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CIÊNCIA CÓSMICA

Irmandade dos Anônimos

Luiz Guilherme Marques


(médium)
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I
A MENTALIZAÇÃO CURATIVA
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“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”


(Jesus Cristo)

“Vós sois deuses; vós podeis fazer tudo que Eu faço e muito
mais ainda.”
(Jesus Cristo)

“Onde estiver o teu tesouro aí estará o teu coração.”


(Jesus Cristo)

“Cura verdadeira só existe quando ocorre o progresso


espiritual.”
(anônimos)
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Esclarecimento sobre o desenho


Introdução
Primeira Parte: a mediunidade
Capítulo I – Dom universal
Capítulo II – Tarefeiros da mediunidade
1 – Os médiuns de cura
2 – A mentalização
2.1 – A cura espiritual
2.2 – A cura física
Capítulo III – Jesus: Médium de Deus
1 – Curas realizadas por Jesus
1.1 – Curas presenciais
1.2 – Curas à distância
Segunda Parte: as condições pessoais do médium
Capítulo I – As virtudes
1 – Humildade
2 – Desapego
3 – Simplicidade
Capítulo II – Preparação anterior
1 – Reencarnações passadas
2 – O exemplo de Chopin
Capítulo III – Integração com seus Orientadores Espirituais
1 – Os terapeutas espirituais da Terra
2 - Os terapeutas espirituais cósmicos
Capítulo IV – Semear e seguir adiante
1 – Jesus curou apenas alguns doentes do corpo e do espírito
2 – A verdadeira cura: a auto reforma moral
Terceira Parte: um exemplo de mediunidade de cura
Capítulo I – Uma vida dedicada à mediunidade de cura e
desobsessão
1 – Esclarecimentos práticos
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ESCLARECIMENTO SOBRE O DESENHO


Através do desenho procuramos mostrar para os
prezados leitores qual é a realidade dos seres humanos, que
não devem ser considerados apenas pela perspectiva do corpo
físico, mas sim pela própria essência espiritual, que ultrapassa
os limites da máquina orgânica e não vive “dentro do corpo”,
mas avança em todas as direções, considerando-se, por
exemplo, o caso de Chico Xavier, que, segundo afirmação de
Marlene Nobre, tem uma aura cujo diâmetro beira os dez
metros de extensão.
Essa é a realidade espiritual, que os habitantes da Terra,
no seu geral, não consideram e, assim, pensam em si próprios
e nos outros seres apenas sob o aspecto físico, visível através
dos olhos de carne.
A força do Espírito está no pensamento, no caso dos
humanos e dos animais superiores (cães, equinos etc.),
enquanto que nos outros, menos evoluídos, está na sua
irradiação espiritual de menor potência, mas real.
Quanto aos seres angélicos (Jesus, Maria de Nazaré e
outros) não temos sequer condições de avaliar a sua realidade.
O desenho da capa, repita-se, procura destacar a
realidade do Espírito humano, tentando mostrar que a
aparência sólida é meramente uma sombra da realidade do
Espírito, mesmo daqueles encarnados, pois o Espírito não
necessita do corpo físico, podendo, muito bem, viver no
mundo espiritual, onde apenas o poder mental é que conta.
Através do poder mental, cada um pode curar-se e curar
os outros seres, dependendo, porém, essa cura do
merecimento de cada um, tanto no que diz respeito às mazelas
morais quanto às físicas.
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INTRODUÇÃO
Na Terra, no geral, as pessoas podem ser comparadas
aos habitantes de uma ilha, da qual se avistam outras, mas
cujo atraso tecnológico não lhes permite se comunicarem, de
qualquer forma que seja, com os habitantes dessas outras
ilhas e, assim, aqueles primeiros acreditam que a única ilha
habitada é a sua e todas as demais são desabitadas.
A ignorância é a pior das cegueiras, sendo que, por isso,
Jesus disse: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”
Assim, voltando à realidade dos terráqueos, pensam, no
seu geral, que o Universo é vazio e que, tirante a Terra,
pequenino grão de areia no Universo infinito, pensam que os
demais astros não servem para outra coisa que não seja para
enfeitar as noites terrenas, imaginando que a abóbada celeste
ficaria pobre sem o brilho das estrelas e dos outros astros que
povoam o firmamento noturno.
No fundo, a maioria das pessoas da Terra, se não
manifesta explicitamente essa forma de pensar, na verdade
assim acredita, ou seja, que o Universo é um imenso vazio,
sem sentido, uma pura e simples inutilidade, tal como
pensavam, há muitos milênios atrás, os habitantes do Egito
antigo, da Atlântida e da Lemúria.
O primarismo mental da maioria dos terráqueos é
entristecedor, porque, mesmo aqueles que ostentam
vaidosamente seus diplomas universitários, costumam ser
rudimentares no que pertine às grandes realidades universais,
ou seja, a Ciência Cósmica, se compararmos esses homens e
mulheres com os habitantes, por exemplo, de Marte, Vênus e
Saturno, para mencionarmos apenas planetas próximos da
Terra em termos evolutivos.
Todavia, muitos seres desses outros planetas têm
reencarnado seguidas vezes na Terra a fim de fazerem-na
evoluir intelectual e moralmente, pois esse é um dos deveres
dos Espíritos Superiores, tal como aos adultos compete
ensinar as crianças a ler e escrever, cuidarem da própria
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higiene corporal e prepararem-nas para, um dia, assumirem o


papel de pessoas adultas.
A humanidade da Terra é psicologicamente adolescente,
quase infantil, pois, tendo à sua disposição, por exemplo, a
desintegração atômica, utilizou-a para varrer do mapa
Hiroshima e Nagasaki; aprendendo a voar com Santos
Dumont e os irmãos Wright, bombardeou populações
indefesas e, contando atualmente com a Internet, aplica-a na
divulgação da pornografia e das futilidades.
Tratam-se de contribuições de Espíritos provenientes de
mundos superiores, como no caso, por exemplo, de Wolfgang
Amadeus Mozart, que nasceu na Terra, no século XVIII, para
contribuir para a evolução da Música, e, ainda assim, apesar
de todo aquele esforço, secundado por Beethoven, Schubert,
Chopin e outros, a maioria da humanidade da Terra até hoje
prefere os barulhos primitivos, como verdadeiros gorilas
humanos, que balançam o corpo ao ritmo dessas verdadeiras
anomalias sonoras, que são as músicas de hoje, no seu geral.
Emissários do Governo Planetário, representado por
Jesus, fazem sua trajetória pelo mundo terráqueo,
procurando desenvolver todos os ramos da atividade humana,
e, agora, neste início do terceiro milênio, muitos Espíritos
provenientes de mundos mais evoluídos estão ajudando, como
encarnados ou como desencarnados, no esclarecimento desta
humanidade, a fim dos terráqueos entenderem que o poder
mental é a única verdadeira potência do Espírito na fase
humana e que esse poder deve ser treinado, para constituir-se
em ferramenta valiosa, porque o primitivismo é tão grande
que ainda se utilizam armas ofensivas, pratica-se a corrupção
e a maioria vive em função dos interesses mais desprezíveis,
resumindo-se sua vida no “comer, dormir e reproduzir”,
mesmo quando a aparência requintada tenta encobrir essa
triste realidade.
O Planejamento do Universo não permite que seres
moralmente primários ultrapassem determinadas barreiras,
pois têm de aprender, primeiro, a enxergar em si mesmos a
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realidade espiritual e assim também em relação aos demais


seres.
Enquanto não entendermos isso, tudo de mais
importante nos é interdito, tal como não se entrega as chaves
de uma residência a uma criança que mal sabe cuidar de si.
Nossa tarefa, presentemente, através deste livro e de
todas as outras formas de comunicação com os encarnados de
boa vontade, é mostrar-lhes que cada ser, seja de que Reino
da Natureza for, é um Espírito e que o pensamento, no caso
dos seres humanos, deve ser educado, transformando-se em
valiosa ferramenta a serviço do progresso, mas isso depende
da aquisição das virtudes da humildade, desapego e
simplicidade, sem o que qualquer iniciativa tende a inclinar-se
para o Mal e Deus “não dá pérolas aos porcos”, apesar, por
outro lado, de não deixá-los morrer de inanição.
Compenetrem-se, prezados irmãos, dessas realidades do
Espírito e evoluam para merecerem continuar reencarnando
na Terra.
A Ciência Cósmica é a que Jesus e Seus emissários vêm
ensinando na Terra desde tempos imemoriais e outros
Espíritos Superiores ensinam em todos os recantos do
Universo.
Essa Ciência não é válida apenas para um mundo em
particular, mas aplica-se a todo o Universo, porque a Lei
Divina rege todos os seres sem distinção, dos subatômicos aos
angelicais, pois todos são feitos da mesma essência divina e
evoluem até o infinito, seguindo o mesmo caminho.
É preciso que os habitantes da Terra aprendam essa
Ciência, porque não há mais lugar para separatismos,
baseados na pretensa superioridade de uma corrente religiosa
ou filosófica, uma vez que qualquer rótulo significa
primitivismo e, no caso da Terra, Jesus não autorizou
ninguém a instituir qualquer separatismo, mesmo que sob o
pretexto de homenageá-l’O.
Trabalhemos pelo progresso, unindo-nos em torno de
Jesus, sob o estandarte do Amor Universal, que não deve
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circunscrever-se ao mundo terráqueo, mas abranger todo o


Universo.
Quando, por exemplo, olharmos o planeta Vênus, no céu
noturno, enviemos nosso pensamento de solidariedade a essa
humanidade vizinha e peçamos-lhe ajuda para nossos
empreendimentos no Bem.
Que a bênção de Deus seja compreendida por todos nós,
que Lhe devemos render graças e Lhe agradecer pelo dom da
Vida.

PRIMEIRA PARTE:
A MEDIUNIDADE

CAPÍTULO I – DOM UNIVERSAL


Como cada Espírito é um foco de luz - esteja ele em
qualquer um dos níveis evolutivos, ou seja na fase mineral,
vegetal, animal, hominal, angelical ou superior a essa última –
é evidente que sua luminosidade se irradia além do corpo
físico no qual eventualmente está reencarnado, sendo
percebida essa luminosidade pelos outros seres, na mesma
forma como percebe a luminosidade alheia, assim havendo
constante permuta energética, bastando haver a necessária
sintonia, ou seja, esses seres vibrarem na mesma frequência,
tal como acontece com as ondas hertzianas, que são as ondas
de rádio.
Não há como permanecerem trocando energia psíquica
por muito tempo seres que vibram em frequências diversas,
tanto quanto ninguém consegue sintonizar, no seu aparelho de
rádio uma emissora numa frequência diferente das emissões
dela.
Dessa forma se explica a mediunidade, porque, no
Universo todas as criaturas que vibram na mesma frequência
dão e recebem energia psíquica, não havendo nenhuma
barreira que as separe, mesmo que umas não conheçam as
outras nem saibam em que mundo estão vivendo essas outras:
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a Lei de Sintonia é universal, como também todas as demais


Leis de Deus.
A mediunidade é universal, englobando os seres sub
humanos, inclusive, é evidente, mas a maioria dos seres
humanos da Terra não sabem ainda lidar de forma
organizada, planejada, produtiva e útil o poder mental que
detém como criatura de Deus.
Assim é que a maioria das pessoas emite pensamentos
destrutivos, nocivos, perturbadores, desequilibrados,
maléficos, tanto quanto, em outros momentos, vibra no Bem.
Mas essa oscilação entre o Bem e o Mal prejudica quem
emite esses pensamentos e prejudica as pessoas na direção de
quem eles são enviados.
Por isso é que, por exemplo, os Espíritos de mundos
superiores constroem um cordão de isolamento em torno da
sua psicosfera, como é o caso de Vênus e Marte, para que as
negatividades da Terra não os atinjam no seu estilo de vida
todo voltado para o Bem.
Eles ajudam os terráqueos, mas fazem como os médicos
e enfermeiros em relação aos portadores de doenças
contagiosas e os doentes mentais: mantêm determinadas
medidas de isolamento em celas ou cômodos especiais.
Infelizmente, a realidade terráquea é a de um grande
hospital-manicômio-presídio, onde misturam-se doentes da
moralidade dos mais variados tipos, com a presença de um
número necessário e suficiente de curadores, representados na
pessoa de missionários e homens e mulheres de boa vontade,
postados em posições estratégicas para educar e curar os
doentes e os maus.
A quantidade desses trabalhadores do Bem é a
suficiente, não havendo falta nem sobra, tanto quanto em
cada sala de aula comum há apenas o número de professores
necessários, não havendo nunca uma aula dada por três ou
quatro mestres, mas apenas um.
Ninguém, portanto, se julgue desamparado, pois, acima
desses trabalhadores, Jesus está ciente de cada minuto da vida
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dos Seus pupilos humanos e sub humanos da Terra, sem


contar Deus, que acompanha cada átimo da vida das Suas
criaturas, estejam onde estiverem no Universo infinito.
A fé deve estar presente em todos os corações, portanto,
baseada na certeza de todo esse aparato de orientação,
sustentação e garantia.
Todavia, voltando à questão da mediunidade, pode-se
entender que é, não apenas humana, mas universal.
Entretanto, como dito, a maioria dos terráqueos,
ignorante da própria essência espiritual, vive irradiando e
assimilando pensamentos bons e maus numa desordem
interna muito grande, portanto, prejudicial.
O que temos a tarefa de informar é que o interior de
cada um deve organizar-se para haver condições de viver no
mundo de regeneração em que a Terra se transformará daqui
a alguns anos: sem essa evolução qualitativa não há como
alguém permanecer neste planeta, que já cumpriu sua fase de
mundo de provas e expiações e merece ter um status mais
graduado, tanto quanto as crianças se transformam em
adolescentes, depois em jovens, adultos e assim por diante.
Entender o que é a mediunidade é uma das mais
importantes realizações humanas, sendo que cada pessoa deve
conscientizar-se do poder mental que detém e empregá-lo
sempre no Bem.
Alguns já desenvolveram, em épocas passadas, essa
energia criadora, mas a maioria sequer sabe lidar com ela.
Para esses últimos é que nos dirigimos presentemente.
Não basta apenas orar, para ocorrer esse
desenvolvimento, mas é necessário aprender a mentalizar, a
meditar, a realizar uma série de exercícios diários, tal como se
exercitam os músculos nas atividades braçais.
Uma mente atrofiada não consegue realizar no Bem
como deveria, tanto quanto braços flácidos não aguentam
carregar objetos pesados.
A mediunidade se desenvolve na medida exata em que se
exercita, mas esse exercício não depende de reuniões em dias
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certos da semana e em horários predeterminados, porque


devemos exercitá-la em todos os momentos da vida.
Se alguém está precisando de ajuda ou nós mesmos,
devemos colocar em movimento o poder mental e trabalhar
para melhorar aquela situação, em qualquer lugar onde
estejamos: assim se desenvolve a mediunidade.
O estabelecimento de horas predeterminadas não exclui
o atendimento a situações emergenciais, tanto quanto um
médico não pode deixar morrer uma pessoa que vê atropelada
na via pública.
Aprendamos que a mediunidade é um dom universal no
sentido mais amplo da palavra, apesar de que há médiuns de
grande poder, mas todos podemos nos tornar um deles no
decurso dos milênios, mas como resultado do esforço de cada
dia.

CAPÍTULO II – TAREFEIROS DA MEDIUNIDADE


Nem todos são grandes tarefeiros da mediunidade,
sendo, aliás, seu número muito reduzido em comparação à
população da Terra.
Em mundos superiores todos são médiuns desenvolvidos,
que trabalham em função da evolução dos seres dos mundos
mais atrasados, como acontece com os venusinos, os
marcianos e os saturninos em relação aos habitantes da Terra
e outros mundos inferiores.
Como eles não têm mais problemas graves para resolver
nos seus próprios mundos fazem como os países ricos, que
auxiliam os pobres e aqueles que estão passando por
calamidades e emergências coletivas ou individuais.
Aprendamos que a solidariedade entre os mundos é um
item da Lei Divina.
Quando olharmos, por exemplo, o céu noturno, o planeta
Vênus, peçamos ajuda a seus habitantes, que essa ajuda virá,
na certa.
Assim mesmo podemos fazer quanto aos outros planetas
mais evoluídos que a Terra.
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Precisamos despregar os olhos do chão e olharmos mais


para o céu, de onde promanam energias superiores,
benfazejas, incentivadoras da evolução espiritual.
Precisamos aprender a olhar as nuvens navegando pelo
firmamento, precisamos fixar o azul claro dos dias e o azul
marinho das noites: tudo isso significa evolução espiritual.
Não há como alguém evoluir fixando-se apenas nos
prédios, no asfalto das ruas, na rotina do trabalho material ou
do lazer normalmente nocivo da vida diária das pessoas que
acreditam que são corpos e não Espíritos.
Sejamos cósmicos, universais, intergalácticos, cidadãos
de todos os mundos criados por Deus e nossa vida mudará
para melhor em pouquíssimo tempo.
Para isso, não tenhamos como metas o dinheiro, os
cargos, o sexo, o estômago, os bens e interesses materiais em
geral: vivamos no mundo sem sermos do mundo.
Isso faz a diferença entre os Espíritos conscientes da sua
própria condição de “deuses” e aqueles que não sabem que
são tais.
Os tarefeiros da mediunidade servem de faróis para a
humanidade, sendo alguns exemplos dos mais importantes,
nos últimos tempos, Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco,
cuja quantidade e qualidade nas realizações incalculáveis em
termos de revelações e progresso da humanidade da Terra.
Se fosse possível reunir em um único compêndio tudo
que informaram estaríamos diante de uma enciclopédia de
trezentos ou quatrocentos volumes, cada um com milhares de
páginas, tamanha é sua densidade espiritual.
Saibamos valorizar esses emissários de Jesus e aqueles
que, do mundo espiritual, falam pela sua intuição ou escrevem
pela sua pena, isso sem contar as obras que eles realizam no
puro mundo mental, o que é impossível de registrar em
palavras, mas é o mais importante que alguém pode realizar
em benefício das criaturas de Deus e do progresso do
Universo.
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1 – OS MÉDIUNS DE CURA
Devemos entender o tempo como um referencial relativo,
pois cada civilização conta-o de uma forma diferente, sendo
que os índios se baseiam na sucessão das luas, os ocidentais no
calendário cristão, os judeus de outra forma e assim por
diante.
Um médium de qualidade notável vem desenvolvendo
essa faculdade há milhares de anos e não se improvisam
médiuns em dois ou três séculos.
Daremos como exemplo um desses, que, no Egito antigo,
de há cinco milênios atrás, já desempenhava tarefas na
mediunidade de cura.
Dizemos isso, porque estamos tratando da Ciência
Cósmica e não dos valores puramente terráqueos.
Tenhamos em mente a necessidade de aprendermos a
Verdade, que está presente em todo o Universo e também na
Terra, revelada principalmente pela mediunidade de cada
medianeiro sintonizado com a humildade, o desapego e a
simplicidade a serviço do Amor Universal.
Curar a si próprio e a outrem demanda o aprendizado
de milhares de anos no auto aprimoramento moral e
intelectual.
Conhecer a si mesmo, conhecer a Natureza, conhecer a
Lei de Deus: isso é o que possibilita o engrandecimento da
mediunidade curativa.
O pensamento, aplicado no Bem, é a ferramenta,
manipulando o ectoplasma, que é a energia veiculadora de
todas as mudanças para melhor.
Como dissemos, são necessários milhares de anos de
desenvolvimento, de aprendizado diário, para se formar um
bom médium.
Quem quer se habilitar tem de deixar para trás uma
série de interesses mundanos, pois somente um coração puro
consegue curar, mesmo quando pareça o contrário, uma vez
que somente a água limpa dessedenta sem adoecer.
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A humildade de um Chico Xavier fazia-o esconder seu


notável progresso espiritual, mas trata-se de um Espírito que
está milhares de anos à frente da humanidade comum da
Terra.
Há muitos outros trabalhadores de menor hierarquia,
espalhados pelos quatro cantos da Terra, vindos muitos e
outros planetas, para ensinar à humanidade da Terra a
manipular o ectoplasma, por meio do poder mental, mas
poucos se interessam em aprender essa Ciência,
principalmente no mundo ocidental, voltado essencialmente
para as questões materiais.
Pobre mundo ocidental, que fenece vítima das doenças
do corpo e da alma, tais como o câncer, a aids, a depressão, a
drogadição etc. etc.
Há médiuns curadores tentando salvar essa multidão de
desajustados, que confiam nos remédios mas não acreditam
que o pensamento é que adoece e que cura.
Sejam médiuns curadores, prezados leitores, aprendam
a utilizar o pensamento nas mentalizações, na manipulação
das energias psíquicas e curem a si próprios, sobretudo das
mazelas morais, e ajudem a curar os outros.
Ninguém aprenderá a Ciência Cósmica nas
universidades, porque muitos analfabetos a conhecem, através
das tradições indígenas, tibetanas, indianas etc., mas,
sobretudo, a própria mediunidade de cada um pode ser o
veículo do aprendizado, como Chico Xavier aprendeu com
Emmanuel, Bezerra de Menezes e André Luiz e Divaldo
Franco aprende com Joanna de Ângelis e outros Orientadores
Espirituais.

2 – A MENTALIZAÇÃO
É importante não pensarmos que somente os adeptos da
nossa corrente religiosa ou filosófica têm acesso à Verdade, ou
seja, à Ciência Cósmica, pois ela existe em todo o Universo e
não escolhe credos ou seitas, porque Deus é Pai de todas as
criaturas.
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Depois de concluído isso, passemos a procurá-la onde


quer que ela esteja, mas a encontraremos dentro de nós
mesmos, pois Jesus falou: “O Reino dos Céus está dentro de
vós.”
Somente a encontra quem merece, por sua pureza de
intenções.
Os perversos, os viciosos e os moralmente defeituosos
precisam purificar-se para terem condições de descobri-la,
pois, em caso contrário, farão mau uso dela.
Jesus ensinou a Verdade a quem quisesse ouvi-la, mas aí
está apenas o primeiro passo, como um convite que é feito,
mas o convidado tem de preparar-se, não podendo
comparecer ao festim vestido de andrajos e sem higienizar-se
convenientemente.
Sejamos sensatos e pensemos nas coisas espirituais com
seriedade e não como quem brinca de esconde-esconde,
tentando enganar a própria consciência.
Para mentalizarmos com proveito é preciso estarmos
com o coração puro, livre das segundas intenções, da
hipocrisia, dos vícios e das mazelas morais.
Não que tenhamos de ser anjos, por enquanto, mas
temos que estar a caminho pelo nosso esforço na auto reforma
moral.
Mentalizar é projetar a própria luz ou a própria sombra
no exterior e na direção dos objetivos que almejamos.
Não enviemos lixo mental na direção dos outros, mas sim
luz, mesmo que não sejamos perfeitos, mas limpos de coração.
Mentalizar é lançar para fora tudo o que somos por
dentro: daí a responsabilidade com o Bem.

2.1 – A CURA ESPIRITUAL


Dentre todos os Espíritos que passaram pela Terra o
único que descreveu uma trajetória retilínea, sem nenhum
erro cometido, foi Jesus.
Por aí se vê a diferença entre Ele e os demais Espíritos,
porque Ele é inacessível às induções do Mal, enquanto que
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todos os outros têm, na sua estrutura psíquica, brechas por


onde as induções do Mal podem penetrar e provocar quedas
espirituais.
Assim é que, ao ser tentado no deserto, como narrado na
Sua biografia terrena, Jesus não Se deixou influenciar, nem
por uma fração de segundo pelo Espírito que tentou demovê-
l’O do cumprimento da Sua Missão de ensinar a Ciência
Cósmica à humanidade da Terra.
Por outro lado, todos os demais Espíritos que já erraram
ou continuam errando são suscetíveis de assimilarem as
induções dos Espíritos dedicados ao Mal quando eles próprios
não procuram o Mal espontaneamente.
Para os que já erraram é que se deve pensar em cura
espiritual, porque somente quem está doente pode ser curado,
sendo ilógico falarmos em cura de quem sempre esteve são.
Assim, podemos entender que, no caso dos habitantes da
Terra, todos devem procurar a própria cura espiritual e
ajudar os demais a se curarem.
A cura espiritual abrange defeitos morais grandes e
também os mínimos, pois qualquer rachadura num dique
pode aumentar e transformar-se numa fresta que, com o
tempo, provocará sua queda total e a invasão da água contida,
destruindo tudo que se encontra à sua frente.
Cada Espírito tem de desempenhar trabalhos no Bem de
cada vez maior responsabilidade e complexidade não só no
mundo espiritual, mas, principalmente, em mundos inferiores,
como é o caso da Terra, onde o Mal predomina sobre o Bem,
porque seus habitantes são Espíritos ainda rústicos, afinados
com o primitivismo moral.
No cumprimento dessas tarefas esses trabalhadores do
Bem são literalmente assediados pelas Trevas, de várias
formas, que procuram desencaminhá-los na prática do Mal e,
quando não cedem a essas induções, induzem-no ao desânimo,
ao desespero e procuram-lhe provocar a desencarnação,
porque, com isso, sua tarefa será interrompida, pelo menos de
forma direta, com um corpo físico.
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O mais importante é cada um curar-se, pois, em caso


contrário, suas boas intenções tenderão a terminar em nada,
porque as Trevas lhe vencerão as resistências morais, uma vez
que são frágeis.
Depois de curado espiritualmente, o que demanda
muitos milênios de esforço no “orar e vigiar”, o trabalhador
do Bem estará muito mais resistente, mas não imunizado
contra as tentações.
As tentações sempre existirão em mundos inferiores, tal
como se viu no caso de Jesus.
A maioria dos trabalhadores procura curar os outros,
como se isso lhes adiantasse alguma coisa, mas, na verdade,
cada um deve curar a si próprio, espiritualmente falando, pois
a cura do corpo é secundária, uma vez que há missionários
entrevados em cima de um leito, cegos, fisicamente inviáveis,
mas que desempenham elevadas tarefas com a força do
pensamento.
A ilusão da cura física é uma verdadeira ilusão, mas que
engana a muitos, porque enxergam apenas a realidade
material e desconhecem a força do pensamento tanto no Bem
quanto no Mal.
A vida dos missionários do Bem é acompanhada atenta e
minuciosamente pelos Espíritos das Trevas, a fim de
inviabilizar-lhes os bons propósitos.
Entendam, portanto, prezados irmãos, que todo trabalho
no Bem necessita de muita oração e vigilância, porque o Mal
nos espreita em todos os momentos e ataca das formas mais
inimagináveis.
Curem-se espiritualmente, porque, assim, estarão menos
sujeitos a cair em tentação.
Ajudem os demais a curarem-se, mas a principal ajuda é
ensinar a Ciência Cósmica, através da qual cada um pode
curar-se.
Jesus falou: “Pega a tua cruz e segue-Me”, porque não há
como alguém curar outrem, mas apenas a si próprio.
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A trajetória espiritual é infinita e, nesse caminho, que


passa por tarefas a cumprir nas condições exteriores mais
variadas, inclusive em mundos inferiores e nos ambientes
espirituais dominados pelo Mal, a facilidade para ser desviado
do Bem é muito grande.
Ensinem as demais criaturas humanas a Ciência
Cósmica, a fim de elas mesmas se encaminharem para a cura
espiritual, desmanchando os focos morais que jazem
embutidos no seu próprio íntimo e que afloram em vários
momentos da sua trajetória evolutiva, como uma ferida
interna, que não sara a não ser com tratamento específico.
Curar-se espiritualmente e ensinar os outros a se
curarem: esses os principais objetivos da vida de cada
Espírito humano.

2.2 – A CURA FÍSICA


Jesus curou apenas alguns doentes do corpo, sendo o
mais notável deles o cego que nada devia à Justiça Divina e à
própria consciência e tinha pedido o benefício da cegueira
para testemunhar, com sua cura, o Poder de Deus.
Os demais, no seu geral, continuaram presos aos bens e
interesses materiais e voltariam a adoecer fisicamente, pois
traziam a alma sintonizada no primitivismo moral.
A imensa maioria dos homens e mulheres da Terra
querem a cura física para continuarem errando e perdendo-se
nos defeitos morais do orgulho, egoísmo e vaidade.
Esses acreditam na vida terrena e nada querem saber da
Ciência Cósmica, porque teriam de renunciar ao “comer,
dormir e reproduzir”, que é o foco de suas atenções.
Curar seu próprio corpo e contribuir para a cura física
de outras pessoas é muito pouco importante, tanto que Chico
Xavier passou a maior parte da sua encarnação sofrendo os
mais variados tipos de achaques e nunca pretendeu realmente
ficar livre deles, a não quando algum lhe impedisse alguma
tarefa espiritual.
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Assim devemos pensar, pois o corpo é simplesmente uma


máquina viva, que serve enquanto estamos atrelados a ela,
sendo que a maioria das tarefas espirituais é puramente
mental e não necessita das faculdades de deambulação, da
visão, da audição e das demais.
A mentalidade materializada da maioria dos terráqueos
fá-los pensar que somente as atividades corporais são
importantes, mas é exatamente o contrário.
O pensamento voa em todas as direções e realiza
prodígios sem a mínima necessidade de movimentação dos
ossos, músculos e órgãos corporais.
Quem procura conhecer a Ciência Cósmica muda seus
pontos de vista sobre o que é realmente importante.
A evolução espiritual é a única realidade verdadeira,
pois perdura e faz a felicidade do Espírito, sendo todos os
demais valores simplesmente passageiros e nada acrescentam
ao Espírito.
Entendamos essa realidade e invistamos na nossa cura
espiritual, ao mesmo tempo os outros a fazerem o mesmo.
Jesus ensinou a seguinte Lição: “Conhecereis a Verdade e
a Verdade vos libertará.”

CAPÍTULO III – JESUS: MÉDIUM DE DEUS


Um dos itens mais importantes da Ciência Cósmica é
entendermos que somos cidadãos do Universo e não de um
país ou planeta.
Assim pensando, transportemo-nos, em pensamento,
para Vênus, de onde podemos avistar a Terra em
determinado período da noite de lá e veremos o mundo
terráqueo como um astro maior do que nossa visão terráquea
de Vênus, pois a Terra tem uma circunferência maior.
Todavia, devemos pensar na Terra não apenas pela sua
aparência física, mas como Heigorina Cunha desenhou,
englobando as sete esferas espirituais que circundam a crosta:
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Assim, teremos uma visão real do planeta, todavia


acrescentando-se a isso a noção de que as realidades material
e espiritual se interpenetram e bem assim os Espíritos, dos
sub atômicos aos humanos são igualmente interdependentes e
Jesus é o responsável, perante Deus, pelo encaminhamento
evolutivo de todos eles.
Quando Jesus disse: “Ninguém vai ao Pai a não ser por
Mim” estava mostrando Sua qualidade de Governador
Planetário, mas, por outro lado, afirmou ser apenas Médium
de Deus ao declarar: “Eu, de Mim mesmo, nada posso.”
Entendamos o significado de cada Lição de Jesus, que
outros missionários vieram depois a confirmar, tanto quanto
Seus antecessores já tinham dito.
22

A Verdade sempre foi revelada à humanidade da Terra,


como também é revelada em todos os pontos do Universo, mas
é preciso a cada um ter “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, pois,
senão, significa mera semeadura em terreno infértil.
Jesus é o Divino Governador da Terra, sendo o único
Espírito, que por aqui passou, que descreveu Sua trajetória
evolutiva de forma retilínea, sem nunca ter errado.
Por essa virtude especial, conquistada pelos Seus
próprios Méritos, é totalmente infenso às induções do Mal e,
justamente por isso, foi escolhido por Deus para governar um
planeta como a Terra, onde os vícios e os defeitos morais
dominam até hoje.
A História da Terra é contada por Emmanuel em “A
Caminho da Luz” e deve ser lida por todos os aprendizes da
Ciência Cósmica.
Mas não nos circunscrevamos à História da Terra, uma
vez que todos somos cidadãos do Universo.
Pensemos em Vênus, em Marte, em Saturno e outros
planetas superiores e procuremos sintonizar mentalmente
com seus habitantes, que eles nos ajudarão a difundir na
Terra a Ciência Cósmica.
Jesus, como formador da Terra e Seu Divino Dirigente,
ensinou a Ciência Cósmica em dois momentos principais: 1 –
quando de Sua Estada Pessoal na Terra e 2 – através de
missionários, sendo os principais deles Paulo de Tarso
reencarnado, na personalidade do sadu Sundar Singh, que
escreveu livros como “Aos Pés do Mestre” e Pietro Ubaldi,
escrevendo, principalmente, “A Grande Síntese”, que é o
principal tratado de Ciência Cósmica escrito na Terra.
Quem pensa que Jesus vive distante dos problemas
terrestres está enganado, pois Ele mesmo afirmou: “Eu
trabalho e Meu Pai também trabalha.”
Cada ser da Terra, por mais infinitesimal que seja, está
sob Seus Cuidados e Desvelo Paternais.
23

Pensemos na evolução desse número incalculável de


seres e não apenas em nós próprios e naqueles que transitam
atualmente na fase humana.
Essa solidariedade nos ajudará a evoluir, pois o dever
que temos quanto aos sub humanos é induzi-los à evolução.
Como Francisco de Assis, devemos amar os sub humanos
como amamos a nós mesmos e a Deus.
Jesus não falou explicitamente nos deveres que temos
junto a esses irmãos mais jovens, mas Ele não disse tudo que é
importante, mas apenas o que podíamos compreender
naquele tempo, reservando-se para fazer novas afirmações
posteriormente, uma vez que a Verdade é infinita,
comportando sucessivos graus de complexização.
Em “A Grande Síntese”, por exemplo, avançou no
sentido de novas revelações, que, infelizmente, a maioria dos
aprendizes da Ciência Cósmica sequer se dignaram de
procurar conhecer.
Podemos dizer que, em termos de Ciência Cósmica, na
Terra, as principais obras são os Evangelhos e “A Grande
Síntese”, pois têm o dedo do Divino Mestre, sendo todas as
demais obras secundárias, apesar de importantes, porque
foram elaboradas por Seus discípulos mais ou menos
graduados na Ciência do Infinito.
Todavia, voltamos sempre ao mesmo ponto,
consideremo-nos cidadãos do Universo e pensemos em nós
próprios em função do Universo, acostumando-nos a olhar
muito mais para o céu do que para o solo terreno e sua
realidade visível.
Com razão dizia um filósofo que: “Tudo que realmente é
importante é invisível.”

1 – CURAS REALIZADAS POR JESUS


Há pessoas que perdem tempo enorme tentando
entender as curas que Jesus realizou, acreditando-O um mero
taumaturgo, mas essas pessoas ignoram que Sua Finalidade
não era outra que demonstrar o Poder de Deus àquela gente
24

primitiva, incapaz de enxergar a realidade espiritual e que só


acreditaria n’Ele vendo-O curar e esclarecer Espíritos
obsessores.
Não tinha como Meta transformar-se em Médico dos
pobres nem dos ricos, mas ensinar-lhes sobre o Poder Mental
no Bem.
As pessoas ficavam eletrizadas com Aquele Homem que
tinha o Dom de Curar doentes do corpo e esclarecer os
doentes da alma.
Mas tudo aquilo passou e não há mais lugar para
pedidos de cura física a Jesus, uma vez que Sua Lição é de
cada um pegar a própria cruz e segui-l’O na estrada
evolutiva.
Os curadores ainda trabalham na Terra, mas apenas
para mostrar que a mente é que adoece e que cura o corpo,
sendo a mente a sede do Espírito e que ele próprio deve curar-
se no curso dos milênios de auto aperfeiçoamento.
Ninguém deve esperar a auto cura imediata, porque um
câncer é o resultado de milhões de emissões mentais negativas,
tanto quanto um aleijão e outras mazelas físicas.
Os males morais se transformam em doenças físicas,
como forma de contaminação das células do corpo.
Essas células são outros tantos Espíritos em evolução,
que são vitimados pelo encarnados sintonizado no Mal, o qual
terá, cedo ou tarde, de encaminhar aquelas irmãzinhas para a
saúde: entendamos isso.
O mais evoluído tem de encaminhar o menos evoluído e,
assim, cada ser humano se torna responsável, pelos trilhões de
seres sob sua área de influência espiritual direta durante cada
reencarnação.
Jesus é o Médium de Deus na Terra e fecunda todas as
vidas que pululam neste planeta, tanto quanto cada Espírito
reencarnado fecunda as vidas infinitesimais que constituem
seu corpo físico: entendamos isso.
Glorifiquemos Jesus pelo Seu Amor e Sua Sabedoria e
procuremos fazer o mesmo quanto aos seres que dependem de
25

nós: assim estaremos realmente evoluindo, sendo médiuns de


Jesus e, lá no final das contas, de Deus.

3.1 – CURAS PRESENCIAIS


Quando falamos em cura, temos de pensar sempre em
Deus, porque Jesus mesmo disse: “Vinde a Mim vós que estais
sobrecarregados, que Eu vos aliviarei.”
Somente Deus tem Poder e até Jesus se dispôs apenas a
aliviar e orientar, mas nunca disse que curaria.
A muitos esclareceu: “Tua fé te curou”.
As pessoas que procuram os médiuns pretendem ser
curadas principalmente dos males do corpo. Essas pessoas
delegam a outrem aquilo que depende somente delas próprias
e que se fará possível pela Graça de Deus.
A fé a que Jesus se referiu significa o tipo de contato que
cada um mantém com Deus, o que varia ao infinito, segundo
as intenções mais secretas de cada criatura inteligente.
Ninguém tem o dom de curar sequer a si próprio, mas
Deus pode permitir que alguém seja Seu intermediário na
cura de outrem.
Devemos entender essa realidade, a fim de que a vaidade
nos tolde nossa visão sobre o Poder de Deus e a insignificância
das Suas criaturas.
Se o próprio Divino Governador da Terra considerou-Se
mero Médium de Deus e sabia que de Si mesmo nada podia,
imagine-se um médium comum, cheio de falhas morais,
quando não de vícios declarados ou ocultos!
Um dos grandes entraves à mediunidade em geral e, em
especial, à de cura é a vaidade, porque existe uma tendência
ao endeusamento dos médiuns, isso desde o começo da
humana na Terra, quando sacerdotes, iniciados etc. eram
considerados intermediários entre o Céu e a Terra.
A classe sacerdotal tinha mais poder que os próprios reis
ou equivalentes e muito tem abusado dessa condição,
transformando-se muitos em chefes das Trevas.
26

É preciso muito cuidado para não cairmos nas


armadilhas da fascinação pelo auto endeusamento.
Por isso recomenda-se o anonimato, que deve ser
exercitado com firmeza e desapego total a qualquer forma de
reconhecimento público ou particular das pessoas
beneficiadas.
Devemos saber que somente Deus opera os prodígios,
que, na verdade, são decorrência natural da Sua Lei Cósmica
e nada têm de favoritismos, privilégios, injustiças etc. etc.
Quando uma cura acontece é porque a Lei Divina atuou
em favor daquela pessoa, mas nunca pela força pessoal do
intermediário humano encarnado ou desencarnado.
Vejamos como Jesus procedeu e façamos o mesmo, para
não cairmos na tentação da vaidade.
Há casos em que se faz necessária a cura presencial, para
que a pessoa beneficiada acredite que foi curada não pelo
remédio material que ingeriu, mas sim pelo Poder de Deus,
sendo que, por isso, Jesus, por exemplo, misturou cuspe e
terra para curar o cego mencionado no Evangelho.
Se não tivesse feito dessa forma as pessoas não
acreditariam.
Até hoje há pessoas que precisam de sinais físicos,
visíveis, para acreditar no Poder de Deus.
Para esses a cura deve processar-se de forma visível e
quem é médium , se quiser utilizar recursos materiais, tem de
tomar o cuidado suficiente para não deslumbrar essas mentes
primitivas, que tendem ao endeusamento, tal como acontece
com aqueles que procuram gurus, médiuns, missionários etc.
por toda parte, ao invés de cuidarem do auto aprimoramento
pessoal, único caminho para a cura verdadeira, que é a auto
cura espiritual.

3.2 – CURAS À DISTÂNCIA


Jesus curou a filha de Públio Lêntulo Cornélio à
distância, alertando-o de que aquilo significaria um
agravamento na sua própria situação espiritual, pois estava
27

pleiteando uma revogação do mapa cármico da menina, mas,


mesmo assim, curou-a e ela seguiu adiante, na sua trajetória
evolutiva, na certa que tendo que ser pensado um traçado
diferente para aquela encarnação, que talvez devesse
terminar pela desencarnação a curto prazo.
Mas, ponderando os prós e os contras, foi deliberado,
com a Chancela Divina, que aquela menina fosse curada
fisicamente.
As mazelas morais continuariam contaminando o
próprio corpo, mas tinha sido concedida uma moratória.
As curas à distância têm igual força, pois o pensamento
viaja o Universo em frações de segundos e um Espírito que
está em Marte pode curar o corpo de um habitante de Netuno,
se assim Deus permitir.
Devemos aprender a lidar com o poder mental no Bem,
sem condicionamentos de ordem material.
Há recursos terapêuticos que são utilizados, como a
energia dos minerais, dos vegetais, dos animais e dos seres na
fase humana, mas tudo depende da Chancela Divina e da
potência mental humana colocada em ação.
Mentalizar no sentido da cura física ou espiritual de
alguém é um exercício da mais nobre caridade, acima de
todas as benesses materiais, principalmente dependendo da
intenção de quem realiza a mentalização, porque nunca deve
visar a concessão de vida ociosa a ninguém, mas sim
oportunidade de recuperação para o trabalho e a evolução
sobretudo espiritual.
Devemos saber o que pedimos, pois, como no caso da
filha do senador romano, seu pedido foi tão inconveniente que
lhe pesou como um débito.
Tenhamos em mente essa noção e nunca trabalhemos
pelo desrespeito à Vontade de Deus.

SEGUNDA PARTE:
AS CONDIÇÕES PESSOAIS DO MÉDIUM
28

CAPÍTULO I – AS VIRTUDES
O desenho abaixo é uma pirâmide de base triangular,
onde estão representadas as três virtudes: humildade,
desapego e simplicidade, sem as quais qualquer investimento
tende para o Mal.
No intercâmbio mental cada um emite pensamentos
caracterizados pela quantidade e qualidade das próprias
virtudes, defeitos morais e vícios.
Não há como despregarem-se as duas realidades: o
pensamento e sua caracterização ética.
Todo pensamento viaja carregado de intenções boas ou
ruins e é assim que cada um se identifica perante o Universo
todo, formado pelos demais seres.
Por isso é conveniente a auto reforma moral, uma vez
que nossa impressão digital no mundo mental é o tipo de
emissão psíquica que se desprende de nós.
Consideramos as virtudes resumíveis a três porque
bastam elas para nos distanciarmos do “homem velho”, que
fomos até há pouco tempo, e nos transformarmos em cidadãos
cósmicos, que pretendemos ser.
Cada uma das virtudes depende das outras, mas, para
efeitos didáticos, vamos analisá-las separadamente.

1 – HUMILDADE
Jesus era humilde, tanto que disse: “Eu, de Mim mesmo,
nada posso.”
Se Ele, como Divino Governador da Terra, fez essa
afirmação, por conhecer Seus limites, que dirá de nós, quando
nos julgamos todo poderosos, superiores aos nossos irmãos e
irmãs e os desprezamos como inferiores?
Baste isso para refletirmos sobre a humildade.
Ser humilde não é ser subserviente, mas consciente de
que, apesar de importante no trabalho no Bem, não é
insubstituível, pois Jesus mesmo não é insubstituível no
Governo do planeta, havendo inúmeros outros, do Seu nível,
que podem ocupar-Lhe o lugar, com igual proficiência.
29

Sem humildade não há como desenvolver-se o poder


mental, pois Deus é que tudo pode e Ele dará a cada um
conforme o bom direcionamento que cada um der as dons
recebidos, sempre reconhecendo que “de nós nada podemos”.

2– DESAPEGO
O egoísmo é uma das chagas da humanidade, sendo-lhe a
virtude oposta correspondente o desapego, que significa a
capacidade de renunciar a tudo que não seja realmente
essencial, não se restringindo aos bens materiais, mas também
a qualquer outro tipo de benefício.
O nível de desapego de cada Espírito revela sua estatura
espiritual, podendo-se considerar como referencial máximo
Jesus, que no-lo ensinou quando disse: “Não tenho uma pedra
onde descansar a cabeça.”
Por ter ciência de que o Mundo Espiritual é nossa
verdadeira pátria, sendo a vida terrena mera passagem
temporária necessária, principalmente para quem ainda se
encontra nos degraus inferiores da evolução moral, os
Espíritos Superiores não se apegam às coisas e interesses
materiais.
Assim, quem pretende evoluir moralmente necessita
desapegar-se, o máximo que conseguir, de tudo que não possa
levar para o Mundo Espiritual, ou seja, o que não sejam suas
próprias aquisições intelecto-morais. Tudo o mais, inclusive o
corpo físico, como se sabe, fica para trás na trajetória para a
pátria verdadeira.
Exemplifiquemos, para melhor compreensão, por que
compensa desapegarmo-nos desde já.
O Espírito André Luiz descreve a cidade espiritual de
Nosso Lar e as regras que ali vigoram, podendo-se entender
que regulamentos semelhantes se aplicam às demais urbes
espirituais de igual categoria.
Ali cada habitante ou família pode possuir apenas um
imóvel para a própria moradia, não havendo a mínima
possibilidade de alguém, mesmo os dirigentes, monopolizarem
30

a área imobiliária e, muito menos, explorarem a necessidade


dos demais.
Quanto ao salário, é idêntico, em tese, para todos, seja
um trabalhador braçal, seja o governador da cidade.
As necessidades básicas são atendidas sem distinção do
nível evolutivo, não havendo ninguém colocado à margem da
assistência que a Caridade recomenda.
Considerando esses fatores, ainda mais depois da
enorme divulgação que o filme Nosso Lar deu a esses aspectos
e outros da vida no Mundo Espiritual, não se concebe como
muitos de nós ainda vivamos apegados de forma obsessiva aos
ganhos materiais, ao poder temporal e a inúmeras questões
que nada acrescentam à evolução intelecto-moral.
É necessário atentarmos para o que fazemos dos bens
que chegam às nossas mãos, principalmente se lhes estamos
dando uma destinação útil aos nossos irmãos em humanidade.
Em caso contrário, acordemos para a realidade que nos
aguarda, porque podemos ser chamados, a qualquer
momento, a “prestar contas dos talentos que recebemos”, na
certa quando assumimos o compromisso de realizarmos o
Bem.
Quem vive apegado aos bens e interesses terrenos revela,
mesmo que afirme o contrário, pouca certeza quanto à vida
espiritual, pois, em caso contrário, não tergiversaria em
renunciar a muitas coisas do mundo pelas riquezas
espirituais, que se traduzem, basicamente, nas conquistas
interiores da inteligência e da moralidade.
O tempo urge e não há como adiarmos mais a reflexão
sobre o quanto já nos desapegamos de tudo que nos mantém
atrelados ao passado primitivista, que nos mantinha jungidos
até ao próprio corpo em estado de putrefação, após a morte.
A consciência age automaticamente, apesar do Amor
Divino nos conceder sempre novas chances de refazimento
moral.
DESAPEGO DOS BENS MATERIAIS
31

Pedimos licença aos prezados confrades para refletirmos


juntos sobre o dinheiro na vida de alguns personagens do
Cristianismo e na nossa própria vida.
Zaqueu, que viveu muitos anos apegado às riquezas,
acumuladas por meios que sua consciência condenou tão logo
caiu em si, depois de dialogar com Jesus, abandonou tudo que
tinha amealhado e foi viver do próprio trabalho como
professor e servidor braçal, conforme lhe foram surgindo as
oportunidades, assim, gradativamente, redimindo-se e
seguindo adiante na escalada evolutiva, até transformar-se no
missionário do Cristo Bezerra de Menezes. Maria de
Magdala, vítima da própria luxúria e do apego aos bens
materiais, deixou tudo para trás e seguiu Jesus, após receber
d’Ele Sua Bênção, passando a dedicar-se ao amparo aos
leprosos do corpo e da alma, subindo, nas sucessivas
reencarnações, pelos degraus da evolução até chegar a Madre
Teresa de Calcutá, a Grande Mãe dos que nunca tiveram mãe
que os acalentasse.
Paulo de Tarso, que nasceu em família rica e auferia
polpudos salários no malsinado trabalho de perseguidor cruel
dos adeptos do Cristo, depois que O encontrou às portas de
Damasco, renunciou ao poder material e à fonte de renda da
Maldade, passando a manter-se com o trabalho de
manufatureiro de tendas, progredindo ético-moralmente pelo
futuro afora até o estágio espiritual do sadu Sundar Singh,
pregando o Evangelho de Jesus entre os tibetanos, na sua
última encarnação, no século XX.
E nós, como temos garantido nossa sobrevivência
material?
Podemos realmente olhar-nos no espelho da própria
consciência e sentirmos a tranquilidade do dinheiro ganho
com honestidade e com desapego ou ele nos queima as mãos e
teremos de devolvê-lo à comunidade ou às pessoas, através
das doações espontâneas ou escoará por entre nossos dedos
com os gastos médicos e medicamentos, tentando, em alguns
casos, curas impossíveis?
32

O desapego aos bens materiais é uma das virtudes mais


difíceis para os seres humanos da atualidade, fascinados que
ainda vivem pelo consumismo e pelo desejo de mais gozarem
de facilidades que cheguem ao ponto de não precisarem
sequer exercer algum trabalho...
Não há como amarmos a Deus e a Mamom ao mesmo
tempo, já advertia Jesus, ensinando-nos o desapego aos bens
materiais, os quais devem cingir-se ao necessário, enquanto
habitamos um corpo de carne, pois na vida espiritual, de nada
careceremos a não ser da própria consciência em harmonia
com as Leis Divinas.
Pensemos no papel que o dinheiro tem representado na
nossa vida!
Quando temos uma situação financeiramente confortável
na posição de encarnados, isso significa que pedimos a Deus a
oportunidade de servir na Causa da Fraternidade,
proporcionando benefícios para nossos irmãos e não o
resultado puro e simples dos nossos méritos, como se Deus
recompensasse Seus filhos com a fortuna material: trata-se de
um compromisso que prometemos cumprir, para nossa
própria evolução.
Ninguém precisa de tantos bens para viver, sendo Jesus
o Modelo mais significativo também nesse aspecto, pois nada
tinha de Seu em termos materiais, mas tinha todos os poderes
do Espírito, onde reside a verdadeira potência, onde está
concentrado o foco do interesse dos seres evoluídos e não no
número de propriedades, títulos, renome na sociedade,
prestígio de família e outras realidades temporárias.
O aprendiz do Evangelho, dentro do possível, deve
guardar para seu uso, apenas o indispensável para bem
cumprir suas tarefas, passando a outras mãos, mais
necessitadas no momento, tudo que lhe seja dispensável, até
como exercício de desapego. Em caso contrário, seu coração
estará preso aos bens que “as traças roem e os ladrões
desenterram e roubam”.
DESAPEGO DOS INTERESSES MATERIAIS
33

O ideal de realizar grandes feitos é natural e louvável.


Todavia, o desapego ao poder é virtude que poucos
alcançaram. A maioria, aliás, não faz empenho algum em
adquirir essa virtude e só se desliga do poder contra sua
vontade...
Um louvável exemplo foi dado por Lúcio Quinto
Cincinato (www.sobiografias.hpg.ig.com.br/LuciusQu.html):
[ou Lucius Quinctius Cincinnatus] (519 - 438 a. C.) Guerreiro
romano de trajetória parcialmente lendária. Homem simples
chegou a cônsul e ditador e, depois de salvar a cidade, tornou-se
um dos personagens mais importantes da história de Roma. A
república romana atravessava então momentos difíceis por
causa de um iminente ataque de volscos e équos, duas tribos
tradicionalmente inimigas dos latinos. Um destacamento
romano comandado por Minúcio (458 a. C.) enfrentou os équos
no monte Álgido, mas ficou acuado num desfiladeiro. Diante da
desesperada situação dos sitiados e da própria cidade, os
cônsules decidiram recorrer a Cincinato, experiente general que
comprovara sua habilidade militar em confrontos anteriores
com os volscos. O oficial que procurou Cincinato para entregar
a nomeação encontrou-o lavrando a terra. Com dificuldade,
conseguiu convencê-lo a aceitar o cargo de ditador, título que
lhe outorgava, em caráter provisório, poder absoluto. No
comando de um poderoso exército, ele foi ao encontro do
inimigo e o venceu, segundo a lenda, em apenas um dia. De
posse de vultoso butim, regressou a Roma, renunciou ao cargo e
voltou à vida simples de lavrador.
Temos que Cincinato:
a) não procurou o poder e sim foi convidado para exercê-lo;
b) foi-lhe outorgado poder absoluto, mas não consta que tenha
agido de forma indevida contra alguém ou em benefício
próprio;
c) cumprida sua missão, renunciou ao poder.
Numa época em que grandes disputas ocorrem pelos
postos de comando; em que abusos dos mais graves são
praticados por muitos que exercem o poder; em que tudo se
34

faz para continuar em situação de evidência - fica parecendo


surrealista o idealismo de um Cincinato.
Mas, o antídoto para essa fúria desenfreada pelo poder
está na compreensão de que somente o povo detém o poder.
Em caso contrário, acreditando cada um que o exercício
do poder significa a recompensa aos bem dotados, seres
superiores que merecem dirigir os destinos dos menos
aquinhoados, estaremos utilizando-o, mesmo que
minimamente, com desvio ou excesso de poder.
Pensando de forma incorreta e em desacordo com as
luzes atuais de valorização do povo, quando chegar a época de
deixar o poder, estarão desarvorados, como quem perde um
patrimônio pessoal...
Os benefícios terrenos servem apenas enquanto o
Espírito está vestido com um corpo de carne, para ter as
condições de sustentar-se com a dignidade do trabalho útil e
honesto. Todavia, há um limite para se obedecer, a partir do
qual se ingressa na faixa do supérfluo, do desnecessário, do
perigoso para a própria serenidade do Espírito.
Se alguém nasce com a tarefa do exercício do poder, deve
exercê-lo para o bem comum, como Pedro II, o grande e
humilde servidor do povo brasileiro; se a tarefa é na área
financeira, como Henri Ford ou Bill Gates, que sejam criados
postos de trabalho, mas não uma vida dedicada à usura; se a
força é o intelecto, como Einstein e Albert Sabin, que seja
empregado em favor da Ética e não da imoralidade, da
violência e da competição desenfreada.
Cada um tem de prestar contas a Deus dos recursos que
d’Ele recebeu, como na parábola dos talentos.
DESAPEGO DOS OUTROS ESPÍRITOS
Transcrevemos aqui uma reflexão do livro “Luz em
Gotas”, psicografado pelo irmão, então encarnado, Gilberto
Pontes de Andrade, intitulada “Para que servem os Amigos”:
“Quando o homem pretende ser querido pelos
demais, passa a adotar a gentileza e a doçura como
formas de conduta. Porém, logo que se apropria da
35

confiança dos seus pares, passa a adotar uma atitude


inversa, ignorando as mais comezinhas normas de
Fraternidade. Isso tem sido uma realidade no cenário
humano.
E não acrediteis que os deslizes, relacionados às
regras da gentileza, devam ser atribuídos ao “modus
vivendi” atual das coletividades humanas. Pois, embora
seja razoável asseverar que não há mais tempo para as
pequeninas normas de etiqueta, devemos saber que uma
palavra de amizade, uma expressão delicada, um gesto de
meiguice, um sorriso ou um aceno cordial sempre
encontram guarida, mesmo naqueles que pareçam
indiferentes às boas maneiras.
O gesto amável é o passo para sedimentar uma
amizade nascente e, também, para apagar uma suspeita
infundada, uma informação infeliz uma inspiração
negativa.
Não aguardeis, porém, que os outros tomem a
iniciativa de serem gentis para convosco: a iniciativa deve
ser vossa.
Sejam os vossos hábitos de culto da gentileza um
modo de equilíbrio, que deveis impor a vós mesmos como
disciplina de autoburilamento da vontade e do
comportamento.
E, agindo assim, estareis preparados para viver nas
Colônias Espirituais – para onde transferireis, mais
tarde, vossa residência, em cujo ambiente preponderam o
respeito e a cordialidade, a gentileza e o afeto.
Como ninguém tem a obrigação de vos amar, antes deveis
amar os outros.
Respeitai nos ásperos, nos ingratos e nos frios do
vosso caminho criaturas infelizes, a quem deveis maior
cota de gentileza, pois isso também é Caridade. E deveis
agir assim, principalmente, em vosso próprio lar e em
relação aos vossos parentes.
36

Para a vitória sobre vós mesmos, imprescindível será


vos submeterdes a eficiente programa de ação nesse
sentido, que não pode ser negligenciado.
São necessárias autoanálise, trabalho sincero, prece
constante e sadia convivência com os mais infelizes.
Recordai que a vida física é breve, por mais longa
pareça.
A oportunidade abençoada que vos chega não é
casual: aproveitai-a, gerando simpatia e fazendo o bem,
porque o vosso objetivo agora é o aprimoramento
espiritual.
Dignificai a vossa Fé, traduzindo-a em serviços aos
vossos semelhantes – como a fonte que se confia ao
próprio curso, guardando a Bondade por destino.
Grandes e pequenas ocorrências desfavoráveis
sobrevirão, induzindo-vos a declarar, no mundo íntimo, a
revolução da revolta incontida, qual se devêsseis quebrar,
em crise de ira, a escada que a Vida vos destinou à
escalada para o Mais Alto.
Entretanto, quando ainda tenhais de comprar o vosso
equilíbrio a preço de lágrimas, deveis suportar o tributo
da conquista que realizareis na direção da vossa elevação.
No claro caminho que vos foi reservado, encontrareis
o lamento, as injúrias e as injustiças daqueles que
acreditaram na elevação sem trabalho – e, por isso
mesmo, viram-se esbulhados pela própria rebeldia, na
vala do desencanto. E encontrareis, também, os que
transformaram a própria liberdade em passaporte para a
Demolição, angustiados na descrença que geraram para
si mesmos.
Prossegui sem esmorecer, auxiliando e construindo,
e sereis, por vossa Fé, o alento dos que choram, a
Esperança dos tristes, o raio do sol para os que
atravessam a longa noite da penúria, o apoio dos
amargurados, abnegação que não teme estender o braço
37

providencial aos caídos e o bálsamo dos que tombaram e


se feriram no caminho.
Seja a vossa Fé a armadura e o crisol. Com ela
defender-vos-eis das arremetidas da Sombra e purificar-
vos-eis através da lealdade ao Bem Eterno, marcada,
quase sempre, pelo fogo do sofrimento.
Seja a vossa Fé, enfim, o guia para o ingresso na
Suprema Redenção, mas, para semelhante vitória, exige-
se vossa disposição para abençoar incessantemente e
servir sem esmorecer.
Que as bênçãos de Jesus iluminem os vossos
caminhos e solidifiquem o vosso Espírito nos trabalhos de
cada dia.
Todavia, até quanto aos amigos devemos ser
desapegados, para não dificultar sua liberdade de escolha, seu
crescimento intelectual e moral, em outras palavras, sua
evolução e sua felicidade, querendo submetê-los, mesmo que
suavemente, às nossas vontades e critérios de interpretar e
viver a Verdade.
Muitas vezes, sob o manto e a aparência de Amar, na
verdade, estamos coarctando os voos dos nossos afetos mais
caros e sinceros. Devemos aprender o desapego quanto a eles,
libertando-os e nos libertando, pois somente o Amor do Pai
Criador e Sustentador da Vida detém a Perfeição Absoluta e
leva sempre ao Bem, sem jaças.
Amar e ser Amado é o ideal de todos os Espíritos, mas
devemos Amar com desapego, Amar libertando, Amar com
respeito à individualidade dos outros.
DESAPEGO DO CORPO ALHEIO
A visão materialista principalmente de grande parte dos
Espíritos encarnados faz cobiçar o corpo alheio, como
objetivo de satisfação egoística, muitas vezes sob o pretexto de
Amar, mas, na verdade, sendo a intenção secreta a de utilizar
maliciosamente os implementos orgânicos, colocados por Deus
sob o comando do outro, para fins educativos. Principalmente
no relacionamento afetivo a nível de convivência íntima,
38

costuma-se desvirtuar o Amor, tentando explorar a


afetividade alheia através do abuso sobre o corpo do ser que
se diz Amar.
A falta de verdadeiro respeito à dignidade do outro, que
também é filho de Deus, é que leva muitos casais ao
rompimento, porque tanto fizeram um contra a honradez do
outro, que, no final de algum tempo, o Amor e a admiração
iniciais se contaminam com as mágoas e o ressentimento
provocados pelos atentados morais que um cometeu contra o
outro.
Emmanuel afirma: “Há Espíritos que se Amam
profundamente e nunca se tocaram.” As necessidades
corporais devem ser colocadas sob o controle ético, para que
não se convertam em fonte de desapontamento e decepção,
quando não de crimes.
Os implementos orgânicos representam sagrado material
que Deus concede aos Seus filhos para evoluírem e nunca para
de comprometerem com o Mal. O limite entre o justo e o
injusto, o conveniente e o desarrazoado deve ser estabelecido
por cada um, atentando para o alerta de Paulo de Tarso:
“Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém.”
As uniões entre pessoas que se dizem Amar deve ser
muito mais de almas que de corpos, embasadas na proposta
de trabalho no Bem, para que sejam gratificantes e
duradouras, fonte inesgotável de felicidade, quando escudadas
no desapego um em relação ao outro, no seu sentido mais
elevado, e no apego a Deus. Trata-se de um aprendizado de
muitas encarnações, que somente se perfectibiliza quando o
Espírito já está purificado pela dedicação ao Bem, passando a
merecer a luz interior, que passa a iluminar seu exterior como
já clareou todos os refolhos do seu psiquismo.
É importante começar a investir nessa conquista
espiritual, para ser feliz desde agora, e não aguardar algum
dia no futuro para começar a respeitar a dignidade de quem
está ao nosso lado para evoluirmos juntos, pelo tempo que a
39

Justiça Divina autorizar, pois, do Amor restrito devemos


aprender o Amor Universal, como quer nosso Pai.
DESAPEGO DA PRÓPRIA INTELIGÊNCIA
A inteligência é uma conquista de cada Espírito,
inegavelmente, todavia, se há o mérito individual, resultado
do esforço persistente em aperfeiçoar-se, temos de considerar
dois fatores nessa situação: a programação amorosa e
dedicada dos Orientadores Espirituais, que colocam cada
Espírito no contexto exato para mais evoluir, tanto quanto a
contribuição de todos os demais seres no crescimento
intelectual de cada um. Com razão Ralph Waldo Emerson
afirmou, em outras palavras, que somos o resultado feliz da
humanidade inteira, pois ninguém deve arrogar-se o mérito
da sua intelectualidade somente a si próprio.
Os Espíritos Superiores já aprenderam a gratidão a
Deus e a todos os seus irmãos em humanidade, vivendo em
constante harmonia com eles, praticando a gentileza e a
doçura, ao lado da caridade e da fraternidade, agindo com
igualdade e respeitando a liberdade de todos.
Desapegar-se das próprias conquistas intelectuais é
aprender a humildade, pois há muitos que se perdem nos
desvãos do orgulho pelos títulos intelectuais que adquiriram e,
com isso, cortam o elo da intuição, que só beneficia aqueles
que nada pretendem além de servir a Deus e à humanidade.
Quem se faz orgulhoso pelo seu cabedal intelectual passa
a viver a horizontalidade dos conhecimentos do mundo, mas
não aprende a Ciência Divina, que só é revelada aos ‘pobres
de espírito”, quer dizer, aos realmente humildes.
As aquisições culturais terrenas são fragmentárias, pois
a Cultura dos encarnados é materialista na sua generalidade,
e, mesmo as informações mais avançadas em termos de
espiritualidade repassada aos encarnados, são parciais,
limitadas, pois que a Verdade, no seu significado mais
profundo, vive na pátria espiritual, acessível aos Espíritos
desvestidos do corpo físico e gozando da plenitude das suas
40

conquistas evolutivas de muitas encarnações, as quais eles


conhecem e valorizam.
Desapegar-se da vaidade intelectual é imprescindível
para apegar-se a Deus, cuja Luz somente penetra profunda e
integralmente em quem não traz em si a couraça vibracional
do apego aos interesses mundanos.
Há quem se envaideceu tanto da própria acumulação
cultural que se castigou com a perda da memória, sendo que
alguns casos são verificáveis entre os encarnados, vítimas da
falta de humildade. “Quem se humilha será exaltado, e quem
se exalta será humilhado”, assim afirmou Jesus.
O desapego à aparente superioridade, por causa da
cultura, deve fazer parte do esforço diário de cada candidato
a aprendiz do Evangelho de Jesus.
DESAPEGO DOS INTERESSES ALHEIOS
É importante regozijarmo-nos com as conquistas
salutares dos nossos irmãos em humanidade, mas devemos
sempre nos colocar, nesses casos, na posição de meros
coadjuvantes, parceiros com atuação meramente auxiliadora,
mas deixando que eles assumam a responsabilidade pelo
próprio progresso, sem o que ficarão eternamente
dependentes e frágeis.
A evolução é individual, mesmo que muito amemos
nossos afetos mais caros ao coração. Eles é que têm de
palmilhar a escalada da própria evolução: compete-nos
acompanhar-lhes os passos, ao seu lado, mas não à sua frente,
como o guia do corredor cego, que não pode arrastá-lo para a
frente, mas apenas avisá-lo sobre algum perigo do percurso.
Os objetivos são individuais tanto quanto os louros.
“Cada um está sozinho consigo próprio”, quer dizer, com a
própria consciência, portanto, com Deus. A estrada evolutiva
é uma vasta e ampla avenida, onde todos seguimos adiante,
rumo a Deus, todavia, o que se passa no coração e na mente
de cada caminhante somente ele próprio sabe e responde por
suas preferências e escolhas.
41

Participar da vida dos nossos afetos ou daqueles que


ainda não conseguimos conquistar é de lei, mas como
companheiros de algum tempo, segundo o Planejamento
Divino, que, em última instância, programou o Amor entre
todos os seres e não apenas entre poucos irmãos, isolados dos
demais.
Se nossa intenção é ajudar a evolução alheia, nunca, por
outro lado, devemos invejar suas conquistas justas ou
injustas, pois, na verdade, somente Deus sabe por que cada
um deve deter nas próprias mãos determinados benefícios.
Nosso presente significa apenas um espaço de tempo,
diminuto, da nossa viagem para o futuro, tanto quanto
acontece com os demais Espíritos. Aquilo que a Justiça divina
nos confiou é diferente do que entregou aos demais, cada um
devendo olhar apenas para o seu próprio prontuário de
deveres a cumprir e não julgar o trabalho alheio, nem nele
tentar interferir. Podemos comparar à situação dos
trabalhadores da Vinha, referidos na parábola dos
trabalhadores da última hora, porque não devemos
questionar o salário que cada um venha a receber, uma vez
que somente o Pai sabe quanto cada um deve ganhar.
Que nossos “olhos sejam bons”, não cobiçando o salário
de ninguém, mas contentando-nos com o nosso, como Jesus
ensinou, Ele próprio não tendo “uma pedra onde assentar a
cabeça.”
DESAPEGO DO PASSADO
Ao reencarnar, cada Espírito é submetido a um processo
hipnótico realizado por especialistas nas ciências psíquicas,
com a finalidade de adequar-se-lhe o patrimônio mnemônico
às necessidades do reinício, que deverá transcorrer, assim,
com maiores chances de sucesso. Na verdade, sem esse
esquecimento temporário, seria inviável a reabilitação da
maioria dos encarnados, que teriam presentes na memória
atual seus erros praticados contra os outros e contra si
próprios, além das injustiças reais ou supostas que teriam
sofrido. André Luiz afirma que quase ninguém suportaria
42

uma vida longa demais na atual realidade terrena, de planeta


de provas e expiações, em que preponderam os defeitos
morais, porque as lembranças amargas sobrepujariam as
cariciosas. Yvonne do Amaral Pereira afirmava que tinha o
triste privilégio de recordar-se de várias encarnações
anteriores. Todavia, sua situação era especialíssima, porque
as lembranças eram necessária
s para o sucesso do trabalho doutrinário que lhe
competia, inclusive na elaboração dos seus livros.
Há pessoas que gostariam de ter acesso ao próprio
passado remoto, o que, todavia, pode lhes prejudicar a
atuação na atual encarnação, pois, olhando para trás, correm
o risco de se perturbarem. O presente é que importa e os
orientalistas têm razão quando aconselham a valorização do
“aqui e agora”. Existe quem conserva com excesso de apego
papéis, objetos, relíquias e outras lembranças nem sempre
convenientes para eles próprios, bem como para eventuais
desencarnados que têm a ver com aqueles pertences. Imagine-
se a angústia dos personagens históricos com a idolatria de
admiradores fanatizados; dos que foram canonizados como
santos sem merecimento; dos que criaram em seu redor da
sua pessoa uma aura de superioridade ou negatividade, que
pode influenciar indefinidamente as personalidades
desequilibradas... Há casos de parentes desencarnados que
não conseguem se equilibrar pela emissão mental
descontrolada dos encarnados saudosos, vítimas da
inconformação ou da revolta...
O passado simplesmente passou e não deve ser
perenizado, conforme lição da Mãe de Jesus a Francisco
Cândido Xavier ao lhe enviar por Bezerra de Menezes uma
frase aparentemente simples, mas de imensa profundidade e
digna de reflexão permanente: “Isso também passa.” O
pensamento desequilibrado pode atingir seu alvo; a saudade
doentia pode desestruturar aquele que precisa de paz; os
objetos impregnam-se com o magnetismo de quem os possuiu
e quer esquecer o passado para se reformar moralmente.
43

Recomeçar sempre em bases mais saudáveis e elevadas:


esse o caminho, desvinculando-se do que prejudique a paz e a
reforma moral. O apego ao passado é prejudicial, tanto que as
reencarnações significam recomeços.
Somente os Espíritos Superiores têm condições de
suportar as lembranças de um período muito largo de sua
existência. Os encarnados que guardam uma tendência ao
saudosismo deveriam rever sua forma de pensar, para não
estagnarem enquanto tudo chama para a renovação e o
crescimento intelectual e moral.

3– SIMPLICIDADE
Para se entender o que é a simplicidade analisemos seu
oposto, que é a vaidade, ou seja, o desejo de evidência inútil.
Há situações em que se deve aceitar a evidência, ou seja,
quando o Bem se propagará. Por isso Jesus disse: “Colocai a
candeia sobre o candeeiro, a fim de que dê luz a todos os que
estão na casa.”
Afora essas situações especiais, estaremos contrariando a
regra da simplicidade.
Observemos nosso Modelo Máximo, que é Jesus: quando
encarnado procurou evidência em raras situações, tanto que a
maior parte dos Seus Ensinamentos veio a lume muito tempo
depois, inclusive atualmente através dos livros, por exemplo,
de Amélia Rodrigues, Cneio Lúcio etc.
O gosto, declarado ou disfarçado, pela evidência
prejudica totalmente o trabalho a que nos propomos, pois o
anonimato é a regra básica.
Ninguém precisa saber que beneficiamos determinada
pessoa, pois o mérito que temos é o de trabalhar como mais
um numa multidão de outros trabalhadores.
Entendamos essa outra regra básica: a adoção do
anonimato como regra, sujeita a uma ou outra exceção.
44

CAPÍTULO II – PREPARAÇÃO ANTERIOR


Há pessoas que querem se transformar em médiuns sem
uma preparação anterior à atual reencarnação, como quem
muda de profissão aos cinquenta anos de idade.
Mas a mediunidade é uma faculdade que, apesar de
inerente a todos os seres da fase humana e mesmo sub
humana, em menor escala, vai-se desenvolvendo
gradativamente, com o exercício, no curso dos milênios.
Os terráqueos, no geral, são tão apegados aos dias, meses
e anos que acham que quatro ou cinco milênios representam
muito tempo, quando, na verdade, não passam de um piscar
de olhos na vida dos Espíritos, que, no caso dos humanos da
Terra, contam cerca de dois bilhões da fase de vírus ou
bactéria até a atual.
Que são alguns milênios perto disso?
Não devemos pensar apenas na fase humana,
considerando as anteriores como desprezíveis, pois
representam muito em termos evolutivos.
Assim pensando, começaremos a respeitar, valorizar e
amar os sub humanos, bem como proceder da mesma forma
quanto aos angelicais, dentre os quais contamos Jesus.
As faculdades não surgem por encanto, mas representam
um longo amadurecimento.
Assim é que, por exemplo, Yvonne do Amaral Pereira
contava ter sido várias vezes vista, em corpo astral, por
animais da zona rural onde morava.
Assim, alguém pensará em mediunidade improvisada?
Sejamos mais lúcidos do que talvez venhamos sendo até
agora e tudo ficará mais claro à nossa visão.
A Ciência Cósmica engloba todo o conhecimento da
Terra, no que há de mais avançado, e muito mais do que isso,
ou seja, o que se constitui na Lei Cósmica, que regula a vida e
evolução de todos os seres, dos subatômicos aos angelicais e
daí para mais.
45

Toda tarefa exige competência comprovada para


desenvolver-se a contento e assim também as tarefas na
mediunidade.
Improvisação, adaptação de última hora,
irresponsabilidade etc. etc. não são admissíveis e cada um
deve saber exatamente o que tem condições de fazer, a fim de
realmente ser útil.
Se minha condição pessoal me permite ser apenas
mentalizador que assim eu proceda, se posso ir mais adiante,
que eu siga em frente e, dessa forma, estarei colaborando com
responsabilidade e utilidade.
Ninguém é grande pela tarefa que desempenha, mas sim
pelas intenções de que se anima.
Um grande médium, porém mercenário, vaidoso, egoísta
ou orgulhoso estará sendo condenado pela Justiça Divina e
servirá menos que um mentalizador de intenções puras no
Bem.
Nunca invejemos as tarefas alheias, mas sim cumpramos
as nossas, com dedicação verdadeira e virtudes autênticas.

1 – REENCARNAÇÕES PASSADAS
Alguns médiuns são informados, normalmente através
da própria mediunidade, sobre vidas passadas que viveram
no exercício da mediunidade, mas isso somente acontece com
uma finalidade útil e nunca para mera satisfação da
curiosidade.
Assim, de acordo com a necessidade, os Orientadores
Espirituais esclarecem sobre vidas passadas, ficando esses
médiuns mais seguros e vigilantes, a fim de não reincidirem
nos mesmos erros de antes.
Todavia, é importante cada um pensar da seguinte
forma: o passado não mais existe e o que vale é o “aqui e
agora”.
Quem se orgulha ou se envergonha do que foi perde
precioso tempo, que deve ser dedicado à auto reforma moral e
ao desenvolvimento do poder mental no Bem.
46

Ninguém é melhor do que ninguém pelo ato de ter sido


esta ou aquela figura histórica, mas sim pela qualidade atual
dos seus pensamentos no Bem, em benefício das criaturas.
Jesus mesmo afirmou: “O maior no Reino dos Céus é o
que mais serve a todos.”
Em termos de Ciência Cósmica, todavia, vale o princípio
que diz: “Somos todos um.”
Um cristal de rocha, um cão, uma samambaia e um ser
humano valem tanto quanto um Cristo, porque todos são
filhos de Deus e cumprem uma tarefa no Universo.
Aprendamos a pensar grande, fazendo-nos cidadãos do
Universo e não mesquinhos disputadores de migalhas, porque
toda disputa significa primarismo espiritual.

2 – O EXEMPLO DE CHOPIN
Yvonne do Amaral Pereira informava que Chopin estava
se preparando para encarnar como médium curador, o que
deve ter-lhe exigido extensa mudança na própria mentalidade,
porque, durante milênios, dedicou-se à Arte, mas, pelo que
consta, nada tinha investido ainda em termos de Terapia
Espiritual.
Todavia, cada Espírito segue a trajetória que mais lhe
convém, mas estamos mencionando este exemplo não para
falar gluma coisa contra esse missionário da Arte e sim
apenas analisarmos, com os prezados leitores, a questão da
preparação anterior, porque não se improvisam faculdades
em séculos, mas consolidam-se em milênios.
Não pretendemos desanimar ninguém, mas esclarecer
sobre essa faculdade tão difundida, mas, ao mesmo tempo, tão
desconhecida.
Há muitos mitos em torno da mediunidade, mas ela é
como todas as competências: o resultado do esforço e
seriedade de cada um.
47

CAPÍTULO III – INTEGRAÇÃO COM SEUS


ORIENTADORES ESPIRITUAIS
O trabalho conjugado entre encarnados e desencarnados
é uma realidade, porque, se os primeiros precisam contar com
as induções daqueles que estão libertos de um corpo material,
o qual funciona como um abafador, um redutor da
luminosidade de uma lâmpada, os segundos precisam da
energia física, densa, dos primeiros para atuarem junto aos
encarnados, na cura dos seus problemas físicos.
Trata-se de uma verdadeira interdependência, ficando
acertado entre os trabalhadores do Bem quem encarnará e
quem ficará no mundo espiritual a fim de cumprirem-se
tarefas na realidade terrena.
Dessa forma, por exemplo, Chico Xavier e Emmanuel
formaram uma dupla, bem como Divaldo Pereira Franco e
Joanna de Ângelis.
Aqueles que permanecem no mundo espiritual nem
sempre são os mais evoluídos, mas sim porta vozes de outros
que se situam em Planos Superiores, como sendo médiuns
daqueles, com o objetivo de fazerem chegar ao mundo dos
encarnados as grandes verdades da Ciência Cósmica.
Um dos missionários mais destacados dessa Ciência
desencarnou há pouco tempo e chamava-se Hermínio Corrêa
de Miranda, a quem prestamos homenagem neste momento,
sendo que outro, a quem também homenageamos, chamou-se
Hernani Guimarães Andrade.
Não se identificaram perante o público em geral os
Orientadores Espirituais desses dois últimos missionários,
mas, na certa, são seus companheiros de milênios de jornada
nos estudos psíquicos, sabendo-se que Hermínio tinha sido
sacerdote no Egito antigo.
Em suma, queremos dizer que não há como alguém ser
conhecedor da Ciência Cósmica a nível razoável se sua
bagagem de informações for a acumulação de menos de
quatro ou cinco milênios.
48

Os Orientadores Espirituais também podem ser


Espíritos encarnados em mundos superiores, como Marte,
Saturno, Vênus etc. etc. ou mesmo encarnados na própria
Terra, porque os Espíritos muito evoluídos atuam de forma
muito mais ampla do que se possa imaginar.
Citaremos apenas um exemplo para compreensão dos
prezados leitores: Eurípedes Barsanulfo desdobrava, ou seja,
saía do corpo físico várias vezes durante o estado de vigília:
imagine-se, então, as atividades espirituais que desempenhava
durante o sono físico!
Para um Espírito do nível de um Sathya Sai Baba, por
exemplo, o corpo não funcionava como empecilho
intransponível, o mesmo se dizendo de Babaji, que se diz estar
encarnado há mais de mil anos: esta última informação pode
parecer estranha para um ocidental, mas temos a dizer que
ele vive no Himalaia, onde as condições de vida são muito
melhores do que em qualquer outro local do planeta.
Aprendamos a pensar em termos de Ciência Cósmica e
não como está escrito nos catecismos de tantas religiões que
desvirtuaram as verdades ensinadas desde tempos
imemoriais.

1 – OS TERAPEUTAS ESPIRITUAIS DA TERRA


Conhecem-se, pelo nome, alguns terapeutas, como
Bezerra de Menezes e Manoel Philomeno de Miranda, mas há
muitos outros, que tomam pseudônimos como Zé Pilintra,
Caboclo Sete Estrelas, Caboclo Sete Flechas, Xangô, Vovó e
outros tantos.
É preciso acabarmos com a crença falsa de que os
Orientadores Espirituais são seres iluminados, porque, no
geral, são homens e mulheres em redenção.
A Igreja Romana rotula alguns desses trabalhadores
com o título de santos e santas, o que os desagrada
profundamente, tanto que Joanna de Ângelis prefere esse
nome ao de Santa Clara, pelo qual ficou conhecida no mundo
católico.
49

Endeusou-se Bezerra de Menezes, como, depois,


endeusou-se Chico Xavier e Emmanuel, sendo que eles,
muitas vezes, apresentam-se com pseudônimos, a fim de
evitarem a idolatria, que faz mal a eles e aos que procuram
coroá-los como luminares da humanidade.
Não importa se estamos classificando esses Espíritos
como terapeutas daqui da Terra mesmo ou se dissermos que
eles provêm de outros planetas, pois, na verdade, todo ser é
um cidadão do Universo.

2 - OS TERAPEUTAS ESPIRITUAIS CÓSMICOS


Há Espíritos que percorrem vários mundos, em
atendimento aos necessitados encarnados e desencarnados,
como os médicos fazem ao atender pacientes em vários
hospitais de uma cidade ou de várias cidades.
A Medicina, todavia, na realidade espiritual, é muito
mais ampla do que a maioria dos encarnados imagina e
engloba especialistas e especialidades inumeráveis.
Entretanto, temos de frisar que não se utilizam apenas
produtos fabricados em laboratórios, mas inúmeros recursos
vivos da própria Natureza.
Veja-se, por exemplo, no livro “Nosso Lar”, um
tratamento empregado por Narcisa à base de essência de
manga e outros recursos naturais não especificados
claramente por André Luiz, naturalmente que para não
chocar a mentalidade conservadora ou misoneísta na maioria
dos leitores.
Ninguém é cidadão de um planeta, mas do Universo,
principalmente quando trabalha no Bem, pois somente aos
maus é interdita a locomoção de uma unidade planetária a
outra, tal como se fez aos presidiários, que não podem
escolher a cela onde devem permanecer.

CAPÍTULO IV – SEMEAR E SEGUIR ADIANTE


50

Ninguém deve aguardar qualquer resultado que seja da


sua atuação no Bem, pois a colheita pertence a Deus, tal como
na parábola do trigo e do joio.
Ninguém deve também se vangloriar de ter sido
intermediário, colaborador, na cura de outrem, pois alguém
só sara se Deus permite, depois de avaliar os prós e os contras.
Jesus mesmo disse: “Eu, de Mim mesmo, nada posso.”

1 – JESUS CUROU APENAS ALGUNS DOENTES DO


CORPO E DO ESPÍRITO
Jesus, como dito linhas atrás, não encarnou para
desenvolver a Medicina, mas para ensinar a Ciência Cósmica,
que muitos transformaram em correntes religiosas sob o
nome de Cristianismo.
Curou, pela Graça de Deus, alguns doentes do corpo e da
alma, mas apenas aqueles que Deus julgou conveniente,
principalmente para servirem de propagadores da Ciência
Cósmica, pois, como o cego que se tornou um divulgador
dessa Ciência, outros também se desdobraram na
multiplicação de adeptos desse Conhecimento.
A saúde do corpo é secundária, mas a saúde espiritual é
dada a quem faz por merecê-la pela sua dedicação ao Bem.
Entendamos que o que importa é a evolução espiritual e
não a abolição de sintomas desagradáveis.
Assim, trabalhemos para aliviar os sofrimentos, mas,
sobretudo, para esclarecer as mentes sobre a Ciência Cósmica
e, na medida do merecimento de cada um, Deus autorizará as
curas do corpo e da alma.
Maria de Magdala, Zaqueu e Paulo de Tarso se curaram
dos respectivos males da alma.
O cego foi curado da carência no sistema ocular.
Cada um é curado das próprias impregnações negativas
no corpo espiritual, na medida do próprio merecimento e na
hora certa, sendo que trabalhadores especializados militam
nessa área, providenciando a retirada de implantes maléficos,
através dos quais são feitas induções das Trevas para o
51

suicídio, a drogadição, a sexolatria, a agressividade e outras


negatividades, que tanto infelicitam encarnados e
desencarnados por milênios seguidos.

2 – A VERDADEIRA CURA: A AUTO REFORMA MORAL


As emissões mentais curam ou adoecem o corpo
espiritual e, em seguida, o corpo físico.
Gandhi tinha razão ao dizer que uma pessoa de má
índole ou viciosa nunca gozaria de saúde física por muito
tempo.
Aprendamos a investir na auto reforma moral para
sararmos e orientemos as pessoas a fazerem o mesmo.
Sem essa providência tudo redunda em nada, tanto
quanto o paralítico, que, curado por Jesus, voltou ao ambiente
do vício.

TERCEIRA PARTE:
UM EXEMPLO DE MEDIUNIDADE DE CURA

CAPÍTULO I – UMA VIDA DEDICADA À MEDIUNIDADE


DE CURA E DESOBSESSÃO
O médium a que nos referimos é apenas mais um que
trabalha no anonimato, mas seu número pode ser
multiplicado por milhares, caracterizado pelo desinteresse
material absoluto, não é mercenário, não é vaidoso e dedica-se
ao Bem há muitos milênios, tal como Hermínio Miranda,
realizando desobsessões através da regressão de memória.
Quanta gente curou-se ao retornar ao passado de crimes
e verificar que deveria investir, atualmente, no Bem da
humanidade.
Esses trabalhadores estão espalhados nas várias
correntes religiosas e filosóficas, não importando se são
rotulados pelos pacientes como espíritas, xamanistas,
umbandistas, iogues, indígenas ou o que seja.
52

Eles são servidores do Bem, adeptos da Ciência Cósmica,


mesmo quando não utilizem esse nome explicitamente, pois,
acima dos nomes está a essência, que é o Amor Universal.

1 – ESCLARECIMENTOS PRÁTICOS
Duas recomendações finais devem ser feitas: 1- é
necessária a auto reforma moral urgente e 2 – somente devem
se aventurar pela área da cura aqueles que já trazem de
muitos milênios passados uma bagagem de conhecimentos
relevantes, pois, tal como não se fazem médicos em cursinhos
de uma semana, não se fazem médiuns de cura pela mera
leitura de manuais simples ou complexos.
Louvados sejam Deus e Jesus!
53

II
RECONCILIA-TE COM TEU ADVERSÁRIO
54

“Reconcilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás a


caminho com ele, para que não aconteça de ele te entregar ao
juiz, o juiz te entregar ao seu ministro e te encerrarem na
prisão, e de lá não sairás enquanto não tiveres pago o último
quadrante.”
(Jesus Cristo)

“No Reino dos Céus é necessário que vítimas e algozes se


reconciliem.”
(Jesus Cristo)

“Quando ainda somos espiritualmente primitivos consideramos


adversários todos aqueles que não se submetem ao nosso
arbítrio.”
(anônimos)
55

Esclarecimento sobre o desenho


Introdução
Primeira Parte: o adversário interno
Capítulo I – A essência divina das criaturas
1 – Necessidade de ajustamento à essência divina
Capítulo II – A demora na evolução do Espírito
1 – O tempo suficiente
2 – O empenho de cada um
Capítulo III – A consciência: juiz de cada um
1 – Consciências despertas
2 – Consciências entorpecidas
2.1 – O despertamento
2.1.1 – Processos de despertamento
2.1.2 – Confissão e prece
Segunda Parte: os adversários externos
Capítulo I – Os que nos apoiam no Mal
1 – Os adversários do nosso progresso
1.1 – Os aduladores
1.2 – Os cúmplices
Capítulo II – Os que nos combatem
1 – Inimigos com razão
2 – Inimigos sem razão
56

ESCLARECIMENTO SOBRE O DESENHO


Os terrícolas humanos, no geral, por ignorância
misturada ao orgulho, julgam-se os únicos habitantes do
Universo, desconsiderando os próprios irmãos sub humanos
da Terra, que eles maltratam e exploram como se não fossem
também filhos de Deus destinados à perfeição.
Através do desenho procuramos retratar um ser humano
de outro planeta, com outro tipo de fisionomia, porque
resultado de outras necessidades e outro tipo de vivência
evolutiva.
Ninguém deve estranhar a aparência diferente dos seres
dos outros mundos, porque não encontrará em todos a mesma
composição química, e igualmente a necessidade de aparelhos
respiratório e digestivo, bem como um sistema deambulatório
sequer parecido e a presença de mãos e braços com as
mesmas características.
O desenvolvimento do poder mental, aliado a uma
tecnologia muito mais avançada, facilita a vida desses
extraterrestres, justificando, com tudo isso, sua diferença em
relação aos terrícolas.
Imaginem se vocês não tivessem necessidades tão
próximas dos animais superiores, como seria diferente sua
estrutura física e, com isso, terão ideia dos seres dos mundos
superiores ao seu!
Mas ainda não respondemos à indagação que muitos
possam vir a fazer quanto à relação entre o desenho da capa e
o tema deste livro, mas diremos que, nesse desenho, fizemos
não o retrato de uma pessoa, mas a simbolização de uma
fisionomia humana de outros mundos, no caso, uma
trabalhadora da cura espiritual, que visita outros planetas,
inclusive a Terra, providenciando o referido trabalho de
extração de implantes psíquicos do Mal e sua imediata
substituição por elementos psíquicos do Bem, no caso de
criaturas que a Justiça Divina entende merecedoras dessa
substituição, a fim de evoluírem mais depressa.
57

Tudo depende do merecimento de cada um e das


Decisões de Deus.
Sabemos quando se trata da Vontade de Deus conforme
sejam os resultados do trabalho que realizamos, pois não
fazemos outra coisa que obedecer à Vontade de Deus, a quem
nos submetemos de boa vontade e espontaneamente, pois
somente nessa obediência se alcançam bons resultados.

INTRODUÇÃO
Não pretendemos, com este livro, fazer jogo de palavras
nem distorcer um Ensino tão conhecido de Jesus aos
terrícolas, mas apenas tentar informá-los sobre a
profundidade da Ciência Cósmica, que o Divino Governador
Planetário veio transmitir.
Na verdade, o foco principal deste livro é mostrar a
necessidade do auto conhecimento, mas que não deve parar
nos primeiros degraus do mergulho interno, como a maioria
faz, mas sim aprofundar-se na revivescência parcial das vidas
passadas, tal como ensinado por Hermínio Corrêa de
Miranda e outros conhecedores das técnicas de terapia de
vidas passadas.
Lá, quando se volta a vivenciar, por segundos ou
minutos, as situações traumáticas, normalmente com o auxílio
de terapeutas especializados e espiritualmente capacitados,
encontram-se os focos infecciosos que geram links com os
obsessores, com Espíritos das Trevas e as criaturas humanas
ficam presas a induções mentais perigosas, que as levam ao
suicídio, à drogadição, à sexolatria, em suma, aos defeitos
morais e vícios em geral.
Depois de auto conhecer-se com essa profundidade, há
condições de reconciliar-se com os adversários externos, que
são as outras criaturas.
Mas, primeiro, é preciso cada um saber quais foram seus
erros, para eliminação do complexo de culpa.
Tratam-se de verdadeiras cirurgias espirituais, em que
os pacientes têm de estar despertos, para participarem do
58

processo, possibilitando que terapeutas espirituais retirem os


implantes psíquicos realizados por seus inimigos espirituais,
Espíritos dedicados ao Mal.
Logo após a retirada cirúrgica desses implantes do Mal,
colocamos, em seu lugar, elementos psíquicos do Bem,
conforme o merecimento dos pacientes.
Dessa forma, os Espíritos mal intencionados, que
utilizavam aqueles implantes como forma de indução das suas
vítimas ao Mal ou ao sofrimento físico ou moral, perdem
importante meio de prejudicá-las, mas também assistimos aos
algozes, procurando encaminhá-los para a renovação
espiritual.
Trata-se de um trabalho de desobsessão mais
aprofundado, que a maioria dos médiuns terráqueos
desconhece.
Assim, nosso trabalho vai além daquele que Hermínio
Miranda descreve em seus escritos, porque ele não
aprofundou os acontecimentos da realidade espiritual, ficando
a parecer para a maioria dos seus leitores que bastava levar
os pacientes a reviver o passado, que estaria tudo resolvido,
como se isso representasse a verdadeira cura.
O processo é complexo e exige a vontade firme do
paciente, no sentido da auto cura moral, do médium
especializado nesse tipo de trabalho e da equipe espiritual
conhecedora das técnicas de cirurgia espiritual desse tipo.
Manoel Philomeno de Miranda é quem diz alguma coisa
sobre esse assunto, mas de forma muito sumária, talvez para
não chocar seus leitores, ainda despreparados, até então, para
esse tipo de tratamento.
Todas as pessoas deveriam submeter-se a esse tipo de
incursão no passado, a fim de livrarem-se das conexões
psíquicas com os inimigos espirituais, assim podendo
realmente evoluir espiritualmente, sem permanecerem
atreladas aos maus feitos do passado, que, enquanto não
limpados, atam as criaturas como que a um poste de tortura,
59

que, volta e meia, é utilizado pelos Espíritos das Trevas para


provocarem desajustes e sofrimentos nas suas vítimas.
Todavia, como podem perceber, não pode ser qualquer
médium o intermediário nesse tipo de trabalho espiritual, mas
sim muito poucos e não será qualquer equipe espiritual que
estará habilitada a essa forma de tratamento.
Também temos a dizer que a retirada dos referidos
implantes não significará a cura definitiva se o paciente voltar
a sintonizar com a Mal, assim atraindo de volta seus
obsessores ou outros: trata-se de uma oportunidade que é
dada ao paciente, mas sua cura definitiva dependerá sempre
do seu livre arbítrio na escolha do Bem ou do Mal.
Como dito, é uma importante forma de contribuição
para a verdadeira cura espiritual, pois a maioria dos
problemas de hoje tem suas raízes no passado multimilenário
de cada um.
Mas deixemos os comentários mais extensos para os itens
que se seguirão.
A expressão adversário foi interpretada aqui em dois
sentidos diferentes: no primeiro como sendo a essência divina
que Deus implantou em cada criatura, porque adversário é
apenas o que se encontra “do outro lado” e, no caso dos seres
humanos dominados pelos vícios e defeitos morais, o que está
do outro lado é a essência divina, que cobra a sintonia
consciente com Deus.
Quanto ao segundo significado de adversário tratam-se
das outras pessoas, quando elas não nos ajudam a evoluir
espiritualmente: assim, são nossos adversários todos aqueles
que, direta ou indiretamente, querem nos levar para o
afastamento em relação à Lei Cósmica, ou Lei Divina.
Passemos, então, a estudar esses assuntos, da forma mais
direta e simples possível, na Graça de Deus e sob as bênção do
Divino Governador da Terra.

PRIMEIRA PARTE:
O ADVERSÁRIO INTERNO
60

CAPÍTULO I – A ESSÊNCIA DIVINA DAS CRIATURAS


A maioria dos seres humanos da Terra sabe muito pouco
acerca da sua própria essência espiritual, porque o auto
conhecimento ainda não é praticado por essas criaturas, que
vivem em função das exterioridades, normalmente, as mais
primárias, como “comer, dormir e reproduzir”.
Apesar dos iniciados de todos os tempos falarem no auto
conhecimento, dentre os quais citaremos apenas Sócrates,
verificamos que a maioria dos humanos da Terra sequer
acredita que são Espíritos e duvidam fortemente de tudo que
seus cinco sentidos não possam detectar pessoalmente.
Infelizmente essa é a realidade de um mundo tão
primitivo como a Terra.
Somente pelo fato de reconhecermos que este mundo é
primitivo e que os valores aqui consagrados o são igualmente
já estará sendo dado o primeiro passo para o auto
conhecimento, pois o pior cego é aquele que acredita que a
cegueira é o estado natural da natureza humana.
Verificando que é cego já poderá identificar em si o bom
senso e, a partir daí, procurar aprender como curar-se dessa
doença.
A cura está na evolução espiritual, ou seja, no
aperfeiçoamento da luz interna, na aproximação entre o ego e
o Eu, ou também, em outras palavras, a aquisição das
virtudes da humildade, desapego e simplicidade, canal para o
aperfeiçoamento do poder mental no Bem.
Sem virtudes não há evolução espiritual e o poder mental
fica limitado a um espaço pequeno, por onde circula sem
chance de expandir-se, tal como acontece com os Espíritos do
Mal, que, mesmo acreditando-se poderosos, são meros
presidiários, que arquitetam planos dentro de uma cela, mas
dali não podem sair.
Deus não permite que o Mal ultrapasse determinados
limites, ou seja, que funcione além daquilo que representara
sofrimento para quem terá proveito ao ser sua vítima.
61

Por isso é que Jesus disse: “O escândalo é necessário, mas


ai daquele que seja seu realizador.”
Os Espíritos do Mal estão autorizados a gerar
sofrimentos apenas até o ponto em que tal seja benéfico para
quem precisa deles para evoluir.
Todavia, no fundo de cada ser está sua essência divina.
Mas a maioria dos seres humanos da Terra, como dito,
por sua ignorância e orgulho conjugados, não acredita nessa
essência divina e deixa-se dominar pelas más inclinações,
perdendo-se e fazendo outros também se perderem, porque
quase todos se comprazem no Mal.
Jesus encarnou para ensinar a Ciência Cósmica, no
centro da qual está a questão da essência divina de cada ser,
como um dos postulados básicos, apesar do principal ser a
própria existência de Deus e o Governo do Universo estar nas
Suas Santas Mãos.
Cada ser humano deve estudar o significado dessa
expressão “essência divina”, que traduziu na expressão: “Vós
sois deuses; vós podeis fazer tudo que Eu faço e muito mais
ainda.”
Não há como traduzirmos em palavras terrenas o
significado dessa expressão, pois seu sentido é infinito, tal
como todas as verdades espirituais, sendo que cada criatura
humana deve aprofundar a sonda da pesquisa interior para
entender o que realmente significa essa verdade.
A criatura, ao ver o que vivenciou em tempos passados,
muitas vezes há milhares de anos, terá muito mais certeza do
que significa a essência divina que existe dentro de si do que
lendo extensos tratados teóricos sobre o psiquismo.
Somente a vivência gera a certeza realmente.
Quem passa por esse processo terapêutico passa a
conhecer-se de verdade e estará em condições de seguir
adiante sem as amarras do complexo de culpa, das fobias, dos
vícios e defeitos morais.
62

É importante realizar-se esse tratamento enquanto se


está num corpo físico, porque, no mundo espiritual, o mérito
dessa cura será muito menor.
Conheçam-se em profundidade e descobrirão a alegria
de verem em si a essência divina, que parece a fênix da lenda
antiga, que sempre ressurge das próprias cinzas e nunca
morre, porque toda criatura de Deus é imortal e traz a chama
da Divindade dentro de si.

1 – NECESSIDADE DE AJUSTAMENTO À ESSÊNCIA


DIVINA
Alguém poderá indagar por que Deus não quis criar
cada criatura perfeita.
Mas, afinal, como criaria criaturas perfeitas sem que
fossem outros tantos deuses, tanto quanto Ele? Isso sem
contar que nenhuma satisfação interior experimentariam se
não tivessem a alegria do merecimento pela perfeição.
Se Deus assim fez foi para que cada um ficasse feliz e, de
outra forma qualquer, não haveria felicidade.
A Sabedoria Divina é infinita e Suas Leis são perfeitas.
Portanto, não questionemos as Leis Divinas, mas
tratemos de aprendê-las e cumpri-las.
Ajustar-se à Lei Divina é um processo gradativo, pois
que, quando vivenciamos as experiências evolutivas dos
Reinos sub humanos, cumpríamos tudo sem consciência da
própria existência da Divindade e, na fase humana, já
conseguimos perceber alguma coisa de Deus, mas como cegos
que acabam de identificar os primeiros sinais luminosos.
Na verdade, apenas na fase da angelitude, que Jesus
vivencia, há a noção mais completa sobre Deus, tanto que
Jesus disse: “Eu e o Pai somos Um.”
Na fase humana, por mais evoluído que seja um Espírito,
sua noção sobre Deus é imprecisa, embaçada, turva, mas vai
se delineando cada vez mais perfeita, nítida, luminosa.
Assim se processa a evolução.
63

A essência divina que habita em nós somente se torna


acessível quando mergulhamos no nosso próprio passado até o
ponto em que conseguimos chegar, havendo quem chegue a
níveis inimagináveis de conhecimento das fases sub humanas.
Jesus também falou: “O Reino dos Céus está dentro de
vós.”
O Universo, que existe foca de cada um, existe, em
miniatura, dentro de cada um.
Não há grande nem pequeno, mas apenas continuidade e
a inteligência humana não consegue compreender nem o
muito grande nem o muito pequeno, mas, no máximo, o que
está dentro de si, assim mesmo até certo ponto.
Ajustemos, portanto, nossas inclinações às regras éticas,
porque, assim, dentro das limitações que nos caracterizam,
estaremos sendo menos animais e mais próximos da
angelitude, pois a fase humana é apenas essa transição, como
todas as fases são apenas transições.
Mesmo sabendo que estamos distantes da angelitude,
procuremos seguir o conselho de Jesus, começando por saber
o que significa nossa essência divina e adequarmo-nos a ela.

CAPÍTULO II – A DEMORA NA EVOLUÇÃO DO


ESPÍRITO
Para darmos uma referência de tempo aos nossos
queridos irmãos citaremos uma informação de André Luiz, o
qual afirma que de vírus ou bactéria à fase humana primitiva
o tempo gasto é de mais ou menos um bilhão e meio de anos
terrestres.
Por aí se pode entender que há uma previsão de tempo
para cada fase e, quando o Espírito da fase humana se
retarda, sofre as consequências da sua desídia ou rebeldia.
No Universo nada acontece sem consequências, pois “a
toda ação corresponde uma reação igual e contrária”.
Jesus descreveu Sua trajetória evolutiva de forma
retilínea, ou seja, obediente aos prazos de cada fase.
64

Mas os demais terrícolas são rebeldes ou desidiosos e


estão em atraso quanto ao tempo de cumprimento de cada
fase, sendo que, por isso, a Lei de Causa e Efeito os atinge e
faz sofrer, a fim de evoluírem pela dor, porque se recusam a
evoluir pelo Amor.
Cada iniciativa negativa retarda o progresso do Espírito,
bem como cada atitude no Bem o ajuda a aperfeiçoar-se, mas
devemos identificar o que realmente é progresso e não
ficarmos repetindo exterioridades que não geram a evolução
interna.
Enquanto praticamos apenas a caridade exterior, mas
não limpamos nosso mundo interno das sujidades do passado
estaremos fazendo apenas como os antigos faziam:
comprando indulgências, mas enganando-nos, pois nossas
irradiações ainda sintonizam com o Mal.
O tempo de evolução depende da mudança da sintonia
mental, o que retrata o íntimo de cada um.
Não adianta alguém querer enganar a Justiça Divina,
pois os julgamentos são automáticos, baseados na frequência
mental de cada um.
Evoluir significa passar a vibrar numa frequência
superior e não acumular obras exteriores: entendamos isso e
deixemos a prática da compra de indulgências no passado.

1 – O TEMPO SUFICIENTE
André Luiz somente fala no tempo quando se refere às
fases em que o livre arbítrio ainda não existe tal como
entendido pelos seres da fase humana.
Mas é certo que há um tempo certo para cada fase
evolutiva, sendo que, na fase humana, como em todas as
outras, o que ocorre é que as influências astrológicas
apresentam-se como favoráveis em determinados períodos e
desfavoráveis em outros.
Dessa maneira, sabendo-se que os ciclos se sucedem em
determinado espaço de tempo, se perdida a oportunidade
evolutiva num determinado ciclo, as condições passam a ser
65

desfavoráveis e maior empenho terá um Espírito para evoluir


do que se o fizesse na época certa.
Acreditamos, com esta explicação, ter esclarecido os
prezados leitores.
A questão do tempo não é irrelevante, mas sim muito
importante na trajetória de cada Espírito.
Daremos outro exemplo: como a Terra passará, agora, à
categoria de mundo de regeneração, todos aqueles que não se
adequarem ao padrão vibracional exigido, serão degredados
para mundos inferiores.
Não há como alguém impor sua pequena vontade ao
estabelecido na Lei Divina.
As criaturas que tratem de conhecer os dispositivos da
Lei Divina e agirem conforme eles e não o contrário.
Aprendamos a respeitar o transcurso de cada minuto da
nossa vida, sobretudo pensando no “aqui e agora”, pois o
tempo não está à nossa disposição, mas apenas o momento
que passa, que é logo sucedido por outro e assim por diante.

2 – O EMPENHO DE CADA UM
Como dito linhas atrás, Jesus é o único, dos Espíritos que
passou pela Terra, que sempre cumpriu Suas metas evolutivas
no tempo certo, sem nenhum atraso, sendo, por isso,
diferenciado, não por favor de Deus, mas pelo Seu próprio
mérito.
O empenho de cada um diferencia uns de outros e os
Espíritos evoluídos não perdem tempo nem com divagações
filosóficas inúteis, mas convertem tudo em ouro, ou seja, em
crescimento espiritual seu e dos outros.
A Ciência Cósmica ensina que há tempo para tudo e
tudo deve ser realizado da forma correta, útil, adequada,
conveniente.
Montaigne dizia que Sócrates tinha a medida certa para
cada ato de sua vida e sabe-se que Jesus esteve presente nas
bodas de Caná, a fim de ali plantar exemplos de Fraternidade
66

e Alegria, apesar de não constar que tenha ido a qualquer


outra festividade desse tipo.
Em suma, devemos saber o que fazemos e por que
fazemos, não sendo conveniente simplesmente ser mais um a
seguir a imensa corrente dos irresponsáveis ou inconscientes.
“O tempo vale ouro e quem o desperdiça é tolo” diz um
ditado antigo.

CAPÍTULO III – A CONSCIÊNCIA: JUIZ DE CADA UM


Como estamos entendendo que o adversário do ser
humano moralmente pouco evoluído é a sua própria essência
divina, no sentido de que adversário é aquele que está do
outro lado, não significando inimigo, podemos concluir que o
juiz a que se refere o Ensinamento de Jesus é a consciência.
Não há necessidade de juízes externos, porque a
consciência de cada um analisa seus mínimos pensamentos e
intenções.
Não adianta querer enganar esse julgador atento,
porque, mesmo que o auto julgamento demore milhares de
anos, chega a hora da avaliação.
Há Espíritos que abafam a própria consciência por
milênios seguidos e, quando despertam para a auto análise,
sofrem baques terríveis.
Por isso é importante cada um realizar logo sua viagem
interior e ali encontrar seus fantasmas do passado do que
adiar o auto encontro.
Todos que passaram pela Terra, menos Jesus,
encontrarão coisas negativas no próprio passado, mas, por
outro lado, ficando limpos dessas manchas, estarão aliviados e
poderão seguir adiante sem amarras.
Há quem, até, se esconda atrás de realizações
nobilitantes por muitas encarnações seguidas, mas que evita
encontrar suas sujidades acumuladas de tempos passados e,
com essa covardia moral, acumula infelicidades, mesmo tendo
extensa folha de serviços prestados.
67

Esse auto encontro não representa nada terrificante nem


é uma forma de crueldade de Deus, mas sim o momento do
crescimento espiritual verdadeiro, para o fim de cada um
reconhecer sua própria essência divina.
Os auxiliadores do paciente, no caso, o médium de cura e
os Orientadores Espirituais devem fazer com que o paciente
ingresse no estado de autopunição, de auto piedade ou
qualquer outro estado psicológico negativo, pois, então, terá
sido vão o remédio, pois não melhorou o doente.
Costumam acontecer casos de adoecimento físico, devido
ao abalo espiritual sofrido, por causa da mudança brusca da
sintonia espiritual, mas essa fase transitória de adoecimento
deve ser tratada com perícia, com conhecimento adequado do
médium, o qual deve orientar o paciente na recuperação
orgânica, se for o caso.
Em resumo, o desplugamento de energia negativa e a
inserção de energias positivas provoca, muitas vezes, abalo
físico, decorrente do abalo espiritual.
Por isso se disse, linhas atrás, que o médium deve ser
conhecedor da área em que está trabalhando, bem como a
equipe espiritual tem de ser especializada nesse tipo de
trabalho.
Quanto ao paciente deve estar movido de sincero e firme
propósito de auto reforma moral, pois, em caso contrário,
pode retornar, cedo ou tarde, ao antigo regime de obsessão,
que o vinha vitimando há muito tempo.
A consciência, nessa viagem ao passado, mostrará onde
está o ponto fraco do paciente, ou seja, aquilo que está
atrasando sua evolução espiritual.
É preciso humildade verdadeira para reconhecer os
erros cometidos, mas otimismo bastante para não ingressar
nas faixas da auto piedade ou de outra negatividade
destrutiva.
É importante pensarmos que mais importante que
qualquer outro julgamento, o que vale mesmo é o que nossa
consciência aponta.
68

Se outros nos aprovam ou condenam isso nada significa


perto do julgamento da nossa consciência profunda, que
aflora durante o tratamento de terapia de vidas passadas.
Como dissemos, a orientação do médium e dos
Orientadores Espirituais leva o paciente à visualização do
passado, para de lá extrair as lições para o presente e o
futuro, bem como para a extração de implantes maléficos e
sua substituição por implantes do Bem.
Podemos dizer que somente nessa viagem ao passado a
consciência aflora com toda sua potência, pois, no dia a dia,
ela jaz adormecida em parte, pela necessidade da
concentração nas lutas de cada dia, mas, principalmente, por
falta do hábito de consulta-la, uma vez que trata-se de uma
faculdade igual às outras, que, exercitada, manifesta-se
facilmente, mas, atrofiada, somente atua com dificuldade.
É importante exercitar-se a consciência, pois, em caso
contrário, acontecerá como é o caso da maioria dos
terráqueos: desperta quase sempre após a desencarnação e há
casos em que nem após esse choque, permanecendo muitos
Espíritos como que semiadormecidos espiritualmente, com
sérios prejuízos para sua evolução espiritual.

1 – CONSCIÊNCIAS DESPERTAS
Para nos fazermos entender com a possível clareza,
vamos citar dois exemplos, sendo pessoas que se encontraram
pessoalmente com Jesus: o primeiro é o caso de Paulo de
Tarso, que mudou de vida a partir desse encontro, e o
segundo é o caso do senador Públio Lentulo (Emmanuel), que
ficou reticente e, somente daí a algum tempo, mudou de vida.
A consciência do primeiro despertou de imediato e a do
segundo demorou a começar seu trabalho de apontar os itens
a serem reformulados no psiquismo do orgulhoso político
romano.
Não há um tempo igual para todas as pessoas, mas é
certo que um dia todos despertarão.
69

No caso do tratamento a que nos referimos, as reações


são as mais variadas possíveis, de acordo com o propósito de
cada um de aperfeiçoar seu próprio íntimo.
O importante não é fixar os erros do passado, pois o
passado não existe mais, ou melhor, não deve existir no
sentido de reverberar negativamente, produzindo
desequilíbrios e males sejam de que natureza forem.
Esse retorno rápido ao passado deve significar apenas a
detecção de um mal, caso ainda perdure, mas com a
finalidade desse mal ser extirpado, através da cirurgia a que
nos referimos e consequente auto reforma moral.
A consciência - que estava adormecida, escondendo o
erro, muitas vezes muito antigo, que não tinha sido encarado
de frente e solucionado – deverá passar a ser acionada com
frequência, através da auto análise quanto ao propósito de
mudança de atitude interna e externa no que diz respeito ao
vício ou defeito moral detectado.
Paulo de Tarso e Públio Lêntulo tinham se
desencaminhado por orgulho, sendo que o primeiro despertou
para uma vida de dedicação à auto reforma moral de
imediato, enquanto que o segundo apenas iniciou uma vida
totalmente diferente na encarnação seguinte, na figura de
Nestório.
Este tema demanda muitas reflexões, mas cada um deve
ponderar sua própria situação, pois não há como alguém
estabelecer um referencial padrão, porque o íntimo de cada
um é que irá dizer se houve sinceridade e firmeza no
propósito da auto reforma moral ou não.

2 – CONSCIÊNCIAS ENTORPECIDAS
Muitos que vivem com a consciência entorpecida
enveredam pelos caminho do Mal, porque acreditam que,
assim, estarão livres do auto encontro, mas não há como
alguém enganar a si mesmo por tanto tempo, porque chega
sempre a hora do despertamento e quanto mais for
70

procrastinado mais doloroso será, como quem encobre uma


ferida ao invés de tratá-la.
Se estamos adormecidos por milênios, que tenhamos a
coragem de enfrentar nossas culpas, defeitos morais e vícios,
porque, em primeiro lugar, não devemos deixar de evoluir
por causa do que já fomos e, em segundo lugar, o que importa
é termos a intenção sincera de superarmos as antigas mazelas
e isso é possível para quem crê na Bondade Divina e procura
ser firme no Bem.
Que esta mensagem seja entendida como de otimismo,
mas o caminho deve ser percorrido com determinação,
porque não estamos brincando de viver, como muitos fazem,
mas sabemos que a felicidade é resultado da opção pela
escalada evolutiva.
Despertem suas consciências, ajam corretamente, sigam
a estrada da evolução rumo ao infinito!

2.1 – O DESPERTAMENTO
O despertamento, muitas vezes, é doloroso, causando,
inclusive, reveses orgânicos, mas isso faz parte do recomeço
em novas bases, como quem tem de demolir uma construção
mal feita para edificar uma perfeita.
Afinal, na vida do Espírito, há inúmeros recomeços, com
a diferença entre uns e outros apenas quanto ao nível de
qualificação, mas sempre há recomeços, porque a área de
atuação de cada Espírito é a metragem quadrada do seu
próprio íntimo.
Nenhuma outra construção perdura para ele, a não ser
essa, sendo que tal construção, ou reconstrução, começou há
bilhões de anos, na fase sub atômica, passou pelos Reinos
inferiores da Natureza e irá em direção ao infinito.
Que não haja medo das mudanças, porque muitas já
houveram e outras tantas haverão, pelo infinito do tempo
afora.
71

Por isso é importante cada homem e cada mulher ter


certeza quanto à sua passagem pelos Reinos inferiores da
Natureza.
Que o medo do desconhecido nunca nos impeça de
caminhar e nos sintamos sempre filhos de Deus, que merecem
a felicidade.
Temos um fato para contar, que não deve ser
interpretado como desestímulo ao trabalho de auto reforma
moral, mas uma observação para a reflexão dos prezados
leitores.
Quando dissemos que Paulo de Tarso superou o próprio
orgulho, estávamos afirmando que libertou-se da camada
mais grossa, mais espessa desse defeito moral, com o que teve
condições de levar adiante sua missão de divulgador da Lei
Cósmica, trazida através dos Ensinamentos de Jesus.
Mas isso não significa que tenha se libertado totalmente
desse defeito moral, uma vez que, daí a mil e setecentos anos,
ao reencarnar na figura do “sadu” Sundar Singh, na Índia, a
fim de cumprir uma missão de divulgação da Palavra de Jesus
sobretudo no Tibet, aos dezesseis anos de idade, Jesus teve de
aparecer-lhe novamente à visão espiritual para ele acreditar
no Divino Mestre, pois seu orgulho o fez perder o foco da
missão que teria de cumprir.
Veja-se, por aí, que não se cura alguém num passe de
mágica, apesar de haver a possibilidade do “salto qualitativo”,
que Paulo de Tarso deu.
A evolução do Espírito é infinita e os defeitos morais vão
sendo superados como quem vai descascando uma cebola,
mas não há como chegarmos ao seu cerne num único golpe.
Tenhamos consciência disso e fiquemos felizes à medida
que mais uma camada é jogada fora de nós.
A orientação, por exemplo, para dependentes do álcool é
que somente se considerem livres realmente depois de um ano
ou um ano e meio de tomada da decisão, sem recaídas.
72

Quanto aos dependentes de drogas, devem estar


presentes para o tratamento desobsessivo de quinze em quinze
dias, regra à qual a maioria deles se recusa a cumprir.
Sejamos conscientes das cautelas necessárias e da
recomendação de Jesus quanto ao “orai e vigiai”.
Devemos também abordar outra questão, que não pode
ser ignorada: trata-se da inconformação dos obsessores, que
costumam ficar irritados pelo fato de perderem uma presa e
que se voltam contra o ex-obsidiado e quem o esteja
ajudando.
Por isso, é necessário que o paciente tenha real firmeza
de propósitos e o médium de cura seja qualificado e dedicado
realmente ao Bem para não desistir de auxiliar aos
necessitados encarnado e desencarnados, pois todo
tratamento de desobsessão é coletivo e costuma beneficiar uns
e outros.
Quanto à possibilidade de recaídas do paciente, deve-se
observar que, se tal ocorrer, costumam ser feitos novos
implantes de “plugs” do Mal, os quais apresentam-se mais
contundentes que os anteriores, pois os obsessores não
querem mais correr o risco de perder sua presa.
Todavia, como dito, não devemos encarar tudo isso com
medo, mas sim sabendo que a evolução do Espírito é eterna e,
por exemplo no caso do Espírito Paulo de Tarso, mostrou ser
um ser humano como qualquer outro, sujeito a falhas, mas
bem intencionado e voltado realmente para o Bem.
O que diferencia umas criaturas humanas das outras é a
sinceridade da sua procura pela auto reforma moral.

2.1.1 – PROCESSOS DE DESPERTAMENTO


A Espiritualidade Superior, para dizer a verdade, não
precisa de médiuns para solucionar problemas dos
encarnados ou desencarnados, mas sim o contrário, porque
estes é que ganham com a oportunidade de participarem das
atividades no Bem.
73

Todavia, neste livro, mencionamos dois tipos diferentes


de processos: 1 - no caso de Paulo de Tarso e Públio Lentulo,
seu encontro pessoal com Jesus, oportunidades em que foram
tratados em tempo recorde devido à potência mental de Jesus,
e 2 – através de médiuns especializados e respectivas equipes
espirituais, o que, infelizmente, é muito raro, devido à
qualificação que devem ter.
Infelizmente, o número de médiuns realmente dedicados
ao Bem, que cumprem suas tarefas conforme devem é muito
reduzido, porque devem ser Espíritos já de muito tempo
conhecedores desse tipo de trabalho, como também levarem
uma vida limpa, sem nenhum interesse material, o que os faz
merecer ajuda espiritual de trabalhadores desencarnados
igualmente qualificados moral e também na especialidade.
De qualquer forma, cada paciente recebe sempre de
acordo com o próprio merecimento e, se merece, os Espíritos
Orientadores arranjarão uma forma de tratá-lo, inclusive
durante o sono físico ou outra situação que entenderem
propícia.

2.1.2 – CONFISSÃO E PRECE


Inserimos, abaixo, um livro de Maria Clara intitulado
“Confissão e Prece”, devido à sua utilidade para o presente
estudo.
Sem confissão sincera dos próprios vícios e defeitos
morais e sem preces partidas do fundo do coração,
significando pedidos de ajuda a Deus, ninguém sara
espiritualmente.
INTRODUÇÃO
A orientação de Tiago (Confessai as vossas culpas
uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A
oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.) é
de uma profundidade muito grande, que pretendemos
analisar, tratando-se de um dentre tantos
desdobramentos das Lições de Jesus.
74

São dois temas diferentes: a confissão e a prece,


que, aparentemente, nada têm a ver um com o outro, mas,
na verdade, estão interligados, pois têm como ponto de
conexão a ideia da Fraternidade, conforme veremos.
Primeiro, para introduzir os queridos leitores no
nosso estudo, falemos um pouco sobre a confissão, a qual
exige coragem de quem a faz.
Citemos alguns exemplos de seres humanos que se
confessaram, mesmo com o risco da desmoralização
pública:
1) Santo Agostinho expôs, no seu livro intitulado
“Confissões”, suas vacilações como ser humano,
sobretudo quanto à questão da sexualidade.
2) Mohandas Gandhi confessou, em livro de sua autoria,
certo episódio: mesmo sendo casado, certa vez,
compareceu a uma casa de meretrício, todavia,
arrependendo-se antes de realizar qualquer ato sexual
com a profissional, pediu-lhe desculpas, pagou-a e foi
embora.
3) Yvonne do Amaral Pereira, tendo identificado no
mundo terreno seu noivo espiritual, o qual era casado,
entusiasmou-se com a possibilidade de conhecê-lo
pessoalmente e acabaram combinando um encontro,
tendo ele de vir ao Brasil. Quando ele desceu do avião,
ela, que o aguardava no aeroporto, depois de ter pesado
os prós e os contras daquela situação, foi para casa sem
encontrá-lo e continuaram mantendo contato apenas por
correspondência.
4) Emmanuel, no seu livro “Há Dois Mil Anos”,
psicografado por Chico Xavier, relaciona seus equívocos
morais praticados na sua encarnação como o senador
Públio Lêntulo Cornélio e fala alguma coisa da anterior,
quando foi seu próprio bisavô: o cônsul Públio Lêntulo
Sura.
5) Atentemos para o fato dos romances de Yvonne do
Amaral Pereira serem todos autobiográficos, onde se
75

estampam seus equívocos morais perpetrados em vidas


passadas.
Vejamos um caso, não de confissão de culpas, mas de
uma vivência que poderia ser interpretada como imoral
por parte dos “moralistas de plantão”: Bezerra de
Menezes, ao enviuvar, casou com a cunhada, a qual já
convivia naquele ambiente doméstico.
Quanto à confissão, igualmente é interessante
relatar duas realidades que ocorrem no mundo espiritual:
Camilo Castelo Branco, no seu livro “Memórias de um
Suicida”, relata que faz parte do tratamento de suicidas
seu desnudamento moral perante numerosa assembleia,
através do sistema audiovisual e André Luiz afirma que
os Orientadores Espirituais de Nosso Lar atendem os
Espíritos em duplas e não um de cada vez.
Verifiquemos que os modernos tratamentos de
terapia de grupo, seguidos, inclusive, pelos Alcoólicos
Anônimos e outros igualmente notáveis, são uma
aplicação da ideia da confissão, divulgada inicialmente
pelo apóstolo Tiago.
Os Espíritos Superiores têm coragem suficiente para
confessar suas culpas, mesmo quando consequências
graves possam advir. Os medianos e os primitivos
procuram se preservar, com receio da perda de prestígio e
de vantagens materiais.
Quanto à prece, analisaremos nos itens próprios.
O presente estudo visa, sobretudo, esmiuçar a
orientação de Tiago à luz dos conhecimentos espíritas.
Estando às portas do ingresso da Terra na categoria
de mundo de regeneração, não se deve continuar
permitindo o encobrimento da Verdade com o véu do “faz
de conta”, o qual, durante milênios, vem utilizando o
nome da Moral, teorizada, mas nem sempre praticada: é
preciso que se cumpra o que Jesus afirmou:
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.
76

Uma das facetas da Verdade é a orientação de


Tiago, que precisamos conhecer para evoluir intelectual e
moralmente.
Que Deus, nosso Pai, e Jesus, nosso Divino Pastor,
nos abençoem, bem como aos nossos queridos irmãos e
irmãs que nos prestigiarem com sua atenção,
compulsando estas despretensiosas anotações.

1 – CONFISSÃO
Temos de considerar, em primeiro lugar, que o
Evangelho não se destina ao conhecimento de um
número restrito de iniciados, mas Jesus o trouxe para
servir de referência para todos os habitantes da Terra,
pois, na qualidade de Divino Governador Planetário,
compete-Lhe conduzir todos os Seus pupilos. Assim, a
orientação de Tiago pode ser adotada por toda a
humanidade e não apenas pelos cristãos.
Dessa maneira, quando fala em confissão, sua
palavra deve ultrapassar os estreitos limites de um povo,
uma corrente religiosa e abarcar a humanidade terrestre,
incluindo-se os Espíritos Superiores, os medianos e os
primitivos.
Conclui-se, portanto, que quem assume o papel
corajoso de confessar suas culpas não deverá,
obrigatoriamente, verificar se os ouvintes são bons ou
maus e se farão bom ou mau uso das informações que
estarão recebendo.
Alguém pode contrapor a esta fala o argumento de
que há pessoas de má índole, que irão desmoralizar o
homem ou a mulher de boa fé e boa vontade que
confessarem suas culpas. No entanto, vejamos que Santo
Agostinho, Gandhi, Yvonne do Amaral Pereira e
Emmanuel não procuraram escolher as pessoas que
tomariam conhecimento das suas confissões: cumpriram
seu dever consciencial e ficaram livres de parte do peso
que os torturava e lhes tirava a paz. Realizaram uma
77

catarse e iniciaram o processo de recomposição da


própria serenidade, que se completaria com a posterior
ação intensiva no Bem, a fim de beneficiarem os
eventuais prejudicados ou, em caso de impossibilidade,
outras pessoas que necessitariam de sua ajuda. Afinal, “o
Amor cobre a multidão dos pecados.”
Temos, então, três opções neste caso: ou cumprimos
a orientação sábia de Tiago, confessando-nos a todos,
portanto, despindo-nos do orgulho, ou confessamo-nos
apenas aos nossos amigos, a fim de receber seus
conselhos, ou não confessamos a ninguém as nossas
culpas.
A pior das alternativas é a última, pois mantém
intacto nosso orgulho e não realizamos a catarse. A
segunda visa mais um benefício pessoal do que
representa uma iniciativa idealista. A primeira retrata a
mentalidade cristã, no seu sentido mais amplo e
universalista.
As personalidades que mencionamos acima são
universalistas, Espíritos Superiores realmente e sua
conduta representa exemplos a serem seguidos.
Alguém perguntará: - Neste mundo de hoje,
competitivo do jeito que é, se alguém confessar suas
culpas não conseguirá emprego, ficará desmoralizado
perante a sociedade e nenhum benefício surtirá sua
iniciativa idealista.
Realmente, os paradigmas que vigoram são mais ou
menos os mesmos de dois milênios atrás, tanto que
Joanna de Ângelis afirmou que, nesse período, a
humanidade moralmente evoluiu muito pouco: as pessoas
procuram mais “parecer boas e honestas” do que serem
realmente tais. Pode-se perceber que a maioria, sem
nenhum peso na consciência, sonega tributos, comete
uma série de deslizes morais e procura apresentar-se
como “homens e mulheres de bem”, sem, na verdade, o
serem.
78

Quem confessará suas culpas aos outros sem a


garantia de que não serão divulgadas? Esse número é
muito pequeno, na certa.
Todavia, apesar de tentarmos esconder nossas falhas
morais, nossos adversários as reconhecem facilmente.
Por isso, Chico Xavier afirmava: “Quando uma pessoa
não gosta da gente essa pessoa tem sempre razão.”
No mundo de regeneração, às cujas portas se
encontra a humanidade terrena, prevalecerá o “ser” em
lugar do “parecer”: assim, cada um, confessando suas
culpas, será reconhecido pelo que realmente é e não pela
máscara que afivele ao rosto, mostrando uma
personalidade cheia de virtudes inexistentes.
Quem tiver a coragem de confessar suas culpas ao
maior número de pessoas estará se adiantando na escala
evolutiva, contanto que não se restrinja a isso, mas inicie
seu trabalho de realização no Bem, para, em lugar do
Mal que fez, colocar o Bem, que irá proporcionar às
pessoas.
Coragem é o que se exige para tanto, bem como
humildade verdadeira, desapego, simplicidade e
verdadeira fé em Deus e na Sua Justiça, a qual contempla
o Amor e a Caridade, formando um tripé de valores.
Conforme o nível evolutivo de cada um conseguirá
cumprir seu dever de confessar suas culpas: atentemos
para isso.

1.1 - AS CULPAS
Quando Jesus afirmou que a Lei e os profetas
poderiam ser resumidos no “Amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo” estava querendo
dizer que quem agisse de forma contrária incidiria em
culpa.
As culpas, portanto, são os pensamentos, sentimentos
e ações que contrariem essa Regra Divina. É impossível
relacionar todas as situações em que alguém contrarie a
79

Lei de Amor, devendo cada qual analisar a si próprio


para verificar como está sua posição frente à própria
consciência.
Os Espíritos Superiores que orientaram o trabalho
de Allan Kardec na Codificação informaram-lhe que A
Lei de Deus está escrita na consciência de cada um.
Assim, todos têm condições de saber se estão pensando,
sentindo e agindo conforme a Lei Divina: basta auto
analisar-se com sinceridade e honestidade moral.
Todavia, é necessário que se leve em conta
igualmente o nível evolutivo de cada um para a avaliação
da culpa: “àquele a quem muito é dado muito é pedido”.
Quem já alcançou um nível mais elevado de compreensão
deve Amar mais, enquanto que aqueles que ensaiam os
primeiros passos na escalada evolutiva, naturalmente,
serão considerados meras crianças espirituais, vivendo
sob a tutela mais ou menos direta dos mais evoluídos,
sendo, portanto, restrita sua área de atuação.
Para efeito deste estudo é importante que cada
prezado leitor e cada prezada leitora compreenda bem em
que nível evolutivo se encontra, ou seja, o quanto de
Amor já introjetou: se já consegue Amar mais intensa e
amplamente, suas faltas serão consideradas mais graves
do que se fossem menos evoluídos.
Essa situação não deve ser encarada, todavia, como
penosa, sacrificial, desagradável, mas o contrário, pois
feliz de quem pode dar, porquanto é muito melhor do que
estender a mão em pedido de socorro.
Cumpram seus deveres para não incidirem em culpa,
mas façam isso alegremente, pois, como dizia Montaigne:
“a maior glória do ser humano é servir às pessoas, ao
maior número possível de pessoas.”! O filósofo
renascentista, com essa ideologia, estava apenas
repetindo o que Jesus tinha ensinado pela palavra e pelo
exemplo.
80

Não incidam em culpa pela falta de Amor e, assim,


sua vida será muito mais feliz do que possam, por ora,
imaginar, pois a Espiritualidade Superior suprirá suas
energias nos momentos de fraqueza e lhes instilará, em
nome de Deus e de Jesus, a paz e a serenidade na
consciência!
Sem querer estabelecer parâmetros rígidos para a
vida alheia, pois sabemos que a consciência de cada um é
o melhor juiz, podemos apontar um indicativo que foi
abordado no diálogo entre Chico Xavier e Banerjee: na
Índia tem-se como pontos importantes na vida de cada
pessoa a sexualidade, a sociedade, a riqueza e a
religiosidade.
Portanto, é conveniente que cada um se analise e
verifique como está pensando, sentindo e agindo quanto a
cada um desses itens.
No Oriente é conhecido um ditado que diz: “As
pessoas costumam envergonhar-se do que não devem e
não se envergonharem do que devem.”
Os defeitos morais podem resumir-se em orgulho,
egoísmo e vaidade, sendo as virtudes correspondentes,
respectivamente, a humildade, o desapego e a
simplicidade.
Temos, assim, alguns referenciais, que podem nos
ajudar na auto avaliação, sem contar aquele que diz:
“não devemos fazer ao próximo o que não gostaria que
ele nos fizesse.”
Amemos a todos os seres o mais ampla e
profundamente que conseguirmos e, dessa forma,
estaremos evoluindo mais depressa, pois não podemos
cobrar de nós uma perfeição que não temos de alcançar,
mas, sendo encontrados sempre no serviço do Bem,
estaremos na estrada correta, felizes dentro do possível
para o nosso grau evolutivo.
Também devemos considerar, como dizem os
orientais, que “o melhor da caminhada é a própria
81

caminhada”: assim, sem auto cobrança estressante,


vivamos em paz com nossos semelhantes, auxiliemos o
progresso de todos, aprendamos a fazer o Bem
indistintamente e aperfeiçoemo-nos na inteligência e na
espiritualidade.
As culpas irão se diluindo com esse investimento no
Bem, tal como a água corrente vai limpando as sujidades
de qualquer superfície barrenta: “O Amor cobre a
multidão dos pecados.”

1.1.1 - CONCEITO DE CULPA


Para efeito da orientação de Tiago não devemos nos
ater à forma terrena de entender o conceito de culpa, uma
vez que estamos lidando com o Direito Divino, ou seja, as
Leis de Deus.
Toda vez que manchamos nossa consciência ela nos
cobrará através do arrependimento e teremos, em
seguida, de beneficiar outrem para curarmos essa nossa
“ferida moral interior”.
Emmanuel, Yvonne do Amaral Pereira, Mohandas
Gandhi e Santo Agostinho sentiram a necessidade
premente de confessarem suas culpas e tal se
transformou em benefício para as pessoas que tomaram
conhecimento dessas afirmações, alertando-as para não
tropeçarem nas mesmas pedras que eles, bem como
ensinaram a humildade e a igualdade. Apesar de serem
Espíritos evoluídos, ainda estão sujeitos a erros, pois
somente Jesus descreveu sua trajetória evolutiva de forma
retilínea.
Culpa, como dito, significa qualquer infração às Leis
Divinas, inscritas na consciência. Manifestam-se as
culpas de milhares de maneiras diferentes, desde o
pensamento negativo, o sentimento malsão, até as
atitudes incorretas.
É importante cada um auto analisar-se e levar a sério
a tarefa da auto reforma moral, pois Allan Kardec, com
82

sabedoria, afirmou: “Reconhece-se o verdadeiro espírita


pelo esforço que empreende para domar suas más
tendências.” Assim também quanto aos adeptos das
demais correntes filosóficas ou religiosas.
Não se exige perfeição, mas esforço em aperfeiçoar-
se moralmente.
Cada um se encontra em um degrau evolutivo
diferente e, portanto, sua consciência lhe cobrará
conforme seu nível de progresso intelecto-moral.
Não é necessário escrevermos mais do que isto para
mostrar o que significa a expressão “culpa”, que alguns
chamam de “pecado” ou expressão equivalente.
“Errar é humano”: eis um provérbio de grande
sabedoria, pois errando se aprende. Todavia, errar tendo
condições de acertar, provoca os resultados dolorosos da
Lei de Causa e Efeito. É melhor bem proceder do que
receber a visita dos sofrimentos físicos e morais.
É preciso aprendermos a identificar o que é
realmente mau e o que representa mera adequação às
Leis da Natureza: a sexualidade é um dos pontos
nevrálgicos nesse aspecto, havendo muitos que se culpam
pelo exercício da sexualidade enquanto que há outros
tantos que se entregam ao desalinho moral, ficando
ambos os tipos em cada um dos extremos: da autopunição
indevida e da devassidão. Cada um deve perquirir sua
própria consciência e aprender a proceder conforme seu
nível evolutivo.

1.1.1.1 - AS LEIS DE DEUS


As Leis de Deus, na sua complexidade, são
inacessíveis à compreensão dos seres humanos medianos.
Somente os Espíritos Superiores estão em condições de
alcançar-lhes a essência.
Quando foi dito a Allan Kardec que elas estão
escritas na consciência de cada ser, a intenção era
mostrar que, à medida que evolui, vai compreendendo
83

melhor sua essência, de tal maneira que, ao mesmo tempo


que as compreende, elas lhe cobram um procedimento
compatível com o nível de compreensão, atuando
automaticamente tanto na recompensa quanto na reação
pedagógica através da dor.
Jesus afirmou que as Leis Divinas se resumem no
“Amor a Deus sobre todas as coisas e no próximo como a
si mesmo”. Dezoito séculos depois, no cumprimento da
promessa de envio do Consolador, a Allan Kardec foram
apresentados desdobramentos das Leis Divinas nos
seguintes itens: Adoração, Trabalho, Reprodução,
Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso,
Igualdade, Liberdade e Justiça, Amor e Caridade.
Mais uns anos depois, em “A Grande Síntese”[*],
Jesus, através da mediunidade de Pietro Ubaldi,
aprofundou mais as informações sobre as Leis Divinas,
mas é impraticável resumir aqui, neste modesto estudo, o
que essa obra gigantesca expõe: seria o mesmo que a
pretensão de “colocar o oceano num dedal”.
Todavia, em todas essas revelações, o ponto em
comum é o Amor, primeiro a Deus, como forma de
gratidão ao Pai (ou Mãe) Criador de tudo que existe, e,
em segundo lugar, a todos os demais seres, do mais
singelo, ou seja, aquele que se inicia na escalada
evolutiva, até o mais perfeito.
O Amor deve ser o mais Universal possível. Assim é
que Francisco de Assis, como profundo conhecedor das
Leis Divinas, cunhou as expressões “irmão Sol”, “irmã
Lua”, “irmão lobo”, “irmã árvore” etc.
O Amor Universal deve ser exercitado em todos os
dias da nossa vida: não há fundamento algum para se
pensar em separatismos, elitismo, discriminações de que
tipo forem, exclusão, facciosismo, preferências injustas e
outras formas de destacar uns em detrimento dos outros.
O provérbio: “Aos amigos tudo; aos inimigos a lei”
retrata o primitivismo e a insciência dos tempos passados,
84

mas não pode nos acompanhar no mundo de


regeneração.
Dessa maneira, os conceitos de família, amizade,
inimizade, classes sociais etc. devem mudar totalmente,
passando dos padrões estritamente egoísticos do mundo
de provas e expiações para aqueles outros, progressistas,
da Nova Era.
É preciso que atentem para esse novo foco, que, na
verdade, nada tem de novo, uma vez que Jesus, ensinou o
Amor Universal, entregando Sua Mãe a João, para ele
dela cuidasse na qualidade de filho adotivo e entregando-
o a Ela, a fim de Ela cuidar dele como Mãe adotiva. Esse
é apenas um dos múltiplos exemplos, sendo outro,
escolhido aleatoriamente, o fato de Jesus afirmar:
“Minha mãe e Meus irmãos são aqueles que seguem os
Meus Ensinamentos.” Na verdade, quis apenas concitar
todos a Lhe seguirem as Lições: trata-se de uma
linguagem figurada.
Devemos começar a mudar o nosso modo de pensar,
sentir e agir em relação a tudo e a todos, entendendo-os
como nossos irmãos e irmãs e realmente sentindo por eles
um afeto crescente, na medida em que consolidamos essa
visão universalista.
Assim pensam, sentem e agem os Espíritos
Superiores, os quais acolhem com “olhos bons” todos os
seres, sejam eles classificados, segundo a tábua de valores
materialistas, como bons ou maus, evoluídos ou
primitivos e assim por diante.
Esforcemo-nos por mudar nossos paradigmas
internos, deixando para trás o primitivismo dos modelos
do passado e enxerguemos em tudo verdadeiras
manifestações de Deus, uma vez que Suas criaturas são
Suas Idealizações Mentais: não há por que odiar ou
desprezar o que quer que seja ou a quem quer que seja.
As Leis de Deus, como disse Jesus, podem ser
resumidas, para o nosso nível de compreensão, no Amor
85

Universal. Todavia, deve ser o mais Universal possível, o


mais amplo que conseguirmos, irrestrito, incondicional e
benévolo.
Quando Ele aconselhou: “Que teus olhos sejam
bons” estava, de outra maneira, indicando o caminho do
Amor Universal. Portanto, “que nossos olhos sejam
bons” para que “todo o nosso corpo tenha luz”, ou seja,
evoluamos intelectual e moralmente rumo à perfeição
relativa.
Saibamos que até a inteligência somente ultrapassa
determinados limites se o coração está cheio de Amor,
pois Deus “não dá pérolas aos porcos”, ou seja, não
permite que Seus filhos que Amam pouco tenham acesso
às Grandes Facetas da Verdade, pois fariam mau uso
delas.

1.1.1.2 - A CONSCIÊNCIA DE CADA UM


É importante cada um saber até que ponto pode
cobrar de si mesmo, a fim de, num extremo, não se
acomodar aos vícios e defeitos morais, nem, no outro
extremo, cair nas malhas dos complexos de culpa
infundados. Joanna de Ângelis orienta muito bem neste
aspecto, sendo de capital importância conhecer seus
livros da “Série Psicológica”, os quais deveriam ser
estudados em todos os Centros Espíritas.
Não basta conhecer as obras da Codificação, onde se
encontra a base do grande edifício do Conhecimento
espírita, uma vez que tal construção vai pelo infinito
afora, sendo que lhe são acrescentados, periodicamente,
novos pavimentos, à medida que as lições precedentes vão
sendo assimiladas, segundo um planejamento
minuciosamente elaborado pelos Espíritos Superiores,
encarregados de instruírem a humanidade encarnada,
sob o Comando de Jesus, o Divino Governador da Terra.
86

O nível da consciência de cada um é muito diferente


do de qualquer outro ser criado por Deus. Por isso, Jesus,
em “A Grande Síntese”, esclarece a respeito.
Solicitamos a leitura serena e reflexiva do excerto
que apresentamos abaixo, a fim de que cada um se
analise sem os excessos, para mais ou para menos, que
mencionamos. Segue a lição do Divino Mestre na
linguagem do século XX:

DESTINO — O DIREITO DE PUNIR

Outro fator complica o cálculo das


responsabilidades: o determinismo das causas
introduzidas no passado, com as próprias ações, na
trajetória do próprio destino; impulsos assimilados, por
livre e responsável escolha, no edifício cinético do próprio
psiquismo. Essas causas são forças colocadas em
movimento pelo próprio “eu” e uma vez lançadas, são
autônomas, até exaurir-se. Vossos atos prosseguem em
seus efeitos, irresistivelmente, por leis de causalidade. Seu
impulso é medido pela potência que imprimistes a esses
atos, proporcionais e da mesma natureza, benéfica ou
maléfica, ao impulso que destes. Assim o bem ou o mal
dirigido aos outros é feito sobretudo a si mesmo; é regido
pelas reações da Lei e recai sobre o autor como uma
chuva de alegrias ou de dores. O destino implica, pois,
uma responsabilidade composta, que é resultante do
passado e do presente.
Cada ato é sempre livre em sua origem, mas não
depois, porque então já pertence ao determinismo da lei
de causalidade, que lhe impõe as reações e as
consequências. O destino, como efeito do passado,
contém, pois, zonas de absoluto determinismo, mas a ele
sobrepõe-se a cada momento a liberdade do presente, que
vai chegando continuamente e tem o poder de introduzir
sempre novos impulsos e, neste sentido, de “corrigir” os
87

precedentes. O impulso do destino pode comparar-se à


inércia de u’a massa lançada, que tende a prosseguir na
direção iniciada, mas, no entanto, pode sofrer atrações e
desvios colaterais; esse impulso pode ser corrigido.
Determinismo e liberdade, dessa maneira,
contrabalançam-se, e o caminho é a resultante dada pela
inércia do passado e pela constante ação corretora do
presente. Nesses equilíbrios íntimos de forças reside o
cálculo das responsabilidades. O presente pode corrigir o
passado, numa vida de redenção; pode somar-se a ele nas
estradas do bem, tanto quanto nas do mal. Diante do
determinismo da Lei, que impõe a cada causa seu efeito,
está o poder do livre-arbítrio, de corrigir a trajetória dos
efeitos com a introdução de novos impulsos. Destino não
é fatalismo, não é cega “Ánánke” (necessidade,
determinismo, inevitabilidade), é a base de criações ou
destruições contínuas. O que a cada momento está em
ação no destino é a resultante de todas essas forças.
Responsabilidade progressiva, função do
conhecimento e liberdade progressiva, cálculo complexo
de forças; evolução, ao mesmo tempo libertação do
determinismo das causas (destino), como do
determinismo da matéria, eis a realidade mais profunda
do fenômeno. Uma ética racional tornada ciência exata,
que não seja mera arma de defesa, deve levar em conta
todos esses fatores complexos; deve saber pesar essas
forças e calcular-lhes a resultante; deve saber avaliar as
motivações; reconstruir na personalidade seu passado
biológico e orientar-se na vasta rede de causas e efeitos,
de impulsos e contra impulsos, que constituem o destino e
sua correção. Para cada indivíduo o ponto de partida é
muito diferente e não há maior absurdo, num mundo de
substanciais desigualdades, que uma lei humana a
posteriori, externa, igual para todos. Esta poderá
satisfazer a funções sociais defensivas, mas não pode
88

chamar-se justiça. Somente esta pode, pelas sanções


morais e penais, constituir a base do direito de punir.
Isto está estritamente vinculado ao cálculo das
responsabilidades, sem o qual não pode ser estabelecido.
Tendo-se estabilizado por meio da força, como todos os
direitos — na origem mera reação e necessidade de
defesa —, transforma-se, por evolução, da fase de
vingança pessoal à fase de proteção coletiva. A
normalização jurídica da força, como no mais amplo
processo da evolução da força em direito, a legalização da
defesa dirige-se à conservação de um grupo sempre mais
extenso, à proporção que surgem unidades coletivas cada
vez mais vastas, do indivíduo à família, à classe, à nação,
à humanidade. Em sua evolução, o direito penal
circunscreve cada vez mais, até a eliminação das zonas
indefesas, tornando mais difícil escapar à sua sanção
(extradição), até cobrir todo o planeta; ao mesmo tempo
atinge e disciplina cada vez mais numerosas formas de
atividades humanas. Paralelamente, quanto mais se
estende o direito, mais diminui a ferocidade, torna-se
mais racional e inteligente; quanto mais se torna
proteção da ordem pública, menos se faz pela
reivindicação da ofensa sofrida pelo particular; é sempre
menos “força” e sempre mais “justiça”. À medida que o
homem se afasta das necessidades da vida animal,
manifesta-se contínua circunscrição do arbítrio na
defesa, que se torna mais equilíbrio jurídico; a justiça
fica menos incompleta; à proporção que o juiz evolui,
torna-se digno de conquistar o direito de julgar.
Assim, o fenômeno não apenas se projeta da fase
individual à fase social, não só tende a estabelecer mais
profunda ordem, tornando-se mais substancial, mas se
desenvolve sempre mais e contém o fator moral,
harmonizando-se em sistema ético. O conceito originário
de prejuízo, ressarcimento, ofensa, eleva-se à
reconstrução de equilíbrios mais altos, enriquecidos dos
89

novos valores que a evolução terá desenvolvido; a


balança da justiça se fará muito mais precisa, até o
cálculo das responsabilidades específicas, isto é, até as
diferentíssimas responsabilidades individuais. A primitiva
e grosseira justiça do direito de defender-se, evoluirá para
justiça que dá o direito de julgar e de punir; cada vez
mais a balança do direito substituirá a espada da
vingança; cada vez mais pesará a responsabilidade moral
do culpado e sempre menos a própria tutela egoística. Em
sua evolução, o jus de punir penetrará sempre mais a
substância das motivações. A ascensão moral e psíquica
do legislador o autorizará a fazer uma sindicância moral
sempre mais profunda, porque só um juiz mais sensível e
perfeito poderá ousar, sem tornar tirania de pensamento,
aproximar-se da justiça substancial que vem da mão de
Deus. Esta é a meta das formas humanas. Quanto mais
evolução elevar o legislador, tanto mais o submeterá a um
ato de bondade e de compreensão para com o culpado. A
função social da defesa se enriquecerá mais de funções
preventivas e educativas, porque o dever dos dirigentes é
ajudar o homem involuído a subir.
Assim as duas ferocidades, da culpa e do castigo,
abrandam-se; aproximam-se os extremos, harmoniza-se
seu choque. Melhor que investir contra uma alma que só
sabe ser má, porque é involuída, é ajudá-la a evoluir,
demolindo-se os focos de infecções morais onde nascem
essas flores maléficas. Absurdo enfurecer-se contra os
efeitos, se as causas forem deixadas intactas. Não se
resolve o problema apenas com o egoísmo da autodefesa,
com a repressão sem a prevenção. Justo, muitas vezes, é
só o que protege a si mesmo; deve ampliar-se até proteger
a todos. Na balança social há um tributo anual de
expulsos, segundo uma lei expressa pelas estatísticas. É
preciso compreender essa lei e cortá-la pela raiz. Há
deserdados cujo crime é o de serem marcados no
nascimento por uma tara hereditária. Outros são falidos
90

na luta pela vida, com a mesma psicologia e valor moral


dos vencedores. Indispensável saber ler e trabalhar na
alma; saber fazer o cálculo das responsabilidades;
ultrapassar a desastrosa psicologia materialista da
antropologia criminal. Delinquência é fenômeno de
involução. É necessário alimentar todos os fatores de
evolução, demolir os opostos, se quiserdes que o decurso
da doença melhore e a sociedade possa arriar o fardo. O
trabalho deve ser de penetração de espírito, de educar,
corrigir, ajudar e, sobretudo — pretende-se guiar e punir
em nome de uma justiça divina — de recordar a máxima
evangélica: “Quem esteja sem pecado, lance a primeira
pedra”.

1.2 - A INICIATIVA DE CONFESSAR SUAS CULPAS


Os Espíritos Superiores têm olhos para enxergar sua
fragilidade e não se envergonham de reconhecê-las.
Vejamos a prece de Allan Kardec ao tomar conhecimento
da sua tarefa na Codificação da Doutrina dos Espíritos:
“Senhor! Pois que te dignaste lançar os olhos sobre mim
para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua
vontade! Está nas tuas mãos a minha vida; dispõe do teu
servo. Reconheço a minha fraqueza diante de tão grande
tarefa; a minha boa vontade não desfalecerá, as forças,
porém, talvez me traiam. Supre a minha deficiência; dá-
me as forças físicas e morais que me forem necessárias.
Ampara-me nos momentos difíceis e, com teu auxilio e
dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para
corresponder aos teus desígnios”.
Não se trata de “humildade de vitrine”, mas sim da
noção exata proporcionada por uma consciência
exercitada na auto análise, o que faz a um homem ou
uma mulher se verem tal qual são: com as virtudes
consolidadas e as fraquezas ainda por serem suplantadas.
Aqueles que não consolidaram o hábito do exame
permanente de consciência não sabem quem realmente
91

são e, assim, tendem a se julgar moralmente mais sólidos


do que realmente são, e, de uma hora para outra, podem
falir e, então, ver o quanto ainda frágeis. Principalmente
quando passamos para o mundo espiritual é que vemos
quem realmente somos, pois aí se patenteia toda a nossa
realidade interior. Irmão Jacob, por exemplo, mesmo
tendo muito realizado no setor da Caridade, verificou que
não irradiava nenhuma luz...
Quando, certa vez, perguntado se era humilde ou sem
vergonha, Chico Xavier respondeu: - sem vergonha,
porque sabia o quanto lhe era sacrificial a luta pela
aquisição da humildade e que teria muito que trabalhar o
próprio íntimo para não se sentir melindrado com as
ofensas reais ou imaginárias que lhe ocorriam e com os
próprios acontecimentos aparentemente desagradáveis do
dia a dia.
Confessar suas culpas é característica dos Espíritos
evoluídos, pois, quanto mais se aprofundam na auto
análise, tomando conhecimento, inclusive, de suas
encarnações anteriores, vêm, com maior clareza, que
precisam fazer muito para se purificarem. É o que, por
exemplo, retrata Jésus Gonçalves no seu poema
intitulado “O Cego de Jericó”:
“...Sim! Somos cegos de espírito! Vivemos nas sombras
dos caminhos da vida, como mendigos de ilusões
quiméricas, como mendigos de uma felicidade que não
sabemos encontrar, porque não sabemos defini-la.
Muitas vezes, nas encruzilhadas dos caminhos tortuosos,
nos sentimos vencidos pelo cansaço, acabrunhados pelas
desilusões, esmagados pelas dolorosas decepções. Somos
cegos tateantes, que vamos e vimos, sempre pelos mesmos
caminhos, num horroroso círculo vicioso.
Então, nessas horas de suprema angústia, lembramo-nos
de que o meigo Rabi que curou a cegueira material do
cego de Jericó, pode iluminar o caminho do nosso
92

espírito atormentado. E queremos gritar: "Jesus! Filho


de Davi! Tem compaixão de mim".
Mas... quando pensamos em nos valer do Divino Médico,
eis que uma multidão de vozes nos manda calar.
Vozes sinistras, que reboam dentro de nós mesmos, com o
imperativo de uma força dominante!
E ante essa multidão de monstros, constituída de nossos
vícios, dos nossos mil defeitos, da nossa imperfeição
moral, do nosso desejo de acomodação com os bens
efêmeros e transitórios da vida material, nós nos calamos,
acovardados, incapazes de fazer partir de nosso coração o
grito de angústia salvador!
Sabemos que o Mestre pode nos curar. Sabemos que Ele
está junto de nós, bondoso como sempre, pronto para a
aplicação do "passe magistral"! Mas sabemos, ou
fingimos não saber, que é necessária a energia moral do
cego de Jericó.
Assim, pois, se não quisermos permanecer no vai-e-vem
das curvas tortuosas, tapemos os ouvidos ao sinistro
clamor da multidão nefanda e procuremos o Celestial
Enviado, que habita conosco.
Procuremos Aquele que é o "Caminho, a Verdade e a
Vida": aquele que pode curar o corpo e o espírito e,
tapando os ouvidos às seduções deste mundo, aos
preconceitos e acomodações, aos interesses mesquinhos,
gritemos cada um de nós, com a força de nossa angústia,
do nosso desespero, do nosso desejo de luz:
– Jesus! Meu Senhor! Põe sobre mim tuas divinas mãos e
aclara o meu caminho, como o fizeste ao cego de Jericó!”

1.3 - A CARIDADE DE OUVIR


93

Chico Xavier se sentia incomodado ao ouvir as


anedotas picantes de um seu conhecido, até que
Emmanuel aconselhou-o a exercer a Caridade de deixá-
lo falar o que quisesse, sem julgamentos, pois essa é uma
das formas de Caridade.
Aprender a ouvir o que os outros queiram dizer
representa um passo adiante na senda evolutiva, pois
estaremos respeitando a liberdade alheia tanto quanto
queremos que os outros respeitem a nossa.
Não é propriamente cristã a simples disponibilidade
para ouvir a confissão alheia, se ocorre em postura de
falsa superioridade como a maioria dos antigos
confessores, mas sim em ouvir em atitude interior e
exterior de igualdade diante de quem confessa: aí está o
diferencial: ouvir sem diminuir a dignidade daquele que
se penitencia, porque é certo que nossa vez de
confessarmos também chegará, mais cedo ou mais tarde.
Por isso, “com a mesma medida com que medirdes, vos
medirão também a vós”, ou seja, se ouvirmos com
simpatia, informalmente e com naturalidade as confissões
alheias, teremos igualmente condições de expormos
nossas faltas naturalmente, sem receios infundados e com
a certeza de que pelo menos uma pessoa nos ouvirá com
“olhos bons”.
Quando ouvimos as confissões alheias é muito
comum sentirmos uma pitadinha de satisfação maldosa
ou maliciosa: é como se aquelas pessoas reconhecessem
que lhes somos superiores, o que, na verdade, pode ser
exatamente o contrário.
Chico Xavier ouvia reclamações, lamentações,
ofensas, pedidos inviáveis, falas prolixas e todo tipo de
inconveniências com o mesmo espírito de respeito à
dignidade alheia e consideração pelas necessidades que
caracterizam cada um: não se tratava de “humildade de
vitrine”, mas ele aproveitava aquelas oportunidades para
beneficiar os consulentes, muitas vezes, com passes
94

espirituais, mentalizações benéficas, desobsessão e outras


formas de ajudá-los.
Assim também devemos proceder, dentro das nossas
possibilidades.

1.3.1 - “EU A NINGUÉM JULGO”


Quando Jesus aconselhou: “Não julgueis”, estava
querendo ensinar a humanidade a não interferir na
individualidade alheia, uma vez que, quando analisamos
negativamente qualquer item da personalidade dos
outros, enviamos na sua direção raios mentais que os
atingem, caso estejam vibrando em faixa negativa, ou, no
mínimo, se estão sintonizados em faixa superior, correm
o risco de turbulências, por menores que sejam.
Devemos nos lembrar também de que, em qualquer
dos dois casos, os primeiros a ser atingidos, com essas
emissões negativas, somos nós mesmos, porque as ondas
eletromagnéticas deletérias atingem o nosso próprio
cérebro e o sistema nervoso, e, daí, os demais órgãos do
nosso corpo físico.
Ao afirmar: “Eu a ninguém julgo”, Jesus estava
informando que, de forma alguma, interfere na liberdade
dos Seus irmãos e irmãs, todos filhos do mesmo Pai.
Assim também procedem os Espíritos Superiores, não
acontecendo o mesmo com os medianos e os primitivos,
os quais, a todo momento, através do pensamento, do
sentimento e das ações, procuram exercer alguma forma
de dominação sobre os demais seres.
Devemos nos descondicionar dos reflexos
automatizados, que, na verdade, nos mantêm atrelados
aos impulsos primitivistas de julgar tudo e todos a todo
momento, prejudicando-os e também danificando nosso
próprio organismo, além de ocasionar em nós e nos
desavisados em geral desequilíbrios psicológicos ou
psíquicos mais ou menos graves. Esse exercício deve ser
95

diário, a partir da conscientização de que tratamos neste


estudo.
Representa medida de profilaxia sanitária,
independente de qualquer credo religioso ou crença
filosófica, porque é matéria pertinente à própria Ciência,
considerada no seu sentido mais elevado.
Façamos dessa forma, e, com o tempo, teremos mais
saúde e felicidade, além de proporcioná-las aos nossos
semelhantes.
É evidente que não conseguiremos mudar nossa
realidade como num passe de mágica, mas só o desejo
sincero já provoca o início da transformação do
quimismo cerebral, o que, a longo prazo, faz de
caluniadores, rigoristas, difamadores, maldosos e
maliciosos verdadeiros abençoadores da vida alheia.

1.3.2 - “VAI E NÃO PEQUES MAIS”


Ao invés de tecermos comentários sobre este tema, de
capital importância para a auto reforma moral, iremos
apenas transcrever a Introdução de um outro livro, ditado
por um membro da nossa equipe espiritual:

INTRODUÇÃO
A expressão: “Vai e não peques mais” costuma ser
interpretada como uma “determinação” do Sublime
Governador da Terra aos seres humanos, os quais,
todavia, na verdade, são Espíritos imperfeitos. Fica
parecendo para os ortodoxos que os habitantes deste
planeta, a partir dessa fala, “nunca” mais poderiam
cometer nenhum equívoco moral. Todavia, pelo fato
mesmo de serem imperfeitos, cometem erros, tanto quanto
acertam durante sua trajetória evolutiva a partir do
momento em que adquiriram a razão.
Somente Jesus, dentre todos os Espíritos ligados à
Terra, nunca errou. Como Espírito que seguiu esse rumo
diferenciado, não por algum privilégio divino, mas por ter
96

optado, desde o começo da Sua fase humana, livremente,


pelo Bem incondicionalmente, detém determinados
conhecimentos que não temos e talvez nunca venhamos a
ter, bem explicado que não pela Vontade de Deus, que
nunca seria parcial, mas pelos próprios méritos do Filho
obediente, que nunca se enquadraria na parábola do
filho pródigo, mas também não foi o irmão egoísta, que
ficou em companhia do Pai somente por comodismo, mas
sim se encaixaria Sua situação em outra parábola, que
não foi ensinada a nós talvez por humildade do Seu
protagonista, que sempre esteve ao lado do Pai ajudando
Seus demais irmãos e, gradativamente, tornando-se Seu
Mestre, como Ele o é.
Nós, os restantes dos homens e mulheres terrenos,
não fazemos a mínima ideia do que é “nunca ter
errado”, pois que, na nossa trajetória, temos errado
incontáveis vezes, sendo que, no máximo, não por
fatalidade, que não existe, mas por rebeldia nossa,
gradativamente, no curso dos séculos e milênios, vamos
diminuindo a quantidade e gravidade dos erros até nos
libertarmos das amarras terrestres, ou seja, de um mundo
onde os defeitos morais ainda se sobrepõem às virtudes,
até passarmos, um dia, a merecer habitar mundos onde
predominam o Bem.
Teremos, para efeito deste estudo, de mencionar
algumas situações reais, que mostram que até Espíritos
Superiores estão sujeitos a errar, e erram realmente, mas
neles prevalecem as virtudes, que superam, de muito, os
equívocos que venham a praticar.
Citemos como exemplo o Espírito Paulo de Tarso,
que, antes do Encontro com Jesus na estrada de
Damasco, cometeu atrocidades em nome da preservação
da Lei Mosaica. Continuando a tê-lo como referência,
podemos relatar que ele mesmo, apesar de todo o
progresso realizado como o “apóstolo dos gentios” e nos
séculos posteriores, apareceu, novamente, no cenário
97

terrestre, como encarnado, no final do século XIX, na


figura do sadu Sundar Singh, quando, apegado à fé
hinduísta, tomou-se de ira contra Jesus e, em
determinado dia, praticamente repetiu sua
incompreensão daquela época anterior e dirigiu-se em
pensamento a Jesus dizendo-Lhe que somente acreditaria
n’Ele se Ele se mostrasse de forma explícita, completando
a ousadia ao dizer-Lhe, ainda pelo fio invisível, mas
poderoso do pensamento, que, caso não atendesse ao seu
pedido-exigência, praticaria o suicídio, portanto, pela
segunda vez, “desafiando” Aquele que, na verdade, em
estado de lucidez como Espírito eterno, sem as amarras
do corpo físico, tinha como seu Mestre Muito Amado.
Mais uma vez repetimos que, mesmo com todo o
progresso realizado em várias encarnações e com sua
dedicação autêntica e total a Jesus, ao encarnar
novamente, passou a sofrer da mesma “miopia” espiritual
em relação ao Divino Mestre.
Essa a situação real vivenciada por um Espírito
reconhecidamente Superior: imagine-se, agora, não mais
a “miopia”, mas sim a “cegueira” quase total que oculta
a Verdade quanto aos Espíritos medianos, os quais
formam a maior parte da humanidade da Terra! Ao
encarnarem, sua capacidade de compreensão da Verdade,
ou, em outras palavras, seus compromissos morais,
assumidos quando ainda no mundo espiritual, ficam
sepultados sob uma montanha de atavismos arquivados
do passado muito mais próximo da animalidade do que
daquilo que ainda está pouco sedimentado no seu íntimo,
que são as virtudes e os bons propósitos.
Tentemos responder à seguinte indagação: - Quando
Jesus disse: “Vai e não peques mais” estava derrogando a
progressividade evolutiva, pretendendo que a
humanidade atinja a perfeição em um átimo de tempo, ou
seja, a partir da prática do equívoco ou o Divino Mestre
simplesmente estava nos induzindo à honestidade
98

conosco próprios a fim de cada um tentar, o máximo que


consiga, ouvir e seguir a “voz da consciência”, que é
Deus dentro de nós? São duas conclusões totalmente
diferentes: na primeira, proibidos de errar, os seres
humanos teriam de transformar-se, de seres imperfeitos
em Espíritos Puros, ou, no mínimo, em Espíritos
Superiores, enquanto que, na segunda, devem ficar
atentos para realizarem o melhor que consigam, mesmo
sabendo que “a Natureza não dá saltos”.
O presente estudo pretende ser uma reflexão sobre
esse assunto, que atormenta a muitos que querem ser
bons e se esforçam nesse sentido, muitos deles se sentindo
culpados quando erram, quando, na verdade, cada erro
deve ser objeto de análise serena sob as luzes das noções
da evolução e do alo e auto perdão.
Não estaremos incentivando a irresponsabilidade,
mas sim procurando tranquilizar nossos irmãos e irmãs
sobre a necessidade de cada um fazer o melhor que
consegue em termos morais, todavia, sem os sofrimentos
enraizados pelo complexo de culpa que trouxemos das
vidas que experienciamos na Idade Média europeia,
quando qualquer atitude que contrariasse os padrões
obscurantistas da Igreja Católica e, pouco adiante no
tempo, do Protestantismo, era considerado “pecado”.
Essas correntes religiosas, se contribuíram, por um lado,
para a contenção de muitos abusos da humanidade de
então, por outra parte, provocaram a sedimentação de
muitas fobias nas pessoas que vivenciaram aqueles
períodos, inclusive no que diz respeito à sexualidade, que,
até hoje, é tabu na mente de milhões de pessoas, que
sofrem com o desconhecimento da sua verdadeira
essência.
Joanna de Ângelis, que viveu naquela época com
extremos de auto rigor, agora, com uma visão muito mais
ampla da Verdade, tem pregado o Auto Amor,
indiretamente combatendo aquilo em que acreditava
99

anteriormente, ou seja, que os seres humanos deveriam


tornar-se “santos” e “santas” de uma hora para outra, a
peso de auto castigos e castrações morais.
Iniciemos, então, nossas reflexões, pedindo a bênção
de Deus, nosso Criador, e de Jesus, nosso Divino Mestre,
para que sejamos realmente úteis aos nossos irmãos e
irmãs em humanidade com estas análises, todas baseadas
na Ética do Cristo.

2 – PRECE
Em qualquer manifestação de religiosidade existe
sempre algum meio dos adeptos se dirigirem aos Seres
por eles considerados Superiores: daí a existência das
preces.
No caso do Cristianismo, há uma oração tida como a
mais expressiva, que é “Pai Nosso”, ditada pelo próprio
Divino Mestre, e que consideramos, com razão, a mais
perfeita de todas, pois resume tudo que se possa dizer ao
Pai Celestial.
Há uma outra de grande valor, que é a “Ave Maria”,
como se sabe, dirigida à Mãe Santíssima, Espírito cuja
evolução sequer temos condições de avaliar, mas que se
preocupa com todos os habitantes da Terra na qualidade
de sua verdadeira Mãe Espiritual, a quem dedica
atenções maternais, principalmente aos suicidas.
Uma terceira, de imenso potencial espiritual, é a que
ficou conhecida como “Prece de Francisco de Assis”.
Podemos acrescentar a esse rol uma quarta, que é a
“Prece de Cáritas”, muito conhecida dos espíritas em
geral.
Quando Tiago aconselhou a oração, sugeriu que,
através dela, uns pedissem em favor dos outros. Cabem
aqui as seguintes indagações: 1) os pedidos devem ser
dirigidos a quem? 2) a expressão “outros” englobaria
apenas os irmãos e irmãs da mesma corrente religiosa? 3)
quais os tipos de pedidos devem ser feitos?
100

Estudaremos este tema da forma mais acessível que


conseguirmos.

2.1 – DEVER DIÁRIO


O hábito de orar diariamente não é comum entre os
ocidentais, pois encontram-se muito ligados aos interesses
materiais e, na verdade, sua fé em Deus não é tão sólida
quanto dizem ser: preferem confiar em si mesmos e nos
recursos materiais com os quais possam contar ao invés
de esperarem alguma coisa de Deus, que não veem.
O materialismo é muito forte no Ocidente, apesar da
imensa quantidade de correntes religiosas e filosóficas,
cujo número cresce a cada dia.
Orar, no sentido mais elevado da palavra, é
entregar-se a Deus, sem nada pretender que não seja
estar em contato com nosso Pai, que nos Ama
Infinitamente.
O que se aconselha é iniciarmos cada dia com uma
breve oração, de agradecimento ao Pai pela Vida, pelas
bênçãos que recebemos e o pedido de que nosso dia
transcorra pleno de realizações no Bem; e, antes de
dormir, agradecer pelo dia vivido e pedir um sono
reparador, a fim de que, no dia seguinte, continuemos
nossas tarefas no Bem.
Devemos criar esse hábito, o qual muito beneficiará
a cada um em todos os sentidos. Todavia, deve haver o
propósito verdadeiro de servir no Bem e não apenas
relacionarmos petitórios em favor de nós próprios, dos
nossos amigos e parentes.
Tiago nos aconselha a orar uns pelos outros, ou
seja, em favor de todo mundo, sem distinção. A oração
dos egoístas contempla apenas seus afetos, mas se
assemelha à do falso religioso, a que Jesus se referiu.
Conscientizemo-nos quanto ao dever de orar em
favor de todos, a fim de evoluirmos no Amor Universal.
101

2.2 – PEDIDOS EM FAVOR DOS OUTROS


Se formos analisar literalmente o “Pai Nosso”, a
“Ave Maria” e a “Prece de Francisco de Assis”, veremos
que nelas não há nenhum pedido explícito em favor dos
outros, todavia, na “Prece de Cáritas” sim.
Comentaremos ligeiramente cada um dos seus
tópicos:
Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade,
dai a força àquele que passa pela provação,
As expiações, provações e missões exigem de cada
Espírito muita determinação em continuar adiante,
havendo momentos de insegurança e fragilidade. Chico
Xavier mesmo dizia que havia dias em que parecia que
iria enlouquecer. Todos, indistintamente, são submetidos
ao aprendizado, conforme seu nível evolutivo, o qual
apresenta lições de certa dificuldade. Por isso, devemos
pedir em favor dos outros a “força” necessária para
continuarem evoluindo.
dai a luz àquele que procura a verdade;
Jesus falou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida”, na qualidade de Médium de Deus, portanto,
autorizado pelo Pai Celestial. Quem procura Jesus, na
própria pessoa d’Ele ou de algum dos Seus discípulos,
merece receber a luz do conhecimento espiritual. Trata-se
de outro pedido em favor dos que são sinceros na procura
de Deus.
ponde no coração do homem a compaixão e a caridade!
A Compaixão representa o sentimento de
benevolência geral e a Caridade é mais direta no sentido
de beneficiarmos os demais seres. Esses pedidos devem
ser formulados em favor de todos, para que se
transformem de egoístas em desapegados, de orgulhosos
102

em humildes e de vaidosos em simples, pois, somente


assim, serão felizes, realizando no Bem.

Deus, dai ao viajor a estrela guia,


Todos são viajores da evolução, mas necessitam de
uma referência, que é o próprio Divino Mestre, quanto
aos habitantes da Terra. Por isso, devemos pedir a Deus
que faça nascer no íntimo de cada um a noção de que
Jesus é sua “estrela guia”.
ao aflito a consolação,
Jesus prometeu aliviar os aflitos, ou sejam, os que
estão inquietos, sendo que o melhor remédio para
acalmar as aflições é compreender que “não cai uma
folha de uma árvore sem que Deus o permita” e que a Lei
é “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a si mesmo.” Devemos pedir a Deus que console os aflitos
fazendo-os compreender que tudo tem uma finalidade
construtiva e o cumprimento dos deveres amaina as
tempestades interiores e exteriores.
ao doente o repouso.
As doenças podem ter vários significados: um em
Francisco de Assis, outro no paralítico que Jesus curou e
que retornou à vida de despautérios e assim por diante.
Em alguns a cura pode significar a queda em um abismo
mais profundo ainda, enquanto que em outro a
oportunidade de servir em uma área diferente, porque a
doença não impede ninguém de servir pelo pensamento.
O doente em favor de quem pedimos o repouso pode fazer
bom ou mau uso desse descanso, seguindo no rumo do
Bem ou despencando no Mal. Todavia, devemos pedir
sempre que, acima de tudo, seja feita a Vontade Augusta
do Pai, que Ama a cada filho e filha Infinitamente.
103

Pai, dai ao culpado o arrependimento,


Neste estudo, em que tratamos também da culpa, vem
a propósito este tópico da “Prece de Cáritas”: “Pai, dai ao
culpado o arrependimento.” Depois de arrepender-se deve
confessar suas culpas, da melhor forma que conseguir,
como estudamos no item 1, e, por fim, trabalhar no Bem,
para pacificar sua consciência e contribuir para a
evolução dos outros.
A respeito da profundidade do arrependimento
Montaigne dizia: “... para que haja arrependimento, a
meu ver, é preciso que nada lhe escape, que atinja as
entranhas e que magoe até onde penetra o olhar de
Deus.” Ele queria dizer que deve ser profundo e
abrangente de todas as facetas da situação que criamos
com nossa conduta, representada pela atuação mental ou
material. Atentemos para este detalhe, sob pena de não
conseguirmos realmente “sarar”, ou seja, evoluir.
ao espírito a verdade,
Todo Espírito precisa da Verdade, que é Deus,
através de Jesus, que é o Caminho para chegarmos ao
Pai Celestial.
à criança o guia,
Toda criança precisa de quem dela cuide e oriente,
sobretudo pela exemplificação no Bem, muito mais do
que pela mera instrução escolar e encaminhamento para
o exercício de uma profissão na idade adulta.
e ao órfão o pai!
Podemos ser pais ou mães dos filhos e filhas dos
outros, pois o parentesco físico não é o mais importante e
sim o Amor Universal, que deve repletar o nosso coração.
Devemos pedir a Deus que faça nascer no coração de
cada um o Amor Universal.
104

Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que


criastes.
Não devemos pedir em favor apenas dos seres
humanos, mas de todos os seres, que Deus criou, desde
aqueles que se iniciam na escalada evolutiva até os mais
evoluídos, pois a interdependência de todos os seres é
total, conforme estabeleceu o Pai, visando a prática do
Amor Universal entre todos os Seus filhos e filhas.
Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem,
Os homens e mulheres que procuram ignorar a
existência do Pai merecem piedade, pois recusam-se a
querer a aproximação de quem mais os Ama, que é Deus,
que os criou e sustenta com Seu Pensamento e que, se
deixasse de Pensar em qualquer das Suas criaturas, ela
simplesmente deixaria de existir a partir daquele
momento.
esperança para aqueles que sofrem.
Um coração sem esperança é o caminho mais curto
para os vícios, o suicídio e o crime. Devemos contribuir
para que as pessoas tenham esperança na solução dos
seus problemas, caso lhes seja benéfica à própria
evolução. Nem sempre a solução melhor para um ser
humano é aquela que ele imagina, pois há casos em que
os sofrimentos representam a verdadeira prevenção de
males maiores. Devemos pedir a Deus que faça cada um
compreender o que é melhor para o seu progresso como
Espírito imortal.
Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores
derramarem, por toda a parte, a paz,
Os Espíritos consoladores são os discípulos de Jesus,
que, espalhados por toda a Terra, ensinam, sobretudo
através do exemplo, a prática do Bem: eles mostram como
105

é viver bem, ou seja, mesmo no meio das dificuldades


mais pungentes, sempre visar o Bem. Assim, vivem em
paz e ensinam a Paz.
a esperança
Os missionários de Jesus transmitem a esperança,
porque mostram que todo ser humano pode ser feliz,
bastando proceder no Bem.
e, a fé.
Eles também induzem todos à fé em si próprios, nos
demais seres humanos e em Deus: sua vida é um
incentivo à fé no Bem.
Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar
a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa Bondade
fecunda e infinita,
Bebendo nas “fontes dessa Bondade fecunda e
infinita”, todos igualmente aprenderão a ser generosos.
Note-se que Jesus recusou o qualificativo de Bom,
dizendo que apenas Deus o é: aqui encontramos uma
referência à Bondade “fecunda”, ou seja, produtiva, e
“infinita”, ou seja, inesgotável em benefícios.
e todas as lágrimas secarão,
Tornando-nos generosos, nossas lágrimas secarão,
porque cuidaremos das dores alheias, ao invés de
concentrarmos nossa atenção nos problemas muitas vezes
insignificantes ou, até, imaginários, que nos apoquentam
quando somos egoístas.
todas as dores se acalmarão.
Confiantes em Deus, as dores ganharão uma
justificativa e passaremos a aceitá-las como degraus para
o nosso progresso intelectual e moral.
106

E um só coração, um só pensamento, subirá até Vós,


como um grito de reconhecimento e de Amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com
os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!,
oh Perfeição!,
e queremos, de alguma sorte, merecer a Vossa Divina
Misericórdia.
São palavras de louvor a Deus e fé na Sua Bondade.
Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, a fim de
subirmos até Vós;
Neste tópico o pedido é em nosso favor, ou seja, “a
força para ajudar o progresso”, “a fim de subirmos até
Deus”. Esse pedido deve ser estendido aos nossos irmãos
e irmãs em humanidade, a fim de que ajudem o progresso
geral.
dai-nos a caridade pura,
Outro pedido em nosso favor é o ajudar-nos a
adquirir a “Caridade pura”, ou seja, sem “a mão direita
saber o que faz a esquerda”. Devemos pedir a Deus que
também instile nos corações a “Caridade pura”.
dai-nos a fé e a razão;
A fé e a razão aparentemente se contrapõem, mas, na
verdade, Allan Kardec considerou a irmandade das duas
na seguinte afirmação: “Não há fé inabalável senão
aquela capaz de enfrentar a razão face a face em
qualquer época da humanidade”.
Devemos pedir a Deus nos dê a fé e a razão na
mesma proporção, o mesmo fazendo em favor dos outros.
dai-nos a simplicidade, que fará de nossas almas o
espelho onde se refletirá a Vossa Divina e Santa Imagem.
107

É interessante ressaltarmos que a simplicidade foi


colocada no ápice das virtudes, pois somente ela nos
permite refletir a Perfeição Divina. Não se trata da
ingenuidade ou do descaso com o auto aprimoramento
intelecto-moral, mas o abandono das vaidades, do desejo
de projeção, de evidência sem utilidade para o bem
comum.
A simplicidade é a virtude contrária à vaidade,
induzindo-nos a procurar realce apenas quando
necessário a “colocar a candeia sobre o candeeiro, a fim
de que dê luz a todos os que estão na casa.”
Assim Seja.

2.2.1 – O QUE PEDIR


Nosso atual companheiro de trabalho na Seara de
Jesus Michel de Montaigne, quando encarnado,
aconselhava a quem ora que peça simplesmente o que
mencionaremos a seguir, ao invés de formular uma série
de solicitações, quase todas voltadas para os interesses
materiais. Dizia ele: “... suplicamos ao Senhor que
mantenha nossa consciência tranquila, livre de qualquer
comércio com o mal.”
Veja-se, por aí, o que também podemos pedir em
favor dos outros, além de que desperte cada um para a
compreensão e o cumprimento das Leis Divinas, as quais
Jesus resumiu no “Amor a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo como a si mesmo.”
Atentemos para a repercussão do que venhamos a
pedir: se realmente será útil ao progresso intelecto-moral
daqueles por quem oramos ou se apenas representará
uma nova carga de responsabilidades para quem receberá
o benefício.
108

Quando o senador Públio Lêntulo Cornélio pediu a


Jesus, sem palavras, a cura da sua filhinha leprosa, o
Divino Mestre o alertou para o aumento da sua
responsabilidade perante Deus. Vejamos como
Emmanuel relata esse aspecto do nosso estudo: “Agora,
volta ao lar, consciente das responsabilidades do teu
destino... Se a fé instituiu na tua casa o que consideras a
alegria com o restabelecimento de tua filha, não te
esqueças de que isso representa um agravamento de
deveres para o teu coração, diante de nosso Pai, Todo-
Poderoso!...
O que pedir, inclusive em favor dos outros: eis aí
mais uma grande interrogação, ou seja, um tema para
reflexão, em que a consciência de cada um será chamada
a indicar o caminho!

2.2.2 – “PEDI E DAR-SE-VOS-Á”


Jesus é quem proferiu essa afirmativa. Analisemos-
lhe o significado, até onde nossa compreensão consegue
alcançar, pois todos os Ensinos de Jesus têm uma
profundidade ilimitada, que cada Espírito percebe
segundo seu nível evolutivo: assim, os Espíritos
Superiores conseguem compreender muito melhor o
alcance verdadeiro de cada um desses tópicos, ao
contrário dos Espíritos medianos e dos primitivos.
“Dar-se-vos-á” tudo o que pedirdes? – Não, mas sim
tudo que vos for necessário à evolução. Por exemplo,
quando Públio Lêntulo foi à procura de Jesus pedindo-
lhe, sem palavras, a cura da filha, foi alertado de que
estava sendo atendido, não o pedido dele, mas da sua
esposa, que era um Espírito Superior em tarefa no mundo
terreno.
Então, perguntar-se-á: - Para que, então, pedir-se? A
resposta é: deve-se pedir o que for útil à própria evolução
109

e não as benesses puramente terrenas ou facilidades que


redundarão em estagnação para o Espírito.
Serão atendidos todos os pedidos, não da forma que,
como crianças espirituais, pretendemos, mas sim
conforme os “adultos”, ou sejam, os Espíritos Superiores,
em nome de Deus, entenderem que melhor servirão ao
progresso de cada um dos seus pupilos espirituais.
Assim Jesus atendeu aos pedidos de cada um de uma
forma diferente, mas nunca deixou de atender ao pedido
de quem quer que fosse. A Nicodemos prestou
esclarecimentos até onde ele podia compreender, a uns
deu a cura do corpo, a Lázaro levantou da morte
aparente, aos famintos deu de comer pães e peixes no
conhecido episódio da “multiplicação dos pães”, aos que
o condenaram deu o exemplo da humildade e da
submissão a Deus e assim por diante. Cada um daqueles
Espíritos, a maioria silenciosamente, pediu-Lhe alguma
coisa, um ensinamento, um rumo novo para sua vida, a
Verdade, a exemplificação, irradiando interrogações do
fundo da sua alma e Ele deu a cada um o melhor que
cada um podia receber.
Oremos a Deus pedindo que todos também peçam
uns pelos outros, para aprenderem o Amor Universal.

2.2.3 – “BATEI E A PORTA SE ABRIRÁ”


A “porta” é o conhecimento das Leis Divinas,
escritas na consciência de cada um. Para quem “bate”
conscientemente, com o sincero desejo de evoluir, a porta
e ele entra por ela. Mas quem “bate” à porta de má
vontade, como o fez Públio Lêntulo, esse fica do lado de
fora.
A verdade é que Deus não desampara a ninguém,
pois todos são Seus filhos ou filhas, todavia Ele os educa
conforme o tipo de receptividade que cada um demonstra:
os humildes ingerem o Alimento Divino alegremente e os
orgulhosos ingerem-no a contra gosto, mas, mesmo
110

assim, ele é metabolizado pelo seu psiquismo, como


aconteceu a Públio Lêntulo e, uma vez assim acontecido,
o Espírito não conseguirá esquecer a faceta da Verdade
que lhe foi mostrada.
Repitamos: são duas situações diferentes: para uns a
porta de abre de par em par e eles entram por ela; para
outros ela se abre, mas ficam de fora, remoendo suas
mágoas, seu orgulho e sua má vontade, até que o
sofrimento lhes inspire o desejo de entrar pela porta.
A Lição foi dada em linguagem figurada, mas
podemos entender, através dela, que nunca a porta fica
fechada quando um Espírito está em condições de dar um
passo adiante na sua evolução: ele pode aproveitar ou
não a oportunidade de imediato ou procrastinar sua
marcha. Todavia, cedo ou tarde, “passará” pela porta.
Oremos pedindo ao Pai Celestial que inspire em cada
um o desejo sincero de “bater” à porta da própria
consciência.

2.2.4 – “BUSCAI E ACHAREIS”


“Buscar” o que?: pode-se perguntar. “Achar” o que:
também se pode indagar.
Cada Espírito traz dentro de si a semente da evolução
e, assim, como a semente comum, no seio da terra, é
atraída para a superfície, o Espírito é atraído para a
evolução intelecto-moral.
Consciente ou inconscientemente, todos vão
caminhando para a evolução: apenas se diferenciam pelo
fato de uns se submeterem às Leis Divinas de boamente
enquanto que outros resistem ao Tropismo que os
encaminha para Deus.
“Buscar” todos buscam, mas é importante que essa
“busca” seja a mais proposital possível, através da
autoanálise, aconselhada por Santo Agostinho, realizada
pelo menos um vez por dia.
111

A única “busca” que realmente compensa é a


imersão no nosso próprio mundo interior, à procura de
Deus.
Devemos pedir a Deus, em nossas preces, que
proporcione a cada um o desejo sincero de realizar essa
“busca” e cada um “achará” conforme a sinceridade dos
seus propósitos.

3 – SARAR
Enquanto um Espírito não se conscientiza das suas
faltas, permanece “doente” nos aspectos a elas
relacionados. Sejamos mais claros: Jésus Gonçalves, cujo
retrato está acima, quando em estágio avançado da
hanseníase, foi cada vez mais se conscientizando dos seus
defeitos morais e aceitou a doença com o máximo de
serenidade possível, pois viu nela a “drenagem” da
acumulação psíquica negativa de muitos séculos de
consagração da violência e do egoísmo.
Sarar vem depois da confissão, esta última que
funciona como catarse, bem como faz o Espírito crescer
em humildade, ao mesmo tempo em que exemplifica que
o Mal não compensa e mais outras consequências
benéficas.
A “cura” não se processa de imediato, pois a
evolução é infinita: depois de criado, o Espírito evolui
para sempre. Maria de Magdala teve de vivenciar muitas
outras encarnações para se transformar em Madre
Tereza de Calcutá e Zaqueu em Bezerra de Menezes.
Entendamos isso, sob pena de repetirmos os pontos de
vista equivocados da Idade Média, em que a ideia da
“cura” miraculosa e instantânea dos defeitos morais fez
muita gente adquirir complexos de culpa que até hoje
reverberam no seu psiquismo, causando sofrimentos
morais mais ou menos dolorosos.
A expressão “sarar” deve ser interpretada como
evoluir.
112

De tempos em tempos cada Espírito é chamado, pela


própria consciência, a refletir sobre sua própria vida: a
desencarnação obriga os Espíritos a colocarem em um
prato da balança da consciência seus progressos
intelecto-morais e no outro suas carências intelecto-
morais. Depois dessa pesagem, orientados pelos seus
Mentores Espirituais, programa-se uma nova
encarnação, a fim de que, passando por determinadas
experiências vivenciais, meticulosamente planejadas,
evoluam mais depressa.
Ninguém “sara” em pouco tempo, mas sim à medida
que vai encarnando e progredindo, até o nível em que sua
consciência passará a não lhe cobrar mais nada: então
estará “curado”, no sentido das palavras de Tiago.
Se, de um lado, devemos encarar com
responsabilidade esse fato, por outro, devemos acalmar
nossa ansiedade, pois o progresso transcorre lentamente,
segundo o calendário terreno, mas no tempo certo, no
curso incessante dos milênios.
Para se ter uma ideia de tempo e evolução, pensemos
no seguinte: Chico Xavier, certa feita, afirmou que a
diferença de idade espiritual existente entre a média dos
seus amigos presentes à conversa que se realizava e a da
humanidade em geral girava por volta de dez mil anos.
Acreditamos que ele não tenha se incluído naquele
número, pois, em caso contrário, a diferença seria maior
ainda...
Da encarnação de Jesus até agora passaram-se dois
milênios e ainda não conseguimos pensar, sentir e agir
conforme Seus Ensinamentos nem como individualidades
nem como coletividade: mesmo com dois milênios de
Evangelho, realizamos pouco no Bem, se compararmos
com a quantidade enorme de tempo que gastamos em
inutilidades e egoísmo, quando não na prática declarada
ou disfarçada do Mal!
113

Todavia, é preciso começarmos a investir na nossa


“cura”, para deixarmos de sofrer os golpes de retorno da
Lei de Causa e Efeito.
Se não nos arrependemos, não confessamos nossas
culpas e não investimos na reparação, carreamos para a
nossa vida os sofrimentos físicos e morais que nos farão,
mais cedo ou mais tarde, ingressar nas hostes do Bem.
Se já estamos investindo no Bem de forma
permanente, diária, persistente, continuemos indo
adiante, porque a “cura” estará se processando, mudando
nosso destino para melhor, pois o destino se constrói a
cada minuto.
A hora de começar é agora: não deixemos para o dia
seguinte, pois amanhã as condições poderão não estar
favoráveis!

3.1 – A EVOLUÇÃO
Precisamos entender claramente o que é a evolução.
Emmanuel afirma, numa bela figura de linguagem,
que o Espírito tem duas asas: a inteligência e a
moralidade, sendo que a primeira significa o nível de
conhecimento teórico e prático que decorre da vivência de
cada minuto, enquanto que a segunda é consequência da
opção de pensar, sentir e agir conforme as Leis de Deus.
Com a simples vivência, mesmo que ociosa ou
maldosa, o Espírito evolui intelectualmente, mas só
evoluirá moralmente quando se decidir a pensar, sentir e
agir no Bem.
Ninguém, na verdade, estaciona, porque, mesmo a
prática do Mal, ao gerar o sofrimento, faz o Espírito
concluir que deve optar pelo Bem.
Deus impulsiona todos os seus filhos para o
progresso.
Cada um deve analisar-se e verificar se está
realmente investindo no próprio progresso intelecto-
moral, pois chegará fatalmente a hora da desencarnação
114

e será grande o sofrimento dos que não cumpriram seu


programa de realizações: não queiram conhecer “ao vivo
e a cores” esse julgamento da consciência!
Antecipem-se, invistam em si próprios, ao invés de
deixarem o tempo se escoar vazio de boas realizações
dentro e fora de si próprios!

3.1.1 – O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL


O desenvolvimento intelectual normalmente antecede
o moral, pois, rebeldes como são os seres humanos da
Terra - com exceção de Jesus, que desenvolveu uma
trajetória retilínea - primeiro erramos para depois
aprendermos que o Mal não compensa e, então,
começamos a pensar, sentir e agir no Bem.
Assim é que o nível intelectual dos habitantes da
Terra é relativamente avançado, mas a evolução
espiritual deixa muito a desejar, fazendo com que a vida
de quase todos decorra de uma forma insatisfatória, por
força dos defeitos morais, que, a cada momento, se
revelam, provocando incidentes negativos e sofrimentos
para nós e para os outros.
Somente ser inteligente não faz alguém ser feliz.
A felicidade decorre do cumprimento das Leis de
Deus, que Jesus resumiu no “Amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Aprendamos essas lições, pois, somente assim,
sairemos da roda das reencarnações provacionais e
passaremos a reencarnar em cumprimento de missões
meritórias no Bem!

3.1.2 – O DESENVOLVIMENTO MORAL


De “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec,
extraímos os seguintes excertos:
Na questão 629 dá-se o conceito de Moral:
"A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir
o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O
115

homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos,


porque então cumpre a lei de Deus."
Na questão 630 faz-se a distinção entre o Bem e o Mal:
"O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal,
tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder
de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la."
Na questão 631 responde-se se o homem tem
capacidade para distinguir o Bem e o Mal:
"Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu
inteligência para distinguir um do outro."
Na questão 632 dá-se a regra segura para não se
equivocar na apreciação entre o Bem e o Mal:
"Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não
vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis."
Na questão 633 explica-se como proceder na
distinção entre o Bem e o Mal quando se trata de conduta
que envolva apenas a própria pessoa:
"Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz
mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de
que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois
punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o
homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa
esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre
à voz que lhe diz - basta, evitaria a maior parte dos males,
cuja culpa lança à Natureza."
Na questão 634 fala-se sobre porque Deus permite a
existência do Mal e porque não criou perfeitos os seres:
"Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e
ignorantes. Deus deixa que o homem escolha o caminho.
Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa
será sua peregrinação. Se não existissem montanhas, não
compreenderia o homem que se pode subir e descer; se
não existissem rochas, não compreenderia que há corpos
duros. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é
preciso, portanto, que conheça o bem e o mal. Eis por que
se une ao corpo."
116

Na questão 636 diz-se se o Bem e o Mal são


absolutos:
"A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal
depende principalmente da vontade que se tenha de o
praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal,
qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há
quanto ao grau da responsabilidade."
Na questão 639 trata-se da culpabilidade das
pessoas que agem premidas por determinadas
circunstâncias:
"O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas
condições, aquele que é levado a praticar o mal pela
posição em que seus semelhantes o colocam tem menos
culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram.
Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja
feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar."
A questão 641 trata da culpabilidade de pensar-se
em fazer o Mal:
"[...] Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal
que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade
de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por
falta de ocasião, é culpado quem o deseja."
A questão 642 esclarece se há valor em
simplesmente não se praticar o Mal sem praticar também
o Bem:
"Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças,
porquanto responderá por todo mal que haja resultado de
não haver praticado o bem."
A questão 646 explica que uma mesma atitude é
considerada mais ou menos meritória de acordo com o
grau de dificuldade em agirmos bem:
"O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo.
Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e
quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre
que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o
117

rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a


propósito do óbolo da viúva."
A questão 647 diz da necessidade do esclarecimento
maior da máxima do Amor ao próximo ensinada por
Jesus:
"Certamente esse preceito encerra todos os deveres dos
homens uns para com os outros. Cumpre, porém, se lhes
mostre a aplicação que comporta, do contrário deixarão
de cumpri-lo, como o fazem presentemente. Demais, a lei
natural abrange todas as circunstâncias da vida e esse
preceito compreende só uma parte da lei. Aos homens são
necessárias regras precisas; os preceitos gerais e muito
vagos deixam grande número de portas abertas à
interpretação."

3.1.3 – A INTERDEPENDÊNCIA DOS SERES


Montaigne, nosso companheiro de trabalho, ditou,
pelo médium que ora nos serve, um livro com esse título,
que pode ser baixado da internet e lido do seguinte
endereço: luizguilhermemarques.com.br e também da
Biblioteca Virtual Espírita.
Ali, o querido companheiro expõe suas reflexões
sobre o quanto os seres todos criados por Deus estão
ligados pelo fio invisível das emanações psíquicas,
interagindo constantemente, o que deve fazer com que
cada um procure dar o melhor de si aos outros a fim de
ser evoluir e viver feliz.
Mencionemos aqui apenas a frase da quarta capa do
livro:
“A troca incessante de emanações psíquicas, na vivência
diária, é que sustenta os seres, proporcionando felicidade
aos que doam aos outros o melhor de si.”

4 – OS JUSTOS
A expressão “justo” tem sido atribuída a pessoas que
simplesmente analisam situações e as demais pessoas
118

como se estivessem resolvendo friamente um problema de


Matemática. Não terá sido esse o sentido que Tiago quis
dar à palavra quando fez a afirmação de que: “A oração
feita por um justo pode muito em seus efeitos.”
Quando Jesus apresentou os traços identificadores
dos Seus discípulos disse: “Reconhecereis Meus
discípulos pelo muito Amor que manifestarem.” Portanto,
podemos concluir que as preces feitas por quem muito
Ama pode muito nos seus efeitos.
Não pretendemos mergulhar na pesquisa dos textos
antigos para procurar interpretar literalmente a
expressão que ora é estudada: seria uma forma de
polemizar, ao invés de evangelizar.
Infelizmente, sempre houve quem estudasse a Boa
Nova como se estivesse tratando de mais um ramo do
Conhecimento terreno, como a Matemática, a História, a
Geologia etc., sendo que Jesus mesmo aconselhou que
interpretássemos Suas Lições com “olhos de ver e ouvidos
de ouvir”, ou seja, focalizando a finalidade
evangelizadora, quer dizer, espiritualizante.
Se o apóstolo utilizou a expressão “justo” ou outra
qualquer, não faz diferença, porque o que potencializa
uma prece é o nível espiritual de quem a profere: se se
trata de um Espírito Superior, portanto, pleno de Amor
Universal, ele somente pedirá o que é consentâneo com as
Leis Divinas, naturalmente.
Todavia, todos, sejam mais evoluídos ou não, sempre
são ouvidos em suas rogativas ao Pai Celestial.
O apóstolo Tiago deve ter pretendido incentivar-nos a
sermos “justos” no sentido evangélico da palavra e,
assim, acreditamos que a frase “A oração feita por um
justo pode muito em seus efeitos.”, se não tivesse sido
enunciada, em nada prejudicaria o início da sua
orientação: “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e
orai uns pelos outros, para que sareis.”
119

4.1 – “RECONHECEREIS MEUS DISCÍPULOS PELO


MUITO AMOR QUE MANIFESTAREM”
Para analisarmos as afirmações de Jesus devemos
considerar, em primeiro lugar, que as palavras são
insuficientes para representar Suas Ideias, uma vez que
se trata de uma linguagem primária, tanto que, entre os
Espíritos Superiores, a linguagem utilizada é a do
pensamento, e, em segundo lugar, não temos condições
intelecto-morais de compreender as Leis Divinas em toda
a sua profundidade, sendo que, por isso, Jesus resumiu-
as no “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo”, sendo essa a maneira mais acessível
que encontrou de nos ensinar, digamos, a escrever a letra
“a”, no processo da nossa alfabetização espiritual.
A diferença de idade espiritual entre nós e Jesus é
inimaginável, podendo-se entender que sequer existíamos
como seres enquanto Jesus já era um Espírito Puro.
As questões de idade, tempo, espaço e outras
assemelhadas estão muito acima da nossa capacidade de
compreensão, principalmente quando estamos
encarnados, portanto, limitados pelos cinco sentidos.
A expressão que ora estudamos está ao alcance do
entendimento de todas as pessoas e, por enquanto, basta
entendermos que devemos Amar todos os seres da
Natureza, porque, assim procedendo, no decurso dos
milênios, iremos compreendendo outras ideias mais
complexas.
“A cada dia basta o seu cuidado” pode ser
interpretado também como: cumpram seu programa de
trabalho no nível evolutivo em que estão e deixem as
questões que não lhes competem para os mais evoluídos
resolverem.
“A Natureza não dá saltos” é outra grande lição, no
sentido de fazermos o que nos compete e não estar a
esmiuçar o que nossos neurônios não comportam.
120

Os discípulos (alunos) de Jesus, na verdade, são


todos os seres colocados por Deus sob Sua
responsabilidade, como Divino Governador da Terra, e
não apenas os seres humanos e, muito menos, somente
aqueles que muito Amam: trata-se de uma linguagem
figurada, todavia útil para nos induzir a Amar a todas as
criaturas de Deus, que são nossos irmãos, como bem
afirmava Francisco de Assis.

5 – PODER ESPIRITUAL
Somente Deus tem Poder, pois Ele cria, através do
simples ato de Pensar, e mantém cada ser como tal pelo
fato de continuar Pensando em cada um como um ser
individualizado.
Suas criaturas, inclusive os Espíritos Puros, apenas
trabalham os elementos existentes no Universo, em
obediência direta às Leis Divinas, mas não têm poder, no
sentido de decidirem arbitrariamente, sem obedecerem às
Leis Divinas.
Por isso Jesus, nos orientando, afirmou: “Eu, de
Mim, nada posso.”
Se Jesus assim disse quanto a Si mesmo, que poder
teremos: nós que sequer sabemos ao certo quem somos,
uma vez que desconhecemos nossas aquisições intelecto-
morais, arquivadas no fundo da nossa memória
espiritual?
Devemos reconhecer, humildemente, nosso
primarismo intelecto-moral, uma vez que até Espíritos da
envergadura de um Chico Xavier se julgam,
acertadamente, verdadeiras insignificâncias perto da
grandeza de outros Espíritos que lhes são superiores: essa
humildade já representa um início de expressiva evolução
espiritual.
Chico Xavier afirmou, certa vez, que Emmanuel se
apresenta de joelhos diante de Ismael: eis uma
constatação de como há diferença gritante de graus
121

evolutivos, que começam no infinito para Baixo e


terminam no infinito para Cima, ou seja, não há como se
identificar o começo e o final da escala evolutiva, pelo
menos para Espíritos medianos.
Os Espíritos Superiores nunca se arrogam poder
algum, mas, ao contrário, dizem sempre que são meros
servidores humildes de Jesus ou de Deus.
A arrogância representa um sinal evidente de
inferioridade intelecto-moral, decorrente da ignorância
da própria pequenez.

5.1 – “EU, DE MIM, NADA POSSO”


Jesus também disse: “Pois desci do céu não para
fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou.” Essa expressão complementa a primeira: o que
seria a “vontade” de um Espírito Puro? O que seria a
Vontade de Deus?
Por mais que se proponha a fazer o Bem à
humanidade da Terra, Jesus nunca conseguiria cumprir
Sua Tarefa, na qualidade de seu Divino Governador, se
não consultasse sempre a Vontade do Pai Celestial para
poder nunca se equivocar.
Trata-se de encaminhar a evolução de “nonilhões”
(usemos essa expressão, por falta de outra melhor) de
seres sob Sua responsabilidade, desde os mais
rudimentares até os seres humanos.
Jesus não é responsável pela evolução apenas dos
seres humanos que habitam este planeta, mas de todos os
demais, inclusive os mais primitivos: é importante que
entendamos isso. Ele encaminha cada um desses seres
de uma forma compatível com sua capacidade de
assimilação.
Sua Felicidade consiste em cumprir a Vontade do
Pai.
122

Devemos nos esforçar por fazer o mesmo, dentro das


nossas limitações de Espíritos que agora é que estão
dando os primeiros passos na própria evangelização.

5.2 – “NÃO CAI UMA FOLHA DE UMA ÁRVORE SEM


QUE DEUS O PERMITA”
Em “A Grande Síntese” Jesus afirma:
“A Lei é Deus. Ele é a grande alma que está no centro do
universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e
de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é
tudo: o princípio e suas manifestações. Eis como Ele pode
— coisa inconcebível para vós — ser realmente
onipresente.”
Sem o estudo dessa obra não há como alguém poder
dizer que conheça, pelo menos razoavelmente, as Leis
Divinas, que Jesus, há dois milênios, resumiu no “Amor
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo.”
Como sempre afirmamos, há, no meio espírita, muita
resistência à ideia do estudo dessa obra, apesar de saber-
se que foi ditada por Jesus, conforme garantido por
Emmanuel, através de mensagem ditada através de Chico
Xavier. Tal resistência se deve a uma pitada de
farisaísmo, pois muitos desses opositores amam
demasiadamente o poder, reminiscência inconsciente do
passado de mandos e desmandos, em que impunham sua
vontade, utilizando indebitamente o Nome de Deus e de
Jesus.
Quem pretenda conhecer mais as Leis Divinas deve
estudar as obras da Codificação Espírita e “A Grande
Síntese”, psicografada pelo médium italiano Pietro
Ubaldi.

5.3 – CAMPO DE ATUAÇÃO DE CADA ESPÍRITO


Aqui também temos de recorrer às obras da
Codificação e à referida obra psicografada por Pietro
123

Ubaldo. Todavia, podemos complementar com a


afirmativa de Jesus: “A cada um será dado de acordo
com suas obras”.
Quanto mais obras um Espírito tiver realizado no
Bem maior será sua área de atuação, pois tudo que fizer
será em favor dos que precisam da sua inteligência e
bondade.
Os Espíritos Superiores, como Bezerra de Menezes e
outros, têm um campo de atuação muito amplo, porque,
tal como um Jesus em miniatura, afirmam: “Pois desci
do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade
daquele que me enviou.”

6 –EXEMPLOS PARA SEGUIRMOS


“Se a palavra convence, o exemplo arrasta”: diz o
provérbio. Estudar a biografia dos homens e mulheres
que se destacaram pela prática do Amor Universal é um
dos mais importantes investimentos, pois ali vemos que é
possível a prática de tal virtude.
Relacionamos abaixo alguns homens e mulheres que
exemplificaram a confissão e a prece, a fim de que os
prezados leitores se mirem neles e invistam, dentro do
possível, nessas duas áreas da evolução.

6.1 – CONFISSÃO
Não basta alguém arrepender-se e efetuar a
reparação dos males que causou, sendo necessário que
entre ambas as iniciativas esteja a confissão como forma
de lavar as sujidades acumuladas no nosso interior e, ao
mesmo tempo, exemplificar para os nossos irmãos e irmãs
no sentido dos benefícios do Bem e das desvantagens do
Mal, dentre as quais, quanto ao Mal, o “peso na
consciência”.
O receio de confessar suas culpas é sinal de falta de
autoconfiança e fé em Deus, pois, na verdade, tirante a
figura pura de Jesus, nenhum ser que passou pela Terra
124

deixou de errar com maior ou menor gravidade: somos


todos aprendizes na Escola da Evolução, variando apenas
de grau a diferença entre os Espíritos Superiores e os
medianos e primitivos.
Normalmente, os Espíritos Superiores são muito mais
antigos que nós e aprenderam mais, acertando e errando.
Os que são menos evoluídos que nós costumam ser
Espíritos mais jovens, portanto, menos experientes.
Veremos alguns casos de Espíritos de uma
superioridade incontestável, que confessaram a todos
suas culpas.

6.1.1 – SANTO AGOSTINHO


Aquele que ousou revelar sua tendência para a
sexolatria, foi um dos primeiros a confessar publicamente
essa inclinação, que, aos poucos, foi-se diluindo, à
medida que ele investia na auto análise e esforço pelo
próprio aprimoramento moral.
Seu livro “Confissões” deveria ser lido por todos os
espíritas e pessoas em geral, a fim de melhor lidarem com
a questão da sexualidade, sem exageros para mais ou
para menos.

6.1.2 – YVONNE DO AMARAL PEREIRA


A missionária amorável do Bem trazia de muitas
vivências passadas a inclinação para a infidelidade
conjugal, mas esforçou-se por vencê-la, mas teve a
coragem suficiente para revelar que quase sucumbiu
novamente, quando programou o já mencionado com seu
noivo espiritual, que, no estado de encarnado, era casado
com outra mulher; todavia, antes de dar o desastroso
passo em falso, de encontra-lo pessoalmente, voltou atrás
e conseguiu terminar a encarnação sem comprometer-se
espiritualmente nesse ponto.

6.1.3 – MOHANDAS GANDHI


125

O grande missionário da não-violência confessou


que, mesmo sendo casado, foi a uma casa de prostituição,
mas desistiu de praticar o adultério e voltou para casa.
São exemplos de verdadeira coragem: a de
mostrarem-se como verdadeiramente são: falíveis, apesar
de bem intencionados e constantes na vivência do Bem.

6.1.4 – EMMANUEL
Emmanuel retratou-se com toda fidelidade à verdade
ao relatar fatos das suas encarnações como Públio
Lêntulo Sura e Públio Lêntulo Cornélio, na sua obra “Há
Dois Mil Anos”, psicografada por Chico Xavier.
Sua confissão drenou-lhe da consciência as
acumulações de culpa, que deveriam martirizá-lo ainda,
apesar de todo o progresso espiritual realizado.

6.2 – PRECE
Se a confissão é necessária para alívio da
consciência, a prece é imprescindível para adquirirmos a
força interior suficiente para todo o processo evolutivo
(curativo).
Quando Jesus aconselhou: “Vigiai e orai a fim de
não cairdes em tentação” estava introduzindo a prece e a
auto análise como requisitos para chegarmos à
reparação.
Veja-se, portanto, que, além da confissão e da prece,
ao lado do arrependimento e da reparação, há ainda a
vigilância (auto análise).
Não estudaremos, todavia, neste livro, sobre a
vigilância, pois iria engrossar mais ainda nosso opúsculo,
que pretende ser apenas uma cartilha de alfabetização
espiritual.

6.2.1 – CHICO XAVIER


A vida de Chico Xavier foi totalmente diferente da
imensa maioria dos homens e mulheres de todos os
126

tempos, a começar pelas três surras diárias que levava da


madrinha durante o tempo em teve sob sua guarda, sem
contar as vezes em que ela lhe enfiava um garfo no
abdômen, tendo o menino, de cinco anos de idade, de
andar dentro de casa com aquele instrumento pendurado,
num espetáculo deprimente de crueldade, sem nunca ter
reclamado da dor que sentia, o que redundou na
formação de uma hérnia, somente operada na idade
adulta, daí a algumas dezenas de anos.
Assim preparado para não falhar, em hipótese
alguma, na tarefa importantíssima que trouxe para sua
encarnação, suas orações representavam exatamente o
que Tiago ensinou: “A oração feita por um justo pode
muito em seus efeitos.”
O muito Amor que sentia por todos os seres da
Criação não era menor que o de Francisco de Assis,
manifestado em cada minuto da sua longa encarnação.
Estudemos a biografia de Chico Xavier como fonte
de referência e sigamos sua exemplificação de vida,
dentro das nossas possibilidades, para evoluirmos mais
depressa.
Dentre os livros escritos sobre Chico Xavier
queremos pedir a atenção dos prezados leitores para os
escritos por Nena Galves, intitulados: “Até Sempre, Chico
Xavier” e “Chico Xavier – luz em nossas vidas”.

6.2.2 – SOS PRECE


Trata-se de uma das mais importantes iniciativas de
determinados Centros Espíritas, funcionando, muitas
vezes, em regime de “vinte e quatro horas”. Quantas
pessoas foram preservadas do desespero e do suicídio ao
ouvirem uma palavra repassada de Caridade!
Deus abençoe aqueles que exercem esse serviço
voluntário de Amor Universal!

6.2.2.1 – VOLUNTÁRIOS
127

Bem aventurados os voluntários, que, de variadas


formas, trabalham para a implantação de uma
mentalidade de serviço ao próximo, contribuindo para a
elevação do nível espiritual da Terra!
A eles se aplica as palavras de Jesus: “Todas as vezes
em que beneficiardes a um destes pequeninos é a Mim
que o fazeis.”
Vemos uma quantidade enorme de pessoas vivendo
em estado de sofrimento, vítimas da solidão, mas que,
saindo da auto piedade desarrazoada, poderia desenvolver
tarefas filantrópicas junto a algumas das milhares ou
milhões de Entidades Caritativas espalhadas pelo mundo
afora.
Com razão, Joanna de Ângelis diz: “Só é solitário
quem não é solidário.”

FIM

NOTA

[*] “A Grande Síntese” pode ser baixada da internet


através de vários endereços, além de poder ser adquirida,
em formato de livro de papel, junto à própria editora da
Fundação Pietro Ubaldi – FUNDAPU, localizada em
Campos-RJ.

SEGUNDA PARTE:
OS ADVERSÁRIOS EXTERNOS

CAPÍTULO I – OS QUE NOS APOIAM NO MAL


Esta Segunda Parte será resumida, porque há muitos
estudos e exposições sobre esse tema e a maioria das pessoas,
em todas as correntes religiosas e filosóficas ouvem falar sobre
isso, há muitos milênios.
Costumamos considerar como amigos aqueles que nos
apoiam no Mal, mas, na verdade, tratam-se de verdadeiros
128

inimigos, porque os amigos de verdade nos alertam para que


não tomemos nenhuma atitude negativa.
Assim também devemos proceder, alertando as pessoas
para que não enveredem pelo mau caminho.
Um verdadeiro amigo nunca incentiva alguém ao Mal
nem lhe apoia qualquer atitude negativa.

1 – OS ADVERSÁRIOS DO NOSSO PROGRESSO


Os adversários do nosso progresso espiritual são, não
somente aqueles que, propositadamente, procuram nos
intimidar para não seguirmos adiante na escalada
evolutiva, mas também aqueles outros, que, a pretexto de
nos amarem, induzem-nos a manter nossos defeitos morais
e vícios.
Muitas vezes esses últimos são piores que os primeiros,
porque, sob a capa do Amor, atrapalham nossa auto
reforma moral e contribuem para nossa estagnação
espiritual ou até para cairmos nos precipícios do Mal.
Quantos pais e mães escolhem esse triste papel, de
desencaminhadores indiretos dos próprios filhos.
Devemos sempre analisar se nossos entes queridos nos
induzem ao Bem ou ao Mal.

1.1– OS ADULADORES
André Luiz afirmava que “o elogio costuma ser lodo
verbal”, pois, se não for trabalhado com bom senso,
transforma-se em visgo, que se agarra ao psiquismo da sua
vítima e fá-la pensar que é realmente um ser privilegiado,
encaminhando-a para o orgulho, o egoísmo e a vaidade, com
sérios resultados negativos.
Os Espíritos Superiores não aceitam elogios e nem
distribuem elogios por toda parte, pois sabem que incentivar é
uma coisa, mas bajular é outra totalmente diferente.
Jesus, por exemplo, recusou o qualificativo de Bom,
dizendo que apenas Deus o é.
129

Saibamos nos livrar dos aduladores e não adulemos


ninguém, mas sejamos incentivadores dos esforços no Bem.

1.2 – OS CÚMPLICES
A cumplicidade no Mal molda laços de trevas, que
devem ser desfeitos o quanto antes.
Quem se alia no Mal depois tem de quebrar essas
algemas que atam os cúmplices uns aos outros por muito
tempo, com péssimos resultados.
Devemos desfazer esses elos com a maior rapidez
possível, pois os cúmplices nos cobrarão a continuidade nas
realizações negativas.
Daí surgem muitas obsessões, que costumam perdurar
por muito tempo se não forem desfeitas imediatamente.

CAPÍTULO II – OS QUE NOS COMBATEM


Costumamos considerar perigosos apenas aqueles que
nos combatem, taxando-os como inimigos, que devem ser
neutralizados o mais rápido possível.
Mas analisemos melhor essa questão, o que faremos nos
itens seguintes.
Vejamos como Jesus sempre procedeu quanto aos que o
combatiam.

1 – INIMIGOS COM RAZÃO


Chico Xavier, certa vez, disse: “Quando uma pessoa não
gosta da gente, essa pessoa tem sempre razão.”
Devemos analisar nossa vida em função dessa frase, pois,
muitas vezes, preferimos passar como vítimas, quando, na
verdade, somos algozes.
Baste, quanto a este item, a reflexão sobre a frase de
Chico Xavier.

2 – INIMIGOS SEM RAZÃO


130

Todo trabalhador do Bem é perseguido pelas Trevas,


que procuram embaraçar-lhe a tarefa por todas as formas
possíveis e imagináveis.
Saibamos sempre ter a prudência da serpente no trato
com as pessoas e conosco próprios, pois as Trevas espreitam e
avançam contra os idealistas e os bem intencionados.
Ninguém se julgue protegido de forma inexpugnável
contra as arremetidas do Mal.
Quando Jesus determinou que constasse do Evangelho o
episódio da Sua tentação foi para deixar registrado que o
caminho de cada um que se propusesse a evoluir
espiritualmente seria referto de urzes e armadilhas.
Todavia, esse é o caminho de todos e não apenas o de
alguns, porque é importante para a evolução o surgimento de
testes imprevistos, portanto, avaliadores do nosso nível de
seriedade e compromisso com o Bem.
131

III
TRATAMENTO ESPIRITUAL
132

“A cura espiritual está na superação do orgulho.”


(anônimos)

“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”


(Jesus Cristo)

“O Reino dos Céus está dentro de vós.”


(Jesus Cristo)

“O tempo é uma ficção, que, no caso da humanidade da Terra,


foi estabelecida a partir da alternância dos dias e das noites,
pelo movimento de rotação, mas que, para o Espírito, tem
importância apenas relativa, uma vez a eternidade é sua única
realidade interna.”
(anônimos)
133

Esclarecimento sobre o desenho


Introdução
Primeira Parte: Viagem astral
Capítulo I – Técnica de relaxamento
1 – Uma posição corporal conveniente
2 – Apagando a própria luminosidade
Capítulo II – Encontrando Orientadores e acompanhantes
1 – Orientador Espiritual
2 – Animal de poder
Capítulo III – Descendo uma escada
1 – Os dez degraus
Capítulo IV – O gramado
1 – O descarregamento de energia negativa no gramado
Capítulo V – O banho de cachoeira
1 – O reabastecimento da energia positiva no contato com a
água
Capítulo VI – As indagações sobre questões espiritualmente
relevantes
Segunda Parte: Auto reforma moral profunda
Capítulo I – A descoberta de erros do passado ou do presente
1 – Duas opções
1.1 – A recusa em admitir o próprio orgulho
1.1.1 – Os disfarces do orgulho
1.2 – A humildade e a procura da auto reforma moral
profunda
Capítulo II – Confissão e prece
1 – O livro de Maria Clara
Terceira Parte: Aprendendo a lidar com o pensamento
Capítulo I – O que é o pensamento
1 – Características éticas do pensamento
1.1 – Pensamentos do Bem
1.2 – Pensamentos do Mal
134

ESCLARECIMENTO SOBRE O DESENHO


O desenho retrata um dos Espíritos que trabalha na área
da cura espiritual.
Seu nome não importa, porque ninguém é proprietário
de nome algum e, a partir de um determinado grau de
compreensão, depois de tantas experiências evolutivas, mas
principalmente quando se desperta a consciência, não
importam nomes, fatos históricos e outros referenciais
materiais, mas apenas o que cada um conseguiu de luz em si
próprio e o que pode fazer em prol do desenvolvimento
espiritual das outras criaturas humanas e sub humanas.
Portanto, do desenho, o que importa é a valorização da
cor violeta, com a qual esse Espírito trabalha, mentalizando
pontos infeciosos do psiquismo das criaturas necessitadas, a
fim de contribuir para livrá-las deles, o que lhes prejudica o
equilíbrio e que funcionam como plugs para induções
negativas de Espíritos vingativos ou adversários gratuitos do
Bem.
A luz violeta é muito importante para a cura espiritual,
como veremos neste estudo.
135

INTRODUÇÃO
Em primeiro lugar, devemos esclarecer sobre o título
deste estudo: “Tratamento Espiritual – implementação da
Ciência Cósmica”, pois abordaremos a evolução espiritual,
que só ocorre com a cura moral, proveniente da auto reforma
moral profunda, o que exige a limpeza gradativa dos corpos
espirituais das feridas nele registradas pelos comportamentos
negativos do passado e do presente, sendo que todas essas
questões pertinem à Ciência Cósmica.
Temos muito a dizer aos principiantes nestas reflexos,
mas nada de novo aos que já sabem lidar com as viagens
astrais, já realizaram a auto reforma moral profunda,
inclusive tendo controle sobre os próprios pensamentos,
direcionando-os para o Bem.
O entrosamento entre os seres que habitam o mundo
material e os Espíritos desencarnados é muito intenso, apenas
que a maioria dos primeiros não consegue perceber essa
interação, pois têm embotados os sentidos espirituais, não
somente pelo efeito abafador do próprio grosseiro corpo
físico, como também e, principalmente, pelo próprio
primitivismo evolutivo, que não os despertou ainda para o
sexto sentido, que é apanágio dos Espíritos evoluídos.
A comunicação entre os seres, mesmo encarnados, é
muito mais mental que verbal, apenas das pessoas comuns
pensarem o contrário, pois umas percebem as intenções das
outras pela irradiação positiva ou negativa que todas emanam
e, durante o sono, comunicam-se exclusivamente pelo
pensamento, mesmo quando acreditam que estão falando,
porque trata-se de mero condicionamento do hábito dos
encarnados.
Precisamos nos desvincular dos padrões primitivistas do
mundo encarnado e pensarmos em termos de Ciência
Cósmica, segundo a qual a Lei de Deus não está em livro
algum ou biblioteca alguma, mas dentro do íntimo de cada
criatura, que Ele criou e que chegará à perfeição cada vez
maior, direcionada por essa essência luminosa.
136

Desvinculemo-nos da falsa noção de que é necessário


termos referenciais externos para evoluir, porque, enquanto
não aprendermos a mergulhar no próprio íntimo e de lá
extrair a Verdade quanto a nós mesmos e à Lei de Deus,
estaremos repetindo experiências primárias de evolução e
teremos de ficar reencarnando no mesmo patamar de não ter
olhos de ver e ouvidos de ouvir o que está em nós mesmos e
nunca no exterior, o qual passa, modifica-se a nada sobra
para termos como modelo para evoluirmos.
A única realidade que deve interessar-nos é a que está no
fundo da nossa essência divina, porque os planetas são
formados, têm um prazo de vida e são desintegrados, mas o
Espírito nasce, desenvolve-se e nunca mais deixa de existir,
mudando de um mundo a outro e passa a uma consciência
interna cada vez mais aperfeiçoada, tornando-se focos de luz
inimagináveis para a nossa pobreza de concepção espiritual.
Cada criatura será um desses seres, sem exceção de
nenhuma.
Não há vegetais, minerais, animais, humanos e anjos,
mas sim passamos por essas fases evolutivas e vamos adiante,
na direção de Deus, para atuarmos cada vez mais conscientes
dentro do Universo, que nada mais é que o conjunto dos seres
que Ele criou e continua criando.
Cada um de nós, humanos, guarda em si as conquistas
que adquiriu no mundo mineral, no mundo vegetal e no
mundo animal, apesar de, por orgulho, querer pensar que é
somente humano, sentindo-se humilhado se tiver de aceitar
que foi uma planta da beira de uma estrada, uma pedra
perdida num monte um animal que saía á cata de alimento e
da satisfação do instinto de reprodução.
O grande problema, que aflige os seres humanos, é não
encarar com naturalidade seu próprio mundo interior, e, por
isso, deixar pendentes questões do passado remoto e do
próximo e as outras questões do presente que contrariam seu
orgulho e lhe cobram atitudes de humildade, reconhecimento
dos próprios erros e limitações, sendo que esse material
137

doentio fica arquivado, como tudo o mais, no nosso próprio


íntimo e ficamos diante de duas opções: um dia temos de lavar
essa feridas e curá-las, com humildade e desejo sincero de
auto reforma moral profunda, ou resvalamos pela depressão
ou pela revolta e, nesses dois últimos casos, ou pedimos que
Espíritos malvados instalem em nós amortecedores da
consciência e concordamos em fazer parte de falanges do Mal
ou então vamos sendo vítimas das maldades dos inimigos que
amealhamos ou de outros Espíritos malevolentes, que utilizam
o nome da Justiça Divina para castigar os faltosos.
Nada disso deve assustar ninguém, pois Deus quer a
evolução das Suas criaturas, mas, para tanto, elas devem ser
honestas em reconhecer as próprias culpas e ressarcir os
prejudicados: é um mínimo de Justiça que Deus impõe e não a
condenação na medida exata das faltas, pois, para Deus, não
há “olho por olho, dente por dente”, mas uma fração de
ressarcimento, com o desejo sincero de cobrir com Amor a
multidão de pecados.
Entendamos essa lógica de Deus e não desacreditemos de
que podemos nos redimir com um milésimo de Amor para
cada milhão de faltas, mas somente Deus sabe o momento da
nossa libertação da Lei de Causa e Efeito e não autoriza
ninguém a fazer justiça em Seu Nome.
Conceber o Universo, formado de muitas dimensões
diferentes, que não se chocam entre si, apesar de se
interpenetrarem, é essencial para curar-se das próprias
mazelas morais, pois quem fica conhecendo o Infinito deixa de
lado as miudezas, que são seus vícios e defeitos morais.
Ninguém quererá trocar a grandiosidade pela
mediocridade, a indigência espiritual pela luminosidade dos
seres angelicais, o Amor Universal pelo orgulho idiota.
O setor de tratamento espiritual engloba muitas áreas,
pois é, realmente, interdisciplinar, não se resumindo à
Medicina, à Pedagogia, à Psicologia, Religião, Filosofia e
outras disciplinas, mas engloba todas elas, o que podemos
denominar de Ciência Cósmica, porque estuda a Lei Divina,
138

que regula a vida de todos os seres e, portanto, abrange todo o


Universo.
Quando pretendemos nos tratar espiritualmente, a
primeira noção é de que a Lei de Deus está escrita dentro de
nós.
Para conhecermos seu teor, temos de mergulhar no
nosso próprio íntimo, através de viagens astrais, que outros
denominam regressão de memória, realizadas em sucessivas
ocasiões, assim, igualmente, aprofundando um outro setor que
é o do auto conhecimento.
São, portanto, duas as utilidades das viagens astrais: 1 –
o conhecimento da Lei Divina e 2 – o auto conhecimento.
Depois, mas concomitantemente, temos de realizar a
auto reforma moral profunda, que podemos resumir na
substituição do orgulho pela humildade.
O orgulho pode ser entendido como a concentração
excessiva de energia psíquica, sendo que é lícito
armazenarmos uma certa quantidade dessa energia, como
quem guarda uma parte do seu próprio salário, mas o que daí
passa representa o orgulho e pagaremos pelo excesso.
A doação do excesso chama-se Amor Universal, que deve
encampar os seres da Natureza de todos os níveis evolutivos.
Quando procedemos com bom senso, ou seja, quando
obedecemos ao que nos indica a consciência, conseguimos
contrabalançar as exigências da nossa própria sobrevivência
psíquica e material com o Amor Universal.
Os terráqueos, no geral, ainda não sabem equilibrar os
dois pratos da balança, pois estão muito próximos da fase
animal e seu orgulho fala muito alto: por isso as infelicidades,
uma vez que cada desrespeito ao direito ou à dignidade
alheios representa um estigma que assinalamos no nosso
corpo espiritual, o que demandará um esforço futuro para ser
curado.
As pessoas, no geral, querem ser curadas imediatamente,
esquecendo-se de que o tempo não existe para o Espírito,
como essência divina, pois sua trajetória evolutiva não tem
139

fim, mas apenas começo, sendo que toda cura é apenas


parcial, uma vez que, aprofundando pelo próprio passado,
somente chegará à cura integral quando alcançar a angelitude
e, daí para a frente, evoluirá sem feridas morais internas, mas
apenas auxiliando as criaturas mais primitivas a evoluírem.
Portanto, ao pretendermos a nossa própria cura ou a de
outrem, pensemos, em primeiro lugar, que o principal
objetivo é a aquisição da fé em Deus do tamanho de um grão
de mostarda, sendo que, quanto ao mais, o processo varará
pela eternidade afora.
Ninguém pretenda curas imediatas, como aparentaram
ser algumas das que Jesus realizou, pois essa aparência é
enganosa e cada um daqueles Espíritos tem uma história
diferente e vários deles voltaram ao erro ao invés de
aproveitarem a graça da cura para evoluir.
Ninguém queira simplesmente ficar sarado das mazelas
físicas, pois que o corpo não é o Espírito, e, quanto a sarar das
mazelas morais exige milênios de esforço.
Apenas para citarmos um exemplo, vejamos o exemplo
de Paulo de Tarso, que somente ingressou no caminho do
cumprimento da própria tarefa ao ser impactado pela
advertência de Jesus e, daí a mil e setecentos anos, quando
encarnado sob o nome de Sundar Singh, teve de passar pela
mesma conjuntura, para não falhar na tarefa missionária que
o trouxe à Terra.
Sejamos, então, ponderados, calmos, resignados,
obedientes e humildes diante da Lei Divina, porque Deus não
fixou no íntimo de cada criatura a noção das horas, dos dias e
dos anos, mas sim uma noção mais ampla de tempo interno,
que obedece a outros referenciais que não esses que os
encarnados na Terra levam tanto em conta.
Trataremos, na Primeira Parte deste estudo, da viagem
astral, na Segunda da auto reforma moral profunda e, na
Terceira, do pensamento.
140

Que Deus abençoe a todos os nossos irmãos em


humanidade, a fim de despertarem para a própria evolução
espiritual.

PRIMEIRA PARTE: VIAGEM ASTRAL

CAPÍTULO I – TÉCNICA DE RELAXAMENTO


Cada um pode idealizar sua própria técnica de
relaxamento, mas, para quem não conhece nenhuma,
apresentamos a sugestão que se segue.
O principal no relaxamento é asserenar o pensamento,
pois é mais fácil asserenar o corpo do que a mente.
Há quem tenha mais facilidade para acalmar a própria
mente, por uma série de fatores, mas ninguém deve se
considerar sem condições de conseguir um nível razoável de
tranquilização mental.
Acredite em você mesmo e tenha real desejo de realizar o
exercício que propomos.
Com o tempo, haverá mais facilidade e você verá que
compensa relaxar, até para sua própria vida profissional,
familiar etc. etc.
Um pensador falou certa vez: “- Não pense, porque você
acabará falando.” Ele queria dizer, com isso, que é importante
o controle sobre os próprios pensamentos.
Isso sem contar que os pensamentos podem estar sendo
induzidos por Espíritos malévolos e, nesses casos, mais ainda,
devem ser tratados com cuidado.
Divaldo Pereira Franco ensina uma técnica interessante
e muito boa quando diz que não devemos guerrear contra os
pensamentos negativos, pois isso gera um desgaste muito
grande, mas sim devemos mudar de pensamentos.
Assim, quando vier uma indução negativa, focalizemos
uma referência nobilitante.
Mas devemos saber que os Espíritos malévolos somente
nos induzem pensamentos compatíveis com nossos pontos
fracos.
141

Ninguém tentará induzi-lo a assaltar uma pessoa se você


não tem esse ponto fraco e assim por diante.
Porém, como dissemos, o principal no relaxamento é
asserenar os pensamentos.

1 – UMA POSIÇÃO CORPORAL CONVENIENTE


Apesar de várias pessoas preferirem a posição de lótus, a
maioria, pelo menos no Ocidente, opta pelo decúbito ventral,
ou seja, deitar-se de barriga para cima.
Essa posição é confortável, contanto que a pessoa assuma
o propósito firme de manter-se relaxada fisicamente e com a
mente serena, sem oscilar os pensamentos.
Como dissemos anteriormente, o principal é como
estaremos mentalmente: se boiando numa superfície aquosa
serena ou no topo de uma gigantesca onda marinha,
balançando violentamente entre altos e baixos.
Para isso é necessário nos desvincularmos de qualquer
outro tipo de pensamento que não seja de encontrarmos o
nosso próprio Eu, ou seja, nossa essência divina, a fim de
estarmos, em última instância, em contato com Deus.
Deus está presente em toda parte e não precisamos olhar
para cima para falarmos com Ele.
Os indianos em geral dirigem-se diretamente a Ele, sem
intermediários.
Os ocidentais em geral, induzidos erradamente pelos
sacerdotes cristãos, aprenderam a considerá-los como
indispensáveis à conversa com Deus.
Mas, cada um pode e deve falar direto com Deus.
Na viagem para dentro de si, na verdade, cada criatura
humana vai estar em contato com Deus, que permitirá ou não
respostas às necessidades individuais, conforme Sua Justiça
de Amor e Caridade.
A posição corporal não é o item mais importante da
viagem astral e cada um pode escolher a que melhor lhe
aprouver, inclusive sentado.
142

2 – APAGANDO A PRÓPRIA LUMINOSIDADE


Uma das múltiplas formas de relaxar é imaginar-se
como uma lâmpada acesa e que vai-se apagando a começar
pelos pés, pernas, coxas, cintura, tronco, mãos, braços,
antebraços, ombros, pescoço, face e cérebro, mas deixando a
mente acesa.
Outras formas podem ser utilizadas, contanto que, ao
final desse trabalho inicial, a pessoa sinta-se fisicamente
relaxada e serena espiritualmente.
Não deve haver medo algum, pois não há nenhum perigo
nessa iniciativa tão saudável para o próprio corpo, que
precisa de descanso, tanto quanto para o próprio Espírito,
que deve procurar a paz interior.
A presença de música calmante fica ao gosto de cada um,
de incenso etc. etc.
Há pessoas que utilizam cristais próximas de si ou
segurando-os nas mãos ou colocados sobre o corpo.
Outros recorrem à Cromoterapia, utilizando luzes de
cores apropriadas, dentre as quais a mais adequada é a
violeta, pelos seus efeitos curativos.
Porém, o mais importante de tudo é o próprio
pensamento, sem o que os resultados podem ser inócuos, uma
vez que a sintonia mental no Bem é que propicia a cura ou
melhoria.
Acreditar que os recursos internos suprem a má sintonia
mental é fantasia, porque tudo isso é um trabalho mental.
Façamos uma comparação: ninguém consegue sintonizar
uma determinada emissora de rádio procurando na faixa
errada.
Sejamos bem intencionados, o mais puro de intenções
que conseguirmos, sem ambição à perfeição, que está muito
acima da fase humana, mas sinceros na procura de Deus e da
nossa própria evolução espiritual, confiando no Pai Celestial e
pedindo-Lhe a oportunidade de redenção, que tudo irá dando
certo, porém, sem querermos cobrar de Deus milagres que
não merecemos.
143

CAPÍTULO II – ENCONTRANDO ORIENTADORES E


ACOMPANHANTES
Como dissemos linhas atrás, o intercâmbio entre
encarnados e desencarnados é muito maior e intenso do que a
maioria dos encarnados imagina e esse contato se faz pelo
pensamento, de forma espontânea e automática.
Por isso, devemos pedir a ajuda espiritual de algum
desencarnado que nos inspire intensa confiança e que seja
alguém realmente evoluído, pois, nesse trabalho, não basta
apenas a boa vontade, mas sim a superioridade espiritual.
Falaremos, adiante, também, na ajuda do nosso animal
de poder, ou seja, um Espírito que ainda moureja na fase
animal, cuja presença se faz indispensável, porque há
necessidades que somente são supríveis mais facilmente por
Espíritos cujas vibrações são dessa frequência.
Para entendermos isso, podemos dizer que não
pediremos a uma senhora que carregue para nós um saco de
cimento, mas sim a um trabalhador braçal, acostumado a esse
tipo de serviço.
Entendido isso, passemos adiante.

1 – ORIENTADOR ESPIRITUAL
Yvonne do Amaral Pereira dizia sempre da importância
da sintonização com o Orientador Espiritual ou no plural.
Cada pessoa deveria saber quem são seus Orientadores
Espirituais, tal como sabe o nome de cada um dos seus
grandes amigos.

2 – ANIMAL DE PODER
Há algumas formas de cada um descobrir seu animal de
poder, havendo pessoas que detectam mais de um, mas o mais
comum é cada um identificar apenas um.
Quando a pessoa não sabe qual é o seu deve procurar a
ajuda de um terapeuta ou médium encarnado, inclusive para
o fim do animal de poder dessa outra acompanhar o trabalho.
144

CAPÍTULO III – DESCENDO UMA ESCADA


Há várias formas de aprofundarmos o transe, sendo uma
delas imaginar que estamos descendo uma escada com dez
degraus.
A descida deve ser calma, sempre sentindo-se seguro, em
paz e acompanhado do Orientador Espiritual e do animal de
poder.
Não há razão para temores, pois é apenas um contato
com a nossa própria realidade interior, onde estão arquivadas
nossas reminiscências do passado multimilenário, ou melhor,
os bilhões de anos de nossa existência como Espírito, desde a
fase sub humana.
Qualquer ideia que nos venha à mente deve ser admitida
com tranquilidade, pois poderá representar uma revelação
para ser trabalhada no processo terapêutico.
Não devemos nos envergonhar nem nos orgulharmos de
nada do que nos vier à mente, pois tudo isso pode representar
pontos a seres retificados no nosso íntimo, feridas a serem
lavadas e tratadas, com humildade, com obediência à Lei de
Deus, caso queiramos realmente redimirmo-nos dos erros
passados e seguirmos adiante na estrada evolutiva.
Em caso contrário, aquela dívida nos manterá presos a
uma época que já passou e que não merece mais ser
lembrada, pois, tirante Jesus, todos os demais passantes pela
Terra erraram, e muito.

1 – OS DEZ DEGRAUS
Alguém pode querer imaginar mais degraus, mas isso
fica a critério de cada um.
O importante é que seja aprofundado o relaxamento
físico e tranquilizada a mente.
145

CAPÍTULO IV – O GRAMADO
Ao final da escadaria, é conveniente imaginar um imenso
gramado.
Podemos nos ver pisando descalços nesse gramado,
sentindo todas as energias negativas que trazemos em nós
saindo do nosso corpo e entrando no solo, o que nos dará
grande alívio.
Devemos sentir esse prazer e essa serenidade.

1 – O DESCARREGAMENTO DE ENERGIA NEGATIVA


NO GRAMADO
Por mais que nos julguemos acima das contingências
humanas, por orgulho, na verdade, somos frágeis barquinhos
no oceano da Vida, o que não nos diminui, mas sim nos
valoriza, pois somos todos filhos de Deus e não há nada mais
importante que isso.
Sejamos, portanto, gratos a Deus por nos ter criado e
gratos a todas as demais criaturas, porque, sem elas, não
haveria motivação para vivermos.
Fiquemos feliz pelo gramado ter recebido nossas
energias negativas.

CAPÍTULO V – O BANHO DE CACHOEIRA


Para nos reabastecermos, podemos imaginar uma
cachoeira do jeito que mais nos aprouver.
A água pode ser brilhante e cheia de energia
pacificadora e calmante, ao mesmo tempo que portadora de
espiritualidade.

1 – O REABASTECIMENTO DA ENERGIA POSITIVA NO


CONTATO COM A ÁGUA
A água é um dos melhores condutores de energia e, por
isso, pode ser mentalizada neste trabalho de cura espiritual.
146

Qualquer banho comum de chuveiro leva ralo abaixo


muita energia negativa impregnada no nosso psiquismo e no
corpo físico.
Imagine-se o quanto pode nos beneficiar uma
mentalização com uma água purificada de uma natureza
muito mais sutil que a nossa água comum da Terra!
Todavia, como sempre dizemos, tudo isso é puramente
mental e a absorção da energia benéfica deve fazer parte
desse nosso esforço mental.

CAPÍTULO VI – AS INDAGAÇÕES SOBRE QUESTÕES


ESPIRITUALMENTE RELEVANTES
Normalmente, não deveremos, sem orientação espiritual
adequada, descer outro ou outros lances de escada, porque, no
primeiro mesmo, poderemos ter muitas soluções para nossa
problemática espiritual.
Ninguém indagará, nesse estado alterado de consciência,
sobre questões materiais, nem procurará enganar a própria
consciência, pois, se não, será vão todo o esforço realizado.
Na verdade, quem estará encaminhando as soluções é o
Orientador Espiritual, que conhece a biografia do seu
assistido e quererá ajudá-lo a evoluir.
As indagações internas podem variar de uma viagem
para outra, porque, com sua repetição, as soluções internas
vão surgindo, tudo dependendo do propósito verdadeiro de
cada um.
Trata-se da hora da verdade e cada um colherá os frutos
que merece, sob o Olhar Atento de Deus.
Muitas pessoas que conhecem os segredos desse
mergulho espiritual recusam-se a informar maiores detalhes
ao grande público ou promover cursos a respeito, porque,
infelizmente, haverá quem quererá captar pacientes para
ganhar dinheiro às suas custas, ao invés de realizar a caridade
pura e simples.
Dessa forma, nosso estudo quanto às viagens astrais vai
apenas até este ponto.
147

Mas, na verdade, trata-se esta fase apenas a primeira de


uma série bem mais complexa.

SEGUNDA PARTE: AUTO REFORMA MORAL


PROFUNDA

CAPÍTULO I – A DESCOBERTA DE ERROS DO


PASSADO OU DO PRESENTE
Ninguém pode garantir, de antemão, o que surgirá na
nossa mente durante as viagens astrais.
Todavia, se estamos sinceramente procurando nossas
deficiências morais, elas tenderão a nos ser mostradas, por
indução do próprio Orientador Espiritual que nos
acompanhar nessa oportunidade.
Assim, por exemplo, pode ser revelada uma encarnação
anterior, mesmo que de forma apenas superficial e os erros
que lá cometemos.
Todavia, se a humildade verdadeira ainda não está
aflorada no nosso interior, ficamos deprimidos ou revoltados
e, em ambas essas situações, os resultados são um tanto
perigosos, pois, ao invés de avançarmos espiritualmente,
reconhecendo nossos erros e limitações, ao mesmo tempo
encarando-nos como mais um Espírito a evoluir no Universo,
entramos numa faixa mental negativa.
Saber sobre o próprio passado não é uma carga que
qualquer um suporte e é justamente por isso que, quando
reencarnamos, sofremos um processo hipnótico de
esquecimento temporário do passado.
Poucos, na verdade, têm condições de ter esse
conhecimento, porque, se o tiverem, correm o risco de entrar
em faixas mentais perigosas para o próprio equilíbrio
espiritual.
Por isso, a regressão de memória não é recomendável
para cerca de noventa por cento das pessoas.
Apenas Espíritos mais evoluídos devem ter acesso ao
próprio passado, pois muitos ficarão encantados com o
148

prestígio que tiveram e outros chocados com os erros que


cometeram.
Tanto uns quanto outros demonstram falta de
humildade, pois prestígio nada acrescenta na evolução de
alguém e errar é comum na trajetória de todo Espírito,
principalmente quando não erramos em determinada área, os
erros do passado não devem nos levar à depressão ou à
revolta.
O orgulho é que gera essa inconformação declarada ou
disfarçada.
Também temos a considerar que, para detectarmos de
somos muito orgulhosos, podemos fazer alguns testes, como,
por exemplo, nosso grau de suportabilidade com relação aos
defeitos morais e vícios alheios e com as situações e pontos de
vista diferentes dos nossos.
Se conseguimos nos manter tranquilos diante de tudo
que, no fundo nos desagrada, já avançamos um tanto no
caminho da humildade.
O orgulho é uma forma de tentar impor aos outros
nossos pontos de vista, que, sendo ou não melhores, não
podemos querer impô-los ao livre arbítrio alheio.
Lembremo-nos de que Jesus disse: “Eu a ninguém
julgo”, pois sabe que cada um tem direito de fazer as próprias
escolhas e, se forem erradas, pagará por isso.
Essa regra é relativa, pois há casos em que devemos
interferir na liberdade alheia, como no que pertine ao
trabalho profissional, pela responsabilidade que nos compete,
e na educação de pessoas sob nossa responsabilidade, até o
ponto em que tal se faça indispensável, como na educação dos
filhos enquanto menores.
Mas devemos vigiar e orar para combatermos nosso
próprio orgulho, pois, senão, as Trevas nos pegarão
facilmente nas suas armadilhas, que são sutis e, quando
formos despertar, já teremos caído e não será fácil
levantarmos.
149

Até com relação a essas armadilhas devemos ter a


humildade de não nos incomodarmos com elas, porque é certo
que elas aparecerão sempre que estivermos trabalhando no
Bem, pois os Espíritos trevosos não nos deixarão em paz.
Chico Xavier afirmava que havia dias em que sentia que
estava a ponto de enlouquecer, porque a carga negativa que
lhe era endereçada era enorme, tanto decorrente dos
pensamentos maldosos dos trevosos de ambos os planos da
vida quanto de pedintes inveterados, que lhe endereçavam
pensamentos de súplicas, tudo isso que funciona como uma
nuvem escura de ódio ou angústia, de acordo com o caso,
como veremos adiante.
Mas, com humildade, o grande missionário ia
suportando aquela carga psíquica e libertando-se dela, dentro
do possível, inclusive utilizando determinadas técnicas de
isolamento mental, contando em parte com a ajuda de
Orientadores Espirituais e outros recursos adequados.
Todavia, o peso do passado de erros não é insuportável
por si próprio, mas pela insubmissão de cada um aceitar que
os cometeu, sendo-se humilhado com a revelação daquilo que
procurou esconder a sete chaves.
Se, por exemplo, descobrimos algo que procuramos
disfarçar, esconder, camuflar, a tendência é aquilo nos causar
depressão ou revolta e, em ambos os casos, até piorarmos
nosso quadro atual.
Trata-se de uma faca de dois gumes o conhecimento do
passado, ou seja, dos erros do passado.
Normalmente, os Orientadores Espirituais somente
permitem que vejamos o que é suportável para nós.
Somente os Espíritos Superiores, ou seja, os que já
evoluíram muito na sua integração no Bem e avançaram
muito na humildade, podem conhecer o próprio passado
multimilenário sem se perturbarem, pois aceitam as próprias
limitações e não se julgam insuscetíveis de continuar errando.
150

Como não fazem questão nenhuma de auto promoção


pessoal, o reconhecimento das suas falhas passadas não lhes
arranha a tranquilidade.
Não se mede a evolução de um Espírito pelo seu destaque
principalmente no mundo dos encarnados, mas sim na
suportação das adversidades: esse é um critério infalível para
verificarmos se já adquirimos maior dose de humildade.
Quem se incomoda com as adversidades ainda está
pouco evoluído espiritualmente e vice-versa.
Há outros critérios para essa avaliação, mas podemos
considerar esse como um dos mais perfeitos.

1 – DUAS OPÇÕES
As suas opções são aquelas a que já nos referimos:
encaramos com humildade a identificação das nossas falhas
do passado, sem nosso íntimo se alterar com elas, mas
procurarmos aprender com os próprios erros, ou nos
deprimimos ou revoltamos com a identificação daquilo que
procuramos esconder a sete chaves, ou sejam, nossas mazelas
morais e nossos vícios.
Detalharemos adiante cada uma dessas situações.

1.1– A RECUSA EM ADMITIR O PRÓPRIO ORGULHO


Quase ninguém admite que é orgulhoso, porque esse
defeito afasta de nós a maioria das pessoas, que se sentem
manipuladas por todo aquele que se lhes acha superior.
O orgulhoso, no fundo, sente desprezo pelos outros e
procura humilhá-los direta ou indiretamente e, normalmente,
ninguém gosta de ser manipulado, a não ser que leve alguma
vantagem com essa posição de subalternidade.
Por isso, mesmo os orgulhosos mais impenitentes
preferem disfarçar o próprio orgulho, simulando
generosidade ou espírito democrático.
Assim, até os mais arrogantes ditadores, vez por outras,
procuram agradar seus subordinados através de atitudes
simpáticas, que, normalmente, visam cooptar-lhes a adesão, a
151

fim de continuarem explorando-lhes a subserviência


frequentemente falsa e interesseira.
Até os Espíritos do Mal procedem assim, muitas vezes,
disfarçando a própria maldade e a própria arrogância.
Muitos homens e mulheres tidos como beneméritos,
muitas vezes escondem o próprio orgulho dominador sob a
capa da humildade, mas ficam extremamente melindrados
com os pontos de vista diferentes dos seus e com situações que
lhes arranhem o prestígio.
Esses, que gostam de comandar e dirigir a vida das
pessoas, muitas vezes nada têm de melhor para oferecer, pois,
se dão com a mão direita, tomam com a esquerda.
Os verdadeiros missionários não são dominadores, não
pretendem evidência e nada querem para si a não ser o
cumprimento do seu ideal de servir: assim se posicionaram,
por exemplo, Chico Xavier, Gandhi, Jesus, Madre Tereza de
Calcutá, contrariamente ao que apresentaram Napoleão
Bonaparte e outros amantes do poder, bem como líderes
religiosos ciumentos, dominadores, exclusivistas, que pululam
em todas as correntes religiosas e filosóficas.
Ao invés de criticá-los, temos de ver se não somos um
desses orgulhosos disfarçados de humildes.
Se somos um deles, passemos a vigiar e orar
redobradamente, para não cairmos nas armadilhas das
Trevas, pois seremos presas fáceis.

1.1.1 – OS DISFARCES DO ORGULHO


O orgulho se disfarça de mil maneiras e até da aparência
da caridade, do desapego e da simplicidade, pois, nesses casos,
no fundo, queremos mostrar uma superioridade espiritual
que estamos muito longe de ter conquistado.
A conquista da humildade demanda milhares de anos de
esforço continuado para consolidar-se.
Vejamos o exemplo de Paulo de Tarso, que, mesmo
depois de mil e setecentos anos de dedicação ao Bem, desafiou
Jesus na sua encarnação como Sundar Singh e somente não se
152

perdeu porque Jesus lhe apareceu à visão espiritual e o


advertiu para cumprir a tarefa que trouxe na divulgação da
Verdade Espiritual.
Alguém pode achar que os rotulados como santos ou
iluminados estão infensos ao orgulho, mas eles também lutam
contra as atrações do orgulho, apesar de já terem vencido
muito mais essas amarras do que os Espíritos medianos.
Entendamos essa realidade e procuremos vigiar e orar,
para não cairmos na tentação do orgulho nefasto.

1.2– A HUMILDADE E A PROCURA DA AUTO


REFORMA MORAL PROFUNDA
Chico Xavier sabia do próprio orgulho e, por isso,
necessitado de cumprir suas tarefas, pediu uma série de
doenças e limitações financeiras, a fim de não falhar na sua
missão.
Caso tivesse tido uma série de facilidades, corria o risco
de fracassar: entendamos isso com clareza e apliquemos essa
lição à nossa própria vida, ou seja, não procuremos
facilidades nem nos deprimamos ou revoltemos com as
dificuldades, para não cairmos na tentação do orgulho.
Somente Jesus foi absolutamente humilde, pois nunca
errou e não tem nenhum defeito moral ou vício, dentre todos
os Espíritos que passaram pela Terra.
Gandhi assumiu algumas atitudes de violência, mas teve
a humildade de confessá-las e assim por diante.
Não dissemos isso para deprimir a imagem desses
missionários, mas sim para servir de alerta para o nosso
orgulho declarado ou disfarçado e lutarmos contra ele.

CAPÍTULO II – CONFISSÃO E PRECE


Esta questão será desenvolvida no item seguinte.
A maioria das pessoas não admite a ideia de confessar as
próprias culpas a ninguém.
Um número menos aceita confessar as próprias culpas a
um ente muito querido.
153

Apenas os Espíritos Superiores confessam publicamente


as próprias faltas.
Vejamos o que Maria Clara a respeito.
Pode parecer ser importância a questão da
confissão, mas o apóstolo Tiago a considerou como requisito
da cura, justamente porque quebra a rocha do orgulho, onde
está assentado o bloqueio à evolução.
Sem humildade ninguém se redime, pois não
consegue admitir as próprias inferioridades e, com isso, não
lava suas feridas interiores e não se cura espiritualmente.

1 – O LIVRO DE MARIA CLARA


INTRODUÇÃO
A orientação de Tiago (Confessai as vossas culpas
uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A
oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.) é
de uma profundidade muito grande, que pretendemos
analisar, tratando-se de um dentre tantos
desdobramentos das Lições de Jesus.
São dois temas diferentes: a confissão e a prece,
que, aparentemente, nada têm a ver um com o outro, mas,
na verdade, estão interligados, pois têm como ponto de
conexão a ideia da Fraternidade, conforme veremos.
Primeiro, para introduzir os queridos leitores no
nosso estudo, falemos um pouco sobre a confissão, a qual
exige coragem de quem a faz.
Citemos alguns exemplos de seres humanos que se
confessaram, mesmo com o risco da desmoralização
pública:
1) Santo Agostinho expôs, no seu livro intitulado
“Confissões”, suas vacilações como ser humano,
sobretudo quanto à questão da sexualidade.
2) Mohandas Gandhi confessou, em livro de sua autoria,
certo episódio: mesmo sendo casado, certa vez,
compareceu a uma casa de meretrício, todavia,
arrependendo-se antes de realizar qualquer ato sexual
154

com a profissional, pediu-lhe desculpas, pagou-a e foi


embora.
3) Yvonne do Amaral Pereira, tendo identificado no
mundo terreno seu noivo espiritual, o qual era casado,
entusiasmou-se com a possibilidade de conhecê-lo
pessoalmente e acabaram combinando um encontro,
tendo ele de vir ao Brasil. Quando ele desceu do avião,
ela, que o aguardava no aeroporto, depois de ter pesado
os prós e os contras daquela situação, foi para casa sem
encontrá-lo e continuaram mantendo contato apenas por
correspondência.
4) Emmanuel, no seu livro “Há Dois Mil Anos”,
psicografado por Chico Xavier, relaciona seus equívocos
morais praticados na sua encarnação como o senador
Públio Lêntulo Cornélio e fala alguma coisa da anterior,
quando foi seu próprio bisavô: o cônsul Públio Lêntulo
Sura.
5) Atentemos para o fato dos romances de Yvonne do
Amaral Pereira serem todos autobiográficos, onde se
estampam seus equívocos morais perpetrados em vidas
passadas.
Vejamos um caso, não de confissão de culpas, mas de
uma vivência que poderia ser interpretada como imoral
por parte dos “moralistas de plantão”: Bezerra de
Menezes, ao enviuvar, casou com a cunhada, a qual já
convivia naquele ambiente doméstico.
Quanto à confissão, igualmente é interessante
relatar duas realidades que ocorrem no mundo espiritual:
Camilo Castelo Branco, no seu livro “Memórias de um
Suicida”, relata que faz parte do tratamento de suicidas
seu desnudamento moral perante numerosa assembleia,
através do sistema audiovisual e André Luiz afirma que
os Orientadores Espirituais de Nosso Lar atendem os
Espíritos em duplas e não um de cada vez.
Verifiquemos que os modernos tratamentos de
terapia de grupo, seguidos, inclusive, pelos Alcoólicos
155

Anônimos e outros igualmente notáveis, são uma


aplicação da ideia da confissão, divulgada inicialmente
pelo apóstolo Tiago.
Os Espíritos Superiores têm coragem suficiente para
confessar suas culpas, mesmo quando consequências
graves possam advir. Os medianos e os primitivos
procuram se preservar, com receio da perda de prestígio e
de vantagens materiais.
Quanto à prece, analisaremos nos itens próprios.
O presente estudo visa, sobretudo, esmiuçar a
orientação de Tiago à luz dos conhecimentos espíritas.
Estando às portas do ingresso da Terra na categoria
de mundo de regeneração, não se deve continuar
permitindo o encobrimento da Verdade com o véu do “faz
de conta”, o qual, durante milênios, vem utilizando o
nome da Moral, teorizada, mas nem sempre praticada: é
preciso que se cumpra o que Jesus afirmou:
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.
Uma das facetas da Verdade é a orientação de
Tiago, que precisamos conhecer para evoluir intelectual e
moralmente.
Que Deus, nosso Pai, e Jesus, nosso Divino Pastor,
nos abençoem, bem como aos nossos queridos irmãos e
irmãs que nos prestigiarem com sua atenção,
compulsando estas despretensiosas anotações.

1 – CONFISSÃO
Temos de considerar, em primeiro lugar, que o
Evangelho não se destina ao conhecimento de um
número restrito de iniciados, mas Jesus o trouxe para
servir de referência para todos os habitantes da Terra,
pois, na qualidade de Divino Governador Planetário,
compete-Lhe conduzir todos os Seus pupilos. Assim, a
orientação de Tiago pode ser adotada por toda a
humanidade e não apenas pelos cristãos.
156

Dessa maneira, quando fala em confissão, sua


palavra deve ultrapassar os estreitos limites de um povo,
uma corrente religiosa e abarcar a humanidade terrestre,
incluindo-se os Espíritos Superiores, os medianos e os
primitivos.
Conclui-se, portanto, que quem assume o papel
corajoso de confessar suas culpas não deverá,
obrigatoriamente, verificar se os ouvintes são bons ou
maus e se farão bom ou mau uso das informações que
estarão recebendo.
Alguém pode contrapor a esta fala o argumento de
que há pessoas de má índole, que irão desmoralizar o
homem ou a mulher de boa fé e boa vontade que
confessarem suas culpas. No entanto, vejamos que Santo
Agostinho, Gandhi, Yvonne do Amaral Pereira e
Emmanuel não procuraram escolher as pessoas que
tomariam conhecimento das suas confissões: cumpriram
seu dever consciencial e ficaram livres de parte do peso
que os torturava e lhes tirava a paz. Realizaram uma
catarse e iniciaram o processo de recomposição da
própria serenidade, que se completaria com a posterior
ação intensiva no Bem, a fim de beneficiarem os
eventuais prejudicados ou, em caso de impossibilidade,
outras pessoas que necessitariam de sua ajuda. Afinal, “o
Amor cobre a multidão dos pecados.”
Temos, então, três opções neste caso: ou cumprimos
a orientação sábia de Tiago, confessando-nos a todos,
portanto, despindo-nos do orgulho, ou confessamo-nos
apenas aos nossos amigos, a fim de receber seus
conselhos, ou não confessamos a ninguém as nossas
culpas.
A pior das alternativas é a última, pois mantém
intacto nosso orgulho e não realizamos a catarse. A
segunda visa mais um benefício pessoal do que
representa uma iniciativa idealista. A primeira retrata a
157

mentalidade cristã, no seu sentido mais amplo e


universalista.
As personalidades que mencionamos acima são
universalistas, Espíritos Superiores realmente e sua
conduta representa exemplos a serem seguidos.
Alguém perguntará: - Neste mundo de hoje,
competitivo do jeito que é, se alguém confessar suas
culpas não conseguirá emprego, ficará desmoralizado
perante a sociedade e nenhum benefício surtirá sua
iniciativa idealista.
Realmente, os paradigmas que vigoram são mais ou
menos os mesmos de dois milênios atrás, tanto que
Joanna de Ângelis afirmou que, nesse período, a
humanidade moralmente evoluiu muito pouco: as pessoas
procuram mais “parecer boas e honestas” do que serem
realmente tais. Pode-se perceber que a maioria, sem
nenhum peso na consciência, sonega tributos, comete
uma série de deslizes morais e procura apresentar-se
como “homens e mulheres de bem”, sem, na verdade, o
serem.
Quem confessará suas culpas aos outros sem a
garantia de que não serão divulgadas? Esse número é
muito pequeno, na certa.
Todavia, apesar de tentarmos esconder nossas falhas
morais, nossos adversários as reconhecem facilmente.
Por isso, Chico Xavier afirmava: “Quando uma pessoa
não gosta da gente essa pessoa tem sempre razão.”
No mundo de regeneração, às cujas portas se
encontra a humanidade terrena, prevalecerá o “ser” em
lugar do “parecer”: assim, cada um, confessando suas
culpas, será reconhecido pelo que realmente é e não pela
máscara que afivele ao rosto, mostrando uma
personalidade cheia de virtudes inexistentes.
Quem tiver a coragem de confessar suas culpas ao
maior número de pessoas estará se adiantando na escala
evolutiva, contanto que não se restrinja a isso, mas inicie
158

seu trabalho de realização no Bem, para, em lugar do


Mal que fez, colocar o Bem, que irá proporcionar às
pessoas.
Coragem é o que se exige para tanto, bem como
humildade verdadeira, desapego, simplicidade e
verdadeira fé em Deus e na Sua Justiça, a qual contempla
o Amor e a Caridade, formando um tripé de valores.
Conforme o nível evolutivo de cada um conseguirá
cumprir seu dever de confessar suas culpas: atentemos
para isso.

1.1 - AS CULPAS
Quando Jesus afirmou que a Lei e os profetas
poderiam ser resumidos no “Amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo” estava querendo
dizer que quem agisse de forma contrária incidiria em
culpa.
As culpas, portanto, são os pensamentos, sentimentos
e ações que contrariem essa Regra Divina. É impossível
relacionar todas as situações em que alguém contrarie a
Lei de Amor, devendo cada qual analisar a si próprio
para verificar como está sua posição frente à própria
consciência.
Os Espíritos Superiores que orientaram o trabalho
de Allan Kardec na Codificação informaram-lhe que A
Lei de Deus está escrita na consciência de cada um.
Assim, todos têm condições de saber se estão pensando,
sentindo e agindo conforme a Lei Divina: basta auto
analisar-se com sinceridade e honestidade moral.
Todavia, é necessário que se leve em conta
igualmente o nível evolutivo de cada um para a avaliação
da culpa: “àquele a quem muito é dado muito é pedido”.
Quem já alcançou um nível mais elevado de compreensão
deve Amar mais, enquanto que aqueles que ensaiam os
primeiros passos na escalada evolutiva, naturalmente,
serão considerados meras crianças espirituais, vivendo
159

sob a tutela mais ou menos direta dos mais evoluídos,


sendo, portanto, restrita sua área de atuação.
Para efeito deste estudo é importante que cada
prezado leitor e cada prezada leitora compreenda bem em
que nível evolutivo se encontra, ou seja, o quanto de
Amor já introjetou: se já consegue Amar mais intensa e
amplamente, suas faltas serão consideradas mais graves
do que se fossem menos evoluídos.
Essa situação não deve ser encarada, todavia, como
penosa, sacrificial, desagradável, mas o contrário, pois
feliz de quem pode dar, porquanto é muito melhor do que
estender a mão em pedido de socorro.
Cumpram seus deveres para não incidirem em culpa,
mas façam isso alegremente, pois, como dizia Montaigne:
“a maior glória do ser humano é servir às pessoas, ao
maior número possível de pessoas.”! O filósofo
renascentista, com essa ideologia, estava apenas
repetindo o que Jesus tinha ensinado pela palavra e pelo
exemplo.
Não incidam em culpa pela falta de Amor e, assim,
sua vida será muito mais feliz do que possam, por ora,
imaginar, pois a Espiritualidade Superior suprirá suas
energias nos momentos de fraqueza e lhes instilará, em
nome de Deus e de Jesus, a paz e a serenidade na
consciência!
Sem querer estabelecer parâmetros rígidos para a
vida alheia, pois sabemos que a consciência de cada um é
o melhor juiz, podemos apontar um indicativo que foi
abordado no diálogo entre Chico Xavier e Banerjee: na
Índia tem-se como pontos importantes na vida de cada
pessoa a sexualidade, a sociedade, a riqueza e a
religiosidade.
Portanto, é conveniente que cada um se analise e
verifique como está pensando, sentindo e agindo quanto a
cada um desses itens.
160

No Oriente é conhecido um ditado que diz: “As


pessoas costumam envergonhar-se do que não devem e
não se envergonharem do que devem.”
Os defeitos morais podem resumir-se em orgulho,
egoísmo e vaidade, sendo as virtudes correspondentes,
respectivamente, a humildade, o desapego e a
simplicidade.
Temos, assim, alguns referenciais, que podem nos
ajudar na auto avaliação, sem contar aquele que diz:
“não devemos fazer ao próximo o que não gostaria que
ele nos fizesse.”
Amemos a todos os seres o mais ampla e
profundamente que conseguirmos e, dessa forma,
estaremos evoluindo mais depressa, pois não podemos
cobrar de nós uma perfeição que não temos de alcançar,
mas, sendo encontrados sempre no serviço do Bem,
estaremos na estrada correta, felizes dentro do possível
para o nosso grau evolutivo.
Também devemos considerar, como dizem os
orientais, que “o melhor da caminhada é a própria
caminhada”: assim, sem auto cobrança estressante,
vivamos em paz com nossos semelhantes, auxiliemos o
progresso de todos, aprendamos a fazer o Bem
indistintamente e aperfeiçoemo-nos na inteligência e na
espiritualidade.
As culpas irão se diluindo com esse investimento no
Bem, tal como a água corrente vai limpando as sujidades
de qualquer superfície barrenta: “O Amor cobre a
multidão dos pecados.”

1.1.1 - CONCEITO DE CULPA


Para efeito da orientação de Tiago não devemos nos
ater à forma terrena de entender o conceito de culpa, uma
vez que estamos lidando com o Direito Divino, ou seja, as
Leis de Deus.
161

Toda vez que manchamos nossa consciência ela nos


cobrará através do arrependimento e teremos, em
seguida, de beneficiar outrem para curarmos essa nossa
“ferida moral interior”.
Emmanuel, Yvonne do Amaral Pereira, Mohandas
Gandhi e Santo Agostinho sentiram a necessidade
premente de confessarem suas culpas e tal se
transformou em benefício para as pessoas que tomaram
conhecimento dessas afirmações, alertando-as para não
tropeçarem nas mesmas pedras que eles, bem como
ensinaram a humildade e a igualdade. Apesar de serem
Espíritos evoluídos, ainda estão sujeitos a erros, pois
somente Jesus descreveu sua trajetória evolutiva de forma
retilínea.
Culpa, como dito, significa qualquer infração às Leis
Divinas, inscritas na consciência. Manifestam-se as
culpas de milhares de maneiras diferentes, desde o
pensamento negativo, o sentimento malsão, até as
atitudes incorretas.
É importante cada um auto analisar-se e levar a sério
a tarefa da auto reforma moral, pois Allan Kardec, com
sabedoria, afirmou: “Reconhece-se o verdadeiro espírita
pelo esforço que empreende para domar suas más
tendências.” Assim também quanto aos adeptos das
demais correntes filosóficas ou religiosas.
Não se exige perfeição, mas esforço em aperfeiçoar-
se moralmente.
Cada um se encontra em um degrau evolutivo
diferente e, portanto, sua consciência lhe cobrará
conforme seu nível de progresso intelecto-moral.
Não é necessário escrevermos mais do que isto para
mostrar o que significa a expressão “culpa”, que alguns
chamam de “pecado” ou expressão equivalente.
“Errar é humano”: eis um provérbio de grande
sabedoria, pois errando se aprende. Todavia, errar tendo
condições de acertar, provoca os resultados dolorosos da
162

Lei de Causa e Efeito. É melhor bem proceder do que


receber a visita dos sofrimentos físicos e morais.
É preciso aprendermos a identificar o que é
realmente mau e o que representa mera adequação às
Leis da Natureza: a sexualidade é um dos pontos
nevrálgicos nesse aspecto, havendo muitos que se culpam
pelo exercício da sexualidade enquanto que há outros
tantos que se entregam ao desalinho moral, ficando
ambos os tipos em cada um dos extremos: da autopunição
indevida e da devassidão. Cada um deve perquirir sua
própria consciência e aprender a proceder conforme seu
nível evolutivo.

1.1.1.2 - AS LEIS DE DEUS


As Leis de Deus, na sua complexidade, são
inacessíveis à compreensão dos seres humanos medianos.
Somente os Espíritos Superiores estão em condições de
alcançar-lhes a essência.
Quando foi dito a Allan Kardec que elas estão
escritas na consciência de cada ser, a intenção era
mostrar que, à medida que evolui, vai compreendendo
melhor sua essência, de tal maneira que, ao mesmo tempo
que as compreende, elas lhe cobram um procedimento
compatível com o nível de compreensão, atuando
automaticamente tanto na recompensa quanto na reação
pedagógica através da dor.
Jesus afirmou que as Leis Divinas se resumem no
“Amor a Deus sobre todas as coisas e no próximo como a
si mesmo”. Dezoito séculos depois, no cumprimento da
promessa de envio do Consolador, a Allan Kardec foram
apresentados desdobramentos das Leis Divinas nos
seguintes itens: Adoração, Trabalho, Reprodução,
Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso,
Igualdade, Liberdade e Justiça, Amor e Caridade.
Mais uns anos depois, em “A Grande Síntese”[*],
Jesus, através da mediunidade de Pietro Ubaldi,
163

aprofundou mais as informações sobre as Leis Divinas,


mas é impraticável resumir aqui, neste modesto estudo, o
que essa obra gigantesca expõe: seria o mesmo que a
pretensão de “colocar o oceano num dedal”.
Todavia, em todas essas revelações, o ponto em
comum é o Amor, primeiro a Deus, como forma de
gratidão ao Pai (ou Mãe) Criador de tudo que existe, e,
em segundo lugar, a todos os demais seres, do mais
singelo, ou seja, aquele que se inicia na escalada
evolutiva, até o mais perfeito.
O Amor deve ser o mais Universal possível. Assim é
que Francisco de Assis, como profundo conhecedor das
Leis Divinas, cunhou as expressões “irmão Sol”, “irmã
Lua”, “irmão lobo”, “irmã árvore” etc.
O Amor Universal deve ser exercitado em todos os
dias da nossa vida: não há fundamento algum para se
pensar em separatismos, elitismo, discriminações de que
tipo forem, exclusão, facciosismo, preferências injustas e
outras formas de destacar uns em detrimento dos outros.
O provérbio: “Aos amigos tudo; aos inimigos a lei”
retrata o primitivismo e a insciência dos tempos passados,
mas não pode nos acompanhar no mundo de
regeneração.
Dessa maneira, os conceitos de família, amizade,
inimizade, classes sociais etc. devem mudar totalmente,
passando dos padrões estritamente egoísticos do mundo
de provas e expiações para aqueles outros, progressistas,
da Nova Era.
É preciso que atentem para esse novo foco, que, na
verdade, nada tem de novo, uma vez que Jesus, ensinou o
Amor Universal, entregando Sua Mãe a João, para ele
dela cuidasse na qualidade de filho adotivo e entregando-
o a Ela, a fim de Ela cuidar dele como Mãe adotiva. Esse
é apenas um dos múltiplos exemplos, sendo outro,
escolhido aleatoriamente, o fato de Jesus afirmar:
“Minha mãe e Meus irmãos são aqueles que seguem os
164

Meus Ensinamentos.” Na verdade, quis apenas concitar


todos a Lhe seguirem as Lições: trata-se de uma
linguagem figurada.
Devemos começar a mudar o nosso modo de pensar,
sentir e agir em relação a tudo e a todos, entendendo-os
como nossos irmãos e irmãs e realmente sentindo por eles
um afeto crescente, na medida em que consolidamos essa
visão universalista.
Assim pensam, sentem e agem os Espíritos
Superiores, os quais acolhem com “olhos bons” todos os
seres, sejam eles classificados, segundo a tábua de valores
materialistas, como bons ou maus, evoluídos ou
primitivos e assim por diante.
Esforcemo-nos por mudar nossos paradigmas
internos, deixando para trás o primitivismo dos modelos
do passado e enxerguemos em tudo verdadeiras
manifestações de Deus, uma vez que Suas criaturas são
Suas Idealizações Mentais: não há por que odiar ou
desprezar o que quer que seja ou a quem quer que seja.
As Leis de Deus, como disse Jesus, podem ser
resumidas, para o nosso nível de compreensão, no Amor
Universal. Todavia, deve ser o mais Universal possível, o
mais amplo que conseguirmos, irrestrito, incondicional e
benévolo.
Quando Ele aconselhou: “Que teus olhos sejam
bons” estava, de outra maneira, indicando o caminho do
Amor Universal. Portanto, “que nossos olhos sejam
bons” para que “todo o nosso corpo tenha luz”, ou seja,
evoluamos intelectual e moralmente rumo à perfeição
relativa.
Saibamos que até a inteligência somente ultrapassa
determinados limites se o coração está cheio de Amor,
pois Deus “não dá pérolas aos porcos”, ou seja, não
permite que Seus filhos que Amam pouco tenham acesso
às Grandes Facetas da Verdade, pois fariam mau uso
delas.
165

1.1.1.2 - A CONSCIÊNCIA DE CADA UM


É importante cada um saber até que ponto pode
cobrar de si mesmo, a fim de, num extremo, não se
acomodar aos vícios e defeitos morais, nem, no outro
extremo, cair nas malhas dos complexos de culpa
infundados. Joanna de Ângelis orienta muito bem neste
aspecto, sendo de capital importância conhecer seus
livros da “Série Psicológica”, os quais deveriam ser
estudados em todos os Centros Espíritas.
Não basta conhecer as obras da Codificação, onde se
encontra a base do grande edifício do Conhecimento
espírita, uma vez que tal construção vai pelo infinito
afora, sendo que lhe são acrescentados, periodicamente,
novos pavimentos, à medida que as lições precedentes vão
sendo assimiladas, segundo um planejamento
minuciosamente elaborado pelos Espíritos Superiores,
encarregados de instruírem a humanidade encarnada,
sob o Comando de Jesus, o Divino Governador da Terra.
O nível da consciência de cada um é muito diferente
do de qualquer outro ser criado por Deus. Por isso, Jesus,
em “A Grande Síntese”, esclarece a respeito.
Solicitamos a leitura serena e reflexiva do excerto
que apresentamos abaixo, a fim de que cada um se
analise sem os excessos, para mais ou para menos, que
mencionamos. Segue a lição do Divino Mestre na
linguagem do século XX:

DESTINO — O DIREITO DE PUNIR

Outro fator complica o cálculo das


responsabilidades: o determinismo das causas
introduzidas no passado, com as próprias ações, na
trajetória do próprio destino; impulsos assimilados, por
livre e responsável escolha, no edifício cinético do próprio
psiquismo. Essas causas são forças colocadas em
166

movimento pelo próprio “eu” e uma vez lançadas, são


autônomas, até exaurir-se. Vossos atos prosseguem em
seus efeitos, irresistivelmente, por leis de causalidade. Seu
impulso é medido pela potência que imprimistes a esses
atos, proporcionais e da mesma natureza, benéfica ou
maléfica, ao impulso que destes. Assim o bem ou o mal
dirigido aos outros é feito sobretudo a si mesmo; é regido
pelas reações da Lei e recai sobre o autor como uma
chuva de alegrias ou de dores. O destino implica, pois,
uma responsabilidade composta, que é resultante do
passado e do presente.
Cada ato é sempre livre em sua origem, mas não
depois, porque então já pertence ao determinismo da lei
de causalidade, que lhe impõe as reações e as
consequências. O destino, como efeito do passado,
contém, pois, zonas de absoluto determinismo, mas a ele
sobrepõe-se a cada momento a liberdade do presente, que
vai chegando continuamente e tem o poder de introduzir
sempre novos impulsos e, neste sentido, de “corrigir” os
precedentes. O impulso do destino pode comparar-se à
inércia de u’a massa lançada, que tende a prosseguir na
direção iniciada, mas, no entanto, pode sofrer atrações e
desvios colaterais; esse impulso pode ser corrigido.
Determinismo e liberdade, dessa maneira,
contrabalançam-se, e o caminho é a resultante dada pela
inércia do passado e pela constante ação corretora do
presente. Nesses equilíbrios íntimos de forças reside o
cálculo das responsabilidades. O presente pode corrigir o
passado, numa vida de redenção; pode somar-se a ele nas
estradas do bem, tanto quanto nas do mal. Diante do
determinismo da Lei, que impõe a cada causa seu efeito,
está o poder do livre-arbítrio, de corrigir a trajetória dos
efeitos com a introdução de novos impulsos. Destino não
é fatalismo, não é cega “Ánánke” (necessidade,
determinismo, inevitabilidade), é a base de criações ou
167

destruições contínuas. O que a cada momento está em


ação no destino é a resultante de todas essas forças.
Responsabilidade progressiva, função do
conhecimento e liberdade progressiva, cálculo complexo
de forças; evolução, ao mesmo tempo libertação do
determinismo das causas (destino), como do
determinismo da matéria, eis a realidade mais profunda
do fenômeno. Uma ética racional tornada ciência exata,
que não seja mera arma de defesa, deve levar em conta
todos esses fatores complexos; deve saber pesar essas
forças e calcular-lhes a resultante; deve saber avaliar as
motivações; reconstruir na personalidade seu passado
biológico e orientar-se na vasta rede de causas e efeitos,
de impulsos e contra impulsos, que constituem o destino e
sua correção. Para cada indivíduo o ponto de partida é
muito diferente e não há maior absurdo, num mundo de
substanciais desigualdades, que uma lei humana a
posteriori, externa, igual para todos. Esta poderá
satisfazer a funções sociais defensivas, mas não pode
chamar-se justiça. Somente esta pode, pelas sanções
morais e penais, constituir a base do direito de punir.
Isto está estritamente vinculado ao cálculo das
responsabilidades, sem o qual não pode ser estabelecido.
Tendo-se estabilizado por meio da força, como todos os
direitos — na origem mera reação e necessidade de
defesa —, transforma-se, por evolução, da fase de
vingança pessoal à fase de proteção coletiva. A
normalização jurídica da força, como no mais amplo
processo da evolução da força em direito, a legalização da
defesa dirige-se à conservação de um grupo sempre mais
extenso, à proporção que surgem unidades coletivas cada
vez mais vastas, do indivíduo à família, à classe, à nação,
à humanidade. Em sua evolução, o direito penal
circunscreve cada vez mais, até a eliminação das zonas
indefesas, tornando mais difícil escapar à sua sanção
(extradição), até cobrir todo o planeta; ao mesmo tempo
168

atinge e disciplina cada vez mais numerosas formas de


atividades humanas. Paralelamente, quanto mais se
estende o direito, mais diminui a ferocidade, torna-se
mais racional e inteligente; quanto mais se torna
proteção da ordem pública, menos se faz pela
reivindicação da ofensa sofrida pelo particular; é sempre
menos “força” e sempre mais “justiça”. À medida que o
homem se afasta das necessidades da vida animal,
manifesta-se contínua circunscrição do arbítrio na
defesa, que se torna mais equilíbrio jurídico; a justiça
fica menos incompleta; à proporção que o juiz evolui,
torna-se digno de conquistar o direito de julgar.
Assim, o fenômeno não apenas se projeta da fase
individual à fase social, não só tende a estabelecer mais
profunda ordem, tornando-se mais substancial, mas se
desenvolve sempre mais e contém o fator moral,
harmonizando-se em sistema ético. O conceito originário
de prejuízo, ressarcimento, ofensa, eleva-se à
reconstrução de equilíbrios mais altos, enriquecidos dos
novos valores que a evolução terá desenvolvido; a
balança da justiça se fará muito mais precisa, até o
cálculo das responsabilidades específicas, isto é, até as
diferentíssimas responsabilidades individuais. A primitiva
e grosseira justiça do direito de defender-se, evoluirá para
justiça que dá o direito de julgar e de punir; cada vez
mais a balança do direito substituirá a espada da
vingança; cada vez mais pesará a responsabilidade moral
do culpado e sempre menos a própria tutela egoística. Em
sua evolução, o jus de punir penetrará sempre mais a
substância das motivações. A ascensão moral e psíquica
do legislador o autorizará a fazer uma sindicância moral
sempre mais profunda, porque só um juiz mais sensível e
perfeito poderá ousar, sem tornar tirania de pensamento,
aproximar-se da justiça substancial que vem da mão de
Deus. Esta é a meta das formas humanas. Quanto mais
evolução elevar o legislador, tanto mais o submeterá a um
169

ato de bondade e de compreensão para com o culpado. A


função social da defesa se enriquecerá mais de funções
preventivas e educativas, porque o dever dos dirigentes é
ajudar o homem involuído a subir.
Assim as duas ferocidades, da culpa e do castigo,
abrandam-se; aproximam-se os extremos, harmoniza-se
seu choque. Melhor que investir contra uma alma que só
sabe ser má, porque é involuída, é ajudá-la a evoluir,
demolindo-se os focos de infecções morais onde nascem
essas flores maléficas. Absurdo enfurecer-se contra os
efeitos, se as causas forem deixadas intactas. Não se
resolve o problema apenas com o egoísmo da autodefesa,
com a repressão sem a prevenção. Justo, muitas vezes, é
só o que protege a si mesmo; deve ampliar-se até proteger
a todos. Na balança social há um tributo anual de
expulsos, segundo uma lei expressa pelas estatísticas. É
preciso compreender essa lei e cortá-la pela raiz. Há
deserdados cujo crime é o de serem marcados no
nascimento por uma tara hereditária. Outros são falidos
na luta pela vida, com a mesma psicologia e valor moral
dos vencedores. Indispensável saber ler e trabalhar na
alma; saber fazer o cálculo das responsabilidades;
ultrapassar a desastrosa psicologia materialista da
antropologia criminal. Delinquência é fenômeno de
involução. É necessário alimentar todos os fatores de
evolução, demolir os opostos, se quiserdes que o decurso
da doença melhore e a sociedade possa arriar o fardo. O
trabalho deve ser de penetração de espírito, de educar,
corrigir, ajudar e, sobretudo — pretende-se guiar e punir
em nome de uma justiça divina — de recordar a máxima
evangélica: “Quem esteja sem pecado, lance a primeira
pedra”.

1.2 - A INICIATIVA DE CONFESSAR SUAS CULPAS


Os Espíritos Superiores têm olhos para enxergar sua
fragilidade e não se envergonham de reconhecê-las.
170

Vejamos a prece de Allan Kardec ao tomar conhecimento


da sua tarefa na Codificação da Doutrina dos Espíritos:
“Senhor! Pois que te dignaste lançar os olhos sobre mim
para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua
vontade! Está nas tuas mãos a minha vida; dispõe do teu
servo. Reconheço a minha fraqueza diante de tão grande
tarefa; a minha boa vontade não desfalecerá, as forças,
porém, talvez me traiam. Supre a minha deficiência; dá-
me as forças físicas e morais que me forem necessárias.
Ampara-me nos momentos difíceis e, com teu auxilio e
dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para
corresponder aos teus desígnios”.
Não se trata de “humildade de vitrine”, mas sim da
noção exata proporcionada por uma consciência
exercitada na auto análise, o que faz a um homem ou
uma mulher se verem tal qual são: com as virtudes
consolidadas e as fraquezas ainda por serem suplantadas.
Aqueles que não consolidaram o hábito do exame
permanente de consciência não sabem quem realmente
são e, assim, tendem a se julgar moralmente mais sólidos
do que realmente são, e, de uma hora para outra, podem
falir e, então, ver o quanto ainda frágeis. Principalmente
quando passamos para o mundo espiritual é que vemos
quem realmente somos, pois aí se patenteia toda a nossa
realidade interior. Irmão Jacob, por exemplo, mesmo
tendo muito realizado no setor da Caridade, verificou que
não irradiava nenhuma luz...
Quando, certa vez, perguntado se era humilde ou sem
vergonha, Chico Xavier respondeu: - sem vergonha,
porque sabia o quanto lhe era sacrificial a luta pela
aquisição da humildade e que teria muito que trabalhar o
próprio íntimo para não se sentir melindrado com as
ofensas reais ou imaginárias que lhe ocorriam e com os
próprios acontecimentos aparentemente desagradáveis do
dia a dia.
171

Confessar suas culpas é característica dos Espíritos


evoluídos, pois, quanto mais se aprofundam na auto
análise, tomando conhecimento, inclusive, de suas
encarnações anteriores, vêm, com maior clareza, que
precisam fazer muito para se purificarem. É o que, por
exemplo, retrata Jésus Gonçalves no seu poema
intitulado “O Cego de Jericó”:
“...Sim! Somos cegos de espírito! Vivemos nas sombras
dos caminhos da vida, como mendigos de ilusões
quiméricas, como mendigos de uma felicidade que não
sabemos encontrar, porque não sabemos defini-la.
Muitas vezes, nas encruzilhadas dos caminhos tortuosos,
nos sentimos vencidos pelo cansaço, acabrunhados pelas
desilusões, esmagados pelas dolorosas decepções. Somos
cegos tateantes, que vamos e vimos, sempre pelos mesmos
caminhos, num horroroso círculo vicioso.
Então, nessas horas de suprema angústia, lembramo-nos
de que o meigo Rabi que curou a cegueira material do
cego de Jericó, pode iluminar o caminho do nosso
espírito atormentado. E queremos gritar: "Jesus! Filho
de Davi! Tem compaixão de mim".
Mas... quando pensamos em nos valer do Divino Médico,
eis que uma multidão de vozes nos manda calar.
Vozes sinistras, que reboam dentro de nós mesmos, com o
imperativo de uma força dominante!
E ante essa multidão de monstros, constituída de nossos
vícios, dos nossos mil defeitos, da nossa imperfeição
moral, do nosso desejo de acomodação com os bens
efêmeros e transitórios da vida material, nós nos calamos,
acovardados, incapazes de fazer partir de nosso coração o
grito de angústia salvador!
172

Sabemos que o Mestre pode nos curar. Sabemos que Ele


está junto de nós, bondoso como sempre, pronto para a
aplicação do "passe magistral"! Mas sabemos, ou
fingimos não saber, que é necessária a energia moral do
cego de Jericó.
Assim, pois, se não quisermos permanecer no vai-e-vem
das curvas tortuosas, tapemos os ouvidos ao sinistro
clamor da multidão nefanda e procuremos o Celestial
Enviado, que habita conosco.
Procuremos Aquele que é o "Caminho, a Verdade e a
Vida": aquele que pode curar o corpo e o espírito e,
tapando os ouvidos às seduções deste mundo, aos
preconceitos e acomodações, aos interesses mesquinhos,
gritemos cada um de nós, com a força de nossa angústia,
do nosso desespero, do nosso desejo de luz:
– Jesus! Meu Senhor! Põe sobre mim tuas divinas mãos e
aclara o meu caminho, como o fizeste ao cego de Jericó!”

1.3 - A CARIDADE DE OUVIR


Chico Xavier se sentia incomodado ao ouvir as
anedotas picantes de um seu conhecido, até que
Emmanuel aconselhou-o a exercer a Caridade de deixá-
lo falar o que quisesse, sem julgamentos, pois essa é uma
das formas de Caridade.
Aprender a ouvir o que os outros queiram dizer
representa um passo adiante na senda evolutiva, pois
estaremos respeitando a liberdade alheia tanto quanto
queremos que os outros respeitem a nossa.
Não é propriamente cristã a simples disponibilidade
para ouvir a confissão alheia, se ocorre em postura de
falsa superioridade como a maioria dos antigos
confessores, mas sim em ouvir em atitude interior e
exterior de igualdade diante de quem confessa: aí está o
diferencial: ouvir sem diminuir a dignidade daquele que
173

se penitencia, porque é certo que nossa vez de


confessarmos também chegará, mais cedo ou mais tarde.
Por isso, “com a mesma medida com que medirdes, vos
medirão também a vós”, ou seja, se ouvirmos com
simpatia, informalmente e com naturalidade as confissões
alheias, teremos igualmente condições de expormos
nossas faltas naturalmente, sem receios infundados e com
a certeza de que pelo menos uma pessoa nos ouvirá com
“olhos bons”.
Quando ouvimos as confissões alheias é muito
comum sentirmos uma pitadinha de satisfação maldosa
ou maliciosa: é como se aquelas pessoas reconhecessem
que lhes somos superiores, o que, na verdade, pode ser
exatamente o contrário.
Chico Xavier ouvia reclamações, lamentações,
ofensas, pedidos inviáveis, falas prolixas e todo tipo de
inconveniências com o mesmo espírito de respeito à
dignidade alheia e consideração pelas necessidades que
caracterizam cada um: não se tratava de “humildade de
vitrine”, mas ele aproveitava aquelas oportunidades para
beneficiar os consulentes, muitas vezes, com passes
espirituais, mentalizações benéficas, desobsessão e outras
formas de ajudá-los.
Assim também devemos proceder, dentro das nossas
possibilidades.

1.3.1 - “EU A NINGUÉM JULGO”


Quando Jesus aconselhou: “Não julgueis”, estava
querendo ensinar a humanidade a não interferir na
individualidade alheia, uma vez que, quando analisamos
negativamente qualquer item da personalidade dos
outros, enviamos na sua direção raios mentais que os
atingem, caso estejam vibrando em faixa negativa, ou, no
mínimo, se estão sintonizados em faixa superior, correm
o risco de turbulências, por menores que sejam.
174

Devemos nos lembrar também de que, em qualquer


dos dois casos, os primeiros a ser atingidos, com essas
emissões negativas, somos nós mesmos, porque as ondas
eletromagnéticas deletérias atingem o nosso próprio
cérebro e o sistema nervoso, e, daí, os demais órgãos do
nosso corpo físico.
Ao afirmar: “Eu a ninguém julgo”, Jesus estava
informando que, de forma alguma, interfere na liberdade
dos Seus irmãos e irmãs, todos filhos do mesmo Pai.
Assim também procedem os Espíritos Superiores, não
acontecendo o mesmo com os medianos e os primitivos,
os quais, a todo momento, através do pensamento, do
sentimento e das ações, procuram exercer alguma forma
de dominação sobre os demais seres.
Devemos nos descondicionar dos reflexos
automatizados, que, na verdade, nos mantêm atrelados
aos impulsos primitivistas de julgar tudo e todos a todo
momento, prejudicando-os e também danificando nosso
próprio organismo, além de ocasionar em nós e nos
desavisados em geral desequilíbrios psicológicos ou
psíquicos mais ou menos graves. Esse exercício deve ser
diário, a partir da conscientização de que tratamos neste
estudo.
Representa medida de profilaxia sanitária,
independente de qualquer credo religioso ou crença
filosófica, porque é matéria pertinente à própria Ciência,
considerada no seu sentido mais elevado.
Façamos dessa forma, e, com o tempo, teremos mais
saúde e felicidade, além de proporcioná-las aos nossos
semelhantes.
É evidente que não conseguiremos mudar nossa
realidade como num passe de mágica, mas só o desejo
sincero já provoca o início da transformação do
quimismo cerebral, o que, a longo prazo, faz de
caluniadores, rigoristas, difamadores, maldosos e
maliciosos verdadeiros abençoadores da vida alheia.
175

1.3.2 - “VAI E NÃO PEQUES MAIS”


Ao invés de tecermos comentários sobre este tema, de
capital importância para a auto reforma moral, iremos
apenas transcrever a Introdução de um outro livro, ditado
por um membro da nossa equipe espiritual:

INTRODUÇÃO
A expressão: “Vai e não peques mais” costuma ser
interpretada como uma “determinação” do Sublime
Governador da Terra aos seres humanos, os quais,
todavia, na verdade, são Espíritos imperfeitos. Fica
parecendo para os ortodoxos que os habitantes deste
planeta, a partir dessa fala, “nunca” mais poderiam
cometer nenhum equívoco moral. Todavia, pelo fato
mesmo de serem imperfeitos, cometem erros, tanto quanto
acertam durante sua trajetória evolutiva a partir do
momento em que adquiriram a razão.
Somente Jesus, dentre todos os Espíritos ligados à
Terra, nunca errou. Como Espírito que seguiu esse rumo
diferenciado, não por algum privilégio divino, mas por ter
optado, desde o começo da Sua fase humana, livremente,
pelo Bem incondicionalmente, detém determinados
conhecimentos que não temos e talvez nunca venhamos a
ter, bem explicado que não pela Vontade de Deus, que
nunca seria parcial, mas pelos próprios méritos do Filho
obediente, que nunca se enquadraria na parábola do
filho pródigo, mas também não foi o irmão egoísta, que
ficou em companhia do Pai somente por comodismo, mas
sim se encaixaria Sua situação em outra parábola, que
não foi ensinada a nós talvez por humildade do Seu
protagonista, que sempre esteve ao lado do Pai ajudando
Seus demais irmãos e, gradativamente, tornando-se Seu
Mestre, como Ele o é.
Nós, os restantes dos homens e mulheres terrenos,
não fazemos a mínima ideia do que é “nunca ter
176

errado”, pois que, na nossa trajetória, temos errado


incontáveis vezes, sendo que, no máximo, não por
fatalidade, que não existe, mas por rebeldia nossa,
gradativamente, no curso dos séculos e milênios, vamos
diminuindo a quantidade e gravidade dos erros até nos
libertarmos das amarras terrestres, ou seja, de um mundo
onde os defeitos morais ainda se sobrepõem às virtudes,
até passarmos, um dia, a merecer habitar mundos onde
predominam o Bem.
Teremos, para efeito deste estudo, de mencionar
algumas situações reais, que mostram que até Espíritos
Superiores estão sujeitos a errar, e erram realmente, mas
neles prevalecem as virtudes, que superam, de muito, os
equívocos que venham a praticar.
Citemos como exemplo o Espírito Paulo de Tarso,
que, antes do Encontro com Jesus na estrada de
Damasco, cometeu atrocidades em nome da preservação
da Lei Mosaica. Continuando a tê-lo como referência,
podemos relatar que ele mesmo, apesar de todo o
progresso realizado como o “apóstolo dos gentios” e nos
séculos posteriores, apareceu, novamente, no cenário
terrestre, como encarnado, no final do século XIX, na
figura do sadu Sundar Singh, quando, apegado à fé
hinduísta, tomou-se de ira contra Jesus e, em
determinado dia, praticamente repetiu sua
incompreensão daquela época anterior e dirigiu-se em
pensamento a Jesus dizendo-Lhe que somente acreditaria
n’Ele se Ele se mostrasse de forma explícita, completando
a ousadia ao dizer-Lhe, ainda pelo fio invisível, mas
poderoso do pensamento, que, caso não atendesse ao seu
pedido-exigência, praticaria o suicídio, portanto, pela
segunda vez, “desafiando” Aquele que, na verdade, em
estado de lucidez como Espírito eterno, sem as amarras
do corpo físico, tinha como seu Mestre Muito Amado.
Mais uma vez repetimos que, mesmo com todo o
progresso realizado em várias encarnações e com sua
177

dedicação autêntica e total a Jesus, ao encarnar


novamente, passou a sofrer da mesma “miopia” espiritual
em relação ao Divino Mestre.
Essa a situação real vivenciada por um Espírito
reconhecidamente Superior: imagine-se, agora, não mais
a “miopia”, mas sim a “cegueira” quase total que oculta
a Verdade quanto aos Espíritos medianos, os quais
formam a maior parte da humanidade da Terra! Ao
encarnarem, sua capacidade de compreensão da Verdade,
ou, em outras palavras, seus compromissos morais,
assumidos quando ainda no mundo espiritual, ficam
sepultados sob uma montanha de atavismos arquivados
do passado muito mais próximo da animalidade do que
daquilo que ainda está pouco sedimentado no seu íntimo,
que são as virtudes e os bons propósitos.
Tentemos responder à seguinte indagação: - Quando
Jesus disse: “Vai e não peques mais” estava derrogando a
progressividade evolutiva, pretendendo que a
humanidade atinja a perfeição em um átimo de tempo, ou
seja, a partir da prática do equívoco ou o Divino Mestre
simplesmente estava nos induzindo à honestidade
conosco próprios a fim de cada um tentar, o máximo que
consiga, ouvir e seguir a “voz da consciência”, que é
Deus dentro de nós? São duas conclusões totalmente
diferentes: na primeira, proibidos de errar, os seres
humanos teriam de transformar-se, de seres imperfeitos
em Espíritos Puros, ou, no mínimo, em Espíritos
Superiores, enquanto que, na segunda, devem ficar
atentos para realizarem o melhor que consigam, mesmo
sabendo que “a Natureza não dá saltos”.
O presente estudo pretende ser uma reflexão sobre
esse assunto, que atormenta a muitos que querem ser
bons e se esforçam nesse sentido, muitos deles se sentindo
culpados quando erram, quando, na verdade, cada erro
deve ser objeto de análise serena sob as luzes das noções
da evolução e do alo e auto perdão.
178

Não estaremos incentivando a irresponsabilidade,


mas sim procurando tranquilizar nossos irmãos e irmãs
sobre a necessidade de cada um fazer o melhor que
consegue em termos morais, todavia, sem os sofrimentos
enraizados pelo complexo de culpa que trouxemos das
vidas que experienciamos na Idade Média europeia,
quando qualquer atitude que contrariasse os padrões
obscurantistas da Igreja Católica e, pouco adiante no
tempo, do Protestantismo, era considerado “pecado”.
Essas correntes religiosas, se contribuíram, por um lado,
para a contenção de muitos abusos da humanidade de
então, por outra parte, provocaram a sedimentação de
muitas fobias nas pessoas que vivenciaram aqueles
períodos, inclusive no que diz respeito à sexualidade, que,
até hoje, é tabu na mente de milhões de pessoas, que
sofrem com o desconhecimento da sua verdadeira
essência.
Joanna de Ângelis, que viveu naquela época com
extremos de auto rigor, agora, com uma visão muito mais
ampla da Verdade, tem pregado o Auto Amor,
indiretamente combatendo aquilo em que acreditava
anteriormente, ou seja, que os seres humanos deveriam
tornar-se “santos” e “santas” de uma hora para outra, a
peso de auto castigos e castrações morais.
Iniciemos, então, nossas reflexões, pedindo a bênção
de Deus, nosso Criador, e de Jesus, nosso Divino Mestre,
para que sejamos realmente úteis aos nossos irmãos e
irmãs em humanidade com estas análises, todas baseadas
na Ética do Cristo.

2 – PRECE
Em qualquer manifestação de religiosidade existe
sempre algum meio dos adeptos se dirigirem aos Seres
por eles considerados Superiores: daí a existência das
preces.
179

No caso do Cristianismo, há uma oração tida como a


mais expressiva, que é “Pai Nosso”, ditada pelo próprio
Divino Mestre, e que consideramos, com razão, a mais
perfeita de todas, pois resume tudo que se possa dizer ao
Pai Celestial.
Há uma outra de grande valor, que é a “Ave Maria”,
como se sabe, dirigida à Mãe Santíssima, Espírito cuja
evolução sequer temos condições de avaliar, mas que se
preocupa com todos os habitantes da Terra na qualidade
de sua verdadeira Mãe Espiritual, a quem dedica
atenções maternais, principalmente aos suicidas.
Uma terceira, de imenso potencial espiritual, é a que
ficou conhecida como “Prece de Francisco de Assis”.
Podemos acrescentar a esse rol uma quarta, que é a
“Prece de Cáritas”, muito conhecida dos espíritas em
geral.
Quando Tiago aconselhou a oração, sugeriu que,
através dela, uns pedissem em favor dos outros. Cabem
aqui as seguintes indagações: 1) os pedidos devem ser
dirigidos a quem? 2) a expressão “outros” englobaria
apenas os irmãos e irmãs da mesma corrente religiosa? 3)
quais os tipos de pedidos devem ser feitos?
Estudaremos este tema da forma mais acessível que
conseguirmos.

2.1 – DEVER DIÁRIO


O hábito de orar diariamente não é comum entre os
ocidentais, pois encontram-se muito ligados aos interesses
materiais e, na verdade, sua fé em Deus não é tão sólida
quanto dizem ser: preferem confiar em si mesmos e nos
recursos materiais com os quais possam contar ao invés
de esperarem alguma coisa de Deus, que não veem.
O materialismo é muito forte no Ocidente, apesar da
imensa quantidade de correntes religiosas e filosóficas,
cujo número cresce a cada dia.
180

Orar, no sentido mais elevado da palavra, é


entregar-se a Deus, sem nada pretender que não seja
estar em contato com nosso Pai, que nos Ama
Infinitamente.
O que se aconselha é iniciarmos cada dia com uma
breve oração, de agradecimento ao Pai pela Vida, pelas
bênçãos que recebemos e o pedido de que nosso dia
transcorra pleno de realizações no Bem; e, antes de
dormir, agradecer pelo dia vivido e pedir um sono
reparador, a fim de que, no dia seguinte, continuemos
nossas tarefas no Bem.
Devemos criar esse hábito, o qual muito beneficiará
a cada um em todos os sentidos. Todavia, deve haver o
propósito verdadeiro de servir no Bem e não apenas
relacionarmos petitórios em favor de nós próprios, dos
nossos amigos e parentes.
Tiago nos aconselha a orar uns pelos outros, ou
seja, em favor de todo mundo, sem distinção. A oração
dos egoístas contempla apenas seus afetos, mas se
assemelha à do falso religioso, a que Jesus se referiu.
Conscientizemo-nos quanto ao dever de orar em
favor de todos, a fim de evoluirmos no Amor Universal.

2.2 – PEDIDOS EM FAVOR DOS OUTROS


Se formos analisar literalmente o “Pai Nosso”, a
“Ave Maria” e a “Prece de Francisco de Assis”, veremos
que nelas não há nenhum pedido explícito em favor dos
outros, todavia, na “Prece de Cáritas” sim.
Comentaremos ligeiramente cada um dos seus
tópicos:
Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade,
dai a força àquele que passa pela provação,
As expiações, provações e missões exigem de cada
Espírito muita determinação em continuar adiante,
havendo momentos de insegurança e fragilidade. Chico
181

Xavier mesmo dizia que havia dias em que parecia que


iria enlouquecer. Todos, indistintamente, são submetidos
ao aprendizado, conforme seu nível evolutivo, o qual
apresenta lições de certa dificuldade. Por isso, devemos
pedir em favor dos outros a “força” necessária para
continuarem evoluindo.
dai a luz àquele que procura a verdade;
Jesus falou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida”, na qualidade de Médium de Deus, portanto,
autorizado pelo Pai Celestial. Quem procura Jesus, na
própria pessoa d’Ele ou de algum dos Seus discípulos,
merece receber a luz do conhecimento espiritual. Trata-se
de outro pedido em favor dos que são sinceros na procura
de Deus.
ponde no coração do homem a compaixão e a caridade!
A Compaixão representa o sentimento de
benevolência geral e a Caridade é mais direta no sentido
de beneficiarmos os demais seres. Esses pedidos devem
ser formulados em favor de todos, para que se
transformem de egoístas em desapegados, de orgulhosos
em humildes e de vaidosos em simples, pois, somente
assim, serão felizes, realizando no Bem.
Deus, dai ao viajor a estrela guia,
Todos são viajores da evolução, mas necessitam de
uma referência, que é o próprio Divino Mestre, quanto
aos habitantes da Terra. Por isso, devemos pedir a Deus
que faça nascer no íntimo de cada um a noção de que
Jesus é sua “estrela guia”.
ao aflito a consolação,
Jesus prometeu aliviar os aflitos, ou sejam, os que
estão inquietos, sendo que o melhor remédio para
acalmar as aflições é compreender que “não cai uma
182

folha de uma árvore sem que Deus o permita” e que a Lei


é “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a si mesmo.” Devemos pedir a Deus que console os aflitos
fazendo-os compreender que tudo tem uma finalidade
construtiva e o cumprimento dos deveres amaina as
tempestades interiores e exteriores.
ao doente o repouso.
As doenças podem ter vários significados: um em
Francisco de Assis, outro no paralítico que Jesus curou e
que retornou à vida de despautérios e assim por diante.
Em alguns a cura pode significar a queda em um abismo
mais profundo ainda, enquanto que em outro a
oportunidade de servir em uma área diferente, porque a
doença não impede ninguém de servir pelo pensamento.
O doente em favor de quem pedimos o repouso pode fazer
bom ou mau uso desse descanso, seguindo no rumo do
Bem ou despencando no Mal. Todavia, devemos pedir
sempre que, acima de tudo, seja feita a Vontade Augusta
do Pai, que Ama a cada filho e filha Infinitamente.
Pai, dai ao culpado o arrependimento,
Neste estudo, em que tratamos também da culpa, vem
a propósito este tópico da “Prece de Cáritas”: “Pai, dai ao
culpado o arrependimento.” Depois de arrepender-se deve
confessar suas culpas, da melhor forma que conseguir,
como estudamos no item 1, e, por fim, trabalhar no Bem,
para pacificar sua consciência e contribuir para a
evolução dos outros.
A respeito da profundidade do arrependimento
Montaigne dizia: “... para que haja arrependimento, a
meu ver, é preciso que nada lhe escape, que atinja as
entranhas e que magoe até onde penetra o olhar de
Deus.” Ele queria dizer que deve ser profundo e
abrangente de todas as facetas da situação que criamos
183

com nossa conduta, representada pela atuação mental ou


material. Atentemos para este detalhe, sob pena de não
conseguirmos realmente “sarar”, ou seja, evoluir.
ao espírito a verdade,
Todo Espírito precisa da Verdade, que é Deus,
através de Jesus, que é o Caminho para chegarmos ao
Pai Celestial.
à criança o guia,
Toda criança precisa de quem dela cuide e oriente,
sobretudo pela exemplificação no Bem, muito mais do
que pela mera instrução escolar e encaminhamento para
o exercício de uma profissão na idade adulta.
e ao órfão o pai!
Podemos ser pais ou mães dos filhos e filhas dos
outros, pois o parentesco físico não é o mais importante e
sim o Amor Universal, que deve repletar o nosso coração.
Devemos pedir a Deus que faça nascer no coração de
cada um o Amor Universal.
Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que
criastes.
Não devemos pedir em favor apenas dos seres
humanos, mas de todos os seres, que Deus criou, desde
aqueles que se iniciam na escalada evolutiva até os mais
evoluídos, pois a interdependência de todos os seres é
total, conforme estabeleceu o Pai, visando a prática do
Amor Universal entre todos os Seus filhos e filhas.
Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem,
Os homens e mulheres que procuram ignorar a
existência do Pai merecem piedade, pois recusam-se a
querer a aproximação de quem mais os Ama, que é Deus,
que os criou e sustenta com Seu Pensamento e que, se
184

deixasse de Pensar em qualquer das Suas criaturas, ela


simplesmente deixaria de existir a partir daquele
momento.
esperança para aqueles que sofrem.
Um coração sem esperança é o caminho mais curto
para os vícios, o suicídio e o crime. Devemos contribuir
para que as pessoas tenham esperança na solução dos
seus problemas, caso lhes seja benéfica à própria
evolução. Nem sempre a solução melhor para um ser
humano é aquela que ele imagina, pois há casos em que
os sofrimentos representam a verdadeira prevenção de
males maiores. Devemos pedir a Deus que faça cada um
compreender o que é melhor para o seu progresso como
Espírito imortal.
Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores
derramarem, por toda a parte, a paz,
Os Espíritos consoladores são os discípulos de Jesus,
que, espalhados por toda a Terra, ensinam, sobretudo
através do exemplo, a prática do Bem: eles mostram como
é viver bem, ou seja, mesmo no meio das dificuldades
mais pungentes, sempre visar o Bem. Assim, vivem em
paz e ensinam a Paz.
a esperança
Os missionários de Jesus transmitem a esperança,
porque mostram que todo ser humano pode ser feliz,
bastando proceder no Bem.
e, a fé.
Eles também induzem todos à fé em si próprios, nos
demais seres humanos e em Deus: sua vida é um
incentivo à fé no Bem.
185

Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar


a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa Bondade
fecunda e infinita,
Bebendo nas “fontes dessa Bondade fecunda e
infinita”, todos igualmente aprenderão a ser generosos.
Note-se que Jesus recusou o qualificativo de Bom,
dizendo que apenas Deus o é: aqui encontramos uma
referência à Bondade “fecunda”, ou seja, produtiva, e
“infinita”, ou seja, inesgotável em benefícios.
e todas as lágrimas secarão,
Tornando-nos generosos, nossas lágrimas secarão,
porque cuidaremos das dores alheias, ao invés de
concentrarmos nossa atenção nos problemas muitas vezes
insignificantes ou, até, imaginários, que nos apoquentam
quando somos egoístas.
todas as dores se acalmarão.
Confiantes em Deus, as dores ganharão uma
justificativa e passaremos a aceitá-las como degraus para
o nosso progresso intelectual e moral.
E um só coração, um só pensamento, subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de Amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com
os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!,
oh Perfeição!,
e queremos, de alguma sorte, merecer a Vossa Divina
Misericórdia.
São palavras de louvor a Deus e fé na Sua Bondade.
Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, a fim de
subirmos até Vós;
186

Neste tópico o pedido é em nosso favor, ou seja, “a


força para ajudar o progresso”, “a fim de subirmos até
Deus”. Esse pedido deve ser estendido aos nossos irmãos
e irmãs em humanidade, a fim de que ajudem o progresso
geral.
dai-nos a caridade pura,
Outro pedido em nosso favor é o ajudar-nos a
adquirir a “Caridade pura”, ou seja, sem “a mão direita
saber o que faz a esquerda”. Devemos pedir a Deus que
também instile nos corações a “Caridade pura”.
dai-nos a fé e a razão;
A fé e a razão aparentemente se contrapõem, mas, na
verdade, Allan Kardec considerou a irmandade das duas
na seguinte afirmação: “Não há fé inabalável senão
aquela capaz de enfrentar a razão face a face em
qualquer época da humanidade”.
Devemos pedir a Deus nos dê a fé e a razão na
mesma proporção, o mesmo fazendo em favor dos outros.
dai-nos a simplicidade, que fará de nossas almas o
espelho onde se refletirá a Vossa Divina e Santa Imagem.
É interessante ressaltarmos que a simplicidade foi
colocada no ápice das virtudes, pois somente ela nos
permite refletir a Perfeição Divina. Não se trata da
ingenuidade ou do descaso com o auto aprimoramento
intelecto-moral, mas o abandono das vaidades, do desejo
de projeção, de evidência sem utilidade para o bem
comum.
A simplicidade é a virtude contrária à vaidade,
induzindo-nos a procurar realce apenas quando
necessário a “colocar a candeia sobre o candeeiro, a fim
de que dê luz a todos os que estão na casa.”
187

Assim Seja.

2.2.1 – O QUE PEDIR


Nosso atual companheiro de trabalho na Seara de
Jesus Michel de Montaigne, quando encarnado,
aconselhava a quem ora que peça simplesmente o que
mencionaremos a seguir, ao invés de formular uma série
de solicitações, quase todas voltadas para os interesses
materiais. Dizia ele: “... suplicamos ao Senhor que
mantenha nossa consciência tranquila, livre de qualquer
comércio com o mal.”
Veja-se, por aí, o que também podemos pedir em
favor dos outros, além de que desperte cada um para a
compreensão e o cumprimento das Leis Divinas, as quais
Jesus resumiu no “Amor a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo como a si mesmo.”
Atentemos para a repercussão do que venhamos a
pedir: se realmente será útil ao progresso intelecto-moral
daqueles por quem oramos ou se apenas representará
uma nova carga de responsabilidades para quem receberá
o benefício.
Quando o senador Públio Lêntulo Cornélio pediu a
Jesus, sem palavras, a cura da sua filhinha leprosa, o
Divino Mestre o alertou para o aumento da sua
responsabilidade perante Deus. Vejamos como
Emmanuel relata esse aspecto do nosso estudo: “Agora,
volta ao lar, consciente das responsabilidades do teu
destino... Se a fé instituiu na tua casa o que consideras a
alegria com o restabelecimento de tua filha, não te
esqueças de que isso representa um agravamento de
deveres para o teu coração, diante de nosso Pai, Todo-
Poderoso!...
O que pedir, inclusive em favor dos outros: eis aí
mais uma grande interrogação, ou seja, um tema para
188

reflexão, em que a consciência de cada um será chamada


a indicar o caminho!

2.2.2 – “PEDI E DAR-SE-VOS-Á”


Jesus é quem proferiu essa afirmativa. Analisemos-
lhe o significado, até onde nossa compreensão consegue
alcançar, pois todos os Ensinos de Jesus têm uma
profundidade ilimitada, que cada Espírito percebe
segundo seu nível evolutivo: assim, os Espíritos
Superiores conseguem compreender muito melhor o
alcance verdadeiro de cada um desses tópicos, ao
contrário dos Espíritos medianos e dos primitivos.
“Dar-se-vos-á” tudo o que pedirdes? – Não, mas sim
tudo que vos for necessário à evolução. Por exemplo,
quando Públio Lêntulo foi à procura de Jesus pedindo-
lhe, sem palavras, a cura da filha, foi alertado de que
estava sendo atendido, não o pedido dele, mas da sua
esposa, que era um Espírito Superior em tarefa no mundo
terreno.
Então, perguntar-se-á: - Para que, então, pedir-se? A
resposta é: deve-se pedir o que for útil à própria evolução
e não as benesses puramente terrenas ou facilidades que
redundarão em estagnação para o Espírito.
Serão atendidos todos os pedidos, não da forma que,
como crianças espirituais, pretendemos, mas sim
conforme os “adultos”, ou sejam, os Espíritos Superiores,
em nome de Deus, entenderem que melhor servirão ao
progresso de cada um dos seus pupilos espirituais.
Assim Jesus atendeu aos pedidos de cada um de uma
forma diferente, mas nunca deixou de atender ao pedido
de quem quer que fosse. A Nicodemos prestou
esclarecimentos até onde ele podia compreender, a uns
deu a cura do corpo, a Lázaro levantou da morte
aparente, aos famintos deu de comer pães e peixes no
conhecido episódio da “multiplicação dos pães”, aos que
o condenaram deu o exemplo da humildade e da
189

submissão a Deus e assim por diante. Cada um daqueles


Espíritos, a maioria silenciosamente, pediu-Lhe alguma
coisa, um ensinamento, um rumo novo para sua vida, a
Verdade, a exemplificação, irradiando interrogações do
fundo da sua alma e Ele deu a cada um o melhor que
cada um podia receber.
Oremos a Deus pedindo que todos também peçam
uns pelos outros, para aprenderem o Amor Universal.

2.2.3 – “BATEI E A PORTA SE ABRIRÁ”


A “porta” é o conhecimento das Leis Divinas,
escritas na consciência de cada um. Para quem “bate”
conscientemente, com o sincero desejo de evoluir, a porta
e ele entra por ela. Mas quem “bate” à porta de má
vontade, como o fez Públio Lêntulo, esse fica do lado de
fora.
A verdade é que Deus não desampara a ninguém,
pois todos são Seus filhos ou filhas, todavia Ele os educa
conforme o tipo de receptividade que cada um demonstra:
os humildes ingerem o Alimento Divino alegremente e os
orgulhosos ingerem-no a contra gosto, mas, mesmo
assim, ele é metabolizado pelo seu psiquismo, como
aconteceu a Públio Lêntulo e, uma vez assim acontecido,
o Espírito não conseguirá esquecer a faceta da Verdade
que lhe foi mostrada.
Repitamos: são duas situações diferentes: para uns a
porta de abre de par em par e eles entram por ela; para
outros ela se abre, mas ficam de fora, remoendo suas
mágoas, seu orgulho e sua má vontade, até que o
sofrimento lhes inspire o desejo de entrar pela porta.
A Lição foi dada em linguagem figurada, mas
podemos entender, através dela, que nunca a porta fica
fechada quando um Espírito está em condições de dar um
passo adiante na sua evolução: ele pode aproveitar ou
não a oportunidade de imediato ou procrastinar sua
marcha. Todavia, cedo ou tarde, “passará” pela porta.
190

Oremos pedindo ao Pai Celestial que inspire em cada


um o desejo sincero de “bater” à porta da própria
consciência.

2.2.4 – “BUSCAI E ACHAREIS”


“Buscar” o que?: pode-se perguntar. “Achar” o que:
também se pode indagar.
Cada Espírito traz dentro de si a semente da evolução
e, assim, como a semente comum, no seio da terra, é
atraída para a superfície, o Espírito é atraído para a
evolução intelecto-moral.
Consciente ou inconscientemente, todos vão
caminhando para a evolução: apenas se diferenciam pelo
fato de uns se submeterem às Leis Divinas de boamente
enquanto que outros resistem ao Tropismo que os
encaminha para Deus.
“Buscar” todos buscam, mas é importante que essa
“busca” seja a mais proposital possível, através da
autoanálise, aconselhada por Santo Agostinho, realizada
pelo menos um vez por dia.
A única “busca” que realmente compensa é a
imersão no nosso próprio mundo interior, à procura de
Deus.
Devemos pedir a Deus, em nossas preces, que
proporcione a cada um o desejo sincero de realizar essa
“busca” e cada um “achará” conforme a sinceridade dos
seus propósitos.

3 – SARAR
Enquanto um Espírito não se conscientiza das suas
faltas, permanece “doente” nos aspectos a elas
relacionados. Sejamos mais claros: Jésus Gonçalves, cujo
retrato está acima, quando em estágio avançado da
hanseníase, foi cada vez mais se conscientizando dos seus
defeitos morais e aceitou a doença com o máximo de
serenidade possível, pois viu nela a “drenagem” da
191

acumulação psíquica negativa de muitos séculos de


consagração da violência e do egoísmo.
Sarar vem depois da confissão, esta última que
funciona como catarse, bem como faz o Espírito crescer
em humildade, ao mesmo tempo em que exemplifica que
o Mal não compensa e mais outras consequências
benéficas.
A “cura” não se processa de imediato, pois a
evolução é infinita: depois de criado, o Espírito evolui
para sempre. Maria de Magdala teve de vivenciar muitas
outras encarnações para se transformar em Madre
Tereza de Calcutá e Zaqueu em Bezerra de Menezes.
Entendamos isso, sob pena de repetirmos os pontos de
vista equivocados da Idade Média, em que a ideia da
“cura” miraculosa e instantânea dos defeitos morais fez
muita gente adquirir complexos de culpa que até hoje
reverberam no seu psiquismo, causando sofrimentos
morais mais ou menos dolorosos.
A expressão “sarar” deve ser interpretada como
evoluir.
De tempos em tempos cada Espírito é chamado, pela
própria consciência, a refletir sobre sua própria vida: a
desencarnação obriga os Espíritos a colocarem em um
prato da balança da consciência seus progressos
intelecto-morais e no outro suas carências intelecto-
morais. Depois dessa pesagem, orientados pelos seus
Mentores Espirituais, programa-se uma nova
encarnação, a fim de que, passando por determinadas
experiências vivenciais, meticulosamente planejadas,
evoluam mais depressa.
Ninguém “sara” em pouco tempo, mas sim à medida
que vai encarnando e progredindo, até o nível em que sua
consciência passará a não lhe cobrar mais nada: então
estará “curado”, no sentido das palavras de Tiago.
Se, de um lado, devemos encarar com
responsabilidade esse fato, por outro, devemos acalmar
192

nossa ansiedade, pois o progresso transcorre lentamente,


segundo o calendário terreno, mas no tempo certo, no
curso incessante dos milênios.
Para se ter uma ideia de tempo e evolução, pensemos
no seguinte: Chico Xavier, certa feita, afirmou que a
diferença de idade espiritual existente entre a média dos
seus amigos presentes à conversa que se realizava e a da
humanidade em geral girava por volta de dez mil anos.
Acreditamos que ele não tenha se incluído naquele
número, pois, em caso contrário, a diferença seria maior
ainda...
Da encarnação de Jesus até agora passaram-se dois
milênios e ainda não conseguimos pensar, sentir e agir
conforme Seus Ensinamentos nem como individualidades
nem como coletividade: mesmo com dois milênios de
Evangelho, realizamos pouco no Bem, se compararmos
com a quantidade enorme de tempo que gastamos em
inutilidades e egoísmo, quando não na prática declarada
ou disfarçada do Mal!
Todavia, é preciso começarmos a investir na nossa
“cura”, para deixarmos de sofrer os golpes de retorno da
Lei de Causa e Efeito.
Se não nos arrependemos, não confessamos nossas
culpas e não investimos na reparação, carreamos para a
nossa vida os sofrimentos físicos e morais que nos farão,
mais cedo ou mais tarde, ingressar nas hostes do Bem.
Se já estamos investindo no Bem de forma
permanente, diária, persistente, continuemos indo
adiante, porque a “cura” estará se processando, mudando
nosso destino para melhor, pois o destino se constrói a
cada minuto.
A hora de começar é agora: não deixemos para o dia
seguinte, pois amanhã as condições poderão não estar
favoráveis!

3.1 – A EVOLUÇÃO
193

Precisamos entender claramente o que é a evolução.


Emmanuel afirma, numa bela figura de linguagem,
que o Espírito tem duas asas: a inteligência e a
moralidade, sendo que a primeira significa o nível de
conhecimento teórico e prático que decorre da vivência de
cada minuto, enquanto que a segunda é consequência da
opção de pensar, sentir e agir conforme as Leis de Deus.
Com a simples vivência, mesmo que ociosa ou
maldosa, o Espírito evolui intelectualmente, mas só
evoluirá moralmente quando se decidir a pensar, sentir e
agir no Bem.
Ninguém, na verdade, estaciona, porque, mesmo a
prática do Mal, ao gerar o sofrimento, faz o Espírito
concluir que deve optar pelo Bem.
Deus impulsiona todos os seus filhos para o
progresso.
Cada um deve analisar-se e verificar se está
realmente investindo no próprio progresso intelecto-
moral, pois chegará fatalmente a hora da desencarnação
e será grande o sofrimento dos que não cumpriram seu
programa de realizações: não queiram conhecer “ao vivo
e a cores” esse julgamento da consciência!
Antecipem-se, invistam em si próprios, ao invés de
deixarem o tempo se escoar vazio de boas realizações
dentro e fora de si próprios!

3.1.1 – O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL


O desenvolvimento intelectual normalmente antecede
o moral, pois, rebeldes como são os seres humanos da
Terra - com exceção de Jesus, que desenvolveu uma
trajetória retilínea - primeiro erramos para depois
aprendermos que o Mal não compensa e, então,
começamos a pensar, sentir e agir no Bem.
Assim é que o nível intelectual dos habitantes da
Terra é relativamente avançado, mas a evolução
espiritual deixa muito a desejar, fazendo com que a vida
194

de quase todos decorra de uma forma insatisfatória, por


força dos defeitos morais, que, a cada momento, se
revelam, provocando incidentes negativos e sofrimentos
para nós e para os outros.
Somente ser inteligente não faz alguém ser feliz.
A felicidade decorre do cumprimento das Leis de
Deus, que Jesus resumiu no “Amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Aprendamos essas lições, pois, somente assim,
sairemos da roda das reencarnações provacionais e
passaremos a reencarnar em cumprimento de missões
meritórias no Bem!

3.1.2 – O DESENVOLVIMENTO MORAL


De “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec,
extraímos os seguintes excertos:
Na questão 629 dá-se o conceito de Moral:
"A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir
o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O
homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos,
porque então cumpre a lei de Deus."
Na questão 630 faz-se a distinção entre o Bem e o Mal:
"O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal,
tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder
de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la."
Na questão 631 responde-se se o homem tem
capacidade para distinguir o Bem e o Mal:
"Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu
inteligência para distinguir um do outro."
Na questão 632 dá-se a regra segura para não se
equivocar na apreciação entre o Bem e o Mal:
"Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não
vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis."
Na questão 633 explica-se como proceder na
distinção entre o Bem e o Mal quando se trata de conduta
que envolva apenas a própria pessoa:
195

"Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz


mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de
que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois
punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o
homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa
esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre
à voz que lhe diz - basta, evitaria a maior parte dos males,
cuja culpa lança à Natureza."
Na questão 634 fala-se sobre porque Deus permite a
existência do Mal e porque não criou perfeitos os seres:
"Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e
ignorantes. Deus deixa que o homem escolha o caminho.
Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa
será sua peregrinação. Se não existissem montanhas, não
compreenderia o homem que se pode subir e descer; se
não existissem rochas, não compreenderia que há corpos
duros. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é
preciso, portanto, que conheça o bem e o mal. Eis por que
se une ao corpo."
Na questão 636 diz-se se o Bem e o Mal são
absolutos:
"A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal
depende principalmente da vontade que se tenha de o
praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal,
qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há
quanto ao grau da responsabilidade."
Na questão 639 trata-se da culpabilidade das
pessoas que agem premidas por determinadas
circunstâncias:
"O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas
condições, aquele que é levado a praticar o mal pela
posição em que seus semelhantes o colocam tem menos
culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram.
Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja
feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar."
196

A questão 641 trata da culpabilidade de pensar-se


em fazer o Mal:
"[...] Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal
que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade
de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por
falta de ocasião, é culpado quem o deseja."
A questão 642 esclarece se há valor em
simplesmente não se praticar o Mal sem praticar também
o Bem:
"Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças,
porquanto responderá por todo mal que haja resultado de
não haver praticado o bem."
A questão 646 explica que uma mesma atitude é
considerada mais ou menos meritória de acordo com o
grau de dificuldade em agirmos bem:
"O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo.
Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e
quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre
que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o
rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a
propósito do óbolo da viúva."
A questão 647 diz da necessidade do esclarecimento
maior da máxima do Amor ao próximo ensinada por
Jesus:
"Certamente esse preceito encerra todos os deveres dos
homens uns para com os outros. Cumpre, porém, se lhes
mostre a aplicação que comporta, do contrário deixarão
de cumpri-lo, como o fazem presentemente. Demais, a lei
natural abrange todas as circunstâncias da vida e esse
preceito compreende só uma parte da lei. Aos homens são
necessárias regras precisas; os preceitos gerais e muito
vagos deixam grande número de portas abertas à
interpretação."

3.1.3 – A INTERDEPENDÊNCIA DOS SERES


197

Montaigne, nosso companheiro de trabalho, ditou,


pelo médium que ora nos serve, um livro com esse título,
que pode ser baixado da internet e lido do seguinte
endereço: luizguilhermemarques.com.br e também da
Biblioteca Virtual Espírita.
Ali, o querido companheiro expõe suas reflexões
sobre o quanto os seres todos criados por Deus estão
ligados pelo fio invisível das emanações psíquicas,
interagindo constantemente, o que deve fazer com que
cada um procure dar o melhor de si aos outros a fim de
ser evoluir e viver feliz.
Mencionemos aqui apenas a frase da quarta capa do
livro:
“A troca incessante de emanações psíquicas, na vivência
diária, é que sustenta os seres, proporcionando felicidade
aos que doam aos outros o melhor de si.”

4 – OS JUSTOS
A expressão “justo” tem sido atribuída a pessoas que
simplesmente analisam situações e as demais pessoas
como se estivessem resolvendo friamente um problema de
Matemática. Não terá sido esse o sentido que Tiago quis
dar à palavra quando fez a afirmação de que: “A oração
feita por um justo pode muito em seus efeitos.”
Quando Jesus apresentou os traços identificadores
dos Seus discípulos disse: “Reconhecereis Meus
discípulos pelo muito Amor que manifestarem.” Portanto,
podemos concluir que as preces feitas por quem muito
Ama pode muito nos seus efeitos.
Não pretendemos mergulhar na pesquisa dos textos
antigos para procurar interpretar literalmente a
expressão que ora é estudada: seria uma forma de
polemizar, ao invés de evangelizar.
Infelizmente, sempre houve quem estudasse a Boa
Nova como se estivesse tratando de mais um ramo do
Conhecimento terreno, como a Matemática, a História, a
198

Geologia etc., sendo que Jesus mesmo aconselhou que


interpretássemos Suas Lições com “olhos de ver e ouvidos
de ouvir”, ou seja, focalizando a finalidade
evangelizadora, quer dizer, espiritualizante.
Se o apóstolo utilizou a expressão “justo” ou outra
qualquer, não faz diferença, porque o que potencializa
uma prece é o nível espiritual de quem a profere: se se
trata de um Espírito Superior, portanto, pleno de Amor
Universal, ele somente pedirá o que é consentâneo com as
Leis Divinas, naturalmente.
Todavia, todos, sejam mais evoluídos ou não, sempre
são ouvidos em suas rogativas ao Pai Celestial.
O apóstolo Tiago deve ter pretendido incentivar-nos a
sermos “justos” no sentido evangélico da palavra e,
assim, acreditamos que a frase “A oração feita por um
justo pode muito em seus efeitos.”, se não tivesse sido
enunciada, em nada prejudicaria o início da sua
orientação: “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e
orai uns pelos outros, para que sareis.”

4.1 – “RECONHECEREIS MEUS DISCÍPULOS PELO


MUITO AMOR QUE MANIFESTAREM”
Para analisarmos as afirmações de Jesus devemos
considerar, em primeiro lugar, que as palavras são
insuficientes para representar Suas Ideias, uma vez que
se trata de uma linguagem primária, tanto que, entre os
Espíritos Superiores, a linguagem utilizada é a do
pensamento, e, em segundo lugar, não temos condições
intelecto-morais de compreender as Leis Divinas em toda
a sua profundidade, sendo que, por isso, Jesus resumiu-
as no “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo”, sendo essa a maneira mais acessível
que encontrou de nos ensinar, digamos, a escrever a letra
“a”, no processo da nossa alfabetização espiritual.
199

A diferença de idade espiritual entre nós e Jesus é


inimaginável, podendo-se entender que sequer existíamos
como seres enquanto Jesus já era um Espírito Puro.
As questões de idade, tempo, espaço e outras
assemelhadas estão muito acima da nossa capacidade de
compreensão, principalmente quando estamos
encarnados, portanto, limitados pelos cinco sentidos.
A expressão que ora estudamos está ao alcance do
entendimento de todas as pessoas e, por enquanto, basta
entendermos que devemos Amar todos os seres da
Natureza, porque, assim procedendo, no decurso dos
milênios, iremos compreendendo outras ideias mais
complexas.
“A cada dia basta o seu cuidado” pode ser
interpretado também como: cumpram seu programa de
trabalho no nível evolutivo em que estão e deixem as
questões que não lhes competem para os mais evoluídos
resolverem.
“A Natureza não dá saltos” é outra grande lição, no
sentido de fazermos o que nos compete e não estar a
esmiuçar o que nossos neurônios não comportam.
Os discípulos (alunos) de Jesus, na verdade, são
todos os seres colocados por Deus sob Sua
responsabilidade, como Divino Governador da Terra, e
não apenas os seres humanos e, muito menos, somente
aqueles que muito Amam: trata-se de uma linguagem
figurada, todavia útil para nos induzir a Amar a todas as
criaturas de Deus, que são nossos irmãos, como bem
afirmava Francisco de Assis.

5 – PODER ESPIRITUAL
Somente Deus tem Poder, pois Ele cria, através do
simples ato de Pensar, e mantém cada ser como tal pelo
fato de continuar Pensando em cada um como um ser
individualizado.
200

Suas criaturas, inclusive os Espíritos Puros, apenas


trabalham os elementos existentes no Universo, em
obediência direta às Leis Divinas, mas não têm poder, no
sentido de decidirem arbitrariamente, sem obedecerem às
Leis Divinas.
Por isso Jesus, nos orientando, afirmou: “Eu, de
Mim, nada posso.”
Se Jesus assim disse quanto a Si mesmo, que poder
teremos: nós que sequer sabemos ao certo quem somos,
uma vez que desconhecemos nossas aquisições intelecto-
morais, arquivadas no fundo da nossa memória
espiritual?
Devemos reconhecer, humildemente, nosso
primarismo intelecto-moral, uma vez que até Espíritos da
envergadura de um Chico Xavier se julgam,
acertadamente, verdadeiras insignificâncias perto da
grandeza de outros Espíritos que lhes são superiores: essa
humildade já representa um início de expressiva evolução
espiritual.
Chico Xavier afirmou, certa vez, que Emmanuel se
apresenta de joelhos diante de Ismael: eis uma
constatação de como há diferença gritante de graus
evolutivos, que começam no infinito para Baixo e
terminam no infinito para Cima, ou seja, não há como se
identificar o começo e o final da escala evolutiva, pelo
menos para Espíritos medianos.
Os Espíritos Superiores nunca se arrogam poder
algum, mas, ao contrário, dizem sempre que são meros
servidores humildes de Jesus ou de Deus.
A arrogância representa um sinal evidente de
inferioridade intelecto-moral, decorrente da ignorância
da própria pequenez.

5.1 – “EU, DE MIM, NADA POSSO”


Jesus também disse: “Pois desci do céu não para
fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
201

enviou.” Essa expressão complementa a primeira: o que


seria a “vontade” de um Espírito Puro? O que seria a
Vontade de Deus?
Por mais que se proponha a fazer o Bem à
humanidade da Terra, Jesus nunca conseguiria cumprir
Sua Tarefa, na qualidade de seu Divino Governador, se
não consultasse sempre a Vontade do Pai Celestial para
poder nunca se equivocar.
Trata-se de encaminhar a evolução de “nonilhões”
(usemos essa expressão, por falta de outra melhor) de
seres sob Sua responsabilidade, desde os mais
rudimentares até os seres humanos.
Jesus não é responsável pela evolução apenas dos
seres humanos que habitam este planeta, mas de todos os
demais, inclusive os mais primitivos: é importante que
entendamos isso. Ele encaminha cada um desses seres
de uma forma compatível com sua capacidade de
assimilação.
Sua Felicidade consiste em cumprir a Vontade do
Pai.
Devemos nos esforçar por fazer o mesmo, dentro das
nossas limitações de Espíritos que agora é que estão
dando os primeiros passos na própria evangelização.

5.2 – “NÃO CAI UMA FOLHA DE UMA ÁRVORE SEM


QUE DEUS O PERMITA”
Em “A Grande Síntese” Jesus afirma:
“A Lei é Deus. Ele é a grande alma que está no centro do
universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e
de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é
tudo: o princípio e suas manifestações. Eis como Ele pode
— coisa inconcebível para vós — ser realmente
onipresente.”
Sem o estudo dessa obra não há como alguém poder
dizer que conheça, pelo menos razoavelmente, as Leis
Divinas, que Jesus, há dois milênios, resumiu no “Amor
202

a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si


mesmo.”
Como sempre afirmamos, há, no meio espírita, muita
resistência à ideia do estudo dessa obra, apesar de saber-
se que foi ditada por Jesus, conforme garantido por
Emmanuel, através de mensagem ditada através de Chico
Xavier. Tal resistência se deve a uma pitada de
farisaísmo, pois muitos desses opositores amam
demasiadamente o poder, reminiscência inconsciente do
passado de mandos e desmandos, em que impunham sua
vontade, utilizando indebitamente o Nome de Deus e de
Jesus.
Quem pretenda conhecer mais as Leis Divinas deve
estudar as obras da Codificação Espírita e “A Grande
Síntese”, psicografada pelo médium italiano Pietro
Ubaldi.

5.3 – CAMPO DE ATUAÇÃO DE CADA ESPÍRITO


Aqui também temos de recorrer às obras da
Codificação e à referida obra psicografada por Pietro
Ubaldo. Todavia, podemos complementar com a
afirmativa de Jesus: “A cada um será dado de acordo
com suas obras”.
Quanto mais obras um Espírito tiver realizado no
Bem maior será sua área de atuação, pois tudo que fizer
será em favor dos que precisam da sua inteligência e
bondade.
Os Espíritos Superiores, como Bezerra de Menezes e
outros, têm um campo de atuação muito amplo, porque,
tal como um Jesus em miniatura, afirmam: “Pois desci
do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade
daquele que me enviou.”

6 –EXEMPLOS PARA SEGUIRMOS


“Se a palavra convence, o exemplo arrasta”: diz o
provérbio. Estudar a biografia dos homens e mulheres
203

que se destacaram pela prática do Amor Universal é um


dos mais importantes investimentos, pois ali vemos que é
possível a prática de tal virtude.
Relacionamos abaixo alguns homens e mulheres que
exemplificaram a confissão e a prece, a fim de que os
prezados leitores se mirem neles e invistam, dentro do
possível, nessas duas áreas da evolução.

6.1 – CONFISSÃO
Não basta alguém arrepender-se e efetuar a
reparação dos males que causou, sendo necessário que
entre ambas as iniciativas esteja a confissão como forma
de lavar as sujidades acumuladas no nosso interior e, ao
mesmo tempo, exemplificar para os nossos irmãos e irmãs
no sentido dos benefícios do Bem e das desvantagens do
Mal, dentre as quais, quanto ao Mal, o “peso na
consciência”.
O receio de confessar suas culpas é sinal de falta de
autoconfiança e fé em Deus, pois, na verdade, tirante a
figura pura de Jesus, nenhum ser que passou pela Terra
deixou de errar com maior ou menor gravidade: somos
todos aprendizes na Escola da Evolução, variando apenas
de grau a diferença entre os Espíritos Superiores e os
medianos e primitivos.
Normalmente, os Espíritos Superiores são muito mais
antigos que nós e aprenderam mais, acertando e errando.
Os que são menos evoluídos que nós costumam ser
Espíritos mais jovens, portanto, menos experientes.
Veremos alguns casos de Espíritos de uma
superioridade incontestável, que confessaram a todos
suas culpas.

6.1.1 – SANTO AGOSTINHO


Aquele que ousou revelar sua tendência para a
sexolatria, foi um dos primeiros a confessar publicamente
essa inclinação, que, aos poucos, foi-se diluindo, à
204

medida que ele investia na auto análise e esforço pelo


próprio aprimoramento moral.
Seu livro “Confissões” deveria ser lido por todos os
espíritas e pessoas em geral, a fim de melhor lidarem com
a questão da sexualidade, sem exageros para mais ou
para menos.

6.1.2 – YVONNE DO AMARAL PEREIRA


A missionária amorável do Bem trazia de muitas
vivências passadas a inclinação para a infidelidade
conjugal, mas esforçou-se por vencê-la, mas teve a
coragem suficiente para revelar que quase sucumbiu
novamente, quando programou o já mencionado com seu
noivo espiritual, que, no estado de encarnado, era casado
com outra mulher; todavia, antes de dar o desastroso
passo em falso, de encontra-lo pessoalmente, voltou atrás
e conseguiu terminar a encarnação sem comprometer-se
espiritualmente nesse ponto.

6.1.3 – MOHANDAS GANDHI


O grande missionário da não-violência confessou
que, mesmo sendo casado, foi a uma casa de prostituição,
mas desistiu de praticar o adultério e voltou para casa.
São exemplos de verdadeira coragem: a de
mostrarem-se como verdadeiramente são: falíveis, apesar
de bem intencionados e constantes na vivência do Bem.

6.1.4 – EMMANUEL
Emmanuel retratou-se com toda fidelidade à verdade
ao relatar fatos das suas encarnações como Públio
Lêntulo Sura e Públio Lêntulo Cornélio, na sua obra “Há
Dois Mil Anos”, psicografada por Chico Xavier.
Sua confissão drenou-lhe da consciência as
acumulações de culpa, que deveriam martirizá-lo ainda,
apesar de todo o progresso espiritual realizado.
205

6.2 – PRECE
Se a confissão é necessária para alívio da
consciência, a prece é imprescindível para adquirirmos a
força interior suficiente para todo o processo evolutivo
(curativo).
Quando Jesus aconselhou: “Vigiai e orai a fim de
não cairdes em tentação” estava introduzindo a prece e a
auto análise como requisitos para chegarmos à
reparação.
Veja-se, portanto, que, além da confissão e da prece,
ao lado do arrependimento e da reparação, há ainda a
vigilância (auto análise).
Não estudaremos, todavia, neste livro, sobre a
vigilância, pois iria engrossar mais ainda nosso opúsculo,
que pretende ser apenas uma cartilha de alfabetização
espiritual.

6.2.1 – CHICO XAVIER


A vida de Chico Xavier foi totalmente diferente da
imensa maioria dos homens e mulheres de todos os
tempos, a começar pelas três surras diárias que levava da
madrinha durante o tempo em teve sob sua guarda, sem
contar as vezes em que ela lhe enfiava um garfo no
abdômen, tendo o menino, de cinco anos de idade, de
andar dentro de casa com aquele instrumento pendurado,
num espetáculo deprimente de crueldade, sem nunca ter
reclamado da dor que sentia, o que redundou na
formação de uma hérnia, somente operada na idade
adulta, daí a algumas dezenas de anos.
Assim preparado para não falhar, em hipótese
alguma, na tarefa importantíssima que trouxe para sua
encarnação, suas orações representavam exatamente o
que Tiago ensinou: “A oração feita por um justo pode
muito em seus efeitos.”
206

O muito Amor que sentia por todos os seres da


Criação não era menor que o de Francisco de Assis,
manifestado em cada minuto da sua longa encarnação.
Estudemos a biografia de Chico Xavier como fonte
de referência e sigamos sua exemplificação de vida,
dentro das nossas possibilidades, para evoluirmos mais
depressa.
Dentre os livros escritos sobre Chico Xavier
queremos pedir a atenção dos prezados leitores para os
escritos por Nena Galves, intitulados: “Até Sempre, Chico
Xavier” e “Chico Xavier – luz em nossas vidas”.

6.2.2 – SOS PRECE


Trata-se de uma das mais importantes iniciativas de
determinados Centros Espíritas, funcionando, muitas
vezes, em regime de “vinte e quatro horas”. Quantas
pessoas foram preservadas do desespero e do suicídio ao
ouvirem uma palavra repassada de Caridade!
Deus abençoe aqueles que exercem esse serviço
voluntário de Amor Universal!

6.2.2.1 – VOLUNTÁRIOS
Bem aventurados os voluntários, que, de variadas
formas, trabalham para a implantação de uma
mentalidade de serviço ao próximo, contribuindo para a
elevação do nível espiritual da Terra!
A eles se aplica as palavras de Jesus: “Todas as vezes
em que beneficiardes a um destes pequeninos é a Mim
que o fazeis.”
Vemos uma quantidade enorme de pessoas vivendo
em estado de sofrimento, vítimas da solidão, mas que,
saindo da auto piedade desarrazoada, poderia desenvolver
tarefas filantrópicas junto a algumas das milhares ou
milhões de Entidades Caritativas espalhadas pelo mundo
afora.
207

Com razão, Joanna de Ângelis diz: “Só é solitário


quem não é solidário.”
..........................................................................
NOTA
[*] “A Grande Síntese” pode ser baixada da internet
através de vários endereços, além de poder ser adquirida,
em formato de livro de papel, junto à própria editora da
Fundação Pietro Ubaldi – FUNDAPU.

TERCEIRA PARTE: APRENDENDO A LIDAR COM O


PENSAMENTO

CAPÍTULO I – O QUE É O PENSAMENTO


Vamos transcrever uma parte do livro “A Sugestão
Mental”, que o cientista Julian Ochorowicz escreveu, quando
encarnado. Por aí se vê a complexidade da questão, mas
também como uma pessoa pode influir na vontade de outra.
Pretendemos, com isso, mostrar para os prezados
leitores, que, com o conhecimento aprofundado da técnica
adequada ou casualmente, acabamos interferindo no campo
mental alheio e, ao mesmo tempo, recebemos as induções
mentais de outras criaturas humanas de boa ou de má índole.
Por isso, devemos vigiar os próprios pensamentos, a fim
de não fazermos o mal aos outros, bem como nos isolarmos
dos maus pensamentos alheios, para não sermos prejudicados
por eles.
Viajam pelo Universo inteiro todos os nossos
pensamentos, emitidos desde que passamos a existir, o mesmo
acontecendo com todas as outras criaturas, e não só as
humanas, mas realmente todas.
Todas as emissões vibracionais que emitimos, por outro
lado, estão registradas no nosso íntimo, tanto quanto as
vibrações que assimilamos dos outros aí estão arquivadas.
Daí termos de nos livrar das impregnações negativas,
que são objeto deste estudo e tal somente se faz possível
através de ajuda espiritual e vontade firme de auto reformar-
208

se moralmente, tudo, evidentemente, sob o Olhar de Deus,


cuja Justiça de Amor e Caridade identifica o momento da
libertação de cada criatura e a cura só acontece nesse
momento.
Vejamos, então, o que diz Ochorowicz:

“CAPÍTULO III
A sugestão mental verdadeira
Dediquei minha atenção a uma dama afetada de
histeroepilepsia e cuja doença, já antiga, foi agravada por
acessos de mania de suicídio.
A Sra. M., de 27 anos, forte e bem constituída, tem a
aparência de uma saúde perfeita. Ataques convulsivos de
grande histeria datam da infância. Influências
hereditárias muito fortes. Há algum tempo, além dos
ataques clássicos em muitos períodos, acessos de loucura
com congestões dos lobos anteriores e anemia dos lobos
posteriores. Desmaios nervosos paralíticos e acessos
epileptiformes de curta duração. Um só ponto histerógeno
abaixo da clavícula esquerda. Um ponto delirógeno no
occiput direito correspondente à fossa occipital superior.
Nada de anestesia. A pressão ovariana detém o ataque
momentaneamente. Sensível ao estanho, mas também a
outros metais em graus diferentes e inconstantes.
Temperamento ativo e alegre unido a uma extrema
sensibilidade moral, interior, isto e, sem sinais exteriores.
Caráter verídico por excelência, tendência ao sacrifício.
Inteligência notável, talento, sentido de observação. Em
momentos, falta de vontade, indecisão penosa, depois
uma firmeza excepcional.
Um certo dia, ou melhor, uma certa noite, terminado seu
ataque (inclusive a fase de delírio), a doente adormeceu
tranquilamente.
Subitamente despertou e eu e seu amigo chegamos junto
dela. Ela pediu-nos que fôssemos embora, que não nos
preocupássemos.
209

Insistiu tanto que, para evitar uma crise nervosa, saímos.


Desci lentamente a escada (ela morava no terceiro andar)
e de vez em quando eu apertava a orelha, perturbado por
um mau pressentimento (ela havia se ferido várias vezes,
anteriormente).
Chegado ao fim, parei ainda uma vez, pensando se devia
partir ou não. De repente a janela se abre com estrondo e
eu percebo o corpo da doente se inclinar para fora. Corro
para o ponto em que ela poderia cair e, maquinalmente,
concentro minha vontade no objetivo de me opor à queda.
Era algo insensato.
Entretanto a doente, já inclinada, se detém e recua
lentamente.
A mesma manobra recomeça cinco ou seis vezes até que a
doente, como fatigada, fica imóvel, as costas apoiadas
contra o caixilho da janela, sempre aberta.
Ela não me podia ver, pois era noite e eu estava numa
parte mais escura. Nesse momento a Srta. X, amiga da
doente, correu e tomou-a pelos braços. Eu as ouvi se
debaterem e subi rapidamente as escadas. Encontrei a
doente numa crise de loucura. Ela não nos reconheceu.
Só consegui afastá-la da janela aplicando a pressão
ovariana, o que a fez cair de joelhos. Provoquei a
contratura dos braços e consegui adormecê-la.
Uma vez em sonambulismo, sua primeira palavra foi: –
Obrigada e perdão.
Então contou que ela queria atirar-se da janela, mas que
cada vez que tentava, sentia-se “erguida” por uma forca
que vinha “de baixo”.
– Por alguns momentos, disse ela, pareceu-me que você
estava a meu lado e que não queria que eu saltasse.
Essa experiência não era suficiente para provar uma
ação à distância. Mas me sugeriu a ideia de um novo
estudo da questão.
Eu tinha o hábito de adormecer a doente cada dois dias e
deixá-la num sono profundo enquanto tomava notas. Eu
210

podia ter certeza de que ela não se moveria, nessas


sessões, antes que me aproximasse dela, para provocar o
sonambulismo. Então preparei uma experiência, sem
contar a ninguém meu projeto.
Adormeci-a e, depois de tomar algumas notas, sem mudar
de atitude (eu estava a alguns metros de distância, fora de
seu campo visual), fingi que escrevia, mas interiormente
concentrei minha vontade numa ordem dada. Ordenei
mentalmente que ela levantasse a mão direita e no
segundo minuto ela agitou a mão direita. Recomecei,
mandando que ela se levantasse e viesse até mim. Ela se
levantou com dificuldade e veio até onde eu estava, a mão
estendida. Eu a reconduzi para seu lugar e ordenei
(sempre mentalmente) que ela tirasse o bracelete de sua
mão esquerda e me entregasse.
Ela estendeu a mão esquerda, depois retirou, vacilando, o
bracelete, entregando-o a mim. Continuei dando ordens e
ela cumpria, como estender-me a mão direita (ela
estendeu a esquerda), sentar-se a meu lado etc.
Em seguida declarou-se o sonambulismo ativo e ela
conversou agradavelmente. Não me obedecia mais e
disse: – Agora vou dormir.
Observei alguns traços de um ataque durante o sono e
depois ela pareceu acordar.
– Tenho um tique-taque na cabeça que não me deixa
dormir. Não quero mais dormir. Sente-se a meu lado.
No dia seguinte, 3 de dezembro, ela adormece pelo olhar
e cai num sono muito profundo. Recomeço a experiência
e ordeno que ela me dê a mão direita. Nada. Qualquer
mão! Ela, então, estende a mão esquerda.
Se eu lhe falo tocando-a, ela me responde; se eu lhe falo
sem tocá-la, ela não ouve senão sons incompreensíveis.
Digo-lhe que devo retirar-me por 15 minutos, mas, uma
vez fora, eu tento chamá-la mentalmente. “Venha a
mim!”. Ela se agita.
211

Nesse momento a experiência é interrompida por um


acidente curioso. A ação à distância provoca nela uma
hiperestesia geral e nesse estado “ela se sente
incomodada por alguma coisa à direita”, sente “um odor
insuportável”, ouve “um ruído imaginário provocado
pela congestão cerebral que a impede de me ouvir”.
Diz! “Alguma coisa me impedia... alguma coisa de que
você não gosta.”
– O que é?
– Não sei, mas quero que me livre disso.
Faz gestos repulsivos à direita. Vejo que no móvel onde
há flores está uma planta nova. Retiro-a.
– Ah, finalmente – diz ela –, obrigada. Eu quase tive um
ataque.
Era uma planta que lhe havia sido dada naquele mesmo
dia, por uma amiga que ela amava muito quando no seu
estado normal, mas a quem não suportava quando em
sonambulismo.
Eu sabia disso, mas não podia imaginar que um objeto
pertencido a essa pessoa pudesse provocar a mesma
repulsa. Pensei então na ação do odor dessa planta, mas
ela não tinha cheiro algum. Passei a fazer, então, uma
série de experiências com objetos procedentes dessa
mesma pessoa, misturando-os com outros. Coloquei, por
exemplo, ao lado da doente, mas um pouco longe, no
canapé, um rolo de músicas para piano trazidas por essa
mesma pessoa. E ela fez um gesto, dizendo que se sentia
mal. O mesmo em relação a outros objetos. Jamais ela
adivinhou o que era, mas sempre sentia uma influência
antipática.
Devo acrescentar que esta jovem amava muito a Srta. M.
e que ela sentia ciúmes da influência que eu exercia
sobre minha paciente.
No dia 7 de dezembro, depois de mais uma experiência no
dia 5, a doente está em estado de a-ideia, os braços
rígidos, as pernas um pouco esticadas. Ordeno
212

mentalmente que ela se levante, vá ate o piano, apanhe


uma caixa de fósforos, venha até mim, acenda um deles e
volte para o seu lugar.
Ela se levanta com dificuldade, aproxima-se de mim, vai
ao piano mas passa adiante (eu continuo ordenando
mentalmente), seu braço se ergue, toca a caixa, apanha-
a, vem a mim e quer entregá-la. Eu ordeno que ela
acenda. Ela acende e volta ao seu lugar.
Nova experiência no dia 11 de dezembro, na presença do
engenheiro Sosnowski. Adormeço a doente e demonstro
os três estados principais:
1o) a-ideia (sem pensamento, sono profundo);
2o) monoideia (uma só ideia possível); e
3o) poli-ideia (sonambulismo).
Ordeno-lhe, depois de adormecê-la, que venha até mim e
ela vem, que estenda a mão ao engenheiro. Ela estende.
Nesse momento ela abre os olhos, pois o contato com uma
pessoa estranha lhe provoca uma sensação desagradável.
Novas experiências, nas quais ela obedece, em estado de
sonambulismo, a quase todas as minhas ordens. Mas
contra algumas se rebela. Numa ocasião ela adivinhou
meu desejo. Perguntei o que eu queria naquele momento
e ela declarou: “Você quer um pouco de vinho no seu
chá.” E era correto.
Fico por aqui. A historia dessa doente foi das mais
instrutivas para mim. Tenho sobre ela um volume inteiro
de notas, tomadas na hora. Só relato aqui as experiências
essenciais que têm relação direta com a transmissão
psíquica, para não complicar demais.
Para mim essas experiências foram decisivas. Tive,
afinal, a impressão pessoal, ha tantos anos procurada, de
uma ação verdadeira, direta, indubitável; com a certeza
de que não houve nem coincidências fortuitas, nem
sugestões por atitudes, nem outra causa de erro possível.
Para mim, tudo foi relativamente claro; é preciso
considerar a transmissão mental como uma espécie de
213

audição, guardadas, é claro, as proporções. Não se ouve


quando se e surdo e não se ouve quando se esta distraído.
É-se surdo a uma transmissão de pensamento desde que
se durma tão bem que o cérebro não funciona nada.
Como querer que um paciente mergulhado numa a-ideia
paralítica profunda obedeça a um pensamento se ele não
ouve nem à viva voz? Ele é surdo. Também as sugestões
mentais são mais difíceis nesse estado do que no estado
de vigília e, em consequência, aqueles que imaginam que
é suficiente adormecer alguém magneticamente para
torná-lo sensível à ação enganam-se.
Não se ouve quando há barulho demais e um sujeito
hipnotizado não ouvirá seu pensamento porque ele está à
mercê de todo mundo, porque ele tem sensações fortes e
diferentes demais. Em consequência, mesmo que você
deixe o sujeito hiperestesiado, pela fixação de um objeto
brilhante, por exemplo, você não o tornará facilmente
sensível às influencias mínimas pessoais, tais como a
ação do pensamento.
Não se ouve quando se está distraído porque uma ação
exclui a outra. Aquele que fala ouve mal. Os sonhos do
sonambulismo ativo, sendo mais vivos do que no estado
normal, sendo quase sempre sonhos falados, se opõem
mais a uma percepção delicada do que em estado de
vigília. Em consequência, é inútil tentar a sugestão
mental direta num sonâmbulo que fala com vivacidade,
que executa um projeto sonambúlico qualquer; ele não
ouvirá.
Sua atenção não é nula como num hipnotizado, mas – o
que é pior para o objetivo que se tem em mira –, ela é
dirigida para outra parte qualquer. Assim, apesar das
aparências favoráveis (ele pode ouvir sempre seu
magnetizador), o estado de poli ideia fortemente ativo não
convém as experiências mais do que uma a ideia
paralítica.
214

Restam os estados intermediários. Certos sujeitos, capazes


de apresentar fases opostas de a-ideia e de poli ideia, não
passam diretamente de uma para outra. Eles param, mais
ou menos por um tempo longo, na fase monoideia. Não se
trata de uma inércia, de uma paralisia completa do
cérebro, mas de um cérebro que concentra toda sua ação
funcional e só pode concentrá-lo numa só ideia, única,
dominante. Ela é dominante, não sendo contrabalançada
por nenhuma outra. Ela é alucinatória pela mesma razão
e pela vivacidade, pela vitalidade fisiológica de um
cérebro que está repousando melhor que de hábito (sem
nenhuma ideia). É preciso, pois, pouca coisa para pô-lo
em funcionamento.
Um nada o abala, um nada o domina.
É o momento das sugestões.
Das sugestões mentais?
Sim e não. Esta fase é ainda mais complicada do que
parece.
O estado monoideico pode ser duplo; ele pode ser ativo e
passivo.
O monoideísmo é ativo se se aproxima do poli-ideismo,
permanecendo como está. Ele se aproxima por uma
preponderância muito grande de uma só ideia, associada
a algumas outras muito fracas. É o chamado estado de
monomania sonâmbula. As ideias fracas pertencem ao
mundo real, a ideia forte à imaginação. Ele não pode, por
isso, se conduzir tão bem no meio real como um
sonâmbulo ativo propriamente dito, pois este reflete,
percebe, evita os obstáculos e cumpre um trabalho difícil.
Mas se ele vê (mal) um objeto qualquer, seu sonho pode
persuadi-lo facilmente de que se trata de um livro, uma
lanterna ou um pássaro e então ele cumprirá um certo
número de atos, apropriados à sua visão.
Esse estado de alucinação espontânea não é mais
favorável à transmissão mental do que o poli-ideismo
ativo, onde ele não está mais do que um grau inferior
215

como lucidez, mas mais avançado e mais isolado como


vivacidade das sensações.
O monoideísmo passivo, ao contrário, se aproxima mais
da a ideia, precisamente por seu caráter de passividade,
de inércia. A vivacidade de sensações é a mesma. Mas
elas não podem mais nascer por si mesmas, elas devem
ser sugeridas e o são com
extrema facilidade. Tudo o que você diz é sagrado. Tudo
o que você deixa adivinhar é já obrigatório e a
adivinhação se cumpre, não por uma reflexão, mas por
associações inconscientes, imperceptíveis, que enganam,
que aparecem e desaparecem, tão logo sua tarefa seja
cumprida. Pois este estado e, por assim dizer, ainda mais
monoideico do que o precedente. As ideias fracas,
acessórias, são quase imperfeitas. E é sempre um estado
de tensão, de tensão violenta mesmo, como a outra, com a
diferença de que a tensão do monoideísmo ativo entra em
jogo por si mesma, enquanto a tensão do monoideísmo
passivo espera sempre um estimulo exterior, por menor
que seja, um sopro, um indício, um nada. Dir-se-ia que se
trata de uma “energia involuntária” que espera apenas
um impulso para se manifestar.
Será esta a fase das sugestões mentais?
Quase: Em todo o caso, as sugestões mentais têm sempre
uma ação nesta fase, o que quer dizer que bastará
concentrar fortemente seu pensamento para que o sujeito
sinta. Haverá logo um franzir de cenhos, uma expressão
de atenção no rosto, uma agitação nos membros e, enfim,
uma execução de sua vontade ou um começo de
execução. Uma coisa, entretanto, o ameaça e pode
prejudicar a experiência: se a sua ação for
demasiadamente viva no começo, ou então se ela for
muito vivamente (embora indistintamente) sentida pelo
sujeito, ela terá sobre ele uma influência reanimadora,
reanimadora no sentido relativo da palavra, isto é, que o
sujeito, ao executar a ordem mental, e por causa dela,
216

passará muito rapidamente para um estado um pouco


menos profundo, para o monoideísmo ativo, no qual se
obstinará em executar suas ordens, sem tê-las
compreendido bem; ele o procurará, correrá atrás de você
e se insensibilizará, ele próprio, por esta monomania
involuntariamente sugerida; ou então passará para um
estado menos profundo ainda, mais tranquilo e mais
lúcido ao mesmo tempo, do que o do poli-ideismo ativo;
ele começará a adivinhar, a presumir por reflexões
próprias aquilo que não pode mais sentir passivamente, e
então será capaz de executar qualquer outra coisa que
não a que você pediu. Finalmente, o que é mais raro, mas
que ocorre nos sujeitos mais sensíveis, a sua agitação
mental excita primeiro, como fazem os narcóticos, para
adormecer depois; e o sujeito, depois de ter manifestado
um começo de agitação, cai outra vez na a-ideia
completa.
Eis por que este estado não nos dá o máximo de garantia
de êxito. O máximo será preciso procurar um pouco
adiante.
O verdadeiro momento da sugestão mental é o do limite
entre o estado a-ideico e o monoideísmo passivo.
Mas se é assim, se a sua experiência tem mais chance
aqui do que no monoideísmo passivo declarado, isto
ocorre unicamente porque ela tem mais tempo à sua
disposição e porque em geral fazemos um esforço muito
grande no começo da ação mental, o que é útil deste lado
do limiar da a-ideia, ao passo que é perigoso do lado de
lá. Se pudéssemos estar certos do grau exato, bastaria
conformarmo-nos com suas exigências; agiríamos um
pouco violentamente em a-ideia (para despertar o
cérebro), um pouco mais suavemente em monoideia (para
não despertar demais) e livremente, até o limite dos dois
estados. Em todo caso o cérebro deve ser regulado, ele
deve ser regulado na monoideia nascente.
Permito-me fazer uma comparação telefônica.
217

Um telefone não reproduz bem a palavra à distância, a


não ser em condições bem reguladas. Mas tudo é relativo,
na telefonia como na neurologia. Um telefone está bem
regulado quando a placa vibradora se encontra bem
perto, mas não muito perto do núcleo magnético da
bobina; daí, podemos gritar fortemente, sem perturbar a
nitidez da transmissão. Ao contrário, quanto mais
gritarmos, melhor somos ouvidos do outro lado.
Ouviremos relativamente melhor ainda se a placa estiver
ainda mais perto do núcleo, quase tocando-o, mas então,
falando muito alto arriscamos colar a placa contra o ímã
e anular quase completamente a transmissão. Uma
regulagem média, próxima do máximo – eis o que a
prática precisa, um pouco em desacordo com a teoria.
Mas como regular um sonâmbulo?
Eis a questão! Felizmente não se trata de uma questão
muito mais difícil em hipnologia do que na telefonia. Só
que, aqui como lá, é preciso que o instrumento seja
regulável.
Ora, há sujeitos que não se deixam manobrar sob esta
relação.
Bastará que os ocupemos em outra coisa ou que nos
contentemos com uma ação furtiva, como fizemos até
agora. Mas aqui também é preciso evitar os sujeitos
obedientes demais ou já educados, os sujeitos
manobráveis. Em troca é preciso aprender a provocar o
grau do sono desejado. Mas as primeiras sessões devem
ser destinadas unicamente a uma observação puramente
passiva, como a que produziu a sua ação primitiva, para
que nos demos conta da natureza do sujeito. Se for
preciso devemos esperar mesmo muitas horas, para que o
sujeito desperte por si mesmo, a menos que ele peça para
ser despertado mais cedo.
Nos sujeitos eminentemente sensíveis ao sono (pois há
aqueles com os quais você pode fazer todas as
experiências físicas, mas não psíquicas), poder-se-á obter
218

sempre duas fases principais: o sono profundo, que pouco


a pouco se dissipa, e depois o sono lúcido, ou o
sonambulismo propriamente dito. Do que precisamos é de
um estado intermediário. Não deixar o sujeito despertar
demais, recuperando sua atividade espontânea e não
deixá-lo adormecido demais, pois do contrario ele não o
ouvirá. O melhor meio de se obter esta graduação é
utilizar os passes ditos magnéticos, longitudinais e
transversais, pois a profundeza do sono geralmente
aumenta com o número desses passes, diminuindo com o
número dos mesmos. Assim, fazendo dois, três, quatro
passes diante do sujeito (sem contado), obtém-se um
pouco mais ou um pouco menos de sono e chega-se às
vezes até a poder graduar a vontade às fases
intermediárias que acabo de enumerar.
Se esta graduação não for possível através de passes, será
difícil obtê-la por outro meio qualquer. E será preciso
sobretudo evitar o emprego de um método diferente para
fases diferentes, pois então você criará uma associação
ídeo-orgânica artificial, um mau hábito que acabará
desorganizando o sujeito.
Está claro que eu não entro aqui numa discussão sobre a
ação dos passes. Pode-se imaginar que eles têm uma ação
física ou puramente sugestiva, o que não tem importância
para os objetivos propostos. Indico simplesmente o meio
mais antigo, mais conhecido, que dá resultados mais
constantes e mais favoráveis para o sujeito (certas
práticas hipnóticas são prejudiciais) e o melhor para
graduar à vontade o sono, ali onde a graduação é
possível.
Uma vez senhor de seu sujeito, você não terá mais do que
escolher o momento em que ele possa ouvi-lo e não
responder ainda muito bem.
Procure não confundir uma dificuldade de falar causada
por uma contração dos músculos da voz, com uma
dificuldade afásica, isto e, puramente cerebral.”
219

1 – CARACTERÍSTICAS ÉTICAS DO PENSAMENTO


Não há pensamentos neutros, ou seja, que não sejam do
Bem ou do Mal.
Pagamos caro pelos pensamentos do Mal que saem de
nós ou pelos que assimilamos e que provêm de outras
criaturas, pois transformam-se em verdadeiras feridas
espirituais, que tendem a sangrar espiritualmente, ou seja,
manterem-se ativas, induzindo à repetição permanente,
provocando desastres morais em nós e nos outros.
Brincar de pensar é uma irresponsabilidade e, por isso,
devemos verificar no que estamos pensando.

1.1 – PENSAMENTOS DO BEM


Há muitas formas de pensarmos no Bem, sendo que
verificamos uma delas nas intenções de Ochorowicz, de
auxiliar sua paciente.

1.2 – PENSAMENTOS DO MAL


Tanto quanto alguém pode direcionar seus pensamentos
em favor de outras criaturas, pode igualmente mirar objetivos
malévolos e pode ter certeza de que sua consciência lhe
cobrará essas iniciativas.
Aqui cabe a lição de Jesus, interpretada extensivamente:
“Reconcilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás a
caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao
juiz, o juiz de entregue ao seu ministro e te encerrem na prisão,
e de lá não sairás antes de ter pago o último quadrante.”
A saída da prisão representa a limpeza interior, a
verdadeira cura, que só se efetiva com a auto reforma moral
profunda, a qual não significa mera repetição de palavras
sacramentais, mas o resultado de uma longa caminhada
redentora, como a do filho pródigo que volta para a Casa
Paterna.
220

A cura, na verdade, demanda milênios de esforço na


aquisição, sobretudo, da virtude da humildade, que é
contrária ao orgulho, este que é resultado do primarismo
espiritual, reminiscências dos períodos de concentração
energética das fases sub humanas.
Por isso a cura demanda muitos milênios: porque é
resultado da concentração energética das fases sub humanas,
que perdurou por bilhões de anos.
Somente doando da sua própria energia, como quem se
desfaz de pesada carga, nos sentimos aliviados.
O orgulho é isso exatamente: a recusa em doar o excesso
energético que fomos acumulando.
Sem essa doação não seremos felizes, pois a pressão
interna, o peso da cruz de erros e vícios passa a ficar
insuportável e vêm o suicídio direto ou indireto, a auto
punição, a depressão, a aliança com as Trevas e outras opções
desesperadas.
Ninguém se assuste com o que estamos dizendo, mas
também ninguém se arrisque a brincar de viver, a desafiar o
Poder de Deus, que quer a felicidade das Suas criaturas, mas
que sejam ordeiras e disciplinadas, pois, em caso contrário, o
Universo se desagregaria no caos.
221

IV
COMO FUNCIONA A
CONSCIÊNCIA
222

“Reconcilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás a


caminho com ele, para que não aconteça de ele te entregar ao
juiz, o juiz te entregar ao seu ministro e te encerrarem na
prisão, e de lá não sairás enquanto não tiveres pago o último
quadrante.”
(Jesus Cristo)

“O chakra coronário é a sede da consciência, ou seja, é onde se


localiza a essência divina, que Deus implantou no íntimo de
cada criatura, no instante em que Lhe deu a vida e que
funciona, a partir daí, como orientadora da sua evolução, desde
as fases mais rudimentares dos Reinos inferiores da Natureza
até chegar ao ponto em que a criatura se harmonize
integralmente com sua essência divina, tornando-se, assim, um
Espírito Puro.”
(anônimos)

“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”


(Jesus Cristo)

“O Reino dos Céus está dentro de vós.”


(Jesus Cristo)
223

Esclarecimento sobre o desenho


Introdução
Primeira Parte: A Lei Divina registrada em livros
Capítulo I – Os Dez Mandamentos (Moisés e os profetas de
Israel)
Capítulo II – Os três Amores (Jesus e o Cristianismo)
Capítulo III – As Revelações dos séculos XIX, XX e XXI
1 – Allan Kardec, Léon Denis, Emmanuel, André Luiz,
Joanna de Ângelis etc. etc.
2 – Helena Blavatsky
3 – Rudolf Steiner
4 – Yukteswar e Paramahansa Yogananda
5 – Jesus através de Pietro Ubaldi
6 – Sathya Sai Baba
7 – O Xamanismo
8 – Samael Aun Weor e Litelantes
9 – O Holismo
10 – A Ciência Cósmica
Segunda Parte: A Lei Divina revelada a cada criatura
humana pela própria mediunidade
Capítulo I – A viagem interior
1 – Estado alterado de consciência
2 – Hermínio Corrêa de Miranda
3 – Mestres de outros planetas
Capítulo II – O registro das experiências astrais
1 – A necessidade de ensinamento do caminho
2 – O despertamento das criaturas humanas
Terceira Parte: Como funciona a consciência
Capítulo I – O despertamento da consciência
1 – A luta interna do Ego contra o Eu
1.1 – O complexo de culpa
2 – A pacificação
2.1 – A implementação da auto reforma moral profunda
Capítulo II – Os humanos do mundo de regeneração
1 – Criaturas obedientes à Lei de Deus inserida no seu íntimo
224

ESCLARECIMENTO SOBRE O DESENHO


O desenho é apenas uma tentativa de representar a
noção que pretendemos passar aos prezados leitores de que o
chakra coronário é a sede da consciência, a qual analisa todas
as intenções, por mínimas que sejam, das criaturas já
despertas para a racionalidade, enquanto que, nos seres sub
humanos, a essência divina funciona como norteadora da
evolução, que segue um rumo pré estabelecido por Deus, igual
para todas as criaturas.
As criaturas humanas devem identificar esse elemento
divino que há dentro de si, o que exige humildade e submissão
a Deus, o Pai, o Criador, através da obediência às Suas Leis,
que valem para todo o Universo, que estão escritas dentro de
cada ser e que não podem ser derrogadas para satisfazer as
veleidades das criaturas, pois, se não, instalar-se-ia o caos.
Os olhos que aparecem no desenho representam a
Percepção Divina das mínimas intenções das criaturas
humanas, porque não são levadas em conta as atitudes
externas, mas as intenções mais secretas, sendo que elas é que
mostram quem somos e não as palavras, gestos e iniciativas.
Não colocamos a figura dentro do cérebro humano e este
dentro do crâneo, pois essa realidade é totalmente espiritual e
não se limita pelas barreiras da matéria, irradiando-se em
outra dimensão, mais elevada.
Precisamos aprender a interpretar tudo em função da
ideia de quarta dimensão, que é a espiritual, pois essa é a
realidade do Espírito e não a tridimensional, que é a da
matéria.
A realidade quadridimensional é a dos Espíritos da fase
humana, mas a dos seres angelicais é superior a essa, mas não
temos condições de entendê-la e só a compreenderemos
quando chegarmos a esse patamar.
225

INTRODUÇÃO
O caminho da evolução das criaturas da fase humana
passa pela harmonização do ego com o Eu, sendo que o ego é o
Espírito humano, o qual deve procurar identificar-se com o
Eu, ou seja, a essência divina que há dentro de si.
Pode parecer estranha a afirmativa acima, que, para
muitos, dará a ideia da presença de dois seres numa única
criatura, mas a verdade é que cada Espírito traz dentro de si
um verdadeiro “adversário”, ou seja, aquele que “está do outro
lado”, que é a consciência.
Quando Jesus disse que devemos nos reconciliar com
nosso adversário visualizou o adversário interno e os externos.
Quanto à compreensão do que significa reconciliarmo-nos
com nosso adversário interno isso quer dizer que devemos
adequar nosso mundo interior à qualidade espiritual da
centelha divina que está dentro de nós, colocada por Deus e
que é o que se chama de consciência.
Allan Kardec perguntou sobre onde está escrita a Lei
Divina e seus Orientadores responderam: na consciência.
Para os Espíritos Superiores e os que já aprenderam a
consultar seu Eu, através da introspecção profunda, não há
mais necessidade de nenhum registro material, em livros ou
equivalentes, porque cada um desses Espíritos enxerga,
compreende, através desse registro, o caminho a seguir, tal
como a semente, enterrada no solo, atende ao tropismo
irresistível que a leva a dirigir-se para a superfície,
transformando-se, gradativamente, em um ser adulto.
A luta interna de cada criatura humana ainda não
harmonizada é muito intensa, porque o orgulho, o egoísmo e a
vaidade a faz rejeitar essa luz exigente, que é a consciência,
mas sua presença é indispensável, porque aponta o caminho
do aperfeiçoamento.
Jesus não lutou contra esse elemento cobrador, desde
quando iniciou-se na fase da razão, mas submeteu-se a ele,
porque sabia que é a Voz de Deus.
226

As outras criaturas humanas que passaram pela Terra


enfrentaram essa luz, rebelaram-se contra ela e, por isso,
desviaram-se do caminho do Bem, sendo, por isso,
retardatários do progresso interior, o qual é o único que
importa.
Nada tem valor realmente para o Espírito a não ser o
que pode realizar dentro dos poucos centímetros ou metros
quadrados da sua realidade interna.
Com a evolução, o Espírito deixa de ser espacialmente
pequenino e passa a ocupar uma área cada vez maior, sendo,
assim, que Jesus, por exemplo, abrange, com sua realidade
espiritual, um espaço incalculável para nós, que estamos
vivenciando a fase humana.
Chico Xavier, por exemplo, pode ser compreendido
como um globo de mais ou menos dez metros de diâmetro.
Há Espíritos humanos primários cuja estrutura
espiritual mal ultrapassa os limites do corpo físico, tanto
quanto há os que se ovoidizam e reduzem-se ao mínimo.
Mas, voltando ao tema do nosso estudo, que é a
consciência e como ela funciona, temos a dizer, nesta
Introdução, que somente evolui quem se submete a Deus e,
com isso, pacifica-se o conflito interno do ego contra o Eu.
Os chakras básico, sexual, umbilical, cardíaco, laríngeo e
frontal representam o Ego, enquanto que o coronário
representa o Eu.
Entendamos isso, de início, para, em seguida, seguirmos
adiante, analisando como funciona o chakra coronário, ou
seja, a sede da consciência.
Que as criaturas da fase humana procurem conhecer a
própria realidade interna, adequando-se à Lei Divina, inscrita
na própria consciência, porque, se, nas fases sub humanas,
obedeciam à Lei Divina sem possibilidade de
descumprimento, pois não tinham ainda o livre arbítrio,
agora têm de aprender a lidar com esse elemento novo, que as
prepara para o cumprimento voluntário, espontâneo da Lei
Divina, com isso passando a ser colaboradores conscientes de
227

Deus, o que antes não acontecia, pois lhes faltava um dado,


que é a inteligência.
Alguém perguntará qual a vantagem desse dado, pois
que os animais, os vegetais e os minerais, na sua inconsciência,
sofrem menos que os humanos, mas a resposta é simples e a
daremos através de uma comparação: - Você prefere ser uma
planta, um cristal de rocha ou um cão a ser uma criatura
humana?
A evolução, a partir da fase humana, rumando para
outras fases mais adiantadas, tem o encantamento de
vivermos a realidade da consciência, da compreensão muito
mais desenvolvida do mundo em que vivemos e prepara novos
empreendimentos, cada vez mais elevados.
Não há parto sem dor, como não há evolução sem
esforço.
Aprendamos a controlar as emoções, os instintos, os
impulsos, a respeitar nossos próprios limites, a não julgar as
outras criaturas, a viver o “aqui e agora” e outras lições da
Ciência Cósmica, que Jesus e outros mestres vêm ensinando,
que nossa vida deixará de ser um conflito entre o ego e o Eu,
predominando cada vez mais o segundo e pacificando-se o
nosso íntimo.
A caminhada evolutiva é maravilhosa para quem
aprende a arte de viver bem.
Pedimos a bênção de Deus para todas as criaturas da
Terra.

PRIMEIRA PARTE:
A LEI DIVINA REGISTRADA EM LIVROS

CAPÍTULO I – OS DEZ MANDAMENTOS (MOISÉS E OS


PROFETAS DE ISRAEL)
Devido ao atraso espiritual dos habitantes da Terra foi
necessário que missionários de Jesus editassem leis para
regular a sociedade terrena, bem como informar sobre a Lei
Divina.
228

Assim é que, mais ou menos adequadas, foram sendo


pensados regulamentos, que, com o tempo, foram sendo
substituídos por outros melhores, de acordo com a evolução
da humanidade terráquea.
Todavia, para que algo de melhor pudesse esperar-se das
criaturas humanas do planeta, que teimavam em viver dentro
do maior primitivismo, encarnou o Espírito que ficou
conhecido como Moisés, com a missão de registrar em livros
do estilo da época o que se convencionou chamar de Decálogo,
ou Dez Mandamentos.
Esse seria um retrato da Lei Divina para as criaturas da
fase humana, mais parecendo um Código Penal primitivo do
que a Lei Cósmica, válida para todo o Universo.
Todavia, as criaturas de mentalidade superior, ou seja,
os missionários vindos de outros mundos mais evoluídos não
precisavam daquelas prescrições rudimentares para tomarem
conhecimento da Verdade, que lhes vinha pelo conduto da
própria mediunidade, ouvindo a consciência, auxiliada pelos
Espíritos Superiores que as orientavam.
Entendamos esse aspecto da realidade humana, pois os
Espíritos Superiores ouvem sua própria essência divina e
ouvem os Emissários de Deus ao invés de consultarem
alfarrábios, textos novos e anotações de registradores nem
sempre evoluídos espiritualmente.
As verdades mais importantes normalmente não estão
registradas em livros do mundo dos encarnados, mas
circulam nos registros do mundo espiritual.
A Terra é um mundo recém saído da fase do
primitivismo mais denso, tanto que faz apenas quarenta
milênios que sua humanidade ingressou na fase da razão, o
que representa muito pouco tempo.
A maioria se assusta com esse número, mas é, realmente,
um tempo muito pequeno quando se fala em evolução do
Espírito.
229

Deixamos de ser um mundo primitivo há alguns milênios


e ainda não saímos da categoria de mundo de provas e
expiações.
Mas, se o progresso coletivo depende da massa enorme
de habitantes do planeta, que vive em função do “comer,
dormir e reproduzir”, passar a pensar na sua essência divina, o
progresso individual está nas mãos de cada um, que pode
assumir a meta de superar aquele referencial primitivo e
procurar a reconciliação com o adversário interno.
As leis exteriores pouco representam para quem está
empenhado na harmonização interna.
No geral, as pessoas que se baseavam nos Dez
Mandamentos, a não ser raras e nobilitantes exceções,
procuravam burlar os dispositivos da Lei, mantendo conduta
incompatível com aquelas regras, sendo que, por isso, Jesus as
chamava de hipócritas.
Feriam a consciência de inúmeras maneiras e acabaram
sendo penalizadas no decurso das sucessivas reencarnações,
acumulando culpas, que as faziam infelizes e sujeitas às
perseguições dos Espíritos das Trevas, que encontravam ali
brechas por ode faziam entrar suas induções para o suicídio,
os desajustes morais e os vícios, pois ninguém sairá da prisão
das próprias culpas sem ter limpado seu mundo interior.
Não há como seguirmos adiante, na escalada evolutiva,
sem termos pago, perante a própria consciência, os débitos
que contraímos, mas a Justiça Divina é de Amor e Caridade e
nunca cobra exatamente o que devemos, mas há um mínimo
que somente Deus sabe medir e, por isso, está na parábola do
trigo e do joio que somente Ele separará o joio do trigo, o que
significa que somente Ele analisará se já é suficiente o tempo
do nosso sofrimento e nos passa para um degrau mais
elevado.
Não há lei externa que justifique nossas falhas morais
nem que nos promova sem merecimento.
230

A única Lei que conta é a lei interna, registrada na


consciência incorruptível: ela julga e absolve ou condena, sem
nenhuma possibilidade de erro.
Por isso, ao invés de consultarmos qualquer lei escrita,
seja ela de autoria de quem for, devemos mergulhar no nosso
próprio íntimo e assim saberemos qual é o veredito a nosso
respeito.
Com todo o respeito que devemos ao missionário que
clareou os horizontes dos primitivos seres da Terra, temos a
dizer que, se ele evoluiu ao cumprir sua missão, a humanidade
pouco ganhou com isso, pois continuou a não ouvir a voz da
própria consciência.
Aprendamos a ouvir o que nos é falado através do
mergulho profundo no Eu interno, através da mediunidade
desenvolvida dentro de técnicas apropriadas, aprendidas
agora ou em tempos passados.

CAPÍTULO II – OS TRÊS AMORES (JESUS E O


CRISTIANISMO)
Jesus, quando Encarnado, não teve condições de ensinar
toda a Lei Divina, pois o primarismo da humanidade, naquele
tempo, era pior do que hoje.
Todavia, abordou a questão magna do Amor, nas suas
três vertentes: Amor a Deus, Auto Amor e Amor Universal.
Deixaria para mais tarde outras revelações mais
aprofundadas sobre cada uma dessas três axes, porque tudo
vem a seu tempo.
O avanço foi muito grande, podendo-se dizer que a
partir daí a Terra passou a ser um mundo de provas e
expiações, enquanto que antes poderia ser considerado apenas
como um mundo primitivo.
Na verdade, havia revelações muito importantes, como
as de Buda, Confúcio, Lao Tsé, Sócrates e Pitágoras, as dos
antigos iniciados do Egito, além de outras, mas tudo isso era
inacessível às massas, que continuavam à margem do
231

conhecimento religioso e filosófico, vivendo em função de um


politeísmo grosseiro e explorada pelos sacerdotes em geral.
Jesus foi, realmente, o primeiro a levar a Verdade ao
povo das ruas e mostrar-lhe que a Lei Divina está dentro de
cada um, seja rico ou pobre, intelectual ou ignaro, evoluído ou
primitivo.
Essa foi a primeira vez que se viu, na Terra, Deus ao
alcance de todos, podemos dizer assim.
Todavia, a Mensagem de Jesus, como tem acontecido até
hoje, foi deturpada pelas Trevas, para tanto utilizando
homens e mulheres ambiciosos, que instituíram uma estrutura
hierarquizada, que gerou a Igreja Romana e, mais tarde as
várias fragmentações protestantes e, mesmo depois do
trabalho de Allan Kardec, Amélie Boudet e outros
missionários, continuou o desvirtuamento, agora com outra
denominação, mas estando esses Movimentos nas mãos,
muitas vezes, de antigos sacerdotes e pessoas ligadas ao poder
e ao prestígio mundanos, correndo o risco de soçobrar,
fazendo-se, por isso, necessária a criação de novas opções de
divulgação da Verdade, que não pode ficar ao alvedrio de
pessoas induzidas pelas Trevas, mesmo vestindo peles de
cordeiros.
Tenhamos consciência da realidade e saibamos separar o
joio do trigo, os verdadeiros e os falsos profetas, sendo que o
critério mais seguro de identificarmos cada um é o do
desapego dos interesses materiais, do destaque pessoal, da
vaidade: assim se identificam missionários como Allan
Kardec, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne do
Amaral Pereira e podem-se considerar desviados aqueles
outros que fazem questão de destacar o próprio nome e, de
uma forma ou de outra, trabalharem em função da própria
vaidade, mesma quando finjam o contrário.
Na verdade, a expressão Cristianismo sequer deveria ser
cunhada, pois Jesus nunca pregou o separatismo, mas ensinou
apenas a Verdade, que não pode nem deve ser subdividida em
grupos, que se guerreiem e pretendam a hegemonia.
232

Aguardamos novos trabalhadores sem bandeiras


divisionistas, mas que, sob a Proteção Divina, preguem o
Amor Universal, sem privilégios, sem discriminações,
englobando todas as criaturas de Deus, Amando a Natureza,
Amando as criaturas humanas, aprendendo com os
missionários do Bem, provenientes da Terra ou de outros
mundos mais evoluídos, porque chegou a hora da promoção
do planeta a mundo de regeneração e não há mais lugar para
farisaísmos, igrejismo, divisionismos, partidarismos.
Por isso adotamos o nome Ciência Cósmica, sem
pretendermos substituir esse nome aos outros, porque nomes
não importam, mas sim a divulgação do Conhecimento, da
Lei Divina, que dirige todo o Universo, e que está inscrita no
cerne de cada ser, podendo e devendo ser conhecida pelo
trabalho de introspecção e não pela leitura de livros, que, em
sua maioria, representa a reflexo da vaidade dos antigos e
novos sacerdotes de si mesmos.
Jesus disse que quem mais servisse seria o maior no
Reino dos Céus.
Assim também fazemos, pretendendo servir sem
nenhuma intenção de nos auto promovermos, mas apenas
cumpriremos nossa tarefa de semearmos a Verdade, a que
Jesus se referiu.
Pode parecer que queremos desmerecer o esforço das
pessoas, mas a verdade é que os três Amores ensinados por
Jesus não foram compreendidos, pois o Amor a Deus, no
geral, continuou a ser o que era antes, ou seja, o culto externo,
hipócrita; o Amor a si mesmo ficou parecendo a muitos uma
justificativa para o orgulho, o egoísmo e a vaidade e o Amor
ao próximo resumiu-se a esmolas esporádicas ou praticadas
com um tanto de desprezo e má vontade.
Sejamos honestos conosco mesmos e não encubramos as
nossas intenções com o manto da hipocrisia: quantas vezes
temos feito da nossa parte com desdém pelos necessitados do
corpo e da alma!
233

Essa bondade não nos redime, mas apenas procura


disfarçar nossa frieza interior.
Sejamos bons sem segundas intenções, sem o propósito
de comprar uma vaga no Paraíso, agora denominado colônias
espirituais!
Por isso tudo vemos que as prescrições externas nada
resolvem e que somente o mergulho no nosso próprio interior
nos faz ver a quantas andam nossas intenções no Bem ou no
Mal!
Para terminar estas reflexões sobre a Mensagem de
Jesus de há dois milênios atrás deixamos para sua reflexão,
prezados leitores, a frase: “O Reino dos Céus está dentro de
vós.”
O que Jesus quis significar com essa expressão, se não
que deve haver a procura pelo Reino dos Céus dentro de nós
mesmos?
Compreenderam que não estamos inventando nada de
novo, mas apenas repetindo o que é uma verdade do
Repositório das Leis Divinas?
A Ciência Cósmica é apenas uma expressão nova, mas
pode ser interpretada como Lei Divina, Código Universal etc.
etc.

CAPÍTULO III – AS REVELAÇÕES DOS SÉCULOS XIX,


XX E XXI
O século XIX foi programado por Jesus, o Divino
Governador da Terra, para início das grandes revelações,
para tanto organizando-se extensas frentes de trabalho de
informação aos encarnados.
Missionários provenientes de mundos mais evoluídos
aqui reencarnaram, tais como Allan Kardec, Amélie Boudet,
Léon Denis, Samael Aun Weor, Litelantes, Ochorovicz,
Charcot, Pierre Janet, Rudolf Steiner, Helena Blavatsky,
Pecotche, Mestre Irineu, sem contar a presença de
trabalhadores de alta evolução espiritual como Joanna de
Ângelis, Sathya Sai Baba, Yogananda e Yukteswar, Chico
234

Xavier, Divaldo Pereira Franco, Bezerra de Menezes,


Eurípedes Barsanulfo e vários outros.
Não devemos considerar uma corrente como superar às
outras, porque trata-se de uma única equipe, formada sob o
Comando de Jesus, com a finalidade de cada um desses
missionários falar para o “seu público”, ou seja, pessoas que
iriam simpatizar com as características diferenciadas de cada
um.
Se é verdade que esses missionários nunca disputaram
entre si, muitos dos seus seguidores passaram a guerrear uns
aos outros, acreditando, em alguns casos, com isso estar
honrando seus mestres, no que se equivocaram
redondamente, pois são todos membros do mesmo grupo de
missionários.
Assim, devem acabar os divisionismos, irmanando-se
espíritas, teósofos, rosa-cruzes, logósofos, antropósofos,
xamanistas, daimistas, holísticos, gnósticos, iogues, hinduístas,
budistas etc. etc.

1 – ALLAN KARDEC, LÉON DENIS, EMMANUEL,


ANDRÉ LUIZ, JOANNA DE ÂNGELIS ETC. ETC.
Esse é o grupo dos denominados espíritas, que,
infelizmente, acabou encontrando seguidores provenientes,
em sua maioria, dos antigos redutos católicos, que
infernizaram a Europa, instituindo o Tribunal do Santo
Ofício e as guerras contra protestantes, as cruzadas, as
perseguições contra judeus, a matança de São Bartolomeu e a
Revolução Francesa, sem contar outras tantas manifestações
de arrogância e conexão com as Trevas.
Se os missionários eram bons, ligados diretamente a
Jesus, muitos dos seus seguidores são apenas aproveitadores,
que disputam a presidência de entidades, a ponto de Manoel
Philomeno de Miranda ditar, através da mediunidade de
Divaldo Pereira Franco, um livro alertando para a dominação
que as Trevas estão conseguindo alcançar em muitos centros
235

espíritas, para tanto utilizando dirigentes e médiuns


vinculados com elas.
Não estamos inventando maledicência contra ninguém,
mas reproduzindo a preocupação de Manoel Philomeno de
Miranda, Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo.
Que cada um verifique se está com Deus ou Mamom,
com Jesus ou com César, a fim de não contaminar a
Mensagem de Jesus com suas próprias ambições e pagará por
isso, porque assim acontece com quem mercadeja com as
coisas santas.
Se há muitos trabalhadores sinceros e movidos por bons
propósitos, a direção de muitas entidades está nas mãos de
trevosos, que disputam cargos, ao invés de servirem
desinteressada e anonimamente.
Apesar de Allan Kardec dizer que somente se pode dizer
espírita quem se esforça por domar suas más inclinações, a
maioria continua se afirmando espírita sem investir realmente
na auto reforma moral e o que lhes aguarda é o sofrimento em
zonas purgatoriais, porque “a quem muito é dado muito será
pedido”.

2 – HELENA BLAVATSKY
A grande missionária cumpriu sua tarefa de ensinar o
que pode ou sabia da Verdade, mas já abandonou aquele
terreno elitista e reencarnou como uma missionária da
mediunidade, sem as luzes da instrução formal, a fim de
servir ao povo, sem nenhum destaque.
Ninguém a reconheceria na pessoa de uma médium de
alta potencialidade, mas que não sabe ler nem escrever.
Mas assim acontece com os verdadeiros propagadores da
Verdade: não se pejam de enfrentar a pobreza, o anonimato,
as dificuldades e desprivilégios de toda ordem, a fim de
ensinarem aquilo que realmente é importante para a
humanidade, ou seja, a espiritualização.
236

Seus discípulos, no geral, continuam estudando teorias


que ela mesma já deixou para trás, ao invés de assumirem a
humildade que ela vive atualmente.
Apenas estudar não promove ninguém espiritualmente,
mas sim arregaçar as mangas e pisar no barro das misérias
humanas, socorrendo os necessitados de esclarecimento
espiritual, ao mesmo tempo em que se aprende que o Amor
cobre a multidão dos pecados atuais e dos tempos passados.
O isolamento, o elitismo e o orgulho não fazem senão
cairmos nas armadilhas das Trevas.

3 – RUDOLF STEINER
Pode parecer que, neste livro, nos propomos a assumir o
papel de sensores da vida alheia, mas a verdade é que, como
dissemos, se os verdadeiros missionários eram movidos pelo
idealismo mais puro, muitos dos seus seguidores se
transformaram em desvirtuadores da mensagem inicial, pois
não tinham o idealismo dos mestres.
Assim é que cristalizam-se ideias maravilhosas, tal como
aconteceu, por exemplo, em relação a Sócrates, Jesus, Moisés
e outros tantos.
O mestre germânico realizou um trabalho maravilhoso,
mas não estão muitos dos seus seguidores à altura da sua
mentalidade generosa.
Essa é a verdade que temos o dever de apontar.

4 – YUKTESWAR E PARAMAHANSA YOGANANDA


Tratam-se de mestres do Yoga, que encarnaram na
Terra com a finalidade de fazerem essa Ciência Espiritual
chegar ao Ocidente e assim foi feito.
Felizes dos que seguem à risca as prescrições dessa
Ciência Cósmica, porque nela reside a chave da evolução, que
começa pelo auto conhecimento, no sentido mais profundo
dessa expressão.
Jesus não pretende obras de caridade exterior,
mudanças políticas e jurídicas, rebeliões em nome da
237

Liberdade, Igualdade e Fraternidade, lutas fratricidas sob a


bandeira de Democracia e outras tantas formas de hipocrisia,
que Ele viu no mundo do Seu tempo, inclusive na figura dos
zelotes, que pretendiam a liberdade de Israel pelas armas.
O segredo da evolução não está na edição de leis
humanas, nem da Lei Divina, mas na procura interna e no
cumprimento, por parte de cada um, da Lei Divina que está
registrada na própria consciência.

5 – JESUS ATRAVÉS DE PIETRO UBALDI


Se é verdade que Jesus tinha, há dois milênios, falado à
humanidade da Terra nos três Amores como sendo a chave
das Leis Divinas, no início do século XX, através do Seu
médium Pietro Ubaldi, esclareceu, em “A Grande Síntese”,
sobre o funcionamento do Universo, sobre questões até então
desconhecidas da Lei Divina, pelo menos no que diz respeito
ao grande público.
Essa é a obra mais importante que se escreveu em toda a
História da humanidade da Terra.
Fala inclusive sobre a consciência:
“Não ignorais isto totalmente; olhais admirados tantas
coisas que afloram de vossa consciência mais profunda,
sem poderdes descobrir as origens: instintos, tendências,
atrações, repulsas, intuições. Daí nascem irresistíveis
todas as maiores afirmações de vossa personalidade. Aí
está o vosso verdadeiro e eterno Eu. Não o Eu exterior,
aquele que sentes mais quando estais no corpo, aquele Eu
que é filho da matéria e que morre com ela. Esse Eu
exterior, essa consciência clara, expande-se no contínuo
evolver da vida, aprofunda-se para aquela consciência
latente que tende a vir à tona e a revelar-se. Os dois polos
do ser — consciência exterior clara e consciência interior
latente — tendem a fundir-se. A consciência clara
experimenta, assimila, imerge na latente os produtos
assimilados através do movimento da vida — destilação
de valores, automatismos, que constituirão os instintos do
238

futuro. Assim expande-se a personalidade com essas


incessantes trocas e se realiza o grande objetivo da vida.
Quando a consciência latente tiver se tornado clara e o
Eu tiver pleno conhecimento de si mesmo, o homem terá
vencido a morte.”
“CONSCIÊNCIA E MEDIUNIDADE
Tendes meios para comunicar-vos com seres mais
importantes que aqueles a quem chamais habitantes de
Marte, mas são meios de ordem psíquica, não
instrumentos mecânicos; meios psíquicos que a ciência
(que pesquisa de fora para dentro) e a vossa evolução
(que se expande de dentro para fora) trarão à luz. Pode
chamar-se consciência latente uma consciência mais
profunda que a normal, onde se encontram as causas de
muitos fenômenos inexplicáveis para vós. O sistema de
pesquisa positiva, ao fazer-vos olhar mais profundamente
as leis da natureza, fez-vos descobrir o modo de
transformar as ondas acústicas em elétricas, dando-vos
um primeiro termo de comparação sensível daquela
materialização de meios que empregamos. Já avizinhastes
um pouco e hoje podeis, mesmo cientificamente,
compreender melhor.
Acompanhai-me, caminhando do exterior, onde
estais com vossas sensações e vossa psique, para o
interior onde estou eu como Entidade e como
pensamento. No mundo da matéria, temos, primeiro, os
fenômenos; depois, vossa percepção sensória e,
finalmente, por meio de vosso sistema nervoso
convergente para o sistema cerebral, vossa síntese
psíquica: a consciência. Até aqui chegastes, pela pesquisa
científica e experiência cotidiana. Vosso materialismo
não errou, quando viu nessa consciência uma alma, filha
239

da vida física e destinada a morrer com ela. Mas é apenas


uma psique de superfície, resultado do ambiente e da
experiência, servindo à satisfação de vossas necessidades
imediatas; sua tarefa termina quando vos tenha guiado
na luta pela vida. Esse instrumento, como já vos disse,
não pode ultrapassar essa tarefa; lançado no grande mar
do conhecimento, perde-se; trata-se da razão, do bom
senso, da inteligência do homem normal, que não vai
além das necessidades da vida terrena.
Se descermos mais na profundidade encontraremos a
consciência latente; que está, para a consciência exterior
e clara, como as ondas elétricas estão para as ondas
acústicas. A essa consciência mais profunda pertence
aquela intuição, é o meio perceptivo e a ele é necessário
poder chegar, como vos disse, para que vosso
conhecimento possa progredir.
Vossa consciência latente é vossa verdadeira alma
eterna, existe antes do nascimento e sobrevive à morte
corporal. Quando, ao avançar, a ciência chegar até ela,
ficará demonstrada a imortalidade do espírito. Mas hoje
não estais conscientes dessa profundidade, não sois
sensíveis a esse nível e, não tendo em vós mesmos
nenhuma sensação, a negais. Vossa ciência corre atrás de
vossas sensações, sem suspeitar que elas podem ser
superadas, e aí fica circunscrita como num cárcere. Essa
parte de vós mesmos está imersa em trevas, pelo menos,
assim é para a grande maioria dos homens que, por
conseguinte, nega; sendo maioria, faz e impõe a lei,
relegando a um campo comum de fora da normalidade e
juntando em dolorosa condenação, tanto o subnormal,
isto é, o patológico ou involuído, como o supranormal,
240

elemento super-evoluído do amanhã. Neste campo, muito


errou o materialismo. Apenas alguns indivíduos
excepcionais, precursores da evolução, estão conscientes
na consciência interior. Esses ouvem e dizem coisas
maravilhosas, mas vós não os compreendeis senão muito
tarde, depois que os martirizastes. No entanto, esse é o es-
tado normal do super-homem do futuro.
Acenei a essa consciência interior, porque é a base
da mais alta forma de vossa mediunidade, a mediunidade
inspirativa, ativa e consciente; ela é justamente a
manifestação da personalidade humana quando, por
evolução, atinge esses estados profundos de consciência,
que podem chamar-se intuição.
Vossa consciência humana é o órgão exterior através
do qual vossa verdadeira alma eterna e profunda se põe
em contato com a realidade exterior do mundo da
matéria. Por seu intermédio, experimenta todas as
vicissitudes da vida, destas experiências faz um tesouro,
delas assimila o suco destilado, do qual ela se apodera,
tornando suas as qualidades e capacidades, que mais
tarde constituirão os instintos e as ideias inatas do futuro.
Assim, a essência destilada da vida desce em profundi-
dade no íntimo do ser; fixa-se na eternidade como
qualidades imperecíveis e nada de tudo o que viveis, lutais
e sofreis, perder-se-á em sua substância. Vedes que, com
a repetição, todos os vossos atos tendem a fixar-se em vós,
como automatismos que são os hábitos, isto é, um hábito,
uma roupagem sobreposta à personalidade. Essa descida
das experiências da vida se estratifica em torno do núcleo
central do Eu que, com isso, agiganta-se num processo de
expansão contínua; assim, a realidade exterior (tanto
241

mais relativa e inconsistente quanto mais exterior)


sobrevive àquela caducidade, condena-a àquele constante
transformismo que a acompanha e transmite ao eterno
aquilo que vale e sua existência produz. Por isso, nada
morre no imenso turbilhão de todas as coisas; todo ato de
vossa vida tem valor eterno.
Quem consegue ser consciente também na
consciência latente, encontra seu Eu eterno e, na vasta
complexidade das vicissitudes humanas, pode reencontrar
o fio condutor ao longo do qual, logicamente, segundo
uma lei de justiça e de equilíbrio, desenvolve-se o próprio
destino. Então, vive sua vida maior na eternidade e com
isso vence a morte. Ele se comunica livremente, mesmo
na Terra, por um processo de sintonia que implica
afinidade com as correntes de pensamento, que existem
além das dimensões do espaço e do tempo. Em outro
lugar acenei à técnica dessa comunicação conceptual ou
mediunidade inspirativa.
Tracei-vos, assim, o quadro da técnica de vossa
ascensão espiritual, efeito e meta de vossa vida. Em
minhas palavras vereis sempre pairar esta grande ideia
da evolução, não no limitado conceito materialista de
evolução de formas orgânicas, mas no bem mais vasto
conceito de evolução de formas espirituais, de ascensão
de almas. Este é o princípio central do universo, a grande
força motriz de seu funcionamento orgânico. O universo
infinito palpita de vida que, ao reconquistar sua consci-
ência, retorna a Deus. É esse o grande quadro que vos
mostrarei. Essa é a visão que, partindo de vossos
conhecimentos científicos, indicar-vos-ei. Minha
demonstração, lembrai-vos, embora se inicie com uma
242

investigação para uso dos céticos, é um lampejo de luz


que lanço ao mundo, é imensa sinfonia que canto em
louvor de Deus.”

6 – SATHYA SAI BABA


Alguém perguntará o que cada missionário da Verdade
veio ensinar na Terra e a resposta é simples: veio, através da
própria vida, mostrar que devemos evoluir espiritualmente.
Nenhum deles resumirá em um livro ou em muitos
livros, em discursos e realizações filantrópicas, o caminho,
porque o caminho é individual, na procura interior, no
mergulho na própria consciência.
Tratam-se de Espíritos Superiores, mas nem Jesus
carrega a cruz alheia, porque disse: “Pega a tua cruz e segue-
Me.”
A expressão cruz é simbólica e ninguém evolui
sacrificadamente, mas sim viajando para dentro do próprio
interior.
Sathya Sai Baba deu sua contribuição ao progresso da
humanidade da Terra e, daqui a poucos anos, estará
reencarnado novamente, mas não poderá carregar a cruz de
outras pessoas, pois tem a própria para carregar, ou seja,
estará sempre viajando para dentro de si, na procura de
referenciais para sua própria vida.

7 – O XAMANISMO
Quem nunca ouviu falar no Xamanismo, pensa, talvez,
que se trate de uma forma de religiosidade indígena,
primitiva, mas, na verdade, é uma manifestação filosófica
surgida em vários pontos da Terra, trazida por Espíritos aqui
reencarnados provenientes de mundos da Constelação de
Órion.
Procuram despertar a humanidade terráquea para o
auto conhecimento e não têm como meta principal
organizarem-se como partido religioso, à moda do que
aconteceu com cristãos, hinduístas etc. etc.
243

Não estamos pregando aqui o Xamanismo, mas sim


chamando a atenção para a procura interior, que os adeptos
que todas as correntes religiosas e filosóficas podem realizar.

8 – SAMAEL AUN WEOR E LITELANTES


Esses Espíritos Superiores encarnaram na Terra com a
missão de despertar as criaturas que as ouvissem para o
chamamento interior pela consciência.
Na verdade, o mestre é discípulo da mestra, tanto quanto
Allan Kardec é discípulo de Amélie Boudet, Emmanuel é
discípulo de Lívia e assim por diante.
Trabalharam juntos e cumpriram sua nobre tarefa,
deixando um legado que não se sabe se todos os discípulos
estarão à altura de continuar no mesmo nível deles.

9 – O HOLISMO
Trata-se de outra tentativa de despertamento espiritual
da humanidade da Terra, tão apegada às exterioridades.

10 – A CIÊNCIA CÓSMICA
A denominação Ciência Cósmica, pelo menos de nossa
parte, não pretende transformar-se em mais uma facção para
disputar com as já existentes.
O que pretendemos é, em Nome de Jesus, Única
Autoridade na Terra, convidar as criaturas humanas ao auto
conhecimento no sentido mais profundo da palavra, por
reconhecermos que lei externa alguma tem o condão de suprir
a necessidade da viagem de cada um para dentro de si, na
procura do encontro com a própria essência divina que habita
em cada criatura.
Não somos sectários, não pretendemos a auto
valorização, somos anônimos trabalhadores do Bem no
Universo.
244

SEGUNDA PARTE:
A LEI DIVINA REVELADA A CADA CRIATURA
HUMANA PELA PRÓPRIA MEDIUNIDADE

CAPÍTULO I – A VIAGEM INTERIOR


A viagem interior tem de ser acompanhada de um
mestre, ou seja, um Espírito encarnado ou desencarnado, que
inspire confiança ao discípulo, mas faz-se necessária também
a presença do que se convencionou chamar de animal de
poder, o qual já tenha se revelado ao discípulo e que trabalha
ao seu lado como assessor para as empreitadas arriscadas, em
que o elemento animal se faz imprescindível, porque o ser
humano não está preparado para enfrentar perigos mais
sérios.
Vê-se que, realmente, há uma técnica para esse trabalho
de viagem interior, que não pode ser realizada sem esses
requisitos, porque não se trata de um trabalho comum, mas
sim de um passo importante na vida do Espírito.
A partir dessa viagem, se bem sucedida e se ele realizar a
auto reforma moral, irá avançar mais um passo adiante na
sua evolução.
Paulo de Tarso, por exemplo, não se modificou pelo
simples fato de ter encontrado Jesus, mas fez-se necessária
sua permanência, durante dois anos, no deserto, a fim de
adaptar seu íntimo aos novos referenciais, deixando para traz,
integralmente, o “homem velho”.
A evolução do Espírito não se processa de forma
simplista, como a maioria imagina, pois há momentos em que
é necessário olhar o passado multimilenário e redimir-se dos
erros cometidos, mesmo que tais fatos tenham ocorrido há
milhares de anos atrás.
Quem dirá o que tem de ser corrigido é a consciência e
ela só falará nesses momentos de introspecção profunda, no
estado alterado de consciência, que é mais propício nos
médiuns, devido à sua maior ligação psíquica com o mundo
espiritual.
245

Por isso faz-se necessário o acompanhamento de um


mestre espiritual e do animal de poder, a que nos referimos
linhas atrás.
Essa viagem, normalmente, é induzida, pelo menos na
primeira vez, por um orientador encarnado.
Hermínio Corrêa de Miranda informou sobre ela, apesar
de não entrar em detalhes, para não chocar as pessoas mal
informadas.
Foi um dos poucos que realizou esse tipo de trabalho
espiritual, que ele chamava de regressão de memória.
Hermínio, inclusive, realizou esse tipo de atividade
socorrista e esclarecedora com Espíritos sofredores,
libertando-os das amarras do passado de erros.
Mas realizou também esse tipo de trabalho, com algumas
variantes, com relação a encarnados, sendo um deles o
jornalista Luciano dos Anjos, daí surgindo o livro “Eu sou
Camille Desmoulins”.
O processo de indução do discípulo ou paciente varia ao
infinito, conforme o entendimento dos orientadores
encarnados e desencarnados, mas o importante é que, depois
de trazido do passado, o paciente ou discípulo esteja imbuído
do desejo sincero de realizar a auto reforma moral.
Em caso contrário, poderá se perturbar com as
revelações negativas e piorar sua vida ao invés de melhorá-la.
O objetivo deve ser sempre a cura espiritual e não a
satisfação de curiosidade perigosa para a evolução espiritual
do paciente ou discípulo.

1 – ESTADO ALTERADO DE CONSCIÊNCIA


Quem é médium tem muito mais facilidade de ingressar
no estado alterado de consciência, que é, nada mais nada
menos, que o desprendimento maior do Espírito em relação
ao corpo.
Nesse estado psíquico, quando seja esse seu propósito e
conte com o auxílio espiritual o seu Orientador Espiritual,
246

consegue visualizar, ou melhor, viver de novo, os dramas que


lhe provocam distonias e sofrimentos até hoje.
Assim, não só se recorda de incidentes que marcaram
sua vida de Espírito, como também, e principalmente, volta a
viver esses incidentes, com a finalidade de trazê-los para o
nível do consciente e trabalhar as falhas morais,
conscientemente, a fim de superá-las.
Deixaremos outros comentários para os itens que se
seguem.

2 – HERMÍNIO CORRÊA DE MIRANDA


Recomendamos a leitura de dois livros de sua autoria:
“Diálogo com as Sombras” e “Eu sou Camille Desmoulins”,
mas que sejam lidos com olhos de observador da Ciência
Cósmica e não como quem lê romances, querendo saber o
final da história.

3 – MESTRES DE OUTROS PLANETAS


Hermínio sabia de encarnações muito antigas, que viveu,
inclusive, no Egito antigo, onde estudou a Ciência Cósmica,
mas pode-se calcular que tenha aprendido essa área do
conhecimento espiritual em outro planeta, antes de passar a
encarnar na Terra como divulgador da Ciência Cósmica.
Mestres como ele, Charcot, Ochorovicz, Moreno, Pierre
Janet, Allan Kardec, Lavater, Chico Xavier, Divaldo Pereira
Franco, Samael Aun Weor, Litelantes, Mestre Irineu, Helena
Blavatsky, Rudolf Steiner, Yukteswar, Yogananda e outros
não são Espíritos terrenos, pois sua ciência supera, de muito,
a pobre mentalidade terráquea, que começou a vivenciar a
fase da inteligência humana propriamente dita há apenas
quarenta milênios, o que representa muito pouco para a
evolução de um Espírito.
Na verdade, não há mestres terráqueos nessa área,
porque o psiquismo dos Espíritos originários da Terra é ainda
muito precário para compreenderem essa Ciência a nível de
mestre: no máximo, são aprendizes.
247

CAPÍTULO II – O REGISTRO DAS EXPERIÊNCIAS


ASTRAIS
Hermínio registrou suas experiências de forma
superficial, para não chocar as pessoas em geral, ainda
despreparadas para entenderem essas verdades, que, daqui a
algum tempo, serão corriqueiras, quando a Terra passar à
categoria de mundo de regeneração.
Vemos algumas informações em livros psicografados por
Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco, mas há autores
espiritualistas que aprofundam o assunto e que devem ser
consultados por aqueles que pretendem evoluir nessa área.
Nosso registro, neste livro, será apenas superficial,
porque sabemos que haverá dificuldade de muitos leitores em
aceitar até o que estamos dizendo de forma rudimentar.
Mas a nossa finalidade é despertar os prezados leitores
para esse tema, visando sua evolução espiritual, pois, como
dito alhures, é preferível realizar essa transmutação enquanto
encarnado do que ser pego de surpresa pela desencarnação e
cair nas malhas das Trevas, o que acontece com mais da
metade da humanidade, pois somente dissolvendo-se os focos
do mal que há dentro de nós é que passamos a vibrar numa
frequência superior.

1 – A NECESSIDADE DE ENSINAMENTO DO CAMINHO


No mundo de regeneração a maioria das pessoas não
estará sofrendo em função das dívidas pretéritas, pois terá
realizado sua libertação.
Não se concebe a evolução com débitos pendentes, o que
se consegue apenas com a realização de determinados
processos curativos.
No livro “Memórias de um Suicida” também há muito de
informações sobre um tipo de processo de cura nesse sentido.
Recomendamos a leitura dessa obra preciosa, que a
humanidade da Terra deve ao esforço conjugado de Yvonne
do Amaral Pereira e Camilo Castelo Branco.
248

Orientar sobre esse resgate espiritual representa uma


imensa caridade aos seres humanos da Terra, que, com esse
tratamento, esvaziarão os consultórios dos psicólogos e
psiquiatras, os quais, por enxergarem apenas o cérebro e o
sistema nervoso físicos, não alcançam a raiz dos problemas
psíquicos, que, normalmente, está no passado dos Espíritos
devedores, que representam a maioria dos habitantes da
Terra.

2 – O DESPERTAMENTO DAS CRIATURAS HUMANAS


Nesta época de transição todas as falanges do Bem se
desdobram em socorro da humanidade desarvorada de hoje.
Espíritos da Terra e de outros mundos mais evoluídos
juntam forças para informarem a todas as criaturas sobre sua
própria essência espiritual, visando adequar sua mente ao
novo mundo que se avizinha a passos largos.
Ao invés de ficarem dopados pelos medicamentos nem
sempre necessários, deve-se tratar do psiquismo com métodos
adequados, conhecidos pelos antigos iniciados do Egito e
outros povos já desaparecidos.
A Ciência Cósmica não tem pátria e circula o Universo,
porque faz parte do Plano Divino, que Jesus organiza para os
habitantes da Terra.
Não importa o nome que se dê a esse conhecimento, pois
o que importa é a auto reforma moral profunda e não apenas
o rótulo de cristão, budista, hinduísta etc. etc.
As criaturas devem compreender que são Espíritos e
viver conforme essa realidade e não como se fossem corpos.

TERCEIRA PARTE: COMO FUNCIONA A


CONSCIÊNCIA

CAPÍTULO I – O DESPERTAMENTO DA CONSCIÊNCIA


Quem pensa que a consciência está desperta
espontaneamente está totalmente enganado, pois,
principalmente nos encarnados, mas mais precisamente nos
249

Espíritos menos evoluídos, ela está adormecida parcial ou


totalmente, até que chegue o momento em que ela desperta,
por iniciativa do próprio Espírito ou por um abalo, que
funciona como impulsionador do seu progresso.
A essência divina é como uma flor preciosa, que não
pode ficar exposta às oscilações de temperatura, tal como
acontece com algumas espécies raras de vegetais.
Os seres primitivos têm a consciência muito pouco
desperta, bem como aqueles que nunca se preocuparam com
sua própria essência divina, apesar de serem Espíritos mito
antigos.
O despertamento depende do grau de espiritualização de
cada um: entendamos isso.
Há quem passe centenas de reencarnações voltado para
a materialidade, ou seja, ignorando propositadamente sua
essência espiritual e ela continua presente, como não poderia
deixar de ser, mas adormecida.
Em todos os casos, todavia, seu despertar é doloroso,
pois o Espírito fica numa conjuntura dramática, com uma de
duas opções: 1 – assume os erros que cometeu e vence o
próprio orgulho, admitindo ser um ser cheio de falhas morais
e encara de frente a necessidade de evoluir ou 2 – revolta-se,
pois seu orgulho fala mais alto e, ou entra em depressão, que
pode levar ao suicídio, ou torna-se um Espírito das Trevas.
Vejamos como é séria a evolução espiritual e não se trata
de mero passeio por entre árvores verdejantes e paisagem
aprazível.
Evoluir é carregar a própria cruz, como Jesus afirmou
na Sua linguagem simbólica, mas essa cruz não é pesada, no
sentido de estar acima do que conseguimos suportar, mas sim
exige de cada um a assunção humilde das próprias limitações.
O principal nessa tomada de consciência é a criatura
humana assumir suas próprias limitações, vendo que há
Espíritos que lhe são superiores, a quem passa a encarar sem
inveja e Espírito que lhe são inferiores, os quais passa a ver
sem desprezo.
250

Ninguém deve se comparar com outrem, pois cada um


tem de desempenhar sua tarefa específica, mas é importante
aprender a obedecer, pois, sem obediência, que significa
humildade, ninguém evolui espiritualmente.
O orgulho é o defeito que mais dificulta a assunção dos
próprios erros do passado.
O despertar da consciência exige que dominemos nosso
orgulho e não partamos nem para a depressão nem para a
revolta, mas sim humilhemo-nos diante de Deus, que é nosso
Pai, e iniciemos o caminho de volta como o filho pródigo da
parábola evangélica.
De todos os Espíritos que passaram pela Terra somente
Jesus nunca errou, porque sempre foi obediente.
Devemos aprender a ser obedientes, primeiro em relação
à Lei de Deus, que está escrita dentro de nós, e, segundo, aos
que, por uma razão ou outra, nos são superiores no mundo
material ou na hierarquia espiritual.
Diz-se com razão: “Quem obedece não erra”, valendo
esse ditado para quem obedece à voz da própria consciência.

1 – A LUTA INTERNA DO EGO CONTRA O EU


Emergindo, gradativamente, das caracterizações dos
Reinos inferiores da Natureza, é normal que cada criatura
humana tenha dificuldades em assumir um papel de Espírito
consciente da sua própria realidade espiritual.
Por muito tempo acredita ser um mero corpo e vive,
realmente, em função das necessidades corporais de “comer,
dormir e reproduzir”.
Um dado importante para os terrícolas é de que, na
Terra, a razão surgiu há apenas quarenta milênios, o que
representa muito pouco tempo para a vida de um Espírito.
Há humanidades em que esse marco ocorreu há muitos
milênios a mais, como são os casos de Marte, Saturno e Vênus.
A humanidade da Terra deve saber dessa realidade, a
fim de não ficar acreditando que é uma coisa excepcional em
termos evolutivos, tanto que, se em Marte, por exemplo, os
251

seres humanos não se alimentam de vegetais nem animais,


aqui na Terra as pessoas ainda se refestelam com os despojos
sangrentos dos animais, em festas que mais parecem um
festival quase antropofágico.
Sejamos conscientes do nosso nível evolutivo e tenhamos
humildade suficiente, mas, por outro lado, invistamos na
nossa evolução, pois a Terra está deixando de ser um mundo
de provas e expiações e passando a mundo de regeneração.
Para essa mudança, cada um deve despertar a própria
consciência, revendo seus erros de outras vidas e deletando-os
através da auto reforma moral profunda, o que demanda um
processo especial, sempre orientado por Espíritos Superiores,
e que pode acontecer na trajetória do Espírito como
encarnado ou como desencarnado.
Todavia, sem essa limpeza, essa faxina espiritual, não há
como alguém evoluir: é como se alguém se programe para ir a
um festejo e vê que não pode deixar de tomar banho e mudar
de roupa.
Nos itens anteriores já falamos que o ego procura
manter-se dominante, porque representa as reminiscências
dos Reinos inferiores da Natureza, por onde passamos.
Mas, quando despertamos a consciência, limpamo-nos
dessas sujidades e seguimos adiante, como quem tomou um
banho exemplar, e, assim, retiramos as bactérias que estavam
agarradas à nossa pele.
Com essa mudança de frequência, passamos a sintonizar
com as estações do Bem e não as do Mal.

1.1 – O COMPLEXO DE CULPA


Como dissemos, há o perigo de estagnarmos na faixa do
complexo de culpa, derrapando na faixa da depressão ou
ingressando na sintonia da revolta.
Somente quem se esforçar para ser realmente humilde
conseguirá passar ileso por esse fogo cruzado interno, porque
a consciência não aceita meios termos e temos que dizer a nós
mesmos sim sim, não não.
252

2 – A PACIFICAÇÃO
Seja procurando adquirir logo a humildade, seja depois
de muito sofrer por causa do orgulho, não há quem fique
eternamente lutando contra a própria consciência.
Um dia cada um retorna à Casa Paterna.
Aí terá ocorrido a pacificação, mas, para os rebeldes está
reservado o degredo ao planeta Quírom, muito mais atrasado
do que a Terra, enquanto que para quem se humilhar perante
a própria consciência, se seja, perante Deus estará reservada a
própria Terra, tanto que Jesus disse que esses herdarão a
Terra.

2.1 – A IMPLEMENTAÇÃO DA AUTO REFORMA


MORAL PROFUNDA
As criaturas humanas da Terra estão acostumadas à
religiosidade puramente exterior, sendo, na verdade,
sepulcros caiados por fora, mas podres por dentro.
Chegou a hora da declaração da verdade interna de cada
um e é necessário que a auto reforma moral seja realizada em
profundidade, sem subterfúgios nem hipocrisia.

CAPÍTULO II – OS HUMANOS DO MUNDO DE


REGENERAÇÃO
No mundo de regeneração cada criatura humana terá de
viver segundo os ditames da própria consciência, onde está
escrita a Lei de Deus.
Assim, as criaturas aprenderão a realizar
periodicamente sua viagem interna, de onde voltarão com as
indicações necessárias para evoluir espiritualmente.

1 – CRIATURAS OBEDIENTES À LEI DE DEUS


INSERIDA NO SEU ÍNTIMO
Para terminarmos, vamos apenas citar uma expressão de
Jesus: “O Reino dos Céus está dentro de vós.”

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