Lá pelos séculos XVII e XVIII, em toda a Europa era considerado muito
galante ser artista, nem que fosse apenas no modo de se vestir, ser escritor, poeta ou declamador. Nesta época os nobres que eram poetas e artistas, ocultavam essas aptidões e talentos usando pseudônimos ou até cediam suas produções a verdadeiros artistas, pois entre os da mais alta nobreza os artistas jamais se revelavam, ocultando seus talentos e gostos, como se fossem qualidades impróprias da classe. Seria muito raro um fidalgo mostrar-se na ribalta. Mas era considerado de muito bom gosto e luxo requintado, a nobreza manter um jogral, grupo de atores ou menestréis, para divertirem as famílias e os convivas em dias de festa. Os cantores e músicos eram considerados quase que seres a parte dentro da natureza, eram privilegiados e obtinham verdadeira admiração, pois nessa época raros eram os artistas e os bons artistas mais raros ainda, (com exceção dos pintores e arquitetos, pois tiveram nessa época a sua fase áurea). Qualquer jogral ou menestrel era disputado com muita insistência pelas casas mais nobres, recebendo os melhores salários da época sem contar os privilégios nos palácios e castelos, invejados, mesmo por muitos nobres. Por isso mesmo, as ciganas, cantadeiras das ruas, como seus companheiros de arte primitiva, eram muito aclamados pelo encanto das suas canções alegres, saltitantes ou suaves e melancólicos. Muitas delas sofreram o implacável ciúme e inveja de muitas damas que descobriam seus maridos ou amantes interessados na pessoa daquelas ciganas atrativas e cheias de talento, outras vezes, eram os cavaleiros que se viam desprezados pelas mesmas por causa de outro amor e se vingavam terrivelmente, acusando-as de feiticeiras ou de hereges, para eliminá-las na forca e até mesmo nas fogueiras, enquanto outros, simples jograis e menestréis contavam com a proteção amorosa de cavaleiros e damas da mais alta nobreza, encantados com o talento criativo desses artistas que eram os intelectuais da época. Esses artistas eram os filhos do povo, as almas sofredoras e sensíveis, que em vez de manejarem espadas, manejavam as forças do sentimento e da mente, foram eles os pioneiros da arte ainda primitiva que através do tempo, fez surgir grandes teatrólogos e musicistas, mestres da arte dos espetáculos e da cinematografia moderna que hoje conhecemos. Viva os ciganos, povo talentoso que através da arte, sempre levou alegria e beleza à secura das almas no mundo!
Pesquisa baseada em estudos e elaborada através de vários livros psicografados.