• Bruna Raquel Vieira • Bárbara Angélica Santos Loiola • César Pinto Coelho • Murilo Ricard Mendes Souza Silva • Neuza Soares de Souza • Rodrigo Queiroz Rocha • Zenith Cardoso do Nascimento A TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO Como você se sente quando um garçom tarda ao lhe servir? Ou até mesmo, em uma repartição pública, quando dois funcionários conversam, interrompendo a sua vez de ser atendido? E você como faz o seu trabalho? Também interrompe suas tarefas para entregar-se ao descanso, a divertimentos ou a relações sociais em lugar de trabalhar? Deveríamos trabalhar o máximo para obter o maior ganho possível? O trabalho é o castigo divino ao homem desobediente, ao homem que procura o conhecimento? Somos condenados ao trabalho?
“Ganharás o pão com o suor do teu
rosto” (Gênesis 3:19) ‘ Nossa atitude frente ao trabalho e sua organização atual são produtos e construtos sociais que têm uma história que se inicia no final do século XVIII e início do século XIX. Dois mundos de trabalho diferentes SOCIEDADE PRÉ- SOCIEDADE INDUSTRIAL E INDUSTRIAL PÓS INDUSTRIAL
Economia de subsistência Economia capitalista
O trabalho é associado a um fim. O trabalho é dissociado de seu fim.
O individuo decide o que e quando O mercado decide o que e quando
produzir. produzir.
Os espaços de produção e consumo Os espaços de produção e consumo
são incorporados em único local. diferenciam-se sistematicamente. Da produção de subsistência ao trabalho assalariado
Ao contrário do que supõe o imaginário
marxista ortodoxo, o trabalho do produtor mercantil simples é tão explorável quanto o do trabalhador assalariado. O autor destaca três períodos importantes no processo do trabalho:
• mudança do modelo de produção de
subsistência para produção com a finalidade de troca. • “conversão” do trabalhador independente em trabalhador assalariado • divisão manufatureira do trabalho (taylorismo, fordismo) Pautas da evolução do trabalho
trabalho dissociado de seu objetivo,
o trabalhador perde o controle sobre o seu processo de trabalho, qualidade x quantidade homem x maquina trabalho múltiplo e criativo x trabalho simples e rotineiro. As vantagens econômicas do trabalho livre A escravidão, implica elevados O custo do trabalho é dado apenas custos de captura, transporte e pela força do trabalho. manutenção.
O trabalho forçado não possibilita a O trabalho assalariado possibilita a
colaboração e o compromisso. colaboração e o compromisso.
A produtividade do trabalho A produtividade do trabalho é uma
forçado sempre é muito baixa. meta a ser cumprida.. ‘ A longa marcha do capitalismo • privação de meios de subsistência e ruina e dissolução dos ofícios; • profunda revolução cultural; • política repressiva aos opositores da nova ordem; • assegurar os mecanismos institucionais de reprodução do novo modelo. Se os trabalhadores ocidentais adultos tiveram que ser moralizados e os nativos das colônias civilizados, os novos membros da sociedade têm que ser educados. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA Olhar sobre as crianças: • Meios: fome, internamento ou a força; • “estará tão habituada à ocupação constante que, em geral, lhe será agradável e divertida.” (109). • “podiam devolvê-las à menor queixa, ou exploravam seu trabalho na própria instituição em que estavam internadas.” (110) • “em uma idade avançada poderão propiciar- lhes meios de existência; são arrancados da ociosidade; são minorados os inconvenientes para sua moralidade .”(110) • “durante a semana trabalhos toscos que os preparam para serem serventes. Não permito que se ensine escrever aos pobres, pois meu objetivo não é convertê-los em fanáticos, mas formar os baixos estamentos para a indústria e a piedade (Vaughan e Archer, 1971;37)” (111) - crianças que estudavam em Hannah More - Inglaterra. • “O bem da sociedade exige que os conhecimentos do povo não se estendam além de suas ocupações.” - uma feroz crítica a escola dominicais – Sunday Schools - projetos de lei que pretendiam assegurar um mínimo de instrução literária fora sistematicamente rejeitados durante grande parte do século XIX.(idem) Olhar sobre a escola:
• O instrumento idôneo era a escola. Não que as
escolas tivessem sido criadas necessariamente com este propósito, nem que já não pudessem ou fossem deixar de cumprir outras funções: simplesmente estavam ali e se podia tirar bom partido delas.(114) • Willian Powel(1972): “meio de adquirir ou introduzir o “hábito da laboriosidade... • “um espetáculo de ordem e regularidade...as crianças que frequentavam as escolas voltavam mais tratáveis e obedientes, menos briguentas e vingativas”. • “...deve assegurar as crianças excelentes hábitos de ordem, de propriedade, de trabalho e de prática religiosa que farão delas crianças mais submissas e mais devotos.(114) – práticas voltadas para educação religiosa e doutrinamento ideológico.
• “...é preciso, portanto, que o operário aprenda
a vencer suas resistências naturais ao dever absoluto de obedecer, isto é o que lhe ensinaremos nas Epinettes(...)” (115) – Kula, empresário que fundou esta escola com objetivo de formar bons operários.
• “...educação, moralidade e docilidade”
‘
“... os edifícios escolares são mais baratos que os
cárceres” e que “os professores e os livros oferecem mais segurança que as esposas e os agentes de polícia”.(123) Escolas: Instituto Agrícola e Normal de Hampton (Hampton Normal and Agricultural Institute)
“O negro devia ser preparado ara integrar-se no lugar
‘ que lhe havia reservado o branco: o trabalho industrial menos qualificado, mais mal pago e mais duro. Tudo isso sem interferir, entretanto, na vida social e política da comunidade branca nem tentar escapar à sua posição.” (124) Observações : • O Capitalismo foi tão capaz de dar forma à escolarização, as grandes empresas capitalistas sempre exerceram uma grande influência sobre o poder político, quando não foram capazes de instrumentalizá-lo abertamente.
• Autoridades públicas foram “filantropos” -
os que puderam prover de fundos um grande número de iniciativas privadas e, de preferência as que mais se ajustavam aos desejos e necessidades. • A escola era vista como um caminho para o trabalho e, sobretudo para o trabalho assalariado, em demandas a serviço das empresas.
• “... a escola e a fábrica tem
‘ elementos em comum como as empresas que facilitam o emprego das primeiras como campo de treinamento para as segundas.” “...convém recordar que as escolas de hoje não são o resultado de uma revolução não conflitiva e baseada em consensos generalizados, mas o produto provisório de uma longa cadeia de conflitos ideológicos, organizativos e, em um sentido ‘ amplo, sociais.” (p.131) AS RELAÇÕES SOCIAIS DA EDUCAÇÃO: A OTIMIZAÇÃO DO CORPO SOCIAL
• Sociedade dividida em classes sociais: alto
grau de abertura e vias de mobilidade social; ‘
• Escola: melhora a posição de indivíduos
ou grupos sem risco de conflito; • Escola: permite desenvolvimento elevado dos grupos sociais. A ESCOLA • Principal mecanismo de legitimação meritocrática;
• Contribui para que indivíduos interiorizem
suas oportunidades sociais;
• Motivação mediante recompensas extrínsecas;
• Competição inter-individual;
• Submissão a uma avaliação alheia.
‘ O TRABALHO • Atividade regular e sem interrupções, intensa e carente de satisfação; • Intervenção do capitalismo e industrialização; • Liberdade: relativo à realidade que nos rodeia; • Primeiro passo para o processo de trabalho: produção para a troca. O TRABALHO
• Divisão entre o trabalho manual e
intelectual: desqualificação e degradação do processo do trabalho; • A fábrica e o trabalho assalariado: a busca do patrão pelo rendimento sem limite. • A contribuição da Escola. A EDUCAÇÃO • Escola: alunos submissos e moldados, com a função de socializar os jovens para o trabalho assalariado; • Escolas mantêm estudantes em estado de dependência crônica; • Crianças e jovens são agrupados de forma uniforme, sem a interferência de opiniões individuais nem relações afetivas; A EDUCAÇÃO
• A escola exerce importante influência nas
relações sociais, socializando para o trabalho; • O papel autoritário e a estrutura hierarquizada da escola reproduz o processo de produção industrial; “O importante da educação não é apenas formar um mercado de trabalho, mas formar uma nação, com gente capaz de pensar.” (José Arthur Giannoti) “A escola não é apenas um simples veículo para a transmissão e circulação das ideias, mas também e sobre tudo o cenário de uma série de práticas sociais materiais.” Referências
• ENGUITA, Mariano Fernández. A Face Oculta da
Escola: Educação e Trabalho no Capitalismo. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Porto Alegre. Artes Médicas, 1989. p.272. Disponível em:< https://construindoumaprendizado.files.wordpress.co m/2012/11/a-face-oculta-da-escola.pdf >. Acesso em 27 jan.2017.