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PARTE I
Mulher: Capitalismo
A autora na primeira parte da obra analisa a relação do sistema capitalista
com a posição social da mulher, sob uma visão classista, incluindo a
apresentação do que chama de “níveis de consciência do problema da mulher”,
retratando a visão religiosa em contraponto com o lado socioeconômico, com
citação de pensadores como Karl Marx e Engels. Ao final, Saffioti faz uma
exposição de fatos históricos que ocorreram no mundo e os movimentos
feministas que ocorreram com sua importância para o início da libertação social
da mulher, nomeado por ela como a “solução” feminista.
Capítulo 1: O Advento do capitalismo e a posição social da mulher e
Capítulo 2: Trabalho Feminino
“Se esta obra não se dirige apenas às mulheres, não assume, de outra
parte, a defesa dos elementos do sexo feminino. Não é, portanto, feminista.
Denuncia, ao contrário, as condições precárias de funcionamento da
instituição familial nas sociedades de classes em decorrência de uma
p. 14
opressão que tão-somente do ponto de vista da aparência atinge apenas a
mulher. ”
Setembro de 1969.
p. 30-31
“Sendo o trabalho o momento privilegiado da práxis por sintetizar as
relações dos homens com a natureza e dos homens entre si, constitui a via
por excelência através da qual se proceder ao desvendamento da
verdadeira posição que as categorias históricas ocupam na totalidade
dialética sociedade capitalista e das relações que elas mantêm entre si e
com o todo social no qual se inserem. Mesmo que, aparentemente,
determinado contingente populacional seja marginalizado em virtude de
sua raça ou de seu sexo, há que se buscar nas primeiras (relações de
produção) a explicação da seleção de caracteres raciais e de sexo para
operarem como marcas sociais que permitem hierarquizar, segundo uma
escala de valores, os membros de uma sociedade historicamente dada. (...)
Em suas realizações históricas o sistema capitalista tem-se revelado
bastante maleável, permitindo e mesmo estimulando mudanças
institucionais Às quais se opunham a tradição e o estilo de vida, como, por
exemplo, na família. Entretanto, a elasticidade que o sistema capitalista de
produção imprime às soluções para os problemas que gera encontra sério
limite no próprio capital. Cabe, pois, indagar se à mulher, enquanto membro
da categoria de sexo sempre dependente e submissa, o sistema em
questão chegaria a oferecer plenas possibilidades de integração social. A
determinação renovada da força de trabalho do produtor imediato como
mercadoria constitui o melhor índice de sua integração na sociedade de
classes. Eis por que será tomada aqui a atividade trabalho como fio
condutor da análise do problema da mulher tal como ele se apresenta nas
sociedades competitivas.”
p. 58 “Para a mulher, ter um emprego significa, embora isso nem sempre se eleve
a nível de consciência, muito mais do que receber um salário. Ter um
emprego significa participar da vida comum, ser capaz de construí-la, sair
da natureza para fazer a cultura, sentir-se menos insegura na vida. Uma
atividade ocupacional constitui, portanto, uma fonte de equilíbrio. Todavia,
o equilíbrio da mulher não pode ser pensado exclusivamente como o
resultado do exercício de uma atividade ocupacional. Seu papel na família
é a contrapartida necessária de suas funções profissionais, nas sociedades
capitalistas. Sua força de trabalho ora se põe no mercado como mercadoria
a ser trocada, ora se pões no lar enquanto mero valor de uso que, no
entanto, guarda uma conexão com a determinação enquanto mercadoria
da força de trabalho do chefe da família. Por tudo isso e ainda pelos
arquétipos femininos que a sociedade constrói e alimenta, a adaptação da
mulher Às duas ordens de papéis que lhe cabe executar é tarefa complexa.”