Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. Com base na consulta de pelo menos duas obras doutrinárias de referência, elabore de
forma sintética o estudo dos tipos penais abaixo destacados. Destaca-se que o estudo
deve conter a análise dogmática do tipo penal: bem jurídico, sujeitos do crime, tipo
objetivo, tipo subjetivo, consumação e tentativa, pena e ação penal, formas
qualificadas e agravadas (se houver), bem como as causas de aumento e redução de
penal.
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Sujeito passivo: qualquer pessoa. Também serão ofendidos os loucos ou menores; os mortos
podem ser caluniados (artigo 138, §2º) e seus parentes serão o sujeito passivo. Com relação à
pessoa jurídica, há grande controvérsia na doutrina.
Elemento subjetivo: dolo. A certeza ou suspeita fundada, mesmo errôneas, do agente quanto
à ocorrência de crime praticado pelo sujeito passivo, é erro de tipo, que exclui o dolo. Exige-
se o dolo específico (animus injuriandi vel diffamandi), ou seja, o agente tem consciência e
vontade de atingir a honra da vítima. Exclui-se o crime se praticado em momento de exaltação
emocional ou em discussão.
Tentativa: não é admitida se a calúnia for proferida verbalmente, mas se praticada por escrito
e não chegar ao conhecimento de terceiro por qualquer razão, poderá ser admitida.
Propalação e divulgação:
§1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo ser falsa a imputação, a propala (relata
verbalmente) ou divulga (relata por qualquer outro meio).
§2º - É punível a calúnia contra os mortos.
É necessário o dolo direto. Havendo erro ou mesmo dúvida quanto à referida falsidade, não
se caracteriza o crime.
Exceção da verdade:
§3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no inciso I do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
Como regra, admite exceção da verdade, ou seja, admite que o "Réu" prove que a "Vítima"
realmente praticou o crime que lhe foi imputado. No entanto, nos casos do §3º, há uma
presunção juris et de jure de que a imputação é falsa, respondendo o agente por ela. Mas se o
"Réu" conseguir provar que o fato que imputou à "Vítima" é verdadeiro ele será absolvido.
Concurso de crimes: tem-se admitido a continuidade delitiva com outros delitos contra a
honra. A calúnia é absorvida pelo crime de denunciação caluniosa (art. 339/CP). Neste último
crime, o agente tem a intenção de prejudicar a vítima perante as autoridades constituídas e,
fazendo com isso, que se inicie uma investigação policial ou até mesmo uma ação penal.
DIFAMAÇÃO
Elemento objetivo: atribuir a alguém um fato desonroso, mas que não seja crime. O fato deve
ser determinado. A imputação não precisa ser falsa, pois ainda que verdadeira, constituirá
crime. Como a calúnia, a difamação pode ser explícita, implícita e reflexa.
Exceção da verdade: a regra é que não cabe a exceção de verdade para o crime de difamação,
pois independe ser o fato verdadeiro ou não.
Parágrafo único: A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público
e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Assim sendo, se o agente provar que o fato que imputou à vítima é verdadeiro, será absolvido
do crime.
Concurso de crimes: pode haver crime continuado de difamação e com outros crimes contra
a honra. Havendo várias ofensas no mesmo contexto fático ocorre concurso formal.
INJÚRIA
Sujeito passivo: qualquer pessoa, excluídas aquelas que não possuem capacidade de entender.
A ofensa deve se dirigir a pessoas determinadas.
Elemento objetivo: ofender a honra subjetiva de alguém, atingindo atributos morais, físicos,
intelectuais, sociais. Quando se diz honra subjetiva, trata-se do que a própria pessoa estima de
si mesmo, ou seja, o que ela própria pensa a seu respeito. A dignidade, disposta no caput do
artigo, é atingida quando se atenta contra os atributos morais da pessoa, já o decoro, por sua
vez, é ferido quando atinge os atributos físicos ou intelectuais da vítima.
Distinção: difere da calúnia e da difamação, por não conter a imputação de fato preciso e
determinado. A ofensa contra funcionário público é desacato (art. 331/CP), e a morto é
vilipêndio a cadáver (art. 212/CP).
Concurso de crimes: nada impede que o pratique dois ou mais crimes contra a honra de uma
ou várias pessoas, com a mesma conduta, ocorrendo concurso formal. É possível crime
continuado.
Injúria real:
§2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes:
Pena – detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
A contravenção de vias de fato fica absorvida pela injúria real. Para que se caracterize a injúria
real, é necessário que a agressão seja aviltante, isto é, que possa esta causar vergonha ou
desonra à vítima.
4. DISPOSIÇÕES COMUNS
Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é
cometido:
Parágrafo único: Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro.
5. EXCLUSÃO DO CRIME
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a
intenção de injuriar ou difamar;
III – o conceito desaprovável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que
preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único: Nos casos dos incisos I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
publicidade.
Imunidade judiciária: intuito de assegurar às partes e aos seus procuradores em juízo a maior
liberdade na defesa judicial. Não está incluído o Juiz, que não é parte, nem as autoridades
policiais e auxiliares.
Imunidade da crítica: tutela interesse da cultura, estando o autor da obra exposto a risco de
crítica. Há crime se há a intenção de ofender.
Ameaça
Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
causar-lhe mal injusto e grave:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único – Somente se procede mediante representação
A ameaça se diferencia do constrangimento ilegal (art. 146 do CP), porque neste o agente busca uma
conduta positiva ou negativa da vítima e aqui, na ameaça, o sujeito ativo pretende tão
somente atemorizar o sujeito passivo.
Sujeito Ativo – Qualquer pessoa
Sujeito Passivo – Pessoa com capacidade de entendimento.
Trata-se de crime subsidiário, constituindo meio de execução do
constrangimento ilegal, extorsão, etc.
A ameaça tem que ser verossímil, por obra humana, capaz de instituir receio, independente de causar
ou não dano real a vítima.
Trata-se de crime formal, não sendo necessário que a vítima sinta-se ameaçada.
Consuma-se a ameaça no instante em que o sujeito passivo toma conhecimento do mal prenunciado,
independentemente de sentir-se ameaçado ou não (crime formal). Contudo, é possível a tentativa,
quando a ameaça é realiza por escrito.
Só é punível a título de dolo. Sendo posição vencedora em nossos Tribunais a de que o delito exige
ânimo calmo e refletido, excluindo-se o dolo no caso de estado de ira e embriaguez.
A ação penal é pública, porém somente se procede mediante representação.
c). 150 CP
Violação de domicílio
Art. 150 – Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º – Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou
de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
§ 2º – Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos
legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
§ 3º – Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
I – durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II – a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência
de o ser.
§ 4º – A expressão “casa” compreende:
I – qualquer compartimento habitado;
II – aposento ocupado de habitação coletiva;
III – compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
§ 5º – Não se compreendem na expressão “casa”:
I – hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta,
salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II – taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Protege-se a Inviolabilidade Constitucional.
Constituição Federal: art. 5, XI –“a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial.”
O tipo tem que ser analisado levando-se em conta a norma constitucional.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Quem tem o direito de admitir ou excluir alguém de sua casa.
Para haver permanência é necessário que entrada tenha sido licita, permitida.
Trata-se de Crime de mera conduta, porque se protege o aspecto psicológico de quem mora na casa,
e não a casa em si.
O nome “casa” também abrange escritórios, consultórios (local de trabalho), local onde se exerce
o animus domicili, como saveiros, barcos ou quartinhos.
A jurisprudência não agasalha no conceito de “casa” – a boléia do caminhão ou os locais usados por
mendigos para dormir em calçadas ou locais públicos.
Direito de convivência de casal. Em igualdade de condições prevalece a vontade que proibir. Ex.
Marido proíbe a permanência de amigo da esposa no apartamento onde mora o casal.
O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, com o
consentimento daquela e na ausência do marido, para fins amorosos. (RTJ, 47/734)
Direito de filhos. No caso dos filhos, enquanto menores, prevalece a vontade dos pais. Depois de
maiores, podem receber os amigos em casa.
Direito de intimidade. Empregados. Não se reconhece.
Propriedades comuns. Não há qualquer restrição quando o espaço é comum. Contudo, em áreas
comuns reservadas, o assunto será regido pelo Regimento Interno.
Em locais de grande extensão, preserva-se tão somente para os efeitos do tipo – o local onde se exerce
a intimidade. Ex. Grande fazenda, neste caso protege-se a intimidade da casa sede onde ficam as
pessoas.
Elemento normativo do tipo: se eu permito, exclui-se a tipicidade.
Cabe tentativa – inclusive para tentar permanecer.
Não há violação de domicílio em casa abandonada. Contudo, não se pode confundir casa abandonada,
com casa temporariamente desabitada. Ex. Casa de praia.
Ação Penal Pública Incondicionada.
Coisa alheia para os juristas não é só a pertencente a outrem, mas também a que se acha
legitimamente na posse de terceiro.
7. Tipo Subjetivo
O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo do agente é genérico, a vontade livre e
consciente de subtrair coisa alheia móvel. O segundo exige uma finalidade especial, o dolo
específico, o fim de assenhorar-se da coisa em definitivo, contido na expressão "para si ou para
outrem" (animus furandi)
O furto de uso, ou seja, a fruição da coisa momentaneamente sem efetivo prejuízo ao ofendido, com
restituição da coisa no estado em que antes se encontrava não é contemplado pela norma penal em
estudo. O furto de uso somente será reconhecido se não era exigível outra conduta do agente a não
ser sacrificar direito alheio, como subtrair o veículo da vítima para socorrer o filho ao hospital, por
exemplo.
Será excluído o dolo e, consequentemente, o fato será considerado atípico se o agente subtrair coisa
alheia pensando ser própria (erro de tipo).
Para a jurisprudência do STF, para a consumação dos crimes de furto e de roubo basta a posse do
bem em poder do agente, independentemente de vigilância da vítima ou posse tranquila, de modo
que a fuga logo após o furto caracteriza a inversão da posse, e o furto está consumado mesmo
havendo perseguição imediata e consequente retomada do objeto (teoria do amotio).
Sendo crime instantâneo, a consumação se verifica no exato instante em que o delito é cometido.
O crime também restará consumado quando a coisa estiver ocultada, mesmo encontrando-se perto
da vítima.
9. Tentativa
Crime material, exigindo assim o resultado naturalístico, a tentativa é perfeitamente admissível na
hipótese de o agente não conseguir subtrair a coisa por circunstâncias alheias à sua vontade.
Também caracteriza a tentativa na hipótese de ser perseguido pela polícia e preso logo após a
subtração, pois a coisa não saiu da esfera de proteção e disponibilidade da vítima.
Captar energia antes de sua passagem pelo aparelho medidor configura o delito, considerado
permanente, possibilitando, assim, a prisão em flagrante do agente enquanto perdurar seu efeito. Se
o agente, porém, alegrar o relógio de luz e passar a pagar metade da energia elétrica consumida, o
crime será de estelionato.
A ligação clandestina para a utilização de TV por assinatura, conhecida como "gato", para nós, não
pode se equiparada a furto de energia elétrica. O fato é ilícito, mas não chega a ser típico. A conduta
deve ser apurada na esfera cível. A energia elétrica quando subtraída depois e armazenada, causa
perda patrimonial, diferentemente do sinal de TV a cabo, em que sua utilização não gera dano, isto
é, não há perda de energia de valor econômico, mas ausência de ganho por parte da empresa.
Fraude é o ardil na prática do crime, o engodo, a mentira, o embuste, utilizados para facilitar a
subtração da coisa. A conduta do agente nesta espécie de furto é no sentido de subtrair os bens da
vítima iludindo-a momentaneamente, o delito é cometido sempre sobre a vigilância da vítima. A
qualificadora também se aplica quando a vítima não tem capacidade de entender o caráter ilícito do
fato, como o doente mental ou uma criança.
Difere do estelionato, pois neste a vítima é enganada, seu consentimento é viciado pelo erro. A
própria vítima faz a entrega da vantagem ilícita ao agente. O sujeito, mediante fraude, cria no
espírito da vítima um sentimento distorcido da realidade. No furto com fraude
haverá sempre subtração como a ladra profissional que se finge de doméstica
para furtar a casa que se empregou.
Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no local pretendido por via anormal
demandando um esforço incomum do agente para vencer o obstáculo existente, como numa
residência subindo uma árvore ou um muro alto, ou ainda escavando um túnel etc.
16. Furto e o Concurso de Crimes: Ao furto nos demais crimes contra o patrimônio aplicam-se as
regras do concurso material, formal e do crime continuado.
17. Parágrafo 5º do art. 155
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Requer o tipo penal o elemento subjetivo especial (dolo específico), ou seja, deve o agente ter
consciência de que está ultrapassando os limites de um Estado ou país com o objeto material. É
necessário, portanto, para a consumação do delito, que o veículo tenha transportado as fronteiras
do Estado ou do território nacional.
O crime de subtração de veículo que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior
só se consuma após o seu exaurimento.
Art. 157.
Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além
de multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
1. Classificação Doutrinária
Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de dano, unissubjetivo, comissivo ou omissivo
impróprio, plurissubsistente, complexo e admite tentativa.
4. Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa e coisa alheia móvel.
5. Objeto Jurídico
A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a integridade física, a saúde e a liberdade
pessoal, daí ser considerado crime complexo em que são conjugados emprego de violência ou
ameaça e a subtração patrimonial.
6. Tipo Objetivo
O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é acrescido pelo emprego de violência,
grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A
violência pode ser:
A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão corporal leve, grave ou morte (essas
duas últimas qualificam o delito);
B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou amedrontar a vítima com ameaças,
gestos ou simulações, como a de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima ou
a terceiro;
C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a superioridade física do agente, colocar
droga na bebida da vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a ingerir bebida
alcoólica até a embriaguez etc.
O roubo difere do furto qualificado pelo rompimento de obstáculo porque neste a violência é
exercida contra a coisa, naquele, contra a pessoa. Em outras palavras, roubo nada mais é que um
furto cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, pulseira etc.,
e que são arrancados pelo ladrão caracterizam o roubo. Quando soltos como
boné, óculos, bolsa, celular etc., o crime é de furto.
Não se aplica no furto o princípio da insignificância, haja vista que a conduta do agente revela
maior periculosidade e atinge não apenas o patrimônio do ofendido, mas também a sua integridade
física, sua saúde e até sua vida em caso de latrocínio.
Institutos como o crime impossível, o roubo de uso, o pequeno valor da coisa, o estado de
necessidade etc., que podem ser admitidos no furto não o são no roubo por tutelar outros bem
jurídicos e não apenas o patrimônio do ofendido.
7. Tipo Subjetivo
O tipo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na vontade livre e consciente de subtrair
coisa móvel alheia mediante violência ou grave ameaça; o segundo, elemento subjetivo especial do
tipo, exige que a subtração seja para o agente ou para terceiro. É o dolo específico dos clássicos
contido na expressã o "para si ou para outrem".
Na jurisprudência, porém, tem-se entendido como consumado o delito quando ocorre a subtração
dos bens da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ainda que, em seguida, o próprio ofendido
detenha o agente e recupere a res.
9. Tentativa
No roubo próprio o entendimento é pacífico no sentido de sua admissibilidade. Ocorre quando o
agente após o emprego de violência ou grave ameaça não consegue efetivar a subtração da coisa
por circunstâncias alheias à sua vontade nem tem a posse tranquila da coisa, ainda que por breve
tempo.
No roubo próprio a violência ou grave ameaça é praticada antes ou durante a subtração da coisa.
No impróprio ela é cometida logo depois de subtraída a coisa para assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa.
Na hipótese de o agente ser surpreendido pela vítima em sua residência e
abandonar o objeto material empregando violência para a fuga, o crime a ser
reconhecido é o de tentativa de furto em concurso material com lesão corporal.
E outra partem deve-se reconhecer o furto e não o roubo impróprio na ação do agente que após a
subtração se desvencilha do ofendido que o agarra, sem contudo, ameaçá-lo ou agredi-lo e foge
com a res.
12. Causas de aumento de pena
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
O fundamento da agravante reside no maior perigo que o emprego da arma envolve motivo pelo
qual é indispensável que o instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria), tenha
idoneidade para ofender a incolumidade física.
Com o cancelamento da Súmula 174 do STJ que autorizava o aumento de pena quando o agente
utilizava arma de brinquedo para cometer o crime, esta conduta passou a ser considerada uma grave
ameaça relacionada ao roubo simples.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
A norma tutela aqueles que transportam valores. Qualquer tipo de valor como ouro, dinheiro, pedras
preciosas etc. O agente deve saber que a vítima está a transportar valores, dolo direto, portanto.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior;
Para a consumação do delito é necessário que o veículo seja levado para outro Estado ou país, não
havendo, assim, possibilidade de ocorrer tentativa. Ou leva e ingressa com o veículo em outro
Estado ou país e o crime está consumado, ou não ingressa e o crime será de furto ou roubo conforme
a circunstância.
O tipo fala em violência que deve ser entendida como física e não moral, logo se a vítima num
roubo, mediante grave ameaça, vier a morrer em virtude de uma parada cardíaca, o crime será de
roubo em concurso material com homicídio e não de latrocínio.
De outra parte, quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, praticar vários roubos
(crimes considerados da mesma espécie) e pelas condições de tempo (nao pode ultrapassar 30 dias),
lugar (devem ser próximos), maneira de execução (modus operandi) e outras semelhantes, devem
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, poderá se reconhecer o crime
continuado. Isto é uma ficção jurídica, pois há uma pluralidade de delitos, mãos legislador presume
que eles constituem um só crime, apenas para efeito de sanção penal. Nesses casos, aplica-se a regra
do art. 71, ou seja, dependendo das circunstâncias jurídicas, a pena de um só dos crimes poderá ser
aumentada até o triplo.
Referências bibliográficas
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, parte especial. 8 ed. v. 2, São Paulo: Saraiva, 2008.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v. 2, RJ: Impetus, 2006.