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«Lacrimae Rerum» - Antero de Quental

Análise interna do poema


O poema «Lacrimae Rerum» é um dos sonetos mais pessimistas de Antero de Quental e
tem como tema a angústia existencial.
O título em latim significa as lágrimas das coisas e trata-se de uma expressão utilizada
por Virgílio, na epopeia Eneida (I, 462) quando afirma «Sunt lacrymae rerum», ou seja, refere
que as próprias coisas humanizadas vertem lágrimas.

O soneto inicia-se com uma reflexão do sujeito poético. Debatendo-se com um profundo
e doloroso conflito emocional e existencial, ciente da sua tristeza e angústia, o «eu» lírico
procura a noite como confidente. Através da apóstrofe, o sujeito lírico dirige-se diretamente à
entidade «Noite» e questiona este símbolo personificado da própria morte para tentar encontrar
respostas aos seus anseios e dúvidas («Quantas vezes tenho eu interrogado/ Teu verbo»).

Na segunda quadra, o sujeito poético, recorrendo às interrogações retóricas, mostra que o


questionamento da realidade, a ânsia de absoluto, a procura de conhecimento é a busca de todo
o ser humano, e não só uma inquietação dele. A metáfora «Aonde vão teus sóis» realça os
aspetos positivos que a noite proporciona às «almas inquietas», pois consegue confortá-las, dar-
lhes consolo, apesar dessa capacidade já não lhe ser inerente, isto é, embora essa esperança logo
se apresente como vã, inútil para o «homem» que procura respostas («E em vão busca a certeza
que o conforte?»).

Na terceira estrofe, a conjunção coordenativa adversativa («Mas») marca uma relação de


contraste em relação ao discurso anterior, já que a noite passa não só a ser uma entidade alheia
ao sofrimento do «eu» lírico, mas também a simbolizar a morte («sinistra»). De facto, as
questões que coloca à sua interlocutora inicialmente, denuncia a sua preocupação em encontrar
uma resposta que lhe dê algum conforto, no entanto não obtém resposta. A noite arrasta-se
lentamente, permanecendo uma interlocutora «muda», alheia, indiferente, como sugere a tripla
adjetivação («Muda, a noite, sinistra e triunfal»).

O último terceto, termina em «chave de ouro», onde conclui-se o tema do soneto. O


«eu» lírico chega à conclusão que perante a incapacidade da inteligência humana para
desvendar o mistério, só resta ao homem o mundo das aparências que a sua curiosidade tenta
desvendar.
Cada vez mais, envolvido pelo desânimo e pessimismo («dúvida e luto»; «perdido»), o
sujeito lírico apenas ouve o suspiro das «coisas tenebrosas», o silêncio das trevas, que
acentuam o drama da sua existência vazia. O desejo por respostas condu-lo a locais noturnos e
solitários («perdido num sonho imenso»), onde espera encontrar solução para a sua angústia
existencial.

Recursos expressivos presentes:

De entre os recursos expressivos presentes neste poema, salientam-se os seguintes:


- a apóstrofe («Noite»), evidenciando a interpelação do sujeito poético à entidade confidente;
- a personificação («Noite»), conferindo um valor humano ao símbolo, com a atribuição de
características humanas à noite;
- metáfora («Aonde vão teus sóis»), realça a atitude das «almas inquietas» quando procuram
abrigo na noite;
- as interrogações retóricas que traduzem a inquietação metafísica do sujeito lírico, pois
interroga repetidamente em busca de respostas;
- o polissíndeto anafórico, através da repetição da conjunção coordenativa copulativa («E»), no
início dos versos, para intensificar a ideia de continuidade da ação do homem que procura
refúgio no ambiente noturno;
- a tripla adjetivação («Muda, a noite, sinistra e triunfal»), no sentido de caracterizar a
indiferença da noite perante o conflito emocional do «eu» lírico;
- as reticências que sugerem a suspensão do discurso e o prolongamento do pensamento interior
do sujeito de enunciação;
-. o vocabulário associado ao campo lexical da morte («funeral»; «sinistra»; «luto»), de forma a
fazer notar a insatisfação do sujeito lírico face à vida e acentuar o seu desalento, pessimismo e
angústia existencial.

Análise formal do poema

Este poema é um soneto constituído por duas quadras e dois tercetos em versos
decassilábicos (Quan/ tas/ ve/ zes/ te/nho eu/ in/ te/ rro/ gado). A rima é interpolada e
emparelhada nas quadras e nos tercetos, segundo o esquema rimático: abba / abba / ccd / eed.

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