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© 1984 Living Stream Ministry

Edição para a Língua Portuguesa


© 1998 Editora Árvore da Vida

Título do Original Inglês:


Life-Study of Hebrews

1ª Edição — Setembro/1998 — 5.000 exemplares

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela
Editora Árvore da Vida
Rua Tuiuti, 1372, Tatuapé — 03081-000 — São Paulo — SP
Fone: (011) 218-5399
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e-mail: editora@arvoredavida.org.br

As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 1ª


Edição, salvo quando indicado
pelas abreviações:
lit. — tradução literal do original grego ou hebraico
BJ— Bíblia de Jerusalém
BLH — Bíblia na Linguagem de Hoje
EC — Edição Contemporânea
ECR — Edição Corrigida e Revisada
IBB-Rev. — Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
NVI — Nova Versão Internacional
RcV — Recovery Version (versão em inglês)
TB — Tradução Brasileira, American Bible Society, 1927
VRA2 — Versão Revista e Atualizada de Almeida, 2a edição
VRC — Versão Revista e Corrigida de Almeida
VR — Versión Recobro (versão em espanhol)
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 1
PREFÁCIO
O livro de Hebreus é profundo e rico. Ele é
profundo nos conceitos celestiais e rico na herança
celestial. Em nosso Estudo-Vida de Hebreus,
estaremos voltados para os conceitos profundos desse
livro e para sua herança celestial. Precisamos
penetrar nas profundezas desse livro.

I. O PANO DE FUNDO
Se queremos entrar nos conceitos e riquezas do
livro de Hebreus, precisamos entender o pano de
fundo desse livro. Isso é crucial. É difícil
encontrarmos informações sobre Hebreus. O nome
do seu autor não nos é dito e não é claramente
mencionado para quem esse livro foi escrito. Hebreus
é absolutamente diferente de todas as outras
epístolas. Ele tem seu caráter peculiar. Todas as
outras epístolas começam dizendo-nos por quem e
para quem foram escritas. Entretanto, Hebreus
começa da seguinte maneira: “Havendo Deus,
outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou
pelo Filho” (1:1-2a). Quem escreveu esse livro? A
Bíblia não nos diz. Para quem ele foi escrito? É
totalmente um mistério, pois a Bíblia também não
nos diz. É por isso que poucos cristãos conhecem bem
esse livro.
A Epístola aos Hebreus não é superficial. Ela é
extremamente profunda. Portanto, digo novamente
que precisamos mergulhar nesse livro. Não
permaneça na superfície, contemplando-o. Mergulhe
nele e descubra os tesouros que estão abaixo da
superfície. Sempre que ler um versículo nesse livro,
você precisa ler seu contexto. Para um versículo, você
provavelmente precisará ler alguns capítulos.

A. Os Destinatários Eram os Crentes Hebreus


Embora o livro de Hebreus não diga em si
mesmo para quem foi escrito, ele foi escrito para os
crentes hebreus. Os santos que reuniram os escritos
divinos no início da era cristã, intitularam esse livro
de “Epístola aos Hebreus”. Isso é muito interessante.
Por que diz “aos hebreus” e não aos judeus ou aos
israelitas?
Durante muitos anos fui incomodado com essa
palavra hebreus. Eu estudei muito na tentativa de
aprender o significado dessa palavra. Familiarizei-me
com a opinião de diversas escolas. Uma escola diz que
a palavra hebreu denota um descendente de Héber,
um filho de Sem (Gn 10:21). Por isso, alguns
estudiosos da Bíblia pensam que os hebreus são
descendentes de Héber. Embora tenha adotado essa
escola por algum tempo, eu o fiz com uma
interrogação. Mais tarde, depois de mais estudos, não
pude mais concordar com essa escola, porque Héber
teve mais de um filho. Héber teve dois filhos: Pelegue
e Joctã (10:25), e Abraão era descendente de Pelegue.
Se você disser que os descendentes de Abraão devem
ser chamados de hebreus, porque eram descendentes
de Héber, o mesmo seria verdadeiro para os
descendentes de Joctã, segundo filho de Héber.
Assim, a opinião dessa escola não é lógica. Além
disso, a Bíblia diz que Abraão teve dois filhos: Isaque
e Ismael. Se os descendentes de Abraão são chamados
de hebreus por serem descendentes de Héber, então
todos os árabes, que também são descendentes de
Abraão, deveriam ser chamados de hebreus. Porém
isso é ridículo! Portanto, essa interpretação é ilógica;
não é digna de confiança.
Depois de mais estudo, aprendi que a palavra
hebreu foi primeiramente usada em Gênesis 14:13, na
ocasião em que Abraão estava para lutar pelo resgate
do seu sobrinho Ló. Gênesis 14:13 diz: “Porém veio
um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu”.
Abraão era um hebreu. Como resultado de um estudo
considerável, descobrimos que a raiz da palavra
hebreu significa “passar por”. Ela significa
especialmente passar por um rio, de uma região para
outra, de um lado para o outro. Portanto, a palavra
hebreu significa um cruzador, um cruzador de rio,
alguém que cruza um rio. Abraão foi um cruzador de
rio. Ele cruzou o grande rio (Js 24:2-3). Abraão
cruzou o Eufrates. Eufrates é o nome moderno
daquele grande rio que em hebraico é chamado de
Perath. Aquele grande rio separava a velha região da
qual Abraão foi chamado para a nova terra na qual ele
entrou.
Abraão nasceu na Caldéia, lugar da antiga
Babilônia, Babel. Entre a Caldéia e a boa terra de
Canaã havia um rio fluindo do norte para o sul. Isso é
muito significativo. Todas as coisas, incluindo a terra,
foram criadas por Deus a fim de cumprir Seu
propósito. A terra da Caldéia tomou-se satânica,
diabólica e demoníaca. Era uma terra cheia de ídolos,
uma terra totalmente usurpada pelo inimigo de Deus
e possuída pelo maligno. Assim, Deus interveio,
chamando Abraão para fora daquela terra idólatra,
para fora daquela terra que havia sido usurpada,
possuída, envenenada, corrompida e arruinada por
Satanás. Deus simplesmente chamou Abraão sem
dizer-lhe para onde ele devia ir (Hb 11:8); Abraão
tinha de voltar-se para Deus a cada passo,
dizendo-lhe: “SENHOR, para onde devo ir?” Abraão
sabia que tinha de partir, mas ele não sabia para onde
ir. Por fim, Deus o levou para aquele grande rio, e
Abraão o cruzou. Josué 24:2-3 diz que Abraão
“habitara dalém do Eufrates” e que o Senhor o tomou
“dalém do rio e o fez percorrer toda a terra de Canaã”.
Portanto, um hebreu é uma pessoa que veio do outro
lado da água.
Agora podemos entender o real significado do
batismo. Por que todos os que se arrependem
precisam ser batizados? Porque o mundo no qual
estamos foi usurpado, possuído, corrompido e
arruinado pelo inimigo de Deus. Ele já não presta
para o cumprimento do propósito de Deus. A salvação
de Deus não é meramente resgatar-nos do inferno
para o céu. A salvação de Deus é levar-nos para fora
da terra que foi possuída e arruinada por Satanás.
Como podemos sair dela? Sendo batizados. Todo
batistério é um grande rio. Depois de ter sido
batizado, você vem para a outra margem. Aleluia! Eu
sou alguém que cruzou para este lado. Você ainda
está no outro lado? Pode ser que você esteja no outro
lado, mas eu estou neste lado. Eu cruzei o grande rio.
Eu sou um hebreu, um cruzador de rio. O que você é:
americano, chinês, inglês, brasileiro, neozelandês,
japonês, filipino, mexicano? Todos devemos declarar:
“Nós somos hebreus! Somos típicos hebreus”. Não
somos judeus, mas somos hebreus. Somos os
verdadeiros, os genuínos hebreus, porque passamos o
rio. Cada um de nós é um verdadeiro cruzador de rio.
Como vimos, o primeiro cruzador de rio, o
primeiro hebreu, foi Abraão. Ele foi chamado por
Deus e passou o grande rio Eufrates, entrando ‘na
terra onde Deus, por fim, edificaria Seu templo. A
terra na qual Abraão entrou era uma boa terra, uma
terra santa, a terra na qual foi construída a casa de
Deus. Deus esteve lá em Sua casa. Aquilo não era Seu
hotel; era Sua habitação na terra. Do outro lado
estavam os ídolos, as coisas diabólicas e todas as
obras de Satanás. Deste lado estava o templo de Deus
com Sua glória shekinah1. O que separava esses dois
lados? Um grande rio.
Mesmo antes da época de Abraão, houve um
homem que foi um cruzador de águas — Noé. Noé
passou pela água (1Pe 3:20-21). Aquela água
separou-o da velha geração corrompida, perversa e
maligna. O dilúvio separou-o do mundo diabólico e o
introduziu em uma nova terra, onde ele edificou um
altar e ofereceu sacrifícios. Noé passou sobre as
águas, e Abraão cruzou o grande rio. O princípio em
cada caso é o mesmo.
E os descendentes de Abraão? Os filhos de Israel
cruzaram a água do Mar Vermelho. O princípio era o
mesmo. Depois de terem cruzado o mar e terem
alcançado o outro lado, eles cantaram e dançaram.
Eles podiam dizer: “Egito, tu estás do outro lado. Nós
estamos deste lado!” Que fizeram eles depois de
chegar ao outro lado? Eles construíram o tabernáculo
de Deus; não se envolveram em negócios, nem
adquiriram fazendas por um período de quarenta
anos. Não havia escolas, santuários, catedrais,

1
Leia-se: xequiná. Palavra teológica derivada da raiz do verbo hebraico shakhan; significa a presença
permanente de Deus. (N.T.)
seminários ou institutos bíblicos. Não havia nada a
não ser o tabernáculo. Que havia do outro lado do
mar? Todas as coisas egípcias, mundanas.
Somos pessoas que cruzamos para este lado. Que
há para nós deste lado? O igrejar! Somos os
cruzadores de águas. Somos hebreus. A água nos
separou. Que estamos fazendo aqui? Estamos
edificando o tabernáculo, a arca de hoje. O primeiro
cruzador de águas de antigamente, Noé, edificou a
arca. Os hebreus na época de Moisés edificaram o
tabernáculo. Agora, nós, os hebreus de hoje, estamos
edificando a igreja.
Nosso Deus é “o Deus dos hebreus”. Você já
ouviu esse termo — “o Deus dos hebreus?” Embora eu
tenha estudado a Bíblia durante anos, apenas
recentemente vi que nosso Deus é “o Deus dos
hebreus”. Durante anos eu soube que Deus é o Deus
de Abraão, Isaque e Jacó e que Ele é o Deus de Israel.
Mas o Deus de Abraão é também “o Deus dos
hebreus”. Ele é o Deus dos cruzadores de rio, dos que
passaram por cima. Êxodo 3:6 diz: “Disse mais: Eu
sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés escondeu o rosto,
porque temeu olhar para Deus”. Essa palavra não foi
falada ao Faraó; ela foi falada ao povo de Deus, os
filhos de Israel (3:15-16). Quando Deus falou ao Seu
povo, Ele chamou a Si mesmo de Deus de Abraão,
Isaque e Jacó. Mas note a diferença que ocorre
quando Deus fala a Faraó: “Disse o SENHOR a
Moisés: Apresenta-te a Faraó, e dize-lhe: Assim diz o
SENHOR, o Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo,
para que me sirva” (9:1, 13; 7:16). Quando Deus falou
com Faraó, Ele chamou a Si mesmo de “o Deus dos
hebreus”. Ele parecia estar dizendo: Faraó, você não
sabe que Eu sou o Deus dos hebreus? Eu sou o Deus
de todos os que cruzam rios. Deixa ir o Meu povo.
Deixa-o cruzar o Mar Vermelho para que me sirva no
deserto. Faraó, você precisa perceber que Eu sou o
Deus dos hebreus”. Nosso Deus é “o Deus dos
hebreus”. Precisamos proclamar para o mundo que
nosso Deus é “o Deus dos hebreus”, que nós somos
hebreus, e que nós passamos pela água. Nós, como
Noé, Abraão e os filhos de Israel, passamos pela água.
Quando os filhos de Israel envelheceram na terra
do Egito, Deus lhes deu um novo começo com a
Páscoa (12:1-2). Deus até mesmo mudou o calendário
deles, mudando-o do calendário civil para o
calendário sagrado. Segundo o calendário civil, a
páscoa foi no sétimo mês, mas Deus chamou-o de
primeiro mês. Era o começo do ano, um novo
começo. Como resultado, o povo tornou-se novo e
cheio de frescor. Eles cruzaram a água e entraram no
deserto, onde, como um novo povo, edificaram o
tabernáculo de Deus à maneira de Deus. Entretanto,
quarenta anos depois, eles envelheceram e
precisavam novamente cruzar o rio. Primeiro eles
cruzaram o Mar Vermelho, depois cruzaram o rio
Jordão e entraram na boa terra. Cruzar a água é
muito significativo. Depois que os filhos de Israel
vieram para a boa terra, eles edificaram o templo de
Deus.
Muitas gerações depois, os israelitas
envelheceram novamente. Eles foram dominados
pelo inimigo, e até mesmo o templo, com todos os
seus serviços, foi utilizado, usurpado, possuído e
arruinado pelo inimigo de Deus. De repente, para
surpresa dos israelitas, João Batista apareceu e lhes
disse para se arrependerem (Mt 3:5-6). Que fez João
Batista? Ele os ajudou a cruzar o rio. Ele os ajudou a
sair de sua velhice, da terra judaica velha e religiosa.
Ele lhes disse para cruzar o rio a fim de cada um deles
ser um verdadeiro hebreu. Esse era o verdadeiro
significado do batismo para aqueles fariseus e judeus
arrependi dos. Eles foram batizados para fora de sua
velha terra religiosa e foram batizados para dentro de
um novo território. Aquele batismo foi uma
separação. Depois de batizados, eles podiam dizer:
“Antes estávamos do outro lado do rio, mas agora
estamos deste lado”.
Não são muitos os que tiveram esse
entendimento do batismo. O batismo faz de você um
verdadeiro hebreu, pois um hebreu é um cruzador de
águas. Você já cruzou a água? Você pode dizer: “Sim,
eu cruzei a água do batismo há vinte e cinco anos”.
Como você está agora? Ainda está novo e com
frescor? Doutrinariamente, eu não ensino o
sepultamento na água2, mas experimentalmente eu
encorajo a que todos vocês sejam sepultados na água.
Depois de salvos e batizados, vocês peregrinaram no
deserto durante anos e tornaram-se velhos. Embora
tenham cruzado o Mar Vermelho, vocês ainda
precisam cruzar o rio Jordão. Esse cruzar de águas é
muito significativo. Considere mais uma vez os filhos
de Israel. O primeiro cruzar de águas, o do Mar
Vermelho, libertou-os do Egito. O segundo cruzar de
águas, o do Jordão, libertou-os de peregrinar no
deserto e os introduziu na boa terra. Esqueça os
ensinamentos tradicionais que dizem que os cristãos
não devem ser rebatizados e que, segundo o Novo
2
Alguns cristãos entendem que, mesmo tendo sido genuinamente batizados, o que é representado
pelo cruzar o Mar Vermelho, têm necessidade de um “sepultamento” posterior, representado pelo
cruzar do rio Jordão, por terem envelhecido espiritualmente. (N.E.)
Testamento, o batismo deve ser apenas um. O
número de vezes depende da sua situação atual. Se
você nunca esteve em uma terra possuída por
Satanás, você não precisa ser batizado nenhuma vez.
Se você sempre esteve nos céus, você não precisa ser
batizado. Entretanto, desde que você caiu no Egito,
você certamente precisa cruzar o Mar Vermelho. Se,
depois de cruzar o Mar Vermelho, você entrar
imediatamente na boa terra, você não precisa cruzar
o rio Jordão. No entanto você não entrou
imediatamente na boa terra, mas peregrinou no
deserto por um determinado tempo. Depois de
peregrinar, você ficou velho. Agora, por ter se tomado
tão velho, você precisa cruzar um rio antes de entrar
na boa terra. Você precisa cruzar o rio. Se, ao ler esta
mensagem, você ainda está velho, você precisa
recomeçar como um hebreu — você precisa cruzar o
rio.
Em Apocalipse 15:2 encontramos um tipo
especial de mar, um mar de vidro mesclado com fogo.
Nesse mar há não apenas água, mas também fogo.
Quando Deus executou Seu julgamento sobre a
criação caída e condenada, Ele primeiramente o fez
com água. Gênesis 1:2 revela que o mundo
pré-adâmico foi julgado por água. O mundo do tempo
de Noé também foi julgado por água. A água foi o
julgamento de Deus. Após o julgamento do dilúvio,
na época de Noé, Deus mudou Seu julgamento de
água para fogo. Assim, Sodoma e Gomorra foram
queimadas e não inundadas (Gn 19:24). Nadabe e
Abiú, filhos de Arão, também foram julgados pelo
fogo (Lv 10:1-2). Por fim, todas as coisas negativas
irão para o lago de fogo (Ap 20:14-15). O julgamento
de Deus sobre a criação caída, o mundo caído e o
homem caído é uma mescla de água e fogo. Portanto,
em Apocalipse 15 temos a visão do mar de vidro
mesclado com fogo. Por fim, esse mar de vidro
mesclado com fogo consumar-se-á no lago de fogo.
O mar de vidro está diante do trono de Deus
(4:6). Na visão do mar de vidro mesclado com fogo,
os vencedores são mostrados posicionados sobre o
mar. Os que venceram o inimigo de Deus estarão
sobre o mar de vidro. Isso significa que eles cruzaram
a água. Todos eles cruzaram o mar. Pela eternidade,
eles serão os verdadeiros cruzadores de águas, os
verdadeiros hebreus. Você, onde está? Espero que
você possa dizer que está sobre o mar de vidro. Nós
somos os hebreus. Nós cruzamos o mar. Tenho a
plena certeza de que cruzei a água. Não estou do
outro lado. Meu antepassado cruzou para este lado e
eu o segui. Agora estou no mar de vidro, e todas as
coisas negativas estão sob os meus pés. Os
vencedores estarão sobre o mar de vidro assim como
os filhos de Israel estavam à margem do mar, tendo
passado o Mar Vermelho. Quando os israelitas
cruzaram o Mar Vermelho, eles olharam para trás e
viram Faraó e todas as suas forças sendo afogadas no
mar. Nós, como os israelitas que cruzaram o Mar
Vermelho e cantaram o cântico de Moisés (Êx 15:1),
cantaremos o cântico do Cordeiro (Ap 15:3). Um dia
estaremos sobre o mar de vidro, olharemos para
baixo e veremos todas as coisas mundanas debaixo do
mar. Embora eu saiba que isso ocorrerá no futuro,
ainda espero que esteja acontecendo agora. Todos
estamos aqui sobre o mar de vidro. Nós somos os
hebreus, os cruzadores de águas.
Porque somos os verdadeiros hebreus, o livro de
Hebreus é para nós. Não pense que somente os
crentes judeus são hebreus. Nós também somos
hebreus. Somos hebreus e esse maravilhoso livro de
Hebreus é para nós. Se você permanece mundano,
você está desqualificado para receber esse livro. Uma
vez que você se considera um habitante do mundo,
você não tem nada com o livro de Hebreus. Esse livro
é somente para os hebreus. Uma vez que somos os
verdadeiros hebreus, temos pelo menos um livro na
Bíblia escrito para nós. Não sou Timóteo e Tito, mas
sou um genuíno hebreu. Todos somos hebreus.
Devemos agradecer ao Senhor, porque o livro mais
profundo e rico é para nós! Nenhum outro livro é
mais profundo que Hebreus. Nós cruzamos o rio e
estamos sobre o mar de vidro. Certamente podemos
entender tal livro maravilhoso, porque cruzamos o
rio. Nosso Deus escreveu tal livro para nós.
Hoje nossa boa terra não é Canaã; é o Santo dos
Santos. Estamos agora no Santo dos Santos. Nosso
cruzar das águas nos introduziu nesse Santo dos
Santos. Essa é nossa terra santa. Onde está essa terra
santa, esse Santo dos Santos? Está tanto nos céus
como em nosso espírito. Entre o nosso espírito e os
céus há a escada celestial — Cristo, o Filho do
Homem, que une nosso espírito aos céus e traz os
céus para nosso espírito. Aqui temos Betel, a casa de
Deus (Gn 28:10-12). Aqui é a habitação de Deus (Ef
2:22). Isso é a vida da igreja. Isso é a nossa boa terra.
Veja o tabernáculo. Diante dele havia uma bacia,
um pequeno mar (Êx 30:18). Diante do templo havia
um mar de bronze com dez suportes (1Rs 7:23, 27).
Tanto a bacia diante do tabernáculo como o mar de
bronze com seus dez suportes diante do templo
significavam que todas as pessoas que entrassem no
Santo dos Santos tinham de passar pela água. Por
fim, Apocalipse 15 nos diz que no universo há um mar
de vidro diante do templo de Deus. Todo aquele que
vem à presença de Deus passou pelo mar. Nós somos
tais pessoa. Não estamos no mundo e nem na religião.
Não estamos no judaísmo, no catolicismo ou no
protestantismo. Estamos no Santo dos Santos.
Estamos na habitação de Deus, na casa de Deus, que é
tanto nos céus como no nosso espírito, e Cristo é a
escada celestial que os une. Aleluia! Aqui o céu está
aberto para nós. Agora não apenas o livro de Hebreus
está aberto para nós, mas nós estamos abertos para
esse livro. Agora estamos prontos para provar as
riquezas desse livro.

B. Crer no Senhor e Ainda Querer Agarrar-se


à Religião Judaica
Os hebreus, a quem foi escrito esse livro, criam
no Senhor, mas eles ainda queriam apegar-se à sua
religião judaica. Você é assim? Será que você pode
dizer fortemente que não é? Estou preocupado com a
possibilidade de você ainda estar apegado a alguma
coisa. Talvez você esteja apegado às suas boas
experiências do passado, a algo que não está na boa
terra. Considerando o universo inteiro, Canaã é
apenas um pequeno ponto. Você pode estar em
milhões de lugares e não estar naquele ponto. Da
mesma maneira, você pode estar em milhões de
coisas, mas não no ponto adequado, que é Cristo.
Uma vez que você não seja definitiva, absoluta e
todoinc1usivamente por Cristo, você ainda estará se
apegando a algo. Estou preocupado com muitos de
vocês. Vocês ainda estão apegados a algo além de
Cristo. Pode ser algo bom, até mesmo muito bom,
mas não é Cristo. Vocês precisam cruzar o rio
novamente. Cruzar o rio e ser sepultados.

Perseguidos pelo Sumo Sacerdote, pelos


Saduceus e pelos Fariseus
No ano 63 cf. e. , Ananias, um dos sumo
sacerdotes da religião judaica em Jerusalém,
levantou-se com os saduceus e fariseus para perseguir
os hebreus. Naquela ocasião, aqueles amados hebreus
apreciavam o Senhor Jesus, mas não estavam
dispostos a deixar sua velha religião. Por fim, o
Senhor, soberanamente, levantou uma circunstância
que os forçou a sair dela. Caso eles não estivessem
dispostos a sair, eles tinham de ser forçados a fazê-lo.
Talvez o sumo sacerdote tenha dito: “Se você quer
permanecer aqui conosco, você tem de ser como nós.
Não seja tal cristão — seja um judeu. Seja um judeu
típico. Se você quer ser um cristão, dê o fora!”
Às vezes, nossa experiência é a mesma. Por um
lado, podemos apreciar a vida da igreja; por outro,
podemos não estar dispostos a deixar as coisas
velhas. Pode ser que fiquemos onde estamos. No
outono e inverno de 1925, meus olhos foram abertos e
eu vá a igreja. Todavia obedeci à luz com tanta
disposição e rapidez. Eu peregrinei. Dois anos depois,
alguns santos com quem eu me reunira no passado
levantaram-se e disseram: “Se você quer ficar
conosco, seja como nós. Não seja algo mais. Se você
não quer ser como nós, então saia!” Aquilo foi uma
grande ajuda, e fui grato por isso. Eu saí.
Alguns santos podem ver a realidade de Cristo e
perceber que a vida da igreja está correta. Entretanto,
eles têm um pequeno “mas”. Esse “mas” é a cauda da
raposa. Eles querem prosseguir, mas algo sutilmente
agarra sua cauda. Eles querem ter a vida da igreja,
mas alguma coisa sutilmente agarra sua cauda.
Contudo, até mesmo o próprio Satanás tem um
limite, um prazo final. Ele pode segurar sua cauda
apenas por um período. Por fim, as pessoas religiosas
irão dizer: “Você precisa de uma verdadeira mudança,
ou o chutamos daqui. Se você quiser ficar conosco,
você tem de ser como nós. Caso contrário, saia!”
Aqueles cristãos hebreus verdadeiramente
sofreram por causa da perseguição. Os religiosos
judeus os espoliaram dos seus bens e
ameaçaram-lhes a vida (Hb 10:34). Os crentes
hebreus estavam atormentados. Talvez eles tenham
dito para si mesmos: “Se é correto seguir a Cristo,
Deus certamente nos dá Sua bênção. Mas essa
perseguição não vem dos romanos ou dos ateus; ela
vem do Sinédrio, do santo concílio do povo de Deus.
Será que eles estão errados? Talvez nós estejamos
errados”. Os irmãos hebreus estavam incomodados e
começaram a desviar-se. Eles não podiam dizer que o
que Pedro e Paulo pregavam e falavam era errado;
nem podiam dizer que o templo, o santuário, era
errado. Eles estavam num dilema, achando difícil
decidir se prosseguiam ou voltavam atrás. Foi nessa
conjuntura que o livro aos Hebreus foi escrito para
eles.

D. Esse Livro Foi Escrito para Confirmar a


Eles a Fé Cristã

e para Adverti-los de que Não se Desviassem


Dela, Mas a Abandonar Sua Religião Judaica
Enquanto estavam sob essa perseguição e nessa
situação, a Epístola aos Hebreus foi escrita a eles para
confirmar-lhes a fé cristã e para adverti-los de que
não se desviassem dela, mas, em vez disso,
abandonar sua religião judaica. Essa epístola foi
escrita para dizer-lhes que não se desviassem nem
voltassem atrás. Eles não deviam nem vacilar nem
hesitar. Eles deviam prosseguir e cruzar o rio. Parece
que o escritor do livro estava dizendo: “Vocês são
hebreus, mas não estão dispostos a cruzar a água de
separação. A água está diante de vocês e vocês
precisam cruzá-la. Cristo não está aqui; Ele está lá.
Ele é o Precursor. Ele já entrou para além do véu.
Vocês não deveriam estar aqui; devem ir para lá. Ele é
o nosso Capitão e entrou na glória. Vamos segui-Lo.
Lutemos até que entremos na glória. Saiamos pela
porta, para fora do arraial, e sigamo-Lo para além do
véu”. As duas sentenças vitais do livro de Hebreus
são: “para fora do arraial” e “para além do véu”. O
escritor de Hebreus aparentemente estava dizendo a
eles: “Vocês não deveriam hesitar entre o arraial e o
véu. Prossigam e entrem imediatamente para além do
véu. Jesus não está nem no arraial nem no caminho.
Ele está além do véu. Precisamos ir até Ele ali. Esse é
o nosso alvo. Vamos todos!” Cristo está além do véu.
Quando entramos em nosso espírito, nós cruzamos o
rio, saindo de nossa mente perambulante, passando
pelo véu e chegando ao Santo dos Santos. A Epístola
aos Hebreus foi escrita com o propósito de confirmar
os crentes hebreus hesitantes na genuína fé cristã e
adverti-los de que não se desviassem dela. Eles
tinham de abandonar sua religião judaica.

II. O CONTEÚDO

A. O Cristo Celestial, o Cristo Presente, o


Cristo Agora, o Cristo Hoje
Este livro, partindo do princípio de que todas as
coisas positivas são celestiais, nos mostra o próprio
Cristo que está nos céus. Nos Evangelhos está o Cristo
que viveu na terra e morreu na cruz para realizar a
redenção. Em Atos, é o Cristo ressurreto e ascendido,
propagado e ministrado ao homem. Em Romanos, é o
Cristo que é a nossa justiça para a justificação e nossa
vida para a santificação, transformação,
conformação, glorificação e edificação. Em Gálatas, é
o Cristo para nosso viver versus a lei, a religião, a
tradição e o formalismo. Em Filipenses, é o Cristo
vivido em Seus membros. Em Efésios e Colossenses, é
o Cristo que é a vida, o conteúdo e a cabeça do Corpo,
a igreja. Em Coríntios, é o Cristo que é tudo na vida
prática da igreja. Em Tessalonicenses, é o Cristo que é
nossa santidade para Sua volta. Em Timóteo e Tito, é
o Cristo que é a economia de Deus para procedermos
na casa de Deus, Nas epístolas de Pedro, é o Cristo
que é para que tomemos os tratamentos
governamentais de Deus por meio dos sofrimentos.
Nas epístolas de João, é o Cristo que é a vida e a
comunhão dos filhos de Deus na família de Deus. Em
Apocalipse, é o Cristo que está andando entre as
igrejas nesta era, reinando sobre o mundo no reino na
era vindoura, e expressado em plena glória na
eternidade. Em Hebreus, é o Cristo presente, que está
agora nos céus como nosso Ministro (8:2) e como
nosso Sumo Sacerdote (4:14-15; 7:26),
ministrando-nos a vida, graça, autoridade e poder
celestiais, e sustentando-nos para viver uma vida
celestial na terra. Ele é o Cristo agora, o Cristo hoje, e
o Cristo no trono que é a nossa salvação diária e
suprimento de cada momento. Esse é o Cristo
revelado em Hebreus. Eu amo essa descrição de
Cristo. Eu me esforçaria ao máximo para
influenciá-los, impressioná-los e até mesmo
compeli-los a amá-Lo.
Eis uma pequena ilustração. Considerem os ovos
de galinha que comumente ingerimos. O exterior do
ovo é uma casca, e o interior é a realidade de uma
galinha. Você não come a casca, mas a realidade da
galinha que está dentro da casca. Quando um
pintinho sai do ovo, deixa a casca para trás. Ninguém
comeria a casca do ovo. Você se esqueceria da casca e
a jogaria na lata de lixo. Isso é uma ilustração do
judaísmo. Antes de Cristo vir, o judaísmo era um ovo.
Um dia, a galinha saiu do ovo, significando que Cristo
saiu daquela casca de ovo. Antes, a galinha e a casca
eram um. Naquele tempo valia a pena apreciar o ovo,
porque a galinha estava no ovo. Um dia Jesus foi
produzido: a “galinha” saiu da casca. Agora a
“galinha” não está andando na terra ou voando no ar;
ela está sentada no terceiro céu. A “galinha” está lá no
céu, e a casca está aqui na terra. Não seja tão tolo a
ponto de se perguntar se deve ir até a “galinha” ou
permanecer com a casca. É claro que você deve ir à
“galinha”. Não fique com a casca.
Deixem-me dizer uma palavra para os amigos
judeus que ainda freqüentam a sinagoga. O que vocês
estão entesourando é apenas a casca quebrada, vazia.
Esqueçam isso, joguem a casca na lata de lixo e
venham para a “galinha”. A “galinha” é Cristo. Como
a “galinha”, Cristo é o elemento de vida, a essência da
vida e a substância da vida. Por que o Antigo
Testamento e o judaísmo eram tão preciosos? Porque,
até sair da casca, Cristo estava com eles. Agora, uma
vez que Ele saiu da casca, vocês têm de ir à “galinha” e
não permanecer com a casca.
Esse princípio pode ser aplicado a qualquer coisa
religiosa. O batismo é bom sempre que Cristo está
nele. Mas uma vez que Cristo tenha sido removido do
batismo, este se toma uma casca. Qualquer coisa
religiosa sem Cristo é uma casca. Nós temos a mesa
do Senhor todo domingo, mas se é apenas uma mesa
sem o Senhor, ela é uma casca. Até mesmo sua Bíblia
ou sua leitura da Bíblia pode ser uma casca se você
não tiver Cristo nela. Seu ministério, sua pregação e
sua obra cristã podem todos ser cascas se forem
meras atividades religiosas sem Cristo. Tudo o que é
fundamental, bíblico, religioso e tudo o que é para
Deus, mas não tenha Cristo como sua realidade é uma
casca. Irmãs, seu uso do véu deveria ter Cristo, pois
sem Cristo, usar o véu será meramente uma casca
vazia. Não pensem que estou condenando só uma
coisa. Eu condeno tudo que não tenha Cristo. Até
mesmo a minha mensagem é uma casca se ela não
tiver Cristo. Até mesmo todo este Estudo-Vida será
uma casca se não ministrar Cristo.
Todos precisamos ver quão fácil é ter a casca sem
a galinha. É muito fácil. Que é religião? Religião é
servir a Deus, adorar a Deus e comportar-se de modo
a agradar a Deus, porém sem Cristo. Adorar a Deus,
servir a Deus e ser comportado diante de Deus, tudo
isso é bom, mas se não tem Cristo é meramente
religião. Tal adoração, serviço e comportamento
toma-se religião. Somente Cristo é a realidade. Tudo
o que fazemos e tudo o que somos pode ser apenas
uma casca. Algumas dessas coisas não são nem
mesmo uma casca, mas mesmo que fossem uma
casca, nada seriam sem Cristo. Precisamos ter Cristo!
Você gosta de ser um presbítero? Está bem, mas
Cristo deve estar nesse presbiterato. Se você não tem
Cristo no seu presbiterato, este é uma casca. Sempre
que você está entesourando uma casca, você precisa
cruzar o rio e sepultar-se para fora daquela casca.
Essa é a mensagem do livro de Hebreus.
Hebreus é um livro cem por cento de Cristo e
para Cristo. Esse não é um Cristo doutrinário; Ele é
um Cristo para nossa experiência hoje. Hebreus 1:1-3
nos diz que Cristo cumpriu todas as coisas e agora
está assentado à direita da Majestade, nas alturas.
Hebreus 4:14 diz que Ele é o Sumo Sacerdote que
penetrou os céus. Ele não só cruzou o rio, mas
penetrou os céus, entrando no terceiro céu, onde está
o Santo dos Santos, além do véu. Agora Ele está lá.
Hebreus 6:20 diz que Ele é o Precursor. Ele correu a
carreira, tomando-se o primeiro a alcançar a meta.
Ele foi o primeiro a entrar além do véu. Hebreus 7:26
diz que Ele é tal Sumo Sacerdote, porque Ele se
tornou mais alto que os céus. Ele está no topo do
universo. Hebreus 8:1, 9:24 e 10:12 nos diz que o
Cristo que morreu está agora no céu; entretanto Ele
está presente. Oh! como precisamos contatá-Lo!
Esqueça a casca! Esqueça a casca! Todos nós
precisamos tocar esse Cristo celestial, esse Cristo
presente, esse Cristo hoje. Ele é tão real, tão vivo. Ele
está agora nos suprindo com toda a vida, autoridade e
poder celestiais para que possamos viver uma vida
celestial na terra. Ele é não apenas nossa salvação
diária, mas também nosso suprimento de cada
momento. Ele é tal Cristo. Todos precisamos
conhecê-Lo e experimentá-Lo. Esqueçam a religião!
Nós temos a “galinha”! Não temos mais formas ou
rituais — apenas a realidade. Esse é o conteúdo do
livro de Hebreus. À medida que continuarmos nosso
Estudo-Vida, veremos as profundezas e as riquezas
desse livro.

B. Com Todos os Itens Divinos


O conteúdo desse livro não é apenas o Cristo
celestial, mas o Cristo celestial com todos os itens
celestiais: o chamamento celestial (3:1), o
arrolamento celestial (12:23), o dom celestial (6:4), as
coisas celestiais (8:5; 9:23), os lugares celestiais
(9:24), a Jerusalém celestial (12:22) e a pátria
celestial (11:16). Precisamos ver todas essas coisas
celestiais.

III. AS SEÇÕES
É simples reconhecer as seções desse livro.
Primeiro, temos a introdução, que mostra que Deus
falou no Filho (1:1-3). No final está a conclusão
(13:20-25). Entre a introdução e a conclusão, esse
livro mostra a superioridade de Cristo (1:4 10:39) e
também revela a maneira de tomar e desfrutar esse
Cristo, a maneira da fé (11:1 — 13:19). Cristo é
superior a tudo: aos anjos, a Josué, a Moisés e a Arão.
A aliança que Ele fez é superior à aliança feita com
Moisés. Cristo é superior a tudo. A maneira para
alcançarmos esse Cristo, a maneira de tomá-Lo é a
maneira única da fé. Esse é o livro de Hebreus.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 2
DEUS FALOU
O livro de Hebreus começa com Deus falando. O
falar divino é a abertura desse livro. Deus falou!
Louvado seja Ele! Absolutamente, não é algo sem
importância o fato de Deus ter falado. Sem falar, Deus
é misterioso. Mas Ele se revelou no Seu falar. Ele não
é mais misterioso. Agora Ele é o Deus revelado.
A ênfase desse livro é que Deus falou, e não o
homem. Portanto, ele não diz quem é o autor,
tampouco, em suas citações do Antigo Testamento,
ele menciona os nomes de quem falou. Segundo o
conceito desse livro, toda a Bíblia é o falar de Deus.
Portanto, quando ele se refere ao Antigo Testamento,
ele sempre diz que foi o falar do Espírito Santo (3:7;
9:8; 10:15-17).
Precisamos considerar esse assunto do falar de
Deus. Se houvesse um Deus no universo, qual seria a
primeira coisa que Ele faria? Com certeza, antes de
fazer qualquer outra coisa, Ele falaria. Se Deus é vivo,
certamente Ele tem de falar. Se Ele é real, Seu falar
testifica de Sua realidade. Se Ele se move, Ele
mover-se-á pelo falar. Se Ele trabalha, certamente Ele
o faz pelo Seu falar.
Uma pessoa que está viva é uma pessoa que fala.
Se você está vivo, não creio que será capaz de ficar em
silêncio nem por uma hora. Se está sozinho em casa,
você descobrirá que simplesmente precisa falar. Se
não falar aos anjos 3 , você pode falar para algum
3
O autor não ensina nem encoraja qualquer tipo de conversa com os anjos, como ensina o esoterismo.
Em seu estilo metafórico de expressar-se, ele usou isso apenas como exemplo. (N.E.)
objeto ou para si mesmo. Uma pessoa viva precisa
falar.
Nosso Deus é vivo! Portanto nosso Deus está
falando, e Seu falar testifica que Ele é vivo. Sabemos
que nosso Deus é vivo porque Ele fala. Que tolice
seria dizer que não existe Deus! Você não ouviu Seu
falar? Deus falou! Desde a eternidade, esse Deus que
fala tem falado milhões de vezes. Se Ele nunca tivesse
falado, então, de onde teria vindo a Bíblia? Ninguém
pode negar a sabedoria expressa na Bíblia. Se não
cada sentença, pelo menos muitíssimas sentenças na
Bíblia jamais poderiam ter saído da mente humana.
Um grande filósofo francês disse que se os quatro
Evangelhos fossem falsos e Cristo não existisse,
então, quem escreveu os Evangelhos estaria
plenamente qualificado para ser Cristo. Se você não
crê que o escritor dos Evangelhos está qualificado
para ser Cristo, então tente escrever tais livros. Quem
poderia proferir coisas de maneira tão profunda e
sábia? Pedro era um pescador galileu e João era um
remendador de redes. Eles não se formaram em uma
universidade. Onde é que eles ganharam sua
sabedoria? “No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus (...) a vida estava
nele, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:1, 4). Quem
pode proferir palavras tão simples, mas tão profundas
como essas? Com certeza não um pequeno
remendador de redes da Galiléia. Somente o próprio
Deus pode falar dessa maneira. Como você pode dizer
que não existe Deus? Você poderia encontrar outro
livro que se compare com a Bíblia? Não há outro livro
que se compare com ela. A Bíblia é o livro dos livros,
porque ela traz sabedoria profunda.
A Bíblia também traz luz. Nenhum outro livro
ilumina as pessoas como a Bíblia. Muitos que estão
lendo estas mensagens são bastante cultos. Vocês
leram muitos livros e jornais. Digam-me, por favor:
vocês foram iluminados por algum desses livros ou
jornais? Sempre que as pessoas lêem os jornais elas
ficam em trevas, veladas, drogadas, dopadas e
intoxicadas. Entretanto, muitos de nós podemos
testificar que sempre que vamos até a Bíblia, não
importando o capítulo, a luz brilha sobre nós. A luz
pode brilhar até mesmo por meio de um versículo
como Gênesis 3:1, um versículo que fala da serpente.
Pode ser que a luz não brilhe imediatamente, porque
você não está preparado. A luz está pronta para
brilhar, mas você não está preparado para abrir-se a
ela. Por fim, no entanto, a luz vem.
Usemos Gênesis 3:1 como exemplo: “A serpente,
mais sagaz que todos os animais selváticos que o
SENHOR Deus tinha feito”. Certa manhã, uma jovem
irmã leu esse versículo e ele entrou nela. Quando ela
leu esse versículo de manhãzinha, ela não tinha
nenhum entendimento dele. Mais tarde, naquele
mesmo dia, uma de suas colegas de escola veio até ela
com certo tipo de tentação. Imediatamente, a palavra
veio para aquela jovem irmã: “A serpente era mais
sagaz”. Quanto mais sua colega falava, mais essa
palavra vinha para ela. Por fim, essa irmã disse
consigo mesma: “Serpentinha, afasta-te de mim”. Por
todo meu ministério eu tenho ouvido centenas de
testemunhos como esse.
As pessoas são iluminadas por ler a Palavra
Divina. Será que alguém pode testificar que foi
iluminado lendo uma revista ou um jornal? Não
existem tais testemunhos, porque tais escritos não
são a Palavra de Deus. Mas toda a Bíblia é uma
composição do falar de Deus. Se você colocar a
palavra Satanás em um jornal, ela não significará
nada, mas quando você a lê na Bíblia, especialmente
quando você lê com oração, você é iluminado e
Satanás é exposto.
Muitas vezes nós somos não somente iluminados
pela Palavra, mas somos vivificados e avivados. Tente
orar com as palavras de um jornal e veja o que
acontece. Quanto mais você repete as palavras, mais
você fica em trevas e morto. Entretanto, quando lê a
Bíblia com oração, você é vivificado. Isso é uma forte
prova de que a Bíblia Sagrada é o falar de Deus. Deus
falou! Mais de cem vezes eu vi grandes pecadores
salvos simplesmente por ler um versículo da Bíblia.
Em um instante, toda a vida deles foi mudada. Esse
foi o resultado do operar da Palavra Santa.
Deus falou e ainda está falando hoje. Ele está
falando ao nosso coração e no nosso espírito. Como
sabemos que nosso Deus é vivo? Porque Ele fala
conosco. Como sabemos que Ele está se movendo e
trabalhando? Porque Ele fala. Considere sua
experiência nas últimas quarenta e oito horas. Você
pode afirmar que nesse tempo Deus não falou com
você? Muitos de nós podemos testificar que, nas
últimas quarenta e oito horas, ouvimos Deus falar.
Sabemos que Ele é real, vivo e se move, porque Ele
fala. Onde está Deus? Deus está em Seu falar. Ele fala
a cada dia.
O que Deus está falando? O falar de Deus não é
apenas a Palavra; é também Seu sopro. Quando Deus
fala, Ele sopra a Si mesmo para dentro de nós.
Sempre que Deus fala com você, Ele entra em você.
Portanto, sempre que ouve o falar de Deus ou toma a
Palavra de Deus, você é envolvido com Deus. Ele nos
incomoda constantemente pelo Seu falar. Eu não sei
quantas vezes já fui incomodado por Ele. Se você não
quer envolver-se com Deus, é melhor você fechar os
ouvidos quando Ele estiver falando. Seu falar é
constante. Ele jamais engolirá Suas palavras. Uma
vez que Ele sopra Suas palavras, Ele nunca as toma de
volta. Suponha que Deus fale a você: “Vá até sua
esposa e peça-lhe perdão”. Você pode argumentar,
dizendo: “Por que eu devo ir pedir-lhe perdão? Não
posso fazer isso”. Mas a palavra continua vindo a
você: “Vá e peça perdão”. Alguns que não obedeceram
a tal palavra do Senhor disseram que até em seus
sonhos eles expressaram Sua palavra para ir pedir
perdão. A esposa acorda e diz: “O que você quer dizer
com: ‘Vá e peça perdão’?” Deus falou para aquele
irmão pedir perdão a sua esposa. Ele não o fez. Por
fim, em seus sonhos ele falou as palavras: “Vá e peça
perdão.” O falar de Deus é constante assim.
Em 1925 comecei a ouvir o falar do Senhor para
mim. Embora por oito anos não Lhe tenha obedecido,
aquela palavra nunca me deixou. Semana após
semana, eu discutia com Deus e arrazoava com Ele.
Eu falava a Ele: “Não, eu não posso fazer isso”. Ele
não discutia comigo. Quando eu argumentava, Ele
ficava calado. Quando minhas argumentações
cessavam, Ele começava a falar de novo. Eu disse:
“Senhor, eu já ouvi isso”. Entretanto, embora Ele não
tenha dito uma palavra quando eu argumentava,
quando eu me calava, Ele falava, e falou durante oito
anos. Por fim, não tive outra escolha a não ser
ouvi-Lo e render-me a Ele. Eu obedeci e o falar parou.
Uma vez que obedecemos, o falar pára.
Uma vez que a palavra de Deus sai da Sua boca,
ninguém pode mandá-la de volta para Ele. Se nesta
vida você não obedecer ao que Deus fala, na próxima4
você obedecerá. Toda humanidade crerá no que Deus
falou. Se não crerem hoje, eles irão crer 5 na
eternidade.
Deus falou e ainda está falando. Sabemos que
nosso Deus é real, porque Ele está falando. Como
sabemos que Deus está trabalhando em Sua
restauração? Porque Ele está falando.
Embora eu seja cristão há muitos anos, jamais
ouvi tanto do falar de Deus como entre nós hoje. Em 1
Samuel 3:1 lemos que a palavra do Senhor era mui
rara naqueles dias. A versão King James 6 usa a
palavra preciosa em vez de rara. Tudo que é raro é
precioso. Nos dias de 1 Samuel3, a palavra de Deus
era rara, mas hoje ela não é rara. Na restauração do
Senhor hoje, há a multiplicação da palavra de Deus.
Há abundância da palavra de Deus. Deus está falando
a cada dia e a cada reunião. Você não percebe que Ele
está falando? Seu falar prova que Ele está
trabalhando.
Cada um de nós tem alguma porção do falar de
Deus. Entretanto, muitos cristãos que não estão na
restauração do Senhor diriam que eles não entendem
o que estamos falando quando nos referimos à
abundância do falar de Deus. Se esse assunto fosse
explicado a eles, eles diriam: “Já faz muito tempo que
eu não ouço Deus falar”. Por que não há o falar de

4
Refere-se não a outra vida, como ensinado pela doutrina da reencarnação, mas à próxima era, a era
do reino milenar. durante a qual os cristãos imaturos serão disciplinados e conduzidos à maturidade.
Leia também O Dano da Segunda Morte, de Watchman Nee. (N.E.)
5
Não se trata do crer para a salvação, mas do reconhecimento de que Jesus é o Senhor (Fp 2:9-11).
(N.E.)
6
King James Version; tradicional versão da Bíblia em inglês. (N.T.)
Deus entre tantos cristãos? Porque não há o mover de
Deus entre eles, não há o trabalhar de Deus.
É uma punição não ter o falar de Deus. Nos dias
de 1 Samuel 3, a palavra de Deus era mui rara. Isso
era uma punição à família e à casa do sacerdote Eli.
Quando você está sob a bênção de Deus, Ele fala a
cada minuto. O falar de Deus para você prova que
você está sob Sua bênção. Há uma abundância do
falar de Deus entre nós na restauração. Todos ouvem
Seu falar. Deus está falando com você? Isso significa
que Ele é real, vivo e se move.
Antes de muitas das irmãs terem vindo para a
restauração do Senhor, elas não sentiam nenhuma
condenação quando estavam iradas com o marido.
Elas sentiam que estavam iradas com o marido por
uma boa razão e que essa ira era totalmente justa.
Elas podiam até mesmo assegurar aos outros que sua
ira era absolutamente justificada. Agora que essas
mesmas irmãs estão na restauração do Senhor, elas
descobriram que Deus fala imediatamente a elas
sempre que perdem a paciência. Elas não estão mais
livres para irar-se com o marido. Agora, se elas se
iram com o marido, Deus fala sobre isso com elas. Se
elas estão iradas com o marido em um sábado à noite,
elas não têm paz para participar da mesa do Senhor
no dia seguinte. Esse falar prova que Deus está se
movendo e trabalhando entre nós.
O Deus vivo transmite-se para dentro de nós por
meio do falar. Durante o Estudo-Vida de Romanos7, o
Senhor nos deu uma boa palavra — transfundido.
Deus quer transfundir a Si mesmo para dentro de
nós. Isso é realizado principalmente pelo falar.
7
Já publicado em português, por esta Editora. (N.E.)
Quanto mais Ele fala a você, mais Seu elemento
divino será transmitido ou transfundido para o seu
ser. Quanto mais você está no Seu falar, mais você é
infundido com todos os Seus elementos divinos. Uma
vez que você ouve Seu falar, você jamais será o
mesmo.
Sem exceção, a Palavra de Deus nos traz três
coisas. A primeira delas é a luz. Quando Deus fala, a
luz resplandece. O primeiro elemento da Palavra de
Deus é a luz. Onde está a Palavra de Deus, há luz. Não
é necessário que você a explique ou interprete. A luz
brilha, pois a Palavra traz luz. A Palavra Divina é a
melhor luminária, o melhor portador de luz. Quando
Ele fala, Ele resplandece. Todos podemos provar isso
por nossa própria experiência. Sempre que ouvimos
Sua Palavra, estamos sob Seu resplandecer, e esse
resplandecer nos traz luz. Com essa luz há o
entendimento, a visão, e a sabedoria, conhecimento e
expressão apropriados. A luz inclui várias coisas:
entendimento, visão, conhecimento, sabedoria e
expressão. Quando você tem luz, você tem o poder de
ver, tem a visão. Quando você tem luz, você tem
conhecimento, entendimento e sabedoria. Isso lhe dá
elocução e você não pode ficar mudo. Nenhum dos
turistas que visitam a Disneylândia, em Anaheim, é
mudo. Quando vêem tudo que está lá, eles ficam
tagarelando. Quando você entra na Disneylândia,
como é que você pode ficar mudo? Até mesmo as
criancinhas, que não sabem falar bem, terão
expressão verbal por causa do que viram.
Por que os membros que “esquentam” bancos
nas denominações cristãs ficam sentados mudos
durante o culto do domingo de manhã? Porque eles
estão carentes de luz e não vêem nada. Quando você
está em trevas é muito difícil falar. Tente falar quando
estiver em trevas. Você ficará mudo, porque não vê
nada. Você não terá nada para dizer. Se eu fosse cego
e você me pedisse para descrever algo, eu não teria
muito para dizer. Quão diferente é quando você tem a
luz! Quando a luz vem, você tem muito a dizer,
porque você vê muito. Você vê tantas pessoas, lugares
e coisas. Você vê tantas coisas, que fala
espontaneamente.
A luz produz a visão, e a visão produz expressão
verbal. Por que todos os membros da igreja são tão
efervescentes quando vêm às reuniões? Porque todos
eles viram algo e, portanto, têm algo para falar. O que
vemos torna-se espontaneamente nossa expressão
verbal. Não é necessário pensar em algo para falar.
Nós falamos daquilo que vemos. A luz produz visão. A
luz vem da Palavra. Quando você tem a Palavra, você
tem luz.
No meu falar através dos anos, muitas pessoas
têm se surpreendido e me perguntado de onde tiro
todas as minhas mensagens. Minhas mensagens vêm
todas da vista celestial, do turismo celestial pela terra
santa. Quase toda manhã eu faço um turismo e vejo
muitas coisas. Tenho muito para falar, porque-vejo
muito na Palavra. A Palavra traz luz, e a luz traz vista
e visão, e a visão dá conhecimento, sabedoria e
expressão verbal. Isso não é conhecimento de letras
mortas; é o conhecimento de vida, o conhecimento
que é cheio de vida. Todo ele vem da Palavra.
A Palavra também traz vida. O Senhor Jesus
disse que as palavras que Ele fala são espírito e são
vida (Jo 6:63). “No princípio era o Verbo (...) a vida
estava nele” (1:1, 4). Na Palavra há vida. Quando você
toca a Palavra, você é vivificado. Por que somos tão
vivos? Por causa da Palavra. Com o passar dos anos
tenho visto muitos grupos de cristãos, mas nunca vi
um grupo como os que estão na vida da igreja hoje.
Muitos dentre os jovens lidam dia e noite com a Bíblia
Sagrada. Isso é um bom sinal. Algumas pessoas
espalharam o boato de que Witness Lee fala para as
pessoas jogarem fora a Bíblia. Isso é uma mentira
diabólica! Ninguém mais que este ministério exorta
tanto os santos a tomarem a Palavra. Veja quantos
versículos usamos em cada mensagem!
Por que o povo da igreja é tão vivaz? É por causa
da vida que está na Palavra. Antes de virem para a
igreja, vocês não eram tão vivos. Vocês estavam
morrendo de fome. Vocês eram carentes da Palavra.
Mesmo agora, se vocês se afastassem da Palavra, das
mensagens e das reuniões durante duas semanas,
vocês estariam mortos. Hoje muitos são tão vivos,
porque estão cheios da Palavra. Estou muito feliz por
ver que nesta era, uma era cheia de males, os jovens
se entregaram à Palavra Sagrada. Para muitos de
vocês, a coisa mais preciosa em seu coração é a
Palavra. Isso é um bom sinal de que o Senhor está se
movendo entre vocês. Seu falar está conosco e sua
Palavra está em nós. Hoje, todos na vida da igreja
estão efervescentes por causa da Palavra da vida. Nós
temos a Palavra viva.
A vida que está na Palavra inclui muitas coisas.
Ela inclui santidade, amor, humildade, bondade e
paciência. A vida inclui todos os atributos divinos e
todas as virtudes humanas. Não podemos exaurir as
riquezas da vida. Quem pode dizer quais são as
riquezas da vida? Não é necessário falar da vida
divina, pois mesmo a vida em uma semente de cravo é
muito rica. Ela pode ser uma sementinha com uma
porção de vida aparentemente pequena, mas ela
cresce. Quando a semente de cravo cresce e floresce,
você pode ver as riquezas da vida. Todas as riquezas
estão na vida. Peço-lhes que considerem a vida que
temos, a vida que tocamos. Que riquezas há na vida
divina! Tenho a plena segurança para dizer que todas
as riquezas de Deus estão na igreja, porque a Palavra
está na igreja e a Palavra traz vida. Essa vida inclui
todos os ricos atributos, virtudes e qualidades. Uma
vez que temos a vida, nós temos as riquezas. Não
tente ser humilde, porque a humildade é como um
pássaro: se você tentar apanhá-la, ela voa. Não tente
amar sua esposa ou submeter-se ao seu marido. Você
não consegue fazê-lo. Simplesmente tome a Palavra.
A Palavra traz vida e essa vida resultará em amor e
submissão. Humildade, amor e submissão são
encontrados nessa vida. Não podemos adquirir essas
virtudes por nosso esforço ou trabalho. Elas estão
todas na vida divina.
Como podemos ter vida? Simplesmente tome a
Palavra e a vida vem. Quando a vida vem, todas as
coisas boas vêm com ela. Nessa vida estão a
humildade e a beleza de um ser humano. Uma vez
que Deus criou o homem à Sua imagem, certamente
há beleza na humanidade. Mas essa beleza da
humanidade somente pode ser encontrada na vida
divina, e a vida divina está na Palavra divina. Quando
a Palavra vem, a vida vem, e a beleza vem com a vida.
Veja as pessoas da igreja; todas são graciosas e
bonitas. Se essas mesmas pessoas não estivessem na
vida da igreja, elas teriam a aparência de escorpiões,
tartarugas ou macacos. Eu realmente me apaixonei
pelos irmãos e irmãs da igreja. Até mesmo os mais
velhos são tão amáveis.
Essa beleza, esse encanto, vem da vida e a vida
vem da Palavra. Quando Deus fala, há vida ali. Essa
vida é muito rica.
Quando a Palavra vem, ela traz também poder. A
Palavra traz luz, vida e poder. Muitos cristãos
confiam nas coisas chamadas pentecostais. Eu
também creio plenamente nas coisas pentecostais,
mas não na chamada “maneira pentecostal”. Muitos
dizem que se você não tem uma determinada
experiência “pentecostal”, você não tem poder. Eu
não concordo com isso. Em minha cidade natal,
muito próximo ao local de reuniões da igreja, havia
um local de reuniões pentecostais. Dez anos depois,
eles eram menos de cem em número. Eles praticavam
as coisas “pentecostais” e diziam que tinham poder. O
local de reuniões da igreja, entretanto, estava sempre
lotado. Um dia, um Autor daquele grupo pentecostal
falou comigo. Eu lhe disse: “Irmão, de acordo com
sua opinião, vocês têm poder e nós não. Mas veja os
fatos: quão poucos vocês são! quantos nós somos
aqui!” O poder está na Palavra.
Quando pregamos a Palavra viva, o poder está
ali. Esse poder não é o poder instantâneo; é o poder
constante. Não é o poder do crescimento explosivo do
cogumelo; é o poder do crescimento constante. Nos
últimos anos tenho visto muitos
“movimentos-cogumelo”. Numa noite cem se
arrependem, mas dois meses depois você só encontra
uns poucos deles. O que estamos fazendo em nosso
labor é como semear uma semente de cravo. Dois
meses depois, parece que nada aconteceu. Mas,
gradualmente, um broto verde aparece. Por fim, ele
floresce, produz semente, e ocorre uma segunda
reprodução. Esse é o poder da vida.
Nas igrejas na restauração do Senhor, não nos
desenvolvemos como cogumelo. Se os irmãos em
certa localidade clamassem ter ganho três mil pessoas
em uma semana, eu diria: “Vamos esperar para ver.
Depois de algum tempo, a maioria deles vai
desaparecer”. Nós gostamos de ver a Palavra sendo
pregada e crescendo na vida da igreja. Ano após ano
ela crescerá e se reproduzirá. Espere para ver. Nada
irá durar tão prevalecentemente como o que está nas
igrejas. Será prevalecente e resistirá para sempre,
porque o poder aqui não é nada menos que a vida.
Essa vida vem da Palavra. A Palavra traz vida, e a vida
permanece e se reproduz. Se o Senhor me tirar deste
país, tenho a plena certeza de que a restauração do
Senhor neste país ainda prosseguirá, porque ela não é
um movimento de ação humana; é um mover da vida
divina crescendo. A semente foi semeada aqui, a
Palavra veio e a vida está aqui. Aleluia’ Onde está a
Palavra, há poder em vida. Agora podemos ver por
que Deus fala. Ele fala para resplandecer, para
vivificar e para dar poder.

I. AOS PAIS
Deus fala em dois estágios: aos pais e para nós.
Antigamente, Ele falou aos pais; nestes últimos dias,
Ele fala para nós. Antes de Deus falar aos homens, Ele
falou ao nada. Ele falou ao que não existia. Naquele
tempo não havia nada; portanto, Ele falou ao nada.
Pelo Seu falar, Ele chamou à existência as coisas que
não existiam (Rm 4:17). Ele falou: “Haja luz!” e a luz
veio à existência. Todo o universo foi criado pelo Seu
falar, por Sua Palavra. Todo o universo foi formado
pela Palavra de Deus (Hb 11:3). “Ele falou, e tudo se
fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 33:9).
Deus trabalhou por meio do falar. O verdadeiro
trabalhar de Deus entre nós hoje é Seu falar. Se Deus
não falar entre nós, nada poderemos fazer, não
importando o quanto trabalhemos. Se Deus não falar,
os presbíteros e demais Autores nas igrejas nada
poderão fazer. Mas quando Ele fala, podemos dizer:
“Louvado seja o Senhor!” Deus fala ao nada e algo
surge. Ele chama à existência as coisas que não
existem. Pelo Seu falar tudo veio à existência. Todo o
universo foi feito por Sua palavra. Depois disso, a
humanidade veio à existência.
Depois que o homem foi criado, Deus falou aos
pais te falou aos pais, antigamente, pelos profetas, e
muitas vezes e de muitas maneiras (Hb 1:1). No
Antigo Testamento, Deus falou às pessoas, não de
uma vez por todas e de uma só maneira, mas muitas
vezes e de muitas maneiras: uma vez aos patriarcas,
de uma maneira; outra vez, por meio de Moisés, de
outra maneira; uma vez, por meio de Davi, de uma
maneira; em outras porções, por meio de vários
profetas, de diversas maneiras. Mesmo o Pentateuco,
os cinco primeiros livros do Antigo Testamento,
contêm muitas porções diferentes. Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio — cada livro é
uma porção diferente e em cada livro há diversas
porções. Você já viu algum escrito tão rico como a
Bíblia? O Antigo Testamento tem várias porções: as
histórias, as crônicas, os salmos, os provérbios e
muitos profetas diferentes. Alguns livros são longos,
com mais de sessenta capítulos; outros são curtos,
com apenas alguns capítulos. Todas as diversas
maneiras de falar foram exauridas pela Bíblia: a
maneira da profecia, tipo, sombra e prefiguração, a
maneira de usar a mulher, a serpente, o homem, o
leão, o escorpião, e o cordeiro, a água, o sol, a lua, as
estrelas e diversos tipos de árvores e plantas; palavras
claras, ilustrações, provérbios, parábolas, alegorias e
tipos. Todas as maneiras de expressão verbal foram
usadas nas Escrituras. Quando Deus falou a Moisés,
Ele não o fez com uma palavra clara, mas por meio de
uma sarça que queimava, porém não se consumia (Êx
3:1-6). Aquela foi a maneira mais maravilhosa de
falar. Moisés entendeu por meio disso que não havia
necessidade de ele ser consumido. Ele precisava estar
queimando, mas não precisava ser consumido. Deus
não ia usá-lo como combustível. Uma pequena sarça
ardente falou muito com Moisés. Essa foi a maneira
como Deus falou com Moisés. Oh, a sabedoria na
Bíblia! As coisas mais simples são usadas de maneira
profunda pelo falar de Deus. Deus verdadeiramente
falou muitas vezes e de muitas maneiras.

II. PARA NÓS

A. Nestes Últimos Dias


Hebreus 1:2 usa a frase: “nestes últimos dias”.
Ela também pode ser traduzida como: “no fim destes
dias”. Essa é uma expressão hebraica que indica o fim
da dispensação da lei, com a introdução do Messias
(Is 2:2; Mq 4:1).

B. Pelo Filho
Nos últimos dias Deus falou e ainda faia pelo
Filho.

I. É a Palavra
O Filho é a Palavra (Jo 1:1; Ap 19:13). “No
princípio era a Palavra (...) e a Palavra era Deus”
(NVI). Ele era a Palavra de Deus para o falar de Deus.
O Filho é totalmente a Palavra para o falar de Deus.

2. Declarar Deus Pai


O fato de o Filho ser a Palavra é principalmente
para declarar Deus Pai (Jo 1:18), isto é, para declarar,
definir, expressar e revelar Deus. Quanto mais o Filho
fala, mais Deus é expresso e revelado.

3. Transmitir Vida
Toda a Pessoa do Filho é o falar divino. O Filho,
como a Palavra de Deus e o falar de Deus,
constantemente transmite vida a nós. Como a
Palavra, Ele traz vida. Ele sempre transmite vida a
nós. Quando O recebemos, nós temos vida.

4. Revelar Realidade Por Meio do Espírito


Como a Palavra para o falar divino, o Filho revela
realidade por meio do Espírito (Jo 16:12-15).
Realidade é tudo o que Deus é para nós. Essa
realidade é revelada a nós pelo Filho como a Palavra
por meio do Espírito.

C. No Filho como o Espírito

1. Ele Fala às Igrejas


Sempre que o Filho fala, Ele é o Espírito. O falar
do Filho é o Espírito. O Filho de Deus é a Palavra.
Quando a Palavra se expressa, ela se torna o Espírito.
Isso é provado pelas sete epístolas em Apocalipse 2 e
3. No início de cada epístola, é dito que o Senhor está
falando, mas no fim, é dito que devemos ouvir o que o
Espírito diz às igrejas. Isso prova que, sempre que o
Senhor Jesus fala, Ele é o Espírito falando. Sempre
que o Filho está falando, é o Espírito que está falando.
Se considerar as sete comparações em Apocalipse 2 e
3, você verá que tudo o que o Filho fala é o falar do
Espírito (Ap 2:1, 7; 2:8, 11; 2:12, 17; 2:18, 29; 3:1, 6;
3:7, 13; 3:14, 22). Nós temos o Filho que é a Palavra
de Deus. Ele não somente é a Palavra de Deus, mas
também o falar de Deus. Sempre que Ele fala, Ele é o
Espírito que fala. “As palavras que vos tenho dito são
espírito e são vida” (Jo 6:63).

2. Ele Fala com a Igreja


Hoje o Filho, como o Espírito que fala, está
falando com as igrejas. Ele não apenas fala às igrejas,
mas também juntamente com as igrejas. Apocalipse
22:17 diz: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!” No
começo do livro de Apocalipse é o Espírito que está
falando às igrejas, mas no fim de Apocalipse, é o
Espírito falando juntamente com as igrejas, porque o
Espírito e a igreja se tomaram um. Aleluia! Esse é o
falar de Deus.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 3
O FILHO
Deus é misterioso. Ele é um mistério total. Mas
esse mistério foi revelado pelo falar de Deus. Sem o
falar divino, Deus permaneceria para sempre
desconhecido. Mas nosso Deus não é mais misterioso.
Ele não é um mistério, mas uma história. A história
de Deus está absolutamente relacionada ao falar.
Deus tem uma história, e Sua história é uma história
de falar. Podemos contar a história de Deus. A
história de Deus é um falar contínuo; é uma história
falada.
Primeiramente, Deus falou por meio de algumas
pessoas que foram escolhidas e tacadas por Ele. Ele
falou de várias maneiras por meio de Adão, Abel,
Enos, Enoque, Noé e Abraão. Depois de Abraão, Deus
falou por meio de Moisés e de muitos outros
escolhidos — sacerdotes, reis e profetas. Todos os que
falaram por Deus, quer fosse um rei ou um profeta,
foram motivados pelo Espírito de Deus. Portanto, a
história de Deus é uma história de falar.
Após Deus ter falado por meio de tantos tipos
diferentes de pessoas, pessoas superiores e inferiores,
educadas e não educadas, reis e pastores, Seu falar
ainda era insuficiente. A despeito do quanto essas
pessoas tenham sido usadas para falar por Deus, seu
falar não foi adequado. Deus tinha de falar
diretamente por meio Dele mesmo. Portanto, Ele veio
na pessoa do Filho. Hebreus 1:2, na versão de João
Ferreira de Almeida, diz que Deus falou a nós pelo
Filho. Em Hebreus 1:1 há um artigo definido antes da
palavra “profetas”. Mas em 1:2, o artigo definido
antes da palavra “Filho” deveria estar em itálico,
indicando que esse artigo não está no texto grego
original, mas é necessário para o entendimento do
idioma português. Em português é muito difícil dizer:
“Deus falou a nós por Filho”. Algumas das melhores
versões dizem: “Deus falou a nós na pessoa do Filho”.
Até mesmo a Amplified Version 8 usa a frase: “na
pessoa de um Filho”. Isso significa que o próprio
Deus fala na pessoa do Filho. Antigamente Ele falou
por meio de profetas; agora Ele fala pelo Filho.
Precisamos ver que o Filho é diferente de todos os
profetas. Todos os profetas foram homens usados por
Deus para falar por Ele, mas o Filho é o próprio Deus
falando. O versículo 2 diz que Deus falou a nós pelo
Filho, e o versículo 8 diz que o Filho é Deus. Isso
mostra que Deus fala em Si mesmo. No versículo 2
parece que Deus e o Filho são dois, pois diz que Deus
falou pelo Filho. Mas no versículo 8 é evidente que o
Filho e Deus são um, pois acerca do Filho se diz: “ó
Deus”. Dizer que Deus falou pelo Filho significa que
Deus falou por Si mesmo.
No registro dos quatro Evangelhos, vemos que o
Filho veio. Ele veio para falar Deus, não apenas com
palavras claras, mas também com o que Ele era e com
o que Ele fez. Ele é totalmente a Palavra de Deus e o
falar de Deus. Às vezes Ele falou com palavras e
outras vezes falou com ação. Tudo que Ele era e tudo
que Ele fez falou Deus. “Ninguém jamais viu a Deus; o
Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o
revelou” (Jo 1:18).
O Filho é a Palavra, o falar, a expressão e a
8
Versão da Bíblia em inglês. (N.T.)
definição de Deus. Quando o Filho fala, Sua palavra é
o Espírito (Jo 6:63). Por fim, para as igrejas, Ele é o
Espírito que fala. No começo de cada uma das sete
epístolas em Apocalipse 2 e 3, o Filho fala, mas no
final de cada epístola, é o Espírito que está falando às
igrejas. Deus fala no Filho, e quando o Filho fala às
igrejas, Ele é o Espírito que fala. Pelo Seu falar, as
igrejas tornar-se-ão uma com Ele. No final de
Apocalipse o Espírito e a igreja falam como um (Ap
22:17). Deus fala no Filho, o Filho torna-se o Espírito
que fala, e o Espírito que fala é um com a igreja
falando por Deus. Essa é a história do falar de Deus,
uma história falada.
Essa história falada é registrada na Bíblia. Toda a
Bíblia é uma história de Deus. Como vimos, essa é
uma história falada. Quando Deus criou todas as
coisas, Ele o fez falando. Quando Ele contatou a
humanidade no Antigo Testamento, Ele o fez falando
pelos profetas. Quando Ele veio para a humanidade,
na era do Novo Testamento, Ele falou pelo Filho, na
Pessoa do Filho como Sua Palavra. Como é que Ele
vem para as igrejas hoje? Falando como o Espírito
que fala. Por meio de falar como o Espírito, Ele se faz
um com as igrejas. Por fim, essa história falada
consistirá não apenas Dele próprio, mas também de
todas as igrejas. Reunião após reunião, a vida da
igreja é uma história falada. Nós somos pessoas que
falam. Por meio desse falar Deus é transfundido para
dentro das pessoas. Por meio desse falar, muitos
seres humanos estão sendo infundidos e saturados
com o elemento divino. Isso é a vida da igreja. Isso é o
falar de Deus.
O livro de Hebreus é um livro do falar de Deus. A
essência da carta aos hebreus é Deus falando no
Filho. Deus fala no Filho, o Filho fala como o Espírito
às igrejas e, por fim, o Espírito fala junto com a igreja.
É por meio dessa história falada que Deus é
totalmente trazido para o homem e o homem é levado
para Deus. Deus e o homem, o homem e Deus,
tornam-se um. Essa é a maravilhosa vida da igreja.

I. SUA PESSOA
Agora estamos prontos para ver o Filho. Hebreus
1 revela duas coisas principais quanto ao Filho — Sua
Pessoa e Sua obra.

A. O Resplendor da Glória de Deus


O escritor da carta aos hebreus, estando
absolutamente sob a inspiração do Espírito Santo,
teve a sabedoria de dizer que o Filho é o resplendor
da glória de Deus (1:3). O resplendor da glória de
Deus é como o reluzir ou o resplandecer dos raios do
sol. O Filho é o brilhar, o resplandecer da glória de
Deus. Você pode separar a glória do resplendor? Seria
como separar os raios do sol do brilhar do sol. Não se
pode fazer isso, pois o brilhar e os raios são um.
Considere o exemplo da luz elétrica. Podemos dizer
que a luz é uma coisa e a eletricidade é outra?
Absolutamente, não. A luz é simplesmente a
expressão da eletricidade. A eletricidade é um
mistério. Alguém já viu a eletricidade? Embora seja
um mistério, ela é uma realidade. Como você pode
afirmar que há eletricidade em determinada sala?
Vendo a luz. A luz é o resplendor da glória da
eletricidade. Igualmente, jamais deveríamos
considerar o Filho separadamente de Deus. O Filho é
a expressão do próprio Deus.
Há alguns assim chamados cristãos que não
crêem que Cristo é Deus. Essa é a maior blasfêmia
contra o Senhor Jesus. Nosso Senhor é nada menos
que Deus. Ele é o próprio Deus. Quando estive em
Manila9, em 1950, um grupo de chamados cristãos,
que não crêem que Cristo é Deus, era muito
prevalecente lá. Alguns deles vieram para a
restauração do Senhor. Um dia, quatro
representantes daquele grupo vieram a mim: dois
advogados, um médico e um professor. Eles vieram
com suas Bíblias tentar me derrotar. A primeira
pergunta que eles fizeram foi: “Sr. Lee, como o senhor
pode dizer que Cristo é Deus?” Eu respondi: “Como
vocês podem dizer que Cristo não é Deus?
Respondam-me primeiro e eu lhes responderei.
Digam-me onde na Bíblia diz que Cristo não é Deus”.
Eles responderam: “Não podemos mostrar-lhe nem
um versículo que diga que Cristo não é Deus. Todavia,
você não deveria supor que Cristo é Deus”. Eu lhes
disse que não estava supondo, e passei a citar João
1:1. Imediatamente eles disseram: “Esse versículo diz
que o Verbo era Deus, mas não diz que Cristo é Deus”.
Eu disse: “Que tipo de pessoas são vocês? Vocês têm
uma mente sóbria? Digam-me, quem é o Verbo?” Eles
responderam: “O Verbo é o Verbo. O Verbo não é
Cristo”. Então eu disse: “Vocês não têm o versículo
14, que diz que o Verbo se fez carne?” Eles
responderam: “Isso é a carne. Isso não é Cristo”. Eu
disse: “Não tenho tempo para esse tipo de distorções.
O que vocês estão falando é absurdo”. Embora eles
tenham tentado ser diabolicamente humildes comigo,
pedindo-me para ser paciente com eles, eu disse:
9
Capital das Filipinas. (N.T.)
“Não quero ouvi-los. Vocês falam absurdos. Vocês
não têm mente sóbria. Toda mente sóbria entende
que no princípio era o Verbo, que o Verbo era Deus,
que o Verbo se fez carne, que essa carne foi chamada
de Jesus, e que Jesus é Deus. Mas o que vocês falam é
um total disparate”. Eles foram expostos e
derrotados. Alguns dos membros daquele grupo
chegaram a ver que eles não tinham a verdade, que o
que eles tinham era falsidade.
Todos nós precisamos perceber que nosso
Senhor Jesus é Deus. Não considere que Ele é algo
além de Deus. Ele é Deus. Assim, Hebreus 1:3 diz que
Ele é o resplendor da glória de Deus.

B. A Imagem Expressa da Substância de Deus


O Filho também é a expressa imagem do ser de
Deus (1:3 IBB-Rev.). A glória é a expressão exterior e
a substância é a essência interior. Deus tem Sua
essência, Sua substância, assim como Sua aparência.
A essência de Deus é Sua substância. Por exemplo:
uma mesa é substancial. Ela tem uma substância que
é a madeira. A madeira é a essência da mesa.
Igualmente, nosso Deus é substancial. Ele tem
substância e glória. Não temos palavras adequadas
para explicar essas coisas. Somente podemos dizer
que nosso Deus é glorioso e substancial. Quanto à
glória de Deus, o Filho é o resplendor dessa glória.
Quanto à substância de Deus, o Filho é a imagem
expressa dessa substância.
A imagem expressa da substância de Deus é
como a impressão de um carimbo. Um carimbo tem
uma imagem. Quando o carimbo é pressionado sobre
o papel, o papel leva a mesma imagem expressa.
Suponha que um carimbo tenha as letras USA.
Quando o carimbo é pressionado sobre um pedaço de
papel, o papel leva a mesma imagem que o carimbo.
O Filho é não somente o resplendor da glória de Deus,
mas Ele é também a impressão da substância de
Deus. Isso significa que o Filho é Deus vindo até nós.
Quando seguro o carimbo em minha mão, o carimbo
está lá. Quando eu coloco o carimbo em você, o
carimbo passa para você. Onde quer que você vá, você
leva a impressão do carimbo. Quando Deus não vem a
você, Ele é apenas Deus. Quando Deus vem para
dentro de você, Ele é o Filho como a impressão da Sua
substância.
Nosso Cristo é Deus vindo a nós. Ele é nosso
Deus nos alcançando. Como o sol pode alcançar-nos?
Pelo brilhar dos seus raios. Se você pensa que o sol
não existe, vá para o lado de fora e fique ali durante
quinze minutos ao meio dia. O sol queimará você,
porque seus raios o alcançam. Isso significa que o sol
alcança você. Quem é o Filho? O Filho é Deus nos
alcançando, Deus vindo para ser um conosco. Muitas
vezes as pessoas dizem: “vamos tomar banho de sol”.
Depois que elas tomam um banho de sol, algum
elemento do sol é transfundido para elas. Isso
significa que o sol as alcança. Igualmente, Cristo, o
Filho de Deus, é o próprio Deus nos alcançando e
vindo para dentro de nós. Nós temos um Deus que
nos alcança, um Deus que vem para dentro de nós.
Essa é a nossa salvação, a grande salvação revelada
no capítulo 2. Nossa grande salvação é Deus nos
alcançando e vindo para nós. Esse é o Filho de Deus.

C. O Próprio Deus
Hebreus 1:8 revela que o Filho, que é o
resplendor da glória de Deus e a expressa imagem da
substância de Deus, é o próprio Deus. O versículo 8
diz a respeito do Filho: “O teu trono, ó Deus”. Isso
revela que o Filho é o próprio Deus.

D. O Senhor
O versículo 10 revela que o Filho é o Senhor, o
Criador. “No princípio, Senhor, lançaste os
fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas
mãos”. Cristo, o Filho de Deus, é o próprio Deus,
assim como o Senhor, o Criador. Não pense que Ele é
outro além do Senhor, o Criador. Ele é Deus e o
Senhor, o Criador.

II. SUA OBRA


Agora chegamos à obra do Filho. No capítulo
1:2-3, duas categorias da obra do Filho são reveladas:
a criação e a redenção.

A. Na Criação

1. Criou o Universo no Passado


Hebreus 1 revela que o Filho criou os céus e a
terra (vs. 2, 10). Todas as coisas vieram à existência
por meio do Filho (Jo 1:3; Cl 1:16; 1Co 8:6). O Filho é
o Criador do universo.

2. Sustenta Todas as Coisas no Presente


Após criar todas as coisas, o Filho tornou-se o
Sustentador (Hb 1:3). A terra está suspensa no ar.
Não há colunas sustentando-a. Depois que Cristo
criou a terra, Ele começou a sustentá-la. Ele a
sustenta pela palavra do Seu poder. Se você perguntar
aos cientistas quem sustenta a terra, eles dirão que
algo a sustenta. A terra é um dentre muitos planetas.
Os astrônomos nos dizem que todos os planetas
movem-se de acordo com sua própria órbita. Se eles
se movessem fora de sua órbita, haveria um acidente
global. Quem sustenta o universo? O Filho. Ele
sustenta o universo muito facilmente. Ele não faz
nada — apenas fala. Ele sustenta todas as coisas pela
palavra do Seu poder.
Hebreus é um livro sobre a palavra de Deus. Em
11:3 é-nos dito que o universo foi formado pela
palavra de Deus, e em 1:3 vemos que o universo é
sustentado pela palavra de poder. A palavra divina é
muito significativa. O Filho não é apenas o Criador,
mas também o Sustentador. Ele criou e sustenta o
universo pela Sua palavra.

3. Herdará Todas as Coisas no Futuro


No passado, Ele foi o Criador; no presente, Ele é
o Sustentador; e no futuro, Ele será o Herdeiro a fim
de herdar todas as coisas (1:2). O Sol, a terra, o
sistema solar, as estrelas, as galáxias — tudo é Dele.
Todas as coisas são para Ele. Ele herdará todas as
coisas. Na criação de Deus, Ele é o Criador, o
Sustentador e o Herdeiro. Todas as coisas são Dele,
por meio Dele e para Ele (Rm 11:36).

B. Na Redenção

1. Fez a Purificação dos Pecados no Passado


Na redenção de Deus há também três períodos.
Primeiro, o Senhor purificou nossos pecados no
passado (Hb 1:3). Ele não apenas expiou nossos
pecados, mas também fez a purificação deles. Expiar
significa cobrir, mas purificar significa que fomos
lavados dos nossos pecados. Na tipologia do Antigo
Testamento, a expiação era capaz apenas de cobrir os
pecados (Sl 32: I), mas não era capaz de levá-los
embora. Portanto, os sacerdotes que faziam a
expiação estavam diariamente oferecendo os mesmos
sacrifícios, e nunca podiam descansar (Hb 10:11).
Mas o Filho tirou o pecado (Jo 1:29) e consumou a
purificação dos pecados de uma vez por todas.
Portanto, Ele se assentou para sempre (Hb 10:10, 12).
Aos olhos de Deus, o pecado está terminado. Aos
olhos de Deus, por todo o universo, o pecado foi
lavado. O pecado não deveria estar em você, na igreja
ou na sua casa. O pecado já foi lavado e a purificação
do pecado já foi consumada. O Filho completou essa
obra no passado.

2. Sentado à Destra de Deus no Presente


Que está o Filho fazendo agora? Ele está sentado,
descansando. Ele está desfrutando uma paisagem
excelente. Ele está sentado à destra de Deus,
observando aqueles que O amam e buscam
experimentar Sua purificação do pecado. Ele não está
fazendo nada lá — está apenas sentado. Por pelo
menos cinco vezes o livro de Hebreus nos diz que o
Senhor Jesus está sentado (1:3, 13; 8:1; 10:12; 12:2).
Ele não tem nenhuma obra para fazer. Ele não precisa
lavar você novamente, pois já o lavou completamente.
Antes mesmo de você confessar, Ele já o havia lavado.
Na verdade, você foi lavado antes mesmo de nascer.
Agora o Senhor não tem nada mais para fazer. Isso é
muito melhor que o trabalho dos sacerdotes.

3. Aguarda que Seus Inimigos Sejam


Subjugados no Futuro
O Senhor está aguardando que Seus inimigos
sejam subjugados. Isso ocorrerá no futuro. O Senhor
não tem falta de nada, a não ser de um estrado para
os pés. Ele tem o trono e a coroa, mas ainda não tem
um estrado para os pés. Ele está aguardando somente
por isso. Tenha a certeza de que um dia Ele obterá
esse estrado.
O livro de Hebreus enfatiza o fato de Cristo já ter
cumprido todas as coisas para Deus e para nós, não
deixando nada para fazermos. O fato de Ele estar
sentado à destra de Deus significa que Sua obra já foi
consumada e que Ele está descansando ali, esperando
apenas por uma coisa — que Deus faça de Seus
inimigos um estrado para Seus pés. Ele está sentado
lá nos céus aguardando um estrado para Seus pés,
para que Ele possa ter um descanso completo.
No Antigo Testamento, Deus falou pelos
profetas, por homens movidos pelo Seu Espírito (2Pe
1:21). No Novo Testamento, Ele fala pelo Filho, na
pessoa do Filho. O Filho é o próprio Deus (1:8), Deus
expresso. Deus Pai é oculto; Deus Filho é expresso.
Ninguém jamais viu a Deus; o Filho, como o Verbo de
Deus (Jo 1:1; Ap 19:13) e o Deus que fala, declarou-O
e foi Sua plena expressão, explanação e definição (10
1:18). O Filho é o centro, o foco, do livro de Hebreus.
Na Deidade Ele é o resplendor da glória de Deus e a
imagem expressa da substância de Deus. Na criação,
Ele é o meio pelo qual o universo foi feito, o poder que
sustenta todas as coisas, e o Herdeiro, indicado para
herdar todas as coisas. Na redenção, Ele realizou a
purificação dos pecados e agora está sentado à destra
de Deus nos céus, aguardando que Seus inimigos
sejam subjugados.
O livro de Hebreus revela o contraste entre o
Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo
Testamento era da lei em letras e formas; do homem,
terreno, temporário; e resultou em uma religião
chamada judaísmo. O Novo Testamento é de vida,
espiritual, permanente e pela fé, facada em uma
pessoa que é o Filho de Deus.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 4
CRISTO COMO O FILHO DE DEUS — COMO DEUS,
SUPERIOR AOS ANJOS
Hebreus é um livro de comparações. Ele compara
a economia de Deus em Cristo com as coisas do
Antigo Testamento. Um bom número de crentes
hebreus, a quem este livro foi escrito, apreciava a fé e
a salvação em Cristo, mas também apreciava seu
velho background religioso, que fora estabelecido por
Deus segundo o Antigo Testamento. Não se tratava de
nada gentio nem pagão. Não era uma invenção da
imaginação humana; era algo estabelecido segundo
os oráculos de Deus. Deus falara aos antepassados
daqueles hebreus para estabelecer os ritos e rituais do
templo e o serviço levítico. Assim, tudo fora
ordenado, estabelecido e até mesmo abençoado por
Deus. Os crentes hebreus vieram de tal pano de
fundo. Mas uma vez que eles também viram algo em
Cristo, eles estavam incomodados. Nós sentiríamos o
mesmo se estivéssemos na situação deles. Os crentes
hebreus estavam incomodados com esses dois
extremos — Cristo e o antigo background deles.
Ambos eram de Deus e agora eles tinham de fazer
uma escolha entre os dois. Os crentes hebreus
estavam hesitando, estavam em cima do muro. Eles
não haviam deixado o outro lado, porém estavam na
linha fronteiriça. Eles estavam sendo chamados para
prosseguir, para cruzar o rio, para passar por cima.
Eles não estavam envolvidos com idolatria, pois o
templo santo fora erigido com o propósito de adorar o
Deus de seus antepassados. No serviço levítico, os
sacerdotes ofereciam os sacrifícios ordenados por
Deus e queimavam incenso como Deus exigira. Era
difícil aos crentes hebreus abandonar completamente
essas coisas. Eles seguravam esses dois extremos com
as duas mãos, segurando Cristo com uma mão e a
religião de seus antepassados com a outra. Esse era o
background deles.
Além disso, eles enfrentavam problemas em seu
ambiente, pois fora levantada uma perseguição
contra eles. Embora eles amassem sua velha religião,
o sumo sacerdote daquela religião tomou a iniciativa
de persegui-los, tornando bem clara a situação deles.
Talvez ele lhes tenha dito: “Se vocês querem ser
israelitas, fiquem conosco. Esqueçam Cristo e os
cristãos. Se vocês querem ser cristãos, devem
deixar-nos. Saiam! Não permitiremos nem mesmo
que vocês vivam conosco”. Essa era a situação dos
crentes hebreus quando o livro de Hebreus foi escrito
para eles.
Nessa epístola, vemos a sabedoria do Espírito do
Senhor. Ele não os repreendeu. Não há espírito de
repreensão, palavra de repreensão nem tom de
repreensão. Repreender não funciona muito bem. O
Senhor, o Espírito, escolheu a melhor maneira para
ajudá-los: usar comparações. A melhor maneira de
ajudar nossos filhos é dar-lhes uma comparação.
Deixe-os comparar Cristo com religião, a igreja com o
mundo, o céu com o inferno, e deixe-os fazer sua
escolha. Esse foi o caminho tomado pelo escritor
desse livro. Ele apresenta de maneira completa o que
há na economia de Deus, mostrando a superioridade
de Cristo, comparado à velha religião. Aquela religião
serviu como um fundo negro. Sem um fundo negro, o
branco não parecerá tão branco. Para mostrar a
brancura do branco você precisa de um fundo negro.
Lembre-se deste princípio: no livro de Hebreus
sempre há uma comparação.
Quais são os principais itens no judaísmo, as
coisas que os antepassados judeus tinham como
tesouros? No judaísmo, a religião típica e genuína,
formada e estabeleci da de acordo com o Antigo
Testamento, o principal item é Deus. Deus é o
orgulho deles (Rm 2:17). Em nenhuma outra religião
as pessoas têm tal Deus. O budismo, por exemplo, é
um contra-senso e nem deveria ser chamado de
religião. A religião ajuda as pessoas a adorarem a
Deus, a servir a Deus e a comportar-se de maneira
que agrade a Deus. No budismo não há Deus,
somente um Buda mudo. Segundo o budismo, todos
podem se tornar um Buda. O budismo ensina que se
você comportar-se bem, por fim você se tornará um
Buda. Isso é absolutamente diabólico.
Da mesma maneira, os ensinamentos de
Confúcio não deveriam ser considerados uma
religião. Confúcio nunca ensinou uma religião. Seus
ensinamentos eram totalmente éticos. Em seus
ensinamentos de ética e moral, Confúcio mencionou
Deus umas poucas vezes. Ele simplesmente
aconselhava as pessoas a não ofenderem a Deus, pois,
se o fizessem, não haveria como ser perdoadas.
Podemos agora considerar o islamismo. O
Alcorão, livro sagrado do islamismo, é uma imitação
do Antigo Testamento. Ele é sutil. Ele menciona Deus
e contém a história de Gênesis. Mas é uma
contrafação total.
O Deus genuíno e verdadeiro está com a religião
judaica, pois é a religião genuína e típica. Em certo
sentido, eles têm o Deus verdadeiro. Esse Deus é o
orgulho deles. Até hoje o judaísmo se orgulha de seu
Deus.
Em segundo lugar, o judaísmo tem os anjos.
Todas as religiões pagãs têm demônios. Não há
comparação entre anjos e demônios. A Bíblia mostra
que os anjos são muito chegados a Deus. Quando o
Senhor. apareceu a Abraão, Ele apareceu com dois
anjos (Gn 18:1-2). Eles se pareciam muito com Ele.
Por isso podemos ver quão elevados são os anjos. Até
mesmo a lei foi dada pela mediação de anjos (At 7:53;
GI3:19). Portanto, a religião judaica orgulha-se deles.
Em terceiro lugar, a religião judaica gloria-se em
Moisés, por meio de quem a lei de Deus foi dada. Em
quase todas as raças, especialmente nos tempos
antigos, houve Autores excelentes. Mas ele foi o Autor
mais excelente entre todos os Autores humanos.
Nenhum escrito pode ser comparado aos dele. Não é
necessário considerar os cinco livros do Pentateuco
escritos por Moisés; basta apresentar um único livro:
Deuteronômio. Esse livro é incomparável; está no
terceiro céu. Todos os outros livros além da Bíblia
estão ou na superfície da terra ou nas profundezas do
inferno. Os escritos de Moisés são elevados. Eu
realmente amo todos os livros que ele escreveu,
especialmente Deuteronômio, que é tão doce e suave.
Que profundezas há nos cinco livros de Moisés! Esses
livros são minas de ouro. Quanto mais você escava,
mais tesouros você encontra. Eles são insondáveis.
Por isso, todos os judeus se gloriam em Moisés.
O quarto item é o sacerdócio com Arão, o irmão
mais velho de Moisés, como o cabeça. Moisés não era
um sacerdote; ele era um apóstolo do Antigo
Testamento. Arão era um sumo sacerdote. Moisés foi
enviado por Deus para o povo, e Arão foi enviado de
entre o povo para Deus. Moisés tipificava Cristo vindo
de Deus para o povo e Arão tipificava Cristo indo do
povo para Deus. Os judeus têm tal sacerdócio que
serve a Deus e cuida das necessidades do povo na
presença de Deus.
Em certo sentido, os sacerdotes eram não
somente ministros, mas também advogados no
tribunal celestial. Quão bom é ter um advogado para
cuidar continuamente do seu caso. O povo Judeu
tinha seus advogados sacerdotais. Hoje, se as pessoas
não têm um advogado, elas não têm proteção, mas se
estão sob os cuidados de um bom advogado, elas
podem estar em paz. Os gentios não tinham
sacerdotes como advogados diante de Deus para
cuidar deles, mas os judeus tinham sacerdotes diante
de Deus como advogados. Aqueles sacerdotes serviam
a Deus e cuidavam dos casos dos filhos de Israel.
Portanto, os judeus podiam gloriar-se em seus
sacerdotes.
O quinto e último item do qual o judaísmo podia
se gloriar era a velha aliança feita por Deus com o
povo judeu. Os judeus são povo de Deus segundo a
aliança feita de acordo com a lei de Deus. Eles são o
povo da aliança de Deus. Nenhum outro povo na terra
tem tal aliança divina que os torna povo de acordo
com os desejos e exigências de Deus. Somente os
judeus têm a aliança divina que os faz um povo
particular para Deus. Portanto, eles se apegam a isso
e se gloriam nisso.
A intenção do livro de Hebreus é mostrar aos
crentes hebreus a superioridade da economia de Deus
sobre o judaísmo. No judaísmo o orgulho era Deus, os
anjos, Moisés, Arão — o sumo sacerdote — e a velha
aliança com seus serviços. O escritor usa esses cinco
itens como base para uma comparação. Ele
primeiramente mostra que na economia de Deus a
primeira coisa superior não é somente Deus, mas
Deus expresso, isto é, Deus o Filho (1:2, 3, 5, 8-12).
Então, ele prossegue a fim de desvendar que Cristo é
superior aos anjos (1:4 — 2:18), a Moisés (3:1-6), a
Arão (4:14-7:28), e que a nova aliança de vida, feita
por Ele, é superior à velha aliança de letras (8:1 —
10:18).
A primeira comparação que esse livro apresenta
é a comparação entre Deus em Sua salvação e Deus
na religião judaica. A religião judaica tem o
verdadeiro Deus, mas no judaísmo, Ele é o Deus
escondido. Na salvação de Deus, ao contrário, Deus é
expresso. Esse Deus expresso é Deus Filho. Deus
Filho é a expressão de Deus. Quando o apóstolo João
estava na religião judaica antes de ser salvo, ele
jamais podia dizer: “Vimos a Sua glória”. Mas quando
ele escreveu seu Evangelho, ele disse que no princípio
era o Verbo, o Verbo estava com Deus, o Verbo que
era Deus se fez carne, e todos nós vimos Sua glória.
Em João 1:18, João prosseguiu dizendo que ninguém
jamais viu a Deus, mas “o Deus unigênito, que está no
seio do Pai, é quem o revelou”. Em sua primeira
epístola, João disse que nós ouvimos, vimos e
tocamos esse que expressa Deus como nossa vida (1Jo
1:1). Esse é o Deus da nossa salvação. O Deus no
judaísmo é verdadeiro, mas oculto. O Deus em Sua
salvação é expresso.
No Antigo Testamento, Deus falou pelos
profetas, mas nunca expressou a Si mesmo. No Novo
Testamento, isto é, na salvação de Deus, Deus fala no
Filho que é o Verbo de Deus, o falar de Deus e, até
mesmo, o próprio Deus. Ele fala Deus, declara Deus e
expressa Deus. Antigamente Deus falou
indiretamente pelos profetas, mas agora Ele fala
diretamente no Filho.
Quando Pedro estava no monte da
transfiguração com o Senhor e viu Moisés e Elias, ele
ainda tinha o velho conceito e nivelou Moisés e Elias
com o Filho de Deus (Mt 17:1-8). Ele tinha de
aprender que a velha maneira de Deus falar havia
terminado. Não há mais Moisés ou Elias — somente o
Filho de Deus. Pedro precisava cruzar o rio e ouvir o
Filho. O Filho é agora a única Palavra de Deus, o
único falar de Deus. Ele é a declaração e expressão de
Deus. Ele não apenas fala por Deus — Ele fala Deus.
Ele é o resplendor da glória de Deus e a imagem
expressa da Sua substância. Ele é Deus expresso.
Deus em Sua salvação é muito melhor que Deus na
religião judaica. Lá, Deus é escondido; aqui, Deus é
expresso.
O Filho, no qual Deus fala, é o próprio Filho que
criou os céus e a terra (1:10). Ele é nada menos que o
Deus Criador. Ele é também Aquele que sustenta todo
o universo. Ele sustenta todas as coisas pela palavra
do Seu poder (1:3). Ele é também o Ungido, Aquele
que foi designado para herdar todo o universo criado
(1:2). Esse herdeiro designado é o próprio Deus (1:8).
Esse Deus não é nada menos que o Deus dos judeus,
mas Ele é mais que o Deus dos judeus. Ninguém
jamais viu o Deus dos judeus, mas a nós, os hebreus
adequados, Deus é revelado, expresso, tocado,
recebido, possuído e experimentado diariamente.
Na restauração do Senhor, temos muitos irmãos
judeus que se tornaram hebreus. Antes de virem para
a restauração do Senhor, todos eles sabiam a respeito
de Deus, mas não O desfrutavam. Em sua religião,
eles tinham Deus apenas em terminologia; não
tinham Deus em sua experiência. Agora eles O têm na
experiência.
Na abertura dessa epístola, o escritor de Hebreus
indicou que o Deus dos verdadeiros hebreus é muito
melhor que o Deus da religião judaica. Ele não apenas
é Deus Pai, mas também Deus Filho. Esses dois
conceitos são encontrados em Isaías 9:6. “Um filho se
nos deu (...) e o seu nome será (...) Pai da
Eternidade”. Um Filho foi dado a nós, mas seu nome
é Pai da Eternidade. O Pai é agora o Filho dado a nós.
O Pai indica Seu Ser, e o Filho indica Seu Ser sendo
dado. No Seu Ser sendo o verdadeiro Deus, Ele é o
Pai, e no Seu Ser sendo dado para nós Ele é o Filho.
Como Isaías 9:6 claramente revela, no Seu Ser sendo
dado, Ele é o Filho, mas Ele é chamado o Pai da
Eternidade. O Pai indica Seu Ser e o Filho indica Seu
Ser sendo dado para nos alcançar, para ser ganho por
nós em nossa experiência. Se Ele fosse apenas o Pai,
jamais poderíamos recebê-Lo ou desfrutá-Lo.
Louvado seja Ele, por ser o Filho dado a nós. Deus
amou ao mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho
unigênito (Jo 3:16). O Filho é o presente divino do
Pai, e esse presente divino é o próprio Deus. Deus
deu-se a Si mesmo para nós, como um dom divino, no
Filho.
Nosso Deus é o Deus expresso, o Deus que nos
alcança, que é recebido por nós, experimentado por
nós e se torna nosso desfrute diário. Esse é o nosso
Deus. Certamente esse Deus é melhor que o Deus do
judaísmo. Esse Deus é Jesus, o Filho de Deus, o
próprio Deus. Ele é a expressão de Deus, Deus nos
alcançando, Deus sendo recebido, experimentado,
desfrutado e possuído por nós.
Agora precisamos ver que o Filho como o Deus
expresso é muito mais elevado que os anjos. Ele é
superior aos anjos. Não apenas o Deus na salvação é
superior aos anjos, mas até mesmo o Deus no
judaísmo era superior a eles, pois os anjos eram Seus
servos. Os anjos são ventos e labaredas de fogo (Hb
1:7). Não pense tão elevadamente a respeito dos
anjos. Talvez muitos de vocês desejem ser um anjo.
Veremos que os anjos são inferiores não só a Cristo;
eles também são inferiores a nós. Mesmo no tempo
do Antigo Testamento, Deus era muito superior aos
anjos. Estes simplesmente serviam ao Seu propósito.
Assim, não é necessário dizer que nosso Cristo, o
Filho de Deus, é ainda mais elevado que os anjos do
que era o Deus do judaísmo. Os anjos, que são como
vento e labaredas de fogo, são simplesmente
criaturas, ao passo que o Filho é o Criador. Como
criaturas, os anjos são muito inferiores ao Filho, e
como Criador, o Filho é muito superior aos anjos.

I. O FILHO — UM NOME MAIS EXCELENTE


O Filho tem um nome mais excelente do que os
anjos. O versículo 1:4 diz: “Tendo-se tornado tão
superior aos anjos quanto herdou mais excelente
nome do que eles”. Esse nome mais excelente é o
Filho, que é plenamente definido nos versículos
seguintes desse capítulo. “Pois a qual dos anjos disse
jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez:
Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?” (1:5). Romanos
1:4 diz que Cristo “foi designado Filho de Deus com
poder, segundo o espírito de santidade pela
ressurreição dos mortos”. Sua saída
da morte foi a designação de que Ele é o Filho de
Deus. Cristo foi designado e declarado Filho de Deus.
Ele recebeu tal nome excelente.

II. EM RESSURREIÇÃO
É em ressurreição que Cristo é declarado Filho de
Deus, o qual é superior aos anjos. A ressurreição
significa um novo começo; ela denota germinação. O
versículo 3 se refere à Sua morte, dizendo: “Depois de
ter feito a purificação dos pecados”. ~ versículo 5
indica Sua ressurreição, pela qual Ele foi gerado Filho
Primogénito de Deus (At 13:33), como o começo de
urna era nova, a era da igreja, que é composta dos
Seus muitos irmãos nascidos de Deus por meio de
Sua ressurreição.

III. EM ASCENSÃO
Hebreus 1 também fala da ascensão de Cristo,
que vem após a Sua ressurreição. O versículo 13 diz:
“Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à
minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por
estrado dos teus pés?” Isso se refere claramente à
ascensão. Em Sua ascensão Cristo, como o Filho de
Deus ascendido, é muito superior aos anjos. Ele não
está mais no túmulo ou na terra; Ele está “à direita da
Majestade, nas alturas” (1:3). Isso é Sua ascensão na
qual Ele foi empossado em Sua função de levar a cabo
o propósito eterno de Deus, isto é, edificar a igreja e
levar Seus muitos irmãos à glória.

IV. NA SEGUNDA VINDA


Cristo, depois de haver sentado no trono, em Sua
ascensão, está aguardando que Seus inimigos sejam
subjugados como estrado de Seus pés. Então Ele
voltará. Como Filho de Deus, Ele também é superior
aos anjos em Sua segunda vinda. O versículo 6
refere-se a isso: “E, novamente, ao introduzir o
Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus
o adorem”. Como sabemos que esse versículo
refere-se à Sua segunda vinda? Porque ele fala de
Cristo como o Primogênito. Em Sua primeira vinda,
Ele era o Unigênito de Deus (Jo 1:14). Por meio do
processo da ressurreição, o Filho unigênito tornou-se
“o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29). Por
essa menção do Primogênito, sabemos que esse
versículo se refere à Sua volta. Em Sua segunda vinda,
Ele será o Primogênito. Quando Deus O trouxe à terra
pela primeira vez, Ele era o Filho unigênito, mas
quando Deus O trouxer, pela segunda vez para a terra
habitada, Ele será o Primogênito. Nessa ocasião todos
os anjos O adorarão.

V. NO REINO
Depois da volta de Cristo, vem o Seu reino. Ele,
como o Filho Primogênito de Deus que há de vir, será
superior aos anjos em Seu reino. O versículo 8 diz:
“Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo
o sempre. E: Cetro de eqüidade é o cetro do seu
reino”. O Filho, aqui, é chamado de Deus. Isso é uma
forte prova de que o Filho é Deus. Certamente Deus é
superior aos anjos. Esse versículo também indica que
o trono do Filho é o trono eterno de Deus. Assim, Seu
reino também deve ser o reino de Deus. Essas são as
coisas maravilhosas nas quais, no reino, Cristo é
superior a todos os anjos.

VI. NA ETERNIDADE
Depois do reino vem a eternidade. Os versículos
10 a 12 revelam que Cristo será superior aos anjos na
eternidade. O versículo 10 diz: “No princípio, Senhor,
lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra
das tuas mãos”. Isso se refere à Sua criação. “Eles
perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles
envelhecerão qual vestido” (v. 11). Isso significa que a
velha criação será terminada para que o novo céu e a
nova terra sejam introduzidos. “Tu, porém, és o
mesmo, e os teus anos jamais terão fim” (v. 12). Isso
significa que Ele será o Eterno, na eternidade. Como
Criador, Ele é eterno e é superior aos anjos, Suas
criaturas.
Que porção maravilhosa da Palavra é Hebreus 1!
Esse capítulo nos dá um relato de Cristo da
eternidade passada à eternidade futura. Ele era o
próprio Deus na eternidade passada (v. 8); Ele foi o
Criador da terra e dos céus (vs. 10, 2); Ele é o
Sustentador de todas as coisas (v. 3); Ele é o Herdeiro
de todas as coisas (v. 2); Ele se encarnou para a
redenção pela crucificação (v. 3); Ele foi gerado Filho
de Deus em ressurreição para transmitir vida aos
muitos filhos de Deus (v. 5); Ele é o Filho Primogênito
de Deus que voltará (v. 6); Ele será o Rei no trono,
com o cetro no reino (vs. 8-9), e Ele permanecerá
para todo o sempre na eternidade futura (v. 12). Esse
curto capítulo abrange tal espaço de tempo, isto é, do
que Cristo é desde a eternidade passada até a
eternidade futura. Esse é o nosso Cristo. Quão
superior aos anjos Ele é!
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 5
HERDEIROS DA SALVAÇÃO
Hebreus é um livro especial. No Novo
Testamento há somente um livro da mesma categoria
de Hebreus — o livro de Apocalipse. Eu,
particularmente, creio firmemente que Hebreus foi
escrito pelo apóstolo Paulo, porque no fim da carta
ele menciona Timóteo (13:23). Paulo escreveu, pelo
menos, treze epístolas. Entre todas as epístolas do
Novo Testamento, Hebreus aparece de maneira
muito peculiar. Esse livro não é comum; é
verdadeiramente extraordinário. Entre todos os
outros livros da Bíblia, Apocalipse também se
destaca. Ambos, Hebreus e Apocalipse, são revelações
de Cristo, revelando-O de maneira especial e
particular. Muitos aspectos de Cristo somente podem
ser vistos em Hebreus, e outros aspectos particulares
Dele somente podem ser encontrados em Apocalipse.
Esses dois livros são elevados e profundos em sua
revelação de Cristo. Por esse motivo, eles estão
fechados para a maioria dos cristãos. Embora muitos
cristãos possam falar a respeito das narrativas dos
quatro Evangelhos, e sobre coisas tais como a
justificação pela fé e o uso do véu, a mesa do Senhor e
as manifestações dos dons, eles não tocam nas
profundezas de Hebreus e Apocalipse. Alguns lidam
com o livro de Apocalipse falando de chifres, bestas,
cavalos, escorpiões, gafanhotos e sapos. Outros o
discutem de maneira mais elevada, falando da
duração da grande tribulação ou do momento do
arrebatamento. Mas jamais ouvi alguém falar d Cristo
sendo especialmente revelado quanto à
administração de Deus ou da igreja em cada cidade
como o testemunho de Jesus. Desde minha
juventude, ouvi muitas mensagens sobre Apocalipse,
mas nunca ouvi ninguém dizer que esse livro começa
com sete candeeiros de ouro e termina com um único
candeeiro, uma montanha de ouro que sustém Cristo
como a lâmpada que resplandece a luz de Deus pela
eternidade. Louvamos ao Senhor, porque em Sua
misericórdia Ele abriu esses livros para nós nestes
últimos dias. Ele abriu as profundezas do Seu Cristo
nesses livros. Eu não chamo a atenção de vocês para
Hebreus e Apocalipse por serem livros profundos em
doutrina, mas porque eles são profundos em
desvendar Cristo. Em nenhum outro livro podemos
ver Cristo desta maneira. Cristo, nosso querido
Senhor, é uma Pessoa maravilhosa. Ele é
maravilhoso, muito além do nosso entendimento e
expressão. Simplesmente não conseguimos expressar
verbalmente Sua profundidade. Portanto, Hebreus e
Apocalipse usam várias expressões para descrever,
retratar e desvendar essa Pessoa maravilhosa.
Peço-lhes que tomem nota das particularidades
reveladas nesses dois livros.
Pode parecer que esta mensagem sobre os
herdeiros da salvação nada tenha que ver com Cristo.
Creia-me, se você quer conhecer Cristo, você precisa
conhecer esta mensagem, pois ela contém um aspecto
particular em relação a Cristo. Cristo é maravilhoso,
profundo, ilimitado, rico e maravilhoso. Como tal, Ele
certamente precisa de todos nós para sermos
herdeiros da salvação. A salvação nada mais é que a
própria pessoa maravilhosa de Cristo. O próprio
Cristo, como o mais profundo, maravilhoso, ilimitado
e imensurável, é nossa salvação. Dizer que somos
herdeiros da salvação significa que nós herdamos
esse Cristo profundo, maravilhoso, imensurável e
ilimitado. A profundidade de Cristo exige nossa
parceria. Nossa parceria com Cristo desvenda Sua
profundidade.

I. O FILHO PRIMOGÊNITO É O HERDEIRO


DESIGNADO
Em Sua economia, Deus tem não apenas uma
grande operação, como também tem tremendas
riquezas. Em Sua operação, Ele realizou e realizará
muitas coisas. Ele também criou e gerou muitas
coisas. Por isso, Ele designou o Filho para ser não
apenas o Operador, mas também o Herdeiro.
Também, Ele deu ao Filho autoridade para fazer
todas as coisas em Seu propósito e o direito de herdar
todas as coisas em Sua operação. Hebreus 1:2 diz que
Deus fez o universo por meio do Filho e designou o
Filho para ser o herdeiro de todas as coisas.
Colossenses 1:16 diz que todas as coisas foram criadas
pelo Filho e para Ele. João 13:3 nos diz que o Pai deu
todas as coisas ao Filho. Assim, o Filho é o Senhor de
tudo (At 10:36).
Primeiramente, o Filho foi designado por Deus
Pai (1:2); então, Ele foi ungido pelo Pai com o Espírito
(l:9) e, por fim, depois que o Filho foi designado para
ser o Filho de Deus (Rm 1:4), sendo gerado de Deus
em Sua ressurreição a fim de ser o Filho Primogênito
de Deus (1:5; At 13:33), Ele foi empossado em Seu
ofício como Senhor de tudo, na ocasião de Sua
ascensão aos céus (At 2:36). Ele não foi apenas
designado e ungido por Deus, mas, em Sua exaltação,
Ele foi empossado como o Senhor e Cristo a fim de
administrar a operação de Deus, e foi designado como
Herdeiro legal a fim de herdar todas as coisas na
economia de Deus. Ele, assim como Isaque, filho de
Abraão, vai herdar a terra (Sl 2:8), o reino (Dn
7:13-14), o trono (Lc 1:32) e todas as coisas (Mt
11:27). Uma vez que Ele é não somente o Filho de
Deus, mas também o Herdeiro de Deus, o próprio
Herdeiro legal de Deus, tudo o que Deus Pai é e tem, é
para Sua possessão (Jo 16:15). Este é o nosso
Salvador, Aquele que é a salvação da qual somos
herdeiros.

II. OS MUITOS FILHOS SÃO SALVOS PARA


SER CO-HERDEIROS
Para perceber que somos herdeiros da salvação,
precisamos estar conscientes de que, na economia de
Deus, Ele tem o Filho primogênito e os muitos filhos.
Quantos filhos Deus tinha antes de Cristo
encarnar-se? Apenas um, o Filho único. Na Bíblia,
esse Filho é chamado de unigênito (Jo 1:14, 18). João
3:16, um versículo familiar a todo cristão, diz que
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu
Filho unigênito. O Filho unigênito de Deus era Cristo.
Antes de Sua morte e ressurreição, Cristo era o único
Filho de Deus. O Novo Testamento revela que, por
meio da morte e ressurreição de Cristo, nasceram os
muitos filhos de Deus (1Pe 1:3). Na manhã do dia da
Sua ressurreição, o Senhor Jesus disse a Maria: “Vai
ter com os meus irmãos, e dize-lhes: Subo para meu
Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo
20:17). Antes daquela manhã, Ele nunca tinha
chamado Seus discípulos de irmãos. Também em
João 15 ele disse: “Já não vos chamo servos, porque o
servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho vos
chamado amigos” (v. 15). O termo mais íntimo usado
para com Seus discípulos antes de Sua ressurreição
foi “amigo”. Mas, depois de Sua ressurreição, Ele
encontrou uma de Suas discípulas e disse-lhe para ir
aos Seus irmãos. Isso foi profetizado no salmo 22. As
primeiras palavras desse Salmo, “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” foram faladas pelo
Senhor quando Ele estava na cruz (Mt 27:46). Os
primeiros vinte e um versículos deste Salmo falam da
crucificação do Senhor. De repente, o versículo 22
diz: “A meus irmãos declararei o teu nome”. Isso
prova que Ele passou pela morte e entrou em
ressurreição. Depois de haver passado pela morte e
ressurreição, foram produzidos os muitos irmãos. Ele
foi aquele grão de trigo que, por meio da morte e
ressurreição, produziu muitos grãos (Jo 12:24). Deus,
agora, tem muitos filhos. Ele tem não apenas o Filho,
mas os muitos filhos com o Primogênito. Antes de
Sua ressurreição, Cristo era o Filho unigênito de
Deus. Após Sua ressurreição, uma vez que foram
produzidos muitos filhos, Ele se tornou o Filho
Primogênito de Deus com muitos irmãos.
Que é um filho? Um filho é a expressão de seu
pai. Muitas vezes, quando vejo um filho, posso
reconhecer o rosto do pai, pois os filhos expressam os
pais. Freqüentemente, quando vejo um garotinho sei
de quem ele é filho, pois quando olho em seu rosto,
vejo o rosto de seu pai. O pai nunca é a expressão do
filho; antes, o filho é que é a expressão do pai.
Quantos filhos Deus tem? Antes da ressurreição de
Cristo, Deus tinha somente um Filho. Isso significa
que Ele tinha uma única expressão. Quantas
expressões Deus tem hoje? Muitas, porque Ele tem
muitos filhos. Todos os Seus filhos são Sua expressão.
Um entendimento desse assunto é básico para se
conhecer a questão dos herdeiros da salvação.
Na salvação de Deus, somos nascidos de Deus
não só para ser Seus filhos (101:12-13), mas também
fomos feitos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo” (Rm 8:17; 01 4:7; Tt 3:7). Ser nascido filho de
Deus é uma coisa; ser herdeiro de Deus é outra. Você
sabe a diferença entre um filho e um herdeiro? Você
pode ser filho e não ser herdeiro. Para ser filho é
preciso nascer; para ser herdeiro é preciso
maturidade em crescimento. Antes de um menino
tornar-se um herdeiro, ele precisa amadurecer.
Entretanto, mesmo depois de ter amadurecido, ele
ainda não está plenamente qualificado para ser um
herdeiro. Além de chegar à maturidade, um herdeiro
precisa ser legalizado. Você pode ser maduro em
idade, mas ainda não ser legalizado como herdeiro.
Assim, para ser herdeiro, você precisa ser maduro e
legalizado. Para uma pessoa tornar-se herdeira de
Deus, ela precisa de três coisas: ter nascido de novo
como filho de Deus, crescer até a maturidade e ser
legalizada.
Suponha que um determinado rei tenha cinco
filhos. Todos herdarão o trono? Não. Somente o
primogênito irá herdar o trono do reino. Todavia, o
primogênito precisa amadurecer e ser designado
príncipe herdeiro. Então ele será o sucessor legal do
trono e herdará o reino. Talvez, ao ouvir isso, você
possa dizer: “Como Cristo é o Primogênito, não temos
direito de tocar o trono do reino”. Mas posso dizer-lhe
que, embora o trono do Reino Unido seja para uma
única pessoa, o trono do reino celestial é para o
Primogênito e Seus muitos irmãos. Todos nós somos
Seus irmãos e também co-herdeiros com Ele. Porque
Ele está no trono, estaremos lá com Ele (Ap 3:21).
Seremos co-reis com Ele (Ap 20:4, 6).
Nosso Pai é um grande Pai, muito maior que
Abraão. Nós, os muitos filhos de Deus Pai, temos
muito para herdar com Cristo, o Filho Primogênito de
Deus. Mas precisamos crescer e amadurecer em vida
para que possamos ser feitos herdeiros legais.
Qual é o destino de uma pessoa salva? Qual é o
propósito de Deus ao salvar os muitos filhos? Seu
propósito é que sejamos co-herdeiros com Seu Filho.
O Filho primogênito de Deus é o Herdeiro designado
por Deus, e nós, os muitos filhos, fomos salvos para
ser co-herdeiros com Ele. O destino da nossa salvação
é ser co-herdeiros com Cristo. Somos herdeiros com
Cristo! Cristo é o Herdeiro designado e nós somos
co-herdeiros com Ele.
O que vamos herdar? Hebreus 2 diz que nós, os
co-herdeiros com Cristo, herdaremos a terra. Sem
dúvida, nós herdaremos algo mais que a terra. Herdar
a terra durante o milênio é apenas um prêmio,
parecido com o prêmio dado a um estudante que
recebe nota 10 em todas as matérias. Certamente
herdaremos muito mais que isso. A Primeira Epístola
aos Coríntios 3:22 nos diz que tudo é nosso.

III. OS CO-HERDEIROS SÃO SÓCIOS DO


HERDEIRO DESIGNADO
Os co-herdeiros são parceiros do Herdeiro
designado (1:9). Uma vez que Cristo, como Filho
primogênito de Deus, é o Herdeiro designado, e nós,
os muitos filhos de Deus, somos co-herdeiros com
Ele, nós somos Seus sócios. Ele e nós, nós e Ele,
estamos em uma parceria, compartilhando dos
mesmos interesses na empresa divina. Você já ouviu
alguma vez que nós somos sócios de Cristo? Aleluia,
somos Seus sócios! Suponha que você se torne sócio
de um bilionário. Certamente você teria a garantia de
ter grandes riquezas, pois tudo que o bilionário tem é
seu. Você é um com ele em uma grande empresa.
Deus tem a maior empresa do universo. O nome de
sua empresa é “Cristo e a Igreja”. Nós somos os sócios
dessa empresa. Não somos empregados dessa
empresa; somos os sócios. Em todo o universo Deus
tem uma única empresa” Cristo e a Igreja” — e essa
empresa tem milhões de anjos para servi-la. Os
judeus não deveriam mais vangloriar-se nos anjos,
pois os anjos são nossos servidores (1:14).

IV. OS MUITOS FILHOS COMPÕEM A CASA


DE DEUS — BETEL
Os muitos filhos, que são os co-herdeiros com
Cristo e Seus sócios, compõem a casa de Deus, Betel.
A casa de Deus é composta por todos os Seus filhos.
Somos os co-herdeiros com Cristo e sócios de Cristo.
Somos também os filhos e a casa de Deus. Hebreus
2:10 nos diz que somos os filhos de Deus e Hebreus
3:6 diz que somos a casa de Deus. Essa casa de Deus é
viva porque é edificada com cada um de nós, as
pedras vivas do Deus vivo. Isso está totalmente
relacionado ao fato de Deus ser o Espírito e habitar
em nosso espírito. O Deus vivo, como o Espírito,
habita em nosso espírito regenerado. Essa é a casa de
Deus na terra. Portanto, ela é a habitação de Deus em
nosso espírito (Ef 2:22 — lit.).

V. o FILHO PRIMOGÉNITO É A ESCADA


CELESTIAL EM BETEL
A primeira menção da casa de Deus na Bíblia
está em Gênesis 28. Lembre-se, a primeira menção de
qualquer coisa nas Escrituras estabelece o seu
princípio. Na menção da casa de Deus em Gênesis 28,
muitos princípios espirituais são estabelecidos: que,
onde está a casa de Deus, ali está a escada celestial;
que a casa de Deus com a escada celestial é a porta
dos céus, e que onde está a casa de Deus com a escada
celestial como a porta dos céus, ali os anjos
ministradores estão subindo e descendo sobre a
escada. Onde quer que esteja a casa de Deus na terra,
ali está a escada celestial. Essa escada une a terra aos
céus e traz os céus para a terra. O lugar onde está a
escada celestial é a porta dos céus. Nela os anjos
sobem e descem enquanto fazem o seu serviço, que é
cuidar da casa de Deus como a porta dos céus. Essa é
a figura da casa de Deus na terra.
Precisamos nos lembrar de que em Hebreus
é-nos dito que somos co-herdeiros com Cristo, Seus
sócios, e a casa de Deus, a Betel de hoje, sobre a terra.
Uma vez que somos a casa de Deus, a verdadeira
Betel, a escada celestial, que é Cristo, está aqui. Uma
vez que a escada celestial está aqui, os anjos sobem e
descem sobre essa escada enquanto fazem seu
serviço. A igreja hoje é a casa de Deus, composta dos
muitos filhos de Deus com Cristo, o Filho
Primogênito de Deus, como a escada celestial.
Portanto, a igreja é a porta dos céus, com Cristo como
a escada celestial unindo a terra aos céus e trazendo
os céus para a terra. Sobre essa escada, os anjos estão
ministrando à medida que sobem e descem.
O que foi revelado em Gênesis 28 foi confirmado
pelo Senhor Jesus em João 1:51: “E acrescentou: Em
verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto
e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho
do homem”. Aqui o Senhor Jesus fala claramente que
Ele próprio, como o Filho do Homem, que nasceu em
Sua ressurreição para ser o Filho Primogênito de
Deus, é a escada celestial e que, sobre Ele, os anjos
ministradores estão subindo e descendo à medida
que prestam seu serviço à casa de Deus, que é
composta dos muitos filhos de Deus.

VI. A CASA DE DEUS É A PORTA DOS CÉUS


A igreja como a casa de Deus, a habitação do
Deus vivo na terra, é a porta dos céus. Onde quer que
esteja a casa de Deus, ali está a escada celestial, que é
Cristo. Onde está Cristo? Ele está tanto nos céus
como na terra, na igreja. Portanto, Ele se torna a
escada na igreja, a qual une a terra aos céus e traz os
céus para a terra. Este é o lugar para estarmos. Nós,
como salvos de Deus, os muitos filhos de Deus, os
co-herdeiros e sócios de Cristo, devemos viver e ter
nossa pessoa na igreja enquanto estamos na terra. É
aqui que desfrutamos os céus abertos de Deus. É aqui
que participamos de Cristo como a escada celestial. É
aqui que temos tantos anjos ministrando todo tipo de
serviço a nós. Acima de tudo, é aqui que expressamos
Deus em Sua glória.

VII. OS ANJOS MINISTRAM AOS


HERDEIROS DA SALVAÇÃO
No final desse capítulo glorioso, o capítulo 1 de
Hebreus, sobre o Filho ilimitado de Deus, é-nos dito
que os anjos são nossos servos: “Não são todos eles
[os anjos] espíritos ministradores enviados para
serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação?”
Cristo é o Herdeiro de Deus e nós somos os
co-herdeiros com Cristo. Mais que isso, somos Seus
sócios no empreendimento divino. Que posição
elevada é essa! É muito mais elevada que a dos anjos.
Os anjos, na economia de Deus, são apenas os
espíritos ministradores, prestando serviço a nós, os
co-herdeiros com Cristo e sócios do Herdeiro
designado por Deus. No universo de Deus, nós somos
os proprietários e os anjos são nossos servidores. Eles
servem a nós, os muitos filhos de Deus, os herdeiros
da salvação.
Permitam-me compartilhar com você alguns
exemplos reais do ministério dos anjos. Quando
Pedro foi posto na prisão, um anjo veio, abriu a porta
e o guiou para fora da prisão (At 12:5-16). Pedro,
então, foi e bateu à porta da casa de Maria. Quando
Rode, uma criada, abriu a porta e disse às pessoas na
casa que era Pedro, eles disseram que deveria ser seu
anjo. Todos nós temos, pelo menos, um anjo. Mateus
18:10 prova isso: “Vede, não desprezeis a qualquer
destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus
anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu
Pai celeste”. Não deveríamos tratar injustamente
nossos irmãos, porque seus anjos estão na presença
do Pai. Os anjos de Deus estão subindo e descendo
sobre a escada ce1estial, ministrando aos herdeiros da
salvação. Poderíamos também citar o exemplo de
Cornélio que foi visitado por um anjo, quando estava
orando (At 10:1-4). Além disso, o salmo 34:7 diz: “O
anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem,
e os livra”. Se você ama a Deus e O busca, Ele enviará
anjos para acamparem ao seu redor.
Quem somos nós? Somos os herdeiros da
salvação. Quem são os anjos? São nossos servos que
ministram a nós continuamente. Como nos tornamos
tais herdeiros? Por causa de Cristo. Ele é o Filho
Primogênito de Deus, e nós somos os muitos filhos de
Deus. Ele é o Herdeiro designado e nós fomos salvos
para ser co-herdeiros com Ele. Somos sócios da
empresa celestial “Cristo e a Igreja,” e temos milhões
de anjos ministrando a nós. Que o Senhor abra
nossos olhos para vermos isso.
Agora podemos resumir os diversos pontos desta
mensagem. Cristo, o Filho Primogênito de Deus é o
Herdeiro designado de todas as coisas. Nós, os muitos
filhos de Deus, somos co-herdeiros com Ele,
herdando com Ele não apenas a salvação como
também todas as coisas. Portanto, somos Seus sócios,
co-proprietários do universo com Ele, enquanto os
anjos são meramente nossos servidores, inferiores
não apenas a Ele, mas também a nós. O Filho foi
designado para ser o Herdeiro, e nós fomos salvos
para ser co-herdeiros com Ele, compartilhando de
Sua herança. A “tão grande salvação,” referida em
2:3, é capaz de nos salvar a tal ponto que nos introduz
na parceria de Sua designação. Assim,
compartilhamos de tudo o que Ele herda. Nós, como
sócios do Filho, somos a casa de Deus, a verdadeira
Betel, a porta dos céus, onde o Filho é a escada
celestial, unindo a terra aos céus e trazendo os céus
para a terra. Sobre essa escada, os anjos de Deus
estão subindo e descendo como espíritos
ministradores para serviço a nós que herdamos tão
grande salvação. O que é tratado no livro de Hebreus
é como a porta dos céus. Aqui desfrutamos Cristo
como o celestial que nos une aos céus e traz os céus
para nós, para que possamos ser um povo celestial,
vivendo uma vida celestial na terra e herdando todas
as coisas celestiais. Como, diante disso, os crentes
hebreus puderam recuar e voltar para sua velha
religião e vangloriar-se nos anjos? Os anjos são
simplesmente nossos servidores ministradores,
enquanto nós somos os herdeiros gloriosos da
salvação maravilhosa de Deus.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 6
TÃO GRANDE SALVAÇÃO
O assunto desta mensagem é a “tão grande
salvação” (Hb 2:3). Muitas pessoas têm pregado
sobre esse assunto, falando de ir para o céu. Segundo
a opinião delas, ir para o céu é a “tão grande
salvação”. Esse conceito é muito superficial. A “tão
grande salvação” não é tão superficial. Por que as
pessoas usam um assunto tão importante para pregar
o evangelho com um conceito tão superficial? Porque
a experiência que elas têm da salvação é superficial.
Embora tenham o termo “tão grande salvação”, elas
não percebem a profundeza desse termo em Hebreus.
Para entrarmos na profundeza desta “tão grande
salvação” precisamos cruzar o rio, passando do
entendimento tradicional da salvação de Deus para
uma percepção mais profunda da grande salvação de
Deus.
O conceito básico do livro de Hebreus é cruzar o
rio, passar de um lado para o outro. É,
primeiramente, passar do lado do judaísmo para o
lado da “tão grande salvação”. A velha religião judaica
tornara-se o velho país, o outro lado do rio que todos
devemos deixar. Embora não sejamos crentes judeus,
num sentido muito real, podemos estar naquela
região chamada “o outro lado”. Pode ser o outro lado
do velho cristianismo. Estou preocupado com a
possibilidade de que alguns de vocês, que estão lendo
esta mensagem, ainda estejam na região do velho
cristianismo ou ainda estejam apegados a velhos
conceitos do cristianismo. Talvez você tenha vindo
para a igreja, onde ouviu algo melhor, mas pense que
ainda tem muitas coisas boas do passado e não se
sinta capaz de esquecê-las. Talvez, agora mesmo, você
esteja hesitando, perguntando-se: “Devo prosseguir
ou devo parar por aqui?” Pode ser que você não esteja
retrocedendo, mas esteja considerando se fica ou não
onde está. Você precisa do livro de Hebreus. Você
precisa ser encorajado a cruzar o rio, cruzar do outro
lado para cá.
Precisamos cruzar rios todos os dias. Pelo menos,
precisamos cruzar um riacho. Você pode precisar
cruzar um rio depois de ter ofendido sua esposa.
Depois de ofendê-la, você se encontrou em uma velha
região. Você precisa cruzar o rio. Se você não estiver
disposto a pagar o preço, você irá cambalear para
frente e para trás. Você precisa cruzar aquele riacho.
Embora aquele rio seja pequeno, ele o separa do
Santo dos Santos, do desfrute da “tão grande
salvação”. Cada rio que você cruza torna-se uma
salvação para você, mas cada rio que você não cruza
torna-se um véu. Uma vez que você esteja do outro
lado do rio, você está aquém do véu; você não está no
Santo dos Santos, participando da “tão grande
salvação”. Se você cruzar o rio, você entrará além do
véu e participará da grande salvação.
Ao estudar o livro de Hebreus no passado, eu
usava alguns slogans. O primeiro, “para fora do
arraial”, é encontrado em 13:13, que diz: “Saiamos,
pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério”.
Originalmente, o arraial era o judaísmo. Hoje, o
arraial pode ser o cristianismo ou qualquer outra
coisa, religiosa ou mundana, que separa você do
desfrute da grande salvação de Deus. Saiamos, pois,
fora do arraial. Então, aonde iremos? Isso nos leva ao
segundo slogan: “interior do véu” (VRC), isto é,
dentro do Santo dos Santos, encontrado em 6:19-20.
Jesus, nosso Precursor, entrou além do véu. Ele está
lá, agora, no Santo dos Santos. Com certeza, Ele não
está em nenhum arraial.
Alguns cristãos são afeiçoados ao arraial em sua
mente analítica. Sua mente torna-se seu arraial. Na
verdade, ela pode até mesmo tornar-se sua Caldéia,
sua Mesopotâmia, onde Abraão esteve antes de entrar
na boa terra. Uma vez que você não está na boa terra,
você precisa cruzar o rio. Quanto você precisa cruzar
o rio para entrar na boa terra! O que é a sua Caldéia?
Quase todo cristão tem algum tipo de Caldéia. Alguns
cristãos apegam-se ao seu conhecimento bíblico. Eles
se agarram ao estudo bíblico, pensando que
conhecem a Bíblia. Entretanto, seu conhecimento
bíblico torna-se sua Caldéia. Alguns irmãos entre nós
tiveram de cruzar o rio, vindo do conhecimento
bíblico tradicional; outros, vindo de seu passado
religioso, e outros, vindo de suas experiências
passadas. Oh, como todos nós precisamos perceber
que Hebreus é um livro de cruzar rios! Nunca se
apegue a nada que não esteja no padrão da “tão
grande salvação”.
Anos atrás, eu tinha um bom número de
cooperadores. No começo eles estavam bem, porque
não se apegavam a nada. Entretanto, alguns anos
depois, alguns deles se apegaram a determinadas
coisas. Embora fossem coisas boas, elas se tornaram a
Caldéia deles. Se eles tivessem estado com Josué,
quando ele liderou os israelitas ao cruzarem o rio
Jordão, é provável que alguns deles o
interrompessem, dizendo: “Não faça isso. Quando
nós saímos do Egito e cruzamos o Mar Vermelho,
ninguém jamais nos disse que teríamos de cruzar o
Jordão”. O velho conhecimento e as velhas
experiências que aqueles cooperadores tinham
tornaram-se sua Caldéia, e eles não cruzaram o rio.
Entretanto, o Senhor avança a cada dia. Ele não está
parado. Nenhum de nós deveria ficar parado com o
que experimentamos no passado. Você tem de
prosseguir. Continue prosseguindo. Um hebreu é
alguém que prossegue.
Agora precisamos ver o que é a “tão grande
salvação”. Essa salvação não é grande no que diz
respeito a ir para o céu ou até mesmo quanto ao
perdão e a justificação pela fé. Eu aprecio tanto o
perdão quanto a justificação pela fé, mas o livro de
Hebreus, o livro que trata da “tão grande salvação”,
fala sobre algo mais elevado. O perdão e a justificação
pela fé são salvação, mas não são a “tão grande
salvação”. A “tão grande salvação” não é grande no
que diz respeito à regeneração. Em que, então, essa
salvação é grande?

I. GRANDE NO QUE CRISTO É


Primeiramente, ela é grande naquilo que Cristo
é. O escritor de Hebreus usou o termo “tão grande”.
Esse termo é difícil de ser definido. Quão grande é
“tão grande”? Embora não possamos descrever “tão
grande” adequadamente, essa “tão grande salvação” é
grande naquilo que Cristo é. Você sabe o que Cristo é?
Embora você possa conhecer Cristo segundo os
quatro Evangelhos, você conhece Cristo segundo o
livro de Hebreus?

A. Como o Filho de Deus, como Deus


Você conhece Cristo como o Filho de Deus?
Talvez O conheça como o Filho de Deus de maneira
fragmentária. Você pode ter o conceito subconsciente
de que o Pai é um Deus e que o Filho é outro. Pode ser
que você não use essa terminologia, mas
interiormente você pode manter esse conceito. Essa é
a razão de eu dizer que a “tão grande salvação” é
grande naquilo que Cristo é como o Filho de Deus,
como Deus. Quando dizemos que Cristo é o Filho de
Deus, queremos dizer que Ele é Deus. Ele não é nada
além de Deus.
Isso nos traz, mais uma vez, para o assunto da
Trindade. De acordo com a Bíblia, podemos tratar
esse assunto da Trindade de duas maneiras — à
maneira da doutrina ou à maneira da experiência.
Um dia, Filipe, um dos discípulos do Senhor, disse a
Ele: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo
14:8). Essa é uma abordagem doutrinária.
Doutrinariamente falando, o Filho é o Filho e o Pai é o
Pai. Talvez Filipe tenha pensado consigo mesmo: “O
Filho está falando agora conosco, mas ainda não
vimos o Pai. Portanto, rogarei ao Filho que nos
mostre o Pai”. O Senhor Jesus não respondeu a Filipe
de maneira doutrinária, mas à maneira da
experiência: “Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me
vê a mim, vê ao Pai; como dizes tu: Mostra-nos o
Pai?” (Jo 14:9). Já que Filipe viu o Filho, ele viu o Pai.
Quanto à doutrina, o Pai e o Filho são dois, mas
quanto à experiência, quando você vê o Filho, você vê
o Pai. Muitos cristãos falam da Trindade de maneira
mental e doutrinária, negligenciando sua experiência.
Como mostrei em uma mensagem anterior, a Bíblia
revela que o Pai, o Filho e o Espírito estão todos em
nós. Doutrinariamente falando, temos o Pai em nós, o
Filho em nós e o Espírito em nós. Em termos de
experiência, entretanto, percebemos que temos
somente um em nós. Assim, ser doutrinário é uma
coisa, e ter experiência é outra.
Desde a minha juventude, pelo fato de minha
família ter um relacionamento muito próximo com
missionários americanos, eu ouvi falar muito sobre os
Estados Unidos. Eu tinha um conhecimento
doutrinário sobre a América. Mentalmente, eu
imaginava São Francisco, Los Angeles, Chicago,
Pittsburgh, Detroit, Washington, DC e Nova lorque.
Quando vim para este país em 1958, vi essas cidades
na experiência. Que diferença! Elas eram muito
diferentes da minha doutrina. Minha experiência foi
totalmente diferente da minha doutrina. Não confie
em sua doutrina. Você precisa de experiência.
No livro O Peregrino, de John Bunyan, há um
lugar chamado Feira das Vaidades. A doutrina
separada da experiência é tal Feira das Vaidades; é
um bazar de vaidades que não vende nada de valor. O
entendimento mental da doutrina sem a experiência é
meramente uma vaidade. Eu estive nesse tipo de
bazar de vaidades durante sete anos e meio e
dificilmente obtive algo além de doutrinas e
terminologia. Ganhei muito pouco que pudesse ser
praticado. Aquele bazar de vaidades era a minha
Caldéia. Um dia cruzei o rio e entrei na boa terra da
experiência de Cristo e da vida da igreja.
O que é verdade quanto às doutrinas, aplica-se
também aos dons. Em certa ocasião, vários de nossos
cooperadores e eu mesmo sentimos que tínhamos de
provar e ver as chamadas coisas pentecostais. Assim,
comecei a falar em línguas. Por fim, aprendi que
aquilo não era um bazar de vaidades, mas um bazar
de confusão. Se você quiser saber quão confusa é essa
situação hoje, você tem de visitar esse bazar. Tudo ali
é confusão. Coisas reais e coisas falsas, coisas boas e
coisas más, tudo está misturado. Nenhuma parte do
cristianismo é tão confusa como o chamado
movimento pentecostal. Assim, os outros e eu
cruzamos novamente o rio.
Mesmo os que estão na vida da igreja precisam
cruzar o rio para fora da sua velhice. Aquilo que você
tinha há quinze ou vinte anos atrás era bom naquela
época, mas tornou-se velhice. Naquela época você
cruzou o Mar Vermelho, mas agora você precisa
cruzar o rio Jordão. Recentemente vi um irmão que
esteve sob meu treinamento há vinte anos. Quando o
vi, fiquei preocupado com ele. Parecia que ele ainda
estava naquela velha região. Você não conhece o
princípio? Originalmente, tudo que foi estabelecido
segundo os oráculos divinos em Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio era verdade. Entretanto,
depois de certo tempo, tornou-se um velho sistema, o
judaísmo. Os que estavam naquele sistema tinham de
cruzar o rio. Da mesma maneira, aquilo que você
recebeu há vinte anos era bom, mas agora você
precisa cruzar o rio para fora daquela região. Eu insto
com vocês para que cruzem o rio da sua velhice.
Cristo é o Filho de Deus. Ele é também o próprio
Deus. Se você tentar imaginar a Trindade com sua
mente, como você explicaria os versículos 1:8, 9?
“Mas acerca do Filho: O teu trono, Ó Deus, é para
todo o sempre. E: Cetro de eqüidade é o cetro do seu
reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por
isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria
como a nenhum de teus companheiros”. O versículo 8
diz: “Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus”, e o
versículo 9 diz: “Deus, o teu Deus, te ungiu”. Ambas
expressões “á Deus” e “Teu Deus” referem-se ao
Filho. Que significa isso? Parece significar o Deus de
Deus. “Ó Deus, (...) teu Deus”. Uma vez que o Filho é
o próprio Deus, Ele é Deus; portanto, o versículo 8
diz: “Ó Deus”. Como o Filho também é homem, Deus
é Seu Deus; portanto, o versículo 9 diz: “O teu Deus”.
Cristo não é simples; Ele tem muitos aspectos. Ele é o
Filho de Deus, a saber, o próprio Deus. Ele é também
o Filho do Homem, um homem de verdade. Para a
revelação desta “tão grande salvação”, Hebreus
remete-nos primeiro a Cristo como o Filho de Deus e
como o próprio Deus. O Filho de Deus, a saber, o
próprio Deus, é um dos elementos da “tão grande
salvação”. Aquilo que Deus é torna a salvação “tão
grande”. Essa salvação é grande em toda a plenitude
da Deidade.

B. Como o Filho do Homem, como Homem


Primeiramente, antes de 2:3, onde a “tão grande
salvação” é mencionada, Hebreus revela como Cristo
é o Filho de Deus, a saber, o próprio Deus. Então,
depois de 2:3, para nos mostrar que a salvação que
temos em Cristo é grande, esse livro continua nos
mostrando como Ele também é o Filho do Homem,
um homem de verdade. A salvação que temos em
Cristo não é meramente alguns itens, tais como
perdão de pecados, justificação, reconciliação,
redenção, regeneração, etc. , mas é também uma
Pessoa maravilhosa, ilimitada, que é tanto Deus na
eternidade como homem no tempo. É essa Pessoa
maravilhosa que faz Sua salvação “tão grande”.
Cristo é o próprio Deus e é também um homem
de verdade (2:6). Embora fosse salvo há anos, eu não
tinha clareza quanto ao fato de meu Salvador ser
tanto Deus quanto homem. Somente sabia que Ele
era o Filho de Deus. Eu não tinha clareza nem do fato
de Ele ser Deus, muito menos de que Ele era também
um homem. Nosso Senhor Jesus é tanto Deus quanto
homem.
Alguns cristãos, até mesmo alguns obreiros
cristãos, têm dito que Cristo morreu como homem,
mas depois que ressuscitou e ascendeu aos céus, Ele
já não era mais um homem. Eles afirmam que Jesus
nos céus não é mais um homem. Segundo esse
conceito, quando Jesus foi ressuscitado, Ele se despiu
de Sua humanidade. Porque tais argumentações
foram dirigidas contra mim, eu propositadamente
escrevi o hino que contém as linhas: Eis, no céu,
Jesus sentado; Cristo ao trono se elevou; Como
homem, exaltado, Deus com glória O coroou10.
Em resposta a essas argumentações, eu
perguntei: “Se Jesus nos céus não é mais o Filho do
Homem, como é que Estêvão pôde vê-Lo como o
Filho do Homem?” (At 7:56). Além disso, Mateus
26:64 mostra-nos que Ele é o Filho do Homem
sentado agora nos céus e que voltará no futuro.
Também, Apocalipse nos diz que Ele é o Filho do
Homem entre as igrejas (1:13) e que Ele voltará como
Filho do Homem (14:14).
Portanto, 1 Timóteo 2:5, uma epístola escrita
depois de lia ascensão, refere-se a Ele como “Jesus
Cristo, homem”. Nosso Salvador é um homem.
Embora tenha ressuscitado, Jesus ainda é um
homem, um homem ressuscitado, um homem
10
Hino 63 do livro Hinos, publicado por esta Editora. (N.E.).
elevado, um homem que, em ascensão, está no trono,
nos céus. Jesus é qualificado para ser nosso Salvador,
porque Ele é tanto Deus quanto homem. É por isso
que Sua salvação é “tão grande” — grande não
somente no elemento de Deus, mas também no
elemento do homem. Todos os atributos divinos e
todas as virtudes humanas são os ingredientes da “tão
grande salvação”. Nessa “tão grande salvação”
desfrutamos a plenitude da Deidade e a humanidade
elevada do homem Jesus. Nessa “tão grande
salvação” possuímos tanto a natureza divina quanto a
natureza humana de Cristo. Que elementos
maravilhosos compõem essa “tão grande salvação”!
Palavras humanas não podem expressá-la
adequadamente. Não é sem razão que o escritor diz
que ela é “tão grande”!

C. O Autor da Salvação
Agora chegamos ao Autor11 da salvação (2:10).
Para sermos salvos do inferno, não precisamos de um
autor, mas se queremos entrar na glória, na boa terra
do descanso, precisamos de um Líder. A salvação de
Deus não é meramente resgatar-nos do inferno e
colocar-nos no céu. Sua salvação é salvar-nos de
todas as coisas negativas e introduzir-nos na glória,
em um descanso glorioso. Como veremos
abreviadamente, esse tipo de salvação não ocorre da
noite para o dia, mas é um processo que dura toda a
vida. Precisamos seguir nosso Líder por toda a nossa
vida.
Os filhos de Israel saíram do Egito em uma noite.
11
A palavra grega traduzida por Autor pode ser trac1uzida também por Originac1or, Inaugurador, Líder,
Pioneiro e Capitão. (N.E.)
Aquilo foi algo que ocorreu da noite para o dia.
Entretanto, para que entrassem na boa terra do
descanso, eles precisaram seguir seu líder. No início,
eles seguiram a Moisés, e, mais tarde, a Josué. Eles
tiveram um líder para a sua salvação. Depois de haver
cruzado o Mar Vermelho, eles certamente estavam
salvos, mas estavam salvos em uma escala pequena.
Eles haviam caminhado apenas uma pequena parte
do caminho e precisavam seguir seu líder pelo resto
do caminho. Eles tiveram tal líder da salvação.
Um líder não apenas significa alguém que lidera,
mas também um lutador. Um líder não apenas abre o
caminho e o pavimenta, mas também luta pelo
caminho. Se ler cuidadosamente a Bíblia, você verá
que, desde o momento em que os filhos de Israel
saíram do Egito até o momento em que entraram na
boa terra, eles estavam lutando constantemente. Essa
é a razão de terem sido chamados de hostes
(exércitos) do Senhor (Êx 12:41). Eles lutaram até
chegar à boa terra. Eles precisavam de um líder para
liderá-los combatendo. O avançar deles era uma
questão de combater. Assim, eles foram formados e
treinados como um exército santo. Onde quer que
fossem, eles combatiam. Como não havia nenhuma
passagem, eles tinham de abrir caminho para passar.
Da mesma maneira, desde o dia em que fomos
salvos, perdoados, justificados e nascemos de novo,
uma luta está ocorrendo. Em certo sentido, nós, na
restauração do Senhor, somos um exército que está
lutando para abrir caminho. Não há outro caminho
para nós a não ser o da luta. Todos precisamos
combater a batalha sob a direção de nosso Líder.
Jesus, nosso Salvador, é um Líder combatente. Ele
está combatendo e nós precisamos segui-lo, lutando a
cada centímetro do caminho. Cristo é o Autor da
salvação. Se não tivéssemos tal Autor incluído em
nossa salvação, nossa salvação não seria tão grande. A
“tão grande salvação” não só inclui Cristo como o
Filho de Deus, como Deus e como o Filho do Homem,
como homem, mas também como o Autor da salvação
que lidera e luta para que possamos segui-Lo para a
glória. O Autor, ou Líder, da salvação é o fator que
torna “tão grande” a nossa salvação.

D. O Sumo Sacerdote
Enquanto Cristo está combatendo como nosso
Autor, Ele também está ministrando como nosso
Sumo Sacerdote. Não se preocupe; por um lado, Ele é
o Autor combatente; por outro, Ele é um Sumo
Sacerdote que ministra. Ele ministra tudo o que você
precisa. Portanto, não há motivo para ser carente de
alguma coisa. Cristo ainda irá ministrar para você.
Depois que Abraão lutou com o inimigo e
libertou Ló, Melquisedeque, o Sumo Sacerdote veio a
ele, ministrando pão e vinho (Gn 14:14-20). À medida
que prosseguimos em Hebreus, veremos que nosso
Jesus é Melquisedeque. Para desfrutar o ministério
de Melquisedeque, você precisa lutar. Somente
quando você luta, Ele vem e ministra a você. Se você
não lutar, não espere que Cristo venha até você como
Melquisedeque, ministrando pão e vinho. Entretanto,
se você está disposto a lutar, eu lhe garanto que,
depois de cada pequeno combate, Cristo virá a você
como o Melquisedeque que ministra e você desfrutará
Seu suprimento de pão e vinho. Isso é maravilhoso.
Esse é outro fator que torna tão grande a nossa
salvação.
A “tão grande salvação” não tem apenas um
Redentor e Salvador, mas também um Autor
combatendo por nós e um Sumo Sacerdote
ministrando a nós. Encoraje-se. Se não lutar, você
será derrotado e não terá nenhum pão ou vinho para
alimentar-se. Entretanto, se você lutar, você não
apenas vencerá, mas também receberá o pão e o
vinho. Aleluia, por tão grande salvação! Ela é grande
naquilo que Cristo é.

II. GRANDE NAQUILO QUE CRISTO FEZ,


ESTÁ FAZENDO E FARÁ

A. Fez a Purificação dos Pecados


Que fez Cristo? Ele fez a purificação dos pecados
(Hb 1:3). Esteja em paz. Seu pecado foi purificado.
Embora você deva odiar seus pecados, você não
precisa preocupar-se com eles. Cristo purificou
nossos pecados de uma vez por todas (7:27).

B. Provou a Morte por Nós


Cristo provou a morte por nós (2:9). Uma vez que
Ele provou a morte, a morte foi destruída (2Tm 1:10).
A morte foi exterminada. Não creia na morte.
Negue-a. Há morte em sua igreja? Negue isso. Você
tem uma enfermidade em seu corpo físico indicando
a presença da morte? Não creia nisso e não aceite
isso. É uma mentira.

C. Destruiu Satanás por Participar da Nossa


Natureza a fim de Libertar-nos da Escravidão
Cristo destruiu Satanás. Ele participou da nossa
natureza a fim de destruir o diabo que tem o poder da
morte (Hb 2:1415). Ele realizou isso na cruz. Satanás
está acabado. Sempre que Satanás vem, você deveria
dizer: “Satanás, você veio para o lugar errado. Você
não sabe que já foi destruído? Quem liberou você?
Volte para o seu lugar”. A melhor maneira de derrotar
Satanás é envergonhá-lo. Diga: “Satanás, você não
sabe que foi derrotado? Você foi destruído. Volte e
permaneça na sua posição”. Ele irá embora. Por
participar de nossa natureza e destruir Satanás,
Cristo nos libertou da escravidão. A morte foi
destruída. Satanás, que tem o poder da morte, foi
destruído e nós fomos libertados da escravidão.

D. Está nos Santificando


Cristo está agora nos santificando (2:11). Ele é o
que santifica e nós somos os que são santificados. Ele
está nos santificando dia a dia (1Ts 5:23-24).
Estaremos continuamente sob Sua obra santificadora
até que sejamos plenamente transformados à Sua
imagem (2Co 3:18).

E. Poderoso para nos Socorrer


Cristo é poderoso para nos socorrer (Hb 2:18).
Ele é capaz de socorrer-nos ao máximo. Não dê
ouvidos às mentiras. Não dê ouvidos ao ambiente que
envolve você, às fraquezas, à sua situação, ao seu
marido ou esposa. Sua esposa ou marido pode ser um
pequeno mentiroso. Sua enfermidade, fraquezas e
ambiente, também podem ser mentiras. Não creia na
mentira! Os irmãos Autores jamais devem dar
ouvidos a mentiras. Muitas vezes os irmãos e irmãs
são usados pelo inimigo para mentir para os irmãos
Autores. Por exemplo: alguém pode dizer: “A reunião
da igreja está ficando muito fraca”. Quando alguém
diz isso, não é necessário discutir. Apenas feche os
olhos e diga: “Isso é uma mentira. Vá embora! Eu
creio que a igreja está viva e elevada”. Isso é fé. Tente
para ver. Irmã, se você diz que seu marido não é bom,
posso garantir-lhe que ele não será bom
simplesmente porque você profetizou assim. Você
precisa cruzar o rio. Não creia que seu marido não é
bom, em vez disso, diga: “O meu marido é o melhor
de todos os homens”. Se falar assim, o Senhor virá
para honrar sua profecia e fará de seu marido o
melhor. Ele é poderoso para nos socorrer em todas as
coisas. Ele é poderoso para nos socorrer em qualquer
tipo de situação.
O que Cristo fez no passado, está fazendo no
presente e fará no futuro, está tudo incluído na “tão
grande salvação” e todos esses são fatores que tornam
essa salvação “tão grande”.

III. GRANDE EM SUA EXTENSÃO

A. Tornar-nos Sócios do Herdeiro Designado


por Deus
Essa “tão grande salvação” é tão grande em sua
extensão que chega a nos tornar sócios do herdeiro
designado por Deus (1:2, 9). Como já tratamos disso
adequadamente na mensagem cinco, não
necessitamos repeti-lo aqui.

B. Introduzir-nos na Glória
Essa grande salvação nos introduzirá na glória
(2:10). Como já mostramos em outras ocasiões, glória
é Deus manifestado. Nós, os filhos de Deus, seremos
introduzidos naquela manifestação de glória (Rm
8:19-21). Esse será o clímax da salvação que
compartilhamos em Cristo. Portanto, certamente esse
é um fator importante que torna nossa salvação “tão
grande”.

C. Levar-nos a Possuir, com Cristo, a Terra


que há de Vir
Essa grande salvação nos levará a possuir,
juntamente com Cristo, a terra habitada que há de vir
(Hb 2:5). Não precisamos disputar uma eleição para
ser um prefeito, senador, governador ou presidente.
Nós herdaremos a terra habitada vindoura. Isso não é
um sonho. A Bíblia nos afirma isso. Você pode
declarar: “Vou herdar a terra. Isso eu sei, pois a Bíblia
me diz assim”.

D. Salvar-nos Totalmente
Nessa grande salvação, nós seremos totalmente
salvos (7:25). Essa salvação é ilimitada, salvando-nos
completa, inteira e perfeitamente, durante o tempo
todo, até o fim. Essa é a extensão de nossa “tão
grande salvação”.
Essa “tão grande salvação” é grande naquilo que
Cristo é, naquilo que Cristo faz, e em sua extensão.
Sua parte mais preciosa é desfrutar Cristo como a
vida que nos salva e como nosso descanso nesta era, e
sua parte mais gloriosa é herdar o reino de Cristo com
glória, na era vindoura.

IV. ADVERTÊNCIA

A. Que Nos Apeguemos com Mais Firmeza


O versículo 2:1 diz: “Importa que nos apeguemos,
com mais firmeza, às verdades ouvidas”. Vocês têm
ouvido com freqüência essas mensagens e vocês
precisam apegar-se ao que ouviram. Vocês não
podem omitir-se dessa responsabilidade e dizer que
não a ouviram ou não viram.

B. Para não nos Desviarmos


Por que devemos nos apegar com mais firmeza às
verdades ouvidas? Para que “delas jamais nos
desviemos”. Cuide para que você não se desvie do que
ouviu. Não seja um pedaço de madeira desgovernado
que somente flutua à deriva na correnteza. Para que
haja uma flutuação à deriva, deve haver uma
correnteza. Havia uma correnteza de judaísmo para
os crentes hebreus. Agora há uma corrente no mundo
e até mesmo no cristianismo. Há muitas correntes
negativas hoje. Cuidado para que você não flutue à
deriva de “tão grande salvação”. Não flutue à deriva —
cruze o rio.

C. Não Seja Negligente


Além disso, não devemos negligenciar essa “tão
grande salvação” (2:3). Se a negligenciarmos,
receberemos o justo castigo (2:2). Sofreremos uma
perda (1Co 3:15). Isso não significa, entretanto, que
sofreremos a perdição. Contudo, poderemos receber
a justa recompensa pela nossa negligência. Isso seria
uma grande perda. Espero que nenhum de nós caia
nessa categoria. Cruzemos todos o rio e sigamos com
nosso Autor da salvação até a glória.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 7
JESUS, COMO O FILHO DO HOMEM, COMO HOMEM
SUPERIOR AOS ANJOS
Na mensagem quatro vimos que Cristo como o
Filho de Deus, como Deus, é superior aos anjos. Isso é
revelado em Hebreus 1. Agora chegamos à segunda
parte dessa comparação — que Jesus como o Filho do
Homem, como homem, é superior aos anjos. Isso é
revelado em Hebreus 2. Primeiramente vimos Cristo
como o Filho de Deus, como Deus; agora precisamos
ver Jesus como o Filho do Homem, como homem.
Tanto como Deus quanto como homem, Ele é
superior aos anjos.
Nosso Jesus maravilhoso tem duas naturezas, a
divina e a humana. Ele tem divindade e humanidade.
Ele é Deus e é homem. Visto que Ele é Deus, Ele é o
Filho de Deus; visto que Ele é homem, Ele é o Filho
do Homem. Segundo o uso bíblico, “homem” e “Filho
do Homem” são termos usados alternadamente. Isso
é provado pelo Salmo 8:4, que diz: “Que é o homem,
que dele te lembres? E o filho do homem, que o
visites?” Portanto, o Filho do Homem simplesmente
significa homem. No mesmo princípio, o Filho de
Deus significa Deus. De acordo com João 5:17-18, por
Jesus ser o Filho de Deus significa que Ele é Deus.
Quando os fariseus ouviram que o Senhor Jesus
chamara a si mesmo de Filho de Deus, eles O
acusaram de blasfêmia, porque, no entendimento
deles, Ele se fez igual a Deus. Assim, dizer que Jesus é
o Filho de Deus, significa que Ele é Deus. Cristo é
tanto Deus como homem. Hebreus 1 trata de Sua
divindade, e o capítulo 2, de Sua humanidade. Com
relação tanto à Sua divindade como à Sua
humanidade, Ele é superior aos anjos. Mesmo como
Filho do Homem, Ele é superior aos anjos.
Embora seja fácil perceber que Deus é
absolutamente superior aos anjos, é-nos difícil
perceber que o homem também é superior a eles.
Você ainda mantém o conceito de que você é inferior
aos anjos? Temo que, se um anjo aparecesse a você,
você o adoraria. Pelo menos, você o olharia pensando,
subconscientemente, que ele é superior a você. Esse
conceito é errado. Se você pensa que os anjos são
superiores a você, falta-lhe visão. Você precisa ver
Hebreus 2. Mesmo no fim do capítulo 1 (v. 14), vimos
que, como herdeiros da salvação, somos muito
superiores aos anjos, pois eles são nossos servidores e
nós somos seus mestres. Somos os sócios de Cristo, e
os anjos são os servidores, ministrando aos herdeiros
da salvação. Somos a casa de Deus, na qual está a
escada celestial unindo-nos a Deus e trazendo Deus
até nós, enquanto os anjos são espíritos
ministradores subindo e descendo sobre essa escada,
prestando seu serviço a nós. Portanto, eles são muito
inferiores a nós. Como mostramos na mensagem
quatro, Mateus 18:10 revela que todos nós temos um
anjo. Salmo 34:7 diz: “O anjo do SENHOR acampa-se
ao redor dos que o temem e os livra”. Um anjo
apareceu a Cornélio (At 10:3), dizendo-lhe onde
contatar uma pessoa que pregava o evangelho. Além
disso, Atos 12:7-11 nos diz como um anjo abriu a
porta para que Pedro pudesse escapar da prisão.
Embora você possa não saber o nome de seu anjo
ministrador, tenho certeza de que ele sabe seu nome.
Todos nós temos pelo menos um anjo que ministra
continuamente a nós. Isso não é superstição; isso é a
realidade. De acordo com a minha experiência, posso
testificar que, enquanto viajei durante os últimos
quarenta anos, tive a percepção de que o meu anjo
estava comigo e que, em muitas ocasiões, ele me
protegeu.
Cristo, o Filho do Homem, como homem, é
superior aos anjos. Hebreus 2 não fala Dele como um
grande homem, mas como um pequeno homem.
Entretanto, mesmo como um pequeno homem Ele é
superior aos anjos. Antes de considerarmos a
superioridade de Jesus, como homem, sobre os anjos,
precisamos ver um fator básico no fato de Ele ser um
homem, isto é, que Deus ordenou ao homem que
governasse sobre a terra, como é revelado em Gênesis
1:26-28.

I. O MUNDO QUE HÁ DE VIR


Hebreus 2:5 diz: “Pois não foi a anjos que
sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos
falando”. A palavra “pois” une o versículo 5 aos
versículos anteriores do mesmo capítulo. Os
versículos 1 a 4 nos dão uma advertência,
dizendo-nos que haverá um “justo castigo” por
negligenciarmos “tão grande salvação”. A pessoa
maravilhosa do Senhor mais Sua esplêndida obra são
a “tão grande salvação”, uma salvação que nenhum de
nós deveria negligenciar. A palavra “escaparemos” no
versículo 3 significa, em princípio, escapar do castigo
aludido no versículo 2. Se negligenciarmos “tão
grande salvação”, é correto e justo que recebamos
certo castigo. Que será esse “justo castigo”? Embora
devamos falar mais a esse respeito nas próximas
mensagens, se prestarmos atenção à palavrinha
“pois” no versículo 5, poderemos entender algo a
respeito agora. A palavra “pois” refere-se à
negligência mencionada no versículo 3. Se
negligenciarmos “tão grande salvação,” receberemos
um certo tipo de justo castigo”, “pois não foi a anjos
que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual
estamos falando”. Assim, o justo castigo” está
relacionado ao mundo que há de vir.
Se negligenciarmos tão grande salvação, “como
escaparemos nós?” Isso não significa que perderemos
a salvação. Uma vez que fomos salvos, o fomos para
sempre. João 10:28 garante isso: “Eu lhes dou a vida
eterna; jamais perecerão para sempre, e ninguém as
arrebatará da minha mão” (RcV). Quando cremos no
Senhor Jesus, Ele nos dá vida eterna e jamais
pereceremos. A Palavra do Senhor permanecerá para
sempre, e Sua Palavra nos diz que fomos eternamente
salvos. Nós temos segurança eterna. Entretanto, isso
não significa que uma pessoa salva não tenha
problemas. Segundo esta porção de Hebreus, uma
pessoa salva, cuja salvação está eternamente
garantida, pode perder “o mundo que há de vir”.
Agora, precisamos descobrir o que é “o mundo que há
de vir”.

A. Na Era Vindoura do Reino


Se você conhece a Bíblia como um todo, você
perceberá que o “mundo que há de vir” será esta terra
na era vindoura com o reino de Deus. Salmos 2:8 diz
que Deus deu a Cristo as nações por herança e as
extremidades da terra por Sua possessão. Apocalipse
11:15 diz: “O reino do mundo se tornou de nosso
Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos
séculos”. Está chegando o dia — e talvez seja em breve
— quando as nações, os reinos da terra se tornarão o
reino de Cristo. Segundo DanieI2:35, na época da
volta do Senhor Jesus, haverá na terra nações
representadas por uma estátua de ferro, barro,
bronze, prata e ouro. Todos esses elementos
representam os reinos terrenos. Repentinamente,
uma pedra “cortada sem auxílio de mãos” (Dn 2:34),
descerá dos céus e partirá em pedaços o ferro, o
barro, o bronze, a prata e o ouro. Daniel2:35 revela
que “a pedra que feriu a estátua se tornou em grande
montanha, que encheu toda a terra”. Essa pedra que
se toma uma montanha é o reino de Deus.
A pedra “cortada sem o auxílio de mãos” que
quebra em pedaços os reinos da terra é Cristo. Cristo
não somente é a pedra de fundamento (Is 28:16), a
pedra angular (Mt 21:42; At 4:11), a pedra de remate
(Zc 4:7) e a pedra viva (1Pe 2:4) para a edificação de
Deus; Ele é também a pedra de tropeço (Mt 21:44;
1Pe 2:8) para os judeus incrédulos e a pedra que
esmiuçará as nações (Mt 21:44). Primeiramente, para
os que crêem, Ele é uma pedra para a edificação de
Deus. Como a pedra para a edificação de Deus, Ele é a
pedra de fundamento, a pedra angular, a pedra de
remate e uma pedra viva a fim de fazer-nos pedras
para o edifício de Deus (1Pe 2:5). Em segundo lugar,
em relação aos judeus incrédulos, Ele é uma pedra de
tropeço. Os judeus incrédulos tropeçaram sobre Ele.
Não pense que o Senhor Jesus é sempre bondoso para
com todos. Para com os judeus incrédulos, pelo
menos, Ele será a pedra de tropeço. Em terceiro
lugar, para os gentios, as nações, o Senhor será uma
pedra que esmiuça, que desce dos céus para esmiuçar
todos os reinos da terra (Dn 2:3435, 44). Essa pedra
que esmiuça tornar-se-á uma grande montanha,
significando que o Senhor Jesus se tornará o Reino,
enchendo toda a terra. Esse reino, a grande
montanha que enche toda a terra, é o próprio Cristo.
Naquela ocasião, a terra será o reino do Senhor. É a
isso que Hebreus 2:5 se refere como “o mundo que há
de vir”. “O mundo que há de vir” significa a terra
tendo se tornado o reino do Senhor na próxima era.
Isso pode ocorrer logo.
“O mundo que há de vir” na era vindoura não
está sujeito aos anjos. Em outras palavras, Deus
nunca ordenou aos anjos que governassem sobre a
terra. Ele ordenou ao homem que governe sobre a
terra na era vindoura. Baseado nesse fato, o escritor
de Hebreus nos mostra que o homem é superior aos
anjos. Nesse aspecto, o de reinar sobre a terra na era
vindoura, o homem é superior aos anjos.
Em Sua economia, Deus queria, desde o
princípio, que o homem reinasse sobre a terra. Desde
a eternidade passada, Deus havia decidido que o
homem reinaria sobre a terra. Segundo a Bíblia, na
criação, Deus determinou que o homem deveria
exercer Sua autoridade sobre a terra. Isso está
mencionado claramente em Gênesis 1:26-28.
Há três capítulos na Bíblia que são correlatos —
Gênesis 1, Salmo 8 e Hebreus 2. Todos esses capítulos
compartilham o mesmo ponto — que Deus ordenou
ao homem que governe sobre a terra criada por Ele.
Por que Deus ordenou ao homem que governe sobre a
terra? Porque Deus precisa de um campo, uma esfera,
um domínio no qual Ele possa exercer Sua
autoridade. Sem tal esfera, na qual possa exercer Sua
autoridade, seria difícil para Deus expressar Sua
glória. A expressão de Sua glória necessita de uma
esfera. Suponha que Deus não tivesse autoridade na
terra. Como Ele poderia expressar Sua glória? Você se
lembra da conclusão da oração do Senhor? É a
seguinte: “Pois teu é o reino, a autoridade e a glória”
(lit.). Onde há o reino, há autoridade. Deus, então,
pode expressar Sua glória. O reino é para a
autoridade, e a autoridade é para a glória. Se Deus
não tem um reino, não pode haver exercício de Sua
autoridade e nem expressão da Sua glória. A oração
do Senhor foi pelo reino. Naquele reino, haverá o
exercício da autoridade e a expressão da glória.
O propósito de Deus é constante e eterno. O
propósito de Deus é de eternidade a eternidade. Deus
nunca mudou Seu propósito de ter o homem
exercendo Sua autoridade na terra, para que Ele
pudesse ter um domínio, uma esfera, na qual Ele
possa expressar Sua glória. A vida da igreja hoje é
uma esfera. A igreja em cada cidade é uma esfera
onde a glória de Deus é expressa. É por isso que a vida
da igreja, hoje, é o reino (Rm 14:17) em pequena
escala. Embora não seja o reino em escala plena, pelo
menos o é em pequena escala, representando as
mesmas coisas no mesmo princípio. A vida adequada
da igreja é o reino de Deus, onde Ele exerce Sua
autoridade para que possa expressar Sua glória. Esse
foi Seu propósito ao criar o homem.

B. Para Cristo Tomar Posse da Terra


“O mundo que há de vir”, na era vindoura do
reino será domínio de Cristo. Cristo tomará posse do
mundo que há de vir (Sl 2:8) para o Seu reino. O
propósito de Deus é recuperar a terra da mão
usurpadora de Satanás e estabelecer Seu reino na
terra para a expressão da Sua glória. Deus deu tal
terra para Cristo como Sua herança. Quando nós, os
salvos, como Seus sócios, compartilharmos de Sua
herança no “mundo que há de vir,” teremos
participação em tal terra gloriosa com o reino de Deus
estabelecido nela, para a expressão da glória de Deus.
Perder a participação nesta terra será um “justo
castigo” para os que negligenciarem “tão grande
salvação”. Se hoje negligenciarmos “tão grande
salvação”, não escaparemos desse “justo castigo”, o de
perder a participação no reino vindouro na terra.

II. O HOMEM JESUS


O propósito de Deus para o homem se apresenta
em três estágios: o da criação, o da profecia e o do
cumprimento. O homem, no propósito de Deus, é
tanto Adão como Cristo. Adão foi o primeiro homem,
e Cristo foi e ainda é o segundo (1Co 15:45, 47).
Quanto a esses dois homens, há esses três estágios.
Vejamos primeiramente o homem na criação.

A. O Homem na Criação

1. Para Expressar Deus com Sua Imagem


Na criação, Deus ordenou ao homem que O
expressasse com Sua imagem (Gn 1:26-28). O homem
foi criado à imagem de Deus para que Tosse capaz de
expressá-Lo.

2. Para Representar Deus com Seu Domínio


Deus também pretendia que o homem O
representasse com Seu domínio. Após ter criado o
homem, Deus confiou-lhe Sua autoridade,
autorizando-o, portanto, a ser Seu representante.
Assim, na época da criação, o homem recebeu a
ordem de fazer duas coisas: expressar Deus e
representá-Lo.

3. Falhou para com Deus em Seu Propósito


O homem, na criação, todavia, falhou para com
Deus. O homem foi envenenado por Satanás e caiu.
Assim, o homem na criação foi danificado e fracassou
para com Deus em Seu propósito.
Se tivéssemos apenas o livro de Gênesis,
ficaríamos muito decepcionados. Apesar dos muitos
registros excelentes no livro de Gênesis, no final desse
livro é-nos dito que José morreu e foi posto em um
caixão no Egito (Gn 50:26). Que pena que o livro de
Gênesis termine dessa maneira! José, aquele que
representou Deus, morreu, foi colocado em um caixão
e foi deixado no Egito.
Antes de prosseguirmos, gostaria de dizer uma
palavra sobre Jacó e José. Jacó, que se tomou Israel,
o príncipe de Deus, e José, foram na verdade um
homem completo. José era uma parte de Israel,
embora não fosse uma parte de Jacó. Jacó era um
suplantador, um ladrão, mas foi transformado em
Israel, o príncipe de Deus (Gn 32:2; 35:10). Quando
se tomou experiente e maduro, ele certamente
expressava Deus com Sua imagem. Quando era
jovem, Jacó era um suplantador e enganava a todos:
seu irmão, seu pai, seu tio e seu cunhado. Mas Deus é
maravilhoso! Ele é capaz de transformar tal
suplantador e enganador em um príncipe de Deus.
Quando ficou velho, Jacó não sabia como enganar,
brigar ou suplantar. Ele apenas sabia estender as
mãos e abençoar as pessoas. Jacó abençoava todos os
que vinham a ele. Até mesmo Faraó, o grande rei da
terra naquela época, foi abençoado por Israel quando
José levou seu pai para vê-lo (Gn 47:7). Israel era
maior que Faraó. Naquela ocasião Israel estava
maduro e expressava Deus como o próprio Deus que
abençoa. Nosso Deus é um Deus que abençoa. Assim,
Israel, que era plenamente segundo a imagem de
Deus,
abençoava onde quer que fosse. Quando foi levado
diante do Faraó, Jacó estendeu a mão e o abençoou.
Isso foi verdadeiramente a expressão de Deus.
O nome de Israel contém o nome de Deus, pois
as duas últimas letras de Israel, “el”, significam Deus.
Não obstante, Israel precisava de José como uma de
suas partes, como a parte reinante, a parte
representativa. Naquele tempo a terra toda não
estava sob o governo do Faraó; na verdade, estava sob
o governo de José. Israel com José, por um lado,
expressavam Deus com Sua imagem e, por outro,
representavam Deus com Sua autoridade. Todavia, o
livro de Gênesis termina dizendo que José morreu, foi
posto em um caixão e foi deixado no Egito. A
conclusão do livro de Gênesis é muito pobre!

B. O Homem na Profecia
Embora a situação no final do livro de Gênesis
fosse lamentável, ela era mais promissora do que
quando chegamos ao Salmo 8. O salmista certamente
estava inspirado quando disse: “Quando contemplo
os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas
que estabeleceste, que é o homem que dele te lembres
e o filho do homem que o visites?” (vs. 3-4). Sob a
inspiração de Deus, o salmista profetizou a
restauração daquilo que fora perdido em Adão. Ele
repetiu as palavras de Gênesis 1, profetizando que a
comissão perdida pelo homem haveria de ser
restaurada. Portanto, o Salmo 8 é uma restauração da
comissão que o homem recebeu em Gênesis 1 e
depois perdeu. A comissão divina, entregue ao
homem criado em Gênesis 1, foi perdida na queda do
homem. O sal mista profetizou que essa comissão
haveria de ser restaurada. Como veremos
resumidamente, o homem profetizado no Salmo 8 é o
Senhor Jesus. Isso é revelado em Hebreus 2.

1. Um Pouco Menor que os Anjos


A profecia referente à restauração do
comissionamento perdido pelo homem no Salmo 8
diz que Deus fez o homem “pouco menor do que os
anjos” (VRC). Isso é segundo a situação física, e não à
posicional. Fisicamente falando, o homem é menor
que os anjos ou inferior a eles.

2. Coroado de Glória e de Honra


Entretanto, a profecia no Salmo 8 diz que Deus
coroou o homem, que é menor que os anjos, “com
glória e com honra”. Isso não foi cumprido em
homem algum até que o homem Jesus ascendesse aos
céus. Portanto, essa profecia diz respeito ao Senhor
como homem e é cumprida Nele.

3. Colocado Sobre as Obras de Deus


A profecia no Salmo 8 também diz que Deus fez o
homem para ter domínio sobre as obras das Suas
mãos e colocou todas as coisas sob os seus pés. Na
citação de Hebreus 2, vemos que Deus colocou o
homem sobre as obras das Suas mãos e sujeitou todas
as coisas debaixo dos seus pés. Isso é claramente uma
repetição do que é mencionado em Gênesis 1:26-28 e
pode ser chamado de restauração do que fora dado ao
homem em Gênesis 1 e foi perdido devido à queda do
homem em Gênesis 3.

C. O Homem no Cumprimento
Hebreus 2:6-9 é o cumprimento da profecia do
Salmo 8. Ali é-nos dito que o homem nesse
cumprimento é Jesus. Jesus é o segundo homem (1Co
15:47). Embora o primeiro homem tenha falhado
para com Deus em Seu propósito, o segundo homem
foi bem-sucedido. Em Gênesis 1 está o homem na
criação de Deus, com o propósito eterno de Deus. O
homem fracassou para com Deus. Então, o Salmo 8,
falando da restauração do comissionamento perdido
pelo homem, profetizou a respeito de outro homem.
Sem esse segundo homem, tanto nós como o
comissionamento dado por Deus estamos perdidos.
Mas temos o segundo homem, que restaurou o
comissionamento perdido pelo homem e cumpriu o
propósito original de Deus. Esse segundo homem é
apresentado a nós em Hebreus 2.

1. Feito um Pouco Menor que os Anjos Por


Causa do Sofrimento da Morte
O homem Jesus, no cumprimento da profecia do
Salmo 8, foi feito um pouco menor que os anjos por
causa do sofrimento da morte (2:9). Segundo nossa
constituição física, somos inferiores aos anjos. A
constituição dos anjos é um tanto superior à nossa.
Quando Jesus veio como homem, Sua constituição
física também era inferior à dos anjos. Ele se tornou
um homem, tomando para Si a carne, o sangue e a
natureza do homem. Por que Ele tomou uma
constituição física que era inferior à dos anjos? Com o
propósito de sofrer a morte por nós. Para ser morto,
Ele precisava de um corpo físico. Sem tal corpo físico,
Ele não teria como morrer pelos nossos pecados. Essa
foi a razão de Ele ter sido feito um pouco menor que
os anjos.

2. Coroado de Glória e de Honra


Depois de cumprir a redenção por meio de Sua
morte, Jesus foi glorificado em Sua ressurreição (Lc
24:26), e em Sua ascensão aos céus foi coroado de
glória e de honra (Hb 2:9). Embora o Senhor Jesus
seja tanto o Filho de Deus como o Filho do Homem,
quando chegamos ao fato de Ele ser coroado de glória
e de honra, devemos dar atenção especial à Sua
humanidade, ao fato de Ele ser o Filho do Homem.
Em Hebreus 1, Ele é Deus; em Hebreus 2, Ele é
homem. Quando estamos lendo Hebreus 1,
precisamos prestar toda nossa atenção à divindade do
Senhor. Entretanto, quando chegamos a Hebreus 2,
devemos prestar toda nossa atenção à Sua
humanidade. É em Sua humanidade que Ele é
coroado de glória e de honra. Como homem, em Sua
ascensão aos céus, Ele foi coroado dessa maneira.
Onde Jesus é coroado de glória e de honra? No
terceiro céu. O pequeno Jesus que nasceu em uma
manjedoura, que foi criado em um lar pobre em
Nazaré, e não tinha beleza nem formosura, em Sua
ascensão aos céus foi coroado de glória e de honra.
Que são glória e honra? Glória é o resplendor
relacionado à Pessoa de Jesus; honra é a preciosidade
relacionada à excelência, ao valor de Jesus (no grego,
a palavra “preciosidade” de 1Pe 2:7, é a mesma
palavra traduzida aqui para “honra”), e à dignidade
de Jesus, que está relacionada à Sua posição (2Pe
1:17; Rm 13:7).

a. Feito Senhor e Cristo


Jesus foi coroado de glória e de honra para ser
Senhor e Cristo (At 2:36; 1O:36b). Antes de Sua
encarnação, Ele era o Senhor. Entretanto, como
homem, Ele não era Senhor. Agora, em Sua ascensão,
Ele, como homem, foi coroado para ser o Senhor. Isso
é algo muito grande. Por um lado, Ele já era o Senhor,
porque era Deus; por outro, em Sua humanidade Ele
foi coroado para ser Senhor de tudo. Ele é também o
riste, isto é, o Ungido. “Senhor” significa que Ele é o
Senhor, governando sobre tudo, e “Cristo” significa
que Ele é o Ungido, que foi designado para cumprir
tudo no plano de Deus. O Ungido é o designado, e o
designado é o que administra a empresa universal de
Deus, “Cristo e a Igreja”.

b. Exaltado para Ser Príncipe e Salvador


Cristo foi exaltado para ser Príncipe e Salvador
(At 5:31). A palavra grega traduzida por “Príncipe” é a
mesma traduzi da por Autor em Hebreus 2:10. Essa
palavra grega também pode ser traduzi da por líder,
originador, inaugurador, pioneiro. Não há palavra
equivalente a essa em português. Cristo foi coroado
de glória e de honra para que pudesse ser nosso
Autor. Como indica a palavra grega, Ele é também
nosso Autor, Príncipe, Pioneiro e Precursor. Jesus é o
que combate, toma a liderança, avança, sendo o
primeiro a alcançar o destino. Ele abriu o caminho
para a glória e agora estamos tomando o caminho que
Ele abriu. Portanto, Ele não somente é o Salvador que
nos salvou do nosso estado caído e de todas as coisas
negativas, mas Ele é também o Líder que, como
Pioneiro, entrou na glória para que pudéssemos ser
introduzidos na mesma posição. O Senhor Jesus hoje
é o Senhor, o Cristo, o Líder e o Salvador.
O capítulo 1 de Hebreus revela que Cristo é o
Filho de Deus vindo falar, declarar e expressar Deus.
Como tal, Ele é superior aos anjos. Aqui, no capítulo 2
de Hebreus, Ele é o Filho do Homem caminhando
para ser o Senhor, o Cristo, o Líder e o Salvador. O
fato de Ele ser nosso Senhor, Cristo, Líder e Salvador,
não está principalmente baseado em Sua divindade,
mas em Sua humanidade. Esse é um assunto muito
prático. Por que Jesus é nosso Senhor? Porque Ele é
um homem. Por que Ele é Cristo, Autor e Salvador?
Tudo porque Ele é um homem. Os anjos, por não
terem humanidade, nunca poderão ser nosso Senhor,
Cristo, Autor e Salvador. Somente Cristo em Sua
humanidade pode ser tal Pessoa para nós. Além
disso, essa humanidade não é natural; é uma
humanidade ressurreta, elevada e ascendida, uma
humanidade coroada de glória e de honra. Porque
esses conceitos não são naturais, mas são novos para
nós, precisamos gastar um tempo considerável neles
para que possamos ver mais.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 8
JESUS NA ENCARNAÇÃO, CRUCIFICAÇÃO,
RESSURREIÇÃO, GLORIFICAÇÃO E EXALTAÇÃO
Nesta mensagem chegamos ao assunto referente
a Jesus na encarnação, crucificação, ressurreição,
glorificação e exaltação. Esses termos são muito
significativos e, provavelmente, estejamos muito
familiarizados com eles. Meu encargo nesta
mensagem é mostrar-lhes como Hebreus 2 reúne
todos esses cinco itens. Nenhum outro capítulo ou
porção da Palavra Sagrada o faz. Em alguns capítulos
vemos a crucificação de Cristo. Em outros capítulos,
vemos Sua ressurreição, glorificação e exaltação. Mas
em nenhuma porção tão curta como Hebreus 2 vemos
a encarnação, a crucificação, a ressurreição, a
glorificação e a exaltação, todas juntas. Esses cinco
pontos principais relativos ao que Cristo passou e
realizou são apresentados neste capítulo de maneira
muito particular, não da maneira como são
apresentados nos Evangelhos, em Atos ou nas outras
epístolas. Ao longo de muitos anos, o Senhor tem me
mostrado todos os itens deste capítulo. Já vimos, na
mensagem 4, como Hebreus 1 revela Cristo em vários
estágios: na eternidade passada, na criação, na
encarnação para a redenção por meio da crucificação,
em ressurreição para transmitir vida, em exaltação,
em Sua segunda vinda, no reino e na eternidade
futura. Nenhum outro capítulo nos oferece tal
revelação de Cristo como o Filho de Deus, da
eternidade passada à eternidade futura. A seqüência
nesse capítulo é muitíssimo maravilhosa. Com o
capítulo 2 de Hebreus ocorre o mesmo, em princípio.
Nenhum outro capítulo nos dá todos esses cinco
aspectos de Cristo. Contudo em Hebreus 2, esses
itens são particularmente e até mesmo peculiarmente
revelados. Todos precisamos ficar impressionados
com esses pontos principais referentes ao nosso
Cristo.

I. NA ENCARNAÇÃO

A. Participou do Sangue e da Carne dos Filhos


Desde minha juventude, ouvi dos pastores que
Cristo encamou simplesmente porque Deus nos amou
e enviou Seu Filho para esta terra maligna, a fim de
morrer pelos nossos pecados na cruz para que
pudéssemos ser salvos do inferno. Isso era tudo o que
vi sobre a encarnação de Cristo. Embora esteja
correto, é muito superficial. Algumas das pessoas
eruditas, da classe alta, não aceitarão esse tipo de
pregação. Elas dirão que isso é superficial e que não
tem nenhum propósito ou objetivo. Apenas pessoas
menos cultas aceitarão esse tipo de pregação de
evangelho. Embora o evangelho não seja superficial,
ele tem sido pregado de maneira superficial. Eu
nunca ouvi um pregador dizer que Cristo se tomou
homem para participar do sangue e da carne do
homem. Esse conceito é muito mais elevado. a
propósito da encarnação de Cristo e para que Ele
pudesse participar do sangue e da carne dos filhos
(2:14). Usando palavras humanas, podemos dizer que
isso é muito filosófico. Esse tipo de pregação elevada
convencerá as pessoas que têm mente filosófica. Elas
pensarão que tal pregação é muito significativa.
Na década de 20, em resposta às orações de
tantos queridos missionários, o Senhor fez uma obra
maravilhosa nos colégios e universidades por toda a
China. Muitos jovens estudantes universitários foram
salvos. Eu também fui salvo naquela ocasião. Depois
que fomos salvos, começamos a pregar Cristo de
maneira mais elevada. Nós, os jovens chineses
daquela época, conhecíamos o pensamento filosófico
chinês. Como resultado, sabíamos como convencer as
pessoas. Nós pregávamos o evangelho mais elevado
não segundo nosso conceito humano, mas segundo a
“filosofia divina”. Deus é mais que filosófico. Que
significa dizer “filosófico”? Simplesmente significa
pensador. Deus não é simples nem superficial. Ele é
profundo, atento, cheio de propósito e de significado.
Nosso Deus é um Deus de propósito. Quem poderia
ser mais filosófico que Ele. Como resultado daquela
pregação mais elevada do evangelho, muitos médicos,
enfermeiras, professores e pessoas eruditas foram
trazidas para o Senhor.
O livro de Hebreus não é superficial. Ele é
profundo e elevado. Ele está no grupo mais elevado.
Esse livro não diz que, porque éramos caídos e
pecadores, Cristo veio nos salvar. Ele diz que os filhos
são participantes de sangue e carne e que Cristo veio
para compartilhar da nossa natureza. Esse conceito é
mais elevado e profundo. Um dia, o Filho de Deus,
nosso Salvador e nosso Deus, tornou-se exatamente
igual a nós, em natureza. Ele se tornou um ser
humano, participando do nosso sangue e carne. Isso é
maravilhoso. Nós não temos um Salvador diferente
de nós em natureza. Não, nosso Deus e Salvador
tomou-se exatamente igual a nós. Posso testificar a
vocês que um bom número de eruditos na China
foram convencidos simplesmente por esse conceito.
Eles começaram a pensar a respeito, achando-o muito
significativo. Eles viram que Deus veio em carne não
para nos ordenar algo, mas para ser um conosco. Ele
não veio como Deus a fim de nos resgatar, pois isso
nos teria aterrorizado. Ele não veio como um anjo
para nos abraçar, pois poderíamos não aceitar isso.
Ele veio, em realidade, assim como nós somos. Ele
participou da nossa natureza, do nosso sangue e
carne. Esse conceito certamente convencerá as
pessoas estudiosas. Elas o admirarão, dizendo: “Esse
realmente é um pensamento elevado. O próprio Deus
tornou-se igual a nós em natureza, participando de
sangue e carne”. Isso é a encarnação, e esse é o
conceito mais profundo e a “filosofia” mais elevada.
A encarnação não deveria ser associada ao natal.
Vocês precisam queimar tudo relacionado ao natal.
Se você fosse à China e pregasse o evangelho às
pessoas eruditas e mencionasse o natal, elas não lhe
dariam ouvidos. Elas diriam que coisas como árvores
de natal, meias cheias de doces e Papai Noel são
muito baixos, superficiais e infantis. Esse não é o
evangelho proveniente da Palavra de Deus. Isso é
paganismo, o fermento mencionado pelo Senhor
Jesus em Mateus 13:33, introduzido no catolicismo
pela “mulher”, conforme profetizado pelo Senhor.
Como as pessoas instruídas poderiam ser
convencidas com esse tipo de pregação? Você pode
convencer as crianças pobres na rua, mas não
convencerá as pessoas que ponderam as coisas.
O cristianismo tem pregado a salvação elevada
do Senhor de maneira superficial. Precisamos que
aqueles que experimentaram a Salvação elevada
saiam e preguem às pessoas que ponderam.
Imediatamente elas serão convencidas. Elas também
estão buscando a verdade, pois elas também foram
feitas por Deus. Em sua natureza há uma busca por
Deus. Mas o cristianismo lhes tem apresentado um
evangelho superficial e incorreto. A encarnação não
está relacionada à festa de natal. A encarnação
significa que o próprio Deus, o Deus Todo-Poderoso,
se fez carne, como é dito em João 1:14: “O Verbo se
fez carne”. Quem é o Verbo? É o Deus que criou todas
as coisas. Esse Verbo, Deus Criador, se fez carne. Isso
é profundo e significativo. Por que Ele se fez carne?
Simplesmente para que pudesse ser igual a nós.
Somos homens de sangue e carne, e Cristo participou
disso. Por meio da encarnação, Ele veio como homem
até o nosso nível. Embora Cristo seja Deus, Ele veio
ao nosso nível e compartilhou da nossa natureza.
Esse é o tipo de pregação de evangelho que os
estudantes universitários precisam ouvir. Eles
ouvirão isso. Você pode prender a atenção deles noite
após noite com esse tipo de evangelho. As pessoas
eruditas e os estudantes não querem ouvir a pregação
superficial do evangelho. Eles a consideram
superficial e egoísta. Falta propósito a ela. Precisamos
falar-lhes do propósito de Deus — que Deus veio
como homem a fim de estabelecer Sua empresa:
Cristo e a igreja.
Não estou falando de uma pregação do evangelho
que eu mesmo não tenha experimentado. Na China,
nós pregamos o evangelho dessa maneira. Quando
pregamos sobre o propósito de Deus, com respeito a
Cristo e a igreja, alguns professores e alunos
disseram: “Precisamos entrar nisso. Há anos estamos
buscando respostas à pergunta a respeito do sentido
do homem, qual o verdadeiro significado da vida
humana, e para que foi criado o universo”. Assim,
demos a eles uma mensagem falando do propósito de
Deus. Essa é a mais elevada pregação do mais elevado
evangelho.

B. Foi Feito Igual a Seus Irmãos em Todas as


Coisas
É também uma questão de compaixão, o fato de
Cristo ter compartilhado da nossa natureza,
participando do sangue e da carne. Ele é o Filho
Primogênito de Deus e nós somos Seus muitos
irmãos. Todavia, somos todos fracos na carne. Assim,
Ele se fez um homem em carne, igual a nós. Porque
somos fracos e frágeis, precisamos que Ele tenha
compaixão de nós. Se você quer ter compaixão de
outra pessoa, você precisa ser o mesmo que ela. Se eu
não estiver no mesmo nível e na mesma situação que
você, eu jamais poderei ter compaixão de você.
Entretanto, se eu me tornar o mesmo que você, serei
capaz de compadecer-me de você. O fato de o Senhor
ter compaixão de nós é também um aspecto da Sua
encarnação. Hebreus 2:17 indica isso. O Senhor foi
feito como Seus irmãos para que pudesse ter
compaixão deles.

II. NA CRUCIFICAÇÃO

A. Provou a Mote por Todas as Coisas


Embora, quando jovem, tenha sido dito a mim
tantas vezes que Cristo morreu na cruz pelos nossos
pecados, nunca me foi dito que Ele provou a morte
por todas as coisas (2:9 VR). Cristo provou a morte
não apenas pelos seres humanos, mas por todas as
coisas criadas, por toda criatura. Você já ouviu isso?
Você já ouviu que Cristo provou a morte pelos
animais? Embora isso posa soar um tanto rude ao seu
modo de pensar, se consultar o texto grego de
Hebreus 2:9, você verá que a palavra “tudo” está lá.
Se Cristo não tivesse provado a morte por tudo, como
poderia Deus ter reconciliado tudo consigo mesmo?
Colossenses 1:20 diz que Deus reconciliou consigo
mesmo todas as coisas, por meio da morte de Cristo.
A arca de Noé é um tipo claro disso, pois na arca
havia não apenas pessoas, mas também criaturas
vivas. A arca salvou não só as pessoas que estavam
nela; salvou também as criaturas. A arca foi uma
figura, um tipo de Cristo a esse respeito. O significado
disso é extremamente profundo e nos exigiria muito
tempo para tratar de maneira adequada. Essa é uma
revelação profunda. Fique impressionado com o fato
de Cristo ter provado a morte não penas pelo homem,
mas também por todas as coisas. Essa é a razão de
dizermos que a morte de Cristo é uma morte
todo-inclusiva.

B. Fez Propiciação pelos Pecados do Povo de


Deus
Em Sua morte, Cristo fez propiciação pelos
pecados do povo de Deus (2:17). A palavra grega para
propiciação aqui é hilaskomai, que significa
“apaziguar, reconciliar uma pessoa, satisfazendo a
exigência de outra”, ou seja, “propiciar”. O Senhor
Jesus fez a propiciação pelos nossos pecados para nos
reconciliar com Deus, satisfazendo as justas
exigências de Deus a nosso respeito. Assim, Ele
apaziguou Deus por nós.
Cristo morreu na cruz para provar a morte por
nós e para apaziguar Deus por nós. Por Ele ter
provado a morte, a morte foi destruída (2Tm 1:10).
Por meio de Sua propiciação, Ele aplacou plenamente
a ira de Deus contra nós. Agora não estamos sob a
morte nem sob o pecado. Embora haja morte e
pecado no universo, por causa da morte de Cristo,
Sua crucificação todo-inclusiva, nós rompemos com a
morte e o pecado. Não se importe com seus
sentimentos. Não diga que você não tem o sentimento
de que a morte e o pecado foram destruídos. Seus
sentimentos são uma mentira. Deus diz assim. Você
vai crer nos seus sentimentos ou na Palavra de Deus?
Eu não me importo com o que sinto. Apenas me
importo com a Palavra de Deus. A Bíblia diz que a
morte foi destruída e que Cristo fez propiciação pelos
nossos pecados.

C. Destruiu o Diabo
Além da morte e do pecado, temos outro
problema — o diabo. Em Sua crucificação, Cristo
destruiu também o diabo (2:14).
A palavra grega traduzida por “destruir”,
também pode ser traduzida por “tomar sem efeito,
arruinar, anular, acabar, abolir, descartar”. Depois
que o diabo, a serpente, seduziu o homem para que
caísse, Deus prometeu que o descendente da mulher
viria para esmagar a cabeça da serpente (Gn 3:15). Na
plenitude do tempo, o Filho de Deus tomou-se carne
(Jo 1:14; Rm 8:3), nascendo de uma virgem (Jo 14:4),
para que pudesse destruir o diabo na carne do
homem, por meio de Sua morte em carne na cruz.
Isso foi abolir Satanás, anulá-lo. Aleluia, Satanás foi
abolido e descartado!
Talvez você diga: “Como o diabo pode ter sido
destruído, quando ele ainda é tão prevalecente?” É
uma mentira dizer que o diabo é prevalecente. A
Bíblia nunca diz isso. Não creia nessa mentira. A
Bíblia diz que o diabo foi esmagado, destruído. Sua
cabeça foi esmagada. Você vai crer em seus
sentimentos ou na Palavra de Deus? A Palavra de
Deus nos diz que, por meio de Sua morte na cruz,
Cristo destruiu o diabo. Isso é um fato consumado,
um fato que está incluído na Palavra Sagrada como
testamento legado a nós. Precisamos tomar esse
legado pela fé, segundo a Palavra Sagrada.

D. Libertou-nos da Escravidão do Pavor da


Morte
A morte de Cristo também nos libertou da
escravidão do pavor da morte (2:15). Uma vez que,
por meio de Sua morte, Cristo provou a morte por nós
e destruiu o diabo que tinha o poder da morte, a
morte de Cristo libertou-nos da escravidão na qual
estávamos presos pelo pavor da morte. Fomos
libertados dessa escravidão. Por causa da crucificação
todo-inclusiva de Cristo, não há mais morte, nem
pecado, nem diabo, nem mais medo da morte nem
escravidão. Por Sua misericórdia, o Senhor abriu
nossos olhos e nos mostrou a todo-inclusividade de
Sua morte. E, pela experiência, percebemos que a
morte, o pecado, o diabo, o pavor da morte e a
escravidão foram todos crucificados na crucificação
de Cristo.

IH. EM RESSURREIÇÃO
Depois de Sua morte, Cristo ressuscitou. Esse é o
assunto mais significativo quanto à vida. Mas nunca
foi adequadamente percebido, mesmo por cristãos
genuinamente regenerados. Pelo fato de as pessoas
eruditas não terem recebido o ensinamento adequado
sobre a ressurreição de Cristo, Satanás encheu sua
mente com o conceito modernista de que a
ressurreição é superstição. Em 1936 fui convidado
para pregar aos alunos da principal universidade da
China. Uma noite, na casa de um professor, um aluno
inteligente que nascera em uma fanu1ia cristã fez-me
uma pergunta. Ele disse que, segundo a visão
científica, não podia crer na ressurreição de maneira
supersticiosa e pediu-me para explicá-la a ele. O
Senhor estava comigo e mostrei que a ressurreição é
encontrada facilmente na natureza.
A casa do professor tinha muitas janelas, através
das quais podíamos ver os campos de trigo. Eu disse
para o estudante: “Veja os campos. Você vê o trigo
que está crescendo ali? Você não consegue ver
ressurreição naquele campo de trigo? A semente é
semeada no solo, morre e, por fim, o trigo surge. Isso
é ressurreição. Todo dia e em todo lugar você pode
ver a ressurreição. Uma galinha choca um ovo, a
casca se rompe e surge um pintinho. Isso não indica
morte e ressurreição? Não pense que isso seja minha
mente filosófica, pois minha mente não é tão
inteligente. Isso é o ensinamento da Bíblia”. Quando
ele me perguntou em que parte da Bíblia isso estava,
eu disse que em 1 Coríntios 15 Paulo nos diz que a
semente que morre e cresce novamente é uma figura
da ressurreição (vs. 35-38). Naquela noite, aquele
jovem foi salvo e hoje é um Autor entre os
cooperadores na ilha de Taiwan. A pregação
superficial do evangelho teria sido incapaz de
convencer aquele estudante universitário erudito.

A. Para Gerar Muitos Irmãos


Hebreus 2:11-12 indica que, em ressurreição,
Cristo gerou muitos irmãos. Por meio de Sua
ressurreição nós fomos gerados (1Pe 1:3). Sua morte
liberou a vida divina do Seu interior e Sua
ressurreição transmitiu a vida de Deus para dentro de
nós para que pudéssemos nos tornar os muitos filhos
de Deus e os muitos irmãos de Cristo. Ele foi o grão
de trigo que caiu no chão, morreu e ressuscitou para
gerar os muitos grãos que somos nós (Jo 12:24). Ele
foi o único grão e nós somos agora os muitos grãos,
Seus muitos irmãos, gerados por Ele em Sua
ressurreição. Assim, imediatamente após Sua
ressurreição, Ele nos chamou irmãos (10 20:17).

B. Para Declarar o Nome do Pai aos Seus


Irmãos
Em Sua ressurreição, Cristo não só gerou muitos
irmãos, mas Ele veio aos Seus irmãos e declarou-lhes
o nome do Pai (Hb 2:12). Que é o nome do Pai? Isso é
um assunto muito importante. O nome do Pai é
simplesmente o Pai. O Pai é Seu nome.
O Pai significa a fonte da vida e a fonte do ser. De
onde você recebeu sua vida? Do seu pai. De onde você
recebeu seu ser? Também de seu pai. O Pai é a fonte.
Todos somos provenientes Dele. O Santificador, o
Filho Primogênito e todos os santificados, os muitos
filhos, todos são provenientes do único Pai. No dia da
Sua ressurreição, o Senhor declarou o nome do Pai
aos discípulos. A partir daquele dia, Pedro percebeu
que tinha a natureza divina. Assim, em sua Segunda
Epístola, Pedro disse que nós somos “co-participantes
da natureza divina,” tendo recebido “todas as coisas
que pertencem à vida e à piedade” (2Pe 1:4, 3). Que
significa o fato de termos recebido a natureza divina e
de todas as coisas pertencentes à vida e à piedade
terem sido dadas a nós? Significa que todos nascemos
do Pai. O nome do Pai tem muito significado para
nós.

C. Para Louvar o Pai na Igreja


Em ressurreição, Cristo não apenas declarou o
nome do Pai aos Seus irmãos, mas também louvou o
Pai na igreja (Hb 2:11-12). Quando o Senhor declarou
o nome do Pai aos Seus irmãos, Ele louvou o nome do
Pai na igreja. Os irmãos são a igreja. Individualmente
falando, eles são Seus irmãos, e coletivamente
falando, eles são a igreja gerada em Sua ressurreição.
Na noite do dia da ressurreição, Seus irmãos se
reuniram e Ele veio reunir-se com eles. Aquela foi a
primeira reunião da igreja. A primeira reunião da
igreja não foi no dia do Pentecostes. No dia do
Pentecostes a igreja foi ampliada, mas a primeira
reunião da igreja foi na noite do dia da ressurreição
do Senhor. Na reunião da igreja, o Senhor não apenas
declarou o nome do Pai a Seus irmãos, mas também
louvou o Pai no meio da igreja.

IV. NA GLORIFICAÇÃO

A. Entrando na Glória
Depois da ressurreição, Cristo foi glorificado, não
somente na manifestação de Sua natureza divina,
mas também na ascensão à glória de Deus. Como
Autor da nossa salvação, Cristo, em Sua ascensão,
entrou na glória, na qual está Deus. O desejo de Deus
é levar Seus muitos filhos à glória (2:10). Cristo
tomou a liderança em entrar nessa glória como o
Pioneiro (6:20). O Jesus que foi desprezado pelo
homem na terra, é glorificado por Deus no céu. Todos
precisamos olhar para Ele em glória.

B. Coroado de Glória e de Honra


Cristo não apenas entrou na glória mas também
foi coroado de glória e de honra (2:9). Glória é o
resplendor divino, e honra é o valor de Sua
preciosidade em Suas virtudes e Sua dignidade em
Sua posição. O homem O coroou com espinhos para
envergonhá-Lo (Jo 19:2), mas Deus O coroou com
glória e com honra para glorificá-Lo. Nós O vimos na
cruz, na terra, com a coroa de espinhos, mas agora O
vemos no trono, no céu, coroado de glória e de honra.
Esse é o Jesus revelado no livro de Hebreus.

V. EM EXALTAÇÃO
A ascensão de Cristo, que se seguiu à Sua
ressurreição, foi uma exaltação. Do ponto de vista
terreno, foi uma ascensão a partir dos homens, mas
do ponto de vista celestial, foi uma exaltação feita por
Deus.

A. Para Ter Domínio Sobre Todas as


Criaturas
Depois que Cristo foi coroado de glória e de
honra em Sua ascensão, Deus deu-Lhe domínio sobre
todas as coisas em Sua exaltação (Hb 2:7). Isso é
parecido ao que Deus fez com Adão. Adão perdeu o
domínio que Deus lhe dera, mas, segundo a profecia
no Salmo 8, Cristo restaurou o que Adão perdera.
Agora, o mesmo domínio foi dado ao segundo
homem. Você está no primeiro homem ou no
segundo? Todos devemos responder: “Nós nascemos
no primeiro homem, mas renascemos no segundo
homem”. Nós nascemos no primeiro homem e
perdemos tudo com ele. Mas uma vez que
renascemos no segundo homem, nós recuperamos
tudo. O segundo homem foi glorificado, coroado de
glória e de honra e foi-Lhe confiado o domínio divino
que fora perdido pelo primeiro homem.

B. Para Estar Sobre Todas as Coisas


Em Sua exaltação, Cristo foi feito Cabeça de
todas as coisas (Hb 2:8). Deus sujeitou todas as coisas
sob os Seus pés. Agora Ele está esperando apenas por
uma coisa — que o sutil Satanás e todos os Seus
inimigos sejam postos por estrado de Seus pés.
Vemos Jesus nestes aspectos da encarnação,
crucificação, ressurreição, glorificação e exaltação.
Não O vemos na velha maneira tradicional, mas na
maneira elevada de Hebreus 2.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 9
O AUTOR DA SALVAÇÃO (1)
Nesta mensagem chegamos ao Autor12 da nossa
salvação. É difícil entender esse assunto
doutrinariamente. Parece que, logicamente falando,
para a salvação, precisamos que Jesus seja nosso
Salvador e Redentor, não nosso Autor, Pioneiro ou
Precursor. Entretanto, na salvação maravilhosa de
Deus, em Sua “tão grande salvação”, nós precisamos
de tal Autor. Um Autor é um Autor que conduz um
grupo de pessoas para certo lugar. Para onde esse
Autor está nos conduzindo? Ele está nos conduzindo
para a glória.
A glória de Deus é a coisa mais difícil para
alguém definir ou explicar. Em Sua oração ao Pai, em
João 17, o Senhor Jesus disse: “Eu lhes tenho
transmitido a glória que me tens dado” (v. 22). Que é
essa glória? A glória à qual nosso Autor está nos
levando é a glória que Ele já nos deu. Embora a glória
já nos tenha sido dada, ainda precisamos entrar nela.
Quão difícil é falar sobre a glória! Alguns dizem que a
glória é um estado exuberante no qual entraremos no
futuro, que nos fará vibrar e nos empolgará muito.
Quando ouvi esse tipo de conversa no passado, fiquei
insatisfeito com ela. Profundamente em meu interior,
senti que isso era muito leve, que não havia peso ou
significado nisso. Se você fizesse essa pergunta para
mim, eu teria de dizer-lhe que é extremamente difícil
definir o que é a glória divina que Deus ordenou a
12
Ver nota de rodapé à página 79. (N.R.)
nós.
O Novo Testamento nos diz que nós fomos
chamados para a glória, a qual foi planejada segundo
a sabedoria de Deus na eternidade passada. A
Primeira Epístola aos Coríntios 2:7 diz que na
eternidade passada Deus ordenou que fôssemos
levados a essa glória. Tanto 1 Tessalonicenses 2:12
como 1 Pedro 5:10 nos dizem que fomos chamados
para essa glória. E, de acordo com Colossenses 3:4,
quando Cristo aparecer, nós apareceremos com Ele
em glória. Que é essa glória? Provavelmente a
maioria dos cristãos pense que a glória é meramente
um tipo de brilho ou resplendor. Eu não diria que
glória não é tal brilho ou resplendor, porque eu não
entrei nela e não ouso dizer que esse entendimento da
glória seja errado. Entretanto, eu diria que tal
entendimento é muito objetivo e é absolutamente
segundo considerações objetivas. Dizer que a glória
na qual nós entraremos é meramente um tipo de
brilho radiante pode ser correto, mas é um conceito
totalmente objetivo.
Podemos ilustrar esse assunto da glória com o
exemplo de uma flor de cravo. A semente do cravo é
muito pequena. Se você semeia essa semente na terra,
ela crescerá até que, finalmente, alcançará o estágio
de florescimento. Quando o cravo floresce, isso é sua
glorificação. Um longo processo deve ocorrer, desde o
estágio de semente até o estágio de flor. Quando o
cravo passa por tal processo, ele precisa passar por
muita luta. Se você fosse uma semente de cravo,
poderia nos dizer quanta luta você tem de passar. O
cravo, primeiramente, deve lutar contra si mesmo,
porque o elemento da vida no interior da semente
deve lutar contra a casca para rompê-la e sair. Em
seguida, o cravo deve lutar contra o solo no qual ele
cresce. Pelo fato de o solo ajudar o cravo a crescer,
podemos chamá-lo de solo de crescimento.
Entretanto, mesmo esse solo de crescimento é um
estorvo para o cravo. Embora a planta precise do solo
e o solo a ajude a crescer, ele é, contudo, um estorvo
para o crescimento do cravo. O cravo precisa lutar
contra o próprio solo que o ajuda a crescer.
Finalmente, depois de muita luta, o cravo alcança o
estágio do florescimento. Essa é a glória da flor de
cravo. Seu florescimento é sua glória.
Cada um de nós, cristãos, sem exceção, é como
uma semente de cravo. Por meio da regeneração, a
vida de glória veio para dentro de nós. Agora temos
uma semente de glória em nós. A vida que temos em
nós como semente é a vida de glória. Isso é Cristo em
nós, a esperança da glória (Cl 1:27). Glória não é
meramente um brilho radiante no ar. Isso é muito
objetivo. Se glória fosse meramente um brilho
exterior, seria simplesmente outra vaidade. Mas isso
não é a glória de que fala a Bíblia. A glória revelada na
Bíblia é o próprio florescer do elemento divino de
Deus. Um dia, o elemento divino de Deus vai
florescer. Será que você fica contrariado quando eu
digo que a glória na qual entraremos não é
meramente algo objetivo, mas é o florescer do
elemento divino a partir do nosso interior? Se você
fica contrariado, significa que, pelo menos em certa
medida, você ainda está apegado às velhas doutrinas.
Você precisa cruzar o rio.
Considere a transfiguração do Senhor Jesus no
monte (Mt 17:1-2). Quando o Senhor Jesus subiu ao
topo daquela montanha e foi transfigurado, a glória
shekiná veio repentinamente sobre Ele, de fora, do
terceiro céu? Ele entrou em um brilho ou clarão
exterior? Não, a glória brilhou do Seu interior. Por
isso é chamada de transfiguração. Da mesma
maneira, a glória na qual seremos introduzidos é a
própria glória que agora está no nosso interior. Ela
não é meramente objetiva; é totalmente subjetiva.
Que diferença entre este ensinamento e o
ensinamento tradicional de glória! No momento em
que fomos regenerados, a semente da glória foi
plantada em nós. Isso é misterioso.
Na regeneração, um elemento de vida veio para
dentro do nosso ser. Esse elemento de vida não é algo
sem importância: é o elemento divino de Deus. Tudo
o que Deus é está nessa substância, nesse elemento de
vida, que veio para o nosso ser. Oh! como todos nós
precisamos nos dar conta do que ocorreu quando
fomos regenerados! O elemento divino de Deus
entrou em nós!
Quando os filhos de Israel entraram na terra de
Canaã, eles começaram a florescer. Aquilo foi sua
glória. Aquele estágio de florescimento foi também
um estágio de lutas, pois eles começaram a lutar
quase que imediatamente após entrarem na boa
terra. A primeira batalha que tiveram foi em Jericó.
Depois de Jericó, eles lutaram continuamente até
Davi ter derrotado todos os inimigos e o templo ter
sido construído. Então a glória de Deus encheu o
templo (1Rs 8:10). Aparentemente, a glória que
encheu o templo desceu do alto; na verdade, a glória
estava com os filhos de Israel. Desde o dia em que
cruzaram o Mar Vermelho, a glória estava com eles. A
glória estava na coluna de nuvem e na coluna de fogo
(Êx 14:19, 24). Quando eles edificaram o templo, o
templo encheu-se com a glória. Digo novamente que
a glória não desceu do alto. Ela já estava presente,
esperando o crescimento e desenvolvimento do povo.
Quando os filhos de Israel estavam plenamente
desenvolvidos, a glória encheu o templo.
Da mesma maneira, todos tivemos nosso começo
no momento da nossa regeneração. Aquela foi nossa
páscoa. Desde o tempo da nossa páscoa, o momento
em que a semente da glória foi semeada em nós,
aquela semente tem crescido. Esse crescimento é um
processo de luta. Agora mesmo, ainda estamos sob o
processo de luta para entrar na glória.
Agora estamos preparados para entender o Autor
da salvação. A salvação da qual Cristo é o Autor é a
própria salvação que nos introduz na glória. A “tão
grande salvação” nos introduz na glória, e Cristo,
nosso Salvador, é o Autor dessa salvação. O que isso
significa? Simplesmente significa que nosso Salvador
tomou a liderança em lutar para entrar na glória. O
Senhor Jesus não entrou de repente na glória.
Durante todos os Seus dias na terra, um processo de
luta ocorria. A semente da glória estava Nele e estava
abrindo caminho por meio da luta. Se você ler os
Evangelhos, verá que a vida de Jesus foi uma vida de
lutas. A história de Sua vida foi uma história de lutas.
Ele estava sempre combatendo o combate para o
crescimento da semente da glória. Ele lutou para que
a glória pudesse surgir e Ele pudesse ser introduzido
na glória.
Não pense que o Senhor entrou na glória quando
ascendeu aos céus. Não, isso ocorreu antes de Sua
ascensão, enquanto ainda estava na terra; Ele entrou
na glória no dia da Sua ressurreição. Lucas 24:26
indica que Cristo entrou na glória não por ascender,
mas por ressuscitar. Sua ressurreição foi Sua entrada
na glória. Toda Sua vida, do dia em que nasceu até o
dia em que ressuscitou dos mortos, foi um processo
de lutas. O Senhor lutou não apenas pela vitória, mas
pela glória. Ele lutou por Sua glorificação. Sua luta
pavimentou o caminho para a glória. Nesse assunto
de lutar pela glória, Ele foi o Pioneiro. Ele abriu o
caminho para a glória. Portanto, Ele
espontaneamente tornou-se qualificado para ser o
Autor dos que entram na glória. Por isso Ele é o Líder
da nossa salvação. Hoje estamos seguindo esse
Pioneiro que abriu o caminho e entrou na glória.
Aquela glória agora é a boa terra. Precisamos cruzar o
rio e entrar na boa terra. Em certo sentido, Cristo
cruzou o rio e agora está do outro lado, na terra da
glória. Embora Ele esteja na glória, nós ainda não
estamos; estamos a caminho, seguindo-O como nosso
Líder.

I. DEUS CONDUZ MUITOS FILHOS À


GLÓRIA
Nosso Deus fundou uma grande empresa, um
grande negócio. O propósito dessa empresa é realizar
uma coisa: conduzir muitos filhos à glória (Hb 2:10).
A empresa de Deus é urna empresa de glória. Ela não
produz dinheiro; produz glória.

A. Todas as Coisas Para Deus


Para conduzir muitos filhos à glória, Deus
precisava ter um ambiente adequado. Por isso, Ele
criou os céus, a terra e todas as coisas. Todas as coisas
são para Deus levar a cabo Seu negócio de glória.

B. Todas as Coisas Por Meio de Deus


Todas as coisas que Deus criou para levar a cabo
Seu negócio de glória existem por meio Dele. É Deus
que mantém todas as coisas no universo para que elas
possam servir ao propósito de levar a cabo Seu
negócio de glória.

C. Muitos Filhos Entre Todas as Coisas


Todas as coisas são para Deus e por Deus. Entre
todas as coisas estão os muitos filhos de Deus que são
o centro da criação de Deus. Todas as coisas são para
os muitos filhos de Deus, porque a empresa de Deus
visa conduzir Seus muitos filhos à glória. Isso exige
muita luta. É por isso que o Filho Primogênito de
Deus é o Líder da salvação de Seus muitos filhos.

D. À Glória
O objetivo de Deus é conduzir Seus muitos filhos
à glória. Seu Filho Primogênito, o Senhor Jesus, como
Pioneiro, abriu caminho para essa glória. Agora Ele é
o Líder da salvação dos muitos filhos de Deus,
conduzindo-os à glória por meio da luta. Nós, os
muitos filhos de Deus, estamos agora a caminho,
lutando em direção à glória que Deus nos ordenou.

II. APERFEIÇOAR JESUS POR MEIO DE


SOFRIMENTOS
Para levar a cabo Seu propósito de conduzir
muitos filhos à glória, Deus precisava de um exemplo,
um modelo. Esse modelo deveria ser o Líder
qualificado que conduziria os muitos filhos à glória.
Jesus é esse Líder. Todavia, antes de Jesus tornar-se
o Líder, Ele tinha de ser aperfeiçoado por meio de
sofrimentos (2:10). Quando jovem, ao ler a Bíblia, eu
ficava incomodado com esse versículo de Hebreus 2
que diz que Jesus precisou ser aperfeiçoado. Por um
lado, eu sabia que Jesus era perfeito. Por outro, 2:10
dizia que Ele precisava ser aperfeiçoado. Isso me dava
a entender que Jesus não era perfeito. Mas Ele era
verdadeiramente perfeito. Embora Ele fosse perfeito
antes de Sua encarnação, Ele não tinha a experiência
do sofrimento humano. Ele tinha de ser aperfeiçoado
por meio de sofrimentos antes que pudesse tornar-se
o Líder da salvação. A palavra “aperfeiçoar” em 2:10
significa “levar até o fim ou consumar por meio de
completar”, ou de “aperfeiçoar”. Ser perfeito, aqui,
significa ser qualificado. Antes de Sua encarnação,
Jesus não estava qualificado para ser o Líder da
salvação. A fim de qualificar-se para esse ofício, Ele
tinha de experimentar os sofrimentos humanos.
Assim, aperfeiçoar Jesus não implica nenhuma
imperfeição de virtude ou atributo na pessoa de
Jesus, mas apenas a complementação de Sua
experiência com relação aos sofrimentos humanos, os
quais O habilitam tornar-se o Líder, o Autor da
salvação de Seus seguidores. Uma vez que Jesus
passou por todos os sofrimentos humanos, Ele foi
aperfeiçoado, qualificado, para preencher esse cargo.
Ele está qualificado a conduzir os muitos filhos de
Deus à região da glória, na qual Ele já entrou como
Precursor.
Por que o escritor de Hebreus menciona
sofrimentos? Porque na época em que essa epístola
foi escrita, os cristãos hebreus estavam sofrendo
(10:32-35). Eles estavam sendo perseguidos. Em
certo sentido, o sofrimento deles não era bom, pois
eles estavam muito atormentados com isso. Por outro
lado, entretanto, aquele sofrimento era o processo
que os estava ajudando a entrar na glória. O escritor
estava dizendo a eles que o Senhor Jesus, como Líder
da salvação, entrara na glória à frente deles para que
pudesse ajudá-los a cruzar as águas dos sofrimentos e
entrar na glória. Esse era o conceito do escritor. Esse
conceito é profundo. O escritor parecia estar dizendo:
“Irmãos e irmãs hebreus, vocês precisam perceber
que nosso Jesus é o verdadeiro Josué. Ele tomou a
liderança em cruzar o rio Jordão. Não O percam de
vista. Olhem para Ele e sigam Suas pegadas. Ele
passou por todos os sofrimentos e entrou na glória.
Ele é nosso Precursor, nosso Pioneiro. Ele foi adiante
de nós para abrir o caminho para a glória. O caminho
foi aberto e tudo que vocês têm de fazer é segui-Lo.
Não fiquem atormentados com seus sofrimentos.
Vocês devem ser consolados. Todos os sofrimentos
estão ajudando vocês na estrada para Sião”. Jesus era
verdadeiramente o Líder da salvação deles. Agora
entendemos o significado desse termo.

III. O PRECURSOR, O LÍDER E CAPITÃO


Uma vez que Jesus foi aperfeiçoado por meio de
Sua experiência de sofrimentos humanos em carne,
Ele está qualificado para cumprir o ofício de Capitão
da nossa salvação. Ele se tornou o Precursor, o Líder e
Capitão, Ele abriu caminho para a glória. Ele tomou a
liderança de entrar na glória e agora é o Líder
conduzindo Seus seguidores à glória.

IV. SALVAÇÃO
Nossa salvação é a “tão grande salvação.” Essa
salvação é muito profunda. Ela não está relacionada
apenas a salvar-nos de um estado caído, mas a
conduzir-nos à glória. Nós não vamos ser raptados
para a glória; vamos ser salvos até a glória pelo
caminho dos sofrimentos. Deixem-me dizer uma
palavra de conforto a vocês. Quanto mais seguirmos
Cristo em Seu caminho, mais precisamos estar
preparados para experimentar sofrimentos. Os
sofrimentos são bons. Eles são uma grande ajuda.
Precisamos beijar os sofrimentos e apreciá-los.
Precisamos agradecer ao Senhor pelos nossos
sofrimentos, porque todos os sofrimentos são nossos
ajudantes. Mais cedo ou mais tarde você dirá:
“Sofrimentos, vocês têm sido meus queridos
ajudantes. Devo muito a vocês. Quando eu estava
sofrendo, eu não gostava de vocês, porque eu não
sabia que vocês eram uma grande ajuda para mim.
Obrigado pelo que vocês me fizeram”. Quanto mais
nós, cristãos, oramos e amamos o Senhor, mais
problemas podemos ter. De acordo com nossa
experiência, podemos perceber que nossos problemas
são na medida exata para nós. Eles não são nem
muito longos nem muito breves. E todos eles parecem
vir no momento adequado. Quando consideramos
nossa experiência, vemos quão bom foi que certas
coisas tenham acontecido em determinadas ocasiões.
Não se preocupe com seus problemas. O que quer que
lhe aconteça, diga: “Louvado seja o Senhor. Esse é o
processo de entrar na glória”. Veja o nosso Líder. Ele
vai adiante; Ele está combatendo. Sigamo-Lo. Ele não
está nos levando para uma glória objetiva, mas para a
verdadeira glória que Ele semeou em nós como uma
semente para ser desenvolvida em direção à glória em
que vamos entrar. Que o Espírito fale mais conosco
sobre esse assunto de entrar na glória.
Se você comparar o que dissemos sobre glória
nesta mensagem com a definição de glória
encontrada em Romanos 8:17-18, 21, você verá que
elas são iguais. Ser glorificado não é ser arrebatado
para uma região de brilho resplandecente. A glória na
qual entraremos é a glória do elemento divino que foi
semeado em nós. Não estamos entrando nessa glória
por nós mesmos, mas com o Líder que abriu o
caminho, que entrou na glória e agora está nos
conduzindo para a glória. Mais uma vez, vemos que
somos os verdadeiros cruzadores de nos. Estamos
cruzando o rio para entrar na glória.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 10
O AUTOR DA SALVAÇÃO (2)
Precisamos dedicar mais uma mensagem ao
Autor da salvação. Esse é um grande assunto. O Autor
da salvação é Aquele que nos leva para a glória. Não
há problema em entender o Autor; a dificuldade está
em entender o significado de glória. Embora
tenhamos falado de glória na mensagem anterior,
pelo fato de muitos de nós não termos clareza sobre o
verdadeiro significado de glória na Bíblia, tenho o
encargo de falar algo básico sobre glória nesta
mensagem.

GLÓRIA — DEUS EXPRESSO


Na Bíblia, glória é Deus expresso. Sempre que
Deus é expresso, isso é glória. Mas sempre que Deus
está oculto, escondido, não há glória. Quando Deus é
visto, há glória. Você jamais pode ver Deus sem ver
Sua glória. Enquanto o Deus não visto é Deus, o Deus
visto é glória. A glória foi vista quando os filhos de
Israel viajaram do Egito à boa terra (Êx 13:21).
Durante o dia, Deus era visto como a nuvem e
durante a noite como a coluna de fogo — isso era
glória. No Evangelho de João, lemos que o Verbo era
Deus, que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e
que todos vimos Sua glória (101:1, 14). João 1:18 diz:
“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que
está no seio do Pai, é quem o revelou”. Há glória na
revelação de Deus. Quando vemos Deus, vemos a
glória.
A EXPRESSÃO COLETIVA DE DEUS
Baseados nesse entendimento da glória,
podemos perguntar: qual é o propósito eterno de
Deus? O propósito eterno de Deus é expressar-se de
maneira coletiva. Se ler cuidadosamente Apocalipse,
você verá que toda a cidade da Nova Jerusalém tem a
glória de Deus (Ap 21:10-11). Isso significa que toda a
cidade será uma expressão corporativa de Deus. Na
Nova Jerusalém, Deus está no Cordeiro, e o Cordeiro
é a lâmpada resplandecendo Deus Nele e através
Dele, como a luz (Ap 21:23-lit.). Por fim, essa luz
resplandecerá através da muralha da cidade, uma
muralha feita de jaspe, transparente como cristal, que
expressa a imagem de Deus. Se você me perguntasse
o que é glória, eu diria que aquilo é glória. Ser
conduzido à glória simplesmente significa ser
conduzido àquela expressão gloriosa de Deus.
Uma vez que muitos dentre os novos irmãos e
irmãs podem não estar familiarizados com esse
assunto, vamos examinar os versículos em Apocalipse
com mais cuidado. Apocalipse 21:11, uma descrição
da Nova Jerusalém, diz: “A qual tem a glória de Deus.
O seu fulgor era semelhante a uma pedra
preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina”. O
versículo 18 do mesmo capítulo diz: “A estrutura da
muralha é de jaspe”. Toda a muralha da cidade é feita
de jaspe, expressando a própria imagem de Deus. Se
você ler Apocalipse 4:3, verá que Deus, o que está
sentado no trono, tem a aparência de jaspe: “E esse
que se acha assentado é semelhante, no aspecto, à
pedra de jaspe”. A aparência de Deus é como o jaspe e
a muralha da cidade é feita de jaspe expressando a
mesma aparência de Deus. Essa é a glória que a
cidade tem. Tal glória não é um brilho ou esplendor
objetivo. A glória aqui é a realidade divina expressa. A
realidade divina expressa por um Corpo coletivo é
glória. Essa é a glória na qual vamos entrar. A glória
na qual entraremos não é um brilho ou esplendor
objetivo; é o próprio Deus resplandecendo em nós,
através de nós e por nós.
Onde está a glória na Nova Jerusalém? Está no
centro, no coração da cidade. Deus, a fonte da glória,
está no trono no centro da Nova Jerusalém. Deus no
trono é a substância, a essência e o elemento da
glória. Em Apocalipse 21 essa glória é chamada de luz
(v. 23). Essa luz não é uma luz natural, como a luz do
sol, da lua e das estrelas, nem é uma luz feita pelo
homem, como uma lâmpada. Não, ela é a luz divina, o
próprio Deus. Essa é a fonte da glória. Deus como luz
brilha no Cordeiro e através Dele como a lâmpada,
resplandecendo, por fim, por toda a cidade, fazendo
com que a cidade se pareça com o próprio Deus.
Quando olhamos para a Nova Jerusalém, vemos a
expressão da aparência de Deus, a luz na lâmpada
brilhando através do jaspe. Isso é glória. Glória é
Deus expresso através do Seu povo redimido. Oh,
como todos nós precisamos ver o que realmente é a
glória!
Nestas mensagens, temos falado muito sobre
cruzar o rio. Precisamos cruzar o rio para o lado da
glória, para a região da glória. Mas isso não significa
que entraremos na glória num sentido físico ou que
andaremos em ruas de ouro. Não, as coisas
pertencentes a Deus e ao Seu propósito eterno são tão
misteriosas, espirituais e divinas que nenhuma
palavra humana pode ilustrá-las adequadamente e
nenhuma mente humana pode compreendê-las
suficientemente. Por isso, a Bíblia usa símbolos para
representar a realidade divina. Quando a Bíblia diz
que Cristo é o Cordeiro, é claro que ela não quer dizer
que Ele é literalmente um cordeiro com quatro patas
e uma cauda. Quando a Bíblia diz que Cristo é o
Cordeiro de Deus (Jo 1:29), ela se refere à redenção
divina.
Como um todo, a Bíblia revela que o Ser Divino,
o Deus Todo-Poderoso, quer ter uma expressão plena
por meio de um povo corporativo. Para esse propósito
Ele criou o universo, incluindo os céus e a terra. Para
esse propósito, Ele especificamente e especialmente
criou o homem como uma entidade coletiva para
contê-Lo, ser enchido por Ele, viver por Ele e ter seu
ser Nele a fim de expressá-Lo. Por fim, esse homem
coletivo será a Nova Jerusalém como expressão
coletiva de Deus. Deus estará lá como o centro, a
essência, a substância, o conteúdo, a vida e como tudo
para esse homem coletivo. Deus será o esplendor lá.
Ele resplandecerá do interior desse homem coletivo e
por meio dele. A glória de Deus estará ali e todos os
membros desse homem coletivo serão conduzidos à
gloria.
Agora somos capazes de compreender o
significado da glória à qual estamos sendo
conduzidos. Essa glória não é meramente um brilhar
objetivo; ela é o próprio Deus expresso. Quando o
próprio Deus vem para dentro de nós, Ele é vida;
quando Ele trabalha em nós, Ele é luz, e quando Ele é
expresso em nós, Ele é glória. Esse é o alvo eterno de
Deus, ao qual Ele está nos conduzindo. Deus agora
está nos introduzindo na região da glória, a qual é o
próprio Deus expresso.
A NECESSIDADE DE CRUZAR O RIO
Embora Deus tenha criado o homem com tal
intenção e propósito, o homem foi arruinado e
corrompido. Em certo sentido, a humanidade
arruinada tornou-se a Caldéia, a Babilônia, terra de
idolatria. A Bíblia usa com freqüência terras e cidades
para simbolizar o homem. Assim, a Caldéia e
Babilônia significam o homem arruinado e
corrompido, cheio de idolatria. Como o homem caiu,
é preciso cruzar o rio, saindo da terra corrompida e
entrando na nova terra elevada, isto é, entrar em uma
nova humanidade elevada. Assim Deus veio e chamou
Abraão para fora daquela humanidade arruinada, isto
é, da Caldéia, tornando-o cabeça e pai da raça
chamada. Abraão cruzou o rio e tornou-se o primeiro
hebreu, o primeiro cruzador de rio. O fato de Abraão
ter cruzado o rio e ter entrado na nova terra
significava sua entrada em uma nova humanidade
elevada que serve para ser usada por Deus a fim de
ser Sua expressão.

O OBJETIVO EM CRUZAR O RIO


A expressão de Deus foi simbolizada pelo Seu
templo, Sua habitação na terra. A intenção de Deus ao
chamar Abraão era obter tal habitação. Abraão foi
chamado para que, por fim, fosse produzida a
edificação da habitação de Deus. Isso não é algo de
pouca importância. Precisamos olhar para a Bíblia e
para as pessoas na Bíblia como um todo, e não
considerar somente algumas pessoas
individualmente, tais como Abraão, Isaque, Jacó e
Moisés. Qual era a intenção de Deus ao chamar
Abraão? Sua intenção era que todos os descendentes
de Abraão pudessem ser edificados como habitação
de Deus na terra. Por fim, o resultado de Abraão ter
sido chamado foi o templo. Cruzar o rio foi para a
edificação do templo. Qual é o significado da
edificação do templo? É a expressão coletiva de Deus.
O templo, a habitação de Deus, é a expressão coletiva
de Deus na terra. O templo foi enchido com a glória
de Deus (1Rs 8:10-11). Quando o templo foi erigido,
durante o reino de Salomão, a glória de Deus o
encheu. Naquela ocasião todos os filhos de Israel
foram levados à glória. O templo físico simbolizava o
povo de Israel. A habitação de Deus na terra não era
uma casa feita de pedras. Aquilo era apenas um
símbolo. A verdadeira habitação de Deus na terra,
naquele tempo, era o povo de Israel. Quando a glória
de Deus encheu o templo, significava que a glória de
Deus havia enchido os filhos de Israel. Os filhos de
Israel foram conduzidos à glória. Esse é o verdadeiro
alvo de um cruzador de rio, o verdadeiro objetivo de
ser um hebreu.

O SIGNIFICADO DE CRUZAR O RIO


Se você conhece o âmago da Bíblia, você
perceberá que em toda parte há um rio para o povo de
Deus cruzar. Como já mencionei, havia um rio
parado, a bacia, diante do tabernáculo (Êx 40:30-32).
Sempre que um sacerdote quisesse ir à presença de
Deus, ele tinha de atravessar aquele “pequeno rio”.
Dizer que seria suficiente aos sacerdotes lavar-se uma
única vez para sempre, seria ridículo. Quantas vezes
os sacerdotes tinham de lavar-se? Depende de
quantas vezes eles entrassem na presença de Deus.
Nós, igualmente, precisamos ser lavados mais de uma
vez. Quantas vezes precisamos ser lavados? Sempre
que estivermos sujos. Lavar-se é simplesmente cruzar
o rio. Esse lavar não terminará até que estejamos
sobre o mar de vidro (Ap 15:2-3). Quando entrarmos
na Nova Jerusalém, não haverá mais poeira, mas
somente ouro, pérola e pedras preciosas. Lá, jamais
haverá sujeira novamente. Não haverá bacia nem mar
de vidro diante da Nova Jerusalém. Mas haverá um
lago de fogo, e tudo que tiver sido removido pelo lavar
irá para lá. Agora entendemos o que significa cruzar o
rio: é lavar-nos de tudo que é velho, tudo que é
decadente e tudo que não combina com a glória de
Deus.
Abraão foi chamado para cruzar o rio. Depois
daquele cruzar de rio inicial, quantos cruzares de rio
se seguiram a ele? Primeiramente, houve o cruzar do
Mar Vermelho, e depois o cruzar do rio Jordão. Na
ocasião de cruzar o Mar Vermelho, as forças egípcias
foram sepultadas (Êx 14:28). E o que foi sepultado no
rio Jordão? O ego. Quando os filhos de Israel
cruzaram o rio Jordão, doze pedras, representando o
velho Israel, foram sepultadas ali, e outras doze
pedras, representando o novo Israel, foram retiradas
do rio e colocadas na boa terra (Js 4:8-9). Precisamos
cruzar para fora do Egito. Precisamos cruzar para
fora das forças egípcias e do poder egípcio.
Precisamos cruzar para fora das lojas de
departamentos egípcias e da moda egípcia. Por fim,
precisamos cruzar para fora de nós mesmos.
Precisamos cruzar o Mar Vermelho e o rio Jordão.
Então teremos o templo edificado.
Não pense que depois de cruzar o Mar Vermelho
e o rio Jordão não haja mais rios para serem
cruzados. Toda vez que você desejar entrar no
templo, você precisará cruzar o rio — a bacia. Você
ainda precisa cruzar o mar de vidro. A cada dia e a
cada momento, você precisa cruzar o rio para entrar
no Santo dos Santos, na presença da glória shekiná,
onde Deus habita. É isso que significa ser conduzido à
glória. Cruzar todos os rios nos conduz à glória, a
glória que é o próprio Deus expresso.

O SENHOR JESUS COMO O EXEMPLO


TÍPICO
Para isso, temos não apenas o tipo claro de
Abraão e seus descendentes consumando na
edificação do templo, mas temos um exemplo típico
— o Senhor Jesus. O Senhor Jesus, como Pioneiro e
Precursor, é o exemplo, o modelo de uma pessoa que
cruzou o rio e entrou na glória de Deus. Ele cruzou o
rio Jordão e entrou plenamente na glória divina (Lc
24:26; 1Pe 1:11).
Que glória é essa na qual Cristo entrou? É a
expressão plena de Deus. Quando o Senhor estava em
carne, Deus estava oculto Nele. Em Se~ interior
estava a semente da glória divina. Em Jesus, o
nazareno, com sangue e carne, estava a semente da
glória divina. Mas essa glória estava oculta no Seu
interior, assim como a glória de um cravo está oculta
na semente de cravo. Após a semente de cravo cair na
terra, ela morre e cresce até atingir o estágio de
florescimento — a semente de cravo foi conduzi da à
glória. Jesus foi tal semente. Ele caiu na terra, morreu
e cresceu (Jo 12:23-24). Pelo Seu crescimento, todo o
Seu ser, incluindo Sua humanidade e natureza
humana, foi levado à expressão gloriosa de Deus.
Essa foi Sua glória. O Senhor Jesus sofreu a morte,
cruzando o rio da morte, e entrou na glória, na
expressão plena do Ser Divino. O que foi tipificado
por Abraão e seus descendentes na época da
edificação do templo foi cumprido no Senhor Jesus.
Após ter vivido na terra por trinta e três anos e meio,
o Senhor cumpriu o tipo. Jesus cruzou o rio. Ele
primeiramente cruzou o rio por ocasião do Seu
batismo. Durante três anos e meio após Seu batismo,
Ele estava continuamente cruzando rios. Por fim, na
cruz, Ele cruzou o rio da morte. Cruzando o último
rio, Ele entrou na glória. A glória na qual Ele entrou é
a realidade da expressão do ser divino de Deus.
Depois de Sua ressurreição, Ele foi a expressão
gloriosa de Deus. Essa foi a glória na qual Ele entrou.
Ele é o exemplo, o modelo, porque Ele foi o primeiro
que entrou na glória, o que abriu o caminho.

ALÉM DO VÉU
Esse Pioneiro, esse Precursor, entrou além do
véu (Hb 6:19-20). Que é o véu? O véu é aquilo que nos
separa da expressão de Deus. Cada rio é um véu que
nos separa da expressão de Deus. Por atravessar o
Jordão, o rio da morte, Jesus entrou além do véu. Ali,
além do véu, não há nada além da expressão de Deus.
Ele agora está lá na glória. Há um homem na glória.
Isso significa que há um homem na expressão de
Deus, um homem que é a glória de Deus.

CRISTO COMO A GLÓRIA EM NÓS


Esse homem maravilhoso, Jesus, que é o Modelo,
o Exemplo, o Precursor, Pioneiro e Autor, um dia
entrou em nós. Poderíamos não ter consciência disso,
mas Ele entrou em nós. Embora possamos saber que
Jesus entrou em nós, provavelmente não sabemos
quem Ele é, pois a maioria dos crentes O entende
segundo o nível da pregação do evangelho. Quem é
esse Jesus que entrou em nós? Ele é não só o
Salvador, mas é também Aquele que tomou a frente
em correr a corrida para a glória, Aquele que entrou
na expressão plena de Deus, Aquele que, mesmo hoje,
é a expressão plena de Deus. Esse Jesus, que é a
expressão de Deus, o resplendor da glória de Deus
(Hb 1:3), é o Jesus que entrou em nós. Portanto,
Colossenses 1:27 diz: “Cristo em vós, a esperança da
glória”. No passado, provavelmente, o máximo que
poderíamos dizer é que Cristo era a vida eterna em
nós. Se não tivéssemos Colossenses 1:27, jamais
imaginaríamos que o Jesus que está em nós é a
esperança da glória. Nossa esperança da glória é
simplesmente o próprio Cristo.
Essa glória ainda é uma esperança para nós,
porque ela ainda não saiu de nós. Uma vez que você
semeia na terra uma semente de cravo, você tem a
esperança de que ela floresça. Embora você ainda não
possa vê-la florescendo, você crê que ela vai florescer.
Cristo em nós é a esperança da glória. Uma vez que a
semente da glória foi semeada em nós, todos nós
esperamos vê-la florescer.
Por um lado, esse maravilhoso Senhor está além
do véu, habitando ali na expressão de Deus e como a
expressão de Deus. Por outro, Ele entrou em nós. Não
deveríamos tentar entender isso com nossa pequena
mente, dizendo: “Cristo estava além do véu e agora
Ele entrou em mim. Uma vez que está em mim, Ele já
não deve mais estar lá”. Esse é nosso conceito natural.
Não deveríamos ficar em nossa pequena mente —
precisamos cruzar o rio. Podemos usar o exemplo da
eletricidade para ilustrar como Cristo pode estar lá,
além do véu, e aqui em nós ao mesmo tempo. A
eletricidade está na usina geradora assim como no
nosso quarto. Quando a eletricidade entra no quarto,
ela não deixa a usina geradora. Igualmente, por um
lado, Cristo está lá, além do véu, e, por outro, Ele está
em nós. Ele não precisa deixar a glória para vir para
dentro de nós. Enquanto Ele está além do véu e
dentro de nós, Ele está ministrando de lá para cá. Ele
entrou além do véu como o Pioneiro, o Precursor,
entrando na glória que é a plena expressão gloriosa
do Ser Divino. Agora, Ele está na glória como o Autor
da nossa salvação. Um dia esse Autor da salvação
entrou em nós. Mas em Sua vinda para nós, Ele nunca
deixou a glória. Ao contrário, Ele trouxe a glória para
dentro de nós. Isso é maravilhoso! Quando o Autor da
salvação entrou em nós, a glória veio com Ele. Em
outras palavras, o Autor da salvação veio para dentro
de nós para ser a glória. De qualquer maneira, Ele
veio para ser a semente da glória. Agora, todos nós
temos essa semente da glória, isto é, o próprio Autor
da salvação, em nós. Por que Ele é chamado de
Autor? Porque Ele tomou a iniciativa de abrir
caminho para entrar na glória. Uma vez que Ele foi o
primeiro a entrar na glória, Ele, como nosso
Precursor, é plenamente qualificado para ser nosso
Autor, ou Líder.
Agora estamos preparados para entender a
questão de Jesus ter sido aperfeiçoado por meio de
sofrimentos (Hb 2:10). Como é que Seus sofrimentos
O qualificaram a ser o Autor? Porque sem passar por
sofrimentos Ele não poderia estar na glória e, se não
estivesse na glória, Ele não estaria aperfeiçoado ou
qualificado. Mas por ter passado por sofrimentos, Ele
entrou na glória. Ele agora está plenamente
qualificado, plenamente aperfeiçoado para cumprir
Seu ofício de Autor. Portanto, Ele pode vir até nós
tanto como Autor quanto como a glória.
Neste exato momento, Ele está ministrando de lá
para cá. Enquanto ministra a nós dessa maneira, Ele
não é apenas o Autor, mas também o Sumo
Sacerdote. Ele é o Sumo Sacerdote ministrando a Si
mesmo a nós como pão e vinho. O Senhor
continuamente ministra-se a nós como graça. A
Primeira Epístola de Pedro 5:10 fala do Deus de toda
graça. Quando Paulo estava sofrendo por causa de um
espinho na carne, ele pediu ao Senhor três vezes que o
removesse (2Co 12:7-8). Mas o Senhor respondeu a
Paulo dizendo: “A minha graça te basta”. O Senhor
parecia estar dizendo a Paulo: “Não serei tolo de
remover o espinho. Em vez disso, porei à sua
disposição Minha graça suficiente. Ministrarei a Mim
mesmo para você como suprimento, como graça,
como pão e vinho, que te sustentarão e serão seu
apoio à medida que você passa por todos os
sofrimentos. Esses sofrimentos produzirão a glória
em você”.

O PESO ETERNO DE GLÓRIA


Paulo sabia que os sofrimentos cooperam para
conduzir-nos à glória, por isso ele pôde dizer: “Por
isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o
nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso
homem interior se renova de dia em dia. Porque a
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação”
(2Co 4:16-17). Em 2 Coríntios 4:17 Paulo fez uma
comparação, confrontando a “leve e momentânea
tribulação” presente, com o “eterno peso de glória”.
Ele estava dizendo que o eterno peso de glória
suplanta em muito a leve e momentânea tribulação.
Aqui vemos três comparações: tribulação com glória,
leveza com peso, e momentânea com eterno.
Quaisquer que sejam os sofrimentos pelos quais
passamos, são leves. Essa leve e momentânea
tribulação não pode ser comparada ao eterno peso de
glória. Não se incomode com seus sofrimentos. Em
vez disso, você deve dizer a Satanás: “Satanás, apesar
dos sofrimentos pelos quais estou passando, estou
feliz. Isso não é um peso, é leve”. Irmãos e irmãs,
vocês sentem que estão sob um fardo pesado? Muitas
irmãs têm vindo a mim, dizendo: “Irmão, você não
sabe quão difícil e pesada é a minha situação! Você
não sabe o peso que está sobre mim!” Irmãs, é errado
falar assim. Seu sofrimento não é um peso; é leve. O
verdadeiro peso é a glória. Todos os seus sofrimentos
são leves, são a leve e momentânea tribulação que
produz em nós eterno peso de glória.
Mais uma vez precisamos perguntar: que é
glória? Glória é a expressão de Deus. Não é preciso
esperar a eternidade para ter a expressão de Deus.
Mesmo hoje, depois de os santos terem
experimentado uma leve e momentânea tribulação,
podemos ver a glória neles. Posso testificar que tenho
visto muitos amados santos assim. Eles passaram por
sofrimentos e, por fim, a expressão de Deus se
manifestou neles. Quanto mais eles sofrem, mais eles
são introduzidos na expressão de Deus. Não somente
no futuro, mas hoje mesmo os sofrimentos nos
introduzem na expressão de Deus. Isso é o peso de
glória.

CRISTO VINDO DE FORA E DE DENTRO


Romanos 8:30 diz que “aos que justificou, a esses
Deus também glorificou”. Isso não significa
colocar-nos na glória. Colocar-nos na glória é uma
coisa e glorificar-nos é outra. Então, 2
Tessalonicenses 1:10 diz: “Quando vier para ser
glorificado nos seus santos”. Um dia, no momento
adequado, Cristo virá para ser glorificado em nós.
Isso significa que Ele fluirá de nós. Se você conhece a
Bíblia, você perceberá que, por um lado, Cristo está
vindo exteriormente, e que, por outro, Ele está vindo
do nosso interior. Ele foi semeado em nós como a
semente da glória. Essa semente crescerá até alcançar
o estágio de florescimento. Então a glória surgirá.
Eu creio literalmente na segunda vinda do
Senhor. Mas na Bíblia, o conceito de Sua volta não é
superficial. Por que o Senhor ainda não veio? É muito
fácil para Ele descer do alto. Ele pode fazê-lo a
qualquer momento. Mas não Lhe é fácil fluir de nós.
Embora Ele possa descer do alto a qualquer
momento, onde estão as pessoas das quais Ele possa
fluir? É muito fácil para Ele brilhar sobre nós, mas
Lhe é difícil ser glorificado em nós. É fácil para Ele
colocar-nos na glória, mas não é tão fácil
glorificar-nos. Por exemplo: se uma pessoa tem a
compleição pálida, é fácil deixá-la corada
adicionando alguma maquiagem. Mas para que sua
brancura seja interiormente transformada em uma
face corada, é necessário tempo.
A Bíblia diz que Deus está conduzindo muitos
filhos à glória, mas ela também diz que Ele irá nos
glorificar. Glorificar-nos significa ter a glória que foi
semeada em nós saturando todo o nosso ser. Quando
todo o nosso ser for saturado e permeado com o
elemento da glória, essa glória fluirá de nós. É isso
que significa glorificar-nos. Quando
experimentarmos essa glorificação, estaremos na
expressão de Deus. Nessa ocasião estaremos
totalmente na outra margem, totalmente na
expressão de Deus. Essa é a nossa glória.
Agora entendemos o que significa entrar na
glória, o que significa Deus conduzir-nos à glória.
Louvado seja o Senhor, porque estamos cruzando o
rio! Ainda estamos cruzando o rio — cruzando o rio
do velho cristianismo para a nova vida da igreja,
cruzando o rio do velho ego para o novo espírito,
cruzando o rio de todas as coisas que não são o
próprio Deus para a expressão de Deus. Todos os dias
somos os verdadeiros cruzadores de rio. Diariamente
estamos cruzando o rio. Nosso Autor já cruzou todos
os rios. Ele abriu o caminho e agora Ele é o Pioneiro,
o Precursor, o Autor e o Líder, conduzindo-nos à
glória. Para isso Ele entrou em nós como Autor e
como a semente da glória. Agora mesmo Ele está na
glória de Deus ministrando a nós, ministrando a Si
mesmo para nós como o pão e o vinho para nos
sustentar. Esse é o Líder e o Autor da salvação.
Enquanto estamos nos dirigindo à glória, a glória está
em nós. Louvado seja Ele!
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 11
O QUE SANTIFICA E OS QUE SÃO SANTIFICADOS
Nesta mensagem chegamos à questão da
santificação.
Nenhum livro da Bíblia fala tanto sobre
santificação como Hebreus. É absolutamente
essencial que tenhamos santidade, pois sem ela não
podemos viver na presença de Deus. Em 12:14 é-nos
dito que sem santificação ninguém verá o Senhor.
Entretanto, é muito difícil definir santificação. Para
entender o que é santificação, precisamos ver um
pouco do pano de fundo das várias escolas de
ensinamentos cristãos sobre santificação ou
santidade.
A santificação é plenamente revelada nas
Escrituras, no Antigo e no Novo Testamentos.
Embora seja revelada nas Escrituras, ela foi quase
totalmente perdida. Na época da Reforma, Deus
começou a restaurar todas as Suas verdades. A
primeira verdade que Deus restaurou foi a
justificação pela fé. Se ler a história da igreja nos
últimos quinhentos anos, você descobrirá que, após
Deus restaurar a justificação, a verdade seguinte a ser
restaurada foi a santificação. Porém a santificação
não foi restaurada tão claramente como a justificação.
Mesmo a justificação, embora tenha sido claramente
restaurada, não foi restaurada totalmente. Ela foi
restaurada objetivamente, mas não subjetivamente.
Vimos isso no Estudo-Vida de Romanos 13 .
13
Já traduzido para o português por esta Editora. (N.T.)
Entretanto, depois da restauração da justificação pela
fé, veio a restauração da santificação, mas de maneira
não muito exata.
Não podemos dizer quem foi a primeira pessoa
usada por Deus para restaurar a santificação. Mas
sabemos que, segundo a história da restauração, no
século 18, Deus usou um grupo de estudantes
universitários em Oxford — John Wesley, Charles
Wesley e George Whitefielcf. Esses jovens começaram
a reunir-se. John Wesley foi levantado por Deus com
a ajuda dos irmãos da Morávia, sob a liderança de
Zinzendorf. Os irmãos morávios ajudaram John
Wesley a ter clareza sobre a salvação. Wesley fora
convidado a falar nos Estados Unidos. Até essa
ocasião ele não tinha clareza a respeito de sua
salvação. Foi no navio, a caminho dos Estados
Unidos, que ele foi ajudado sobre isso pelos irmãos
morávios. Depois de ficar algum tempo nos Estados
Unidos, Wesley voltou para a Europa e visitou a
Boêmia, lugar onde Zinzendorf e outros haviam
começado a praticar a vida da igreja. John Wes1ey
recebeu uma grande ajuda deles enquanto esteve lá.
Em um de seus escritos, ele diz que se não tivesse
encargo pela Inglaterra, ele teria permanecido na
Boêmia pelo resto de sua vida. Para ele, aquele era o
lugar onde Deus habitava. Wesley, entretanto, teve o
encargo de voltar para a Inglaterra. A história nos
conta que o reavivamento iniciado por John Wesley
salvou a Inglaterra de uma revolução. Menciono isso
para mostrar-lhes a extensão da influência da
pregação de John Wesley.
O grupo de estudantes de Oxford, que incluía
John Wesleye George Whitefield, adotou certos
regulamentos religiosos, chamados de métodos, que
eles usavam para controlar-se, corrigir-se e
comportar-se. Eles eram muito rigorosos em
controlar-se por esses métodos. John Wesley e os
demais guardavam esses métodos a fim de ter um
viver adequado. Eles vieram a considerar aquilo como
um tipo de viver santo. Essa é a santidade praticada
pelos metodistas, como uma perfeição sem pecado. A
Igreja do Nazareno, a Igreja de Deus e a Assembléia
de Deus hoje praticam um tipo de santidade que é da
mesma escola de santidade dos metodistas.
Então, no começo do século dezenove, surgiram
os Irmãos Unidos, sob a liderança de John Nelson
Darby. Os Irmãos Unidos mostraram na Bíblia que
santidade não é perfeição sem pecado. Usando
Mateus 23:17, eles mostraram como o templo
santificava o ouro. Era o templo que tornava santo o
ouro. Esses mestres entre os Irmãos Unidos
mostraram que o ouro no mercado, embora não
houvesse nada pecaminoso com ele, não era santo
enquanto não fosse oferecido a Deus e colocado no
templo santo. Somente, então, o ouro era santificado.
A argumentação deles era muito forte e ninguém
podia derrotá-los. Além disso, usando Mateus 23:20,
os mestres dos Irmãos Unidos mostraram que,
segundo as palavras do Senhor Jesus, é o altar que
santifica o sacrifício. Eles diziam que um boi ou um
cordeiro, quando no campo, podiam estar sem
pecado e perfeitamente bem. Todavia, eles eram
comuns. Somente quando eram oferecidos a Deus no
altar, aí então eles eram santificados.
Doutrinariamente falando, os Irmãos Unidos
derrotaram o ensinamento de que a santidade é uma
questão de perfeição sem pecado, provando que isso
não tinha base nas Escrituras e que é um conceito
humano de santidade. Os Irmãos Unidos, famosos
por seus debates doutrinários, apelaram também
para 1 Timóteo 4:4-5, que diz que a comida é
santificada pela oração dos santos. Quando essa
comida está no mercado, ela é comum. Pode não
haver nada de errado com ela e não ter pecado nela,
mas ela é comum. Entretanto, quando essa comida é
posta na mesa de refeição dos santos e eles oram por
ela, ela é santificada pela oração dos santos. Usando
todos esses versículos, os mestres dos Irmãos Unidos
mostraram que a santificação implica uma mudança
de posição. Eles disseram que a santificação é uma
questão totalmente posicional. O ouro, por exemplo,
é comum enquanto ainda está na loja, mas quando é
colocado no templo, é santo. Sua posição foi mudada.
Igualmente, quando o cordeiro ainda está no pasto,
ele é comum, mas quando é colocado no altar, é
santo. A comida no mercado também é comum, mas é
santificada pelas orações dos santos. Assim, à luz de
todos esses versículos, os Irmãos Unidos ensinavam
que santidade significa uma mudança de posição.
Originalmente, nossa posição era mundana e nada
tinha que ver com Deus. Quando fomos separados
para Deus, nossa posição mudou e, como resultado,
nos tornamos santos.
Esse ensinamento dos Irmãos Unidos é
totalmente correto. Quando estudamos as várias
escolas de santificação, há muitos anos,
concordávamos com o ensinamento dos Irmãos
Unidos. Vimos que perfeição sem pecado não é
santidade genuína. Entretanto, embora a santidade
seja um assunto posicional, à medida que
estudávamos o Novo Testamento descobrimos que a
santidade, a santificação, não é meramente um
assunto posicional, mas também é algo disposicional.
Santificação não é apenas uma questão de mudar
nossa posição, mas também de mudar nossa
disposição. Sim, segundo os versículos que falam do
ouro santificado pelo templo, do sacrifício santificado
pelo altar e da comida santificada pela oração dos
santos, indubitavelmente há um aspecto posicional
na santificação. Mas também precisamos considerar
Romanos 6, onde a palavra santificação é usada duas
vezes (vs. 19, 22). Há uma diferença entre as palavras
santidade e santificação, pois santidade não inclui
experiência, mas santificação indica ou implica
alguma experiência. Se ler Romanos 6, você verá que
essa passagem não se preocupa com a questão da
posição, mas da disposição. Ela toca não apenas
nossa posição, mas vai mais profundo, tocando nossa
disposição.
Em Hebreus 2, assim como em Romanos 6,
santidade refere-se principalmente à natureza divina
de Deus. Santificação é o operar da santidade de Deus
em nós pelo fato de termos a natureza divina de Deus
transmitida para nosso ser. Isso não é a santificação
posicional; é a santificação disposicional. Nessa
santificação, Cristo, como Espírito que dá vida, está
saturando todas as partes interiores do nosso ser com
a natureza divina de Deus. Isso é operar a santidade
de Deus em todo o nosso ser. Podemos chamar isso
de santificação disposicional.
Agora chegamos a Hebreus 2:11 que diz: “Pois,
tanto o que santifica como os que são santificados,
todos vêm de um só”. A frase “todos vêm de um só”
refere-se à posição ou à disposição? Sem dúvida, “o
que santifica” é Cristo, e “os que são santificados”
somos nós. Assim, Cristo e nós viemos de um só. A
palavra grega traduzida por “de,” na verdade significa
“proveniente de”. Isso significa que Cristo e nós, o
que santifica e os que são santificados, somos todos
provenientes de uma só fonte, um só Pai. A fonte
certamente não se refere à posição, mas à natureza, à
disposição. O que santifica e os santificados são todos
da única fonte, de um único Pai. O Pai é a fonte do
que santifica e de todos os que são santificados. Isso
não é uma questão de posição, mas de disposição.
O restante do versículo 11 diz: “Por isso é que ele
não se envergonha de lhes chamar irmãos”. Qual é o
motivo aludido pela locução “por isso”? Pelo motivo
de que Ele e nós somos todos provenientes do mesmo
Pai, a mesma fonte. Por isso, Ele não se envergonha
de nos chamar irmãos,
Muitas pessoas são afeiçoadas a cachorros. Você
está disposto a chamar um cachorro de irmão? Você
diria a um cachorro: “Querido irmão, eu te amo”? É
claro que não. Nenhum de nós chamaria um cachorro
de irmão. Teríamos vergonha de fazê-lo. Nós não
temos quatro patas e uma cauda. Somos homens. Não
chamaríamos alguém de irmão a não ser que
tenhamos a mesma fonte. Somente assim não
sentiríamos vergonha de chamar alguém de irmão,
Da mesma maneira, Cristo não se envergonha de nos
chamar irmãos, porque Ele e nós somos provenientes
do mesmo Pai. Como resultado, Ele e nós temos a
mesma vida, natureza e disposição. Por esse
versículo, podemos ver que santificação aqui não é
nem perfeição sem pecado nem meramente uma
mudança posicional. É mais profundo e mais elevado
que isso, é uma mudança disposicional.
Como vimos, entre os cristãos há três escolas
sobre santidade ou santificação. A primeira ensina
que santidade é uma questão de perfeição sem
pecado. Isso não é absolutamente bíblico. Não há
base nas Escrituras para esse ensinamento. A
segunda diz que a santidade é posicional. Há uma
forte base para isso nas Escrituras, mas não inclui
tudo sobre santidade e santificação que é mencionado
nas Escrituras. A santidade, a santificação
mencionada na Bíblia inclui transformação
disposicional juntamente com mudança posicional.
Hebreus 2 está no lado disposicional, não no
posicional. Santificação em 2:11 não se refere à
posição, mas à disposição, à natureza e à fonte.
O que santifica e os que são santificados vêm
todos de um só. Por isso, Ele não se envergonha de
chamar-nos irmãos. Em vez disso, para Ele é glorioso
chamar-nos irmãos, porque Ele e nós somos da
mesma fonte. Ele veio do Pai e nós também. Podemos
dizer ao Senhor: “á Senhor Jesus, Tu tens a vida do
Pai e nós também a temos. Tu tens a natureza divina
do Pai e nós também a temos. Somos Teus irmãos.
Senhor, somos da mesma fonte que Tu”.
Esse é o conceito básico de santificação
disposicional, a santificação encontrada em Romanos
6 e Hebreus 2.

I. O QUE SANTIFICA

A. O Filho de Deus Encarnado


Quem é O que santifica? O que santifica é o Filho
de Deus. Em Seu estado original, e antes de Sua
encarnação, o Filho de Deus não poderia nos
santificar. O que santifica não somente é o Filho de
Deus, mas é o Filho de Deus encarnado. Se Ele nunca
se tivesse encarnado, Ele seria incapaz de
santificar-nos. Digo isso enfaticamente. Embora Ele
pudesse ser capaz de santificar você segundo seu
conceito de santificação, Ele seria incapaz de
santificá-lo segundo a economia de Deus.

B. O Filho do Homem Crucificado,


Ressurreto, Glorificado e Exaltado
Como Aquele que se encarnou, Cristo é o Filho
do Homem. Esse Filho do Homem não poderia nos
santificar enquanto não fosse crucificado,
ressuscitado, glorificado e exaltado. Essas são Suas
qualificações para que seja nosso Santificador. O
Filho encarnado de Deus precisava passar pela morte
e ressurreição para que Sua humanidade pudesse
nascer de Deus e para que Ele pudesse ser glorificado
e exaltado à posição de Santificador.

C. Gerado como o Filho Primogênito de Deus


Para ser o Santificador, Cristo tinha de ser
gerado como o Filho Primogênito de Deus (1:6).
Antes de Jesus Cristo ter sido ressuscitado, Deus não
tinha um Filho Primogênito, mas tinha apenas o
Filho Unigênito. Qual é a diferença entre o Filho
Primogênito e o Filho Unigênito? Como o Filho
Unigênito, Cristo não tinha a natureza humana; tinha
somente a natureza divina. Quando se fez carne, Ele
se revestiu da natureza humana. Ele tinha somente a
natureza divina. Os trinta e três anos e meio de Sua
vida na terra foram um estágio transitório. Por um
lado, Ele ainda era o Filho Unigênito de Deus; por
outro, Ele havia se revestido da natureza humana. A
natureza divina em Seu interior era o Filho de Deus,
mas a natureza humana não. Portanto, durante esses
trinta e três anos e meio, Jesus era muito peculiar. Ele
tinha a natureza divina — que era o Filho de Deus-,
mas tinha também a natureza humana, a qual não era
do Filho de Deus. Aquela natureza humana não havia
nascido de Deus. Segundo Sua divindade, Sua
natureza divina, Ele era o Filho de Deus. Mas, antes
de Sua ressurreição, Ele tinha algo que não era
nascido de Deus — a natureza humana. Ele precisava
passar pela morte e ressurreição para que aquela
parte humana nascesse de Deus. Salmos 2:7 é uma
base forte para isso: “Tu és meu Filho, eu, hoje, te
gerei”. O que fora profetizado em Salmos 2:7, foi
cumprido no dia da ressurreição. Isso é provado por
Atos 13:33 que, referindo-se à ressurreição de Cristo,
cita esse versículo de Salmos 2. Em Sua natureza
humana, Cristo foi gerado como Filho de Deus no dia
da ressurreição. Depois disso, Ele se tornou o Filho
Primogênito de Deus. Agora, como o Filho
Primogênito, Ele tem tanto a natureza divina como a
humana. Como o Filho Unigênito de Deus, Ele não
tinha a natureza humana. Enquanto esteve na terra,
após Sua encarnação, Ele tinha a natureza humana,
mas naqueles trinta e três anos e meio, Sua natureza
humana não havia nascido de Deus. Foi por meio de
Sua ressurreição que a parte humana do Seu ser
nasceu de Deus. Por esse gerar, Ele se tornou o Filho
Primogênito de Deus. Enquanto o Filho Unigênito de
Deus tinha apenas a natureza divina e não tinha a
natureza humana, Jesus, hoje, como o Filho
Primogênito de Deus, tem ambas as naturezas. Isso
não é algo de pouca importância; é muito importante.
Deixem-me perguntar-lhes: vocês são filhos de
Deus? Se disserem que sim, que tipo de filhos de Deus
vocês são? São como o Primogênito ou como o
Unigênito? Somos como o Filho Primogênito de
Deus, porque somos filhos de Deus com a natureza
divina, assim como com a natureza humana. Somos
filhos de Deus segundo o Filho Primogênito, não
segundo o Filho Unigênito.
Agora podemos entender por que o Filho
Unigênito de Deus não podia santificar-nos e por que
o Filho Primogênito de Deus pode. O Primogênito
pode santificar-nos, porque Ele, assim como nós, tem
duas naturezas e nós temos as mesmas naturezas que
Ele. Nosso Santificador não é o Filho Unigênito de
Deus, mas é o Filho Primogênito de Deus, Aquele que
tem a natureza humana assim como a divina. Pelo
fato de Ele e nós sermos das duas mesmas naturezas,
Ele pode santificar-nos. Somente quando o Filho
Primogênito foi gerado é que o Santificador pôde
assumir Sua função de fazer a obra de santificação.
Isso significa que Ele tinha de passar pelo processo de
encarnação, crucificação, ressurreição, glorificação e
exaltação. Após passar por esse processo, Ele se
tornou o Filho Primogênito de Deus. Em outras
palavras, o Filho Primogênito de Deus foi gerado.
Esse é o nosso Santificador. Ele está qualificado para
ser nosso Santificador, e nós estamos qualificados
para ser santificados.
O que santifica é Cristo como o Filho
Primogênito de Deus, e os que estão sendo
santificados são os que crêem em Cristo como os
muitos filhos de Deus. Tanto o Filho Primogênito
como os muitos filhos de Deus são nascidos do
mesmo Deus Pai em ressurreição (At 13:33; 1Pe 1:3).
Tanto o Filho Primogênito como os muitos filhos de
Deus são iguais na vida e natureza divinas. Portanto,
Ele não se envergonha de chamá-los irmãos.
II. OS SANTIFICADOS

A. Os Pecadores pelos quais Cristo fez


Propiciação Diante de Deus
Sem dúvida, nós somos os que estão sendo
santificados.
Os santificados são pecadores pelos quais Cristo
fez propiciação diante de Deus (Hb 2:17). Como
pecadores, tínhamos problemas com Deus. Como o
Santificador poderia santificar pessoas que tinham
problemas com Deus? Seria impossível. No entanto, o
Senhor Jesus fez a propiciação por nós (2:17). Que
isso significa? Simplesmente significa que Cristo
apaziguou Deus por causa da nossa situação. Embora
fôssemos pessoas que tinham problemas com Deus,
agora, por meio de Sua propiciação, não temos
problemas com Ele. Podemos declarar ousadamente
que temos a certeza de não ter nenhum problema
com Deus. Talvez você sinta que ainda tem um
problema com Deus. Não creia nos seus sentimentos.
Seus sentimentos nada significam. A Palavra Sagrada
significa tudo, e ela nos diz que Cristo apaziguou-nos
com Deus.

B. As Vítimas da Morte que Foram Libertadas


Nós, pecadores, necessitávamos não só de
propiciação, mas éramos também vítimas da morte.
Nosso destino era a morte. Aleluia, fomos libertados
da escravidão da morte (2:15)! Os dois conceitos, o
conceito de que Cristo fez propiciação por nós e de
que fomos libertados da morte, são muito profundos.
Ambos são mencionados claramente em Hebreus 2.
Cristo fez propiciação por nós e fomos libertados!
Somos um povo sem problemas com Deus e um povo
que já não está escravizado pelo pavor da morte.
Somos livres, libertados, liberados e emancipados.
Somos um povo liberto. Quem pode escravizar-nos
novamente? As pessoas sempre falam dos Estados
Unidos como a terra da liberdade. Certamente, nós,
os crentes, é que estamos na verdadeira terra da
liberdade.

C. Os Muitos Filhos de Deus Gerados


Para sermos santificados, precisamos de outra
coisa: ser gerados como os muitos filhos de Deus. Os
muitos filhos de Deus precisam ser gerados. Do lado
negativo, temos a propiciação pelos nossos pecados e
fomos libertados da escravidão da morte; do lado
positivo, fomos produzidos, gerados, como os muitos
filhos de Deus. O significado da obra santificadora de
Deus é que o Filho Primogênito de Deus está
trabalhando nos muitos filhos de Deus. Isso significa
que o Santificador é o Filho Primogênito de Deus e
que os santificados são os muitos filhos de Deus. O
Primogênito está agora trabalhando em Seus muitos
irmãos. Ele está qualificado para ser o Santificador,
porque é o Filho Primogênito de Deus, e nós estamos
qualificados para ser santificados, porque somos os
muitos filhos de Deus. Ele foi qualificado por meio de
Sua encarnação, crucificação, ressurreição,
glorificação e exaltação. Após ter passado por esse
processo, Ele tornou-se o Filho Primogênito de Deus.
Nossas qualificações para sermos santificados é que
Cristo fez propiciação por nós diante de Deus, fomos
libertados da escravidão da morte, e fomos gerados
para ser os muitos filhos de Deus. Agora, tanto Ele
como nós estamos qualificados. Ele é o Santificador
qualificado e nós somos os santificados qualificados.
Você percebe que é qualificado para ser santificado?
As pessoas na rua não são qualificadas, mas nós
somos plenamente qualificados por meio da
propiciação e ressurreição de Cristo.

III. SANTIFICAÇÃO

A. Para Separar Muitos Filhos para Deus


Santificação significa ser separado para Deus
(Rm 6:19, 22). Embora tenhamos sido nascidos de
Deus na ocasião da nossa regeneração (Jo 1:13), ainda
não fomos totalmente separados para Deus. Na
santificação essa obra é realizada.

B. Para Transformar o Ser Deles


Em segundo lugar, no processo de santificação,
nosso ser é transformado (2Co 3:18). Essa questão de
transformação não é posicional; é totalmente
disposicional. Na transformação, estamos sendo
mudados metabolicamente pelo elemento da vida.
Não se trata de uma mudança ou correção exterior;
mas de uma mudança metabólica, uma mudança
orgânica por meio do elemento da vida.

C. A Fim de Conformá-los à Imagem do Filho


Primogênito
Como resultado da transformação, nós, por fim,
seremos conformados à Sua imagem (Rm 8:29). A
transformação é para mudar nossa natureza, da
natureza de Adão para a de Cristo. A conformação
visa conformar os muitos filhos de Deus à imagem do
Filho Primogénito de Deus. Isso também é uma parte
do processo de santificação.

D. Para Glorificá-los com a Glória de Deus


A obra de conformação, que é baseada na obra de
transformação, resultará na nossa glorificação (Rm
8:30; Cl 3:4) No processo da santificação vamos
ser glorificados com a glória de Deus. Isso foi
totalmente tratado nas mensagens sobre o Autor da
Salvação.
Agora vimos o que é santificação. É separar para
Deus os filhos nascidos de Deus, transformá-los
metabolicamente e organicamente com o elemento da
vida divina, conformá-los à Sua imagem e
glorificá-los com a Sua glória. Essa é a santificação
disposicional plena.

IV. O QUE SANTIFICA E OS SANTIFICADOS


VÊM TODOS DE UM SÓ
Vimos que o que santifica e os que são
santificados vêm todos de um só. Isso significa que
todos são provenientes do único Pai. Tanto o
Santificador quanto os santificados são filhos
nascidos do mesmo Pai. Uma vez que Ele e nós
nascemos do mesmo Pai, somos Seus irmãos. Nós e
Ele viemos todos da mesma fonte e compartilhamos
com Ele a mesma vida e natureza. Nessa vida e
natureza estamos agora sob Sua obra santificadora
para nos transformar do estado natural e nos
conformar à Sua imagem, para que possamos ser
glorificados com a glória de Deus. Isso é santificação.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 12
OS MUITOS FILHOS, OS MUITOS IRMÃOS, A IGREJA
No livro de Hebreus, todos os fatos básicos do
Novo Testamento estão indicados de maneira
profunda, mas muito simples. Aparentemente é difícil
para qualquer pessoa perceber que a igreja é
mencionada no livro de Hebreus. Embora você possa
ter lido várias vezes o livro de Hebreus, talvez você
nunca tenha ficado impressionado com a menção da
igreja nesse livro. Todos estamos familiarizados com
a menção das igrejas em Atos e nas outras Epístolas,
mas pode ser que tenhamos a impressão de que a
igreja não é encontrada em Hebreus. Trinta e oito
anos atrás, eu conduzi um estudo detalhado sobre
esse livro para dois grupos diferentes de pessoas.
Naquela época eu pensava que conhecia inteiramente
esse livro, mas eu não tinha visto a igreja nele.
A igreja é mencionada somente duas vezes nesse
livro: em 2:12 e em 12:23. Em 2:12 diz: “A meus
irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores
no meio da congregação”. Não creio que, no passado,
muitos de nós tenham prestado atenção à igreja nesse
versículo. Esse versículo é composto essencialmente
da questão da igreja. Nele, tanto os irmãos quanto a
igreja são mencionados de maneira muito profunda.
O Filho diz ao Pai que declarará o nome do Pai a Seus
irmãos e cantará hinos de louvor ao Pai na igreja.
Você sabe o significada disso? Nesse versículo
precisamos notar três elementos: os irmãos, a igreja e
o que o Senhor está fazendo hoje na igreja. Esse
versículo é uma revelação grandiosa do que a igreja é
e do que o Senhor está fazendo na igreja. Em nenhum
outro livro podemos encontrar algo sobre a natureza
da igreja que seja revelado de maneira tão completa,
básica, fundamental e crucial como aqui. Não
considere 2:12 um versículo insignificante — ele é um
grande versículo. Ele contém uma revelação
maravilhosa. Nesta mensagem, espero que todos nós
tenhamos não apenas uma revelação, mas todos
vejamos o que a igreja é e o que o Senhor está fazendo
hoje na igreja.
Que é a igreja? A igreja é uma composição
coletiva dos irmãos do Filho Primogênito de Deus.
Você ainda se lembra da diferença entre o Filho
Unigênito e o Filho Primogênito de Deus? O Filho
Unigênito tinha a divindade sem a humanidade.
Embora tivesse a natureza divina, Ele não tinha a
natureza humana. Mas o Filho Primogênito de Deus
tem ambas naturezas, divina e humana. Os irmãos
não são irmãos do Unigênito, mas irmãos do Filho
Primogênito de Deus. Somos iguais ao Primogênito.
Ele é divino e humano e nós somos humanos e
divinos. O Filho Primogênito tem a humanidade
assim como a divindade e todos os Seus irmãos são
iguais a Ele. Quer sejamos irmãos ou irmãs, somos
todos Seus irmãos, pois Cristo não tem irmãs.
Diga-me: você é humano ou divino? O Filho
Primogênito é divino ou humano? Ele é divino e
humano e nós somos humanos e divinos. Ele é
primeiramente divino e, então, humano, e Seus
irmãos são primeiramente humanos e, então, divinos.
Por fim, Ele e nós, nós e Ele somos iguais. Somos
pessoas maravilhosas. Somos não apenas humanos,
mas também divinos. Você percebe de quem você é
filho? Você é filho de Deus! Deus é nosso Pai divino, e
todos nós somos Seus filhos divinos, porque todos
nascemos da Sua vida divina, com Sua natureza
divina. Somos os muitos filhos do Pai e os muitos
irmãos do Filho Primogênito do Pai. Isso não é um
sonho; é a realidade.
A igreja é tanto humana quanto divina. Essa é a
natureza da igreja. A igreja é uma composição dos
muitos filhos de Deus. A igreja é uma empresa de
muitos irmãos do Filho Primogênito de Deus. Isso é a
igreja. Anos atrás eu não havia visto a igreja tão
claramente. Há mais de quarenta anos, vi que a igreja
era um grupo de verdadeiros crentes em Cristo,
reunindo-se juntos. Essa definição de igreja não era
errada. Aproximadamente cento e cinqüenta anos
atrás, foi revelado a alguns irmãos que a igreja não é
um edifício de tijolos e pedras. Eles declararam
firmemente a todo o cristianismo que a igreja não é
um edifício físico. Não é uma catedral, uma capela ou
um santuário. Eles declararam que a igreja é um
ajuntamento dos chamados de Deus. Quando os
verdadeiros crentes em Cristo se reúnem, eles são a
igreja. Nós recebemos muita ajuda dessa revelação há
mais de cinqüenta anos e também começamos a ver
que a igreja é um ajuntamento dos santos chamados
de Deus. Somos gratos pela ajuda que recebemos
daqueles irmãos do século passado. Mais tarde
começamos a ver que a igreja não é apenas um
ajuntamento de verdadeiros crentes; ela é um corpo,
o Corpo de Cristo. Se você reunir muitas cadeiras,
elas não podem tornar-se um corpo. Se você reunir
ovelhas, elas também não podem tornar-se um corpo.
Como todos sabem, um corpo é um organismo com
vida. Ele tem tecidos vivos, células vivas, natureza de
vida, forma de vida, habilidade de vida e função de
vida. A igreja é mais profunda e mais elevada que um
simples ajuntamento.
O Senhor nos tem mostrado o verdadeiro
significado da igreja. Louvado seja Ele por nos ter
concedido ver que a igreja tem duas naturezas — a
natureza humana e a natureza divina. A igreja tem
duas vidas. Essas vidas não são apenas combinadas,
mas também são mescladas uma com a outra. A igreja
é um organismo com duas naturezas e com duas vidas
combinadas e mescladas. Isso é maravilhoso! Você
percebe que a igreja tem duas vidas? Você percebe
que a igreja tem duas naturezas? Você percebe que o
Filho Primogênito de Deus tem duas vidas e duas
naturezas, que Ele não apenas é o Filho de Deus, mas
também é o Filho do Homem? O Primogênito tem
todos os atributos divinos assim como todas as
virtudes humanas. O que ternos não é apenas um
pouco de humildade e submissão. Esse rico depósito
de suprimentos é muito mais profundo que isso. Ele é
ilimitado, imensurável, cheio dos atributos divinos e
das virtudes humanas. A igreja é tal organismo. Ela é
o Corpo de Cristo.
Muito freqüentemente me chegam notícias
negativas sobre alguma igreja. Alguns podem dizer:
“A igreja naquela cidade não é boa. Ela tem
problemas”. Eu não gosto de ouvir coisas assim,
porque meu conceito sobre a igreja está baseado na
fé. Eu creio que toda igreja é maravilhosa. Não existe
urna igreja que não seja boa. Embora você possa
pensar que urna determinada igreja não seja boa,
depois de algum tempo aquela igreja torna-se muito
diferente. Por quê? Porque a igreja é orgânica. Ela
cresce. Seu corpo pode estar muito cansado, mas
depois de algum tempo ele estará revigorado. Ele
muda por meio da vida, porque é um organismo. As
igrejas na restauração do Senhor são orgânicas.
Nunca creia que a igreja em determinada cidade não
é boa. A igreja é maravilhosa, porque é um organismo
que cresce. Nunca se esqueça que a igreja é uma
empresa viva de todos os irmãos do Filho
Primogênito de Deus. A igreja não é nem física nem
organizacional; é inteiramente de vida — a vida divina
e a vida humana elevada, ressurreta. Nada é mais rico
que a vida. A melhor vida no universo é a vida divina,
e a segunda melhor vida é a humana. A vida humana
que temos hoje para a igreja não é a vida humana
natural, mas a vida humana elevada, ressurreta. Nós
temos tal vida! Essa vida humana mais a vida divina é
a vida da igreja. É dessa maneira profunda que a
igreja é revelada nesse livro. A igreja é urna
composição viva de todos os filhos de Deus, uma
empresa viva de todos os irmãos do Filho
Primogênito de Deus.

I. OS MUITOS FILHOS

A. Predestinados à Filiação
Os muitos filhos de Deus, dos quais a igreja é
composta, foram todos predestinados para a filiação
(Ef 1:5). Não nos tornamos filhos de Deus por
acidente; fornos predestinados para ser filhos de
Deus desde antes da fundação do mundo. Na
eternidade passada, Deus decidiu que seríamos Seus
filhos. Primeiramente, Deus nos conheceu de
antemão (Rm 8:29). Depois disso, Ele nos escolheu.
Não importando o que você sinta a respeito de si
mesmo, Deus o escolheu antes da fundação do
mundo. Depois de nos conhecer de antemão e de nos
escolher, Deus nos predestinou. A palavra
predestinar inclui a idéia de ser marcado. Na
eternidade passada, antes da criação, Deus pôs urna
marca sobre nós. Ele nos marcou antecipadamente.
Para que nos predestinou Deus? Para a filiação.
Fornos predestinados para a filiação.
É difícil encontrar esse conceito entre os cristãos
hoje. O conceito comumente encontrado entre os
cristãos é de que fomos predestinados para a
salvação. Dificilmente há alguma preocupação com a
filiação. Não ternos o conceito de filiação, porque
fornos influenciados pelos ensinamentos tradicionais
do cristianismo. Mais uma vez precisamos ser
restaurados para a Palavra pura. A Palavra pura nos
diz que fornos predestinados para a filiação. Urna vez
que você é um filho de Deus, você não tem nada com
que se preocupar.
Não nos tornamos filhos de Deus
acidentalmente. Suponha que você tenha se
arrependido e crido no Senhor Jesus como resultado
de um acidente automobilístico. Segundo o seu
sentimento, aquilo foi um acidente, mas segundo
Deus, foi porque você já havia sido marcado. Por que
você sofreu aquele acidente? Simplesmente porque
você era um pouco teimoso. Deus, em Sua soberania,
permitiu aquele acidente para introduzi-la na filiação.
Mas a filiação não é um acidente. Ela foi planejada
antes do tempo. Se alguém que está lendo esta
mensagem foi salvo como resultado de um acidente
automobilístico, deve ser porque Deus usou esse fato
para fazê-la voltar-se para Ele. Nós, os escolhidos de
Deus, somos rodeados de anjos que sabem como
arranjar nosso ambiente para que possamos ser
levados à filiação. Muitos de nós foram forçados a
crer. Uma vez, nos encontramos em determinada
situação e não havia como escapar. Por fim, tivemos
de nos ajoelhar e invocar: “Ó Senhor Jesus”. Quando
o fizemos, todos os anjos regozijaram-se, porque
obtivemos a filiação. O destino dos anjos é ser servos
ministradores. Nosso destino é a filiação.

B. Nascidos de Deus
Como escolhidos de Deus, nascemos de Deus a
fim de ser Seus muitos filhos. Quando recebemos o
Senhor Jesus, crendo Nele, nascemos de Deus e
recebemos o direito de ser filhos de Deus (Jo 1:12-13).
Desde então, o Espírito de Deus continuamente
testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus
(Rm 8:16). Mesmo nos momentos em que estamos
fracos ou desviados, ainda temos a profunda
convicção de que somos filhos de Deus, pois
nascemos Dele e seremos para sempre Seus filhos.
Recebemos a filiação eterna por meio de nossa
regeneração.

C. Nascidos do Espírito
Quando nascemos de Deus, nascemos do
Espírito (10 3:6). Em nossa carne, nascemos de
nossos pais. Mas é no nosso espírito que nascemos do
Espírito de Deus a fim de ser Seus filhos. Deus
enviou-nos o Espírito do Seu Filho para que
pudéssemos ser os muitos filhos de Deus, assim como
Seu Primogênito (Gl 4:6). Ser os muitos filhos de
Deus é algo que se relaciona ao nosso espírito e ao
Espírito do Filho de Deus.

D. Recebemos o Espírito de Filiação


Uma vez que nascemos do Espírito em nosso
espírito, temos o espírito de filiação (Rm 8:15). É
difícil definir se essa palavra espírito se refere ao
Espírito divino ou ao espírito humano. Ela inclui
ambos, pois o espírito que recebemos é um espírito
mesclado, um espírito que é tanto divino como
humano. Romanos 8:15 diz que nós, os filhos de
Deus, clamamos “Aba, Pai”, mas um versículo irmão,
Gálatas 4:6, diz que o Espírito clama “Aba, Pai”. Isso
significa que quando clamamos “Aba, Pai”, o Espírito
também clama, e quando o Espírito clama, somos nós
que clamamos. Nós e o Espírito somos um.

E. Aguardamos a Filiação Plena, a Redenção


do Nosso Corpo
Por enquanto, não temos a filiação plena, que é a
redenção do nosso corpo (Rm 8:23). Estamos
esperando pela filiação plena, a redenção ou a
transfiguração do nosso corpo físico. Em outras
palavras, embora tenhamos nascido de Deus em
nosso espírito, ainda não nascemos Dele em nosso
corpo. Está próximo o dia em que nosso corpo será
transfigurado. Então, teremos a filiação plena.
Estamos aguardando isso.

II. OS MUITOS IRMÃOS

A. Gerados em Ressurreição
Como os muitos filhos de Deus, somos os muitos
irmãos de Cristo, que é o Filho Primogênito de Deus.
Ele nasceu para ser o Filho Primogênito de Deus por
meio de Sua ressurreição (At 13:33), e nós fornos
gerados a fim de sermos Seus muitos irmãos em Sua
ressurreição (1Pe 1:3). Foi depois de Sua ressurreição
que Ele chamou Seus discípulos de irmãos (10 20:17).
Nosso novo nascimento não foi físico, mas um
nascimento em ressurreição.

B. Temos o Filho Primogênito de Deus como


Irmão Mais Velho
Nós, os muitos filhos de Deus, ternos o Filho
Primogênito como nosso irmão mais velho (Hb 2:11;
Rm 8:29). Como nosso irmão mais velho, Ele é nosso
modelo e exemplo. Por ser nosso irmão mais velho,
Ele lidera em tudo e nós ternos de seguir Suas
pegadas.

C. Temos a Mesma Vida e Natureza que o


Filho Primogênito de Deus
Como os muitos filhos de Deus, nós temos a
mesma vida e natureza que o Filho Primogênito de
Deus (Hb 2:11). Urna vez que compartilhamos da
mesma vida e natureza com Ele, somos Seus muitos
irmãos. Por termos a vida e natureza de Deus, somos
os muitos filhos de Deus. Porque compartilhamos da
mesma vida e natureza do Primogênito, somos Seus
irmãos. Para Deus, somos Seus muitos filhos; para o
Filho Primogênito de Deus, somos Seus muitos
irmãos,

III. A IGREJA

A. Composta dos Muitos Irmãos em


Ressurreição
Como vimos, a igreja é composta dos muitos
irmãos do Filho Primogênito de Deus em ressurreição
(2:12). Por esse motivo, a igreja é urna sociedade
corporativa com Cristo. Quando chegarmos a 3:14,
teremos muito para falar sobre essa sociedade. Por
ora basta que tenhamos em mente que a igreja é urna
sociedade corporativa.

B. O Filho Primogênito de Deus Declara o


Nome do Pai a Seus Irmãos
Na igreja, o Filho Primogênito de Deus declara o
nome do Pai a Seus irmãos. Por que o Pai é a fonte da
vida e da natureza, declarar o nome do Pai é mostrar
aos muitos irmãos a fonte da vida e da natureza.
Embora os judeus de antigamente conhecessem a
Deus, eles não conheciam o Pai. Ele conheciam a
Deus como o Criador, mas não como o Pai que gera.
Eles conheciam o poder criador de Deus, mas não
conheciam a capacidade geradora do Pai. Eles
conheciam o poder de Deus, mas não conheciam a
vida do Pai. Antes da ressurreição, nem mesmo os
discípulos de Jesus conheciam a vida e a capacidade
de gerar do Pai. Antes do dia da ressurreição, eles
somente conheciam o que os judeus conheciam.
Entretanto, no dia da ressurreição, o Senhor veio a
eles para declarar o Pai, para que eles conhecessem o
Pai como a fonte da vida.
A Bíblia apenas menciona isso brevemente, mas
essa breve menção é como urna vitrine através da
qual podemos ver muito. De acordo com João 20,
Jesus visitou Seus discípulos na noite após Sua
ressurreição. Mas João não diz que Ele declarou o Pai
aos discípulos. Isso é mencionado profeticamente no
Salmo 22:22. Segundo aquela profecia, depois de Sua
ressurreição Cristo veio principalmente para os Seus
discípulos a fim de tornar o Pai conhecido deles. Eles
passaram a ter a vida e a natureza do Pai. O ser do Pai
foi transferido para dentro deles. É isso que significa
declarar o nome do Pai aos discípulos. Se
estivéssemos lá quando o Senhor fez isso, teríamos
percebido que essa declaração não é meramente
mencionar o nome. Não, era uma transmissão de
tudo que o Pai é a vida, a natureza e o ser do Pai —
para dentro dos discípulos. Foi a partir disso que
Pedro veio a perceber que ele era um co-participante
da natureza divina. Ele menciona isso em sua
Segunda Epístola (1:4). Nós, os filhos de Deus, nos
tornamos todos co-participantes da natureza divina.
Para nós, Deus não é mais meramente o Deus criador,
mas também o Pai que gera. Ele nos gerou. Ele
transmitiu Sua vida, Sua natureza, e até mesmo Seu
ser para dentro de nós. É isso que significa declarar o
nome do Pai.

C. O Filho Primogênito de Deus Canta Hinos


de Louvor ao Pai no Meio da Igreja
Depois de ter declarado o nome do Pai, o Filho
canta hinos de louvor a Ele no meio da igreja. Eu não
creio que essa profecia signifique que o Filho de Deus
cantou hinos de louvor ao Pai na igreja uma única
vez. Em vez disso, creio que isso significa que por
todos os séculos o Filho Primogênito de Deus tem
continuamente cantado hinos de louvor ao Pai na
igreja. Como Ele faz isso? Ele o faz em todos os Seus
irmãos. Tenho a plena certeza de que agora mesmo
Ele está em nós. Como Ele está em nós, Ele canta
louvores ao Pai no nosso cantar. Seu cantar está no
nosso. Quando cantamos, Ele canta, porque Ele está
no nosso cantar. Quando cantamos hinos ao Pai, em
nosso espírito, Ele canta conosco no nosso espírito.
Isso é maravilhoso. A igreja na terra hoje é um Corpo
coletivo com o Filho Primogênito de Deus. Nas
reuniões da igreja, o Filho Primogênito de Deus canta
louvores ao Pai. Sempre que vimos às reuniões,
precisamos abrir a boca para louvar o Pai. Se o
fazemos imediatamente, cooperamos com o Filho
Primogênito de Deus que habita em nós. Você quer
ganhar mais do Filho Primogênito? Se quiser, você
precisa louvar o Pai. Quanto mais louvamos o Pai,
mais ganhamos do Filho Primogênito. Quanto mais
cantamos, mais Ele canta no nosso cantar. A melhor
maneira de ter Cristo trabalhando juntamente
conosco é cantar louvores ao Pai. De acordo com
nossa experiência, muitos de nós podem testificar que
é assim. Em algumas das reuniões da igreja, nós
cantávamos muito louvor ao Pai. Foi nessa época que
desfrutamos muito de Cristo. Nós tínhamos até a
sensação de que Ele estava cantando no nosso cantar.
Cristo deu-nos a conhecer o Pai como a fonte da
vida. Agora, em todas as reuniões da igreja, Ele está
esperando a oportunidade de cooperar conosco,
cantando louvores ao Pai. A melhor maneira de
cooperarmos com Ele para isso é abrir nosso espírito
e cantar louvores ao Pai. Quanto mais cantamos, mais
desfrutamos Seu cantar. Quando louvamos o Pai,
desfrutamos Cristo. Somos um com Cristo ao louvar o
Pai nas reuniões da igreja. Quanto mais louvamos o
Pai nas reuniões da igreja, mais Ele louva o Pai no
nosso louvor, e mais nós O desfrutamos e ganhamos
Dele.
A igreja é composta dos muitos filhos de Deus
que são os muitos irmãos de Cristo em ressurreição.
Trata-se de uma sociedade corporativa com Cristo, o
Filho Primogênito de Deus, para participarmos da
vida, natureza e do ser do Pai. Na igreja, o Pai é
louvado pelo Seu Filho Primogênito dentro dos Seus
muitos filhos. Isso é a igreja. Assim, vimos algo a
respeito dos muitos filhos, dos muitos irmãos e da
igreja.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 13
UM SUMO SACERDOTE MISERICORDIOSO E FIEL
A Epístola aos Hebreus é um livro maravilhoso
tanto em conteúdo como em composição. Nenhuma
mente humana poderia ter escrito essa epístola. Ela
certamente foi escrita sob a inspiração divina. Nesta
mensagem, sobre um Sumo Sacerdote misericordioso
e fiel, chegamos à conclusão dos primeiros dois
capítulos de Hebreus. Depois de ter abrangido tantos
itens nos dois primeiros capítulos, o escritor conclui
essa seção, revelando que o Filho do Homem é um
Sumo Sacerdote misericordioso e fiel, que ministra a
nós. A fim de conhecermos Suas qualificações para
ser tal sacerdote, precisamos voltar aos capítulos 1 e 2
e ver todos os itens sobre o que Ele é e o que Ele fez.

I. COMO O FILHO DE DEUS COM A


NATUREZA DIVINA
Por que o escritor de Hebreus usa as palavras
misericordioso e fiel para descrever esse Sumo
Sacerdote? Por que ele não usa somente uma palavra
ou, então, mais que duas? A resposta é que, nos
primeiros dois capítulos desse livro, o escritor havia
abrangido principalmente dois pontos — que Cristo é
o Filho de Deus, o próprio Deus; e o Filho do Homem,
o próprio homem. Misericordioso corresponde ao
fato de Ele ser homem, e fiel corresponde ao fato de
Ele ser Deus. Para sermos fiéis precisamos não só de
virtude, mas também de capacidade. Suponha que eu
tenha prometido algo a você. Embora minha virtude
possa ser boa, eu posso não ter a capacidade de
manter minha palavra. Eu tenho o coração de ser fiel
em manter minha palavra, mas falta-me a
capacidade. Não tenho como cumprir minha palavra.
Por fim, sou forçado a não ser fiel. Mas esse Sumo
Sacerdote não é apenas um homem honesto; Ele é o
Deus fiel. Deus é fiel (10:23). Ele é capaz de cumprir
tudo aquilo que diz. Deus nunca mente (6:18). Tudo
aquilo que Ele falou, Ele é capaz de cumprir. Ele tem
todos os meios para cumprir o que falou. Somente
Deus pode ser totalmente fiel. Nenhum de nós pode
ser totalmente fiel. Um bom número de vezes eu tive
um coração sincero para manter minha palavra, mas
encontrei-me incapaz de fazê-lo. Não pude fazê-lo,
porque não sou o Deus Todo-Poderoso. O que pode
impedir Deus de cumprir Sua palavra? Nada! Jesus
pode ser um Sumo Sacerdote fiel, porque Ele é o
próprio Deus Todo-Poderoso. Uma vez que Ele, como
Filho de Deus, é o próprio Deus, Ele é capaz de ser
fiel. Embora nós, como os muitos filhos de Deus e
como os muitos irmãos do Primogênito, sejamos
divinos assim como humanos, não somos
todo-poderosos. Somos humanos em nossa natureza
humana e divinos em Sua natureza divina, mas não
somos todo-poderosos em Sua deidade. Uma vez que
Ele é o Deus Todo-Poderoso, Ele pode ser fiel a nós.

II. COMO O FILHO DO HOMEM COM A


NATUREZA HUMANA
Ser misericordioso corresponde ao fato de Cristo
ser um homem. Ele se tornou um homem e viveu na
terra como um homem, passando por todos os
sofrimentos humanos. Como resultado, Ele está
plenamente qualificado para ser misericordioso para
conosco. Ele sabe como ser misericordioso para com
o homem. Ele é um homem com as experiências da
vida humana, com as experiências do sofrimento
humano.
Como Cristo é capaz de ser um Sumo Sacerdote
misericordioso e fiel? Porque é o Filho do Homem
com a natureza humana e o Filho de Deus com a
natureza divina Ele é plenamente qualificado. Arão
era um bom sumo sacerdote, mas possuía apenas a
humanidade; ele não tinha a divindade. Embora Arão
pudesse ser misericordioso, eu duvido que ele fosse
verdadeiramente fiel. Mas nosso Sumo Sacerdote,
Jesus Cristo, Filho de Deus e Filho do Homem, é
ambos — misericordioso e fiel-, porque Ele é ambos:
Deus e homem.

III. TORNOU-SE CARNE PARA SER COMO


NÓS
Outra qualificação para Cristo ser o Sumo
Sacerdote é que Ele se fez carne para ser como nós
(2:14, 17). Podemos dizer até que Ele é mais do que
nós, pois Ele sofreu em Sua vida humana algumas
coisas que não sofremos. A fim de ser qualificado
para ser um Sumo Sacerdote misericordioso, Ele se
tornou como nós, compadecendo-se de todas as
nossas fraquezas.

IV. FOI TENTADO


O Senhor Jesus está qualificado para ser o Sumo
Sacerdote, porque Ele foi tentado (2:18). Se ler
novamente os Evangelhos, você verá que nenhuma
outra pessoa foi objeto de tantos aborrecimentos,
ataques, mal-entendidos e boatos como o Senhor
Jesus. Há muitos religiosos que são ótimos para criar
boatos. Há tantos boatos na esfera religiosa como em
qualquer outro lugar. Esses produtores de boatos
estão acostumados a torcer o que você diz. Eles
isolam do contexto algumas palavras que você tenha
dito e acrescentam algo mais a elas. Algumas vezes o
Senhor Jesus falava uma palavra e os religiosos
tomavam-na e distorciam-na, tentando, com isso,
acusar o Senhor.
A situação hoje é exatamente a mesma. Quando o
irmão Watchman Nee e eu estávamos trabalhando
juntos na China, eu vi quantas mentiras e boatos
foram espalhados a respeito dele. Muitas vezes o
irmão Nee não dizia nada. Várias vezes ele veio a mim
dizendo: “Witness, os cristãos podem mentir”.
Naquele tempo ele era o alvo, e nós estávamos sob
sua cobertura. Os ataques não nos atingiam, porque
ele era o guarda-chuva, e estávamos debaixo dele. Em
1949, depois que fomos para Taiwan,
espontaneamente tornei-me o alvo dos ataques.
Agora eu sei, por experiência própria, que os cristãos
podem mentir. Se você fosse ao Senhor Jesus e lhe
perguntasse se os cristãos podem mentir ou não, Ele
diria: “Claro que podem. Sofri muito com isso”. Pelo
fato de o Senhor Jesus ser diferente da religião
tenebrosa dos seus dias, ele era odiado pelos
religiosos. Todas as pessoas religiosas O odiavam. O
mesmo aconteceu com Watchman Nee na China. De
1932 até o dia em que foi preso em 1952, nenhuma
denominação na China o convidou para falar.
Entretanto, o Senhor Jesus é misericordioso e
certamente sabe como compadecer-se de nós e como
suportar as mentiras. Nenhum ser humano jamais foi
tentado, provado, atacado e sofreu oposição e
mal-entendidos por parte dos religiosos como Ele. Ele
está qualificado para ser misericordioso para conosco
e compadecer-se de nós.

V. PROVOU A MORTE
Cristo foi também qualificado para ser nosso
Sumo Sacerdote, porque Ele provou a morte (2:9). A
morte pela qual o Senhor Jesus passou foi um
verdadeiro batismo. Uma vez o Senhor Jesus
perguntou a Seus discípulos: “Podeis vós (...) receber
o batismo com que eu sou batizado?” (Mc 10:38).
Aquele batismo era Sua morte. Sua morte foi o
verdadeiro rio Jordão. Ao provar a morte, Ele cruzou
o rio e entrou na região que é cheia da expressão de
Deus, cheia da glória de Deus.

VI. FEZ PROPICIAÇÃO PELOS NOSSOS


PECADOS
Por provar a morte na cruz, Cristo fez
propiciação pelos nossos pecados (2:17). Isso significa
que Ele fez a paz com Deus por nós. Ele satisfez a
justiça de Deus e todas as Suas exigências sobre nós.
Ele resolveu todos os problemas entre nós e Deus.

VII. DESTRUIU O DIABO


Por Sua morte na cruz, Cristo não apenas provou
a morte por nós e fez propiciação pelos nossos
pecados, mas também destruiu o Diabo que tem o
poder da morte (2:14). Ele aboliu a morte. Ele
resolveu o problema dos nossos pecados. Ele também
arruinou o Diabo. Portanto, Ele está qualificado para
ser nosso Sumo Sacerdote misericordioso.

VIII. LIBERTOU-NOS DA ESCRAVIDÃO DA


MORTE
Cristo também nos libertou da escravidão da
morte (2:15). Fomos libertados por Ele da escravidão
do pecado, da escravidão do temor da morte e até
mesmo da escravidão da própria morte. Já não somos
mais escravizados por nada.

IX. EM RESSURREIÇÃO, GEROU MUITOS


IRMÃOS PARA FORMAR A IGREJA
Outra qualificação para Cristo ser nosso Sumo
Sacerdote é que, em ressurreição, Ele gerou muitos
irmãos a fim de formar a igreja (2:10-12). Ele é o
Filho Primogênito de Deus em ressurreição e nós
somos Seus muitos irmãos em ressurreição para
formar a igreja. Ele e nós somos iguais em vida e
natureza. Ele e nós estamos em ressurreição. Ele é a
Cabeça da igreja, e nós somos os membros. Isso lhe
dá muita base para ser nosso Sumo Sacerdote.

X. EM EXALTAÇÃO, FOI COROADO COM


GLÓRIA E COM HONRA
a fato de Cristo ter sido coroado com glória e com
honra em Sua exaltação é também uma qualificação
para Seu sacerdócio. Sua exaltação, glória e honra
possibilitaram-Lhe ministrar a nós como o Sumo
Sacerdote. Com tal posição e capacidade, Ele pode ser
tão misericordioso e fiel quanto desejar.

XI. É O AUTOR DA NOSSA SALVAÇÃO


Por fim, Cristo foi aperfeiçoado e qualificado
para ser o Autor da nossa salvação (2:10). Vimos esse
assunto nas duas mensagens anteriores. Como Autor
da salvação, Ele está agora plenamente qualificado
para ser nosso Sumo Sacerdote.
No passado, muitos de nós tivemos a experiência
de receber o ministrar de Cristo como nosso Sumo
Sacerdote sem saber muito a esse respeito. Hebreus é
um livro sobre o sacerdócio. Como veremos em
mensagens futuras, o sacerdócio que é mencionado
nos capítulos 4 a 6 é plenamente desenvolvido nos
capítulos 7 a 10. Quando chegarmos àquela porção de
Hebreus, veremos mais a respeito. Nesta mensagem
precisamos gastar algum tempo para lançar uma base
para o entendimento adequado do sacerdócio.
Que é um sacerdote? Já dissemos que um
sacerdote é alguém que serve a Deus. Embora seja
correto dizer isso, não é adequado. Um sacerdote não
é somente alguém que serve a Deus, mas é alguém
que ministra Deus ao homem. Todos os cristãos
pensam que um sacerdote é alguém que serve a Deus,
mas poucos cristãos sabem que, definitivamente, um
sacerdote é alguém que ministra Deus ao homem. Em
certo sentido, servir a Deus é secundário, enquanto
ministrar Deus ao homem é primordial. a significado
básico do sacerdócio não é servir a Deus, mas é
ministrar Deus ao homem. Se, como sacerdotes,
apenas sabemos como prestar serviço a Deus sem
saber como ministrar Deus ao homem, seremos
muito infelizes.
A primeira menção da palavra sacerdote, na
Bíblia, se refere à Melquisedeque (Gn 14:18-20).
Melquisedeque foi o primeiro sacerdote na Bíblia.
Como mostramos em outras ocasiões, a primeira
menção de qualquer coisa na Bíblia estabelece o
princípio para essa categoria de coisas. Portanto, a
primeira menção do sacerdote, a de Melquisedeque,
estabelece o princípio de um sacerdote. Se examinar o
caso de Melquisedeque como sacerdote do Deus
altíssimo, você verá que ele não agiu a partir do
homem em direção a Deus, mas veio de Deus para o
homem. Ele não foi a Deus e O serviu; ele veio de
Deus e ministrou algo de Deus a Abraão, o que
buscava Deus. Depois do caso de Melquisedeque, há
muito desenvolvimento do sacerdócio na Bíblia. Mas
não devemos esquecer que a história fundamental do
sacerdócio é a de um sacerdote vindo da parte de
Deus, ministrando algo de Deus ao povo de Deus.
a principal ponto. com respeito a Cristo como o
Sumo Sacerdote não é que Ele serve a Deus e, sim,
que Ele ministra Deus para nós. Precisamos penetrar
mais nisso e não permanecer no conceito superficial
de que um sacerdote é alguém que serve a Deus.
Todos, inclusive os incrédulos na rua, sabem que um
sacerdote católico é alguém que serve a Deus, queima
incenso e desempenha seu ofício “santo”. Até mesmo
as religiões pagãs têm sacerdotes. Precisamos cruzar
o rio para fora desse conceito superficial e entrar em
um mais elevado. Deus não precisa do seu serviço,
mas Ele quer que você ministre Ele próprio para as
pessoas. Como o Sumo Sacerdote, a principal tarefa
de Cristo é ministrar Deus para nós. O que Cristo faz
com você é, principalmente, ministrar Deus para seu
interior. Esse é o nosso Sumo Sacerdote. Ele está
continuamente fazendo uma coisa — ministrando
Deus para nós. Alguns podem dizer que
Melquisedeque não ministrou Deus, mas pão e vinho.
Que significam eles? O pão e o vinho significam Deus
como nosso desfrute, Deus sendo ministrado a nós
para nos refrescar, suprir, sustentar, fortalecer e
nutrir, para que possamos crescer com todas as
riquezas de Deus. Essa é a tarefa primordial de um
sacerdote. Em princípio, nós que servimos a Deus
hoje somos Seus sacerdotes. Como sacerdotes, nossa
principal responsabilidade é ministrá-Lo às pessoas.
Precisamos ver esse tipo de ministério sacerdotal
na vida prática da igreja. Há muitos grupos de serviço
na vida da igreja hoje. Esses grupos de serviço não
deveriam ser considerados apenas como um tipo de
serviço levítico. Todos os grupos de serviço devem ser
também o sacerdócio. Um grupo de serviço não
deveria existir exclusivamente para seu próprio
serviço. Os irmãos e irmãs em todos os grupos de
serviço devem ministrar continuamente as riquezas
de Deus em Cristo para as pessoas. Vocês precisam
ministrar Deus às pessoas em seus grupos de serviço.
Por fim, todo o seu grupo tornar-se-á um sacerdócio,
ministrando Deus de um membro para o outro.
Tomem como exemplo o grupo de limpeza e
arrumação. A principal tarefa desse grupo de serviço
não é simplesmente limpar o local de reuniões,
arrumar as cadeiras e manter tudo em ordem. Isso é
uma ajuda, mas não é o sacerdócio. O verdadeiro
sacerdócio vem à existência quando você ministra
Deus às pessoas à medida que limpa o local de
reuniões e arruma as cadeiras.
Por ministrarmos Deus às pessoas, elas irão, por
fim, ter Sua expressão. Cristo ministra Deus para os
que crêem Nele até que haja neles Sua expressão.
Como vimos, a expressão de Deus é glória. Na Bíblia,
a glória de Deus é a expressão de Deus. Quando Deus
é expresso, nós ternos glória. Mas como é que Deus
pode ser expresso? Por meio de Cristo como o Sumo
Sacerdote ministrando Deus continuamente para
nós. Já tratamos desse ponto básico nas duas
mensagens sobre o Autor da salvação.
Agora podemos ver Cristo em três aspectos. No
primeiro aspecto, Ele é o Autor, ou Líder, da salvação;
no segundo, Ele é a semente da glória, e no terceiro,
Ele é o que ministra, O Sumo Sacerdote. Como Sumo
Sacerdote, Cristo ministra Deus para nós. Esse é Seu
trabalho sacerdotal e também é O serviço que o Autor
da salvação está fazendo. Embora seja O Autor da
salvação, Ele cumpre esse Seu ofício por meio de ser o
Sumo Sacerdote. Em 2:10, é-nos dito que Cristo é O
Autor, o Líder, da nossa salvação, e em 2:17 vemos
que esse Cristo, que é o Autor da nossa salvação, é
também o Sumo Sacerdote. Como Ele pode funcionar
como Autor, o Líder, da nossa salvação? Somente por
meio de ser o Sumo Sacerdote. Segundo nosso
conceito humano, um Autor é um Autor, um
combatente que lidera. Esse conceito não é errado;
mas se Cristo fosse apenas um Autor nesse sentido,
Ele não poderia cumprir Seu ofício.
Considere o relacionamento entre Moisés e Arão
no Antigo Testamento. Sem Arão, Moisés não podia
cumprir sua liderança. A liderança do apóstolo
precisa do ministério sacerdotal. Josué, assim como
Moisés, também precisava de um sumo sacerdote.
Não pense que Arão seja uma pessoa e Moisés outra.
Segundo eles próprios, como figuras históricas, eles
são dois; mas considerados como tipos de Cristo, eles
são um. Por um lado, Jesus é nosso Moisés; por
outro, Ele é nosso Arão. Quando chegarmos ao
capítulo 3, veremos mais de Jesus como nosso
Apóstolo e nosso Sumo Sacerdote. A liderança e o
sacerdócio devem seguir sempre juntos. Em Cristo,
esses dois ministérios pertencem a uma pessoa. Ele
jamais poderia funcionar como o Autor, o Líder, se
Ele próprio não fosse nosso Sumo Sacerdote. Eu não
poderia seguir a Cristo se Ele não fosse o Sumo
Sacerdote. Por um lado, Ele é o Autor, liderando e
combatendo; por outro, Ele é o Sumo Sacerdote,
ministrando o próprio Deus e as riquezas da vida
divina para dentro de nós.
Posso usar meu corpo como ilustração. Louvo ao
Senhor por me haver dado um corpo forte, saudável.
Depois de ministrar, entretanto, eu fico muito
cansado. Então eu vou para casa e desfruto de uma
boa refeição. Isso me reaviva. Após tal refeição, sou
capaz de vir e ministrar novamente por mais uma
hora e meia. Então, volto para casa e desfruto outra
boa refeição. Recentemente, depois de falar em uma
reunião à noite, voltei para casa ainda muito vivaz.
Levantei na manhã seguinte antes das seis horas
cheio de energia. Fiz muitas coisas naquela manhã.
De onde veio essa energia? Veio da alimentação.
Igualmente, eu tenho um verdadeiro Sumo Sacerdote
ministrando pão e vinho para mim. Isso me capacita
a realizar minha tarefa sem ficar cansado. Quanto
mais eu desfruto o suprimento, mais energia eu
tenho.
Se ler Hebreus 1 e 2, você verá que essa pessoa
maravilhosa, misteriosa, é agora nosso Sumo
Sacerdote. Não pense que esse Sumo Sacerdote
somente serve a Deus. Isso é secundário. Esse Sumo
Sacerdote é Aquele que continuamente ministra Deus
para nós. Se, como sacerdote, você apenas vai a Deus
e O serve, Ele dirá: “Não preciso de você. Por que você
vem aqui e gasta seu tempo? Você precisa ir Comigo
até as pessoas. É isso que Eu quero”.
Como vimos, Cristo está mais que plenamente
qualificado para ser nosso Sumo Sacerdote. Ele, o
Filho de Deus, o próprio Deus, tornou-se homem e
sofreu como homem. Como Filho do Homem, Ele
passou por todas as coisas e cumpriu todas as coisas.
Agora, Ele está qualificado para ministrar a nós como
nosso Sumo Sacerdote. Não importando nossa
situação, Ele tem algo para nos ministrar. Muitas
vezes, o desfrute do Seu ministério sacerdotal é como
respirar. Não é necessário que entendamos o
processo da respiração ou que analisemos o ar. Uma
vez que respiramos, recebemos tudo que está no ar.
Da mesma maneira, muitas coisas acontecem no
nosso espírito, as quais não podemos entender. Como
o ar, Jesus está aqui. Uma vez que O contatemos,
respirando-O para dentro de nós, temos tudo o que
necessitamos. Contudo, é uma ajuda se conhecermos
bem o Senhor. Esse desfrute de Cristo é real; não é
supersticioso.
À medida que nosso Sumo Sacerdote ministra
Deus para nós, ganharemos mais de Deus e
chegaremos à Sua expressão. Por fim, viremos a
servir a Deus. É aqui que precisamos de uma virada.
Quando chegamos para servir a Deus, somos mais
infundidos com Ele. Uma vez que somos infundidos
com Ele, Ele dirá: “Vá e ministre-Me aos outros”.
Agora podemos entender a maneira como o
Senhor Jesus, como o Autor, o Líder, da salvação, nos
conduz para a glória: sendo o Sumo Sacerdote,
ministrando-nos Deus a todo o tempo. À medida que
Cristo ministra Deus a nós, começa uma reação em
cadeia. Somos infundidos com Deus até que nos
tornemos sacerdotes. Como sacerdotes, nós não
servimos a Deus, como função principal, mas
ministramos Deus aos outros, levando-os à expressão
de Deus. Aqueles que recebem nosso ministério
serão, por sua vez, infundidos com Deus. Isso fará
com que eles vão a Deus para mais infusão. Então,
Deus lhes dirá para O ministrarem a outros. Essa é a
maneira como o Autor da nossa salvação está nos
conduzindo à glória. Lamento não ter as palavras
adequadas para expressar isso. Isso não é meramente
um tipo de edificação cristã. Trata-se da maneira
como o Pai está conduzindo muitos filhos à glória.
Repito, o Senhor nos conduz à glória sendo nosso
Autor, e nosso Autor cumpre Sua tarefa sendo nosso
Sumo Sacerdote.

XII. SOCORRE A NÓS


Aprendi Hebreus 2:17 quando jovem. Fui
ensinado que Cristo, como nosso Sumo Sacerdote,
pode compadecer-se de nós, mas fui ensinado de
maneira superficial, a qual diz que sempre que você
se encontra em dificuldades, Cristo pode
compadecer-se de você. Embora tenha
experimentado a compaixão de Cristo para comigo
dessa maneira muitas vezes, não recebi disso o
ministrar da vida divina. Somente obtive consolação e
nada mais. Minha experiência atual é muito
diferente. A experiência que agora tenho de Cristo
compadecer-se de mim como meu Sumo Sacerdote é
muito mais elevada e mais rica que antes. Toda vez
que experimento Sua compaixão, recebo o
suprimento divino. Aprendi, de minhas experiências,
que Cristo como o Sumo Sacerdote serve a Deus
principalmente ministrando Deus para nós.
Esse tipo de ministério é chamado de socorro.
Para entender a palavra grega que é traduzida por
socorrer em 2:18, precisamos ler 2:16: “Pois ele,
evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a
descendência de Abraão”. A Bíblia de Jerusalém traz:
“Pois não veio ele ocupar-se com anjos, mas, sim,
com a descendência de Abraão”. Essas versões dizem
que o Senhor Jesus não tomou para Si o cuidado com
anjos, mas com os filhos de Abraão. No entanto, o
significado adequado do grego não é “ocupar-se de”,
mas “segurar, sustentar”. O que, então, significa a
palavra traduzida para “socorrer” ou “ocupar-se de”?
De acordo com o grego, o significado é simplesmente
socorrer-nos e resgatar-nos. Mas isso não significa
resgatar uma pessoa da maneira como se resgata
alguém que está se afogando. Não significa
simplesmente agarrar uma pessoa e tirá-la de uma
situação perigosa. Não, a palavra significa entrar em
uma pessoa, colocá-la sobre si e carregá-la. Esse é o
socorro oportuno mencionado aqui. É por isso que a
Versão J. F. de Almeida Revista e Corrigida diz:
“Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas
tomou a descendência de Abraão”. Essa tradução não
está totalmente errada, pois traz o significado parcial
da palavra grega. O significado pleno dessa palavra é
“socorrer, resgatar, por meio de vir a uma pessoa,
tomá-la sobre si e carregá-la”. Por exemplo, quando
você passa por uma situação difícil, o Sumo Sacerdote
não irá estender Seu dedo e resgatá-lo daquela
dificuldade. Não, enquanto você está sofrendo, Ele
virá até você, colocará você sobre Ele e o levará
através da dificuldade. Essa é a obra do nosso Sumo
Sacerdote. Depois de experimentar isso algumas
vezes, você jamais será intimidado novamente por
qualquer dificuldade. A próxima vez que vier uma
dificuldade, você dirá: “Quanto mais dificuldades eu
tenho, mais eu desfruto Cristo, mais eu desfruto
Deus, mais eu desfruto o elemento divino, e mais eu
sou conduzido à glória”.
Agora sabemos o verdadeiro significado de
Hebreus 2:17-18. Cristo é tantas coisas: o Filho de
Deus, o Filho do Homem, o Criador, o que sustenta, o
Herdeiro, o que experimentou a morte, fez a
propiciação pelos nossos pecados, destruiu Satanás e
nos libertou da escravidão da morte. Como tal, Ele
está totalmente qualificado para ser o Autor, o Líder,
da nossa salvação. Como nosso Autor, Ele nos salva
de todo tipo de situação degradante e nos conduz à
glória de Deus. Ele não nos salva de maneira objetiva,
mas ministrando o próprio Deus para nós e
prestando-nos um socorro subjetivo, por colocar-nos
sobre Ele, levar-nos e carregar-nos. Quando
desfrutamos esse socorro, nós participamos do
elemento de Deus e somos conduzidos à expressão do
Deus glorioso. Essa é a maneira como Deus nos está
conduzindo à glória.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 14
SANTOS IRMÃOS E PARTICIPANTES DO
CHAMAMENTO CELESTIAL

I. SANTOS IRMÃOS
Nesta mensagem, chegamos a Hebreus 3. Esse
capítulo começa da seguinte maneira: “Por isso,
santos irmãos, que participais da vocação celestial”.
Eu gosto desses dois títulos: santos irmãos e
participantes do chamamento celestial. Nenhum
outro livro no Novo Testamento nos chama de santos
irmãos. O título santos irmãos implica dois pontos
principais que somos santos e que somos irmãos. Não
somos apenas irmãos, somos santos irmãos, Você
ousa dizer que é um santo irmão? O escritor desse
livro não pôde chamar-nos santos irmãos enquanto
não discorreu sobre tantas qualificações a respeito de
Cristo e a nosso respeito nos dois primeiros capítulos.
Quando ele chega ao terceiro capítulo, ele pode
chamar-nos de santos irmãos. Por Sua morte e
ressurreição, Cristo nos fez Seus irmãos.
Originalmente, éramos pecadores, vítimas da morte,
prisioneiros e cativos. Louvado seja Ele, que por Sua
morte fez a propiciação pelos nossos pecados e nos
libertou da escravidão da morte. Em Sua ressurreição
fomos gerados como Seus irmãos. Por isso, agora
podemos ser chamados de santos irmãos. No capítulo
2, vemos que os irmãos gerados na ressurreição do
Senhor estão no processo de ser santificados.
Portanto, somos santos irmãos. Não somos
meramente perfeitos e sem pecado; somos
divinamente santos.
Em 1:9 vemos nosso relacionamento com o
Ungido de Deus. Esse versículo, que é dirigido a
Cristo, diz: “O teu Deus, te ungiu com o óleo de
alegria como a nenhum dos teus companheiros”. A
melhor tradução para a palavra grega traduzida para
companheiros é sócios. Um sócio é melhor que um
companheiro. Podemos ser companheiros sem ser
sócios, mas se formos sócios, certamente seremos
companheiros. Na economia de Deus, Cristo é aquele
que Deus designou para levar a cabo Seu plano, e nós
somos sócios de Cristo no ramo dos negócios divinos.
Ele foi ungido por Deus e nós compartilhamos dessa
unção para o cumprimento do propósito de Deus.
Cristo é o Herdeiro designado por Deus, e em 1:9
vemos que esse Herdeiro designado foi ungido. A
unção confirma a designação. Primeiramente Deus
designou o Filho e, então, O ungiu. Como sócios de
Cristo, todos nós participamos da Sua unção. Somos
sócios do Ungido de Deus e temos participação na
Sua unção. Isso é uma parte do evangelho; está
incluído no evangelho pleno. Muitas pessoas falam do
evangelho pleno. O evangelho pleno inclui nossa
parceria, nossa sociedade com Cristo. Esse item
maravilhoso está incluído no evangelho pleno. Todos
nós precisamos ver que somos sócios de Cristo e que
temos participação em Sua unção. Por esse motivo,
quando chegamos a 3:1, temos tudo de que
precisamos para ser santos irmãos. Temos a base, as
qualificações, a realidade, a vida, a natureza, a fonte e
tudo de que necessitamos. Nós agora somos santos
irmãos.
Se você soubesse que é um santo irmão, que
faria? Você ainda fumaria? Sempre que vejo um
irmão fumando, toda minha pessoa desaba. Eu falo
comigo mesmo: “Ó, irmão, você vendeu seu direito de
primogenitura por um preço mais baixo que Esaú”.
Como é que um santo irmão ainda pode fumar?
Embora não tenhamos regulamentos ou legalismo,
temos nossa majestade. Não somos apenas santos;
somos majestosos. Considere sua posição; nós somos
irmãos do Filho Primogênito de Deus e somos sócios
do Ungido de Deus! Isso não é algo sem importância.
Se você fosse irmão do presidente dos Estados
Unidos, você teria muito orgulho e certa porção de
majestade. Mas de quem você é irmão? Você é irmão
do Filho Primogênito de Deus e sócio do Ungido de
Deus para o cumprimento do plano de Deus! Fumar é
um insulto ao Ungido. Sim, a Bíblia nunca diz que
você não deveria fumar, e o Novo Testamento não é
um livro de leis, mas é um livro de santos irmãos.
Todavia, eu creio que se o Senhor abrisse seus olhos e
o impressionasse com esse item maravilhoso do
evangelho pleno, você seria outra pessoa. Você estaria
mais que aberto para que o Sumo Sacerdote
ministrasse a Si mesmo para seu interior. Isso
mudaria seu paladar. Fumar nunca mais seria
saboroso para você.
Tal visão mudaria sua pregação do evangelho.
Hoje em dia, a pregação do evangelho é muito
superficial. Quando pregamos o evangelho,
deveríamos dizer às pessoas não somente que elas são
pecadoras, que estão condenadas e vão perecer.
Deveríamos pregar o evangelho de maneira muito
mais elevada, dizendo às pessoas que Deus as está
chamando para crerem no Seu Filho Primogênito,
para que elas possam tornar-se Seus muitos irmãos,
até mesmo Seus sócios, para o cumprimento do plano
eterno de Deus.
Tal pregação é necessária hoje. Espero que
alguns dos irmãos jovens tomem o encargo por essa
pregação. Não quero ouvir a pregação do evangelho
com a mesma velha ladainha que diz às pessoas que
elas são pecadoras e vão para o inferno. Isso não é
errado, mas é muito superficial. Precisamos pregar o
evangelho a partir de Hebreus 3:1, dizendo aos
pecadores como eles podem converter-se e ser
transformados em santos irmãos. Se os jovens
pregarem esse evangelho, muitos de seus colegas de
escola serão atraídos.
Há mais de trinta e nove anos, quando eu ainda
era jovem, estive algum tempo em Pequim, a antiga
capital da China. Em Pequim, havia um hospital
excelente que era patrocinado e suprido pela
Fundação Rockefeller, chamado Peking Union
Medical College. Era um grande hospital, do mais
elevado padrão. Muitas das enfermeiras que
trabalhavam naquele hospital foram ganhas para a
igreja e também alguns médicos, por meio da
pregação mais elevada do evangelho. Eles estavam
todos “pegando fogo”. Precisamos desse tipo de
pregação hoje.
Tenho encargo, porque vi algo superior. Quero
ver as pessoas ganharem algo melhor. Nós não
queremos pregar o evangelho de maneira superficial.
Qual é o centro, o ponto mais elevado do evangelho?
É tomar um pobre pecador, espargir algumas gotas de
sangue sobre ele e enviá-lo para o céu? Você pensa
que o evangelho de Deus oferece somente isso? Não.
É muito mais elevado que isso. O evangelho de Deus é
tornar as pessoas santos irmãos. Isso não é conceito
meu; é o conceito revelado no livro de Hebreus. Em
Sua ressurreição, Cristo fez de todos nós Seus irmãos
e veio para nosso interior para declarar o Pai a nós.
Agora, como O que santifica, Ele está qualificado para
desempenhar a obra de santificação que nos faz
santos. Somos Seus santos irmãos e Seus sócios,
compartilhando de Sua unção para o cumprimento
do plano de Deus. Isso não está na Bíblia? Não são
boas novas? O mundo precisa ouvir essas boas novas.
Muitos pensadores, nas principais universidades do
país, estão meditando sobre o significado da vida
humana. Muitos estão se perguntando: “Qual é o
propósito da vida? Que acontecerá depois da minha
formatura?” Ninguém nas universidades pode
responder-lhes. Nós precisamos ir até eles e dizer o
verdadeiro significado da vida. Precisamos ir e dizer
que eles podem ser santos irmãos do Filho
Primogênito de Deus. Se o Senhor adiar Sua volta,
espero que, daqui a alguns anos, esse tipo de
pregação seja prevalecente em todas as universidades
dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos, a Europa e todos os países
Autores precisam ouvir a pregação elevada desse
evangelho pleno, o evangelho que produz os santos
irmãos do Filho Primogênito de Deus. Se os jovens
tomarem esse encargo e forem para os campus das
universidades pregando este evangelho, um bom
número de jovens estudantes será ganho. Eles ficarão
satisfeitos. Espero que muitos de vocês que estão
lendo esta mensagem façam um trato com o Senhor,
dizendo-Lhe que estão dispostos a ganhar o encargo
para a pregação do evangelho elevado. Se você tiver
encargo para pregar o evangelho elevado, creio que o
Senhor honrará sua pregação. “Senhor, nós
precisamos de mais pregadores jovens, mais
pregadores do evangelho pleno!”
Antes de prosseguirmos, eu gostaria de ter
alguma comunhão com os jovens. Eu fui totalmente
capturado pelo Senhor e sei o que estou fazendo aqui.
Eu tive a visão. Em todo o universo não há nada mais
elevado que isso. Estou fazendo o trabalho mais
glorioso entre a humanidade, e todos vocês devem
fazer o mesmo. É por isso que não me importo com
shopping centers — eles são muito vulgares. Eu nunca
trocaria o que tenho em minhas mãos por nada deste
mundo. O que tenho é muito elevado e muito
glorioso. O mundo de hoje necessita de uma cruzada
com a pregação do evangelho mais elevado e mais
completo.

A. Herdeiros da Salvação
Os santos irmãos são os herdeiros da salvação
(1:14) que herdam a “tão grande salvação” (2:3), a
qual não apenas nos torna santos irmãos para
participar da santidade de Deus, mas também nos
conduz à glória de Deus.

B. Sócios do Herdeiro Designado


Os santos irmãos são também os sócios do
Herdeiro designado de Deus (1:9, 2). O Filho de Deus
é o Herdeiro designado de Deus para herdar todas as
coisas. Esse Herdeiro foi ungido por Deus para o
cumprimento do Seu plano eterno. Os santos irmãos
têm uma parceria, urna sociedade com Ele.

C. Seguidores do Autor
Os santos irmãos são também os seguidores do
Autor da salvação (2:10). O Autor da salvação é o
Filho Primogênito de Deus que abriu o caminho para
a glória de Deus. Os santos irmãos são os seguidores
desse Autor a fim de serem conduzidos à glória
divina.

D. Irmãos do Filho Primogênito de Deus


Além disso, os santos irmãos são irmãos do Filho
Primogênito de Deus. Cristo é o Filho Primogênito de
Deus com a divindade e a humanidade, como vimos
em uma das mensagens anteriores. Os santos irmãos,
como seres humanos regenerados com a vida divina,
são os irmãos de Cristo, com humanidade e
divindade. Eles são iguais a Cristo em vida e natureza.

E. A Igreja em Ressurreição
Por fim, os santos irmãos são a igreja em
ressurreição (2:12). Individualmente eles são os
irmãos de Cristo; coletivamente eles são a igreja, o
Corpo de Cristo. Isso está totalmente relacionado à
ressurreição. Antes da ressurreição de Cristo, a igreja
não existia. Foi por meio da ressurreição de Cristo
que a igreja veio a existir, sendo composta dos irmãos
de Cristo. É por isso que depois de Sua ressurreição
os irmãos de Cristo, a igreja, foram produzidos. Hoje,
a igreja na restauração do Senhor precisa ser a igreja
em ressurreição.

F. Santificados pelo Filho de Deus e Filho do


Homem
Os santos irmãos estão sendo santificados pelo e
com o Filho de Deus e Filho do Homem (2:11). Aquele
que santifica é o Filho de Deus e Filho do Homem.
Como vimos na mensagem onze, tomamo-nos
qualificados para ser participantes da santidade
divina. A santidade divina é simplesmente a natureza
santa de Deus. Santidade é a natureza de Deus. Como
Aquele que santifica, Cristo agora está nos
santificando disposicionalmente pela transmissão da
natureza santa de Deus para dentro do nosso ser.
Muitas vezes tenho usado a ilustração da
“chaificação”. A água limpa em um copo é
“chaificada” adicionando-se chá a ela, até que esteja
completamente “chaificada”. A maneira de chaificar a
água é acrescentar a ela o elemento do chá até que
fique saturada e permeada. Então, toda a água será
chaificada e terá a aparência, a cor, o sabor e o cheiro
do chá. Isso é “chaificação”. Nós somos a água limpa
do copo e Cristo é a própria essência da santidade
divina, da natureza divina. Cristo colocou-se em nós,
um copo de água limpa, para permear-nos e
saturar-nos até que sejamos plenamente santificados
com Sua natureza santa. Isso é santificação.

G. Participantes da Santidade Divina


Os santos irmãos também são participantes da
santidade divina (12:10). Nós somos participantes da
santidade divina que é nada menos que a natureza de
Deus. Quando estamos sendo santificados, somos
saturados com essa natureza santa de Deus. É por
esse saturar que participamos da santidade divina.

H. Buscando a Santidade
Como santos irmãos, temos de buscar a
santidade (12:14). Por um lado, nós fomos
santificados pelo sangue de Cristo (10:29); por outro,
fomos regenerados com a natureza santa de Deus
(2Pe 1:4). Agora, como esses santificados, devemos
buscar a santidade em nosso andar diário. Sem
santidade, não veremos o Senhor. Sem ela, nossa
comunhão com o Senhor será rompida. Precisamos
de uma vida santa a fim de manter uma comunhão
contínua com o Senhor para que possamos vê-Lo
todo o tempo.

I. A Caminho da Glória
Como santos irmãos, enquanto estamos sob o
processo de nos tomar santos, estamos a caminho da
glória (Hb 2:10). Tornar-se santo, ser santificado, é
uma preparação para que sejamos glorificados.
Enquanto estamos a caminho da glória, Cristo está
nos santificando, ministrando para as nossas
necessidades como o Sumo Sacerdote e
conduzindo-nos à glória como nosso Autor.

II. PARTICIPANTES DO CHAMAMENTO


CELESTIAL
Agora chegamos aos participantes do
chamamento celestial. O termo chamamento celestial
é usado pelo escritor dessa epístola a fim de comparar
esse chamamento com o chamamento terreno. Todas
as pessoas no judaísmo participaram de um
chamamento terreno, para bênçãos terrenas. Nada no
judaísmo é celestial. Mas na economia de Deus, em
Sua plena salvação, fomos chamados do céu por Deus
e chamados para tudo que é celestial. Portanto, esse
chamamento é um chamamento celestial. Tudo nele
tem uma natureza celestial. Nós, os santos irmãos,
somos participantes de tal chamamento celestial.
Você quer permanecer no chamamento terreno ou
prefere cruzar o rio a fim de ser um verdadeiro
hebreu, participante do chamamento celestial?
O conceito do livro de Hebreus é focado na
natureza celestial das coisas positivas. Antes de tudo,
ele nos mostra que Cristo hoje está assentado no céu
(1:3). Ele entrou no céu (9:24). Ele penetrou os céus
(4:14) e tomou-se mais alto que os céus (7:26). Então,
esse livro nos revela o chamamento celestial (3:1), os
dons celestiais (6:4), as coisas celestiais (8:5), a pátria
celestial (11:16) e a Jerusalém celestial (12:22). Ele
também nos diz que estamos arrolados nos céus
(12:23) e que Deus nos adverte hoje dos céus (12:25).
Todas as coisas no Antigo Testamento que eram
mantidas no judaísmo eram de natureza terrena.
Nesse livro, a intenção do escritor é mostrar aos
crentes hebreus o contraste entre a natureza celestial
do Novo Testamento e a natureza terrena do Antigo
Testamento, para que eles pudessem desistir das
coisas terrenas e apegar-se às celestiais.

A. Para o Cristo Celestial


O chamamento celestial chama-nos
primeiramente para o Cristo celestial (1:3, 13; 4:14;
6:20; 7:26; 9:24; 10:12). Onde está Cristo hoje? Ele
está nos céus. Ele esteve na terra e voltará para a
terra, mas agora está nos céus. Ele é o Cristo celestial
ministrando-nos a vida celestial, o suprimento e as
riquezas celestiais o tempo todo, para que possamos
viver uma vida celestial enquanto ainda estamos na
terra.

B. Com o Arrolamento Celestial


Os santos irmãos participaram do chamamento
celestial, mas ainda estão na terra. Entretanto, eles
foram arrolados nos céus (12:23) tendo seus nomes
escritos nos céus. Hoje não estamos nos céus, mas
nosso nome está escrito lá. Somos participantes do
chamamento celestial, compartilhando do
arrolamento celestial. Portanto, somos um povo
celestial (Fp 3:20).

C. Para Provar o Dom Celestial


Nós, os participantes do chamamento celestial,
fomos chamados para provar o dom celestial (6:4). O
dom celestial deve ser as coisas celestiais dadas a nós
por Deus na hora da nossa salvação, tais como
perdão, justiça, vida divina, paz e alegria. Como
participantes do chamamento celestial, todos nós
provamos essas coisas celestiais.

D. Para Ter a Adoração Celestial


Como participantes do chamamento celestial,
também precisamos ter a adoração celestial (8:5;
9:23-24). Embora estejamos na terra, nossa adoração
a Deus deve ser celestial. Os santos irmãos foram
chamados para ter a adoração celestial na terra.
Temos de guardar nossa adoração de qualquer
natureza terrena. Tanto nossa vida quanto nossa
adoração devem ser celestiais.

E. Para Chegar à Jerusalém Celestial


As pessoas no Antigo Testamento vieram para a
Jerusalém terrena. Mas nós, os participantes do
chamamento celestial, viemos para a Jerusalém
celestial (12:22). A Jerusalém terrena simboliza a lei
com sua escravidão (Jo 14:25), enquanto a Jerusalém
celestial simboliza a graça com sua liberdade (Jo
14:26). Os crentes hebreus não deveriam permanecer
sob a lei, como filhos da escravidão vindo à Jerusalém
terrena. Eles deveriam desistir da Jerusalém terrena
e vir para a celestial, como filhos da liberdade sob a
graça.

F. Para ir para a Pátria Celestial


Nós, os participantes do chamamento celestial,
fomos chamados para a pátria celestial (Hb 11:16).
Estamos viajando pela terra e alcançaremos a pátria
celestial.

G. Participantes do Espírito Santo


Como participantes do chamamento celestial,
também somos participantes do Espírito Santo (6:4).
O Espírito Santo é o que Deus prometeu dar ao
homem em Seu evangelho (Jo 1 3:14). Em Seu
evangelho, Deus nos chamou dos céus para as coisas
celestiais para que possamos participar do Seu
Espírito Santo. É pelo Espírito Santo de Deus que
provamos o dom celestial. É pelo Espírito Santo de
Deus que podemos viver uma vida celestial na terra. É
pelo Espírito Santo que podemos participar da
santidade divina. O Espírito Santo é simplesmente o
próprio Deus. Como participantes do Espírito Santo,
nós participamos de Deus como nosso desfrute. É
também pelo Espírito Santo de Deus que podemos ter
uma adoração celestial.

H. Participantes da Disciplina Divina


Nós os participantes do chamamento divino,
também participamos da disciplina divina (12:8 —
IBB-Rev). Disseram-me que na Grã-Bretanha o
príncipe herdeiro, o sucessor do trono, recebe muita
disciplina. Um príncipe precisa ser disciplinado antes
que possa assumir o trono e ter a realeza. Esse é o tipo
de disciplina pela qual estamos passando agora.
Como sucessores do trono, estamos todos sob essa
disciplina divina. Como santos irmãos, precisamos
participar da santidade divina trazida a nós pelo
Espírito Santo que está em nós. Como participantes
do chamamento celestial, precisamos participar da
disciplina divina realizada pelo Espírito Santo por
meio do nosso ambiente. Os santos irmãos são
participantes não apenas do chamamento celestial,
mas também do Espírito Santo, da santidade divina e
da disciplina divina para serem aperfeiçoados,
equipados e qualificados, a fim de que sejam os sócios
adequados do Ungido de Deus.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 15
CRISTO COMO O APÓSTOLO SUPERIOR A MOISÉS
Nesta mensagem chegamos à terceira
comparação encontrada no livro de Hebreus — que
Cristo como o Apóstolo é superior a Moisés. Bem no
começo dessa epístola, vimos a comparação entre
nosso Deus e o Deus dos judeus. Então, nos capítulos
1 e 2, vimos os dois aspectos da comparação entre
Cristo e os anjos. Como Filho de Deus e como Filho
do Homem, Cristo é superior aos anjos. O terceiro
motivo de orgulho da religião judaica é Moisés, que
foi seu Autor mais excelente. Como veremos em outra
mensagem, a quarta comparação, entre Cristo e Arão,
mostra-nos que Cristo, como o Sumo Sacerdote, é
superior a Arão.
Como o Apóstolo e Sumo Sacerdote, Cristo é
superior a Moisés e Arão. Vemos esses dois títulos de
Cristo em 3:1, onde nos é dito para “considerar
atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão, Jesus”. Jesus é nosso Apóstolo e nosso
Sumo Sacerdote. Como Apóstolo, Ele foi tipificado
por Moisés; como Sumo Sacerdote, foi tipificado por
Arão. O Apóstolo é aquele que foi enviado a nós da
parte de Deus e com Deus (10 6:46; 8:16, 29). O Sumo
Sacerdote é aquele que foi para Deus da nossa parte e
conosco (Ef 2:6). Como Apóstolo, Cristo veio a nós
com Deus para compartilhar Deus conosco, para que
pudéssemos participar da Sua vida, natureza e
plenitude divinas. Como Sumo Sacerdote, Cristo foi
até Deus conosco para nos apresentar a Deus, a fim
de que nós e nossa causa fôssemos totalmente
cuidados por Ele. Como Apóstolo, Ele foi tipificado
por Moisés que veio de Deus para servir à casa de
Deus (Hb 3:2-6), e como Sumo Sacerdote, Ele foi
tipificado por Arão, que foi até Deus com a casa de
Israel e suas causas (4:14-7:28).
Embora, talvez, você já soubesse que Jesus é
nosso Sumo Sacerdote, duvido que muitos de vocês,
que estão lendo esta mensagem, saibam que Jesus
também é o Apóstolo. Jesus foi o primeiro Apóstolo
no Novo Testamento. É por isso que eu digo mais
uma vez que o livro de Hebreus é muito peculiar.
Primeiramente, ele nos diz que o Senhor Jesus foi
designado por Deus para ser o Herdeiro de todas as
coisas (1:2). Então, nos diz que Ele é o Autor da
salvação (2:10). Cristo como Herdeiro de todas as
coisas e como Autor da salvação não é tão claramente
revelado como nesse livro. Mesmo Cristo como o
Sumo Sacerdote não pode ser encontrado em
nenhum outro lugar do Novo Testamento. Agora
vemos que Cristo é o Apóstolo. A palavra apóstolo, no
grego, significa “enviado, alguém que é enviado por
uma autoridade maior”. Jesus é Aquele que foi
enviado por Deus. Deus O enviou para nós.

I. MOISÉS
Moisés tipifica Jesus como o Apóstolo, o enviado.
Quando os filhos de Israel estavam sofrendo
perseguições sob a tirania do Faraó, Deus apareceu a
Moisés e o encarregou de ir aos filhos de Israel e ao
Faraó. Assim, Moisés tornou-se um apóstolo do
Antigo Testamento. Moisés foi o enviado de Deus, foi
o apóstolo que devia tirar Israel do Egito e guiar os
israelitas pelo deserto, com o propósito de que fossem
constituídos como casa de Deus e fossem formados
uma habitação para Deus na terra. Essa habitação de
Deus era simbolizada pelo tabernáculo construído
pelos filhos de Israel no deserto. Aquele tabernáculo
era apenas um símbolo; ele não era a verdadeira
habitação de Deus. Naquela época a verdadeira
habitação de Deus na terra eram os próprios filhos de
Israel. Os filhos de Israel foram formados e
constituídos uma casa para Deus por Moisés, o
apóstolo de Deus. Esse retrato é muito claro. Quando
lemos a Bíblia precisamos ter tal visão celestial, uma
revelação no espírito. Sem isso, jamais poderemos
aprender o verdadeiro significado de todas as
histórias do Antigo Testamento.

A. Uma Parte da Casa de Deus


Entretanto, há uma diferença de graduação entre
Moisés e Cristo. Não importando o quanto Moisés
tenha prefigurado Cristo, ele ainda era somente uma
parte da casa, enquanto Cristo é o Edificador da casa
de Deus (3:3).

B. Fiel na Casa de Deus


Moisés, como enviado de Deus para cuidar da
casa de Deus, era fiel a Deus em toda Sua casa. Isso
tipifica que Cristo, como o Apóstolo da parte de Deus
para a casa de Deus, é fiel a Deus que O constituiu (v.
2).

C. Para Testemunho das Coisas Vindouras


Hebreus 3:5 diz que Moisés era um “servo para
testemunho das coisas que haviam de ser
anunciadas”. Moisés era um testemunho. Um
testemunho, aqui, significa que Moisés era uma
fotografia. Sua fotografia é seu testemunho. Suponha
que nunca tenhamos visto uma determinada pessoa,
mas tenhamos sua fotografia. A fotografia dela é seu
testemunho. Da mesma maneira, Moisés era um
testemunho, urna prefigura, uma fotografia, um tipo
do Apóstolo real, típico e genuíno enviado por Deus.

II. CRISTO

A. O Edificador da Casa de Deus, o Próprio


Deus
Cristo não é apenas urna parte da casa, mas
também o Edificador da casa (vs. 3, 4). Moisés tinha
somente uma natureza — a humanidade. Essa
natureza humana era boa para a edificação de Deus.
Mas Moisés não tinha a natureza divina, que é boa
para ser o edificador. O Senhor Jesus tem duas
naturezas, a humanidade, que é bom material para a
edificação da habitação de Deus, e a divindade, que é
o elemento do edificador. Em Sua humanidade, Jesus
é a pedra para a habitação de Deus. Ele é a pedra de
fundamento (Is 28:16), a pedra angular (Mt 21:42; At
4:11), a pedra de remate (Zc 4:7) e a pedra viva (1Pe
2:4), para fazer de nós pedras vivas (1Pe 2:5). Em Sua
humanidade, Ele é o bom material para a edificação
de Deus, e em Sua divindade, Ele é o Edificador.
Moisés foi um apóstolo enviado por Deus para
constituir a casa de Deus na terra, e Cristo também
foi o Apóstolo fazendo o mesmo. Mas Cristo não é
apenas uma parte da edificação; Ele é também o
Edificador. Essa é a diferença entre Cristo e Moisés.

B. Sobre Nós, a Casa de Deus


Em Hebreus 2, Cristo é o Filho Primogênito e nós
somos os muitos filhos que formam a igreja. Naquele
capítulo, Cristo é o Autor, o Filho Primogênito e o
Sumo Sacerdote para que os muitos irmãos possam
ser a igreja. O capítulo 3 é um pouco diferente. Nesse
capítulo, Cristo é o Apóstolo e a igreja é a casa de
Deus. Em Hebreus 2, Cristo é o Primogênito, o Autor
e o Sumo Sacerdote, e os irmãos são a igreja. Em
Hebreus 3, Cristo é o Apóstolo e os irmãos são a casa
de Deus. A igreja tem uma dupla função. Para Cristo,
a igreja é o Corpo; para Deus, a igreja é a casa. Cristo
é a Cabeça e a igreja é o Corpo da Cabeça. Essa é a
primeira função da igreja. Deus é o Pai, e a igreja é
Sua casa. Essa é a segunda função da igreja. Assim
como Cristo é a Cabeça e a igreja é Seu Corpo, Deus é
o Pai e a igreja é Sua casa. A igreja como Corpo de
Cristo é um organismo. Do mesmo modo, a igreja
como uma casa não é uma casa física; é uma casa
viva.
Como sabem todos os estudiosos do grego, a
palavra grega traduzida aqui por casa pode também
ser traduzida por farru1ia, referindo-se aos membros
da farru1ia. A casa de Deus não é uma casa física, mas
é uma casa viva. A casa de Deus é Sua família e Sua
família é Sua casa. Sua casa é também Sua família, o
lugar de habitação de Seu povo. Suponha que certa
farru1ia tenha uma casa. A família é urna coisa e a
casa é outra. Farru1ia é algo vivo e casa é algo físico.
Mas a farru1ia de Deus e a casa de Deus são ambas
vivas.
Em que sentido a casa de Deus é viva? Ela é viva
no nome e na vida do Pai. Quando dizemos que ela é
viva no nome do Pai, significa que ela é viva na
realidade do Pai. Essa casa é urna composição viva
dos muitos filhos de Deus na vida e realidade do Pai.
Isso é maravilhoso. Onde está a casa de Deus, ali está
a família de Deus, e onde está a família de Deus, ali
está Deus com Sua vida e realidade. Isso é similar à
igreja como o Corpo de Cristo. Cristo não está
separado de todos os membros do Corpo, pois, como
a Cabeça do Corpo, Cristo habita no interior de todos
os membros. Cristo não deveria ser considerado um
membro separado do Corpo, pois Ele está em todos os
membros do Corpo. Do mesmo modo, a casa de Deus
é a família de Deus. O Pai não é um membro separado
da família, mas está em todos os seus filhos. Isso i
Betel, a casa de Deus, a própria casa que Jacó viu em
seu sonho (Gn 28). Essa é a razão pela qual onde está
a igreja, ali está Betel, a casa de Deus com o Filho do
Homem, Jesus Cristo, como a escada celestial. Tal
igreja é a porta do céu pela qual as pessoas podem
comunicar-se da terra com o céu. Agora mesmo há
uma comunicação entre a terra e o céu. Quando
estamos na vida adequada da igreja, estamos na porta
do céu. Se tiver os olhos espirituais, você poderá ver
os anjos subindo e descendo sobre a escada celestial.
Quem é Aquele que formou, edificou e constituiu
essa casa e dela cuida? Jesus Cristo, o Apóstolo
enviado por Deus, tem constituído e ainda está
constituindo e edificando Sua casa. Ele não somente
está edificando a casa, mas também a está
conduzindo. Essa casa é móvel, portátil; é uma casa
viva que anda. Você crê que o cristianismo
organizado de hoje seja tal casa? Será que o
cristianismo organizado consegue andar? Nós
estamos vivos, andando e nos movendo. Estamos
andando coletivamente com o Apóstolo. A casa de
Deus é um Corpo coletivo. Se quisermos desfrutar o
Apóstolo e se quisermos desfrutar o Pai com Sua
realidade, precisamos estar na casa. Na religião, sinto
dizer, não se diz às pessoas que elas têm um Apóstolo.
Mas precisamos saber que temos um Apóstolo. Nosso
Autor da salvação e nosso Sumo Sacerdote é o
Apóstolo, o Enviado por Deus para cuidar da casa de
Deus. Se você não está na casa, você não O desfrutará
no aspecto de Ele ser o Apóstolo. Você pode
desfrutá-Lo em outros aspectos, pois Ele é
formidável, bondoso e mais que misericordioso, e Ele
fará muitas coisas para você. Mas quanto à igreja
como a casa do Pai, você não será capaz de
desfrutá-Lo como o Apóstolo.
Essa é a razão pela qual não creio num cristão
individual. Uma vez que você é individual, você está
acabado. Quando você é individual, você é uma pedra
separada. Como uma pedra separada, você não tem
nada que ver com a casa. Precisamos estar na igreja.
Muitos de nós podem testificar de que desfrute,
bênção e graça temos participado desde que viemos
para a igreja. Iremos ver coisas maravilhosas
acontecerem na casa e para a casa.
Muitos dos jovens estão entusiasmados para
pregar o evangelho elevado. Depois de serem
encorajados, eles poderão ser incapazes de esperar
meio minuto. Eles querem saber o próximo passo.
Jovens, o próximo passo é entrar na casa e
permanecer com a casa. O passo seguinte é seguir
adiante com a casa. Não podemos pregar o evangelho
elevado a não ser que tenhamos a casa. Para termos a
pregação elevada do evangelho, precisamos ter a
igreja como a casa do Deus vivo. Então seremos
capazes de declarar a todas as pessoas eruditas:
“Venham e vejam. Aqui está o significado da vida.
Venham e vejam a vida que muitos filósofos
buscaram no passado e não encontraram. Venham e
vejam a vida da igreja”. Precisamos ter a vida da
igreja. Não podemos pregar o evangelho elevado se
não tivermos um modelo. As pessoas querem ser
práticas. Elas não querem ouvir sobre algo que
acontecerá um dia; elas querem tê-lo agora. Então, as
pessoas perguntarão: “Onde está isso de que você está
falando?” e nós poderemos dizer: “Vem e vê”. Sem
termos uma vida da igreja no plano mais elevado, não
é possível pregar o evangelho elevado. Em certo
sentido, a vida elevada da igreja é a pregação.
Simplesmente precisamos trazer as pessoas e
deixá-las ver e provar. Então, elas dirão: “Agora eu
sei”. É fácil pregar o evangelho quando temos um
modelo. Todo vendedor sabe que é difícil vender um
produto sem ter uma amostra. A melhor maneira de
vender um objeto às pessoas é mostrá-lo a elas.
Na última mensagem, falei a vocês das muitas
enfermeiras do grande hospital em Pequim as quais
foram ganhas para a vida da igreja. Elas eram
enfermeiras altamente educadas e qualificadas.
Muitas vezes elas iam às reuniões da igreja, vestindo
ainda seus uniformes brancos, pois tinham acabado
de sair do serviço. Isso influenciou outras, que
perguntavam a elas: “Que coisa é essa que ganhou
vocês? Vocês não se importam com comer e com nada
mais — apenas vão a essas reuniões. Que é isso?”
Como resultado disso, muitas outras foram ganhas.
Precisamos ter a vida mais elevada da igreja, algo
que seja muito atraente às pessoas. Precisamos
mostrar às pessoas o que é a verdadeira humanidade
e o que é a genuína sociedade humana. A vida da
igreja deve ser a melhor sociedade, a vida
comunitária mais elevada. Esteja certo de que um dia
isso acontecerá. Eu creio na vida do Senhor. Num dia,
não muito distante, todo o mundo verá e a religião
ficará surpresa. Então, eles verão a diferença. Eles
podem criticar e se opor a nós hoje, mas o tempo
vindicará.
Temos recebido muitos nomes maus. Alguns nos
chamam até de seita. Recentemente, recebi uma carta
de um irmão que estava em um navio da Marinha. Ele
encontrou outros cristãos a bordo e viu como eles
estavam envenenados contra nós. Mas esperemos e
vejamos o que o tempo dirá. Não seja influenciado
pelos boatos. Ninguém na terra hoje em dia é tão
fundamentalista como nós. Ninguém honra os
oráculos divinos de Deus como nós. Ninguém crê no
Deus Triúno de maneira tão prática como nós. Nós
não cremos meramente de maneira doutrinária —
isso é uma Feira de Vaidades. Nós somos práticos. Se
cremos na justificação pela fé, devemos ser práticos e
ter experiências. Nós cremos em todos os aspectos da
Bíblia no caminho da experiência. Não queremos ter
nenhuma doutrina vã. O que uma doutrina vã faz por
você? Nada. Nós nascemos em uma Feira de Vaidades
doutrinárias; não há nada nela, somente palavras. Eu
nasci em tal Feira de Vaidades e foram-me
necessários mais de vinte anos para me esvaziar de
todas elas. Tudo aquilo em que crermos hoje deve ser
prático. Nós cremos no Deus Triúno, o Pai, o Filho e o
Espírito, e cremos segundo as letras pretas e brancas
da pura Palavra, e não segundo a tradição.
O Senhor está aqui e está nos cobrindo. Todo
aquele que se opõe a esse testemunho já perdeu a
causa. Mais cedo ou mais tarde suas tolices serão
expostas. O tempo dirá. O tempo provará. Esse
testemunho não é algo novo; ele foi testado por mais
de cinqüenta anos. Onde quer que esse testemunho
tenha ido, nada foi capaz de impedi-lo. Se você
perguntar aos missionários que foram a Taiwan, eles
lhe dirão que nenhuma obra em Taiwan pôde impedir
a obra desse testemunho. Todos os missionários
admitiram que essa é a obra liderante na ilha de
Taiwan. Em 1968, mais de cento e trinta irmãos e
irmãs americanos visitaram Taiwan. Enquanto
estavam lá, eles encontraram um missionário que
falou contra nós. Embora ele não gostasse desse
testemunho, ele teve de admitir que era a obra mais
prevalecente. Por que essa obra é prevalecente?
Porque é o testemunho do Senhor. Não depende de
nós; depende Dele. Mas precisamos ser um com Ele.
Portanto, não se aferre a nada.
Deixe-me dar-lhe um testemunho do que ocorreu
a um dos opositores. Em 1958, fui convidado para
visitar um lugar espiritual na Inglaterra. Não fui lá
para receber ajuda nem para dar ajuda, mas para ver
a situação ali. O Autor me honrou, colocando-me em
uma casa especial e designando uma pessoa para
cuidar de mim. Pelo período de um mês, o Autor
entregou todas as reuniões a mim, não apenas as
reuniões da conferência, mas até mesmo as reuniões
normais. Durante minha estada lá, descobri que
aquele lugar não era para a igreja; era totalmente
para aquele ministério. Durante os vinte ou trinta
anos anteriores a 1958, o ministério naquele lugar era
prevalecente. Muitos admitiam que era um ministério
espiritual. Depois de ter ficado lá por um mês, o
Autor levou-me para seu retiro na Escócia. Estive ali
com ele durante uma semana com o propósito de
sentar-me com ele face a face e ter uma conversa
sobre a economia do Senhor, sobre o que o Senhor
estava fazendo naquela época. Sua opinião era que o
Senhor usaria seu ministério para estabelecer centros
ministeriais por toda a terra. Eu lhe disse que a
economia do Senhor é estabelecer igrejas, uma em
cada cidade. Embora fôssemos bons amigos, não
pudemos prosperar. Ele descobriu que eu era mais
que obstinado quanto a isso, e eu descobri que ele não
poderia ser mudado nem um pouquinho. Não
discutimos um com o outro, mas interiormente
percebemos que havia uma grande discrepância entre
nosso entendimento da economia do Senhor.
Voltamos do seu retiro na Escócia para a Inglaterra.
Antes de voltar, ele me pediu novamente que falasse
em uma das reuniões normais. Eu não sabia o que
falar até que subi à plataforma. Então a mensagem
veio. Naquela mensagem, eu disse às pessoas que o
ministério não é para o ministério em si, mas todo
ministério deve ser para as igrejas. Fui muito forte,
dizendo: “Vejam o ministério do apóstolo João.
Embora fosse o ministério mais espiritual, não era o
candeeiro. Vejam todas as igrejas em Apocalipse — a
maioria delas era uma confusão. Mas as igrejas são os
candeeiros”. Naquela mensagem, enfatizei
fortemente que as igrejas, a igreja em várias cidades,
não devem ser para o ministério, mas o ministério
deve ser para as igrejas.
O amado irmão que era o Autor naquele lugar
havia tocado o governo de Deus. Estar
governamentalmente errado para com Deus é uma
coisa séria. Se esse testemunho é a restauração do
Senhor, então há algo que é divinamente
governamental. Se algum homem puder tocar esse
testemunho sem que nada lhe aconteça, isso é uma
prova de que esse testemunho não é nada. Mas essa é
a restauração do Senhor, e todos devemos ser
cuidadosos. Quão sério é tocar a restauração do
Senhor!
O amado irmão que me convidou para ir à
Inglaterra havia primeiramente sido convidado por
nós para ir a Taiwan. Ele foi em 1955 e novamente em
1957. Durante sua primeira visita, ele não tocou na
questão da igreja, mas em sua segunda visita ele o fez
de propósito. Isso levantou um forte debate entre ele
e nós. O debate foi entre esse irmão e os Autores na
ilha de Taiwan. Nas primeiras duas reuniões eu
estava traduzindo e não falei no debate. Entretanto,
na terceira reunião, eu entrei. Embora fôssemos
amigos desse querido irmão, até mesmo amigos
íntimos, tínhamos conceitos diferentes quanto à
economia de Deus. Esse irmão deixou Taiwan em
abril de 1957. Quando o visitei na Inglaterra,
dezesseis meses mais tarde, em agosto de 1958, ele
me disse que quando o avião decolou de Taiwan para
Hong Kong, o fluir em seu interior foi cortado e não
foi restaurado. No mesmo dia em que me contou isso,
ele disse também que chorara ao Senhor de
manhãzinha, perguntando-Lhe por que o fluir fora
cortado.

C. Fiel a Deus que O Constituiu


Cristo, tipificado por Moisés, foi fiel a Deus em
cuidar da casa de Deus (v. 2). Hebreus 2:17 nos diz
que Ele é fiel como o Sumo Sacerdote. Aqui diz que
Ele é fiel como o Apóstolo enviado por Deus a nós.

D. Digno de Maior Honra e Glória que Moisés


Moisés era apenas uma parte da casa, enquanto
Cristo é tanto a casa como o Edificador da casa.
Assim, Cristo é considerado digno de maior glória
que Moisés (3:3). Precisamos ver que Cristo, como
Edificador da casa, tem mais glória e honra que
Moisés. Portanto, Cristo é muito superior a Moisés.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 16
SÓCIOS DE CRISTO
Nesta mensagem chegamos aos sócios de Cristo,
à parceria coletiva. Em Hebreus 1 e 2, vimos que
fornos constituídos para ser os irmãos do Filho
Primogênito de Deus e que, como os muitos irmãos,
formam a igreja. Tornados como um todo, esses dois
capítulos revelam que Deus é a fonte e que Dele
vieram os muitos irmãos do Filho Primogênito de
Deus, os quais formaram a igreja. A igreja é
simplesmente a expressão do próprio Deus em Cristo.
Na igreja ternos Deus. Na igreja também ternos o
Filho de Deus, o Herdeiro designado por Deus. Na
igreja também ternos o Autor da Salvação, o Filho
Primogênito de Deus e o Filho do Homem. Na igreja
ternos os muitos irmãos do Filho Primogênito de
Deus e os sócios, os co-herdeiros do Herdeiro
designado. Todos esses herdeiros são os sócios do
único Herdeiro. O resultado de tudo isso é urna
expressão gloriosa de Deus. Um dia, na Nova
Jerusalém, isso virá plenamente à existência. Lá, na
Nova Jerusalém, veremos plenamente a expressão
gloriosa de Deus. Na Nova Jerusalém haverá o trono
de Deus com o Deus Todo-Poderoso sentado nele (Ap
22:1). Lá, na Nova Jerusalém, estarão o Pai, o Filho
como o Cordeiro, e o Espírito fluindo como um rio de
água. Os muitos irmãos do Filho Primogênito, os
muitos filhos de Deus, também estarão lá. Na Nova
Jerusalém veremos o Senhor de todos, o Autor e
Sumo Sacerdote. Aquela cidade será a expressão
plena do Deus glorioso. Isso é a glória, o descanso, a
boa terra e a região na qual entraremos depois de ter
cruzado muitos rios.
Enquanto estou falando, tenho uma visão
gloriosa diante de mim. Oh! eu vi a igreja! Na igreja
ternos não apenas justificação pela fé, salvação
pessoal e perdão de pecados — nós ternos tudo! A
vida da igreja é urna pequena lente através da qual
podemos ver todo o retrato da Nova Jerusalém. Tudo
o que estará na Nova Jerusalém de maneira plena,
nós ternos hoje em miniatura na vida da igreja.
Ternos a sensação de que nestes dias nós entramos na
glória, no descanso. Isso é um antegozo do desfrute
pleno que está por vir. Estamos na glória, na boa
terra. Cristo não é somente nosso Deus, mas também
é o Moisés de hoje. Ele é um Moisés melhor, mais
elevado e mais excelente. Ele é também nosso Arão e
nosso verdadeiro Josué, e nós somos Seus Calebes,
Seus sócios, camaradas e companheiros.
A palavra sócios no grego é a mesma que
participantes. A mesma palavra grega tem esses dois
significados. Um participante é absolutamente
diferente de um sócio. Eu posso participar do meu
café da manhã, significando que eu desfruto o café da
manhã, mas sou sócio de urna empresa, significando
que sou um co-proprietário dessa empresa. Por essa
palavra em grego poder ser traduzida por duas
diferentes palavras em português, os tradutores têm
dificuldade em traduzir o significado correto da
palavra grega. A versão João Ferreira de Almeida
traduziu Hebreus 3:14 por “participantes de Cristo”.
Mas, segundo o contexto, a palavra grega aqui não
deveria ser traduzida por participantes, mas sócios. A
passagem de 3:7 a 3:14 trata de como entrar na boa
terra. A prefiguração disso foi a entrada na terra sob a
liderança de Josué. Josué entrou na boa terra, e
Calebe foi um sócio nessa questão. Não deveríamos
considerar Calebe como um participante de Josué,
pois Calebe não usufruiu de Josué; ele foi um
companheiro e parceiro de Josué em entrar e possuir
a boa terra. Cristo hoje é nosso verdadeiro Josué, e
nós somos Seus Calebes. A esse respeito, não somos
participantes Dele, somos Seus sócios. Quando
desfrutamos Cristo, somos participantes Dele, mas
quando O seguimos, somos Seus parceiros, Seus
sócios. Meu encargo nesta mensagem é dizer-lhes que
não somos apenas participantes desfrutando Cristo,
mas também somos sócios, seguindo-O. Como Seus
sócios, estamos trabalhando juntos e cooperando
com Ele.

A. CRISTO, O DESIGNADO POR DEUS

A. Para Cumprir o Plano de Deus


Deus tem urna grande operação no universo. O
objetivo dessa operação é produzir uma expressão
gloriosa. Essa expressão gloriosa é a meta na qual Ele
vai nos introduzir. Nossa visão deve ser ampliada
para vermos que a operação de Deus em todo o
universo é produzir urna expressão gloriosa de Si
mesmo. O Filho de Deus foi designado para levar a
cabo o plano de Deus. Ele foi designado para conduzir
essa empresa. Ele foi designado para essa função na
eternidade passada.

B. Ungido por Deus


Cristo foi designado na eternidade passada e
ungido no tempo (1:9). Essa unção foi a posse divina,
celestial. Deus inicialmente empossou Seu Herdeiro
designado em Seu ofício, ungindo-O. Deus Espírito
derramou-se como o óleo da unção sobre esse
Herdeiro designado, ungindo-O para ser o executor
da operação divina.
Como sócios de Cristo, somos parceiros em Sua
unção. Ele foi designado na eternidade passada e
ungido no tempo. Sua unção nos inclui. Quero
encaminhá-los ao Salmo 133, onde vemos que a
unção derramada sobre a cabeça de Arão, o sumo
sacerdote, desce para todo o corpo até a orla da sua
veste. Isso significa que todos os membros do corpo
do sumo sacerdote compartilham de sua unção. Nós,
os participantes, compartilhamos da unção do único
Herdeiro. Como já mencionei, a unção foi a posse
inicial. Portanto, todos nós compartilhamos de Sua
posse. Nessa posse celestial, divina e eterna, nós
somos Seus sócios. Ele obteve a unção e nós
compartilhamos dela com Ele, porque somos seus
sócios. Isso significa que fomos todos ungidos, fomos
todos comissionados. Não somos apenas os
participantes de Cristo que desfrutam Dele, mas
também os sócios de Cristo que compartilham de Sua
operação. Tenho a plena certeza de que, ao dar esta
mensagem, estou compartilhando de Sua operação.
Ele vai produzir uma expressão plena de Deus em
glória, e nós estamos agora cooperando com Ele
nessa operação. Ouvi muitos testemunhos sobre ser
um participante de Cristo e desfrutá-Lo, mas não ouvi
nenhum sobre ser um sócio de Cristo. De agora em
diante precisamos ouvir nas igrejas mais
testemunhos sobre sermos sócios de Cristo e
compartilharmos de Sua operação. Recentemente,
muitos de nós foram motivados a ir aos campus
universitários e pregar o evangelho elevado. Esse tipo
de pregação deveria ser um compartilhar da operação
do Herdeiro ungido. Somos co-herdeiros com Cristo e
sócios, cooperando com Ele e compartilhando de Sua
operação. Seu ofício também deve ser nosso ofício.
Hebreus 1:9 diz: “Amaste a justiça e odiaste a
iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o
óleo de alegria como a nenhum dos teus
companheiros”. Note que este versículo diz: “Deus, o
teu Deus”. Deus de quem? Vimos que o Filho é Deus.
Quantos deuses existem? Somente um. Alguns dos
que estão lendo esta mensagem podem,
inconscientemente, ainda manter o conceito de que
há três deuses, mas eles não ousam dizer que há três
deuses. Segundo a verdade da Bíblia, há somente um
Deus (1Co 8:4). Não podemos dizer que há mais que
um Deus. Entretanto, bem no seu interior, muitos
cristãos mantêm o conceito de três deuses, o
chamado triteísmo. Peço-lhes que esqueçam seus
ensinamentos tradicionais. Não ternos mais que um
Deus. Deus é um, todavia Ele é o Pai, o Filho e o
Espírito (Mt 28:19). Mas isso não significa que haja
três deuses diferentes.
Isaías 9:6 e 2 Coríntios 3:17 provam que o Pai,
Filho e Espírito são um. Isaías 9:6 diz: “Porque um
menino nos nasceu, um filho se nos deu; (...) e o seu
nome será: (...) Deus Forte, Pai da Eternidade”. Se
você crer que o filho nascido na manjedoura era o
Deus Forte, então você também tem de crer que o
Filho dado a nós é o Pai da Eternidade. Há duas
linhas em Isaías 9:6: o menino que nos nasceu é o
Deus Forte, e o Filho que se nos deu é o Pai da
Eternidade. Todos os cristãos fundamentalistas,
incluindo nós mesmos, crêem que o menino era o
Deus Forte. Mas, sinto dizer, muitos cristãos somente
crêem na primeira linha de 9:6, mas não na segunda.
Alguns cristãos não ousam tocar na questão do
Filho ser chamado de Pai da Eternidade. Alguns
torceram esse versículo para encaixar-se com seu
conceito tradicional. Nós não somos suficientemente
inteligentes para entender plenamente a Trindade.
Deus não nos fez tão inteligentes assim. Esse assunto
da Trindade está além do nosso entendimento. Não
conseguimos entender nem a nós mesmos como
homens tripartidos. Por exemplo, onde está seu
coração? Onde está sua consciência? As pessoas
pensam que têm clareza sobre a Trindade, mas elas
não têm clareza nem mesmo a respeito de si próprias.
Onde está sua alma? Qual é a diferença entre espírito,
alma, coração, mente, vontade, emoção e
consciência? Se você não entende nem a si mesmo,
como pode considerar-se capaz de entender Deus?
Precisamos esquecer a tradição e voltar-nos para
a Bíblia. Rogo-lhes que tomem toda a Bíblia. Esse
assunto de Cristologia tem sido alvo de discussões
desde a última parte do primeiro século. Ninguém
pode resolver esse problema. Ninguém pode
entendê-lo completamente. Deveríamos aceitar
humildemente tudo que está na Bíblia quer se ajuste
ou não ao nosso conceito. Isaías 9:6 diz que um
menino é chamado de Deus Forte e que o Filho é
chamado de Pai da Eternidade, e 2 Coríntios 3:17 diz:
“Ora, o Senhor é o Espírito”.
Quando jovem, eu estive sob os mestres dos
Irmãos Unidos que ensinavam a verdade segundo o
que conheciam da Bíblia. Eles nos ensinavam a não
orar ao Filho, mas ao Pai em nome do Filho pelo
poder do Espírito Santo. Diziam-nos para não orar ao
Espírito. Eles diziam que, sob determinadas
circunstâncias, poderíamos orar ao Senhor Jesus,
mas que isso não deveria ser freqüente. Devemos orar
ao Pai em nome do Senhor Jesus pelo poder do
Espírito Santo. Mais tarde o Senhor me levou a estar
com o irmão Watchman Nee. Um dia ele convidou
um pregador chinês da Missão para o Interior da
China, para falar em nossas reuniões. Em sua
mensagem, o pregador disse: “Não pense que o
Senhor Jesus é alguém à parte do Espírito Santo”.
Quando aquele irmão começou a dizer que o Senhor
Jesus é o Espírito Santo, o irmão Nee disse: “Amém”.:
Depois da reunião, fui ao irmão Nee e ele disse: “É
exatamente isso que necessitamos. É isso que
deveríamos tomar”. Aquilo era revolucionário para
mim. Naquela ocasião eu certamente cruzei o rio do
ensinamento dos Irmãos Unidos para a boa terra da
verdade. Não muito depois, o irmão Nee falou para
um pequeno grupo entre nós sobre João 14,
mostrando que o Senhor Jesus hoje é o Espírito
Santo. Ele disse: “O ‘ele’ do versículo 17 é o ‘eu’ do
versículo seguinte”. Meus olhos foram abertos e a luz
brilhou. Então, o versículo 17 diz que o Espírito estará
em nós, e o versículo 20 diz que o Senhor estará em
nós. Quantos estão em nós? Dois ou um? Certamente
um. Quem é esse o Senhor Jesus ou o Espírito?
Ambos, pois Eles são um. Então, os versículos 9 a 11
dizem-nos que o Senhor Jesus não somente é o
Espírito, mas também é o Pai. Não deveríamos ser tão
tolos ao ponto de ser os Filipes de hoje. Quando Filipe
pediu ao Senhor para mostrar-lhes o Pai, o Senhor
disse: “Quem me vê, vê o Pai,” pois Ele e o Pai são um
(Jo 10:30).
Antes de ir para a prisão, o irmão Watchman Nee
publicou um grande hinário contendo mil e cinqüenta
e seis hinos. Alguns dos melhores hinos do nosso
hinário foram tirados daquela fonte. Um dos hinos do
nosso hinário, o de número 490 (hino 226 em
português), foi escrito pelo irmão Watchman Nee e
traduzido por nós para ser incluído em nosso hinário.
A quinta estrofe diz:
Foste, Senhor, chamado Pai;
Mas hoje és Espírito;
É Tua outra forma que
Habita nosso espírito.
O original em chinês, que é muito mais claro que
o inglês e o português, diz: “Uma vez Tu foste o Pai;
agora Tu és o Espírito”. Agora vocês sabem de onde
tirei a verdade de que Cristo é o Espírito. Essa
verdade tem sido praticada, testificada e plenamente
provada pela minha própria experiência. Digo mais
uma vez que não nos importamos com doutrina;
importamo-nos com a experiência.
A palavra,-ó Deus (...) o Teu Deus”, em Hebreus
1:8-9 se refere ao Filho. Como o Filho é o próprio
Deus, Ele é Deus; portanto diz: “Ó Deus”. Como o
Filho também é homem, Deus é Seu Deus; portanto
diz: “o teu Deus”.

II. O AUTOR DA SALVAÇÃO

A. Ele, como o Precursor, o Pioneiro, Entrou


no Descanso e na Glória
O Herdeiro de Deus ungido, como o Autor da
salvação, entrou no descanso e na glória por meio da
morte e ressurreição (6:20). Ele fez isso como o
Pioneiro e Precursor. Ele tomou a liderança em
passar pelo caminho da cruz e entrar no descanso e
na glória. Agora Ele está assentado à destra de Deus
(1:3, 13) coroado de glória e de honra (2:9), a fim de
qualificar-se como o Autor da nossa salvação para
conduzir-nos pelo caminho da cruz até a boa terra do
descanso e à glória.

B. Nós, como Seus Sócios, Compartilhamos


com Ele Tudo o que Ele Obteve e Realizou
Em Sua presciência, Deus decidiu que esse
Herdeiro único precisava de um grupo de
co-herdeiros. Deus decidiu que não era suficiente que
Cristo entrasse sozinho na boa terra. Deus queria que
esse Herdeiro único entrasse na boa terra da
expressão gloriosa do Ser Divino com um grupo de
co-herdeiros. Quanto mais co-herdeiros, mais glória.
Considere a entrada de Josué na boa terra com os
filhos de Israel. Certamente Deus podia levar apenas
Josué para a boa terra. Suponha que Josué, somente
ele, marchasse para a boa terra, dizendo: “Vim aqui
pelo Deus Todo-Poderoso para tomar posse da terra”.
Embora isso pudesse ser possível, não seria glorioso.
Quando Josué tomou a liderança de entrar na boa
terra, pelo menos dois milhões de pessoas
marcharam após ele. Aquilo aterrorizou todos os
cananeus. Não era um herdeiro único que entrou na
boa terra, mas um exército de co-herdeiros. Tod6S
sabemos o que aconteceu a Jericó, Deus poderia ter
feito o mesmo milagre apenas com Josué, mas se Ele
tivesse feito isso, não haveria nenhuma glória. Um
exército marchou ao redor de Jericó, e todos os
demônios ficaram aterrorizados. Essa foi a gloriosa
tomada da boa terra. A entrada na boa terra foi uma
entrada gloriosa. Nós vamos marchar para dentro da
boa terra. Nós temos um Autor, o verdadeiro Josué.
Todos precisamos ser Seus parceiros em tomar a boa
terra.
Antes que possamos ser Seus sócios, primeiro
precisamos ser participantes Dele e desfrutá-Lo.
Quando O desfrutamos e participamos Dele, Seu
título não é apenas Cristo, mas o Espírito Santo. Nós
somos os participantes do Espírito Santo (6:4). Mas
quando Ele é o Autor, Ele é Jesus Cristo, não o
Espírito Santo. Quando Ele é nosso desfrute, Ele é o
Espírito Santo. Quando Ele é nosso Autor, Aquele que
nos conduz, Ele é Cristo.
Não se preocupe com esses diversos títulos.
Como já mostrei a vocês, nos dois primeiros capítulos
de Hebreus vemos que o próprio Deus é o Filho de
Deus. Esse Filho de Deus também é o Autor e o Sumo
Sacerdote. Isso é similar a Zacarias 2 onde vemos que
o SENHOR dos exércitos enviou o SENHOR dos
exércitos. O SENHOR dos exércitos é tanto O que
envia como o Enviado. Igualmente, no primeiro
capítulo de Hebreus, é-nos dito que Deus falou, que
Deus falou no Filho, e que, por fim, o Filho é chamado
de — o Deus”. A seguir, é-nos dito que Ele é o Autor
da nossa salvação e nosso Sumo Sacerdote. Que
maravilhoso é isso! Como nosso Autor, Ele é Cristo.
Como nosso desfrute, Ele é o Espírito Santo. Quando
Ele toma a liderança de marchar adiante, Ele é nosso
Autor. Quando Ele vem a nós, para ser nosso desfrute
e nutrição, Ele é o Espírito Santo.
Somos participantes e sócios de Cristo. Quando
O desfrutamos, somos participantes Dele. Quando O
seguimos, somos Seus sócios. Você é um participante
de Cristo? Isso significa que mesmo em tempos de
dificuldades nós O desfrutamos, participando de Suas
riquezas e nutrição. Depois de O termos desfrutado
de tal maneira, Ele se torna o Autor que toma a
liderança, e nós O seguimos como Seus parceiros.
Quando Ele marcha, nós marchamos com Ele. Ele é o
Autor e nós somos o exército. Assim, entraremos no
Seu descanso (4:8-9) e seremos conduzidos à Sua
glória (2:10).

III. O JOSUÉ E OS CALEBES DE HOJE


Cristo, o Autor da salvação, é o verdadeiro Josué,
guiando o povo de Deus para tomar posse da terra.
Nós, Seus parceiros, somos os verdadeiros Calebes,
compartilhando com Ele da tomada de posse da terra.
Precisamos usar muito tempo para considerar esse
assunto de tomar a boa terra, pois não está tão claro
como deveria. A visão mais inferior da boa terra é
que, quando um santo morre, ele cruza o rio Jordão e
entra na boa terra. Muitos hinos falam de cruzar as
ondas frias do Jordão. Até mesmo John Bunyan
interpretou a boa terra dessa maneira em seu livro O
Peregrino. Os cristãos da chamada linha da vida
interior, chamados espirituais, dizem que Canaã não
é o terceiro céu, porque Canaã é cheia de demônios,
de gigantes, de inimigos e de cananeus. Como não há
inimigos no terceiro céu, os cristãos da vida interior
rejeitaram o conceito inferior de a boa terra ser o céu.
Mas eles não nos dizem claramente o que é Canaã.
Alguns deles dizem que Canaã significa o ar, os
lugares celestiais, onde estão os principados,
potestades e espíritos malignos. Desde a minha
mocidade, eu não estava satisfeito com o conceito de
que Canaã era o céu, mas como um jovem que
buscava o Senhor, eu aceitei esse conceito, de que
Canaã era o céu, cheio de cananeus, principados e
potestades. Entretanto, depois de certo tempo,
comecei a duvidar disso. Se Canaã é o céu onde estão
os espíritos malignos, então, onde é o descanso? O
que quero dizer, mencionando isto, é que a atuação
de Cristo é ganhar e possuir a boa terra de Canaã.
Sem a boa terra de Canaã, o propósito de Deus não
pode ser cumprido. O empreendimento de Cristo é
tomar a boa terra de Canaã, possuí-la e edificar nela a
casa de Deus. A boa terra é o cumprimento do
propósito de Deus em Cristo, que é ter uma expressão
plena de Si mesmo. Para isso, Cristo é o Executor e
nós somos Seus parceiros. Somos Seus sócios nesse
empreendimento. Fomos empossados com Cristo
com esse propósito. Tomamos posse com Cristo a fim
de compartilhar de Sua função para que, com Ele,
possamos tomar a terra, possuí-la e edificar a casa de
Deus. Por fim, essa será a terra de glória. Louvado
seja o Senhor por sermos Seus sócios. Somos sócios
com o propósito de ser parceiros. Não somos apenas
participantes de Cristo, mas somos também Seus
sócios!
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 17
A BOA TERRA PARA O CUMPRIMENTO DO
PROPÓSITO DE DEUS
Sinto fortemente que precisamos de uma
mensagem sobre a boa terra para o cumprimento do
propósito de Deus. Esse assunto da boa terra tem sido
um grande quebra-cabeça para a maioria dos leitores
e mestres da Bíblia. Muitos livros cristãos falam da
boa terra. Se ler esses livros, você perceberá que todos
os leitores e mestres da Bíblia têm o sentimento de
que a boa terra não é meramente um pedaço de terra
na Palestina. Na Bíblia, a boa terra é um símbolo,
uma figura, de algo mais. Até mesmo a interpretação
mais superficial da boa terra como um símbolo — de
que ela é a região na qual entram os cristãos depois de
cruzar o rio Jordão da morte — segue o princípio de
que a boa terra não é meramente um pedaço de terra
na Palestina, mas significa algo espiritual, santo e
celestial. É muito difícil entender-se plenamente o
significado espiritual da boa terra. Tenho estudado
esse assunto por anos. Desde minha juventude
interessei-me pelo verdadeiro significado dessa boa
terra. Sinto dizer que como um jovem cristão eu não
recebi muita ajuda a respeito. Mas agora, nesta
mensagem, farei o máximo para apresentar-lhes o
que o Senhor nos mostrou sobre o verdadeiro
significado dessa boa terra.

O POVO ADEQUADO DE DEUS


Na Bíblia, a terra sempre significa o povo
adequado de Deus. O mar, ao contrário, significa o
mundo corrompido, poluído e arruinado por Satanás.
Em outras palavras, a terra sempre significa o povo
de Deus, e o mar significa o povo mundano, as
pessoas poluídas, corrompidas, arruinadas e
usurpadas por Satanás.

UMA FIGURA DE CRISTO


Em segundo lugar, na Bíblia a terra é uma figura,
um símbolo de Cristo. Cristo é a boa terra. Quando
estudamos Gênesis 1:9, em nosso Estudo-Vida de
Gênesis14, mostramos que a terra que surgiu da água
de morte no terceiro dia era um tipo do Cristo
ressurreto, que saiu da morte no terceiro dia. Como
vimos naquele estudo, toda a vida, incluindo a vida
vegetal, animal e humana, vieram da terra. Até
mesmo o homem foi feito do pó daquela terra
ressurreta. Cientificamente falando, nosso corpo
físico contém os mesmos elementos da terra. Tanto a
terra quanto nosso corpo contêm elementos como
cobre, ferro e enxofre. Assim, a humanidade veio da
terra e a terra é uma figura de Cristo. Isso significa
que Cristo é a fonte de todo tipo de vida. Cristo como
a boa terra, a terra que veio da água de morte, a terra
que foi elevada acima da água e foi rodeada pela água
de morte, foi retratada pela terra de Canaã. Como
veremos, a terra de Canaã é uma terra elevada,
rodeada por água. Essa terra é uma figura de Cristo.

UM TIPO DOS ESCOLHIDOS DE DEUS


Na Bíblia, o solo da terra tipifica a nós, os
escolhidos de Deus. Deus nos escolheu para ser o solo
no qual Ele semeia a Si mesmo a fim de que Ele
14
Disponível em português, publicado por esta Editora. (N.T.)
mesmo possa crescer em nós (Mt 13:3, 23). Somos o
solo de Deus. Por fim, nos tornamos Seu campo e Sua
lavoura para cultivar Cristo (1Co 3:9). Esse assunto
tem muito peso e significado.

A TERRA, CRISTO E A HUMANIDADE


Deus tomou um pouco do pó da terra que
ressuscitou das águas de morte e usou-o para fazer o
homem (Gn 2:7). Assim, o homem foi feito da terra e
foi destinado a expressar Deus. O corpo do homem foi
feito com o pó da terra ressurreta, mas o homem foi
feito à imagem de Deus com o propósito de expressar
Deus (Gn 2:7; 1:26-28). O homem feito do pó não só
foi feito à imagem de Deus, para expressá-Lo, como
também recebeu a autoridade de Deus para exercer
Seu domínio e formar o reino de Deus na terra.
Assim, a expressão e o reino de Deus estão totalmente
relacionados à terra. O homem veio da terra
ressurreta, e viveu nesta terra para expressar Deus e
representá-Lo, a fim de formar uma expressão de
Deus e um reino de Deus. Essa expressão com o reino
é o alvo de Deus, e precisamos nos envolver nele.
Essas poucas palavras combinam a terra, Cristo e
a humanidade. A terra, Cristo e a humanidade
combinados são a expressão e o reino de Deus, onde
estão a glória e a autoridade de Deus. Essa é a esfera
na qual todos devemos entrar. É a região que todos
devemos alcançar. Aqui está o nosso descanso e
satisfação. Aqui Deus é plenamente expresso e tem
Sua habitação.
Apocalipse 21:1 diz: “Vi novo céu e nova terra,
pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o
mar já não existe”. Aqui vemos que o velho céu e a
velha terra passarão e que haverá um novo céu e uma
nova terra. Nesse novo céu e nova terra estará a Nova
Jerusalém e no interior da Nova Jerusalém Deus em
Cristo flui como a água viva que simboliza o fluir do
Espírito. Se atentar para Apocalipse 21, você verá
uma figura da terra, Cristo, e todas as pessoas
escolhidas, regeneradas, santificadas e glorificadas de
Deus. Essa combinação da terra, Cristo e nós será a
expressão de Deus com o reino de Deus. Essa é a
nossa boa terra, a terra pela qual todos devemos lutar
para entrar. É aqui que temos descanso e satisfação.

O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS


Da revelação completa da Palavra de Deus,
podemos ver que na eternidade passada Deus
planejou expressar a Si mesmo. Esse é o propósito
eterno de Deus: expressar-se de maneira prática e
real através de uma entidade corporativa composta
de muitos seres humanos. Esse é o propósito eterno
de Deus. Para levar a cabo esse propósito, Deus criou
os céus e a terra.
Satanás, o inimigo de Deus, interveio e danificou
a criação de Deus, especialmente a terra. Assim, a
terra foi julgada com água por Deus (Gn 1:2). Toda a
terra estava sob o julgamento da água, que era uma
espécie de morte que a cobria. Então, Deus veio e
levantou a terra que tinha estado coberta pela água de
morte, levantando-a das águas de morte no terceiro
dia. Um bom número de mestres da Bíblia
concordam que isso é uma figura do Cristo
ressurreto. A terra que foi levantada das águas ao
terceiro dia era um tipo do Cristo ressurreto, de
Quem toda vida veio à existência. Dessa terra, Deus
fez o homem à Sua imagem a fim de expressá-Lo e
representá-Lo. Em Adão, naquela época, podíamos
ver a terra, porque Adão foi feito do pó da terra.
Podíamos também ver Cristo, porque Adão foi feito à
imagem de Cristo. Gênesis 1:26 diz que o homem foi
feito à imagem de Deus, e Colossenses 1:15 diz que
Cristo é a imagem do Deus invisível. Portanto, o
homem foi feito à imagem de Cristo e tinha a imagem
de Cristo. Se você pudesse ver Adão, você veria a
imagem de Cristo. Assim, em Adão, um homem,
havia o pó da terra e a imagem de Cristo. Portanto,
em Adão vemos três coisas: a terra, Cristo e o homem.
Essas três coisas estão combinadas para serem a
expressão de Deus e o reino de Deus. Aquilo era uma
miniatura do que Deus queria obter.

O RELACIONAMENTO ENTRE O HOMEM E A


TERRA
Satanás, conhecendo o pensamento central de
Deus, veio para destruir o homem. Quando o Senhor
Jesus se fez carne (Jo 1:14), Ele veio para tornar-se
pó. O fato de Ele vir unir-se ao homem significa que
Ele veio unir-se à terra. Depois que Adão foi
danificado, o homem tornou-se carne (Gn 6:3), e
Deus veio para julgar aquela carne. Quando Deus
julgou a carne, Ele também julgou a terra, pois a
carne, isto é, a humanidade, não pode ser separada da
terra (Gn 6:12-13). Aos olhos de Deus e segundo Seu
conceito, o homem está sempre relacionado à terra.
Quando o homem é julgado, a terra é julgada, e
quando a terra é julgada, o homem é julgado. Deus
sempre trata essas duas coisas juntas. Por meio do
dilúvio, Deus julgou a carne e a terra.
Depois do dilúvio, a arca encalhou no Monte
Ararat exatamente no mesmo dia do mês em que o
Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos — o
décimo sétimo dia. O Senhor foi crucificado no
décimo quarto dia do mês, o dia da Páscoa, e três dias
mais tarde, Ele ressuscitou. A arca foi ressuscitada
das águas de morte no décimo sétimo dia do mês.
Segundo o registro de Gênesis, foi no sétimo mês do
ano, que foi mudado na ocasião da Páscoa para ser o
primeiro mês do ano, de acordo com o calendário
sagrado dos judeus. Em outras palavras, o Senhor
Jesus foi ressuscitado no mesmo dia e mês que a arca
foi ressuscitada das águas de morte.
Quando Noé e os sete outros saíram da arca, eles
passaram a viver na nova terra. As pessoas
ressuscitadas viveram na nova terra e, mais uma vez,
aquela nova terra tipificava o Cristo ressurreto. O fato
de Noé e as outras sete pessoas ressuscitadas terem
vivido na nova terra significava que eles viviam em
Cristo. Hoje todos nós estamos vivendo em Cristo.
Essa situação agradável não durou muito, pois
Satanás veio novamente para corromper e poluir a
humanidade. Como revela Gênesis 10, Satanás
utilizou o pai de Ninrode, Cuxe, para edificar Babel. A
corrupção e poluição de Satanás sobre Cuxe e
Ninrode significam que Satanás havia, uma vez mais,
corrompido a humanidade. Aos olhos de Deus, aquela
humanidade poluída tornou-se a terra da Caldéia.
Aos olhos de Deus, a humanidade está sempre
relacionada à terra. Se ler. a história de Israel
segundo o relato da Bíblia, você verá que Deus
sempre colocou Israel e a terra unidos. Alguns
versículos referem-se tanto à terra como ao povo,
porque Deus sempre os reconhece como um (Is 1:7-9,
27). Se as pessoas nos Estados Unidos são corruptas,
significa que os Estados Unidos são corruptos.
Quando as pessoas na terra são poluídas, significa
que, aos olhos de Deus, a terra também é poluída.
Não podemos separar as pessoas da terra.

UMA TERRA ELEVADA


Na época de Babel, o homem tornou-se um com a
terra da Caldéia. Deus veio e chamou Abraão para
fora da Caldéia corrupta, significando que Ele o
chamou para fora da humanidade corrompida. Deus
levou Abraão daquela terra para dentro de uma terra
elevada, a boa terra de Canaã. A terra de Canaã é
elevada. Segundo a geografia, a terra de Canaã é
rodeada por água: pelo Mar Mediterrâneo, o Mar
Morto e o rio Jordão. Isso significa que é uma terra
que sai das águas de morte e é elevada acima delas.
Essa é a terra que simboliza Cristo com o povo
adequado de Deus. Aos olhos de Deus, Ele sempre
considera a boa terra, Cristo, e Seu povo como um só.

A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA DA


ENTRADA NA BOA TERRA
Abraão entrou na boa terra de Canaã. Quando
seus descendentes desertaram daquela boa terra,
Deus os trouxe de volta do seu lugar caído para a boa
terra. Qual foi a consumação final e máxima da
entrada na boa terra pelos filhos de Israel? Foi o
templo. Por um lado, o templo era a expressão de
Deus, por outro, era o reino, o governo e a
administração de Deus. Ali, com o templo, podemos
ver a expressão de Deus e o reino de Deus. Ali, com o
templo, Deus e todo Seu povo puderam descansar e
ficar satisfeitos. A boa terra é uma combinação da
terra adequada mais o povo adequado mais a
habitação de Deus edificada para expressar Deus e
para exercer Sua autoridade no universo. Isso é a boa
terra.
No Antigo Testamento, vemos uma miniatura da
boa terra: uma terra elevada rodeada por águas de
morte e ocupada pela habitação de Deus. Naquela
terra estavam a expressão e a administração de Deus.
Essa é a miniatura no Antigo Testamento. O
cumprimento dessa figura é encontrado no Novo
Testamento. Por fim, na Nova Jerusalém, Deus terá
uma nova terra. Ele não terá apenas um pedaço de
terra, mas toda uma nova terra, uma terra
ressuscitada e elevada acima de toda morte. Nessa
nova terra, não haverá mais mar, não haverá mais
morte e não haverá mais noite (Ap 21:1, 4, 25). O mar,
a morte e a noite ter-se-ão ido para sempre e haverá
uma terra limpa, clara e seca com um rio puro fluindo
por ela. A Nova Jerusalém estará lá. Essa será a
habitação, expressão e administração eterna de Deus.
Ali, Deus será plenamente expresso e Sua autoridade
será completamente exerci da. Isso será o
cumprimento daquilo que é prefigurado pela boa
terra. Onde está nossa boa terra? Está lá, na nova
terra.

UM ANTEGOZO DA NOVA JERUSALÉM


Louvado seja o Senhor, porque a vida da igreja
hoje é um antegozo da nova terra com a Nova
Jerusalém. A vida da igreja hoje está na nova terra.
Anaheim15 pode ser velha, mas estamos em uma terra
nova e elevada. Isso é um antegozo da Nova
Jerusalém vindoura. Não estamos na Nova
Jerusalém, hoje? Estamos. Não estamos no desfrute
15
Anaheim: cidade do Estado da Califórnia, EUA. (N.T.)
pleno da Nova Jerusalém, mas estamos no antegozo
da Nova Jerusalém, a vida da igreja. Essa é a nossa
boa terra hoje. O que o povo judeu tinha era somente
um tipo, uma prefigura da boa terra. Na Nova
Jerusalém haverá o cumprimento e o gozo pleno da
boa terra. O que temos na vida da igreja hoje é real,
mas ainda não é pleno. Estamos na realidade, não no
tipo, mas essa realidade é apenas o antegozo. Em
natureza, o ante gozo é exatamente igual ao gozo
pleno. Assim, no antegozo, estamos na Nova
Jerusalém e estamos na nova terra.
Muitos de nós estivemos na região da velha
religião. Alguns estiveram no catolicismo e outros no
judaísmo. Quando vocês estavam naquela velha
religião, na sua Caldéia, vocês tinham a sensação de
estar na Nova Jerusalém? Vocês tinham o sentimento
de estar provando a Nova Jerusalém? O sabor da
Nova Jerusalém é principalmente a água viva e a
árvore da vida. Na Nova Jerusalém nosso desfrute
será principalmente da água viva para bebermos e da
árvore da vida para nos alimentarmos. Que beber
temos desfrutado desde que viemos para a vida da
igreja! A água que bebemos na vida da igreja é muito
melhor que qualquer bebida terrena. Nenhuma
bebida da terra pode comparar-se com o que estamos
bebendo na vida da igreja. Além disso, diariamente
estamos desfrutando o Senhor Jesus como nossa
árvore da vida. Quem pode estar tão satisfeito e alegre
como nós? Estamos, de fato, no antegozo da Nova
Jerusalém. Você desfrutou esse sabor quando estava
no judaísmo? Você tinha o sabor da Nova Jerusalém
quando estava no catolicismo, queimando velas e
confessando-se para os padres? Você tinha isso
quando estava sentado nos bancos das chamadas
denominações protestantes? Você tinha isso quando
estava nos grupos livres, onde lhe parecia tão fácil ser
dissidente? Onde você pode ter o sabor da Nova
Jerusalém? Somente na vida adequada da igreja. Para
nós, a vida da igreja é a boa terra. Nessa boa terra
temos a habitação, o descanso, a expressão, a
autoridade, o reino e o domínio de Deus. A vida da
igreja é o lugar onde todos podemos descansar.
Diariamente estou descansando, não trabalhando.
Enquanto trabalho, desfruto o descanso. É por isso
que é difícil eu ficar desgastado, cansado, porque
estou descansando, não trabalhando. Cada célula do
meu corpo e cada gota do meu sangue estão
descansando. Oh! que desfrute é!
A vida da igreja é nosso verdadeiro descanso e
desfrute. Certamente estamos na boa terra, na terra
que mana leite e mel. O leite e o mel são produtos de
dois tipos de vida — a vida animal e a vida vegetal.
Isso simboliza a rica vida de Cristo. A vida de Cristo é
a vida animal para a redenção e a vida vegetal para a
regeneração. Estamos agora desfrutando do leite e do
mel como vida, fluindo na boa terra.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 18
O REPOUSO SABÁTICO RESTANTE (1)
Nesta mensagem chegamos ao repouso sabático
(4:9 — NVI). Que é o descanso sabático? Como já
mostrei, através dos séculos tem sido difícil para os
cristãos entender o significado da boa terra de Canaã.
Do mesmo modo, os cristãos têm sido incapazes de
entender adequadamente o descanso sabático
revelado em Hebreus 4. Alguns dizem que o descanso
sabático neste capítulo é o milênio. Eles dizem que o
reino milenar, um período de mil anos (Ap 20:4), será
o sétimo período de mil anos, sendo os primeiros seis
mil anos o período que vai da criação de Adão até o
momento da volta do Senhor. Esse conceito está
baseado no fato de que, aos olhos do Senhor, mil anos
são como um dia (2Pe 3:8). Segundo aqueles que
mantêm esse conceito, seis dias significam seis mil
anos, e o sétimo dia será o sétimo milênio, o descanso
sabático durante o milênio. Essa interpretação nunca
me satisfez. Dizer que o descanso sabático em 4:9 é
simplesmente o reino milenar não é totalmente
preciso; é apenas parcialmente correto.

I. A PRIMEIRA MENÇÃO DO REPOUSO SABÁ


TICO
Para ter o entendimento adequado do descanso
sabático, precisamos considerar a primeira menção
do sábado na Bíblia. A primeira vez que a Bíblia
menciona o sábado é depois da criação do homem
(Gn 2:2-3). Muitos cristãos, vendo esse assunto
superficialmente, vêem o sábado apenas como o
sétimo dia, o dia no qual Deus descansou depois de
completar Sua obra de criação. Embora seja correto
dizer isso, precisamos ver seu conteúdo. Por que Deus
não descansou no quinto dia? Você pode dizer que
Ele não descansou no quinto dia porque ainda não
havia terminado Sua obra. Está certo. O que, então,
faltava a Deus? É muito significativo ver o que faltava
a Deus.
De acordo com o relato de Gênesis 1, Deus criou
todas as coisas por meio de Sua palavra, chamando à
existência coisas que não existiam por meio de Sua
palavra. Mas a criação do homem não foi assim. Deus
não criou o homem dizendo: “Homem”, e trazendo,
assim, o homem à existência. Não, Deus fez o homem
do pó da terra (Gn 2:7). Nada mais foi feito com
nenhum tipo de substância material. Quando Deus
quis a luz, Ele disse: “Luz”, e a luz veio a existir. A
criação do homem, entretanto, foi totalmente
diferente. Quando Deus criou o homem, Ele não
chamou coisas inexistentes à existência.
Primeiramente, houve uma conferência entre a
Deidade (Gn 1:26) e, então, Ele usou um determinado
material, o pó da terra, para criar o homem. Se o
homem não tivesse sido criado no sexto dia, Deus
teria sido incapaz de descansar no sétimo dia mesmo
que tudo o mais tivesse sido criado. Não foi o fato de
ter completado a obra que fez Deus descansar — foi a
criação do homem. Depois que Deus criou o homem,
Ele ficou satisfeito e pôde descansar.
Como podemos provar isso? Em todos os dias da
criação, com exceção do segundo dia, Deus viu Sua
obra e disse: “Bom”. Mas no fim do sexto dia, depois
de haver criado o homem, Deus viu tudo quanto
fizera e disse: “Muito bom” (Gn 1:31). O fato de Ele ter
dito: “Muito bom” significa que Ele estava satisfeito.
No fim do sexto dia, vendo o homem à Sua imagem
para expressá-Lo e comissionado-o com Sua
autoridade para representá-Lo, Deus estava satisfeito
e disse: “Muito bom”.
Nosso estudo da Bíblia tem sido muito
influenciado por nosso background religioso. Mesmo
antes de termos lido a Bíblia pela primeira vez, já
tínhamos certos conceitos a respeito dela. Esses
conceitos são danosos. Antes de vermos as cores na
Bíblia, já tínhamos colocado óculos coloridos. Como
conseqüência, não podíamos ver as verdadeiras cores
nas Escrituras. Precisamos tirar nossos óculos e ver a
Bíblia de maneira pura. É por isso que digo sempre
que precisamos voltar para a Palavra pura, relê-la e
reestudá-la. Precisamos esquecer o que ouvimos
sobre Gênesis 1 no passado. Se você reler Gênesis I e
2, verá que Deus descansou no sétimo dia não
principalmente porque Sua obra havia terminado,
mas porque Ele havia realizado Seu desejo. O que
Deus desejava não era uma obra acabada. Antes, Ele
desejava que a humanidade estivesse na terra
expressando-O e representando-O. Esse é o desejo do
Seu coração. Obtendo-o, Deus está satisfeito. O
coração de Deus é satisfeito tendo o homem na terra a
expressá-Lo e representá-Lo. Quando Deus obteve
isso, descansou no sétimo dia.

II. A PERDA DO REPOUSO SABÁ TICO


Quando o homem foi danificado pela queda, esse
descanso foi perdido. Nesse ponto, precisamos
considerar João 5, que relata o caso do homem
paralítico. O versículo 9 diz: “Imediatamente, o
homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a
andar. E aquele dia era sábado”. Ao dar vida ao
homem impotente, o Senhor fez algo que, segundo os
regulamentos judaicos, não era permitido fazer no
sábado. Conseqüentemente, os judeus perseguiram o
Senhor Jesus. O versículo 16 diz: “E os judeus
perseguiam Jesus, porque fazia estas coisas no
sábado”. No sábado eles procuravam matar a Jesus.
Você acha que alguém que está procurando matar
uma pessoa esteja descansando? Você pensa que
todos aqueles judeus perseguidores tinham descanso
no coração? Eu não creio nisso. No versículo 17
vemos a resposta do Senhor aos judeus: “Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também”. O Senhor
parecia estar dizendo: “Vocês estão guardando o
sábado, mas Meu Pai está trabalhando. O sábado que
Ele teve no sétimo dia foi perdido, porque o homem
foi danificado. Como o homem ainda não foi
restaurado, Meu Pai ainda está trabalhando. Vejam
este pobre homem. Ele estava perdido, danificado,
arruinado e corrompido pelo inimigo de Deus. Como
Meu Pai pode descansar? Vocês podem descansar
segundo sua tradição, mas vocês não têm o
verdadeiro descanso. Enquanto vocês dizem que
guardam o sábado, vocês não sabem o que realmente
significa o sábado. Vocês não têm descanso, têm?
Nem meu Pai tem descanso. Por isso, Meu Pai ainda
está trabalhando, e Eu também estou. Por isso estou
aqui. Vim aqui para fazer Minha obra. Vocês não
sabem que o sábado foi perdido, que o sábado no qual
Deus estava satisfeito se perdeu, destruído pelo
inimigo de Deus? Vocês não sabem que Deus perdeu
o que Ele havia ganho? Meu Pai está trabalhando até
agora. Desde Gênesis 3 Meu Pai nunca parou de
trabalhar, porque o homem que O satisfazia foi
danificado”. Como precisamos ser impressionados
com o verdadeiro significado do sábado! O
significado do sábado é que Deus está satisfeito com o
homem quando o homem O expressa e representa.
Quando há uma situação na qual o homem expressa
Deus e O representa, esse dia é sábado para Deus.

III. A BOA TERRA COMO O REPOUSO


SABÁTICO
Agora precisamos voltar para considerar a boa
terra. Por que a boa terra era um descanso? Os filhos
de Israel descansaram na boa terra? Desde o dia em
que entraram nela, eles estavam constantemente
lutando. Então, por que Deus chamou aquela terra de
descanso, como o fez em Deuteronômio 12:9?
Superficialmente falando, as pessoas dizem que a boa
terra de Canaã era chamada de descanso, porque o
povo fez suas casas e se estabeleceu lá. Esse conceito é
natural e superficial. A terra era um descanso, porque
o templo podia ser construído ali. Lá, com o templo,
Deus podia ter Sua expressão e representação.
Quando Deus é expresso e representado, há
satisfação tanto para Deus como para o homem, e
esse é o verdadeiro descanso.

IV. CRISTO COMO O REPOUSO SABÁTICO


EM TRÊS ESTÁGIOS
O descanso sabático em Hebreus 4:9, como
tipificado pela boa terra de Canaã (Dt 12:9; Hb 4:8), é
Cristo como nosso descanso. Cristo é o descanso para
nós em três estágios. Na era da igreja, Ele, como o
Cristo celestial, Aquele que expressou, representou e
satisfez a Deus, que descansa de Sua obra e está
assentado à destra de Deus nos céus, é o descanso
para nós no nosso espírito (Mt 11:28-29). No reino
milenar, depois que Satanás for removido da terra
(Ap 20:13), Deus será expresso, representado e
satisfeito por Cristo e os santos vencedores. Então,
Cristo com o reino será o descanso de maneira plena
para os santos vencedores que serão co-reis
juntamente com Ele (Ap 20:4, 6) e compartilharão e
desfrutarão do Seu descanso. No novo céu e nova
terra, depois que todos os inimigos, incluindo a
morte, o último inimigo, forem subjugados a Ele (1Co
15:24-27), Deus será plenamente expresso,
representado e satisfeito por todos os Seus redimidos
em Cristo. Nessa ocasião, Cristo como o Conquistador
de todas as coisas, com essa situação gloriosa, será o
descanso, de maneira mais completa para todos os
redimidos de Deus pela eternidade. Assim, o
descanso sabático mencionado em Hebreus 4:9 e
tipificado pela boa terra de Canaã deveria cobrir
apenas os dois primeiros estágios de Cristo como
descanso para nós, e não deveria incluir o terceiro
estágio. O descanso nos dois primeiros estágios é um
prêmio àqueles que O buscam diligentemente, que
são não somente redimidos, mas também O têm
desfrutado de maneira plena, de tal forma que se
tomaram vencedores; enquanto o descanso no
terceiro estágio não é um prêmio, mas a porção
completa a todos os redimidos. Portanto, Cristo como
o descanso para nós nos dois primeiros estágios,
especialmente no segundo, é o descanso sabático
mencionado aqui, o descanso que resta para
buscarmos diligentemente e nele entrarmos. É no
segundo estágio de Cristo como descanso para nós
que Ele tomará posse de toda a terra como Sua
herança (Sl 2:8; Hb 2:5-6) para Seu reino no milênio
(Ap 11:15). Todos os vencedores que O seguem, que O
buscam e desfrutam como seu descanso no primeiro
estágio, participarão do Seu reinado naquele tempo
(Ap 20:4, 6; 2Tm 2:12). É então que eles herdarão a
terra (Mt 5:5; Sl 37:11). Alguns terão autoridade sobre
dez cidades, outros sobre cinco (Lc 19:17, 19). É então
que eles participarão da alegria do seu Senhor (Mt
25:21, 23). Esse será o descanso do reino, que é
tipificado pelo descanso de entrar na boa terra de
Canaã. O descanso da boa terra era o alvo para todos
os filhos de Israel que foram redimidos e libertados
do Egito; da mesma forma, o descanso do reino
vindouro é o alvo para os crentes do Novo
Testamento que foram redimidos e salvos do mundo.
Todos nós agora estamos a caminho desse alvo.

V. UM REPOUSO MÚTUO PARA DEUS E O


HOMEM
Quando Deus descansou no sétimo dia, Adão
também descansou. Igualmente, quando Deus não
tem descanso, o homem tampouco tem descanso. Em
João 4, o Senhor Jesus estava trabalhando, porque
Ele tinha fome. Além do mais, tanto Ele quanto a
mulher samaritana tinham sede. Havia algum
descanso ali? Não, não havia descanso, porque o
homem ainda não fora ganho por Deus para Sua
expressão e representação. Enquanto o homem não
fosse ganho por Deus para expressá-Lo e
representá-Lo, Deus e o homem não poderiam ter
descanso. Se na vida da igreja, todos os irmãos e
irmãs andarem à sua própria maneira e ninguém
andar à maneira de Deus, não haverá descanso,
mesmo que nos reunamos de maneira muito ativa.
Em tal caso, não há a maravilhosa vida da igreja. A
vida da igreja é uma vida na qual o homem é ganho
por Deus na terra para Sua expressão e
representação. Quando ocorrer essa situação, todos
estaremos no descanso, porque Deus estará satisfeito
em ver-se expresso e representado por um grupo de
seres humanos. Sempre que isso ocorrer sobre a
terra, muitos anjos nos céus estarão se regozijando
pela satisfação de Deus. Como sabemos quando Deus
está satisfeito e descansando? Sabemos, porque nosso
espírito está satisfeito. Agora sabemos o verdadeiro
significado do descanso sabático: é a satisfação de
Deus com o homem, por ter ganho o homem para
expressá-Lo e representá-Lo na terra. Sempre que
aparece tal situação, isso é o sábado, e tanto Deus
como o homem estão satisfeitos e descansando. Esse
é o descanso sabático.

VI. UMA PROFECIA DO REPOUSO SABÁ


TICO QUE PERMANECE
Em tipologia, esse descanso sabático era a boa
terra. Na verdade, entretanto, esse descanso não foi
percebido pelo povo de Israel quando eles entraram
na boa terra. Portanto, o salmista profetizou dizendo
que resta um descanso sabático para o povo de Deus
(Sl 95:7-11). O livro de Hebreus cita o Salmo 95
quanto ao descanso. Que é o descanso sabático? Em
princípio, é a situação na qual o homem é ganho por
Deus para expressá-Lo e representá-Lo. Essa situação
não ocorreu até que a igreja viesse à existência.

VII. A VIDA DA IGREJA COMO O SÁBADO DE


DEUS
Em um sentido positivo e bom, a vida adequada
da igreja é o sábado de Deus. Agora podemos
entender porque o livro de Hebreus adverte os
crentes a não perderem o sábado, dizendo-lhes para
serem diligentes para entrar nele. Que é o sábado? É a
vida da igreja adequada. O escritor parece estar
dizendo: “Ó crentes hebreus, não voltem a guardar o
velho sábado. Isso é passado. Nos Salmos Deus
prometeu outro dia, um descanso sabático restante”.
Se ler cuidadosamente os capítulos três e quatro de
Hebreus, você encontrará essa promessa do descanso
sabático que resta. Esses dois capítulos falam de
“outro dia.” Esse “outro dia” é “hoje” (3:7, 13, 15; 4:7).
Esse “outro dia”, “hoje,” é o descanso sabático
prometido que permanece para nós. O escritor
parecia estar dizendo: “Crentes hebreus, não sejam
tolos. O descanso sabático que Deus guardou em
Gênesis 2 foi destruído e jamais ocorrerá novamente.
Nos Salmos, Deus designou outro dia: ‘hoje’. Esse é o
repouso sabático que resta para vocês. Vocês
precisam entrar nele”.
Que é esse repouso sabático? Primeiramente, é a
vida da igreja. Precisamos entrar na vida da igreja
para que Deus possa ser expresso e representado na
terra hoje, ser satisfeito e encontrar descanso.
Quando isso acontecer, Deus e nós teremos nosso
sábado de descanso. Se não entrarmos na vida da
igreja adequada, perderemos o descanso. Entretanto,
como veremos, isso não é o significado total do
descanso em Hebreus.
Em Mateus 11:28-29, o Senhor disse: “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu os aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma.”
Muitos cristãos entendem esses versículos de
maneira muito superficial, pensando que seu
significado é que eles encontrarão conforto sempre
que estiverem sobrecarregados e venham ao Senhor
Jesus. Embora isso possa funcionar para você na
primeira vez, pode ser que não funcione depois disso.
Se você apenas toma o Senhor como seu descanso
segundo seu conceito natural, egoísta, Ele, por fim,
desviará Sua face de você. Muitos cristãos
experimentaram esse tipo de conforto no começo de
sua vida cristã somente para descobrir que mais tarde
isso não funcionava bem. Por quê? Porque Cristo não
é nossa vida e descanso para nosso desfrute
individual, mas para a edificação da casa de Deus. Se
você quer desfrutar Cristo como seu descanso, você
tem de ir até Ele. Mas onde está Ele? Onde vamos
encontrá-Lo? Temos de ir à igreja. O descanso, que é
o próprio Cristo, está na igreja. Por que esse descanso
está na igreja? Porque na igreja Deus é expresso e
representado, e onde Deus é expresso e representado
há o sábado. Se você não crê nisso, tente tomar seu
próprio caminho e ore a Cristo por conforto. Se você
fica afastado da igreja, talvez você não consiga orar.
Hoje há somente uma boa terra — a vida da
igreja. A igreja hoje é a boa terra, porque na igreja
Deus tem Sua habitação para Sua expressão e
representação. O trono, o reino e o governo de Deus
estão na igreja. Assim, é na igreja que Deus é
satisfeito. Se Ele não for satisfeito lá, onde então Ele
será satisfeito? Há somente uma situação que pode
satisfazer a Deus: uma situação na qual um grupo de
pessoas foi ganho por Ele para ser Sua expressão e
representação. Os anjos não têm esse privilégio,
porque não lhes foi designado expressar e representar
Deus. Mas nós fomos destinados e designados para
expressá-Lo e representá-Lo. Portanto, a satisfação e
o descanso de Deus estão na igreja.
Embora muitos cristãos sejam verdadeiramente
salvos, eles não estão na vida da igreja. Da mesma
maneira, muitos dos filhos de Israel foram salvos na
ocasião da Páscoa. Eles aspergiram o sangue,
comeram o cordeiro, saíram do Egito, cruzaram o
Mar Vermelho e foram salvos. Mas quantos deles
chegaram ao descanso? Pouquíssimos. Da mesma
maneira, embora haja tantos cristãos verdadeiros,
aqueles que foram realmente salvos, pouquíssimos
estão na vida da igreja. Você crê que todos os cristãos
estão na boa terra? Não, muitos estão peregrinando e
outros ainda permanecem no Egito, fazendo coisas
mundanas como ir ao cinema. Como eles creram no
Senhor Jesus, não podemos dizer que não foram
salvos. Entretanto, eles estão no Egito ou no deserto,
e não na boa terra. Precisamos ser diligentes para
avançar a fim de entrar no descanso. Onde está nosso
descanso hoje? Está na vida da igreja.

VIII. A VIDA DA IGREJA COMO O


EVANGELHO ELEVADO
Deus não é o único que deseja descansar na vida
da igreja. Tantos seres humanos incrédulos estão
peregrinando, insatisfeitos com sua vida. É por isso
que precisamos ter a vida da igreja elevada e
adequada, a vida da igreja que será o evangelho
elevado para os sedentos. Não se trata de ter um culto
de domingo às onze da manhã; tem de ser a vida
adequada da igreja, na qual Deus e o homem são
satisfeitos. Quando os famintos e sedentos vierem
para a vida da igreja, eles verão que é isso que
estavam buscando, pois é o que desejam, e
imediatamente entrarão no descanso sabático. Todos
os crentes, igualmente, devem esforçar-se para entrar
nesse descanso. Mas hoje, o livro de Hebreus está
fechado para a maioria dos cristãos, e ninguém o
tocará. Todos precisamos perceber que o livro de
Hebreus é uma parte do evangelho pleno. Deixem-me
dizer o que está no meu coração: quero encorajar a
todos os jovens, irmãos e irmãs, a irem às
universidades pregar o evangelho segundo o livro de
Hebreus. Eles precisam ir e pregar esse evangelho
elevado para a vida humana adequada.
Quando eu estava pregando o evangelho, anos
atrás, minhas mensagens favoritas eram sobre o
significado da vida, sobre a vaidade e sobre beber da
fonte da vida. No dia de Ano Novo, em 1932, preguei
sobre a vaidade. Depois de pregar por apenas vinte
minutos, muitas pessoas se levantaram, antes mesmo
que eu terminasse o apelo, porque eu havia tocado o
sentimento interior delas, o sentimento da vaidade de
suas vidas, a vaidade na pessoa delas. Embora eu não
tenha pregado muito sobre o pecado, por fim, todos
se arrependeram do seu pecado. Oh! devemos ir aos
sedentos, aos famintos, e pregar o evangelho elevado
da vida da igreja que pode satisfazer a fome e a sede
da vida deles. A vida da igreja deve ser o repouso
sabático, a boa terra que mana leite e mel.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 19
O REPOUSO SABÁTICO RESTANTE (2)
Na última mensagem vimos o verdadeiro
significado do repouso sabático, que não é
meramente um descanso depois de se completar uma
obra, porém significa satisfação. Se seu desejo não for
satisfeito, você não consegue descansar. O melhor
descanso, o verdadeiro descanso, é a satisfação do
desejo de seu coração. Quando consideramos esse
assunto do repouso sabático, precisamos aprender
qual é o desejo do coração de Deus. Do princípio ao
fim da Bíblia podemos ver que o desejo de Deus,
segundo Seu plano eterno, é ser expresso e
representado pelo homem. Foi por essa razão que Ele
criou o homem à Sua imagem e deu-lhe domínio
sobre todas as coisas (Gn 1:26). Quando o homem
está na terra expressando Deus e O representando, o
desejo de Deus é satisfeito. Quando somos satisfeitos
em nosso desejo de Deus, nós descansamos, mesmo
que estejamos laborando e trabalhando. Quando a
Bíblia menciona o homem pela primeira vez, ela fala
da imagem e do domínio de Deus, indicando que o
homem foi destinado a expressar Deus com Sua
imagem e a representa-Lo com Seu domínio. Em
outras palavras, o homem foi destinado por Deus
para expressá-Lo e representá-Lo em Sua imagem e
com Sua autoridade para estabelecer um reino, uma
esfera divina, para o governo de Deus na terra. Isso é
retratado claramente em Gênesis 1.
Quando chegamos ao final da Bíblia, depois de
séculos de trabalho de Deus, de criação, redenção,
transformação e glorificação, vemos uma cidade com
a aparência de Deus. Deus assentado no trono tem a
aparência de jaspe (Ap 4:2-3), e toda a cidade da
Nova Jerusalém também tem a aparência de jaspe
(21:11; 18a), significando que Deus será plenamente
expresso na cidade e por meio dela. Quando você
olhar para a cidade, você verá Deus. Lá, na Nova
Jerusalém, Deus será plenamente expresso. Além
disso, no centro da cidade está o trono de Deus (22:1,
3), mostrando que o domínio de Deus também está
lá. Na Nova Jerusalém, a imagem de Deus será
expressa e Sua autoridade será exercida. Portanto, na
eternidade futura na nova terra, a Nova Jerusalém
será a expressão e o domínio completo de Deus. Esse
será o verdadeiro descanso sabático para Deus. Nessa
ocasião, Deus estará descansando totalmente, porque
o desejo de Seu coração terá sido completamente
satisfeito. Ele terá obtido o que desejou ter. Esse é o
verdadeiro significado do descanso sabático.

IX. O REPOUSO SABÁTICO EM VÁRIAS


ERAS

A. Israel como o Repouso Sabático de Deus


Baseados nesse entendimento do repouso
sabático, podemos ver na Bíblia diversas eras ou
períodos do repouso sabático. Primeiramente, os
filhos de Israel, no Antigo Testamento, eram o sábado
de Deus. Os filhos de Israel expressaram a Deus e O
representaram na terra. Embora haja muitas
histórias negativas sobre os filhos de Israel na Bíblia,
eles, todavia, expressaram e representaram Deus.
Não deveríamos ver apenas o lado negativo da
história dos filhos de Israel, mas também o lado
positivo. Quando eu era um jovem cristão, quase tudo
que ouvi sobre os filhos de Israel era negativo.
Mensagem após mensagem, éramos advertidos a não
gostar de Israel. Como resultado disso, recebi uma
profunda impressão de que o livro de Números era o
pior livro da Bíblia. Muitos anos mais tarde, aprendi
que o livro de Números era glorioso. Embora haja o
lado negativo nesse livro, também há o lado positivo.
Por exemplo, o que ocorreu quando Balaão foi
contratado para amaldiçoar Israel? Deus
soberanamente cuidou desse assunto, e da boca de
Balaão saíram bênçãos em vez de maldições. Balaão
disse: “Não viu iniqüidade em Jacó, nem contemplou
desventura em Israel” (Nm 23:21), e: “Que boas são
as tuas tendas, ó Jacó! Que boas são as tuas moradas,
ó Israel!” (24:5).
O Antigo Testamento revela que Israel, o povo
escolhido de Deus, tornou-se o descanso de Deus, Seu
sábado. Israel tornou posse da boa terra e aquela boa
terra tornou-se a terra de Emanuel (Is 8:8). A palavra
Emanuel significa “Deus conosco”. A terra de Canaã
foi chamada de terra de Deus com o homem, a terra
onde Deus era capaz de estar com o homem. Desde
que Deus assegurou aquela terra através dos filhos de
Israel, estes se tornaram Seu sábado.
Por fim, os filhos de Israel edificaram o templo
para Deus, e a glória shekinah de Deus o encheu (1Rs
8:11). Naquele dia, Deus não somente desceu do céu,
mas Sua glória shekinah encheu o templo. Isso foi
mais precioso que a criação da terra por Deus. Se
Deus pudesse apenas criar a terra, mas não ganhá-la
e edificar Seu templo, Sua habitação, nela, qual seria
então a utilidade da terra? Depois que o templo foi
edificado, Deus podia dizer: “Agora Eu tenho urna
habitação na terra”. A terra assegurada pelos filhos de
Israel tornou-se não somente a terra de Emanuel, a
terra de Deus com o homem, mas também o local
onde a habitação de Deus foi edificada. A expressão
de Deus estava lá no templo, o qual era um símbolo
de Israel como habitação de Deus na terra. Quando o
templo foi edificado e enchido com a glória de Deus,
Deus descansou. Você não crê que os filhos de Israel
também estavam descansando? Sim, todos eles
descansaram com Deus; aquilo foi um descanso
sabático para eles. Como todos eles descansaram com
Deus, certamente eles guardaram o sábado. Esse foi o
primeiro estágio do descanso sabático.

B. Jesus como o Repouso Sabático


Em Sua economia, Deus sempre age de maneira
gradual. Primeiramente, Deus obteve Adão, então,
gradualmente, Ele obteve Abel, Enos, Enoque, Noé,
Abraão com seus descendentes, e os filhos de Israel.
Mas isso não era o fim. Depois desse
desenvolvimento gradual, Jesus, o segundo homem,
veio. Quando o Senhor Jesus foi batizado, Deus
estava feliz e satisfeito, dizendo: “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo” (Mt 3:17). Quando
Deus disse que tinha prazer em Seu Filho, Ele estava
satisfeito. Naquela ocasião, o Senhor Jesus era o
descanso sabático para Deus. Não somente Deus
descansava Nele, mas muitos daqueles que O seguiam
também descansavam no Senhor Jesus. O Senhor
Jesus era o sábado de descanso para Deus e para Seus
seguidores. Tanto Deus como Seus seguidores
descansavam Nele.

C. A Igreja, a Ampliação de Cristo, como o


Repouso de Deus
A igreja é a ampliação e a expansão de Cristo. Se
Cristo era o sábado de Deus, então, quanto mais
extensiva deveria ser a igreja como Seu sábado? Se
Israel era o sábado de Deus, então, a igreja deve,
ainda mais, ser um sábado para Ele. Se o Senhor
Jesus em carne era o sábado de Deus, então, a igreja,
o Corpo de Cristo, deve ser um sábado ainda maior
para Deus. Embora tenha ouvido que, quando
chegamos ao Senhor Jesus, nós temos descanso, eu
jamais ouvi que também devemos ter descanso
quando chegamos à igreja. Hoje, quero anunciar-lhes
as boas novas de que a igreja é o descanso de vocês.
Nenhum lugar é tão repousante como sua
própria casa. A igreja não é sua casa? Se a igreja é sua
casa, então, ela certamente deve ser seu descanso. A
igreja não é a casa de Deus? Como a igreja é a casa de
Deus (1Tm 3:15), então ela deve ser o descanso de
Deus hoje.
Nesta era, a era da igreja, Cristo é nosso
descanso. Mas você não percebe que a igreja é a
ampliação de Cristo? Se Cristo é nosso descanso, que
será, então, a igreja como a ampliação de Cristo? Se o
Cristo individual é nosso descanso, que dizer do
Cristo coletivo? Como podemos esquecer o Cristo
ampliado ou negligenciar o Cristo coletivo? Não
somente o Cristo individual é nosso descanso, mas
também o Cristo coletivo. Não somente a Cabeça, mas
também o Corpo é nosso descanso sabático.
Recentemente o Senhor me deu encargo, dizendo:
“Você deve dizer às pessoas que a igreja é o descanso
delas hoje”. Eu nunca tinha visto tão claramente
como nestes dias que a igreja é o descanso sabático de
hoje.

1. Porque a Igreja é o Novo Homem


Consideremos os motivos de a igreja ser hoje o
descanso sabático. Primeiro, de acordo com Gênesis 1
e 2, para Deus ter Seu sábado de descanso, Ele precisa
ter Sua expressão e representação. Em outras
palavras, o sábado de Deus necessita de um homem à
Sua própria imagem, com Seu domínio.
Imediatamente após a criação do primeiro homem, o
velho homem, Deus teve um sábado, porque Ele
garantiu um homem para expressá-Lo e
representá-Lo. Deus não deveria ter também um
descanso depois da criação do novo homem? A igreja
é o novo homem (Ef 2:15; 4:24). Se Deus desfrutou
um descanso sabático depois da criação do velho
homem, Ele deve ter um descanso ainda maior depois
da criação do novo homem. Não estamos na era da
criação do velho homem, mas na era depois da
criação do novo homem. Deus tem um novo sábado,
porque Ele garantiu um novo homem para
expressá-Lo e representá-Lo. Segundo o princípio
estabelecido pela primeira menção do descanso
sabático depois da criação do homem, deve haver um
novo sábado ainda melhor depois da criação do novo
homem. Nós estamos nesse novo sábado hoje.

2. Porque Deus Descansa na Igreja


Em segundo lugar, em Deuteronômio 12:9 é-nos
dito claramente que a terra de Canaã era um descanso
para Israel, porque era um descanso para Deus. A
terra era o descanso de Deus, porque lá Ele podia ter
Sua habitação e podia colocar Seu nome (Dt 12:5, 11).
O nome é simplesmente a própria pessoa. Quando
Deus disse que colocaria ali Seu nome, significa que
Ele iria colocar a Si próprio ali. Quando Deus. disse
que Seu nome estaria ali, Ele parecia estar dizendo:
“Meu nome sou Eu mesmo. O Meu nome habitar ali
significa que Eu habitarei ali. Colocar-Me-ei ali e ali
farei minha habitação. Aquele lugar será minha
habitação, e minha habitação é Meu descanso”. A
igreja não é a habitação de Deus hoje? Não é a casa de
Deus? Efésios 2:22 diz que a habitação de Deus está
no nosso espírito. Efésios 2:15 menciona o novo
homem e Efésios 2:22 fala da habitação de Deus.
Tanto para o novo homem como para a habitação
deveria haver o descanso sabático. A igreja não é o
novo homem? Uma vez que a igreja é o novo homem,
nós temos o sábado. A igreja não é a habitação de
Deus? Uma vez que a igreja é a habitação de Deus,
nós também temos o descanso de Deus.

3. Porque a Igreja é o Reino de Deus Hoje


Para que haja a habitação de Deus para Sua
expressão, é necessário o exercício da autoridade de
Deus. Em Gênesis 1:26, o domínio segue a imagem e a
acompanha. Isso significa que o reino de Deus
acompanha Sua expressão. Sem o reino como uma
salvaguarda e proteção, seria difícil existir a
expressão de Deus. Onde está a expressão de Deus, ali
está sempre o reino de Deus. A igreja não é o reino de
Deus hoje? Sim, a igreja certamente é o reino de Deus
hoje.
João 3:5 diz: “Em verdade, em verdade te digo:
quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no reino de Deus”. Nesse versículo vemos que
a regeneração nos introduz no reino de Deus.
Entretanto, alguns dizem que o reino de Deus não
está presente hoje. Alguns têm o conceito de que
depois de Mateus 13 o reino de Deus foi
interrompido. Segundo esse conceito, depois que o
Senhor Jesus apresentou o reino aos judeus e eles o
rejeitaram, o reino foi interrompido. Mas se isso for
verdade, onde colocaremos João 3:5, que diz que a
regeneração nos introduz no reino? Você não nasceu
de novo? Uma vez que nascemos de novo, devemos
agora estar no reino de Deus. João 3 nos diz que
nascemos de novo para dentro do reino de Deus.
Quando um animal nasce, ele entra imediatamente
no reino animal. Quando um homem nasce,
certamente ele nasce no reino humano. Nós
nascemos de Deus; portanto, nascemos no reino de
Deus. Você não tem a vida divina? Uma vez que
temos a vida divina, como podemos dizer que não
estamos no reino de Deus?
Não deveríamos ser influenciados pelo conceito
de que o reino de Deus não está aqui e que devemos
esperar por ele. Embora eu não diga que o reino de
Deus tenha vindo em todos os sentidos ou de maneira
completa, eu afirmo que o reino já veio. Enquanto
Mateus 6:10 diz que deveríamos orar “venha o teu
reino,” Mateus 16:18-19 indica que o reino vem
quando a igreja é edificada. Em Mateus 16:18, o
Senhor Jesus disse: “Edificarei a minha igreja”, e no
versículo seguinte Ele disse: “Dar-te-ei as chaves do
reino dos céus.” Isso indica que as palavras reino e
igreja são permutáveis, provando que a igreja é o
reino e o reino também é a igreja. Quando Pedro usou
as chaves para abrir o reino, essa foi a ocasião em que
a igreja foi edificada. Embora todo o livro de Mateus
trate do reino, ele fala da igreja nos capítulos 16 e 18.
Em Mateus 18:15-17 é-nos dito que, se um irmão com
o qual tenhamos um problema não nos ouvir,
devemos dizê-lo à igreja e que ele deveria ouvir a
igreja. Se o irmão se recusa a ouvir a igreja, a igreja o
considerará como gentio e publicano. Imediatamente
depois de dizer isso, o Senhor fala da igreja tendo
autoridade para ligar e desligar. Vemos aqui que a
vida da igreja é a realidade do reino.
Outros livros do Novo Testamento também
revelam que a vida da igreja hoje é o reino. Em
Romanos, um livro que trata da vida da igreja, e não
do reino, vemos que o reino de Deus é a vida da
igreja. Romanos 14:17 diz: “O reino de Deus não é
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo”. A vida da igreja hoje é o reino de
Deus.
O livro de Efésios também nos mostra que a
igreja é o reino de Deus hoje. Efésios 2:15 fala do novo
homem, Efésios 2:22 fala da habitação de Deus no
nosso espírito e Efésios 3:21 fala da igreja. A igreja
como reino de Deus é encontrada em Efésios 5:5.
Assim, o novo homem é a habitação, a habitação é a
igreja, e a igreja é o reino. Portanto, a igreja hoje é o
reino de Deus. Hebreus 12:28 diz que estamos
recebendo um reino inabalável. Não estamos apenas
esperando por ele; já começamos a recebê-lo.
Vemos a mesma coisa no livro de Apocalipse.
Embora muitos cristãos mantenham o conceito de
que o reino ainda não veio, mas virá no futuro, em
Apocalipse 1:9 o apóstolo João diz: “Eu, João, irmão
vosso e companheiro na tribulação, no reino e na
perseverança, em Jesus”. Esse versículo mostra que
João já estava no reino. Que era o reino para ele
naquela época? De acordo com os versículos
seguintes (vs. 10-13), era a igreja. Portanto, a igreja
hoje é o reino onde a autoridade de Deus é exercida e
representada. Onde Deus tem Seu domínio, aí há
descanso. Portanto, a igreja sendo o reino de Deus
hoje é o descanso sabático de Deus. Uma vez que a
igreja tem a imagem e o reino de Deus, ela é um
descanso sabático para Deus.

X. A CASA DE DEUS COMO O REPOUSO


SABÁTICO RESTANTE EM HEBREUS
Neste ponto, precisamos ler Hebreus 3:6-7:
“Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa
somos nós, se guardarmos firme, até o fim, a ousadia
e a exultação da esperança. Assim, pois, como diz o
Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz”. O
versículo 6 diz que nós somos a casa de Deus e que o
Filho de Deus está agora cuidando da casa. Se
quisermos desfrutar Cristo, precisamos estar na casa
e ser parte dela. O versículo 7 começa com as palavras
“assim, pois”, indicando que é uma continuação do
versículo anterior. O uso das palavras “assim, pois”
para conectar os versículos 6 e 7 significa que
precisamos cuidar da casa de Deus ou perderemos o
sábado e não entraremos no descanso. Hebreus 4:7,
sendo uma continuação de 3:7, diz: “De novo,
determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito
tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração”.
Os versículos 8 e 9 continuam dizendo: “Ora, se Josué
lhes houvesse dado descanso, não falaria,
posteriormente, ~ respeito de outro dia. Portanto,
resta um repouso para o povo de Deus”. Se reunirmos
todos esses versículos, veremos que o descanso hoje é
a casa de Deus. Se não permanecermos na casa de
Deus, perderemos o descanso. O escritor parecia
estar dizendo aos crentes hebreus: “Seus pais, no
deserto, não deram ouvidos à palavra de Deus. Assim,
posteriormente, nos Salmos, o Espírito estabeleceu
outro dia para vocês entrarem no descanso. Que
descanso é esse no qual vocês precisam entrar hoje? É
a casa de Deus, com Cristo, o Filho de Deus”. O
“assim, pois” em 3:7 é muito importante. Se não
tivéssemos essas palavras ali, seríamos incapazes de
ver que o descanso hoje é a casa de Deus sob o
cuidado do Filho de Deus.
Embora milhares de cristãos tenham sido salvos,
muitos deles permanecem no deserto; eles nunca
entraram na boa terra. Que é a boa terra hoje? É uma
situação na qual há a habitação de Deus com o reino
de Deus. Isso é a vida da igreja. A igreja é a casa de
Deus, a habitação de Deus e o reino de Deus. Assim, a
igreja é a boa terra hoje. Se perdermos isso,
perderemos o descanso.
Durante anos ao considerar o descanso em
Hebreus 4, estive insatisfeito com todas as
interpretações que ouvi. Mas agora, vendo que a
igreja é o descanso sabático hoje, estou plenamente
satisfeito e descansado sobre esse assunto. Acasa de
Deus sob o cuidado do Filho de Deus é o nosso
descanso, nosso lar, nossa terra natal, terra de
Emanuel e boa terra que mana leite e mel.
Em Mateus 11:28-30, o Senhor Jesus disse que se
estivéssemos cansados e sobrecarregados,
deveríamos ir até Ele e Ele seria nosso descanso, e em
Mateus 12:8 Ele disse que era o Senhor do sábado.
Onde está esse Cristo que é nosso descanso e o
Senhor do sábado? Ele está na igreja. Se quisermos
tomar Cristo como nosso descanso, precisamos estar
na igreja. O livro de Apocalipse menciona claramente
que esse Cristo, que é todo-inclusivo, está agora
andando entre os candeeiros, isto é, entre as igrejas.
Ele não somente está andando entre as igrejas, mas,
como revela Apocalipse 2 e 3, Ele é o Espírito que fala
às igrejas. Se quiser tocá-Lo, desfrutá-Lo e participar
Dele como seu descanso, você precisa estar na igreja.
A igreja é nosso sábado hoje. Se você aplicar esse
conceito a todos os versículos de Isaías relativos ao
sábado, verá quão significativo é! Como guardamos o
sábado hoje? Tendo a vida da igreja. Oh! como
precisamos da vida da igreja! Somos os verdadeiros
guardadores do sábado; guardamos o sábado
diariamente. Que sábado estamos desfrutando hoje!
Que descanso!
No livro de Hebreus, a igreja é mencionada
rapidamente, mas de maneira forte. Hebreus 2:12 diz:
“A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei
louvores no meio da congregação”. A igreja é o lugar
onde o Filho Primogênito de Deus pode declarar o Pai
a Seus irmãos e cantar louvores ao Pai. Isso não é algo
sem importância. Muitos de nós podem testificar que,
durante anos, onde estávamos antes de virmos para a
vida da igreja, não sentíamos que o Filho de Deus
estava declarando o Pai a nós ou estava cantando
louvores ao Pai no nosso meio. Embora você possa ter
assistido a muitos cultos cristãos, você já teve alguma
vez o sentimento de que onde você estava, estava
também o Filho de Deus louvando o Pai no seu meio?
Mas e quanto às reuniões da igreja hoje? Reunião
após reunião, sentimos que o Senhor está revelando a
vida, a realidade do Pai. Todas as vezes que nos
reunimos, temos a sensação de que o Senhor está feliz
conosco, de que o Filho de Deus está louvando o Pai.
Esse é o descanso sabático.
Em Hebreus 2 temos a igreja, onde o Filho de
Deus louva o Pai, e no capítulo 3 temos a casa de
Deus, da qual o Filho de Deus muito bem cuida. Essa
igreja, essa casa, é o descanso. Depois de mencionar
esses dois assuntos nos capítulos 2 e 3, o escritor de
Hebreus fala, no capítulo 4, do descanso que nos
resta, exortando-nos a que “esforcemo-nos, pois, por
entrar naquele descanso” (v. 11). Que é o sábado, a
boa terra mencionada aqui? É a vida da igreja, a casa
de Deus, a igreja na qual o Filho de Deus louva o Pai,
e a casa de Deus, cuidada pelo Filho de Deus. O
“assim, pois” no começo de 3:7, unindo, como vimos,
a casa de Deus no capítulo 3 com o descanso sabático
no capítulo 4, é uma forte prova de que a vida da
igreja é o descanso sabático de hoje. Todos devemos
nos esforçar para entrar nele e, uma vez que
tenhamos entrado, não devemos deixá-lo.

XI. UMA ADVERTÊNCIA QUANTO À


DISSIDÊNCIA E A ABANDONAR O REPOUSO
SABÁTICO
Barnabé é uma ilustração de uma pessoa que
abandonou o descanso sabático. Barnabé introduziu
o apóstolo Paulo em seu ministério e por um bom
tempo foi um apóstolo que trabalhou com Paulo (At
9:26-27; 11:25-26; 13:2; 14:14). Por fim, entretanto,
Barnabé discordou de Paulo e separou-se dele,
levando consigo Marcos e tomando seu próprio
caminho, enquanto Paulo seguiu com Silas para
estabelecer as igrejas (15:36-41). A partir daí, não há
mais registro de Barnabé no livro de Atos, pois ele
havia. perdido o descanso da vida da igreja. Barnabé
veio para o descanso e esteve nele durante algum
tempo, porém ele o deixou por ter se tornado
dissidente. Depois daquilo, ele estava fora do
descanso sabático e não estava mais na economia
divina.
Em Romanos 16:l7-20 vemos uma advertência
sobre a questão da dissidência. O versículo 17 diz:
“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que
provocam divisões e escândalos, em desacordo com a
doutrina que aprendestes; afastai-vos deles”. Os
escândalos aqui se referem a cair da vida da igreja.
Tais divisões e escândalos nos apartam do descanso.
Esse tipo de coisa está acontecendo não somente
hoje, mas aconteceu também nos dias de Paulo. Se
você conferir com os que se opõem à vida da igreja ou
com os dissidentes hoje, descobrirá que nenhum
deles tem descanso. Eles não têm descanso nem paz,
somente inveja, porque não estão no sábado, não
estão na boa terra. Todo aquele que se torna
dissidente da vida da igreja e se opõe a ela, perderá o
descanso sabático. Em Romanos 16:18, Paulo
continua: “Porque esses tais não servem a Cristo,
nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com
suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos
incautos”. Esses dissidentes têm um desejo, um
apetite por seu próprio reino e império. Não ouça
seus argumentos e desculpas. O fator básico deles é
seu apetite. Eles estão famintos por algo, pois existe
um profundo vazio neles. Eles estão buscando algo
para satisfazer seu desejo. Esse é o significado da
palavra ventre nesse versículo. Esses dissidentes
empregaram suaves palavras e lisonjas, enganando os
corações dos simples. Então o versículo 20 se refere,
com certeza, ao descanso: “E o Deus da paz, em breve,
esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça
de nosso Senhor Jesus seja convosco”. Quando o
Deus da paz está presente e Satanás é esmagado, esse
é, com certeza, o descanso sabático. A graça do
Senhor também indica o descanso. Não devemos ser
distraídos pelos dissidentes, mas permanecer com a
igreja para desfrutar o descanso sabático. A igreja é o
desejo de Deus hoje. Portanto, ela é o descanso
sabático.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 20
O REPOUSO SABÁTICO RESTANTE (3)
Agradecemos ao Senhor pelo que Ele nos tem
mostrado sobre o descanso sabático. Deus jamais
poderia encontrar Seu descanso pleno no céu, porque
o céu não é o lugar onde Seu propósito eterno é
cumprido. O descanso pleno de Deus está na terra
com o homem. A despeito de quão maravilhosos e
excelentes possam ser os anjos, o descanso de Deus
não está com os anjos no céu, mas com o homem na
terra. É por isso que o Senhor Jesus nos ensinou a
orar: “Venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim
na terra como no céu” (Mt 6:10). Por fim, a Bíblia
revela que o descanso pleno de Deus, Seu sábado
pleno, será na terra com uma composição viva de
todos os redimidos.

XII. O DESENVOLVIMENTO PROGRESSIVO


DO REPOUSO SABÁ TICO
Começando com Gênesis 2, esse assunto do
descanso sabático desenvolve-se progressivamente.
Em Gênesis 2 vemos que o primeiro sábado de Deus
foi imediatamente após Ele ter obtido um homem
sobre a terra, à Sua imagem, para expressá-Lo, e com
Sua autoridade para representá-Lo. Logo após
garantir um homem sobre a terra, à Sua imagem e
com Seu domínio, Deus descansou. Esse foi o
primeiro sábado. O segundo sábado de Deus foi com
os filhos de Israel. Depois que os filhos de Israel
ganharam a boa terra de Canaã e edificaram ali um
templo que foi enchido com a glória divina, Deus teve
Seu segundo sábado na terra. O templo na boa terra,
enchido com a glória de Deus, significava que Deus
havia garantido na terra um povo para ser Sua
habitação, um lugar onde Ele podia habitar,
expressar-se e exercer Seu domínio. Esse foi o
segundo sábado de Deus com o homem na terra.
Assim, no Antigo Testamento temos duas histórias
excelentes sobre o sábado de Deus: a primeira em
Gênesis 2 e a segunda em 1 Reis 8.
Como vimos na última mensagem, quando o
Senhor Jesus veio, Ele também era o sábado de Deus.
Em seguida temos a igreja como o descanso sabático
para Deus. Cristo é a Cabeça e a igreja é o Corpo.
Quando chegamos ao dia de Pentecostes em Atos 2,
vemos que a glória de Deus encheu o templo mais
uma vez, e Ele obteve mais uma vez uma habitação
com o homem na terra para Seu descanso. Podemos
dizer que esse é o terceiro sábado. Deus ganhara um
homem na terra. Embora Deus tenha tido algo com
Noé, Abraão e com o próprio Senhor Jesus, nesta
mensagem precisamos focalizar os três sábados
principais: o primeiro sábado, depois da criação do
homem à imagem de Deus com o domínio de Deus; o
segundo, quando o templo foi edificado na terra e
enchi do com a glória de Deus; e o terceiro, quando a
igreja, como o novo homem, foi edificada com
pessoas à imagem de Deus.
Os dois primeiros sábados, o que ocorreu depois
da criação do homem e o que ocorreu depois da
edificação do templo, eram ambos figuras; nenhum
deles era a realidade. O primeiro sábado verdadeiro
que Deus obteve com o homem na terra foi a
edificação da igreja. A igreja não é um sábado de
descanso em figura, mas em realidade. Os sábados
que ocorreram com Adão e com a edificação do
templo eram tipos, mas a edificação da igreja não é
um tipo; é o cumprimento.
A maneira de Deus é progressiva. Podemos ver
isso em Sua criação em Gênesis 1. Por que Deus não
criou tudo em um único dia? Ele poderia ter
completado tudo em apenas alguns minutos. No
primeiro dia, Deus simplesmente chamou a luz à
existência, e no segundo dia Ele criou o firmamento.
Se estivéssemos lá, provavelmente não teríamos tido
muita paciência, e diríamos a Deus: “Deus, a luz está
aqui, mas precisamos do ar”. Às vezes somos mais
rápidos que Deus. A maneira de Deus é contrária à
nossa; Ele sempre faz as coisas de maneira
progressiva. Um dia, Deus tomou-se um homem,
semeou-se na humanidade, e depois da morte e
ressurreição daquele homem, a igreja foi produzida.
Mas Deus não realizou tudo de uma vez por todas.
Embora Deus tenha semeado a Si mesmo em nós,
ainda não chegou a colheita. Tudo aquilo que
recebemos, guardamos e ganhamos hoje é a semente
e não a colheita. Deus é paciente. Embora a semente
tenha sido semeada há quase dois mil anos, Deus não
realizou a obra toda de uma vez por todas naquela
ocasião. Quando Deus semeou a Si mesmo na
humanidade, começou uma era maravilhosa, a era do
Novo Testamento. Antes de o Senhor Jesus vir, Deus
jamais havia semeado a Si mesmo na humanidade.
Adão e os filhos de Israel foram tipos. Deus nunca se
semeou no solo de Adão ou dos filhos de Israel,
porque eles eram tipos. Somente na igreja está o
verdadeiro solo no qual Deus semeou a Si mesmo.
Considere a lei natural do crescimento de uma
semente. Se você semeá-la no solo, não espere ter
uma colheita na manhã seguinte. Nem mesmo um
cogumelo cresce tão rápido. A melhor colheita
sempre levará o maior tempo. Segundo a lei natural, a
vida precisa. de tempo para crescer, e quanto mais
elevada a vida, mais tempo requer para o
crescimento. Um cachorro pode chegar à maturidade
em menos de um ano, mas um ser humano necessita,
pelo menos, de dezoito anos para chegar à
maturidade. Os pais não esperam que seus filhos
cresçam tão rápido como um cachorro. Contudo,
todos os pastores, pregadores e ministros estão
sonhando, pensando que nós cristãos podemos
crescer da noite para o dia. Precisamos de tempo para
crescer, tempo para amadurecer.

XIII. O SÁBADO DO CRESCIMENTO E O


SÁBADO DA MATURIDADE
Deus semeou-se em uma parte da humanidade a
qual se tornou a igreja e inclui todo aquele que
recebeu o Senhor Jesus. Mas depois de recebermos o
Senhor Jesus, há um problema: como vamos permitir
que o Senhor cresça em nós? Na parábola do
semeador em Mateus 13, vemos quatro tipos de solo.
Embora cada tipo de solo tenha recebido a mesma
semente, o resultado foi diferente em cada caso. Você
foi regenerado? Você recebeu o Senhor Jesus? Qual
será o resultado? É exatamente isso que falta a muitos
cristãos hoje. Sim, a vida da igreja é um sábado de
descanso para Deus, mas não é um sábado maduro. É
boa, mas não é totalmente boa; ainda não é
suficientemente boa. A vida da igreja é maravilhosa
no que diz respeito à semente, contudo ainda não
chegamos à colheita. Há um sábado para Deus hoje,
na vida da igreja, mas esse sábado ainda não está
completo, perfeito, maduro. Portanto, ainda haverá
outro estágio do sábado: a era da colheita, que
ocorrerá quando o Senhor Jesus voltar. Quando o
Senhor Jesus vier pela segunda vez, essa será a era da
colheita. É maravilhoso ver o campo crescendo, mas
isso nunca será tão maravilhoso como a colheita. Sem
dúvida, há um verdadeiro sábado para Deus na vida
da igreja, porque Deus semeou-se como a semente no
campo e a semente agora está crescendo. Entretanto,
precisamos lembrar-nos de que ainda não estamos na
colheita. Você estará maduro quando vier a colheita?
Se perguntar aos fazendeiros, eles lhe dirão que parte
da plantação não está madura por ocasião da colheita.
O sábado de hoje na vida da igreja é um verdadeiro
sábado, mas não é um sábado com perfeição ou
maturidade. Esse sábado será na próxima era. Em 1
Coríntios 3 vemos a lavoura crescendo, e em
Apocalipse 14 vemos a colheita sendo ceifada.
Todos podemos estar no sábado do crescimento,
mas se estaremos ou não no sábado da colheita
depende totalmente da nossa maturidade. Veja a
situação: milhões de cristãos foram salvos, mas
somente uma pequena minoria veio para a vida da
igreja para desfrutar as riquezas de Cristo. O sábado
atual é para todos os cristãos, mas nem todos eles têm
vindo. Essa é a verdadeira razão pela qual o livro de
Hebreus foi escrito. Ele foi escrito com o propósito de
encorajar os salvos a não abandonar a vida da igreja,
mas a perseverar, esforçar-se e ser diligentes para
entrar nela, porque ela é o sábado de descanso hoje. O
descanso sabático hoje não pode ser encontrado em
nenhuma religião, organização ou grupo livre. O
sábado do crescimento hoje é a verdadeira vida da
igreja com as riquezas de Cristo, e todos os
verdadeiros cristãos deveriam ser encorajados a
entrar nesse descanso sabático. Se não forem
diligentes, eles perderão o alvo, como ocorreu com a
maioria dos filhos de Israel que saíram do Egito. Pelo
menos dois milhões dos filhos de Israel que saíram do
Egito na época do êxodo morreram no deserto e
apenas um pequeno número entrou no descanso.
Aquilo foi um tipo. Hoje, na era da igreja, temos o
cumprimento daquele tipo. Embora milhões de
cristãos tenham sido salvos, onde estão eles? Eles
ainda estão no Egito ou peregrinando no deserto.
Quando o livro de Hebreus foi escrito, os crentes
hebreus corriam o risco de tornar-se outro povo
nômade no deserto e, por fim, caírem na morte.
Portanto, Hebreus foi escrito para encorajá-los a ser
diligentes a fim de entrar no descanso sabático de
hoje. Quantos cristãos precisam desse tipo de
encorajamento hoje!

XIV. UMA RECOMPENSA PELO


CRESCIMENTO ADEQUADO
Estamos hoje na vida da igreja como o sábado do
crescimento, mas o problema é: como estamos
crescendo? Estamos crescendo adequadamente?
Estamos crescendo de maneira a cooperar
continuamente com a graça do Senhor? A maneira
como crescemos no sábado do crescimento determina
se participaremos ou não do sábado vindouro.
Falando de maneira prática, o sábado na próxima era
será uma recompensa pelo nosso crescimento
adequado durante este sábado atual. O sábado
vindouro, o sábado da maturidade, será na verdade e
na prática uma recompensa para os que tiverem
crescido adequadamente no sábado atual. Em outras
palavras, se você não crescer bem no sábado atual,
perderá o próximo sábado, o sábado da maturidade.
O pensamento aqui é muito lógico; é a sabedoria de
Deus. Deus é sábio ao usar o sábado vindouro como
recompensa para nos encorajar a desfrutar o sábado
presente. Se perdermos o sábado presente,
certamente sofreremos a perda do sábado vindouro.
Neste ponto, precisamos considerar as palavras
de Paulo em 1 Coríntios 9:24-27. O versículo 24 diz:
“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos,
na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi
de tal maneira que o alcanceis”. A palavra alcançar
aqui não se refere a alcançar a salvação, pois já
alcançamos a salvação. A palavra alcançar refere-se a
levar o prêmio. “Todo atleta em tudo se domina;
aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós,
porém, a incorruptível” (v. 25). A coroa nesse
versículo é uma recompensa, um prêmio por ter
completado a corrida. Os versículos 26 e 27
continuam: “Assim corro também eu, não sem meta;
assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas
esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para
que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a
ser desqualificado”. Ser desqualificado, que é
mencionado no versículo 27, não se refere a ser
desqualificado da salvação, mas de receber o prêmio.
O primeiro versículo de 1 Coríntios 10 continua
imediatamente o pensamento do capítulo 9 (não há
divisões de versículos e capítulos no texto original em
grego). O versículo 5 desse capítulo diz: “Entretanto,
Deus não se agradou da maioria deles, razão por que
ficaram prostrados no deserto”. Esse versículo
começa com uma palavra muito importante:
“entretanto.” Em certo sentido, todos os filhos de
Israel estavam em uma corrida. Quando eles saíram
do Egito e cruzaram o Mar Vermelho, eles estavam
correndo a carreira, mas muitos deles caíram. Na
figura mostrada aqui por Paulo, vemos que ele estava
correndo uma corrida, temendo que ele próprio
pudesse ser desqualificado e perder o prêmio. Que
significa isso? Significa simplesmente perder o
sábado vindouro no milênio.
Nosso Pai sábio usa o sábado vindouro no
milênio como um encorajamento para que corramos
adequadamente a carreira hoje. Como você está
correndo? Não corra relaxadamente. Se o fizer,
provavelmente você não amadurecerá muito bem.
Talvez você esteja agora na vida da igreja desfrutando
o sábado atual, o sábado do crescimento, mas será
que estará lá, no próximo sábado, no sábado da
maturidade? Todos precisamos ser cuidadosos a
respeito disso. Enquanto Paulo corria a carreira,
durante os primeiros dias de seu ministério, quando
foi escrita a epístola de 1 Coríntios, ele não tinha a
certeza se receberia o prêmio.
Encontramos um pensamento similar em
Filipenses 3:1213, um livro escrito durante a época
final do ministério de Paulo. Filipenses 3:12 diz: “Não
que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a
perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o
que também fui conquistado por Cristo Jesus.” Paulo
estava dizendo que Cristo o havia ganho para algo,
mas ele ainda não havia ganho aquilo para o que
Cristo o havia ganho. Cristo nos ganhou com o
propósito de que O ganhemos, e agora estamos no
caminho de ganhá-Lo. Já ganhamos Cristo de
maneira total? Não, ainda não O ganhamos
plenamente. Ele nos ganhou para que possamos
ganhá-Lo plenamente. Até mesmo na época em que
Paulo escreveu o livro de Filipenses, ele ainda estava
a caminho, não tendo ainda ganho plenamente a
Cristo. Nos versículos 13 e 14, Paulo continua:
“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado;
mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que
para trás ficam e avançando para as que diante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. A
palavra “soberana”, no versículo 14 significa “do alto”,
isto é, celestial; assim, o soberano chamamento aqui é
o mesmo que o chamamento celestial de Deus em
Cristo Jesus. Nesses versículos vemos que Paulo
ainda estava avançando. Mesmo quando escreveu o
livro de Filipenses, ele ainda não tinha a certeza de
que havia ganho o prêmio.
Em 2 Timóteo 4:6-8, no entanto, Paulo tinha a
certeza de que ganhara o prêmio: “Quanto a mim,
estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da
minha partida é chegado. Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz,
me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas
também a todos quantos amam a sua vinda”. Paulo
escreveu essas palavras pouco antes de ser
martirizado. Seremos capazes de dizer tal coisa no
final da vida? Seremos capazes de dizer que
combatemos um bom combate, terminamos a
corrida, guardamos a fé e que uma coroa de justiça
está diante de nós? Aqui ele não menciona uma coroa
de graça, mas uma coroa de justiça. Paulo sabia que o
Senhor, o justo juiz, lhe daria uma coroa de justiça,
segundo Sua justiça, naquele dia. Que dia é esse a que
ele se refere? É o sábado da era vindoura, o sábado da
maturidade. Paulo disse que essa coroa seria dada
não somente a ele, mas a todos quantos amam a
vinda do Senhor.
Como estamos crescendo agora? Como estamos
correndo a carreira? A resposta a essas perguntas
determinará nosso futuro. Você estará lá no sábado
da maturidade durante o milênio? Muitos cristãos
mantêm o conceito equivocado de que, uma vez que
estão salvos, participarão do reino de mil anos.
Embora eu tenha sido ensinado assim durante anos, a
partir de um estudo posterior da Bíblia, aprendi que
esse conceito não é preciso. Enquanto a salvação é
pela fé, reinar com Cristo durante mil anos não é uma
questão da salvação, mas é um prêmio que nos
encoraja a correr adequadamente a carreira. A
sabedoria do Pai é mostrada aqui.
A vida da igreja não é um sábado hoje? Sim,
louvado seja o Senhor, porque a vida da igreja é o
sábado do crescimento que nos conduz ao sábado da
maturidade. Contudo, se participaremos ou não do
sábado da maturidade vindouro, depende de como
estamos crescendo hoje. Isso é muito lógico. Nosso
Pai é muito sábio. Até mesmo um pai terreno pode
dizer isto a seus filhos: “Filhos, se vocês forem bem na
escola neste semestre, passando em seus exames
finais, haverá um grande presente esperando por
vocês. Mas se não passarem nas provas, vocês
sofrerão e eu os colocarei em um quarto escuro
durante um dia inteiro. Enquanto estiverem sentados
no quarto escuro, seus irmãos e irmãs que passaram
nas provas estarão desfrutando de um prêmio
especial e de um dia inteiro de descanso”. Conheço
alguns pais que fazem assim. Um pai pode ter cinco
filhos: um recebe o prêmio máximo, outro recebe um
prêmio secundário, um terceiro, que passou
raspando, recebe um prêmio menor, e os dois
desobedientes, que foram reprovados nas provas
finais, são colocados em um quarto escuro. Esse pai
não é bom, sábio, justo e amoroso? Claro que sim,
pois ele encoraja a todos os seus filhos a se
esforçarem ao máximo. A prática do nosso Pai
celestial no Novo Testamento é a mesma. Nosso Pai,
um Pai de amor, é sábio, sabendo como encorajar
Seus filhos a crescer. Há muitos versículos no Novo
Testamento relacionados a isso e iremos vê-los nas
próximas mensagens.
Paulo era um apóstolo, mas ainda estava
correndo a carreira. Embora fosse tão fiel e estivesse
fazendo um trabalho excelente e maravilhoso para o
Senhor, ele ainda temia que pudesse ser
desqualificado. Você pensa que Paulo tinha medo de
perder a salvação? Não; como vimos, ser
desqualificado não significa perder a salvação, mas
perder o prêmio. Mesmo quando escreveu para os
Filipenses, Paulo não tinha certeza se havia ganho o
prêmio. Foi apenas no final de sua vida, quando
estava para ser martirizado, que ele pôde declarar:
“Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está
guardada”. Somente nessa ocasião ele teve segurança
para dizer isso. Precisamos prestar bastante atenção a
esses versículos. Entretanto, poucos cristãos dão
muita atenção a eles, importando-se apenas com as
“guloseimas” espirituais. Peço-lhe que leia e ore
muitas vezes esses versículos em 1 Coríntios,
Filipenses e 2 Timóteo, até que você penetre neles e
seja plenamente iluminado. Embora esses versículos
pareçam não ser tão doces, com certeza eles são de
grande nutrição. Eles são a verdadeira comida
saudável. Por um lado, todos precisamos estar
empolgados, porque na vida da igreja hoje estamos
no sábado do crescimento, desfrutando as riquezas de
Cristo. Mas, por outro lado, precisamos ver como
crescemos, como corremos a carreira e como
combatemos, pois tudo isso determinará se
participaremos ou não do sábado vindouro, o sábado
da maturidade. Que a graça do Senhor seja conosco
nesse assunto!
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 21
O REPOUSO SABÁTICO RESTANTE (4)
Nas últimas três mensagens vimos o significado
do repouso sabático de acordo com a revelação plena
da Palavra Santa. Resumidamente, o descanso
sabático é simplesmente a satisfação do desejo do
coração de Deus. Sempre e em toda parte onde Deus é
expresso e representado pelo homem na terra, Ele
fica satisfeito e descansa. Como mostramos, o
primeiro sábado foi depois da criação do homem, e o
segundo foi depois de se completar a edificação do
templo. Ambos foram figuras do sábado de Deus, mas
não foram o verdadeiro sábado. Depois que o Senhor
Jesus veio declarar Deus, expressá-Lo e
representá-Lo como um exemplo e modelo, a igreja
foi produzida por meio de Sua morte e ressurreição e
se tornou a expressão e representação corporativa de
Deus. Quando Deus tem a igreja, Ele é
verdadeiramente expresso e representado. Sem
dúvida, a vida da igreja é um verdadeiro sábado para
Deus. A igreja como o descanso sabático não é uma
figura, mas é o cumprimento do que foi prefigurado
no Antigo Testamento. Quando Deus ganhou a igreja,
Ele obteve um verdadeiro sábado.
Como vimos na última mensagem, a era da igreja
é apenas o estágio da semeadura e do crescimento. A
despeito de quão longo possa ser esse estágio,
segundo nossa opinião, ainda é apenas um estágio, o
estágio da semeadura e do crescimento. Neste
estágio, a principal tarefa de Deus é semear-se na
humanidade para fazer dessa parte da humanidade a
igreja, o Corpo de Cristo, a casa de Deus. Essa parte
da humanidade, que teve o próprio Deus como vida
injetado em si, deve crescer em Cristo e alcançar a
maturidade. Precisamos ter bastante clareza sobre
esse ponto. Por que Deus pode ser satisfeito nesta
era? Porque nesta era Ele é expresso e representado
por meio da igreja.
O Novo Testamento diz claramente que a igreja,
como a expressão e representação de Deus, é o reino
de Deus na terra hoje (Rm 14:17). Todo aquele que
recebe Jesus Cristo, o Filho de Deus, nasce no reino
de Deus (Jo 3:5). Louvado seja o Senhor, porque a
igreja é o reino de Deus hoje! Hebreus 12:28 diz que
estamos recebendo um reino inabalável. Esse
versículo não diz que recebemos um reino ou que o
receberemos; ele diz que estamos no processo de
receber o reino. Não podemos dizer que não
recebemos uma porção do reino, mas nosso
recebimento do reino ainda não foi plenamente
consumado. O reino já começou e está continuando.
Na era da igreja estamos no sábado do
crescimento, no sábado onde Cristo como vida está
crescendo. O coração de Deus está, pelo menos, um
tanto satisfeito com esse sábado crescente, mas não
está plenamente satisfeito porque é apenas o estágio
de crescimento, não o estágio final, o estágio da
colheita. O livro de Hebreus foi escrito para encorajar
os hebreus peregrinos, hesitantes e vacilantes a virem
para a vida adequada da igreja, o sábado de descanso
de hoje. Mas depois desse sábado há algo ainda
melhor — o sábado da colheita. Esses dois são
sábados verdadeiros para Deus. Hoje Deus tem um
sábado verdadeiro na vida da igreja. Nunca
poderíamos imaginar que pudesse existir algo tão
bom como a vida da igreja. Mas por Sua misericórdia,
o Senhor abriu nossos olhos, mostrando-nos a vida da
igreja, que é santa, celestial e espiritual, a qual
podemos tocar em nosso espírito e desfrutar com o
Senhor como nosso descanso. Aleluia! Há tal coisa na
terra hoje!
Se conhecemos a Bíblia e a economia de Deus,
perceberemos que todo aquele que foi regenerado e
recebeu a salvação precisa vir para a vida da igreja.
Isso é a economia de Deus. Se você não vem para a
vida da igreja, você perderá o alvo. A economia de
Deus não é que você apenas seja salvo e regenerado;
Sua economia é que você venha para a vida adequada
da igreja, que é o sábado de hoje. A economia de Deus
é ter uma expressão e representação corporativa Dele
próprio. Deus é muito paciente; Ele está cumprindo
progressivamente Sua economia. Primeiramente, Ele
semeou a Si mesmo em Seu povo escolhido e agora
está dando a ele tempo para crescer.

XV. O SÁBADO FINAL E MÁXIMO


Agora estamos na vida da igreja, o sábado do
crescimento que está nos conduzindo para o sábado
da colheita do reino milenar. Mas nem mesmo o
sábado da colheita será o sábado final e máximo. O
descanso final e máximo será a Nova Jerusalém. Na
época da Nova Jerusalém, não haverá mais mar, obra
satânica ou mundo corrompido e poluído. Tudo isso
estará no lago de fogo. Haverá uma nova terra, e
sobre a nova terra haverá uma cidade edificada com
pessoas transformadas como materiais vivos. Essa
composição viva, a Nova Jerusalém, será a expressão
completa de Deus na eternidade futura. Lá, na Nova
Jerusalém veremos a expressão e o domínio de Deus.
Na Nova Jerusalém estará o trono e a autoridade de
Deus para o Seu reino. A Nova Jerusalém será o
sábado final, máximo e eterno, porque lá Deus será
plenamente expresso e representado. Essa será a
consumação final e máxima da obra da graça de Deus,
e todos nós estaremos lá.
Quer sejamos diligentes ou relaxados, nosso
sábio Pai tem uma maneira de nos aperfeiçoar e
amadurecer. Se não cooperarmos com Ele, Ele é
paciente e esperará até amanhã, o próximo mês, o
próximo ano ou até mesmo a próxima era. Antes da
era da Nova Jerusalém há duas eras: a presente e a
vindoura. Durante essas duas eras nosso Pai paciente
tratará com Seus filhos travessos. Se formos travessos
e não participarmos do sábado de crescimento hoje,
poderemos perder o sábado da colheita na era
vindoura. Perder o sábado da colheita não significa
que perderemos a salvação. Uma vez que somos filhos
do Pai, jamais perderemos a salvação. Mas se não
agirmos em Sua graça hoje, dificultando o tratamento
de nosso Pai conosco hoje, poderemos perder o
sábado vindouro da colheita. Entretanto, nosso Pai é
muito mais sábio do que nós e tem uma maneira de
nos conduzir à maturidade. Por fim, todos nós
estaremos na Nova Jerusalém, o sábado final e
máximo.
Haverá um total de três sábados verdadeiros: a
igreja, o reino milenar e a Nova Jerusalém no novo
céu e nova terra. Embora todos esses sejam sábados
para Deus, o segundo será melhor que o primeiro e o
terceiro será mais pleno que o segundo. Tenho a
plena certeza de que todos nós compartilharemos do
terceiro sábado, o mais pleno, pois aquele sábado está
totalmente relacionado à graça e não à recompensa.
Não é um prêmio, mas a porção eterna de nosso Pai
para todos os Seus filhos. Uma vez que você é um
filho do Pai, Ele tem uma maneira de o tornar
maduro de maneira que, por fim, você participe
daquele terceiro sábado.

XVI. NOSSA NECESSIDADE DE


AMADURECER
Quando você ouve que todos nós estaremos na
Nova Jerusalém, você pode dizer: “Aleluia, agora
estou em paz. Estarei lá na Nova Jerusalém”. Mas
antes de chegarmos à Nova Jerusalém, precisamos
passar primeiro pela igreja e depois pelo milênio.
Nosso sábio Pai usa a era da igreja e a era vindoura do
reino milenar para nos amadurecer. Embora Ele
tenha sido semeado em nós, como está nossa
maturidade? Sua intenção é que todos nós
amadureçamos, e Ele o fará. Nada pode impedi-Lo.
Nossa negligência e nossas falhas nada significam.
Nada, incluindo Satanás, pode impedir nosso Pai de
realizar Seu desejo. Quando Ele nos escolheu, Ele não
foi tolo ao fazê-lo, mas foi muito cuidadoso. Deus
nunca se arrependerá de Sua escolha; ela é
irrevogável e permanecerá por toda a eternidade. Ele
nos salvou, e nós estaremos na Nova Jerusalém. Tudo
isso é obra da graça. Deus nos trouxe para a Sua
salvação, colocou-se em nós e agora está nos
exortando a crescer. Mas a maneira como crescemos
depende de nós. Se formos obedientes,
economizaremos algum tempo para Ele. Se formos
desobedientes, causaremos alguma dificuldade para
Ele. Mas Ele ainda tem uma maneira de nos fazer
crescer. Todavia, se não cooperarmos com Ele,
sofreremos a perda do desfrute da vida da igreja nesta
era e do prêmio na era vindoura. Nosso Pai sábio
trata conosco de maneira que possamos amadurecer.
Não pense que você pode fugir do Seu tratamento.
Deus tem uma maneira de tratar com todos os
cristãos que foram salvos e que agora estão
peregrinando. Não podemos ver isso hoje, mas um
dia o veremos.
Que misericórdia nosso Pai nos ter trazido da
peregrinação nas ruas para a vida da igreja! Agora
não estamos mais peregrinando; estamos
desfrutando a vida da igreja, que nos ajuda a
amadurecer. Tenho a plena certeza de que o povo da
igreja amadurecerá mais cedo e se tornará as
primícias. Que bom é desfrutar a igreja atual e o reino
vindouro! A igreja atual é o sábado do desfrute e o
reino vindouro é o sábado da recompensa. Se
desfrutarmos a vida da igreja hoje, receberemos o
reino como um prêmio na era vindoura. Se não
desfrutarmos bem a igreja hoje, sofreremos a perda
do reino como recompensa na era vindoura. É tolice
não desfrutar bastante Cristo hoje na igreja. Não
temos de pagar nada por esse desfrute; ele é gratuito.
Nosso Pai nos encoraja a desfrutarmos bem Cristo.
Quanto mais desfrutamos Cristo, mais nosso Pai fica
alegre e satisfeito. Se continuamos a desfrutar Cristo,
um dia o Pai dirá: “Filho, como você desfrutou tanto
Meu Filho, Eu lhe darei um prêmio no sábado da
colheita. Você será um dos co-reis de Meu Filho”.
Naquela ocasião, seremos verdadeiros parceiros de
Cristo, participando de Seu reinado no sábado da
colheita.
Algumas pessoas dizem que, uma vez que fomos
regenerados e somos filhos de Deus, estaremos no
reino milenar. Mas a Bíblia não diz isso. Antes, ela diz
que devemos desfrutar Cristo, crescer, amadurecer,
sofrer e vencer por Cristo. Então, na era vindoura,
nós receberemos o prêmio. Esse prêmio não é a
porção eterna dos santos, mas é uma recompensa
para os vencedores durante o milênio. Se você agir
adequadamente na casa do Pai, a igreja, o Pai dirá:
“Como você Me satisfez em Minha casa, Eu lhe darei
um prêmio em Meu reino”. Mas se não O
satisfizermos hoje em Sua casa, perderemos o prêmio
e sofreremos a perda na próxima era, em Seu reino. A
escolha é nossa. Quão gracioso, justo e sábio é nosso
Pai! Ele nos preparou uma festa e nos encoraja a
todos a que comamos bem. Quanto mais comermos,
mais feliz Ele ficará. É uma tolice não comer na festa.
Oh! como precisamos todos desfrutar a vida da igreja!

XVII. AS DUAS PRINCIPAIS ESCOLAS


DOUTRINÁRIAS
Agora, precisamos considerar as duas principais
escolas doutrinárias: a escola calvinista e a
arminiana. A escola calvinista diz que tudo é uma
questão da graça, escolha e predestinação de Deus.
Segundo essa escola, uma vez que Deus nos escolheu
e predestinou e que fomos salvos, não há problemas;
uma vez que fomos salvos, a salvação está garantida
por toda a eternidade. A afirmação calvinista de que
jamais pereceremos tem uma forte base na Palavra do
Senhor, em João 10:28-29. De acordo com esses
versículos, uma pessoa salva não pode perecer. O
calvinismo, sem dúvida, tem uma base na Bíblia para
afirmar que uma vez que somos salvos, o somos
eternamente. Mas quando o calvinismo diz que, uma
vez que somos salvos eternamente não haverá
nenhum problema, ele vai longe demais. Embora seja
bom saber que fomos redimidos e nascemos de novo,
não deveríamos dizer que, uma vez que fomos
redimidos e nascemos de novo, não teremos nenhum
problema. Seria tolice infantil dizer que desde que
fomos salvos, não há problemas. Qualquer criança
que diz isso é muito tola. Sim, nós nascemos de novo,
mas pode haver muitos problemas.
Os arminianos crêem que uma pessoa salva pode
perder a salvação. Usando porções da Palavra, como
Hebreus 6, os arminianos insistem em que as pessoas
que provaram o dom celestial e foram participantes
do Espírito Santo podem cair e não terem
oportunidade de se arrepender, sendo como a terra
que é queimada, o que implica perder a salvação. O
livro de Hebreus contém cinco advertências como
essa. Os arminianos usam equivocadamente essas
porções da Palavra sobre a punição, ou castigo, de
Deus sobre Seus filhos, considerando essa punição
como perdição, como perda da salvação. Eles usam
essas porções para apoiar seu ensinamento de que
uma pessoa salva pode perder a salvação.
Os calvinistas, incapazes de conciliar essas
porções da Palavra com seu ensinamento, dizem que
as pessoas ali mencionadas, como tendo provado o
dom celestial e tendo sido participantes do Espírito
Santo, são falsos cristãos. Mas é ridículo dizer isso.
Eles falam assim porque é a única maneira que têm
para fugir. Nem eles nem os arminianos foram
capazes de conciliar as porções da Bíblia sobre a
punição de Deus a Seus filhos, porque não viram a
questão do prêmio e da punição no reino. Essa
questão do prêmio e punição no reino é a ponte entre
o Calvinismo e o Arminianismo.
XVIII. A QUESTÃO DO PRÊMIO OU
PUNIÇÃO
Vejamos agora esse assunto do ponto de vista
bíblico. Uma vez que fomos escolhidos para sempre,
uma vez que fomos salvos, regenerados e recebemos a
vida eterna, jamais pereceremos. A vida eterna nos
guardará. Mãos poderosas, as mãos do Senhor e do
Pai, nos sustentarão e jamais pereceremos (Jo
10:28-29). Mas isso não significa que devamos ser
relaxados em nosso viver, a ponto de cometer
pecados, pois seremos castigados, punidos ou hoje ou
na era vindoura, por qualquer pecado que
cometamos. Deus é justo. Se Seus filhos cometem
pecado e não se importam com Sua vontade, eles
precisam sofrer castigo, punição. Se você não se
importar com a vontade Dele nesta era, você perderá
tanto a realeza como a recompensa no reino
vindouro. Precisamos dar atenção a esta advertência.
Que desfrute haverá no reino vindouro! O sábado
da colheita! Será melhor que o sábado atual, do
crescimento. O sábado do crescimento da vida da
igreja hoje é o meio pelo qual podemos ser
conduzidos para o sábado da colheita no reino
vindouro. Se negligenciarmos o sábado de hoje na
vida da igreja, perderemos o próximo sábado no reino
vindouro. Se formos descuidados e cometermos
pecados, sofreremos a punição de Deus. Mas isso não
significa que perderemos a salvação.
Hebreus 6 prova isso. Os versículos 7 e 8 dizem:
“A terra que absorve a chuva que freqüentemente cai
sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é
também cultivada recebe bênção da parte de Deus;
mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e
perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada”. A
terra pode produzir vegetação ou espinhos. Os
espinhos podem ser queimados, mas a terra ainda
permanecerá, tendo sofrido uma perda. Igualmente,
os crentes jamais podem perder a salvação, mas tudo
que eles produzirem que não for de acordo com a
economia de Deus será queimado. Tudo aquilo que
fizermos que foi contra a vontade de Deus será
queimado, mas isso não significa que perderemos a
salvação.
Neste texto, consideremos 1 Coríntios 3:12-14:
“Se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
manifesta se tomará a obra de cada um; pois o Dia a
demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e
qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.
Se permanecer a obra de alguém que sobre o
fundamento edificou, esse receberá galardão”. Os
crentes são a lavoura de Deus (1Co 3:9). Tudo o que
produzirmos que seja madeira, feno e palha será
queimado. Mas se nossa obra permanece como ouro,
prata e pedras preciosas, receberemos uma
recompensa, um prêmio. Contudo, se a obra de um
homem é queimada, ele sofrerá perda, mas isso não
significa que ele perderá sua salvação. O versículo
seguinte diz: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como
que através do fogo”. Esse versículo é muito claro.
Uma pessoa salva pode sofrer perda, mas ela não
perderá a salvação; ela será salva “como que através
do fogo”. Você quer ser “salvo através do fogo”? Se
você me perguntasse que fogo é esse aqui, eu diria
que não sei. Há mais de trinta e cinco anos, um amigo
cristão mais velho esta-va discutindo comigo,
dizendo: “Como que uma pessoa salva poderia ser
ainda salva como que através do fogo?” Eu respondi:
“Eu não sei, mas a Bíblia nos diz isso”. Então ele
disse: “Aqui, na verdade, não diz ‘pelo fogo’ mas
‘como que pelo fogo’ ou ‘como que através do fogo’”.
Nesse momento, outro irmão mais velho interveio:
“Mesmo que seja ‘como que pelo fogo’, ainda faz você
sofrer”. O que quer que seja esse fogo, sei que não é
bom e não quero experimentar. Uma vez que temos
essa palavra em 1 Coríntios 3, não deveríamos dizer
que uma vez que estamos salvos tudo está bem. Tudo
pode não estar bem. Nossa obra pode ser queimada e
nós podemos ser “salvos, todavia, como que através
do fogo”.
Quando algumas pessoas ouviram minha
pregação nessa linha, elas me condenaram, dizendo
que eu estava ensinando a doutrina católica do
purgatório. O ensinamento católico do purgatório,
que se baseia em 1 Coríntios 3, é muito diferente da
Palavra pura de Deus. Segundo o conceito católico de
purgatório, se você comete pecados e morre, um
parente pode encurtar seu tempo no purgatório,
pagando uma certa quantia em dinheiro à igreja
católica. Esse ensinamento é diabólico. O que estou
ensinando é a pura verdade proveniente da Palavra
pura.
Em 1 Coríntios 3 lemos que precisamos edificar
adequadamente: segundo a natureza divina de Deus
— o ouro; segundo a redenção de Cristo — a prata; e
segundo a obra do Espírito Santo — as pedras
preciosas. Precisamos edificar segundo a natureza do
Pai, a redenção do Filho e a obra transformadora do
Espírito Santo. Mas se edificamos segundo a carne, o
ego e à maneira do mundo, isso será madeira, feno e
palha. Há uma grande diferença entre edificar com
ouro, prata e pedras preciosas e edificar com madeira,
feno e palha.
‘Ou fazer orações, ou promessas, ou boas obras,
com o fim de diminuir o tempo que as almas
permanecerão no purgatório. (N, E.) \ Se você
edificar com ouro, prata e pedras preciosas, você
receberá uma recompensa. Mas se edificar com
madeira, feno e palha, você sofrerá uma perda,
contudo, ainda será salvo. Isso não é nem calvinismo
nem arminianismo, mas a pura Palavra da Bíblia.
Além da salvação graciosa de Deus, existe a
questão de receber o prêmio ou sofrer uma perda.
Somente aqueles que recebem o prêmio participarão
do sábado vindouro, o sábado da colheita. Os que
ganharem o prêmio desfrutarão o sábado no reino
milenar, e os que sofrerem a perda, mas forem salvos
como que através do fogo, perderão aquele sábado.
Como precisamos avançar em direção ao alvo para
ganhar o prêmio do supremo chamamento de Deus
em Cristo Jesus e prosseguir positivamente. Além da
salvação, haverá o prêmio desse chamamento do alto,
que será o sábado da colheita no reino vindouro. Essa
é nossa meta, nosso alvo. Se quisermos atingir esse
alvo, precisamos passar pela vida da igreja. A vida da
igreja é o caminho para alcançarmos o alvo.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 22
O REPOUSO SABÁTICO RESTANTE (5)
A Bíblia é a revelação de Deus. Se quisermos
entender qualquer aspecto principal dessa revelação,
precisamos atentar para os princípios governantes
estabelecidos e revelados na Bíblia. O princípio
governante da Bíblia como um todo é que Deus na
eternidade passada fez um propósito, um plano, que
era expressar a Si mesmo com Sua autoridade. Esse
plano, o propósito eterno de Deus, é totalmente
revelado nos dois primeiros capítulos de Gênesis e
nos dois últimos capítulos de Apocalipse. Em Gênesis
1 e 2 vemos que o homem é o centro do universo
criado por Deus. Embora Deus tenha criado os céus e
a terra e milhões de outros itens, o item central é o
homem. Deus fez o homem de uma maneira muito
específica, formando-o da terra (Gn 2:7) e à Sua
própria imagem (Gn 1:26). Portanto, o homem, uma
entidade única, carrega duas coisas: a terra e a
imagem de Deus. Em substância o homem é terreno,
mas em expressão ele é divino. Nessa entidade única
— o homem — vemos um princípio maravilhoso —
uma criatura levando a substância terrena e a
imagem divina. Quando o homem expressou a
imagem de Deus e exercitou Sua autoridade e
domínio, Deus descansou. Como vimos em
mensagens anteriores, esse é o significado do
descanso sabático. Essa era a situação bem no
começo da Bíblia.
Quando vamos para o fim da Bíblia, vemos a
consumação: o novo céu e nova terra com a Nova
Jerusalém. No novo céu e nova terra, a terra será
mais útil que o céu, porque a Nova Jerusalém estará
na terra. Se lermos cuidadosamente Apocalipse,
veremos que a Nova Jerusalém não é um edifício
físico, mas é uma composição viva, composta por
pessoas vivas, tais como os doze apóstolos do
Cordeiro e as doze tribos de Israel (Ap 21:12, 14). A
cidade da Nova Jerusalém terá a aparência de Deus e
O expressará plenamente. Ainda mais, o trono de
Deus estará naquela cidade e a autoridade de Deus
será plenamente exercida ali. Esse é o reino eterno de
Deus. Portanto, na Nova Jerusalém Deus terá
descanso pleno e obterá Seu sábado eterno. Esse é o
princípio governante de toda a Bíblia.

XIX. OS TRÊS PERÍODOS DO UNIVERSO


Se quisermos conhecer a Bíblia, precisamos ter
uma visão global dela. Você percebe que o universo é
composto por três períodos? O primeiro período foi o
tempo antes de Adão, ao qual chamamos de era
pré-adâmica. Como vimos em nosso Estudo-Vida de
Gênesis, antes de Adão ter sido criado, o universo já
existia. Ninguém pode dizer quão longo foi aquele
primeiro período. O segundo período do universo se
estende de Gênesis 1:2 até o fim do milênio vindouro,
isto é, da criação de Adão ao fim do próximo milênio.
Esse período é muito curto, talvez não mais que sete
mil anos. Embora possamos pensar que isso seja
muito tempo, aos olhos de Deus sete mil anos
equivalem a sete dias, pois para Ele mil anos são
como um dia (2Pe 3:8). Depois desse segundo
período, haverá o terceiro período do universo — o
novo céu e a nova terra com a Nova Jerusalém. Esse
período durará por toda a eternidade. Para conhecer
a Bíblia plenamente, precisamos entender esses três
períodos do universo.
O primeiro período do universo foi o período da
queda. Deus criou, Satanás destruiu e Deus veio para
julgar o universo. Em Gênesis 1:2 temos o começo da
recriação de Deus. Estritamente falando, somente o
versículo 1 de Gênesis se refere à criação, pois o
versículo 2 é o começo da recriação de Deus. Na
recriação de Deus, houve uma criação posterior. O
homem, por exemplo, não foi uma recriação, mas
uma criação. Do tempo da recriação de Deus até a
realização completa do Seu propósito haverá um
período de aproximadamente sete mil anos. Uma vez
que é durante esse período que Deus leva a cabo Seu
propósito eterno, podemos chamar esse período de
realização.
O período da realização começou com a criação
do homem. O homem era criação de Deus. A
recriação de Deus somente restaurou o universo
caído a uma condição adequada à criação e existência
do homem. A segunda vinda do Senhor Jesus não
encerrará o período da realização, porque o velho céu
e a velha terra continuarão por mais mil anos depois
da volta do Senhor. Esses mil anos serão a
continuação do período da realização. A segunda
vinda do Senhor é ainda um passo posterior na
realização do propósito de Deus. Portanto, a
realização por Deus do Seu propósito começou com a
criação do homem e será completada não na ocasião
da segunda vinda do Senhor, mas no fim do próximo
milênio.
Depois do período de realização, virão o novo céu
e nova terra com a Nova Jerusalém. Esse será o
período do sábado eterno, o tempo do sábado
completo. O período eternal no futuro será um
sábado interminável. Nosso Pai, nosso Salvador e
todos os redimidos estarão lá. Esse é o nosso destino,
nosso futuro. Nosso futuro é o sábado eterno onde
nosso Pai, nosso Salvador e todos nós descansaremos
pela eternidade.

XX. A REALIZAÇÃO DO PROPÓSITO DE


DEUS
Vejamos agora como Deus realiza Seu propósito.
Primeiramente, Ele criou o homem. Em sua
composição natural, o homem não é o cumprimento
genuíno do propósito de Deus, mas somente uma
fotografia, uma prefiguração. Mas mesmo nessa
fotografia podemos ver as características da
satisfação de Deus. O Antigo Testamento revela
principalmente duas coisas: a criação do homem por
Deus e o chamamento de Deus para o homem. Deus
fez Adão e chamou Abraão. Abraão (incluindo Isaque,
Jacó e os filhos de Jacó) foi o chamado coletivo.
Todos os filhos de Israel foram chamados em Abraão.
Assim, Abraão foi um homem coletivo chamado,
sendo isso mais uma vez uma prefiguração da
satisfação de Deus. Nesse homem coletivo podemos
ver muito mais do que com Adão, pois Adão era
apenas um homem individual como uma fotografia
da satisfação de Deus, enquanto Abraão, incluindo
seus descendentes, era uma figura corporativa e
completa da satisfação de Deus. O Antigo Testamento
revela essas duas prefigurações da satisfação de Deus,
uma individual e outra corporativa. Contudo, em
princípio ambas são iguais, revelando o que é a
satisfação de Deus. Precisamos ter esta visão
panorâmica se quisermos entender a Bíblia.
Enquanto o Antigo Testamento nos mostra a
prefiguração, o Novo Testamento revela a realidade.
O próprio Deus veio para ser um homem, ser a
semente que Ele mesmo semeou na humanidade
como a terra, o solo. Jamais deveríamos separar a
humanidade da terra, porque em substância as duas
são uma. A Bíblia diz claramente que o homem veio
da terra e pertence à terra. Deus veio para semear-se
como semente na humanidade, a verdadeira terra.
Esse grão de trigo caiu na terra da humanidade,
morreu, e em ressurreição produziu muitos grãos
que, juntos, formaram um pão, a igreja (1012:24; 1Co
10:17). Nesse pão, a igreja, temos a expressão e o
domínio de Deus. Aqui na igreja está o reino de Deus
onde a autoridade de Deus é exercida e Sua imagem é
expressa. Portanto, a igreja é o sábado de Deus, a
primeira etapa da realização do Seu propósito de
maneira genuína e real.
Mas é necessária outra etapa. A primeira etapa
foi com a primeira vinda do Senhor, e a segunda
começará com Sua segunda vinda. Para Ele realizar
Seu propósito de maneira genuína, Ele precisa vir
duas vezes. Em Sua primeira vinda, Ele semeou a Si
mesmo na humanidade, e em Sua segunda vinda Ele
ceifará o que semeou em Sua primeira vinda. Algo foi
realizado com Sua primeira vinda — a igreja foi
produzida, e houve um sábado-, mas isso não é a
conclusão plena do Seu propósito. Sua segunda vinda
realizará mais, introduzindo um sábado mais pleno.
Sua primeira vinda trouxe o primeiro sábado real,
mas esse sábado não é pleno, porque a realização do
propósito de Deus ainda não foi concluída. Assim, há
uma necessidade de que Ele volte para completar Sua
realização do propósito eterno de Deus. Isso significa
que o propósito eterno de Deus jamais poderia ser
realizado antes da segunda vinda do Senhor. Em
outras palavras, o propósito eterno de Deus não pode
ser plenamente completado sem o milênio.
O milênio será a última parte, e a mais crucial, da
realização do propósito eterno de Deus. Preciso
enfatizar muito esse ponto porque, através dos
séculos, a maioria dos mestres cristãos tem mantido o
conceito de que, quando o Senhor Jesus voltar, tudo
estará concluído. De acordo com esse conceito, a volta
do Senhor aparentemente significa o fim do velho
universo e o começo do novo céu e nova terra.
Quando o Senhor Jesus voltar, começará um período
maravilhoso, o milênio. Mas, a despeito de quão
maravilhoso seja o milênio, nesse período o velho céu
e q velha terra ainda existirão. Quando muito, o
milênio será um tempo de restauração (At 3:21). O
céu e a terra serão restaurados durante o milênio,
mas não serão mudados de velhos em novos. A
mudança do velho céu e velha terra em novo céu e
nova terra exigirá outros mil anos. Os seis mil anos,
aproximadamente, da criação de Adão até a segunda
vinda de Cristo resultarão na restauração do
universo, mas não resultarão na renovação do
universo. Isso exigirá outros mil anos. Depois de
terem passado os últimos mil anos, todo o universo
será mudado de velho para novo. Então haverá um
novo céu e nova terra com a Nova Jerusalém.
Você ainda mantém o conceito de que tudo
estará bem por ocasião da segunda vinda de Cristo?
Nem tudo estará bem naquela ocasião. Satanás,
mesmo estando preso, não terá sido plenamente
tratado durante o milênio. No fim do milênio, ele será
solto de sua prisão, enganará as nações e as liderará
em batalha contra o Senhor (Ap 20:7-9). Ao final do
milênio, Satanás ainda trabalhará contra Deus. Além
disso, o mal na natureza humana não terá sido
completamente tratado durante o milênio. Embora
todas as nações tenham sido subjugadas, no fim
daquele tempo, Gogue e Magogue rebelar-se-ão mais
uma vez, provando que o elemento da rebelião no
homem ainda estará presente. Em terceiro lugar, a
morte, o último inimigo (1Co 15:26), não será lançada
no lago de fogo na segunda vinda de Cristo, mas no
fim do milênio (Ap 20:14). Assim, três coisas
malignas: Satanás, a natureza rebelde do homem e a
morte, ainda existirão até o fim do milênio. Sendo
esta a situação, como podemos dizer que por ocasião
da segunda vinda de Cristo tudo estará bem? O
Senhor ainda exige algum tempo para trabalhar, a fim
de eliminar essas três coisas malignas do universo
eterno de Deus.
Junto com Satanás, a natureza humana rebelde e
a morte, há mais dois itens negativos que não serão
tratados antes do fim do milênio. Primeiro, o mar, um
sinal de coisas negativas, não será plenamente
removido até o fim do milênio. No novo céu e nova
terra não mais existirá o mar (Ap 21:1). Segundo,
todas as pessoas mortas não-salvas não serão
julgadas até o final do milênio (Ap 20:11-15). No fim
do milênio, as pessoas mortas não-salvas serão
ressuscitadas e julgadas diante do trono branco para
seu destino eterno, e todo aquele cujo nome não for
encontrado no livro da vida será lançado no lago de
fogo. Esse será o último item da terminação do velho
céu e velha terra. Depois disso, todo o velho universo
terá terminado e será introduzido o novo universo
com a Nova Jerusalém. No novo céu e nova terra não
haverá mais Satanás, natureza humana rebelde,
morte ou mar. Não creia que tudo estará bem por
ocasião da segunda vinda do Senhor. Somente
quando estivermos no novo céu e nova terra com a
Nova Jerusalém é que seremos capazes de gritar:
“Aleluia, tudo agora está bem!”
Hoje estamos desfrutando o descanso sabático
na vida da igreja. Embora seja bom, estamos
aguardando a volta do Senhor, porque ela nos
introduzirá em um sábado melhor, o do reino. Esse
sábado é chamado de “restauração” (At 3:21). Mas
mesmo esse não é o melhor sábado, o sábado final e
máximo. Satanás, a natureza humana rebelde, a
morte, o mar e as pessoas mortas que não foram
salvas precisarão todos ser tratados. O primeiro
sábado introduzirá o segundo, e o segundo
introduzirá o terceiro. A igreja introduzirá o reino, e o
reino introduzirá o novo céu e nova terra com a Nova
Jerusalém.

XXI. A PUNIÇÃO NA ERA VINDOURA


Agora precisamos considerar a punição do
Senhor. Em 1 Coríntios 11:32 lemos: “Quando
julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não
sermos condenados com o mundo”. Aqui vemos que a
punição é diferente de perder a salvação. Embora
você jamais possa perder a salvação, não pense que
não haverá problemas. o Senhor pode puni-lo.
Todos os cristãos fundamentalistas concordam
que se não agirmos adequadamente depois de salvos,
o Senhor nos punirá. Mas muitos mantêm o conceito
impreciso de que o castigo do Senhor é somente nesta
era, e que quando o Senhor voltar não haverá mais
punição. Mas isso não é lógico. Suponha que um
determinado irmão tenha sido seduzido a sair da vida
da igreja, volte para o mundo e viva o resto de sua
vida em pecado. Você crê que quando ele se encontrar
com o Senhor estará tudo bem? Não consigo
encontrar nem um vestígio na Palavra Sagrada de que
isso ocorrerá. Não existe um único versículo que diga
que um cristão que vive em pecado, sem
arrependimento, não terá problemas na volta do
Senhor. Há muitos versículos, entretanto, que nos
dizem que os santos vivos e os santos mortos, que
serão ressuscitados, serão julgados diante do trono do
julgamento de Cristo para uma recompensa, seja ela
boa ou má. Como a boa recompensa será um prêmio,
a má recompensa certamente será um castigo ou
punição.
Em 2 Coríntios 5:10 temos: “Importa que todos
nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para
que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver
feito por meio do corpo”. Esse não será o julgamento
diante do trono branco para a salvação ou perdição,
mas será o julgamento que ocorrerá na segunda vinda
de Cristo, antes do milênio, para prêmio ou punição.
O uso da palavra “nós” por Paulo nesse versículo,
prova que ele estava se incluindo nessa questão. As
“coisas feitas por meio do corpo” se referem ao que
estamos fazendo hoje. Em 1 Coríntios 4:5 lemos:
“Nada julgueis antes do tempo, até que venha o
Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas
ocultas das trevas, mas também manifestará os
desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o
seu louvor da parte de Deus”. Você receberá ou não
louvor da parte de Deus, na segunda vinda de Cristo?
Depende do que você faz depois de salvo. Por ocasião
da Sua volta, o Senhor estabelecerá Seu tribunal, e
todos os santos arrebatados e ressuscitados estarão lá
para prestar contas a Ele.
Encontramos o mesmo em Romanos 14:10-12:
“Pois todos compareceremos perante o tribunal de
Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o
Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda
língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de
nós dará contas de si mesmo a Deus”. Nós estaremos
lá e prestaremos contas daquilo que fizemos depois
que fomos salvos. O Senhor nos pedirá para dizer-Lhe
o que fizemos para que recebamos a recompensa que
merecemos, seja ela boa ou má. Isso é sério, e eu
lamento muito pelos muitos cristãos que nunca
ouviram falar a esse respeito. Se não virmos
claramente essa questão, seremos incapazes de
entender o descanso sabático e as cinco advertências
no livro de Hebreus quanto ao tratamento do Senhor
para com os crentes na era vindoura.

XXIII. A RECOMPENSA NO EVANGELHO DE


MA TEUS
O Evangelho de Mateus também fala de
recompensa. Não aceite o conceito dispensacional de
que Mateus não é para nós hoje. Se o Evangelho de
Mateus não é para nós, então, o Jesus que nasceu
como Salvador em Mateus 1 e é apresentado como o
descanso em Mateus 11, também não é para nós. Que
ridículo é dizer isso! Em Mateus 16:18-19 vemos que
quando a igreja for edificada, o reino será
introduzido. Mateus 18:15-17 refere-se à vida da
igreja em uma cidade, dizendo-nos que, se um irmão
não ouvir a igreja, ele deve ser considerado como
publicano e gentio. Isso significa que ele estará fora
da vida da igreja. Estar fora da vida da igreja é ter
confiscado o direito que é mencionado em Mateus
11:28-29. Em Mateus 11:28 o Senhor disse: “Vinde a
mim todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei”. O “eu” que nos dá descanso em
Mateus 11 vai para a igreja em Mateus 16 e permanece
na igreja em Mateus 18. Se quisermos desfrutá-Lo
como nosso descanso, precisamos segui-Lo em
direção à igreja e permanecer com Ele na igreja. Se
não ouvirmos a igreja, estaremos fora da vida da
igreja e fora do descanso. Mateus 12:8 diz que o Filho
do Homem é Senhor do sábado. Para ter descanso,
precisamos estar com Ele. Se estivermos fora da
igreja, estaremos sem o sábado.
Enquanto Mateus 16:18-19 fala da igreja e do
reino, Mateus 16:27 fala da recompensa: “Porque o
Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com
os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme
as suas obras”. Esse versículo não se refere aos
incrédulos, pois os incrédulos são meramente
pecadores e não merecem uma recompensa positiva.
Esse versículo seguramente se refere aos crentes, que
receberão uma das duas recompensas: um prêmio
como recompensa positiva ou uma punição como
recompensa negativa. Mateus 1 nos diz que Jesus é o
Salvador e Emanuel; Mateus 6 nos diz para orar:
“Venha o teu reino”; Mateus 11 nos diz que podemos
ir ao Senhor para descanso; Mateus 12 revela que
Jesus é o Senhor do sábado; Mateus 16 revela que a
igreja é edificada sobre Cristo e que o reino é
introduzido pela igreja edificada; Mateus 18 nos diz
que devemos estar na vida adequada da igreja; e
Mateus 16:27 nos adverte a que o Senhor voltará para
nos recompensar.
Mateus 25 nos faz uma séria advertência de que,
quando o Senhor voltar, Ele punirá alguns de Seus
servos (vs. 24-30). Alguns dizem que os servos que
serão punidos pelo Senhor são falsos cristãos, mas
isso não é lógico. Como é que falsos cristãos poderiam
ser servos do Senhor? Como o Senhor designaria um
serviço a um falso servo? É errado interpretar dessa
maneira. Os que afirmam que esses servos são falsos
servos são forçados a dizê-lo, porque não crêem que o
Senhor irá punir nenhum de Seus servos depois da
Sua volta. Eles argumentam: “Como é que alguma
pessoa salva poderá ser punida pelo Senhor quando
Ele voltar? Isso significa que a redenção do Senhor
não é perfeita”. Contudo, essas mesmas pessoas
ensinam que, se os cristãos não se comportarem de
maneira adequada nesta vida, o Senhor os punirá.
Devemos voltar o argumento deles contra eles
próprios e perguntar: “Esse castigo não provaria
também que a redenção do Senhor não é perfeita?” A
diferença está na questão do tempo. Onde está o
versículo que nos diz que o Senhor castigará Seu povo
nesta era e não na era vindoura? Não há tal versículo.
Mas há muitos versículos que nos dizem que quando
o Senhor voltar, Ele punirá alguns dos seus servos (Lc
12:35-48, especialmente os versículos 46, 47;
19:11-26). Quando o Senhor voltar, Ele punirá Seus
servos indolentes.
Aos que dizem que não haverá tal punição, faço a
seguinte pergunta: Se não haverá problema nenhum
depois da volta do Senhor, por que Ele precisa julgar
a todos nós? Por que todos nós precisamos estar
diante do Seu tribunal? Você crê que todos que
estarão diante do tribunal receberão um prêmio, uma
boa recompensa? Que tipo de recompensa receberia
um servo indolente — uma coroa? Mesmo que o
Senhor lhe desse uma coroa, ele teria vergonha de
aceitá-la. Se você viveu em pecado depois de ter sido
salvo e o Senhor lhe oferecesse uma coroa em Seu
tribunal, você a receberia? Que ridículo é dizer que o
Senhor dará uma coroa a um cristão que gastou seu
tempo jogando, usando drogas e indo a boates. Talvez
o Senhor diga a tal crente: “Você é um servo
negligente. Você precisa de castigo”. Não pense que
simplesmente por ter ressuscitado tudo estará
resolvido. A prova mais forte de que nem tudo estará
resolvido pela ressurreição é o fato de que, depois da
ressurreição, todos os mortos incrédulos estarão
diante do trono branco para serem julgados quanto
ao seu destino.
De acordo com a revelação do Novo Testamento,
todos os cristãos que não vivem segundo a vontade do
Senhor serão disciplinados, castigados ou punidos. Se
isso ocorrerá nesta era ou na vindoura, não sabemos.
Nosso sábio Pai é o único que sabe. Muitos pais
percebem que não é sábio tratar com seus filhos
imediatamente depois de terem errado. Somente um
pai sábio pode decidir o momento correto para
disciplinar seus filhos. Contudo, o princípio é este: se
um filho está errado, ele precisa ser disciplinado.
Hebreus 12 revela que somos não só participantes do
Espírito Santo (6:4), mas também da disciplina
divina (12:8). Como somos filhos do Pai, certamente
Ele nos disciplinará. O momento em que Ele nos
disciplinará depende Dele. Mas se nós, filhos de
Deus, estivermos errados, Ele certamente nos
disciplinará. Não seja míope dizendo: “Louvado seja o
Senhor, nos últimos dois anos eu não sofri nenhuma
disciplina.” Você poderá receber uma disciplina no
tribunal de Cristo quando Ele voltar.
A. O Arrebatamento Secreto dos que
Amadureceram
Outro princípio básico relacionado aos
tratamentos de Deus conosco é que nós somos a
lavoura de Deus (1Co 3:9). Como lavoura de Deus
precisamos amadurecer, chegar à maturidade (Ap
14:15). Se o trigo que cresce no campo não
amadurecer, ele jamais será levado para o celeiro; ele
será deixado no campo. Se estivermos errados,
precisamos ser castigados; se formos imaturos,
precisamos ser deixados no campo para amadurecer.
Ninguém pode argumentar contra esses princípios.
Com esses dois princípios em mente, vejamos
Mateus 24 e 25. Mateus 24 revela que, em certo
sentido, o Senhor virá de maneira secreta, pois nos
diz que Ele virá como um ladrão (vs. 42-43). Nenhum
ladrão vem anunciando sua vinda. Mateus 24:44 diz
que devemos estar preparados, “porque, à hora em
que não cuidais, o Filho do homem virá”. Quando
pensamos que o ladrão virá, ele não vem, mas quando
estamos em paz, achando que não virá nenhum
ladrão, ele vem. O Senhor fez a mesma advertência a
Sardes, em Apocalipse 3:3, dizendo: “Se não vigiares,
virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum
em que hora virei contra ti”.
Mateus 24:40 diz: “Um será tomado, e deixado
outro”. Isso, sem dúvida, se refere ao arrebatamento
secreto, ao arrebatamento dos que estão prontos, que
estão maduros. Um ladrão vem roubar somente
tesouros, coisas que são preciosas; ele não rouba lixo.
Precisamos ser um tesouro aos olhos do Senhor.
Precisamos ser preciosos, ser maduros a tal ponto
que Ele venha e nos leve secretamente. Isso
acontecerá um dia. Talvez uma pessoa jovem irá
dizer: “Não sei o que aconteceu à minha amiga que
amava tanto o Senhor. Ela desapareceu. Onde terá
ido?” Tal pessoa foi arrebatada. Não creia no
ensinamento de que há só um arrebatamento e que
todos os santos serão arrebatados ao mesmo tempo
antes da grade tribulação. Esse conceito não é
preciso. Sim, a maioria dos santos será arrebatada,
segundo 1 Tessalonicenses 4:17, mas os maduros
serão levados secretamente, segundo Mateus
24:4044. Há dois aspectos da vinda do Senhor: a
presença secreta, que é o primeiro, e a aparição
pública, que vem depois. A Primeira Epístola aos
Tessalonicenses 4:15-17 fala dos “vivos, os que
ficarmos até a vinda do Senhor”. Aqui vemos duas
categorias de santos vivos: os que estão vivos e já
foram tomados e os que estão vivos e ficarão.
Igualmente, em Mateus 24, um vivo é tomado e o
outro é deixado.

B. A Parábola das Dez Virgens


Em Mateus 25:1-13, vemos a parábola das dez
virgens. Os dois santos mencionados em Mateus 24
são os vivos, pois estão trabalhando no campo e no
moinho. As dez virgens em Mateus 25, entretanto,
estão dormindo. Dormir aqui não significa nenhum
tipo de sono espiritual, mas a morte física. Uma vez
que o Senhor adiou Sua volta, muitos santos
morreram. O número dez é a maioria de doze, que é o
número da igreja. Dez são encontrados em Mateus 25
e dois em Mateus 24. Quando esses dois números são
somados, temos todo o corpo da igreja. Na ocasião da
volta do Senhor, a maioria das pessoas da igreja terá
morrido; somente um pequeno número ainda estará
vivendo. Portanto, as dez virgens representam os
santos mortos, e os dois que vivem representam os
santos vivos.
Todas as dez virgens nessa parábola são salvas.
Não creia que as cinco virgens néscias não eram
salvas. Ser tolo é muito diferente de ser falso. Por
exemplo, uma criança néscia não é uma criança falsa.
Portanto, todas as dez virgens em Mateus 25, tanto as
prudentes quanto as néscias, eram salvas. As
lâmpadas, tanto das prudentes quanto das néscias
estavam acesas. Mas o problema era que as virgens
néscias não tinham óleo suficiente. Quando o noivo
veio e as virgens despertaram (isso significa que elas
ressuscitaram), as virgens néscias descobriram que
não tinham uma porção extra de óleo. A lâmpada do
Senhor é nosso espírito (Pv 20:27), e a porção extra
de óleo é o Espírito transformador em nossa alma, no
nosso ser. Nosso ser humano, nossa alma, é vaso de
Deus (Rm 9:21, 23). Ter óleo em nossa lâmpada
significa que temos o Espírito em nosso espírito. As
virgens néscias, entretanto, nunca foram
transformadas, não tendo o Espírito saturando sua
alma. Elas não tinham o Espírito em sua alma, em sua
vasilha. Portanto, elas tiveram de pagar o preço para
ter a porção extra do Espírito em sua alma, para que
pudessem ser transformadas. É por isso que as
virgens prudentes disseram às tolas: “Ide, antes, aos
que o vendem e comprai-o” (Mt 25:9). Se você não
paga o preço para ganhar em sua alma hoje o Espírito
transformador, você irá pagá-lo quando o Senhor
voltar.
Todos precisamos pagar o preço para ter nossa
alma transformada pelo Senhor, o Espírito. Em 2 aos
Coríntios 3:18 lemos: “E todos nós com o rosto
desvendado, contemplando e refletindo como um
espelho, a glória do Senhor, estamos sendo
transformados na sua própria imagem, de glória em
glória, como pelo Senhor Espírito” (lit.). Esse Espírito
transformador é a porção extra de óleo que
necessitamos. O Espírito que vem para nosso espírito,
acendendo a lâmpada do nosso espírito, é gratuito, e
toda pessoa regenerada o tem. Mas depois de termos
sido regenerados, precisamos ser transformados em
nossa alma. Isso exige que paguemos um preço.
Muitos que creram no Senhor Jesus, que foram
regenerados no espírito, não estão dispostos a pagar o
preço para serem transformados pelo Espírito em sua
alma. Embora nosso espírito, a lâmpada do Senhor,
esteja iluminado pelo Espírito, nossa alma, que é
nossa vasilha, precisa ser transformada pelo Espírito.
Precisamos pagar o preço para ter o Espírito
transformador em nossa alma. Se não pagarmos o
preço nesta era, teremos de pagá-lo na próxima.

XXIII. A ERA VINDOURA AINDA É


NECESSÁRIA PARA O SENHOR TRATAR
COM SEUS CRENTES
Muitos cristãos têm o conceito de que todas as
coisas relacionadas ao propósito de Deus serão
completamente concluídas quando o Senhor voltar, e
que o milênio não será uma era para o Senhor tratar
com Seus crentes. Segundo esse conceito, o
tratamento do Senhor para com Seus crentes ocorre
apenas nesta era, não deixando nada para ser tratado
na próxima era. Se assim fosse, o novo céu e a nova
terra deveriam estar no milênio, sem necessidade de
o Senhor realizar nada mais para o propósito eterno
de Deus. Mas, como vimos, o milênio será a última
parte do tempo no qual Deus conclui Seu propósito
eterno. As Escrituras revelam claramente que tanto
esta era quanto a era vindoura são o tempo para o
Senhor fazer Sua obra e trabalhar com os que crêem
Nele, de maneira que eles possam amadurecer e ser
plenamente aperfeiçoados para o propósito eterno de
Deus. Se Ele não puder completar essa obra em nós
nesta era, Ele o fará na era vindoura. Tudo depende
da nossa reação à Sua obra da graça. Se quisermos
cooperar com Ele, Ele certamente preferirá nos
aperfeiçoar e nos fazer maduros nesta era; de outra
maneira, Ele será forçado, por nossa necedade, a
postergar Seu tratamento a nós para a próxima era.
Em Sua sabedoria, Deus ordenou a próxima era, com
o reino milenar, para ser uma era de recompensa
como incentivo para que O busquemos e
respondamos à Sua obra de graça nesta era. Se
estivermos dispostos a aceitar esse incentivo, nós O
desfrutaremos com a vida da igreja, como o descanso
de hoje, e seremos recompensados por Ele com o
reino milenar como o descanso sabático na próxima
era. Mas se negligenciarmos esse incentivo,
perderemos o desfrute Dele com a vida da igreja
como o descanso de hoje, e seremos disciplinados,
castigados e punidos na era vindoura, sem falar da
perda do desfrute Dele com o reino milenar como o
melhor descanso sabático. Sem dúvida, esta era atual
da igreja é muito crucial para o Senhor trabalhar nos
que crêem Nele, para a maturidade e
aperfeiçoamento deles. Contudo, a era vindoura do
reino também é necessária para o tratamento do
Senhor para com Seus crentes que não estão
dispostos a cooperar com Sua graça nesta era. É por
isso que o livro de Hebreus nos encoraja a nos
esforçarmos para entrar no descanso que resta para
nós.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 23
O REPOUSO SABÁTICO RESTANTE (6)

XXIV. O JULGAMENTO DA CASA DE DEUS


A Primeira Epístola de Pedro 4:17 diz: “A ocasião
de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora,
se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que
não obedecem ao evangelho de Deus?” Neste
versículo podemos ver que há diferentes tratamentos
governamentais de Deus. Deus trata com Sua casa,
isto é, com Seus filhos, de certa maneira e em
determinada época, e Ele trata com aqueles que não
obedecem o evangelho de outra maneira e em outra
época. Embora tenhamos sido salvos e nos tomado
casa de Deus, família de Deus, isso não significa que
jamais seremos novamente julgados por Ele. Ao
contrário, esse versículo diz que o julgamento de
Deus começará pela Sua casa. Se Deus fosse injusto
ao tratar com Seus próprios filhos, como poderia
julgar os incrédulos e os que se opõe a Ele? O
princípio aqui é que, para que possa ser justo ao
julgar os incrédulos, Deus deve primeiramente fazer
um julgamento justo de Seus filhos.

XXV. CRESCER EM VIDA PARA O


CUMPRIMENTO DO PROPÓSITO DE DEUS
A intenção de Deus não é ter um universo cheio
de pessoas arrumadas, limpas, justas e sem pecado.
Como vimos, o propósito de Deus é semear a Si
mesmo nos Seus escolhidos, tornando-os Seus filhos.
Uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da regeneração, tendo a vida de Deus como nossa
semente e conteúdo, precisamos crescer com Deus e
em Deus, e ser plenamente transformados sendo
permeados com todos os Seus elementos divinos. A
intenção de Deus não é ganhar um grupo de pessoas
puras e justas; é ganhar um povo que foi saturado
com Ele e edificado Nele. Satanás veio para malograr
a obra de Deus, principalmente por meio do pecado,
do mundo e do ego. Assim, se quisermos crescer na
vida de Deus, precisamos odiar o pecado, esquecer o
mundo e negar-nos a nós mesmos. O objetivo de
tratar com o pecado não é tratar com o pecado em si,
mas eliminar o impedimento satânico para o
crescimento em vida. Ter nossos pecados perdoados é
algo menor; ser liberto do empecilho pecaminoso
para que possamos crescer na vida de Deus é algo
maior. Se você cometeu um pecado, mas
arrependeu-se e deseja prosseguir com o Senhor,
Deus certamente perdoará seu pecado por causa da
redenção de Cristo. Não se preocupe com isso. A
intenção de Deus não é simplesmente perdoar seus
pecados, mas levar você adiante, para que você possa
crescer em Sua vida. Todos nós somos seres humanos
e caímos facilmente em pecado. Mas, uma vez que
desejamos crescer em vida, Deus espontaneamente
cuidará dos nossos pecados e nos purificará com o
sangue de Jesus. Contudo, se não estivermos
dispostos a crescer e ainda pedimos a Deus que
perdoe nossos pecados, Ele será fiel em perdoar, mas
nós não estaremos no cumprimento do propósito de
Deus. Simplesmente ter nossos pecados perdoados,
no lado negativo, não cumpre o propósito de Deus.
Também precisamos crescer e entrar no descanso
sabático.
XXVI. A VIDA E OBRA NECESSÁRIAS PARA
ENTRAR NO REINO MILENAR
Gosto da figura que temos em Mateus 24 e 25.
Como mostramos na última mensagem, em Mateus
24:40-41 vemos duas pessoas vivas, e em 25:1-4
vemos as dez que morreram. Das duas pessoas vivas,
uma é tomada e a outra deixada. Das dez mortas,
cinco são aceitas e cinco temporariamente rejeitadas.
Os salvos nunca podem ser eternamente rejeitados
por Deus, mas podem ser dispensacionalmente
rejeitados, como um filho que não vai bem na escola e
que, depois da formatura, não tem permissão para
participar do jantar especial preparado por seus pais
como prêmio para seus irmãos e irmãs que foram
bem. Tal filho jamais será rejeitado
permanentemente por seus pais, mas pode ser
rejeitado temporariamente. Se cremos em Mateus 1,
também devemos crer em Mateus 24 e 25. Não
deveríamos escolher os versículos de que gostamos e
ignorar os de que não gostamos. Mateus 24 e 25 são
cruciais para nossa vida e obra cristãs.
Mateus 25 contém duas parábolas a nosso
respeito: a parábola das dez virgens e a dos talentos.
A parábola das dez virgens retrata a vida que
deveríamos ter, e a parábola dos talentos retrata a
obra que deveríamos fazer. Nossa vida deve ser a de
uma virgem prudente, e nossa obra deve ser a de um
servo fiel. Na parábola das dez virgens, vemos que
precisamos ter uma vida vigilante, uma vida que
continuamente dá testemunho e sai do mundo para
encontrar-se com o Senhor. Essa parábola revela
também que não somente precisamos ter nosso
espírito iluminado pelo Espírito de Deus, mas nossa
vasilha, isto é, nossa alma, deve ser transformada
com uma porção extra do Espírito que dá vida.
Além disso, a parábola dos talentos revela que
nossa obra deve ser a de um servo fiel, usando os
talentos dados pelo Senhor para negociar pelo Senhor
e para lucrar para Sua economia. De acordo com o
que é revelado em Mateus, essa vida maravilhosa e
essa obra fiel são ambas crucialmente necessárias
para que sejamos recompensados com o descanso do
sábado no reino milenar. Isso é diferente do desfrute
do descanso na salvação que é recebida simplesmente
pela fé no Senhor.

A. Talentos Dados Segundo a Capacidade


Não fomos regenerados apenas para ter a vida
divina e ser filhos de Deus, mas também para ganhar
talentos para servir o Senhor como Seus servos. Na
parábola dos talentos, vemos que os talentos foram
dados aos servos, a cada um segundo a sua própria
capacidade. “A um deu cinco talentos, a outro, dois e
a outro, um, a cada um segundo a sua própria
capacidade” (Mt 25:15). Todos nós temos alguma
capacidade, e os talentos dados a nós são segundo
nossa capacidade. O apóstolo Paulo tinha muita
capacidade; muitos talentos foram dados a ele. O
irmão Watchman Nee também tinha muita
capacidade, e muitos talentos foram dados a ele.
Contudo, toda nossa capacidade natural tem de ser
tratada pela morte de Cristo para ser introduzida em
ressurreição a fim de cooperar com o talento dado
pelo Senhor. Nossa capacidade natural é sempre um
impedimento à nossa utilidade nas mãos do Senhor.
Na obra do Senhor, somente a capacidade ressurreta,
e não a natural, pode satisfazer o talento que o Senhor
dá.

B. Uma Advertência Quanto à Negligência


Nenhum de nós deve desculpar-se dizendo:
“Louvado seja o Senhor, eu não tenho muita
capacidade e não me foram dados muitos talentos,
portanto não tenho muito que fazer”. Quer tenhamos
recebido cinco talentos, dois talentos ou um talento, o
princípio é o mesmo: temos de ganhar outros cinco,
dois ou um para o Senhor. Se você ganhou um
talento, não deveria usar isso como desculpa para ser
negligente. Segundo a parábola, o perigo não está
com os de mais talentos, mas com os de um talento. O
servo de um talento tentou desculpar-se, mas recebeu
uma repreensão e uma punição. Muitos mestres
fundamentalistas da Bíblia, incluindo C.I. Scofield,
dizem que o servo de um talento era um falso cristão.
Como mostramos na última mensagem, esses
mestres fundamentalistas, sendo calvinistas, foram
forçados a dizer isso porque não conseguiram
conciliar tais porções da Palavra com o ensinamento
de que uma vez salvos, somos salvos para sempre.
Uma vez que não podiam entender como um cristão
pode ser lançado nas trevas exteriores, eles tinham de
afirmar que o servo negligente, o de um talento, era
um falso crente. O calvinismo não vê a recompensa,
que inclui tanto o prêmio como a punição. Contudo a
revelação completa da Palavra Sagrada nos mostra
não só a salvação eterna pela fé, como também nos
revela a recompensa dispensacional (seja prêmio ou
punição) pelas obras. O prêmio da recompensa
dispensacional será o descanso do sábado vindouro
no reino milenar. Para que entremos nesse descanso
sabático, precisamos, depois de ter sido salvos para
sempre pela fé, ter um viver vigilante como as virgens
prudentes, e fazer uma obra fiel como os servos fiéis.
De outra maneira, perderemos o descanso no reino
milenar e sofreremos alguma disciplina.

C. Graça e Responsabilidade
Os calvinistas enfatizam a questão da graça
absoluta, e os arminianos enfatizam a
responsabilidade humana. Mas, de acordo com a
Bíblia, a graça divina é para a responsabilidade
humana. No dia do Pentecostes Pedro disse às
pessoas: “Salvai-vos desta geração perversa” (At
2:40). Apesar de parecer voz reflexiva, o verbo salvar
está na voz passiva; quer dizer: “Sede salvos”.
Salvar-se significa que você mesmo faz isso; ser salvo
significa que outra pessoa o faz para você, no entanto
você precisa permitir-lhe fazê-lo. O Senhor nos está
salvando, mas Ele precisa da nossa cooperação. Por
exemplo: uma mãe, ao alimentar o filho, precisa da
cooperação dele. Ele não pode ser travesso; antes,
deve abrir a boca e engolir a comida. Embora a
salvação seja absolutamente relacionada à graça,
precisamos estar dispostos a ser salvos e estar
dispostos a crer no Senhor. Até mesmo o Deus
Todo-Poderoso não pode fazer nada por nós se não
estivermos dispostos a crer Nele. Estar dispostos a
crer é nossa responsabilidade, é a cooperação que
damos ao salvar de Deus. A despeito da graça dada a
nós, ainda precisamos estar dispostos a crer no
Senhor, buscá-Lo, abrir-nos para receber Sua graça e
permitir que ela opere a nosso favor.
Se tivermos somente a capacidade, não podemos
trabalhar para o Senhor. Além da nossa capacidade,
nós recebemos talentos do Senhor. Uma vez que
recebemos talentos, precisamos usá-los. Somente
quando usamos nosso talento é que o lucro virá. O
lucro vem da graça de Deus, mas a vinda dessa graça
depende do uso do nosso talento, do nosso
funcionamento e exercício. Se não usarmos o talento,
a graça não virá, pois sua vinda depende do nosso
exercício.

D. Maturidade e Realeza
Nosso crescimento em vida determinará o tempo
da nossa maturidade. Se crescermos em vida e, como
as virgens prudentes, tivermos a porção extra de
azeite em nossa vasilha e tivermos sido
transformados, amadureceremos mais cedo. í
Enquanto nosso crescimento em vida determina se
amadureceremos cedo ou não, nossa obra, nosso
exercício e nosso uso do talento determina se
compartilharemos ou não da realeza no reino do
Senhor. O Senhor disse ao servo com cinco talentos:
“Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco,
sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu
senhor” (Mt 25:21). Isso é ser um co-rei com o Senhor
Jesus e desfrutar o verdadeiro descanso, o sábado
durante o reino milenar. De acordo com Lucas 19:17,
o Senhor disse: “Muito bem, servo bom; porque foste
fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades”. No
reino milenar, alguns governarão dez cidades e outros
cinco (Lc 19:19). Você pode ser prefeito não só de uma
cidade, mas um governador de dez cidades. Embora
possamos não ter clareza de todos os detalhes,
ninguém pode argumentar contra o princípio aqui.
Enquanto nas parábolas temos apenas os
princípios, em Apocalipse 2:26-27 temos os detalhes.
Ali nos é dito: “Ao vencedor e ao que guardar até o
fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as
nações, e com cetro de ferro as regerá”. As nações na
terra certamente precisam ser governadas por nós.
Quando o Senhor Jesus voltar, Ele nos designará para
governar todas as nações. Naquele dia, não haverá
mais conversas sem sentido. Todos falarão
corretamente, porque estarão sob o governo
adequado. Quem os regerá? Nós, as pessoas que
foram disciplinadas. Você crê que todos os
governantes hoje são pessoas adequadas? Alguns
deles fumam, bebem e jogam. Como é que eles
poderiam ser governantes adequados? Toda a terra
está aguardando e gemendo para ser libertada dos
governantes inadequados. A terra será libertada desse
tipo de governo quando o Senhor Jesus voltar. Por
que o Senhor Jesus ainda não voltou? Porque ainda
não fomos disciplinados. Se Ele quisesse voltar hoje, a
quem Ele designaria para governar as nações?
A palavra talento em Mateus 25 é o equivalente à
palavra dom nas Epístolas. Paulo disse a Timóteo:
“Reavives o dom de Deus que há em ti” (2Tm 1:6). Em
vida precisamos crescer, e na obra precisamos
exercitar nosso dom. A parábola das dez virgens
revela nossa necessidade de transformação pelo
Espírito que dá vida, e a parábola dos talentos revela
nossa necessidade do exercício espiritual adequado
dos dons. Todos precisamos ser transformados pela
porção extra de azeite na nossa vasilha, e precisamos
exercitar nosso dom para ganhar algum lucro para o
Senhor. Precisamos crescer, por um lado, e lucrar na
economia de Deus, por outro. Nosso crescimento
determinará o tempo da nossa maturidade, e o
exercício dos dons determinará a posição que
compartilharemos com Cristo no reino milenar. Se
não amadurecermos e não exercitarmos os dons,
perderemos o arrebatamento inicial e o desfrute de
reinar com Cristo. Mateus 25 fala do “gozo do teu
senhor” (vs. 21, 23). Sem dúvida, esse gozo é o
descanso sabático durante o reino vindouro.

E. A Punição do Servo Negligente: a


Disciplina na Era do Reino Vindouro
O servo negligente, de um talento, não apenas
perderá o desfrute de ser um co-rei juntamente com
Cristo durante o reino milenar, mas também terá
algum sofrimento. Se não houvesse sofrimento, não
haveria menção de “choro e ranger de dentes” (Mt
25:30), que são sinais do sofrimento de alguma
punição. Não se trata de perdição eterna; é a
disciplina do nosso sábio Pai.
Tanto a era da igreja como a do reino são partes
do período da realização de Deus para o
cumprimento do Seu propósito. O período da
realização de Deus não terminará até o fim do
milênio. Portanto, o tratamento de Deus para
conosco, Sua disciplina sobre nós, pode não ser
necessariamente na era da igreja, mas pode ser
também sabiamente na era vindoura do reino. No fim
do milênio, o propósito eterno de Deus terá sido
consumado, o novo céu e nova terra com a Nova
Jerusalém terão sido introduzidos e não haverá mais
tratamentos nem disciplina de Deus. Preciso repetir
isso, porque muitos cristãos têm o conceito errado de
que, uma vez que o Senhor volte, tudo estará bem e
todos os cristãos participarão do reinado no reino
milenar. Se reinaremos ou não com Cristo durante o
milênio, depende de como estamos nos conduzindo
agora. Nosso Senhor é soberano, tendo a maneira de
nos amadurecer: se não amadurecermos nesta era,
Ele providenciará que amadureçamos na próxima.

F. A Necessidade de Pagar o Preço


Depois que as virgens néscias descobriram que
lhes faltava azeite, foi-lhes dito que pagassem o preço
e comprassem por si próprias (Mt 25:8-9). A salvação
é gratuita, mas a transformação não. Precisamos
pagar por ela. Se não pagamos o preço hoje, teremos
de pagá-lo no futuro. Ninguém pode pagá-lo por nós.
Segundo a parábola das dez virgens, mesmo depois
da volta do Senhor e mesmo depois da nossa
ressurreição, os néscios ainda terão de pagar o preço
para ganhar a porção extra de azeite em sua vasilha.
Não é como dizem os calvinistas, que as cinco virgens
prudentes eram salvas e as cinco néscias eram falsos
cristãos. Isso é uma escapatória. Precisamos tomar
Mateus 25 de maneira muito séria. Se não pagarmos
o preço para ganhar o azeite na era da igreja hoje,
teremos de pagá-lo depois que o Senhor voltar e
formos ressuscitados no futuro. Esse é o princípio.
Não se trata de conceito ou ensinamento meu;
trata-se da revelação da pura palavra na Bíblia
Sagrada, Muitos cristãos escolhem versículos que
estão de acordo com seu conceito natural, não
ousando tocar nesses versículos de Mateus 25. Quão
nocivo é isso! Eles estão enganando a si mesmos e aos
outros. As virgens prudentes e os servos fiéis entrarão
em um descanso que é melhor que o descanso que
conhecemos hoje. Embora estejamos desfrutando um
bom sábado na era da igreja, ele não é tão bom como
o sábado vindouro na era do reino. Entrar no gozo do
Senhor é entrar no descanso sabático com o Senhor
no reino milenar. Quando o Senhor olhar para todos
os vencedores, Ele estará satisfeito e entrará no Seu
descanso sabático. Se estivermos entre os vencedores,
nós entraremos nesse descanso com Ele.
ESTUDO-VIDA DE HEBREUS
MENSAGEM 24
O REPOUSOSABÁTICO RESTANTE (7)
A Bíblia, especialmente o Novo Testamento, é
uma revelação completa. No Novo Testamento,
vemos como o Salvador veio, foi revelado a nós e
cumpriu a redenção por nós, e como podemos crer
Nele, receber salvação e ser regenerados. O Novo
Testamento também nos diz que os salvos formam a
igreja e que podemos viver a vida da igreja hoje na
terra. Além disso tudo, o Novo Testamento nos faz
uma advertência. Depois de termos sido salvos e
regenerados, precisamos apegar-nos à graça de Deus
desfrutando tudo o que Deus preparou para nós em
Sua graça. Se fracassarmos nisso, não nos apegando à
graça de Deus nem desfrutando Suas riquezas,
sofreremos perda e punição. O Novo Testamento nos
dá advertência clara e definida. Ele também nos
encoraja a ganhar o prêmio. Para ganhar esse prêmio,
precisamos pagar o preço. Portanto, uma punição ou
um prêmio estão diante de nós. Se receberemos o
prêmio ou sofreremos a punição, não depende em
nada da nossa salvação; depende totalmente de como
vivemos e trabalhamos depois de sermos salvos. Se
vivermos e trabalharmos na maneira adequada
ordenada por Deus, receberemos um prêmio. Mas se
negligenciarmos a graça de Deus, sofreremos perda, e
certa punição nos aguardará. Como mostramos em
mensagens passadas, o Evangelho de Mateus nos diz
que quando o Senhor Jesus voltar, Ele nos
recompensará segundo as nossas obras (16:27). As
parábolas em Mateus 25 também deixam claro esse
assunto.

XXVII. AS CINCO ADVERTÊNCIAS EM


HEBREUS
No livro de Hebreus há cinco advertências, todas
da mesma natureza. Nas sete epístolas em Apocalipse
2 e 3 também há algumas advertências. As sete
advertências em Apocalipse 2 e 3 são da mesma
natureza que as cinco advertências em Hebreus.
Portanto, podemos dizer que há, ao todo, doze
advertências, cinco no livro de Hebreus e sete em
Apocalipse 2 e 3. É claro que em cada uma dessas
advertências há uma certa porção de promessa, pois,
se dermos atenção às advertências, receberemos um
prêmio. A primeira advertência em Hebreus está em
2:1-4, dizendo-nos “que nos apeguemos, com mais
firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais
nos desviemos” e que não negligenciemos “tão grande
salvação”. A segunda advertência, encontrada em 3:7
a 4:13, nos diz para não perdermos o descanso
sabático prometido, mas para esforçarmo-nos “por
entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia,
segundo o mesmo exemplo de desobediência”. Em
certo sentido, estas mensagens sobre o repouso
sabático estavam todas ligadas à segunda
advertência. A terceira advertência, quanto a sermos
levados à maturidade (5:11 — 6:20), nos diz para não
sermos como a terra que produz “espinhos e
abrolhos” porque “é rejeitada, e perto está da
maldição; e o seu fim é ser queimada”. Na quarta
advertência, é-nos dito para entrarmos no Santo dos
Santos e não retrocedermos para o judaísmo
(10:19-39). E na quinta advertência, somos
encorajados a correr a carreira e não decair da graça
(12:1-29). Os arminianos usam essas cinco
advertências como base para dizer que uma pessoa
salva pode perder a salvação. Mas se virmos essas
porções da Palavra de maneira adequada, veremos
que elas não falam de perder a salvação, mas falam da
recompensa, seja a recompensa positiva de um
prêmio ou a recompensa negativa de uma punição.

XXVIII. UMA ADVERTÊNCIA SOBRE PECAR


DELIBERADAMENTE
Vejamos agora a quarta advertência. Hebreus
10:26 diz: “Porque, se vivermos deliberadamente em
pecado, depois de termos recebido o pleno
conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos
pecados”. Que significa “viver deliberadamente em
pecado”? Para entender isso, é preciso voltar ao
versículo 25, como indica a palavra “porque” no início
do versículo 26. O versículo 25 diz: “Não deixemos de
congregar-nos, como é costume de alguns; antes,
façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que
o Dia se aproxima”. Pecar deliberadamente no
versículo 26 é deixar de congregar-se no versículo 25.
Essa advertência tinha de ser levada a sério pelos
crentes hebreus. Quando o livro de Hebreus foi
escrito, muitos dos cristãos hebreus estavam na
fronteira entre o judaísmo e a igreja, inseguros se
deviam abandonar a igreja e voltar para o judaísmo,
ou abandonar o judaísmo e prosseguir com a igreja.
Onde está a igreja? A igreja está no congregar, nas
reuniões dos que crêem em Cristo. O fato de os
crentes hebreus não irem às reuniões com os demais
crentes em Cristo significava que eles haviam
abandonado a igreja. Se aqueles cristãos hebreus
vacilantes abandonassem as reuniões da igreja eles
estariam pecando deliberadamente depois de terem
recebido o conhecimento da verdade. O escritor
parecia estar dizendo a eles: “Nesta epístola, eu lhes
apresentei o conhecimento da verdade. Vocês
precisam ir a todas as reuniões da igreja. Se não o
fizerem, significa que estão pecando
deliberadamente. Se vocês vivem deliberadamente
em pecado, abandonando as reuniões da igreja e
voltando para o judaísmo a fim de oferecer sacrifícios
pelo pecado, vocês precisam perceber que já não resta
nenhum sacrifício pelo pecado, pois todos os tipos
das ofertas terminaram agora”. Esse é o significado
correto de “já não há oferta pelo pecado”. Não
significa que, se pecarmos, não poderemos ser
perdoados ou ter nossos pecados remidos. Significa
que as prefigurações terminaram, tendo sido
substituídas por Cristo, e que os crentes hebreus
devem estar com a igreja e não abandonarem as
reuniões. Mas se eles abandonassem a igreja e
voltassem para o judaísmo, a fim de oferecer
sacrifícios pelo pecado, eles estariam pecando
deliberadamente e oferecendo sacrifícios em vão,
pois, na economia de Deus, já não havia qualquer
oferta pelo pecado.
O escritor advertiu os crentes hebreus de que já
não havia oferta pelo pecado, “pelo contrário, certa
expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a
consumir os adversários” (10:27). Se os crentes
hebreus abandonassem a igreja, eles sofreriam a
punição destinada aos adversários.
Os versículos 28 e 29 continuam: “Sem
misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três
testemunhas quem tiver rejeitado a Lei de Moisés. De
quanto mais severo castigo julgais vós será
considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho
de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual
foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?” Que
significa calcar aos pés o Filho de Deus? Significa que
se os crentes hebreus voltassem para o judaísmo,
para fazer oferta pelo pecado, confiando naquele
sacrifício, eles estariam de fato calcando aos pés o
Filho de Deus. Eles O estariam desprezando. A oferta
pelo pecado era um tipo de Cristo. Uma vez que
Cristo já tinha vindo para cumprir e substituir a
oferta pelo pecado, os crentes hebreus tinham de
permanecer com Ele e não voltar para o judaísmo,
para fazer oferta pelo pecado. Se o fizessem, estariam
considerando o sangue da aliança algo comum,
tornando-o igual ao sangue de ovelhas e bois. Os
cristãos hebreus foram advertidos a não voltarem
para o judaísmo e oferecerem novamente sacrifícios
pelo pecado. Se eles o fizessem, estariam desprezando
o Filho de Deus no qual haviam crido e cujo sangue os
santificara, e estariam fazendo de Seu sangue algo tão
comum como o dos sacrifícios de animais. Fazer tal
coisa é também insultar o Espírito da graça. O
Espírito da graça estava trabalhando, movendo-se
neles e ungindo-os, e eles tinham de ouvi-Lo. Então, o
escritor os advertiu dizendo: “Ora, nós conhecemos
aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu
retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (vs.
3031). Isso não é o julgamento do Senhor sobre os
incrédulos; é Seu julgamento sobre “Seu povo,” Seus
crentes, os salvos.

XXIX. A DISCIPLINA DO PAI


Chegamos agora à quinta advertência, em
Hebreus 12. O versículo 5 diz: “E estais esquecidos da
exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho
meu, não menosprezes a correção que vem do
Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado”.
A palavra “correção” neste versículo indica algum tipo
de punição. O versículo 6 continua: “Porque o Senhor
corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem
recebe”. A maioria de nós recebeu algum açoite de
nossos pais quando éramos crianças. Igualmente,
nosso Pai açoita Seus filhos. O versículo 7 diz: “É para
disciplina que perseverais (Deus vos trata como
filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” Um
pai açoita seus próprios filhos, não as crianças na rua.
O fato de Deus nos açoitar não significa que
perdemos a segurança eterna. Quanto mais uma
criança é disciplinada por seus pais, mais segura ela é.
O versículo 8 diz que “se estais sem correção, de que
todos se têm tornado participantes, logo, sois
bastardos e não filhos”. Temo que, se Deus Pai não
me disciplinar, isso signifique que sou um bastardo e
não um filho. a versículo 9 diz que “tínhamos os
nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os
respeitávamos; não havemos de estar em muito
maior submissão ao Pai espiritual e, então,
viveremos?” Estar submissos ao Pai espiritual nos dá
mais vida. a versículo 10 diz: “Pois eles nos corrigiam
por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus,
porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de
sermos participantes da sua santidade”. Participar da
Sua santidade significa participar da Sua natureza
santa. Isso implica crescimento em vida. A disciplina
que recebemos do nosso Pai nos ajuda a crescer.
Ser disciplinado não é perder a salvação. Um pai
pode dizer a seu filho: “Se você não se comportar
bem, eu lhe punirei”. Mas isso não significa que o
filho será perdido. Quando um pai pune seu filho, ele
não o mata. Não pense que ser punido pelo nosso Pai
celestial afeta — nossa salvação eterna. Quando Ele
nos disciplina, nossa salvação eterna é ainda mais
assegurada, porque Ele está tratando conosco como
Seus filhos queridos e não como bastardos.
Você crê que nosso Pai somente trata conosco
nesta era presente, e não na era vindoura? Uma vez
que muitos de nós fomos influenciados pelos
ensinamentos imprecisos, devo mostrar mais uma
vez que se não nos comportarmos adequadamente,
nosso Pai nos punirá, ou nesta era ou na era
vindoura. Não pense que depois que o Senhor voltar e
você for ressuscitado, tudo estará automaticamente
bem e não haverá mais disciplina ou castigo. Isso é
um ensinamento impreciso. Como vimos na última
mensagem, tanto Mateus quanto Lucas nos falam
definitivamente que quando o Senhor voltar, Ele
punirá alguns dos Seus servos indolentes na próxima
era. Isso é revelado claramente na Palavra pura. O
que você prefere ser disciplinado agora ou punido
mais tarde? Eu não gosto de nenhuma punição. Pela
misericórdia e graça do Senhor eu prefiro
comportar-me adequadamente. Mas, se precisar ser
punido, eu prefiro sê-la nesta era e não na próxima.

XXX. UMA ADVERTÊNCIA SOBRE DESISTIR


DO DIREITO DE PRIMOGENITURA
Os versículos 15 e 16 dizem: “Atentando
diligentemente, por que ninguém seja faltoso,
separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz
de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio
dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum
impuro ou profano, como foi Esaú, o qual por um
repasto, vendeu o seu direito de primogenitura”. Que
significa “ser faltoso, separando-se da graça de
Deus”? Significa que já temos a graça e que
precisamos ser diligentes para não perdê-la, não
separar-nos da graça que estamos desfrutando. Se os
crentes hebreus voltassem para o judaísmo, eles
separar-se-iam da graça que todos os crentes em
Cristo estavam desfrutando. Eles tinham de tomar
cuidado para que nenhuma raiz de amargura os
incomodasse, isto é, alguns judaizantes os
danificariam com a amargura dos seus ensinamentos
judaicos. Na vida da igreja, ocasionalmente ocorrem
coisas sob o mesmo princípio.
a versículo 16 diz que por uma refeição Esaú
vendeu seu direito de primogenitura. O direito de
primogenitura em Cristo, que inclui a realeza no
reino vindouro, significa muito para os crentes. Mas
podemos vender nosso direito de primogenitura por
um pequeno desfrute de coisas materiais, assim como
Esaú vendeu seu direito de primogenitura pelo
desfrute de parte de uma refeição. Se os cristãos
hebreus desistissem da graça de Cristo por um
pequeno bocado de judaísmo, eles perderiam seu
direito de primogenitura em Cristo. Perder o direito
de primogenitura em Cristo não é perder a vida
eterna; é perder o direito à vida, isto é, perder o
desfrute do reino vindouro como um prêmio.
Os versículos 28 e 29 dizem: “Por isso, recebendo
nós um reino inabalável, retenhamos a graça pela
qual sirvamos a Deus de modo agradável, com
reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo
consumidor”. Uma vez que estamos no processo de
receber tal reino inabalável, devemos nos apegar à
graça e não nos apartar dela. O versículo 29 nos diz
que nosso Deus é fogo consumidor. Embora nosso
Deus seja amor, aqui Ele é fogo consumidor. Essa é
uma séria advertência.

XXXI. DESCANSANDO NA VIDA ADEQUADA


DA IGREJA
Nessas sete mensagens, vimos o que significa
entrar no descanso sabático. Como precisamos entrar
no repouso restante! Nosso Cristo realizou tantas
coisas. Como o livro de Hebreus nos diz várias vezes,
Cristo está assentado nos céus. Sentar significa
descansar. Hoje Cristo está assentado nos céus,
desfrutando um descanso sabático, porque Ele já
cumpriu todas as coisas para produzir a igreja, que é a
satisfação e descanso de Deus. Precisamos ser
advertidos a não abandonar a vida da igreja. Se
abandonarmos a vida da igreja, iremos peregrinar no
deserto. Quase todos nós podemos testificar que,
antes de termos vindo para a vida da igreja,
estávamos peregrinando no deserto. Estávamos
viajando entre muitos grupos cristãos diferentes e
não tínhamos descanso enquanto não viemos para a
igreja. Aqui, na igreja, estamos descansando. Como
os cristãos hebreus estavam peregrinando, o escritor
os encorajou a entrar nesse descanso sabático atual
na vida adequada da igreja. Como já mostramos, o
fato de a igreja ser hoje o descanso sabático é provado
por ser a igreja a casa de Deus, na qual o Filho de
Deus declara o Pai a Seus irmãos, no meio dos quais
Ele canta hinos ao Pai. Encoraje-se para estar na vida
da igreja, o sábado de hoje.
Este sábado nos introduzirá no reino. A vida da
igreja nos alimentará, edificará e qualificará para o
sábado vindouro, que será a era do reino. O reino
exige pessoas que amadureceram. Embora tenhamos
a semente da vida em nós e estejamos crescendo,
precisamos amadurecer. Onde podemos amadurecer?
Na igreja. A igreja é o campo adequado, a lavoura
adequada, onde podemos crescer até a maturidade.
Na igreja desfrutamos os benefícios de crescer no
sábado de hoje. Na igreja também seremos
conduzidos para o sábado da colheita. Assim, o
escritor disse aos cristãos hebreus peregrinos para
que parassem de peregrinar, viessem para a vida da
igreja e entrassem no sábado de hoje, que os
conduziria ao melhor sábado, o do reino milenar. Se
eles perdessem a vida da igreja, seriam como seus
pais que peregrinaram no deserto, ali caíram e
morreram. Como precisamos ser diligentes para
entrar no descanso do sábado e estarmos na vida
adequada da igreja hoje! Hebreus 4:9 nunca foi tão
claro para mim como nestes dias. Pela misericórdia
do Senhor, que todos nós evitemos a punição e
ganhemos o prêmio na era vindoura.

XXXII. A VIDA DA IGREJA COMO NOSSO


REFÚGIO
A vida da igreja é também um refúgio.
Precisamos fugir do judaísmo, protestantismo,
mundanismo e do deserto e entrar no refúgio da vida
da igreja. Não pense que o céu é seu refúgio. O céu
está muito longe para ser um refúgio para nós que
enfrentamos urna situação desesperada em um mar
revolto hoje. Para nós, a vida da igreja é uma questão
de vida ou morte. Se você esperar até ir para o céu
para encontrar refúgio, você poderá naufragar. Fuja
para a vida da igreja como refúgio. Hebreus é um
livro maravilhoso, contendo muitos conceitos novos.
Talvez o leitor desta mensagem jamais tenha ouvido
que a vida da igreja é um refúgio. Mas muitos de nós
experimentamos a vida da igreja dessa maneira.
Suponha que não houvesse vida da igreja no Brasil.
Onde estaríamos nós? A maioria de nós teria
naufragado no mar tempestuoso. Aleluia pelo refúgio
ao largo do mar tempestuoso! A vida da igreja é nosso
refúgio hoje.

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