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cidadania e liberdade
de expressão
Maria Cristina Castilho Costa
Professora livre-docente do Departamento de Comunicações e Artes da Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo. Editora da revista Comunicação & Educação.
E-mail: criscast@usp.br
Resumo: A partir das discussões travadas Abstract: Using discussions which took
em eventos realizados no ano de 2008, place in events carried out in the year of
para rememorar os quarenta anos de pro- 2008 – to remember 40th anniversary of
mulgação do AI-5, no Brasil, e os sessenta the AI-5 enactment, in Brazil, and 60th
anos de assinatura da Declaração Universal anniversary of the Universal Declaration
dos Direitos Humanos, no mundo todo, of Human Rights – this text analyses
este texto comenta os diversos significados the several meanings of the principles
dos princípios de cidadania, liberdade e of citizenship, freedom and democracy,
democracia, com base na análise dos considering the historical conflicts and
conflitos históricos e dos anseios políticos the political aspirations of different eras.
de diferentes épocas. Da mesma forma, Likewise, it analyses the struggle for the
investiga a luta pela liberdade de expressão freedom of expression and the importance
e a importância de discuti-la na atualidade. of discussing it in current days.
Palavras-chave: Direitos Humanos, liberda- Keywords: Human Rights, freedom of ex-
de de expressão, história, comunicação. pression, History, communication.
Durante todo o ano de 2008, duas datas foram lembradas por diferentes
instituições em diversos eventos: os sessenta anos da assinatura da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, comemorada no mundo todo, e, no Brasil,
os quarenta anos do AI-5, Ato Institucional que oficializou a Ditadura Militar
no país. São duas épocas que relembram fatos diferentes, mas indiretamente
relacionados. Em 10 de dezembro de 1948, a recém-criada Comissão de Direitos
Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovava um documen-
to que seria assinado por 48 países, reiterando os ideais democráticos e as
liberdades políticas, numa rejeição explícita aos regimes políticos totalitários
de tendências nazifascistas, derrotados na Segunda Guerra Mundial. Além de
reafirmar os direitos civis de liberdade e igualdade perante a lei, o documento
defendia também a justiça social, o direito à educação, saúde e moradia, além
de exprimir os anseios pela paz e pela salvaguarda do meio ambiente. O Brasil
foi um dos signatários desse documento.
Vinte anos depois, em 13 de dezembro de 1968, na condição de Presidente Recebido: 11.02.2009
da República, o General Artur da Costa e Silva redigiu o AI-5, Ato Institucional Aprovado: 25.03.2009
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século, sempre será importante analisar o contexto histórico no qual ela deva
ser exercida, e, claro (!), por quem ou contra quem.
Outros autores vão mais longe e, ao desenvolverem seu trabalho investiga-
tivo sobre a liberdade de expressão, argumentam que, numa sociedade como a
nossa, dominada pela mercantilização da informação, é preciso pensar também
no direito à desinformação, ao silêncio e à inviolabilidade da vida privada. Essa
é a discussão que estará em pauta nas próximas celebrações.
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