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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0024731-42.2019.5.24.0021

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 15/07/2019


Valor da causa: $15,699.00

Partes:
AUTOR: LUCIVAINE FAGUNDES TISEU
ADVOGADO: MARISTELA LINHARES MARQUES WALZ
RÉU: ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
RÉU: VYGA - PRESTADORA DE SERVICOS DE CONSERVACAO E ASSEIO LTDA
ADVOGADO: LUIZ FERNANDO SILVA DE ARRUDA RODRIGUES
ADVOGADO: THIAGO BREGANTINI RODRIGUES
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 1ª VARA DO
TRABALHO DE DOURADOS,

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Nº 0024731-42.2019.5.24.0021


RECLAMANTE: LUCIVAINE FAGUNDES TISEU
RECLAMADO: ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL E OUTRO

O ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, pessoa jurídica de Direito


Público interno, CNPJ n°15.412.257/0001-28, com sede jurídica no Parque dos Poderes,
Bloco IV, Campo Grande-MS, por sua Procuradora do Estado que esta subscreve, com
mandato legal, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar
CONTESTAÇÃO às pretensões expendidas pela parte reclamante.

1. SÍNTESE FÁTICA
A Reclamante, Sra. Lucivaine Fagundes Tiseu, ajuizou Reclamação
Trabalhista postulando a responsabilização subsidiária do ente político estadual pelo
pagamento de verbas trabalhistas e indenizatórias, sob o argumento de que foi admitida pela
Primeira Reclamada, a companhia Vyga Prestadora de Serviços de Conservação e Asseio
Ltda, em 04/06/2018, para exercer a função de auxiliar de limpeza nas sedes da Delegacia
Regional, da 2ª Delegacia de Polícia e do IMASUL.
De maneira específica, pugnou pela rescisão indireta de seu contrato de
trabalho, com consequente liberação do saldo de FGTS e seguro desemprego, bem como
condenação de Reclamada principal e, subsidiariamente, do Estado de Mato Grosso do Sul,
ao pagamento das seguintes verbas:
- Aviso prévio indenizado (R$ 988,00);
- 13º salário proporcional (R$ 659,00);
- Férias proporcionais + 1/3 (R$ 220,00);
- Férias vencidas + 1/3 (R$ 1.317,00);
- Multa do FGTS (R$ 443,00);
- Salários atrasados, abril, maio e junho e vincendos (R$ 2.964,00);
- Salários alimentação desde de out/18 (R$ 2.092,00);
- Indenização por danos extrapatrimoniais/morais (R$ 5.000,00); e
- Diferenças de FGTS (R$ 1.028,00)
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Eis o relato do essencial. Em que pese os argumentos da Reclamante, com
relação ao segundo reclamado sua pretensão não se sustenta, conforme restará demonstrado
adiante.

2. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO PARA CONCILIAR. NÃO-


COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA INICIAL.
Inicialmente, o Estado de Mato Grosso do Sul informa que não possui
autorização legal para conciliar nesta demanda, razão pela qual, acaso haja conciliação entre
a Reclamante e a Reclamada principal, a Fazenda Pública não integra o ajuste
celebrado.
Nessa hipótese, pugna-se, desde logo, pela extinção do feito em relação
ao Estado de Mato Grosso do Sul, eis que a celebração de acordo com a Reclamada
principal, sem intervenção do ente público, caracteriza, tacitamente, desistência da ação em
relação ao último.
Não se mostra viável, portanto, após a celebração do ajuste e em caso de
descumprimento deste pela Reclamada principal, a reabertura dos trâmites da fase de
conhecimento no intuito de apurar eventual responsabilidade subsidiária da Fazenda Pública.
Seguindo a linha de raciocínio ora apresentada, colhe-se o seguinte julgado:

TERCEIRIZAÇÃO. CONDENAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ENTE


PÚBLICO. ACORDO CELEBRADO ENTRE EMPREGADO E
EMPREGADOR. IMPOSSIBILIDADE. O acordo celebrado e
homologado tem força de coisa julgada, transitando em julgado na data
da sua homologação judicial, tendo sua atuação limitada às partes do
ajuste conciliatório. Dessa forma, é inadmissível a possibilidade de
reabertura dos trâmites da fase de conhecimento apenas para analisar
o liame da responsabilidade subsidiária do ente público, com o objetivo
de obrigá-lo a cumprir o acordo celebrado por terceiros. Recurso
provido para excluir qualquer responsabilidade subsidiária do ente público
para o cumprimento do acordo. (TRT-1 - RO: 00118473120155010483,
Relator: ROGERIO LUCAS MARTINS, Data de Julgamento: 17/05/2017,
Sétima Turma, Data de Publicação: 13/06/2017)

Ademais, em razão da impossibilidade de transacionar, o ente público


informa que não comparecerá à audiência inicial designada para o dia 19/11/2019. A
medida é tomada com amparo na Recomendação CGJT n. 02/2013 da Corregedoria-Geral da
Justiça do Trabalho (anexa).

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3. DA ILEGITIMIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL PARA
RESPONDER POR EVENTUAL RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO
IMASUL. AUTARQUIA COM PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA.
A Reclamante informa que desenvolveu atividade laborativa nas sedes da
Delegacia Regional, da 2ª Delegacia de Polícia e do IMASUL. A esse respeito, importante
esclarecer que, com relação ao trabalho desenvolvido no IMASUL, a Administração Direta
não dispõe de legitimidade para contestar a demanda e tampouco para responder
subsidiariamente por eventuais verbas trabalhistas.
Isso porque o IMASUL é uma autarquia estadual que exerce suas
atribuições de forma totalmente descentralizada e distinta da Administração Direta, possuindo
autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Nesse sentido, a Lei Estadual n.º
12.231/2007 dispõe:

Art. 1º O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul - IMASUL é


uma entidade pública integrante da administração indireta do Poder
Executivo, com natureza autárquica, dotada de personalidade jurídica
de direito público, patrimônio próprio e autonomia administrativa e
operacional, nos termos da legislação estadual, com sede e foro na
Capital do Estado e prazo de duração indeterminado, vinculado à Secretaria
de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e
Tecnologia - SEMAC.

Assim, por se tratar de pessoa jurídica com personalidade jurídica própria, é


o IMASUL quem, em tese, guarda uma relação jurídica com a primeira reclamada pelo
trabalho desenvolvido nas dependências deste. Isso posto, devido à ilegitimidade passiva,
requer-se seja extinto, sem resolução do mérito, os pedidos da Reclamante dirigidos à
Administração Direta e que sejam referentes ao trabalho desenvolvido no IMASUL.

4. MÉRITO
4.1. Da licitude do contrato de terceirização celebrado com a primeira reclamada.
Antes de adentrar à defesa de mérito propriamente dita, cumpre trazer à tona
que o contrato de terceirização celebrado entre o Estado de Mato Grosso do Sul e a primeira
Reclamada constituiu terceirização lícita.
Veja-se que a empresa Vyga Prestadora de Serviços de Conservação e
Asseio firmou contrato com o Estado de Mato Grosso do Sul para prestação de serviços de
limpeza, conservação, jardinagem, desintetização e desratização, com fornecimento de
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máquinas, equipamentos e materiais necessários à execução dos serviços, em órgãos e
entidades que compõem o Poder Executivo do Estado. Logo, a contratação limitou-se à
prestação de atividades-meio, encontrando ressonância na Súmula n.º 331 do TST, que
aponta a atividade de "conservação e limpeza" como uma daquelas em que terceirização de
serviços é permitida.
Além disso, a Reclamante não faz referência a qualquer poder diretivo do
Estado (subordinação) com relação à sua pessoa que pudesse, minimamente, caracterizar uma
pretensa relação empregatícia ou responsabilização solidária do ente público. O vínculo
empregatício da Reclamante se estabeleceu única e exclusivamente com a primeira
Reclamada Vyga Prestadora de Serviços de Conservação e Asseio Ltda.

4.2. Não caracterização da responsabilidade subsidiária do Estado. Ausência de


demonstração de culpa. Ônus da Reclamante. Repercussão Geral 760.931 (Tema 246
STF). Jurisprudência do TST e TRT da 24ª Região.
Feitos os devidos esclarecimentos sobre a terceirização em análise, cumpre
apontar que não há fundamento plausível para a responsabilização do Estado de Mato Grosso
do Sul por débitos trabalhistas da primeira Reclamada.
Como é cediço, o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese, em
regime de repercussão geral (precedente vinculante, nos termos do art. 927, inc. III, CPC c/c
art. 769 da CLT cc/ art. 3º, XXIII da Resolução nº 203, de 15 de março de 2016):

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do


contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"
(tema 246, STF).

Concluiu a Suprema Corte que não há hipótese possível de responsabilidade


solidária ao Estado (tomador do serviço) por encargos trabalhistas, diante da expressa
vedação legal do art. 71, §1º, da Lei 8.666/931, cuja constitucionalidade foi ratificada na ADC
16.
1
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
resultantes da execução do contrato.
§ 1º. A inadimplência do contratado com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do
contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
(redação dada pela lei nº 9.032, de 28.04.95 Destaques inseridos)
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Quanto à responsabilidade subsidiária do Estado, esta é possível
apenas excepcionalmente, caso haja comprovação inequívoca de sua conduta culposa e
causadora de dano aos empregados da empresa contratada. Além disso, restou decidido
pelo STF que a produção dessa prova inequívoca cabe ao reclamante, sendo indevida a
inversão do ônus da prova ou a presunção de culpa em desfavor do ente público. Aplica-
se, portanto, o art. 818, I, da CLT.
Com efeito, exigir do Estado (tomador do serviço) exaustiva vigilância
sobre a correta execução de cada um das centenas de contratos de trabalho firmados pelas
empresas terceirizadas significaria desvirtuar a própria lógica e natureza do contrato de
terceirização, além de acarretar um maior gasto público. Isso porque haveria necessidade de
criação de um setor administrativo específico e permanente, com número expressivo de
servidores, apenas para a realização dessa fiscalização rigorosa, minuciosa e contínua.
Na prática, os sócios das empresas contratadas veriam grande vantagem em
debilitar a capacidade financeira da pessoa jurídica e conduzir os trabalhadores a demandarem
contra o Poder Público, na certeza de que este acabaria por suportar as obrigações
trabalhistas.
Assim, a atribuição de culpa presumida ao Estado seria um incentivo a
fraudes e um desestímulo a contratações de empresas terceirizadas, tudo em violação ao
princípio constitucional da eficiência (art. 37 da Constituição Federal).
Sobre esse ponto, vale transcrever trecho do bem fundamentado voto do
Ministro Alexandre de Moraes:

"Exigir que a Administração Pública proceda “in totum” a exaustivas


rotinas de vigilância da execução de contratos terceirizados não apenas
corrói a lógica econômica dessas avenças, desestimulando-as, como imputa
ao tomador de serviços uma responsabilidade diretiva típica da
subordinação empregatícia, que deveria ser exercida pelo empregador.
Teríamos, consequentemente, um duplo gasto do poder público para a
mesma finalidade, pois, além da taxa de fiscalização, haveria
necessidade de manutenção de setores específico para a realização
dessa tarefa, como se não houvesse terceirização, mas sim prestação
direta dos serviços" (fls. 322/323 do acórdão do RE 760.931 – Destaques
inseridos)

A jurisprudência do E. TST acompanha o mesmo entendimento:

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III - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO NA
VIGÊNCIA DA LEI N° 13.015/2014. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. TOMADOR DE SERVIÇOS. ÔNUS
DA PROVA. CULPA IN VIGILANDO NÃO DEMONSTRADA. Em
recente decisão, no RE 760.931, com repercussão geral, o STF firmou o
entendimento de que o ônus da prova da culpa in vigilando, no caso de
terceirização trabalhista levada a cabo pela Administração Pública,
deve recair sobre o reclamante. Assim, a conclusão do Regional, no
sentido de que era ônus da empresa tomadora dos serviços a prova da
efetiva fiscalização, está em dissonância com o posicionamento do Supremo
Tribunal Federal. Ressalva de entendimento. Recurso de revista conhecido e
provido " (RR-1210-58.2015.5.12.0016, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria
Helena Mallmann, DEJT 15/03/2019).

RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA


VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/17.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA
DE CARACTERIZAÇÃO DA "CULPA IN VIGILANDO".
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso, não é possível extrair do v.
acórdão que houve falha na fiscalização pelo ente público em relação às
obrigações contratuais firmadas pela prestadora de serviços para com o
reclamante, pressuposto que o Supremo Tribunal Federal entende
necessário a fim de configurar a "culpa in vigilando" justificadora da
condenação subsidiária. Registre-se, por oportuno, a recente decisão do
STF no RE nº 760.931, com repercussão geral, que atribuiu o ônus da
prova da ausência de fiscalização ao trabalhador, diferentemente do que
foi decidido pela Corte Regional. Recurso de revista conhecido por violação
do art.71, §1° da lei 8666/93 e provido" (RR-1001284-16.2016.5.02.0315,
3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
27/09/2019).

II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS


Nº 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA DIRETA OU INDIRETA. TERCEIRIZAÇÃO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Diante da salvaguarda inscrita no
art. 71 da Lei nº 8.666/93, a responsabilidade subjetiva e subsidiária da
Administração Pública Direta ou Indireta encontra lastro em caracterizadas
ação ou omissão culposa na fiscalização e adoção de medidas preventivas
ou sancionatórias ao inadimplemento de obrigações trabalhistas por parte de
empresas prestadoras de serviços contratadas (arts. 58, III, e 67 da Lei nº
8.666/93). Nos termos da decisão proferida pelo excelso Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do RE nº 760.931, com repercussão geral, o ônus de
provar a ausência de fiscalização da execução do contrato pertence ao
trabalhador. Assim, tendo em vista a decisão do STF e diante da
inexistência de elementos que demonstrem a culpa "in vigilando", não se
cogita de responsabilidade subsidiária do ente público. Recurso de revista
conhecido e provido" (RR-10542-49.2017.5.03.0042, 3ª Turma, Relator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 27/09/2019).

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RECURSO DE REVISTA . RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
ENTE PÚBLICO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DA CONDUTA CULPOSA.
PROVIMENTO. [...] Com supedâneo na decisão do STF, esta Corte
Superior vem entendendo que cabe ao empregado terceirizado o encargo
de demonstrar a conduta culposa da Administração Pública na
fiscalização do contrato de prestação de serviços, por ser fato
constitutivo do seu pretendido direito, sendo inadmissível, na espécie, a
inversão do ônus probatório. Precedentes . [...]
(RR-205-60.2017.5.23.0004, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 27/09/2019).

III. RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014.


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ÔNUS DA PROVA QUANTO À
FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
VIOLAÇÃO DO ARTIGO 818 DA CLT. CARACTERIZAÇÃO. [...]. A
partir da análise dos fundamentos lançados no debate travado no âmbito do
Supremo Tribunal Federal é possível concluir ser permitida a
responsabilização do Ente da Administração Pública, em caráter
excepcional, desde que robustamente comprovada sua conduta culposa, não
se cogitando de responsabilidade objetiva ou de transferência automática da
responsabilidade pela quitação dos haveres em razão do simples
inadimplemento das obrigações trabalhistas pela prestadora de serviços.
Ademais, tem-se que compete ao Autor da ação o ônus probatório
quanto à conduta culposa do tomador de serviços. 3. [...]
(RR-1184-14.2013.5.07.0002, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar
Rodrigues, DEJT 27/09/2019).

No mesmo sentido, os seguinte precedentes do TRT da 24ª Região:

RECURSO ORDINÁRIO. ART. 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/1993.


RESPONSABILIDADE DO ENTE PÚBLICO POR DÍVIDAS
TRABALHISTAS EM CASO DE TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS.
ÔNUS PROCESSUAL. 1. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos
empregados do contratado não transfere automaticamente, ao Poder Público
contratante, a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. 2.
Nesse contexto, a responsabilização do ente público depende da
demonstração de que ele possuía conhecimento da situação de ilegalidade
e que, apesar disso, deixou de adotar as medidas necessárias para combatê-
la, a cargo do demandante (art. 818, CLT). (Processo N.
0025447-62.2015.5.24.0004-RO, 1ª Turma, Relator Des. Amaury
Rodrigues Pinto Junior, j. 17/07/2019)

TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIZAÇÃO SUBSIDIÁRIA. ENTE


PÚBLICO. O STF reconheceu (ADC 16/DF) a constitucionalidade do art.
71 da Lei 8.666/93, de forma que apenas quando efetivamente caracterizada

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a culpa in vigilando é que a administração pública pode ser responsabilizada
pelos débitos trabalhistas da empresa terceirizada. A culpa da tomadora,
entretanto, não pode ser presumida pelo simples inadimplemento das
obrigações trabalhistas da empresa contratada, conforme jurisprudência
pacificada pela Súmula 331 do TST. No caso em comento, não demonstrada
a negligência da tomadora na fiscalização da prestadora de serviços quanto
ao pagamento dos encargos trabalhistas, indevida sua responsabilização
subsidiária. Recurso provido. (Processo N. 0025642-19.2016.5.24.0002
(RO), 1ª Turma, Relatora Juíza Convocada Kelly Cristina Monteiro Dias
Estadulho, j. 30/04/2019)

No presente caso, a parte reclamante não comprovou qualquer conduta


culposa do Estado quanto à suposta falha na fiscalização da empresa terceirizada. Aliás,
não produziu qualquer prova a esse respeito. Assim, não se desincumbiu de seu ônus de
demonstrar que o Estado tenha descumprido qualquer das obrigações previstas na Lei
8.666/93, razão pela qual o pedido de condenação subsidiária do ente público estadual deve
ser julgado improcedente.

4.3. Dos elementos que demonstram a regular fiscalização do contrato.


Em complemento ao acima deduzido, vem o segundo Reclamado
demonstrar a regular fiscalização do contrato administrativo celebrado com a primeira
Reclamada.
Nesse particular, importante inicialmente consignar que a contratação pela
Administração Pública se realiza por meio de procedimento de licitação, no qual há exigência
de farta documentação da empresa contratada, a fim de aferir sua idoneidade e regularidade,
em conformidade com as diretrizes previstas na Lei 8.666/93. A primeira Reclamada se
submeteu a esse procedimento, demonstrando que, na oportunidade do certame, detinha
aptidão para a execução contratual. Desse modo, não há que se falar em "culpa in eligendo".
De resto, no curso do contrato, o Estado exerceu efetiva fiscalização.
Veja-se que a Secretaria de Estado Justiça e Segurança Pública, aderente do
Contrato Corporativo e responsável pela repartições da Administração Direta em que a
Reclamante prestou serviços, expediu notificação à VYGA em 15 de abril de 2019 (anexa)
solicitando esclarecimentos e documentação sobre pendências trabalhistas.
Ademais, diversos outros órgãos aderentes ao contrato corporativo
expediram notificações à primeira Reclamada. Em anexo, constam, exemplificativamente,
advertências expedidas pela Secretaria de Estado e Fazenda, pela Secretaria de Estado de

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Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (à qual está
vinculado o IMASUL), pela Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, pela Agência de
Habitação Popular de Estado de Mato Grosso do Sul e pela Fundação Escola de Governo de
Mato Grosso do Sul.
A esse respeito, destaca-se que a obrigação de fiscalização do ente
público é de meio e não de resultado, de modo que o simples fato de as advertências
aplicadas não terem sido suficientes para a quitação imediata dos débitos trabalhistas da
primeira Reclamada não autoriza sua transferência ao tomador de serviços. Outrossim, a
forma de fiscalização do contrato é matéria afeta à discricionariedade administrativa.
Nesse sentido, os seguintes julgados:

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE


SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. NÃO CONFIGURAÇÃO. O dever do
ente público de fiscalizar constitui uma obrigação de meio, e não de
resultado, assim, não se pode considerar que o mero inadimplemento
dos encargos trabalhistas pela empregadora represente falha na
fiscalização, asseverando-se, também, que a demonstração de
fiscalização por amostragem, como ocorre nos autos, é suficiente como
prova do efetivo cumprimento da obrigação por parte da
Administração Pública. Ou seja, "a escolha da modalidade de fiscalização
deve se sujeitar a um controle judicial mais brando", o que implica a
inexigibilidade de uma fiscalização exauriente, cabendo a cada ente
político e demais entidades da Administração definir e estruturar a sua
própria modalidade de fiscalização, demonstrando sua realização quando
eventualmente chamada para responder em Juízo. (TRT-3 - RO:
00104711520175030085 0010471-15.2017.5.03.0085, Relator: Milton
V.Thibau de Almeida, Terceira Turma)

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. FISCALIZAÇÃO PROVADA.


RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA AFASTADA. O recorrente
desincumbiu-se de seu ônus de provar a efetiva fiscalização da
prestadora de serviços pelos documentos que acompanham a
contestação (ID 5866149), quais sejam: Carta 013/2013 (datada de
10/01/2013), requerendo providências no ID 5866306; Carta 033/2013
(datada de 16/1/2013), aplicando pena de advertência (ID 5866306 -
pag. 4); Carta nº 082/2013 (datada de 19/02/2013), solicitando
documentos para "subsidiar a fiscalização do Contrato" (ID 5866325 -
pag. 3) e Carta 084/2013 (datada de 19/02/2013), requerendo
manifestação sobre atraso de pagamentos e benefícios de empregados
(ID 5866325 - pag. 5). Ademais, além da aplicação de advertência à 1ª
reclamada (DOERJ de 22/01/2013 - ID 5866325 - pag. 1), observa-se que o
ente público rescindiu unilateralmente o contrato de prestação de serviços
em 03/2013 (IDs 5866392 - pag. 3 e 5866392 - pag. 6), além de aplicar

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multa e suspender temporariamente a prestadora de serviços de participar de
licitações com a Administração Pública (IDs 5866448 - pag. 3 e 5866515 -
pag. 2). Desta forma, por devidamente provada nos autos a efetiva
fiscalização pelo ente público, deve ser afastada a responsabilidade
subsidiária do 2º reclamado. Recurso provido. (TRT-1 - RO:
00104333020135010204 RJ, Relator: ANTONIO CESAR COUTINHO
DAIHA, Data de Julgamento: 22/06/2015, Terceira Turma, Data de
Publicação: 13/07/2015)

EMENTA: ENTE PÚBLICO - TERCEIRIZAÇÃO -


RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA - AUSÊNCIA DE CONDUTA
CULPOSA. A administração pública responde subsidiariamente pelos
haveres trabalhistas quando demonstrada sua conduta culposa na
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais do
prestador de serviços como empregador (Súmula 331, itens IV e V, do C.
TST), pelo que, não caracterizada a culpa do ente público, é incabível a
responsabilidade subsidiária. Recurso da segunda reclamada provido.
FUNDAMENTAÇÃO
(...)
Não se exige que o tomador de serviços verifique e acompanhe, de forma
detalhada e individualizada, em relação a cada empregado do prestador, a
ocorrência de rescisão do seu contrato, com o acerto correspondente, nem a
regularidade no recolhimento do FGTS, questões que são afetas ao
empregador, diretamente relacionadas à condução do contrato do trabalho, a
serem geridas por este, não cabendo a interferência do tomador.
Nessa circunstância, não há falar em omissão do tomador na fiscalização do
contrato, não se afigurando razoável, ademais, que o ente público tenha de
acompanhar pari passu toda a atividade das empresas que lhe prestam
serviços, na condição de empregadoras.
Além disso, está claro, no presente caso, que houve efetiva fiscalização
do contrato pela tomadora, nos limites do que lhe é exigido, conforme
documentos apresentados - manteve tratativas com a prestadora,
cobrando o cumprimento de obrigações trabalhistas com os
trabalhadores, como o pagamento de salários no prazo legal e
concessão do benefício alimentação, vale transporte e férias, entre
outros direitos, e, também por questões relacionadas às obrigações
trabalhistas, instaurou procedimento administrativo em face da
prestadora, que culminou na rescisão unilateral e antecipada do
contrato, com a aplicação de penalidades (ID e76092d e seguintes).
Não ocorre, portanto, a culpa in vigilando neste caso, pressuposto para
impor a responsabilidade subsidiária ao ente público (Súmula 331, V,
do C. TST), não sendo suficiente, para tanto, o mero inadimplemento
de obrigações trabalhistas por parte da prestadora.
(TRT-24 00243160320185240051, Relator: ANDRE LUIS MORAES DE
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 30/07/2019, 1ª Turma)

Além da efetiva fiscalização, o Estado deixou não aditou/repactuou o


contrato celebrado com a Vyga, eis que a companhia descumpriu o artigo 55, XIII da Lei n.º
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8666/1993, por não manter durante a execução do contrato as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação (vide Ofício n. 2821/SUPAF/GAB/SAD/2019 e anexo).
Porém, precisamente com a finalidade de que a companhia promovesse
a regularização de seus débitos trabalhistas, o ente público formalizou dois acordos com
a Vyga.
Por meio do Termo de Audiência e Acordo nº 001/2019, firmado em
04/06/2019 (cópia em anexo), o Estado pagou o valor de R$ 1.204.908,49 à companhia, e esta
se comprometeu a quitar, até 07/06/2019, a folha de salários, encargos em atraso, vale-
transporte e alimentação de todos seus empregados, bem como regularizar as certidões
previdenciárias e FGTS (cláusula segunda).
Destaque-se que o pagamento à Vyga ficou vinculado à quitação de
encargos trabalhistas em atraso e regularização de certidões previdenciária e de FGTS e
aquela informou à Secretaria de Administração e Desburocratização o cumprimento do ajuste.
A responsabilidade pela fiscalização do acordo ficou a cargo do Ministério Público do
Trabalho.
O mesmo ajuste, em sua cláusula sexta, estabelecia que o pagamento
efetivado pelo Estado o isentaria de qualquer responsabilidade trabalhista e encargos
decorrentes no que diz respeito ao Contrato Corporativo n.º 007/2016 e todos os demais
Contratos de Adesão existentes.
Posteriormente, no Termo de Audiência e Acordo nº 728/2019, firmado
em 10/09/2019 (em anexo), o Estado se comprometeu ao pagamento do valor estimado de R$
1.000.000,00, o qual também ficou integralmente vinculado à quitação das folhas de salários,
encargos, rescisões, vale transporte e alimentação de todos os funcionários que prestavam
serviços nos órgãos a entidades do Estado. Estabeleceu-se, novamente, a isenção do Estado de
qualquer responsabilidade trabalhista e demais encargos (cláusula sexta).
É evidente, portanto, a atuação do Estado na fiscalização do contrato e
na busca da regularização dos débitos trabalhistas, motivo pelo qual não há que se
argumentar por sua responsabilização subsidiária.

5. DO PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE. DELIMITAÇÃO DA


RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
Acaso seja acolhido o pleito da responsabilidade subsidiária do segundo
Reclamado, o que não se espera, o Estado de Mato Grosso do Sul requer sejam julgados
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improcedentes todos os pedidos de pagamento de verbas trabalhistas e previdenciárias
discriminadas na petição inicial.
Nesse ponto, deixa-se de contestar articuladamente o mérito do presente
feito, pois a Reclamante não possui nenhum vínculo celetista com o ente federado, de modo
que o Estado de Mato Grosso do Sul não tem acesso à documentação trabalhista desta
junto à Vyga para discorrer sobre o pagamento das verbas pretendidas.
De toda forma, em análise da exordial, é possível consignar a exclusão de
determinadas verbas de condenação porventura imposta à Fazenda Pública Estadual,
conforme abaixo.

5.1. Do afastamento da indenização por danos morais. Subsidiariamente: quantum e


termo inicial de juros e correção monetária.
Pleteia a Reclamante a condenação dos requeridos ao pagamento da quantia
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de indenização por danos morais. Para tanto,
sustenta que o atraso no pagamento de salários fez com que ela tivesse que se utilizar de
cartões de crédito, cujas contas se acumularam, resultando o envio de seu nome para o SPC.
Não apresentou, porém, qualquer comprovação do alegado.
Ocorre que, de um lado, referido pleito não pode se estender ao Estado, haja
vista que este não contratou os serviços da Reclamante, bem assim não causou qualquer lesão
à obreira. Entender de modo diverso significaria ignorar os ditames de nexo de causalidade,
no sentido de que só se deve responsabilizar quem causou a lesão (teoria do dano direto e
imediato).
De outro, não é mero dissabor ou insatisfação que dá ensejo à indenização
por dano moral. Para que eventual dano seja passível de indenização, necessita-se de prova
de alto índice de gravidade, que cause um dor interior intensa, profunda e arrebatadora à
vítima. A esse respeito, o contestante registra ser ônus da Reclamante a prova desses fatos,
conforme preceitua o art. 818 da CLT.
Não por outro motivo, o C. Tribunal Superior do Trabalho tem
compreendido pela impossibilidade de se presumir a existência de dano moral pelo simples
atraso no pagamento de salários, in verbis:

RECURSO DE REVISTA. SALÁRIOS E VERBAS RESCISÓRIAS.


ATRASO NO PAGAMENTO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.

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NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO DANO . A atual e
iterativa jurisprudência do TST, com ressalva de entendimento deste
Relator, caminha no sentido de que o atraso no pagamento das verbas
rescisórias não acarreta, por si só, o direito do empregado ao
pagamento de indenização por danos morais, sendo imprescindível a
inequívoca comprovação da repercussão nefasta na órbita dos direitos
da personalidade. Precedentes. No caso, o Regional deixou claro que o
reclamante não demonstrou que tenha havido prejuízo à sua honra ou
imagem. Logo, não comprovado o dano in concreto causado, é indevida
a indenização por danos morais. Quanto ao alegado atraso no pagamento
dos salários, nas razões de revista o Regional foi categórico no sentido de
que não houve alegação ou comprovação do fato. Incidência do óbice da
Súmula 126 do TST. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR:
209586320165040663, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data
de Julgamento: 28/08/2019, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
30/08/2019)

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTERIORMENTE À


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.
ATRASO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. Consoante a
jurisprudência iterativa e atual do TST, o atraso no pagamento de
salários, quando eventual e por lapso de tempo não dilatado, não
caracteriza, por si só, dano moral passível de reparação. Em tais casos,
cabe ao empregado demonstrar o constrangimento sofrido, quer por
não conseguir honrar compromissos assumidos, quer pela dificuldade
em prover o sustento próprio e de sua família. Na hipótese dos autos,
contudo, o acórdão regional não consigna a forma como teria ocorrido o
atraso no pagamento de salário, se eventual ou reiterada. Nesse contexto,
não existe terreno fértil para se aferir a alegação de dano moral no atraso do
pagamento salarial, ante o óbice da Súmula nº 126 do TST. Recurso de
revista de que não se conhece. (TST - RR: 523820115030022, Relator:
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 24/04/2019, 1ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 26/04/2019)

AGRAVO INTERNO. RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL.


ATRASO NO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. QUADRO FÁTICO DO
ACÓRDÃO REGIONAL EM QUE NÃO CONSIGNADO O ATRASO
REITERADO, TAMPOUCO UM FATO OBJETIVO QUE DEMONSTRE
QUE O ATRASO ESPORÁDICO TENHA OCASIONADO
CONSTRANGIMENTO AO RECLAMANTE. A decisão monocrática
proferida merece ser mantida. A jurisprudência desta Corte Superior
acerca da possibilidade de indenização pelo atraso no pagamento de
salários é no sentido de somente o atraso reiterado importa em ofensa à
dignidade do trabalhador, na medida em que violado direito da
personalidade pela impossibilidade de arcar com os compromissos
assumidos. Não consta na moldura fática do acórdão regional o atraso
reiterado de salários, tampouco um fato objetivo que demonstre que o atraso
esporádico tenha ocasionado constrangimento ao reclamante. Agravo
interno a que se nega provimento. (TST - Ag-RR: 10797620155200011,

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Relator: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento: 05/12/2018, 5ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 07/12/2018)

Assim, não restando caracterizada qualquer conduta do ente estatal passível


de ensejar lesão a direito da personalidade da Reclamante e não havendo provas de que a
ausência de pagamento das verbas tenha efetivamente gerado constrangimento a esta,
descabida a condenação do ente público ao pagamento de indenização por danos morais.
Na eventualidade de o pedido indenizatório ser acolhido, o Estado impugna
o valor pleiteado na petição inicial (R$ 5.000,00), por ser excessivo e desproporcional ao caso
concreto, devendo-se levar em consideração a inexistência de ilegalidade, abuso ou culpa na
atuação de qualquer agente público. Ressalte-se, também, que esta demanda judicial não pode
se tornar instrumento de enriquecimento sem causa da parte autora às custas do Erário.
No mais, os juros moratórios e correção monetária da indenização devem
incidir apenas a partir da data da sentença, pois o dano moral somente assume expressão
patrimonial com o arbitramento de seu valor em dinheiro. Assim, a falta de pagamento na
data da citação ou do evento danoso não pode ser considerada como omissão imputável ao
devedor para o efeito de tê-lo em mora, pois, mesmo que o quisesse, não teria como satisfazer
obrigação até então ilíquida (ainda não traduzida em dinheiro por sentença judicial). Nessa
linha é o art. 407 do Código Civil, a Súmula 362 do STJ, e REsp 903.258/RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe
17/11/2011.

5.2. Da impossibilidade de aplicação de penalidades à Fazenda Estadual.


Tampouco deve haver a condenação do ente público ao pagamento de
eventuais penalidades impostas à Reclamada principal. É que as multas em questão
concernem à obrigação personalíssima do empregador, sendo, pois, somente a este oponíveis,
por aplicação do princípio constitucional da individualização da pena (CF, art. 5º, XLV).
De mais a mais, a multa do art. 467 não se aplica à Fazenda Pública,
conforme redação expressa do parágrafo único de tal dispositivo:

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia


sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar
ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte
incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta
por cento". (Redação dada pela Lei nº 10.272, de 5.9.2001)
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Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à União, aos Estados,
ao Distrito Federal, aos Municípios e as suas autarquias e fundações
públicas. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) (g.n.)

6. REQUERIMENTOS FINAIS
Ante todo o exposto, requer o Estado de Mato Grosso do Sul:
(i) Sejam acolhidos os termos de sua defesa para: a) reconhecer a
ilegitimidade da Administração Direta para responder por eventuais verbas devidas pelo
trabalho desenvolvido pela Reclamante no IMASUL e b) julgar improcedente o pedido de
reconhecimento de responsabilização subsidiária do Estado, por força do artigo 71, § 1º da
Lei 8.666/93, do entendimento jurisprudencial, bem como da comprovação de que existiu
regular fiscalização do contrato de terceirização celebrado com a Vyga.
(ii) Na eventualidade de haver condenação do Estado, sejam julgados
improcedentes os pedidos de indenização por danos morais e de condenação do Estado a arcar
com eventuais penalidades devidas pelo Reclamado principal.
(iii) Ainda em caso de condenação do Estado, requer sejam fixados os juros
legais e a correção monetária no mesmo índice aplicado à caderneta de poupança, nos termos
do art. 1º - F da Lei Federal nº 9494/97 (na redação dada pela Lei Federal nº 11.960/2009),
para todo o período.
(iv) No que toca à eventual indenização por danos morais, esta deve ser
fixada por apreciação equitativa, em valor inferior ao postulado na inicial, sendo que os juros
moratórios e a correção monetária devem incidir apenas a partir da data da sentença, nos
termos da argumentação desenvolvida supra.
(v) Requer-se, por fim, que não haja imposição de pena de revelia pelo não
comparecimento à audiência inaugural, diante da Recomendação CGJT n. 02/2013 da
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.

Termos em que se pede deferimento.


Dourados, 13 de novembro de 2019.

MARCELA GASPAR PEDRAZZOLI


Procuradora do Estado
OAB Nº 22.636 B

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