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Direitos Fundamentais
1 . O conceito de Direitos Fundamentais

1 . As dimensões ou perspetivas dos direitos fundamentais

1.1. Perspetiva filosófica ou jusnaturalista


- Direitos inerentes à qualidade do ser humano: direitos mais essenciais e restritos
reconhecidos a todos os homens, em todos os tempos e lugares
- Pertencem a uma ordem moral e cultural, impondo-se ao próprio Estado - Ex: direito à
vida, liberdade de consciência, integridade física

1.2. Perspetiva internacional ou universal


- Direitos das pessoas num determinado momento histórico e em todos os lugares (pelo
menos nas grandes regiões da comunidade internacional)
- Estes direitos são originados por uma consciência jurídica geral
- Para além de reconhecer os direitos da perspetiva filosófica, reconhece também os
direitos dos povos e minorias

1.3. Perspetiva estadual ou constitucional


- Direitos dos homens num determinado tempo e lugar, onde existe uma comunidade
politicamente organizada sob a forma de Estado: direitos reconhecidos na Constituição
- Esta perspetiva, tal como a perspetiva internacional, parte da perspetiva filosófica

2. A evolução histórica das diferentes dimensões ou perspetivas

2.1. Perspetiva filosófica ou jusnaturalista


- Primeira perspetiva a afirmar-se historicamente através dos pensamentos dos filósofos
- Direitos naturais de todos os homens: núcleo restrito de direitos absolutos, imutáveis,
intemporais e inerentes à qualidade da pessoa humana, impondo-se a qualquer ordem
jurídica
- este conjunto de DF’s constitui um limite superior ao poder constituinte: afirmação da
primazia do indivíduo sobre o Estado
- Tem caráter fundamentante: a perspetiva filosófica é a base valorativa das restantes
perspetivas

2.2. Perspetiva estadual ou constitucional


- Surgiu com os movimentos constitucionais dos séculos XVIII e XIX (Estado de Direito
Liberal) através da consagração:
- do princípio da separação de poderes
- do catálogo dos Direitos Fundamentais: afirmação dos direitos do indivíduo como
cidadão

2.3 Perspetiva universal ou internacional


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- Após a II Guerra Mundial, tornou-se necessária uma maior proteção dos direitos
fundamentais ao nível da comunidade internacional
- Começaram a surgir um conjunto de documentos internacionais que se propunham a
garantir os direitos do Homem:
- Sociedade das Nações (1919), Carta das Nações Unidas (1945), Declaração
Universal dos Direitos do Homem (1948), Pacto Internacional dos Direitos Cívis e
Políticos (1966), Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais
(1966)
- A nível regional, também surgiram um conjunto de documentos com o mesmo objetivo:
- Convenção Europeia dos Direitos do Homem (1950), Carta Social Europeia (1965)
- Surgem os Direitos Humanos ou Direitos do Homem: alargamento dos DF’s aos
direitos dos grupos, das minorias étnicas, dos povos e à operacionalização dos meios de
tutela

3. O conceito estrito e abrangente de direitos fundamentais


- Direitos fundamentais em sentido estrito: posição jurídica fundamental do cidadão
consagrada na Constituição do seu Estado
- Direitos fundamentais em sentido amplo: DF’s reconhecidos aos cidadãos
portugueses na sua Constituição, estando também os direitos naturais e os direitos
humanos refletidos no texto constitucional (isto porque os DF’s decorrem da dignidade
da pessoa humana)
- Artigo 16º/1 da CRP - Princípio da cláusula aberta
- O catálogo de DF’s da CRP não é um catálogo fechado: há DF’s que não constam da
nossa Constituição mas que constam, por exemplo, no Código Civil ou Direito
Internacional
- Artigo 16º/2 da CRP: a interpretação dos DF’s da CRP deve ser feita em conformidade
com a DUDH (acolhimento da perspetiva universalista)
- Mas, se a interpretação segundo a CRP for mais favorável, não pode ser prejudicada
pela interpretação internacional
- Conclusão: a dimensão constitucional positiva integra os direitos naturais, os
direitos humanos e os direitos constitucionais (fundamentais)

4. Direitos fundamentais numa perspetiva multinível


- Com a crescente globalização, o sistema constitucional contemporâneo vê-se abalado
pela existência de “espaços constitucionais” para além do Estado: a proteção dos
direitos fundamentais deixou de ser da exclusiva responsabilidade das constituições
nacionais para passar a haver uma “fragmentação do poder constituinte”, com as
“constituições internacionais paralelas”. Assim, os direitos fundamentais passam a
estar protegidos em tr ê s sistemas :
- Sistema constitucional nacional
- Sistema da Convenção Europeia dos Direitos do Homem
- Carta dos DF’s da UE
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- nestes diferentes níveis de tutela é possível reclamar os DF’s, podendo surgir conflitos
entre sistemas:
- Princípio do primado das normas da UE (8º/4): em caso de conflito entre as normas
europeias e as normas nacionais, prevalecema as normas europeias
- este princípio não é absoluto: estão salvaguardados os “princípios fundamentais do
Estado de Direito Democrático”
- Existe uma interconstitucionalidade: fragmentação do direito acarreta concorrência
entre diferentes ordens jurídicas, mas essa concorrência não é necessariamente
negativa se houver cooperação entre estas e aprendizagem mútua
2. A evolução histórico-valorativa dos direitos fundamentais

1 . Os direitos como liberdades individuais (1ª Geração de DF’s)


- No Estado de Direito Liberal surgiram os direitos de liberdade individual: liberdade de
expressão, religiosa, contratual
- Direitos de defesa contra o Estado: o conteúdo dos direitos e a forma como eram
exercidos era definido pelo titular, sem quaisquer limites
- Estado negativo: tinha como único objetivo garantir a segurança dos cidadãos
(pressuposto de liberdade)
- O direito de propriedade constituiu uma garantia de liberdade: condição de respeito pelo
próprio indivíduo
- Trinómio liberdade, segurança e propriedade:
- os DF’s são direitos de liberdade mas também são direitos de garantia, ou seja direitos
de defesa do indivíduo face ao Estado
- Estado negativo acentua a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais

2. Os direitos como liberdades políticas (2ª Geração de DF’s)


- O aprofundamento da democracia leva ao alargamento do público político -
Aparecimento de novos direitos, com o objetivo de promover a igualdade:
- direitos de participação política: direito ao voto, direito de ser eleito, direito de
exercer o cargo para o qual se foi eleito até nova eleição
- Alargamento dos direitos de liberdade e generalização do princípio da igualdade:
- liberdade de associação, liberdade de manifestação, liberdade de imprensa
- Dimensão objetiva dos direitos fundamentais: além da liberdade e autonomia,
há outros valores que devem ser satisfeitos através dos DF’s: valores com
relevância comunitária como a democracia
- os direitos passam a ter limites pois havia liberdade a mais e falta de igualdade
- Estado ativo: tem novas funções de garantia de condições que possibilitem a
participação política livre dos cidadãos

3. Os direitos como liberdades sociais. O fenómeno da socialização (3ª Geração)


- Falência social do Estado de Direito Liberal: desiquilíbrio social devido à desigualdade
social e económica
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- Estado positivo: começa a intervir cada vez mais a nível económico e social, passando
a ser responsável pelo bem-estar do indivíduo: apogeu do Estado de Direito Social
- Surgem os direitos a prestações ou de quota-parte: requerem comportamentos
positivos por parte do Estado, que se encontra limitado pelos recursos existentes e
opções políticas do momento - direitos sob a reserva do possível (direito à habitação,
saúde, ensino, segurança social)
- Alargamento das liberdades, concretizando necessidades sociais: direito à greve,
liberdade de escolha de profissão, liberdade sindical
- Aprofundamento da dimensão objetiva DF’s: o ser humano não é encarado como um ser
totalmente livre, mas sim como um ser inserido numa determinada sociedade à qual tem
de se sujeitar
- função social dos DF’s define o seu conteúdo e limites (limites à liberdade contratual, à
integridade física como a imposição de vacinação…)
- Proibição do défice legislativo: Estado tem de legislar e atuar de acordo com os
interesses da comunidade, garantido a proteção dos DF’s da forma mais adequada
- Alargamento da obrigatoriedade dos DF’s às relações entre privados, em casos de
desigualdade

4. Os direitos de quarta geração


- A sociedade dos dias de hoje é uma sociedade de comunicação, de informação,
de risco, consumista e globalizada
- Falência do Estado devido a fenómenos terroristas e multiculturais
- Trinómio segurança, diversidade e solidariedade: aparecimento de direitos de
solidariedade:
- direitos que protegem interesses coletivos: direito do ambiente, direito do
consumidor, direito ao património cultural
- direito das minorias
- maior proteção de direitos pessoais: direito à identidade genética, direito à
privacidade, direito à imagem, direito à proteção das pessoas de experiências
científicas
- direitos de discriminação positiva: direitos sociais passam a ser os direitos
daqueles que precisam, em vez de serem direitos de todos os indivíduos
- limites à liberdade contratual e de empresa: responsabilidade civil objetiva
A evolução dos DF’s é um processo que se divide em 3 partes:
- Acumulação: os direitos que vão surgindo com as diferentes gerações, não anulam os
direitos afirmados em gerações anteriores
- Variedade: os direitos não são uniformes, não têm a mesma estrutura e exercem um
conjunto diferente de funções
- Abertura: o catálogo de DF’s é aberto ao aparecimento de novos direitos pois surgindo
novas necessidades pode levar ao aparecimento de novas gerações de DF’s
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3. Os direitos fundamentais na CRP/76. O conceito material de direitos


fundamentais

1 . A sistematização dos direitos fundamentais


- O catálogo de DF’s da CRP (12º-79º) pressupõe um conceito material de direitos
fundamentais
- Assim, a CRP não exclui outros direitos não expressos (16º/1)
- A matéria dos DF’s está contida na Parte I da CRP (12º-79º)
- Conceito formal de DF’s: direitos fundamentais consagrados na CRP
- Conceito material de DF’s: por força da Constituição, existem DF’s fora do catálogo,
estando contidos em leis ordinárias e normas de Direito Internacional

2. O conceito material de direitos fundamentais. Os direitos fundamentais dispersos


- Os direitos fundamentais carecem de uma definição material
- Artigo 16º/1: princípio da não tipicidade dos DF’s/cláusula aberta
- os DF’s podem estar contidos na lei e no Direito Internacional, não estando
restringidos aos direitos do texto constitucional
- acrescenta ao artigo 8º a constitucionalização dos DF’s: além de vigorarem na
ordem interna como direitos humanos de fontes de DI, vigoram na ordem interna se
preencherem o conceito material de DF’s

Segundo Vieira de Andrade, para a identificação de DF’s, deve-se recorrer a um critério


tríplice:
- Radical subjetivo: os DF’s atribuem posições jurídicas subjetivas a indivíduos ou
categorias de indivíduos, que são consideradas fundamentais
- Função: proteção e garantia constitucional de bens jurídicos individuais essenciais
à condição humana
- Intenção específica: explicitar o que não pode deixar de pertencer ao ser humano,
manifestando o princípio da dignidade humana

Assim, podemos encontrar:


- direitos (só) formalmente fundamentais: pertencem ao catálogo de DF’s da
CRP, mas não têm conteúdo fundamental porque não respeitam o critério tríplice
- ex: arts. 12º, 38º, 39º, 40º, 51º, 54º, 67º e 77º da CRP
- direitos (só) materialmente fundamentais: não estão incluídos no catálogo de
DF’s da CRP mas o seu conteúdo é considerado fundamental, respeitando o critério
tríplice
- DFs fora do catálogo: arts. 20º, 21º, 60º, 61º, 103º/3, 268º, 269º/2,3, 271º/2
- DF’s contidos em leis ordinárias: arts. 72º e 483º do CC, direitos de audIência e
defesa no Código do Trabalho, direito ao asilo, direito ao reagrupamento familiar
- DF’s contidos em normas de DI: apesar da preocupação do constituiente
português na receção de direitos contidos em documentos internacionais, é possível
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encontrar direitos fundamentais materias na legislação internacional (ex: catálogo


de DF’s do cidadão europeu)
- direitos formal e materialmente constitucionais: respeitam o critério tríplice e
estão contidos no catálogo de DF’s da CRP

3. Direitos fundamentais e garantias institucionais


- Garantias institucionais: não são DF’s apesar de possuírem uma relação própria
com estes na medida em que potenciam as condições políticas, económicas e
organizacionais necessárias para a concretização e efetivação dos DF’s
- atribuem direitos fundamentais ou competências a organizações e instituições, com
ou sem personalidade jurídica que os vão exercer em benefício dos seus membros
- ex: artigos 54º/5, 56º/2, 64º/2, 67º, 39º, 76º
- Garantias gerais: também potenciam o exercício e efetivação dos DF’s porque vão
criar as condições económicas e jurídicas e políticas gerais necessárias para o efeito
- ≠ garantias institucionais porque não há uma criação de uma instituição a quem se
atribui direitos ou competências para assegurar os DF’s aos seus membros
- Têm por objetivo explicitar determinado valor/ideia, ao contrário das garantias
institucionais que têm como objetivo garantir a proteção e efetivação dos DF’s
- ex: princípio da separação de poderes (111º), princípio da constitucionalidade
(3º/3), princípio da legalidade, princípio do pluralismo, etc
- Na prática, não há grande diferença entre DF’s e garantias institucionais pois a
doutrina defende que estas estão englobadas nos “direitos, liberdades e garantias”

4. Ordem pluralista, aberta e não hierárquica -


Conjunto de DF’s é uma ordem:
- Pluralista: DF’s constituem posições, formas de pensamento e valores muito
diferentes entre si
- Aberta: catálogo de DF’s não é acabado, sendo uma ordem não taxativa, ou seja,
verificadas novas ameaças podem surgir novos DF’s
- Não hierárquica: não se pode negar nenhum dos DF’s
- Como a CRP pretende garantir uma unidade de sentido, em caso de conflito entre
DF’s, resolve-se pela harmonização e concordância prática dos preceitos que os
acolhem, em vez de se resolver o conflito de forma hierárquica

4. O regime geral dos direitos fundamentais

1 . A “dupla dimensão”, “dupla natureza”, “duplo caráter”, “dupla função” dos


direitos fundamentais
- Numa fase inicial, os DF’s tinham apenas uma dimensão subjetiva: grande função
dos DF’s era atribuir, de forma subjetiva, um poder aos seus titulares - direitos
subjetivos fundamentais
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- Atualmente, para além da dimensão subjetiva, os DF’s possuem também uma


dimensão objetiva: procura-se ter em conta a organização política e social da
comunidade política
- ex: o direito de voto é um direito subjetivo mas também é um dever cívico pois é
essencial para a organização democrática, devendo incentivar-se o voto individual
como interesse da coletividade e sua organização
- as garantias institucionais, os limites aos direitos fundamentais e os deveres
fundamentais aumentam com o maior reconhecimento do caráter objetivo dos DF’s

2. Características essenciais dos direitos fundamentais


- Segundo a dimensão subjetiva, Os DF’s conferem uma posição jurídica subjetiva,
individual, universal e fundamental
- Posição jurídica subjetiva (12º/1):
- DF’s conferem aos cidadãos um poder/faculdade subjetivo que estes poderão
utilizar na prossecução dos seus interesses
- direitos individuais: em princípio, os titulares dos DF’s são pessoas humanas, os
cidadãos (princípio inerente aos DF’s é o princípio da dignidadde da pessoa humana
- DF’s de exercício coletivo: apesar dos DF’s serem de titularidade individual, o seu
exercício pressupõe uma atuação de uma pluralidade de sujeitos
- ex: direito de associação (46º), direito de greve (57º) - DF’s das pessoas coletivas
(12º/2):
- extensão dos DF’s às pessoas coletivas, sendo uma exceção à individualidade
própria dos DF’s
- os direitos têm de ser compatíveis com a natureza da pessoa coletiva: não são
compatíveis os direitos políticos, sociais e eminentemente pessoais (ex: direito à
integridade física e identidade genética (25º, 26º)
- tem de se ter em conta o princípio da especialidade do fim das pessoas coletivas e
a natureza da sua personalidade jurídica
- ex: direito ao nome e bom nome (26º), direito à segurança (27º), garantias do
processo criminal (32º), proteção do domicício e inviolabilidade de correspondência
(34º), liberdade de informação, expressão e imprensa (37º), etc
- DF’s coletivos: direitos atribuídos, em exclusivo, a pessoas coletivas sem
personalidade jurídica, não sendo atribuídos a pessoas singulares
- ex: direitos de associações sindicais (55º), direitos de coletivos de trabalhadores
(54º)
- Segundo Vieira de Andrade, os DF’s coletivos são garantias institucionais
- DF’s a pessoas coletivas públicas: as pessoas coletivas públicas gozam de
direitos fundamentais das pessoas coletivas, devido à sua autonomia relativamente
ao Estado, sendo garantias institucionais quando se afirmam como DF’s coletivos
- ex: universidades públicas (76º)

3. A igualdade e a universalidade dos direitos fundamentais


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- Os DF’s são atribuídos de acordo com o princípio da igualdade material (13º),


justificando-se o tratamento diferenciado dos menores de idade, dos portadores de
deficiência e dos mais desfavorecidos
- Posição universal: todos têm de ter os mesmos DF’s e estes não se esgotam com o
uso, sendo permanentes, tal como a condição humana
- Artigo 12º/1: todos os cidadãos portugueses gozam dos DF’s, sendo que os cidadãos
residentes em território nacional gozam dos DF’s de forma plena
- Artigo 14º: cidadãos portugueses que se encontrem no estrangeiro gozam dos
mesmos direitos e deveres, desde que estes sejam compatíveis com a sua ausência
- Artigo 15 - princípio da equiparação dos estrangeiros e apátridas: estrangeiros e
apátridas que se encontrem em território nacional gozam dos mesmo direitos que os
cidadãos portugueses, com as devidas exceções (15º/2)
- Posição fundamental: têm de tutelar valores referíveis à dignidade da pessoa
humana

5. As categorias (tipos, classificações) de direitos fundamentais

1 . Complexidade estrutural e heterogeneidade de conteúdo


- Complexidade estrutural: cada direito tem titularidade única ou pluralidade de
titulares; um destinatário ou vários destinatários; conteúdo simples ou misto;
extensão desigual do próprio direito
- Heterogeneidade de conteúdo:
- conteúdo principal: faculdades que são atribuídas pela hipótese normativa
- conteúdo essencial: faculdades típicas que integram o Direito e que a CRP
pretende proteger em primeira linha
- camadas envolventes: comportamentos que o Direito pretende assegurar mas que
gozam de menor proteção constitucional porque tratam-se de faculdades menos
típicas associadas àquele direito
- ex: liberdade de imprensa: direito de informar - conteúdo essencial; entretenimento
- camada envolvente
- conteúdo instrumental: meios de tutela dos DF’s, variando em função do direito
em causa

2. Direitos de liberdade (matriz liberal), direitos políticos (matriz democrática) e


direitos sociais (matriz social); direitos de defesa (perante o Estado), direitos de
participação e direitos a prestações (status negativus, status activus e status
positivus)
- Critério histórico:
- direitos de liberdade: matriz liberal (Estado de Direito Liberal)
- direitos políticos: matriz democrática
- direitos sociais: matriz social (Estado de Direito Social)
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- Critério do conteúdo: refere-se à posição dos sujeitos na relação indivíduo/Estado


- direitos de defesa: Estado negativo (status negativus)
- direitos de participação: Estado ativo (status activus)
- direitos a prestações: Estado positivo (status positivus)
- Este critério é incompleto porque alguns direitos negativos necessitam de
comportamentos positivos por parte do Estados para a sua garantia e exercício (ex:
direito de defesa)

3. “Direitos, liberdades e garantias” e “ Direitos económicos, sociais e culturais”


(artigo 17º)
- Critério constitucional
- direitos, liberdades e garantias: Título II da CRP (24º-57º) + direitos de natureza
análoga aos que constam no Título II (17º)
- critério formal: não é suficiente para classificar os DF’s porque, segundo o artigo 17º
da CRP, existem direitos com natureza análoga aos DF’s
- critério material: direitos, liberdades e garantias estão presentes nos artigos 24º-57º
da CRP + artigo 17º da CRP
- direitos económicos, sociais e culturais (direitos sociais): Título III (58º-79º)
- direitos de realização social, cujo tempo e modo de realização depende da evolução
da sociedade, ainda que estejam consagrados na CRP como fundamentais.

Gomes Canotilho e Vital Moreira defendem que o artigo 17º da CRP pressupõe a distinção
entre os DLG e os DESC
- é a partir do regime que o artigo 17º manda aplicar aos DLG e direitos análogos que
se alcança o critério de distinção entre duas categorias de DF’s

4. Critério da determinabilidade constitucional de conteúdo, a partir do regime


específico dos direitos, liberdades e garantias
- Manuel Afonso Vaz considera que a diferença entre DLG e DESC encontra-se no artigo
17º da CRP porque todos estes direitos têm de possuir características específicas que
permitem a aplicação do regime dos DLG
- Art. 16º - princípio da cláusula aberta de direitos fundamentais: tanto os direitos
intraconstitucionais como os extraconstitucionais poderão possuir natureza análoga dos
DLG’s (ex: art. 59º/1, a), b) e d), 60º/1, 61º, 62º, 68º/3, 74º, a))
- Aplicabilidade direta dos DLG e dos direitos de natureza análoga (18º/1):
- normas que consagram estes direitos são diretamente aplicáveis, não sendo necessária
a concretização por parte da lei ordinária
- Determinabilidade de conteúdo constitucional: para a norma ter aplicabilidade direta,
necessita de ser clara, precisa e incondicionadal
- Os DLG têm determinabilidade constitucional: o seu conteúdo é essencialmente
determinado por opções constitucionais
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- as intervenções legislativas servem apenas para assegurar o seu exercício ou


concretizar o seu conteúdo e nunca para alterar o seu conteúdo essencial
- A aplicabilidade direta dos DLG significou uma sublida de alçada, da legalidade para a
constitucionalidade: antes valiam na medida em que a lei ordinária os concretizasse mas
agora é a lei constitucional que define o seu conteúdo
- Os DESC não têm determinabilidade constitucional: o seu contéudo é determinado por
opções legislativas ordinárias
- apenas possuem um conteúdo mínimo que vai ser concretizado pelo legislador ordinário
consoante as necessidades e preocupações económicas e sociais (não tem conteúdo
essencial nem camadas envolventes)
- pressupõe a existência de recursos e opções políticas, sendo direitos sob a reserva do
possível

5. Direitos, liberdades e garantias dispersos


- Existem direitos de natureza análoga aos DLG, cumprindo o critério da
determinabilidade quanto à estrutura da norma, e da fundamentalidade quanto ao seu
conteúdo:
- Direitos na Parte I da CRP mas fora do catálogo : artigos 20º, 21º, 22º, 61º, 62º
- Direitos fora da Parte I da CRP, mas na CRP: artigos 103º/3, 124º/1, 113º/3, 239º/4,
268º, 269º/2,3, 271º, 276º/7
-Direitos na lei ordinária:
- artigos 72º e 483º do Código Civil - artigo 2º da Lei nº 15/98, de 26 de Março
- Direitos nas normas de Direito Internacional

Tal como há direitos, liberdades e garantias fora do catálogo, também há preceitos


dentro do catálogo que não são materialmente direitos, liberdades e garantias:
garantias institucionais de direitos, liberdades e garantias (pouca relevância) e
condições gerais de efetivação dos direitos fundamentais (fazem parte das camadas
envolventes do direito)

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