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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2019.0000979830

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1034805-50.2017.8.26.0071, da Comarca de Bauru, em que é apelante BANCO
SANTANDER (BRASIL) S/A, e apelada APARECIDA REGINA FERREIRA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 38ª Câmara de Direito Privado


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores FERNANDO SASTRE


REDONDO (Presidente sem voto), EDUARDO SIQUEIRA E SPENCER ALMEIDA
FERREIRA.

São Paulo, 23 de novembro de 2019.

TAVARES DE ALMEIDA
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

APELAÇÃO Nº 1034805-50.2017.8.26.0071
APELANTE: BANCO SANTANDER BRASIL S/A
APELADA: APARECIDA REGINA FERREIRA
COMARCA: BAURU
JUIZ DE 1º GRAU: ANDRÉ LUÍS BICALHO BUCHIGNANI
SENTENÇA PUBLICADA EM 29.8.2018
VOTO Nº 9738

AÇÃO INDENIZATÓRIA - CONTA BANCÁRIA - SAQUES E


PAGAMENTOS - AUTORA - NÃO RECONHECIMENTO - RÉU -
OPERAÇÕES - NÃO DEMONSTRAÇÃO DE QUE A CORRENTISTA FOI A
PROTAGONISTA - SERVIÇO - MÁ PRESTAÇÃO - RESPONSABILIDADE
OBJETIVA - INTELIGÊNCIA DO ART. 14 DA LEI 8.078/90 E DA SÚMULA
479 DO STJ - DANOS MATERIAIS - VALORES - RESTITUIÇÃO -
RESTAURAÇÃO DO “STATUS QUO” PATRIMONIAL.

DANO MORAL - CONFIGURAÇÃO - ATO - OFENSA A DIREITO DA


PERSONALIDADE - SAQUES - AUTORA - DESPROVIDA DA
UTILIZAÇÃO DO NUMERÁRIO - JUÍZO - ARBITRAMENTO - VALOR -
OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE - ART. 8º DO CPC.

APELO DO RÉU NÃO PROVIDO.

VISTOS.

Trata-se de ação indenizatória, cujo relatório da sentença se


adota, julgada nos seguintes termos: “... Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE
procedentes os pedidos formulados por APARECIDA REGINA FERREIRA contra o
BANCO SANTANDER S.A para condenar este ao pagamento de R$ 5.711,50 a título de
indenização material, acrescidos de juros moratórios desde a citação e correção
monetária desde o ato ilícito (1/8/2017), mais R$ 5mil a título de danos morais, acrescidos
de juros moratórios desde a citação e correção monetária desde a publicação desta
sentença. Diante da sucumbência recíproca (art. 85, §14, do CPC), as custas e despesas
serão partilhadas. A autora arcará com os honorários do advogado réu arbitrados em

Apelação Cível nº 1034805-50.2017.8.26.0071 -Voto nº 2


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10% do valor da causa; o réu arcará com honorários do advogado da parte adversa
fixados em 10% do valor da condenação.” (fls. 108/114).

O réu apelou. Afirma que a inicial não foi instruída com


prova documental suficiente para demonstrar a verossimilhança da alegação. Argumenta
que os saques questionados foram realizados com a tarjeta e senha pessoal, o que afasta a
responsabilidade. Inexiste ilicitude na conduta. Exalta a culpa exclusiva da autora e o
descabimento dos danos morais. Insurge-se contra a condenação por danos materiais, que
representaria locupletamento ilícito. Prequestiona a matéria. Pretende a reforma da
sentença (fls. 116/125).

A autora contrarrazoou (fls. 130/141).

É O RELATÓRIO.

Trata-se de relação de consumo. Passível a inversão do ônus


da prova. O art. 6º, VIII, da Lei 8.078/90 não a restringe apenas em relação à
verossimilhança da alegação, mas também quando da hipossuficiência técnica, hipótese em
apreço. Sobre o tema, ensinamento doutrinário:

“Reza o art. 6º, VIII, do CDC que é direito básico do


consumidor 'a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências'. Note-se
que a partícula 'ou' bem esclarece que, a favor do consumidor, pode o juiz inverter o ônus
da prova quando apenas uma das duas hipóteses está presente no caso. Não há qualquer
outra exigência no CDC, sendo assim facultado ao juiz inverter o ônus da prova inclusive
quando esta prova é difícil mesmo para o fornecedor, parte mais forte e expert na relação,
pois o espírito do CDC é justamente de facilitar a defesa dos direitos dos consumidores e
não o contrário, impondo provar o que é em verdade o 'risco profissional' ao - vulnerável
e leigo - consumidor.” (Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, Cláudia Lima Marques,
Antonio Herman V. Benjamin e Bruno Miragem, 4ª edição, 2013, Ed. Revista dos Tribunais, págs. 291/292).

Apelação Cível nº 1034805-50.2017.8.26.0071 -Voto nº 3


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A autora nega o protagonismo dos saques e pagamento de


licenciamento de veículos ocorridos em 1º.8.2017, após o cartão ficar preso no terminal de
autoatendimento no interior de agência do réu. Sofreu prejuízo de R$ 5.711,50 (fls. 38/39.
Não obteve êxito na resolução administrativa do problema. Lavrou boletim de ocorrência
(fls. 31/34). O caso revela falha na prestação do serviço.

Ao oposto do que o réu expõe, a inicial veio instruída com os


documentos necessários para o ajuizamento da pretensão indenitária. Não se perca de vista
que, como já apontado, as transações se deram em terminal de atendimento eletrônico na
agência bancária. Incumbia ao réu a prova da regularidade. Poderia, por exemplo,
disponibilizar as imagens das câmeras de segurança para aferir quem procedeu ao ato. Mas
na fase instrutória postulou pelo julgamento antecipado (fls. 105).

Não prevalece a tese de que os atos ocorreram mediante o uso


da tarjeta e senha pessoal. Aliás, notórios os casos de fraudes ainda assim. Em situação
similar, precedentes da Corte análogos envolvendo o réu:

RESPONSABILIDADE CIVIL - Retenção de cartão


magnético em caixa eletrônico - Saques e contratação de
empréstimo consignado que foram observados na conta
corrente do autor, utilizada para recebimento de salário -
Sentença de parcial procedência - Insurgência do réu -
Descabimento - Falha na prestação de serviços bancários -
Caracterização de responsabilidade objetiva - Inteligência
da Súmula 479, do STJ - Danos morais - Ocorrência - Valor
da indenização por danos morais mantido - Multa
cominatória fixada em caso de descumprimento da medida -
Possibilidade - Penalidade que visa à garantia da eficácia da
determinação judicial - Valor que guarda relação de
proporcionalidade e razoabilidade com a obrigação -
Fixação de limite máximo para incidência da multa

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cominatória que é de rigor, sob pena de enriquecimento


ilícito do autor - Inteligência do art. 537, § 1º, do CPC -
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível
1014089-81.2018.8.26.0001; Relator: Renato Rangel Desinano; Órgão
Julgador: 11ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional I - Santana - 3ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 25/09/2019; Data de Registro:
25/09/2019).

APELAÇÃO. Ação de indenização por dano material c/c


dano moral. Cartão magnético preso em terminal eletrônico
dentro de agência do banco. Imediata comunicação pelo
cliente. Ausência de prova de ter sido o autor o responsável
pelas transações ou mesmo se beneficiado delas. Dever de
restituição dos valores das transações posteriores realizadas
na mesma data. Sentença de parcial procedência confirmada
pelos seus próprios fundamentos, nos termos do art. 252 do
Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça.
Recurso desprovido. (TJSP; Apelação Cível
1007855-77.2017.8.26.0079; Relator: Flávio Cunha da Silva; Órgão
Julgador: 38ª Câmara de Direito Privado; Foro de Botucatu - 3ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 18/09/2019; Data de Registro: 20/09/2019).

A culpa com que atuou se estampa na modalidade da


negligência (art. 186 do Código Civil). A responsabilidade também é objetiva, à luz do art.
14 da Lei 8.078/90:

O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Já o § 1º do mencionado dispositivo legal assim prescreve:

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O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar...

É a hipótese. O réu não protegeu a cliente dos riscos,


inerentes à atividade. Aplicável a Súmula 479 do STJ:

As instituições financeiras respondem objetivamente pelos


danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias.

Impõe-se o restabelecimento da situação patrimonial


antecedente. Não resta dúvida ainda que o defeito do serviço ultrapassou o mero dissabor.
A autora se viu desprovida de numerário considerável para a utilização no cotidiano.
Houve ofensa a direito da personalidade.

No que diz respeito à quantificação do valor indenitário, o


pressuposto é a justa recomposição pelo padecimento anímico. A verba não tem como
premissa o enriquecimento, ao tempo em que também se reveste do caráter punitivo e
desestimulador, visando a que o ofensor não reitere o ato. Sobre a questão, julgado assim
orienta:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. DANOS MORAIS. MAJORAÇÃO DA
INDENIZAÇÃO.INVIABILIDADE. RAZOABILIDADE NA
FIXAÇÃO DO QUANTUM. DECISÃO MANTIDA.

1. O valor da indenização por danos morais deve ser fixado


em valor razoável, de modo a preservar a dupla finalidade
da condenação, qual seja, a de punir o ato ilícito cometido e
a de reparar o sofrimento experimentado pela vítima,
consideradas as peculiaridades subjetivas do feito.

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2. No caso, a indenização foi arbitrada em valor consonante


com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
devendo ser mantida. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ - AREsp. AgRg. 416.491-RJ, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, j. 26.4.2016, DJ 3.5.2016).

Nesse sentir, equânimes os R$ 5.000,00 fixados na origem,


consonantes aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade (art. 8º do CPC). Não
comporta mitigação.

Considera-se prequestionada a matéria (fls. 124/125).

Pelo meu voto, NEGO PROVIMENTO ao apelo. Na fase


recursal, nos termos art. 85, § 11, do CPC, majoro os honorários advocatícios devidos pelo
réu para 15% sobre o valor da condenação.

TAVARES DE ALMEIDA
RELATOR

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