do
execução for praticado fora do Júri o julgamento dos crimes infrações, houverem sido pra-
território nacional, será com- previstos nos arts. 121, §§ 1o ticadas, ao mesmo tempo, por
petente o juiz do lugar em que e 2o, 122, parágrafo único, várias pessoas reunidas, ou
o crime, embora parcialmente, 123, 124, 125, 126 e 127 do por várias pessoas em concur-
tenha produzido ou devia pro- Código Penal, consumados ou so, embora diverso o tempo e
duzir seu resultado. tentados. o lugar, ou por várias pessoas,
umas contra as outras;
§ 3o Quando incerto o limite § 2o Se, iniciado o processo
territorial entre duas ou mais perante um juiz, houver des- II – se, no mesmo caso, houve-
jurisdições, ou quando incerta classificação para infração da rem sido umas praticadas para
a jurisdição por ter sido a in- competência de outro, a este facilitar ou ocultar as outras,
fração consumada ou tentada será remetido o processo, sal- ou para conseguir impunida-
nas divisas de duas ou mais vo se mais graduada for a ju- de ou vantagem em relação a
jurisdições, a competência fir- risdição do primeiro, que, em qualquer delas;
mar-se-á pela prevenção. tal caso, terá sua competência
prorrogada. III – quando a prova de uma
Art. 71. Tratando-se de in- infração ou de qualquer de
fração continuada ou perma- suas circunstâncias elementa-
nente, praticada em território res influir na prova de outra
de duas ou mais jurisdições, a 12
Lei no 263/1948. infração.

499
Art. 77. A competência II – no concurso entre a juris- processos só se dará, ulterior-
será determinada pela conti- dição comum e a do juízo de mente, para o efeito de soma
nência quando:13 menores. ou de unificação das penas.
I – duas ou mais pessoas fo- § 1o Cessará, em qualquer
rem acusadas pela mesma caso, a unidade do processo,
Capítulo VI– Da
infração; se, em relação a algum corréu, Competência por Prevenção
sobrevier o caso previsto no
II – no caso de infração come- Art. 83. Verificar-se-á a
art. 152.
tida nas condições previstas competência por prevenção
nos arts. 51, § 1o, 53, segunda § 2o A unidade do processo toda vez que, concorrendo
parte, e 54 do Código Penal. não importará a do julgamen- dois ou mais juízes igualmente
to, se houver corréu foragido competentes ou com jurisdi-
Art. 78. Na determinação que não possa ser julgado à ção cumulativa, um deles tiver
da competência por conexão revelia, ou ocorrer a hipótese antecedido aos outros na prá-
ou continência, serão observa- do art. 461. tica de algum ato do processo
das as seguintes regras:14 ou de medida a este relativa,
Art. 80. Será facultativa ainda que anterior ao ofereci-
I – no concurso entre a com-
a separação dos processos mento da denúncia ou da quei-
petência do júri e a de outro
quando as infrações tiverem xa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o,
órgão da jurisdição comum,
prevalecerá a competência do
sido praticadas em circuns- e 78, II, “c”).
tâncias de tempo ou de lugar
júri;
diferentes, ou, quando pelo ex- Capítulo VII– Da
II – no concurso de jurisdições cessivo número de acusados e Competência pela
da mesma categoria: para não lhes prolongar a pri- Prerrogativa de Função
são provisória, ou por outro
a) preponderará a do lu-
motivo relevante, o juiz repu- Art. 84. A competência
gar da infração, à qual
tar conveniente a separação. pela prerrogativa de função é
for cominada a pena
do Supremo Tribunal Federal,
mais grave;
Art. 81. Verificada a reu- do Superior Tribunal de Jus-
b) prevalecerá a do lugar nião dos processos por cone- tiça, dos Tribunais Regionais
em que houver ocorri- xão ou continência, ainda que Federais e Tribunais de Justi-
do o maior número de no processo da sua compe- ça dos Estados e do Distrito
infrações, se as respec- tência própria venha o juiz ou Federal, relativamente às pes-
tivas penas forem de tribunal a proferir sentença ab- soas que devam responder pe-
igual gravidade; solutória ou que desclassifique rante eles por crimes comuns e
a infração para outra que não de responsabilidade.15
c) firmar-se-á a competên-
se inclua na sua competência,
cia pela prevenção, nos § 1o A competência especial
continuará competente em re-
outros casos; por prerrogativa de função,
lação aos demais processos.
relativa a atos administrativos
III – no concurso de jurisdições
do agente, prevalece ainda que
de diversas categorias, predo- Parágrafo único. Reconhecida
o inquérito ou a ação judicial
minará a de maior graduação; inicialmente ao júri a com-
sejam iniciados após a ces-
petência por conexão ou
IV – no concurso entre a juris- sação do exercício da função
continência, o juiz, se vier a
dição comum e a especial, pre- pública.
desclassificar a infração ou im-
valecerá esta.
pronunciar ou absolver o acu- § 2o A ação de improbidade,
sado, de maneira que exclua a de que trata a Lei no 8.429, de
Art. 79. A conexão e a con-
competência do júri, remeterá 2 de junho de 1992, será pro-
tinência importarão unidade
o processo ao juízo competen- posta perante o tribunal com-
de processo e julgamento, sal-
te. petente para processar e julgar
vo:
criminalmente o funcionário
I – no concurso entre a jurisdi- Art. 82. Se, não obstante a ou autoridade na hipótese de
ção comum e a militar; conexão ou continência, forem prerrogativa de foro em razão
instaurados processos diferen-
tes, a autoridade de jurisdição
prevalente deverá avocar os
13
NE: os dispositivos menciona- processos que corram perante 15
Lei no 10.628/2002. NE: os pa-
dos são os do texto original do os outros juízes, salvo se já es- rágrafos deste artigo foram decla-
Código Penal. tiverem com sentença definiti- rados inconstitucionais (ver ADI
14
Lei no 263/1948. va. Neste caso, a unidade dos no 2.797).

500
do exercício de função pública, República, ou nos rios e lagos Parágrafo único. Se for o crime
observado o disposto no § 1o. fronteiriços, bem como a bor- de ação pública, o Ministério
do de embarcações nacionais, Público, quando necessário,
Art. 85. Nos processos por em alto-mar, serão processa- promoverá a ação civil ou
crime contra a honra, em que dos e julgados pela justiça do prosseguirá na que tiver sido
forem querelantes as pessoas primeiro porto brasileiro em iniciada, com a citação dos in-
que a Constituição sujeita à que tocar a embarcação, após teressados.
jurisdição do Supremo Tribu- o crime, ou, quando se afastar
nal Federal e dos Tribunais de do País, pela do último em que Art. 93. Se o reconheci-
Apelação, àquele ou a estes houver tocado. mento da existência da infra-
caberá o julgamento, quando ção penal depender de decisão
oposta e admitida a exceção Art. 90. Os crimes pratica- sobre questão diversa da pre-
da verdade. dos a bordo de aeronave na- vista no artigo anterior, da
cional, dentro do espaço aéreo competência do juízo cível, e
Art. 86. Ao Supremo Tri- correspondente ao território se neste houver sido proposta
bunal Federal competirá, brasileiro, ou ao alto-mar, ou ação para resolvê-la, o juiz cri-
privativamente, processar e a bordo de aeronave estran- minal poderá, desde que essa
julgar: geira, dentro do espaço aéreo questão seja de difícil solução
correspondente ao território e não verse sobre direito cuja
I – os seus ministros, nos cri-
nacional, serão processados prova a lei civil limite, suspen-
mes comuns;
e julgados pela justiça da co- der o curso do processo, após
II – os ministros de Estado, sal- marca em cujo território se a inquirição das testemunhas
vo nos crimes conexos com os verificar o pouso após o crime, e realização das outras provas
do Presidente da República; ou pela da comarca de onde de natureza urgente.
III – o procurador-geral da Re- houver partido a aeronave. § 1o O juiz marcará o prazo
pública, os desembargadores da suspensão, que poderá ser
dos Tribunais de Apelação, os Art. 91. Quando incerta e razoavelmente prorrogado, se
ministros do Tribunal de Con- não se determinar de acordo a demora não for imputável à
tas e os embaixadores e minis- com as normas estabelecidas parte. Expirado o prazo, sem
tros diplomáticos, nos crimes nos arts. 89 e 90, a competên- que o juiz cível tenha proferi-
comuns e de responsabilidade. cia se firmará pela prevenção.16 do decisão, o juiz criminal fará
prosseguir o processo, reto-
Art. 87. Competirá, origi- mando sua competência para
nariamente, aos Tribunais de resolver, de fato e de direito,
Apelação o julgamento dos Título VI – Das toda a matéria da acusação ou
governadores ou intervento- Questões e Processos da defesa.
res nos Estados ou Territórios Incidentes
§ 2o Do despacho que dene-
e prefeito do Distrito Federal,
gar a suspensão não caberá
seus respectivos secretários
Capítulo I – Das Questões recurso.
e chefes de Polícia, juízes de
instância inferior e órgãos do Prejudiciais § 3o Suspenso o processo, e
Ministério Público. tratando-se de crime de ação
Art. 92. Se a decisão sobre pública, incumbirá ao Minis-
Capítulo VIII – Disposições a existência da infração de- tério Público intervir imedia-
Especiais pender da solução de contro- tamente na causa cível, para o
vérsia, que o juiz repute séria e fim de promover-lhe o rápido
Art. 88. No processo por fundada, sobre o estado civil andamento.
crimes praticados fora do ter- das pessoas, o curso da ação
penal ficará suspenso até que Art. 94. A suspensão do curso
ritório brasileiro, será com-
da ação penal, nos casos dos
petente o juízo da Capital do no juízo cível seja a controvér-
artigos anteriores, será decre-
Estado onde houver por últi- sia dirimida por sentença pas-
tada pelo juiz, de ofício ou a
mo residido o acusado. Se este sada em julgado, sem prejuízo,
requerimento das partes.
nunca tiver residido no Brasil, entretanto, da inquirição das
será competente o juízo da Ca- testemunhas e de outras pro-
pital da República. vas de natureza urgente.
Capítulo II – Das Exceções
Art. 95. Poderão ser opos-
Art. 89. Os crimes come-
tas as exceções de:
tidos em qualquer embarca-
ção nas águas territoriais da 16
Lei no 4.893/1965. I – suspeição;

501
II – incompetência de juízo; § 2o Se a suspeição for de § 5o Se o recusado for o pre-
manifesta improcedência, sidente do tribunal, o relator
III – litispendência;
o juiz ou relator a rejeitará será o vice-presidente.
IV – ilegitimidade de parte; liminarmente.
Art. 104. Se for arguida a
V – coisa julgada. suspeição do órgão do Minis-
Art. 101. Julgada proce-
dente a suspeição, ficarão tério Público, o juiz, depois de
Art. 96. A arguição de sus- ouvi-lo, decidirá, sem recurso,
peição precederá a qualquer nulos os atos do processo
principal, pagando o juiz as podendo antes admitir a pro-
outra, salvo quando fundada dução de provas no prazo de
em motivo superveniente. custas, no caso de erro ines-
cusável; rejeitada, evidencian- três dias.
Art. 97. O juiz que espon- do-se a malícia do excipiente,
a este será imposta a multa de Art. 105. As partes pode-
taneamente afirmar suspeição rão também arguir de suspei-
deverá fazê-lo por escrito, duzentos mil-réis a dois contos
tos os peritos, os intérpretes e
declarando o motivo legal, de réis.
os serventuários ou funcioná-
e remeterá imediatamente o rios de justiça, decidindo o juiz
processo ao seu substituto, in- Art. 102. Quando a parte
de plano e sem recurso, à vis-
timadas as partes. contrária reconhecer a proce- ta da matéria alegada e prova
dência da arguição, poderá ser imediata.
Art. 98. Quando qualquer sustado, a seu requerimento, o
das partes pretender recusar o processo principal, até que se Art. 106. A suspeição dos
juiz, deverá fazê-lo em petição julgue o incidente da suspei- jurados deverá ser arguida
assinada por ela própria ou ção. oralmente, decidindo de plano
por procurador com poderes o presidente do Tribunal do
especiais, aduzindo as suas ra- Art. 103. No Supremo Tri- Júri, que a rejeitará se, negada
zões acompanhadas de prova bunal Federal e nos Tribunais pelo recusado, não for imedia-
documental ou do rol de tes- de Apelação, o juiz que se jul- tamente comprovada, o que
temunhas. gar suspeito deverá declará-lo tudo constará da ata.
nos autos e, se for revisor, pas-
Art. 99. Se reconhecer sar o feito ao seu substituto na Art. 107. Não se poderá
a suspeição, o juiz sustará a ordem da precedência, ou, se opor suspeição às autoridades
marcha do processo, mandará for relator, apresentar os autos policiais nos atos do inquérito,
juntar aos autos a petição do em mesa para nova distribui- mas deverão elas declarar-se
recusante com os documentos ção. suspeitas, quando ocorrer mo-
que a instruam, e por despa- tivo legal.
cho se declarará suspeito, or- § 1o Se não for relator nem
denando a remessa dos autos revisor, o juiz que houver de Art. 108. A exceção de in-
ao substituto. dar-se por suspeito, deverá fa- competência do juízo poderá
zê-lo verbalmente, na sessão ser oposta, verbalmente ou
Art. 100. Não aceitando a de julgamento, registrando-se por escrito, no prazo de defe-
suspeição, o juiz mandará au- na ata a declaração. sa.
tuar em apartado a petição, § 2o Se o presidente do tri- § 1o Se, ouvido o Ministério
dará sua resposta dentro em bunal se der por suspeito, Público, for aceita a declina-
três dias, podendo instruí-la competirá ao seu substituto tória, o feito será remetido ao
e oferecer testemunhas, e, em designar dia para o julgamento juízo competente, onde, rati-
seguida, determinará sejam os e presidi-lo. ficados os atos anteriores, o
autos da exceção remetidos, processo prosseguirá.
dentro em 24 vinte e quatro § 3o Observar-se-á, quanto
horas, ao juiz ou tribunal a à arguição de suspeição pela § 2o Recusada a incompetên-
quem competir o julgamento. parte, o disposto nos arts. 98 cia, o juiz continuará no fei-
a 101, no que lhe for aplicá- to, fazendo tomar por termo
§ 1o Reconhecida, preliminar- vel, atendido, se o juiz a reco- a declinatória, se formulada
mente, a relevância da argui- nhecer, o que estabelece este verbalmente.
ção, o juiz ou tribunal, com artigo.
citação das partes, marcará Art. 109. Se em qualquer
dia e hora para a inquirição § 4o A suspeição, não sendo fase do processo o juiz reco-
das testemunhas, seguindo-se reconhecida, será julgada pelo nhecer motivo que o torne in-
o julgamento, independente- tribunal pleno, funcionando competente, declará-lo-á nos
mente de mais alegações. como relator o presidente. autos, haja ou não alegação

502
da parte, prosseguindo-se na I – quando duas ou mais au- às autoridades contra as quais
forma do artigo anterior. toridades judiciárias se con- tiver sido levantado o conflito
siderarem competentes, ou ou que o houverem suscitado.
Art. 110. Nas exceções de incompetentes, para conhecer
litispendência, ilegitimidade do mesmo fato criminoso; Art. 117. O Supremo Tri-
de parte e coisa julgada, será II – quando entre elas surgir bunal Federal, mediante avo-
observado, no que lhes for controvérsia sobre unidade de catória, restabelecerá a sua
aplicável, o disposto sobre a juízo, junção ou separação de jurisdição, sempre que exerci-
exceção de incompetência do processos. da por qualquer dos juízes ou
juízo. tribunais inferiores.
§ 1o Se a parte houver de opor Art. 115. O conflito pode-
rá ser suscitado: Capítulo V – Da
mais de uma dessas exceções, Restituição das Coisas
deverá fazê-lo numa só peti- I – pela parte interessada; Apreendidas
ção ou articulado.
II – pelos órgãos do Ministério
§ 2o A exceção de coisa jul- Público junto a qualquer dos Art. 118. Antes de transi-
gada somente poderá ser juízos em dissídio; tar em julgado a sentença final,
oposta em relação ao fato as coisas apreendidas não po-
III – por qualquer dos juízes ou derão ser restituídas enquanto
principal, que tiver sido objeto tribunais em causa.
da sentença. interessarem ao processo.
Art. 116. Os juízes e tribu- Art. 119. As coisas a que
Art. 111. As exceções se- nais, sob a forma de represen-
rão processadas em autos se referem os arts. 74 e 100 do
tação, e a parte interessada, Código Penal não poderão ser
apartados e não suspenderão, sob a de requerimento, darão
em regra, o andamento da restituídas, mesmo depois de
parte escrita e circunstanciada
ação penal. transitar em julgado a senten-
do conflito, perante o tribunal
ça final, salvo se pertencerem
competente, expondo os fun-
Capítulo III – Das ao lesado ou a terceiro de bo-
damentos e juntando os docu-
a-fé.17
Incompatibilidades e mentos comprobatórios.
Impedimentos § 1o Quando negativo o con- Art. 120. A restituição,
flito, os juízes e tribunais po- quando cabível, poderá ser
Art. 112. O juiz, o órgão derão suscitá-lo nos próprios ordenada pela autoridade po-
do Ministério Público, os ser- autos do processo. licial ou juiz, mediante termo
ventuários ou funcionários de
§ 2o Distribuído o feito, se o nos autos, desde que não exis-
justiça e os peritos ou intér-
conflito for positivo, o relator ta dúvida quanto ao direito do
pretes abster-se-ão de servir reclamante.
no processo, quando houver poderá determinar imediata-
incompatibilidade ou impedi- mente que se suspenda o an- § 1o Se duvidoso esse direito,
mento legal, que declararão damento do processo. o pedido de restituição autuar-
nos autos. Se não se der a abs- § 3o Expedida ou não a or- se-á em apartado, assinando-
tenção, a incompatibilidade dem de suspensão, o relator se ao requerente o prazo de 5
ou impedimento poderá ser requisitará informações às (cinco) dias para a prova. Em
arguido pelas partes, seguin- autoridades em conflito, reme- tal caso, só o juiz criminal po-
do-se o processo estabelecido tendo-lhes cópia do requeri- derá decidir o incidente.
para a exceção de suspeição. mento ou representação. § 2o O incidente autuar-se-á
§ 4 As informações serão
o também em apartado e só a
Capítulo IV – Do Conflito prestadas no prazo marcado autoridade judicial o resolverá,
de Jurisdição pelo relator. se as coisas forem apreendidas
em poder de terceiro de boa-
Art. 113. As questões ati- § 5o Recebidas as informa-
fé, que será intimado para ale-
nentes à competência resol- ções, e depois de ouvido o pro-
gar e provar o seu direito, em
ver-se-ão não só pela exceção curador-geral, o conflito será
prazo igual e sucessivo ao do
própria, como também pelo decidido na primeira sessão,
conflito positivo ou negativo salvo se a instrução do feito
de jurisdição. depender de diligência.
§ 6o Proferida a decisão, as 17
NE: os dispositivos menciona-
Art. 114. Haverá conflito cópias necessárias serão re- dos são os do texto original do
de jurisdição: metidas, para a sua execução, Código Penal.

503
reclamante, tendo um e outro absolutória, os objetos apre- I – pelo acusado, sob o funda-
dois dias para arrazoar. endidos não forem reclamados mento de não terem os bens
ou não pertencerem ao réu, se- sido adquiridos com os pro-
§ 3o Sobre o pedido de resti-
rão vendidos em leilão, deposi- ventos da infração;
tuição será sempre ouvido o
tando-se o saldo à disposição
Ministério Público. II – pelo terceiro, a quem hou-
do juízo de ausentes.
verem os bens sido transfe-
§ 4o Em caso de dúvida sobre ridos a título oneroso, sob o
quem seja o verdadeiro dono, Art. 124. Os instrumentos
fundamento de tê-los adquiri-
o juiz remeterá as partes pa- do crime, cuja perda em favor
do de boa-fé.
ra o juízo cível, ordenando o da União for decretada, e as
depósito das coisas em mãos coisas confiscadas, de acordo
Parágrafo único. Não poderá ser
de depositário ou do próprio com o disposto no art. 100
pronunciada decisão nesses
terceiro que as detinha, se for do Código Penal, serão inuti-
embargos antes de passar em
pessoa idônea. lizados ou recolhidos a museu
julgado a sentença condena-
criminal, se houver interesse na
§ 5o Tratando-se de coisas fa- tória.
sua conservação.19
cilmente deterioráveis, serão
avaliadas e levadas a leilão pú- Art. 131. O sequestro será
Capítulo VI – Das levantado:
blico, depositando-se o dinhei- Medidas Assecuratórias
ro apurado, ou entregues ao I – se a ação penal não for in-
terceiro que as detinha, se este Art. 125. Caberá o seques- tentada no prazo de sessenta
for pessoa idônea e assinar ter- tro dos bens imóveis, adqui- dias, contado da data em que
mo de responsabilidade. ridos pelo indiciado com os ficar concluída a diligência;
proventos da infração, ainda
Art. 121. No caso de apre- II – se o terceiro, a quem tive-
que já tenham sido transferi-
ensão de coisa adquirida com rem sido transferidos os bens,
dos a terceiro.
os proventos da infração, apli- prestar caução que assegure
ca-se o disposto no art. 133 e a aplicação do disposto no
Art. 126. Para a decreta-
seu parágrafo. art. 74, II, “b”, segunda parte,
ção do sequestro, bastará a
do Código Penal;
existência de indícios veemen-
Art. 122. Sem prejuízo do tes da proveniência ilícita dos III – se for julgada extinta a pu-
disposto nos arts. 120 e 133, bens. nibilidade ou absolvido o réu,
decorrido o prazo de 90 dias, por sentença transitada em
após transitar em julgado a Art. 127. O juiz, de ofício, julgado.
sentença condenatória, o juiz a requerimento do Ministé-
decretará, se for caso, a perda, rio Público ou do ofendido, Ar t. 132. Proceder-se-á
em favor da União, das coisas ou mediante representação ao sequestro dos bens móveis
apreendidas (art. 74, II, “a” e da autoridade policial, pode- se, verificadas as condições
“b” do Código Penal) e orde- rá ordenar o sequestro, em previstas no art. 126, não for
nará que sejam vendidas em qualquer fase do processo ou cabível a medida regulada no
leilão público.18 ainda antes de oferecida a de- Capítulo XI do Título VII deste
núncia ou queixa. Livro.
Parágrafo único. Do dinheiro
apurado será recolhido ao Te- Art. 128. Realizado o se- Art. 133. Transitada em
souro Nacional o que não cou- questro, o juiz ordenará a sua julgado a sentença conde-
ber ao lesado ou a terceiro de inscrição no Registro de Imó- natória, o juiz, de ofício ou a
boa-fé. veis. requerimento do interessado,
determinará a avaliação e a
Art. 123. Fora dos casos Art. 129. O sequestro au- venda dos bens em leilão pú-
previstos nos artigos anterio- tuar-se-á em apartado e admi- blico.
res, se dentro no prazo de 90 tirá embargos de terceiro.
dias, a contar da data em que Parágrafo único. Do dinheiro
transitar em julgado a sen- Art. 130. O sequestro po- apurado, será recolhido ao
tença final, condenatória ou derá ainda ser embargado: Tesouro Nacional o que não
couber ao lesado ou a terceiro
de boa-fé.

18
NE: os dispositivos menciona- 19
NE: o dispositivo mencionado Art. 134. A hipoteca legal
dos são os do texto original do é o do texto original do Código sobre os imóveis do indicia-
Código Penal. Penal. do poderá ser requerida pelo

504
ofendido em qualquer fase do proceder à inscrição da hipo- ou julgada extinta a punibili-
processo, desde que haja cer- teca legal. dade.24
teza da infração e indícios su-
ficientes da autoria. Art. 136. O arresto do Art. 142. Caberá ao Mi-
imóvel poderá ser decretado nistério Público promover as
Art. 135. Pedida a especia- de início, revogando-se, po- medidas estabelecidas nos
lização mediante requerimen- rém, se no prazo de 15 (quin- arts. 134 e 137, se houver in-
to, em que a parte estimará o ze) dias não for promovido o teresse da Fazenda Pública,
valor da responsabilidade civil, processo de inscrição da hipo- ou se o ofendido for pobre e o
e designará e estimará o imóvel teca legal.20 requerer.
ou imóveis que terão de ficar
especialmente hipotecados, o Art. 137. Se o responsável Art. 143. Passando em jul-
juiz mandará logo proceder ao gado a sentença condenatória,
não possuir bens imóveis ou os
arbitramento do valor da res- serão os autos de hipoteca ou
possuir de valor insuficiente,
ponsabilidade e à avaliação do arresto remetidos ao juiz do cí-
imóvel ou imóveis. poderão ser arrestados bens
vel (art. 63).25
móveis suscetíveis de penhora,
§ 1o A petição será instruída nos termos em que é facultada
com as provas ou indicação Art. 144. Os interessados
a hipoteca legal dos imóveis.21
das provas em que se fundar a ou, nos casos do art. 142, o
estimação da responsabilida- § 1o Se esses bens forem coi- Ministério Público poderão
de, com a relação dos imóveis sas fungíveis e facilmente de- requerer no juízo cível, contra
que o responsável possuir, se terioráveis, proceder-se-á na o responsável civil, as medidas
outros tiver, além dos indica- forma do § 5o do art. 120. previstas nos arts. 134, 136 e
dos no requerimento, e com os 137.
§ 2o Das rendas dos bens mó-
documentos comprobatórios
veis poderão ser fornecidos Art. 144-A. O juiz deter-
do domínio.
recursos arbitrados pelo juiz, minará a alienação antecipa-
§ 2o O arbitramento do valor para a manutenção do indicia- da para preservação do valor
da responsabilidade e a ava- do e de sua família. dos bens sempre que estiverem
liação dos imóveis designados sujeitos a qualquer grau de
far-se-ão por perito nomeado Art. 138. O processo de deterioração ou depreciação,
pelo juiz, onde não houver ava- especialização da hipoteca e ou quando houver dificuldade
liador judicial, sendo-lhe facul- do arresto correrão em auto para sua manutenção.26
tada a consulta dos autos do apartado.22
processo respectivo. § 1o O leilão far-se-á preferen-
cialmente por meio eletrônico.
§ 3o O juiz, ouvidas as partes Art. 139. O depósito e a
no prazo de dois dias, que cor- administração dos bens arres- § 2o Os bens deverão ser ven-
rerá em cartório, poderá corri- tados ficarão sujeitos ao regi- didos pelo valor fixado na
gir o arbitramento do valor da me do processo civil.23 avaliação judicial ou por valor
responsabilidade, se lhe pare- maior. Não alcançado o valor
cer excessivo ou deficiente. Art. 140. As garantias do estipulado pela administra-
ressarcimento do dano alcan- ção judicial, será realizado
§ 4o O juiz autorizará somente novo leilão, em até 10 (dez)
a inscrição da hipoteca do imó- çarão também as despesas
processuais e as penas pecuni- dias contados da realização
vel ou imóveis necessários à do primeiro, podendo os bens
garantia da responsabilidade. árias, tendo preferência sobre
estas a reparação do dano ao ser alienados por valor não in-
§ 5o O valor da responsabili- ofendido. ferior a 80% (oitenta por cen-
dade será liquidado definiti- to) do estipulado na avaliação
vamente após a condenação, Art. 141. O arresto será judicial.
podendo ser requerido novo levantado ou cancelada a hi- § 3o O produto da alienação
arbitramento se qualquer das
poteca, se, por sentença irre- ficará depositado em conta
partes não se conformar com
corrível, o réu for absolvido vinculada ao juízo até a deci-
o arbitramento anterior à sen-
são final do processo, proce-
tença condenatória.
§ 6o Se o réu oferecer caução
suficiente, em dinheiro ou em 20
Lei no 11.435/2006.
títulos de dívida pública, pelo 21
Lei no 11.435/2006. 24
Lei no 11.435/2006.
valor de sua cotação em Bolsa, 22
Lei no 11.435/2006. 25
Lei no 11.435/2006.
o juiz poderá deixar de mandar 23
Lei no 11.435/2006. 26
Lei no 12.694/2012.

505
dendo-se à sua conversão em III – conclusos os autos, pode- § 1o O exame não durará mais
renda para a União, Estado ou rá ordenar as diligências que de quarenta e cinco dias, salvo
Distrito Federal, no caso de entender necessárias; se os peritos demonstrarem a
condenação, ou, no caso de necessidade de maior prazo.
IV – se reconhecida a falsida-
absolvição, à sua devolução de por decisão irrecorrível, § 2o Se não houver prejuízo
ao acusado. mandará desentranhar o do- para a marcha do processo, o
§ 4o Quando a indisponibi- cumento e remetê-lo, com os juiz poderá autorizar sejam os
lidade recair sobre dinheiro, autos do processo incidente, autos entregues aos peritos,
inclusive moeda estrangeira, ao Ministério Público. para facilitar o exame.
títulos, valores mobiliários ou
cheques emitidos como ordem Art. 146. A arguição de Art. 151. Se os peritos con-
de pagamento, o juízo deter- falsidade, feita por procura- cluírem que o acusado era, ao
minará a conversão do nume- dor, exige poderes especiais. tempo da infração, irresponsável
rário apreendido em moeda nos termos do art. 22 do Código
nacional corrente e o depósito Art. 147. O juiz poderá, de Penal, o processo prosseguirá,
das correspondentes quantias ofício, proceder à verificação com a presença do curador.
da falsidade.
em conta judicial.
Art. 152. Se se verificar
§ 5o No caso da alienação Art. 148. Qualquer que que a doença mental sobreveio
de veículos, embarcações ou seja a decisão, não fará coisa à infração o processo continu-
aeronaves, o juiz ordenará à julgada em prejuízo de ulterior ará suspenso até que o acusa-
autoridade de trânsito ou ao processo penal ou civil. do se restabeleça, observado o
equivalente órgão de registro e § 2o do art. 149.
controle a expedição de certifi- Capítulo VIII – Da § 1o O juiz poderá, nesse caso,
cado de registro e licenciamen- Insanidade Mental do ordenar a internação do acu-
to em favor do arrematante, Acusado sado em manicômio judiciário
ficando este livre do pagamen- ou em outro estabelecimento
to de multas, encargos e tribu- Art. 149. Quando houver
adequado.
tos anteriores, sem prejuízo de dúvida sobre a integridade
execução fiscal em relação ao mental do acusado, o juiz or- § 2o O processo retomará o
antigo proprietário. denará, de ofício ou a requeri- seu curso, desde que se resta-
mento do Ministério Público, beleça o acusado, ficando-lhe
§ 6o O valor dos títulos da do defensor, do curador, do assegurada a faculdade de
dívida pública, das ações das ascendente, descendente, ir- reinquirir as testemunhas que
sociedades e dos títulos de cré- mão ou cônjuge do acusado, houverem prestado depoimen-
dito negociáveis em bolsa será seja este submetido a exame to sem a sua presença.
o da cotação oficial do dia, médico-legal.
provada por certidão ou publi- Art. 153. O incidente da
§ 1o O exame poderá ser orde-
cação no órgão oficial. insanidade mental processar-
nado ainda na fase do inqué-
se-á em auto apartado, que
§ 7o (Vetado) rito, mediante representação
só depois da apresentação do
da autoridade policial ao juiz
laudo, será apenso ao proces-
Capítulo VII – Do competente.
so principal.
Incidente de Falsidade § 2o O juiz nomeará curador
ao acusado, quando determi- Art. 154. Se a insanidade
Art. 145. Arguida, por es- nar o exame, ficando suspen- mental sobrevier no curso da
crito, a falsidade de documen- so o processo, se já iniciada a execução da pena, observar-se-
to constante dos autos, o juiz ação penal, salvo quanto às di- -á o disposto no art. 682.
observará o seguinte processo: ligências que possam ser preju-
I – mandará autuar em apar- dicadas pelo adiamento.
tado a impugnação, e em se-
guida ouvirá a parte contrária, Art. 150. Para o efeito do Título VII – Da Prova
que, no prazo de 48 horas, exame, o acusado, se estiver
oferecerá resposta; preso, será internado em ma-
nicômio judiciário, onde hou- Capítulo I – Disposições
II – assinará o prazo de três ver, ou, se estiver solto, e o Gerais
dias, sucessivamente, a cada requererem os peritos, em es-
uma das partes, para prova de tabelecimento adequado que Art. 155. O juiz formará
suas alegações; o juiz designar. sua convicção pela livre apre-

506
ciação da prova produzida § 3o Preclusa a decisão de I – requerer a oitiva dos peri-
em contraditório judicial, não desentranhamento da prova tos para esclarecerem a prova
podendo fundamentar sua de- declarada inadmissível, esta ou para responderem a que-
cisão exclusivamente nos ele- será inutilizada por decisão sitos, desde que o mandado
mentos informativos colhidos judicial, facultado às partes de intimação e os quesitos
na investigação, ressalvadas as acompanhar o incidente. ou questões a serem esclare-
provas cautelares, não repetí- cidas sejam encaminhados
§ 4o (Vetado)
veis e antecipadas.27 com antecedência mínima de
Capítulo II – Do Exame 10 (dez) dias, podendo apre-
Parágrafo único. Somente quan- sentar as respostas em laudo
to ao estado das pessoas serão do Corpo de Delito, e das complementar;
observadas as restrições esta- Perícias em Geral
belecidas na lei civil. II – indicar assistentes técnicos
Art. 158. Quando a infra- que poderão apresentar pa-
ção deixar vestígios, será indis- receres em prazo a ser fixado
Art. 156. A prova da alega-
pensável o exame de corpo de pelo juiz ou ser inquiridos em
ção incumbirá a quem a fizer,
delito, direto ou indireto, não audiência.
sendo, porém, facultado ao
podendo supri-lo a confissão
juiz de ofício:28 § 6o Havendo requerimento
do acusado.
I – ordenar, mesmo antes de das partes, o material proba-
iniciada a ação penal, a pro- Art. 159. O exame de cor- tório que serviu de base à pe-
dução antecipada de pro- po de delito e outras perícias rícia será disponibilizado no
vas consideradas urgentes serão realizados por perito ofi- ambiente do órgão oficial, que
e relevantes, observando a cial, portador de diploma de manterá sempre sua guarda, e
necessidade, adequação e pro- curso superior.30 na presença de perito oficial,
porcionalidade da medida; para exame pelos assistentes,
§ 1o Na falta de perito oficial, salvo se for impossível a sua
II – determinar, no curso da o exame será realizado por 2 conservação.
instrução, ou antes de profe- (duas) pessoas idôneas, por-
rir sentença, a realização de tadoras de diploma de curso § 7o Tratando-se de perícia
diligências para dirimir dúvida superior preferencialmente na complexa que abranja mais de
sobre ponto relevante. área específica, dentre as que uma área de conhecimento es-
tiverem habilitação técnica re- pecializado, poder-se-á desig-
Art. 157. São inadmissí- lacionada com a natureza do nar a atuação de mais de um
veis, devendo ser desentra- exame. perito oficial, e a parte indicar
nhadas do processo, as provas mais de um assistente técnico.
§ 2o Os peritos não oficiais
ilícitas, assim entendidas as
prestarão o compromisso de Art. 160. Os peritos ela-
obtidas em violação a normas
bem e fielmente desempenhar borarão o laudo pericial, onde
constitucionais ou legais.29
o encargo. descreverão minuciosamente o
§ 1o São também inadmissí- que examinarem, e responde-
§ 3o Serão facultadas ao Mi-
veis as provas derivadas das rão aos quesitos formulados.31
nistério Público, ao assistente
ilícitas, salvo quando não evi-
de acusação, ao ofendido, ao
denciado o nexo de causali- Parágrafo único. O laudo peri-
querelante e ao acusado a for-
dade entre umas e outras, ou cial será elaborado no prazo
mulação de quesitos e indica-
quando as derivadas puderem máximo de 10 dias, podendo
ção de assistente técnico.
ser obtidas por uma fonte in- este prazo ser prorrogado, em
dependente das primeiras. § 4o O assistente técnico atu- casos excepcionais, a requeri-
ará a partir de sua admissão mento dos peritos.
§ 2o Considera-se fonte inde-
pelo juiz e após a conclusão
pendente aquela que por si só,
dos exames e elaboração do Art. 161. O exame de cor-
seguindo os trâmites típicos e
laudo pelos peritos oficiais,
de praxe, próprios da investi- po de delito poderá ser feito
sendo as partes intimadas des-
gação ou instrução criminal, em qualquer dia e a qualquer
ta decisão.
seria capaz de conduzir ao fato hora.
objeto da prova. § 5o Durante o curso do pro-
cesso judicial, é permitido às Art. 162. A autópsia será
partes, quanto à perícia: feita pelo menos seis horas de-

27
Lei no 11.690/2008.
28
Lei no 11.690/2008.
29
Lei no 11.690/2008. 30
Lei no 11.690/2008. 31
Lei no 8.862/1994.

507
pois do óbito, salvo se os pe- Art. 166. Havendo dúvida a chegada dos peritos, que
ritos, pela evidência dos sinais sobre a identidade do cadáver poderão instruir seus laudos
de morte, julgarem que possa exumado, proceder-se-á ao re- com fotografias, desenhos ou
ser feita antes daquele prazo, o conhecimento pelo Instituto esquemas elucidativos.33
que declararão no auto. de Identificação e Estatística
ou repartição congênere ou Parágrafo único. Os peritos regis-
Parágrafo único. Nos casos de pela inquirição de testemu- trarão, no laudo, as alterações
morte violenta, bastará o sim- nhas, lavrando-se auto de re- do estado das coisas e discu-
ples exame externo do cadáver, conhecimento e de identidade, tirão, no relatório, as conse-
quando não houver infração no qual se descreverá o cadá- quências dessas alterações na
penal que apurar, ou quando ver, com todos os sinais e indi- dinâmica dos fatos.
as lesões externas permitirem cações.
Art. 170. Nas perícias de
precisar a causa da morte e
Parágrafo único. Em qualquer laboratório, os peritos guarda-
não houver necessidade de
caso, serão arrecadados e au- rão material suficiente para a
exame interno para a verifica-
tenticados todos os objetos eventualidade de nova perícia.
ção de alguma circunstância Sempre que conveniente, os
encontrados, que possam ser
relevante. laudos serão ilustrados com
úteis para a identificação do
cadáver. provas fotográficas, ou mi-
Art. 163. Em caso de exu- crofotográficas, desenhos ou
mação para exame cadavérico, esquemas.
Art. 167. Não sendo possí-
a autoridade providenciará vel o exame de corpo de delito,
para que, em dia e hora pre- por haverem desaparecido os Art. 171. Nos crimes co-
viamente marcados, se realize vestígios, a prova testemunhal metidos com destruição ou
a diligência, da qual se lavrará poderá suprir-lhe a falta. rompimento de obstáculo a
auto circunstanciado. subtração da coisa, ou por
Art. 168. Em caso de le- meio de escalada, os peritos,
Parágrafo único. O administra- sões corporais, se o primei- além de descrever os vestígios,
dor de cemitério público ou ro exame pericial tiver sido indicarão com que instrumen-
particular indicará o lugar da incompleto, proceder-se-á a tos, por que meios e em que
sepultura, sob pena de deso- exame complementar por de- época presumem ter sido o
bediência. No caso de recusa terminação da autoridade po- fato praticado.
ou de falta de quem indique a licial ou judiciária, de ofício,
sepultura, ou de encontrar-se ou a requerimento do Ministé- Art. 172. Proceder-se-á,
o cadáver em lugar não desti- rio Público, do ofendido ou do quando necessário, à avalia-
nado a inumações, a autori- acusado, ou de seu defensor. ção de coisas destruídas, de-
dade procederá às pesquisas terioradas ou que constituam
§ 1o No exame complemen- produto do crime.
necessárias, o que tudo cons- tar, os peritos terão presente o
tará do auto. auto de corpo de delito, a fim Parágrafo único. Se impossível
de suprir-lhe a deficiência ou a avaliação direta, os peritos
Art. 164. Os cadáveres se- retificá-lo. procederão à avaliação por
rão sempre fotografados na
§ 2o Se o exame tiver por fim meio dos elementos existentes
posição em que forem encon-
precisar a classificação do nos autos e dos que resultarem
trados, bem como, na medida de diligências.
do possível, todas as lesões ex- delito no art. 129, § 1o, I, do
ternas e vestígios deixados no Código Penal, deverá ser feito
logo que decorra o prazo de Art. 173. No caso de in-
local do crime.32 cêndio, os peritos verificarão a
30 dias, contado da data do
crime. causa e o lugar em que houver
Art. 165. Para represen- começado, o perigo que dele
tar as lesões encontradas no § 3o A falta de exame comple- tiver resultado para a vida ou
cadáver, os peritos, quando mentar poderá ser suprida pe- para o patrimônio alheio, a ex-
possível, juntarão ao laudo do la prova testemunhal. tensão do dano e o seu valor
exame provas fotográficas, es- e as demais circunstâncias que
quemas ou desenhos, devida- Art. 169. Para o efeito de interessarem à elucidação do
mente rubricados. exame do local onde houver fato.
sido praticada a infração, a
autoridade providenciará ime-
diatamente para que não se
32
Lei no 8.862/1994. altere o estado das coisas até 33
Lei no 8.862/1994.

508
Art. 174. No exame para Art. 178. No caso do Art. 184. Salvo o caso de
o reconhecimento de escritos, art. 159, o exame será requisi- exame de corpo de delito, o
por comparação de letra, ob- tado pela autoridade ao dire- juiz ou a autoridade policial
servar-se-á o seguinte: tor da repartição, juntando-se negará a perícia requerida pe-
ao processo o laudo assinado las partes, quando não for ne-
I – a pessoa a quem se atribua
pelos peritos. cessária ao esclarecimento da
ou se possa atribuir o escrito
será intimada para o ato, se for verdade.
Art. 179. No caso do § 1o
encontrada;
do art. 159, o escrivão lavrará Capítulo III – Do
II – para a comparação, po- o auto respectivo, que será as- Interrogatório do Acusado
derão servir quaisquer do- sinado pelos peritos e, se pre-
cumentos que a dita pessoa sente ao exame, também pela Art. 185. O acusado que
reconhecer ou já tiverem sido autoridade. comparecer perante a autori-
judicialmente reconhecidos dade judiciária, no curso do
como de seu punho, ou sobre Parágrafo único. No caso do processo penal, será qualifica-
cuja autenticidade não houver art. 160, parágrafo único, o do e interrogado na presença
dúvida; laudo, que poderá ser datilo- de seu defensor, constituído
grafado, será subscrito e rubri- ou nomeado.35
III – a autoridade, quando ne-
cado em suas folhas por todos
cessário, requisitará, para o § 1o O interrogatório do réu
os peritos.
exame, os documentos que preso será realizado, em sala
existirem em arquivos ou es- própria, no estabelecimento
Art. 180. Se houver diver-
tabelecimentos públicos, ou em que estiver recolhido, des-
gência entre os peritos, serão
nestes realizará a diligência, se de que estejam garantidas a
consignadas no auto do exa-
daí não puderem ser retirados; segurança do juiz, do membro
me as declarações e respostas
IV – quando não houver escri- de um e de outro, ou cada um do Ministério Público e dos au-
tos para a comparação ou fo- redigirá separadamente o seu xiliares bem como a presença
rem insuficientes os exibidos, laudo, e a autoridade nomeará do defensor e a publicidade do
a autoridade mandará que a um terceiro; se este divergir de ato.
pessoa escreva o que lhe for ambos, a autoridade poderá
§ 2o Excepcionalmente, o juiz,
ditado. Se estiver ausente a mandar proceder a novo exa-
pessoa, mas em lugar certo, me por outros peritos. por decisão fundamentada, de
esta última diligência poderá ofício ou a requerimento das
ser feita por precatória, em Art. 181. No caso de ino- partes, poderá realizar o in-
que se consignarão as palavras bservância de formalidades, terrogatório do réu preso por
que a pessoa será intimada a ou no caso de omissões, obs- sistema de videoconferência
escrever. curidades ou contradições, a ou outro recurso tecnológico
autoridade judiciária mandará de transmissão de sons e ima-
Art. 175. Serão sujeitos a suprir a formalidade, comple- gens em tempo real, desde que
exame os instrumentos empre- mentar ou esclarecer o laudo.34 a medida seja necessária para
gados para a prática da infra- atender a uma das seguintes
ção, a fim de se lhes verificar a Parágrafo único. A autoridade finalidades:
natureza e a eficiência. poderá também ordenar que I – prevenir risco à seguran-
se proceda a novo exame, por ça pública, quando exista
Art. 176. A autoridade e as outros peritos, se julgar conve- fundada suspeita de que o
partes poderão formular que- niente. preso integre organização cri-
sitos até o ato da diligência. minosa ou de que, por outra
Art. 182. O juiz não ficará razão, possa fugir durante o
Art. 177. No exame por adstrito ao laudo, podendo deslocamento;
precatória, a nomeação dos aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo
peritos far-se-á no juízo de- ou em parte. II – viabilizar a participação
precado. Havendo, porém, no do réu no referido ato proces-
caso de ação privada, acordo Art. 183. Nos crimes em sual, quando haja relevante
das partes, essa nomeação po- que não couber ação pública, dificuldade para seu compa-
derá ser feita pelo juiz depre- observar-se-á o disposto no recimento em juízo, por enfer-
cante. art. 19.

Parágrafo único. Os quesitos do


juiz e das partes serão transcri- 35
Leis nos 13.257/2016,
tos na precatória. 34
Lei no 8.862/1994. 11.900/2009 e 10.792/2003.

509
midade ou outra circunstância outros atos processuais que cumpriu e outros dados fami-
pessoal; dependam da participação liares e sociais.
III – impedir a influência do réu de pessoa que esteja presa,
§ 2o Na segunda parte será
no ânimo de testemunha ou como acareação, reconheci- perguntado sobre:
da vítima, desde que não seja mento de pessoas e coisas, e
inquirição de testemunha ou I – ser verdadeira a acusação
possível colher o depoimento
destas por videoconferência, tomada de declarações do que lhe é feita;
nos termos do art. 217 deste ofendido. II – não sendo verdadeira a
Código; § 9o Na hipótese do § 8o deste acusação, se tem algum moti-
IV – responder à gravíssima artigo, fica garantido o acom- vo particular a que atribuí-la,
questão de ordem pública. panhamento do ato processu- se conhece a pessoa ou pesso-
al pelo acusado e seu defensor. as a quem deva ser imputada
§ 3o Da decisão que determi- a prática do crime, e quais se-
nar a realização de interroga- § 10. Do interrogatório deve- jam, e se com elas esteve an-
tório por videoconferência, as rá constar a informação sobre tes da prática da infração ou
partes serão intimadas com 10 a existência de filhos, respec- depois dela;
(dez) dias de antecedência. tivas idades e se possuem al-
guma deficiência e o nome e o III – onde estava ao tempo em
§ 4o Antes do interrogatório que foi cometida a infração e
contato de eventual responsá-
por videoconferência, o pre- se teve notícia desta;
so poderá acompanhar, pelo vel pelos cuidados dos filhos,
mesmo sistema tecnológico, a indicado pela pessoa presa. IV – as provas já apuradas;
realização de todos os atos da V – se conhece as vítimas e tes-
audiência única de instrução Art. 186. Depois de devi-
damente qualificado e cien- temunhas já inquiridas ou por
e julgamento de que tratam inquirir, e desde quando, e se
os arts. 400, 411 e 531 deste tificado do inteiro teor da
tem o que alegar contra elas;
Código. acusação, o acusado será in-
formado pelo juiz, antes de VI – se conhece o instrumento
§ 5o Em qualquer modalidade iniciar o interrogatório, do seu com que foi praticada a infra-
de interrogatório, o juiz garan- direito de permanecer calado ção, ou qualquer objeto que
tirá ao réu o direito de entre- e de não responder perguntas com esta se relacione e tenha
vista prévia e reservada com o que lhe forem formuladas.36 sido apreendido;
seu defensor; se realizado por
videoconferência, fica também VII – todos os demais fatos e
Parágrafo único. O silêncio, que pormenores que conduzam à
garantido o acesso a canais não importará em confissão,
telefônicos reservados para elucidação dos antecedentes e
não poderá ser interpretado circunstâncias da infração;
comunicação entre o defensor
em prejuízo da defesa.
que esteja no presídio e o ad- VIII – se tem algo mais a alegar
vogado presente na sala de au- em sua defesa.
Art. 187. O interrogatório
diência do Fórum, e entre este
e o preso. será constituído de duas par-
tes: sobre a pessoa do acusado Art. 188. Após proceder
§ 6o A sala reservada no esta- e sobre os fatos.37 ao interrogatório, o juiz in-
belecimento prisional para a dagará das partes se restou
realização de atos processuais § 1o Na primeira parte o in- algum fato para ser esclareci-
por sistema de videoconferên- terrogando será perguntado do, formulando as perguntas
cia será fiscalizada pelos cor- sobre a residência, meios de correspondentes se o entender
regedores e pelo juiz de cada vida ou profissão, oportunida- pertinente e relevante.38
causa, como também pelo Mi- des sociais, lugar onde exerce
nistério Público e pela Ordem a sua atividade, vida pregressa, Art. 189. Se o interrogando
dos Advogados do Brasil. notadamente se foi preso ou negar a acusação, no todo ou
processado alguma vez e, em em parte, poderá prestar escla-
§ 7o Será requisitada a apre- caso afirmativo, qual o juízo recimentos e indicar provas.39
sentação do réu preso em juízo do processo, se houve suspen-
nas hipóteses em que o inter-
são condicional ou condena- Art. 190. Se confessar a
rogatório não se realizar na
ção, qual a pena imposta, se a autoria, será perguntado so-
forma prevista nos §§ 1o e 2o
deste artigo.
§ 8o Aplica-se o disposto nos
§§ 2o, 3o, 4 o e 5o deste artigo, 36
Lei no 10.792/2003. 38
Lei no 10.792/2003.
no que couber, à realização de 37
Lei no 10.792/2003. 39
Lei no 10.792/2003.

510
bre os motivos e circunstâncias Capítulo IV – Da acórdãos que a mantenham ou
do fato e se outras pessoas Confissão modifiquem.
concorreram para a infração, § 3o As comunicações ao
e quais sejam.40 Art. 197. O valor da con-
ofendido deverão ser feitas
fissão se aferirá pelos critérios no endereço por ele indica-
Art. 191. Havendo mais de adotados para os outros ele- do, admitindo-se, por opção
um acusado, serão interroga- mentos de prova, e para a sua do ofendido, o uso de meio
dos separadamente.41 apreciação o juiz deverá con- eletrônico.
frontá-la com as demais pro-
Art. 192. O interrogatório vas do processo, verificando se § 4o Antes do início da audi-
do mudo, do surdo ou do sur- entre ela e estas existe compa- ência e durante a sua realiza-
do-mudo será feito pela forma tibilidade ou concordância. ção, será reservado espaço
seguinte: 42 separado para o ofendido.
Art. 198. O silêncio do § 5o Se o juiz entender neces-
I – ao surdo serão apresenta-
acusado não importará con- sário, poderá encaminhar o
das por escrito as perguntas,
fissão, mas poderá constituir ofendido para atendimento
que ele responderá oralmente;
elemento para a formação do multidisciplinar, especialmen-
II – ao mudo as perguntas se- convencimento do juiz. te nas áreas psicossocial, de
rão feitas oralmente, respon- assistência jurídica e de saúde,
dendo-as por escrito; Art. 199. A confissão, a expensas do ofensor ou do
quando feita fora do interro- Estado.
III – ao surdo-mudo as pergun-
gatório, será tomada por ter-
tas serão formuladas por escri- § 6o O juiz tomará as pro-
mo nos autos, observado o
to e do mesmo modo dará as vidências necessárias à pre-
disposto no art. 195.
respostas. servação da intimidade, vida
privada, honra e imagem do
Art. 200. A confissão será
Parágrafo único. Caso o inter- ofendido, podendo, inclusi-
divisível e retratável, sem pre-
rogando não saiba ler ou es- ve, determinar o segredo de
juízo do livre convencimento
crever, intervirá no ato, como justiça em relação aos dados,
do juiz, fundado no exame das
intérprete e sob compromisso, depoimentos e outras infor-
provas em conjunto.
pessoa habilitada a entendê- mações constantes dos au-
-lo. tos a seu respeito para evitar
Capítulo V – Do sua exposição aos meios de
Art. 193. Quando o in-
Ofendido47 comunicação.
terrogando não falar a língua Art. 201. Sempre que pos-
nacional, o interrogatório será Capítulo VI – Das
sível, o ofendido será qualifi-
feito por meio de intérprete.43 Testemunhas
cado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, Art. 202. Toda pessoa po-
Art. 194. (Revogado) 44 quem seja ou presuma ser o derá ser testemunha.
seu autor, as provas que possa
Art. 195. Se o interrogado indicar, tomando-se por termo
não souber escrever, não puder Art. 203. A testemunha
as suas declarações.48 fará, sob palavra de honra, a
ou não quiser assinar, tal fato
será consignado no termo.45 § 1o Se, intimado para esse promessa de dizer a verdade
fim, deixar de comparecer sem do que souber e lhe for per-
Art. 196. A todo tempo o motivo justo, o ofendido po- guntado, devendo declarar seu
juiz poderá proceder a novo derá ser conduzido à presença nome, sua idade, seu estado e
da autoridade. sua residência, sua profissão,
interrogatório de ofício ou
lugar onde exerce sua ativi-
a pedido fundamentado de § 2o O ofendido será comu- dade, se é parente, e em que
qualquer das partes.46 nicado dos atos processuais grau, de alguma das partes,
relativos ao ingresso e à saída ou quais suas relações com
do acusado da prisão, à de- qualquer delas, e relatar o que
40
Lei no 10.792/2003. signação de data para audiên- souber, explicando sempre as
41
Lei no 10.792/2003. cia e à sentença e respectivos razões de sua ciência ou as cir-
42
Lei no 10.792/2003. cunstâncias pelas quais possa
43
Lei no 10.792/2003. avaliar-se de sua credibilidade.
44
Lei no 10.792/2003.
45
Lei no 10.792/2003. 47
Lei no 11.690/2008. Art. 204. O depoimento
46
Lei no 10.792/2003. 48
Lei no 11.690/2008. será prestado oralmente, não

511
sendo permitido à testemunha Art. 210. As testemunhas Art. 214. Antes de iniciado
trazê-lo por escrito. serão inquiridas cada uma de o depoimento, as partes pode-
per si, de modo que umas não rão contraditar a testemunha
Parágrafo único. Não será saibam nem ouçam os depoi- ou arguir circunstâncias ou
vedada à testemunha, entre- mentos das outras, devendo defeitos, que a tornem suspei-
tanto, breve consulta a apon- o juiz adverti-las das penas ta de parcialidade, ou indigna
tamentos. cominadas ao falso testemu- de fé. O juiz fará consignar a
nho.49 contradita ou arguição e a res-
Art. 205. Se ocorrer dúvi- posta da testemunha, mas só
da sobre a identidade da tes- Parágrafo único. Antes do início excluirá a testemunha ou não
temunha, o juiz procederá à da audiência e durante a sua lhe deferirá compromisso nos
verificação pelos meios ao seu realização, serão reservados casos previstos nos arts. 207
alcance, podendo, entretanto, espaços separados para a ga- e 208.
tomar-lhe o depoimento desde rantia da incomunicabilidade
logo. das testemunhas. Art. 215. Na redação do
depoimento, o juiz deverá cin-
Art. 206. A testemunha Art. 211. Se o juiz, ao gir-se, tanto quanto possível,
não poderá eximir-se da obri- pronunciar sentença final, re- às expressões usadas pelas
gação de depor. Poderão, en- conhecer que alguma testemu- testemunhas, reproduzindo
tretanto, recusar-se a fazê-lo o nha fez afirmação falsa, calou fielmente as suas frases.
ascendente ou descendente, o ou negou a verdade, remeterá
afim em linha reta, o cônjuge, cópia do depoimento à autori- Art. 216. O depoimento
ainda que desquitado, o irmão dade policial para a instaura- da testemunha será reduzido a
e o pai, a mãe, ou o filho ado- ção de inquérito. termo, assinado por ela, pelo
tivo do acusado, salvo quan- juiz e pelas partes. Se a tes-
do não for possível, por outro Parágrafo único. Tendo o depoi- temunha não souber assinar,
modo, obter-se ou integrar- mento sido prestado em ple- ou não puder fazê-lo, pedirá
se a prova do fato e de suas nário de julgamento, o juiz, a alguém que o faça por ela,
circunstâncias. no caso de proferir decisão na depois de lido na presença de
audiência (art. 538, § 2o), o tri- ambos.
Art. 207. São proibidas bunal (art. 561), ou o conselho
de depor as pessoas que, em de sentença, após a votação Art. 217. Se o juiz verificar
razão de função, ministério, dos quesitos, poderão fazer que a presença do réu poderá
ofício ou profissão, devam apresentar imediatamente a causar humilhação, temor, ou
guardar segredo, salvo se, testemunha à autoridade po- sério constrangimento à tes-
desobrigadas pela parte inte- licial. temunha ou ao ofendido, de
ressada, quiserem dar o seu modo que prejudique a verda-
testemunho. Art. 212. As perguntas se- de do depoimento, fará a in-
rão formuladas pelas partes quirição por videoconferência
Art. 208. Não se deferirá diretamente à testemunha, e, somente na impossibilidade
o compromisso a que alude não admitindo o juiz aquelas dessa forma, determinará a re-
o art. 203 aos doentes e defi- que puderem induzir a respos- tirada do réu, prosseguindo na
cientes mentais e aos menores ta, não tiverem relação com a inquirição, com a presença do
de 14 (quatorze) anos, nem causa ou importarem na repe- seu defensor.51
às pessoas a que se refere o tição de outra já respondida.50
art. 206. Parágrafo único. A adoção de
Parágrafo único. Sobre os pontos qualquer das medidas previs-
Art. 209. O juiz, quando não esclarecidos, o juiz poderá tas no caput deste artigo deverá
julgar necessário, poderá ouvir complementar a inquirição. constar do termo, assim como
outras testemunhas, além das os motivos que a determina-
indicadas pelas partes. Art. 213. O juiz não permi- ram.
tirá que a testemunha manifes-
§ 1 Se ao juiz parecer conve-
o
te suas apreciações pessoais, Art. 218. Se, regularmente
niente, serão ouvidas as pes-
salvo quando inseparáveis da intimada, a testemunha deixar
soas a que as testemunhas se
narrativa do fato. de comparecer sem motivo jus-
referirem.
tificado, o juiz poderá requisi-
§ 2o Não será computada co-
mo testemunha a pessoa que
nada souber que interesse à 49
Lei no 11.690/2008.
decisão da causa. 50
Lei no 11.690/2008. 51
Lei no 11.690/2008.

512
tar à autoridade policial a sua § 3o Aos funcionários públi- prete para traduzir as pergun-
apresentação ou determinar cos aplicar-se-á o disposto tas e respostas.
seja conduzida por oficial de no art. 218, devendo, porém,
justiça, que poderá solicitar o a expedição do mandado ser Parágrafo único. Tratando-se de
auxílio da força pública. imediatamente comunicada mudo, surdo ou surdo-mudo,
ao chefe da repartição em que proceder-se-á na conformida-
Art. 219. O juiz poderá servirem, com indicação do de do art. 192.
aplicar à testemunha faltosa a dia e da hora marcados.
multa prevista no art. 453, sem Art. 224. As testemunhas
prejuízo do processo penal Art. 222. A testemunha comunicarão ao juiz, dentro
por crime de desobediência, e que morar fora da jurisdição de um ano, qualquer mudança
condená-la ao pagamento das do juiz será inquirida pelo juiz de residência, sujeitando-se,
custas da diligência.52 do lugar de sua residência, pela simples omissão, às penas
expedindo-se, para esse fim, do não comparecimento.
Art. 220. As pessoas carta precatória, com prazo
impossibilitadas, por enfer- razoável, intimadas as par- Art. 225. Se qualquer tes-
midade ou por velhice, de tes.54 temunha houver de ausentar-
comparecer para depor, serão se, ou, por enfermidade ou por
§ 1o A expedição da precató- velhice, inspirar receio de que
inquiridas onde estiverem. ria não suspenderá a instrução ao tempo da instrução crimi-
criminal. nal já não exista, o juiz poderá,
Art. 221. O Presidente e o
Vice-Presidente da República, § 2o Findo o prazo marcado, de ofício ou a requerimento de
os senadores e deputados fe- poderá realizar-se o julga- qualquer das partes, tomar-lhe
derais, os ministros de Estado, mento, mas, a todo tempo, a antecipadamente o depoimen-
os governadores de Estados e precatória, uma vez devolvida, to.
Territórios, os secretários de será junta aos autos.
Estado, os prefeitos do Distri-
Capítulo VII – Do
§ 3o Na hipótese prevista Reconhecimento de Pessoas
to Federal e dos Municípios, os no caput deste artigo, a oiti-
deputados às Assembleias Le- e Coisas
va de testemunha poderá ser
gislativas Estaduais, os mem- realizada por meio de video- Art. 226. Quando houver
bros do Poder Judiciário, os conferência ou outro recurso necessidade de fazer-se o reco-
ministros e juízes dos Tribunais tecnológico de transmissão de nhecimento de pessoa, proce-
de Contas da União, dos Esta- sons e imagens em tempo real, der-se-á pela seguinte forma:
dos, do Distrito Federal, bem permitida a presença do defen-
como os do Tribunal Marítimo sor e podendo ser realizada, I – a pessoa que tiver de fazer
serão inquiridos em local, dia inclusive, durante a realização o reconhecimento será convi-
e hora previamente ajustados da audiência de instrução e dada a descrever a pessoa que
entre eles e o juiz.53 julgamento. deva ser reconhecida;
§ 1o O Presidente e o Vice-Pre- II – a pessoa, cujo reconheci-
sidente da República, os presi- Art. 222-A. As cartas ro- mento se pretender, será co-
dentes do Senado Federal, da gatórias só serão expedidas locada, se possível, ao lado
Câmara dos Deputados e do se demonstrada previamente de outras que com ela tiverem
Supremo Tribunal Federal po- a sua imprescindibilidade, ar- qualquer semelhança, convi-
derão optar pela prestação de cando a parte requerente com dando-se quem tiver de fazer
depoimento por escrito, caso os custos de envio.55 o reconhecimento a apontá-la;
em que as perguntas, formu- III – se houver razão para rece-
Parágrafo único. Aplica-se às
ladas pelas partes e deferidas ar que a pessoa chamada para
cartas rogatórias o disposto
pelo juiz, lhes serão transmiti- o reconhecimento, por efeito
nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste
das por ofício. de intimidação ou outra influ-
Código.
ência, não diga a verdade em
§ 2o Os militares deverão ser
face da pessoa que deve ser re-
requisitados à autoridade Art. 223. Quando a teste-
conhecida, a autoridade pro-
superior. munha não conhecer a língua
videnciará para que esta não
nacional, será nomeado intér-
veja aquela;
IV – do ato de reconhecimento
52
Lei no 6.416/1977. lavrar-se-á auto pormenoriza-
53
Leis nos 6.416/1977 e 54
Lei no 11.900/2009. do, subscrito pela autoridade,
3.653/1959. 55
Lei no 11.900/2009. pela pessoa chamada para

513
proceder ao reconhecimen- a diligência, ouvindo-se a tes- ou, na falta, por pessoa idônea
to e por duas testemunhas temunha ausente, pela mesma nomeada pela autoridade.
presenciais. forma estabelecida para a tes-
temunha presente. Esta dili- Art. 237. As públicas-for-
Parágrafo único. O disposto no gência só se realizará quando mas só terão valor quando
no III deste artigo não terá não importe demora prejudi- conferidas com o original, em
aplicação na fase da instrução cial ao processo e o juiz a en- presença da autoridade.
criminal ou em plenário de jul- tenda conveniente.
gamento. Art. 238. Os documentos
Capítulo IX – Dos originais, juntos a processo
Art. 227. No reconheci- Documentos findo, quando não exista mo-
mento de objeto, proceder-se-á tivo relevante que justifique
com as cautelas estabelecidas Art. 231. Salvo os casos a sua conservação nos autos,
no artigo anterior, no que for expressos em lei, as partes po- poderão, mediante requeri-
aplicável. derão apresentar documentos mento, e ouvido o Ministério
em qualquer fase do processo. Público, ser entregues à parte
Art. 228. Se várias forem que os produziu, ficando tras-
as pessoas chamadas a efetuar Art. 232. Consideram-se lado nos autos.
o reconhecimento de pessoa documentos quaisquer escri-
ou de objeto, cada uma fará tos, instrumentos ou papéis, Capítulo X – Dos Indícios
a prova em separado, evitan- públicos ou particulares.
do-se qualquer comunicação A r t . 239. Conside r a-se
entre elas. Parágrafo único. À foto- indício a circunstância conhe-
grafia do documento, devida- cida e provada, que, tendo re-
Capítulo VIII – Da mente autenticada, se dará o lação com o fato, autorize, por
Acareação mesmo valor do original. indução, concluir-se a existên-
cia de outra ou outras circuns-
Art. 229. A acareação Art. 233. As cartas parti- tâncias.
será admitida entre acusados, culares, interceptadas ou obti-
entre acusado e testemunha, das por meios criminosos, não Capítulo XI – Da Busca e
entre testemunhas, entre acu- serão admitidas em juízo. da Apreensão
sado ou testemunha e a pessoa
ofendida, e entre as pessoas Parágrafo único. As cartas pode- Art. 240. A busca será do-
ofendidas, sempre que diver- rão ser exibidas em juízo pelo miciliar ou pessoal.
girem, em suas declarações, respectivo destinatário, para
sobre fatos ou circunstâncias a defesa de seu direito, ainda § 1o Proceder-se-á à busca do-
relevantes. que não haja consentimento miciliar, quando fundadas ra-
do signatário. zões a autorizarem, para:
Parágrafo único. Os acareados a) prender criminosos;
serão reperguntados, para que Art. 234. Se o juiz tiver
expliquem os pontos de diver- notícia da existência de do- b) apreender coisas acha-
gências, reduzindo-se a termo cumento relativo a ponto re- das ou obtidas por
o ato de acareação. levante da acusação ou da meios criminosos;
defesa, providenciará, inde- c) apreender instrumentos
Art. 230. Se ausente algu- pendentemente de requeri- de falsificação ou de
ma testemunha, cujas declara- mento de qualquer das partes, contrafação e objetos
ções divirjam das de outra, que para sua juntada aos autos, se falsificados ou contra-
esteja presente, a esta se darão possível. feitos;
a conhecer os pontos da di-
vergência, consignando-se no Art. 235. A letra e firma d) apreender armas e mu-
auto o que explicar ou obser- dos documentos particula- nições, instrumentos
var. Se subsistir a discordância, res serão submetidas a exame utilizados na prática de
expedir-se-á precatória à auto- pericial, quando contestada a crime ou destinados a
ridade do lugar onde resida a sua autenticidade. fim delituoso;
testemunha ausente, transcre-
e) descobrir objetos ne-
vendo-se as declarações desta Art. 236. Os documentos
cessários à prova de
e as da testemunha presente, em língua estrangeira, sem
infração ou à defesa
nos pontos em que divergirem, prejuízo de sua juntada ime-
do réu;
bem como o texto do referido diata, serão, se necessário, tra-
auto, a fim de que se complete duzidos por tradutor público, f) apreender cartas, aber-

514
tas ou não, destinadas Art. 244. A busca pesso- A r t . 2 4 6 . A p l i c a r- s e -á
ao acusado ou em seu al independerá de mandado, também o disposto no artigo
poder, quando haja no caso de prisão ou quando anterior, quando se tiver de
suspeita de que o co- houver fundada suspeita de proceder a busca em compar-
nhecimento do seu que a pessoa esteja na posse timento habitado ou em apo-
conteúdo possa ser útil de arma proibida ou de obje- sento ocupado de habitação
à elucidação do fato; tos ou papéis que constituam coletiva ou em compartimento
corpo de delito, ou quando a não aberto ao público, onde
g) apreender pessoas víti- medida for determinada no alguém exercer profissão ou
mas de crimes; curso de busca domiciliar. atividade.
h) colher qualquer ele-
mento de convicção. Art. 245. As buscas domi- Art. 247. Não sendo en-
ciliares serão executadas de contrada a pessoa ou coisa
§ 2o Proceder-se-á à busca dia, salvo se o morador con- procurada, os motivos da di-
pessoal quando houver fun- sentir que se realizem à noi- ligência serão comunicados a
dada suspeita de que alguém te, e, antes de penetrarem na quem tiver sofrido a busca, se
oculte consigo arma proibida casa, os executores mostrarão o requerer.
ou objetos mencionados nas e lerão o mandado ao mora-
letras “b” a “f” e letra “h” do dor, ou a quem o represente, Art. 248. Em casa habita-
parágrafo anterior. intimando-o, em seguida, a da, a busca será feita de modo
abrir a porta. que não moleste os moradores
Art. 241. Quando a pró- mais do que o indispensável
§ 1o Se a própria autoridade
pria autoridade policial ou para o êxito da diligência.
der a busca, declarará previa-
judiciária não a realizar pes- mente sua qualidade e o obje-
soalmente, a busca domiciliar Art. 249. A busca em
to da diligência.
deverá ser precedida da expe- mulher será feita por outra
dição de mandado. § 2o Em caso de desobediên- mulher, se não importar retar-
cia, será arrombada a porta e damento ou prejuízo da dili-
Art. 242. A busca poderá forçada a entrada. gência.
ser determinada de ofício ou a § 3o Recalcitrando o mora-
requerimento de qualquer das Art. 250. A autoridade
dor, será permitido o emprego
partes. ou seus agentes poderão pe-
de força contra coisas existen-
netrar no território de juris-
tes no interior da casa, para
Art. 243. O mandado de dição alheia, ainda que de
o descobrimento do que se
busca deverá: outro Estado, quando, para
procura.
o fim de apreensão, forem no
I – indicar, o mais precisamen- § 4o Observar-se-á o disposto seguimento de pessoa ou coi-
te possível, a casa em que será nos §§ 2o e 3o, quando ausen- sa, devendo apresentar-se à
realizada a diligência e o nome tes os moradores, devendo, competente autoridade local,
do respectivo proprietário ou neste caso, ser intimado a antes da diligência ou após,
morador; ou, no caso de bus- assistir à diligência qualquer conforme a urgência desta.
ca pessoal, o nome da pessoa vizinho, se houver e estiver
§ 1o Entender-se-á que a auto-
que terá de sofrê-la ou os si- presente.
ridade ou seus agentes vão em
nais que a identifiquem; § 5o Se é determinada a pes- seguimento da pessoa ou coi-
II – mencionar o motivo e os soa ou coisa que se vai procu- sa, quando:
fins da diligência; rar, o morador será intimado a
a) tendo conhecimento di-
mostrá-la.
III – ser subscrito pelo escrivão reto de sua remoção ou
e assinado pela autoridade § 6o Descoberta a pessoa ou transporte, a seguirem
que o fizer expedir. coisa que se procura, será ime- sem interrupção, em-
diatamente apreendida e pos- bora depois a percam
§ 1o Se houver ordem de pri- ta sob custódia da autoridade de vista;
são, constará do próprio texto ou de seus agentes.
do mandado de busca. b) ainda que não a tenham
§ 7o Finda a diligência, os exe- avistado, mas saben-
§ 2o Não será permitida a cutores lavrarão auto circuns- do, por informações
apreensão de documento em tanciado, assinando-o com fidedignas ou circuns-
poder do defensor do acusa- duas testemunhas presenciais, tâncias indiciárias, que
do, salvo quando constituir sem prejuízo do disposto no está sendo removida
elemento do corpo de delito. § 4o. ou transportada em

515
determinada direção, Art. 253. Nos juízos cole- Capítulo II – Do Ministério
forem ao seu encalço. tivos, não poderão servir no Público
mesmo processo os juízes que
§ 2o Se as autoridades locais
forem entre si parentes, con- Art. 257. Ao Ministério Pú-
tiverem fundadas razões para
sanguíneos ou afins, em linha blico cabe:56
duvidar da legitimidade das
reta ou colateral até o terceiro
pessoas que, nas referidas di- I – promover, privativamente, a
ligências, entrarem pelos seus grau, inclusive.
ação penal pública, na forma
distritos, ou da legalidade estabelecida neste Código; e
dos mandados que apresen- Art. 254. O juiz dar-se-á
tarem, poderão exigir as pro- por suspeito, e, se não o fizer, II – fiscalizar a execução da lei.
vas dessa legitimidade, mas poderá ser recusado por qual-
de modo que não se frustre a quer das partes: Art. 258. Os órgãos do
diligência. Ministério Público não funcio-
I – se for amigo íntimo ou ini-
narão nos processos em que o
migo capital de qualquer deles;
juiz ou qualquer das partes for
II – se ele, seu cônjuge, as- seu cônjuge, ou parente, con-
Título VIII – Do Juiz, cendente ou descendente, sanguíneo ou afim, em linha
do Ministério Público, estiver respondendo a pro- reta ou colateral, até o terceiro
do Acusado e Defensor, cesso por fato análogo, sobre grau, inclusive, e a eles se es-
dos Assistentes e cujo caráter criminoso haja tendem, no que lhes for apli-
Auxiliares da Justiça controvérsia; cável, as prescrições relativas à
suspeição e aos impedimentos
III – se ele, seu cônjuge, ou pa-
dos juízes.
rente, consanguíneo, ou afim,
Capítulo I – Do Juiz até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou respon-
Capítulo III – Do Acusado
Art. 251. Ao juiz incum- der a processo que tenha de e Seu Defensor
birá prover à regularidade do ser julgado por qualquer das
processo e manter a ordem no Art. 259. A impossibilida-
partes;
curso dos respectivos atos, po- de de identificação do acusa-
dendo, para tal fim, requisitar IV – se tiver aconselhado qual- do com o seu verdadeiro nome
a força pública. quer das partes; ou outros qualificativos não
retardará a ação penal, quan-
V – se for credor ou devedor,
Art. 252. O juiz não pode- do certa a identidade física. A
tutor ou curador, de qualquer
rá exercer jurisdição no pro- qualquer tempo, no curso do
das partes;
cesso em que: processo, do julgamento ou da
VI – se for sócio, acionista ou execução da sentença, se for
I – tiver funcionado seu cônjuge administrador de sociedade descoberta a sua qualificação,
ou parente, consanguíneo ou interessada no processo. far-se-á a retificação, por ter-
afim, em linha reta ou colateral mo, nos autos, sem prejuízo da
até o terceiro grau, inclusive, Art. 255. O impedimen- validade dos atos precedentes.
como defensor ou advogado, to ou suspeição decorrente
órgão do Ministério Público, de parentesco por afinidade Art. 260. Se o acusado
autoridade policial, auxiliar da cessará pela dissolução do não atender à intimação para
justiça ou perito; casamento que lhe tiver dado o interrogatório, reconheci-
II – ele próprio houver de- causa, salvo sobrevindo des- mento ou qualquer outro ato
sempenhado qualquer des- cendentes; mas, ainda que que, sem ele, não possa ser re-
sas funções ou servido como dissolvido o casamento sem alizado, a autoridade poderá
testemunha; descendentes, não funciona- mandar conduzi-lo à sua pre-
rá como juiz o sogro, o pa- sença.
III – tiver funcionado como juiz drasto, o cunhado, o genro
de outra instância, pronun- ou enteado de quem for parte Parágrafo único. O mandado
ciando-se, de fato ou de direi-
no processo. conterá, além da ordem de
to, sobre a questão;
condução, os requisitos men-
IV – ele próprio ou seu cônjuge Art. 256. A suspeição cionados no art. 352, no que
ou parente, consanguíneo ou não poderá ser declarada lhe for aplicável.
afim em linha reta ou colateral nem reconhecida, quando
até o terceiro grau, inclusive, a parte injuriar o juiz ou de
for parte ou diretamente inte- propósito der motivo para
ressado no feito. criá-la. 56
Lei no 11.719/2008.

516
Art. 261. Nenhum acu- ainda que provisoriamente ou só Art. 272. O Ministério Pú-
sado, ainda que ausente ou para o efeito do ato. blico será ouvido previamente
foragido, será processado ou sobre a admissão do assistente.
julgado sem defensor.57 Art. 266. A constituição
de defensor independerá de Art. 273. Do despacho
Parágrafo único. A defesa técni- instrumento de mandato, se o que admitir, ou não, o assis-
ca, quando realizada por de- acusado o indicar por ocasião tente, não caberá recurso, de-
fensor público ou dativo, será do interrogatório. vendo, entretanto, constar dos
sempre exercida através de autos o pedido e a decisão.
manifestação fundamentada. Art. 267. Nos termos do
art. 252, não funcionarão Capítulo V – Dos
Art. 262. Ao acusado me- como defensores os parentes Funcionários da Justiça
nor dar-se-á curador. do juiz.
Art. 274. As prescrições
Art. 263. Se o acusado Capítulo IV – Dos sobre suspeição dos juízes es-
não o tiver, ser-lhe-á nomeado Assistentes tendem-se aos serventuários e
defensor pelo juiz, ressalvado funcionários da justiça, no que
o seu direito de, a todo tempo, Art. 268. Em todos os ter- lhes for aplicável.
nomear outro de sua confian- mos da ação pública, poderá
ça, ou a si mesmo defender-se,
caso tenha habilitação.
intervir, como assistente do Capítulo VI – Dos Peritos
Ministério Público, o ofendido e Intérpretes
ou seu representante legal, ou,
Parágrafo único. O acusado, que na falta, qualquer das pessoas Art. 275. O perito, ainda
não for pobre, será obrigado mencionadas no art. 31.
a pagar os honorários do de- quando não oficial, estará su-
fensor dativo, arbitrados pelo jeito à disciplina judiciária.
Art. 269. O assistente será
juiz. admitido enquanto não passar Art. 276. As partes não
em julgado a sentença e rece- intervirão na nomeação do
Art. 264. Salvo motivo
berá a causa no estado em que perito.
relevante, os advogados e so-
se achar.
licitadores serão obrigados,
sob pena de multa de cem a Art. 277. O perito nomea-
Art. 270. O corréu no do pela autoridade será obri-
quinhentos mil-réis, a prestar
mesmo processo não poderá gado a aceitar o encargo, sob
seu patrocínio aos acusados,
intervir como assistente do pena de multa de cem a qui-
quando nomeados pelo Juiz.
Ministério Público. nhentos mil-réis, salvo escusa
Art. 265. O defensor não atendível.
poderá abandonar o proces- Art. 271. Ao assistente
so senão por motivo imperio- será permitido propor meios Parágrafo único. Incorrerá na
so, comunicado previamente de prova, requerer perguntas mesma multa o perito que,
o juiz, sob pena de multa de às testemunhas, aditar o libelo sem justa causa, provada ime-
10 (dez) a 100 (cem) salários e os articulados, participar do diatamente:
mínimos, sem prejuízo das de- debate oral e arrazoar os recur-
mais sanções cabíveis.58 sos interpostos pelo Ministério a) deixar de acudir à inti-
Público, ou por ele próprio, nos mação ou ao chamado
§ 1o A audiência poderá ser casos dos arts. 584, § 1o, e 598. da autoridade;
adiada se, por motivo justifi-
cado, o defensor não puder § 1o O juiz, ouvido o Ministé- b) não comparecer no dia
comparecer. rio Público, decidirá acerca da e local designados para
realização das provas propos- o exame;
§ 2o Incumbe ao defensor provar tas pelo assistente.
o impedimento até a abertura da c) não der o laudo, ou con-
audiência. Não o fazendo, o juiz § 2o O processo prosseguirá correr para que a perí-
não determinará o adiamento de independentemente de no- cia não seja feita, nos
ato algum do processo, deven- va intimação do assistente, prazos estabelecidos.
do nomear defensor substituto, quando este, intimado, dei-
xar de comparecer a qualquer Art. 278. No caso de não
dos atos da instrução ou do comparecimento do perito,
julgamento, sem motivo de sem justa causa, a autoridade
57
Lei no 10.792/2003. força maior devidamente poderá determinar a sua con-
58
Lei no 11.719/2008. comprovado. dução.

517
Art. 279. Não poderão ser § 1o As medidas cautelares prisão temporária ou prisão
peritos:59 poderão ser aplicadas isolada preventiva.62
ou cumulativamente. § 1o As medidas cautelares
I – os que estiverem sujeitos à
interdição de direito mencio- § 2 As medidas cautelares
o previstas neste Título não se
nada nos nos I e IV do art. 69 serão decretadas pelo juiz, de aplicam à infração a que não
do Código Penal; ofício ou a requerimento das for isolada, cumulativa ou al-
partes ou, quando no curso ternativamente cominada pe-
II – os que tiverem prestado na privativa de liberdade.
da investigação criminal, por
depoimento no processo ou
representação da autoridade § 2o A prisão poderá ser efe-
opinado anteriormente sobre
policial ou mediante requeri- tuada em qualquer dia e a
o objeto da perícia;
mento do Ministério Público. qualquer hora, respeitadas as
III – os analfabetos e os meno- restrições relativas à inviolabi-
§ 3o Ressalvados os casos de lidade do domicílio.
res de 21 anos.
urgência ou de perigo de ine-
Art. 280. É extensivo aos ficácia da medida, o juiz, ao Art. 284. Não será permi-
peritos, no que lhes for aplicá- receber o pedido de medida tido o emprego de força, sal-
vel, o disposto sobre suspeição cautelar, determinará a in- vo a indispensável no caso de
dos juízes. timação da parte contrária, resistência ou de tentativa de
acompanhada de cópia do re- fuga do preso.
Art. 281. Os intérpretes querimento e das peças neces-
são, para todos os efeitos, sárias, permanecendo os autos Art. 285. A autoridade que or-
em juízo. denar a prisão fará expedir o
equiparados aos peritos.
respectivo mandado.
§ 4o No caso de descumpri-
mento de qualquer das obriga- Parágrafo único. O mandado de
ções impostas, o juiz, de ofício prisão:
Título IX – Da Prisão, ou mediante requerimento
das Medidas Cautelares e do Ministério Público, de seu a) será lavrado pelo escri-
da Liberdade Provisória60 assistente ou do querelante,
vão e assinado pela au-
toridade;
poderá substituir a medida,
impor outra em cumulação, b) designará a pessoa, que
Capítulo I – Disposições ou, em último caso, decretar tiver de ser presa, por
Gerais a prisão preventiva (art. 312, seu nome, alcunha ou
parágrafo único). sinais característicos;
Art. 282. As medidas cau-
telares previstas neste Título § 5o O juiz poderá revogar c) mencionará a infração
deverão ser aplicadas obser- a medida cautelar ou substi- penal que motivar a
vando-se a: 61 tuí-la quando verificar a falta prisão;
de motivo para que subsista, d) declarará o valor da
I – necessidade para aplicação
bem como voltar a decretá-la, fiança arbitrada, quan-
da lei penal, para a investiga-
se sobrevierem razões que a do afiançável a infra-
ção ou a instrução criminal e, ção;
justifiquem.
nos casos expressamente pre-
vistos, para evitar a prática de § 6o A prisão preventiva será e) será dirigido a quem ti-
infrações penais; determinada quando não for ver qualidade para dar-
cabível a sua substituição por lhe execução.
II – adequação da medida à
outra medida cautelar (art.
gravidade do crime, circuns- Art. 286. O mandado será
319).
tâncias do fato e condições passado em duplicata, e o
pessoais do indiciado ou executor entregará ao preso,
Art. 283. Ninguém poderá
acusado. logo depois da prisão, um dos
ser preso senão em flagrante exemplares com declaração do
delito ou por ordem escrita e dia, hora e lugar da diligência.
fundamentada da autoridade Da entrega deverá o preso pas-
judiciária competente, em de- sar recibo no outro exemplar;
59
NE: os dispositivos menciona-
dos são os do texto original do
corrência de sentença conde-
Código Penal. natória transitada em julgado
60
Lei no 12.403/2011. ou, no curso da investigação
61
Lei no 12.403/2011. ou do processo, em virtude de 62
Lei no 12.403/2011.

518
se recusar, não souber ou não Art. 289-A. O juiz compe- Art. 290. Se o réu, sendo
puder escrever, o fato será tente providenciará o imediato perseguido, passar ao terri-
mencionado em declaração, registro do mandado de prisão tório de outro município ou
assinada por duas testemu- em banco de dados mantido comarca, o executor poderá
nhas. pelo Conselho Nacional de efetuar-lhe a prisão no lugar
Justiça para essa finalidade.64 onde o alcançar, apresentan-
Art. 287. Se a infração for
§ 1o Qualquer agente policial do-o imediatamente à auto-
inafiançável, a falta de exibi-
ção do mandado não obs- poderá efetuar a prisão deter- ridade local, que, depois de
tará à prisão, e o preso, em minada no mandado de prisão lavrado, se for o caso, o auto
tal caso, será imediatamente registrado no Conselho Nacio- de flagrante, providenciará
apresentado ao juiz que tiver nal de Justiça, ainda que fora para a remoção do preso.
expedido o mandado. da competência territorial do
juiz que o expediu. § 1o Entender-se-á que o exe-
Art. 288. Ninguém será cutor vai em perseguição do
§ 2o Qualquer agente policial réu, quando:
recolhido à prisão, sem que poderá efetuar a prisão decre-
seja exibido o mandado ao a) tendo-o avistado, for
tada, ainda que sem registro
respectivo diretor ou carcerei- perseguindo-o sem
no Conselho Nacional de Jus-
ro, a quem será entregue có- interrupção, embora
tiça, adotando as precauções
pia assinada pelo executor ou
necessárias para averiguar a depois o tenha perdido
apresentada a guia expedida
pela autoridade competente, autenticidade do mandado de vista;
devendo ser passado recibo da e comunicando ao juiz que a
decretou, devendo este provi- b) sabendo, por indícios
entrega do preso, com decla- ou informações fide-
ração de dia e hora. denciar, em seguida, o registro
do mandado na forma do caput dignas, que o réu te-
deste artigo. nha passado, há pouco
Parágrafo único. O recibo
poderá ser passado no próprio tempo, em tal ou qual
§ 3o A prisão será imediata- direção, pelo lugar em
exemplar do mandado, se este mente comunicada ao juiz do
for o documento exibido. que o procure, for no
local de cumprimento da me-
seu encalço.
dida o qual providenciará a
Art. 289. Quando o acusa- certidão extraída do registro § 2o Quando as autoridades
do estiver no território nacio- do Conselho Nacional de Jus- locais tiverem fundadas razões
nal, fora da jurisdição do juiz tiça e informará ao juízo que a
processante, será deprecada para duvidar da legitimidade
decretou. da pessoa do executor ou da
a sua prisão, devendo constar
da precatória o inteiro teor do § 4o O preso será informado legalidade do mandado que
mandado.63 de seus direitos, nos termos apresentar, poderão pôr em
do inciso LXIII do art. 5o da custódia o réu, até que fique
§ 1o Havendo urgência, o juiz
Constituição Federal e, caso o esclarecida a dúvida.
poderá requisitar a prisão por
qualquer meio de comunica- autuado não informe o nome
ção, do qual deverá constar o de seu advogado, será comuni- Art. 291. A prisão em vir-
motivo da prisão, bem como cado à Defensoria Pública. tude de mandado entender-se-
o valor da fiança se arbitrada. § 5o Havendo dúvidas das au- -á feita desde que o executor,
toridades locais sobre a legiti- fazendo-se conhecer do réu,
§ 2 A autoridade a quem se
o

midade da pessoa do executor lhe apresente o mandado e o


fizer a requisição tomará as
precauções necessárias para ou sobre a identidade do pre- intime a acompanhá-lo.
averiguar a autenticidade da so, aplica-se o disposto no § 2o
comunicação. do art. 290 deste Código. Art. 292. Se houver, ainda
que por parte de terceiros, re-
§ 3o O juiz processante deve- § 6o O Conselho Nacional de
sistência à prisão em flagrante
rá providenciar a remoção do Justiça regulamentará o re-
ou à determinada por autori-
preso no prazo máximo de 30 gistro do mandado de prisão
dade competente, o executor
(trinta) dias, contados da efe- a que se refere o caput deste
tivação da medida. artigo. e as pessoas que o auxiliarem
poderão usar dos meios ne-
cessários para defender-se ou
para vencer a resistência, do
63
Lei no 12.403/2011. 64
Lei no 12.403/2011. que tudo se lavrará auto subs-

519
crito também por duas teste- II – os governadores ou inter- § 4o O preso especial não será
munhas.65 ventores de Estados ou Terri- transportado juntamente com
tórios, o prefeito do Distrito o preso comum.
Parágrafo único. É vedado o uso Federal, seus respectivos se-
§ 5o Os demais direitos e de-
de algemas em mulheres grá- cretários, os prefeitos munici-
veres do preso especial serão
vidas durante os atos médi- pais, os vereadores e os chefes
os mesmos do preso comum.
co-hospitalares preparatórios de Polícia;
para a realização do parto e III – os membros do Parla- Art. 296. Os inferiores e
durante o trabalho de parto, mento Nacional, do Conselho praças de pré, onde for possí-
bem como em mulheres du- de Economia Nacional e das vel, serão recolhidos à prisão,
rante o período de puerpério Assembleias Legislativas dos em estabelecimentos militares,
imediato. Estados; de acordo com os respectivos
regulamentos.
Art. 293. Se o executor do IV – os cidadãos inscritos no
mandado verificar, com segu- “Livro de Mérito”; Art. 297. Para o cumpri-
rança, que o réu entrou ou se V – os oficiais das Forças Ar- mento de mandado expedido
encontra em alguma casa, o madas e os militares dos Esta- pela autoridade judiciária, a au-
morador será intimado a en- dos, do Distrito Federal e dos toridade policial poderá expedir
tregá-lo, à vista da ordem de Territórios; tantos outros quantos necessá-
prisão. Se não for obedecido rios às diligências, devendo ne-
imediatamente, o executor VI – os magistrados; les ser fielmente reproduzido o
convocará duas testemunhas VII – os diplomados por qual- teor do mandado original.
e, sendo dia, entrará à força na quer das faculdades superiores
casa, arrombando as portas, da República; Art. 298. (Revogado) 67
se preciso; sendo noite, o exe-
cutor, depois da intimação ao VIII – os ministros de confissão Art. 299. A captura poderá
morador, se não for atendido, religiosa; ser requisitada, à vista de man-
fará guardar todas as saídas, IX – os ministros do Tribunal dado judicial, por qualquer
tornando a casa incomunicá- de Contas; meio de comunicação, toma-
vel, e, logo que amanheça, ar- das pela autoridade, a quem
rombará as portas e efetuará a X – os cidadãos que já tiverem se fizer a requisição, as precau-
prisão. exercido efetivamente a fun- ções necessárias para averiguar
ção de jurado, salvo quando a autenticidade desta.68
Parágrafo único. O morador que excluídos da lista por motivo
se recusar a entregar o réu de incapacidade para o exercí- Art. 300. As pessoas presas
oculto em sua casa será leva- cio daquela função; provisoriamente ficarão separa-
do à presença da autoridade, XI – os delegados de polícia e das das que já estiverem definiti-
para que se proceda contra ele os guardas-civis dos Estados vamente condenadas, nos termos
como for de direito. e Territórios, ativos e inativos. da lei de execução penal.69
§ 1o A prisão especial, previs- Parágrafo único. O militar pre-
Art. 294. No caso de
ta neste Código ou em outras so em flagrante delito, após a
prisão em flagrante, obser-
leis, consiste exclusivamente lavratura dos procedimentos
var-se-á o disposto no artigo
no recolhimento em local dis- legais, será recolhido a quartel
anterior, no que for aplicável.
tinto da prisão comum. da instituição a que pertencer,
Art. 295. Serão recolhidos § 2o Não havendo estabeleci- onde ficará preso à disposição
a quartéis ou a prisão especial, mento específico para o preso das autoridades competentes.
à disposição da autoridade especial, este será recolhido
competente, quando sujeitos em cela distinta do mesmo Capítulo II – Da Prisão em
a prisão antes de condenação estabelecimento. Flagrante
definitiva: 66 § 3o A cela especial poderá Art. 301. Qualquer do
I – os ministros de Estado; consistir em alojamento coleti- povo poderá e as autoridades
vo, atendidos os requisitos de
salubridade do ambiente, pela
concorrência dos fatores de
65
Lei no 13.434/2017. aeração, insolação e condicio- 67
Lei no 12.403/2011.
66
Leis nos 10.258/2001, namento térmico adequados à 68
Lei no 12.403/2011.
5.126/1966 e e 3.181/1957. existência humana. 69
Lei no 12.403/2011.

520
policiais e seus agentes deve- § 2o A falta de testemunhas Art. 307. Quando o fato
rão prender quem quer que da infração não impedirá o au- for praticado em presença da
seja encontrado em flagrante to de prisão em flagrante; mas, autoridade, ou contra esta,
delito. nesse caso, com o condutor, no exercício de suas funções,
deverão assiná-lo pelo menos constarão do auto a narração
Art. 302. Considera-se em duas pessoas que hajam tes- deste fato, a voz de prisão, as
flagrante delito quem: temunhado a apresentação do declarações que fizer o preso
preso à autoridade. e os depoimentos das teste-
I – está cometendo a infração
munhas, sendo tudo assinado
penal; § 3o Quando o acusado se re- pela autoridade, pelo preso e
II – acaba de cometê-la; cusar a assinar, não souber ou pelas testemunhas e remetido
não puder fazê-lo, o auto de imediatamente ao juiz a quem
III – é perseguido, logo após, prisão em flagrante será assi- couber tomar conhecimento
pela autoridade, pelo ofendi- nado por duas testemunhas, do fato delituoso, se não o for
do ou por qualquer pessoa, em que tenham ouvido sua leitura a autoridade que houver presi-
situação que faça presumir ser na presença deste. dido o auto.
autor da infração;
§ 4o Da lavratura do auto de
IV – é encontrado, logo depois, prisão em flagrante deverá Art. 308. Não havendo
com instrumentos, armas, ob- constar a informação sobre a autoridade no lugar em que se
jetos ou papéis que façam pre- existência de filhos, respecti- tiver efetuado a prisão, o preso
sumir ser ele autor da infração. vas idades e se possuem algu- será logo apresentado à do lu-
ma deficiência e o nome e o gar mais próximo.
Art. 303. Nas infrações contato de eventual responsá-
permanentes, entende-se o vel pelos cuidados dos filhos, Art. 309. Se o réu se livrar
agente em flagrante delito en- indicado pela pessoa presa. solto, deverá ser posto em li-
quanto não cessar a perma- berdade, depois de lavrado o
nência. Art. 305. Na falta ou no auto de prisão em flagrante.
impedimento do escrivão,
Art. 304. Apresentado o qualquer pessoa designada Art. 310. Ao receber o
preso à autoridade compe- pela autoridade lavrará o auto, auto de prisão em flagrante,
tente, ouvirá esta o condutor depois de prestado o compro- o juiz deverá fundamentada-
e colherá, desde logo, sua as- misso legal. mente:72
sinatura, entregando a este
I – relaxar a prisão ilegal; ou
cópia do termo e recibo de Art. 306. A prisão de qual-
entrega do preso. Em seguida, quer pessoa e o local onde se II – converter a prisão em fla-
procederá à oitiva das teste- encontre serão comunicados grante em preventiva, quando
munhas que o acompanharem imediatamente ao juiz compe- presentes os requisitos cons-
e ao interrogatório do acusa- tente, ao Ministério Público e tantes do art. 312 deste Códi-
do sobre a imputação que lhe à família do preso ou à pessoa go, e se revelarem inadequadas
é feita, colhendo, após cada por ele indicada.71 ou insuficientes as medidas
oitiva suas respectivas assina- cautelares diversas da prisão;
turas, lavrando, a autoridade, § 1o Em até 24 (vinte e quatro) ou
afinal, o auto.70 horas após a realização da pri-
são, será encaminhado ao juiz III – conceder liberdade provi-
§ 1o Resultando das respos- competente o auto de prisão sória, com ou sem fiança.
tas fundada suspeita contra em flagrante e, caso o autua-
o conduzido, a autoridade do não informe o nome de seu Parágrafo único. Se o juiz veri-
mandará recolhê-lo à prisão, advogado, cópia integral para ficar, pelo auto de prisão em
exceto no caso de livrar-se flagrante, que o agente pra-
a Defensoria Pública.
solto ou de prestar fiança, e ticou o fato nas condições
prosseguirá nos atos do inqué- § 2o No mesmo prazo, será en- constantes dos incisos I a III
rito ou processo, se para isso tregue ao preso, mediante reci- do caput do art. 23 do Decre-
for competente; se não o for, bo, a nota de culpa, assinada to-Lei no 2.848, de 7 de dezem-
enviará os autos à autoridade pela autoridade, com o motivo bro de 1940 – Código Penal,
que o seja. da prisão, o nome do condutor poderá, fundamentadamente,
e os das testemunhas. conceder ao acusado liberda-

70
Leis nos 13.257/2016 e
11.113/2005. 71
Lei no 12.403/2011. 72
Lei no 12.403/2011.

521
de provisória, mediante termo III – se o crime envolver violên- dela ausentar-se com autoriza-
de comparecimento a todos os cia doméstica e familiar contra ção judicial.80
atos processuais, sob pena de a mulher, criança, adolescen-
revogação. te, idoso, enfermo ou pessoa Art. 318. Poderá o juiz
com deficiência, para garantir substituir a prisão preventiva
Capítulo III – Da Prisão a execução das medidas prote- pela domiciliar quando o agen-
Preventiva tivas de urgência; te for: 81

Art. 311. Em qualquer IV – (Revogado). I – maior de 80 (oitenta) anos;


fase da investigação policial II – extremamente debilitado
ou do processo penal, cabe- Parágrafo único. Também será
por motivo de doença grave;
rá a prisão preventiva decre- admitida a prisão preventiva
tada pelo juiz, de ofício, se quando houver dúvida sobre III – imprescindível aos cuida-
no curso da ação penal, ou a identidade civil da pessoa dos especiais de pessoa menor
a requerimento do Ministério ou quando esta não fornecer de 6 (seis) anos de idade ou
Público, do querelante ou do elementos suficientes para es- com deficiência;
assistente, ou por representa- clarecê-la, devendo o preso ser
IV – gestante;
ção da autoridade policial.73 colocado imediatamente em
liberdade após a identificação, V – mulher com filho de até
Art. 312. A prisão preventi- salvo se outra hipótese recomen- 12 (doze) anos de idade
va poderá ser decretada como dar a manutenção da medida. incompletos;
garantia da ordem pública, da VI – homem, caso seja o único
ordem econômica, por conve- Art. 314. A prisão pre-
responsável pelos cuidados do
niência da instrução criminal, ventiva em nenhum caso será
filho de até 12 (doze) anos de
ou para assegurar a aplicação decretada se o juiz verificar
idade incompletos.
da lei penal, quando houver pelas provas constantes dos
prova da existência do crime e autos ter o agente pratica-
Parágrafo único. Para a substitui-
indício suficiente de autoria.74 do o fato nas condições pre-
ção, o juiz exigirá prova idônea
vistas nos incisos I, II e III do
dos requisitos estabelecidos
Parágrafo único. A prisão pre- caput do art. 23 do Decreto-Lei
neste artigo.
ventiva também poderá ser no 2.848, de 7 de dezembro de
decretada em caso de des- 1940 – Código Penal.76
Capítulo V – Das Outras
cumprimento de qualquer das Medidas Cautelares82
obrigações impostas por força Art. 315. A decisão que de-
de outras medidas cautelares cretar, substituir ou denegar a
Art. 319. São medidas
(art. 282, § 4o). prisão preventiva será sempre
cautelares diversas da prisão: 83
motivada.77
Art. 313. Nos termos do I – comparecimento periódico
art. 312 deste Código, será ad- Art. 316. O juiz poderá re- em juízo, no prazo e nas condi-
mitida a decretação da prisão vogar a prisão preventiva se, ções fixadas pelo juiz, para in-
preventiva:75 no correr do processo, verifi- formar e justificar atividades;
car a falta de motivo para que
I – nos crimes dolosos punidos II – proibição de acesso ou fre-
subsista, bem como de novo
com pena privativa de liberda- quência a determinados luga-
decretá-la, se sobrevierem ra-
de máxima superior a 4 (qua- res quando, por circunstâncias
zões que a justifiquem.78
tro) anos; relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado perma-
II – se tiver sido condenado Capítulo IV – Da Prisão necer distante desses locais
por outro crime doloso, em Domiciliar79 para evitar o risco de novas
sentença transitada em julga-
infrações;
do, ressalvado o disposto no Art. 317. A prisão domici-
inciso I do caput do art. 64 do liar consiste no recolhimento III – proibição de manter con-
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de do indiciado ou acusado em tato com pessoa determinada
dezembro de 1940 – Código sua residência, só podendo
Penal;

80
Lei no 12.403/2011.
76
Lei no 12.403/2011. 81
Leis nos 13.257/2016 e
73
Lei no 12.403/2011. 77
Lei no 12.403/2011. 12.403/2011.
74
Lei no 12.403/2011. 78
Lei no 5.349/1967. 82
Lei no 12.403/2011.
75
Lei no 12.403/2011. 79
Lei no 12.403/2011. 83
Lei no 12.403/2011.

522
quando, por circunstâncias saporte, no prazo de 24 (vinte Art. 324. Não será, igual-
relacionadas ao fato, deva o e quatro) horas.84 mente, concedida fiança: 88
indiciado ou acusado dela per- I – aos que, no mesmo proces-
manecer distante; Capítulo VI – Da so, tiverem quebrado fiança
IV – proibição de ausentar-se
Liberdade Provisória, com ou anteriormente concedida ou
da Comarca quando a perma- sem Fiança infringido, sem motivo justo,
nência seja conveniente ou ne- qualquer das obrigações a que
Art. 321. Ausentes os re- se referem os arts. 327 e 328
cessária para a investigação ou quisitos que autorizam a de- deste Código;
instrução; cretação da prisão preventiva,
II – em caso de prisão civil ou
V – recolhimento domiciliar o juiz deverá conceder liberda-
militar;
no período noturno e nos dias de provisória, impondo, se for
de folga quando o investigado o caso, as medidas cautelares III – (Revogado);
ou acusado tenha residência e previstas no art. 319 deste Có- IV – quando presentes os mo-
trabalho fixos; digo e observados os critérios tivos que autorizam a decreta-
constantes do art. 282 deste ção da prisão preventiva (art.
VI – suspensão do exercício de
Código.85 312).
função pública ou de atividade
de natureza econômica ou fi- I – (Revogado);
Art. 325. O valor da fian-
nanceira quando houver justo
II – (Revogado). ça será fixado pela autoridade
receio de sua utilização para a que a conceder nos seguintes
prática de infrações penais; Art. 322. A autoridade limites: 89
VII – internação provisória do policial somente poderá con- a) (Revogada);
acusado nas hipóteses de cri- ceder fiança nos casos de in-
mes praticados com violência fração cuja pena privativa de b) (Revogada);
ou grave ameaça, quando os liberdade máxima não seja su- c) (Revogada).
peritos concluírem ser inimpu- perior a 4 (quatro) anos.86
I – de 1 (um) a 100 (cem) salá-
tável ou semi-imputável (art.
Parágrafo único. Nos demais ca- rios mínimos, quando se tratar
26 do Código Penal) e houver de infração cuja pena privativa
risco de reiteração; sos, a fiança será requerida ao
de liberdade, no grau máximo,
juiz, que decidirá em 48 (qua-
VIII – fiança, nas infrações que não for superior a 4 (quatro)
renta e oito) horas. anos;
a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do Art. 323. Não será conce- II – de 10 (dez) a 200 (duzen-
processo, evitar a obstrução dida fiança: 87 tos) salários mínimos, quando
do seu andamento ou em ca- o máximo da pena privativa de
so de resistência injustificada à I – nos crimes de racismo; liberdade cominada for supe-
ordem judicial; II – nos crimes de tortura, rior a 4 (quatro) anos.
IX – monitoração eletrônica. tráfico ilícito de entorpecen- § 1o Se assim recomendar a si-
tes e drogas afins, terrorismo tuação econômica do preso, a
§ 1o (Revogado) e nos definidos como crimes fiança poderá ser:
§ 2o (Revogado) hediondos; I – dispensada, na forma do
§ 3o (Revogado) III – nos crimes cometidos art. 350 deste Código;
por grupos armados, civis II – reduzida até o máximo de
§ 4o A fiança será aplicada de ou militares, contra a ordem
acordo com as disposições do 2/3 (dois terços); ou
constitucional e o Estado
Capítulo VI deste Título, po- Democrático; III – aumentada em até 1.000
dendo ser cumulada com ou- (mil) vezes.
tras medidas cautelares. IV – (Revogado);
§ 2o (Revogado)
V – (Revogado).
Art. 320. A proibição de Art. 326. Para determinar
ausentar-se do País será comu- o valor da fiança, a autori-
nicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as 84
Lei no 12.403/2011.
saídas do território nacional, 85
Lei no 12.403/2011.
intimando-se o indiciado ou 86
Lei no 12.403/2011. 88
Lei no 12.403/2011.
acusado para entregar o pas- 87
Lei no 12.403/2011. 89
Lei no 12.403/2011.

523
dade terá em consideração a § 1o A avaliação de imóvel, ou Art. 335. Recusando ou
natureza da infração, as con- de pedras, objetos ou metais retardando a autoridade po-
dições pessoais de fortuna e preciosos será feita imediata- licial a concessão da fiança,
vida pregressa do acusado, as mente por perito nomeado pe- o preso, ou alguém por ele,
circunstâncias indicativas de la autoridade. poderá prestá-la, mediante
sua periculosidade, bem como simples petição, perante o juiz
a importância provável das § 2o Quando a fiança con-
sistir em caução de títulos da competente, que decidirá em
custas do processo, até final 48 (quarenta e oito) horas.91
julgamento. dívida pública, o valor será
determinado pela sua cotação
em Bolsa, e, sendo nominati- Art. 336. O dinheiro ou
Art. 327. A fiança tomada objetos dados como fiança
por termo obrigará o afian- vos, exigir-se-á prova de que se
acham livres de ônus. servirão ao pagamento das
çado a comparecer perante a custas, da indenização do
autoridade, todas as vezes que dano, da prestação pecuniária
for intimado para atos do in- Art. 331. O valor em que
consistir a fiança será recolhi- e da multa, se o réu for conde-
quérito e da instrução criminal nado.92
e para o julgamento. Quando do à repartição arrecadadora
o réu não comparecer, a fiança federal ou estadual, ou entre-
gue ao depositário público, Parágrafo único. Este dispositivo
será havida como quebrada. terá aplicação ainda no caso
juntando-se aos autos os res-
pectivos conhecimentos. da prescrição depois da sen-
Art. 328. O réu afiançado tença condenatória.
não poderá, sob pena de que-
bramento da fiança, mudar de Parágrafo único. Nos lugares em
que o depósito não se puder Art. 337. Se a fiança for
residência, sem prévia permis- declarada sem efeito ou pas-
são da autoridade processan- fazer de pronto, o valor será
entregue ao escrivão ou pes- sar em julgado sentença que
te, ou ausentar-se por mais de
soa abonada, a critério da houver absolvido o acusado
8 (oito) dias de sua residência,
autoridade, e dentro de três ou declarada extinta a ação
sem comunicar àquela autori-
dias dar-se-á ao valor o desti- penal, o valor que a constituir,
dade o lugar onde será encon-
trado. no que lhe assina este artigo, atualizado, será restituído sem
o que tudo constará do termo desconto, salvo o disposto no
Art. 329. Nos juízos crimi- de fiança. parágrafo único do art. 336
nais e delegacias de polícia, deste Código.93
haverá um livro especial, com Art. 332. Em caso de pri-
termos de abertura e de encer- são em flagrante, será compe- Art. 338. A fiança que se
ramento, numerado e rubri- tente para conceder a fiança a reconheça não ser cabível na
cado em todas as suas folhas autoridade que presidir ao res- espécie será cassada em qual-
pela autoridade, destinado pectivo auto, e, em caso de pri- quer fase do processo.
especialmente aos termos de são por mandado, o juiz que o
fiança. O termo será lavrado houver expedido, ou a auto- Art. 339. Será também
pelo escrivão e assinado pela ridade judiciária ou policial a cassada a fiança quando reco-
autoridade e por quem prestar quem tiver sido requisitada a nhecida a existência de delito
a fiança, e dele extrair-se-á cer- prisão. inafiançável, no caso de inova-
tidão para juntar-se aos autos. ção na classificação do delito.
Art. 333. Depois de pres-
Parágrafo único. O réu e quem tada a fiança, que será con- Art. 340. Será exigido o re-
prestar a fiança serão pelo es- cedida independentemente de forço da fiança:
crivão notificados das obriga- audiência do Ministério Públi-
I – quando a autoridade to-
ções e da sanção previstas nos co, este terá vista do processo
mar, por engano, fiança
arts. 327 e 328, o que constará a fim de requerer o que julgar
insuficiente;
dos autos. conveniente.
II – quando houver deprecia-
Art. 330. A fiança, que Art. 334. A fiança pode- ção material ou perecimento
será sempre definitiva, con- rá ser prestada enquanto não dos bens hipotecados ou cau-
sistirá em depósito de dinhei- transitar em julgado a senten-
ro, pedras, objetos ou metais ça condenatória.90
preciosos, títulos da dívida
pública, federal, estadual ou 91
Lei no 12.403/2011.
municipal, ou em hipoteca ins- 92
Lei no 12.403/2011.
crita em primeiro lugar. 90
Lei no 12.403/2011. 93
Lei no 12.403/2011.

524
cionados, ou depreciação dos Art. 345. No caso de
metais ou pedras preciosas; perda da fiança, o seu valor, Título X – Das
III – quando for inovada a clas- deduzidas as custas e mais en- Citações e Intimações
sificação do delito. cargos a que o acusado estiver
obrigado, será recolhido ao
Parágrafo único. A fiança ficará fundo penitenciário, na forma Capítulo I – Das Citações
sem efeito e o réu será recolhi- da lei.97
do à prisão, quando, na con- Art. 351. A citação inicial
formidade deste artigo, não Art. 346. No caso de que- far-se-á por mandado, quando
for reforçada. bramento de fiança, feitas as o réu estiver no território su-
deduções previstas no art. 345 jeito à jurisdição do juiz que a
Art. 341. Julgar-se-á que- deste Código, o valor restante houver ordenado.
brada a fiança quando o acu- será recolhido ao fundo peni-
sado:94 tenciário, na forma da lei.98 Art. 352. O mandado de
citação indicará:
I – regularmente intimado pa-
ra ato do processo, deixar de Art. 347. Não ocorrendo a I – o nome do juiz;
comparecer, sem motivo justo; hipótese do art. 345, o saldo
será entregue a quem houver II – o nome do querelante nas
II – deliberadamente praticar prestado a fiança, depois de ações iniciadas por queixa;
ato de obstrução ao andamen- deduzidos os encargos a que o III – o nome do réu, ou, se for
to do processo; réu estiver obrigado. desconhecido, os seus sinais
III – descumprir medida caute- característicos;
lar imposta cumulativamente Art. 348. Nos casos em
IV – a residência do réu, se for
com a fiança; que a fiança tiver sido prestada
conhecida;
por meio de hipoteca, a execu-
IV – resistir injustificadamente V – o fim para que é feita a
ção será promovida no juízo
a ordem judicial; citação;
cível pelo órgão do Ministério
V – praticar nova infração pe- Público. VI – o juízo e o lugar, o dia e
nal dolosa. a hora em que o réu deverá
Art. 349. Se a fiança con- comparecer;
Art. 342. Se vier a ser re- sistir em pedras, objetos ou
formado o julgamento em que metais preciosos, o juiz deter- VII – a subscrição do escrivão e
se declarou quebrada a fiança, minará a venda por leiloeiro ou a rubrica do juiz.
esta subsistirá em todos os corretor.
seus efeitos. Art. 353. Quando o réu es-
tiver fora do território da juris-
Art. 350. Nos casos em
Art. 343. O quebramen- dição do juiz processante, será
que couber fiança, o juiz, veri-
to injustificado da fiança im- citado mediante precatória.
ficando a situação econômica
portará na perda de metade
do preso, poderá conceder-lhe Art. 354. A precatória in-
do seu valor, cabendo ao juiz
liberdade provisória, sujeitan- dicará:
decidir sobre a imposição de
outras medidas cautelares ou, do-o às obrigações constantes
dos arts. 327 e 328 deste Códi- I – o juiz deprecado e o juiz
se for o caso, a decretação da deprecante;
prisão preventiva.95 go e a outras medidas cautela-
res, se for o caso.99 II – a sede da jurisdição de um
Ar t. 344. Entender-se-á e de outro;
perdido, na totalidade, o va- Parágrafo único. Se o beneficia-
do descumprir, sem motivo III – o fim para que é fei-
lor da fiança, se, condenado, ta a citação, com todas as
o acusado não se apresentar justo, qualquer das obrigações
especificações;
para o início do cumprimento ou medidas impostas, apli-
da pena definitivamente im- car-se-á o disposto no § 4o do IV – o juízo do lugar, o dia e
posta.96 art. 282 deste Código. a hora em que o réu deverá
comparecer.

Art. 355. A precatória será


94
Lei no 12.403/2011. 97
Lei no 12.403/2011. devolvida ao juiz deprecante,
95
Lei no 12.403/2011. 98
Lei no 12.403/2011. independentemente de trasla-
96
Lei no 12.403/2011. 99
Lei no 12.403/2011. do, depois de lançado o “cum-

525
pra-se” e de feita a citação por Art. 362. Verificando que III – o fim para que é feita a
mandado do juiz deprecado. o réu se oculta para não ser citação;
citado, o oficial de justiça
§ 1o Verificado que o réu se IV – o juízo e o dia, a hora e
certificará a ocorrência e pro-
encontra em território sujeito cederá à citação com hora cer- o lugar em que o réu deverá
à jurisdição de outro juiz, a ta, na forma estabelecida nos comparecer;
este remeterá o juiz deprecado arts. 227 a 229 da Lei no 5.869,
os autos para efetivação da di- V – o prazo, que será contado
de 11 de janeiro de 1973 – Có- do dia da publicação do edital
ligência, desde que haja tempo digo de Processo Civil.101
para fazer-se a citação. na imprensa, se houver, ou da
sua afixação.
§ 2o Certificado pelo oficial de Parágrafo único. Completada a
justiça que o réu se oculta pa- citação com hora certa, se o Parágrafo único. O edital será afi-
ra não ser citado, a precatória acusado não comparecer, ser- xado à porta do edifício onde
será imediatamente devolvida, lhe-á nomeado defensor dati-
funcionar o juízo e será pu-
para o fim previsto no art. 362. vo.
blicado pela imprensa, onde
Art. 363. O processo terá houver, devendo a afixação ser
Art. 356. Se houver urgên- certificada pelo oficial que a ti-
cia, a precatória, que conterá completada a sua formação
quando realizada a citação do ver feito e a publicação prova-
em resumo os requisitos enu- da por exemplar do jornal ou
merados no art. 354, poderá acusado.102
certidão do escrivão, da qual
ser expedida por via telegrá- I – (Revogado); conste a página do jornal com
fica, depois de reconhecida a a data da publicação.
firma do juiz, o que a estação II – (Revogado).
expedidora mencionará. § 1o Não sendo encontrado o Art. 366. Se o acusado, ci-
acusado, será procedida a ci- tado por edital, não compare-
Art. 357. São requisitos da tação por edital.
cer, nem constituir advogado,
citação por mandado:
§ 2o (Vetado) ficarão suspensos o processo
I – leitura do mandado ao ci- e o curso do prazo prescricio-
§ 3o (Vetado)
tando pelo oficial e entrega da nal, podendo o juiz determinar
contrafé, na qual se menciona- § 4o Comparecendo o acu- a produção antecipada das
rão dia e hora da citação; sado citado por edital, em provas consideradas urgentes
qualquer tempo, o proces- e, se for o caso, decretar pri-
II – declaração do oficial, na so observará o disposto nos
certidão, da entrega da contra- são preventiva, nos termos do
arts. 394 e seguintes deste disposto no art. 312.103
fé, e sua aceitação ou recusa. Código.
§ 1o (Revogado)
Art. 358. A citação do mi- Art. 364. No caso do arti-
litar far-se-á por intermédio do § 2o (Revogado)
go anterior, no I, o prazo será
chefe do respectivo serviço. fixado pelo juiz entre 15 (quin-
Art. 367. O processo se-
ze) e 90 (noventa) dias, de
Art. 359. O dia designa- guirá sem a presença do acu-
acordo com as circunstâncias,
do para funcionário público e, no caso do no II, o prazo será sado que, citado ou intimado
comparecer em juízo, como de trinta dias. pessoalmente para qualquer
acusado, será notificado assim ato, deixar de comparecer sem
a ele como ao chefe de sua re- Art. 365. O edital de cita- motivo justificado, ou, no caso
partição. ção indicará: de mudança de residência, não
comunicar o novo endereço ao
Art. 360. Se o réu estiver I – o nome do juiz que a juízo.104
preso, será pessoalmente cita- determinar;
do.100 II – o nome do réu, ou, se não Art. 368. Estando o acu-
for conhecido, os seus sinais sado no estrangeiro, em lugar
Art. 361. Se o réu não for característicos, bem como sua sabido, será citado mediante
encontrado, será citado por residência e profissão, se cons- carta rogatória, suspendendo-
edital, com o prazo de 15 tarem do processo;
(quinze) dias.

103
Leis nos 11.719/2008 e
101
Lei no 11.719/2008. 9.271/1996.
100
Lei no 10.792/2003. 102
Lei no 11.719/2008. 104
Lei no 9.271/1996.

526
se o curso do prazo de prescri- testemunhas, dia e hora para II – se aplicadas na sentença de
ção até o seu cumprimento.105 seu prosseguimento, do que se pronúncia, pela decisão que,
lavrará termo nos autos. em grau de recurso, a confir-
Art. 369. As citações que mar, total ou parcialmente, ou
houverem de ser feitas em pela sentença condenatória
legações estrangeiras serão recorrível;
efetuadas mediante carta ro- Título XI – Da III – se aplicadas na decisão a
gatória.106 Aplicação Provisória de que se refere o no III do artigo
Interdições de Direitos e anterior, pela sentença conde-
Capítulo II – Das Medidas de Segurança natória recorrível.
Intimações
Art. 370. Nas intimações Art. 373. A aplicação pro- Art. 375. O despacho que
dos acusados, das testemu- visória de interdições de direi- aplicar, provisoriamente, subs-
nhas e demais pessoas que de- tos poderá ser determinada tituir ou revogar interdição de
vam tomar conhecimento de pelo juiz, de ofício, ou a reque- direito, será fundamentado.
qualquer ato, será observado, rimento do Ministério Público,
no que for aplicável, o dispos- do querelante, do assistente, Art. 376. A decisão que
to no Capítulo anterior.107 do ofendido, ou de seu repre- impronunciar ou absolver o
sentante legal, ainda que este réu fará cessar a aplicação
§ 1o A intimação do defensor não se tenha constituído como provisória da interdição ante-
constituído, do advogado do assistente: riormente determinada.
querelante e do assistente far-
se-á por publicação no órgão I – durante a instrução criminal Art. 377. Transitando em
incumbido da publicidade dos após a apresentação da defesa julgado a sentença condenató-
atos judiciais da comarca, in- ou do prazo concedido para ria, serão executadas somente
cluindo, sob pena de nulidade, esse fim; as interdições nela aplicadas
o nome do acusado. II – na sentença de pronúncia; ou que derivarem da imposi-
§ 2o Caso não haja órgão de ção da pena principal.
III – na decisão confirmatória
publicação dos atos judiciais
da pronúncia ou na que, em Art. 378. A aplicação pro-
na comarca, a intimação far-se-
grau de recurso, pronunciar o visória de medida de seguran-
-á diretamente pelo escrivão,
réu; ça obedecerá ao disposto nos
por mandado, ou via postal
com comprovante de recebi- IV – na sentença condenatória artigos anteriores, com as mo-
mento, ou por qualquer outro recorrível. dificações seguintes:
meio idôneo. I – o juiz poderá aplicar, pro-
§ 1o No caso do no I, havendo
§ 3 A intimação pessoal, fei-
o
requerimento de aplicação da visoriamente, a medida de
ta pelo escrivão, dispensará a medida, o réu ou seu defen- segurança, de ofício, ou a
aplicação a que alude o § 1o. sor será ouvido no prazo de 2 requerimento do Ministério
(dois) dias. Público;
§ 4o A intimação do Ministé-
rio Público e do defensor no- § 2o Decretada a medida, se- II – a aplicação poderá ser de-
meado será pessoal. rão feitas as comunicações ne- terminada ainda no curso do
cessárias para a sua execução, inquérito, mediante represen-
Art. 371. Será admissível na forma do disposto no Capí- tação da autoridade policial;
a intimação por despacho na tulo III do Título II do Livro IV. III – a aplicação provisória de
petição em que for requeri- medida de segurança, a subs-
da, observado o disposto no Art. 374. Não caberá re- tituição ou a revogação da an-
art. 357. curso do despacho ou da par- teriormente aplicada poderão
te da sentença que decretar ou ser determinadas, também, na
Art. 372. Adiada, por denegar a aplicação provisória sentença absolutória;
qualquer motivo, a instrução de interdições de direitos, mas
criminal, o juiz marcará desde estas poderão ser substituídas IV – decretada a medida, aten-
logo, na presença das partes e ou revogadas: der-se-á ao disposto no Tí-
tulo V do Livro IV, no que for
I – se aplicadas no curso da aplicável.
instrução criminal, durante
105
Lei no 9.271/1996. esta ou pelas sentenças a que Art. 379. Transitando em
106
Lei no 9.271/1996. se referem os nos II, III e IV do julgado a sentença, observar-
107
Lei no 9.271/1996. artigo anterior; se-á, quanto à execução das

527
medidas de segurança definiti- § 2o Tratando-se de infração nhecer agravantes, embora ne-
vamente aplicadas, o disposto da competência de outro juí- nhuma tenha sido alegada.
no Título V do Livro IV. zo, a este serão encaminhados
os autos. Art. 386. O juiz absolverá
Art. 380. A aplicação pro- o réu, mencionando a causa
visória de medida de segu- Art. 384. Encerrada a ins- na parte dispositiva, desde que
rança obstará à concessão de trução probatória, se entender reconheça:110
fiança, e tornará sem efeito a cabível nova definição jurídica I – estar provada a inexistência
anteriormente concedida. do fato, em consequência de do fato;
prova existente nos autos de
elemento ou circunstância da II – não haver prova da existên-
infração penal não contida na cia do fato;
Título XII – Da Sentença acusação, o Ministério Público III – não constituir o fato infra-
deverá aditar a denúncia ou ção penal;
Art. 381. A sentença con- queixa, no prazo de 5 (cinco)
dias, se em virtude desta hou- IV – estar provado que o réu
terá:
ver sido instaurado o proces- não concorreu para a infração
I – os nomes das partes ou, so em crime de ação pública, penal;
quando não possível, as in- reduzindo-se a termo o adita- V – não existir prova de ter o
dicações necessárias para mento, quando feito oralmen- réu concorrido para a infração
identificá-las; te.109 penal;
II – a exposição sucinta da acu- § 1o Não procedendo o órgão VI – existirem circunstâncias
sação e da defesa; do Ministério Público ao adita- que excluam o crime ou isen-
III – a indicação dos motivos mento, aplica-se o art. 28 des- tem o réu de pena (arts. 20, 21,
de fato e de direito em que se te Código. 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, to-
fundar a decisão; § 2o Ouvido o defensor do dos do Código Penal), ou mes-
acusado no prazo de 5 (cinco) mo se houver fundada dúvida
IV – a indicação dos artigos de
dias e admitido o aditamento, sobre sua existência;
lei aplicados;
o juiz, a requerimento de qual- VII – não existir prova suficien-
V – o dispositivo; quer das partes, designará dia te para a condenação.
VI – a data e a assinatura do e hora para continuação da
juiz. audiência, com inquirição de Parágrafo único. Na sentença ab-
testemunhas, novo interroga- solutória, o juiz:
Art. 382. Qualquer das tório do acusado, realização
de debates e julgamento. I – mandará, se for o caso, pôr
partes poderá, no prazo de 2
o réu em liberdade;
(dois) dias, pedir ao juiz que § 3o Aplicam-se as disposi-
declare a sentença, sempre ções dos §§ 1o e 2o do art. 383 II – ordenará a cessação das
que nela houver obscuridade, ao caput deste artigo. medidas cautelares e proviso-
ambiguidade, contradição ou riamente aplicadas;
omissão. § 4o Havendo aditamento,
cada parte poderá arrolar até III – aplicará medida de segu-
3 (três) testemunhas, no pra- rança, se cabível.
Art. 383. O juiz, sem mo-
dificar a descrição do fato con- zo de 5 (cinco) dias, ficando o
juiz, na sentença, adstrito aos Art. 387. O juiz, ao profe-
tida na denúncia ou queixa,
termos do aditamento. rir sentença condenatória:111
poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em § 5o Não recebido o aditamen- I – mencionará as circunstân-
consequência, tenha de aplicar to, o processo prosseguirá. cias agravantes ou atenuantes
pena mais grave.108 definidas no Código Penal, e
cuja existência reconhecer;
§ 1o Se, em consequência de Art. 385. Nos crimes de
definição jurídica diversa, hou- ação pública, o juiz poderá II – mencionará as outras cir-
ver possibilidade de proposta proferir sentença condena- cunstâncias apuradas e tudo
de suspensão condicional do tória, ainda que o Ministério o mais que deva ser levado em
processo, o juiz procederá de Público tenha opinado pela
acordo com o disposto na lei. absolvição, bem como reco-

110
Lei no 11.690/2008.
111
Leis nos 12.736/2012 e
108
Lei no 11.719/2008. 109
Lei no 11.719/2008. 11.719/2008.

528
conta na aplicação da pena, Art. 390. O escrivão, den- do no edital, salvo se, no curso
de acordo com o disposto nos tro de três dias após a publica- deste, for feita a intimação por
arts. 59 e 60 do Decreto-Lei ção, e sob pena de suspensão qualquer das outras formas
no 2.848, de 7 de dezembro de de cinco dias, dará conheci- estabelecidas neste artigo.
1940 – Código Penal; mento da sentença ao órgão
do Ministério Público. Art. 393. (Revogado)113
III – aplicará as penas de acor-
do com essas conclusões; Art. 391. O querelante ou
IV – fixará valor mínimo para o assistente será intimado da
reparação dos danos causa- sentença, pessoalmente ou na Livro II – Dos
dos pela infração, consideran- pessoa de seu advogado. Se
do os prejuízos sofridos pelo nenhum deles for encontrado Processos em Espécie
ofendido; no lugar da sede do juízo, a
intimação será feita mediante
V – atenderá, quanto à aplica- edital com o prazo de 10 dias,
ção provisória de interdições afixado no lugar de costume. Título I – Do
de direitos e medidas de segu- Processo Comum
rança, ao disposto no Título Xl Art. 392. A intimação da
deste Livro; sentença será feita:
VI – determinará se a sentença I – ao réu, pessoalmente, se es- Capítulo I – Da Instrução
deverá ser publicada na ínte- tiver preso; Criminal
gra ou em resumo e designará
o jornal em que será feita a pu- II – ao réu, pessoalmente, ou Art. 394. O procedimento
blicação (art. 73, § 1o, do Có- ao defensor por ele constituí- será comum ou especial.114
do, quando se livrar solto, ou,
digo Penal).112 § 1o O procedimento comum
sendo afiançável a infração, ti-
§ 1o O juiz decidirá, funda- ver prestado fiança; será ordinário, sumário ou
mentadamente, sobre a ma- sumaríssimo:
III – ao defensor constituído
nutenção ou, se for o caso, a I – ordinário, quando tiver por
pelo réu, se este, afiançável,
imposição de prisão preventiva ou não, a infração, expedido objeto crime cuja sanção má-
ou de outra medida cautelar, o mandado de prisão, não ti- xima cominada for igual ou
sem prejuízo do conhecimen- ver sido encontrado, e assim o superior a 4 (quatro) anos de
to de apelação que vier a ser certificar o oficial de justiça; pena privativa de liberdade;
interposta.
IV – mediante edital, nos casos II – sumário, quando tiver por
§ 2o O tempo de prisão provi- do no II, se o réu e o defensor objeto crime cuja sanção má-
sória, de prisão administrativa que houver constituído não xima cominada seja inferior a
ou de internação, no Brasil ou forem encontrados, e assim o 4 (quatro) anos de pena priva-
no estrangeiro, será computa- certificar o oficial de justiça; tiva de liberdade;
do para fins de determinação
do regime inicial de pena pri- V – mediante edital, nos casos III – sumaríssimo, para as in-
vativa de liberdade. do no III, se o defensor que o frações penais de menor po-
réu houver constituído tam- tencial ofensivo, na forma da
Art. 388. A sentença po- bém não for encontrado, e lei.
derá ser datilografada e neste assim o certificar o oficial de
justiça; § 2o Aplica-se a todos os pro-
caso o juiz a rubricará em to- cessos o procedimento co-
das as folhas. VI – mediante edital, se o réu, mum, salvo disposições em
não tendo constituído de- contrário deste Código ou de
Art. 389. A sentença será fensor, não for encontrado, e lei especial.
publicada em mão do escri- assim o certificar o oficial de
vão, que lavrará nos autos o justiça. § 3o Nos processos de com-
respectivo termo, registrando- petência do Tribunal do Júri,
§ 1o O prazo do edital será de o procedimento observará as
-a em livro especialmente des-
90 dias, se tiver sido imposta
tinado a esse fim. disposições estabelecidas nos
pena privativa de liberdade
arts. 406 a 497 deste Código.
por tempo igual ou superior a
um ano, e de 60 dias, nos ou-
tros casos.
NE: o dispositivo mencionado
112

é o do texto original do Código § 2o O prazo para apelação 113


Lei no 12.403/2011.
Penal. correrá após o término do fixa- 114
Lei no 11.719/2008.

529
§ 4o As disposições dos especificar as provas preten- der público providenciar sua
arts. 395 a 398 deste Código didas e arrolar testemunhas, apresentação.
aplicam-se a todos os proce- qualificando-as e requerendo
dimentos penais de primeiro § 2o O juiz que presidiu a
sua intimação, quando neces-
grau, ainda que não regulados sário.118 instrução deverá proferir a
neste Código. sentença.
§ 1o A exceção será proces-
§ 5 Aplicam-se subsidiaria-
o
sada em apartado, nos ter- Art. 400. Na audiência de
mente aos procedimentos es- mos dos arts. 95 a 112 deste instrução e julgamento, a ser
pecial, sumário e sumaríssimo Código. realizada no prazo máximo de
as disposições do procedimen- 60 (sessenta) dias, proceder-
to ordinário. § 2o Não apresentada a res-
posta no prazo legal, ou se o se-á à tomada de declarações
acusado, citado, não consti- do ofendido, à inquirição das
Art. 394-A. Os processos testemunhas arroladas pela
que apurem a prática de crime tuir defensor, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la, con- acusação e pela defesa, nesta
hediondo terão prioridade de ordem, ressalvado o disposto
tramitação em todas as ins- cedendo-lhe vista dos autos
por 10 (dez) dias. no art. 222 deste Código, bem
tâncias.115
como aos esclarecimentos dos
Art. 397. Após o cum- peritos, às acareações e ao
Art. 395. A denúncia ou
primento do disposto no reconhecimento de pessoas e
queixa será rejeitada quan-
do:116 art. 396-A, e parágrafos, deste coisas, interrogando-se, em
Código, o juiz deverá absol- seguida, o acusado.122
I – for manifestamente inepta; ver sumariamente o acusado § 1o As provas serão pro-
II – faltar pressuposto proces- quando verificar:119 duzidas numa só audiência,
sual ou condição para o exer- I – a existência manifesta de podendo o juiz indeferir as
cício da ação penal; ou causa excludente da ilicitude consideradas irrelevantes, im-
III – faltar justa causa para o do fato; pertinentes ou protelatórias.
exercício da ação penal. II – a existência manifesta § 2o Os esclarecimentos dos
de causa excludente da cul- peritos dependerão de prévio
Parágrafo único. (Revogado) pabilidade do agente, salvo requerimento das partes.
inimputabilidade;
Art. 396. Nos procedi- Art. 401. Na instrução
mentos ordinário e sumário, III – que o fato narrado eviden-
temente não constitui crime; poderão ser inquiridas até 8
oferecida a denúncia ou quei-
ou (oito) testemunhas arroladas
xa, o juiz, se não a rejeitar
pela acusação e 8 (oito) pela
liminarmente, recebê-la-á e or- IV – extinta a punibilidade do defesa.123
denará a citação do acusado agente.
para responder à acusação, § 1o Nesse número não se
por escrito, no prazo de 10 Art. 398. (Revogado) 120 compreendem as que não
(dez) dias.117 prestem compromisso e as
Art. 399. Recebida a de- referidas.
Parágrafo único. No caso de cita- núncia ou queixa, o juiz de-
ção por edital, o prazo para a § 2o A parte poderá desistir
signará dia e hora para a da inquirição de qualquer das
defesa começará a fluir a par- audiência, ordenando a inti-
tir do comparecimento pesso- testemunhas arroladas, ressal-
mação do acusado, de seu de- vado o disposto no art. 209
al do acusado ou do defensor fensor, do Ministério Público
constituído. deste Código.
e, se for o caso, do querelante
e do assistente.121 Art. 402. Produzidas as
Art. 396-A. Na resposta,
o acusado poderá arguir pre- § 1o O acusado preso será re- provas, ao final da audiência,
liminares e alegar tudo o que quisitado para comparecer ao o Ministério Público, o quere-
interesse à sua defesa, oferecer interrogatório, devendo o po- lante e o assistente e, a seguir,
documentos e justificações, o acusado poderão requerer
diligências cuja necessidade

118
Lei no 11.719/2008.
115
Lei no 13.285/2016. 119
Lei no 11.719/2008.
116
Lei no 11.719/2008. 120
Lei no 11.719/2008. 122
Lei no 11.719/2008.
117
Lei no 11.719/2008. 121
Lei no 11.719/2008. 123
Lei no 11.719/2008.

530
se origine de circunstâncias ou tendo breve resumo dos fatos provas pretendidas e arrolar
fatos apurados na instrução.124 relevantes nela ocorridos.127 testemunhas, até o máximo
de 8 (oito), qualificando-as
§ 1o Sempre que possível, o
Art. 403. Não havendo re- e requerendo sua intimação,
registro dos depoimentos do
querimento de diligências, ou quando necessário.
investigado, indiciado, ofen-
sendo indeferido, serão ofere-
dido e testemunhas será feito
cidas alegações finais orais por Art. 407. As exceções se-
pelos meios ou recursos de
20 (vinte) minutos, respectiva- rão processadas em apartado,
gravação magnética, estenoti-
mente, pela acusação e pela nos termos dos arts. 95 a 112
pia, digital ou técnica similar,
defesa, prorrogáveis por mais deste Código.
inclusive audiovisual, destina-
10 (dez), proferindo o juiz, a
da a obter maior fidelidade das
seguir, sentença.125 Art. 408. Não apresenta-
informações.
§ 1 Havendo mais de um
o da a resposta no prazo legal,
§ 2o No caso de registro por o juiz nomeará defensor para
acusado, o tempo previsto
meio audiovisual, será enca- oferecê-la em até 10 (dez)
para a defesa de cada um será
minhado às partes cópia do dias, concedendo-lhe vista dos
individual.
registro original, sem necessi- autos.
§ 2o Ao assistente do Minis- dade de transcrição.
tério Público, após a manifes- Art. 409. Apresentada a
tação desse, serão concedidos Capítulo II – Do defesa, o juiz ouvirá o Minis-
10 (dez) minutos, prorrogan- Procedimento Relativo aos tério Público ou o querelante
do-se por igual período o tem- Processos da Competência do sobre preliminares e documen-
po de manifestação da defesa. Tribunal do Júri128 tos, em 5 (cinco) dias.
§ 3o O juiz poderá, considera-
da a complexidade do caso ou Art. 410. O juiz determi-
o número de acusados, conce-
Seção I – Da Acusação e da nará a inquirição das teste-
der às partes o prazo de 5 (cin- Instrução Preliminar munhas e a realização das
co) dias sucessivamente para diligências requeridas pelas
Art. 406. O juiz, ao rece-
a apresentação de memoriais. partes, no prazo máximo de
ber a denúncia ou a queixa,
Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias.
ordenará a citação do acusa-
10 (dez) dias para proferir a
do para responder a acusação,
sentença. Art. 411. Na audiência de
por escrito, no prazo de 10
instrução, proceder-se-á à to-
(dez) dias.
Art. 404. Ordenado di- mada de declarações do ofen-
ligência considerada im- § 1o O prazo previsto no caput dido, se possível, à inquirição
prescindível, de ofício ou a deste artigo será contado a das testemunhas arroladas
requerimento da parte, a au- partir do efetivo cumprimento pela acusação e pela defesa,
diência será concluída sem as do mandado ou do compare- nesta ordem, bem como aos
alegações finais.126 cimento, em juízo, do acusado esclarecimentos dos peritos,
ou de defensor constituído, no às acareações e ao reconhe-
Parágrafo único. Realizada, em caso de citação inválida ou por cimento de pessoas e coisas,
seguida, a diligência determi- edital. interrogando-se, em seguida,
nada, as partes apresentarão, o acusado e procedendo-se o
§ 2o A acusação deverá arro-
no prazo sucessivo de 5 (cin- debate.
lar testemunhas, até o máximo
co) dias, suas alegações finais,
de 8 (oito), na denúncia ou na § 1o Os esclarecimentos dos
por memorial, e, no prazo de
queixa. peritos dependerão de prévio
10 (dez) dias, o juiz proferirá a
sentença. § 3o Na resposta, o acusado requerimento e de deferimen-
poderá arguir preliminares e to pelo juiz.
Art. 405. Do ocorrido em alegar tudo que interesse a sua § 2o As provas serão produ-
audiência será lavrado termo defesa, oferecer documentos zidas em uma só audiência,
em livro próprio, assinado e justificações, especificar as podendo o juiz indeferir as
pelo juiz e pelas partes, con- consideradas irrelevantes, im-
pertinentes ou protelatórias.
127
Lei no 11.719/2008. § 3o Encerrada a instrução
124
Lei no 11.719/2008. 128
NE: este capítulo sofreu pro- probatória, observar-se-á,
125
Lei no 11.719/2008. fundas modificações por força da se for o caso, o disposto no
126
Lei no 11.719/2008. Lei no 11.689/2008. art. 384 deste Código.

531
§ 4o As alegações serão orais, as circunstâncias qualificado- Art. 416. Contra a sen-
concedendo-se a palavra, res- ras e as causas de aumento de tença de impronúncia ou de
pectivamente, à acusação e à pena. absolvição sumária caberá
defesa, pelo prazo de 20 (vin- apelação.
te) minutos, prorrogáveis por § 2o Se o crime for afiançá-
mais 10 (dez). vel, o juiz arbitrará o valor
Art. 417. Se houver indí-
da fiança para a concessão
cios de autoria ou de partici-
§ 5 Havendo mais de 1 (um)
o
ou manutenção da liberdade
acusado, o tempo previsto pação de outras pessoas não
provisória. incluídas na acusação, o juiz,
para a acusação e a defesa de
cada um deles será individual. § 3o O juiz decidirá, motiva- ao pronunciar ou impronun-
damente, no caso de manuten- ciar o acusado, determinará
§ 6o Ao assistente do Minis- ção, revogação ou substituição o retorno dos autos ao Minis-
tério Público, após a manifes- da prisão ou medida restritiva tério Público, por 15 (quinze)
tação deste, serão concedidos de liberdade anteriormente dias, aplicável, no que couber,
10 (dez) minutos, prorrogan- decretada e, tratando-se de o art. 80 deste Código.
do-se por igual período o tem- acusado solto, sobre a necessi-
po de manifestação da defesa. dade da decretação da prisão Art. 418. O juiz poderá
§ 7o Nenhum ato será adiado, ou imposição de quaisquer das dar ao fato definição jurídica
salvo quando imprescindível à medidas previstas no Título IX diversa da constante da acusa-
prova faltante, determinando do Livro I deste Código. ção, embora o acusado fique
o juiz a condução coercitiva de sujeito a pena mais grave.
quem deva comparecer. Art. 414. Não se conven-
cendo da materialidade do Art. 419. Quando o juiz se
§ 8 A testemunha que com-
o
fato ou da existência de indí- convencer, em discordância
parecer será inquirida, inde- cios suficientes de autoria ou com a acusação, da existência
pendentemente da suspensão de crime diverso dos referidos
de participação, o juiz, funda-
da audiência, observada em no § 1o do art. 74 deste Código
mentadamente, impronuncia-
qualquer caso a ordem estabe- e não for competente para o
rá o acusado.
lecida no caput deste artigo. julgamento, remeterá os autos
§ 9o Encerrados os debates, o Parágrafo único. Enquanto não ao juiz que o seja.
juiz proferirá a sua decisão, ou ocorrer a extinção da punibi-
o fará em 10 (dez) dias, orde- lidade, poderá ser formulada Parágrafo único. Remetidos os
nando que os autos para isso nova denúncia ou queixa se autos do processo a outro juiz,
lhe sejam conclusos. houver prova nova. à disposição deste ficará o
acusado preso.
Art. 412. O procedimento Art. 415. O juiz, funda-
será concluído no prazo máxi- mentadamente, absolverá des- Art. 420. A intimação da
mo de 90 (noventa) dias. de logo o acusado, quando: decisão de pronúncia será fei-
ta:
I – provada a inexistência do
fato; I – pessoalmente ao acusado,
Seção II – Da Pronúncia, da ao defensor nomeado e ao Mi-
Impronúncia e da Absolvição II – provado não ser ele autor nistério Público;
Sumária ou partícipe do fato;
II – ao defensor constituído, ao
Art. 413. O juiz, funda- III – o fato não constituir infra- querelante e ao assistente do
mentadamente, pronunciará ção penal; Ministério Público, na forma
o acusado, se convencido da IV – demonstrada causa de do disposto no § 1o do art. 370
materialidade do fato e da isenção de pena ou de exclu- deste Código.
existência de indícios suficien- são do crime.
tes de autoria ou de participa- Parágrafo único. Será intimado
ção. Parágrafo único. Não se apli- por edital o acusado solto que
ca o disposto no inciso IV do não for encontrado.
§ 1o A fundamentação da pro-
núncia limitar-se-á à indicação caput deste artigo ao caso de
Art. 421. Preclusa a de-
da materialidade do fato e da inimputabilidade prevista no
cisão de pronúncia, os autos
existência de indícios suficien- caput do art. 26 do Decreto-Lei
serão encaminhados ao juiz
tes de autoria ou de participa- no 2.848, de 7 de dezembro
presidente do Tribunal do Júri.
ção, devendo o juiz declarar o de 1940 – Código Penal, salvo
dispositivo legal em que julgar quando esta for a única tese § 1o Ainda que preclusa a de-
incurso o acusado e especificar defensiva. cisão de pronúncia, havendo

532
circunstância superveniente cerramento da reunião, para a § 3o Os nomes e endereços
que altere a classificação do realização de julgamento. dos alistados, em cartões
crime, o juiz ordenará a re- iguais, após serem verificados
messa dos autos ao Ministério na presença do Ministério Pú-
Público. Seção IV – Do Alistamento blico, de advogado indicado
dos Jurados pela Seção local da Ordem
§ 2o Em seguida, os autos dos Advogados do Brasil e de
serão conclusos ao juiz para Art. 425. Anualmente, se- defensor indicado pelas De-
decisão. rão alistados pelo presiden- fensorias Públicas competen-
te do Tribunal do Júri de 800 tes, permanecerão guardados
(oitocentos) a 1.500 (um mil em urna fechada a chave, sob
Seção III – Da Preparação e quinhentos) jurados nas co- a responsabilidade do juiz
do Processo para Julgamento marcas de mais de 1.000.000 presidente.
em Plenário (um milhão) de habitantes, de § 4o O jurado que tiver inte-
300 (trezentos) a 700 (sete- grado o Conselho de Sentença
Art. 422. Ao receber os centos) nas comarcas de mais
autos, o presidente do Tribu- nos 12 (doze) meses que ante-
de 100.000 (cem mil) habi- cederem à publicação da lista
nal do Júri determinará a inti- tantes e de 80 (oitenta) a 400
mação do órgão do Ministério geral fica dela excluído.
(quatrocentos) nas comarcas
Público ou do querelante, no de menor população. § 5o Anualmente, a lista geral
caso de queixa, e do defensor, de jurados será, obrigatoria-
para, no prazo de 5 (cinco) § 1o Nas comarcas onde for mente, completada.
dias, apresentarem rol de tes- necessário, poderá ser au-
temunhas que irão depor em mentado o número de jurados
plenário, até o máximo de 5 e, ainda, organizada lista de Seção V – Do
(cinco), oportunidade em que suplentes, depositadas as cé- Desaforamento
poderão juntar documentos e dulas em urna especial, com
requerer diligência. as cautelas mencionadas na Art. 427. Se o interesse
parte final do § 3o do art. 426 da ordem pública o reclamar
Art. 423. Deliberando so- deste Código. ou houver dúvida sobre a im-
bre os requerimentos de pro- parcialidade do júri ou a se-
§ 2o O juiz presidente requisi-
vas a serem produzidas ou gurança pessoal do acusado,
tará às autoridades locais, as-
exibidas no plenário do júri, e o Tribunal, a requerimento
sociações de classe e de bairro,
adotadas as providências devi- do Ministério Público, do as-
entidades associativas e cul- sistente, do querelante ou do
das, o juiz presidente: turais, instituições de ensino acusado ou mediante repre-
I – ordenará as diligências ne- em geral, universidades, sindi- sentação do juiz competente,
cessárias para sanar qualquer catos, repartições públicas e poderá determinar o desafora-
nulidade ou esclarecer fato outros núcleos comunitários a mento do julgamento para ou-
que interesse ao julgamento indicação de pessoas que reú- tra comarca da mesma região,
da causa; nam as condições para exercer onde não existam aqueles mo-
a função de jurado. tivos, preferindo-se as mais
II – fará relatório sucinto do próximas.
processo, determinando sua Art. 426. A lista geral dos
inclusão em pauta da reunião jurados, com indicação das § 1o O pedido de desafora-
do Tribunal do Júri. respectivas profissões, será mento será distribuído ime-
publicada pela imprensa até o diatamente e terá preferência
Art. 424. Quando a lei lo- dia 10 de outubro de cada ano de julgamento na Câmara ou
cal de organização judiciária e divulgada em editais afixados Turma competente.
não atribuir ao presidente do à porta do Tribunal do Júri. § 2o Sendo relevantes os moti-
Tribunal do Júri o preparo para vos alegados, o relator poderá
julgamento, o juiz competente § 1 A lista poderá ser altera-
o

da, de ofício ou mediante re- determinar, fundamentada-


remeter-lhe-á os autos do pro- mente, a suspensão do julga-
clamação de qualquer do povo
cesso preparado até 5 (cinco) mento pelo júri.
ao juiz presidente até o dia 10
dias antes do sorteio a que se
de novembro, data de sua pu- § 3o Será ouvido o juiz presi-
refere o art. 433 deste Código.
blicação definitiva. dente, quando a medida não
Parágrafo único. Deverão ser tiver sido por ele solicitada.
§ 2o Juntamente com a lista,
remetidos, também, os pro- serão transcritos os arts. 436 a § 4o Na pendência de recurso
cessos preparados até o en- 446 deste Código. contra a decisão de pronúncia

533
ou quando efetivado o julga- obedecida a ordem prevista no mente incluído para as reuni-
mento, não se admitirá o pe- caput deste artigo. ões futuras.
dido de desaforamento, salvo,
§ 2o O juiz presidente reser-
nesta última hipótese, quanto Art. 434. Os jurados sor-
vará datas na mesma reunião
a fato ocorrido durante ou teados serão convocados pelo
periódica para a inclusão de
após a realização de julgamen- correio ou por qualquer outro
processo que tiver o julgamen-
to anulado. meio hábil para comparecer
to adiado. no dia e hora designados para
Art. 428. O desafora- a reunião, sob as penas da lei.
Art. 430. O assistente so-
mento também poderá ser
mente será admitido se tiver Parágrafo único. No mesmo ex-
determinado, em razão do
requerido sua habilitação até pediente de convocação serão
comprovado excesso de servi-
5 (cinco) dias antes da data da transcritos os arts. 436 a 446
ço, ouvidos o juiz presidente
sessão na qual pretenda atuar. deste Código.
e a parte contrária, se o julga-
mento não puder ser realizado
Art. 431. Estando o pro- Art. 435. Serão afixados
no prazo de 6 (seis) meses,
cesso em ordem, o juiz pre- na porta do edifício do Tribu-
contado do trânsito em julga-
sidente mandará intimar as nal do Júri a relação dos jura-
do da decisão de pronúncia.
partes, o ofendido, se for dos convocados, os nomes do
§ 1o Para a contagem do pra- possível, as testemunhas e os acusado e dos procuradores
zo referido neste artigo, não se peritos, quando houver re- das partes, além do dia, hora e
computará o tempo de adia- querimento, para a sessão local das sessões de instrução
mentos, diligências ou inciden- de instrução e julgamento, e julgamento.
tes de interesse da defesa. observando, no que couber,
o disposto no art. 420 deste
§ 2o Não havendo excesso de
Código. Seção VIII – Da Função do
serviço ou existência de pro-
cessos aguardando julgamento Jurado
em quantidade que ultrapasse
a possibilidade de apreciação
Seção VII – Do Sorteio e da Art. 436. O serviço do júri
pelo Tribunal do Júri, nas reu- Convocação dos Jurados é obrigatório. O alistamento
niões periódicas previstas para compreenderá os cidadãos
Art. 432. Em seguida à maiores de 18 (dezoito) anos
o exercício, o acusado poderá
organização da pauta, o juiz de notória idoneidade.
requerer ao Tribunal que de-
presidente determinará a inti-
termine a imediata realização § 1o Nenhum cidadão po-
mação do Ministério Público,
do julgamento. derá ser excluído dos traba-
da Ordem dos Advogados do
Brasil e da Defensoria Pública lhos do júri ou deixar de ser
para acompanharem, em dia e alistado em razão de cor ou
Seção VI – Da Organização hora designados, o sorteio dos etnia, raça, credo, sexo, pro-
da Pauta jurados que atuarão na reu- f issão, classe social ou eco-
nião periódica. nômica, origem ou grau de
Art. 429. Salvo motivo re- instrução.
levante que autorize alteração
Art. 433. O sorteio, presi- § 2o A recusa injustificada
na ordem dos julgamentos, te-
dido pelo juiz, far-se-á a portas ao serviço do júri acarretará
rão preferência:
abertas, cabendo-lhe retirar as multa no valor de 1 (um) a 10
I – os acusados presos; cédulas até completar o núme- (dez) salários mínimos, a cri-
ro de 25 (vinte e cinco) jura- tério do juiz, de acordo com
II – dentre os acusados presos,
dos, para a reunião periódica a condição econômica do
aqueles que estiverem há mais
ou extraordinária. jurado.
tempo na prisão;
§ 1o O sorteio será realizado
III – em igualdade de condi- Art. 437. Estão isentos do
entre o 15o (décimo quinto) e
ções, os precedentemente serviço do júri:
o 10o (décimo) dia útil antece-
pronunciados.
dente à instalação da reunião. I – o Presidente da República e
§ 1o Antes do dia designado os Ministros de Estado;
§ 2o A audiência de sorteio
para o primeiro julgamen-
não será adiada pelo não com- II – os Governadores e seus res-
to da reunião periódica, será
parecimento das partes. pectivos Secretários;
afixada na porta do edifício
do Tribunal do Júri a lista dos § 3o O jurado não sorteado III – os membros do Congresso
processos a serem julgados, poderá ter o seu nome nova- Nacional, das Assembleias Le-

534
gislativas e das Câmaras Dis- Art. 440. Constitui tam-
bém direito do jurado, na
Seção IX – Da Composição
trital e Municipais;
condição do art. 439 des-
do Tribunal do Júri e da
IV – os Prefeitos Municipais;
te Código, preferência, em Formação do Conselho de
V – os Magistrados e membros igualdade de condições, nas Sentença
do Ministério Público e da De- licitações públicas e no pro-
fensoria Pública; vimento, mediante concurso, Art. 447. O Tribunal do
de cargo ou função pública, Júri é composto por 1 (um)
VI – os servidores do Poder Ju- juiz togado, seu presidente e
bem como nos casos de pro-
diciário, do Ministério Público por 25 (vinte e cinco) jurados
moção funcional ou remoção
e da Defensoria Pública; que serão sorteados dentre os
voluntária.
VII – as autoridades e os servi- alistados, 7 (sete) dos quais
dores da polícia e da seguran- Art. 441. Nenhum descon- constituirão o Conselho de
to será feito nos vencimentos Sentença em cada sessão de
ça pública;
ou salário do jurado sorteado julgamento.
VIII – os militares em serviço que comparecer à sessão do
ativo; Art. 448. São impedidos
júri.
de servir no mesmo Conselho:
IX – os cidadãos maiores de 70
(setenta) anos que requeiram Art. 442. Ao jurado que, I – marido e mulher;
sua dispensa; sem causa legítima, deixar de
II – ascendente e descendente;
comparecer no dia marcado
X – aqueles que o requere- para a sessão ou retirar-se III – sogro e genro ou nora;
rem, demonstrando justo antes de ser dispensado pelo
impedimento. IV – irmãos e cunhados, duran-
presidente será aplicada multa te o cunhadio;
de 1 (um) a 10 (dez) salários
Art. 438. A recusa ao ser- mínimos, a critério do juiz, de V – tio e sobrinho;
viço do júri fundada em con- acordo com a sua condição VI – padrasto, madrasta ou
vicção religiosa, filosófica ou econômica. enteado.
política importará no dever
de prestar serviço alternati- Art. 443. Somente será § 1o O mesmo impedimento
vo, sob pena de suspensão aceita escusa fundada em ocorrerá em relação às pesso-
dos direitos políticos, en- motivo relevante devidamente as que mantenham união está-
quanto não prestar o serviço comprovado e apresentada, vel reconhecida como entidade
imposto. ressalvadas as hipóteses de familiar.
§ 1o Entende-se por serviço força maior, até o momento § 2o Aplicar-se-á aos jurados o
alternativo o exercício de ativi- da chamada dos jurados. disposto sobre os impedimen-
dades de caráter administrati- tos, a suspeição e as incompa-
vo, assistencial, filantrópico ou Art. 444. O jurado somen- tibilidades dos juízes togados.
te será dispensado por decisão
mesmo produtivo, no Poder
motivada do juiz presidente, Art. 449. Não poderá ser-
Judiciário, na Defensoria Pú-
consignada na ata dos traba- vir o jurado que:
blica, no Ministério Público ou
lhos. I – tiver funcionado em jul-
em entidade conveniada para
esses fins. gamento anterior do mesmo
Art. 445. O jurado, no processo, independentemente
§ 2o O juiz fixará o serviço al- exercício da função ou a pre- da causa determinante do jul-
ternativo atendendo aos prin- texto de exercê-la, será res- gamento posterior;
cípios da proporcionalidade e ponsável criminalmente nos
da razoabilidade. mesmos termos em que o são II – no caso do concurso de
os juízes togados. pessoas, houver integrado o
Art. 439. O exercício efeti- Conselho de Sentença que jul-
vo da função de jurado consti- Art. 446. Aos suplentes, gou o outro acusado;
tuirá serviço público relevante quando convocados, serão III – tiver manifestado prévia
e estabelecerá presunção de aplicáveis os dispositivos re- disposição para condenar ou
idoneidade moral.129 ferentes às dispensas, faltas absolver o acusado.
e escusas e à equiparação
de responsabilidade penal Art. 450. Dos impedidos
prevista no art. 445 deste entre si por parentesco ou re-
129
Lei no 12.403/2011. Código. lação de convivência, servirá o

535
que houver sido sorteado em da Ordem dos Advogados do Art. 461. O julgamento
primeiro lugar. Brasil, com a data designada não será adiado se a teste-
para a nova sessão. munha deixar de comparecer,
Art. 451. Os jurados ex- salvo se uma das partes tiver
cluídos por impedimento, § 1o Não havendo escusa legí- requerido a sua intimação por
suspeição ou incompatibilida- tima, o julgamento será adia- mandado, na oportunidade de
de serão considerados para a do somente uma vez, devendo que trata o art. 422 deste Có-
constituição do número legal o acusado ser julgado quando digo, declarando não prescin-
exigível para a realização da chamado novamente. dir do depoimento e indicando
sessão. § 2o Na hipótese do § 1o deste a sua localização.
artigo, o juiz intimará a De- § 1o Se, intimada, a testemu-
Art. 452. O mesmo Conse- fensoria Pública para o novo nha não comparecer, o juiz
lho de Sentença poderá conhe- julgamento, que será adiado presidente suspenderá os tra-
cer de mais de um processo, para o primeiro dia desimpedi- balhos e mandará conduzi-la
no mesmo dia, se as partes o do, observado o prazo mínimo ou adiará o julgamento para o
aceitarem, hipótese em que de 10 (dez) dias. primeiro dia desimpedido, or-
seus integrantes deverão pres-
denando a sua condução.
tar novo compromisso. Art. 457. O julgamento
não será adiado pelo não com- § 2o O julgamento será reali-
parecimento do acusado solto, zado mesmo na hipótese de a
Seção X – Da Reunião e das do assistente ou do advogado testemunha não ser encontra-
Sessões do Tribunal do Júri do querelante, que tiver sido da no local indicado, se assim
regularmente intimado. for certificado por oficial de
Art. 453. O Tribunal do justiça.
Júri reunir-se-á para as sessões § 1o Os pedidos de adiamento
de instrução e julgamento nos e as justificações de não com- Ar t . 462. Realiz adas
períodos e na forma estabele- parecimento deverão ser, salvo as diligências referidas nos
cida pela lei local de organiza- comprovado motivo de força arts. 454 a 461 deste Código,
ção judiciária. maior, previamente submeti- o juiz presidente verificará se a
dos à apreciação do juiz presi- urna contém as cédulas dos 25
Art. 454. Até o momento dente do Tribunal do Júri. (vinte e cinco) jurados sortea-
de abertura dos trabalhos da dos, mandando que o escrivão
§ 2o Se o acusado preso não
sessão, o juiz presidente deci- proceda à chamada deles.
dirá os casos de isenção e dis- for conduzido, o julgamento
pensa de jurados e o pedido será adiado para o primeiro Art. 463. Comparecendo,
de adiamento de julgamento, dia desimpedido da mesma pelo menos, 15 (quinze) jura-
mandando consignar em ata reunião, salvo se houver pedi- dos, o juiz presidente decla-
as deliberações. do de dispensa de compareci- rará instalados os trabalhos,
mento subscrito por ele e seu anunciando o processo que
Art. 455. Se o Ministério defensor. será submetido a julgamento.
Público não comparecer, o
Art. 458. Se a testemu- § 1o O oficial de justiça fará o
juiz presidente adiará o julga-
nha, sem justa causa, deixar de pregão, certificando a diligên-
mento para o primeiro dia de-
comparecer, o juiz presidente, cia nos autos.
simpedido da mesma reunião,
cientificadas as partes e as tes- sem prejuízo da ação penal § 2o Os jurados excluídos por
temunhas. pela desobediência, aplicar-lhe- impedimento ou suspeição se-
-á a multa prevista no § 2o do rão computados para a consti-
Parágrafo único. Se a ausência art. 436 deste Código. tuição do número legal.
não for justificada, o fato será
imediatamente comunicado Art. 459. Aplicar-se-á às Art. 464. Não havendo o
ao Procurador-Geral de Justiça testemunhas a serviço do Tri- número referido no art. 463
com a data designada para a bunal do Júri o disposto no deste Código, proceder-se-á
nova sessão. art. 441 deste Código. ao sorteio de tantos suplentes
quantos necessários, e desig-
Art. 456. Se a falta, sem Art. 460. Antes de consti- nar-se-á nova data para a ses-
escusa legítima, for do advoga- tuído o Conselho de Sentença, são do júri.
do do acusado, e se outro não as testemunhas serão reco-
for por este constituído, o fato lhidas a lugar onde umas não Art. 465. Os nomes dos
será imediatamente comunica- possam ouvir os depoimentos suplentes serão consignados
do ao presidente da seccional das outras. em ata, remetendo-se o expe-

536
diente de convocação, com obtido o número mínimo de 7 julgaram admissível a acusa-
observância do disposto nos (sete) jurados para compor o ção e do relatório do processo.
arts. 434 e 435 deste Código. Conselho de Sentença.
§ 2o Determinada a separação
Art. 466. Antes do sorteio
dos julgamentos, será julgado
Seção XI – Da Instrução em
dos membros do Conselho Plenário
em primeiro lugar o acusado
de Sentença, o juiz presidente
a quem foi atribuída a autoria
esclarecerá sobre os impedi- Art. 473. Prestado o com-
do fato ou, em caso de coau-
mentos, a suspeição e as in- promisso pelos jurados, será
toria, aplicar-se-á o critério
compatibilidades constantes iniciada a instrução plenária
de preferência disposto no
dos arts. 448 e 449 deste Có- quando o juiz presidente, o Mi-
art. 429 deste Código.
digo. nistério Público, o assistente,
§ 1o O juiz presidente também Art. 470. Desacolhida a o querelante e o defensor do
advertirá os jurados de que, arguição de impedimento, de acusado tomarão, sucessiva
uma vez sorteados, não po- suspeição ou de incompatibi- e diretamente, as declarações
derão comunicar-se entre si e lidade contra o juiz presidente do ofendido, se possível, e in-
com outrem, nem manifestar do Tribunal do Júri, órgão do quirirão as testemunhas arro-
sua opinião sobre o processo, Ministério Público, jurado ou ladas pela acusação.
sob pena de exclusão do Con- qualquer funcionário, o jul- § 1o Para a inquirição das tes-
selho e multa, na forma do gamento não será suspenso, temunhas arroladas pela de-
§ 2o do art. 436 deste Código. devendo, entretanto, constar fesa, o defensor do acusado
da ata o seu fundamento e a formulará as perguntas antes
§ 2o A incomunicabilidade se-
decisão. do Ministério Público e do as-
rá certificada nos autos pelo
oficial de justiça. sistente, mantidos no mais a
Art. 471. Se, em consequ- ordem e os critérios estabele-
ência do impedimento, sus- cidos neste artigo.
Art. 467. Verificando que
peição, incompatibilidade,
se encontram na urna as cé- § 2o Os jurados poderão for-
dispensa ou recusa, não hou-
dulas relativas aos jurados
ver número para a formação mular perguntas ao ofendido
presentes, o juiz presidente
do Conselho, o julgamento e às testemunhas, por intermé-
sorteará 7 (sete) dentre eles
será adiado para o primeiro dio do juiz presidente.
para a formação do Conselho
dia desimpedido, após sorte-
de Sentença. § 3o As partes e os jurados
ados os suplentes, com obser-
poderão requerer acareações,
vância do disposto no art. 464
Art. 468. À medida que as reconhecimento de pessoas
deste Código.
cédulas forem sendo retiradas e coisas e esclarecimento dos
da urna, o juiz presidente as peritos, bem como a leitura
Art. 472. Formado o Con-
lerá, e a defesa e, depois dela, de peças que se refiram, exclu-
selho de Sentença, o presiden-
o Ministério Público poderão sivamente, às provas colhidas
te, levantando-se, e, com ele,
recusar os jurados sorteados, por carta precatória e às pro-
todos os presentes, fará aos
até 3 (três) cada parte, sem vas cautelares, antecipadas ou
jurados a seguinte exortação:
motivar a recusa. não repetíveis.
Em nome da lei, concito-vos
Parágrafo único. O jurado recusa- a examinar esta causa com Art. 474. A seguir será o
do imotivadamente por qual- imparcialidade e a proferir a acusado interrogado, se esti-
quer das partes será excluído ver presente, na forma estabe-
daquela sessão de instrução e vossa decisão de acordo com a
lecida no Capítulo III do Título
julgamento, prosseguindo-se o vossa consciência e os ditames
VII do Livro I deste Código,
sorteio para a composição do da justiça. com as alterações introduzi-
Conselho de Sentença com os das nesta Seção.
jurados remanescentes. Os jurados, nominalmente
chamados pelo presidente, § 1o O Ministério Público, o
Art. 469. Se forem 2 (dois) responderão: assistente, o querelante e o de-
ou mais os acusados, as recu- fensor, nessa ordem, poderão
Assim o prometo. formular, diretamente, per-
sas poderão ser feitas por um
só defensor. guntas ao acusado.
Parágrafo único. O jurado, em
§ 1o A separação dos julga- seguida, receberá cópias da § 2o Os jurados formularão
mentos somente ocorrerá se, pronúncia ou, se for o caso, perguntas por intermédio do
em razão das recusas, não for das decisões posteriores que juiz presidente.

537
§ 3o Não se permitirá o uso de e de uma hora para a réplica e médio do juiz presidente, pedir
algemas no acusado durante outro tanto para a tréplica. ao orador que indique a folha
o período em que permanecer dos autos onde se encontra
§ 1o Havendo mais de um acu-
no plenário do júri, salvo se a peça por ele lida ou citada,
sador ou mais de um defensor,
absolutamente necessário à facultando-se, ainda, aos jura-
combinarão entre si a distri-
ordem dos trabalhos, à segu- dos solicitar-lhe, pelo mesmo
buição do tempo, que, na falta
rança das testemunhas ou à de acordo, será dividido pelo meio, o esclarecimento de fato
garantia da integridade física juiz presidente, de forma a não por ele alegado.
dos presentes. exceder o determinado neste § 1o Concluídos os debates, o
artigo. presidente indagará dos jura-
Art. 475. O registro dos dos se estão habilitados a jul-
depoimentos e do interroga- § 2o Havendo mais de 1 (um)
acusado, o tempo para a acu- gar ou se necessitam de outros
tório será feito pelos meios esclarecimentos.
ou recursos de gravação mag- sação e a defesa será acrescido
nética, eletrônica, estenotipia de 1 (uma) hora e elevado ao § 2o Se houver dúvida sobre
ou técnica similar, destinada a dobro o da réplica e da trépli- questão de fato, o presidente
obter maior fidelidade e celeri- ca, observado o disposto no prestará esclarecimentos à vis-
dade na colheita da prova. § 1o deste artigo. ta dos autos.

Art. 478. Durante os de- § 3o Os jurados, nesta fase do


Parágrafo único. A transcrição procedimento, terão acesso
do registro, após feita a degra- bates as partes não poderão,
sob pena de nulidade, fazer aos autos e aos instrumentos
vação, constará dos autos. do crime se solicitarem ao juiz
referências:
presidente.
I – à decisão de pronúncia, às
Seção XII – Dos Debates decisões posteriores que jul- Art. 481. Se a verificação
garam admissível a acusação de qualquer fato, reconhecida
Art. 476. Encerrada a ou à determinação do uso de como essencial para o julga-
instrução, será concedida a algemas como argumento de mento da causa, não puder
palavra ao Ministério Públi- autoridade que beneficiem ou ser realizada imediatamente,
co, que fará a acusação, nos prejudiquem o acusado; o juiz presidente dissolverá o
limites da pronúncia ou das Conselho, ordenando a reali-
II – ao silêncio do acusado ou à
decisões posteriores que jul- zação das diligências entendi-
ausência de interrogatório por
garam admissível a acusação, das necessárias.
falta de requerimento, em seu
sustentando, se for o caso, prejuízo.
a existência de circunstância Parágrafo único. Se a diligência
agravante. Art. 479. Durante o julga- consistir na produção de prova
§ 1o O assistente falará depois mento não será permitida a pericial, o juiz presidente, des-
do Ministério Público leitura de documento ou a exi- de logo, nomeará perito e for-
bição de objeto que não tiver mulará quesitos, facultando às
§ 2o Tratando-se de ação pe- sido juntado aos autos com partes também formulá-los e
nal de iniciativa privada, falará a antecedência mínima de 3 indicar assistentes técnicos, no
em primeiro lugar o querelan- (três) dias úteis, dando-se ci- prazo de 5 (cinco) dias.
te e, em seguida, o Ministério ência à outra parte.
Público, salvo se este houver
retomado a titularidade da Parágrafo único. Compreende- Seção XIII – Do
ação, na forma do art. 29 des- se na proibição deste artigo a Questionário e Sua Votação
te Código. leitura de jornais ou qualquer
§ 3o Finda a acusação, terá a outro escrito, bem como a Art. 482. O Conselho de
palavra a defesa. exibição de vídeos, gravações, Sentença será questionado so-
fotografias, laudos, quadros, bre matéria de fato e se o acu-
§ 4o A acusação poderá repli- croqui ou qualquer outro meio sado deve ser absolvido.
car e a defesa treplicar, sen- assemelhado, cujo conteúdo
do admitida a reinquirição versar sobre a matéria de fato Parágrafo único. Os quesitos se-
de testemunha já ouvida em submetida à apreciação e jul- rão redigidos em proposições
plenário. gamento dos jurados. afirmativas, simples e distin-
tas, de modo que cada um de-
Art. 477. O tempo destina- Art. 480. A acusação, a les possa ser respondido com
do à acusação e à defesa será defesa e os jurados poderão, a suficiente clareza e necessária
de uma hora e meia para cada, qualquer momento e por inter- precisão. Na sua elaboração, o

538
presidente levará em conta os respeito, para ser respondi- dos pequenas cédulas, feitas
termos da pronúncia ou das do após o 2o (segundo) ou 3o de papel opaco e facilmente
decisões posteriores que julga- (terceiro) quesito, conforme o dobráveis, contendo 7 (sete)
ram admissível a acusação, do caso. delas a palavra sim, 7 (sete) a
interrogatório e das alegações palavra não.
§ 5o Sustentada a tese de
das partes.
ocorrência do crime na sua
Art. 487. Para assegurar
forma tentada ou havendo di-
Art. 483. Os quesitos se- o sigilo do voto, o oficial de
vergência sobre a tipificação
rão formulados na seguinte justiça recolherá em urnas
do delito, sendo este da com-
ordem, indagando sobre: separadas as cédulas corres-
petência do Tribunal do Júri,
pondentes aos votos e as não
I – a materialidade do fato; o juiz formulará quesito acer-
utilizadas.
ca destas questões, para ser
II – a autoria ou participação; respondido após o segundo
Art. 488. Após a respos-
III – se o acusado deve ser quesito.
ta, verificados os votos e as
absolvido; § 6o Havendo mais de um cri- cédulas não utilizadas, o
IV – se existe causa de dimi- me ou mais de um acusado, os presidente determinará que
nuição de pena alegada pela quesitos serão formulados em o escrivão registre no termo
defesa; séries distintas. a votação de cada quesito,
bem como o resultado do jul-
V – se existe circunstância Art. 484. A seguir, o pre- gamento.
qualificadora ou causa de au- sidente lerá os quesitos e
mento de pena reconhecidas indagará das partes se têm re- Parágrafo único. Do termo tam-
na pronúncia ou em decisões querimento ou reclamação a bém constará a conferência
posteriores que julgaram ad- fazer, devendo qualquer deles, das cédulas não utilizadas.
missível a acusação. bem como a decisão, constar
§ 1o A resposta negativa, de da ata. Art. 489. As decisões do
mais de 3 (três) jurados, a Tribunal do Júri serão tomadas
qualquer dos quesitos referi- Parágrafo único. Ainda em plená- por maioria de votos.
dos nos incisos I e II do caput rio, o juiz presidente explicará
deste artigo encerra a vota- aos jurados o significado de Art. 490. Se a resposta a
ção e implica a absolvição do cada quesito. qualquer dos quesitos estiver
acusado. em contradição com outra ou
Art. 485. Não havendo dú- outras já dadas, o presidente,
§ 2o Respondidos afirmati- vida a ser esclarecida, o juiz pre- explicando aos jurados em que
vamente por mais de 3 (três) sidente, os jurados, o Ministério consiste a contradição, sub-
jurados os quesitos relativos Público, o assistente, o quere- meterá novamente à votação
aos incisos I e II do caput deste lante, o defensor do acusado, os quesitos a que se referirem
artigo será formulado quesito o escrivão e o oficial de justiça tais respostas.
com a seguinte redação: dirigir-se-ão à sala especial a fim
O jurado absolve o acusado? de ser procedida a votação. Parágrafo único. Se, pela respos-
ta dada a um dos quesitos, o
§ 1 Na falta de sala especial, o
o

§ 3o Decidindo os jurados pe- presidente verificar que ficam


juiz presidente determinará que
la condenação, o julgamento prejudicados os seguintes, as-
o público se retire, permanecen-
prossegue, devendo ser formu- sim o declarará, dando por fin-
do somente as pessoas mencio-
lados quesitos sobre: da a votação.
nadas no caput deste artigo.
I – causa de diminuição de pe- § 2o O juiz presidente ad- Art. 491. Encerrada a
na alegada pela defesa; vertirá as partes de que não votação, será o termo a que
II – circunstância qualificado- será permitida qualquer in- se refere o art. 488 deste
ra ou causa de aumento de tervenção que possa per- Código assinado pelo presi-
pena, reconhecidas na pro- turbar a livre manifestação dente, pelos jurados e pelas
núncia ou em decisões poste- do Conselho e fará reti- partes.
rar da sala quem se portar
riores que julgaram admissível
inconvenientemente.
a acusação.
Seção XIV – Da Sentença
§ 4o Sustentada a desclassifi- Art. 486. Antes de pro-
cação da infração para outra ceder-se à votação de cada Art. 492. Em seguida, o
de competência do juiz singu- quesito, o juiz presidente presidente proferirá sentença
lar, será formulado quesito a mandará distribuir aos jura- que:

539
I – no caso de condenação: ber, o disposto no § 1o deste XII – a formação do Conselho
artigo. de Sentença, com o registro
a) fixará a pena-base;
dos nomes dos jurados sorte-
b) considerará as circuns- Art. 493. A sentença será ados e recusas;
tâncias agravantes ou lida em plenário pelo presi- XIII – o compromisso e o inter-
atenuantes alegadas dente antes de encerrada a
nos debates; rogatório, com simples refe-
sessão de instrução e julga- rência ao termo;
c) imporá os aumentos mento.
ou diminuições da XIV – os debates e as alegações
pena, em atenção das partes com os respectivos
às causas admitidas Seção XV – Da Ata dos fundamentos;
pelo júri; Trabalhos XV – os incidentes;
d) observará as demais Art. 494. De cada sessão XVI – o julgamento da causa;
disposições do art. 387 de julgamento o escrivão la-
deste Código; XVII – a publicidade dos atos
vrará ata, assinada pelo presi- da instrução plenária, das dili-
e) mandará o acusado re- dente e pelas partes. gências e da sentença.
colher-se ou recomen-
dá-lo-á à prisão em que Art. 495. A ata descreverá Art. 496. A falta da ata su-
se encontra, se presen- fielmente todas as ocorrên- jeitará o responsável a sanções
tes os requisitos da pri- cias, mencionando obrigato- administrativa e penal.
são preventiva; riamente:
f) estabelecerá os efeitos I – a data e a hora da instala-
genéricos e específicos ção dos trabalhos; Seção XVI – Das
da condenação; Atribuições do Presidente do
II – o magistrado que presidiu a Tribunal do Júri
II – no caso de absolvição: sessão e os jurados presentes;
a) mandará colocar em li- Art. 497. São atribuições
III – os jurados que deixaram
berdade o acusado se do juiz presidente do Tribu-
de comparecer, com escu-
por outro motivo não nal do Júri, além de outras
sa ou sem ela, e as sanções
estiver preso; expressamente referidas nes-
aplicadas;
te Código:
b) revogará as medidas IV – o ofício ou requerimento
restritivas provisoria- I – regular a polícia das sessões
de isenção ou dispensa; e prender os desobedientes;
mente decretadas;
V – o sorteio dos jurados II – requisitar o auxílio da força
c) imporá, se for o caso, a suplentes;
medida de segurança pública, que ficará sob sua ex-
cabível. VI – o adiamento da sessão, se clusiva autoridade;
houver ocorrido, com a indica- III – dirigir os debates, in-
§ 1 Se houver desclassifica-
o
ção do motivo; tervindo em caso de abuso,
ção da infração para outra,
de competência do juiz sin- VII – a abertura da sessão excesso de linguagem ou me-
gular, ao presidente do Tri- e a presença do Ministério diante requerimento de uma
bunal do Júri caberá proferir Público, do querelante e do das partes;
sentença em seguida, apli- assistente, se houver, e a do IV – resolver as questões inci-
cando-se, quando o delito defensor do acusado; dentes que não dependam de
resultante da nova tipificação pronunciamento do júri;
for considerado pela lei como VIII – o pregão e a sanção
infração penal de menor po- imposta, no caso de não V – nomear defensor ao acu-
tencial ofensivo, o disposto comparecimento; sado, quando considerá-lo
nos arts. 69 e seguintes da Lei IX – as testemunhas dispensa- indefeso, podendo, neste
no 9.099, de 26 de setembro das de depor; caso, dissolver o Conselho e
de 1995. designar novo dia para o jul-
X – o recolhimento das teste- gamento, com a nomeação
§ 2o Em caso de desclassi- munhas a lugar de onde umas ou a constituição de novo
ficação, o crime conexo que não pudessem ouvir o depoi- defensor;
não seja doloso contra a vi- mento das outras;
da será julgado pelo juiz pre- VI – mandar retirar da sala o
sidente do Tribunal do Júri, XI – a verificação das cédulas acusado que dificultar a re-
aplicando-se, no que cou- pelo juiz presidente; alização do julgamento, o

540
qual prosseguirá sem a sua Capítulo II – Do Processo tabelecida no Capítulo I do
presença; e do Julgamento dos Crimes Título X do Livro I.
VII – suspender a sessão pelo de Responsabilidade dos
tempo indispensável à realização Funcionários Públicos Art. 518. Na instrução
das diligências requeridas ou en- criminal e nos demais termos
tendidas necessárias, mantida a do processo, observar-se-á o
Art. 513. Nos crimes de
incomunicabilidade dos jurados; disposto nos Capítulos I e III,
responsabilidade dos funcio-
Título I, deste Livro.
VIII – interromper a sessão por nários públicos, cujo proces-
tempo razoável, para proferir so e julgamento competirão
aos juízes de direito, a queixa
Capítulo III – Do Processo
sentença e para repouso ou re- e do Julgamento dos Crimes
feição dos jurados; ou a denúncia será instruída
com documentos ou justifi- de Calúnia e Injúria, de
IX – decidir, de ofício, ouvidos cação que façam presumir a Competência do Juiz Singular
o Ministério Público e a defesa, existência do delito ou com
ou a requerimento de qualquer declaração fundamentada da Art. 519. No processo por
destes, a arguição de extinção impossibilidade de apresenta- crime de calúnia ou injúria,
de punibilidade; para o qual não haja outra for-
ção de qualquer dessas pro-
X – resolver as questões de di- vas. ma estabelecida em lei espe-
reito suscitadas no curso do cial, observar-se-á o disposto
julgamento; Art. 514. Nos crimes afian- nos Capítulos I e III, Titulo I,
çáveis, estando a denúncia ou deste Livro, com as modifica-
XI – determinar, de ofício ou a
queixa em devida forma, o juiz ções constantes dos artigos
requerimento das partes ou de
qualquer jurado, as diligências mandará autuá-la e ordenará a seguintes.
destinadas a sanar nulidade ou notificação do acusado, para
a suprir falta que prejudique o responder por escrito, dentro Art. 520. Antes de rece-
esclarecimento da verdade; do prazo de quinze dias. ber a queixa, o juiz oferecerá
às partes oportunidade para
XII – regulamentar, durante os de- Parágrafo único. Se não for co- se reconciliarem, fazendo-as
bates, a intervenção de uma das nhecida a residência do acu- comparecer em juízo e ouvin-
partes, quando a outra estiver sado, ou este se achar fora do-as, separadamente, sem a
com a palavra, podendo conce- da jurisdição do juiz, ser-lhe-á presença dos seus advogados,
der até 3 (três) minutos para cada nomeado defensor, a quem não se lavrando termo.
aparte requerido, que serão acres- caberá apresentar a resposta
cidos ao tempo desta última. preliminar. Art. 521. Se depois de
ouvir o querelante e o quere-
Capítulo III – Do Processo Art. 515. No caso previsto lado, o juiz achar provável a
e do Julgamento dos Crimes no artigo anterior, durante o reconciliação, promoverá en-
da Competência do Juiz prazo concedido para a res- tendimento entre eles, na sua
Singular posta, os autos permanecerão presença.
em cartório, onde poderão ser
Arts. 498 a 502. (Revoga-
examinados pelo acusado ou Art. 522. No caso de re-
dos)130
por seu defensor. conciliação, depois de assina-
do pelo querelante o termo
Título II – Dos Parágrafo único. A resposta po- da desistência, a queixa será
Processos Especiais derá ser instruída com docu- arquivada.
mentos e justificações.
Art. 523. Quando for ofe-
Capítulo I – Do Processo e Art. 516. O juiz rejeita- recida a exceção da verdade
do Julgamento dos Crimes de rá a queixa ou denúncia, em ou da notoriedade do fato
Falência despacho fundamentado, se imputado, o querelante po-
convencido, pela resposta do derá contestar a exceção no
Arts. 503 a 512. (Revoga- acusado ou do seu defensor, prazo de dois dias, podendo
dos)131 da inexistência do crime ou da ser inquiridas as testemunhas
improcedência da ação. arroladas na queixa, ou ou-
tras indicadas naquele prazo,
Art. 517. Recebida a de- em substituição às primeiras,
130
Lei no 11.719/2008. núncia ou a queixa, será o ou para completar o máximo
131
Lei no 11.101/2005. acusado citado, na forma es- legal.

541
Capítulo IV – Do Processo zo de 30 dias, após a homolo- o inquérito policial ou o pro-
e do Julgamento dos Crimes gação do laudo. cesso.135
contra a Propriedade
Imaterial Parágrafo único. Será dada vis- Art. 530-E. Os titulares
ta ao Ministério Público dos de direito de autor e os que
autos de busca e apreensão lhe são conexos serão os fiéis
Art. 524. No processo e depositários de todos os bens
requeridas pelo ofendido, se
julgamento dos crimes con- apreendidos, devendo colocá-
o crime for de ação pública e
tra a propriedade imaterial, -los à disposição do juiz quan-
não tiver sido oferecida queixa
observar-se-á o disposto nos do do ajuizamento da ação.136
no prazo fixado neste artigo.
Capítulos I e III do Título I des-
te Livro, com as modificações Art. 530. Se ocorrer prisão Art. 530-F. Ressalvada a
constantes dos artigos seguin- em flagrante e o réu não for possibilidade de se preservar o
tes. posto em liberdade, o prazo a corpo de delito, o juiz poderá
que se refere o artigo anterior determinar, a requerimento da
Art. 525. No caso de ha- será de 8 (oito) dias. vítima, a destruição da produ-
ver o crime deixado vestígio, a ção ou reprodução apreendida
queixa ou a denúncia não será Art. 530-A. O disposto quando não houver impugna-
recebida se não for instruída nos arts. 524 a 530 será aplicá- ção quanto à sua ilicitude ou
com o exame pericial dos ob- vel aos crimes em que se proce- quando a ação penal não pu-
jetos que constituam o corpo da mediante queixa.132 der ser iniciada por falta de
de delito. determinação de quem seja o
Art. 530-B. Nos casos das autor do ilícito.137
Art. 526. Sem a prova de infrações previstas nos §§ 1o,
direito à ação, não será rece- 2o e 3o do art. 184 do Código Art. 530-G. O juiz, ao pro-
bida a queixa, nem ordenada latar a sentença condenatória,
Penal, a autoridade policial
qualquer diligência preliminar- poderá determinar a destrui-
procederá à apreensão dos
mente requerida pelo ofendi- ção dos bens ilicitamente pro-
bens ilicitamente produzi-
do. duzidos ou reproduzidos e o
dos ou reproduzidos, em sua
perdimento dos equipamentos
totalidade, juntamente com
Art. 527. A diligência de apreendidos, desde que preci-
os equipamentos, suportes e puamente destinados à pro-
busca ou de apreensão será re- materiais que possibilitaram a
alizada por dois peritos nome- dução e reprodução dos bens,
sua existência, desde que estes em favor da Fazenda Nacional,
ados pelo juiz, que verificarão se destinem precipuamente à
a existência de fundamento que deverá destruí-los ou doá-
prática do ilícito.133 -los aos Estados, Municípios e
para a apreensão, e quer esta
se realize, quer não, o laudo Distrito Federal, a instituições
Art. 530-C. Na ocasião da públicas de ensino e pesquisa
pericial será apresentado den- apreensão será lavrado termo, ou de assistência social, bem
tro de 3 (três) dias após o en- assinado por 2 (duas) ou mais como incorporá-los, por eco-
cerramento da diligência. testemunhas, com a descrição nomia ou interesse público, ao
de todos os bens apreendidos patrimônio da União, que não
Parágrafo único. O requerente da e informações sobre suas ori- poderão retorná-los aos canais
diligência poderá impugnar o gens, o qual deverá integrar o de comércio.138
laudo contrário à apreensão, inquérito policial ou o proces-
e o juiz ordenará que esta se so.134 Art. 530-H. As associa-
efetue, se reconhecer a impro- ções de titulares de direitos de
cedência das razões aduzidas Art. 530-D. Subsequente à autor e os que lhes são cone-
pelos peritos. apreensão, será realizada, por xos poderão, em seu próprio
perito oficial, ou, na falta des- nome, funcionar como assis-
Art. 528. Encerradas as te, por pessoa tecnicamente tente da acusação nos crimes
diligências, os autos serão habilitada, perícia sobre todos previstos no art. 184 do Có-
conclusos ao juiz para homo- os bens apreendidos e elabora- digo Penal, quando praticado
logação do laudo. do o laudo que deverá integrar

Art. 529. Nos crimes de


ação privativa do ofendido, 135
Lei no 10.695/2003.
não será admitida queixa com 132
Lei no 10.695/2003. 136
Lei no 10.695/2003.
fundamento em apreensão e 133
Lei no 10.695/2003. 137
Lei no 10.695/2003.
em perícia, se decorrido o pra- 134
Lei no 10.695/2003. 138
Lei no 10.695/2003.

542
em detrimento de qualquer de mente, à acusação e à defesa, § 4o (Revogado)
seus associados.139 pelo prazo de 20 (vinte) minu-
tos, prorrogáveis por mais 10 Art. 539. (Revogado)149
Art. 530-I. Nos crimes em (dez), proferindo o juiz, a se-
que caiba ação penal pública guir, sentença.144 Art. 540. (Revogado)150
incondicionada ou condiciona-
da, observar-se-ão as normas § 1 Havendo mais de um
o
Capítulo VI – Do Processo
acusado, o tempo previsto
constantes dos arts. 530-B,
para a defesa de cada um será
de Restauração de Autos
530-C, 530-D, 530-E, 530-F, Extraviados ou Destruídos
530-G e 530-H.140 individual.
§ 2o Ao assistente do Minis- Art. 541. Os autos ori-
Capítulo V – Do Processo tério Público, após a manifes- ginais de processo penal ex-
Sumário tação deste, serão concedidos traviados ou destruídos, em
10 (dez) minutos, prorrogan- primeira ou segunda instância,
Art. 531. Na audiência de do-se por igual período o tem- serão restaurados.
instrução e julgamento, a ser po de manifestação da defesa. § 1o Se existir e for exibida có-
realizada no prazo máximo
pia autêntica ou certidão do
de 30 (trinta) dias, proceder- Art. 535. Nenhum ato será processo, será uma ou outra
se-á à tomada de declarações adiado, salvo quando impres- considerada como original.
do ofendido, se possível, à in- cindível a prova faltante, de-
quirição das testemunhas ar- terminando o juiz a condução § 2o Na falta de cópia autên-
roladas pela acusação e pela coercitiva de quem deva com- tica ou certidão do processo,
defesa, nesta ordem, ressal- parecer.145 o juiz mandará, de ofício, ou a
vado o disposto no art. 222 requerimento de qualquer das
deste Código, bem como aos § 1o (Revogado) partes, que:
esclarecimentos dos peritos,
a) o escrivão certifique o
às acareações e ao reconhe- § 2o (Revogado) estado do processo,
cimento de pessoas e coisas,
segundo a sua lem-
interrogando-se, em seguida, Art. 536. A testemunha brança, e reproduza o
o acusado e procedendo-se, que comparecer será inquirida, que houver a respeito
finalmente, ao debate.141 independentemente da sus- em seus protocolos e
pensão da audiência, observa- registros;
Art. 532. Na instrução, da em qualquer caso a ordem
poderão ser inquiridas até 5 estabelecida no art. 531 deste b) sejam requisitadas có-
(cinco) testemunhas arroladas Código.146 pias do que constar a
pela acusação e 5 (cinco) pela respeito no Instituto
defesa.142 Art. 537. (Revogado)147 Médico-Legal, no Insti-
tuto de Identificação e
Art. 533. Aplica-se ao pro- Art. 538. Nas infrações Estatística ou em esta-
cedimento sumário o dispos- penais de menor potencial belecimentos congêne-
to nos parágrafos do art. 400 ofensivo, quando o juizado res, repartições públi-
deste Código.143 especial criminal encaminhar cas, penitenciárias ou
ao juízo comum as peças exis- cadeias;
§ 1o (Revogado)
tentes para a adoção de outro c) as partes sejam citadas
§ 2o (Revogado) procedimento, observar-se-á o pessoalmente, ou, se
§ 3o (Revogado) procedimento sumário previs- não forem encontra-
to neste Capítulo.148 das, por edital, com o
§ 4o (Revogado)
prazo de dez dias, para
§ 1o (Revogado)
o processo de restaura-
Art. 534. As alegações
§ 2o (Revogado) ção dos autos.
finais serão orais, conceden-
do-se a palavra, respectiva- § 3o (Revogado) § 3o Proceder-se-á à restau-
ração na primeira instância,
ainda que os autos se tenham
extraviado na segunda.
139
Lei no 10.695/2003. 144
Lei no 11.719/2008.
140
Lei no 10.695/2003. 145
Lei no 11.719/2008.
141
Lei no 11.719/2008. 146
Lei no 11.719/2008.
142
Lei no 11.719/2008. 147
Lei no 11.719/2008. 149
Lei no 11.719/2008.
143
Lei no 11.719/2008. 148
Lei no 11.719/2008. 150
Lei no 11.719/2008.

543
Art. 542. No dia designa- Art. 545. Os selos e as ta- que conterá a exposição sucin-
do, as partes serão ouvidas, xas judiciárias, já pagos nos ta do fato, as suas circunstân-
mencionando-se em termo autos originais, não serão no- cias e todos os elementos em
circunstanciado os pontos em vamente cobrados. que se fundar o pedido.
que estiverem acordes e a exi-
bição e a conferência das cer- Art. 546. Os causadores Art. 551. O juiz, ao deferir
tidões e mais reproduções do de extravio de autos respon- o requerimento, ordenará a in-
processo apresentadas e con- derão pelas custas, em dobro, timação do interessado para
feridas. sem prejuízo da responsabili-
comparecer em juízo, a fim de
dade criminal.
ser interrogado.
Art. 543. O juiz determi-
nará as diligências necessárias Art. 547. Julgada a restau-
ração, os autos respectivos va- Art. 552. Após o interro-
para a restauração, observan-
lerão pelos originais. gatório ou dentro do prazo de
do-se o seguinte:
dois dias, o interessado ou seu
I – caso ainda não tenha sido Parágrafo único. Se no curso da defensor poderá oferecer ale-
proferida a sentença, reinqui- restauração aparecerem os au- gações.
rir-se-ão as testemunhas, po- tos originais, nestes continua-
dendo ser substituídas as que rá o processo, apensos a eles Parágrafo único. O juiz nomeará
tiverem falecido ou se encon- os autos da restauração. defensor ao interessado que
trarem em lugar não sabido; não o tiver.
II – os exames periciais, quan- Art. 548. Até à decisão
do possível, serão repetidos, e que julgue restaurados os au- Art. 553. O Ministério Pú-
de preferência pelos mesmos tos, a sentença condenatória blico, ao fazer o requerimento
peritos; em execução continuará a pro- inicial, e a defesa, no prazo es-
duzir efeito, desde que conste tabelecido no artigo anterior,
III – a prova documental será da respectiva guia arquivada
reproduzida por meio de cópia poderão requerer exames, dili-
na cadeia ou na penitenciária,
autêntica ou, quando impossí- onde o réu estiver cumprindo a gências e arrolar até três teste-
vel, por meio de testemunhas; pena, ou de registro que torne munhas.
a sua existência inequívoca.
IV – poderão também ser inqui- Art. 554. Após o prazo
ridas sobre os atos do proces- de defesa ou a realização dos
so, que deverá ser restaurado,
Capítulo VII – Do
Processo de Aplicação de exames e diligências ordena-
as autoridades, os serventuá- dos pelo juiz, de ofício ou a
rios, os peritos e mais pessoas Medida de Segurança por
Fato Não Criminoso requerimento das partes, será
que tenham nele funcionado;
marcada audiência, em que,
V – o Ministério Público e as Art. 549. Se a autoridade inquiridas as testemunhas e
partes poderão oferecer tes- policial tiver conhecimento de produzidas alegações orais
temunhas e produzir docu- fato que, embora não cons- pelo órgão do Ministério Pú-
mentos, para provar o teor tituindo infração penal, pos- blico e pelo defensor, dentro
do processo extraviado ou sa determinar a aplicação de de dez minutos para cada um,
destruído. medida de segurança (Código o juiz proferirá sentença.
Penal, arts. 14 e 27), deverá
Art. 544. Realizadas as di- proceder a inquérito, a fim de Parágrafo único. Se o juiz não
ligências que, salvo motivo de apurá-lo e averiguar todos os se julgar habilitado a proferir
força maior, deverão concluir- elementos que possam interes- a decisão, designará, desde
se dentro de vinte dias, serão sar à verificação da periculosi- logo, outra audiência, que se
os autos conclusos para julga- dade do agente.151
mento. realizará dentro de cinco dias,
para publicar a sentença.
Art. 550. O processo será
Parágrafo único. No curso do promovido pelo Ministério Pú-
processo, e depois de subirem Art. 555. Quando, instau-
blico, mediante requerimento
os autos conclusos para sen- rado processo por infração
tença, o juiz poderá, dentro penal, o juiz, absolvendo ou
em cinco dias, requisitar de impronunciando o réu, reco-
autoridades ou de repartições NE: os dispositivos menciona-
151 nhecer a existência de qual-
todos os esclarecimentos para dos são os do texto original do quer dos fatos previstos no
a restauração. Código Penal. art. 14 ou no art. 27 do Códi-

544
go Penal, aplicar-lhe-á, se for b) o exame do corpo de m) a sentença;
caso, medida de segurança.152 delito nos crimes que
n) o recurso de oficio, nos
deixam vestígios, res-
casos em que a lei o te-
salvado o disposto no
nha estabelecido;
art. 167;
Título III – (Revogado)153 c) a nomeação de defensor
o) a intimação, nas condi-
ções estabelecidas pela
ao réu presente, que o
lei, para ciência de sen-
não tiver, ou ao ausen-
Capítulo I – (Revogado) te, e de curador ao me- tenças e despachos de
nor de 21 anos; que caiba recurso;
Arts. 556 a 560. (Revoga-
dos) d) a intervenção do Minis- p) no Supremo Tribunal
tério Público em todos Federal e nos Tribunais
Capítulo II – (Revogado) os termos da ação por de Apelação, o quorum
ele intentada e nos da legal para o julgamen-
Art. 561. (Revogado) intentada pela parte to;
ofendida, quando se IV – por omissão de formali-
Art. 562. (Revogado) tratar de crime de ação dade que constitua elemento
pública; essencial do ato.
e) a citação do réu para Parágrafo único. Ocorrerá ain-
ver-se processar, o seu
Livro III – Das interrogatório, quando
da a nulidade, por deficiência
dos quesitos ou das suas res-
Nulidades e dos presente, e os prazos postas, e contradição entre
concedidos à acusação
Recursos em Geral e à defesa;
estas.

f) a sentença de pronún- Art. 565. Nenhuma das


cia, o libelo e a entrega partes poderá arguir nulida-
da respectiva cópia, de a que haja dado causa, ou
Título I – Das Nulidades com o rol de testemu- para que tenha concorrido, ou
nhas, nos processos referente a formalidade cuja
Art. 563. Nenhum ato será perante o Tribunal do observância só à parte contrá-
declarado nulo, se da nulidade Júri; ria interesse.
não resultar prejuízo para a
g) a intimação do réu para Art. 566. Não será decla-
acusação ou para a defesa.
a sessão de julgamen- rada a nulidade de ato proces-
Art. 564. A nulidade ocorrerá to, pelo Tribunal do sual que não houver influído
nos seguintes casos:154 Júri, quando a lei não na apuração da verdade subs-
permitir o julgamento tancial ou na decisão da causa.
I – por incompetência, suspei-
à revelia;
ção ou suborno do juiz;
h) a intimação das teste- Art. 567. A incompetência
II – por ilegitimidade de parte; do juízo anula somente os atos
munhas arroladas no
III – por falta das fórmulas ou libelo e na contrarieda- decisórios, devendo o proces-
dos termos seguintes: de, nos termos estabe- so, quando for declarada a
lecidos pela lei; nulidade, ser remetido ao juiz
a) a denúncia ou a queixa competente.
e a representação e, i) a presença pelo menos
nos processos de con- de 15 jurados para a Art. 568. A nulidade por
travenções penais, a constituição do júri; ilegitimidade do representan-
portaria ou o auto de j) o sorteio dos jurados do te da parte poderá ser a todo
prisão em flagrante; conselho de sentença tempo sanada, mediante rati-
em número legal e sua ficação dos atos processuais.
incomunicabilidade;
152
NE: os dispositivos menciona-
Art. 569. As omissões da
k) os quesitos e as respec-
dos são os do texto original do denúncia ou da queixa, da re-
tivas respostas;
Código Penal. presentação, ou, nos proces-
153
NE: este Título foi revogado l) a acusação e a defesa, sos das contravenções penais,
pela Lei no 8.658/1993. na sessão de julgamen- da portaria ou do auto de pri-
154
Lei no 263/1948. to; são em flagrante, poderão ser

545
supridas a todo o tempo, antes VIII – as do julgamento em ple- Art. 575. Não serão preju-
da sentença final. nário, em audiência ou em ses- dicados os recursos que, por
são do tribunal, logo depois de erro, falta ou omissão dos
Art. 570. A falta ou a nuli- ocorrerem. funcionários, não tiverem se-
dade da citação, da intimação guimento ou não forem apre-
ou notificação estará sanada, Art. 572. As nulidades pre- sentados dentro do prazo.
desde que o interessado com- vistas no art. 564, III, “d” e “e”,
pareça, antes de o ato consu- segunda parte, “g” e “h”, e IV, Art. 576. O Ministério Pú-
mar-se, embora declare que o considerar-se-ão sanadas: blico não poderá desistir de re-
faz para o único fim de argui- curso que haja interposto.
-la. O juiz ordenará, todavia, a I – se não forem arguidas, em
suspensão ou o adiamento do tempo oportuno, de acor- Art. 577. O recurso poderá
ato, quando reconhecer que a do com o disposto no artigo ser interposto pelo Ministério
irregularidade poderá prejudi- anterior; Público, ou pelo querelante,
car direito da parte. II – se, praticado por outra for- ou pelo réu, seu procurador ou
ma, o ato tiver atingido o seu seu defensor.
Art. 571. As nulidades de- fim;
verão ser arguidas: Parágrafo único. Não se admi-
III – se a parte, ainda que ta- tirá, entretanto, recurso da
I – as da instrução criminal dos citamente, tiver aceito os seus parte que não tiver interesse
processos da competência do efeitos. na reforma ou modificação da
júri, nos prazos a que se refere
decisão.
o art. 406; Art. 573. Os atos, cuja nu-
II – as da instrução criminal lidade não tiver sido sanada, Art. 578. O recurso será
dos processos de competência na forma dos artigos anterio- interposto por petição ou por
do juiz singular e dos proces- res, serão renovados ou retifi- termo nos autos, assinado
sos especiais, salvo os dos Ca- cados. pelo recorrente ou por seu re-
pítulos V e VII do Título II do presentante.
§ 1o A nulidade de um ato,
Livro II, nos prazos a que se
uma vez declarada, causará § 1o Não sabendo ou não po-
refere o art. 500;
a dos atos que dele direta- dendo o réu assinar o nome,
III – as do processo sumário, mente dependam ou sejam o termo será assinado por al-
no prazo a que se refere o consequência. guém, a seu rogo, na presença
art. 537, ou, se verificadas de- de duas testemunhas.
pois desse prazo, logo depois § 2o O juiz que pronunciar a
nulidade declarará os atos a § 2o A petição de interposição
de aberta a audiência e apre-
que ela se estende. de recurso, com o despacho
goadas as partes;
do juiz, será, até o dia seguinte
IV – as do processo regulado ao último do prazo, entregue
no Capítulo VII do Título II do ao escrivão, que certificará no
Livro II, logo depois de aberta Título II – Dos termo da juntada a data da
a audiência; Recursos em Geral entrega.
V – as ocorridas posteriormen- § 3o Interposto por termo o
te à pronúncia, logo depois recurso, o escrivão, sob pena
de anunciado o julgamento Capítulo I – Disposições de suspensão por dez a trinta
e apregoadas as partes (art. Gerais dias, fará conclusos os autos
447); ao juiz, até o dia seguinte ao
Art. 574. Os recursos se- último do prazo.
VI – as de instrução criminal rão voluntários, excetuando-
dos processos de competência se os seguintes casos, em que Art. 579. Salvo a hipótese
do Supremo Tribunal Federal deverão ser interpostos, de ofí- de má-fé, a parte não será pre-
e dos Tribunais de Apelação, cio, pelo juiz: judicada pela interposição de
nos prazos a que se refere o
I – da sentença que conceder um recurso por outro.
art. 500;
habeas corpus;
VII – se verificadas após a deci- Parágrafo único. Se o juiz, desde
são da primeira instância, nas II – da que absolver desde logo logo, reconhecer a improprie-
razões de recurso ou logo de- o réu com fundamento na exis- dade do recurso interposto
pois de anunciado o julgamen- tência de circunstância que ex- pela parte, mandará proces-
to do recurso e apregoadas as clua o crime ou isente o réu de sá-lo de acordo com o rito do
partes; pena, nos termos do art. 411. recurso cabível.

546
Art. 580. No caso de con- XIII – que anular o processo da Parágrafo único. O recurso da
curso de agentes (Código instrução criminal, no todo ou pronúncia subirá em traslado,
Penal, art. 25), a decisão do em parte; quando, havendo dois ou mais
recurso interposto por um dos réus, qualquer deles se confor-
réus, se fundado em motivos XIV – que incluir jurado na lista
mar com a decisão ou todos
que não sejam de caráter ex- geral ou desta o excluir;
não tiverem sido ainda intima-
clusivamente pessoal, aprovei- XV – que denegar a apelação dos da pronúncia.
tará aos outros.155 ou a julgar deserta;
Art. 584. Os recursos
Capítulo II – Do Recurso XVI – que ordenar a suspensão terão efeito suspensivo nos
em Sentido Estrito do processo, em virtude de casos de perda da fiança, de
questão prejudicial; concessão de livramento con-
Art. 581. Caberá recurso, XVII – que decidir sobre a unifi- dicional e dos nos XV, XVII e
no sentido estrito, da decisão, cação de penas; XXIV do art. 581.
despacho ou sentença:156
XVIII – que decidir o incidente § 1o Ao recurso interposto de
I – que não receber a denúncia de falsidade; sentença de impronúncia ou
ou a queixa; no caso do no VIII do art. 581,
XIX – que decretar medida de aplicar-se-á o disposto nos
II – que concluir pela incompe- segurança, depois de transitar
tência do juízo; arts. 596 e 598.
a sentença em julgado;
III – que julgar procedentes as § 2o O recurso da pronúncia
XX – que impuser medida de suspenderá tão somente o
exceções, salvo a de suspeição; segurança por transgressão de julgamento.
IV – que pronunciar o réu; outra;
§ 3o O recurso do despacho
V – que conceder, negar, arbi- XXI – que mantiver ou substi- que julgar quebrada a fiança
trar, cassar ou julgar inidônea tuir a medida de segurança, suspenderá unicamente o efei-
a fiança, indeferir requerimen- nos casos do art. 774; to de perda da metade do seu
to de prisão preventiva ou re- valor.
XXII – que revogar a medida de
vogá-la, conceder liberdade
segurança;
provisória ou relaxar a prisão Art. 585. O réu não pode-
em flagrante; XXIII – que deixar de revogar rá recorrer da pronúncia senão
a medida de segurança, nos depois de preso, salvo se pres-
VI – (Revogado);
casos em que a lei admita a tar fiança, nos casos em que a
VII – que julgar quebrada a revogação; lei a admitir.
fiança ou perdido o seu valor;
XXIV – que converter a mul-
VIII – que decretar a prescrição ta em detenção ou em prisão Art. 586. O recurso volun-
ou julgar, por outro modo, ex- simples. tário poderá ser interposto no
tinta a punibilidade; prazo de cinco dias.
IX – que indeferir o pedido de Art. 582. Os recursos se-
rão sempre para o Tribunal de Parágrafo único. No caso do
reconhecimento da prescrição art. 581, XIV, o prazo será de
ou de outra causa extintiva da Apelação, salvo nos casos dos
nos V, X e XIV. vinte dias, contado da data da
punibilidade; publicação definitiva da lista
X – que conceder ou negar a Parágrafo único. O recurso, no de jurados.
ordem de habeas corpus; caso do no XIV, será para o
presidente do Tribunal de Ape- Art. 587. Quando o recur-
XI – que conceder, negar ou re- so houver de subir por instru-
vogar a suspensão condicional lação.
mento, a parte indicará, no
da pena; respectivo termo, ou em re-
Art. 583. Subirão nos pró-
XII – que conceder, negar ou re- prios autos os recursos: querimento avulso, as peças
vogar livramento condicional; dos autos de que pretenda
I – quando interpostos de traslado.
ofício;
Parágrafo único. O traslado será
II – nos casos do art. 581, I, III,
155
NE: o dispositivo mencionado extraído, conferido e concer-
IV, VI, VIII e X;
é o do texto original do Código tado no prazo de cinco dias,
Penal. III – quando o recurso não e dele constarão sempre a
156
Leis nos 11.689/2008, prejudicar o andamento do decisão recorrida, a certidão
7.780/1989 e 6.416/1977. processo. de sua intimação, se por ou-

547
tra forma não for possível ve- Art. 593. Caberá apelação o recurso em sentido estrito,
rificar-se a oportunidade do no prazo de 5 (cinco) dias:157 ainda que somente de parte da
recurso, e o termo de interpo- decisão se recorra.
I – das sentenças definitivas
sição.
de condenação ou absolvição
proferidas por juiz singular; Art. 594. (Revogado)158
Art. 588. Dentro de dois
dias, contados da interposição II – das decisões definitivas, ou Art. 595. (Revogado)159
do recurso, ou do dia em que com força de definitivas, pro-
o escrivão, extraído o traslado, feridas por juiz singular nos ca- Art. 596. A apelação da
o fizer com vista ao recorrente, sos não previstos no Capítulo sentença absolutória não im-
este oferecerá as razões e, em anterior; pedirá que o réu seja posto
seguida, será aberta vista ao imediatamente em liberda-
recorrido por igual prazo. III – das decisões do Tribunal
do Júri, quando: de.160
Parágrafo único. Se o recorrido a) ocorrer nulidade poste- Parágrafo único. A apelação não
for o réu, será intimado do rior à pronúncia; suspenderá a execução da me-
prazo na pessoa do defensor.
b) for a sentença do juiz- dida de segurança aplicada
Art. 589. Com a resposta -presidente contrária à provisoriamente.
do recorrido ou sem ela, será o lei expressa ou à deci-
recurso concluso ao juiz, que, são dos jurados; Art. 597. A apelação de
dentro de dois dias, reformará sentença condenatória terá
c) houver erro ou injustiça
ou sustentará o seu despacho, no tocante à aplicação efeito suspensivo, salvo o dis-
mandando instruir o recurso da pena ou da medida posto no art. 393, a aplicação
com os traslados que lhe pare- de segurança; provisória de interdições de
cerem necessários. direitos e de medidas de se-
d) for a decisão dos jura- gurança (arts. 374 e 378), e o
Parágrafo único. Se o juiz refor- dos manifestamente caso de suspensão condicional
mar o despacho recorrido, a contrária à prova dos de pena.
parte contrária, por simples autos.
petição, poderá recorrer da § 1o Se a sentença do juiz- Art. 598. Nos crimes de
nova decisão, se couber recur- -presidente for contrária à lei competência do Tribunal do
so, não sendo mais lícito ao expressa ou divergir das res- Júri, ou do juiz singular, se da
juiz modificá-la. Neste caso, postas dos jurados aos quesi- sentença não for interposta
independentemente de novos tos, o tribunal ad quem fará a apelação pelo Ministério Pú-
arrazoados, subirá o recurso devida retificação. blico no prazo legal, o ofen-
nos próprios autos ou em tras- dido ou qualquer das pessoas
lado. § 2o Interposta a apelação
com fundamento no no III, enumeradas no art. 31, ainda
“c”, deste artigo, o tribunal ad que não se tenha habilitado
Art. 590. Quando for im-
quem, se lhe der provimento, como assistente, poderá in-
possível ao escrivão extrair o
retificará a aplicação da pena terpor apelação, que não terá,
traslado no prazo da lei, po-
derá o juiz prorrogá-lo até o ou da medida de segurança. porém, efeito suspensivo.
dobro. § 3o Se a apelação se fundar Parágrafo único. O prazo para in-
no no III, “d”, deste artigo, e o terposição desse recurso será
Art. 591. Os recursos se- tribunal ad quem se convencer
rão apresentados ao juiz ou de quinze dias e correrá do dia
de que a decisão dos jurados em que terminar o do Ministé-
tribunal ad quem, dentro de é manifestamente contrária
cinco dias da publicação da rio Público.
à prova dos autos, dar-lhe-á
resposta do juiz a quo, ou en- provimento para sujeitar o réu
tregues ao Correio dentro do Art. 599. As apelações po-
a novo julgamento; não se ad- derão ser interpostas quer em
mesmo prazo.
mite, porém, pelo mesmo mo-
relação a todo o julgado, quer
tivo, segunda apelação.
Art. 592. Publicada a de- em relação a parte dele.
cisão do juiz ou do tribunal ad § 4o Quando cabível a ape-
quem, deverão os autos ser de- lação, não poderá ser usado
volvidos, dentro de cinco dias,
ao juiz a quo. 158
Lei no 11.719/2008.
159
Lei no 12.403/2011.
Capítulo III – Da Apelação 157
Lei no 263/1948. 160
Lei no 5.941/1973.

548
Art. 600. Assinado o ter- solicitar, salvo se o pedido for for parcial, os embargos serão
mo de apelação, o apelante e, de réu pobre ou do Ministério restritos à matéria objeto de
depois dele, o apelado terão Público. divergência.
o prazo de oito dias cada um
para oferecer razões, salvo nos Art. 602. Os autos serão, Art. 610. Nos recursos em
processos de contravenção, dentro dos prazos do artigo sentido estrito, com exceção
em que o prazo será de três anterior, apresentados ao tri- do de habeas corpus, e nas apela-
dias.161 bunal ad quem ou entregues ao ções interpostas das sentenças
§ 1o Se houver assistente, Correio, sob registro. em processo de contravenção
este arrazoará, no prazo de ou de crime a que a lei comi-
três dias, após o Ministério Art. 603. A apelação subi- ne pena de detenção, os autos
Público. rá nos autos originais e, a não irão imediatamente com vista
ser no Distrito Federal e nas ao procurador-geral pelo pra-
§ 2o Se a ação penal for movi- comarcas que forem sede de zo de cinco dias, e, em seguida,
da pela parte ofendida, o Mi- Tribunal de Apelação, ficará passarão, por igual prazo, ao
nistério Público terá vista dos em cartório traslado dos ter- relator, que pedirá designação
autos, no prazo do parágrafo mos essenciais do processo re- de dia para o julgamento.
anterior. feridos no art. 564, no III.
§ 3o Quando forem dois ou Parágrafo único. Anunciado o
mais os apelantes ou apelados, Arts. 604 a 606. (Revoga- julgamento pelo presidente, e
os prazos serão comuns. dos)162 apregoadas as partes, com a
presença destas ou à sua reve-
§ 4o Se o apelante declarar, Capítulo IV – lia, o relator fará a exposição
na petição ou no termo, ao in- (Revogado)163 do feito e, em seguida, o pre-
terpor a apelação, que deseja
sidente concederá, pelo prazo
arrazoar na superior instân- Art. 607. (Revogado) de 10 (dez) minutos, a palavra
cia serão os autos remetidos
aos advogados ou às partes
ao tribunal ad quem onde será Art. 608. (Revogado) que a solicitarem e ao procu-
aberta vista às partes, ob-
rador-geral, quando o reque-
servados os prazos legais, Capítulo V – Do Processo
notificadas as partes pela pu- rer, por igual prazo.
e do Julgamento dos Recursos
blicação oficial.
em Sentido Estrito e das Art. 611. (Revogado)165
Art. 601. Findos os prazos Apelações, nos Tribunais de
para razões, os autos serão re- Apelação Art. 612. Os recursos de
metidos à instância superior, habeas corpus, designado o rela-
com as razões ou sem elas, no Art. 609. Os recursos, ape- tor, serão julgados na primeira
prazo de 5 (cinco) dias, salvo lações e embargos serão julga- sessão.
no caso do art. 603, segunda dos pelos Tribunais de Justiça,
parte, em que o prazo será de câmaras ou turmas criminais, Art. 613. As apelações in-
trinta dias. de acordo com a competência terpostas das sentenças profe-
estabelecida nas leis de organi- ridas em processos por crime a
§ 1o Se houver mais de um réu, zação judiciária.164 que a lei comine pena de reclu-
e não houverem todos sido jul- são, deverão ser processadas
gados, ou não tiverem todos Parágrafo único. Quando não e julgadas pela forma estabe-
apelado, caberá ao apelante for unânime a decisão de se- lecida no art. 610, com as se-
promover extração do trasla- gunda instância, desfavorável guintes modificações:
do dos autos, o qual deverá ser ao réu, admitem-se embargos
remetido à instância superior I – exarado o relatório nos
infringentes e de nulidade, que autos, passarão estes ao revi-
no prazo de trinta dias, conta-
poderão ser opostos dentro de sor, que terá igual prazo para
do da data da entrega das últi-
10 (dez) dias, a contar da pu- o exame do processo, e pedi-
mas razões de apelação, ou do
blicação de acórdão, na forma rá designação de dia para o
vencimento do prazo para a
do art. 613. Se o desacordo
apresentação das do apelado. julgamento;
§ 2o As despesas do traslado II – os prazos serão ampliados
correrão por conta de quem o ao dobro;
162
Lei no 263/1948.
163
NE: este Capítulo foi revogado
pela Lei no 11.689/2008.
161
Lei no 4.336/1964. 164
Lei no 1.720-B/1952. 165
Decreto-Lei no 552/1969.

549
III – o tempo para os debates de dois dias contados da sua do réu, pelo cônjuge, ascen-
será de um quarto de hora. publicação, quando houver na dente, descendente ou irmão.
sentença ambiguidade, obscu-
Art. 614. No caso de im- ridade, contradição ou omis- Art. 624. As revisões crimi-
possibilidade de observância são. nais serão processadas e julga-
de qualquer dos prazos mar- das:166
cados nos arts. 610 e 613, os Art. 620. Os embargos
motivos da demora serão de- I – pelo Supremo Tribunal Fe-
de declaração serão deduzi- deral, quanto às condenações
clarados nos autos. dos em requerimento de que por ele proferidas;
constem os pontos em que o
Art. 615. O tribunal deci- acórdão é ambíguo, obscuro, II – pelo Tribunal Federal de
dirá por maioria de votos. contraditório ou omisso. Recursos, Tribunais de Justi-
§ 1o Havendo empate de vo- ça ou de Alçada, nos demais
§ 1o O requerimento será casos.
tos no julgamento de recursos, apresentado pelo relator e jul-
se o presidente do tribunal, gado, independentemente de § 1o No Supremo Tribunal Fe-
câmara ou turma, não tiver revisão, na primeira sessão. deral e no Tribunal Federal de
tomado parte na votação, pro- Recursos o processo e julga-
ferirá o voto de desempate; no § 2o Se não preenchidas as mento obedecerão ao que for
caso contrário, prevalecerá a condições enumeradas neste estabelecido no respectivo re-
decisão mais favorável ao réu. artigo, o relator indeferirá des- gimento interno.
§ 2o O acórdão será apresen- de logo o requerimento.
§ 2o Nos Tribunais de Justiça
tado à conferência na primeira ou de Alçada, o julgamento se-
sessão seguinte à do julgamen- Capítulo VII – Da Revisão
rá efetuado pelas câmaras ou
to, ou no prazo de duas ses- turmas criminais, reunidas em
sões, pelo juiz incumbido de Art. 621. A revisão dos
processos findos será admiti- sessão conjunta, quando hou-
lavrá-lo. ver mais de uma, e, no caso
da:
contrário, pelo tribunal pleno.
Art. 616. No julgamento I – quando a sentença conde-
das apelações poderá o tribu- § 3o Nos tribunais onde hou-
natória for contrária ao texto
nal, câmara ou turma proce- ver quatro ou mais câmaras
expresso da lei penal ou à evi-
der a novo interrogatório do ou turmas criminais, poderão
dência dos autos;
acusado, reinquirir testemu- ser constituídos dois ou mais
nhas ou determinar outras di- II – quando a sentença con- grupos de câmaras ou turmas
ligências. denatória se fundar em para o julgamento de revisão,
depoimentos, exames ou do- obedecido o que for estabele-
Art. 617. O tribunal, câ- cumentos comprovadamente cido no respectivo regimento
mara ou turma atenderá nas falsos; interno.
suas decisões ao disposto nos
III – quando, após a sentença, Art. 625. O requerimento
arts. 383, 386 e 387, no que
se descobrirem novas provas será distribuído a um relator
for aplicável, não podendo,
de inocência do condenado ou e a um revisor, devendo fun-
porém, ser agravada a pena,
quando somente o réu houver de circunstância que determi- cionar como relator um de-
apelado da sentença. ne ou autorize diminuição es- sembargador que não tenha
pecial da pena. pronunciado decisão em qual-
Art. 618. Os regimentos quer fase do processo.
dos Tribunais de Apelação es- Art. 622. A revisão pode-
rá ser requerida em qualquer § 1o O requerimento será ins-
tabelecerão as normas com- truído com a certidão de haver
plementares para o processo tempo, antes da extinção da
pena ou após. passado em julgado a sen-
e julgamento dos recursos e tença condenatória e com as
apelações.
Parágrafo único. Não será admis- peças necessárias à comprova-
ção dos fatos arguidos.
Capítulo VI – Dos sível a reiteração do pedido,
Embargos salvo se fundado em novas § 2o O relator poderá deter-
provas. minar que se apensem os au-
Art. 619. Aos acórdãos tos originais, se daí não advier
proferidos pelos Tribunais de Art. 623. A revisão poderá
Apelação, câmaras ou turmas, ser pedida pelo próprio réu ou
poderão ser opostos embar- por procurador legalmente ha-
gos de declaração, no prazo bilitado ou, no caso de morte 166
Decreto-Lei no 504/1969.

550
dificuldade à execução normal mandará juntá-la imediata- julgado no Supremo Tribunal
da sentença. mente aos autos, para inteiro Federal na forma estabelecida
cumprimento da decisão. pelo respectivo regimento in-
§ 3o Se o relator julgar insufi-
terno.
cientemente instruído o pedi-
Art. 630. O tribunal, se o
do e inconveniente ao interesse
da justiça que se apensem os
interessado o requerer, poderá Capítulo IX – Da Carta
reconhecer o direito a uma jus- Testemunhável
autos originais, indeferi-lo-á ta indenização pelos prejuízos
in limine, dando recurso para sofridos. Art. 639. Dar-se-á carta
as câmaras reunidas ou para o
§ 1o Por essa indenização, que testemunhável:
tribunal, conforme o caso (art.
624, parágrafo único). será liquidada no juízo cível, I – da decisão que denegar o
responderá a União, se a con- recurso;
§ 4 Interposto o recurso por
o
denação tiver sido proferida
petição e independentemente pela justiça do Distrito Federal II – da que, admitindo embora
de termo, o relator apresenta- ou de Território, ou o Estado, o recurso, obstar à sua expedi-
rá o processo em mesa para o se o tiver sido pela respectiva ção e seguimento para o juízo
julgamento e o relatará, sem justiça. ad quem.
tomar parte na discussão.
§ 2o A indenização não será Art. 640. A carta teste-
§ 5o Se o requerimento não devida:
for indeferido in limine, abrir-se- munhável será requerida ao
-á vista dos autos ao procura- a) se o erro ou a injustiça escrivão, ou ao secretário do
dor-geral, que dará parecer no da condenação pro- tribunal, conforme o caso, nas
prazo de dez dias. Em seguida, ceder de ato ou falta quarenta e oito horas seguin-
examinados os autos, sucessi- imputável ao próprio tes ao despacho que denegar
vamente, em igual prazo, pelo impetrante, como a o recurso, indicando o reque-
relator e revisor, julgar-se-á o confissão ou a oculta- rente as peças do processo que
pedido na sessão que o presi- ção de prova em seu deverão ser trasladadas.
dente designar. poder;
Art. 641. O escrivão, ou
b) se a acusação houver
Art. 626. Julgando pro- o secretário do tribunal, dará
sido meramente priva-
cedente a revisão, o tribunal recibo da petição à parte e, no
da.
poderá alterar a classificação prazo máximo de cinco dias,
da infração, absolver o réu, no caso de recurso no sentido
Art. 631. Quando, no cur-
modificar a pena ou anular o estrito, ou de sessenta dias,
so da revisão, falecer a pessoa,
processo. cuja condenação tiver de ser no caso de recurso extraordi-
revista, o presidente do tribu- nário, fará entrega da carta,
Parágrafo único. De qualquer nal nomeará curador para a devidamente conferida e con-
maneira, não poderá ser agra- defesa. certada.
vada a pena imposta pela deci-
são revista. Capítulo VIII – Do Art. 642. O escrivão, ou o
Recurso Extraordinário secretário do tribunal, que se
Art. 627. A absolvição im- negar a dar o recibo, ou deixar
plicará o restabelecimento de Arts. 632 a 636. (Revoga- de entregar, sob qualquer pre-
todos os direitos perdidos em dos)167 texto, o instrumento, será sus-
virtude da condenação, de- penso por trinta dias. O juiz,
vendo o tribunal, se for caso, Art. 637. O recurso extra- ou o presidente do Tribunal
impor a medida de segurança ordinário não tem efeito sus- de Apelação, em face de repre-
cabível. pensivo, e uma vez arrazoados sentação do testemunhante,
pelo recorrido os autos do imporá a pena e mandará que
Art. 628. Os regimentos traslado, os originais baixarão seja extraído o instrumento,
internos dos Tribunais de Ape- à primeira instância, para a sob a mesma sanção, pelo
lação estabelecerão as normas execução da sentença. substituto do escrivão ou do
complementares para o pro- secretário do tribunal. Se o
cesso e julgamento das revi- Art. 638. O recurso extra- testemunhante não for atendi-
sões criminais. ordinário será processado e do, poderá reclamar ao presi-
dente do tribunal ad quem, que
Art. 629. À vista da certi- avocará os autos, para o efeito
dão do acórdão que cassar a do julgamento do recurso e
sentença condenatória, o juiz 167
Lei no 3.396/1958. imposição da pena.

551
Art. 643. Extraído e autu- VII – quando extinta a nas custas a autoridade que,
ado o instrumento, observar- punibilidade. por má-fé ou evidente abuso
se-á o disposto nos arts. 588 de poder, tiver determinado a
a 592, no caso de recurso em Art. 649. O juiz ou o tribu- coação.
sentido estrito, ou o processo nal, dentro dos limites da sua
estabelecido para o recurso jurisdição, fará passar imedia- Parágrafo único. Neste caso, será
extraordinário, se deste se tra- tamente a ordem impetrada, remetida ao Ministério Público
tar. nos casos em que tenha cabi- cópia das peças necessárias
mento, seja qual for a autori- para ser promovida a respon-
Art. 644. O tribunal, câ- dade coatora. sabilidade da autoridade.
mara ou turma a que competir
o julgamento da carta, se des- Art. 650. Competirá co- Art. 654. O habeas corpus
nhecer, originariamente, do poderá ser impetrado por
ta tomar conhecimento, man-
pedido de habeas corpus: qualquer pessoa, em seu favor
dará processar o recurso, ou,
se estiver suficientemente ins- I – ao Supremo Tribunal ou de outrem, bem como pelo
Federal, nos casos previs- Ministério Público.
truída, decidirá logo, de meritis.
tos no art. 101, I, “g”, da § 1o A petição de habeas corpus
Art. 645. O processo da Constituição; conterá:
carta testemunhável na instân- II – aos Tribunais de Apelação, a) o nome da pessoa que
cia superior seguirá o processo sempre que os atos de violên- sofre ou está ameaça-
do recurso denegado. cia ou coação forem atribuídos da de sofrer violência
a governadores, ou intervento- ou coação e o de quem
Art. 646. A carta testemu- res, dos Estados ou Territórios exercer a violência,
nhável não terá efeito suspen- e ao prefeito do Distrito Fede- coação ou ameaça;
sivo. ral, ou a seus secretários, ou
aos chefes de Polícia. b) a declaração da espécie
Capítulo X – Do Habeas de constrangimento
§ 1 A competência do juiz
o
ou, em caso de simples
Corpus e Seu Processo cessará sempre que a violência ameaça de coação, as
ou coação provier de autorida- razões em que funda o
Art. 647. Dar-se-á habeas
de judiciária de igual ou supe- seu temor;
corpus sempre que alguém so-
rior jurisdição.
frer ou se achar na iminência c) a assinatura do impe-
de sofrer violência ou coação § 2o Não cabe o habeas corpus trante, ou de alguém a
ilegal na sua liberdade de ir e contra a prisão administrativa, seu rogo, quando não
vir, salvo nos casos de punição atual ou iminente, dos respon- souber ou não puder
disciplinar. sáveis por dinheiro ou valor escrever, e a designa-
pertencente à Fazenda Públi- ção das respectivas re-
Art. 648. A coação consi- ca, alcançados ou omissos em sidências.
derar-se-á ilegal: fazer o seu recolhimento nos
prazos legais, salvo se o pedi- § 2o Os juízes e os tribunais
I – quando não houver justa do for acompanhado de prova têm competência para expedir
causa; de quitação ou de depósito do de ofício ordem de habeas cor-
alcance verificado, ou se a pri- pus, quando no curso de pro-
II – quando alguém estiver pre- cesso verificarem que alguém
são exceder o prazo legal.
so por mais tempo do que de- sofre ou está na iminência de
termina a lei; sofrer coação ilegal.
Art. 651. A concessão do
III – quando quem ordenar a habeas corpus não obstará, nem
coação não tiver competência porá termo ao processo, desde Art. 655. O carcereiro ou
para fazê-lo; que este não esteja em conflito o diretor da prisão, o escrivão,
com os fundamentos daquela. o oficial de justiça ou a autori-
IV – quando houver cessa- dade judiciária ou policial que
do o motivo que autorizou a Art. 652. Se o habeas cor- embaraçar ou procrastinar a
coação; pus for concedido em virtude expedição de ordem de habeas
V – quando não for alguém de nulidade do processo, este corpus, as informações sobre a
admitido a prestar fiança, nos será renovado. causa da prisão, a condução e
casos em que a lei a autoriza; apresentação do paciente, ou
Art. 653. Ordenada a sol- a sua soltura, será multado na
VI – quando o processo for tura do paciente em virtude de quantia de duzentos mil-réis a
manifestamente nulo; habeas corpus, será condenada um conto de réis, sem prejuí-

552
zo das penas em que incorrer. damentadamente, dentro de Art. 662. Se a petição con-
As multas serão impostas pelo 24 (vinte e quatro) horas. tiver os requisitos do art. 654,
juiz do tribunal que julgar o § 1o, o presidente, se necessá-
§ 1o Se a decisão for favorável
habeas corpus, salvo quando se rio, requisitará da autoridade
tratar de autoridade judiciária, ao paciente, será logo posto
indicada como coatora infor-
caso em que caberá ao Su- em liberdade, salvo se por ou-
mações por escrito. Faltando,
premo Tribunal Federal ou ao tro motivo dever ser mantido
porém, qualquer daqueles re-
Tribunal de Apelação impor as na prisão.
quisitos, o presidente manda-
multas. § 2o Se os documentos que rá preenchê-lo, logo que lhe for
instruírem a petição evidencia- apresentada a petição.
Art. 656. Recebida a peti- rem a ilegalidade da coação,
ção de habeas corpus, o juiz, se o juiz ou o tribunal ordenará Art. 663. As diligências
julgar necessário, e estiver pre- que cesse imediatamente o do artigo anterior não serão
so o paciente, mandará que constrangimento. ordenadas, se o presidente en-
este lhe seja imediatamente tender que o habeas corpus deva
apresentado em dia e hora que § 3o Se a ilegalidade decor-
ser indeferido in limine. Nesse
designar. rer do fato de não ter sido o
caso, levará a petição ao tri-
paciente admitido a prestar
bunal, câmara ou turma, para
Parágrafo único. Em caso de de- fiança, o juiz arbitrará o valor
que delibere a respeito.
sobediência, será expedido desta, que poderá ser prestada
mandado de prisão contra o perante ele, remetendo, neste
Art. 664. Recebidas as in-
detentor, que será processado caso, à autoridade os respec-
formações, ou dispensadas, o
na forma da lei, e o juiz provi- tivos autos, para serem anexa-
denciará para que o paciente habeas corpus será julgado na
dos aos do inquérito policial
seja tirado da prisão e apre- primeira sessão, podendo, en-
ou aos do processo judicial.
sentado em juízo. tretanto, adiar-se o julgamen-
§ 4o Se a ordem de habeas cor- to para a sessão seguinte.
Art. 657. Se o paciente es- pus for concedida para evitar
tiver preso, nenhum motivo ameaça de violência ou coação Parágrafo único. A decisão será
escusará a sua apresentação, ilegal, dar-se-á ao paciente sal- tomada por maioria de votos.
salvo: vo-conduto assinado pelo juiz. Havendo empate, se o presi-
dente não tiver tomado parte
I – grave enfermidade do § 5o Será incontinenti enviada
na votação, proferirá voto de
paciente; cópia da decisão à autoridade
desempate; no caso contrário,
que tiver ordenado a prisão ou
II – não estar ele sob a guarda prevalecerá a decisão mais fa-
tiver o paciente à sua disposi-
da pessoa a quem se atribui a vorável ao paciente.
ção, a fim de juntar-se aos au-
detenção; tos do processo.
Art. 665. O secretário do
III – se o comparecimento não
§ 6o Quando o paciente esti- tribunal lavrará a ordem que,
tiver sido determinado pelo
ver preso em lugar que não seja assinada pelo presidente do
juiz ou pelo tribunal.
o da sede do juízo ou do tribu- tribunal, câmara ou turma,
nal que conceder a ordem, o será dirigida, por ofício ou
Parágrafo único. O juiz poderá ir
ao local em que o paciente se alvará de soltura será expedi- telegrama, ao detentor, ao
encontrar, se este não puder do pelo telégrafo, se houver, carcereiro ou autoridade que
ser apresentado por motivo de observadas as formalidades exercer ou ameaçar exercer o
doença. estabelecidas no art. 289, pa- constrangimento.
rágrafo único in fine, ou por via
Art. 658. O detentor de- postal. Parágrafo único. A ordem trans-
clarará à ordem de quem o pa- mitida por telegrama obede-
ciente estiver preso. Art. 661. Em caso de com- cerá ao disposto no art. 289,
petência originária do Tribu- parágrafo único, in fine.
Art. 659. Se o juiz ou o tri- nal de Apelação, a petição de
bunal verificar que já cessou a habeas corpus será apresentada Art. 666. Os regimentos
violência ou coação ilegal, jul- ao secretário, que a enviará dos Tribunais de Apelação es-
gará prejudicado o pedido. imediatamente ao presidente tabelecerão as normas com-
do tribunal, ou da câmara cri- plementares para o processo
Art. 660. Efetuadas as minal, ou da turma, que estiver e julgamento do pedido de ha-
diligências, e interrogado o reunida, ou primeiro tiver de beas corpus de sua competência
paciente, o juiz decidirá, fun- reunir-se. originária.

553
Art. 667. No processo e que dará imediatamente co- Art. 675. No caso de ainda
julgamento do habeas corpus de nhecimento ao juiz de primeira não ter sido expedido manda-
competência originária do Su- instância. do de prisão, por tratar-se de
premo Tribunal Federal, bem infração penal em que o réu se
como nos de recurso das de- Art. 671. Os incidentes da livra solto ou por estar afian-
cisões de última ou única ins- execução serão resolvidos pelo çado, o juiz, ou o presidente
tância, denegatórias de habeas respectivo juiz. da câmara ou tribunal, se tiver
corpus, observar-se-á, no que havido recurso, fará expedir o
lhes for aplicável, o disposto Art. 672. Computar-se-á mandado de prisão, logo que
nos artigos anteriores, deven- na pena privativa da liberdade transite em julgado a sentença
do o regimento interno do o tempo: condenatória.
tribunal estabelecer as regras
I – de prisão preventiva no Bra- § 1o No caso de reformada pe-
complementares.
sil ou no estrangeiro; la superior instância, em grau
de recurso, a sentença abso-
II – de prisão provisória no lutória, estando o réu solto,
Brasil ou no estrangeiro; o presidente da câmara ou do
Livro IV – Da tribunal fará, logo após a ses-
III – de internação em hospital
Execução ou manicômio. são de julgamento, remeter ao
chefe de Polícia o mandado de
Art. 673. Verificado que o prisão do condenado.
réu, pendente a apelação por § 2o Se o réu estiver em prisão
Título I – ele interposta, já sofreu prisão especial, deverá, ressalvado o
Disposições Gerais por tempo igual ao da pena a disposto na legislação relativa
que foi condenado, o relator aos militares, ser expedida or-
do feito mandará pô-lo ime- dem para sua imediata remo-
Art. 668. A execução,
diatamente em liberdade, sem ção para prisão comum, até
onde não houver juiz especial,
prejuízo do julgamento do re- que se verifique a expedição de
incumbirá ao juiz da sentença,
curso, salvo se, no caso de cri- carta de guia para o cumpri-
ou, se a decisão for do Tribunal
me a que a lei comine pena de mento da pena.
do Júri, ao seu presidente.
reclusão, no máximo, por tem-
po igual ou superior a 8 anos, Art. 676. A carta de guia,
Parágrafo único. Se a decisão for
o querelante ou o Ministério extraída pelo escrivão e assi-
de tribunal superior, nos casos
Público também houver apela- nada pelo juiz, que a rubricará
de sua competência originária,
do da sentença condenatória. em todas as folhas, será reme-
caberá ao respectivo presiden-
tida ao diretor do estabele-
te prover-lhe a execução.
cimento em que tenha de ser
cumprida a sentença condena-
Art. 669. Só depois de
passar em julgado, será exe- Título II – Da Execução tória, e conterá:
quível a sentença, salvo: das Penas em Espécie I – o nome do réu e a alcunha
por que for conhecido;
I – quando condenatória, pa-
ra o efeito de sujeitar o réu a Capítulo I – Das Penas II – a sua qualificação civil (na-
prisão, ainda no caso de crime Privativas de Liberdade turalidade, filiação, idade, es-
afiançável, enquanto não for tado, profissão), instrução e,
prestada a fiança; Art. 674. Transitando em se constar, número do registro
julgado a sentença que impu- geral do Instituto de Identifica-
II – quando absolutória, para
ser pena privativa de liberda- ção e Estatística ou de reparti-
o fim de imediata soltura do
de, se o réu já estiver preso, ou ção congênere;
réu, desde que não proferida
em processo por crime a que vier a ser preso, o juiz ordenará III – o teor integral da sentença
a lei comine pena de reclusão, a expedição de carta de guia condenatória e a data da ter-
no máximo, por tempo igual para o cumprimento da pena. minação da pena.
ou superior a oito anos.
Parágrafo único. Na hipótese do Parágrafo único. Expedida car-
Art. 670. No caso de de- art. 82, última parte, a expedi- ta de guia para cumprimento
cisão absolutória confirmada ção da carta de guia será or- de uma pena, se o réu estiver
ou proferida em grau de apela- denada pelo juiz competente cumprindo outra, só depois de
ção, incumbirá ao relator fazer para a soma ou unificação das terminada a execução desta
expedir o alvará de soltura, de penas. será aquela executada. Retifi-

554
car-se-á a carta de guia sempre sido imposta medida de segu- Art. 687. O juiz poderá,
que sobrevenha modificação rança detentiva, o indivíduo desde que o condenado o re-
quanto ao início da execução terá o destino aconselhado queira:168
ou ao tempo de duração da pela sua enfermidade, feita a I – prorrogar o prazo do paga-
pena. devida comunicação ao juiz de mento da multa até três me-
incapazes. ses, se as circunstâncias justifi-
Art. 677. Da carta de guia
e seus aditamentos se remete- carem essa prorrogação;
Art. 683. O diretor da
rá cópia ao Conselho Peniten- prisão a que o réu tiver sido II – permitir, nas mesmas cir-
ciário. cunstâncias, que o pagamento
recolhido provisoriamente ou
se faça em parcelas mensais,
Art. 678. O diretor do es- em cumprimento de pena co-
no prazo que fixar, mediante
tabelecimento, em que o réu municará imediatamente ao
caução real ou fidejussória,
tiver de cumprir a pena, pas- juiz o óbito, a fuga ou a soltu- quando necessário.
sará recibo da carta de guia ra do detido ou sentenciado
para juntar-se aos autos do para que fique constando dos § 1o O requerimento, tanto no
processo. autos. caso do no I, como no do no II,
será feito dentro do decêndio
Art. 679. As cartas de Parágrafo único. A certidão de concedido para o pagamento
guia serão registradas em li- óbito acompanhará a comu- da multa.
vro especial, segundo a ordem nicação. § 2o A permissão para o pa-
cronológica do recebimento, gamento em parcelas será re-
fazendo-se no curso da execu- Art. 684. A recaptura do vogada, se o juiz verificar que
ção as anotações necessárias. réu evadido não depende de o condenado dela se vale para
prévia ordem judicial e pode- fraudar a execução da pena.
Art. 680. Computar-se-á rá ser efetuada por qualquer Nesse caso, a caução resol-
no tempo da pena o período pessoa. ver-se-á em valor monetário,
em que o condenado, por sen- devolvendo-se ao condenado
tença irrecorrível, permanecer Art. 685. Cumprida ou o que exceder à satisfação da
preso em estabelecimento di- multa e das custas processuais.
extinta a pena, o condenado
verso do destinado ao cumpri-
mento dela. será posto, imediatamente,
em liberdade, mediante alvará Art. 688. Findo o decên-
do juiz, no qual se ressalvará a dio ou a prorrogação sem que
Art. 681. Se impostas o condenado efetue o paga-
cumulativamente penas pri- hipótese de dever o condenado
mento, ou ocorrendo a hipó-
vativas da liberdade, será exe- continuar na prisão por outro
tese prevista no § 2o do artigo
cutada primeiro a de reclusão, motivo legal.
anterior, observar-se-á o se-
depois a de detenção e por úl- guinte:169
timo a de prisão simples. Parágrafo único. Se tiver sido
imposta medida de segurança I – possuindo o condenado
Art. 682. O sentenciado a detentiva, o condenado será bens sobre os quais possa re-
que sobrevier doença mental, removido para estabelecimen- cair a execução, será extraída
verificada por perícia médica, to adequado (art. 762). certidão da sentença condena-
será internado em manicômio tória, a fim de que o Ministério
judiciário, ou, à falta, em ou- Capítulo II – Das Penas Público proceda à cobrança
tro estabelecimento adequa- judicial;
Pecuniárias
do, onde lhe seja assegurada a II – sendo o condenado insol-
custódia. Art. 686. A pena de multa vente, far-se-á a cobrança:
§ 1o Em caso de urgência, o será paga dentro em 10 dias
a) mediante desconto de
diretor do estabelecimento após haver transitado em jul-
quarta parte de sua
penal poderá determinar a gado a sentença que a impu- remuneração (arts. 29,
remoção do sentenciado, co- ser. § 1o, e 37 do Código
municando imediatamente a
providência ao juiz, que, em Parágrafo único. Se interposto
face da perícia médica, ratifi- recurso da sentença, esse pra-
cará ou revogará a medida. zo será contado do dia em que Lei no 6.416/1977.
168

§ 2o Se a internação se pro- o juiz ordenar o cumprimento NE: os dispositivos menciona-


169

longar até o término do prazo da decisão da superior instân- dos são os do texto original do
restante da pena e não houver cia. Código Penal.

555
Penal), quando cum- prisão simples, no caso de cri- competente conhecimento da
prir pena privativa da me ou de contravenção:170 sentença transitada em jul-
liberdade, cumulativa- gado, que impuser ou de que
I – se o condenado solvente
mente imposta com a resultar a perda da função pú-
frustrar o pagamento da multa;
de multa; blica ou a incapacidade tem-
II – se não forem pagas pelo porária para investidura em
b) mediante desconto em condenado solvente as parce- função pública ou para exercí-
seu vencimento ou sa- las mensais autorizadas sem cio de profissão ou atividade.
lário, se, cumprida a garantia.
pena privativa da liber- Art. 692. No caso de inca-
dade, ou concedido o § 1o Se o juiz reconhecer desde
pacidade temporária ou per-
livramento condicio- logo a existência de causa para
manente para o exercício do
nal, a multa não hou- a conversão, a ela procederá
pátrio poder, da tutela ou da
de ofício ou a requerimento do
ver sido resgatada; curatela, o juiz providenciará
Ministério Público, indepen-
para que sejam acautelados, no
c) mediante esse descon- dentemente de audiência do
juízo competente, a pessoa e os
to, se a multa for a condenado; caso contrário,
bens do menor ou do interdito.
única pena imposta ou depois de ouvir o condenado,
no caso de suspensão se encontrado no lugar da
Art. 693. A incapacidade
condicional da pena. sede do juízo, poderá admitir
permanente ou temporária
a apresentação de prova pelas
§ 1o O desconto, nos casos das para o exercício da autorida-
partes, inclusive testemunhal,
letras “b” e “c”, será feito me- de marital ou do pátrio poder
no prazo de três dias.
diante ordem ao empregador, será averbada no registro civil.
à repartição competente ou à § 2o O juiz, desde que transite
administração da entidade pa- em julgado a decisão, ordena- Art. 694. As penas acessórias
raestatal, e, antes de fixá-lo, o rá a expedição de mandado de consistentes em interdições de di-
juiz requisitará informações e prisão ou aditamento à carta de reitos serão comunicadas ao Insti-
ordenará diligências, inclusi- guia, conforme esteja o conde- tuto de Identificação e Estatística
nado solto ou em cumprimento ou estabelecimento congênere,
ve arbitramento, quando ne-
de pena privativa da liberdade. figurarão na folha de antecedentes
cessário, para observância do
do condenado e serão menciona-
art. 37, § 3o, do Código Penal. § 3o Na hipótese do inciso II
das no rol de culpados.
deste artigo, a conversão será
§ 2o Sob pena de desobediên- feita pelo valor das parcelas
cia e sem prejuízo da execução Art. 695. Iniciada a execu-
não pagas.
a que ficará sujeito, o empre- ção das interdições temporárias
gador será intimado a recolher (art. 72, “a” e “b”, do Código
Art. 690. O juiz tornará sem
mensalmente, até o dia fixado Penal), o juiz, de ofício, a reque-
efeito a conversão, expedindo
pelo juiz, a importância cor- rimento do Ministério Público
alvará de soltura ou cassando a
respondente ao desconto, em ou do condenado, fixará o seu
ordem de prisão, se o condena-
selo penitenciário, que será termo final, completando as
do, em qualquer tempo:
inutilizado nos autos pelo juiz. providências determinadas nos
I – pagar a multa; artigos anteriores.171
§ 3o Se o condenado for fun-
II – prestar caução real ou fi-
cionário estadual ou munici-
dejussória que lhe assegure o
pal ou empregado de entidade
pagamento.
paraestatal, a importância do Título III – Dos
desconto será, semestralmen- Parágrafo único. No caso do no II, Incidentes da Execução
te, recolhida ao Tesouro Na- antes de homologada a caução,
cional, delegacia fiscal ou cole- será ouvido o Ministério Público
toria federal, como receita do dentro do prazo de dois dias. Capítulo I – Da Suspensão
selo penitenciário. Condicional da Pena
Capítulo III – Das Penas
§ 4o As quantias descontadas Acessórias Art. 696. O juiz poderá
em folha de pagamento de fun- suspender, por tempo não in-
cionário federal constituirão Art. 691. O juiz dará à
renda do selo penitenciário. autoridade administrativa

Art. 689. A multa será NE: os dispositivos menciona-


171

convertida, à razão de dez mil- dos são os do texto original do


-réis por dia, em detenção ou 170
Lei no 6.416/1977. Código Penal.

556
ferior a 2 (dois) nem superior § 1o As condições serão ade- de acarretar a revogação do
a 6 (seis) anos, a execução quadas ao delito e à persona- benefício, a prorrogação do
das penas de reclusão e de lidade do condenado. prazo ou a modificação das
detenção que não excedam a condições.
§ 2o Poderão ser impostas,
2 (dois) anos, ou, por tempo além das estabelecidas no § 7o Se for permitido ao bene-
não inferior a 1 (um) nem su- art. 767, como normas de con- ficiário mudar-se, será feita co-
perior a 3 (três) anos, a execu- duta e obrigações, as seguintes municação ao juiz e à entidade
ção da pena de prisão simples, condições: fiscalizadora do local da nova
desde que o sentenciado:172 residência, aos quais deverá
I – frequentar curso de habili-
I – não haja sofrido, no País ou apresentar-se imediatamente.
tação profissional ou de ins-
no estrangeiro, condenação trução escolar;
Art. 699. No caso de con-
irrecorrível por outro crime a
II – prestar serviços em favor denação pelo Tribunal do Júri,
pena privativa da liberdade, da comunidade; a suspensão condicional da
salvo o disposto no parágra- pena competirá ao seu presi-
fo único do art. 46 do Código III – atender aos encargos de
dente.
Penal;173 família;
II – os antecedentes e a perso- IV – submeter-se a tratamento Art. 700. A suspensão não
nalidade do sentenciado, os de desintoxicação. compreende a multa, as penas
motivos e as circunstâncias do acessórias, os efeitos da con-
§ 3o O juiz poderá fixar, a
crime autorizem a presunção denação nem as custas.
qualquer tempo, de ofício ou
de que não tornará a delinquir. a requerimento do Ministé-
Art. 701. O juiz, ao conce-
rio Público, outras condições
der a suspensão, fixará, tendo
Parágrafo único. Processado o além das especificadas na sen-
em conta as condições econô-
beneficiário por outro crime tença e das referidas no pará-
micas ou profissionais do réu,
ou contravenção, considerar- grafo anterior, desde que as
o prazo para o pagamento,
se-á prorrogado o prazo da circunstâncias o aconselhem.
integral ou em prestações, das
suspensão da pena até o julga- § 4o A fiscalização do cumpri- custas do processo e taxa pe-
mento definitivo. mento das condições deverá nitenciária.
ser regulada, nos Estados, Ter-
Art. 697. O juiz ou tribu- ritórios e Distrito Federal, por Art. 702. Em caso de co-
nal, na decisão que aplicar normas supletivas e atribuída autoria, a suspensão poderá
pena privativa da liberdade a serviço social penitenciário, ser concedida a uns e negada a
não superior a 2 (dois) anos, patronato, conselho de comu- outros réus.
deverá pronunciar-se, motiva- nidade ou entidades similares,
damente, sobre a suspensão inspecionadas pelo Conselho Art. 703. O juiz que con-
condicional, quer a conceda Penitenciário, pelo Ministério ceder a suspensão lerá ao réu,
quer a denegue.174 Público ou ambos, devendo o em audiência, a sentença res-
juiz da execução na comarca pectiva, e o advertirá das con-
Art. 698. Concedida a sus- suprir, por ato, a falta das nor- sequências de nova infração
pensão, o juiz especificará as mas supletivas. penal e da transgressão das
condições a que fica sujeito o obrigações impostas.
§ 5o O beneficiário deverá
condenado, pelo prazo previs- comparecer periodicamente
to, começando este a correr Art. 704. Quando for con-
à entidade fiscalizadora, para
da audiência em que se der cedida a suspensão pela supe-
comprovar a observância das
conhecimento da sentença ao rior instância, a esta caberá
condições a que está sujeito,
estabelecer-lhe as condições,
beneficiário e lhe for entregue comunicando, também, a sua
podendo a audiência ser pre-
documento similar ao descrito ocupação, os salários ou pro-
sidida por qualquer membro
no art. 724.175 ventos de que vive, as econo-
do tribunal ou câmara, pelo
mias que conseguiu realizar e
juiz do processo ou por outro
as dificuldades materiais ou
designado pelo presidente do
sociais que enfrenta.
172
Lei no 6.416/1977. tribunal ou câmara.
173
NE: o dispositivo mencionado § 6o A entidade fiscalizadora
é o do texto original do Código deverá comunicar imediata- Art. 705. Se, intimado
Penal. mente ao órgão de inspeção, pessoalmente ou por edital
174
Lei no 6.416/1977. para os fins legais (arts. 730 com prazo de 20 dias, o réu
175
Lei no 6.416/1977. e 731), qualquer fato capaz não comparecer à audiência a

557
que se refere o art. 703, a sus- Art. 709. A condenação V – reparação do dano causa-
pensão ficará sem efeito e será será inscrita, com a nota de do pela infração, salvo impos-
executada imediatamente a suspensão, em livros especiais sibilidade de fazê-lo.
pena, salvo prova de justo im- do Instituto de Identificação e
pedimento, caso em que será Estatística, ou repartição con- Art. 711. As penas que
marcada nova audiência. gênere, averbando-se, median- correspondem a infrações di-
te comunicação do juiz ou do versas podem somar-se, para
Art. 706. A suspensão tribunal, a revogação da sus- efeito do livramento.179
também ficará sem efeito se, pensão ou a extinção da pena.
em virtude de recurso, for au- Em caso de revogação, será Art. 712. O livramento
mentada a pena de modo que feita a averbação definitiva no condicional poderá ser conce-
exclua a concessão do benefí- registro geral. dido mediante requerimento
cio.176 do sentenciado, de seu cônju-
§ 1o Nos lugares onde não
ge ou de parente em linha reta,
houver Instituto de Identifi-
Art. 707. A suspensão será ou por proposta do diretor do
cação e Estatística ou repar-
revogada se o beneficiário:177 estabelecimento penal, ou por
tição congênere, o registro e
iniciativa do Conselho Peniten-
a averbação serão feitos em
I – é condenado, por sentença ciário.180
livro próprio no juízo ou no
irrecorrível, a pena privativa da tribunal.
liberdade; Art. 713. As condições de
§ 2o O registro será secreto, admissibilidade, conveniência
II – frustra, embora solvente, o salvo para efeito de informa- e oportunidade da concessão
pagamento da multa, ou não ções requisitadas por auto- do livramento serão verifica-
efetua, sem motivo justificado, ridade judiciária, no caso de das pelo Conselho Penitenciá-
a reparação do dano. novo processo. rio, a cujo parecer não ficará,
entretanto, adstrito o juiz.
§ 3o Não se aplicará o dis-
Parágrafo único. O juiz pode- posto no § 2o, quando houver
rá revogar a suspensão, se o Art. 714. O diretor do es-
sido imposta ou resultar de
beneficiário deixa de cum- tabelecimento penal remeterá
condenação pena acessória
prir qualquer das obrigações ao Conselho Penitenciário mi-
consistente em interdição de
constantes da sentença, de nucioso relatório sobre:
direitos.
observar proibições inerentes I – o caráter do sentenciado,
à pena acessória, ou é irrecor- Capítulo II – Do revelado pelos seus anteceden-
rivelmente condenado a pena Livramento Condicional tes e conduta na prisão;
que não seja privativa da liber-
dade; se não a revogar, deverá II – o procedimento do libe-
Art. 710. O livramento
advertir o beneficiário, ou exa- rando na prisão, sua aplicação
condicional poderá ser con-
cerbar as condições ou, ainda, ao trabalho e seu trato com os
cedido ao condenado a pena
prorrogar o período da sus- companheiros e funcionários
privativa da liberdade igual ou
pensão até o máximo, se esse do estabelecimento;
superior a 2 (dois) anos, desde
limite não foi o fixado. que se verifiquem as condições III – suas relações, quer com a
seguintes:178 família, quer com estranhos;
Art. 708. Expirado o pra-
zo de suspensão ou a prorro- I – cumprimento de mais da IV – seu grau de instrução e
gação, sem que tenha ocorrido metade da pena, ou mais de aptidão profissional, com a
motivo de revogação, a pena três quartos, se reincidente o indicação dos serviços em que
privativa de liberdade será de- sentenciado; haja sido empregado e da es-
pecialização anterior ou ad-
clarada extinta. II – ausência ou cessação de
quirida na prisão;
periculosidade;
Parágrafo único. O juiz, quando V – sua situação financeira, e
III – bom comportamento du-
julgar necessário, requisitará, seus propósitos quanto ao seu
rante a vida carcerária;
antes do julgamento, nova fo- futuro meio de vida, juntando
lha de antecedentes do benefi- IV – aptidão para prover à pró- o diretor, quando dada por
ciário. pria subsistência mediante tra- pessoa idônea, promessa es-
balho honesto;

176
Lei no 6.416/1977. 179
Lei no 6.416/1977.
177
Lei no 6.416/1977. 178
Lei no 6.416/1977. 180
Decreto-Lei no 6.109/1943.

558
crita de colocação do liberan- condições a que ficará subor- Art. 723. A cerimônia do
do, com indicação do serviço e dinado o livramento, atenderá livramento condicional será
do salário. ao disposto no art. 698, §§ 1o, realizada solenemente, em dia
2o e 5o.182 marcado pela autoridade que
Parágrafo único. O relatório será, deva presidi-la, observando-se
§ 1o Se for permitido ao libe-
dentro do prazo de quinze o seguinte:
rado residir fora da jurisdição
dias, remetido ao Conselho,
do juiz da execução, reme- I – a sentença será lida ao li-
com o prontuário do senten-
ter-se-á cópia da sentença do berando, na presença dos
ciado, e, na falta, o Conselho
livramento à autoridade judi- demais presos, salvo motivo
opinará livremente, comuni-
ciária do lugar para onde ele relevante, pelo presidente do
cando à autoridade compe-
se houver transferido, e à enti- Conselho Penitenciário, ou pe-
tente a omissão do diretor da
dade de observação cautelar e lo seu representante junto ao
prisão.
proteção. estabelecimento penal, ou, na
falta, pela autoridade judiciá-
Art. 715. Se tiver sido im- § 2o O liberado será advertido
ria local;
posta medida de segurança da obrigação de apresentar-se
detentiva, o livramento não imediatamente à autoridade II – o diretor do estabelecimen-
poderá ser concedido sem que judiciária e à entidade de ob- to penal chamará a atenção
se verifique, mediante exame servação cautelar e proteção. do liberando para as condi-
das condições do sentenciado, ções impostas na sentença de
a cessação da periculosidade. Art. 719. O livramento fi- livramento;
cará também subordinado à
III – o preso declarará se aceita
Parágrafo único. Consistindo a obrigação de pagamento das
as condições.
medida de segurança em in- custas do processo e da taxa
ternação em casa de custódia penitenciária, salvo caso de in- § 1o De tudo, em livro próprio,
e tratamento, proceder-se-á a solvência comprovada. se lavrará termo, subscrito por
exame mental do sentenciado. quem presidir a cerimônia, e
Parágrafo único. O juiz poderá pelo liberando, ou alguém a
Art. 716. A petição ou a fixar o prazo para o pagamen- seu rogo, se não souber ou não
proposta de livramento será to integral ou em prestações, puder escrever.
remetida ao juiz ou ao tribu- tendo em consideração as
§ 2o Desse termo, se remeterá
nal por ofício do presidente do condições econômicas ou pro-
cópia ao juiz do processo.
Conselho Penitenciário, com a fissionais do liberado.
cópia do respectivo parecer e
Art. 724. Ao sair da prisão
do relatório do diretor da pri- Art. 720. A forma de pa-
o liberado, ser-lhe-á entregue,
são. gamento da multa, ainda não
além do saldo do seu pecúlio
paga pelo liberando, será de-
§ 1o Para emitir parecer, o e do que lhe pertencer, uma
terminada de acordo com o
Conselho poderá determinar caderneta que exibirá à autori-
disposto no art. 688.
diligências e requisitar os au- dade judiciária ou administra-
tos do processo. tiva sempre que lhe for exigido.
Art. 721. Reformada a
Essa caderneta conterá:183
§ 2o O juiz ou o tribunal man- sentença denegatória do livra-
dará juntar a petição ou a mento, os autos baixarão ao I – a reprodução da ficha de
proposta, com o ofício ou do- juiz da primeira instância, a identidade, ou o retrato do
cumento que a acompanhar, fim de que determine as con- liberado, sua qualificação e si-
aos autos do processo, e pro- dições que devam ser impostas nais característicos;
ferirá sua decisão, previamen- ao liberando.
II – o texto impresso dos arti-
te ouvido o Ministério Público.
gos do presente capítulo;
Art. 722. Concedido o li-
Art. 717. Na ausência da vramento, será expedida carta III – as condições impostas ao
condição prevista no art. 710, de guia, com a cópia integral liberado;
I, o requerimento será liminar- da sentença em duas vias, re-
IV – a pena acessória a que es-
mente indeferido.181 metendo-se uma ao diretor do
teja sujeito.
estabelecimento penal e outra
Art. 718. Deferido o pe- ao presidente do Conselho Pe- § 1o Na falta de caderneta,
dido, o juiz, ao especificar as nitenciário. será entregue ao liberado um

181
Lei no 6.416/1977. 182
Lei no 6.416/1977. 183
Lei no 6.416/1977.

559
salvo-conduto, em que cons- à pena que não seja privativa Art. 732. Praticada pelo
tem as condições do livramen- da liberdade.185 liberado nova infração, o juiz
to e a pena acessória, podendo ou o tribunal poderá ordenar a
substituir-se a ficha de identi- Parágrafo único. Se o juiz não re- sua prisão, ouvido o Conselho
dade ou o retrato do liberado vogar o livramento, deverá ad- Penitenciário, suspendendo
pela descrição dos sinais que vertir o liberado ou exacerbar o curso do livramento condi-
possam identificá-lo. as condições. cional, cuja revogação ficará,
entretanto, dependendo da
§ 2o Na caderneta e no sal- Art. 728. Se a revogação decisão final no novo proces-
vo-conduto deve haver espaço for motivada por infração pe- so.
para consignar o cumprimen- nal anterior à vigência do li-
to das condições referidas no vramento, computar-se-á no Art. 733. O juiz, de ofício,
art. 718. tempo da pena o período em ou a requerimento do interes-
que esteve solto o liberado, sado, do Ministério Público,
Art. 725. A observação sendo permitida, para a con- ou do Conselho Penitenciário,
cautelar e proteção realizadas cessão de novo livramento, a julgará extinta a pena privativa
por serviço social penitenci- soma do tempo das duas pe- de liberdade, se expirar o pra-
ário, patronato, conselho de nas. zo do livramento sem revoga-
comunidade ou entidades si- ção, ou na hipótese do artigo
milares, terá a finalidade de:184 Art. 729. No caso de revo- anterior, for o liberado absol-
gação por outro motivo, não vido por sentença irrecorrível.
I – fazer observar o cumpri-
mento da pena acessória, bem se computará na pena o tempo
como das condições especifi- em que esteve solto o liberado,
cadas na sentença concessiva e tampouco se concederá, em
relação à mesma pena, novo Título IV – Da Graça,
do benefício; do Indulto, da Anistia
livramento.
II – proteger o beneficiário, e da Reabilitação
orientando-o na execução de Art. 730. A revogação do
suas obrigações e auxiliando- livramento será decretada
-o na obtenção de atividade mediante representação do
Capítulo I – Da Graça, do
laborativa. Conselho Penitenciário, ou a
Indulto e da Anistia
requerimento do Ministério Art. 734. A graça pode-
Parágrafo único. As entidades Público, ou de ofício, pelo juiz,
encarregadas de observação rá ser provocada por petição
que, antes, ouvirá o liberado, do condenado, de qualquer
cautelar e proteção do libera- podendo ordenar diligências e pessoa do povo, do Conselho
do apresentarão relatório ao permitir a produção de prova, Penitenciário, ou do Ministério
Conselho Penitenciário, para no prazo de cinco dias.186 Público, ressalvada, entretan-
efeito da representação previs-
to, ao Presidente da Republi-
ta nos arts. 730 e 731 Art. 731. O juiz, de ofício, ca, a faculdade de concedê-la
a requerimento do Ministério espontaneamente.
A r t . 726. R e vog ar-s e -á Público, ou mediante repre-
o livramento condicional, se sentação do Conselho Peni- Art. 735. A petição de gra-
o liberado vier, por crime ou tenciário, poderá modificar ça, acompanhada dos docu-
contravenção, a ser condena- as condições ou normas de mentos com que o impetrante
do por sentença irrecorrível a conduta especificadas na sen- a instruir, será remetida ao Mi-
pena privativa de liberdade. tença, devendo a respectiva nistro da Justiça por intermé-
decisão ser lida ao liberado dio do Conselho Penitenciário.
Art. 727. O juiz pode, tam- por uma das autoridades ou
bém, revogar o livramento, se por um dos funcionários indi- Art. 736. O Conselho Pe-
o liberado deixar de cumprir cados no inciso I do art. 723, nitenciário, à vista dos autos
qualquer das obrigações cons- observado o disposto nos inci- do processo, e depois de ouvir
tantes da sentença, de obser- sos II e III, e §§ 1o e 2o do mes- o diretor do estabelecimento
var proibições inerentes à pena mo artigo.187 penal a que estiver recolhido o
acessória ou for irrecorrivel- condenado, fará, em relatório,
mente condenado, por crime, a narração do fato criminoso,
examinará as provas, mencio-
185
Lei no 6.416/1977. nará qualquer formalidade
186
Lei no 6.416/1977. ou circunstância omitida na
184
Lei no 6.416/1977. 187
Lei no 6.416/1977. petição e exporá os antece-

560
dentes do condenado e seu ver terminado a execução da bilitado, nem em certidão ex-
procedimento depois de pre- pena principal ou da medida traída dos livros do juízo, salvo
so, opinando sobre o mérito de segurança detentiva, de- quando requisitadas por juiz
do pedido. vendo o requerente indicar as criminal.
comarcas em que haja residido
Art. 737. Processada no durante aquele tempo. Art. 749. Indeferida a re-
Ministério da Justiça, com os abilitação, o condenado não
documentos e o relatório do Art. 744. O requerimento poderá renovar o pedido se-
Conselho Penitenciário, a pe- será instruído com: não após o decurso de dois
tição subirá a despacho do anos, salvo se o indeferimento
Presidente da República, a I – certidões comprobatórias
de não ter o requerente res- tiver resultado de falta ou insu-
quem serão presentes os autos ficiência de documentos.
do processo ou a certidão de pondido, nem estar respon-
qualquer de suas peças, se ele dendo a processo penal, em
qualquer das comarcas em Art. 750. A revogação de
o determinar. reabilitação (Código Penal,
que houver residido durante o
prazo a que se refere o artigo art. 120) será decretada pelo
Art. 738. Concedida a gra- juiz, de ofício ou a requerimen-
ça e junta aos autos cópia do anterior;
to do Ministério Público.188
decreto, o juiz declarará extin- II – atestados de autoridades
ta a pena ou penas, ou ajusta- policiais ou outros documen-
rá a execução aos termos do tos que comprovem ter residi-
decreto, no caso de redução do nas comarcas indicadas e Título V – Da Execução
ou comutação de pena. mantido, efetivamente, bom das Medidas de Segurança
comportamento;
Art. 739. O condenado
poderá recusar a comutação III – atestados de bom com- Art. 751. Durante a exe-
da pena. portamento fornecidos por cução da pena ou durante o
pessoas a cujo serviço tenha tempo em que a ela se furtar o
Art. 740. Os autos da peti- estado; condenado, poderá ser impos-
ção de graça serão arquivados IV – quaisquer outros docu- ta medida de segurança, se:
no Ministério da Justiça. mentos que sirvam como pro- I – o juiz ou o tribunal, na
va de sua regeneração; sentença:
Art. 741. Se o réu for be-
neficiado por indulto, o juiz, V – prova de haver ressarcido a) omitir sua decretação,
de ofício ou a requerimento o dano causado pelo crime ou nos casos de periculo-
do interessado, do Ministério persistir a impossibilidade de sidade presumida;
Público ou por iniciativa do fazê-lo.
Conselho Penitenciário, provi- b) deixar de aplicá-la ou
denciará de acordo com o dis- Art. 745. O juiz poderá de excluí-la expressa-
posto no art. 738. ordenar as diligências neces- mente;
sárias para apreciação do pe- c) declarar os elementos
Art. 742. Concedida a dido, cercando-as do sigilo constantes do proces-
anistia após transitar em julga- possível e, antes da decisão so insuficientes para a
do a sentença condenatória, o final, ouvirá o Ministério Pú- imposição ou exclusão
juiz, de ofício ou a requerimen- blico. da medida e ordenar
to do interessado, do Ministé- indagações para a ve-
rio Público ou por iniciativa do Art. 746. Da decisão que
rificação da periculosi-
Conselho Penitenciário, decla- conceder a reabilitação haverá
dade do condenado;
rará extinta a pena. recurso de ofício.
II – tendo sido, expressamente,
Capítulo II – Da Art. 747. A reabilitação, excluída na sentença a pericu-
Reabilitação depois de sentença irrecorrível, losidade do condenado, novos
será comunicada ao Instituto fatos demonstrarem ser ele
Art. 743. A reabilitação de Identificação e Estatística perigoso.
será requerida ao juiz da con- ou repartição congênere.
denação, após o decurso de
quatro ou oito anos, pelo Art. 748. A condenação
menos, conforme se trate de ou condenações anteriores 188
NE: o dispositivo mencionado
condenado ou reincidente, não serão mencionadas na é o do texto original do Código
contados do dia em que hou- folha de antecedentes do rea- Penal.

561
Art. 752. Poderá ser im- dias para alegações, devendo cutar-se medida de segurança
posta medida de segurança, a prova requerida ou reputada detentiva, conterá:
depois de transitar em julgado necessária pelo juiz ser produ-
I – a qualificação do
a sentença, ainda quando não zida dentro em dez dias. internando;
iniciada a execução da pena,
por motivo diverso de fuga ou § 1o O juiz nomeará defensor II – o teor da decisão que ti-
ocultação do condenado: ao condenado que o requerer. ver imposto a medida de
§ 2o Se o réu estiver foragido, segurança;
I – no caso da letra “a” do no I
do artigo anterior, bem como o juiz procederá às diligências III – a data em que terminará
no da letra “b”, se tiver sido que julgar convenientes, con- o prazo mínimo da internação.
alegada a periculosidade; cedendo o prazo de provas,
quando requerido pelo Minis- Art. 763. Se estiver sol-
II – no caso da letra “c” do no I tério Público. to o internando, expedir-se-á
do mesmo artigo.
§ 3o Findo o prazo de provas, mandado de captura, que será
o juiz proferirá a sentença den- cumprido por oficial de justiça
Art. 753. Ainda depois de
tro de três dias. ou por autoridade policial.
transitar em julgado a senten-
ça absolutória, poderá ser im-
Art. 758. A execução da Art. 764. O trabalho nos
posta a medida de segurança,
medida de segurança incumbi- estabelecimentos referidos no
enquanto não decorrido tem-
rá ao juiz da execução da sen- art. 88, § 1o, III, do Código
po equivalente ao da sua dura-
tença. Penal, será educativo e remu-
ção mínima, a indivíduo que a
nerado, de modo que assegure
lei presuma perigoso.
Art. 759. No caso do ao internado meios de subsis-
tência, quando cessar a inter-
Art. 754. A aplicação da art. 753, o juiz ouvirá o cura-
nação.191
medida de segurança, nos ca- dor já nomeado ou que então
sos previstos nos arts. 751 e nomear, podendo mandar § 1o O trabalho poderá ser
752, competirá ao juiz da exe- submeter o condenado a exa- praticado ao ar livre.
cução da pena, e, no caso do me mental, internando-o, des- § 2o Nos outros estabeleci-
art. 753, ao juiz da sentença. de logo, em estabelecimento mentos, o trabalho depende-
adequado. rá das condições pessoais do
Art. 755. A imposição da
internado.
medida de segurança, nos ca- Art. 760. Para a verifica-
sos dos arts. 751 a 753, pode- ção da periculosidade, no caso Art. 765. A quarta parte
rá ser decretada de ofício ou do § 3o do art. 78 do Código do salário caberá ao Esta-
a requerimento do Ministério Penal, observar-se-á o dispos- do ou, no Distrito Federal e
Público. to no art. 757, no que for apli- nos Territórios, à União, e o
cável.189 restante será depositado em
Parágrafo único. O diretor do es-
nome do internado ou, se este
tabelecimento penal, que tiver Art. 761. Para a providên- preferir, entregue à sua família.
conhecimento de fatos indi- cia determinada no art. 84,
cativos da periculosidade do § 2o, do Código Penal, se as Art. 766. A internação das
condenado a quem não tenha sentenças forem proferidas mulheres será feita em estabe-
sido imposta medida de segu- por juízes diferentes, será lecimento próprio ou em seção
rança, deverá logo comunicá- competente o juiz que tiver especial.
-los ao juiz. sentenciado por último ou a
autoridade de jurisdição pre- Art. 767. O juiz fixará as
Art. 756. Nos casos do no
valente no caso do art. 82.190 normas de conduta que serão
I, “a” e “b”, do art. 751, e no I
observadas durante a liberda-
do art. 752, poderá ser dispen-
Art. 762. A ordem de in- de vigiada.
sada nova audiência do conde-
ternação, expedida para exe-
nado. § 1o Serão normas obrigató-
rias, impostas ao indivíduo su-
Art. 757. Nos casos do no jeito à liberdade vigiada:
I, “c”, e no II do art. 751 e no 189
NE: o dispositivo mencionado
II do art. 752, o juiz, depois é o do texto original do Código
de proceder às diligências que Penal.
julgar convenientes, ouvirá o 190
NE: o dispositivo mencionado 191
NE: o dispositivo mencionado
Ministério Público e concederá é o do texto original do Código é o do texto original do Código
ao condenado o prazo de três Penal. Penal.

562
a) tomar ocupação, den- onde o exilado está proibido vigilância, até um mês antes
tro de prazo razoável, de permanecer ou de residir. de expirado o prazo de du-
se for apto para o tra- ração mínima da medida, se
§ 1o O infrator da medida será
balho; conduzido à presença do juiz não for inferior a um ano, ou
que poderá mantê-lo detido até quinze dias nos outros ca-
b) não mudar do território
até proferir decisão. sos, remeterá ao juiz da execu-
da jurisdição do juiz,
ção minucioso relatório, que
sem prévia autorização § 2o Se for reconhecida a o habilite a resolver sobre a
deste. transgressão e imposta, con- cessação ou permanência da
§ 2o Poderão ser impostas ao sequentemente, a liberdade medida;
indivíduo sujeito à liberdade vigiada, determinará o juiz que
a autoridade policial providen- II – se o indivíduo estiver in-
vigiada, entre outras obriga-
cie a fim de que o infrator siga ternado em manicômio judi-
ções, as seguintes:
imediatamente para o lugar de ciário ou em casa de custódia
a) não mudar de habita- residência por ele escolhido, e e tratamento, o relatório será
ção sem aviso prévio oficiará à autoridade policial acompanhado do laudo de
ao juiz, ou à autorida- desse lugar, observando-se o exame pericial feito por dois
de incumbida da vigi- disposto no art. 768. médicos designados pelo dire-
lância; tor do estabelecimento;
b) recolher-se cedo à habi- Art. 772. A proibição de III – o diretor do estabeleci-
tação; frequentar determinados luga- mento de internação ou a au-
res será comunicada pelo juiz toridade policial deverá, no
c) não trazer consigo ar- à autoridade policial, que lhe relatório, concluir pela conve-
mas ofensivas ou ins- dará conhecimento de qual- niência da revogação, ou não,
trumentos capazes de quer transgressão. da medida de segurança;
ofender;
Art. 773. A medida de fe- IV – se a medida de segurança
d) não frequentar casas de
chamento de estabelecimento for o exílio local ou a proibição
bebidas ou de tavola-
ou de interdição de associação de frequentar determinados
gem, nem certas reu-
será comunicada pelo juiz à lugares, o juiz, até um mês ou
niões, espetáculos ou
autoridade policial, para que quinze dias antes de expira-
diversões públicas.
a execute. do o prazo mínimo de dura-
§ 3o Será entregue ao indiví- ção, ordenará as diligências
duo sujeito à liberdade vigiada Art. 774. Nos casos do necessárias, para verificar se
uma caderneta, de que consta- parágrafo único do art. 83 do desapareceram as causas da
rão as obrigações impostas. Código Penal, ou quando a aplicação da medida;
transgressão de uma medida
de segurança importar a impo- V – junto aos autos o relatório,
Art. 768. As obrigações
sição de outra, observar-se-á o ou realizadas as diligências, se-
estabelecidas na sentença se-
disposto no art. 757, no que rão ouvidos sucessivamente o
rão comunicadas à autoridade
for aplicável.192 Ministério Público e o curador
policial.
ou o defensor, no prazo de três
Art. 775. A cessação ou dias para cada um;
Art. 769. A vigilância será
exercida discretamente, de não da periculosidade se veri- VI – o juiz nomeará curador ou
modo que não prejudique o ficará ao fim do prazo mínimo defensor ao interessado que o
indivíduo a ela sujeito. de duração da medida de se- não tiver;
gurança pelo exame das con-
dições da pessoa a que tiver VII – o juiz, de ofício, ou a re-
Art. 770. Mediante re-
sido imposta, observando-se o querimento de qualquer das
presentação da autoridade
seguinte: partes, poderá determinar
incumbida da vigilância, a re-
novas diligências, ainda que
querimento do Ministério Pú- I – o diretor do estabelecimen- já expirado o prazo de du-
blico ou de ofício, poderá o to de internação ou a auto- ração mínima da medida de
juiz modificar as normas fixa- ridade policial incumbida da segurança;
das ou estabelecer outras.
VIII – ouvidas as partes ou re-
Art. 771. Para execução alizadas as diligências a que
do exílio local, o juiz comuni- 192
NE: o dispositivo mencionado se refere o número anterior o
cará sua decisão à autoridade é o do texto original do Código juiz proferirá a sua decisão, no
policial do lugar ou dos lugares Penal. prazo de três dias.

563
Art. 776. Nos exames su- Livro V – Das Relações minhadas por via diplomática
cessivos a que se referem o e desde que o crime, segundo
§ 1o, II, e § 2o do art. 81 do
Jurisdicionais com a lei brasileira, não exclua a ex-
Código Penal, observar-se-á, Autoridade Estrangeira tradição.
no que lhes for aplicável, o dis-
posto no artigo anterior.193 § 1o As rogatórias, acom-
panhadas de tradução em
Art. 777. Em qualquer língua nacional, feita por
tempo, ainda durante o prazo
Título Único tradutor of icial ou juramen-
mínimo de duração da me- tado, serão, após exequatur
dida de segurança, poderá o do presidente do Supremo
tribunal, câmara ou turma, a
Capítulo I – Disposições Tribunal Federal, cumpridas
requerimento do Ministério Gerais pelo juiz criminal do lugar
Público ou do interessado, seu onde as diligências tenham
defensor ou curador, ordenar Art. 780. Sem prejuízo de efetuar-se, observadas as
o exame, para a verificação da de convenções ou tratados, formalidades prescritas nes-
cessação da periculosidade. aplicar-se-á o disposto nes- te Código.
te Título à homologação
§ 1o Designado o relator e ou- de sentenças penais estran- § 2o A carta rogatória será
vido o procurador-geral, se a geiras e à expedição e ao pelo presidente do Supremo
medida não tiver sido por ele cumprimento de cartas ro- Tribunal Federal remetida ao
requerida, o pedido será julga- gatórias para citações, in- presidente do Tribunal de Ape-
do na primeira sessão. quirições e outras diligências lação do Estado, do Distrito
necessárias à instrução de Federal, ou do Território, a
§ 2o Deferido o pedido, a deci- fim de ser encaminhada ao juiz
são será imediatamente comu- processo penal.
competente.
nicada ao juiz, que requisitará,
marcando prazo, o relatório e Art. 781. As sentenças § 3o Versando sobre crime
o exame a que se referem os nos estrangeiras não serão ho- de ação privada, segundo a
I e II do art. 775 ou ordenará mologadas, nem as cartas lei brasileira, o andamento,
as diligências mencionadas no rogatórias cumpridas, se con- após o exequatur, dependerá
no IV do mesmo artigo, pros- trárias à ordem pública e aos do interessado, a quem in-
seguindo de acordo com o bons costumes. cumbirá o pagamento das
disposto nos outros incisos do despesas.
citado artigo. Art. 782. O trânsito, por
via diplomática, dos documen- § 4o Ficará sempre na secreta-
Art. 778. Transitando em tos apresentados constituirá ria do Supremo Tribunal Fede-
julgado a sentença de revo- prova bastante de sua auten- ral cópia da carta rogatória.
gação, o juiz expedirá ordem ticidade.
para a desinternação, quando Art. 785. Concluídas as
se tratar de medida detentiva, Capítulo II – Das Cartas diligências, a carta rogatória
ou para que cesse a vigilância Rogatórias será devolvida ao presidente
ou a proibição, nos outros ca- do Supremo Tribunal Federal,
sos. Art. 783. As cartas ro- por intermédio do presiden-
gatórias serão, pelo res- te do Tribunal de Apelação,
Art. 779. O confisco dos pectivo juiz, remetidas ao o qual, antes de devolvê-la,
instrumentos e produtos do Ministro da Justiça, a f im mandará completar qualquer
crime, no caso previsto no de ser pedido o seu cumpri- diligência ou sanar qualquer
art. 100 do Código Penal, será mento, por via diplomática, nulidade.
decretado no despacho de ar- às autoridades estrangeiras
quivamento do inquérito, na competentes. Art. 786. O despacho
sentença de impronúncia ou que conceder o exequatur
na sentença absolutória.194 Art. 784. As cartas roga- marcará, para o cumpri-
tórias emanadas de autorida- mento da diligência, prazo
des estrangeiras competentes razoável, que poderá ser ex-
não dependem de homologa- cedido, havendo justa causa,
193
NE: o dispositivo mencionado ção e serão atendidas se enca- f icando esta consignada em
é o do texto original do Código ofício dirigido ao presidente
Penal. do Supremo Tribunal Fede-
194
NE: o dispositivo mencionado ral, juntamente com a carta
é o do texto original do Código Penal. rogatória.

564
Capítulo III – Da não tiver tratado de extradi- Livro VI –
Homologação das Sentenças ção com o Brasil, dependerá
Disposições Gerais
Estrangeiras de requisição do Ministro da
Justiça.
Art. 787. As sentenças es- Art. 791. Em todos os
§ 2o Distribuído o requeri-
trangeiras deverão ser previa- juízos e tribunais do crime,
mento de homologação, o
mente homologadas pelo Su- além das audiências e sessões
relator mandará citar o inte-
premo Tribunal Federal para ordinárias, haverá as extra-
ressado para deduzir embar-
que produzam os efeitos do ordinárias, de acordo com as
gos, dentro de dez dias, se
art. 7o do Código Penal.195 necessidades do rápido anda-
residir no Distrito Federal, de
mento dos feitos.
trinta dias, no caso contrário.
Art. 788. A sentença penal
estrangeira será homologa- § 3o Se nesse prazo o interes- Art. 792. As audiências,
da, quando a aplicação da lei sado não deduzir os embargos, sessões e os atos processuais
brasileira produzir na espécie ser-lhe-á pelo relator nomeado serão, em regra, públicos e se
as mesmas consequências e defensor, o qual dentro de dez realizarão nas sedes dos juízos
concorrerem os seguintes re- dias produzirá a defesa. e tribunais, com assistência
quisitos: dos escrivães, do secretário,
§ 4o Os embargos somente
do oficial de justiça que ser-
I – estar revestida das forma- poderão fundar-se em dúvida
vir de porteiro, em dia e hora
lidades externas necessárias, sobre a autenticidade do do-
certos, ou previamente desig-
segundo a legislação do país cumento, sobre a inteligência
nados.
de origem; da sentença, ou sobre a falta
de qualquer dos requisitos § 1o Se da publicidade da au-
I – haver sido proferida por juiz
enumerados nos arts. 781 e diência, da sessão ou do ato
competente, mediante cita-
788. processual, puder resultar es-
ção regular, segundo a mesma
cândalo, inconveniente grave
legislação; § 5o Contestados os embar-
ou perigo de perturbação da
gos dentro de dez dias, pelo
III – ter passado em julgado; ordem, o juiz, ou o tribunal,
procurador-geral, irá o proces-
câmara, ou turma, poderá, de
IV – estar devidamente autenti- so ao relator e ao revisor, ob-
ofício ou a requerimento da
cada por cônsul brasileiro; servando-se no seu julgamento
parte ou do Ministério Públi-
o Regimento Interno do Supre-
V – estar acompanhada de co, determinar que o ato seja
mo Tribunal Federal.
tradução, feita por tradutor realizado a portas fechadas, li-
público. § 6o Homologada a sentença, mitando o número de pessoas
a respectiva carta será reme- que possam estar presentes.
Art. 789. O procurador- tida ao presidente do Tribu-
§ 2o As audiências, as sessões
geral da República, sempre nal de Apelação do Distrito
e os atos processuais, em caso
que tiver conhecimento da Federal, do Estado, ou do
de necessidade, poderão reali-
existência de sentença penal Território.
zar-se na residência do juiz, ou
estrangeira, emanada de Esta-
§ 7o Recebida a carta de sen- em outra casa por ele especial-
do que tenha com o Brasil tra-
tença, o presidente do Tribu- mente designada.
tado de extradição e que haja
nal de Apelação a remeterá ao
imposto medida de segurança
juiz do lugar de residência do Art. 793. Nas audiências
pessoal ou pena acessória que
condenado, para a aplicação e nas sessões, os advogados,
deva ser cumprida no Brasil,
da medida de segurança ou da as partes, os escrivães e os
pedirá ao Ministro da Justiça
pena acessória, observadas as espectadores poderão estar
providências para obtenção
disposições do Título II, Capí- sentados. Todos, porém, se le-
de elementos que o habilitem
tulo III, e Título V do Livro IV vantarão quando se dirigirem
a requerer a homologação da
deste Código. aos juízes ou quando estes se
sentença.
levantarem para qualquer ato
§ 1o A homologação de sen- Art. 790. O interessado na do processo.
tença emanada de autorida- execução de sentença penal
de judiciária de Estado, que estrangeira, para a reparação Parágrafo único. Nos atos da
do dano, restituição e outros instrução criminal, perante os
efeitos civis, poderá requerer juízes singulares, os advogados
ao Supremo Tribunal Federal poderão requerer sentados.
195
NE: o dispositivo mencionado a sua homologação, observan-
é o do texto original do Código do-se o que a respeito prescre- Art. 794. A polícia das au-
Penal. ve o Código de Processo Civil. diências e das sessões compe-

565
te aos respectivos juízes ou ao § 4o Não correrão os prazos, clusão ou de vista estará su-
presidente do tribunal, câma- se houver impedimento do jeito à sanção estabelecida no
ra, ou turma, que poderão de- juiz, força maior, ou obstácu- art. 799.
terminar o que for conveniente lo judicial oposto pela parte
à manutenção da ordem. Para contrária. Art. 801. Findos os res-
tal fim, requisitarão força pú- pectivos prazos, os juízes e os
§ 5 Salvo os casos expressos,
o
blica, que ficará exclusivamen- órgãos do Ministério Público,
os prazos correrão:
te à sua disposição. responsáveis pelo retardamen-
a) da intimação; to, perderão tantos dias de
Art. 795. Os espectadores vencimentos quantos forem
b) da audiência ou sessão
das audiências ou das sessões os excedidos. Na contagem do
em que for proferida a
não poderão manifestar-se. tempo de serviço, para o efeito
decisão, se a ela estiver
de promoção e aposentadoria,
presente a parte;
Parágrafo único. O juiz ou o pre- a perda será do dobro dos dias
sidente fará retirar da sala os c) do dia em que a parte excedidos.
desobedientes, que, em caso manifestar nos autos
de resistência, serão presos e ciência inequívoca da Art. 802. O desconto re-
autuados. sentença ou despacho. ferido no artigo antecedente
far-se-á à vista da certidão
Art. 796. Os atos de ins- Art. 799. O escrivão, sob do escrivão do processo ou
trução ou julgamento prosse- pena de multa de cinquenta a do secretário do tribunal, que
guirão com a assistência do quinhentos mil-réis e, na rein- deverão, de ofício, ou a reque-
defensor, se o réu se portar cidência, suspensão até 30 rimento de qualquer interes-
inconvenientemente. (trinta) dias, executará dentro sado, remetê-la às repartições
do prazo de dois dias os atos encarregadas do pagamento e
Art. 797. Excetuadas as determinados em lei ou orde- da contagem do tempo de ser-
sessões de julgamento, que nados pelo juiz. viço, sob pena de incorrerem,
não serão marcadas para de pleno direito, na multa de
domingo ou dia feriado, os Art. 800. Os juízes singu- quinhentos mil-réis, imposta
demais atos do processo po- lares darão seus despachos e por autoridade fiscal.
derão ser praticados em pe- decisões dentro dos prazos
ríodo de férias, em domingos seguintes, quando outros não Art. 803. Salvo nos casos
e dias feriados. Todavia, os estiverem estabelecidos: expressos em lei, é proibida a
julgamentos iniciados em dia retirada de autos do cartório,
I – de dez dias, se a decisão for
útil não se interromperão pela ainda que em confiança, sob
definitiva, ou interlocutória
superveniência de feriado ou pena de responsabilidade do
mista;
domingo. escrivão.
II – de cinco dias, se for interlo-
Art. 798. Todos os prazos cutória simples; Art. 804. A sentença ou
correrão em cartório e serão o acórdão, que julgar a ação,
III – de um dia, se se tratar de
contínuos e peremptórios, não qualquer incidente ou recurso,
despacho de expediente.
se interrompendo por férias, condenará nas custas o venci-
domingo ou dia feriado. § 1o Os prazos para o juiz do.
contar-se-ão do termo de
§ 1o Não se computará no
conclusão. Art. 805. As custas se-
prazo o dia do começo, in-
rão contadas e cobradas de
cluindo-se, porém, o do § 2 Os prazos do Ministério
o
acordo com os regulamentos
vencimento. Público contar-se-ão do termo
expedidos pela União e pelos
de vista, salvo para a interposi-
§ 2o A terminação dos prazos Estados.
ção do recurso (art. 798, § 5o).
será certificada nos autos pe-
lo escrivão; será, porém, con- § 3o Em qualquer instância, Art. 806. Salvo o caso do
siderado findo o prazo, ainda declarando motivo justo, po- art. 32, nas ações intentadas
que omitida aquela formalida- derá o juiz exceder por igual mediante queixa, nenhum ato
de, se feita a prova do dia em tempo os prazos a ele fixados ou diligência se realizará, sem
que começou a correr. neste Código. que seja depositada em cartó-
rio a importância das custas.
§ 3o O prazo que terminar em § 4o O escrivão que não enviar
domingo ou dia feriado con- os autos ao juiz ou ao órgão § 1o Igualmente, nenhum ato
siderar-se-á prorrogado até o do Ministério Público no dia requerido no interesse da defe-
dia útil imediato. em que assinar termo de con- sa será realizado, sem o prévio

566
pagamento das custas, salvo I – os crimes e as contraven- úteis ao serviço da estatística
se o acusado for pobre. ções praticados durante o tri- criminal.
§ 2o A falta do pagamento das mestre, com especificação da
§ 2o Esses dados serão lança-
custas, nos prazos fixados em natureza de cada um, meios
dos semestralmente em mapa
lei, ou marcados pelo juiz, im- utilizados e circunstâncias de
e remetidos ao Serviço de Es-
portará renúncia à diligência tempo e lugar;
tatística Demográfica Moral
requerida ou deserção do re- II – as armas proibidas que te- e Política do Ministério da
curso interposto. nham sido apreendidas; Justiça.
§ 3o A falta de qualquer prova III – o número de delinquen- § 3o O boletim individual a que
ou diligência que deixe de reali- tes, mencionadas as infrações se refere este artigo é dividi-
zar-se em virtude do não paga- que praticaram, sua naciona- do em três partes destacáveis,
mento de custas não implicará lidade, sexo, idade, filiação, conforme modelo anexo a es-
a nulidade do processo, se a estado civil, prole, residência, te Código, e será adotado nos
prova de pobreza do acusado meios de vida e condições eco- Estados, no Distrito Federal
só posteriormente foi feita. nômicas, grau de instrução, e nos Territórios. A primei-
religião, e condições de saúde ra parte ficará arquivada no
Art. 807. O disposto no física e psíquica;
artigo anterior não obstará à cartório policial; a segunda
faculdade atribuída ao juiz de IV – o número dos casos de será remetida ao Instituto de
determinar de ofício inquirição codelinquência; Identificação e Estatística,
de testemunhas ou outras dili- ou repartição congênere; e a
V – a reincidência e os antece- terceira acompanhará o pro-
gências.
dentes judiciários; cesso, e, depois de passar em
Art. 808. Na falta ou im- VI – as sentenças condena- julgado a sentença definitiva,
pedimento do escrivão e seu tórias ou absolutórias, bem lançados os dados finais, será
substituto, servirá pessoa como as de pronúncia ou de enviada ao referido Instituto
idônea, nomeada pela autori- impronúncia; ou repartição congênere.
dade, perante quem prestará
compromisso, lavrando o res- VII – a natureza das penas Art. 810. Este Código en-
pectivo termo. impostas; trará em vigor no dia 1o de ja-
VIII – a natureza das medidas neiro de 1942.
Art. 809. A estatística ju- de segurança aplicadas;
diciária criminal, a cargo do Art. 811. Revogam-se as
Instituto de Identificação e IX – a suspensão condicional disposições em contrário.
Estatística ou repartições con- da execução da pena, quando Rio de Janeiro, em 3 de outubro de
gêneres, terá por base o boletim concedida; 1941; 120o da Independência e 53o
individual, que é parte integran- X – as concessões ou denega- da República.
te dos processos e versará so- ções de habeas corpus. GETÚLIO VARGAS –
bre:196 Francisco Campos
§ 1 Os dados acima enume-
o

rados constituem o mínimo Decretado em 3/10/1941, publica-


exigível, podendo ser acres- do no DOU de 13/10/1941 e retifi-
196
Lei no 9.061/1995. cidos de outros elementos cado no DOU de 24/10/1941.

567
ESTATUTO DO IDOSO

Atualizado até outubro de 2017


Sumário
ESTATUTO DO IDOSO ......................................................................................................... 573
Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003 ................................................................. 573
Título I – Disposições Preliminares ............................................................................... 573
Título II – Dos Direitos Fundamentais ........................................................................... 574
Capítulo I – Do Direito à Vida ................................................................................... 574
Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade ................................ 574
Capítulo III – Dos Alimentos ..................................................................................... 574
Capítulo IV – Do Direito à Saúde .............................................................................. 574
Capítulo V – Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer.................................................. 575
Capítulo VI – Da Profissionalização e do Trabalho..................................................... 575
Capítulo VII – Da Previdência Social .......................................................................... 576
Capítulo VIII – Da Assistência Social ......................................................................... 576
Capítulo IX – Da Habitação ...................................................................................... 576
Capítulo X – Do Transporte ...................................................................................... 577
Título III – Das Medidas de Proteção ............................................................................ 577
Capítulo I – Das Disposições Gerais .......................................................................... 577
Capítulo II – Das Medidas Específicas de Proteção .................................................... 577
Título IV – Da Política de Atendimento ao Idoso ........................................................... 578
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 578
Capítulo II – Das Entidades de Atendimento ao Idoso ............................................... 578
Capítulo III – Da Fiscalização das Entidades de Atendimento .................................... 579
Capítulo IV – Das Infrações Administrativas .............................................................. 579
Capítulo V – Da Apuração Administrativa de Infração às Normas de Pro-
teção ao Idoso ......................................................................................................... 580
Capítulo VI – Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de Atendimento.. 580
Título V – Do Acesso à Justiça ...................................................................................... 580
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 580
Capítulo II – Do Ministério Público ........................................................................... 581
Capítulo III – Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e
Individuais Indisponíveis ou Homogêneos ................................................................. 581
Título VI – Dos Crimes.................................................................................................. 583
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 583
Capítulo II – Dos Crimes em Espécie ......................................................................... 583
Título VII – Disposições Finais e Transitórias ................................................................. 584
ESTATUTO DO IDOSO

Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003


(Publicada no DOU, de 3/10/2003)1

1
Decreto no 6.214, de 2007.

Dispõe sobre o Estatuto do peito e à convivência familiar e pectos biopsicossociais de en-


Idoso e dá outras providências. comunitária.2 velhecimento;
O PRESIDENTE DA REPÚBLI- Parágrafo único. A garantia de VIII – garantia de acesso à rede
CA, faço saber que o Congres- prioridade compreende: de serviços de saúde e de assis-
so Nacional decreta e eu san- tência social locais.
I – atendimento preferencial
ciono a seguinte Lei: IX – prioridade no recebimento
imediato e individualizado jun-
da restituição do Imposto de
to aos órgãos públicos e priva-
Renda.
dos prestadores de serviços à
Título I – Disposições população; Art. 4o Nenhum idoso será
Preliminares II – preferência na formulação objeto de qualquer tipo de ne-
e na execução de políticas so- gligência, discriminação, vio-
ciais públicas específicas; lência, crueldade ou opressão,
Art. 1o É instituído o Esta- e todo atentado aos seus direi-
tuto do Idoso, destinado a re- III – destinação privilegiada de tos, por ação ou omissão, será
gular os direitos assegurados recursos públicos nas áreas re- punido na forma da lei.
às pessoas com idade igual ou lacionadas com a proteção ao
§ 1o É dever de todos prevenir a
superior a 60 (sessenta) anos. idoso;
ameaça ou violação aos direi-
Art. 2o O idoso goza de to- IV – viabilização de formas tos do idoso.
dos os direitos fundamentais alternativas de participação, § 2o As obrigações previstas
inerentes à pessoa humana, ocupação e convívio do idoso nesta Lei não excluem da pre-
sem prejuízo da proteção in- com as demais gerações; venção outras decorrentes dos
tegral de que trata esta Lei, V – priorização do atendimen- princípios por ela adotados.
assegurando-se-lhe, por lei to do idoso por sua própria fa-
Art. 5o A inobservância das
ou por outros meios, todas as mília, em detrimento do aten-
normas de prevenção impor-
oportunidades e facilidades, dimento asilar, exceto dos que
tará em responsabilidade à
para preservação de sua saúde não a possuam ou careçam de pessoa física ou jurídica nos
física e mental e seu aperfeiço- condições de manutenção da termos da lei.
amento moral, intelectual, es- própria sobrevivência;
Art. 6o Todo cidadão tem
piritual e social, em condições VI – capacitação e reciclagem
o dever de comunicar à auto-
de liberdade e dignidade. dos recursos humanos nas áre-
ridade competente qualquer
as de geriatria e gerontologia
Art. 3o É obrigação da fa- forma de violação a esta Lei
e na prestação de serviços aos
mília, da comunidade, da so- que tenha testemunhado ou
idosos; de que tenha conhecimento.
ciedade e do Poder Público
assegurar ao idoso, com ab- VII – estabelecimento de me-
canismos que favoreçam a Art. 7o Os Conselhos Na-
soluta prioridade, a efetivação cional, Estaduais, do Distrito
do direito à vida, à saúde, à divulgação de informações de
Federal e Municipais do Idoso,
alimentação, à educação, à caráter educativo sobre os as-
previstos na Lei no 8.842, de
cultura, ao esporte, ao lazer, 4 de janeiro de 1994, zelarão
ao trabalho, à cidadania, à li- pelo cumprimento dos direitos
berdade, à dignidade, ao res- 2
Lei no 11.765/2008. do idoso, definidos nesta Lei.

573
crenças, dos espaços e dos ob- § 1o A prevenção e a manuten-
Título II – Dos Direitos jetos pessoais. ção da saúde do idoso serão
Fundamentais § 3o É dever de todos zelar pela efetivadas por meio de:
dignidade do idoso, colocan- I – cadastramento da popula-
do-o a salvo de qualquer tra- ção idosa em base territorial;
Capítulo I – Do Direito à tamento desumano, violento, II – atendimento geriátrico e
Vida aterrorizante, vexatório ou gerontológico em ambulató-
constrangedor. rios;
Art. 8o O envelhecimento é
um direito personalíssimo e a III – unidades geriátricas de re-
sua proteção um direito social, Capítulo III – Dos ferência, com pessoal especia-
nos termos desta Lei e da legis- Alimentos lizado nas áreas de geriatria e
lação vigente. gerontologia social;
Art. 11. Os alimentos serão
IV – atendimento domiciliar,
Art. 9o É obrigação do Es- prestados ao idoso na forma incluindo a internação, para
tado, garantir à pessoa idosa a da lei civil. a população que dele necessi-
proteção à vida e à saúde, me- tar e esteja impossibilitada de
diante efetivação de políticas Art. 12. A obrigação ali-
mentar é solidária, podendo se locomover, inclusive para
sociais públicas que permitam idosos abrigados e acolhidos
um envelhecimento saudável e o idoso optar entre os presta-
por instituições públicas, filan-
em condições de dignidade. dores.
trópicas ou sem fins lucrativos
Art. 13. As transações re- e eventualmente convenia-
Capítulo II – Do Direito lativas a alimentos poderão das com o Poder Público, nos
à Liberdade, ao Respeito e à ser celebradas perante o Pro- meios urbano e rural;
Dignidade motor de Justiça ou Defensor V – reabilitação orientada pela
Art. 10. É obrigação do Es- Público, que as referendará, e geriatria e gerontologia, para
tado e da sociedade, assegurar passarão a ter efeito de TÍTU- redução das sequelas decor-
à pessoa idosa a liberdade, o LO executivo extrajudicial nos rentes do agravo da saúde.
respeito e a dignidade, como termos da lei processual civil.3 § 2o Incumbe ao Poder Públi-
pessoa humana e sujeito de co fornecer aos idosos, gra-
Art. 14. Se o idoso ou seus tuitamente, medicamentos,
direitos civis, políticos, indivi-
familiares não possuírem con- especialmente os de uso con-
duais e sociais, garantidos na
dições econômicas de prover tinuado, assim como próteses,
Constituição e nas leis.
o seu sustento, impõe-se ao órteses e outros recursos rela-
§ 1o O direito à liberdade com- Poder Público esse provimen- tivos ao tratamento, habilita-
preende, entre outros, os se-
to, no âmbito da assistência ção ou reabilitação.
guintes aspectos:
social. § 3o É vedada a discriminação
I – faculdade de ir, vir e estar
do idoso nos planos de saúde
nos logradouros públicos e es- Capítulo IV – Do Direito pela cobrança de valores dife-
paços comunitários, ressalva- à Saúde renciados em razão da idade.
das as restrições legais;
Art. 15. É assegurada a § 4o Os idosos portadores de
II – opinião e expressão; deficiência ou com limitação
III – crença e culto religioso; atenção integral à saúde do
incapacitante terão atendi-
idoso, por intermédio do Siste-
IV – prática de esportes e de mento especializado, nos ter-
ma Único de Saúde (SUS), ga- mos da lei.
diversões;
rantindo-lhe o acesso universal
V – participação na vida fami- e igualitário, em conjunto arti- § 5o É vedado exigir o compa-
liar e comunitária; recimento do idoso enfermo
culado e contínuo das ações
perante os órgãos públicos, hi-
VI – participação na vida polí- e serviços, para a prevenção,
pótese na qual será admitido o
tica, na forma da lei; promoção, proteção e recu- seguinte procedimento:
VII – faculdade de buscar refú- peração da saúde, incluindo
I – quando de interesse do po-
gio, auxílio e orientação. a atenção especial às doenças
der público, o agente promo-
§ 2o O direito ao respeito con- que afetam preferencialmente
verá o contato necessário com
siste na inviolabilidade da inte- os idosos.4 o idoso em sua residência; ou
gridade física, psíquica e moral, II – quando de interesse do
abrangendo a preservação da próprio idoso, este se fará re-
imagem, da identidade, da au- 3
Lei no 11.737/2008. presentar por procurador le-
tonomia, de valores, idéias e 4
Lei no 12.896/2013 galmente constituído.

574
§ 6o É assegurado ao idoso dimento às necessidades do aos programas educacionais a
enfermo o atendimento domi- idoso, promovendo o treina- ele destinados.
ciliar pela perícia médica do mento e a capacitação dos § 1o Os cursos especiais para
Instituto Nacional do Seguro profissionais, assim como idosos incluirão conteúdo re-
Social (INSS), pelo serviço pú- orientação a cuidadores fami- lativo às técnicas de comuni-
blico de saúde ou pelo serviço liares e grupos de autoajuda. cação, computação e demais
privado de saúde, contratado avanços tecnológicos, para sua
ou conveniado, que integre o Art. 19. Os casos de suspei-
ta ou confirmação de violência integração à vida moderna.
Sistema Único de Saúde (SUS),
para expedição do laudo de praticada contra idosos serão § 2o Os idosos participarão
saúde necessário ao exercício objeto de notificação compul- das comemorações de caráter
de seus direitos sociais e de sória pelos serviços de saúde cívico ou cultural, para trans-
isenção tributária. públicos e privados à autorida- missão de conhecimentos e vi-
de sanitária, bem como serão vências às demais gerações, no
Art. 16. Ao idoso internado obrigatoriamente comunica- sentido da preservação da me-
ou em observação é assegura- mória e da identidade culturais.
dos por eles a quaisquer dos
do o direito a acompanhan-
seguintes órgãos:5 Art. 22. Nos currículos mí-
te, devendo o órgão de saúde
proporcionar as condições I – autoridade policial; nimos dos diversos níveis de
adequadas para a sua perma- II – Ministério Público; ensino formal serão inseridos
nência em tempo integral, se- conteúdos voltados ao proces-
III – Conselho Municipal do so de envelhecimento, ao res-
gundo o critério médico.
Idoso; peito e à valorização do idoso,
Parágrafo único. Caberá ao pro- IV – Conselho Estadual do Ido- de forma a eliminar o precon-
fissional de saúde responsável so; ceito e a produzir conhecimen-
pelo tratamento conceder au- V – Conselho Nacional do Ido- tos sobre a matéria.
torização para o acompanha- so.
mento do idoso ou, no caso Art. 23. A participação dos
de impossibilidade, justificá-la § 1o Para os efeitos desta Lei, idosos em atividades culturais e
por escrito. considera-se violência contra o de lazer será proporcionada me-
idoso qualquer ação ou omis- diante descontos de pelo menos
Art. 17. Ao idoso que esteja são praticada em local público 50% (cinquenta por cento) nos
no domínio de suas faculdades ou privado que lhe cause mor- ingressos para eventos artísti-
mentais é assegurado o direi- te, dano ou sofrimento físico cos, culturais, esportivos e de
to de optar pelo tratamento ou psicológico. lazer, bem como o acesso pre-
de saúde que lhe for reputado ferencial aos respectivos locais.
mais favorável. § 2o Aplica-se, no que couber,
à notificação compulsória pre- Art. 24. Os meios de co-
Parágrafo único. Não estando o vista no caput deste artigo, o municação manterão espaços
idoso em condições de proce- disposto na Lei no 6.259, de 30 ou horários especiais voltados
der à opção, esta será feita: de outubro de 1975. aos idosos, com finalidade in-
I – pelo curador, quando o ido- formativa, educativa, artística
so for interditado; Capítulo V – Da e cultural, e ao público sobre
II – pelos familiares, quando o
Educação, Cultura, Esporte o processo de envelhecimento.
idoso não tiver curador ou este e Lazer Art. 25. O Poder Público
não puder ser contactado em Art. 20. O idoso tem direito apoiará a criação de universi-
tempo hábil; a educação, cultura, esporte, dade aberta para as pessoas
III – pelo médico, quando lazer, diversões, espetáculos, idosas e incentivará a publica-
ocorrer iminente risco de vida produtos e serviços que respei- ção de livros e periódicos, de
e não houver tempo hábil para tem sua peculiar condição de conteúdo e padrão editorial
consulta a curador ou familiar; idade. adequados ao idoso, que faci-
litem a leitura, considerada a
IV – pelo próprio médico,
Art. 21. O Poder Públi- natural redução da capacida-
quando não houver curador
co criará oportunidades de de visual.
ou familiar conhecido, caso
em que deverá comunicar o acesso do idoso à educação,
fato ao Ministério Público. adequando currículos, meto- Capítulo VI – Da
dologias e material didático Profissionalização e do
Art. 18. As instituições de Trabalho
saúde devem atender aos cri-
térios mínimos para o aten- Art. 26. O idoso tem di-
5
Lei no 12.461/2011 reito ao exercício de atividade

575
profissional, respeitadas suas observados os critérios estabe- termos da Lei Orgânica da As-
condições físicas, intelectuais lecidos pela Lei no 8.213, de 24 sistência Social (Loas).6
e psíquicas. de julho de 1991.
Parágrafo único. O benefício já
Art. 27. Na admissão do Art. 30. A perda da condi- concedido a qualquer membro
idoso em qualquer trabalho ção de segurado não será con- da família nos termos do caput
ou emprego, é vedada a discri- siderada para a concessão da não será computado para os
minação e a fixação de limite aposentadoria por idade, des- fins do cálculo da renda familiar
máximo de idade, inclusive de que a pessoa conte com, no per capita a que se refere a Loas.
para concursos, ressalvados mínimo, o tempo de contribui-
os casos em que a natureza do ção correspondente ao exigido Art. 35. Todas as entidades
cargo o exigir. para efeito de carência na data de longa permanência, ou casa-
de requerimento do benefício. -lar, são obrigadas a firmar con-
Parágrafo único. O primeiro cri- trato de prestação de serviços
tério de desempate em con- Parágrafo único. O cálculo do com a pessoa idosa abrigada.
curso público será a idade, valor do benefício previsto no § 1o No caso de entidades
dando-se preferência ao de caput observará o disposto no filantrópicas, ou casa-lar, é
idade mais elevada. caput e § 2o do art. 3o da Lei facultada a cobrança de parti-
no 9.876, de 26 de novembro de cipação do idoso no custeio da
Art. 28. O Poder Público
1999, ou, não havendo salários entidade.
criará e estimulará programas
de contribuição recolhidos a
de: § 2o O Conselho Municipal
partir da competência de julho
I – profissionalização especia- do Idoso ou o Conselho Mu-
de 1994, o disposto no art. 35
lizada para os idosos, apro- nicipal da Assistência Social
da Lei no 8.213, de 1991.
veitando seus potenciais e estabelecerá a forma de par-
habilidades para atividades Art. 31. O pagamento de ticipação prevista no § 1o, que
regulares e remuneradas; parcelas relativas a benefícios, não poderá exceder a 70% (se-
efetuado com atraso por res- tenta por cento) de qualquer
II – preparação dos trabalha- benefício previdenciário ou de
ponsabilidade da Previdência
dores para a aposentadoria, assistência social percebido
Social, será atualizado pelo
com antecedência mínima de pelo idoso.
mesmo índice utilizado para os
1 (um) ano, por meio de estí-
mulo a novos projetos sociais, reajustamentos dos benefícios § 3o Se a pessoa idosa for inca-
conforme seus interesses, e de do Regime Geral de Previdên- paz, caberá a seu representan-
esclarecimento sobre os direi- cia Social, verificado no perío- te legal firmar o contrato a que
tos sociais e de cidadania; do compreendido entre o mês se refere o caput deste artigo.
que deveria ter sido pago e o
III – estímulo às empresas pri- mês do efetivo pagamento. Art. 36. O acolhimento de
vadas para admissão de idosos idosos em situação de risco
ao trabalho. Art. 32. O Dia Mundial do social, por adulto ou núcleo
Trabalho, 1o de Maio, é a data- familiar, caracteriza a depen-
Capítulo VII – Da -base dos aposentados e pen- dência econômica, para os
Previdência Social sionistas. efeitos legais.

Art. 29. Os benefícios de Capítulo VIII – Da Capítulo IX – Da


aposentadoria e pensão do Assistência Social Habitação
Regime Geral da Previdência
Social observarão, na sua con- Art. 33. A assistência social Art. 37. O idoso tem direi-
cessão, critérios de cálculo que aos idosos será prestada, de to a moradia digna, no seio da
preservem o valor real dos sa- forma articulada, conforme os família natural ou substituta,
lários sobre os quais incidiram princípios e diretrizes previstos ou desacompanhado de seus
contribuição, nos termos da na Lei Orgânica da Assistência familiares, quando assim o de-
legislação vigente. Social, na Política Nacional do sejar, ou, ainda, em instituição
Idoso, no Sistema Único de Saú- pública ou privada.
Parágrafo único. Os valores dos de e demais normas pertinentes. § 1o A assistência integral na
benefícios em manutenção
modalidade de entidade de
serão reajustados na mesma Art. 34. Aos idosos, a partir
longa permanência será pres-
data de reajuste do salário de 65 (sessenta e cinco) anos,
tada quando verificada ine-
mínimo, pro rata, de acordo que não possuam meios para
com suas respectivas datas de prover sua subsistência, nem de
início ou do seu último reajus- tê-la provida por sua família, é
tamento, com base em percen- assegurado o benefício mensal
tual definido em regulamento, de 1 (um) salário mínimo, nos 6
Decreto no 6.214/2007.

576
xistência de grupo familiar, urbanos e semi-urbanos, exceto idoso nos procedimentos de
casa-lar, abandono ou carên- nos serviços seletivos e espe- embarque e desembarque nos
cia de recursos financeiros pró- ciais, quando prestados parale- veículos do sistema de trans-
prios ou da família. lamente aos serviços regulares. porte coletivo.9
§ 2o Toda instituição dedicada § 1o Para ter acesso à gratuida-
ao atendimento ao idoso fica de, basta que o idoso apresen-
obrigada a manter identifica- te qualquer documento pessoal
ção externa visível, sob pena que faça prova de sua idade.
Título III – Das
de interdição, além de atender Medidas de Proteção
§ 2o Nos veículos de transporte
toda a legislação pertinente. coletivo de que trata este arti-
§ 3o As instituições que abri- go, serão reservados 10% (dez Capítulo I – Das
garem idosos são obrigadas a por cento) dos assentos para os Disposições Gerais
manter padrões de habitação idosos, devidamente identifica-
compatíveis com as necessida- dos com a placa de reservado Art. 43. As medidas de pro-
des deles, bem como provê-los preferencialmente para idosos. teção ao idoso são aplicáveis
com alimentação regular e hi- § 3o No caso das pessoas com- sempre que os direitos reco-
giene indispensáveis às normas preendidas na faixa etária entre nhecidos nesta Lei forem ame-
sanitárias e com estas condi- 60 (sessenta) e 65 (sessenta e açados ou violados:
zentes, sob as penas da lei. cinco) anos, ficará a critério da I – por ação ou omissão da so-
Art. 38. Nos programas ha- legislação local dispor sobre as ciedade ou do Estado;
bitacionais, públicos ou subsi- condições para exercício da gra- II – por falta, omissão ou abu-
diados com recursos públicos, tuidade nos meios de transporte so da família, curador ou enti-
o idoso goza de prioridade na previstos no caput deste artigo. dade de atendimento;
aquisição de imóvel para mo- Art. 40. No sistema de III – em razão de sua condição
radia própria, observado o se- transporte coletivo interesta- pessoal.
guinte:7 dual observar-se-á, nos termos
I – reserva de pelo menos 3% da legislação específica: 8 Capítulo II – Das Medidas
(três por cento) das unidades I – a reserva de 2 (duas) vagas Específicas de Proteção
habitacionais residenciais para gratuitas por veículo para ido-
atendimento aos idosos; Art. 44. As medidas de pro-
sos com renda igual ou inferior teção ao idoso previstas nesta
II – implantação de equipa- a 2 (dois) salários mínimos; Lei poderão ser aplicadas, iso-
mentos urbanos comunitários II – desconto de 50% (cinquenta lada ou cumulativamente, e le-
voltados ao idoso; por cento), no mínimo, no valor varão em conta os fins sociais
III – eliminação de barreiras das passagens, para os idosos a que se destinam e o fortaleci-
arquitetônicas e urbanísticas, que excederem as vagas gratui- mento dos vínculos familiares
para garantia de acessibilidade tas, com renda igual ou inferior e comunitários.
ao idoso; a 2 (dois) salários mínimos.
IV – critérios de financiamento Art. 45. Verificada qual-
Parágrafo único. Caberá aos ór- quer das hipóteses previstas
compatíveis com os rendimen- gãos competentes definir os
tos de aposentadoria e pensão. no art. 43, o Ministério Pú-
mecanismos e os critérios para blico ou o Poder Judiciário, a
Parágrafo único. As unidades o exercício dos direitos previs- requerimento daquele, poderá
residenciais reservadas para tos nos incisos I e II. determinar, dentre outras, as
atendimento a idosos devem seguintes medidas:
situar-se, preferencialmente, Art. 41. É assegurada a reser-
va, para os idosos, nos termos I – encaminhamento à família
no pavimento térreo.
da lei local, de 5% (cinco por ou curador, mediante termo
Capítulo X – Do cento) das vagas nos estaciona- de responsabilidade;
Transporte mentos públicos e privados, as II – orientação, apoio e acom-
quais deverão ser posicionadas panhamento temporários;
Art. 39. Aos maiores de 65 de forma a garantir a melhor co-
III – requisição para tratamen-
(sessenta e cinco) anos fica modidade ao idoso.
to de sua saúde, em regime
assegurada a gratuidade dos Art. 42. São asseguradas ambulatorial, hospitalar ou
transportes coletivos públicos
a prioridade e a segurança do domiciliar;

7
Leis nos 12.418/2011 e 12.419/2011. 8
Decreto no 5.934/2006. 9
Lei no 12.899/2013.

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IV – inclusão em programa Capítulo II – Das VI – preservação da identidade
oficial ou comunitário de au- Entidades de Atendimento do idoso e oferecimento de am-
xílio, orientação e tratamen- ao Idoso biente de respeito e dignidade.
to a usuários dependentes de Parágrafo único. O dirigente de
drogas lícitas ou ilícitas, ao Art. 48. As entidades de instituição prestadora de aten-
próprio idoso ou à pessoa de atendimento são responsáveis dimento ao idoso responderá
sua convivência que lhe cause pela manutenção das pró- civil e criminalmente pelos atos
perturbação; prias unidades, observadas que praticar em detrimento do
as normas de planejamento e idoso, sem prejuízo das san-
V – abrigo em entidade;
execução emanadas do órgão ções administrativas.
VI – abrigo temporário. competente da Política Nacio-
nal do Idoso, conforme a Lei Art. 50. Constituem obri-
no 8.842, de 1994. gações das entidades de aten-
dimento:
Título IV – Da Política Parágrafo único. As entidades
I – celebrar contrato escrito
de Atendimento ao Idoso governamentais e não governa-
de prestação de serviço com o
mentais de assistência ao ido-
so ficam sujeitas à inscrição de idoso, especificando o tipo de
seus programas, junto ao ór- atendimento, as obrigações da
Capítulo I – Disposições gão competente da Vigilância entidade e prestações decor-
Gerais Sanitária e Conselho Municipal rentes do contrato, com os res-
da Pessoa Idosa, e em sua fal- pectivos preços, se for o caso;
Art. 46. A política de aten- ta, junto ao Conselho Estadual II – observar os direitos e as
dimento ao idoso far-se-á por ou Nacional da Pessoa Idosa, garantias de que são titulares
meio do conjunto articulado especificando os regimes de os idosos;
de ações governamentais e não atendimento, observados os III – fornecer vestuário adequa-
governamentais da União, dos seguintes requisitos: do, se for pública, e alimenta-
Estados, do Distrito Federal e I – oferecer instalações físicas ção suficiente;
dos Municípios. em condições adequadas de IV – oferecer instalações físicas
habitabilidade, higiene, salu- em condições adequadas de
Art. 47. São linhas de ação bridade e segurança; habitabilidade;
da política de atendimento: II – apresentar objetivos esta- V – oferecer atendimento per-
I – políticas sociais básicas, tutários e plano de trabalho sonalizado;
previstas na Lei no 8.842, de 4 compatíveis com os princípios
de janeiro de 1994; desta Lei; VI – diligenciar no sentido da
preservação dos vínculos fa-
II – políticas e programas de III – estar regularmente consti-
miliares;
assistência social, em caráter tuída;
VII – oferecer acomodações
supletivo, para aqueles que ne- IV – demonstrar a idoneidade
apropriadas para recebimento
cessitarem; de seus dirigentes.
de visitas;
III – serviços especiais de pre- Art. 49. As entidades que VIII – proporcionar cuidados à
venção e atendimento às ví- desenvolvam programas de saúde, conforme a necessida-
timas de negligência, maus- institucionalização de longa de do idoso;
tratos, exploração, abuso, permanência adotarão os se-
IX – promover atividades edu-
crueldade e opressão; guintes princípios:
cacionais, esportivas, culturais
IV – serviço de identificação I – preservação dos vínculos e de lazer;
e localização de parentes ou familiares;
X – propiciar assistência reli-
responsáveis por idosos aban- II – atendimento personaliza- giosa àqueles que desejarem,
donados em hospitais e insti- do e em pequenos grupos; de acordo com suas crenças;
tuições de longa permanência; III – manutenção do idoso na XI – proceder a estudo social e
V – proteção jurídico-social mesma instituição, salvo em pessoal de cada caso;
por entidades de defesa dos caso de força maior;
XII – comunicar à autorida-
direitos dos idosos; IV – participação do idoso nas de competente de saúde toda
VI – mobilização da opinião atividades comunitárias, de ocorrência de idoso portador
caráter interno e externo; de doenças infecto-contagio-
pública no sentido da partici-
pação dos diversos segmentos V – observância dos direitos e sas;
da sociedade no atendimento garantias dos idosos; XIII – providenciar ou solicitar
do idoso. que o Ministério Público requi-

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site os documentos necessá- dos recursos públicos e priva- a proibição de atendimento a
rios ao exercício da cidadania dos recebidos pelas entidades idosos a bem do interesse pú-
àqueles que não os tiverem, na de atendimento. blico, sem prejuízo das provi-
forma da lei; dências a serem tomadas pela
Art. 55. As entidades de Vigilância Sanitária.
XIV – fornecer comprovante de atendimento que descumpri-
depósito dos bens móveis que rem as determinações desta § 4o Na aplicação das penali-
receberem dos idosos; Lei ficarão sujeitas, sem preju- dades, serão consideradas a
XV – manter arquivo de anota- ízo da responsabilidade civil e natureza e a gravidade da in-
ções onde constem data e cir- criminal de seus dirigentes ou fração cometida, os danos que
cunstâncias do atendimento, prepostos, às seguintes pena- dela provierem para o idoso,
nome do idoso, responsável, lidades, observado o devido as circunstâncias agravantes
parentes, endereços, cidade, processo legal: ou atenuantes e os anteceden-
relação de seus pertences, bem tes da entidade.
I – as entidades governamen-
como o valor de contribuições, tais:
e suas alterações, se houver, e
Capítulo IV – Das
a) advertência; Infrações Administrativas
demais dados que possibilitem
sua identificação e a individua- b) afastamento provisório
de seus dirigentes; Art. 56. Deixar a entidade
lização do atendimento; de atendimento de cumprir as
XVI – comunicar ao Ministério c) afastamento definitivo determinações do art. 50 des-
Público, para as providências de seus dirigentes; ta Lei:
cabíveis, a situação de aban- d) fechamento de unidade ou Pena – multa de R$500,00 (qui-
dono moral ou material por interdição de programa; nhentos reais) a R$3.000,00
parte dos familiares; II – as entidades não-governa- (três mil reais), se o fato não
XVII – manter no quadro de mentais: for caracterizado como crime,
pessoal profissionais com for- a) advertência; podendo haver a interdição do
mação específica. estabelecimento até que sejam
b) multa;
cumpridas as exigências legais.
Art. 51. As instituições fi- c) suspensão parcial ou
lantrópicas ou sem fins lucra- total do repasse de ver- Parágrafo único. No caso de in-
tivos prestadoras de serviço ao bas públicas; terdição do estabelecimento
idoso terão direito à assistên- de longa permanência, os ido-
d) interdição de unidade
cia judiciária gratuita. sos abrigados serão transferi-
ou suspensão de pro-
dos para outra instituição, a
Capítulo III – Da grama; expensas do estabelecimento
Fiscalização das Entidades de e) proibição de atendimen- interditado, enquanto durar a
Atendimento to a idosos a bem do interdição.
interesse público.
Art. 52. As entidades gover- Art. 57. Deixar o profissio-
§ 1o Havendo danos aos idosos nal de saúde ou o responsável
namentais e não governamen- abrigados ou qualquer tipo de
tais de atendimento ao idoso por estabelecimento de saúde
fraude em relação ao progra- ou instituição de longa per-
serão fiscalizadas pelos Con- ma, caberá o afastamento
selhos do Idoso, Ministério manência de comunicar à au-
provisório dos dirigentes ou a toridade competente os casos
Público, Vigilância Sanitária e interdição da unidade e a sus-
outros previstos em lei. de crimes contra idoso de que
pensão do programa. tiver conhecimento:
Art. 53. O art. 7o da Lei § 2o A suspensão parcial ou Pena – multa de R$500,00 (qui-
no 8.842, de 1994, passa a vi- total do repasse de verbas pú- nhentos reais) a R$3.000,00
gorar com a seguinte redação: blicas ocorrerá quando verifi- (três mil reais), aplicada em
cada a má aplicação ou desvio dobro no caso de reincidência.
“Art. 7o Compete aos Con- de finalidade dos recursos.
selhos de que trata o art. 6o Art. 58. Deixar de cumprir
desta Lei a supervisão, o § 3o Na ocorrência de infração
por entidade de atendimento, as determinações desta Lei
acompanhamento, a fiscaliza- sobre a prioridade no atendi-
ção e a avaliação da política que coloque em risco os direitos
assegurados nesta Lei, será o mento ao idoso:
nacional do idoso, no âmbito
fato comunicado ao Ministério Pena – multa de R$500,00 (qui-
das respectivas instâncias polí-
Público, para as providências nhentos reais) a R$1.000,00
tico-administrativas.” (NR)
cabíveis, inclusive para promo- (um mil reais) e multa civil a ser
Art. 54. Será dada publici- ver a suspensão das atividades estipulada pelo juiz, conforme
dade das prestações de contas ou dissolução da entidade, com o dano sofrido pelo idoso.

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Capítulo V – Da Apuração petente aplicará à entidade de decidindo a autoridade judici-
Administrativa de Infração às atendimento as sanções regu- ária em igual prazo.
Normas de Proteção ao Idoso lamentares, sem prejuízo da § 2o Em se tratando de afas-
iniciativa e das providências tamento provisório ou defini-
Art. 59. Os valores mone- que vierem a ser adotadas pelo tivo de dirigente de entidade
tários expressos no CAPÍTULO Ministério Público ou pelas de- governamental, a autoridade
IV serão atualizados anual- mais instituições legitimadas judiciária oficiará a autorida-
mente, na forma da lei. para a fiscalização. de administrativa imediata-
Art. 60. O procedimento mente superior ao afastado,
Capítulo VI – Da fixando-lhe prazo de 24 (vinte
para a imposição de penalida- Apuração Judicial de
de administrativa por infração e quatro) horas para proceder
às normas de proteção ao ido-
Irregularidades em Entidade à substituição.
so terá início com requisição de Atendimento § 3o Antes de aplicar qualquer
do Ministério Público ou auto Art. 64. Aplicam-se, subsi- das medidas, a autoridade
de infração elaborado por diariamente, ao procedimento judiciária poderá fixar prazo
servidor efetivo e assinado, se administrativo de que trata para a remoção das irregula-
possível, por duas testemu- este CAPÍTULO as disposições ridades verificadas. Satisfeitas
nhas. das Leis nos 6.437, de 20 de as exigências, o processo será
§ 1o No procedimento inicia- agosto de 1977, e 9.784, de 29 extinto, sem julgamento do
do com o auto de infração de janeiro de 1999. mérito.
poderão ser usadas fórmulas § 4o A multa e a advertência
impressas, especificando-se a Art. 65. O procedimento serão impostas ao dirigente da
natureza e as circunstâncias de apuração de irregularidade entidade ou ao responsável pe-
da infração. em entidade governamental e lo programa de atendimento.
não-governamental de atendi-
§ 2o Sempre que possível, à ve- mento ao idoso terá início me-
rificação da infração seguir-se- diante petição fundamentada
-á a lavratura do auto, ou este de pessoa interessada ou ini- Título V – Do
será lavrado dentro de 24 (vin- ciativa do Ministério Público. Acesso à Justiça
te e quatro) horas, por motivo
justificado. Art. 66. Havendo motivo
grave, poderá a autoridade Capítulo I – Disposições
Art. 61. O autuado terá judiciária, ouvido o Ministério
prazo de 10 (dez) dias para a Gerais
Público, decretar liminarmente
apresentação da defesa, con- o afastamento provisório do Art. 69. Aplica-se, subsidia-
tado da data da intimação, dirigente da entidade ou ou- riamente, às disposições des-
que será feita: tras medidas que julgar ade- te Capítulo, o procedimento
I – pelo autuante, no instru- quadas, para evitar lesão aos sumário previsto no Código
mento de autuação, quando direitos do idoso, mediante de Processo Civil, naquilo que
for lavrado na presença do in- decisão fundamentada. não contrarie os prazos previs-
frator; tos nesta Lei.
Art. 67. O dirigente da en-
II – por via postal, com aviso de tidade será citado para, no Art. 70. O Poder Público
recebimento. prazo de 10 (dez) dias, ofere- poderá criar varas especializa-
Art. 62. Havendo risco para cer resposta escrita, podendo das e exclusivas do idoso.
a vida ou à saúde do idoso, a juntar documentos e indicar as
provas a produzir. Art. 71. É assegurada prio-
autoridade competente aplica- ridade na tramitação dos pro-
rá à entidade de atendimento Art. 68. Apresentada a de- cessos e procedimentos e na
as sanções regulamentares, fesa, o juiz procederá na con- execução dos atos e diligências
sem prejuízo da iniciativa e formidade do art. 69 ou, se judiciais em que figure como
das providências que vierem a necessário, designará audiên- parte ou interveniente pessoa
ser adotadas pelo Ministério cia de instrução e julgamento, com idade igual ou superior a
Público ou pelas demais insti- deliberando sobre a necessi- 60 (sessenta) anos, em qual-
tuições legitimadas para a fis- dade de produção de outras quer instância.
calização. provas. § 1o O interessado na obtenção
Art. 63. Nos casos em que § 1o Salvo manifestação em au- da prioridade a que alude este
não houver risco para a vida diência, as partes e o Ministé- artigo, fazendo prova de sua
ou a saúde da pessoa idosa rio Público terão 5 (cinco) dias idade, requererá o benefício à
abrigada, a autoridade com- para oferecer alegações finais, autoridade judiciária compe-

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tente para decidir o feito, que III – atuar como substituto nais e de assistência social, pú-
determinará as providências a processual do idoso em situa- blicos, para o desempenho de
serem cumpridas, anotando- ção de risco, conforme o dis- suas atribuições;
se essa circunstância em local posto no art. 43 desta Lei; X – referendar transações en-
visível nos autos do processo. IV – promover a revogação de volvendo interesses e direitos
§ 2o A prioridade não cessará instrumento procuratório do dos idosos previstos nesta Lei.
com a morte do beneficiado, idoso, nas hipóteses previstas § 1o A legitimação do Minis-
estendendo-se em favor do no art. 43 desta Lei, quando tério Público para as ações
cônjuge supérstite, compa- necessário ou o interesse pú- cíveis previstas neste artigo
nheiro ou companheira, com blico justificar; não impede a de terceiros, nas
união estável, maior de 60 V – instaurar procedimento ad- mesmas hipóteses, segundo
(sessenta) anos. ministrativo e, para instruí-lo: dispuser a lei.
§ 3o A prioridade se estende a) expedir notificações, § 2o As atribuições constantes
aos processos e procedimen- colher depoimentos ou deste artigo não excluem ou-
tos na Administração Pública, esclarecimentos e, em tras, desde que compatíveis
empresas prestadoras de ser- caso de não compareci- com a finalidade e atribuições
viços públicos e instituições mento injustificado da do Ministério Público.
financeiras, ao atendimento pessoa notificada, re- § 3o O representante do Minis-
preferencial junto à Defensoria quisitar condução coer- tério Público, no exercício de
Publica da União, dos Estados citiva, inclusive pela Po- suas funções, terá livre acesso
e do Distrito Federal em rela- lícia Civil ou Militar; a toda entidade de atendimen-
ção aos Serviços de Assistência b) requisitar informações, to ao idoso.
Judiciária. exames, perícias e docu-
mentos de autoridades Art. 75. Nos processos e
§ 4o Para o atendimento prio- procedimentos em que não
ritário será garantido ao ido- municipais, estaduais
e federais, da adminis- for parte, atuará obrigatoria-
so o fácil acesso aos assentos mente o Ministério Público na
e caixas, identificados com a tração direta e indireta,
bem como promover defesa dos direitos e interesses
destinação a idosos em local de que cuida esta Lei, hipóte-
visível e caracteres legíveis. inspeções e diligências
investigatórias; ses em que terá vista dos autos
depois das partes, podendo
Capítulo II – Do Ministério c) requisitar informações e juntar documentos, requerer
Público documentos particula- diligências e produção de ou-
res de instituições pri- tras provas, usando os recur-
Art. 72. (Vetado) vadas; sos cabíveis.
Art. 73. As funções do VI – instaurar sindicâncias, re-
quisitar diligências investigató- Art. 76. A intimação do Mi-
Ministério Público, previstas nistério Público, em qualquer
nesta Lei, serão exercidas nos rias e a instauração de inquéri-
to policial, para a apuração de caso, será feita pessoalmente.
termos da respectiva Lei Orgâ-
nica. ilícitos ou infrações às normas Art. 77. A falta de inter-
de proteção ao idoso; venção do Ministério Público
Art. 74. Compete ao Minis- VII – zelar pelo efetivo respeito acarreta a nulidade do feito,
tério Público: aos direitos e garantias legais que será declarada de ofício
I – instaurar o inquérito civil e assegurados ao idoso, promo- pelo juiz ou a requerimento de
a ação civil pública para a pro- vendo as medidas judiciais e qualquer interessado.
teção dos direitos e interesses extrajudiciais cabíveis;
difusos ou coletivos, individu- VIII – inspecionar as entida- Capítulo III – Da Proteção
ais indisponíveis e individuais des públicas e particulares de Judicial dos Interesses
homogêneos do idoso; atendimento e os programas Difusos, Coletivos e
II – promover e acompanhar as de que trata esta Lei, ado- Individuais Indisponíveis ou
ações de alimentos, de interdi- tando de pronto as medidas Homogêneos
ção total ou parcial, de desig- administrativas ou judiciais
necessárias à remoção de ir- Art. 78. As manifestações
nação de curador especial, em
regularidades porventura veri- processuais do representante
circunstâncias que justifiquem
ficadas; do Ministério Público deverão
a medida e oficiar em todos os
ser fundamentadas.
feitos em que se discutam os IX – requisitar força policial,
direitos de idosos em condi- bem como a colaboração dos Art. 79. Regem-se pelas dis-
ções de risco; serviços de saúde, educacio- posições desta Lei as ações de

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responsabilidade por ofensa dos na defesa dos interesses e ao Fundo Municipal de Assis-
aos direitos assegurados ao direitos de que cuida esta Lei. tência Social, ficando vincula-
idoso, referentes à omissão ou § 2o Em caso de desistência ou dos ao atendimento ao idoso.
ao oferecimento insatisfatório abandono da ação por asso-
de: Parágrafo único. As multas não
ciação legitimada, o Ministério recolhidas até 30 (trinta) dias
I – acesso às ações e serviços Público ou outro legitimado após o trânsito em julgado da
de saúde; deverá assumir a titularidade decisão serão exigidas por meio
II – atendimento especializado ativa. de execução promovida pelo
ao idoso portador de deficiên- Art. 82. Para defesa dos in- Ministério Público, nos mes-
cia ou com limitação incapaci- teresses e direitos protegidos mos autos, facultada igual ini-
tante; por esta Lei, são admissíveis ciativa aos demais legitimados
III – atendimento especializado todas as espécies de ação per- em caso de inércia daquele.
ao idoso portador de doença tinentes.
Art. 85. O juiz poderá
infecto-contagiosa;
conferir efeito suspensivo aos
IV – serviço de assistência so- Parágrafo único. Contra atos ile-
recursos, para evitar dano irre-
cial visando ao amparo do gais ou abusivos de autoridade
parável à parte.
idoso. pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atri- Art. 86. Transitada em jul-
Parágrafo único. As hipóteses buições de Poder Público, que gado a sentença que impuser
previstas neste artigo não ex- lesem direito líquido e certo condenação ao Poder Público,
cluem da proteção judicial previsto nesta Lei, caberá ação o juiz determinará a remessa
outros interesses difusos, cole- mandamental, que se regerá de peças à autoridade com-
tivos, individuais indisponíveis pelas normas da lei do manda- petente, para apuração da
ou homogêneos, próprios do do de segurança. responsabilidade civil e admi-
idoso, protegidos em lei. nistrativa do agente a que se
Art. 83. Na ação que tenha
Art. 80. As ações previstas por objeto o cumprimento de atribua a ação ou omissão.
neste Capítulo serão propos- obrigação de fazer ou não-fa- Art. 87. Decorridos 60
tas no foro do domicílio do zer, o juiz concederá a tutela (sessenta) dias do trânsito
idoso, cujo juízo terá compe- específica da obrigação ou em julgado da sentença con-
tência absoluta para processar determinará providências que denatória favorável ao idoso
a causa, ressalvadas as com- assegurem o resultado prático sem que o autor lhe promova
petências da Justiça Federal e equivalente ao adimplemento. a execução, deverá fazê-lo o
a competência originária dos § 1o Sendo relevante o funda- Ministério Público, facultada,
Tribunais Superiores. mento da demanda e havendo igual iniciativa aos demais le-
Art. 81. Para as ações cí- justificado receio de ineficácia gitimados, como assistentes
veis fundadas em interesses do provimento final, é lícito ou assumindo o pólo ativo, em
difusos, coletivos, individuais ao juiz conceder a tutela limi- caso de inércia desse órgão.
indisponíveis ou homogêneos, narmente ou após justificação
prévia, na forma do art. 273 Art. 88. Nas ações de que
consideram-se legitimados,
do Código de Processo Civil. trata este CAPÍTULO, não ha-
concorrentemente:
verá adiantamento de custas,
I – o Ministério Público; § 2o O juiz poderá, na hipó-
emolumentos, honorários pe-
tese do § 1o ou na sentença,
II – a União, os Estados, o Dis- riciais e quaisquer outras des-
impor multa diária ao réu, in-
trito Federal e os Municípios; pesas.
dependentemente do pedido
III – a Ordem dos Advogados do autor, se for suficiente ou Parágrafo único. Não se imporá
do Brasil; compatível com a obrigação, sucumbência ao Ministério Pú-
IV – as associações legalmente fixando prazo razoável para o blico.
constituídas há pelo menos 1 cumprimento do preceito.
(um) ano e que incluam entre Art. 89. Qualquer pessoa
§ 3o A multa só será exigível do
os fins institucionais a defe- poderá, e o servidor deverá,
réu após o trânsito em julgado
sa dos interesses e direitos da provocar a iniciativa do Minis-
da sentença favorável ao autor,
pessoa idosa, dispensada a tério Público, prestando-lhe
mas será devida desde o dia
autorização da assembléia, se informações sobre os fatos
em que se houver configurado.
houver prévia autorização es- que constituam objeto de ação
tatutária. Art. 84. Os valores das civil e indicando-lhe os elemen-
multas previstas nesta Lei re- tos de convicção.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio verterão ao Fundo do Idoso,
facultativo entre os Ministérios onde houver, ou na falta deste, Art. 90. Os agentes públi-
Públicos da União e dos Esta- cos em geral, os juízes e tri-

582
bunais, no exercício de suas tério Público de homologar a encontrar sob os cuidados ou
funções, quando tiverem co- promoção de arquivamento, responsabilidade do agente.
nhecimento de fatos que pos- será designado outro membro
sam configurar crime de ação Art. 97. Deixar de prestar
do Ministério Público para o
pública contra idoso ou ense- assistência ao idoso, quando
ajuizamento da ação.
jar a propositura de ação para possível fazê-lo sem risco pes-
soal, em situação de iminente
sua defesa, devem encaminhar
perigo, ou recusar, retardar
as peças pertinentes ao Minis-
Título VI – Dos Crimes ou dificultar sua assistência à
tério Público, para as provi-
saúde, sem justa causa, ou não
dências cabíveis.
pedir, nesses casos, o socorro
Art. 91. Para instruir a pe- Capítulo I – Disposições de autoridade pública:
tição inicial, o interessado po- Gerais Pena – detenção de 6 (seis) me-
derá requerer às autoridades ses a 1 (um) ano e multa.
competentes as certidões e Art. 93. Aplicam-se subsi-
informações que julgar neces- diariamente, no que couber, as Parágrafo único. A pena é au-
sárias, que serão fornecidas no disposições da Lei no 7.347, de mentada de metade, se da
prazo de 10 (dez) dias. 24 de julho de 1985. omissão resulta lesão corporal
Art. 92. O Ministério Pú- Art. 94. Aos crimes previs- de natureza grave, e triplicada,
blico poderá instaurar sob sua tos nesta Lei, cuja pena máxi- se resulta a morte.
presidência, inquérito civil, ou ma privativa de liberdade não Art. 98. Abandonar o idoso
requisitar, de qualquer pessoa, ultrapasse 4 (quatro) anos, em hospitais, casas de saúde,
organismo público ou parti- aplica-se o procedimento pre- entidades de longa permanên-
cular, certidões, informações, visto na Lei no 9.099, de 26 de cia, ou congêneres, ou não
exames ou perícias, no pra- setembro de 1995, e, subsidia- prover suas necessidades bá-
zo que assinalar, o qual não riamente, no que couber, as sicas, quando obrigado por lei
poderá ser inferior a 10 (dez) disposições do Código Penal e ou mandado:
dias. do Código de Processo Penal.10
Pena – detenção de 6 (seis) me-
§ 1o Se o órgão do Ministério
Capítulo II – Dos Crimes ses a 3 (três) anos e multa.
Público, esgotadas todas as di-
ligências, se convencer da ine- em Espécie Art. 99. Expor a perigo a in-
xistência de fundamento para tegridade e a saúde, física ou
Art. 95. Os crimes definidos
a propositura da ação civil ou psíquica, do idoso, submeten-
nesta Lei são de ação penal
de peças informativas, deter- do-o a condições desumanas
pública incondicionada, não
minará o seu arquivamento, fa- ou degradantes ou privando-o
se lhes aplicando os arts. 181
zendo-o fundamentadamente. de alimentos e cuidados indis-
e 182 do Código Penal.
§ 2o Os autos do inquérito ci- pensáveis, quando obrigado
vil ou as peças de informação Art. 96. Discriminar pessoa a fazê-lo, ou sujeitando-o a
arquivados serão remetidos, idosa, impedindo ou dificul- trabalho excessivo ou inade-
sob pena de se incorrer em fal- tando seu acesso a operações quado:
ta grave, no prazo de 3 (três) bancárias, aos meios de trans- Pena – detenção de 2 (dois)
dias, ao Conselho Superior do porte, ao direito de contratar meses a 1 (um) ano e multa.
Ministério Público ou à Câma- ou por qualquer outro meio § 1o Se do fato resulta lesão
ra de Coordenação e Revisão ou instrumento necessário ao corporal de natureza grave:
do Ministério Público. exercício da cidadania, por
§ 3o Até que seja homologado motivo de idade: Pena – reclusão de 1 (um) a 4
ou rejeitado o arquivamento, Pena – reclusão de 6 (seis) me- (quatro) anos.
pelo Conselho Superior do Mi- ses a 1 (um) ano e multa. § 2o Se resulta a morte:
nistério Público ou por Câma- § 1o Na mesma pena incorre Pena – reclusão de 4 (quatro)
ra de Coordenação e Revisão quem desdenhar, humilhar, a 12 (doze) anos.
do Ministério Público, as as- menosprezar ou discriminar
sociações legitimadas poderão pessoa idosa, por qualquer Art. 100. Constitui cri-
apresentar razões escritas ou motivo. me punível com reclusão de
documentos, que serão junta- 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
§ 2o A pena será aumentada de
dos ou anexados às peças de multa:
1/3 (um terço) se a vítima se
informação. I – obstar o acesso de alguém
§ 4o Deixando o Conselho a qualquer cargo público por
Superior ou a Câmara de Co- motivo de idade;
ordenação e Revisão do Minis- 10
ADI 3.096-5 – STF.

583
II – negar a alguém, por motivo imagens depreciativas ou inju- 1/3 (um terço), se o crime
de idade, emprego ou traba- riosas à pessoa do idoso: resulta de inobservância
lho; Pena – detenção de 1 (um) a 3 de regra técnica de profis-
III – recusar, retardar ou difi- (três) anos e multa. são, arte ou ofício, ou se
cultar atendimento ou deixar o agente deixa de prestar
de prestar assistência à saúde, Art. 106. Induzir pessoa imediato socorro à vítima,
sem justa causa, a pessoa ido- idosa sem discernimento de não procura diminuir as
sa; seus atos a outorgar procura- consequências do seu ato,
ção para fins de administração ou foge para evitar prisão
IV – deixar de cumprir, retardar de bens ou deles dispor livre- em flagrante. Sendo dolo-
ou frustrar, sem justo motivo, mente: so o homicídio, a pena é
a execução de ordem judicial aumentada de 1/3 (um ter-
expedida na ação civil a que Pena – reclusão de 2 (dois) a 4
(quatro) anos. ço) se o crime é praticado
alude esta Lei; contra pessoa menor de 14
V – recusar, retardar ou omitir Art. 107. Coagir, de qual- (quatorze) ou maior de 60
dados técnicos indispensáveis quer modo, o idoso a doar, (sessenta) anos.
à propositura da ação civil ob- contratar, testar ou outorgar ..............................” (NR)
jeto desta Lei, quando requisi- procuração: “Art. 133. .........................
tados pelo Ministério Público. Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 § 3o .................................
Art. 101. Deixar de cumprir, (cinco) anos. III – se a vítima é maior de 60
retardar ou frustrar, sem justo Art. 108. Lavrar ato nota- (sessenta) anos.” (NR)
motivo, a execução de ordem rial que envolva pessoa idosa “Art. 140. ........................
judicial expedida nas ações em sem discernimento de seus ........................................
que for parte ou interveniente atos, sem a devida representa- § 3o Se a injúria consiste na
o idoso: ção legal: utilização de elementos re-
Pena – detenção de 6 (seis) me- Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 ferentes a raça, cor, etnia,
ses a 1 (um) ano e multa. (quatro) anos. religião, origem ou a condi-
ção de pessoa idosa ou por-
Art. 102. Apropriar-se de tadora de deficiência:
ou desviar bens, proventos, ............................... (NR)
pensão ou qualquer outro ren- Título VII – Disposições “Art. 141. .........................
dimento do idoso, dando-lhes Finais e Transitórias ........................................
aplicação diversa da de sua fi-
IV – contra pessoa maior de
nalidade:
Art. 109. Impedir ou emba- 60 (sessenta) anos ou por-
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 tadora de deficiência, exce-
raçar ato do representante do
(quatro) anos e multa. to no caso de injúria.
Ministério Público ou de qual-
Art. 103. Negar o acolhi- quer outro agente fiscalizador: ..............................” (NR)
mento ou a permanência do Pena – reclusão de 6 (seis) me- “Art. 148. ........................
idoso, como abrigado, por ses a 1 (um) ano e multa. ........................................
recusa deste em outorgar pro- § 1o ..................................
curação à entidade de atendi- Art. 110. O Decreto-Lei
I – se a vítima é ascendente,
mento: no 2.848, de 7 de dezembro
descendente, cônjuge do agen-
de 1940, Código Penal, passa
Pena – detenção de 6 (seis) me- te ou maior de 60 (sessenta)
a vigorar com as seguintes al-
ses a 1 (um) ano e multa. anos.
terações:
..............................” (NR)
Art. 104. Reter o cartão “Art. 61. ...........................
“Art. 159. .........................
magnético de conta bancá- ........................................
ria relativa a benefícios, pro- ........................................
II – ...................................
ventos ou pensão do idoso, § 1o Se o sequestro dura
........................................ mais de 24 (vinte e quatro)
bem como qualquer outro
documento com objetivo de h) contra criança, maior horas, se o sequestrado
assegurar recebimento ou res- de 60 (sessenta) anos, é menor de 18 (dezoito)
sarcimento de dívida: enfermo ou mulher ou maior de 60 (sessenta)
grávida; anos, ou se o crime é come-
Pena – detenção de 6 (seis) me- ..............................” (NR) tido por bando ou quadri-
ses a 2 (dois) anos e multa. “Art. 121. ......................... lha.
Art. 105. Exibir ou veicu- ........................................ ..............................” (NR)
lar, por qualquer meio de co- § 4o No homicídio culpo- “Art. 183. .........................
municação, informações ou so, a pena é aumentada de ........................................

584
III – se o crime é praticado con- II – se o crime é cometido recursos necessários, em cada
tra pessoa com idade igual ou contra criança, gestante, exercício financeiro, para apli-
superior a 60 (sessenta) anos.” portador de deficiência, cação em programas e ações
(NR) adolescente ou maior de 60 relativos ao idoso.
“Art. 244. Deixar, sem justa (sessenta) anos;
causa, de prover a subsis- Art. 116. Serão incluídos
..............................” (NR) nos censos demográficos dados
tência do cônjuge, ou de
filho menor de 18 (dezoi- relativos à população idosa do
Art. 113. O inciso III do
to) anos ou inapto para o País.
art. 18 da Lei no 6.368, de 21
trabalho, ou de ascenden- de outubro de 1976, passa a vi- Art. 117. O Poder Executi-
te inválido ou maior de 60 gorar com a seguinte redação: vo encaminhará ao Congresso
(sessenta) anos, não lhes “Art. 18o .......................... Nacional projeto de lei reven-
proporcionando os recur- ........................................ do os critérios de concessão do
sos necessários ou faltando III – se qualquer deles de- Benefício de Prestação Con-
ao pagamento de pensão correr de associação ou vi- tinuada previsto na Lei Orgâ-
alimentícia judicialmente sar a menores de 21 (vinte e nica da Assistência Social, de
acordada, fixada ou majo- um) anos ou a pessoa com forma a garantir que o acesso
rada; deixar, sem justa cau- idade igual ou superior a 60 ao direito seja condizente com
sa, de socorrer descendente (sessenta) anos ou a quem o estágio de desenvolvimento
ou ascendente, gravemente tenha, por qualquer causa, sócio-econômico alcançado
enfermo: diminuída ou suprimida pelo País.
..............................” (NR) a capacidade de discerni- Art. 118. Esta Lei entra em
Art. 111. O art. 21 do De- mento ou de autodetermi- vigor decorridos 90 (noventa)
creto-Lei no 3.688, de 3 de nação: dias da sua publicação, ressal-
outubro de 1941, Lei das Con- ..............................” (NR) vado o disposto no caput do
travenções Penais, passa a vi- Art. 114. O art 1o da Lei art. 36, que vigorará a partir
gorar acrescido do seguinte no 10.048, de 8 de novembro de 1o de janeiro de 2004.
parágrafo único: de 2000, passa a vigorar com
“Art. 21. ........................... Brasília, 1o de outubro de 2003;
a seguinte redação: 182o da Independência e 115o da
........................................
“Art. 1. As pessoas porta- República.
Parágrafo único. Aumenta-se doras de deficiência, os ido- LUIZ INÁCIO LULA
a pena de 1/3 (um terço) sos com idade igual ou su- DA SILVA – Márcio Tho-
até a metade se a vítima perior a 60 (sessenta) anos, maz Bastos – Antonio
é maior de 60 (sessenta) as gestantes, as lactantes e Palocci Filho – Rubem
anos.” (NR) as pessoas acompanhadas Fonseca Filho – Humber-
to Sérgio Costa LIma –
por crianças de colo terão Guido Mantega – Ricar-
Art. 112. O inciso II do § 4o atendimento prioritário,
do art. 1o da Lei no 9.455, de do José Ribeiro Berzoini
nos termos desta Lei.” (NR) – Benedita Souza da Silva
7 de abril de 1997, passa a vi- Sampaio – Álvaro Augus-
gorar com a seguinte redação: Art. 115. O Orçamento da to Ribeiro Costa.
“Art. 1o ............................ Seguridade Social destinará ao
........................................ Fundo Nacional de Assistência Este texto não substitui o publica-
§ 4o ................................. Social, até que o Fundo Na- do no DOU de 3-10-2003.
cional do Idoso seja criado, os

585
ESTATUTO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE

Atualizado até março de 2017


Sumário
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................... 591
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 ....................................................................... 591
Título I – Das Disposições Preliminares......................................................................... 591
Título II – Dos Direitos Fundamentais ........................................................................... 591
Capítulo I – Do Direito à Vida e à Saúde.................................................................... 591
Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade ................................ 593
Capítulo III – Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária .................................. 594
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 594
Seção II – Da Família Natural ................................................................................ 595
Seção III – Da Família Substituta ........................................................................... 595
Subseção I – Disposições Gerais ............................................................................ 595
Subseção II – Da Guarda ....................................................................................... 596
Subseção III – Da Tutela ........................................................................................ 596
Subseção IV – Da Adoção ...................................................................................... 597
Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer ...................... 602
Capítulo V – Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho ...................... 602
Título III – Da Prevenção .............................................................................................. 603
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 603
Capítulo II – Da Prevenção Especial .......................................................................... 604
Seção I – Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos ........... 604
Seção II – Dos Produtos e Serviços......................................................................... 605
Seção III – Da Autorização para Viajar ................................................................... 605
Livro II – Parte Especial ..................................................................................... 605
Título I – Da Política de Atendimento ........................................................................... 605
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 605
Capítulo II – Das Entidades de Atendimento ............................................................. 606
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 606
Seção II – Da Fiscalização das Entidades ............................................................... 608
Título II – Das Medidas de Proteção ............................................................................. 609
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 609
Capítulo II – Das Medidas Específicas de Proteção .................................................... 609
Título III – Da Prática de Ato Infracional ....................................................................... 611
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 611
Capítulo II – Dos Direitos Individuais ........................................................................ 611
Capítulo III – Das Garantias Processuais ................................................................... 612
Capítulo IV – Das Medidas Socioeducativas .............................................................. 612
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 612
Seção II – Da Advertência ...................................................................................... 612
Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano ......................................................... 612
Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade ............................................... 612
Seção V – Da Liberdade Assistida .......................................................................... 613
Seção VI – Do Regime de Semiliberdade................................................................. 613
Seção VII – Da Internação ..................................................................................... 613
Capítulo V – Da Remissão ......................................................................................... 614
Título IV – Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável........................................ 614
Título V – Do Conselho Tutelar ..................................................................................... 615
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 615
Capítulo II – Das Atribuições do Conselho ................................................................ 615
Capítulo III – Da Competência .................................................................................. 616
Capítulo IV – Da Escolha dos Conselheiros................................................................ 616
Capítulo V – Dos Impedimentos ................................................................................ 616
Título VI – Do Acesso à Justiça ..................................................................................... 616
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 616
Capítulo II – Da Justiça da Infância e da Juventude .................................................... 616
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 616
Seção II – Do Juiz................................................................................................... 616
Seção III – Dos Serviços Auxiliares ......................................................................... 618
Capítulo III – Dos Procedimentos .............................................................................. 618
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 618
Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar ........................................... 618
Seção III – Da Destituição da Tutela ...................................................................... 619
Seção IV – Da Colocação em Família Substituta .................................................... 619
Seção V – Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente ....................... 620
Seção VI – Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento .............. 622
Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção
à Criança e ao Adolescente.................................................................................... 623
Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção .......................................... 623
Capítulo IV – Dos Recursos ....................................................................................... 624
Capítulo V – Do Ministério Público ........................................................................... 625
Capítulo VI – Do Advogado ...................................................................................... 626
Capítulo VII – Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos ..... 626
Título VII – Dos Crimes e Das Infrações Administrativas ............................................... 628
Capítulo I – Dos Crimes ............................................................................................ 628
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 628
Seção II – Dos Crimes em Espécie .......................................................................... 628
Capítulo II – Das Infrações Administrativas ............................................................... 631
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ............................................................. 633
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE

Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990


Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLI- Parágrafo único. Os direitos nas áreas relacionadas


CA, faço saber que o Congres- enunciados nesta Lei apli- com a proteção à in-
so Nacional decreta e eu san- cam-se a todas as crianças e fância e à juventude.
ciono a seguinte Lei: adolescentes, sem discrimina-
ção de nascimento, situação Art. 5o Nenhuma criança
familiar, idade, sexo, raça, et- ou adolescente será objeto de
nia ou cor, religião ou crença, qualquer forma de negligência,
Título I – Das deficiência, condição pessoal discriminação, exploração,
Disposições Preliminares de desenvolvimento e aprendi- violência, crueldade e opres-
zagem, condição econômica, são, punido na forma da lei
ambiente social, região e local qualquer atentado, por ação
Art. 1o Esta Lei dispõe so- de moradia ou outra condição ou omissão, aos seus direitos
bre a proteção integral à crian- que diferencie as pessoas, as fundamentais.
ça e ao adolescente. famílias ou a comunidade em
que vivem. Art. 6o Na interpretação
Art. 2o Considera-se crian- desta Lei, levar-se-ão em con-
ça, para os efeitos desta Lei, a Art. 4o É dever da família, ta os fins sociais a que ela se
pessoa até doze anos de idade da comunidade, da sociedade dirige, as exigências do bem
incompletos, e adolescente em geral e do poder público comum, os direitos e deveres
aquela entre doze e dezoito assegurar, com absoluta prio- individuais e coletivos, e a con-
anos de idade. ridade, a efetivação dos direi- dição peculiar da criança e do
tos referentes à vida, à saúde, adolescente como pessoas em
Parágrafo único. Nos casos ex- à alimentação, à educação, ao desenvolvimento.
pressos em lei, aplica-se excep- esporte, ao lazer, à profissio-
cionalmente este Estatuto às nalização, à cultura, à dignida-
pessoas entre dezoito e vinte e de, ao respeito, à liberdade e à
um anos de idade. convivência familiar e comuni- Título II – Dos Direitos
tária. Fundamentais
Art. 3o A criança e o adoles-
cente gozam de todos os direi- Parágrafo único. A garantia de
tos fundamentais inerentes à prioridade compreende: Capítulo I – Do Direito à
pessoa humana, sem prejuízo a) primazia de receber Vida e à Saúde
da proteção integral de que proteção e socorro em
trata esta Lei, assegurando- Art. 7o A criança e o ado-
quaisquer circunstân-
se-lhes, por lei ou por outros lescente têm direito a proteção
cias;
meios, todas as oportunida- à vida e à saúde, mediante a
des e facilidades, a fim de lhes b) precedência de atendi- efetivação de políticas sociais
facultar o desenvolvimento fí- mento nos serviços pú- públicas que permitam o nas-
sico, mental, moral, espiritual blicos ou de relevância cimento e o desenvolvimento
pública; sadio e harmonioso, em condi-
e social, em condições de liber-
ções dignas de existência.
dade e de dignidade.1 c) preferência na formula-
ção e na execução das
Art. 8o É assegurado a to-
políticas sociais públi-
das as mulheres o acesso aos
cas;
programas e às políticas de
1
Lei no 13.105/2015
d) destinação privilegiada saúde da mulher e de planeja-
1
Lei no 13.257/2016. de recursos públicos mento reprodutivo e, às ges-

591
tantes, nutrição adequada, to e desenvolvimento infantil, § 2o Os serviços de unidades
atenção humanizada à gravi- bem como sobre formas de de terapia intensiva neonatal
dez, ao parto e ao puerpério favorecer a criação de vínculos deverão dispor de banco de
e atendimento pré-natal, pe- afetivos e de estimular o desen- leite humano ou unidade de
rinatal e pós-natal integral no volvimento integral da criança. coleta de leite humano.
âmbito do Sistema Único de
Saúde.2 § 8o A gestante tem direito a Art. 10. Os hospitais e
acompanhamento saudável demais estabelecimentos de
§ 1 O atendimento pré-natal
o
durante toda a gestação e a atenção à saúde de gestantes,
será realizado por profissio- parto natural cuidadoso, es- públicos e particulares, são
nais da atenção primária. tabelecendo-se a aplicação de obrigados a:
§ 2o Os profissionais de saú- cesariana e outras interven-
ções cirúrgicas por motivos I – manter registro das ativida-
de de referência da gestante des desenvolvidas, através de
garantirão sua vinculação, no médicos.
prontuários individuais, pelo
último trimestre da gestação, § 9o A atenção primária à saú- prazo de dezoito anos;
ao estabelecimento em que se- de fará a busca ativa da ges-
rá realizado o parto, garantido II – identificar o recém-nasci-
tante que não iniciar ou que do mediante o registro de sua
o direito de opção da mulher.
abandonar as consultas de impressão plantar e digital e
§ 3o Os serviços de saúde on- pré-natal, bem como da puér- da impressão digital da mãe,
de o parto for realizado as- pera que não comparecer às sem prejuízo de outras formas
segurarão às mulheres e aos consultas pós-parto. normatizadas pela autoridade
seus filhos recém-nascidos administrativa competente;
alta hospitalar responsável e § 10. Incumbe ao poder pú-
contrarreferência na atenção blico garantir, à gestante e à III – proceder a exames visando
primária, bem como o acesso mulher com filho na primeira ao diagnóstico e terapêutica
a outros serviços e a grupos de infância que se encontrem sob de anormalidades no metabo-
apoio à amamentação. custódia em unidade de priva- lismo do recém-nascido, bem
ção de liberdade, ambiência como prestar orientação aos
§ 4o Incumbe ao poder pú- que atenda às normas sanitá- pais;
blico proporcionar assistên- rias e assistenciais do Sistema
cia psicológica à gestante e à IV – fornecer declaração de
Único de Saúde para o acolhi- nascimento onde constem ne-
mãe, no período pré e pós-na- mento do filho, em articulação
tal, inclusive como forma de cessariamente as intercorrên-
com o sistema de ensino com- cias do parto e do desenvolvi-
prevenir ou minorar as conse- petente, visando ao desenvol-
quências do estado puerperal. mento do neonato;
vimento integral da criança.
§ 5o A assistência referida no § V – manter alojamento conjun-
4o deste artigo deverá ser pres- Art. 9o O poder público, as to, possibilitando ao neonato
tada também a gestantes e instituições e os empregadores a permanência junto à mãe.
mães que manifestem interes- propiciarão condições ade-
se em entregar seus filhos para quadas ao aleitamento mater- Art. 11. É assegurado aces-
adoção, bem como a gestan- so integral às linhas de cuida-
no, inclusive aos filhos de mães
tes e mães que se encontrem do voltadas à saúde da criança
submetidas a medida privativa
em situação de privação de e do adolescente, por intermé-
de liberdade.3 dio do Sistema Único de Saú-
liberdade.
§ 1o Os profissionais das uni- de, observado o princípio da
§ 6o A gestante e a parturiente dades primárias de saúde equidade no acesso a ações e
têm direito a 1 (um) acompa- desenvolverão ações sistemá- serviços para promoção, pro-
nhante de sua preferência du- ticas, individuais ou coletivas, teção e recuperação da saúde.4
rante o período do pré-natal, visando ao planejamento, à § 1o A criança e o adoles-
do trabalho de parto e do pós- implementação e à avaliação cente com deficiência serão
-parto imediato. de ações de promoção, pro- atendidos, sem discrimina-
§ 7o A gestante deverá receber teção e apoio ao aleitamento ção ou segregação, em suas
orientação sobre aleitamento materno e à alimentação com- necessidades gerais de saúde
materno, alimentação comple- plementar saudável, de forma e específicas de habilitação e
mentar saudável e crescimen- contínua. reabilitação.

2
Leis nos 12.010/2009 e 13.257/2016. 3
Lei no 13.257/2016. 4
Lei no 13.257/2016.

592
§ 2o Incumbe ao poder público cia social em seu componente Capítulo II – Do Direito
fornecer gratuitamente, aque- especializado, o Centro de Re- à Liberdade, ao Respeito e à
les que necessitarem, medica- ferência Especializado de As- Dignidade
mentos, órtoses, próteses e sistência Social (Creas) e os
outras tecnologias assistivas demais órgãos do Sistema de Art. 15. A criança e o ado-
relativas ao tratamento, ha- Garantia de Direitos da Crian- lescente têm direito à liberda-
bilitação ou reabilitação para ça e do Adolescente deverão de, ao respeito e à dignidade
crianças e adolescentes, de conferir máxima prioridade ao como pessoas humanas em
acordo com as linhas de cuida- atendimento das crianças na processo de desenvolvimento e
do voltadas às suas necessida- faixa etária da primeira infân- como sujeitos de direitos civis,
des específicas. cia com suspeita ou confirma- humanos e sociais garantidos
ção de violência de qualquer na Constituição e nas leis.
§ 3o Os profissionais que atu-
am no cuidado diário ou fre- natureza, formulando projeto
terapêutico singular que in- Art. 16. O direito à liber-
quente de crianças na primeira
clua intervenção em rede e, se dade compreende os seguintes
infância receberão formação
aspectos:
específica e permanente para a necessário, acompanhamento
detecção de sinais de risco pa- domiciliar. I – ir, vir e estar nos logradou-
ra o desenvolvimento psíquico, ros públicos e espaços comu-
bem como para o acompanha- Art. 14. O Sistema Único nitários, ressalvadas as restri-
mento que se fizer necessário. de Saúde promoverá progra- ções legais;
mas de assistência médica e II – opinião e expressão;
Art. 12. Os estabelecimen- odontológica para a preven-
tos de atendimento à saúde, ção das enfermidades que III – crença e culto religioso;
inclusive as unidades neona- ordinariamente afetam a po- IV – brincar, praticar esportes
tais, de terapia intensiva e de pulação infantil, e campanhas e divertir-se;
cuidados intermediários, de- de educação sanitária para
verão proporcionar condi- pais, educadores e alunos.7 V – participar da vida familiar
ções para a permanência em e comunitária, sem discrimina-
tempo integral de um dos pais § 1o É obrigatória a vacinação ção;
ou responsável, nos casos de das crianças nos casos reco-
mendados pelas autoridades VI – participar da vida política,
internação de criança ou ado-
sanitárias. na forma da lei;
lescente.5
§ 2o O Sistema Único de Saúde VII – buscar refúgio, auxílio e
Art. 13. Os casos de suspei- orientação.
promoverá a atenção à saúde
ta ou confirmação de castigo
bucal das crianças e das ges-
físico, de tratamento cruel ou Art. 17. O direito ao respei-
tantes, de forma transversal,
degradante e de maus-tratos to consiste na inviolabilidade
integral e intersetorial com as
contra criança ou adolescente da integridade física, psíquica
demais linhas de cuidado dire- e moral da criança e do adoles-
serão obrigatoriamente comu-
nicados ao Conselho Tutelar cionadas à mulher e à criança. cente, abrangendo a preserva-
da respectiva localidade, sem § 3o A atenção odontológica ção da imagem, da identidade,
prejuízo de outras providên- à criança terá função educa- da autonomia, dos valores,
cias legais.6 tiva protetiva e será prestada, idéias e crenças, dos espaços e
inicialmente, antes de o bebê objetos pessoais.
§ 1o As gestantes ou mães que
manifestem interesse em en- nascer, por meio de aconse-
lhamento pré-natal, e, pos- Art. 18. É dever de todos
tregar seus filhos para adoção
teriormente, no sexto e no velar pela dignidade da criança
serão obrigatoriamente en-
décimo segundo anos de vida, e do adolescente, pondo-os a
caminhadas, sem constrangi-
com orientações sobre saúde salvo de qualquer tratamento
mento, à Justiça da Infância e
bucal. desumano, violento, aterrori-
da Juventude.
zante, vexatório ou constran-
§ 2o Os serviços de saúde em § 4o A criança com necessida- gedor.
suas diferentes portas de en- de de cuidados odontológicos
trada, os serviços de assistên- especiais será atendida pelo Art. 18-A. A criança e o
Sistema Único de Saúde. adolescente têm o direito de
ser educados e cuidados sem o
uso de castigo físico ou de tra-
5
Lei no 13.257/2016. tamento cruel ou degradante,
6
Leis nos 13.010/2014 e 13.257/2016. 7
Lei no 13.257/2016. como formas de correção, dis-

593
ciplina, educação ou qualquer II – encaminhamento a trata- superior interesse, devidamente
outro pretexto, pelos pais, mento psicológico ou psiqui- fundamentada pela autoridade
pelos integrantes da família átrico; judiciária.
ampliada, pelos responsáveis, III – encaminhamento a cursos § 3o A manutenção ou reintegra-
pelos agentes públicos execu- ou programas de orientação; ção de criança ou adolescente à
tores de medidas socioeduca- sua família terá preferência em
tivas ou por qualquer pessoa IV – obrigação de encaminhar
a criança a tratamento espe- relação a qualquer outra provi-
encarregada de cuidar deles, dência, caso em que será esta in-
tratá-los, educá-los ou prote- cializado;
cluída em serviços e programas
gê-los.8 V – advertência. de proteção, apoio e promoção,
Parágrafo único. Para os fins des- Parágrafo único. As medidas pre- nos termos do § 1o do art. 23,
vistas neste artigo serão apli- dos incisos I e IV do caput do
ta Lei, considera-se:
cadas pelo Conselho Tutelar, art. 101 e dos incisos I a IV do
I – castigo físico: ação de na- sem prejuízo de outras provi- caput do art. 129 desta lei.
tureza disciplinar ou punitiva dências legais. § 4o Será garantida a convivên-
aplicada com o uso da força cia da criança e do adolescente
física sobre a criança ou o ado- Capítulo III – Do Direito com a mãe ou o pai privado de
lescente que resulte em: à Convivência Familiar e liberdade, por meio de visitas
a) sofrimento físico; ou Comunitária periódicas promovidas pelo
responsável ou, nas hipóteses
b) lesão; de acolhimento institucional,
II – tratamento cruel ou degra-
Seção I – Disposições Gerais pela entidade responsável, inde-
dante: conduta ou forma cruel pendentemente de autorização
Art. 19. É direito da criança judicial.
de tratamento em relação à e do adolescente ser criado e
criança ou ao adolescente que: educado no seio de sua família Art. 20. Os filhos, havidos
a) humilhe; e, excepcionalmente, em família ou não da relação do casamen-
substituta, assegurada a convi- to, ou por adoção, terão os
b) ameace gravemente; ou vência familiar e comunitária, mesmos direitos e qualificações,
c) ridicularize. em ambiente que garanta seu proibidas quaisquer designa-
desenvolvimento integral.10 ções discriminatórias relativas à
Art. 18-B. Os pais, os inte- § 1o Toda criança ou adolescen- filiação.
grantes da família ampliada, te que estiver inserido em pro-
os responsáveis, os agentes pú- grama de acolhimento familiar Art. 21. O poder familiar
blicos executores de medidas ou institucional terá sua situa- será exercido, em igualdade
socioeducativas ou qualquer ção reavaliada, no máximo, a de condições, pelo pai e pela
pessoa encarregada de cuidar cada 6 (seis) meses, devendo a mãe, na forma do que dispuser
de crianças e de adolescentes, autoridade judiciária compe- a legislação civil, assegurado a
tratá-los, educá-los ou prote- tente, com base em relatório qualquer deles o direito de, em
elaborado por equipe interpro- caso de discordância, recorrer
gê-los que utilizarem castigo
fissional ou multidisciplinar, à autoridade judiciária compe-
físico ou tratamento cruel ou
decidir de forma fundamentada tente para a solução da diver-
degradante como formas de
pela possibilidade de reintegra- gência.11
correção, disciplina, educação
ção familiar ou colocação em
ou qualquer outro pretexto família substituta, em quaisquer Art. 22. Aos pais incumbe o
estarão sujeitos, sem prejuízo das modalidades previstas no dever de sustento, guarda e edu-
de outras sanções cabíveis, às art. 28 desta Lei. cação dos filhos menores, ca-
seguintes medidas, que serão bendo-lhes ainda, no interesse
aplicadas de acordo com a § 2o A permanência da criança
destes, a obrigação de cumprir e
gravidade do caso:9 e do adolescente em programa
fazer cumprir as determinações
de acolhimento institucional
I – encaminhamento a progra- judiciais.12
não se prolongará por mais de 2
ma oficial ou comunitário de (dois) anos, salvo comprovada Parágrafo único. A mãe e o pai,
proteção à família; necessidade que atenda ao seu ou os responsáveis, têm direitos

8
Lei no 13.010/2014. 10
Leis nos 12.010/2009, 11
Lei no 12.010/2009.
9
Lei no 13.010/2014. 12.962/2014 e 13.257/2016. 12
Lei no 13.257/2016.

594
iguais e deveres e responsabili- aquela que se estende para além § 2o Tratando-se de maior de
dades compartilhados no cui- da unidade pais e filhos ou da 12 (doze) anos de idade, será
dado e na educação da criança, unidade do casal, formada por necessário seu consentimento,
devendo ser resguardado o di- parentes próximos com os quais colhido em audiência.
reito de transmissão familiar de a criança ou adolescente convi-
§ 3o Na apreciação do pedido
suas crenças e culturas, assegu- ve e mantém vínculos de afinida-
levar-se-á em conta o grau de
rados os direitos da criança es- de e afetividade.
tabelecidos nesta lei. parentesco e a relação de afini-
Art. 26. Os filhos havidos dade ou de afetividade, a fim de
Art. 23. A falta ou a carência fora do casamento poderão ser evitar ou minorar as consequ-
de recursos materiais não cons- reconhecidos pelos pais, con- ências decorrentes da medida.
titui motivo suficiente para a junta ou separadamente, no § 4o Os grupos de irmãos se-
perda ou a suspensão do poder próprio termo de nascimento, rão colocados sob adoção,
familiar.13 por testamento, mediante escri- tutela ou guarda da mesma
tura ou outro documento públi- família substituta, ressalvada
§ 1o Não existindo outro motivo
co, qualquer que seja a origem a comprovada existência de
que por si só autorize a decre-
da filiação. risco de abuso ou outra situa-
tação da medida, a criança ou
o adolescente será mantido em Parágrafo único. O reconhecimen- ção que justifique plenamente
sua família de origem, a qual to pode preceder o nascimento a excepcionalidade de solução
deverá obrigatoriamente ser in- do filho ou suceder-lhe ao faleci- diversa, procurando-se, em
cluída em serviços e programas mento, se deixar descendentes. qualquer caso, evitar o rompi-
oficiais de proteção, apoio e mento definitivo dos vínculos
promoção. Art. 27. O reconhecimento fraternais.
do estado de filiação é direito § 5o A colocação da criança
§ 2o A condenação criminal do
personalíssimo, indisponível ou adolescente em família
pai ou da mãe não implicará a
e imprescritível, podendo ser substituta será precedida de
destituição do poder familiar,
exercitado contra os pais ou sua preparação gradativa e
exceto na hipótese de condena-
seus herdeiros, sem qualquer acompanhamento posterior,
ção por crime doloso, sujeito à
restrição, observado o segredo realizados pela equipe inter-
pena de reclusão, contra o pró-
de Justiça. profissional a serviço da Justi-
prio filho ou filha.
ça da Infância e da Juventude,
Art. 24. A perda e a sus- preferencialmente com o apoio
pensão do poder familiar serão
Seção III – Da Família dos técnicos responsáveis pela
decretadas judicialmente, em Substituta execução da política municipal
procedimento contraditório, de garantia do direito à convi-
nos casos previstos na legisla- vência familiar.
Subseção I – Disposições
ção civil, bem como na hipótese § 6o Em se tratando de crian-
de descumprimento injustifica- Gerais
ça ou adolescente indígena ou
do dos deveres e obrigações a proveniente de comunidade
Art. 28. A colocação em
que alude o art. 22.14 remanescente de quilombo, é
família substituta far-se-á me-
diante guarda, tutela ou ado- ainda obrigatório:
ção, independentemente da
Seção II – Da Família situação jurídica da criança ou
I – que sejam consideradas
Natural e respeitadas sua identidade
adolescente, nos termos desta social e cultural, os seus cos-
Lei.16 tumes e tradições, bem como
Art. 25. Entende-se por fa-
mília natural a comunidade § 1o Sempre que possível, a suas instituições, desde que
formada pelos pais ou qualquer criança ou o adolescente será não sejam incompatíveis com
deles e seus descendentes.15 previamente ouvido por equipe os direitos fundamentais re-
interprofissional, respeitado conhecidos por esta Lei e pela
Parágrafo único. Entende-se por seu estágio de desenvolvimen- Constituição Federal;
família extensa ou ampliada to e grau de compreensão so- II – que a colocação familiar
bre as implicações da medida,
ocorra prioritariamente no
e terá sua opinião devidamen-
seio de sua comunidade ou
te considerada.
junto a membros da mesma
13
Leis nos 12.010/2009, etnia;
12.962/2014 e 13.257/2016.
14
Lei no 12.010/2009. III – a intervenção e oitiva de
15
Lei no 12.010/2009. 16
Lei no 12.010/2009. representantes do órgão fe-

595
deral responsável pela política § 2o Excepcionalmente, defe- § 3o A União apoiará a im-
indigenista, no caso de crian- rir-se-á a guarda, fora dos ca- plementação de serviços de
ças e adolescentes indígenas, sos de tutela e adoção, para acolhimento em família aco-
e de antropólogos, perante atender a situações peculiares lhedora como política públi-
a equipe interprofissional ou ou suprir a falta eventual dos ca, os quais deverão dispor de
multidisciplinar que irá acom- pais ou responsável, podendo equipe que organize o acolhi-
panhar o caso. ser deferido o direito de re- mento temporário de crianças
presentação para a prática de e de adolescentes em residên-
Art. 29. Não se deferirá co- atos determinados. cias de famílias selecionadas,
locação em família substituta § 3o A guarda confere à criança capacitadas e acompanhadas
a pessoa que revele, por qual- ou adolescente a condição de que não estejam no cadastro
quer modo, incompatibilidade dependente, para todos os fins de adoção.
com a natureza da medida ou e efeitos de direito, inclusive § 4o Poderão ser utilizados
não ofereça ambiente familiar previdenciários. recursos federais, estaduais,
adequado.
§ 4o Salvo expressa e funda- distritais e municipais para
mentada determinação em a manutenção dos serviços
Art. 30. A colocação em
contrário, da autoridade judi- de acolhimento em família
família substituta não admiti-
ciária competente, ou quando acolhedora, facultando-se o
rá transferência da criança ou
a medida for aplicada em pre- repasse de recursos para a pró-
adolescente a terceiros ou a
paração para adoção, o deferi- pria família acolhedora.
entidades governamentais ou
não governamentais, sem au- mento da guarda de criança ou
adolescente a terceiros não im- Art. 35. A guarda pode-
torização judicial.
pede o exercício do direito de rá ser revogada a qualquer
visitas pelos pais, assim como tempo, mediante ato judicial
Art. 31. A colocação em
o dever de prestar alimentos, fundamentado, ouvido o Mi-
família substituta estrangeira
que serão objeto de regula- nistério Público.
constitui medida excepcional,
somente admissível na moda- mentação específica, a pedido
lidade de adoção. do interessado ou do Ministé-
rio Público. Subseção III – Da Tutela
Art. 32. Ao assumir a guar-
Art. 34. O poder público es- Art. 36. A tutela será de-
da ou a tutela, o responsável
timulará, por meio de assistên- ferida, nos termos da lei civil,
prestará compromisso de bem
cia jurídica, incentivos fiscais e a pessoa de até 18 (dezoito)
e fielmente desempenhar o
subsídios, o acolhimento, sob anos incompletos.19
encargo, mediante termo nos
autos. a forma de guarda, de criança
ou adolescente afastado do Parágrafo único. O deferimento
convívio familiar.18 da tutela pressupõe a prévia
decretação da perda ou sus-
Subseção II – Da Guarda § 1o A inclusão da criança ou pensão do poder familiar e im-
adolescente em programas plica necessariamente o dever
Art. 33. A guarda obriga a de acolhimento familiar terá de guarda.
prestação de assistência ma- preferência a seu acolhimento
terial, moral e educacional à institucional, observado, em Art. 37. O tutor nomeado
criança ou adolescente, confe- qualquer caso, o caráter tem- por testamento ou qualquer
rindo a seu detentor o direito porário e excepcional da medi- documento autêntico, con-
de opor-se a terceiros, inclusi- da, nos termos desta Lei. forme previsto no parágrafo
ve aos pais.17
§ 2o Na hipótese do § 1o des- único do art. 1.729 da Lei no
§ 1o A guarda destina-se a re- te artigo a pessoa ou casal 10.406, de 10 de janeiro de
gularizar a posse de fato, po- cadastrado no programa de 2002 – Código Civil, deverá,
dendo ser deferida, liminar acolhimento familiar poderá no prazo de 30 (trinta) dias
ou incidentalmente, nos pro- receber a criança ou adoles- após a abertura da sucessão,
cedimentos de tutela e ado- cente mediante guarda, obser- ingressar com pedido destina-
ção, exceto no de adoção por vado o disposto nos arts. 28 a do ao controle judicial do ato,
estrangeiros. 33 desta Lei. observando o procedimento

17
Lei no 12.010/2009. 18
Leis nos 12.010/2009 e 13.257/2016. 19
Lei no 12.010/2009.

596
previsto nos arts. 165 a 170 outro, mantêm-se os víncu- § 6o A adoção poderá ser de-
desta Lei.20 los de filiação entre o adota- ferida ao adotante que, após
do e o cônjuge ou concubino inequívoca manifestação de
Parágrafo único. Na apreciação do adotante e os respectivos vontade, vier a falecer no cur-
do pedido, serão observados parentes. so do procedimento, antes de
os requisitos previstos nos prolatada a sentença.
§ 2o É recíproco o direito su-
arts. 28 e 29 desta Lei, somen-
te sendo deferida a tutela à cessório entre o adotado, seus Art. 43. A adoção será de-
pessoa indicada na disposição descendentes, o adotante, ferida quando apresentar reais
de última vontade, se restar seus ascendentes, descenden- vantagens para o adotando e
comprovado que a medida é tes e colaterais até o 4o grau, fundar-se em motivos legíti-
vantajosa ao tutelando e que observada a ordem de voca- mos.
não existe outra pessoa em ção hereditária.
melhores condições de assu- Art. 44. Enquanto não der
mi-la. Art. 42. Podem adotar os conta de sua administração e
maiores de 18 (dezoito) anos, saldar o seu alcance, não pode
Art. 38. Aplica-se à desti- independentemente do estado o tutor ou o curador adotar o
tuição da tutela o disposto no civil.22 pupilo ou o curatelado.
art. 24. § 1o Não podem adotar os
ascendentes e os irmãos do Art. 45. A adoção depende
adotando. do consentimento dos pais ou
Subseção IV – Da Adoção do representante legal do ado-
§ 2o Para adoção conjunta, é tando.23
Art. 39. A adoção de crian- indispensável que os adotan-
tes sejam casados civilmente § 1o O consentimento será dis-
ça e de adolescente reger-se-á pensado em relação à criança
segundo o disposto nesta Lei.21 ou mantenham união estável,
ou adolescente cujos pais se-
comprovada a estabilidade da
§ 1o A adoção é medida excep- jam desconhecidos ou tenham
família.
cional e irrevogável, à qual se sido destituídos do pátrio po-
deve recorrer apenas quando § 3o O adotante há de ser, pelo der familiar.
esgotados os recursos de ma- menos, dezesseis anos mais ve-
§ 2o Em se tratando de ado-
nutenção da criança ou ado- lho do que o adotando.
tando maior de doze anos de
lescente na família natural ou § 4o Os divorciados, os judi- idade, será também necessário
extensa, na forma do parágra- cialmente separados e os ex- o seu consentimento.
fo único do art. 25 desta Lei. companheiros podem adotar
§ 2o É vedada a adoção por conjuntamente, contanto que Art. 46. A adoção será
procuração. acordem sobre a guarda e o precedida de estágio de con-
regime de visitas e desde que vivência com a criança ou
Art. 40. O adotando deve o estágio de convivência tenha adolescente, pelo prazo que a
contar com, no máximo, de- sido iniciado na constância do autoridade judiciária fixar, ob-
zoito anos à data do pedido, período de convivência e que servadas as peculiaridades do
salvo se já estiver sob a guarda seja comprovada a existên- caso.24
ou tutela dos adotantes. cia de vínculos de afinidade e § 1o O estágio de convivência
afetividade com aquele não poderá ser dispensado se o
Art. 41. A adoção atribui detentor da guarda, que justi- adotando já estiver sob a tute-
a condição de filho ao adota- fiquem a excepcionalidade da la ou guarda legal do adotante
do, com os mesmos direitos concessão. durante tempo suficiente para
e deveres, inclusive sucessó- § 5o Nos casos do § 4 o deste que seja possível avaliar a con-
rios, desligando-o de qualquer artigo, desde que demons- veniência da constituição do
vínculo com pais e parentes, trado efetivo benefício ao vínculo.
salvo os impedimentos matri-
adotando, será assegurada a § 2o A simples guarda de fato
moniais.
guarda compartilhada, con- não autoriza, por si só, a dis-
§ 1o Se um dos cônjuges ou forme previsto no art. 1.584 pensa da realização do estágio
concubinos adota o filho do da Lei no 10.406, de 10 de ja- de convivência.
neiro de 2002 – Código Civil.

20
Lei no 12.010/2009. 23
Lei no 12.010/2009.
21
Lei no 12.010/2009. 22
Lei no 12.010/2009. 24
Lei no 12.010/2009.

597
§ 3o Em caso de adoção por disposto nos §§ 1o e 2o do art. § 1o O deferimento da inscri-
pessoa ou casal residente ou 28 desta Lei. ção dar-se-á após prévia con-
domiciliado fora do País, o sulta aos órgãos técnicos do
§ 7o A adoção produz seus efei-
estágio de convivência, cum- juizado, ouvido o Ministério
tos a partir do trânsito em jul-
prido no território nacional, Público.
gado da sentença constitutiva,
será de, no mínimo, 30 (trinta) exceto na hipótese prevista no § 2o Não será deferida a ins-
dias. § 6o do art. 42 desta Lei, caso crição se o interessado não
§ 4o O estágio de convivência em que terá força retroativa à satisfazer os requisitos legais,
será acompanhado pela equi- data do óbito. ou verificada qualquer das hi-
pe interprofissional a serviço póteses previstas no art. 29.
§ 8o O processo relativo à
da Justiça da Infância e da adoção assim como outros a § 3o A inscrição de postulantes
Juventude, preferencialmente ele relacionados serão manti- à adoção será precedida de
com apoio dos técnicos res- dos em arquivo, admitindo-se um período de preparação psi-
ponsáveis pela execução da seu armazenamento em mi- cossocial e jurídica, orientado
política de garantia do direi- crofilme ou por outros meios, pela equipe técnica da Justiça
to à convivência familiar, que garantida a sua conservação da Infância e da Juventude,
apresentarão relatório minu- para consulta a qualquer preferencialmente com apoio
cioso acerca da conveniência tempo. dos técnicos responsáveis pela
do deferimento da medida. execução da política municipal
§ 9o Terão prioridade de trami-
de garantia do direito à convi-
tação os processos de adoção
Art. 47. O vínculo da ado- vência familiar.
em que o adotando for criança
ção constitui-se por sentença ou adolescente com deficiên- § 4o Sempre que possível e
judicial, que será inscrita no cia ou com doença crônica. recomendável, a preparação
registro civil mediante man- referida no § 3o deste artigo in-
dado do qual não se fornecerá Art. 48. O adotado tem di- cluirá o contato com crianças
certidão.25 reito de conhecer sua origem e adolescentes em acolhimen-
§ 1o A inscrição consignará biológica, bem como de obter to familiar ou institucional em
o nome dos adotantes como acesso irrestrito ao processo condições de serem adotados,
pais, bem como o nome de no qual a medida foi aplica- a ser realizado sob a orienta-
seus ascendentes. da e seus eventuais incidentes, ção, supervisão e avaliação
após completar 18 (dezoito) da equipe técnica da Justiça
§ 2o O mandado judicial, que anos.26 da Infância e da Juventude,
será arquivado, cancelará o re- com apoio dos técnicos res-
gistro original do adotado. Parágrafo único. O acesso ao
ponsáveis pelo programa de
processo de adoção poderá
acolhimento e pela execução
§ 3o A pedido do adotante, o ser também deferido ao ado-
da política municipal de ga-
novo registro poderá ser la- tado menor de 18 (dezoito)
rantia do direito à convivência
vrado no Cartório do Regis- anos, a seu pedido, assegura-
familiar.
tro Civil do Município de sua da orientação e assistência ju-
residência. rídica e psicológica. § 5o Serão criados e implemen-
tados cadastros estaduais e
§ 4o Nenhuma observação Art. 49. A morte dos ado- nacional de crianças e adoles-
sobre a origem do ato pode- tantes não restabelece o pátrio centes em condições de serem
rá constar nas certidões do poder familiar dos pais natu- adotados e de pessoas ou ca-
registro. rais.27 sais habilitados à adoção.
§ 5o A sentença conferirá ao § 6o Haverá cadastros distin-
adotado o nome do adotante Art. 50. A autoridade ju-
tos para pessoas ou casais
e, a pedido de qualquer deles, diciária manterá, em cada
residentes fora do País, que
poderá determinar a modifica- comarca ou foro regional, um
somente serão consultados
ção do prenome. registro de crianças e adoles-
na inexistência de postulantes
centes em condições de serem
§ 6o Caso a modificação de nacionais habilitados nos ca-
adotados e outro de pessoas
prenome seja requerida pelo dastros mencionados no § 5o
interessadas na adoção.28
deste artigo.
adotante, é obrigatória a oiti-
va do adotando, observado o § 7o As autoridades estaduais
e federais em matéria de ado-
26
Lei no 12.010/2009. ção terão acesso integral aos
27
Lei no 12.010/2009. cadastros, incumbindo-lhes a
25
Leis nos 12.010/2009 e 12.955/2014. 28
Lei no 12.010/2009. troca de informações e a coo-

598
peração mútua, para melhoria lescente mantenha vínculos de foi consultado, por meios
do sistema. afinidade e afetividade; adequados ao seu estágio
de desenvolvimento, e que
§ 8o A autoridade judiciária III – oriundo o pedido de quem
se encontra preparado para
providenciará, no prazo de detém a tutela ou guarda legal
a medida, mediante parecer
48 (quarenta e oito) horas, a de criança maior de 3 (três)
elaborado por equipe inter-
inscrição das crianças e ado- anos ou adolescente, desde
lescentes em condições de se- que o lapso de tempo de con- profissional, observado o dis-
rem adotados que não tiveram vivência comprove a fixação posto nos §§ 1o e 2o do art. 28
colocação familiar na comarca de laços de afinidade e afetivi- desta Lei.
de origem, e das pessoas ou dade, e não seja constatada a § 2o Os brasileiros residentes
casais que tiveram deferida ocorrência de má-fé ou qual- no exterior terão preferência
sua habilitação à adoção nos quer das situações previstas aos estrangeiros, nos casos de
cadastros estadual e nacional nos arts. 237 ou 238 desta Lei. adoção internacional de crian-
referidos no § 5o deste artigo, ça ou adolescente brasileiro.
§ 14. Nas hipóteses previstas
sob pena de responsabilidade.
no § 13 deste artigo, o can- § 3o A adoção internacional
§ 9o Compete à Autoridade didato deverá comprovar, no pressupõe a intervenção das
Central Estadual zelar pela curso do procedimento, que Autoridades Centrais Estadu-
manutenção e correta ali- preenche os requisitos neces- ais e Federal em matéria de
mentação dos cadastros, sários à adoção, conforme adoção internacional.
com posterior comunicação previsto nesta Lei.
à Autoridade Central Federal Art. 52. A adoção interna-
Brasileira. Art. 51. Considera-se ado- cional observará o procedi-
ção internacional aquela na mento previsto nos arts. 165 a
§ 10. A adoção internacio-
qual a pessoa ou casal postu- 170 desta Lei, com as seguintes
nal somente será deferida se,
lante é residente ou domicilia- adaptações:30
após consulta ao cadastro de
do fora do Brasil, conforme
pessoas ou casais habilitados I – a pessoa ou casal estran-
previsto no Artigo 2 da Con-
à adoção, mantido pela Justi- geiro, interessado em adotar
venção de Haia, de 29 de maio
ça da Infância e da Juventude criança ou adolescente brasi-
de 1993, Relativa à Proteção
na comarca, bem como aos leiro, deverá formular pedido
das Crianças e à Cooperação
cadastros estadual e nacional de habilitação à adoção pe-
em Matéria de Adoção Inter-
referidos no § 5o deste artigo, rante a Autoridade Central em
nacional, aprovada pelo De-
não for encontrado interessa- matéria de adoção internacio-
creto Legislativo no 1, de 14 de
do com residência permanente nal no país de acolhida, assim
janeiro de 1999, e promulgada
no Brasil. entendido aquele onde está si-
pelo Decreto no 3.087, de 21 de
§ 11. Enquanto não localizada junho de 1999.29 tuada sua residência habitual;
pessoa ou casal interessado II – se a Autoridade Central
§ 1o A adoção internacional de
em sua adoção, a criança ou o do país de acolhida conside-
criança ou adolescente brasi-
adolescente, sempre que pos- rar que os solicitantes estão
leiro ou domiciliado no Brasil
sível e recomendável, será co- habilitados e aptos para ado-
somente terá lugar quando
locado sob guarda de família tar, emitirá um relatório que
restar comprovado:
cadastrada em programa de contenha informações sobre
acolhimento familiar. I – que a colocação em família a identidade, a capacidade
substituta é a solução adequa- jurídica e adequação dos soli-
§ 12. A alimentação do cadas-
da ao caso concreto; citantes para adotar, sua situa-
tro e a convocação criteriosa
dos postulantes à adoção se- II – que foram esgotadas todas ção pessoal, familiar e médica,
rão fiscalizadas pelo Ministé- as possibilidades de colocação seu meio social, os motivos
rio Público. da criança ou adolescente em que os animam e sua aptidão
família substituta brasileira, para assumir uma adoção in-
§ 13. Somente poderá ser defe-
após consulta aos cadastros ternacional;
rida adoção em favor de candi-
mencionados no art. 50 desta
dato domiciliado no Brasil não III – a Autoridade Central do
Lei;
cadastrado previamente nos país de acolhida enviará o re-
termos desta Lei quando: III – que, em se tratando de latório à Autoridade Central
adoção de adolescente, este Estadual, com cópia para a
I – se tratar de pedido de ado-
ção unilateral;
II – for formulada por parente
com o qual a criança ou ado- 29
Lei no 12.010/2009. 30
Lei no 12.010/2009.

599
Autoridade Central Federal § 2o Incumbe à Autoridade mação ou experiência para
Brasileira; Central Federal Brasileira o cre- atuar na área de adoção inter-
denciamento de organismos nacional, cadastradas pelo De-
IV – o relatório será instruído
nacionais e estrangeiros en- partamento de Polícia Federal
com toda a documentação
carregados de intermediar pe- e aprovadas pela Autoridade
necessária, incluindo estudo
didos de habilitação à adoção Central Federal Brasileira, me-
psicossocial elaborado por
internacional, com posterior diante publicação de portaria
equipe interprofissional habi-
comunicação às Autoridades do órgão federal competente;
litada e cópia autenticada da
Centrais Estaduais e publica-
legislação pertinente, acompa- III – estar submetidos à super-
ção nos órgãos oficiais de im-
nhada da respectiva prova de visão das autoridades compe-
prensa e em sítio próprio da
vigência; tentes do país onde estiverem
internet.
V – os documentos em língua sediados e no país de acolhida,
§ 3o Somente será admissível inclusive quanto à sua compo-
estrangeira serão devidamente
o credenciamento de organis- sição, funcionamento e situa-
autenticados pela autoridade
mos que: ção financeira;
consular, observados os trata-
dos e convenções internacio- I – sejam oriundos de países IV – apresentar à Autorida-
nais, e acompanhados da res- que ratificaram a Convenção de Central Federal Brasileira,
pectiva tradução, por tradutor de Haia e estejam devidamente a cada ano, relatório geral
público juramentado; credenciados pela Autoridade das atividades desenvolvidas,
Central do país onde estiverem bem como relatório de acom-
VI – a Autoridade Central Es-
sediados e no país de acolhida panhamento das adoções
tadual poderá fazer exigências
do adotando para atuar em internacionais efetuadas no
e solicitar complementação
adoção internacional no Bra- período, cuja cópia será enca-
sobre o estudo psicossocial
sil; minhada ao Departamento de
do postulante estrangeiro à
adoção, já realizado no país de II – satisfizerem as condições Polícia Federal;
acolhida; de integridade moral, compe-
V – enviar relatório pós-ado-
tência profissional, experiên-
VII – verificada, após estudo tivo semestral para a Autori-
cia e responsabilidade exigidas
realizado pela Autoridade dade Central Estadual, com
pelos países respectivos e pela
Central Estadual, a compati- cópia para a Autoridade Cen-
Autoridade Central Federal
bilidade da legislação estran- tral Federal Brasileira, pelo
Brasileira;
geira com a nacional, além do período mínimo de 2 (dois)
preenchimento por parte dos III – forem qualificados por anos. O envio do relatório será
postulantes à medida dos re- seus padrões éticos e sua for- mantido até a juntada de có-
quisitos objetivos e subjetivos mação e experiência para atu- pia autenticada do registro
necessários ao seu deferimen- ar na área de adoção interna- civil, estabelecendo a cidada-
to, tanto à luz do que dispõe cional; nia do país de acolhida para o
esta Lei como da legislação adotado;
IV – cumprirem os requisitos
do país de acolhida, será ex-
exigidos pelo ordenamento VI – tomar as medidas necessá-
pedido laudo de habilitação
jurídico brasileiro e pelas nor- rias para garantir que os ado-
à adoção internacional, que
mas estabelecidas pela Auto- tantes encaminhem à Autori-
terá validade por, no máximo,
ridade Central Federal Brasi- dade Central Federal Brasileira
1 (um) ano;
leira. cópia da certidão de registro
VIII – de posse do laudo de ha- de nascimento estrangeira e
§ 4o Os organismos credencia-
bilitação, o interessado será do certificado de nacionalida-
dos deverão ainda:
autorizado a formalizar pedi- de tão logo lhes sejam conce-
do de adoção perante o Juízo I – perseguir unicamente fins didos.
da Infância e da Juventude do não lucrativos, nas condições
local em que se encontra a e dentro dos limites fixados § 5o A não apresentação
criança ou adolescente, con- pelas autoridades competen- dos relatórios referidos no
forme indicação efetuada pela tes do país onde estiverem se- § 4o deste artigo pelo orga-
Autoridade Central Estadual. diados, do país de acolhida e nismo credenciado poderá
pela Autoridade Central Fede- acarretar a suspensão de seu
§ 1o Se a legislação do país de credenciamento.
ral Brasileira;
acolhida assim o autorizar,
admite-se que os pedidos de II – ser dirigidos e administra- § 6o O credenciamento de
habilitação à adoção interna- dos por pessoas qualificadas organismo nacional ou es-
cional sejam intermediados e de reconhecida idoneidade trangeiro encarregado de in-
por organismos credenciados. moral, com comprovada for- termediar pedidos de adoção

600
internacional terá validade de máxima de 1 (um) ano, poden- Artigo 17 da Convenção de
2 (dois) anos. do ser renovada. Haia, deverá a sentença ser
§ 14. É vedado o contato direto homologada pelo Superior Tri-
§ 7o A renovação do credencia-
mento poderá ser concedida de representantes de organis- bunal de Justiça.
mediante requerimento pro- mos de adoção, nacionais ou § 2o O pretendente brasileiro
tocolado na Autoridade Cen- estrangeiros, com dirigentes residente no exterior em país
tral Federal Brasileira nos 60 de programas de acolhimento não ratificante da Convenção
(sessenta) dias anteriores ao institucional ou familiar, assim de Haia, uma vez reingressa-
término do respectivo prazo como com crianças e adoles- do no Brasil, deverá requerer
de validade. centes em condições de serem a homologação da sentença
adotados, sem a devida auto- estrangeira pelo Superior Tri-
§ 8o Antes de transitada em jul- rização judicial.
gado a decisão que concedeu a bunal de Justiça.
adoção internacional, não será § 15. A Autoridade Central
permitida a saída do adotando Federal Brasileira poderá limi- Art. 52-C. Nas adoções in-
do território nacional. tar ou suspender a concessão ternacionais, quando o Brasil
de novos credenciamentos for o país de acolhida, a deci-
§ 9o Transitada em julgado a sempre que julgar necessário, são da autoridade competente
decisão, a autoridade judiciá- mediante ato administrativo do país de origem da criança
ria determinará a expedição de fundamentado. ou do adolescente será conhe-
alvará com autorização de via- cida pela Autoridade Central
gem, bem como para obten- Art. 52-A. É vedado, sob Estadual que tiver processado
ção de passaporte, constando, pena de responsabilidade e o pedido de habilitação dos
obrigatoriamente, as caracte- descredenciamento, o repasse pais adotivos, que comunica-
rísticas da criança ou adoles- de recursos provenientes de rá o fato à Autoridade Cen-
cente adotado, como idade, organismos estrangeiros en- tral Federal e determinará as
cor, sexo, eventuais sinais ou carregados de intermediar pe-
providências necessárias à ex-
traços peculiares, assim como didos de adoção internacional
pedição do Certificado de Na-
foto recente e a aposição da a organismos nacionais ou a
turalização Provisório.33
impressão digital do seu pole- pessoas físicas.31
gar direito, instruindo o docu- § 1o A Autoridade Central
mento com cópia autenticada Parágrafo único. Eventuais repas- Estadual, ouvido o Ministé-
da decisão e certidão de trân- ses somente poderão ser efetu- rio Público, somente deixará
sito em julgado. ados via Fundo dos Direitos de reconhecer os efeitos da-
da Criança e do Adolescente quela decisão se restar de-
§ 10. A Autoridade Central e estarão sujeitos às delibera-
Federal Brasileira poderá, a monstrado que a adoção é
ções do respectivo Conselho manifestamente contrária à
qualquer momento, solicitar de Direitos da Criança e do
informações sobre a situação ordem pública ou não atende
Adolescente. ao interesse superior da crian-
das crianças e adolescentes
adotados. ça ou do adolescente.
Art. 52-B. A adoção por
§ 11. A cobrança de valores por brasileiro residente no exterior § 2o Na hipótese de não re-
parte dos organismos creden- em país ratificante da Conven- conhecimento da adoção,
ciados, que sejam considera- ção de Haia, cujo processo de prevista no § 1o deste artigo,
dos abusivos pela Autoridade adoção tenha sido processa- o Ministério Público deverá
Central Federal Brasileira e do em conformidade com a imediatamente requerer o que
que não estejam devidamente legislação vigente no país de for de direito para resguardar
comprovados, é causa de seu residência e atendido o dispos- os interesses da criança ou do
descredenciamento. to na Alínea c do Artigo 17 da adolescente, comunicando-se
referida Convenção, será au- as providências à Autoridade
§ 12. Uma mesma pessoa ou tomaticamente recepcionada Central Estadual, que fará a
seu cônjuge não podem ser re- com o reingresso no Brasil.32 comunicação à Autoridade
presentados por mais de uma
§ 1o Caso não tenha sido aten- Central Federal Brasileira e à
entidade credenciada para
atuar na cooperação em ado- dido o disposto na Alínea c do Autoridade Central do país de
ção internacional. origem.

§ 13. A habilitação de postu-


lante estrangeiro ou domicilia- 31
Lei no 12.010/2009.
do fora do Brasil terá validade 32
Lei no 12.010/2009. 33
Lei no 12.010/2009.

601
Art. 52-D. Nas adoções in- I – ensino fundamental, obri- II – reiteração de faltas injusti-
ternacionais, quando o Brasil gatório e gratuito, inclusive ficadas e de evasão escolar, es-
for o país de acolhida e a ado- para os que a ele não tiveram gotados os recursos escolares;
ção não tenha sido deferida no acesso na idade própria;
III – elevados níveis de repetên-
país de origem porque a sua II – progressiva extensão da cia.
legislação a delega ao país de obrigatoriedade e gratuidade
acolhida, ou, ainda, na hipó- ao ensino médio; Art. 57. O poder público
tese de, mesmo com decisão, estimulará pesquisas, experi-
a criança ou o adolescente ser III – atendimento educacional
especializado aos portadores ências e novas propostas re-
oriundo de país que não tenha lativas a calendário, seriação,
aderido à Convenção referida, de deficiência, preferencial-
mente na rede regular de en- currículo, metodologia, didá-
o processo de adoção seguirá tica e avaliação, com vistas à
sino;
as regras da adoção nacio- inserção de crianças e adoles-
nal.34 IV – atendimento em creche e centes excluídos do ensino fun-
pré-escola às crianças de zero damental obrigatório.
Capítulo IV – Do Direito a seis anos de idade;
à Educação, à Cultura, ao V – acesso aos níveis mais ele- Art. 58. No processo edu-
Esporte e ao Lazer vados do ensino, da pesquisa e cacional respeitar-se-ão os
da criação artística, segundo a valores culturais, artísticos e
Art. 53. A criança e o capacidade de cada um; históricos próprios do con-
adolescente têm direito à texto social da criança e do
educação, visando ao pleno VI – oferta de ensino noturno adolescente, garantindo-se a
desenvolvimento de sua pes- regular, adequado às condi- estes a liberdade da criação e
soa, preparo para o exercício ções do adolescente trabalha- o acesso às fontes de cultura.
da cidadania e qualificação dor;
para o trabalho, assegurando- VII – atendimento no ensi- Art. 59. Os municípios,
se-lhes: no fundamental, através de com apoio dos estados e da
programas suplementares União, estimularão e facilita-
I – igualdade de condições de material didático-escolar, rão a destinação de recursos
para o acesso e permanência transporte, alimentação e as- e espaços para programações
na escola; sistência à saúde. culturais, esportivas e de lazer
II – direito de ser respeitado voltadas para a infância e a ju-
§ 1o O acesso ao ensino obri- ventude.
por seus educadores; gatório e gratuito é direito pú-
III – direito de contestar crité- blico subjetivo. Capítulo V – Do Direito
rios avaliativos, podendo re- § 2o O não oferecimento do à Profissionalização e à
correr às instâncias escolares ensino obrigatório pelo poder Proteção no Trabalho
superiores; público ou sua oferta irregular
importa responsabilidade da Art. 60. É proibido qual-
IV – direito de organização e quer trabalho a menores de
autoridade competente.
participação em entidades es- quatorze anos de idade, salvo
tudantis; § 3o Compete ao poder públi- na condição de aprendiz.35
co recensear os educandos no
V – acesso à escola pública e ensino fundamental, fazer-lhes
gratuita próxima de sua resi- Art. 61. A proteção ao tra-
a chamada e zelar, junto aos balho dos adolescentes é re-
dência. pais ou responsável, pela fre- gulada por legislação especial,
Parágrafo único. É direito dos quência à escola. sem prejuízo do disposto nesta
pais ou responsáveis ter ciência Lei.
do processo pedagógico, bem Art. 55. Os pais ou respon-
como participar da definição sável têm a obrigação de ma- Art. 62. Considera-se a-
das propostas educacionais. tricular seus filhos ou pupilos
prendizagem a formação téc-
na rede regular de ensino.
nico-profissional ministrada
Art. 54. É dever do Estado segundo as diretrizes e bases
Art. 56. Os dirigentes de
assegurar à criança e ao ado- da legislação de educação em
estabelecimentos de ensino
lescente: vigor.
fundamental comunicarão ao
Conselho Tutelar os casos de:
I – maus-tratos envolvendo
34
Lei no 12.010/2009. seus alunos; 35
ver Constituição Federal.

602
Art. 63. A formação técni- o exercício de atividade regular crianças e de adolescentes,
co-profissional obedecerá aos remunerada. tendo como principais ações:36
seguintes princípios:
I – a promoção de campanhas
I – garantia de acesso e fre- § 1o Entende-se por trabalho educativas permanentes para
quência obrigatória ao ensino educativo a atividade laboral a divulgação do direito da
regular; em que as exigências pedagó- criança e do adolescente de se-
gicas relativas ao desenvol- rem educados e cuidados sem
II – atividade compatível com o uso de castigo físico ou de
vimento pessoal e social do
o desenvolvimento do adoles- tratamento cruel ou degradan-
cente; educando prevalecem sobre o
aspecto produtivo. te e dos instrumentos de pro-
III – horário especial para o teção aos direitos humanos;
exercício das atividades. § 2o A remuneração que o ado- II – a integração com os órgãos
lescente recebe pelo trabalho do Poder Judiciário, do Minis-
Art. 64. Ao adolescente efetuado ou a participação na tério Público e da Defensoria
até quatorze anos de idade é Pública, com o Conselho Tu-
venda dos produtos de seu tra-
assegurada bolsa de aprendi- telar, com os Conselhos de Di-
zagem. balho não desfigura o caráter
reitos da Criança e do Adoles-
educativo.
cente e com as entidades não
Art. 65. Ao adolescente governamentais que atuam na
aprendiz, maior de quatorze Art. 69. O adolescente tem promoção, proteção e defesa
anos, são assegurados os di- direito à profissionalização e à dos direitos da criança e do
reitos trabalhistas e previden- proteção no trabalho, obser- adolescente;
ciários. vados os seguintes aspectos,
III – a formação continuada e a
entre outros:
Art. 66. Ao adolescente capacitação dos profissionais
portador de deficiência é asse- I – respeito à condição peculiar de saúde, educação e assistên-
gurado trabalho protegido. de pessoa em desenvolvimen- cia social e dos demais agen-
to; tes que atuam na promoção,
Art. 67. Ao adolescente em- proteção e defesa dos direitos
II – capacitação profissional da criança e do adolescente
pregado, aprendiz, em regime
adequada ao mercado de tra- para o desenvolvimento das
familiar de trabalho, aluno de
balho. competências necessárias à
escola técnica, assistido em
prevenção, à identificação de
entidade governamental ou
evidências, ao diagnóstico e
não governamental, é vedado
ao enfrentamento de todas as
trabalho:
Título III – Da formas de violência contra a
I – noturno, realizado entre as Prevenção criança e o adolescente;
vinte e duas horas de um dia e IV – o apoio e o incentivo às
as cinco horas do dia seguinte; práticas de resolução pacífi-
II – perigoso, insalubre ou pe- Capítulo I – Disposições ca de conflitos que envolvam
noso; Gerais violência contra a criança e o
adolescente;
III – realizado em locais preju- Art. 70. É dever de todos
diciais à sua formação e ao seu V – a inclusão, nas políticas
prevenir a ocorrência de ame- públicas, de ações que visem a
desenvolvimento físico, psíqui-
co, moral e social; aça ou violação dos direitos da garantir os direitos da criança e
criança e do adolescente. do adolescente, desde a aten-
IV – realizado em horários e ção pré-natal, e de atividades
locais que não permitam a fre- Art. 70-A. A União, os Es- junto aos pais e responsáveis
quência à escola. tados, o Distrito Federal e os com o objetivo de promover a
Municípios deverão atuar de informação, a reflexão, o deba-
Art. 68. O programa social te e a orientação sobre alterna-
forma articulada na elabora-
que tenha por base o trabalho tivas ao uso de castigo físico ou
educativo, sob responsabilida- ção de políticas públicas e na
de tratamento cruel ou degra-
de de entidade governamental execução de ações destinadas
dante no processo educativo;
ou não governamental sem fins a coibir o uso de castigo físi-
lucrativos, deverá assegurar ao co ou de tratamento cruel ou
adolescente que dele participe degradante e difundir formas
condições de capacitação para não violentas de educação de 36
Lei no 13.010/2014.

603
VI – a promoção de espaços Art. 73. A inobservância transmissão, apresentação ou
intersetoriais locais para a ar- das normas de prevenção im- exibição.
ticulação de ações e a elabo- portará em responsabilidade
ração de planos de atuação da pessoa física ou jurídica, Art. 77. Os proprietários,
conjunta focados nas famílias nos termos desta Lei. diretores, gerentes e funcio-
em situação de violência, com nários de empresas que ex-
participação de profissionais Capítulo II – Da Prevenção plorem a venda ou aluguel
de saúde, de assistência social Especial de fitas de programação em
e de educação e de órgãos de vídeo cuidarão para que não
promoção, proteção e defesa haja venda ou locação em de-
dos direitos da criança e do Seção I – Da informação, sacordo com a classificação
adolescente. Cultura, Lazer, Esportes, atribuída pelo órgão compe-
Parágrafo único. As famílias com
Diversões e Espetáculos tente.
crianças e adolescentes com Art. 74. O poder público, Parágrafo único. As fitas a que
deficiência terão prioridade de através do órgão competente, alude este artigo deverão exi-
atendimento nas ações e polí- regulará as diversões e espe- bir, no invólucro, informação
ticas públicas de prevenção e táculos públicos, informando sobre a natureza da obra e a
proteção. sobre a natureza deles, as fai- faixa etária a que se destinam.
xas etárias a que não se reco-
Art. 70-B. As entidades, mendem, locais e horários em Art. 78. As revistas e pu-
públicas e privadas, que atuem que sua apresentação se mos- blicações contendo material
nas áreas a que se refere o art. tre inadequada. impróprio ou inadequado a
71, dentre outras, devem con- crianças e adolescentes de-
tar, em seus quadros, com pes- Parágrafo único. Os respon-
sáveis pelas diversões e es- verão ser comercializadas em
soas capacitadas a reconhecer embalagem lacrada, com a
e comunicar ao Conselho Tu- petáculos públicos deverão
afixar, em lugar visível e de advertência de seu conteúdo.
telar suspeitas ou casos de
maus-tratos praticados contra fácil acesso, à entrada do lo- Parágrafo único. As editoras cui-
crianças e adolescentes.37 cal de exibição, informação darão para que as capas que
destacada sobre a natureza contenham mensagens por-
Parágrafo único. São igualmente do espetáculo e a faixa etária nográficas ou obscenas sejam
responsáveis pela comunicação especificada no certificado de protegidas com embalagem
de que trata este artigo, as pes- classificação. opaca.
soas encarregadas, por razão de
cargo, função, ofício, ministério, Art. 75. Toda criança ou Art. 79. As revistas e publi-
profissão ou ocupação, do cui- adolescente terá acesso às di- cações destinadas ao público
dado, assistência ou guarda de versões e espetáculos públicos infanto-juvenil não poderão
crianças e adolescentes, puní- classificados como adequa-
conter ilustrações, fotogra-
vel, na forma deste Estatuto, o dos à sua faixa etária.
injustificado retardamento ou fias, legendas, crônicas ou
omissão, culposos ou dolosos. Parágrafo único. As crianças anúncios de bebidas alcoó-
menores de dez anos somente licas, tabaco, armas e muni-
Art. 71. A criança e o ado- poderão ingressar e perma- ções, e deverão respeitar os
lescente têm direito a informa- necer nos locais de apresen- valores éticos e sociais da pes-
ção, cultura, lazer, esportes, tação ou exibição quando soa e da família.
acompanhadas dos pais ou
diversões, espetáculos e pro-
responsável. Art. 80. Os responsáveis
dutos e serviços que respeitem
sua condição peculiar de pes- por estabelecimentos que
Art. 76. As emissoras de rá- explorem comercialmente
soa em desenvolvimento.
dio e televisão somente exibi- bilhar, sinuca ou congênere
rão, no horário recomendado ou por casas de jogos, assim
Art. 72. As obrigações pre-
para o público infantojuvenil, entendidas as que realizem
vistas nesta Lei não excluem
programas com finalidades apostas, ainda que eventu-
da prevenção especial outras
educativas, artísticas, cultu- almente, cuidarão para que
decorrentes dos princípios por
rais e informativas. não seja permitida a entrada
ela adotados.
Parágrafo único. Nenhum espe- e a permanência de crianças e
táculo será apresentado ou adolescentes no local, afixan-
anunciado sem aviso de sua do aviso para orientação do
37
Lei no 13.046/2014. classificação, antes de sua público.

604
teral maior, até o ter- Art. 87. São linhas de ação
Seção II – Dos Produtos e da política de atendimento:38
ceiro grau, comprova-
Serviços do documentalmente o I – políticas sociais básicas;
Art. 81. É proibida a venda parentesco;
II – serviços, programas, proje-
à criança ou ao adolescente 2) de pessoa maior, ex- tos e benefícios de assistência
de: pressamente autori- social de garantia de proteção
I – armas, munições e explosi- zada pelo pai, mãe ou social e de prevenção e redu-
vos; responsável. ção de violações de direitos,
§ 2o A autoridade judiciária seus agravamentos ou reinci-
II – bebidas alcoólicas;
poderá, a pedido dos pais ou dências;
III – produtos cujos compo-
responsável, conceder autori- III – serviços especiais de pre-
nentes possam causar depen-
zação válida por dois anos. venção e atendimento médico
dência física ou psíquica ainda
e psicossocial às vítimas de
que por utilização indevida;
Art. 84. Quando se tratar negligência, maus-tratos, ex-
IV – fogos de estampido e de de viagem ao exterior, a autori- ploração, abuso, crueldade e
artifício, exceto aqueles que zação é dispensável, se a crian- opressão;
pelo seu reduzido potencial ça ou adolescente: IV – serviço de identificação
sejam incapazes de provocar
I – estiver acompanhado de e localização de pais, respon-
qualquer dano físico em caso
ambos os pais ou responsável; sável, crianças e adolescentes
de utilização indevida;
desaparecidos;
V – revistas e publicações a que II – viajar na companhia de um
dos pais, autorizado expres- V – proteção jurídico-social
alude o art. 78;
samente pelo outro através de por entidades de defesa dos
VI – bilhetes lotéricos e equiva- direitos da criança e do ado-
documento com firma reconhe-
lentes. lescente.
cida.
VI – políticas e programas des-
Art. 82. É proibida a hos- Art. 85. Sem prévia e expressa tinados a prevenir ou abreviar
pedagem de criança ou adoles- autorização judicial, nenhuma o período de afastamento do
cente em hotel, motel, pensão criança ou adolescente nasci- convívio familiar e a garantir
ou estabelecimento congênere, do em território nacional po- o efetivo exercício do direito à
salvo se autorizado ou acom- derá sair do País em compa- convivência familiar de crian-
panhado pelos pais ou respon- nhia de estrangeiro residente ças e adolescentes;
sável. ou domiciliado no exterior.
VII – campanhas de estímulo
ao acolhimento sob forma de
Seção III – Da Autorização guarda de crianças e adoles-
para Viajar Livro II – Parte centes afastados do convívio
familiar e à adoção, especifica-
Art. 83. Nenhuma crian- Especial mente inter-racial, de crianças
ça poderá viajar para fora maiores ou de adolescentes,
da comarca onde reside, de- com necessidades específicas
sacompanhada dos pais ou de saúde ou com deficiências e
responsável, sem expressa au- de grupos de irmãos.
torização judicial.
Título I – Da Política
de Atendimento Art. 88. São diretrizes da
§ 1o A autorização não será
política de atendimento:39
exigida quando:
a) tratar-se de comarca Capítulo I – Disposições I – municipalização do atendi-
Gerais mento;
contígua à da residên-
cia da criança, se na II – criação de conselhos mu-
mesma unidade da Fe- Art. 86. A política de aten- nicipais, estaduais e nacional
deração, ou incluída dimento dos direitos da crian- dos direitos da criança e do
na mesma região me- ça e do adolescente far-se-á adolescente, órgãos deliberati-
tropolitana; através de um conjunto arti-
culado de ações governamen-
b) a criança estiver acom- tais e não governamentais, da
panhada:
União, dos estados, do Distri- 38
Leis nos 12.010/2009 e 13.257/2016.
1) de ascendente ou cola- to Federal e dos municípios. 39
Leis nos 12.010/2009 e 13.257/2016.

605
vos e controladores das ações IX – formação profissional forma definida neste artigo, no
em todos os níveis, assegurada com abrangência dos diversos Conselho Municipal dos Direi-
a participação popular paritá- direitos da criança e do ado- tos da Criança e do Adolescen-
ria por meio de organizações lescente que favoreça a inter- te, o qual manterá registro das
representativas, segundo leis setorialidade no atendimento inscrições e de suas alterações,
federal, estaduais e munici- da criança e do adolescente e do que fará comunicação ao
pais; seu desenvolvimento integral; Conselho Tutelar e à autorida-
X – realização e divulgação de de judiciária.
III – criação e manutenção de
programas específicos, obser- pesquisas sobre desenvolvi- § 2o Os recursos destinados à
vada a descentralização políti- mento infantil e sobre preven- implementação e manutenção
co-administrativa; ção da violência. dos programas relacionados
neste artigo serão previstos
IV – manutenção de fundos Art. 89. A função de mem- nas dotações orçamentárias
nacional, estaduais e munici- bro do conselho nacional e dos dos órgãos públicos encarre-
pais vinculados aos respecti- conselhos estaduais e munici- gados das áreas de Educação,
vos conselhos dos direitos da pais dos direitos da criança e Saúde e Assistência Social,
criança e do adolescente; do adolescente é considerada dentre outros, observando-se
V – integração operacional de de interesse público relevante o princípio da prioridade ab-
órgãos do Judiciário, Minis- e não será remunerada. soluta à criança e ao adoles-
tério Público, Defensoria, Se- cente preconizado pelo caput
gurança Pública e Assistência Capítulo II – Das do art. 227 da Constituição
Social, preferencialmente em Entidades de Atendimento Federal e pelo caput e parágra-
um mesmo local, para efeito fo único do art. 4o desta Lei.
de agilização do atendimento § 3o Os programas em exe-
inicial a adolescente a quem Seção I – Disposições Gerais
cução serão reavaliados pelo
se atribua autoria de ato infra- Conselho Municipal dos Direi-
Art. 90. As entidades de
cional; tos da Criança e do Adolescen-
atendimento são responsáveis
VI – integração operacional pela manutenção das próprias te, no máximo, a cada 2 (dois)
de órgãos do Judiciário, Mi- unidades, assim como pelo anos, constituindo-se critérios
nistério Público, Defensoria, planejamento e execução de para renovação da autoriza-
Conselho Tutelar e encarrega- programas de proteção e so- ção de funcionamento:
dos da execução das políticas cioeducativos destinados a I – o efetivo respeito às regras
sociais básicas e de assistência crianças e adolescentes, em e princípios desta Lei, bem
social, para efeito de agiliza- regime de: 40 como às resoluções relativas
ção do atendimento de crian- I – orientação e apoio sócio- à modalidade de atendimento
ças e de adolescentes inseridos familiar; prestado expedidas pelos Con-
em programas de acolhimento selhos de Direitos da Criança e
familiar ou institucional, com II – apoio socioeducativo em do Adolescente, em todos os
vista na sua rápida reintegra- meio aberto; níveis;
ção à família de origem ou, se III – colocação familiar;
tal solução se mostrar com- II – a qualidade e eficiência do
provadamente inviável, sua co- IV – acolhimento institucional; trabalho desenvolvido, ates-
locação em família substituta, tadas pelo Conselho Tutelar,
V – prestação de serviços à co- pelo Ministério Público e pela
em quaisquer das modalidades munidade;
previstas no art. 28 desta Lei; Justiça da Infância e da Juven-
VI – liberdade assistida; tude;
VII – mobilização da opinião
pública para a indispensável VII – semiliberdade; e III – em se tratando de progra-
participação dos diversos seg- mas de acolhimento institu-
VIII – internação. cional ou familiar, serão consi-
mentos da sociedade;
§ 1o As entidades governamen- derados os índices de sucesso
VIII – especialização e for- tais e não governamentais de- na reintegração familiar ou de
mação continuada dos pro- verão proceder à inscrição de adaptação à família substitu-
fissionais que trabalham nas seus programas, especificando ta, conforme o caso.
diferentes áreas da atenção à os regimes de atendimento, na
primeira infância, incluindo os Art. 91. As entidades não
conhecimentos sobre direitos governamentais somente po-
da criança e sobre desenvolvi- derão funcionar depois de
mento infantil; 40
Leis nos 12.010/2009 e 12.594/2012. registradas no Conselho Muni-

606
cipal dos Direitos da Criança e recursos de manutenção na fa- de acolhimento familiar ou ins-
do Adolescente, o qual comu- mília natural ou extensa; titucional, se necessário com
nicará o registro ao Conselho o auxílio do Conselho Tutelar
III – atendimento personaliza-
Tutelar e à autoridade judiciá- e dos órgãos de assistência
do e em pequenos grupos;
ria da respectiva localidade.41 social, estimularão o conta-
IV – desenvolvimento de ativi- to da criança ou adolescente
§ 1o Será negado o registro à dades em regime de coeduca- com seus pais e parentes, em
entidade que: ção; cumprimento ao disposto nos
a) não ofereça instalações incisos I e VIII do caput deste
V – não desmembramento de artigo.
físicas em condições grupos de irmãos;
adequadas de habita- § 5o As entidades que de-
bilidade, higiene, salu- VI – evitar, sempre que possí- senvolvem programas de
bridade e segurança; vel, a transferência para outras acolhimento familiar ou ins-
entidades de crianças e adoles- titucional somente poderão
b) não apresente plano de centes abrigados;
trabalho compatível receber recursos públicos se
com os princípios des- VII – participação na vida da comprovado o atendimento
comunidade local; dos princípios, exigências e fi-
ta Lei;
nalidades desta Lei.
c) esteja irregularmente VIII – preparação gradativa
para o desligamento; § 6o O descumprimento das
constituída;
disposições desta Lei pe-
d) tenha em seus quadros IX – participação de pessoas lo dirigente de entidade que
pessoas inidôneas. da comunidade no processo desenvolva programas de aco-
educativo. lhimento familiar ou institucio-
e) não se adequar ou dei- nal é causa de sua destituição,
§ 1o O dirigente de entidade
xar de cumprir as reso- sem prejuízo da apuração de
que desenvolve programa de
luções e deliberações sua responsabilidade adminis-
acolhimento institucional é
relativas à modalidade trativa, civil e criminal.
equiparado ao guardião, para
de atendimento pres-
todos os efeitos de direito. § 7o Quando se tratar de crian-
tado expedidas pelos
Conselhos de Direitos § 2 Os dirigentes de entida-
o ça de 0 (zero) a 3 (três) anos
da Criança e do Ado- des que desenvolvem progra- em acolhimento institucional,
lescente, em todos os mas de acolhimento familiar dar-se-á especial atenção à
níveis. ou institucional remeterão à atuação de educadores de re-
autoridade judiciária, no má- ferência estáveis e qualitativa-
§ 2o O registro terá validade ximo a cada 6 (seis) meses, re- mente significativos, às rotinas
máxima de 4 (quatro) anos, latório circunstanciado acerca específicas e ao atendimen-
cabendo ao Conselho Muni- da situação de cada criança ou to das necessidades básicas,
cipal dos Direitos da Criança adolescente acolhido e sua fa- incluindo as de afeto como
e do Adolescente, periodica- mília, para fins da reavaliação prioritárias.
mente, reavaliar o cabimento prevista no § 1o do art. 19 des-
de sua renovação, observado ta Lei. Art. 93. As entidades que
o disposto no § 1o deste artigo. mantenham programa de aco-
§ 3 Os entes federados, por
o
lhimento institucional pode-
Art. 92. As entidades que intermédio dos Poderes Execu- rão, em caráter excepcional e
desenvolvam programas de tivo e Judiciário, promoverão de urgência, acolher crianças e
acolhimento familiar ou ins- conjuntamente a permanente adolescentes sem prévia deter-
titucional deverão adotar os qualificação dos profissionais minação da autoridade com-
seguintes princípios: 42 que atuam direta ou indire- petente, fazendo comunicação
tamente em programas de do fato em até 24 (vinte e qua-
I – preservação dos vínculos acolhimento institucional e tro) horas ao Juiz da Infância
familiares e promoção da rein- destinados à colocação fami- e da Juventude, sob pena de
tegração familiar; liar de crianças e adolescentes, responsabilidade.43
incluindo membros do Poder
II – integração em família subs- Parágrafo único. Recebida a co-
Judiciário, Ministério Público e
tituta, quando esgotados os municação, a autoridade ju-
Conselho Tutelar.
diciária, ouvido o Ministério
§ 4o Salvo determinação em
contrário da autoridade judici-
41
Lei no 12.010/2009. ária competente, as entidades
42
Leis nos 12.010/2009 e 13.257/2016. que desenvolvem programas 43
Lei no 12.010/2009.

607
Público e se necessário com IX – oferecer cuidados médi- as entidades utilizarão prefe-
o apoio do Conselho Tutelar cos, psicológicos, odontológi- rencialmente os recursos da
local, tomará as medidas ne- cos e farmacêuticos; comunidade.
cessárias para promover a ime- X – propiciar escolarização e
diata reintegração familiar da Art. 94-A. As entidades,
profissionalização;
criança ou do adolescente ou, públicas ou privadas, que abri-
se por qualquer razão não for XI – propiciar atividades cultu- guem ou recepcionem crianças
isso possível ou recomendá- rais, esportivas e de lazer; e adolescentes, ainda que em
vel, para seu encaminhamento caráter temporário, devem ter,
XII – propiciar assistência reli- em seus quadros, profissionais
a programa de acolhimento giosa àqueles que desejarem,
familiar, institucional ou a fa- capacitados a reconhecer e
de acordo com suas crenças; reportar ao Conselho Tutelar
mília substituta, observado o
XIII – proceder a estudo social suspeitas ou ocorrências de
disposto no § 2o do art. 101
e pessoal de cada caso; maus-tratos.45
desta Lei.
XIV – reavaliar periodicamen-
Art. 94. As entidades que te cada caso, com intervalo Seção II – Da Fiscalização
desenvolvem programas de máximo de seis meses, dando
ciência dos resultados à auto-
das Entidades
internação têm as seguintes
obrigações, entre outras: 44 ridade competente; Art. 95. As entidades gover-
I – observar os direitos e ga- XV – informar, periodicamen- namentais e não governamen-
rantias de que são titulares os te, o adolescente internado tais referidas no art. 90 serão
adolescentes; sobre sua situação processual; fiscalizadas pelo Judiciário,
pelo Ministério Público e pelos
II – não restringir nenhum di- XVI – comunicar às autori- Conselhos Tutelares.
reito que não tenha sido obje- dades competentes todos os
to de restrição na decisão de casos de adolescentes porta- Art. 96. Os planos de apli-
internação; dores de moléstias infectocon- cação e as prestações de con-
tagiosas; tas serão apresentados ao
III – oferecer atendimento per-
XVII – fornecer comprovante estado ou ao município, con-
sonalizado, em pequenas uni- forme a origem das dotações
dades e grupos reduzidos; de depósito dos pertences dos
adolescentes; orçamentárias.
IV – preservar a identidade e
oferecer ambiente de respeito XVIII – manter programas des- Art. 97. São medidas apli-
tinados ao apoio e acompa- cáveis às entidades de aten-
e dignidade ao adolescente;
nhamento de egressos; dimento que descumprirem
V – diligenciar no sentido do obrigação constante do art.
XIX – providenciar os docu-
restabelecimento e da preser- 94, sem prejuízo da responsa-
mentos necessários ao exercí-
vação dos vínculos familiares; cio da cidadania àqueles que bilidade civil e criminal de seus
VI – comunicar à autoridade não os tiverem; dirigentes ou prepostos: 46
judiciária, periodicamente, os XX – manter arquivo de ano- I – às entidades governamen-
casos em que se mostre inviá- tações onde constem data e tais:
vel ou impossível o reatamento circunstâncias do atendimen- a) advertência;
dos vínculos familiares; to, nome do adolescente, seus
pais ou responsável, parentes, b) afastamento provisório
VII – oferecer instalações físi- de seus dirigentes;
cas em condições adequadas endereços, sexo, idade, acom-
de habitabilidade, higiene, panhamento da sua formação, c) afastamento definitivo
salubridade e segurança e os relação de seus pertences e de seus dirigentes;
objetos necessários à higiene demais dados que possibilitem
sua identificação e a individua- d) fechamento de unidade
pessoal; ou interdição de pro-
lização do atendimento.
VIII – oferecer vestuário e ali- grama.
§ 1o Aplicam-se, no que cou-
mentação suficientes e ade- II – às entidades não governa-
ber, as obrigações constantes
quados à faixa etária dos ado- mentais:
deste artigo às entidades que
lescentes atendidos;
mantêm programas de acolhi-
mento institucional e familiar.
§ 2o No cumprimento das obri- 45
Lei no 13.046/2014.
44
Lei no 12.010/2009. gações a que alude este artigo 46
Lei no 12.010/2009.

608
a) advertência; aplicadas isolada ou cumulati- interesses presentes no caso
vamente, bem como substituí- concreto;
b) suspensão total ou par-
das a qualquer tempo.
cial do repasse de ver- V – privacidade: a promoção
bas públicas; dos direitos e proteção da
Art. 100. Na aplicação das
criança e do adolescente deve
c) interdição de unidades medidas levar-se-ão em conta
ser efetuada no respeito pela
ou suspensão de pro- as necessidades pedagógicas,
intimidade, direito à imagem
grama; preferindo-se aquelas que vi-
e reserva da sua vida privada;
sem ao fortalecimento dos
d) cassação do registro.
vínculos familiares e comuni- VI – intervenção precoce: a
§ 1o Em caso de reiteradas tários.47 intervenção das autoridades
infrações cometidas por en- competentes deve ser efetuada
tidades de atendimento, que Parágrafo único. São também logo que a situação de perigo
coloquem em risco os direitos princípios que regem a aplica- seja conhecida;
assegurados nesta Lei, deve- ção das medidas:
VII – intervenção mínima: a
rá ser o fato comunicado ao
I – condição da criança e do intervenção deve ser exercida
Ministério Público ou repre-
adolescente como sujeitos de exclusivamente pelas autori-
sentado perante autoridade
direitos: crianças e adolescen- dades e instituições cuja ação
judiciária competente para as
tes são os titulares dos direitos seja indispensável à efetiva
providências cabíveis, inclusive
previstos nesta e em outras promoção dos direitos e à pro-
suspensão das atividades ou
Leis, bem como na Constitui- teção da criança e do adoles-
dissolução da entidade.
ção Federal; cente;
§ 2o As pessoas jurídicas de di-
II – proteção integral e priori- VIII – proporcionalidade e atu-
reito público e as organizações
tária: a interpretação e apli- alidade: a intervenção deve
não governamentais responde-
cação de toda e qualquer nor- ser a necessária e adequada à
rão pelos danos que seus agen-
ma contida nesta Lei deve ser situação de perigo em que a
tes causarem às crianças e aos
voltada à proteção integral e criança ou o adolescente se en-
adolescentes, caracterizado o
prioritária dos direitos de que contram no momento em que
descumprimento dos princí-
crianças e adolescentes são ti- a decisão é tomada;
pios norteadores das ativida-
tulares;
des de proteção específica. IX – responsabilidade parental:
III – responsabilidade primária a intervenção deve ser efetua-
e solidária do poder público: da de modo que os pais assu-
a plena efetivação dos direi- mam os seus deveres para com
Título II – Das tos assegurados a crianças e a criança e o adolescente;
Medidas de Proteção a adolescentes por esta Lei
X – prevalência da família:
e pela Constituição Federal,
na promoção de direitos e
salvo nos casos por esta ex-
na proteção da criança e do
Capítulo I – Disposições pressamente ressalvados, é de
adolescente deve ser dada
Gerais responsabilidade primária e
prevalência às medidas que os
solidária das 3 (três) esferas de
mantenham ou reintegrem na
Art. 98. As medidas de governo, sem prejuízo da mu-
sua família natural ou extensa
proteção à criança e ao ado- nicipalização do atendimento
ou, se isto não for possível, que
lescente são aplicáveis sempre e da possibilidade da execução
promovam a sua integração
que os direitos reconhecidos de programas por entidades
em família substituta;
nesta Lei forem ameaçados ou não governamentais;
violados: XI – obrigatoriedade da infor-
IV – interesse superior da
mação: a criança e o adoles-
I – por ação ou omissão da so- criança e do adolescente:
cente, respeitado seu estágio
ciedade ou do Estado; a intervenção deve atender
de desenvolvimento e capa-
prioritariamente aos interes-
II – por falta, omissão ou abu- cidade de compreensão, seus
ses e direitos da criança e do
so dos pais ou responsável; pais ou responsável devem ser
adolescente, sem prejuízo da
informados dos seus direitos,
III – em razão de sua conduta. consideração que for devida
dos motivos que determina-
a outros interesses legítimos
ram a intervenção e da forma
Capítulo II – Das Medidas no âmbito da pluralidade dos
como esta se processa;
Específicas de Proteção
XII – oitiva obrigatória e par-
Art. 99. As medidas previs- ticipação: a criança e o ado-
tas neste Capítulo poderão ser 47
Lei no 12.010/2009. lescente, em separado ou na

609
companhia dos pais, de res- liar são medidas provisórias sando à reintegração familiar,
ponsável ou de pessoa por si e excepcionais, utilizáveis co- ressalvada a existência de or-
indicada, bem como os seus mo forma de transição para dem escrita e fundamentada
pais ou responsável, têm direi- reintegração familiar ou, não em contrário de autoridade
to a ser ouvidos e a participar sendo esta possível, para co- judiciária competente, caso
nos atos e na definição da me- locação em família substituta, em que também deverá con-
dida de promoção dos direitos não implicando privação de templar sua colocação em fa-
e de proteção, sendo sua opi- liberdade. mília substituta, observadas
nião devidamente considera- as regras e princípios desta Lei.
da pela autoridade judiciária § 2o Sem prejuízo da tomada
competente, observado o dis- de medidas emergenciais pa- § 5o O plano individual será
posto nos §§ 1o e 2o do art. 28 ra proteção de vítimas de vio- elaborado sob a responsabi-
desta Lei. lência ou abuso sexual e das lidade da equipe técnica do
providências a que alude o art. respectivo programa de aten-
Art. 101. Verificada qual- 130 desta Lei, o afastamento dimento e levará em conside-
quer das hipóteses previstas da criança ou adolescente do ração a opinião da criança ou
no art. 98, a autoridade com- convívio familiar é de compe- do adolescente e a oitiva dos
petente poderá determinar, tência exclusiva da autoridade pais ou do responsável.
dentre outras, as seguintes judiciária e importará na defla-
§ 6o Constarão do plano indi-
medidas: 48 gração, a pedido do Ministério
vidual, dentre outros:
Público ou de quem tenha le-
I – encaminhamento aos pais gítimo interesse, de procedi- I – os resultados da avaliação
ou responsável, mediante ter- mento judicial contencioso, no interdisciplinar;
mo de responsabilidade; qual se garanta aos pais ou ao
II – os compromissos assumi-
II – orientação, apoio e acom- responsável legal o exercício
dos pelos pais ou responsável;
panhamento temporários; do contraditório e da ampla
e
defesa.
III – matrícula e frequência III – a previsão das atividades
obrigatórias em estabeleci- § 3o Crianças e adolescentes
a serem desenvolvidas com a
mento oficial de ensino funda- somente poderão ser enca-
criança ou com o adolescente
mental; minhados às instituições que
acolhido e seus pais ou respon-
executam programas de aco-
IV – inclusão em serviços e pro- sável, com vista na reintegra-
lhimento institucional, gover-
gramas oficiais ou comunitá- ção familiar ou, caso seja esta
namentais ou não, por meio de
rios de proteção, apoio e pro- vedada por expressa e funda-
uma Guia de Acolhimento, ex-
moção da família, da criança e mentada determinação judi-
pedida pela autoridade judici-
do adolescente; cial, as providências a serem
ária, na qual obrigatoriamente
tomadas para sua colocação
V – requisição de tratamento constará, dentre outros:
em família substituta, sob di-
médico, psicológico ou psiqui- I – sua identificação e a quali- reta supervisão da autoridade
átrico, em regime hospitalar ficação completa de seus pais judiciária.
ou ambulatorial; ou de seu responsável, se co-
§ 7o O acolhimento familiar ou
VI – inclusão em programa ofi- nhecidos;
institucional ocorrerá no local
cial ou comunitário de auxílio, II – o endereço de residência mais próximo à residência dos
orientação e tratamento a al- dos pais ou do responsável, pais ou do responsável e, co-
coólatras e toxicômanos; com pontos de referência; mo parte do processo de rein-
VII – acolhimento institucio- tegração familiar, sempre que
III – os nomes de parentes ou
nal; identificada a necessidade, a
de terceiros interessados em
família de origem será inclu-
VIII – inclusão em programa de tê-los sob sua guarda;
ída em programas oficiais de
acolhimento familiar; IV – os motivos da retirada ou orientação, de apoio e de pro-
IX – colocação em família da não reintegração ao conví- moção social, sendo facilitado
substituta. vio familiar. e estimulado o contato com a
criança ou com o adolescente
§ 1o O acolhimento institu- § 4o Imediatamente após o
acolhido.
cional e o acolhimento fami- acolhimento da criança ou do
adolescente, a entidade res- § 8o Verificada a possibilida-
ponsável pelo programa de de de reintegração familiar, o
acolhimento institucional ou responsável pelo programa de
48
Leis nos 12.010/2009 familiar elaborará um plano acolhimento familiar ou insti-
e 13.257/2016. individual de atendimento, vi- tucional fará imediata comuni-

610
cação à autoridade judiciária, quais incumbe deliberar sobre § 6o São gratuitas, a qualquer
que dará vista ao Ministério a implementação de políticas tempo, a averbação requerida
Público, pelo prazo de 5 (cinco) públicas que permitam reduzir do reconhecimento de paterni-
dias, decidindo em igual prazo. o número de crianças e adoles- dade no assento de nascimen-
centes afastados do convívio to e a certidão correspondente.
§ 9o Em sendo constatada a im-
possibilidade de reintegração familiar e abreviar o período
da criança ou do adolescente de permanência em programa
à família de origem, após seu de acolhimento.
encaminhamento a programas Título III – Da Prática
oficiais ou comunitários de Art. 102. As medidas de de Ato Infracional
orientação, apoio e promoção proteção de que trata este Ca-
social, será enviado relatório pítulo serão acompanhadas
fundamentado ao Ministé- da regularização do registro Capítulo I – Disposições
rio Público, no qual conste a civil.49 Gerais
descrição pormenorizada das § 1o Verificada a inexistência
providências tomadas e a ex- Art. 103. Considera-se ato
de registro anterior, o assento infracional a conduta descrita
pressa recomendação, subscri-
de nascimento da criança ou como crime ou contravenção
ta pelos técnicos da entidade
adolescente será feito à vista penal.
ou responsáveis pela execução
dos elementos disponíveis, me-
da política municipal de ga-
rantia do direito à convivência diante requisição da autorida- Art. 104. São penalmente
familiar, para a destituição do de judiciária. inimputáveis os menores de
poder familiar, ou destituição § 2o Os registros e certidões dezoito anos, sujeitos às medi-
de tutela ou guarda. das previstas nesta Lei.
necessários à regularização de
§ 10. Recebido o relatório, o que trata este artigo são isen-
Parágrafo único. Para os efeitos
Ministério Público terá o pra- tos de multas, custas e emolu-
desta Lei, deve ser considerada
zo de 30 (trinta) dias para o mentos, gozando de absoluta
a idade do adolescente à data
ingresso com a ação de desti- prioridade.
do fato.
tuição do poder familiar, salvo § 3o Caso ainda não definida
se entender necessária a reali- a paternidade, será deflagra- Art. 105. Ao ato infracional
zação de estudos complemen- do procedimento específico praticado por criança corres-
tares ou outras providências destinado à sua averiguação, ponderão as medidas previs-
que entender indispensáveis ao conforme previsto pela Lei no tas no art. 101.
ajuizamento da demanda. 8.560, de 29 de dezembro de
§ 11. A autoridade judiciária 1992. Capítulo II – Dos Direitos
manterá, em cada comarca Individuais
§ 4o Nas hipóteses previstas
ou foro regional, um cadas-
no § 3o deste artigo, é dispen- Art. 106. Nenhum ado-
tro contendo informações
atualizadas sobre as crianças sável o ajuizamento de ação lescente será privado de sua
e adolescentes em regime de de investigação de paternida- liberdade senão em flagrante
acolhimento familiar e insti- de pelo Ministério Público se, de ato infracional ou por or-
tucional sob sua responsa- após o não comparecimento dem escrita e fundamentada
bilidade, com informações ou a recusa do suposto pai em da autoridade judiciária com-
pormenorizadas sobre a situa- assumir a paternidade a ele petente.
ção jurídica de cada um, bem atribuída, a criança for enca-
minhada para adoção. Parágrafo único. O adolescente
como as providências toma- tem direito à identificação dos
das para sua reintegração fa- § 5o Os registros e certidões responsáveis pela sua apreen-
miliar ou colocação em família necessários à inclusão, a qual- são, devendo ser informado
substituta, em qualquer das quer tempo, do nome do pai acerca de seus direitos.
modalidades previstas no art. no assento de nascimento são
28 desta Lei. isentos de multas, custas e Art. 107. A apreensão
§ 12. Terão acesso ao cadastro emolumentos, gozando de ab- de qualquer adolescente e
o Ministério Público, o Conse- soluta prioridade. o local onde se encontra re-
lho Tutelar, o órgão gestor da colhido serão incontinenti
Assistência Social e os Conse- comunicados à autoridade
lhos Municipais dos Direitos judiciária competente e à fa-
da Criança e do Adolescente 49
Leis nos 12.010/2009 mília do apreendido ou à pes-
e da Assistência Social, aos e 13.257/2016. soa por ele indicada.

611
Parágrafo único. Examinar-se-á, sável em qualquer fase do pro- Parágrafo único. A advertência
desde logo e sob pena de res- cedimento. poderá ser aplicada sempre
ponsabilidade, a possibilidade que houver prova da materia-
de liberação imediata. Capítulo IV – Das lidade e indícios suficientes da
Medidas Socioeducativas autoria.
Art. 108. A internação, an-
tes da sentença, pode ser de-
terminada pelo prazo máximo Seção I – Disposições Gerais Seção II – Da Advertência
de quarenta e cinco dias.
Art. 112. Verificada a prá- Art. 115. A advertência
Parágrafo único. A decisão de- tica de ato infracional, a au- consistirá em admoestação
verá ser fundamentada e ba- toridade competente poderá verbal, que será reduzida a ter-
sear-se em indícios suficientes aplicar ao adolescente as se- mo e assinada.
de autoria e materialidade, guintes medidas:
demonstrada a necessidade
imperiosa da medida. I – advertência;
Seção III – Da Obrigação
II – obrigação de reparar o de Reparar o Dano
Art. 109. O adolescente dano;
civilmente identificado não Art. 116. Em se tratando
será submetido a identifica- III – prestação de serviços à co-
munidade; de ato infracional com reflexos
ção compulsória pelos ór- patrimoniais, a autoridade po-
gãos policiais, de proteção e IV – liberdade assistida; derá determinar, se for o caso,
judiciais, salvo para efeito de que o adolescente restitua a
confrontação, havendo dúvi- V – inserção em regime de se-
miliberdade; coisa, promova o ressarcimen-
da fundada. to do dano, ou, por outra for-
VI – internação em estabeleci- ma, compense o prejuízo da
Capítulo III – Das mento educacional; vítima.
Garantias Processuais
VII – qualquer uma das previs-
tas no art. 101, I a VI. Parágrafo único. Havendo mani-
Art. 110. Nenhum adoles-
festa impossibilidade, a medi-
cente será privado de sua liber- § 1o A medida aplicada ao ado- da poderá ser substituída por
dade sem o devido processo lescente levará em conta a sua outra adequada.
legal. capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade
Art. 111. São asseguradas da infração. Seção IV – Da Prestação de
ao adolescente, entre outras,
as seguintes garantias: § 2o Em hipótese alguma e sob Serviços à Comunidade
pretexto algum, será admiti-
I – pleno e formal conhecimen- da a prestação de trabalho Art. 117. A prestação de
to da atribuição de ato infra- forçado. serviços comunitários con-
cional, mediante citação ou siste na realização de tarefas
meio equivalente; § 3o Os adolescentes portado- gratuitas de interesse geral,
res de doença ou deficiência por período não excedente a
II – igualdade na relação pro- mental receberão tratamen- seis meses, junto a entidades
cessual, podendo confrontar- to individual e especializado, assistenciais, hospitais, esco-
se com vítimas e testemunhas em local adequado às suas las e outros estabelecimentos
e produzir todas as provas ne- condições. congêneres, bem como em
cessárias à sua defesa;
programas comunitários ou
III – defesa técnica por advo- Art. 113. Aplica-se a este governamentais.
gado; Capítulo o disposto nos arts.
99 e 100. Parágrafo único. As tarefas serão
IV – assistência judiciária gra- atribuídas conforme as apti-
tuita e integral aos necessita- Art. 114. A imposição das dões do adolescente, devendo
dos, na forma da lei; medidas previstas nos incisos ser cumpridas durante jornada
II a VI do art. 112 pressupõe a máxima de oito horas sema-
V – direito de ser ouvido pesso-
existência de provas suficientes nais, aos sábados, domingos
almente pela autoridade com-
da autoria e da materialidade e feriados ou em dias úteis, de
petente;
da infração, ressalvada a hipó- modo a não prejudicar a fre-
VI – direito de solicitar a pre- tese de remissão, nos termos quência à escola ou à jornada
sença de seus pais ou respon- do art. 127. normal de trabalho.

612
realização de atividades ex- § 7o A determinação judicial
Seção V – Da Liberdade ternas, independentemente de mencionada no § 1o poderá
Assistida autorização judicial. ser revista a qualquer tempo
pela autoridade judiciária.
Art. 118. A liberdade as- § 1o São obrigatórias a escola-
sistida será adotada sempre rização e a profissionalização,
Art. 122. A medida de in-
que se afigurar a medida mais devendo, sempre que possível,
adequada para o fim de acom- ternação só poderá ser aplica-
ser utilizados os recursos exis-
panhar, auxiliar e orientar o da quando: 51
tentes na comunidade.
adolescente. I – tratar-se de ato infracio-
§ 2o A medida não comporta
§ 1o A autoridade designará nal cometido mediante grave
prazo determinado aplicando-
pessoa capacitada para acom- ameaça ou violência a pessoa;
se, no que couber, as disposi-
panhar o caso, a qual poderá ções relativas à internação. II – por reiteração no come-
ser recomendada por entidade timento de outras infrações
ou programa de atendimento. graves;
§ 2o A liberdade assistida será Seção VII – Da Internação III – por descumprimento rei-
fixada pelo prazo mínimo de terado e injustificável da me-
seis meses, podendo a qual- Art. 121. A internação
dida anteriormente imposta.
quer tempo ser prorrogada, constitui medida privativa da
revogada ou substituída por liberdade, sujeita aos princí- § 1o O prazo de internação na
outra medida, ouvido o orien- pios de brevidade, excepcio- hipótese do inciso III deste ar-
tador, o Ministério Público e o nalidade e respeito à condição tigo não poderá ser superior
defensor. peculiar de pessoa em desen- a 3 (três) meses, devendo ser
volvimento.50 decretada judicialmente após
Art. 119. Incumbe ao o devido processo legal.
§ 1o Será permitida a realiza-
orientador, com o apoio e ção de atividades externas, § 2o Em nenhuma hipóte-
a supervisão da autoridade a critério da equipe técnica se será aplicada a interna-
competente, a realização dos da entidade, salvo expres- ção, havendo outra medida
seguintes encargos, entre ou- sa determinação judicial em adequada.
tros: contrário.
I – promover socialmente o Art. 123. A internação
§ 2o A medida não comporta
adolescente e sua família, deverá ser cumprida em en-
prazo determinado, devendo
fornecendo-lhes orientação tidade exclusiva para ado-
sua manutenção ser reavalia-
e inserindo-os, se necessário, lescentes, em local distinto
da, mediante decisão funda-
em programa oficial ou comu- daquele destinado ao abrigo,
mentada, no máximo a cada
nitário de auxílio e assistência obedecida rigorosa separação
seis meses.
social; por critérios de idade, com-
§ 3o Em nenhuma hipótese o pleição física e gravidade da
II – supervisionar a frequência período máximo de interna- infração.
e o aproveitamento escolar do ção excederá a três anos.
adolescente, promovendo, in- Parágrafo único. Durante o pe-
clusive, sua matrícula; § 4 o Atingido o limite estabe- ríodo de internação, inclusive
lecido no parágrafo anterior, provisória, serão obrigatórias
III – diligenciar no sentido da o adolescente deverá ser libe- atividades pedagógicas.
profissionalização do adoles- rado, colocado em regime de
cente e de sua inserção no mer- semiliberdade ou de liberdade Art. 124. São direitos do
cado de trabalho; assistida. adolescente privado de liber-
IV – apresentar relatório do dade, entre outros, os seguin-
§ 5o A liberação será compul-
caso. tes:
sória aos vinte e um anos de
idade. I – entrevistar-se pessoalmente
com o representante do Minis-
Seção VI – Do Regime de § 6 Em qualquer hipótese a
o
tério Público;
Semiliberdade desinternação será precedida
de autorização judicial, ouvi- II – peticionar diretamente a
Art. 120. O regime de se- do o Ministério Público. qualquer autoridade;
miliberdade pode ser determi-
nado desde o início, ou como
forma de transição para o
meio aberto, possibilitada a 50
Lei no 12.594/2012. 51
Lei no 12.594/2012.

613
III – avistar-se reservadamente Art. 125. É dever do Es-
com seu defensor; tado zelar pela integridade Título IV – Das
IV – ser informado de sua situ- física e mental dos internos, Medidas Pertinentes aos
ação processual, sempre que cabendo-lhe adotar as medi- Pais ou Responsável
solicitada; das adequadas de contenção
V – ser tratado com respeito e e segurança. Art. 129. São medidas apli-
dignidade; cáveis aos pais ou responsá-
Capítulo V – Da vel:52
VI – permanecer internado na
mesma localidade ou naquela Remissão I – encaminhamento a serviços
e programas oficiais ou comu-
mais próxima ao domicílio de
Art. 126. Antes de iniciado nitários de proteção, apoio e
seus pais ou responsável;
promoção da família;
o procedimento judicial para
VII – receber visitas, ao menos, II – inclusão em programa ofi-
semanalmente; apuração de ato infracional,
cial ou comunitário de auxílio,
o representante do Ministé-
VIII – corresponder-se com orientação e tratamento a al-
rio Público poderá conceder coólatras e toxicômanos;
seus familiares e amigos;
a remissão, como forma de
IX – ter acesso aos objetos III – encaminhamento a trata-
exclusão do processo, aten- mento psicológico ou psiquiá-
necessários à higiene e asseio
dendo às circunstâncias e trico;
pessoal;
consequências do fato, ao IV – encaminhamento a cursos
X – habitar alojamento em contexto social, bem como à ou programas de orientação;
condições adequadas de higie-
ne e salubridade; personalidade do adolescen- V – obrigação de matricular o
te e sua maior ou menor par- filho ou pupilo e acompanhar
XI – receber escolarização e sua frequência e aproveita-
ticipação no ato infracional.
profissionalização; mento escolar;
XII – realizar atividades cultu- Parágrafo único. Iniciado o pro- VI – obrigação de encaminhar
rais, esportivas e de lazer: cedimento, a concessão da a criança ou adolescente a tra-
XIII – ter acesso aos meios de remissão pela autoridade ju- tamento especializado;
comunicação social; diciária importará na suspen- VII – advertência;
XIV – receber assistência reli- são ou extinção do processo. VIII – perda da guarda;
giosa, segundo a sua crença, e
Art. 127. A remissão não IX – destituição da tutela;
desde que assim o deseje;
implica necessariamente o X – suspensão ou destituição
XV – manter a posse de seus
reconhecimento ou compro- do poder familiar.
objetos pessoais e dispor de
local seguro para guardá-los, vação da responsabilidade, Parágrafo único. Na aplicação
recebendo comprovante da- nem prevalece para efeito de das medidas previstas nos in-
queles porventura deposita- antecedentes, podendo in- cisos IX e X deste artigo, obser-
dos em poder da entidade; var-se-á o disposto nos arts.
cluir eventualmente a aplica-
XVI – receber, quando de sua 23 e 24.
ção de qualquer das medidas
desinternação, os documentos previstas em lei, exceto a co-
pessoais indispensáveis à vida Art. 130. Verificada a hi-
locação em regime de semili- pótese de maus-tratos, opres-
em sociedade.
berdade e a internação. são ou abuso sexual impostos
§ 1o Em nenhum caso haverá pelos pais ou responsável, a
incomunicabilidade. Art. 128. A medida apli- autoridade judiciária poderá
determinar, como medida cau-
§ 2o A autoridade judiciária cada por força da remissão telar, o afastamento do agres-
poderá suspender tempora- poderá ser revista judicial- sor da moradia comum.53
riamente a visita, inclusive mente, a qualquer tempo,
de pais ou responsável, se
mediante pedido expresso do
existirem motivos sérios e
fundados de sua prejudi- adolescente ou de seu repre- 52
Leis nos 12.010/2009
cialidade aos interesses do sentante legal, ou do Ministé- e 13.257/2016.
adolescente. rio Público. 53
Lei no 12.415/2011.

614
Parágrafo único. Da medida cau- quais é assegurado o direito b) representar junto à au-
telar constará, ainda, a fixação a:55 toridade judiciária nos
provisória dos alimentos de casos de descumpri-
I – cobertura previdenciária;
que necessitem a criança ou o mento injustificado de
adolescente dependentes do II – gozo de férias anuais re- suas deliberações.
agressor. muneradas, acrescidas de 1/3
IV – encaminhar ao Ministério
(um terço) do valor da remu-
Público notícia de fato que
neração mensal;
constitua infração administra-
III – licença-maternidade; tiva ou penal contra os direitos
Título V – Do da criança ou adolescente;
Conselho Tutelar IV – licença-paternidade;
V – encaminhar à autoridade
V – gratificação natalina.
judiciária os casos de sua com-
Capítulo I – Disposições Parágrafo único. Constará da lei
petência;
Gerais orçamentária municipal e da VI – providenciar a medida
do Distrito Federal previsão estabelecida pela autoridade
Art. 131. O Conselho Tu-
dos recursos necessários ao judiciária, dentre as previstas
telar é órgão permanente e
funcionamento do Conselho no art. 101, de I a VI, para o
autônomo, não jurisdicional,
Tutelar e à remuneração e for- adolescente autor de ato infra-
encarregado pela sociedade de
mação continuada dos conse- cional;
zelar pelo cumprimento dos di-
lheiros tutelares.
reitos da criança e do adoles- VII – expedir notificações;
cente, definidos nesta Lei.
Art. 135. O exercício efetivo VIII – requisitar certidões de
da função de conselheiro cons- nascimento e de óbito de
Art. 132. Em cada Muni-
tituirá serviço público relevan- criança ou adolescente quan-
cípio e em cada Região Admi-
te e estabelecerá presunção de do necessário;
nistrativa do Distrito Federal
idoneidade moral.56
haverá, no mínimo, 1 (um) IX – assessorar o Poder Exe-
Conselho Tutelar como órgão cutivo local na elaboração da
integrante da administração
Capítulo II – Das proposta orçamentária para
pública local, composto de 5 Atribuições do Conselho planos e programas de atendi-
(cinco) membros, escolhidos mento dos direitos da criança
Art. 136. São atribuições
pela população local para e do adolescente;
do Conselho Tutelar:57
mandato de 4 (quatro) anos,
X – representar, em nome da
permitida 1 (uma) recondu- I – atender as crianças e ado-
pessoa e da família, contra a
ção, mediante novo processo lescentes nas hipóteses pre-
violação dos direitos previstos
de escolha.54 vistas nos arts. 98 e 105, apli-
no art. 220, § 3o, inciso II, da
cando as medidas previstas no
Constituição Federal;
Art. 133. Para a candida- art. 101, I a VII;
tura a membro do Conselho XI – representar ao Ministério
II – atender e aconselhar os
Tutelar, serão exigidos os se- Público para efeito das ações
pais ou responsável, aplican-
guintes requisitos: de perda ou suspensão do po-
do as medidas previstas no
der familiar, após esgotadas as
I – reconhecida idoneidade art. 129, I a VII;
possibilidades de manutenção
moral;
III – promover a execução de da criança ou do adolescente
II – idade superior a vinte e um suas decisões, podendo para junto à família natural.
anos; tanto:
XII – promover e incentivar,
III – residir no município. a) requisitar serviços pú- na comunidade e nos grupos
blicos nas áreas de saú- profissionais, ações de divul-
Art. 134. Lei municipal ou de, educação, serviço gação e treinamento para o
distrital disporá sobre o local, social, previdência, tra- reconhecimento de sintomas
dia e horário de funcionamen- balho e segurança; de maus-tratos em crianças e
to do Conselho Tutelar, inclu- adolescentes.
sive quanto à remuneração
dos respectivos membros, aos Parágrafo único. Se, no exer-
55
Lei no 12.696/2012. cício de suas atribuições, o
56
Lei no 12.696/2012. Conselho Tutelar entender
57
Leis nos 12.010/2009 necessário o afastamento do
54
Lei no 12.696/2012. e 13.046/2014. convívio familiar, comunicará

615
incontinenti o fato ao Minis- Capítulo V – Dos sempre que os interesses des-
tério Público, prestando-lhe Impedimentos tes colidirem com os de seus
informações sobre os motivos pais ou responsável, ou quan-
de tal entendimento e as provi- Art. 140. São impedidos do carecer de representação
dências tomadas para a orien- de servir no mesmo Conselho ou assistência legal ainda que
tação, o apoio e a promoção marido e mulher, ascendentes eventual.
social da família. e descendentes, sogro e genro
ou nora, irmãos, cunhados, Art. 143. E vedada a divul-
Art. 137. As decisões do durante o cunhadio, tio e so- gação de atos judiciais, po-
Conselho Tutelar somente po- brinho, padrasto ou madrasta liciais e administrativos que
derão ser revistas pela auto- e enteado. digam respeito a crianças e
ridade judiciária a pedido de adolescentes a que se atribua
Parágrafo único. Estende-se o
quem tenha legítimo interesse. autoria de ato infracional.59
impedimento do conselheiro,
na forma deste artigo, em re-
Capítulo III – Da lação à autoridade judiciária e Parágrafo único. Qualquer no-
Competência ao representante do Ministério tícia a respeito do fato não
Público com atuação na Justi- poderá identificar a criança
Art. 138. Aplica-se ao Con- ou adolescente, vedando-se
ça da Infância e da Juventude,
selho Tutelar a regra de com- fotografia, referência a nome,
em exercício na comarca, foro
petência constante do art. 147. apelido, filiação, parentesco,
regional ou distrital.
residência e, inclusive, iniciais
Capítulo IV – Da Escolha do nome e sobrenome.
dos Conselheiros
Art. 139. O processo para
Título VI – Do Art. 144. A expedição de
a escolha dos membros do
Acesso à Justiça cópia ou certidão de atos a
que se refere o artigo anterior
Conselho Tutelar será estabe- somente será deferida pela au-
lecido em lei municipal e rea-
lizado sob a responsabilidade
Capítulo I – Disposições toridade judiciária competen-
Gerais te, se demonstrado o interesse
do Conselho Municipal dos e justificada a finalidade.
Direitos da Criança e do Ado-
Art. 141. É garantido o
lescente, e a fiscalização do Capítulo II – Da Justiça da
acesso de toda criança ou ado-
Ministério Público.58 Infância e da Juventude
lescente à Defensoria Pública,
§ 1o O processo de escolha dos ao Ministério Público e ao Po-
membros do Conselho Tutelar der Judiciário, por qualquer de
ocorrerá em data unificada em seus órgãos. Seção I – Disposições Gerais
todo o território nacional a
§ 1o A assistência judiciária Art. 145. Os estados e o
cada 4 (quatro) anos, no pri-
gratuita será prestada aos que Distrito Federal poderão criar
meiro domingo do mês de ou-
dela necessitarem, através de varas especializadas e exclusi-
tubro do ano subsequente ao
defensor público ou advogado vas da infância e da juventude,
da eleição presidencial.
nomeado. cabendo ao Poder Judiciário
§ 2o A posse dos conselheiros estabelecer sua proporcionali-
§ 2o As ações judiciais da com-
tutelares ocorrerá no dia 10 de dade por número de habitan-
petência da Justiça da Infância e
janeiro do ano subsequente ao tes, dotá-las de infra-estrutura
da Juventude são isentas de cus-
processo de escolha. e dispor sobre o atendimento,
tas e emolumentos, ressalvada a
§ 3o No processo de escolha hipótese de litigância de má-fé. inclusive em plantões.
dos membros do Conselho
Tutelar, é vedado ao candida- Art. 142. Os menores de
to doar, oferecer, prometer dezesseis anos serão represen- Seção II – Do Juiz
ou entregar ao eleitor bem ou tados e os maiores de dezesseis
vantagem pessoal de qualquer e menores de vinte e um anos Art. 146. A autoridade a
natureza, inclusive brindes de assistidos por seus pais, tuto- que se refere esta Lei é o Juiz
pequeno valor. res ou curadores, na forma da da Infância e da Juventude, ou
legislação civil ou processual. o juiz que exerce essa função,

Parágrafo único. A autoridade


58
Leis nos 8.242/1991 judiciária dará curador espe-
e 12.696/2012. cial à criança ou adolescente, 59
Lei no 10.764/2003.

616
na forma da lei de organização IV – conhecer de ações civis g) conhecer de ações de
judiciária local. fundadas em interesses indivi- alimentos;
duais, difusos ou coletivos afe-
h) determinar o cancela-
Art. 147. A competência tos à criança e ao adolescente,
mento, a retificação e
será determinada: observado o disposto no art.
o suprimento dos re-
209;
I – pelo domicílio dos pais ou gistros de nascimento
responsável; V – conhecer de ações decor- e óbito.
rentes de irregularidades em
II – pelo lugar onde se encon-
entidades de atendimento, Art. 149. Compete à auto-
tre a criança ou adolescente, à
aplicando as medidas cabíveis; ridade judiciária disciplinar,
falta dos pais ou responsável. através de portaria, ou autori-
VI – aplicar penalidades admi-
§ 1o Nos casos de ato infra- zar, mediante alvará:
nistrativas nos casos de infra-
cional, será competente a au- ções contra norma de prote- I – a entrada e permanência de
toridade do lugar da ação ou ção à criança ou adolescente; criança ou adolescente, desa-
omissão, observadas as regras companhado dos pais ou res-
de conexão, continência e VII – conhecer de casos enca-
ponsável, em:
prevenção. minhados pelo Conselho Tu-
telar, aplicando as medidas a) estádio, ginásio e cam-
§ 2o A execução das medidas cabíveis. po desportivo;
poderá ser delegada à autori-
dade competente da residên- b) bailes ou promoções
Parágrafo único. Quando se tra-
cia dos pais ou responsável, ou dançantes;
tar de criança ou adolescen-
do local onde sediar-se a enti- te nas hipóteses do art. 98, é c) boate ou congêneres;
dade que abrigar a criança ou também competente a Justi-
adolescente. d) casa que explore co-
ça da Infância e da Juventude
mercialmente diver-
§ 3o Em caso de infração co- para o fim de:
sões eletrônicas;
metida através de transmissão a) conhecer de pedidos de
simultânea de rádio ou televi- e) estúdios cinematográfi-
guarda e tutela;
são, que atinja mais de uma cos, de teatro, rádio e
comarca, será competente, b) conhecer de ações de televisão.
para aplicação da penalidade, destituição do poder
II – a participação de criança e
a autoridade judiciária do lo- familiar, perda ou mo-
adolescente em:
cal da sede estadual da emis- dificação da tutela ou
sora ou rede, tendo a sentença guarda; a) espetáculos públicos e
eficácia para todas as trans- seus ensaios;
c) suprir a capacidade ou
missoras ou retransmissoras o consentimento para b) certames de beleza.
do respectivo estado. o casamento;
§ 1o Para os fins do disposto
d) conhecer de pedidos neste artigo, a autoridade judi-
Art. 148. A Justiça da Infân-
baseados em discor- ciária levará em conta, dentre
cia e da Juventude é competen-
dância paterna ou outros fatores:
te para: 60
materna, em relação
a) os princípios desta Lei;
I – conhecer de representações ao exercício do poder
promovidas pelo Ministério familiar; b) as peculiaridades lo-
Público, para apuração de ato cais;
e) conceder a emancipa-
infracional atribuído a adoles-
ção, nos termos da lei c) a existência de instala-
cente, aplicando as medidas
civil, quando faltarem ções adequadas;
cabíveis;
os pais;
d) o tipo de frequência ha-
II – conceder a remissão, como f) designar curador espe- bitual ao local;
forma de suspensão ou extin- cial em casos de apre-
ção do processo; e) a adequação do am-
sentação de queixa ou
biente a eventual parti-
III – conhecer de pedidos de representação, ou de
cipação ou frequência
adoção e seus incidentes; outros procedimentos
de crianças e adoles-
judiciais ou extrajudi-
centes;
ciais em que haja in-
teresses de criança ou f) a natureza do espetá-
60
Lei no 12.010/2009. adolescente; culo.

617
§ 2o As medidas adotadas na Art. 153. Se a medida ju- Art. 157. Havendo motivo
conformidade deste artigo dicial a ser adotada não cor- grave, poderá a autoridade
deverão ser fundamentadas, responder a procedimento judiciária, ouvido o Ministé-
caso a caso, vedadas as deter- previsto nesta ou em outra lei, rio Público, decretar a sus-
minações de caráter geral. a autoridade judiciária poderá pensão do poder familiar,
investigar os fatos e ordenar de liminar ou incidentalmente,
ofício as providências necessá- até o julgamento definitivo da
Seção III – Dos Serviços rias, ouvido o Ministério Públi- causa, ficando a criança ou
Auxiliares co.62 adolescente confiado a pessoa
idônea, mediante termo de
Art. 150. Cabe ao Poder Ju- Parágrafo único. O disposto nes- responsabilidade.65
diciário, na elaboração de sua te artigo não se aplica para o
proposta orçamentária, prever Art. 158. O requerido será
fim de afastamento da criança
recursos para manutenção de citado para, no prazo de dez
ou do adolescente de sua famí- dias, oferecer resposta escrita,
equipe interprofissional, desti- lia de origem e em outros pro-
nada a assessorar a Justiça da indicando as provas a serem
cedimentos necessariamente produzidas e oferecendo des-
Infância e da Juventude. contenciosos. de logo o rol de testemunhas e
Art. 151. Compete à equipe documentos.66
Art. 154. Aplica-se às mul-
interprofissional dentre outras § 1o A citação será pessoal,
tas o disposto no art. 214.
atribuições que lhe forem re- salvo se esgotados todos os
servadas pela legislação local, meios para sua realização.
fornecer subsídios por escrito, Seção II – Da Perda e
mediante laudos, ou verbal- § 2o O requerido privado de
mente, na audiência, e bem
da Suspensão do Poder liberdade deverá ser citado
assim desenvolver trabalhos de Familiar63 pessoalmente.
aconselhamento, orientação,
Art. 155. O procedimento Art. 159. Se o requerido não
encaminhamento, prevenção
para a perda ou a suspensão tiver possibilidade de consti-
e outros, tudo sob a imediata
do poder familiar terá início tuir advogado, sem prejuízo
subordinação à autoridade ju- do próprio sustento e de sua
por provocação do Ministério
diciária, assegurada a livre ma- família, poderá requerer, em
nifestação do ponto de vista Público ou de quem tenha legí-
timo interesse.64 cartório, que lhe seja nomea-
técnico. do dativo, ao qual incumbirá
Art. 156. A petição inicial a apresentação de resposta,
Capítulo III – Dos contando-se o prazo a partir
indicará:
Procedimentos da intimação do despacho de
I – a autoridade judiciária a nomeação.67
que for dirigida;
Seção I – Disposições Gerais Parágrafo único. Na hipótese de
II – o nome, o estado civil, a
requerido privado de liberda-
Art. 152. Aos procedimen- profissão e a residência do re-
de, o oficial de justiça deverá
tos regulados nesta Lei apli- querente e do requerido, dis-
perguntar, no momento da
cam-se subsidiariamente as pensada a qualificação em se citação pessoal, se deseja que
normas gerais previstas na tratando de pedido formulado lhe seja nomeado defensor.
legislação processual pertinen- por representante do Ministé-
te.61 rio Público; Art. 160. Sendo necessário,
III – a exposição sumária do a autoridade judiciária requisi-
Parágrafo único. É assegurada, tará de qualquer repartição ou
fato e o pedido;
sob pena de responsabilidade, órgão público a apresentação
prioridade absoluta na trami- IV – as provas que serão pro- de documento que interesse à
tação dos processos e proce- duzidas, oferecendo, desde causa, de ofício ou a requeri-
dimentos previstos nesta Lei, logo, o rol de testemunhas e mento das partes ou do Minis-
assim como na execução dos documentos. tério Público.
atos e diligências judiciais a
eles referentes.

62
Lei no 12.010/2009. 65
Lei no 12.010/2009.
63
Lei no 12.010/2009. 66
Lei no 12.962/2014.
61
Lei no 12.010/2009. 64
Lei no 12.010/2009. 67
Lei no 12.962/2014.

618
Art. 161. Não sendo con- ária dará vista dos autos ao
testado o pedido, a autoridade Ministério Público, por cinco
Seção IV – Da Colocação
judiciária dará vista dos autos dias, salvo quando este for o em Família Substituta
ao Ministério Público, por cin- requerente, designando, des- Art. 165. São requisitos
co dias, salvo quando este for de logo, audiência de instru- para a concessão de pedidos
o requerente, decidindo em ção e julgamento. de colocação em família subs-
igual prazo.68
§ 1o A requerimento de qual- tituta:
§ 1o A autoridade judiciária, quer das partes, do Minis- I – qualificação completa do
de ofício ou a requerimento tério Público, ou de ofício, a
das partes ou do Ministério requerente e de seu eventu-
autoridade judiciária pode- al cônjuge, ou companheiro,
Público, determinará a realiza- rá determinar a realização
ção de estudo social ou perícia com expressa anuência deste;
de estudo social ou, se pos-
por equipe interprofissional sível, de perícia por equipe II – indicação de eventual pa-
ou multidisciplinar, bem co- interprofissional. rentesco do requerente e de
mo a oitiva de testemunhas seu cônjuge, ou companheiro,
que comprovem a presença de § 2o Na audiência, presen- com a criança ou adolescente,
uma das causas de suspensão tes as partes e o Ministério especificando se tem ou não
ou destituição do poder fami- Público, serão ouvidas as parente vivo;
liar previstas nos arts. 1.637 e testemunhas, colhendo-se
1.638 da Lei no 10.406, de 10 oralmente o parecer técnico, III – qualificação completa da
de janeiro de 2002 – Código salvo quando apresentado criança ou adolescente e de
Civil, ou no art. 24 desta Lei. por escrito, manifestando-se seus pais, se conhecidos;
sucessivamente o requeren- IV – indicação do cartório
§ 2o Em sendo os pais oriundos
te, o requerido e o Ministério onde foi inscrito nascimento,
de comunidades indígenas, é
Público, pelo tempo de vinte anexando, se possível, uma
ainda obrigatória a interven-
minutos cada um, prorrogável cópia da respectiva certidão;
ção, junto à equipe profissio-
por mais dez. A decisão será
nal ou multidisciplinar referida V – declaração sobre a exis-
proferida na audiência, po-
no § 1o deste artigo, de repre- tência de bens, direitos ou
sentantes do órgão federal dendo a autoridade judiciária,
excepcionalmente, designar rendimentos relativos à crian-
responsável pela política indi- ça ou ao adolescente.
genista, observado o disposto data para sua leitura no prazo
no § 6o do art. 28 desta Lei. máximo de cinco dias. Parágrafo único. Em se tratan-
do de adoção, observar-se-ão
§ 3o Se o pedido importar em Art. 163. O prazo máximo também os requisitos especí-
modificação de guarda, será para conclusão do procedi- ficos.
obrigatória, desde que possí- mento será de 120 (cento e
vel e razoável, a oitiva da crian- vinte) dias.69 Art. 166. Se os pais forem
ça ou adolescente, respeitado falecidos, tiverem sido desti-
seu estágio de desenvolvimen- Parágrafo único. A sentença que
decretar a perda ou a suspen- tuídos ou suspensos do poder
to e grau de compreensão so- familiar, ou houverem aderido
bre as implicações da medida. são do poder familiar será
expressamente ao pedido de
averbada à margem do regis-
§ 4o É obrigatória a oitiva dos colocação em família substi-
tro de nascimento da criança
pais sempre que esses forem tuta, este poderá ser formu-
ou do adolescente.
identificados e estiverem em lado diretamente em cartório,
local conhecido. em petição assinada pelos
Seção III – Da Destituição próprios requerentes, dispen-
§ 5o Se o pai ou a mãe estive- sada a assistência de advoga-
rem privados de liberdade, a da Tutela do.70
autoridade judicial requisita-
rá sua apresentação para a Art. 164. Na destituição § 1o Na hipótese de concor-
oitiva. da tutela, observar-se-á o pro- dância dos pais, esses serão
cedimento para a remoção de ouvidos pela autoridade judi-
Art. 162. Apresentada a tutor previsto na lei processual ciária e pelo representante do
resposta, a autoridade judici- civil e, no que couber, o dis- Ministério Público, tomando-
posto na SEÇÃO anterior. se por termo as declarações.

68
Leis nos 12.010/2009 e
12.962/2014. 69
Lei no 12.010/2009. 70
Lei no 12.010/2009.

619
§ 2o O consentimento dos ti- como, no caso de adoção, so-
bre o estágio de convivência.71
Seção V – Da Apuração de
tulares do poder familiar se-
Ato Infracional Atribuído a
rá precedido de orientações
Parágrafo único. Deferida a con- Adolescente
e esclarecimentos prestados
pela equipe interprofissional cessão da guarda provisória Art. 171. O adolescente
da Justiça da Infância e da Ju- ou do estágio de convivência, apreendido por força de or-
a criança ou o adolescente dem judicial será, desde logo,
ventude, em especial, no caso
será entregue ao interessado, encaminhado à autoridade ju-
de adoção, sobre a irrevogabi-
mediante termo de responsa- diciária.
lidade da medida. bilidade.
§ 3o O consentimento dos Art. 172. O adolescente
titulares do poder familiar Art. 168. Apresentado o apreendido em flagrante de
será colhido pela autoridade relatório social ou o laudo ato infracional será, desde
pericial, e ouvida, sempre que logo, encaminhado à autori-
judiciária competente em au-
possível, a criança ou o ado- dade policial competente.
diência, presente o Ministé-
lescente, dar-se-á vista dos au-
rio Público, garantida a livre tos ao Ministério Público, pelo Parágrafo único. Havendo re-
manifestação de vontade e prazo de cinco dias, decidin- partição policial especiali-
esgotados os esforços para do a autoridade judiciária em zada para atendimento de
manutenção da criança ou do igual prazo. adolescente e em se tratando
adolescente na família natural de ato infracional praticado
ou extensa. Art. 169. Nas hipóteses em em co-autoria com maior, pre-
que a destituição da tutela, a valecerá a atribuição da repar-
§ 4 o O consentimento presta- tição especializada, que, após
perda ou a suspensão do pá-
do por escrito não terá vali- trio poder poder familiar cons- as providências necessárias e
dade se não for ratificado na tituir pressuposto lógico da conforme o caso, encaminha-
audiência a que se refere o § medida principal de colocação rá o adulto à repartição poli-
3o deste artigo. em família substituta, será ob- cial própria.
§ 5o O consentimento é retra- servado o procedimento con-
traditório previsto nas Seções Art. 173. Em caso de fla-
tável até a data da publicação grante de ato infracional co-
II e III deste Capítulo.72
da sentença constitutiva da metido mediante violência ou
adoção. Parágrafo único. A perda ou a grave ameaça a pessoa, a au-
modificação da guarda poderá toridade policial, sem prejuízo
§ 6 o O consentimento somen- do disposto nos arts. 106, pa-
te terá valor se for dado após ser decretada nos mesmos au-
rágrafo único, e 107, deverá:
o nascimento da criança. tos do procedimento, observa-
do o disposto no art. 35. I – lavrar auto de apreensão,
§ 7o A família substituta rece- ouvidos as testemunhas e o
berá a devida orientação por Art. 170. Concedida a guar- adolescente;
intermédio de equipe técnica da ou a tutela, observar-se-á o II – apreender o produto e os
interprofissional a serviço do disposto no art. 32, e, quanto instrumentos da infração;
Poder Judiciário, preferencial- à adoção, o contido no art.
47.73 III – requisitar os exames ou
mente com apoio dos técnicos perícias necessários à compro-
responsáveis pela execução da Parágrafo único. A colocação de vação da materialidade e auto-
política municipal de garan- criança ou adolescente sob a ria da infração.
tia do direito à convivência guarda de pessoa inscrita em
familiar. programa de acolhimento fa- Parágrafo único. Nas demais
miliar será comunicada pela hipóteses de flagrante, a la-
Art. 167. A autoridade autoridade judiciária à enti- vratura do auto poderá ser
judiciária, de ofício ou a re- dade por este responsável no substituída por boletim de
querimento das partes ou do prazo máximo de 5 (cinco) ocorrência circunstanciada.
dias.
Ministério Público, determi-
Art. 174. Comparecen-
nará a realização de estudo do qualquer dos pais ou res-
social ou, se possível, perícia ponsável, o adolescente será
por equipe interprofissional, 71
Lei no 12.010/2009. prontamente liberado pela
decidindo sobre a concessão 72
Lei no 12.010/2009. autoridade policial, sob termo
de guarda provisória, bem 73
Lei no 12.010/2009. de compromisso e responsa-

620
bilidade de sua apresentação Art. 178. O adolescente conforme o caso, o cumpri-
ao representante do Minis- a quem se atribua autoria de mento da medida.
tério Público, no mesmo dia ato infracional não poderá ser
§ 2o Discordando, a autorida-
ou, sendo impossível, no pri- conduzido ou transportado
meiro dia útil imediato, exceto de judiciária fará remessa dos
em compartimento fechado de
quando, pela gravidade do ato autos ao Procurador-Geral de
veículo policial, em condições
infracional e sua repercussão Justiça, mediante despacho
atentatórias à sua dignidade,
social, deva o adolescente per- fundamentado, e este ofere-
ou que impliquem risco à sua
manecer sob internação para cerá representação, designará
integridade física ou mental,
garantia de sua segurança pes- outro membro do Ministério
sob pena de responsabilidade.
soal ou manutenção da ordem Público para apresentá-la, ou
pública. ratificará o arquivamento ou a
Art. 179. Apresentado o
remissão, que só então estará
adolescente, o representan-
Art. 175. Em caso de não li- a autoridade judiciária obriga-
te do Ministério Público, no
beração, a autoridade policial da a homologar.
mesmo dia e à vista do auto de
encaminhará, desde logo, o apreensão, boletim de ocor-
adolescente ao representante Art. 182. Se, por qualquer
rência ou relatório policial,
do Ministério Público, junta- razão, o representante do Mi-
devidamente autuados pelo
mente com cópia do auto de nistério Público não promover
cartório judicial e com infor-
apreensão ou boletim de ocor- o arquivamento ou conceder a
mação sobre os antecedentes
rência. remissão, oferecerá represen-
do adolescente, procederá
tação à autoridade judiciária,
§ 1o Sendo impossível a apre- imediata e informalmente à
propondo a instauração de
sentação imediata, a auto- sua oitiva e, em sendo possível,
procedimento para aplicação
ridade policial encaminhará de seus pais ou responsável, ví-
da medida socioeducativa que
o adolescente à entidade de tima e testemunhas.
se afigurar a mais adequada.
atendimento, que fará a apre-
sentação ao representante do Parágrafo único. Em caso de não § 1o A representação será ofe-
Ministério Público no prazo de apresentação, o representante recida por petição, que conte-
vinte e quatro horas. do Ministério Público notifica- rá o breve resumo dos fatos e
rá os pais ou responsável para a classificação do ato infracio-
§ 2o Nas localidades onde
apresentação do adolescente, nal e, quando necessário, o rol
não houver entidade de aten-
podendo requisitar o concurso de testemunhas, podendo ser
dimento, a apresentação far-
se-á pela autoridade policial. das polícias civil e militar. deduzida oralmente, em ses-
À falta de repartição policial são diária instalada pela auto-
especializada, o adolescen- Art. 180. Adotadas as pro- ridade judiciária.
te aguardará a apresentação vidências a que alude o artigo
§ 2o A representação indepen-
em dependência separada da anterior, o representante do
de de prova pré-constituída da
destinada a maiores, não po- Ministério Público poderá:
autoria e materialidade.
dendo, em qualquer hipótese, I – promover o arquivamento
exceder o prazo referido no dos autos; Art. 183. O prazo máximo
parágrafo anterior. e improrrogável para a conclu-
II – conceder a remissão;
são do procedimento, estando
Art. 176. Sendo o adoles- III – representar à autoridade o adolescente internado provi-
cente liberado, a autoridade judiciária para aplicação de soriamente, será de quarenta e
policial encaminhará imedia- medida socioeducativa. cinco dias.
tamente ao representante do
Ministério Público cópia do Art. 181. Promovido o Art. 184. Oferecida a re-
auto de apreensão ou boletim arquivamento dos autos ou presentação, a autoridade ju-
de ocorrência. concedida a remissão pelo diciária designará audiência de
representante do Ministério apresentação do adolescente,
Art. 177. Se, afastada a Público, mediante termo fun- decidindo, desde logo, sobre a
hipótese de flagrante, houver damentado, que conterá o re- decretação ou manutenção da
indícios de participação de sumo dos fatos, os autos serão internação, observado o dis-
adolescente na prática de ato conclusos à autoridade judici- posto no art. 108 e parágrafo.
infracional, a autoridade poli- ária para homologação.
cial encaminhará ao represen- § 1o O adolescente e seus pais
tante do Ministério Público § 1 Homologado o arquiva-
o
ou responsável serão cientifica-
relatório das investigações e mento ou a remissão, a auto- dos do teor da representação,
demais documentos. ridade judiciária determinará, e notificados a comparecer à

621
audiência, acompanhados de que o adolescente não possui Parágrafo único. Na hipóte-
advogado. advogado constituído, no- se deste artigo, estando o
meará defensor, designando, adolescente internado, será
§ 2o Se os pais ou responsável
desde logo, audiência em con- imediatamente colocado em
não forem localizados, a auto-
tinuação, podendo determinar liberdade.
ridade judiciária dará curador
a realização de diligências e es-
especial ao adolescente.
tudo do caso. Art. 190. A intimação da
§ 3o Não sendo localizado o sentença que aplicar medida
§ 3 O advogado constituído
o
adolescente, a autoridade ju- de internação ou regime de se-
ou o defensor nomeado, no
diciária expedirá mandado de miliberdade será feita:
prazo de três dias contado da
busca e apreensão, determi- audiência de apresentação, I – ao adolescente e ao seu de-
nando o sobrestamento do fei- oferecerá defesa prévia e rol de fensor;
to, até a efetiva apresentação. testemunhas.
II – quando não for encontra-
§ 4o Estando o adolescente § 4o Na audiência em continu- do o adolescente, a seus pais
internado, será requisitada a ação, ouvidas as testemunhas ou responsável, sem prejuízo
sua apresentação, sem prejuí- arroladas na representação e do defensor.
zo da notificação dos pais ou na defesa prévia, cumpridas as
responsável. § 1o Sendo outra a medida
diligências e juntado o relató-
aplicada, a intimação far-se-
rio da equipe interprofissional,
Art. 185. A internação, de- -á unicamente na pessoa do
será dada a palavra ao repre-
cretada ou mantida pela auto- defensor.
sentante do Ministério Público
ridade judiciária, não poderá e ao defensor, sucessivamente, § 2o Recaindo a intimação na
ser cumprida em estabeleci- pelo tempo de vinte minutos pessoa do adolescente, deverá
mento prisional. para cada um, prorrogável por este manifestar se deseja ou
§ 1o Inexistindo na comarca mais dez, a critério da autori- não recorrer da sentença.
entidade com as caracterís- dade judiciária, que em segui-
ticas definidas no art. 123, o da proferirá decisão.
adolescente deverá ser ime- Seção VI – Da Apuração de
diatamente transferido para a Art. 187. Se o adolescente, Irregularidades em Entidade
localidade mais próxima. devidamente notificado, não de Atendimento
comparecer, injustificadamen-
§ 2o Sendo impossível a pron- te à audiência de apresenta- Art. 191. O procedimento
ta transferência, o adolescen- ção, a autoridade judiciária de apuração de irregularida-
te aguardará sua remoção em designará nova data, determi- des em entidade governamen-
repartição policial, desde que nando sua condução coerciti- tal e não governamental terá
em SEÇÃO isolada dos adultos va. início mediante portaria da
e com instalações apropria- autoridade judiciária ou re-
das, não podendo ultrapassar Art. 188. A remissão, como presentação do Ministério Pú-
o prazo máximo de cinco dias, forma de extinção ou suspen- blico ou do Conselho Tutelar,
sob pena de responsabilidade. são do processo, poderá ser onde conste, necessariamente,
aplicada em qualquer fase do resumo dos fatos.
Art. 186. Comparecendo procedimento, antes da sen-
o adolescente, seus pais ou tença. Parágrafo único. Havendo moti-
responsável, a autoridade ju- vo grave, poderá a autoridade
diciária procederá à oitiva dos Art. 189. A autoridade ju- judiciária, ouvido o Ministério
mesmos, podendo solicitar diciária não aplicará qualquer Público, decretar liminarmente
opinião de profissional quali- medida, desde que reconheça o afastamento provisório do
ficado. na sentença: dirigente da entidade, median-
§ 1o Se a autoridade judiciária te decisão fundamentada.
I – estar provada a inexistência
entender adequada a remis- do fato;
são, ouvirá o representante do Art. 192. O dirigente da
Ministério Público, proferindo II – não haver prova da existên- entidade será citado para, no
cia do fato; prazo de dez dias, oferecer res-
decisão.
posta escrita, podendo juntar
III – não constituir o fato ato
§ 2o Sendo o fato grave, passí- documentos e indicar as pro-
infracional;
vel de aplicação de medida de vas a produzir.
internação ou colocação em IV – não existir prova de ter o
regime de semiliberdade, a au- adolescente concorrido para o Art. 193. Apresentada ou
toridade judiciária, verificando ato infracional. não a resposta, e sendo neces-

622
sário, a autoridade judiciária § 2o Sempre que possível, à
designará audiência de instru- verificação da infração seguir-
Seção VIII – Da
ção e julgamento, intimando se-á a lavratura do auto, certi- Habilitação de Pretendentes
as partes. ficando-se, em caso contrário, à Adoção75
dos motivos do retardamento.
§ 1o Salvo manifestação em Art. 197-A. Os postulan-
audiência, as partes e o Minis- Art. 195. O requerido terá tes à adoção, domiciliados no
tério Público terão cinco dias prazo de dez dias para apre- Brasil, apresentarão petição
para oferecer alegações finais, sentação de defesa, contado inicial na qual conste:76
decidindo a autoridade judici- da data da intimação, que será I – qualificação completa;
ária em igual prazo. feita:
II – dados familiares;
§ 2o Em se tratando de afas- I – pelo autuante, no próprio
tamento provisório ou defini- auto, quando este for lavrado III – cópias autenticadas de
tivo de dirigente de entidade na presença do requerido; certidão de nascimento ou ca-
governamental, a autoridade samento, ou declaração relati-
II – por oficial de justiça ou
judiciária oficiará à autoridade va ao período de união estável;
funcionário legalmente habili-
administrativa imediatamente tado, que entregará cópia do IV – cópias da cédula de iden-
superior ao afastado, marcan- auto ou da representação ao tidade e inscrição no Cadastro
do prazo para a substituição. requerido, ou a seu represen- de Pessoas Físicas;
§ 3o Antes de aplicar qualquer tante legal, lavrando certidão;
V – comprovante de renda e
das medidas, a autoridade III – por via postal, com aviso domicílio;
judiciária poderá fixar prazo de recebimento, se não for en-
para a remoção das irregula- contrado o requerido ou seu VI – atestados de sanidade físi-
ridades verificadas. Satisfeitas representante legal; ca e mental;
as exigências, o processo será
IV – por edital, com prazo de VII – certidão de antecedentes
extinto, sem julgamento de
trinta dias, se incerto ou não criminais;
mérito.
sabido o paradeiro do reque-
VIII – certidão negativa de dis-
§ 4o A multa e a advertência rido ou de seu representante
legal. tribuição cível.
serão impostas ao dirigente
da entidade ou programa de
Art. 196. Não sendo apre- Art. 197-B. A autorida-
atendimento.
sentada a defesa no prazo de judiciária, no prazo de 48
legal, a autoridade judiciária (quarenta e oito) horas, dará
Seção VII – Da Apuração dará vista dos autos do Minis- vista dos autos ao Ministério
tério Público, por cinco dias, Público, que no prazo de 5
de Infração Administrativa (cinco) dias poderá:77
decidindo em igual prazo.
às Normas de Proteção à
Criança e ao Adolescente I – apresentar quesitos a se-
Art. 197. Apresentada a rem respondidos pela equipe
defesa, a autoridade judiciária
Art. 194. O procedimento interprofissional encarregada
procederá na conformidade
para imposição de penalidade de elaborar o estudo técnico a
do artigo anterior, ou, sendo
administrativa por infração às necessário, designará audiên- que se refere o art. 197-C desta
normas de proteção à criança cia de instrução e julgamen- Lei;
e ao adolescente terá início por to.74 II – requerer a designação de
representação do Ministério audiência para oitiva dos pos-
Público, ou do Conselho Tu- Parágrafo único. Colhida a prova tulantes em juízo e testemu-
telar, ou auto de infração ela- oral, manifestar-se-ão sucessi- nhas;
borado por servidor efetivo ou vamente o Ministério Público
voluntário credenciado, e assi- e o procurador do requerido, III – requerer a juntada de do-
nado por duas testemunhas, pelo tempo de vinte minutos cumentos complementares e
se possível. para cada um, prorrogável por a realização de outras diligên-
mais dez, a critério da autori- cias que entender necessárias.
§ 1o No procedimento inicia- dade judiciária, que em segui-
do com o auto de infração, da proferirá sentença.
poderão ser usadas fórmulas
impressas, especificando-se a 75
Lei no 12.010/2009.
natureza e as circunstâncias 76
Lei no 12.010/2009.
da infração. 74
Lei no 12.010/2009. 77
Lei no 12.010/2009.

623
Art. 197-C. Intervirá no fei- decidirá acerca das diligências cesso Civil), com as seguintes
to, obrigatoriamente, equipe requeridas pelo Ministério Pú- adaptações: 81
interprofissional a serviço da blico e determinará a juntada
I – os recursos serão interpos-
Justiça da Infância e da Juven- do estudo psicossocial, de- tos independentemente de
tude, que deverá elaborar es- signando, conforme o caso, preparo;
tudo psicossocial, que conterá audiência de instrução e julga-
subsídios que permitam aferir mento.79 II – em todos os recursos, salvo
a capacidade e o preparo dos nos embargos de declaração, o
postulantes para o exercício Parágrafo único. Caso não sejam prazo para o Ministério Públi-
de uma paternidade ou mater- requeridas diligências, ou sen- co e para a defesa será sempre
nidade responsável, à luz dos do essas indeferidas, a autori- de 10 (dez) dias;
requisitos e princípios desta dade judiciária determinará a III – os recursos terão preferên-
Lei.78 juntada do estudo psicosso- cia de julgamento e dispensa-
§ 1o É obrigatória a participa- cial, abrindo a seguir vista dos rão revisor;
ção dos postulantes em pro- autos ao Ministério Público,
por 5 (cinco) dias, decidindo IV – (revogado);
grama oferecido pela Justiça
da Infância e da Juventude pre- em igual prazo. V – (revogado);
ferencialmente com apoio dos
Art. 197-E. Deferida a habi- VI – (revogado);
técnicos responsáveis pela exe-
cução da política municipal de litação, o postulante será ins- VII – antes de determinar a
garantia do direito à convivên- crito nos cadastros referidos remessa dos autos à superior
cia familiar, que inclua prepa- no art. 50 desta Lei, sendo a instância, no caso de apela-
ração psicológica, orientação sua convocação para a adoção ção, ou do instrumento, no
e estímulo à adoção inter-ra- feita de acordo com ordem caso de agravo, a autoridade
cial, de crianças maiores ou cronológica de habilitação e judiciária proferirá despacho
de adolescentes, com necessi- conforme a disponibilidade de fundamentado, mantendo
dades específicas de saúde ou crianças ou adolescentes ado- ou reformando a decisão, no
com deficiências e de grupos táveis.80 prazo de cinco dias;
de irmãos.
§ 1o A ordem cronológica das VIII – mantida a decisão ape-
§ 2o Sempre que possível e re- habilitações somente poderá lada ou agravada, o escrivão
comendável, a etapa obriga- deixar de ser observada pela remeterá os autos ou o ins-
tória da preparação referida autoridade judiciária nas hipó- trumento à superior instân-
no § 1o deste artigo inclui- teses previstas no § 13 do art. cia dentro de vinte e quatro
rá o contato com crianças e 50 desta Lei, quando compro- horas, independentemente de
adolescentes em regime de vado ser essa a melhor solução novo pedido do recorrente;
acolhimento familiar ou insti- no interesse do adotando. se a reformar, a remessa dos
tucional em condições de se- autos dependerá de pedido
rem adotados, a ser realizado § 2o A recusa sistemática na expresso da parte interessada
sob a orientação, supervisão adoção das crianças ou ado- ou do Ministério Público, no
e avaliação da equipe técni- lescentes indicados importará prazo de cinco dias, contados
ca da Justiça da Infância e da na reavaliação da habilitação da intimação.
Juventude, com o apoio dos concedida.
técnicos responsáveis pelo Art. 199. Contra as deci-
programa de acolhimento fa- Capítulo IV – Dos sões proferidas com base no
miliar ou institucional e pela Recursos art. 149 caberá recurso de
execução da política municipal apelação.
de garantia do direito à convi- Art. 198. Nos procedimen-
vência familiar. tos afetos à Justiça da Infân- Art. 199-A. A sentença que
cia e da Juventude, inclusive deferir a adoção produz efeito
Art. 197-D. Certificada nos os relativos à execução das desde logo, embora sujeita a
autos a conclusão da partici- medidas socioeducativas, apelação, que será recebida
pação no programa referido adotar-se-á o sistema recursal exclusivamente no efeito de-
no art. 197-C desta Lei, a au- da Lei no 5.869, de 11 de ja- volutivo, salvo se se tratar de
toridade judiciária, no prazo neiro de 1973 (Código de Pro- adoção internacional ou se
de 48 (quarenta e oito) horas,

79
Lei no 12.010/2009. 81
Leis nos 12.010/2009
78
Lei no 12.010/2009. 80
Lei no 12.010/2009. e 12.594/2012.

624
houver perigo de dano irrepa- Capítulo V – Do justificado, requisitar
rável ou de difícil reparação Ministério Público condução coercitiva,
ao adotando.82 inclusive pela polícia
Art. 200. As funções do Mi- civil ou militar;
Art. 199-B. A sentença que nistério Público previstas nesta
Lei serão exercidas nos termos b) requisitar informações,
destituir ambos ou qualquer
da respectiva lei orgânica. exames, perícias e do-
dos genitores do poder fami- cumentos de autori-
liar fica sujeita a apelação, dades municipais, es-
que deverá ser recebida ape- Art. 201. Compete ao Mi-
nistério Público: 87 taduais e federais, da
nas no efeito devolutivo.83 administração direta
I – conceder a remissão como ou indireta, bem como
Art. 199-C. Os recursos forma de exclusão do proces- promover inspeções e
nos procedimentos de adoção so; diligências investigató-
e de destituição de poder fa- rias;
miliar, em face da relevância II – promover e acompanhar
os procedimentos relativos às c) requisitar informações
das questões, serão processa-
infrações atribuídas a adoles- e documentos a par-
dos com prioridade absoluta,
centes; ticulares e instituições
devendo ser imediatamente
distribuídos, ficando vedado III – promover e acompanhar privadas;
que aguardem, em qualquer as ações de alimentos e os VII – instaurar sindicâncias,
situação, oportuna distribui- procedimentos de suspensão e requisitar diligências investiga-
ção, e serão colocados em destituição do poder familiar, tórias e determinar a instaura-
mesa para julgamento sem nomeação e remoção de tu- ção de inquérito policial, para
revisão e com parecer urgente tores, curadores e guardiães, apuração de ilícitos ou infra-
do Ministério Público.84 bem como oficiar em todos ções às normas de proteção à
os demais procedimentos da infância e à juventude;
Art. 199-D. O relator de- competência da Justiça da In-
verá colocar o processo em fância e da Juventude; VIII – zelar pelo efetivo respeito
mesa para julgamento no pra- aos direitos e garantias legais
IV – promover, de ofício ou por
assegurados às crianças e ado-
zo máximo de 60 (sessenta) solicitação dos interessados, a
lescentes, promovendo as me-
dias, contado da sua conclu- especialização e a inscrição de
didas judiciais e extrajudiciais
são.85 hipoteca legal e a prestação de
cabíveis;
contas dos tutores, curadores
Parágrafo único. O Ministério e quaisquer administradores IX – impetrar mandado de se-
Público será intimado da data de bens de crianças e adoles- gurança, de injunção e habeas
do julgamento e poderá na centes nas hipóteses do art. corpus, em qualquer juízo, ins-
sessão, se entender necessá- 98; tância ou tribunal, na defesa
rio, apresentar oralmente seu V – promover o inquérito civil dos interesses sociais e indi-
parecer. e a ação civil pública para a viduais indisponíveis afetos à
proteção dos interesses indi- criança e ao adolescente;
Art. 199-E. O Ministério viduais, difusos ou coletivos X – representar ao juízo visan-
Público poderá requerer a relativos à infância e à adoles- do à aplicação de penalidade
instauração de procedimen- cência, inclusive os definidos por infrações cometidas con-
to para apuração de respon- no art. 220, § 3o inciso II, da tra as normas de proteção à
sabilidades se constatar o Constituição Federal; infância e à juventude, sem
descumprimento das provi- prejuízo da promoção da res-
VI – instaurar procedimentos
dências e do prazo previstos ponsabilidade civil e penal do
administrativos e, para instruí-
nos artigos anteriores.86 infrator, quando cabível;
-los:
a) expedir notificações XI – inspecionar as entida-
para colher depoimen- des públicas e particulares de
tos ou esclarecimen- atendimento e os programas
tos e, em caso de não de que trata esta Lei, ado-
82
Lei no 12.010/2009. comparecimento in- tando de pronto as medidas
83
Lei no 12.010/2009. administrativas ou judiciais
84
Lei no 12.010/2009. necessárias à remoção de ir-
85
Lei no 12.010/2009. regularidades porventura veri-
86
Lei no 12.010/2009. 87
Lei no 12.010/2009. ficadas;

625
XII – requisitar força policial, Art. 202. Nos processos de, a todo tempo, constituir
bem como a colaboração dos e procedimentos em que não outro de sua preferência.
serviços médicos, hospitala- for parte, atuará obrigatoria-
§ 2o A ausência do defensor
res, educacionais e de assis- mente o Ministério Público na
não determinará o adiamento
tência social, públicos ou pri- defesa dos direitos e interesses
de nenhum ato do processo,
vados, para o desempenho de de que cuida esta Lei, hipóte-
devendo o juiz nomear subs-
suas atribuições. se em que terá vista dos autos
tituto, ainda que provisoria-
depois das partes, podendo
§ 1o A legitimação do Minis- mente, ou para o só efeito do
juntar documentos e requerer
tério Público para as ações ato.
diligências, usando os recursos
cíveis previstas neste artigo
cabíveis. § 3o Será dispensada a outorga
não impede a de terceiros, nas de mandato, quando se tratar
mesmas hipóteses, segundo Art. 203. A intimação do de defensor nomeado ou, sido
dispuserem a Constituição e Ministério Público, em qual- constituído, tiver sido indica-
esta Lei. quer caso, será feita pessoal- do por ocasião de ato formal
§ 2o As atribuições constantes mente. com a presença da autoridade
deste artigo não excluem ou- judiciária.
tras, desde que compatíveis Art. 204. A falta de inter-
com a finalidade do Ministério venção do Ministério Público Capítulo VII – Da
Público. acarreta a nulidade do feito, Proteção Judicial dos
que será declarada de ofício Interesses Individuais,
§ 3o O representante do Minis- pelo juiz ou a requerimento de
tério Público, no exercício de Difusos e Coletivos
qualquer interessado.
suas funções, terá livre acesso
a todo local onde se encontre Art. 208. Regem-se pelas
Art. 205. As manifestações
criança ou adolescente. disposições desta Lei as ações
processuais do representante
de responsabilidade por ofen-
§ 4o O representante do Minis- do Ministério Público deverão
sa aos direitos assegurados à
tério Público será responsável ser fundamentadas.
criança e ao adolescente, refe-
pelo uso indevido das infor- rentes ao não oferecimento ou
mações e documentos que re- Capítulo VI – Do
oferta irregular: 88
quisitar, nas hipóteses legais Advogado
de sigilo. I – do ensino obrigatório;
Art. 206. A criança ou o
§ 5o Para o exercício da atri- adolescente, seus pais ou res- II – de atendimento educacio-
buição de que trata o inciso ponsável, e qualquer pessoa nal especializado aos portado-
VIII deste artigo, poderá o que tenha legítimo interesse res de deficiência;
representante do Ministério na solução da lide poderão III – de atendimento em cre-
Público: intervir nos procedimentos de che e pré-escola às crianças de
a) reduzir a termo as de- que trata esta Lei, através de zero a seis anos de idade;
clarações do reclaman- advogado, o qual será intima-
do para todos os atos, pes- IV – de ensino noturno regu-
te, instaurando o com- lar, adequado às condições do
petente procedimento, soalmente ou por publicação
oficial, respeitado o segredo educando;
sob sua presidência;
de justiça. V – de programas suplementa-
b) entender-se diretamen- res de oferta de material didá-
te com a pessoa ou Parágrafo único. Será prestada tico-escolar, transporte e as-
autoridade reclamada, assistência judiciária integral sistência à saúde do educando
em dia, local e horário e gratuita àqueles que dela ne- do ensino fundamental;
previamente notifica- cessitarem.
dos ou acertados; VI – de serviço de assistência
Art. 207. Nenhum adoles- social visando à proteção à
c) efetuar recomendações família, à maternidade, à in-
cente a quem se atribua a prá-
visando à melhoria dos fância e à adolescência, bem
tica de ato infracional, ainda
serviços públicos e de como ao amparo às crianças
que ausente ou foragido, se-
relevância pública afe-
ráprocessado sem defensor.
tos à criança e ao ado-
lescente, fixando prazo § 1o Se o adolescente não tiver
razoável para sua per- defensor, ser-lhe-á nomeado 88
Leis nos 11.259/2005,
feita adequação. pelo juiz, ressalvado o direito 12.010/2009 e 12.594/2012.

626
e adolescentes que dele neces- II – a União, os estados, os mu- determinará providências que
sitem; nicípios, o Distrito Federal e os assegurem o resultado prático
territórios; equivalente ao do adimple-
VII – de acesso às ações e servi-
mento.
ços de saúde; III – as associações legalmen-
te constituídas há pelo menos § 1o Sendo relevante o funda-
VIII – de escolarização e profis-
um ano e que incluam entre mento da demanda e havendo
sionalização dos adolescentes
seus fins institucionais a defesa justificado receio de ineficácia
privados de liberdade;
dos interesses e direitos prote- do provimento final, é lícito
IX – de ações, serviços e pro- gidos por esta Lei, dispensada ao juiz conceder a tutela limi-
gramas de orientação, apoio e a autorização da assembléia, narmente ou após justificação
promoção social de famílias e se houver prévia autorização prévia, citando o réu.
destinados ao pleno exercício estatutária.
§ 2o O juiz poderá, na hipóte-
do direito à convivência fami-
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio se do parágrafo anterior ou na
liar por crianças e adolescen-
facultativo entre os Ministérios sentença, impor multa diária
tes;
Públicos da União e dos esta- ao réu, independentemente
X – de programas de atendi- dos na defesa dos interesses e de pedido do autor, se for su-
mento para a execução das direitos de que cuida esta Lei. ficiente ou compatível com a
medidas socioeducativas e obrigação, fixando prazo ra-
§ 2o Em caso de desistência ou
aplicação de medidas de pro- zoável para o cumprimento do
abandono da ação por asso-
teção. preceito.
ciação legitimada, o Ministério
§ 1o As hipóteses previstas nes- Público ou outro legitimado § 3o A multa só será exigível
te artigo não excluem da pro- poderá assumir a titularidade do réu após o trânsito em jul-
teção judicial outros interesses ativa. gado da sentença favorável ao
individuais, difusos ou coleti- autor, mas será devida desde o
vos, próprios da infância e da Art. 211. Os órgãos pú- dia em que se houver configu-
adolescência, protegidos pela blicos legitimados poderão rado o descumprimento.
Constituição e pela Lei. tomar dos interessados com-
promisso de ajustamento de Art. 214. Os valores das
§ 2o A investigação do desa-
sua conduta às exigências le- multas reverterão ao fundo
parecimento de crianças ou
gais, o qual terá eficácia de TÍ- gerido pelo Conselho dos Di-
adolescentes será realizada
TULO executivo extrajudicial. reitos da Criança e do Adoles-
imediatamente após notifica-
cente do respectivo município.
ção aos órgãos competentes,
Art. 212. Para defesa dos
que deverão comunicar o fato § 1o As multas não recolhidas
direitos e interesses protegidos
aos portos, aeroportos, Polícia até trinta dias após o trânsito
por esta Lei, são admissíveis
Rodoviária e companhias de em julgado da decisão serão
todas as espécies de ações per-
transporte interestaduais e in- exigidas através de execução
tinentes.
ternacionais, fornecendo-lhes promovida pelo Ministério
todos os dados necessários à § 1o Aplicam-se às ações pre- Público, nos mesmos autos,
identificação do desaparecido. vistas neste Capítulo as nor- facultada igual iniciativa aos
mas do Código de Processo demais legitimados.
Art. 209. As ações previstas Civil.
§ 2o Enquanto o fundo não
neste Capítulo serão propos-
§ 2o Contra atos ilegais ou for regulamentado, o di-
tas no foro do local onde ocor-
abusivos de autoridade públi- nheiro ficará depositado em
reu ou deva ocorrer a ação ou
ca ou agente de pessoa jurídi- estabelecimento oficial de cré-
omissão, cujo juízo terá com-
ca no exercício de atribuições dito, em conta com correção
petência absoluta para pro-
do poder público, que lesem monetária.
cessar a causa, ressalvadas a
direito líquido e certo previsto
competência da Justiça Fede-
nesta Lei, caberá ação man- Art. 215. O juiz poderá
ral e a competência originária
damental, que se regerá pelas conferir efeito suspensivo aos
dos tribunais superiores.
normas da lei do mandado de recursos, para evitar dano irre-
segurança. parável à parte.
Art. 210. Para as ações cí-
veis fundadas em interesses
Art. 213. Na ação que te- Art. 216. Transitada em
coletivos ou difusos, conside-
nha por objeto o cumprimento julgado a sentença que im-
ram-se legitimados concorren-
de obrigação de fazer ou não puser condenação ao poder
temente:
fazer, o juiz concederá a tute- público, o juiz determinará a
I – o Ministério Público; la específica da obrigação ou remessa de peças à autorida-

627
de competente, para apuração des competentes as certidões e disposições da Lei no 7.347, de
da responsabilidade civil e ad- informações que julgar neces- 24 de julho de 1985.
ministrativa do agente a que se sárias, que serão fornecidas no
atribua a ação ou omissão. prazo de quinze dias.

Art. 217. Decorridos ses- Art. 223. O Ministério Pú- Título VII – Dos
senta dias do trânsito em blico poderá instaurar, sob sua Crimes e Das Infrações
julgado da sentença condena- presidência, inquérito civil, ou Administrativas
tória sem que a associação au- requisitar, de qualquer pessoa,
tora lhe promova a execução, organismo público ou parti-
deverá fazê-lo o Ministério Pú- cular, certidões, informações, Capítulo I – Dos Crimes
blico, facultada igual iniciativa exames ou perícias, no pra-
aos demais legitimados. zo que assinalar, o qual não
poderá ser inferior a dez dias Seção I – Disposições Gerais
Art. 218. O juiz condenará úteis.
a associação autora a pagar ao Art. 225. Este Capítulo dis-
réu os honorários advocatícios § 1o Se o órgão do Ministério põe sobre crimes praticados
arbitrados na conformidade do Público, esgotadas todas as di- contra a criança e o adoles-
§ 4o do art. 20 da Lei no 5.869, ligências, se convencer da ine- cente, por ação ou omissão,
de 11 de janeiro de 1973 (Có- xistência de fundamento para sem prejuízo do disposto na
digo de Processo Civil), quando a propositura da ação cível, legislação penal.
reconhecer que a pretensão é promoverá o arquivamento
manifestamente infundada. dos autos do inquérito civil ou Art. 226. Aplicam-se aos
das peças informativas, fazen- crimes definidos nesta Lei as
Parágrafo único. Em caso de liti- do-o fundamentadamente. normas da Parte Geral do
gância de má-fé, a associação Código Penal e, quanto ao
autora e os diretores responsá- § 2o Os autos do inquérito civil
ou as peças de informação ar- processo, as pertinentes ao
veis pela propositura da ação Código de Processo Penal.
serão solidariamente conde- quivados serão remetidos, sob
nados ao décuplo das custas, pena de se incorrer em falta
grave, no prazo de três dias, ao Art. 227. Os crimes defini-
sem prejuízo de responsabili-
Conselho Superior do Ministé- dos nesta Lei são de ação pú-
dade por perdas e danos.
rio Público. blica incondicionada.
Art. 219. Nas ações de que § 3o Até que seja homologa-
trata este Capítulo, não haverá
adiantamento de custas, emo-
da ou rejeitada a promoção Seção II – Dos Crimes em
de arquivamento, em sessão Espécie
lumentos, honorários periciais do Conselho Superior do Mi-
e quaisquer outras despesas.
nistério público, poderão as Art. 228. Deixar o encarre-
associações legitimadas apre- gado de serviço ou o dirigente
Art. 220. Qualquer pessoa
sentar razões escritas ou do- de estabelecimento de atenção
poderá e o servidor público
cumentos, que serão juntados à saúde de gestante de manter
deverá provocar a iniciativa do
Ministério Público, prestan- aos autos do inquérito ou ane- registro das atividades desen-
do-lhe informações sobre fa- xados às peças de informação. volvidas, na forma e prazo
tos que constituam objeto de § 4o A promoção de arquiva- referidos no art. 10 desta Lei,
ação civil, e indicando-lhe os mento será submetida a exa- bem como de fornecer à par-
elementos de convicção. me e deliberação do Conselho turiente ou a seu responsável,
Superior do Ministério Públi- por ocasião da alta médica,
Art. 221. Se, no exercício declaração de nascimento,
co, conforme dispuser o seu
de suas funções, os juízos e tri- onde constem as intercorrên-
regimento.
bunais tiverem conhecimento cias do parto e do desenvolvi-
de fatos que possam ensejar a § 5o Deixando o Conselho mento do neonato:
propositura de ação civil, re- Superior de homologar a
Pena – detenção de seis meses
meterão peças ao Ministério promoção de arquivamento,
a dois anos.
Público para as providências designará, desde logo, outro
cabíveis. órgão do Ministério Público
Parágrafo único. Se o crime é cul-
para o ajuizamento da ação.
poso:
Art. 222. Para instruir a
petição inicial, o interessado Art. 224. Aplicam-se subsi- Pena – detenção de dois a seis
poderá requerer às autorida- diariamente, no que couber, as meses, ou multa.

628
Art. 229. Deixar o médico, Art. 234. Deixar a autori- Pena – reclusão de quatro a
enfermeiro ou dirigente de es- dade competente, sem justa seis anos, e multa.
tabelecimento de atenção à causa, de ordenar a imediata
saúde de gestante de identifi- liberação de criança ou ado- Parágrafo único. Se há emprego
car corretamente o neonato e lescente, tão logo tenha co- de violência, grave ameaça ou
a parturiente, por ocasião do nhecimento da ilegalidade da fraude:
parto, bem como deixar de apreensão: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8
proceder aos exames referidos Pena – detenção de seis meses (oito) anos, além da pena cor-
no art. 10 desta Lei: a dois anos. respondente à violência.
Pena – detenção de seis meses
Art. 235. Descumprir, in- Art. 240. Produzir, repro-
a dois anos. duzir, dirigir, fotografar, fil-
justificadamente, prazo fixado
nesta Lei em benefício de ado- mar ou registrar, por qualquer
Parágrafo único. Se o crime é cul- meio, cena de sexo explícito
lescente privado de liberdade:
poso: ou pornográfica, envolvendo
Pena – detenção de seis meses criança ou adolescente:91
Pena – detenção de dois a seis a dois anos.
meses, ou multa.
Pena – reclusão, de 4 (quatro)
Art. 236. Impedir ou emba- a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 230. Privar a criança raçar a ação de autoridade ju-
ou o adolescente de sua liber- diciária, membro do Conselho § 1o Incorre nas mesmas penas
dade, procedendo à sua apre- Tutelar ou representante do quem agencia, facilita, recru-
ensão sem estar em flagrante Ministério Público no exercício ta, coage, ou de qualquer mo-
de ato infracional ou inexistin- de função prevista nesta Lei: do intermedeia a participação
do ordem escrita da autorida- de criança ou adolescente nas
Pena – detenção de seis meses cenas referidas no caput deste
de judiciária competente:
a dois anos. artigo, ou ainda quem com es-
Pena – detenção de seis meses ses contracena.
a dois anos. Art. 237. Subtrair criança
ou adolescente ao poder de § 2o Aumenta-se a pena de 1/3
Parágrafo único. Incide na mes- quem o tem sob sua guarda (um terço) se o agente comete
ma pena aquele que procede em virtude de lei ou ordem ju- o crime:
à apreensão sem observância dicial, com o fim de colocação I – no exercício de cargo ou
das formalidades legais. em lar substituto: função pública ou a pretexto
Pena – reclusão de dois a seis de exercê-la;
Art. 231. Deixar a auto- anos, e multa. II – prevalecendo-se de rela-
ridade policial responsável ções domésticas, de coabita-
pela apreensão de criança ou Art. 238. Prometer ou efeti- ção ou de hospitalidade; ou
adolescente de fazer imediata var a entrega de filho ou pupilo
comunicação à autoridade ju- a terceiro, mediante paga ou III – prevalecendo-se de rela-
diciária competente e à família recompensa: ções de parentesco consan-
do apreendido ou à pessoa por guíneo ou afim até o terceiro
Pena – reclusão de um a quatro grau, ou por adoção, de tutor,
ele indicada: anos, e multa. curador, preceptor, emprega-
Pena – detenção de seis meses dor da vítima ou de quem, a
a dois anos. Parágrafo único. Incide nas mes- qualquer outro TÍTULO, tenha
mas penas quem oferece ou autoridade sobre ela, ou com
Art. 232. Submeter criança efetiva a paga ou recompensa. seu consentimento.
ou adolescente sob sua auto-
ridade, guarda ou vigilância a Art. 239. Promover ou au- Art. 241. Vender ou expor
vexame ou a constrangimento: xiliar a efetivação de ato des- à venda fotografia, vídeo ou
tinado ao envio de criança ou outro registro que contenha
Pena – detenção de seis meses adolescente para o exterior cena de sexo explícito ou por-
a dois anos. com inobservância das forma- nográfica envolvendo criança
lidades legais ou com o fito de ou adolescente:92
Art. 233. (Revogado).89 obter lucro:90

91
Lei no 11.829/2008.
89
Lei no 9.455/1997. 90
Lei no 10.764/2003. 92
Lei no 11.829/2008.

629
Pena – reclusão, de 4 (quatro) § 2o Não há crime se a posse por qualquer meio de comu-
a 8 (oito) anos, e multa. ou o armazenamento tem a nicação, criança, com o fim
finalidade de comunicar às au- de com ela praticar ato libidi-
Art. 241-A. Oferecer, tro- toridades competentes a ocor- noso:96
car, disponibilizar, transmitir, rência das condutas descritas
nos arts. 240, 241, 241-A e Pena – reclusão, de 1 (um) a 3
distribuir, publicar ou divulgar
por qualquer meio, inclusive 241-C desta Lei, quando a co- (três) anos, e multa.
por meio de sistema de infor- municação for feita por:
Parágrafo único. Nas mesmas pe-
mática ou telemático, fotogra- I – agente público no exercício
fia, vídeo ou outro registro que nas incorre quem:
de suas funções;
contenha cena de sexo explíci- I – facilita ou induz o acesso à
to ou pornográfica envolvendo II – membro de entidade, legal- criança de material contendo
criança ou adolescente:93 mente constituída, que inclua, cena de sexo explícito ou por-
entre suas finalidades institu- nográfica com o fim de com
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 cionais, o recebimento, o pro-
(seis) anos, e multa. ela praticar ato libidinoso;
cessamento e o encaminha-
§ 1o Nas mesmas penas incorre mento de notícia dos crimes II – pratica as condutas descri-
quem: referidos neste parágrafo; tas no caput deste artigo com
o fim de induzir criança a se
I – assegura os meios ou ser- III – representante legal e fun- exibir de forma pornográfica
viços para o armazenamento cionários responsáveis de pro- ou sexualmente explícita.
das fotografias, cenas ou ima- vedor de acesso ou serviço
gens de que trata o caput deste prestado por meio de rede de Art. 241-E. Para efeito dos
artigo; computadores, até o recebi- crimes previstos nesta Lei, a ex-
mento do material relativo à pressão “cena de sexo explícito
II – assegura, por qualquer notícia feita à autoridade po-
meio, o acesso por rede de ou pornográfica” compreende
licial, ao Ministério Público ou
computadores às fotografias, qualquer situação que envolva
ao Poder Judiciário.
cenas ou imagens de que trata criança ou adolescente em ati-
o caput deste artigo. § 3o As pessoas referidas no § vidades sexuais explícitas, reais
2o deste artigo deverão man- ou simuladas, ou exibição dos
§ 2o As condutas tipificadas ter sob sigilo o material ilícito órgãos genitais de uma criança
nos incisos I e II do § 1o deste referido. ou adolescente para fins pri-
artigo são puníveis quando o mordialmente sexuais.
responsável legal pela presta- Art. 241-C. Simular a parti-
ção do serviço, oficialmente cipação de criança ou adoles- Art. 242. Vender, fornecer
notificado, deixa de desabilitar cente em cena de sexo explícito ainda que gratuitamente ou
o acesso ao conteúdo ilícito de ou pornográfica por meio de entregar, de qualquer forma, a
que trata o caput deste artigo. adulteração, montagem ou criança ou adolescente arma,
modificação de fotografia, ví- munição ou explosivo:
Art. 241-B. Adquirir, pos- deo ou qualquer outra forma
suir ou armazenar, por qual- de representação visual:95 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6
quer meio, fotografia, vídeo (seis) anos.
ou outra forma de registro que Pena – reclusão, de 1 (um) a 3
contenha cena de sexo explíci- (três) anos, e multa. Art. 243. Vender, fornecer,
to ou pornográfica envolvendo servir, ministrar ou entregar,
criança ou adolescente:94 Parágrafo único. Incorre nas ainda que gratuitamente, de
mesmas penas quem vende, qualquer forma, a criança ou
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 expõe à venda, disponibiliza, a adolescente, bebida alcoóli-
distribui, publica ou divulga ca ou, sem justa causa, outros
(quatro) anos, e multa.
por qualquer meio, adquire, produtos cujos componentes
§ 1o A pena é diminuída de 1 possui ou armazena o material possam causar dependência
(um) a 2/3 (dois terços) se de produzido na forma do caput
física ou psíquica:97
pequena quantidade o mate- deste artigo.
rial a que se refere o caput des- Pena – detenção de 2 (dois) a
te artigo. Art. 241-D. Aliciar, asse- 4 (quatro) anos, e multa, se o
diar, instigar ou constranger,

93
Lei no 11.829/2008. 96
Lei no 11.829/2008.
94
Lei no 11.829/2008. 95
Lei no 11.829/2008. 97
Lei no 13.106/2015.

630
fato não constitui crime mais § 2o As penas previstas no ato infracional, ou qualquer
grave. caput deste artigo são aumen- ilustração que lhe diga respeito
tadas de um terço no caso de a ou se refira a atos que lhe sejam
Art. 244. Vender, fornecer infração cometida ou induzida atribuídos, de forma a permi-
ainda que gratuitamente ou estar incluída no rol do art. 1o tir sua identificação, direta ou
entregar, de qualquer forma, da Lei no 8.072, de 25 de julho indiretamente.
a criança ou adolescente fogos de 1990.
§ 2o Se o fato for praticado por
de estampido ou de artifício, órgão de imprensa ou emisso-
exceto aqueles que, pelo seu Capítulo II – Das Infrações ra de rádio ou televisão, além
reduzido potencial, sejam in- Administrativas da pena prevista neste artigo,
capazes de provocar qualquer a autoridade judiciária pode-
dano físico em caso de utiliza- Art. 245. Deixar o médico,
rá determinar a apreensão da
professor ou responsável por
ção indevida: publicação.
estabelecimento de atenção à
Pena – detenção de seis meses saúde e de ensino fundamental,
Art. 248. Deixar de apre-
a dois anos, e multa. pré-escola ou creche, de comu-
sentar à autoridade judiciária
nicar à autoridade competente
de seu domicílio, no prazo de
Art. 244-A. Submeter os casos de que tenha conheci-
cinco dias, com o fim de regu-
criança ou adolescente, como mento, envolvendo suspeita ou
larizar a guarda, adolescente
tais definidos no caput do art. confirmação de maus-tratos
trazido de outra comarca para
2o desta Lei, à prostituição ou contra criança ou adolescente:
a prestação de serviço domés-
à exploração sexual:98 Pena – multa de três a vinte tico, mesmo que autorizado
salários de referência, apli- pelos pais ou responsável:
Pena – reclusão de quatro a dez cando-se o dobro em caso de
anos, e multa. reincidência. Pena – multa de três a vinte
§ 1o Incorrem nas mesmas pe- salários de referência, aplican-
Art. 246. Impedir o respon- do-se o dobro em caso de rein-
nas o proprietário, o gerente
sável ou funcionário de entida- cidência, independentemente
ou o responsável pelo local em
de de atendimento o exercício das despesas de retorno do
que se verifique a submissão de dos direitos constantes nos in- adolescente, se for o caso.
criança ou adolescente às prá- cisos II, III, VII, VIII e XI do art.
ticas referidas no caput deste 124 desta Lei: Art. 249. Descumprir, dolo-
artigo. sa ou culposamente, os deveres
Pena – multa de três a vinte
§ 2o Constitui efeito obri- inerentes ao pátrio poder poder
salários de referência, apli-
gatório da condenação a familiar ou decorrente de tutela
cando-se o dobro em caso de
cassação da licença de locali- ou guarda, bem assim determi-
reincidência.
zação e de funcionamento do nação da autoridade judiciária
estabelecimento. ou Conselho Tutelar:101
Art. 247. Divulgar, total ou
parcialmente, sem autorização Pena – multa de três a vinte
Art. 244-B. Corromper ou devida, por qualquer meio de salários de referência, apli-
facilitar a corrupção de menor comunicação, nome, ato ou cando-se o dobro em caso de
de 18 (dezoito) anos, com ele documento de procedimento reincidência.
praticando infração penal ou policial, administrativo ou ju-
induzindo-o a praticá-la:99 dicial relativo a criança ou ado- Art. 250. Hospedar criança
lescente a que se atribua ato ou adolescente desacompa-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 infracional:100 nhado dos pais ou responsável,
(quatro) anos. ou sem autorização escrita des-
Pena – multa de três a vinte
ses ou da autoridade judiciária,
§ 1o Incorre nas penas previs- salários de referência, apli-
em hotel, pensão, motel ou
tas no caput deste artigo quem cando-se o dobro em caso de
congênere:102
pratica as condutas ali tipifica- reincidência.
das utilizando-se de quaisquer Pena – multa.
§ 1o Incorre na mesma pena
meios eletrônicos, inclusive sa- quem exibe, total ou parcial- § 1o Em caso de reincidência,
las de bate-papo da internet. mente, fotografia de criança sem prejuízo da pena de mul-
ou adolescente envolvido em

98
Lei no 9.975/2000. 101
Lei no 12.010/2009.
99
Lei no 12.015/2009. 100
ADIN 869-2. 102
Lei no 12.038/2009.

631
ta, a autoridade judiciária po- gramação da emissora por até operacionalização dos cadas-
derá determinar o fechamento dois dias. tros previstos no art. 50 e no §
do estabelecimento por até 15 11 do art. 101 desta Lei:103
(quinze) dias. Art. 255. Exibir filme, trailer,
peça, amostra ou congênere Pena – multa de R$1.000,00
§ 2 Se comprovada a reinci-
o
classificado pelo órgão com- (mil reais) a R$3.000,00 (três
dência em período inferior a 30
petente como inadequado às mil reais).
(trinta) dias, o estabelecimento
crianças ou adolescentes admi-
será definitivamente fechado e
tidos ao espetáculo: Parágrafo único. Incorre nas mes-
terá sua licença cassada.
mas penas a autoridade que
Pena – multa de vinte a cem deixa de efetuar o cadastra-
Art. 251. Transportar crian-
salários de referência; na rein- mento de crianças e de adoles-
ça ou adolescente, por qual-
cidência, a autoridade poderá centes em condições de serem
quer meio, com inobservância
determinar a suspensão do es- adotadas, de pessoas ou ca-
do disposto nos arts. 83, 84 e
petáculo ou o fechamento do sais habilitados à adoção e de
85 desta Lei:
estabelecimento por até quinze crianças e adolescentes em re-
Pena – multa de três a vinte dias. gime de acolhimento institucio-
salários de referência, apli- nal ou familiar.
cando-se o dobro em caso de Art. 256. Vender ou locar
reincidência. a criança ou adolescente fita Art. 258-B. Deixar o médi-
de programação em vídeo, em co, enfermeiro ou dirigente de
Art. 252. Deixar o responsá- desacordo com a classificação estabelecimento de atenção à
vel por diversão ou espetáculo atribuída pelo órgão compe- saúde de gestante de efetuar
público de afixar, em lugar visí- tente: imediato encaminhamento à
vel e de fácil acesso, à entrada autoridade judiciária de caso
Pena – multa de três a vinte
do local de exibição, informa- de que tenha conhecimento de
salários de referência; em caso
ção destacada sobre a nature- mãe ou gestante interessada
de reincidência, a autoridade
za da diversão ou espetáculo e em entregar seu filho para ado-
judiciária poderá determinar o
a faixa etária especificada no ção:104
fechamento do estabelecimen-
certificado de classificação:
to por até quinze dias. Pena – multa de R$1.000,00
Pena – multa de três a vinte (mil reais) a R$3.000,00 (três
Art. 257. Descumprir obri- mil reais).
salários de referência, aplican-
gação constante dos arts. 78 e
do-se o dobro em caso de rein-
79 desta Lei: Parágrafo único. Incorre na mes-
cidência.
ma pena o funcionário de pro-
Pena – multa de três a vinte grama oficial ou comunitário
Art. 253. Anunciar peças
salários de referência, dupli- destinado à garantia do direito
teatrais, filmes ou quaisquer
cando-se a pena em caso de à convivência familiar que deixa
representações ou espetáculos,
reincidência, sem prejuízo de de efetuar a comunicação refe-
sem indicar os limites de idade
apreensão da revista ou publi- rida no caput deste artigo.
a que não se recomendem:
cação.
Pena – multa de três a vinte sa- Art. 258-C. Descumprir a
Art. 258. Deixar o respon- proibição estabelecida no inci-
lários de referência, duplicada
sável pelo estabelecimento ou so II do art. 81:105
em caso de reincidência, apli-
o empresário de observar o que
cável, separadamente, à casa Pena – multa de R$3.000,00
dispõe esta Lei sobre o acesso
de espetáculo e aos órgãos de (três mil reais) a R$10.000,00
de criança ou adolescente aos
divulgação ou publicidade.
locais de diversão, ou sobre sua (dez mil reais);
participação no espetáculo:
Art. 254. Transmitir, atra- Medida Administrativa – inter-
vés de rádio ou televisão, espe- Pena – multa de três a vinte dição do estabelecimento co-
táculo em horário diverso do salários de referência; em caso mercial até o recolhimento da
autorizado ou sem aviso de sua de reincidência, a autoridade multa aplicada.106
classificação: judiciária poderá determinar o
fechamento do estabelecimen-
Pena – multa de vinte a cem to por até quinze dias.
salários de referência; dupli- 103
Lei no 12.010/2009.
cada em caso de reincidência Art. 258-A. Deixar a au- 104
Lei no 12.010/2009.
a autoridade judiciária poderá toridade competente de 105
Lei no 13.106/2015.
determinar a suspensão da pro- providenciar a instalação e 106
Lei no 13.106/2015.

632
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 259. A União, no prazo sa dos Direitos de Crianças e do art. 260 diretamente em
de noventa dias contados da Adolescentes à Convivência sua Declaração de Ajuste Anu-
publicação deste Estatuto, ela- Familiar e Comunitária e as do al.108
borará projeto de lei dispondo Plano Nacional pela Primeira
§ 1o A doação de que trata o
sobre a criação ou adaptação Infância.
caput poderá ser deduzida até
de seus órgãos às diretrizes da
§ 2o Os Conselhos Nacional, os seguintes percentuais apli-
política de atendimento fixa-
Estaduais e Municipais dos cados sobre o imposto apura-
das no art. 88 e ao que estabe-
Direitos da Criança e do Ado- do na declaração:
lece o Título V do Livro II.
lescente fixarão critérios de
I – (vetado);
utilização, por meio de planos
Parágrafo único. Compete aos
de aplicação, das dotações II – (vetado);
estados e municípios promo-
subsidiadas e demais receitas,
verem a adaptação de seus III – 3% (três por cento) a partir
aplicando necessariamente
órgãos e programas às diretri- do exercício de 2012.
percentual para incentivo ao
zes e princípios estabelecidos
acolhimento, sob a forma de § 2o A dedução de que trata o
nesta Lei.
guarda, de crianças e adoles- caput:
centes e para programas de
Art. 260. Os contribuintes I – está sujeita ao limite de 6%
atenção integral à primeira
poderão efetuar doações aos (seis por cento) do imposto
infância em áreas de maior
Fundos dos Direitos da Crian- sobre a renda apurado na de-
carência socieconômica e em
ça e do Adolescente nacional, claração de que trata o inciso
situações de calamidade.
distrital, estaduais ou munici- II do caput do art. 260;
pais, devidamente comprova- § 3o O Departamento da Re-
II – não se aplica à pessoa fí-
das, sendo essas integralmente ceita Federal, do Ministério da
sica que:
deduzidas do imposto de ren- Economia, Fazenda e Planeja-
da, obedecidos os seguintes mento, regulamentará a com- a) utilizar o desconto sim-
limites:107 provação das doações feitas plificado;
aos fundos, nos termos deste
I – 1% (um por cento) do im- b) apresentar declaração
artigo.
posto sobre a renda devido em formulário; ou
apurado pelas pessoas jurídi- § 4o O Ministério Público de-
c) entregar a declaração
cas tributadas com base no terminará em cada comarca a
fora do prazo;
lucro real; e forma de fiscalização da apli-
cação, pelo Fundo Municipal III – só se aplica às doações em
II – 6% (seis por cento) do im-
dos Direitos da Criança e do espécie; e
posto sobre a renda apurado
Adolescente, dos incentivos
pelas pessoas físicas na Decla- IV – não exclui ou reduz outros
fiscais referidos neste artigo.
ração de Ajuste Anual, obser- benefícios ou deduções em vi-
vado o disposto no art. 22 da § 5o Observado o disposto no gor.
Lei no 9.532, de 10 de dezem- § 4o do art. 3o da Lei no 9.249,
§ 3o O pagamento da doação
bro de 1997. de 26 de dezembro de 1995, a
deve ser efetuado até a data de
dedução de que trata o inciso
§ 1o (Revogado). vencimento da primeira quota
I do caput:
ou quota única do imposto,
§ 1o-A. Na definição das prio-
I – será considerada isolada- observadas instruções especí-
ridades a serem atendidas com
mente, não se submetendo a ficas da Secretaria da Receita
os recursos captados pelos
limite em conjunto com outras Federal do Brasil.
Fundos Nacional, Estaduais
deduções do imposto; e
e Municipais dos Direitos da § 4o O não pagamento da do-
Criança e do Adolescente, II – não poderá ser computada ação no prazo estabelecido no
serão consideradas as dispo- como despesa operacional na § 3o implica a glosa definitiva
sições do Plano Nacional de apuração do lucro real. desta parcela de dedução, fi-
Promoção, Proteção e Defe- cando a pessoa física obrigada
Art. 260-A. A partir do ao recolhimento da diferença
exercício de 2010, ano-calen-
dário de 2009, a pessoa física
107
Leis nos 8.242/1991, 9.532/1997, poderá optar pela doação de
12.594/2012 e 13.257/2016. que trata o inciso II do caput 108
Lei no 12.594/2012.

633
de imposto devido apurado emitir recibo em favor do do- que não exceda o valor
na Declaração de Ajuste Anual ador, assinado por pessoa de mercado;
com os acréscimos legais pre- competente e pelo presidente b) para as pessoas jurídi-
vistos na legislação. do Conselho correspondente, cas, o valor contábil
§ 5o A pessoa física poderá de- especificando:111 dos bens.
duzir do imposto apurado na I – número de ordem;
Declaração de Ajuste Anual as Parágrafo único. O preço obtido
doações feitas, no respectivo II – nome, Cadastro Nacional em caso de leilão não será con-
ano-calendário, aos fundos da Pessoa Jurídica (CNPJ) e en- siderado na determinação do
controlados pelos Conselhos dereço do emitente; valor dos bens doados, exceto
dos Direitos da Criança e do III – nome, CNPJ ou Cadastro se o leilão for determinado por
Adolescente municipais, distri- de Pessoas Físicas (CPF) do autoridade judiciária.
tal, estaduais e nacional con- doador;
comitantemente com a opção Art. 260-F. Os documentos
de que trata o caput, respeita- IV – data da doação e valor efe- a que se referem os arts. 260-
do o limite previsto no inciso II tivamente recebido; e D e 260-E devem ser mantidos
do art. 260. pelo contribuinte por um pra-
V – ano-calendário a que se re-
zo de 5 (cinco) anos para fins
fere a doação.
Art. 260-B. A doação de de comprovação da dedução
que trata o inciso I do art. 260 § 1o O comprovante de que perante a Receita Federal do
poderá ser deduzida:109 trata o caput deste artigo pode Brasil.113
I – do imposto devido no tri- ser emitido anualmente, desde
que discrimine os valores doa- Art. 260-G. Os órgãos res-
mestre, para as pessoas jurí-
dos mês a mês. ponsáveis pela administração
dicas que apuram o imposto
das contas dos Fundos dos
trimestralmente; e § 2o No caso de doação em Direitos da Criança e do Ado-
II – do imposto devido mensal- bens, o comprovante deve con- lescente nacional, estaduais,
mente e no ajuste anual, para ter a identificação dos bens, distrital e municipais devem:114
as pessoas jurídicas que apu- mediante descrição em campo
próprio ou em relação anexa I – manter conta bancária es-
ram o imposto anualmente.
ao comprovante, informando pecífica destinada exclusiva-
Parágrafo único. A doação deve- também se houve avaliação, o mente a gerir os recursos do
rá ser efetuada dentro do perí- nome, CPF ou CNPJ e endereço Fundo;
odo a que se refere a apuração dos avaliadores. II – manter controle das doa-
do imposto.
ções recebidas; e
Art. 260-E. Na hipótese da
Art. 260-C. As doações de III – informar anualmente à
doação em bens, o doador de-
que trata o art. 260 desta Lei Secretaria da Receita Federal
verá:112
podem ser efetuadas em espé- do Brasil as doações recebidas
cie ou em bens.110 I – comprovar a propriedade mês a mês, identificando os se-
dos bens, mediante documen- guintes dados por doador:
Parágrafo único. As doações efe- tação hábil; a) nome, CNPJ ou CPF;
tuadas em espécie devem ser
depositadas em conta especí- II – baixar os bens doados na b) valor doado, especifi-
fica, em instituição financeira declaração de bens e direitos, cando se a doação foi
pública, vinculadas aos res- quando se tratar de pessoa fí- em espécie ou em bens.
pectivos fundos de que trata o sica, e na escrituração, no caso
art. 260. de pessoa jurídica; e Art. 260-H. Em caso de
III – considerar como valor dos descumprimento das obriga-
Art. 260-D. Os órgãos res- bens doados: ções previstas no art. 260-G,
ponsáveis pela administração a Secretaria da Receita Federal
das contas dos Fundos dos a) para as pessoas físicas, do Brasil dará conhecimento
Direitos da Criança e do Ado- o valor constante da úl- do fato ao Ministério Público.
lescente nacional, estaduais, tima declaração do im- 115

distrital e municipais devem posto de renda, desde

113
Lei no 12.594/2012.
109
Lei no 12.594/2012. 111
Lei no 12.594/2012. 114
Lei no 12.594/2012.
110
Lei no 12.594/2012. 112
Lei no 12.594/2012. 115
Lei no 12.594/2012.

634
Art. 260-I. Os Conselhos representação de qualquer ci- Art. 263. O Decreto-Lei no
dos Direitos da Criança e do dadão. 2.848, de 7 de dezembro de
Adolescente nacional, esta- 1940 (Código Penal), passa a
duais, distrital e municipais Art. 260-K. A Secretaria vigorar com as seguintes alte-
divulgarão amplamente à co- de Direitos Humanos da Pre- rações:
munidade:116 sidência da República (SDH/ 1) Art. 121. ...............
PR) encaminhará à Secretaria
I – o calendário de suas reuni- § 4o No homicídio culposo, a
da Receita Federal do Brasil,
ões; pena é aumentada de um ter-
até 31 de outubro de cada ano,
II – as ações prioritárias para arquivo eletrônico contendo a ço, se o crime resulta de inob-
aplicação das políticas de relação atualizada dos Fundos servância de regra técnica de
atendimento à criança e ao dos Direitos da Criança e do profissão, arte ou ofício, ou
adolescente; Adolescente nacional, distri- se o agente deixa de prestar
tal, estaduais e municipais, imediato socorro à vítima, não
III – os requisitos para a apre- procura diminuir as consequ-
com a indicação dos respec-
sentação de projetos a serem ências do seu ato, ou foge para
tivos números de inscrição no
beneficiados com recursos dos evitar prisão em flagrante. Sen-
CNPJ e das contas bancárias
Fundos dos Direitos da Crian- do doloso o homicídio, a pena
específicas mantidas em ins-
ça e do Adolescente nacional, é aumentada de um terço, se o
tituições financeiras públicas,
estaduais, distrital ou munici- crime é praticado contra pes-
destinadas exclusivamente a
pais; soa menor de catorze anos.
gerir os recursos dos Fundos.118
IV – a relação dos projetos 2) Art. 129. ...............
aprovados em cada ano-ca- Art. 260-L. A Secretaria da § 7o Aumenta-se a pena de um
lendário e o valor dos recursos Receita Federal do Brasil expe- terço, se ocorrer qualquer das
previstos para implementação dirá as instruções necessárias hipóteses do art. 121, § 4o.
das ações, por projeto; à aplicação do disposto nos
arts. 260 a 260-K.119 § 8o Aplica-se à lesão culposa
V – o total dos recursos recebi- o disposto no § 5o do art. 121.
dos e a respectiva destinação, 3) Art. 136. ...............
Art. 261. A falta dos con-
por projeto atendido, inclusive
selhos municipais dos direitos § 3o Aumenta-se a pena de um
com cadastramento na base
da criança e do adolescente, terço, se o crime é praticado
de dados do Sistema de Infor-
os registros, inscrições e al- contra pessoa menor de cator-
mações sobre a Infância e a
terações a que se referem os ze anos.
Adolescência; e
arts. 90, parágrafo único, e 91 4) Art. 213. ...............
VI – a avaliação dos resultados desta Lei serão efetuados pe-
dos projetos beneficiados com rante a autoridade judiciária Parágrafo único. Se a ofendida é
recursos dos Fundos dos Direi- da comarca a que pertencer a menor de catorze anos:
tos da Criança e do Adolescen- entidade.
te nacional, estaduais, distrital Pena – reclusão de quatro a
e municipais. Parágrafo único. A União fica au- dez anos.
torizada a repassar aos esta- 5) Art. 214. ...............
Art. 260-J. O Ministério dos e municípios, e os estados
Público determinará, em cada aos municípios, os recursos Parágrafo único. Se o ofendido é
Comarca, a forma de fiscaliza- referentes aos programas e ati- menor de catorze anos:
ção da aplicação dos incenti- vidades previstos nesta Lei, tão Pena – reclusão de três a nove
vos fiscais referidos no art. 260 logo estejam criados os conse- anos.
desta Lei.117 lhos dos direitos da criança e
do adolescente nos seus res- Art. 264. O art. 102 da Lei
Parágrafo único. O descumpri- pectivos níveis. no 6.015, de 31 de dezembro de
mento do disposto nos arts. 1973, fica acrescido do seguin-
260-G e 260-I sujeitará os in- Art. 262. Enquanto não te item:
fratores a responder por ação instalados os Conselhos Tute- Art. 102. ...................
judicial proposta pelo Ministé- lares, as atribuições a eles con-
rio Público, que poderá atuar feridas serão exercidas pela 6) a perda e a suspensão do
de ofício, a requerimento ou autoridade judiciária. pátrio poder.

Art. 265. A Imprensa Na-


cional e demais gráficas da
116
Lei no 12.594/2012. 118
Lei no 12.594/2012. União, da administração dire-
117
Lei no 12.594/2012. 119
Lei no 12.594/2012. ta ou indireta, inclusive fun-

635
dações instituídas e mantidas Parágrafo único. A divulgação a Art. 267. Revogam-se as
pelo poder público federal que se refere o caput será vei-
Leis nos 4.513, de 1964, e 6.697,
promoverão edição popular culada em linguagem clara,
do texto integral deste Estatu- compreensível e adequada a de 10 de outubro de 1979 (Có-
to, que será posto à disposição crianças e adolescentes, espe-
digo de Menores), e as demais
das escolas e das entidades de cialmente às crianças com ida-
atendimento e de defesa dos de inferior a 6 (seis) anos. disposições em contrário.
direitos da criança e do ado-
lescente. Art. 266. Esta Lei entra em Brasília, 13 de julho de 1990; 169o
vigor noventa dias após sua da Independência e 102o da Repú-
Art. 265-A. O poder públi- publicação. blica.
co fará periodicamente ampla FERNANDO COLLOR
divulgação dos direitos da Parágrafo único. Durante o pe- – Bernardo Cabral – Car-
criança e do adolescente nos ríodo de vacância deverão ser los Chiarelli – Antônio
meios de comunicação so- promovidas atividades e cam- Magri – Margarida Pro-
cial.120 panhas de divulgação e escla- cópio.
recimentos acerca do disposto
Este texto não substitui o publica-
nesta Lei.
do no DOU 16-7-1990 e retificado
em 27-9-1990.
120
Lei no 13.257/2016.

636
LEI MARIA DA PENHA

Atualizada até outubro de 2017


Sumário
LEI MARIA DA PENHA .......................................................................................................... 641
Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 .................................................................... 641
Título I - Disposições Preliminares ................................................................................ 641
Título II - Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher ....................................... 641
Capítulo I - Disposições Gerais ................................................................................. 641
Capítulo II - Das Formas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher ............. 642
Título III - Da Assistência à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar ...... 642
Capítulo I - Das Medidas Integradas de Prevenção .................................................... 642
Capítulo II - Da Assistência à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar 642
Capítulo III - Do Atendimento pela Autoridade Policial ............................................. 643
Título IV - Dos Procedimentos ...................................................................................... 643
Capítulo I - Disposições Gerais ................................................................................. 643
Capítulo II - Das Medidas Protetivas de Urgência ......................................................644
Seção I - Disposições Gerais ..................................................................................644
Seção II - Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor .................644
Seção III - Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida .................................... 645
Capítulo III - Da Atuação do Ministério Público ........................................................ 645
Capítulo IV - Da Assistência Judiciária ....................................................................... 645
Título V - Da Equipe de Atendimento Multidisciplinar ................................................... 645
Título VI - Disposições Transitórias ..............................................................................646
Título VII - Disposições Finais .......................................................................................646
LEI MARIA DA PENHA

Lei no 11.340, de 7 de agosto de 20061


Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8 o do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o
Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

1
ADIM 4.427
O PRESIDENTE DA REPÚBLI- servar sua saúde física e mental Título II - Da Violência
CA, faço saber que o Congresso e seu aperfeiçoamento moral, Doméstica e Familiar
Nacional decreta e eu sanciono intelectual e social. contra a Mulher
a seguinte Lei:
Art. 3o Serão asseguradas
às mulheres as condições para Capítulo I - Disposições
o exercício efetivo dos direitos Gerais
Título I - Disposições à vida, à segurança, à saúde,
Preliminares Art. 5o Para os efeitos desta
à alimentação, à educação, à Lei, configura violência domés-
cultura, à moradia, ao acesso tica e familiar contra a mulher
Art. 1o Esta Lei cria meca- à justiça, ao esporte, ao lazer, qualquer ação ou omissão ba-
nismos para coibir e prevenir a ao trabalho, à cidadania, à li- seada no gênero que lhe cause
violência doméstica e familiar berdade, à dignidade, ao res- morte, lesão, sofrimento físico,
contra a mulher, nos termos do peito e à convivência familiar e sexual ou psicológico e dano
§ 8o do art. 226 da Constituição comunitária. moral ou patrimonial:2
Federal, da Convenção sobre a
I – no âmbito da unidade do-
Eliminação de Todas as Formas § 1o O poder público desenvol- méstica, compreendida como o
de Violência contra a Mulher, verá políticas que visem garantir espaço de convívio permanente
da Convenção Interamericana os direitos humanos das mulhe- de pessoas, com ou sem vínculo
para Prevenir, Punir e Erradicar res no âmbito das relações do- familiar, inclusive as esporadica-
a Violência contra a Mulher e de mésticas e familiares no sentido mente agregadas;
outros tratados internacionais de resguardá-las de toda forma
ratificados pela República Fede- II – no âmbito da família, com-
de negligência, discriminação, preendida como a comunidade
rativa do Brasil; dispõe sobre a
exploração, violência, crueldade formada por indivíduos que são
criação dos Juizados de Violên-
e opressão. ou se consideram aparentados,
cia Doméstica e Familiar contra
unidos por laços naturais, por
a Mulher; e estabelece medidas § 2o Cabe à família, à socieda- afinidade ou por vontade ex-
de assistência e proteção às mu- de e ao poder público criar as pressa;
lheres em situação de violência condições necessárias para o
doméstica e familiar. III – em qualquer relação ínti-
efetivo exercício dos direitos ma de afeto, na qual o agressor
Art. 2o Toda mulher, inde- enunciados no caput. conviva ou tenha convivido com
pendentemente de classe, raça, a ofendida, independentemente
Art. 4 o Na interpretação
etnia, orientação sexual, renda, de coabitação.
cultura, nível educacional, idade desta Lei, serão considerados os
fins sociais a que ela se destina Parágrafo único. As relações pes-
e religião, goza dos direitos fun- soais enunciadas neste artigo
damentais inerentes à pessoa e, especialmente, as condições
humana, sendo-lhe asseguradas peculiares das mulheres em si-
as oportunidades e facilidades tuação de violência doméstica
para viver sem violência, pre- e familiar. 2
Lei Complementar no 150/2015.

641
independem de orientação ção, destruição parcial ou total do art. 1o, no inciso IV do art.
sexual. de seus objetos, instrumentos 3o e no inciso IV do art. 221 da
de trabalho, documentos pes- Constituição Federal;
Art. 6o A violência domés-
soais, bens, valores e direitos ou IV – a implementação de aten-
tica e familiar contra a mulher
recursos econômicos, incluindo dimento policial especializado
constitui uma das formas de
os destinados a satisfazer suas para as mulheres, em particular
violação dos direitos humanos.
necessidades; nas Delegacias de Atendimento
Capítulo II - Das Formas V – a violência moral, entendi- à Mulher;
de Violência Doméstica e da como qualquer conduta que V – a promoção e a realização
Familiar contra a Mulher configure calúnia, difamação ou de campanhas educativas de
injúria. prevenção da violência domés-
Art. 7o São formas de violên- tica e familiar contra a mulher,
cia doméstica e familiar contra voltadas ao público escolar e à
a mulher, entre outras: sociedade em geral, e a difusão
Título III - Da desta Lei e dos instrumentos de
I – a violência física, entendida Assistência à Mulher em
como qualquer conduta que proteção aos direitos humanos
ofenda sua integridade ou saú-
Situação de Violência das mulheres;
de corporal;
Doméstica e Familiar
VI – a celebração de convênios,
II – a violência psicológica, en- protocolos, ajustes, termos ou
tendida como qualquer conduta Capítulo I - Das Medidas outros instrumentos de promo-
que lhe cause dano emocional Integradas de Prevenção ção de parceria entre órgãos go-
e diminuição da autoestima ou vernamentais ou entre estes e
que lhe prejudique e perturbe Art. 8 o A política públi- entidades não governamentais,
o pleno desenvolvimento ou ca que visa coibir a violência tendo por objetivo a implemen-
que vise degradar ou controlar doméstica e familiar contra a tação de programas de erradi-
suas ações, comportamentos, mulher far-se-á por meio de um cação da violência doméstica e
crenças e decisões, median- conjunto articulado de ações da familiar contra a mulher;
te ameaça, constrangimento, União, dos Estados, do Distri- VII – a capacitação permanente
humilhação, manipulação, iso- to Federal e dos Municípios e das Polícias Civil e Militar, da
lamento, vigilância constante, de ações não governamentais, Guarda Municipal, do Corpo
perseguição contumaz, insulto, tendo por diretrizes: de Bombeiros e dos profissio-
chantagem, ridicularização, ex- I – a integração operacional do nais pertencentes aos órgãos e
ploração e limitação do direito Poder Judiciário, do Ministério às áreas enunciados no inciso I
de ir e vir ou qualquer outro Público e da Defensoria Pública quanto às questões de gênero e
meio que lhe cause prejuízo à com as áreas de segurança pú- de raça ou etnia;
saúde psicológica e à autode- blica, assistência social, saúde, VIII – a promoção de progra-
terminação; educação, trabalho e habitação; mas educacionais que dissemi-
III – a violência sexual, enten- II – a promoção de estudos e nem valores éticos de irrestrito
dida como qualquer conduta pesquisas, estatísticas e outras respeito à dignidade da pessoa
que a constranja a presenciar, informações relevantes, com humana com a perspectiva de
a manter ou a participar de a perspectiva de gênero e de gênero e de raça ou etnia;
relação sexual não desejada, raça ou etnia, concernentes IX – o destaque, nos currículos
mediante intimidação, ameaça, às causas, às consequências escolares de todos os níveis de
coação ou uso da força; que a e à frequência da violência ensino, para os conteúdos re-
induza a comercializar ou a uti- doméstica e familiar contra a lativos aos direitos humanos, à
lizar, de qualquer modo, a sua mulher, para a sistematização equidade de gênero e de raça ou
sexualidade, que a impeça de de dados, a serem unificados etnia e ao problema da violên-
usar qualquer método contra- nacionalmente, e a avaliação cia doméstica e familiar contra
ceptivo ou que a force ao ma- periódica dos resultados das a mulher.
trimônio, à gravidez, ao abor- medidas adotadas;
to ou à prostituição, mediante III – o respeito, nos meios de Capítulo II - Da Assistência
coação, chantagem, suborno comunicação social, dos valo- à Mulher em Situação de
ou manipulação; ou que limi- res éticos e sociais da pessoa e Violência Doméstica e
te ou anule o exercício de seus da família, de forma a coibir os
direitos sexuais e reprodutivos;
Familiar
papéis estereotipados que legiti-
IV – a violência patrimonial, en- mem ou exacerbem a violência Art. 9o A assistência à mu-
tendida como qualquer conduta doméstica e familiar, de acordo lher em situação de violên-
que configure retenção, subtra- com o estabelecido no inciso III cia doméstica e familiar será

642
prestada de forma articulada descumprimento de medida sua folha de antecedentes crimi-
e conforme os princípios e as protetiva de urgência deferida. nais, indicando a existência de
diretrizes previstos na Lei Or- mandado de prisão ou registro
gânica da Assistência Social, Art. 11. No atendimento à de outras ocorrências policiais
no Sistema Único de Saúde, no mulher em situação de violên- contra ele;
Sistema Único de Segurança cia doméstica e familiar, a au-
toridade policial deverá, entre VII – remeter, no prazo legal, os
Pública, entre outras normas e autos do inquérito policial ao
políticas públicas de proteção, outras providências:
juiz e ao Ministério Público.
e emergencialmente quando I – garantir proteção policial,
for o caso. quando necessário, comunican- § 1o O pedido da ofendida será
do de imediato ao Ministério tomado a termo pela autorida-
§ 1o O juiz determinará, por Público e ao Poder Judiciário; de policial e deverá conter:
prazo certo, a inclusão da mu-
lher em situação de violência II – encaminhar a ofendida ao I – qualificação da ofendida e
doméstica e familiar no cadas- hospital ou posto de saúde e ao do agressor;
tro de programas assistenciais Instituto Médico Legal; II – nome e idade dos depen-
do governo federal, estadual e III – fornecer transporte para dentes;
municipal. a ofendida e seus dependentes III – descrição sucinta do fato e
para abrigo ou local seguro, das medidas protetivas solici-
§ 2o O juiz assegurará à mu- quando houver risco de vida;
lher em situação de violência tadas pela ofendida.
doméstica e familiar, para pre- IV – se necessário, acompanhar
a ofendida para assegurar a § 2o A autoridade policial de-
servar sua integridade física e verá anexar ao documento
psicológica: retirada de seus pertences do
local da ocorrência ou do do- referido no § 1o o boletim de
I – acesso prioritário à remoção micílio familiar; ocorrência e cópia de todos
quando servidora pública, inte- os documentos disponíveis em
grante da administração direta V – informar à ofendida os direi- posse da ofendida.
ou indireta; tos a ela conferidos nesta Lei e
os serviços disponíveis. § 3o Serão admitidos como meios
II – manutenção do vínculo tra- de prova os laudos ou prontuá-
balhista, quando necessário o Art. 12. Em todos os casos rios médicos fornecidos por hos-
afastamento do local de traba- de violência doméstica e fami- pitais e postos de saúde.
lho, por até seis meses. liar contra a mulher, feito o re-
gistro da ocorrência, deverá a
§ 3o A assistência à mulher em autoridade policial adotar, de
situação de violência doméstica imediato, os seguintes procedi-
Título IV - Dos
e familiar compreenderá o aces- mentos, sem prejuízo daqueles
Procedimentos
so aos benefícios decorrentes previstos no Código de Proces-
do desenvolvimento científico so Penal:
e tecnológico, incluindo os Capítulo I - Disposições
serviços de contracepção de I – ouvir a ofendida, lavrar o Gerais
emergência, a prof ilaxia das boletim de ocorrência e tomar
a representação a termo, se Art. 13. Ao processo, ao
Doenças Sexualmente Trans-
apresentada; julgamento e à execução das
missíveis (DST) e da Síndrome
II – colher todas as provas que causas cíveis e criminais decor-
da Imunodeficiência Adquirida
servirem para o esclarecimento rentes da prática de violência
(AIDS) e outros procedimentos
do fato e de suas circunstâncias; doméstica e familiar contra a
médicos necessários e cabíveis
mulher aplicar-se-ão as normas
nos casos de violência sexual. III – remeter, no prazo de 48 dos Códigos de Processo Penal
(quarenta e oito) horas, expe- e Processo Civil e da legislação
Capítulo III - Do diente apartado ao juiz com o específica relativa à criança, ao
Atendimento pela pedido da ofendida, para a con- adolescente e ao idoso que não
Autoridade Policial cessão de medidas protetivas conflitarem com o estabelecido
de urgência; nesta Lei.
Art. 10. Na hipótese da imi-
nência ou da prática de violência IV – determinar que se proceda
ao exame de corpo de delito Art. 14. Os Juizados de Vio-
doméstica e familiar contra a lência Doméstica e Familiar
mulher, a autoridade policial que da ofendida e requisitar outros
exames periciais necessários; contra a Mulher, órgãos da
tomar conhecimento da ocor- Justiça Ordinária com compe-
rência adotará, de imediato, as V – ouvir o agressor e as teste- tência cível e criminal, poderão
providências legais cabíveis. munhas; ser criados pela União, no Dis-
Parágrafo único. Aplica-se o dis- VI – ordenar a identificação do trito Federal e nos Territórios, e
posto no caput deste artigo ao agressor e fazer juntar aos autos pelos Estados, para o processo,

643
o julgamento e a execução das Art. 19. As medidas prote-
causas decorrentes da prática tivas de urgência poderão ser
Seção II - Das Medidas
de violência doméstica e fami- concedidas pelo juiz, a reque- Protetivas de Urgência que
liar contra a mulher. rimento do Ministério Público Obrigam o Agressor
Parágrafo único. Os atos proces- ou a pedido da ofendida. Art. 22. Constatada a prática
suais poderão realizar-se em § 1o As medidas protetivas de de violência doméstica e fami-
horário noturno, conforme liar contra a mulher, nos termos
urgência poderão ser concedi-
dispuserem as normas de or- desta Lei, o juiz poderá aplicar,
das de imediato, independente-
ganização judiciária. de imediato, ao agressor, em
mente de audiência das partes e
Art. 15. É competente, por de manifestação do Ministério conjunto ou separadamente, as
opção da ofendida, para os Público, devendo este ser pron- seguintes medidas protetivas de
processos cíveis regidos por esta tamente comunicado. urgência, entre outras:
Lei, o Juizado: I – suspensão da posse ou restri-
§ 2o As medidas protetivas de ção do porte de armas, com co-
I – do seu domicílio ou de sua urgência serão aplicadas isola-
residência; municação ao órgão competente,
da ou cumulativamente, e pode- nos termos da Lei no 10.826, de
II – do lugar do fato em que se rão ser substituídas a qualquer 22 de dezembro de 2003;
baseou a demanda; tempo por outras de maior efi-
II – afastamento do lar, domicí-
III – do domicílio do agressor. cácia, sempre que os direitos
lio ou local de convivência com
reconhecidos nesta Lei forem
Art. 16. Nas ações penais a ofendida;
ameaçados ou violados.
públicas condicionadas à re- III – proibição de determinadas
presentação da ofendida de § 3o Poderá o juiz, a requeri- condutas, entre as quais:
que trata esta Lei, só será mento do Ministério Público ou
admitida a renúncia à repre- a pedido da ofendida, conceder a) aproximação da ofendi-
sentação perante o juiz, em novas medidas protetivas de ur- da, de seus familiares e
audiência especialmente desig- gência ou rever aquelas já con- das testemunhas, fixan-
nada com tal finalidade, antes cedidas, se entender necessário do o limite mínimo de
do recebimento da denúncia à proteção da ofendida, de seus distância entre estes e
e ouvido o Ministério Público. o agressor;
familiares e de seu patrimônio,
Art. 17. É vedada a apli- ouvido o Ministério Público. b) contato com a ofendi-
cação, nos casos de violência da, seus familiares e tes-
Art. 20. Em qualquer fase
doméstica e familiar contra a temunhas por qualquer
do inquérito policial ou da ins-
mulher, de penas de cesta bá- meio de comunicação;
trução criminal, caberá a prisão
sica ou outras de prestação preventiva do agressor, decreta- c) frequentação de determi-
pecuniária, bem como a subs- nados lugares a fim de
da pelo juiz, de ofício, a reque-
tituição de pena que implique preservar a integridade
rimento do Ministério Público
o pagamento isolado de multa. física e psicológica da
ou mediante representação da
autoridade policial. ofendida;
Capítulo II - Das Medidas
Protetivas de Urgência Parágrafo único. O juiz poderá IV – restrição ou suspensão de
revogar a prisão preventiva se, visitas aos dependentes meno-
no curso do processo, verificar res, ouvida a equipe de atendi-
Seção I - Disposições Gerais a falta de motivo para que sub- mento multidisciplinar ou ser-
sista, bem como de novo decre- viço similar;
Art. 18. Recebido o expe-
diente com o pedido da ofen- tá-la, se sobrevierem razões que V – prestação de alimentos pro-
dida, caberá ao juiz, no prazo a justifiquem. visionais ou provisórios.
de 48 (quarenta e oito) horas: Art. 21. A ofendida deverá § 1o As medidas referidas neste
I – conhecer do expediente e do ser notif icada dos atos pro- artigo não impedem a aplica-
pedido e decidir sobre as medi- cessuais relativos ao agressor, ção de outras previstas na le-
das protetivas de urgência; especialmente dos pertinentes gislação em vigor, sempre que
II – determinar o encaminha- ao ingresso e à saída da prisão, a segurança da ofendida ou as
mento da ofendida ao órgão de sem prejuízo da intimação do circunstâncias o exigirem, de-
assistência judiciária, quando advogado constituído ou do vendo a providência ser comu-
for o caso; defensor público. nicada ao Ministério Público.
III – comunicar ao Ministério Parágrafo único. A ofendida não § 2o Na hipótese de aplica-
Público para que adote as pro- poderá entregar intimação ou ção do inciso I, encontrando-
vidências cabíveis. notificação ao agressor. se o agressor nas condições

644
mencionadas no caput e inci- I – restituição de bens indevida- Capítulo IV - Da
sos do art. 6o da Lei no 10.826, mente subtraídos pelo agressor Assistência Judiciária
de 22 de dezembro de 2003, o à ofendida;
juiz comunicará ao respectivo II – proibição temporária para a Art. 27. Em todos os atos
órgão, corporação ou institui- celebração de atos e contratos processuais, cíveis e criminais,
ção as medidas protetivas de de compra, venda e locação de a mulher em situação de vio-
urgência concedidas e deter- lência doméstica e familiar
propriedade em comum, salvo
minará a restrição do porte deverá estar acompanhada
expressa autorização judicial;
de armas, ficando o superior de advogado, ressalvado o
imediato do agressor respon- III – suspensão das procura- previsto no art. 19 desta Lei.
sável pelo cumprimento da de- ções conferidas pela ofendida
ao agressor; Art. 28. É garantido a toda
terminação judicial, sob pena
mulher em situação de violência
de incorrer nos crimes de pre- IV – prestação de caução pro- doméstica e familiar o acesso
varicação ou de desobediência, visória, mediante depósito judi- aos serviços de Defensoria Pú-
conforme o caso. cial, por perdas e danos mate- blica ou de Assistência Judiciá-
§ 3o Para garantir a efetividade riais decorrentes da prática de ria Gratuita, nos termos da lei,
das medidas protetivas de ur- violência doméstica e familiar em sede policial e judicial, me-
gência, poderá o juiz requisitar, contra a ofendida. diante atendimento específico
a qualquer momento, auxílio da Parágrafo único. Deverá o juiz e humanizado.
força policial. oficiar ao cartório competente
para os fins previstos nos inci-
§ 4o Aplica-se às hipóteses pre-
sos II e III deste artigo. Título V - Da Equipe
vistas neste artigo, no que cou-
ber, o disposto no caput e nos de Atendimento
§§ 5o e 6o do art. 461 da Lei no Capítulo III - Da Atuação Multidisciplinar
5.869, de 11 de janeiro de 1973 do Ministério Público
(Código de Processo Civil). Art. 29. Os Juizados de Vio-
Art. 25. O Ministério Públi- lência Doméstica e Familiar
Seção III - Das Medidas co intervirá, quando não for contra a Mulher que vierem a
parte, nas causas cíveis e cri- ser criados poderão contar com
Protetivas de Urgência à
minais decorrentes da violência uma equipe de atendimento
Ofendida doméstica e familiar contra a multidisciplinar, a ser integrada
Art. 23. Poderá o juiz, quan- mulher. por profissionais especializados
do necessário, sem prejuízo de nas áreas psicossocial, jurídica
Art. 26. Caberá ao Minis- e de saúde.
outras medidas:
tério Público, sem prejuízo de
I – encaminhar a ofendida e seus outras atribuições, nos casos Art. 30. Compete à equipe
dependentes a programa oficial de violência doméstica e fami- de atendimento multidiscipli-
ou comunitário de proteção ou liar contra a mulher, quando nar, entre outras atribuições
de atendimento; necessário: que lhe forem reservadas pela
II – determinar a recondução legislação local, fornecer sub-
da ofendida e a de seus depen- I – requisitar força policial e sídios por escrito ao juiz, ao
dentes ao respectivo domicílio, serviços públicos de saúde, de Ministério Público e à Defen-
após afastamento do agressor; educação, de assistência social soria Pública, mediante laudos
e de segurança, entre outros; ou verbalmente em audiência,
III – determinar o afastamento e desenvolver trabalhos de
da ofendida do lar, sem prejuí- II – f iscalizar os estabeleci-
orientação, encaminhamento,
zo dos direitos relativos a bens, mentos públicos e particula- prevenção e outras medidas,
guarda dos filhos e alimentos; res de atendimento à mulher voltados para a ofendida, o
IV – determinar a separação de em situação de violência do- agressor e os familiares, com
corpos. méstica e familiar, e adotar, especial atenção às crianças e
de imediato, as medidas ad- aos adolescentes.
Art. 24. Para a proteção pa- ministrativas ou judiciais ca-
trimonial dos bens da sociedade bíveis no tocante a quaisquer Art. 31. Quando a comple-
conjugal ou daqueles de pro- irregularidades constatadas; xidade do caso exigir avaliação
priedade particular da mulher, o mais aprofundada, o juiz pode-
juiz poderá determinar, liminar- III – cadastrar os casos de vio- rá determinar a manifestação
mente, as seguintes medidas, lência doméstica e familiar con- de profissional especializado,
entre outras: tra a mulher. mediante a indicação da equipe

645
de atendimento multidiscipli- II – casas-abrigos para mulheres competências e nos termos das
nar. e respectivos dependentes me- respectivas leis de diretrizes or-
nores em situação de violência çamentárias, poderão estabe-
Art. 32. O Poder Judiciário, doméstica e familiar; lecer dotações orçamentárias
na elaboração de sua propos- específicas, em cada exercício
ta orçamentária, poderá pre- III – delegacias, núcleos de
defensoria pública, serviços financeiro, para a implementa-
ver recursos para a criação ção das medidas estabelecidas
e manutenção da equipe de de saúde e centros de perícia
médico-legal especializados nesta Lei.
atendimento multidisciplinar,
nos termos da Lei de Diretrizes no atendimento à mulher em Art. 40. As obrigações pre-
Orçamentárias. situação de violência doméstica vistas nesta Lei não excluem ou-
e familiar; tras decorrentes dos princípios
IV – programas e campanhas por ela adotados.
de enfrentamento da violência
Art. 41. Aos crimes pratica-
Título VI - Disposições doméstica e familiar;
dos com violência doméstica e
Transitórias V – centros de educação e de familiar contra a mulher, inde-
reabilitação para os agressores. pendentemente da pena previs-
Art. 33. Enquanto não estru- ta, não se aplica a Lei no 9.099,
Art. 36. A União, os Esta-
turados os Juizados de Violência de 26 de setembro de 1995.
dos, o Distrito Federal e os
Doméstica e Familiar contra a
Municípios promoverão a adap- Art. 42. O art. 313 do De-
Mulher, as varas criminais acu-
tação de seus órgãos e de seus creto-Lei n o 3.689, de 3 de
mularão as competências cível
programas às diretrizes e aos outubro de 1941 (Código de
e criminal para conhecer e jul-
princípios desta Lei. Processo Penal), passa a vigorar
gar as causas decorrentes da
acrescido do seguinte inciso IV:
prática de violência doméstica Art. 37. A defesa dos interes-
“Art. 313. ...............
e familiar contra a mulher, ob- ses e direitos transindividuais
servadas as previsões do Título previstos nesta Lei poderá ser ...............................
IV desta Lei, subsidiada pela le- exercida, concorrentemente, IV – se o crime envolver violência
gislação processual pertinente. pelo Ministério Público e por doméstica e familiar contra a
Parágrafo único. Será garantido o associação de atuação na área, mulher, nos termos da lei espe-
regularmente constituída há cífica, para garantir a execução
direito de preferência, nas varas
pelo menos um ano, nos termos das medidas protetivas de ur-
criminais, para o processo e o
da legislação civil. gência.” (NR)
julgamento das causas referidas
no caput. Parágrafo único. O requisito da Art. 43. A alínea f do inci-
pré-constituição poderá ser so II do art. 61 do Decreto-Lei
dispensado pelo juiz quando no 2.848, de 7 de dezembro de
entender que não há outra en- 1940 (Código Penal), passa a
Título VII - tidade com representatividade vigorar com a seguinte redação:
Disposições Finais adequada para o ajuizamento “Art. 61. ................
da demanda coletiva. ..............................
Art. 34. A instituição dos Art. 38. As estatísticas sobre II – ........................
Juizados de Violência Domés- a violência doméstica e familiar ..............................
tica e Familiar contra a Mulher contra a mulher serão incluídas f) com abuso de autoridade ou
poderá ser acompanhada pela nas bases de dados dos órgãos prevalecendo-se de relações
implantação das curadorias oficiais do Sistema de Justiça e domésticas, de coabitação
necessárias e do serviço de as- Segurança a fim de subsidiar o ou de hospitalidade, ou
sistência judiciária. sistema nacional de dados e in- com violência contra a mu-
Art. 35. A União, o Distrito formações relativo às mulheres. lher na forma da lei espe-
Federal, os Estados e os Municí- Parágrafo único. As Secretarias de cífica;
pios poderão criar e promover, Segurança Pública dos Estados ....................” (NR)
no limite das respectivas com- e do Distrito Federal poderão
Art. 44. O art. 129 do De-
petências: remeter suas informações cri-
creto-Lei no 2.848, de 7 de de-
minais para a base de dados do
I – centros de atendimento in- zembro de 1940 (Código Penal),
Ministério da Justiça.
tegral e multidisciplinar para passa a vigorar com as seguin-
mulheres e respectivos depen- Art. 39. A União, os Es- tes alterações:
dentes em situação de violência tados, o Distrito Federal e os “Art. 129. ..............
doméstica e familiar; Municípios, no limite de suas ..............................

646
§ 9o Se a lesão for praticada de um terço se o crime for co- Art. 46. Esta Lei entra em
contra ascendente, descenden- metido contra pessoa portado- vigor 45 (quarenta e cinco) dias
te, irmão, cônjuge ou compa- ra de deficiência.” (NR) após sua publicação.
nheiro, ou com quem conviva
ou tenha convivido, ou, ainda, Art. 45. O art. 152 da Lei no Brasília, 7 de agosto de 2006;
prevalecendo-se o agente das 7.210, de 11 de julho de 1984 185o da Independência e 118o da
(Lei de Execução Penal), passa a República.
relações domésticas, de coabi-
tação ou de hospitalidade: vigorar com a seguinte redação: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Dil-
“Art. 152. .............. ma Rousseff.
Pena – detenção, de 3 (três) me- Parágrafo único. Nos casos de vio-
ses a 3 (três) anos. Este texto não substitui o publica-
lência doméstica contra a mu-
.............................. do no DOU de 8-8-2006.
lher, o juiz poderá determinar
§ 11. Na hipótese do § 9o deste o comparecimento obrigatório
artigo, a pena será aumentada do agressor a programas de re-
cuperação e reeducação.” (NR)

647
LEI DE DIRETRIZES
E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB)

Atualizada até julho de 2018


Sumário
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL .................................................... 653
Lei no 9.394/1996 .................................................................................................. 653
Título I – Da Educação ................................................................................................. 653
Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional.................................................. 653
Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar ............................................... 653
Título IV – Da Organização da Educação Nacional ....................................................... 654
Título V – Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino ..................................... 657
Capítulo I – Da Composição dos Níveis Escolares...................................................... 657
Capítulo II – Da Educação Básica ............................................................................. 657
Seção I – Das Disposições Gerais ........................................................................... 657
Seção II – Da Educação Infantil ............................................................................. 659
Seção III – Do Ensino Fundamental........................................................................ 659
Seção IV – Do Ensino Médio .................................................................................. 660
Seção IV-A – Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio .............................. 662
Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos ........................................................... 662
Capítulo III – Da Educação Profissional e Tecnológica ............................................... 663
Capítulo IV – Da Educação Superior ......................................................................... 663
Capítulo V – Da Educação Especial ........................................................................... 666
Título VI – Dos Profissionais da Educação .................................................................... 667
Título VII – Dos Recursos Financeiros ........................................................................... 669
Título VIII – Das Disposições Gerais ............................................................................. 671
Título IX – Das Disposições Transitórias ....................................................................... 672
Lei no 4.024/1961 .................................................................................................. 673
Título IV – Da Administração do Ensino ....................................................................... 673
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL

Lei no 9.394/1996
Estabelece as diretrizes e bases da Art. 3o O ensino será minis- Título III – Do
educação nacional. trado com base nos seguintes Direito à Educação e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
princípios: do Dever de Educar
Faço saber que o Congresso Na- I – igualdade de condições para
Art. 4o O dever do Estado
cional decreta e eu sanciono a o acesso e permanência na es-
com educação escolar pública
seguinte Lei: cola;
será efetivado mediante a ga-
rantia de:
II – liberdade de aprender, en-
sinar, pesquisar e divulgar a
I – educação básica obrigatória
Título I – Da Educação cultura, o pensamento, a arte
e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
e o saber;
(dezessete) anos de idade, orga-
Art. 1o A educação abrange nizada da seguinte forma:
III – pluralismo de ideias e de
os processos formativos que se concepções pedagógicas; a) pré-escola;
desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no traba- b) ensino fundamental;
IV – respeito à liberdade e apre-
lho, nas instituições de ensino e ço à tolerância; c) ensino médio;
pesquisa, nos movimentos so-
ciais e organizações da socie- V – coexistência de instituições II – educação infantil gratuita às
dade civil e nas manifestações públicas e privadas de ensino; crianças de até 5 (cinco) anos
culturais. de idade;
VI – gratuidade do ensino públi-
§ 1o Esta Lei disciplina a educa- co em estabelecimentos oficiais; III – atendimento educacio-
ção escolar, que se desenvolve, nal especializado gratuito aos
predominantemente, por meio VII – valorização do profissional educandos com def iciência,
do ensino, em instituições pró- da educação escolar; transtornos globais do desen-
prias. volvimento e altas habilidades
VIII – gestão democrática do ou superdotação, transversal a
§ 2o A educação escolar deverá ensino público, na forma desta todos os níveis, etapas e moda-
vincular-se ao mundo do traba- Lei e da legislação dos sistemas lidades, preferencialmente na
lho e à prática social. de ensino; rede regular de ensino;

IX – garantia de padrão de qua- IV – acesso público e gratuito


lidade; aos ensinos fundamental e mé-
Título II – Dos dio para todos os que não os
Princípios e Fins da X – valorização da experiência concluíram na idade própria;
Educação Nacional extraescolar;
V – acesso aos níveis mais ele-
XI – vinculação entre a edu- vados do ensino, da pesquisa e
Art. 2 A educação, dever
o
cação escolar, o trabalho e as da criação artística, segundo a
da família e do Estado, inspira- práticas sociais; capacidade de cada um;
da nos princípios de liberdade
e nos ideais de solidariedade XII – consideração com a diver- VI – oferta de ensino noturno
humana, tem por f inalidade sidade étnico-racial; regular, adequado às condições
o pleno desenvolvimento do do educando;
educando, seu preparo para XIII – garantia do direito à edu-
o exercício da cidadania e sua cação e à aprendizagem ao lon- VII – oferta de educação escolar
qualificação para o trabalho. go da vida. regular para jovens e adultos,

653
com características e modali- § 2 o Em toda s a s e sf e r a s
dades adequadas às suas ne- adminis t r at i v a s, o p o de r
cessidades e disponibilidades, público assegurará em pri-
Título IV – Da
garantindo-se aos que forem meiro lugar o acesso ao en-
Organização da
trabalhadores as condições sino obrigatório, nos termos
Educação Nacional
de acesso e permanência na deste ar tigo, contemplando
escola; em seguida os demais níveis e Art. 8o A União, os Estados,
modalidades de ensino, con- o Distrito Federal e os Municí-
VIII – atendimento ao edu- forme as prioridades consti- pios organizarão, em regime
cando, em todas as etapas da tucionais e legais. de colaboração, os respectivos
educação básica, por meio de sistemas de ensino.
programas suplementares de § 3 o Qualquer das par tes
material didático-escolar, trans- mencionadas no caput deste § 1o Caberá à União a coor-
porte, alimentação e assistência artigo tem legitimidade para denação da política nacional
à saúde; peticionar no Poder Judiciário, de educação, articulando os
na hipótese do § 2o do art. 208 diferentes níveis e sistemas e
IX – padrões mínimos de quali- da Constituição Federal, sen- exercendo função normativa,
dade de ensino, definidos como do gratuita e de rito sumário a redistributiva e supletiva em
a variedade e quantidade mí- ação judicial correspondente. relação às demais instâncias
nimas, por aluno, de insumos educacionais.
indispensáveis ao desenvolvi- § 4 o Comprovada a negligên-
mento do processo de ensino- cia da autoridade competente § 2o Os sistemas de ensino te-
-aprendizagem; para garantir o oferecimento rão liberdade de organização
do ensino obrigatório, poderá nos termos desta Lei.
X – vaga na escola pública de ela ser imputada por crime de
educação infantil ou de ensino responsabilidade. Art. 9o A União incumbir-
fundamental mais próxima de se-á de:
sua residência a toda criança a § 5 o Para garantir o cumpri-
partir do dia em que completar mento da obrigatoriedade de I – elaborar o Plano Nacional de
4 (quatro) anos de idade. ensino, o poder público criará Educação, em colaboração com
formas alternativas de acesso os Estados, o Distrito Federal e
Art. 5o O acesso à educa- aos diferentes níveis de ensino, os Municípios;
ção básica obrigatória é direi- independentemente da escola-
to público subjetivo, podendo rização anterior. II – organizar, manter e desen-
qualquer cidadão, grupo de volver os órgãos e instituições
cidadãos, associação comu- Art. 6o É dever dos pais ou oficiais do sistema federal de
nitária, organização sindical, responsáveis efetuar a matrícula ensino e o dos Territórios;
entidade de classe ou outra le- das crianças na educação bási-
galmente constituída e, ainda, ca a partir dos 4 (quatro) anos III – prestar assistência técni-
o Ministério Público, acionar o de idade. ca e financeira aos Estados, ao
poder público para exigi-lo. Distrito Federal e aos Municí-
Art. 7o O ensino é livre à pios para o desenvolvimento
§ 1o O poder público, na esfera iniciativa privada, atendidas de seus sistemas de ensino e o
de sua competência federativa, as seguintes condições: atendimento prioritário à esco-
deverá: laridade obrigatória, exercendo
I – cumprimento das normas sua função redistributiva e su-
I – recensear anualmente as gerais da educação nacional e pletiva;
crianças e adolescentes em ida- do respectivo sistema de ensino;
de escolar, bem como os jovens IV – estabelecer, em colabo-
e adultos que não concluíram a II – autorização de funciona- ração com os Estados, o Dis-
educação básica; mento e avaliação de qualidade trito Federal e os Municípios,
pelo poder público; competências e diretrizes para
II – fazer-lhes a chamada pú- a educação infantil, o ensino
blica; III – capacidade de autofinan- fundamental e o ensino médio,
ciamento, ressalvado o previs- que nortearão os currículos e
III – zelar, junto aos pais ou to no art. 213 da Constituição seus conteúdos mínimos, de
responsáveis, pela frequência Federal. modo a assegurar formação
à escola. básica comum;

654
IV-A – estabelecer, em colabo- Art. 10. Os Estados incum- e planos educacionais da União
ração com os Estados, o Dis- bir-se-ão de: e dos Estados;
trito Federal e os Municípios,
diretrizes e procedimentos para I – organizar, manter e desen- II – exercer ação redistributiva
identificação, cadastramento e volver os órgãos e instituições em relação às suas escolas;
atendimento, na educação bá- oficiais dos seus sistemas de
sica e na educação superior, de ensino; III – baixar normas comple-
alunos com altas habilidades ou mentares para o seu sistema
superdotação; II – definir, com os Municípios, de ensino;
formas de colaboração na ofer-
V – coletar, analisar e disseminar ta do ensino fundamental, as IV – autorizar, credenciar e su-
informações sobre a educação; quais devem assegurar a distri- pervisionar os estabelecimentos
buição proporcional das res- do seu sistema de ensino;
VI – assegurar processo nacio- ponsabilidades, de acordo com
nal de avaliação do rendimento a população a ser atendida e os V – oferecer a educação infan-
escolar no ensino fundamental, recursos financeiros disponíveis til em creches e pré-escolas, e,
médio e superior, em colabo- em cada uma dessas esferas do com prioridade, o ensino funda-
ração com os sistemas de en- poder público; mental, permitida a atuação em
sino, objetivando a definição outros níveis de ensino somen-
de prioridades e a melhoria da III – elaborar e executar políti- te quando estiverem atendidas
qualidade do ensino; cas e planos educacionais, em plenamente as necessidades de
consonância com as diretrizes e sua área de competência e com
VII – baixar normas gerais sobre planos nacionais de educação, recursos acima dos percentuais
cursos de graduação e pós-gra- integrando e coordenando as mínimos vinculados pela Cons-
duação; suas ações e as dos seus Mu- tituição Federal à manutenção
nicípios; e desenvolvimento do ensino;
VIII – assegurar processo nacio-
nal de avaliação das instituições IV – autorizar, reconhecer, cre- VI – assumir o transporte es-
de educação superior, com a denciar, supervisionar e avaliar, colar dos alunos da rede mu-
cooperação dos sistemas que respectivamente, os cursos das nicipal.
tiverem responsabilidade sobre instituições de educação supe-
este nível de ensino; rior e os estabelecimentos do Parágrafo único. Os Municí-
seu sistema de ensino; pios poderão optar, ainda, por
IX – autorizar, reconhecer, cre- se integrar ao sistema estadual
denciar, supervisionar e avaliar, V – baixar normas complemen- de ensino ou compor com ele
respectivamente, os cursos das tares para o seu sistema de um sistema único de educação
instituições de educação supe- ensino; básica.
rior e os estabelecimentos do
seu sistema de ensino. VI – assegurar o ensino funda- Art. 12. Os estabelecimen-
mental e oferecer, com priori- tos de ensino, respeitadas as
§ 1o Na estrutura educacional, dade, o ensino médio a todos normas comuns e as do seu
haverá um Conselho Nacional que o demandarem, respeitado sistema de ensino, terão a in-
de Educação, com funções o disposto no art. 38 desta Lei; cumbência de:
normativas e de supervisão e
atividade permanente, criado VII – assumir o transporte esco- I – elaborar e executar sua pro-
por lei. lar dos alunos da rede estadual. posta pedagógica;

§ 2o Para o cumprimento do Parágrafo único. Ao Distrito II – administrar seu pessoal e


disposto nos incisos V a IX, a Federal aplicar-se-ão as compe- seus recursos materiais e finan-
União terá acesso a todos os tências referentes aos Estados e ceiros;
dados e informações necessá- aos Municípios.
rios de todos os estabelecimen- III – assegurar o cumprimento
tos e órgãos educacionais. Art. 11. Os Municípios in- dos dias letivos e horas-aula
cumbir-se-ão de: estabelecidas;
§ 3o As atribuições constantes
do inciso IX poderão ser dele- I – organizar, manter e desen- IV – velar pelo cumprimento
gadas aos Estados e ao Distrito volver os órgãos e instituições do plano de trabalho de cada
Federal, desde que mantenham oficiais dos seus sistemas de en- docente;
instituições de educação supe- sino, integrando-os às políticas
rior.

655
V – prover meios para a recu- períodos dedicados ao planeja- III – as instituições de ensino
peração dos alunos de menor mento, à avaliação e ao desen- fundamental e médio criadas
rendimento; volvimento profissional; e mantidas pela iniciativa pri-
vada;
VI – articular-se com as famílias VI – colaborar com as atividades
e a comunidade, criando pro- de articulação da escola com as IV – os órgãos de educação es-
cessos de integração da socie- famílias e a comunidade. taduais e do Distrito Federal,
dade com a escola; respectivamente.
Art. 14. Os sistemas de
VII – informar pai e mãe, convi- ensino definirão as normas da Parágrafo único. No Distrito
ventes ou não com seus filhos, gestão democrática do ensino Federal, as instituições de edu-
e, se for o caso, os responsáveis público na educação básica, de cação infantil, criadas e man-
legais, sobre a frequência e ren- acordo com as suas peculiari- tidas pela iniciativa privada,
dimento dos alunos, bem como dades e conforme os seguintes integram seu sistema de ensino.
sobre a execução da proposta princípios:
pedagógica da escola; Art. 18. Os sistemas muni-
I – participação dos profissio- cipais de ensino compreendem:
VIII – notif icar ao Conselho nais da educação na elabora-
Tutelar do Município, ao juiz ção do projeto pedagógico da I – as instituições do ensino fun-
competente da Comarca e ao escola; damental, médio e de educação
respectivo representante do Mi- infantil mantidas pelo poder
nistério Público a relação dos II – participação das comunida- público municipal;
alunos que apresentem quan- des escolar e local em conselhos
tidade de faltas acima de cin- escolares ou equivalentes. II – as instituições de educação
quenta por cento do percentual infantil criadas e mantidas pela
permitido em lei; Art. 15. Os sistemas de en- iniciativa privada;
sino assegurarão às unidades
IX – promover medidas de cons- escolares públicas de educação III – os órgãos municipais de
cientização, de prevenção e de básica que os integram progres- educação.
combate a todos os tipos de sivos graus de autonomia pe-
violência, especialmente a inti- dagógica e administrativa e de Art. 19. As instituições de
midação sistemática (bullying), gestão financeira, observadas ensino dos diferentes níveis clas-
no âmbito das escolas; as normas gerais de direito fi- sificam-se nas seguintes catego-
nanceiro público. rias administrativas:
X – estabelecer ações destinadas
a promover a cultura de paz nas Art. 16. O sistema federal I – públicas, assim entendidas
escolas. de ensino compreende: as criadas ou incorporadas,
mantidas e administradas pelo
Art. 13. Os docentes incum- I – as instituições de ensino poder público;
bir-se-ão de: mantidas pela União;
II – privadas, assim entendidas
I – participar da elaboração da II – as instituições de educação as mantidas e administradas
proposta pedagógica do esta- superior criadas e mantidas por pessoas físicas ou jurídicas
belecimento de ensino; pela iniciativa privada; de direito privado.

II – elaborar e cumprir plano de III – os órgãos federais de edu- Art. 20. As instituições pri-
trabalho, segundo a proposta cação. vadas de ensino se enquadrarão
pedagógica do estabelecimento nas seguintes categorias:
de ensino; Art. 17. Os sistemas de en-
sino dos Estados e do Distrito I – particulares em sentido es-
III – zelar pela aprendizagem Federal compreendem: trito, assim entendidas as que
dos alunos; são instituídas e mantidas por
I – as instituições de ensino uma ou mais pessoas físicas ou
IV – estabelecer estratégias de mantidas, respectivamente, jurídicas de direito privado que
recuperação para os alunos de pelo poder público estadual e não apresentem as característi-
menor rendimento; pelo Distrito Federal; cas dos incisos abaixo;

V – ministrar os dias letivos e II – as instituições de educação II – comunitárias, assim enten-


horas-aula estabelecidos, além superior mantidas pelo poder didas as que são instituídas por
de participar integralmente dos público municipal; grupos de pessoas físicas ou por

656
uma ou mais pessoas jurídicas, de, na competência e em outros III – nos estabelecimentos que
inclusive cooperativas educa- critérios, ou por forma diversa adotam a progressão regular
cionais, sem f ins lucrativos, de organização, sempre que o por série, o regimento esco-
que incluam na sua entidade interesse do processo de apren- lar pode admitir formas de
mantenedora representantes dizagem assim o recomendar. progressão parcial, desde que
da comunidade; preservada a sequência do cur-
§ 1o A escola poderá reclassifi- rículo, observadas as normas
III – confessionais, assim enten- car os alunos, inclusive quando do respectivo sistema de ensino;
didas as que são instituídas por se tratar de transferências entre
grupos de pessoas físicas ou por estabelecimentos situados no IV – poderão organizar-se clas-
uma ou mais pessoas jurídicas País e no exterior, tendo como ses, ou turmas, com alunos
que atendem a orientação con- base as normas curriculares de séries distintas, com níveis
fessional e ideologia específicas gerais. equivalentes de adiantamento
e ao disposto no inciso anterior; na matéria, para o ensino de lín-
§ 2o O calendário escolar de- guas estrangeiras, artes, ou ou-
IV – filantrópicas, na forma da verá adequar-se às peculiarida- tros componentes curriculares;
lei. des locais, inclusive climáticas e
econômicas, a critério do res- V – a verificação do rendimento
pectivo sistema de ensino, sem escolar observará os seguintes
com isso reduzir o número de critérios:
Título V – Dos Níveis horas letivas previsto nesta Lei.
a) avaliação contínua e cumu-
e das Modalidades de lativa do desempenho do
Educação e Ensino Art. 24. A educação básica,
aluno, com prevalência dos
nos níveis fundamental e médio,
aspectos qualitativos sobre
será organizada de acordo com
os quantitativos e dos resul-
Capítulo I – Da as seguintes regras comuns:
tados ao longo do período
Composição dos Níveis sobre os de eventuais pro-
Escolares I – a carga horária mínima anual
vas finais;
será de oitocentas horas para
Art. 21. A educação escolar o ensino fundamental e para o b) possibilidade de aceleração
compõe-se de: ensino médio, distribuídas por de estudos para alunos com
um mínimo de duzentos dias atraso escolar;
I – educação básica, formada de efetivo trabalho escolar, ex-
c) possibilidade de avanço nos
pela educação infantil, ensino cluído o tempo reservado aos
cursos e nas séries mediante
fundamental e ensino médio; exames finais, quando houver;
verificação do aprendizado;
II – educação superior. II – a classificação em qualquer d) aproveitamento de estudos
série ou etapa, exceto a primei- concluídos com êxito;
Capítulo II – Da Educação ra do ensino fundamental, pode
e) obrigatoriedade de estudos
Básica ser feita:
de recuperação, de prefe-
a) por promoção, para alunos rência paralelos ao perío-
que cursaram, com apro- do letivo, para os casos de
Seção I – Das Disposições veitamento, a série ou fase baixo rendimento escolar,
Gerais anterior, na própria escola; a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em
Art. 22. A educação básica b) por transferência, para
seus regimentos;
tem por finalidades desenvol- candidatos procedentes de
ver o educando, assegurar-lhe a outras escolas;
VI – o controle de frequência
formação comum indispensável
c) independentemente de esco- fica a cargo da escola, confor-
para o exercício da cidadania
larização anterior, mediante me o disposto no seu regimen-
e fornecer-lhe meios para pro-
avaliação feita pela escola, to e nas normas do respectivo
gredir no trabalho e em estudos
que defina o grau de desen- sistema de ensino, exigida a
posteriores.
volvimento e experiência do frequência mínima de setenta
candidato e permita sua e cinco por cento do total de
Art. 23. A educação básica
inscrição na série ou etapa horas letivas para aprovação;
poderá organizar-se em séries
adequada, conforme regu-
anuais, períodos semestrais,
lamentação do respectivo VII – cabe a cada instituição de
ciclos, alternância regular de
sistema de ensino; ensino expedir históricos esco-
períodos de estudos, grupos
lares, declarações de conclusão
não seriados, com base na ida-

657
de série e diplomas ou certifi- § 2 o O ensino da arte, espe- § 8 o A exibição de f ilmes de
cados de conclusão de cursos, cialmente em suas expressões produção nacional constituirá
com as especificações cabíveis. regionais, constituirá compo- componente curricular comple-
nente curricular obrigatório da mentar integrado à proposta
§ 1o A carga horária mínima educação básica. pedagógica da escola, sendo a
anual de que trata o inciso I do sua exibição obrigatória por, no
caput deverá ser ampliada de § 3o A educação física, integra- mínimo, 2 (duas) horas men-
forma progressiva, no ensino da à proposta pedagógica da sais.
médio, para mil e quatrocentas escola, é componente curricular
horas, devendo os sistemas de obrigatório da educação bási- § 9o Conteúdos relativos aos
ensino oferecer, no prazo má- ca, sendo sua prática facultati- direitos humanos e à preven-
ximo de cinco anos, pelo me- va ao aluno: ção de todas as formas de
nos mil horas anuais de carga violência contra a criança e o
horária, a partir de 2 de março I – que cumpra jornada de tra- adolescente serão incluídos,
de 2017. balho igual ou superior a seis como temas transversais, nos
horas; currículos escolares de que tra-
§ 2o Os sistemas de ensino dis- ta o caput deste artigo, tendo
porão sobre a oferta de edu- II – maior de trinta anos de como diretriz a Lei no 8.069, de
cação de jovens e adultos e de idade; 13 de julho de 1990 (Estatuto
ensino noturno regular, adequa- da Criança e do Adolescente),
do às condições do educando, III – que estiver prestando ser- observada a produção e dis-
conforme o inciso VI do art. 4o. viço militar inicial ou que, em tribuição de material didático
situação similar, estiver obri- adequado.
A r t . 25. S e r á obje ti vo gado à prática da educação
permanente das autoridades física; § 10. A inclusão de novos com-
responsáveis alcançar relação ponentes curriculares de caráter
adequada entre o número de IV – amparado pelo Decreto-lei obrigatório na Base Nacional
alunos e o professor, a carga no 1.044, de 21 de outubro de Comum Curricular depende-
horária e as condições materiais 1969; rá de aprovação do Conselho
do estabelecimento. Nacional de Educação e de
V – (Vetado); homologação pelo Ministro de
Parágrafo único. Cabe ao res- Estado da Educação.
pectivo sistema de ensino, à vis- VI – que tenha prole.
ta das condições disponíveis e Art. 26-A. Nos estabeleci-
das características regionais e § 4 o O ensino da História do mentos de ensino fundamental
locais, estabelecer parâmetro Brasil levará em conta as contri- e de ensino médio, públicos e
para atendimento do disposto buições das diferentes culturas privados, torna-se obrigatório
neste artigo. e etnias para a formação do o estudo da história e cultura
povo brasileiro, especialmente afro-brasileira e indígena.
Art. 26. Os currículos da das matrizes indígena, africana
educação infantil, do ensino e europeia. § 1o O conteúdo programático
fundamental e do ensino mé- a que se refere este artigo inclui-
dio devem ter base nacional § 5 o No currículo do ensino rá diversos aspectos da história
comum, a ser complementada, fundamental, a partir do sex- e da cultura que caracterizam a
em cada sistema de ensino e em to ano, será ofertada a língua formação da população brasi-
cada estabelecimento escolar, inglesa. leira, a partir desses dois grupos
por uma parte diversif icada, étnicos, tais como o estudo da
exigida pelas características § 6 o As artes visuais, a dan- história da África e dos africa-
regionais e locais da sociedade, ça, a música e o teatro são as nos, a luta dos negros e dos
da cultura, da economia e dos linguagens que constituirão o povos indígenas no Brasil, a cul-
educandos. componente curricular de que tura negra e indígena brasileira
trata o § 2o deste artigo. e o negro e o índio na formação
§ 1o Os currículos a que se re- da sociedade nacional, resga-
fere o caput devem abranger, § 7o A integralização curricu- tando as suas contribuições
obrigatoriamente, o estudo da lar poderá incluir, a critério dos nas áreas social, econômica e
língua portuguesa e da mate- sistemas de ensino, projetos e política, pertinentes à história
mática, o conhecimento do pesquisas envolvendo os te- do Brasil.
mundo físico e natural e da mas transversais de que trata
realidade social e política, es- o caput. § 2o Os conteúdos referentes à
pecialmente do Brasil. história e cultura afro-brasileira

658
e dos povos indígenas brasilei- da ação e a manifestação da sos de desenvolvimento e apren-
ros serão ministrados no âmbi- comunidade escolar. dizagem da criança.
to de todo o currículo escolar,
em especial nas áreas de edu-
cação artística e de literatura e Seção II – Da Educação Seção III – Do Ensino
história brasileiras. Infantil Fundamental
Art. 27. Os conteúdos cur- Art. 29. A educação infan- Art. 32. O ensino funda-
riculares da educação básica til, primeira etapa da educação mental obrigatório, com dura-
observarão, ainda, as seguintes básica, tem como finalidade o ção de 9 (nove) anos, gratuito
diretrizes: desenvolvimento integral da na escola pública, iniciando-se
criança de até 5 (cinco) anos, aos 6 (seis) anos de idade, terá
I – a difusão de valores funda- em seus aspectos físico, psico- por objetivo a formação básica
mentais ao interesse social, aos lógico, intelectual e social, com- do cidadão, mediante:
direitos e deveres dos cidadãos, plementando a ação da família
de respeito ao bem comum e à e da comunidade. I – o desenvolvimento da ca-
ordem democrática; pacidade de aprender, tendo
Art. 30. A educação infantil como meios básicos o pleno
II – consideração das condições será oferecida em: domínio da leitura, da escrita
de escolaridade dos alunos em e do cálculo;
cada estabelecimento; I – creches, ou entidades equi-
valentes, para crianças de até II – a compreensão do ambiente
III – orientação para o trabalho; três anos de idade; natural e social, do sistema po-
lítico, da tecnologia, das artes
IV – promoção do desporto II – pré-escolas, para as crianças e dos valores em que se funda-
educacional e apoio às práticas de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos menta a sociedade;
desportivas não formais. de idade.
III – o desenvolvimento da ca-
Art. 28. Na oferta de edu- Art. 31. A educação infantil pacidade de aprendizagem,
cação básica para a população será organizada de acordo com tendo em vista a aquisição de
rural, os sistemas de ensino as seguintes regras comuns: conhecimentos e habilidades e a
promoverão as adaptações ne- formação de atitudes e valores;
cessárias à sua adequação às I – avaliação mediante acom-
peculiaridades da vida rural e panhamento e registro do de- IV – o fortalecimento dos vín-
de cada região, especialmente: senvolvimento das crianças, culos de família, dos laços de
sem o objetivo de promoção, solidariedade humana e de
I – conteúdos curriculares e me- mesmo para o acesso ao ensino tolerância recíproca em que se
todologias apropriadas às reais fundamental; assenta a vida social.
necessidades e interesses dos
alunos da zona rural; II – carga horária mínima anu- § 1o É facultado aos sistemas
al de 800 (oitocentas) horas, de ensino desdobrar o ensino
II – organização escolar pró- distribuída por um mínimo de fundamental em ciclos.
pria, incluindo adequação do 200 (duzentos) dias de trabalho
calendário escolar às fases do educacional; § 2o Os estabelecimentos que
ciclo agrícola e às condições utilizam progressão regular por
climáticas; III – atendimento à criança de, série podem adotar no ensino
no mínimo, 4 (quatro) horas fundamental o regime de pro-
III – adequação à natureza do diárias para o turno parcial e gressão continuada, sem pre-
trabalho na zona rural. de 7 (sete) horas para a jornada juízo da avaliação do processo
integral; de ensino-aprendizagem, obser-
Parágrafo único. O fechamento vadas as normas do respectivo
de escolas do campo, indígenas IV – controle de frequência pela sistema de ensino.
e quilombolas será precedido instituição de educação pré-es-
de manifestação do órgão nor- colar, exigida a frequência míni- § 3 o O ensino fundamental
mativo do respectivo sistema ma de 60% (sessenta por cento) regular será ministrado em lín-
de ensino, que considerará a do total de horas; gua portuguesa, assegurada
justificativa apresentada pela às comunidades indígenas a
Secretaria de Educação, a aná- V – expedição de documentação utilização de suas línguas ma-
lise do diagnóstico do impacto que permita atestar os proces- ternas e processos próprios de
aprendizagem.

659
§ 4 o O ensino fundamental § 2o O ensino fundamental será IV – ciências humanas e sociais
será presencial, sendo o ensino ministrado progressivamente aplicadas.
a distância utilizado como com- em tempo integral, a critério
plementação da aprendizagem dos sistemas de ensino. § 1o A parte diversificada dos
ou em situações emergenciais. currículos de que trata o caput
do art. 26, definida em cada
§ 5o O currículo do ensino fun- Seção IV – Do Ensino sistema de ensino, deverá estar
damental incluirá, obrigatoria- Médio harmonizada à Base Nacional
mente, conteúdo que trate dos Comum Curricular e ser ar-
direitos das crianças e dos ado- Art. 35. O ensino médio, ticulada a partir do contexto
lescentes, tendo como diretriz etapa final da educação bási- histórico, econômico, social,
a Lei no 8.069, de 13 de julho ca, com duração mínima de três ambiental e cultural.
de 1990, que institui o Estatuto anos, terá como finalidades:
da Criança e do Adolescente, § 2o A Base Nacional Comum
observada a produção e dis- I – a consolidação e o aprofun- Curricular referente ao ensino
tribuição de material didático médio incluirá obrigatoriamen-
damento dos conhecimentos
adequado. te estudos e práticas de educa-
adquiridos no ensino funda-
ção física, arte, sociologia e
§ 6 o O estudo sobre os sím- mental, possibilitando o pros- filosofia.
bolos nacionais será incluído seguimento de estudos;
como tema transversal nos cur- § 3 o O ensino da língua por-
rículos do ensino fundamental. II – a preparação básica para o tuguesa e da matemática será
trabalho e a cidadania do edu- obrigatório nos três anos do
Art. 33. O ensino religioso, cando, para continuar apren- ensino médio, assegurada às
de matrícula facultativa, é parte dendo, de modo a ser capaz de comunidades indígenas, tam-
integrante da formação básica se adaptar com flexibilidade a bém, a utilização das respecti-
do cidadão e constitui disciplina novas condições de ocupação vas línguas maternas.
dos horários normais das esco- ou aperfeiçoamento posterio-
las públicas de ensino funda- res; § 4 o Os currículos do ensino
mental, assegurado o respeito médio incluirão, obrigatoria-
à diversidade cultural religiosa III – o aprimoramento do edu- mente, o estudo da língua in-
do Brasil, vedadas quaisquer cando como pessoa humana, glesa e poderão ofertar outras
formas de proselitismo. incluindo a formação ética e o línguas estrangeiras, em caráter
desenvolvimento da autonomia optativo, preferencialmente o
§ 1o Os sistemas de ensino intelectual e do pensamento espanhol, de acordo com a dis-
regulamentarão os procedi- crítico; ponibilidade de oferta, locais e
mentos para a definição dos horários definidos pelos siste-
conteúdos do ensino religioso IV – a compreensão dos funda- mas de ensino.
e estabelecerão as normas para mentos científico-tecnológicos
a habilitação e admissão dos dos processos produtivos, rela- § 5 o A carga horária destina-
professores. cionando a teoria com a práti- da ao cumprimento da Base
ca, no ensino de cada disciplina. Nacional Comum Curricular
§ 2o Os sistemas de ensino ou- não poderá ser superior a mil
virão entidade civil, constituída e oitocentas horas do total da
Art. 35-A. A Base Nacional
pelas diferentes denominações carga horária do ensino médio,
Comum Curricular definirá di-
religiosas, para a definição dos de acordo com a definição dos
conteúdos do ensino religioso. reitos e objetivos de aprendiza- sistemas de ensino.
gem do ensino médio, conforme
Art. 34. A jornada escolar diretrizes do Conselho Nacional § 6 o A União estabelecerá os
no ensino fundamental inclui- de Educação, nas seguintes áre- padrões de desempenho espe-
rá pelo menos quatro horas as do conhecimento: rados para o ensino médio, que
de trabalho efetivo em sala de serão referência nos processos
aula, sendo progressivamente I – linguagens e suas tecnolo- nacionais de avaliação, a par-
ampliado o período de perma- gias; tir da Base Nacional Comum
nência na escola. Curricular.
II – matemática e suas tecno-
§ 1o São ressalvados os casos logias; § 7o Os currículos do ensino
do ensino noturno e das formas médio deverão considerar a
alternativas de organização au- III – ciências da natureza e suas formação integral do aluno, de
torizadas nesta Lei. tecnologias; maneira a adotar um trabalho

660
voltado para a construção de III – (Revogado). § 8 o A ofer ta de formação
seu projeto de vida e para sua técnica e profissional a que se
formação nos aspectos físicos, § 2o (Revogado) refere o inciso V do caput, re-
cognitivos e socioemocionais. alizada na própria instituição
§ 3o A critério dos sistemas de ou em parceria com outras ins-
§ 8o Os conteúdos, as metodo- ensino, poderá ser composto tituições, deverá ser aprovada
logias e as formas de avaliação itinerário formativo integrado, previamente pelo Conselho
processual e formativa serão que se traduz na composição Estadual de Educação, homo-
organizados nas redes de ensi- de componentes curriculares da logada pelo Secretário Estadual
no por meio de atividades teó- Base Nacional Comum Curri- de Educação e certificada pelos
ricas e práticas, provas orais e cular – BNCC e dos itinerários sistemas de ensino.
escritas, seminários, projetos e formativos, considerando os
atividades on-line, de tal forma incisos I a V do caput. § 9o As instituições de ensino
que ao final do ensino médio o emitirão certificado com vali-
educando demonstre: § 4 o (Revogado) dade nacional, que habilitará
o concluinte do ensino médio
I – domínio dos princípios cien- § 5o Os sistemas de ensino, me- ao prosseguimento dos estudos
tíficos e tecnológicos que presi- diante disponibilidade de vagas em nível superior ou em outros
dem a produção moderna; na rede, possibilitarão ao aluno cursos ou formações para os
concluinte do ensino médio cur- quais a conclusão do ensino
II – conhecimento das formas sar mais um itinerário formativo médio seja etapa obrigatória.
contemporâneas de linguagem. de que trata o caput.
§ 10. Além das formas de orga-
Art. 36. O currículo do § 6 o A critério dos sistemas de nização previstas no art. 23, o
ensino médio será composto ensino, a oferta de formação ensino médio poderá ser orga-
pela Base Nacional Comum com ênfase técnica e profissio- nizado em módulos e adotar o
Curricular e por itinerários for- nal considerará: sistema de créditos com termi-
mativos, que deverão ser orga-
nalidade específica.
nizados por meio da oferta de I – a inclusão de vivências
diferentes arranjos curriculares, práticas de trabalho no setor § 11. Para efeito de cumpri-
conforme a relevância para o produtivo ou em ambientes de mento das exigências curri-
contexto local e a possibilidade simulação, estabelecendo par- culares do ensino médio, os
dos sistemas de ensino, a saber:
cerias e fazendo uso, quando sistemas de ensino poderão
aplicável, de instrumentos esta- reconhecer competências e fir-
I – linguagens e suas tecnolo-
belecidos pela legislação sobre mar convênios com instituições
gias;
aprendizagem profissional; de educação a distância com
II – matemática e suas tecno- notório reconhecimento, me-
II – a possibilidade de concessão diante as seguintes formas de
logias;
de certificados intermediários comprovação:
III – ciências da natureza e suas de qualificação para o trabalho,
tecnologias; quando a formação for estru- I – demonstração prática;
turada e organizada em etapas
IV – ciências humanas e sociais com terminalidade. II – experiência de trabalho su-
aplicadas; pervisionado ou outra experiên-
§ 7o A oferta de formações cia adquirida fora do ambiente
V – formação técnica e profis- experimentais relacionadas ao escolar;
sional. inciso V do caput, em áreas
que não constem do Catálogo III – atividades de educação téc-
§ 1o A organização das áreas Nacional dos Cursos Técnicos, nica oferecidas em outras insti-
de que trata o caput e das res- dependerá, para sua continui- tuições de ensino credenciadas;
pectivas competências e habili- dade, do reconhecimento pelo
dades será feita de acordo com respectivo Conselho Estadual IV – cursos oferecidos por cen-
critérios estabelecidos em cada de Educação, no prazo de três tros ou programas ocupacio-
sistema de ensino. anos, e da inserção no Catálogo nais;
Nacional dos Cursos Técnicos,
I – (Revogado); no prazo de cinco anos, conta- V – estudos realizados em insti-
dos da data de oferta inicial da tuições de ensino nacionais ou
II – (Revogado); formação. estrangeiras;

661
VI – cursos realizados por meio III – as exigências de cada insti- qualificação para o trabalho
de educação a distância ou edu- tuição de ensino, nos termos de após a conclusão, com apro-
cação presencial mediada por seu projeto pedagógico. veitamento, de cada etapa que
tecnologias. caracterize uma qualificação
Art. 36-C. A educação pro- para o trabalho.
§ 12. As escolas deverão orien- fissional técnica de nível médio
tar os alunos no processo de articulada, prevista no inciso
escolha das áreas de conheci- I do caput do art. 36-B desta Seção V – Da Educação de
mento ou de atuação profissio- Lei, será desenvolvida de forma: Jovens e Adultos
nal previstas no caput.
I – integrada, oferecida somen- Art. 37. A educação de jo-
te a quem já tenha concluído vens e adultos será destinada
Seção IV-A – Da Educação o ensino fundamental, sendo
àqueles que não tiveram acesso
Profissional Técnica de Nível o curso planejado de modo a
ou continuidade de estudos nos
Médio conduzir o aluno à habilitação
prof issional técnica de nível ensinos fundamental e médio
médio, na mesma instituição de na idade própria e constituirá
Art. 36-A. Sem prejuízo
do disposto na Seção IV des- ensino, efetuando-se matrícula instrumento para a educação
te Capítulo, o ensino médio, única para cada aluno; e a aprendizagem ao longo da
atendida a formação geral do vida.
educando, poderá prepará-lo II – concomitante, oferecida a
para o exercício de profissões quem ingresse no ensino médio § 1o Os sistemas de ensino as-
técnicas. ou já o esteja cursando, efetu- segurarão gratuitamente aos
ando-se matrículas distintas jovens e aos adultos, que não
Parágrafo único. A prepara- para cada curso, e podendo puderam efetuar os estudos na
ção geral para o trabalho e, ocorrer: idade regular, oportunidades
facultativamente, a habilita- a) na mesma instituição de educacionais apropriadas, con-
ção profissional poderão ser ensino, aproveitando-se as sideradas as características do
desenvolvidas nos próprios oportunidades educacio- alunado, seus interesses, con-
estabelecimentos de ensino nais disponíveis; dições de vida e de trabalho,
médio ou em cooperação com mediante cursos e exames.
instituições especializadas em b) em instituições de ensino
educação profissional. distintas, aproveitando-se § 2o O poder público viabili-
as oportunidades educacio- zará e estimulará o acesso e a
Art. 36-B. A educação pro- nais disponíveis;
permanência do trabalhador na
fissional técnica de nível médio c) em instituições de ensino escola, mediante ações integra-
será desenvolvida nas seguintes distintas, mediante con- das e complementares entre si.
formas: vênios de intercomple-
mentaridade, visando ao § 3 o A educação de jovens e
I – articulada com o ensino planejamento e ao desen- adultos deverá articular-se,
médio; volvimento de projeto pe- preferencialmente, com a edu-
dagógico unificado. cação profissional, na forma do
II – subsequente, em cursos des-
regulamento.
tinados a quem já tenha conclu- Art. 36-D. Os diplomas
ído o ensino médio. de cursos de educação profis- Art. 38. Os sistemas de en-
sional técnica de nível médio,
Parágrafo único. A educação sino manterão cursos e exames
quando registrados, terão vali-
profissional técnica de nível mé- supletivos, que compreenderão
dade nacional e habilitarão ao
dio deverá observar: prosseguimento de estudos na a base nacional comum do cur-
educação superior. rículo, habilitando ao prosse-
I – os objetivos e definições con- guimento de estudos em caráter
tidos nas diretrizes curriculares Parágrafo único. Os cursos de regular.
nacionais estabelecidas pelo educação profissional técnica
Conselho Nacional de Educa- de nível médio, nas formas ar- § 1o Os exames a que se refere
ção; ticulada concomitante e subse- este artigo realizar-se-ão:
quente, quando estruturados
II – as normas complementa- e organizados em etapas com I – no nível de conclusão do
res dos respectivos sistemas de terminalidade, possibilitarão ensino fundamental, para os
ensino; a obtenção de certificados de maiores de quinze anos;

662
II – no nível de conclusão do educação continuada, em ins- V – suscitar o desejo permanen-
ensino médio, para os maiores tituições especializadas ou no te de aperfeiçoamento cultural
de dezoito anos. ambiente de trabalho. e profissional e possibilitar a
correspondente concretização,
§ 2o Os conhecimentos e habi- Art. 41. O conhecimento integrando os conhecimentos
lidades adquiridos pelos edu- adquirido na educação profis- que vão sendo adquiridos numa
candos por meios informais sional e tecnológica, inclusive estrutura intelectual sistema-
serão aferidos e reconhecidos no trabalho, poderá ser objeto tizadora do conhecimento de
mediante exames. de avaliação, reconhecimento cada geração;
e certificação para prossegui-
Capítulo III – Da Educação mento ou conclusão de estudos. VI – estimular o conhecimento
Profissional e Tecnológica dos problemas do mundo pre-
Parágrafo único. (Revogado) sente, em particular os nacio-
Art. 39. A educação pro- nais e regionais, prestar serviços
f issional e tecnológica, no Art. 42. As instituições de especializados à comunidade e
cumprimento dos objetivos da educação profissional e tecno- estabelecer com esta uma rela-
educação nacional, integra-se lógica, além dos seus cursos ção de reciprocidade;
aos diferentes níveis e modali- regulares, oferecerão cursos
dades de educação e às dimen- especiais, abertos à comunida- VII – promover a extensão, aber-
sões do trabalho, da ciência e de, condicionada a matrícula à ta à participação da população,
da tecnologia. capacidade de aproveitamento visando à difusão das conquis-
e não necessariamente ao nível tas e benefícios resultantes da
§ 1o Os cursos de educação de escolaridade. criação cultural e da pesquisa
profissional e tecnológica po- científica e tecnológica geradas
derão ser organizados por eixos Capítulo IV – Da na instituição;
tecnológicos, possibilitando a
construção de diferentes itine-
Educação Superior VIII – atuar em favor da univer-
rários formativos, observadas Art. 43. A educação supe- salização e do aprimoramento
as normas do respectivo siste- da educação básica, mediante
rior tem por finalidade:
ma e nível de ensino. a formação e a capacitação
de profissionais, a realização
I – estimular a criação cultural
§ 2o A educação profissional de pesquisas pedagógicas e o
e o desenvolvimento do espíri-
e tecnológica abrangerá os se- desenvolvimento de atividades
to científico e do pensamento
guintes cursos: de extensão que aproximem os
reflexivo; dois níveis escolares.
I – de formação inicial e conti-
nuada ou qualificação profis- II – formar diplomados nas dife- Art. 44. A educação su-
sional; rentes áreas de conhecimento, perior abrangerá os seguintes
aptos para a inserção em seto- cursos e programas:
II – de educação profissional res profissionais e para a parti-
técnica de nível médio; cipação no desenvolvimento da I – cursos sequenciais por cam-
sociedade brasileira, e colabo- po de saber, de diferentes ní-
III – de educação profissional rar na sua formação contínua; veis de abrangência, abertos a
tecnológica de graduação e pós- candidatos que atendam aos
graduação. III – incentivar o trabalho de requisitos estabelecidos pelas
pesquisa e investigação cientí- instituições de ensino, desde
§ 3 o Os cursos de educação fica, visando o desenvolvimento que tenham concluído o ensino
prof issional tecnológica de da ciência e da tecnologia e da médio ou equivalente;
graduação e pós-graduação criação e difusão da cultura,
organizar-se-ão, no que concer- e, desse modo, desenvolver o II – de graduação, abertos a
ne a objetivos, características entendimento do homem e do candidatos que tenham con-
e duração, de acordo com as meio em que vive; cluído o ensino médio ou
diretrizes curriculares nacionais equivalente e tenham sido clas-
estabelecidas pelo Conselho IV – promover a divulgação de sificados em processo seletivo;
Nacional de Educação. conhecimentos culturais, cientí-
ficos e técnicos que constituem III – de pós-graduação, com-
Art. 40. A educação profis- patrimônio da humanidade e preendendo programas de
sional será desenvolvida em ar- comunicar o saber através do mestrado e doutorado, cursos
ticulação com o ensino regular ensino, de publicações ou de de especialização, aperfeiçoa-
ou por diferentes estratégias de outras formas de comunicação; mento e outros, abertos a can-

663
didatos diplomados em cursos tualmente identif icadas pela tes curriculares, sua duração,
de graduação e que atendam avaliação a que se refere este requisitos, qualificação dos pro-
às exigências das instituições artigo, haverá reavaliação, que fessores, recursos disponíveis
de ensino; poderá resultar, conforme o e critérios de avaliação, obri-
caso, em desativação de cursos gando-se a cumprir as respec-
IV – de extensão, abertos a e habilitações, em intervenção tivas condições, e a publicação
candidatos que atendam aos na instituição, em suspensão deve ser feita, sendo as 3 (três)
requisitos estabelecidos em temporária de prerrogativas primeiras formas concomitan-
cada caso pelas instituições de da autonomia, ou em descre- temente:
ensino. denciamento.
I – em página específica na in-
§ 1o Os resultados do processo § 2 o No caso de instituição ternet no sítio eletrônico oficial
seletivo referido no inciso II do pública, o Poder Executivo res- da instituição de ensino supe-
caput deste artigo serão torna- ponsável por sua manutenção rior, obedecido o seguinte:
dos públicos pelas instituições acompanhará o processo de sa-
de ensino superior, sendo obri- neamento e fornecerá recursos a) toda publicação a que se re-
gatória a divulgação da relação adicionais, se necessários, para fere esta Lei deve ter como
nominal dos classificados, a res- a superação das deficiências. título “Grade e Corpo Do-
pectiva ordem de classificação, cente”;
bem como do cronograma das § 3 o No caso de instituição b) a página principal da insti-
chamadas para matrícula, de privada, além das sanções pre- tuição de ensino superior,
acordo com os critérios para vistas no § 1o deste artigo, o bem como a página da
preenchimento das vagas cons- processo de reavaliação poderá oferta de seus cursos aos
tantes do respectivo edital. resultar em redução de vagas ingressantes sob a forma de
autorizadas e em suspensão vestibulares, processo sele-
§ 2o No caso de empate no temporária de novos ingressos tivo e outras com a mesma
processo seletivo, as institui- e de oferta de cursos. f inalidade, deve conter a
ções públicas de ensino superior ligação desta com a pági-
darão prioridade de matrícula § 4 o É facultado ao Ministério na específica prevista neste
ao candidato que comprove ter da Educação, mediante pro- inciso;
renda familiar inferior a dez sa- cedimento específ ico e com
lários mínimos, ou ao de menor aquiescência da instituição de c) caso a instituição de ensi-
renda familiar, quando mais de ensino, com vistas a resguardar no superior não possua sítio
um candidato preencher o cri- os interesses dos estudantes, eletrônico, deve criar página
tério inicial. comutar as penalidades previs- específica para divulgação
tas nos §§ 1o e 3o deste artigo das informações de que tra-
§ 3o O processo seletivo refe- por outras medidas, desde que ta esta Lei;
rido no inciso II considerará as adequadas para superação das d) a página específ ica deve
competências e as habilidades deficiências e irregularidades conter a data completa de
definidas na Base Nacional Co- constatadas. sua última atualização.
mum Curricular.
§ 5 o Para f ins de regulação, II – em toda propaganda eletrô-
Art. 45. A educação su- os Estados e o Distrito Federal nica da instituição de ensino su-
perior será ministrada em ins- deverão adotar os critérios defi- perior, por meio de ligação para
tituições de ensino superior, nidos pela União para autoriza- a página referida no inciso I;
públicas ou privadas, com va- ção de funcionamento de curso
riados graus de abrangência ou de graduação em Medicina. III – em local visível da institui-
especialização. ção de ensino superior e de fácil
Art. 47. Na educação supe- acesso ao público;
Art. 46. A autorização e o rior, o ano letivo regular, inde-
reconhecimento de cursos, bem pendente do ano civil, tem, no IV – deve ser atualizada se-
como o credenciamento de ins- mínimo, duzentos dias de traba- mestralmente ou anualmente,
tituições de educação superior, lho acadêmico efetivo, excluído de acordo com a duração das
terão prazos limitados, sendo o tempo reservado aos exames
disciplinas de cada curso ofe-
renovados, periodicamente, finais, quando houver.
recido, observando o seguinte:
após processo regular de ava-
liação. § 1o As instituições informarão a) caso o curso mantenha dis-
aos interessados, antes de cada ciplinas com duração dife-
§ 1o Após um prazo para sa- período letivo, os programas renciada, a publicação deve
neamento de deficiências even- dos cursos e demais componen- ser semestral;

664
b) a publicação deve ser feita validade nacional como prova articulando-se com os órgãos
até 1 (um) mês antes do iní- da formação recebida por seu normativos dos sistemas de
cio das aulas; titular. ensino.
c) caso haja mudança na grade
§ 1o Os diplomas expedidos pe- Art. 52. As universidades
do curso ou no corpo do-
las universidades serão por elas são instituições pluridisciplina-
cente até o início das aulas,
próprias registrados, e aqueles res de formação dos quadros
os alunos devem ser comu-
conferidos por instituições não profissionais de nível superior,
nicados sobre as alterações.
universitárias serão registrados de pesquisa, de extensão e de
em universidades indicadas pelo domínio e cultivo do saber hu-
V – deve conter as seguintes in-
Conselho Nacional de Educação. mano, que se caracterizam por:
formações:
a) a lista de todos os cursos § 2o Os diplomas de graduação I – produção intelectual institu-
oferecidos pela instituição expedidos por universidades cionalizada mediante o estudo
de ensino superior; estrangeiras serão revalidados sistemático dos temas e proble-
por universidades públicas que mas mais relevantes, tanto do
b) a lista das disciplinas que
tenham curso do mesmo nível e ponto de vista científico e cultu-
compõem a grade curricular
área ou equivalente, respeitando- ral, quanto regional e nacional;
de cada curso e as respecti-
se os acordos internacionais de
vas cargas horárias;
reciprocidade ou equiparação. II – um terço do corpo docen-
c) a identificação dos docentes te, pelo menos, com titulação
que ministrarão as aulas em § 3o Os diplomas de Mestrado acadêmica de mestrado ou
cada curso, as disciplinas e de Doutorado expedidos por doutorado;
que efetivamente ministra- universidades estrangeiras só
rá naquele curso ou cursos, poderão ser reconhecidos por III – um terço do corpo docente
sua titulação, abrangendo a universidades que possuam em regime de tempo integral.
qualificação profissional do cursos de pós-graduação reco-
docente e o tempo de casa nhecidos e avaliados, na mes- Parágrafo único. É facultada a
do docente, de forma total, ma área de conhecimento e em criação de universidades espe-
contínua ou intermitente. nível equivalente ou superior. cializadas por campo do saber.

§ 2o Os alunos que tenham Art. 49. As instituições de Art. 53. No exercício de sua
extraordinário aproveitamen- educação superior aceitarão autonomia, são asseguradas às
to nos estudos, demonstrado a transferência de alunos re- universidades, sem prejuízo de
por meio de provas e outros gulares, para cursos afins, na outras, as seguintes atribuições:
instrumentos de avaliação es- hipótese de existência de vagas,
pecíficos, aplicados por banca e mediante processo seletivo. I – criar, organizar e extinguir,
examinadora especial, poderão em sua sede, cursos e programas
ter abreviada a duração dos Parágrafo único. As transferên- de educação superior previstos
seus cursos, de acordo com as cias ex officio dar-se-ão na forma nesta Lei, obedecendo às nor-
normas dos sistemas de ensino. da lei. mas gerais da União e, quando
for o caso, do respectivo sistema
§ 3o É obrigatória a frequência Art. 50. As instituições de de ensino;
de alunos e professores, salvo educação superior, quando
nos programas de educação a da ocorrência de vagas, abri- II – fixar os currículos dos seus
distância. rão matrícula nas disciplinas cursos e programas, observadas
de seus cursos a alunos não as diretrizes gerais pertinentes;
§ 4 o As instituições de edu- regulares que demonstrarem
cação superior oferecerão, no capacidade de cursá-las com III – estabelecer planos, pro-
período noturno, cursos de gra- proveito, mediante processo gramas e projetos de pesquisa
duação nos mesmos padrões de seletivo prévio. científica, produção artística e
qualidade mantidos no perío- atividades de extensão;
do diurno, sendo obrigatória a Art. 51. As instituições de
oferta noturna nas instituições educação superior credencia- IV – fixar o número de vagas
públicas, garantida a necessária das como universidades, ao de acordo com a capacidade
previsão orçamentária. deliberar sobre critérios e nor- institucional e as exigências do
mas de seleção e admissão de seu meio;
Art. 48. Os diplomas de estudantes, levarão em conta
cursos superiores reconheci- os efeitos desses critérios sobre V – elaborar e reformar os seus
dos, quando registrados, terão a orientação do ensino médio, estatutos e regimentos em con-

665
sonância com as normas gerais doações devem ser dirigidos financeira e patrimonial neces-
atinentes; ao caixa único da instituição, sárias ao seu bom desempenho.
com destinação garantida às
VI – conferir graus, diplomas e unidades a serem beneficiadas. § 2o Atribuições de autonomia
outros títulos; universitária poderão ser esten-
Art. 54. As universidades didas a instituições que com-
VII – firmar contratos, acordos mantidas pelo poder público provem alta qualificação para
e convênios; gozarão, na forma da lei, de o ensino ou para a pesquisa,
estatuto jurídico especial para com base em avaliação realiza-
VIII – aprovar e executar planos, atender às peculiaridades de da pelo poder público.
programas e projetos de inves- sua estrutura, organização e
timentos referentes a obras, financiamento pelo poder públi- Art. 55. Caberá à União
serviços e aquisições em geral, co, assim como dos seus planos assegurar, anualmente, em seu
bem como administrar rendi- de carreira e do regime jurídico Orçamento Geral, recursos su-
mentos conforme dispositivos do seu pessoal. ficientes para manutenção e de-
institucionais; senvolvimento das instituições
§ 1o No exercício da sua au- de educação superior por ela
IX – administrar os rendimentos tonomia, além das atribuições mantidas.
e deles dispor na forma prevista asseguradas pelo artigo ante-
no ato de constituição, nas leis rior, as universidades públicas Ar t. 56. As instituições
e nos respectivos estatutos; poderão: públicas de educação supe-
rior obedecerão ao princípio
X – receber subvenções, doa- I – propor o seu quadro de pes- da gestão democrática, asse-
ções, heranças, legados e co- soal docente, técnico e adminis- gurada a existência de órgãos
operação financeira resultante trativo, assim como um plano colegiados deliberativos, de que
de convênios com entidades de cargos e salários, atendidas participarão os segmentos da
públicas e privadas. as normas gerais pertinentes e comunidade institucional, local
os recursos disponíveis; e regional.
§ 1o Para garantir a autonomia
didático-científica das univer- II – elaborar o regulamento de Parágrafo único. Em qualquer
sidades, caberá aos seus co- seu pessoal em conformidade caso, os docentes ocuparão
legiados de ensino e pesquisa com as normas gerais concer- setenta por cento dos assen-
decidir, dentro dos recursos or- nentes; tos em cada órgão colegiado
çamentários disponíveis, sobre: e comissão, inclusive nos que
III – aprovar e executar planos, tratarem da elaboração e mo-
I – criação, expansão, modifica- programas e projetos de inves- dificações estatutárias e regi-
ção e extinção de cursos; timentos referentes a obras, mentais, bem como da escolha
serviços e aquisições em geral, de dirigentes.
II – ampliação e diminuição de de acordo com os recursos alo-
vagas; cados pelo respectivo Poder Art. 57. Nas instituições pú-
mantenedor; blicas de educação superior, o
III – elaboração da programa- professor ficará obrigado ao
ção dos cursos; IV – elaborar seus orçamentos mínimo de oito horas semanais
anuais e plurianuais; de aulas.
IV – programação das pesquisas
e das atividades de extensão; V – adotar regime f inanceiro Capítulo V – Da Educação
e contábil que atenda às suas Especial
V – contratação e dispensa de peculiaridades de organização
professores; e funcionamento; Art. 58. Entende-se por
educação especial, para os efei-
VI – planos de carreira docente. VI – realizar operações de cré- tos desta Lei, a modalidade de
dito ou de financiamento, com educação escolar oferecida pre-
§ 2o As doações, inclusive mo- aprovação do Poder compe- ferencialmente na rede regular
netárias, podem ser dirigidas a tente, para aquisição de bens de ensino, para educandos com
setores ou projetos específicos, imóveis, instalações e equipa- deficiência, transtornos globais
conforme acordo entre doado- mentos; do desenvolvimento e altas ha-
res e universidades. bilidades ou superdotação.
VII – efetuar transferências, qui-
§ 3 o No caso das universida- tações e tomar outras providên- § 1o Haverá, quando necessá-
des públicas, os recursos das cias de ordem orçamentária, rio, serviços de apoio especia-

666
lizado, na escola regular, para que apresentam uma habilida-
atender às peculiaridades da de superior nas áreas artística,
clientela de educação especial. intelectual ou psicomotora;
Título VI – Dos
Profissionais da Educação
§ 2o O atendimento educa- V – acesso igualitário aos be-
cional será feito em classes, nefícios dos programas sociais Art. 61. Consideram-se pro-
escolas ou serviços especiali- suplementares disponíveis para fissionais da educação escolar
zados, sempre que, em função o respectivo nível do ensino re- básica os que, nela estando em
das condições específicas dos gular. efetivo exercício e tendo sido
alunos, não for possível a sua formados em cursos reconhe-
integração nas classes comuns Art. 59-A. O poder públi- cidos, são:
de ensino regular. co deverá instituir cadastro
nacional de alunos com altas I – professores habilitados em
§ 3o A oferta de educação espe- habilidades ou superdotação nível médio ou superior para a
cial, nos termos do caput deste matriculados na educação bá- docência na educação infantil
artigo, tem início na educação sica e na educação superior, a e nos ensinos fundamental e
infantil e estende-se ao longo fim de fomentar a execução de médio;
da vida, observados o inciso III políticas públicas destinadas
do art. 4o e o parágrafo único ao desenvolvimento pleno das II – trabalhadores em educação
do art. 60 desta Lei. potencialidades desse alunado. portadores de diploma de pe-
dagogia, com habilitação em
Art. 59. Os sistemas de Parágrafo único. A identif i- administração, planejamento,
ensino assegurarão aos edu- cação precoce de alunos com supervisão, inspeção e orien-
c an dos co m d e f i ci ê n cia, altas habilidades ou superdota- tação educacional, bem como
transtornos globais do desen- ção, os critérios e procedimen- com títulos de mestrado ou
volvimento e altas habilidades tos para inclusão no cadastro doutorado nas mesmas áreas;
ou superdotação: referido no caput deste artigo,
as entidades responsáveis pelo III – trabalhadores em educa-
I – currículos, métodos, téc- cadastramento, os mecanismos ção, portadores de diploma de
nicas, recursos educativos e de acesso aos dados do cadas- curso técnico ou superior em
organização específicos, para tro e as políticas de desenvolvi- área pedagógica ou afim;
atender às suas necessidades; mento das potencialidades do
alunado de que trata o caput IV – profissionais com notório
II – terminalidade específ ica serão definidos em regulamen- saber reconhecido pelos res-
para aqueles que não puderem to. pectivos sistemas de ensino,
atingir o nível exigido para a para ministrar conteúdos de
conclusão do ensino fundamen- Art. 60. Os órgãos norma- áreas afins à sua formação ou
tal, em virtude de suas deficiên- tivos dos sistemas de ensino experiência profissional, atesta-
cias, e aceleração para concluir estabelecerão critérios de ca- dos por titulação específica ou
em menor tempo o programa racterização das instituições prática de ensino em unidades
escolar para os superdotados; privadas sem f ins lucrativos, educacionais da rede pública
especializadas e com atuação ou privada ou das corporações
III – professores com especiali- exclusiva em educação especial, privadas em que tenham atua-
zação adequada em nível médio para fins de apoio técnico e fi- do, exclusivamente para atender
ou superior, para atendimen- nanceiro pelo poder público. ao inciso V do caput do art. 36;
to especializado, bem como
professores do ensino regular Parágrafo único. O poder pú- V – profissionais graduados que
capacitados para a integração blico adotará, como alterna- tenham feito complementação
desses educandos nas classes tiva preferencial, a ampliação pedagógica, conforme dispos-
comuns; do atendimento aos educandos to pelo Conselho Nacional de
com deficiência, transtornos Educação.
IV – educação especial para o globais do desenvolvimento e
trabalho, visando a sua efetiva altas habilidades ou superdo- Parágrafo único. A formação
integração na vida em socieda- tação na própria rede pública dos profissionais da educação,
de, inclusive condições adequa- regular de ensino, independen- de modo a atender às especi-
das para os que não revelarem temente do apoio às institui- ficidades do exercício de suas
capacidade de inserção no tra- ções previstas neste artigo. atividades, bem como aos ob-
balho competitivo, mediante ar- jetivos das diferentes etapas e
ticulação com os órgãos oficiais modalidades da educação bá-
afins, bem como para aqueles sica, terá como fundamentos:

667
I – a presença de sólida for- profissionais do magistério para § 1o Terão direito de pleitear o
mação básica, que propicie o atuar na educação básica públi- acesso previsto no caput deste
conhecimento dos fundamen- ca mediante programa institu- artigo os professores das redes
tos científicos e sociais de suas cional de bolsa de iniciação à públicas municipais, estaduais
competências de trabalho; docência a estudantes matricu- e federal que ingressaram por
lados em cursos de licenciatura, concurso público, tenham pelo
II – a associação entre teorias de graduação plena, nas insti- menos três anos de exercício da
e práticas, mediante estágios tuições de educação superior. profissão e não sejam portado-
supervisionados e capacitação res de diploma de graduação.
em serviço; § 6o O Ministério da Educação
poderá estabelecer nota míni- § 2o As instituições de ensino
III – o aproveitamento da for- ma em exame nacional aplica- responsáveis pela oferta de
mação e experiências anterio- do aos concluintes do ensino cursos de pedagogia e outras
res, em instituições de ensino e médio como pré-requisito para licenciaturas definirão critérios
em outras atividades. o ingresso em cursos de gradua- adicionais de seleção sempre
ção para formação de docentes, que acorrerem aos certames in-
Art. 62. A formação de do- ouvido o Conselho Nacional de teressados em número superior
centes para atuar na educação Educação – CNE. ao de vagas disponíveis para os
básica far-se-á em nível supe- respectivos cursos.
rior, em curso de licenciatura § 7o (Vetado)
plena, admitida, como forma- § 3o Sem prejuízo dos concur-
ção mínima para o exercício do § 8 o Os currículos dos cursos sos seletivos a serem definidos
magistério na educação infantil de formação de docentes terão em regulamento pelas univer-
e nos cinco primeiros anos do por referência a Base Nacional sidades, terão prioridade de
ensino fundamental, a oferecida Comum Curricular.1 ingresso os professores que op-
em nível médio, na modalidade tarem por cursos de licenciatura
normal. Art. 62-A. A formação dos em matemática, física, química,
profissionais a que se refere o biologia e língua portuguesa.
§ 1o A União, o Distrito Federal, inciso III do art. 61 far-se-á por
os Estados e os Municípios, em meio de cursos de conteúdo Art. 63. Os institutos supe-
regime de colaboração, deverão técnico-pedagógico, em nível riores de educação manterão:
promover a formação inicial, a médio ou superior, incluindo
continuada e a capacitação dos habilitações tecnológicas. I – cursos formadores de profis-
profissionais de magistério. sionais para a educação básica,
Parágrafo único. Garantir-se-á inclusive o curso normal supe-
§ 2o A formação continuada e formação continuada para os rior, destinado à formação de
a capacitação dos profissionais profissionais a que se refere o docentes para a educação in-
de magistério poderão utilizar caput, no local de trabalho ou fantil e para as primeiras séries
recursos e tecnologias de edu- em instituições de educação bá- do ensino fundamental;
cação a distância. sica e superior, incluindo cur-
sos de educação profissional, II – programas de formação pe-
§ 3o A formação inicial de pro- cursos superiores de graduação dagógica para portadores de
fissionais de magistério dará plena ou tecnológicos e de pós- diplomas de educação superior
preferência ao ensino presen- graduação. que queiram se dedicar à edu-
cial, subsidiariamente fazendo cação básica;
uso de recursos e tecnologias de Art. 62-B. O acesso de pro-
educação a distância. fessores das redes públicas de III – programas de educação
educação básica a cursos supe- continuada para os profissio-
§ 4 o A União, o Distrito Fede- riores de pedagogia e licencia- nais de educação dos diversos
ral, os Estados e os Municípios tura será efetivado por meio de níveis.
adotarão mecanismos facilita- processo seletivo diferenciado.
dores de acesso e permanên- Art. 64. A formação de
cia em cursos de formação profissionais de educação para
de docentes em nível superior administração, planejamento,
para atuar na educação básica inspeção, supervisão e orienta-
pública. 1 Nota do Editor (NE): o disposto ção educacional para a educa-
neste parágrafo deverá ser imple- ção básica, será feita em cursos
§ 5o A União, o Distrito Fede- mentado no prazo de dois anos, de graduação em pedagogia ou
ral, os Estados e os Municípios contado da publicação da Base em nível de pós-graduação, a
incentivarão a formação de Nacional Comum Curricular. critério da instituição de ensino,

668
garantida, nesta formação, a art. 201 da Constituição Fede- tenção e desenvolvimento do
base comum nacional. ral, são consideradas funções ensino público.
de magistério as exercidas por
Art. 65. A formação docen- professores e especialistas em § 1o A parcela da arrecadação
te, exceto para a educação su- educação no desempenho de de impostos transferida pela
perior, incluirá prática de ensino atividades educativas, quando União aos Estados, ao Distrito
de, no mínimo, trezentas horas. exercidas em estabelecimento Federal e aos Municípios, ou pe-
de educação básica em seus los Estados aos respectivos Mu-
Art. 66. A preparação para diversos níveis e modalidades, nicípios, não será considerada,
o exercício do magistério supe- incluídas, além do exercício para efeito do cálculo previsto
rior far-se-á em nível de pós- da docência, as de direção de neste artigo, receita do governo
graduação, prioritariamente unidade escolar e as de coor- que a transferir.
em programas de mestrado e denação e assessoramento pe-
doutorado. dagógico. § 2o Serão consideradas exclu-
ídas das receitas de impostos
Parágrafo único. O notório § 3 o A União prestará assis- mencionadas neste artigo as
saber, reconhecido por univer- tência técnica aos Estados, ao operações de crédito por ante-
sidade com curso de doutorado Distrito Federal e aos Municí- cipação de receita orçamentária
em área afim, poderá suprir a pios na elaboração de concur- de impostos.
exigência de título acadêmico. sos públicos para provimento
de cargos dos profissionais da § 3 o Para f ixação inicial dos
Art. 67. Os sistemas de en- educação. valores correspondentes aos
sino promoverão a valorização mínimos estatuídos neste arti-
dos profissionais da educação, go, será considerada a receita
assegurando-lhes, inclusive nos estimada na lei do orçamento
termos dos estatutos e dos pla- Título VII – Dos anual, ajustada, quando for o
nos de carreira do magistério Recursos Financeiros caso, por lei que autorizar a
público: abertura de créditos adicionais,
com base no eventual excesso
Art. 68. Serão recursos pú-
I – ingresso exclusivamente por de arrecadação.
blicos destinados à educação os
concurso público de provas e
originários de:
títulos; § 4 o As diferenças entre a re-
ceita e a despesa previstas e as
I – receita de impostos próprios
II – aperfeiçoamento profissio- efetivamente realizadas, que
da União, dos Estados, do Dis-
nal continuado, inclusive com resultem no não atendimen-
trito Federal e dos Municípios;
licenciamento periódico remu- to dos percentuais mínimos
nerado para esse fim; obrigatórios, serão apuradas e
II – receita de transferências
corrigidas a cada trimestre do
constitucionais e outras trans-
III – piso salarial profissional; exercício financeiro.
ferências;
IV – progressão funcional base- § 5o O repasse dos valores re-
III – receita do salário-educa-
ada na titulação ou habilitação, feridos neste artigo do caixa da
ção e de outras contribuições
e na avaliação do desempenho; União, dos Estados, do Distrito
sociais;
Federal e dos Municípios ocor-
V – período reservado a estu- rerá imediatamente ao órgão
IV – receita de incentivos fiscais;
dos, planejamento e avaliação, responsável pela educação, ob-
incluído na carga de trabalho; servados os seguintes prazos:
V – outros recursos previstos
em lei.
VI – condições adequadas de I – recursos arrecadados do pri-
trabalho. meiro ao décimo dia de cada
Art. 69. A União aplicará,
mês, até o vigésimo dia;
anualmente, nunca menos de
§ 1 A experiência docente é
o
dezoito, e os Estados, o Distrito
pré-requisito para o exercício II – recursos arrecadados do
Federal e os Municípios, vinte
profissional de quaisquer ou- décimo primeiro ao vigésimo
e cinco por cento, ou o que
tras funções de magistério, nos dia de cada mês, até o trigési-
consta nas respectivas Consti-
termos das normas de cada sis- mo dia;
tuições ou Leis Orgânicas, da
tema de ensino.
receita resultante de impostos,
III – recursos arrecadados do
compreendidas as transferên-
§ 2o Para os efeitos do disposto vigésimo primeiro dia ao final
cias constitucionais, na manu-
no § 5o do art. 40 e no § 8o do

669
de cada mês, até o décimo dia I – pesquisa, quando não vincu- nais para o ensino fundamental,
do mês subsequente. lada às instituições de ensino, baseado no cálculo do custo
ou, quando efetivada fora dos mínimo por aluno, capaz de
§ 6 o O atraso da liberação su- sistemas de ensino, que não assegurar ensino de qualidade.
jeitará os recursos a correção vise, precipuamente, ao apri-
monetária e à responsabilização moramento de sua qualidade Parágrafo único. O custo míni-
civil e criminal das autoridades ou à sua expansão; mo de que trata este artigo será
competentes. calculado pela União ao final de
II – subvenção a instituições cada ano, com validade para o
Art. 70. Considerar-se-ão públicas ou privadas de cará- ano subsequente, considerando
como de manutenção e de- ter assistencial, desportivo ou variações regionais no custo dos
senvolvimento do ensino as cultural; insumos e as diversas modalida-
despesas realizadas com vistas des de ensino.
à consecução dos objetivos III – formação de quadros espe-
básicos das instituições edu- ciais para a administração pú- Art. 75. A ação supletiva e
cacionais de todos os níveis, blica, sejam militares ou civis, redistributiva da União e dos
compreendendo as que se des- inclusive diplomáticos; Estados será exercida de modo
tinam a: a corrigir, progressivamente,
IV – programas suplementares as disparidades de acesso e
I – remuneração e aperfeiçoa- de alimentação, assistência garantir o padrão mínimo de
mento do pessoal docente e de- médico-odontológica, farma- qualidade de ensino.
mais profissionais da educação; cêutica e psicológica, e outras
formas de assistência social; § 1o A ação a que se refere este
II – aquisição, manutenção, artigo obedecerá a fórmula de
construção e conservação de V – obras de infraestrutura, ain- domínio público que inclua a
instalações e equipamentos ne- da que realizadas para benefi- capacidade de atendimento e
cessários ao ensino; ciar direta ou indiretamente a a medida do esforço fiscal do
rede escolar; respectivo Estado, do Distrito
III – uso e manutenção de bens Federal ou do Município em
e serviços vinculados ao ensino; VI – pessoal docente e demais favor da manutenção e do de-
trabalhadores da educação, senvolvimento do ensino.
IV – levantamentos estatísticos, quando em desvio de função
estudos e pesquisas visando ou em atividade alheia à ma- § 2o A capacidade de atendi-
precipuamente ao aprimora- nutenção e desenvolvimento mento de cada governo será
mento da qualidade e à expan- do ensino. def inida pela razão entre os
são do ensino; recursos de uso constitucio-
Art. 72. As receitas e des- nalmente obrigatório na manu-
V – realização de atividades- pesas com manutenção e de- tenção e desenvolvimento do
meio necessárias ao funciona- senvolvimento do ensino serão ensino e o custo anual do aluno,
mento dos sistemas de ensino; apuradas e publicadas nos relativo ao padrão mínimo de
balanços do poder público, as- qualidade.
VI – concessão de bolsas de es- sim como nos relatórios a que
tudo a alunos de escolas públi- se refere o § 3o do art. 165 da § 3 o Com base nos critérios
cas e privadas; Constituição Federal. estabelecidos nos §§ 1o e 2o, a
União poderá fazer a transfe-
VII – amortização e custeio de Art. 73. Os órgãos fiscaliza- rência direta de recursos a cada
operações de crédito destina- dores examinarão, prioritaria- estabelecimento de ensino, con-
das a atender ao disposto nos mente, na prestação de contas siderado o número de alunos
incisos deste artigo; de recursos públicos, o cumpri- que efetivamente frequentam
mento do disposto no art. 212 a escola.
VIII – aquisição de material di- da Constituição Federal, no
dático-escolar e manutenção art. 60 do Ato das Disposições § 4 o A ação supletiva e redistri-
de programas de transporte Constitucionais Transitórias e butiva não poderá ser exercida
escolar. na legislação concernente. em favor do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios
Art. 71. Não constituirão Art. 74. A União, em cola- se estes oferecerem vagas, na
despesas de manutenção e de- boração com os Estados, o Dis- área de ensino de sua respon-
senvolvimento do ensino aque- trito Federal e os Municípios, sabilidade, conforme o inciso
las realizadas com: estabelecerá padrão mínimo VI do art. 10 e o inciso V do
de oportunidades educacio- art. 11 desta Lei, em número

670
inferior à sua capacidade de cluindo os conteúdos culturais
atendimento. correspondentes às respectivas
Título VIII – Das comunidades;
Disposições Gerais
Art. 76. A ação supletiva e
redistributiva prevista no arti- IV – elaborar e publicar siste-
go anterior ficará condicionada Art. 78. O Sistema de En- maticamente material didático
ao efetivo cumprimento pelos sino da União, com a colabo- específico e diferenciado.
ração das agências federais de
Estados, Distrito Federal e Mu-
fomento à cultura e de assis- § 3o No que se refere à educa-
nicípios do disposto nesta Lei, tência aos índios, desenvolverá ção superior, sem prejuízo de
sem prejuízo de outras prescri- programas integrados de ensino outras ações, o atendimento
ções legais. e pesquisa, para oferta de edu- aos povos indígenas efetivar-se-
cação escolar bilíngue e inter- -á, nas universidades públicas e
Art. 77. Os recursos públi- cultural aos povos indígenas, privadas, mediante a oferta de
cos serão destinados às escolas com os seguintes objetivos: ensino e de assistência estudan-
públicas, podendo ser dirigidos til, assim como de estímulo à
a escolas comunitárias, confes- I – proporcionar aos índios, pesquisa e desenvolvimento de
sionais ou filantrópicas que: suas comunidades e povos, a programas especiais.
recuperação de suas memó-
I – comprovem finalidade não rias históricas; a reafirmação Art. 79-A. (Vetado)
lucrativa e não distribuam resul- de suas identidades étnicas; a
tados, dividendos, bonificações, valorização de suas línguas e Art. 79-B. O calendário
ciências; escolar incluirá o dia 20 de no-
participações ou parcela de seu
vembro como “Dia Nacional da
patrimônio sob nenhuma forma II – garantir aos índios, suas co- Consciência Negra”.
ou pretexto; munidades e povos, o acesso
às informações, conhecimentos Art. 80. O poder público
II – apliquem seus excedentes técnicos e científicos da socie- incentivará o desenvolvimento
financeiros em educação; dade nacional e demais socie- e a veiculação de programas de
dades indígenas e não índias. ensino a distância, em todos os
III – assegurem a destinação de níveis e modalidades de ensino,
seu patrimônio a outra escola Art. 79. A União apoiará e de educação continuada.
comunitária, f ilantrópica ou técnica e financeiramente os sis-
confessional, ou ao poder pú- temas de ensino no provimento § 1o A educação a distância,
blico, no caso de encerramento da educação intercultural às co- organizada com abertura e re-
de suas atividades; munidades indígenas, desenvol- gime especiais, será oferecida
vendo programas integrados de por instituições especificamente
ensino e pesquisa. credenciadas pela União.
IV – prestem contas ao poder
público dos recursos recebidos. § 1o Os programas serão pla- § 2o A União regulamentará os
nejados com audiência das co- requisitos para a realização de
§ 1o Os recursos de que trata munidades indígenas. exames e registro de diploma
este artigo poderão ser desti- relativos a cursos de educação
nados a bolsas de estudo para § 2o Os programas a que se re- a distância.
a educação básica, na forma fere este artigo, incluídos nos
da lei, para os que demonstra- Planos Nacionais de Educação, § 3o As normas para produção,
rem insuficiência de recursos, terão os seguintes objetivos: controle e avaliação de progra-
quando houver falta de vagas e mas de educação a distância e a
cursos regulares da rede públi- I – fortalecer as práticas socio- autorização para sua implemen-
ca de domicílio do educando, culturais e a língua materna de tação, caberão aos respectivos
ficando o poder público obri- cada comunidade indígena; sistemas de ensino, podendo
haver cooperação e integração
gado a investir prioritariamente
II – manter programas de for- entre os diferentes sistemas.
na expansão da sua rede local. mação de pessoal especiali-
zado, destinado à educação § 4 o A educação a distância
§ 2o As atividades universitárias escolar nas comunidades indí- gozará de tratamento diferen-
de pesquisa e extensão poderão genas; ciado, que incluirá:
receber apoio financeiro do po-
der público, inclusive mediante III – desenvolver currículos e I – custos de transmissão redu-
bolsas de estudo. programas específicos, neles in- zidos em canais comerciais de

671
radiodifusão sonora e de sons Art. 86. As instituições de § 5o Serão conjugados todos os
e imagens e em outros meios de educação superior constituídas esforços objetivando a progres-
comunicação que sejam explo- como universidades integrar-se- são das redes escolares públicas
rados mediante autorização, -ão, também, na sua condição urbanas de ensino fundamen-
concessão ou permissão do de instituições de pesquisa, ao tal para o regime de escolas de
poder público; Sistema Nacional de Ciência e tempo integral.
Tecnologia, nos termos da le-
II – concessão de canais com gislação específica. § 6 o A assistência f inanceira
finalidades exclusivamente edu- da União aos Estados, ao Dis-
cativas; trito Federal e aos Municípios,
bem como a dos Estados aos
III – reserva de tempo mínimo, Título IX – Das seus Municípios, ficam condi-
sem ônus para o poder público, Disposições Transitórias cionadas ao cumprimento do
pelos concessionários de canais art. 212 da Constituição Federal
comerciais. e dispositivos legais pertinentes
Art. 87. É instituída a Dé-
pelos governos beneficiados.
cada da Educação, a iniciar-se
Art. 81. É permitida a orga-
um ano a partir da publicação
nização de cursos ou institui- Art. 87-A. (Vetado)
desta Lei.
ções de ensino experimentais,
desde que obedecidas as dis- Art. 88. A União, os Es-
§ 1o A União, no prazo de um
posições desta Lei. tados, o Distrito Federal e os
ano a par tir da publicação
Municípios adaptarão sua legis-
desta Lei, encaminhará, ao
Art. 82. Os sistemas de en- lação educacional e de ensino
Congresso Nacional, o Plano
sino estabelecerão as normas às disposições desta Lei no pra-
Nacional de Educação, com
de realização de estágio em sua zo máximo de um ano, a partir
diretrizes e metas para os dez
jurisdição, observada a lei fede- da data de sua publicação.
anos seguintes, em sintonia
ral sobre a matéria.
com a Declaração Mundial
§ 1o As instituições educacio-
sobre Educação para Todos.
Parágrafo único. (Revogado) nais adaptarão seus estatutos
e regimentos aos dispositivos
§ 2o (Revogado)
Art. 83. O ensino militar desta Lei e às normas dos res-
é regulado em lei específ ica, pectivos sistemas de ensino, nos
§ 3 o O Distrito Federal, cada
admitida a equivalência de es- prazos por estes estabelecidos.
Estado e Município, e, supleti-
tudos, de acordo com as nor-
vamente, a União, devem:
mas fixadas pelos sistemas de § 2o O prazo para que as uni-
ensino. versidades cumpram o disposto
I – (Revogado):
nos incisos II e III do art. 52 é
Art. 84. Os discentes da a) (Revogada); de oito anos.
educação superior poderão ser
b) (Revogada);
aproveitados em tarefas de ensi- Art. 89. As creches e pré-es-
no e pesquisa pelas respectivas c) (Revogada); colas existentes ou que venham
instituições, exercendo funções a ser criadas deverão, no prazo
de monitoria, de acordo com II – prover cursos presenciais de três anos, a contar da publi-
seu rendimento e seu plano de ou a distância aos jovens e cação desta Lei, integrar-se ao
estudos. adultos insuficientemente es- respectivo sistema de ensino.
colarizados;
Art. 85. Qualquer cidadão Art. 90. As questões susci-
habilitado com a titulação pró- III – realizar programas de ca- tadas na transição entre o regi-
pria poderá exigir a abertura de pacitação para todos os pro- me anterior e o que se institui
concurso público de provas e fessores em exercício, utilizando nesta Lei serão resolvidas pelo
títulos para cargo de docente também, para isto, os recursos Conselho Nacional de Educa-
de instituição pública de ensino da educação a distância; ção ou, mediante delegação
que estiver sendo ocupado por deste, pelos órgãos normativos
professor não concursado, por IV – integrar todos os estabele- dos sistemas de ensino, preser-
mais de seis anos, ressalvados cimentos de ensino fundamen- vada a autonomia universitária.
os direitos assegurados pelos tal do seu território ao sistema
arts. 41 da Constituição Fede- nacional de avaliação do rendi- Art. 91. Esta Lei entra em
ral e 19 do Ato das Disposições mento escolar. vigor na data de sua publicação.
Constitucionais Transitórias.
§ 4 o (Revogado)

672
Art. 92. Revogam-se as nos 5.692, de 11 de agosto de FERNANDO HENRIQUE CARDO-
disposições das Leis nos 4.024, 1971 e 7.044, de 18 de outubro SO
de 20 de dezembro de 1961, e de 1982, e as demais leis e de-
5.540, de 28 de novembro de cretos-lei que as modificaram Promulgada em 20/12/1996 e
1968, não alteradas pelas Leis e quaisquer outras disposições publicada no DOU de 23/12/1996.
nos 9.131, de 24 de novembro de em contrário.Brasília, 20 de de-
1995 e 9.192, de 21 de dezem- zembro de 1996; 175o da Indepen-
bro de 1995 e, ainda, as Leis dência e 108o da República.

Lei no 4.024/1961
Fixa as Diretrizes e Bases da Educa- § 4 o (Vetado) f) analisar e emitir parecer
ção Nacional. sobre questões relativas
Art. 7 O Conselho Nacio-
o
à aplicação da legislação
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA nal de Educação, composto
educacional, no que diz
pelas Câmaras de Educação
Faço saber que o Congresso Na- respeito à integração entre
Básica e de Educação Superior,
cional decreta e eu sanciono a os diferentes níveis e moda-
terá atribuições normativas, de-
seguinte Lei: lidade de ensino;
liberativas e de assessoramento
ao Ministro de Estado da Edu- g) elaborar o seu regimento, a
Arts. 1o a 5o (Revogados)
cação e do Desporto, de forma ser aprovado pelo Ministro
a assegurar a participação da de Estado da Educação e do
sociedade no aperfeiçoamento Desporto.
da educação nacional.
Título IV – Da § 2o O Conselho Nacional de
Administração do Ensino § 1o Ao Conselho Nacional de Educação reunir-se-á ordina-
Educação, além de outras atri- riamente a cada dois meses e
Art. 6o O Ministério da Edu- buições que lhe forem conferi- suas Câmaras, mensalmente e,
cação e do Desporto exerce as das por lei, compete: extraordinariamente, sempre
atribuições do poder público fe- que convocado pelo Ministro
a) subsidiar a elaboração e
deral em matéria de educação, de Estado da Educação e do
acompanhar a execução do
cabendo-lhe formular e avaliar Desporto.
Plano Nacional de Educação;
a política nacional de educação,
zelar pela qualidade do ensino e b) manifestar-se sobre ques- § 3o O Conselho Nacional de
velar pelo cumprimento das leis tões que abranjam mais de Educação será presidido por
que o regem. um nível ou modalidade de um de seus membros, eleito
ensino; por seus pares para mandato
§ 1o No desempenho de suas de dois anos, vedada a reeleição
c) assessorar o Ministério da
funções, o Ministério da Edu- imediata.
Educação e do Desporto no
cação e do Desporto contará
diagnóstico dos problemas
com a colaboração do Conse- § 4 o O Ministro de Estado da
e deliberar sobre medidas
lho Nacional de Educação e das Educação e do Desporto pre-
para aperfeiçoar os siste-
Câmaras que o compõem. sidirá as sessões a que compa-
mas de ensino, especial-
recer.
mente no que diz respeito
§ 2o Os conselheiros exercem
à integração dos seus dife-
função de interesse público re- Art. 8o A Câmara de Edu-
rentes níveis e modalidades;
levante, com precedência sobre cação Básica e a Câmara de
quaisquer outros cargos públi- d) emitir parecer sobre as- Educação Superior serão cons-
cos de que sejam titulares e, suntos da área educacio- tituídas, cada uma, por doze
quando convocados, farão jus nal, por iniciativa de seus conselheiros, sendo membros
a transporte, diárias e jetons de conselheiros ou quando natos, na Câmara de Educação
presença a serem fixados pelo solicitado pelo Ministro de Básica, o Secretário de Educa-
Ministro de Estado da Educa- Estado da Educação e do ção Fundamental e na Câmara
ção e do Desporto. Desporto; de Educação Superior, o Secre-
tário de Educação Superior, am-
e) manter intercâmbio com os
§ 3o O ensino militar será regu- bos do Ministério da Educação
sistemas de ensino dos Es-
lado por lei especial.
tados e do Distrito Federal;

673
e do Desporto e nomeados pelo sequente, havendo renovação ção referente à educação
Presidente da República. de metade das Câmaras a cada básica.
dois anos, sendo que, quando
§ 1o A escolha e nomeação da constituição do Conselho, § 2o São atribuições da Câmara
dos conselheiros será feita pelo metade de seus membros se- de Educação Superior:
Presidente da República, sen- rão nomeados com mandato
a) (Revogada);
do que, pelo menos a metade, de dois anos.
obrigatoriamente, dentre os in- b) oferecer sugestões para
dicados em listas elaboradas es- § 7o Cada Câmara será presi- a elaboração do Plano
pecialmente para cada Câmara, dida por um conselheiro esco- Nacional de Educação e
mediante consulta a entidades lhido por seus pares, vedada a acompanhar sua execução,
da sociedade civil, relacionadas escolha do membro nato, para no âmbito de sua atuação;
às áreas de atuação dos respec- mandato de um ano, permitida
c) deliberar sobre as diretrizes
tivos colegiados. uma única reeleição imediata.
curriculares propostas pelo
Ministério da Educação e
§ 2o Para a Câmara de Educa- Art. 9o As Câmaras emitirão
do Desporto, para os cur-
ção Básica a consulta envolve- pareceres e decidirão, privativa
sos de graduação;
rá, necessariamente, indicações e autonomamente, os assuntos
formuladas por entidades na- a elas pertinentes, cabendo, d) deliberar sobre as normas a
cionais, públicas e particulares, quando for o caso, recurso ao serem seguidas pelo Poder
que congreguem os docentes, Conselho Pleno. Executivo para a autoriza-
dirigentes de instituições de ção, o reconhecimento, a
ensino e os Secretários de Edu- § 1o São atribuições da Câmara renovação e a suspensão do
cação dos Municípios, dos Esta- de Educação Básica: reconhecimento de cursos
dos e do Distrito Federal. e habilitações oferecidos
a) examinar os problemas da
por instituições de ensino
educação infantil, do ensino
§ 3 o Para a Câmara de Edu- superior;
fundamental, da educação
cação Superior a consulta
especial e do ensino médio e) deliberar sobre as normas a
envolverá, necessariamente,
e tecnológico e oferecer su- serem seguidas pelo Poder
indicações formuladas por en-
gestões para sua solução; Executivo para o credencia-
tidades nacionais, públicas e
mento, o recredenciamento
particulares, que congreguem b) analisar e emitir parecer sobre
periódico e o descredencia-
os reitores de universidades, os resultados dos processos
mento de instituições de en-
diretores de instituições isola- de avaliação dos diferentes
sino superior integrantes do
das, os docentes, os estudantes níveis e modalidades men-
Sistema Federal de Ensino,
e segmentos representativos da cionados na alínea anterior;
bem assim a suspensão de
comunidade científica.
c) deliberar sobre as diretrizes prerrogativas de autonomia
curriculares propostas pelo das instituições que dessas
§ 4 o A indicação, a ser feita
Ministério da Educação e gozem, no caso de desem-
por entidades e segmentos da
do Desporto; penho insuficiente de seus
sociedade civil, deverá incidir
cursos no Exame Nacional
sobre brasileiro de reputação d) colaborar na preparação
de Cursos e nas demais ava-
ilibada, que tenham prestado do Plano Nacional de Edu-
liações conduzidas pelo Mi-
serviços relevantes à educação, cação e acompanhar sua
nistério da Educação;
à ciência e à cultura. execução, no âmbito de sua
atuação; f) deliberar sobre o credencia-
§ 5o Na escolha dos nomes que mento e o recredenciamen-
e) assessorar o Ministro de Es-
comporão as Câmaras, o Pre- to periódico de universida-
tado da Educação e do Des-
sidente da República levará em des e centros universitários,
porto em todos os assuntos
conta a necessidade de estarem com base em relatórios e
relativos à educação básica;
representadas todas as regiões avaliações apresentados
do país e as diversas modalida- f) manter intercâmbio com os pelo Ministério da Educa-
des de ensino, de acordo com sistemas de ensino dos Es- ção, bem assim sobre seus
a especificidade de cada cole- tados e do Distrito Federal, respectivos estatutos;
giado. acompanhando a execução
g) deliberar sobre os relató-
dos respectivos Planos de
rios para reconhecimento
§ 6 o Os conselheiros terão Educação;
periódico de cursos de mes-
mandato de quatro anos, per-
g) analisar as questões relati- trado e doutorado, elabo-
mitida uma recondução para
vas à aplicação da legisla- rados pelo Ministério da
o período imediatamente sub-

674
Educação e do Desporto, por iniciativa do Ministério Arts. 10 a 120. (Revogados)
com base na avaliação dos da Educação em caráter
cursos; excepcional, na forma do Brasília, 20 de dezembro de 1961;
regulamento a ser editado 140o da Independência e 73o da
h) analisar questões relativas à
pelo Poder Executivo. República.
aplicação da legislação refe-
JOÃO GOULART
rente à educação superior;
§ 3o As atribuições constan- Promulgada em 20/12/1961, pu-
i) assessorar o Ministro de tes das alíneas “d”, “e” e “f ” blicada no DOU de 27/12/1961 e
Estado da Educação e do do parágrafo anterior poderão retificada no DOU de 28/12/1961.
Desporto nos assuntos re- ser delegadas, em parte ou no
lativos à educação superior; todo, aos Estados e ao Distrito
Federal.
j) deliberar sobre processos de
reconhecimento de cursos
§ 4 o O recredenciamento a que
e habilitações oferecidos
se refere a alínea “e” do § 2o
por instituições de ensino
deste artigo poderá incluir de-
superior, assim como sobre
terminação para a desativação
autorização prévia daque-
de cursos e habilitações.
les oferecidos por institui-
ções não universitárias,

675
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO – CLT

Atualizada até abril/2018


Sumário
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO ........................................................................ 685
Decreto-Lei no 5.452/1943..................................................................................... 685
Consolidação das Leis do Trabalho...................................................................... 685
Título I – Introdução .................................................................................................... 685
Título II – Das Normas Gerais de Tutela do Trabalho .................................................... 687
Capítulo I – Da Identificação Profissional .................................................................. 687
Seção I – Da Carteira de Trabalho e Previdência Social........................................... 687
Seção II – Da Emissão da Carteira ......................................................................... 687
Seção III – Da Entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social .................... 688
Seção IV – Das Anotações ..................................................................................... 688
Seção V – Das Reclamações por Falta ou Recusa de Anotação ............................... 689
Seção VI – Do Valor das Anotações ....................................................................... 689
Seção VII – Dos Livros de Registro de Empregados ................................................. 689
Seção VIII – Das Penalidades ................................................................................. 690
Capítulo II – Da Duração do Trabalho ...................................................................... 690
Seção I – Disposição Preliminar ............................................................................. 690
Seção II – Da Jornada de Trabalho ......................................................................... 690
Seção III – Dos Períodos de Descanso .................................................................... 692
Seção IV – Do Trabalho Noturno ........................................................................... 693
Seção V – Do Quadro de Horário .......................................................................... 693
Seção VI – Das Penalidades ................................................................................... 694
Capítulo II-A – Do Teletrabalho ................................................................................ 694
Capítulo III – Do Salário Mínimo............................................................................... 694
Seção I – Do Conceito ........................................................................................... 694
Seção II – Das Regiões, Zonas e Subzonas.............................................................. 695
Seção III – Da Constituição das Comissões ............................................................ 695
Seção IV – Das Atribuições das Comissões de Salário Mínimo ................................ 695
Seção V – Da Fixação do Salário Mínimo ............................................................... 695
Seção VI – Disposições Gerais ............................................................................... 695
Capítulo IV – Das Férias Anuais................................................................................. 695
Seção I – Do Direito a Férias e da sua Duração ...................................................... 695
Seção II – Da Concessão e da Época das Férias ...................................................... 696
Seção III – Das Férias Coletivas .............................................................................. 697
Seção IV – Da Remuneração e do Abono de Férias ................................................. 697
Seção V – Dos Efeitos da Cessação do Contrato de Trabalho ................................. 698
Seção VI – Do Início da Prescrição ......................................................................... 698
Seção VII – Disposições Especiais .......................................................................... 698
Seção VIII – Das Penalidades ................................................................................. 698
Capítulo V – Da Segurança e da Medicina do Trabalho .............................................. 699
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 699
Seção II – Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição ..................................... 699
Seção III – Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas...... 700
Seção IV – Do Equipamento de Proteção Individual ............................................... 700
Seção V – Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho ................................ 700
Seção VI – Das Edificações .................................................................................... 701
Seção VII – Da Iluminação ..................................................................................... 701
Seção VIII – Do Conforto Térmico ......................................................................... 701
Seção IX – Das Instalações Elétricas....................................................................... 702
Seção X – Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais ................... 702
Seção XI – Das Máquinas e Equipamentos ............................................................. 702
Seção XII – Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão .................................. 702
Seção XIII – Das Atividades Insalubres ou Perigosas ............................................... 703
Seção XIV – Da Prevenção da Fadiga ...................................................................... 704
Seção XV – Das Outras Medidas Especiais de Proteção .......................................... 704
Seção XVI – Das Penalidades ................................................................................. 704
Título II-A – Do Dano Extrapatrimonial ........................................................................ 705
Título III –Das Normas Especiais de Tutela do Trabalho ................................................ 705
Capítulo I – Das Disposições Especiais sobre Duração e Condições de Trabalho ........ 705
Seção I – Dos Bancários ........................................................................................ 705
Seção II – Dos Empregados nos Serviços de Telefonia, de Telegrafia Subma-
rina e Subfluvial, de Radiotelegrafia e Radiotelefonia ............................................. 706
Seção III – Dos Músicos Profissionais ..................................................................... 706
Seção IV – Dos Operadores Cinematográficos ....................................................... 706
Seção IV-A – Do Serviço do Motorista Profissional Empregado .............................. 707
Seção V – Do Serviço Ferroviário ........................................................................... 709
Seção VI – Das Equipagens das Embarcações da Marinha Mercante Nacio-
nal, de Navegação Fluvial e Lacustre, do Tráfego nos Portos e da Pesca.................. 711
Seção VII – Dos Serviços Frigoríficos ...................................................................... 712
Seção VIII – Dos Serviços de Estiva ........................................................................ 712
Seção IX – Dos Serviços de Capatazias nos Portos ................................................. 712
Seção X – Do Trabalho em Minas de Subsolo ......................................................... 712
Seção XI – Dos Jornalistas Profissionais ................................................................. 713
Seção XII – Dos Professores ................................................................................... 714
Seção XIII – Dos Químicos ..................................................................................... 715
Seção XIV – Das Penalidades ................................................................................. 718
Capítulo II – Da Nacionalização do Trabalho ............................................................ 718
Seção I – Da Proporcionalidade de Empregados Brasileiros.................................... 718
Seção II – Das Relações Anuais de Empregados ..................................................... 719
Seção III – Das Penalidades ................................................................................... 720
Seção IV – Disposições Gerais................................................................................ 720
Seção V – Das Disposições Especiais sobre a Nacionalização da Marinha
Mercante .............................................................................................................. 721
Capítulo III – Da Proteção do Trabalho da Mulher .................................................... 721
Seção I – Da Duração, Condições do Trabalho e da Discriminação contra a
Mulher .................................................................................................................. 721
Seção II – Do Trabalho Noturno ............................................................................ 721
Seção III – Dos Períodos de Descanso .................................................................... 722
Seção IV – Dos Métodos e Locais de Trabalho........................................................ 722
Seção V – Da Proteção à Maternidade ................................................................... 723
Seção VI – Das Penalidades ................................................................................... 724
Capítulo IV – Da Proteção do Trabalho do Menor ..................................................... 724
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 724
Seção II – Da Duração do Trabalho ....................................................................... 725
Seção III – Da Admissão em Emprego e da Carteira de Trabalho e Previdência
Social.................................................................................................................... 726
Seção IV – Dos Deveres dos Responsáveis Legais de Menores e dos Emprega-
dores da Aprendizagem ......................................................................................... 726
Seção V – Das Penalidades .................................................................................... 727
Seção VI – Disposições Finais ................................................................................ 728
Título IV – Do Contrato Individual do Trabalho ............................................................ 728
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 728
Capítulo II – Da Remuneração .................................................................................. 730
Capítulo III – Da Alteração ....................................................................................... 733
Capítulo IV – Da Suspensão e da Interrupção ............................................................ 733
Capítulo V – Da Rescisão .......................................................................................... 734
Capítulo VI – Do Aviso Prévio ................................................................................... 737
Capítulo VII – Da Estabilidade .................................................................................. 737
Capítulo VIII – Da Força Maior ................................................................................. 738
Capítulo IX – Disposições Especiais ........................................................................... 738
Título IV-A – Da Representação dos Empregados.......................................................... 739
Título V – Da Organização Sindical .............................................................................. 740
Capítulo I – Da Instituição Sindical ........................................................................... 740
Seção I – Da Associação em Sindicato ................................................................... 740
Seção II – Do Reconhecimento e Investidura Sindical ............................................. 741
Seção III – Da Administração do Sindicato ............................................................ 742
Seção IV – Das Eleições Sindicais ........................................................................... 743
Seção V – Das Associações Sindicais de Grau Superior ........................................... 744
Seção VI – Dos Direitos dos Exercentes de Atividades ou Profissões e dos Sin-
dicalizados............................................................................................................ 745
Seção VII – Da Gestão Financeira do Sindicato e sua Fiscalização .......................... 746
Seção VIII – Das Penalidades ................................................................................. 748
Seção IX – Disposições Gerais................................................................................ 749
Capítulo II – Do Enquadramento Sindical ................................................................. 750
Capítulo III – Da Contribuição Sindical ..................................................................... 751
Seção I – Da Fixação e do Recolhimento da Contribuição Sindical ......................... 751
Seção II – Da Aplicação da Contribuição Sindical .................................................. 753
Seção III – Da Comissão da Contribuição Sindical ................................................. 754
Seção IV – Das Penalidades ................................................................................... 754
Seção V – Disposições Gerais................................................................................. 755
Título VI – Convenções Coletivas de Trabalho ............................................................... 756
Título VI-A – Das Comissões de Conciliação Prévia ....................................................... 759
Título VII – Do Processo de Multas Administrativas ...................................................... 760
Capítulo I – Da Fiscalização, da Autuação e da Imposição de Multas ........................ 760
Capítulo II – Dos Recursos ........................................................................................ 761
Capítulo III – Do Depósito, da Inscrição e da Cobrança............................................. 762
Título VII-A – Da Prova de Inexistência de Débitos Trabalhistas ..................................... 762
Título VIII – Da Justiça do Trabalho .............................................................................. 763
Capítulo I – Introdução ............................................................................................ 763
Capítulo II – Das Juntas de Conciliação e Julgamento ................................................ 763
Seção I – Da Composição e Funcionamento........................................................... 763
Seção II – Da Jurisdição e Competência das Juntas ................................................. 763
Seção III – Dos Presidentes das Juntas ................................................................... 764
Seção IV – Dos Vogais das Juntas ........................................................................... 765
Capítulo III – Dos Juízos de Direito ............................................................................ 766
Capítulo IV – Dos Tribunais Regionais do Trabalho ................................................... 767
Seção I – Da Composição e do Funcionamento ...................................................... 767
Seção II – Da Jurisdição e Competência ................................................................. 767
Seção III – Dos Presidentes dos Tribunais Regionais ............................................... 768
Seção IV – Dos Juízes Representantes Classistas dos Tribunais Regionais ................ 769
Capítulo V – Do Tribunal Superior do Trabalho ......................................................... 769
Seção I – Disposições Preliminares......................................................................... 769
Seção II – Da Composição e Funcionamento do Tribunal Superior do Trabalho ...... 770
Seção III – Da Competência do Tribunal Pleno ....................................................... 770
Seção IV – Da Competência da Câmara de Justiça do Trabalho .............................. 771
Seção V – Da Competência da Câmara de Previdência Social ................................. 771
Seção VI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho ........... 772
Seção VII – Das Atribuições do Vice-Presidente ...................................................... 772
Seção VIII – Das Atribuições do Corregedor ........................................................... 772
Capítulo VI – Dos Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho ..................................... 772
Seção I – Da Secretaria das Juntas de Conciliação e Julgamento ............................. 772
Seção II – Dos Distribuidores................................................................................. 773
Seção III – Do Cartório dos Juízos de Direito.......................................................... 773
Seção IV – Das Secretarias dos Tribunais Regionais ................................................ 774
Seção V – Dos Oficiais de Diligência....................................................................... 774
Capítulo VII – Das Penalidades ................................................................................. 774
Seção I – Do Lockout e da Greve.............................................................................. 774
Seção II – Das Penalidades contra os Membros da Justiça do Trabalho .................. 775
Seção III – De Outras Penalidades ......................................................................... 775
Capítulo VIII – Disposições Gerais............................................................................. 775
Título IX – Do Ministério Público do Trabalho .............................................................. 776
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 776
Capítulo II – Da Procuradoria da Justiça do Trabalho ................................................ 776
Seção I – Da Organização...................................................................................... 776
Seção II – Da Competência da Procuradoria-Geral................................................. 776
Seção III – Da Competência das Procuradorias Regionais ...................................... 777
Seção IV – Das Atribuições do Procurador-Geral.................................................... 777
Seção V – Das Atribuições dos Procuradores ......................................................... 777
Seção VI – Das Atribuições dos Procuradores Regionais ......................................... 777
Seção VII – Da Secretaria ....................................................................................... 778
Capítulo III – Da Procuradoria de Previdência Social ................................................. 778
Seção I – Da Organização...................................................................................... 778
Seção II – Da Competência da Procuradoria .......................................................... 778
Seção III – Das Atribuições do Procurador-Geral.................................................... 779
Seção IV – Das Atribuições dos Procuradores ........................................................ 779
Seção V – Da Secretaria ......................................................................................... 779
Título X – Do Processo Judiciário do Trabalho .............................................................. 779
Capítulo I – Disposições Preliminares ........................................................................ 779
Capítulo II – Do Processo em Geral ........................................................................... 780
Seção I – Dos Atos, Termos e Prazos Processuais ................................................... 780
Seção II – Da Distribuição ..................................................................................... 780
Seção III – Das Custas e Emolumentos ................................................................... 781
Seção IV – Das Partes e dos Procuradores.............................................................. 782
Seção IV-A – Da Responsabilidade por Dano Processual ........................................ 783
Seção V – Das Nulidades ....................................................................................... 783
Seção VI – Das Exceções ........................................................................................ 783
Seção VII – Dos Conflitos de Jurisdição .................................................................. 784
Seção VIII – Das Audiências ................................................................................... 785
Seção IX – Das Provas ........................................................................................... 785
Seção X – Da Decisão e sua Eficácia ....................................................................... 786
Capítulo III – Dos Dissídios Individuais ..................................................................... 787
Seção I – Da Forma de Reclamação e da Notificação ............................................. 787
Seção II – Da Audiência de Julgamento .................................................................. 787
Seção II-A – Do Procedimento Sumaríssimo........................................................... 788
Seção III – Do Inquérito para Apuração de Falta Grave .......................................... 789
Seção IV – Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica.................. 790
Capítulo III-A – Do Processo de Jurisdição Voluntária para Homologação
de Acordo Extrajudicial ............................................................................................ 790
Capítulo IV – Dos Dissídios Coletivos ........................................................................ 790
Seção I – Da Instauração da Instância ................................................................... 790
Seção II – Da Conciliação e do Julgamento ............................................................ 790
Seção III – Da Extensão das Decisões..................................................................... 791
Seção IV – Do Cumprimento das Decisões ............................................................. 791
Seção V – Da Revisão ............................................................................................ 792
Capítulo V – Da Execução ......................................................................................... 792
Seção I – Das Disposições Preliminares .................................................................. 792
Seção II – Do Mandado e da Penhora .................................................................... 792
Seção III – Dos Embargos à Execução e da sua Impugnação ................................... 793
Seção IV – Do Julgamento e dos Trâmites Finais da Execução ................................. 793
Seção V – Da Execução por Prestações Sucessivas.................................................. 794
Capítulo VI – Dos Recursos ....................................................................................... 794
Capítulo VII – Da Aplicação das Penalidades ............................................................. 799
Capítulo VIII – Disposições Finais.............................................................................. 799
Título XI – Disposições Finais e Transitórias............................................................... 799
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO

Decreto-Lei no 5.452/1943
Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.

O PRESIDENTE DA REPÚBLI- Parágrafo único. Continuam República.


CA, usando da atribuição que em vigor as disposições legais
lhe confere o art. 180 da Cons- transitórias ou de emergência, GETÚLIO VARGAS – Alexandre
tituição, bem como as que não tenham Marcondes Filho
aplicação em todo o território
DECRETA: nacional. Decretado em 1o/5/1943, publica-
do no DOU de 9/8/1943 e retifi-
Art. 1o Fica aprovada a Art. 2o O presente Decreto- cado pelo Decreto-Lei no 6.353,
Consolidação das Leis do Tra- -Lei entrará em vigor em 10 de decretado em 20/3/1944 e pu-
balho, que a este Decreto-Lei novembro de 1943. blicado no DOU de 22/3/1944, e
acompanha, com as alterações pelo Decreto-Lei no 9.797, decre-
por ela introduzidas na legisla- Rio de Janeiro, 1o de maio de 1943; tado em 9/9/1946 e publicado no
ção vigente. 122o da Independência e 55o da DOU de 11/9/1946.

Consolidação das Leis do Trabalho

Título I – Introdução dica própria, estiverem sob a Parágrafo único. Não haverá
direção, controle ou administra- distinções relativas à espécie de
ção de outra, ou ainda quando, emprego e à condição de traba-
Art. 1o Esta Consolidação
estatui as normas que regulam mesmo guardando cada uma lhador, nem entre o trabalho
as relações individuais e coleti- sua autonomia, integrem grupo intelectual, técnico e manual.
vas de trabalho, nela previstas. econômico, serão responsáveis
solidariamente pelas obriga- Art. 4o Considera-se como
Art. 2 Considera-se empre-
o de serviço efetivo o período em
ções decorrentes da relação de
gador a empresa, individual ou que o empregado esteja à dis-
emprego. posição do empregador, aguar-
coletiva, que, assumindo os
riscos de atividade econômica, § 3 o Não caracteriza grupo dando ou executando ordens,
admite, assalaria e dirige a pres- econômico a mera identidade salvo disposição especial ex-
tação pessoal de serviços. de sócios, sendo necessárias, pressamente consignada.
§ 1o Equiparam-se ao emprega- para a configuração do grupo, § 1o Computar-se-ão, na conta-
dor, para os efeitos exclusivos a demonstração do interesse in- gem de tempo de serviço, para
da relação de emprego, os pro- tegrado, a efetiva comunhão de efeito de indenização e esta-
fissionais liberais, as instituições interesses e a atuação conjunta bilidade, os períodos em que
de beneficência, as associações das empresas dele integrantes. o empregado estiver afastado
recreativas ou outras institui- do trabalho prestando serviço
ções sem fins lucrativos, que Art. 3o Considera-se em- militar e por motivo de acidente
admitirem trabalhadores como pregado toda pessoa física que do trabalho.
empregados. prestar serviços de natureza § 2o Por não se considerar tem-
§ 2 Sempre que uma ou mais
o não eventual a empregador, sob po à disposição do emprega-
empresas, tendo, embora, cada a dependência deste e mediante dor, não será computado como
uma delas, personalidade jurí- salário. período extraordinário o que

685
exceder a jornada normal, ain- a) aos empregados domés- § 2o Súmulas e outros enuncia-
da que ultrapasse o limite de ticos, assim considera- dos de jurisprudência editados
5 (cinco) minutos previsto no dos, de um modo geral, pelo Tribunal Superior do Tra-
§ 1o do art. 58 desta Consoli- os que prestam serviços balho e pelos Tribunais Regio-
dação, quando o empregado, de natureza não eco- nais do Trabalho não poderão
por escolha própria, buscar nômica à pessoa ou à restringir direitos legalmente
proteção pessoal, em caso de família, no âmbito resi- previstos nem criar obrigações
insegurança nas vias públicas dencial destas; que não estejam previstas em
ou más condições climáticas, b) aos trabalhadores ru- lei.
bem como adentrar ou per- rais, assim considerados
manecer nas dependências da § 3o No exame de convenção
aqueles que, exercendo coletiva ou acordo coletivo de
empresa para exercer atividades funções diretamente li-
particulares, entre outras: trabalho, a Justiça do Traba-
gadas à agricultura e à
lho analisará exclusivamente a
I – práticas religiosas; pecuária, não sejam em-
conformidade dos elementos
pregados em atividades
II – descanso; que, pelos métodos de essenciais do negócio jurídi-
execução dos respecti- co, respeitado o disposto no
III – lazer; art. 104 da Lei no 10.406, de
vos trabalhos ou pela
IV – estudo; finalidade de suas ope- 10 de janeiro de 2002 (Código
rações, se classifiquem Civil), e balizará sua atuação
V – alimentação; pelo princípio da intervenção
como industriais ou
VI – atividades de relacionamen- comerciais; mínima na autonomia da von-
to social; tade coletiva.
c) aos funcionários públi-
VII – higiene pessoal; cos da União, dos esta- Art. 9o Serão nulos de pleno
VIII – troca de roupa ou unifor- dos e dos municípios e direito os atos praticados com
me, quando não houver obri- aos respectivos extranu-
o objetivo de desvirtuar, impe-
merários em serviço nas
gatoriedade de realizar a troca dir ou fraudar a aplicação dos
próprias repartições;
na empresa. preceitos contidos na presente
d) aos servidores de autar- Consolidação.
Art. 5o A todo trabalho de quias paraestatais, des-
igual valor corresponderá salá- de que sujeitos a regime Art. 10. Qualquer alteração
rio igual sem distinção de sexo. próprio de proteção ao na estrutura jurídica da empre-
trabalho que lhes asse- sa não afetará os direitos ad-
Art. 6 o Não se distingue gure situação análoga quiridos por seus empregados.
entre o trabalho realizado no à dos funcionários pú-
estabelecimento do emprega- blicos. Art. 10-A. O sócio retirante
dor, o executado no domicílio responde subsidiariamente pe-
do empregado e o realizado a Parágrafo único. (Revogado) las obrigações trabalhistas da
distância, desde que estejam ca- sociedade relativas ao período
racterizados os pressupostos da Art. 8o As autoridades ad-
em que figurou como sócio, so-
relação de emprego. ministrativas e a Justiça do Tra-
mente em ações ajuizadas até
balho, na falta de disposições
dois anos depois de averbada
Parágrafo único. Os meios te- legais ou contratuais, decidi-
rão, conforme o caso, pela ju- a modif icação do contrato,
lemáticos e informatizados de observada a seguinte ordem
comando, controle e supervisão risprudência, por analogia, por
equidade e outros princípios e de preferência:
se equiparam, para fins de su-
bordinação jurídica, aos meios normas gerais de direito, prin- I – a empresa devedora;
pessoais e diretos de comando, cipalmente do direito do traba-
lho, e, ainda, de acordo com os II – os sócios atuais; e
controle e supervisão do traba-
lho alheio. usos e costumes, o direito com- III – os sócios retirantes.
parado, mas sempre de maneira
Art. 7o Os preceitos cons- que nenhum interesse de classe Parágrafo único. O sócio reti-
tantes da presente Consolida- ou particular prevaleça sobre o rante responderá solidariamen-
ção, salvo quando for em cada interesse público. te com os demais quando ficar
caso, expressamente deter- § 1o O direito comum será comprovada fraude na altera-
minado em contrário, não se fonte subsidiária do direito do ção societária decorrente da
aplicam: trabalho. modificação do contrato.

686
Art. 11. A pretensão quanto § 4o Na hipótese do § 3o:
a créditos resultantes das rela- Título II – Das I – o empregador fornecerá
ções de trabalho prescreve em Normas Gerais de ao empregado, no ato da ad-
5 (cinco) anos para os traba- Tutela do Trabalho missão, documento do qual
lhadores urbanos e rurais, até constem a data da admissão, a
o limite de dois anos após a ex- natureza do trabalho, o salário
tinção do contrato de trabalho.
Capítulo I – Da e a forma de seu pagamento;
Identificação Profissional II – se o empregado ainda não
I – (Revogado); possuir a carteira na data em
II – (Revogado). que for dispensado, o empre-
Seção I – Da Carteira de gador lhe fornecerá atestado
§ 1o O disposto neste artigo Trabalho e Previdência Social de que conste o histórico da
não se aplica às ações que te- relação empregatícia.
Art. 13. A Carteira de Tra-
nham por objeto anotações balho e Previdência Social é
para fins de prova junto à Pre- obrigatória para o exercício de
qualquer emprego, inclusive de
Seção II – Da Emissão da
vidência Social.
natureza rural, ainda que em Carteira
§ 2o Tratando-se de pretensão caráter temporário, e para o
que envolva pedido de presta- Art. 14. A Carteira de Tra-
exercício por conta própria de
balho e Previdência Social será
ções sucessivas decorrente de atividade profissional remune-
emitida pelas Delegacias Regio-
alteração ou descumprimento rada.
nais do Trabalho ou mediante
do pactuado, a prescrição é § 1o O disposto neste artigo convênio, pelos órgãos federais,
total, exceto quando o direito aplica-se, igualmente, a quem: estaduais e municipais da ad-
à parcela esteja também asse- ministração direta ou indireta.
I – proprietário rural ou não,
gurado por preceito de lei. trabalhe individualmente ou
Parágrafo único. Inexistindo
em regime de economia fami-
§ 3 o A interrupção da pres- convênio com os órgãos indi-
liar, assim entendido o traba-
crição somente ocorrerá pelo cados ou na inexistência destes,
lho dos membros da mesma
ajuizamento de reclamação poderá ser admitido convênio
família, indispensável à própria
com sindicatos para o mesmo
trabalhista, mesmo que em subsistência, e exercido em con-
fim.
juízo incompetente, ainda que dições de mútua dependência e
venha a ser extinta sem reso- colaboração;
Art. 15. Para obtenção da
lução do mérito, produzindo II – em regime de economia fa- Carteira de Trabalho e Previdên-
efeitos apenas em relação aos miliar e sem empregado, explore cia Social o interessado compa-
pedidos idênticos. área não excedente do módulo recerá pessoalmente ao órgão
rural ou de outro limite que emitente, onde será identificado
venha a ser fixado, para cada e prestará as declarações ne-
Art. 11-A. Ocorre a prescri- região, pelo Ministério do Tra- cessárias.
ção intercorrente no processo balho e Previdência Social.
do trabalho no prazo de dois Ar t . 16. A Car teir a de
§ 2o A Carteira de Trabalho e
anos. Trabalho e Previdência Social
Previdência Social e respectiva
(CTPS), além do número, série,
§ 1o A fluência do prazo pres- Ficha de Declaração obedece-
data de emissão e folhas desti-
cricional intercorrente inicia-se rão aos modelos que o Minis-
nadas às anotações pertinentes
tério do Trabalho e Previdência
quando o exequente deixa de ao contrato de trabalho e as de
Social adotar.
cumprir determinação judicial interesse da Previdência Social,
no curso da execução. § 3o Nas localidades onde não conterá:
for emitida a Carteira de Traba-
I – fotografia, de frente, modelo
§ 2o A declaração da prescrição lho e Previdência Social pode-
3x4;
intercorrente pode ser requerida rá ser admitido, até 30 (trinta)
ou declarada de ofício em qual- dias, o exercício de emprego II – nome, filiação, data e lugar
ou atividade remunerada por de nascimento e assinatura;
quer grau de jurisdição.
quem não a possua, ficando a
III – nome, idade e estado civil
empresa obrigada a permitir o
Art. 12. Os preceitos con- dos dependentes;
comparecimento do emprega-
cernentes ao regime de seguro do ao posto de emissão mais IV – número do documento de
social são objeto de lei especial. próximo. naturalização ou data da chega-

687
da ao Brasil e demais elementos Art. 21. Em caso de impres- a serem expedidas pelo Minis-
constantes da identidade de es- tabilidade ou esgotamento do tério do Trabalho.
trangeiro, quando for o caso. espaço destinado a registros e
§ 1o As anotações concernentes
anotações, o interessado deve-
à remuneração devem especifi-
Parágrafo único. A Carteira de rá obter outra carteira, conser-
car o salário, qualquer que seja
Trabalho e Previdência Social vando-se o número e a série da
sua forma de pagamento, seja
(CTPS) será fornecida mediante anterior:
ele em dinheiro ou em utilida-
a apresentação de:
Arts. 22 a 24. (Revogados) des, bem como a estimativa da
a) duas fotografias com as gorjeta.
características mencio- § 2o As anotações na Carteira
nadas no inciso I; Seção III – Da Entrega de Trabalho e Previdência Social
b) qualquer documento das Carteiras de Trabalho e serão feitas:
oficial de identificação Previdência Social a) na data-base;
pessoal do interessado,
no qual possam ser co- Art. 25. As Carteiras de Tra- b) a qualquer tempo, por
lhidos dados referentes balho e Previdência Social se- solicitação do traba-
ao nome completo, fi- rão entregues aos interessados lhador;
liação, data e lugar de pessoalmente, mediante recibo.
c) no caso de rescisão con-
nascimento. tratual; ou
Art. 26. Os sindicatos po-
Art. 17. Na impossibilidade derão, mediante solicitação das d) necessidade de compro-
de apresentação pelo interes- respectivas diretorias, incumbir- vação perante a Previ-
sado, de documento idôneo se da entrega das Carteiras de dência Social.
que o qualifique, a Carteira de Trabalho e Previdência Social
pedidas por seus associados e § 3o A falta de cumprimento
Trabalho e Previdência Social pelo empregador do disposto
pelos demais profissionais da
será fornecida com base em neste artigo acarretará a lavra-
mesma classe.
declarações verbais confirma- tura do auto de infração, pelo
das por 2 (duas) testemunhas, Fiscal do Trabalho, que deverá,
Parágrafo único. Não poderão
lavrando-se na primeira folha de ofício, comunicar a falta de
os sindicatos, sob pena das san-
de anotações gerais da carteira, anotação ao órgão competente,
ções previstas neste Capítulo,
termo assinado pelas mesmas cobrar remuneração pela en- para o fim de instaurar o pro-
testemunhas. trega das Carteiras Profissionais cesso de anotação.
§ 1o Tratando-se de menor de cujo serviço nas respectivas se- § 4o É vedado ao empregador
18 (dezoito) anos, as declara- des será fiscalizado pelas De- efetuar anotações desabona-
ções previstas neste artigo serão legacias Regionais ou órgãos doras à conduta do empregado
prestadas por seu responsável autorizados. em sua Carteira de Trabalho e
legal. Previdência Social.
Art. 27. (Revogado)
§ 2o Se o interessado não sou- § 5 o O descumprimento do
ber ou não puder assinar sua Art. 28. (Revogado) disposto no § 4 o deste artigo
carteira, ela será fornecida submeterá o empregador ao
mediante impressão digital ou pagamento de multa prevista
assinatura a rogo. Seção IV – Das Anotações no art. 52 deste Capítulo.

Art. 18. (Revogado) Art. 29. A Carteira de Tra- Art. 30. Os acidentes do
balho e Previdência Social será trabalho serão obrigatoria-
Art. 19. (Revogado) obrigatoriamente apresentada, mente anotados pelo Instituto
contra recibo, pelo trabalhador Nacional da Previdência Social
Art. 20. As anotações re- ao empregador que o admitir, o na carteira do acidentado.
lativas a alteração do estado qual terá o prazo de quarenta
civil e aos dependentes do por- e oito horas para nela anotar, Art. 31. Aos portadores de
tador da Carteira de Trabalho especificamente, a data de ad- Carteiras de Trabalho e Previ-
e Previdência Social serão feitas missão, a remuneração e as dência Social fica assegurado
pelo Instituto Nacional de Previ- condições especiais, se houver, o direito de as apresentar aos
dência Social (INPS) e, somente sendo facultada a adoção de órgãos autorizados, para o fim
em sua falta, por qualquer dos sistema manual, mecânico ou de ser anotado o que for cabí-
órgãos emitentes. eletrônico, conforme instruções vel, não podendo ser recusada a

688
solicitação, nem cobrado emo- médio de seu sindicato, perante so encaminhado à Justiça do
lumento não previsto em lei. a Delegacia Regional ou órgão Trabalho ficando, nesse caso,
autorizado, para apresentar sobrestado o julgamento do
Art. 32. As anotações rela- reclamação. auto de infração que houver
tivas a alterações no estado civil sido lavrado.
dos portadores de Carteiras de Art. 37. No caso do art. 36,
§ 1o Se não houver acordo, a
Trabalho e Previdência Social lavrado o termo de reclamação,
serão feitas mediante prova do- determinar-se-á a realização Junta de Conciliação e Julga-
cumental. As declarações refe- de diligência para instrução do mento, em sua sentença or-
rentes aos dependentes serão feito, observado, se for o caso, denará que a Secretaria efetue
registradas nas fichas respecti- o disposto no § 2o do art. 29, as devidas anotações, uma vez
vas, pelo funcionário encarrega- notificando-se posteriormente transitada em julgado, e faça
do da identificação profissional, o reclamado por carta registra- a comunicação à autoridade
a pedido do próprio declarante, da, caso persista a recusa, para competente para o fim de apli-
que as assinará. que, em dia e hora previamen- car a multa cabível.
te designados, venha prestar § 2o Igual procedimento obser-
Parágrafo único. As Delegacias esclarecimentos ou efetuar as var-se-á no caso de processo
Regionais e os órgãos autoriza- devidas anotações na Carteira trabalhista de qualquer nature-
dos deverão comunicar ao De- de Trabalho e Previdência Social za, quando for verificada a fal-
partamento Nacional de Mão ou sua entrega. ta de anotações na Carteira de
de Obra todas as alterações Trabalho e Previdência Social,
que anotarem nas Carteiras de Parágrafo único. Não compa- devendo o Juiz, nesta hipótese,
Trabalho e Previdência Social. recendo o reclamado, lavrar- mandar proceder, desde logo,
se-á termo de ausência, sendo àquelas sobre as quais não hou-
Art. 33. As anotações nas considerado revel e confesso ver controvérsia.
f ichas de declaração e nas sobre os termos da reclamação
Carteiras de Trabalho e Previ- feita, devendo as anotações se-
dência Social serão feitas se- rem efetuadas por despacho da Seção VI – Do Valor das
guidamente sem abreviaturas, autoridade que tenha processa- Anotações
ressalvando-se no fim de cada do a reclamação.
assentamento as emendas, en- Art. 40. As Carteiras de
trelinhas e quaisquer circuns- Art. 38. Comparecendo o Trabalho e Previdência Social
tâncias que possam ocasionar empregador e recusando-se a regularmente emitidas e anota-
dúvidas. fazer as anotações reclamadas, das servirão de prova nos atos
será lavrado um termo de com- em que sejam exigidas carteiras
Art. 34. Tratando-se de ser- parecimento, que deverá conter, de identidade e especialmente:
viço de profissionais de qual- entre outras indicações, o lugar,
quer atividade, exercido por o dia e hora de sua lavratura, I – nos casos de dissídio na Jus-
empreitada individual ou cole- o nome e a residência do em- tiça do Trabalho entre a empre-
tiva, com ou sem fiscalização pregador, assegurando-se-lhe sa e o empregado por motivo
da outra parte contratante, a o prazo de 48 (quarenta e oito) de salário, férias, ou tempo de
carteira será anotada pelo res- horas, a contar do termo, para serviço;
pectivo sindicato profissional apresentar defesa. II – perante a Previdência Social,
ou pelo representante legal de para o efeito de declaração de
sua cooperativa. Parágrafo único. Findo o prazo dependentes;
para a defesa, subirá o processo
Art. 35. (Revogado) à autoridade administrativa de III – para cálculo de indeniza-
primeira instância, para se or- ção por acidente do trabalho
denarem diligências, que com- ou moléstia profissional.
Seção V – Das Reclamações pletem a instrução do feito, ou
por Falta ou Recusa de para julgamento, se o caso esti-
Anotação ver suficientemente esclarecido. Seção VII – Dos Livros de
Registro de Empregados
Art. 36. Recusando-se a Art. 39. Verificando-se que
empresa a fazer as anotações as alegações feitas pelo recla- Art. 41. Em todas as ativi-
a que se refere o art. 29 ou a mado versam sobre a não exis- dades será obrigatório para o
devolver a Carteira de Trabalho tência de relação de emprego empregador o registro dos res-
e Previdência Social recebida, ou sendo impossível verificar pectivos trabalhadores, poden-
poderá o empregado compare- essa condição pelos meios ad- do ser adotados livros, fichas
cer, pessoalmente ou por inter- ministrativos, será o proces- ou sistema eletrônico, conforme

689
instruções a serem expedidas da empresa sujeitará esta a mul-
Seção VIII – Das ta de valor igual à metade do
pelo Ministério do Trabalho.
Penalidades salário mínimo regional.
Parágrafo único. Além da qua- Art. 49. Para os efeitos da
lificação civil ou profissional de Art. 53. A empresa que re-
emissão, substituição ou ano-
cada trabalhador, deverão ser ceber Carteira de Trabalho e
tação de Carteiras de Trabalho
anotados todos os dados relati- Previdência Social para anotar
e Previdência Social, conside-
e a retiver por mais de 48 (qua-
vos à sua admissão no emprego, rar-se-á crime de falsidade,
renta e oito) horas ficará sujeita
duração e efetividade do traba- com as penalidades previstas
à multa de valor igual à metade
lho, a férias, acidentes e demais no art. 299 do Código Penal:
do salário mínimo regional.
circunstâncias que interessem à I – fazer, no todo ou em parte,
proteção do trabalhador. qualquer documento falso ou Art. 54. A empresa que,
alterar o verdadeiro; tendo sido intimada, não com-
Arts. 42 a 46. (Revogados) parecer para anotar a Carteira
II – afirmar falsamente a sua
de Trabalho e Previdência de
própria identidade, f iliação,
Ar t. 47. O empregador seu empregado, ou cujas ale-
lugar de nascimento, residên-
que mantiver empregado não gações para recusa tenham sido
cia, profissão ou estado civil e
registr ado nos termos do julgadas improcedentes, ficará
beneficiários, ou atestar os de
art. 41 desta Consolidação fi- sujeita à multa de valor igual a
outra pessoa;
cará sujeito a multa no valor 1 (um) salário mínimo regional.
de R$ 3.000,00 (três mil reais) III – ser vir-se de documen-
tos, por qualquer forma, Art. 55. Incorrerá a multa
por empregado não registra-
falsificados; no valor igual a 1 (um) salário
do, acrescido de igual valor em mínimo regional a empresa que
cada reincidência. IV – falsificar, fabricando ou
infringir o art. 13 e seus pará-
alterando, ou vender, usar ou
§ 1 Especificamente quanto
o grafos.
possuir Carteiras de Traba-
à infração a que se refere o lho e Previdência Social assim
caput deste artigo, o valor fi- Art. 56. O sindicato que co-
alteradas;
brar remuneração pela entrega
nal da multa aplicada será de
V – anotar dolosamente em de Carteira de Trabalho e Pre-
R$ 800,00 (oitocentos reais)
Carteira de Trabalho e Previdên- vidência Social ficará sujeito à
por empregado não registrado, cia Social ou registro de empre- multa de valor igual a 3 (três)
quando se tratar de microem- gado, ou confessar ou declarar vezes o salário mínimo regional.
presa ou empresa de pequeno em juízo ou fora dele, data de
porte. admissão em emprego diversa Capítulo II – Da Duração
§ 2o A infração de que trata da verdadeira. do Trabalho
o caput deste artigo constitui
Art. 50. Comprovando-se
exceção ao critério da dupla falsidade, quer nas declarações Seção I – Disposição
visita. para emissão de Carteira de Preliminar
Trabalho e Previdência Social,
Art. 47-A. Na hipótese de quer nas respectivas anotações, Art. 57. Os preceitos deste
não serem informados os da- o fato será levado ao conheci- capítulo aplicam-se a todas as
dos a que se refere o parágrafo mento da autoridade que hou- atividades, salvo as expressa-
único do art. 41 desta Conso- ver emitido a carteira, para fins mente excluídas, constituindo
lidação, o empregador ficará de direito. exceções as disposições espe-
sujeito à multa de R$ 600,00 ciais, concernentes estritamente
(seiscentos reais) por emprega- Art. 51. Incorrerá em multa a peculiaridades profissionais
do prejudicado. de valor igual a 3 (três) vezes o constantes do Capítulo I do
salário mínimo regional aquele Título III.
Art. 48. As multas previs- que, comerciante ou não, ven-
der ou expuser à venda qual-
tas nesta Seção serão aplica-
quer tipo de carteira igual ou Seção II – Da Jornada de
das pela autoridade de primeira semelhante ao tipo oficialmente Trabalho
instância no Distrito Federal, e adotado.
pelas autoridades regionais do Art. 58. A duração normal
Ministério do Trabalho e Previ- Art. 52. O extravio ou inuti- do trabalho, para os emprega-
dência Social, nos Estados e no lização da Carteira de Trabalho dos em qualquer atividade pri-
Território do Acre. e Previdência Social por culpa vada, não excederá de 8 (oito)

690
horas diárias, desde que não po parcial ser estabelecido em direito ao pagamento das ho-
seja fixado expressamente ou- número inferior a 26 (vinte e ras extras não compensadas,
tro limite. seis) horas semanais, as horas calculadas sobre o valor da re-
suplementares a este quantita- muneração na data da rescisão.
§ 1o Não serão descontadas
tivo serão consideradas horas
nem computadas como jorna- § 4o (Revogado)
extras para fins do pagamen-
da extraordinária as variações
to estipulado no § 3o, estando § 5o O banco de horas de que
de horário no registro de ponto também limitadas a 6 (seis) trata o § 2o deste artigo po-
não excedentes de 5 (cinco) mi- horas suplementares semanais. derá ser pactuado por acordo
nutos, observado o limite máxi-
§ 5o As horas suplementares individual escrito, desde que a
mo de 10 (dez) minutos diários.
da jornada de trabalho normal compensação ocorra no perío-
§ 2o O tempo despendido pelo poderão ser compensadas di- do máximo de 6 (seis) meses.
empregado desde a sua residên- retamente até a semana ime- § 6o É lícito o regime de com-
cia até a efetiva ocupação do diatamente posterior à da sua pensação de jornada estabeleci-
posto de trabalho e para o seu execução, devendo ser feita a do por acordo individual, tácito
retorno, caminhando ou por sua quitação na folha de pa- ou escrito, para a compensação
qualquer meio de transporte, gamento do mês subsequente, no mesmo mês.
inclusive o fornecido pelo em- caso não sejam compensadas.
pregador, não será computado
§ 6o É facultado ao empregado Art. 59-A. Em exceção ao
na jornada de trabalho, por não
contratado sob regime de tem- disposto no art. 59 desta Con-
ser tempo à disposição do em-
po parcial converter um terço solidação, é facultado às par-
pregador.
do período de férias a que tiver tes, mediante acordo individual
§ 3o (Revogado) direito em abono pecuniário. escrito, convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho,
Art. 58-A. Considera-se § 7o As férias do regime de estabelecer horário de traba-
trabalho em regime de tempo tempo parcial são regidas pelo lho de doze horas seguidas por
parcial aquele cuja duração não disposto no art. 130 desta Con- trinta e seis horas ininterrup-
exceda a trinta horas semanais, solidação. tas de descanso, observados ou
sem a possibilidade de horas indenizados os intervalos para
suplementares semanais, ou, Art. 59. A duração diária do repouso e alimentação.
ainda, aquele cuja duração não trabalho poderá ser acrescida
exceda a 26 (vinte e seis) horas de horas extras, em número não Parágrafo único. A remunera-
semanais, com a possibilidade excedente de duas, por acordo ção mensal pactuada pelo ho-
de acréscimo de até 6 (seis) individual, convenção coletiva rário previsto no caput deste
horas suplementares semanais. ou acordo coletivo de trabalho. artigo abrange os pagamentos
§ 1o A remuneração da hora devidos pelo descanso semanal
§ 1o O salário a ser pago aos
extra será, pelo menos, 50% remunerado e pelo descanso em
empregados sob o regime de
(cinquenta por cento) superior feriados, e serão considerados
tempo parcial será proporcio-
à da hora normal. compensados os feriados e as
nal à sua jornada, em relação
prorrogações de trabalho no-
aos empregados que cumprem, § 2o Poderá ser dispensado o turno, quando houver, de que
nas mesmas funções, tempo in- acréscimo de salário se, por tratam o art. 70 e o § 5o do
tegral. força de acordo ou convenção art. 73 desta Consolidação.
§ 2 o Para os atuais empre- coletiva de trabalho, o excesso
gados, a adoção do regime de horas em um dia for com- Art. 59-B. O não atendi-
de tempo parcial será feita pensado pela correspondente mento das exigências legais
mediante opção manifestada diminuição em outro dia, de para compensação de jornada,
perante a empresa, na forma maneira que não exceda, no inclusive quando estabelecida
prevista em instrumento decor- período máximo de um ano, mediante acordo tácito, não
rente de negociação coletiva. à soma das jornadas semanais implica a repetição do paga-
de trabalho previstas, nem seja mento das horas excedentes à
§ 3o As horas suplementares ultrapassado o limite máximo jornada normal diária se não
à duração do trabalho sema- de 10 (dez) horas diárias.
ultrapassada a duração máxima
nal normal serão pagas com o
§ 3o Na hipótese de rescisão do semanal, sendo devido apenas
acréscimo de 50% (cinquenta
contrato de trabalho sem que o respectivo adicional.
por cento) sobre o salário-hora
tenha havido a compensação
normal.
integral da jornada extraordi- Parágrafo único. A prestação
§ 4o Na hipótese de o contrato nária, na forma dos §§ 2o e 5o de horas extras habituais não
de trabalho em regime de tem- deste artigo, o trabalhador terá descaracteriza o acordo de

691
compensação de jornada e o desde que a lei não fixe expres- Art. 64. O salário-hora
banco de horas. samente outro limite. normal, no caso de empre-
gado mensalista, será obtido
§ 3o Sempre que ocorrer inter-
Art. 60. Nas atividades in- dividindo-se o salário mensal
rupção do trabalho, resultan-
salubres, assim consideradas as correspondente à duração
te de causas acidentais, ou de
constantes dos quadros men- do trabalho, a que se refere o
força maior, que determinem
cionados no capítulo “Da Segu- art. 58, por 30 (trinta) vezes o
a impossibilidade de sua reali-
rança e Medicina do Trabalho”, número de horas dessa dura-
zação, a duração do trabalho
ou que neles venham a ser in- ção.
poderá ser prorrogada pelo
cluídas por ato do Ministro do
tempo necessário até o máxi-
Trabalho e Previdência Social, Parágrafo único. Sendo o nú-
mo de 2 (duas) horas, durante
quaisquer prorrogações só po- mero de dias inferior a 30 (trin-
o número de dias indispensáveis
derão ser acordadas mediante ta), adotar-se-á para o cálculo,
à recuperação do tempo perdi-
licença prévia das autoridades em lugar desse número, o de
do, desde que não exceda de 10
competentes em matéria de dias de trabalho por mês.
(dez) horas diárias, em período
higiene do trabalho, as quais,
não superior a 45 (quarenta e
para esse efeito, procederão Art. 65. No caso do empre-
cinco) dias por ano, sujeita essa
aos necessários exames locais gado diarista, o salário-hora
recuperação à prévia autoriza-
e à verificação dos métodos e normal será obtido dividindo-se
ção da autoridade competente.
processos de trabalho, quer di- o salário diário correspondente
retamente, quer por intermé- à duração do trabalho, estabe-
Art. 62. Não são abrangi-
dio de autoridades sanitárias lecido no art. 58, pelo número
dos pelo regime previsto neste
federais, estaduais e municipais, de horas de efetivo trabalho.
capítulo:
com quem entrarão em enten-
dimento para tal fim. I – os empregados que exercem
atividade externa incompatível Seção III – Dos Períodos de
Parágrafo único. Excetuam-se com a f ixação de horário de Descanso
da exigência de licença prévia trabalho, devendo tal condição
as jornadas de doze horas de ser anotada na Carteira de Tra- Art. 66. Entre 2 (duas) jor-
trabalho por trinta e seis horas balho e Previdência Social e no nadas de trabalho haverá um
ininterruptas de descanso. registro de empregados; período mínimo de 11 (onze)
horas consecutivas para des-
II – os gerentes, assim conside-
Art. 61. Ocorrendo neces- canso.
rados os exercentes de cargos
sidade imperiosa, poderá a du-
de gestão, aos quais se equipa-
ração do trabalho exceder do Art. 67. Será assegurado a
ram, para efeito do disposto
limite geral ou convencionado, todo empregado um descanso
neste artigo, os diretores e che-
seja para fazer face a motivo de semanal de 24 (vinte e quatro)
fes de departamento ou filial;
força maior, seja para atender à horas consecutivas, o qual,
realização ou conclusão de ser- III – os empregados em regime salvo motivo de conveniência
viços inadiáveis ou cuja inexe- de teletrabalho. pública ou necessidade imperio-
cução possa acarretar prejuízo sa do serviço, deverá coincidir
manifesto. Parágrafo único. O regime com o domingo, no todo ou em
previsto neste capítulo será parte.
§ 1o O excesso, nos casos deste
aplicável aos empregados men-
artigo, pode ser exigido inde-
cionados no inciso II deste arti- Parágrafo único. Nos serviços
pendentemente de convenção
go, quando o salário do cargo que exijam trabalho aos do-
coletiva ou acordo coletivo de
de confiança, compreendendo a mingos, com exceção quanto
trabalho.
gratificação de função, se hou- aos elencos teatrais, será esta-
§ 2o Nos casos de excesso de ver, for inferior ao valor do res- belecida escala de revezamen-
horário por motivo de força pectivo salário efetivo acrescido to, mensalmente organizada e
maior, a remuneração da hora de 40% (quarenta por cento). constando do quadro sujeito à
excedente não será inferior à fiscalização.
da hora normal. Nos demais Art. 63. Não haverá distin-
casos de excesso previstos nes- ção entre empregados e inte- Art. 68. O trabalho em do-
te artigo, a remuneração será, ressados, e a participação em mingo, seja total ou parcial, na
pelo menos, 25% (vinte e cinco lucros e comissões, salvo em forma do art. 67, será sempre
por cento) superior à da hora lucros de caráter social, não subordinado à permissão prévia
normal, e o trabalho não pode- exclui o participante do regime da autoridade competente em
rá exceder de 12 (doze) horas, deste capítulo. matéria de trabalho.

692
Parágrafo único. A permissão o Departamento Nacional de
será concedida a título perma-
Seção IV – Do Trabalho
Higiene e Segurança do Traba-
nente nas atividades que, por Noturno
lho (DNSHT), se verificar que
sua natureza ou pela conveniên- o estabelecimento atende inte- Art. 73. Salvo nos casos
cia pública, devem ser exercidas gralmente às exigências concer- de revezamento semanal ou
aos domingos, cabendo ao Mi- nentes à organização dos refei- quinzenal, o trabalho noturno
nistro do Trabalho e Previdência terá remuneração superior à do
tórios, e quando os respectivos
Social, expedir instruções em diurno e para esse efeito, sua
que sejam especif icadas tais empregados não estiverem sob
regime de trabalho prorrogado remuneração terá um acréscimo
atividades. Nos demais casos, de 20% (vinte por cento), pelo
ela será dada sob forma tran- a horas suplementares.
menos, sobre a hora diurna.
sitória, com discriminação do § 4 o A não concessão ou a
período autorizado, o qual, de § 1o A hora do trabalho notur-
concessão parcial do intervalo no será computada como de 52
cada vez, não excederá de 60
intrajornada mínimo, para re- minutos e 30 segundos.
(sessenta) dias.
pouso e alimentação, a empre-
gados urbanos e rurais, implica § 2 o Considera-se noturno,
Art. 69. Na regulamentação para os efeitos deste artigo, o
do funcionamento de atividades o pagamento, de natureza in-
trabalho executado entre as 22
sujeitas ao regime deste capítu- denizatória, apenas do período
horas de um dia e as 5 horas do
lo, os municípios atenderão aos suprimido, com acréscimo de dia seguinte.
preceitos nele estabelecidos, e as 50% (cinquenta por cento) so-
regras que venham a fixar não bre o valor da remuneração da § 3o O acréscimo, a que se re-
poderão contrariar tais preceitos hora normal de trabalho. fere o presente artigo, em se
nem as instruções que, para seu tratando de empresas que não
cumprimento, forem expedidas § 5o O intervalo expresso no mantêm, pela natureza de suas
pelas autoridades competentes caput poderá ser reduzido e/ atividades, trabalho noturno
em matéria de trabalho. ou fracionado, e aquele estabe- habitual, será feito, tendo em
lecido no § 1o poderá ser fracio- vista os quantitativos pagos por
Art. 70. Salvo o disposto nado, quando compreendidos trabalhos diurnos de natureza
nos artigos 68 e 69, é vedado o semelhante. Em relação às em-
entre o término da primeira
trabalho em dias feriados na- presas cujo trabalho noturno
hora trabalhada e o início da decorra da natureza de suas
cionais e feriados religiosos, nos última hora trabalhada, desde
termos da legislação própria. atividades, o aumento será
que previsto em convenção ou calculado sobre o salário míni-
Art. 71. Em qualquer tra- acordo coletivo de trabalho, mo geral vigente na região, não
balho contínuo, cuja duração ante a natureza do serviço e em sendo devido quando exceder
exceda de 6 (seis) horas, é virtude das condições especiais desse limite, já acrescido da
obrigatória a concessão de um de trabalho a que são subme- percentagem.
intervalo para repouso ou ali- tidos estritamente os motoris- § 4o Nos horários mistos, assim
mentação, o qual será, no mí- tas, cobradores, fiscalização de entendidos os que abrangem
nimo, de 1 (uma) hora e, salvo campo e afins nos serviços de períodos diurnos e noturnos,
acordo escrito ou contrato co- operação de veículos rodoviá- aplica-se às horas de trabalho
letivo em contrário, não poderá rios, empregados no setor de noturno o disposto neste artigo
exceder de 2 (duas) horas. transporte coletivo de passa- e seus parágrafos.
§ 1o Não excedendo de 6 (seis) geiros, mantida a remuneração § 5o Às prorrogações do traba-
horas o trabalho, será, entre- e concedidos intervalos para lho noturno aplica-se o dispos-
tanto, obrigatório um intervalo descanso menores ao final de to neste capítulo.
de 15 (quinze) minutos quando cada viagem.
a duração ultrapassar 4 (qua-
tro) horas. Art. 72. Nos serviços per- Seção V – Do Quadro de
§ 2 Os intervalos de descanso
o manentes de mecanograf ia Horário
não serão computados na du- (datilografia, escrituração ou
Art. 74. O horário do tra-
ração do trabalho. cálculo), a cada período de 90
balho constará de quadro,
§ 3o O limite mínimo de uma (noventa) minutos de trabalho organizado conforme modelo
hora para repouso ou refeição consecutivo corresponderá expedido pelo Ministro do Tra-
poderá ser reduzido por ato do um repouso de 10 (dez) minu- balho e Previdência Social, e afi-
Ministro do Trabalho e Previ- tos não deduzidos da duração xado em lugar bem visível. Esse
dência Social, quando ouvido normal de trabalho. quadro será discriminativo no

693
caso de não ser o horário único Art. 75-B. Considera-se de maneira expressa e osten-
para todos os empregados de teletrabalho a prestação de siva, quanto às precauções a
uma mesma seção ou turma. serviços preponderantemente tomar a fim de evitar doenças
fora das dependências do em- e acidentes de trabalho.
§ 1o O horário de trabalho será
pregador, com a utilização de
anotado em registro de em-
tecnologias de informação e de Parágrafo único. O empregado
pregados com a indicação de
comunicação que, por sua na- deverá assinar termo de respon-
acordos ou contratos coletivos tureza, não se constituam como sabilidade comprometendo-se a
porventura celebrados. trabalho externo. seguir as instruções fornecidas
§ 2o Para os estabelecimentos pelo empregador.
de mais de 10 (dez) trabalhado- Parágrafo único. O compare-
res será obrigatória a anotação cimento às dependências do Capítulo III – Do Salário
da hora de entrada e de saída, empregador para a realização Mínimo
em registro manual, mecânico de atividades específicas que
ou eletrônico, conforme instru- exijam a presença do empre-
ções a serem expedidas pelo Mi- gado no estabelecimento não Seção I – Do Conceito
nistério do Trabalho, devendo descaracteriza o regime de te-
haver pré-assinalação do perí- letrabalho. Art. 76. Salário mínimo é a
odo de repouso. contraprestação mínima devida
Art. 75-C. A prestação de e paga diretamente pelo empre-
§ 3o Se o trabalho for executa- serviços na modalidade de tele- gador a todo trabalhador, inclu-
do fora do estabelecimento, o trabalho deverá constar expres- sive ao trabalhador rural, sem
horário dos empregados cons- samente do contrato individual distinção de sexo, por dia nor-
tará, explicitamente, de ficha de trabalho, que especificará as mal de serviço, e capaz de satis-
ou papeleta em seu poder, sem atividades que serão realizadas fazer, em determinada época e
prejuízo do que dispõe o § 1o pelo empregado. região do país, as suas necessi-
deste artigo. dades normais de alimentação,
§ 1o Poderá ser realizada a alte-
habitação, vestuário, higiene e
ração entre regime presencial e
transporte.
Seção VI – Das Penalidades de teletrabalho desde que haja
mútuo acordo entre as partes,
Art. 77. (Revogado)
Art. 75. Os infratores dos registrado em aditivo contratual.
dispositivos do presente Ca- § 2o Poderá ser realizada a al- Art. 78. Quando o salário
pítulo incorrerão na multa de teração do regime de teletra- for ajustado por empreitada,
Cr$ 50,00 (cinquenta cruzei- balho para o presencial por ou convencionado por tarefa ou
ros) a Cr$ 5.000,00 (cinco mil determinação do empregador, peça, será garantida ao traba-
cruzeiros), segundo a natureza garantido prazo de transição lhador uma remuneração diária
da infração, sua extensão e a mínimo de quinze dias, com nunca inferior à do salário mí-
intenção de quem a praticou, correspondente registro em nimo por dia normal da região,
aplicada em dobro no caso de aditivo contratual. zona ou subzona.
reincidência e oposição à fiscali-
zação ou desacato à autoridade. Art. 75-D. As disposições Parágrafo único. Quando o
relativas à responsabilidade salário mínimo mensal do em-
Parágrafo único. São compe- pela aquisição, manutenção ou pregado a comissão ou que
tentes para impor penalidades fornecimento dos equipamen- tenha direito a percentagem
no Distrito Federal, a autori- tos tecnológicos e da infraes- for integrado por parte fixa e
dade de 1a instância da Dele- trutura necessária e adequada parte variável, ser-lhe-á sempre
gacia Regional do Trabalho e, à prestação do trabalho remo- garantido o salário mínimo,
nos Estados e no Território do to, bem como ao reembolso de vedado qualquer desconto em
Acre, as autoridades regionais despesas arcadas pelo empre- mês subsequente a título de
do Ministério do Trabalho e gado, serão previstas em con- compensação.
Previdência Social. trato escrito.
Art. 79. (Revogado)
Capítulo II-A – Do Parágrafo único. As utilidades
Teletrabalho mencionadas no caput deste Art. 80. (Revogado)
artigo não integram a remune-
Art. 75-A. A prestação de ração do empregado. Art. 81. O salário mínimo
serviços pelo empregado em re- será determinado pela fórmula
gime de teletrabalho observará Art. 75-E. O empregador Sm = a + b + c + d + e, em que
o disposto neste Capítulo. deverá instruir os empregados, “a”, “b”, “c”, “d”, “e” represen-

694
tam, respectivamente, o valor concernente ao salário míni-
Seção II – Das Regiões, mo será passível de multa de
das despesas diárias com ali-
Zonas e Subzonas Cr$ 50,00 (cinquenta cruzei-
mentação, habitação, vestuário,
higiene e transporte necessá- Arts. 84 a 86. (Revogados) ros) a Cr$2.000,00 (dois mil
rios à vida de um trabalhador cruzeiros), elevada ao dobro
adulto. na reincidência.

§ 1o A parcela corresponden-
Seção III – Da Constituição
das Comissões Arts. 121 a 123. (Revoga-
te à alimentação terá um valor dos)
mínimo igual aos valores da lis- Arts. 87 a 100. (Revogados)
ta de provisões, constantes dos Art. 124. A aplicação dos
quadros devidamente aprova- preceitos deste capítulo não
dos e necessários à alimen- Seção IV – Das Atribuições poderá, em caso algum, ser
tação diária do trabalhador das Comissões de Salário causa determinante da redução
adulto. Mínimo do salário.
§ 2o Poderão ser substituídos Arts. 101 a 111. (Revoga- Art. 125. (Revogado)
pelos equivalentes de cada gru- dos)
po, também mencionados nos Art. 126. O Ministro do
quadros a que alude o parágra- Trabalho e Previdência Social,
fo anterior, os alimentos, quan- Seção V – Da Fixação do expedirá as instruções neces-
do as condições da região, zona Salário Mínimo sárias à fiscalização do salário
ou subzona o aconselharem, mínimo, podendo cometer essa
respeitados os valores nutriti- Arts. 112 a 116. (Revoga- fiscalização a qualquer dos ór-
vos determinados nos mesmos dos) gãos componentes do respecti-
quadros. vo Ministério, e, bem assim, aos
fiscais dos Instituto Nacional
§ 3 o O Ministério do Traba- Seção VI – Disposições da Previdência Social (INPS) na
lho e Previdência Social fará, Gerais forma da legislação em vigor.
periodicamente, a revisão dos
quadros a que se refere o § 1o Art. 117. Será nulo de ple- Art. 127. (Revogado)
deste artigo. no direito, sujeitando o empre-
gador às sanções do art. 120, Art. 128. (Revogado)
Art. 82. Quando o empre- qualquer contrato ou conven-
ção que estipule remuneração
gador fornecer, in natura, uma Capítulo IV – Das Férias
inferior ao salário mínimo es-
ou mais das parcelas do salário
tabelecido na região, zona ou Anuais
mínimo, o salário em dinheiro subzona em que tiver de ser
será determinado pela fórmula cumprido.
Sd = Sm – P, em que Sd repre- Seção I – Do Direito a
senta o salário em dinheiro, Sm Art. 118. O trabalhador a Férias e da sua Duração
o salário mínimo e P a soma dos quem for pago salário inferior
Art. 129. Todo empregado
valores daquelas parcelas na re- ao mínimo terá direito, não
obstante qualquer contrato terá direito anualmente ao gozo
gião, zona ou subzona.
ou convenção em contrário, a de um período de férias, sem
reclamar do empregador o com- prejuízo da remuneração.
Parágrafo único. O salário mí-
nimo pago em dinheiro não será plemento de seu salário mínimo
estabelecido na região, zona ou Art. 130. Após cada perío-
inferior a 30% (trinta por cento) do de 12 (doze) meses de vigên-
do salário mínimo fixado para a subzona, em que tiver de ser
cumprido. cia do contrato de trabalho, o
região, zona ou subzona. empregado terá direito a férias,
Art. 119. Prescreve em 2 na seguinte proporção:
Art. 83. É devido o salário
(dois) anos a ação para reaver a I – 30 (trinta) dias corridos,
mínimo ao trabalhador em do- diferença, contados, para cada
micílio, considerado este como quando não houver faltado ao
pagamento, da data em que o serviço mais de 5 (cinco) vezes;
o executado na habitação do mesmo tenha sido efetuado.
empregado em oficina de famí- II – 24 (vinte e quatro) dias
lia, por conta de empregador Art. 120. Aquele que in- corridos, quando houver tido
que o remunere. fringir qualquer dispositivo 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;

695
III – 18 (dezoito) dias corri- ele compareça ao estabeleci-
dos, quando houver tido de
Seção II – Da Concessão e
mento dentro de 90 (noventa)
15 (quinze) a 23 (vinte e três) da Época das Férias
dias da data em que se verificar
faltas; a respectiva baixa. Art. 134. As férias serão
IV – 12 (doze) dias corridos, concedidas por ato do em-
quando houver tido de 24 (vin- Art. 133. Não terá direito pregador, em um só período,
te e quatro) a 32 (trinta e duas) a férias o empregado que, no nos 12 (doze) meses subsequen-
faltas. curso do período aquisitivo: tes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito.
§ 1o É vedado descontar, do I – deixar o emprego e não for
período de férias, as faltas do readmitido dentro dos 60 (ses- § 1o Desde que haja concor-
empregado ao serviço. senta) dias subsequentes à sua dância do empregado, as férias
poderão ser usufruídas em até
§ 2o O período das férias será saída;
3 (três) períodos, sendo que 1
computado, para todos os efei- (um) deles não poderá ser in-
II – permanecer em gozo de
tos, como tempo de serviço. ferior a 14 (quatorze) dias cor-
licença, com percepção de sa-
lários, por mais de 30 (trinta) ridos e os demais não poderão
Art. 130-A. (Revogado) ser inferiores a 5 (cinco) dias
dias;
corridos, cada um.
Art. 131. Não será consi- III – deixar de trabalhar, com
derada falta ao serviço, para § 2o (Revogado)
percepção do salário, por mais
os efeitos do artigo anterior, a § 3o É vedado o início das fé-
ausência do empregado: de 30 (trinta) dias em virtude de
paralisação parcial ou total dos rias no período de 2 (dois) dias
I – nos casos referidos no serviços da empresa; e que antecede feriado ou dia de
art. 473; repouso semanal remunerado.
IV – tiver percebido da Previdên-
II – durante o licenciamento cia Social prestações de aciden- Art. 135. A concessão das
compulsório da empregada férias será participada, por es-
te de trabalho ou de auxílio-do-
por motivo de maternidade ou crito, ao empregado, com an-
aborto, observados os requi- ença por mais de 6 (seis) meses,
embora descontínuos. tecedência de, no mínimo, 30
sitos para percepção do salá- (trinta) dias. Dessa participa-
rio-maternidade custeado pela § 1o A interrupção da presta- ção o interessado dará recibo.
Previdência Social; ção de serviços deverá ser ano- § 1o O empregado não poderá
III – por motivo de acidente do tada na Carteira de Trabalho e entrar no gozo das férias sem
trabalho ou enfermidade ates- Previdência Social. que apresente ao empregador
tada pelo Instituto Nacional do sua Carteira de Trabalho e Pre-
Seguro Social – INSS, excetua- § 2o Iniciar-se-á o decurso de
vidência Social, para que nela
da a hipótese do inciso IV do novo período aquisitivo quando seja anotada a respectiva con-
art. 133; o empregado, após o implemen- cessão.
to de qualquer das condições
IV – justif icada pela empre- § 2o A concessão das férias
previstas neste artigo, retornar
sa, entendendo-se como tal a será, igualmente, anotada no
que não tiver determinado o ao serviço.
livro ou nas fichas de registro
desconto do correspondente § 3o Para os fins previstos no dos empregados.
salário; inciso III deste artigo a empresa
V – durante a suspensão preven- comunicará ao órgão local do Art. 136. A época da con-
tiva para responder a inquérito Ministério do Trabalho, com an- cessão das férias será a que
administrativo ou de prisão pre- melhor consulte os interesses
tecedência mínima de 15 (quin-
ventiva, quando for impronun- do empregador.
ze dias), as datas de início e fim
ciado ou absolvido; e da paralisação total ou parcial § 1o Os membros de uma famí-
VI – nos dias em que não tenha dos serviços da empresa, e, em lia, que trabalharem no mesmo
havido serviço, salvo na hipóte- igual prazo, comunicará, nos estabelecimento ou empresa,
terão direito a gozar férias no
se do inciso III do art. 133. mesmos termos, ao sindicato
mesmo período, se assim o de-
representativo da categoria sejarem e se disto não resultar
Art. 132. O tempo de traba- profissional, bem como afixará prejuízo para o serviço.
lho anterior à apresentação do aviso nos respectivos locais de
empregado para serviço militar trabalho. § 2o O empregado estudante,
obrigatório será computado no menor de 18 (dezoito) anos,
período aquisitivo, desde que § 4o (Vetado) terá direito a fazer coincidir

696
suas férias com as férias esco- estabelecimentos ou setores veis, apurar-se-á a média do
lares. abrangidos pela medida. período aquisitivo, aplicando-
se o valor do salário na data da
§ 3o Em igual prazo, o empre-
Art. 137. Sempre que as fé- concessão das férias.
gador enviará cópia da aludida
rias forem concedidas após o comunicação aos sindicatos § 2o Quando o salário for pago
prazo de que trata o art. 134, o representativos da respectiva por tarefa tomar-se-á por base
empregador pagará em dobro a categoria profissional, e provi- a média da produção no perío-
respectiva remuneração. denciará a afixação de aviso nos do aquisitivo do direito a férias,
§ 1o Vencido o mencionado locais de trabalho. aplicando-se o valor da remu-
prazo sem que o empregador neração da tarefa na data da
tenha concedido as férias, o Art. 140. Os empregados concessão das férias.
empregado poderá ajuizar re- contratados há menos de 12
§ 3o Quando o salário for pago
clamação pedindo a fixação, (doze) meses gozarão, na opor-
por percentagem, comissão ou
por sentença, da época de gozo tunidade, férias proporcionais,
viagem, apurar-se-á a média
das mesmas. iniciando-se, então, novo perí-
percebida pelo empregado
odo aquisitivo.
§ 2o A sentença cominará pena nos 12 (doze) meses que pre-
diária de 5% (cinco por cento) cederem à concessão das férias.
Art. 141. Quando o número
do salário mínimo da região, de empregados contemplados § 4 o A parte do salário paga
devida ao empregado até que com as férias coletivas for supe- em utilidades será computada
seja cumprida. rior a 300 (trezentos), a empre- de acordo com a anotação na
§ 3o Cópia da decisão judicial sa poderá promover, mediante Carteira de Trabalho e Previdên-
transitada em julgado será re- carimbo, anotações de que tra- cia Social.
metida ao órgão local do Mi- ta o art. 135, § 1o.
§ 5o Os adicionais por trabalho
nistério do Trabalho, par fins de § 1o O carimbo, cujo modelo extraordinário, noturno, insalu-
aplicação da multa de caráter será aprovado pelo Ministério bre ou perigoso serão compu-
administrativo. do Trabalho, dispensará a re- tados no salário que servirá de
ferência ao período aquisitivo base ao cálculo da remuneração
Art. 138. Durante as férias, a que correspondem, para cada das férias.
o empregado não poderá pres- empregado, as férias concedi-
§ 6 o Se, no momento das fé-
tar serviços a outro emprega- das.
rias, o empregado não estiver
dor, salvo se estiver obrigado a § 2o Adotado o procedimento percebendo o mesmo adicio-
fazê-lo em virtude de contrato indicado neste artigo, caberá à nal do período aquisitivo, ou
de trabalho regularmente man- empresa fornecer ao emprega- quando o valor deste não tiver
tido com aquele. do cópia visada do recibo cor- sido uniforme será computada
respondente à quitação men- a média duodecimal recebida
cionada no parágrafo único do naquele período, após a atuali-
Seção III – Das Férias art. 145. zação das importâncias pagas,
Coletivas mediante incidência dos percen-
§ 3o Quando da cessação do
tuais dos reajustamentos sala-
Art. 139. Poderão ser con- contrato de trabalho, o empre-
riais supervenientes.
cedidas férias coletivas a todos gador anotará na Carteira de
os empregados de uma empresa Trabalho e Previdência Social as
Art. 143. É facultado ao
ou de determinados estabeleci- datas dos períodos aquisitivos
empregado converter 1/3 (um
mentos ou setores da empresa. correspondentes às férias cole-
terço) do período de férias a
tivas gozadas pelo empregado.
§ 1o As férias poderão ser go- que tiver direito em abono pe-
zadas em 2 (dois) períodos cuniário, no valor da remune-
anuais, desde que nenhum de- ração que lhe seria devida nos
Seção IV – Da dias correspondentes.
les seja inferior a 10 (dez) dias Remuneração e do Abono de
corridos. Férias § 1o O abono de férias deverá
§ 2o Para os fins previstos neste ser requerido até 15 (quinze)
artigo, o empregador comuni- Art. 142. O empregado dias antes do término do perí-
cará ao órgão local do Ministé- perceberá, durante as férias, a odo aquisitivo.
rio do Trabalho com a antece- remuneração que lhe for devida
§ 2o Tratando-se de férias cole-
na data da sua concessão.
dência mínima de 15 (quinze) tivas, a conversão a que se refe-
dias, as datas de início e fim § 1o Quando o salário for pago re este artigo deverá ser objeto
das férias, precisando quais os por hora com jornadas variá- de acordo coletivo entre o em-

697
pregador e o sindicato represen- Art. 147. O empregado que por escrito, ao armador, antes
tativo da respectiva categoria for despedido sem justa causa, do início da viagem, no porto
profissional, independendo de ou cujo contrato de trabalho de registro ou armação.
requerimento individual a con- se extinguir em prazo predeter-
§ 4o O tripulante, ao terminar
cessão do abono. minado, antes de completar 12
as férias, apresentar-se-á ao ar-
(doze) meses de serviço, terá di-
§ 3o (Revogado) mador, que deverá designá-lo
reito à remuneração relativa ao para qualquer de suas embarca-
período incompleto de férias, ções ou o adir a algum dos seus
Art. 144. O abono de férias de conformidade com o dispos-
de que trata o artigo anterior to no artigo anterior. serviços terrestres, respeitadas
bem como o concedido em vir- a condição pessoal e a remu-
tude de cláusula do contrato Art. 148. A remuneração neração.
de trabalho, do regulamento das férias, ainda quando devida
da empresa, de convenção ou § 5o Em caso de necessidade,
após a cessação do contrato de determinada pelo interesse pú-
acordo coletivo, desde que trabalho, terá natureza salarial,
não excedente de 20 (vinte) blico, e comprovada pela auto-
para os efeitos do art. 449. ridade competente, poderá o
dias do salário, não integrarão
armador ordenar a suspensão
a remuneração do empregado
das férias já iniciadas ou a ini-
para os efeitos da legislação do Seção VI – Do Início da ciar-se, ressalvado ao tripulan-
trabalho. Prescrição te o direito ao respectivo gozo
posteriormente.
Art. 145. O pagamento da Art. 149. A prescrição do
remuneração das férias e, se for direito de reclamar a conces- § 6o O Delegado do Trabalho
o caso, o do abono referido no são das férias ou o pagamento Marítimo poderá autorizar a
art. 143 serão efetuados até 2 da respectiva remuneração é acumulação de 2 (dois) perío-
(dois) dias antes do início do contada do término do prazo dos de férias do marítimo, me-
respectivo período. mencionado no art. 134 ou, se diante requerimento justificado:
for o caso, da cessação do con- I – do sindicato, quando se tra-
Parágrafo único. O empregado trato de trabalho. tar de sindicalizado; e
dará quitação do pagamento,
com indicação do início e do II – da empresa, quando o em-
termo das férias. Seção VII – Disposições pregado não for sindicalizado.
Especiais
Art. 151. Enquanto não se
Seção V – Dos Efeitos da Art. 150. O tripulante que, criar um tipo especial de cader-
por determinação do armador, neta profissional para os marí-
Cessação do Contrato de timos, as férias serão anotadas
Trabalho for transferido para o serviço
de outro, terá computado, pela Capitania do Porto na ca-
Art. 146. Na cessação do para o efeito de gozo de férias, derneta-matrícula do tripulan-
o tempo de serviço prestado te, na página das observações.
contrato de trabalho, qualquer
que seja a sua causa, será de- ao primeiro, ficando obrigado
a concedê-las o armador em Art. 152. A remuneração
vida ao empregado a remune-
cujo serviço ele se encontra na do tripulante, no gozo de férias,
ração simples ou em dobro,
época de gozá-las. será acrescida da importância
conforme o caso, correspon- correspondente à etapa que es-
dente ao período de férias cujo § 1o As férias poderão ser con- tiver vencendo.
direito tenha adquirido. cedidas, a pedido dos interes-
sados e com aquiescência do
Parágrafo único. Na cessação armador, parceladamente, nos Seção VIII – Das
do contrato de trabalho, após portos de escala de grande es- Penalidades
12 (doze) meses de serviço, o tadia do navio, aos tripulantes
empregado, desde que não haja ali residentes. Art. 153. As infrações ao
sido demitido por justa causa, disposto neste Capítulo serão
terá direito à remuneração re- § 2o Será considerada grande
punidas com multas de valor
lativa ao período incompleto estadia a permanência no porto
igual a 160 BTN por empregado
de férias, de acordo com o por prazo excedente de 6 (seis)
em situação irregular.
art. 130, na proporção de 1/12 dias.
(um doze avos) por mês de ser- § 3 o Os embarcadiços, para Parágrafo único. Em caso de
viço ou fração superior a 14 gozarem férias nas condições reincidência, embaraço ou resis-
(quatorze) dias. deste artigo, deverão pedi-las, tência à fiscalização, emprego

698
de artifício ou simulação com II – adotar as medidas que se legadas a outros órgãos fede-
o objetivo de fraudar a lei, a tornem exigíveis, em virtude das rais, estaduais ou municipais
multa será aplicada em dobro. disposições deste Capítulo, de- atribuições de fiscalização ou
terminando as obras e reparos orientação às empresas quanto
Capítulo V – Da que, em qualquer local de tra- ao cumprimento das disposi-
Segurança e da Medicina do balho, se façam necessárias; ções constantes deste Capítulo.
Trabalho III – impor as penalidades cabí-
veis por descumprimento das
normas constantes deste Ca-
Seção II – Da Inspeção
Seção I – Disposições Gerais Prévia e do Embargo ou
pítulo, nos termos do art. 201.
Interdição
Art. 154. A observância, em
todos os locais de trabalho, do Art. 157. Cabe às empresas:
Art. 160. Nenhum estabe-
disposto neste Capítulo, não I – cumprir e fazer cumprir as lecimento poderá iniciar suas
desobriga as empresas do cum- normas de segurança e medici- atividades sem prévia inspeção
primento de outras disposições na do trabalho; e aprovação das respectivas
que, com relação à matéria, instalações pela autoridade
sejam incluídas em códigos de II – instruir os empregados,
através de ordens de serviço, regional competente em maté-
obras ou regulamentos sanitá- ria de segurança e medicina do
rios dos Estados ou Municípios quanto às precauções a tomar
no sentido de evitar acidentes trabalho.
em que se situem os respectivos
estabelecimentos, bem como do trabalho ou doenças ocu- § 1o Nova inspeção deverá ser
daquelas oriundas de conven- pacionais; feita quando ocorrer modifica-
ções coletivas de trabalho. III – adotar as medidas que lhes ção substancial nas instalações,
sejam determinadas pelo órgão inclusive equipamentos, que a
Art. 155. Incumbe ao órgão regional competente; empresa fica obrigada a comu-
de âmbito nacional competente nicar, prontamente, à Delegacia
em matéria de segurança e me- IV – facilitar o exercício da fis- Regional do Trabalho.
dicina do trabalho: calização pela autoridade com-
petente. § 2o É facultado às empresas
I – estabelecer, nos limites de solicitar prévia aprovação, pela
sua competência, normas so- Art. 158. Cabe aos empre- Delegacia Regional do Traba-
bre a aplicação dos preceitos gados: lho, dos projetos de construção
deste Capítulo, especialmente e respectivas instalações.
os referidos no art. 200; I – observar as normas de segu-
rança e medicina do trabalho, Art. 161. O Delegado Re-
II – coordenar, orientar, con- inclusive as instruções de que
trolar e supervisionar a fisca- gional do Trabalho, à vista do
trata o item II do artigo ante- laudo técnico do serviço com-
lização e as demais atividades rior;
relacionadas com a segurança e petente que demonstre grave
a medicina do trabalho em todo II – colaborar com a empresa e iminente risco para o traba-
o território nacional, inclusive a na aplicação dos dispositivos lhador, poderá interditar esta-
Campanha Nacional de Preven- deste Capítulo. belecimento, setor de serviço,
ção de Acidentes do Trabalho; máquina ou equipamento, ou
Parágrafo único. Constitui ato embargar obra, indicando na
III – conhecer, em última instân- faltoso do empregado a recusa decisão, tomada com a brevi-
cia, dos recursos, voluntários injustificada: dade que a ocorrência exigir,
ou de ofício, das decisões pro- as providências que deverão
feridas pelos Delegados Regio- a) à observância das ins- ser adotadas para prevenção
nais do Trabalho, em matéria truções expedidas pelo de infortúnios de trabalho.
de segurança e medicina do empregador na forma
trabalho. do item II do artigo an- § 1o As autoridades federais,
terior; estaduais e municipais darão
Art. 156. Compete especial- imediato apoio às medidas
b) ao uso dos equipamen- determinadas pelo Delegado
mente às Delegacias Regionais tos de proteção indi-
do Trabalho, nos limites de sua Regional do Trabalho.
vidual fornecidos pela
jurisdição: § 2o A interdição ou embargo
empresa.
I – promover a fiscalização do poderão ser requeridos pelo
cumprimento das normas de Art. 159. Mediante convê- serviço competente da Dele-
segurança e medicina do tra- nio autorizado pelo Ministro gacia Regional do Trabalho e,
balho; do Trabalho, poderão ser de- ainda, por agente da inspeção

699
do trabalho ou por entidade zados exigido de cada pado de menos da metade do
sindical. empresa, segundo o número de reuniões da CIPA.
grupo em que se classifi-
§ 3o Da decisão do Delegado § 5o O empregador designará,
Regional do Trabalho poderão que, na forma da alínea
anualmente, dentre os seus re-
os interessados recorrer, no anterior;
presentantes, o Presidente da
prazo de 10 (dez) dias, para o c) a qualif icação exigida CIPA e os empregados elegerão,
órgão de âmbito nacional com- para os profissionais em dentre eles, o Vice-Presidente.
petente em matéria de seguran- questão e o seu regime
ça e medicina do trabalho, ao de trabalho; Art. 165. Os titulares da
qual será facultado dar efeito representação dos emprega-
suspensivo ao recurso. d) as demais caracterís- dos nas CIPA(s) não poderão
ticas e atribuições dos sofrer despedida arbitrária,
§ 4o Responderá por desobedi- serviços especializados
ência, além das medidas penais entendendo-se como tal a que
em segurança e em me- não se fundar em motivo disci-
cabíveis, quem, após determi- dicina do trabalho, nas
nada a interdição ou embargo, plinar, técnico, econômico ou
empresas. financeiro.
ordenar ou permitir o funcio-
namento do estabelecimento Art. 163. Será obrigatória
ou de um dos seus setores, a Parágrafo único. Ocorrendo a
a constituição de Comissão In- despedida, caberá ao empre-
utilização de máquinas ou equi- terna de Prevenção de Acidentes
pamento, ou o prosseguimento gador, em caso de reclamação
(CIPA), de conformidade com à Justiça do Trabalho, compro-
de obra, se, em consequência, instruções expedidas pelo Mi-
resultarem danos a terceiros. var a existência de qualquer dos
nistério do Trabalho, nos esta- motivos mencionados neste ar-
§ 5o O Delegado Regional do belecimentos ou locais de obra tigo, sob pena de ser condena-
Trabalho, independente de re- nelas especificadas. do a reintegrar o empregado.
curso, e após laudo técnico do
serviço competente, poderá le- Parágrafo único. O Ministério
vantar a interdição. do Trabalho regulamentará as Seção IV – Do Equipamento
atribuições, a composição e o de Proteção Individual
§ 6 o Durante a paralisação
funcionamento da(s) CIPA(s).
dos serviços, em decorrência
da interdição ou embargo, os Ar t . 166. A empresa é
Art. 164. Cada CIPA será obrigada a fornecer aos em-
empregados receberão os sa-
composta de representantes pregados, gr atuit amente,
lários como se estivessem em
efetivo exercício. da empresa e dos empregados, equipamento de proteção in-
de acordo com os critérios que dividual adequado ao risco e em
vierem a ser adotados na re- perfeito estado de conservação
Seção III – Dos Órgãos de gulamentação de que trata o e funcionamento, sempre que
parágrafo único do artigo an- as medidas de ordem geral não
Segurança e de Medicina do
terior. ofereçam completa proteção
Trabalho nas Empresas
§ 1o Os representantes dos em- contra os riscos de acidentes e
Art. 162. As empresas, de pregadores, titulares e suplen- danos à saúde dos empregados.
acordo com normas a serem tes, serão por eles designados.
expedidas pelo Ministério do Art. 167. O equipamento
Trabalho, estarão obrigadas a § 2o Os representantes dos em- de proteção só poderá ser pos-
manter serviços especializados pregados, titulares e suplentes, to à venda ou utilizado com a
em segurança e em medicina do serão eleitos em escrutínio se- indicação do Certif icado de
trabalho. creto, do qual participem, in- Aprovação do Ministério do
dependentemente de filiação Trabalho.
Parágrafo único. As normas a sindical, exclusivamente os
que se refere este artigo esta- empregados interessados.
belecerão: § 3o O mandato dos membros Seção V – Das Medidas
a) classificação das empre- eleitos da CIPA terá a duração Preventivas de Medicina do
sas segundo o número de 1 (um) ano, permitida uma Trabalho
de empregados e a na- reeleição.
Art. 168. Será obrigatório
tureza do risco de suas § 4 o O disposto no parágra- exame médico, por conta do
atividades;
fo anterior não se aplicará ao empregador, nas condições es-
b) o número mínimo de membro suplente que, durante tabelecidas neste artigo e nas
profissionais especiali- o seu mandato, tenha partici- instruções complementares a

700
serem expedidas pelo Ministério Lei no 9.503, de 23 de setembro e de higiene do Trabalho esta-
do Trabalho: de 1997 – Código de Trânsito belecidas pelo Ministério do
Brasileiro, desde que realizado Trabalho e manter-se em per-
I – na admissão;
nos últimos 60 (sessenta) dias. feito estado de conservação e
II – na demissão; limpeza.
Art. 169. Será obrigatória
III – periodicamente.
a notificação das doenças pro-
§ 1o O Ministério do Trabalho fissionais e das produzidas em Seção VII – Da Iluminação
baixará instruções relativas aos virtudes de condições especiais
casos em que serão exigíveis de trabalho, comprovadas ou Art. 175. Em todos os lo-
exames: objeto de suspeita, de con- cais de trabalho deverá haver
formidade com as instruções iluminação adequada, natural
a) por ocasião da demis-
expedidas pelo Ministério do ou artificial, apropriada à na-
são;
Trabalho. tureza da atividade.
b) complementares.
§ 1o A iluminação deverá ser
§ 2 Outros exames comple-
o
uniformemente distribuída,
mentares poderão ser exigidos,
Seção VI – Das Edificações geral e difusa, a fim de evitar
a critério médico, para apura- ofuscamento, ref lexos incô-
Art. 170. As edificações de-
ção da capacidade ou aptidão modos, sombras e contrastes
verão obedecer aos requisitos
física e mental do empregado excessivos.
técnicos que garantam perfeita
para a função que deva exercer.
segurança aos que nelas traba- § 2o O Ministério do Trabalho
§ 3o O Ministério do Trabalho lhem. estabelecerá os níveis mínimos
estabelecerá, de acordo com o de iluminamento a serem ob-
risco da atividade e o tempo de Art. 171. Os locais de tra- servados.
exposição, a periodicidade dos balho deverão ter, no mínimo,
exames médicos. 3 (três) metros de pé-direito,
§ 4 o O empregador manterá,
assim considerada a altura livre Seção VIII – Do Conforto
no estabelecimento, o mate-
do piso ao teto. Térmico
rial necessário à prestação de
Parágrafo único. Poderá ser Art. 176. Os locais de tra-
primeiros socorros médicos,
reduzido esse mínimo desde balho deverão ter ventilação na-
de acordo com o risco da ati-
que atendidas as condições de tural, compatível com o serviço
vidade.
iluminação e conforto térmico realizado.
§ 5o O resultado dos exames compatíveis com a natureza
médicos, inclusive o exame do trabalho, sujeitando-se tal Parágrafo único. A ventilação
complementar, será comunica- redução ao controle do órgão artificial será obrigatória sem-
do ao trabalhador, observados competente em matéria de se- pre que a natural não preencha
os preceitos da ética médica. gurança e medicina do traba- as condições de conforto tér-
lho. mico.
§ 6 o Serão exigidos exames
toxicológicos, previamente à
Art. 172. Os pisos dos lo- Art. 177. Se as condições de
admissão e por ocasião do des-
cais de trabalho não deverão ambiente se tornarem descon-
ligamento, quando se tratar de
apresentar saliências nem de- fortáveis, em virtude de insta-
motorista profissional, assegu-
pressões que prejudiquem a lações geradoras de frio ou de
rados o direito à contraprova
circulação de pessoas ou a mo- calor, será obrigatório o uso
em caso de resultado positivo
vimentação de materiais. de vestimenta adequada para
e a confidencialidade dos resul-
o trabalho em tais condições ou
tados dos respectivos exames.
Art. 173. As aberturas nos de capelas, anteparos, paredes
§ 7o Para os fins do disposto pisos e paredes serão protegi- duplas, isolamento térmico e
no § 6o, será obrigatório exame das de forma que impeçam a recursos similares, de forma que
toxicológico com janela de de- queda de pessoas ou de obje- os empregados fiquem prote-
tecção mínima de 90 (noventa) tos. gidos contra as radiações tér-
dias, específico para substân- micas.
cias psicoativas que causem Art. 174. As paredes, es-
dependência ou, comprovada- cadas, rampas de acesso, Art. 178. As condições de
mente, comprometam a capa- passarelas, pisos, corredores, conforto térmico dos locais de
cidade de direção, podendo ser coberturas e passagens dos lo- trabalho devem ser mantidas
utilizado para essa finalidade o cais de trabalho deverão obede- dentro dos limites fixados pelo
exame toxicológico previsto na cer às condições de segurança Ministério do Trabalho.

701
nociva à saúde das substâncias de ferramentas, sua adequação
Seção IX – Das Instalações em movimentação ou em depó- e medidas de proteção exigidas
Elétricas sito, bem como das recomenda- quando motorizadas ou elétri-
ções de primeiros socorros e de cas.
Art. 179. O Ministério do
atendimento médico e símbolo
Trabalho disporá sobre as
de perigo, segundo padroniza-
condições de segurança e as
ção internacional, nos rótulos Seção XII – Das Caldeiras,
medidas especiais a serem ob-
servadas relativamente a insta-
dos materiais ou substâncias Fornos e Recipientes sob
armazenados ou transportados. Pressão
lações elétricas, em qualquer
das fases de produção, trans- Parágrafo único. As disposi- Art. 187. As caldeiras, equi-
missão, distribuição ou consu- ções relativas ao transporte de pamentos e recipientes em geral
mo de energia. materiais aplicam-se, também, que operam sob pressão deve-
no que couber, ao transporte de rão dispor de válvulas e outros
Art. 180. Somente profis- pessoas nos locais de trabalho. dispositivos de segurança, que
sional qualificado poderá ins- evitem seja ultrapassada a pres-
talar, operar, inspecionar ou Art. 183. As pessoas que são interna de trabalho compa-
reparar instalações elétricas. trabalharem na movimenta- tível com a sua resistência.
ção de materiais deverão estar
Art. 181. Os que trabalha- familiarizadas com os métodos Parágrafo único. O Ministério
rem em serviços de eletricidade racionais de levantamento de do Trabalho expedirá normas
ou instalações elétricas devem cargas. complementares quanto à se-
estar familiarizados com os mé- gurança das caldeiras, fornos
todos de socorro a acidentados e recipientes sob pressão, es-
por choque elétrico. Seção XI – Das Máquinas e pecialmente quanto ao revesti-
Equipamentos mento interno, à localização, à
ventilação dos locais e outros
Seção X – Da Art. 184. As máquinas e os meios de eliminação de gases
Movimentação, equipamentos deverão ser dota- ou vapores prejudiciais à saúde,
Armazenagem e Manuseio de dos de dispositivos de partida e e demais instalações ou equipa-
Materiais parada e outros que se fizerem mentos necessários à execução
necessários para a prevenção segura das tarefas de cada em-
Art. 182. O Ministério do de acidentes do trabalho espe- pregado.
Trabalho estabelecerá normas cialmente quanto ao risco de
sobre: acionamento acidental. Art. 188. As caldeiras serão
periodicamente submetidas a
I – as precauções de segurança Parágrafo único. É proibida inspeções de segurança, por en-
na movimentação de materiais a fabricação, a importação, genheiro ou empresa especiali-
nos locais de trabalho, os equi- a venda, a locação e o uso de zada, inscritos no Ministério do
pamentos a serem obrigatoria- máquinas e equipamentos que Trabalho, de conformidade com
mente utilizados e as condições não atendam ao disposto neste as instruções que, para esse fim,
especiais a que estão sujeitas a artigo. forem expedidas.
operação e a manutenção des-
ses equipamentos, inclusive exi- § 1o Toda caldeira será acom-
Art. 185. Os reparos, lim-
gências de pessoal habilitado; panhada de “Prontuário”, com
peza e ajustes somente po-
documentação original do fa-
II – as exigências similares rela- derão ser executados com as
bricante, abrangendo, no míni-
tivas ao manuseio e à armaze- máquinas paradas, salvo se o
mo: especificação técnica, dese-
nagem de materiais, inclusive movimento for indispensável à
nhos, detalhes, provas e testes
quanto às condições de segu- realização do ajuste.
realizados durante a fabricação
rança e higiene relativas aos e a montagem, características
recipientes e locais de armaze- Art. 186. O Ministério do
funcionais e a pressão máxima
nagem e os equipamentos de Trabalho estabelecerá normas
de trabalho permitida (PMTP),
proteção individual; adicionais sobre proteção e me-
esta última indicada, em local
didas de segurança na operação
visível, na própria caldeira.
III – a obrigatoriedade de in- de máquinas e equipamentos,
dicação de carga máxima per- especialmente quanto à prote- § 2o O proprietário da caldeira
mitida nos equipamentos de ção das partes móveis, distân- deverá organizar, manter atu-
transporte, dos avisos de proi- cia entre estas, vias de acesso alizado e apresentar, quando
bição de fumar e de advertência às máquinas e equipamentos exigido pela autoridade compe-
quanto à natureza perigosa ou de grandes dimensões, emprego tente, o Registro de Segurança,

702
no qual serão anotadas, siste- intensidade do agente agressivo vigilante por meio de acordo
maticamente, as indicações das a limites de tolerância. coletivo.
provas efetuadas, inspeções,
§ 4o São também consideradas
reparos e quaisquer outras Parágrafo único. Caberá às De- perigosas as atividades de tra-
ocorrências. legacias Regionais do Trabalho, balhador em motocicleta.
§ 3o Os projetos de instalação comprovada a insalubridade,
de caldeiras, fornos e recipien- notificar as empresas, estipu- Art. 194. O direito do em-
tes sob pressão deverão ser sub- lando prazos para sua elimina- pregado ao adicional de insa-
metidos à aprovação prévia do ção ou neutralização, na forma lubridade ou de periculosidade
órgão regional competente em deste artigo. cessará com a eliminação do
matéria de segurança do tra- risco à sua saúde ou integridade
balho. Art. 192. O exercício de tra- física, nos termos desta Seção
balho em condições insalubres, e das normas expedidas pelo
acima dos limites de tolerância Ministério do Trabalho.
Seção XIII – Das Atividades estabelecidos pelo Ministério
Insalubres ou Perigosas do Trabalho, assegura a per- Art. 195. A caracterização e
cepção de adicional respecti- a classificação da insalubridade
Art. 189. Serão considera- vamente de 40% (quarenta por e da periculosidade, segundo
das atividades ou operações cento), 20% (vinte por cento) e as normas do Ministério do
insalubres aquelas que, por sua 10% (dez por cento) do salário Trabalho, far-se-ão através de
natureza, condições ou méto- mínimo da região, segundo se perícia a cargo de Médico do
dos de trabalho, exponham os classifiquem nos graus máximo, Trabalho ou Engenheiro do Tra-
empregados a agentes nocivos médio e mínimo. balho, registrados no Ministério
à saúde, acima dos limites de do Trabalho.
tolerância fixados em razão da Art. 193. São consideradas § 1o É facultado às empresas
natureza e da intensidade do atividades ou operações perigo- e aos sindicatos das categorias
agente e do tempo de exposição sas, na forma da regulamenta- profissionais interessadas re-
aos seus efeitos. ção aprovada pelo Ministério quererem ao Ministério do Tra-
do Trabalho e Emprego, aquelas balho a realização de perícia em
Art. 190. O Ministério do que, por sua natureza ou mé- estabelecimento ou setor deste,
Trabalho aprovará o quadro todos de trabalho, impliquem com o objetivo de caracterizar
das atividades e operações insa- risco acentuado em virtude de ou delimitar as atividades insa-
lubres e adotará normas sobre exposição permanente do tra- lubres ou perigosas.
os critérios de caracterização balhador a:
da insalubridade, os limites de § 2o Arguida em juízo insa-
tolerância aos agentes agres- I – inflamáveis, explosivos ou lubridade ou periculosidade,
sivos, meios de proteção e o energia elétrica; seja por empregado, seja por
tempo máximo de exposição Sindicato em favor de grupo
II – roubos ou outras espécies
do empregado a esses agentes. de associados, o Juiz designa-
de violência física nas ativida-
rá perito habilitado na forma
des profissionais de segurança
Parágrafo único. As normas deste artigo, e, onde não hou-
pessoal ou patrimonial.
referidas neste artigo inclui- ver, requisitará perícia ao órgão
rão medidas de proteção do § 1o O trabalho em condições competente do Ministério do
organismo do trabalhador nas de periculosidade assegura ao Trabalho.
operações que produzem aero- empregado um adicional de § 3o O disposto nos parágrafos
dispersoides tóxicos, irritantes, 30% (trinta por cento) sobre o anteriores não prejudica a ação
alergênicos ou incômodos. salário sem os acréscimos resul- fiscalizadora do Ministério do
tantes de gratificações, prêmios Trabalho, nem a realização ex
Art. 191. A eliminação ou a ou participações nos lucros da officio da perícia.
neutralização da insalubridade empresa.
ocorrerá: § 2o O empregado poderá op- Art. 196. Os efeitos pecuni-
I – com a adoção de medidas tar pelo adicional de insalubri- ários decorrentes do trabalho
dade que porventura lhe seja em condições de insalubridade
que conservem o ambiente de
devido. ou periculosidade serão devidos
trabalho dentro dos limites de
a contar da data de inclusão da
tolerância; § 3 o Serão descontados ou respectiva atividade nos qua-
II – com a utilização de equipa- compensados do adicional ou- dros aprovados pelo Ministé-
mentos de proteção individual tros da mesma natureza even- rio do Trabalho, respeitadas as
ao trabalhador, que diminuam a tualmente já concedidos ao normas do art. 11.

703
Art. 197. Os materiais e serem utilizados nas pausas que lho, com especificação das me-
substâncias empregados, ma- o serviço permitir. didas cabíveis para eliminação
nipulados ou transportados ou atenuação desses efeitos,
nos locais de trabalho, quando limites máximos quanto ao tem-
perigosos ou nocivos à saúde, Seção XV – Das Outras po de exposição, à intensidade
devem conter, no rótulo, sua Medidas Especiais de da ação ou de seus efeitos sobre
composição, recomendações Proteção o organismo do trabalhador,
de socorro imediato e o sím- exames médicos obrigatórios,
bolo de perigo correspondente, Art. 200. Cabe ao Minis- limites de idade, controle per-
segundo a padronização inter- tério do Trabalho estabelecer manente dos locais de trabalho
nacional. disposições complementares às e das demais exigências que se
normas de que trata este Ca- façam necessárias;
Parágrafo único. Os estabeleci- pítulo, tendo em vista as pecu-
VII – higiene nos locais de tra-
mentos que mantenham as ati- liaridades de cada atividade ou
balho, com discriminação das
vidades previstas neste artigo setor de trabalho, especialmen-
exigências, instalações sanitá-
afixarão, nos setores de traba- te sobre:
rias, com separação de sexos,
lho atingidos, avisos ou carta-
I – medidas de prevenção de chuveiros, lavatórios, vestiários
zes, com advertência quanto
acidentes e os equipamentos de e armários individuais, refeitó-
aos materiais e substâncias
proteção individual em obras rios ou condições de conforto
perigosos ou nocivos à saúde.
de construção, demolição ou por ocasião das refeições, for-
reparos; necimento de água potável,
condições de limpeza dos locais
Seção XIV – Da Prevenção II – depósitos, armazenagem
de trabalho e modo de sua exe-
da Fadiga e manuseio de combustíveis,
cução, tratamento de resíduos
inflamáveis e explosivos, bem
industriais;
Art. 198. É de 60 kg (ses- como trânsito e permanência
senta quilogramas) o peso nas áreas respectivas; VIII – emprego das cores nos lo-
máximo que um empregado cais de trabalho, inclusive nas
III – trabalho em escavações, tú-
pode remover individualmen- sinalizações de perigo.
neis, galerias, minas e pedreiras,
te, ressalvadas as disposições
sobretudo quanto à prevenção
especiais relativas ao trabalho Parágrafo único. Tratando-se
de explosões, incêndios, desmo-
do menor e da mulher. de radiações ionizantes e explo-
ronamentos e soterramentos,
sivos, as normas a que se refere
eliminação de poeiras, gases,
Parágrafo único. Não está este artigo serão expedidas de
etc. e facilidades de rápida saí-
compreendida na proibição acordo com as resoluções a
da dos empregados;
deste artigo a remoção de ma- respeito adotadas pelo órgão
terial feita por impulsão ou tra- IV – proteção contra incêndio técnico.
ção de vagonetes sobre trilhos, em geral e as medidas preven-
carros de mão ou quaisquer tivas adequadas, com exigên-
outros aparelhos mecânicos, cias ao especial revestimento de Seção XVI – Das
podendo o Ministério do Tra- portas e paredes, construção Penalidades
balho, em tais casos, fixar limi- de paredes contrafogo, diques
tes diversos, que evitem sejam e outros anteparos, assim como Art. 201. As infrações ao
exigidos do empregado serviços garantia geral de fácil circula- disposto neste Capítulo rela-
superiores às suas forças. ção, corredores de acesso e sa- tivas à medicina do trabalho
ídas amplas e protegidas, com serão punidas com multa de 3
Art. 199. Será obrigatória suficiente sinalização; (três) a 30 (trinta) vezes o valor
a colocação de assentos que de referência previsto no arti-
V – proteção contra insolação,
assegurem postura correta ao go 2o, parágrafo único, da Lei
calor, frio, umidade e ventos,
trabalhador, capazes de evitar no 6.205, de 29 de abril de 1975,
sobretudo no trabalho a céu
posições incômodas ou força- e as concernentes à segurança
aberto, com provisão, quanto
das, sempre que a execução da do trabalho com multa de 5
a este, de água potável, aloja-
tarefa exija que trabalhe sen- (cinco) a 50 (cinquenta) vezes
mento e profilaxia de endemias;
tado. o mesmo valor.
VI – proteção do trabalhador
Parágrafo único. Quando o exposto a substâncias químicas Parágrafo único. Em caso de
trabalho deva ser executado nocivas, radiações ionizantes e reincidência, embaraço ou resis-
de pé, os empregados terão à não ionizantes, ruídos, vibra- tência à fiscalização, emprego
sua disposição assentos para ções e trepidações ou pressões de artifício ou simulação com o
anormais ao ambiente de traba- objetivo de fraudar a lei, a mul-

704
ta será aplicada em seu valor rações por danos de natureza IV – ofensa de natureza gra-
máximo. extrapatrimonial. víssima, até cinquenta vezes o
último salário contratual do
§ 2o A composição das perdas
Arts. 202 a 223. (Revoga- ofendido.
e danos, assim compreendidos
dos)
os lucros cessantes e os danos § 2o Se o ofendido for pessoa
emergentes, não interfere na jurídica, a indenização será fi-
avaliação dos danos extrapa- xada com observância dos mes-
trimoniais. mos parâmetros estabelecidos
Título II-A – Do Dano no § 1o deste artigo, mas em
Extrapatrimonial Art. 223-G. Ao apreciar o relação ao salário contratual
pedido, o juízo considerará: do ofensor.
Art. 223-A. Aplicam-se à
I – a natureza do bem jurídico § 3 o Na reincidência entre
reparação de danos de natureza
tutelado; partes idênticas, o juízo pode-
extrapatrimonial decorrentes da
rá elevar ao dobro o valor da
relação de trabalho apenas os II – a intensidade do sofrimento
indenização.
dispositivos deste Título. ou da humilhação;
III – a possibilidade de supera-
Art. 223-B. Causa dano
ção física ou psicológica;
de natureza extrapatrimonial
a ação ou omissão que ofenda IV – os reflexos pessoais e so-
Título III –Das
a esfera moral ou existencial ciais da ação ou da omissão;
Normas Especiais de
da pessoa física ou jurídica, as
Tutela do Trabalho
V – a extensão e a duração dos
quais são as titulares exclusivas
efeitos da ofensa;
do direito à reparação.
VI – as condições em que ocor-
Capítulo I – Das
Ar t. 223-C. A honra, a reu a ofensa ou o prejuízo mo- Disposições Especiais sobre
imagem, a intimidade, a liber- ral; Duração e Condições de
dade de ação, a autoestima, a Trabalho
VII – o grau de dolo ou culpa;
sexualidade, a saúde, o lazer e
a integridade física são os bens VIII – a ocorrência de retratação
juridicamente tutelados ineren- espontânea;
Seção I – Dos Bancários
tes à pessoa física.
IX – o esforço efetivo para mi- Art. 224. A duração normal
nimizar a ofensa; do trabalho dos empregados
Ar t. 223-D. A imagem,
em bancos, casas bancárias e
a marca, o nome, o segredo X – o perdão, tácito ou expres-
Caixa Econômica Federal será
empresarial e o sigilo da cor- so;
de 6 (seis) horas contínuas nos
respondência são bens juridi-
XI – a situação social e econômi- dias úteis, com exceção dos sá-
camente tutelados inerentes à
ca das partes envolvidas; bados, perfazendo um total de
pessoa jurídica.
30 (trinta) horas de trabalho
XII – o grau de publicidade da
por semana.
Art. 223-E. São responsá- ofensa.
veis pelo dano extrapatrimonial § 1o A duração normal do tra-
§ 1o Se julgar procedente o pe-
todos os que tenham colabora- balho estabelecida neste arti-
dido, o juízo fixará a indeniza-
do para a ofensa ao bem jurídi- go ficará compreendida entre 7
ção a ser paga, a cada um dos
co tutelado, na proporção da (sete) e 22 (vinte e duas) horas,
ofendidos, em um dos seguintes
ação ou da omissão. assegurando-se ao empregado,
parâmetros, vedada a acumu-
no horário diário um intervalo
lação:
Art. 223-F. A reparação por de quinze minutos para alimen-
danos extrapatrimoniais pode I – ofensa de natureza leve, até tação.
ser pedida cumulativamente três vezes o último salário con-
§ 2o As disposições deste artigo
com a indenização por danos tratual do ofendido;
não se aplicam aos que exercem
materiais decorrentes do mes-
II – ofensa de natureza média, funções de direção, gerência,
mo ato lesivo.
até cinco vezes o último salário fiscalização, chefia e equivalen-
§ 1o Se houver cumulação de contratual do ofendido; tes, ou que desempenhem ou-
pedidos, o juízo, ao proferir a tros cargos de confiança, desde
III – ofensa de natureza grave,
decisão, discriminará os valo- que o valor da gratificação não
até vinte vezes o último salário
res das indenizações a título de seja inferior a um terço do sa-
contratual do ofendido;
danos patrimoniais e das repa- lário do cargo efetivo.

705
Art. 225. A duração normal rio e obedecerá, quanto à sua porte em prejuízo dos serviços,
de trabalho dos bancários po- execução e remuneração, ao cujo chefe ou encarregado re-
derá ser excepcionalmente pror- que dispuserem empregadores solverá sobre a oportunidade
rogada até oito horas diárias, e empregados em acordo com ou possibilidade dessa medida,
não excedendo de quarenta os respectivos sindicatos em dentro das prescrições desta
horas semanais, observados os contrato coletivo de trabalho. Seção.
preceitos gerais sobre a duração
§ 2o As empresas não poderão
do trabalho. Art. 228. Os operadores
organizar horários que obri-
não poderão trabalhar, de
guem os empregados a fazer a
Art. 226. O regime especial modo ininterrupto na trans-
refeição do almoço antes das
de 6 (seis) horas de trabalho missão manual, bem como na
10 e depois das 13 horas e a de
também se aplica aos empre- recepção visual, auditiva, com
jantar antes das 16 e depois das
gados de portaria e de limpeza, escrita manual ou datilográfica,
19:30 horas.
tais como porteiros, telefonis- quando a velocidade for supe-
tas de mesa, contínuos e ser- rior a 25 (vinte e cinco) palavras
Art. 231. As disposições
ventes, empregados em Bancos por minuto.
desta Seção não abrangem o
e Casas Bancárias.
trabalho dos operadores de
Art. 229. Para os emprega-
radiotelegrafia embarcados em
Parágrafo único. A direção de dos sujeitos a horários variáveis,
navios ou aeronaves.
cada Banco organizará a escala fica estabelecida a duração má-
de serviço do estabelecimento xima de 7 (sete) horas diárias
de maneira a haver empregados de trabalho e 17 (dezessete)
do quadro da portaria em fun- horas de folga, deduzindo-se
Seção III – Dos Músicos
ção, meia hora antes e até meia deste tempo 20 (vinte) minu- Profissionais
hora após o encerramento dos tos para descanso, de cada um
Art. 232. Será de seis horas
trabalhos, respeitado o limite dos empregados, sempre que se
a duração de trabalho dos mú-
de 6 (seis) horas diárias. verificar um esforço contínuo de
sicos em teatro e congêneres.
mais de 3 (três) horas.
§ 1o São considerados empre- Parágrafo único. Toda vez que
Seção II – Dos Empregados gados sujeitos a horários va- o trabalho contínuo em espetá-
nos Serviços de Telefonia, riáveis, além dos operadores, culo ultrapassar de seis horas,
de Telegrafia Submarina e cujas funções exijam classifica- o tempo de duração excedente
Subfluvial, de Radiotelegrafia ção distinta, os que pertençam será pago com um acréscimo
e Radiotelefonia a seções de técnica, telefones, de 25% sobre o salário da hora
revisão, expedição, entrega e normal.
Art. 227. Nas empresas que balcão.
explorem o serviço de telefonia, Art. 233. A duração normal
§ 2o Quanto à execução e re-
telegrafia submarina ou subflu- de trabalho dos músicos profis-
muneração aos domingos, feria-
vial, de radiotelegrafia ou de ra- sionais poderá ser elevada até 8
dos e dias santos de guarda e às
diotelefonia, fica estabelecida (oito) horas diárias, observados
prorrogações de expediente, o
para os respectivos operadores os preceitos gerais sobre dura-
trabalho dos empregados a que
a duração máxima de seis ho- ção do trabalho.
se refere o parágrafo anterior
ras contínuas de trabalho por
será regido pelo que se contém
dia ou 36 (trinta e seis) horas
no § 1o do art. 227 desta Seção.
semanais. Seção IV – Dos Operadores
§ 1o Quando, em caso de in- Art. 230. A direção das Cinematográficos
declinável necessidade, forem empresas deverá organizar as
Art. 234. A duração normal
os operadores obrigados a turmas de empregados, para a
do trabalho dos operadores ci-
permanecer em serviço além execução dos seus serviços, de
nematográficos e seus ajudan-
do período normal fixado nes- maneira que prevaleça sempre
tes não excederá de seis horas
te artigo, a empresa pagar-lhe-á o revezamento entre os que
diárias, assim distribuídas:
extraordinariamente o tempo exercem a mesma função, quer
excedente com acréscimo de em escalas diurnas, quer em a) 5 (cinco) horas consecutivas
50% (cinquenta por cento) so- noturnas. de trabalho em cabina, durante
bre o seu salário-hora normal. o funcionamento cinematográ-
§ 1o Aos empregados que
fico;
§ 2 O trabalho aos domingos,
o
exerçam a mesma função será
feriados e dias santos de guarda permitida, entre si, a troca de b) um período suplementar,
será considerado extraordiná- turmas, desde que isso não im- até o máximo de uma hora para

706
limpeza, lubrificação dos apa- II – de transporte rodoviário de gação por até 2 (duas) horas
relhos de projeção, ou revisão cargas. extraordinárias ou, mediante
de filmes. previsão em convenção ou acor-
Art. 235-B. São deveres do do coletivo, por até 4 (quatro)
Parágrafo único. Mediante re- motorista profissional empre- horas extraordinárias.
muneração adicional de 25% gado:
§ 1o Será considerado como
(vinte e cinco por cento) sobre
I – estar atento às condições de trabalho efetivo o tempo em
o salário da hora normal e ob-
segurança do veículo; que o motorista empregado es-
servado um intervalo de duas
tiver à disposição do emprega-
horas para folga, entre o pe- II – conduzir o veículo com
dor, excluídos os intervalos para
ríodo a que se refere a alínea perícia, prudência, zelo e com
refeição, repouso e descanso e
“b” deste artigo e o trabalho observância aos princípios de
o tempo de espera.
em cabina de que trata a alí- direção defensiva;
nea “a”, poderá o trabalho dos § 2o Será assegurado ao mo-
III – respeitar a legislação de
operadores cinematográficos torista profissional empregado
trânsito e, em especial, as nor-
e seus ajudantes ter a duração intervalo mínimo de 1 (uma)
mas relativas ao tempo de dire-
prorrogada por 2 (duas) horas hora para refeição, podendo
ção e de descanso controlado e
diárias, para exibições extraor- esse período coincidir com o
registrado na forma do previsto
dinárias. tempo de parada obrigatória
no art. 67-E da Lei no 9.503, de
na condução do veículo estabe-
23 de setembro de 1997 – Códi-
Art. 235. Nos estabeleci- lecido pela Lei no 9.503, de 23
go de Trânsito Brasileiro;
mentos cujo funcionamento de setembro de 1997 – Código
normal seja noturno, será fa- IV – zelar pela carga transpor- de Trânsito Brasileiro, exceto
cultado aos operadores cine- tada e pelo veículo; quando se tratar do motorista
matográficos e seus ajudantes, profissional enquadrado no § 5o
V – colocar-se à disposição dos
mediante acordo ou contrato do art. 71 desta Consolidação.
órgãos públicos de fiscalização
coletivo de trabalho e com um
na via pública; § 3o Dentro do período de 24
acréscimo de 25% (vinte e cinco
(vinte e quatro) horas, são as-
por cento) sobre o salário da VI – (Vetado);
seguradas 11 (onze) horas de
hora normal, executar o traba-
VII – submeter-se a exames to- descanso, sendo facultados o
lho em sessões diurnas extra-
xicológicos com janela de de- seu fracionamento e a coinci-
ordinárias e, cumulativamente,
tecção mínima de 90 (noventa) dência com os períodos de pa-
nas noturnas, desde que isso
dias e a programa de controle rada obrigatória na condução
se verifique até 3 (três) vezes
de uso de droga e de bebida al- do veículo estabelecida pela Lei
por semana e entre as sessões
coólica, instituído pelo empre- no 9.503, de 23 de setembro de
diurnas e as noturnas haja o
gador, com sua ampla ciência, 1997 – Código de Trânsito Bra-
intervalo de 1 (uma) hora, no
pelo menos uma vez a cada 2 sileiro, garantidos o mínimo de
mínimo, de descanso.
(dois) anos e 6 (seis) meses, po- 8 (oito) horas ininterruptas no
§ 1o A duração de trabalho dendo ser utilizado para esse primeiro período e o gozo do
cumulativo a que alude o pre- fim o exame obrigatório pre- remanescente dentro das 16
sente artigo não poderá exceder visto na Lei no 9.503, de 23 de (dezesseis) horas seguintes ao
de 10 (dez) horas. setembro de 1997 – Código de fim do primeiro período.
Trânsito Brasileiro, desde que
§ 2o Em seguida a cada período § 4 o Nas viagens de longa
realizado nos últimos 60 (ses-
de trabalho haverá um intervalo distância, assim consideradas
senta) dias.
de repouso no mínimo de doze aquelas em que o motorista
horas. profissional empregado perma-
Parágrafo único. A recusa do
nece fora da base da empresa,
empregado em submeter-se ao
matriz ou f ilial e de sua resi-
teste ou ao programa de con-
Seção IV-A – Do Serviço trole de uso de droga e de bebi-
dência por mais de 24 (vinte e
do Motorista Profissional da alcoólica previstos no inciso
quatro) horas, o repouso diário
Empregado pode ser feito no veículo ou em
VII será considerada infração
alojamento do empregador, do
disciplinar, passível de penali-
Art. 235-A. Os preceitos contratante do transporte, do
zação nos termos da lei.
especiais desta Seção aplicam- embarcador ou do destinatário
se ao motorista prof issional ou em outro local que ofereça
Art. 235-C. A jornada di-
empregado: condições adequadas.
ária de trabalho do motorista
I – de transporte rodoviário co- profissional será de 8 (oito) ho- § 5o As horas consideradas ex-
letivo de passageiros; ras, admitindo-se a sua prorro- traordinárias serão pagas com

707
o acréscimo estabelecido na horário fixo de início, de final III – (Revogado).
Constituição Federal ou com- ou de intervalos.
§ 1o É permitido o fraciona-
pensadas na forma do § 2o do
§ 14. O empregado é responsá- mento do repouso semanal em
art. 59 desta Consolidação. 2 (dois) períodos, sendo um
vel pela guarda, preservação e
§ 6 o À hora de trabalho no- exatidão das informações con- destes de, no mínimo, 30 (trin-
turno aplica-se o disposto no tidas nas anotações em diário ta) horas ininterruptas, a serem
art. 73 desta Consolidação. de bordo, papeleta ou ficha de cumpridos na mesma semana e
trabalho externo, ou no regis- em continuidade a um período
§ 7o (Vetado) de repouso diário, que deverão
trador instantâneo inalterá-
§ 8o São considerados tempo vel de velocidade e tempo, ou ser usufruídos no retorno da
de espera as horas em que o nos rastreadores ou sistemas viagem.
motorista profissional empre- e meios eletrônicos, instalados § 2o A cumulatividade de des-
gado ficar aguardando carga ou nos veículos, normatizados pelo cansos semanais em viagens de
descarga do veículo nas depen- Contran, até que o veículo seja longa distância de que trata o
dências do embarcador ou do entregue à empresa. caput fica limitada ao número
destinatário e o período gasto de 3 (três) descansos consecu-
§ 15. Os dados referidos no
com a fiscalização da mercado- tivos.
§ 14 poderão ser enviados a
ria transportada em barreiras
distância, a critério do empre- § 3o O motorista empregado,
fiscais ou alfandegárias, não
gador, facultando-se a ane- em viagem de longa distância,
sendo computados como jor-
xação do documento original que ficar com o veículo parado
nada de trabalho e nem como
posteriormente. após o cumprimento da jornada
horas extraordinárias.
§ 16. Aplicam-se as disposi- normal ou das horas extraordi-
§ 9o As horas relativas ao tem- nárias fica dispensado do servi-
ções deste artigo ao ajudante
po de espera serão indenizadas ço, exceto se for expressamente
empregado nas operações em
na proporção de 30% (trinta autorizada a sua permanência
que acompanhe o motorista.
por cento) do salário-hora junto ao veículo pelo emprega-
normal. § 17. O disposto no caput des- dor, hipótese em que o tempo
te artigo aplica-se também aos será considerado de espera.
§ 10. Em nenhuma hipótese,
operadores de automotores
o tempo de espera do moto- § 4 o Não será considerado
destinados a puxar ou a arras-
rista empregado prejudicará o como jornada de trabalho, nem
tar maquinaria de qualquer na-
direito ao recebimento da re- ensejará o pagamento de qual-
tureza ou a executar trabalhos quer remuneração, o período
muneração correspondente ao
de construção ou pavimentação em que o motorista empregado
salário-base diário.
e aos operadores de tratores, ou o ajudante ficarem esponta-
§ 11. Quando a espera de que colheitadeiras, autopropelidos neamente no veículo usufruindo
trata o § 8 o for superior a 2 e demais aparelhos automo- dos intervalos de repouso.
(duas) horas ininterruptas e tores destinados a puxar ou a
for exigida a permanência do arrastar maquinaria agrícola ou § 5o Nos casos em que o em-
motorista empregado junto ao a executar trabalhos agrícolas. pregador adotar 2 (dois) mo-
veículo, caso o local ofereça toristas trabalhando no mesmo
condições adequadas, o tempo Art. 235-D. Nas viagens de veículo, o tempo de repouso
será considerado como de re- longa distância com duração poderá ser feito com o veículo
pouso para os fins do intervalo superior a 7 (sete) dias, o re- em movimento, assegurado o
de que tratam os §§ 2o e 3o, sem pouso semanal será de 24 (vinte repouso mínimo de 6 (seis) ho-
prejuízo do disposto no § 9o. e quatro) horas por semana ou ras consecutivas fora do veículo
fração trabalhada, sem prejuízo em alojamento externo ou, se
§ 12. Durante o tempo de espe- na cabine leito, com o veículo
do intervalo de repouso diário
ra, o motorista poderá realizar estacionado, a cada 72 (setenta
de 11 (onze) horas, totalizan-
movimentações necessárias do e duas) horas.
do 35 (trinta e cinco) horas,
veículo, as quais não serão con-
usufruído no retorno do mo- § 6o Em situações excepcionais
sideradas como parte da jorna-
torista à base (matriz ou filial) de inobservância justificada do
da de trabalho, ficando garanti-
ou ao seu domicílio, salvo se limite de jornada de que trata
do, porém, o gozo do descanso
a empresa oferecer condições o art. 235-C, devidamente re-
de 8 (oito) horas ininterruptas
adequadas para o efetivo gozo gistradas, e desde que não se
aludido no § 3o.
do referido repouso. comprometa a segurança ro-
§ 13. Salvo previsão contra- doviária, a duração da jornada
I – (Revogado);
tual, a jornada de trabalho do de trabalho do motorista pro-
motorista empregado não tem II – (Revogado); fissional empregado poderá ser

708
elevada pelo tempo necessário respeitando-se os horários de compreendendo a administra-
até o veículo chegar a um local jornada de trabalho, assegura- ção, construção, conservação
seguro ou ao seu destino. do, após 72 (setenta e duas) ho- e remoção das vias férreas e
ras, o repouso em alojamento seus edifícios, obras-de-arte,
§ 7o Nos casos em que o mo-
externo ou, se em poltrona cor- material rodante, instalações
torista tenha que acompanhar
respondente ao serviço de leito, complementares e acessórias,
o veículo transportado por
com o veículo estacionado. bem como o serviço de tráfego,
qualquer meio onde ele siga
embarcado e em que o veículo § 1o (Revogado) de telegrafia, telefonia e funcio-
disponha de cabine leito ou a namento de todas as instala-
§ 2o (Vetado) ções ferroviárias – aplicam-se os
embarcação disponha de alo-
jamento para gozo do intervalo § 3o (Revogado) preceitos especiais constantes
de repouso diário previsto no desta Seção.
§ 4o (Revogado)
§ 3o do art. 235-C, esse tempo
será considerado como tempo § 5o (Revogado) Art. 237. O pessoal a que
de descanso. se refere o artigo antecedente
§ 6o (Revogado) fica dividido nas seguintes ca-
§ 8 Para o transporte de car-
o
§ 7o (Revogado) tegorias:
gas vivas, perecíveis e especiais
em longa distância ou em ter- § 8o (Vetado) a) funcionários de alta
ritório estrangeiro poderão administração, chefes
§ 9 (Revogado)
o
e ajudantes de depar-
ser aplicadas regras conforme
a especificidade da operação § 10. (Revogado) tamentos e seções, en-
de transporte realizada, cujas genheiros residentes,
§ 11. (Revogado) chefes de depósito, ins-
condições de trabalho serão fi-
xadas em convenção ou acordo § 12. (Revogado) petores e demais em-
coletivo de modo a assegurar as pregados que exercem
adequadas condições de viagem Art. 235-F. Convenção e funções administrativas
e entrega ao destino final. acordo coletivo poderão prever ou fiscalizadoras;
jornada especial de 12 (doze)
b) pessoal que trabalhe
Art. 235-E. Para o trans- horas de trabalho por 36 (trinta
em lugares ou trechos
porte de passageiros, serão e seis) horas de descanso para
determinados e cujas
observados os seguintes dis- o trabalho do motorista profis-
tarefas requeiram aten-
positivos: sional empregado em regime de
compensação. ção constante; pessoal
I – é facultado o fracionamen- de escritório, turmas de
to do intervalo de condução do Art. 235-G. É permitida a conservação e constru-
veículo previsto na Lei no 9.503, remuneração do motorista em ção da via permanen-
de 23 de setembro de 1997 – função da distância percorri- te, oficinas e estações
Código de Trânsito Brasileiro, da, do tempo de viagem ou da principais, inclusive os
em períodos de no mínimo 5 natureza e quantidade de pro- respectivos telegraf is-
(cinco) minutos; dutos transportados, inclusive tas; pessoal de tração,
mediante oferta de comissão lastro e revistadores;
II – será assegurado ao motoris-
ta intervalo mínimo de 1 (uma) ou qualquer outro tipo de van- c) das equipagens de trens
hora para refeição, podendo ser tagem, desde que essa remu- em geral;
fracionado em 2 (dois) períodos neração ou comissionamento
não comprometa a segurança d) pessoal cujo serviço é de
e coincidir com o tempo de pa- natureza intermitente
rada obrigatória na condução da rodovia e da coletividade ou
possibilite a violação das nor- ou de pouca intensida-
do veículo estabelecido pela Lei de, embora com per-
no 9.503, de 23 de setembro de mas previstas nesta Lei.
manência prolongada
1997 – Código de Trânsito Bra- nos locais de trabalho;
sileiro, exceto quando se tratar Art. 235-H. (Revogado)
vigias e pessoal das es-
do motorista profissional en-
tações do interior, in-
quadrado no § 5o do art. 71
desta Consolidação;
Seção V – Do Serviço clusive os respectivos
Ferroviário telegrafistas.
III – nos casos em que o empre-
gador adotar 2 (dois) motoris- Art. 236. No serviço ferro- Art. 238. Será computado
tas no curso da mesma viagem, viário – considerado este o de como de trabalho efetivo todo
o descanso poderá ser feito transporte em estradas de fer- o tempo em que o empregado
com o veículo em movimento, ro abertas ao tráfego público, estiver à disposição da Estrada.

709
§ 1o Nos serviços efetuados de uma hora, seja para ida ou Estrada zelar pela incolumida-
pelo pessoal da categoria c, para volta, e a Estrada fornecer de dos seus empregados e pela
não será considerado como de os meios de locomoção, com- possibilidade de revezamento
trabalho efetivo o tempo gasto putando-se, sempre o tempo de turmas, assegurando ao pes-
em viagens do local ou para o excedente a esse limite. soal um repouso corresponden-
local de terminação e início dos te e comunicando a ocorrência
mesmos serviços. Art. 239. Para o pessoal ao Ministério do Trabalho e
da categoria “c”, a prorroga- Previdência Social dentro de
§ 2 Ao pessoal removido ou
o
ção do trabalho independe de 10 (dez) dias da sua verificação.
comissionado fora da sede será acordo ou contrato coletivo,
contado como de trabalho nor- não podendo, entretanto, ex- Parágrafo único. Nos casos
mal e efetivo o tempo gasto em ceder de doze horas, pelo que previstos neste artigo, a recusa,
viagens, sem direito à percep- as empresas organizarão, sem- sem causa justificada, por parte
ção de horas extraordinárias. pre que possível, os serviços de de qualquer empregado à exe-
§ 3o No caso das turmas de equipagens de trens com des- cução de serviço extraordinário
conservação da via permanen- tacamentos nos trechos das li- será considerada falta grave.
te, o tempo efetivo do trabalho nhas de modo a ser observada
será contado desde a hora de a duração normal de oito horas Art. 241. As horas exceden-
saída da casa da turma até a de trabalho. tes das do horário normal de
hora em que cessar o serviço em oito horas serão pagas como
§ 1o Para o pessoal sujeito ao
qualquer ponto compreendido serviço extraordinário na se-
regime do presente artigo, de-
dentro dos limites da respectiva guinte base: as duas primeiras
pois de cada jornada de traba-
turma. Quando o empregado com o acréscimo de 25% (vinte
lho haverá um repouso de 10
trabalhar fora dos limites da e cinco por cento) sobre o sa-
(dez) horas contínuas, no míni-
sua turma, ser-lhe-á também lário-hora normal, as duas sub-
mo, observando-se, outrossim,
computado como de trabalho sequentes com um adicional de
o descanso semanal.
efetivo o tempo gasto no per- 50% (cinquenta por cento) e as
curso da volta a esses limites. § 2o Para o pessoal da equipa- restantes com um adicional de
gem de trens, a que se refere o 75% (setenta e cinco por cento).
§ 4o Para o pessoal da equipa- presente artigo, quando a em-
gem de trens, só será considera- presa não fornecer alimentação, Parágrafo único. Para o pesso-
do esse trabalho efetivo, depois em viagem, e hospedagem, no al da categoria “c”, a primeira
de chegado ao destino, o tempo destino, concederá uma ajuda hora será majorada de 25%, a
em que o ferroviário estiver ocu- de custo para atender a tais segunda hora será paga com
pado ou retido à disposição da despesas. o acréscimo de 50% e as duas
Estrada. Quando, entre dois pe- subsequentes com o de 60%,
ríodos de trabalho, não mediar § 3 o As escalas do pessoal
salvo caso de negligência com-
intervalo superior a uma hora, abrangido pelo presente artigo
provada.
será esse intervalo computado serão organizadas de modo que
como de trabalho efetivo. não caiba a qualquer emprega-
Art. 242. As frações de
do, quinzenalmente, um total
§ 5o O tempo concedido para meia hora superiores a 10 (dez)
de horas de serviço noturno
refeição não se computa como minutos serão computadas
superior às de serviço diurno.
de trabalho efetivo, senão para como meia hora.
o pessoal da categoria c, quan- § 4 o Os períodos de trabalho
do as refeições forem tomadas do pessoal a que alude o pre- Art. 243. Para os emprega-
em viagem ou nas estações du- sente artigo serão registrados dos de estações do interior, cujo
rante as paradas. Esse tempo em cadernetas especiais, que serviço for de natureza intermi-
não será inferior a uma hora, f icarão sempre em poder do tente ou de pouca intensidade,
exceto para o pessoal da refe- empregado, de acordo com o não se aplicam os preceitos
rida categoria em serviço de modelo aprovado pelo Minis- gerais sobre duração do tra-
trens. tro do Trabalho e Previdência balho, sendo-lhes, entretanto,
Social. assegurado o repouso contínuo
§ 6 o No trabalho das turmas de dez horas, no mínimo, entre
encarregadas da conservação Art. 240. Nos casos de ur- dois períodos de trabalho e des-
de obras de arte, linhas tele- gência ou de acidente, capazes canso semanal.
gráficas ou telefônicas e edifí- de afetar a segurança ou regu-
cios, não será contado, como laridade do serviço, poderá a Art. 244. As estradas de
de trabalho efetivo, o tempo duração do trabalho ser excep- ferro poderão ter empregados
de viagem para o local do ser- cionalmente elevada a qualquer extranumerários, de sobreaviso
viço, sempre que não exceder número de horas, incumbindo à e de prontidão, para executa-

710
rem serviços imprevistos ou duas jornadas de trabalho de tais todas aquelas que a bordo
para substituições de outros quatorze horas consecutivas. se achem constituídas em um
empregados que faltem à escala único indivíduo com responsa-
organizada. Art. 246. O horário de tra- bilidade exclusiva e pessoal;
balho dos operadores telegra-
§ 1 Considera-se “extranume-
o
b) na iminência de perigo, para
fistas nas estações de tráfego
rário” o empregado não efetivo, salvaguarda ou defesa da em-
intenso não excederá de 6 (seis)
candidato à efetivação, que se barcação, dos passageiros, ou
horas diárias.
apresentar normalmente ao da carga, a juízo exclusivo do
serviço, embora só trabalhe comandante ou do responsável
Art. 247. As estações princi-
quando for necessário. O extra- pela segurança a bordo;
pais, estações de tráfego inten-
numerário só receberá os dias
so e estações do interior serão c) por motivo de manobras
de trabalho efetivo.
classificadas para cada empresa ou fainas gerais que reclamem
§ 2o Considera-se de “sobrea- pelo Departamento Nacional de a presença, em seus postos, de
viso” o empregado efetivo, que Estradas de Ferro. todo o pessoal de bordo;
permanecer em sua própria
casa, aguardando a qualquer d) na navegação lacustre e flu-
momento o chamado para o Seção VI – Das Equipagens vial, quando se destina ao abas-
tecimento do navio ou embar-
serviço. Cada escala de “sobre- das Embarcações da Marinha
aviso” será, no máximo, de 24 cação de combustível e rancho,
Mercante Nacional, de ou por efeito das contingências
(vinte e quatro) horas. As horas Navegação Fluvial e Lacustre,
de “sobreaviso”, para todos os da natureza da navegação, na
do Tráfego nos Portos e da transposição de passos ou pon-
efeitos, serão contadas à razão
de 1/3 (um terço) do salário
Pesca tos difíceis, inclusive operações
normal. de alívio ou transbordo de car-
Art. 248. Entre as horas 0 ga, para obtenção de calado
§ 3 o Considera-se “pronti- (zero) e 24 (vinte e quatro) de menor para essa transposição.
dão” o empregado que f icar cada dia civil, o tripulante pode-
nas dependências da estrada, rá ser conservado em seu pos- § 1o O trabalho executado aos
aguardando ordens. A escala to durante oito horas, quer de domingos e feriados será consi-
de prontidão será, no máximo, modo contínuo, quer de modo derado extraordinário, salvo se
de doze horas. As horas de intermitente. se destinar:
prontidão serão, para todos a) ao serviço de quartos e vigi-
§ 1o A exigência do serviço con-
os efeitos, contadas à razão de lância, movimentação das má-
tínuo ou intermitente ficará a
2/3 (dois terços) do salário-ho- quinas e aparelhos de bordo,
critério do comandante e, neste
ra normal. limpeza e higiene da embarca-
último caso, nunca por período
§ 4 o Quando, no estabeleci- menor que uma hora. ção, preparo de alimentação da
mento ou dependência em que equipagem e dos passageiros,
§ 2o Os serviços de quarto nas serviço pessoal destes e, bem
se achar o empregado, houver
máquinas, passadiço, vigilância assim, aos socorros de urgência
facilidade de alimentação, as
e outros que, consoante pare- ao navio ou ao pessoal;
doze horas de prontidão, a que
cer médico, possam prejudicar
se refere o parágrafo anterior, b) ao fim da navegação ou das
a saúde do tripulante serão
poderão ser contínuas. Quando manobras para a entrada ou sa-
executados por períodos não
não existir essa facilidade, de- ída de portos, atracação, desa-
maiores e com intervalos não
pois de seis horas de prontidão, tracação, embarque ou desem-
menores de 4 (quatro) horas.
haverá sempre um intervalo de barque de carga e passageiros.
uma hora para cada refeição,
Art. 249. Todo o tempo § 2o Não excederá de 30 (trin-
que não será, nesse caso, com-
de serviço efetivo, excedente ta) horas semanais o serviço
putada como de serviço.
de 8 (oito) horas, ocupado na extraordinário prestado para
forma do artigo anterior, será o tráfego nos portos.
Art. 245. O horário normal
considerado de trabalho extra-
de trabalho dos cabineiros nas
ordinário, sujeito à compensa- Art. 250. As horas de tra-
estações de tráfego intenso não
ção a que se refere o art. 250, balho extraordinário serão
excederá de oito horas e deverá
exceto se se tratar de trabalho
ser dividido em dois turnos com compensadas, segundo a con-
executado:
intervalo não inferior a uma veniência do serviço, por des-
hora de repouso, não poden- a) em virtude de responsabili- canso em período equivalente
do nenhum turno ter duração dade pessoal do tripulante e no no dia seguinte ou no subse-
superior a 5 (cinco) horas, com desempenho de funções de dire- quente dentro das do trabalho
um período de descanso entre ção, sendo consideradas como normal, ou no fim da viagem,

711
ou pelo pagamento do salário Parágrafo único. Considera-se trata este artigo, tendo em vista
correspondente. artificialmente frio, para os fins condições locais de insalubrida-
do presente artigo, o que for de e os métodos e processos do
Parágrafo único. As horas ex- inferior, nas primeira, segunda trabalho adotado.
traordinárias de trabalho são e terceira zonas climáticas do
indivisíveis, computando-se a mapa oficial do Ministério do Art. 296. A remuneração
fração de hora como hora in- Trabalho e Previdência Social a da hora prorrogada será no
teira. 15° (quinze graus), na quarta mínimo de 25% superior à da
zona a 12° (doze graus), e nas hora normal e deverá constar
Art. 251. Em cada embar- quinta, sexta e sétima zonas a do acordo ou contrato coletivo
cação haverá um livro em que 10° (dez graus). de trabalho.
serão anotadas as horas extra-
ordinárias de trabalho de cada Art. 297. Ao empregado no
tripulante, e outro, do qual Seção VIII – Dos Serviços subsolo será fornecida, pelas
constarão devidamente circuns- de Estiva empresas exploradoras de mi-
nas, alimentação adequada à
tanciadas, as transgressões dos
Arts. 254 a 284. (Revoga- natureza do trabalho, de acor-
mesmos tripulantes. dos) do com as instruções estabe-
lecidas pelo Depar tamento
Parágrafo único. Os livros de Nacional de Higiene e Segu-
que trata este artigo obede- Seção IX – Dos Serviços de rança do Trabalho (DNSHT) e
cerão a modelos organizados Capatazias nos Portos aprovadas pelo Ministério do
pelo Ministério do Trabalho e Trabalho e Previdência Social.
Previdência Social serão escritu- Arts. 285 a 292. (Revoga-
rados em dia pelo comandante dos) Art. 298. Em cada período
da embarcação e ficam sujeitos de três horas consecutivas de
às formalidades instituídas para trabalho, será obrigatória uma
os livros de registro de empre- Seção X – Do Trabalho em pausa de quinze minutos para
gados em geral. Minas de Subsolo repouso, a qual será computada
na duração normal de trabalho
Art. 252. Qualquer tripu- Art. 293. A duração normal efetivo.
lante que se julgue prejudicado do trabalho efetivo para os em-
por ordem emanada de supe- pregados em minas no subsolo Art. 299. Quando nos tra-
rior hierárquico poderá interpor não excederá de seis horas diá- balhos de subsolo ocorrerem
recurso, em termos, perante a rias ou de trinta e seis semanais. acontecimentos que possam
Delegacia do Trabalho Maríti- comprometer a vida ou a saúde
mo, por intermédio do respec- Art. 294. O tempo despen- do empregado, deverá a empre-
tivo comandante, o qual deverá dido pelo empregado da boca sa comunicar o fato imediata-
encaminhá-lo com a respectiva da mina ao local do trabalho mente à autoridade regional
informação dentro de 5 (cinco) e vice-versa será computado do trabalho, do Ministério do
dias, contados de sua chegada para o efeito de pagamento do Trabalho e Previdência Social.
ao porto. salário.
Art. 300. Sempre que, por
Art. 295. A duração normal motivo de saúde, for necessária
do trabalho efetivo no subso- a transferência do empregado,
Seção VII – Dos Serviços lo poderá ser elevada até oito a juízo da autoridade compe-
Frigoríficos horas diárias ou 48 (quaren- tente em matéria de segurança
ta e oito) semanais, mediante e medicina do trabalho, dos
Art. 253. Para os emprega- acordo escrito entre empregado serviços no subsolo para os de
dos que trabalham no interior e empregador ou contrato co- superfície, é a empresa obriga-
das câmaras frigoríficas e para letivo de trabalho, sujeita essa da a realizar essa transferência,
os que movimentam merca- prorrogação à prévia licença assegurando ao transferido a
dorias do ambiente quente ao da autoridade competente em remuneração atribuída ao
normal para o frio e vice-versa, matéria de higiene do trabalho. trabalhador de superfície em
depois de uma hora e quarenta serviço equivalente, respeitada
minutos de trabalho contínuo, Parágrafo único. A duração a capacidade profissional do
será assegurado um período de normal do trabalho efetivo no interessado.
20 (vinte) minutos de repouso, subsolo poderá ser inferior a
computado esse intervalo como seis horas diárias, por deter- Parágrafo único. No caso de
de trabalho efetivo. minação da autoridade de que recusa do empregado em aten-

712
der a essa transferência, será Parágrafo único. Para atender Art. 309. Será computado
ouvida a autoridade competen- a motivos de força maior, pode- como de trabalho efetivo o tem-
te em matéria de segurança e rá o empregado prestar serviços po em que o empregado estiver
medicina do trabalho, que de- por mais tempo do que aquele à disposição do empregador.
cidirá a respeito. permitido nesta Seção. Em tais
casos, porém, o excesso deve Art. 310. (Revogado)
Art. 301. O trabalho no ser comunicado à Divisão de
subsolo somente será permitido Fiscalização das Delegacias Re- Art. 311. Para o registro de
a homens, com idade compre- gionais do Trabalho do Minis- que trata o artigo anterior, deve
endida entre 21 (vinte e um) e tério do Trabalho e Previdência o requerente exibir os seguintes
50 (cinquenta) anos, assegu- Social, dentro de 5 (cinco) dias, documentos:
rada a transferência para a su- com a indicação expressa dos
perfície nos termos previstos no a) prova de nacionalidade
seus motivos. brasileira;
artigo anterior.
Art. 305. As horas de ser- b) folha corrida;
viço extraordinário, quer as c) prova de que não res-
Seção XI – Dos Jornalistas prestadas em virtude de acordo, ponde a processo ou
Profissionais quer as que derivam das causas não sofreu condenação
previstas no parágrafo único do por crime contra a segu-
Art. 302. Os dispositivos da artigo anterior, não poderão ser
presente Seção se aplicam aos rança nacional;
remuneradas com quantia infe-
que nas empresas jornalísticas rior à que resulta do quociente d) carteira de trabalho e
prestem serviços como jorna- da divisão da importância do previdência social.
listas, revisores, fotógrafos, ou salário mensal por 150 (cento
na ilustração, com as exceções § 1o Aos profissionais devida-
e cinquenta), para os mensa- mente registrados será feita a
nela previstas.
listas, e do salário diário por 5 necessária declaração na car-
§ 1o Entende-se como jorna- (cinco) para os diaristas, acres- teira de trabalho e previdência
lista o trabalhador intelectual cido de, pelo menos, 25% (vinte social.
cuja função se estende desde e cinco por cento).
a busca de informações até a § 2o Aos novos empregados
redação de notícias e artigos Art. 306. Os dispositivos será concedido o prazo de 60
e a organização, orientação e dos arts. 303, 304 e 305 não dias para a apresentação da
direção desse trabalho. se aplicam àqueles que exercem carteira de trabalho e previ-
as funções de redator-chefe, se- dência social, fazendo-se o
§ 2o Consideram-se empresas registro condicionado a essa
jornalísticas, para os fins desta cretário, subsecretário, chefe e
subchefe de revisão, chefe de apresentação e expedindo-se
Seção, aquelas que têm a seu um certificado provisório para
cargo a edição de jornais, re- oficina, de ilustração e chefe
de portaria. aquele período.
vistas, boletins e periódicos, ou
a distribuição de noticiário, e, Art. 312. O registro dos di-
ainda, a radiodifusão em suas Parágrafo único. Não se apli-
cam, do mesmo modo, os ar- retores-proprietários de jornais
seções destinadas à transmis- será feito, no Distrito Federal e
são de notícias e comentários. tigos acima referidos aos que
se ocuparem unicamente em nos Estados, e independente-
serviços externos. mente da exigência constante
Art. 303. A duração normal do art. 311, letra “d”, da pre-
do trabalho dos empregados sente seção.
compreendidos nesta Seção Art. 307. A cada seis dias de
não deverá exceder de 5 (cin- trabalho efetivo corresponderá § 1o A prova de profissão, apre-
co) horas, tanto de dia como um dia de descanso obrigatório, sentada pelo diretor-proprietá-
à noite. que coincidirá com o domingo, rio juntamente com os demais
salvo acordo escrito em contrá- documentos exigidos, consis-
Art. 304. Poderá a duração rio, no qual será expressamente tirá em uma certidão, forneci-
normal do trabalho ser elevada estipulado o dia em que se deve da nos Estados e Território do
a 7 (sete) horas, mediante acor- verificar o descanso. Acre, pelas Juntas Comerciais
do escrito, em que se estipule ou Cartórios, e, no Distrito Fe-
aumento de ordenado, corres- Art. 308. Em seguida a deral, pela seção competente
pondente ao excesso do tempo cada período diário de traba- do Departamento Nacional de
de trabalho, em que se fixe um lho haverá um intervalo mínimo Indústria e Comércio, do Minis-
intervalo destinado a repouso de 10 (dez) horas, destinado ao tério do Trabalho e Previdência
ou a refeição. repouso. Social.

713
§ 2o Aos diretores-proprietários Parágrafo único. Para os efei- § 3o Não serão descontadas,
regularmente inscritos será for- tos do cumprimento deste ar- no decurso de nove dias, as fal-
necido um certificado do qual tigo deverão os prejudicados tas verificadas por motivo de
deverão constar o livro e a fo- reclamar contra a falta de pa- gala ou de luto em consequên-
lha em que houver sido feito o gamento perante a autoridade cia de falecimento do cônjuge,
registro. competente e, proferida a con- do pai ou mãe, ou de filho.
denação, desde que a empresa
Art. 313. Aqueles que, sem não a cumpra, ou, em caso de Art. 321. Sempre que o es-
caráter profissional, exercerem recurso, não deposite o valor da tabelecimento de ensino tiver
atividades jornalísticas, visando indenização, a autoridade que necessidade de aumentar o
fins culturais, científicos ou reli- proferir a condenação oficiará número de aulas marcado nos
giosos, poderão promover sua à autoridade competente, para horários, remunerará o profes-
inscrição como jornalistas, na a suspensão da circulação do sor, findo cada mês, com uma
forma desta seção. jornal. Em igual pena de sus- importância correspondente ao
§ 1o As repartições competen- pensão incorrerá a empresa que número de aulas excedentes.
tes do Ministério do Trabalho deixar de recolher as contribui-
e Previdência Social manterão, ções devidas às instituições de Art. 322. No período de
para os fins do artigo anterior, previdência social. exames e no de férias escolares,
um registro especial, anexo ao é assegurado aos professores
dos jornalistas profissionais, o pagamento, na mesma pe-
nele inscrevendo os que satis- Seção XII – Dos Professores riodicidade contratual, da re-
façam os requisitos das alíneas muneração por eles percebida,
“a”, “b” e “c” do artigo 311 e Art. 317. O exercício re- na conformidade dos horários,
apresentem prova do exercício munerado do magistério, em durante o período de aulas.
de atividade jornalística não estabelecimentos particulares § 1o Não se exigirá dos profes-
profissional, o que poderá ser de ensino, exigirá apenas habi- sores, no período de exames,
feito por meio de atestado de litação legal e registro no Minis- a prestação de mais de oito
associação cultural, científica tério da Educação. horas de trabalho diário, salvo
ou religiosa idônea.
mediante o pagamento comple-
§ 2o O pedido de registro será Art. 318. O professor po- mentar de cada hora excedente
submetido a despacho do Mi- derá lecionar em um mesmo es- pelo preço correspondente ao
nistro que, em cada caso, apre- tabelecimento por mais de um de uma aula.
ciará o valor da prova oferecida. turno, desde que não ultrapasse
a jornada de trabalho semanal § 2o No período de férias, não
§ 3o O registro de que trata estabelecida legalmente, as- se poderá exigir dos professores
o presente artigo tem caráter segurado e não computado o outro serviço senão o relaciona-
puramente declaratório e não do com a realização de exames.
intervalo para refeição.
implica no reconhecimento de
direitos que decorram do exer- § 3o Na hipótese de dispensa
Art. 319. Aos professores sem justa causa, ao término do
cício remunerado e profissional
é vedado, aos domingos, a re- ano letivo ou no curso das fé-
do jornalismo.
gência de aulas e o trabalho em rias escolares, é assegurado ao
Art. 314. (Revogado) exames. professor o pagamento a que
se refere o caput deste artigo.
Art. 315. O Governo Fede- Art. 320. A remuneração
ral, de acordo com os governos dos professores será fixada pelo Art. 323. Não será permiti-
estaduais, promoverá a cria- número de aulas semanais, na do o funcionamento do estabe-
ção de escolas de preparação conformidade dos horários. lecimento particular de ensino
ao jornalismo, destinadas à § 1o O pagamento far-se-á que não remunere condigna-
formação dos profissionais da mensalmente, considerando- mente os seus professores, ou
imprensa. se para este efeito cada mês não lhes pague pontualmente a
constituído de quatro semanas remuneração de cada mês.
Art. 316. A empresa jor- e meia.
nalística que deixar de pagar Parágrafo único. Compete ao
pontualmente, e na forma acor- § 2o Vencido cada mês, será Ministério da Educação e Saúde
dada, os salários devidos a seus descontada, na remuneração fixar os critérios para a determi-
empregados, terá suspenso o dos professores, a importância nação da condigna remunera-
seu funcionamento, até que se correspondente ao número de ção devida aos professores bem
efetue o pagamento devido. aulas a que tiverem faltado. como assegurar a execução do

714
preceito estabelecido no pre- ma, se exerciam, legiti- perior oficial ou oficia-
sente artigo. mamente na República, lizada;
a profissão de químico
d) ter, se diplomado es-
Art. 324. (Revogado) na data da promulga-
trangeiro, o respectivo
ção da Constituição de
diploma revalidado nos
1934;
termos da lei;
Seção XIII – Dos Químicos b) na alínea “b”, se a seu
e) haver, o que for brasi-
favor militar a existência
Art. 325. É livre o exercício leiro naturalizado, pres-
de reciprocidade inter-
da prof issão de químico em tado serviço militar no
nacional, admitida em
todo o território da Repúbli- Brasil;
lei, para o reconheci-
ca, observadas as condições
mento dos respectivos f) achar-se o estrangeiro,
de capacidade técnica e outras
diplomas; ao ser promulgada a
exigências previstas na presente
Constituição de 1934,
Seção: c) na alínea “c”, satisfeitas
e xercendo legitima-
as condições nela esta-
a) aos possuidores de mente, na República,
belecidas.
diploma de químico, a profissão de químico,
químico industrial, quí- § 3o O livre exercício da pro- ou concorrer a seu favor
mico industrial agrícola fissão a brasileiros naturaliza- a existência de recipro-
ou engenheiro químico, dos está subordinado à prévia cidade internacional,
concedido, no Brasil, prestação do serviço militar, no admitida em lei, para
por escola oficial ou ofi- Brasil. o reconhecimento dos
cialmente reconhecida; diplomas dessa especia-
§ 4o Só aos brasileiros natos é
lidade.
b) aos diplomados em permitida a revalidação dos di-
química por instituto plomas de químicos, expedidos § 2o A requisição de que trata
estrangeiro de ensino por institutos estrangeiros de o parágrafo anterior deve ser
superior, que tenham, ensino superior. acompanhada:
de acordo com a lei e a
a) do diploma devidamen-
partir de 14 de julho de Art. 326. Todo aquele que
te autenticado no caso
1934, revalidado os seus exercer ou pretender exercer as
da alínea “b” do artigo
diplomas; funções de químico, é obrigado
precedente, e com as
ao uso da Carteira de Trabalho
c) aos que, ao tempo da firmas reconhecidas no
e Previdência Social, devendo os
publicação do Decreto país de origem e na Se-
profissionais, que se encontra-
no 24.693 de 12 de ju- cretaria de Estado das
rem nas condições das alíneas
lho de 1934, se achavam Relações Exteriores, ou
“a” e “b” do art. 325, registrar
no exercício efetivo de da respectiva certidão,
os seus diplomas de acordo
função pública ou par- bem como do título de
com a legislação vigente.
ticular, para a qual seja revalidação, ou certidão
exigida a qualidade de § 1o A requisição de Carteira de respectiva, de acordo
químico, e que tenham Trabalho e Previdência Social com a legislação em
requerido o respectivo para uso dos químicos, além vigor;
registro até a extinção do disposto no capítulo “Da
b) do certificado ou ates-
do prazo f ixado pelo Identificação Profissional”, so-
tado comprobatório de
Decreto-Lei n o 2.298, mente será processada median-
se achar o requerente na
de 10 de julho de 1940. te apresentação dos seguintes
hipótese da alínea “c”
documentos que provem:
§ 1o Aos profissionais incluí- do referido artigo, ao
dos na alínea “c” deste artigo, a) ser o requerente brasi- tempo da publicação
se dará, para os efeitos da pre- leiro, nato ou natura- do decreto no 24.693
sente Seção, a denominação de lizado, ou estrangeiro; de 12 de julho de 1934,
“licenciados”. no exercício efetivo de
b) estar, se for brasileiro,
função pública, ou par-
§ 2o O livre exercício da pro- de posse dos direitos
ticular, para a qual seja
fissão de que trata o presente civis e políticos;
exigida a qualidade de
artigo só é permitido a estran-
c) ter diploma de químico, químico, devendo esses
geiros, quando compreendidos:
químico industrial, quí- documentos ser auten-
a) nas alíneas “a”, “b”, mico industrial agrícola, ticados pelo delegado
independentemente de ou engenheiro químico, regional do trabalho,
revalidação do diplo- expedido por escola su- quando se referirem a

715
requerentes moradores mente, a lista dos químicos re- ção desta e da data inicial do
nas capitais dos Esta- gistrados na forma desta Seção. exercício.
dos, ou coletor federal,
no caso de residirem os Art. 329. A cada inscrito, e Art. 330. A Carteira de Tra-
interessados os municí- como documento comproba- balho e Previdência Social, ex-
pios do interior; tório do registro, será forneci- pedida nos termos desta seção,
da pela Delegacia Regional do é obrigatória para o exercício da
c) de 3 (três) exemplares Trabalho, no Distrito Federal, profissão, substitui em todos os
de fotograf ia exigida ou pelas Delegacias Regionais, casos o diploma ou título e ser-
pelo art. 329 e de uma nos Estados e no Território do virá de carteira de identidade.
folha com as decla- Acre, uma Carteira de Traba-
rações que devem ser lho e Previdência Social nume- Art. 331. Nenhuma autori-
lançadas na Carteira de rada, que, além da fotografia, dade poderá receber impostos
Trabalho e Previdência medindo 3 (três) por 4 (quatro) relativos ao exercício profissio-
Social, de conformidade centímetros, tirada de frente, nal de químico, senão à vista da
com o disposto nas alí- com a cabeça descoberta, e das prova de que o interessado se
neas do mesmo artigo impressões do polegar, conterá acha registrado de acordo com
e seu Parágrafo único. as declarações seguintes: a presente Seção, e essa prova
§ 3o Reconhecida a validade será também exigida para a re-
a) o nome por extenso;
dos documentos apresentados, alização de concursos periciais
o Serviço de Identificação Pro- b) a nacionalidade e, se e todos os outros atos oficiais
fissional da Delegacia Regional estrangeiro, a circuns- que exijam capacidade técnica
do Trabalho, no Distrito Fede- tância de ser ou não de químico.
ral, ou os órgãos regionais do naturalizado;
Ministério do Trabalho e Pre- Art. 332. Quem, mediante
c) a data e lugar do nasci-
vidência Social, nos Estados anúncio, placas, cartões comer-
mento;
ciais ou outros meios capazes
e no Território do Acre, regis-
d) a denominação da esco- de ser identificados, se propu-
trarão, em livros próprios, os
la em que houver feito ser ao exercício da química, em
documentos a que se refere a
o curso; qualquer dos seus ramos, sem
alínea “c” do § 1o e, juntamente
que esteja devidamente registra-
com a Carteira de Trabalho e e) a data da expedição do
do, fica sujeito às penalidades
Previdência Social emitida, os diploma e o número do
aplicáveis ao exercício ilegal da
devolverão ao interessado. registro no Ministério
profissão.
do Trabalho e Previdên-
Art. 327. Além dos emolu- cia Social;
Art. 333. Os profissionais a
mentos fixados no Capítulo “Da f) a data da revalidação do que se referem os dispositivos
Identificação Profissional”, o re- diploma, se de instituto anteriores só poderão exercer
gistro do diploma fica sujeito à estrangeiro; legalmente as funções de quí-
taxa de trinta cruzeiros. micos depois de satisfazerem
g) a especificação, inclusi-
as obrigações constantes do
Art. 328. Só poderão ser ve, data de outro título
art. 330 desta Seção.
admitidos a registro os diplo- ou títulos de habilita-
mas, certificados de diplomas, ção;
Art. 334. O exercício da
cargas e outros títulos, bem h) a assinatura do inscrito. profissão de químico compre-
como atestados e certificados ende:
que estiverem na devida forma Parágrafo único. A carteira
e cujas firmas hajam sido re- a) a fabricação de produ-
destinada aos profissionais a
gularmente reconhecidas por tos e subprodutos quí-
que se refere o § 1o do art. 325
tabelião público e, sendo es- micos em seus diversos
deverá, em vez das declarações
trangeiros, pela Secretaria do graus de pureza;
indicadas nas alíneas “d”, “e” e
Estado das Relações Exteriores, “f” deste artigo, e além do título b) a análise química, a
acompanhados estes últimos da – licenciado – posto em desta- elaboração de parece-
respectiva tradução, feita por que, conter a menção do título res, atestados e proje-
intérprete comercial brasileiro. de nomeação ou admissão e tos da especialidade e
respectiva data, se funcionário sua execução, perícia
Parágrafo único. As Delegacias público, ou do atestado relativo civil ou judiciária sobre
Regionais do Ministério do Tra- ao exercício, na qualidade de essa matéria, a direção
balho e Previdência Social, nos químico, de um cargo em em- e a responsabilidade de
Estados, publicarão, periodica- presa particular, com designa- laboratórios ou depar-

716
tamentos químicos, de quais se faz mister a qualidade Art. 341. Cabe aos quími-
indústria e empresas de químico, ressalvadas as espe- cos habilitados, conforme es-
comerciais; cializações referidas no § 2o do tabelece o art. 325, alíneas “a”
art. 334, a partir da data da pu- e “b”, a execução de todos os
c) o magistério nas ca-
blicação do Decreto no 24.693, serviços que, não especificados
deiras de química dos
de 12 de julho de 1934, requer- no presente regulamento, exi-
cursos superiores espe-
se como condição essencial, jam por sua natureza o conhe-
cializados em química;
que os candidatos previamente cimento de química.
d) a engenharia química. hajam satisfeito as exigências
do art. 333 desta Seção. Art. 342. A fiscalização do
§ 1o Aos químicos, químicos
exercício da profissão de quí-
industriais e químicos indus-
Art. 337. Fazem fé pública mico incumbe à Delegacia Re-
triais agrícolas que estejam
os certificados de análises quí- gional do Trabalho no Distrito
nas condições estabelecidas no
micas, pareceres, atestados, Federal e às autoridades regio-
art. 325, alíneas “a”, “b”, com-
laudos de perícias e projetos nais de Ministério do Trabalho e
pete o exercício das atividades
relativos a essa especialidade, Previdência Social, nos Estados
definidas nos itens “a”, “b” e
assinados por profissionais que e no Território do Acre.
“c” deste artigo, sendo privati-
va dos engenheiros químicos a satisfaçam as condições esta-
belecidas nas alíneas “a” e “b” Art. 343. São atribuições
do item “d”.
do art. 325. dos órgãos de fiscalização:
§ 2o Aos que estiverem nas
a) examinar os documen-
condições do art. 325, alíneas Art. 338. É facultado aos tos exigidos para o re-
“a” e “b”, compete, como aos químicos que satisf izerem gistro prof issional de
diplomados em medicina ou as condições constantes do que trata o art. 326 e
farmácia, as atividades defini- art. 325, alíneas “a” e “b”, o §§ 1o e 2o e o art. 327,
das no art. 2, alíneas “d”, “e” e ensino da especialidade a que proceder à respectiva
“f” do Decreto no 20.377, de 8 se dedicarem, nas escolas supe- inscrição e indeferir o
de setembro de 1931, cabendo riores, oficiais ou oficializadas. pedido dos interessados
aos agrônomos e engenheiros
que não satisfizerem as
agrônomos as que se acham Parágrafo único. Na hipótese exigências desta Seção;
especificadas no art. 6o, alínea de concurso para o provimento
“h”, do Decreto no 23.196, de de cargo ou emprego público, b) registrar as comunica-
12 de outubro de 1933. os químicos a que este artigo ções e contratos, a que
se refere terão preferência, em aludem o art. 350 e seus
Art. 335. É obrigatória a igualdade de condições. parágrafos, e dar as res-
admissão de químicos nos se- pectivas baixas;
guintes tipos de indústria: Art. 339. O nome do quími- c) verificar o exato cumpri-
a) de fabricação de produ- co responsável pela fabricação mento das disposições
tos químicos; dos produtos de uma fábrica, desta Seção, realizan-
usina ou laboratório deverá fi- do as investigações
b) que mantenham labo- gurar nos respectivos rótulos, que forem necessárias,
ratório de controle quí- faturas e anúncios, compre- bem como o exame
mico; endida entre estes últimos a dos arquivos, livros de
c) de fabricação de pro- legenda impressa em cartas e escrituração, folhas de
dutos industriais que sobrecartas. pagamento, contratos
são obtidos por meio e outros documentos
de reações químicas Art. 340. Somente os quí- de uso de f irmas ou
dirigidas, tais como: ci- micos habilitados, nos termos empresas industriais
mento, açúcar e álcool, do art. 325, alíneas “a” e “b”, ou comerciais, em cujos
vidro, curtume, massas poderão ser nomeados ex officio serviços tome parte 1
plásticas artificiais, ex- para os exames periciais de fá- (um) ou mais profissio-
plosivos, derivados de bricas, laboratórios e usinas e nais que desempenhem
carvão ou de petróleo, de produtos aí fabricados. função para a qual se
refinação de óleos vege- deva exigir a qualidade
tais ou minerais, sabão, Parágrafo único. Não se acham de químico.
celulose e derivados. compreendidos no artigo ante-
rior os produtos farmacêuticos Art. 344. Aos sindicatos
Art. 336. No preenchimen- e os laboratórios de produtos de químicos devidamente re-
to de cargos públicos, para os farmacêuticos. conhecidos é facultado auxi-

717
liar a fiscalização, no tocante tigo variará entre 1 (um) mês e 1 dias, para registro, ao órgão
à observância da alínea “c” do (um) ano, a critério da Delega- fiscalizador.
artigo anterior. cia Regional do Trabalho, após
§ 2o Comunicação idêntica à
processo regular, ressalvada a
Art. 345. Verif icando-se, ação da justiça pública. de que trata a primeira parte
pelo Ministério do Trabalho e deste artigo fará o químico,
Previdência Social, serem falsos Art. 347. Aqueles que exer- quando deixar a direção técnica
os diplomas ou outros títulos cerem a profissão de químico ou o cargo de químico, em cujo
dessa natureza, atestados, cer- sem ter preenchido as condi- exercício se encontrava, a fim de
tificados e quaisquer documen- ções do art. 325 e suas alíneas, ressalvar a sua responsabilidade
tos exibidos para os fins de que nem promovido o seu registro, e fazer-se o cancelamento do
trata esta Seção, incorrerão os nos termos do art. 326, incorre- contrato. Em caso de falência
seus autores e cúmplices nas pe- rão na multa de 200 (duzentos) do estabelecimento, a comu-
nalidades estabelecidas em lei. cruzeiros a 5.000 (cinco mil) nicação será feita pela f irma
cruzeiros, que será elevada ao proprietária.
Parágrafo único. A falsificação dobro, no caso de reincidência.
de diploma ou outros quaisquer
títulos, uma vez verificada, será Art. 348. Aos licenciados Seção XIV – Das
imediatamente comunicada ao a que alude o § 1o do art. 325 Penalidades
Serviço de Identificação Profis- poderão, por ato da Delegacia
sional, da Delegacia Regional Regional do Trabalho, sujeito Ar t. 351. Os infratores
do Trabalho, remetendo-se-lhe à aprovação do Ministro, ser dos dispositivos do presente
os documentos falsif icados, cassadas as garantias assegu- capítulo incorrerão na multa
para instauração do processo radas por esta Seção, desde de cinquenta a Cr$ 5.000, 00
que no caso couber. que interrompam, por motivo (cinco mil cruzeiros), segundo
de falta prevista no art. 346, a a natureza da infração, sua ex-
Art. 346. Será suspenso função pública ou particular em tensão e a intenção de quem a
do exercício de suas funções, que se encontravam por oca- praticou, aplicada em dobro no
independentemente de outras sião da publicação do Decreto caso de reincidência, oposição
penas em que possa incorrer, no 24.693, de 12 de julho de à f iscalização ou desacato à
o químico, inclusive o licencia- 1934. autoridade.
do, que incidir em alguma das
seguintes faltas: Art. 349. O número de quí- Parágrafo único. São compe-
micos estrangeiros a serviço de tentes para impor penalidades
a) revelar improbidade
particulares, empresas ou com- as autoridades de 1a instância
profissional, dar falso
panhias não poderá exceder de incumbidas da fiscalização dos
testemunho, quebrar
1/3 (um terço) ao dos profissio- preceitos constantes do presen-
o sigilo prof issional e
nais brasileiros compreendidos te capítulo.
promover falsificações,
nos respectivos quadros.
referentes à prática de
atos de que trata esta Capítulo II – Da
Art. 350. O químico que Nacionalização do Trabalho
Seção;
assumir a direção técnica ou
b) concorrer com seus co- cargo de químico de qualquer
nhecimentos científicos usina, fábrica, ou laboratório Seção I – Da
para a prática de crime industrial ou de análise deverá, Proporcionalidade de
ou atentado contra a dentro de 24 (vinte e quatro)
Empregados Brasileiros
pátria, a ordem social horas e por escrito, comunicar
ou a saúde pública; essa ocorrência ao órgão fis- Ar t. 352. As empresas,
calizador, contraindo, desde individuais ou coletivas, que
c) deixar, no prazo mar-
essa data, a responsabilidade explorem ser viços públicos
cado nesta Seção, de
da parte técnica referente à sua dados em concessão, ou que
requerer a revalidação
profissão, assim como a respon- exerçam atividades industriais
e registro do diploma
sabilidade técnica dos produtos ou comerciais, são obrigadas
estrangeiro, ou o seu
manufaturados. a manter, no quadro do seu
registro profissional no
Ministério do Trabalho § 1o Firmando-se contrato en- pessoal, quando composto de
e Previdência Social. tre o químico e o proprietário 3 (três) ou mais empregados,
da usina, fábrica, ou laborató- uma proporção de brasileiros
Parágrafo único. O tempo de rio, será esse documento apre- não inferior à estabelecida no
suspensão a que alude este ar- sentado, dentro do prazo de 30 presente Capítulo.

718
§ 1o Sob a denominação ge- excluídos os que neles atividades sujeitas a proporcio-
ral de atividades industriais e trabalhem por força de nalidades diferentes, observar-
comerciais compreendem-se, voto religioso; se-á, em relação a cada uma
além de outras que venham a delas, a que lhe corresponder.
o) nas empresas de mine-
ser determinadas em portaria
ração.
do Ministro do Trabalho e Pre- Art. 357. Não se compreen-
vidência Social, as exercidas: § 2o Não se acham sujeitas às dem na proporcionalidade os
obrigações da proporcionalida- empregados que exerçam fun-
a) nos estabelecimentos
de as indústrias rurais, as que, ções técnicas especializadas,
industriais em geral;
em zona agrícola, se destinem desde que, a juízo do Ministério
b) nos serviços de comuni- ao beneficiamento ou transfor- do Trabalho e Previdência So-
cações, de transportes mação de produtos da região cial, haja falta de trabalhadores
terrestres, marítimos, e as atividades industriais de nacionais.
fluviais, lacustres e aé- natureza extrativa, salvo a mi-
reos; neração. Art. 358. Nenhuma empre-
sa, ainda que não sujeita à pro-
c) nas garagens, oficinas
Art. 353. Equiparam-se aos porcionalidade, poderá pagar
de reparos e postos de
brasileiros, para os fins deste a brasileiro que exerça função
abastecimento de auto-
capítulo, ressalvado o exercí- análoga, a juízo do Ministério
móveis e nas cocheiras;
cio de prof issões reservadas do Trabalho e Previdência So-
d) na indústria de pesca; aos brasileiros natos ou aos cial. à que é exercida por es-
brasileiros em geral, os estran- trangeiro a seu serviço, salário
e) nos estabelecimentos
geiros que, residindo no País há inferior ao deste, excetuando-se
comerciais em geral;
mais de 10 (dez) anos, tenham os casos seguintes:
f) nos escritórios comer- cônjuge ou filho brasileiro, e os
a) quando, nos estabelecimen-
ciais em geral; portugueses.
tos que não tenham quadros de
g) nos estabelecimentos empregados organizados em
Art. 354. A proporcionali-
bancários, ou de econo- carreira, o brasileiro contar me-
dade será de dois terços de em-
mia coletiva, nas empre- nos de dois anos de serviço, e o
pregados brasileiros, podendo,
sas de seguros e nas de estrangeiro mais de dois anos;
entretanto, ser fixada propor-
capitalização;
cionalidade inferior, em atenção b) quando, mediante aprova-
h) nos estabelecimentos às circunstâncias especiais de ção do Ministério do Trabalho e
jornalísticos, de publici- cada atividade, mediante ato Previdência Social, houver qua-
dade e de radiodifusão; do Poder Executivo, e depois dro organizado em carreira em
de devidamente apurada pela que seja garantido o acesso por
i) nos estabelecimentos
Delegacia Regional do Trabalho antiguidade;
de ensino remunerado,
e pelo Serviço de Estatística de
excluídos os que neles c) quando o brasileiro for
Previdência e Trabalho a insufi-
trabalhem por força de aprendiz, ajudante ou servente,
ciência do número de brasileiros
voto religioso; e não o for o estrangeiro;
na atividade de que se tratar.
j) nas drogarias e farmá- d) quando a remuneração re-
cias; Parágrafo único. A propor- sultar de maior produção, para
cionalidade é obrigatória não os que trabalham à comissão
k) nos salões de barbeiro
só em relação à totalidade do ou por tarefa.
ou cabeleireiro e de be-
quadro de empregados, com as
leza;
exceções desta lei, como ainda Parágrafo único. Nos casos de
l) nos estabelecimentos em relação à correspondente falta ou cessação de serviço, a
de diversões públicas, folha de salários. dispensa do empregado estran-
excluídos os elencos geiro deve preceder à de brasi-
teatrais, e nos clubes Art. 355. Consideram-se leiro que exerça função análoga.
esportivos; como estabelecimentos autô-
nomos, para os efeitos da pro-
m) nos hotéis, restauran-
tes, bares e estabeleci-
porcionalidade a ser observada, Seção II – Das Relações
mentos congêneres;
as sucursais, filiais e agências Anuais de Empregados
em que trabalhem três ou mais
n) nos estabelecimentos empregados. Art. 359. Nenhuma empre-
hospitalares e f isiote- sa poderá admitir a seu serviço
rápicos cujos serviços Art. 356. Sempre que uma empregado estrangeiro sem que
sejam remunerados, empresa ou indivíduo explore este exiba a carteira de identi-

719
dade de estrangeiro devidamen- Art. 361. Apurando-se, das
te anotada.
Seção III – Das Penalidades
relações apresentadas, qual-
quer infração, será concedido Art. 363. O processo das
Parágrafo único. A empresa é ao infrator o prazo de 10 (dez) infrações do presente Capítulo
obrigada a assentar no registro dias para defesa, seguindo-se obedecerá ao disposto no Tí-
de empregados os dados refe- o despacho pela autoridade tulo “Do Processo de Multas
rentes à nacionalidade de qual- competente. Administrativas”, no que lhe
quer empregado estrangeiro e o for aplicável, com observância
número da respectiva carteira Art. 362. As repartições às dos modelos de auto a serem
de identidade. expedidos.
quais competir a fiscalização do
disposto no presente Capítulo
Art. 360. Toda empresa Art. 364. As infrações do
compreendida na enumeração manterão fichário especial de
presente Capítulo serão puni-
do art. 352, § 1o, deste capítulo, empresas, do qual constem as das com a multa de cem a dez
qualquer que seja o número de anotações referentes ao respec- mil cruzeiros.
seus empregados, deve apresen- tivo cumprimento, e fornecerão
tar anualmente às repartições aos interessados as certidões Parágrafo único. Em se tratan-
competentes do Ministério do de quitação que se tornarem do de empresa concessionária
Trabalho, de 2 de maio a 30 de necessárias, no prazo de trin- de serviço público, ou de socie-
junho, uma relação, em três ta dias, contados da data do dade estrangeira autorizada a
vias, de todos os seus empre- pedido. funcionar no País, se a infra-
gados, segundo o modelo que tora, depois de multada, não
for expedido. § 1o As certidões de quitação atender afinal ao cumprimen-
farão prova até 30 de setembro to do texto infringido, poderá
§ 1o As relações terão, na pri- do ano seguinte àquele a que ser-lhe cassada a concessão ou
meira via, o selo de três cru- se referirem e estarão sujeitas à autorização.
zeiros pela folha inicial e dois taxa correspondente a 1/10 (um
cruzeiros por folha excedente,
décimo) do salário mínimo re-
além do selo do Fundo de Edu-
gional. Sem elas nenhum forne-
Seção IV – Disposições
cação, e nelas será assinalada,
cimento ou contrato poderá ser
Gerais
em tinta vermelha, a modif i-
cação havida com referência feito com o Governo da União, Art. 365. O presente Capí-
à última relação apresentada. dos Estados ou Municípios, ou tulo não derroga as restrições
Se se tratar de nova empresa, a com as instituições paraestatais vigentes quanto às exigências
relação, encimada pelos dize- a eles subordinadas, nem será de nacionalidade brasileira para
res – Primeira Relação – deverá renovada autorização à empre- o exercício de determinadas
ser feita dentro de 30 (trinta) sa estrangeira para funcionar profissões nem as que vigoram
dias de seu registro no Depar- no País. para as faixas de fronteiras, na
tamento Nacional da Indústria conformidade da respectiva le-
§ 2o A primeira via da relação, gislação.
e Comércio ou repartições com-
depois de considerada pela
petentes.
repartição fiscalizadora, será Art. 366. Enquanto não for
§ 2o A entrega das relações remetida, anualmente ao De- expedida a carteira a que se re-
far-se-á diretamente às repar- partamento Nacional de Mão fere o art. 359, deste Capítulo,
tições competentes do Minis- de Obra (DNMO), como sub- valerá, a título precário, como
tério do Trabalho e Previdência sídio ao estudo das condições documento hábil, uma certidão,
Social, ou, onde não as houver, passada pelo serviço competen-
de mercado de trabalho, de um
às Coletorias Federais, que as te do Registro de Estrangeiros,
modo geral, e, em particular, provando que o empregado
remeterão desde logo àquelas
no que se refere à mão de obra requereu sua permanência no
repartições. A entrega operar-
se-á contra recibo especial, cuja qualificada. País.
exibição é obrigatória, em caso § 3o A segunda via da relação
de fiscalização, enquanto não Art. 367. A redução a que
será remetida pela participa-
for devolvida ao empregador a se refere o art. 354, enquanto o
ção competente ao Ser viço Serviço de Estatística da Previ-
via autenticada da declaração. de Estatística da Previdência e dência e Trabalho não dispuser
§ 3o Quando não houver em- Trabalho e a terceira via devol- dos dados estatísticos necessá-
pregado far-se-á declaração vida à empresa, devidamente rios à fixação da proporciona-
negativa. autenticada. lidade conveniente para cada

720
atividade, poderá ser feita por ção em concursos, em empre-
ato do Ministro do Trabalho
Seção I – Da Duração,
sas privadas, em razão de sexo,
e Previdência Social mediante Condições do Trabalho e
da Discriminação contra a idade, cor, situação familiar ou
representação fundamentada
Mulher estado de gravidez;
da associação sindical.
VI – proceder o empregador ou
Parágrafo único. O Serviço de Art. 372. Os preceitos que preposto a revistas íntimas nas
Estatística da Previdência e Tra- regulam o trabalho masculino empregadas ou funcionárias.
balho deverá promover e man- são aplicáveis ao trabalho femi-
ter em dia, estudos necessários nino, naquilo em que não coli-
aos fins do presente Capítulo. Parágrafo único. O disposto
direm com a proteção especial
instituída por este Capítulo. neste artigo não obsta a ado-
ção de medidas temporárias
Seção V – Das Disposições Parágrafo único. (Revogado) que visem ao estabelecimento
Especiais sobre a das políticas de igualdade entre
Nacionalização da Marinha Art. 373. A duração normal homens e mulheres, em particu-
Mercante de trabalho da mulher será de lar as que se destinam a corrigir
oito horas diárias, exceto nos
as distorções que afetam a for-
Art. 368. O comando de casos para os quais for fixada
duração inferior. mação profissional, o acesso ao
navio mercante nacional só
emprego e as condições gerais
poderá ser exercido por brasi-
leiro nato. Art. 373-A. Ressalvadas de trabalho da mulher.
as disposições legais destina-
Art. 369. A tripulação de das a corrigir as distorções que Arts. 374 a 376. (Revoga-
navio ou embarcação nacional afetam o acesso da mulher ao dos)
será constituída, pelo menos, mercado de trabalho e certas
de dois terços de brasileiros especificidades estabelecidas Art. 377. A adoção de me-
natos. nos acordos trabalhistas, é ve-
didas de proteção ao trabalho
dado:
das mulheres é considerada de
Parágrafo único. O disposto I – publicar ou fazer publicar
neste artigo não se aplica aos ordem pública, não justifican-
anúncio de emprego no qual
navios nacionais de pesca, sujei- do, em hipótese alguma, a re-
haja referência ao sexo à idade,
tos à legislação específica. à cor ou situação familiar, salvo dução de salário.
quando a natureza da atividade
Art. 370. As empresas de a ser exercida, pública e noto- Art. 378. (Revogado)
navegação organizarão as rela- riamente, assim o exigir;
ções dos tripulantes das respec-
tivas embarcações, enviando-as II – recusar emprego, promoção Seção II – Do Trabalho
no prazo a que se refere a Seção ou motivar a dispensa do tra-
balho em razão de sexo, idade, Noturno
II deste Capítulo à Delegacia
do Trabalho Marítimo onde as cor, situação familiar ou estado
de gravidez, salvo quando a na- Art. 379. (Revogado)
mesmas tiverem sede.
tureza da atividade seja notória
Parágrafo único. As relações e publicamente incompatível; Art. 380. (Revogado)
a que alude o presente artigo III – considerar o sexo, a idade,
obedecerão, na discriminação Art. 381. O trabalho notur-
a cor ou situação familiar como
hierárquica e funcional do pes- variável determinante para fins no das mulheres terá salário su-
soal embarcadiço, ao quadro de remuneração, formação perior ao diurno.
aprovado pelo regulamento das profissional e oportunidades
Capitanias dos Portos. § 1o Para os fins desse artigo,
de ascensão profissional;
os salários serão acrescidos
Art. 371. A presente seção é IV – exigir atestado ou exame, duma percentagem adicional
também aplicável aos serviços de qualquer natureza, para de 20% (vinte por cento) no
de navegação fluvial e lacustre comprovação de esterilidade mínimo.
e à praticagem nas barras, por- ou gravidez, na admissão ou
tos, rios, lagos e canais. permanência no emprego; § 2o Cada hora do período no-
V – impedir o acesso ou adotar turno de trabalho das mulheres
Capítulo III – Da Proteção critérios subjetivos para deferi- terá 52 (cinquenta e dois) minu-
do Trabalho da Mulher mento de inscrição ou aprova- tos e 30 (trinta) segundos.

721
mediante a aplicação de novos outras entidades públicas ou
Seção III – Dos Períodos de métodos de trabalho ou pelo privadas, pelas próprias empre-
Descanso emprego de medidas de ordem sas, em regime comunitário, ou
preventiva. a cargo do SESI, do SESC, da
Art. 382. Entre 2 (duas)
jornadas de trabalho, haverá LBA, ou de entidades sindicais.
Art. 389. Toda empresa é
um intervalo de 11 (onze) ho-
obrigada: Art. 390. Ao empregador é
ras consecutivas, no mínimo,
destinado ao repouso. I – a prover os estabelecimen- vedado empregar a mulher em
tos de medidas concernentes serviço que demande o empre-
Art. 383. Durante a jornada à higienização dos métodos e go de força muscular superior
de trabalho, será concedido à locais de trabalho, tais como a 20 (vinte) quilos para o tra-
empregada um período para ventilação e iluminação e ou- balho contínuo, ou 25 (vinte e
refeição e repouso não inferior tros que se fizerem necessários cinco) quilos para o trabalho
a 1 (uma) hora nem superior a à segurança e ao conforto das
ocasional.
2 (duas) horas salvo a hipótese mulheres, a critério da autori-
prevista no art. 71, § 3o. dade competente;
Parágrafo único. Não está
II – a instalar bebedouros, la- compreendida na determinação
Art. 384. (Revogado) vatórios, aparelhos sanitários; deste artigo a remoção de ma-
dispor de cadeiras ou bancos, terial feita por impulsão ou tra-
Art. 385. O descanso sema- em número suficiente, que per-
nal será de 24 (vinte e quatro) ção de vagonetes sobre trilhos,
mitam às mulheres trabalhar
horas consecutivas e coincidirá de carros de mão ou quaisquer
sem grande esgotamento físico;
no todo ou em parte com o do- aparelhos mecânicos.
mingo, salvo motivo de conve- III – instalar vestiários com ar-
niência pública ou necessidade mários individuais privativos Art. 390-A. (Vetado)
imperiosa de serviço, a juízo da das mulheres, exceto os estabe-
autoridade competente, na for- lecimentos comerciais, escritó- Art. 390-B. As vagas dos
ma das disposições gerais, caso rios, bancos e atividades afins, cursos de formação de mão
em que recairá em outro dia. em que não seja exigida a troca de obra, ministrados por insti-
de roupa, e outros, a critério da
tuições governamentais, pelos
Parágrafo único. Observar-se- autoridade competente em ma-
téria de segurança e higiene do próprios empregadores ou por
-ão, igualmente, os preceitos da qualquer órgão de ensino pro-
legislação geral sobre a proibi- trabalho, admitindo-se como
suficientes as gavetas ou esca- fissionalizante, serão oferecidas
ção de trabalho nos feriados
ninhos, onde possam as empre- aos empregados de ambos os
civis e religiosos.
gadas guardar seus pertences; sexos.
Art. 386. Havendo trabalho IV – a fornecer, gratuitamente,
aos domingos, será organiza- Art. 390-C. As empresas
a juízo da autoridade compe-
da uma escala de revezamento tente, os recursos de proteção com mais de cem empregados,
quinzenal, que favoreça o re- individual, tais como óculos, de ambos os sexos deverão
pouso dominical. máscaras, luvas e roupas espe- manter programas especiais de
ciais, para a defesa dos olhos, incentivos e aperfeiçoamento
do aparelho respiratório e da profissional da mão de obra.
Seção IV – Dos Métodos e pele, de acordo com a natureza
Locais de Trabalho do trabalho. Art. 390-D. (Vetado)

Art. 387. (Revogado) § 1 Os estabelecimentos em


o

que trabalharem pelo menos Art. 390-E. A pessoa ju-


30 (trinta) mulheres, com mais rídica poderá associar-se a
Art. 388. Em virtude de entidade de formação profis-
exame e parecer da autorida- de 16 (dezesseis) anos de ida-
de, terão local apropriado onde sional, sociedades civis, socie-
de competente, o Ministro do
seja permitido às empregadas dades cooperativas, órgãos e
Trabalho e Previdência Social
poderá estabelecer derrogações guardar sob vigilância e assis- entidades públicas ou entidades
totais ou parciais às proibições tência os seus filhos no período sindicais, bem como firmar con-
da amamentação. vênios para o desenvolvimento
a que alude o artigo anterior,
quando tiver desaparecido, nos § 2o A exigência do § 1o poderá de ações conjuntas, visando à
serviços considerados perigosos ser suprida por meio de creches execução de projetos relativos
ou insalubres, todo e qualquer distritais mantidas, diretamen- ao incentivo ao trabalho da
caráter perigoso ou prejudicial te ou mediante convênios, com mulher.

722
120 (cento e vinte) dias previs- Art. 393. Durante o perío-
Seção V – Da Proteção à tos neste artigo. do a que se refere o artigo 392,
Maternidade a mulher terá direito ao salário
§ 4o É garantido à empregada,
integral e, quando variável, cal-
Art. 391. Não constitui jus- durante a gravidez, sem prejuízo
culado de acordo com a média
to motivo para a rescisão do do salário e demais direitos:
dos 6 (seis) últimos meses de
contrato de trabalho da mu- trabalho, bem como aos direi-
I – transferência de função,
lher o fato de haver contraído tos e vantagens adquiridos, sen-
quando as condições de saúde
matrimônio ou de encontrar-se do-lhe ainda facultado reverter
o exigirem, assegurada a reto-
em estado de gravidez. mada da função anteriormente à função que anteriormente
exercida, logo após o retorno ocupava.
Parágrafo único. Não serão ao trabalho;
permitidos em regulamentos Art. 394. Mediante atesta-
de qualquer natureza, contra- II – dispensa do horário de tra- do médico, à mulher grávida é
tos coletivos ou individuais de balho pelo tempo necessário facultado romper o compro-
trabalho, restrições ao direito para a realização de, no míni- misso resultante de qualquer
da mulher ao seu emprego, mo, seis consultas médicas e de- contrato de trabalho, desde que
por motivo de casamento ou mais exames complementares. este seja prejudicial à gestação.
de gravidez. § 5o (Vetado)
Art. 394-A. Sem prejuízo de
Art. 391-A. A confirmação Art. 392-A. À empregada sua remuneração, nesta incluí-
do estado de gravidez advindo que adotar ou obtiver guarda do o valor do adicional de insa-
no curso do contrato de traba- judicial para fins de adoção de lubridade, a empregada deverá
lho, ainda que durante o prazo criança ou adolescente será ser afastada de:
do aviso prévio trabalhado ou concedida licença-maternida-
indenizado, garante à empre- I – atividades consideradas in-
de nos termos do art. 392 desta salubres em grau máximo, en-
gada gestante a estabilidade Lei. quanto durar a gestação;
provisória prevista na alínea “b”
do inciso II do art. 10 do Ato § 1o (Revogado) II – atividades consideradas
das Disposições Constitucionais § 2o (Revogado) insalubres em grau médio ou
Transitórias. mínimo, quando apresentar
§ 3o (Revogado) atestado de saúde, emitido por
Parágrafo único. O disposto no § 4o A licença-maternidade só médico de confiança da mulher,
caput deste artigo aplica-se ao será concedida mediante apre- que recomende o afastamento
empregado adotante ao qual sentação do termo judicial de durante a gestação;
tenha sido concedida guarda guarda à adotante ou guardiã. III – atividades consideradas
provisória para fins de adoção. insalubres em qualquer grau,
§ 5o A adoção ou guarda judi-
cial conjunta ensejará a conces- quando apresentar atestado de
Art. 392. A empregada ges- saúde, emitido por médico de
tante tem direito à licença-ma- são de licença-maternidade a
apenas um dos adotantes ou confiança da mulher, que reco-
ternidade de 120 (cento e vinte) mende o afastamento durante
dias, sem prejuízo do emprego guardiães empregado ou em-
pregada. a lactação.
e do salário.
§ 1o (Vetado)
§ 1o A empregada deve, me- Art. 392-B. Em caso de
diante atestado médico, notifi- morte da genitora, é assegu- § 2o Cabe à empresa pagar o
car o seu empregador da data rado ao cônjuge ou compa- adicional de insalubridade à
do início do afastamento do nheiro empregado o gozo de gestante ou à lactante, efeti-
emprego, que poderá ocorrer licença por todo o período da vando-se a compensação, ob-
entre o 28o (vigésimo oitavo) licença-maternidade ou pelo servado o disposto no art. 248
dia antes do parto e ocorrên- tempo restante a que teria di- da Constituição Federal, por
cia deste. reito a mãe, exceto no caso de ocasião do recolhimento das
falecimento do filho ou de seu contribuições incidentes sobre
§ 2o Os períodos de repouso, a folha de salários e demais ren-
abandono.
antes e depois do parto, pode- dimentos pagos ou creditados,
rão ser aumentados de 2 (duas) a qualquer título, à pessoa física
Art. 392-C. Aplica-se, no
semanas cada um, mediante que lhe preste serviço.
que couber, o disposto no
atestado médico.
art. 392-A e 392-B ao emprega- § 3o Quando não for possível
§ 3o Em caso de parto anteci- do que adotar ou obtiver guar- que a gestante ou a lactante
pado, a mulher terá direito aos da judicial para fins de adoção. afastada nos termos do caput

723
deste artigo exerça suas ativi- de instituições de proteção aos
dades em local salubre na em-
Seção I – Disposições Gerais
menores em idade pré-escolar,
presa, a hipótese será conside- desde que tais serviços se reco- Art. 402. Considera-se me-
rada como gravidez de risco e mendem por sua generosidade nor para os efeitos desta Con-
ensejará a percepção de salá- e pela eficiência das respectivas solidação o trabalhador de 14
rio-maternidade, nos termos da instalações. (quatorze) até 18 (dezoito)
Lei no 8.213, de 24 de julho de
1991, durante todo o período anos.
Art. 400. Os locais desti-
de afastamento. nados à guarda dos filhos das Parágrafo único. O trabalho do
operárias, durante o período da menor reger-se-á pelas disposi-
Art. 395. Em caso de abor-
amamentação, deverão possuir, ções do presente Capítulo, ex-
to não criminoso, comprovado
no mínimo, um berçário, uma ceto no serviço em oficinas em
por atestado médico oficial, a
mulher terá um repouso remu- saleta de amamentação, uma que trabalhem exclusivamente
nerado de duas (2) semanas, fi- cozinha dietética e uma insta- pessoas da família do menor e
cando-lhe assegurado o direito lação sanitária. esteja este sob a direção do pai,
de retornar à função que ocu- mãe ou tutor, observado, entre-
pava antes de seu afastamento. tanto, o disposto nos arts. 404,
Seção VI – Das Penalidades 405 e na Seção II.
Art. 396. Para amamentar
seu filho, inclusive se advindo Ar t. 401. Pela infração Art. 403. É proibido qual-
de adoção, até que este com- de qualquer dispositivo deste quer trabalho a menores de 16
plete 6 (seis) meses de idade, a capítulo, será imposta ao em- (dezesseis) anos de idade, sal-
mulher terá direito, durante a pregador a multa de cem a mil vo na condição de aprendiz, a
jornada de trabalho, a 2 (dois) cruzeiros, aplicada, nesta Capi- partir dos 14 (quatorze) anos.
descansos especiais de meia tal, pela autoridade competente
hora cada um. de 1a instância da Delegacia Re- Parágrafo único. O trabalho do
gional do Trabalho, e, nos Esta- menor não poderá ser realizado
§ 1 Quando o exigir a saúde
o
em locais prejudiciais à sua for-
do filho, o período de 6 (seis) dos e Território do Acre, pelas
mação, ao seu desenvolvimento
meses poderá ser dilatado, a autoridades competentes do
físico, psíquico, moral e social
critério de autoridade compe- Ministério do Trabalho e Pre- e em horários e locais que não
tente. vidência Social ou por aquelas permitam a frequência à escola.
que exerçam funções delegadas.
§ 2o Os horários dos descansos a) (Revogada);
previstos no caput deste artigo § 1o A penalidade será sempre
deverão ser definidos em acor- aplicada no grau máximo: b) (Revogada).
do individual entre a mulher e
o empregador. a) se ficar apurado o em- Art. 404. Ao menor de 18
prego de artifício ou si- anos é vedado o trabalho no-
Art. 397. O SESI, o SESC, a mulação para fraudar a turno, considerado este o que
LBA, e outras entidades públi- aplicação dos dispositi- for executado no período com-
cas destinadas à assistência à vos deste Capítulo; preendido entre as 22 horas e
infância manterão ou subven- as 5 horas.
b) nos casos de reincidên-
cionarão, de acordo com suas cia.
possibilidades financeiras, es- Art. 405. Ao menor não
colas maternais e jardins de in- § 2o O processo, na verifica- será permitido o trabalho:
fância, distribuídos nas zonas ção das infrações, bem como I – nos locais e serviços perigo-
de maior densidade de traba- na aplicação e cobrança das sos ou insalubres, constantes de
lhadores, destinados especial- multas, será o previsto no Tí- quadro para esse fim aprovado
mente aos filhos das mulheres tulo “Do Processo de Multas pelo Diretor-Geral do Departa-
empregadas. Administrativas”, observadas mento de Segurança e Higiene
as disposições deste artigo. do Trabalho;
Art. 398. (Revogado)
Art. 401-A. (Vetado) II – em locais ou serviços preju-
Art. 399. O Ministro do diciais à sua moralidade.
Trabalho e Previdência Social Art. 401-B. (Vetado) § 1o (Revogado)
conferirá diploma de beneme-
rência aos empregadores que § 2o O trabalho exercido nas
Capítulo IV – Da Proteção ruas, praças e outros logra-
se distinguirem pela organiza-
ção e manutenção de creches e do Trabalho do Menor douros dependerá de prévia

724
autorização do Juiz de Meno- de que participe não possa ser
res, ao qual cabe verif icar se
Seção II – Da Duração do
prejudicial à sua formação mo-
a ocupação é indispensável à ral; Trabalho
sua própria subsistência ou à
de seus pais, avós ou irmãos e II – desde que se certifique ser Art. 411. A duração do tra-
se dessa ocupação não poderá a ocupação do menor indispen- balho do menor regular-se-á pe-
advir prejuízo à sua formação sável à própria subsistência ou las disposições legais relativas à
moral. à de seus pais, avós ou irmãos duração do trabalho em geral,
e não advir nenhum prejuízo à com as restrições estabelecidas
§ 3o Considera-se prejudicial
sua formação moral. neste Capítulo.
à moralidade do menor o tra-
balho:
Art. 407. Verif icado pela Art. 412. Após cada perí-
a) prestado de qualquer autoridade competente que o odo de trabalho efetivo, quer
modo em teatros de re- trabalho executado pelo me- contínuo, quer dividido em dois
vista, cinemas, boates, nor é prejudicial à sua saúde, turnos, haverá um intervalo de
cassinos, cabarés, dan- ao seu desenvolvimento físico repouso, não inferior a onze
cings e estabelecimentos ou à sua moralidade, poderá
análogos; horas.
ela obrigá-lo a abandonar o
b) em empresas circenses, serviço, devendo a respectiva Art. 413. É vedado prorro-
em funções de acroba- empresa, quando for o caso, gar a duração normal diária do
ta, saltimbanco, ginasta proporcionar ao menor todas trabalho do menor, salvo:
e outras semelhantes; as facilidades para mudar de
funções. I – até mais 2 (duas) horas, in-
c) de produção, composi-
dependentemente de acréscimo
ção, entrega ou venda
de escritos, impressos, Parágrafo único. Quando a salarial, mediante convenção ou
cartazes, desenhos, gra- empresa não tomar as medidas acordo coletivo nos termos do
vuras, pinturas, emble- possíveis e recomendadas pela Título VI desta Consolidação,
mas, imagens e quais- autoridade competente para desde que o excesso de horas
quer outros objetos que o menor mude de função, em um dia seja compensado
que possam, a juízo da configurar-se-á a rescisão do pela diminuição em outro, de
autoridade competente, contrato de trabalho, na forma modo a ser observado o limite
prejudicar sua formação do artigo 483. máximo de 48 (quarenta e oito)
moral; horas semanais ou outro infe-
d) consistente na venda, Art. 408. Ao responsável rior legalmente fixado;
a varejo, de bebidas al- legal do menor é facultado plei-
II – excepcionalmente, por moti-
coólicas. tear a extinção do contrato de
trabalho, desde que o serviço vo de força maior, até o máximo
§ 4 o Nas localidades em que de 12 (doze) horas, com acrés-
possa acarretar para ele preju-
existirem, of icialmente reco- cimo salarial de, pelo menos,
ízos de ordem física ou moral.
nhecidas, instituições destina- 25% (vinte e cinco por cento)
das ao amparo dos menores sobre a hora normal e desde
jornaleiros, só aos que se en- Art. 409. Para maior segu-
rança do trabalho e garantia da que o trabalho do menor seja
contrem sob o patrocínio des-
saúde dos menores, a autori- imprescindível ao funcionamen-
sas entidades será outorgada a
autorização do trabalho a que dade fiscalizadora poderá proi- to do estabelecimento.
alude o § 2o. bir-lhes o gozo dos períodos de
repouso nos locais de trabalho. Parágrafo único. Aplica-se à
§ 5 o Aplica-se ao menor o dis- prorrogação do trabalho do
posto no art. 390 e seu Pará- Art. 410. O Ministro do menor o disposto no art. 375,
grafo único. Trabalho e Previdência Social no parágrafo único do art. 376,
poderá derrogar qualquer proi- no art. 378 e no art. 384 desta
Art. 406. O Juiz de Meno- bição decorrente do quadro a Consolidação.
res poderá autorizar ao menor que se refere a alínea “a” do
o trabalho a que se referem art. 405 quando se certificar Art. 414. Quando o menor
as letras “a” e “b” do § 3o do haver desaparecido, parcial ou de 18 (dezoito) anos for empre-
art. 405: totalmente, o caráter perigoso gado em mais de um estabele-
I – desde que a representação ou insalubre, que determinou cimento, as horas de trabalho
tenha fim educativo ou a peça a proibição. em cada um serão totalizadas.

725
de trabalho especial, ajustado disposto no § 1o deste artigo,
Seção III – Da Admissão por escrito e por prazo deter- a contratação do aprendiz po-
em Emprego e da Carteira de minado, em que o empregador derá ocorrer sem a frequência
Trabalho e Previdência Social se compromete a assegurar ao à escola, desde que ele já tenha
maior de 14 (quatorze) e me- concluído o ensino fundamen-
Arts. 415 a 423. (Revoga-
nor de 24 (vinte e quatro) anos tal.
dos)
inscrito em programa de apren-
§ 8o Para o aprendiz com defi-
dizagem formação técnico-pro-
fissional metódica, compatível ciência com 18 (dezoito) anos
Seção IV – Dos Deveres ou mais, a validade do contra-
com o seu desenvolvimento
dos Responsáveis Legais de físico, moral e psicológico, e o to de aprendizagem pressupõe
Menores e dos Empregadores aprendiz, a executar com zelo e anotação na CTPS e matrícula
da Aprendizagem diligência as tarefas necessárias e frequência em programa de
a essa formação. aprendizagem desenvolvido sob
Art. 424. É dever dos res- orientação de entidade qualifi-
ponsáveis legais de menores, § 1o A validade do contrato de cada em formação técnico-pro-
pais, mães, ou tutores, afastá- aprendizagem pressupõe ano- fissional metódica.
-los de empregos que diminuam tação na Carteira de Trabalho
consideravelmente o seu tempo e Previdência Social, matrícula Art. 429. Os estabelecimen-
de estudo, reduzam o tempo de e frequência do aprendiz na tos de qualquer natureza são
repouso necessário à sua saúde escola, caso não haja conclu- obrigados a empregar e matri-
e constituição física, ou preju- ído o ensino médio, e inscrição cular nos cursos dos Serviços
diquem a sua educação moral. em programa de aprendizagem Nacionais de Aprendizagem nú-
desenvolvido sob a orientação mero de aprendizes equivalente
Art. 425. Os empregado- de entidade qualif icada em a 5% (cinco por cento), no mí-
res de menores de 18 (dezoito) formação técnico-profissional nimo, e 15% (quinze por cento),
anos são obrigados a velar pela metódica. no máximo, dos trabalhadores
observância, nos seus estabe- § 2o Ao aprendiz, salvo condi- existentes em cada estabeleci-
lecimentos ou empresas, dos ção mais favorável, será garanti- mento, cujas funções deman-
bons costumes e da decência do o salário mínimo hora. dem formação profissional.
pública, bem como das regras
§ 3o O contrato de aprendiza- a) (Revogada);
de segurança e medicina do
trabalho. gem não poderá ser estipulado b) (Revogada).
por mais de 2 (dois) anos, exce-
Art. 426. É dever do empre- to quando se tratar de aprendiz § 1 As frações de unidade, no
o

gador, na hipótese do art. 407, portador de deficiência. cálculo da percentagem de que


proporcionar ao menor todas trata o caput, darão lugar à ad-
§ 4o A formação técnico-pro- missão de um aprendiz.
as facilidades para mudar de fissional a que se refere o caput
serviço. deste artigo caracteriza-se por § 1o -A. O limite fixado neste
atividades teóricas e práticas, artigo não se aplica quando o
Art. 427. O empregador, metodicamente organizadas empregador for entidade sem
cuja empresa ou estabelecimen- em tarefas de complexidade fins lucrativos, que tenha por
to ocupar menores, será obriga- progressiva desenvolvidas no objetivo a educação profissio-
do a conceder-lhes o tempo que ambiente de trabalho. nal.
for necessário para a frequência
às aulas. § 5o A idade máxima prevista § 1o-B. Os estabelecimentos a
no caput deste artigo não se que se refere o caput poderão
Parágrafo único. Os estabe- aplica a aprendizes portadores destinar o equivalente a até 10%
lecimentos situados em lugar de deficiência. (dez por cento) de sua cota de
onde a escola estiver a maior aprendizes à formação técnico-
§ 6 o Para os fins do contrato -profissional metódica em áreas
distância que dois quilômetros, de aprendizagem, a comprova-
e que ocuparem, permanente- relacionadas a práticas de ativi-
ção da escolaridade de aprendiz dades desportivas, à prestação
mente, mais de trinta menores com deficiência deve conside-
analfabetos, de 14 a 18 anos, de serviços relacionados à infra-
rar, sobretudo, as habilidades e
serão obrigados a manter local estrutura, incluindo as ativida-
competências relacionadas com
apropriado em que lhes seja mi- des de construção, ampliação,
a profissionalização.
nistrada a instrução primária. recuperação e manutenção de
§ 7o Nas localidades onde não instalações esportivas e à orga-
Ar t . 428. Contr ato de houver oferta de ensino mé- nização e promoção de eventos
aprendizagem é o contrato dio para o cumprimento do esportivos.

726
§ 2o Os estabelecimentos de § 4o As entidades mencionadas a) (Revogada);
que trata o caput ofertarão nos incisos II e III deste artigo
b) (Revogada).
vagas de aprendizes a adoles- deverão cadastrar seus cursos,
centes usuários do Sistema turmas e aprendizes matricula- I – desempenho insuficiente ou
Nacional de Atendimento So- dos no Ministério do Trabalho. inadaptação do aprendiz, salvo
cioeducativo (Sinase) nas con- § 5o As entidades mencionadas para o aprendiz com deficiência
dições a serem dispostas em neste artigo poderão f irmar quando desprovido de recursos
instrumentos de cooperação parcerias entre si para o desen- de acessibilidade, de tecnolo-
celebrados entre os estabeleci- volvimento dos programas de gias assistivas e de apoio neces-
mentos e os gestores dos Siste- aprendizagem, conforme regu- sário ao desempenho de suas
mas de Atendimento Socioedu- lamento. atividades;
cativo locais.
II – falta disciplinar grave;
Art. 431. A contratação do
Art. 430. Art. 430. Na hi- aprendiz poderá ser efetivada III – ausência injustif icada à
pótese de os Serviços Nacionais pela empresa onde se realizará escola que implique perda do
de Aprendizagem não oferece- a aprendizagem ou pelas enti- ano letivo;
rem cursos ou vagas suficientes dades mencionadas nos incisos
para atender à demanda dos II e III do art. 430, caso em que IV – a pedido do aprendiz.
estabelecimentos, esta poderá não gera vínculo de emprego
ser suprida por outras entida- com a empresa tomadora dos Parágrafo único. (Revogado)
des qualificadas em formação serviços. § 2o Não se aplica o disposto
técnico-profissional metódica, nos arts. 479 e 480 desta Con-
a saber: a) (Revogada);
solidação às hipóteses de extin-
I – Escolas Técnicas de Educa- b) (Revogada); ção do contrato mencionadas
ção; c) (Revogada). neste artigo.
II – entidades sem fins lucrati-
Parágrafo único. Aos candi-
vos, que tenham por objetivo
datos rejeitados pela seleção Seção V – Das Penalidades
a assistência ao adolescente e
profissional deverá ser dada,
à educação profissional, regis-
tanto quanto possível, orienta- Art. 434. Os infratores das
tradas no Conselho Municipal
ção profissional para ingresso disposições deste Capítulo fi-
dos Direitos da Criança e do
em atividade mais adequada cam sujeitos à multa de valor
Adolescente; às qualidades e aptidões que igual a 1 (um) salário mínimo
III – entidades de prática des- tiverem demonstrado. regional, aplicada tantas vezes
portiva das diversas modalida- quantos forem os menores em-
des filiadas ao Sistema Nacional Art. 432. A duração do tra- pregados em desacordo com
do Desporto e aos Sistemas de balho do aprendiz não excederá a lei, não podendo, todavia, a
Desporto dos Estados, do Dis- de seis horas diárias, sendo ve- soma das multas exceder a 5
trito Federal e dos Municípios. dadas a prorrogação e a com- (cinco) vezes o salário mínimo,
pensação de jornada. salvo no caso de reincidência,
§ 1o As entidades mencionadas
neste artigo deverão contar com § 1o O limite previsto neste arti- em que esse total poderá ser
estrutura adequada ao desen- go poderá ser de até oito horas elevado ao dobro.
volvimento dos programas de diárias para os aprendizes que
aprendizagem, de forma a man- já tiverem completado o ensi- Art. 435. Fica sujeita à mul-
ter a qualidade do processo de no fundamental, se nelas forem ta de valor igual a 1 (um) salário
ensino, bem como acompanhar computadas as horas destina- mínimo regional e ao pagamen-
e avaliar os resultados. das à aprendizagem teórica. to da emissão de nova via a em-
§ 2o (Revogado) presa que fizer na Carteira do
§ 2o Aos aprendizes que con- menor anotação não prevista
cluírem os cursos de aprendi- em lei.
zagem, com aproveitamento, Art. 433. O contrato de
será concedido certificado de aprendizagem ex tinguir-se-
-á no seu termo ou quando o Art. 436. (Revogado)
qualificação profissional.
aprendiz completar 24 (vinte e
§ 3o O Ministério do Trabalho quatro) anos, ressalvada a hipó- Art. 437. (Revogado)
fixará normas para avaliação tese prevista no § 5o do art. 428
da competência das entidades desta Consolidação, ou ainda Art. 438. São competentes
mencionadas nos incisos II e III antecipadamente nas seguintes para impor as penalidades pre-
deste artigo. hipóteses: vistas neste capítulo:

727
a) no Distrito Federal, a autori- ciedade cooperativa, não existe determinados em horas, dias
dade de 1a instância da Delega- vínculo empregatício entre ela e ou meses, independentemente
cia Regional do Trabalho; seus associados, nem entre es- do tipo de atividade do empre-
tes e os tomadores de serviços gado e do empregador, exceto
b) nos Estados e Território do
daquela. para os aeronautas, regidos por
Acre, os delegados regionais do
legislação própria.
Ministério do Trabalho e Previ- Art. 442-A. Para f ins de
dência Social ou os funcioná- contratação, o empregador não Art. 444. As relações con-
rios por eles designados para exigirá do candidato a empre- tratuais de trabalho podem
tal fim. go comprovação de experiência ser objeto de livre estipulação
prévia por tempo superior a 6 das partes interessadas em
Parágrafo único. O processo, (seis) meses no mesmo tipo de
na verificação das infrações, tudo quanto não contravenha
atividade. às disposições de proteção ao
bem como na aplicação e co-
brança das multas, será o pre- trabalho, aos contratos cole-
Art. 442-B. A contratação tivos que lhes sejam aplicáveis
visto no título “Do Processo de do autônomo, cumpridas por
Multas Administrativas”, ob- e às decisões das autoridades
este todas as formalidades le- competentes.
servadas as disposições deste gais, com ou sem exclusivida-
artigo. de, de forma contínua ou não, Parágrafo único. A livre esti-
afasta a qualidade de empre- pulação a que se refere o caput
gado prevista no art. 3o desta deste artigo aplica-se às hipóte-
Seção VI – Disposições Consolidação.
Finais ses previstas no art. 611-A des-
ta Consolidação, com a mesma
Art. 443. O contrato indi- eficácia legal e preponderância
Art. 439. É lícito ao menor vidual de trabalho poderá ser
firmar recibo pelo pagamento sobre os instrumentos coletivos,
acordado tácita ou expressa-
dos salários. Tratando-se, po- no caso de empregado porta-
mente, verbalmente ou por es-
rém, de rescisão do contrato de dor de diploma de nível superior
crito, por prazo determinado ou
trabalho, é vedado ao menor de e que perceba salário mensal
indeterminado, ou para presta-
18 (dezoito) anos dar, sem as- igual ou superior a duas vezes
ção de trabalho intermitente.
sistência dos seus responsáveis o limite máximo dos benefícios
legais, quitação ao empregador § 1o Considera-se como de pra- do Regime Geral de Previdência
pelo recebimento da indeniza- zo determinado o contrato de Social.
ção que lhe for devida. trabalho cuja vigência dependa
de termo prefixado ou da exe- Art. 445. O contrato de tra-
Art. 440. Contra os meno- cução de serviços especificados balho por prazo determinado
res de 18 (dezoito) anos não ou ainda da realização de cer- não poderá ser estipulado por
corre nenhum prazo de pres- to acontecimento suscetível de mais de 2 (dois) anos, observa-
crição. previsão aproximada. da a regra do art. 451.
§ 2o O contrato por prazo de-
Art. 441. O quadro a que terminado só será válido em se Parágrafo único. O contrato de
se refere o item I do artigo 405 tratando: experiência não poderá exceder
será revisto bienalmente. de 90 (noventa) dias.
a) de serviço cuja natureza
ou transitoriedade justi- Art. 446. (Revogado)
fique a predeterminação
Título IV – Do Contrato do prazo; Art. 447. Na falta de acordo
Individual do Trabalho b) de atividades empresa- ou prova sobre condição essen-
riais de caráter transi- cial ao contrato verbal, esta se
tório; presume existente, como se a
Capítulo I – Disposições tivessem estatuído os interes-
c) de contrato de expe- sados, na conformidade dos
Gerais riência. preceitos jurídicos adequados
Art. 442. Contrato indi- § 3o Considera-se como inter- à sua legitimidade.
vidual de trabalho é o acordo mitente o contrato de trabalho
tácito ou expresso, correspon- no qual a prestação de serviços, Art. 448. A mudança na
dente à relação de emprego. com subordinação, não é contí- propriedade ou na estrutura
nua, ocorrendo com alternân- jurídica da empresa não afeta-
Parágrafo único. Qualquer que cia de períodos de prestação rá os contratos de trabalho dos
seja o ramo de atividade da so- de serviços e de inatividade, respectivos empregados.

728
Art. 448-A. Caracteriza- se a expiração deste dependeu IV – repouso semanal remune-
da a sucessão empresarial ou da execução de serviços espe- rado; e
de empregadores prevista nos cializados ou da realização de
arts. 10 e 448 desta Consolida- certos acontecimentos. V – adicionais legais.
ção, as obrigações trabalhistas, § 7o O recibo de pagamento de-
inclusive as contraídas à época Art. 452-A. O contrato de verá conter a discriminação dos
em que os empregados traba- trabalho intermitente deve ser valores pagos relativos a cada
lhavam para a empresa sucedi- celebrado por escrito e deve uma das parcelas referidas no
da, são de responsabilidade do conter especificamente o valor § 6o deste artigo.
sucessor. da hora de trabalho, que não
pode ser inferior ao valor horá- § 8o O empregador efetuará o
Parágrafo único. A empresa rio do salário mínimo ou àquele recolhimento da contribuição
sucedida responderá solidaria- devido aos demais empregados previdenciária e o depósito do
mente com a sucessora quan- do estabelecimento que exer- Fundo de Garantia do Tempo
do ficar comprovada fraude na çam a mesma função em con- de Serviço, na forma da lei, com
transferência. trato intermitente ou não. base nos valores pagos no perí-
odo mensal e fornecerá ao em-
Art. 449. Os direitos oriun- § 1o O empregador convocará,
pregado comprovante do cum-
dos da existência do contrato por qualquer meio de comuni-
primento dessas obrigações.
de trabalho subsistirão em caso cação eficaz, para a prestação
de falência, concordata ou dis- de serviços, informando qual § 9 o A cada doze meses, o
solução da empresa. será a jornada, com, pelo me- empregado adquire direito a
nos, três dias corridos de ante- usufruir, nos doze meses sub-
§ 1o Na falência, constituirão cedência. sequentes, um mês de férias,
créditos privilegiados a totali- período no qual não poderá ser
dade dos salários devidos ao § 2o Recebida a convocação,
o empregado terá o prazo de convocado para prestar serviços
empregado e a totalidade das
um dia útil para responder ao pelo mesmo empregador.
indenizações a que tiver direito.
chamado, presumindo-se, no
§ 2o Havendo concordata na silêncio, a recusa. Art. 453. No tempo de ser-
falência, será facultado aos viço do empregado, quando
contratantes tornar sem efeito § 3 o A recusa da oferta não readmitido, serão computados
a rescisão do contrato de traba- descaracteriza a subordinação os períodos, ainda que não con-
lho e consequente indenização, para fins do contrato de traba- tínuos, em que tiver trabalha-
desde que o empregador pague, lho intermitente.
do anteriormente na empresa,
no mínimo, a metade dos salá- § 4 o Aceita a oferta para o salvo se houver sido despedido
rios que seriam devidos ao em- comparecimento ao trabalho, a por falta grave, recebido inde-
pregado durante o interregno. parte que descumprir, sem justo nização legal ou se aposentado
motivo, pagará à outra parte, espontaneamente.
Art. 450. Ao empregado no prazo de trinta dias, multa
chamado a ocupar, em comis- de 50% (cinquenta por cento) § 1o Na aposentadoria espon-
são, interinamente, ou em subs- da remuneração que seria de- tânea de empregados das em-
tituição eventual ou temporária, vida, permitida a compensação presas públicas e sociedades
cargo diverso do que exercer em igual prazo. de economia mista é permiti-
na empresa, serão garantidas da sua readmissão desde que
a contagem do tempo naquele § 5o O período de inatividade atendidos aos requisitos cons-
serviço bem como volta ao car- não será considerado tempo tantes do art. 37, inciso XVI, da
go anterior. à disposição do empregador, Constituição, e condicionada à
podendo o trabalhador prestar prestação de concurso público.1
Art. 451. O contrato de tra- serviços a outros contratantes.
balho por prazo determinado § 2o O ato de concessão de
§ 6o Ao final de cada período benefício de aposentadoria a
que, tácita ou expressamente, de prestação de serviço, o em-
for prorrogado mais de uma empregado que não tiver com-
pregado receberá o pagamento
vez, passará a vigorar sem de- pletado 35 (trinta e cinco) anos
imediato das seguintes parcelas:
terminação de prazo. de serviço, se homem, ou trinta,
I – remuneração;
Ar t . 452. Consider a-se
II – férias proporcionais com
por prazo indeterminado todo
acréscimo de um terço;
contrato que suceder, dentro 1
Nota do Editor (NE): parágrafo
de seis meses, a outro contrato III – décimo terceiro salário pro- declarado inconstitucional pelo
por prazo determinado, salvo porcional; STF – ADI nº 1.770-4.

729
se mulher, importa em extinção Parágrafo único. À falta de como serviço ou adicional, a
do vínculo empregatício.2 prova ou inexistindo cláusu- qualquer título, e destinado à
la expressa a tal respeito, en- distribuição aos empregados.
Art. 454. Na vigência do tender-se-á que o empregado
§ 4o Consideram-se prêmios as
contrato de trabalho, as inven- se obrigou a todo e qualquer
liberalidades concedidas pelo
ções do empregado, quando de- serviço compatível com a sua
empregador em forma de bens,
correntes de sua contribuição condição pessoal.
serviços ou valor em dinheiro
pessoal e da instalação ou equi-
a empregado ou a grupo de
pamento fornecidos pelo em- Art. 456-A. Cabe ao em-
empregados, em razão de de-
pregador, serão de propriedade pregador definir o padrão de
sempenho superior ao ordina-
comum, em partes iguais, salvo vestimenta no meio ambiente
riamente esperado no exercício
se o contrato de trabalho tiver laboral, sendo lícita a inclusão
de suas atividades.
por objeto, implícita ou expli- no uniforme de logomarcas da
citamente, pesquisa científica. própria empresa ou de empre- § 5o Inexistindo previsão em
sas parceiras e de outros itens convenção ou acordo coletivo
Parágrafo único. Ao empre- de identificação relacionados à de trabalho, os critérios de ra-
gador caberá a exploração atividade desempenhada. teio e distribuição da gorjeta e
do invento, ficando obrigado os percentuais de retenção pre-
a promovê-la no prazo de um Parágrafo único. A higieniza- vistos nos §§ 6o e 7o deste artigo
ano da data da concessão da ção do uniforme é de respon- serão definidos em assembleia
patente, sob pena de reverter sabilidade do trabalhador, salvo geral dos trabalhadores, na
em favor do empregado a plena nas hipóteses em que forem forma do art. 612 desta Con-
propriedade desse invento. necessários procedimentos ou solidação.
produtos diferentes dos utili-
§ 6 o As empresas que cobra-
Art. 455. Nos contratos de zados para a higienização das
rem a gorjeta de que trata o § 3o
subempreitada responderá o vestimentas de uso comum.
deverão:
subempreiteiro pelas obriga-
ções derivadas do contrato de Capítulo II – Da I – para as empresas inscritas
trabalho que celebrar, caben- Remuneração em regime de tributação fede-
do, todavia, aos empregados o ral diferenciado, lançá-la na
direito de reclamação contra o Art. 457. Compreendem-se respectiva nota de consumo,
empreiteiro principal pelo ina- na remuneração do emprega- facultada a retenção de até 20%
dimplemento daquelas obriga- do, para todos os efeitos legais, (vinte por cento) da arrecada-
ções por parte do primeiro. além do salário devido e pago ção correspondente, mediante
diretamente pelo empregador, previsão em convenção ou acor-
Parágrafo único. Ao empreitei- como contraprestação do ser- do coletivo de trabalho, para
ro principal fica ressalvado, nos viço, as gorjetas que receber. custear os encargos sociais,
termos da lei civil, ação regres- previdenciários e trabalhistas
§ 1o Integram o salário a im-
siva contra o subempreiteiro e derivados da sua integração à
portância f ixa estipulada, as
a retenção de importâncias a remuneração dos empregados,
gratificações legais e as comis-
este devidas, para a garantia devendo o valor remanescente
sões pagas pelo empregador.
das obrigações previstas neste ser revertido integralmente em
artigo. § 2o As importâncias, ainda favor do trabalhador;
que habituais, pagas a título
II – para as empresas não ins-
Art. 456. A prova do con- de ajuda de custo, auxílio-a-
critas em regime de tributação
trato individual do trabalho limentação, vedado seu pa-
federal diferenciado, lançá-la
será feita pelas anotações cons- gamento em dinheiro, diárias
na respectiva nota de consu-
tantes da Carteira de Trabalho para viagem, prêmios e abonos
mo, facultada a retenção de
e Previdência Social ou por ins- não integram a remuneração do
até 33% (trinta e três por cen-
trumento escrito e suprida por empregado, não se incorporam
to) da arrecadação correspon-
todos os meios permitidos em ao contrato de trabalho e não
dente, mediante previsão em
direito. constituem base de incidência
convenção ou acordo coletivo
de qualquer encargo trabalhista
de trabalho, para custear os
e previdenciário.
encargos sociais, previdenciá-
§ 3o Considera-se gorjeta não rios e trabalhistas derivados da
só a importância espontane- sua integração à remuneração
amente dada pelo cliente ao dos empregados, devendo o
2
NE: parágrafo declarado incons- empregado, como também o valor remanescente ser rever-
titucional pelo STF – ADI nº 1.721- valor cobrado pela empresa,
3.

730
tido integralmente em favor do gorjeta por dia de atraso, limi- diretamente ou mediante segu-
trabalhador; tada ao piso da categoria, asse- ro-saúde;
gurados em qualquer hipótese o
III – anotar na Carteira de Tra- V – seguros de vida e de aciden-
contraditório e a ampla defesa,
balho e Previdência Social e no tes pessoais;
observadas as seguintes regras:
contracheque de seus emprega-
VI – previdência privada;
dos o salário contratual fixo e I – a limitação prevista neste
o percentual percebido a título parágrafo será triplicada caso VII – (Vetado);
de gorjeta. o empregador seja reincidente;
VIII – o valor correspondente ao
§ 7o A gorjeta, quando entregue II – considera-se reincidente vale-cultura.
pelo consumidor diretamente o empregador que, durante o
§ 3o A habitação e a alimenta-
ao empregado, terá seus crité- período de doze meses, des-
ção fornecidas como salário-u-
rios definidos em convenção ou cumpre o disposto nos §§ 4o,
tilidade deverão atender aos fins
acordo coletivo de trabalho, fa- 6o, 7o e 9o deste artigo por mais
a que se destinam e não pode-
cultada a retenção nos parâme- de sessenta dias.
rão exceder, respectivamente, a
tros do § 6o deste artigo.
25% (vinte e cinco por cento) e
Art. 458. Além do paga-
§ 8o As empresas deverão ano- 20% (vinte por cento) do salá-
mento em dinheiro, compreen-
tar na Carteira de Trabalho e rio-contratual.
de-se no salário, para todos os
Previdência Social de seus em-
efeitos legais, a alimentação, § 4o Tratando-se de habitação
pregados o salário fixo e a mé-
habitação, vestuário ou outras coletiva, o valor do salário-u-
dia dos valores das gorjetas re-
prestações in natura que a em- tilidade a ela correspondente
ferente aos últimos doze meses.
presa, por força do contrato ou será obtido mediante a divisão
§ 9o Cessada pela empresa a do costume, fornecer habitual- do justo valor da habitação
cobrança da gorjeta de que tra- mente ao empregado. Em caso pelo número de coocupantes,
ta o § 3o deste artigo, desde que algum será permitido o paga- vedada, em qualquer hipótese,
cobrada por mais de doze me- mento com bebidas alcoólicas a utilização da mesma unida-
ses, essa se incorporará ao salá- ou drogas nocivas. de residencial por mais de uma
rio do empregado, tendo como família.
§ 1o Os valores atribuídos às
base a média dos últimos doze
prestações in natura deverão ser § 5o O valor relativo à assistên-
meses, salvo o estabelecido em
justos e razoáveis, não podendo cia prestada por serviço médico
convenção ou acordo coletivo
exceder, em cada caso, os dos ou odontológico, próprio ou
de trabalho.
percentuais das parcelas com- não, inclusive o reembolso de
§ 10. Para empresas com mais ponentes do salário mínimo despesas com medicamentos,
de sessenta empregados, será (artigos 81 e 82). óculos, aparelhos ortopédicos,
constituída comissão de empre- próteses, órteses, despesas mé-
§ 2o Para os efeitos previstos
gados, mediante previsão em dico-hospitalares e outras simi-
neste artigo, não serão conside-
convenção ou acordo coletivo lares, mesmo quando concedi-
radas como salário as seguintes
de trabalho, para acompanha- do em diferentes modalidades
utilidades concedidas pelo em-
mento e fiscalização da regulari- de planos e coberturas, não in-
pregador:
dade da cobrança e distribuição tegram o salário do empregado
da gorjeta de que trata o § 3o I – vestuários, equipamentos e para qualquer efeito nem o sa-
deste artigo, cujos representan- outros acessórios fornecidos lário de contribuição, para efei-
tes serão eleitos em assembleia aos empregados e utilizados tos do previsto na alínea “q” do
geral convocada para esse fim no local de trabalho, para a § 9o do art. 28 da Lei no 8.212,
pelo sindicato laboral e gozarão prestação do serviço; de 24 de julho de 1991.
de garantia de emprego vincula-
II – educação, em estabeleci-
da ao desempenho das funções Art. 459. O pagamento
mento de ensino próprio ou de
para que foram eleitos, e, para do salário, qualquer que seja a
terceiros, compreendendo os
as demais empresas, será cons- modalidade do trabalho, não
valores relativos a matrícula,
tituída comissão intersindical deve ser estipulado por período
mensalidade, anuidade, livros
para o referido fim. superior a um mês, salvo no que
e material didático;
concerne a comissões, percen-
§ 11. Comprovado o descum-
III – transporte destinado ao tagens e gratificações.
primento do disposto nos §§ 4o,
deslocamento para o trabalho
6o, 7o e 9o deste artigo, o empre-
e retorno, em percurso servido Parágrafo único. Quando o pa-
gador pagará ao trabalhador
ou não por transporte público; gamento houver sido estipulado
prejudicado, a título de multa,
por mês, deverá ser efetuado, o
o valor correspondente a 1/30 IV – assistência médica, hospi-
(um trinta avos) da média da talar e odontológica, prestada

731
mais tardar, até o quinto dia útil na função, f icando vedada a Art. 463. A prestação, em
do mês subsequente ao vencido. indicação de paradigmas re- espécie, do salário será paga em
motos, ainda que o paradigma moeda corrente do País.
Art. 460. Na falta de es- contemporâneo tenha obtido
tipulação do salário ou não a vantagem em ação judicial Parágrafo único. O pagamento
havendo prova sobre a impor- própria. do salário realizado com inob-
tância ajustada, o empregado servância deste artigo conside-
terá direito a perceber salário § 6o No caso de comprovada ra-se como não feito.
igual ao daquele que, na mesma discriminação por motivo de
empresa, fizer serviço equivalen- sexo ou etnia, o juízo determi- Art. 464. O pagamento
te ou do que for habitualmente nará, além do pagamento das do salário deverá ser efetuado
pago para serviço semelhante. diferenças salariais devidas, contra recibo, assinado pelo
multa, em favor do empregado empregado; em se tratando de
Art. 461. Sendo idêntica discriminado, no valor de 50% analfabeto, mediante sua im-
a função, a todo trabalho de (cinquenta por cento) do limite pressão digital, ou, não sendo
igual valor, prestado ao mes- máximo dos benefícios do Regi- esta possível, a seu rogo.
mo empregador, no mesmo me Geral de Previdência Social.
estabelecimento empresarial, Parágrafo único. Terá força
corresponderá igual salário, Art. 462. Ao empregador é de recibo o comprovante de
sem distinção de sexo, etnia, vedado efetuar qualquer des- depósito em conta bancária,
nacionalidade ou idade. conto nos salários do emprega- aberta para esse fim em nome
do, salvo quando este resultar de cada empregado, com o con-
§ 1o Trabalho de igual valor, de adiantamentos, de disposi- sentimento deste, em estabele-
para os fins deste Capítulo, será tivos de lei ou de contrato co- cimento de crédito próximo ao
o que for feito com igual produ- letivo. local de trabalho.
tividade e com a mesma perfei-
ção técnica, entre pessoas cuja § 1o Em caso de dano causa- Art. 465. O pagamento
diferença de tempo de serviço do pelo empregado, o desconto dos salários será efetuado em
para o mesmo empregador não será lícito, desde que esta pos- dia útil e no local do trabalho,
seja superior a quatro anos e a sibilidade tenha sido acordada dentro do horário do serviço ou
diferença de tempo na função ou na ocorrência de dolo do imediatamente após o encer-
não seja superior a dois anos. empregado. ramento deste, salvo quando
§ 2o Os dispositivos deste ar- § 2o É vedado à empresa que efetuado por depósito em conta
tigo não prevalecerão quando mantiver armazém para venda bancária, observado o disposto
o empregador tiver pessoal or- de mercadorias aos emprega- no artigo anterior.
ganizado em quadro de carreira dos ou serviços destinados a
ou adotar, por meio de norma proporcionar-lhes prestações in Art. 466. O pagamento de
interna da empresa ou de nego- natura exercer qualquer coação comissões e percentagens só é
ciação coletiva, plano de cargos exigível depois de ultimada a
ou induzimento no sentido de
e salários, dispensada qualquer transação a que se referem.
que os empregados se utilizem
forma de homologação ou re- do armazém ou dos serviços. § 1o Nas transações realizadas
gistro em órgão público. por prestações sucessivas, é
§ 3o Sempre que não for pos- exigível o pagamento das per-
§ 3o No caso do § 2o deste ar- sível o acesso dos empregados
tigo, as promoções poderão ser centagens e comissões que lhes
a armazéns ou serviços não disserem respeito proporcional-
feitas por merecimento e por mantidos pela Empresa, é lícito
antiguidade, ou por apenas um mente à respectiva liquidação.
à autoridade competente de-
destes critérios, dentro de cada terminar a adoção de medidas § 2o A cessação das relações de
categoria profissional. adequadas, visando a que as trabalho não prejudica a per-
§ 4o O trabalhador readapta- mercadorias sejam vendidas e cepção das comissões e percen-
do em nova função, por motivo os serviços prestados a preços tagens devidas na forma estabe-
de deficiência física ou mental razoáveis, sem intuito de lucro lecida por este artigo.
atestada pelo órgão competen- e sempre em benefício dos em-
pregados. Art. 467. Em caso de res-
te da Previdência Social, não
cisão de contrato de trabalho,
servirá de paradigma para fins § 4o Observado o disposto nes- havendo controvérsia sobre o
de equiparação salarial. te Capítulo, é vedado às empre- montante das verbas rescisó-
§ 5o A equiparação salarial só sas limitar, por qualquer forma, rias, o empregador é obrigado
será possível entre empregados a liberdade dos empregados de a pagar ao trabalhador, à data
contemporâneos no cargo ou dispor do seu salário. do comparecimento à Justiça

732
do Trabalho, a parte incontro- § 3o Em caso de necessidade § 3o Ocorrendo motivo relevan-
versa dessas verbas, sob pena de serviço o empregador po- te de interesse para a segurança
de pagá-las acrescidas de 50% derá transferir o empregado nacional, poderá a autoridade
(cinquenta por cento). para localidade diversa da que competente solicitar o afasta-
resultar do contrato, não obs- mento do empregado do servi-
Capítulo III – Da tante as restrições do artigo ço ou do local de trabalho, sem
Alteração anterior, mas, nesse caso, fica- que se configure a suspensão do
rá obrigado a um pagamento contrato de trabalho.
Art. 468. Nos contratos suplementar, nunca inferior a § 4 o O afastamento a que se
individuais de trabalho só é lí- 25% (vinte e cinco por cento), refere o parágrafo anterior
cita a alteração das respectivas dos salários que o empregado será solicitado pela autorida-
condições por mútuo consen- percebia naquela localidade, de competente diretamente ao
timento, e, ainda assim, desde enquanto durar essa situação. empregador, em representação
que não resultem, direta ou in- fundamentada, com audiência
diretamente, prejuízos ao em- Art. 470. As despesas resul- da Procuradoria Regional do
pregado, sob pena de nulidade tantes da transferência correrão Trabalho, que providenciará
da cláusula infringente desta por conta do empregador. desde logo a instalação do
garantia. competente inquérito adminis-
§ 1o Não se considera altera-
Capítulo IV – Da trativo.
ção unilateral a determinação Suspensão e da Interrupção
§ 5o Durante os primeiros 90
do empregador para que o res- (noventa) dias desse afasta-
Art. 471. Ao empregado
pectivo empregado reverta ao mento, o empregado continuará
afastado do emprego, são as-
cargo efetivo, anteriormente percebendo sua remuneração.
seguradas, por ocasião de sua
ocupado, deixando o exercício
volta, todas as vantagens que,
de função de confiança. Art. 473. O empregado po-
em sua ausência, tenham sido
§ 2 A alteração de que trata o
o
atribuídas à categoria a que derá deixar de comparecer ao
serviço sem prejuízo do salário:
§ 1o deste artigo, com ou sem pertencia na empresa.
justo motivo, não assegura ao I – até 2 (dois) dias consecu-
empregado o direito à manuten- Art. 472. O afastamento tivos, em caso de falecimento
ção do pagamento da gratifica- do empregado em virtude das do cônjuge, ascendente, des-
ção correspondente, que não exigências do serviço militar, cendente, irmão ou pessoa que,
será incorporada, independen- ou de outro encargo público, declarada em sua Carteira de
temente do tempo de exercício não constituirá motivo para Trabalho e Previdência Social,
da respectiva função. alteração ou rescisão do con- viva sob sua dependência eco-
trato de trabalho por parte do nômica;
Art. 469. Ao empregador é empregador. II – até 3 (três) dias consecuti-
vedado transferir o empregado, vos, em virtude de casamento;
§ 1o Para que o empregado
sem a sua anuência, para locali-
tenha direito a voltar a exercer III – por um dia, em caso de nas-
dade diversa da que resultar do
o cargo do qual se afastou em cimento de filho, no decorrer da
contrato, não se considerando
virtude de exigência do serviço primeira semana;
transferência a que não acarre-
militar ou de encargo público,
tar necessariamente a mudança IV – por um dia, em cada 12
é indispensável que notifique o
do seu domicílio. (doze) meses de trabalho, em
empregador dessa intenção, por
§ 1o Não estão compreendi- telegrama ou carta registrada, caso de doação voluntária de
dos na proibição deste artigo: dentro do prazo máximo de sangue devidamente compro-
os empregados que exerçam trinta dias, contados da data vada;
cargos de confiança e aqueles em que se verificar a respectiva V – até 2 (dois) dias consecu-
cujos contratos tenham como baixa ou a terminação do encar- tivos ou não, para o fim de se
condição, implícita ou explíci- go que estava obrigado. alistar eleitor, nos termos da lei
ta, a transferência, quando esta respectiva;
§ 2o Nos contratos por prazo
decorra de real necessidade de
determinado, o tempo de afas- VI – No período de tempo em
serviço.
tamento, se assim acordarem que tiver de cumprir as exigên-
§ 2o É lícita a transferência as partes interessadas, não cias do Serviço Militar referidas
quando ocorrer extinção do es- será computado na contagem na letra “c” do art. 65 da Lei
tabelecimento em que trabalhar do prazo para a respectiva ter- no 4.375, de 17 de agosto de
o empregado. minação. 1964 (Lei do Serviço Militar);

733
VII – nos dias em que estiver inequívoca da interinidade ao balho, o empregador pagará ao
comprovadamente realizando ser celebrado o contrato. empregado, além das parcelas
provas de exame vestibular para indenizatórias previstas na le-
ingresso em estabelecimento de Art. 476. Em caso de se- gislação em vigor, multa a ser
ensino superior; guro-doença ou auxílio-en- estabelecida em convenção ou
fermidade, o empregado é acordo coletivo, sendo de, no
VIII – pelo tempo que se fizer mínimo, cem por cento sobre
considerado em licença não
necessário, quando tiver que remunerada, durante o prazo o valor da última remuneração
comparecer a juízo; desse benefício. mensal anterior à suspensão do
IX – pelo tempo que se fizer ne- contrato.
cessário, quando, na qualidade Art. 476-A. O contrato de § 6 o Se durante a suspensão
de representante de entidade trabalho poderá ser suspenso, do contrato não for ministra-
sindical, estiver participando de por um período de 2 (dois) a 5 do o curso ou programa de
reunião oficial de organismo in- (cinco) meses, para participa- qualif icação prof issional, ou
ternacional do qual o Brasil seja ção do empregado em curso ou o empregado permanecer tra-
membro; programa de qualificação pro- balhando para o empregador,
fissional oferecido pelo empre- ficará descaracterizada a sus-
X – até 2 (dois) dias para acom- gador, com duração equivalente
panhar consultas médicas e exa- pensão, sujeitando o emprega-
à suspensão contratual, me- dor ao pagamento imediato dos
mes complementares durante diante previsão em convenção
o período de gravidez de sua salários e dos encargos sociais
ou acordo coletivo de trabalho referentes ao período, às pena-
esposa ou companheira; e aquiescência formal do em- lidades cabíveis previstas na le-
XI – por 1 (um) dia por ano para pregado, observado o disposto gislação em vigor, bem como às
acompanhar filho de até 6 (seis) no art. 471 desta Consolidação. sanções previstas em convenção
anos em consulta médica. § 1o Após a autorização con- ou acordo coletivo.
cedida por intermédio de con- § 7o O prazo limite fixado no
Art. 474. A suspensão do venção ou acordo coletivo, o caput poderá ser prorrogado
empregado por mais de 30 empregador deverá notificar o mediante convenção ou acordo
(trinta) dias consecutivos im- respectivo sindicato, com ante- coletivo de trabalho e aquies-
porta na rescisão injusta do cedência mínima de quinze dias cência formal do empregado,
contrato de trabalho. da suspensão contratual. desde que o empregador arque
§ 2o O contrato de trabalho com o ônus correspondente ao
Art. 475. O empregado que
não poderá ser suspenso em valor da bolsa de qualificação
for aposentado por invalidez
conformidade com o disposto profissional, no respectivo pe-
terá suspenso o seu contrato de ríodo.
trabalho durante o prazo fixado no caput deste artigo mais de
pelas leis de previdência social uma vez no período de 16 (de-
zesseis) meses. Capítulo V – Da Rescisão
para a efetivação do benefício.
§ 1o Recuperando o empregado § 3 o O empregador poderá Art. 477. Na extinção do
a capacidade de trabalho e sen- conceder ao empregado ajuda contrato de trabalho, o empre-
do a aposentadoria cancelada, compensatória mensal, sem na- gador deverá proceder à anota-
ser-lhe-á assegurado o direito à tureza salarial, durante o perío- ção na Carteira de Trabalho e
função que ocupava ao tempo do de suspensão contratual nos Previdência Social, comunicar
da aposentadoria, facultado, termos do caput deste artigo, a dispensa aos órgãos compe-
porém, ao empregador, o direi- com valor a ser def inido em tentes e realizar o pagamento
to de indenizá-lo por rescisão convenção ou acordo coletivo. das verbas rescisórias no prazo
do contrato de trabalho, nos § 4o Durante o período de sus- e na forma estabelecidos neste
termos dos artigos 477 e 478, pensão contratual para partici- artigo.
salvo na hipótese de ser ele por- pação em curso ou programa § 1o (Revogado)
tador de estabilidade, quando a de qualificação profissional, o
indenização deverá ser paga na empregado fará jus aos benefí- § 2o O instrumento de rescisão
forma do art. 497. cios voluntariamente concedi- ou recibo de quitação, qualquer
que seja a causa ou forma de
dos pelo empregador.
§ 2o Se o empregador houver dissolução do contrato, deve ter
admitido substituto para o § 5o Se ocorrer a dispensa do especificada a natureza de cada
aposentado, poderá rescindir, empregado no transcurso do parcela paga ao empregado e
com este, o respectivo contrato período de suspensão contra- discriminado o seu valor, sendo
de trabalho sem indenização, tual ou nos três meses subse- válida a quitação, apenas, rela-
desde que tenha havido ciência quentes ao seu retorno ao tra- tivamente às mesmas parcelas.

734
§ 3o (Revogado) todos os fins, não havendo ne- Art. 479. Nos contratos que
cessidade de autorização prévia tenham termo estipulado, o em-
§ 4 O pagamento a que fizer
o
de entidade sindical ou de cele- pregador que, sem justa causa,
jus o empregado será efetuado:
bração de convenção coletiva despedir o empregado, será
I – em dinheiro, depósito bancá- ou acordo coletivo de trabalho obrigado a pagar-lhe, a título
rio ou cheque visado, conforme para sua efetivação. de indenização, e por metade, a
acordem as partes; ou remuneração a que teria direito
II – em dinheiro ou depósito Art. 477-B. Plano de Demis- até o termo do contrato.
bancário quando o empregado são Voluntária ou Incentivada,
for analfabeto. para dispensa individual, plú- Parágrafo único. Para a execu-
rima ou coletiva, previsto em ção do que dispõe o presente
§ 5o Qualquer compensação convenção coletiva ou acordo artigo, o cálculo da parte vari-
no pagamento de que trata o coletivo de trabalho, enseja ável ou incerta dos salários será
parágrafo anterior não poderá quitação plena e irrevogável dos feito de acordo com o prescrito
exceder o equivalente a um mês direitos decorrentes da relação para o cálculo da indenização
de remuneração do empregado. empregatícia, salvo disposição referente à rescisão dos contra-
§ 6o A entrega ao empregado em contrário estipulada entre tos por prazo indeterminado.
de documentos que comprovem as partes.
a comunicação da extinção con- Art. 480. Havendo termo
tratual aos órgãos competentes Art. 478. A indenização de- estipulado, o empregado não
bem como o pagamento dos va- vida pela rescisão de contrato se poderá desligar do contra-
lores constantes do instrumento por prazo indeterminado será to, sem justa causa, sob pena
de rescisão ou recibo de quita- de 1 (um) mês de remuneração de ser obrigado a indenizar o
ção deverão ser efetuados até por ano de serviço efetivo, ou empregador dos prejuízos que
10 (dez) dias contados a partir por ano e fração igual ou supe- desse fato lhe resultarem.
do término do contrato. rior a 6 (seis) meses.
§ 1o A indenização, porém, não
a) (Revogada); § 1o O primeiro ano de duração poderá exceder àquela a que
do contrato por prazo indeter- teria direito o empregado em
b) (Revogada).
minado é considerado como idênticas condições.
§ 7 (Revogado)
o
período de experiência, e, an-
§ 2o (Revogado)
tes que se complete, nenhuma
§ 8o A inobservância do dispos-
to no § 6o deste artigo sujeitará indenização será devida.
Art. 481. Aos contratos por
o infrator à multa de 160 BTN, § 2o Se o salário for pago por prazo determinado, que con-
por trabalhador, bem assim ao dia, o cálculo da indenização tiverem cláusula assecuratória
pagamento da multa a favor terá por base 25 (vinte e cinco) do direito recíproco de resci-
do empregado, em valor equi- dias. são antes de expirado o termo
valente ao seu salário, devida- ajustado, aplicam-se, caso seja
mente corrigido pelo índice de § 3o Se pago por hora, a inde-
exercido tal direito por qualquer
variação do BTN, salvo quando, nização apurar-se-á na base de
das partes, os princípios que re-
comprovadamente, o trabalha- 200 (duzentas) horas por mês.
gem a rescisão dos contratos
dor der causa à mora. § 4 o Para os empregados que por prazo indeterminado.
§ 9 (Vetado)
o trabalhem à comissão ou que
tenham direito a percentagens, Art. 482. Constituem justa
§ 10. A anotação da extinção a indenização será calculada causa para rescisão do contrato
do contrato na Carteira de Tra- pela média das comissões ou de trabalho pelo empregador:
balho e Previdência Social é do- percentagens percebidas nos
cumento hábil para requerer o a) ato de improbidade;
últimos 12 (doze) meses de
benefício do seguro-desempre- serviço. b) incontinência de con-
go e a movimentação da conta duta ou mau procedi-
vinculada no Fundo de Garantia § 5 Para os empregados que
o
mento;
do Tempo de Serviço, nas hipó- trabalhem por tarefa ou serviço
teses legais, desde que a comu- feito, a indenização será calcu- c) negociação habitual por
nicação prevista no caput deste lada na base média do tempo conta própria ou alheia
artigo tenha sido realizada. costumeiramente gasto pelo in- sem permissão do em-
teressado para realização de seu pregador, e quando
Art. 477-A. As dispensas serviço, calculando-se o valor constituir ato de con-
imotivadas individuais, plúrimas do que seria feito durante 30 corrência à empresa
ou coletivas equiparam-se para (trinta) dias. para a qual trabalha o

735
empregado, ou for pre- a) forem exigidos servi- lho reduzirá a indenização a que
judicial ao serviço; ços superiores às suas seria devida em caso de culpa
forças, defesos por exclusiva do empregador, por
d) condenação criminal do
lei, contrário aos bons metade.
empregado, passada em
costumes, ou alheios ao
julgado, caso não tenha
contrato; Art. 484-A. O contrato
havido suspensão da
de trabalho poderá ser extinto
execução da pena; b) for tratado pelo empre-
por acordo entre empregado e
gador ou por seus supe-
e) desídia no desempenho riores hierárquicos com empregador, caso em que serão
das respectivas funções; rigor excessivo; devidas as seguintes verbas tra-
balhistas:
f) embriaguez habitual ou c) correr perigo manifesto
em serviço; de mal considerável; I – por metade:
g) violação de segredo da d) não cumprir o empre- a) o aviso prévio, se inde-
empresa; gador as obrigações do nizado; e
h) ato de indisciplina ou de contrato; b) a indenização sobre o
insubordinação; e) praticar o empregador saldo do Fundo de Ga-
ou seus prepostos, con- rantia do Tempo de Ser-
i) abandono de emprego;
tra ele ou pessoas de viço, prevista no § 1o do
j) ato lesivo da honra ou sua família, ato lesivo art. 18 da Lei no 8.036,
da boa fama praticado da honra e boa fama; de 11 de maio de 1990;
no serviço contra qual-
f) o empregador ou seus II – na integralidade, as demais
quer pessoa, ou ofen-
prepostos ofenderem- verbas trabalhistas.
sas físicas, nas mesmas
condições, salvo em no fisicamente, salvo em § 1o A extinção do contrato
caso de legítima defesa, caso de legítima defesa, prevista no caput deste artigo
própria ou de outrem; própria ou de outrem; permite a movimentação da
g) o empregador reduzir o conta vinculada do trabalhador
k) ato lesivo da honra ou
seu trabalho, sendo este no Fundo de Garantia do Tem-
da boa fama ou ofen-
por peça ou tarefa, de po de Serviço na forma do inci-
sas físicas praticadas
forma a afetar sensivel- so I-A do art. 20 da Lei no 8.036,
contra o empregador e
mente a importância de 11 de maio de 1990, limitada
superiores hierárquicos,
dos salários. até 80% (oitenta por cento) do
salvo em caso de legíti-
valor dos depósitos.
ma defesa, própria ou § 1o O empregado poderá sus-
de outrem; pender a prestação dos serviços § 2o A extinção do contrato por
ou rescindir o contrato, quando acordo prevista no caput deste
l) prática constante de jo-
tiver de desempenhar obriga- artigo não autoriza o ingresso
gos de azar;
ções legais, incompatíveis com no Programa de Seguro-Desem-
m) perda da habilitação a continuação do serviço. prego.
ou dos requisitos esta-
belecidos em lei para o § 2o No caso de morte do em- Art. 485. Quando cessar a
exercício da profissão, pregador constituído em em- atividade da empresa, por mor-
em decorrência de con- presa individual, é facultado ao te do empregador, os emprega-
duta dolosa do empre- empregado rescindir o contrato dos terão direito, conforme o
gado. de trabalho. caso, à indenização a que se
§ 3o Nas hipóteses das letras referem os artigos 477 e 497.
Parágrafo único. Constitui “d” e “g”, poderá o emprega-
igualmente justa causa para do pleitear a rescisão de seu Art. 486. No caso de para-
dispensa de empregado, a prá- contrato de trabalho e o paga- lisação, temporária ou defini-
tica, devidamente comprovada mento das respectivas indeni- tiva do trabalho, motivada por
em inquérito administrativo, de zações, permanecendo ou não ato de autoridade municipal,
atos atentatórios à segurança no serviço até final decisão do estadual ou federal, ou pela
nacional. processo. promulgação de lei ou resolu-
ção que impossibilite a continu-
Art. 483. O empregado Art. 484. Havendo culpa ação da atividade, prevalecerá
poderá considerar rescindido recíproca no ato que determi- o pagamento da indenização,
o contrato e pleitear a devida nou a rescisão do contrato de que ficará a cargo do Governo
indenização quando: trabalho, o Tribunal de traba- responsável.

736
§ 1o Sempre que o empregador § 3o Em se tratando de salário Art. 490. O empregador
invocar em sua defesa o precei- pago na base de tarefa, o cál- que, durante o prazo do aviso
to do presente artigo, o Tribunal culo, para os efeitos dos pará- prévio dado ao empregado,
do trabalho competente notifi- grafos anteriores, será feito de praticar ato que justif ique a
cará a pessoa de direito públi- acordo com a média dos últi- rescisão imediata do contra-
co apontada como responsável mos 12 (doze) meses de serviço. to, sujeita-se ao pagamento da
pela paralisação do trabalho, remuneração correspondente
para que, no prazo de 30 dias, § 4o É devido o aviso prévio na ao prazo do referido aviso, sem
alegue o que entender devido, despedida indireta. prejuízo da indenização que for
passando a figurar no processo § 5o O valor das horas extra- devida.
como chamada à autoria. ordinárias habituais integra o
Art. 491. O empregado que,
§ 2o Sempre que a parte inte- aviso prévio indenizado.
durante o prazo do aviso pré-
ressada, firmada em documento § 6o O reajustamento salarial vio, cometer qualquer das fal-
hábil, invocar defesa baseada coletivo, determinado no cur- tas consideradas pela lei como
na disposição deste artigo e in- so do aviso prévio, benef icia justa para a rescisão, perde o
dicar qual o Juiz competente, o empregado pré-avisado da direito ao restante do respec-
será ouvida a parte contrária, despedida, mesmo que tenha tivo prazo.
para, dentro de três dias, falar
recebido antecipadamente os
sobre essa alegação.
salários correspondentes ao pe- Capítulo VII – Da
§ 3o Verificada qual a autori- ríodo do aviso, que integra seu Estabilidade
dade responsável, a Junta de tempo de serviço para todos os
Conciliação ou Juiz dar-se-á Art. 492. O empregado que
efeitos legais.
por incompetente, remetendo contar mais de 10 (dez) anos
os autos ao Juiz Privativo da Fa- de serviço na mesma empresa
Art. 488. O horário normal
não poderá ser despedido se-
zenda, perante o qual correrá de trabalho do empregado, du- não por motivo de falta grave
o feito nos termos previstos no rante o prazo do aviso, e se a ou circunstância de força maior,
processo comum. rescisão tiver sido promovida devidamente comprovadas.
pelo empregador, será reduzido
Capítulo VI – Do Aviso de 2 (duas) horas diárias, sem Parágrafo único. Considera-se
Prévio prejuízo do salário integral. como de serviço todo o tempo
em que o empregado esteja à
Art. 487. Não havendo pra- Parágrafo único. É facultado disposição do empregador.
zo estipulado, a parte que, sem ao empregado trabalhar sem a
justo motivo, quiser rescindir o redução das 2 (duas) horas diá- Art. 493. Constitui falta
contrato deverá avisar a outra rias previstas neste artigo, caso grave a prática de qualquer dos
da sua resolução com a antece- em que poderá faltar ao serviço, fatos a que se refere o art. 482,
dência mínima de: quando por sua repetição ou
sem prejuízo do salário integral,
I – oito dias, se o pagamento for por 1 (um) dia, na hipótese do natureza representem séria vio-
efetuado por semana ou tempo inciso I, e por 7 (sete) dias corri- lação dos deveres e obrigações
inferior; dos, na hipótese do inciso II do do empregado.
II – trinta dias aos que percebe- artigo 487 desta Consolidação.
Art. 494. O empregado
rem por quinzena ou mês, ou acusado de falta grave poderá
que tenham mais de doze meses Art. 489. Dado o aviso pré-
vio, a rescisão torna-se efetiva ser suspenso de suas funções,
de serviço na empresa. mas a sua despedida só se tor-
depois de expirado o respecti-
§ 1o A falta do aviso prévio por nará efetiva após o inquérito em
vo prazo, mas, se a parte noti-
parte do empregador dá ao em- que se verifique a procedência
ficante reconsiderar o ato, antes da acusação.
pregado o direito aos salários de seu termo, à outra parte é
correspondentes ao prazo do facultado aceitar ou não a re-
aviso, garantida sempre a in- Parágrafo único. A suspensão,
consideração. no caso deste artigo, perdurará
tegração desse período no seu
tempo de serviço. até a decisão final do processo.
Parágrafo único. Caso seja
§ 2o A falta de aviso prévio por aceita a reconsideração ou con- Art. 495. Reconhecida a
parte do empregado dá ao em- tinuando a prestação depois de inexistência de falta grave pra-
pregador o direito de descontar expirado o prazo, o contrato ticada pelo empregado, fica o
os salários correspondentes ao continuará a vigorar, como se empregador obrigado a read-
prazo respectivo. o aviso não tivesse sido dado. miti-lo no serviço e a pagar-lhe

737
os salários a que teria direito no empregado a aquisição de es- Art. 503. É lícita, em caso
período de suspensão. tabilidade sujeitará o empre- de força maior ou prejuízos
gador a pagamento em dobro devidamente comprovados, a
Art. 496. Quando a rein- da indenização prescrita nos redução geral dos salários dos
tegração do empregado está- arts. 477 e 478. empregados da empresa, pro-
vel for desaconselhável, dado porcionalmente aos salários de
o grau de incompatibilidade Art. 500. O pedido de de- cada um, não podendo, entre-
resultante do dissídio, espe- missão do empregado estável só tanto, ser superior a 25% (vinte
cialmente quando for o empre- será válido quando feito com a e cinco por cento), respeitado,
gador pessoa física, o Tribunal assistência do respectivo Sindi- em qualquer caso, o salário mí-
do trabalho poderá converter cato e, se não o houver, perante nimo da região.
aquela obrigação em indeniza- autoridade local competente do
ção devida nos termos do artigo Ministério do Trabalho e Previ- Parágrafo único. Cessados os
seguinte. dência Social ou da Justiça do efeitos decorrentes do motivo
Trabalho. de força maior, é garantido o
Art. 497. Extinguindo-se restabelecimento dos salários
a empresa, sem a ocorrência Capítulo VIII – Da Força reduzidos.
de motivos de força maior, ao Maior
empregado estável despedido Ar t . 504. Comprov ada
é garantida a indenização por a falsa alegação do motivo
Art. 501. Entende-se como
rescisão do contrato por prazo de força maior, é garantida a
força maior todo acontecimen-
indeterminado, paga em dobro. reintegração aos empregados
to inevitável, em relação à von-
estáveis e aos não estáveis o
tade do empregador, e para complemento da indenização já
Art. 498. Em caso de fecha- realização do qual este não con-
mento do estabelecimento, filial percebida, assegurado a ambos
correu, direta ou indiretamente. o pagamento da remuneração
ou agência, ou supressão neces-
sária de atividade, sem ocorrên- § 1o A imprevidência do empre- atrasada.
cia de motivo de força maior, gador exclui a razão de força
é assegurado aos empregados maior. Capítulo IX – Disposições
estáveis, que ali exerçam suas Especiais
§ 2o À ocorrência do motivo
funções, direito à indenização,
de força maior que não afetar Art. 505. São aplicáveis aos
na forma do artigo anterior.
substancialmente, nem for sus- trabalhadores rurais os disposi-
cetível de afetar, em tais con- tivos constantes dos Capítulos
Art. 499. Não haverá esta-
bilidade no exercício dos car- dições, a situação econômica I, II e VI do presente Título.
gos de diretoria, gerência ou e financeira da empresa, não
outros de confiança imediata se aplicam as restrições desta Art. 506. No contrato de
do empregador, ressalvado o Lei referentes ao disposto neste trabalho agrícola é lícito o
cômputo do tempo de serviço Capítulo. acordo que estabelecer a re-
para todos os efeitos legais. muneração in natura, contanto
Art. 502. Ocorrendo moti- que seja de produtos obtidos
§ 1o Ao empregado garantido vo de força maior que determi- pela exploração do negócio e
pela estabilidade, que deixar ne a extinção da empresa, ou não exceda de 1/3 (um terço)
de exercer cargo de confiança, de um dos estabelecimentos do salário total do empregado.
é assegurada, salvo no caso de em que trabalhe o empregado,
falta grave, a reversão ao cargo é assegurada a este, quando Art. 507. As disposições do
efetivo que haja anteriormente despedido, uma indenização Capítulo VII do presente Título
ocupado. na forma seguinte: não serão aplicáveis aos empre-
§ 2o Ao empregado despedido gados em consultórios ou escri-
I – sendo estável, nos termos tórios de profissionais liberais.
sem justa causa, que só tenha dos artigos 477 e 478;
exercido cargo de confiança e
que contar mais de 10 (dez) II – não tendo direito à esta- Parágrafo único. (Revogado)
anos de ser viço na mesma bilidade, metade da que seria
devida em caso de rescisão sem Art. 507-A. Nos contratos
empresa, é garantida a inde-
justa causa; individuais de trabalho cuja re-
nização proporcional ao tem-
muneração seja superior a duas
po de serviço, nos termos dos III – havendo contrato por pra- vezes o limite máximo estabele-
arts. 477 e 478.
zo determinado, aquela a que cido para os benefícios do Regi-
§ 3o A despedida que se veri- se refere o art. 479 desta Lei, me Geral de Previdência Social,
ficar com o fim de obstar ao reduzida igualmente à metade. poderá ser pactuada cláusula

738
compromissória de arbitragem, (cinco mil) empregados, por 5 § 2o A comissão organizará sua
desde que por iniciativa do em- (cinco) membros; atuação de forma independen-
pregado ou mediante a sua con- te.
III – nas empresas com mais de
cordância expressa, nos termos
5.000 (cinco mil) empregados, Art. 510-C. A eleição será
previstos na Lei no 9.307, de 23
de setembro de 1996. por 7 (sete) membros. convocada, com antecedência
§ 2o No caso de a empresa pos- mínima de trinta dias, conta-
Art. 507-B. É facultado a suir empregados em vários Esta- dos do término do mandato
empregados e empregadores, dos da Federação e no Distrito anterior, por meio de edital que
na vigência ou não do contrato Federal, será assegurada a elei- deverá ser fixado na empresa,
de emprego, firmar o termo de ção de uma comissão de repre- com ampla publicidade, para
quitação anual de obrigações sentantes dos empregados por inscrição de candidatura.
trabalhistas, perante o sindi- Estado ou no Distrito Federal, § 1o Será formada comissão
cato dos empregados da cate- na mesma forma estabelecida eleitoral, integrada por 5 (cin-
goria. no § 1o deste artigo. co) empregados, não candi-
datos, para a organização e o
Parágrafo único. O termo dis- Art. 510-B. A comissão de acompanhamento do processo
criminará as obrigações de dar representantes dos empregados eleitoral, vedada a interferência
e fazer cumpridas mensalmente terá as seguintes atribuições: da empresa e do sindicato da
e dele constará a quitação anu- categoria.
al dada pelo empregado, com I – representar os empregados
eficácia liberatória das parcelas perante a administração da § 2o Os empregados da em-
nele especificadas. empresa; presa poderão candidatar-se,
exceto aqueles com contrato de
II – aprimorar o relacionamento trabalho por prazo determina-
Art. 508. (Revogado) entre a empresa e seus empre- do, com contrato suspenso ou
gados com base nos princípios que estejam em período de avi-
Art. 509. (Revogado) da boa-fé e do respeito mútuo; so prévio, ainda que indenizado.
Art. 510. Pela infração das III – promover o diálogo e o § 3o Serão eleitos membros da
proibições constantes deste Tí- entendimento no ambiente de comissão de representantes dos
tulo, será imposta à empresa a trabalho com o fim de prevenir empregados os candidatos mais
multa de valor igual a 1 (um) conflitos; votados, em votação secreta,
salário mínimo regional, eleva- vedado o voto por representa-
IV – buscar soluções para os
da ao dobro, no caso de reinci- ção.
conflitos decorrentes da rela-
dência, sem prejuízo das demais
ção de trabalho, de forma rá- § 4o A comissão tomará posse
cominações legais.
pida e eficaz, visando à efetiva no primeiro dia útil seguinte à
aplicação das normas legais e eleição ou ao término do man-
contratuais; dato anterior.
Título IV-A – Da V – assegurar tratamento justo e § 5o Se não houver candidatos
Representação dos imparcial aos empregados, im- suficientes, a comissão de re-
Empregados pedindo qualquer forma de dis- presentantes dos empregados
criminação por motivo de sexo, poderá ser formada com nú-
Art. 510-A. Nas empresas idade, religião, opinião política mero de membros inferior ao
com mais de duzentos empre- ou atuação sindical; previsto no art. 510-A desta
gados, é assegurada a eleição Consolidação.
VI – encaminhar reivindicações
de uma comissão para repre- específicas dos empregados de § 6o Se não houver registro de
sentá-los, com a finalidade de seu âmbito de representação; candidatura, será lavrada ata
promover-lhes o entendimento e convocada nova eleição no
direto com os empregadores. VII – acompanhar o cumprimen- prazo de um ano.
to das leis trabalhistas, previ-
§ 1 A comissão será composta:
o
denciárias e das convenções Art. 510-D. O mandato dos
I – nas empresas com mais de coletivas e acordos coletivos membros da comissão de repre-
200 (duzentos) e até 3.000 de trabalho. sentantes dos empregados será
(três mil) empregados, por três § 1o As decisões da comissão de um ano.
membros;
de representantes dos empre- § 1o O membro que houver
II – nas empresas com mais gados serão sempre colegiadas, exercido a função de repre-
de 3.000 (três mil) e até 5.000 observada a maioria simples. sentante dos empregados na

739
comissão não poderá ser can- preendem atividades idênticas, do, como órgãos téc-
didato nos dois períodos sub- similares ou conexas, constitui nicos e consultivos, no
sequentes. o vínculo social básico que se estudo e solução dos
denomina categoria econômica. problemas que se rela-
§ 2o O mandato de membro
cionam com a respecti-
de comissão de representantes § 2o A similitude de condições
va categoria ou profis-
dos empregados não implica de vida oriunda da profissão ou
suspensão ou interrupção do são liberal;
trabalho em comum, em situa-
contrato de trabalho, devendo ção de emprego na mesma ati- e) impor contribuições a
o empregado permanecer no vidade econômica ou em ativi- todos aqueles que par-
exercício de suas funções. dades econômicas similares ou ticipam das categorias
§ 3o Desde o registro da can- conexas, compõe a expressão econômicas ou profis-
didatura até um ano após o social elementar compreendida sionais ou das prof is-
f im do mandato, o membro como categoria profissional. sões liberais represen-
da comissão de representantes tadas.
§ 3 o Categoria prof issional
dos empregados não poderá diferenciada é a que se forma
sofrer despedida arbitrária, Parágrafo único. Os sindicatos
dos empregados que exerçam
entendendo-se como tal a que de empregados terão, outros-
profissões ou funções diferen-
não se fundar em motivo disci- sim, a prerrogativa de fundar e
ciadas por força de estatuto
plinar, técnico, econômico ou manter agências de colocação.
prof issional especial ou em
financeiro. consequência de condições de
Art. 514. São deveres dos
§ 4o Os documentos referentes vida singulares.
Sindicatos:
ao processo eleitoral devem ser § 4o Os limites de identidade,
emitidos em duas vias, as quais a) colaborar com os pode-
similaridade ou conexidade fi-
permanecerão sob a guarda dos res públicos no desen-
xam as dimensões dentro das
empregados e da empresa pelo volvimento da solidarie-
quais a categoria econômica ou
prazo de 5 (cinco) anos, à dis- dade social;
profissional é homogênea e a
posição para consulta de qual- associação é natural. b) manter serviços de as-
quer trabalhador interessado, sistência judiciária para
do Ministério Público do Traba- Art. 512. Somente as asso- os associados;
lho e do Ministério do Trabalho. ciações profissionais constituí-
c) promover a conciliação
das para os fins e na forma do
nos dissídios de traba-
artigo anterior e registradas de
lho;
acordo com o art. 558 poderão
Título V – Da ser reconhecidas como Sindica- d) sempre que possível, e
Organização Sindical tos e investidas nas prerrogati- de acordo com as suas
vas definidas nesta Lei. possibilidades, manter
no seu quadro de pes-
Capítulo I – Da Instituição Art. 513. São prerrogativas soal, em convênio com
Sindical dos Sindicatos: entidades assistenciais
ou por conta própria,
a) representar, perante as
um assistente social
Seção I – Da Associação em autoridades adminis-
com as atribuições es-
Sindicato trativas e judiciárias,
pecíficas de promover
os interesses gerais da
a cooperação opera-
Art. 511. É lícita a associa- respectiva categoria ou
cional na empresa e a
ção para fins de estudo, defesa profissão liberal ou in-
integração profissional
e coordenação dos seus interes- teresses individuais dos
na Classe.
ses econômicos ou profissionais associados relativos à
de todos os que, como empre- atividade ou profissão
Parágrafo único. Os Sindicatos
gadores, empregados, agentes exercida;
de empregados terão, outros-
ou trabalhadores autônomos b) celebrar contratos cole- sim, o dever de:
ou profissionais liberais exer-
tivos de trabalho;
çam, respectivamente, a mesma a) promover a fundação de
atividade ou profissão ou ativi- c) eleger ou designar os cooperativas de consu-
dades ou profissões similares representantes da res- mo e de crédito;
ou conexas. pectiva categoria ou
b) fundar e manter escolas
profissão liberal;
§ 1o A solidariedade de inte- de alfabetização e pré-
resses econômicos dos que em- d) colaborar com o Esta- vocacionais.

740
reconhecimento de sindicatos § 2o O processo de reconheci-
Seção II – Do nacionais. mento será regulado em instru-
Reconhecimento e Investidura ções baixadas pelo Ministro do
Sindical § 1o O Ministro do Trabalho e
Trabalho e Previdência Social.
Previdência Social outorgará e
Art. 515. As associações delimitará a base territorial do
profissionais deverão satisfa- Art. 519. A investidura sin-
sindicato.
zer os seguintes requisitos para dical será conferida sempre à
serem reconhecidas como sin- § 2o Dentro da base territorial associação prof issional mais
dicatos: que lhe for determinada é facul- representativa, a juízo do Minis-
tado ao sindicato instituir dele- tro do Trabalho, constituindo
a) reunião de um terço, no gacias ou secções para melhor elementos para essa apreciação,
mínimo, de empresas le- proteção dos associados e da entre outros:
galmente constituídas, categoria econômica ou pro-
sob a forma individual a) o número de associa-
f issional ou prof issão liberal dos;
ou de sociedade, se se representada.
tratar de associação de b) os serviços sociais fun-
empregadores; ou de Art. 518. O pedido de reco- dados e mantidos;
um terço dos que inte- nhecimento será dirigido ao Mi-
grem a mesma catego- c) o valor do patrimônio.
nistro do Trabalho e Previdência
ria ou exerçam a mesma
Social, instruído com exemplar Ar t . 520. Reconhecida
prof issão liberal se se
ou cópia autenticada dos esta- como sindicato a associação
tratar de associação de
tutos da associação. profissional, ser-lhe-á expedida
empregados ou de tra-
balhadores ou agentes § 1o Os estatutos deverão con- carta de reconhecimento, assi-
autônomos ou de pro- ter: nada pelo Ministro do Trabalho
fissão liberal; e Previdência Social, na qual
a) a denominação e a sede será especificada a representa-
b) duração de 3 (três) anos da associação; ção econômica ou profissional,
para o mandato da di-
b) a categoria econômi- conferida e mencionada a base
retoria;
ca ou prof issional ou territorial outorgada.
c) exercício do cargo de a profissão liberal cuja
Presidente por brasileiro representação é reque- Parágrafo único. O reconheci-
nato, e dos demais car- rida; mento investe a associação nas
gos de administração e prerrogativas do art. 513 e a
representação por bra- c) a af irmação de que a obriga aos deveres do art. 514,
sileiros. associação agirá como cujo inadimplemento a sujeitará
órgão de colaboração às sanções desta Lei.
Parágrafo único. O Ministro com os poderes públi-
do Trabalho e Previdência So- cos e as demais asso- Art. 521. São condições
cial poderá, excepcionalmen- ciações no sentido da para o funcionamento do Sin-
te, reconhecer como sindicato solidariedade social e dicato:
a associação cujo número de da subordinação dos
associados seja inferior ao terço interesses econômicos a) proibição de qualquer
a que se refere a alínea “a”. ou profissionais ao in- propaganda de doutri-
teresse nacional; nas incompatíveis com
Art. 516. Não será reco- as instituições e os in-
nhecido mais de um Sindicato d) as atribuições, o pro- teresses da Nação, bem
representativo da mesma cate- cesso eleitoral e das como de candidaturas
goria econômica ou profissio- votações, os casos de a cargos eletivos estra-
nal, ou prof issão liberal, em perda de mandato e de nhos ao sindicato;
uma dada base territorial. substituição dos admi-
b) proibição de exercício
nistradores;
de cargo eletivo cumu-
Art. 517. Os Sindicatos po- e) o modo de constituição lativamente com o de
derão ser distritais, municipais, e administração do pa- emprego remunerado
intermunicipais, estaduais e in- trimônio social e o des- pelo sindicato ou por
terestaduais. Excepcionalmente, tino que lhe será dado entidade sindical de
e atendendo às peculiaridades no caso de dissolução; grau superior;
de determinadas categorias
ou prof issões, o Ministro do f) as condições em que se c) gratuidade do exercício
Trabalho poderá autorizar o dissolverá a associação. dos cargos eletivos;

741
d) proibição de quaisquer Art. 523. Os delegados sin- seções e nos principais locais
atividades não com- dicais destinados à direção das de trabalho, onde funcionarão
preendidas nas f inali- delegacias ou seções instituídas as mesas coletoras designadas
dades mencionadas no na forma estabelecida no § 2o pelos Delegados Regionais do
art. 511, inclusive as de do art. 517 serão designados Trabalho.
caráter político-parti- pela diretoria dentre os asso-
§ 2o Concomitantemente ao
dário; ciados radicados no território
término do prazo estipulado
da correspondente delegacia.
e) proibição de cessão para a votação, instalar-se-á,
gratuita ou remunera- em assembleia eleitoral pública
Art. 524. Serão sempre to-
da da respectiva sede a e permanente, na sede do sin-
madas por escrutínio secreto
entidade de índole polí- dicato, a mesa apuradora para
na forma estatutária as deli-
tico-partidária. a qual serão enviadas, imedia-
berações da assembleia geral
tamente, pelos residentes das
concernentes aos seguintes
mesas coletoras, as urnas re-
Parágrafo único. Quando, para assuntos:
ceptoras e as atas respectivas.
o exercício de mandato, tiver o
a) eleição de associado Será facultada a designação
associado de sindicato de em-
para representação da de mesa apuradora supletiva
pregados, de trabalhadores respectiva categoria sempre que as peculiaridades
autônomos ou de profissionais prevista em lei; ou conveniências do pleito a
liberais de se afastar do seu tra- exigirem.
balho, poderá ser-lhe arbitrada b) tomada e aprovação de
pela assembleia geral uma grati- contas da diretoria; § 3o A mesa apuradora será
ficação nunca excedente da im- presidida por membro do Mi-
c) aplicação do patrimô-
portância de sua remuneração nistério Público do Trabalho, ou
nio;
na profissão respectiva. pessoa de notória idoneidade,
d) julgamento dos atos designado pelo procurador-ge-
da diretoria, relativos a ral da Justiça do Trabalho ou
Seção III – Da penalidades impostas a procuradores regionais.
associados;
Administração do Sindicato § 4o O pleito só será válido na
e) pronunciamento sobre hipótese de participarem da vo-
Art. 522. A administração relações ou dissídios de tação mais de 2/3 (dois terços)
do sindicato será exercida por trabalho. Neste caso, dos associados com capacida-
uma diretoria constituída no as deliberações da as- de para votar. Não obtido esse
máximo de sete e no mínimo sembleia geral só serão coeficiente, será realizada nova
de três membros e de um Con- consideradas válidas eleição dentro de 15 (quinze)
selho Fiscal composto de três quando ela tiver sido es- dias, a qual terá validade se nela
membros, eleitos esses órgãos pecialmente convocada tomarem parte mais de 50%
pela Assembleia Geral. para esse fim, de acordo (cinquenta por cento) dos re-
com as disposições dos feridos associados. Na hipótese
§ 1o A diretoria elegerá, dentre estatutos da entidade de não ter sido alcançado, na
os seus membros, o Presidente sindical. O quórum para segunda votação, o coeficiente
do sindicato. validade da assembleia exigido, será realizado o tercei-
§ 2o A competência do Con- será de metade mais um ro e último pleito, cuja validade
dos associados quites; dependerá do voto de mais de
selho Fiscal é limitada à fisca-
não obtido esse quó- 40% (quarenta por cento) dos
lização da gestão financeira do
rum em primeira con- aludidos associados, procla-
sindicato.
vocação, reunir-se-á à mando o Presidente da Mesa
§ 3o Constituirão atribuição assembleia em segunda apuradora em qualquer dessas
exclusiva da Diretoria do Sin- convocação com os pre- hipóteses os eleitos, os quais
dicato e dos Delegados Sindi- sentes, considerando-se serão empossados automatica-
cais, a que se refere o art. 523, a aprovadas as delibera- mente na data do término do
representação e a defesa dos in- ções que obtiveram 2/3 mandato expirante, não tendo
teresses da entidade perante os (dois terços) dos votos. efeito suspensivo os protestos
poderes públicos e as empresas, ou recursos oferecidos na con-
§ 1o A eleição para cargos de
salvo mandatário com poderes formidade da lei.
diretoria e Conselho Fiscal será
outorgados por procuração da realizada por escrutínio secreto, § 5o Não sendo atingido o co-
diretoria, ou associado investi- durante 6 (seis) horas contínuas eficiente legal para a eleição,
do em representação prevista pelo menos, na sede do sindi- o Ministério do Trabalho e
em lei. cato, na de suas delegacias e Previdência Social declarará a

742
vacância da administração, a sede, o nome, idade, cício da atividade ou da
partir do término do mandato estado civil, nacionali- profissão;
dos membros em exercício, e dade e residência dos
b) ser maior de 18 (dezoi-
designará administrador para respectivos sócios, ou,
to) anos;
o Sindicato, realizando-se novas em se tratando de so-
eleições dentro de seis meses. ciedade por ações, dos c) estar no gozo dos direi-
diretores, bem como a tos sindicais.
Art. 525. É vedada a pesso- indicação desses dados
as físicas ou jurídicas, estranhas quanto ao sócio ou di- Parágrafo único. É obrigatório
ao sindicato, qualquer interfe- retor que representar a aos associados o voto nas elei-
rência na sua administração ou empresa no sindicato; ções sindicais.
nos seus serviços.
b) tratando-se de sindica-
to de empregados ou Art. 530. Não podem ser
Parágrafo único. Estão excluí- eleitos para cargos adminis-
de agentes ou de traba-
dos dessa proibição: trativos ou de representação
lhadores autônomos ou
a) os delegados do Mi- de profissionais liberais, econômica ou prof issional,
nistério do Trabalho e além do nome, idade, nem permanecer no exercício
Previdência Social, es- estado civil, nacionali- desses cargos:
pecialmente designados dade, profissão ou fun- I – os que não tiverem defini-
pelo Ministro ou por ção e residência de cada tivamente aprovadas as suas
quem o represente; associado, o estabele- contas de exercício em cargos
cimento ou lugar onde de administração;
b) os que como emprega-
exerce a sua profissão
dos exerçam cargos no II – os que houverem lesado o
ou função, o número
Sindicato mediante au- patrimônio de qualquer entida-
e a série da respectiva
torização da assembleia de sindical;
Carteira de Trabalho
geral.
e Previdência Social e III – os que não estiverem, desde
o número da inscrição dois (2) anos antes, pelo menos,
Art. 526. Os empregados
na instituição de previ- no exercício efetivo da atividade
do sindicato serão nomeados
dência a que pertencer. ou da profissão dentro da base
pela diretoria respectiva ad refe-
rendum da assembleia geral, não territorial do sindicato, ou no
Art. 528. Ocorrendo dissí- desempenho de representação
podendo recair tal nomeação
dio ou circunstâncias que per- econômica ou profissional;
nos que estiverem nas condi-
turbem o funcionamento de
ções previstas nos itens II, IV, V, IV – os que tiverem sido con-
entidade sindical ou motivos
VI, VII e VIII do artigo 530 e, na denados por crime doloso en-
relevantes de segurança nacio-
hipótese de o nomeado haver quanto persistirem os efeitos
nal, o Ministro do Trabalho e
sido dirigente sindical, também da pena;
Previdência Social poderá nela
nas do item I do mesmo artigo.
intervir, por intermédio de Dele- V – os que não estiverem no
§ 1o (Revogado) gado ou de Junta Interventora, gozo de seus direitos políticos;
com atribuições para adminis-
§ 2 o Aplicam-se ao em- trá-la e executar ou propor as VI – (Revogado);
pregado de entidade sindical medidas necessárias para nor- VII – má conduta, devidamente
os preceitos das leis de pro- malizar-lhe o funcionamento. comprovada;
teção do trabalho e de pre-
vidência social, inclusive o VIII – (Revogado).
direito de associação em sin- Seção IV – Das Eleições
dicato. Art. 527. Na sede de Sindicais Parágrafo único. (Revogado)
cada sindicato haverá um livro
de registro, autenticado pelo Art. 529. São condições Art. 531. Nas eleições para
funcionário competente do para o exercício do direito do cargos de diretoria e do conse-
Ministério do Trabalho e Previ- voto como para a investidura lho fiscal serão considerados
dência Social e do qual deverão em cargo de administração ou eleitos os candidatos que ob-
constar: representação econômica ou tiverem maioria absoluta de
profissional: votos em relação ao total dos
a) tratando-se de sindica-
associados eleitores.
to de empregadores, a a) ter o associado mais de
firma, individual ou co- seis meses de inscrição § 1o Não concorrendo à pri-
letiva, ou a denomina- no quadro social e mais meira convocação maioria ab-
ção das empresas e sua de 2 (dois) anos de exer- soluta de eleitores, ou não ob-

743
tendo nenhum dos candidatos § 3o Havendo protesto na ata § 2o As federações serão cons-
essa maioria, proceder-se-á a da assembleia eleitoral ou re- tituídas por Estados, poden-
nova convocação para dia pos- curso interposto dentro de 15 do o Ministro do Trabalho e
terior, sendo então considera- dias da realização das eleições, Previdência Social autorizar a
dos eleitos os candidatos que competirá à diretoria em exer- constituição de federações in-
obtiverem maioria dos eleitores cício encaminhar, devidamente terestaduais ou nacionais.
presentes. instruído, o processo eleitoral
§ 3o É permitido a qualquer
§ 2o Havendo somente uma ao órgão local do Ministério
federação, para o fim de lhes
chapa registrada para as elei- do Trabalho e Previdência So-
coordenar os interesses, agru-
ções, poderá a assembleia em cial, que o encaminhará para
par os sindicatos de determi-
última convocação ser realiza- decisão do Ministro de Estado.
nado município ou região a ela
da duas horas após a primeira Nesta hipótese, permanecerão
filiados; mas a união não terá
convocação desde que do edital na administração até despacho
direito de representação das
respectivo conste essa adver- final do processo a diretoria e
atividades ou profissões agru-
tência. o conselho fiscal que se encon-
padas.
trarem em exercício.
§ 3o Concorrendo mais de uma
chapa, poderá o Ministério do § 4 o Não se verificando as hi- Art. 535. As Confederações
Trabalho e Previdência Social póteses previstas no parágrafo organizar-se-ão com o mínimo
designar o Presidente da sessão anterior, a posse da nova dire- de 3 (três) federações e terão
eleitoral, desde que o requeiram toria deverá se verificar dentro sede na Capital da República.
os associados que encabeçarem de 30 (trinta) dias subsequen- § 1o As confederações forma-
as respectivas chapas. tes ao término do mandato da das por federações de sindi-
anterior. catos de empregadores deno-
§ 4o O Ministro do Trabalho e
Previdência Social expedirá ins- § 5 o Ao assumir o cargo, o minar-se-ão: Confederação
truções regulando o processo eleito prestará, por escrito e Nacional da Indústria, Confe-
das eleições. solenemente, o compromisso deração Nacional do Comér-
de respeitar, no exercício do cio, Confederação Nacional de
Art. 532. As eleições para mandato, a Constituição, as Transportes Marítimos, Fluviais
a renovação da diretoria e do leis vigentes e os estatutos da e Aéreos, Confederação Nacio-
conselho f iscal deverão ser entidade. nal de Transportes Terrestres,
procedidas dentro do prazo Confederação Nacional de
máximo de 60 (sessenta) dias Comunicações e Publicidade,
e mínimo de 30 (trinta) dias, Seção V – Das Associações Confederação Nacional das
antes do término do mandato Sindicais de Grau Superior Empresas de Crédito e Confe-
dos dirigentes em exercício. deração Nacional de Educação
§ 1o Não havendo protesto na Art. 533. Constituem as- e Cultura.
ata da assembleia eleitoral ou sociações sindicais de grau
§ 2 o As confederações for-
recurso interposto por algum superior as federações e con-
madas por federações de sin-
dos candidatos, dentro de 15 federações organizadas nos
dicatos de empregados terão
(quinze) dias a contar da data termos desta Lei.
denominação de: Confederação
das eleições, a posse da direto- Nacional dos Trabalhadores na
ria eleita independerá da apro- Art. 534. É facultado aos
Indústria, Confederação Nacio-
vação das eleições pelo Minis- sindicatos, quando em núme-
nal dos Trabalhadores no Co-
tério do Trabalho e Previdência ro não inferior a 5 (cinco), des-
mércio, Confederação Nacional
Social. de que representem a maioria
dos Trabalhadores em Trans-
absoluta de um grupo de ativi-
§ 2o Competirá à diretoria em portes Marítimos, Fluviais e Aé-
dades ou profissões idênticas,
exercício, dentro de 30 (trinta) reos, Confederação Nacional
similares ou conexas, organiza-
dias da realização das eleições dos Trabalhadores em Trans-
rem-se em federação.
e não tendo havido recurso, dar portes Terrestres, Confederação
publicidade ao resultado do § 1o Se já existir federação no Nacional- dos Trabalhadores
pleito, fazendo comunicação grupo de atividades ou profis- em Comunicações e Publici-
ao órgão local do Ministério do sões em que deva ser constitu- dade, Confederação Nacional
Trabalho e Previdência Social, ída nova entidade, a criação dos Trabalhadores nas Empre-
da relação dos eleitos, com os desta não poderá reduzir a sas de Crédito e Confederação
dados pessoais de cada um e a menos de 5 (cinco) o número Nacional dos Trabalhadores em
designação da função que vai de sindicatos que àquela devam Estabelecimentos de Educação
exercer. continuar filiados. e Cultura.

744
§ 3o Denominar-se-á Confede- § 2o Só poderão ser eleitos ção, não podendo, entretanto,
ração Nacional das Profissões os integrantes dos grupos das exercer cargo da administração
Liberais a reunião das respecti- federações ou dos planos das sindical ou de representação
vas federações. confederações, respectivamen- econômica ou profissional.
te.
§ 4o As associações sindicais de
Art. 541. Os que exercerem
grau superior da Agricultura e § 3o O Presidente da federação
determinada atividade ou pro-
Pecuária serão organizadas na ou confederação será escolhido
dentre os seus membros pela fissão onde não haja Sindicato
conformidade do que dispuser da respectiva categoria, ou de
a lei que regular a sindicalização Diretoria.
atividade ou profissão similar
dessas atividades ou profissões. § 4o O Conselho de Represen- ou conexa, poderão filiar-se a
tantes será formado pelas de- Sindicato de profissão idêntica,
Art. 536. (Revogado) legações dos sindicatos ou das similar ou conexa, existente na
federações filiadas, constituí- localidade mais próxima.
Art. 537. O pedido de reco- da cada delegação de 2 (dois)
nhecimento de uma federação membros com mandato por 3 Parágrafo único. O disposto
será dirigido ao ministro do (três) anos, cabendo 1 (um) neste artigo se aplica aos sindi-
Trabalho, Indústria e Comércio, voto a cada delegação. catos em relação às respectivas
acompanhado de um exemplar federações, na conformidade do
dos respectivos estatutos e das § 5o A competência do Conse-
lho Fiscal é limitada à fiscaliza- Quadro de Atividades e Profis-
cópias autenticadas das atas da sões a que se refere o art. 577.
assembleia de cada sindicato ção da gestão financeira.
ou federação que autorizar a Art. 542. De todo o ato le-
filiação. Art. 539. Para a constitui-
ção e administração das Federa- sivo de direitos ou contrário a
§ 1o A organização das federa- ções serão observadas, no que esta lei, emanado da Diretoria,
ções e confederações obedecerá for aplicável, as disposições do Conselho ou da Assembleia
às exigências contidas nas alíne- das Seções II e III do presente Geral da entidade sindical,
as “b” e “c” do art. 515. Capítulo. poderá qualquer exercente de
atividade ou profissão recorrer,
§ 2o A carta de reconhecimen- dentro de 30 dias, para a auto-
to das federações será expedi- ridade competente do Ministé-
da pelo Ministro do Trabalho
Seção VI – Dos Direitos
dos Exercentes de Atividades rio do Trabalho e Previdência
e Previdência Social, na qual Social.
será especificada a coordena- ou Profissões e dos
ção econômica ou profissional Sindicalizados Art. 543. O empregado elei-
conferida e mencionada a base to para cargo de administração
territorial outorgada. Art. 540. A toda empre- sindical ou representação pro-
sa ou indivíduo que exerçam fissional, inclusive junto a órgão
§ 3 o O reconhecimento das respectivamente atividade ou
confederações será feito por de deliberação coletiva, não po-
profissão, desde que satisfaçam derá ser impedido do exercício
decreto do Presidente da Re- as exigências desta lei, assiste o
pública. de suas funções, nem transferi-
direito de ser admitido no sin- do para lugar ou mister que lhe
dicato da respectiva categoria. dificulte ou torne impossível o
Art. 538. A administração
das federações e confederação § 1o Perderá os direitos de as- desempenho das suas atribui-
será exercida pelos seguintes sociado o sindicalizado que, ções sindicais.
órgãos: por qualquer motivo, deixar § 1o O empregado perderá o
o exercício de atividade ou de mandato se a transferência for
a) Diretoria; profissão. por ele solicitada, ou volunta-
b) Conselho de Represen- § 2o Os associados de sindica- riamente aceita.
tantes; tos de empregados, de agentes § 2o Considera-se de licença
c) Conselho Fiscal. ou trabalhadores autônomos e não remunerada, salvo assen-
de profissões liberais que forem timento da empresa ou cláusula
§ 1o A diretoria será constituída aposentados, estiverem em de-
no mínimo de 3 (três) membros contratual, o tempo em que o
semprego ou falta de trabalho
empregado se ausentar do tra-
e de 3 (três) membros se com- ou tiverem sido convocados
balho no desempenho das fun-
porá o Conselho Fiscal, os quais para prestação de serviço mi-
ções a que se refere este artigo.
serão eleitos pelo Conselho de litar, não perderão os respecti-
Representantes com mandato vos direitos sindicais e ficarão § 3o Fica vedada a dispensa do
por 3 (três) anos. isentos de qualquer contribui- empregado sindicalizado ou as-

745
sociado, a partir do momento III – nas concorrências para preferência, em igualdade de
do registro de sua candidatura aquisição de casa própria, pelo condições, nas concorrências
a cargo de direção ou repre- Plano Nacional de Habitação para exploração de serviços
sentação de entidade sindical ou por intermédio de quaisquer públicos, bem como nas con-
ou de associação profissional, instituições públicas; corrências para fornecimento às
até 1 (um) ano após o final do repartições federais, estaduais
IV – nos loteamentos urbanos
seu mandato, caso seja eleito, ou rurais, promovidos pela e municipais e às entidades pa-
inclusive como suplente, salvo União, por seus órgãos de admi- raestatais.
se cometer falta grave devida- nistração direta ou indireta ou
mente apurada nos termos des- sociedades de economia mista; Art. 547. É exigida a qua-
ta Consolidação. lidade de sindicalizado para o
V – na locação ou compra de exercício de qualquer função
§ 4o Considera-se cargo de di- imóveis, de propriedade de
reção ou de representação sin- representativa de categoria
pessoa de direito público ou econômica ou profissional, em
dical aquele cujo exercício ou sociedade de economia mista,
indicação decorre de eleição órgão oficial de deliberação co-
quando sob ação de despejo em letiva, bem como para o gozo
prevista em lei. tramitação judicial; de favores ou isenções tributá-
§ 5o Para os fins deste artigo, VI – na concessão de emprésti- rias, salvo em se tratando de
a entidade sindical comunicará mos simples concedidos pelas atividades não econômicas.
por escrito à empresa, dentro agências financeiras do Gover-
de 24 (vinte e quatro) horas, no ou a ele vinculadas; Parágrafo único. Antes da pos-
o dia e a hora do registro da se ou exercício das funções a
candidatura do seu empregado VII – na aquisição de automó- que alude o artigo anterior ou
e, em igual prazo, sua eleição e veis, outros veículos e instru- de concessão dos favores será
posse, fornecendo, outrossim, mentos relativos ao exercício da indispensável comprovar a sin-
a este, comprovante no mesmo profissão, quando financiados dicalização, ou oferecer prova,
sentido. O Ministério do Traba- pelas autarquias, sociedades de
mediante certidão negativa da
lho e Previdência Social fará no economia mista ou agências fi-
autoridade regional do Minis-
mesmo prazo a comunicação nanceiras do Governo;
tério do Trabalho, de que não
no caso da designação referida VIII – (Revogado); existe sindicato no local onde o
no final do § 4o. interessado exerce a respectiva
IX – na concessão de bolsas de
§ 6o A empresa que, por qual- estudos para si ou para seus atividade ou profissão.
quer modo, procurar impedir filhos, obedecida a legislação
que o empregado se associe a que regule a matéria.
sindicato, organize associação Seção VII – Da Gestão
profissional ou sindical ou exer- Art. 545. Os empregadores Financeira do Sindicato e sua
ça os direitos inerentes à condi- ficam obrigados a descontar da Fiscalização
ção de sindicalizado fica sujeita folha de pagamento dos seus
à penalidade prevista na letra empregados, desde que por Art. 548. Constituem o
“a” do artigo 553, sem prejuízo eles devidamente autorizados, patrimônio das associações
da reparação a que tiver direito as contribuições devidas ao sindicais:
o empregado. sindicato, quando por este no- a) as contribuições devi-
tificados. das aos sindicatos pe-
Art. 544. É livre a associa- los que participem das
ção prof issional ou sindical, Parágrafo único. O recolhimen- categorias econômicas
mas ao empregado sindicaliza- to à entidade sindical benefi- ou profissionais ou das
do é assegurada, em igualdade ciária do imposto descontado profissões liberais repre-
de condições, preferência: deverá ser feito até o décimo sentadas pelas referidas
I – para a admissão nos traba- dia subsequente ao do descon- entidades, sob a deno-
lhos de empresa que explore to, sob pena de juros de mora minação de contribui-
serviços públicos ou mantenha no valor de 10% (dez por cen- ção sindical, pagas e ar-
contrato com os poderes pú- to) sobre o montante retido, recadadas na forma do
sem prejuízo da multa prevista Capítulo III deste Título;
blicos;
no art. 553 e das cominações
II – para ingresso em funções penais relativas à apropriação b) as contribuições dos
públicas ou assemelhadas, em indébita. associados, na forma
caso de cessação coletiva de estabelecida nos Esta-
trabalho, por motivo de fecha- Ar t . 546. À s empresas tutos ou pelas assem-
mento de estabelecimento; sindicalizadas é assegurada bleias gerais;

746
c) os bens e valores adqui- § 6 o A venda do imóvel será § 2o As dotações orçamentá-
ridos e as rendas produ- efetuada pela diretoria da en- rias que se apresentarem insufi-
zidas pelos mesmos; tidade, após a decisão da As- cientes para o atendimento das
sembleia Geral ou do Conselho despesas ou não incluídas nos
d) as doações e legados; orçamentos correntes, pode-
de Representantes, mediante
e) as multas e outras ren- concorrência pública, com edi- rão ser ajustadas ao fluxo dos
das eventuais. tal publicado no Diário Oficial gastos, mediante a abertura de
da União e na imprensa diária, créditos adicionais solicitados
Art. 549. A receita dos sin- com antecedência mínima de pela Diretoria da entidade às
dicatos, federações e confedera- 30 (trinta) dias da data de sua respectivas Assembleias Gerais
ções só poderá ter aplicação na realização. ou Conselhos de Representan-
forma prevista nos respectivos tes, cujos atos concessórios se-
§ 7o Os recursos destinados ao rão publicados até o último dia
orçamentos anuais, obedecidas pagamento total ou parcelado
as disposições estabelecidas na do exercício correspondente,
dos bens imóveis adquiridos se- obedecida a mesma sistemática
lei e nos seus estatutos. rão consignados, obrigatoria- prevista no parágrafo anterior.
§ 1o Para alienação, locação ou mente, nos orçamentos anuais
aquisição de bens imóveis, fi- das entidades sindicais. § 3o Os créditos adicionais clas-
cam as entidades sindicais obri- sificam-se em:
gadas a realizar avaliação prévia Art. 550. Os orçamentos a) suplementares, os des-
pela Caixa Econômica Federal das entidades sindicais serão tinados a reforçar cota-
ou pelo Banco Nacional da Ha- aprovados, em escrutínio se- ções alocadas no orça-
bitação ou, ainda, por qualquer creto, pelas respectivas Assem- mento; e
outra organização legalmente bleias Gerais ou Conselho de
Representantes, até 30 (trinta) b) especiais, os destinados
habilitada a tal fim. a incluir dotações no or-
dias antes do início do exercí-
§ 2o Os bens imóveis das enti- cio financeiro a que se referem, çamento, a fim de fazer
dades sindicais não serão alie- face às despesas para
e conterão a discriminação da
nados sem a prévia autorização as quais não se tenha
receita e da despesa, na for-
das respectivas assembleias consignado crédito es-
ma das instruções e modelos
gerais, reunidas com a presen- pecífico.
expedidos pelo Ministério do
ça da maioria absoluta dos Trabalho. § 4 o A abertura dos créditos
associados com direito a voto adicionais depende da existên-
ou dos Conselhos de Represen- § 1o Os orçamentos, após a
cia de receita para sua compen-
tantes com a maioria absoluta aprovação prevista no presen- sação, considerando-se, para
dos seus membros. te artigo, serão publicados, em esse efeito, desde que não com-
resumo, no prazo de 30 (trinta) prometidos:
§ 3o Caso não seja obtido o dias, contados da data da reali-
quórum estabelecido no pa- zação da respectiva Assembleia a) o superávit financeiro
rágrafo anterior, a matéria Geral ou da reunião do Conse- apurado em balanço do
poderá ser decidida em nova lho de Representantes, que os exercício anterior;
assembleia geral, reunida com aprovou, observada a seguinte b) o excesso de arrecada-
qualquer número de associa- sistemática: ção, assim entendido
dos com direito a voto, após o o saldo positivo da di-
transcurso de 10 (dez) dias da a) no Diário Of icial da
União – Seção I – Parte ferença entre a renda
primeira convocação. prevista e a realizada,
II, os orçamentos das
§ 4 o Nas hipóteses previstas confederações, fede- tendo-se em conta,
nos §§ 2o e 3o a decisão somen- rações e sindicatos de ainda, a tendência do
te terá validade se adotada pelo base interestadual ou exercício; e
mínimo de 2/3 (dois terços) dos nacional; c) a resultante da anulação
presentes, em escrutínio secre- parcial ou total de do-
to. b) no órgão de imprensa
of icial do Estado ou tações alocadas no or-
§ 5o Da deliberação da assem- Território ou jornal de çamento ou de créditos
bleia geral, concernente à alie- grande circulação lo- adicionais abertos no
nação de bens imóveis, caberá cal, os orçamentos das exercício.
recurso voluntário, dentro do federações estaduais e § 5o Para efeito orçamentário
prazo de 15 (quinze) dias, ao sindicatos distritais mu- e contábil sindical, o exercício
Ministro do Trabalho, com efei- nicipais, intermunicipais financeiro coincidirá com o ano
to suspensivo. e estaduais. civil, a ele pertencendo todas as

747
receitas arrecadadas e as despe- de escrituração exigidos com
sas compromissadas.
Seção VIII – Das
relação aos livros mercantis,
Penalidades
inclusive no que respeita a ter-
Art. 551. Todas as opera- mos de abertura e de encerra- Art. 553. As infrações ao
ções de ordem financeira e pa- mento e numeração sequencial disposto neste Capítulo serão
trimonial serão evidenciadas
e tipográfica. punidas, segundo o seu cará-
pelos registros contábeis das
ter e a sua gravidade, com as
entidades sindicais, executa- § 5o Na escrituração por pro-
dos sob a responsabilidade de seguintes penalidades:
cessos de fichas ou formulários
contabilista legalmente habi- contínuos, a entidade adotará a) multa de Cr$ 100 (cem
litado, em conformidade com livro próprio para inscrição do cruzeiros) e Cr$ 5.000
o plano de contas e as instru- (cinco mil cruzeiros),
balanço patrimonial e da de-
ções baixadas pelo Ministério dobrada na reincidên-
do Trabalho. monstração do resultado do
cia;
exercício, o qual conterá os
§ 1o A escrituração contábil a mesmos requisitos exigidos para b) suspensão de diretores
que se refere este artigo será os livros de escrituração. por prazo não superior
baseada em documentos de a 30 (trinta) dias;
receita e despesa, que ficarão § 6o Os livros e fichas ou for-
arquivados nos ser viços de mulários contínuos serão obri- c) destituição de diretores
contabilidade, à disposição ou de membros de con-
gatoriamente submetidos a
dos órgãos responsáveis pelo selho;
registro e autenticação das De-
acompanhamento administra- legacias Regionais do Trabalho d) fechamento de sindica-
tivo e da fiscalização financeira to, federação ou con-
localizadas na base territorial
da própria entidade, ou do con- federação por prazo
trole que poderá ser exercido da entidade.
nunca superior a 6 (seis)
pelos órgãos da União, em face § 7o As entidades sindicais meses;
da legislação específica. manterão registro específ ico
e) cassação da carta de
§ 2o Os documentos compro- dos bens de qualquer natu- reconhecimento;
batórios dos atos de receita e reza, de sua propriedade, em
despesa, a que se refere o pa- livros ou fichas próprias, que f) multa de 1/30 (um trin-
rágrafo anterior, poderão ser atenderão às mesmas formali- ta avos) do salário mí-
incinerados, após decorridos nimo regional, aplicável
dades exigidas para o livro Di-
5 (cinco) anos da data de qui- ao associado que deixar
ário, inclusive no que se refere de cumprir, sem causa
tação das contas pelo órgão ao registro e autenticação da
competente. justificada, o disposto
Delegacia Regional do Traba- no parágrafo único do
§ 3 o É obrigatório o uso do lho local. artigo 529.
livro Diário, encadernado,
como folhas seguida e tipogra- § 8o As contas dos administra- § 1o A imposição de penalida-
ficamente numeradas, para a dores das entidades sindicais des aos administradores não
escrituração, pelo método das serão aprovadas, em escrutínio exclui a aplicação das que este
partidas dobradas, diretamente secreto, pelas respectivas As- artigo prevê para a associação.
ou por reprodução, dos atos ou sembleias Gerais ou Conselhos § 2 o Poderá o Ministro do
operações que modifiquem ou de Representantes, com prévio Trabalho e Previdência Social
venham a modificar a situação parecer do Conselho Fiscal, ca- determinar o afastamento pre-
patrimonial da entidade, o qual bendo ao Ministro do Trabalho ventivo de cargo ou represen-
conterá, respectivamente, na tação sindicais seus exercentes,
estabelecer prazos e procedi-
primeira e na última páginas, com fundamento em elementos
os termos de abertura e de en- mentos para a sua elaboração
e destinação. constantes de denúncia forma-
cerramento. lizada que constituam indício
§ 4o A entidade sindical que se Art. 552. Os atos que im- veemente ou início de prova
utilizar de sistema mecânico ou bastante do fato e da autoria
portem em malversação ou di-
eletrônico para sua escritura- denunciados.
lapidação do patrimônio das
ção contábil poderá substituir
o Diário e os livros facultativos associações ou entidades sindi- Art. 554. Destituída a ad-
ou auxiliares por fichas ou for- cais ficam equiparados ao crime ministração na hipótese da
mulários contínuos, cujos lan- de peculato julgado e punido alínea “c” do artigo anterior, o
çamentos deverão satisfazer a na conformidade da legislação Ministro do Trabalho e Previ-
todos os requisitos e normas penal. dência Social nomeará um de-

748
legado para dirigir a associação b) as demais, pelo Ministro houver concedido o respectivo
e proceder, dentro do prazo de de Estado. registro.
90 dias, em assembleia geral
§ 1o Quando se tratar de asso-
por ele convocada e presidida, Art. 559. O Presidente da
ciações de grau superior, as pe-
à eleição dos novos diretores e República, excepcionalmente e
nalidades serão impostas pelo
membros do Conselho Fiscal. mediante proposta do Minis-
Ministro de Estado, salvo se a
tro do Trabalho, fundada em
Art. 555. A pena de cassa- pena for de cassação da carta
razões de utilidade pública, po-
ção da carta de reconhecimento de reconhecimento de confe-
derá conceder, por decreto, às
será imposta à entidade sindi- deração, caso em que a pena
será imposta pelo Presidente da associações civis constituídas
cal: para a defesa e coordenação
República.
a) que deixar de satisfazer de interesses econômicos e
as condições de consti- § 2o Nenhuma pena será im- profissionais e não obrigadas ao
tuição e funcionamento posta sem que seja assegurada registro previsto no artigo an-
estabelecidas nesta Lei; defesa ao acusado. terior, a prerrogativa da alínea
“d” do art. 513 deste capítulo.
b) que se recusar ao cum-
primento de ato do Seção IX – Disposições Art. 560. Não se reputará
Presidente da Repúbli- Gerais transmissão de bens, para efei-
ca, no uso da faculdade tos fiscais, a incorporação do
conferida pelo art. 536; Art. 558. São obrigadas ao patrimônio de uma associação
c) que criar obstáculos à registro todas as associações profissional ao da entidade sin-
execução da política profissionais constituídas por dical, ou das entidades aludidas
econômica adotada atividades ou profissões idên- entre si.
pelo Governo. ticas, similares ou conexas, de
acordo com o art. 511 e na con- Art. 561. A denominação
Art. 556. A cassação da formidade do Quadro de Ativi- “sindicato” é privativa das as-
carta de reconhecimento da dades e Profissões a que alude sociações profissionais de pri-
entidade sindical não importará o Capítulo II deste Título. As meiro grau, reconhecidas na
no cancelamento de seu regis- associações profissionais regis- forma desta Lei.
tro, nem, consequentemente, a tradas nos termos deste artigo
sua dissolução, que se processa- poderão representar, perante Art. 562. As expressões
rá de acordo com as disposições as autoridades administrativas “federação” e “confederação”,
da lei que regulam a dissolução e judiciárias, os interesses indi- seguidas da designação de uma
das associações civis. viduais dos associados relativos atividade econômica ou profis-
à sua atividade ou profissão, sional, constituem denomina-
Parágrafo único. No caso de sendo-lhes também extensivas ções privativas das entidades
dissolução, por se achar a as- as prerrogativas contidas na alí- sindicais de grau superior.
sociação incursa nas leis que nea “d” e no parágrafo único
definem crimes contra a perso- do art. 513. Art. 563. (Revogado)
nalidade internacional, a estru- § 1o O registro a que se refere
tura e a segurança do Estado o presente artigo competirá às Ar t. 564. À s entidades
e a ordem política e social, os Delegacias Regionais do Minis- sindicais, sendo-lhes peculiar
seus bens, pagas as dívidas de- tério do Trabalho e Previdência e essencial a atribuição repre-
correntes das suas responsa- Social ou às repartições autori- sentativa e coordenadora das
bilidades, serão incorporados zadas em virtude da lei. correspondentes categorias ou
ao patrimônio da União e apli- profissões, é vedado, direta ou
cados em obras de assistência § 2o O registro das associações indiretamente, o exercício de
social. far-se-á mediante requerimento, atividade econômica.
acompanhado da cópia autên-
Art. 557. As penalidades tica dos estatutos e da declara- Art. 565. As entidades sin-
de que trata o art. 553 serão ção do número de associados, dicais reconhecidas nos termos
impostas: do patrimônio e dos serviços desta Lei não poderão filiar-se
sociais organizados.
a) as das alíneas “a” e “b”, a organizações internacionais,
pelo Delegado Regional § 3o As alterações dos estatu- nem com elas manter relações,
do Trabalho, com recur- tos das associações profissio- sem prévia licença concedida
so para o Ministro de nais não entrarão em vigor sem por decreto do Presidente da
Estado; aprovação da autoridade que República.

749
Art. 566. Não podem sin- sindicato, a juízo da Comissão rico, com a aprovação do Mi-
dicalizar-se os servidores do do Enquadramento Sindical, nistro do Trabalho e Previdência
Estado e os das instituições ofereça possibilidade de vida Social, a dimensão e os demais
paraestatais. associativa regular e de ação característicos das empresas
sindical eficiente. industriais de tipo artesanal.
Parágrafo único. Excluem-se
da proibição constante deste Art. 572. Os sindicatos Art. 575. O quadro de ativi-
artigo os empregados das so- que se constituírem por cate- dades e profissões será revisto
ciedades de economia mista, da gorias similares ou conexas, de dois em dois anos, por pro-
Caixa Econômica Federal e das nos termos do parágrafo único posta da Comissão do Enqua-
fundações criadas ou mantidas do art. 570, adotarão denomi- dramento Sindical, para o fim
pelo Poder Público da União, nação em que f iquem, tanto de ajustá-lo às condições da
dos Estados e Municípios. quanto possível, explicitamen- estrutura econômica e profis-
te mencionadas as atividades sional do país.
Arts. 567 a 569. (Revoga- ou profissões concentradas, de
dos) conformidade com o quadro § 1o Antes de proceder à re-
de atividades e profissões, ou visão do quadro, a Comissão
Capítulo II – Do se se tratar de subdivisões, de deverá solicitar sugestões às
Enquadramento Sindical acordo com o que determinar entidades sindicais e às asso-
a Comissão do Enquadramento ciações profissionais.
Art. 570. Os sindicatos Sindical. § 2o A proposta de revisão será
constituir-se-ão, normalmen- submetida à aprovação do Mi-
te, por categorias econômicas Parágrafo único. Ocorrendo nistro do Trabalho e Previdência
ou profissionais específicas, na a hipótese do artigo anterior, Social.
conformidade da discriminação o sindicato principal terá a
do quadro de atividades e pro- denominação alterada, elimi- Art. 576. A Comissão do
fissões a que se refere o art. 577, nando-se-lhe a designação re-
Enquadramento Sindical será
ou segundo as subdivisões que, lativa à atividade ou profissão
constituída pelo Diretor-Geral
sob proposta da Comissão do dissociada.
da Delegacia Regional do Tra-
Enquadramento Sindical, de
balho, que a presidirá, e pelos
que trata o art. 576, forem cria- Art. 573. O agrupamento
seguintes membros:
das pelo Ministro do Trabalho dos sindicatos em federações
e Previdência Social. obedecerá às mesmas regras I – 2 (dois) representantes da
que as estabelecidas neste Delegacia Regional do Traba-
Parágrafo único. Quando os capítulo para o agrupamento lho;
exercentes de quaisquer ativida- das atividades e profissões em
des ou profissões se constituí- sindicatos. II – 1 (um) representante do De-
rem, seja pelo número reduzido, partamento Nacional de Mão
seja pela natureza mesma des- Parágrafo único. As federações de obra;
sas atividades ou profissões, de sindicatos de profissões li- III – 1 (um) representante do
seja pelas afinidades existentes berais poderão ser organizadas Instituto Nacional de Tecnolo-
entre elas, em condições tais independentemente do grupo gia do Ministério da Indústria e
que não se possam sindicalizar básico da Confederação, sem- do Comércio;
eficientemente pelo critério de pre que as respectivas profis-
especificidade de categoria, é- sões se acharem submetidas, IV – 1 (um) representante do
lhes permitido sindicalizar-se por disposições de lei, a um Instituto Nacional de Coloni-
pelo critério de categorias simi- único regulamento. zação e Reforma Agrária, do
lares ou conexas, entendendo- Ministério da Agricultura;
se como tais as que se acham Art. 574. Dentro da mesma V – 1 (um) representante do Mi-
compreendidas nos limites de base territorial, as empresas nistério dos Transportes;
cada grupo constante do qua- industriais do tipo artesanal
dro de atividades e profissões. poderão constituir entidades VI – 2 (dois) representantes das
sindicais, de primeiro e segundo categorias econômicas; e
Art. 571. Qualquer das ati- graus, distintas das associações VII – 2 (dois) representantes das
vidades ou profissões concen- sindicais das empresas congêne- categorias profissionais.
tradas na forma do parágrafo res, de tipo diferente.
único do artigo anterior poderá § 1o Os membros da CES serão
dissociar-se do sindicato prin- Parágrafo único. Compete à designados pelo Ministro do
cipal, formando um sindicato Comissão do Enquadramento Trabalho e Previdência Social,
específico, desde que o novo Sindical definir, de modo gené- mediante:

750
a) indicação dos titulares
das Pastas, quanto aos
Seção I – Da Fixação Classe de Capital
Alí-
representantes dos ou-
e do Recolhimento da quota

tros Ministérios; Contribuição Sindical até 150 ve zes o


1. maior valor de re- 0,8%
b) indicação do respectivo Art. 578. As contribuições
ferência
Diretor-Geral, quanto devidas aos sindicatos pelos
ao do DNMO; participantes das categorias acima de 150 até
econômicas ou profissionais ou 2. 1.500 vezes o maior 0,2%
c) eleição pelas respecti- das profissões liberais represen- valor de referência
vas Confederações, em tadas pelas referidas entidades
conjunto, quanto aos acima de 1.500 até
serão, sob a denominação de
representantes das ca- 150.000 vezes o
contribuição sindical, pagas, 3. 0,1%
maior valor de re-
tegorias econômicas e recolhidas e aplicadas na for-
ferência
profissionais, de acordo ma estabelecida neste Capítulo,
com as instruções que desde que prévia e expressa- acima de 150.000
forem expedidas pelo mente autorizadas. até 800.000 vezes
4. 0,02%
Ministro do Trabalho e o maior valor de
Previdência Social. Art. 579. O desconto da referência
contribuição sindical está con-
§ 2 Cada Membro terá um su-
o
dicionado à autorização prévia
plente designado juntamente § 1o A contribuição sindical
e expressa dos que participarem
com o titular. prevista na tabela constante
de uma determinada categoria
do item III deste artigo corres-
§ 3 o Será de 3 (três) anos o econômica ou profissional, ou
de uma prof issão liberal, em ponderá à soma da aplicação
mandato dos representantes das alíquotas sobre a porção
das categorias econômica e favor do sindicato represen-
tativo da mesma categoria ou do capital distribuído em cada
profissional. classe, observados os respecti-
profissão ou, inexistindo este,
§ 4o Os integrantes da Comis- na conformidade do disposto vos limites.
são perceberão a gratificação no art. 591 desta Consolidação. § 2o Para efeito do cálculo de
de presença que for estabeleci- que trata a tabela progressiva
da por decreto executivo. Art. 580. A contribuição inserta no item III deste arti-
sindical será recolhida, de uma go, considerar-se-á o valor de
§ 5 Em suas faltas ou impedi-
o
só vez, anualmente, e consistirá: referência f ixado pelo Poder
mentos o Diretor-Geral do DNT
I – na importância correspon- Executivo, vigente à data de
será substituído na presidência
dente à remuneração de um dia competência da contribuição,
pelo Diretor substituto do De-
de trabalho, para os emprega- arredondando-se para Cr$ 1,00
partamento ou pelo represen-
dos, qualquer que seja a forma (um cruzeiro) a fração porven-
tante deste na Comissão, nesta tura existente.
ordem. da referida remuneração;
II – para os agentes ou traba- § 3o É fixado em 60% (sessen-
§ 6o Além das atribuições fixa- ta por cento) do maior valor de
das no presente Capítulo e con- lhadores autônomos e para
os profissionais liberais, numa referência, a que alude o pará-
cernentes ao enquadramento grafo anterior, a contribuição
importância correspondente a
sindical, individual ou coletivo, mínima devida pelos empre-
30% (trinta por cento) do maior
e à classificação das atividades gadores, independentemente
valor de referência fixado pelo
e profissões, competirá também Poder Executivo, vigente à épo- do capital social da firma ou
à CES resolver, com recurso ca em que é devida a contribui- empresa, ficando, do mesmo
para o Ministro do Trabalho ção sindical, arredondada para modo, estabelecido o capital
e Previdência Social, todas as Cr$ 1,00 (um cruzeiro) a fração equivalente a 800.000 (oito-
dúvidas e controvérsias concer- porventura existente; centas mil) vezes o maior valor
nentes à organização sindical. de referência para efeito do cál-
III – para os empregadores, culo da contribuição máxima,
Art. 577. O quadro de ati- numa importância proporcio- respeitada a tabela progressiva
vidades e profissões em vigor nal ao capital social da firma constante do item III.
fixará o plano básico do enqua- ou empresa, registrado nas res-
pectivas Juntas Comerciais ou § 4 o Os agentes ou trabalha-
dramento sindical.
órgãos equivalentes, mediante dores autônomos e os profis-
a aplicação de alíquotas, con- sionais liberais, organizados em
Capítulo III – Da forme a seguinte tabela pro- firma ou empresa, com capital
Contribuição Sindical gressiva: social registrado, recolherão a

751
contribuição sindical de acordo § 2o Entende-se por atividade § 1o O recolhimento obedecerá
com a tabela progressiva a que preponderante a que carac- ao sistema de guias, de acordo
se refere o item III. terizar a unidade de produto, com as instruções expedidas
operação ou objetivo final, para pelo Ministro do Trabalho.
§ 5o As entidades ou institui-
cuja obtenção todas as demais
ções que não estejam obriga- § 2o O comprovante de depósi-
atividades convirjam, exclusiva-
das ao registro de capital social, to da contribuição sindical será
mente, em regime de conexão
consideração, como capital, remetido ao respectivo sindi-
funcional.
para efeito do cálculo de que cato; na falta deste, à corres-
trata a tabela progressiva cons- Art. 582. Os empregadores pondente entidade sindical de
tante do item III deste artigo, são obrigados a descontar da grau superior, e, se for o caso,
o valor resultante da aplicação folha de pagamento de seus ao Ministério do Trabalho.
do percentual de 40% (quarenta empregados relativa ao mês de
por cento) sobre o movimento março de cada ano a contribui- Art. 584. Servirá de base
econômico registrado no exer- ção sindical dos empregados para o pagamento da contri-
cício imediatamente anterior, que autorizaram prévia e ex- buição sindical, pelos agentes
do que darão conhecimento à pressamente o seu recolhimento ou trabalhadores autônomos e
respectiva entidade sindical ou aos respectivos sindicatos. profissionais liberais, a lista de
à Delegacia Regional do Traba- contribuintes organizada pelos
lho, observados os limites esta- § 1o Considera-se um dia de respectivos sindicatos e, na fal-
belecidos no § 3o deste artigo. trabalho, para efeito de deter- ta destes, pelas federações ou
minação da importância a que confederações coordenadoras
§ 6 o Excluem-se da regra do alude o item I do art. 580, o da categoria.
§ 5o as entidades ou instituições equivalente:
que comprovarem, através de
a) a uma jornada normal Art. 585. Os profissionais
requerimento dirigido ao Mi-
de trabalho, se o paga- liberais poderão optar pelo
nistério do Trabalho, que não
mento ao empregado pagamento da contribuição
exercem atividade econômica
for feito por unidade sindical unicamente à entidade
com fins lucrativos.
de tempo; sindical representativa da res-
pectiva profissão, desde que a
Art. 581. Para os f ins do b) a 1/30 (um trinta avos) exerça, efetivamente, na firma
item III do artigo anterior, as da quantia percebida ou empresa e como tal sejam
empresas atribuirão parte do no mês anterior, se a nelas registrados.
respectivo capital às suas sucur- remuneração for paga
sais, filiais ou agências, desde por tarefa, empreitada Parágrafo único. Na hipótese
que localizadas fora da base ou comissão. referida neste artigo, à vista da
territorial da entidade sindi-
§ 2o Quando o salário for pago manifestação do contribuinte
cal representativa da atividade
em utilidades, ou nos casos em e da exibição da prova de qui-
econômica do estabelecimen-
que o empregado receba, habi- tação da contribuição, dada
to principal, na proporção das
tualmente, gorjetas, a contri- por sindicato de profissionais
correspondentes operações
buição sindical corresponderá liberais, o empregador deixará
econômicas, fazendo a devida
a 1/30 (um trinta avos) da im- de efetuar, no salário do con-
comunicação às Delegacias Re-
portância que tiver servido de tribuinte, o desconto a que se
gionais do Trabalho, conforme
base, no mês de janeiro, para refere o art. 582.
localidade da sede da empresa,
sucursais, filiais ou agências. a contribuição do empregado
à Previdência Social. Art. 586. A contribuição
§ 1o Quando a empresa reali- sindical será recolhida, nos me-
zar diversas atividades econô- Art. 583. O recolhimento ses fixados no presente Capítu-
micas, sem que nenhuma delas da contribuição sindical refe- lo, à Caixa Econômica Federal,
seja preponderante, cada uma rente aos empregados e traba- ao Banco do Brasil S.A. ou aos
dessas atividades será incor- lhadores avulsos será efetuado estabelecimentos bancários na-
porada à respectiva categoria no mês de abril de cada ano, e cionais integrantes do sistema
econômica, sendo a contribui- o relativo aos agentes ou traba- de arrecadação dos tributos
ção sindical devida à entidade lhadores autônomos e profis- federais, os quais, de acordo
sindical representativa da mes- sionais liberais realizar-se-á no com instruções expedidas pelo
ma categoria, procedendo-se, mês de fevereiro, observada a Conselho Monetário Nacional,
em relação às correspondentes exigência de autorização prévia repassarão à Caixa Econômica
sucursais, agências ou filiais, na e expressa prevista no art. 579 Federal as importâncias arre-
forma do presente artigo. desta Consolidação. cadadas.

752
§ 1o Integrarão a rede arreca- Federal, na forma das instru- § 1o (Revogado)
dadora as Caixas Econômicas ções que forem expedidas pelo
§ 2o (Revogado)
Estaduais, nas localidades onde Ministro no Trabalho:
inexistam os estabelecimentos § 3o Não havendo sindicato,
I – para os empregadores:
previstos no caput deste artigo. nem entidade sindical de grau
a) 5% (cinco por cento) superior ou central sindical, a
§ 2o Tratando-se de emprega-
para a confederação contribuição sindical será cre-
dor, agentes ou trabalhadores
correspondente; ditada, integralmente, à “Conta
autônomos ou prof issionais
Especial Emprego e Salário”.
liberais, o recolhimento será b) 15% (quinze por cento)
efetuado pelos próprios, dire- para a federação; § 4 o Não havendo indicação
tamente ao estabelecimento de central sindical, na forma
arrecadador. c) 60% (sessenta por cen- do § 1o do art. 589 desta Con-
to) para o sindicato res- solidação, os percentuais que
§ 3o A contribuição sindical de- pectivo; e lhe caberiam serão destinados
vida pelos empregados e traba-
d) 20% (vinte por cento) à “Conta Especial Emprego e
lhadores avulsos será recolhida
para a “Conta Especial Salário”.
pelo empregador e pelo sindica-
to, respectivamente. Emprego e Salário”;
Art. 591. Inexistindo sindi-
II – para os trabalhadores: cato, os percentuais previstos
Art. 587. Os empregadores
a) 5% (cinco por cento) na alínea “c” do inciso I e na alí-
que optarem pelo recolhimento
para a confederação nea “d” do inciso II do caput do
da contribuição sindical deve-
correspondente; art. 589 desta Consolidação se-
rão fazê-lo no mês de janeiro
rão creditados à federação cor-
de cada ano, ou, para os que b) 10 % (dez por cento) respondente à mesma categoria
venham a se estabelecer após para a central sindical; econômica ou profissional.
o referido mês, na ocasião em
que requererem às repartições o c) 15% (quinze por cento)
para a federação; Parágrafo único. Na hipótese
registro ou a licença para o exer-
do caput deste artigo, os per-
cício da respectiva atividade. d) 60% (sessenta por cen- centuais previstos nas alíneas
to) para o sindicato res- “a” e “b” do inciso I e nas alíne-
Art. 588. A Caixa Econô- pectivo; e as “a” e “c” do inciso II do caput
mica Federal manterá conta
e) 10 % (dez por cento) do art. 589 desta Consolidação
corrente intitulada “Depósitos
para a “Conta Especial caberão à confederação.
da Arrecadação da Contribui-
ção Sindical”, em nome de cada Emprego e Salário;
uma das entidades sindicais be- III – (Revogado);
neficiadas, cabendo ao Minis-
Seção II – Da Aplicação da
tério do Trabalho cientificá-la IV – (Revogado). Contribuição Sindical
das ocorrências pertinentes à § 1o O sindicato de trabalha- Art. 592. A contribuição
vida administrativa dessas en- dores indicará ao Ministério do sindical, além das despesas
tidades. Trabalho e Emprego a central vinculadas à sua arrecadação,
§ 1o Os saques na conta cor- sindical a que estiver f iliado recolhimento e controle, será
rente referida no caput deste como beneficiária da respecti- aplicada pelos sindicatos, na
artigo far-se-ão mediante or- va contribuição sindical, para conformidade dos respectivos
dem bancária ou cheque com fins de destinação dos créditos estatutos, visando aos seguintes
as assinaturas conjuntas do previstos neste artigo. objetivos:
Presidente e do tesoureiro da § 2o A central sindical a que se I – Sindicatos de empregadores
entidade sindical. refere a alínea “b” do inciso II e de agentes autônomos:
§ 2o A Caixa Econômica Federal do caput deste artigo deverá
atender aos requisitos de re- a) assistência técnica e ju-
remeterá, mensalmente, a cada
presentatividade previstos na rídica;
entidade sindical, um extrato
da respectiva conta corrente, e, legislação específ ica sobre a b) assistência médica,
quando solicitado, aos órgãos matéria. dentária, hospitalar e
do Ministério do Trabalho. farmacêutica;
Art. 590. Inexistindo confe-
c) realização de estudos
Art. 589. Da importância deração, o percentual previsto
econômicos e financei-
da arrecadação da contribuição no art. 589 desta Consolidação
ros;
sindical serão feitos os seguintes caberá à federação representa-
créditos pela Caixa Econômica tiva do grupo. d) agências de colocação;

753
e) cooperativas; d) bolsas de estudo; viços assistenciais fundamentais
da entidade.
f) bibliotecas; e) cooperativas;
§ 2o Os sindicatos poderão
g) creches; f) bibliotecas;
destacar, em seus orçamentos
h) congressos e conferên- g) creches; anuais, até 20% (vinte por cen-
cias; to) dos recursos da contribui-
h) congressos e conferên-
ção sindical para o custeio das
i) medidas de divulgação cias;
suas atividades administrativas,
comercial e industrial
i) auxílio-funeral; independentemente de autori-
no País, e no estran-
zação ministerial.
geiro, bem como em j) colônias de férias e cen-
outras tendentes a in- tros de recreação; § 3 o O uso da contribuição
centivar e aperfeiçoar a sindical prevista no § 2o não
l) estudos técnicos e cien-
produção nacional; poderá exceder do valor total
tíficos;
das mensalidades sociais con-
j) feiras e exposições;
m) finalidades desportivas signadas nos orçamentos dos
l) prevenção de acidentes e sociais; sindicatos, salvo autorização
do trabalho; expressa do Ministro do Tra-
n) educação e formação
balho.
m) finalidades desportivas; profissional;
II – Sindicatos de empregados: o) prêmios por trabalhos Art. 593. As percentagens
técnicos e científicos; atribuídas às entidades sindi-
a) assistência jurídica;
cais de grau superior e às cen-
IV – Sindicatos de trabalhadores
b) assistência médica, trais sindicais serão aplicadas
autônomos:
dentária, hospitalar e de conformidade com o que
farmacêutica; a) assistência técnica e dispuserem os respectivos con-
jurídica; selhos de representantes ou es-
c) assistência à materni-
tatutos.
dade; b) assistência médica,
dentária, hospitalar e
d) agências de colocação; Parágrafo único. Os recursos
farmacêutica;
destinados às centrais sindicais
e) cooperativas;
c) assistência à materni- deverão ser utilizados no cus-
f) bibliotecas; dade; teio das atividades de represen-
tação geral dos trabalhadores
g) creches; d) bolsas de estudo;
decorrentes de suas atribuições
h) congressos e conferên- e) cooperativas; legais.
cias;
f) bibliotecas;
Art. 594. (Revogado)
i) auxílio-funeral;
g) creches;
j) colônias de férias e cen-
h) congressos e conferên-
tros de recreação;
cias;
Seção III – Da Comissão da
l) prevenção de acidentes Contribuição Sindical
i) auxílio-funeral;
do trabalho;
Arts. 595 a 597. (Revoga-
j) colônias de férias e cen-
m) finalidades desportivas dos)
tros de recreação;
e sociais;
l) educação e formação
n) educação e formação
profissional;
profissional; Seção IV – Das Penalidades
m) finalidades desportivas
o) bolsas de estudo; Art. 598. Sem prejuízo da
e sociais.
ação criminal e das penalida-
III – Sindicatos de profissionais
§ 1o A aplicação prevista neste des previstas no art. 553 serão
liberais:
artigo ficará a critério de cada aplicadas multas de Cr$ 10,00
a) assistência jurídica; entidade, que, para tal f im, (dez cruzeiros) a Cr$ 10.000,00
obedecerá, sempre, às pecu- (dez mil cruzeiros) pelas infra-
b) assistência médica,
liaridades do respectivo grupo ções deste capítulo impostas no
dentária, hospitalar e
ou categoria facultado ao Mi- Distrito Federal pela autoridade
farmacêutica;
nistro do Trabalho permitir a competente de 1a instância da
c) assistência à materni- inclusão de novos programas, Delegacia Regional do Trabalho
dade; desde que assegurados os ser- e nos Estados e no Território do

754
Acre pelas autoridades regio- Art. 602. Os empregados dualização do contribuinte, a
nais do Ministério do Trabalho que não estiverem trabalhando indicação do débito e a designa-
e Previdência Social. no mês destinado ao desconto ção da entidade a favor da qual
da contribuição sindical e que será recolhida a importância de
Parágrafo único. A gradação venham a autorizar prévia e contribuição, de acordo com
da multa atenderá à natureza expressamente o recolhimento o respectivo enquadramento
da infração e às condições so- serão descontados no primeiro sindical.
ciais e econômicas do infrator. mês subsequente ao do reinício
§ 2o Para os fins da cobrança
do trabalho.
judicial da contribuição sindi-
Art. 599. Para os prof is- cal são extensivos às entidades
sionais liberais, a penalidade Parágrafo único. De igual for-
sindicais, com exceção do foro
consistirá na suspensão do ma se procederá com os em-
especial, os privilégios da Fazen-
exercício profissional, até a ne- pregados que forem admitidos
da Pública para a cobrança da
depois daquela data e que não
cessária quitação, e será apli- dívida ativa.
tenham trabalhado anterior-
cada pelos órgãos públicos ou
mente nem apresentado a res-
autárquicos disciplinadores das Art. 607. É considerado
pectiva quitação.
profissões mediante comunica- como documento essencial ao
ção respectiva das autoridades comparecimento às concor-
Art. 603. Os empregadores
fiscalizadoras. rências públicas ou adminis-
são obrigados a prestar aos en-
trativas e para o fornecimento
carregados da fiscalização os
Art. 600. O recolhimento às repartições paraestatais ou
esclarecimentos necessários ao
da contribuição sindical efetua- autárquicas a prova da quita-
desempenho de sua missão e
do fora do prazo referido neste ção da respectiva contribuição
a exibir-lhes, quando exigidos,
Capítulo, quando espontâneo sindical e a de recolhimento da
na parte relativa ao pagamento
será acrescido da multa de 10% contribuição sindical, desconta-
de empregados, os seus livros,
(dez por cento), nos 30 (trinta) do dos respectivos empregados.
folhas de pagamento e outros
primeiros dias, com o adicional documentos comprobatórios
Art. 608. As repartições
de 2% (dois por cento) por mês desses pagamentos, sob pena
federais, estaduais ou munici-
subsequente de atraso, além de da multa cabível.
pais não concederão registro
juros de mora de 1% (um por ou licenças para funcionamen-
cento) ao mês e correção mo- Art. 604. (Revogado)
to ou renovação de atividades
netária, ficando, nesse caso, o aos estabelecimentos de em-
infrator, isento de outra pena- Ar t. 605. As entidades
pregadores e aos escritórios
lidade. sindicais são obrigadas a pro-
ou congêneres dos agentes
mover a publicação de editais
§ 1o O montante das comina- ou trabalhadores autônomos
concernentes ao recolhimento
ções previstas neste artigo re- e prof issionais liberais, nem
da contribuição sindical, duran-
verterá sucessivamente: concederão alvarás de licença
te 3 (três) dias, nos jornais de
ou localização, sem que sejam
a) ao sindicato respectivo; maior circulação local e até 10
exibidas as provas de quitação
(dez) dias da data fixada para
da contribuição sindical, na for-
b) à federação respectiva, depósito bancário.
ma do artigo anterior.
na ausência de sindica-
to; Art. 606. Às entidades sin-
Parágrafo único. A não obser-
dicais cabe, em caso de falta de
c) à confederação respec- vância do disposto neste artigo
pagamento da contribuição sin-
tiva, inexistindo fede- acarretará, de pleno direito, a
dical, promover a respectiva co-
ração. nulidade dos atos nele referi-
brança judicial, mediante ação
dos, bem como dos menciona-
§ 2o Na falta de sindicato ou executiva, valendo como título
dos no art. 607.
entidade de grau superior, o de dívida a certidão expedida
montante a que alude o pará- pelas autoridades regionais do
Art. 609. O recolhimento
grafo precedente reverterá à Ministério do Trabalho e Previ-
da contribuição sindical e to-
conta “Emprego e Salário”. dência Social.
dos os lançamentos e movimen-
§ 1o O Ministro do Trabalho tos nas contas respectivas são
e Previdência Social baixará isentos de selos e taxas federais,
Seção V – Disposições as instruções regulando a ex- estaduais ou municipais.
Gerais pedição das certidões a que
se refere o presente artigo das Art. 610. As dúvidas no
Art. 601. (Revogado) quais deverá constar a indivi- cumprimento deste Capítulo

755
serão resolvidas pelo Diretor- IV – adesão ao Programa Segu- o acordo coletivo de trabalho
Geral da Delegacia Regional ro-Emprego (PSE), de que trata deverão prever a proteção dos
do Trabalho, que expedirá as a Lei no 13.189, de 19 de novem- empregados contra dispensa
instruções que se tornarem ne- bro de 2015; imotivada durante o prazo de
cessárias à sua execução. V – plano de cargos, salários e vigência do instrumento cole-
funções compatíveis com a con- tivo.
dição pessoal do empregado, § 4 o Na hipótese de proce-
bem como identif icação dos dência de ação anulatória de
Título VI – Convenções cargos que se enquadram como cláusula de convenção coletiva
Coletivas de Trabalho funções de confiança; ou de acordo coletivo de traba-
VI – regulamento empresarial; lho, quando houver a cláusula
Art. 611. Convenção Cole- compensatória, esta deverá ser
tiva de Trabalho é o acordo de VII – representante dos traba- igualmente anulada, sem repe-
caráter normativo, pelo qual lhadores no local de trabalho; tição do indébito.
dois ou mais Sindicatos repre- VIII – teletrabalho, regime de § 5o Os sindicatos subscrito-
sentativos de categorias econô- sobreaviso, e trabalho intermi- res de convenção coletiva ou
micas e profissionais estipulam tente; de acordo coletivo de trabalho
condições de trabalho aplicá- deverão participar, como litis-
IX – remuneração por produ-
veis, no âmbito das respectivas tividade, incluídas as gorjetas consortes necessários, em ação
representações, às relações in- percebidas pelo empregado, e individual ou coletiva, que te-
dividuais de trabalho. remuneração por desempenho nha como objeto a anulação de
§ 1o É facultado aos Sindicatos individual; cláusulas desses instrumentos.
representativos de categorias X – modalidade de registro de
profissionais celebrar Acordos Ar t. 611-B. Constituem
jornada de trabalho;
Coletivos com uma ou mais em- objeto ilícito de convenção
presas da correspondente cate- XI – troca do dia de feriado; coletiva ou de acordo coletivo
goria econômica, que estipulem de trabalho, exclusivamente,
XII – enquadramento do grau
condições de trabalho, aplicá- a supressão ou a redução dos
de insalubridade;
seguintes direitos:
veis no âmbito da empresa ou
XIII – prorrogação de jornada
das empresas acordantes às res- I – normas de identificação pro-
em ambientes insalubres, sem
pectivas relações de trabalho. licença prévia das autoridades fissional, inclusive as anotações
competentes do Ministério do na Carteira de Trabalho e Previ-
§ 2o As Federações e, na fal-
Trabalho; dência Social;
ta destas, as Confederações
representativas de categorias XIV – prêmios de incentivo em II – seguro-desemprego, em
econômicas ou prof issionais bens ou serviços, eventualmente caso de desemprego involun-
poderão celebrar convenções concedidos em programas de tário;
coletivas de trabalho para reger incentivo; III – valor dos depósitos mensais
as relações das categorias a elas e da indenização rescisória do
vinculadas, inorganizadas em XV – participação nos lucros ou
resultados da empresa. Fundo de Garantia do Tempo
Sindicatos, no âmbito de suas de Serviço (FGTS);
representações. § 1o No exame da convenção
coletiva ou do acordo coletivo IV – salário mínimo;
Art. 611-A. A convenção de trabalho, a Justiça do Tra- V – valor nominal do décimo
coletiva e o acordo coletivo de balho observará o disposto no terceiro salário;
trabalho têm prevalência sobre § 3o do art. 8o desta Consoli-
a lei quando, entre outros, dis- dação. VI – remuneração do trabalho
puserem sobre: noturno superior à do diurno;
§ 2 A inexistência de expressa
o

I – pacto quanto à jornada de indicação de contrapartidas re- VII – proteção do salário na for-
trabalho, observados os limites cíprocas em convenção coletiva ma da lei, constituindo crime
constitucionais; ou acordo coletivo de trabalho sua retenção dolosa;
não ensejará sua nulidade por VIII – salário-família;
II – banco de horas anual; não caracterizar um vício do
III – inter valo intrajornada, negócio jurídico. IX – repouso semanal remune-
rado;
respeitado o limite mínimo de § 3 Se for pactuada cláusula
o

trinta minutos para jornadas que reduza o salário ou a jor- X – remuneração do serviço
superiores a seis horas; nada, a convenção coletiva ou extraordinário superior, no mí-

756
nimo, em 50% (cinquenta por XXV – igualdade de direitos en- de 1/8 (um oitavo) dos associa-
cento) à do normal; tre o trabalhador com vínculo dos em segunda convocação,
empregatício permanente e o nas entidades sindicais que te-
XI – número de dias de férias
trabalhador avulso; nham mais de 5.000 (cinco mil)
devidas ao empregado;
associados.
X XVI – liberdade de associa-
XII – gozo de férias anuais remu-
ção profissional ou sindical do
neradas com, pelo menos, um Art. 613. As Convenções e
terço a mais do que o salário trabalhador, inclusive o direito os Acordos deverão conter obri-
normal; de não sofrer, sem sua expres- gatoriamente:
sa e prévia anuência, qualquer
XIII – licença-maternidade com cobrança ou desconto salarial I – designação dos Sindicatos
a duração mínima de 120 (cen- estabelecidos em convenção convenentes ou dos Sindicatos
to e vinte) dias; coletiva ou acordo coletivo de e empresas acordantes;
XIV – licença-paternidade nos trabalho; II – prazo de vigência;
termos fixados em lei; XXVII – direito de greve, compe- III – categorias ou classes de
XV – proteção do mercado de tindo aos trabalhadores decidir trabalhadores abrangidas pelos
trabalho da mulher, mediante sobre a oportunidade de exer- respectivos dispositivos;
incentivos específicos, nos ter- cê-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender; IV – condições ajustadas para
mos da lei;
reger as relações individuais de
XVI – aviso prévio proporcional XXVIII – definição legal sobre trabalho durante sua vigência;
ao tempo de serviço, sendo no os serviços ou atividades essen-
ciais e disposições legais sobre o V – normas para a conciliação
mínimo de trinta dias, nos ter-
atendimento das necessidades das divergências surgidas entre
mos da lei;
inadiáveis da comunidade em os convenentes por motivos da
XVII – normas de saúde, higiene caso de greve; aplicação de seus dispositivos;
e segurança do trabalho previs-
XXIX – tributos e outros créditos VI – disposições sobre o pro-
tas em lei ou em normas regu-
de terceiros; cesso de sua prorrogação e de
lamentadoras do Ministério do
revisão total ou parcial de seus
Trabalho; XXX – as disposições previstas dispositivos;
XVIII – adicional de remunera- nos arts. 373-A, 390, 392, 392-
A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 VII – direitos e deveres dos em-
ção para as atividades penosas,
desta Consolidação. pregados e empresas;
insalubres ou perigosas;
VIII – penalidades para os Sin-
XIX – aposentadoria; Parágrafo único. Regras sobre dicatos convenentes, os empre-
XX – seguro contra acidentes duração do trabalho e interva- gados e as empresas em caso de
de trabalho, a cargo do empre- los não são consideradas como violação de seus dispositivos.
gador; normas de saúde, higiene e se-
gurança do trabalho para os Parágrafo único. As Con-
XXI – ação, quanto aos créditos fins do disposto neste artigo. venções e os Acordos serão
resultantes das relações de tra-
celebrados por escrito, sem
balho, com prazo prescricional Art. 612. Os Sindicatos emendas nem rasuras, em
de 5 (cinco) anos para os traba- só poderão celebrar Conven- tantas vias quantos forem os
lhadores urbanos e rurais, até o ções ou Acordos Coletivos de Sindicatos convenentes ou as
limite de dois anos após a extin- Trabalho, por deliberação de empresas acordantes, além de
ção do contrato de trabalho; Assembleia Geral especial- uma destinada a registro.
XXII – proibição de qualquer mente convocada para esse
discriminação no tocante a sa- fim, consoante o disposto nos Art. 614. Os Sindicatos
lário e critérios de admissão do respectivos Estatutos, depen- convenentes ou as empresas
trabalhador com deficiência; dendo a validade da mesma do acordantes promoverão conjun-
comparecimento e votação, em ta ou separadamente, dentro
XXIII – proibição de trabalho primeira convocação, de 2/3 de 8 (oito) dias da assinatura
noturno, perigoso ou insalu- (dois terços) dos associados da da Convenção ou Acordo, o de-
bre a menores de 18 (dezoito)
entidade, se se tratar de Con- pósito de uma via do mesmo,
anos e de qualquer trabalho a
venção, e dos interessados, no para fins de registro e arquivo,
menores de 16 (dezesseis) anos,
caso de Acordo e, em segunda, na Delegacia Regional do Tra-
salvo na condição de aprendiz,
de 1/3 (um terço) dos mesmos. balho, em se tratando de ins-
a partir de 14 (quatorze) anos;
trumento de caráter nacional
XXIV – medidas de proteção le- Parágrafo único. O quorum de ou interestadual, ou nos órgãos
gal de crianças e adolescentes; comparecimento e votação será regionais do Ministério do Tra-

757
balho e Previdência Social, nos § 1o Verif icando-se recusa à interessados dar conhecimento
demais casos. negociação coletiva, cabe aos do fato à Federação a que esti-
Sindicatos ou empresas inte- ver vinculado o Sindicato e, em
§ 1o As Convenções e os Acor-
ressadas dar ciência do fato, falta dessa, à correspondente
dos entrarão em vigor 3 (três)
conforme o caso, à Delegacia Confederação, para que, no
dias após a data da entrega dos
Regional do Trabalho ou aos ór- mesmo prazo, assuma a direção
mesmos no órgão referido neste
gãos regionais do Ministério do dos entendimentos. Esgotado
artigo. Trabalho e Previdência Social, esse prazo, poderão os interes-
§ 2 o Cópias autênticas das para convocação compulsória sados prosseguir diretamente
Convenções e dos Acordos dos Sindicatos ou empresas re- na negociação coletiva até final.
deverão ser afixados de modo calcitrantes.
visível, pelos Sindicatos conve- § 2o Para o fim de deliberar so-
§ 2 o No caso de persistir a
nentes, nas respectivas sedes e bre o Acordo, a entidade sindi-
recusa à negociação coletiva,
nos estabelecimentos das em- pelo desatendimento às con- cal convocará assembleia geral
presas compreendidas no seu vocações feitas pela Delegacia dos diretamente interessados,
campo de aplicação, dentro de Regional do Trabalho ou órgãos sindicalizados ou não, nos ter-
5 (cinco) dias da data do depó- regionais do Ministério do Tra- mos do art. 612.
sito previsto neste artigo. balho e Previdência Social, ou se
§ 3o Não será permitido esti- malograr a negociação entabu- Art. 618. As empresas e
pular duração de convenção lada, é facultada aos Sindicatos instituições que não estiverem
coletiva ou acordo coletivo de ou empresas interessadas a ins- incluídas no enquadramen-
trabalho superior a dois anos, tauração de dissídio coletivo. to sindical a que se refere o
sendo vedada a ultratividade. art. 577 desta Consolidação
§ 3 o Havendo convenção,
poderão celebrar Acordos
acordo ou sentença normati-
Art. 615. O processo de va em vigor, o dissídio coletivo Coletivos de Trabalho com os
prorrogação, revisão, denúncia deverá ser instaurado dentro Sindicatos representativos dos
ou revogação total ou parcial de dos sessenta dias anteriores ao respectivos empregados, nos
Convenção ou Acordo ficará su- respectivo termo final, para que termos deste Título.
bordinado, em qualquer caso, à o novo instrumento possa ter
aprovação de Assembleia Geral vigência no dia imediato a esse Art. 619. Nenhuma dispo-
dos Sindicatos Convenentes ou termo. sição de contrato individual de
partes acordantes com obser- trabalho que contrarie normas
vância do disposto no art. 612. § 4o Nenhum processo de dissí- de Convenção ou Acordo Co-
dio coletivo de natureza econô- letivo de Trabalho poderá pre-
§ 1o O instrumento de pror- mica será admitido sem antes se
rogação, revisão, denúncia ou valecer na execução do mesmo,
esgotarem as medidas relativas
revogação de Convenção ou sendo considerada nula de ple-
à formalização da Convenção
Acordo será depositado para ou Acordo correspondente. no direito.
fins de registro e arquivamento,
na repartição em que o mesmo Art. 617. Os empregados Art. 620. As condições esta-
originariamente foi deposita- de uma ou mais empresas que belecidas em acordo coletivo de
do observado o disposto no decidirem celebrar Acordo Co- trabalho sempre prevalecerão
art. 614. letivo de Trabalho com as res- sobre as estipuladas em conven-
pectivas empresas darão ciência ção coletiva de trabalho.
§ 2o As modificações introduzi-
das em Convenção ou Acordo, de sua resolução, por escrito,
ao Sindicato representativo da Art. 621. As Convenções e
por força de revisão ou de revo-
categoria profissional, que terá os Acordos poderão incluir en-
gação parcial de suas cláusulas,
passarão a vigorar 3 (três) dias o prazo de 8 (oito) dias para tre suas cláusulas disposição
após a realização do depósito assumir a direção dos entendi- sobre a constituição e funcio-
previsto no § 1o. mentos entre os interessados, namento de comissões mistas
devendo igual procedimento de consulta e colaboração,
Art. 616. Os Sindicatos ser observado pelas empresas no plano da empresa e sobre
representativos de categorias interessadas com relação ao participação nos lucros. Estas
Sindicato da respectiva cate- disposições mencionarão a for-
econômicas ou profissionais e
goria econômica. ma de constituição, o modo de
as empresas, inclusive as que
não tenham representação sin- § 1o Expirado o prazo de 8 funcionamento e as atribuições
dical, quando provocados, não (oito) dias sem que o Sindica- das comissões, assim como o
podem recorrer-se à negociação to tenha se desincumbido do plano de participação, quando
coletiva. encargo recebido poderão os for o caso.

758
Art. 622. Os empregados trabalho efetivo o despendido
e as empresas que celebrarem nessa atividade.
contratos individuais de traba-
Título VI-A –
lho, estabelecendo condições
Das Comissões de Art. 625-C. A Comissão ins-
contrárias ao que tiver sido
Conciliação Prévia tituída no âmbito do sindicato
ajustado em Convenção ou terá sua constituição e normas
Acordo que lhes for aplicável, Art. 625-A. As empresas e de funcionamento definidas em
serão passíveis da multa neles os sindicatos podem instituir convenção ou acordo coletivo.
fixada. Comissões de Conciliação Pré-
via, de composição paritária, Art. 625-D. Qualquer de-
Parágrafo único. A multa a ser com representantes dos empre- manda de natureza trabalhista
imposta ao empregado não po- gados e dos empregadores, com será submetida à Comissão de
derá exceder da metade daquela a atribuição de tentar conciliar Conciliação Prévia se, na loca-
os conflitos individuais do tra- lidade da prestação de serviços,
que, nas mesmas condições seja
balho. houver sido instituída a Comis-
estipulada para a empresa.
são no âmbito da empresa ou
Parágrafo único. As Comissões do sindicato da categoria.
Art. 623. Será nula de pleno
direito disposição de Conven- referidas no caput deste artigo § 1o A demanda será formulada
ção ou Acordo que, direta ou poderão ser constituídas por por escrito ou reduzida a ter-
indiretamente, contrarie proibi- grupos de empresas ou ter ca- mo por qualquer dos membros
ção ou norma disciplinadora da ráter intersindical. da Comissão, sendo entregue
política econômico-financeira cópia datada e assinada pelo
do Governo ou concernente à Art. 625-B. A Comissão ins- membro aos interessados.
política salarial vigente, não tituída no âmbito da empresa
§ 2o Não prosperando a conci-
produzindo quaisquer efeitos será composta de, no mínimo, liação, será fornecida ao empre-
perante autoridades e reparti- dois e, no máximo, 10 (dez) gado e ao empregador declara-
ções públicas, inclusive para fins membros, e observará as se- ção da tentativa conciliatória
de revisão de preços e tarifas de guintes normas: frustrada com a descrição de
mercadorias e serviços. I – a metade de seus membros seu objeto, firmada pelos mem-
será indicada pelo empregador bros da Comissão, que deverá
Parágrafo único. Na hipótese e a outra metade eleita pelos ser juntada à eventual reclama-
deste artigo, a nulidade será de- empregados, em escrutínio se- ção trabalhista.
clarada, de ofício ou mediante creto, fiscalizado pelo sindicato § 3o Em caso de motivo rele-
representação, pelo Ministro do da categoria profissional; vante que impossibilite a obser-
Trabalho e Previdência Social, vância do procedimento previs-
ou pela Justiça do Trabalho em II – haverá na Comissão tantos
suplentes quantos forem os re- to no caput deste artigo, será a
processo submetido ao seu jul- circunstância declarada na pe-
gamento. presentantes titulares;
tição inicial da ação intentada
III – o mandato dos seus mem- perante a Justiça do Trabalho.
Art. 624. A vigência de cláu- bros, titulares e suplentes, é de
sula de aumento ou reajuste sa- § 4 o Caso exista, na mesma
um ano, permitida uma recon-
larial, que implique elevação de localidade e para a mesma ca-
dução. tegoria, Comissão de empresa e
tarifas ou de preços sujeitos à
§ 1o É vedada a dispensa dos Comissão sindical, o interessa-
fixação por autoridade pública
representantes dos emprega- do optará por uma delas para
ou repartição governamental,
dos membros da Comissão de submeter a sua demanda, sendo
dependerá de prévia audiência competente aquela que primei-
dessa autoridade ou repartição Conciliação Prévia, titulares e
suplentes, até um ano após o ro conhecer do pedido.
e sua expressa declaração no
final do mandato, salvo se co-
tocante à possibilidade de ele- Art. 625-E. Aceita a conci-
meterem falta grave, nos termos
vação da tarifa ou do preço e liação, será lavrado termo as-
da lei.
quanto ao valor dessa elevação. sinado pelo empregado, pelo
§ 2o O representante dos em- empregador ou seu preposto e
Art. 625. As controvérsias pregados desenvolverá seu pelos membros da Comissão,
resultantes da aplicação de trabalho normal na empresa, fornecendo-se cópia às partes.
Convenção ou de Acordo cele- afastando-se de suas atividades
brado nos termos deste Título apenas quando convocado para Parágrafo único. O termo de
serão dirimidas pela Justiça do atuar como conciliador, sendo conciliação é título executivo
Trabalho. computado como tempo de extrajudicial e terá eficácia li-

759
beratória geral, exceto quanto e das entidades paraestatais em § 2o Nesse livro, registrará o
às parcelas expressamente res- geral dependentes do Ministé- agente da inspeção sua vista
salvadas. rio do Trabalho e Previdência ao estabelecimento, declaran-
Social, serão competentes para do a data e a hora do início e
Art. 625-F. As Comissões a fiscalização a que se refere o término da mesma, bem como
de Conciliação Prévia têm prazo presente artigo, na forma das o resultado da inspeção, nele
de 10 (dez) dias para a realiza- instruções que forem expedi- consignando, se for o caso, to-
ção da sessão de tentativa de das pelo Ministro do Trabalho das as irregularidades verifica-
conciliação a partir da provo- e Previdência Social. das e as exigências feitas, com
cação do interessado. os respectivos prazos para seu
Art. 627. A fim de promover atendimento, e, ainda, de modo
Parágrafo único. Esgotado a instrução dos responsáveis no legível, os elementos de sua
o prazo sem a realização da cumprimento das leis de prote- identificação funcional.
sessão, será fornecida, no úl- ção do trabalho, a fiscalização
timo dia do prazo, a declara- deverá observar o critério de § 3o Comprovada a má-fé do
ção a que se refere o § 2o do dupla visita nos seguintes casos: agente da inspeção, quanto
art. 625-D. à omissão ou lançamento de
a) quando ocorrer promul- qualquer elemento no livro, res-
Art. 625-G. O prazo pres- gação ou expedição de ponderá ele por falta grave no
cricional será suspenso a partir novas leis, regulamentos cumprimento do dever, ficando
da provocação da Comissão de ou instruções ministe- passível, desde logo, da pena de
Conciliação Prévia, recomeçan- riais, sendo que, com suspensão até 30 (trinta) dias,
do a fluir, pelo que lhe resta, a relação, exclusivamente, instaurando-se, obrigatoria-
partir da tentativa frustrada de a esses atos, será feita mente, em caso de reincidência,
conciliação ou do esgotamento apenas a instrução dos inquérito administrativo.
do prazo previsto no art. 625-F. responsáveis;
§ 4o A lavratura de autos con-
b) em se realizando a tra empresas fictícias e de ende-
Ar t. 625-H. Aplicam-se primeira inspeção dos reços inexistentes, assim como
aos Núcleos Intersindicais de estabelecimentos ou a apresentação de falsos rela-
Conciliação Trabalhista em dos locais de trabalho, tórios, constituem falta grave,
funcionamento ou que vierem recentemente inaugura- punível na forma do § 3o.
a ser criados, no que couber, dos ou empreendidos.
as disposições previstas neste
Art. 629. O auto de infra-
Título, desde que observados Art. 627-A. Poderá ser ins-
os princípios da paridade e ção será lavrado em duplicata,
taurado procedimento especial nos termos dos modelos e ins-
da negociação coletiva na sua para a ação fiscal, objetivando a
constituição. truções expedidos, sendo uma
orientação sobre o cumprimen- via entregue ao infrator, contra
to das leis de proteção ao tra- recibo, ou ao mesmo enviada,
balho, bem como a prevenção dentro de 10 (dez) dias da lavra-
e o saneamento de infrações à tura, sob pena de responsabili-
Título VII – Do legislação mediante Termo de
Processo de Multas dade, em registro postal, com
Compromisso, na forma a ser franquia e recibo de volta.
Administrativas disciplinada no Regulamento
da Inspeção do Trabalho. § 1o O auto não terá o seu
valor probante condicionado
Capítulo I – Da Art. 628. Salvo o disposto à assinatura do infrator ou
Fiscalização, da Autuação e nos arts. 627 e 627-A, a toda de testemunhas, e será lavra-
da Imposição de Multas verificação em que o Auditor- do no local da inspeção, salvo
Fiscal do Trabalho concluir pela havendo motivo justif icado
Art. 626. Incumbe às au- existência de violação de pre- que será declarado no próprio
toridades competentes do ceito legal deve corresponder, auto, quando então deverá ser
Ministério do Trabalho e Previ- sob pena de responsabilidade lavrado no prazo de 24 (vinte
dência Social, ou àquelas que administrativa, a lavratura de e quatro) horas, sob pena de
exerçam funções delegadas, a responsabilidade.
auto de infração.
fiscalização do fiel cumprimen-
to das normas de proteção ao § 1o Ficam as empresas obriga- § 2o Lavrado o auto de infra-
trabalho. das a possuir o livro intitulado ção, não poderá ele ser inutili-
“Inspeção do Trabalho”, cujo zado, nem sustado o curso do
Parágrafo único. Os f iscais modelo será aprovado por por- respectivo processo, devendo o
dos Institutos de Seguro Social taria ministerial. agente da inspeção apresentá-lo

760
à autoridade competente, mes- tindo, por exceção, a critério da parecerem necessárias à eluci-
mo se incidir em erro. autoridade competente, sejam dação do processo, cabendo,
os mesmos apresentados em porém, à autoridade, julgar da
§ 3o O infrator terá, para apre-
dia e hora previamente fixados necessidade de tais provas.
sentar defesa, o prazo de 10
pelo agente da inspeção.
(dez) dias contados do recebi-
Art. 633. Os prazos para
mento do auto. § 5o No território do exercí-
defesa ou recurso poderão ser
cio de sua função, o agente da
§ 4 o O auto de infração será prorrogados, de acordo com
inspeção gozará de passe livre
registrado com a indicação despacho expresso da autori-
nas empresas de transportes,
sumária de seus elementos ca- dade competente, quando o
públicas ou privadas, mediante
racterísticos, em livro próprio autuado residir em localidade
a apresentação da carteira de
que deverá existir em cada diversa daquela onde se achar
identidade fiscal.
órgão f iscalizador, de modo essa autoridade.
a assegurar o controle do seu § 6o A inobservância do dispos-
processamento. to nos §§ 3o, 4o e 5o configurará Art. 634. Na falta de dispo-
resistência ou embaraço à fisca- sição especial, a imposição das
Art. 630. Nenhum agente lização e justificará a lavratura multas incumbe às autoridades
da inspeção poderá exercer as do respectivo auto de infração, regionais, competentes em ma-
atribuições do seu cargo sem cominada a multa de valor igual téria de trabalho, na forma es-
exibir a carteira de identidade a meio (1/2) salário mínimo re- tabelecida por este título.
fiscal, devidamente autentica- gional até 5 (cinco) vezes esse
da, fornecida pela autoridade salário, levando-se em conta, § 1o A aplicação da multa não
competente. além das circunstâncias atenu- eximirá o infrator da responsa-
antes ou agravantes, a situa- bilidade em que incorrer por
§ 1o É proibida a outorga de infração das leis penais.
ção econômico-financeira do
identidade fiscal a quem não
infrator e os meios a seu alcance § 2o Os valores das multas ad-
esteja autorizado, em razão do
para cumprir a lei. ministrativas expressos em mo-
cargo ou função, a exercer ou
praticar, no âmbito da legisla- § 7o Para o efeito do disposto eda corrente serão reajustados
ção trabalhista, atos de fisca- no § 5o, a autoridade compe- anualmente pela Taxa Referen-
lização. tente divulgará em janeiro e ju- cial (TR), divulgada pelo Banco
lho, de cada ano, a relação dos Central do Brasil, ou pelo índice
§ 2o A credencial a que se refere que vier a substituí-lo.
agentes da inspeção titulares
este artigo deverá ser devolvida
da carteira de identidade fiscal.
para inutilização, sob as penas Capítulo II – Dos Recursos
da lei em casos de provimento § 8o As autoridades policiais,
em outro cargo público, exone- quando solicitadas, deverão Art. 635. De toda decisão
ração ou demissão, bem como prestar aos agentes da inspeção que impuser multa por infração
nos de licenciamento por prazo a assistência de que necessita- das leis e disposições regulado-
superior a 60 (sessenta) dias e rem para o fiel cumprimento de ras do trabalho, e não havendo
de suspensão do exercício do suas atribuições legais. forma especial de processo ca-
cargo. berá recurso para Diretor-Geral
Art. 631. Qualquer funcio- do Departamento ou Serviço do
§ 3o O agente da inspeção terá
nário público federal, estadual Ministério do Trabalho e Previ-
livre acesso a todas as depen-
ou municipal, ou representan- dência Social, que for compe-
dências dos estabelecimentos
te legal de associação sindical, tente na matéria.
sujeitos ao regime da legislação
poderá comunicar à autoridade
trabalhista, sendo as empresas,
competente do Ministério do Parágrafo único. As decisões
por seus dirigentes ou prepos-
Trabalho e Previdência Social serão sempre fundamentadas.
tos, obrigadas a prestar-lhes
as infrações que verificar.
os esclarecimentos necessários
ao desempenho de suas atri- Art. 636. Os recursos de-
Parágrafo único. De posse des- vem ser interpostos no prazo de
buições legais e a exibir-lhes,
sa comunicação, a autoridade 10 (dez) dias, contados do rece-
quando exigidos, quaisquer
competente procederá desde bimento da notificação, perante
documentos que digam respeito
logo às necessárias diligências,
ao fiel cumprimento das nor- autoridade que houver imposto
lavrando os autos de que haja
mas de proteção ao trabalho. a multa, a qual, depois de os
mister.
informar, encaminhá-los-á à au-
§ 4o Os documentos sujeitos à
toridade de instância superior.
inspeção deverão permanecer, Art. 632. Poderá o autuado
sob as penas da lei, nos locais requerer a audiência de teste- § 1o O recurso só terá segui-
de trabalho, somente se admi- munhas e as diligências que lhe mento se o interessado o ins-

761
truir com a prova do depósito é facultado avocar ao seu exame Parágrafo único. (Revogado)
da multa. e decisão, dentro de 90 (noven-
ta) dias do despacho final do
§ 2o A notif icação somente
será realizada por meio de edi- assunto, ou no curso do pro-
tal, publicado no órgão oficial, cesso, as questões referentes à Título VII-A – Da
quando o infrator estiver em fiscalização dos preceitos esta- Prova de Inexistência de
lugar incerto e não sabido. belecidos nesta Consolidação. Débitos Trabalhistas
§ 3o A notificação de que tra- Capítulo III – Do
ta este artigo fixará igualmente Depósito, da Inscrição e da Art. 642-A. É instituída a
o prazo de 10 (dez) dias para Cobrança Certidão Negativa de Débitos
que o infrator recolha o valor Trabalhistas (CNDT), expedi-
da multa, sob pena de cobrança Art. 639. Não sendo pro- da gratuita e eletronicamente,
executiva. vido o recurso, o depósito se para comprovar a inexistência
§ 4 o As guias de depósito ou converterá em pagamento. de débitos inadimplidos perante
recolhimento serão emitidas em a Justiça do Trabalho.
3 (três) vias e o recolhimento Art. 640. É facultado às De-
da multa deverá proceder-se legacias Regionais do Trabalho, § 1o O interessado não obterá
dentro de 5 (cinco) dias às re- na conformidade de instruções a certidão quando em seu nome
partições federais competentes, expedidas pelo Ministro de Es- constar:
que escriturarão a receita a cré- tado, promover a cobrança
dito do Ministério do Trabalho amigável das multas antes do I – o inadimplemento de obriga-
e Previdência Social. encaminhamento dos processos ções estabelecidas em senten-
à cobrança executiva. ça condenatória transitada em
§ 5o A segunda via da guia do
julgado proferida pela Justiça
recolhimento será devolvida Art. 641. Não compare-
pelo infrator à repartição que do Trabalho ou em acordos ju-
cendo o infrator, ou não de- diciais trabalhistas, inclusive no
a emitiu, até o sexto dia depois positando a importância da
de sua expedição, para a aver- concernente aos recolhimentos
multa ou penalidade, far-se-á
bação no processo. previdenciários, a honorários,
a competente inscrição em livro
§ 6o A multa será reduzida de especial, existente nas reparti- a custas, a emolumentos ou a
50% (cinquenta por cento) se o ções das quais se tiver origi- recolhimentos determinados
infrator, renunciando ao recur- nado a multa ou penalidade, em lei; ou
so, a recolher ao Tesouro Nacio- ou de onde tenha provindo a II – o inadimplemento de obri-
nal dentro do prazo de 10 (dez) reclamação que a determinou,
dias contados do recebimento gações decorrentes de execução
sendo extraída cópia autênti-
da notificação ou da publicação ca dessa inscrição e enviada às de acordos firmados perante o
do edital. autoridades competentes para Ministério Público do Trabalho
a respectiva cobrança judicial, ou Comissão de Conciliação
§ 7o Para a expedição da guia,
no caso do § 6 o, deverá o in- valendo tal instrumento como Prévia.
frator juntar a notificação com título de dívida líquida e certa.
§ 2o Verificada a existência de
a prova da data do seu recebi- débitos garantidos por penho-
mento, ou a folha do órgão ofi- Art. 642. A cobrança judi-
cial das multas impostas pelas ra suficiente ou com exigibili-
cial que publicou o edital.
autoridades administrativas dade suspensa, será expedida
Art. 637. De todas as de- do trabalho obedecerá ao dis- Certidão Positiva de Débitos
cisões que proferirem em pro- posto na legislação aplicável Trabalhistas em nome do inte-
cessos de infração das leis de à cobrança da dívida ativa da ressado com os mesmos efeitos
proteção ao trabalho e que União, sendo promovida, no da CNDT.
impliquem arquivamento des- Distrito Federal e nas capitais
tes, observado o disposto no dos Estados em que funcio- § 3o A CNDT certificará a em-
parágrafo único do art. 635, narem Tribunais Regionais do presa em relação a todos os
deverão as autoridades prola- Trabalho, pela Procuradoria seus estabelecimentos, agências
toras recorrer de ofício para a da Justiça do Trabalho, e, nas e filiais.
autoridade competente de ins- demais localidades, pelo Mi-
tância superior. nistério Público Estadual e do § 4 o O prazo de validade da
Território do Acre, nos termos CNDT é de 180 (cento e oiten-
Art. 638. Ao ministro do do Decreto-Lei no 960, de 17 de ta) dias, contado da data de
Trabalho, Indústria e Comércio dezembro de 1938. sua emissão.

762
Art. 646. Os órgãos da Jus- Art. 650. A jurisdição de
tiça do Trabalho funcionarão cada Junta de Conciliação e
Título VIII – Da perfeitamente coordenados, em Julgamento abrange todo o ter-
Justiça do Trabalho regime de mútua colaboração, ritório da Comarca em que tem
sob a orientação do presidente sede, só podendo ser estendida
do Tribunal Superior do Traba- ou restringida por lei federal.
Capítulo I – Introdução lho.
Parágrafo único. As leis locais
A r t . 6 43. Os dis sídios Capítulo II – Das Juntas de de Organização Judiciária não
oriundos das relações entre em-
Conciliação e Julgamento influirão sobre a competência
pregados e empregadores, bem de Juntas de Conciliação e Jul-
como de trabalhadores avulsos gamento já criadas, até que lei
e seus tomadores de serviços, Seção I – Da Composição e federal assim determine.
em atividades reguladas na Funcionamento
legislação social, serão dirimi- Art. 651. A competência
dos pela Justiça do Trabalho, Art. 647. Cada Junta de das Juntas de Conciliação e
de acordo com o presente Títu- Conciliação e Julgamento terá Julgamento é determinada pela
lo e na forma estabelecida pelo a seguinte composição: localidade onde o empregado,
processo judiciário do trabalho. reclamante ou reclamado, pres-
a) um Juiz do trabalho, que
tar serviços ao empregador, ain-
§ 1o As questões concernentes será seu Presidente;
da que tenha sido contratado
à previdência social serão de- b) dois vogais, sendo um noutro local ou no estrangeiro.
cididas pelos órgãos e autori- representante dos em-
dades previstos no Capítulo V § 1o Quando for parte no dis-
pregadores e outro dos
deste título e na legislação sobre sídio agente ou viajante co-
empregados.
seguro social. mercial, a competência será da
Junta da localidade em que a
§ 2o As questões referentes a Parágrafo único. Haverá um
empresa tenha agência ou filial
acidentes do trabalho continu- suplente para cada vogal.
e a esta o empregado esteja
am sujeitas à justiça ordinária, subordinado e, na falta, será
Art. 648. São incompatíveis
na forma do Decreto no 24.637, competente a Junta da localiza-
entre si, para os trabalhos da
de 10 de julho de 1934, e legis- ção em que o empregado tenha
mesma Junta, os parentes con-
lação subsequente. domicílio ou a localidade mais
sanguíneos e afins até o terceiro
próxima.
§ 3o A Justiça do Trabalho é grau civil.
competente, ainda, para pro- § 2o A competência das Juntas
cessar e julgar as ações entre Parágrafo único. A incompa- de Conciliação e Julgamento,
trabalhadores portuários e os tibilidade resolve-se a favor do estabelecida neste artigo, es-
operadores portuários ou o Ór- primeiro vogal designado ou tende-se aos dissídios ocorridos
gão Gestor de Mão de Obra – empossado, ou por sorteio, se em agência ou filial no estran-
OGMO decorrentes da relação a designação ou posse for da geiro, desde que o empregado
de trabalho. mesma data. seja brasileiro e não haja con-
venção internacional dispondo
Art. 644. São órgãos da Art. 649. As Juntas poderão em contrário.
conciliar, instruir ou julgar com
Justiça do Trabalho: § 3o Em se tratando de empre-
qualquer número, sendo, po-
gador que promova realização
a) o Tribunal Superior do rém, indispensável a presença
de atividades fora do lugar do
Trabalho; do presidente, cujo voto preva-
contrato de trabalho, é assegu-
lecerá em caso de empate.
b) os Tribunais Regionais rado ao empregado apresentar
do Trabalho; § 1o No julgamento de embar- reclamação no foro da celebra-
gos deverão estar presentes to- ção do contrato ou no da pres-
c) as Juntas de Conciliação dos os membros da Junta. tação dos respectivos serviços.
e Julgamento ou os Juí-
zos de Direito. § 2o Na execução e na liquida-
Art. 652. Compete às Varas
ção das decisões funciona ape-
do Trabalho:
Art. 645. O serviço da Jus- nas o Presidente.
tiça do Trabalho é relevante e a) conciliar e julgar:
obrigatório, ninguém dele po- I – os dissídios em que se pre-
dendo eximir-se, salvo motivo
Seção II – Da Jurisdição e tenda o reconhecimento da
justificado. Competência das Juntas estabilidade de empregado;

763
II – os dissídios concernentes sua apreciação, repre- § 3o Os Juízes Substitutos serão
a remuneração, férias e in- sentando contra aque- nomeados após aprovação em
denizações por motivo de las que não atenderem concurso público de provas e
rescisão do contrato indi- a tais requisições; títulos realizado perante o Tri-
vidual de trabalho; bunal Regional do Trabalho da
b) realizar as diligências e Região, válido por dois anos e
III – os dissídios resultantes de praticar os atos proces- prorrogável, a critério do mes-
contratos de empreitadas suais ordenados pelos mo órgão, por igual período,
em que o empreiteiro seja Tribunais Regionais do uma só vez, e organizado de
operário ou artífice; Trabalho ou pelo Tri- acordo com as instruções ex-
IV – os demais dissídios con- bunal Superior do Tra- pedidas pelo Tribunal Superior
cernentes ao contrato indi- balho; do Trabalho.
vidual de trabalho; c) julgar as suspeições ar- § 4o Os candidatos inscritos só
V – as ações entre trabalhado- guidas contra os seus serão admitidos ao concurso
res portuários e os operado- membros; após apreciação prévia, pelo
res portuários ou o Órgão d) julgar as exceções de Tribunal Regional do Trabalho
Gestor de Mão de Obra incompetência que lhes da respectiva Região, dos se-
– OGMO decorrentes da forem opostas; guintes requisitos:
relação de trabalho;
e) expedir precatórias e a) idade maior de 25 (vinte
b) processar e julgar os in- cumprir as que lhes fo- e cinco) anos e menor
quéritos para apuração rem deprecadas; de 45 (quarenta e cinco)
de falta grave; anos;
f ) exercer, em geral, no
c) julgar os embargos interesse da Justiça do b) idoneidade para o exer-
opostos às suas pró- Trabalho, quaisquer cício das funções.
prias decisões;
outras atribuições que § 5o O preenchimento dos car-
d) impor multas e demais decorram da sua juris- gos de Presidente de Junta, va-
penalidades relativas dição. gos ou criados por lei, será feito
aos atos de sua compe- dentro de cada Região:
tência;
a) pela remoção de outro
e) (Revogada);
Seção III – Dos Presidentes Presidente, prevalecen-
das Juntas do a antiguidade no
f ) decidir quanto à ho-
cargo, caso haja mais de
mologação de acordo Art. 654. O ingresso na ma-
um pedido, desde que
extrajudicial em maté- gistratura do trabalho far-se-á a remoção tenha sido
ria de competência da para o cargo de Juiz do traba- requerida, dentro de
Justiça do Trabalho. lho substituto. As nomeações quinze dias, contados
subsequentes por promoção, da abertura da vaga, ao
Parágrafo único. Terão pre- alternadamente, por antiguida- Presidente do Tribunal
ferência para julgamento os de e merecimento. Regional, a quem cabe-
dissídios sobre pagamento de
§ 1o Nas 7a e 8a Regiões da Jus- rá expedir o respectivo
salário e aqueles que deriva-
tiça do Trabalho, nas localida- ato;
rem da falência do emprega-
dor, podendo o Presidente da des fora das respectivas sedes, b) pela promoção de subs-
Junta, a pedido do interessado, haverá suplentes de Juiz do tra- tituto, cuja aceitação
constituir processo em separa- balho Presidente de Junta, sem será facultativa, obe-
do, sempre que a reclamação direito a acesso, nomeados pelo decido o critério alter-
também versar sobre outros Presidente da República, dentre nado de antiguidade e
assuntos. brasileiros, bacharéis em direi- merecimento.
to, de reconhecida idoneidade
moral, especializados em direito § 6 o Os juízes do trabalho,
Art. 653. Compete, ainda,
do trabalho, pelo período de 2 Presidentes de Junta, juízes
às Juntas de Conciliação e Jul-
(dois) anos, podendo ser recon- substitutos e suplentes de Juiz
gamento:
duzidos. tomarão posse perante o Presi-
a) requisitar às autorida- dente do Tribunal da respectiva
des competentes a rea- § 2o Os suplentes de Juiz do Região. Nos Estados que não
lização das diligências trabalho receberão, quando forem sede de Tribunal Regional
necessárias ao esclare- em exercício, vencimentos iguais do Trabalho, a posse dar-se-á
cimento dos feitos sob aos dos juízes que substituírem. perante o Presidente do Tribu-

764
nal de Justiça, que remeterá o a) manter perfeita conduta decisão da Junta, no caso do
termo ao Presidente do Tribu- pública e privada; art. 894;
nal Regional da jurisdição do b) abster-se de atender a VII – assinar as folhas de paga-
empossado. Nos Territórios, a solicitações ou reco- mento dos membros e funcio-
posse dar-se-á perante o Presi- mendações relativamen- nários da Junta;
dente do Tribunal Regional do te aos feitos que hajam
Trabalho da respectiva Região. VIII – apresentar ao Presiden-
sido ou tenham de ser te do Tribunal Regional, até
submetidos à sua apre- 15 de fevereiro de cada ano, o
Art. 655. (Revogado) ciação; relatório dos trabalhos do ano
Art. 656. O Juiz do Traba- c) residir dentro dos limi- anterior;
lho Substituto, sempre que não tes de sua jurisdição, IX – conceder medida liminar,
estiver substituindo o Juiz-Presi- não podendo ausen- até decisão final do processo
dente de Junta, poderá ser de- tar-se sem licença do em reclamações trabalhistas
signado para atuar nas Juntas Presidente do Tribunal que visem a tornar sem efeito
de Conciliação e Julgamento. Regional; transferência disciplinada pelos
d) despachar e praticar parágrafos do artigo. 469 desta
§ 1o Para o fim mencionado no
todos os decorrentes Consolidação;
caput deste artigo, o território
de suas funções, dentro X – conceder medida liminar, até
da Região poderá ser dividido
dos prazos estabeleci- decisão final do processo, em
em zonas, compreendendo a ju-
dos, sujeitando-se ao reclamações trabalhistas que
risdição de uma ou mais Juntas,
desconto correspon- visem reintegrar no emprego
a juízo do Tribunal Regional do
dente a um dia de ven- dirigente sindical afastado,
Trabalho respectivo. cimento para cada dia suspenso ou dispensado pelo
§ 2o A designação referida no de retardamento. empregador.
caput deste artigo será de atri-
buição do Juiz-Presidente do Art. 659. Competem pri-
Tribunal Regional do Trabalho vativamente aos Presidentes Seção IV – Dos Vogais das
ou, não havendo disposição das Juntas, além das que lhes Juntas
regimental específica, de quem forem conferidas neste título e
este indicar. das decorrentes de seu cargo, Art. 660. Os vogais das Jun-
as seguintes atribuições: tas são designados pelo Presi-
§ 3 Os Juízes do Trabalho
o
dente do Tribunal Regional da
Substitutos, quando designados I – presidir as audiências das
Juntas; respectiva jurisdição.
ou estiverem substituindo os Ju-
ízes Presidentes de Juntas, per- II – executar as suas próprias Art. 661. Para o exercício
ceberão os vencimentos destes. decisões, as proferidas pela da função de vogal da Junta ou
Junta e aquelas cuja execução suplente deste são exigidos os
§ 4 o O Juiz-Presidente do Tri-
lhes for deprecada; seguintes requisitos:
bunal Regional do Trabalho
ou, não havendo disposição III – dar posse aos vogais nome- a) ser brasileiro;
regimental específica, que este ados para a Junta, ao Secretário
e aos demais funcionários da b) ter reconhecida idonei-
indicar, fará a lotação e a mo-
Secretaria; dade moral;
vimentação dos Juízes Substi-
tutos entre as diferentes zonas IV – convocar os suplentes dos c) ser maior de 25 (vinte e
da Região na hipótese de terem vogais, no impedimento destes; cinco) anos e ter menos
sido criadas na forma do § 1o de 70 (setenta) anos;
deste artigo. V – representar ao Presidente do
Tribunal Regional da respectiva d) estar no gozo dos direi-
jurisdição, no caso de falta de tos civis e políticos;
Art. 657. Os Presidentes de
Junta e os Presidentes substitu- qualquer vogal a 3 (três) reu- e) estar quite com o servi-
tos perceberão a remuneração niões consecutivas, sem moti- ço militar;
ou os vencimentos fixados em vo justificado, para os fins do
f) contar mais de 2 (dois
lei. art. 727;
anos) de efetivo exer-
VI – despachar os recursos in- cício na profissão e ser
Art. 658. São deveres pre- terpostos pelas partes, funda- sindicalizado.
cípuos dos Presidentes das Jun- mentando a decisão recorrida
tas, além dos que decorram do antes da remessa ao Tribunal Parágrafo único. A prova da
exercício de sua função: Regional, ou submetendo-os à qualidade profissional a que se

765
refere a alínea “f” deste artigo representantes das respectivas niões do Tribunal a que
é feita mediante declaração do categorias profissionais e eco- pertençam;
respectivo sindicato. nômicas nas Juntas de Con-
ciliação e Julgamento, ou nas b) aconselhar às partes a
Art. 662. A escolha dos vo- localidades onde não existirem conciliação;
gais das Juntas e seus suplentes sindicatos, serão esses repre- c) votar no julgamento dos
far-se-á dentre os nomes cons- sentantes livremente designa- feitos e nas matérias de
tantes das listas que, para esse dos pelo Presidente do Tribunal ordem interna do Tribu-
efeito, forem encaminhadas Regional do Trabalho, observa-
pelas associações sindicais de nal, submetidas às suas
dos os requisitos exigidos para deliberações;
primeiro grau ao Presidente do o exercício da função.
Tribunal Regional. d) pedir vista dos proces-
§ 1 Para esse fim, cada sindi-
o Art. 663. A investidura dos sos pelo prazo de 24
cato de empregadores e de em- vogais das Juntas e seus suplen- (vinte e quatro) horas;
pregados, com base territorial tes é de 3 (três) anos, podendo,
entretanto, ser dispensado, a e) formular, por intermé-
extensiva à área de jurisdição
da Junta, no todo ou em parte, pedido, aquele que tiver servi- dio do Presidente, aos
procederá na ocasião determi- do, sem interrupção, durante litigantes, testemunhas
nada pelo Presidente do Tribu- metade desse período. e peritos, as perguntas
nal Regional, à escolha de três que quiserem fa zer,
§ 1o Na hipótese da dispensa para esclarecimento
nomes que comporão a lista,
aplicando-se à eleição o dispos- do vogal a que alude este artigo, do caso.
to no art. 524 e seus §§ 1o a 3o. assim como nos casos do im-
pedimento, morte ou renúncia, Capítulo III – Dos Juízos
§ 2o Recebidas as listas pelo sua substituição far-se-á pelo
Presidente do Tribunal Regio- suplente, mediante convocação de Direito
nal, designará este, dentro de 5 do Presidente da Junta.
(cinco) dias, os nomes dos vo- Art. 668. Nas localidades
gais e dos respectivos suplentes, § 2o Na falta do suplente, por não compreendidas na jurisdi-
expedindo para cada um deles impedimento, morte ou re- ção das Juntas de Conciliação e
um título, mediante a apresen- núncia, serão designados novo Julgamento, os Juízos de Direito
tação do qual será empossado. vogal e o respectivo suplente, são os órgãos de administração
dentre os nomes constantes das da Justiça do Trabalho, com a
§ 3 o Dentro de quinze dias, listas a que se refere o art. 662,
contados da data da posse, jurisdição que lhes for deter-
servindo os designados até o minada pela lei de organização
pode ser contestada a investi- fim do período.
dura do vogal ou do suplente, judiciária local.
por qualquer interessado, sem
Art. 664. Os vogais das
efeito suspensivo, por meio de Art. 669. A competência
Juntas e seus suplentes tomam
representação escrita, dirigida dos Juízos de Direito, quando
posse perante o Presidente da
ao Presidente do Tribunal Re- investidos na administração da
gional. Junta em que têm de funcionar.
Justiça do Trabalho, é a mesma
§ 4 o Recebida a contestação, Art. 665. Enquanto durar das Juntas de Conciliação e Jul-
o Presidente do Tribunal desig- sua investidura, gozam os vo- gamento, na forma da seção II
nará imediatamente relator, o gais das Juntas e seus suplentes do Capítulo II.
qual, se houver necessidade de das prerrogativas asseguradas § 1o Nas localidades onde hou-
ouvir testemunhas ou de pro- aos jurados.
ceder a quaisquer diligências, ver mais de um Juízo de Direito
providenciará para que tudo se a competência é determinada,
Art. 666. Por audiência a
realize com a maior brevidade, entre os Juízes do Cível, por dis-
que comparecerem, até o má-
submetendo, por fim, a contes- ximo de 20 (vinte) por mês, os tribuição ou pela divisão judici-
tação ao parecer do Tribunal, vogais das Juntas e seus suplen- ária local, na conformidade da
na primeira sessão. tes perceberão a gratificação lei de organização respectiva.
§ 5o Se o Tribunal julgar pro- fixada em lei. § 2o Quando o critério de com-
cedente a contestação, o Presi- petência da lei de organização
dente providenciará a designa- Art. 667. São prerrogativas judiciária for diverso do previs-
ção de novo vogal ou suplente. dos vogais das Juntas, além das to no parágrafo anterior, será
referidas no art. 665: competente o Juiz do Cível mais
§ 6o Em falta de indicação, pe-
los sindicatos, de nomes para a) tomar parte nas reu- antigo.

766
Capítulo IV – Dos § 8o Os Tribunais Regionais da Art. 673. A ordem das ses-
Tribunais Regionais do 1a e 2a Regiões dividir-se-ão em sões dos Tribunais Regionais
Trabalho Turmas, facultada essa divisão será estabelecida no respectivo
aos constituídos de, pelo me- Regimento Interno.
nos, doze juízes. Cada turma se
Seção I – Da Composição e comporá de três juízes togados
do Funcionamento e dois classistas, um represen- Seção II – Da Jurisdição e
tante dos empregados e outro Competência
Ar t . 670. Os Tribunais dos empregadores.
Regionais das 1a e 2a Regiões Art. 674. Para efeito da
compor-se-ão de onze juízes Art. 671. Para os trabalhos jurisdição dos Tribunais Regio-
togados, vitalícios, e de seis dos Tribunais Regionais existe a nais, o território nacional é divi-
juízes classistas, temporários; mesma incompatibilidade pre- dido nas oito regiões seguintes:
os da 3a e 4 a Regiões, de oito vista no art. 648, sendo idêntica 1a Região – Estados da Guana-
juízes togados, vitalícios, e de a forma de sua resolução. bara, Rio de Janeiro e Espírito
quatro classistas, temporários; Santo;
os da 5a e 6 a Regiões, de sete Art. 672. Os Tribunais Re-
juízes togados, vitalícios, e de gionais, em sua composição ple- 2a Região – Estados de São Pau-
dois classistas, temporários; os na, deliberarão com a presença, lo, Paraná e Mato Grosso;
da 7a e 8a Regiões, de seis juízes além do Presidente, da metade e 3a Região – Estados de Minas
togados, vitalícios, e de dois mais um do número de seus ju- Gerais e Goiás e Distrito Fede-
classistas, temporários, todos ízes, dos quais, no mínimo, um ral;
nomeados pelo Presidente da representante dos empregados
República. e outro dos empregadores. 4 a Região – Estados do Rio
Grande do Sul e Santa Catarina;
§ 1o (Vetado) § 1o As Turmas somente po-
derão deliberar presentes, pelo 5a Região – Estados da Bahia
§ 2 Nos Tribunais Regionais
o
e Sergipe;
constituídos de seis ou mais ju- menos, três dos seus juízes, en-
ízes togados, e menos de onze, tre eles os dois classistas. Para 6a Região – Estados de Alago-
um deles será escolhido dentre a integração desse quórum, po- as, Pernambuco, Paraíba e Rio
advogados, um dentre mem- derá o Presidente de uma Tur- Grande do Norte;
bros do Ministério Público da ma convocar Juízes de outra, da
7a Região – Estados do Ceará,
União junto à Justiça do Traba- classe a que pertencer o ausente
Piauí e Maranhão;
lho e os demais dentre juízes do ou impedido.
Trabalho Presidentes de Junta 8a Região – Estados do Ama-
§ 2o Nos Tribunais Regionais, zonas, Pará, Acre e Territórios
da respectiva Região, na forma as decisões tomar-se-ão pelo
prevista no parágrafo anterior. Federais do Amapá, Rondônia
voto da maioria dos juízes pre- e Roraima.
§ 3o (Vetado) sentes, ressalvada, no Tribunal
Pleno, a hipótese de declaração Parágrafo único. Os tribunais
§ 4o Os juízes classistas referi- de inconstitucionalidade de lei
dos neste artigo representarão, têm sede nas cidades: Rio de Ja-
ou ato do poder público (art. neiro (1a Região), São Paulo (2a
paritariamente, empregadores e 111 da Constituição).
empregados. Região), Belo Horizonte (3a Re-
§ 3o O Presidente do Tribunal gião), Porto Alegre (4a Região),
§ 5o Haverá um suplente para Regional, excetuada a hipótese Salvador (5a Região), Recife (6a
cada Juiz classista. de declaração de inconstitucio- Região), Fortaleza (7a Região) e
§ 6o Os Tribunais Regionais, no nalidade de lei ou ato do poder Belém (8a Região).
respectivo regimento interno, público, somente terá voto de
disporão sobre a substituição desempate. Nas sessões admi- Art. 675. (Revogado)
de seus juízes, observados, na nistrativas, o Presidente votará
convocação de juízes inferiores, como os demais juízes, caben- Art. 676. O número de re-
os critérios de livre escolha e an- do-lhe, ainda, o voto de qua- giões, a jurisdição e a categoria
tiguidade, alternadamente. lidade. dos Tribunais Regionais, estabe-
lecidos nos artigos anteriores,
§ 7o Dentre os seus juízes toga- § 4o No julgamento de recursos somente podem ser alterados
dos, os Tribunais Regionais ele- contra decisão ou despacho do pelo Presidente da República.
gerão os respectivos Presidente Presidente, do Vice-Presidente
e Vice-Presidente, assim como ou do Relator, ocorrendo em- Art. 677. A competência
os Presidentes de Turmas, onde pate, prevalecerá a decisão ou dos Tribunais Regionais deter-
as houver. despacho recorrido. mina-se pela forma indicada no

767
art. 651 e seus parágrafos e, nos dos juízes de primeira ins- e) julgar as exceções de
casos de dissídio coletivo, pelo tância e de seus funcioná- incompetência que lhes
local onde este ocorrer. rios; forem opostas;

Art. 678. Aos Tribunais Re- II – às Turmas: f) requisitar às autorida-


gionais, quando divididos em des competentes as
a) julgar os recursos or-
Turmas, compete: dinários previstos no diligências necessárias
art. 895, alínea “a”; ao esclarecimento dos
I – ao Tribunal Pleno, especial- feitos sob apreciação,
mente: b) julgar os agravos de pe- representando contra
a) processar, conciliar e tição e de instrumento, aquelas que não atende-
julgar originariamente estes de decisões dene- rem a tais requisições;
os dissídios coletivos; gatórias de recursos de
sua alçada; g) exercer, em geral, no
b) processar e julgar origi- interesse da Justiça do
nariamente: c) impor multas e demais Trabalho, as demais
penalidades relativas e atribuições que decor-
1) as revisões de sentenças atos de sua competên- ram de sua Jurisdição.
normativas; cia jurisdicional, e julgar
2) a extensão das decisões os recursos interpostos
proferidas em dissídios co- das decisões das Juntas Seção III – Dos Presidentes
letivos; dos juízes de direito que dos Tribunais Regionais
as impuserem.
3) os mandados de segurança;
Art. 681. Os Presidentes e
4) as impugnações à investidu- Parágrafo único. Das decisões Vice-Presidentes dos Tribunais
ra de vogais e seus suplentes das Turmas não caberá recurso Regionais do Trabalho tomarão
nas Juntas de Conciliação e para o Tribunal Pleno, exceto no posse perante os respectivos
Julgamento; caso do item I, alínea “c”, inciso Tribunais.
1, deste artigo.
c) processar e julgar em
última instância: Art. 682. Competem priva-
Art. 679. Aos Tribunais Re- tivamente aos Presidentes dos
1) os recursos das multas im- gionais não divididos em Tur- Tribunais Regionais, além das
postas pelas Turmas; mas, compete o julgamento das que forem conferidas neste e no
matérias a que se refere o artigo título e das decorrentes do seu
2) as ações rescisórias das de-
cisões das Juntas de Con- anterior, exceto a de que trata o cargo, as seguintes atribuições:
ciliação e Julgamento, dos inciso I da alínea “c” do item I,
como os conflitos de jurisdição I – (Revogado);
juízes de direito investidos
na jurisdição trabalhista, entre Turmas. II – designar os vogais das Jun-
das Turmas e de seus pró- tas e seus suplentes;
prios acórdãos; Art. 680. Compete, ainda,
aos Tribunais Regionais, ou suas III – dar posse aos Presidentes
3) os conflitos de jurisdição Turmas: de Juntas e Presidentes substi-
entre as suas Turmas, os tutos, aos vogais e suplentes e
juízes de direito investidos a) determinar às Juntas funcionários do próprio Tribu-
na jurisdição trabalhista, as e aos juízes de direito nal e conceder férias e licenças
Juntas de Conciliação e Jul- a realização dos atos aos mesmos e aos vogais e su-
gamento, ou entre aqueles processuais e diligên- plentes das Juntas;
e estas; cias necessárias ao jul-
gamento dos feitos sob IV – presidir às sessões do Tri-
d) julgar em única ou últi- sua apreciação; bunal;
ma instâncias:
b) fiscalizar o cumprimen- V – presidir às audiências de
1) os processos e os recursos to de suas próprias de- conciliação nos dissídios cole-
de natureza administrativa cisões; tivos;
atinentes aos seus serviços
auxiliares e respectivos ser- c) declarar a nulidade dos VI – executar suas próprias
vidores; atos praticados com in- decisões e as proferidas pelo
fração de suas decisões; Tribunal;
2) as reclamações contra atos
administrativos de seu Pre- d) julgar as suspeições VII – convocar suplentes dos
sidente ou de qualquer de arguidas contra seus vogais do Tribunal, nos impe-
seus membros, assim como membros; dimentos destes;

768
VIII – representar ao Presidente Suplente, é facultado ao Pre- § 1o Para o efeito deste artigo,
do Tribunal Superior do Traba- sidente do Tribunal Regional o Conselho de Representantes
lho contra os Presidentes e os designar um dos Vogais de Jun- de cada associação sindical de
vogais, nos casos previstos no ta de Conciliação e Julgamento grau superior, na ocasião de-
art. 727 e seu parágrafo único; para funcionar nas sessões do terminada pelo Presidente do
Tribunal, respeitada a categoria Tribunal Superior do Trabalho,
IX – despachar os recursos in-
profissional ou econômica do organizará, por maioria de vo-
terpostos pelas partes;
representante. tos, uma lista de 3 (três) nomes.
X – requisitar às autoridades
§ 2o O Presidente do Tribunal
competentes, nos casos de dis- Art. 683. Na falta ou im- Superior do Trabalho subme-
sídio coletivo, a força necessá- pedimento dos Presidentes dos terá os nomes constantes das
ria, sempre que houver ameaça Tribunais Regionais, e como listas ao Presidente da Repúbli-
de perturbação da ordem; auxiliares destes, sempre que ca por intermédio do Ministro
XI – exercer correição, pelo me- necessário, funcionarão seus da Justiça e Segurança Pública.
nos uma vez por ano, sobre as substitutos.
Juntas, ou parcialmente, sempre § 1o Nos casos de férias, por Art. 686. (Revogado)
que se fizer necessário, e solici-
trinta dias, licença, morte ou re-
tá-la, quando julgar convenien- Art. 687. Os vogais dos Tri-
núncia, a convocação competi-
te, ao Presidente do Tribunal bunais Regionais tomam posse
rá diretamente ao Presidente do
de Apelação relativamente aos perante o respectivo Presidente.
Tribunal Superior do Trabalho.
juízes de Direito investidos na
administração da Justiça do § 2o Nos demais casos, me- Art. 688. Aos juízes repre-
Trabalho; diante convocação do próprio sentantes classistas dos Tribu-
Presidente do Tribunal ou co- nais Regionais aplicam-se as
XII – distribuir os feitos, desig-
municação do Secretário deste, disposições do art. 663, sendo
nando os vogais que os devam
o Presidente substituto assumi- a nova escolha feita dentre os
relatar;
rá imediatamente o exercício, nomes constantes das listas a
XIII – designar, dentre os funcio- ciente o Presidente do Tribunal que se refere art. 685, ou na for-
nários do Tribunal e das Juntas Superior do Trabalho. ma indicada no art. 686 e, bem
existentes em uma mesma lo- assim, as dos arts. 665 e 667.
calidade, o que deve exercer a
função de distribuidor; Seção IV – Dos Juízes Art. 689. Por sessão a que
Representantes Classistas dos comparecerem, até o máximo
XIV – assinar as folhas de pa-
de quinze por mês, perceberão
gamento dos vogais servidores Tribunais Regionais os Juízes representantes clas-
do Tribunal.
Art. 684. Os juízes repre- sistas e suplentes dos Tribunais
§ 1o Na falta ou impedimento sentantes classistas dos Tribu- Regionais a gratificação fixada
do Presidente da Junta e do em lei.
nais Regionais são designados
substituto da mesma localida-
pelo Presidente da República.
de, é facultado ao Presidente Parágrafo único. Os Juízes
do Tribunal Regional designar representantes classistas que
Parágrafo único. Aos juízes
substituto de outra localidade, retiverem processos além dos
representantes classistas dos
observada a ordem de antigui- prazos estabelecidos no Regi-
dade entre os substitutos desim- empregadores e dos emprega- mento Interno dos Tribunais
pedidos. dos, nos Tribunais Regionais, Regionais sofrerão automati-
aplicam-se as disposições do camente, na gratificação mensal
§ 2o Na falta ou impedimento art. 661. a que teriam direito, desconto
do vogal da Junta e do respec-
equivalente a 1/30 (um trinta
tivo suplente, é facultado ao Art. 685. A escolha dos vo- avos) por processo retido.
Presidente do Tribunal Regio- gais e suplentes dos Tribunais
nal designar suplente de outra Regionais, representantes dos
Junta, respeitada a categoria
Capítulo V – Do Tribunal
empregadores e empregados, Superior do Trabalho
profissional ou econômica do é feita dentre os nomes cons-
representante e a ordem de an- tantes das listas para esse fim
tiguidade dos suplentes desim-
pedidos.
encaminhadas ao Presidente do Seção I – Disposições
Tribunal Superior do Trabalho Preliminares
§ 3o Na falta ou impedimento pelas associações sindicais de
de qualquer Juiz representan- grau superior com sede nas res- Art. 690. O Tribunal Supe-
te classista e seu respectivo pectivas regiões. rior do Trabalho, com sede na

769
Capital da República e jurisdi- antecedência mínima de 15 Art. 699. O Tribunal Supe-
ção em todo o território nacio- (quinze) dias, convocando as rior do Trabalho não poderá
nal, é a instância suprema da associações sindicais de grau deliberar, na plenitude de sua
Justiça do Trabalho. superior, para que cada uma, composição, senão com a pre-
mediante maioria de votos do sença de, pelo menos, nove de
Parágrafo único. O Tribunal respectivo Conselho de Repre- seus juízes, além do Presidente.
funciona na plenitude de sua sentantes, organize uma lista de
composição ou dividido em três nomes, que será encami- Parágrafo único. As turmas do
turmas, com observância da nhada, por intermédio daquele Tribunal, compostas de 5 (cin-
paridade de representação de Tribunal, ao Ministro da Justiça co) juízes, só poderão deliberar
empregados e empregadores. e Segurança Pública dentro do com a presença de, pelo menos,
prazo que for fixado no edital. três de seus membros, além do
Art. 691. (Revogado) respectivo Presidente, cabendo
Art. 694. Os juízes togados também a este funcionar como
Art. 692. (Revogado) relator ou revisor nos feitos que
escolher-se-ão: sete, dentre ma-
gistrados da Justiça do Traba- lhe forem distribuídos, confor-
lho, dois, dentre advogados no me estabelecer o regimento
Seção II – Da Composição e interno.
efetivo exercício da profissão, e
Funcionamento do Tribunal
dois, dentre membros do Minis-
Superior do Trabalho tério Público da União junto à Art. 700. O Tribunal reu-
Justiça do Trabalho. nir-se-á em dias previamente
Art. 693. O Tribunal Supe- fixados pelo Presidente, o qual
rior do Trabalho compõe-se de poderá, sempre que for neces-
17 (dezessete) juízes com a de- Art. 695. (Revogado)
sário, convocar sessões extra-
nominação de Ministros, sendo: ordinárias.
Art. 696. Importará em re-
a) onze togados e vitalí- núncia o não comparecimento
cios, nomeados pelo do membro do Conselho, sem Art. 701. As sessões do Tri-
Presidente da Repúbli- bunal serão públicas e come-
motivo justificado, a mais de
ca, depois de aprovada çarão às 14 horas, terminando
três sessões ordinárias conse-
a escolha pelo Senado às 17 horas, mas poderão ser
cutivas.
Federal, dentre brasilei- prorrogadas pelo Presidente,
ros natos, maiores de 35 § 1o Ocorrendo a hipótese pre- em caso de manifesta neces-
(trinta e cinco) anos, de vista neste artigo, o Presidente sidade.
notável saber jurídico e do Tribunal comunicará imedia-
reputação ilibada; § 1o As sessões extraordinárias
tamente o fato ao Ministro da do Tribunal só se realizarão
b) seis classistas, com Justiça e Segurança Pública, a quando forem comunicadas aos
mandato de três anos, fim de que se a feita a substi- seus membros com 24 horas, no
em representação pari- tuição do Juiz renunciante, sem mínimo, de antecedência.
tária dos empregadores prejuízo das sanções cabíveis.
e dos empregados no- § 2o Nas sessões do Tribunal,
§ 2o Para os efeitos do pará- os debates poderão tornar-se
meados pelo Presidente grafo anterior, a designação
da República de confor- secretos, desde que, por moti-
do substituto será feita dentre vo de interesse público, assim
midade com o dispos-
os nomes constantes das listas resolva a maioria de seus mem-
to nos §§ 2o e 3o deste
de que trata o § 2o do art. 693. bros.
artigo.
§ 1o Dentre os juízes togados Art. 697. Em caso de licen-
do Tribunal Superior do Tra- ça, superior a trinta dias, ou de Seção III – Da Competência
balho, alheios aos interesses vacância, enquanto não for pre- do Tribunal Pleno
prof issionais, serão eleitos o enchido o cargo, os Ministros
Presidente o Vice-Presidente e do Tribunal poderão ser subs- Art. 702. Ao Tribunal Pleno
o corregedor, além dos Presi- tituídos mediante convocação compete:
dentes das turmas, na forma de Juízes, de igual categoria,
estabelecida em seu regimento de qualquer dos Tribunais Re- I – em única instância:
interno. gionais do Trabalho, na forma a) decidir sobre matéria
§ 2o Para nomeação trienal que dispuser o Regimento do constitucional, quando
dos juízes classistas, o Presi- Tribunal Superior do Trabalho. arguido, para invalidar
dente do Tribunal Superior do lei ou ato do poder pú-
Trabalho publicará edital, com Art. 698. (Revogado) blico;

770
b) conciliar e julgar os a) julgar os recursos ordi- to, nos casos previstos
dissídios coletivos que nários das decisões pro- em lei;
excedam a jurisdição feridas pelos Tribunais
c) julgar os agravos de ins-
dos Tribunais Regio- Regionais, em processos
nais do Trabalho, bem trumento dos despa-
de sua competência ori-
como estender ou rever chos que denegarem a
ginária;
suas próprias decisões interposição de recursos
b) julgar os embargos ordinários ou de revista;
normativas, nos casos
previstos em lei; opostos às decisões de
que tratam as alíneas d) julgar os embargos de
c) homologar os acordos “b” e “c” do inciso I declaração opostos aos
celebrados em dissídios deste artigo; seus acórdãos;
de que trata a alínea an- e) julgar as habilitações
terior; c) julgar embargos das
decisões das Turmas, incidentes e arguições
d) julgar os agravos dos quando estas divirjam de falsidade, suspeição
despachos do Presiden- entre si ou de decisão e outras, nos casos pen-
te, nos casos previstos proferida pelo próprio dentes de sua decisão.
em lei; Tribunal Pleno, ou que § 3o As sessões de julgamen-
e) julgar as suspeições forem contrárias à letra to sobre estabelecimento ou
arguidas contra o Pre- de lei federal; alteração de súmulas e outros
sidente e demais juízes d) julgar os agravos de enunciados de jurisprudência
do Tribunal, nos feitos despachos denegató- deverão ser públicas, divulgadas
pendentes de sua deci- rios dos Presidentes de com, no mínimo, trinta dias de
são; turmas, em matéria de antecedência, e deverão possi-
embargos, na forma es- bilitar a sustentação oral pelo
f) estabelecer ou alterar
tabelecida no regimento Procurador-Geral do Trabalho,
súmulas e outros enun-
interno; pelo Conselho Federal da Or-
ciados de jurisprudência
dem dos Advogados do Brasil,
uniforme, pelo voto de e) julgar os embargos de
pelo menos dois ter- pelo Advogado-Geral da União
declaração opostos aos e por confederações sindicais
ços de seus membros, seus acórdãos.
caso a mesma matéria ou entidades de classe de âm-
já tenha sido decidida § 1o Quando adotada pela bito nacional.
de forma idêntica por maioria de dois terços dos juí- § 4 o O estabelecimento ou a
unanimidade em, no zes do Tribunal Pleno, a decisão alteração de súmulas e outros
mínimo, dois terços das proferida nos embargos de que enunciados de jurisprudência
turmas em pelo menos trata o inciso II, alínea “c”, deste pelos Tribunais Regionais do
10 (dez) sessões diferen- artigo, terá força de prejulgado, Trabalho deverão observar o
tes em cada uma delas, nos termos dos §§ 2o e 3o, do disposto na alínea “f” do inciso
podendo, ainda, por art. 902. I e no § 3o deste artigo, com rol
maioria de dois terços § 2o É da competência de cada equivalente de legitimados para
de seus membros, res- uma das turmas do Tribunal: sustentação oral, observada a
tringir os efeitos daque- abrangência de sua circunscri-
la declaração ou decidir a) julgar, em única instân-
ção judiciária.
que ela só tenha eficácia cia, os conflitos de ju-
a partir de sua publica- risdição entre Tribunais
ção no Diário Oficial; Regionais do Trabalho
e os que se suscitarem
Seção IV – Da Competência
g) aprovar tabelas de cus- entre juízes de direito ou da Câmara de Justiça do
tas emolumentos, nos juntas de conciliação e Trabalho
termos da lei; julgamento de regiões
Arts. 703 a 705. (Revoga-
h) elaborar o Regimento diferentes;
dos)
Interno do Tribunal e b) julgar, em última ins-
exercer as atribuições
tância, os recursos de
administrativas previs- Seção V – Da Competência
revista interpostos de
tas em lei, ou decor-
rentes da Constituição
decisões dos Tribunais da Câmara de Previdência
Regionais e das Juntas Social
Federal;
de Conciliação e Julga-
II – em última instância: mento ou juízes de direi- Art. 706. (Revogado)

771
h) conceder licenças e fé- lação aos Tribunais Regionais e
Seção VI – Das Atribuições rias aos servidores do seus Presidentes;
do Presidente do Tribunal Tribunal, bem como im-
Superior do Trabalho II – decidir reclamações contra
por-lhes as penas disci-
os atos atentatórios da boa
plinares que excederem
Art. 707. Compete ao Pre- ordem processual praticados
da alçada das demais
sidente do Tribunal: pelos Tribunais Regionais e seus
autoridades;
Presidentes, quando inexistir re-
a) presidir às sessões do
i) dar posse e conceder curso específico;
Tribunal, f ixando os
licença aos membros
dias para a realização III – (Revogado).
do Tribunal, bem como
das sessões ordinárias e
conceder licenças e fé- § 1o Das decisões proferidas
convocando as extraor- rias aos Presidentes dos pelo Corregedor, nos casos do
dinárias; Tribunais Regionais; artigo, caberá o agravo regi-
b) superintender todos os j) apresentar ao Ministro mental, para o Tribunal Pleno.
serviços do Tribunal; do Trabalho e Previ- § 2o O Corregedor não integra-
c) expedir instruções e dência Social, até 31 rá as Turmas do Tribunal, mas
adotar as providências de março de cada ano, participará, com voto, das ses-
necessárias para o bom o relatório das ativida- sões do Tribunal Pleno, quando
funcionamento do Tri- des do Tribunal e dos não se encontrar em correição
bunal e dos demais demais órgãos da Justi- ou em férias, embora não relate
órgãos da Justiça do ça do Trabalho. nem revise processos, cabendo-
Trabalho; lhe, outrossim, votar em inci-
Parágrafo único. O Presidente dente de inconstitucionalidade,
d) fazer cumprir as deci- terá 1 (um) Secretário, por ele nos processos administrativos
sões originárias do Tri- designado dentre os funcioná- e nos feitos em que estiver vin-
bunal, determinando rios lotados no Tribunal, e será culado por visto anterior à sua
aos Tribunais Regionais auxiliado por servidores desig- posse na Corregedoria.
e aos demais órgãos da nados nas mesmas condições.
Justiça do Trabalho
a realização dos atos
Capítulo VI – Dos Serviços
processuais e das dili- Auxiliares da Justiça do
Seção VII – Das Atribuições Trabalho
gências necessárias; do Vice-Presidente
e) submeter ao Tribunal os
processos em que tenha Art. 708. Compete ao Vice- Seção I – Da Secretaria
de deliberar e designar, -Presidente do Tribunal: das Juntas de Conciliação e
na forma do regimento a) substituir o Presidente Julgamento
interno, os respectivos e o Corregedor em suas
relatores; faltas e impedimentos; Art. 710. Cada Junta terá
uma Secretaria, sob a direção
f) despachar os recursos b) (Revogada). de funcionário que o Presidente
interpostos pelas partes
designar, para exercer a função
e os demais papéis em Parágrafo único. Na ausência de secretário, e que receberá,
que deva deliberar; do Presidente e do Vice-Presi- além dos vencimentos corres-
g) determinar as altera- dente, será o Tribunal presidido pondentes ao seu padrão, a
ções que se f izerem pelo Juiz togado mais antigo, ou gratificação de função fixada
necessárias na lotação pelo mais idoso quando igual a em lei.
do pessoal da Justiça antiguidade.
do Trabalho, fazendo Art. 711. Compete à secre-
remoções ex officio de taria das Juntas:
servidores entre os Tri- Seção VIII – Das
Atribuições do Corregedor a) o recebimento, a au-
bunais Regionais, Juntas
tuação, o andamento, a
de Conciliação e Julga-
A r t . 709. Compe te ao guarda e a conservação
mento e outros órgãos;
Corregedor, eleito dentre os dos processos e outros
bem como conceder as
Ministros togados do Tribunal papéis que lhe forem
requeridas que julgar
Superior do Trabalho: encaminhados;
convenientes ao serviço,
respeitada a lotação de I – exercer funções de inspeção b) a manutenção do pro-
cada órgão; e correição permanente com re- tocolo de entrada e

772
saída dos processos e deliberação será subme- b) o fornecimento, aos
demais papéis; tida; interessados, do recibo
correspondente a cada
c) o registro das decisões; e) tomar por termo as re-
feito distribuído;
clamações verbais, nos
d) a informação, às par-
casos de dissídios indi- c) a manutenção de 2
tes interessadas e seus viduais; (dois) fichários dos fei-
procuradores, do anda- tos distribuídos, sendo
mento dos respectivos f) promover o rápido an-
um organizado pelos
processos, cuja consulta damento dos processos,
nomes dos reclamantes
lhes facilitará; especialmente na fase
e o outro dos reclama-
de execução, e a pron-
e) a abertura de vista dos dos, ambos por ordem
ta realização dos atos e
processos às partes, na alfabética;
diligências deprecadas
própria Secretaria; pelas autoridades supe- d) o fornecimento a qual-
f) a contagem das custas riores; quer pessoa que o so-
devidas pelas partes, licite, verbalmente ou
g) secretariar as audiências
nos respectivos proces- por certidão, de infor-
da Junta, lavrando as
sos; mações sobre os feitos
respectivas atas;
distribuídos;
g ) o for necimento de h) subscrever as certidões
certidões sobre o que e) a baixa na distribuição
e os termos processuais;
constar dos livros ou dos feitos, quando isto
do arquivamento da i) dar aos litigantes ciên- lhe for determinado
secretaria; cia das reclamações e pelos presidentes das
demais atos processuais Juntas, formando, com
h) a realização das penho- de que devam ter conhe- as fichas corresponden-
ras e demais diligências cimento, assinando as tes, f ichários à parte,
processuais; respectivas notificações; cujos dados poderão
ser consultados pelos
i) o desempenho dos de- j) executar os demais tra-
interessados, mas não
mais trabalhos que lhe balhos que lhe forem
serão mencionados em
forem cometidos pelo atribuídos pelo Presi-
certidões.
Presidente da Junta, dente da Junta.
para melhor execução
Art. 715. Os distribuidores
dos serviços que lhe es- Parágrafo único. Os serventu-
são designados pelo Presiden-
tão afetos. ários que, sem motivo justifi-
te do Tribunal Regional dentre
cado, não realizarem os atos,
os funcionários das Juntas e
Art. 712. Compete espe- dentro dos prazos fixados, se-
do Tribunal Regional, existen-
cialmente aos secretários das rão descontados em seus venci-
tes na mesma localidade, e ao
Juntas de Conciliação e Julga- mentos, em tantos dias quantos
mesmo Presidente diretamente
mento: os do excesso.
subordinados.
a) superintender os tra-
balhos da Secretaria, Seção II – Dos
velando pela boa ordem Seção III – Do Cartório dos
Distribuidores Juízos de Direito
de serviço;
b) cumprir e fazer cumprir Art. 713. Nas localidades
Art. 716. Os cartórios dos
as ordens emanadas do em que existir mais de uma Jun-
Juízos de Direito, investidos na
Presidente e das autori- ta de Conciliação e Julgamento
administração da Justiça do
dades superiores; haverá um distribuidor.
Trabalho, têm, para esse fim,
c) submeter a despacho as mesmas atribuições e obri-
Art. 714. Compete ao dis-
e assinatura do Presi- gações conferidas na Seção I às
tribuidor:
dente o expediente e os secretarias das Juntas de Conci-
papéis que devam ser a) a distribuição, pela or- liação e Julgamento.
por ele despachados e dem rigorosa de entra-
da, e sucessivamente a Parágrafo único. Nos Juízos em
assinados;
cada Junta, dos feitos que houver mais de um cartório,
d) abrir a correspondência que, para esse fim, lhe far-se-á entre eles a distribuição
oficial dirigida à Junta e forem apresentados pe- alternada e sucessiva das recla-
ao seu Presidente, a cuja los interessados; mações.

773
Art. 717. Aos escrivães dos
Seção V – Dos Oficiais de Seção I – Do Lockout e da
Juízos de Direito, investidos na
Diligência Greve
administração da Justiça do
Trabalho, competem especial- Art. 721. Incumbe aos Ofi- Art. 722. Os empregadores
mente as atribuições e obriga- ciais de Justiça e Oficiais de Jus- que, individual ou coletivamen-
ções dos secretários das Juntas; tiça Avaliadores da Justiça do te, suspenderem os trabalhos
e aos demais funcionários dos Trabalho a realização dos atos dos seus estabelecimentos, sem
cartórios, as que couberem nas decorrentes da execução dos prévia autorização do tribunal
respectivas funções, dentre as julgados das Juntas de Conci- competente, ou que violarem,
que competem às secretarias liação e Julgamento e dos Tri- ou se recusarem a cumprir de-
bunais Regionais do Trabalho, cisão proferida em dissídio co-
das Juntas, enumeradas no
que lhes forem cometidos pelos letivo, incorrerão nas seguintes
art. 711. respectivos Presidentes. penalidades:
§ 1o Para efeito de distribuição a) multa de Cr$ 5.000,00
Seção IV – Das Secretarias dos referidos atos, cada Oficial (cinco mil cruzeiros)
dos Tribunais Regionais de Justiça ou Oficial de Justiça a Cr$ 50.000,00 (cin-
Avaliador funcionará perante quenta mil cruzeiros);
Art. 718. Cada Tribunal Re- uma Junta de Conciliação e Jul-
gamento, salvo quando da exis- b) perda do cargo de re-
gional tem uma Secretaria, sob presentação profissio-
tência, nos Tribunais Regionais
a direção do funcionário desig- nal em cujo desempe-
do Trabalho, de órgão específi-
nado para exercer a função de co, destinado à distribuição de nho estiverem;
secretário, com a gratificação mandados judiciais.
de função fixada em lei. c) suspensão, pelo prazo
§ 2o Nas localidades onde hou- de 2 (dois) anos a 5
ver mais de uma Junta, respei- (cinco) anos, do direito
Art. 719. Competem à Se-
tado o disposto no parágrafo de serem eleitos para
cretaria dos Tribunais, além
anterior, a atribuição para o cargos de representação
das atribuições estabelecidas cumprimento do ato deprecado profissional.
no art. 711, para a Secretaria ao Oficial de Justiça ou Oficial
das Juntas, mais as seguintes: § 1o Se o empregador for pes-
de Justiça Avaliador será trans-
soa jurídica, as penas previstas
a) a conclusão dos pro- ferida a outro Oficial, sempre
nas alíneas “b” e “c” incidirão
que, após o decurso de 9 (nove)
cessos ao presidente e sobre os administradores res-
dias, sem razões que o justifi-
sua remessa, depois de quem, não tiver sido cumprido ponsáveis.
despachados, aos res- o ato, sujeitando-se o serventu- § 2o Se o empregador for con-
pectivos relatores; ário às penalidades da lei. cessionário de serviço público,
b) a organização e a ma- § 3o No caso de avaliação, terá as penas serão aplicadas em do-
nutenção de um fichá- o Oficial de Justiça Avaliador, bro. Nesse caso, se o concessio-
rio de jurisprudência do para cumprimento do ato, o nário for pessoa jurídica o pre-
prazo previsto no art. 888. sidente do tribunal que houver
Tribunal, para consulta
proferido a decisão poderá, sem
dos interessados. § 4o É facultado aos Presiden- prejuízo do cumprimento desta
tes dos Tribunais Regionais do e da aplicação das penalidades
Parágrafo único. No regimento Trabalho cometer a qualquer cabíveis, ordenar o afastamento
interno dos Tribunais Regionais Oficial de Justiça ou Oficial de dos administradores responsá-
serão estabelecidas as demais Justiça Avaliador a realização veis, sob pena de ser cassada a
atribuições, o funcionamento e dos atos de execução das deci- concessão.
a ordem dos trabalhos de suas sões desses Tribunais.
§ 3o Sem prejuízo das sanções
secretarias. § 5o Na falta ou impedimento cominadas neste artigo, os em-
do Oficial de Justiça ou Oficial pregadores, ficarão obrigados
Art. 720. Competem aos de Justiça Avaliador, o Presi- a pagar os salários devidos aos
secretários dos Tribunais Re- dente da Junta poderá atribuir seus empregados, durante o
gionais as mesmas atribuições a realização do ato a qualquer tempo de suspensão do traba-
conferidas no art. 712 aos se- serventuário.
lho.
cretários das Juntas, além das
que lhes forem fixadas no regi- Capítulo VII – Das Arts. 723 a 725. (Revoga-
mento interno dos Tribunais. Penalidades dos)

774
Seção II – Das Penalidades to dos salários deste, incorrerá Capítulo VIII – Disposições
na multa de Cr$ 10,00 (dez cru- Gerais
contra os Membros da Justiça zeiros) a Cr$ 50,00 (cinquenta
do Trabalho cruzeiros) por dia, até que seja Art. 734. O Ministro do
cumprida a decisão. Trabalho e Previdência Social
Art. 726. Aquele que re-
cusar o exercício da função de § 1o O empregador que impe- poderá rever, ex officio, dentro do
vogal de Junta de Conciliação e dir ou tentar impedir que em- prazo de 30 (trinta) dias, conta-
Julgamento ou de Tribunal Re- pregado seu sirva como vogal dos de sua publicação no órgão
gional, sem motivo justificado, em Tribunal de Trabalho, ou oficial, ou mediante represen-
incorrerá nas seguintes penas: que perante este preste depoi-
tação apresentada dentro de
a) sendo representante de mento, incorrerá na multa de
Cr$ 500,00 (quinhentos cruzei- igual prazo:
empregadores, multa de
Cr$ 100,00 (cem cruzei- ros) a Cr$ 5.000,00 (cinco mil a) as decisões da Câmara
ros) a Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros). de Previdência Social,
cruzeiros) e suspensão § 2o Na mesma pena do pa- quando proferidas pelo
de direito de represen- rágrafo anterior incorrerá o voto de desempate, ou
tação profissional por 2 empregador que dispensar seu que violarem disposi-
(dois) a 5 (cinco) anos; empregado pelo fato de haver ções expressas de di-
b) sendo representante de servido como vogal ou prestado
reito ou modif icarem
empregados, multa de depoimento como testemunhas,
sem prejuízo da indenização jurisprudência até então
Cr$ 100,00 (cem cru-
que a lei estabeleça. observada;
zeiros) e suspensão do
direito de representação b) as decisões do Presiden-
profissional por 2 (dois) Art. 730. Aqueles que se
te do Tribunal Nacional
a 5 (cinco) anos. recusarem a depor como tes-
temunhas, sem motivo justifi- do Trabalho em matéria
cado, incorrerão na multa de de previdência social.
Art. 727. Os vogais das Jun-
tas de Conciliação e Julgamen- Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros)
to, ou dos Tribunais Regionais, a Cr$ 500,00 (quinhentos cru- Parágrafo único. O Ministro do
que faltarem a 3 (três) reuniões zeiros). Trabalho e Previdência Social
ou sessões consecutivas, sem poderá avocar ao seu conheci-
motivo justificado, perderão o Art. 731. Aquele que, ten- mento os assuntos de natureza
cargo, além de incorrerem nas do apresentado ao distribuidor
administrativa referentes às ins-
penas do artigo anterior. reclamação verbal, não se apre-
sentar, no prazo estabelecido tituições de previdência social,
no parágrafo único do art. 786, sempre que houver interesse
Parágrafo único. Se a falta for
de Presidente, incorrerá ele na à Junta ou Juízo para fazê-lo público.
pena de perda do cargo, além tomar por termo, incorrerá na
da perda dos vencimentos cor- pena de perda, pelo prazo de Art. 735. As repartições pú-
respondentes aos dias em que 6 (seis) meses, do direito de blicas e as associações sindicais
tiver faltado às audiências ou reclamar perante a Justiça do são obrigadas a fornecer aos
sessões consecutivas. Trabalho. Juízes e Tribunais do Trabalho
e à Procuradoria da Justiça do
Art. 728. Aos Presidentes, Art. 732. Na mesma pena
do artigo anterior incorrerá o Trabalho as informações e os
membros, juízes, vogais e fun-
cionários auxiliares da Justiça reclamante que, por 2 (duas) dados necessários à instrução
do Trabalho, aplica-se o dispos- vezes seguidas, der causa ao e ao julgamento dos feitos sub-
to no título XI do Código Penal. arquivamento de que trata o metidos à sua apreciação.
art. 844.
Parágrafo único. A recusa de
Seção III – De Outras Art. 733. As infrações de informações ou dados a que se
Penalidades disposições deste título, para as refere este artigo, por parte de
quais não haja penalidades co-
funcionários públicos, importa
Art. 729. O empregador minadas, serão punidas com a
que deixar de cumprir decisão multa de Cr$ 50,00 (cinquenta na aplicação das penalidades
passada em julgado sobre a cruzeiros) a Cr$ 5.000,00 (cinco previstas pelo Estatuto dos
readmissão ou reintegração de mil cruzeiros), elevada ao dobro Funcionários Públicos por de-
empregado, além do pagamen- na reincidência. sobediência.

775
Art. 739. Não estão sujeitos havendo mais de um, pelo que
a ponto os procuradores-gerais for por ele designado.
Título IX – Do e os procuradores.
Ministério Público § 3o O procurador adjunto será
do Trabalho Capítulo II – Da substituído, em suas faltas e
impedimentos, pelo respectivo
Procuradoria da Justiça do procurador substituto.
Capítulo I – Disposições Trabalho
§ 4o Será dispensado, automa-
Gerais ticamente, o substituto que não
Art. 736. O Ministério Pú- Seção I – Da Organização atender à convocação, salvo
motivo de doença, devidamente
blico do Trabalho é constituído
Art. 740. A Procuradoria comprovada.
por agentes diretos do Poder
Executivo, tendo por função da Justiça do Trabalho com- § 5o Nenhum direito ou vanta-
zelar pela exata observância da preende: gem terá o substituto além do
Constituição Federal, das leis a) 1 (uma) Procuradoria- vencimento do cargo do subs-
e demais atos emanados dos Geral, que funcionará tituído e somente durante o seu
poderes públicos, na esfera de junto ao Tribunal Su- impedimento legal.
suas atribuições. perior do Trabalho;
Art. 744. A nomeação do
Parágrafo único. Para o exer- b) 8 (oito) Procuradorias procurador-geral deverá re-
cício de suas funções, o Mi- Regionais, que funcio- cair em bacharel em ciências
nistério Público do Trabalho narão junto aos Tribu- jurídicas e sociais, que tenha
reger-se-á pelo que estatui esta nais Regionais do Tra- exercido, por 5 (cinco) ou mais
Consolidação e, na falta de dis- balho. anos, cargo de magistratura
posição expressa, pelas normas ou de Ministério Público, ou a
que regem o Ministério Público Art. 741. As Procuradorias advocacia.
Federal. Regionais são subordinadas di-
retamente ao procurador-geral. Art. 745. Para a nomeação
Art. 737. O Ministério Pú- dos demais procuradores, aten-
blico do Trabalho compõe-se Art. 742. A Procuradoria- der-se-á aos mesmos requisitos
da Procuradoria da Justiça do Geral é constituída de 1 (um) estabelecidos no artigo ante-
Trabalho e da Procuradoria procurador-geral e de procu- rior, reduzido a 2 (dois) anos,
da Previdência Social, aquela radores. no mínimo, o tempo de exer-
funcionando e como órgão de cício.
coordenação entre a Justiça do Parágrafo único. As Procura-
Trabalho e o Ministério do Tra- dorias Regionais compõem-se
balho e Previdência Social, am- de 1 (um) procurador regional, Seção II – Da Competência
bas diretamente subordinadas auxiliado, quando necessário, da Procuradoria-Geral
ao Ministro de Estado. por procuradores adjuntos.
Art. 746. Compete à Pro-
Art. 738. Os procurado- Art. 743. Haverá, nas Pro- curadoria-Geral da Justiça do
res, além dos vencimentos fi- curadorias Regionais, substi- Trabalho:
xados na tabela constante do tutos de procurador adjunto
ou, quando não houver este a) oficiar, por escrito, em
Decreto-Lei no 2.874, de 16 de
cargo, de procurador regional, todos os processos e
dezembro de 1940, continua-
designados previamente por de- questões de trabalho
rão a perceber a percentagem
creto do Presidente da Repú- de competência do Tri-
de 8%, por motivo de cobran-
blica, sem ônus para os cofres bunal Superior do Tra-
ça da dívida ativa da União
públicos. balho;
ou de multas impostas pelas
autoridades administrativas § 1o O substituto tomará pos- b) funcionar nas sessões
e judiciárias do trabalho e da se perante o respectivo pro- do mesmo Tribunal,
previdência social. curador regional, que será a opinando verbalmen-
te sobre a matéria em
autoridade competente para
Parágrafo único. Essa percen- debate e solicitando as
convocá-lo.
tagem será calculada sobre as requisições e diligências
somas efetivamente arrecada- § 2o O procurador regional que julgar convenientes,
das e rateada de acordo com as será substituído em suas faltas sendo-lhe assegurado o
instruções expedidas pelos res- e impedimentos pelo procura- direito de vista do pro-
pectivos procuradores-gerais. dor adjunto, quando houver, e cesso em julgamento

776
sempre que for suscita- m) suscitar conf litos de ção em vigor para o Mi-
da questão nova, não jurisdição. nistério Público Federal;
examinada no parecer
g) funcionar em Juízo, em
exarado; primeira instância, ou
Seção III – Da Competência designar os procurado-
c) requerer prorrogação
das sessões do Tribunal,
das Procuradorias Regionais res que o devam fazer;
quando essa medida for Art. 747. Compete às Pro- h) admitir e dispensar o
necessária para que se curadorias Regionais exercer, pessoal extranumerário
ultime o julgamento; dentro da jurisdição do Tri- da Secretaria e prorro-
d) exarar, por intermédio bunal Regional respectivo, as gar o expediente remu-
do procurador-geral, o atribuições indicadas na seção nerado dos funcionários
seu “ciente” nos acór- anterior. e extranumerários.
dãos do Tribunal;
e) proceder às diligências Seção IV – Das Atribuições Seção V – Das Atribuições
e inquéritos solicitados do Procurador-Geral dos Procuradores
pelo Tribunal;
Art. 748. Como chefe da Art. 749. Incumbe aos pro-
f) recorrer das decisões
Procuradoria-Geral da Justiça curadores com exercício na Pro-
do Tribunal, nos casos
do Trabalho, incumbe ao Pro- curadoria-Geral:
previstos em lei;
curador-Geral:
g) promover, perante o a) funcionar, por desig-
a) dirigir os serviços da nação do procurador-
Juízo competente, a Procur adoria-Geral,
cobrança executiva das geral, nas sessões do
orientar e fiscalizar as Tribunal Superior do
multas impostas pelas Procuradorias Regio-
autoridades adminis- Trabalho;
nais, expedindo as ne-
trativas e judiciárias do cessárias instruções; b) desempenhar os demais
trabalho; encargos que lhes forem
b) funcionar nas sessões atribuídos pelo Procura-
h) representar às autorida- do Tribunal Superior dor-Geral.
des competentes contra do Trabalho, pessoal-
os que não cumprirem mente ou por intermé- Parágrafo único. Aos procura-
as decisões do Tribunal; dio do procurador que dores é facultado, nos proces-
i) prestar às autoridades designar; sos em que oficiarem, requerer
do Ministério do Traba- c) exarar o seu “ciente” nos ao procurador-geral as diligên-
lho, Indústria e Comér- acórdãos do Tribunal; cias e investigações necessárias.
cio as informações que
d) designar o procurador
lhe forem solicitadas
que o substitua nas fal- Seção VI – Das Atribuições
sobre os dissídios sub-
tas e impedimentos e o dos Procuradores Regionais
metidos à apreciação do
chefe da secretaria da
Tribunal e encaminhar
Procuradoria; Art. 750. Incumbe aos pro-
aos órgãos competentes
cópia autenticada das e) apresentar, até o dia 31 curadores regionais:
decisões que por eles de março, ao Ministro a) dirigir os serviços da res-
devam ser atendidas ou do Trabalho e Previ- pectiva Procuradoria;
cumpridas; dência Social, relatório
dos trabalhos da Pro- b) funcionar nas sessões
j) requisitar de quaisquer curadoria-Geral no ano do Tribunal Regional,
autoridades inquéri- anterior, com as obser- pessoalmente ou por in-
tos, exames periciais, vações e sugestões que termédio do procurador
diligências, certidões e julgar convenientes; adjunto que designar;
esclarecimentos que se
tornem necessários no f) conceder férias aos pro- c) apresentar, semestral-
desempenho de suas curadores e demais fun- mente, ao procurador-
cionários que sirvam na geral um relatório das
atribuições;
Procuradoria e impor- atividades da respecti-
l) defender a jurisdição lhes penas disciplinares, va Procuradoria, bem
dos órgãos da Justiça observada, quanto aos como dados e infor-
do Trabalho; procuradores, a legisla- mações sobre a admi-

777
nistração da Justiça do minhar os processos ou pedidos de revisão das
Trabalho na respectiva papéis entrados; decisões do mesmo
região; Conselho;
b) classif icar e arquivar
d) requerer e acompanhar os pareceres e outros c) funcionar nas sessões
perante as autoridades papéis; do mesmo Conselho,
administrativas ou ju- opinando verbalmen-
c) prestar informações
diciárias as diligências te sobre a matéria em
sobre os processos ou
necessárias à execução debate e solicitando as
papéis sujeitos à apre-
das medidas e provi- requisições e diligências
ciação da Procuradoria;
dências ordenadas pelo que julgar convenientes,
procurador-geral; d) executar o expediente sendo-lhe assegurado o
da Procuradoria; direito de vista do pro-
e) prestar ao procurador- cesso em julgamento,
geral as informações e) providenciar sobre o
sempre que for suscita-
necessárias sobre os suprimento do material
da questão nova, não
feitos em andamento e necessário;
examinada no parecer
consultá-lo nos casos de f) desempenhar os demais exarado;
dúvidas; trabalhos que lhes fo-
d) opinar, quando soli-
f) funcionar em Juízo, na rem cometidos pelo
citada, nos processos
sede do respectivo Tri- procurador-geral, para
sujeitos à deliberação
bunal Regional; melhor execução dos
do Ministro de Estado,
serviços a seu cargo.
g) exarar o seu “ciente” do Conselho Técnico do
nos acórdãos do Tri- Departamento Nacional
Art. 754. Nas Procurado-
bunal; de Previdência Social ou
rias Regionais, os trabalhos a
do Diretor do mesmo
h) designar o procurador que se refere o artigo anterior
Departamento, em que
que o substitua nas fal- serão executados pelos funcio-
houver matéria jurídica
tas e impedimentos e o nários para esse fim designados.
a examinar;
Secretário da Procura-
doria. Capítulo III – Da e) funcionar, em primei-
Procuradoria de Previdência ra instância, nas ações
Art. 751. Incumbe aos pro- Social propostas contr a a
curadores adjuntos das Procu- União, no Distrito Fe-
radorias Regionais: deral, para anulação
Seção I – Da Organização de atos e decisões do
a) funcionar, por designa- Conselho Superior de
ção do procurador re- Art. 755. A Procuradoria de Previdência Social ou
gional, nas sessões do Previdência Social compõe-se do Departamento Na-
Tribunal Regional; de um procurador-geral e de cional de Previdência
b) desempenhar os demais procuradores. Social, bem como do
encargos que lhes forem Ministro do Trabalho e
atribuídos pelo procu- Art. 756. Para a nomeação Previdência Social, em
rador regional. do procurador-geral e dos de- matéria de previdência
mais procuradores atender-se-á social;
ao disposto nos arts. 744 e 745.
f) fornecer ao Ministério
Seção VII – Da Secretaria Público as informações
por este solicitadas em
Art. 752. A Secretaria da Seção II – Da Competência virtude de ações pro-
Procuradoria-Geral funcionará da Procuradoria postas nos Estados e
sob a direção de um chefe de- Territórios para exe-
Art. 757. Compete à Procu-
signado pelo Procurador-Geral cução ou anulação de
radoria da Previdência Social:
e terá o pessoal designado pelo atos e decisões dos ór-
Ministro do Trabalho e Previ- a) oficiar, por escrito, nos gãos ou da autoridade
dência Social. processos que tenham a que se refere a alínea
de ser sujeitos à decisão anterior;
Art. 753. Compete à Secre- do Conselho Superior
g) promover em juízo, no
taria: de Previdência Social;
Distrito Federal, qual-
a) receber, registrar e enca- b) oficiar, por escrito, nos que r pr ocedimento

778
necessário ao cumpri- f) admitir e dispensar o Preliminares
mento das decisões do pessoal extranumerário
Conselho Superior de da Secretaria e prorro- Art. 763. O processo da
Previdência Social e do gar o expediente remu- Justiça do Trabalho, no que
Departamento Nacional nerado dos funcionários concerne aos dissídios indivi-
de Previdência Social, e extranumerários; duais e coletivos e à aplicação
bem como do Ministro de penalidades, reger-se-á, em
do Trabalho e Previdên- g) apresentar, até 31 de
março de cada ano, ao todo o território nacional, pe-
cia Social, em matéria las normas estabelecidas neste
de previdência social; Ministro do Trabalho
e Previdência Social, o Título.
h) recorrer das decisões relatório dos trabalhos
dos órgãos e autorida- da Procuradoria no ano Art. 764. Os dissídios indi-
des competentes em anterior, com as obser- viduais ou coletivos submetidos
matéria de previdência vações e sugestões que à apreciação da Justiça do Tra-
social e requerer revi- julgar convenientes. balho serão sempre sujeitos à
são das decisões do conciliação.
Conselho Superior de § 1o Para os efeitos deste ar-
Previdência Social, que Seção IV – Das Atribuições tigo, os juízes e Tribunais do
lhe pareçam contrárias dos Procuradores Trabalho empregarão sempre
à lei.
os seus bons ofícios e persua-
Art. 759. Aos procuradores são no sentido de uma solução
e demais funcionários incumbe conciliatória dos conflitos.
Seção III – Das Atribuições desempenhar os encargos que
do Procurador-Geral lhes forem cometidos pelo pro- § 2o Não havendo acordo, o ju-
curador-geral. ízo conciliatório converter-se-á
Art. 758. Como chefe da obrigatoriamente em arbitral,
Procuradoria da Previdência Parágrafo único. Aos procura- proferindo decisão na forma
Social, incumbe ao Procura- dores é facultado, nos proces- prescrita neste título.
dor-Geral: sos em que oficiarem, requerer
§ 3o É lícito às partes celebrar
a) dirigir os serviços da ao procurador-geral as diligên-
acordo que ponha termo ao
Procuradoria, expedin- cias e investigações necessárias.
processo, ainda mesmo depois
do as necessárias ins- de encerrado o juízo concilia-
truções; tório.
Seção V – Da Secretaria
b) funcionar nas sessões
do Conselho Superior Art. 760. A Procuradoria Art. 765. Os Juízos e Tribu-
de Previdência Social, da Previdência Social terá um nais do Trabalho terão ampla
pessoalmente ou por in- Secretaria dirigida por um che- liberdade na direção do pro-
termédio do procurador fe designado pelo Procurador- cesso e velarão pelo andamen-
que designar; Geral. to rápido das causas, podendo
determinar qualquer diligência
c) designar o procurador
que o substitua nas fal- Art. 761. A Secretaria terá o necessária ao esclarecimento
tas e impedimentos e o pessoal designado pelo Minis- delas.
chefe da Secretaria da tro do Trabalho e Previdência
Procuradoria; Social. Ar t. 766. Nos dissídios
sobre estipulação de salários,
d) conceder férias aos Art. 762. À Secretaria da serão estabelecidas condições
procuradores e demais Procuradoria de Previdência que, assegurando justos salá-
funcionários lotados na Social compete executar servi- rios aos trabalhadores, permi-
Procuradoria e impor- tam também justa retribuição
ços idênticos aos referidos no
lhes penas disciplinares, às empresas interessadas.
art. 753.
observada, quanto aos
procuradores, a legisla- Art. 767. A compensação,
ção em vigor para o Mi- ou retenção, só poderá ser ar-
nistério Público Federal;
Título X – Do Processo guida como matéria de defesa.
e) funcionar em juízo, em Judiciário do Trabalho
primeira instância, ou Art. 768. Terá preferência
designar os procurado- em todas as fases processuais
res que devem fazê-lo; Capítulo I – Disposições o dissídio cuja decisão tiver de

779
ser executada perante o Juízo Justiça do Trabalho, ou, ainda, cessos pelos escrivães ou secre-
da falência. daquela em que for afixado o tários.
edital, na sede da Junta, Juízo
Art. 769. Nos casos omis- ou Tribunal. Art. 777. Os requerimentos
sos, o direito processual comum e documentos apresentados, os
será fonte subsidiária do direito Parágrafo único. Tratando-se atos e termos processuais, as
processual do trabalho, exceto de notificação postal, no caso petições ou razões de recursos
naquilo em que for incompatível de não ser encontrado o des- e quaisquer outros papéis refe-
com as normas deste Título. tinatário ou no de recusa de rentes aos feitos formarão os
recebimento, o Correio ficará autos dos processos, os quais
Capítulo II – Do Processo obrigado, sob pena de respon- ficarão sob a responsabilidade
em Geral sabilidade do servidor, a devol- dos escrivães ou secretários.
vê-la, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas, ao tribunal de Art. 778. Os autos dos pro-
Seção I – Dos Atos, Termos origem. cessos da Justiça do Trabalho
e Prazos Processuais não poderão sair dos cartórios
Art. 775. Os prazos esta- ou secretarias, salvo se solicita-
Art. 770. Os atos processu- belecidos neste Título serão dos por advogado regularmente
ais serão públicos salvo quando contados em dias úteis, com constituído por qualquer das
o contrário determinar o inte- exclusão do dia do começo e partes, ou quando tiverem de
resse social, e realizar-se-ão nos inclusão do dia do vencimento. ser remetidos aos órgãos com-
dias úteis das 6 (seis) às 20 (vin- petentes, em caso de recurso
§ 1o Os prazos podem ser pror-
te) horas. ou requisição.
rogados, pelo tempo estrita-
mente necessário, nas seguintes
Parágrafo único. A penhora Art. 779. As partes, ou seus
hipóteses:
poderá realizar-se em domingo procuradores, poderão con-
ou dia feriado, mediante au- I – quando o juízo entender ne- sultar, com ampla liberdade,
torização expressa do Juiz ou cessário; os processos nos cartórios ou
Presidente. secretarias.
II – em virtude de força maior,
devidamente comprovada.
Art. 771. Os atos e termos Art. 780. Os documentos
processuais poderão ser escri- § 2o Ao juízo incumbe dilatar juntos aos autos poderão ser
tos a tinta, datilografados ou os prazos processuais e alterar desentranhados somente de-
a carimbo. a ordem de produção dos meios pois de findo o processo, fican-
de prova, adequando-os às ne- do traslado.
Art. 772. Os atos e termos cessidades do conflito de modo
processuais, que devam ser as- a conferir maior efetividade à Art. 781. As partes poderão
sinados pelas partes interessa- tutela do direito. requerer certidões dos proces-
das, quando estas, por motivo sos em curso ou arquivados,
justificado, não possam fazê-lo, Art. 775-A. Suspende-se o as quais serão lavradas pelos
serão firmados a rogo, na pre- curso do prazo processual nos escrivães ou secretários.
sença de 2 (duas) testemunhas, dias compreendidos entre 20
sempre que não houver procu- de dezembro e 20 de janeiro, Parágrafo único. As certidões
rador legalmente constituído. inclusive. dos processos que correrem em
segredo de justiça dependerão
§ 1o Ressalvadas as férias indi-
Art. 773. Os termos relati- de despacho do Juiz ou Presi-
viduais e os feriados instituídos
vos ao movimento dos proces- dente.
por lei, os juízes, os membros
sos constarão de simples notas,
do Ministério Público, da De-
datadas e rubricadas pelos se- Art. 782. São isentos de
fensoria Pública e da Advocacia
cretários ou escrivães. selo as reclamações, represen-
Pública e os auxiliares da Justi-
tações, requerimentos, atos e
ça exercerão suas atribuições
Art. 774. Salvo disposição processos relativos à Justiça do
durante o período previsto no
em contrário, os prazos previs- Trabalho.
caput deste artigo.
tos neste título contam-se, con-
forme o caso, a partir da data § 2o Durante a suspensão do
em que for feita pessoalmente, prazo, não se realizarão audiên- Seção II – Da Distribuição
ou recebida a notificação, da- cias nem sessões de julgamento.
quela em que for publicado o Art. 783. A distribuição das
edital no jornal oficial ou no Art. 776. O vencimento dos reclamações será feita entre as
que publicar o expediente da prazos será certificado nos pro- Juntas de Conciliação e Julga-

780
mento, ou os Juízes de Direito processo de conhecimento in- R$ 1.915,38 (um mil, novecen-
do Cível, nos casos previstos no cidirão à base de 2% (dois por tos e quinze reais e trinta e oito
art. 669, § 1o, pela ordem rigo- cento), observado o mínimo de centavos);
rosa de sua apresentação ao R$ 10,64 (dez reais e sessenta
distribuidor, quando o houver. II – atos dos oficiais de justiça,
e quatro centavos) e o máximo
por diligência certificada:
de quatro vezes o limite máximo
Art. 784. As reclamações dos benefícios do Regime Geral a) e m z o n a u r b a n a :
serão registradas em livro pró- de Previdência Social, e serão R$ 11,06 (onze reais e
prio, rubricado em todas as calculadas: seis centavos);
folhas pela autoridade a que
estiver subordinado o distri- I – quando houver acordo ou b) em zona rural: R$ 22,13
buidor. condenação, sobre o respectivo (vinte e dois reais e treze
valor; centavos);
Art. 785. O distribuidor II – quando houver extinção do III – agravo de instrumento:
fornecerá ao interessado um processo, sem julgamento do R$ 44,26 (quarenta e quatro
recibo do qual constarão, es- mérito, ou julgado totalmente reais e vinte e seis centavos);
sencialmente, o nome do recla- improcedente o pedido, sobre
mante e do reclamado, a data o valor da causa; IV – agravo de petição: R$ 44,26
da distribuição, o objeto da re- (quarenta e quatro reais e vinte
clamação e a Junta ou o Juízo a III – no caso de procedência e seis centavos);
que coube a distribuição. do pedido formulado em ação
declaratória e em ação consti- V – embargos à execução, em-
tutiva, sobre o valor da causa; bargos de terceiro e embargos
Art. 786. A reclamação ver- à arrematação: R$ 44,26 (qua-
bal será distribuída antes de sua IV – quando o valor for indeter- renta e quatro reais e vinte e seis
redução a termo. minado, sobre o que o Juiz fixar. centavos);
Parágrafo único. Distribuída a § 1o As custas serão pagas pelo VI – recurso de revista: R$ 55,35
reclamação verbal, o reclaman- vencido, após o trânsito em jul- (cinquenta e cinco reais e trinta
te deverá, salvo motivo de força gado da decisão. No caso de e cinco centavos);
maior, apresentar-se no prazo recurso, as custas serão pagas
e comprovado o recolhimento VII – impugnação à sentença de
de 5 (cinco) dias, ao cartório
dentro do prazo recursal. liquidação: R$ 55,35 (cinquen-
ou à secretaria, para reduzi-la a
ta e cinco reais e trinta e cinco
termo, sob a pena estabelecida § 2o Não sendo líquida a con- centavos);
no art. 731. denação, o juízo arbitrar-lhe-á
o valor e fixará o montante das VIII – despesa de armazenagem
Art. 787. A reclamação es- custas processuais. em depósito judicial – por dia:
crita deverá ser formulada em 2 0,1% (um décimo por cento) do
(duas) vias e desde logo acom- § 3o Sempre que houver acor- valor da avaliação;
panhada dos documentos em do, se de outra forma não for
que se fundar. convencionado, o pagamento IX – cálculos de liquidação rea-
das custas caberá em partes lizados pelo contador do juízo
Art. 788. Feita a distribui- iguais aos litigantes. – sobre o valor liquidado: 0,5%
ção, a reclamação será remetida (cinco décimos por cento) até o
§ 4o Nos dissídios coletivos, as limite de R$ 638,46 (seiscentos
pelo distribuidor à Junta ou Juí- partes vencidas responderão so-
zo competente, acompanhada e trinta e oito reais e quarenta e
lidariamente pelo pagamento seis centavos).
do bilhete de distribuição. das custas, calculadas sobre o
valor arbitrado na decisão, ou Art. 789-B. Os emolumen-
pelo Presidente do Tribunal. tos serão suportados pelo Re-
Seção III – Das Custas e
Emolumentos querente, nos valores fixados na
Art. 789-A. No processo de seguinte tabela:
execução são devidas custas,
Art. 789. Nos dissídios in- sempre de responsabilidade do I – autenticação de traslado de
dividuais e nos dissídios cole- executado e pagas ao final, de peças mediante cópia reprográ-
tivos do trabalho, nas ações e fica apresentada pelas partes –
conformidade com a seguinte
procedimentos de competên- por folha: R$ 0,55 (cinquenta e
tabela:
cia da Justiça do Trabalho, bem cinco centavos de real);
como nas demandas propostas I – autos de arrematação, de
perante a Justiça Estadual, no adjudicação e de remição: 5% II – fotocópia de peças – por fo-
exercício da jurisdição traba- (cinco por cento) sobre o res- lha: R$ 0,28 (vinte e oito centa-
lhista, as custas relativas ao pectivo valor, até o máximo de vos de real);

781
III – autenticação de peças – por I – a União, os Estados, o Distri- sionado, inscrito na Ordem dos
folha: R$ 0,55 (cinquenta e cin- to Federal, os Municípios e res- Advogados do Brasil.
co centavos de real); pectivas autarquias e fundações
§ 2o Nos dissídios coletivos é
públicas federais, estaduais ou
IV – cartas de sentença, de ad- facultada aos interessados a
municipais que não explorem
judicação, de remição e de ar- assistência por advogado.
atividade econômica;
rematação – por folha: R$ 0,55 § 3o A constituição de procu-
(cinquenta e cinco centavos de II – o Ministério Público do Tra-
rador com poderes para o foro
real); balho.
em geral poderá ser efetivada,
V – cer tidões – por folha: mediante simples registro em
Parágrafo único. A isenção pre-
R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta ata de audiência, a requerimen-
vista neste artigo não alcança
e três centavos). to verbal do advogado interes-
as entidades fiscalizadoras do
sado, com anuência da parte
exercício profissional, nem exi-
Art. 790. Nas Varas do Tra- representada.
me as pessoas jurídicas referi-
balho, nos Juízos de Direito, nos das no inciso I da obrigação de
Art. 791-A. Ao advogado,
Tribunais e no Tribunal Superior reembolsar as despesas judiciais
ainda que atue em causa pró-
do Trabalho, a forma de paga- realizadas pela parte vencedora.
pria, serão devidos honorários
mento das custas e emolumen- de sucumbência, fixados entre o
tos obedecerá às instruções que Art. 790-B. A responsa-
mínimo de 5% (cinco por cento)
serão expedidas pelo Tribunal bilidade pelo pagamento dos
e o máximo de 15% (quinze por
Superior do Trabalho. honorários periciais é da parte
cento) sobre o valor que resul-
sucumbente na pretensão obje-
§ 1o Tratando-se de empregado tar da liquidação da sentença,
to da perícia, ainda que benefi-
que não tenha obtido o benefí- do proveito econômico obtido
ciária da justiça gratuita.
cio da justiça gratuita, ou isen- ou, não sendo possível mensu-
ção de custas, o sindicato que § 1o Ao fixar o valor dos hono- rá-lo, sobre o valor atualizado
houver intervindo no processo rários periciais, o juízo deverá da causa.
responderá solidariamente pelo respeitar o limite máximo es-
§ 1o Os honorários são devi-
tabelecido pelo Conselho Su-
pagamento das custas devidas. dos também nas ações contra
perior da Justiça do Trabalho.
a Fazenda Pública e nas ações
§ 2o No caso de não pagamen-
§ 2o O juízo poderá deferir em que a parte estiver assistida
to das custas, far-se-á execução
parcelamento dos honorários ou substituída pelo sindicato de
da respectiva importância, se- periciais. sua categoria.
gundo o procedimento esta-
belecido no Capítulo V deste § 3o O juízo não poderá exigir § 2o Ao fixar os honorários, o
Título. adiantamento de valores para juízo observará:
realização de perícias.
§ 3o É facultado aos juízes, ór- I – o grau de zelo do profissio-
gãos julgadores e Presidentes § 4o Somente no caso em que nal;
dos tribunais do trabalho de o beneficiário da justiça gratui-
II – o lugar de prestação do
qualquer instância conceder, ta não tenha obtido em juízo
serviço;
a requerimento ou de ofício, créditos capazes de suportar a
o benefício da justiça gratuita, despesa referida no caput, ain- III – a natureza e a importância
da que em outro processo, a da causa;
inclusive quanto a traslados e
União responderá pelo encargo.
instrumentos, àqueles que per- IV – o trabalho realizado pelo
ceberem salário igual ou inferior advogado e o tempo exigido
a 40% (quarenta por cento) do para o seu serviço.
Seção IV – Das Partes e dos
limite máximo dos benefícios
Procuradores § 3o Na hipótese de procedên-
do Regime Geral de Previdência cia parcial, o juízo arbitrará ho-
Social. Art. 791. Os empregados e norários de sucumbência recí-
§ 4o O benefício da justiça gra- os empregadores poderão recla- proca, vedada a compensação
tuita será concedido à parte que mar pessoalmente a Justiça do entre os honorários.
comprovar insuficiência de re- Trabalho e acompanhar as suas
§ 4o Vencido o beneficiário da
cursos para o pagamento das reclamações até o final.
justiça gratuita, desde que não
custas do processo. § 1o Nos dissídios individuais tenha obtido em juízo, ainda
os empregados e empregado- que em outro processo, créditos
Art. 790-A. São isentos do res poderão fazer-se represen- capazes de suportar a despe-
pagamento de custas, além dos tar por intermédio do sindicato, sa, as obrigações decorrentes
beneficiários de justiça gratuita: advogado, solicitador, ou provi- de sua sucumbência f icarão

782
sob condição suspensiva de Art. 793-C. De ofício ou a meira vez em que tiverem de fa-
exigibilidade e somente pode- requerimento, o juízo condena- lar em audiência ou nos autos.
rão ser executadas se, nos dois rá o litigante de má-fé a pagar § 1o Deverá, entretanto, ser
anos subsequentes ao trânsito multa, que deverá ser superior declarada ex officio a nulidade
em julgado da decisão que as a 1% (um por cento) e inferior fundada em incompetência de
certificou, o credor demonstrar a 10% (dez por cento) do valor foro. Nesse caso, serão conside-
que deixou de existir a situação corrigido da causa, a indenizar rados nulos os atos decisórios.
de insuficiência de recursos que a parte contrária pelos prejuízos
justificou a concessão de gratui- que esta sofreu e a arcar com os § 2o O Juiz ou Tribunal que se
dade, extinguindo-se, passado honorários advocatícios e com julgar incompetente determi-
esse prazo, tais obrigações do todas as despesas que efetuou. nará, na mesma ocasião, que
beneficiário. se faça remessa do processo,
§ 1o Quando forem dois ou com urgência, à autoridade
§ 5o São devidos honorários de mais os litigantes de má-fé, o competente, fundamentando
sucumbência na reconvenção. juízo condenará cada um na sua decisão.
proporção de seu respectivo
Art. 792. (Revogado) interesse na causa ou solidaria- Art. 796. A nulidade não
mente aqueles que se coligaram será pronunciada:
Art. 793. A reclamação tra- para lesar a parte contrária.
balhista do menor de 18 anos a) quando for possível su-
será feita por seus represen- § 2o Quando o valor da causa prir-se a falta ou repetir-
tantes legais e, na falta destes, for irrisório ou inestimável, a se o ato;
pela Procuradoria da Justiça do multa poderá ser fixada em até b) quando arguida por
Trabalho, pelo sindicato, pelo duas vezes o limite máximo dos quem lhe tiver dado
Ministério Público estadual ou benefícios do Regime Geral de causa.
curador nomeado em juízo. Previdência Social.
§ 3o O valor da indenização Art. 797. O Juiz ou Tribu-
será fixado pelo juízo ou, caso nal que pronunciar a nulidade
Seção IV-A – Da não seja possível mensurá-lo, declarará os atos a que ela se
Responsabilidade por Dano liquidado por arbitramento ou estende.
Processual pelo procedimento comum, nos
próprios autos. Art. 798. A nulidade do ato
Art. 793-A. Responde por não prejudicará senão os pos-
perdas e danos aquele que liti- Art. 793-D. Aplica-se a mul- teriores que dele dependam ou
gar de má-fé como reclamante, ta prevista no art. 793-C desta sejam consequência.
reclamado ou interveniente. Consolidação à testemunha
que intencionalmente alterar
Art. 793-B. Considera-se a verdade dos fatos ou omitir
Seção VI – Das Exceções
litigante de má-fé aquele que: fatos essenciais ao julgamento Art. 799. Nas causas de ju-
I – deduzir pretensão ou defesa da causa. risdição da Justiça do Trabalho,
contra texto expresso de lei ou somente podem ser opostas,
fato incontroverso; Parágrafo único. A execução da com suspensão do feito, as ex-
multa prevista neste artigo dar- ceções de suspeição ou incom-
II – alterar a verdade dos fatos; se-á nos mesmos autos. petência.
III – usar do processo para con-
seguir objetivo ilegal; § 1o As demais exceções serão
Seção V – Das Nulidades alegadas como matéria de de-
IV – opuser resistência injusti- fesa.
ficada ao andamento do pro- Art. 794. Nos processos
cesso; § 2o Das decisões sobre exce-
sujeitos à apreciação da Justi- ções de suspeição e incompe-
V – proceder de modo temerário ça do Trabalho só haverá nuli- tência, salvo, quanto a estas,
em qualquer incidente ou ato dade quando resultar dos atos se terminativas do feito não
do processo; inquinados manifesto prejuízo caberá recurso, podendo, no
às partes litigantes. entanto, as partes alegá-las no-
VI – provocar incidente mani-
festamente infundado; vamente no recurso que couber
Art. 795. As nulidades não da decisão final.
VII – interpuser recurso com serão declaradas senão me-
intuito manifestamente prote- diante provocação das partes, Art. 800. Apresentada ex-
latório. as quais deverão argui-las à pri- ceção de incompetência territo-

783
rial no prazo de 5 (cinco) dias a tar que o recusante deixou de ridades se considerarem
contar da notificação, antes da alegá-la anteriormente, quando incompetentes.
audiência e em peça que sina- já a conhecia, ou que, depois de
lize a existência desta exceção, conhecida, aceitou o Juiz recu- Art. 805. Os conflitos de ju-
seguir-se-á o procedimento es- sado ou, finalmente, se procu- risdição podem ser suscitados:
tabelecido neste artigo. rou de propósito o motivo de a) pelos juízes e Tribunais
§ 1o Protocolada a petição, que ela se originou. do Trabalho;
será suspenso o processo e
Art. 802. Apresentada a b) pelo procurador-geral
não se realizará a audiência a
exceção de suspeição, o Juiz ou e pelos procuradores
que se refere o art. 843 desta
tribunal designará audiência regionais da Justiça do
Consolidação até que se decida
dentro de 48 (quarenta e oito) Trabalho;
a exceção.
horas, para instrução e julga- c) pela parte interessada,
§ 2o Os autos serão imediata- mento da exceção. ou o seu representante.
mente conclusos ao Juiz, que
intimará o reclamante e, se exis- § 1o Nas Juntas de Conciliação
e Julgamento e nos Tribunais Art. 806. É vedado à parte
tentes, os litisconsortes, para
Regionais, julgada procedente interessada suscitar conflitos
manifestação no prazo comum
a exceção de suspeição, será de jurisdição quando já houver
de 5 (cinco) dias.
logo convocado para a mesma oposto na causa exceção de in-
§ 3o Se entender necessária a audiência ou sessão, ou para a competência.
produção de prova oral, o juízo seguinte, o suplente do membro
designará audiência, garantin- suspeito, o qual continuará a Art. 807. No ato de suscitar
do o direito de o excipiente e de funcionar no feito até decisão o conflito deverá a parte inte-
suas testemunhas serem ouvi- final. Proceder-se-á da mesma ressada produzir a prova de
dos, por carta precatória, no existência dele.
maneira quando algum dos
juízo que este houver indicado
membros se declarar suspeito.
como competente. Art. 808. Os conflitos de ju-
§ 2o Se se tratar de suspeição risdição de que trata o art. 803
§ 4 o Decidida a exceção de
de Juiz de Direito, será este serão resolvidos:
incompetência territorial, o
processo retomará seu curso, substituído na forma da orga- a) pelos Tribunais Regio-
com a designação de audiên- nização judiciária local. nais, os suscitados entre
cia, a apresentação de defesa e Juntas e entre Juízos de
a instrução processual perante Direito, ou entre uma e
o juízo competente. Seção VII – Dos Conflitos outras, nas respectivas
de Jurisdição regiões;
Art. 801. O Juiz, Presidente
Art. 803. Os conf litos de b) pela Câmara de Justi-
ou vogal, é obrigado a dar-se
jurisdição podem ocorrer entre: ça, os suscitados entre
por suspeito, e pode ser recu-
Tribunais Regionais, ou
sado, por algum dos seguintes a) Juntas de Conciliação e entre Juntas e Juízos de
motivos, em relação à pessoa Julgamento e Juízos de Direito sujeitos à juris-
dos litigantes: direito investidos na ad- dição de Tribunais Re-
a) inimizade pessoal; ministração da Justiça gionais diferentes;
do Trabalho;
b) amizade íntima; c) (Revogada);
b) Tribunais Regionais do
c) parentesco por consan- Trabalho; d) pelo Supremo Tribunal
guinidade ou afinidade Federal, os suscitados
até o terceiro grau civil; c) Juízos e Tribunais do entre as autoridades da
Trabalho e órgãos da Justiça do Trabalho e as
d) interesse particular na Justiça Ordinária; da Justiça Ordinária.
causa.
d) (Revogada).
Art. 809. Nos conflitos de
Parágrafo único. Se o recusan-
Art. 804. Dar-se-á conflito jurisdição entre as Juntas e os
te houver praticado algum ato
de jurisdição: Juízos de Direito observar-se-á
pelo qual haja consentido na
o seguinte:
pessoa do Juiz, não mais pode- a) quando ambas as auto-
rá alegar exceção de suspeição, I – o Juiz ou Presidente mandará
ridades se considerarem
salvo sobrevindo novo motivo. extrair dos autos as provas do
competentes;
A suspeição não será também conflito e, com a sua informa-
admitida, se do processo cons- b) quando ambas as auto- ção, remeterá o processo assim

784
formado, no mais breve prazo § 1o Em casos especiais, poderá I – ao reclamante, quanto ao
possível, ao Presidente do Tribu- ser designado outro local para a fato constitutivo de seu direito;
nal Regional competente; realização das audiências, me-
II – ao reclamado, quanto à
II – no Tribunal Regional, logo diante edital afixado na sede do
existência de fato impeditivo,
que der entrada o processo, o Juízo ou Tribunal, com a ante-
modif icativo ou extintivo do
Presidente determinará a dis- cedência mínima de 24 (vinte e direito do reclamante.
tribuição do feito, podendo o quatro) horas.
relator ordenar imediatamente § 1o Nos casos previstos em lei
§ 2o Sempre que for necessá- ou diante de peculiaridades da
às Juntas e aos Juízos, nos casos rio, poderão ser convocadas
de conflito positivo, que sobres- causa relacionadas à impossi-
audiências extraordinárias, ob- bilidade ou à excessiva dificul-
tejam o andamento dos respec- servado o prazo do parágrafo
tivos processos, e solicitar, ao dade de cumprir o encargo nos
anterior. termos deste artigo ou à maior
mesmo tempo, quaisquer infor-
mações que julgue convenien- facilidade de obtenção da pro-
Art. 814. Às audiências va do fato contrário, poderá o
tes. Seguidamente, será ouvida deverão estar presentes, com-
a Procuradoria, após o que o juízo atribuir o ônus da prova
parecendo com a necessária de modo diverso, desde que o
relator submeterá o feito a jul-
antecedência, os escrivães ou faça por decisão fundamenta-
gamento na primeira sessão;
secretários. da, caso em que deverá dar à
III – proferida a decisão, será a parte a oportunidade de se de-
mesma comunicada, imedia- Art. 815. À hora marcada, sincumbir do ônus que lhe foi
tamente, às autoridades em o Juiz ou Presidente declarará atribuído.
conflito, prosseguindo no foro aberta a audiência, sendo fei-
julgado competente. ta pelo secretário ou escrivão § 2o A decisão referida no § 1o
a chamada das partes, teste- deste artigo deverá ser proferida
Art. 810. Aos conflitos de munhas e demais pessoas que antes da abertura da instrução
jurisdição entre os Tribunais Re- devam comparecer. e, a requerimento da parte,
gionais aplicar-se-ão as normas implicará o adiamento da au-
estabelecidas no artigo anterior. Parágrafo único. Se, até 15 diência e possibilitará provar
(quinze) minutos após a hora os fatos por qualquer meio em
Art. 811. Nos conflitos sus- marcada, o Juiz ou Presidente direito admitido.
citados na Justiça do Trabalho não houver comparecido, os § 3o A decisão referida no § 1o
entre as autoridades desta e os presentes poderão retirar-se,
órgãos da Justiça Ordinária, o deste artigo não pode gerar si-
devendo o ocorrido constar do tuação em que a desincumbên-
processo do conflito, formado livro de registro das audiências.
de acordo com o inciso I do cia do encargo pela parte seja
art. 809, será remetido direta- impossível ou excessivamente
Art. 816. O Juiz ou Presi- difícil.
mente ao Presidente do Supre-
dente manterá a ordem nas
mo Tribunal Federal.
audiências, podendo mandar Art. 819. O depoimento
Art. 812. A ordem proces- retirar do recinto os assistentes das partes e testemunhas que
sual dos conflitos de jurisdição que a perturbarem. não souberem falar a língua
entre as Câmaras do Tribunal nacional será feito por meio de
Superior do Trabalho será a Art. 817. O registro das intérprete nomeado pelo Juiz ou
estabelecida no seu regimento audiências será feito em livro Presidente.
interno. próprio, constando de cada re-
gistro os processos apreciados e § 1o Proceder-se-á da forma
indicada neste artigo, quando
a respectiva solução, bem como
se tratar de surdo-mudo, ou de
Seção VIII – Das as ocorrências eventuais.
mudo que não saiba escrever.
Audiências
Parágrafo único. Do registro § 2o Em ambos os casos de que
Art. 813. As audiências dos das audiências poderão ser este artigo trata, as despesas
órgãos da Justiça do Trabalho fornecidas certidões às pessoas correrão por conta da parte a
serão públicas e realizar-se-ão que o requererem. que interessar o depoimento.
na sede do Juízo ou Tribunal em
dias úteis previamente fixados, Art. 820. As partes e teste-
entre 8 (oito) e 18 (dezoito) ho- Seção IX – Das Provas munhas serão inquiridas pelo
ras, não podendo ultrapassar Juiz ou Presidente, podendo ser
5 (cinco) horas seguidas, salvo Art. 818. O ônus da prova reinquiridas, por seu intermé-
quando houver matéria urgente. incumbe: dio, a requerimento dos vogais,

785
das partes, seus representantes cando o nome, nacionalidade, os fundamentos da decisão e a
ou advogados. profissão, idade, residência, e, respectiva conclusão.
quando empregada, o tempo
§ 1o Quando a decisão concluir
Art. 821. Cada uma das de serviço prestado ao empre-
pela procedência do pedido, de-
par tes não poderá indicar gador, ficando sujeita, em caso
terminará o prazo e as condi-
mais de três testemunhas, salvo de falsidade, às leis penais.
ções para o seu cumprimento.
quando se tratar de inquérito,
caso em que esse número po- Parágrafo único. Os depoi- § 2 o A decisão mencionará
derá ser elevado a seis. mentos das testemunhas serão sempre as custas que devam
resumidos, por ocasião da au- ser pagas pela parte vencida.
Art. 822. As testemunhas diência, pelo secretário da Jun-
não poderão sofrer qualquer ta ou funcionário para esse fim § 3o As decisões cognitivas ou
desconto pelas faltas ao ser- designado, devendo a súmula homologatórias deverão sempre
viço, ocasionadas pelo seu ser assinada pelo presidente do indicar a natureza jurídica das
comparecimento para depor, Tribunal e pelos depoentes. parcelas constantes da conde-
quando devidamente arroladas nação ou do acordo homologa-
ou convocadas. Art. 829. A testemunha que do, inclusive o limite de respon-
for parente até o terceiro grau sabilidade de cada parte pelo
Art. 823. Se a testemunha civil, amigo íntimo ou inimigo recolhimento da contribuição
for funcionário civil ou militar, de qualquer das partes, não previdenciária, se for o caso.
e tiver de depor em hora de ser- prestará compromisso, e seu § 4 o A União será intimada
viço, será requisitada ao chefe depoimento valerá como sim- das decisões homologatórias
da repartição para comparecer ples informação. de acordos que contenham par-
à audiência marcada. cela indenizatória, na forma do
Art. 830. O documento art. 20 da Lei no 11.033, de 21
Art. 824. O Juiz ou Presi- em cópia oferecido para prova de dezembro de 2004, faculta-
dente providenciará para que poderá ser declarado autêntico da a interposição de recurso
o depoimento de uma teste- pelo próprio advogado, sob sua relativo aos tributos que lhe
munha não seja ouvido pelas responsabilidade pessoal. forem devidos.
demais que tenham de depor
no processo. Parágrafo único. Impugnada a § 5o Intimada da sentença, a
autenticidade da cópia, a parte União poderá interpor recurso
Art. 825. As testemunhas que a produziu será intimada relativo à discriminação de que
comparecerão à audiência inde- para apresentar cópias devida- trata o § 3o deste artigo.
pendentemente de notificação mente autenticadas ou o origi- § 6o O acordo celebrado após
ou intimação. nal, cabendo ao serventuário o trânsito em julgado da sen-
competente proceder à confe- tença ou após a elaboração
Parágrafo único. As que não rência e certificar a conformi- dos cálculos de liquidação de
comparecerem serão intima- dade entre esses documentos. sentença não prejudicará os
das, ex officio ou a requerimen- créditos da União.
to da parte, ficando sujeitas a
condução coercitiva, além das Seção X – Da Decisão e sua § 7o O Ministro de Estado da
penalidades do art. 730, caso, Eficácia Fazenda poderá, mediante
sem motivo justif icado, não ato fundamentado, dispensar
atendam à intimação. Art. 831. A decisão será a manifestação da União nas
proferida depois de rejeitada decisões homologatórias de
Art. 826. É facultado a pelas partes a proposta de acordos em que o montante
cada uma das partes apresentar conciliação. da parcela indenizatória envol-
um perito ou técnico. vida ocasionar perda de escala
Parágrafo único. No caso de decorrente de atuação do órgão
Art. 827. O Juiz ou Presi- conciliação, o termo que for jurídico.
dente poderá arguir os peritos lavrado valerá como decisão
compromissados ou os técni- irrecorrível, salvo para a Previ- Art. 833. Existindo na deci-
cos, e rubricará, para ser junto dência Social quanto às contri- são evidentes erros ou enganos
ao processo, o laudo que os buições que lhe forem devidas. de escrita, de datilografia ou de
primeiros tiverem apresentado. cálculo, poderão os mesmos,
Art. 832. Da decisão deve- antes da execução, ser corrigi-
Art. 828. Toda testemunha, rão constar o nome das partes, dos, ex officio, ou a requerimento
antes de prestar o compromis- o resumo do pedido e da de- dos interessados ou da Procu-
so legal, será qualificada, indi- fesa, a apreciação das provas, radoria da Justiça do Trabalho.

786
Art. 834. Salvo nos casos disposto no Capítulo II, Seção falta, afixado na sede da Junta
previstos nesta Consolidação, II, deste Título. ou Juízo.
a publicação das decisões e sua
§ 2o O reclamante será notifi-
notificação aos litigantes ou a Art. 839. A reclamação po-
cado no ato da apresentação
seus patronos, consideram-se derá ser apresentada:
da reclamação ou na forma do
realizadas nas próprias audiên- parágrafo anterior.
a) pelos empregados e
cias em que forem as mesmas
empregadores, pes-
proferidas. § 3o Oferecida a contestação,
soalmente, ou por seus
ainda que eletronicamente, o
representantes, e pelos reclamante não poderá, sem o
Art. 835. O cumprimento
sindicatos de classe; consentimento do reclamado,
do acordo ou da decisão far-
se-á no prazo e condições es- b) por intermédio das Pro- desistir da ação.
tabelecidos. curadorias Regionais da
Justiça do Trabalho. Art. 842. Sendo várias as
Art. 836. É vedado aos ór- reclamações e havendo identi-
gãos de Justiça do Trabalho co- Art. 840. A reclamação po- dade de matéria, poderão ser
nhecer de questões já decididas, derá ser escrita ou verbal. acumuladas num só processo,
excetuados os casos expressa- se se tratar de empregados da
§ 1o Sendo escrita, a reclama- mesma empresa ou estabele-
mente previstos neste Título e
ção deverá conter a designação cimento.
a ação rescisória, que será ad-
do juízo, a qualif icação das
mitida, na forma do disposto
partes, a breve exposição dos
no Capítulo IV do Título IX da
fatos de que resulte o dissídio, Seção II – Da Audiência de
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de
o pedido, que deverá ser certo, Julgamento
1973 – Código de Processo Ci-
determinado e com indicação
vil, sujeita ao depósito prévio de
de seu valor, a data e a assina- Art. 843. Na audiência de
20% (vinte por cento) do valor
tura do reclamante ou de seu julgamento deverão estar pre-
da causa, salvo prova de mise-
representante. sentes o reclamante e o recla-
rabilidade jurídica do autor.
§ 2o Se verbal, a reclamação mado, independentemente do
Parágrafo único. A execução da será reduzida a termo, em duas comparecimento de seus re-
decisão proferida em ação res- vias datadas e assinadas pelo presentantes, salvo nos casos
cisória far-se-á nos próprios au- escrivão ou secretário, observa- de Reclamatórias Plúrimas ou
tos da ação que lhe deu origem, do, no que couber, o disposto Ações de Cumprimento, quan-
e será instruída com o acórdão no § 1o deste artigo. do os empregados poderão
da rescisória e a respectiva cer- fazer-se representar pelo Sindi-
§ 3o Os pedidos que não aten- cato de sua categoria.
tidão de trânsito em julgado.
dam ao disposto no § 1o deste
artigo serão julgados extintos § 1o É facultado ao empregador
Capítulo III – Dos sem resolução do mérito. fazer-se substituir pelo gerente,
Dissídios Individuais ou qualquer outro preposto que
Art. 841. Recebida e proto- tenha conhecimento do fato, e
colada a reclamação, o escri- cujas declarações obrigarão o
Seção I – Da Forma de vão ou secretário, dentro de 48 proponente.
Reclamação e da Notificação (quarenta e oito) horas, reme- § 2o Se por doença ou qual-
terá a segunda via da petição, quer outro motivo poderoso,
Art. 837. Nas localidades
ou do termo, ao reclamado, no- devidamente comprovado, não
em que houver apenas 1 (uma)
tificando-o ao mesmo tempo, for possível ao empregado com-
Junta de Conciliação e Julga-
para comparecer à audiência do parecer pessoalmente, poderá
mento, ou 1 (um) escrivão do
julgamento, que será a primeira fazer-se representar por outro
cível, a reclamação será apre-
desimpedida, depois de 5 (cin- empregado que per tença à
sentada diretamente à secre-
co) dias. mesma profissão, ou pelo seu
taria da Junta, ou ao cartório
do Juízo. § 1o A notificação será feita em sindicato.
registro postal com franquia. § 3o O preposto a que se refere
Art. 838. Nas localidades Se o reclamado criar embara- o § 1o deste artigo não precisa
em que houver mais de 1 (uma) ços ao seu recebimento ou não ser empregado da parte recla-
Junta ou mais de 1 (um) Juízo, for encontrado, far-se-á a no- mada.
ou escrivão do cível, a reclama- tificação por edital, inserto no
ção será, preliminarmente, su- jornal oficial ou no que publi- Art. 844. O não compareci-
jeita a distribuição, na forma do car o expediente forense, ou, na mento do reclamante à audiên-

787
cia importa o arquivamento da Art. 846. Aberta a audiên- zir razões finais, em prazo não
reclamação, e o não compare- cia, o Juiz ou Presidente propo- excedente de 10 (dez) minutos
cimento do reclamado importa rá a conciliação. para cada uma. Em seguida, o
revelia, além de confissão quan- Juiz ou Presidente renovará a
§ 1o Se houver acordo lavrar-
to à matéria de fato. proposta de conciliação, e não
se-á termo, assinado pelo
se realizando esta, será proferi-
§ 1o Ocorrendo motivo relevan- Presidente e pelos litigantes,
da a decisão.
te, poderá o Juiz suspender o consignando-se o prazo e de-
mais condições para seu cum-
julgamento, designando nova Parágrafo único. O presidente
primento.
audiência. da Junta, após propor a solução
§ 2o Entre as condições a que se do dissídio, tomará os votos
§ 2o Na hipótese de ausência refere o parágrafo anterior, po- dos vogais e, havendo divergên-
do reclamante, este será conde- derá ser estabelecida a de ficar a cia entre estes, poderá desem-
nado ao pagamento das custas parte que não cumprir o acordo patar ou proferir decisão que
calculadas na forma do art. 789 obrigada a satisfazer integral- melhor atenda ao cumprimento
desta Consolidação, ainda que mente o pedido ou pagar uma da lei e ao justo equilíbrio entre
beneficiário da justiça gratuita, indenização convencionada, os votos divergentes e ao inte-
salvo se comprovar, no prazo sem prejuízo do cumprimento resse social.
de quinze dias, que a ausência do acordo.
ocorreu por motivo legalmente Art. 851. Os trâmites de
justificável. Ar t. 847. Não havendo instrução e julgamento da re-
acordo, o reclamado terá 20 clamação serão resumidos em
§ 3o O pagamento das custas (vinte) minutos para aduzir ata, de que constará, na ínte-
a que se refere o § 2o é condi- sua defesa, após a leitura da gra, a decisão.
ção para a propositura de nova reclamação, quando esta não
§ 1o Nos processos de exclusiva
demanda. for dispensada por ambas as
alçada das Juntas, será dispen-
partes.
§ 4o A revelia não produz o efei- sável, a juízo do Presidente, o
to mencionado no caput deste resumo dos depoimentos, de-
Parágrafo único. A parte po-
artigo se: vendo constar da ata a conclu-
derá apresentar defesa escrita
são do Tribunal quanto à ma-
I – havendo pluralidade de re- pelo sistema de processo judi-
téria de fato.
clamados, algum deles contes- cial eletrônico até a audiência.
§ 2o A ata será, pelo Presidente
tar a ação;
Art. 848. Terminada a de- ou Juiz, junta ao processo, de-
II – o litígio versar sobre direitos fesa, seguir-se-á a instrução do vidamente assinado, no prazo
indisponíveis; processo, podendo o Presiden- improrrogável de 48 (quarenta
te, ex officio ou a requerimento e oito) horas, contado da audi-
III – a petição inicial não estiver de qualquer Juiz temporário, ência de julgamento, e assinada
acompanhada de instrumento interrogar os litigantes. pelos vogais presentes à mesma
que a lei considere indispensável audiência.
à prova do ato; § 1o Findo o interrogatório,
poderá qualquer dos litigantes
Art. 852. Da decisão serão
IV – as alegações de fato for- retirar-se, prosseguindo a ins-
os litigantes notificados, pesso-
muladas pelo reclamante forem trução com o seu representante.
almente, ou por seu represen-
inverossímeis ou estiverem em § 2o Serão, a seguir, ouvidas tante, na própria audiência. No
contradição com prova cons- as testemunhas, os peritos e os caso de revelia, a notificação
tante dos autos. técnicos, se houver. far-se-á pela forma estabelecida
§ 5o Ainda que ausente o re- no § 1o do art. 841.
clamado, presente o advogado Art. 849. A audiência de jul-
na audiência, serão aceitos a gamento será contínua; mas,
contestação e os documentos
se não for possível, por motivo Seção II-A – Do
eventualmente apresentados.
de força maior, concluí-la no Procedimento Sumaríssimo
mesmo dia, o Juiz ou Presiden-
te marcará a sua continuação Art. 852-A. Os dissídios
Art. 845. O reclamante e para a primeira desimpedida, individuais cujo valor não ex-
o reclamado comparecerão à independentemente de nova ceda a quarenta vezes o salário
audiência acompanhados das notificação. mínimo vigente na data do ajui-
suas testemunhas, apresentan- zamento da reclamação ficam
do, nessa ocasião, as demais Art. 850. Terminada a ins- submetidos ao procedimento
provas. trução, poderão as partes adu- sumaríssimo.

788
Parágrafo único. Estão exclu- pertinentes ou protelatórias, o objeto da perícia e nomear
ídas do procedimento suma- bem como para apreciá-las e perito.
ríssimo as demandas em que é dar especial valor às regras de
§ 5o (Vetado)
parte a Administração Pública experiência comum ou técnica.
direta, autárquica e fundacio- § 6o As partes serão intimadas
nal. Art. 852-E. Aberta a ses- a manifestar-se sobre o laudo,
são, o Juiz esclarecerá as partes no prazo comum de 5 (cinco)
Art. 852-B. Nas reclama- presentes sobre as vantagens da dias.
ções enquadradas no procedi- conciliação e usará os meios
§ 7o Interrompida a audiência,
mento sumaríssimo: adequados de persuasão para a
o seu prosseguimento e a solu-
solução conciliatória do litígio,
I – o pedido deverá ser certo ou ção do processo dar-se-ão no
em qualquer fase da audiência.
determinado e indicará o valor prazo máximo de 30 (trinta)
correspondente; dias, salvo motivo relevante
Art. 852-F. Na ata de audi-
justificado nos autos pelo Juiz
II – não se fará citação por ência serão registrados resumi-
da causa.
edital, incumbindo ao autor a damente os atos essenciais, as
correta indicação do nome e afirmações fundamentais das
Art. 852-I. A sentença men-
endereço do reclamado; partes e as informações úteis à
cionará os elementos de convic-
solução da causa trazidas pela
III – a apreciação da reclama- ção do juízo, com resumo dos
prova testemunhal.
ção deverá ocorrer no prazo fatos relevantes ocorridos em
máximo de quinze dias do seu audiência, dispensado o rela-
Art. 852-G. Serão decidi-
ajuizamento, podendo constar tório.
dos, de plano, todos os inci-
de pauta especial, se necessário, dentes e exceções que possam § 1o O juízo adotará em cada
de acordo com o movimento ju- interferir no prosseguimento da caso a decisão que reputar mais
diciário da Junta de Conciliação audiência e do processo. As de- justa e equânime, atendendo
e Julgamento. mais questões serão decididas aos fins sociais da lei e às exi-
§ 1o O não atendimento, pelo na sentença. gências do bem comum.
reclamante, do disposto nos § 2o (Vetado)
incisos I e II deste artigo im- Art. 852-H. Todas as pro-
portará no arquivamento da vas serão produzidas na audi- § 3o As partes serão intimadas
reclamação e condenação ao ência de instrução e julgamento, da sentença na própria audiên-
pagamento de custas sobre o ainda que não requeridas pre- cia em que prolatada.
valor da causa. viamente.
§ 2o As partes e advogados § 1o Sobre os documentos
apresentados por uma das
Seção III – Do Inquérito
comunicarão ao juízo as mu- para Apuração de Falta
danças de endereço ocorridas partes manifestar-se-á imedia-
tamente a parte contrária, sem Grave
no curso do processo, reputan-
do-se eficazes as intimações en- interrupção da audiência, salvo
Art. 853. Para a instaura-
viadas ao local anteriormente absoluta impossibilidade, a cri-
ção do inquérito para apuração
indicado, na ausência de comu- tério do Juiz.
de falta grave contra emprega-
nicação. § 2o As testemunhas, até o má- do garantido com estabilidade,
ximo de duas para cada parte, o empregador apresentará re-
Art. 852-C. As demandas comparecerão à audiência de clamação por escrito à Junta ou
sujeitas a rito sumaríssimo se- instrução e julgamento indepen- Juízo de Direito, dentro de 30
rão instruídas e julgadas em dentemente de intimação. (trinta) dias, contados da data
audiência única, sob a direção da suspensão do empregado.
de Juiz-Presidente ou substituto, § 3o Só será deferida intimação
que poderá ser convocado para de testemunha que, compro-
Art. 854. O processo do in-
atuar simultaneamente com o vadamente convidada, deixar
quérito perante a Junta ou Juízo
titular. de comparecer. Não compare-
obedecerá às normas estabe-
cendo a testemunha intimada,
lecidas no presente Capítulo,
Art. 852-D. O Juiz dirigirá o Juiz poderá determinar sua
observadas as disposições desta
imediata condução coercitiva.
o processo com liberdade para Seção.
determinar as provas a serem § 4o Somente quando a prova
produzidas, considerado o ônus do fato o exigir, ou for legal- Art. 855. Se tiver havido
probatório de cada litigante, mente imposta, será deferida prévio reconhecimento da es-
podendo limitar ou excluir as prova técnica, incumbindo ao tabilidade do empregado, o
que considerar excessivas, im- Juiz, desde logo, fixar o prazo, julgamento do inquérito pela

789
Junta ou Juízo não prejudicará § 2o Faculta-se ao trabalhador sentação ser instaurada pelas
a execução para pagamento dos ser assistido pelo advogado do federações correspondentes e,
salários devidos ao empregado, sindicato de sua categoria. na falta destas, pelas confede-
até a data da instauração do rações respectivas, no âmbito
mesmo inquérito. Art. 855-C. O disposto de sua representação.
neste Capítulo não prejudica o
prazo estabelecido no § 6o do Art. 858. A representação
Seção IV – Do Incidente art. 477 desta Consolidação e será apresentada em tantas vias
de Desconsideração da não afasta a aplicação da mul- quantos forem os reclamados e
Personalidade Jurídica ta prevista no § 8o do art. 477 deverá conter:
desta Consolidação.
Art. 855-A. Aplica-se ao a) designação e qualif i-
processo do trabalho o inciden- Art. 855-D. No prazo de cação dos reclamantes
te de desconsideração da per- quinze dias a contar da dis- e dos reclamados e a
sonalidade jurídica previsto nos tribuição da petição, o Juiz natureza do estabele-
arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, analisará o acordo, designará cimento ou do serviço;
de 16 de março de 2015 – Códi- audiência se entender necessá- b) os motivos do dissídio e
go de Processo Civil. rio e proferirá sentença. as bases da conciliação.
§ 1o Da decisão interlocutória Art. 855-E. A petição de
que acolher ou rejeitar o inci- Art. 859. A representação
homologação de acordo ex- dos sindicatos para instauração
dente: trajudicial suspende o prazo da instância fica subordinada
I – na fase de cognição, não prescricional da ação quanto à aprovação de assembleia, da
cabe recurso de imediato, na aos direitos nela especificados. qual participem os associados
forma do § 1o do art. 893 desta interessados na solução do
Consolidação; Parágrafo único. O prazo pres- dissídio coletivo, em primeira
cricional voltará a fluir no dia
II – na fase de execução, cabe convocação, por maioria de 2/3
útil seguinte ao do trânsito em
agravo de petição, independen- (dois terços) dos mesmos, ou,
julgado da decisão que negar a
temente de garantia do juízo; em segunda convocação, por
homologação do acordo.
2/3 (dois terços) dos presentes.
III – cabe agravo interno se pro-
ferida pelo relator em incidente Capítulo IV – Dos
Parágrafo único. (Revogado)
instaurado originariamente no Dissídios Coletivos
Tribunal.
§ 2o A instauração do inciden- Seção I – Da Instauração da Seção II – Da Conciliação e
te suspenderá o processo, sem Instância do Julgamento
prejuízo de concessão da tutela
de urgência de natureza caute- Art. 856. A instância será Art. 860. Recebida e pro-
lar de que trata o art. 301 da instaurada mediante represen- tocolada a representação, e
Lei no 13.105, de 16 de março tação escrita ao presidente do estando na devida forma, o pre-
de 2015 (Código de Processo tribunal. Poderá ser também sidente do tribunal designará a
Civil). instaurada por iniciativa do audiência de conciliação, den-
Presidente, ou, ainda, a reque- tro do prazo de 10 (dez) dias,
Capítulo III-A – Do rimento da Procuradoria da Jus- determinando a notificação dos
Processo de Jurisdição tiça do Trabalho, sempre que dissidentes, com observância
Voluntária para ocorrer suspensão do trabalho. do disposto no art. 841.
Homologação de Acordo
Art. 857. A representação Parágrafo único. Quando a ins-
Extrajudicial tância for instaurada ex officio,
para instaurar a instância em
dissídio coletivo constitui prer- a audiência deverá ser realiza-
Art. 855-B. O processo de da dentro do prazo mais breve
homologação de acordo extra- rogativa das associações sin-
dicais, excluídas as hipóteses possível, após o reconhecimen-
judicial terá início por petição
aludidas no art. 856, quando to do dissídio.
conjunta, sendo obrigatória a
ocorrer suspensão do trabalho.
representação das partes por
Art. 861. É facultado ao
advogado.
Parágrafo único. Quando não empregador fazer-se represen-
§ 1o As partes não poderão ser houver sindicato representati- tar na audiência pelo gerente,
representadas por advogado vo da categoria econômica ou ou por qualquer outro prepos-
comum. profissional, poderá a repre- to que tenha conhecimento do

790
dissídio, e por cujas declarações Parágrafo único. A sentença c) ex officio, pelo tribunal
será sempre responsável. normativa vigorará: que houver proferido a
decisão;
a) a partir da data de sua
Art. 862. Na audiência de-
publicação, quando d) por solicitação da Pro-
signada, comparecendo ambas ajuizado o dissídio após curadoria da Justiça do
as partes ou seus representan- o prazo do artigo 616, Trabalho.
tes, o presidente do tribunal as § 3 o, ou quando não
convidará para se pronuncia- existir acordo, conven- Art. 870. Para que a deci-
rem sobre as bases da concilia- ção ou sentença norma- são possa ser estendida, na for-
ção. Caso não sejam aceitas as tiva em vigor, da data ma do artigo anterior, torna-se
bases propostas, o presidente do ajuizamento; preciso que 3/4 (três quartos)
submeterá aos interessados a dos empregadores e 3/4 (três
solução que lhe pareça capaz b) a partir do dia imediato
ao termo final de vigên- quartos) dos empregados, ou
de resolver o dissídio. os respectivos sindicatos, con-
cia do acordo, conven-
ção ou sentença norma- cordem com a extensão da de-
Art. 863. Havendo acor- cisão.
do, o Presidente o submeterá tiva, quando ajuizado
à homologação do tribunal na o dissídio no prazo do § 1o O Tribunal competente
primeira sessão. artigo 616, § 3o. marcará prazo, não inferior a
30 (trinta) nem superior a 60
Ar t. 864. Não havendo (sessenta) dias, a fim de que se
acordo, ou não comparecendo Seção III – Da Extensão das manifestem os interessados.
ambas as partes ou uma delas, Decisões
§ 2o Ouvidos os interessados
o Presidente submeterá o pro- e a Procuradoria da Justiça
cesso a julgamento, depois de Art. 868. Em caso de dis-
sídio coletivo que tenha por do Trabalho, será o processo
realizadas as diligências que submetido ao julgamento do
entender necessárias e ouvida motivo novas condições de
trabalho e no qual figure como tribunal.
a Procuradoria.
parte apenas uma fração de
empregados de uma empresa, Art. 871. Sempre que o Tri-
Art. 865. Sempre que, no bunal estender a decisão, mar-
poderá o tribunal competente,
decorrer do dissídio, houver cará a data em que a extensão
na própria decisão, estender
ameaça de perturbação da or- deva entrar em vigor.
tais condições de trabalho, se
dem, o Presidente requisitará
julgar justo e conveniente, aos
à autoridade competente as demais empregados da empresa
providências que se tornarem que forem da mesma profissão Seção IV – Do
necessárias. dos dissidentes. Cumprimento das Decisões
Art. 866. Quando o dis- Parágrafo único. O tribunal Art. 872. Celebrado o acor-
sídio ocorrer fora da sede do fixará a data em que a decisão do, ou transitada em julgado a
tribunal, poderá o Presidente, deve entrar em execução, bem decisão, seguir-se-á o seu cum-
se julgar conveniente, delegar à como o prazo da sua vigência, primento, sob as penas estabe-
autoridade local as atribuições o qual não poderá ser superior lecidas neste título.
de que tratam os arts. 860 e a 4 (quatro) anos.
862. Nesse caso, não havendo Parágrafo único. Quando os
conciliação, a autoridade dele- Art. 869. A decisão sobre empregadores deixarem de
gada encaminhará o processo novas condições de trabalho satisfazer o pagamento de
ao tribunal, fazendo exposi- poderá também ser estendi- salários, na conformidade da
ção circunstanciada dos fatos da a todos os empregados da decisão proferida, poderão os
e indicando a solução que lhe mesma categoria profissional empregados ou seus sindicatos,
parecer conveniente. compreendida na jurisdição do independentes de outorga de
tribunal: poderes de seus associados,
Art. 867. Da decisão do juntando certidão de tal de-
tribunal serão notificadas as a) por solicitação de 1 cisão, apresentar reclamação
partes, ou seus representan- (um) ou mais emprega-
à Junta ou Juízo competente,
tes, em registrado postal, com dores, ou de qualquer
observado o processo previsto
franquia, fazendo-se, outros- sindicato destes;
no Capítulo II deste Título, sen-
sim, a sua publicação no jornal b) por solicitação de 1 do vedado, porém, questionar
oficial, para ciência dos demais (um) ou mais sindicatos sobre a matéria de fato e de
interessados. de empregados; direito já apreciada na decisão.

791
Parágrafo único. A Justiça do a apresentação do cálculo de
Seção V – Da Revisão Trabalho executará, de ofício, liquidação, inclusive da contri-
as contribuições sociais previs- buição previdenciária incidente.
Art. 873. Decorrido mais
tas na alínea “a” do inciso I e no
de 1 (um) ano de sua vigência, § 2o Elaborada a conta e torna-
inciso II do caput do art. 195
caberá revisão das decisões que da líquida, o juízo deverá abrir
da Constituição Federal, e seus
fixarem condições de trabalho, às partes prazo comum de 8
acréscimos legais, relativas ao (oito) dias para impugnação
quando se tiverem modificado objeto da condenação constan-
as circunstâncias que as dita- fundamentada com a indica-
te das sentenças que proferir ção dos itens e valores objeto
ram, de modo que tais condi- e dos acordos que homologar.
ções se hajam tornado injustas da discordância, sob pena de
ou inaplicáveis. preclusão.
Art. 877. É competente
para a execução das decisões § 3o Elaborada a conta pela
Art. 874. A revisão poderá o Juiz ou Presidente do Tribunal parte ou pelos órgãos auxiliares
ser promovida por iniciativa do que tiver conciliado ou julgado da Justiça do Trabalho, o Juiz
Tribunal prolator, da Procura- originariamente o dissídio. procederá à intimação da União
doria da Justiça do Trabalho, para manifestação, no prazo
das associações sindicais ou de Art. 877-A. É competente de 10 (dez) dias, sob pena de
empregador ou empregadores para a execução de título exe- preclusão.
interessados no cumprimento cutivo extrajudicial o Juiz que § 4 o A atualização do crédito
da decisão. teria competência para o pro- devido à Previdência Social
cesso de conhecimento relativo observará os critérios estabe-
Parágrafo único. Quando a à matéria. lecidos na legislação previden-
revisão for promovida por ini- ciária.
ciativa do Tribunal prolator ou Art. 878. A execução será
da Procuradoria, as associações promovida pelas partes, permi- § 5o O Ministro de Estado da
sindicais e o empregador ou em- tida a execução de ofício pelo Fazenda poderá, mediante ato
pregadores interessados serão Juiz ou pelo Presidente do Tri- fundamentado, dispensar a
ouvidos no prazo de 30 (trinta) bunal apenas nos casos em que manifestação da União quan-
dias. Quando promovida por as partes não estiverem repre- do o valor total dos verbos que
uma das partes interessadas, sentadas por advogado. integram o salário de contri-
serão as outras ouvidas tam- buição, na forma do art. 28 da
bém por igual prazo. Parágrafo único. (Revogado) Lei no 8.212, de 24 de julho de
1991, ocasionar perda de escala
Art. 875. A revisão será Art. 878-A. Faculta-se ao decorrente da atualização do
julgada pelo Tribunal que tiver devedor o pagamento imediato órgão jurídico.
proferido a decisão, depois de da parte que entender devida § 6 o Tratando-se de cálculos
ouvida a Procuradoria da Justi- à Previdência Social, sem pre- de liquidação complexos, o Juiz
ça do Trabalho. juízo da cobrança de eventuais poderá nomear perito para a
diferenças encontradas na exe- elaboração e fixará, depois da
Capítulo V – Da Execução cução ex officio. conclusão do trabalho, o valor
dos respectivos honorários com
Art. 879. Sendo ilíquida a observância, entre outros, dos
Seção I – Das Disposições sentença exequenda, ordenar- critérios de razoabilidade e pro-
Preliminares se-á, previamente, a sua liqui- porcionalidade.
dação, que poderá ser feita por
cálculo, por arbitramento ou § 7o A atualização dos créditos
Art. 876. As decisões pas- decorrentes de condenação ju-
sadas em julgado ou das quais por artigos.
dicial será feita pela Taxa Re-
não tenha havido recurso com § 1o Na liquidação, não se ferencial (TR), divulgada pelo
efeito suspensivo; os acordos, poderá modificar, ou inovar, a Banco Central do Brasil, con-
quando não cumpridos; os sentença liquidanda nem discu- forme a Lei no 8.177, de 1o de
termos de ajuste de conduta tir matéria pertinente à causa março de 1991.
firmados perante o Ministério principal.
Público do Trabalho e os ter-
§ 1o-A. A liquidação abrangerá,
mos de conciliação firmados
também, o cálculo das contri-
Seção II – Do Mandado e
perante as Comissões de Con- da Penhora
buições previdenciárias devidas.
ciliação Prévia serão executados
pela forma estabelecida neste § 1o-B. As partes deverão ser Art. 880. Requerida a exe-
Capítulo. previamente intimadas para cução, o Juiz ou Presidente do

792
Tribunal mandará expedir man- Lei no 13.105, de 16 de março dação, cabendo ao exequente
dado de citação do executado, de 2015 – Código de Processo igual direito e no mesmo prazo.
a fim de que cumpra a decisão Civil.
§ 4o Julgar-se-ão na mesma sen-
ou o acordo no prazo, pelo
tença os embargos e as impug-
modo e sob as cominações es- Art. 883. Não pagando o
nações à liquidação apresenta-
tabelecidas, ou, quando se tra- executado, nem garantindo a das pelos credores trabalhista e
tar de pagamento em dinheiro, execução, seguir-se-á penho- previdenciário.
inclusive de contribuições so- ra dos bens, tantos quantos
ciais devidas à União, para que bastem ao pagamento da im- § 5o Considera-se inexigível o
o faça em 48 (quarenta e oito) por tância da condenação, título judicial fundado em lei
horas, ou garanta a execução, acrescida de custas e juros de ou ato normativo declarados
sob pena de penhora. mora, sendo estes, em qualquer inconstitucionais pelo Supremo
caso, devidos a partir da data Tribunal Federal ou em aplica-
§ 1o O mandado de citação de-
em que for ajuizada a reclama- ção ou interpretação tidas por
verá conter a decisão exequen-
ção inicial. incompatíveis com a Constitui-
da ou o termo de acordo não
ção Federal.
cumprido.
Art. 883-A. A decisão ju- § 6o A exigência da garantia ou
§ 2o A citação será feita pelos dicial transitada em julgado penhora não se aplica às entida-
oficiais de diligência. somente poderá ser levada a des filantrópicas e/ou àqueles
§ 3o Se o executado, procurado protesto, gerar inscrição do que compõem ou compuseram
por 2 (duas) vezes no espaço de nome do executado em órgãos a diretoria dessas instituições.
48 (quarenta e oito) horas, não de proteção ao crédito ou no
for encontrado, far-se-á citação Banco Nacional de Devedores
por edital, publicado no jornal Trabalhistas (BNDT), nos ter- Seção IV – Do Julgamento
oficial ou, na falta deste, afixa- mos da lei, depois de transcor- e dos Trâmites Finais da
do na sede da junta ou juízo, rido o prazo de 45 (quarenta e Execução
durante 5 (cinco) dias. cinco) dias a contar da citação
do executado, se não houver Art. 885. Não tendo sido
Art. 881. No caso de paga- garantia do juízo. arroladas testemunhas na de-
mento da importância recla- fesa, o Juiz ou Presidente, con-
mada, será este feito perante o clusos os autos, proferirá sua
escrivão ou secretário, lavran- Seção III – Dos Embargos decisão, dentro de 5 (cinco)
do-se termo de quitação, em 2 à Execução e da sua dias, julgando subsistente ou
(duas) vias, assinadas pelo exe- Impugnação insubsistente a penhora.
quente, pelo executado e pelo
mesmo escrivão ou secretário, Art. 884. Garantida a exe- Art. 886. Se tiverem sido
entregando-se a segunda via ao cução ou penhorados os bens, arroladas testemunhas, finda
executado e juntando-se a outra terá o executado 5 (cinco) dias a sua inquirição em audiência,
ao processo. para apresentar embargos, ca- o escrivão, ou secretário, fará,
bendo igual prazo ao exequente dentro de 48 (quarenta e oito)
Parágrafo único. Não estan- para impugnação. horas, conclusos os autos ao
do presente o exequente, será Juiz, ou Presidente, que profe-
depositada a importância, me- § 1o A matéria de defesa será rirá sua decisão, na forma pre-
diante guia, em estabelecimento restrita às alegações de cumpri- vista no artigo anterior.
oficial de crédito ou, em falta mento da decisão ou do acor-
do, quitação ou prescrição da § 1o Proferida a decisão, serão
deste, em estabelecimento ban-
dívida. da mesma notificadas as par-
cário idôneo.
tes interessadas, em registrado
§ 2o Se na defesa tiverem sido postal, com franquia.
Art. 882. O executado que arroladas testemunhas, poderá
não pagar a importância recla- o Juiz ou o Presidente do Tribu- § 2o Julgada subsistente a pe-
mada poderá garantir a exe- nal, caso julgue necessários seus nhora, o Juiz, ou Presidente,
cução mediante depósito da depoimentos, marcar audiência mandará proceder logo à ava-
quantia correspondente, atu- para a produção das provas, a liação dos bens penhorados.
alizada e acrescida das despe- qual deverá realizar-se dentro
sas processuais, apresentação Art. 887. A avaliação dos
de 5 (cinco) dias.
de seguro-garantia judicial ou bens penhorados em virtude
nomeação de bens à penhora, § 3o Somente nos embargos à da execução de decisão conde-
observada a ordem preferen- penhora poderá o executado natória, será feita por avaliador
cial estabelecida no art. 835 da impugnar a sentença de liqui- escolhido de comum acordo

793
pelas partes, que perceberá as fiscais para a cobrança judicial Capítulo VI – Dos
custas arbitradas pelo Juiz, ou da dívida ativa da Fazenda Pú- Recursos
Presidente do Tribunal traba- blica Federal.
lhista, de conformidade com Art. 893. Das decisões são
a tabela a ser expedida pelo Art. 889-A. Os recolhimen- admissíveis os seguintes recur-
Tribunal Superior do Trabalho. tos das importâncias devidas, sos:
§ 1o Não acordando as partes referentes às contribuições I – embargos;
quanto à designação de avalia- sociais, serão efetuados nas
dor, dentro de 5 (cinco) dias agências locais da Caixa Eco- II – recurso ordinário;
após o despacho que determi- nômica Federal ou do Banco III – recurso de revista;
nou a avaliação, será o avalia- do Brasil S.A., por intermédio
dor designado livremente pelo IV – agravo.
de documento de arrecadação
Juiz ou Presidente do Tribunal. da Previdência Social, dele se § 1o Os incidentes do proces-
§ 2o Os servidores da Justiça fazendo constar o número do so são resolvidos pelo próprio
do Trabalho não poderão ser processo. juízo ou Tribunal, admitindo-se
escolhidos ou designados para a apreciação do merecimento
§ 1o Concedido parcelamento das decisões interlocutórias e
servir de avaliador. pela Secretaria da Receita Fede- somente em recurso da decisão
ral do Brasil, o devedor juntará definitiva.
Art. 888. Concluída a ava-
aos autos a comprovação do
liação, dentro de 10 (dez) dias, § 2o A interposição de recurso
contados da data da nomeação ajuste, ficando a execução da
para o Supremo Tribunal Fede-
do avaliador, seguir-se-á a ar- contribuição social correspon-
ral não prejudicará a execução
rematação que será anunciada dente suspensa até a quitação
do julgado.
por edital afixado na sede do de todas as parcelas.
Juízo ou Tribunal e publicado § 2o As Varas do Trabalho en- Art. 894. No Tribunal Supe-
no jornal local, se houver, com a caminharão mensalmente à rior do Trabalho cabem embar-
antecedência de 20 (vinte) dias. gos, no prazo de 8 (oito) dias:
Secretaria da Receita Federal
§ 1o A arrematação far-se-á em do Brasil informações sobre os I – de decisão não unânime de
dia, hora e lugar anunciados e recolhimentos efetivados nos julgamento que:
os bens serão vendidos pelo autos, salvo se outro prazo for
maior lance, tendo o exequente a) conciliar, julgar ou ho-
estabelecido em regulamento.
preferência para a adjudicação. mologar conciliação em
dissídios coletivos que
§ 2o O arrematante deverá ga- excedam a competência
rantir o lance com o sinal cor- Seção V – Da Execução por territorial dos Tribunais
respondente a 20% (vinte por Prestações Sucessivas Regionais do Trabalho
cento) do seu valor. e estender ou rever as
Art. 890. A execução para sentenças normativas
§ 3o Não havendo licitante, e
pagamento de prestações su- do Tribunal Superior
não requerendo o exequente a
cessivas far-se-á com obser- do Trabalho, nos casos
adjudicação dos bens penho-
rados, poderão os mesmos ser vância das normas constantes previstos em lei; e
vendidos por leiloeiro nomeado desta seção, sem prejuízo das
demais estabelecidas neste ca- b) (Vetada);
pelo Juiz ou Presidente.
pítulo. II – das decisões das Turmas
§ 4o Se o arrematante, ou seu que divergirem entre si ou das
fiador, não pagar dentro de 24 Art. 891. Nas prestações decisões proferidas pela Seção
(vinte e quatro) horas o preço sucessivas, por tempo deter- de Dissídios Individuais, ou con-
da arrematação, perderá, em minado, a execução pelo não trárias a súmula ou orientação
benefício da execução, o sinal jurisprudencial do Tribunal Su-
pagamento de uma prestação
de que trata o § 2o deste artigo, perior do Trabalho ou súmula
voltando à praça os bens exe- compreenderá as que lhe suce-
derem. vinculante do Supremo Tribunal
cutados. Federal.
Art. 889. Aos trâmites e in- Art. 892. Tratando-se de
prestações sucessivas, por tem- Parágrafo único. (Revogado)
cidentes do processo da execu-
ção são aplicáveis, naquilo em po indeterminado, a execução § 2o A divergência apta a ense-
que não contravierem ao pre- compreenderá inicialmente as jar os embargos deve ser atual,
sente título, os preceitos que re- prestações devidas até a data não se considerando tal a ul-
gem o processo dos executivos do ingresso na execução. trapassada por súmula do Tri-

794
bunal Superior do Trabalho ou o parecer, com registro na cer- c) proferidas com violação
do Supremo Tribunal Federal, tidão; literal de disposição de
ou superada por iterativa e no- lei federal ou afronta
IV – terá acórdão consisten-
tória jurisprudência do Tribunal direta e literal à Cons-
Superior do Trabalho. te unicamente na certidão de
tituição Federal.
julgamento, com a indicação
§ 3o O Ministro Relator dene- suficiente do processo e parte § 1o O recurso de revista, do-
gará seguimento aos embargos: dispositiva, e das razões de de- tado de efeito apenas devolu-
I – se a decisão recorrida estiver cidir do voto prevalente. Se a tivo, será interposto perante o
em consonância com súmula sentença for confirmada pelos Presidente do Tribunal Regional
da jurisprudência do Tribunal próprios fundamentos, a certi- do Trabalho, que, por decisão
Superior do Trabalho ou do dão de julgamento, registran- fundamentada, poderá recebê-
Supremo Tribunal Federal, ou do tal circunstância, servirá de -lo ou denegá-lo.
com iterativa, notória e atual acórdão. § 1o-A. Sob pena de não conhe-
jurisprudência do Tribunal Su- § 2 Os Tribunais Regionais,
o cimento, é ônus da parte:
perior do Trabalho, cumprindo- divididos em turmas, poderão
lhe indicá-la; I – indicar o trecho da decisão
designar turma para o julga- recorrida que consubstancia
II – nas hipóteses de intempes- mento dos recursos ordinários o prequestionamento da con-
tividade, deserção, irregulari- interpostos das sentenças pro- trovérsia objeto do recurso de
dade de representação ou de latadas nas demandas sujeitas revista;
ausência de qualquer outro ao procedimento sumaríssimo.
pressuposto extrínseco de ad- II – indicar, de forma explícita e
missibilidade. Art. 896. Cabe Recurso de fundamentada, contrariedade
Revista para Turma do Tribu- a dispositivo de lei, súmula ou
§ 4 o Da decisão denegatória nal Superior do Trabalho das orientação jurisprudencial do
dos embargos caberá agravo, decisões proferidas em grau de Tribunal Superior do Trabalho
no prazo de 8 (oito) dias. recurso ordinário, em dissídio que conflite com a decisão re-
individual, pelos Tribunais Re- gional;
Art. 895. Cabe recurso or-
gionais do Trabalho, quando: III – expor as razões do pedido
dinário para a instância supe-
rior: a) derem ao mesmo dis- de reforma, impugnando to-
positivo de lei federal dos os fundamentos jurídicos
I – das decisões definitivas ou da decisão recorrida, inclusive
interpretação diversa
terminativas das Varas e Juízos, mediante demonstração analíti-
da que lhe houver dado
no prazo de 8 (oito) dias; e ca de cada dispositivo de lei, da
outro Tribunal Regio-
II – das decisões definitivas ou nal do Trabalho, no seu Constituição Federal, de súmula
terminativas dos Tribunais Re- Pleno ou Turma, ou a ou orientação jurisprudencial
gionais, em processos de sua Seção de Dissídios Indi- cuja contrariedade aponte;
competência originária, no viduais do Tribunal Su- IV – transcrever na peça recur-
prazo de 8 (oito) dias, quer nos perior do Trabalho, ou sal, no caso de suscitar prelimi-
dissídios individuais, quer nos contrariarem súmula de nar de nulidade de julgado por
dissídios coletivos. jurisprudência uniforme negativa de prestação jurisdi-
§ 1o Nas reclamações sujeitas dessa Corte ou súmula cional, o trecho dos embargos
ao procedimento sumaríssimo, vinculante do Supremo declaratórios em que foi pedido
o recurso ordinário: Tribunal Federal; o pronunciamento do Tribunal
b) derem ao mesmo dis- sobre questão veiculada no re-
I – (Vetado); curso ordinário e o trecho da
positivo de lei estadual,
II – será imediatamente distri- Convenção Coletiva de decisão regional que rejeitou
buído, uma vez recebido no Trabalho, Acordo Cole- os embargos quanto ao pedi-
Tribunal, devendo o relator tivo, sentença normati- do, para cotejo e verificação,
liberá-lo no prazo máximo de va ou regulamento em- de plano, da ocorrência da
10 (dez) dias, e a Secretaria do presarial de observância omissão.
Tribunal ou Turma colocá-lo obrigatória em área § 2o Das decisões proferidas
imediatamente em pauta para territorial que exceda a pelos Tribunais Regionais do
julgamento, sem revisor; jurisdição do Tribunal Trabalho ou por suas Turmas,
III – terá parecer oral do repre- Regional prolator da em execução de sentença, inclu-
sentante do Ministério Público decisão recorrida, in- sive em processo incidente de
presente à sessão de julgamen- terpretação divergente, embargos de terceiro, não ca-
to, se este entender necessário na forma da alínea “a”; berá Recurso de Revista, salvo

795
na hipótese de ofensa direta e § 11. Quando o recurso tem- § 2o Poderá o relator, monocra-
literal de norma da Constitui- pestivo contiver defeito formal ticamente, denegar seguimento
ção Federal. que não se repute grave, o Tri- ao recurso de revista que não
bunal Superior do Trabalho demonstrar transcendência,
§ 3o (Revogado) cabendo agravo desta decisão
poderá desconsiderar o vício
§ 4o (Revogado) ou mandar saná-lo, julgando para o colegiado.
§ 5o (Revogado) o mérito. § 3 o Em relação ao recurso
§ 12. Da decisão denegatória que o relator considerou não
§ 6o (Revogado) ter transcendência, o recorren-
caberá agravo, no prazo de 8
§ 7o A divergência apta a en- (oito) dias. te poderá realizar sustentação
sejar o recurso de revista deve oral sobre a questão da trans-
ser atual, não se considerando § 13. Dada a relevância da ma- cendência, durante 5 (cinco)
como tal a ultrapassada por téria, por iniciativa de um dos minutos em sessão.
súmula do Tribunal Superior membros da Seção Especializa-
§ 4o Mantido o voto do relator
do Trabalho ou do Supremo da em Dissídios Individuais do
quanto à não transcendência
Tribunal Federal, ou superada Tribunal Superior do Trabalho,
do recurso, será lavrado acór-
por iterativa e notória jurispru- aprovada pela maioria dos inte- dão com fundamentação sucin-
dência do Tribunal Superior do grantes da Seção, o julgamento ta, que constituirá decisão irre-
Trabalho. a que se refere o § 3o poderá ser corrível no âmbito do Tribunal.
afeto ao Tribunal Pleno.
§ 8 o Quando o recurso fun- § 5 o É irrecorrível a decisão
dar-se em dissenso de julgados, § 14. O relator do recurso monocrática do relator que,
incumbe ao recorrente o ônus de revista poderá denegar-lhe em agravo de instrumento em
de produzir prova da divergên- seguimento, em decisão mo- recurso de revista, considerar
cia jurisprudencial, mediante nocrática, nas hipóteses de ausente a transcendência da
certidão, cópia ou citação do intempestividade, deserção, ir- matéria.
repositório de jurisprudência, regularidade de representação
oficial ou credenciado, inclusi- § 6o O juízo de admissibilidade
ou de ausência de qualquer ou-
do recurso de revista exercido
ve em mídia eletrônica, em que tro pressuposto extrínseco ou
pela Presidência dos Tribunais
houver sido publicada a decisão intrínseco de admissibilidade.
Regionais do Trabalho limita-se
divergente, ou ainda pela repro-
à análise dos pressupostos in-
dução de julgado disponível na Ar t. 896-A. O Tribunal trínsecos e extrínsecos do apelo,
internet, com indicação da res- Superior do Trabalho, no re- não abrangendo o critério da
pectiva fonte, mencionando, em curso de revista, examinará transcendência das questões
qualquer caso, as circunstâncias previamente se a causa oferece nele veiculadas.
que identifiquem ou asseme- transcendência com relação
lhem os casos confrontados. aos reflexos gerais de natureza Art. 896-B. Aplicam-se ao
§ 9 o Nas causas sujeitas ao econômica, política, social ou recurso de revista, no que cou-
procedimento sumaríssimo, jurídica. ber, as normas da Lei no 5.869,
somente será admitido recur- § 1o São indicadores de trans- de 11 de janeiro de 1973 (Códi-
so de revista por contrarieda- cendência, entre outros: go de Processo Civil), relativas
de a súmula de jurisprudência ao julgamento dos recursos
uniforme do Tribunal Superior I – econômica, o elevado valor extraordinário e especial repe-
do Trabalho ou a súmula vin- da causa; titivos.
culante do Supremo Tribunal II – política, o desrespeito da
Federal e por violação direta da Art. 896-C. Quando houver
instância recorrida à jurispru- multiplicidade de recursos de
Constituição Federal. dência sumulada do Tribunal revista fundados em idêntica
§ 10. Cabe recurso de revista Superior do Trabalho ou do questão de direito, a questão
por violação a lei federal, por Supremo Tribunal Federal; poderá ser afetada à Seção Es-
divergência jurisprudencial e III – social, a postulação, por pecializada em Dissídios Indivi-
por ofensa à Constituição Fe- reclamante-recorrente, de di- duais ou ao Tribunal Pleno, por
deral nas execuções f iscais e reito social constitucionalmente decisão da maioria simples de
nas controvérsias da fase de assegurado; seus membros, mediante reque-
execução que envolvam a Cer- rimento de um dos Ministros
tidão Negativa de Débitos Tra- IV – jurídica, a existência de que compõem a Seção Especia-
balhistas (CNDT), criada pela questão nova em torno da in- lizada, considerando a relevân-
Lei no 12.440, de 7 de julho de terpretação da legislação tra- cia da matéria ou a existência
2011. balhista. de entendimentos divergentes

796
entre os Ministros dessa Seção balho, informações a respeito § 14. Aos recursos extraordi-
ou das Turmas do Tribunal. da controvérsia, a serem pres- nários interpostos perante o
tadas no prazo de 15 (quinze) Tribunal Superior do Trabalho
§ 1o O Presidente da Turma ou
dias. será aplicado o procedimento
da Seção Especializada, por in-
previsto no art. 543-B da Lei
dicação dos relatores, afetará § 8o O relator poderá admitir
no 5.869, de 11 de janeiro de
um ou mais recursos represen- manifestação de pessoa, órgão
1973 (Código de Processo Ci-
tativos da controvérsia para jul- ou entidade com interesse na
vil), cabendo ao Presidente do
gamento pela Seção Especiali- controvérsia, inclusive como as-
Tribunal Superior do Trabalho
zada em Dissídios Individuais sistente simples, na forma da
selecionar um ou mais recursos
ou pelo Tribunal Pleno, sob o Lei no 5.869, de 11 de janeiro
representativos da controvérsia
rito dos recursos repetitivos. de 1973 (Código de Processo
e encaminhá-los ao Supremo
Civil).
§ 2o O Presidente da Turma ou Tribunal Federal, sobrestando
da Seção Especializada que afe- § 9o Recebidas as informações os demais até o pronuncia-
tar processo para julgamento e, se for o caso, após cumprido mento definitivo da Corte, na
sob o rito dos recursos repeti- o disposto no § 7o deste artigo, forma do § 1o do art. 543-B da
tivos deverá expedir comunica- terá vista o Ministério Público Lei no 5.869, de 11 de janeiro
ção aos demais Presidentes de pelo prazo de 15 (quinze) dias. de 1973 (Código de Processo
Turma ou de Seção Especializa- Civil).
§ 10. Transcorrido o prazo
da, que poderão afetar outros
para o Ministério Público e re- § 15. O Presidente do Tribunal
processos sobre a questão para
metida cópia do relatório aos Superior do Trabalho poderá
julgamento conjunto, a fim de
demais Ministros, o processo oficiar os Tribunais Regionais
conferir ao órgão julgador visão
será incluído em pauta na Se- do Trabalho e os Presidentes
global da questão.
ção Especializada ou no Tribu- das Turmas e da Seção Espe-
§ 3o O Presidente do Tribunal nal Pleno, devendo ser julgado cializada do Tribunal para que
Superior do Trabalho oficiará os com preferência sobre os de- suspendam os processos idên-
Presidentes dos Tribunais Regio- mais feitos. ticos aos selecionados como
nais do Trabalho para que sus- recursos representativos da
§ 11. Publicado o acórdão do
pendam os recursos interpostos controvérsia e encaminhados ao
Tribunal Superior do Trabalho,
em casos idênticos aos afetados Supremo Tribunal Federal, até o
os recursos de revista sobresta-
como recursos repetitivos, até o seu pronunciamento definitivo.
dos na origem:
pronunciamento definitivo do
§ 16. A decisão f irmada em
Tribunal Superior do Trabalho. I – terão seguimento denegado
recurso repetitivo não será
na hipótese de o acórdão recor-
§ 4 o Caberá ao Presidente do aplicada aos casos em que se
rido coincidir com a orientação
Tribunal de origem admitir um demonstrar que a situação de
a respeito da matéria no Tribu-
ou mais recursos representati- fato ou de direito é distinta das
nal Superior do Trabalho; ou
vos da controvérsia, os quais se- presentes no processo julgado
rão encaminhados ao Tribunal II – serão novamente examina- sob o rito dos recursos repeti-
Superior do Trabalho, ficando dos pelo Tribunal de origem na tivos.
suspensos os demais recursos hipótese de o acórdão recorrido
§ 17. Caberá revisão da deci-
de revista até o pronunciamen- divergir da orientação do Tri-
são firmada em julgamento de
to definitivo do Tribunal Supe- bunal Superior do Trabalho a
recursos repetitivos quando se
rior do Trabalho. respeito da matéria.
alterar a situação econômica,
§ 5o O relator no Tribunal Su- § 12. Na hipótese prevista no social ou jurídica, caso em que
perior do Trabalho poderá de- inciso II do § 11 deste artigo, será respeitada a segurança
terminar a suspensão dos recur- mantida a decisão divergente jurídica das relações firmadas
sos de revista ou de embargos pelo Tribunal de origem, far-se- sob a égide da decisão anterior,
que tenham como objeto con- -á o exame de admissibilidade podendo o Tribunal Superior do
trovérsia idêntica à do recurso do recurso de revista. Trabalho modular os efeitos da
afetado como repetitivo. decisão que a tenha alterado.
§ 13. Caso a questão afetada e
§ 6o O recurso repetitivo será julgada sob o rito dos recursos
Art. 897. Cabe agravo, no
distribuído a um dos Ministros repetitivos também contenha
prazo de 8 (oito) dias:
membros da Seção Especializa- questão constitucional, a de-
da ou do Tribunal Pleno e a um cisão proferida pelo Tribunal a) de petição, das decisões do
Ministro revisor. Pleno não obstará o conheci- Juiz ou Presidente, nas execu-
mento de eventuais recursos ções;
§ 7o O relator poderá solicitar,
extraordinários sobre a questão
aos Tribunais Regionais do Tra-
constitucional.

797
b) de instrumento, dos despa- cursal referente ao recurso que § 3o Os embargos de declara-
chos que denegarem a interpo- se pretende destrancar, da com- ção interrompem o prazo para
sição de recursos. provação do recolhimento das interposição de outros recursos,
custas e do depósito recursal a por qualquer das partes, salvo
§ 1o O agravo de petição só
que se refere o § 7o do art. 899 quando intempestivos, irregular
será recebido quando o agra-
desta Consolidação; a representação da parte ou au-
vante delimitar, justif icada-
sente a sua assinatura.
mente, as matérias e os valores II – facultativamente, com ou-
impugnados, permitida a execu- tras peças que o agravante re-
Art. 898. Das decisões pro-
ção imediata da parte remanes- putar úteis ao deslinde da ma-
feridas em dissídio coletivo que
cente até o final, nos próprios téria de mérito controvertida.
afete empresa de serviço públi-
autos ou por carta de sentença.
§ 6 o O agravado será intima- co, ou, em qualquer caso, das
§ 2o O agravo de instrumento do para oferecer resposta ao proferidas em revisão, poderão
interposto contra o despacho agravo e ao recurso principal, recorrer, além dos interessa-
que não receber agravo de pe- instruindo-a com as peças que dos, o Presidente do Tribunal
tição não suspende a execução considerar necessárias ao jul- e a Procuradoria da Justiça do
da sentença. gamento de ambos os recursos. Trabalho.
§ 3 o Na hipótese da alínea § 7o Provido o agravo, a Turma
Art. 899. Os recursos serão
“a” deste artigo, o agravo será deliberará sobre o julgamento
interpostos por simples peti-
julgado pelo próprio Tribunal, do recurso principal, obser-
ção e terão efeito meramente
presidido pela autoridade re- vando-se, se for o caso, daí em
devolutivo, salvo as exceções
corrida, salvo se se tratar de diante, o procedimento relativo
previstas neste Título, permi-
decisão de Juiz do Trabalho a esse recurso.
tida a execução provisória até
de 1a Instância ou de Juiz de
§ 8o Quando o agravo de pe- a penhora.
Direito, quando o julgamento
tição versar apenas sobre as
competirá a uma das Turmas § 1o Sendo a condenação de va-
contribuições sociais, o Juiz da
do Tribunal Regional a que es- lor até 10 (dez) vezes o salário
execução determinará a extra-
tiver subordinado o prolator mínimo regional, nos dissídios
ção de cópias das peças neces-
da sentença, observado o dis- individuais, só será admitido o
sárias, que serão autuadas em
posto no art. 679, a quem este recurso, inclusive o extraordi-
apartado, conforme dispõe o
remeterá as peças necessárias nário, mediante prévio depósi-
§ 3o, parte final, e remetidas à
para o exame da matéria con- to da respectiva importância.
instância superior para aprecia-
trovertida, em autos apartados, Transitada em julgado a deci-
ção, após contraminuta.
ou nos próprios autos, se tiver são recorrida, ordenar-se-á o
sido determinada a extração de levantamento imediato da im-
Art. 897-A. Caberão em-
carta de sentença. portância de depósito, em favor
bargos de declaração da sen-
da parte vencedora, por simples
§ 4o Na hipótese da alínea “b” tença ou acórdão, no prazo
despacho do Juiz.
deste artigo, o agravo será jul- de 5 (cinco) dias, devendo seu
gado pelo Tribunal que seria julgamento ocorrer na primeira § 2o Tratando-se de condena-
competente para conhecer o audiência ou sessão subsequen- ção de valor indeterminado,
recurso cuja interposição foi te a sua apresentação, registra- o depósito corresponderá ao
denegada. do na certidão, admitido efeito que for arbitrado, para efeito
modificativo da decisão nos ca- de custas, pela Junta ou Juízo
§ 5o Sob pena de não conheci-
sos de omissão e contradição de Direito, até o limite de 10
mento, as partes promoverão
no julgado e manifesto equívo- (dez) vezes o salário mínimo
a formação do instrumento do
co no exame dos pressupostos da região.
agravo de modo a possibilitar,
extrínsecos do recurso.
caso provido, o imediato julga- § 3o (Revogado)
mento do recurso denegado, § 1 Os erros materiais pode-
o
§ 4 o O depósito recursal será
instruindo a petição de inter- rão ser corrigidos de ofício ou
feito em conta vinculada ao ju-
posição: a requerimento de qualquer das
ízo e corrigido com os mesmos
partes.
I – obrigatoriamente, com có- índices da poupança.
pias da decisão agravada, da § 2o Eventual efeito modifica-
§ 5o (Revogado)
certidão da respectiva intima- tivo dos embargos de declara-
ção, das procurações outor- ção somente poderá ocorrer em § 6 o Quando o valor da con-
gadas aos advogados do agra- virtude da correção de vício na denação, ou o arbitrado para
vante e do agravado, da petição decisão embargada e desde que fins de custas, exceder o limite
inicial, da contestação, da deci- ouvida a parte contrária, no de 10 (dez) vezes o salário míni-
são originária, do depósito re- prazo de 5 (cinco) dias. mo da região, o depósito para

798
fins de recurso será limitado a Capítulo VII – Da Art. 907. Sempre que o in-
este valor. Aplicação das Penalidades frator incorrer em pena crimi-
nal far-se-á remessa das peças
§ 7o No ato de interposição do
Art. 903. As penalidades es- necessárias à autoridade com-
agravo de instrumento, o depó-
tabelecidas no título anterior petente.
sito recursal corresponderá a
serão aplicadas pelo Juiz, ou
50% (cinquenta por cento) do Tribunal, que tiver de conhecer Art. 908. A cobrança das
valor do depósito do recurso da desobediência, violação, re- multas estabelecidas neste tí-
ao qual se pretende destrancar. cusa, falta, ou coação, ex offi- tulo será feita, mediante exe-
§ 8o Quando o agravo de ins- cio, ou mediante representação cutivo f iscal, perante o Juiz
trumento tem a finalidade de de qualquer interessado ou da competente para a cobrança de
destrancar recurso de revista Procuradoria da Justiça do Tra- dívida ativa da Fazenda Pública
que se insurge contra decisão balho. Federal.
que contraria a jurisprudência
uniforme do Tribunal Superior Art. 904. As sanções em Parágrafo único. A cobrança
do Trabalho, consubstanciada que incorrerem as autoridades das multas será promovida, no
nas suas súmulas ou em orien- da Justiça do Trabalho serão Distrito Federal e nos Estados
tação jurisprudencial, não ha- aplicadas pela autoridade ou em que funcionarem os Tribu-
verá obrigatoriedade de se efe- Tribunal imediatamente supe- nais Regionais, pela Procura-
tuar o depósito referido no § 7o rior, conforme o caso, ex officio, doria da Justiça do Trabalho, e,
deste artigo. ou mediante representação de nos demais Estados, de acordo
qualquer interessado ou da Pro- com o disposto no Decreto-Lei
§ 9o O valor do depósito recur- curadoria. no 960, de 17 de dezembro de
sal será reduzido pela metade 1938.
para entidades sem fins lucrati- Parágrafo único. Tratando de
vos, empregadores domésticos, membro do Tribunal Superior Capítulo VIII – Disposições
microempreendedores individu- do Trabalho será competente Finais
ais, microempresas e empresas para a imposição de execuções
de pequeno porte. o Conselho Federal. Art. 909. A ordem dos pro-
§ 10. São isentos do depósi- cessos no Tribunal Superior do
to recursal os beneficiários da Art. 905. Tomando conhe- Trabalho será regulada em seu
justiça gratuita, as entidades cimento do fato imputado, o regimento interno.
filantrópicas e as empresas em Juiz, ou Tribunal, competente
recuperação judicial. mandará notificar o acusado, Art. 910. Para os efeitos
para apresentar, no prazo de deste título, equiparam-se aos
§ 11. O depósito recursal po- 15 (quinze) dias, defesa por serviços públicos os de utilidade
derá ser substituído por fiança escrito. pública, bem como os que fo-
bancária ou seguro garantia rem prestados em armazéns de
judicial. § 1o É facultado ao acusado,
gêneros alimentícios, açougues,
dentro do prazo estabelecido
padarias, leiterias, farmácias,
Art. 900. Interposto o re- neste artigo, requerer a produ-
hospitais, minas, empresas de
curso, será notificado o recorri- ção de testemunhas, até ao má-
transportes e comunicações,
do para oferecer as suas razões, ximo de 5 (cinco). Nesse caso,
bancos e estabelecimentos
em prazo igual ao que tiver o será marcada audiência para a
que interessem à segurança
recorrente. inquirição.
nacional.
§ 2o Findo o prazo de defesa,
Art. 901. Sem prejuízo dos o processo será imediatamente Título XI – Disposições
prazos previstos neste capítulo, concluso para julgamento, que Finais e Transitórias
terão as partes vistas dos autos deverá ser proferido no prazo
em cartório ou na secretaria. de 10 (dez) dias. Art. 911. Esta Consolidação
entrará em vigor em 10 de no-
Parágrafo único. Salvo quan- Art. 906. Da imposição das vembro de 1943.
do estiver correndo prazo co- penalidades a que se refere este
mum, aos procuradores das capítulo, caberá recurso ordiná- Art. 912. Os dispositivos
partes será permitido ter vista rio para o Tribunal Superior, no de caráter imperativo terão
dos autos fora do cartório ou prazo de 10 (dez) dias, salvo se aplicação imediata às relações
secretaria. a imposição resultar de dissídio iniciadas, mas não consuma-
coletivo, caso em que o prazo das, antes da vigência desta
Art. 902. (Revogado) será de 20 (vinte) dias. Consolidação.

799
Art. 913. O Ministro do rança do Trabalho”. Compete matéria técnico-administrativa
Trabalho e Previdência Social ainda àquela autoridade fixar dessas instituições.
expedirá instruções, quadros, os prazos dentro dos quais,
tabelas e modelos que se tor- em cada Estado, entrará em Art. 919. Ao empregado
narem necessários à execução vigor a obrigatoriedade do uso bancário, admitido até a data
desta Consolidação. da Carteira de Trabalho e Pre- da vigência da presente Lei, fica
vidência Social, para os atuais assegurado o direito à aquisição
Parágrafo único. O Tribunal empregados. da estabilidade nos termos do
Superior do Trabalho adaptará art. 15 do Decreto no 24.615,
o seu regimento interno e o dos Parágrafo único. O Ministro do de 9 de julho de 1934.
Tribunais Regionais do Trabalho Trabalho fixará, para cada Esta-
às normas contidas nesta Con- do e quando julgar conveniente, Art. 920. Enquanto não
solidação. o início da vigência de parte ou forem constituídas as confede-
de todos os dispositivos conti- rações, ou, na falta destas, a
Art. 914. Continuarão em dos no capítulo “Da Segurança representação de classes, eco-
vigor os quadros, tabelas e mo- e da Medicina do Trabalho”. nômicas ou profissionais, que
delos, aprovados em virtude de derivar da indicação desses
dispositivos não alterados pela Art. 918. Enquanto não órgãos ou dos respectivos Pre-
presente Consolidação. for expedida a Lei Orgânica sidentes, será suprida por equi-
da Previdência Social, compe- valente designação ou eleição
Art. 915. Não serão preju- tirá ao Presidente do Tribunal realizada pelas correspondentes
dicados os recursos interpostos Superior do Trabalho julgar os federações.
com apoio em dispositivos alte- recursos interpostos com apoio
rados ou cujo prazo para inter- no art. 1o, alínea “c”, do Decre- Art. 921. As empresas que
posição esteja em curso à data to-Lei no 3.710, de 14 de outu- não estiverem incluídas no en-
da vigência desta Consolidação. bro de 1941, cabendo recurso quadramento sindical em que
de suas decisões nos termos do trata o art. 577 poderão firmar
Art. 916. Os prazos de pres- disposto no art. 734, alínea “b”, contratos coletivos de trabalho
crição f ixados pela presente desta Consolidação. com os sindicatos representa-
Consolidação começarão a cor- tivos da respectiva categoria
rer da data da vigência desta, Parágrafo único. Ao diretor do profissional.
quando menores do que os pre- Departamento de Previdência
vistos pela legislação anterior. Social incumbirá presidir as Art. 922. O disposto no
eleições para a constituição art. 301 regerá somente as
Art. 917. O Ministro do dos Conselhos Fiscais dos Ins- relações de emprego iniciadas
Trabalho marcará prazo para titutos e Caixas de Pensões e depois da vigência desta Con-
adaptação dos atuais estabele- julgar, com recurso para instân- solidação.
cimentos às exigências contidas cia superior, os recursos sobre
no capítulo “De Higiene e Segu-

800
Anexo
Quadro a que se refere o art. 577 da Consolidação das Leis do Trabalho

Confederação Nacional da Confederação Nacional dos


Indústria Trabalhadores na Indústria
1o GRUPO – Trabalhadores na indústria
1o GRUPO – Indústria da alimentação de alimentação
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria do trigo
Indústria do milho e da soja Trabalhadores na indústria do trigo, milho e mandioca
Indústria da mandioca
Indústria do arroz Trabalhadores na indústria do arroz

Indústria do açúcar
Trabalhadores na indústria do açúcar
Indústria do açúcar de engenho
Trabalhadores na indústria de torrefação e moagem
de café
Indústria de torrefação e moagem do café Trabalhadores na indústria da refinação do sal
Industria de refinação do sal Trabalhadores na indústria de panificação e confeitaria
Indústria de panificação e confeitaria Trabalhadores na indústria de produtos de cacau e
Indústria de produtos de cacau e balas balas
Indústria do mate Trabalhadores na indústria do mate
Indústria de laticínio e produtos derivados Trabalhadores na indústria de laticínio e produtos
Indústria de massas alimentícias e biscoitos derivados
Trabalhadores na indústria de massas alimentícias
e biscoitos

Indústria da cerveja de baixa fermentação Trabalhadores na indústria de cerveja e bebidas em


Indústria da cerveja e de bebidas em geral geral

Trabalhadores na indústria do vinho


Trabalhadores na indústria de águas minerais
Indústria do vinho
Trabalhadores na indústria do azeite e óleos alimen-
Indústria de águas minerais
tícios
Indústria de azeite e óleos alimentícios
Trabalhadores na indústria de docas e conservas
Indústria de doces e conserves alimentícias
alimentícias
Indústria de carnes e derivados
Trabalhadores na indústria de carnes e derivados
Indústria do fio
Trabalhadores na indústria de fio
Indústria do fumo
Trabalhadores na indústria do fumo
Indústria da imunização e tratamento de frutas
Trabalhadores na indústria de imunização e trata-
mento de frutas

801
2o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias
2o GRUPO – Indústria do vestuário do vestuário
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Trabalhadores na indústria do calçado
Of iciais alfaiates, costureiras e trabalhadores na
Indústria de calçados
indústria de confecção de roupas
Indústria de camisas para homem e roupas brancas
Trabalhadores na indústria de guarda-chuvas e
Indústria de alfaiataria e de confecção de roupas de
bengalas
homem
Trabalhadores na indústria de luvas, bolsas e peles
Indústria de guarda-chuvas e bengalas
do resguardo
Indústria de luvas, bolsas e peles de resguardo
Trabalhadores na indústria de pentes, botões e
Indústria de pentes, botões e similares
similares
Indústria de chapéus
Trabalhadores na indústria de chapéus
Indústria de confecção de roupas e chapéus de senhora
Trabalhadores na indústria de confecção de roupas e
chapéus de senhora

3o GRUPO – Indústrias da construção e 3o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias


do mobiliário da construção e do mobiliário
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Trabalhadores na indústria da construção civil (pedrei-
ros, carpinteiros, pintores e estucadores, bombeiros
hidráulicos e trabalhadores em geral, de estradas,
Indústria da construção civil pontes, portos e canais)
Indústria de olaria Trabalhadores na indústria de olaria
Indústria do cimento, cal e gesso Trabalhadores na indústria do cimento, cal e gesso
Indústria de ladrilhos hidráulicos e produtos de cimento Trabalhadores na indústria de ladrilhos hidráulicos e
Indústria da cerâmica para construção produtos de cimento
Indústria de mármores e granitos Trabalhadores na indústria de cerâmica para cons-
Indústria de pinturas, decorações, estuques e ornatos trução
Indústria de serrarias, carpintarias e tanoarias Trabalhadores na indústria de mármores e granitos
Indústria da marcenaria (móveis da madeira) Oficiais eletricistas
Indústria de móveis de junco a vime e de vassouras Oficiais marceneiros e trabalhadores nas indústrias
Indústria de cortinados e estofos de serrarias e de móveis de madeira
Trabalhadores na indústria de móveis de junco e vime
e de vassouras.
Trabalhadores na indústria de cortinados e estofos

4o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias


4o GRUPO – Indústrias urbanas urbanas
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Trabalhadores na indústria da purificação e distri-
Indústria da purificação e distribuição de água
buição de água
Indústria de energia hidrelétrica
Trabalhadores na indústria da energia hidrelétrica.
Indústria da energia termelétrica
Trabalhadores na indústria da energia termelétrica
Indústria da produção do gás
Trabalhadores na indústria da produção do gás.
Serviços de esgotos
Trabalhadores em serviços de esgotos.

802
5o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias
5o GRUPO – Indústrias extrativas extrativas
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Trabalhadores na indústria da extração de ouro e
metais preciosos
Trabalhadores na indústria da extração do ferro e
Indústria da extração do ouro e metais preciosos
metais básicos
Indústria da extração do ferro e metais básicos
Trabalhadores na indústria da extração do carvão
Indústria da extração do carvão
Trabalhadores na indústria da extração de diamantes
Indústria da extração de diamantes e pedras preciosas
e pedras preciosas
Indústria da extração de mármores, calcários e
Trabalhadores na indústria da extração de mármores,
pedreiras
calcários e pedreiras
Indústria da extração de areias e barreiras
Trabalhadores na indústria da extração de areias e
Indústria da extração do sal
barreiras
Indústria da extração do petróleo
Trabalhadores na indústria da extração do sal
Indústria da extração de madeiras
Trabalhadores na indústria do petróleo
Indústria da extração de resinas
Trabalhadores na indústria da extração de madeiras
Indústria da extração da lenha
Trabalhadores na indústria da extração de resinas
Indústria da extração da borracha
Trabalhadores na indústria da extração da lenha
Indústria da extração de fibras vegetais e do descaro-
Trabalhadores na indústria da extração da borracha
çamento do algodão
Trabalhadores na indústria da extração de fibras
Indústria da extração de óleos vegetais e animais
vegetais e do descaroçamento do algodão
Trabalhadores na indústria da extração de óleos
vegetais e animais

6o GRUPO – Indústria de fiação e tecela- 6o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias


gem de fiação e tecelagem
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria da cordoalha e estopa
Indústria da malharia e meias Mestres e contramestres na indústria de fiação e
Indústria de fiação e tecelagem em geral tecelagem
Indústria de especialidades têxteis (passamanarias, Trabalhadores na indústria de fiação e tecelagem
rendas, tapetes)

7o GRUPO – Indústria de artefatos de 7o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias


couro de artefatos de couro
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria de curtimento de couros e de peles Trabalhadores na indústria de curtimento de couros
Indústria de malas e artigos de viagem e peles
Indústria de correias em geral e arreios Trabalhadores na indústria de artefatos de couro

8o GRUPO – Indústria de artefatos de 8o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias


borracha de artefatos de borracha
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria de artefatos de borracha Trabalhadores na indústria de artefatos de borracha

9o GRUPO – Trabalhadores nas indústrias


9o GRUPO – Indústria de joalheria e lapi- da joalheria e lapidação de pedras precio-
dação de pedras preciosas sas
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria do joalheria e ourivesaria Oficiais joalheiros e ourives
Indústria da lapidação de pedras preciosas Oficiais lapidários

803
10o GRUPO – Indústrias químicas e far- 10o GRUPO – Trabalhadores nas Indús-
macêuticas trias químicas e farmacêuticas
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Trabalhadores na indústria de produtos químicos
para fins industriais
Trabalhadores na indústria de produtos farmacêuticos
Indústrias de produtos químicos para fins industriais
Trabalhadores na preparação de óleos vegetais e
Indústria de produtos farmacêuticos
animais
Indústria de preparação de óleos vegetais e animais
Trabalhadores na indústria de resinas sintéticas
Indústria de resinas sintéticas
Trabalhadores na indústria de perfumarias e artigos
Indústria de perfumarias e artigos de toucador
de toucador
Indústria de sabão e velas
Trabalhadores na indústria de sabão e velas
Indústria da fabricação do álcool
Trabalhadores na indústria de fabricação do álcool
Indústria de explosivos
Trabalhadores na indústria de explosivos
Indústria de tintas e vernizes
Trabalhadores na indústria de tintas e vernizes
Indústria de fósforos
Trabalhadores na indústria de fósforos
Indústria de adubos e colas
Trabalhadores na indústria de adubos e colas
Indústria de formicidas e inseticidas
Trabalhadores na indústria de formicidas e inseticidas
Indústria de lavanderia e tinturaria do vestuário
Trabalhadores na indústria de lavanderia e tinturaria
Indústria de destilação e refinação de petróleo
do vestuário
Indústria de material plástico
Trabalhadores na indústria de destilação e refinação
de petróleo
Trabalhadores na indústria de material plástico

11o GRUPO – Indústrias do papel, papelão 11o GRUPO – Trabalhadores nas Indús-
e cortiça trias do papel, papelão e cortiça
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria do papel
Indústria do papelão Trabalhadores na indústria de papel, papelão e cortiça
Indústria de cortiça

Trabalhadores na indústria de artefatos de papel,


Indústria de artefatos de papel, papelão e cortiça
papelão e cortiça

12o GRUPO – Trabalhadores nas Indús-


12o GRUPO – Indústrias gráficas trias gráficas
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria da tipografia
Oficiais gráficos
Indústria da gravura

Indústria da encadernação Oficiais encadernadores

13o GRUPO – Indústrias de vidros, 13o GRUPO – Trabalhadores nas Indús-


cristais, espelhos, cerâmica trias de vidros, cristais, espelhos,
de louça e porcelana cerâmica de louça e porcelana
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria de vidros e cristais planos
Indústria de vidros e cristais ocos (frascos, garrafas,
Trabalhadores na indústria de vidros, cristais e espelhos
copos e similares
Indústria de espelhos de polimento (lapidação de vidro)
Indústria de cerâmica de louça de pó de pedra, da Trabalhadores na indústria de cerâmica de louça de
porcelana e da louça de barro pó de pedra, da porcelana e da louça de barro

804
14o GRUPO – Trabalhadores nas Indús-
14o GRUPO – Indústrias metalúrgicas, trias metalúrgicas, mecânica e de material
mecânica e de material elétrico elétrico
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústria do ferro (siderurgia)
Trabalhadores metalúrgicos (siderurgia e fundição)
Indústria da fundição
Indústria de artefatos de ferro e metais em geral
Indústria da serralheria
Indústria da mecânica
Indústria da galvanoplastia e de niquelação
Indústria de máquinas
Indústria de cutelaria
Indústria de balanças, pesos e medidas Trabalhadores em oficinas mecânicas
Indústria de funilaria
Indústria de estamparia de metais
Indústria de móveis de metal
Indústria da construção e montagem de veículos
Indústria de reparação de veículos e acessórios
Indústria da construção naval

Indústria de lâmpadas e aparelhos elétricos de ilu-


minação
Indústria de condutores elétricos e de trefilação Trabalhadores na indústria do material elétrico
Indústria de aparelhos elétricos e similares
Indústria de aparelhos de radiotransmissão

15o GRUPO – Trabalhadores nas Indús-


15o GRUPO – Indústrias de instrumentos trias de instrumentos musicais e brinque-
musicais e brinquedos dos
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Indústrias de instrumentos musicais Trabalhadores na indústria de instrumentos musicais
Indústrias de brinquedos Trabalhadores na indústria de brinquedos

Confederação Nacional do Confederação Nacional dos


Comércio Trabalhadores no Comércio
1o GRUPO – Comércio atacadista 1o GRUPO – Empregados no comércio
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Comércio atacadista de algodão e outras fibras vegetais


Comércio atacadista de café
Comércio atacadista de carnes frescas e congeladas
Comércio atacadista de carvão vegetal e lenha
Comércio atacadista de gêneros alimentícios Empregados no comércio (prepostos do comércio
Comércio atacadista de tecidos, vestuário e armarinho em geral)
Comércio atacadista de louças, tintas e ferragens
Comércio atacadista de maquinismos em geral
Comércio atacadista de material de construção
Comércio atacadista de material elétrico

805
Comércio atacadista de minérios e combustíveis
minerais
Comércio atacadista de produtos químicos para a
Empregados vendedores e viajantes do comércio
indústria e lavoura
Trabalhadores em empresas comerciais de minérios e
Comércio atacadista de drogas e medicamentos
combustíveis minerais
Comércio atacadista de pedras preciosas
Comércio atacadista de joias e relógios
Comércio atacadista de papel e papelão

2o GRUPO – Comércio varejista


Atividades ou categorias econômicas

Lojistas do comércio (estabelecimentos de tecidos, de


vestuário), adorno e acessórios, de objetos de arte,
de louças finas, de ótica, de cirurgia, de papelaria e
material de escritório, de livraria, de material fotográ-
fico, de móveis e congêneres)
Comércio varejista de carnes frescas
Comércio varejista de gêneros alimentícios
Práticos de farmácia
Comércio varejista de produtos farmacêuticos
Comércio varejista de maquinismos, ferragens e tintas
(utensílios e ferramentas)
Comércio varejista de material elétrico
Comércio varejista de automóveis e acessórios
Comércio varejista de carvão vegetal e lenha
Comércio varejista de combustíveis minerais
Comércio de vendedores ambulantes (trabalhadores
autônomos)
Comércio varejista dos feirantes

3o GRUPO – Agentes autônomos do 2o GRUPO – Empregados de agentes au-


comércio tônomos de comércio
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Corretores de mercadorias
Corretores de navios
Corretores de imóveis
Despachantes aduaneiros
Empregados de agentes autônomos do comércio
Despachantes de estrada de ferro
Leiloeiros
Representantes comerciais
Comissários e consignatários

3o GRUPO – Trabalhadores no comércio


4o GRUPO – Comércio armazenador armazenador
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Trabalhadores no comércio armazenador (Trapiches,
Trapiches
armazéns gerais e entrepostos)
Armazéns gerais (de café, algodão e outros produtos)
Carregadores e ensacadores de café
Entreposto (de carnes, leite e outros produtos)
Carregadores e ensacadores de sal

806
4o GRUPO – Empregados em Turismo e
5o GRUPO – Turismo e hospitalidade hospitalidade
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Empresas de turismo
Intérpretes e guias de turismo
Hotéis e similares (restaurantes, pensões, bares, cafés,
Empregados no comércio hoteleiro e similares (inclusive
leiterias e confeitarias)
porteiros e cabineiros de edifícios)
Hospitais, clínicas, casas de saúde
Enfermeiros e empregados em hospitais e casas de
Casas de diversões
saúde, inclusive duchistas e massagistas
Salões de barbeiros e de cabeleireiros, institutos de
Empregados em casas de diversões
beleza e similares
Oficiais barbeiros, cabeleireiros e similares
Empresas de compra e venda e de locação de imóveis
Lustradores de calçados
Serviços de lustradores de calçados

Confederação Nacional dos Confederação Nacional dos


Transportes Marítimos, Fluviais e Trabalhadores em Transportes
Aéreos Marítimos, Fluviais e Aéreos

1o GRUPO – Empresa de navegação marí- 1o GRUPO – Trabalhadores em transpor-


tima e fluvial tes marítimos e fluviais
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Oficiais de náutica da Marinha Mercante


Oficiais de máquinas da Marinha Mercante
Comissários da Marinha Mercante
Motoristas e condutores da Marinha Mercante
Conferentes de carga da Marinha Mercante
Práticos, arrais e mestres de cabotagem em trans-
portes marítimos
Contramestres, marinheiros e moços em transportes
marítimos
Radiotelegrafistas da Marinha Mercante
Empresas de navegação marítima Taifeiros, culinários e panificadores marítimos
Foguistas na Marinha Mercante (inclusive carvoeiros)
Médicos da Marinha Mercante
Enfermeiros da Marinha Mercante
Empregados em escritórios das empresas de navega-
ção marítima
Mestres e encarregados de estaleiros das empresas de
navegação marítima
Operários navais (trabalhadores em estaleiros de
navegação marítima e calafates navais)
Carpinteiros navais

807
Oficiais de náutica em transportes fluviais
Oficiais de máquinas em transportes fluviais
Comissários em transportes fluviais
Motoristas e condutores em transportes fluviais
Conferentes de carga em transportes fluviais
Práticos, arrais e mestres de cabotagem em trans-
portes fluviais
Contramestres, marinheiros e moços em transportes
fluviais
Radiotelegrafistas em transportes fluviais
Taifeiros, culinários e panificadores em transportes
Empresas de navegação fluvial e lacustre
fluviais
Agências de navegação
Foguistas em transportes fluviais (inclusive carvoeiros)
Médicos em transportes fluviais
Enfermeiros em transportes fluviais
Empregados em escritórios das empresas de nave-
gação fluvial
Mestres e encarregados de estaleiros das empresas
de navegação fluvial
Operários fluviais (trabalhadores em estaleiros de
navegação fluvial e calafates fluviais)
Carpinteiros fluviais
Enfermeiros da Marinha Mercante.

2o GRUPO – Trabalhadores em transpor-


2o GRUPO – Empresas aeroviárias tes aéreos
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Aeronautas
Empresas aeroviárias
Aeroviários

3o GRUPO – Empresários e administrado- 3o GRUPO – Estivadores


res de portos
Categorias profissionais
Atividades ou categorias econômicas

Empresários e administradores de portos


Estivadores
Carregadores e transportadores de bagagem dos
Trabalhadores em estiva de minérios
portos (trabalhadores autônomos)

4o GRUPO – Portuários
4o GRUPO
Categorias profissionais
Trabalhadores nos serviços portuários
Motoristas em guindastes dos portos
Conferentes e consertadores de carga e descarga
nos portos

Confederação Nacional dos Confederação Nacional dos


Transportes Terrestres Transportes em Transportes
Terrestres
1o GRUPO – Empresas ferroviárias 1o GRUPO – Trabalhadores ferroviários
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Empresas ferroviárias
Carregadores e transportadores de bagagens em esta- Trabalhadores em empresas ferroviárias
ções ferroviárias (trabalhadores autônomos)

808
2o GRUPO – Empresas de transportes 2o GRUPO – Trabalhadores em transpor-
rodoviários tes rodoviários
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Empresas de transportes de passageiros Empregados em escritórios de empresa de transportes


Empresas de veículos de carga rodoviários
Empresas de garagem Condutores de veículos rodoviários (inclusive ajudan-
Carregadores e transportadores de volumes de baga- tes e carregadores, trocadores de ônibus, lavadores
gens em geral (trabalhadores autônomos) de automóveis)

3o GRUPO – Empresas de carris urbanos 3o GRUPO – Trabalhadores em empresas


(inclusive cabos aéreos) de carris urbanos (inclusive cabos aéreos)
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Confederação Nacional de Confederação Nacional dos


Comunicações e Publicidade Trabalhadores em Transportes
Terrestres
1o GRUPO – Trabalhadores em empresas
1o GRUPO – Empresas de comunicações de comunicações
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Empresas telegráficas terrestres Trabalhadores em empresas telegráficas
Empresas telegráficas submarinas Trabalhadores em empresas radiotelegráficas
Empresas radiotelegráficas e radiotelefônicas Trabalhadores em empresas radiotelefônicas
Empresas telefônicas Trabalhadores em empresas telefônicas
Empresas mensageiras Trabalhadores em empresas mensageiras

2o GRUPO – Trabalhadores em empresas


2o GRUPO – Empresas de publicidade de publicidade
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Empresas de publicidade comercial (inclusive prepa-
Agenciadores de publicidade e propagandistas
ração de material para publicidade)
Trabalhadores em empresas de radiodifusão
Empresa de radiodifusão

3o GRUPO – Trabalhadores em empresas


3o GRUPO – Empresas jornalísticas jornalísticas
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Empresas proprietárias de jornais e revistas
Jornalistas profissionais (redatores, repórteres, revi-
Distribuidores e vendedores de jornais e revistas (tra-
sores, fotógrafos, etc.)
balhadores autônomos)

Confederação Nacional das Confederação Nacional dos


Empresas de Crédito Trabalhadores nas Empresas de
Crédito
1o GRUPO – Empregados em estabeleci-
1o GRUPO – Estabelecimentos bancários mentos bancários
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Bancos
Empregados em estabelecimentos bancários
Casas bancárias

809
2o GRUPO – Empresas de seguros priva- 2o GRUPO – Empregados em empresas de
dos e capitalização seguros privados e capitalização
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Empresas de seguros Empregados de empresas de seguros privados e
Empresas de capitalização capitalização

3o GRUPO – Agentes autônomos de segu- 3o GRUPO – Empregados de agentes au-


ros privados e de crédito tônomos de seguros privados e de crédito
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Corretores de seguros e de capitalização Empregados de agentes autônomos de seguros e de


Corretores de fundos públicos e câmbio crédito

Confederação Nacional
Confederação Nacional de dos Trabalhadores em
Educação e Cultura Estabelecimentos de Educação e
Cultura
1o GRUPO – Trabalhadores em estabeleci-
1o GRUPO – Estabelecimentos de ensino mentos de ensino
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Professores do ensino superior
Universidades e faculdades superiores reconhecidas Professores do ensino de arte
Estabelecimentos de ensino de artes Professores do ensino secundário e primário
Estabelecimentos de ensino secundário e primário Mestres e contramestres de ensino técnico-profissional
Estabelecimentos de ensino técnico-profissional Auxiliares de administração escolar (empregados de
estabelecimentos de ensino)

2o GRUPO – Empresa de difusão cultural 2o GRUPO – Trabalhadores em empresas


e artística de difusão cultural e artística
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais

Empregados de empresas editoras de livros e publi-


cações culturais
Empresas editoras de livros e publicações culturais Empregados de empresas teatrais e cinematográficas
Empresas teatrais Cenógrafos e cenotécnicos
Biblioteca Atores teatrais (inclusive corpos corais e bailados)
Empresas de gravação de discos Empregados de bibliotecas
Empresas cinematográficas Empregados em empresas de gravação de discos
Empresas exibidoras cinematográficas Atores cinematográficos
Museus e laboratórios de pesquisas (tecnológicas) Operadores cinematográficos
Empresas de orquestras Empregados de museus e laboratórios de pesquisas
Empresas artes plásticas (tecnologistas)
Empresas de arte fotográfica Músicos profissionais
Artistas plásticos profissionais
Fotógrafos profissionais

3o GRUPO – Estabelecimentos de cultura 3o GRUPO – Trabalhadores em estabeleci-


física mentos de cultura física
Atividades ou categorias econômicas Categorias profissionais
Estabelecimentos de esportes terrestres
Atletas profissionais
Estabelecimentos de esportes aquáticos
Empregados de clubes esportivos
Estabelecimentos de esportes aéreos

810
Confederação Nacional das Profissões Liberais
GRUPOS
1o Advogados
2o Médicos
3o Odontologistas
4o Médicos veterinários
5o Farmacêuticos
6o Engenheiros (civis, de minas, mecânicos, eletricistas, industriais, arquitetos e agrônomos)
7o Químicos (químicos industriais, químicos industriais agrícolas e engenheiros químicos)
8o Parteiros
9o Economistas
10o Atuários
11o Contabilistas
12o Professores (privados)
13o Escritores
14o Autores teatrais
15o Compositores artísticos, musicais e plásticos

811
ESTATUTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Atualizado até novembro de 2018


Sumário
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ......................................................................... 817
Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015 ....................................................................... 817
Livro I – Parte Geral .......................................................................................... 817
Título I – Disposições Preliminares ............................................................................... 817
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 817
Capítulo II – Da Igualdade e da Não Discriminação ................................................... 818
Seção Única – Do Atendimento Prioritário ............................................................ 819
Título II – Dos Direitos Fundamentais ........................................................................... 819
Capítulo I – Do Direito à Vida ................................................................................... 819
Capítulo II – Do Direito à Habilitação e à Reabilitação .............................................. 820
Capítulo III – Do Direito à Saúde .............................................................................. 820
Capítulo IV – Do Direito à Educação ......................................................................... 821
Capítulo V – Do Direito à Moradia............................................................................ 823
Capítulo VI – Do Direito ao Trabalho ........................................................................ 823
Seção I – Disposições Gerais.................................................................................. 823
Seção II – Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional .......................... 824
Seção III – Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho ............................. 824
Capítulo VII – Do Direito à Assistência Social ............................................................ 824
Capítulo VIII – Do Direito à Previdência Social .......................................................... 825
Capítulo IX – Do Direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e ao Lazer....................... 825
Capítulo X – Do Direito ao Transporte e à Mobilidade............................................... 825
Título III – Da Acessibilidade ........................................................................................ 826
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 826
Capítulo II – Do Acesso à Informação e à Comunicação ............................................ 828
Capítulo III – Da Tecnologia Assistiva ........................................................................ 829
Capítulo IV – Do Direito à Participação na Vida Pública e Política ............................. 829
Título IV – Da Ciência e Tecnologia ............................................................................... 829
Livro II – Parte Especial ..................................................................................... 830
Título I – Do Acesso à Justiça ....................................................................................... 830
Capítulo I – Disposições Gerais ................................................................................. 830
Capítulo II – Do Reconhecimento Igual Perante a Lei ................................................. 830
Título II – Dos Crimes e das Infrações Administrativas .................................................. 831
Título III – Disposições Finais e Transitórias .................................................................. 831
ESTATUTO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA

Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015


Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
A PRESIDENTA DA REPÚBLI- Art. 2o Considera-se pessoa II – desenho universal: concep-
CA, faço saber que o Congresso com deficiência aquela que tem ção de produtos, ambientes,
Nacional decreta e eu sanciono impedimento de longo prazo programas e serviços a serem
a seguinte Lei: de natureza física, mental, in- usados por todas as pessoas,
telectual ou sensorial, o qual, sem necessidade de adaptação
em interação com uma ou mais ou de projeto específ ico, in-
barreiras, pode obstruir sua cluindo os recursos de tecno-
Livro I – Parte Geral participação plena e efetiva na logia assistiva;
sociedade em igualdade de con- III – tecnologia assistiva ou aju-
dições com as demais pessoas. da técnica: produtos, equipa-
§ 1o A avaliação da deficiência, mentos, dispositivos, recursos,
Título I – Disposições quando necessária, será biopsi- metodologias, estratégias, prá-
Preliminares cossocial, realizada por equipe ticas e serviços que objetivem
multiprofissional e interdiscipli- promover a funcionalidade,
nar e considerará: relacionada à atividade e à
Capítulo I – Disposições participação da pessoa com
Gerais I – os impedimentos nas fun- deficiência ou com mobilidade
ções e nas estruturas do corpo; reduzida, visando à sua autono-
Art. 1o É instituída a Lei Bra-
II – os fatores socioambientais, mia, independência, qualidade
sileira de Inclusão da Pessoa
psicológicos e pessoais; de vida e inclusão social;
com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência), desti- IV – barreiras: qualquer entrave,
III – a limitação no desempenho obstáculo, atitude ou compor-
nada a assegurar e a promover, de atividades; e
em condições de igualdade, o tamento que limite ou impeça a
exercício dos direitos e das liber- IV – a restrição de participação. participação social da pessoa,
dades fundamentais por pessoa bem como o gozo, a fruição e
§ 2o O Poder Executivo criará
com deficiência, visando à sua o exercício de seus direitos à
instrumentos para avaliação da
inclusão social e cidadania. acessibilidade, à liberdade de
deficiência.
movimento e de expressão, à
Parágrafo único. Esta Lei tem Art. 3o Para fins de aplica- comunicação, ao acesso à in-
como base a Convenção sobre ção desta Lei, consideram-se: formação, à compreensão, à
os Direitos das Pessoas com circulação com segurança, entre
Def iciência e seu Protocolo I – acessibilidade: possibilida- outros, classificadas em:
Facultativo, ratif icados pelo de e condição de alcance para
utilização, com segurança e a) barreiras urbanísticas:
Congresso Nacional por meio
as existentes nas vias e
do Decreto Legislativo no 186, autonomia, de espaços, mo-
nos espaços públicos e
de 9 de julho de 2008, em con- biliários, equipamentos urba-
privados abertos ao pú-
formidade com o procedimen- nos, edificações, transportes,
blico ou de uso coletivo;
to previsto no §3o do art. 5o informação e comunicação,
da Constituição da República inclusive seus sistemas e tec- b) barreiras arquitetôni-
Federativa do Brasil, em vigor nologias, bem como de outros cas: as existentes nos
para o Brasil, no plano jurídico serviços e instalações abertos edifícios públicos e pri-
externo, desde 31 de agosto de ao público, de uso público ou vados;
2008, e promulgados pelo De- privados de uso coletivo, tanto c) barreiras nos transpor-
creto no 6.949, de 25 de agosto na zona urbana como na rural, tes: as existentes nos
de 2009, data de início de sua por pessoa com deficiência ou sistemas e meios de
vigência no plano interno. com mobilidade reduzida; transportes;

817
d) barreiras nas comuni- saneamento, encanamento para XII – atendente pessoal: pessoa,
cações e na informa- esgotos, distribuição de energia membro ou não da família, que,
ção: qualquer entrave, elétrica e de gás, iluminação pú- com ou sem remuneração, as-
obstáculo, atitude ou blica, serviços de comunicação, siste ou presta cuidados bási-
compor tamento que abastecimento e distribuição cos e essenciais à pessoa com
dificulte ou impossibilite de água, paisagismo e os que deficiência no exercício de suas
a expressão ou o recebi- materializam as indicações do atividades diárias, excluídas as
mento de mensagens e planejamento urbanístico; técnicas ou os procedimentos
de informações por in- VIII – mobiliário urbano: con- identificados com profissões le-
termédio de sistemas de junto de objetos existentes nas galmente estabelecidas;
comunicação e de tec- vias e nos espaços públicos, XIII – profissional de apoio es-
nologia da informação; superpostos ou adicionados colar: pessoa que exerce ativi-
e) barreiras atitudinais: aos elementos de urbanização dades de alimentação, higiene
atitudes ou comporta- ou de edificação, de forma que e locomoção do estudante com
mentos que impeçam sua modificação ou seu tras- deficiência e atua em todas as
ou prejudiquem a par- lado não provoque alterações atividades escolares nas quais
ticipação social da pes- substanciais nesses elementos, se fizer necessária, em todos os
soa com deficiência em tais como semáforos, postes de níveis e modalidades de ensino,
igualdade de condições sinalização e similares, terminais em instituições públicas e pri-
e oportunidades com as e pontos de acesso coletivo às vadas, excluídas as técnicas ou
demais pessoas; telecomunicações, fontes de os procedimentos identificados
f) barreiras tecnológicas: água, lixeiras, toldos, marquises, com profissões legalmente es-
as que dif icultam ou bancos, quiosques e quaisquer tabelecidas;
impedem o acesso da outros de natureza análoga;
XIV – acompanhante: aquele que
pessoa com deficiência IX – pessoa com mobilidade re- acompanha a pessoa com defici-
às tecnologias; duzida: aquela que tenha, por ência, podendo ou não desem-
V – comunicação: forma de inte- qualquer motivo, dificuldade de penhar as funções de atendente
ração dos cidadãos que abrange, movimentação, permanente ou pessoal.
entre outras opções, as línguas, temporária, gerando redução
inclusive a Língua Brasileira de efetiva da mobilidade, da flexi- Capítulo II – Da Igualdade
Sinais (Libras), a visualização de bilidade, da coordenação mo- e da Não Discriminação
textos, o Braille, o sistema de si- tora ou da percepção, incluindo
nalização ou de comunicação idoso, gestante, lactante, pessoa Art. 4 o Toda pessoa com
tátil, os caracteres ampliados, com criança de colo e obeso; deficiência tem direito à igual-
os dispositivos multimídia, assim X – residências inclusivas: uni- dade de oportunidades com as
como a linguagem simples, escri- dades de oferta do Serviço de demais pessoas e não sofrerá
ta e oral, os sistemas auditivos Acolhimento do Sistema Único nenhuma espécie de discrimi-
e os meios de voz digitalizados de Assistência Social (Suas) lo- nação.
e os modos, meios e formatos calizadas em áreas residenciais § 1o Considera-se discriminação
aumentativos e alternativos de da comunidade, com estruturas em razão da deficiência toda
comunicação, incluindo as tec- adequadas, que possam contar forma de distinção, restrição
nologias da informação e das com apoio psicossocial para o ou exclusão, por ação ou omis-
comunicações; atendimento das necessidades são, que tenha o propósito ou o
VI – adaptações razoáveis: adap- da pessoa acolhida, destinadas efeito de prejudicar, impedir ou
tações, modificações e ajustes a jovens e adultos com deficiên- anular o reconhecimento ou o
necessários e adequados que cia, em situação de dependência, exercício dos direitos e das liber-
não acarretem ônus despro- que não dispõem de condições dades fundamentais de pessoa
porcional e indevido, quando de autossustentabilidade e com com deficiência, incluindo a re-
requeridos em cada caso, a fim vínculos familiares fragilizados cusa de adaptações razoáveis e
de assegurar que a pessoa com ou rompidos; de fornecimento de tecnologias
deficiência possa gozar ou exer- XI – moradia para a vida inde- assistivas.
cer, em igualdade de condições pendente da pessoa com de-
e oportunidades com as demais § 2o A pessoa com deficiência
ficiência: moradia com estru- não está obrigada à fruição de
pessoas, todos os direitos e li- turas adequadas capazes de
berdades fundamentais; benefícios decorrentes de ação
proporcionar serviços de apoio afirmativa.
VII – elemento de urbanização: coletivos e individualizados que
quaisquer componentes de respeitem e ampliem o grau de Art. 5o A pessoa com defi-
obras de urbanização, tais como autonomia de jovens e adultos ciência será protegida de toda
os referentes a pavimentação, com deficiência; forma de negligência, discrimi-

818
nação, exploração, violência, previdência social, à habilitação posto nos incisos VI e VII deste
tortura, crueldade, opressão e e à reabilitação, ao transporte, artigo.
tratamento desumano ou de- à acessibilidade, à cultura, ao § 2o Nos serviços de emergên-
gradante. desporto, ao turismo, ao lazer, cia públicos e privados, a prio-
à informação, à comunicação, ridade conferida por esta Lei é
Parágrafo único. Para os fins da aos avanços científicos e tecno-
proteção mencionada no caput condicionada aos protocolos de
lógicos, à dignidade, ao respei- atendimento médico.
deste artigo, são considerados to, à liberdade, à convivência
especialmente vulneráveis a familiar e comunitária, entre
criança, o adolescente, a mu- outros decorrentes da Consti-
lher e o idoso, com deficiência. tuição Federal, da Convenção Título II – Dos Direitos
Art. 6o A deficiência não afe- sobre os Direitos das Pessoas Fundamentais
ta a plena capacidade civil da com Deficiência e seu Proto-
pessoa, inclusive para: colo Facultativo e das leis e de
outras normas que garantam Capítulo I – Do Direito à
I – casar-se e constituir união
estável; seu bem-estar pessoal, social e Vida
econômico.
II – exercer direitos sexuais e re- Art. 10. Compete ao poder
produtivos; público garantir a dignidade da
III – exercer o direito de deci-
Seção Única – Do pessoa com deficiência ao longo
dir sobre o número de f ilhos Atendimento Prioritário de toda a vida.
e de ter acesso a informações Art. 9o A pessoa com defici- Parágrafo único. Em situações de
adequadas sobre reprodução ência tem direito a receber aten- risco, emergência ou estado de
e planejamento familiar; dimento prioritário, sobretudo calamidade pública, a pessoa
IV – conservar sua fertilidade, com a finalidade de: com deficiência será considera-
sendo vedada a esterilização I – proteção e socorro em quais- da vulnerável, devendo o poder
compulsória; quer circunstâncias; público adotar medidas para
V – exercer o direito à família e sua proteção e segurança.
II – atendimento em todas as
à convivência familiar e comu- instituições e serviços de aten- Art. 11. A pessoa com defici-
nitária; e dimento ao público; ência não poderá ser obrigada
VI – exercer o direito à guarda, III – disponibilização de recur- a se submeter a intervenção clí-
à tutela, à curatela e à adoção, sos, tanto humanos quanto nica ou cirúrgica, a tratamento
como adotante ou adotando, tecnológicos, que garantam ou a institucionalização força-
em igualdade de oportunidades atendimento em igualdade de da.
com as demais pessoas. condições com as demais pes- Parágrafo único. O consentimento
Art. 7o É dever de todos soas; da pessoa com deficiência em
comunicar à autoridade com- IV – disponibilização de pontos situação de curatela poderá ser
petente qualquer forma de ame- de parada, estações e terminais suprido, na forma da lei.
aça ou de violação aos direitos acessíveis de transporte cole-
Art. 12. O consentimento
da pessoa com deficiência. tivo de passageiros e garantia
prévio, livre e esclarecido da
de segurança no embarque e no
Parágrafo único. Se, no exercício pessoa com deficiência é indis-
desembarque;
de suas funções, os juízes e os pensável para a realização de
tribunais tiverem conhecimen- V – acesso a informações e dis- tratamento, procedimento, hos-
to de fatos que caracterizem as ponibilização de recursos de pitalização e pesquisa científica.
violações previstas nesta Lei, comunicação acessíveis;
§ 1o Em caso de pessoa com de-
devem remeter peças ao Minis- VI – recebimento de restituição ficiência em situação de cura-
tério Público para as providên- de imposto de renda; tela, deve ser assegurada sua
cias cabíveis. VII – tramitação processual e participação, no maior grau
Art. 8o É dever do Estado, da procedimentos judiciais e admi- possível, para a obtenção de
sociedade e da família assegurar nistrativos em que for parte ou consentimento.
à pessoa com deficiência, com interessada, em todos os atos § 2o A pesquisa científica en-
prioridade, a efetivação dos di- e diligências. volvendo pessoa com def ici-
reitos referentes à vida, à saúde, § 1o Os direitos previstos neste ência em situação de tutela ou
à sexualidade, à paternidade e artigo são extensivos ao acom- de curatela deve ser realizada,
à maternidade, à alimentação, panhante da pessoa com de- em caráter excepcional, apenas
à habitação, à educação, à pro- ficiência ou ao seu atendente quando houver indícios de be-
fissionalização, ao trabalho, à pessoal, exceto quanto ao dis- nefício direto para sua saúde ou

819
para a saúde de outras pessoas tersetorial, nos diferentes níveis Capítulo III – Do Direito à
com deficiência e desde que não de complexidade, para atender Saúde
haja outra opção de pesquisa às necessidades específicas da
de ef icácia comparável com pessoa com deficiência; Art. 18. É assegurada aten-
participantes não tutelados ou ção integral à saúde da pessoa
curatelados. V – prestação de serviços próxi- com deficiência em todos os ní-
mo ao domicílio da pessoa com veis de complexidade, por inter-
Art. 13. A pessoa com defi- deficiência, inclusive na zona ru- médio do SUS, garantido acesso
ciência somente será atendida ral, respeitadas a organização universal e igualitário.
sem seu consentimento prévio, das Redes de Atenção à Saúde
livre e esclarecido em casos de § 1o É assegurada a participa-
(RAS) nos territórios locais e as ção da pessoa com deficiência
risco de morte e de emergên- normas do Sistema Único de na elaboração das políticas de
cia em saúde, resguardado seu Saúde (SUS). saúde a ela destinadas.
superior interesse e adotadas
as salvaguardas legais cabíveis. Art. 16. Nos programas e § 2o É assegurado atendimen-
serviços de habilitação e de re- to segundo normas éticas e
Capítulo II – Do Direito à abilitação para a pessoa com técnicas, que regulamentarão
Habilitação e à Reabilitação deficiência, são garantidos: a atuação dos profissionais de
saúde e contemplarão aspectos
Art. 14. O processo de ha- I – organização, serviços, mé- relacionados aos direitos e às
bilitação e de reabilitação é um todos, técnicas e recursos para especificidades da pessoa com
direito da pessoa com deficiên- atender às características de deficiência, incluindo temas co-
cia. cada pessoa com deficiência; mo sua dignidade e autonomia.
Parágrafo único. O processo de II – acessibilidade em todos os § 3o Aos profissionais que pres-
habilitação e de reabilitação ambientes e serviços; tam assistência à pessoa com
tem por objetivo o desenvolvi- deficiência, especialmente em
III – tecnologia assistiva, tecno- serviços de habilitação e de re-
mento de potencialidades, ta-
logia de reabilitação, materiais abilitação, deve ser garantida
lentos, habilidades e aptidões
e equipamentos adequados e capacitação inicial e continuada.
físicas, cognitivas, sensoriais,
apoio técnico profissional, de § 4o As ações e os serviços de
psicossociais, atitudinais,
acordo com as especificidades saúde pública destinados à
profissionais e artísticas que
de cada pessoa com deficiência; pessoa com deficiência devem
contribuam para a conquista
da autonomia da pessoa com IV – capacitação continuada de assegurar:
deficiência e de sua partici- todos os profissionais que parti- I – diagnóstico e intervenção
pação social em igualdade de cipem dos programas e serviços. precoces, realizados por equipe
condições e opor tunidades multidisciplinar;
com as demais pessoas. Art. 17. Os serviços do SUS e
do Suas deverão promover ações II – serviços de habilitação e de
Art. 15. O processo mencio- reabilitação sempre que neces-
articuladas para garantir à pes-
nado no art. 14 desta Lei baseia- sários, para qualquer tipo de
soa com deficiência e sua famí-
se em avaliação multidisciplinar deficiência, inclusive para a ma-
lia a aquisição de informações,
das necessidades, habilidades nutenção da melhor condição de
orientações e formas de acesso saúde e qualidade de vida;
e potencialidades de cada pes- às políticas públicas disponíveis,
soa, observadas as seguintes com a finalidade de propiciar III – atendimento domiciliar mul-
diretrizes: sua plena participação social. tidisciplinar, tratamento ambu-
latorial e internação;
I – diagnóstico e intervenção Parágrafo único. Os serviços de
precoces; IV – campanhas de vacinação;
que trata o caput deste artigo
V – atendimento psicológico,
II – adoção de medidas para podem fornecer informações e
inclusive para seus familiares e
compensar perda ou limitação orientações nas áreas de saúde,
atendentes pessoais;
funcional, buscando o desenvol- de educação, de cultura, de es-
vimento de aptidões; porte, de lazer, de transporte, de VI – respeito à especificidade, à
previdência social, de assistência identidade de gênero e à orien-
III – atuação permanente, inte- social, de habitação, de traba- tação sexual da pessoa com de-
grada e articulada de políticas ficiência;
lho, de empreendedorismo, de
públicas que possibilitem a ple- VII – atenção sexual e reprodu-
acesso ao crédito, de promoção,
na participação social da pessoa tiva, incluindo o direito à fertili-
proteção e defesa de direitos e
com deficiência; zação assistida;
nas demais áreas que possibi-
IV – oferta de rede de serviços litem à pessoa com deficiência VIII – informação adequada e
articulados, com atuação in- exercer sua cidadania. acessível à pessoa com defici-

820
ência e a seus familiares sobre local de residência, será presta- com deficiência física, sensorial,
sua condição de saúde; do atendimento fora de domi- intelectual e mental.
IX – serviços projetados para cílio, para fins de diagnóstico
e de tratamento, garantidos o Art. 26. Os casos de suspeita
prevenir a ocorrência e o de- ou de confirmação de violência
senvolvimento de deficiências e transporte e a acomodação da
pessoa com deficiência e de seu praticada contra a pessoa com
agravos adicionais; deficiência serão objeto de no-
acompanhante.
X – promoção de estratégias de tif icação compulsória pelos
capacitação permanente das Art. 22. À pessoa com defi- serviços de saúde públicos e
equipes que atuam no SUS, em ciência internada ou em obser- privados à autoridade policial
todos os níveis de atenção, no vação é assegurado o direito a e ao Ministério Público, além
atendimento à pessoa com defi- acompanhante ou a atendente dos Conselhos dos Direitos da
ciência, bem como orientação a pessoal, devendo o órgão ou a Pessoa com Deficiência.
seus atendentes pessoais; instituição de saúde proporcio-
nar condições adequadas para Parágrafo único. Para os efeitos
XI – oferta de órteses, próteses, desta Lei, considera-se violência
sua permanência em tempo in-
meios auxiliares de locomoção, contra a pessoa com deficiên-
tegral.
medicamentos, insumos e fór- cia qualquer ação ou omissão,
mulas nutricionais, conforme as § 1o Na impossibilidade de per- praticada em local público ou
normas vigentes do Ministério manência do acompanhante privado, que lhe cause morte
da Saúde. ou do atendente pessoal junto ou dano ou sofrimento físico
à pessoa com deficiência, cabe ou psicológico.
§ 5o As diretrizes deste artigo ao profissional de saúde respon-
aplicam-se também às institui- sável pelo tratamento justificá-la
ções privadas que participem de Capítulo IV – Do Direito à
por escrito. Educação
forma complementar do SUS ou
que recebam recursos públicos § 2o Na ocorrência da impossi-
bilidade prevista no § 1o deste Art. 27. A educação consti-
para sua manutenção.
artigo, o órgão ou a instituição tui direito da pessoa com de-
Art. 19. Compete ao SUS de saúde deve adotar as provi- ficiência, assegurados sistema
desenvolver ações destinadas dências cabíveis para suprir a educacional inclusivo em todos
à prevenção de deficiências por ausência do acompanhante ou os níveis e aprendizado ao lon-
causas evitáveis, inclusive por do atendente pessoal. go de toda a vida, de forma a
meio de: alcançar o máximo desenvolvi-
Art. 23. São vedadas todas mento possível de seus talentos
I – acompanhamento da gravi- as formas de discriminação con- e habilidades físicas, sensoriais,
dez, do parto e do puerpério, tra a pessoa com deficiência, in- intelectuais e sociais, segundo
com garantia de parto humani- clusive por meio de cobrança de suas características, interesses e
zado e seguro; valores diferenciados por planos necessidades de aprendizagem.
II – promoção de práticas ali- e seguros privados de saúde, em
mentares adequadas e saudá- razão de sua condição. Parágrafo único. É dever do Esta-
veis, vigilância alimentar e nu- do, da família, da comunidade
Art. 24. É assegurado à pes- escolar e da sociedade assegu-
tricional, prevenção e cuidado soa com deficiência o acesso aos
integral dos agravos relaciona- rar educação de qualidade à
serviços de saúde, tanto públicos pessoa com deficiência, colo-
dos à alimentação e nutrição da como privados, e às informações
mulher e da criança; cando-a a salvo de toda forma
prestadas e recebidas, por meio de violência, negligência e dis-
III – aprimoramento e expansão de recursos de tecnologia assis- criminação.
dos programas de imunização e tiva e de todas as formas de co-
de triagem neonatal; municação previstas no inciso V Art. 28. Incumbe ao poder
IV – identificação e controle da do art. 3o desta Lei. público assegurar, criar, desen-
gestante de alto risco. volver, implementar, incentivar,
Art. 25. Os espaços dos ser- acompanhar e avaliar:
Art. 20. As operadoras de viços de saúde, tanto públicos
quanto privados, devem asse- I – sistema educacional inclusi-
planos e seguros privados de vo em todos os níveis e moda-
saúde são obrigadas a garantir à gurar o acesso da pessoa com
deficiência, em conformidade lidades, bem como o aprendi-
pessoa com deficiência, no míni- zado ao longo de toda a vida;
mo, todos os serviços e produtos com a legislação em vigor, me-
ofertados aos demais clientes. diante a remoção de barreiras, II – aprimoramento dos siste-
por meio de projetos arquitetô- mas educacionais, visando a
Art. 21. Quando esgotados nico, de ambientação de interior garantir condições de acesso,
os meios de atenção à saúde e de comunicação que atendam permanência, participação e
da pessoa com deficiência no às especificidades das pessoas aprendizagem, por meio da

821
oferta de serviços e de recursos X – adoção de práticas pedagó- da a cobrança de valores adicio-
de acessibilidade que eliminem gicas inclusivas pelos programas nais de qualquer natureza em
as barreiras e promovam a in- de formação inicial e continu- suas mensalidades, anuidades
clusão plena; ada de professores e oferta de e matrículas no cumprimento
III – projeto pedagógico que formação continuada para o dessas determinações.
institucionalize o atendimen- atendimento educacional espe- § 2o Na disponibilização de tra-
to educacional especializado, cializado; dutores e intérpretes da Libras
assim como os demais serviços XI – formação e disponibilização a que se refere o inciso XI do
e adaptações razoáveis, para de professores para o atendi- caput deste artigo, deve-se ob-
atender às características dos mento educacional especializa- servar o seguinte:
estudantes com deficiência e do, de tradutores e intérpretes I – os tradutores e intérpretes da
garantir o seu pleno acesso ao da Libras, de guias intérpretes e Libras atuantes na educação bá-
currículo em condições de igual- de profissionais de apoio; sica devem, no mínimo, possuir
dade, promovendo a conquista XII – oferta de ensino da Libras, ensino médio completo e certi-
e o exercício de sua autonomia; do Sistema Braille e de uso de ficado de proficiência na Libras;
IV – oferta de educação bilín- recursos de tecnologia assistiva, II – os tradutores e intérpretes
gue, em Libras como primeira de forma a ampliar habilidades da Libras, quando direcionados
língua e na modalidade escri- funcionais dos estudantes, pro-
ta da língua portuguesa como à tarefa de interpretar nas salas
movendo sua autonomia e par- de aula dos cursos de graduação
segunda língua, em escolas e ticipação;
classes bilíngues e em escolas e pós-graduação, devem possuir
XIII – acesso à educação supe- nível superior, com habilitação,
inclusivas;
rior e à educação profissional prioritariamente, em Tradução e
V – adoção de medidas indi- e tecnológica em igualdade de Interpretação em Libras.
vidualizadas e coletivas em oportunidades e condições com
ambientes que maximizem o as demais pessoas; Art. 29. (Vetado).
desenvolvimento acadêmico e
XIV – inclusão em conteúdos Art. 30. Nos processos sele-
social dos estudantes com de-
curriculares, em cursos de ní- tivos para ingresso e permanên-
ficiência, favorecendo o acesso,
vel superior e de educação pro- cia nos cursos oferecidos pelas
a permanência, a participação e
fissional técnica e tecnológica, instituições de ensino superior e
a aprendizagem em instituições
de temas relacionados à pessoa de educação profissional e tec-
de ensino;
com deficiência nos respectivos nológica, públicas e privadas,
VI – pesquisas voltadas para campos de conhecimento; devem ser adotadas as seguin-
o desenvolvimento de novos tes medidas:
X V – acesso da pessoa com
métodos e técnicas pedagógi-
def iciência, em igualdade de I – atendimento preferencial
cas, de materiais didáticos, de
condições, a jogos e a ativida- à pessoa com deficiência nas
equipamentos e de recursos de
tecnologia assistiva; des recreativas, esportivas e de dependências das Instituições
lazer, no sistema escolar; de Ensino Superior (IES) e nos
VII – planejamento de estudo de serviços;
caso, de elaboração de plano XVI – acessibilidade para todos
de atendimento educacional os estudantes, trabalhadores da II – disponibilização de formu-
especializado, de organização educação e demais integrantes lário de inscrição de exames
de recursos e serviços de aces- da comunidade escolar às edifi- com campos específicos para
sibilidade e de disponibilização cações, aos ambientes e às ati- que o candidato com def ici-
e usabilidade pedagógica de re- vidades concernentes a todas ência informe os recursos de
cursos de tecnologia assistiva; as modalidades, etapas e níveis acessibilidade e de tecnologia
de ensino; assistiva necessários para sua
VIII – participação dos estudan-
XVII – oferta de profissionais de participação;
tes com deficiência e de suas fa-
mílias nas diversas instâncias apoio escolar; III – disponibilização de provas
de atuação da comunidade XVIII – articulação intersetorial em formatos acessíveis para
escolar; na implementação de políticas atendimento às necessidades
IX – adoção de medidas de públicas. específicas do candidato com
apoio que favoreçam o desen- § 1o Às instituições privadas, de deficiência;
volvimento dos aspectos lin- qualquer nível e modalidade de IV – disponibilização de recur-
guísticos, culturais, vocacionais ensino, aplica-se obrigatoria- sos de acessibilidade e de tec-
e profissionais, levando-se em mente o disposto nos incisos I, nologia assistiva adequados,
conta o talento, a criatividade, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, previamente solicitados e es-
as habilidades e os interesses do XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do colhidos pelo candidato com
estudante com deficiência; caput deste artigo, sendo veda- deficiência;

822
V – dilação de tempo, conforme II – (vetado); ambiente acessível e inclusivo,
demanda apresentada pelo can- III – em caso de edificação mul- em igualdade de oportunidades
didato com deficiência, tanto tifamiliar, garantia de acessibili- com as demais pessoas.
na realização de exame para dade nas áreas de uso comum e § 1o As pessoas jurídicas de
seleção quanto nas atividades nas unidades habitacionais no direito público, privado ou de
acadêmicas, mediante prévia piso térreo e de acessibilidade qualquer natureza são obri-
solicitação e comprovação da ou de adaptação razoável nos
necessidade; gadas a garantir ambientes de
demais pisos; trabalho acessíveis e inclusivos.
VI – adoção de critérios de IV – disponibilização de equipa-
avaliação das provas escritas, § 2o A pessoa com deficiência
mentos urbanos comunitários tem direito, em igualdade de
discursivas ou de redação que acessíveis;
considerem a singularidade lin- oportunidades com as demais
guística da pessoa com deficiên- V – elaboração de especifica- pessoas, a condições justas e fa-
cia, no domínio da modalidade ções técnicas no projeto que voráveis de trabalho, incluindo
escrita da língua portuguesa; permitam a instalação de ele- igual remuneração por trabalho
vadores. de igual valor.
VII – tradução completa do
edital e de suas retificações em § 1o O direito à prioridade, § 3o É vedada restrição ao tra-
Libras. previsto no caput deste artigo, balho da pessoa com deficiên-
será reconhecido à pessoa com
cia e qualquer discriminação em
Capítulo V – Do Direito à deficiência beneficiária apenas
razão de sua condição, inclusive
Moradia uma vez.
nas etapas de recrutamento, se-
§ 2o Nos programas habitacio- leção, contratação, admissão,
Art. 31. A pessoa com defi- nais públicos, os critérios de exames admissional e periódi-
ciência tem direito à moradia financiamento devem ser com- co, permanência no emprego,
digna, no seio da família natural patíveis com os rendimentos da ascensão profissional e reabili-
ou substituta, com seu cônjuge pessoa com deficiência ou de
ou companheiro ou desacom- tação profissional, bem como
sua família. exigência de aptidão plena.
panhada, ou em moradia para
§ 3o Caso não haja pessoa com
a vida independente da pessoa § 4o A pessoa com deficiência
deficiência interessada nas uni-
com deficiência, ou, ainda, em tem direito à participação e ao
dades habitacionais reservadas
residência inclusiva. acesso a cursos, treinamentos,
por força do disposto no inci-
§ 1o O poder público adotará so I do caput deste artigo, as educação continuada, planos
programas e ações estratégicas unidades não utilizadas serão de carreira, promoções, bonifi-
para apoiar a criação e a manu- disponibilizadas às demais cações e incentivos profissionais
tenção de moradia para a vida pessoas. oferecidos pelo empregador, em
independente da pessoa com igualdade de oportunidades
deficiência. Art. 33. Ao poder público com os demais empregados.
compete:
§ 2o A proteção integral na mo- § 5o É garantida aos trabalha-
dalidade de residência inclusiva I – adotar as providências ne- dores com deficiência acessibi-
será prestada no âmbito do Su- cessárias para o cumprimento lidade em cursos de formação
as à pessoa com deficiência em do disposto nos arts. 31 e 32 e de capacitação.
situação de dependência que desta Lei; e
não disponha de condições de II – divulgar, para os agentes Art. 35. É finalidade primor-
autossustentabilidade, com vín- interessados e beneficiários, a dial das políticas públicas de
culos familiares fragilizados ou política habitacional prevista trabalho e emprego promover
rompidos. nas legislações federal, estadu- e garantir condições de acesso
ais, distrital e municipais, com e de permanência da pessoa
Art. 32. Nos programas ha- com deficiência no campo de
ênfase nos dispositivos sobre
bitacionais, públicos ou subsi- trabalho.
acessibilidade.
diados com recursos públicos, a
pessoa com deficiência ou o seu Parágrafo único. Os programas de
responsável goza de priorida-
Capítulo VI – Do Direito
estímulo ao empreendedoris-
de na aquisição de imóvel para ao Trabalho mo e ao trabalho autônomo,
moradia própria, observado o incluídos o cooperativismo e o
seguinte: Seção I – Disposições Gerais associativismo, devem prever
I – reserva de, no mínimo, 3% a participação da pessoa com
(três por cento) das unidades Art. 34. A pessoa com defici- deficiência e a disponibilização
habitacionais para pessoa com ência tem direito ao trabalho de de linhas de crédito, quando
deficiência; sua livre escolha e aceitação, em necessárias.

823
especialmente de saúde, de en- III – respeito ao perfil vocacio-
Seção II – Da Habilitação sino e de assistência social, em nal e ao interesse da pessoa
Profissional e Reabilitação todos os níveis e modalidades, com deficiência apoiada;
Profissional em entidades de formação pro- IV – oferta de aconselhamento
fissional ou diretamente com o e de apoio aos empregadores,
Art. 36. O poder público
empregador. com vistas à definição de es-
deve implementar serviços e
programas completos de ha- § 6 o A habilitação profissional tratégias de inclusão e de su-
bilitação profissional e de rea- pode ocorrer em empresas por peração de barreiras, inclusive
bilitação profissional para que meio de prévia formalização do atitudinais;
a pessoa com deficiência possa contrato de emprego da pessoa V – realização de avaliações pe-
ingressar, continuar ou retor- com deficiência, que será con- riódicas;
nar ao campo do trabalho, res- siderada para o cumprimento
da reserva de vagas prevista VI – articulação intersetorial das
peitados sua livre escolha, sua políticas públicas;
vocação e seu interesse. em lei, desde que por tempo
determinado e concomitante VII – possibilidade de partici-
§ 1o Equipe multidisciplinar pação de organizações da so-
com a inclusão profissional na
indicará, com base em crité- ciedade civil.
empresa, observado o disposto
rios previstos no § 1o do art. 2o
em regulamento. Art. 38. A entidade con-
desta Lei, programa de habili-
tação ou de reabilitação que § 7o A habilitação profissio- tratada para a realização de
possibilite à pessoa com defi- nal e a reabilitação profissio- processo seletivo público ou
ciência restaurar sua capacida- nal atenderão à pessoa com privado para cargo, função ou
de e habilidade profissional ou deficiência. emprego está obrigada à obser-
adquirir novas capacidades e vância do disposto nesta Lei e
habilidades de trabalho. Seção III – Da Inclusão da em outras normas de acessibi-
§ 2o A habilitação profissio- Pessoa com Deficiência no lidade vigentes.
nal corresponde ao processo Trabalho Capítulo VII – Do Direito
destinado a propiciar à pessoa
com deficiência aquisição de Art. 37. Constitui modo de à Assistência Social
conhecimentos, habilidades inclusão da pessoa com defici-
Art. 39. Os serviços, os pro-
e aptidões para exercício de ência no trabalho a colocação
gramas, os projetos e os bene-
prof issão ou de ocupação, competitiva, em igualdade de
fícios no âmbito da política
permitindo nível suficiente de oportunidades com as demais
pública de assistência social à
desenvolvimento profissional pessoas, nos termos da legisla-
pessoa com deficiência e sua
para ingresso no campo de ção trabalhista e previdenciá-
família têm como objetivo a
trabalho. ria, na qual devem ser atendidas
garantia da segurança de renda,
as regras de acessibilidade, o
§ 3 o Os serviços de habilita- da acolhida, da habilitação e
fornecimento de recursos de
ção profissional, de reabilita- da reabilitação, do desenvolvi-
tecnologia assistiva e a adap-
ção profissional e de educação mento da autonomia e da con-
tação razoável no ambiente de
profissional devem ser dotados vivência familiar e comunitária,
trabalho.
de recursos necessários para para a promoção do acesso a
atender a toda pessoa com de- Parágrafo único. A colocação direitos e da plena participação
ficiência, independentemente competitiva da pessoa com social.
de sua característica específica, deficiência pode ocorrer por § 1o A assistência social à pes-
a fim de que ela possa ser ca- meio de trabalho com apoio, soa com deficiência, nos termos
pacitada para trabalho que lhe observadas as seguintes dire- do caput deste artigo, deve en-
seja adequado e ter perspecti- trizes: volver conjunto articulado de
vas de obtê-lo, de conservá-lo I – prioridade no atendimento serviços do âmbito da Prote-
e de nele progredir. à pessoa com deficiência com ção Social Básica e da Prote-
§ 4 o Os serviços de habilita- maior dificuldade de inserção ção Social Especial, ofertados
ção profissional, de reabilita- no campo de trabalho; pelo Suas, para a garantia de
ção profissional e de educação II – provisão de suportes indivi- seguranças fundamentais no
profissional deverão ser ofere- dualizados que atendam a ne- enfrentamento de situações de
cidos em ambientes acessíveis cessidades específicas da pes- vulnerabilidade e de risco, por
e inclusivos. soa com deficiência, inclusive a fragilização de vínculos e amea-
§ 5o A habilitação profissional disponibilização de recursos de ça ou violação de direitos.
e a reabilitação profissional de- tecnologia assistiva, de agente § 2o Os serviços socioassisten-
vem ocorrer articuladas com facilitador e de apoio no am- ciais destinados à pessoa com
as redes públicas e privadas, biente de trabalho; def iciência em situação de

824
dependência deverão contar patrimônio histórico e artístico § 3o Os espaços e assentos a
com cuidadores sociais para nacional. que se refere este artigo devem
prestar-lhe cuidados básicos e situar-se em locais que garan-
instrumentais. Art. 43. O poder público tam a acomodação de, no mí-
deve promover a participação nimo, 1 (um) acompanhante
Art. 40. É assegurado à pes- da pessoa com deficiência em da pessoa com deficiência ou
soa com def iciência que não atividades artísticas, intelec- com mobilidade reduzida, res-
possua meios para prover sua tuais, culturais, esportivas e guardado o direito de se aco-
subsistência nem de tê-la pro- recreativas, com vistas ao seu modar proximamente a grupo
vida por sua família o benefício protagonismo, devendo: familiar e comunitário.
mensal de 1 (um) salário-míni-
I – incentivar a provisão de ins- § 4 o Nos locais referidos no
mo, nos termos da Lei no 8.742,
trução, de treinamento e de caput deste artigo, deve ha-
de 7 de dezembro de 1993.
recursos adequados, em igual- ver, obrigatoriamente, rotas
Capítulo VIII – Do Direito dade de oportunidades com as de fuga e saídas de emergência
demais pessoas; acessíveis, conforme padrões
à Previdência Social
II – assegurar acessibilidade nos das normas de acessibilidade,
Art. 41. A pessoa com defi- locais de eventos e nos serviços a fim de permitir a saída segura
ciência segurada do Regime Ge- prestados por pessoa ou enti- da pessoa com deficiência ou
ral de Previdência Social (RGPS) dade envolvida na organização com mobilidade reduzida, em
tem direito à aposentadoria nos das atividades de que trata este caso de emergência.
termos da Lei Complementar artigo; e § 5o Todos os espaços das edifi-
no 142, de 8 de maio de 2013. cações previstas no caput deste
III – assegurar a participação
da pessoa com deficiência em artigo devem atender às normas
Capítulo IX – Do Direito de acessibilidade em vigor.
jogos e atividades recreativas,
à Cultura, ao Esporte, ao esportivas, de lazer, culturais e § 6o As salas de cinema devem
Turismo e ao Lazer artísticas, inclusive no sistema oferecer, em todas as sessões,
escolar, em igualdade de con- recursos de acessibilidade para
Art. 42. A pessoa com defi-
dições com as demais pessoas. a pessoa com deficiência.
ciência tem direito à cultura, ao
esporte, ao turismo e ao lazer § 7o O valor do ingresso da pes-
Art. 44. Nos teatros, ci- soa com deficiência não poderá
em igualdade de oportunidades nemas, auditórios, estádios,
com as demais pessoas, sendo- ser superior ao valor cobrado
ginásios de esporte, locais de das demais pessoas.
lhe garantido o acesso: espetáculos e de conferências
I – a bens culturais em formato e similares, serão reservados Art. 45. Os hotéis, pou-
acessível; espaços livres e assentos para sadas e similares devem ser
II – a programas de televisão, a pessoa com deficiência, de construídos observando-se os
cinema, teatro e outras ativida- acordo com a capacidade de princípios do desenho univer-
des culturais e desportivas em lotação da edificação, observa- sal, além de adotar todos os
formato acessível; e do o disposto em regulamento. meios de acessibilidade, con-
forme legislação em vigor.
III – a monumentos e locais de § 1o Os espaços e assentos a
importância cultural e a espa- que se refere este artigo devem § 1o Os estabelecimentos já
ços que ofereçam serviços ou ser distribuídos pelo recinto existentes deverão disponi-
eventos culturais e esportivos. em locais diversos, de boa visi- bilizar, pelo menos, 10% (dez
bilidade, em todos os setores, por cento) de seus dormitórios
§ 1o É vedada a recusa de oferta acessíveis, garantida, no míni-
de obra intelectual em formato próximos aos corredores, devi-
mo, 1 (uma) unidade acessível.
acessível à pessoa com deficiên- damente sinalizados, evitando-
cia, sob qualquer argumento, se áreas segregadas de público e § 2o Os dormitórios mencio-
inclusive sob a alegação de pro- obstrução das saídas, em con- nados no § 1o deste artigo de-
teção dos direitos de proprieda- formidade com as normas de verão ser localizados em rotas
de intelectual. acessibilidade. acessíveis.
§ 2 o O poder público deve § 2o No caso de não haver com- Capítulo X – Do Direito
adotar soluções destinadas provada procura pelos assentos ao Transporte e à Mobilidade
à eliminação, à redução ou à reservados, esses podem, excep-
superação de barreiras para a cionalmente, ser ocupados por Art. 46. O direito ao trans-
promoção do acesso a todo pa- pessoas sem deficiência ou que porte e à mobilidade da pessoa
trimônio cultural, observadas não tenham mobilidade redu- com deficiência ou com mobili-
as normas de acessibilidade, zida, observado o disposto em dade reduzida será assegurado
ambientais e de proteção do regulamento. em igualdade de oportunida-

825
des com as demais pessoas, por a ser confeccionada e fornecida garantir o seu uso por todas as
meio de identificação e de elimi- pelos órgãos de trânsito, que pessoas.
nação de todos os obstáculos e disciplinarão suas característi-
barreiras ao seu acesso. Art. 51. As frotas de empre-
cas e condições de uso.
sas de táxi devem reservar 10%
§ 1o Para fins de acessibilida- § 3o A utilização indevida das (dez por cento) de seus veículos
de aos serviços de transporte vagas de que trata este artigo acessíveis à pessoa com defici-
coletivo terrestre, aquaviário e sujeita os infratores às san- ência.
aéreo, em todas as jurisdições, ções previstas no inciso XX do
consideram-se como integran- § 1o É proibida a cobrança
art. 181 da Lei no 9.503, de 23
tes desses serviços os veículos, diferenciada de tarifas ou de
de setembro de 1997 (Código
os terminais, as estações, os valores adicionais pelo serviço
de Trânsito Brasileiro).
pontos de parada, o sistema de táxi prestado à pessoa com
§ 4o A credencial a que se refere deficiência.
viário e a prestação do serviço. o § 2o deste artigo é vinculada
§ 2o São sujeitas ao cumprimen- § 2o O poder público é autoriza-
à pessoa com deficiência que
to das disposições desta Lei, do a instituir incentivos fiscais
possui comprometimento de
sempre que houver interação com vistas a possibilitar a aces-
mobilidade e é válida em todo
com a matéria nela regulada, a sibilidade dos veículos a que se
o território nacional.
outorga, a concessão, a permis- refere o caput deste artigo.
são, a autorização, a renovação Art. 48. Os veículos de
Art. 52. As locadoras de ve-
ou a habilitação de linhas e de transporte coletivo terrestre,
ículos são obrigadas a oferecer
serviços de transporte coletivo. aquaviário e aéreo, as instala- 1 (um) veículo adaptado para
ções, as estações, os portos e os uso de pessoa com deficiência,
§ 3o Para colocação do símbo-
terminais em operação no País a cada conjunto de 20 (vinte)
lo internacional de acesso nos
devem ser acessíveis, de forma veículos de sua frota.
veículos, as empresas de trans-
a garantir o seu uso por todas
porte coletivo de passageiros
as pessoas. Parágrafo único. O veículo adap-
dependem da certificação de
§ 1o Os veículos e as estruturas tado deverá ter, no mínimo,
acessibilidade emitida pelo
de que trata o caput deste ar- câmbio automático, direção
gestor público responsável pela
tigo devem dispor de sistema hidráulica, vidros elétricos e
prestação do serviço.
de comunicação acessível que comandos manuais de freio e
Art. 47. Em todas as áreas disponibilize informações sobre de embreagem.
de estacionamento aberto ao todos os pontos do itinerário.
público, de uso público ou pri-
vado de uso coletivo e em vias § 2o São asseguradas à pessoa
públicas, devem ser reservadas com def iciência prioridade e Título III – Da
vagas próximas aos acessos de segurança nos procedimentos Acessibilidade
circulação de pedestres, devida- de embarque e de desembarque
mente sinalizadas, para veículos nos veículos de transporte cole-
que transportem pessoa com tivo, de acordo com as normas Capítulo I – Disposições
deficiência com comprometi- técnicas. Gerais
mento de mobilidade, desde § 3o Para colocação do símbo- Art. 53. A acessibilidade é
que devidamente identificados.1 lo internacional de acesso nos direito que garante à pessoa
§ 1o As vagas a que se refere o veículos, as empresas de trans- com deficiência ou com mobi-
caput deste artigo devem equi- porte coletivo de passageiros lidade reduzida viver de forma
valer a 2% (dois por cento) do dependem da certificação de independente e exercer seus
total, garantida, no mínimo, 1 acessibilidade emitida pelo direitos de cidadania e de par-
(uma) vaga devidamente sina- gestor público responsável pela ticipação social.
lizada e com as especificações prestação do serviço.
de desenho e traçado de acordo Art. 54. São sujeitas ao
Art. 49. As empresas de cumprimento das disposições
com as normas técnicas vigen- transporte de fretamento e
tes de acessibilidade. desta Lei e de outras normas
de turismo, na renovação de relativas à acessibilidade, sem-
§ 2o Os veículos estacionados suas frotas, são obrigadas ao pre que houver interação com
nas vagas reservadas devem exi- cumprimento do disposto nos a matéria nela regulada:
bir, em local de ampla visibilida- arts. 46 e 48 desta Lei.
de, a credencial de beneficiário, I – a aprovação de projeto ar-
Art. 50. O poder público in- quitetônico e urbanístico ou de
centivará a fabricação de veícu- comunicação e informação, a
los acessíveis e a sua utilização fabricação de veículos de trans-
1
Lei no 13.281/2016. como táxis e vans, de forma a porte coletivo, a prestação do

826
respectivo serviço e a execução mas voltados para o desenho sibilidade, na forma regulamen-
de qualquer tipo de obra, quan- universal. tar.
do tenham destinação pública § 5o Desde a etapa de concep- § 1o As construtoras e incor-
ou coletiva; ção, as políticas públicas de- poradoras responsáveis pelo
II – a outorga ou a renovação de verão considerar a adoção do projeto e pela construção das
concessão, permissão, autoriza- desenho universal. edif icações a que se refere o
ção ou habilitação de qualquer caput deste artigo devem as-
Art. 56. A construção, a re- segurar percentual mínimo
natureza;
forma, a ampliação ou a mu- de suas unidades interna-
III – a aprovação de financia- dança de uso de edif icações mente acessíveis, na forma
mento de projeto com utiliza- abertas ao público, de uso pú- regulamentar.
ção de recursos públicos, por blico ou privadas de uso cole-
meio de renúncia ou de incenti- § 2o É vedada a cobrança de
tivo deverão ser executadas de valores adicionais para a aqui-
vo fiscal, contrato, convênio ou modo a serem acessíveis.
instrumento congênere; e sição de unidades internamente
§ 1o As entidades de fiscaliza- acessíveis a que se refere o § 1o
IV – a concessão de aval da ção profissional das atividades deste artigo.
União para obtenção de em- de Engenharia, de Arquitetura
préstimo e de financiamento Art. 59. Em qualquer inter-
e correlatas, ao anotarem a
internacionais por entes públi- venção nas vias e nos espaços
responsabilidade técnica de
cos ou privados. públicos, o poder público e as
projetos, devem exigir a respon-
empresas concessionárias res-
sabilidade profissional decla- ponsáveis pela execução das
Art. 55. A concepção e a
rada de atendimento às regras obras e dos ser viços devem
implantação de projetos que
de acessibilidade previstas em garantir, de forma segura, a
tratem do meio físico, de trans-
legislação e em normas técnicas fluidez do trânsito e a livre cir-
porte, de informação e comu-
pertinentes. culação e acessibilidade das
nicação, inclusive de sistemas
e tecnologias da informação § 2o Para a aprovação, o li- pessoas, durante e após sua
e comunicação, e de outros cenciamento ou a emissão de execução.
serviços, equipamentos e ins- certificado de projeto executi-
Art. 60. Orientam-se, no
talações abertos ao público, de vo arquitetônico, urbanístico e
que couber, pelas regras de
uso público ou privado de uso de instalações e equipamentos
acessibilidade previstas em le-
coletivo, tanto na zona urbana temporários ou permanentes e gislação e em normas técnicas,
como na rural, devem atender para o licenciamento ou a emis- observado o disposto na Lei
aos princípios do desenho uni- são de certificado de conclusão no 10.098, de 19 de dezembro
versal, tendo como referência as de obra ou de serviço, deve ser de 2000, no 10.257, de 10 de
normas de acessibilidade. atestado o atendimento às re- julho de 2001, e no 12.587, de
gras de acessibilidade. 3 de janeiro de 2012:
§ 1o O desenho universal será
sempre tomado como regra de § 3 o O poder público, após I – os planos diretores muni-
caráter geral. certif icar a acessibilidade de cipais, os planos diretores de
edificação ou de serviço, de- transporte e trânsito, os pla-
§ 2o Nas hipóteses em que
terminará a colocação, em es- nos de mobilidade urbana e os
comprovadamente o desenho
paços ou em locais de ampla planos de preservação de sítios
universal não possa ser empre-
visibilidade, do símbolo interna- históricos elaborados ou atua-
endido, deve ser adotada adap-
cional de acesso, na forma pre- lizados a partir da publicação
tação razoável.
vista em legislação e em normas desta Lei;
§ 3o Caberá ao poder público técnicas correlatas. II – os códigos de obras, os có-
promover a inclusão de conte-
Art. 57. As edificações pú- digos de postura, as leis de uso
údos temáticos referentes ao e ocupação do solo e as leis do
desenho universal nas diretri- blicas e privadas de uso coleti-
vo já existentes devem garantir sistema viário;
zes curriculares da educação
profissional e tecnológica e do acessibilidade à pessoa com III – os estudos prévios de im-
ensino superior e na formação def iciência em todas as suas pacto de vizinhança;
das carreiras de Estado. dependências e serviços, tendo IV – as atividades de fiscalização
como referência as normas de e a imposição de sanções; e
§ 4o Os programas, os projetos
acessibilidade vigentes. V – a legislação referente à
e as linhas de pesquisa a serem
desenvolvidos com o apoio de Art. 58. O projeto e a cons- prevenção contra incêndio e
organismos públicos de auxí- trução de edif icação de uso pânico.
lio à pesquisa e de agências privado multifamiliar devem § 1o A concessão e a renovação
de fomento deverão incluir te- atender aos preceitos de aces- de alvará de funcionamento

827
para qualquer atividade são te artigo devem garantir, no cação e de bibliotecas públicas,
condicionadas à observação mínimo, 10% (dez por cento) o poder público deverá adotar
e à certificação das regras de de seus computadores com re- cláusulas de impedimento à
acessibilidade. cursos de acessibilidade para participação de editoras que
§ 2o A emissão de carta de pessoa com deficiência visual, não ofertem sua produção tam-
habite-se ou de habilitação sendo assegurado pelo menos bém em formatos acessíveis.
equivalente e sua renovação, 1 (um) equipamento, quando o § 2o Consideram-se formatos
quando esta tiver sido emitida resultado percentual for inferior acessíveis os arquivos digitais
anteriormente às exigências de a 1 (um). que possam ser reconhecidos
acessibilidade, é condicionada à Art. 64. A acessibilidade e acessados por softwares lei-
observação e à certificação das nos sítios da internet de que tores de telas ou outras tecno-
regras de acessibilidade. trata o art. 63 desta Lei deve logias assistivas que vierem a
ser observada para obtenção substituí-los, permitindo leitura
Art. 61. A formulação, a com voz sintetizada, ampliação
implementação e a manuten- do financiamento de que trata
o inciso III do art. 54 desta Lei. de caracteres, diferentes con-
ção das ações de acessibilidade trastes e impressão em Braille.
atenderão às seguintes premis- Art. 65. As empresas presta-
sas básicas: § 3o O poder público deve esti-
doras de serviços de telecomu-
mular e apoiar a adaptação e a
I – eleição de prioridades, ela- nicações deverão garantir pleno
produção de artigos científicos
boração de cronograma e reser- acesso à pessoa com deficiên-
em formato acessível, inclusive
va de recursos para implemen- cia, conforme regulamentação
em Libras.
tação das ações; e específica.
II – planejamento contínuo e Art. 69. O poder público
Art. 66. Cabe ao poder pú-
articulado entre os setores en- deve assegurar a disponibilida-
blico incentivar a oferta de apa-
volvidos. de de informações corretas e
relhos de telefonia fixa e móvel
claras sobre os diferentes pro-
celular com acessibilidade que,
Art. 62. É assegurado à pes- dutos e serviços ofertados, por
entre outras tecnologias assis-
soa com deficiência, mediante quaisquer meios de comunica-
tivas, possuam possibilidade
solicitação, o recebimento de ção empregados, inclusive em
de indicação e de ampliação
contas, boletos, recibos, extra- ambiente virtual, contendo a
sonoras de todas as operações
tos e cobranças de tributos em especificação correta de quan-
e funções disponíveis.
formato acessível. tidade, qualidade, característi-
Art. 67. Os serviços de ra- cas, composição e preço, bem
Capítulo II – Do Acesso à diodifusão de sons e imagens como sobre os eventuais riscos
Informação e à Comunicação devem permitir o uso dos se- à saúde e à segurança do consu-
guintes recursos, entre outros: midor com deficiência, em caso
Art. 63. É obrigatória a de sua utilização, aplicando-se,
acessibilidade nos sítios da in- I – subtitulação por meio de le-
genda oculta; no que couber, os arts. 30 a 41
ternet mantidos por empresas da Lei no 8.078, de 11 de setem-
com sede ou representação co- II – janela com intérprete da
bro de 1990.
mercial no País ou por órgãos Libras;
de governo, para uso da pessoa § 1o Os canais de comercializa-
III – audiodescrição.
com deficiência, garantindo-lhe ção virtual e os anúncios publi-
acesso às informações dispo- Art. 68. O poder público citários veiculados na imprensa
níveis, conforme as melhores deve adotar mecanismos de in- escrita, na internet, no rádio, na
práticas e diretrizes de acessi- centivo à produção, à edição, televisão e nos demais veículos
bilidade adotadas internacio- à difusão, à distribuição e à de comunicação abertos ou por
nalmente. comercialização de livros em assinatura devem disponibilizar,
formatos acessíveis, inclusive conforme a compatibilidade do
§ 1o Os sítios devem conter em publicações da administra- meio, os recursos de acessibi-
símbolo de acessibilidade em ção pública ou financiadas com lidade de que trata o art. 67
destaque. recursos públicos, com vistas a desta Lei, a expensas do forne-
§ 2o Telecentros comunitários garantir à pessoa com deficiên- cedor do produto ou do serviço,
que receberem recursos públi- cia o direito de acesso à leitura, sem prejuízo da observância do
cos federais para seu custeio à informação e à comunicação. disposto nos arts. 36 a 38 da
ou sua instalação e lan houses § 1o Nos editais de compras de Lei no 8.078, de 11 de setembro
devem possuir equipamentos e livros, inclusive para o abaste- de 1990.
instalações acessíveis. cimento ou a atualização de § 2o Os fornecedores devem
§ 3 o Os telecentros e as lan acervos de bibliotecas em todos disponibilizar, mediante soli-
houses de que trata o § 2o des- os níveis e modalidades de edu- citação, exemplares de bulas,

828
prospectos, textos ou qualquer I – facilitar o acesso a crédito de seções eleitorais exclusivas
outro tipo de material de divul- especializado, inclusive com para a pessoa com deficiência;
gação em formato acessível. oferta de linhas de crédito sub- II – incentivo à pessoa com de-
sidiadas, específicas para aqui- ficiência a candidatar-se e a de-
Art. 70. As instituições pro- sição de tecnologia assistiva;
motoras de congressos, seminá- sempenhar quaisquer funções
rios, oficinas e demais eventos II – agilizar, simplificar e prio- públicas em todos os níveis de
de natureza científico-cultural rizar procedimentos de impor- governo, inclusive por meio do
devem oferecer à pessoa com tação de tecnologia assistiva, uso de novas tecnologias assis-
deficiência, no mínimo, os re- especialmente as questões ati- tivas, quando apropriado;
cursos de tecnologia assistiva nentes a procedimentos alfan- III – garantia de que os pro-
previstos no art. 67 desta Lei. degários e sanitários; nunciamentos oficiais, a pro-
III – criar mecanismos de fo- paganda eleitoral obrigatória e
Art. 71. Os congressos, os mento à pesquisa e à produção os debates transmitidos pelas
seminários, as oficinas e os de- nacional de tecnologia assistiva, emissoras de televisão possu-
mais eventos de natureza cien- inclusive por meio de concessão am, pelo menos, os recursos
tífico-cultural promovidos ou de linhas de crédito subsidiado elencados no art. 67 desta Lei;
financiados pelo poder público e de parcerias com institutos de IV – garantia do livre exercício
devem garantir as condições de pesquisa oficiais; do direito ao voto e, para tan-
acessibilidade e os recursos de
IV – eliminar ou reduzir a tri- to, sempre que necessário e a
tecnologia assistiva.
butação da cadeia produtiva seu pedido, permissão para
Art. 72. Os programas, as e de importação de tecnologia que a pessoa com deficiência
linhas de pesquisa e os projetos assistiva; seja auxiliada na votação por
a serem desenvolvidos com o V – facilitar e agilizar o processo pessoa de sua escolha.
apoio de agências de financia- de inclusão de novos recursos § 2o O poder público promo-
mento e de órgãos e entidades de tecnologia assistiva no rol de verá a participação da pes-
integrantes da administração produtos distribuídos no âmbi- soa com deficiência, inclusive
pública que atuem no auxílio to do SUS e por outros órgãos quando institucionalizada, na
à pesquisa devem contemplar governamentais. condução das questões públi-
temas voltados à tecnologia cas, sem discriminação e em
assistiva. Parágrafo único. Para fazer cum- igualdade de oportunidades,
prir o disposto neste artigo, os observado o seguinte:
Art. 73. Caberá ao poder procedimentos constantes do
público, diretamente ou em plano específico de medidas de- I – participação em organiza-
parceria com organizações verão ser avaliados, pelo menos, ções não governamentais re-
da sociedade civil, promover a cada 2 (dois) anos. lacionadas à vida pública e à
a capacitação de tradutores e política do País e em atividades
intérpretes da Libras, de guias Capítulo IV – Do Direito à e administração de partidos
intérpretes e de profissionais Participação na Vida Pública políticos;
habilitados em Braille, audio- e Política II – formação de organizações
descrição, estenotipia e legen- para representar a pessoa com
dagem. Art. 76. O poder público deficiência em todos os níveis;
deve garantir à pessoa com III – participação da pessoa
Capítulo III – Da deficiência todos os direitos com deficiência em organiza-
Tecnologia Assistiva políticos e a opor tunidade ções que a representem.
de exercê-los em igualdade
Art. 74. É garantido à pes- de condições com as demais
soa com deficiência acesso a pessoas.
produtos, recursos, estratégias, § 1o À pessoa com deficiência Título IV – Da
práticas, processos, métodos e será assegurado o direito de Ciência e Tecnologia
serviços de tecnologia assistiva votar e de ser votada, inclusive
que maximizem sua autonomia, por meio das seguintes ações:
mobilidade pessoal e qualidade Art. 77. O poder público
de vida. I – garantia de que os proce- deve fomentar o desenvolvi-
dimentos, as instalações, os mento científico, a pesquisa
Art. 75. O poder público materiais e os equipamentos e a inovação e a capacitação
desenvolverá plano específico para votação sejam apropria- tecnológicas, voltados à me-
de medidas, a ser renovado dos, acessíveis a todas as pes- lhoria da qualidade de vida e
em cada período de 4 (quatro) soas e de fácil compreensão e ao trabalho da pessoa com de-
anos, com a finalidade de: uso, sendo vedada a instalação ficiência e sua inclusão social.

829
§ 1o O fomento pelo poder pú- Livro II – Parte teresse, inclusive no exercício
blico deve priorizar a geração Especial da advocacia.
de conhecimentos e técnicas Ar t. 81. Os direitos da
que visem à prevenção e ao pessoa com deficiência serão
tratamento de deficiências e garantidos por ocasião da apli-
ao desenvolvimento de tecno- Título I – Do cação de sanções penais.
logias assistiva e social. Acesso à Justiça Art. 82. (Vetado).
§ 2o A acessibilidade e as tec-
nologias assistiva e social de- Art. 83. Os serviços nota-
vem ser fomentadas mediante Capítulo I – Disposições riais e de registro não podem
a criação de cursos de pós-gra- Gerais negar ou criar óbices ou condi-
duação, a formação de recur- ções diferenciadas à prestação
Art. 79. O poder público de seus serviços em razão de
sos humanos e a inclusão do deve assegurar o acesso da pes- deficiência do solicitante, de-
tema nas diretrizes de áreas do soa com deficiência à justiça, vendo reconhecer sua capaci-
conhecimento. em igualdade de oportunidades dade legal plena, garantida a
§ 3o Deve ser fomentada a ca- com as demais pessoas, garan- acessibilidade.
pacitação tecnológica de ins- tindo, sempre que requeridos,
tituições públicas e privadas adaptações e recursos de tec- Parágrafo único. O descumpri-
nologia assistiva. mento do disposto no caput
para o desenvolvimento de
§ 1o A fim de garantir a atua- deste artigo constitui discrimi-
tecnologias assistiva e social nação em razão de deficiência.
que sejam voltadas para me- ção da pessoa com deficiência
lhoria da funcionalidade e da em todo o processo judicial, o
poder público deve capacitar Capítulo II – Do
participação social da pessoa Reconhecimento Igual
os membros e os servidores que
com deficiência. Perante a Lei
atuam no Poder Judiciário, no
§ 4o As medidas previstas neste Ministério Público, na Defen-
artigo devem ser reavaliadas soria Pública, nos órgãos de Art. 84. A pessoa com defi-
segurança pública e no sistema ciência tem assegurado o direito
periodicamente pelo poder
penitenciário quanto aos direi- ao exercício de sua capacidade
público, com vistas ao seu
tos da pessoa com deficiência. legal em igualdade de condições
aperfeiçoamento. com as demais pessoas.
§ 2o Devem ser assegurados à
Art. 78. Devem ser estimu- § 1o Quando necessário, a pes-
pessoa com def iciência sub-
lados a pesquisa, o desenvolvi- metida a medida restritiva de soa com deficiência será subme-
mento, a inovação e a difusão liberdade todos os direitos e tida à curatela, conforme a lei.
de tecnologias voltadas para garantias a que fazem jus os § 2o É facultado à pessoa com
ampliar o acesso da pessoa apenados sem deficiência, ga- deficiência a adoção de pro-
com deficiência às tecnologias rantida a acessibilidade. cesso de tomada de decisão
da informação e comunicação § 3o A Defensoria Pública e o apoiada.
e às tecnologias sociais. Ministério Público tomarão as § 3o A definição de curatela de
medidas necessárias à garantia pessoa com deficiência constitui
Parágrafo único. Serão estimula-
dos direitos previstos nesta Lei. medida protetiva extraordiná-
dos, em especial: ria, proporcional às necessida-
I – o emprego de tecnologias Art. 80. Devem ser ofereci- des e às circunstâncias de cada
da informação e comunicação dos todos os recursos de tec- caso, e durará o menor tempo
como instrumento de supera- nologia assistiva disponíveis possível.
para que a pessoa com defici-
ção de limitações funcionais e § 4 o Os curadores são obri-
ência tenha garantido o aces-
de barreiras à comunicação, à so à justiça, sempre que figure gados a prestar, anualmente,
informação, à educação e ao em um dos polos da ação ou contas de sua administração ao
entretenimento da pessoa com atue como testemunha, par- juiz, apresentando o balanço do
deficiência; tícipe da lide posta em juízo, respectivo ano.
II – a adoção de soluções e a advogado, defensor público, Art. 85. A curatela afetará
difusão de normas que visem magistrado ou membro do tão somente os atos relacio-
a ampliar a acessibilidade da Ministério Público. nados aos direitos de natureza
pessoa com deficiência à com- Parágrafo único. A pessoa com patrimonial e negocial.
putação e aos sítios da inter- def iciência tem garantido o § 1o A def inição da curatela
net, em especial aos serviços acesso ao conteúdo de todos não alcança o direito ao pró-
de governo eletrônico. os atos processuais de seu in- prio corpo, à sexualidade, ao

830
matrimônio, à privacidade, à a pedido deste, ainda antes do Parágrafo único. Aumenta-se a
educação, à saúde, ao trabalho inquérito policial, sob pena de pena em 1/3 (um terço) se o
e ao voto. desobediência: crime é cometido por tutor ou
§ 2o A curatela constitui medida I – recolhimento ou busca e curador.
extraordinária, devendo constar apreensão dos exemplares do
da sentença as razões e motiva- material discriminatório;
ções de sua definição, preserva-
dos os interesses do curatelado.
II – interdição das respectivas Título III – Disposições
mensagens ou páginas de infor- Finais e Transitórias
§ 3o No caso de pessoa em situ- mação na internet.
ação de institucionalização, ao
§ 4o Na hipótese do § 2o deste Art. 92. É criado o Cadastro
nomear curador, o juiz deve dar
artigo, constitui efeito da con- Nacional de Inclusão da Pes-
preferência a pessoa que tenha
denação, após o trânsito em jul- soa com Deficiência (Cadas-
vínculo de natureza familiar,
afetiva ou comunitária com o gado da decisão, a destruição tro-Inclusão), registro público
curatelado. do material apreendido. eletrônico com a finalidade de
coletar, processar, sistematizar
Art. 86. Para emissão de Art. 89. Apropriar-se de ou
e disseminar informações geor-
documentos oficiais, não será desviar bens, proventos, pen-
referenciadas que permitam a
exigida a situação de curatela são, benefícios, remuneração identificação e a caracterização
da pessoa com deficiência. ou qualquer outro rendimento socioeconômica da pessoa com
de pessoa com deficiência: deficiência, bem como das bar-
Art. 87. Em casos de relevân-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 reiras que impedem a realização
cia e urgência e a fim de prote-
(quatro) anos, e multa. de seus direitos.
ger os interesses da pessoa com
deficiência em situação de cura- Parágrafo único. Aumenta-se a § 1o O Cadastro-Inclusão será
tela, será lícito ao juiz, ouvido o pena em 1/3 (um terço) se o administrado pelo Poder Exe-
Ministério Público, de oficio ou crime é cometido: cutivo federal e constituído
a requerimento do interessado, por base de dados, instrumen-
I – por tutor, curador, síndico, tos, procedimentos e sistemas
nomear, desde logo, curador liquidatário, inventariante,
provisório, o qual estará sujeito, eletrônicos.
testamenteiro ou depositário
no que couber, às disposições § 2o Os dados constituintes
judicial; ou
do Código de Processo Civil. do Cadastro-Inclusão serão
II – por aquele que se apropriou obtidos pela integração dos
em razão de ofício ou de pro- sistemas de informação e da
fissão. base de dados de todas as po-
Título II – Dos líticas públicas relacionadas
Crimes e das Infrações Art. 90. Abandonar pessoa
com deficiência em hospitais, aos direitos da pessoa com de-
Administrativas ficiência, bem como por infor-
casas de saúde, entidades de
abrigamento ou congêneres: mações coletadas, inclusive em
Art. 88. Praticar, induzir ou censos nacionais e nas demais
incitar discriminação de pessoa Pena – reclusão, de 6 (seis) me- pesquisas realizadas no País,
em razão de sua deficiência: ses a 3 (três) anos, e multa. de acordo com os parâmetros
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 Parágrafo único. Na mesma pena estabelecidos pela Convenção
(três) anos, e multa. incorre quem não prover as ne- sobre os Direitos das Pessoas
cessidades básicas de pessoa com Deficiência e seu Protocolo
§ 1o Aumenta-se a pena em 1/3 Facultativo.
(um terço) se a vítima encon- com deficiência quando obriga-
trar-se sob cuidado e respon- do por lei ou mandado. § 3o Para coleta, transmissão
sabilidade do agente. e sistematização de dados,
Art. 91. Reter ou utilizar é facultada a celebração de
§ 2o Se qualquer dos crimes cartão magnético, qualquer convênios, acordos, termos
previstos no caput deste artigo meio eletrônico ou documento de parceria ou contratos com
é cometido por intermédio de de pessoa com deficiência des- instituições públicas e priva-
meios de comunicação social tinados ao recebimento de be- das, observados os requisitos
ou de publicação de qualquer nefícios, proventos, pensões ou e procedimentos previstos em
natureza: remuneração ou à realização legislação específica.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 de operações financeiras, com § 4 o Para assegurar a conf i-
(cinco) anos, e multa. o fim de obter vantagem inde- dencialidade, a privacidade e
§ 3o Na hipótese do § 2o deste vida para si ou para outrem: as liberdades fundamentais
artigo, o juiz poderá determinar, Pena – detenção, de 6 (seis) da pessoa com def iciência e
ouvido o Ministério Público ou meses a 2 (dois) anos, e multa. os princípios éticos que regem

831
a utilização de informações, I – quando for de interesse do deve considerar, sobretudo,
devem ser observadas as salva- poder público, o agente promo- as habilidades e competên-
guardas estabelecidas em lei. verá o contato necessário com a cias relacionadas com a pro-
§ 5o Os dados do Cadastro-In- pessoa com deficiência em sua fissionalização.
clusão somente poderão ser residência; .................................
utilizados para as seguintes II – quando for de interesse § 8 o Para o aprendiz com
finalidades: da pessoa com def iciência, def iciência com 18 (dezoi-
I – formulação, gestão, monito- ela apresentará solicitação de to) anos ou mais, a validade
ramento e avaliação das políti- atendimento domiciliar ou fará do contrato de aprendiza-
cas públicas para a pessoa com representar-se por procurador gem pressupõe anotação
deficiência e para identificar as constituído para essa finalida- na CTPS e matrícula e fre-
barreiras que impedem a reali- de. quência em programa de
zação de seus direitos; aprendizagem desenvolvido
Parágrafo único. É assegurado à sob orientação de entidade
II – realização de estudos e pes- pessoa com deficiência atendi- qualif icada em formação
quisas. mento domiciliar pela perícia técnico-prof issional metó-
§ 6 o As informações a que se médica e social do Instituto Na- dica.” (NR)
refere este artigo devem ser cional do Seguro Social (INSS), “Art. 433. .................
disseminadas em formatos pelo serviço público de saúde ou
I – desempenho insuficiente
acessíveis. pelo serviço privado de saúde,
ou inadaptação do apren-
contratado ou conveniado, que
Art. 93. Na realização de diz, salvo para o aprendiz
integre o SUS e pelas entidades
inspeções e de auditorias pelos com def iciência quando
da rede socioassistencial inte-
órgãos de controle interno e desprovido de recursos de
grantes do Suas, quando seu
externo, deve ser observado o acessibilidade, de tecnolo-
deslocamento, em razão de sua
cumprimento da legislação re- gias assistivas e de apoio
limitação funcional e de condi-
lativa à pessoa com deficiência necessário ao desempenho
ções de acessibilidade, impo-
e das normas de acessibilidade de suas atividades;
nha-lhe ônus desproporcional
vigentes. e indevido. .......................” (NR)
Art. 94. Terá direito a auxí- Art. 96. O § 6o-A do art. 135 Art. 98. A Lei no 7.853, de
lio-inclusão, nos termos da lei, da Lei no 4.737, de 15 de julho de 24 de outubro de 1989, passa
a pessoa com deficiência mode- 1965 (Código Eleitoral), passa a a vigorar com as seguintes al-
rada ou grave que: vigorar com a seguinte redação: terações:
I – receba o benefício de pres- “Art. 135. .................. “Art. 3o As medidas judiciais
tação continuada previsto no § 6 o -A. Os Tribunais Re- destinadas à proteção de in-
art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de gionais Eleitorais deverão, teresses coletivos, difusos,
dezembro de 1993, e que passe a cada eleição, expedir ins- individuais homogêneos e
a exercer atividade remunerada truções aos Juízes Eleitorais individuais indisponíveis
que a enquadre como segurado para orientá-los na escolha da pessoa com def iciência
obrigatório do RGPS; dos locais de votação, de poderão ser propostas pelo
maneira a garantir acessi- Ministério Público, pela
II – tenha recebido, nos últimos Defensoria Pública, pela
5 (cinco) anos, o benefício de bilidade para o eleitor com
deficiência ou com mobili- União, pelos Estados, pelos
prestação continuada previsto Municípios, pelo Distrito Fe-
no art. 20 da Lei no 8.742, de dade reduzida, inclusive em
seu entorno e nos sistemas deral, por associação cons-
7 de dezembro de 1993, e que tituída há mais de 1 (um)
exerça atividade remunerada de transporte que lhe dão
acesso. ano, nos termos da lei civil,
que a enquadre como segurado por autarquia, por empre-
obrigatório do RGPS. .......................” (NR)
sa pública e por fundação
Art. 95. É vedado exigir o Art. 97. A Consolidação das ou sociedade de economia
comparecimento de pessoa com Leis do Trabalho (CLT), aprova- mista que inclua, entre suas
deficiência perante os órgãos da pelo Decreto-Lei no 5.452, finalidades institucionais, a
públicos quando seu desloca- de 1o de maio de 1943, passa proteção dos interesses e
mento, em razão de sua limi- a vigorar com as seguintes al- a promoção de direitos da
tação funcional e de condições terações: pessoa com deficiência.
de acessibilidade, imponha-lhe “Art. 428. ................. .......................” (NR)
ônus desproporcional e inde- § 6o Para os fins do contra- “Ar t. 8 o Constitui crime
vido, hipótese na qual serão to de aprendizagem, a com- punível com reclusão de
observados os seguintes pro- provação da escolaridade 2 (dois) a 5 (cinco) anos e
cedimentos: de aprendiz com deficiência multa:

832
I – recusar, cobrar valores (NR) § 2o ..........................
adicionais, suspender, pro- II – para o filho, a pessoa a
crastinar, cancelar ou fazer Art. 99. O art. 20 da Lei
ele equiparada ou o irmão,
cessar inscrição de aluno em n o 8.036, de 11 de maio de
de ambos os sexos, pela
estabelecimento de ensino 1990, passa a vigorar acrescido
emancipação ou ao comple-
de qualquer curso ou grau, do seguinte inciso XVIII:
tar 21 (vinte e um) anos de
público ou privado, em ra- “Art. 20. ...................
idade, salvo se for inválido
zão de sua deficiência; XVIII – quando o trabalha- ou tiver deficiência intelec-
II – obstar inscrição em con- dor com def iciência, por
tual ou mental ou deficiên-
curso público ou acesso de prescrição, necessite adqui-
cia grave;
alguém a qualquer cargo ou rir órtese ou prótese para
promoção de acessibilidade .................................
emprego público, em razão § 4o (Vetado). ..” (NR)
de sua deficiência; e de inclusão social.
.......................” (NR) “Art. 93. (Vetado):
III – negar ou obstar empre- I – (vetado);
go, trabalho ou promoção Art. 100. A Lei no 8.078, de II – (vetado);
à pessoa em razão de sua 11 de setembro de 1990 (Códi-
deficiência; III – (vetado);
go de Defesa do Consumidor), IV – (vetado);
IV – recusar, retardar ou di- passa a vigorar com as seguin-
ficultar internação ou deixar V – (vetado).
tes alterações:
de prestar assistência médi- “Art. 6o ..................... § 1o A dispensa de pessoa
co-hospitalar e ambulatorial com def iciência ou de be-
Parágrafo único. A informa-
à pessoa com deficiência; nef iciário reabilitado da
ção de que trata o inciso III
V – deixar de cumprir, retar- Previdência Social ao f inal
do caput deste artigo deve
dar ou frustrar execução de ser acessível à pessoa com de contrato por prazo de-
ordem judicial expedida na def iciência, obser vado o terminado de mais de 90
ação civil a que alude esta disposto em regulamento.” (noventa) dias e a dispen-
Lei; (NR) sa imotivada em contrato
VI – recusar, retardar ou por prazo indeterminado
“Art. 43. ...................
omitir dados técnicos in- somente poderão ocorrer
§ 6o Todas as informações de
dispensáveis à propositura após a contratação de outro
que trata o caput deste ar-
da ação civil pública objeto trabalhador com deficiência
tigo devem ser disponibiliza-
desta Lei, quando requisi- ou beneficiário reabilitado
das em formatos acessíveis,
tados. da Previdência Social.
inclusive para a pessoa com
§ 1o Se o crime for praticado deficiência, mediante solici- § 2o Ao Ministério do Tra-
contra pessoa com deficiên- tação do consumidor.” (NR) balho e Emprego incumbe
cia menor de 18 (dezoito) estabelecer a sistemática de
anos, a pena é agravada em Art. 101. A Lei no 8.213, de fiscalização, bem como ge-
1/3 (um terço). 24 de julho de 1991, passa a rar dados e estatísticas so-
§ 2o A pena pela adoção de- vigorar com as seguintes alte- bre o total de empregados
liberada de critérios subje- rações: e as vagas preenchidas por
tivos para indeferimento de “Art. 16. ................... pessoas com def iciência e
inscrição, de aprovação e de I – o cônjuge, a companhei- por beneficiários reabilita-
cumprimento de estágio pro- ra, o companheiro e o filho dos da Previdência Social,
batório em concursos públi- não emancipado, de qual- fornecendo-os, quando so-
cos não exclui a responsabili- quer condição, menor de 21 licitados, aos sindicatos, às
dade patrimonial pessoal do (vinte e um) anos ou inváli- entidades representativas
administrador público pelos do ou que tenha deficiência dos empregados ou aos ci-
danos causados. intelectual ou mental ou dadãos interessados.
§ 3o Incorre nas mesmas pe- deficiência grave; § 3o Para a reserva de car-
nas quem impede ou dificul- ................................I gos será considerada so-
ta o ingresso de pessoa com II – o irmão não emancipa- mente a contratação direta
deficiência em planos priva- do, de qualquer condição, de pessoa com deficiência,
dos de assistência à saúde, menor de 21 (vinte e um) excluído o aprendiz com
inclusive com cobrança de anos ou inválido ou que def iciência de que trata a
valores diferenciados. tenha deficiência intelectu- Consolidação das Leis do
§ 4o Se o crime for praticado al ou mental ou deficiência Trabalho (CLT), aprovada
em atendimento de urgência grave; pelo Decreto-Lei no 5.452,
e emergência, a pena é agra- .......................” (NR) de 1o de maio de 1943.
vada em 1/3 (um terço).” “Art. 77. .................... § 4o (Vetado).” (NR)

833
“Art. 110-A. No ato de re- nicas brasileiras; e nefício de que trata o caput
querimento de benefícios II – bens e ser viços pro- deste artigo, poderão ser
ope r acionaliz ados pelo duzidos ou prestados por utilizados outros elementos
IN S S, não s e r á e x igida empresas que comprovem probatórios da condição
apresentação de termo de cumprimento de reserva de de miserabilidade do gru-
curatela de titular ou de be- cargos prevista em lei para po familiar e da situação de
nef iciário com def iciência, pessoa com def iciência ou vulnerabilidade, conforme
observados os procedimen- para reabilitado da Previ- regulamento.” (NR)
tos a serem estabelecidos dência Social e que atendam
em regulamento.” Art. 106. (Vetado).
às regras de acessibilidade
previstas na legislação.
Art. 102. O art. 2o da Lei Art. 107. A Lei no 9.029, de
.......................” (NR)
no 8.313, de 23 de dezembro de 13 de abril de 1995, passa a
“Ar t. 66-A. As empresas
1991, passa a vigorar acrescido vigorar com as seguintes alte-
enquadradas no inciso V
do seguinte § 3o: rações:
do § 2o e no inciso II do §
“Art. 2o ..................... “Art. 1o É proibida a ado-
5o do art. 3o desta Lei deve-
§ 3o Os incentivos criados ção de qualquer prática
rão cumprir, durante todo
por esta Lei somente serão discriminatória e limitati-
o período de execução do
concedidos a projetos cul- va para efeito de acesso à
contrato, a reserva de car-
turais que forem disponibi- relação de trabalho, ou de
gos prevista em lei para pes-
lizados, sempre que tecnica- sua manutenção, por mo-
soa com deficiência ou para
mente possível, também em tivo de sexo, origem, raça,
reabilitado da Previdência
formato acessível à pessoa cor, estado civil, situação
Social, bem como as regras
com deficiência, observado familiar, deficiência, reabi-
de acessibilidade previstas
o disposto em regulamen- litação profissional, idade,
na legislação.
to.” (NR) entre outros, ressalvadas,
Parágrafo único. Cabe à nesse caso, as hipóteses
Art. 103. O art. 11 da Lei administração f iscalizar o de proteção à criança e ao
no 8.429, de 2 de junho de 1992, cumprimento dos requisi- adolescente previstas no
passa a vigorar acrescido do se- tos de acessibilidade nos inciso X X XIII do art. 7o da
guinte inciso IX: serviços e nos ambientes de Constituição Federal.” (NR)
“Art. 11. .................... trabalho.” “Ar t. 3 o Sem prejuízo do
IX – deixar de cumprir a prescrito no art. 2o desta Lei
exigência de requisitos de Art. 105. O art. 20 da Lei e nos dispositivos legais que
acessibilidade previstos na no 8.742, de 7 de dezembro de tipificam os crimes resultan-
legislação.” (NR) 1993, passa a vigorar com as tes de preconceito de etnia,
seguintes alterações: raça, cor ou deficiência, as
Art. 104. A Lei no 8.666, de “Art. 20. ................... infrações ao disposto nesta
21 de junho de 1993, passa a § 2o Para efeito de conces- Lei são passíveis das seguin-
vigorar com as seguintes alte- são do benefício de presta- tes cominações:
rações: ção continuada, considera-
“Art. 3o ..................... .......................” (NR)
se pessoa com def iciência “Art. 4o
§ 2o .......................... aquela que tem impedimen- I – a reintegração com res-
V – produzidos ou prestados to de longo prazo de natu- sarcimento integral de todo
por empresas que compro- reza física, mental, intelec- o período de afastamento,
vem cumprimento de reser- tual ou sensorial, o qual, em mediante pagamento das
va de cargos prevista em lei interação com uma ou mais remunerações devidas, cor-
para pessoa com deficiência barreiras, pode obstruir sua rigidas monetariamente e
ou para reabilitado da Previ- participação plena e efetiva acrescidas de juros legais;
dência Social e que atendam na sociedade em igualdade
às regras de acessibilidade .......................” (NR)
de condições com as demais
previstas na legislação. pessoas. Art. 108. O art. 35 da Lei
................................. § 9o Os rendimentos decor- no 9.250, de 26 de dezembro de
§ 5o Nos processos de lici- rentes de estágio supervi- 1995, passa a vigorar acrescido
tação, poderá ser estabele- sionado e de aprendizagem do seguinte § 5o:
cida margem de preferência não serão computados para “Art. 35. ...................
para: os fins de cálculo da renda § 5 o Sem prejuízo do dis-
I – produtos manufaturados familiar per capita a que se posto no inciso IX do pará-
e para ser viços nacionais refere o § 3o deste artigo. grafo único do art. 3o da Lei
que atendam a normas téc- § 11o Para concessão do be- no 10.741, de 1o de outubro

834
de 2003, a pessoa com de- “Art. 154. (Vetado).” bilidade e condição de al-
ficiência, ou o contribuinte “Art. 181. .................. cance para utilização, com
que tenha dependente nessa XVII – Infração – grave; segurança e autonomia,
condição, tem preferência .......................” (NR) de espaços, mobiliários,
na restituição referida no equipamentos ur banos,
inciso III do art. 4 o e na alí- Art. 110. O inciso VI e o § 1o edif icações, transpor tes,
nea c do inciso II do art. 8o.” do art. 56 da Lei no 9.615, de informação e comunicação,
(NR) 24 de março de 1998, passam a inclusive seus sistemas e
vigorar com a seguinte redação: tecnologias, bem como de
Art. 109. A Lei no 9.503, de “Art. 56. ................... outros ser viços e instala-
23 de setembro de 1997 (Códi- VI – 2,7% (dois inteiros e ções abertos ao público, de
go de Trânsito Brasileiro), pas- sete décimos por cento) uso público ou privados de
sa a vigorar com as seguintes da arrecadação bruta dos uso coletivo, tanto na zona
alterações: concursos de prognósticos urbana como na rural, por
“Art. 2o ..................... e loterias federais e simila- pessoa com def iciência ou
Parágrafo único. Para os res cuja realização estiver com mobilidade reduzida;
efeitos deste Código, são sujeita a autorização fede- II – barreiras: qualquer en-
consideradas vias terrestres ral, deduzindo-se esse valor trave, obstáculo, atitude ou
as praias abertas à circula- do montante destinado aos comportamento que limite
ção pública, as vias internas prêmios; ou impeça a participação
pertencentes aos condomí- social da pessoa, bem como
.................................
nios constituídos por uni- o gozo, a fruição e o exercí-
dades autônomas e as vias § 1o Do total de recursos
f inanceiros resultantes do cio de seus direitos à aces-
e áreas de estacionamento sibilidade, à liberdade de
de estabelecimentos priva- percentual de que trata o
inciso VI do caput, 62,96% movimento e de expressão,
dos de uso coletivo.” (NR) à comunicação, ao acesso
(sessenta e dois inteiros e
“Art. 86-A. As vagas de esta- à informação, à compreen-
noventa e seis centésimos
cionamento regulamentado são, à circulação com segu-
por cento) serão destinados
de que trata o inciso XVII do rança, entre outros, classifi-
art. 181 desta Lei deverão ao Comitê Olímpico Brasi-
leiro (COB) e 37,04% (trinta cadas em:
ser sinalizadas com as res-
e sete inteiros e quatro cen- a) barreiras urbanísticas:
pectivas placas indicativas
tésimos por cento) ao Co- as existentes nas vias e
de destinação e com placas
mitê Paralímpico Brasileiro nos espaços públicos e
informando os dados sobre
(CPB), devendo ser obser- privados abertos ao pú-
a infração por estaciona-
vado, em ambos os casos, o blico ou de uso coletivo;
mento indevido.”
conjunto de normas aplicá- b) barreiras arquitetôni-
“Art. 147-A. Ao candidato
veis à celebração de convê- cas: as existentes nos
com def iciência auditiva é
nios pela União. edifícios públicos e pri-
assegurada acessibilidade
de comunicação, mediante .......................” (NR) vados;
emprego de tecnologias as- Art. 111. O art. 1o da Lei c) barreiras nos transpor-
sistivas ou de ajudas técni- no 10.048, de 8 de novembro tes: as existentes nos sis-
cas em todas as etapas do de 2000, passa a vigorar com a temas e meios de trans-
processo de habilitação. seguinte redação: portes;
§ 1o O material didático au- “Ar t. 1o As pessoas com d) barreiras nas comuni-
diovisual utilizado em aulas def iciência, os idosos com cações e na informa-
teóricas dos cursos que pre- idade igual ou superior a 60 ção: qualquer entrave,
cedem os exames previstos (sessenta) anos, as gestan- obstáculo, atitude ou
no art. 147 desta Lei deve tes, as lactantes, as pessoas compor tamento que
ser acessível, por meio de com crianças de colo e os dificulte ou impossibilite
subtitulação com legenda obesos terão atendimento a expressão ou o recebi-
oculta associada à tradução prioritário, nos termos des- mento de mensagens e
simultânea em Libras. ta Lei.” (NR) de informações por in-
§ 2o É assegurado também termédio de sistemas de
ao candidato com deficiên- Art. 112. A Lei no 10.098, de comunicação e de tec-
cia auditiva requerer, no ato 19 de dezembro de 2000, pas- nologia da informação;
de sua inscrição, os serviços sa a vigorar com as seguintes III – pessoa com deficiência:
de intérprete da Libras, para alterações: aquela que tem impedimento
acompanhamento em aulas “Art. 2o ..................... de longo prazo de nature-
práticas e teóricas.” I – acessibilidade: possi- za física, mental, intelectual

835
ou sensorial, o qual, em in- recursos, metodologias, es- “Art. 9o .....................
teração com uma ou mais tratégias, práticas e serviços Parágrafo único. Os semá-
barreiras, pode obstruir sua que objetivem promover a foros para pedestres ins-
participação plena e efetiva funcionalidade, relacionada talados em vias públicas
na sociedade em igualdade à atividade e à participação de grande circulação, ou
de condições com as demais da pessoa com def iciência que deem acesso aos servi-
pessoas; ou com mobilidade reduzi- ços de reabilitação, devem
IV – pessoa com mobilidade da, visando à sua autono- ob r ig ato r iament e e s t a r
reduzida: aquela que tenha, mia, independência, qua- equipados com mecanis-
por qualquer motivo, dif i- lidade de vida e inclusão mo que emita sinal sonoro
culdade de movimentação, social; suave para orientação do
permanente ou temporária, IX – comunicação: forma pedestre.” (NR)
gerando redução efetiva da de interação dos cidadãos “Art. 10-A. A instalação de
mobilidade, da flexibilidade, que abrange, entre outras qualquer mobiliário urba-
da coordenação motora ou opções, as línguas, inclusive no em área de circulação
da percepção, incluindo a Língua Brasileira de Sinais comum para pedestre que
idoso, gestante, lactante, (Libras), a visualização de ofereça risco de acidente à
pessoa com criança de colo textos, o Braille, o sistema pessoa com deficiência de-
e obeso; de sinalização ou de comu- verá ser indicada mediante
V – acompanhante: aquele nicação tátil, os caracteres sinalização tátil de alerta no
que acompanha a pessoa ampliados, os dispositivos piso, de acordo com as nor-
com def iciência, podendo multimídia, assim como a mas técnicas pertinentes.”
ou não desempenhar as fun- linguagem simples, escrita “Art. 12-A. Os centros co-
ções de atendente pessoal; e oral, os sistemas auditivos merciais e os estabeleci-
VI – elemento de urbaniza- e os meios de voz digitali- mentos congêneres devem
ção: quaisquer componen- zados e os modos, meios e fornecer carros e cadeiras
tes de obras de urbaniza- formatos aumentativos e al- de rodas, motorizados ou
ção, tais como os referentes ternativos de comunicação, não, para o atendimento da
a pavimentação, saneamen- incluindo as tecnologias da pessoa com def iciência ou
to, encanamento para esgo- informação e das comuni- com mobilidade reduzida.”
tos, distribuição de energia cações;
elétrica e de gás, iluminação X – desenho universal: con- Art. 113. A Lei no 10.257, de
pública, serviços de comuni- cepção de produtos, am- 10 de julho de 2001 (Estatuto
cação, abastecimento e dis- bientes, programas e ser- da Cidade), passa a vigorar com
tribuição de água, paisagis- viços a serem usados por as seguintes alterações:
mo e os que materializam as todas as pessoas, sem neces- “Art. 3o .....................
indicações do planejamento sidade de adaptação ou de III – promover, por inicia-
urbanístico; projeto específico, incluindo tiva própria e em conjunto
VII – mobiliário urbano: os recursos de tecnologia as- com os Estados, o Distrito
conjunto de objetos existen- sistiva.” (NR) Federal e os Municípios,
tes nas vias e nos espaços “Art. 3o O planejamento e a programas de construção
públicos, superpostos ou urbanização das vias públi- de moradias e melhoria das
adicionados aos elementos cas, dos parques e dos de- condições habitacionais,
de urbanização ou de edi- mais espaços de uso públi- de saneamento básico, das
f icação, de forma que sua co deverão ser concebidos e calçadas, dos passeios pú-
modificação ou seu trasla- executados de forma a tor- blicos, do mobiliário urbano
do não provoque alterações ná-los acessíveis para todas e dos demais espaços de uso
substanciais nesses elemen- as pessoas, inclusive para público;
tos, tais como semáforos, aquelas com deficiência ou IV – instituir diretrizes para
postes de sinalização e si- com mobilidade reduzida. desenvolvimento urbano,
milares, terminais e pontos Parágrafo único. O passeio inclusive habitação, sanea-
de acesso coletivo às teleco- público, elemento obrigató- mento básico, transporte e
municações, fontes de água, rio de urbanização e parte mobilidade urbana, que in-
lixeiras, toldos, marquises, da via pública, normalmen- cluam regras de acessibilida-
bancos, quiosques e quais- te segregado e em nível di- de aos locais de uso público;
quer outros de natureza ferente, destina-se somente .......................” (NR)
análoga; à circulação de pedestres e, “Art. 41. ....................
VIII – tecnologia assistiva quando possível, à implan- § 3o As cidades de que trata
ou ajuda técnica: produtos, tação de mobiliário urbano o caput deste artigo devem
equipamentos, dispositivos, e de vegetação.” (NR) elaborar plano de rotas

836
acessíveis, compatível com do-lhe assegurados todos os mos da curatela, o juiz, que
o plano diretor no qual está recursos de tecnologia assis- deverá ser assistido por
inserido, que disponha sobre tiva.” (NR) equipe multidisciplinar, en-
os passeios públicos a serem “Art. 1.518. Até a celebra- trevistará pessoalmente o
implantados ou reformados ção do casamento podem interditando.” (NR)
pelo poder público, com os pais ou tutores revogar a “Ar t. 1.772. O juiz deter-
vistas a garantir acessibili- autorização.” (NR) minará, segundo as poten-
dade da pessoa com def i- “Art. 1.548. .............. cialidades da pessoa, os
ciência ou com mobilidade I – (revogado); limites da curatela, circuns-
reduzida a todas as rotas e .......................” (NR) critos às restrições constan-
vias existentes, inclusive as “Art. 1.550................. tes do art. 1.782, e indicará
que concentrem os focos curador.
§ 1o ...........................
geradores de maior circula- Parágrafo único. Para a es-
§ 2o A pessoa com deficiên-
ção de pedestres, como os colha do curador, o juiz leva-
cia mental ou intelectual em
órgãos públicos e os locais rá em conta a vontade e as
idade núbia poderá contrair
de prestação de serviços pú- preferências do interditando,
matrimônio, expressando
blicos e privados de saúde, a ausência de conflito de in-
sua vontade diretamente ou
educação, assistência social, teresses e de influência inde-
por meio de seu responsável
esporte, cultura, correios vida, a proporcionalidade e a
ou curador.” (NR)
e telégrafos, bancos, entre adequação às circunstâncias
outros, sempre que possível “Art. 1.557. ...............
da pessoa.” (NR)
de maneira integrada com os III – a ignorância, anterior ao
casamento, de defeito físico “Art. 1.775-A. Na nomea-
sistemas de transporte cole- ção de curador para a pes-
tivo de passageiros.” (NR) irremediável que não carac-
terize deficiência ou de mo- soa com deficiência, o juiz
Art. 114. A Lei no 10.406, de léstia grave e transmissível, poderá estabelecer curatela
10 de janeiro de 2002 (Código por contágio ou por heran- compar tilhada a mais de
Civil), passa a vigorar com as ça, capaz de pôr em risco a uma pessoa.”
seguintes alterações: saúde do outro cônjuge ou “Ar t. 1.777. A s pessoas
“Art. 3o São absolutamente de sua descendência; referidas no inciso I do
incapazes de exercer pesso- IV – (revogado).” (NR) art. 1.767 receberão todo
almente os atos da vida civil o apoio necessário para ter
“Art. 1.767. ...............
os menores de 16 (dezes- preservado o direito à con-
I – aqueles que, por causa
seis) anos. vivência familiar e comuni-
transitória ou permanente,
I – (revogado); tária, sendo evitado o seu
não puderem exprimir sua
recolhimento em estabele-
II – (revogado); vontade;
cimento que os afaste desse
III – (revogado).” (NR) II – (revogado); convívio.” (NR)
“Art. 4o São incapazes, rela- III – os ébrios habituais e os
tivamente a certos atos ou à viciados em tóxico; Art. 115. O Título IV do Li-
maneira de os exercer: IV – (revogado); vro IV da Parte Especial da Lei
II – os ébrios habituais e os .......................” (NR) no 10.406, de 10 de janeiro de
viciados em tóxico; “Art. 1.768. O processo que 2002 (Código Civil), passa a vi-
III – aqueles que, por causa define os termos da curatela gorar com a seguinte redação:
transitória ou permanente, deve ser promovido: “TÍTULO IV – Da Tutela, da
não puderem exprimir sua IV – pela própria pessoa.” Curatela e da Tomada de
vontade; (NR) Decisão Apoiada”
................................. “Ar t. 1.769. O Ministério Art. 116. O Título IV do Li-
Parágrafo único. A capa- Público somente promove- vro IV da Parte Especial da Lei
cidade dos indígenas será rá o processo que define os no 10.406, de 10 de janeiro de
regulada por legislação es- termos da curatela: 2002 (Código Civil), passa a
pecial.” (NR) I – nos casos de deficiência vigorar acrescido do seguinte
“Art. 228. ................. mental ou intelectual; Capítulo III:
II – (revogado); ................................. “CAPÍTULO III – Da Tomada
III – (revogado); III – se, existindo, forem de Decisão Apoiada
§ 1o ........................... menores ou incapazes as Art. 1.783-A. A tomada de
§ 2o A pessoa com def ici- pessoas mencionadas no decisão apoiada é o proces-
ência poderá testemunhar inciso II.” (NR) so pelo qual a pessoa com
em igualdade de condições “Ar t. 1.771. Antes de se def iciência elege pelo me-
com as demais pessoas, sen- pronunciar acerca dos ter- nos 2 (duas) pessoas idône-

837
as, com as quais mantenha Ministério Público, decidir Art. 118. O inciso IV do
vínculos e que gozem de sua sobre a questão. art. 46 da Lei no 11.904, de 14 de
confiança, para prestar-lhe § 7o Se o apoiador agir com janeiro de 2009, passa a vigorar
apoio na tomada de decisão negligência, exercer pressão acrescido da seguinte alínea k:
sobre atos da vida civil, for- indevida ou não adimplir as “Art. 46. ...................
necendo-lhes os elementos obrigações assumidas, po- IV – ...........................
e informações necessários derá a pessoa apoiada ou k) de acessibilidade a todas
para que possa exercer sua qualquer pessoa apresentar as pessoas.
capacidade. denúncia ao Ministério Pú- .......................” (NR)
§ 1o Para formular pedi- blico ou ao juiz.
do de tomada de decisão Art. 119. A Lei no 12.587, de
§ 8 o Se procedente a de- 3 de janeiro de 2012, passa a
apoiada, a pessoa com de- núncia, o juiz destituirá o
f iciência e os apoiadores vigorar acrescida do seguinte
apoiador e nomeará, ouvida art. 12-B:
devem apresentar termo a pessoa apoiada e se for de
em que constem os limites “Art. 12-B. Na outorga de
seu interesse, outra pessoa exploração de ser viço de
do apoio a ser oferecido e os para prestação de apoio.
compromissos dos apoiado- táxi, reservar-se-ão 10% (dez
§ 9o A pessoa apoiada pode, por cento) das vagas para
res, inclusive o prazo de vi- a qualquer tempo, solicitar condutores com deficiência.
gência do acordo e o respei- o término de acordo firma-
to à vontade, aos direitos e § 1o Para concorrer às va-
do em processo de tomada gas reservadas na forma do
aos interesses da pessoa que
de decisão apoiada. caput deste artigo, o con-
devem apoiar.
§ 10. O apoiador pode so- dutor com def iciência de-
§ 2o O pedido de tomada
licitar ao juiz a exclusão de verá observar os seguintes
de decisão apoiada será
sua participação do proces- requisitos quanto ao veículo
requerido pela pessoa a ser
so de tomada de decisão utilizado:
apoiada, com indicação ex-
apoiada, sendo seu desli- I – ser de sua propriedade e
pressa das pessoas aptas a
gamento condicionado à por ele conduzido; e
prestarem o apoio previsto
manifestação do juiz sobre II – estar adaptado às suas
no caput deste artigo.
a matéria. necessidades, nos termos da
§ 3o Antes de se pronunciar
sobre o pedido de tomada § 11. Aplicam-se à tomada legislação vigente.
de decisão apoiada, o juiz, de decisão apoiada, no que § 2o No caso de não preen-
assistido por equipe multi- couber, as disposições refe- chimento das vagas na for-
disciplinar, após oitiva do rentes à prestação de con- ma estabelecida no caput
Ministério Público, ouvirá tas na curatela.” deste artigo, as remanes-
pessoalmente o requerente centes devem ser disponi-
Art. 117. O art. 1o da Lei bilizadas para os demais
e as pessoas que lhe presta- n o 11.126, de 27 de junho de
rão apoio. concorrentes.”
2005, passa a vigorar com a
§ 4 o A decisão tomada por seguinte redação: Art. 120. Cabe aos órgãos
pessoa apoiada terá valida- competentes, em cada esfera
“Art. 1o É assegurado à pessoa
de e efeitos sobre terceiros, de governo, a elaboração de
sem restrições, desde que com deficiência visual acompa-
nhada de cão-guia o direito de relatórios circunstanciados so-
esteja inserida nos limites bre o cumprimento dos prazos
do apoio acordado. ingressar e de permanecer com
estabelecidos por força das Leis
o animal em todos os meios
§ 5 o Terceiro com quem a no 10.048, de 8 de novembro
de transporte e em estabeleci-
pessoa apoiada mantenha de 2000, e no 10.098, de 19 de
mentos abertos ao público, de
relação negocial pode so- dezembro de 2000, bem como
licitar que os apoiadores uso público e privados de uso
o seu encaminhamento ao Mi-
contra-assinem o contrato coletivo, desde que observadas nistério Público e aos órgãos
ou acordo, especif icando, as condições impostas por esta de regulação para adoção das
por escrito, sua função em Lei. providências cabíveis.
relação ao apoiado. .................................
§ 2o O disposto no caput des- Parágrafo único. Os relatórios a
§ 6 o Em caso de negócio
que se refere o caput deste arti-
jurídico que possa trazer te artigo aplica-se a todas as
go deverão ser apresentados no
risco ou prejuízo relevan- modalidades e jurisdições do
prazo de 1 (um) ano a contar
te, havendo divergência serviço de transporte coletivo
da entrada em vigor desta Lei.
de opiniões entre a pessoa de passageiros, inclusive em es-
apoiada e um dos apoiado- fera internacional com origem Art. 121. Os direitos, os
res, deverá o juiz, ouvido o no território brasileiro.” (NR) prazos e as obrigações previs-

838
tos nesta Lei não excluem os III – os incisos II e III do art. 228 III – art. 45, 24 (vinte e quatro)
já estabelecidos em outras le- da Lei no 10.406, de 10 de janei- meses;
gislações, inclusive em pactos, ro de 2002 (Código Civil); IV – art. 49, 48 (quarenta e oito)
tratados, convenções e decla- IV – o inciso I do art. 1.548 da meses.
rações internacionais aprovados Lei no 10.406, de 10 de janeiro
e promulgados pelo Congresso Art. 126. Prorroga-se até 31
de 2002 (Código Civil); de dezembro de 2021 a vigência
Nacional, e devem ser aplica-
dos em conformidade com as V – o inciso IV do art. 1.557 da da Lei no 8.989, de 24 de feve-
demais normas internas e acor- Lei no 10.406, de 10 de janeiro reiro de 1995.
dos internacionais vinculantes de 2002 (Código Civil);
Art. 127. Esta Lei entra em
sobre a matéria. VI – os incisos II e IV do vigor após decorridos 180 (cen-
art. 1.767 da Lei no 10.406, de to e oitenta) dias de sua publi-
Parágrafo único. Prevalecerá a 10 de janeiro de 2002 (Código
norma mais benéfica à pessoa cação oficial.
Civil);
com deficiência.
VII – os arts. 1.776 e 1.780 da Brasília, 6 de julho de 2015;
Art. 122. Regulamento dis- Lei no 10.406, de 10 de janeiro 194 o da Independência e 127o
porá sobre a adequação do dis- de 2002 (Código Civil). da República.
posto nesta Lei ao tratamento D I L M A RO U S S E F F
diferenciado, simplif icado e Art. 124. O § 1o do art. 2o – Marivaldo de Castro
favorecido a ser dispensado às desta Lei deverá entrar em vigor Pereira – Joaquim Vieira
microempresas e às empresas em até 2 (dois) anos, contados Ferreira Levy – Renato
da entrada em vigor desta Lei. Janine Ribeiro – Arman-
de pequeno porte, previsto no do Monteiro – Nelson
§ 3o do art. 1o da Lei Comple- Art. 125. Devem ser ob- Barbosa – Gilberto Kas-
mentar no 123, de 14 de dezem- ser vados os prazos a seguir sab – Luis Inácio Lucena
bro de 2006. discriminados, a partir da en- Adams – Gilberto José
trada em vigor desta Lei, para Spier Vargas – Guilherme
Art. 123. Revogam-se os se- Afif Domingos.
guintes dispositivos: o cumprimento dos seguintes
dispositivos: Este texto não substitui o publica-
I – o inciso II do § 2o do art. 1o I – incisos I e II do § 2 o do
da Lei no 9.008, de 21 de março do no DOU de 7-7-2015.
art. 28, 48 (quarenta e oito)
de 1995; meses;
II – os incisos I, II e III do art. 3o II – § 6o do art. 44, 48 (quaren-
da Lei no 10.406, de 10 de janei- ta e oito) meses;
ro de 2002 (Código Civil);

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