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Chris...

Christopher ou Christine

Para quem ainda não sabe ou insiste em não querer saber, os transgêneros
são as pessoas que não se identificam com seu sexo de nascimento. Pode ser
um homem que se sente como mulher, uma mulher que se vê como um
homem ou ainda alguém que acredita que não se encaixa perfeitamente em
nenhuma destas possibilidades.
A ciência ainda não sabe explicar ao certo o que faz uma pessoa ser
transgênero, mas segundo os estudos feitos até hoje, existe uma “base
biológica” na origem da transexualidade, questões genéticas e hormonais, que
apontam para essa condição.
Não há dados precisos sobre a proporção de transgêneros na população,
porque muitas estimativas se baseiam em quem deseja fazer uma cirurgia,
mas essa condição vai além, pois tem aqueles que não querem ser operados.
Alguns desejam só tomar hormônios ou apenas modificar as características
externas. E há quem não se identifique com nenhum gênero.
Não quer dizer que temos de ir para o extremo oposto e que todos devam
questionar sua identidade de gênero. É algo que surge naturalmente.
Assim como é o caso de Chris.
O seu nome de nascimento é na verdade Christopher, mas quando era criança
se sentiu um tanto diferente dos outros meninos... ele não se sentia como um
menino.
Mas sim uma menina.
Lembrou de um momento da infância, onde vira a mãe se arrumar para uma
festa. Ele a olhava fascinado. Ao notar que ele a olhara com muita admiração,
perguntou o que houve. E ele disse:
_ Quando eu crescer, quero ser linda assim como a senhora!
Na hora até que ela achou bonitinho o comentário do filho, mas um tanto
confusa. Preferiu ignorar, afinal de contas era apenas uma criança, não
deveria ter muita noção do que dizia.
Pelo menos era o que ela achava...
Até que um dia, quando entrou em seu quarto para guardar algumas roupas
em seu closet, o flagrou em uma situação constrangedora...
Chris, como era chamado por ela, estava usando um de seus vestidos.

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_ O que está fazendo aqui no meu quarto? E com o meu vestido?
_ Eu disse que queria ficar bonita como a senhora... quero ser uma mulher
bonita, assim como a senhora é...
Foi aí que ficha caiu. Christopher, que nasceu menino, queria mesmo era ser
uma menina.
No início, achou que era apenas curiosidade de criança..., mas pelo modo que
ele falava, não era. Deixou passar para ver se com o tempo, ele esquecia.
Mas os anos se passaram e Chris não esqueceu. Pelo contrário, foi o tempo
suficiente para ter a certeza de que era exatamente o que ele queria... ou a
mulher dentro dele queria.
Tentou conversar com ele. Fez de tudo para convencê-lo de que ele nasceu
homem e tinha que ser assim.
_ Eu sei que nasci homem mamãe..., mas eu não tenho e nem quero viver
como homem a vida inteira. Eu sinto que lá no fundo do meu coração, eu sou
uma mulher. E eu preciso trazer esta mulher, que está presa dentro de mim
para fora, para o mundo. Não seria justo deixá-la presa, a senhora não acha?
Já ouvira falar desses casos, onde algumas pessoas que nascem com um
determinado sexo, mas não aceitam quem são e querem mudar. Alguns
recorrem a reposição hormonal e em casos mais radicais, a cirurgia para a
mudança de sexo. São chamados de transgêneros.
Mas nunca imaginou que seu filho viesse a ser um!
Precisava conversar com alguém, mas quem? Com o marido, nem pensar.
Sabia o quanto o pai de Chris era preconceituoso, inclusive chegara a discutir
com ele sobre isso... como contaria que seu único filho queria se tornar uma
mulher?
A família também estava fora de cogitação, tanto a do marido quanto da sua.
A família do marido também era tão machista quanto ele, aliás já soube que
um dos sobrinhos dele foi preso por agredir um casal gay e por tentar
violentar uma lésbica.
Também não podia com a sua família, não porque eram preconceituosos, mas
porque eram um bando de linguarudos e alguém podia dar com a língua nos
dentes.
Alguma amiga talvez? Não. Nenhuma de suas amigas poderia entender e para
piorar, poderiam até se afastar dela e do filho... Poderiam até achar que ele
era algum depravado e iria agarrar seus filhos.

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Resolveu ir atrás de um psicólogo.
Na verdade, a consulta era mais para ela do que para o filho. Precisava de
conselhos para saber como lidar com a transexualidade de Chris.
Que já havia mudado o seu nome para Christine.
Para chegar ao ponto de mudar o nome, era porquê ele estava certo do que
queria.
Ela temeu por seu filho... ou filha. Todo santo dia, sempre escutava a notícia
de que os transgêneros eram vítimas de muitos casos de violência motivada pelo
preconceito, onde muitos acabavam gravemente feridos e em casos piores,
mortos.
Chegou o dia da consulta. Não foi fácil, pois Chris queria ir vestido como uma
garota, o que foi motivo de briga com a mãe.
_ Por que eu tenho de ir de bermuda e camisa? É roupa de menino!
_ Você ainda é um menino! Então, pelo menos por enquanto, vista-se como um!
_ Quando eu for menina, quero renovar o meu guarda roupa!
“Senhor, dai-me forças!”
No consultório, Chris se mostrou muito à vontade como Christine e não via
problema nenhum em ser uma mulher.
_ Veja a minha mãe. É uma mulher belíssima. Qual o problema de eu querer ser
tão bonita como ela?
_ Você somente quer ser mulher por que admira a sua mãe? _ perguntou a
psicóloga.
_ Também..., mas é também porque não me sinto como homem, mas sim como
uma mulher. Quero poder viver isso.
Sua mãe, mesmo tentando entender o filho ou filha, ainda estava muito
apreensiva. Tinha medo do que poderia acontecer com ele ou ela. Perguntou a
psicóloga o que fazer para aprender a conviver com isso.
_ Qualquer convivência entre seres humanos requer respeito, aceitação e
muitas vezes algumas mudanças na maneira de pensar, para que o
relacionamento aconteça de forma satisfatória entre todos. É importante
lembrar que diferenças existem e precisamos aprender a conviver da melhor
forma possível com elas.
_ Mas...
_ Mas é seu filho, que agora é filha. Se é uma pessoa trans, lembre-se de que

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pelo menos o lar deve ser um ambiente seguro e respeitoso para ele ou ela.
Recomendo buscar informações e é seu dever como mãe garantir ao seu filho
ou filha um ambiente familiar confortável, receptivo e amoroso. E a senhora
deve conversar com o seu marido.
Ela gelou. Sabia muito bem o pai jamais aceitaria.
_ Você se dá bem com o seu pai? _ a psicóloga perguntou a Chris.
_ Sim. Sei que ele sempre sonhou com um filho homem que jogasse bola com
ele, que praticasse esportes ou que fizesse sucesso com as meninas. Mas sei que
posso dar orgulho a ele, mesmo sendo menina. Ele me ama, vai entender e irá
me apoiar.
Infelizmente não foi o que aconteceu...
Christopher ou Christine levou a maior surra da sua vida. Bem que a mãe tentou
ajudá-lo, mas foi ameaçada pelo marido, que se o ajudasse, também acabaria na
rua com ele.
Para não piorar mais a situação, decidiu ir embora.
_ Mas para onde você vai Chris?
_ Não se preocupe comigo, vou ficar bem e mandarei notícias.
_ Meu filho... não seria melhor você desistir dessa loucura de querer ser mulher
e aceitar quem realmente é? Assim não precisa ir embora e quem sabe, seu pai
deixa você ficar...
_ Sinto muito mãe, mas se o papai e nem a senhora não conseguem me aceitar,
então é melhor para todos nós eu sair daqui.
É claro que Chris ficou com medo de sair de casa. Se a sua própria família não o
aceita, como que o mundo irá aceitá-lo? Já estava ciente de que o mundo para os
transgêneros era cruel e perverso, e muitos deles são maltratados, agredidos,
violentados e assassinados.
Se para os ditos “normais” já era perigoso...
Mas se trancar dentro de casa também não o ajudaria em nada. Não poderia
passar a vida inteira se escondendo. Era preciso “sair do armário”, expressão
muito usada pelos gays e lésbicas e enfrentar o preconceito.
E lá foi Chris, como Christopher e Christine ao mesmo tempo se aventurar mundo
afora. Claro que não foi de uma hora para outra. Antes mesmo de se assumir
como trans, passou primeiro em um abrigo “para outros como ele”, onde estaria
mais seguro, iria conviver com os seus iguais, seria orientado e o mais
importante, ajudaria outros como ele... ou ela.
Mais alguns anos se passaram, desde que Chris saiu da casa dos pais. Sempre

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que era possível, mandava notícias dizendo que estava bem, trabalhando e
estudando como ativista, lutando pelos direitos dos LTGB. Claro que apareceu
inúmeras dificuldades e situações constrangedoras, mas conseguiu tirar de letra.
Porem precisou encarar situações de risco e por pouco não escapa com vida. Mas
graças a Deus, hoje segue em frente com fé.
A propósito, apesar de se assumir como Christine, inclusive deixar o cabelo
crescer e usar roupa e acessórios bem femininos, não faz questão de fazer a
cirurgia de redesignação sexual. Até o silicone, reluta e muito para colocar.
Segundo ele ou ela, os atributos masculinos fazem parte de seu corpo e não se
sente menos mulher por causa disso.
O que ainda sobrou do Christopher também concorda com isso.
Mas para evitar constrangimento, se apresenta a todos como Chris. E sempre
quando alguém pergunta se é Chris de Christine ou Christopher, faz questão de
dizer:
_ Qual você prefere? Qual o que te agrada mais? Fica a seu critério! Você
escolhe!
Sempre soube que sua escolha não agradaria a todos. E que se danem, não é sua
obrigação agradar ninguém.
Um dia recebeu no abrigo, uma visita inesperada de sua mãe, que já se
encontrava bem velhinha. Ela tinha uma carta nas mãos... era de seu pai. Ele
faleceu a poucos dias atrás e pediu para lhe entregar depois de sua morte.
Chris chorou ao ler a carta, onde seu pai lhe pedia perdão por tê-lo expulsado de
casa quando deveria tê-lo acolhido. O que não precisava, pois já o tinha
perdoado. Tinha também pedido para que voltasse para casa, para cuidar de sua
mãe, já que ele não foi capaz de fazê-lo.
Então Chris voltou para casa. Na hora a sua mãe ganhou uma filha, Christine, mas
continuaria com o seu querido filho Christopher.
E ele e ela ganharam uma aliada para lutar contra o preconceito!

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