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Recrutamentb e seleção j
__
d_e_p_e_s_so_a_s_n_o_s_e_to_r_p_u_,b_l_ic_o_

De forma bastante sintética, pode-se~irmar

que o objetivo geral da
gestão de pessoas nas organizações é composto por três ações
fundamentais: promover o suprimento, a manutenção e o desenvolvimento
de pessoas. Na administração pública, a consecução desse objetivo
envolve aspectos e procedimentos específicos que diferem de seus
correspondentes na esfera privada.
Essencialmente, o suprimento de pessoas no serviço público observa
um processo devidamente planejado, quando as demandas são previstas
e incluídas na lei de diretrizes orçamentárias com vistas à sua consecução
no exercício seguinte. Esse é o caminho previsto no art. 37, inciso li, da
Constituição da República.
Ocorre, todavia, que a administração pública está sujeita a contin-
gências que podem demandar o incremento imprevisto de pessoal por
tempo determinado para atender à necessidade específica. Para atender
a essas situações, o legislador constituinte fez constar a alternativa de
natureza excepcional prevista no art. 37, inciso IX, da Carta Constitucional,
que trata da possibilid ~de de a administração estabelecer ajustes em caráter
precário, com vistas a atender necessidades excepcionais de interesse
público.

Cargos e empregos
Concurso público !....._______.~-
públicos

Contrato por Funções inerentes aos

prazo determinado
... cargos e empregos públicos

Figur.l '12: ·ll f\11' , 11111pt ttf\m t• fun . públi s

 1 O macroprocesso de suprimento de recursos humanos
O suprimento de pessoas nas organizações públicas processa-se
segundo o que se pode denominar de processo admissional. Esse processo
envolve quatro fases (atividades) bem-definidas, que, por sua vez, podem
ser visualizadas como processos específicos, quais sejam: recrutamento,
se leção, admissão e registro.
Em que pese seus distintos propósitos, são estritamente orientadas
segundo os princípios gerais de gestão pública previstos no caput do art.
37 da Constituição da República. Referidas fases (atividades), cabe registrar,
podem ser detalhadas segundo processos específicos: processo de
recrutamento, de seleção, etc.
1Necessidade 1
1
>ri·~~~~~-~~:·~~~~ ~ ~~~~. . . . . . . . . . . . i > Ad~issão I™
L..................................................................
t___
1 Estágio Probatório íl
Figura 33: Macroprocesso de admissão de pessoal no setor público
2 Recrutamento de pessoas no setor público
O processo de recrutamento de pessoal, consoante já sedimentado n
literatura especia lizada, constitui o esforço de chamamento de ca ndidatos
interessados, aptos e disponíveis para o suprimento da necess id ad
existente. Na administração pública esse processo envolve uma sucessã
de atos administrativos complexos - a serem produzidos em perfeild
observância aos ditames constitucionais e legais aplicáveis -, que
estende desde a verificação da efetiva necessidade da administração,
encerrando-se com a homologação das inscrições para o concurso, no
caso do provimento de cargos efetivos ou empregos públicos.
Assim, o processo de recrutamento na administração pública percom•
as seguintes fases :
1. Identificação da efetiva necessidade: atividade que
análise da estrutura vigente, considerando as poss ibilidades d r alo a .10
de pessoas, redesenho de processo operacionais adm ini tr ti vo•. ,
implemento de tecno logias alt rn , tivas, ntr outro , m 1 ro1 > ito
principal d gara ntir q 1 a dmi ss,10 ', ck f, 1 , in li s1 ·nsílwl.
2. Análise da existência legal de vaga: envo lve a verificaçã d.1
disponibilidade de vaga prevista em lei - análise do demonstrativo d<•
provimento e vacância de cargos, empregos e ~.ções.
3. Elaboração e publicação do edital de abertura do concurso: n ss.1
fase são examinadas as ex igên cias legais para investidura (previstas rn
lei e manuais administrativos) e cotejadas com as efetivas demandas dv
servi ço (características atuais inerentes ao desempenho das atribuiç - s
do cargo). Se necessário, nessa fase pode ser procedido um ajuste normativo
nas condições para investidura, atribuições exigidas para o desempenl o
do cargo, etc., com vistas a torna~ssa etapa (recrutamento) e a seguinl('
(seleção) mais efetivas em relação a seus propósitos - identificar entr s
candidatos aptos e interessados em ocupar a vaga, aquele que melhor ('
adapte às condições e exigências da administração. No que tan g
]
publicação dos ed itais de concurso - em atenção ao princí p i o
constitu ciona l da publicidade dos atos da administração (art. 37, capul~ dn
Constituição da República) - impõe-se ,rAferir o seguinte:
: __.._____,t
a) deve ser dada a maior amp litude possível de abrangên i, 1
Registro extrapolando, inclusive, os limites territoriais - especialmente no
caso de municípios. Nesse particular, tanto quanto possível dev rn
ser explorados os canais principais de comun icação existentes n >
espaço local (murais da prefeitura, Câmara de Vereadores, escol s,
centros de saúde, centros comunitários, jornais, rádio, internet, et .);
b) os canais de comunicação podem expressar extratos do edit ·i l
contendo os itens centrais do c ham ado de recrutamento, com
referência à disponibilização de texto integral em espaço de ac o
público. Nos extratos de edita l devem constar, no mínim o,
denominação do cargo, regime jurídico, carga horária, remuneraç - 0 1
número de vagas, local, período, forma, condições e documentaç<10
necessária à inscrição, além da já destacada referência de ac sso
ao texto côntendo integral teor do edital além de legislação correi 1,1 .
4. Processo de inscrições: fase em que se recolhem todas as inscri çõ 'S
cios interessados em participar do processo seletivo.
5. Homologação das inscrições: constitui-se na etapa final do pro sso
.1
d recrutamento de pessoal. Nesse momento deverão ser publi cada. ,1
in ri ções indefe rid as, seguidas do motivo ensejador da n gat iv I< ·
lns rição. N s f, . , , ind a, d verá ser aberto prazo para a int rpo i ~\lo
dv r ur o , dr 1i11i lr.iti vo, ,1 firn d qu o int r 5, d p , m~ nif si H <'
acerca da impugnação de sua inscrição, visando ao seu deferimento. Tão
-somente após a apreciação dos eventuais recursos administrativos
interpostos pode a administração dar seguimento às demais fases do
processo admissional.
2.1 Itens do edital de concurso público
Com o propósito de garantir a plena observância aos ditames
constitucionais e legais, atinentes ao processo de concurso público, sugere-
se que o edital de abertura contemple os seguintes aspectos:
a) Normas gerais de processamento
Neste item devem constar referências que remetam aos demais
instrumentos normatizadores de processos seletivos, aplicáveis ao caso
particular, tais como leis, decretos, regulamentos de concursos, etc.
b) Forma de divulgação das etapas do certame ~ 291
Estabelecer nesse item os instrumentos mediante os quais a administração
promoverá a divulgação dos atos relativos ao processo seletivo.
c) Perfi I do cargo
É indispensável constar no edital de abertura do concurso as características
do cargo a ser provido. Note-se que o objetivo central da fase de recrutamento
de candidatos é arregimentar o maior número possível de profissionais aptos e
interessados em participar da seleção. Tendo em vista esse propósito, à
administração deve interessar a prestação de informações acerca do cargo
tanto mais precisas quanto possível.
São informações importantes a serem consignadas em edital: atribuições
do cargo; condições de trabalho; vencimento; número de vagas existentes,
etc.
d) Condições e procedimentos para inscrição
Especificar neste item os procedimentos necessários à efetivação da
inscrição, homologação e recursos cabíveis, bem como requisito s
invariáveis atinentes à participação em certames, tais como idade mínima
de dezoito (18) anos na data do encerramento das inscrições. Podem, ainda,
ser exigidos, já na fase de inscrição, a apresentação de comprovação d
atendimento aos demais requisitos específicos previstos para a investidura
no cargo ou emprego público.
A imposição de condições para a inscrição, que xtrapol o limit s
definidos em lei constitui afronta grav aos prin ípi s nslilu i n, i.
r !at iv am nt ao quai s d v' vin ulc r-, e dn1ini s11"Hlor p(tl li ('O.
Restrições não contemp ladas em lei para o exercício do cargo ou xig ' IH i.1
pessoal que importe violação da isonomia ou impessoa lidade compromc 1('111
seriamente a lisura do processo.
Cumpre -assin alar, no entanto, que, mesmo quando impostas rn li ·rnt •
lei, somente poderão ser fixadas restrições (per-exemplo, de idad /i 1 dv
sexo, de altura) 292 para a investidura quando devidamente justifi cada pc l,i 1
natureza dos cargos ou empregos.
e) Condições para investidura
Nesse item devem constar/6s requ1s1tos co nstitucionais gerais ('
legalmente especificados para o exercício de cargos e empregos públi º"'
tais como:
- nacionalidade brasileira;
- quitação militar e eleitoral;
Concurso público e limite de idade: Súmula 683, do Supremo Tribun al Fed rc 1 ( l
J
limite de id ade para a in scrição em con curso público só se legitima em face do ar!". 7º, XX ,
da Constituição, quando po?e ser jus:ificad~ pela natureza das atribui ções do ca rgo ,1 ~<' I
preenchido. Concurso publico e hm1te de idade: Ação Direta de lnconstituciona licl ,1(1< •
ajui zada pelo Governador do Estado do Piauí contra o inc iso V I, do art. 54, da Constitui ,w
do mesmo estado, que estabelece vedação da exigência de limite máximo de ida J' p.11 ,1
prestação de concurso públ ico. Com base no entendimento do Tribunal no sentid d , q111 •
norma prevista em Constituição estadua l que veda a estipula ção do limite de idadt' 1>.1 1,1
ingresso no serviço públi co diz respeito a requisito relativo ao provimento de arg >s (' .in
regimento jurídi co de servidor público, cuja regulamentação reclama a elabort11,.io cl1 •
legis lação ordinária de inic iativa do Chefe do Poder Executivo, a Min. Ell en Gra i ', rt 1 lo11111,1 1
julgou procedente o pedido, para declarar a inconstitu c iona lidade da norma irnpug11 ,u l.1 ,
por entender que a mesma v ioJa os arts. 3 7, 1e 61 , § 1º, 11, e e f, da CF. Acompa n har,1111 o vnl 11
da re latora os Ministros Carlos Britto e Cezar Peluso. O Min. Marco Aurélio, em volo v i .1o1,
julgou improcedente o pedido, soo o fundamento de que a ressalva contid a no ,111. '• 1
relativa ao art. 39, da Constituição estadual, estaria, na verdade, preservando o prin< 1p111 d.i
legalidade, no sentido de que sua interpretação seria a de que a adm ini stração, po1 s1, 11 ,111
poderia fixar limitação de idade, sem que hou vesse previsão legal ("Art. 39. A a lrnini sl 1,1 ,\11
pública direta, indireta ou fundac ional de qualquer dos Poderes dos Municípios sujl>ito1 'i'
aos princípios de legalidade, impessoa lidade, mora lidade e publicidade." ... "Art. 511., ~1 '111
prejuízo do disposto no art. 39, a administração de pessoa l do Estado e dos Munir pi o"
observa rá: ... VI - vedação da exigênc ia de limite máximo de idade para pr · t ç"10 cl1 •
o ncurso público;"). Após, a Min. Ellen Gracie indi cou ad iame nto. ADI 287 /PI, r 1 1. Mi 11.
Ell en Gracie, 12 e 13.5.2 004. (ADl-2873) .
m Concurso público: limite mínimo de altura e previsão legal: A Turm a mant cv' d t•c · i ~. 111
d Min. Joaquim Barbos;:i, r 1 tor, qu nega ra seguimento a agravo de in strum 1 nto t'rn q11 1•
s 1 gava a p ss ibilid,1<1 •d ' fi x, , o, por ditai, de limite mínimo de altura par. prc v inw111 0
d ' erg cJ po.li <i,1l 1111ilt,11 , ( O ll ~id<'i'Ol l ~l' CjLI n - tra tava 1 ra70abi li dacJ 'ci,1 'Xig 111 l,1 1
111.1s da 1wn·H•.i d.id1 · d1 • 111 1•vl•.. 111 11 •1 \•il p,11 ,1 d •fini , o cios r ' qui sitos do conn 1 r~o . Sit li\' 11 11111
~(', ,1 ind,l 1 <!IH ' d dhl 11 0111 ili •'li d do11 • l'o l 'li< i,1Ol/11.10 d,1('Í •tiVtl jll •v i,,IO (' 111 l<•i cio l ('ljlll'oili1
<'ill qu<'''"º I' lnlil ,1111 .11111 p11 · 111 d1• llll/111.1 i11f1 ,1C Oil'·lillH 11111.11 , li q111 • I' 1h•f< •,() 1•1111 11 1
11(10111 gl / lll 1il /\lltl l11.1q111!11 ll.11l111•,,1. l\(1 1()(11 . ( 1 1!111111)
 - sanidade física e menta l;
- atendimento às demai s exigências específicas do cargo.
f) Provas
Neste ponto é imperativa a exposição de quais provas serão aplicad~s,
a forma de composição da nota final, grau mínimo ex igido para aprovaçao
e os coefic ientes de ponderação das provas, além do caráter de ca da
293
prova (e liminatório ou c lassifi catório). , .
Os c ritér ios de desempate devem, tambem, est ar co nsignados em
ed ital. Atenção especial ex ige a fixação desses critérios, haj a v ista que é
vedada a utilização de cr itérios que co nflitem com os princípios constitu-
c io nai s. São exe mplos co mun s de c ritérios incon stitu c io nais ~q ~eles
baseados em idade, estado civil , local de residênc ia, co ndi ção prof1ss1onal
(o fato de o ca ndidato já ser servidor público), etc.
Sugere-se, assim, a adoção de critérios de desempate que privi legiem
0 desempenho em determin adas provas, primeiram ente• naqu e las que
possuem ca rát er eliminatóri o, e, por fim, ca so ~ e r s ist a o empate, a
rea li zação de sorteio públi co revestido das form alidades que_ ga rant~m
sua va lidade. Outro aspecto impo rtante a consid erar, no que diz respeito
aos c ritéri os de desempate em co ncursos públicos, é o fixado no art. 27,
parágrafo único da Lei Federal 10.74 1, de 1º de outubro de 2003 -o Estatuto
do Idoso:
Art. 27. Na ad mi ssão do idoso em qualquer traba lho o u emprego, é
vedad a a di sc rimin ação e a fixação de limite m áx im o de idade,
inclu sive para co ncursos, ressa lvados os casos em que a natureza do
cargo o exigir.
Parágrafo único. O prim eiro critéri o de desempate em _co ncurso público
se rá a idade, dando-se preferênc ia ao de idade mais elevada.
g) Rea lização das provas . encerram algumas peculiaridades.
N este item é importante referir a forma de cientificação dos ca ndidatos
ace rca da data, do horário, do loca l e de outras inform ações sobre a
rea liz ação d as provas, conforme alín ea 'b'. Devem co nst~r, ~ ind ~ , .em
edital as co ndi ções gerais de rea lização das provas: antecedenc1a r:n1_nim
d e co mparec imento ao loca l de rea lizaçã o d as provas, m ate ri a is d
uti 1ização e co nsulta, etc.
293Súmu la 686, do Supr mo Tri l L1n, 1 1 'ci<'1".1i T : Só por 1 i s' p >cl ' ~uj ' il ~r
psi ·01, nirn ,1 h,1hi li1, ç3o de• e,111did.11 0 ,1 < n1H 111·~0 pC1bli ·o.
h) Prazos para recursos
É fundamental a inclu são deste item no ed ital de abertura do con ur 0
público. Os prazos ali definidos devem estar em consonância com o d i pos1<1
na legisl ação loca l.
i) Va lidade do concurso
Recom end a-se a in c lusão dessa inform ação definid a pela admi
nistra ção e m co n so n ânc ia com o co ntido no art. 37, in c iso 111 , d.i
Constituição Federal. 294
j ) Disp osições finais
Neste ponto são reu~idas todas as demais informações relevant ao
andamento do processo. E importante co nstar, ainda, neste item referên ·i,1
à po;sib_ilidad~ de qua lquer c idadão, d iretamente ou por via postal, ef tw1r
denuncia d e 1rreg ular_idad~ ou ilegalidade eve\tualmente ocorrid a no
certame, perante os Tribunais de Contas, co nform ~ dispõe a Constitui 5o
da Repúbli ca em seu art. 74, § 2º. '
2.2 Aspectos especiais dos editais de concurso público
Os e~itais de abert~ra dos concursos - levados a conhecimento públi ·o
pelos meios de comuni cação disponíveis (public idade) - são, mesmo m
: uas ver:_ões m a is comp_letas, um co mpêndio sintético das prin ip <1i ~
inform~çoes , qu_e os ca ndidatos potenc ialmente interessados em ingr s,11
no serviço publico necess itam para informar-se acerca do processo s 1 l ivo.
Isso porq_u ~ de fato, os, e? itais não são capazes de traduzir a com p i x icl,1d< ·
~as cond1çoes de exerc1c 10 do cargo ou emprego público. Seu fim esp 'CÍíi <0
e, portanto, o de promover a divulgação das co ndições e parti cul , rid.id <",
do certame.
, ~m razão, p.ois, das co ndições especiais que se impõem à admini s11.i .i n
pub~1ca ,, espec ialmente a efet iva observância dos princípio s ge r,11 d< •
gestao publi ca, a elabora ção e publi cação dos ed itais de concurs 1 t'1h li<0
29
" Supremo Tri~un a l Federal - STF (RE N. 352 .258-BA) RELATORA: MIN. ELLEN RI\( 11 .
CONCURSO f'UBLICO. PRAZO DE VALIDADE. PRORROGAÇÃO APÓS O TÉRM IN 1)( )
PR IMEIRO BIEN IO. IM.POSSIB l.L,IDADE. A~T. 37, 111 DA CF/88. 1. Ato do Poder Plibli 0 CJll <',
após ultrapassad~ o pnme1ro b1en10 de va lidade de concurso público, institu i novo 1w rfocln
cl dois anosde ef1 á 1a do ertame ofende o art. 37, Ili da CF/88. 2. Nu lidad da nonw.1 (H"•
r 'n l1 zada com funcl,111w n1 0 <'111 1, 1 lo, que pode ser de !arada pela Admin islra 0 sc•111"
.1 % 1111!' 1; 'C'' s1cl, d d ' 1 ~ 11 ·vln p1111<"•'1fl 1Hl111i 11is1rotivo, 111 hom nag m Limu l, 11 n. '1 7 1. 1.
l 1v« •d ' 11 1 t·~ . '1 . 1<'< 111 11 1• l1.i111d 1i.11i11 < 011lw ·ido provi lo.
 1. Exigência das condições de investidura no ato de nomeação
Tendo-se em vista o propósito fundamental do recrutamento de pessoal,
qual seja, o de atingir o mais amplo contingente possível de potenciais
cand idatos a participarem do processo seletivo, bem como o fato de que o
efetivo exercício das atribuições do cargo dar- se - ão após o ato de
nomeação, parece razoável que a comprovação das exigências de
titulação e demais requisitos para ingresso sejam exigidos somente no
momento da nomeação. Nesse caso, pode-se admitir, inclusive, que a
própria aquisição das condições de titulação sejam alcançadas no período
compreendido entre o encerramento da fase de inscrição e o ato de
nomeação do candidato aprovado.
A tomada de decisão por parte da administração, envolvendo a
definição do momento de exigência da aquisição e da apresentação da
documentação comprobatória de titulação ou qualificação específica
(habilitação para condução de veículo, por exemplo, registro em órgão de
classe, etc.), exige que se considere, além da perspectiva de ampliação
do universo de candidatos, o fato de que a não exigênc ia de comprovação
prévia pode resultar em potenciais aprovados, os quais, ao cabo do processo
seletivo, ao co ntrár io do esperado, ainda não estejam titulados. A
constatação desse fato demandará da administração a estrita observância
da ordem classificatória, com a cientificação do candidato (nomeação) e
verificação do preenchimento das condições de investidura, que uma vez
frustrado resultaria na necessária edição de ato que torna sem efeito a
nomeação anterior, acompanhada da formalização da impossibilidade de
adm issão do candidato, e na consequente convocação do candidato
seguinte. Esse processo, por certo, consome recursos, especialmente tempo,
que em casos específicos pode ser crucial. Em face disso, cabe ao gestor
a definição de procedimentos tendentes a minimizar os potenciais efeitos
negativos decorrentes da exigência a posteriori da comprovação de
habilitação para o exercíc io do cargo ou emprego público.
Independentemente, pois, da orientação adotada, essa condição deve
esta r prevista expressamente na legislação específica e no edital de abertura
do certa me.
2. Fixação do número máximo de candidatos a serem admitidos
Há casos em que a administração opta por definir no edita l de abertura
do concurso o número máximo de candidatos aprovados ao final do certame
a serem convocados para admissão (ou fase subsequente específica, tais
como cursos de formação, etc.). Essa prática, não obstant ond uza à
frequente rea liza ção d novos rtam , qu t m a virtudt' d , m t s ,
in orpor, r • o pr 'SSO sc' lc' livo c·rc' s nt( s ontingenl<• d<• nov s
candidatos aptos, promovendo a renovação constante do onjunto d
candidatos potenciais na disputa por vagas, pode, por outro lado, limitar a
ação da administração no caso de contingência que exija a admissão d
mais candidatos.
. . A definiçã~ da conveniência envolv~ a adoção dessa prát ica
l1m1tadora do numero de candidatos convocados deverá, portanto, observar
as cont ingênicas a que está submetida a administração, especialmente
aquelas afetas à natureza e complexidade do cargo ou emprego, o
comportamento dos níveis de oferta e demanda de profissionais no mercado
de recursos humanos, a complexidade do certame, a relevância social do
cargo ou emprego, etc.
3. A fixação de nota mínima a ser atingida nas provas ou fases
A fixação de nota mínima para aprovação em prova ou fase do
concurso público representa eleva.do potencial restritivo para a atuação
da ad ministra ção em caso de cbntingência. Não se pode afastar a
possibilida?e de, aprovação de um nAú91ero d~ c_andidatos inf~rior ao número
de vagas d1sponivel, segundo o parafnetro m1nimo de nota fixado no edital.
Nessa situação, a interpretação eminentemente legalista e restritiva impori a
a realização de outro certame. Dessa alternativa decorreriam custos de
~od~ a _ordem, entre os quais, de recursos financeiros, de imagem
1nst1tuc1onal, e o de maior gravidade - o tempo - durante o qual a
administração não pode contar com o agente público. Além disso, é preciso
observar que o contingente de cand idatos que acorrerá ao novo certame
pouco diferirá daquele participante do anterior e recente, de tal sorte que
resu ltaria mais razoável, sob o ponto de vista da eficiência, creditar o
insucesso na aprovação ao instrumento ou método de àvaliação, e não às
pessoas.
Em face . disso, reve la-se desaconselhável a fixação de nota min1m a
para aprovação no edital de abertura de concurso público, especialment
quando e~sa não for efetivamente necessária ou decorrer de previsão legal.
Deve, pois, a seleção dos candidatos pautar-se tão somente pela ordem
classificatória, independendo de escore mínimo a ser atingido pelos
candidatos.
4. Reserva de vagas para portadores de deficiência
_A questão da rese rva de vagas em cargos e empr gos públi os
destinados a p ssoas portadoras de deficiência (física, m ntal ou sensori <1I)
é méll 'ri.i d< 1 f1111do rn1 stitu iona l (art. 37, in iso VIII):
33 •
 Art. 37. [... ]
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá 'os critérios de sua admissão.
Decorre do dispositivo constitucional destacado que cada ente da
Federação editará lei reguladora da matéria no âmbito de sua competência,
observadas as diretrizes gerais afetas à admissão de pessoal fixadas na
Constituição Federal. Os aspectos gerais balizadores dessa normatização
específica devem observar, portanto, as diretrizes principiológicas da
gestão pC1blica (caput do art. 37 da Constituição da República), além das
normas gerais aplicáveis ao provimento de cargos e empregos públicos,
notadamente a submissão a certame de caráter público (inciso li do art.
37, da Constituição Federal).
São aspectos centrais, portanto, relativos à regulamentação do
comando constitucional:
a) a definição dos limites de deficiência admissíveis/ balizados pela
natu reza das atribuições inerentes ao cargo ou emprego público, a fim de
que só se possa admitir pessoas que, a despeito de portarem deficiência,
sejam capazes de desenvolver a contento as atividades inerentes ao cargo;
b) a fixação legal do percentual de vagas destinado aos portadores de
deficiência, que em geral oscila entre 1 O e 20%, a ser evidenciado no
edital de abertura do concurso;
c) a forma de aplicação da regra de reserva de vagas.
No que se refere à defin ição dos limites de deficiência admissíveis,
impõe-se assinalar que esse exame deve ser delegado à comissão
específica devidamente habilitada para tal intento, composta por, no
mínimo, três membros, sendo dois médicos. Referida comissão deverá
emitir laudo pericial específico enfocando a aptidão do candidato, além
de atestar a compatibilidade da espécie e o nível de deficiência em relação
às atribuições do cargo ou emprego, considerando, além das informações
prestadas pelo candidato no correspondente documento de inscrição e
atestado médico:
a) o nível de dependência do candidato em relação a intermediári os
permanentes para a realização das atribuições do cargo ou emprego;
b) a natureza das tarefas e atribuições próprias do cargo;
e) as necessidades e a viabilidade de adaptações no ambiente, em
1
equipamentos e métodos de traba lho .
34
De forma geral, a defi c iência física, mental ou sensorial i ndi r .idi1
impedirá a homologação da inscrição do candidato tão somente nos C< f.<>' 1
em que restar constata su a incompatibilidade com o desempenh d.1 11
atribuições do cargo.
A fim de que se observe o princi~da ison.o~ia ~o boi:n .sen o,( '
indicado que os candidatos portadores de def1c1enc1a part1 c 1pem do
certame em igualdade de condições frente aos demais, notadament no
que se refere ao conteúdo e instrumento de avaliação, horário e loca l eh •
aplicação, e duração das provas.
Por fim, quanto à forma de aplicação do critério de reserva, acentu d.1
importância deve ser dada aos casos em que o número de vagas result nlt•
da aplicação do percentual fixado resultar inferior à unidade, e, ainda, ni
relação ao preenchimento dos cargos que vierem a vagar após 's
nomeações iniciais, ao longo do período de validade do certame.
No que diz com a classificação final, que, entende-se, deva St'I'
específica envolvendo os candidatos portadores de deficiên c i a, os
aprovados deverão ser admitidos em estrita observân c i a d,1
proporcionalidade definida a partir da aplicação do percentual de res rvt1
em relação às vagas existentes e vindouras.
Quanto à destinação das vagas iniciais para portadores de defi ciên 'in ,
quando o número resultante for inferior à unidade, pode-se conceber du.1 s
diretrizes de ação, quais sejam:
a) a que distri~i as vagas iniciais entre os porta.d~res de defi ciên i<'l <'
os demais candidatos, ~egundo o percentual definido legalmente, :0111
a reserva de, no mínimo, uma vaga; seguindo-se a distribuição daq1.wl. is
que vierem ~ ocorrer segundo o critério da proporcionalidade, ou
b) a que distribui as vagas existentes e as que vierem a surgir s 'gllndn
o critério de proporcionalidade, sem a destinação de vagas ini ini h IH>
caso de o número de vagas reservadas resultante ser inferi or à unid,1d( •,
A principal limitação desta última modalidade é o fato d qu<•, " ' ''
concursos para provimento de cargos com reduzi do fndic l' d< •
rotat ividade de pessoal, as oportunidades de acesso a d íi ci<• 11 I( ",
estariam bastante reduzidas. Efeito oposto desse fenôm eno p dt1 l'l t'I
verificado, contudo, no caso de adoção do critério previ sto n il 'ill 11 1
nas situações em que o cargo tem reduzido nível de rotativi d 1 ' (' .i
quantidade de vagas normalmente oferecidas em concursos for po11rn
expressiva (2 ou 3 vagas, por exemplo). Nesse cenário, possív 1 st 1ri.i
a tendên c ia de excessiva concentração de servidores po rta d r 'S d( '
defi ciên ia n desempenho desses cargos.
63
 Assim admitindo-se, exemplificativamente, a situação de um concurso
destinado~ preencher três vagas iniciais no cargo de Agente Administrativo,
sendo que a legislação prevê a reserva de 10% das vagas para port!dores d.e
deficiência, e que o processo seletivo tenha resultado na aprovaç~o d_: seis
candidatos deficientes e 25 não portadores de deficiência. Da apl1caçao d.o
percentual de reserva (10%) sobre o número de vagas dispon~vel (3), res.ulta~a
reservada 0,3 vaga, o que exigiria, na hipótese previst~ ~? 1t:m a, a !1xaç~o
de no mínimo uma das três vagas para portadores de def1c1enc1a, e, na s1tuaçao
ap resentada ~o item b, nenhuma das três vagas, mas a 1 Oª vaga. (que
1
corresponde a 10% das vagas, exceção feita ~~ ca:_o de um dos candidatos
deficientes alcançar pontuação que, na class1f1caçao ger~I~ o ?~ranta entre
qualquer das posições anteriores - a 1Oª - na ordem class1ficatona).
3 Seleção de pessoas no setor público
A fase subsequente à de recrutamento é a seleção de p~ss.oas. ~ssa
etapa do processo corresponde ao conjunto de a~o,s .ad m1n1s.trat1vos
destinados a aval iar os candidatos conforme os criterios prev1amen.te
estabelecidos e ordená-los segundo o desempenho individual. Visa, pois,
a identificar dentre os pretendentes aqueles mais aptos ao exerc~cio ~o
cargo. Nesses termos, a fase de seleção tem por fim alcançar a s1tuaçao
de máxima adequação e eficiência do indivíduo em .rela~ã_o ao cargo.
Se lecionar significa, portanto, em síntese restrita, 1dent1f1car e ordenar,
entre os candidatos aptos e interessados, col hidos na fase de recruta mento,
aque les melhor qualificados para o desempenho d~ ca rgo. Na
administração pública, o instrumento fundamental de seleçao de pess~as
é 0 conc urso público de provas ou de provas e títulos, conforme preconiza
o art. 37, inc iso li, da Constituição da República:
Art. 37. A adm inistração públ ica direta e indireta de qualquer dos
Pode res da União dos Estados, do Distrito Federa l e dos Municípios
obedecerá aos princípios de lega lidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiê nc ia e, também, ao seguinte: . .
1 _os cargos e funções pl'.1bl icas são acessíveis a to.dos ~s bras il eiros
que preencham os req uisitos estabe lecidos em lei, assim como os
~
estrangeiros na forma da lei;
li - a investidura e m ca rgo ou emprego público depende de aprovaçao
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a omp l xid ade do ca rgo ou e mpr go, na forma
\ prev ista m 1 i, r ssa lvc !<is , . nom a õ s para argo <'m om i são
d ,cl , r(ldo em lei d ' \i v1t• 1 0111(',1 ·3o ' 'XOnC'í< 3o.
Consoante dispõe o Texto Constitucional, a regra geral de admi~ .in
de pessoas na administração pública tem no concurso público, obs rvcicln•,
os requisitos previstos em lei, seu instrumento de seleção por excel ''f ü i.i
A inobservância desse postulado, cumpre destacar, conforme expr ''>. ,1
disposição constitucional, implica-absoluta nulidade do ato (§ 2º d , 11.
37, da Constituição da República).
O concurso público presta-se à garantia de eficiência e moraliza r1u
no processo de ingresso de pessoal no serviço público. Diz-se qu ssv
instrumento é moralizador, em essência, pelo fato de ser público. M,1i
que isso, por garantir igualdade relativa de acesso aos cargos e empr go
públicos para aque les que atendam aos requisitos estabelecidos em l<•i
para seu provimento.
Bem implementado, o certame de caráter público, contribui signifi
cativamente para a esco lha do profissional mais apto dentre aqu l<'S
disponíveis no mercado de trabalho, segundo os critérios de sei i o
definidos. Nesse sentido é fator de eficiência .
Um concurso adequadamente c;oncebido e conduzido deve t r 1 01
escopo a seleção dos melhores candidatos, tomando por referência o p l'fil
do cargo. Nesse particular, cumpre trazer à tona ressalva contida no an l<''>
citado dispositivo constitucional relativamente à natureza e complexidncl<·
do cargo ou emprego.
É de se destacar que a existência de um adequado desenho de argo.,
(e empregos) - estrut~rado de forma clara, objetiva e consoante à realid d'
é uma das condições necessárias, não somente para subsidiar o proc s o d< •
recrutamento de pessoal, mas para orientar a fase de seleção do
candidatos. Nessa etapa do macroprocesso de admissão de servidor •.,, .i
administração tem no perfil do cargo (desenho) os parâmetros bási ., p.11.1
a formula ção dos instrumentos de avaliação dos candidatos, espe i lnw1111 •
no que concerne à natureza das atribuições a serem desenvolvid,1 s.
3.1 Concurso público: condicionantes
Tendo em vista a principal de suas funções essenciais - a St' lv .in
qualificada de pessoas em regime de igualdade relativa de condiçõ<'S n
concurso deve observar a lguns aspectos centra is:
3.1 .1 Adequação das provas à natureza do cargo
_ Os instrumentos de ava li ação dos candidatos devem ob rvM .i
necessária adequação à natureza das atividades inerentes ao arg . l 111
que pese a sing 1 za da afirmação, não se trata de fe nô m n µou< ·o
fr qu nt a inrnmp111il ili 1, d do conteúdos exigidos no in trurn •ntm
lc pr v, m 11 •1.1 .l!I " " .ativicl.ulf' f liv, mC'nl d ~ <'1wolvid.11,
7 ~
pelo servidor em caso de ingresso. Essa exigência tem amparo, inclusive
no Texto Constitucional (inciso li do art. 37, da Constituição da República):
11- a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso públi co de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a -natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração. (Grifo nosso).
As provas são o elemento central do processo de seleção, podendo ser
escritas, práticas ou de títulos. O concurso, segundo expressa determinação
constitucional, deve ser de "provas ou de provas e títulos" resultando, portanto
vedada a realização de certames que contemple tão somente provas de títulos
(art. 37, inciso li, da Constituição da República).
Excetuada a restrição imposta em sede constitucional, inexiste regra
acerca de que modalidade de provas aplicar, sujeitando-se a definição dos
instrumentos de avaliação e aferição de desempenho dos candidatos às
contingê ncias impostas ao processo e às necessidades da administração,
balizadas pelas normas aplicáveis. Sugere-se, entretanto, a fim de que o
processo seletivo cumpra seu objetivo, a adoção de instrumentos de avaliação
adequados segundo a natureza e as particularidades dos cargos para os quais
se pretende selecionar pessoal. Assim, inclusive, determina a Constituição da
República no já referenciado dispositivo regulador da forma ge ral de investidura
em cargos e empregos públicos.
Constituem, portanto, modalidades de provas passíveis de serem aplicadas
em concurso público: provas práticas, provas escritas (de caráter eliminatório)
e provas de títulos (de caráter classificatório). Pode-se referir, ainda, em casos
bastante específicos, em que a natureza das atividades assim exigirem, a
possibilidade de aplicação de exames psicotécnicos.
Cada tipo de prova encerra particularidad e s que o difere nci a
substancialmente dos demais no que tange aos propósitos, à natureza e às
formalidades acerca de sua implementação.
d A aplicação de .Pr~v~s práticas que avaliem a capacidade de 0 canclid.i lu
esempen~arA as . atribu1çoes dos cargos exige, no entanto:
- a ex1sten~1~ de critérios objetivos fixados previa e formalmente;
- a .compos1çao de banca examinadora composta por profissionais cap v ,
de avaliar o desempenho dos candidatos·
. '
- o reg1str? ~o des~mpenho em documento próprio (planilhas, etc.);
- as co~d1çoes de igualdade de instrumentos, horários, etc.
A aten~ao a esses q_uesitos te.m por fim garantir a lisura dos procedim nt >~
e sua P~~e1ta adequaçao aos princípios constitucionais norteadores dos a to~
d a administração pública. ·
2. Provas escritas
~s pr~vas. escrita:' destinam-se sobretudo a avaliar conhecimentos teóri os
?era1s e tecn1:os. atinentes às diversas áreas do conhecimento. Constilu.i
instrumento pr~p~10 d~ avaliação de candidatos ao provimento de cargos cl ,
natu.re:~ admin1strat1va, técnicos de nível médio e superior/ al é m d<>
mag1sterio. 29 s
3. Provas de títulos
As provas ,de .títul~s constituem outro importante elemento de seleção k•
pess?~I pos~o a d1s~os1ção do gestor público. Esses instrumentos permit m
adm1ni~traça? valorizar a experiência, as habilitações e os diplomas adquirid >~
que ev1den~1am situações d~ vantagem para 0 se rviço público em o nl ,;
com determinado profissional detentor daquelas qualidades. '

7. Provas práticas
Para cargos de natureza operacional, é indicada a realização de provas
práticas, tendo em vista a natureza das atividades. Pode-se mesmo admitir
em determinados casos a previsão tão somente de provas práticas e m
detrimento de provas escritas.
Importante assinalar, entretanto, que não se restringe aos cargos de natur w
operacional a aplicação de provas de caráter prático. Ca rgos d
administrativa admite m també m a r a lização d tal mod alidad d
m m fi á ia mai r trit,.

8
 No caso de concursos públicos destinados ao provimento de carg?s do
magistério público, imperativa se faz a aplicação tam?é~ _de provas de t1tulos,
consoante preceitua o inciso V do art. 206 da Const1tu1çao Federal.
Art. 206. o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
v[..._] valorização dos profissionais do ensino,
. . f
garantidos,
d
n~ arma . a
lei, planos de carreira para o magistério público, c~m y1so salarial
profissional e ingresso exclusivamente por concurso pubhco de provas
e títulos;" (Grifo nosso).
A prova de títulos, vale destacar, tem caráter essencialmente cl~s~ificatório
no concurso público, devendo, portanto, inclusive. p~r eco~om 1 c1dade ser
implementada no estágio final do pr~cesso de avaliaçao, a fim de alcançar
um contingente mais restrito de candidatos. ,
É relevante ressaltar a necessidade de previsão acerca .d o ~ue P?dera ser
valorado como títu lo, evitando-se in cidir em inconst1tuç1onal1~ad:~ e
ilegalidades (que decorrem essencialmente .da inobservância aos pn~c 1 p 1 os
da isonomia ou igualdade). Tais irregularidades tendem a se .mani!es~ar,
normalmente, em situações como valorização de tempo. de ser.v1ço publico
limitado a uma esfera de governo (ou mesmo em grau d1ferenc1ado entre as
esferas federal, estadual e municipal e privada) . _ .
Nessa mesma linha, a excessiva valorização de títulos, que nao esteja
associada à essência do cargo, contribui para que pairem dúvidas acerca da
plena lisura do processo seletivo. , . . . _ . .
Por fim, mister se faz também registrar a necessana 1mpos1çao de lm~1tes
para a pontuação individual e total. dos títulos, a fim que sejam garantidas
condi ções de isonomia e impessoalidade no certame.
4 . Exames psicotécnicos . _ . _
o exame psicotécnico é outro instrumento de, ~val1açao das cond1ç~es
do candidato e de sua afinidade em relação ao exerc1c10 do cargo. Sua adoçao,
no entanto, apresenta algumas restrições, tais como:
a) não deve ser utilizado em conc~rsos públicos destinados ao ~rovim~nto
de todo e qualquer cargo. O exame psicotécnic? impõ~-se r::'a1s raz~avel
em casos onde 0 servidor estará mais submetido a s1tuaçoes de n~co,
pressão psicológica e contato intenso com o público. Exemplos: motorista,
motorista de ambu lância, fiscalização, etc.;
b) 0 exame psicotécnico exige, necessariamente,~ ~omp.osição . de ban ~
executiva e examinadora integrada por prof1ss1on a1s d v1d a1:n. nl
habilitados para avali açõ d natureza. Por pr fi s i n<1 1·1< bil1t::l lo
entende-se aquele especializado e registrado no correspondente >rg. 1n
de classe.
Caso não sejam atendidos esses requisitos, bem como os demais asp to
gerais referentes à necessária garantia das condições de impessoal id d<',
igualdade, moralidade e legalidade, resultará seriamente comprom ti 111
a validade do certame.
3.1.2 Entrevista como instrumento de seleção
Apesar de largamente uti 1izada como forma de seleção n JS
organizações do setor privado, a entrevista encontra sérias restrições ' 111
sua aplicação no âmbito do setor púb li co, funda lmentamente em virtud t 1
da acentuada carga de subjetividade que encerra. Instrumento de el evacl,i
eficácia para a identificação do perfil profissiona l desejado para ocup<H
ca:gos na_: empresas priva,das, a entre~, justamente pelo fato de permitir
a interaçao em menor n1vel de formalidade entre ava li ador e avaliado 1
acentua viés de subj etividade inerente à ava li ação, para fin s 1 1
hierarquização c lassificatória de candidatos . Nesse sentido, aqu les
atributos de entrevista que são destacados e va lorizados na esfera dos
processos se letivos, levados a efe ito em organizações privada s, 30
exatamente os que se repelenlna administração pública.
A entrevista permite conhecer em maior profundidade a p scM
avaliada, ao passo que a tradição aponta como critério prepond ranH
para se leção mais obje.t iva o conhecimento. Sabe-se que me m ,1
realização de uma prova dita objetiva sobre conhecimentos não , fci:-.1.1
plenamente a subjetividade, pois está afeta à pessoa de quem elaborc1 .i
prova objetiva (ao sujeito, portanto) a definição de pontos, temas, qu stcw•.,
etc. Tanto é assim, que os recursos se prestam para dirimir p s~ 1 vc• 1 'i
interpretações divergentes. Apesar disso, a adoção de provas com qu •1., lrn 11 ,
de resposta objetiva é, de fato, opção para a minimização de onf'liln•
dessa ordem. Essa prát i ca de se leção, assentada tão som nl , 1w
conhecimento, por sina l, tem demonstrado fragilidades, com a a dmi s~ .io
de pessoas muito capazes inte lectua lm ente, mas, em alguns aso s,
desprovidas das habilidades pessoais de re lacionamento necessári · ,\O
bom desempenho do cargo.
Variante da entrevista como instrumento de seleção para provim nl dt•
cargo ou emprego público, igualmente im própria frente à c u l tur d.i
objetividad e, a pr va oral. Não obstante avance sobr a f ra do
conhe im ntc, ,1 prov.1 or, 1 'n rra 1 vado grau d ubj tivid d , d .sd<• ,i
ondu - do p1w <"•'•() di • o1q 1,t1i .io, t f rm o rit ri . 1 (lV11li<1 ,10 ,
º"
m qu p< ' 1•, p111',, '•''" 1.11 1\" e• 111o111< d{1vt'I u1ili1.1 ·,10 <'ll e 011c·111";0.., 1n'11llic
1
de elevado nível, como os destinados à seleção de professores para o magistério 4 Processo admissional
superior e os da magistratura, entre outros, a aplicação de provas orais tende
a deixar margem de desconfiança em razão da subjetividade incidente. Esse A condução do processo admissional tem como parâmetros bá i )S "
juízo valorativo, é necessário assinalar, de certa forma está também presente ordem classificatória de candidatos aprovados contida no edit 1 clt•
nos casos de provas dissertativas escritas (quando de sua correção) e mesmo ho~~logação d~ res~lta.do _final do concurso público, e no ordenamento 1 'f'dl
de provas objetivas (por ocasião de sua elaboração). A dimensão normativa aplica_ve~. ~ leg1slaça? 1~cidente no processo admissional é constituída µ ~ l.i
do procedimento avaliativo pode restar minimizada, por certo, apesar de não Const1tu1çao da Republica e pela legislação local atinente, notadamenl ' 0
afastada plenamente, mediante a salutar prática da composição de banca estatuto dos servidores, o plano de cargos, e as demais normativas, tais 110
examinadora, composta por múltiplos avaliadores, para a condução do manuais, resoluções, etc., que disciplinam a investidura e o exercício de ca rgos
processo de avaliação. e empregos.
O estágio inicial do processo admissional é a nomeação do candidat . A
3.2 Bancos de candidatos nomea~ão caracteriza~se. pela convocação formal do candidato par( , 1
A composição de bancos de candidatos potencialmente capazes de assunçao de cargo publico. Os aspectos críticos a58~ iados à fa s dt•
assumir cargos públicos é uma alternativa para minimizar o impacto da nomeação são: a) a rigorosa observância à ordem classificatóri do
96
descontinuidade provocado pelo tempo necessário para a realização do certame;2 b) a publicação do ato de nomeação ou a convocação dir t<i t'
processo de recrutamento, seleção e admissão de servidores. Éfato comumente formal, com aposição de ciência por parte do interessado (preferencialm 111('
aceito na administração pública o início do processo destinado ao ambos), sendo que os casos de desisd"ncia devem ser devidam nl< •
preenchimento de cargo público como atividade subsequente à ocorrência formalizados mediante termo próprio e arquivados com a documentação ~ 'ld
da vaga. Assim, tão somente após caracterizada a efetiva necessidade de ao p~ocesso , de r_e: ru~amentp e seleção; 297 c) a constatação de pi ' IH >
pessoal dá-se normalmente início ao complexo processo de admissão a:end1mento as ex1genc_1~s legais para a investidura no cargo. Note-se que 1•
(recrutamento, seleção e admissão). ~ao s~mente_ por ocas1~0 da nomeação que as exigências legais p r ei .i
A fim de que os serviços públicos não sofram reflexos da solução de investidura sao necessariamente exigidas do candidato.
continuidade em qualquer das atividades geradoras por insuficiência de As exigências legais, em geral, constituem-se em:
pessoal, impõe-se à administração a composição de um banco de candidatos - quitação militar e eleitoral;
aprovados em concurso. Esse banco de pessoal tem por propósito a absorção - titulação ou escolaridade exigida para o exercício do cargo;
ou minimização de impactos decorrentes da saída de servidores (demissão, - comprovação de sanidade física e mental·
exoneração, aposentadoria, etc.). A fim de que se minimize o retardamento - outras definidas na legislação local. '
do ingresso, os candidatos integrantes do banco de pessoal pode ter parcela
da documentação necessária à admissão já apreciada. Entre os documentos O _estág.i o seguinte, no processo de admissão, é a posse. A pos ' porl<• '• <'I
que podem ser apresentados já por conta da incorporação ao banco, figuram entendida como a aceitação formal do cargo por parte do candidalo nonu •.idu
comprovantes de escolaridade e experiência, dados de identificação (RG, que preencheu todos os requisitos legais para a investidura. Ne <<l ~o, ''"'
CPF, ente outros), quitação com obrigações militares. São documentos e geral, é lavrado um termo de posse.
informações cuja apresentação depende do momento da nomeação: quitação
eleitoral, comprovante de sanidade física e mental, etc.
Pode-se entender, como produto final do processo de seleção, a ordem
296
classificatória final do certame, devidamente homologada, a partir da qual O art. 37, inciso IV, da Constituição da República assim dispõe sobre o chamam •n1o dP
ca~d1datos aprovad_os em concurso público: " IV - Durante o prazo improrrogá vel pr vihlO 110
dar-se-á início ao processo subsequente: o admissional.
ed1~al de convocaçao, aqu~ le aprovado em concurso público de provas ou de prov 5 1í1ttln•,
sera convocado com pnondade sobre novos concursados para assumir cargo ou mnr 'P ,\ 11 .i
arre1ra." ,... t• '
1•11 eºn:1 v .1 tas < P >SI
. no r 'Xc m d 1 ga lidade dos atos de admi ssão a s r m prm vcl ld c" '
P lo .n~ un a l d ' ( 0illt1 •. < 0111 f11111l.111l('nl o na omp t ' n ia 1, l'uíd no ar!. 7 1, iri iso Ili d.i
Oli h llllll ~ d O cl,1 1'1•11111 1111 ,1 '
 Sobrevem à fase da posse o exercício. O exercício caracteriza-se pela
efetiva entrada do servidor em atividade. Desse momento inicia-se o efetivo
desempenho das atribuições do cargo, com o consequente cômputo de tempo
de serviço para todos os fins (percepção de vencimentos, aquisição de
vantagens e aposentadoria).
-
5 Contratação por prazo determinado
A regra de ingresso no serviço público, para a composição do aparelho
administrativo estatal, prevista no inciso li do art. 37 da Constituição da
Repúb lica, é o provimento de cargos em caráter efetivo e os empregos
públicos de natureza permanente com a prévia submissão a co ncurso
público. Essa exigênc ia de recrutamento e seleção - o concurso público -
tem por escopo, além de garantir condições de igualdade relativa para o
acesso a essas posições na administração pública e definir,um processo
de escolha de candidatos mais aptos à investidura, conferir certo grau de
estabi lidade e continuidade às ações do Poder Público.
O legislador constituinte, entretanto, ciente das diversidades reg ionais,
e sensível às tensões contingenciais a que estão sujeitos os gestores públicos
em todas as esferas político-administrativas, previu uma exceção à norma
do certame público, a ser realizada mediante vínculo precário, com vistas
a atender às demandas excepcionais da administração, incapazes de
serem previstas ou contornadas, e, ainda, atendidas a partir da estrutura
permanente disponível, composta pela via do concurso. Essa exceção
refere-se à faculdade contida no inciso IX do art. 37 da Constituição da
República: a contratação destinada a atender necess id ade temporária de
excepcional interesse público.
Art. 37. [... ]
IX -A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado
para ate nder à necess idad e temporária de excepc ional interesse
público.
A "lei" a que se refere o Texto Constitucional é entendida como uma
remissão para a legislação infraconstitucional. Nessa esfera normativa,
uma primeira aproximação acerca da definição dessas excepcionalidades
tem sido fixada nas leis que instituem os regimes jurídi cos, tanto na esfera
estad ual, quanto na órbita municipal. 298
296
ADI N. 3.21O-PR - RELAT R: M IN. ARL VLLL S [MíN1A: ( NS 111 LJ IONAI .
ADM IN I TRATIVC . íRVI RPLJBll O : ' ON llV\IA ( ll M I)( R RIA . . l .,.1 11 , 17, I .
44
No âmbito local, por exemplo, os estatutos têm incorporado disposí<:o<•
semelhantes à seguinte:
~rt. 234. ~ar_a ate nder _necessidades temporárias de excepci n,1 1
interesse publi co, poderao se r efetuadas co ntratações de pessoa l µ01
tempo determinado.
~rt. 235. C~ns_ideram-se como necessidade temporária de excepc ion,1 1
interesse publico, as contratações que visam a:
1 - atender situações de calamidade públi ca;
11 - combater surtos epidêmicos;
111- atender outras situações de emergência que vierem a ser definid as
em lei específica.
"-------
. Not~- se que ~ norma estatutár ia acima referida remete para ;:i
leg1slaçao específica a definição das situações de excepcionalidad - t'
temporariedade passíveis de serem atendidas com fundamento no inci
IX, do art. 37, da Constituição da República. O estág io subsequente do
processo_ de ~dmissão a termo é a obtenção, por parte da administraçã ,
da auto;1zaçao l~~al, ou seja, a a~torização para contratação de pesso< 1
e~ carater. precano para atender a uma situação específica prevista na
lei que define o elenco dos casos possíveis.
Outros casos, ainda que menos co mun s, e nvolvem admissõ 'S
lastreadas em leis que contemplam diretrizes gerais afetas à contrataçr 0
de pessoal por prazo determinado para atender a casos ensejador d< •
dem_and~s t1?as como de acentuada relevância soc ial. Nesses diplorn,1s
lega is, sao fixadas de forma mais detalhada as atividades ou situ a e< ..,
pas_sí~eis d~ serem consideradas como de excepcional interesse pC1bli< o,
definindo, mclusive, além dos limites máximos de vigência dos ontr,ito
L~i ~.198/90_ e Lei 1O.BÚ/94, do Estado do Paraná. 1 - A regra é a admissão ele ~l't v1drn
publi co med1ante_concurso públ~co: C.F. , art. 37, li. As duas exceções à regra 0 p. 11 ,1 ~ 0
cargos em co~ 1 ssao r~fendos no 1nc1so li do art. 37 e a contra tação por tempo d 1 'nniit,Hlo
para ate_n~er a necess~dade temp?rária de ex:epcional interesse público: C.F., art. · 7 IX.
Nessa h1potese, d_everao ser atend~das as seguintes condições: a) previsão em lei dos \ lsm;
1
b) tempo determinado; c) necessidade temporária de interesse público excep ional li
Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 1.500/ ES, 2.229/ES e 1.219/PB , Mi~i stro
Ca rl?s Velloso; AD I 2.125-MC/DF e 890/DF, Ministro Maurício Corrêa; ADI 2.380-M / 1 1,
M1~1stro Moreira Alves; ADI 2.987/SC, Ministro Sepúlveda Pertence. Ili - A lei rcf rid, no
1n: 1s_o IX do art. 37, C.F., dev~rá_ estabelecer os casos de contratação temporári a. N .iso, .i~
le~s impugnadas 111st1tu~m .h1pote;~s abran gentes e genéri cas de contrata ã 1 mpor, ri. 1,
nao espec1f1ca ndo a ?nt111genc1a fat1ca que evidenciaria a situa ção de 111 rg ' n i,, ,1tri1Hiinclc>
?º h _f ~o P _d r 1111 ' r0ssado na ontra l a ã sl ab 1 r os , ~os dl• e01111i11.i ,10 :
111 onst11L1C1on ,1 lid,iclc •. IV A , o clirl'l,1 dc• inc on stilu ionalid,idc' jul g, icl.1 pioc i •d t• ffl t'.
segundo cada caso, as vedações relativas à recontratação, ou interstícios
mínimos de prazo entre ajustes. Assim, nos contextos onde haja legislação
de alcance mais amplo, mas que delimite parte substancial dos aspectos
essenciais, capazes de sustentar a regularidade dos contratos a termo, tais
como a atividade, o prazo máximo de vigência, e a quantidade máxima
de agentes, pode-se admitir que a caracterização da emergencialidade
possa advir de ato administrativo outro que não necessariamente uma lei
específica. Nesse particular, é de se considerar que, diferentemente do
que dispõem os incisos VII , X e XIX do art. 37, da Carta Magna, o inciso IX
do meJmo dispositivo não faz referência expressa à exigência de lei
espe9J;ca. -
O essencial, nesses casos, é que o interesse público resulte preservado,
a par da garantia de incidência de determinado grau de controle sobre os
atos da administração, a fim de que se evite a incorrência em excessos. O
controle, nesses casos, estão consubstanciados nas leis que disciplinam
as condições de processamento das contratações em caráter precário,
sejam quais ou quantas forem , restando à administração, essencialmente,
a necessária comprovação da efetiva demanda temporária de excepcional
interesse público.
Em suma, a partir da previsão da figura do ajuste a termo em sede
constitucional , advém a definição legal das situações que podem ser
caracterizadas como de excepcional interesse público, e, ato subsequente,
a autorização legislativa específica para a firmatura dos contratos. Cumpre
assinalar que, no caso das admissões por prazo determinado a serem
procedidas nos termos constitucionais no âmbito do Poder Legislativo, assim
como em entidades da administração indireta com natureza jurídica de
direito privado (fundações, sociedades de economia mista e empresas
estatais), a autorização pode ser realizada mediante resolução expedida
pelos órgãos deliberativos máximos (plenário, conselhos de administração,
etc.), mas com base em situações de excepcionalidade e temporariedade
definidas em lei, cujo alcance estende-se sobre o ente (o município, por
exemplo).
O atributo de temporariedade passa a caracterizar-se nas situações
em que a demanda da administração por pessoas é limitada no tempo,
sendo possível definir, com relativo grau de segurança, a duração dessa
necessidade (período de execução de uma obra, prazo de vigência d
uma licença, tempo de realização de um certame, etc.). De outra part ,
não se pode definir como temporárias as atividades inerentes à essAn ia
das funções estatais, que têm caráter sabidamente continu ado .
. A excepcionalidade é outro elemento que exige aplicação integr d.i
na interpretação do dispositivo constitucional inserto no art. 37, inc iso IX.
Nesse particular, a admissão temporária deve caracterizar-se, tamb - m,
por sua natureza ex!=epcional , ou seja, decorrer de fenômeno não previ t ,
inesperado, enfim. E de se destacar, nesse particular, que a definição des n ·
contingências impostas à administração pode revestir-se, em c as s
limítrofes, de significativo conteúdo subjetivo.
Nesses termos, de forma sintética, pode-se afirmar que o processo d 1
contratação por prazo determinado, de que trata o art. 37, inciso IX, d(
--· _
Constituição da República, o~serva os seguintes estágios:
Excepcionalidade
~~r
--~~.~ p~.:~~~ade _
1
\
Definição legal
das situações
ensejadoras
·-·----·_J
- ..
1
'---+
Autorização
Legislativa
Específica
l
j
Contratação
Figura 34: Fases de contratação por prazo determinado
Por fim, é imperativo salientar que o pessoal admitido nos termos do
ar~. 3_7, inc~so IX, da Constituição~a República não ocupa cargo ou empreg
publ 1co, tao somente exerce em caráter precário as funções inerent s
àqueles, impondo-se repisar que toda e qualquer investidura em cargo ou
emprego público depende de aprovação prévia em concurso públi co,
conforme preconiza o art. 37, inciso 11, do Texto Constitucional.
5.1 Aspectos formais referentes às leis autorizadoras
Sendo um ato administrativo, a admissão de pessoal por praz
determinado nos termos do inciso IX, do art. 37, da Constituição 1
República depende do atendimento de determinadas formalidades. D '
início, impõe-se destacar que a edição de lei específica autorizadora des
contratações deve enquadrar-se na situação geral antes esboçada. N )
édito autorizador, devidamente aprovado pelo Poder Legislativo, d v
constar, além da referência à lei específica que define as situações m
que são admitidos esses ajustes a termo, os seguintes dados:
a) o número exato de agentes a serem admitidos;
b) o prazo contratual de vigência da relação;
c) a caracterização da situação específica de excepcional int r SS<'
público a ser suprida em determinado período de tempo;
d) o regime jurídico da relação (celetista ou administrativo).
47
 Alternativamente, o regime de contrato pode estar estabelecido na lei
municipal que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores municipais,
ou ainda, na lei que define as situações ensejadoras de contratações nos
termos do art. 37, inciso IX, da Constituição da República. Devidamente
atendidos os requisitos assinalados, as contratações a termo poderão ser
consideradas regulares no que concerne aos aspectos essencialmente
formais (legais).
5.2 O desvio de finalidade da norma constitucional
Muitas são as situações em que outra alternativa não resta ao
administrador público senão admitir em caráter emergencial agentes para
o exercício de atividades em face da ocorrência de eventos específicos
impossíveis de serem previstos. É, pois, ponto pacífico a necessidade desse
instrumento de gestão posto à disposição da administração em sede
constituc iona l.
Sabe-se que a gestão pública, especialmente no nível local de governo,
em face do indefinível número de variáveis que interferem nas re lações e
demandas socia is e políticas, envo lve particularidades e contingências
que, por vezes, opõem o exato atendimento ao ordenamento legal vigente
ao atendimento do interesse local. Por interesse local pode-se entend~r
aquele associado à coletividade pertencente a um município, sendo inerente
às pessoas e especialmente às autoridaç!_e\ que percebem e reagem às
demandas inerentes ao espaço local.
Ocorre, no entanto, que a existência dessa figura de ajuste a termo
pode dar ensejo a sua utilização indevida para contornar a ex igênc ia de
concurso público - regra geral moralizadora expressa no plano
constitucional, como requisito para a investidura em ca rgo ou emprego
público (art. 37, inciso li) . Seja, pois, como decorrência da deterioração
das finanças públicas, que forçam, ou mesmo limitam, o provimento de
cargos e empregos públicos em caráter permanente, seja .com o propósito
de adm itir pessoas específicas em observância a atributos outms que não
os de mérito aferido de forma objetiva e imparcial, essa modalidade de
adm issão de pessoas tem sido privilegiada em alguns casos (atualmente
menos que no passado, mesmo que não possam, ainda, ser quantificados
como raríssimos).
Figura, ainda, como fator determinante da crescente adoção desse
mecanismo de ingresso de pessoal em relação aos provimentos em caráter
efetivo, a proliferação de convênios entre as esferas de gove rno, que,
associado ao correspondente repasse de recursos, exig m do ente
recebedor a disponibilização de pessoal. Esses ajustes entr nt .s f d rados
têm, por sua natureza, caráter pr ário, fato qu n j
548
pessoas (agentes públicos) nos mesmos moldes e nas mesmas condi õt·~
de fragilidade das relações.
A partir de um olhar mais atento sobre determinadas realid ad s, •
possível verificar, em virtude de disfunções de variadas ordens, qlll'
concorreram para a definição do atual cenárid, socioeconômi co l'
financeiro, que caracteriza notadamente a esfera loc11 de governo, e s us
reflexos diretos na estrutura administrativa que mat~rializa o aparelho de'
Estado local, uma acentuada tendência de inversão na forma dl'
atendimento às demandas coletivas locais. E essa transforma ção, '
importante assinalar, não pode ser justificada tão somente sob a perspectiva
fiscal (receita e despesa pública).
Observa-se, então, que a exceção prevista pelo legislador constituinl ,
destinada a atender demandas temporárias e excepcionais da admi -
nistração pública passa, em alguns casos, a ser tomada como regra para <1
admissão de pessoal. Nessa linha, faz-se mister assina lar que muitos ,
significativos são os prejuízos advindos dessa prática lesiva à ord em
constituciona l vigente e, em última instância, à qualidade dos servi ços
públicos. Pode-se citar, a título ilustrativo, o fato de que vínculos frág is
com a administração contribuem para restringir ou afastar as possibilidad s
de profissionalização do agente púb li co p~ via de program as de
treinamento e desenvolvimento de pessoas, pois o caráter precári o das
relações, fundadas em ajustes a termo, à luz de uma perspectiva mais
conservadora de gestão de pessoas, não ensejar i a, ou mesmo não
justificaria, investimentos nesse campo.
Impõe-se, ass im, ao adm inistrador público a necessária ampliação dos
horizontes de gestão, perspectiva que evolui para a valorização do faLor
humano na organização do serviço público. Nessa linha, a preocupação
da admin istração deve sobrepor-se à dimensão meramente econômi o-
financeira, não restringindo-se à sim p les gestão dos meios (recurs s
públicos), mas avançando na busca de níveis satisfatór ios de qualidad'
nos serviços públicos.
O sucesso desse intento, contudo, não pode prescindir de um,
organização dos recursos humanos tanto mais próxima quanto possível do
arranjo ótimo. Essa organização, vale acentuar, implica a minimi zação
de disfunções admin istrat ivas, alocando-se o cont ingente de pes on l
adequadamente dimensionado segundo as efet ivas necessid ad s d,1
administração - sempre com vistas aos fins organizacionais, e não som nl(•
nos meios (interesses individuais ou de grupos).
 6 O registro do ato de admissão
Edição do ato
Sob o ponto de vista da gestão de pessoas em organizações públicas,
pode-se dizer que o ato de admissão (a investidura ou o provimento) é o
produto resultante do processo de admissão de pessoal, que tem como Auditoria in loco TCE Descontinuação
do Ato
fases: a prévia identificação da necessidade de pessoal; o recrutamento; a
seleção, e a admissão dos candidatos aprovados. Nessa perspectiva, a
análise do ato de admissão, além dos condicionantes afetos ao seu entorno
(aspectos formais, observância à ordem classificatória, cumprimento das
exigências legais para a investidura, etc.), depende do exame de suas Sugestão pela
Negativa de Registro
fases constitutivas precedentes.

6.1 Fundamento constitucional para o exame de legalidade Sugestão pelo

Registro
Os atos de admissão são atos administrativos complexos, ou seja, são
Recurso )
atos que dependem da interveniência de mais de um órgão para alcançarem
sua eficácia plena. Essa plenitude do ato de admissão de pessoas na
administração pública depende do devido registro homologado pelo
Tribunal de Contas competente, após apreciada e verificada a legalidade
do ato. O exame de legalidade dos atos de admissão para fins de registro Relatório e voto Eficácia Plena

é competência constitucional dos Tribunais de Contas, estatuída no art.

71, inciso Ili, do Texto Magno.
O processo de exame de legalidade dos atos de admissão pode assumir Órgão Julgador
diferentes configurações, sendo que se pode citar, a título exemplificativo, (Cãmara)
a seguinte. 299
figura 35: o processo de exame de lega lidade dos atos de admissão de pessoal

As decisões de mérito expedidas relativamente aos atos de ingre so

de pessoal apreciados, em geral, admitem duas situações distintas, qu ai.
sejam: o registro, ou sua negativa. . _ , ~ .
o registro determina a eficácia plena_do ato ?e_ adm1ssao apos tran i_l< '.
em julgado da decisão (pois pode haver ~nterpos1çao d_e recurso ~or pa1l
da administração ou do Ministério Público). A negativa de registro, prn
outro lado, importa a declaração de desconformidade do ato .em re la <1<>
aos ditames legais. Decorrência lógica da denegação de ~e~1stro, d u111
ato de admissão, após o trânsito em ju !gado da dec1sao, e a s~ 1.t
desconstituição no prazo estipulado pelo órgão julgador (por exemplo, .1 0
dias). ( ~ )
Das decisões proferidas pelos órgãos julgadores fracionár.io s Cam rm, ,
conforme previsão regimental, cabem recursos, os quais pod m . <'I
299
Conformação geral do pro sso d apr i< <o d 1 ga lidad d . , tos dP ,1dmiss, o d interpostos pela parte (administração), pelo servidor . in~ r s ado, u 1 <.'I'
p s oa l no âmbit o d Tribur 1 d • 0111,1s do 1 ~ 1 ,1do do Rio .r,111dt> lo 111 .
L
Mini st rio Público, norma lrn nt dirigid in f n 1 Jul g lor Sllpt•11<11
o
(Tribunal Pleno), com o intuito de reformar a decisão. Em caso de insucesso
na tentativa de reforma de decisão denegatória de registro de ato sujeito a
exame de lega li dade pe lo Tribunal de Contas, resta à administração
proceder a sua desconstituição e consequente comprovação perante o
órgão de contro le, nos termos da decisão. Merece destaque, por fim, o
fato de que o exame de lega lidade dos atos admissionais, para fins de
registro, processa-se na esfer a administrativa (âmb ito de atuação dos
Tribunais de Contas), julga mento este que não afasta a possibilidade de
ap reciação da maté ria na esfera judicial.
6.2 Aspectos de análise da legalidade do ato de admissão
É importante assinalar, de início, que a aprec iação da legalidade do ato
de ad missão, para fins de registro, deve alcançar a legalidade lato sensu, ou
seja, examinar sua conformidade com o ordenamento jurídico tomado desde
a Constituição da República, notadamente no que concerne à observância
dos princípios de gestão previstos no seu art. 37, caput. Dessa forma, a análise
de lega lidade transcende a estrita observância do ordenamento legal, impondo-
se que se ava li e a adeq uação do ato em relação aos demais e lementos
componentes do sistema jurídico, quais sejam:
a) Fase de identificação das necessidades de pessoal
Nesse estágio do processo admi ssional, os órgãos especia lizados da
admini stração (secretarias, setores, departamentos, etc.) ident ifi cam as
efetivas necess idades de pessoa l, da ndo início à sucessão de atos destinados
a supri-la. Esse, em geral, constitui o estágio mais frágil do processo, não
obstante possa ser, e m casos específicos, o crítico.
A fase de ide ntificação das necessidades de pessoas na adm in istração
pública pode revelar-se crítica nas situações e m que a insuficiência de pessoas
(provocada por desligamento, deslocamento ou aumento no nível de atividade)
é desacompa nha da de uma ava li ação da possibil idade de redesenho de
processos, notada mente com vistas a exigir menor nível de a locação de
recursos hum a nos. Ainda nessa etapa do processo, mostra-se releva nte
ide ntificar a efetiva existência de vagas e a possibilidade de realocação de
pessoas como alternativas prioritárias em relação à admissão de novos agentes
públicos. São instrumentos de suporte à análise e d iagnóstico das efetivas
necess idades de pessoa l, entre outros, o funcionogra ma e os gráfi cos
demonstrativos de provimento e vacância dos cargos e empregos públi o .
b) Fase de recrutamento
No que diz respeito à etapa d r rutam nt d p .SS , 1, (lSSUmt'
destaque a verifi a ão do instrum nto puhli ida(/(' d "') l)), 1111( 'I) 1().
552
instrume nto de chamamento (edital de abertura do certame) d v St' I
avaliado segundo sua form a e conteúdo, ou seja, se foi processado m di ~ 11 lt 1
ed ital devidamente expedido e publicado (espécie de ato compatfw l,
numeração, assinatura por a utoridade competente, etc.), e conte nd o ,,.,
informações indispensáveis aos fins destinados aos editais).
Espec ial destaque exige a identificação de particularidades afeta , o
processamento do concurso, bem como sua observ~ncia, tais como tipo!-!
de provas (práticas ou escritas), c ritérios de avaliaÇão e ponderação d '
notas, conteúdos de avaliação, percentual de reserva de vagas e outros
critérios específicos a serem adotados.
c) Fase de seleção
A ava liação da regularidade da fase de seleção exige, no m1nim , ,1
aferição da ide ntidade entre os tipos e conteúdos das provas com o
estabelecido no edital de concurso. Especifi c amente sobre a sei ,5o,
assume destaque a observância dos mecanismos destinados à garan li.i
das condições de isonomia, transparência e igualdade entre os concorr nl 'S
no processo, tais como os procedimentos de desidentificação das prov, · 1
identifi cação pública, a publicação dos atos su bseq uentes na form , dv
editais, a abertura de prazos para recursos, e ntre outros.
d) Fase admissional
A a ná lise de lega lidade do ato na fase ad missional e nvo lve, sst'l1
cialmente, a verificação de atendimento, por parte do ca ndi d 10, cl.1
condições exigidas na legislação específica do ente ou órgão, , ohs( •1
vância das formalidades inerentes à admissão.
No que se refere às condi ções de investidura, sobressae m-s' tH jlH l.i" 1
atinentes à titulação e escolaridade, os req uisitos de idade e apti 1.i o lhl< .i
e mental, 3ºº à quitação militar e e leitoral, além das demais exig Am i,1s 1< )\ill '• 1
específicas. Rel ativamente aos aspetos afetos ao processo admission,11 1 1t'(jl11 11
ate nção a obse rvânci a da ordem classificatória (combinada com c1 1111.ili•,1•
dos termos de desistência, quando for o caso), os procedimentos d " nrnn \1 ,111
(publicidade, prazos, formas, etc.), o conteúdo e forma do ato d lmi-. .10
stricto sensu (espécie de ato - portaria -, competência da a ul or id ,H l1 •
signatária, etc.).
wn imp rtant a sin alar que a omprovação de aptidão física e mental xig , s uh1ni "~' 'º
cio s · nd icla tos a um a omi ssão ou junta méd ica espe iali zada, a fi m d ' q11C ' , Pj.1111
111inimi1,1<1 ,1s < µos ·il il idad s d pr juízos aos rviço pC1bli o, n, form, d<· ,1f 1s1,1 111t111l 11•,
111 vo h1111 ,11io~ .rn t •e ipt11los m 1 ;ipowntodoriil s pr ' o e s.