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Trabalho de Antropologia – Nilton Santos

Nome: André de Moraes Louro. Relações Internacionais (2019.1).

1) Horace Mainer, Mauss e Hughes apresentam textos que mostram a importância


dos rituais para a constituição de diferentes sociedades. Mauss, em seu texto começa mostrando
a importância dos ritos funerários para os australianos, questionando qualquer caráter de
expressão e sentimentos puramente individual realizado pelos membros desses grupos
australianos. De fato, o principal questionamento de Mauss é sobre a concepção de que os
sentimentos e as expressões humanas são, antes de mais nada, anteriores a cultura e a sociedade
– como se “as lágrimas”, por exemplo, fossem aspectos unicamente biológicos e atemporais.
Porém, Mauss analisa os ritos funerários australianos e assinala como que os sentimentos, e as
expressões de luto desses grupos australianos são demarcadas e, essencialmente, sociais. Dessa
forma, o argumento central do antropólogo é que os rituais (como os gritos e cantos que,
pronunciados em grupo, possuem momento, data ou hora prefixada) são importantes pois
constituem uma forma de expressão, de linguagem, e de individualidade daquela sociedade,
sendo portanto um mecanismo de reafirmação do grupo e de estruturação da coesão social.

Horace Mainer, em seu texto “Nacirema”, também reafirma a importância dos rituais para
os Naciremas, em especial no tangente ao corpo e a estética. Os Naciremas possuem rituais dos
mais diversos (como os rituais de purificação feito nas manhãs: “[..]Todos os dias cada membro
da família, um após o outro, entra no santuário, inclina sua fronte ante a caixa-de-
encantamentos, mistura diferentes tipos de águas sagradas na pia batismal e procede a um breve
rito de ablução”), pois acreditam que o corpo possui uma tendência natural a debilidade. Sendo
assim, os Naciremas se submetem a uma série de rituais e cerimonias que envolvem o corpo
deles, se sujeitando a tratamentos complexos e dolorosos com enfoque no corpo – pois os
membros da sociedade, como um todo, possuem o corpo como ponto central de suas vidas.

Já Hughes em seu texto, assinala como os ritos são importantes e vitais para a definição
das etapas que constituem a vida das pessoas. Indo mais além que apenas esse conceito, Hughes
afirma que os inúmeros ritos em que os homens são submetidos – como os ritos de transição,
funerários, etc – auxiliam na construção e na definição das pessoas em sociedade, ao sinalizar
as mudanças, as crises, as rupturas que todos vivenciaram, em algum momento de suas vidas,
enquanto membros de uma mesma sociedade (ele fornece como exemplo os ritos de transição

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de um menino no Quebec rural: “[...] onde um menino passa a ser um homem quando, pela
primeira vez, vai para o campo e consegue controlar um grupo de cavalos. Nesse dia, quando
ele chega para jantar, vai comer com os homens[...]”). De uma maneira geral, Hughes enxerga
os ritos de nossa coletividade como vitais para a definição das etapas, dos períodos e dos
momentos da história individual, e consequentemente, da história coletiva de uma sociedade.

2) Michel Foucault, em seu livro “As palavras e as coisas: uma arqueologia das
ciências humanas” assinala que o homem é uma construção recente, ou seja, o homem –
enquanto objeto a ser estudado; objeto do saber – não é “antigo”. De acordo com Michel
Foucault, a base do “senso comum” e da construção dos saberes é pautada em um pavimento
histórico-social específico. Portanto, não é possível transladar pensamentos e ideais antigas para
a contemporaneidade sem compreender o pavimento histórico em que essas ideias estavam
submetidas. Da mesma forma, não se pode olhar para os conceitos modernos e supor que eles
são, de alguma forma, eternos, pois na verdade, eles são frutos de um processo histórico-social.
Nesse contexto, a emergência do conceito de homem no século XVIII é fruto de uma série
de razões. Entre esses motivos, temos a análise do homem no século XVIII não apenas como
“sujeito observador do mundo”, mas como “objeto a ser estudado”; ou seja, o homem passa a
ser visto como objeto de saber, que passa a ser considerado em sua relação com a linguagem,
com seu organismo (biológico), com seus comportamentos, etc. Temos também, a transferência
do destaque do objeto de estudo para a atividade epistemológica, que vai se tornando
paulatinamente mais organizada – não basta mais observar; e preciso interpretar a observação,
e isso também vale para a figura do homem.
Da mesma maneira, os grupos sociais passam a ser vistos como seres vivos, que devem
ser estudados empiricamente pela observação de fatos, e o homem, como conceito abstrato e
filosófico, emerge no ambiente acadêmico como fruto de um discurso histórico do “Século das
Luzes”.

3) O pensamento evolucionista foi uma revolução na antropologia, pois, segundo


Morgan, solucionou o embate acerca do motivo por trás da diversidade cultural humana: “[...]as
diferenças culturais passavam a ser reduzidas a estágios históricos de um mesmo caminho
evolutivo.” (Celso Castro. 11). Portanto, a visão evolucionista visualiza os homens como
membros de uma mesma reta histórica, ascendente, que, inevitavelmente, parte de uma
sociedade menos complexa e simples em direção a uma mais complexa e “civilizada”. Esses
estágios de desenvolvimento seriam a selvageria, a barbárie e por fim, a civilização.
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O pensamento evolucionista foi uma forte corrente antropológica, e, apesar de suas
concepções não serem mais vistas como corretas – a ideia de que todos estamos sujeitos a uma
mesma linearidade histórica não é mais bem aceita pela comunidade acadêmica - o pensamento
evolucionista ainda sobrevive, mesmo que indiretamente e sem respaldo da comunidade
acadêmica, na sociedade contemporânea.
Uma das formas de sobrevivência desse pensamento evolucionista na sociedade moderna,
é a forma como os índios isolados são vistos pelos homens. Somente no Brasil, na região da
Floresta Amazônica, há inúmeros registros da presença de tribos isoladas; ou seja, sociedades
que não tiveram contato com a civilização moderna. E nesse contexto, a simples ideia de
contatar essas tribos isoladas perpassa, invariavelmente, pelo argumento evolucionista de que,
esse contato, iniciado pela civilização moderna, seria, em última instância, benéfico para esses
povos. Uma sútil readaptação do “fardo do homem branco”.
Ainda falta aos homens modernos a compreensão de que as diferenças culturais,
ritualísticas e religiosas não são determinadoras de um juízo de valor – uma é melhor do que a
outra – nem são frutos de uma construção histórica linear, Não cabe ao homem contemporâneo
definir o que é melhor ou pior para outros povos; povos estes que possuem características
sociais próprias e bem especificas. E esse pensamento, apesar de não possuir respaldo
acadêmico como levantado anteriormente, ainda existe; e é em nome desse pensamento, que
muitas pessoas ainda tentam entrar em contato com essas tribos, denotando, dessa forma, a
permanência das ideias evolucionistas na contemporaneidade.

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