Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PALMAS, TO
2017
SÁDIA DA SILVA ALMEIDA ACHCAR
PALMAS, TO
2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar a oportunidade e a vida. Agradeço a meu marido, pois sem
ele este sonho não se realizaria, foi com seu esforço, suor, amor e carinho que pude trilhar este
caminho.
ACHCAR, Sádia Da Silva Almeida. Atuação do Assistente Social no Centro de Referência a
Assistência Social (CRAS). 2017. 59 p. Monografia (Graduação em Assistência Social).
Sistema de Ensino Presencial Conectado. Universidade do Norte do Paraná. Palmas. 2017.
RESUMO
O trabalho discorre sobre o papel do Assistente Social nos Centros de Referência a Assistência
Social (CRAS). Para tal é necessário a recapitulação da trajetória histórica da profissão no
Brasil, assim como apontamentos sobre as leis que regulamentam tal profissão. Em busca da
contextualização será explanado sobre o código de ética do profissional, da estrutura e
funcionamento do CRAS, bem como os programas sociais acolhidos ali. Para finalizar analisar-
se-á a atuação direta do profissional com público dentro de cada um dos programas
apresentados ali, em destaque especial ao Programa de Atenção Integral á Família – PAIF, bem
como as dificuldades atravessadas pelo profissional e sobre a própria pesquisa.
RESUMO .......................................................................................................................................................... 4
1.INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 7
Este trabalho de conclusão de curso tem como foco analisar a prática profissional do
assistente social no CRAS – Centro de assistência social, através de ampla pesquisa
bibliográfica. Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, inicia um novo processo, que
diz respeito à realização dos direitos nela consagrados, dos quais aprovam em 1993 a Lei
orgânica de Assistência Social – LOAS, e em particular pela política nacional de Assistência
nacional – PNAS em 2004, que dispõe sobre a implementação do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS.
Para a materialização dos objetivos do SUAS, foi assim criado o centro de Referência
de Assistência Social – CRAS, local onde serão desenvolvidas as atividades denominadas de
proteção social básica e proteção especial, as quais tem como objetivo principal potencializar a
família e seus membros como um todo.
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) é organizada a partir do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), que organiza a proteção social da proteção básica e
especial. A proteção básica constitui elemento de análise deste trabalho e tem por objetivo
“prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. ” (PNAS, 2004: 31-32).
O CRAS caracteriza-se como uma unidade estatal, responsável pela efetivação da
proteção social básica, por meio de uma base territorial, compreendendo áreas de
vulnerabilidade social. Deve executar os serviços de proteção básica, bem como deve organizar
a rede sócio assistencial do território. Considerando que um dos eixos estruturantes do SUAS
é a matricialidade sócio familiar, “ O CRAS atua com famílias e indivíduos em seu contexto
comunitário, visando a orientação e o convívio sócio familiar e comunitário” (PNAS,2004).
Dentre suas atribuições, incluem-se o acesso à informação e orientação para a população de sua
área de abrangência, mapeamento e a organização da rede sócio assistencial, inserção das
famílias nos serviços de assistência social local, o encaminhamento da população local para as
demais políticas públicas e sociais (PNAS,2004).
Igualmente como o desempenho do trabalho social profissional no exercício das suas
funções no CRAS, o estudo busca identificar os desafios e avanços encontrados pelos
assistentes sociais na implementação da política de assistência social no CRAS, além disso,
buscou-se conhecer o serviço ao usuário, observar conflitos éticos presentes no desempenho do
profissional e verificar instrumentos teórico-metodológicos e técnico-operativa presentes na
intervenção assistentes sociais.
Com a consolidação das PNAS em 2004 e da execução de seu início em 2005, a ser
realizada em várias cidades do país a implantação de unidades que buscam disseminar as metas
da SUAS, sendo um deles o CRAS.
Os Centros de Referência de Assistência Social são unidades descentralizadas da
política de assistência pública estadual, responsáveis pela organização e oferta de proteção
social básica do Sistema Único de Assistência Social nas áreas de vulnerabilidade e serviços
municipais de risco social. O CRAS é uma instituição que funciona como a porta de entrada
para o Sistema Único de Assistência Social, a qual serve de referência para as famílias na sua
área de atuação local, sendo assim o estudo da atuação do assistente social nesta instituição se
torna de extrema importância, pois permite o acesso a um grande número de famílias a rede de
proteção social de assistência social. (Orientações técnicas do CRAS, 2009)
O CRAS, através da sua prestação de serviços deve promover e potencializar mudanças
significativas para a população, atuando juntamente ao sujeito buscando proporcionar
condições efetivas de mudanças de modo a torna-lo dono de sua própria vida. (BRAGA, 2011,
p.148)
A Política Nacional de Assistência Social (2004) prevê a organização do Sistema Único
de Assistência Social, como uma política de proteção social, que juntamente com outras
políticas sociais visa assegurar os direitos e condições de vida dignas para a população.
A proteção social é destinada a prevenir e reduzir os impactos das mudanças naturais e
sociais do ciclo de vida. É dividido em duas modalidades: a proteção social básica e a proteção
social especial. De acordo com as Orientações Técnicas do CRAS (2009), o objetivo do Centro
é prevenir ocorrências de situações de vulnerabilidade e riscos sociais nos seus territórios de
atuação, através da aquisição de desenvolvimento e potenciais, fortalecendo os laços familiares
e comunitários, e expandir o acesso a cidadania e direitos.
Além disso, a função principal do CRAS é ofertar o Programa de Atenção Integral –
PAIF, que é o principal serviço de proteção básica, para qual todos os outros serviços desse
nível devem ser articulados, porque confere a primazia da ação do governo no sentido de
garantir o direito à convivência familiar e assegura a matricialidade sócio familiar no
atendimento sócio assistencial, um dos eixos estruturais do SUAS. O PAIF é um programa
muito importante, pois é a base para vários outros programas que visam garantir os direitos da
população e prosseguir as suas atividades através de uma melhoria na vida familiar.
O CRAS é uma unidade pública responsável pela oferta do PAIF e, portanto, deve ter
espaços que permitem o desenvolvimento de ações fornecidos por esses processos, para tanto
sua localização deve ser onde o maior número de famílias em situação de vulnerabilidade social.
Também deve ser um lugar de fácil acesso para a população e promover a contribuição para o
deslocamento da equipe quando necessário.
[...] O imóvel do CRAS, seja alugado, cedido ou público, deve assegurar a
acessibilidade para pessoas com deficiência e idosas. Constitui fator relevante para a
escolha do imóvel a possibilidade de adaptação de forma a garantir o acesso a todos os
seus usuários. [...] (Orientações Técnicas do CRAS, 2009)
O trabalho social profissional realiza um trabalho essencialmente social e educativo e
está qualificado para trabalhar em várias áreas relacionadas com a condução de políticas
públicas e privadas, tais como, planejamento, organização, execução, avaliação, gestão,
pesquisa e aconselhamento. Os objetivos do trabalho do assistente social e do CRAS em si é
responder ás exigências dos utilizadores de serviço, garantindo o acesso a direitos garantidos
na constituição federal de 188 e legislação complementar. Para isso o assistente social utiliza
vários instrumentos, tais como, entrevistas, analises sociais, relatório, pesquisas de recursos,
encaminhamentos, visitas domiciliares, dinâmicas de grupo, pareceres sociais, contatos
instrucionais, entre outros.
O Assistente Social é peça fundamental e de extrema importância para o CRAS. As
características de um assistente social profissional são a natureza humanística, portanto,
compreendida com valores que dignifica e respeitam as pessoas e suas diferenças e
potencialidades, sem discriminação de qualquer espécie sendo constituído projeto como ético
político e profissional, referendado em seu código de ética profissional, compromisso com a
liberdade, justiça e democracia. Para isso o assistente social deve desenvolver-se com uma
postura crítica, capacidade profissional-reflexiva para compreender as questões e as pessoas
que trabalham com exigência da capacidade de se comunicar e de expressão oral e escrita,
articulação política para levar a cabo as referências técnicas e operacionais, a sensibilidade de
lidar com as pessoas, conhecimento teórico, capacidade de mobilização e organização. Um dos
trabalhos desenvolvidos pela assistente social no CRAS é a “busca ativa CRAS no território”.
A vigilância ativa refere-se a busca internacional, realizado pela equipe de referência do
CRAS, as ocorrências que influencia o modo de vida da população de determinado território.
Tem o objetivo de identificar a vulnerabilidade e risco social, o aumento do conhecimento e
compreensão da realidade social, para além dos estudos e estatísticas. Contribui para o
conhecimento da dinâmica das pessoas comuns (a realidade das famílias, suas culturas e
valores, o estabelecimento de relações do território fora dele); apoio se sente e os laços sociais.
É através da busca ativa esse opera em situação de vulnerabilidade, risco e identificação de
potencial social. Com base nas informações disponíveis em famílias jovens e o não
comprimento de condicionalidades do programa bolsa família (e outras fontes). É uma
importante fonte de notificação de vulnerabilidade e risco social, bem como o potencial
identificado no território, vamos funcional priorização preventiva e de acesso dos mais
vulneráveis à ação dos serviços sociais. Portanto, essencial para o desenvolvimento do elemento
PAIF.
Realizar diagnóstico de gerenciar indicadores limites atuais e, portanto, muito menos
conhecer as características técnicas e especificidades dos territórios, maiores são as chances
para eles para obter uma realidade viva da dinâmica da fotografia local. Assim, a busca ativa
complementa gestão territorial, contribui para o planejamento local e ação preventiva de
proteção básica, fornecendo a equipe do CRAS conhecimento adequado do território.
A busca ativa também identifica os potenciais e culturais, concurso sociais, políticos e
econômicos, o fornecimento do setor de serviços da população e acesso a esse serviço, as redes
informáticas apoio as famílias e as necessidades de articulação da rede de assistência social para
eficácia da proteção social. Contribui para definição de projetos coletivos a serem priorizados
incentivados, além de identificar incentivar o potencial social existente, estimulando a
participação cidadã das famílias atendidas pelo programa PAIF.
Para tomar medidas preventivas é necessário ter informações, conhecer o território as
famílias que ali vivem. A identificação compreensão das situações de vulnerabilidade e risco
social deve ser usada como uma fonte para o planejamento municipal, a definição de serviço de
assistência social a ser oferecido em cada território e CRAS ação preventiva.
Os assistentes sociais que trabalham no CRAS com vários desafios para serem
superados, como a falta de recursos materiais e humanos, o trabalho em equipe que
desconstruído pela saída de alguns membros, o clientelismo, a falta de autonomia, más
condições de trabalho, a fim de, mesmo com os percalços esses profissionais possam realizar
seu trabalho de forma ética, visando os interesses dos usuários. Para tal o profissional deve
buscar métodos legislação são de recursos para o benefício da sua prática profissional e dos
usuários.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA POLÍTICA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL;
No Brasil, a assistência social esteve historicamente vinculada à filantropia, à caridade
e à ajuda, sendo diretamente relacionada com a solidariedade da igreja e de grupos com
motivações religiosas. Por décadas os beneficiados dessa política social eram vistos como
auxiliados, como patrocinados e não como cidadãos que possuíam o direito a utilizar os serviços
e as ações oferecidas pelas entidades assistenciais. Apenas ao fim da década de 1980 e início
da década de 1990 é que se estabelecem os marcos regulatórios e legais, que trazem
extraordinárias inovações para constituir a assistência social como política pública de direito.
De forma geral o primeiro marco legal foi a promulgação da Constituição Federal
Brasileira em 1988 e nela a inclusão da assistência social, juntamente com as políticas de saúde
e previdência social, no tripé da seguridade social, que a transforma em direito do cidadão e
dever do Estado, voltada a quem necessitar, independente de contribuição, tornando-se de
responsabilidade pública obrigatória (BRASIL, 1988). Ou seja, a Carta Constitucional
concretiza o trânsito da assistência social para o campo dos direitos sociais a partir da
universalização do seu acesso e da responsabilização do Estado pela organização e execução
de uma política social na área com descentralização político-administrativa.
O segundo marco regulatório trata da sanção, em 1993, da Lei Orgânica de Assistência
Social (LOAS), que regulamenta os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988 e trata
da política de assistência social. A partir desse conjunto normativo, segundo Couto (2006), a
assistência social é garantida como direito e definida como um tipo particular de política social,
caracterizada por ser “genérica” na atenção específica dos usuários, “particularista” por ser
voltada ao atendimento das necessidades sociais, “desmercadorizável” e “universalizante” por
reforçar, com a inclusão de segmentos antes excluídos das políticas, o conteúdo de diversas
políticas setoriais. Também traz o caráter “genérico da prestação de serviços e identifica que o
atendimento deve ser voltado para as necessidades sociais básicas”, trazendo para a política as
demandas da população que permaneciam invisíveis anteriormente (COUTO; SILVA, 2009).
Um terceiro momento importante para a política de assistência social brasileira inicia
com a realização da IV Conferência Nacional de Assistência Social, em 2003, que debateu a
construção de um novo modelo de política social para a área, ao propor a estruturação dos
serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais a partir do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS).
2.1. ANTES E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Durante a era Vargas o Brasil conheceu a força do governo federal no cenário político.
O período passou a ser embasado no estado de compromisso. A ação pública no campo social
aumentou, visto a criação pelo governo do ministério do trabalho, indústria e comércio, e a
consolidação das leis do trabalho – CLT. Nesta época também houve o surgimento dos
institutos de aposentadoria e pensões, peça do sistema de previdência social com sua base no
modelo da lógica do seguro. A nova legislação alcança o trabalhado no lado do mercado formal,
porém o trabalhador no mercado informal e os pobres da sociedade, naquele momento histórico,
não era alcançados (MDS 2010).
Em julho de mil novecentos e trinta e oito, em pleno Estado Novo, é criado o Conselho
Nacional do Serviço Social – CNSS, no Ministério da Educação Saúde, formado por pessoas
ligadas à filantropia. Desta forma o estado voltou seus olhares, aos poucos mais, para os
excluídos do sistema da Previdência Social, direcionando assim o amparo aqueles que não
conseguiu garantir sua própria sobrevivência. Foi então nessa época que o governo criou a
Legião Brasileira de Assistência – LBA e o Conselho Nacional do Serviço Social o CNSS
(MDS 2010).
O CNSS é formado por pessoas indicadas pela presidente Vargas e possuía o papel de
avaliar os pedidos de auxílio e enviá-los aos ministérios da saúde e educação. Porém o valor do
repasse financeiro era decidido pelo governo federal, sem qualquer controle social ou análise
local. Quanto a LBA, esta surgiu primeiramente com o intuito de atender famílias dos pracinhas
brasileiros, enviados para a guerra, mas em um dado momento passou a atender também os
mais empobrecidos. Foi assim que passou a ser considerada a primeira instituição de
Assistência com abrangência nacional, onde passou a reproduzir, em esfera pública, o modelo
assistencialista que já se conhecia e acontecia no campo não governamental, reforçando os laços
de dependência dos mais vulneráveis. A primeira dama da época Darcy Vargas adotou esta
instituição que passou a ser comandada pelas esposas dos presidentes da república. Teve ao
início ao chamado primeiro-damismo junto a assistência social (MDS 2010).
A profissão surge no Brasil entre os anos 1930 e 1945 motivada pelas demandas do setor
da saúde. Pode-se dizer que as escolas que surgiram por influência europeia tiveram ampla
relação coma saúde desde seu início, e neste mesmo contexto a formação profissional do
assistente social se pautou. (NETTO, 2010).
Em 1936 é criada, por um grupo de senhoras ligadas à ação católica brasileira paulista,
a escola de serviço social em São Paulo, que veem na sua criação, a possibilidade de qualificar
o trabalho social e sobretudo de desenvolver a ação social junto ao meio operário. (MDS 2010).
Com o passar do tempo o país começou a experimentar uma cisão no poder devido ao
aumento de custo de vida, que geraram conflitos de interesse entre os setores agrícolas e
econômicos que apoiavam o governo o poder de Getúlio Vargas. Desta forma o poder do
presidente começou a enfraquecer e o país pedia ao governo mais descentralização do poder no
Brasil. Foi então que surgia uma nova constituição em 1946. A carta magna desencadeia um
processo de democratização, onde o poder na esfera federal era então descentralizado e
autonomia dos governos estaduais e municipais era garantida. Os governantes então passavam
a se preocupar em falar a língua do povo. (MDS 2010).
No campo social, porém pouca coisa mudou a LBA difundir-se pelo país com a criação
de comissões municipais estimulando o voluntariado feminino. Foram estimuladas as criações
de instituições assistenciais públicas e privadas, porém isso gerou ações fraturadas, pontuais e
confusas. Durante este período, o CNSS passa a assumir papel de certificar as entidades
filantrópicas, regulamentado desta forma a filantropia e transferindo a responsabilidade através
da transferência de fundos para estas instituições privadas certificadas com o intuito de atender
a população menos favorecida da forma que a instituição filantrópica coubesse ser melhor,
conforme sua necessidade, e nada pautado na necessidade de direito. (MDS 2010).
Em 46 a grade curricular das escolas foi reformulada tendo o intuito de estabelecer uma
metodologia de ensino no Serviço Social. Neste mesmo ano foi criada a ABESS – Associação
Brasileira de Escolas de Serviço Social, objetivando unificar essa metodologia de ensino. No
ano seguinte a ABAS – Associação Brasileira de Assistentes sociais estabelece o primeiro
código de Ética do Profissional de Assistência Social Brasileiro. (IAMAMOTO E
CARVALHO, 2009)
Apenas 11 anos depois, em 27 de agosto de 1957 a profissão de Assistente Social foi
regulamentada no Brasil através da sanção da lei n° 3.252.
O golpe de 1964 marcou os brasileiros com o autoritarismo e a retirada de direitos.
Durante a ditadura os poderes legislativos e judiciários foram praticamente anulados e no
cenário de repressão não houve inovações significativas no padrão de assistencialismo. Houve
a burocratização do Serviço social, onde haveriam diversas regras, normas e critérios de
atendimento à população excluída. Nesse período, porém foi ampliada previdência social e foi
criado o funrura que ampliou o atendimento da assistência os trabalhadores do campo.
A LBA foi transformado em fundação pública vinculada ao ministério do trabalho e
previdência social, outras instituições públicas foram criadas a fim de prestar assistência a
população, segmentando as atuações de cada uma destas instituições de acordo com a faixa
etária ou por necessidade dos atendidos, exemplos da Fundação Nacional de Bem Estar do
Menor (FUNABEN), a Central de Medicamentos (CEME) e o Banco Nacional de Habitação
(BNH), dentro deste contexto é criado o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) (MDS
2010) (MDS 2010).
Em paralelo ao que ocorria durante os anos de os anos 1960 e 1970 ocorrem os
movimentos para a renovação na profissão recém-criada. Um movimento renovador do Serviço
Social que surge na América Latina, como manifestação de descontentamento com o
denominado “Serviço Social tradicional”. Este movimento foi denominado Movimento de
Reconceituação do Serviço Social sendo um marco histórico no processo de redefinição da
atuação e da forma de pensar da profissão. Por sua vez este possui profundas relações com a
realidade sócio-política dos países da América Latina e foi embasado na insatisfação de longo
período dos profissionais de assistência social devido a suas limitações teórico-instrumentais e
também político-ideológicas e constitui-se uma perspectiva de mudança na esfera social
(NETTO, 2010).
Em 1965 observou-se que com o desenvolvimento da sociedade e a nova dinâmica que
o acompanha, se torna necessárias alterações no Código de Ética do Assistente Social, que
buscavam adequar às dimensões políticas do momento, em meio às mudanças ocorridas – “as
mudanças análogas e, às vezes, concomitantes à América Latina agravada pelo regime ditatorial
e militar, implantado em abril de 1964” (SILVA, 2008), pautaram-se na defesa da família,
mantendo porém o moralismo e o conservadorismo do código anterior apenas alterando sua
base para as bases neotomistas. Esta crise estrutural teve o rebatimento da categoria, onde parte
dos profissionais buscaram maneiras adequar de sua prática às reais exigências sociais dos
países em desenvolvimento, chegando a esfera continental. O Movimento de reconceituação,
que visava superar marcos conservadores foi desencadeado pelas fortes reações e manifestações
no Serviço Social brasileiro a crise instalada (SILVA, 2008).
O Código de Ética do profissional do Serviço Social foi então reformulado uma terceira
vez no ano de 1957 buscando acrescentar atributos ao profissional que atendam suas
necessidades quanto a nova perspectiva, buscando nortear pela moral acrítica, a neutralidade,
tendo como base o processo de transição do projeto ético político. O código de 1975
aparentemente apenas seria a continuidade os seus dois códigos anteriores, porém, uma análise
mais atenta assinala para uma alteração significativa, [...] o Código de 1975 reproduz os
mesmos postulados tradicionais abstratos: o bem comum, a autodeterminação, subsidiariedade
e participação da pessoa humana, a justiça social [...] (BARROCO, 2010).
Com o Movimento de Reconceituação do Serviço Social houve uma ruptura com o
tradicionalismo onde a realidade controladora da profissão fica explicitada através de elementos
manifestos da prática (SILVA e SILVA, 2009).
No ano de 1986 o Código de Ética Profissional foi reestruturado pela quarta vez, mas se
tornou um grande avanço em relação aos anteriores, se tornando independente da Igreja e do
Estado, trazendo a categoria sua emancipação e levando ao desenvolvimento do novo projeto
ético-político do serviço social brasileiro baseado nossos interesses da classe trabalhadora que
é a massa da população. Segundo Barroco (2010) “[...] a elaboração do Código de Ética de
1986, expressão formal da ruptura ética com o tradicionalismo do Serviço Social. O Código e
a reformulação curricular de 1982 são marcos de um mesmo projeto que pressupõe o
compromisso ético-político com as classes subalternas [...]”.
2.1.2. APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988
Entre os anos de 1984 e 1988 o Brasil vive um momento de intensa movimentação
popular. A primeira constituição republicana brasileira foi promulgada em mil oitocentos e
noventa e um, onde se estabeleceu como forma de governo a república federativa
presidencialista, com os princípios básicos do federalismo, o presidencialismo e o regime de
representatividade. Esta constitui são apresenta sentido meramente administrativo pois nele a
proteção social fica restrita somente a funcionários públicos e em caso de invalidez ou quando
solicitado pelos estados em caso de calamidade pública para apreciação dos chamados socorros
públicos (BRASIL, 1981)
Partir da década de 80 o Brasil passa a viver uma abertura política após vinte anos de
ditadura militar. Nesse momento iniciou-se o debate na assembleia nacional constituinte para
criação de uma nova construção do país. Apesar de uma forte presença dos setores
conservadores, então congressistas, a estrutura da assembleia constituinte assegurou a ampla
participação do povo na elaboração da carta magna. Os brasileiros participaram dos debates e
apresentações de emendas populares à constituição, isto levou a uma ampliação de direitos
sociais. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um fruto de emenda da constituição e ao
ser regulamentado representou uma conquista para as pessoas idosas e com deficiência que
passaram a ter direito a renda. Após um ano e meio de trabalho a nova Constituição foi
promulgada em outubro de 1988. Essa nova constituição assegura uma série de conquistas e
avanços democráticos, estabelecendo estado de direito encerrando os tempos de ditadura, onde,
neste momento, a proteção social foi reconhecida pelo direito do cidadão e dever do estado
(MDS 2010).
Com a constituição de 1988 a assistência social passou a ser reconhecida como política
pública, integrante da seguridade social, ao lado das políticas de saúde e da previdência social.
Após a constituição de mil oitocentos e noventa e um dos direitos sociais dos trabalhadores
passam a ser legitimadas quanto direitos reclamados, apesar de terem sido editados
anteriormente a constituição federal.
A primeira vez na história brasileira estado determina que, aqueles que não contribuem
para a previdência sociais, também têm direito à proteção social à saúde passou a ser universal
e gratuita. Os artigos 203 e 204 da CF 88 definiram de vez o direito à assistência social na vida
dos brasileiros. Para alguns especialistas o momento marcou o fim do deserto e o início de um
processo de mudança do seu estado legal e político. Estes avanços que foram agregados pela
constituição de oitenta e oito acrescentaram, na área da assistência social, pode ser visto como
uma quebra na trajetória do período anterior, mas o novo projeto não era autoaplicável.
A criação da Constituição Federal de 1988 inovou em alguns aspectos, principalmente
a descentralização político-administrativa, distribuindo competências da gestão as instâncias
municipais, estaduais e federais, aumentando assim, o estímulo da participação da social civil
organizada. Até a década de oitenta o Brasil vivia o modelo administrativo centralizador, onde
todas as políticas de saneamento, saúde, educação e habitação são formuladas, financiadas e até
aliada apenas pela federação, da mesma forma, os programas de assistência social eram
formados, financiados, implementados pelo governo federal o que impedia a atuação real do
serviço assistencialista uma vez que a realidade local não era observada. (ZANIRATO, 2000)
A constituição mudou a situação de descentralizada do poder isso possibilitou que o
governo federal estados e municípios contam com fontes autônomas e independentes criando
dessa forma a metodologia de articulação democrática participativa, onde o estado e
responsável socialmente para a formulação, execução e controle das políticas sociais
comunitários. (BRANCHER, 1993)
A Constituição homologada em 1988 reconhece legalmente a assistência social
configurada como direito social e dever político, esta assegurou inúmeros direitos sociais, a
saúde como direito universal, e a Assistência Social como política pública não contributiva,
direitos do cidadão e dever do Estado (BRASIL, 2008).
Muito se fala sobre a busca da emancipação dos usuários, porém existe uma dualidade
quando se fala nesse processo de emancipação, pois ao mesmo tempo que se prega esse discurso
não é interessante para o governo e para a ordem vigente a emancipação dos mesmos. Na
verdade, a emancipação desses usuários é praticamente impossível de acontecer, pois para que
isso ocorra é necessário chegar à raiz do problema: a contradição entre as classes. O tempo todo
se busca esconder esse problema, ocorrendo um deslocamento dos conflitos causados pelas
contradições das classes sociais transferindo-os para o indivíduo.
Durante o Governo do Luiz Inácio Lula da Silva o investimento na área social aumentou,
sem, contudo, que tenha sido feita nenhuma reforma significante. O número de pessoas
beneficiadas pelos programas só fez crescer, o que pode ser considerado um sinal de alerta, pois
a função do assistencialismo é ser provisório e o aumento crescente, sem que com o tempo
houvesse uma estagnação ou redução indica a dependência dessas pessoas dos programas, não
de forma temporária e sim praticamente permanente, Vale lembrar que qualquer política seja
ela econômica ou social se baseia previamente no governo anterior e leva-se tempo para colher
frutos.
A intersetorialidade foi um dos pontos importantes trazidos com a PNAS, pois através
da sua articulação com as demais políticas públicas visa-se o desenvolvimento de ações
conjuntas destinadas ao enfrentamento das desigualdades sociais existentes e identificadas em
determinadas áreas, além de realizar a proteção social básica e especial dos usuários. Com a
junção entre as políticas públicas em torno de objetivos comuns passasse a orientar a construção
das redes municipais. (COUTO, YASBEK e RAICHELIS, 2010).
Os usuários da política de assistência social passam a ser todos os cidadãos ou grupos
que se encontram em alguma situação de vulnerabilidade e risco social, ou seja:
2.2.1.1. CRAS
O inciso I, do Art. 7º da NOB SUAS 2012 afirma que “a garantia de proteção
socioassistencial compreende: I - precedência da proteção social básica, com o objetivo de
prevenir situações de risco social e pessoal”. Publicação do MDS (2012) afirma que a proteção
básica “possui uma dimensão inovadora, pois supera a histórica atenção voltada a situações
críticas, que exigiam ações indenizatórias de perdas já instaladas, mais do que asseguradoras
de patamares de dignidade e de desenvolvimento integral” (MDS, 2012, p. 12). A primazia
atribuída à proteção básica e seu ineditismo decorrem da sua função preventiva à ocorrência de
situações de risco, com foco no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
Neste sentido, ressalta-se a necessidade de os profissionais desenvolverem uma visão
estratégica que possibilite identificar e tornar visíveis “os invisíveis”, bem como de prever
situações de vulnerabilidade e/ ou risco e antecipar sua ação no território. As condições para
que as equipes atuem de forma estratégica são dadas pela territorialização do CRAS, pela
responsabilidade de proteção socioassistencial das famílias que vivem nesse território -
atribuída à equipe do PAIF – e pela instituição de um setor de Vigilância Socioassistencial (que
deve alimentar o CRAS de informações estratégicas).
Em 2004, pela primeira vez, uma PNAS faz referência a uma unidade pública de
assistência social, que deverá ser implantada em todas as áreas de vulnerabilidade social, em
decorrência de uma responsabilidade estatal para com as famílias que vivem no seu território
de abrangência. Com a finalidade de estruturar um sistema de cunho universal, aos municípios
e DF coube delimitar áreas de abrangência da Proteção Básica no seu território (municipal ou
do DF), de forma a alcançar a população mais vulnerável. Aos municípios, Distrito Federal e
estados coube definir áreas de abrangência da proteção especial, para enfrentamento dos casos
de violação de direitos, de violências e/ou de rompimento de vínculos familiares. Nesta direção,
em cada território de proteção básica, deve haver um CRAS. Uma vez implantado, o CRAS
deve irradiar sua ação para a área de moradia das famílias (atendimento direto das famílias),
contribuir para viabilizar o acesso dos usuários aos serviços na sua área de abrangência e ofertar
o principal serviço da proteção básica (o PAIF).
No entanto, essa unidade pública e o principal serviço nela ofertado são resultado de um
processo de amadurecimento da política nacional e da avaliação da experiência de implantação
de serviços pelos municípios e pelo DF, nos anos que antecederam a elaboração da
PNAS/200412
2.2.2.1. CREAS
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, os serviços de Proteção Social
Especial de Média Complexidade devem oferecer atendimento e acompanhamento a famílias e
indivíduos com direitos violados, cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos.
No seu âmbito é prevista uma unidade de referência pública e estatal para a oferta de serviços
especializados e continuados: o Centro de Referência Especializado de Assistência Social -
CREAS.
É uma unidade pública que oferta serviço especializado e continuado a famílias e
indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, mulheres), em situação de ameaça
ou violação de direitos, tais como: violência física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas,
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, situação de risco pessoal e social
associados ao uso de drogas, etc.
O CREAS busca construir um espaço para acolhimento dessas pessoas, fortalecendo
vínculos familiares e comunitários, priorizando a reconstrução de suas relações familiares.
Dentro de seu contexto social, deve permitir a superação da situação apresentada.
Os serviços ofertados nos CREAS são desenvolvidos de modo articulado com a rede de
serviços da assistência social, órgãos de defesa de direitos e das demais políticas públicas.
Realiza ações conjuntas no território para fortalecer as possibilidades de inclusão da família em
uma organização de proteção que possa contribuir para a reconstrução da situação vivida.
Os CREAS podem ter abrangência tanto local (municipal ou do Distrito Federal) quanto
regional, abrangendo, neste caso, um conjunto de municípios, de modo a assegurar maior
cobertura e eficiência na oferta do atendimento.
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) tem papel estratégico por ser a porta
de entrada do sistema, essa situação deve desencadear mudanças fundamentais e contribuir de forma
efetiva na coordenação e articulação das políticas sociais no âmbito do território de sua abrangência,
na inserção dos usuários dos serviços da Assistência Social e demais políticas, e ainda na proposição
de novos serviços e programas. (GOMES,2007)
A Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais, aprovada pela Resolução 109
de 11 de novembro 2009, passa a estruturar a operacionalização da política de assistência social
no território brasileiro e a orientar em termos de diretrizes gerais os serviços dessa política que
deverão sem implantados nos municípios do país.
De acordo com a tipificação, os serviços de Proteção Social Básica são os seguintes: 1) Serviço
de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); 2) Serviço de Proteção Social Básica no
Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas; e 3) Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos.
O Serviço Social no CRAS, tem por finalidade acompanhar as famílias referenciadas a
ele, realizar as articulações com a rede soco assistencial presente no seu território de
abrangência, bem como realizar os encaminhamentos necessários a esta rede. O Serviço Social
deve atuar juntamente a outros profissionais, compondo uma equipe multiprofissional e
interdisciplinar.
Segundo a ABEPS (1996) (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço
sócia) “compete ao Assistente Social da política de Assistência Social, identificar, analisar e
compreender as demandas presentes na sociedade e seus significados, e formular respostas às
mesmas, para enfrentar as diversas expressões da questão social”.
[...]o perfil do/a assistente social para atuar na política de Assistência Social deve afastar-
se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas, que reforçam as práticas
conservadoras que tratam as situações sociais como problemas pessoais que devem ser
resolvidos individualmente. ” [...] (BRASÍLIA, 2011, p. 18)
De acordo com a NOB-RH/SUAS (2006), são princípios que orientam a atuação dos
profissionais da área de assistência social:
a) Defesa intransigente dos direitos soco assistenciais;
b) Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de qualidade que
garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiares e sociais;
c) Promoção aos usuários do acesso a informação, garantindo conhecer o nome e a credencial
de quem os atende;
d) Proteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo profissional, preservando sua
privacidade e opção e resgatando sua história de vida;
e) Compromisso em garantir atenção profissional direcionada para construção de projetos
pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade;
f) Reconhecimento do direito dos usuários a ter acesso a benefícios e renda e a programas de
oportunidades para inserção profissional e social;
g) Incentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar de fóruns, conselhos,
movimentos sociais e cooperativas populares de produção;
h) Garantia do acesso da população a política de assistência social sem discriminação de
qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação sexual, classe social, ou outras),
resguardados os critérios de elegibilidade dos diferentes programas, projetos, serviços e
benefícios;
i) Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de que
estes possam usá-las para o fortalecimento de seus interesses;
j) Contribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com os
usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados. (2006, p.13)
Com base no documento, observamos que os princípios são fundamentais para uma
atuação de qualidade e efetiva dos profissionais, porém, devido as condições existentes de
trabalho, nem sempre se consegue coloca-los em prática. Conforme Monteiro (2011), em
pesquisa realizada, identifica que essas condições impactam de forma significativa na atuação
do profissional de Serviço Social e demais integrantes da equipe, destacando que “as condições
e meios de trabalho, caracterizadas pela inadequação na estrutura física, recursos materiais
insuficientes, ausência de transporte que viabilize aproximação maior com as famílias, [...]
quanto articulação com a rede” (2011, p.4), limita o exercício profissional, contribuindo para
ações pontuais.
Diante disto, a importância de o profissional ter clareza sobre seu objeto de intervenção,
tendo como posse de atuação o projeto ético-político profissional1, para que não se atenha a
problematizar apenas as condições de trabalho, e sim sua prática profissional. Além de
educação e capacitação permanente para os profissionais, para que se supere as práticas
assistencialistas, paternalistas e preconceituosas, conforme Monteiro (2011, p.8) “neste sentido
é mister resgatar o caráter teleológico do trabalho, bem como o compromisso assumido pela
categoria profissional pela luta intransigente dos direitos da classe trabalhadora”.
De acordo com Iamamoto (2009, p.17) “exige um profissional culturalmente versado e
politicamente atento ao tempo histórico; atento para decifrar o não dito, os dilemas implícitos
no ordenamento epidérmico do discurso autorizado pelo poder; ”. As ações são constituídas a
partir do esclarecimento das tendências do movimento da realidade, decodificando suas
manifestações sobre o qual incide a ação profissional. (IAMAMOTO, 2009).
Diante disto, entendemos que exige um profissional, conforme Iamamoto (2009, p.25) “que
tenha competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o
seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais”. Portanto, apesar de
obstáculos presentes no campo de atuação, é importante superá-los para que se realiza as ações
profissionais, e buscar as condições adequadas e necessárias para o exercício profissional.
3.1. PROGRAMAS
Em relação à proteção social de assistência social, esta abrange dois níveis: 1) a Proteção
Social Básica e 2) a Proteção Social Especial – dividida em Proteção Social de Média
Complexidade e Proteção Social de Alta Complexidade. Seus serviços devem ser
prestados preferencialmente em unidades próprias do município, através dos Centros de
Referência de Assistência Social (CRAS) e dos Centros de Referência Especializados
de Assistência Social (CREAS), podendo ser executados em parceria com entidades
não governamentais de assistência social, integrando a rede socioassistencial (PNAS,
2004).
Para melhor compreensão dessa política faz-se necessária uma breve análise sobre os
elementos essenciais acima mencionados: matricialidade sócio familiar são reconhecidas as
fortes pressões que os processos de exclusão sociocultural geram sobre as famílias brasileiras,
acentuando suas fragilidades e contradições. Assim é primordial a centralidade no âmbito das
ações da política de assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e
socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisam também
ser cuidados e protegido. Reconhece também a importância da família no contexto da vida
social, como explícito no Art. 226 da CF/88, quando declara que a “família, base da sociedade,
tem especial proteção do Estado”. Embora haja o reconhecimento explícito sobre a importância
da família na vida social e, portanto, merecedora da proteção do Estado, tal proteção tem sido
cada vez mais discutida, na medida em que a realidade tem dado sinais cada vez mais evidentes
de processos de penalização e desproteção das famílias brasileiras (PNAS, 2004).
Ainda segundo a PNAS os serviços de proteção social, básica e especial, voltados para
a atenção às famílias deverão ser prestados, preferencialmente, em unidades próprias dos
municípios, através dos Centros de Referência da Assistência Social básico e especializado. Os
serviços, programas, projetos de atenção às famílias e indivíduos poderão ser executados em
parceria com as entidades não governamentais de assistência social, integrando a rede
socioassistencial.
Quanto à descentralização político-administrativa e territorialização é essencial que
caiba a cada esfera de governo, em seu âmbito de atuação, respeitando os princípios e diretrizes
estabelecidas na Política Nacional de Assistência Social, coordenar, formular e co-financiar
além de monitorar, avaliar, capacitar e sistematizar as informações. Considerando o fato que
muitos dos resultados das ações da política de assistência social impactam em outras políticas
sociais e vice-versa, é imperioso construir ações territorialmente definidas, juntamente com
essas políticas.
ABREU, Marina Maciel. Serviço Social e a organização da cultura: perfis pedagógicos da prática profissional.
3. ed. São Paulo, Cortez, 2010. 240p.
ALMEIDA, Ney Teixeira de. Considerações para o exame do trabalho do serviço social. Serviço Social &
Sociedade, São Paulo, n. 52, p. 34-47, dez./ 1996.
ARAÚJO, Nailsa Maria Souza. O Serviço Social como trabalho: alguns apontamentos sobre o debate. Serviço
Social & Sociedade, ano 29, n. 93, São Paulo: Cortez, p. 5-28, mar 2008.
Assistência Social. Brasília, DF, 2004.
BARROCO, Maria Lucia Silva. Ética e Serviço Social – Fundamentos Ontológicos. 8.ed. São Paulo, Cortez,
2010. 222p.
BRANCHER, Leoberto Narciso. Cidadania E Transformação Social. Assistência Social e Cidadania - MBES,
CNAS, LBA, PNUD, AJURIS, FAMURS – 1993
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 41. ed. São Paulo: Saraiva,
2008.
BRASIL. Lei Nº. 8.742, de 7 de dez. de 1993. Lei Orgânica de Assistência Social: LOAS. Brasília, 08 de dez.
1993.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Guia de orientação técnica: SUAS n. 1:
proteção social básica de assistência social. Brasília, DF, 2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Norma Operacional Básica: NOB/SUAS.
Jul. 2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Política Nacional de Combate a Fome.
Norma Operacional Básica: NOB/RH/ SUAS. Dez. 2006.
BRASIL. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social –
NOBRH/SUAS. Resolução CNAS n. º 269, Brasília, 2006.
BRASIL. Lei Nº 12.435, de 06 de julho de 2011. Lei Orgânica de Assistência Social: LOAS.
BRASIL. Orientações técnicas: Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Brasília: Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.
BRASIL. Política Nacional de Assistência Social – PNAS. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome, 2004.
BRASIL. Lei Nº. 3.552, de 27 de agos. de 1957.Código de Ética do/a Assistente Social. Brasília, 27 de agos.
1957.
BUENO, Mônica Granja Clementino; SILVA, Cristiani Aparecida Brito da. A atuação do assistente social no
âmbito do CRAS.
COUTO, Berenice Rojas; YASBEK, Maria Carmelita; SILVA e SILVA, Maria Ozanira da; RAICHELIS, Raquel,
(Orgs.). O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo, Cortez,
2010. 301p.
GUERRA, Yolanda. A Instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo, Cortez, 2010. 215p.
IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. Esboço de
uma interpretação histórico‐metodológica. São Paulo: Cortez, 2009. 380p.
MENICUCCI, T. M. G. Intersetorialidade, o desafio atual para as políticas sociais. Revista Pensar BH – Política
Social, Belo Horizonte, Maio-Julho/2002.
MIGUEL, Walderez Loureiro. O Serviço Social e a Promoção do Homem: um estudo de ideologia. Goiânia:
EdUCG, 2005. 149p
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social – uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo:
Cortez, 2010. 334p.
ORTIZ, R. A procura de uma sociologia da prática. In: ORTIZ, Re. (Org.). Pierre Bourdieu, São Paulo: Editora
Ática, 1983, p.17-37.
SARTI, C. A. Famílias enredadas. In: ACOSTA, A. R.; VITALE, M. A. F. Família: Redes, Laços e Políticas
Públicas. São Paulo: Cortez; PUC-SP, 2008, p. 21-36.
SILVA e SILVA, Maria Ozanira, (Coord.) O Serviço Social e o Popular: resgate teórico-metodológico do projeto
profissional de ruptura. São Paulo: Cortez, 2009. 311p.
SILVA, Chris Giselle Pegas Pereira da. Trabalho do assistente social com famílias no Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (PAIF): uma questão de habitus. Londrina, 2015.
SILVA, Ivone Maria Ferreira da. Questão Social e Serviço Social no Brasil: Fundamentos Sociohistóricos. Cuiabá:
EdUFMT, 2008. 202p.
YASBEK, Maria Carmelita. AS ambiguidades da Assistencia social brasileira após dez Anos de Loas. Revista
Serviço Social e sociedade, São Paulo: Cortez, n⁰85, p.11-29, 2003
ZANIRATO, Silva Helena. A assistência social após a Constituição de 1988. A descentralização e a
universalização como princípios. Maringá, 2000.