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Horace Mainer, em seu texto “Nacirema”, também reafirma a importância dos rituais para
os Naciremas, em especial no tangente ao corpo e a estética. Os Naciremas possuem rituais dos
mais diversos (como os rituais de purificação feito nas manhãs: “[..]Todos os dias cada membro
da família, um após o outro, entra no santuário, inclina sua fronte ante a caixa-de-
encantamentos, mistura diferentes tipos de águas sagradas na pia batismal e procede a um breve
rito de ablução”), pois acreditam que o corpo possui uma tendência natural a debilidade. Sendo
assim, os Naciremas se submetem a uma série de rituais e cerimonias que envolvem o corpo
deles, se sujeitando a tratamentos complexos e dolorosos com enfoque no corpo – pois os
membros da sociedade, como um todo, possuem o corpo como ponto central de suas vidas.
Já Hughes em seu texto, assinala como os ritos são importantes e vitais para a definição
das etapas que constituem a vida das pessoas. Indo mais além que apenas esse conceito, Hughes
afirma que os inúmeros ritos em que os homens são submetidos – como os ritos de transição,
funerários, etc – auxiliam na construção e na definição das pessoas em sociedade, ao sinalizar
as mudanças, as crises, as rupturas que todos vivenciaram, em algum momento de suas vidas,
enquanto membros de uma mesma sociedade (ele fornece como exemplo os ritos de transição
1
de um menino no Quebec rural: “[...] onde um menino passa a ser um homem quando, pela
primeira vez, vai para o campo e consegue controlar um grupo de cavalos. Nesse dia, quando
ele chega para jantar, vai comer com os homens[...]”). De uma maneira geral, Hughes enxerga
os ritos de nossa coletividade como vitais para a definição das etapas, dos períodos e dos
momentos da história individual, e consequentemente, da história coletiva de uma sociedade.
2) Michel Foucault, em seu livro “As palavras e as coisas: uma arqueologia das
ciências humanas” assinala que o homem é uma construção recente, ou seja, o homem –
enquanto objeto a ser estudado; objeto do saber – não é “antigo”. De acordo com Michel
Foucault, a base do “senso comum” e da construção dos saberes é pautada em um pavimento
histórico-social específico. Portanto, não é possível transladar pensamentos e ideais antigas para
a contemporaneidade sem compreender o pavimento histórico em que essas ideias estavam
submetidas. Da mesma forma, não se pode olhar para os conceitos modernos e supor que eles
são, de alguma forma, eternos, pois na verdade, eles são frutos de um processo histórico-social.
Nesse contexto, a emergência do conceito de homem no século XVIII é fruto de uma série
de razões. Entre esses motivos, temos a análise do homem no século XVIII não apenas como
“sujeito observador do mundo”, mas como “objeto a ser estudado”; ou seja, o homem passa a
ser visto como objeto de saber, que passa a ser considerado em sua relação com a linguagem,
com seu organismo (biológico), com seus comportamentos, etc. Temos também, a transferência
do destaque do objeto de estudo para a atividade epistemológica, que vai se tornando
paulatinamente mais organizada – não basta mais observar; e preciso interpretar a observação,
e isso também vale para a figura do homem.
Da mesma maneira, os grupos sociais passam a ser vistos como seres vivos, que devem
ser estudados empiricamente pela observação de fatos, e o homem, como conceito abstrato e
filosófico, emerge no ambiente acadêmico como fruto de um discurso histórico do “Século das
Luzes”.